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existia esse outro lado da vida; acho que Deus colocou ela para mim, vamos ver o
outro lado da moeda que eu não sabia que existia...; então até eu começar a ir para
médico, fazer todo trajeto que eu fiz, no começo achei cansativo... achando solução, a partir
do momento que eu consegui me centrar nas condições do que eu precisava, aí que
aconteceu.... Aí meu carinho por ela, eu fiquei muito apegada com ela, tão apegada que
eu senti mais do que ela, agora que estou trabalhando... (EDI)
...R. tem 17 anos agora, a gente levou ele em várias instituições, no começo a gente pensou
que ele fosse autista... que foi isso que no começo todo mundo dizia... Depois que nós
descobrimos que era da visão, que tinha os problemas, né? Aí ele fez um ano e meio de
tratamento na S.C... ele não é completamente cego, tem visão subnormal, tem pouca visão.
Depois por intermédio de uma outra mãe que tinha uma criança aqui (Laramara) que
ele velo, e foi urna beleza, foi muito bom mesmo para o R. Porque ele não andava
sozinho, tinha medo de tudo, aqui ele conseguiu uma melhora assim noventa por
cento... (NÉIA)
...O A. tem nove anos, eu vivo no interior é longe daqui, perto de Ribeirão Preto, mas eu
venho duas vezes por semana, depois uma, agora vou vir uma vez por mês. Ele está na
escola normal, na terceira série de uma escola municipal. Ele é uma criança excelente, ele
adora leitura, tem dificuldade na matemática, né, isso é normal em toda criança. Ele tem
baixa visão e vem aqui para treinamento de recursos ópticos uma vez por semana. Ele é
uma criança teimosa, ele não quer ajuda, então na sala ele senta na frente, às vezes, ele
senta um pouquinho mais atrás, quando ele vê que está cansado, volta para frente. Ele está
bem graças a Deus! Sabe o único problema dele, é que eu me separei, então, o que está
afetando é aquele emocional, a ausência do pai... mas tirando isso eu o deixo muito à
vontade...àss vezes meu filho fala:- Mãe você exagera um pouco.. (BIA).
...Olha, Mara, eu vou falar uma coisa pra você que você vai ficar contente e eu não tenho
vergonha nenhuma de falar não, ela com os eventos dela ganha mais que o meu marido
e tem me ajudado a pagar conta, olha ela tem me ajudado muito. Agora eu vou tentar
trocar de carro, é dinheirinho que ela ajuntou. Então pra mim isso não é vergonha, é
um orgulho, eu tenho orgulho, porque um dia eu achei que eu ia ficar num quarto
escuro, quando aconteceu tudo, ficou cega e agora acabou minha vida, olha onde ela
está me levando eu já fui na Rede Globo, fui conhecer o Roberto Carlos por causa da
minha filha, ele disse que adorou a voz dela, meu Deus eu vou dar um beijo em você por
causa da minha filha, eu vou lá no SBT quando eu vejo gente que eu estou fazendo aqui ela
vai cantar nesses lugares chic, você vê e eu achando que ia ficar num quarto escuro. A
gente foi pra Ilha de Comandatuba esses dias fazer um evento, chiquérrimo se vê
quando que eu ia ir pra Comandatuba... a Gi. Tem um outro evento que é o hino nacional no
Palácio do Governo acho que agora dia 20... (RAQUEL)
T. é filha única, tem baixa visão, ela é muito esforçada, gosta de desenhar e quer ser
escritora. Ela pinta o quadro da Tarsila do Amaral, que os professores pensam que ela
colocou em cima para copiar. Às vezes eu mando ela dormir, é 10 ou 11 horas, você abre
o quarto e ela está lendo, eu falo: - Filha, vai dormir para amanhã acordar cedo. Mãe, eu
tenho que acabar aquela estória, está muito bonita... (CLEUSA)
O que ela trouxe para mim foi crescimento, não foi só trabalho, eu chegava em casa
exausta de tanto correr para médico, tudo que ela me deu, eu passo para as pessoas
como lição de vida, hoje então não vejo isso como trabalho, tenho que lutar pela
melhora dela, e como pessoa eu sofro modificações. Isso eu acho muito importante,
porque as pessoas gostam de dizer que a deficiência só traz depressão para mãe e