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Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Estrutura de comunidades de lagartos ao longo de um gradiente de
vegetação em uma área de Cerrado em Coxim, MS.
Gisseli Ramalho Giraldelli
Orientadora: Drª. Vanda Lúcia Ferreira
Co-orientadores: Dr. Marcel Okamoto Tanaka
Guarino Rinaldi Colli, Ph.D.
Disssertação apresentada ao
Programa de Pós-graduação em
Ecologia e Conservação da
Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul como parte dos
requisitos necessários para a
obtenção do título de Mestre em
Ecologia.
Campo Grande – MS
2007
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2
ÍNDICE
Agradecimentos ........................................................................................ 3
Resumo ..................................................................................................... 5
Abstract ..................................................................................................... 6
Introdução ................................................................................................. 7
Objetivos ................................................................................................... 10
Material e Métodos .................................................................................... 10
Área de Estudo .............................................................................. 10
Amostragem ................................................................................... 11
Lagartos ............................................................................... 12
Variáveis Estruturais do Hábitat ........................................... 13
Análise dos Dados .......................................................................... 14
Resultados ................................................................................................. 15
Discussão .................................................................................................. 30
Estrutura do hábitat versus comunidades de lagartos..................... 30
Distribuição das espécies mais abundantes entre os hábitats......... 33
Considerações Finais ................................................................................ 34
Referências Bibliográficas ......................................................................... 35
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3
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer imensamente a todos que me auxiliaram direta e
indiretamente neste trabalho.
Ao Prof. Marcel Okamoto Tanaka, pela co-orientação, pela confiança
depositada em mim, pelo acompanhamento constante na realização do
trabalho, pela paciência e pelos ensinamentos extra-curriculares que foram de
extrema importância na minha formação.
À Prof. Vanda Lúcia Ferreira, pela orientação e pela confiança
depositada a minha pessoa e ao meu trabalho.
Ao Prof. Guarino Rinaldi Colli, pela co-orientação, pela leitura crítica e
construtiva do manuscrito e pela compreensão.
Reforço que foi uma honra poder contar com tais profissionais para a
elaboração, execução e finalização deste trabalho.
Aos meus pais, Valmir e Cleo, pelos grandes exemplos de amor,
determinação, superação e trabalho, que fizeram de mim, a pessoa que sou.
Ao homem da minha vida, meu esposo Nei, pela compreensão, pelos
incentivos e pelo carinho comigo durante toda a realização deste trabalho. À
minha amada e querida irmã, Grá, pela paciência e pelo auxílio para que eu
conseguisse frear minhas inseguranças.
A todos os familiares que, de alguma forma, me apoiaram durante o
curso do mestrado, em especial, à Tia Vera e ao Tio Divonir, por permitirem
que eu trabalhasse na sua Fazenda.
Às minhas queridas amigas que estiveram ao meu lado, acompanhando
o desenvolvimento do meu trabalho, Silvinha, Milena e Camila.
4
Aos meus “estagiários”, que me auxiliaram com a instalação das armadilhas e
coletas de dados: Nei, Grá, pai (o maior “calangueiro” da região!!!), mãe
(também pela comidinha maravilhosa que ela preparava para mim, pois nada
melhor que chegar cansada do trabalho de campo e ter ”comidinha da mamãe”
prontinha e quentinha!!!) e o compadre Carlos.
Ao Prof. Masao Uetanabaro e à Prof. Andréa Lúcia Teixeira de Souza,
pela amizade e inspiração e por todo o conhecimento que transmitiram a mim,
essenciais para a realização deste trabalho.
Ao RAN/IBAMA, pela concessão da licença para a realização das
coletas.
À FUNDECT, pela concessão da bolsa de mestrado e pelo auxílio
financeiro que subsidiou todo o trabalho.
Ao Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação e ao
Departamento de Biologia da UFMS.
5
RESUMO: Este estudo teve por objetivos descrever as comunidades de
lagartos em três tipos de hábitat, formando um gradiente de vegetação: mata
ciliar, cerrado sensu stricto e campo sujo, determinar se há diferenças na
estrutura das comunidades de lagartos ao longo do gradiente de vegetação
formado pelos três tipos de hábitat e verificar quais variáveis estruturais do
hábitat estão relacionadas à estrutura das comunidades de lagartos em uma
área de cerrado, na Fazenda Diamante, Coxim, MS. A amostragem foi
conduzida em quatro parcelas medindo 20x20 m em cada tipo de hábitat,
totalizando doze parcelas. Os lagartos foram capturados por meio de
armadilhas de queda, armadilhas adesivas ou manualmente. As variáveis do
hábitat consideradas foram: cobertura por espécies lenhosas, cobertura por
gramíneas, número de indivíduos de espécies arbóreas, número de indivíduos
de espécies arbustivas, número de indivíduos de bromélias, número de
cupinzeiros, cobertura por pedras, número de cavidades, cobertura por
serapilheira e DAP médio das espécies arbóreas. Foram coletados 181
lagartos, de 11 espécies. O cerrado apresentou maior riqueza de espécies e
maior abundância total de lagartos em relação aos outros hábitats. Não houve
diferença significativa na diversidade de espécies entre os hábitats. Com
relação aos hábitats, as amostras do campo sujo foram caracterizadas por
poucas e grandes árvores, poucos arbustos, serapilheira e bromélias, mas
mais gramíneas, cupinzeiros e pedras. O cerrado caracterizou-se pelo grande
número de árvores e arbustos, além de maior quantidade de pedras,
cupinzeiros e cavidades que na mata, enquanto na mata as árvores eram
maiores. Os resultados indicam a existência da influência das variáveis
estruturais do hábitat na estrutura das comunidades de lagartos, determinando
uma distribuição não aleatória ao longo do gradiente formado pelos bitats
considerados.
PALAVRAS-CHAVE: Estrutura de comunidades, lagartos, Cerrado, estrutura
do hábitat.
6
ABSTRACT: The objectives of this study were to describe the lizard
communities in three habitat types along a vegetation gradient in an area of
Cerrado, mid-west Brazil: gallery forest, savanna (“cerrado”) and grass field
(“campo sujo”). Our hypothesis was that the vegetation gradient would influence
the structure of these communities and verify which habitat structure variables
ha the most influence. Sampling was carried in four 20x20 m quadrats in each
type of habitat, totalizing 12 quadrats. Lizards were captured with glue traps,
pitfall traps or manually. The habitat variables recorded were: trees and shrubs
coverage, forb coverage, number of trees, number of shrubs, number of
bromeliads, rock coverage, number of burrows, litter coverage and average
DHB (diameter at breast height) of tree species. We collected 181 lizards of 11
species. The “cerrado” presented higher species richness and total lizard
abundance in relation to the other habitats. There was no significant difference
in species diversity between habitats. Samples of “campo sujo” were
characterized by few and high trees, few shrubs, litter and bromeliads, but more
forbs, termite mounds and rocks. The “cerrado” was characterized by a great
number of trees and shrubs, and more rocks, termite mounds and burrows that
in the gallery forest, whereas trees in the gallery forest were larger. The results
indicate that structural variables of the habitat influence the structure of the
lizard communities studied, determining a non random distribution of lizard
species along the vegetation gradient considered.
KEY-WORDS: Community structure, lizards, Brazilian Cerrado, habitat
structure.
7
INTRODUÇÃO
A heterogeneidade espacial foi indicada por Pianka (1967) como um dos
possíveis mecanismos de controle da diversidade de espécies, uma vez que
ambientes mais heterogêneos podem acomodar mais espécies porque
fornecem uma maior variedade de microhábitats, devido à maior amplitude
microclimática e mais tipos de refúgios (Sebens 1991). Assim, a hipótese da
heterogeneidade do hábitat assume que a complexidade estrutural de hábitats
pode prover um maior mero de nichos e maior diversidade de modos de
exploração dos recursos disponíveis no ambiente e, conseqüentemente, o
aumento da diversidade de espécies (MacArthur & MacArthur 1961, Pianka
1967, Sebens 1991).
Na maioria dos hábitats, as comunidades vegetais determinam a
estrutura física do ambiente, exercendo uma considerável influência na
distribuição e nas interações entre espécies animais (Pawar et al. 2004, Tews
et al. 2004). Dependendo do grupo taxonômico, do parâmetro estrutural de
vegetação e da escala espacial, a diversidade de espécies animais pode
aumentar ou diminuir com o aumento da heterogeneidade do hábitat (Okland
1996, Sullivan & Sullivan 2001). Atributos estruturais da vegetação que
constituem a heterogeneidade podem ser percebidos como fragmentação do
hábitat, levando ao agrupamento de indivíduos ou de populações de um grupo
taxonômico. Por exemplo, clareiras em florestas que podem aumentar a
heterogeneidade do hábitat para borboletas e pássaros, também podem
fragmentar os hábitats para besouros de chão e, desta forma, os efeitos da
estrutura do hábitat na diversidade de espécies podem variar dependendo
consideravelmente de como o hábitat é percebido pelo grupo de espécies
8
analisado (revisado por Tews et al. 2004). Assim, nem todas as espécies em
um ecossistema são igualmente afetadas pela estrutura do hábitat, pois
dependem se a estrutura é moldada por heterogeneidade ou por fragmentação.
O Cerrado constitui a segunda maior região biogeográfica da América do
Sul, ocupando uma área de mais de 200.000.000 ha (Colli 2003, Klink et al.
2002), cerca de 25% do território brasileiro. Pela sua vasta distribuição (Eiten
1972, Coutinho 1978), exibe enorme heterogeneidade espacial que se reflete
numa biota diversificada (Klink et al. 2002). Paralelamente à sua complexidade
espacial em nível regional, o Cerrado exibe uma grande complexidade no nível
de ecossistemas locais (Klink et al. 2002). Assim o Cerrado apresenta uma
biodiversidade bastante expressiva e conspícua, possuindo um significativo
número de endemismos para vários grupos de animais e plantas (Machado et
al. 2004), sendo considerado um dos 25 pontos de máxima diversidade do
mundo (Myers et al. 2000, Silva & Bates 2002). Por exemplo, Colli et al. (2002)
inferem um nível de endemismo de até 38% do total de espécies de répteis
neste bioma. Entretanto, considerável falta de informações sobre a
composição, estrutura e dinâmica, e o funcionamento dos ecossistemas do
Cerrado e a obtenção de informações relativas à sua biota é cada vez mais
urgente (Klink et al. 2002), pois o Cerrado constitui um dos biomas mais
ameaçados pelas atividades humanas, sobretudo agropecuárias, com cerca de
80% de sua área modificada e elevados níveis de destruição de hábitats (Colli
2003, Machado et al. 2004).
A herpetofauna é um dos grupos que apresentam maior sensibilidade a
alterações ambientais, notadamente à destruição de hábitat (Sabino & Prado
2003), sendo este grupo usado como bioindicador para estudos de
9
monitoramento de alterações e recuperação ambiental (Pawar et al. 2004).
Portanto, estudos sobre a ecologia de representantes deste grupo são de
grande importância para o estabelecimento de programas de conservação do
Cerrado, uma vez que o conhecimento dos recursos utilizados pelos répteis
propiciará melhores previsões sobre impacto ambiental causado pela atividade
humana e possíveis medidas para mitigar seus efeitos (Dias 2004).
Os lagartos são um importante componente das teias alimentares do
Cerrado, pois, ao consumir uma grande diversidade de espécies de
invertebrados, atuam diretamente sobre suas populações, e indiretamente
sobre as comunidades de plantas, ao reduzir as populações de insetos
herbívoros (Vitt et al. 2002); desta forma, podem ter grande influência sobre o
funcionamento destes ecossistemas. Segundo Vitt & Caldwell (1993), o
Cerrado é um dos ambientes tropicais mais interessantes para avaliar os
fatores que influenciam a diversidade de lagartos, devido à sua extensa
distribuição geográfica e por apresentar zonas de contato com outros cinco
importantes biomas no Brasil (Vitt 1991).
Estudos que descrevem a estrutura de comunidades de lagartos ao
longo de gradientes de vegetação são escassos, principalmente no bioma
Cerrado, que apresenta tipos vegetacionais (fisionomias) que variam de
florestas a campos, constituindo um gradiente de complexidade estrutural
(Eiten 1972, Coutinho 1978). O resultado é uma paisagem em mosaico, cujas
diversas fisionomias representam diferentes hábitats para a herpetofauna (Colli
et al. 2002). A compreensão dos fatores que influenciam as comunidades
biológicas pode fornecer valiosos subsídios para se prever as conseqüências
10
das alterações da paisagem, ainda mais num bioma rico em endemismos, mas
fortemente pressionado pelas atividades antrópicas como o Cerrado.
OBJETIVOS
Os objetivos deste trabalho são:
1. Descrever as comunidades de lagartos em três tipos de hábitat, Mata
ciliar, cerrado sensu stricto e campo sujo, em uma área de Cerrado
na Fazenda Diamante, Coxim, Mato Grosso do Sul;
2. Determinar se diferenças na estrutura das comunidades de
lagartos entre os três tipos de hábitat;
3. Verificar quais variáveis estruturais do hábitat estão relacionadas à
estrutura das comunidades de lagartos estudadas.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo
Este estudo foi conduzido na Fazenda Diamante, no Distrito de Jauru,
Coxim, ao norte do Estado de Mato Grosso do Sul (coordenadas: 18
o
41’ 29,6”
S; 54
o
24’ 39,6” W). Tal propriedade possui como recursos hídricos várias
nascentes sem denominação, os rregos Café e Buritizal e os rios Jauru e
Caracol, pertencentes à bacia do Rio Paraguai, sub-bacia do Rio Taquari. Os
solos predominantes na região são os Litólicos, sendo solos minerais rasos e
pouco desenvolvidos, que apresentam propriedades bem relacionadas com a
rocha matriz. Portanto o bastante diversificados e apresentam teores
elevados de materiais primários facilmente decomponíveis e blocos de rochas
11
semi-intemperizadas de diversos tamanhos, ocorrendo sob vegetação de
Cerrado. As fitofisionomias encontradas na região são matas ciliares e de
galeria, matas de encosta, Cerrado sensu stricto, cerradão e campos, todas
contando com locais ricos em afloramentos rochosos. Esta região apresenta
clima termoxeroquimênico atenuado, com temperaturas anuais dias
variando de 25 a 30
o
C e pluviosidade variando de 1000 a 1500 mm anuais,
com período seco de 3 a 5 meses, apresentando excedente hídrico anual de
400 a 800 mm durante 3 a 4 meses e deficiência hídrica de 500 a 650 mm
durante 5 meses (Mato Grosso do Sul 1990).
Amostragem
A coleta de dados foi realizada em três tipos de hábitat formando um
gradiente de vegetação, mata ciliar, cerrado sensu stricto (aqui denominado
apenas cerrado) e campo sujo (Figura 1). A amostragem foi conduzida em
doze parcelas medindo 20x20 m, sendo quatro em cada tipo de hábitat. Para
preservar a independência dos dados, respeitou-se uma distância mínima de
100 m entre as parcelas.
12
Figura 1: Tipos de hábitat: mata ciliar (A), campo sujo (B) e cerrado (C) na
Fazenda Diamante, Coxim, MS.
Lagartos
Para a captura de lagartos (Licença IBAMA/RAN 121/05), foram
realizadas campanhas mensais entre os meses de novembro de 2005 e agosto
de 2006. Foram realizadas caminhadas de igual esforço (duas horas por
parcela em cada campanha) em cada parcela, registrando os animais
avistados e procurando exemplares em abrigos (Manzanilla & Péfaur 2000).
Além disso, em cada parcela foi instalado um conjunto de armadilhas de queda
(pitfall traps). Cada conjunto de armadilhas de queda consistiu de quatro baldes
de 30 l, enterrados em forma de “Y” (um balde no centro e os outros nas
13
extremidades) e ligados por cerca guia de 50 cm de altura e cinco metros de
comprimento em cada braço (Greenberg et al. 1994, Cechin & Martins 2000,
Manzanilla & Péfaur 2000). Para auxiliar a captura de animais que exploram o
extrato arbóreo e fendas em rochas, foram empregadas 12 armadilhas
adesivas (glue traps) dispostas aleatoriamente em cada parcela (Bauer &
Sadlier 1992, Zani & Vitt 1995).
Cada lagarto coletado foi identificado, marcado permanentemente
através do corte de um dígito, evitando o uso de mais de um dígito por
membro, e solto no local de captura (Wiederhecker et al. 2003).
A identificação dos lagartos foi realizada através da utilização de chaves
e guias (Strüssmann 2001, Vitt et al. 2002, Colli & Oliveira 2005). Quando o
foi possível a identificação no campo, a identificação deu-se por comparação
com material testemunho disponível na ZUFMS (Coleção Zoológica da
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), bem como da consulta a
especialistas.
Variáveis estruturais do hábitat
Para determinar quais aspectos do hábitat influenciam as comunidades
de lagartos em cada parcela, as seguintes variáveis foram determinadas: 1)
cobertura por espécies lenhosas (arbóreas e arbustivas); 2) cobertura por
gramíneas; 3) número de indivíduos de espécies arbóreas (lenhosas com DAP
diâmetro à altura do peito 5 cm); 4) número de indivíduos de espécies
arbustivas (lenhosas com DAP < 5 cm, com altura maior que 1,3 m); 5) número
de indivíduos de espécies de bromélias; 6) número de cupinzeiros; 7) cobertura
por pedras (lajes, rochas grandes, seixos); 8) número de cavidades (tocas no
14
chão com abertura entre 1 e 15 cm de diâmetro); 9) cobertura por serapilheira;
e 10) DAP médio das espécies arbóreas.
Para estimar os dados de cobertura das estruturas consideradas, foram
sorteados cinco pontos dentro de cada uma das parcelas. Os dados de
cobertura por espécies lenhosas e cobertura por herbáceas foram estimados
através de densiômetro esférico no nível do solo. Os dados com relação à
cobertura por rochas e serapilheira foram tomados em cinco parcelas de 1x1
m, nos pontos sorteados dentro de cada uma das parcelas de 20x20 m. A
cobertura desses componentes do hábitat foi estimada através de uma grade
de 1 m
2
, dividida em 100 quadrados de tamanhos iguais e eqüidistantes. Para
cada quadrado preenchido pelo componente da variável, considerou-se 1% de
cobertura. Devido à dificuldade amostral, foi desconsiderado a serapilheira
oriunda de gramíneas.
O DAP de cada árvore localizada dentro das parcelas foi medido.
Posteriormente, o DAP médio das árvores foi obtido por média aritmética.
Análise dos dados
Para comparar os padrões de diversidade da comunidade, usando-se a
abundância total, a riqueza de espécies, o índice de diversidade de Shannon e
o índice de eqüidade de Shannon foi usada uma ANOVA simples de um fator
(tipo de hábitat), sendo as diferenças entre hábitats determinadas através do
teste de comparações múltiplas HSD de Tukey. A mesma análise foi usada
para comparar as abundâncias das seis espécies de lagartos mais abundantes.
Para avaliar se os hábitats considerados diferem em relação às variáveis
ambientais foi feita uma Análise de Componentes Principais (PCA) com todas
15
as variáveis, que foram previamente centradas e padronizadas para equilibrar
sua contribuição.
Para avaliar se a composição das comunidades muda ao longo do
gradiente de vegetação, foi usada Análise de Escalonamento Multidimensional
Não-Métrico (MDS). As diferenças entre grupos foram avaliadas usando-se
Análise de Similaridades (ANOSIM), seguindo-se Clarke (1993). As
abundâncias foram transformadas para log
10
(x+1) para se equilibrar a
contribuição de espécies raras e abundantes. Para detectar quais espécies são
responsáveis pelas diferenças entre grupos foi usada a Análise de Quebra de
Porcentagem da Similaridade (SIMPER), considerando-se o índice de Bray-
Curtis. Os testes MDS, ANOSIM e SIMPER foram obtidos através do software
PRIMER 4.0 (Clarke 1993).
Para verificar quais variáveis apresentam maior relação com o primeiro
eixo do MDS foi usada uma regressão múltipla passo-a-passo. As variáveis
ambientais que apresentaram multicolinearidade foram avaliadas através da
análise do “fator de inflação” e da correlação de Pearson, sendo selecionadas
aquelas que melhor descreviam o hábitat em relação ao seu uso pelos
lagartos.
RESULTADOS
De um total de 188 capturas, foram coletados 181 indivíduos, dos quais
apenas sete foram recapturados. Foram registrados lagartos de 11 espécies
(Tabela 1), pertencentes às famílias Gynmophtalmidae (Micrablepharus
atticolus e Pantodactylus schreibersii), Hoplocercidade (Hoplocercus spinosus),
Polychrotidae (Anolis meridionalis e Polychrus acustirostris), Scincidae
16
(Mabuya frenata e Mabuya nigropunctata), Teiidae (Ameiva ameiva e
Tupinambis merianae) e Tropiduridae (Tropidurus guarani e Tropidurus
itambere) ( Figuras 2 e 3).
Tabela 1: Espécies de lagartos coletadas e abundância nos diferentes hábitats
estudados na Fazenda Diamante, Coxim, MS. MC: mata ciliar; CSS: cerrado
sensu stricto; CS: campo sujo.
Espécie MC CSS CS Total
Ameiva ameiva (Linnaeus, 1758) 5 6 16 27
Anolis meridionalis Boettger, 1885 0 3 0 3
Hoplocercus spinosus Fitzinger, 1843 0 2 0 2
Mabuya frenata (Cope, 1862) 0 6 3 9
Mabuya nigropunctata (Spix, 1825) 2 2 0 4
Micrablepharus atticolus Rodrigues, 1996 0 3 3 6
Polychrus acustirostris Spix, 1825 0 10 1 11
Pantodactylus schreibersii (Wiegmann, 1834) 0 1 0 1
Tropidurus guarani Alvarez et al., 1991 7 21 7 35
Tropidurus itambere Rodrigues, 1987 7 34 30 71
Tupinambis merianae (Duméril & Bibron, 1839) 2 7 3 12
Total 24 101 63 181
17
Figura 2: Espécies de lagartos que ocorrem nos três tipos de hábitat na
Fazenda Diamante, Coxim, MS. A - Ameiva ameiva Gisseli Giraldelli), B -
Anolis meridionalis Masao Uetanabaro), C Hoplocercus spinosus
Gisseli Giraldelli), D - Mabuya frenata Gisseli Giraldelli), E - Mabuya
nigropunctata (© Gisseli Giraldelli), F - Micrablepharus atticolus (© Nei Santos).
18
Figura 3: Espécies de lagartos que ocorrem nos três tipos de hábitat na
Fazenda Diamante, Coxim, MS. A - Tupinambis merianae Gisseli Giraldelli),
B - Tropidurus itambere Masao Uetanabaro), C Polychrus acustirostris
Nei Santos), D - Tropidurus guarani Gisseli Giraldelli), E - Pantodactylus
schreibersii (© Nei Santos).
A riqueza de espécies diferiu significativamente entre os três tipos de
hábitat (F
2,9
=10,41; p=0,005), sendo que o cerrado apresentou a maior riqueza
de espécies, a mata ciliar a menor e o campo sujo ocupou posição
intermediária (Figura 4a). A abundância total de lagartos também apresentou
diferença significativa entre os hábitats (F
2,9
=23,24; p<0,001). O cerrado foi o
tipo de hábitat com maior abundância total de lagartos, seguido do campo sujo
e da mata ciliar, respectivamente (Figura 4b). Não houve diferença significativa
na diversidade de espécies entre os hábitats (F
2,9
=3,58; p=0,072) (Figura 4c).
No entanto, foi observada alta eqüidade nas comunidades de lagartos
19
Campo Cerrado Mata
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
Índice de diversidade de Shannon
(c)
Campo Cerrado Mata
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
Índice de eqüidade de Shannon
a
b
(d)
Campo Cerrado Mata
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
a
Riqueza de espécies
a
b
a
(b)
Campo Cerrado Mata
0
5
10
15
20
25
30
Abundância total
a
b
c
(a)
estudadas, sendo encontrados valores significativamente maiores na mata
ciliar em relação aos outros hábitats, que apresentaram valores similares
(F
2,9
=5,36; p=0,029) (Figura 4d).
Figura 4: Média e erro padrão de (a) Abundância total de lagartos; (b) Riqueza
de espécies; (c) Índice de diversidade de Shannon; e (d) Índice de eqüidade de
Shannon nos três tipos de hábitat estudados na Fazenda Diamante, Coxim, MS.
Letras diferentes sobre as barras indicam médias que apresentaram diferença
significativa de acordo com o teste HSD de Tukey.
Os valores para cada uma das variáveis ambientais medidas nos
diferentes tipos de hábitat estão listados na Tabela 2. Os dois primeiros eixos
do PCA explicaram 84,5% da variação total observada. O primeiro eixo do PCA
20
explicou 58,4% da variação observada e separou as amostras do campo do
restante dos bitats, enquanto o segundo eixo explicou 26,1% da variação e
separou as amostras da mata ciliar e do cerrado. As amostras do campo sujo
foram caracterizadas por poucas e grandes árvores (valores de DAP médio
maiores), poucos arbustos, serapilheira e bromélias, mas mais gramíneas,
cupinzeiros e pedras, ao contrário das outras amostras. O cerrado
caracterizou-se pelo grande número de árvores (valores de DAP médio
menores) e arbustos, além de maior quantidade de pedras, cupinzeiros e
cavidades que na mata, enquanto que nessa última as árvores foram maiores
(Figura 5; Tabela 3).
Tabela 2: Variáveis ambientais medidas (média ± desvio padrão) em mata ciliar
(MC), cerrado sensu stricto (CSS) e campo sujo (CS) na Fazenda Diamante,
Coxim – MS.
Variáveis ambientais MC CSS CS
Número de árvores 29,000 ± 9,416 56,000 ± 7,702 2,000 ± 0,816
DAP médio (cm) 24,670 ± 2,381 11,890 ± 1,545 26,660 ± 1,873
Número de arbustos 21,250 ± 5,737 44,750 ± 5,315 11,000 ± 4,163
Número de Cupinzeiros 0,250 ± 0,500 1,750 ± 1,258 3,250 ± 0,500
Número de Cavidades 9,750 ± 3,500 12,750 ± 4,272 10,750 ± 4,272
Número de Bromélias 5,750 ± 1,258 7,500 ± 3,696 0,500 ± 1,000
Cobertura por lenhosas (%)* 0,921 ± 0,021 0,670 ± 0,087 0,178 ± 0,057
Cobertura por gramíneas (%)* 0,0009 ± 0,0008 0,014 ± 0,018 0,749 ± 0,067
Cobertura por pedras (%)* 0,061 ± 0,011 0,280 ± 0,097 0,300 ± 0,037
Cobertura por serapilheira (%)* 0,833 ± 0,036 0,606 ± 0,015 0,006 ± 0,006
* Valores em proporção (0 – 1).
21
-1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
PCA - Eixo 2
PCA - Eixo 1
Campo
Cerrado
Mata
Figura 5: Ordenação das amostras dos diferentes tipos de hábitat em relação
às variáveis ambientais medidas, através de Análise de Componentes
Principais.
Tabela 3: Resultado da análise de componentes principais indicando os pesos
das variáveis analisadas em relação aos eixos.
VARIÁVEIS EIXO 1 EIXO2
Número de árvores 0.844 0.489
DAP médio -0.623 -0.773
Número de arbustos 0.734 0.585
Número de Cupinzeiros -0.756 0.581
Número de Cavidades 0.067 0.554
Número de Bromélias 0.840 0.091
Cobertura por lenhosas 0.910 -0.349
Cobertura por gramíneas -0.989 0.050
Cobertura por pedras -0.474 0.752
Cobertura por serapilheira 0.941 -0.291
22
Com relação à estrutura da comunidade de lagartos, no MDS houve
separação entre as amostras de cada um dos ambientes amostrados, com
diferenças significativas (ANOSIM, R= 0,558; p< 0,001). Dessa forma, as
comunidades formaram grupos distintos no MDS, indicando a diferença nas
estruturas das comunidades dos três tipos de hábitat considerados neste
estudo (Figura 6).
A análise de quebra de porcentagem de similaridades (SIMPER)
mostrou que a similaridade média das comunidades dentro de hábitats foi de
74,65% para campo sujo, de 67,47% para cerrado e de 54,79% para mata
ciliar. a dissimilaridade média das comunidades entre os hábitats foi maior
entre mata ciliar e cerrado (57,10%), e foi menor entre cerrado e campo sujo
(39,74%). A dissimilaridade média entre mata ciliar e campo sujo ocupou
posição intermediária (46,97%).
Do total das diferenças, a espécie Polychrus acustirostris foi a que mais
contribuiu para a dissimilaridade entre campo e cerrado, com 16,95% da
contribuição à dissimilaridade média. A abundância média no cerrado é de
2,75, enquanto no campo é de 0,25, ou seja, essa espécie ocorre cerca de 11
vezes mais no cerrado que no campo. A segunda espécie com maior
contribuição foi Tropidurus guarani influenciando na dissimilaridade média em
14,72%, ocorrendo com abundância 3,3 vezes maior no cerrado que no campo.
Além destas, as espécies que mais contribuíram para essa dissimilaridade são:
Tupinambis merianae (13,75%), Ameiva ameiva (13,07%), Mabuya frenata
(8,70%) e Micrablepharus atticolus (7,86%) (Tabela 4).
23
Tabela 4: Contribuição das espécies à dissimilaridade média entre cerrado e
campo sujo na Fazenda Diamante, Coxim, MS.
Abundância
Espécie
cerrado campo sujo
Contribuição (%)
% cumulativa
Polychrus acustirostris 2,75 0,25
16,95
16,95
Tropidurus guarani 5,75 1,75
14,72
31,67
Tupinambis merianae 1,75 0,75
13,75
45,42
Ameiva ameiva 1,50 4,00
13,07
58,49
Mabuya frenata 1,50 0,75
8,70
67,19
Micrablepharus atticolus 0,75 0,75
7,86
75,05
Anolis meridionalis 0,75 0
7,19
82,24
Hoplocercus spinosus 0,50 0
5,62
87,86
Mabuya nigropunctata 0,50 0
5,53
93,39
Tropidurus itambere 9,25 7,50
3,68
97,07
Pantodactylus schreibersii
0,25 0
2,93
100
A espécie que mais influenciou a dissimilaridade dia entre a mata e o
campo foi Tropidurus itambere (29,05%), ocorrendo cerca de 4,3 vezes mais no
campo. A segunda espécie que mais contribui com esta dissimilaridade foi
Ameiva ameiva (20,32%), ocorrendo 3,2 vezes mais no campo que na mata.
Também apresentaram contribuição expressiva na dissimilaridade média entre
mata e campo Tupinambis merianae (11,69%), Mabuya frenata (11,49%) e
Micrablepharus atticolus (9,45%) (Tabela 5).
24
Tabela 5: Contribuição das espécies à dissimilaridade média entre mata ciliar e
campo sujo na Fazenda Diamante, Coxim, MS.
Abundância
Espécie
mata ciliar campo sujo
Contribuição
(%)
% cumulativa
Tropidurus itambere 1,75 7,5
29,05
29,05
Ameiva ameiva 1,25 4
20,32
49,37
Tupinambis merianae 0,75 0,75
11,69
61,06
Mabuya frenata 0 0,75
11,49
72,55
Micrablepharus atticolus 0 0,75
9,45
82
Tropidurus guarani 1,75 1,75
7,13
89,14
Mabuya nigropunctata 0,5 0
6,95
96,09
Polychrus acustirostris 0 0,25
3,91
100
Com relação à dissimilaridade média entre mata e cerrado, a maior
contribuição foi de Tropidurus itambere (19,62%), que ocorre cerca de 5,3
vezes mais no cerrado. Em seguida, Polychrus acustirostris influenciou a
dissimilaridade em 16,65%, apresentando abundância média de 2,75 no
cerrado e não ocorrendo na mata. Além destas espécies, também contribuíram
expressivamente: Tropidurus guarani (12,37%), Mabuya frenata (11,06%),
Tupinambis merianae (9,08%) e Ameiva ameiva (7,45%) (Tabela 6).
25
Tabela 6: Contribuição das espécies à dissimilaridade média entre mata ciliar e
cerrado na Fazenda Diamante, Coxim, MS.
Abundância
Espécie
mata ciliar cerrado
Contribuição (%)
% cumulativa
Tropidurus itambere 1,75 9,25
19,62
19,62
Polychrus acustirostris 0 2,75
16,65
36,28
Tropidurus guarani 1,75 5,75
12,37
48,65
Mabuya frenata 0 1,5
11,06
59,7
Tupinambis merianae 0,75 1,75
9,08
68,78
Ameiva ameiva 1,25 1,5
7,45
76,23
Anolis meridionalis 0 0,75
6,09
82,32
Micrablepharus atticolus 0 0,75
5,67
87,99
Hoplocercus spinosus 0 0,5
4,77
92,76
Mabuya nigropunctata 0,5 0,5
4,73
97,49
Pantodactylus schreibersii
0 0,25
2,51
100
A análise prévia mostrou que algumas variáveis ambientais
apresentaram multicolinearidade. Desta forma, para verificar a influência da
estrutura do hábitat na abundância de lagartos foram selecionadas três
variáveis não correlacionadas entre si: número de árvores, número de
cavidades e cobertura de pedras.
O número de árvores mostrou-se fortemente correlacionado ao DAP
médio (r= 0,904; p< 0,001), número de arbustos (r= 0,902; p< 0,001), número
de bromélias (r= 0,678; p= 0,015), cobertura por gramíneas (r= 0,828; p<
0,001) e, mais fracamente, à cobertura por espécies lenhosas (r= 0,608; p=
0,035). A cobertura por pedras está correlacionada ao número de cupinzeiros
(r= 0,713; p= 0,009), cobertura por espécies lenhosas (r= 0,751; p= 0,005) e
26
cobertura por serapilheira (r= 0,683; p= 0,014), enquanto que o número de
cavidades não está correlacionado com nenhuma variável.
Ao analisar o resultado do MDS, verificou-se graficamente que a maior
variação entre as amostras ocorreu ao longo do primeiro eixo, onde foi formado
um gradiente ao longo da mata ciliar, do campo sujo e do cerrado, o que
permitiu que as variáveis ambientais fossem relacionadas a este eixo para se
determinar a influência destas variáveis na composição das comunidades de
lagartos dos três tipos de hábitat (Figura 6).
-1.5 -1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0
-1.5
-1.0
-0.5
0.0
0.5
1.0
MDS – Eixo 1
MDS – Eixo 2
-1.5 -1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0
-1.5
-1.0
-0.5
0.0
0.5
1.0
MDS – Eixo 1
MDS – Eixo 2
Figura 6: Ordenação por MDS das amostras de lagartos do campo (quadrados
sólidos), cerrado (quadrados vazios) e mata ciliar (triângulos) (stress = 0,10).
27
Pela regressão múltipla passo a passo, foi possível verificar que as três
variáveis consideradas são importantes na separação das amostras ao longo
do primeiro eixo do MDS, em função da estrutura das comunidades. Este
modelo explicou 83% da variação, sendo que a cobertura por pedras teve o
maior peso na separação das amostras, seguida do número de cavidades e do
número de árvores, respectivamente (Tabela 7).
Tabela 7: Resultado da regressão múltipla passo-a-passo entre as variáveis
estruturais do hábitat e o primeiro eixo do MDS (R
2
= 0,83; P = 0,002).
Variável ambiental Coeficiente SE P
Número de árvores -0,012 0,005 0,052
Número de cavidades -0,106 0,034 0,014
Cobertura por pedras (%) -3,969 0,996 0,004
Com relação à distribuição das seis espécies mais abundantes entre os
hábitats foram obtidos os seguintes resultados: a distribuição de Ameiva
ameiva não diferiu entre a mata e o cerrado, mas sua abundância no campo
sujo foi significativamente maior que nos demais tipos de hábitat (F
2,9
=4,657;
P=0,041) (Figura 7a).
Tupinambis merianae apresentou uma maior abundância no cerrado que
no cerrado, mas sua distribuição no campo não diferiu dos outros dois hábitats
(F
2,9
=0,329; P=0,732) (Figura 7b). A distribuição de Mabuya frenata (Figura 7c)
e Tropidurus guarani (Figura 7d) foi maior no cerrado em relação aos demais
hábitats, mas esta diferença não foi significativa devido à grande variação
observada (F
2,9
=2,721; P=0,119, e F
2,9
=2,603; P=0,128, respectivamente).
28
Um padrão similar foi detectado para Polychrus acustirostris (Figura 7e),
sendo a abundância significativamente maior no cerrado em relação aos outros
hábitats (F
2,9
=6,261; P=0,020). Para Tropidurus itambere, a distribuição foi
significativamente diferente entre os três tipos de hábitat (F
2,9
=32,416;
P<0,001), onde a abundância decresceu do cerrado, campo sujo e mata ciliar
(Figura 7f).
29
Figura 7: Média e erro padrão das abundâncias das seis espécies mais
abundantes nos três tipos de hábitat na Fazenda Diamante, Coxim, MS. (a)
Ameiva ameiva; (b) Tupinambis merianae; (c) Mabuya frenata; (d) Tropidurus
guarani; (e) Polychrus acustitostris; e (f) Tropidurus itambere. Letras diferentes
sobre as barras indicam médias que apresentaram diferença significativa de
acordo com o teste HSD de Tukey.
mata cerrado campo
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
Abundância de Ameiva ameiva (Log)
a
a
b
(a)
mata cerrado campo
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
Abundância de Tupinambis merianae (Log)
(b)
mata cerrado campo
-0,1
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
Abundância de Mabuya frenata (Log)
(c)
mata cerrado campo
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
Abundância de Tropidurus guarani (Log)
(d)
mata cerrado campo
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
Abundância de Polycrus acutirostris (Log)
a
b
a
(e)
mata cerrado campo
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
b
Abundância de Tropidurus itambere (Log)
a
c
(f)
30
DISCUSSÃO
Estrutura do hábitat versus Estrutura das comunidades
Mesmo não havendo diferenças significativas na diversidade de
espécies, as comunidades dos hábitats mais abertos (cerrado e campo sujo)
são mais ricas e apresentam maior abundância total de lagartos em relação ao
hábitat mais fechado (mata ciliar). Tais resultados estão em conformidade com
resultados encontrados para outras regiões de domínio do bioma Cerrado,
como a região do Rio Manso (Strüssmann 2000), o Parque Nacional das Emas
(Valdujo 2003), a Região de Brasília (Nogueira et al. 2005) e a Região de
Itirapina (Thomé 2006), em que os cerrados abertos e as fisionomias savânicas
apresentaram maior riqueza de espécies de lagartos e maiores abundâncias
que em formações florestais.
Segundo a teoria proposta por MacArthur & MacArthur (1961), seria
esperado maiores padrões de diversidade de espécies em hábitats com maior
complexidade estrutural. De acordo com Coutinho (1978), fisionomias
florestais, como matas ciliares, são consideradas estruturalmente mais
complexas, uma vez que, nestes hábitats, o aumento da complexidade
estrutural pode ocorrer através da estratificação da vegetação (adição de
árvores e arbustos), o que pode, no caso dos lagartos, permitir a ocorrência de
espécies arbóreas e semi-arbóreas, possibilitando maior coexistência de
espécies, resultando num aumento da diversidade de lagartos (Shenbrot &.
Krasnov 1997, Colli et al. 1992, García & Whalen 2003; mas veja Genet 2002).
Entretanto, os lagartos geralmente usam os tipos de substrato em proporção à
suas disponibilidades, sendo que pedras grandes e pedregulhos podem
substituir a vegetação, provendo cobertura para as espécies que forrageiam
31
em áreas rochosas (García & Whalen 2003). Além disso, em hábitats cuja
vegetação é mais densa e estratificada, a cobertura do dossel os torna
desfavoráveis para espécies de lagartos heliófilas, uma vez que impede que a
radiação solar chegue até o chão (Valdujo 2003). Esses fatores podem explicar
a menor riqueza de espécies e menor abundância total encontradas na mata
ciliar.
Com relação aos campos, que são hábitats mais abertos, a menor
riqueza de espécies e menor abundância total em relação ao cerrado podem
ser explicadas pela falta da estruturação vertical da vegetação, que pode
impossibilitar a presença de espécies arborícolas e semi-arborícolas. Além
disso, a presença de uma cobertura densa de gramíneas no campo pode
impedir a chegada de luz solar diretamente ao solo (Valdujo 2003). Dessa
forma, esse tipo de hábitat favorece apenas a presença de espécies terrestres,
que apresentem baixos requerimentos de luz solar (Valdujo 2003).
Desta forma, neste estudo o cerrado foi o tipo de hábitat que mostrou-se
mais heterogêneo para os lagartos, devido à maior disponibilidade de
microhábitats, proporcionada pela presença da estratificação arbórea-arbustiva
e pelo maior número de cavidades. No cerrado, o estrato arbóreo-arbustivo
caracterizou-se pelo grande número de árvores, com valores médios de DAP
pequenos, o que torna esse hábitat menos fechado que a mata ciliar (obs.
pessoal), permitindo a coexistência de espécies arborícolas e semi-arborícolas
(Shenbrot &. Krasnov 1997, Colli et al. 1992, García & Whalen 2003), e ao
mesmo tempo, possibilitando a chegada de raios solares até o solo, mas com a
presença de abrigos e sombra nos momentos mais quentes do dia (Valdujo
2003). Além disso, as cavidades, presentes em maior quantidade no cerrado,
32
podem ser usadas como abrigo e refúgio, constituindo um recurso importante
para as espécies que se abrigam em tocas, como os teídeos (Vanzolini et al.
1980).
Com relação à contribuição de cada espécie na dissimilaridade dia
entre os hábitats, a contribuição expressiva das espécies Polychrus
acustirostris e Tropidurus guarani na dissimilaridade média entre campo e
cerrado deu-se, provavelmente, porque são espécies que apresentam o hábito
arborícola (Vitt & Lacher Jr. 1981, Colli et al. 2002) e a sua distribuição,
portanto, depende da presença do estrato arbóreo.
A grande contribuição de Tropidurus itambere para a dissimilaridade
média entre a mata e o campo pode ser explicada pela maior presença de
áreas cobertas por pedras (afloramentos rochosos) no campo que na mata,
uma vez que esta espécie exibe preferência por áreas com abundância de
rochas (Van Sluys 1992).
Com relação à dissimilaridade média entre mata e cerrado, Tropidurus
itambere também foi o maior responsável pela dissimilaridade entre os hábitats,
ocorrendo mais no cerrado que na mata ciliar. O cerrado apresenta muitas
áreas ricas em afloramentos rochosos extensos, que são locais utilizados por
esta espécie de maneira preferencial (Van Sluys 1992), sendo importantes para
os seus processos de termorregulação. Além disso, a grande quantidade de
fendas presentes nestes afloramentos facilita o escape de predadores, uma
vez que esta espécie costuma se abrigar nas fendas de rochas (obs. pessoal).
Os resultados também indicaram a existência da influência das variáveis
estruturais do hábitat na estrutura das comunidades em questão, determinando
uma distribuição não aleatória ao longo do gradiente formado pelos bitats
33
considerados. Esses resultados corroboram aqueles obtidos por Valdujo (2003)
e Nogueira et al. (2005), onde as comunidades de lagartos também se
apresentaram distribuídas de forma o-aleatória ao longo de gradientes de
fisionomias de Cerrado no Parque Nacional das Emas e na Região de Brasília,
respectivamente.
Um fator importante que pode explicar a influência da estrutura do
hábitat na estrutura das comunidades de lagartos é que a estrutura do hábitat
pode influenciar significativamente a disponibilidade de nichos, possibilitando a
partilha de recursos ao longo dos eixos de nicho (Losos et al. 2003),
influenciando, assim, os padrões de coexistência e diversidade de espécies
dessas comunidades (Leal et al. 1998, Angert et al. 2002, James & M’Closkey
2002, Losos et al. 2003, Smith & Ballinger 2003). Por exemplo, Shenbrot &
Krasnov (1997) encontraram uma influência significativa das variáveis do
hábitat tais como estruturas do solo e da vegetação na distribuição e a
abundância relativa de espécies de lagartos, devido à disponibilidade
diferencial de abrigos em diferentes hábitats.
Em outros casos, os efeitos da heterogeneidade do hábitat podem ser
determinantes para a ocorrência de algumas espécies de lagartos,
possibilitando mais áreas adequadas para termorregulação e captura de
alimento (Jellinek et al. 2004), além de reduzir a limitação de outros recursos e,
portanto, as chances de exclusão competitiva (Smith & Ballinger 2003).
Distribuição das espécies mais abundantes entre os hábitats
A distribuição de Ameiva ameiva, que não diferiu entre a mata e o
cerrado, mas teve abundância no campo sujo maior que nos demais tipos de
34
hábitat, mostrou um padrão diferente do encontrado por Valdujo (2003) e
Thomé (2006), nos quais o cerrado apresentou maior abundância de A.
ameiva. Entretanto, esta espécie apresenta a particularidade de ser comum em
ambientes que sofrem influência antrópica (Vitt & Colli 1994) e, como as
formações campestres apresentam menos empecilhos para a ocupação
humana, sendo as mais atingidas pelas atividades agropecuárias (Valdujo
2003), a maior abundância de A. ameiva no campo sujo, pode estar refletindo
os efeitos da ocupação humana no entorno da área de estudo.
a distribuição entre hábitats de Polychrus acustirostris foi a esperada,
tendo em vista que P. acustirostris é uma espécie típica de cerrados com
estrato arbóreo, devido ao seu hábito arborícola (Vitt & Lacher Jr. 1981).
A distribuição de Tropidurus itambere, diferente entre os três tipos de
hábitat, pode indicar a influência da estrutura do hábitat para esta espécie, pois
provavelmente foi determinada pela disponibilidade de microhábitats, que
aumenta com a heterogeneidade do hábitat (Pianka 1967, Pianka 1973,
Howard & Hailey 1999). No entanto, no caso de T. itambere, um outro fator que
pode estar associado a tal distribuição é a disponibilidade de rochas, que é
preponderante no caso desta espécie, podendo influenciar na sua distribuição
mesmo que a heterogeneidade espacial seja baixa (Colli, com. pessoal).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De modo geral, este estudo mostrou que a estrutura das comunidades
de lagartos da área estudada é influenciada pela estrutura do hábitat, sendo
que as comunidades dos diferentes hábitats considerados formam um
gradiente, com dominância de diferentes espécies. Esse resultado é importante
35
para a compreensão de alguns fatores que influenciam estas comunidades,
podendo ser útil na determinação de áreas de preservação ambiental
semelhantes, devido à contribuição da diversidade entre hábitats para a
diversidade regional.
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