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ENSILAGEM E FENAÇÃO DO BAGAÇO DE
CANA-DE-AÇÚCAR PROVENIENTE DA
PRODUÇÃO DE CACHAÇA
ROSANA CRISTINA PEREIRA
2006
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ROSANA CRISTINA PEREIRA
ENSILAGEM E FENAÇÃO DO BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR
PROVENIENTE DA PRODUÇÃO DE CACHAÇA
Tese apresentada à Universidade Federal de
Lavras, como parte das exigências do Curso de
Doutorado em Zootecnia, área de concentração
em Forragicultura, para obtenção do título de
“Doutor”
Orientador
Prof. Antônio Ricardo Evangelista
LAVRAS
MINAS GERAIS – BRASIL
2006
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Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da
Biblioteca Central da UFLA
Pereira, Rosana Cristina
Ensilagem e fenação do bagaço de cana-de-açúcar proveniente da produção de
cachaça / Rosana Cristina Pereira. -- Lavras : UFLA, 2006.
202 p. : il.
Orientador: Antonio Ricardo Evangelista.
Tese (Doutorado) – UFLA.
Bibliografia.
1. Silagem. 2. Fenação. 3. Bagaço de cana. I. Universidade Federal de Lavras.
II. Título.
CDD-636.08552
4
ROSANA CRISTINA PEREIRA
ENSILAGEM E FENAÇÃO DO BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR
PROVENIENTE DA PRODUÇÃO DE CACHAÇA
Tese apresentada à Universidade Federal de
Lavras, como parte das exigências do Curso de
Doutorado em Zootecnia, área de concentração
em Forragicultura, para obtenção do título de
“Doutor”
APROVADA em 20 de dezembro de 2006
Prof. Adauton Vilela Rezende UNIFENAS
Prof. Gudesteu Porto Rocha UFLA
Prof. Joel Augusto Muniz UFLA
Prof. Luiz Gustavo Nussio ESALQ\USP
Prof. Antônio Ricardo Evangelista
UFLA
(Orientador)
LAVRAS
MINAS GERAIS – BRASIL
5
DEDICATÓRIA
Ao meu esposo Alexandre, aos
meus filhos Túlio, Bárbara e
Vitor, e aos meus pais, Sebastião
e Anita, dedico.
6
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal de Lavras e ao Departamento de Zootecnia pela
oportunidade de cursar o Doutorado.
Ao professor Antônio Ricardo Evangelista pela confiança e orientação
Aos professores Adauton Vilela Rezende, Gudesteu Porto Rocha, Joel
Augusto Muniz e Luiz Gustavo Nussio, pela participação efetiva no trabalho,
por meio de valiosas sugestões.
Aos colegas de curso, em especial ao Pedro, Sidnei, Joadil e Valdir.
Ao aluno de graduação, Hélio, pelo auxílio nas análises laboratoriais.
Aos funcionários do Laboratório de Pesquisa Animal, Eliana, José
Virgílio, Márcio e Suelba.
7
SUMÁRIO
Página
RESUMO .................................................................................................. i
ABSTRACT...............................................................................................
iv
CAPÍTULO................................................................................................ 01
Introdução Geral.........................................................................................
01
Referencial Teórico ...................................................................................
02
Referências Bibliográficas .........................................................................
06
CAPÍTULO 2: Avaliação do bagaço de cana-de-açúcar submetido à
fenação e ensilagem ...................................................................................
10
Resumo ......................................................................................................
10
Abstract ..................................................................................................... 12
Introdução ..................................................................................................
14
Referencial Teórico ...................................................................................
15
Material e Métodos ....................................................................................
26
Resultados e Discussão ............................................................................. 29
Conclusões .................................................................................................
41
Referências Bibliográficas .........................................................................
41
CAPÍTULO 3: Silagens de bagaço de cana-de-açúcar confeccionadas
com diferentes aditivos ..............................................................................
49
Resumo ......................................................................................................
49
Abstract ..................................................................................................... 51
Introdução ..................................................................................................
53
Referencial Teórico ...................................................................................
54
Material e Métodos ....................................................................................
73
Resultados e Discussão ............................................................................. 77
Conclusões .................................................................................................
120
Referências Bibliográficas .........................................................................
121
8
CAPÍTULO 4: Silagens de bagaço de cana-de-
açúcar aditivado com
diferentes níveis de uréia e melaço ............................................................
131
Resumo ......................................................................................................
131
Abstract ..................................................................................................... 133
Introdução ..................................................................................................
134
Referencial Teórico ...................................................................................
135
Material e Métodos ....................................................................................
143
Resultados e Discussão ............................................................................. 146
Conclusões .................................................................................................
173
Referências Bibliográficas .........................................................................
173
ANEXOS ...................................................................................................
179
i
RESUMO
PEREIRA, Rosana Cristina. Ensilagem e fenação do bagaço de cana-de-
açúcar proveniente da produção de cachaça. Lavras: UFLA, 2006. 202 p.
(Tese- Doutorado em Zootecnia).
O aproveitamento do bagaço e da ponta de cana gerados nos alambiques
permite ao produtor a integração da produção de cachaça com a criação de
ruminantes. O armazenamento adequado do bagaço pode contribuir para a
manutenção de suas características inalteradas por períodos prolongados. Com o
objetivo de avaliar o bagaço de cana-de-açúcar (BC) proveniente da produção de
cachaça de alambique submetido a diferentes formas de conservação foram
realizados, na Universidade Federal de Lavras, quatro ensaios. No 1º foram
avaliados o BC in natura, BC ensilado inteiro, BC ensilado picado, BC fenado e
enfardado manualmente, BC fenado e enfardado mecanicamente, BC in natura
enfardado manualmente e BC in natura enfardado mecanicamente.
Determinaram-se a composição bromatológica (MS, PB, cinza, FDN, FDA,
celulose, hemicelulose e lignina), a capacidade tampão (CT) e o pH. A forma de
conservação do bagaço influenciou significativamente a composição
bromatológica, exceto para lignina. O bagaço de cana apresentou baixa CT e as
silagens apresentaram pH satisfatório para boa conservação. A desidratação
seguida do enfardamento manual proporcionou diminuição nos componentes da
parede celular, revelando-se o melhor método de conservação do bagaço. No
ensaio, avaliaram-se o bagaço e silagens de bagaço com quatro doses de uréia,
melaço, varredura de leite em pó, soro de queijo e ponta de cana. O processo de
ensilagem promoveu redução nos teores de MS, celulose e hemicelulose. As
silagens com ponta de cana apresentaram as maiores perdas de MS e as silagens
com melaço, varredura, soro e ponta de cana apresentaram redução no teor de
PB, em relação ao material original. Doses superiores a 0,66% de uréia
proporcionaram silagens com teor de PB superior a 6%. Todas as silagens
apresentaram baixos teores de cinza. Os teores de FDN não foram alterados com
a ensilagem do bagaço com uréia e melaço e foram reduzidos com varredura,
soro e ponta de cana. O teor de FDA foi reduzido nas silagens com varredura,
soro e ponta de cana, foi mantido com melaço e aumentado com uréia. As
silagens com ponta de cana apresentaram o menor teor médio de FDA e lignina.
A CT do bagaço foi baixa e os valores de pH nas silagens, inferiores a 3,88. No
3º ensaio, silagens de bagaço puro ou adicionado de 1% de uréia, 4% de melaço,
3% de varredura, 10% de soro, 15% de ponta de cana e com a associação de 1%
de uréia e 4% de melaço foram avaliadas quanto à degradabilidade in situ da
ii
MS. Foram obtidos os valores da fração solúvel (a), fração insolúvel
potencialmente degradável (b), taxa de degradação da fração b (c),
degradabilidades efetiva e potencial e fração indegradável da MS. A taxa de
passagem adotada foi de 5%/hora. A silagem produzida com a associação de 1%
de uréia e 4% de melaço apresentou a maior fração solúvel (24,44%) e maior
degradabilidade efetiva da MS (32,39%). As silagens não diferiram quanto às
frações “b”, “c”, degradabilidade potencial e fração indegradável. No ensaio,
o bagaço foi ensilado com a combinação de quatro doses de uréia (0; 0,5; 1,0 e
1,5% na MV) com quatro doses de melaço (0, 2, 4 e 6% na MV). O material
original e silagens foram avaliados quanto a composição bromatológica, CT e
pH. Houve efeito da interação uréia e melaço nos teores de MS, PB, cinza, FDA,
celulose, hemicelulose, lignina, CT e pH no material original e silagens de
bagaço de cana. Houve efeito da interação uréia e melaço no teor de FDN no
material antes de ensilar, mas não no teor de FDN nas silagens. Os valores
registrados para CT no bagaço foram baixos e as silagens apresentaram pH
inferior a 4,2. As silagens produzidas com a adição de 4 ou 6% de melaço
apresentaram teores de MS inferiores a 41%. A adição de 1% de uréia
proporcionou silagens com teor de PB superior a 7% na MS e promoveu redução
nos teores de FDN, FDA, hemicelulose e lignina. O melaço na dose 4%
propiciou redução nos teores de PB, FDN, hemicelulose e lignina nas silagens.
A associação de 1% de uréia e 4% de melaço é indicada para obtenção de
silagens de bagaço de boa qualidade.
iii
ABSTRACT
PEREIRA, Rosana Cristina. Ensiling and hay-making of sugar-cane bagasse
coming from rum production. Lavras: UFLA, 2006. 202 p. (Thesis
Doctorate in Animal Science).
Use of sugar cane bagasse and cane tip generated in stills enables to the
producer the integration of rum production with ruminant breeding. The
adequate storage of bagasse can contribute towards the maintenance of its
unaltered characteristics for long periods. With the objective of evaluating sugar
cane bagasse (BC) coming from still rum production submitted to different
forms of conservation, four trials were conducted at the Federal University of
Lavras (Universidade Federal de Lavras). In the first, in natura BC, whole
ensiled BC, chopped ensiled BC, BC hayed and baled manually, BC hayed and
baled mechanically, in natura BC hayed manually, in natura BC hayed and
baled mechanically were evaluated. The bromatologic composition (DM, CP,
ash, NDF, ADF, cellulose, hemicellulose and lignin), buffer capacity (BC) and
pH was determined. The form of conservation of bagasse influenced
significantly the bromatologic composition, except fro lignin. Sugar cane
bagasse showed low BC and the silages presented pH satisfactory for good
conservation. Dehydration followed by hand baling provided decrease in the cell
wall components, revealing itself the best method of bagasse conservation. In
the second trial, both bagasse and bagasse silages were evaluated with four
doses of urea, molasses, milk powder scraps, cheese whey and cane top. The
ensiling process promoted reduction in the contents of DM, cellulose and
hemicellulose. The silages with cane top presented the greatest DM losses and
the silages with molasses, scrap, whey and cane top presented reduced content of
CP relative to the original matter. Doses above 0.66% of urea provided silages
with a CP content higher than 6%. All the silages showed low ash contents. The
contents of NDF were not altered with the bagasse silage with urea and molasses
and ere reduced with scrap, whey and cane top. ADF content was reduced in the
silages with scrap, whey and cane top, it was kept with molasses and increased
with urea. The silages with cane top presented the lowest average ADF and
lignin content. The bagasse BC was low and pH values in the silages inferior to
3.88. In the third trial, pure bagasse silages or added of 1% of urea, 4% of
molasses, 3% of scrap, 10% of whey, 15% of cane top and with the association
of 1% of urea and 4% of molasses were evaluated as to in situ degradability of
DM. The values of the soluble fraction (a), potentially degradable insoluble
fraction (b), degradation rate of fraction b (c), effective and potential
degradability and undegradable fraction of DM. Passage rate adopted was of
iv
5%/hour. The silage produced with the association of 1% of urea and 4% of
molasses presented the highest soluble fraction (24.44%) and highest effective
degradability of DM (32.39%). The silages did not differ as for fractions “b”,
“c”, potential degradability and undegradable fraction. In the fourth trial,
bagasse was ensiled with the combination of four doses of urea (0; 0.5; 1.0 and
1.5% in FM) with four doses of molasses (0, 2, 4 and 6% in FM). The original
material and silages were evaluated as regards the bromatologic composition,
BC and pH. There was an effect of the interaction urea and molasses in the
contents of DM, CP, ash, ADF, cellulose, hemicellulose, lignin, BC and pH, in
the original material and cane bagasse silages. There was an effect of the
interaction urea and molasses in the NDF content in the material before ensiling,
but not in the NDF content in the silages. The values recorded for BC in the
bagassse were low and the silages presented pH inferior to 4.2. The silages
produced with the addition of 4 or 6% of molasses showed DM contents inferior
to 41%. Addition of 1% of urea provided silages with a CP content superior to
7% in DM, promoted reduction in the contents of NDF, ADF, hemicellulose and
lignin. Molasses at the dose of 4% provided reduction in the contents of CP,
NDF, hemicellulose and lignin in silage. The association of 1% of urea and 4%
of molasses is advisable for obtaining high quality bagasse silages.
1
INTRODUÇÃO GERAL
A descapitalização dos pequenos agricultores familiares e o crescente e
constante êxodo rural têm levado os órgãos governamentais de assistência
técnica, extensão rural e pesquisa agropecuária a buscarem novas alternativas
econômicas, sociais e tecnicamente viáveis para o setor primário nacional. Uma
destas alternativas é a produção de cana-de-açúcar e seu posterior processamento
para obtenção de subprodutos como a cachaça.
O estado de Minas Gerais destaca-se no cenário nacional pela produção
artesanal de cachaça de qualidade, cuja safra de produção coincide com o
período de escassez de alimento para o gado. O bagaço e a ponta da cana
produzidos representam um grande potencial como alimentos alternativos para
os ruminantes, permitindo a integração de atividades e reduzindo os problemas
de armazenamento de resíduos pelas fontes produtoras.
Mais de 60% dos produtores de cachaça estão concentrados nas regiões
mais carentes do estado, como o Norte, o Jequitinhonha e o Rio Doce, e esta
integração é benéfica porque aumenta a ocupação da mão-de-obra, a oferta de
alimento e a renda da propriedade.
Como o custo da alimentação é um dos fatores mais limitantes para a
produção animal, a utilização de alimentos alternativos permite minimizar os
custos de produção. O aproveitamento de resíduos da produção de cachaça é
uma alternativa interessante, com o bagaço de cana merecendo destaque pelo
volume com que é produzido e pelo teor residual de açúcar que apresenta, pois a
eficiência de extração nas pequenas e médias destilarias é baixa. São necessárias
pesquisas para avaliar a qualidade desse material, que praticamente todos os
dados existentes na literatura são de trabalhos realizados com o bagaço
proveniente da indústria sucro-alcooleira, o qual sofre um processo de extração
muito mais eficiente que o das moendas dos alambiques.
2
O bagaço é um material de baixa estabilidade e o armazenamento
adequado pode contribuir para a manutenção de suas características inalteradas
por períodos mais prolongados.
Este trabalho teve como objetivos avaliar o bagaço de cana-de-açúcar
proveniente da produção de cachaça de alambique submetido a diferentes formas
de processamento e conservação.
REFERENCIAL TEÓRICO
A produção brasileira de cana-de-açúcar (Saccharum sp.) na safra
2006/07 está estimada em 471,17 milhões de toneladas, sendo 90% do total
produzido destinados à produção de açúcar e álcool e os 10% restantes,
destinados à fabricação de cachaça, rapadura e açúcar mascavo para alimentação
animal (Companhia Nacional de Abastecimento, 2006).
A cana-de-açúcar é matéria-prima de grande flexibilidade, sendo
utilizada para produzir açúcar, álcool, aguardente e forragem, além dos
subprodutos como ponta de cana, bagaço, melaço, torta de filtro, vinhaça e
leveduras, os quais têm grande importância econômica (Andrade, 2001).
O estado de São Paulo é o maior produtor de açúcar e álcool do país,
gerando grande volume de bagaço, o qual é submetido ao processo de hidrólise
para ser fornecido aos animais, principalmente nos confinamentos próximos às
usinas.
Em Minas Gerais, o destaque é para a produção de cachaça de cana,
fabricada por um grande número de pequenos e médios proprietários rurais
(Sales, 2001). São 8466 alambiques de cachaça espalhados por todo o estado,
com forte concentração nas regiões mais pobres, onde estão concentrados 62,7%
3
dos produtores. É importante destacar que 38,6% desses estabelecimentos
trabalham exclusivamente com mão-de-obra familiar, o que permite concluir que
mais de 3.000 famílias mineiras têm como principal fonte de receita a produção
e a comercialização da cachaça (Sebrae, 2001).
A indústria de cachaça vem ganhando espaço no estado de Minas e é
uma atividade que gera abundante oferta de subprodutos e resíduos oriundos da
cana. Pontas de cana e bagaço constituem subprodutos da cana-de-açúcar com
potencial de uso na alimentação animal (Barcelos, 2006). Apesar de ser utilizada
na geração de energia, a sobra de bagaço é significativa e seu potencial como
complemento volumoso para ruminantes é viável tecnicamente.
Segundo Andrade (2001), na região centro sul do Brasil a safra da cana
inicia em maio e se estende até novembro/dezembro, coincidindo com o período
de entressafra de outras atividades agrícolas e com o período de escassez de
forragem. A produção de cachaça pode integrar-se com outras atividades, como,
por exemplo, a bovinocultura (Rodrigues Filho & Oliveira, 2002), visando o
aumento da renda do produtor e resolvendo problemas de poluição e destino do
bagaço. Evangelista (2001) enfatiza que o maior montante de resíduos
produzidos nos alambiques corresponde ao bagaço, que toma espaço e polui,
devendo ser encontrada uma forma de utilizá-lo, podendo, então, ser empregado
na alimentação de ruminantes.
A cana-de-açúcar é um alimento caracterizado por apresentar dois
componentes em maiores proporções: açúcares e material fibroso (Rodrigues et
al., 2002). Andrade et al. (2002a) avaliaram 60 cultivares de cana-de-açúcar com
vistas à alimentação animal e observaram efeito de cultivares para os
componentes da fibra, verificando variação de 56,25 a 35,79% na porcentagem
de FDN, de 35,55 a 21,14% na porcentagem de FDA, de 29,01 a 17,94% na
porcentagem de celulose, de 23,87 a 11,15% na porcentagem de hemicelulose e
de 6,78 a 2,71 na porcentagem de lignina.
4
De acordo com Gooding (1982), na utilização de cana-de-açúcar como
alimento para bovino, o teor de fibra detergente neutro (FDN) limita o consumo,
e, consequentemente, a ingestão de açúcar solúvel, que é a fração que contribui
com a maior parte do fornecimento de energia para os bovinos. A escolha de
variedades de cana-de-açúcar para bovinos deve considerar a relação
FDN/açúcar, a qual deve ser baixa, ou seja, baixo conteúdo de FDN e alto
conteúdo de açúcar. Para a produção de aguardente, Andrade et al. (2002b)
destacam, entre outras características desejáveis numa variedade de cana, uma
maior tonelagem de colmo por hectare, um alto teor de sacarose e teor médio de
fibra.
O bagaço in natura é um produto fibroso resultante do esmagamento da
cana-de-açúcar para obtenção de açúcar, álcool ou aguardente (Santana &
Souza, 1984). De acordo com Santos (1990), é um alimento de baixo valor
nutricional, que apresenta baixa digestibilidade, é pobre em proteína, minerais e
vitaminas e muito rico em parede celular fortemente lignificada. Segundo Silva
(1981), a composição química do bagaço pode variar dependendo da variedade
de cana da qual é obtido, da época de corte e da eficiência da extração da garapa
ou caldo da cana.
A composição morfológica do bagaço está diretamente relacionada com
a morfologia da cana-de-açúcar, na qual se encontram fibras exteriores do colmo
ou da casca, feixes fibrovasculares e outras formas fibrosas que dão resistência
ao colmo do vegetal, e também tecido parenquimatoso, conhecido popularmente
como miolo ou medula. A variação na composição da cana e, conseqüentemente,
do bagaço, ocorre em função da utilização de variedades mais brandas, de baixo
teor de fibras e alta porcentagem de sacarose (Posada, 1999).
O processo de moagem da cana-de-açúcar na indústria sucro-alcooleira
visa a máxima extração do conteúdo celular rico em açúcares, por meio do qual
a cana é submetida à moagem e a sucessivas prensagens visando a ruptura das
5
células e, simultaneamente, sofre abundante lavagem para a extração das
substâncias solúveis liberadas (Burgi, 1985). Um objetivo secundário da
moagem, porém importantíssimo, é a produção de um bagaço final em
condições de propiciar uma queima rápida nas caldeiras.
De acordo com Sales (2001), nas usinas de açúcar, destilarias de álcool e
produtores de aguardente em grande escala, a capacidade de extração de açúcar
da cana é superior a 90%. Entretanto, nas pequenas indústrias, as moendas
utilizadas extraem de 60 a 70% do açúcar total contido na cana, sendo, na
realidade, considerado o mais comum um valor de extração máximo de 60%.
Sendo assim, pode-se esperar que o bagaço de cana proveniente de alambiques
contenha teor de açúcar residual alto e, conseqüentemente, maior valor
energético para ruminantes (Barcelos & Rezende, 2002).
Segundo Thiago et al (1983), o bagaço proveniente de destilarias contém
cerca de 50% de umidade e 1,5% a 4% de sacarose e pode ser utilizado na
alimentação do gado como fonte de energia.
Ao avaliar o bagaço da cana utilizada na fabricação de cachaça de
alambique, Evangelista (2001) obteve teores de 50,6% de matéria seca (MS),
2,4% de proteína bruta (PB), 78,5% de fibra insolúvel em detergente neutro
(FDN) e 59% de fibra insolúvel em detergente ácido (FDA).
Pires et al. (2004) registraram teores de MS; PB; FDN e FDA de 50,0;
1,8; 94,3 e 62,7%, respectivamente, para o bagaço de cana oriundo da produção
de cachaça.
Carvalho et al. (2006) obtiveram, para o bagaço de cana-de-açúcar
adquirido em usinas produtoras de cachaça, teores de 2,32% de PB, 59,02% de
FDN, 38,34% de FDA, 30,30% de celulose, 20,68% de hemicelulose e 7,34% de
lignina.
Observa-se uma variação bastante expressiva na composição dos
bagaços avaliados por esses autores, que pode ser devida às diferenças na
6
variedade de cana utilizada, nas condições ambientais durante crescimento e
maturação da cana e na eficiência de extração do caldo.
Tratamentos químicos e físicos são utilizados para aumentar a qualidade
do bagaço de cana-de-açúcar. Segundo Van Soest (1994), o tratamento de
volumosos visa eliminar ou diminuir os efeitos da lignina sobre a degradação de
compostos celulósicos pelos microrganismos do rúmen, promovendo a ruptura
das complexas ligações químicas da lignina com a celulose e hemicelulose,
disponibilizando o material, teoricamente, para adesão e ataque enzimático da
população microbiana fibrolítica.
O bagaço de cana oriundo das destilarias que produzem álcool ou açúcar
tem sido submetido ao tratamento chamado hidrólise, que é a aplicação de
temperatura e pressão no bagaço com o intuito de melhorar sua digestibilidade.
Porém, a hidrolização do bagaço de cana gerado nas grandes indústrias só é
viável se for aproveitada a infra-estrutura já existente nas usinas e destilarias.
Dados de pesquisas com o bagaço de cana originado nos alambiques são
escassos na literatura.
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9
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10
CAPÍTULO 2
AVALIAÇÃO DO BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR SUBMETIDO À
FENAÇÃO E À ENSILAGEM
RESUMO
PEREIRA, Rosana Cristina. Avaliação do bagaço de cana-de-açúcar
submetido à fenação e à ensilagem. Lavras: UFLA, 2006. (Tese Doutorado
em Zootecnia)
A baixa estabilidade do bagaço in natura (BIN) exige processos para sua
conservação. Este trabalho teve como objetivos avaliar o bagaço de cana-de-
açúcar proveniente da produção de cachaça de alambique submetido à fenação e
à ensilagem. O experimento foi conduzido de julho de 2004 a junho de 2005, nas
dependências do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras,
MG. A variedade de cana que gerou o bagaço utilizado foi a RB825336, cortada
aos 15 meses de idade. Utilizou-se o DIC, com sete tratamentos e três repetições.
Os tratamentos foram constituídos por bagaço de cana in natura (fresco), bagaço
de cana ensilado inteiro, bagaço de cana ensilado picado, bagaço de cana fenado
e enfardado manualmente, bagaço de cana fenado e enfardado mecanicamente,
bagaço de cana in natura enfardado manualmente, bagaço de cana in natura
enfardado mecanicamente. Foram retiradas amostras do bagaço de cana in
natura a fim de determinar sua composição bromatológica, a capacidade tampão
(CT) e o teor de açúcares totais. Para a ensilagem foram utilizados silos cisternas
e, para o enfardamento, foram utilizadas enfardadoras manual, do tipo vertical, e
mecânica da marca Nogueira AP 41-N. O bagaço foi enfardado in natura ou
após atingir teor de 89% de MS, conforme tratamento. Após a abertura dos silos
foram determinados a densidade média e o pH das silagens. Foram retiradas
amostras das silagens e dos bagaços enfardados para realização da pré-secagem
a 60º C, em estufa com circulação de ar. As amostras pré-secas das silagens e
dos bagaços fresco e enfardados foram moídas em moinho estacionário com
peneira de 1 mm. Os parâmetros avaliados foram os teores de matéria seca
(MS), proteína bruta (PB), cinzas, fibra insolúvel em detergente neutro (FDN),
fibra insolúvel em detergente ácido (FDA), celulose (CEL), hemicelulose
(HEM) e lignina (LIG). Os resultados foram submetidos à análise de variância e
11
as médias, comparadas pelo teste de Scott Knott (P<0,05). Os bagaços
enfardados foram analisados quanto à ocorrência de fungos e toxinas. O BIN
apresentou, em sua composição, teores de 51,70% de MS; 2% de PB; 79,43% de
FDN; 48,78% de FDA; 36,36% de CEL; 30,65% de HEM; 9,42% de LIG e
16,4% de açúcares totais, na MS. A forma de conservação do bagaço influenciou
significativamente os teores de MS, PB, cinzas, FDN, FDA, CEL e HEM. Não
houve efeito dos tratamentos no teor de lignina nos bagaços. O bagaço de cana
apresentou baixa CT e as silagens apresentaram pH satisfatório para boa
conservação. Os fungos encontrados nas amostras de bagaço enfardados foram
Aspergillus niger, Penicillium sp e Fusarium sp e não foi encontrada nenhuma
aflatoxina. A desidratação seguida do enfardamento manual proporcionou
diminuição nos componentes da parede celular, revelando-se o melhor método
de conservação do bagaço.
12
ABSTRACT
PEREIRA, Rosana Cristina. Evaluation of sugar cane bagasse submitted to
hay-making and ensiling. Lavras: UFLA, 2006. (Thesis Doctorate in Animal
Science)
The poor stability of in natura bagasse (BIN) demands processes for its
conservation. This work was intended to evaluate sugar cane bagasse coming
from still rum production submitted to hay-making and ensiling. The experiment
was conducted from July of 2004 to June of 2005 in the dependencies of the
Animal Science Department of the Federal University of Lavras, Lavras- MG.
The sugar cane variety which yielded the bagasse utilized was RB825336, cut at
15 months of age. The CRD (Completely Randomized Design) was utilized,
with seven treatments and three replicates. The treatments consisted of in natura
(fresh) sugar cane bagasse, whole ensiled cane bagasse, chopped ensiled cane
bagasse, manually hayed and baled cane bagasse, mechanically hayed and baled
cane bagasse, manually baled in natura cane bagasse, mechanically baled in
natura cane bagasse. Samples of the in natura cane bagasse were removed in
order to determine its bromatologic composition, buffer capacity (BC) and the
content of total sugars. For ensiling, cistern silos were utilized and for baling,
hand vertical type balers and mechanical of the Nogueira AP 41-N mark, were
utilized. Bagasse was baled in natura or after reaching the content of 89% of
DM, according to the treatment. After opening of the silos, average density and
pH of the silages were determined. Samples of the silages and of the baled
bagasses were taken out for accomplishment of the pre-drying at 60º C, in a
oven with forced air. The pre-dried samples of the silages and of the fresh and
baled bagasses were ground in a stationary grinder with a 1 mm sieve. The
evaluated parameters were the contents of dry matter (DM), crude protein (CP),
ash, neutral detergent insoluble fiber (NDF), acid detergent insoluble fiber
(ADF), cellulose (CEL), hemicellulose (HEM) and lignin (LIG). The results
were submitted to the variance analysis and the means compared by Scott Knott
test (P<0.05). The baled bagasses were investigated as to the occurrence of fungi
and toxins. The BIN presented in its composition contents of 51.70% of DM, 2%
of CP, 79.43% of NDF, 48.78% of ADF, 36.36% of CEL, 30.65% of HEM,
9.42% of LIG and 16.4% of total sugars in DM. The form of conservation of
bagasse influenced significantly the contents of DM, CP, ashes, NDF, ADF,
CEL and HEM. There were no effects of the treatments on the lignin content in
bagasses. Sugar cane bagasse presented low BC and the silages presented pH
satisfactory for good conservation. The fungi found in the baled bagasse samples
were Aspergillus niger, Penicillium sp and Fusarium sp and no aflatoxin was
13
found. Dehydration followed of hand baling caused decrease in the components
of the cell wall, proving the best method of bagasse conservation.
14
INTRODUÇÃO
A produção de cachaça constitui importante fonte de renda em diversas
propriedades rurais de Minas Gerais, principalmente aquelas situadas na região
norte do estado.
É freqüente a associação da produção de cachaça com a exploração
pecuária e os resíduos e subprodutos da cana-de-açúcar representam uma fonte
potencial de alimento para o gado. A exploração de atividades complementares é
uma alternativa interessante para o produtor e sua família, conferindo melhor
utilização dos recursos produtivos, como a terra, insumos e mão-de-obra, com
conseqüente redução do custo de produção nas atividades.
A indústria de aguardente gera abundante oferta de subprodutos, como o
bagaço da cana, cuja sobra é preocupante, pois ocupa muito espaço e polui, e sua
utilização agrega benefícios ambientais, econômicos e estruturais. Parte do
bagaço resultante da moagem da cana é usada para queima e o restante
normalmente fica armazenado na propriedade, acarretando alterações físico-
químicas na sua composição.
A safra da cana coincide com o período de escassez de forragem e o
aproveitamento do bagaço excedente é uma alternativa de alimento barato que
pode contribuir para o aumento da renda da propriedade, dando destino
apropriado ao bagaço e minimizando a poluição do ar. Entretanto, a baixa
estabilidade do bagaço exige processos para sua conservação por mais de dois
ou três meses.
A fenação e a ensilagem são estratégias eficazes de armazenamento de
alimentos utilizadas com o intuito de conservar alimentos para fornecer nos
períodos de escassez. Como a produção do bagaço é restrita ao período da
“safra”, é fundamental que sejam tomadas medidas a fim de conservar este
15
material para garantir a oferta de um produto com características semelhantes
por períodos mais prolongados.
Este trabalho teve como objetivos avaliar o bagaço de cana-de-açúcar
proveniente da produção de cachaça de alambique submetido à fenação e à
ensilagem.
REFERENCIAL TEÓRICO
A cana-de-açúcar é a cultura que produz, em um curto espaço de tempo,
o maior rendimento de matéria verde, energia e fibras. Seu plantio é tradicional
em várias regiões do país, sendo utilizada para a produção de açúcar, álcool e
cachaça, gerando centenas de milhares de toneladas de bagaço, que permanecem
não utilizadas ou o queimadas, levando a uma grande emissão de gases
poluentes na atmosfera (Martins et al., 2004).
O armazenamento do bagaço no pátio das indústrias ou das propriedades
acarreta alterações físico-químicas, principalmente pela atuação microbiana,
sendo o bagaço hidrolisado mais estável do que o in natura. O
acondicionamento adequado do bagaço também pode contribuir para a maior
estabilidade do produto, sendo que, em alguns casos em que o bagaço foi
armazenado sob lonas plásticas ou em silos de superfície, observou-se efeito
positivo na redução da fibra ou, ainda, manutenção das características
inalteradas por até três meses (Evangelista 2001).
O bagaço da cana tem, em sua composição química, em maiores
proporções os principais componentes da parede celular, ou seja, a celulose, a
hemicelulose e a lignina (Magnani et al., 1985). A celulose é o composto
16
químico orgânico que existe em maior abundância nas plantas e em toda a
superfície terrestre e é aproveitada pelos ruminantes em diferentes graus, com
valores que oscilam desde 20% até 90%, e pode servir para suprir as deficiências
energéticas dos ruminantes. A hemicelulose é passível de ser hidrolisada a
pentoses, também servindo de energia para os ruminantes. Entretanto, a digestão
de polissacarídeos da parede celular é limitada pela presença de compostos
fenólicos na matriz da parede celular (Moore & Hatfield, 1994). Esses fenólicos
consistem primariamente de lignina e ácidos fenólicos, os quais o
quimicamente ligados à lignina ou diretamente aos polissacarídeos da parede
celular. Dependendo do grau de lignificação das paredes, o aproveitamento da
celulose e da hemicelulose é limitado. Muitos compostos fenólicos em plantas
forrageiras afetam a qualidade e a aceitabilidade da forragem e têm uma
variedade de atividades antimetabólicas em animais (Nelson & Moser,1994).
Ocorre uma variação na composição do bagaço decorrente da utilização
de variedades de cana mais brandas, de baixo teor de fibras e alta porcentagem
de sacarose (Posada, 1999). O bagaço in natura, assim como outros resíduos da
agroindústria, apresenta variação na composição de acordo com a procedência.
Segundo Thiago et al (1983), o bagaço proveniente de destilarias de álcool
contém cerca de 50% de umidade e 1,5% a 4% de sacarose e pode ser utilizado
na alimentação do gado como fonte de energia. De acordo com Castro (1989), o
bagaço in natura (BIN) apresenta alto conteúdo de constituintes da parede
celular, contendo aproximadamente 29% de hemicelulose, 40% de celulose,
13% de lignina e 2% de sílica na matéria seca. Pires et al. (2004) avaliaram o
bagaço proveniente da moagem da cana para a produção de aguardente e
registraram para o bagaço in natura teores de 1,8% de PB, 94,3% de FDN,
62,7% de FDA, 45,3% de celulose, 31,6% de hemicelulose, 16,5% de lignina e
DIVMS de 31,8%.
17
O bagaço da cana é um resíduo de baixa qualidade, mas apresenta
potencial para ser empregado na alimentação de ruminantes (Evangelista, 2001).
Segundo Rodrigues & Peixoto (1983), o uso do bagaço como alimento para
ruminantes, quer seja in natura”, fenado ou ensilado, pode resolver o problema
de armazenamento desse resíduo e da baixa disponibilidade de forragem nas
épocas críticas do ano, em que há escassez de forragem.
Santana & Souza (1984) citam como tentativas de melhorar o valor
nutritivo do bagaço a fermentação, o tratamento a vapor, o tratamento com
diversos agentes químicos, a ensilagem, a desidratação, a peletização e o
peneiramento.
No Brasil, o tratamento com pressão de vapor é o método mais utilizado
para elevar o valor nutritivo do bagaço de cana, uma vez que promove profundas
alterações na composição das fibras. O tratamento do bagaço de cana sob
pressão de vapor resulta em um alimento de acidez elevada, cor marrom, friável,
baixo teor de conteúdo celular, digestibilidade de MS e densidade aparente
superiores às do bagaço in natura e com veis de proteína e minerais similares
ao BIN (Burgi, 1985). Porém, é viável o tratamento dos bagaços originados
nas usinas e destilarias que já possuem estrutura para tal. Deve-se levar em
conta, também, que o transporte desse material é dificultado em função da sua
baixa densidade, devendo ser utilizado próximo aos locais de produção.
Burgi (1985) avaliou o BIN ensilado e o bagaço tratado com pressão e
vapor na composição de rações para bovinos e observou menor nível de
consumo na ração formulada com o BIN, provavelmente devido à limitação
física causada pelo enchimento do trato digestivo com material muito volumoso
e pouco denso.
Vários estudos têm sido realizados com o bagaço de cana proveniente da
indústria sucro-alcooleira (Candido et al., 1999; Carvalho et al., 2005;
Conceição et al., 1986; Joshi et al, 1984; Manzano et al., 2000;) avaliando
18
tratamentos físicos, químicos e biológicos, digestibilidade, consumo e
desempenho animal, entre outras características. Entretanto, esses resultados não
podem ser extrapolados para o bagaço proveniente da moagem da cana para
fabricação de cachaça por se tratarem de subprodutos com características
distintas.
Devido à baixa estabilidade do bagaço in natura, é fundamental que
sejam estudados métodos de conservação desse material visando posterior
utilização. A fenação e a ensilagem o os métodos mais utilizados de
conservação de forragem. Ambos de fácil execução, representam processos
inteiramente diferentes, mas que têm como objetivo comum preservar um
alimento com o mínimo de perdas (Evangelista et al., 2004).
A fenação é o processo de conservação de forragem por meio da
desidratação parcial e controlada, visando a conservação da forragem sem
grandes perdas de valor nutritivo. De acordo com Tayarol Martin (1997), todas
as operações envolvidas no processo de fenação interferem na qualidade do
produto. A operação de secagem é a mais importante, pois uma secagem lenta
no campo induz a uma maior perda de nutrientes e de massa. Assim, a qualidade
do feno está associada a fatores relacionados com as plantas que serão fenadas,
às condições climáticas ocorrentes durante a secagem a campo e ao sistema de
armazenamento empregado (Evangelista et al., 2004).
Durante a secagem da forrageira ocorre atividade respiratória, que
resulta em decréscimo nos conteúdos de carboidratos solúveis, e as
concentrações de proteína bruta, fibra insolúvel em detergente neutro, fibra
insolúvel em detergente ácido e lignina, que não são afetadas pela respiração,
podem aumentar em termos proporcionais, uma vez que os resultados são
expressos em porcentagem (Reis et al., 2001). Porém, para o bagaço, perdas
podem ser decorrentes da fermentação de açúcares solúveis. A secagem rápida e
níveis adequados de umidade garantem uma maior conservação dos nutrientes
19
na forragem. Fenos com menos de 15% de umidade são estáveis durante o
armazenamento, e poucas alterações ocorrem na sua composição química.
As principais causas de perdas de matéria seca no armazenamento de
fenos com alta umidade estão relacionadas com a continuação da respiração
celular e o desenvolvimento de bactérias, fungos e leveduras que promovem
consumo de carboidratos solúveis, compostos nitrogenados, vitaminas e
minerais. Desta forma, há diminuição no conteúdo celular e aumento porcentual
na porção referente aos constituintes da parede celular, o que resulta em
diminuição do valor nutritivo (Reis, 1996).
De acordo com Hlodversson & Kaspersson (1986), a fenação altera a
população de fungos da forragem, havendo diminuição naqueles gêneros típicos
de campo como Fusarium e Cladosporium e aumento de Aspergillus e
Penicillium, de maior ocorrência durante o armazenamento.
É importante considerar que, além das alterações na composição
química, o desenvolvimento de fungos pode ser prejudicial à saúde dos animais
e das pessoas que manuseiam estes fenos devido à produção de toxinas,
principalmente aquelas relacionadas aos fungos patogênicos, como Aspergillus
glaucus e Aspergillus fumigatus (Moser, 1980; Reis & Rodrigues, 1992).
De acordo com Rees, citado por Reis (1996), a população de fungos de
campo geralmente não causa alterações acentuadas na composição química dos
fenos, exceto quando os níveis de umidade permanecem elevados por períodos
prolongados.
Ao avaliar a ocorrência de fungos nos fenos de grama paulista (Cynodon
dactylon (L.) Pers) enfardados com diferentes conteúdos de água, Nascimento,
citado por Reis (1996), observou que os gêneros Cladosporium, Curvularia,
Aspergillus e Penicillium foram os que tiveram maior incidência. Todavia, com
o armazenamento durante 30 dias, observou-se diminuição na incidência de
20
Curvularia (fungo de campo) e aumento de Aspergillus e Penicillium, fungos
típicos de armazenamento.
A confecção de fardos é o processo indicado para melhor armazenagem
do material, tanto no campo, onde o fardo deve ser protegido por lonas, como
nos galpões, requerendo-se, assim, menor espaço de armazenamento e
contribuindo para redução de perdas do material.
A ensilagem é outro método de conservação de forragem usado como
uma alternativa das mais eficientes para suplementar a alimentação dos animais
nos períodos de escassez de forragens. Segundo Jackson (1978), o processo de
ensilagem pode promover pequeno acréscimo na digestibilidade de materiais
lignocelulósicos. Em princípio, qualquer forrageira pode ser transformada em
silagem. No entanto, não só pela facilidade de ensilagem, como pelo valor
nutritivo, as forrageiras proporcionam resultados diferentes. Entre fatores que
determinam o padrão de fermentação durante a ensilagem destacam-se os
intrínsecos à planta forrageira, como o adequado teor de umidade, os elevados
teores de carboidratos solúveis e a baixa capacidade tamponante (Wilkinson,
1998).
Deste modo, pode-se considerar que o ideal para ensilagem é que a
forragem apresente teores de MS entre 33 e 45%, sendo, para os teores entre 40
a 45%, recomendável que a forragem seja picada em partículas menores, a fim
de se conseguir uma melhor compactação. Segundo Muck & Schinners (2001), o
teor mínimo de matéria seca para silagens conservadas em fardos envolvidos em
plástico é de 22 a 25%, e para silos trincheira, de 28 a 30%. Para Reis & Rosa
(2001), silagens com menos de 30% de matéria seca podem apresentar elevadas
quantidades de efluentes e fermentação por Clostridium. As silagens com maior
conteúdo de matéria seca estabilizam em pH mais alto devido à menor atividade
de bactérias do gênero Clostridium, que são sensíveis à pressão osmótica
(Woolford, 1984).
21
A planta adequada à produção de silagem deve apresentar, no momento
do corte, teores de carboidratos solúveis e de matéria seca adequados para
possibilitar boa fermentação. A quantidade inicial de carboidratos solúveis na
forragem a ser ensilada contribui para uma rápida fermentação, com produção de
ácidos orgânicos, principalmente ácido lático (Lopes, 1975; Murdoch et al.,
1975). O teor inicial mínimo de carboidratos capaz de garantir intensa
fermentação lática na ensilagem de gramíneas, de acordo com Woolford (1972),
está em torno de 6-8%, enquanto Catchpoole & Henzel (1971) estipularam 13-
16% como sendo valores mínimos de carboidratos solúveis na matéria seca de
gramíneas tropicais para que haja uma fermentação adequada da massa ensilada.
Segundo Haigh (1990), existe uma relação inversa entre a necessidade de
carboidratos solúveis e o teor de matéria seca do material para que se tenha uma
fermentação adequada. Quando o teor de MS da forragem for baixo, para se
obter silagem de boa qualidade, é necessário que a relação carboidrato
solúvel:capacidade tampão seja elevada.
Segundo McDonald et al. (1991), a capacidade tampão das plantas é um
importante fator para ensilagem. A capacidade tampão mede a resistência da
massa à redução do pH e deve ser baixa, ou seja, a massa ensilada deve permitir
uma rápida queda do pH. De acordo com Playne & McDonald (1966), a
capacidade tamponante é medida por meio da quantidade em meq. de H
+
que é
gasta para abaixar os valores de pH de 6 até 4 de uma forragem, indicando a
resistência dos componentes orgânicos e inorgânicos à acidificação durante a
conservação. O poder de tamponamento das forrageiras é exercido por bases
inorgânicas de potássio e cálcio, proteína, aminoácidos livres e por sua
capacidade de produção de amônia (Van Soest, 1994). O poder tampão das
forrageiras tropicais é relativamente alto, sendo de 3,5 g de ácido lático/100g de
matéria seca na forragem de milho, que é considerado valor muito baixo, e de
7,4 g de ácido lático/100g de matéria seca na forragem de alfafa, que é muito
22
alto. O poder tampão está em função da quantidade de ácidos orgânicos
presentes na forragem. Os ácidos orgânicos são o ácido málico, o ácido cítrico e
o ácido aspártico, principalmente, podendo também estar presente o ácido
oxálico. Estes ácidos agem com efeito tamponante, impedindo a queda do pH da
massa ensilada (inibidor da ação do ácido lático), e estão presentes em maiores
quantidades nas gramíneas tropicais porque elas apresentam o ciclo alternativo
da fotossíntese de Hatch e Slack das plantas do grupo C4. Estes valores variam
de 3,5 a 4,5 (Nussio, 2000). Segundo Giger-Reverdin et al, citados por Nussio et
al. (2002), o poder tampão é influenciado pelo conteúdo de proteína, de amido,
pela capacidade de absorção de água e pela pressão osmótica intrínseca da
amostra. Assim, o poder tampão poderia ser alterado em resposta às mudanças
nos teores de constituintes do conteúdo celular, associados com a pressão
osmótica, e não necessariamente em função de variações na composição química
proximal.
Não foram encontrados, na literatura, dados da capacidade tampão no
bagaço de cana.
A acidez é considerada um fator importante na conservação da silagem.
Ela atua inibindo ou controlando o desenvolvimento de microorganismos
prejudiciais, como as bactérias do gênero Clostridium, sensíveis a pH abaixo de
4 (Whittenbury et al., 1967). A preservação da forragem na forma de silagem
tem como base o processo de conservação em ácido, em que um rápido
decréscimo do pH leva à redução da atividade proteolítica, mediada por enzimas
da própria planta, e faz cessar o crescimento de microrganismos anaeróbicos
indesejáveis, em especial enterobactérias e clostrídeos (Muck & Bolsen, 1991).
O pH é influenciado pela relação açúcar/proteína da forragem (Van
Soest, 1994). Quando se trabalha com forragens com altos teores de açúcar e
baixos teores de proteína, o poder tampão é baixo, e a estabilidade do pH
normalmente ocorre antes do décimo dia de ensilagem (McDonald et al., 1991).
23
Um pH elevado indica perda de nutrientes, principalmente proteínas, resultando
em material menos palatável e de odor desagradável. Um critério simples para
avaliar qualidade de silagens é a associação dos valores de pH ao teor de matéria
seca. Porém, em silagens com alto teor de matéria seca, o valor de pH é menos
importante, podendo-se obter silagem de boa qualidade mesmo com valores de
pH mais altos (Van Soest, 1994).
Com relação aos fatores do meio, a fermentação adequada só é garantida
em ambiente de anaerobiose, pela adoção correta das técnicas da ensilagem. A
fim de reduzir a fase aeróbia, a forragem deve ser utilizada sob condições ideais
de umidade, tamanho de partícula e compactação (McDonald et al., 1991). A
fase aeróbia resulta em perdas de matéria seca e de nutrientes (Woolford, 1984).
É fundamental que o tamanho dos pedaços seja uniforme em toda a
massa a ser ensilada. Picar o material em pedaços pequenos é importante por
várias razões: a eliminação do ar é muito mais eficiente, resultando, assim, em
uma fermentação satisfatória e uniforme; maior quantidade do material pode ser
transportada; a carga e a descarga tornam-se mais fáceis; e ainda favorece um
maior consumo da silagem nos casos de auto-alimentação (Pizzarro, 1978). Para
decidir qual é o tamanho adequado dos pedaços, é importante ter em
consideração o teor de matéria seca da planta. Resultados de pesquisa têm
mostrado que quanto maior o conteúdo de matéria seca, menor deve ser o
tamanho das partículas (Raymond et al., citados por Pizarro, 1978). Porém, para
o bagaço de cana proveniente de alambique, no qual o colmo permanece inteiro
após o esmagamento pela moenda, ocorre maior dificuldade na picagem,
ocorrendo o dilaceramento do material. Por ser o bagaço um produto com teor
residual de açúcares elevado, a ensilagem de partículas maiores pode ser
eficiente na conservação do bagaço.
Silagens com teores de matéria seca mais elevados geralmente
apresentam valores mais baixos de densidade, o que pode ser atribuído à
24
dificuldade de compactação e/ou ao maior tamanho das partículas da planta
ensilada (Vilela, 1985). Holmes & Muck (1999) determinam, como valor limite
mínimo, 225 kg de MS/m
3
para que a densidade não seja restritiva na obtenção
de uma silagem de qualidade satisfatória. Os autores citam trabalho de Ruppel
(1992), segundo o qual, para densidades de 160 e 360 kg de MS/m
3
, as perdas de
MS em 180 dias de armazenamento foram de 202 e 100 g/kg, respectivamente,
demonstrando os benefícios de uma maior densidade na diminuição de perdas.
As perdas de um alimento ensilado podem ser quantificadas por meio do
desaparecimento de matéria seca ou energia durante o processo de ensilagem
(McDonald et al., 1991). As principais fontes de perda de energia são originadas
pela respiração residual durante o enchimento do silo e imediatamente após a
sua vedação, pelo tipo de fermentação no interior do silo, pela produção de
efluente, por fermentações secundárias durante o período de armazenagem e
pela deterioração aeróbica durante a retirada de forragem do silo. De acordo com
Faria (1994), as perdas de energia na silagem podem, em conjunto, atingir
valores de 7 a 40%.
O bagaço de cana apresenta níveis elevados de fibra e baixos teores de
conteúdo celular que refletem negativamente na sua digestibilidade e,
conseqüentemente, na digestibilidade das silagens. Vilela (1998) enfatiza que a
adoção das técnicas de ensilagem e altas temperaturas ambientes influem na
temperatura da massa ensilada, e esta determinará a extensão das perdas de
matéria seca e a redução da sua digestibilidade, principalmente da fração
protéica. Esta é uma das razões dos cuidados adicionais que se deve ter, nos
trópicos, na escolha do tipo de silo e na sua vedação.
Rodrigues & Peixoto (1983) avaliaram o bagaço de cana-de-açúcar no
estado natural e na forma de silagem e observaram que a ensilagem promoveu
redução de 2,56, no teor de proteína bruta no bagaço in natura, para 2,0% na
silagem. O teor de FDN aumentou de 75,59 para 78,29% e o de FDA reduziu de
25
52,87 para 49,75%. A lignina e as cinzas aumentaram de 8,52 para 10,33% e de
1,94 para 4,68%, respectivamente, quando se comparou o bagaço in natura com
o ensilado.
Andreis & De Stefano, citados por Santana & Souza (1984), avaliaram a
silagem de bagaço de cana tratada com uma solução a 5% de hidróxido de sódio
e adicionada de 15% de melaço, 0,8% de uréia e 12% de milho inteiro
desintegrado. Os autores concluíram que a silagem de bagaço tratada não apenas
foi mais palatável como também demonstrou ser mais digestível devido às
melhores conversões alimentares obtidas.
Pires et al. (2004) armazenaram o bagaço de cana contendo 50% de MS,
proveniente da moagem para fabricação de aguardente, em silos de superfície,
sem tratamento ou tratado com 2,5% de sulfeto, tratado com 4% de amônia e
tratado com sulfeto mais amônia, por um período de 10 meses. Após abertura, os
autores verificaram que no silo que não recebeu qualquer tratamento, o material
apresentou-se quase totalmente perdido. O material tratado somente com sulfeto
apresentou grande perda e o bagaço que estava nos silos que receberam o
tratamento com amônia anidra não apresentou sinais visíveis de fungos.
Souza Gesualdi et al. (2001) estudaram a composição bromatológica e a
conservação do bagaço da cana-de-açúcar tratado com 0, 1, 2 e 4% de amônia
anidra, uréia e sulfato de amônio na matéria seca do subproduto. O bagaço foi
mantido em silos de manilha de concreto por um período de 30 dias. Os autores
verificaram que o bagaço sem tratamento apresentou teores de 94,44% de FDN;
59,35% de FDA; 35% de hemicelulose e 2,10% de PB e não apresentou sinal de
deterioração durante o experimento, o que foi atribuído ao seu baixo teor de
umidade. As fontes de amônia promoveram decréscimo no teor de fibra em
detergente neutro do bagaço e houve redução no teor de hemicelulose dos
subprodutos tratados com uréia.
26
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido de julho de 2004 a junho de 2005, nas
dependências do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras,
Minas Gerais. Lavras está situada a 21
º
14´ de Latitude Sul e 45
º
00´ de Longitude
Oeste de Greenwich, com altitude média de 910 m. O clima da região, segundo a
classificação de Köppen, é do tipo Cwb (subtropical moderado úmido),
caracterizando-se por duas estações bem definidas: seca (abril a setembro) e
chuvosa (outubro a março). A precipitação anual média é de 1493 mm e as
temperaturas médias de máxima e mínima são de 26,0 e 14,6ºC, respectivamente
(Castro Neto et al., 1980).
O bagaço de cana utilizado foi proveniente do Alambique Bocaina,
localizado no município de Lavras, MG. A variedade de cana utilizada foi a
RB825336, com aproximadamente 15 meses de idade. Esta variedade, segundo
Andrade et al. (2002), é precoce, apresenta alto teor de sacarose, média
exigência em fertilidade do solo, ótimo perfilhamento e ótima brotação de
soqueira, resistência ao carvão, à ferrugem e à escaldadura.
Utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado, com sete
tratamentos e três repetições. As unidades experimentais consistiram de silos
tipo cisterna e fardos de bagaço.
Os tratamentos foram os seguintes:
1. Bagaço de cana in natura (fresco);
2. Bagaço de cana ensilado inteiro;
3. Bagaço de cana ensilado picado em partículas de aproximadamente
5cm;
4. Bagaço de cana inteiro fenado e enfardado manualmente (89% MS);
27
5. Bagaço de cana inteiro fenado e enfardado mecanicamente (89% MS);
6. Bagaço de cana inteiro in natura enfardado manualmente;
7. Bagaço de cana inteiro in natura enfardado mecanicamente.
O modelo estatístico do experimento foi:
Y
ij
= µ + t
i
+ e
ij
, em que:
Y
ij
= observação do tratamento i na repetição j;
µ = constante associada a todas as observações;
t
i
= efeito do tratamento i, com i = 1, ..., 7;
e
ij
= erro experimental associado à observação Y
ij
com j = 1, 2, 3 suposto
independente, com variância constante e distribuição normal de média zero e
variância σ
2
.
Foram retiradas amostras do material original, ou seja, do bagaço de
cana in natura, antes de fazer a ensilagem ou o enfardamento, as quais foram
colocadas em sacos de papel, pesadas e secas em estufa de ventilação forçada
em temperatura de 60ºC apeso constante. Outra parte do material original foi
congelada em sacos plásticos para determinação da capacidade tampão (CT)
pelo método de Playne & McDonald (1966). As amostras pré-secadas foram
pesadas e moídas utilizando moinho estacionário Thomas-Wiley, dotado de
peneira de 1mm, e acondicionadas em potes de polietileno. Foram determinados
os teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB) e cinzas, adotando as normas
da A.O.A.C. (1975); fibra insolúvel em detergente neutro (FDN); fibra insolúvel
em detergente ácido (FDA); celulose (CEL); hemicelulose (HEM) e lignina em
permanganato de potássio (LIG), de acordo com Van Soest et al. (1991). As
análises bromatológicas foram feitas no Laboratório de Pesquisa Animal do
Departamento de Zootecnia da UFLA. Foi feita também a determinação do teor
28
de açúcares totais pelo método Antrona (Dische, 1962), no laboratório de
Análise de Produtos Vegetais do Departamento de Ciências dos Alimentos da
UFLA.
Para o armazenamento do material e a obtenção das silagens, foram
utilizados seis silos cisternas, revestidos de alvenaria, com capacidade para 500
kg de forragem. O bagaço foi utilizado inteiro (colmo sem picar) ou picado em
partículas de aproximadamente 5 cm, conforme tratamento. Para picagem foi
utilizada uma ensiladora da marca Libeck L-12, com demanda de potência 20/25
HP, com 8 facas. A compactação da massa foi feita com os s e a vedação dos
silos, com lona plástica coberta com terra.
Para o enfardamento do bagaço inteiro in natura ou desidratado ao sol
(89% de MS), foram utilizadas enfardadoras manual do tipo vertical e mecânica,
da marca Nogueira AP 41-N. O monitoramento do teor de MS do material
esparramado num terraço cimentado foi realizado utilizando-se forno de
microondas. Quando o teor de MS pretendido foi alcançado, o material foi
enfardado.
Os silos permaneceram fechados de outubro de 2004 a fevereiro de 2005
e, após a abertura de cada um, foram determinados a densidade média e o pH
das silagens na parte superior, média e inferior dos silos. Para determinação do
pH, utilizaram-se 9 g de amostra imersa em 60 mL de água destilada, por 30
minutos, com posterior leitura em potenciômetro. A densidade foi determinada
retirando-se uma fatia de 20 cm de toda a superfície do silo, de área conhecida,
obtendo-se o volume ocupado e o peso da silagem retirada em cada
profundidade. Também foram retiradas amostras das silagens, na porção
mediana dos silos, para realização da pré-secagem a 60º C, em estufa com
circulação de ar.
29
Os fardos permaneceram armazenados em galpão pelo mesmo período
que as silagens e foram retiradas amostras para realização da pré-secagem a 60º
C, em estufa com circulação de ar.
As amostras pré-secas, tanto das silagens como dos bagaços enfardados,
foram moídas em moinho estacionário com peneira de 1 mm. Os parâmetros
avaliados foram os teores de MS, PB e cinzas, adotando-se as normas da
A.O.A.C. (1975), e FDN, FDA, CEL, HEM e LIG em permanganato de
potássio, de acordo com Van Soest et al. (1991). Os resultados foram
submetidos à análise de variância e os contrastes entre as médias de tratamentos
foram comparados pelo teste de Scott Knott (P<0,05), utilizando-se o software
SISVAR (Ferreira, 2000). Segundo Ferreira, Muniz e Aquino (1999), o teste de
Scott-Knott é mais indicado para ensaios com grande número de tratamentos,
pois promove uma separação real de grupos de médias, eliminando a
ambigüidade e auxiliando o pesquisador na discussão de seus resultados e na
tomada de decisões.
Os bagaços enfardados in natura e desidratados foram amostrados e
analisados quanto à ocorrência de fungos e toxinas. As análises foram realizadas
na Fundação Ezequiel Dias, em Belo Horizonte, MG.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A densidade média da silagem obtida nos silos foi de 300 kg de massa
verde/m
3
para o bagaço ensilado picado e de 240 kg/m
3
para o bagaço ensilado
inteiro, demonstrando dificuldade de compactação do material, principalmente
do bagaço não picado, e evidenciando também a baixa densidade deste material.
30
Quanto aos açúcares totais, foi obtida média de 16,4% com base na
matéria seca do bagaço in natura, sendo a sacarose o açúcar majoritário. Este
valor pode ser considerado elevado, pois, segundo Thiago et al. (1983), o bagaço
proveniente de destilarias contém cerca de 1,5% a 4% de sacarose. Com base no
teor de açúcares, o bagaço de cana pode ser considerado adequado para a
produção de silagens.
Teores de Matéria Seca, Proteína Bruta e Cinzas
A forma de conservação influenciou significativamente (P<0,05) os
teores de matéria seca, proteína bruta e cinzas nos bagaços (Anexo A). Os
resultados das determinações de matéria seca, proteína bruta e cinzas no bagaço
de cana in natura, enfardado, fenado e enfardado e BC ensilado encontram-se na
tabela 1.
TABELA 1. Teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB) e cinzas no
bagaço de cana-de-açúcar (BC) submetido a diferentes formas de
processamento e conservação.
TRATAMENTO MS PB Cinzas
% % MS
BC in natura (BIN) 51,70 b 2,00 a 0,87 a
BIN enfardado mecanicamente 97,04 c 1,94 a 1,56 c
BIN enfardado manualmente 93,68 c 1,96 a 1,39 b
BC fenado enfardado mecanicamente 98,02 c 1,94 a 1,02 a
BC fenado enfardado manualmente 96,18 c 1,90 a 1,38 b
BC picado e ensilado 48,43 b 2,53 b 1,37 b
BC inteiro ensilado 40,97 a 2,65 b 1,76 c
CV (%) 4,29 4,30 11,75
Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente ao
nível de 5% pelo teste de Scott Knott.
31
Foi obtido teor de 51,70% de MS para o BIN, superior aos teores
obtidos por Carvalho et al. (2005) e Carvalho et al. (2006), que foram 30,8 e
40,11% de MS, respectivamente. Não houve diferença estatística entre o teor de
MS no BIN (51,70%) e na silagem de bagaço picado (48,43%), apesar de se
notar diferença de 3,27 unidades porcentuais (tabela 1), que pode ser atribuída
principalmente à perda ou transformação de carboidratos solúveis durante a
fermentação. Na silagem do bagaço inteiro, o teor de MS foi reduzido para
40,97%, observando-se perdas de 10,73 unidades porcentuais de matéria seca
em relação ao BIN e de 7,46 unidades porcentuais em relação à silagem de
bagaço picado. Segundo Reis et al. (2004), nas forragens com mais de 50% de
MS, as perdas podem ser altas durante o armazenamento em decorrência da
compactação inadequada. A maior dificuldade de compactação do material
inteiro pode ter contribuído para a maior perda, em função da maior quantidade
de oxigênio residual.
A densidade obtida para silagem de bagaço inteiro foi de 124 kg de
MS/m
3
e de 155 kg de MS/m
3
para silagem de bagaço picado, o que está abaixo
do mínimo recomendado por Holmes & Muck (1999), que determinam uma
densidade mínima de 225 kg MS/m
3
para obtenção de uma silagem de qualidade
satisfatória. As baixas densidades obtidas são justificadas pelo elevado teor de
MS do bagaço in natura (51,70%), dificultando a compactação e expulsão do
oxigênio.
Além das perdas de matéria seca terem sido maiores nas silagens
produzidas com o bagaço inteiro, houve também grande perda de forragem
nestes silos. Aproximadamente 25 a 30% da massa ensilada foram perdidos em
função da ocorrência de fungos, principalmente na porção superior dos silos,
causando o apodrecimento do material armazenado.
Na avaliação dos fardos de bagaço, realizada após cinco meses de
armazenamento, observou-se que a desidratação o alterou o teor de MS nos
32
bagaços enfardados, uma vez que não houve diferença entre os bagaços
enfardados fenados ou enfardados in natura. O bagaço de cana é um material
que desidrata facilmente, pois foram necessárias menos de 8 h de exposição ao
sol para se atingir teor de matéria seca de 89%, e mesmo após o enfardamento,
com os fardos expostos ao ar, o processo de desidratação manteve-se constante.
O teor de MS também foi aumentado nos bagaços enfardados após desidratação,
e os teores de MS obtidos após armazenamento foram, respectivamente, de
98,02 e 96,18% para os bagaços fenados e enfardados mecanicamente ou
manualmente. O esmagamento pela moenda, causando dilaceração de tecidos, e
a baixa densidade do bagaço podem contribuir para maior facilidade de secagem
do material. Após esmagamento da cana observa-se maior umidade na parte
externa do colmo, que também pode facilitar o processo de desidratação do
bagaço. Não houve diferença estatística entre os enfardamentos manual e
mecanizado quanto ao teor de matéria seca. Por ser o bagaço um material
grosseiro e de fibras muito longas, encontrou-se maior dificuldade na regulagem
da enfardadora mecanizada e na confecção dos fardos. A enfardadora manual foi
de fácil manuseio e mostrou-se eficiente na confecção dos fardos.
O bagaço in natura apresentou teor de 2% de PB da MS. Evangelista
(2001) obteve teor de 2,4% de PB e Pires et al. (2004), de 1,8% de PB, quando
avaliaram bagaço de cana proveniente de alambique. Dados obtidos na literatura
evidenciam teores de PB no bagaço de cana proveniente da indústria sucro-
alcooleira variando de 0,8%, obtido por Manzano et al. (2000), a 2,85%,
registrado por Joshi et al. (1984).
A ensilagem promoveu acréscimo no teor de PB tanto em relação ao
bagaço in natura quanto ao fenado e enfardado, não havendo diferença entre as
silagens de bagaço picado e inteiro. Os teores de PB foram mais elevados nas
silagens comparativamente aos outros tratamentos, o que pode ser conseqüência
da perda de carboidratos solúveis por respiração celular e processos
33
fermentativos. A forragem, então, fica com maior teor de componentes da
parede celular, o que provoca efeito de concentração e aumento no percentual de
PB na MS da silagem. Resultados inversos foram obtidos por Rodrigues &
Peixoto (1983), que observaram que a ensilagem promoveu redução de 2,56 no
teor de proteína bruta, no bagaço in natura, para 2,0% na silagem. Rotz & Muck
(1994) citam um aumento de 1 a 2% na concentração de PB em razão das
modificações que ocorrem durante a fermentação da forragem.
Não houve efeito da desidratação e/ou enfardamento no teor de PB no
bagaço, cujos teores variaram de 1,90 a 1,96% na MS. Considerando que para as
atividades normais das bactérias ruminais são necessários 6-8% de PB (Mertens,
1994), os teores de PB no bagaço estão muito aquém do mínimo necessário,
levando à necessidade de suplementação, assim como ocorre quando do uso de
cana na alimentação de ruminantes.
O bagaço in natura e o bagaço fenado e enfardado mecanicamente
apresentaram os mais baixos teores de cinzas, 0,87 e 1,02% da MS,
respectivamente (tabela 1). Entretanto, há que se considerar que o coeficiente de
variação (CV) foi de 11,75%, evidenciando que outros fatores possam ter
influenciado nos resultados. Os teores mais elevados, 1,56 e 1,76%, foram
obtidos com o BIN enfardado mecanicamente e o BC ensilado inteiro. Esse
maior valor pode ser conseqüência da perda de compostos orgânicos solúveis,
resultando em aumento da concentração de matéria mineral. Os valores obtidos
pra o BIN (0,87%) estão bem abaixo dos obtidos por Burgi (1985), Carvalho et
al. (2005) e Mello Júnior (1987), que foram, respectivamente, de 2,73; 4,58 e
4,15% da MS. Rodrigues & Peixoto (1983) registraram aumento de quase 150%
no teor de cinzas da silagem de bagaço oriundo da moenda de uma
microdestilaria de álcool. O teor de cinzas do bagaço in natura foi de 1,94 e da
silagem, de 4,68% na MS.
34
A cana é originalmente pobre em minerais e, conseqüentemente, o
bagaço também o é. A maior parte da matéria mineral no bagaço é representada
pela sílica. Geralmente a deficiência de minerais nas rações à base de cana de
açúcar é corrigida pelo fornecimento de mistura mineral, o mesmo sendo
recomendado para rações à base de bagaço de cana.
Teores de fibra insolúvel em detergente neutro (FDN), fibra
insolúvel em detergente ácido (FDA), celulose, hemicelulose e lignina
As formas de conservação do bagaço de cana promoveram diferenças
(P<0,05) nos teores de fibra insolúvel em detergente neutro (FDN), fibra
insolúvel em detergente ácido (FDA), celulose e hemicelulose. Não houve efeito
dos tratamentos (P>0,05) no teor de lignina (Anexo B).
Os valores obtidos nas determinações das frações FDN, FDA, celulose,
hemicelulose e lignina no bagaço de cana in natura, enfardado, fenado e
enfardado e ensilado encontram-se na tabela 2.
TABELA 2. Teores de fibra insolúvel em detergente neutro (FDN), fibra
insolúvel em detergente ácido (FDA), hemicelulose, celulose e
lignina do bagaço de cana-de-açúcar (BC) submetido a diferentes
formas de processamento e conservação.
FDN FDA Celul Hemic* Lign.**
TRATAMENTO
(% MS)
BC in natura (BIN) 79,43 b 48,78 b 36,36 a 30,65 b 9,42 a
BIN enfardado mecanicamente 87,45 c 54,68 c 41,05 b 32,77 c 12,16 a
BIN enfardado manualmente 82,38 b 48,64 b 39,02 a 33,75 c 9,63 a
BC fenado e enfardado mecanicamente 85,99 c 52,81 c 42,22 b 33,18 c 10,36 a
BC fenado e enfardado manualmente 71,49 a 45,60 a 35,65 a 25,89 a 9,57 a
BC picado e ensilado 82,88 b 52,43 c 42,63 b 30,45 b 10,78 a
BC inteiro ensilado 88,13 c 51,19 c 41,84 b 36,94 d 7,92 a
CV (%) 2,65 2,98 5,93 6,39 13,53
Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente ao nível de
5% pelo teste de Scott Knott.
* hemicelulose obtida por diferença entre a FDN e FDA.
** lignina em permanganato de potássio.
35
O teor de FDN registrado para o BIN (79,43% da MS) está bem próximo
do obtido por Evangelista (2001), que foi de 78,5%, e bem inferior ao obtido por
Pires et al. (2004), 94,3%, ambos avaliando o bagaço de alambique. Resultados
de FDN superiores a 90% foram encontrados por Mello Júnior (1987) e Souza
Gesualdi et al. (2001), com 94,82 e 94,44% da MS, respectivamente, avaliando o
bagaço proveniente da indústria sucro-alcooleira. Carvalho et al. (2006)
registraram teores de FDN bem inferiores, com 59,02% da MS. Rodrigues &
Peixoto (1983) analisaram o bagaço de cana da moenda de uma destilaria de
álcool e obtiveram teor de 75,59% de FDN. Diversos autores, como Burgi
(1985), Candido et al. (1999), Carvalho et al. (2005), Castro (1989) e Manzano
et al. (2000), obtiveram teores de FDN superiores a 84% da MS quando
avaliaram o bagaço de cana in natura.
O bagaço de cana que foi fenado e enfardado manualmente apresentou o
mais baixo teor de FDN, 71,49% da MS, correspondendo a uma redução de 7,49
unidades porcentuais em relação ao BIN. Este resultado é um tanto controverso,
pois, segundo Reis et al. (2001), durante a secagem de forrageiras ocorrem
decréscimo nos conteúdos de carboidratos solúveis e as concentrações de PB,
FDA, FDN e lignina podem aumentar em termos proporcionais, uma vez que os
resultados são expressos em porcentagem. A desidratação do bagaço, até atingir
teor de 89% de MS, foi bastante rápida e, conseqüentemente, as perdas,
minimizadas.
Não houve diferença estatística entre os teores de FDN apresentados
pelo bagaço in natura (79,43%), bagaço in natura enfardado manualmente
(82,38%) e bagaço de cana picado e ensilado (82,88%), apesar de se notar uma
tendência de elevação nessa fração com a conservação do material. Rodrigues &
Peixoto (1983) avaliaram silagens de bagaço de cana e concluíram que em todos
os tratamentos, as silagens apresentaram maiores concentrações dos
componentes da fibra e redução nos teores de MS em relação ao material
36
original, antes da ensilagem. Esses autores observaram que a ensilagem
promoveu aumento de 75,59 no teor de FDN no bagaço de cana in natura para
78,2% na silagem. Conceição et al. (1986) compararam o bagaço de cana
hidrolisado conservado como silagem em silo de superfície durante oito meses
com o bagaço hidrolisado recém-produzido e registraram teor de FDN de 49,4%
quando usado logo após ser hidrolizado e de 61,44% da MS quando ensilado.
Houve efeito da picagem do bagaço no teor de FDN nas silagens,
obtendo-se 82,88% de FDN na MS na silagem de bagaço picado e 88,13% na
silagem de bagaço inteiro. Essa diferença pode ser devida às perdas de
carboidratos solúveis, que são transformados em ácidos durante a fermentação
da forragem ou em gases, evidenciando maiores perdas na silagem de bagaço
inteiro.
Quanto aos teores de FDA no bagaço de cana, ocorreu elevação de
48,78% no BIN até 54,68% no BIN enfardado mecanicamente (tabela 2). O teor
de FDA obtido para o BIN está bem abaixo do obtido por Pires et al (2004), de
62,7%, e por Evangelista (2001), de 59,0% da MS, ambos avaliando bagaços
oriundos de alambiques. Teor de FDA de 38,34% foi registrado por Carvalho et
al. (2006) ao avaliarem o bagaço de cana-de-açúcar adquirido em usinas
produtoras de cachaça. Conforme se pode observar na tabela 2, a fenação
seguida do enfardamento manual promoveu redução no teor de FDA para
45,60% da MS, sendo o tratamento que proporcionou a fração mais baixa de
FDA.
A ensilagem promoveu aumento nos teores de FDA em relação ao BIN.
Em estudos realizados por Rodrigues & Peixoto (1983), os resultados foram
inversos, uma vez que a ensilagem promoveu redução de 52,87% no teor de
FDA na MS no bagaço in natura para 49,75% na silagem de bagaço de cana.
Não houve diferença na fração FDA entre as silagens de bagaço picado e
inteiro, as quais apresentaram teores de FDA semelhantes aos obtidos com os
37
bagaços enfardados mecanicamente. Não houve efeito da desidratação do
bagaço quando o enfardamento foi realizado com a enfardadora mecanizada. O
BIN enfardado manualmente apresentou teor de FDA semelhante ao obtido com
o BIN e inferior aos obtidos com os demais tratamentos.
Observou-se, no BIN, teor de 36,36% de celulose na MS, não diferindo
do bagaço fenado e enfardado manualmente, com 35,65%, e do BIN enfardado
manualmente, com 39,02% (tabela 2), os quais apresentaram valores inferiores
aos registrados para os demais tratamentos. Não houve diferença significativa,
nesse parâmetro, entre o BIN enfardado mecanicamente (41,05%), BC fenado e
enfardado mecanicamente (42,22%) e bagaços ensilados inteiro (41,84%) e
picado (42,63%).
O teor de celulose no BIN (36,36%) foi inferior ao obtido por Pires et al.
(2004), com 45,3% da MS, e superior ao encontrado por Carvalho et al. (2006),
com 30,30% da MS. De modo geral, dados publicados na literatura relatam
valores de celulose superiores a 40% da MS para o BIN.
O enfardamento mecanizado e a ensilagem promoveram aumento na
fração FDA. Segundo Van Soest (1994), as frações celulose e lignina nas
forrageiras se mantêm estáveis no interior dos silos e são perdidas quando
presença de fungos. A picagem do bagaço não promoveu diferença significativa
no teor de celulose nas silagens.
O BIN apresentou teor de hemicelulose de 30,65%, valor bastante
superior aos 20,68% encontrados por Carvalho et al. (2006) e semelhante aos
31,60% obtidos por Pires et al. (2004), ambos avaliando bagaço de alambique.
Comparando o BIN com os bagaços conservados na forma de silagem
(tabela 2), observa-se que não houve diferença significativa nos teores de FDA
no BIN e na silagem de bagaço picado (30,45%). Geralmente, ocorre uma
diminuição nessa fração devido à hidrólise ácida da hemicelulose, uma vez que a
fermentação promove a quebra das ligações químicas, principalmente da
38
hemicelulose, que, segundo Moser (1980), é a principal fonte de carboidratos
solúveis. Possivelmente, no presente trabalho, a fração hemicelulose não
diminuiu devido a um efeito de concentração, uma vez que o bagaço apresentou
um teor de 16,4% de açúcares, que foram transformados em ácidos durante a
fermentação da silagem, contribuindo para o aumento da concentração dos
componentes da parede celular. Entretanto, a fermentação promoveu aumento no
teor de hemicelulose na silagem de bagaço inteiro, que apresentou o teor mais
elevado (36,94% na MS) dentre todos os tratamentos.
O teor de hemicelulose no bagaço fenado e enfardado manualmente
(25,89%) foi inferior a todos os outros tratamentos, sendo mantida a tendência
dessa forma de conservação de apresentar os menores valores dos constituintes
da parede celular, uma vez que este tratamento proporcionou os mais baixos
teores de FDN e FDA.
O BIN enfardado mecanicamente, o BIN enfardado manualmente e o
BC fenado e enfardado mecanicamente não diferiram entre si em relação a esse
parâmetro, apresentando teores respectivos de 32,77; 33,75 e 33,18% de
hemicelulose na matéria seca.
O teor de lignina registrado para o BIN (tabela 2) foi de 9,42%, valor
inferior aos encontrados por Castro (1989), de 11,81%; Manzano et al. (2000),
de 12,6% e Mello Júnior (1987), de 14%; todos avaliando o bagaço da indústria;
e por Pires et al (2004) avaliando o bagaço de alambique, os quais obtiveram
teor de 16,5%. Carvalho et al (2006) registraram teores inferiores para o bagaço
obtido em usinas de produção de cachaça, com 7,34% de lignina na MS.
Observa-se uma grande variação entre autores, que em parte pode ser devida aos
diferentes métodos utilizados na determinação da lignina.
A forma de conservação não afetou o teor de lignina no bagaço de cana
(P>0,05), ao contrário do que observaram Rodrigues & Peixoto (1983), segundo
os quais a ensilagem aumentou o teor de lignina de 8,52 no bagaço in natura
39
para 10,33% na silagem. Entretanto, possíveis diferenças podem não ter sido
detectadas em função do elevado coeficiente de variação obtido (13,53%).
Embora não tenha havido diferença significativa entre os tratamentos,
observa-se uma diferença de 4,12 unidades porcentuais entre o menor e o maior
valor obtidos, o que pode ser importante do ponto de vista prático, uma vez que
a lignina é o principal fator responsável pela baixa digestibilidade atribuída ao
bagaço de cana. A silagem de bagaço inteiro proporcionou o menor valor, com
7,92% da MS, e o bagaço in natura enfardado mecanicamente apresentou o teor
mais elevado de lignina (12,16%), valor próximo aos obtido por Castro (1989) e
Manzano et al. (2000). Como o processo de desidratação do bagaço foi contínuo
durante o armazenamento, pode-se supor que houve maior perda de compostos
solúveis, o que refletiu em maior quantidade de lignina.
Analisando os dados apresentados na tabela 2, pode-se afirmar que a
fenação seguida do enfardamento manual foi o melhor método de conservação,
pois proporcionou diminuição nos teores de FDN e FDA em relação ao BIN.
Capacidade tampão no bagaço e pH nas silagens
Os valores da capacidade tampão no bagaço e do pH nas silagens estão
apresentados na tabela 3.
TABELA 3. Capacidade tampão (CT) no bagaço antes da ensilagem e pH nas
silagens em 3 pontos de amostragem no silo.
CT* pH*
Bagaço/silagem
meq.HCl/
100 g MS
Camada
superior
Camada
mediana
Camada
inferior
BIN picado 2,15 3,85 3,80 3,70
BIN inteiro 2,41 7,00 3,90 4,0
* não foi realizada análise estatística dos dados.
40
O bagaço de cana, tanto picado como inteiro, apresentou baixo poder
tampão, com 2,15 e 2,41 meq.HCl/100 g MS (tabela 3), mostrando-se
ligeiramente superior no bagaço inteiro. O baixo poder tampão do bagaço era
esperado em função do teor de açúcares totais (16,4% na MS), do baixo teor
protéico (2,0%) e do elevado teor de MS (51,70%).
Santos et al. (2003) avaliaram silagens de cana-de-açúcar e observaram
que a capacidade tampão (CT) da cana é baixa, apresentando valores de 1,2
meq.de HCl/ 100g de MS, o que faz com que o pH atinja facilmente os valores
desejados. Segundo os autores, na silagem de cana a CT não é um fator limitante
porque está relacionada com a proporção de açúcares na cana, que é
extremamente favorável.
Pode-se observar, na tabela 3, que praticamente não houve variação no
pH quanto ao local de coleta no perfil dos silos com o bagaço de cana picado, o
qual variou de 3,7 a 3,85. É importante que o pH nas silagens se situe dentro da
faixa considerada ideal para a conservação adequada do ensilado, o qual,
segundo Lavezzo (1985), é de 3,8 a 4,2. Porém, a silagem da superfície dos silos
com bagaço inteiro apresentou pH superior ao da silagem retirada na metade e
no fundo dos silos. Tal fato sugere que houve presença de agentes que
influenciaram na elevação do pH superficial, tais como água e ar. que se
destacar que na porção superior desses silos a forragem apresentava-se quase
que totalmente apodrecida, fator indicativo do desenvolvimento de
microorganismos prejudiciais.
Ocorrência de fungos nos fardos de bagaço
Mediante inspeção visual foi constatada a presença de mofos em todos
os fardos, principalmente na porção central. Quanto à ocorrência de fungos, os
resultados encontrados para os bagaços enfardados foram de 446.000 UFC/g. Os
41
fungos mais encontrados foram Aspergillus niger, Penicillium sp e Fusarium sp.
Os gêneros Aspergillus e Penicillium são de fungos típicos do armazenamento
de fenos (Hlodversson & Kaspersson, 1986), cujo desenvolvimento pode ser
prejudicial à saúde dos animais e das pessoas que manuseiam estes fenos, devido
à produção de toxinas. Entretanto, não foi encontrada nenhuma aflatoxina nas
amostras dos fardos de bagaço.
CONCLUSÕES
A ensilagem do bagaço picado mostrou-se eficiente na conservação do
material durante o período de cinco meses, apresentando, em relação ao bagaço
in natura, teores semelhantes de MS, FDN e lignina, e superiores de PB, cinzas,
celulose e hemicelulose.
A fenação o promoveu diferença no teor de MS nos bagaços
enfardados, após os cinco meses de armazenamento.
A desidratação seguida do enfardamento manual proporcionou
diminuição nos componentes da parede celular, demonstrando ser o melhor
método de conservação do bagaço.
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49
CAPÍTULO 3
SILAGENS DE BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR CONFECCIONADAS
COM DIFERENTES ADITIVOS
RESUMO
PEREIRA, Rosana Cristina. Silagens de bagaço de cana-de-açúcar
confeccionadas com diferentes aditivos. Lavras: UFLA, 2006. (Tese
Doutorado em Zootecnia)
Com o objetivo de avaliar a qualidade da silagem do bagaço de cana
oriundo de alambique, produzido com diferentes tipos e doses de aditivos, foram
conduzidos dois experimentos nas dependências do DZO/UFLA. No 1º, utilizou-
se o DIC com três repetições, em classificação hierárquica, sendo avaliado o
efeito do aditivo e das doses dos aditivos. Os tratamentos consistiram de
material original e silagens de bagaço de cana com quatro doses dos aditivos
uréia, melaço, varredura de leite em pó, soro de queijo e ponta de cana. No
material original e nas silagens foram determinados os teores de matéria seca
(MS), proteína bruta (PB), cinzas, fibra em detergente neutro (FDN), fibra em
detergente ácido (FDA), celulose (CEL), hemicelulose (HEM) e lignina (LIG),
capacidade tampão (CT) e pH. Os resultados das análises bromatológicas foram
submetidos às análises de variância e de regressão. Houve efeito dos aditivos em
todos os parâmetros avaliados no material original e nas silagens. O processo de
ensilagem promoveu redução nos teores de MS, CEL e HEM do bagaço e suas
misturas. As silagens com ponta de cana apresentaram as maiores perdas de MS
em relação ao material original. As silagens com melaço, ponta de cana, soro de
queijo e varredura de leite em pó apresentaram redução no teor de PB em
relação ao material original. Doses acima de 0,66% de uréia proporcionaram
silagens com teor de PB superior a 6%. Todas as silagens apresentaram baixos
teores de cinzas. Os teores de FDN não foram alterados com a ensilagem do
bagaço com uréia e melaço e foram reduzidos com a inclusão de varredura de
leite em pó, soro de queijo e ponta de cana. O teor de FDA foi reduzido nas
silagens com varredura de leite em pó, soro de queijo e ponta de cana, mantido
com o melaço e aumentado com a uréia. As silagens com ponta de cana
apresentaram o menor teor médio de FDA e de LIG. A CT média do bagaço foi
sempre baixa e os valores de pH das silagens situaram-se entre 3,58 e 3,88. A
ensilagem do bagaço de cana é eficiente na sua conservação. No 2º ensaio,
50
silagens de bagaço de cana-de-açúcar puro e adicionado de 1% de uréia, 4% de
melaço, 3,5% de varredura de leite em pó, 10% de soro, 15% de ponta de cana e
com a associação de 1% de uréia e 4% de melaço foram avaliadas quanto à
degradabilidade in situ da MS. A incubação foi feita nos tempos 0, 6, 12, 24, 48,
72 e 96 horas. Foram obtidos os valores da fração solúvel (a), fração insolúvel
potencialmente degradável (b), taxa de degradação da fração b (c),
degradabilidades efetiva e potencial e fração indegradável da MS das silagens de
bagaço. A taxa de passagem adotada foi de 5 %/hora. A silagem produzida com
a associação de 1% de uréia e 4% de melaço apresentou a maior fração solúvel
“a” (24,44%), e maior degradabilidade efetiva da MS (32,39%). As silagens não
diferiram quanto às frações b”, “c”, degradabilidade potencial e fração
indegradável.
51
ABSTRACT
PEREIRA, Rosana Cristina. Sugar Cane Bagasse Silages made with different
additives. Lavras: UFLA, 2006. (Thesis – Doctorate in Animal Science)
With the purpose of evaluating the quality of the silage made of cane
bagasse coming from still, produced with different sorts and levels of additives,
two experiments were conducted in the dependencies of the DZO/UFLA
(Animal Science Department/UFLA). In the 1
st
, CRD was utilized with three
ranked replicates, the effect of the additive and of the doses of the additives
being evaluated. The treatments consisted of original material and cane bagasse
silages with four doses of the additives urea, molasses, milk powder scrap and
sugar cane top. In the original work and in the silages the contents of dry matter
(DM), crude protein (CP), ashes, neutral detergent fiber (NDF), acid detergent
fiber (ADF), cellulose (CEL), hemicellulose (HEM) e lignin (LIG), buffer
capacity (BC) and pH were determined. The results of the bromatologic analyses
were submitted to the analysis of variance and of regression. There was effect of
the additives on all the parameters evaluated in the original material and silages.
The ensiling process promoted reduction in the contents of DM, CEL and HEM
of bagasse and its mixtures. The cane top silages presented the highest DM
losses relative to the original material. The silages with molasses, cane top,
cheese whey and milk powder scrap shoed reduction in the CP content in
relation to the original material. Levels above 0.66% of urea p yielded silages
with CP content superior to 6%. All the silages presented low ash contents. The
NDF contents were not altered with the ensiling of bagasse with urea and
molasses and were reduced with addition of milk powder scrap, cheese whey
and cane top. The ADF content was reduced in silages with milk powder scrap,
cheese whey and cane top; it was kept with molasses and increased with urea.
The cane top silages presented the lowest average content of ADF and LIG. The
average BC of bagassse was always low and the pH values of the silages lay
between 3.58 and 3.88. The ensiling of cane bagasse is effective in its
conservation. In the second trial, pure sugar cane bagasse silages and added of
1% de urea, 4% of molasses, 3.5% of milk powder scrap, 10% of whey, 15% of
cane top and with the association of 1% of urea with 4% of molasses, were
evaluated as to DM in situ degradability. Incubation was done in the times 0, 6,
12, 24, 48, 72 and 96 hours. The values of the soluble fraction (a), potentially
degradable insoluble fraction (b), degradation rate of fraction b (c), effective and
potential degradability and undegradable fraction of the DM of bagasse silages.
The passage rate adopted was of 5 %/ hour. The silage produced with the
association of 1% of urea and 4% of molasses presented the highest soluble
52
fraction “a” (24.44%) and highest effective degradability of DM (32.39%). The
silages did not differ as to fractions “b”, “c”, potential degradability and
undegradable fraction.
53
INTRODUÇÃO
A produção de cachaça constitui importante fonte de renda para diversos
produtores de Minas Gerais, sendo freqüente, nas propriedades rurais, a
associação da produção da cachaça com a exploração pecuária. Essa é uma
atividade que gera uma grande quantidade de bagaço, que é utilizado, em parte,
como combustível no próprio alambique. Entretanto, a maior parte deste resíduo
não é aproveitada, constituindo problema sério de contaminação ambiental. A
sobra do bagaço que não é utilizada na queima em fornalha pode ser aproveitada
na alimentação do gado bovino, resolvendo problemas de espaço no pátio do
alambique.
O aproveitamento do excedente de bagaço deve ser estudado, pois é um
fator importante para diminuição no custo de produção da cachaça e aumento da
renda do produtor. que se considerar a dificuldade de transportar esse
material em função da baixa densidade, o que inviabiliza o seu uso em locais
afastados do alambique.
A utilização do bagaço para fins de arraçoamento animal surge
atualmente com grande interesse, pois significa uma diversificação no sistema
de produção e se torna mais interessante devido ao fato de a safra de produção
de cachaça coincidir com a época de escassez de forragens para o gado.
Todavia, estudos conduzidos com o bagaço gerado nos alambiques de
produção de cachaça são escassos a despeito das dificuldades encontradas pelos
produtores para armazenamento e conservação desse material. O bagaço é um
material de baixa estabilidade, o que acarreta dificuldades para seu
armazenamento.
A conservação do valor nutritivo de forragens pode ser obtida por meio
da ensilagem. Contudo, as características do material no momento da ensilagem
54
podem resultar em fermentação indesejável. O bagaço de cana é um material que
apresenta teor elevado de matéria seca, levando à necessidade de se utilizarem
aditivos líquidos a fim de aumentar o teor de umidade do material e facilitar a
compactação no silo e o processo fermentativo.
O uso de diferentes aditivos na ensilagem do bagaço de cana-de-açúcar
pode melhorar a conservação e qualidade do ensilado, merecendo ser estudado,
principalmente, devido à importância econômica regional da produção de
cachaça.
Este trabalho tem como objetivos avaliar a silagem do bagaço de cana
oriundo de alambique, produzido com diferentes tipos e doses de aditivos.
REFERENCIAL TEÓRICO
O estado de Minas Gerais destaca-se pela produção da cachaça
artesanal, sendo o maior produtor do país. Possui cerca de 8.466 alambiques,
sendo que 38,6% desses estabelecimentos trabalham exclusivamente com mão-
de-obra familiar, o que permite concluir que mais de 3.000 famílias mineiras têm
como principal fonte de receita a produção e a comercialização da cachaça
(Sebrae, 2001).
Atualmente, com a falta de recursos que garantam a manutenção
competitiva do trabalhador rural no campo, torna-se necessária a apresentação
de soluções para o desenvolvimento de atividades periféricas, correlacionadas à
atividade principal desenvolvida na propriedade rural.
A diversificação de atividades à produção da cachaça é uma alternativa
de renda para o produtor e sua família, o que confere melhor utilização dos
recursos produtivos, como a terra, insumos e mão-de-obra e, conseqüentemente,
55
redução do custo de produção das atividades exploradas (Rodrigues Filho &
Oliveira, 2002).
Existe uma forte correlação entre a produção de cachaça e a exploração
da pecuária leiteira nas propriedades rurais mineiras. Nessas fazendas, o
aproveitamento dos resíduos da cultura e do bagaço gerado após esmagamento
da cana nas moendas é alternativa de alimento passível de ser utilizada na
alimentação dos ruminantes.
Os animais ruminantes apresentam grande capacidade de
aproveitamento de fibras vegetais em sua alimentação, sendo, portanto, bastante
vantajoso aproveitar essa característica fisiológica nos sistemas de produção de
carne e leite, a fim de reduzir os custos e incrementar a produtividade da
atividade pecuária. Os alimentos fibrosos são de fundamental importância na
alimentação de ruminantes não do ponto de vista fisiológico, mas também
econômico, uma vez que a alimentação representa a maior parte do custo de
produção em uma exploração pecuária.
O uso do bagaço como alimento para ruminantes, quer seja in natura,
fenado ou ensilado, pode resolver o problema de armazenamento desse resíduo
nos locais de produção e da baixa disponibilidade de forragem nas épocas
críticas do ano, quando há escassez de forragem (Rodrigues & Peixoto, 1983).
A cana-de-açúcar é constituída basicamente de caldo e fibra. O açúcar,
que é o produto que interessa para a indústria, está dissolvido no caldo; portanto,
o objetivo principal é extrair a maior parte possível deste caldo (Burgi, 1985).
Após a extração do caldo, obtém-se o resíduo denominado bagaço. Um objetivo
secundário da moagem, porém importantíssimo para a indústria, é a produção de
um bagaço final em condições de propiciar uma queima rápida nas caldeiras.
Segundo Sales (2001), nos alambiques, a eficiência de extração do caldo
situa-se entre 50 e 60%, podendo chegar a 70% conforme o porte da moenda. A
eficiência de extração reflete diretamente no volume de cachaça produzido e no
56
teor residual de açúcar no bagaço. É importante destacar que o bagaço de
alambique se constitui do colmo inteiro, apenas esmagado. Como a eficiência de
extração é mais baixa nos alambiques, espera-se que o bagaço tenha um valor
energético mais elevado que o bagaço das usinas e destilarias, devido ao maior
teor residual de açúcares.
O bagaço proveniente das indústrias de açúcar e álcool vem sendo
avaliado por diversos autores visando a sua utilização na alimentação animal.
Ainda assim, restam dúvidas quanto à utilização, estocagem e período de
conservação do bagaço.
Conforme se pode observar na tabela 4, as características dos bagaços
avaliados por diversos autores são bastante variáveis, o que pode ser justificado
pelo nível de industrialização, pela variedade da cana e pelas características de
cada região.
TABELA 4 Teores de proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN),
fibra em detergente ácido (FDA), celulose (CEL), hemicelulose
(HEM), lignina (LIG), matéria mineral (MM) e digestibilidade in
vitro da matéria seca (DIVMS) do bagaço de cana-de-açúcar
PB FDN FDA CEL HEM LIG MM DIVMS
% MS %
1,86 85,24 62,33 44,69 22,91 14,89 2,73 33,31 Burgi (1985)
88,06 57,50 43,65 30,60 11,81 38,66 Castro (1989)
0,80 88,30 54,40 41,70 34,00 12,60 1,40 32,40 Manzano et al. (2000)
2,40 78,50 59,00 Evangelista (2001)*
1,80 94,30 62,70 45,30 31,60 16,50 31,80 Pires et al. (2004b)*
1,40 84,01 63,82 20,19 4,15 Carvalho et al. (2005)
2,32 59,02 38,34 30,30 20,68 7,34 1,22 Carvalho et al.(2006)
*
* bagaço de cana proveniente da produção de cachaça
De acordo com Castro (1989), o bagaço in natura (BIN) apresenta alta
concentração de celulose e hemicelulose e tem grande potencial de fornecimento
de energia para ruminantes. Contudo, a presença de lignina e sílica torna a
57
celulose e a hemicelulose pouco disponíveis ao ataque pelos microrganismos do
rúmen e afetam, conseqüentemente, sua utilização pelo animal. Ainda assim, o
BIN pode ser utilizado como fonte de fibra para vacas em lactação, em
substituição aos alimentos tradicionais.
Carvalho et al. (2005) enfatizam que o potencial nutritivo do bagaço de
cana na alimentação animal ainda não foi suficientemente explorado devido às
características químicas e/ou físicas que reduzem o seu aproveitamento. O
principal problema do bagaço de cana, que limita seu uso na alimentação animal,
é o alto teor de fibra e, ao mesmo tempo, a natureza dessa fibra, que o torna um
alimento de baixo valor energético.
A baixa digestibilidade da matéria seca do BIN, entre 30 e 35%, a baixa
densidade, o alto conteúdo de constituintes da parede celular, os baixos teores
protéicos, de conteúdo celular e de minerais limitam o uso deste alimento em
quantidades superiores a 30-40% na matéria seca da dieta, visto que o resultado
será baixo consumo de matéria seca e desempenho animal (Santos, 1990).
Tratamentos físicos, químicos e biológicos do bagaço têm sido sugeridos
a fim de melhorar seu aproveitamento e o desempenho animal (Mello Júnior,
1987). De acordo com Manzano et al. (2000), o emprego de reagentes químicos
e uso de tratamento físico incrementam a digestibilidade do bagaço de cana,
particularmente das frações fibrosas, o que resulta em maior valor de NDT,
permitindo, dessa maneira, menor participação de alimento concentrado no
arraçoamento animal.
Porém, há que se considerar que, embora os tratamentos químico e físico
para aumentar o valor nutritivo da fração fibrosa da cana sejam tecnicamente
viáveis, economicamente são de viabilidade duvidosa. O tratamento químico é
limitado pelo alto custo dos produtos químicos e o tratamento físico sob pressão
e vapor (auto-hidrólise) exige empreendimentos em larga escala, ficando restrito
às usinas e destilarias.
58
O tratamento químico dos volumosos de baixa qualidade, com amônia
anidra, uréia e outros compostos, visa melhorar o valor nutritivo, com aumento
de proteína bruta e digestibilidade da matéria seca, elevando, assim, o consumo
e o desempenho dos animais, além de proporcionar melhor conservação do
volumoso (Souza Gesualdi et al., 2001). Entretanto, ocorre uma grande variação
nos resultados obtidos por diversos autores.
Teixeira et al. (1987) não observaram diferenças estatísticas no consumo
e digestibilidade de dietas compostas por bagaço in natura, bagaço tratado com
4% de NaOH e bagaço tratado com a combinação de 3% de uréia e 2% de
NaOH, avaliadas com ovinos adultos.
Souza Gesualdi et al. (2001) estudaram a composição bromatológica e a
conservação do bagaço da cana-de-açúcar tratado com 0, 1, 2 e 4% de amônia
anidra, uréia e sulfato de amônio na matéria seca do subproduto e verificaram
que o bagaço sem tratamento não apresentou sinal de deterioração durante o
experimento, o que foi atribuído ao seu baixo teor de umidade. As fontes de
amônia promoveram decréscimo no teor de fibra em detergente neutro do
bagaço e houve redução no teor de hemicelulose dos subprodutos tratados com
uréia. Houve efeito positivo dos tratamentos no teor de proteína bruta do bagaço.
Num experimento realizado por Saliba et al. (2004) foram determinados
a digestibilidade e o consumo de matéria seca, proteína bruta e energia do
bagaço de cana oriundo de destilaria de cachaça, fornecido in natura e tratado
com 2, 3 e 4% de amônia e utilizando uréia para tornar as dietas isoprotéicas
(9,43 a 10,86% de PB). Não foram observadas diferenças estatísticas entre os
tratamentos quanto à digestibilidade e ao consumo de matéria seca. Porém, o
bagaço in natura apresentou os mais baixos teores de FDN e FDA, resultando na
mais alta digestibilidade da matéria seca (63,97%). Os autores concluíram que a
amonização não influenciou o consumo e a digestibilidade da matéria seca e da
energia do bagaço de cana.
59
Thiago & Silva (1984) avaliaram o bagaço de cana in natura e tratado
com enzimas e concluíram que o tratamento enzimático não melhorou o valor
nutricional do bagaço.
Por apresentar teor elevado de matéria seca, o bagaço de cana vem
sendo utilizado também como seqüestrante de umidade em silagens de polpa de
abacaxi (Alves et al., 2002), resíduo de maracu (Santos, 1995) e capim-
elefante (Tosi et al., 1992), de forma a elevar o teor de matéria seca do material
ensilado e favorecer a fermentação.
O bagaço gerado nos alambiques apresenta características distintas do
bagaço gerado nas indústrias, já que é submetido apenas a uma moagem simples,
passando-se o colmo inteiro pela moenda. Porém, faltam estudos sobre as
formas de conservação, valor nutricional e desempenho de animais consumindo
esse bagaço.
Uma das formas mais tradicionais de conservar alimentos volumosos é
por meio da ensilagem, que é o processo de conservação de forragem em que os
carboidratos solúveis são convertidos em ácidos orgânicos pela ação de
microrganismos que, encontrando ambiente ideal, se proliferam e criam
condições adequadas à conservação (Pereira & Reis, 2001). Considera-se uma
boa fermentação aquela na qual bactérias desejáveis (Lactobacillus sp) são
estimuladas a converter açúcares presentes na planta em ácido lático (Vilela,
1998).
Para Costa et al. (2001), dentre os fatores que determinam o padrão de
fermentação durante a ensilagem, os intrínsecos à forrageira o representados
pelo adequado teor de matéria seca (MS), por volta de 35%, elevado teor de
carboidratos solúveis e baixo poder tampão. Com relação aos fatores do meio,
uma boa fermentação é garantida em ambiente de anaerobiose pela adoção
correta das técnicas de ensilagem, desde a obtenção da forragem, o tamanho de
partícula e o carregamento rápido do silo, com compactação para efetiva
60
expulsão do oxigênio do interior do material, até a perfeita vedação do silo a fim
de evitar a infiltração de ar e/ou água.
O teor de matéria seca determina as alterações que podem ocorrer
durante o processo de fermentação da forragem. Em forragens mais secas, acima
de 50% de MS, as perdas podem ser altas durante o armazenamento em
decorrência da compactação inadequada. Por outro lado, com alta concentração
de matéria seca tem-se inibição da atividade de bactérias do gênero Clostridium
(Reis et al., 2004). Segundo Woolford (1984), a atividade clostridiana na
silagem com teor de MS entre 35 a 40% é substancialmente reduzida ou
inexistente, permitindo que as bactérias ácido láticas produzam ácido lático
suficiente para estabilizar a silagem. O ideal para ensilagem é que a forragem
apresente teores de MS entre 35 e 45%, e para os teores entre 40 a 45%, é
recomendável que a forragem seja picada em partículas menores, a fim
conseguir melhor compactação (Pereira & Reis, 2001).
A densidade da massa de forragem observada no fechamento do silo
determina a quantidade de oxigênio residual. Dentre os fatores que afetam a
densidade da massa ensilada destacam-se o peso e a pressão aplicados na
compactação, o tempo de compactação, a espessura da camada de forragem
colocada no silo, a taxa de enchimento do silo, o teor de MS da forragem e o
tamanho de partícula do material (Balsalobre et al., 2001).
Quanto aos carboidratos solúveis, Woolford (1984) e McDonald et al.
(1991) afirmam que os teores mínimos que garantem o processo adequado de
fermentação estão na faixa de 8 a 10% da matéria seca. Existe uma importante
interação entre os conteúdos de carboidratos, a capacidade tampão e o conteúdo
de matéria seca, influenciando o padrão de fermentação das silagens.
A capacidade tampão mede a resistência da massa à redução do pH e
deve ser baixa, ou seja, a massa ensilada deve permitir uma rápida queda do pH.
De acordo com Playne & McDonald (1966), a capacidade tamponante é medida
61
por meio da quantidade em eq.mg de H
+
que é gasta para abaixar os valores de
pH de 6 até 4 de uma forragem, indicando a resistência dos componentes
orgânicos e inorgânicos à acidificação durante a conservação. Segundo Lavezzo
(1985), o problema de ensilar forrageiras com poder tampão elevado resulta da
necessidade de um aumento no teor de ácido lático, de modo a reduzir o pH para
valores adequados, de 3,8 a 4,2.
Para a cana-de-açúcar, Evangelista et al. (2003) obtiveram capacidade
tampão muito baixa, de 1,2 eq.mg HCl/100g de MS, o que é favorável ao
abaixamento rápido do pH.
O pH é um dos parâmetros utilizados para avaliar a qualidade do
processo de ensilagem e é um dos fatores capazes de determinar o crescimento e
a sobrevivência de microrganismos num alimento. O grupo de bactérias
anaeróbias (Clostridium) tem efeito pronunciado na qualidade da silagem se os
valores de pH não forem suficientemente baixos para inibir o seu
desenvolvimento (Reis & Rosa, 2001). Outro fator importante é que o pH baixo
aumenta a taxa de hidrólise química de alguns polissacarídeos como a
hemicelulose, o que pode reduzir o teor de fibra da forragem ensilada (Van
Soest, 1994).
As perdas de um alimento ensilado podem ser quantificadas por meio do
desaparecimento de matéria seca ou energia durante o processo de ensilagem,
sendo as perdas de energia proporcionalmente menores que as perdas de matéria
seca. As maiores perdas por fermentação são promovidas pela atuação de
microrganismos do gênero Clostridium. Os principais produtos finais deste tipo
de fermentação são o ácido butírico, a água e o dióxido de carbono (CO
2
), os
quais, em conjunto, podem assinalar perdas da ordem de 50 e 18% para matéria
seca e energia, respectivamente (McDonald et al., 1991).
Um dos recursos possíveis para alterar a fermentação da planta
forrageira no silo e possibilitar a redução de perdas de nutrientes,
62
particularmente pelo controle da respiração e da fermentação durante o
armazenamento, é o uso de aditivos no momento da ensilagem (Vilela, 1984).
Segundo Lima & Maciel (1996), os aditivos são substâncias aplicadas à
forragem triturada durante a ensilagem que podem reduzir a perda de nutrientes,
estimular fermentações desejáveis, enriquecer a silagem e melhorar a
aceitabilidade e a digestibilidade do produto final.
Vários fatores podem interferir na eficiência do uso de aditivos na
ensilagem de forrageiras, e um dos principais é a espécie a ser ensilada. Além da
espécie, a sua composição química, principalmente o teor de umidade associado
ao teor de carboidratos solúveis, influencia a fermentação durante o
armazenamento (Vilela, 1998).
Na maioria das gramíneas forrageiras, o alto teor de umidade no
momento do corte representa o principal desafio para a ensilagem (Nussio et al.,
2002; Vilela, 1998). No bagaço de cana, porém, o elevado teor de matéria seca,
em torno de 50%, pode dificultar a compactação no silo e o processo
fermentativo. A fim de contornar esse problema, a utilização de aditivos capazes
de elevar o teor de umidade no momento da ensilagem e de melhorar o valor
nutritivo das silagens surge como alternativa.
O melaço, a uréia, a varredura de leite em e o soro de queijo são
classificados como aditivos estimuladores nutritivos por promoverem aumento
no crescimento de bactérias produtoras de ácido láctico e redução do pH da
silagem (Lima & Maciel, 1996) e podem ser utilizados na ensilagem do bagaço,
os três primeiros diluídos em água com o intuito de diminuir o teor de matéria
seca e favorecer o processo fermentativo. A ponta de cana também pode
contribuir para elevar o teor de umidade do bagaço e encontra-se disponível
junto com o bagaço.
A uréia é um aditivo que tem sido bastante estudado na ensilagem de
gramíneas, é uma fonte potencial de nitrogênio para os animais ruminantes e não
63
possui nenhuma outra propriedade nutricional. Possui de 42 a 46% de
nitrogênio, revelando, então, um equivalente protéico que varia de 262% a 287%
(Faria, 1988). Segundo Sarmento et al. (1999), a uréia é um sólido cristalino
produzido tecnicamente a partir da amônia e do dióxido de carbono e apresenta a
propriedade de se dissolver facilmente em água, formando a amônia. O objetivo
da adição de uréia é melhorar o valor nutritivo da silagem, aumentando o teor de
nitrogênio e o coeficiente de digestibilidade da proteína bruta, podendo
aumentar a digestibilidade da matéria seca se o teor de nitrogênio da dieta
testemunha estiver comprometendo a fermentação ruminal (Vilela, 1984).
A porcentagem de umidade no material no momento da ensilagem influi
na eficiência desse aditivo. Para Faria (1988), a adição de uréia deverá ser
feita em plantas forrageiras apresentando teores de 30 a 40% de matéria seca,
pois abaixo de 30% haverá perdas consideráveis de uréia por meio do líquido
que escorre do silo, ao passo que em silagens com alto teor de matéria seca o
valor nutritivo da silagem é reduzido.
No trabalho de Vilela et al. (1982) observou-se que a adição de 1,8%
de uréia ao capim-elefante ensilado com 38,6% de MS, depois de ter sido picado
e exposto ao sol por seis horas, proporcionou aumento na digestibilidade da
matéria orgânica da silagem de 5,4 unidades porcentuais em relação à
digestibilidade da silagem não tratada. Nas silagens de capim, a melhora da
fermentação e da qualidade da silagem com uso da uréia tem sido mais evidente
quando a forragem apresenta teor elevado de matéria seca (Vilela, 1998).
Vilela & Wilkinson (1987) verificaram que a adição de uréia em
forragem de capim-elefante ensilado com teores elevados de matéria seca (após
emurchecimento) reduziu a zero o teor de ácido butírico e aumentou a
digestibilidade in vitro da matéria seca. Já no caso da adição da uréia à forragem
sem emurchecimento, com 22,4% de matéria seca, a silagem apresentou indícios
de fermentações secundárias.
64
Vilela (1998) destaca que a aplicação de uréia promove estabilização da
massa ensilada e reduz as perdas de matéria seca. Entretanto, Veiga (1974)
observou que a uréia tende a aumentar a alcalinidade da silagem de capim-
elefante, principalmente quando utilizada em doses mais elevadas.
A uréia pode ser adicionada em doses de 0,5% a 1% em peso da
forragem (Faria, 1988), sendo que adições superiores a 1% podem acarretar
redução no consumo. Segundo Davis et al., citados por Veiga (1974), a dose de
1,5% de uréia na silagem de milho proporciona grande redução no consumo e a
de 2,5% causa rejeição completa da silagem, até que o excesso de amônia
desapareça.
Segundo Silva (1984), o tratamento de volumosos com uréia, seguido de
ensilagem, aumenta o teor de proteína bruta do volumoso e melhora os
coeficientes de digestibilidade dos nutrientes. Porém, doses baixas de uréia,
adicionadas aos volumosos preservados por ensilagem, até 2,5% na matéria
seca, melhoram o teor de proteína bruta, mas têm pouco ou nenhum efeito sobre
a digestibilidade aparente dos componentes não protéicos da silagem, a não ser
se o nível de N na dieta estiver comprometendo a fermentação ruminal.
Em muitos trabalhos a adição de uréia resultou em aumento do pH e dos
ácidos orgânicos presentes na silagem, tendo sido observadas maiores perdas de
matéria seca durante a fermentação (Silva, 1984).
É de conhecimento geral que a qualidade da silagem é dependente da
espécie forrageira e dos cuidados adotados durante o processo da ensilagem. A
maioria das gramíneas tropicais apresenta baixo teor de carboidratos solúveis, ao
contrário da cana-de-açúcar, que apresenta o inconveniente do excesso de
açúcares solúveis para o preparo de silagem, resultando num produto
caracterizado por extensa fermentação alcoólica, de difícil conservação e de
palatabilidade inferior (Peixoto, 1986).
65
No processo de ensilagem da cana-de-açúcar, o principal problema são
as perdas decorrentes da elevada produção de álcool etílico e gás carbônico pelas
leveduras. De acordo com Woolford (1984), os principais fatores que
possibilitam o pido desenvolvimento de leveduras nas silagens de cana são os
baixos teores de matéria seca (20 a 30%) e a elevada concentração de açúcares
solúveis.
Como o bagaço de alambique é um produto que teve grande parte de seu
açúcar extraído, espera-se que não ocorra intensa fermentação alcoólica e o uso
da uréia possa contribuir para melhorar a qualidade da silagem produzida.
Nussio & Schmidt (2004) relataram que combinações de amônia aquosa
e uréia com melaço promoveram queda na produção de etanol em silagens de
cana, detectando, ainda, que ambas as soluções apresentaram efeito positivo
sobre a preservação das silagens. Doses entre 0,5 a 1% da MV são mais efetivas
em reduzir perdas fermentativas nas silagens de cana-de-açúcar, uma vez que,
em doses superiores, o poder de tamponamento exercido pela uréia pode ser
crítico ao processo de conservação. Segundo os autores, a recuperação de N nas
silagens aditivadas com uréia é geralmente alta (acima de 70%), o que deve ser
computado como benefício adicional na escolha do aditivo. A inclusão de doses
superiores a 1% da MV pode elevar as perdas de forragem deteriorada no silo,
possivelmente em virtude do alto tamponamento apresentado por esse aditivo.
A uréia, avaliada por Lima et al. (2002) como aditivo na silagem de cana
nas doses 0; 0,5; 1,0 e 1,5%, com base no peso verde da cana, elevou os teores
de MS de 27,59% para 37,60% e de PB de 2,41% para 7,70%. Reduziu a FDN
de 58,43% para 47,75% (1,0% de uréia) e a FDA de 53,88% para 35,39% na
dose 1,5% de uréia, em relação à silagem testemunha. Entretanto, não houve
efeito da uréia nos parâmetros fermentativos da silagem.
Santos et al. (2006) avaliaram as características bromatológicas de
silagens de cana-de-açúcar e observaram que o material ensilado, quando
66
aditivado com uréia, apresentou melhoria nos teores de PB, FDN e FDA. A
adição de 1% de uréia elevou o teor de PB na MS para 14,37%.
Costa (1987) avaliou a adição de 0; 0,7 e 1,5% de uréia em ração
contendo 75% de bagaço de cana tratado com pressão e vapor e 25% de levedura
na matéria seca. O fornecimento de nitrogênio não protéico (NNP) promoveu
aumento na produção de ácidos graxos voláteis e na digestibilidade da matéria
seca e da FDA.
Sarmento et al. (1999) concluíram que o tratamento do bagaço de cana-
de-açúcar utilizando uréia resultou no aumento na DIVMS, PB e nitrogênio
insolúvel em detergente ácido (NIDA) e diminuição na FDN e hemicelulose;
entretanto, a MS e FDA não sofreram alterações, demonstrando que a amônia
não causa alterações nas frações da celulose e lignina, que são constituintes da
FDA. As alterações na digestibilidade do bagaço ocorreram devido a
diminuições nos teores de FDN e hemicelulose e ao incremento nos níveis de PB
pelo tratamento químico.
Nascimento et al. (1999) trataram o bagaço de cana com uréia líquida a
5%, na proporção de 100 L da solução para 100 kg do resíduo, e conservaram
esse material em pequenos silos subterrâneos durante 10, 20 e 30 dias. A
incubação com uréia aumentou o porcentual de proteína bruta do bagaço,
reduziu a FDA e não afetou a FDN do bagaço de cana. O principal benefício
obtido foi o aumento da proteína. A incubação com uréia durante 20 dias
resultou em decréscimo da DISMS, o que constituiu um efeito inesperado. A
hidrólise com uréia não se mostrou eficiente em reduzir os teores de lignina e, ao
contrário do desejado, o nível de lignina no bagaço de cana aumentou aos 10 e
30 dias de incubação. Os autores enfatizam a necessidade de estudos adicionais
sobre a viabilidade econômica para a recomendação da incubação com uréia.
Segundo Machado & Madeira (1992), o nível de uréia altera a
quantidade de MS insolúvel degradada no rúmen, uma vez que os
67
microrganismos do rúmen utilizam principalmente N-NH
3
para sintetizar suas
próprias proteínas e, com isso, se multiplicarem, o que beneficiaria
principalmente bactérias celulolíticas, cujo aumento da população resultaria
numa maior degradação.
Um benefício adicional da adição de uréia a ser considerado é o de
impedir o aparecimento de fungos, proporcionando melhor conservação da
silagem.
O melaço, subproduto da industrialização da cana para a produção de
açúcar, apresenta Brix médio de 84,95, sólidos totais em torno de 79,95% e
açúcares totais da ordem de 56%, constituindo uma excelente fonte de energia
para o arraçoamento animal (Santana & Souza, 1984). Tem sido um dos aditivos
ricos em carboidratos de fácil fermentação mais utilizados para o favorecimento
da fermentação láctica (Silveira et al., 1973). Esse composto tem sido
adicionado no momento da ensilagem puro ou diluído em água nas proporções
de 3:1 ou 2:1 (Vilela, 1984). Lima & Maciel (1996) enfatizam que o melaço,
além de favorecer a fermentação láctica, melhora a aceitabilidade, a
digestibilidade e a compactação da silagem. Deve ser utilizado em aspersão,
numa quantidade de 2 a 3% em peso da massa ensilada, correspondendo a 20 a
30L da solução por tonelada de forragem triturada.
Santana & Souza (1984) recomendam a associação do melaço com o
bagaço de cana nas rações para ruminantes a fim de resolver o problema do
excesso de bagaço nas usinas e da baixa disponibilidade de forragem na “época
da seca”.
A ensilagem do bagaço adicionado de melaço pode contribuir para
favorecer o processo fermentativo e garantir a conservação do material por
períodos mais longos. O melaço tem sido incluído em vários estudos,
principalmente de ensilagem de capim-elefante, com a finalidade de aumentar o
68
teor de carboidratos solúveis da massa ensilada e, com isso, estimular a
produção de ácido lático. Todavia, os resultados não têm sido consistentes.
Para Veiga (1974), a eficiência do melaço depende mais do teor de
matéria seca do que do conteúdo de açúcar da forragem. O melaço
frequentemente aumenta a acidez, o ácido lático e a preservação de nutrientes.
Porém, dados obtidos por Catchpoole, citado por Veiga (1974), permitem notar
uma tendência da adição de sacarose produzir silagem de gramíneas com
características butíricas. Entretanto, os efeitos do melaço nas perdas na
ensilagem não são bem definidos e sua adição quase sempre favorece o valor
nutritivo da silagem.
Segundo Silveira et al. (1973), diversos trabalhos experimentais
demonstraram que a adição de melaço aos capins e às leguminosas a serem
ensilados proporcionou silagens de melhor qualidade que aquelas obtidas sem o
uso de preservativos.
A adição de 3% de melaço ao capim-elefante no momento da ensilagem
elevou o teor de carboidratos solúveis de 11,7 para 18,8% (Faria, citado por
Silveira et al., 1973). Entretanto, comparando níveis crescentes de melaço na
produção de silagens de capim-elefante Napier (17% de MS e 9,14% de
carboidratos solúveis), Tosi (1973) verificou pequenos efeitos em relação à
qualidade da silagem. Por outro lado, Tosi et al. (1995) estudaram o potencial do
capim-elefante cv. Mott como planta para ensilagem e constataram que o melaço
foi um aditivo indispensável para se obter boa silagem. A adição de 4% de
melaço elevou o teor de carboidratos solúveis, inibiu a proteólise e produziu
silagem com baixo pH e baixo N amoniacal.
Outro aditivo passível de ser utilizado a fim de facilitar a fermentação no
silo é o soro de queijo. O soro é um subproduto da fabricação de queijo, obtido
da coagulação do leite por meio de coalho e pela redução do pH; é um líquido de
cor verde amarelo e de sabor ligeiramente ácido ou doce, dependendo do tipo de
69
queijo (Minut, 1951). O soro doce provém dos queijos de coagulação rápida, no
qual permanece grande parte ou toda, a lactose do leite. É um subproduto
nutritivo que pode ser usado na alimentação animal nas formas líquida,
condensada, seca ou desidratada. O soro contém parte das proteínas do leite,
lactoalbumina e lactoglobulina, que são de excelente qualidade (Thivend, 1977).
O soro é, na maior parte, descartado pela indústria de laticínios, apesar de ser
rico em proteínas e lactose, e esse é um dos maiores problemas das indústrias de
laticínios, por ser um resíduo com alta concentração de matéria orgânica (Passos
citado por Banys, 1999). Segundo Banys (1999), a composição química
aproximada, em porcentagem, do soro de queijo líquido é; água, 93,50; sólidos
totais, 6,70; proteína, 0,90; NNP, 0,040; lactose, 4,90; cinzas, 0,50; cálcio, 0,43;
fósforo, 0,39; lipídeos, 0,3-0,10; acidez, ºDornic 11,5; e pH, 6,45.
Grumann & López (1980) estudaram silagens de milheto confeccionadas
com diferentes aditivos, dentre eles o soro láctico em puro nos níveis de 1, 2
e 3% e associado com 0,5% de uréia, adicionados no momento da ensilagem. A
adição de soro láctico em elevou os teores de matéria seca, ácido láctico e os
coeficientes de digestibilidade in vitro das silagens; teve pequena influência
sobre os teores de proteína bruta e manteve os teores de N-NH
3
, ácidos graxos
voláteis e valores de pH em níveis convenientes. Os autores concluíram que o
soro láctico foi o aditivo que proporcionou maiores benefícios às silagens de
milheto. A uréia mais o soro láctico elevaram os teores de matéria seca, proteína
bruta e ácido láctico e mantiveram o teor de ácidos graxos voláteis e os valores
de pH em níveis convenientes.
Evangelista & Rocha (1997) recomendam que o soro de queijo líquido
deve ser utilizado na ensilagem de capim em doses de até 5%. Outra fonte de
lactose passível de ser utilizada na ensilagem é a varredura ou raspa de leite em
pó, que é o subproduto da indústria láctea que tem sido mais utilizado no
arraçoamento de bezerros. Porém, é preciso atentar para o custo de produção da
70
silagem, já que este resíduo pode ter um preço elevado, pois sua composição é a
mesma do leite em pó integral.
A ponta de cana, também chamada olhadura, pode ser fornecida fresca
ou ensilada, quer como complemento das pastagens, quer para os animais em
confinamento (Santana & Souza, 1984), sendo considerada por Peixoto (1986)
opção muito importante do ponto de vista econômico. A ponta de cana consiste
de três partes distintas: lâminas, bainha e uma quantidade variável de cana
imatura. Segundo Barcelos & Rezende (2002), a ponta de cana é um subproduto
da cana que apresenta variações importantes na sua composição, especialmente
no teor de fibra. Peixoto (1986) cita teores de matéria seca na ponta de cana
fresca variando de 18,46 a 35,2%, proteína bruta, de 3,91 a 5,94%; e fibra bruta,
de 27,97 a 47,75%. Souza Gesualdi et al. (2001) registraram, para a ponta de
cana, teores de 8,35% de PB, 77,20% de FDN e 44,75% de FDA.
A produtividade da ponta de cana também varia muito dependendo da
variedade, da idade, das condições climáticas e das práticas culturais. Pode
representar até 18% da produção total de cana, constituindo aproximadamente
19 toneladas de matéria verde por hectare (com 26% de matéria seca), o que,
segundo Barcelos & Rezende (2002), é suficiente para alimentar 15 bovinos de
peso médio de 300 kg durante 120 dias. A ponta de cana gerada nos alambiques
pode ser utilizada para ensilagem, junto com o bagaço de cana.
Quando se pretende avaliar a qualidade nutricional de forragens, é de
suma importância a estimativa da degradabilidade, tendo em vista que a
degradação e o consumo de forragens geralmente estão diretamente
correlacionados e o conhecimento da extensão da degradabilidade de forragens
permite a estimativa da ingestão voluntária desses alimentos pelos ruminantes
(Paiva et al., 1995).
A técnica do saco de náilon tem sido uma alternativa viável para a
avaliação de alimentos para ruminantes, principalmente em função de sua
71
simplicidade e economicidade (Orskov & McDonald, 1979), além de permitir o
acompanhamento da degradação ao longo do tempo (Mehrez & Orskov, 1977).
A degradabilidade e a taxa de degradação são, normalmente, estimadas
pela técnica in situ, a qual se baseia no desaparecimento da amostra
acondicionada em sacos de náilon incubados por diferentes períodos no rúmen.
As principais vantagens dessa técnica estão relacionadas à sua rápida e fácil
execução, à necessidade de amostras pequenas de alimento e ao fato de permitir
o contato íntimo entre o alimento testado e o ambiente ruminal. Por este motivo,
essa é considerada a cnica ideal para simular o ambiente ruminal dentro de
determinado regime alimentar específico, embora o alimento não sofrer os
efeitos da mastigação, da ruminação e do escape ruminal (Teixeira, 1997).
Pires et al. (2004a) armazenaram o bagaço de cana-de-açúcar de
alambique contendo 50% de MS, sem tratamento, tratado com 2,5% de Na
2
S;
tratado com 4% de NH
3
e tratado com 2,5% de Na
2
S + 4% de NH
3
,
em silos de
superfície com cerca de quatro toneladas, utilizando lona plástica no solo e na
cobertura dos silos. O bagaço de cana-de-açúcar ficou armazenado por 10 meses
e, após abertura dos silos, amostras foram retiradas, colocadas em sacos de
náilon e incubadas em novilhos Holandeses canulados no rúmen. Os autores
verificaram maior degradabilidade potencial para o bagaço tratado com NH
3
e
com NH
3
mais Na
2
S. A degradabilidade da matéria seca (DMS) variou de 38,3 a
65,5% do controle para o bagaço tratado com amônia anidra após período de
incubação de 96 horas. Maiores valores da degradabilidade efetiva foram
verificados para o bagaço tratado com NH
3
e Na
2
S mais NH
3
, quando
comparados ao controle e Na
2
S, que apresentaram comportamentos semelhantes
e valores menores. Os autores registraram melhoria na degradabilidade da
matéria seca, da fibra em detergente neutro e da fibra em detergente ácido do
bagaço de cana-de-açúcar tratado com amônia anidra. Observaram também que
72
o sulfeto de sódio não apresentou eficiência no tratamento do bagaço de cana-
de-açúcar, mesmo quando associado à amônia anidra.
Machado & Madeira (1992) registraram, para o bagaço cru, uma
degradabilidade in situ da MS (%/48h) de 35,7% e uma taxa de degradação de
5,50%/h, em bovinos alimentados com uma ração a base de bagaço cru e
concentrado.
Deschamps (1994) avaliou a degradabilidade ruminal da MS de alguns
alimentos utilizáveis na alimentação de ruminantes, incluindo o bagaço de cana,
por meio da técnica do saco de náilon, e obteve uma degradabilidade potencial,
ajustada para o tempo de 48h, de 30,9% e 15,3% de degradabilidade efetiva a
uma taxa de passagem de 5%/h.
Martins et al. (2001) estudaram o efeito da adição de enzimas fibrolíticas
sobre a degradabilidade in situ da matéria seca (MS) e da fibra em detergente
neutro (FDN) do bagaço de cana. Não foram observadas diferenças entre os
parâmetros ruminais da MS do bagaço de cana, porém a taxa de degradação da
FDN foi superior para o tratamento sem enzima. Conforme os autores, o elevado
teor de fibra (85,12% de FDN) pode, também, ter contribuído para a ineficiência
das enzimas sobre a degradação da fibra.
Calixto et al. (2003) realizaram pesquisa com o objetivo de determinar o
efeito da monensina sódica sobre os parâmetros de degradação da MS, PB e a
degradabilidade efetiva para o bagaço de cana hidrolisado e o bagaço cru. Para
os parâmetros estudados, a monensina aumentou a taxa de degradação da
matéria seca do bagaço cru. A maior degradabilidade da matéria seca do bagaço
cru ocorreu por volta das 120h, para ambos os tratamentos. A degradabilidade da
matéria seca aumentou lentamente com o tempo de incubação e a kd%/h foi
pequena. O tratamento sem monensina apresentou valores inferiores de taxa de
degradação da matéria seca em relação ao tratamento com monensina, para o
bagaço cru.
73
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido de julho de 2004 a junho de 2005, nas
dependências do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras,
Minas Gerais.
O bagaço de cana utilizado foi proveniente do Alambique Bocaina,
localizado no município de Lavras, MG. A variedade de cana utilizada foi a
RB825336, que apresenta maturação precoce, alto teor de sacarose, média
exigência em solos, ótimo perfilhamento e ótima brotação de soqueira e
resistência ao carvão, à ferrugem e à escaldadura (Andrade et al., 2002).
O delineamento estatístico utilizado foi inteiramente casualizado, com
os tratamentos no esquema de classificação hierárquica, sendo avaliados os
efeitos dos aditivos, cada um deles em diferentes doses. O modelo estatístico do
experimento foi:
Y
ijk
= µ + t
i
+ d
(i)j
+ e
ijk
,
Em que:
Y
ijk
= resposta observada (efeito do aditivo i na dose j na repetição k);
µ = constante atribuída a todas as observações;
ti = efeito do aditivo i com i = 1,..., 5;
d
(i)j
= efeito da dose j dentro do aditivo i com j = 1,..., 4;
e
ijk
= erro experimental associado à Y
ijk
, que por hipótese tem
distribuição normal com média zero e variância σ
2
.
Os tratamentos consistiram do bagaço de cana aditivado nas seguintes
doses:
74
Uréia pecuária: 0; 0,5; 1,0 e 1,5% da MV;
Melaço em pó: 0; 2; 4 e 6% da MV;
Varredura de leite em pó: 0; 1,5; 3,0 e 4,5% da MV;
Soro de queijo líquido: 0; 5; 10 e 15% da MV;
Ponta de cana: 0; 10; 15 e 20% da MV.
A parcela experimental foi constituída por unidade de silo, num total de
60 silos.
O bagaço de cana foi picado em partículas de aproximadamente cinco
cm, utilizando-se ensiladora da marca Libeck L-12, com demanda de potência
20/25 HP, com oito facas. Para o preparo das silagens, o bagaço e os aditivos
foram pesados nas devidas proporções e cada mistura foi homogeneizada antes
de ser ensilada. Os aditivos uréia, melaço e varredura de leite em foram
diluídos em água, numa relação de 1:3. O soro de queijo e a ponta de cana foram
utilizados diretamente.
A uréia utilizada apresentava, em sua composição, 46% de nitrogênio. O
melaço, segundo o rótulo da embalagem, apresentava teores mínimos de 95,00%
de matéria seca e 50% de açúcares totais (expresso em açúcar invertido), 3% de
proteína bruta e um máximo de 25% de matéria mineral e 27% de outros
carboidratos, além de conter os micro-elementos Co, Cu, Mn, Zn e I. A
varredura de leite em pó apresentava a mesma composição do leite em pó
integral, com teores de 38% de carboidratos, 27% de PB, 26% de gorduras
totais, 0% de fibra e 0,92% de cálcio. O soro de queijo foi utilizado fresco e
apresentava uma composição aproximada de 7% de sólidos totais, com 4,9% de
lactose e 0,9% de material nitrogenado. A ponta da cana utilizada apresentou
teor de 31,5% de matéria seca, 5,2% de proteína bruta, 64,94% de FDN, 36,34%
de FDA, 7,89% de lignina, 30,28% de celulose, 28,6% de hemicelulose e 3,84%
de cinzas, com base na matéria seca.
75
Foram retiradas amostras do material original antes da ensilagem para
determinação da composição bromatológica e do poder tampão (Playne &
McDonald, 1966). Foi determinado o teor de açúcares totais do bagaço in natura
pelo método Antrona (Dische, 1962).
Como silos experimentais foram utilizados canos de PVC com 10 cm de
diâmetro e 50 cm de comprimento. A densidade utilizada foi de 450 kg de massa
verde/m
3
. A compactação foi realizada com soquetes de ferro e o fechamento,
com tampas de PVC dotadas de válvula tipo Bunsen, lacradas com fita adesiva.
Os silos foram abertos cento e cinqüenta dias após a ensilagem. Na
coleta das amostras foram desprezados os cinco cm da porção superior e inferior
dos silos. Após esse procedimento, a silagem foi homogeneizada e retirada uma
amostra para as análises em laboratório e outra para determinação imediata do
pH. Por ocasião das análises laboratoriais, as amostras foram pré-secadas em
estufas a 60° C por 72 horas, moídas em moinho estacionário com peneira de 1
mm e acondicionadas em potes plásticos tampados.
Os parâmetros avaliados foram os teores de matéria seca, proteína bruta
e cinzas, adotando as normas da A.O.A.C. (1975), fibra em detergente neutro
(%FDN), fibra em detergente ácido (%FDA), celulose (%CEL), hemicelulose
(%HEM) e lignina em permanganato de potássio (%LIG) de acordo com Van
Soest et al. (1991).
Os resultados das análises bromatológicas foram submetidos à análise de
variância e à regressão polinomial, utilizando o software SISVAR (Ferreira,
2000).
As silagens de bagaço de cana-de-açúcar produzidas com veis
intermediários dos aditivos e com a combinação das doses 1% de uréia e 4% de
melaço foram avaliadas quanto à degradabilidade in situ pela técnica do saco de
náilon descrita por Orskov & McDonald (1979) e modificada por Nocek (1988).
As amostras das silagens foram moídas em moinho dotado de peneira com
76
porosidade de cinco mm, após secagem em estufa de ventilação forçada a 60
o
C
por 72 horas. Aproximadamente 1g de amostra foi usado em sacos de náilon
com porosidade média de 60 µm, medindo 5 x 7,5 cm.
Foram utilizadas três vacas Jersey, não lactantes, com peso médio de
350 kg, fistuladas e providas com cânulas ruminais permanentes de látex, após a
adaptação a uma dieta de cana-de-açúcar.
A incubação foi feita de forma seqüencial nos tempos 0, 6, 12, 24, 48,
72 e 96 horas, em ordem decrescente, nas três vacas, eliminando o efeito de
animal. Três sacos/ tratamento/ tempo/ animal foram depositados na porção
ventral do rúmen, contidos em sacolas de náilon telado. Os sacos referentes ao
tempo zero hora foram introduzidos na massa ruminal e imediatamente
retirados, sendo utilizados para o cálculo da fração solúvel.
Após a incubação, os saquinhos foram mantidos em água com gelo e
lavados manualmente em água corrente, até que se tornasse limpa, e secos em
estufa de ventilação forçada a 60
o
C até atingirem peso constante (12h).
A degradabilidade da matéria seca foi determinada pela diferença entre
os pesos da amostra incubada e do resíduo obtido, ajustado pelo procedimento
de regressão não linear proposto por Gauss-Newton (Neter et al., 1985), contido
no pacote estatístico SAEG (Ribeiro Júnior, 2001) para a equação de Orskov &
McDonald (1979):
Y = a + b (1 – e
–c t
), em que:
Y= Degradabilidade acumulada do componente nutritivo analisado, após o
tempo t;
a = Intercepto da curva de degradabilidade quando t = 0, representando a fração
solúvel;
b = Fração insolúvel potencialmente degradável;
77
a + b = Degradabilidade potencial, independente do tempo;
c = Taxa de degradação da fração b.
A degradabilidade efetiva foi calculada pela fórmula:
P = a + (b * c) / (c + k), em que:
P = Degradabilidade ocorrida na taxa de passagem k;
k = Taxa de passagem ruminal do alimento.
A taxa de passagem adotada foi de 5 %/hora.
Foram obtidos os valores da fração solúvel (a), fração insolúvel
potencialmente degradável (b), taxa de degradação da fração b (c),
degradabilidades efetiva e potencial e fração indegradável de matéria seca das
silagens de bagaço de cana-de-açúcar com aditivos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Açúcares totais, matéria seca, proteína bruta, cinzas, capacidade tampão e
pH
Todas as silagens encontravam-se com aspecto bom, cheiro
característico, ocorrendo pequena perda na parte superior de alguns silos, o que
pode ser atribuído a uma provável entrada de ar ou compactação deficiente dessa
porção.
78
O teor de açúcares totais no bagaço foi de 16,4% na MS, portanto acima
da faixa de 8 a 10% de carboidratos solúveis na MS, o que, segundo Woolford
(1984) e McDonald et al. (1991), seria o mínimo para garantir o processo
adequado de fermentação.
A análise de variância mostrou que houve efeito dos aditivos (P<0,05)
nos teores de MS, PB, cinzas, CT e pH, tanto no material original como nas
silagens (Anexo B). Os resultados médios das análises realizadas com o material
original e após ensilagem estão expressos na tabela 5 e permitem comparar o
efeito dos aditivos.
TABELA 5. Teores médios de matéria seca (MS), proteína bruta (PB) e cinzas
no material original e nas silagens de bagaço de cana com aditivos
e da capacidade tampão (CT) no material original e pH nas
silagens
Material original
PB CINZAS CT
Tratamento
MS (%)
% da MS Eq.mgHCl/100g MS
Uréia 50,43 d 6,09 d 0,90 a 1,02 a
Melaço 45,42 a 2,44 a 2,01 c 2,16 b
Varredura leite 45,59 a 3,20 c 1,16 b 2,78 c
Soro queijo 47,12 b 2,42 a 0,95 a 2,27 b
Ponta cana 48,54 c 3,00 b 1,10 b 2,80 c
CV % 2,21 6,31 11,17 7,79
Silagem
PB CINZAS pH
Tratamento
MS (%)
% da MS
Uréia 46,02 d 6,54 d 1,01 a 3,88 d
Melaço 40,54 a 2,28 a 2,44 c 3,86 d
Varredura leite 41,56 b 3,21 c 1,50 b 3,65 b
Soro queijo 44,10 c 2,37 a 0,93 a 3,58 a
Ponta cana 39,69 a 2,98 b 1,45 b 3,71 c
CV % 2,82 6,00 11,44 1,00
Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente ao
nível de 5% pelo teste de Scott Knott (P>0,05).
79
O bagaço adicionado de melaço e varredura de leite em pó apresentou os
mais baixos teores médios de MS (45,42 e 45,59%, respectivamente), e com a
adição de uréia, o mais elevado (50,43%). Os teores médios de MS no bagaço de
cana com a inclusão das diferentes doses dos aditivos são considerados elevados
para ensilagem, uma vez que ultrapassam o nível de 45%, bem acima da faixa de
25 a 35% de MS considerada por Cheeke, citado por Freitas et al. (2006), como
o ideal para obtenção de silagens de boa qualidade.
Houve efeito da dose dos aditivos (P<0,05) no teor de MS no bagaço
antes de ensilar (Anexo B). A análise de regressão demonstrou efeito quadrático
da dose de uréia e efeito linear negativo (P<0,05) das doses de melaço, varredura
de leite em pó, soro de queijo e ponta de cana no teor de MS no bagaço (figura
1).
Ŷ = 51,329 - 4,482x + 2,62x2
R
2
= 49,20
48
49
50
51
52
0 0,5 1 1,5
dose de uia (%)
teor de MS (%)
Ŷ = 51,287 - 1,9565x
R
2
= 98,88
38
42
46
50
0 2 4 6
dose de melaço (%)
teor de MS (%)
FIGURA 1. Efeito das doses dos aditivos uréia, melaço, varredura de leite em
pó, soro de queijo e ponta de cana no teor de matéria seca no
bagaço de cana (...continua...)
80
FIGURA1, Cont.
Ŷ = 52,171 - 2,7393x
R
2
= 98,97
38
42
46
50
0 1,5 3 4,5
dose de varredura (%)
teor de MS (%)
Ŷ = 50,826 - 0,3048x
R
2
= 88,24
46
48
50
52
0 5 10 15
dose de soro (%)
teor de MS (%)
Ŷ
= 51,187 - 0,3618x
R
2
= 94,10
43
46
49
52
0 5 10 15 20
dose de ponta de cana (%)
teor de MS (%)
A redução no teor de matéria seca no bagaço com o uso dos aditivos
era esperada, pois a uréia, o melaço e a varredura de leite em foram diluídos
em água, numa relação de 3:1 v/v de água/aditivo, e quanto maior a dose do
aditivo, maior a quantidade de água adicionada; o soro foi utilizado na forma
líquida in natura. Como as doses de uréia avaliadas foram baixas, a quantidade
de água utilizada foi pequena. Com isso, a uréia pouco contribuiu para redução
no teor de MS no bagaço, e o menor teor foi obtido com a dose de 0,9%
(49,43%), estimado pela equação de regressão. Embora tenha havido efeito da
dose de uréia no teor de MS no bagaço, o coeficiente de determinação foi muito
81
baixo, indicando que apenas 49,20% da variação ocorrida nesse parâmetro foi
devida à variação na dose de uréia.
O melaço e a varredura foram os aditivos que causaram maiores
reduções no teor de MS no bagaço. Com o uso de doses crescentes de melaço e
varredura, os teores de MS foram reduzidos de 51,29 para 39,55% e de 52,17
para 39,85%, respectivamente, sendo esses valores estimados pelas equações de
regressão. Os veis mais elevados de soro de queijo e de ponta de cana
proporcionaram teores respectivos de MS de 46,25 e 43,86%, que são
considerados elevados para ensilagem, podendo acarretar dificuldades na
compactação do material no silo. O teor de MS da ponta de cana utilizada foi de
31,5%, portanto inferior ao do bagaço, que foi de aproximadamente 50%,
justificando sua contribuição para abaixamento no teor de MS no bagaço.
O processo de ensilagem promoveu redução no conteúdo de MS do
bagaço e suas misturas, o que pode ser atribuído à perda de carboidratos solúveis
(CS) durante a fermentação, o que, segundo Pedroso (2003), resulta também na
produção de água, diminuindo o teor de MS da forragem. Não houve produção
de efluentes em nenhum dos tratamentos, podendo-se inferir que a redução nos
teores de MS foi causada pela transformação de carboidratos em ácidos, pela
perda de CS na forma de gases e pela produção da “água de metabolismo”. As
perdas decorrentes da atividade clostridiana também podem ser descartadas, uma
vez que todas as silagens apresentaram teor de MS elevado, acima de 39,6%.
Segundo Woolford (1984), a atividade clostridiana na silagem com alto
teor de MS é substancialmente reduzida ou inexistente, permitindo, assim, que
as bactérias ácido láticas produzam ácido lático suficiente para estabilizar a
silagem. Por outro lado, as leveduras são estimuladas pelo alto teor de MS da
silagem, sendo encontradas mais frequentemente em silagens com alto teor de
açúcares residuais (McDonald et al. 1991), podendo ocasionar perdas nas
silagens.
82
A adição das doses de uréia proporcionou silagens com o teor médio de
MS mais elevado (46,02%) e perda de 4,41 unidades porcentuais de MS em
relação ao bagaço não ensilado. Como a uréia foi diluída adotando-se uma
relação água:uréia de 3:1 v/v, a quantidade de água utilizada foi muito pequena,
resultando num material original com alto teor de matéria seca, com média de
50,43%. A diferença no teor de MS entre o bagaço e a silagem adicionados de
uréia foi de 4,44 unidades porcentuais, que representa a quantidade de MS
perdida com o processo de ensilagem.
As silagens produzidas com a inclusão de ponta de cana e melaço
apresentaram os teores mais baixos de MS, com média de 39,69 e 40,61%,
respectivamente, revelando também as maiores perdas de MS, com decréscimos
respectivos de 8,85 e 4,88 unidades porcentuais em relação ao material original.
O soro de queijo foi o aditivo que promoveu a menor perda de MS, com
diferença de 3,02 unidades porcentuais entre o teor médio de MS no bagaço e na
silagem. As perdas de MS observadas nas silagens confeccionadas com a
varredura do leite em também foram baixas, com 4,03 unidades porcentuais,
evidenciando uma possível contribuição da lactose no processo fermentativo.
Houve efeito das doses dos aditivos (P<0,05) no teor de MS nas
silagens, à exceção da uréia (Anexo B). A análise de regressão mostrou efeito
linear negativo (P<0,05) do nível de melaço, varredura de leite em pó e ponta de
cana no teor de MS nas silagens e efeito quadrático do nível de soro (figura 2).
83
Ŷ = 44,372 -1,2765x
R
2
=91,24
36
38
40
42
44
46
0 2 4 6
dose de melaço (%)
teor de MS (%)
Ŷ = 46,109 -2,0207x
R
2
= 95,35
36
38
40
42
44
46
0 1,5 3 4,5
dose de varredura (%)
teor de MS (%)
Ŷ = 43,7 + 1,9179x -0,1599x2
R
2
= 51,98
34
38
42
46
50
54
0 5 10 15
dose de soro (%)
teor de MS (%)
Ŷ = 44,575 - 0,4346x
R
2
= 90,71
36
38
40
42
44
46
0 5 10 15 20
dose de ponta (%)
teor de MS (%)
FIGURA 2. Efeito das doses dos aditivos melaço, varredura de leite em pó, soro
de queijo e ponta de cana no teor de matéria seca nas silagens de
bagaço de cana
À medida em que se aumentaram as doses dos aditivos melaço,
varredura e ponta de cana, o teor de matéria seca nas silagens foi reduzido.
Silagens com teores estimados pela equação de regressão, inferiores a 40% de
MS, foram obtidas com doses superiores a 3,5% de melaço, 3,1% de varredura
de leite em pó e 11% de ponta de cana. Houve efeito quadrático da dose de soro
no teor de MS nas silagens, sendo que doses superiores a 14% de soro de queijo
proporcionaram silagens com teor de MS inferior a 40%. Porém, o coeficiente
de determinação foi muito baixo (51,98%).
A uréia não afetou o teor de MS nas silagens de bagaço de cana
(P>0,05). Esse resultado é semelhante ao obtido por Souza Gesualdi et al.
84
(2001), que não observaram efeito da uréia no teor de MS do bagaço tratado.
Lima et al. (2002) obtiveram resultados contrários quando avaliaram silagens de
cana produzidas com níveis de 0 a 1,5% de uréia na MV e observaram que, no
nível 1,5%, o teor de MS elevou-se de 27,59 para 33,42%, sendo este o maior
teor obtido. Não se observou diferença significativa do nível 0 para 0,5% e
aumento no teor de MS quando se utilizou 1% de uréia, com 29,19% de MS.
O teor médio mais elevado de PB no bagaço antes de ensilar (tabela 5)
foi obtido com a adição de uréia (6,09%), e o melaço e o soro de queijo
proporcionaram os teores mais baixos (2,44 e 2,42%, respectivamente). Com o
uso de varredura de leite em e ponta de cana, o bagaço apresentou teores
intermediários de PB, com 3,20 e 3,00%, respectivamente.
Houve efeito das doses de todos os aditivos (P<0,05) no teor de PB no
bagaço, antes de ensilar (Anexo B). Houve resposta (P<0,05) linear no teor de
PB no bagaço em função do aumento nas doses de uréia, varredura de leite em
e soro de queijo e resposta quadrática para as doses de melaço e ponta de
cana (figura 3).
Ŷ = 1,973 +5,496x
R2 = 99,45%
0
2
4
6
8
10
12
0 0,5 1 1,5
dose de uréia (%)
teor de PB (%)
Ŷ = 2,033 + 0,317x -0,0387x2
R
2
= 91,59
1,5
2
2,5
3
0 2 4 6
dose de melaço (%)
teor de PB (%)
FIGURA 3. Efeito das doses dos aditivos uréia, melaço, varredura de leite em
pó, soro de queijo e ponta de cana no teor de proteína bruta no
bagaço de cana (...continua...)
85
FIGURA 3. Cont.
Ŷ = 0,4793x + 2,114
R2 = 0,9714
2
3
4
5
0 1,5 3 4,5
dose de varredura (%)
teor de PB (%)
Ŷ = 1,9795 + 0,1109x - 0,0045x2
R2 = 99,24
1,8
2,2
2,6
3
0 5 10 15
dose de soro (%)
teor de PB (%)
Ŷ= 2,0095 + 0,1767x - 0,0055x2
R2 = 99,08
1,8
2,2
2,6
3
3,4
3,8
0 5 10 15 20
dose de ponta (%)
teor de PB (%)
A inclusão de uréia em doses crescentes elevou linearmente o teor de PB
no bagaço de 1,97 a 10,22%, representando um incremento superior a 400%.
Com base na equação de regressão, doses acima de 0,75% de uréia
proporcionaram teor de PB superior a 6% no bagaço. Portanto, não se
recomenda a inclusão da uréia no bagaço de cana em doses inferiores a 0,75%
da MV. Souza Gesualdi et al. (2001) estudaram a composição bromatológica e a
conservação do bagaço da cana-de-açúcar tratado com 0, 1, 2 e 4% de uréia na
matéria seca do subproduto e os teores de PB encontrados foram de 2,1%,
86
3,78%, 4,08% e 7,04%, respectivamente. O incremento no teor de PB do menor
para o maior nível de uréia foi de 235%, e o obtido neste trabalho foi bem
superior.
Com a utilização do melaço, o maior teor de PB (2,68% na MS) foi
obtido com a dose de 4%. A dose mais elevada de varredura de leite (4,5%)
proporcionou teor de PB de 4,27% no bagaço. Para o soro de queijo e ponta de
cana, obtiveram-se os teores mais elevados com a inclusão das doses 12 e 16%,
respectivamente, com 2,66 e 3,13% de PB na MS. Entretanto, nenhum desses
aditivos proporcionou teor mínimo recomendado de PB no bagaço de cana.
A uréia promoveu um incremento médio de 7,8% no teor de PB das
silagens (6,54%), em relação ao material antes da ensilagem (6,09%), portanto
bem acima do preconizado por Rotz & Muck (1994), que citam um aumento de
1 a 2% na concentração da PB em razão das modificações que ocorrem durante a
fermentação da forragem. O aumento no teor de PB não foi confirmado neste
trabalho para as silagens produzidas com os aditivos melaço, ponta de cana, soro
de queijo e varredura de leite em pó (tabela 5).
O melaço e o soro de queijo foram os aditivos que originaram as
maiores quedas no teor médio de PB quando se compararam o material original
e a silagem produzida, com reduções de 0,16 e 0,05 unidades porcentuais,
respectivamente. As silagens produzidas com a ponta de cana revelaram uma
diminuição de 0,02 unidades porcentuais no teor de PB, e com a varredura de
leite em pó o teor foi mantido.
O melaço e o soro proporcionaram silagens com os mais baixos teores
médios de PB (2,28 e 2,37%, respectivamente) e a uréia, o mais elevado
(6,54%). A uréia foi o único aditivo que proporcionou silagens com teor de
proteína acima de 6%, citado por Mertens (1994) como o nível mínimo para que
este nutriente não seja limitante para fermentação dos carboidratos estruturais
pela flora microbiana no rúmen.
87
Houve efeito das doses de todos os aditivos (P<0,05) no teor de PB nas
silagens (Anexo B). Houve resposta (P<0,05) linear no teor de PB nas silagens
em função do aumento nas doses de inclusão de uréia, melaço, varredura de leite
em e soro de queijo e resposta quadrática para as doses de ponta de cana
(figura 4).
Ŷ = 1,746 + 6,392x
R2 = 99,48
0
4
8
12
0 0,5 1 1,5
dose de uréia (%)
teor de PB (%)
Ŷ= 2,063 + 0,074x
R2 = 23,62
1,8
2
2,2
2,4
2,6
2,8
0 2 4 6
dose de melaço (%)
teor de PB (%)
Ŷ = 2,156 + 0,4673x
R2 = 93,78
1,8
2,4
3
3,6
4,2
0 1,5 3 4,5
dose de varredura (%)
teor de PB (%)
Ŷ = 1,868 + 0,0676x
R
2
= 0,8622
1,8
2,2
2,6
3
0 5 10 15
dose de soro (%)
teor de PB (%)
FIGURA 4. Efeito das doses dos aditivos uréia, melaço, varredura de leite em
pó, soro de queijo e ponta de cana no teor de proteína bruta nas
silagens de bagaço de cana (...continua...)
88
FIGURA 4. Cont.
Ŷ = 1,91 + 0,193x - 0,007x2
R
2
= 91,88
1,8
2,2
2,6
3
3,4
0 5 10 15 20
dose de ponta de cana (%)
teor de PB (%)
A inclusão de uréia em doses crescentes elevou linearmente o teor de PB
nas silagens de bagaço de 1,75 a 11,34%, representando um incremento de quase
550%, aumento bastante significativo, uma vez que Lima et al. (2002)
observaram que a adição de 1,5% de uréia elevou o teor de PB da silagem de
cana de 2,41% para 7,70%, o que corresponde a um aumento de 220%, sendo o
obtido neste trabalho bem superior. Para Nascimento et al. (1999), o aumento de
proteína bruta obtido com a hidrólise da uréia depende da quantidade de
nitrogênio fixado, dependendo do teor original de proteína. Os aumentos nos
porcentuais de proteína bruta são relativamente maiores nos resíduos com menor
conteúdo inicial de proteína bruta, os quais se beneficiam mais da hidrólise com
uréia, que é o caso do bagaço de cana. Nas silagens de bagaço de cana, doses
superiores a 0,67% de uréia corresponderam a teores de PB acima de 6%.
O melaço apresentava teor de 3% de PB na MS e não é utilizado com a
intenção de promover elevação no teor protéico das silagens, mas sim fornecer
carboidratos solúveis para garantir um processo de fermentação adequado.
Ainda assim, promoveu pequena alteração no teor de PB das silagens, sendo
89
que, no bagaço ensilado puro, o teor estimado foi de 2,06, e quando acrescido de
6% de melaço, aumentou para 2,50%. Porém, o coeficiente de determinação
obtido foi muito baixo (23,62%), evidenciando que outros fatores possam ter
interferido nos resultados.
Com a adição de 4,5% de varredura de leite em pó, o teor de PB da
silagem elevou-se de 2,16 para 4,26%. O aumento no teor de PB era esperado,
uma vez que a varredura apresentava teor protéico de 27% na MS. Mas, ainda
assim, o teor máximo de PB obtido é inferior ao mínimo necessário para o bom
funcionamento do rúmen.
O soro de queijo também promoveu aumento linear no teor de PB das
silagens, proporcionando um incremento de 54% comparando-se as doses 0% e
15% de inclusão, quando se obtiveram 2,88 % de PB na MS com a dose maior.
A ponta de cana apresentava teor de 5,35% de PB na MS, e com a
inclusão da dose 14%, elevou o teor de PB até 3,24 %, que foi o teor máximo
obtido. Esperava-se que a adição de doses crescentes de ponta promovesse
aumento crescente no teor de PB nas silagens, que o teor de PB na ponta é
superior ao encontrado no bagaço.
O bagaço adicionado de uréia e soro de queijo apresentou os mais baixos
teores médios de cinzas (0,90 e 0,95%, respectivamente), e quando acrescentado
de melaço, o mais elevado (2,01%). A varredura de leite em pó e a ponta de cana
proporcionaram teores semelhantes (1,16 e 1,10%, respectivamente). Todas as
misturas de bagaço com os aditivos apresentaram baixos teores médios de
cinzas, o que já era esperado, uma vez que o bagaço é subproduto de um
material pobre em minerais, que é a cana de açúcar, e os aditivos foram
utilizados em níveis relativamente baixos.
Não houve efeito (P<0,05) das doses dos aditivos uréia e soro de queijo
no teor de cinzas no bagaço (Anexo B). A análise de regressão mostrou efeito
90
linear positivo das doses de melaço, varredura de leite em e ponta de cana no
teor de cinzas no bagaço (figura 5).
Ŷ = 0,879 + 0,377x
R2 = 99,96
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
0 2 4 6
dose de melaço (%)
teor de cinzas (%)
Ŷ = 0,813 + 0,1553x
R2 = 91,74
0,5
1
1,5
0 1,5 3 4,5
dose de varredura (%)
teor de cinzas (%)
Ŷ = 0,864 + 0,0212x
R2 = 68,52
0,6
0,9
1,2
1,5
0 5 10 15 20
dose de ponta de cana (%)
teor de cinzas (%)
FIGURA 5. Efeito das doses dos aditivos melaço, varredura de leite em e
ponta de cana no teor de cinzas no bagaço de cana
Os teores máximos de cinzas obtidos no bagaço com a adição de
melaço, varredura e ponta de cana foram de 3,14, 1,52 e 1,28% da MS,
respectivamente, que são valores baixos. O coeficiente de determinação foi
baixo (68,52%) para a ponta de cana. Dentre os subprodutos avaliados, o melaço
91
é o mais rico em matéria mineral, justificando, assim, a obtenção de teores mais
elevados de cinzas com a sua utilização.
Comparando os teores de cinzas no material antes e após ensilagem,
observa-se que a ensilagem promoveu elevação no teor de cinzas no bagaço.
Porém, como a fração cinzas praticamente não sofre efeito da fermentação, as
diferenças ocorridas podem ser atribuídas ao desaparecimento de frações
solúveis, obtendo-se, assim, elevação proporcional, uma vez que as análises são
realizadas por métodos gravimétricos. O soro de queijo foi o único aditivo que
promoveu redução no teor médio de cinzas com a ensilagem, porém com uma
diferença muito pequena, de 0,02 unidades porcentuais.
O melaço foi o aditivo que proporcionou silagens com o teor de cinzas
mais elevado (2,44%); entretanto, os maiores incrementos em relação ao
material original foram obtidos com a varredura de leite em (0,34 unidades
porcentuais) e a ponta de cana (0,35 unidades porcentuais). Rodrigues & Peixoto
(1988) obtiveram, com a silagem de bagaço de cana extraído por moenda, teores
mais elevados de cinzas, com 4,68%.
Houve efeito da dose dos aditivos (P<0,05) no teor de cinzas nas
silagens, exceto para uréia (Anexo B). A análise de regressão revelou efeito
linear da dose de melaço e varredura de leite em e efeito quadrático da dose
de soro de queijo e ponta de cana (P<0,05) no teor de cinzas das silagens
produzidas com o bagaço de cana (figura 6).
92
Ŷ = 1,128 + 0,439x
R2 = 99,27
0,8
1,4
2
2,6
3,2
3,8
0 2 4 6
dose de melaço (%)
teor de cinzas (%)
Ŷ = 0,937 + 0,2813x
R2 = 0,9723
0,8
1,2
1,6
2
2,4
0 1,5 3 4,5
dose de varredura (%)
teor de cinzas (%)
Ŷ = 0,787 + 0,0984x - 0,0068x2 R2
= 84,33
0,6
0,9
1,2
0 5 10 15
dose de soro (%)
teor de cinzas (%)
Ŷ = 1,0649 + 0,1251x - 0,0057x2
R2 = 99,15
0,9
1,2
1,5
1,8
0 5 10 15 20
dose de ponta (%)
teor de cinzas (%)
FIGURA 6. Efeito das doses dos aditivos melaço, varredura de leite em pó, soro
de queijo e ponta de cana no teor de cinzas nas silagens de bagaço
de cana
Dentre os aditivos utilizados nas silagens, o melaço, por ser o mais rico
em minerais, até 25% da MS, proporcionou os maiores aumentos no teor de
cinzas das silagens. A silagem de bagaço puro apresentou teor de cinzas
estimado em 1,13% e a silagem de bagaço com a inclusão de 6% de melaço
atingiu teor de 3,76%.
93
A varredura de leite em proporcionou a obtenção de silagens com
teores de cinzas na MS variando de 0,94 a 2,20%, com o bagaço puro e com a
inclusão de 4,5% do aditivo, respectivamente.
O soro de queijo promoveu elevação no teor de cinzas na silagem
quando utilizado até a dose de 8,6%, quando se obteve o valor máximo de
1,13%. A adição de doses superiores promoveu redução no teor de cinzas. O teor
mais baixo foi obtido com a adição de 15% de soro, que proporcionou teor de
0,73% na MS.
A inclusão da ponta de cana proporcionou aumento no teor de cinzas na
MS das silagens, que passou de 1,06% na silagem de bagaço puro para 1,72% na
silagem com 11% de ponta de cana. A inclusão em doses mais elevadas
acarretou uma redução no teor de cinzas da silagem, atingindo 1,29% com a
inclusão de 20% de ponta de cana. A ponta de cana utilizada apresentou teor de
3,84% de cinzas na MS e esperava-se que a adição em níveis mais elevados
contribuísse para elevar o teor de cinzas na silagem de forma linear.
A capacidade tampão é um parâmetro que influencia a qualidade final da
silagem por ser um dos determinantes da velocidade de redução do pH. A CT
média do bagaço foi baixa para todos os aditivos, sendo que o menor valor foi
obtido quando se utilizou a uréia, com média de 1,02 eq.mgHCl/100g MS. Este
resultado contraria os obtidos por outros autores, que relatam uma alta
capacidade tamponante da uréia. A varredura de leite em e a ponta de cana
apresentaram os valores médios mais elevados, com 2,78 e 2,80 eq.mgHCl/100g
MS, respectivamente.
As doses dos aditivos influenciaram (P<0,05) a capacidade tampão (CT)
do bagaço de cana (Anexo B). A análise de regressão apresentou efeito linear
para os veis de melaço e varredura de leite em e efeito quadrático para os
níveis de uréia, soro de queijo e ponta de cana na CT no material original, antes
da ensilagem (figura 7).
94
Ŷ = 1,252 - 0,886x + 0,5x2
R2 = 54,52
0,5
0,8
1,1
1,4
0 0,5 1 1,5
dose de uréia (%)
CT
Ŷ = 1,259 + 0,297x
R2 = 99,06
1,2
1,7
2,2
2,7
3,2
0 2 4 6
dose de melaço (%)
CT
Ŷ = 1,506 + 0,5673x
R2 = 95,44
1
2
3
4
0 1,5 3 4,5
dose de varredura (%)
CT
Ŷ = 21,286 + 0,2892x -0,0136x
R2 = 92,22
1
1,5
2
2,5
3
0 5 10 15
dose de soro de queijo (%)
CT
Ŷ = 1,2381 + 0,3168x
R
2
= 98,93
1
1,5
2
2,5
3
3,5
0 5 10 15 20
dose de ponta de cana (%)
CT
FIGURA 7. Efeito das doses dos aditivos uréia, melaço, varredura de leite em
pó, soro de queijo e ponta de cana na capacidade tampão no
bagaço de cana
95
A capacidade tampão estimada do bagaço puro foi de 1,25 eq.mg
HCl/100g MS, e com a aplicação de 0,5 e 1,0% de uréia houve redução nesse
parâmetro, com valores respectivos de 0,93 e 0,87, aumentando com a adição de
1,5% de uréia até 1,05 eq.mg HCl/100g MS. Esperava-se que a inclusão de
doses crescentes de uréia no bagaço resultasse em aumento da capacidade
tampão, pois, de acordo com Nussio & Schmidt (2004), a inclusão de doses
superiores a 1% da MV na silagem de cana pode elevar as perdas de forragem
deteriorada no silo, possivelmente em virtude do alto tamponamento apresentado
por esse aditivo. O baixo poder tampão do bagaço provavelmente foi
determinado pelo teor de açúcares totais (16,4% na MS), pelo baixo teor
protéico (2,0%) e pelo elevado teor de MS (51,70%).
Avaliando silagens de cana, Lima et al. (2002) não observaram diferença
significativa na capacidade tampão da cana pura e cana adicionada de 0,5 e 1,5%
de uréia. A inclusão de 1% de uréia, entretanto, elevou a capacidade tampão da
forragem para 8,48 eq.mg HCl/100g MS, um valor ainda considerado baixo.
Segundo esses autores, na silagem de cana a CT não será um fator limitante,
uma vez que se relaciona com a proporção de açúcares que, na cana, é
extremamente favorável.
A adição de doses crescentes de melaço elevou linearmente a capacidade
tampão do bagaço de 1,26 a 3,04 eq.mg HCl/100g MS. A adição de varredura de
leite em pó também promoveu aumento linear na CT da forragem, que variou de
1,51 a 4,06 eq.mg HCl/100g MS, sendo este último o maior valor obtido entre
todas as misturas de bagaço com aditivos avaliadas.
A inclusão de soro de queijo até 10,6% da MV do bagaço promoveu
uma elevação da CT estimada de 1,29 até 2,82 eq.mg HCl/100g MS; com a
inclusão de 15%, esse valor diminuiu para 2,70 eq.mg HCl/100g MS. As
alterações na CT foram semelhantes quando se utilizou a ponta de cana como
aditivo. No bagaço sem ponta de cana a CT foi de 1,24, e com a inclusão da dose
96
14,4% de ponta, esse valor se alterou para 3,52 eq.mg HCl/100g MS, o mais alto
para a ponta de cana.. A inclusão de 20% de ponta promoveu redução na CT
para 3,17 eq.mg HCl/100g MS.
A baixa CT do bagaço é reforçada pelos valores de pH que
permaneceram baixos, indicando que não houve resistência do meio à queda do
pH, independentemente dos aditivos e dos níveis utilizados. A baixa capacidade
tampão e a proporção de açúcar residual no bagaço (16,4% de açúcares totais na
MS), somada à proporcionada por alguns aditivos, podem ter sido favoráveis à
queda do pH para níveis desejáveis.
Todos os aditivos contribuíram para a obtenção de silagens com valores
médios de pH baixos. Os valores médios de pH de todas as silagens de bagaço,
inclusive aquelas contendo uréia, situaram-se entre 3,58 e 3,88 (tabela 5).
Não houve efeito da dose de varredura de leite em pó no pH nas silagens
(Anexo B). Houve efeito linear dos níveis dos aditivos uréia, soro de queijo e
ponta de cana e efeito quadrático do melaço no pH (P<0,05). Na figura 8
encontram-se as equações de regressão para o pH nas silagens em função dos
níveis de aditivos.
Ŷ = 3,665 + 0,28x
R2 = 99,09
3,5
3,7
3,9
4,1
0 0,5 1 1,5
dose de uréia (%)
pH
Ŷ = 3,6545 + 0,1173x -0,0106x2
R2 = 99,38
3,6
3,7
3,8
3,9
4
0 2 4 6
dose de melaço (%)
pH
FIGURA 8. Efeito das doses dos aditivos uréia, melaço, soro de queijo e ponta
de cana na capacidade tampão no bagaço de cana (...continua...)
97
FIGURA 8. Cont.
Ŷ = 3,64 - 0,018x + 0,0008x2
R2 = 75,31
3,5
3,54
3,58
3,62
3,66
0 5 10 15
dose de soro (%)
pH
Ŷ = 3,653+ 0,0113x - 0,0003x2
R2 = 84,26
3,64
3,68
3,72
3,76
0 5 10 15 20
dose de ponta (%)
pH
Embora a maior capacidade tampão tenha sido obtida no bagaço com
0% de uréia, à medida que aumentou o vel de uréia, aumentou o pH nas
silagens de bagaço de 3,67 a 4,09 da dose 0 a 1,5% de inclusão de uréia. Porém,
a diferença do maior valor para o menor foi de apenas 0,42 unidades. Esses
valores são considerados baixos para silagens produzidas com adição de uréia e
reforçam a afirmação de Veiga (1974) de que os aumentos no pH são mais
evidentes nos níveis mais altos de adição de uréia.
Em trabalho realizado por Lima et al. (2002), a uréia influenciou o pH
nas silagens, o qual variou de 3,39 na silagem de cana pura para 3,78 quando foi
utilizada a dose 0,5% de uréia e para 3,75 com as doses 1 e 1,5% de uréia.
A inclusão de doses crescentes de melaço promoveu pequena elevação
no pH nas silagens, o qual variou de 3,65 na silagem pura para 3,98 na silagem
com 5,5% de melaço. Estes resultados contradizem a afirmação de autores
citados por Veiga (1974) de que o melaço frequentemente aumenta a acidez da
silagem.
Houve pequenas alterações no pH das silagens com a utilização de doses
crescentes dos aditivos soro de queijo e ponta de cana. Com o soro de queijo, o
98
pH nas silagens variou de 3,64 na silagem de bagaço puro a 3,53 com a inclusão
de 11,25% de soro, que proporcionou o valor mais baixo. A ponta de cana
revelou um baixo poder tampão, contribuindo para a produção de silagens com o
pH de 3,65 quando se utilizou o bagaço puro e 3,76 com a inclusão de 18,9% de
ponta de cana. Embora a varredura de leite em e a ponta de cana tenham
proporcionado as mais elevadas capacidades tampão, com médias de 2,78 e 2,80
eq.mgHCl/100g MS, respectivamente, a diferença de pH entre as silagens
produzidas com esses aditivos foi muito pequena.
Fibra em detergente neutro, fibra em detergente ácido, celulose,
hemicelulose e lignina
A análise de variância evidenciou efeito significativo dos aditivos
(P<0,05) nos teores de FDN, FDA, celulose, hemicelulose e lignina, tanto no
material original como nas silagens (Anexo B), e os valores obtidos encontram-
se na tabela 6.
TABELA 6. Teores médios de fibra insolúvel em detergente neutro (FDN), fibra
insolúvel em detergente ácido (FDA), celulose, hemicelulose e
lignina no material original e nas silagens de bagaço de cana com
aditivos (...continua...)
MATERIAL ORIGINAL
FDN FDA Celulose Hemicel.. Lignina
Tratamento
% da MS
Uréia 75,26 b 48,86 b 37,65 b 26,40 a 11,59 b
Melaço 70,93 a 45,35 a 35,29 a 25,58 a 9,27 a
Varredura leite 74,32 b 48,40 b 37,59 b 25,92 a 11,18 b
Soro de queijo 79,41 c 52,47 c 38,11 b 26,94 a 13,49 d
Ponta cana 78,32 c 47,89 b 35,54 a 30,43 b 12,20 c
CV % 1,97 3,74 5,08 6,30 8,20
99
TABELA 6. Cont.
SILAGEM
FDN FDA Celulose Hemicelulose Lignina
Tratamento
% da MS
Uréia 75,84 c 50,45 d 36,78 c 25,39 b 14,14 c
Melaço 70,71 b 45,67 b 31,54 a 25,04 b 14,73 c
Varredura leite 67,20 a 44,78 b 31,05 a 22,42 a 13,57 c
Soro de queijo 70,24 b 48,38 c 34,82 b 21,86 a 11,95 b
Ponta de cana 66,17 a 41,38 a 31,48 a 24,80 b 9,48 a
CV % 3,24 4,04 5,65 10,28 11,58
Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente ao nível de
5% pelo teste de Scott Knott (P>0,05)
O bagaço adicionado de melaço apresentou o mais baixo teor de FDN,
com média de 70,93% na MS antes da ensilagem. Esse efeito pode ser devido à
diluição, uma vez que a inclusão dos aditivos foi feita com base na MV, e o
bagaço apresentando 50% de MS significa que a dose 6% de melaço na MV
corresponde a 12% na MS, de um composto altamente solúvel. O bagaço com
varredura de leite em ou uréia apresentou teores intermediários, com valores
médios respectivos de 74,32 e 75,26%. Com a ponta de cana ou soro de queijo
observaram-se as maiores concentrações de FDN na MS, com médias de 78,32 e
79,41%, respectivamente.
Analisando o efeito das doses dos aditivos, observa-se que houve efeito
das doses de uréia, melaço e varredura de leite em (P<0,05) no teor de FDN
no bagaço (Anexo B), com resposta linear às doses de inclusão de uréia e
varredura e quadrática para o melaço (figura 9).
100
Ŷ = 79,313 - 5,404x
R2 = 97,13
70
72
74
76
78
80
0 0,5 1 1,5
dose de uréia (%)
teor de FDN (%)
Ŷ = 78,615 - 4,8872x + 0,4981x2
R2 = 99,91
64
68
72
76
80
0 2 4 6
dose de melaço (%)
teor de FDN (%)
Ŷ = 81,327 - 3,1153x
R2 = 95,71
64
70
76
82
0 1,5 3 4,5
dose de varredura (%)
teor de FDN (%)
FIGURA 9. Efeito da dose dos aditivos uréia, melaço e varredura de leite em
no teor de FDN no bagaço de cana
À medida que se aumentaram as doses de uréia e varredura de leite em
pó, reduziram-se os teores de FDN no bagaço, o que era esperado, pois esses
aditivos não apresentam fibra em sua composição. A inclusão de 1,5% de uréia
proporcionou teor de 71,21% de FDN na MS. O melaço e a varredura
proporcionaram teores de FDN inferiores a 70% na MS, sendo que, para a
varredura, o teor mais baixo (67,31%) foi obtido com a dose mais alta, de 4,5%
na MV. Para o melaço, o teor mais baixo de FDN (66,63%) foi obtido com a
101
dose 4,9%. Por ser um composto altamente solúvel, era esperado que o melaço
promovesse redução linear no teor de FDN no bagaço, por efeito de diluição.
Comparando o material original e a silagem, observou-se que os teores
de FDN não foram alterados com a ensilagem do bagaço aditivado com uréia e
melaço e foram reduzidos em 7,12; 9,17 e 12,15 unidades porcentuais com a
ensilagem do bagaço com varredura de leite em pó, soro de queijo e ponta de
cana, respectivamente. A redução na FDN pode ter sido ocasionada pela
hidrólise da hemicelulose, o que é interessante, pois de acordo com Van Soest
(1982), este parâmetro correlaciona-se negativamente com ingestão da MS pelos
animais. Os resultados obtidos neste trabalho diferem dos obtidos por Pedroso
(2003) quando avaliou silagens de cana-de-açúcar, as quais apresentaram
maiores concentrações dos componentes da fibra e redução nos teores de MS em
relação ao material original antes da ensilagem. O autor atribuiu a maior
concentração dos componentes da fibra na MS das silagens à perda de CS, na
forma de gases, durante a fermentação, uma vez que as modificações no
processo fermentativo podem reduzir o teor de MS, como conseqüência da
produção da “água de metabolismo”, e aumentar a porcentagem de FDN na MS.
Segundo Van Soest (1994), a fração fibrosa do material ensilado pode
ser acrescida porcentualmente em condições de intensa formação de efluentes
durante o processo fermentativo, no qual os componentes solúveis em água são
reduzidos proporcionalmente ao aumento nos constituintes da parede celular.
Entretanto, as silagens de bagaço apresentaram alto teor de MS e não ocorreu a
formação de efluentes. Segundo Merchen & Bourquin, citados por Freitas et al.
(2006), o método de conservação normalmente tem pouco efeito na composição
dos carboidratos estruturais das forragens.
Freitas et al. (2006) também observaram maiores concentrações dos
componentes da fibra e redução nos teores de MS nas silagens de cana em
relação ao material original. Entretanto, a elevada concentração de açúcares
102
solúveis e os baixos teores de matéria seca na cana-de-açúcar favorecem o
desenvolvimento de leveduras que convertem açúcares em álcool etílico e gás
carbônico, promovendo perdas significativas de MS.
Houve efeito da dose dos aditivos (P<0,05) no teor de FDN nas silagens,
exceto para o soro (Anexo B). Houve resposta linear (P<0,05) com a adição de
uréia e resposta quadrática com a inclusão de melaço, varredura de leite em pó e
ponta de cana (figura 10).
Ŷ = 79,429 - 4,782x
R2 = 98,33
71
73
75
77
79
81
0 0,5 1 1,5
dose de uréia (%)
teor de FDN (%)
Ŷ = 71,33 + 0,856x - 0,228x2
R2 = 39,04
66
68
70
72
74
76
0 2 4 6
dose de melaço (%)
teor de FDN (%)
Ŷ = 69,695 + 1,2167x - 0,6644x2
R2 = 86,62
60
64
68
72
0 1,5 3 4,5
dose de varredura (%)
teor de FDN (%)
Ŷ = 73,063 - 1,220x + 0,0377x2
R
2
= 99,62
62
66
70
74
0 5 10 15 20
dose de ponta (%)
teor de FDN (%)
FIGURA 10. Efeito da dose dos aditivos uréia, melaço, varredura de leite em pó
e ponta de cana no teor de FDN nas silagens de bagaço de cana
103
A uréia reduziu a FDN nas silagens de 79,43% (0% de uréia) para
72,26% (1,5% de uréia). Carvalho et al. (2006) também observaram redução
linear no teor de FDN no bagaço com o aumento das doses de uréia. Os teores
de FDN encontrados por esses autores na MS do bagaço foram 78,1; 71,3; 64,4 e
57,6% para as respectivas doses de 0; 2,5; 5,0 e 7,5% de uréia, o que
corresponde à redução respectiva de cerca de 5,19; 18,85 e 24,87% no conteúdo
de FDN em relação ao bagaço não tratado.
Nascimento et al. (1999) não observaram efeito da incubação com uréia
líquida a 5% no teor de FDN no bagaço de cana conservado em silos durante 10,
20 e 30 dias. Por outro lado, Souza Gesualdi et al. (2001) estudaram o bagaço da
cana-de-açúcar tratado com amônia anidra, uréia e sulfato de amônio e
verificaram que as fontes de amônia promoveram decréscimo no teor de fibra
em detergente neutro do bagaço e redução no teor de hemicelulose do
subproduto.
A inclusão de 0,5% de uréia na silagem de cana, por Lima et al. (2002),
não proporcionou diferença nos teores de FDN comparativamente à silagem de
cana pura, mas houve redução no teor de FDN quando a cana foi ensilada com
1% e 1,5% de uréia, sendo o menor valor obtido com a inclusão de 1%.
Embora a análise de variância tenha indicado efeito da dose de melaço
no teor de FDN nas silagens, a equação não foi significativa e o coeficiente de
determinação foi baixo. As silagens apresentaram teores de FDN estimados pela
equação de regressão de 72,13% (1,88% de melaço) a 68,26% (6% de melaço).
A varredura de leite em pó, na dose 4,5% na MS, proporcionou silagens
com o mais baixo teor de FDN, com 61,72% na MS, que é um valor muito bom
por se tratar de silagem de bagaço de cana. Por ser um composto livre de fibra,
era esperado que a adição de doses crescentes de varredura causasse redução
linear no teor de FDN nas silagens. O teor máximo de FDN (70,25%) foi obtido
com a inclusão de 0,92% de varredura, estimado pela equação de regressão.
104
A ponta de cana utilizada apresentou teor de FDN de 64,94% e foi o
aditivo responsável pelas maiores diferenças no teor de FDN nas silagens, sendo
registrados 73,06% na silagem de bagaço puro, que foi o maior valor, e 63,20%
com a dose de 16%, sendo os valores estimados pela equação de regressão.
No material original, o teor médio de FDA foi mais baixo com a mistura
bagaço melaço (45,35%) e mais alto com o soro de queijo (52,47%). Não houve
diferença significativa na FDA entre as misturas do bagaço com uréia (48,86%),
varredura de leite em pó (48,4%) e ponta de cana (47,89%).
Houve efeito da dose dos aditivos no teor de FDA apenas no bagaço
aditivado com melaço e varredura de leite em pó, com resposta quadrática aos
níveis de melaço e linear aos níveis de varredura (figura 11).
Ŷ = 50,423 - 3,7658x + 0,4444x2
R2 = 99,94
39
42
45
48
51
0 2 4 6
dose de melaço (%)
teor de FDA (%)
Ŷ = 53,793 + -2,3947x
R2 = 95,00
42
46
50
54
0 1,5 3 4,5
dose de varredura (%)
teor de FDA (%)
FIGURA 11. Efeito das doses dos aditivos melaço e varredura de leite em pó no
teor de FDA no bagaço de cana
O melaço na dose 4,24% proporcionou o menor teor de FDA, com
42,45% na MS, sendo a dose mais indicada para obtenção de um bagaço com
menor teor de FDA. À medida que se aumentou a dose de varredura, reduziu o
105
teor de FDA, sendo registrado o teor de 43,02% com a inclusão de 4,5% de
varredura ao bagaço.
A uréia promoveu um aumento de 1,59 unidades porcentuais no teor
médio de FDA quando se compararam o material original e a silagem, e foi o
aditivo que proporcionou silagens com o teor médio mais elevado dessa fração
(50,45%). Os resultados obtidos neste trabalho são contrários aos observados por
Nascimento et al. (1999), que verificaram que a incubação com uréia reduziu a
FDA no bagaço de cana.
O teor médio de FDA praticamente foi mantido quando se utilizou o
melaço como aditivo, e a varredura de leite em pó, o soro de queijo e a ponta de
cana promoveram reduções no teor médio de FDA após a ensilagem, com a
ponta de cana sendo responsável pela maior diferença, com redução de 6,51
unidades porcentuais. Wolford (1984) enfatiza que os carboidratos estruturais
têm importância muito pequena no processo de fermentação da silagem. Sendo
assim, as alterações na fração FDA podem ser decorrentes de variações em
outras frações, uma vez que os resultados são expressos em porcentagem na MS.
Nas silagens a ponta de cana se destacou, proporcionando o menor teor
médio de FDA (41,38%), e a uréia, o mais alto (50,45%). O melaço (45,67%) e
a varredura de leite em pó (44,78%) proporcionaram silagens com teores médios
semelhantes entre si e o soro de queijo originou silagens com média de 48,38%
de FDA na MS.
Houve efeito da dose dos aditivos no teor de FDA apenas nas silagens
produzidas com varredura de leite em e ponta de cana, com resposta
quadrática aos níveis (figura 12).
106
Ŷ = 43,954+ 4,396x - 1,151x2
R
2
= 88,68
40
42
44
46
48
50
0 1,5 3 4,5
dose de varredura (%)
teor de FDA (%)
Ŷ = 46,757 - 0,871x + 0,024x2
R2 = 97,94
38
41
44
47
0 10 20
dose de ponta (%)
teor de FDA (%)
FIGURA 12. Efeito das doses dos aditivos varredura de leite em e ponta de
cana no teor de FDA nas silagens de bagaço de cana
A inclusão de 4,5% de varredura de leite na silagem proporcionou
teor de FDA de 40,43%, sendo o menor valor obtido com esse aditivo.
As silagens produzidas com a ponta de cana apresentaram menor teor de
FDA com o nível de inclusão de 17%, com 38,87% na MS, estimado pela
equação de regressão. Com base nesses resultados, o uso da ponta de cana é
mais indicado que a varredura de leite em por ser um resto de cultura que se
encontra disponível no mesmo local que o bagaço.
Não houve efeito das doses de uréia no teor de FDA nas silagens. Souza
Gesualdi et al. (2001) também não verificaram alteração no teor de FDA do
bagaço em função dos níveis de uréia, diferentemente dos resultados obtidos por
Carvalho et al. (2006), que observaram redução linear no teor de FDA no bagaço
com o aumento das doses de uréia. Os teores de FDA encontrados por esses
autores na MS do bagaço amonizado foram de 49,0; 44,4; 39,6 e 34,9% para as
respectivas doses de 0; 2,5; 5,0 e 7,5% de uréia. Nascimento et al. (1999)
conservaram o bagaço de cana tratado com uréia líquida a 5% em pequenos silos
subterrâneos durante 10, 20 e 30 dias e observaram que a incubação com uréia
reduziu a FDA.
107
O bagaço antes da ensilagem, adicionado de melaço (35,29%) ou ponta
de cana (35,54%), apresentou os menores teores médios de celulose na MS. A
varredura de leite em pó, uréia e soro de queijo proporcionaram teores
semelhantes de celulose, com médias respectivas de 37,59%, 37,65% e 38,11%
na MS.
Não houve efeito das doses dos aditivos uréia, soro de queijo e ponta de
cana no teor de celulose no bagaço de cana (Anexo B). Para o melaço e
varredura de leite em pó, a regressão mostrou efeito linear negativo (figura 13).
y = -1,0105x + 38,324
R
2
= 0,9665
31
33
35
37
39
0 2 4 6
dose de melaço (%)
teor de celulose (%)
Ŷ = 40,432 - 1,2653x
R2 = 92,35
34
36
38
40
0 1,5 3 4,5
dose de varredura (%)
teor de celulose (%)
FIGURA 13. Efeito das doses dos aditivos melaço e varredura de leite em pó no
teor de celulose no bagaço de cana
À medida que se aumentaram as doses de melaço e varredura de leite em
pó, diminuíram os teores de celulose, o que pode ser devido a um efeito de
diluição. O uso de 6% de melaço e de 4,5% de varredura de leite em pó
proporcionou teores respectivos de celulose de 32,26 e 34,74% na MS.
A ensilagem promoveu redução no teor de celulose de todas as misturas,
comparativamente ao material original (tabela 5). As maiores diferenças foram
proporcionadas pelos aditivos varredura de leite em pó, ponta de cana e melaço,
108
com 6,54; 4,06 e 3,75 unidades porcentuais, respectivamente. O soro de queijo
causou redução de 3,29 unidades porcentuais e a uréia, apenas 0,87 unidades
porcentuais. Era esperado aumento no teor de celulose com a ensilagem, pois,
segundo McDonald et al. (1991) e Wolford (1984), os carboidratos estruturais
têm pouca participação no processo fermentativo.
Após ensilagem, os menores teores médios de celulose foram registrados
com o uso de varredura de leite em (31,05%), ponta de cana (31,48%) e
melaço (31,54%), os quais não diferiram estatisticamente entre si. A adição de
soro de queijo originou silagens com teor médio de 34,82% de celulose,
diferindo estatisticamente da silagem produzida com a uréia (36,78%), que
apresentou o teor mais elevado de celulose.
Para as silagens, houve efeito da dose dos aditivos apenas com a adição
de varredura de leite em pó e soro de queijo (Anexo B), com resposta quadrática
às doses de varredura e linear às doses de soro (figura 14).
Ŷ = 31,094 + 3,5557x -1,021x2
R
2
= 99,23
25
28
31
34
0 1,5 3 4,5
dose de varredura (%)
teor de celulose (%)
Ŷ = 31,342 + 0,4644x
R2 = 97,04
30
33
36
39
0 5 10 15
dose de soro (%)
teor de celulose (%)
FIGURA 14. Efeito das doses dos aditivos varredura de leite em e soro de
queijo no teor de celulose nas silagens de bagaço de cana
109
O porcentual de celulose nas silagens variou com a utilização da
varredura de leite em pó, o menor teor (26,42%) foi obtido com a maior dose e
o maior (34,18%), com a utilização de 1,7% de varredura.
As silagens produzidas com o soro de queijo tiveram comportamento
contrário, com o teor de celulose aumentado com o aumento da dose de
inclusão, variando de 31,14% com a dose 0% até 38,11% com a adição de 15%
de soro.
Não houve efeito da dose de uréia no teor de celulose da silagem, o que
é corroborado pelos resultados obtidos por Souza Gesualdi et al. (2001),
segundo os quais a análise de regressão não mostrou efeito das doses de uréia no
teor de celulose do bagaço amonizado. Sarmento et al. (1999) avaliaram o
bagaço de cana-de-açúcar tratado com uréia e observaram que não houve
alterações nas frações celulose e lignina, demonstrando que a amônia não causa
alterações nos constituintes da FDA.
Não houve diferença estatística entre os teores médios de hemicelulose
no material original adicionado de uréia, melaço, varredura de leite em pó e soro
de queijo. A inclusão de ponta de cana proporcionou material com teor mais
elevado de hemicelulose.
Houve efeito das doses dos aditivos com a utilização de uréia, melaço e
soro de queijo (Anexo B) no teor de hemicelulose no bagaço de cana. A análise
de regressão revelou efeito linear das doses de uréia e melaço e efeito quadrático
das doses de soro no teor de hemicelulose no bagaço (figura 15).
110
y = 30,079 - 4,902x
R2 = 92,62
21
23
25
27
29
31
0 0,5 1 1,5
dose de uréia (%)
teor de hemicelulose (%)
y = 27,979 - 0,8005x
R2 = 97,16
22
24
26
28
30
0 2 4 6
dose de melaço (%)
teor de hemicelulose (%)
Ŷ = 25,233 + 0,9105x -0,0585x2
R2 = 96,39
24
26
28
30
0 5 10 15
dose de soro de queijo (%)
teor de hemicelulose (%)
FIGURA 15. Efeito das doses dos aditivos uréia, melaço e soro de queijo no teor
de hemicelulose no bagaço de cana
À medida que se aumentaram as doses de uréia e melaço, diminuíram os
teores de hemicelulose no bagaço. A adição de 1,5% de uréia e 6% de melaço
proporcionou teores de 22,73 e 23,18% de hemicelulose no bagaço.
Com a adição de soro de queijo, os teores de hemicelulose no bagaço
foram praticamente iguais com as doses de inclusão de 0 e 15% (25,23 e
25,62%, respectivamente), que apresentaram os teores mais baixos. A inclusão
de 7,78% de soro proporcionou o teor mais elevado de hemicelulose no bagaço
(28,77% na MS).
111
A ensilagem promoveu redução nos teores médios de hemicelulose de
todos os tratamentos, o que pode ser devido à hidrólise ácida da hemicelulose
durante a fermentação. As maiores diferenças foram obtidas com o soro de
queijo, a ponta de cana e a varredura de leite em pó, com reduções respectivas
de 5,08; 5,63 e 3,5 unidades porcentuais. A uréia promoveu uma redução de
1,01e o melaço de 0,54 unidades porcentuais. A baixa redução na hemicelulose
com o uso do melaço pode ser devida ao fato de o melaço ter servido de
substrato para as bactérias, não necessitando da quebra da hemicelulose.
Após a ensilagem, os teores mais baixos de hemicelulose foram obtidos
com a varredura de leite em e o soro de queijo, com médias respectivas de
22,42 e 21,86%, as quais diferiram estatisticamente das médias obtidas com a
uréia, o melaço e a ponta de cana.
Quanto aos teores de hemicelulose nas silagens, houve efeito das doses
do aditivo apenas com a utilização da uréia (Anexo B). A análise de regressão
revelou efeito linear das doses de uréia no teor de hemicelulose nas silagens de
bagaço de cana (figura 16).
Ŷ = 29,012 - 4,836x
R2 = 95,88
20
23
26
29
32
0 0,5 1 1,5
dose de uréia (%)
teor de hemicelulose (%)
FIGURA 16. Efeito das doses de uréia no teor de hemicelulose nas silagens de
bagaço de cana
112
Com a utilização de níveis crescentes de uréia, o teor de hemicelulose na
MS nas silagens foi reduzido, variando de 28,46% com a dose 0% a 21,17%
com 1,5% de inclusão, observando-se uma queda de 7,29 unidades porcentuais.
Em trabalho desenvolvido por Sarmento et al. (1999), a amonização do bagaço
de cana-de-açúcar utilizando uréia resultou na diminuição da hemicelulose.
Resultados semelhantes foram obtidos por Souza Gesualdi et al. (2001), que
observaram redução linear no teor de hemicelulose com a elevação dos níveis de
uréia no bagaço amonizado. Esses autores atribuíram a redução a uma provável
solubilização da hemicelulose, cujos teores variaram de 35% na MS do bagaço
sem tratamento até 30,12% no tratamento com 4% de uréia. Lima et al. (2002)
obtiveram resultados inversos trabalhando com silagem de cana, uma vez que a
adição de uréia promoveu elevação no teor de hemicelulose, que variou de
4,55% na silagem de cana pura até 14,81% com a inclusão de 1,5% de uréia.
No material original, antes da ensilagem, o melaço destacou-se como o
aditivo que proporcionou o menor teor médio de lignina na MS (9,27%), à
semelhança do que ocorreu com os teores de FDN e FDA, e o soro de queijo,
como o mais elevado (13,49%).
Não houve efeito das doses dos aditivos (P<0,05) no teor de lignina no
bagaço acrescido de uréia, soro e ponta de cana (Anexo B). Com a análise de
regressão, observou-se efeito quadrático das doses de melaço e linear
(P<0,05) das doses de varredura no teor de lignina no bagaço de cana (figura
17).
113
Ŷ = 10,752 - 2,2415x +
0,3688x2
R2 = 1
6
8
10
12
0 2 4 6
dose de melaço (%)
teor de lignina (%)
Ŷ = 11,546 + 0,594x - 0,2156x2
R2 = 91,85
9
10
11
12
13
0 1,5 3 4,5
dose de varredura (%)
teor de lignina (%)
FIGURA 17. Efeito das doses de melaço e varredura de leite em pó no teor de
lignina no bagaço de cana
Com a adição de melaço, a dose de 3,04% proporcionou o mais baixo
teor de lignina no bagaço, com 7,35% na MS. O teor mais elevado foi obtido na
ausência de melaço com 10,75% na MS.
À medida que aumentou a dose de varredura até 1,38%, aumentou o teor
de lignina no bagaço, até atingir 11,96%, que foi o maior valor obtido com o uso
desse aditivo. Com a inclusão de 4,5% de varredura, registrou-se o mais baixo
teor, com 9,85% de lignina na MS no bagaço. O melaço se mostrou mais
eficiente que a varredura na redução do teor de lignina, sendo mais indicado para
inclusão no bagaço.
Nas silagens, o menor teor médio foi obtido com o uso da ponta de cana,
com 9,48% de lignina, e a uréia, o melaço e a varredura de leite em pó
proporcionaram teores estatisticamente iguais, com 14,14; 14,73 e 13,57% de
lignina na MS, respectivamente. A silagem com soro de queijo apresentou teor
intermediário de lignina, com 11,95% na MS.
Houve efeito da dose dos aditivos (P<0,05) no teor de lignina nas
silagens produzidas com soro e ponta de cana (Anexo B). Com a análise de
114
regressão observou-se efeito linear (P<0,05) das doses de soro e quadrático
das doses de ponta de cana no teor de lignina nas silagens de bagaço de cana
(figura 18).
Ŷ = 12,958 - 0,1574x
R2 = 53,80
9
11
13
0 5 10 15
dose de soro (%)
teor de lignina (%)
Ŷ = 14,782 - 0,9968x + 0,0326x2
R2 = 98,07
6
9
12
15
0 5 10 15 20
dose de ponta (%)
teor de lignina
FIGURA 18. Efeito das doses de soro de queijo e ponta de cana no teor de
lignina no bagaço de cana
O soro de queijo proporcionou redução no teor de lignina nas silagens de
bagaço de cana. Na ausência de soro, o teor de lignina foi de 13,45%, e com a
inclusão de 15% de soro, o teor foi reduzido para 10,46% na MS. Porém, o
coeficiente de determinação foi muito baixo.
A ponta de cana foi o aditivo que propiciou silagens com os mais baixos
teores de lignina, uma vez que a silagem pura apresentou 14,78% de lignina e a
inclusão de 15,29% de ponta reduziu o teor para um mínimo de 7,16% na MS. A
inclusão de veis superiores a 6% de ponta de cana proporcionou silagens com
teores de lignina inferiores a 8% na MS. A redução nesse parâmetro com a
adição dos níveis crescentes de ponta era esperada, uma vez que esse aditivo
apresentou teor de 7,89% de lignina; porém, a redução foi maior que a suposta.
115
A ensilagem do bagaço com ponta de cana promoveu as maiores perdas de MS,
mas promoveu redução nos teores de FDN, FDA, celulose, hemicelulose e
lignina. Deve-se considerar também que a ponta de cana é um resíduo que se
encontra no mesmo local que o bagaço e na maioria das vezes é descartado.
Não houve efeito da uréia no teor de lignina nas silagens. Em trabalho
realizado por Nascimento et al. (1999), a hidrólise com uréia também não se
mostrou eficiente em reduzir os teores de lignina no bagaço de cana tratado com
uréia líquida a 5% e conservado em silos durante 10, 20 e 30 dias e, ao contrário
do desejado, o teor de lignina no bagaço de cana aumentou aos 10 e aos 30 dias
de incubação.
Degradabilidade in situ das silagens de bagaço de cana puro ou tratado com
aditivos
Foi avaliada a degradabilidade in situ da MS de silagens de bagaço
produzidas com 1% de uréia, 4% de melaço, 1% de uréia associada a 4% de
melaço, 10% de soro de queijo, 3% de varredura de leite em pó ou 15% de ponta
de cana. Os parâmetros “a” (fração solúvel), “b” (fração potencialmente
degradável) e “c” (taxa de degradação da fração “b”), a degradabilidade efetiva,
a degradabilidade potencial e a fração indegradável nas silagens avaliadas,
adotando a taxa de passagem de 5%/h, são apresentados na tabela7.
116
TABELA 7. Valores da fração solúvel (a), fração insolúvel potencialmente
degradável (b), taxa de degradação da fração b (c),
degradabilidades efetiva e potencial e fração indegradável da
matéria seca de silagens de bagaço de cana-de-açúcar (SBC) com
aditivos
Coeficientes Degradabilidade (%)
Silagens a
(%)
b
(%)
c
(hora
-1
)
Efetiva
(k=5%/h)
Potencial
Fração
Indegrad.
(%)
SBC Puro 9,89 a 24,05 a 0,04 a 19,32 a 33,94 a 66,06 a
SBC 1% uréia (U) 16,82 b 23,10 a 0,03 a 25,10 b 39,93 a 60,07 a
SBC 4% melaço (M) 21,92 c 23,25 a 0,03 a 29,76 c 45,18 a 54,82 a
SBC 1% U 4% M 24,44 d 23,58 a 0,03 a 32,39 d 48,02 a 51,98 a
SBC 10% soro queijo 10,10 a 23,80 a 0,03 a 18,38 a 40,56 a 59,44 a
SBC 3% varredura 15,46 b 23,02 a 0,03 a 24,18 b 38,48 a 61,52 a
SBC 15% ponta 11,18 a 26,34 a 0,04 a 22,95 b 37,52 a 62,48 a
CV(%) 6,22 9,16 20,34 5,31 12,58 8,57
Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente ao
nível de 5% pelo teste de Scott Knott.
Houve diferença estatística (P<0,05) para a fração solúvel e
degradabilidade efetiva da matéria seca nas silagens de bagaço de cana com
aditivos (Tabela 7). A fração solúvel representa o tempo zero e está relacionada
à presença de carboidratos solúveis no bagaço de cana, sendo desejáveis valores
mais altos para essa fração.
A silagem produzida com a associação de 1% de uréia e 4% de melaço
apresentou a maior fração solúvel “a”, com 24,44%, e a maior degradabilidade
efetiva da MS, com 32,39%. Martins et al. (2001) obtiveram um valor bem
inferior para o bagaço de cana cru, com apenas 5,27% de fração solúvel,
enquanto Calixto et al. (2003) obtiveram, para o bagaço de cana cru, uma fração
117
“a” de 13,7%, superior à obtida neste trabalho com a silagem de bagaço puro
(9,89%).
A associação dos aditivos permitiu um aumento de 14,66 unidades
porcentuais na fração “a” em relação à silagem de bagaço puro, que apresentou
9,89% de fração solúvel, o que pode ser justificado pelo aporte de energia e N ao
rúmen. O nível de uréia altera a quantidade de MS insolúvel degradada no
rúmen, uma vez que os microrganismos ruminais utilizam principalmente N-
NH
3
para sintetizar suas próprias proteínas e se multiplicarem, o que beneficiaria
principalmente bactérias celulolíticas, cujo aumento da população resultaria
numa maior degradação (Machado & Madeira, 1992).
O melaço, na dose 4%, contribuiu para aumentar a fração solúvel e a
degradabilidade efetiva da MS das silagens de bagaço de cana, com valores
respectivos de 21,92 e 29,76%, mostrando-se inferior apenas à silagem
produzida com a associação uréia e melaço.
As silagens com 1% de uréia ou 3% de varredura de leite em não
diferiram quanto à fração solúvel “a”, apresentando coeficientes de 16,82 e
15,46%, respectivamente, e degradabilidade efetiva da MS com valores
respectivos de 25,10 e 24,18%, a qual também foi semelhante à silagem com
15% de ponta de cana, com 22,95%.
A inclusão de 10% de soro de queijo e 15% de ponta de cana o
contribuiu para aumentar a fração solúvel da matéria seca nas silagens, cujos
valores respectivos foram de 10,10 e 11,18%, semelhantes à silagem de bagaço
puro, com 9,89%. O soro de queijo foi o aditivo que proporcionou a mais baixa
degradabilidade efetiva da MS, com 18,38%, semelhante à silagem de bagaço
puro, com 19,32%.
Todas as silagens avaliadas neste trabalho apresentaram valores de
degradabilidade efetiva, na taxa de passagem de 5%/h, superiores aos obtidos
118
por Calixto et al. (2003) e Pires et al. (2004a), que atribuíram ao bagaço de cana
de alambique degradabilidade de 16,7 e 13,69%, respectivamente.
As silagens não diferiram (P>0,05) quanto às frações “b”, que representa
a fração insolúvel potencialmente degradável, e “c”, que representa a taxa de
degradabilidade por ação fermentativa da fração b”, que é expressa em %/hora.
Porém, o coeficiente de variação obtido para a fração “c” foi alto (20,34%). Os
valores registrados para a fração “b” variaram de 23,02 a 26,34%, sendo
superiores ao encontrado por Calixto et al. (2003), com 17,8%, e inferiores ao
obtido por Martins et al. (2001), com 36,04%. Para a fração “c”, os valores
obtidos nas silagens foram de 3 ou 4%/h, semelhantes ao obtido por Martins et
al. (2001), de 3,96%/h, e bem superiores ao valor registrado por Calixto et al.
(2003), com 1%/h.
Também não houve diferença estatística (P>0,05) entre as silagens
quanto à degradabilidade potencial e à fração indegradável. Entretanto, a
silagem constituída de bagaço de cana com 1% de uréia e 4% de melaço
apresentou tendência de maior degradabilidade potencial da MS, com 48,02%, o
que corresponde a um aumento de 14,08 unidades porcentuais em relação à
silagem de bagaço puro, com 33,94%, que foi o menor valor registrado. O
coeficiente de variação foi alto (12,56%). Pires et al. (2004a), avaliando o
bagaço de cana de alambique, e Calixto et al. (2003), avaliando o bagaço
proveniente da indústria, obtiveram uma degradabilidade potencial da matéria
seca de 38,3 e 35,3%, respectivamente.
A fração indegradável da silagem de bagaço puro foi a mais elevada
(66,06%), e a mais baixa foi obtida com a silagem de bagaço com 1% de uréia
associada a 4% de melaço (51,98%), no entanto consideradas estatisticamente
semelhantes. Calixto et al. (2003) registraram, para o bagaço de cana cru, 68,5%
de fração indegradável, valor semelhante ao obtido neste trabalho com a silagem
de bagaço de cana puro. Martins et al. (2001) obtiveram, para o bagaço, uma
119
fração indegradável de 58,69%, semelhante à obtida com a silagem de bagaço
acrescido de 1% de uréia (60,07%) e a silagem de bagaço com 10% de soro de
queijo (59,44%).
Na figura 19, pode-se observar a degradabilidade da MS estimada em
função dos tempos de incubação.
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
0 12 24 36 48 60 72 84 96
Tempo de incubão (horas)
Desaparecimento de MS (%)
Silagem 1 Silagem 2 Silagem 3 Silagem 4 Silagem 5
Silagem 6 Silagem 7
Silagem 1: bagaço de cana puro; silagem 2: bagaço de cana + 1% de uréia; silagem 3:
bagaço de cana + 4% de melaço; silagem 4: bagaço de cana + 1% de uréia + 4% de
melaço; silagem 5: bagaço de cana + 10% de soro de queijo; silagem 6: bagaço de cana
+ 3% de varredura de leite em pó; silagem 7: bagaço de cana + 15% de ponta de cana
FIGURA 19. Curvas de degradabilidade da matéria seca das silagens de bagaço
de cana-de-açúcar em função dos tempos de incubação
Calixto et al. (2003) observaram que a maior degradabilidade da MS do
bagaço cru ocorreu por volta das 120h de incubação.
120
A baixa digestibilidade do bagaço e das silagens de bagaço foi
confirmada por Abdalla et al. (1986a). A digestibilidade in situ do bagaço puro
foi de 25,75% da MS, e o valor máximo obtido foi para o bagaço tratado com
pressão e ensilado com 4% de uréia e 5% de NaOH, que apresentou
digestibilidade de 50,50% da MS.
Conceição et al. (1986) avaliaram a digestibilidade de rações compostas
por 90% de bagaço hidrolisado e obtiveram coeficiente de digestibilidade da MS
de 38,2% quando o bagaço foi conservado como silagem em superfície, durante
8 meses, e 49,4% quando usado logo após ser produzido. O bagaço hidrolisado
apresentou teores de FDN de 66,26% quando ensilado e 61,44% quando recém-
produzido.
CONCLUSÕES
A ensilagem do bagaço de cana com aditivos é eficiente na sua
conservação.
O uso da uréia é fundamental para elevar a PB e reduzir a FDN no
bagaço e na silagem de bagaço de cana.
O melaço promoveu efeito positivo na qualidade das silagens
produzidas, contribuindo para aumentar o teor de cinzas e reduzir os teores de
FDN no bagaço e nas silagens de bagaço.
A inclusão de ponta de cana promoveu redução nos teores de FDN,
FDA, celulose, hemicelulose e lignina no bagaço ensilado.
A silagem produzida com a associação de 1% de uréia e 4% de melaço
apresentou maior fração solúvel “a” e maior degradabilidade efetiva da MS.
121
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131
CAPÍTULO 4
SILAGENS DE BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR ADITIVADO COM
DIFERENTES DOSES DE URÉIA E MELAÇO
RESUMO
PEREIRA, Rosana Cristina. Silagens de bagaço de cana-de-açúcar aditivado
com diferentes doses de uréia e melaço. 2006. Tese (Doutorado em Zootecnia)
– Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.
Esta pesquisa teve como objetivo avaliar o bagaço de cana-de-açúcar
proveniente de alambique, ensilado com diferentes doses de uréia e melaço. O
experimento foi conduzido nas dependências do Departamento de Zootecnia da
Universidade Federal de Lavras, MG. A variedade de cana que gerou o bagaço
foi a RB825336. Para o preparo das silagens, o bagaço picado em partículas de 2
a 3 cm, e os aditivos foram pesados nas devidas proporções, sendo adotada a
diluição de 3 partes de água para 1 de aditivo, v/v. Os silos experimentais
utilizados foram canos de PVC. Utilizou-se o DIC em esquema fatorial 2 x 4,
com três repetições. Os fatores foram constituídos por quatro doses de uréia (0,
0,5, 1,0 e 1,5% da MV) e quatro doses de melaço (0, 2, 4 e 6% da MV). O
material original e as silagens foram avaliados quanto aos teores de matéria seca
(MS), proteína bruta (PB), cinzas, fibra em detergente neutro (FDN), fibra em
detergente ácido (FDA), celulose (CEL), hemicelulose (HEM) e lignina (LIG),
capacidade tampão (CT) e pH. Os dados obtidos foram submetidos à análise de
variância e as médias, comparadas pelo teste de Scott Knott a 5%. Todas as
silagens apresentavam aspecto bom e cheiro característico. Houve efeito da
interação uréia e melaço nos teores de MS, PB, cinzas, FDA, CEL, HEM, LIG,
CT e pH no material original e nas silagens de bagaço de cana. Houve efeito da
interação uréia e melaço no teor de FDN do material antes de ensilar, mas não
no teor de FDN das silagens. Os valores registrados para capacidade tampão do
bagaço foram baixos e as silagens apresentaram valores de pH inferiores a 4,2.
As diferenças nos teores de MS entre as silagens foram pequenas, porém aquelas
produzidas com a adição de 4 e 6% de melaço apresentaram teores de MS
inferiores a 41%, o que pode favorecer a compactação nos silos. À medida que
se aumentou a dose de uréia, aumentou o teor médio de PB do bagaço e das
silagens. A adição de 1% de uréia ao bagaço proporcionou silagens com teor de
proteína bruta acima de 7% da MS, promoveu redução nos teores de FDN, FDA,
hemicelulose e lignina, podendo ser indicada para a confecção de silagens em
132
associação com o melaço. O melaço na dose 4% propiciou redução nos teores de
PB, FDN, hemicelulose e lignina nas silagens
133
CHAPTER 4
ABSTRACT
PEREIRA, Rosana Cristina. Sugar cane silages added with different doses of
urea and molasses. Lavras: UFLA, 2006. (Thesis Doctorate in Animal
Science)
This work was designed to evaluate the sugar cane bagasse coming from
still, ensiled with different doses of urea and molasses. The experiment was
conducted in the dependencies of the Department of Animal Science of the
Federal University of Lavras, MG. The sugar cane variety which yielded the
bagasse was RB825336. For the making of the silages, the bagasse chopped in 5
mm particles and the additives were weighted at the due proportions, the dilution
of 3 parts of water to 1 of additive, v/v. as experimental silos, PVC pipes were
utilized. The CRD was utilized in a factorial scheme 2 x 4 with three replicates.
The factors consisted of four doses of urea (0, 0.5, 1.0 and 1.5% of FM) and four
doses of molasses (0, 2, 4 and 6% of FM). The original material and the silages
were evaluated as to the contents of dry mater (DM), crude protein (CP), ash,
neutral detergent fiber (NDF), acid detergent fiber (ADF), cellulose (CEL),
hemicellulose (HEM) and lignin (LIG), buffer capacity (BC) and pH. The data
obtained were submitted to the analysis of variance and the means compared by
Scott Knott’s test at 5%. All the silages presented good aspect and characteristic
smell. There was effect of the interaction urea and molasses on the contents of
DM, CP, ashes, ADF, CEL, HEM, LIG, BC and pH, in the original material and
in the cane bagasse silages. There was effect of the interaction urea and molasses
on the FDN content before ensiling, but not on the NDF content of the silages.
The values recorded for buffer capacity of bagasse were low and the silages
presented pH value inferior to 4.2. The differences in the DM contents among
the silages were low, but those produced with addition of 4 and 6% of molasses
presented DM contents inferior to 41%, which can support compaction in silos.
As the urea level was increased, the average CP content of the bagasse and the
silages increased PB of bagasse and silages. The addition of 1% de urea to
bagasse produced silages with a crude protein content above 7% of DM,
promoted reduction in the contents of NDF, ADF, hemicellulose and lignin, its
being able to be advisable for making of silages in association with molasses.
Molasses at the dose of 4% caused reduction in the contents of CP, NDF,
hemicellulose and lignin in silages. The association of 1% of urea and 4% of
molasses is advisable for obtaining high quality bagasse silages.
134
INTRODUÇÃO
O Brasil apresenta excelentes condições para a criação de ruminantes em
pastagens; porém, em determinada época do ano ocorre uma queda acentuada na
produção forrageira, causando uma dificuldade na obtenção de alimentos
volumosos. Desta forma, um dos maiores entraves ao desempenho zootécnico é
a falta de alimentos volumosos durante a estação seca, o que poderia ser
contornado com o uso de alimentos alternativos.
Coincidentemente, nesta época de escassez a oferta de resíduos oriundos
da cana-de-açúcar, após seu esmagamento nas moendas das indústrias e dos
alambiques, é abundante.
O estado de Minas Gerais destaca-se pela produção artesanal de
cachaça, atividade muitas vezes desenvolvida concomitantemente com a criação
de bovinos, em pequenas propriedades rurais, onde a exploração de atividades
complementares à produção da cachaça é uma alternativa interessante para o
produtor e sua família.
O bagaço da cana gerado nos alambiques pode ser uma opção viável
tecnicamente para alimentação animal, principalmente na época de falta de
alimentos volumosos. Embora possa ser utilizado na geração de energia, a maior
parte deste resíduo não é aproveitada, constituindo um problema sério de
contaminação ambiental. Além disso, esse bagaço merece ser estudado devido à
importância econômica regional da produção de cachaça, já que grande parte dos
produtores está concentrada nas regiões mais pobres do estado.
Entretanto, por ser um material de baixa estabilidade e sujeito a fungos,
torna-se necessária uma conservação adequada do bagaço. A ensilagem tem sido
usada como uma alternativa das mais eficientes para conservação de forragens e
poderá ser viável no armazenamento do bagaço.
135
O bagaço de cana é rico em parede celular e pobre em proteína e
minerais e artifícios devem ser usados a fim de melhorar seu valor nutritivo. O
uso de diferentes aditivos na ensilagem do bagaço de cana-de-açúcar
proveniente de alambiques pode melhorar a conservação e a qualidade do
ensilado.
Esta pesquisa teve como objetivo avaliar o bagaço de cana-de-açúcar
proveniente de alambique, ensilado com diferentes doses de uréia e melaço.
REFERENCIAL TEÓRICO
A idéia da utilização de alimentos não convencionais para ruminantes
vem ganhando espaço nos últimos anos, principalmente com o objetivo de
atender às dificuldades de pequenos produtores, para os quais muitas vezes o
custo de alimentação dos animais é um impedimento para a criação.
O aproveitamento de restos de culturas e subprodutos da agroindústria
tem se mostrado uma alternativa interessante e viável (Candido et al., 1999).
Dentre os possíveis alimentos alternativos estão os resíduos da cana-de-açúcar
de uma forma geral, cuja utilização na alimentação animal busca baixar o custo
de alimentação dos animais e ao mesmo tempo reduzir o impacto ambiental
oriundo do descarte destes resíduos.
Segundo Andrade (2001), desde 1532, quando a cultura da cana foi
introduzida no Brasil, ela tem proporcionado contribuições econômicas e sociais
muito grandes. É utilizada para produzir açúcar, álcool, aguardente e forragem,
além dos subprodutos como ponta de cana, bagaço, melaço, torta de filtro,
vinhaça e leveduras, os quais têm grande importância econômica.
136
No estado de Minas Gerais, a produção de cachaça artesanal é
tradicional, e a maioria dos alambiques encontra-se em pequenas propriedades,
onde também é comum a criação de gado. A associação dessas atividades é uma
forma de explorar melhor a terra e a mão-de-obra e aumentar a renda da
propriedade (Rodrigues Filho & Oliveira, 2002). Entretanto, a dificuldade de se
produzirem alimentos volumosos, em épocas secas, tem sido a principal
limitação imposta a muitos produtores. Esta época de escassez de alimento
coincide com a oferta abundante de subprodutos e resíduos oriundos do
processamento da cana-de-açúcar.
Segundo Herrada et al. (1999), a conservação dos resíduos da colheita
ou safra canavieira permite, além de contar com uma fonte de alimento para a
época da seca, dar um uso mais racional a esses subprodutos, com o objetivo de
aproveitá-los em toda sua potencialidade.
Grandes quantidades de bagaço são geradas, acarretando problemas de
armazenamento e de contaminação ambiental e a conservação adequada desse
material permitirá seu uso na alimentação animal. De acordo com Herrada et al.
(1999), para conservar forragens em ótimas condições existem
fundamentalmente 2 métodos: ensilagem e fenação. Assim, a ensilagem do
bagaço pode ser uma opção para amenizar este problema, uma vez que o bagaço
deteriora-se muito rapidamente durante a estocagem, havendo a necessidade de
desenvolver metodologias para melhor conservá-lo e manter ou melhorar seu
valor nutricional.
De acordo com Pereira & Reis (2001), o ideal para ensilagem é que a
forragem apresente teores de MS entre 35 e 45%, e para os teores entre 40 a
45%, é recomendável que a forragem seja picada em partículas menores, a fim
de se conseguir melhor compactação. A redução do tamanho de partícula garante
maiores densidades da silagem e menores perdas (Balsalobre et al., 2001).
137
No processo de ensilagem, o princípio de conservação da forragem é a
redução do pH pela fermentação dos açúcares solúveis da planta. O pH baixo
aumenta a taxa de hidrólise química de alguns polissacarídeos, como a
hemicelulose, que pode baixar o teor de fibra da forragem ensilada. Assim
sendo, as melhores forrageiras para ensilagem são aquelas com elevado teor de
açúcares solúveis (Nussio et al., 2002).
O bagaço in natura é um produto fibroso resultante do esmagamento da
cana-de-açúcar para obtenção de açúcar, álcool ou aguardente (Santana &
Souza, 1984). A composição da cana-de-açúcar, e conseqüentemente do bagaço,
é bastante variável. Diferenças na composição do bagaço podem ser devidas à
variedade da cana, à época do corte e à eficiência da extração do caldo (Silva,
1981).
As diferenças em qualidade entre as variedades de cana-de-açúcar
podem ser grandes (Gooding, 1982). Pate e Coleman, citados por Rodrigues &
Esteves (1992), analisaram 66 variedades de cana com 10 meses de idade e os
resultados mostraram diferenças consideráveis, observando-se, por exemplo,
uma variação de 43 a 68% de FDN e de 32 a 57% para açúcares totais. Andrade
et al. (2002a) avaliaram 60 cultivares de cana-de-açúcar com vistas à
alimentação animal e observaram efeito de cultivares para os componentes da
fibra, verificando variação de 56,25 a 35,79% nas porcentagens de FDN, de
35,55 a 21,14% em FDA, de 29,01 a 17,94% na celulose, de 23,87 a 11,15% na
hemicelulose e de 6,78 a 2,71% em lignina.
Carvalho et al. (2005) obtiveram, na análise bromatológica do bagaço de
cana in natura, teores de 30,8% de MS; 95,85% de MO; 1,40% de PB; 84,01%
de FDN; 63,82% de FDA; 0,61% de EE; 93,84% de carboidratos totais (CHT) e
9,83% de carboidratos não fibrosos (CNF).
Ao avaliarem o bagaço de cana-de-açúcar adquirido em usinas
produtoras de cachaça, localizadas no Município de Macarani, BA, Carvalho et
138
al. (2006) registraram teores de MS, PB, FDN, FDA, celulose, hemicelulose e
lignina de 40,11%; 2,32%; 59,02%; 38,34%; 30,30%; 20,68% e 7,34%,
respectivamente. Comparando esses valores com os obtidos por Carvalho et al.
(2005), observa-se uma diferença considerável nos teores de FDN e FDA
Rodrigues & Peixoto (1988) compararam silagens de bagaço de cana em
que o caldo foi extraído por moenda e por difusão e obtiveram teores respectivos
de 34,15 e 19,35% de MS; 78,29 e 84,93% de FDN; 49,75 e 62,05% de FDA e
10,33 e 11,76% de lignina, evidenciando a influência do modo de obtenção do
bagaço na sua composição e, conseqüentemente, na composição das silagens
produzidas.
O bagaço proveniente de alambiques apresenta teor residual de açúcares
mais elevado que o oriundo das usinas e destilarias (Barcelos & Rezende, 2002),
devido à menor capacidade de extração de açúcar da cana nas moendas
utilizadas.
De acordo com Mello Júnior (1987), a utilização do bagaço de cana na
alimentação de ruminantes é possível devido à capacidade que esses animais têm
de utilizar alimentos fibrosos como fonte de energia. Entretanto, a sua
participação na ração deve ser reduzida em função da sua baixa digestibilidade e
do baixo consumo, decorrentes do elevado nível de lignina presente em sua
fração fibrosa. Em revisões feitas por Jung & Vogel (1986), estudos
demonstraram fortes correlações negativas da digestão de fibras e matéria seca
com a concentração de lignina na forragem.
Por ser um alimento de baixa qualidade, rico em fibra, pobre em
proteínas e minerais e com baixa digestibilidade (Santos, 1990), o uso do bagaço
somente será eficiente se o seu valor nutritivo for melhorado por meio de
tratamentos químico, físico e enzimático ou pela inclusão de aditivos nutritivos.
Segundo Teixeira (1992), o tratamento químico dos volumosos de baixa
qualidade com amônia anidra, uréia e outros compostos visa melhorar o valor
139
nutritivo com o aumento de proteína bruta e digestibilidade da matéria seca,
elevando, assim, o consumo e o desempenho dos animais, além de proporcionar
melhor conservação do volumoso. Entretanto, os resultados obtidos por
pesquisadores têm sido controversos, muitas vezes evidenciando a inviabilidade
dos tratamentos.
Nascimento et al. (1999) trataram o bagaço de cana com uréia líquida a
5% e o conservaram em silos durante 10, 20 e 30 dias. A incubação com uréia
aumentou o porcentual de proteína bruta do bagaço, reduziu a FDA e não afetou
a FDN. A incubação com uréia durante 20 dias resultou em decréscimo da
digestibilidade in situ da matéria seca (DISMS), o que constituiu um efeito
inesperado. A hidrólise com uréia não se mostrou eficiente em reduzir os teores
de lignina, e ao contrário do desejado, a dose de lignina no bagaço de cana
aumentou aos 10 e aos 30 dias de incubação. Os autores enfatizaram a
necessidade de estudos adicionais sobre a viabilidade econômica para a
recomendação da incubação com uréia.
Saliba et al. (2004) avaliaram dietas formuladas à base de bagaço de
cana-de-açúcar oriundo de destilaria de cachaça tratado ou não com amônia
anidra, observaram uma maior digestibilidade da MS e da PB para a dieta em
que se utilizou o bagaço de cana in natura e concluíram que a amonização não
influenciou o consumo e a digestibilidade da matéria seca e da energia.
Sarmento et al. (1999) concluíram que a amonização do bagaço de cana-
de-açúcar utilizando uréia resultou no aumento da digestibilidade in vitro da
matéria seca (DIVMS), PB e nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA) e
diminuição da FDN e hemicelulose; entretanto, a MS e FDA não sofreram
alterações, demonstrando que a amônia não causa alterações nas frações da
celulose e lignina, que são constituintes da FDA. Alterações na digestibilidade
do bagaço ocorreram devido a diminuições nos teores de FDN e hemicelulose e
incremento nas doses de PB pelo tratamento químico. Os autores afirmam que o
140
aumento de proteína tem sido o efeito mais notável da hidrólise com amônia e
destacam, também, a necessidade de estudos adicionais sobre a viabilidade
econômica da prática de incubação com uréia.
Em estudo realizado por Candido et al. (1999), avaliando a amonização
do bagaço de cana, o nível mínimo de PB para o bom funcionamento do rúmen
(7,0%) foi obtido com a adição de 2,7% de uréia, com base na matéria seca,
sendo este valor calculado a partir de equação de regressão linear
Souza Gesualdi et al. (2001) estudaram o bagaço da cana-de-açúcar
tratado com amônia anidra, uréia e sulfato de amônio e verificaram que as fontes
de amônia promoveram decréscimo no teor de fibra em detergente neutro do
bagaço e houve redução no teor de hemicelulose dos subprodutos tratados com
uréia. O efeito dos tratamentos no teor de proteína bruta do bagaço foi positivo.
Em pesquisa de Freitas et al. (2001), a amonização mostrou-se eficaz
para aumentar a qualidade nutricional do bagaço de cana-de-açúcar coletado em
destilaria de aguardente, uma vez que o tratamento com uréia melhorou a
qualidade bromatológica do bagaço devido ao aumento do conteúdo de PB e à
redução no conteúdo de FDN e FDA. Segundo os autores, o tratamento com
uréia pode contribuir para a melhoria da digestibilidade da matéria seca no
bagaço.
De acordo com Araújo (1986), o uso da uréia dissolvida em água e
aspergida sobre o volumoso em adição com o melaço tem sido recomendado
como forma de melhorar o valor nutricional de forragens. A uréia, quando usada
na alimentação de ruminantes, pode ter a função de acrescentar nitrogênio em
forragens que apresentam teor protéico reduzido, substituir farelos protéicos ou
criar condições mais favoráveis ao funcionamento do rúmen (Faria, 1988).
A adição de uréia durante a ensilagem é uma das formas mais seguras
em termos de utilização desse produto, além de ser um processo fácil de ser
141
executado (Faria, 1988). Porém, o autor recomenda que a inclusão de uréia deve
ser feita em forragens contendo de 30 a 40% de MS.
Segundo Lima & Maciel (1996), a razão primária para a aplicação de
nitrogênio não protéico (NNP) à silagem é o incremento no teor de N da
forragem, sendo a uréia e a amônia os principais aditivos utilizados com esse
fim. Recomenda-se a utilização de 5 kg de uréia por tonelada de forragem
(0,5%). Entretanto, os autores destacam que a quantidade de NNP a ser
adicionada depende do teor de MS, do teor de PB original da forragem e das
perdas esperadas na aplicação.
A uréia pode aumentar a digestibilidade da matéria seca se o nível de
nitrogênio da dieta estiver comprometendo a fermentação ruminal (Vilela,
1984). Mertens (1994) preconiza um nível mínimo de 6-8% de proteína bruta
necessário para as atividades normais das bactérias ruminais.
Devido à facilidade de obtenção e de uso, vários estudos têm sido
realizados avaliando a adição de uréia em silagens de cana-de-açúcar. Todavia,
Nussio & Schmidt (2004) enfatizam que os resultados m sido bastante
variáveis para inclusão de doses de 0,5 a 2% da massa verde.
Lima et al. (2002) avaliaram a uréia como aditivo na silagem de cana
nas doses 0, 0,5, 1,0 e 1,5%, com base no peso verde da cana, e obtiveram uma
elevação nos teores de PB de 2,41 para 7,70% da dose 0 para o 1,5% de uréia. O
menor teor de FDN (47,75%) foi obtido com a aplicação de 1,0% de uréia e a
menor FDA (35,39%), com a dose de 1,5% de uréia. Entretanto, a uréia não
afetou os parâmetros fermentativos da silagem.
O melaço tem sido considerado um veículo bastante adequado para o
fornecimento de uréia por ser palatável e rico em energia, e a mistura pode ser
usada em suplementação a volumoso de baixo teor protéico, diluída em água
(Faria, 1988) e também aspergida sobre a forragem no momento da ensilagem.
O melaço tem sido incluído em vários estudos, principalmente de ensilagem de
142
capim-elefante, com a finalidade de aumentar o teor de carboidratos solúveis da
massa ensilada e, com isso, estimular a produção de ácido lático. Todavia, os
resultados não têm sido consistentes.
Tosi et al. (1995) constataram que o melaço foi um aditivo indispensável
para se obter boa silagem de capim-elefante cv. Mott. A adição de 4% de melaço
elevou o teor de carboidratos solúveis, inibiu a proteólise e produziu silagem
com baixos pH e N amoniacal.
De acordo com Veiga (1974), a eficiência do melaço depende mais do
nível de matéria seca do que do conteúdo de açúcar da forragem. O melaço
freqüentemente aumenta a acidez, o ácido lático e a preservação de nutrientes.
Como o bagaço de cana apresenta elevado teor de matéria seca, a
aspersão de uréia e melaço diluídos em água pode contribuir para o aumento do
teor de umidade, favorecendo a compactação nos silos e diminuindo as perdas
de forragem. Segundo Nussio et al. (2002), a compactação visa retirar a maior
quantidade possível de ar do interior da massa verde que está sendo ensilada, de
maneira rápida, para que ocorra a fermentação anaeróbia, responsável por uma
boa silagem.
O bagaço de cana é um material rico em fibra e pobre em conteúdo
celular e o uso de aditivos nutritivos capazes de favorecer a fermentação é
fundamental para obtenção de silagens de bagaço de melhor qualidade, uma vez
que, segundo Wolford (1984), os carboidratos estruturais têm uma importância
muito pequena no processo de fermentação da silagem. Exceção feita à
hemicelulose, que pode atuar como uma reserva de açúcares fermentescíveis
através de sua hidrólise. Por meio de hidrólise química ou pela ação de enzimas
da própria forragem, até 20% da hemicelulose pode ser hidrolisada em açúcares
de 5 ou 6 carbonos, que serão utilizados posteriormente por bactérias acéticas ou
lácticas (Moser, 1980). Van Soest (1994) afirma que a celulose e a lignina se
mantêm estáveis nas fermentações no interior do silo e que estas frações são
143
perdidas quando se observa presença de fungos. Porém, McDonald et al. (1991)
enfatizam que durante a ensilagem, o total de ácido produzido pode ser superior
à quantidade produzida somente pela fermentação de carboidratos solúveis.
Nestes casos, os carboidratos solúveis podem ser provenientes da hidrólise de
carboidratos estruturais como a celulose, a hemicelulose e a pectina.
Nussio & Schmidt (2004) avaliaram a associação de aditivos e
observaram que combinações de amônia aquosa e uréia com melaço
promoveram queda na produção de etanol em silagens de cana, detectando ainda
que ambas as soluções apresentaram efeito positivo sobre a preservação das
silagens. Doses de uréia entre 0,5 e 1% da MV são mais efetivas em reduzir
perdas fermentativas nas silagens de cana-de-açúcar, uma vez que, em doses
superiores, o poder de tamponamento exercido pela uréia pode ser crítico ao
processo de conservação. Entretanto, de acordo com Lima & Maciel (1996), a
ação tamponante da amônia é muito mais pronunciada que a da uréia, uma vez
que somente cerca de 30% da uréia é convertida em amônia durante o processo
de ensilagem. A recuperação de N nas silagens aditivadas com uréia é
geralmente alta, acima de 70%, o que deve ser computado como benefício
adicional na escolha do aditivo (Nussio & Schmidt, 2004).
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido de julho de 2004 a junho de 2005, nas
dependências do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras,
Minas Gerais.
O bagaço de cana utilizado foi proveniente do Alambique Bocaina,
localizado no município de Lavras, MG. A variedade de cana utilizada foi a
144
RB825336, que, de acordo com Andrade et al. (2002b), apresenta maturação
precoce, alto teor de sacarose, média exigência em solos, ótimos perfilhamento e
brotação de soqueira e resistência ao carvão, à ferrugem e à escaldadura.
O bagaço de cana foi picado em partículas de 2 a 3 cm. Para o preparo
das silagens, o bagaço e os aditivos foram pesados nas devidas proporções e
cada mistura foi homogeneizada antes de ser ensilada. Para veicular os aditivos
foi adotada a diluição de 3:1, ou seja, 3 partes de água para 1 de aditivo, v/v.
Após a mistura do bagaço com o (s) aditivo (s), foram retiradas amostras
do material original picado, antes da ensilagem, para determinação do teor de
matéria seca (MS) a 60º C, em estufa de ventilação forçada, segundo
metodologia da AOAC (1975), e para determinação do poder tampão conforme
o método de Playne & McDonald (1966). As amostras utilizadas para
determinação do poder tampão foram previamente congeladas. As amostras do
material original, pré-secadas, foram pesadas e moídas utilizando um moinho
estacionário Thomas-Wiley, dotado de peneira de 1mm, e acondicionadas em
potes de polietileno. Foram determinados os teores de matéria seca (MS),
proteína bruta (PB) e cinzas, adotando as normas da AOAC (1975), fibra
insolúvel em detergente neutro (FDN), fibra insolúvel em detergente ácido
(FDA), celulose (CEL), hemicelulose (HEM) e lignina em permanganato de
potássio (LIG), de acordo com Van Soest et al. (1991). As análises
bromatológicas foram feitas no Laboratório de Pesquisa Animal do
Departamento de Zootecnia da UFLA. Foi feita também a determinação do teor
de açúcares totais no bagaço in natura (BIN), pelo método de Antrona (Dische,
1962), no laboratório de Análise de Produtos Vegetais do Departamento de
Ciências dos Alimentos da UFLA, e os resultados foram expressos em
porcentagem (%) da matéria seca.
Como silos experimentais foram utilizados canos de PVC com 10 cm de
diâmetro e 50 cm de comprimento. A densidade de forragem utilizada foi de 450
145
kg/m
3
. A compactação foi realizada com soquetes de ferro e o fechamento, com
tampas de PVC dotadas de válvula tipo Bunsen, lacradas com fita adesiva.
O delineamento estatístico utilizado foi inteiramente casualizado, em
esquema fatorial 2 x 4, com três repetições. Os fatores foram constituídos por
dois aditivos e quatro doses. A uréia pecuária foi utilizada nas doses 0, 0,5, 1,0 e
1,5% da MV e o melaço em pó, nas doses 0, 2, 4 e 6% da MV.
Modelo estatístico: Y
ijk
= µ
µµ
µ + a
i
+ b
j
+ ab
ij
+ e
ijk
, em que:
Y
ijk
= valor observado correspondente ao nível i do fator A no nível j do fator B;
µ = constante associada a todos os dados;
a
i
= efeito do nível i do fator A, com i = 1 e 2;
b
j
= efeito do nível j do fator B, com j = 1, 2,3 e 4;
ab
ij
= efeito da interação do nível i do fator A com o nível j do fator B;
e
ijk
= erro experimental associado a y
ijk
considerado independente com
distribuição normal de média zero e variância σ
2
.
Os silos permaneceram fechados durante 150 dias, e após abertura a
silagem da parte superior dos silos foi descartada. O conteúdo de cada silo foi
homogeneizado e dele foram retiradas amostras para determinação do pH, que
foi realizada imediatamente após a abertura dos silos, utilizando-se 9 g de
amostra imersa em 60 mL de água destilada, por 30 minutos, com posterior
leitura em potenciômetro. Também foram retiradas amostras para determinação
da MS a 60º C. As amostras pré-secadas foram moídas em moinho estacionário
com peneira de 1 mm. Os mesmos parâmetros avaliados no material original
foram avaliados nas silagens, com exceção para a capacidade tampão,
determinada apenas no material original, e o pH, determinado apenas nas
silagens. As análises foram feitas no Laboratório de Pesquisa Animal do
146
Departamento de Zootecnia da UFLA. Os dados obtidos foram submetidos à
análise de variância, e as médias foram comparadas pelo teste de Scott Knott a
5%, utilizando o software Sisvar (Ferreira, 2000).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Açúcares totais no BIN e matéria seca, proteína bruta e cinzas no material
original e nas silagens de bagaço
Todas as silagens encontravam-se com aspecto bom, ocorrendo pequena
perda na parte superior de alguns silos, o que pode ser atribuído a uma provável
entrada de ar ou compactação deficiente dessa porção.
O teor de açúcares totais do bagaço in natura foi de 16,4% na MS,
portanto acima da faixa de 8 a 10% de MS de carboidratos solúveis, o que
segundo McDonald et al. (1991) e Woolford (1984), seria o mínimo para
garantir o processo adequado de fermentação. O teor de açúcares totais no
bagaço pode ser considerado elevado, uma vez que Pate e Coleman, citados por
Rodrigues & Esteves (1992), obtiveram teores entre 32 a 57% de açúcares totais
ao avaliarem 66 variedades de cana com 10 meses de idade.
Houve efeito da uréia e do melaço no teor de MS no material original
(P<0,05); porém, a interação dos fatores não foi significativa (P>0,05) para esse
parâmetro (Anexo C). Para as silagens houve efeito significativo da uréia, do
melaço e da interação desses fatores no teor de MS (P<0,05). Os teores de
matéria seca no bagaço, com e sem aditivos, antes de ensilar (material original) e
das respectivas silagens, encontram-se na tabela 8.
147
TABELA 8. Teores de matéria seca (MS) no material original e nas silagens de
bagaço de cana com e sem aditivos
Material Original
Uréia\Melaço
0,0% Melaço 2,0%Melaço 4,0%Melaço 6,0%Melaço Média
0,0% uréia 51,70 47,07 42,86 40,05 45,42 b
0,5% uréia 50,73 45,83 41,44 39,41 44,35 b
1,0% uréia 48,48 44,62 41,51 38,86 43,37 a
1,5% uréia 50,83 46,04 41,69 39,34 44,47 b
Média 50,43 D 45,89 C 41,87 B 39,42 A 44,40
Silagem
Uréia\Melaço
0,0% Melaço 2,0%Melaço 4,0%Melaço 6,0%Melaço Média
0,0% uréia 45,23 a C 41,01 a B 38,31 a A 39,12 a A 40,92 a
0,5% uréia 45,34 a C 42,39 b B 40,18 b A 38,87 a A 41,89 b
1,0% uréia 46,12 a D 43,51 c C 40,81 b B 38,36 a A 42,01 b
1,5% uréia 47,31 b D 43,75 c C 40,96 b B 39,12 a A 42,79 c
Média 46,00 D 42,67 C 40,07 B 38,87 A 41,90
Médias seguidas pelas mesmas letras maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas não diferem
pelo teste Scott Knott (P<0,05)
Observando os dados apresentados na tabela 8, referentes ao material
original, nota-se que à medida que aumentou a dose de melaço, diminuiu o teor
de MS do bagaço. Este efeito era esperado em função da maior quantidade de
água usada na diluição do melaço, que foi feita v/v, com as doses mais altas do
aditivo contribuindo mais para o aumento no teor de umidade no bagaço. A
inclusão de 4 e 6% de melaço proporcionou reduções respectivas de 8,56 e 11,01
unidades porcentuais no teor médio de MS do bagaço, o qual passou de 50,43%
no bagaço puro para 41,87 e 39,42% com 4 e 6% de melaço. A redução no teor
de MS no bagaço pode contribuir para facilitar a compactação do material nos
silos, uma vez que teores muito elevados de MS dificultam a compactação e
contribuem para elevar as perdas de MS com a ensilagem. O bagaço com 0 e 2%
de melaço apresentou teor médio de MS superior a 45%, portanto fora da faixa
de 35 a 45% de MS considerada ideal por Pereira & Reis (2001) para ensilagem.
148
Quanto à adição de uréia, houve diferença significativa no teor médio de
MS no bagaço apenas com a dose 1% (43,37%), cujo teor foi inferior aos
obtidos com as demais doses avaliadas. A diluição da uréia também foi feita v/v,
sendo adicionada maior quantidade de água na dose mais elevada do aditivo.
Sendo assim, era de se esperar que o menor teor de MS fosse obtido com a dose
1,5% de uréia.
Comparando os teores médios de MS no material original e nas silagens,
nota-se uma tendência de as doses mais altas de uréia (1 e 1,5%) e de melaço (4
e 6%) proporcionarem menores perdas de MS com a ensilagem. As perdas de
MS foram de 1,36 e 1,68 unidades porcentuais nas silagens com 1 e 1,5% de
uréia, respectivamente, e de 1,8 e 0,55 unidades porcentuais empregando-se 4 e
6% de melaço. As maiores diferenças na MS no bagaço antes e após ensilagem
foram obtidas com a silagem de bagaço puro, com 6,47 unidades porcentuais, e
com a silagem de bagaço com 2% de melaço, com 6,60 unidades porcentuais.
Quanto às silagens, naquelas produzidas com 0 e 0,5% de uréia, o
aumento nas doses de melaço até 4% proporcionou redução nos teores de MS.
Não houve diferença significativa entre os teores de MS nas silagens produzidas
com as combinações de 0 e 0,5% de uréia com 4 e 6% de melaço. Sendo assim,
pode-se recomendar a dose 4% de melaço para ser combinada com 0 e 0,5% de
uréia. Entretanto, quando se utilizou o melaço na dose 4%, apenas a combinação
com 0% de uréia diferiu, apresentando teor de MS de 38,31%, inferior aos
obtidos com as demais doses de uréia. Nas silagens produzidas com a inclusão
de 1,0 e 1,5% de uréia, observou-se que à medida que aumentou a dose de
melaço, diminuiu o teor de MS.
Na ausência de melaço, houve diferença estatística no teor de MS nas
silagens apenas quando se adicionou a uréia na dose 1,5%, a qual promoveu
elevação na MS. Sendo assim, considerando a diminuição na MS, não se
justifica o uso de uréia quando o melaço não for utilizado.
149
Com o emprego de 2% de melaço, a melhor dose de uréia é a 0%, que
proporcionou teor de MS de 41,01%. Entretanto, as maiores perdas de MS,
comparando os teores de MS nas silagens com o material original, foram
registradas nas silagens produzidas sem uréia e com 2% de melaço. As reduções
no teor de MS podem ser atribuídas principalmente à diminuição de carboidratos
solúveis durante a fermentação e às perdas na forma de gases, uma vez que, em
função dos elevados teores de MS, não houve perda por lixiviação.
As silagens produzidas com a adição de 4 ou 6% de melaço, em todas as
combinações com a uréia, apresentaram teores de MS inferiores a 41%, e as
produzidas com 2% de melaço, teores inferiores a 45%. De modo geral, as
diferenças entre os teores de MS nas silagens foram pequenas.
A associação das doses mais elevadas de uréia e melaço (1,5 e 6%,
respectivamente) proporcionou a menor quantidade de perda de MS (0,22
unidades porcentuais). Os resultados evidenciam que esses aditivos podem
contribuir para a obtenção de silagens de bagaço de melhor qualidade e com
menores perdas. Perdas de MS inferiores a 1 unidade porcentual foram obtidas
nas silagens produzidas com 1% de uréia e 6% de melaço (0,50 unidades
porcentuais), 0,5% de uréia e 6% de melaço (0,54 unidades porcentuais), 1% de
uréia e 4% de melaço (0,70 unidades porcentuais) e 1,5% de uréia e 4% de
melaço (0,73 unidades porcentuais).
Houve efeito da uréia, do melaço e da interação uréia melaço (P<0,05)
nos teores de proteína bruta no material original e nas silagens de bagaço de
cana (Anexo C). Na tabela 9 são apresentados os teores de proteína bruta no
bagaço antes de ensilar e nas silagens de bagaço com e sem aditivos.
150
Tabela 9. Teores de proteína bruta (PB), em % na MS, no material original e nas
silagens de bagaço de cana produzidas com e sem aditivos
Material Original
Uréia\Melaço
0,0% Melaço
2,0%Melaço
4,0%Melaço
6,0%Melaço
Média
0,0% uréia 2,00 a A 2,61 a A 2,58 a A 2,57 a A 2,44 a
0,5% uréia 4,87 b A 5,59 b A 5,11 b A 4,97 b A 5,14 b
1,0% uréia 7,09 c A 8,59 c B 8,56 c B 7,36 c A 7,90 c
1,5% uréia 10,42 d A 10,81 d A 10,15 d A 9,94 d A 10,33 d
Média 6,09 A 6,90 B 6,60 B 6,21 A 6,45
Silagem
Uréia\Melaço
0,0% Melaço
2,0%Melaço
4,0%Melaço
6,0%Melaço
Média
0,0% uréia 1,94 a A 2,60 a B 1,95 a A 2,65 a B 2,29 a
0,5% uréia 4,53 b A 5,43 b B 5,29 b B 4,81 b A 5,02 b
1,0% uréia 8,38 c B 7,92 c A 7,88 c A 8,00 c A 8,05 c
1,5% uréia 11,31 d B 11,78 d C 11,46 d B 10,67 d A 11,30 d
Média 6,54 A 6,93 B 6,65 A 6,53 A 6,66
Médias seguidas pelas mesmas letras maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas não diferem
pelo teste Scott Knott (P<0,05)
Observando os dados referentes ao material original (tabela 9), nota-se
que quando se utilizaram as doses de 0, 0,5 e 1,5% de uréia, não houve efeito
(P>0,05) da dose de melaço no teor de proteína. Para a dose de 1% de uréia, os
teores mais elevados de PB foram conseguidos com o uso de 2 e 4% de melaço e
com 8,59 e 8,56% de PB na MS, respectivamente. A adição de 1 e 1,5% de uréia
ao bagaço, independentemente da dose de melaço utilizada, proporcionou teores
de PB acima de 7%, portanto dentro da faixa de 6-8% considerada por Mertens
(1994) como o mínimo necessário para que este nutriente não seja limitante para
fermentação dos carboidratos estruturais pela flora microbiana no rúmen. Os
teores mais elevados de PB foram obtidos com a dose 1,5% de uréia, não
havendo diferença nos teores obtidos com a combinação dessa dose de uréia
com as doses de melaço. Sendo assim, quando o objetivo são teores mais
elevados de proteína para o bagaço de cana, recomenda-se a dose 1,5% de uréia
na ausência de melaço (10,42% na MS).
151
Por outro lado, para todas as doses de melaço avaliadas, houve efeito da
dose de uréia, sendo que, à medida que se aumentou a dose de uréia, aumentou o
teor de PB no bagaço, o que é justificado pelo incremento de nitrogênio da uréia
ao bagaço. Sarmento et al. (1999) avaliaram o bagaço de cana-de-açúcar
amonizado com uréia e registraram aumento na PB. Resultados semelhantes
foram obtidos por Freitas et al. (2001), Nascimento et al. (1999) e Saliba et al.
(2004).
Comparando o material original e as silagens, nota-se que as silagens
confeccionadas com a adição de 1,5% de uréia apresentaram incremento no teor
de PB, sendo que, na combinação de 1,5% de uréia e 4% de melaço, o teor de
PB passou de 10,15 no material original para 11,46% na silagem, representando
um aumento de 12,91%, bem superior à variação de 1 a 2% na concentração de
PB, citada por Rotz e Muck (1994) como conseqüência da perda de carboidratos
solúveis durante a fermentação. De acordo com Santos et al. (2006), a silagem
com mesma proporção de uréia que o material original apresenta valor de
proteína mais alto porque o material não ensilado fica mais exposto ao ambiente,
volatilizando a amônia em maior proporção do que na silagem. Entretanto, neste
trabalho foram retiradas amostras no material original pouco tempo após a
mistura com os aditivos, levando à suposição de que as perdas podem ter
ocorrido durante a secagem do material em estufa com circulação de ar.
Com a adoção da dose 1% de uréia, apenas as silagens produzidas em
combinação com 0 ou 6% de melaço apresentaram elevação no teor de PB, em
relação ao bagaço antes de ensilar.
Analisando os dados obtidos com as silagens (tabela 9), pode-se afirmar
que na ausência de uréia, os teores de PB nas silagens foram semelhantes com o
uso de 2 e 6% de melaço e superiores aos obtidos com os demais níveis. Para a
dose 0,5% de uréia, a combinação com 2 e 4% de melaço proporcionou teores
mais elevados de PB, porém com valores inferiores a 6%. Todas as silagens
152
produzidas com 1% de uréia em combinação com o melaço apresentaram teor de
PB superior a 7% na MS, sendo o maior teor obtido com 0% de melaço (8,38%).
Entre todas as silagens avaliadas, a que apresentou o teor de PB mais elevado foi
a produzida com a adição de 1,5% de uréia e 2% de melaço, com 11,78% de PB
na MS.
Houve efeito da dose de uréia no teor de PB nas silagens (P<0,05) para
todas as doses de melaço avaliadas. À medida que se aumentou a dose de uréia,
aumentou o teor de PB nas silagens; porém, a inclusão de 0,5% de uréia em
combinação com todas as doses de melaço não foi suficiente para elevar o teor
de PB das silagens até o mínimo recomendado, o qual, segundo Mertens (1994),
é de 6 a 8% na MS..
Todas as silagens produzidas com a adição de 1% de uréia, com base na
matéria verde, independentemente da dose de melaço, apresentaram teores de
PB acima de 7,8% da MS, e com a inclusão de 1,5% de uréia, teores acima de
10,5% da MS. Avaliando a amonização do bagaço de cana, Candido et al.
(1999) e Carvalho et al. (2006) concluíram que, respectivamente, 2,7% e
2,62% de uréia, com base na matéria seca, foram necessários para atingir o
teor mínimo de 7,0% de PB, sendo que ambos adicionaram também, ao
bagaço, grão de soja moído como fonte de urease.
Houve efeito da uréia e do melaço no teor de cinzas no material original
(P<0,05); porém, a interação dos fatores não foi significativa (P>0,05) para esse
parâmetro (Anexo C). Para as silagens houve efeito significativo da uréia, do
melaço e da interação desses fatores no teor de cinzas (P<0,05). Na tabela 10 são
apresentados os teores de cinzas no material original e nas respectivas silagens,
com e sem aditivos.
153
Tabela 10. Teores de cinzas, em % na MS, no material original e nas silagens de
bagaço de cana com e sem aditivos
Material Original
Uréia\Melaço
0,0% Melaço
2,0%Melaço
4,0%Melaço
6,0%Melaço
Média
0,0% uréia 0,87 1,66 2,53 3,13 2,05 a
0,5% uréia 0,88 1,71 2,43 3,17 2,05 a
1,0% uréia 0,88 2,04 2,85 3,39 2,29 b
1,5% uréia 0,99 2,37 3,18 4,03 2,64 c
Média 0,90 A 1,95 B 2,75 C 3,43 D 2,26
Silagem
Uréia\Melaço
0,0% Melaço
2,0%Melaço
4,0%Melaço
6,0%Melaço
Média
0,0% uréia 1,06 a A 2,03 a B 3,01 b C 3,67 a D 2,44 b
0,5% uréia 1,01 a A 1,90 a B 2,77 a C 3,51 a D 2,30 a
1,0% uréia 1,02 a A 1,95 a B 2,64 a C 3,72 a D 2,33 a
1,5% uréia 0,95 a A 2,00 a B 2,78 a C 3,61 a D 2,33 a
Média 1,01 A 1,97 B 2,80 C 3,63 D 2,35
Médias seguidas pelas mesmas letras maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas não diferem
pelo teste Scott Knott (P<0,05)
Pode-se afirmar que à medida que se aumentou a dose de melaço,
aumentou o teor médio de cinzas no material original. Esse resultado era
esperado, pois o melaço, segundo informações no rótulo da embalagem, pode
apresentar até 25% de matéria mineral na sua composição. Todavia, ainda assim
os teores de cinza são muito baixos, evidenciando a necessidade de se fornecer
um suplemento mineral balanceado nas rações com bagaço de cana. A uréia
promoveu acréscimo no teor de cinzas a partir da dose 1%, uma vez que não
houve diferença significativa entre os teores médios de cinzas do bagaço com 0
e 0,5% de uréia. Com base na composição da uréia, que apresenta em torno
0,003% de cinzas, não era esperado efeito significativo desse aditivo no teor de
cinzas no bagaço.
Comparando os teores de cinzas no material original e na respectiva
silagem, observa-se que quando o bagaço foi ensilado com 0 ou 0,5% de uréia
em combinação com todas as doses de melaço, ou com 1% de uréia em
154
combinação com 0 e 6% de melaço, os teores de cinzas foram aumentados nas
silagens. É provável que nessas silagens as diferenças sejam conseqüência da
perda de compostos orgânicos, resultando em aumento na concentração de
matéria mineral. Os teores de cinzas foram reduzidos nas silagens em relação ao
material original quando se combinou a dose 1% de uréia com 2 ou 4% de
melaço, e 1,5% de uréia com todas as doses de melaço.
Nas silagens, a interação entre uréia e melaço foi significativa (P<0,05).
A utilização do melaço em doses crescentes, promoveu elevação crescente nos
teores de cinzas, em todas as combinações com uréia.
Não houve efeito da dose de uréia quando se utilizou o melaço nas doses
0, 2 e 6%. Para a dose 4% de melaço, o maior teor de cinzas foi obtido na
ausência de uréia (3,01%), com as demais doses de uréia proporcionando
silagens com teores estatisticamente iguais. Com a utilização de 6% de melaço,
os teores de cinzas nas silagens foram superiores a 3,5% e não houve efeito
significativo da dose de uréia.
Fibra insolúvel em detergente neutro, fibra insolúvel em detergente ácido,
celulose, hemicelulose e lignina no material original e nas silagens
Houve efeito da uréia, do melaço e da interação uréia e melaço no teor
de FDN no material original e nas silagens, com e sem aditivos (P<0,05). Os
valores obtidos para o teor de FDN no material original e nas silagens de bagaço
de cana encontram-se na tabela11.
155
Tabela11. Teor de fibra insolúvel em detergente neutro (FDN), em % na MS, no
material original e nas silagens de bagaço de cana produzidas com e
sem aditivos
Material Original
Uréia\Melaço
0,0% Melaço
2,0%Melaço
4,0%Melaço
6,0%Melaço
Média
0,0% uréia 79,43 c C 70,64 a B 67,23 c A 67,16 c A 71,11 c
0,5% uréia 76,04 b C 72,49 a B 69,21 c A 67,49 c A 71,31 c
1,0% uréia 74,70 b B 73,26 a B 64,38 b A 62,97 b A 68,83 b
1,5% uréia 70,87 a B 74,61 a C 60,32 a A 58,71 a A 66,13 a
Média 75,26 C 72,75 B 65,29 A 64,08 A 69,34
Silagem
Uréia\Melaço
0,0% Melaço
2,0%Melaço
4,0%Melaço
6,0%Melaço
Média
0,0% uréia 79,62 74,57 66,70 69,07 72,49 c
0,5% uréia 77,03 72,45 66,70 66,40 70,64 b
1,0% uréia 74,09 70,22 64,36 63,58 68,07 a
1,5% uréia 72,63 70,29 65,56 65,75 68,56 a
Média 75,84 C 71,88 B 65,83 A 66,20 A 69,94
Médias seguidas pelas mesmas letras maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas não diferem
pelo teste Scott Knott (P<0,05)
Houve efeito das doses de uréia no teor de FDN no bagaço quando
combinadas com as doses 0, 4 e 6% de melaço (P<0,05). Não houve efeito
significativo das doses de uréia (P>0,05) no bagaço acrescido de 2% de melaço.
Para todas as doses de uréia avaliadas, a combinação com o melaço nas doses 4
e 6% proporcionou teores mais baixos de FDN. A utilização de 1,5% de uréia
em associação com 4 e 6% de melaço proporcionou os teores mais baixos de
FDN, com 60,32 e 58,71%, respectivamente. A FDN e FDA são frações
importantes para a determinação qualitativa de alimentos volumosos e resíduos
da agroindústria (Van Soest, 1994); portanto, devem-se buscar teores mais
baixos dessas frações. Sendo assim, a melhor combinação dos aditivos para o
bagaço é 1,5% de uréia e 4% de melaço.
Quando comparados o material original e a silagem respectiva, são
observadas pequenas variações nos teores de FDN, o que está de acordo com
156
Wolford (1984), que afirma que os carboidratos estruturais têm uma importância
muito pequena no processo de fermentação da silagem, com exceção da
hemicelulose. A hidrólise ácida e enzimática da hemicelulose, que ocorre dentro
do silo, provoca a redução da fibra em detergente neutro (Rotz & Muck, 1994).
Santos et al. (2006) observaram uma superioridade nos teores médios de FDN
das silagens de cana em relação ao material original. Tal fato foi atribuído à
redução nos teores de carboidratos solúveis no processo de fermentação
alcoólica, acarretando aumento proporcional nos teores de constituintes de
parede celular. Observa-se tendência de aumento nos teores de FDN com a
ensilagem do bagaço com 0,5% de uréia associada com 4 e 6% de melaço e de 1
e 1,5% de uréia associada a 2% de melaço, em relação ao material não ensilado.
Não houve efeito da interação entre doses de uréia e melaço no teor de
FDN nas silagens de bagaço. À medida que se aumentou a dose de uréia até
1,0% da MV, diminuiu o teor de FDN nas silagens. Não houve diferença
significativa entre os teores médios de FDN nas silagens de bagaço produzidas
com 1 e 1,5% de uréia. Resultados semelhantes foram obtidos por Lima et al.
(2002) avaliando silagens de cana adicionadas de 0; 0,5; 1,0 e 1,5% de uréia, os
quais obtiveram o menor teor de FDN com a inclusão de 1,0% de uréia. Freitas
et al. (2001), Sarmento et al. (1999) e Souza Gesualdi et al. (2001), avaliando o
bagaço de cana-de-açúcar tratado com uréia, concluíram que a amonização
resultou na diminuição da FDN. Por outro lado, Nascimento et al. (1999) não
observaram efeito da incubação com uréia líquida a 5% no teor de FDN no
bagaço de cana.
O melaço contribuiu para redução no teor de FDN nas silagens. Não
houve diferença significativa no teor de FDN nas silagens de bagaço com 4 e 6%
de melaço, cujos teores médios foram inferiores a 70% da MS. Como não houve
diferença significativa entre as doses 1 e 1,5% de uréia e 4 e 6% de melaço, e
levando em consideração o aspecto econômico para a recomendação das doses
157
dos aditivos, a combinação de 1% de uréia e 4% de melaço seria a mais indicada
para a produção de silagens de bagaço de cana com teores mais reduzidos de
FDN (64,36% na MS).
Comparando o teor de FDN nas silagens, nota-se uma diferença
acentuada, de 16,0 unidades porcentuais, entre o maior teor de FDN (79,62%) e
o menor (63,58%), encontrados nas silagens sem aditivos e com a inclusão de
1% de uréia e 6% de melaço, respectivamente. Esses valores são importantes,
considerando que a FDN limita a capacidade de ingestão de forragem pelo
animal.
Houve efeito da uréia e do melaço no teor de FDA no material original
(P<0,05), porém a interação entre os fatores não foi significativa (P>0,05). Nas
silagens, o efeito da uréia, do melaço e da interação foi significativo (P<0,05).
Os teores de FDA obtidos no material original e nas silagens de bagaço de cana
encontram-se na tabela 12.
Tabela12. Teor de fibra insolúvel em detergente ácido (FDA), em % na MS, no
material original e nas silagens de bagaço de cana produzidas com e
sem aditivos
Material Original
Uréia\Melaço
0,0% Melaço
2,0%Melaço
4,0%Melaço
6,0%Melaço
Média
0,0% uréia 48,78 44,77 42,37 43,86 44,95 b
0,5% uréia 49,64 44,78 44,64 41,68 45,18 b
1,0% uréia 48,77 44,59 40,42 41,17 43,74 a
1,5% uréia 48,23 43,75 41,03 40,49 43,38 a
Média 48,86 C 44,47 B 42,12 A 41,80 A 44,31
Silagem
Uréia\Melaço
0,0% Melaço
2,0%Melaço
4,0%Melaço
6,0%Melaço
Média
0,0% uréia 51,11 a C 48,12 b B 45,55 a A 44,01 a A 47,20 b
0,5% uréia 50,02 a A 52,81 c B 50,09 b A 47,78 b A 50,18 c
1,0% uréia 49,22 a B 49,37 b B 48,66 b B 44,44 a A 47,92 b
1,5% uréia 51,47 a B 45,75 a A 44,09 a A 42,51 a A 45,95 a
Média 50,45 C 49,01 C 47,10 B 44,69 A 47,81
Médias seguidas pelas mesmas letras maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas não diferem
pelo teste Scott Knott (P<0,05)
158
Considerando o material original, à medida que se aumentou a dose de
melaço até 4%, diminuiu o teor médio de FDA, o que é desejável, uma vez que a
FDA relaciona-se de forma inversa com a digestibilidade do alimento. A
redução no teor de FDA pode ser atribuída a um efeito de diluição, devido à
incorporação de um produto altamente solúvel. Como não houve diferença no
teor médio de FDA no material original adicionado de 4 e 6% de melaço,
recomenda-se a adoção da dose 4% por representar uma economia de aditivo.
Não houve diferença estatística (P>0,05) no teor de FDA no bagaço
antes de ensilar, acrescido de 0 e 0,5% de uréia. As doses mais elevadas de
uréia, 1 e 1,5% da MV, promoveram redução no teor de FDA no bagaço e foram
semelhantes estatisticamente. Entretanto, a redução foi pequena, uma vez que o
teor médio de FDA passou de 44,95% na ausência de uréia para 43,74% com a
adição de 1% de uréia, representando uma diferença de 1,21 unidades
porcentuais. O melaço se mostrou mais eficiente que a uréia na redução no teor
de FDA, pois a diferença entre os teores médios obtidos com 0 e 4% de melaço
(48,86 e 42,12%) foi de 6,74 unidades porcentuais. Com a adição de melaço,
promove-se uma alteração na composição do bagaço, com aumento na fração
solúvel e redução nos componentes da parede celular, o que pode explicar os
resultados obtidos.
Comparando os dados obtidos para material original e silagens, pode-se
observar que a ensilagem promoveu acréscimo no teor de FDA em todas as
combinações de uréia e melaço avaliadas. A FDA é constituída pelas frações
celulose e lignina, que, segundo Van Soest (1994), se mantêm estáveis nas
fermentações no interior do silo e só são perdidas quando se observa presença de
fungos. O aumento na FDA pode ser conseqüência da perda de carboidratos
solúveis por processos fermentativos, aumentando a concentração dos
componentes da parede celular.
Não houve efeito significativo das doses de uréia no teor de FDA nas
159
silagens sem melaço (P>0,05). Com a adoção da dose 2% de melaço, o menor
teor de FDA (45,75%) foi obtido com a adição de 1,5% de uréia. Não houve
diferença significativa no teor de FDA nas silagens confeccionadas com a
associação da dose 4% de melaço com 0 e 1,5% de uréia (45,55 e 44,09%), as
quais apresentaram teores inferiores aos obtidos com 0,5 ou 1,0% de uréia.
Quando se utilizou o melaço na dosagem 6%, as silagens produzidas com a
inclusão de 1,0% de uréia apresentaram teor de FDA superior ao das demais,
que foram estatisticamente semelhantes. Portanto, se considerarmos apenas o
teor de FDA, quando for utilizado o melaço nas doses 0, 4 e 6% não se
recomenda a adição de uréia, mas outros possíveis benefícios obtidos com a
aplicação da uréia devem ser considerados para sua recomendação.
Para as silagens produzidas sem uréia, o aumento nas doses de melaço
até 4% proporcionou redução nos teores de FDA nas silagens, evidenciando uma
ação favorável desse aditivo no teor de FDA. Não houve diferença significativa
entre os teores de FDA obtidos com a inclusão de 4 e 6% de melaço,
recomendando-se, então, a dose 4%.
Quando se utilizou 0,5% de uréia, as silagens produzidas com 0, 4 e 6%
de melaço apresentaram teores de FDA estatisticamente semelhantes e inferiores
aos obtidos com 2% de melaço, que apresentou o teor mais elevado dentre todas
as silagens avaliadas, com 52,81% na MS. Portanto, nas silagens produzidas
com 0,5% de uréia não se justifica o uso de melaço (50,02%).
A combinação de 1,0% de uréia com 0, 2 e 4% de melaço originou
silagens com teores de FDA semelhantes e superiores ao obtido com 1% de
uréia associado com 6% de melaço (44,44%), com a melhor combinação
representada pelas doses 1% de uréia e 6% de melaço.
Para a dose 1,5% de uréia não houve diferença estatística no teor de
FDA das silagens quando se adicionou o melaço nas doses 2, 4 e 6%. Porém, na
ausência de melaço, o teor de FDA das silagens foi superior aos obtidos com os
160
demais níveis avaliados (51,47%). Lima et al. (2002) obtiveram menor teor de
FDA na silagem de cana aditivada com 1,5% de uréia. Redução na FDA tamm
foi verificada por Nascimento et al. (1999) quando trataram o bagaço de cana
com uréia líquida a 5%.
De forma geral, pode-se dizer que, a exemplo do que ocorreu com o
material original, o melaço se mostrou mais eficiente que a uréia na redução no
teor de FDA, revelando uma diferença de 5,76 unidades porcentuais nos teores
médios obtidos com 0 e 6% de melaço (50,45 e 44,69%). Entretanto, com o
material original, o aumento nas doses de uréia promoveu redução no teor de
FDA, e com as silagens, os resultados da adição de uréia mostraram um aumento
no teor de FDA com o uso das doses 0,5 e 1,0% em relação aos valores obtidos
com 0 e 1,5%, que foram semelhantes entre si. Isto não ocorreu na ausência
de melaço, quando não houve efeito das doses de uréia. Portanto, se
considerarmos apenas o teor de FDA, quando for utilizado o melaço nas doses 0,
4 e 6% não se recomenda a adição de uréia. Todavia, outros possíveis benefícios
obtidos com a aplicação da uréia devem ser considerados para sua
recomendação.
Houve efeito significativo (P<0,05) da uréia, do melaço e da interação
uréia e melaço no teor de celulose no material original e nas silagens de bagaço
(Anexo C). Os teores de celulose obtidos no material original e nas silagens de
bagaço de cana produzidas com diferentes doses de uréia e melaço encontram-se
na tabela 13.
Tabela 13. Teor de celulose, em % na MS, no material original e nas silagens de
bagaço de cana produzidas com e sem aditivos
161
Material Original
Uréia\Melaço
0,0% Melaço
2,0%Melaço
4,0%Melaço
6,0%Melaço
Média
0,0% uréia 36,36 a B 36,99 b B 33,94 b A 32,26 a A 34,89 d
0,5% uréia 39,04 b C 34,04 a B 30,88 a A 31,51 a A 33,87 c
1,0% uréia 37,79 b C 33,21 a B 31,59 a A 30,99 a A 33,39 b
1,5% uréia 36,74 a B 31,90 a A 30,10 a A 30,43 a A 32,29 a
Média 37,48 C 34,04 B 31,62 A 31,30 A 33,61
Silagem
Uréia\Melaço
0,0% Melaço
2,0%Melaço
4,0%Melaço
6,0%Melaço
Média
0,0% uréia 37,65 a B 33,28 a A 31,84 a A 30,30 a A 33,27 a
0,5% uréia 36,51 a B 38,12 b B 35,02 b A 34,17 b A 35,95 b
1,0% uréia 36,46 a B 37,15 b B 36,02 b B 33,35 b A 35,74 b
1,5% uréia 36,46 a B 35,22 a B 33,47 a A 31,41 a A 34,14 a
Média 36,77 C 35,94 C 34,09 B 32,31 A 34,78
Médias seguidas pelas mesmas letras maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas não diferem
pelo teste Scott Knott (P<0,05)
Na ausência de uréia, não houve diferença estatística no teor de celulose
no bagaço com o uso das doses 0 e 2% de melaço. Porém, as doses 4 e 6% de
melaço promoveram redução no teor de celulose do bagaço e foram semelhantes
entre si, apresentando teores respectivos de 33,94 e 32,26%. Portanto, caso não
seja utilizada a uréia, a dose de melaço mais recomendada é a de 4% por
representar quantidade menor de melaço que quando se adota a dose de 6%, o
que representa economia de aditivo.
O uso de 0,5 ou 1% de uréia com 0% de melaço proporcionou teores de
celulose no bagaço superiores aos obtidos com a inclusão de melaço. A
combinação de 0,5 ou 1,0% de uréia com 2% de melaço propiciou teores de
celulose superiores aos obtidos com a inclusão de 4 e 6% de melaço. Não houve
diferença significativa entre as doses 4 e 6% de melaço, indicando que para a
inclusão de 0,5 ou 1,0% de uréia a melhor dose de melaço é a de 4%.
Com o uso de 1,5% de uréia, o melaço na dose 2% foi suficiente para
reduzir o teor de celulose no bagaço, com teor de 31,90%, uma vez que não
houve diferença significativa entre as doses 2; 4 e 6% de melaço, que
162
apresentaram teores inferiores aos obtidos com a combinação 1,5% de uréia e
0% de melaço.
Na ausência do melaço, os teores mais reduzidos de celulose no bagaço
foram obtidos com as doses 0 e 1,5% de uréia com 36,36 e 36,74%,
respectivamente. Não houve diferença significativa entre as doses 0,5 e 1,0% de
uréia.
Com a utilização de 2 ou 4% de melaço, os teores mais elevados de
celulose no bagaço foram obtidos com a dose 0% de uréia (36,99 33,94%,
respectivamente). A combinação de 2 ou 4% de melaço com 0,5; 1,0 e 1,5% de
uréia proporcionou teores de celulose estatisticamente iguais. Sendo assim, ao se
utilizarem 2 ou 4% de melaço, recomenda-se a adição de 0,5% de uréia a fim de
se obterem teores mais baixos de celulose.
Não houve efeito da dose de uréia no teor de celulose do bagaço quando
foram utilizados 6% de melaço. Portanto, considerando apenas o teor e celulose,
quando se utilizarem 6% de melaço não se recomenda o uso de uréia.
Quanto às silagens de bagaço observa-se que, com a adoção da dose 0%
de uréia, o maior teor de celulose foi obtido em combinação com a dose 0% de
melaço (37,65%), não havendo diferença significativa entre os teores
apresentados pelas silagens com 2, 4 ou 6% de melaço, podendo-se recomendar
a dose 2%, por ser mais econômica.
Com a inclusão de 0,5% de uréia não houve diferença entre os teores de
celulose nas silagens produzidas com a adição de 0 e 2% de melaço, que
apresentaram teores superiores aos obtidos com a inclusão de 4 e 6% de melaço.
Os teores apresentados com a combinação de 0,5% de uréia com 4 ou 6% de
melaço foram semelhantes, com valores respectivos de 35,02 e 34,17% de
celulose na MS.
163
Os teores de celulose nas silagens produzidas com 1,0% de uréia em
associação com 0, 2 ou 4% de melaço foram semelhantes entre si e superiores ao
obtido com combinação 1,0% de uréia e 6% de melaço (33,35% na MS).
A adição de 1,5% de uréia em associação ao melaço nas doses 0 e 2%
proporcionou silagens com teores de celulose semelhantes entre si e superiores
aos obtidos com o uso de 4 e 6% de melaço (33,47 e 31,41%, respectivamente).
Como os teores de celulose nas silagens confeccionas com a associação de 1,5%
de uréia com 4 ou 6% de melaço foram semelhantes, recomenda-se 4%.
Nas silagens produzidas com 0% de melaço não se observou efeito da
dose de uréia no teor de celulose. A combinação de 2% de melaço com 0 ou
1,5% de uréia proporcionou silagens com teores de celulose semelhantes entre
si, com 33,28 e 35,22%, respectivamente, e inferiores aos proporcionados pelas
silagens com 0,5 e 1,0% de uréia. Comportamento semelhante foi observado ao
se utilizar o melaço nas doses 4 e 6%. Portanto, para qualquer das doses de
melaço avaliadas, a melhor combinação é com 0% de uréia.
Houve efeito significativo (P<0,05) da uréia, do melaço e da interação
uréia e melaço no teor de hemicelulose no material original e nas silagens de
bagaço (Anexo C). Na tabela 14 estão apresentados os teores de hemicelulose no
material original e nas silagens de bagaço de cana produzidas com e sem
aditivos
Tabela 14. Teor de hemicelulose, em % na MS, no material original e nas
silagens de bagaço de cana produzidas com e sem aditivos
(...continua...)
Material Original
Uréia\Melaço
0,0% Melaço
2,0%Melaço
4,0%Melaço
6,0%Melaço
Média
0,0% uréia 30,65 c B 25,87 a A 24,61 b A 23,29 b A 26,11 b
0,5% uréia 26,40 b A 27,72 a A 24,58 b A 25,81 c A 26,12 b
1,0% uréia 25,92 b B 28,66 a B 23,96 b A 21,80 b A 25,09 b
1,5% uréia 22,64 a B 30,86 b C 19,28 a A 18,22 a A 22,75 a
Média 26,40 B 28,28 C 23,11 A 22,28 A 25,02
164
TABELA 14. Cont.
Silagem
Uréia\Melaço
0,0% Melaço
2,0%Melaço
4,0%Melaço
6,0%Melaço
Média
0,0% uréia 28,51 b A 26,45 b A 23,11 b A 25,06 b A 25,78 c
0,5% uréia 27,00 b B 19,64 a A 16,60 a A 18,61 a A 20,47 a
1,0% uréia 24,87 b C 20,85 a B 15,70 a A 19,14 a B 20,14 a
1,5% uréia 21,16 a A 24,55 b A 21,47 b A 23,24 b A 22,60 b
Média 25,39 D 22,87 C 19,22 A 21,51 B 22,25
Médias seguidas pelas mesmas letras maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas não diferem
pelo teste Scott Knott (P<0,05)
Para a dose 0% de uréia, houve diferença significativa no teor de
hemicelulose no bagaço antes da ensilagem apenas quando se utilizou a dose 0%
de melaço, que proporcionou o teor mais elevado, o ocorrendo efeito
significativo da inclusão das doses 2, 4 e 6% de melaço. Portanto, se a uréia não
for utilizada, a dose mais indicada é 2% de melaço (25,87% na MS).
Não houve efeito da inclusão de melaço no teor de hemicelulose do
bagaço adicionado de 0,5% de uréia, não justificando o uso do melaço em
combinação com essa dosagem de uréia (26,40%).
Quando se aditivou o bagaço com 1,0% de uréia, os teores de
hemicelulose foram estatisticamente semelhantes nas doses 0 e 2% de melaço e
nas doses 4 e 6%, que apresentaram teores inferiores de hemicelulose. Sendo
assim, recomenda-se a combinação de 1% de uréia com 4% de melaço (23,96%
na MS).
Com a adição de 1,5% de uréia, o teor mais elevado de hemicelulose no
bagaço, antes da ensilagem, foi registrado com o uso de 2% de melaço
(30,86%), e as doses 4 e 6% não diferiram entre si e proporcionaram os teores
mais reduzidos de hemicelulose (19,28 e 18,22%, respectivamente). Portanto,
quando se utilizar 1,5% de uréia, recomenda-se o melaço na dose 4%.
165
Na ausência do melaço, a uréia nas doses 0,5 e 1,0% promoveu redução
no teor de hemicelulose em relação à dose 0%. Entretanto, a dose 1,5% de uréia
foi mais efetiva na redução do teor de hemicelulose no bagaço (22,64% na MS),
sendo a mais recomendada quando o melaço não for utilizado.
Quando se adotou a dose 2% de melaço, só houve diferença significativa
no bagaço com a adoção de 1,5% de uréia, o qual apresentou teor de
hemicelulose superior aos obtidos com demais níveis de uréia. Como não houve
efeito significativo da inclusão de 0, 0,5 e 1,0% de uréia, não se recomenda a
adição de uréia quando se utilizar o melaço na dose 2% (25,87% na MS).
O melaço nas doses 4 e 6% foi mais efetivo na redução na hemicelulose
no material original quando combinado com 1,5% de uréia, quando
proporcionou teores inferiores a 20% de hemicelulose, com 19,28 e 18,22% na
MS, respectivamente.
Nas silagens, quando a uréia foi utilizada nas doses 0 ou 1,5% não
houve efeito significativo da inclusão de doses crescentes de melaço no teor de
hemicelulose, evidenciando que com 0 ou 1,5% de uréia o melaço não teve
efeito, não devendo ser recomendado.
A utilização de 0,5% de uréia acarretou diferença significativa apenas
em combinação com 0% de melaço, sendo semelhantes os teores de
hemicelulose com as demais doses de melaço. Isso demonstra que 2% de melaço
são suficientes para promover redução na hemicelulose nas silagens que
receberam 0,5% de uréia.
Com a utilização de uréia na dosagem 1,0%, obteve-se o teor mais
elevado de hemicelulose com 0% de melaço, seguido pelo uso de 2 e 6% de
melaço, que proporcionou silagens com teores de hemicelulose semelhantes
entre si. A dose 4% de melaço originou silagens com o mais baixo teor de
hemicelulose, com 15,70%, sendo a mais recomendada para a associação com
1% de uréia.
166
Houve redução superior a 30% no teor de hemicelulose nas silagens de
bagaço confeccionadas com a combinação das doses 0,5 e 1,0% de uréia com a
dose 4% de melaço, em relação ao material original. Esse é um indicativo de que
a fração hemicelulose contribuiu efetivamente como substrato para a
fermentação da silagem. A hemicelulose é um parâmetro importante na
avaliação da fermentação da silagem, uma vez que McDonald (1991) verificou
que, nas silagens, ao se esgotarem os carboidratos solúveis, a hemicelulose pode
servir de substrato para as bactérias fermentadoras. Por outro lado, a combinação
de 1,5% de uréia com 4 ou 6% de melaço promoveu elevação de 2,19 e 5,02
unidades porcentuais, respectivamente, no teor de hemicelulose nas silagens em
relação ao material original.
Houve efeito significativo (P<0,05) da uréia, do melaço e da interação
uréia e melaço no teor de lignina no material original e nas silagens de bagaço
(Anexo C). Os teores de lignina obtidos no material original e nas silagens de
bagaço com níveis crescentes de uréia e melaço encontram-se na tabela 15.
Tabela15. Teor de lignina, em % na MS, no material original e nas silagens de
bagaço de cana produzidas com e sem aditivos
Material Original
Uréia\Melaço 0,0% Melaço 2,0%Melaço 4,0%Melaço 6,0%Melaço Média
0,0% uréia 11,42 a B 7,75 a A 7,68 a A 10,58 a B 9,36 a
0,5% uréia 11,60 a A 10,70 b A 13,57 d B 11,02 a A 11,72 c
1,0% uréia 11,13 a B 11,40 b B 9,46 b A 10,88 a B 10,72 b
1,5% uréia 12,23 a A 11,16 b A 11,72 c A 10,97 a A 11,52 c
Média 11,59 B 10,25 A 10,61 A 10,86 A 10,83
Silagem
Uréia\Melaço 0,0% Melaço 2,0%Melaço 4,0%Melaço 6,0%Melaço Média
0,0% uréia 13,36 a A 16,16 b A 14,10 b A 14,89 c A 14,63 b
0,5% uréia 15,47 a B 13,22 a A 13,52 b A 12,03 b A 13,56 b
1,0% uréia 13,62 a A 11,99 a A 11,63 a A 12,45 b A 12,42 a
1,5% uréia 14,59 a B 11,39 a A 10,14 a A 9,90 a A 11,50 a
Média 14,26 B 13,19 A 12,35 A 12,32 A
13,03
Médias seguidas pelas mesmas letras maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas não diferem
pelo teste Scott Knott (P<0,05)
167
Analisando os dados apresentados na tabela15, referentes ao material
original, nota-se que na ausência de uréia os teores de lignina obtidos em
combinação com 0 e 6% de melaço foram semelhantes entre si e superiores aos
obtidos com 2 e 4% de melaço, que apresentaram os teores mais baixos, dentre
todas as combinações avaliadas, com 7,75 e 7,68% de lignina na MS,
respectivamente. Como a lignina é o fator primário que pode limitar o potencial
de digestão dos carboidratos fibrosos onde está quimicamente ligada (Van Soest,
1994), devem-se buscar teores mais baixos de lignina. Esperava-se que o
aumento crescente nas doses de melaço promovesse redução linear no teor de
lignina, por um efeito de diluição, uma vez que o teor de lignina no melaço é de
0%. Como não houve diferença significativa entre as doses 2 e 4% de melaço,
recomenda-se que, na ausência de uréia, a dose 2% de melaço seja a utilizada
com o intuito de se obterem teores mais reduzidos de lignina.
Utilizando a uréia na dose 0,5% em combinação com o melaço nas
doses 0, 2 e 6% obtêm-se teores semelhantes de lignina, havendo diferença
apenas com o emprego de 4% de melaço, que proporcionou o maior teor de
lignina dentre todas as combinações uréia e melaço avaliadas (13,57%). Sendo
assim, para 0,5% de uréia não se recomenda o uso do melaço (11,60%) no
bagaço de cana.
Com a utilização de 1% de uréia não houve diferença significativa entre
as doses 0, 2 e 6% de melaço no teor de lignina no bagaço, as quais
proporcionaram teores de lignina superiores ao obtido com a combinação de 1%
de uréia com 4% de melaço (9,46%).
Não houve efeito da dose de melaço quando a uréia foi utilizada na dose
1,5%, não justificando, portanto, a associação de melaço com esta dose de uréia.
Não houve efeito da dose de uréia quando o melaço foi utilizado nas
doses 0 e 6%. O bagaço adicionado de 2 e 4% de melaço apresentou melhor
combinação com 0% de uréia, proporcionando teores mais baixos de lignina no
168
bagaço. Sendo assim, quando forem adicionados 2% de melaço ao bagaço, não
se deve usar uréia.
O teor de lignina aumentou em quase todas as silagens em relação ao
material original, com exceção das silagens produzidas com a combinação da
dose de 1,5% de uréia com as dosagens 4 e 6% de melaço, as quais promoveram,
respectivamente, redução de 13,48 e 9,75% no teor de lignina na MS. O teor de
lignina nas silagens produzidas com a 1,5% de uréia e 4% de melaço foi de
10,14% e de 9,90% nas silagens produzidas com 1,5% de uréia e 6% de melaço.
A combinação 0,5% de uréia e 4% de melaço promoveu decréscimo de 0,37%
na concentração de lignina na silagem.
Nascimento et al. (1999) trataram o bagaço de cana com uréia líquida a
5% e o conservaram em silos durante 10, 20 e 30 dias. A hidrólise com uréia não
contribuiu para reduzir os teores de lignina e, ao contrário do desejado, a dose de
lignina no bagaço de cana aumentou aos 10 e 30 dias de incubação.
Analisando os dados apresentados na tabela 15, nota-se que não houve
efeito significativo das doses de melaço no teor de lignina nas silagens
produzidas na ausência de uréia ou com a inclusão de 1,0% de uréia. Portanto,
na produção de silagens com 0 ou 1,0% de uréia o uso de melaço não melhora a
qualidade das silagens, considerando os teores de lignina.
As silagens produzidas com 0,5 ou 1,5% de uréia sem melaço
apresentaram teores de lignina superiores aos obtidos com a combinação dessas
doses de uréia com 2, 4 ou 6% de melaço, que apresentaram teores semelhantes
entre si. Sendo assim, para a produção de silagens com 0,5 ou 1,5 de uréia, a
melhor dose de melaço é a 2%. Comparando as silagens confeccionadas com 2%
de melaço, observa-se que não houve diferença significativa entre os teores de
lignina obtidos com a inclusão de uréia nas doses 0,5, 1,0 e 1,5%. Pode-se,
então, afirmar que a dose 0,5% de uréia é a mais indicada para ser combinada
169
com a dose 2% de melaço para a produção de silagens de bagaço com teores
mais reduzidos de lignina (13,22%).
Os teores de lignina nas silagens produzidas com 4% de melaço foram
influenciados pela dose de uréia utilizada. As doses 0 e 0,5% de uréia exerceram
efeitos semelhantes, proporcionando silagens com teores de lignina superiores
aos obtidos com o uso de 1 e 1,5% de uréia em combinação com 4% de melaço.
Como os resultados obtidos com a combinação 4% de melaço com 1 ou 1,5% de
uréia foram semelhantes, deve-se preferir a dose mais baixa por ser mais
econômica. Desse modo, a combinação ideal seria 4% de melaço com 1,0% de
uréia. Porém, não houve efeito do melaço no teor de lignina nas silagens
produzidas com 1,0% de uréia, o que significa que a adição de melaço não
contribuiu para diminuir o teor de lignina nas silagens produzidas com esse nível
de uréia. Sendo assim, não se recomenda o uso de melaço quando se utilizar
1,0% de uréia (13,62%).
O teor de lignina nas silagens produzidas com 6% de melaço foi
influenciado pela dose de uréia utilizada. A adição de 6% de melaço sem adição
de uréia proporcionou teores mais elevados de lignina (14,89%). Os teores de
lignina obtidos nas silagens produzidas com as combinações de 6% de melaço
com 0,5 e 1,0% de uréia foram semelhantes entre si e superiores aos obtidos em
combinação com 1,5% de uréia (9,90%). A combinação 6% de melaço com
1,5% de uréia seria a indicada se houvesse diferença significativa no teor de
lignina proporcionado pelo uso das doses 2, 4 e 6% de melaço em combinação
com 1,5% de uréia. Portanto, a combinação 1,5% de uréia com 2% de melaço
(11,39%) é mais vantajosa por proporcionar resultados semelhantes e ser mais
econômica.
Os teores de lignina no material original variaram de 7,68 a 13,57%, o
que representa uma variação de 5,89 unidades porcentuais. Os teores de lignina
170
nas silagens variaram de 9,90 a 16,16%, representando uma diferença de 6,26
unidades porcentuais.
Capacidade tampão e pH
Houve efeito da interação uréia e melaço (P<0,05) na capacidade
tampão no bagaço e no pH nas silagens com diferentes doses de uréia e melaço.
Os valores da capacidade tampão obtidos com o material original e o pH nas
silagens encontram-se na tabela 16.
Tabela16. Capacidade Tampão (CT) no material original e pH nas silagens de
bagaço de cana com e sem aditivos
Material Original (CT - eq.mg HCl/100g MS)
Uréia\Melaço 0,0% Melaço 2,0%Melaço 4,0%Melaço 6,0%Melaço Média
0,0% uréia 1,28 a A 1,76 a B 2,42 a C 3,05 b D 2,13 b
0,5% uréia 0,85 a A 2,52 b B 2,67 a B 3,04 b C 2,27 b
1,0% uréia 0,95 a A 1,73 a B 2,47 a C 2,41 a C 1,89 a
1,5% uréia 1,02 a A 1,55 a B 3,18 b C 2,98 b C 2,18 b
Média 1,02 A 1,89 B 2,68 C 2,87 C 2,12
Silagem (pH)
Uréia\Melaço 0,0% Melaço 2,0%Melaço 4,0%Melaço 6,0%Melaço Média
0,0% uréia 3,65 a A 3,86 b B 3,94 b C 3,98 b C 3,86 c
0,5% uréia 3,83 b B 3,68 a A 3,79 a B 3,80 a B 3,78 a
1,0% uréia 3,94 c B 3,74 a A 3,78 a A 3,83 a A 3,82 b
1,5% uréia 4,08 d C 3,79 b A 3,81 a A 3,89 a B 3,89 c
Média 3,88 C 3,77 A 3,83 B 3,88 a C 3,84
Médias seguidas pelas mesmas letras maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas não diferem
pelo teste Scott Knott (P<0,05)
Não houve efeito da dose de uréia na capacidade tampão do bagaço
quando o melaço não foi utilizado. Embora diversos autores enfatizem o efeito
tamponante da uréia, o mesmo não foi verificado neste trabalho, uma vez que os
menores valores para capacidade tampão foram obtidos com a uréia, na ausência
171
do melaço, não havendo diferença significativa nos valores obtidos com as
diferentes doses de uréia. A uréia tende a aumentar a alcalinidade em silagens de
capim, que o pobres em carboidratos solúveis. O bagaço apresentou um teor
de 16% de açúcares, e isto explica porque não houve efeito da uréia.
O melaço, em todas as combinações com uréia, promoveu elevação na
capacidade tampão do bagaço. No bagaço em que não foi feita a adição de uréia,
o melaço promoveu efeito significativo na capacidade tamponante, a qual foi
aumentada à medida que se aumentaram as doses de melaço. O bagaço puro,
sem uréia e sem melaço, apresentou a mais baixa capacidade tampão (1,28
eq.mg HCl/100g MS), e a combinação 0% de uréia e 6% de melaço
proporcionou a mais elevada (3,05 eq.mg HCl/100g MS). Pode-se observar que
quando a uréia foi utilizada na dose 0,5%, a mais baixa capacidade tampão foi
obtida com 0% de melaço (0,85 eq.mg HCl/100g MS), e a mais elevada, com
6% (3,05 eq.mg HCl/100g MS), não havendo diferença entre os bagaços
adicionados de 0,5% de uréia em combinação com as doses 2 e 4% de melaço,
que apresentaram valores intermediários. Os valores da capacidade tampão no
bagaço com 1,0 e 1,5% de uréia também foram influenciados pela dose de
melaço utilizada, sendo os menores valores obtidos com 0% de melaço (0,95 e
1,02 eq.mg HCl/100g MS, respectivamente), seguidos pelo valor da combinação
com 2% de melaço, e com valores mais elevados e semelhantes entre si obtidos
com a utilização do melaço nas doses 4 (2,47 e 2,41 eq.mg HCl/100g MS,
respectivamente) e 6% (3,18 e 2,98 eq.mg HCl/100g MS, respectivamente).
Todos os valores registrados para capacidade tampão no bagaço de cana
foram baixos. Com base nesses valores, pode-se afirmar que nenhuma das
combinações de uréia e melaço avaliadas representa empecilho para o
abaixamento rápido do pH nas silagens.
A baixa resistência das misturas de bagaço à queda no pH pode ser
confirmada pelos valores de pH nas silagens, que foram baixos, situando-se
172
entre 3,65 e 4,08. Portanto, todas as silagens apresentaram valores de pH
inferiores a 4,2, estipulado por Silveira (1975) como limite para silagens bem
fermentadas, sendo indício de que prevaleceu a fermentação lática.
Quando foi utilizada a dose 0% de uréia, observou-se aumento de até
4% no pH com o aumento da dose de melaço, sendo o pH mais baixo (3,65)
obtido com 0% de melaço. O melaço promoveu aumento no pH das silagens a
partir da dose 2% de inclusão, o que contraria Veiga (1974), que afirma que o
melaço freqüentemente aumenta a acidez da silagem. Entretanto, não houve
diferença significativa no pH médio das silagens com 0% de uréia em
combinação com 4 ou 6% de melaço, com valores respectivos de 3,94 e 3,98.
Com o uso de 0,5% de uréia, houve diferença no pH na silagem feita
na associação com 2,0% de melaço, que apresentou o valor mais baixo (3,68).
Aumentando a dose de uréia para 1,0%, ocorreu diferença no pH na silagem
sem melaço, que apresentou o valor mais alto (3,94). O mesmo comportamento
foi observado quando se usou 1,5% de uréia, com o pH mais alto obtido na
ausência de melaço (4,08). Entretanto, para essa dose de uréia os valores mais
baixos de pH foram registrados na associação com 2 e 4% de melaço, com 3,79
e 3,81, respectivamente.
Embora não tenha havido efeito da dose de uréia na capacidade tampão
do bagaço quando o melaço não foi utilizado, nas silagens sem melaço o pH
aumentou à medida que aumentou a dose de uréia.
Quando as silagens foram feitas com 2% de melaço, não houve
diferença significativa no pH nas silagens com 0 ou 1,5% de uréia, que foi
superior aos proporcionados pelas doses 0,5 e 1,0% de uréia (3,68 e 3,74,
respectivamente). Nas silagens confeccionadas com 4 ou 6% de melaço,
observou-se maior valor de pH nas silagens sem uréia, não havendo diferença
nos valores obtidos nas combinações com as doses 0,5; 1,0 ou 1,5% de uréia.
173
CONCLUSÕES
A adição de 1% de uréia ao bagaço proporcionou silagens com teor de
proteína bruta acima de 7% da MS e promoveu redução nos teores de FDN,
FDA, hemicelulose e lignina, podendo ser indicada para a confecção de silagens
em associação com o melaço.
O melaço na dose 4% proporcionou silagens com teores reduzidos de
FDN, hemicelulose e lignina.
A associação das doses 1% de uréia e 4% de melaço contribuiu para
melhor a qualidade silagens de bagaço de cana proveniente de alambique.
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179
ANEXOS
ANEXO A Página
TABELA 1A Resumo da análise de variância (QM) nos teores de matéria
seca, proteína bruta e cinzas do bagaço de cana-de-açúcar
submetido a diferentes formas de processamento e
conservação..............................................................................
183
TABELA 2A Resumo da análise da variância (QM) nos teores de FDN,
FDA, celulose (celul.), hemicelulose (hemicel.) e lignina no
bagaço de cana-de-açúcar submetido a diferentes formas de
processamento e conservação..................................................
183
ANEXO B Página
TABELA 1B Resumo da análise de variância do desdobramento de dose
dentro de cada aditivo para os teores de matéria seca,
proteína bruta e cinzas no material original do bagaço de
cana-de-açúcar.........................................................................
184
TABELA 2B Resumo da análise de variância do desdobramento de dose
dentro de cada aditivo para os teores de matéria seca,
proteína bruta e cinzas nas silagens de bagaço de cana-de-
açúcar......................................................................................
184
TABELA 3B Resumo da análise de variância do desdobramento de dose
dentro de cada aditivo para os teores de FDN, FDA,
celulose, hemicelulose e lignina no material original do
bagaço de cana-de-açúcar........................................................
185
TABELA 4B Resumo da análise de variância do desdobramento de dose
dentro de cada aditivo para os teores de FDN, FDA,
celulose, hemicelulose e lignina nas silagens de bagaço de
cana-de-açúcar.........................................................................
185
TABELA 5B Resumo da análise de variância do desdobramento de dose
dentro de cada aditivo para capacidade tampão no material
original e pH nas silagens de bagaço de cana-de-
açúcar.......................................................................................
186
180
ANEXO C Página
TABELA 1C Análise da variância do teor de matéria seca no material
original do bagaço de cana-de-úcar aditivado com e sem
aditivos.....................................................................................
187
TABELA 2C Análise de variância do desdobramento de uréia dentro de
cada nível de melaço no teor de matéria seca nas silagens de
bagaço de cana-de-açúcar aditivado com e sem aditivos.........
187
TABELA 3C Análise de variância do desdobramento de melaço dentro de
cada nível de uréia no teor de matéria seca nas silagens de
bagaço de cana-de-açúcar aditivado com e sem aditivos........
188
TABELA 4C Análise de variância do desdobramento de uréia dentro de
cada nível de melaço no teor de proteína bruta no material
original do bagaço de cana-de-açúcar aditivado com e sem
aditivos.....................................................................................
188
TABELA 5C Análise de variância do desdobramento de melaço dentro de
cada nível de uréia no teor de proteína bruta no material
original do bagaço de cana-de-açúcar aditivado com e sem
aditivos.....................................................................................
189
TABELA 6C Análise de variância do desdobramento de uréia dentro de
cada nível de melaço no teor de proteína bruta nas silagens
de bagaço de cana-de-açúcar aditivado com e sem
aditivos.....................................................................................
189
TABELA 7C Análise de variância do desdobramento de melaço dentro de
cada nível de uréia no teor de proteína bruta nas silagens de
bagaço de cana-de-açúcar aditivado com e sem
aditivos.....................................................................................
190
TABELA 8C Resumo da análise da variância do teor de cinzas no material
original do bagaço de cana-de-açúcar aditivado com e sem
aditivos.....................................................................................
190
TABELA 9C Análise de variância do desdobramento de uréia dentro de
cada nível de melaço no teor de cinzas nas silagens de
bagaço de cana-de-açúcar aditivado com e sem aditivos.........
191
TABELA 10C
Análise de variância do desdobramento de melaço dentro de
cada nível de uréia no teor de cinzas nas silagens de bagaço
de cana-de-açúcar aditivado com e sem aditivos.....................
191
TABELA 11C
Análise de variância do desdobramento de uréia dentro de
cada nível de melaço no teor de FDN no material original do
bagaço de cana-de-açúcar aditivado com e sem aditivos.........
192
TABELA 12C
Análise de variância do desdobramento de melaço dentro de
cada nível de uréia no teor de FDN no material original do
bagaço de cana-de-açúcar aditivado com e sem aditivos.........
192
181
TABELA 13C
Análise de variância do teor de FDN nas silagens de bagaço
de cana-de-açúcar aditivado com e sem aditivos.....................
193
TABELA 14C
Análise da variância do teor de FDA no material original do
bagaço de cana-de-açúcar aditivado com e sem aditivos.........
193
TABELA 15C
Análise de variância do desdobramento de uréia dentro de
cada nível de melaço no teor de FDA nas silagens de bagaço
de cana-de-açúcar aditivado com e sem aditivos.....................
194
TABELA 16C
Análise de variância do desdobramento de melaço dentro de
cada vel de uréia no teor de FDA nas silagens de bagaço
de cana-de-açúcar aditivado com e sem aditivos.....................
194
TABELA 17C
Análise de variância do desdobramento de uréia dentro de
cada nível de melaço no teor de celulose no material original
do bagaço de cana-de-açúcar aditivado com e sem aditivos....
195
TABELA 18C
Análise de variância do desdobramento de melaço dentro de
cada vel de uréia no teor de celulose no material original
do bagaço de cana-de-açúcar aditivado com e sem aditivos....
195
TABELA 19C
Análise de variância do desdobramento de uréia dentro de
cada nível de melaço no teor de celulose nas silagens de
bagaço de cana-de-açúcar aditivado com e sem aditivos.........
196
TABELA 20C
Análise de variância do desdobramento de melaço dentro de
cada nível de uréia no teor de celulose nas silagens de
bagaço de cana-de-açúcar aditivado com e sem aditivos.........
196
TABELA 21C
Análise de variância do desdobramento de uréia dentro de
cada nível de melaço no teor de hemicelulose no material
original do bagaço de cana-de-açúcar aditivado com e sem
aditivos.....................................................................................
197
TABELA 22C
Análise de variância do desdobramento de melaço dentro de
cada nível de uréia no teor de hemicelulose no material
original do bagaço de cana-de-açúcar aditivado com e sem
aditivos.....................................................................................
197
TABELA 23C Análise de variância do desdobramento de uréia dentro de
cada nível de melaço no teor de hemicelulose nas silagens de
bagaço de cana-de-açúcar aditivado com e sem aditivos.........
198
TABELA 24C Análise de variância do desdobramento de melaço dentro de
cada nível de uréia no teor de hemicelulose nas silagens de
bagaço de cana-de-açúcar aditivado com e sem aditivos.........
198
TABELA 25C Análise de variância do desdobramento de uréia dentro de
cada nível de melaço no teor de lignina no material original
do bagaço de cana-de-açúcar aditivado com e sem aditivos....
199
TABELA 26C Análise de variância do desdobramento de melaço dentro de
cada nível de uréia no teor de lignina no material original do
bagaço de cana-de-açúcar aditivado com e sem aditivos.........
199
182
TABELA 27C Análise de variância do desdobramento de uréia dentro de
cada nível de melaço no teor de lignina nas silagens de
bagaço de cana-de-açúcar aditivado com e sem aditivos.........
200
TABELA 28C Análise de variância do desdobramento de melaço dentro de
cada nível de uréia no teor de lignina nas silagens de bagaço
de cana-de-açúcar aditivado com e sem aditivos.....................
200
TABELA 29C Análise de variância do desdobramento de uréia dentro de
cada nível de melaço na capacidade tampão no material
original do bagaço de cana-de-açúcar aditivado com e sem
aditivos.....................................................................................
201
TABELA 30C Análise de variância do desdobramento de melaço dentro de
cada nível de uréia na capacidade tampão no material
original do bagaço de cana-de-açúcar aditivado com e sem
aditivos.....................................................................................
201
TABELA 31C Análise de variância do desdobramento de uréia dentro de
cada nível de melaço no pH nas silagens de bagaço de cana-
de-açúcar aditivado com e sem aditivos..................................
202
TABELA 32C Análise de variância do desdobramento de melaço dentro de
cada nível de uréia no pH nas silagens de bagaço de cana-de-
açúcar aditivado com e sem aditivos.......................................
202
183
ANEXO A
TABELA 1A Resumo da análise de variância (QM) nos teores de matéria seca,
proteína bruta e cinzas do bagaço de cana-de-açúcar submetido a
diferentes formas de processamento e conservação
FV
GL
MS (%) PB (%) Cinzas (%)
Tratamento 6 2109,984** 0,3011** 0,2766**
Erro 14 10,406 0,0084 0,0246
CV(%) 4,29 4,30 11,75
Média geral 75,15 2,13 1,34
* e **: significativos ao nível de 5 e 1%, respectivamente, pelo teste de Scott Knott
TABELA 2A Resumo da análise da variância (QM) nos teores de FDN, FDA,
celulose (celul.), hemicelulose (hemicel.) e lignina no bagaço de
cana-de-açúcar submetido a diferentes formas de processamento e
conservação
FV
GL
FDN (%) FDA (%) Celul.
(%)
Hemicel.(%) Lignina
(%)
Tratamento 6 99,6381** 28,6939** 24,6212* 34,9615** 5,1833
ns
Erro 14 4,7685 2,2729 5,5681 4,0799 1,8228
CV(%) 2,65 2,98 5,93 6,39 13,53
Média geral
82,54 50,59 39,82 31,61 9,98
* e **: significativos ao nível de 5 e 1%, respectivamente, pelo teste de Scott Knott
ns: não significativo pelo teste de Scott knott
184
ANEXO B
TABELA 1B Resumo da análise de variância do desdobramento de dose dentro
de cada aditivo para os teores de matéria seca, proteína bruta e
cinzas no material original do bagaço de cana-de-açúcar
FV GL
MS PB Cinzas
ADITIVO 4 53,3470** 28,0326** 2,4480**
DOSE/URÉIA 3 5,6693** 37,9786** 0,0103
ns
DOSE/MELAÇO 3 77,4369** 0,2609** 2,8389**
DOSE/VARREDURA 3 77,7215** 2,6567** 0,3010**
DOSE/SORO 3 13,1709** 0,2871** 0,0236
ns
DOSE/PONTA 3 30,4603** 1,3284** 0,1423**
RESÍDUO 40 1,1018 0,0468 0,0187
CV (%) 2,21 6,31 11,17
Média geral 47,42 3,43 1,23
* e **: significativos ao nível de 5 e 1%, respectivamente, pelo teste de Scott Knott
ns: não significativo pelo teste de Scott Knott
TABELA 2B Resumo da análise de variância do desdobramento de dose dentro
de cada aditivo para os teores de matéria seca, proteína bruta e
cinzas nas silagens de bagaço de cana-de-açúcar
FV GL
MS PB Cinzas
ADITIVO 4 82,4915** 37,0515** 4,3585**
DOSE/URÉIA 3 2,6393
ns
51,3069** 0,0058
ns
DOSE/MELAÇO 3 35,7639** 0,4524** 3,8811**
DOSE/VARREDURA 3 48,1750** 2,5867** 1,3479**
DOSE/SORO 3 178,5203** 0,6665** 0,1430*
DOSE/PONTA 3 45,5537** 1,3262** 0,3091**
RESÍDUO 40 1,4235 0,0436 0,0411
CV (%) 2,82 6,00 11,65
Média geral 42,38 3,48 1,48
* e **: significativos ao nível de 5 e 1%, respectivamente, pelo teste de Scott Knott
ns: não significativo pelo teste de Scott Knott
185
TABELA 3B Resumo da análise de variância do desdobramento de dose dentro
de cada aditivo para os teores de FDN, FDA, celulose (celul.),
hemicelulose (hemic.) e lignina (lign.) no material original do
bagaço de cana-de-açúcar
FV GL
FDN FDA Celul. Hemic. Lign.
Aditivo 4 136,4278** 78,4136** 20,7257**
45,8655**
28,5528**
Dose/uréia 3 37,6155** 1,0171
ns
3,1683
ns
32,3707**
0,6490
ns
Dose/melaço 3 88,1170** 36,8622** 21,1183**
13,1678**
9,8360**
Dose/varredura 3 114,0703** 67,9201** 19,6025** 6,2677
ns
2,7652*
Dose/soro 3 2,5960
ns
3,1513
ns
4,6952
ns
9,0258* 1,5528
ns
Dose/ponta 3 3,2837
ns
2,7465
ns
5,5333
ns
0,7432
ns
0,6346
ns
Resíduo 40 2,2268 3,2997 3,4950 2,9030 0,8979
CV (%) 1,97 3,74 5,08 6,30 8,20
Média geral 75,65 48,59 36,84 27,05 11,55
* e **: significativos ao nível de 5 e 1%, respectivamente, pelo teste de Scott Knott
ns: não significativo pelo teste de Scott Knott
TABELA 4B Resumo da análise de variância do desdobramento de dose dentro
de cada aditivo para os teores de FDN, FDA, celulose (celul.),
hemicelulose (hemic.) e lignina (lign.) nas silagens de bagaço de
cana-de-açúcar
FV GL
FDN FDA Celul. Hemic. Lign.
Aditivo 4
171,4513**
145, 0903**
77,1872**
31,9413**
53,5993**
Dose/uréia 3 29,0380**
3,1800
ns
1,0229
ns
30,4970**
1,8269
ns
Dose/melaço 3 21,8017* 9,2109
ns
5,2816
ns
5,9339
ns
3,4074
ns
Dose/varredura 3 51,1584**
38,0309**
33,4633**
16,1445
ns
5,3567
ns
Dose/soro 3 5,7437
ns
3,4559
ns
27,7781**
1,1426
ns
8,2804*
Dose/ponta 3 64,5202
**
40,6301**
6,3433
ns
5,2283
ns
38,6643**
Resíduo 40 5,1345 3,4716 3,5071 6,1950 2,1888
CV (%) 3,24 4,04 5,65 10,41 11,58
Média geral 70,03 46,13 33,13 23,90 12,77
* e **: significativos ao nível de 5 e 1%, respectivamente, pelo teste de Scott Knott
ns: não significativo pelo teste de Scott Knott
186
TABELA 5B Resumo da análise de variância do desdobramento de dose dentro
de cada aditivo para capacidade tampão no material original e pH
nas silagens de bagaço de cana-de-açúcar
FV GL
CT pH
ADITIVO 4 6,2688** 0,2039**
DOSE/URÉIA 3 0,0980* 0,0977**
DOSE/MELAÇO 3 1,7707** 0,0657**
DOSE/VARREDURA 3 3,7824** 0,0028
ns
DOSE/SORO 3 1,4828** 0,0081**
DOSE/PONTA 3 3,3591** 0,0067**
RESÍDUO 40 0,0295 0,0014
CV (%) 7,79 1,00
Média geral 2,21 3,73
* e **: significativos ao nível de 5 e 1%, respectivamente, pelo teste de Scott Knott
ns: não significativo pelo teste de Scott Knott
187
ANEXO C
TABELA 1C Análise da variância do teor de matéria seca no material original
do bagaço de cana-de-açúcar aditivado com diferentes doses de
uréia e melaço
FV
GL
SQ QM Fc Pr>Fc
URÉIA 3 25,3897 8,4632 4,7170 0,0077
MELAÇO 3 838,2743 279,4248
155,7330 0,0000
URÉIA*MELAÇO
9 6,8554 0,7617 0,4250 0,9121
ERRO 32 57,4160 1,7943
TOTAL 47 927,9353
Média geral = 44,40
CV (%) = 3,02
TABELA 2C Análise de variância do desdobramento de uréia dentro de cada
nível de melaço no teor de proteína bruta no material original do
bagaço de cana-de-açúcar aditivado com diferentes doses de uréia
e melaço
FV
GL
SQ QM Fc Pr>Fc
MELAÇO 3 4,9297 1,6432 9,5120 0,0001
URÉIA / 0% MELAÇO
3 113,9358 37,9786 219,8420
0,0000
URÉIA / 2% MELAÇO
3 114,8973 38,2991 221,6970
0,0000
URÉIA / 4% MELAÇO
3 104,4738 34,8246 201,5850
0,0000
URÉIA / 6% MELAÇO
3 90,1159 30,0386 173,8810
0,0000
TRATAMENTOS (15) (428,3525)
RESÍDUO 32 5,5281 0,17275
TOTAL 47 433,8807
188
TABELA 3C Análise de variância do desdobramento de melaço dentro de cada
nível de uréia no teor de proteína bruta no material original do
bagaço de cana-de-açúcar aditivado com diferentes doses de
uréia e melaço
FV
GL
SQ QM Fc Pr>Fc
URÉIA 3 419,8090 139,9364
810,0320 0,0000
MELAÇO / 0% URÉIA
3 0,7827 0,2609 1,5100 0,2291
MELAÇO/0,5%URÉIA
3 0,9260 0,3087 1,7870 0,1681
MELAÇO/1,0%URÉIA
3 5,5615 1,8538 10,7310 0,0000
MELAÇO/1,5%URÉIA
3 1,2733 0,4244 2,4570 0,0800
TRATAMENTOS (15) (428,3525)
RESÍDUO 32 5,5281 0,1728
TOTAL 47 433,8807
Média geral = 6,45
CV (%) = 6,44
TABELA 4C Resumo da análise da variância do teor de cinzas no material
original do bagaço de cana-de-açúcar aditivado com diferentes
doses de uréia e melaço
FV
GL
SQ QM Fc Pr>Fc
URÉIA 3 2,8814 0,9605 22,0320 0,0000
MELAÇO 3 42,5824 14,1941 325,6000
0,0000
URÉIA*MELAÇO
9 0,7536 0,0837 1,9210 0,0846
ERRO 32 1,3950 0,0436
TOTAL 47 47,6124
Média geral = 2,26
CV (%) = 9,25
189
TABELA 5C Análise de variância do desdobramento de uréia dentro de cada
nível de melaço no teor de FDN no material original do bagaço
de cana-de-açúcar aditivado com diferentes doses de uréia e
melaço
FV
GL
SQ QM Fc Pr>Fc
MELAÇO 3 1089,0845 363,0282
149,8500 0,0000
URÉIA / 0% MELAÇO
3 112,8478 37,6159 15,5270 0,0288
URÉIA / 2% MELAÇO
3 24,7508 8,2503 3,4060 0,0000
URÉIA / 4% MELAÇO
3 134,1496 44,7165 18,4580 0,0000
URÉIA / 6% MELAÇO
3 153,5214 51,1738 21,1240
TRATAMENTOS (15) (1514,3541)
RESÍDUO 32 77,5215 2,4225
TOTAL 47 1591,8756
TABELA 6C Análise de variância do desdobramento de melaço dentro de cada
nível de uréia no teor de FDN no material original do bagaço de
cana-de-açúcar aditivado com diferentes doses de uréia e melaço
FV
GL
SQ QM Fc Pr>Fc
URÉIA 3 211,3990 70,4663 29,0880 0,0000
MELAÇO / 0% URÉIA
3 300,3099 100,1033
41,3220 0,0000
MELAÇO/0,5%URÉIA
3 128,2977 42,7659 17,6530 0,0000
MELAÇO/1,0%URÉIA
3 324,5361 108,1787
44,6550 0,0000
MELAÇO/1,5%URÉIA
3 549,8113 183,2704
75,6520 0,0000
TRATAMENTOS (15) (1514,3541)
RESÍDUO 32 77,5215 2,4226
TOTAL 47 1591,8756
Média geral = 69,34
CV (%) = 2,24
190
TABELA 7C Resumo da análise da variância do teor de FDA no material
original do bagaço de cana-de-açúcar aditivado com diferentes
doses de uréia e melaço
FV
GL
SQ QM Fc Pr>Fc
URÉIA 3 28,3831 9,4610 3,1910 0,0367
MELAÇO 3 381,6612 127,2204
42,9130 0,0000
URÉIA*MELAÇO
9 27,3539 3,0393 1,0250 0,4417
ERRO 32 94,8682 2,9646
TOTAL 47 532,2665
Média geral = 44,31
CV (%) = 3,89
TABELA 8C Análise de variância do desdobramento de uréia dentro de cada
nível de melaço no teor de celulose no material original do bagaço
de cana-de-açúcar aditivado com diferentes doses de uréia e
melaço
FV
GL
SQ QM Fc Pr>Fc
MELAÇO 3 293,6048 97,8683 94,5600 0,0000
URÉIA / 0% MELAÇO
3 13,0146 4,3382 4,1920 0,0128
URÉIA / 2% MELAÇO
3 41,8515 13,9505 13,4790 0,0000
URÉIA / 4% MELAÇO
3 24,7594 8,2531 7,9740 0,0004
URÉIA / 6% MELAÇO
3 5,4890 1,8297 1,7680 0,1717
TRATAMENTOS (15) (378,7194)
RESÍDUO 32 33,1194 1,0350
TOTAL 47 411,8388
191
TABELA 9C Análise de variância do desdobramento de melaço dentro de cada
nível de uréia no teor de celulose no material original do bagaço
de cana-de-açúcar aditivado com diferentes doses de uréia e
melaço
FV
GL
SQ QM Fc Pr>Fc
URÉIA 3 41,8143 13,9381 13,4670 0,0000
MELAÇO / 0% URÉIA
3 43,1032 14,3677 13,8820 0,0000
MELAÇO/0,5%URÉIA
3 123,8235 41,2745 39,8800 0,0000
MELAÇO/1,0%URÉIA
3 85,3474 28,4491 27,4880 0,0000
MELAÇO/1,5%URÉIA
3 84,6310 28,2103 27,2570 0,0000
TRATAMENTOS (15) (378,7194)
RESÍDUO 32 33,1194 1,0350
TOTAL 47 411,8388
Média geral = 33,61
CV (%) = 3,03
TABELA 10C Análise de variância do desdobramento de uréia dentro de cada
nível de melaço no teor de hemicelulose no material original do
bagaço de cana-de-açúcar aditivado com diferentes doses de
uréia e melaço
FV
GL
SQ QM Fc Pr>Fc
MELAÇO 3 284,2969 94,7656 31,6870 0,0000
URÉIA / 0% MELAÇO
3 97,2186 32,4062 10,8360 0,0000
URÉIA / 2% MELAÇO
3 38,8044 12,9348 4,3250 0,0112
URÉIA / 4% MELAÇO
3 59,3725 19,7908 6,6170 0,0013
URÉIA / 6% MELAÇO
3 90,6002 30,2001 10,0980 0,0001
TRATAMENTOS (15) (570,2925)
RESÍDUO 32 95,7018 2,9907
TOTAL 47 665,9943
192
TABELA 11C Análise de variância do desdobramento de melaço dentro de cada
nível de uréia no teor de hemicelulose no material original do
bagaço de cana-de-açúcar aditivado com diferentes doses de
uréia e melaço
FV
GL
SQ QM Fc Pr>Fc
URÉIA 3 90,6694 30,2231 10,1060 0,0001
MELAÇO / 0% URÉIA
3 92,4416 30,8139 10,3030 0,1838
MELAÇO/0,5%URÉIA
3 15,3174 5,1058 1,7070 0,0002
MELAÇO/1,0%URÉIA
3 76,7800 25,5933 8,5580 0,0000
MELAÇO/1,5%URÉIA
3 295,0841 98,3614 32,8890
TRATAMENTOS (15) (570,2925)
RESÍDUO 32 95,7018 2,9907
TOTAL 47 665,9943
Média geral = 25,02
CV (%) = 6,95
TABELA 12C Análise de variância do desdobramento de uréia dentro de cada
nível de melaço no teor de lignina no material original do
bagaço de cana-de-açúcar aditivado com diferentes doses de
uréia e melaço
FV
GL
SQ QM Fc Pr>Fc
MELAÇO 3 11,6535 3,8845 6,2800 0,0018
URÉIA / 0% MELAÇO
3 1,9379 0,6460 1,0440 0,3847
URÉIA / 2% MELAÇO
3 25,7027 8,567561 13,8510 0,0000
URÉIA / 4% MELAÇO
3 59,7514 19,9171 32,1990 0,0000
URÉIA / 6% MELAÇO
3 0,3551 0,1184 0,1910 0,9012
TRATAMENTOS (15) (99,4006)
RESÍDUO 32 19,7943 0,6186
TOTAL 47 119,1949
193
TABELA 13C Análise de variância do desdobramento de melaço dentro de cada
nível de uréia no teor de lignina no material original do bagaço
de cana-de-açúcar aditivado com diferentes doses de uréia e
melaço
FV
GL
SQ QM Fc Pr>Fc
URÉIA 3 41,3924 13,7975 22,3050 0,0000
MELAÇO / 0% URÉIA
3 33,4396 11,1465 18,0200 0,0000
MELAÇO/0,5%URÉIA
3 14,9126 4,9709 8,0360 0,0004
MELAÇO/1,0%URÉIA
3 6,7357 2,2452 3,6300 0,0228
MELAÇO/1,5%URÉIA
3 2,9203 0,9734 1,5740 0,2134
TRATAMENTOS (15) (99,4006)
RESÍDUO 32 19,7943 0,6186
TOTAL 47 119,1950
Média geral = 10,83
CV (%) = 7,26
TABELA 14C Análise de variância do desdobramento de uréia dentro de cada
nível de melaço na capacidade tampão no material original do
bagaço de cana-de-açúcar aditivado com diferentes doses de
uréia e melaço
FV
GL
SQ QM Fc Pr>Fc
MELAÇO 3 25,7028 8,5676 144,092 0,0000
URÉIA / 0% MELAÇO
3 0,3010 0,1003 1,6870 0,1879
URÉIA / 2% MELAÇO
3 1,6770 0,5590 9,4010 0,0001
URÉIA / 4% MELAÇO
3 1,0773 0,3591 6,0390 0,0022
URÉIA / 6% MELAÇO
3 0,8550 0,2850 4,7930 0,0071
TRATAMENTOS (15) (29,6131)
RESÍDUO 32 1,9027 0,0595
TOTAL 47 31,5158
194
TABELA 15C Análise de variância do desdobramento de melaço dentro de cada
nível de uréia na capacidade tampão no material original do
bagaço de cana-de-açúcar aditivado com diferentes doses de
uréia e melaço
FV
GL
SQ QM Fc Pr>Fc
URÉIA 3 0,948948 0,3163 5,3200 0,0043
MELAÇO / 0% URÉIA
3 5,424534 1,8081 30,4100 0,0000
MELAÇO/0,5%URÉIA
3 8,5415 2,8472 47,8840 0,0000
MELAÇO/1,0%URÉIA
3 4,5485 1,5162 25,4990 0,0000
MELAÇO/1,5%URÉIA
3 10,1496 3,3832 56,8990 0,0000
TRATAMENTOS (15) (29,6131)
RESÍDUO 32 1,9027 0,0595
TOTAL 47 31,5158
Média geral = 2,12
CV (%) = 11,52
TABELA 16C Análise de variância do desdobramento de UREIA dentro de
cada nível de MELAÇO no teor de matéria seca nas silagens de
bagaço de cana-de-açúcar aditivado com diferentes doses de
uréia e melaço
FV
GL
SQ QM Fc Pr>Fc
MELAÇO 3 359,6080 119,8693
186,1230 0,0000
URÉIA / 0% MELAÇO
3 8,2723 2,7574 4,2820 0,0117
URÉIA / 2% MELAÇO
3 14,1895 4,7298 7,3440 0,0007
URÉIA / 4% MELAÇO
3 13,3681 4,4560 6,9190 0,0010
URÉIA / 6% MELAÇO
3 1,1351658
0,3784 1317,3360 0,6264
TRATAMENTOS (15) (396,5731)
RESÍDUO 32 20,6091 0,6440
TOTAL 47 417,1822
195
TABELA 17C Análise de variância do desdobramento de MELAÇO dentro de
cada nível de UREIA no teor de matéria seca nas silagens de
bagaço de cana-de-açúcar aditivado com diferentes doses de
uréia e melaço
FV
GL
SQ QM Fc Pr>Fc
URÉIA 3 21,1771 7,0590 10,9610 0,0000
MELAÇO / 0% URÉIA
3 86,0293 28,6764 44,5260 0,0000
MELAÇO/0,5%URÉIA
3 90,3831 30,1277 46,7800 0,0000
MELAÇO/1,0%URÉIA
3 84,32785 28,1093 43,6460 0,0000
MELAÇO/1,5%URÉIA
3 114,6558 38,2186 59,3430 0,0000
TRATAMENTOS (15) (396,5731)
RESÍDUO 32 20,6091 0,6440
TOTAL 47 417,1822
Média geral = 41,90
CV (%) = 1,92
TABELA 18C Análise de variância do desdobramento de uréia dentro de cada
nível de melaço no teor de proteína bruta nas silagens de bagaço
de cana-de-açúcar aditivado com diferentes doses de uréia e
melaço
FV
GL
SQ QM Fc Pr>Fc
MELAÇO 3 1,2593 0,4198 8,6010 0,0002
URÉIA / 0% MELAÇO
3 153,9204 51,3068 1051,2340
0,0000
URÉIA / 2% MELAÇO
3 136,6383 45,5461 933,2030 0,0000
URÉIA / 4% MELAÇO
3 145,6272 48,5424 994,5940 0,0000
URÉIA / 6% MELAÇO
3 111,9986 37,3329 764,9200 0,0000
TRATAMENTOS (15) (549,4439)
RESÍDUO 32 1,5618 0,0488
TOTAL 47 551,0057
196
TABELA 19C Análise de variância do desdobramento de melaço dentro de cada
nível de uréia no teor de proteína bruta nas silagens de bagaço
de cana-de-açúcar aditivado com diferentes doses de uréia e
melaço
FV
GL
SQ QM Fc Pr>Fc
URÉIA 3 544,0530 181,3510 3715,73 0,0000
MELAÇO / 0% URÉIA
3 1,3640 0,4547 9,3160 0,0001
MELAÇO/0,5%URÉIA
3 1,5726 0,5242 10,7410 0,0000
MELAÇO/1,0%URÉIA
3 0,4764 0,1588 3,2540 0,0338
MELAÇO/1,5%URÉIA
3 1,9779 0,6593 13,5080 0,0000
TRATAMENTOS (15) (549,4439)
RESÍDUO 32 1,5618 0,0488
TOTAL 47 551,0057
Média geral = 6,66
CV (%) = 3,32
TABELA 20C Análise de variância do desdobramento de uréia dentro de cada
nível de melaço no teor de cinzas nas silagens de bagaço de
cana-de-açúcar aditivado com diferentes doses de uréia e
melaço
FV
GL
SQ QM Fc Pr>Fc
MELAÇO 3 45,1638 15,0546 1601,1980
0,0000
URÉIA / 0% MELAÇO
3 0,0174 0,0058 0,6180 0,6071
URÉIA / 2% MELAÇO
3 0,0259 0,0086 0,9190 0,4409
URÉIA / 4% MELAÇO
3 0,2203 0,0734 7,8120 0,0005
URÉIA / 6% MELAÇO
3 0,0711 0,0237 2,5210 0,0746
TRATAMENTOS (15) (45,4986)
RESÍDUO 32 0,3009 0,0094
TOTAL 47 45,7995
197
TABELA 21C Análise de variância do desdobramento de melaço dentro de cada
nível de uréia no teor de cinzas nas silagens de bagaço de cana-
de-açúcar aditivado com diferentes doses de uréia e melaço
FV
GL
SQ QM Fc Pr>Fc
URÉIA 3 0,1381 0,0460 4,8950 0,0065
MELAÇO / 0% URÉIA
3 11,7260 3,9086 415,7220 0,0000
MELAÇO/0,5%URÉIA
3 10,5030 3,50100 372,3640 0,0000
MELAÇO/1,0%URÉIA
3 11,6246 3,8748 412,1270 0,0000
MELAÇO/1,5%URÉIA
3 11,5070 3,835667 407,9590 0,0000
TRATAMENTOS (15) (45,4986)
RESÍDUO 32 0,3009 0,0094
TOTAL 47 45,7995
Média geral = 2,35
CV (%) = 4,12
TABELA 22C Análise de variância do teor de FDN nas silagens de bagaço de
cana-de-açúcar aditivado com diferentes doses de uréia e
melaço
FV
GL
SQ QM Fc Pr>Fc
URÉIA 3 148,8824 49,6275 11,2200 0,0000
MELAÇO 3 833,9677 277,9893 62,8470 0,0000
URÉIA*MELAÇO
9 33,8036 3,7559 0,8490 0,5780
ERRO 32 141,5437 4,4232
TOTAL 47 1158,1974
Média geral = 69,94
CV (%) = 3,01
198
TABELA 23C Análise de variância do desdobramento de uréia dentro de cada
nível de melaço no teor de FDA nas silagens de bagaço de cana-
de-açúcar aditivado com diferentes doses de uréia e melaço
FV
GL
SQ QM Fc Pr>Fc
MELAÇO 3 224,3266
74,7755 24,7660 0,0000
URÉIA / 0% MELAÇO
3 9,5112 3,1704 1,0500 0,3822
URÉIA / 2% MELAÇO
3 77,9680 25,9893 8,6080 0,0002
URÉIA / 4% MELAÇO
3 68,6088 22,8696 7,5740 0,0006
URÉIA / 6% MELAÇO
3 44,5155 14,8385 4,9150 0,0063
TRATAMENTOS (15)
(424,9302)
RESÍDUO 32 96,6177 3,0193
TOTAL 47 521,5478
TABELA 24C Análise de variância do desdobramento de melaço dentro de cada
nível de uréia no teor de FDA nas silagens de bagaço de cana-
de-açúcar aditivado com diferentes doses de uréia e melaço
FV
GL
SQ QM Fc Pr>Fc
URÉIA 3 113,1942 37,7314 12,4970 0,0000
MELAÇO / 0% URÉIA
3 86,9936 28,9978 9,6040 0,0001
MELAÇO/0,5%URÉIA
3 38,0338 12,6779 4,1990 0,0127
MELAÇO/1,0%URÉIA
3 49,3260 16,4420 5,4460 0,0038
MELAÇO/1,5%URÉIA
3 137,3826 45,7942 15,1670 0,0000
TRATAMENTOS (15) (424,9302)
RESÍDUO 32 96,6177 3,0193
TOTAL 47 521,5478
Média geral = 47,81
CV (%) = 3,63
199
TABELA 25C Análise de variância do desdobramento de uréia dentro de cada
nível de melaço no teor de celulose nas silagens de bagaço de
cana-de-açúcar aditivado com diferentes doses de uréia e
melaço
FV
GL
SQ QM Fc Pr>Fc
MELAÇO 3 142,9157
47,6386 25,7470 0,0000
URÉIA / 0% MELAÇO
3 3,1125 1,0375 0,5610 0,6437
URÉIA / 2% MELAÇO
3 41,347 13,7822 7,4490 0,0006
URÉIA / 4% MELAÇO
3 30,0778 10,0260 5,4190 0,0039
URÉIA / 6% MELAÇO
3 28,0817 9,3606 5,0590 0,0054
TRATAMENTOS (15)
(245,5345)
RESÍDUO 32 59,2088 1,8503
TOTAL 47 304,7433
TABELA 26C Análise de variância do desdobramento de melaço dentro de cada
nível de uréia no teor de celulose nas silagens de bagaço de
cana-de-açúcar aditivado com diferentes doses de uréia e
melaço
FV
GL
SQ QM Fc Pr>Fc
URÉIA 3 59,8988 59,8988 10,7910 0,0000
MELAÇO / 0% URÉIA
3 90,1846 30,0615 16,2470 0,0000
MELAÇO/0,5%URÉIA
3 27,1305 9,0435 4,8880 0,0064
MELAÇO/1,0%URÉIA
3 24,9419 8,3139 4,4930 0,0095
MELAÇO/1,5%URÉIA
3 43,3787 14,4596 7,8150 0,0005
TRATAMENTOS (15) (245,5345)
RESÍDUO 32 59,2088 1,8503
TOTAL 47 304,7433
Média geral = 34,78
CV (%) = 3,91
200
TABELA 27C Análise de variância do desdobramento de uréia dentro de cada
nível de melaço no teor de hemicelulose nas silagens de bagaço
de cana-de-açúcar aditivado com diferentes doses de uréia e
melaço
FV
GL
SQ QM Fc Pr>Fc
MELAÇO 3 239,3706
79,7902 16,7600
0,0000
URÉIA / 0% MELAÇO
3 91,4630 30,4878 6,4040 0,0016
URÉIA / 2% MELAÇO
3 90,3034 30,1012 6,3230 0,0017
URÉIA / 4% MELAÇO
3 118,4187
39,4729 8,2920 0,0003
URÉIA / 6% MELAÇO
3 88,8413 29,6138 6,2210 0,0018
TRATAMENTOS (15)
(628,3975)
RESÍDUO 32 152,3400
4,7606
TOTAL 47 780,7374
TABELA 28C Análise de variância do desdobramento de melaço dentro de cada
nível de uréia no teor de hemicelulose nas silagens de bagaço de
cana-de-açúcar aditivado com diferentes doses de uréia e
melaço
FV
GL
SQ QM Fc Pr>Fc
URÉIA 3 242,8918 80,9639 17,0070 0,0000
MELAÇO / 0% URÉIA
3 46,5891 15,5297 3,2620 0,0335
MELAÇO/0,5%URÉIA
3 185,3526 61,7842 12,9780 0,0000
MELAÇO/1,0%URÉIA
3 130,9408 43,6470 9,1680 0,0002
MELAÇO/1,5%URÉIA
3 22,6232 7,5411 1,5840 0,2109
TRATAMENTOS (15) (628,3975)
RESÍDUO 32 152,3400 4,7606
TOTAL 47 780,7374
Média geral = 22,25
CV (%) = 9,81
201
TABELA 29C Análise de variância do desdobramento de uréia dentro de cada
nível de melaço no teor de lignina nas silagens de bagaço de
cana-de-açúcar aditivado com diferentes doses de uréia e
melaço
FV
GL
SQ QM Fc Pr>Fc
MELAÇO 3 30,1204 10,0401 5,1480 0,0051
URÉIA / 0% MELAÇO
3 8,4215 2,8072 1,4390 0,2480
URÉIA / 2% MELAÇO
3 40,6548 13,5516 6,9490 0,0010
URÉIA / 4% MELAÇO
3 29,4465 9,8155 5,0330 0,0056
URÉIA / 6% MELAÇO
3 37,6516 12,5505 6,4350 0,0015
TRATAMENTOS (15)
(146,2948)
RESÍDUO 32 62,4090 1,9503
TOTAL 47 208,7039
TABELA 30C Análise de variância do desdobramento de melaço dentro de cada
nível de uréia no teor de lignina nas silagens de bagaço de cana-
de-açúcar aditivado com diferentes doses de uréia e melaço
FV
GL
SQ QM Fc Pr>Fc
URÉIA 3 66,3506 22,1169 11,3400 0,0000
MELAÇO / 0% URÉIA
3 12,9531 4,3177 2,2140 0,1045
MELAÇO/0,5%URÉIA
3 18,3200 6,1067 3,1310 0,0385
MELAÇO/1,0%URÉIA
3 6,7063 2,2354 1,1460 0,3437
MELAÇO/1,5%URÉIA
3 41,9648 13,9883 7,1720 0,0008
TRATAMENTOS (15) (146,2948)
RESÍDUO 32 62,4090 1,9503
TOTAL 47 208,7039
Média geral = 13,03
CV (%) = 10,72
202
TABELA 31C Análise de variância do desdobramento de uréia dentro de cada
nível de melaço no pH nas silagens de bagaço de cana-de-açúcar
aditivado com diferentes doses de uréia e melaço
MELAÇO 3 0,0969 0,0323 14,1880 0,0000
URÉIA / 0% MELAÇO
3 0,2931 0,0977 42,9050 0,0000
URÉIA / 2% MELAÇO
3 0,0529 0,0176 7,739 0 0,0005
URÉIA / 4% MELAÇO
3 0,0501 0,0167 7,3290 0,0007
URÉIA / 6% MELAÇO
3 0,0573 0,0191 8,3930 0,0003
TRATAMENTOS (15) (0,5503)
RESÍDUO 32 0,0729 0,0023
TOTAL 47 0,6231
TABELA 32C Análise de variância do desdobramento de melaço dentro de cada
nível de uréia no pH nas silagens de bagaço de cana-de-úcar
aditivado com diferentes doses de uréia e melaço
FV
GL
SQ QM Fc Pr>Fc
URÉIA 3 0,0882 0,0294 12,9120 0,0000
MELAÇO / 0% URÉIA
3 0,1971 0,0657 28,8510 0,0000
MELAÇO/0,5%URÉIA
3 0,0426 0,0142 6,2360 0,0018
MELAÇO/1,0%URÉIA
3 0,0707 0,0236 10,3480 0,0001
MELAÇO/1,5%URÉIA
3 0,1517 0,0506 22,2060 0,0000
TRATAMENTOS (15) (0,5503)
RESÍDUO 32 0,0729 0,0023
TOTAL 47 0,6231
Média geral = 3,84
CV (%) = 1,24
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