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fórmula de James Fenimore Cooper, em O último dos moicanos (1826), Jules
Verne, nos vários livros publicados a partir de 1863, anos de Cinco semanas
num balão, Mark Twain, em As aventuras de Tom Sawyer (1876), ou Robert
Louis Stevenson, em A ilha do tesouro (1882). Por último, a apresentação do
cotitiano da criança, evitando a recorrência a acontecimentos fantásticos e
procurando apresentar a vida diária como motivadora de de ação e interesse,
conforme procedem o Cônego von Schid, em Os ovos de Páscoa (1816), a
Condessa de Ségur, em As meninas exemplares (1857), Louise M. Allcott em
Mulherzinhas (1869), Joana Spiry, em Heidi,(1881), e Edmond de Amicis,
em Coração (1886).
Depois de ter saído do seu estado de colônia e do domínio da educação jesuítica, o
Brasil passou por algumas reformas educacionais para suplantar suas inúmeras carências. Tais
reformas exigiram da literatura, agora muito difundida pela escola uma nova postura, a de
valorização da cor local, da pátria, dos interesses nacionais.
As obras precursoras deste momento carregavam influências da formação do homem
brasileiro desde o século XIX, que, segundo Coelho (1991), vai do Nacionalismo,
Intelectualismo, Tradicionalismo cultural, até ao moralismo e a religiosidade. Algumas delas
muito conhecidas são: a Série Instrutiva, de Hilário Ribeiro, os Contos Infantis, de Júlia
Lopes de Almeida, O Livro da Infância, de Francisca Júlia, Através do Brasil, de Olavo Bilac
e Manuel Bonfim, entre outras.
Lajolo e Zilberman (2003) concordam com Coelho (1991), sobre o fato de a
literatura infantil brasileira surgir apenas no final do século XIX e acrescentam mais alguns
fatos de importância: as primeiras manifestações de literatura infantil foram traduções, já no
início do século, de obras como As aventuras pasmosas do Barão de Munchausen. Lajolo e
Zilberman (2003) também atentam para o fato de que a literatura infantil nasceu sob os
auspícios do nacionalismo que foi gerado pelo movimento literário do romantismo e por
acontecimentos políticos como a abolição da escravatura e a proclamação da república.
Percebe-se, no entanto, que tais obras ainda estavam presas a modelos ultrapassados,
principalmente ao modelo de criança que o adulto queria conceber o de que ela seria um ser
ignorante, ainda pequeno, em formação e necessitaria ser moldada pelo homem já formado.