de inflação positivas
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. Com base nos manuais de Macroeconomia, essas taxas positivas
devem-se ao viés inflacionário do modelo KPBG. A explicação dada pelo modelo é que os
policymakers preocupam-se basicamente com estabilidade de preços e desemprego e que eles
tentam sistematicamente elevar o produto acima do potencial produzindo inflação inesperada.
Isto se deve tanto as distorções tributárias quanto a existência de sindicatos que criam
desemprego excessivo por buscar a manutenção de salários reais maiores que o de equilíbrio.
Sob uma política discricionária o BC tenta criar inflações inesperadas de forma a obter
uma taxa de emprego maior que o desejável. Como os agentes são racionais e compreendem
esta possível tentação pela qual o BC passa, os indivíduos refazem suas expectativas
inflacionárias, neutralizando qualquer efeito da inflação sobre o nível da atividade econômica.
Assim, no equilíbrio, a inflação esperada e a observada são ambas positivas, mas o produto é
igual ao potencial. Como conseqüência, “[...] employment remains at its natural level but
monetary policy is subject to a subotimal inflationary bias. This is the well known dynamic
inconsistency of monetary policy under discretion.”
– (CUKIERMAN, 2000, p.2), ou seja, a
economia acaba apresentando uma inflação excessiva, um viés inflacionário.
Note que, embora o modelo KPBG explique porque taxas de inflação excessivas
podem ser observadas, ele exige para tanto, que os
policymakers persigam sistematicamente a
elevação do produto acima do factível.
De acordo com a teoria econômica, as autoridades monetárias desenham sua política a
partir da minimização de sua função perda, que é crescente no
gap do produto (diferença entre
o produto observado e o potencial) e no
gap da inflação (desvio da inflação observada em
relação à meta), e sujeita a restrições estruturais da economia, aqui sendo representada pela
Curva de Phillips aumentada – na qual, o desvio do produto em relação a seu nível natural ou
potencial é uma função crescente da inflação inesperada –, gerando, assim, uma função de
reação, na qual baseia suas decisões de política. Essa função de reação, amplamente
conhecida como “Regra de Taylor”, relaciona a taxa de juros nominal de curto prazo –
variável instrumento de política do BC – aos g
aps do produto e da inflação.
Até a década de 90, havia um consenso no meio acadêmico acerca deste modelo
quadrático-linear para essa função de reação. Dada a simetria de preferências dos BCs em
relação ao
gap da inflação, a função objetivo obtida seria quadrática, representando que os
policymakers são igualmente avessos aos desvios positivos e negativos, e conseqüentemente,
dada a linearidade da restrição, a função de reação resultante seria também linear.
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Gostaríamos de deixar claro que não nos referimos, aqui, a uma inflação que seja positiva e que isso seja o
viés inflacionário, mas a inflação observada que é maior do que a taxa desejada, mesmo que essa seja positiva.