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LUCIANO ZACCA SCHMIDT
COMPORTAMENTO ALIMENTAR,
PARÂMETROS HEMATOLÓGICOS E POPULAÇÃO DE
CILIADOS RUMINAIS EM CORDEIROS DA RAÇA
CRIOULA LANADA SERRANA
LAGES, SC
2006
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1
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA UDESC
CENTRO DE CIÊNCIAS AGROVETERINÁRIAS
LUCIANO ZACCA SCHMIDT
COMPORTAMENTO ALIMENTAR, PARÂMETROS
HEMATOLÓGICOS E POPULAÇÃO DE
CILIADOS RUMINAIS EM CORDEIROS DA RAÇA
CRIOULA LANADA SERRANA
Dissertação apresentada à Universidade do
Estado de Santa Catarina - UDESC, como
requisito para a obtenção do título de Mestre
em Ciências Veterinárias.
Orientador: Prof. Dr. Peter Johann Bürger
Co-Orientador: Prof. Dr. Jorge Luiz Ramella
Lages, SC
2006
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Ficha catalográfica
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
DIVISÃO DE BIBLIOTECA DE DOCUMENTAÇÃOCAV/UDESC
SCHMIDT, LUCIANO ZACCA
Comportamento alimentar, Parâmetros Hematológicos e População de Ciliados
Ruminais em ovinos da raça Crioula Lanada Serrana. Luciano Zacca Schmidt-Lages,
2006. p 75.
Dissertação (mestrado) - Centro de Ciências Agroveterinárias, 2006.
Bibliografia.
1. Cordeiros, 2. parâmetros hematológicos, 3. comportamento alimentar,
4. raça Crioula Lanada Serrana
LUCIANO ZACCA SCHMIDT
COMPORTAMENTO ALIMENTAR, PARÂMETROS
HEMATOLÓGICOS E POPULAÇÃO DE
CILIADOS RUMINAIS EM CORDEIROS DA RAÇA
CRIOULA LANADA SERRANA
Banca Examinadora:
: ____________________________________________________
Prof. Dr. Peter Johann Bürger - UDESC
Orientador
: ____________________________________________________
Prof. Dr. Jorge Luiz Ramella - UDESC
Co-Orientador
_____________________________________________________
Prof. Dr. Eraldo Lourenso Zanella - UPF
Membro:
_____________________________________________________
Prof. Dr. Edison Martins - EPAGRI
Membro
Lages, novembro de 2006
Aos meus Pais Carlos Abel Picinini Schmidt e
Noeli Zacca Schmidt, que sem o apoio deles,
sem medir esforços, fizeram de tudo para que
eu me tornasse um ser feliz com mais esta
conquista.
AGRADECIMENTOS
À Universidade do Estado de Santa Catarina que me oportunizou a realizar
esse desafio, permitindo a minha capacitação.
Ao Professore Edison Martins e Professora Vera Maria Villamil Martins, que
disponibilizaram sem medir esforços seu estabelecimento Pecuário, bem como um
lote de cordeiros da Raça Crioula Lanada Serrana para a realização deste trabalho.
Ao meu orientador Professor Dr. Peter Johann Bürger, por aceitar em me
orientar nessa longa e difícil tarefa.
Ao co-orientador Professor Dr. Jorge Luiz Ramela, pela sua dedicação,
interferências apropriadas com muito zelo e dedicação a mim fornecidos.
Ao Professor Dr. Aury Nunes de Moraes, pela sua competente colaboração
que prazerosamente fez a colheita de sangue arterial.
Ao Professor David José Miquelluti, pela realização das análises estatísticas.
Aos Bolsistas Franciele Roman, Rosemberg Tartari, que sem a presença
deles este experimento não teria se realizado.
Aos Acadêmicos voluntários, que fizeram parte no desenvolvimento do
experimento.
Ao Professor Marcio Pacheco de Andrade, que com muita competência e
conhecimento realizou os exames laboratoriais de hematologia veterinária.
Aos Meus Queridos pais, pelo incentivo e compreensão em todo os
momentos.
Ao Professor Adelmar Tadeu Wolff e sua esposa Wilma Koerich que tiveram
um papel muito importante,dando-me apoio nos momentos mais difíceis dessa
jornada.
Ao caseiro da Fazenda Bom Jesus do Herval, Teixeira e sua família que não
mediram esforços durante o experimento.
COMPORTAMENTO ALIMENTAR, PARÂMETROS HEMATOLÓGICOS E
POPULAÇÃO DE CILIADOS RUMINAIS EM CORDEIROS DA RAÇA CRIOULA
LANADA SERRANA.
RESUMO
Foram estudados os efeitos de idades aos 120, 180 e 240 dias, sobre o
comportamento alimentar e o desempenho ponderal de 21 cordeiros, sendo 11
fêmeas, da raça Crioula Lanada Serrana. O experimento foi realizado num
estabelecimento pecuário no município de Ponte Alta, SC. Os cordeiros foram
desmamados aos 60 dias e mantidos em piquetes de cinco hectares, em pastagem
naturalizada de grama missioneira (Axonopus sp) associado à pastagem cultivada
de azevém (Lollium perene L.) e trevo vermelho (Trifolium pratense L.) com água e
sal mineral ad libitum. Os animais foram vermifugados e vacinados contra
enterotoxemia. Foram colhidas amostras de 10 mL de sangue venoso da veia
jugular, desta forma uma sub-amostras de 3 mL foram adicionado anticoagulante
Etileno-diamino-tetracéticodissódico – EDTA, na concentração de 10%, utilizando-se
0,1mL em cada 5mL de sangue para os exames hematológicos e sub-amostras de 7
mL foram deixados para que coagulassem sendo o soro utilizado para as dosagens
bioquímicas. Da artéria marginal da orelha coletou-se 1 mL de sangue para
determinação hemogasométrico. Os dados comportamentais foram obtidos por
observação visual, a campo, a cada cinco minutos, por três períodos diários
consecutivos de doze horas, nas faixas etárias experimentais, correspondendo aos
meses de dezembro de 2004, fevereiro e abril de 2005. Efetuaram-se pesagens a
cada quatorze dias, totalizando quinze pesagens.apresentando os machos Os dados
foram analisados em delineamento inteiramente casualizado em estrutura fatorial
para sexo e idade. Não houve efeito (P>0,05) de interação entre idade e sexo e do
fator sexo para as variáveis analisadas.
Palavras-chave: Cordeiros Crioulos; hematologia; hemogasometria; comportamento
alimentar; população de ciliados ruminantes.
THE INGESTIVE BEHAVIOR, HEMATOLOGIC PARAMETERS AND CILIATE
RUMNAL POPULATIONS IN LAMBS OF THE CRIOULA WOOL SERRANA
BREED
ABSTRACT
This study centered on the effects of the age at the 120, 180 and 240 days,
concerning the feeding behavior and the ponderal performance of twenty-one lambs
from the Crioula Wool Serrana breed. The experiment was held in a farm located at
Ponte Alta, SC. The lambs were weaned with 60 days of age and kept in 5-hectare
enclosures, fed with native grass and missionary grass (Axonopus sfissifolius) in
association with rye-grass cultivated (Lollium perene L.) and red clover (Trifolium
pretense L.) with water and mineral salt ad libitum. At night the lambs were kept in
the pasture and did not have any additional food. The animals were vermifugated
and vaccinated against enterotoxemy. Samples of 10 ml from the jugular vein were
collected, with the addition of 3 ml Etileno-diamino-tetraceticodissodic anti-coagulant
of 10%, by employing 0,1 ml in each 5ml of blood for the hematologic exams, while
the other 7 ml remaining were left to coagulate and its serum used for the
biochemical analises.1 ml of blood was collected from the Marginal artery ear for the
settlement of the hemogasometric values. The behavioral data were obtained
through visual observation, in the field, at each five minutes, during three daily
consecutive periods of ten hours, in experimental age strips, corresponding to the
months of december 2004, february and april 2005. Two weighings were made at
each 14-day period, making a total of 1 weighings in all. The data were analyzed
with delineation entirely casualized in factorial structure for sex and age. There was
no effect (P<0,05) of interaction between age and sex or of te sex factor for the
analyzed variables.
Key words: Crioulo lambs; hematology; hemogasometry; ingestive behavior;
ruminant ciliate population.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
CAPÍTULO I
Figura 1 – Vista aérea do município de Ponte Alta, SC.....................................
Figura 2 – Lote dos cordeiros na área experimental...............................................
Figura 3 – Identificação dos cordeiros nos flancos.................................................
.
Figura 4
A
nimal no momento da pesagem..........................................................
.
Figura 5 – Observadores em seu ponto de observação.........................................
.
Gráfico 1 Médias dos fatores do comportamento alimentar de cordeiros da
raça Crioula Lanada Serrana aos 120 dias de idade...............................................
Gráfico 2 – Médias dos fatores do comportamento alimentar de cordeiros da
raça Crioula Lanada Serrana aos 180 dias de idade...............................................
Gráfico 3 – Médias dos fatores do comportamento alimentar de cordeiros da
raça Crioula Lanada Serrana aos 240dias de idade................................................
33
34
35
36
37
4
0
4
0
4
1
CAPÍTULO II
Figura 1 – Coleta de conteúdo ruminal com sonda esofágica................................
.
Figura 2 – Amostra de conteúdo ruminal e formaldeido.........................................
.
63
63
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO I
Tabela 1 – Médias de tempos despendidos em Pastejo ao Sol, Pastejo a
Sombra, Ruminação no Sol, Ruminação na Sombra, Ócio no Sol, Ócio na
Sombra e Atividades Diversas hora/dia em cordeiros da Raça Crioula Lanada
Serrana segundo as idades e intervalos de tempos de observações......................
Tabela 2 Médias dos parâmetros do desempenho ponderal em cordeiros da
raça Crioula Lanada Serrana, segundo o sexo........................................................
38
4
2
CAPÍTULO II
Tabela 1 – Médias dos valores do hemograma de cordeiros da raça Crioula
Lanada Serrana, em pastejo, segundo o sexo........................................................
.
Tabela 2 – Média dos valores bioquímicos de hemograma de cordeiros da raça
Crioula Lanada Serrana, em pastejo, segundo o sexo............................................
Tabela 3 – Médias dos valores bioquímicos séricos em cordeiros da raça Crioula
Lanada Serrana, em pastejo, segundo o sexo........................................................
Tabela 4 – Valores bioquímicos séricos médios de cordeiros da raça crioula
Lanada Serrana, em pastejo, segundo a idade.......................................................
.
Tabela 5 - Valores hemogasométricos médios, de cordeiros da raça Crioula
Lanada Serrana, segundo o sexo............................................................................
Tabela 6 – Valores médios de ciliados ruminais de ovinos da raça Crioula
Lanada Serrana, em pastejo, segundo o sexo........................................................
.
Tabela 7 – Valores médios de ciliados ruminais de ovinos da raça Crioula
Lanada Serrana, em pastejo, segundo a idade.......................................................
.
65
66
67
67
68
69
70
LISTA DE ABREVIATURAS
Aa
AD
Ap
ATP
BE
Ca
++
CHCM
Col
DL
E
EDTA
FL
g/dL
GK
Gli
GOD
GPO
Hb
HCM
HCT
HDL
K
LDL
LPL
Leu
- Absorvância da amostra
- Atividades diversas
- Absorvância do padrão
- Trifosfato de Adenosina
- Excesso de base
- Cálcio
- Concentração Hemoglobínica Corpuscular Média
- Colesterol
- Decilitro
- Eritrócito
- Ácido Etilenodiaminotetracético
- Fentolitro
- Gramas por decilitro
- Glicerolquinase
- Glicose
- Glicose Oxidase
- Glicerol-3-fosfato Oxidase
- Hemoglobina
- Hemoglobina Corpuscular Média
- Hematócrito ou Volume Globular
- Lipoproteínas de Alta Densidade
- Potássio
- Lipoproteínas de Baixa Densidade
- Lipoproteína Lipase
- Leucócito
mEq/L
Mg
Mg
mg/dL
µL
mL
mm
ODSOL
ODSOM
OPG
OPSOL
OPSOM
mmHg
Na
Nm
OPG
P
PaCO
2
pH
PaO
2
Pg
POD
PSOL
PSOM
RDSOL
RDSOM
RPSOL
RPSOM
Tri
U/L
VCM
VLDL
- Mili Equivalente por litro
- Magnésio
- Miligrama
- Miligrama por decilitro
- Microlitro
- Mililitro
- Milimolar
- Ócio deitado ao sol
- Ócio deitado à sombra
- Ovos por Grama
- Ócio em pé ao sol
- Ócio deitado à sombra
- Milímetro de Mercúrio
- Sódio
- Nanômetro
- Ovos Por Grama
- Fósforo
- Pressão parcial de Dióxido de Carbono
- Potencial hidrogênio iônico
- Pressão parcial de Oxigênio
- Picograma
- Peroxidase
- Pastejo ao sol
- Pastejo a sombra
- Ruminação deitado ao sol
- Ruminação deitado à sombra
- Ruminação em pé ao sol
- Ruminação em pé à sombra
- Triglicérideo
- Unidade por litro
- Volume Corpuscular Médio
- Lipoproteínas de Densidade Muito Baixa
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................
2 REVISÃO DE LITERATURA................................................................................
.
2.1 COMPORTAMENTO ALIMENTAR....................................................................
2.2 HEMATOLOGIA.................................................................................................
2.3 HEMOGASOMETRIA.........................................................................................
3 REFER
Ê
NCIAS.....................................................................................................
4 CAPÍTULO I
COMPORTAMENTO EM PASTEJO E DESEMPENHO PONDERAL
DE CORDEIRO DA RAÇA CRIOULA LANADOS SERRANA...............................
.
RESUMO ................................................................................................................
.
ABSTRACT ............................................................................................................
.
4.1 INTRODUÇÃO...................................................................................................
4.2 REVISÃO DE LITERATURA..............................................................................
4.3 MATERIAL E MÉTODOS...................................................................................
4.3.1 Local e Clima...................................................................................................
4.3.2 Manejo dos animais........................................................................................
.
4.3.3. Ensaios experimentais...................................................................................
4.3.3.1 Experimento I - Ensaio do comportamento em pastejo...............................
.
4.3.3.2 Experimento II - Ensaio do desempenho ponderal......................................
4.3.4 Procedimentos experimentais.........................................................................
4.3.5 Delineamento experimental.............................................................................
4.4 RESULTADOS E DISCUSSÕES.......................................................................
4.4.1 Comportamento em pastejo............................................................................
4.4.2 Análise estatística do comportamento alimentar............................................
.
4.4.3 Análise do desempenho ponderal...................................................................
15
18
20
22
22
24
27
27
28
29
30
32
32
33
34
35
35
36
37
37
37
4
1
4
2
4.4.4 Análise estatística do desempenho ponderal.................................................
.
4.5 CONCLUSÕES..................................................................................................
4.6 REFER
Ê
NCIAS..................................................................................................
5 CAPÍTULO II
PARÂMETROS HEMATOLÓGICOS E POPULAÇÃO DE CILIADOS
RUMINAIS EM CORDEIROS DA RAÇA CRIOULA LANADA SERRANA
DE DIFERENTES IDADES......................................................................................
RESUMO.................................................................................................................
.
ABSTRACT.............................................................................................................
.
5.1 INTRODUÇÃO...................................................................................................
5.2 REVISÃO DE LITERATURA..............................................................................
5.2.1 Níveis séricos dos componentes minerais......................................................
5.3 MATERIAIS E M
É
TODOS.................................................................................
.
5.3.1 Manejo dos animais........................................................................................
.
5.3.2 Ensaios experimentais....................................................................................
5.3.2.1 Experimento I – Parâmetros hematológicos................................................
.
5.3.2.1.1 Análises bioquímicas................................................................................
.
5.3.2.1.2 Hemogasometria.......................................................................................
5.3.2.1.3 Análise estatística do ensaio 1..................................................................
5.3.2.2 Experimento II – Ciliados ruminais...............................................................
5.4 RESULTADOS E DISCUSSÕES.......................................................................
5.4.1 Experimento I – Parâmetros hematológicos...................................................
.
5.4.2 Experimento II – População de ciliados ruminais...........................................
.
5.4.2.1 Análise estatísticas do Ensaio 2..................................................................
.
5.5 CONCLUSÕES..................................................................................................
5.6 REFER
Ê
NCIAS..................................................................................................
6 CONCLUSÕES.....................................................................................................
APENDICE...............................................................................................................
4
3
4
4
4
4
4
7
4
7
4
8
4
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53
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56
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62
62
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64
69
70
71
70
74
75
15
1 INTRODUÇÃO
A domesticação da espécie ovina é uma das mais antigas da história,
havendo relatos que a mesma tenha ocorrido no período neolítico, entre 4.000 a
6.000 anos a.C, na Ásia Menor. Os ovinos pertencem à família dos bovídeos e sub-
família ovinae da ordem dos artiodáctilos, gênero ovis, representado por grande
número de espécies silvestres e por uma espécie domesticada, Ovis aries, às quais
pertencem aproximadamente 800 raças e variedades distribuídas mundialmente
(BELLUZO et al., 2001).
A ovinocultura é uma atividade desenvolvida em grande parte do planeta,
estimando-se o rebanho mundial de ovinos em um bilhão de cabeças, estando os
maiores efetivos localizados na China, Austrália e Nova Zelândia, que concentram,
respectivamente, 28, 14 e 9% do rebanho mundial (NOGUEIRA FILHO, 2003).
Segundo dados do censo agropecuário, a população brasileira de ovinos é de
14 milhões de cabeças (FAO, 2005). Em 2004, o estado de Santa Catarina possuía
uma população estimada de 200 mil ovinos, sendo que a meso-região serrana
apresentou um rebanho de 64 mil ovinos (IBGE, 2004).
Esta espécie vem contribuindo com 4,8% do total mundial de produção de
carne e 3,4% de leite, sendo que 60% das ovelhas produtoras de leite, total ou
parcialmente e, em média, de 95% do leite produzido gera produtos com certificação
de origem e de qualidade.
16
Entre as raças ovinas no Planalto Serrano Catarinense encontra-se a raça
Crioula Lanada Serrana descendente do carneiro selvagem, do sudoeste asiático. A
ovelha da raça Crioula Lanada Serrana teve sua origem no Brasil do século XVII, a
partir do cruzamento entre os rebanhos trazidos pelos padres jesuítas e outras raças
importadas pela colonização portuguesa. Durante os últimos quatro séculos essa
raça sobrevive às adversidades climáticas da região, tendo passado por um
processo de seleção natural, tornando-se perfeitamente adaptada ao ecossistema
regional (VAZ et al., 1999; VAZ, 2000).
A região do Planalto Catarinense se caracteriza por relevo que varia de
suavemente ondulado a ondulado, com predomínio de extensos planaltos e colinas
que contribuem para a ação das massas de ar. Os solos são pouco férteis, muito
ácidos, poucos profundos ou pedregosos, cobertos por pastagens naturais, no qual
as gramíneas de crescimento estival são os principais componentes. O clima da
região, classificado como temperado, chuvoso, com verões brandos e invernos
rigorosos com grandes incidências de geadas que se estendem de abril a novembro,
e mudanças bruscas de temperatura em conseqüência das freqüentes entradas de
massas polares. Devido a essas características, os campos apresentam boa
produção de forragens na primavera e verão. Entretanto, no outono e inverno a
produção animal é limitada pela baixa qualidade e escassez das pastagens
(CARDOSO et al., 2003).
A pastagem é um fator importante a ser analisado quando se pretende
implantar uma atividade criatória da espécie ovina. As pastagens devem ser
manejadas de forma correta, levando em conta as cultivares, época do ano, o micro-
clima da região e o comportamento alimentar do animal.
17
Na clínica veterinária, torna-se necessário conhecer os parâmetros
hematológicos e bioquímicos das diferentes espécies e raças de animais de
interesse zootécnico, para auxiliarem no diagnóstico e na terapêutica. Os animais de
companhia representam a maior casuística das clínicas veterinárias, mas os animais
de fazenda podem ser passíveis de atendimento, razão pela qual se faz necessário
conhecer seus padrões sangüíneos normais.
De acordo com Wolff (2005), o conhecimento da conduta normal dos ovinos,
principalmente quanto ao comportamento alimentar, é importante para evitar perdas
com o declínio da produção e morte de animais. Por falta de conhecimentos dos
fundamentos etológicos, é comum atribuir a outras causas os efeitos deletérios,
quando na realidade trata-se de manejo incorreto pelo não domínio da rotina do
pastejo ou de outras atividades comportamentais.
Por existir a necessidade da geração de maiores conhecimentos sobre
ovinos, em pastagens naturais, delineou-se o experimento em propriedade no
município de Ponte Alta, SC, na região sul do Brasil, com cordeiros da raça Crioula
Lanada Serrana em criação semi-intensiva, sendo avaliados, nesse experimento, os
efeitos de sexo e de idade (120, 180 e 240 dias), sobre o desempenho ponderal,
comportamento alimentar, valores de referência dos parâmetros hematológicos e
população de ciliados.
Para melhor compreensão na abordagem desses objetivos, esta dissertação
foi dividida em dois capítulos, constituídos por dois ensaios cada um, e, editada de
acordo com o Manual para Elaboração de Trabalhos Acadêmicos da Universidade
do Estado de Santa Catarina.
18
2 REVISÃO DE LITERATURA
Sendo o conhecimento da rotina alimentar dos animais de fundamental
importância para garantir um desenvolvimento hígido, este estudo procura
aprofundar os conhecimentos a respeito do comportamento alimentar e da
população de ciliados ruminais em cordeiros da raça Crioula Lanada Serrana, para
fundamentar práticas de manejo aos produtores do Planalto Serrano Catarinense.
Para facilitar as práticas de manejo e evitar alta mortalidade peri-natal, e para
que os animais possam expressar todo o seu potencial, é importante que os
cordeiros, na maioria das raças européias nasçam com peso médio de 4,5 kg,
recebam colostro suficiente e todos os cuidados iniciais necessários.
Na fase de lactação das ovelhas, à medida que essa avança e ocorre a
redução da produção láctea, os cordeiros desenvolvem as paredes e as papilas
ruminais incrementando a microbiota do rúmen e ampliando as horas destinadas ao
pastejo, principalmente após o desmame.
De acordo com Irazoqui (1987) e Church (1976), os tempos médios dedicados
pelos ovinos em pastejo para suas atividades rotineiras são: 8,5 horas/dia de
pastejo, 2,5 horas/dia de deslocamento e ingestão de água, 8,0 horas/dia destinadas
à ruminação (6,0 horas/dia deitados e 2,0 horas/dia em pé) e 5,0 horas/dia de sono
e ócio. Esses tempos despendidos podem sofrer variações de acordo com a idade
19
do animal, a condição corporal, a fase fisiológica, o clima e a disponibilidade de
forragens.
Estudando o comportamento inato de ovinos, de ócio e dormitação, Das
(2001) constatou que despendiam 11,4 horas/dia em diferentes atividades: sendo
6,3 horas em ócio; 4,2 horas/dia em descanso e 0,9 hora/dia em sono. Para
diferentes categorias, o tempo despendido em inatividade pelos cordeiros foi de 14,5
horas/dia; 12,7 horas/dia pelas ovelhas em lactação e 12,2 horas/dia ovelhas
prenhes. Os maiores tempos despendidos em atividades comportamentais inatas
foram verificados durante os períodos das 9:00 às 15:00 horas e das 18:00 às 03:00
horas. Segundo esse autor, ovelhas das raças Muzaffarnagari e raça cruzada ¼
Suffolk x ¼ Dorset x ½ Muzaffarnagari, despendem 18% de 24 horas (4,32
horas/dia) em descanso, comparadas com ovelhas da raça Corriedale que
despenderam em média de 13% (3,1 horas/dia) em repouso.
O sucesso de qualquer empreendimento destinado à exploração animal se
apóia num tripé constituído de melhoramento genético, nutrição e sanidade. Desta
maneira, é da maior importância que esses fatores, influenciados pelo ambiente,
devam se desenvolver de forma harmônica para se atingir o sucesso em qualquer
sistema de produção animal. A sanidade constitui a base de qualquer programa de
produção animal considerando que os exames hematológicos podem ser úteis para
fornecer uma visão do estado sanitário dos animais (KANETO, 2001).
20
2.1 COMPORTAMENTO ALIMENTAR
Produtores e técnicos, que trabalham com saúde animal, têm a obrigação de
conhecer a conduta dos ovinos no que se refere ao comportamento alimentar.
Durante as atividades a serem cumpridas no decorrer do dia, os ovinos param
em algum ponto do piquete para descansar em pé ou deitados, ruminar ou dormitar.
Shinde et al. (1997) estudando a preferência da dieta e o comportamento de
pastejo no verão em ovinos, observaram que os dois maiores períodos de pastejo
ativo concentraram-se das 8:30 às 12:50 horas e das 14:20 às 17:30 horas. O
aumento na temperatura ambiental de dezembro a março resultou em um
decréscimo no período de pastejo de 8,36 para 7,40 horas/dia, e acréscimo no
período de ócio de 0,40 para 1,33 horas/dia.
Em experimento conduzido por Champion et al (1994), foi testada a
repetibilidade do padrão comportamental alimentar com ovinos da raça Scothish
Halfbred, continuamente, por sete dias, usando um sistema de registro automático
que media os movimentos mandibulares, que mostrou que os tempos médios do
amanhecer e do crepúsculo durante o experimento foram respectivamente 7,02 e
17,55 horas. Os animais foram continuamente mantidos em uma pastagem de 0,65
hectare de azevém perene (Lolium perenne L. cultivar “Parcour”), onde a altura da
pastagem foi mantida entre cinco e seis centímetros e os resultados apontaram a
existência de um padrão diário recorrente, com picos na atividade de ingestão a
cada oito horas.
Keskin et al. (2003), compararam o comportamento de cordeiros da raça
Awassi, divididos em dois grupos: um grupo com dieta simples com 16% de proteína
bruta e suplementação de grãos e um segundo grupo com acesso livre à
21
alimentação suplementada com grãos e volumoso de leguminosas. As observações
comportamentais foram registradas duas vezes por semana, por um período de uma
hora, em intervalos de cinco minutos, às 13:00, 16:00, 19:00, 22:00, 01:00, 04:00,
07:00 e 10:00 horas, após o início da alimentação diária. Nesses intervalos de cinco
minutos, todos os cordeiros foram monitorados para determinar como ocupavam seu
tempo. Os animais de livre acesso despenderam mais tempo que o grupo controle
na ingestão e descanso (P<0,01), contudo, os cordeiros da dieta simples
despenderam mais tempo que os de livre escolha descansando e caminhando. Os
autores observaram que a hora do dia tem efeito significativo no tempo despendido
em pastejo, ócio e ruminação.
Estudos de Penning et al. (1995), compararam o comportamento alimentar de
ovelhas em diferentes estados fisiológicos: fêmeas lactantes com suas crias, com
fêmeas não lactantes e vazias. Observaram que ovelhas lactantes despenderam
significativamente maior tempo (P<0,01) em suas atividades alimentares em
pastagem de trevo num período de 24 horas, atingindo um percentual de 59,3% do
tempo em pastejo e 13,4% em ruminação, enquanto nas ovelhas secas foi de 51,7%
em pastejo e 12,2% em ruminação. As ovelhas secas despenderam 42,7% do
tempo, em ócio, em comparação com os 35,6%, despendido pelas ovelhas
lactantes.
Segundo Dumont e Boissy (2000), as observações comportamentais de
pastejo dos animais não devem ser influenciadas com a presença de pessoas
próximas ao rebanho. Esses autores realizaram um experimento sobre
comportamento alimentar utilizando uma plataforma de quatro metros de altura com
a finalidade de não influenciar os animais. Outros autores como Hulbert (1998) citam
o uso de colar dotado de Global Positionig System (GPS), utilizado para a obtenção
22
de informação acurada sobre a localização dos animais, permitindo o estudo dos
animais, em pastejo.
2.2 HEMATOLOGIA
Os parâmetros sangüíneos têm sido utilizados mundialmente para avaliar o
estado de saúde dos animais e também como indicadores do estresse térmico
(PAES et al., 2000). Outros fatores podem influenciar os valores de referência para a
interpretação dos referidos parâmetros, tais como: espécie, raça, sexo, idade, estado
fisiológico e hora do dia (JAIN, 1993). Animais criados sob diferentes variações
climáticas e de manejo podem apresentar evidentes variações dos elementos
constituintes do hemograma, assim, os valores obtidos para animais criados em uma
determinada região não podem ser considerados como padrão de referência fora
dessa região, sem que para tanto haja adequada avaliação (BIRGEL JUNIOR,
2001).
2.3 HEMOGASOMETRIA
Amostras de sangue arterial são usadas preferencialmente devido à maior
oxigenação do sangue e por este não ser modificado em animais com problemas
respiratórios primários ou mantidos sob anestesia geral. As diferenças entre os
resultados hemogasométricos arteriais e venosos são as seguintes: maior pH e
PaO
2
nas amostras arteriais e maiores PaCO
2
e teores de bicarbonato nas amostras
venosas. Geralmente não se encontram diferenças nas concentrações de excesso
de base (BE). Contudo, a despeito dessas diferenças nos resultados
23
hemogasométricos, o sangue venoso é rotineiramente utilizado por ser de mais fácil
colheita que o arterial e por oferecer resultados muito confiáveis nos casos de
acidose metabólica (DIBARTOLA, 1992; KANEKO et al.,1997).
Exames hemogasométricos podem ser de grande valia na determinação de
diagnóstico e prognóstico em ruminantes. A acidose metabólica é caracterizada pela
diminuição do pH e dos teores de bicarbonato sangüíneo; tal desequilíbrio ocorre em
casos de acidose láctica ruminal, estados de cetoacidose, diarréia e insuficiência
renal (KANEKO et al., 1997; MARUTA e ORTOLANI, 2002). A avaliação dos gases
sangüíneos e dos demais parâmetros necessários para a interpretação correta do
equilíbrio ácido-básico, oferece um conjunto de informações valiosas para o
diagnóstico e decisão terapêutica de determinadas enfermidades dos ruminantes. A
importância dos resultados da hemogasometria pode ser destacada em doenças,
como acidose ruminal aguda, ectopias do abomaso e processos toxêmicos (BLOOD
et al., 2002).
24
3 REFERÊNCIAS
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WOLFF, A.T. Parâmetros hematológicos, comportamento ingestivo e
desempenho ponderal em cordeiros da raça Texel. Lages: UDESC, 2005.88p.
Dissertação de Mestrado.
27
4 CAPÍTULO I
COMPORTAMENTO EM PASTEJO E DESEMPENHO PONDERAL DE
CORDEIROS DA RAÇA CRIOULA LANADA SERRANA
RESUMO
Foram estudados os efeitos de idades aos 120, 180 e 240 dias e sexo, sobre o
comportamento alimentar e o desempenho ponderal de 21 cordeiros da raça Crioula
Lanada Serrana. O experimento foi realizado em estabelecimento pecuário situada
no município de Ponte Alta, SC. Os cordeiros foram desmamados aos 60 dias e
mantidos em pastagem naturalizada de grama missioneira (Axonopus sp) melhorado
com pastagem cultivada de azevém
(Lollium perene L.) com trevo vermelho
(Trifolium pratense L.), com água e sal mineral ad libitum, em área de cinco
hectares. Os animais foram vermifugados de acordo com a carga parasitária
detectada através de exames coprológicos há cada 28 dias. Os dados
comportamentais foram obtidos por observação visual, a campo, há cada cinco
minutos, em três etapas diárias consecutivas de 12 horas, nas faixas etárias
experimentais, correspondendo aos meses de dezembro de 2004, fevereiro e abril
de 2005. Efetuaram-se pesagens há cada 14 dias, totalizando 12 pesagens. Os
tempos despendidos em pastejo ao sol apresentaram valores médios de 4,59
hora/dia, o pastejo à sombra tempos médios de 1,54 horas/dia, tempo de ruminação
em pé ao sol 0,96 hora/dia; ruminação deitado à sol 0,96 hora/dia; ruminação
deitado a sombra 1,17 hora/dia; ócio em pé ao sol 0,85 hora/dia; ócio deitado à
sombra 0,55 hora/dia e atividades diversas 1,41 hora dia, totalizando a 12 horas de
observação diária em cada etapa do experimento. Os valores médios de ganho de
peso diário foram 74,085 gramas/dia para os machos e 62,273 gramas/dia para as
fêmeas. Os dados obtidos foram analisados em delineamento inteiramente
casualizado em estrutura fatorial para sexo e idade.
Palavras-chave: Cordeiros Crioulos Lanados, comportamento alimentar.
28
4 CAPÍTULO I
PASTURE BEHAVIOR AND PONDERAL PREFORMANCE IN LAMBS FROM THE
CRIOULA WOOL SERRANA BREED
ABSTRACT
The age and sex effects at the 120, 180, and 240 days, concerning the feeding
behavior and the ponderal performance were studied in twenty one lambs from the
Crioula Wool Serrana breed. The experiment was held on a farm in Ponte Alta - SC.
The lambs were weaned at 60 days and kept in native pasture of missioneira grass
(Axonopus sfissifolius) associated with cultivated pasture of rye-grass (Lollium
perene L.) with rede clover (Trifolium red pratense L.), with water and mineral salt ad
libitum, in an enclosure of five acres. The animals were vermifugated according to the
parasitic charge that was detected through coprologic exams each 28 days. The
behaviorial data were obtained through visual observation, at each five minute
period, in three consecutive daily periods of twelve hours, in the experimental age
strips, corresponding to the months of december 2004, february and april 2005.
Weighings were made at each 14 days, making a total of 12 weighings in all. The
time periods spent in the pasture under the sun presented average values of 4,59
daily hours and the pasture in the shadow presented average time periods of 1,54
daily hours, while the rumination time in the shadow presented 2,75 daily hours. The
average values in daily weight acquisition, from birth to weaning and from the
weaning to the 240 days of age were, respectively, of 74,085 daily grams. The
obtained data were analyzed in entirely casualized delineation, in factorial structure
for sex and age.
Key words: Crioula wool lambs, ingestive behavior, ponderal performance.
29
4.1 INTRODUÇÃO
O ambiente é um conjunto de fatores que afetam a constituição, o
comportamento e a evolução de um organismo e que não envolve diretamente
fatores genéticos. O ambiente é, portanto, um conceito muito complexo e, a rigor,
nenhum de seus fatores pode ser considerado de forma isolada. Assim, o
entendimento dos padrões de comportamento e o conhecimento fisiológico dos
animais são fundamentais para o desenvolvimento de práticas de manejo, visando
um melhor desempenho dos rebanhos (STARLING et al, 1999).
Pesquisas têm avaliado o comportamento animal, pois este é considerado um
dos fatores que influência decisivamente o consumo de alimentos e,
conseqüentemente, na performance dos animais de interesse zootécnico (VIEGAS
et al., 2001).
Segundo Ray e Roubicek (1971), os padrões de comportamento constituem-
se em um dos meios pelos quais os animais adaptam-se aos diversos fatores
ambientais, podendo indicar métodos potenciais de melhoramento da produtividade
animal através da utilização de diferentes práticas de manejos.
Salla et al. (1999) relatam que a correta compreensão dos fenômenos
comportamentais requerem primeiramente o estudo da metodologia de avaliação.
Assim, o registro do comportamento alimentar pode ser feito continuamente, ou a
intervalos mediante o uso de aparelhos de registro automático, ou manual a
intervalos determinados. Os intervalos mais utilizados na divisão de séries temporais
de registros manuais são cinco ou sete minutos (BAUMONT, 1989).
Entre os fatores que afetam o comportamento dos animais a pasto Arnold
(1984) destaca que as condições climáticas (temperatura, umidade relativa, radiação
30
solar, ventos e chuvas) De maneira geral, o rebanho funciona como uma unidade,
quando os indivíduos hierarquizados socialmente ocupam-se da mesma atividade
comportamental, seja reprodução, deslocamento, pastejo, ruminação ou ócio
(HAFEZ, apud SIQUEIRA,1996).
O pastejo em clima temperado concentra-se principalmente durante o dia,
com início predominantemente relacionado ao nascer do sol, estando grande parte
do fotoperíodo ocupada com essa atividade (FRASER, 1983).
Com base nas necessidades de pesquisa nessa área, pretende-se avaliar o
comportamento em pastejo e desempenho ponderal de cordeiros da raça Crioula
Lanada Serrana.
4.2 REVISÃO DE LITERATURA
Estudos mostram que o maior período de pastejo em clima temperado
encontra-se ao amanhecer, e outro antes do pôr do sol, com ocorrências
intermediárias de períodos curtos ao longo do dia e da noite. A duração está
também influenciadas por fatores climáticos, pela disponibilidade e qualidade de
massa verde e pela pressão de pastejo (ARNOLD & DUDZINSKI, apud
SIQUEIRA,1996).
A quantidade de alimento ingerido por um ruminante, depende da capacidade
de consumo dos animais, do nível produtivo, da idade e do estado fisiológico do
animal. Cada um desses fatores é o resultado da interação do metabolismo do
animal e das propriedades físicas e químicas da dieta, estimulando receptores da
saciedade (THIAGO et al., 1992; JARRIGE, apud RAMELLA et al., 2001).
31
Siqueira et al. (1996) relatando um estudo observacional com ovelhas da raça
Corriedale, mantidas em pastagem de coast-cross, verificaram que o perfil
comportamental dos animais alterou-se ao longo do dia e do ano, conforme
características qualitativas e quantitativas das pastagens e, em menor escala, pelas
oscilações climáticas. Relataram ainda, que 41,17% do tempo foi despendido em
pastejo e ingestão forrageira.
Beauchemin et al. (1994), mencionaram que a mastigação hidrata o alimento
durante a salivação, reduz o tamanho de partícula do alimento, expõe porções
internas do alimento à colonização microbiana e libera nutrientes solúveis para
fermentação.
Para dietas volumosas, a mastigação aumenta a degradação ruminal por
elevar a matéria seca (MS) e as frações de fibra potencialmente digerível e reduz o
tempo de latência de degradação da fibra. Para dietas de cereais, sabe-se que,
quando grãos inteiros não são submetidos à mastigação, a digestão é limitada, e,
conseqüentemente, requerem processamento (BEAUCHEMIN, 1992).
Estudando o comportamento em pastejo (Cunha, 1997), comparando o
desempenho ponderal em ovelhas da raça Suffolk, em dois sistemas de manejo,
pastejo restrito e pastejo em período integral, relatou que a restrição de pastejo foi
compensada, em termos de tempo, pela maior atividade dos animais nas horas mais
quentes do dia.
Champion, et al. (1994) utilizando um sistema automático de registro das
atividades comportamentais, analisaram o tempo despendido na ingestão,
ruminação e ócio associado ao número de movimentos mandibulares nestas
atividades. Após 18 períodos de avaliação das atividades concluíram que as ovelhas
32
têm um padrão comportamental repetitivo, que pode ser modificado por fatores
ambientais e temporais.
Wolff (2005) observando cordeiros da raça Texel, ao sol e a sombra, no verão
e outono, durante dez horas diárias de observação, relata tempos de pastejo,
respectivamente de 4,15 e 2,88 horas/diárias. Estes tempos estão abaixo dos
valores encontrados por Cunha et al (1997), que verificaram tempos de pastejo de
4,63 horas, no verão, e 5,68 horas no inverno.
A aplicação do cálculo de probabilidades ao estudo do comportamento
alimentar de ruminantes, e posterior análise de variância sobre os dados de série de
probabilidades modificados segundo a aplicação da transformação finita de Fourier
permitem a descrição do comportamento animal durante o nictêmero, considerando
as peculiaridades dos ruminantes: a) concentração das atividades ingestivas em
determinados momentos do dia, b) a influência do arraçoamento sobre a motivação
dos animais em iniciar ou continuar uma refeição e, c) o ritmo circadiano das
atividades de ingestão e ruminação. Recomenda-se utilizar os efeitos do momento
do dia, das diferenças interindividuais e do período do ano no cálculo dos valores
médios das probabilidades de transição de estado dependentes do tempo
(FISCHER, 2000).
4.3 MATERIAL E MÉTODOS
4.3.1 Local e Clima
O trabalho foi desenvolvido em um estabelecimento pecuário no município de
Ponte Alta (Fig. 1), estado de Santa Catarina, situada a uma altitude de 916,313 m,
33
latitude de 27º47’281422’’ Sul e longitude de 50º 18’93633’’ Oeste. A classificação
do clima do município de Ponte Alta, SC é mesotérmico, subtropical, com chuvas
bem distribuídas e verão brando, segundo Koeppen sigla cfb. A classificação
segundo Thornthwaite consiste em clima úmido, com pouco déficit em água,
mesotérmico com vegetação o ano todo, sigla B
4r
B’
2a’
. Possui precipitação
pluviométrica média anual de 127,08 mm, apresentando umidade relativa do ar
média de 79,32%, com média anual das temperaturas máximas de 21,07ºC e
mínimas de 11,33ºC. e temperatura média mensal de 15,65ºC. A velocidade média
anual dos ventos é de 8,6 km/h. A insolação média anual de 172,38 horas de brilho
de sol e pressão atmosférica média anual 922 mb ou 691 mm/Hg com ventos
predominantes na região nordeste.
Figura 1 - Vista aérea do município de Ponte Alta, SC.
4.3.2 Manejo dos animais
Os 21 cordeiros, sendo 11 fêmeas, foram desmamados aos 60 dias. Na
ocasião, foram vacinados contra enterotoxemia e vermifugados. Após esse manejo
os animais foram mantidos em área de cinco hectares e alimentados em campo
34
naturalizado com predominância de grama missioneira (Axonopus sp) e pastagem
cultivada de azevém (Lollium perene L.) e trevo vermelho (Trifolium pratense L.),
com água e sal mineral ad libitum. ( Fig 2 )
A partir do desmame, os animais foram submetidos ao controle parasitário
com coleta de fezes e exames coprológicos há cada 28 dias, sendo vermifugados
conforme a carga parasitária constatada.
Figura 2Lote de cordeiros na área experimental.
4.3.3. Ensaios experimentais
Avaliou-se neste experimento o efeito de idade (120, 180 e 240 dias) sobre o
comportamento em pastejo e desenvolvimento ponderal de cordeiros da raça Crioula
Lanada Serrana.
35
4.3.3.1 Experimento I - Ensaio do Comportamento em Pastejo
Os cordeiros foram observados há cada cinco minutos, durante 12 horas
diárias, nas diferentes faixas etárias. Os animais foram identificados com marcações
nos flancos para facilitar as observações ( Fig 3 ).
Figura 3 – Identificação dos cordeiros nos flancos.
4.3.3.2 Experimento II - Ensaio do desempenho ponderal
Há cada 14 dias foram efetuadas pesagens individuais dos cordeiros visando
acompanhar o desempenho ponderal utilizando balança tipo plataforma (Fig. 4 ).
36
Figura 4 – Controle do desempenho ponderal.
4.3.4 Procedimentos experimentais
O repertório comportamental referente ao pastejo ao sol e à sombra,
ruminação em pé e deitado, ruminação ao sol e à sombra, ócio ao sol e à sombra
foram registrados com base nas orientações de Baumont (1989), que recomenda o
intervalo de cinco minutos como o mais utilizado na divisão de séries temporais de
registros.
Os cordeiros foram avaliados através de observação visual por três dias
consecutivos em períodos de 12 horas, durante os meses de dezembro de 2004,
fevereiro e abril de 2005, por quatro observadores treinados nas técnicas de
registros dos dados comportamentais ( Fig 5 ).
37
Figura 5 – Observadores em seu ponto de observação.
4.3.5 Delineamento Experimental
Os resultados deste trabalho foram analisados através de análise da
variância, como um experimento inteiramente casualizado, em arranjo fatorial, para
os fatores, sexo, etapa, horário e idade.
4.4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.4.1 Comportamento em pastejo
As médias dos tempos despendidos com pastejo, ruminação, ócio e outras
atividades, ao sol e à sombra, de cordeiros da raça Crioula Lanada Serrana,
segundo as idades, de 120, 180 e 240 dias, estão apresentadas na Tabela 1.
38
Tabela 1 - Médias dos tempos de pastejo, ruminação, ócio e outras atividades, ao
sol e à sombra, de cordeiros da raça Crioula Lanada Serrana, segundo
as idades
Idade (dias)
2
Fator de
observação
1
120 180 240
CV
(%)
PSOL
PSOM
RPSOL
RDSOL
RDSOM
OPSOL
ODSOM
OA
2,53
b
2,11ª
2,47ª
0,56
b
0,87
b
2,39ª
0,34
b
0,73
b
5,18ª
2,38ª
0,08
b
1,64ª
0,98
b
0,13
b
0,23
b
1,38
b
6,04ª
0,14
b
0,34
b
0,58
b
1,67ª
0,03
c
1,08ª
2,12
a
13,44
15,57
42,96
57,01
-
1.
PSOL - Pastejo ao sol;
PSOM - Pastejo à sombra; RPSOl – Ruminação em pé ao sol, RDSOL -
Ruminação deitado ao sol;RDSOM - Ruminação deitado à sombra; OPSOL – Ócio em pé ao
sol;ODSOM - Ócio deitado à sombra; OA – Tempo de outras atividades (abeber, interação social,
locomoção, coçar, lamber urinar e defecar),
2
. Letras diferentes na linha denotam as médias diferiram entre si (P<0,05) pelo teste de Tukey.
Os fatores do comportamento alimentar observados na Tabela 1, para tempo
de pastejo ao sol, de 2,53 horas/dia à idade de 120 dias foi inferior (P<0,05), aos
tempos despendidos nas idades de 180 e 240 dias (5,18 e 6,04 horas/dia) que não
diferiram (P>0,05) entre si, o que se explica fisiologicamente pela fase de transição
plena dos cordeiros para ruminantes. Os resultados foram inferiores aos obtidos por
Wolff (2005) (7,34 horas/dia) trabalhando com cordeiros da raça Texel, mantidos em
pastagem natural em sistema semi-intensivo.
Berggren-Thomas e Hohenkoken (1986) em experimento com ovelhas
cruzadas das raças Suffolk, Clun Forest e Dorset observadas no período das 6:00 às
21:00 horas em pastagem de trevo verificaram tempo médio despendido em pastejo
de 9,23 horas/dia, superior ao tempo registrado neste ensaio (7,56 horas/dia).
Cunha et al. (1997) estudando o comportamento em pastejo de ovelhas da
raça Suffolk, com observação visual dos animais há cada 30 minutos, relataram o
39
tempo médio de 4,64 horas/dia, similar ao tempo médio de 4,64 horas/dia registrado
para a idade de 120 dias.
Champion et at. (2004) relataram em ovelhas mestiças do cruzamento das
raças Border Leicaster e Cheviot, tempo médio despendido no comportamento
alimentar de 9,86 horas/dia, valor superior ao encontrado nesse experimento, para
as idades de 120 e 240 dias (8,54 e 8,77 horas/dia) e inferior ao observado para a
idade de 180 dias (10,26 horas/dia).
Das et al. (1999) que trabalharam com comportamento alimentar de cordeiros
da raça Muzaffarnagari e cruzamento das raças Suffok e Dorset e Muzaffarnagari
relataram os tempos médios de alimentação diários de 7,0 horas, sendo duas horas
de ruminação deitados e uma hora e ruminação de pé.
Wolff (2005) relatou o tempo de ócio de cordeiros da raça Texel para as
idades de 120 e 240 dias, de 1,04 e 0,47 horas/dia, inferiores às médias
encontradas neste ensaio de 2,73 e 1,11 horas/dia e o tempo despendido de 0,47
hora/dia para as idades de 180 dia, superior ao valor observado neste ensaio para a
mesma idade, de 0,26 hora/dia.
Observa-se na Tabela 1 os tempos médios e ruminação às idades,
respectivamente de 120, 180 e 240 dias, de 3,9; 2,7 e 2,59 horas/dia.
Fimbres et al. (2002) em procedimento experimental utilizando cordeiros da
raça Pelibuey, relataram o tempo médio de ruminação de 2,38 horas/dia, menor que
as médias observadas para as idades de 120,180 e 240 dias, respectivamente de
3,9; 2,7; e 2,59 horas/dia (Tabela 1).
Nos Gráficos 1, 2 e 3 observa-se as médias do comportamento alimentar dos
cordeiros da raça Crioula Lanada Serrana, respectivamente, aos 120, 180 240 dias
40
de idade, segundo as etapas de duas horas de observação visual a cada cinco
minutos, em período contínuo de 12 horas/dia.
Gráfico 1 – Médias dos tempos despendidos no comportamento alimentar
(horas/dia) de cordeiros da raça Crioula Lanada Serrana aos 120 dias
de idade.
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
Psol
Psom
Rp
sol
R
d
sol
R
dso
m
O
p
sol
Odsom
Oa
7h- 8h59min
9h-10h59min
11h-12h59min
13h-14h59min
15h-16h59min
17h-19h
PSOL - Pastejo ao sol;
PSOM - Pastejo à sombra RPSOl – Ruminação em pé ao sol; RDSOL - Ruminação deitado ao sol
RDSOM - Ruminação deitado à sombra; OPSOL – Ócio em pé ao sol ODSOM - Ócio deitado à sombra;; OA – Tempo de
outras atividades (abeberar, interação social, locomoção, coçar, lamber e urinar e defecar),
Gráfico 2 – Médias dos tempos despendidos no comportamento alimentar
(horas/dia) de cordeiros da raça Crioula Lanada Serrana aos 180 dias
de idade.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
Psol Psom Rpsol Rdsol Rdsom Opsol Odsom Oa
7h-8h:59min
9h-10h:59min
11h-12h:59min
13:h-14h:59min
15h-16h:59min
17h-19h
PSOL - Pastejo ao sol;
PSOM - Pastejo à sombra RPSOl – Ruminação em pé ao sol; RDSOL - Ruminação deitado ao sol
RDSOM - Ruminação deitado à sombra; OPSOL – Ócio em pé ao sol ODSOM - Ócio deitado à sombra;; OA – Tempo de
outras atividades (abeberar, interação social, locomoção, coçar, lamber e urinar e defecar),
41
Gráfico 3 – Médias dos tempos despendidos no comportamento alimentar
(horas/dia) de cordeiros da raça Crioula Lanada Serrana aos 240 dias
de idade.
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
2
Psol Psom Rpsol Rdsol Rdsom Opsol Odsom Oa
7h-8h:59min
9h-10h:59min
11h-12h:59min
13:h-14h:59min
15h-16h:59min
17h-19h
PSOL - Pastejo ao sol;
PSOM - Pastejo à sombra RPSOl – Ruminação em pé ao sol; RDSOL - Ruminação deitado ao sol
RDSOM - Ruminação deitado à sombra; OPSOL – Ócio em pé ao sol ODSOM - Ócio deitado à sombra;; OA – Tempo de
outras atividades (abeberar, interação social, locomoção, coçar, lamber e urinar e defecar),
4.4.2 Análise estatística do comportamento alimentar
Para todas as variáveis, o fator sexo não apresentou interação com nenhum
outro dos demais fatores, enquanto em todas elas, foi significativa (P<0,01) a
interação tripla dos fatores fase x hora x idade.
Utilizou-se o teste de Tukey a 5% para comparação dos níveis dos fatores
fase e hora. Tendo em vista que há apenas três níveis para o fator idade, as médias
deste fator dentro das combinações dos níveis dos outros dois, também foram
comparadas pelo teste de Tukey a 5%. Como há apenas três idades, e a regressão
é ajustada pela média, haveria 100% (R
2
=1) de ajuste no caso da regressão
quadrática (apenas três parâmetros) independente dos valores dos parâmetros, o
que representaria um mero problema de geometria analítica e não um estudo
42
estatístico, o que permitiria a verificação da qualidade do modelo ajustado. As
regressões lineares apresentaram o R
2
muito baixo, e pouco contribuiriam para
explicar o efeito do fator idade.
Quanto ao fator sexo, apresentou efeito significativo apenas para as variáveis
PSOL e RDSOM para (P < 0,05).
4.4.3 Análise do desempenho ponderal
As médias dos parâmetros do desempenho ponderal em cordeiros da raça
Crioula Lanada Serrana, segundo o sexo são apresentadas na Tabela 2.
O peso vivo médio dos cordeiros no início do experimento foi de 20,921Kg
(Tabela 2).
Os resultados médios observados na Tabela abaixo para o ganho de peso
diário estão flagrantemente abaixo do ganho de 250 g/animal/dia citado pelo NRC
(1985), para espécie em estudo.
Tabela 2 - Médias dos parâmetros do desempenho ponderal em cordeiros da raça
Crioula Lanada Serrana, segundo o sexo, do desmame aos 240 dias .
Sexo
2
Parâmetro
1
Macho Fêmea
CV
(%)
PVIN (Kg)
PVFIN (Kg)
GPDIA (g)
GP (Kg)
22,773
34,182
74,085
11,409
19,210
28.800
62.273
9,590
...
13,01
39,03
39,03
1.
PVIN – Peso vivo inicial; PVFIN – peso vivo final; GPDIA – ganho de peso diário, GP – ganho de peso
2.
As médias não diferiram entre si (P>0,05) pelo Teste de Tukey.
Os baixos valores médios de ganhos de peso obtidos, para machos e fêmeas,
de 74,09 e 62,27 g/dia (Tabela 2), para os cordeiros da raça Crioula Lanada
Serrana, pode ser explicada pela pouca disponibilidade quantitativa e qualitativa de
43
pasto, na segunda e terceira fases do experimento , pelo período de estiagem
durante os meses do experimento e pela menor precocidade dessa raça,
comparativamente às raças de origem européia que apresentaram segundo Furusho
et al (1997), Bett et al. (1999), Keskin et al. (2003) e Wolff (2005) ganhos de peso
diário médio em ovinos até os 120 dias de idade de 200 a 230 g/dia.
Similarmente aos dados observados na Tabela 2, também não apresentam
diferenças (P>0,05) de ganho de peso diário entre sexos (SIQUEIRA et al., 1984;
WOLFF, 2005).
4.4.4 Análise Estatística do desempenho ponderal
Os resultados foram analisados através da análise de variância, como um
experimento inteiramente casualizado, em medidas repetidas, sendo as variáveis
corrigidas para o peso inicial.
Nos valores médios observados na Tabela 2, não houve efeito de interação
entre sexo e idade. Para o efeito principal do fator sexo foi aplicado o teste de Tukey
(P<0,05), sendo esta interpretação resultado da análise de variância.
Os valores de coeficiente de variação (CV) foram, respectivamente, de 9,82%,
para épocas de pesagem e 49,31% para sexo. Uma vez que não ocorreu interação,
foi ajustada uma única regressão para machos e fêmeas, com R
2
= 0,9764, dada
pela equação: Y = 20,7946 + 1,7346 X – 0,2779 X
2
+ 0,0191 X
3
, onde Y representa o
peso e X as épocas de pesagem em dias.
44
4.5 CONCLUSÕES
Nas condições em que foram realizados os experimentos sobre o
comportamento em pastejo e desempenho ponderal de cordeiros da raça Crioula
Lanada Serrana pode-se concluir que:
Os tempos despendidos em pastejo, ruminação, ócio e outras atividades, não
diferiram (P>0,05) entre si quanto ao sexo.
No desempenho ponderal dos ovinos não se observou diferença significativa
(P>0,05 ) para a variável sexo, não ocorrendo efeito de interação entre sexo e idade.
4.6 REFERÊNCIAS
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maintenance activities in sheep, catle and horses grouped together. Applied Animal
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45
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Acessado em 09/09/2006.
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01/09/2006.
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KESKIN, M. et al. Comparison of the behavior of Awassi lambs in cafeteria feeding
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46
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ao longo do dia, em distintas épocas do ano das variáveis etológicas pastejo,
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holandeses em fase de aleitamento submetidos a diferentes níveis de soro do leite
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Viçosa, 2001.
WOLFF, A. T. Parâmetros hematológicos, comportamento ingestivo e
desempenho ponderal em cordeiros da raça Texel. Lages: UDESC, 2005.
Dissertação de Mestrado.
47
5 CAPÍTULO II
PARÂMETROS HEMATOLÓGICOS E POPULAÇÃO DE CILIADOS RUMINAIS EM
CORDEIROS DA RAÇA CRIOULA LANADA SERRANA DE DIFERENTES
IDADES
RESUMO
Foram estudados os efeitos de idades (120, 180 e 240 dias) e de sexo, sobre os
parâmetros hematológicos e população de ciliados ruminais em cordeiros da raça
Crioula Lanada Serrana. O experimento foi realizado em um estabelecimento
pecuário situado no município de Ponte Alta, SC e as análises nos Laboratórios de
Análises Clínicas e Fisiologia do CAV/UDESC em Lages, SC. Os cordeiros foram
desmamados aos 60 dias e mantidos em campo naturalizado de grama missioneira
(Axonopus sp) associado com pastagem cultivada de azevém(Lollium perene L.)
com trevo vermelho (Trifolium pratense L.), com água e sal mineral ad libitum, em
área de cinco hectares. Os animais foram vermifugados de acordo com a carga
parasitária detectada através de exames coprológicos a cada 28 dias. A análise dos
parâmetros hematológicos foi procedida por colheita de amostras de sangue de 21
ovinos, nas épocas de amostragem correspondentes às idades dos animais para
provas de hemogaseometria: pH, PaCO
2
, pO
2;,
BE, CA, CO
3,
K, NA, O
2.
Os valores
hemogasométricos médios obtidos foram, respectivamente para machos e fêmeas
pH de 7,43 , 7.45; PaCO
2
de 31,88 , 32,79 ; PaO
2
de 97,09 , 99,26 , BE de –2,53 , -
2,52, CA de 10,54, 10,36, K de 4,55, 4,56, Na de 140,79, 140,71. Os dados foram
analisados em delineamento inteiramente casualizado. Os resultados obtidos foram
submetidos à análise de variância e testes de comparação de médias, onde
constatou-se que não houve variação significativa (P > 0,05) para as variáveis
estudadas. Para o estudo dos ciliados ruminais foram coletadas amostras de líquido
ruminal, dos cordeiros, nas épocas amostrais correspondentes às idades dos
animais. Calculou-se o número de ciliados por mL de conteúdo pré-gástrico com os
valores de duas contagens, em função da superfície da câmara e respectiva diluição.
As concentrações de ciliados ruminais para machos e fêmeas e, respectivamente,
gêneros Entodinium (45551/mL, 29861/mL), Eudiplodinium (1344,3 mL; 430,83/mL),
Epidinium: (2260.0/mL; 2470,8/mL) e Eremoplastron (648,57/mL; 935.00/mL).
Palavras-chave: Cordeiros Crioulos, hematologia, hemogasometria, população de
ciliados ruminantes.
48
5 CAPÍTULO II
HEMATOLOGIC PARAMETERS AND CILIATE RUMINAL POPULATION IN
LAMBS FROM THE CRIOULA WOOL SERRANA BREED AT DIFFERENT AGES
ABSTRACT
The effects of age at 120, 180, and 240 days and sex, on the hematologic
parameters and concentration of ciliate ruminals in lambs from the Crioula Lanada
Serrana breed were evaluated in this study. The experiment was held on a farm in
Ponte Alta – SC and in Clinical Analises at Physiology Laboratories of CAV/UDESC
in Lages, SC. The lambs were weaned at 60 days of age and kept in native pasture
of missioneira grass Axonopus sfissifolius) associated with cultivated pasture of rye
grass (Lollium perene L.) with red clover (Trifolium pratense L.), with water and
mineral salt ad libitum, in enclosures of five hectares. The animals were vermifugated
according to the parasitic charge that was detected through coprologic exams every
28 days. Hematologic parameters: blood sample collected from twenty-one lambs, in
the sample periods corresponding to the ages of the animals (120, 140 and 240
days), for proofs of: Hematogaseometry: pH, pCO2, pO2, BEB, BEEF, CA, CO3, K,
NA, O2. The average hemogasometric values obtained were, respectively to the pH
de 7,43 , 7.45; PaCO
2
de 31,88 , 32,79 ; PaO
2
de 97,09 , 99,26 , BE de –2,53 , -2,52,
CA de 10,54, 10,36, K de 4,55, 4,56, Na de 140,79, 140,71.. The data were analyzed
in entirely casualized delineation. The obtained results were subjected to variance
analysis and average comparison tests. For the study of the ruminals ciliate, there
were collected samples of liquid ruminal from twenty-one lambs, in the sample
periods corresponding to the ages of the animals of four, six, and eight months. The
ciliate numbers per mL of pre-gastric content were calculated, with the values of two
scores, according to the surface of the chamber and the respective dilution. The
concentrations of ciliate ruminals for females and males respectively for Entodinium
genders (45551/mL; 29861/mL), Eudiplodinium (1344,3/mL; 430,83/mL), Epidinium:
(2260,0/mL; 2470,8/mL) and Eremoplastron (648,57/mL; 935,00/mL).
Key words: crioulo lambs, hematology, hemogasometry, ciliate ruminal population.
49
5.1 INTRODUÇÃO
Para obter sucesso em uma criação animal, deve-se escolher raças ou
linhagens que sejam adaptadas às condições climáticas da região. Para conhecer a
tolerância e a capacidade de adaptação das diversas raças, como suporte técnico à
exploração ovina, faz-se necessário o conhecimento das características fisiológicas
e parâmetros hematológicos (RODA et al., 1992; BARBOSA et al, 2000).
No exercício de atividades clínicas, torna-se cada vez mais importante
conhecer os parâmetros hematológicos e bioquímicos das espécies e raças de
animais de interesse zootécnico, para auxiliar no diagnóstico e aplicação da
terapêutica indicada. Os animais de companhia representam a maior casuística das
clínicas, mas os animais de fazenda podem ser passíveis de atendimento, razão
pela qual se faz necessário conhecer seus padrões sangüíneos normais.
É necessário fazer estudos para conhecer os valores médios de referência
dos parâmetros sangüíneos, devido à escassez de dados disponíveis na literatura
referentes a raças autóctonas de ovinos crioulos. Os dados bibliográficos disponíveis
trazem valores hematológicos, hemogasométricos e bioquímicos gerais da espécie
ovina. Levantamentos de dados em raças específicas, locais e climas diferentes,
sistemas criatórios, podem ser úteis para esclarecer processos patológicos de
origem metabólica e toxicológica (DORADO SANCHES et al, 1999).
Bogin e col.; Nayak e Battacharyya, em 1981, citados por Uribe-Velasquez et
al. (2000), relataram que em condições de normalidade, os valores plasmáticos de
P, Ca, Na e K encontrados em cabras lactantes podem variar, respectivamente, de
5,79 a 7,0 mg/dL; 9,6 a 10,18 mg/dL; 123,12 a 338,00 mEq/L, e 3,05 a 5,5 mEq/L.
50
Pela necessidade da geração de maiores conhecimentos sobre parâmetros
fisiológicos de cordeiros da raça Crioula Lanada Serrana em pastejo em campo s
naturais, na região do Planalto Serrando do sul do Brasil, foram avaliados nesse
experimento os efeitos de sexo e de idade (120, 180 e 240 dias), sobre parâmetros
hematológicos e a população de protozoários ciliados do rúmen.
5.2 REVISÃO DE LITERATURA
Bhattacharia e Uwayjan (1975) observando o comportamento termorregulador
de ovinos relataram que os valores hematológicos não variaram em função da
alteração da temperatura ambiente, apresentando valores médios de 11,6g/100 mL
para hemoglobina, 5,5g/100 mL para proteínas séricas totais e 2,0g/100 mL para
albumina, valores estes considerados normais para a espécie.
As dietas devem ser balanceadas para o ajuste do pH ruminal. A variação do
pH está relacionada à freqüência de alimentação e a adaptação à dieta, responsável
pela diminuição do apetite, da motilidade ruminal, do crescimento microbiano e
redução da digestão da fibra, podendo causar laminites, ulcerações ruminais,
abscessos hepáticos e até morte do animal (ALLEN, 1997).
O pH pode variar de 5,5 a 6,5 quando ruminantes recebem dietas
concentradas, e de 6,2 a 7,0 com dietas constituídas exclusivamente de volumosos,
dependendo do tipo de dieta e da freqüência de alimentação (ORSKOV, 1994).
Diversos estudos relataram á importância dos ciliados do rúmen e o papel que
desempenham na fisiologia de seus hospedeiros. Apesar disso, ainda existem
controvérsias na literatura quanto à influência positiva ou negativa da presença
51
desses protistas no desenvolvimento dos ruminantes (D’AGOSTO e GUEDES,
2000).
A ação da microbiota ruminal sobre o substrato alimentar do hospedeiro tem
especial importância, pois constitui a base da fisiologia digestiva dos ruminantes,
fundamentando-se na simbiose mutualística entre o animal e a população
microbiana total, e entre determinados gêneros microbianos (HUNGATE, apud
ARCURI e MATOS, 1992; WARNER, 1966; ABE et al., 1981; DEHORITY e
TIRABASSO, 1989; TOWNE et al., 1990).
Coleman em 1988, citado por Dijkstra (1994), destacou, entre as causas do
decréscimo na motilidade do rúmen: a degeneração e lise de protozoários ruminais,
as dietas com altos níveis de carboidratos rapidamente fermentescíveis, o excesso
de engolfamento de substratos solúveis pelos protozoários e a subseqüente
digestão ácida intracelular.
A participação de microorganismos na ingestão de alimentos fibrosos de
ruminantes permite maior aproveitamento de carboidratos presentes na celulose.
Como os ruminantes não produzem enzimas endógenas específicas que lisem a
celulose, essas espécies de ruminantes desenvolveram uma relação simbiótica com
microorganismos do rúmen (DEHORITY, 1985).
Os primeiros protozoários de rúmen foram observados por Gruby e Delafond
em 1843. A quantidade e as espécies de protistas não são necessariamente as
mesmas dentro da mesma espécie de ruminantes, apesar de alguns ciliados do
rúmen serem específicos a determinados hospedeiros. A variação pode depender do
tipo de alimentação, da distribuição geográfica e da competição entre certas
espécies (ABOUT-AKKADA et al., 1968).
52
Salvio (1999), avaliando o conteúdo ruminal, reticular e abomasal de bovinos
abatidos em Minas Gerais, relatou que os ambientes no rúmen e no retículo são
bastante estáveis, com temperaturas médias entre 36 e 37
o
C e pH de 6,5. Os
gêneros de protozoários mais encontrados no rúmen, pelo autor, foram Entodinium
(64,99%), Isotricha (6,95%) e Diplodinium (5,74%).
Dehoriry e Tirabasso (1989) utilizando-se animais fistulados, coletaram
conteúdos ruminais em diferentes períodos. Os resultados obtidos indicaram a
variação no número do gênero Isotrichidae influenciada pela freqüência de
alimentação. Esses autores atribuíram a variação no número de Isotrichidae no
rúmen de ovelhas ao comportamento de escape justificando que esse escape pode
ocorrer pelo denso acúmulo de Isotrichidae no fundo do rúmen e não somente nas
paredes do retículo como foi sugerido por ABE et al. (1981).
As análises bioquímicas sangüíneas mais utilizadas são a determinação de
nutrientes e metabólitos, tais como glicemia, colesterolemia, lipemia, triglicerídeos e
quantificação de eletrólitos e metais como a fosfatemia, natremia, calemia, calcemia
e magnesemia com a finalidade de obter o perfil dos parâmetros eletrolítico e
metabólico do animal.
Os valores do hemograma variam entre espécies animais, inclusive dentro de
uma mesma espécie, devido a fatores como idade, sexo, raça, estado nutricional,
atividade produtiva, estresse, modificação da volemia, hora do dia, temperatura
ambiente, altitude e quadros patológicos.
Nos exames gasométricos são fornecidos informações sobre o equilíbrio
ácido-básico, sendo realizado em sangue venoso ou arterial com anticoagulante e o
tempo para análise não deve exceder duas horas após a obtenção das amostras de
sangue, as quais devem ser acondicionadas devidamente em recipientes
53
refrigerados. O hemogasômetro permite avaliar o pH sanguíneo e as pressões
parciais de CO
2
e O
2
, e determinar ainda os teores de bicarbonato, concentração
total de CO
2
e os teores de excesso de base.
Valores de referências de níveis séricos de ovinos apropriados para a região
e a população-alvo são de extrema importância para a correta interpretação dos
perfis metabólicos (GONZÁLES e CAMPOS, 2003).
Segundo Blood et al.(2002), o nível plasmático normal de glicose em ovinos é
50-80mg/dL e quando alterado pode ser um indicativo de alteração na homeostasia,
casos freqüentes em doenças metabólicas (cetoses). O teor de glicose sanguínea
tem poucas variações, em função dos mecanismos homeostáticos do organismo,
que envolvem o controle endócrino por parte da insulina e do glucagon sobre o
glicogênio e dos glicocorticóides sobre a gliconeogênese.
O colesterol é necessário como precursor dos ácidos biliares, que fazem parte
da bile e dos hormônios esteróides adrenais e gonadais, sendo após
biotransformados, excretado pela bile, na forma de ácidos biliares, ou na urina na
forma de catabólitos oriundos da biodegradação dos hormônios esteróides.Os níveis
de colesterol plasmáticos segundo Kaneko (1997), são indicadores adequados do
total de lipídios do plasma, pois correspondem a aproximadamente 30% dos
mesmos (entre 43 – 103mg/dL).
5.2.1 Níveis séricos dos componentes minerais
O cálcio (Ca
++
) é determinado no plasma em duas formas distintas: Ca
++
livre
ionizado (cerca de 45%) na concentração normal de 5,7-6,5mg/dL ou Ca associado
à moléculas orgânicas, tais como proteínas, principalmente à albumina (cerca de
54
45%), ou a ácidos orgânicos (cerca de 10%) na concentração normal de 11,5-
13,0mg/dL, (BLOOD et al., 2002).
O Ca
++
total do organismo pode ser avaliado no sangue na forma ionizada,
que é biologicamente ativa, e não-ionizada. Estando estas duas formas em
equilíbrio, dependendo sua distribuição final do pH, da concentração de albumina e
da relação ácido-base. Toda vez que existir uma queda no nível de albumina,
ocasionará a redução do nível de Ca
++
sangüíneo, na ocorrência uma acidose,
haverá uma tendência para aumentar a forma ionizada de Ca
++
.
O sistema endócrino envolvendo a vitamina D
3
, o paratormônio e a
calcitonina, responsáveis pela homeostasia do Ca
++
, atua de forma bastante
eficiente para ajustar a concentração de Ca
++
plasmático, indicador de funções
fisiológicas normais (KANEKO, 1997).
Os níveis séricos de fósforo (P) nos ruminantes são particularmente variáveis,
oscilando entre 5,0-7,3mg/dL, em função da grande quantidade que se recicla via
secreção salivar, ou por sua secreção no rúmen e absorção intestinal, tendo como
responsável pela manutenção e regulação da fosfatemia, os mesmos fatores
hormonais que promovem a homeostasia do Ca. Encontra-se o P em combinações
orgânicas dentro das células, mas o interesse principal no perfil metabólico reside no
P inorgânico, presente no plasma, sendo o P ruminal necessário para a atividade
normal da microflora (GONZALES e SHEFFER, 2003).
Não existe controle homeostático rigoroso do magnésio (Mg). A concentração
sangüínea oscila entre 2,2-2,8mg/dL, níveis que refletem diretamente o teor deste
elemento na dieta. O controle renal de Mg está mais direcionado para a prevenção
da hipomagnesemia, mediante a excreção renal do excesso de Mg (GONZÁLES e
SCHEFFER, 2003 KANEKO, 1997).
55
Nos animais, o sódio (Na) está presente sob forma iônica. As principais
funções do Na são a regulação da pressão osmótica de cristalóides, o equilíbrio
ácido-básico, a manutenção dos potenciais de membrana, a transmissão de
impulsos nervosos e os processos de absorção de monossacarídeos, aminoácidos,
pirimidinas e sais biliares. A natremia em ovinos situa-se entre 145-152mEq/L.Os
vegetais não contêm quantidades suficientes de sódio para suprir as necessidades
dos animais de 0,10 a 0,20% da dieta. Esta inadequação é contornada pela inclusão
do cloreto de sódio na dieta ou permitindo que o animal consuma o sal ad libitum
(DUKES,1996. BLOOD et al,2002).
O potássio (K) é o principal cátion das células, possuindo funções
relacionadas à pressão osmótica para regulação e equilíbrio ácido-básico nas
células, como ocorre com o Na nos fluidos extracelulares. Sendo o K, o principal
cátion intracelular, sua depleção está associada a alterações funcionais e
estruturais, incluindo a diminuição das funções neuromusculares dos músculos lisos,
esqueléticos e cardíacos. Animais de crescimento rápido, aparentemente têm
maiores necessidades de K, sendo que a elevação no nível de proteínas aumenta
essas necessidades. Nos ruminantes não foram aciradamente determinadas ás
exigências de K, entretanto, recomenda-se que suas dietas tenham 0,8% desse
mineral. Em ovinos, os níveis plasmáticos de K são de 3,9-54 mEq/L (KANEKO,
1997. DUKES,1996).
56
5.3 MATERIAIS E MÉTODOS
5.3.1 Manejo dos animais
Os cordeiros foram desmamados aos 60 dias de idade, vacinados contra
enterotoxemia e vermifugados. Após o desmame foram mantidos em campo
naturalizado de grama missioneira (Axonopus sp) melhorado com pastagem
cultivada de azevém (Lollium perene L.) com trevo vermelho (Trifolium pratense L.),
com água e sal mineral ad libitum, em área de cinco hectares.
As coletas de sangue e de conteúdo ruminal foram efetuadas nas faixas
etárias de 120, 180 e 240 dias correspondendo aos meses de dezembro de 2004,
fevereiro e abril de 2005. Há cada 14 dias, foram efetuadas pesagens individuais
dos cordeiros visando acompanhar o ganho de peso. A partir do desmame os
animais foram submetidos ao controle parasitário com coleta de fezes, exames
coprológicos há cada 28 dias e vermifugação ( mebendazole ) conforme a carga
parasitária encontrada.
5.3.2 Ensaios experimentais
Avaliou-se neste experimento o efeito de idade (120, 180 e 240 dias) sobre
parâmetros hematológicos e população de protozoários ciliados do rúmen de
cordeiros da raça Crioula Lanada Serrana.
57
5.3.2.1 Experimento I – Parâmetros hematológicos
Foram colhidas amostras de sangue venoso e arterial, do grupo de 21
cordeiros sendo 11 fêmeas, em duplicata, nas fases amostrais correspondentes às
idades dos animais (120, 180 e 240 dias).
Na colheita do sangue destinado às análises hematológicas e bioquímicas,
foram utilizadas agulhas descartáveis de 25 x 8mmm acopladas a seringas de 10
mL. As amostras foram aliquotadas em tubos descartáveis contendo, ou não,
anticoagulante para a realização dos testes previstos sendo acondicionadas em
caixa térmica, posteriormente encaminhada ao laboratório para os procedimentos.de
análises.
Para a obtenção dos resultados médios de hemograma, foram retiradas
amostras de sangue venoso (por punção da veia jugular externa), em seringa de 10
mL, sendo 3,0 mL transferidos imediatamente para tubo de ensaio com
anticoagulante ácido etileno-diamino-tetracético (EDTA) a 10 %, na proporção de 0,1
mL para cada 5 mL de sangue, para análise de concentrações. As amostras
restantes de 7 mL foram transferidas para tubos sem anticoagulante, para obtenção
de soro destinado à realização de parâmetros bioquímicos sangüíneos como
colesterol, triglicerídios, Mg, P, Ca total e ionizado, Na, K e glicose.
Na seqüência, as amostras de sangue arterial e venoso, acondicionadas em
caixas térmicas, foram encaminhadas ao Laboratório de Análises Clínicas, do
Hospital de Clínicas Veterinárias (HCV), do Curso de Medicina Veterinária do Centro
de Ciências Agroveterinárias (CAV), da Universidade do Estado de Santa Catarina
(UDESC), onde se efetuaram os procedimentos adequados, para as análises
hematológicas.
58
As amostras de sangue arterial para análise hemogasométrica, colhidas por
punção da artéria marginal da orelha dos cordeiros, foram obtidas em seringas
plásticas de 1,0 mL, contendo, previamente, cerca de 1000UI de heparina sódica.
Para evitar o contato do sangue com os gases do ambiente, realizou-se sucção lenta
da amostra, mantendo-se a extremidade da agulha vedada com tampa antes do
procedimento de homogeinização. Mediu-se a temperatura retal de cada cordeiro,
anteriormente ao inicio do trabalho de colheita das amostras. No estudo das
variáveis de hemogasometria foi procedida a análise de pH, PaO
2,
PaCO
2,
e BE,
utilizando hemogasômetro
1
, tendo sido os valores hemogasométricos fisiológicos
médios corrigidos para a temperatura corpórea de 38
o
C.
As análises de hemograma foram realizadas por método de contagem
automática, onde cada tipo de célula (leucócitos e eritrócitos) foi analisado pelo
microprocessador
2
, que também manipula a distribuição das células e requer
calibração antes de iniciar a sua operação.
5.3.2.1.1 Análises Bioquímicas
Na determinação de Mg foi utilizado o método colorimétrico Calmagite
3
. O
princípio do método consiste na reação do Mg da amostra do soro ou plasma com a
calmagita, em meio alcalino, originando um complexo de coloração lilás determinado
em espectrofotômetro. Utilizou-se o reagente A (Calmagita 0,33 mM); cloreto de
potássio 1,34 M; o reagente B (EGTA 0,80 mM); Trietanolamina 0,7 M; cloreto de
Potássio 1,34 M, pH 12,5 e o padrão de Mg. Misturaram-se os reagentes A e B na
1
Hemogasômetro Rapidlab 348 Bayer ®
2
Microprocessador ABX MICROS ABC Vet, modelo OT, DIAGNOSTICS, fabricado por Parc
Euromédicine – França.
3
Colorímetro Calmagite Biotécnica®.
59
proporção de 1:1, à temperatura ambiente. A análise foi então realizada em
automatizador bioquímico multiparamétrico
4
, aferido com calibrador para sistemas
automatizados
5
.
A dosagem de Ca foi feita através de kit diagnóstico
6
, pelo método arsenazo
III, onde, em pH levemente alcalino, o Ca forma com o arsenazo III um complexo
azul cuja intensidade é medida a 650nm, sendo a intensidade da cor proporcional à
quantidade de Ca presente na amostra. Os reagentes utilizados foram: reativo MES
(tampão) 50 mmol/L e arsenazo 0,2 mmol/M. O padrão era constituído de solução de
Ca. Em seguida procedeu-se à análise no automatizador bioquímico
multiparamétrico, previamente aferido com o calibrador.
O P inorgânico foi determinado através do kit diagnóstico
7
, pelo método do
fosfomolibdato, onde reage com o molibdato de amônio, em meio ácido, originando
o complexo fosfomoblidato, que se quantifica por espectrofotometria a 340 nm. A
absorvância é proporcional à quantidade de P inorgânico presente na amostra.
Foram empregados os reagentes moblidato de amônio 0,4 mM e ácido sulfúrico 0,21
mM, com padrão solução de fósforo inorgânico. A análise foi igualmente realizada no
mesmo automatizador bioquímico multiparamétrico, previamente aferido com o
calibrador.
Para dosagem de Na da amostra de soro dos cordeiros, diluiu-se a mesma
com água deionizada na proporção 1:100 e efetuou-se a leitura no espectofotômetro
de chama
8
, tendo como padrão para a espécie ovina os valores normais de sódio de
145-152 mEq/L (KANEKO, 1997).
4
Modelo Cobas Mira Roche®.
5
CFAS Roche®.
7
Kit comercial diagnóstico Biotécnica®.
8
Fotômetro de Chama Corning 400®.
60
Para a determinação da concentração sérica do K, utilizou-se o método da
espectrofotometria de chama, com procedimento de atomização da amostra líquida
sobre a chama, separando o espectro de emissão característico e detectando e
medindo quantitativamente tal emissão. Foi observada a ausência de hemólise nas
amostras que poderiam falsear positivamente a medição de potássio. A técnica
consistiu em diluir o soro sangüíneo em água deionizada, na proporção 1:100 e
procedendo a leitura em tubo de vidro de 10 mL, colocando 100μL de soro e
completando o volume com água deionizada.
Os reagentes envolvidos na análise bioquímica foram cloreto de sódio 8 mM;
colesterol esterase 750 U/L; colesterol oxidase 200U/L; peroxidase 2000 KU/L; 4-
aminoantipirina 0,6 mmol; 4 - clorofenol 20 mmol/L; tampão fosfato 182,42 mmol pH
7,2. O padrão utilizado foi 2mL de solução de colesterol. A amostra de soro
destinado à determinação da colesterolemia foi submetida ao procedimento técnico
preconizado. Os reagentes foram deixados alguns minutos à temperatura ambiente
e, em seguida, pipetou-se em um tubo de ensaio 10μL da solução padrão. Em um
segundo tubo colocou-se 10μL da amostra de soro e, em um terceiro tubo, 1,0 mL
de solução branco, mais 1,0 mL de solução padrão e 1,0 mL da amostra. Agitou-se
bem, incubando-se em seguida os tubos de ensaio durante 15 minutos à
temperatura ambiente. Efetuou-se a leitura da absorvância da amostra (Aa), da
absorvância do padrão (Ap) e da absorvância do padrão frente ao branco a 500 nm.
A análise final foi realizada em automatizador bioquímico multiparamétrico, aferido
com calibrador.
A quantificação de triglíceridios foi realizada com o kit comercial, pelo método
enzimático colorimétrico. Como reagentes utilizou-se a glicerolquinase (GK) 1000
U/L; Peroxidase (POD) 1000 U/L; Lipoproteína lipase (LPL) 2000 U/L; glicerol-3-
61
fosfato oxidase (GPO) 5000 U/L; 4-clorofenol; 4-aminoantipirina 0,3 mM; adenosina
trifosfato (ATP) 2,0 mM; tampão Tris 50 mM pH 7,2. Utilizou-se também solução de
glicerol equivalente à concentração de triglicerídio como padrão. Os reagentes foram
preparados especialmente para o procedimento. A análise, então, foi realizada no
mesmo automatizador bioquímico multiparamétrico, previamente calibrado.
A glicemia foi determinada pelo método enzimático colorimétrico
9
, onde
amostras de soro límpido, obtidas no máximo duas horas após a colheita, foram
centrifugadas, a fim de evitar a glicólise, e destinadas à determinação quantitativa de
glicose. Da mesma forma, a análise foi realizada no automatizador bioquímico
multiparamétrico, devidamente calibrado.
5.3.2.1.2 Hemogasometria
Os exames hemogasométricos foram realizados com amostras de sangue
arterial, colhidas pela face convexa do pavilhão auricular dos cordeiros, onde se
localiza a artéria auricular posterior, bem como seus ramos. Coletaram-se 0,8 mL de
sangue arterial de cada cordeiro, em seringa de insulina com heparina sódica (5000
UI/mL), que foram imediatamente transferidos para tubos de ensaio devidamente
numerados, coincidindo com a numeração do cordeiro e levados para o Laboratório
de Análises Clínicas, onde se procederam os exames hemogasométricos em um
gasômetro
10
, determinando os parâmetros do potencial hidrogênio iônico (pH),
pressão parcial de oxigênio (PaO
2
), em mmHg, pressão parcial de dióxido de
carbono (PaCO
2
), em mmHg, corrigidos para temperatura corporal do animal em
38ºC.
9
Kit Comercial diagnóstico Biotécnica®.
10
Hemogasômetro Rapid Lab Bayer Diagnostics 348®
62
Simultaneamente, usando-se as mesmas amostras sangüíneas e o
equipamento acima descrito, determinou-se a natremia e calemia, em mmol/L;
bicarbonato (HCO
3
), excesso de base (BE) em mEq/L; hematócrito (Hct), em %,
saturação de oxigênio (O
2
SAT), em % e Constante de Dióxido de Carbono (ct CO
2
),
em mmol/L.
5.3.2.1.3 Análise Estatística do Ensaio 1
Na análise estatística dos dados experimentais foi utilizado o sistema SAS –
User’s Guide Statistics, versão 8.1. sendo os resultados analisados através de
análise de variância, como um experimento fatorial inteiramente casualisado, com os
fatores sexo idade e fase de observação.
5.3.2.2 Experimento II – Ciliados Ruminais
Foram coletadas amostras de líquido ruminal de 21 cordeiros, sendo 11
fêmeas, em duplicata, nas fases amostrais correspondentes às idades dos animais
120, 180 e 240 dias, totalizando 126 amostras.
Coletou-se o conteúdo ruminal por meio de sonda esofágica, (Figura 1)
adaptada para a formação de pressão negativa por conexão à bomba elétrica de
sucção. As amostras foram colhidas em balão tipo Kitasato, sendo uma alíquota de
10 ml transferida para um frasco de vidro tipo snap. No momento da coleta foram
registrados os valores de pH do conteúdo, com papel indicador.
63
Figura 1 -Coleta de conteúdo ruminal com sonda esofágica.
A cada coleta, foram obtidas duas amostras de 10 mL de conteúdo ruminal,
em frascos de vidro, tipo snap, (Figura 2) adicionando-se igual volume de
formaldeído a 18,5%, (DEHORITY 1985).
Figura 2 –Amostra de conteúdo ruminal com formaldeido
Para a contagem e identificação dos ciliados, à alíquota de 1,0 mL da amostra
formalizada, se acrescentou 9,0 mL de solução de glicerol a 30% e três gotas de
Lugol, para coloração, 15 minutos antes da contagem.
A contagem dos ciliados foi efetuada em amostras de 1,0 ml em câmara de
contagem Sedgewick-Rafter. Com grade de contagem em uma das lentes oculares
64
de microscópio óptico (aumento de 40x), foram enumerados diferencialmente os
ciliados observados em 100 campos de cada amostra. Estimou-se o número de
ciliados por mililitro de conteúdo pré-gástrico com os valores de duas contagens, em
função da superfície da câmara e respectiva diluição (D ÁGOSTO e GUEDES,
2000).
Na identificação dos protozoários foi utilizada a técnica relatada por Ogimoto
e Imai (1981). Para identificação das subfamílias de Ophryoscolecidae e dos
gêneros Diplodiniinae, foram adotados os métodos propostos por Lubinsky em 1957,
citado por D’Agosto e Guedes (2000), expressando os resultados da contagem pelo
número de ciliados por mL de conteúdo ruminal.
5.4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.4.1 Experimento I – Parâmetros hematológicos
a) Ensaio de Hemograma
Os valores médios por sexo dos cordeiros, de hemograma e parâmetros
bioquímicos séricos de cordeiros da raça Crioula Lanada Serrana são apresentadas
nas Tabelas 1 , 2, 3 e 4
65
Tabela 1 Médias dos valores do hemograma de cordeiros da raça Crioula Lanada
Serrana, em pastejo, segundo o sexo no período do desmame aos 240
dias de idade.
Sexo
2
Variável
1
Macho Fêmea
COL (mg/dL)
LEU (cél./μL)
HEM (x10
6
/μL)
HGB (g/dL)
HCT (%)
VCM (μ
3
)
HCM (pg)
CHCM (g/dL)
57,00
7,67
10,46
11,42
31,84
28,87
10,47
35,78
57,08
8,51
11,00
12,96
32,16
30,88
10,32
33,86
1
.COL – Colesterol LEU -Leucócitos totais, HEM - eritrócitos, HGB - hemoglobina, HCT – hematócrito, VCM (volume
corpuscular médio), HCM (hemoglobina corpuscular média), CHCM (concentração de hemoglobina corpuscular média).
2
.As médias não diferiram entre si (P>0,05) pelo Teste de Tukey.
Na Tabela 1, as variáveis estudadas, respectivamente, leucócitos totais,
eritrócitos e teor de hemoglobina não foram influenciadas (P>0,05) pelo sexo dos
animais. Os valores médios da concentração de leucócitos totais, eritrócitos e teor
de hemoglobina são semelhantes aos relatados em ovinos por Blood et al. (2002),
respectivamente de 4.000 a 12.000 por μL; 9,0 a 15,0 × 10
6
/μL e 9,0 a 15,0 g/dL.
Os parâmetros hematológicos, hematócrito, volume corpuscular médio (VCM),
hemoglobina corpuscular média (HCM) e concentração hemoglobínica corpuscular
média (CHCM) não diferiram (P>0,05) segundo o sexo.
66
Tabela 2 – Média dos valores bioquímicos de hemograma de cordeiros da raça
Crioula Lanada Serrana, em pastejo, segundo o sexo no período do
desmame aos 240 dias de idade.
Sexo
1
Variável
Macho Fêmea
Mg (mmol/l)
P (mmol/L)
GLI (mg/dL)
1
Ca (mmol/L)
Na (mmol/L)
K (mmol/L)
2,63
6,71
78,3
10,52
139,7
4,69
2,62
6,72
73,6
10,43
140,58
4,56
Mg- magnésio , P- fósforo , GLI- glicose , Ca- cálcio , Na- Sódio
1
.Médias não diferiram entre si (P>0,05) pelo teste de Tukey.
Os níveis de colesterol em ovinos encontram-se em concordância com os
relatados por Kaneko (1997), 43,0 a 103,0 mg/dL.
Com relação aos triglicerídios, os valores encontrados foram inferiores aos
apresentados por Ramella (2001), em ovinos, respectivamente 95,0 a 132 mg/dL;
90,63 mg/dL. Blood et al. (2002) descreveu valores de magnésio, em ovinos, de 2,2
a 2,8 mg/dL semelhantes aos observados na Tabela 2.
Gomide (2004) e Pugh (2005) relataram em ovinos, respectivamente, níveis
séricos de fósforo, 7,03 mg/dL e 5,0 a 7,3 mg/dL, de glicose, de 50,0 a 80,0 mg/dL;
cálcio, 11,25 mg/dL e 11,5 a 13,0 mg/dL; sódio, de 145 a 152 mEq/L; de potássio, de
3,9 a 5,4 mEq/L e magnésio de 1,88 mg/dL, similares aos descritos na Tabela 2.
67
Tabela 3 – Médias dos valores bioquímicos séricos em cordeiros da raça Crioula
Lanada Serrana, em pastejo, segundo o sexo
Sexo
2
Variavel
1
Macho Fêmea
CV
(%)
Tri (mg/dL)
Col (mg/dL)
Mg (mg/dL)
P (mg/dL)
Gli (mg/dL)
Ca (mg/dL)
Na (mEq/L)
K (mEq/L)
34.103
58.310
2.7241
6.3690
72.931
10.541
140.79
4.5517
30.857
58.143
2.6971
6.6514
77.571
10.366
140.71
4.5686
32.23
15.65
14.71
13.70
23.08
5.25
2.74
10.52
1.
Tri – Triglicerídio; Col – Colesterol; Mg – Magnésio P – Fósforo; Gli – Glicose; Ca –Cálcio; Na - Sódio; K –
Potássio.
2.
Médias não diferiram entre si (P>0,05) pelo teste de Tukey.
Tabela 4 – Valores bioquímicos séricos médios de cordeiros da raça Crioula Lanada
Serrana, em pastejo, segundo a idade.
Idade (dias)
2
Variável
1
120 180 240
CV
(%)
Tri (mg/dL)
Col (mg/dL)
Mg (mg/dL)
P (mg/dL)
Gli (mg/dL)
Ca (mg/dL)
Na (mEq/L)
K (mEq/L)
28.455
57.045
2.6273
6.6682
76.182
10.468
140.18
4.6182
35.810
58.190
2.5952
6.3619
78.524
10.471
141.90
4.5381
32.905
59.476
2.9095
6.5333
71.667
10.395
140.19
4.5238
32,23
15,65
14,71
13,70
23,08
5,25
2,74
10,52
1
.Tri – Triglicerídio; Col – Colesterol; Mg - Magnésio ; P – Fósforo Gli – Glicose; Ca – Cálcio; Na – Sódio; K -Potássio
2
.Médias não diferiram entre si (P>0,05) pelo teste de Tukey.
Os valores bioquímicos médios não diferiram estatisticamente (P>0,05) em
relação ao sexo e idade dos animais (Tabelas 2, 3 e 4).
68
Não houve efeito significativo dos fatores sexo e etapa e da interação sexo vs.
etapa para todas as variáveis analisadas (P > 0,05). (Tabelas 1, 2 ,3 e 4).
b) Ensaio de Hemogasometria
Os valores hemogasométricos médios, de cordeiros da raça Crioula Lanada
Serrana, segundo sexo
são apresentados na Tabela 5.
Tabela 5 - Valores hemogasométricos médios, de cordeiros da raça Crioula Lanada
Serrana, segundo o sexo
Sexo
1,2
Variável
3
Macho Fêmea
CV
(%)
pH
PaCO
2
mmHg)
PaO
2
(mmHg)
BE
7,43
31,88
97,09
-2,53
7,45
32,79
99,26
-2,52
0,60
12,61
9.29
77,31
1
Médias corrigidas para temperatura corpórea de 38
o
C.
2.
PaCO
2
– Pressão parcial de dióxido de carbono; PaO
2
– Pressão parcial de oxigênio; BE – Excesso de base.
3.
As médias não diferiram entre si (P>0,05) pelo teste de Tukey.
Não se verificou diferenças significativas (P>0,05) para as variáveis, pH,
pressão parcial de dióxido de carbono (PaCO
2
) e pressão parcial de oxigênio (PaO
2
)
e excesso de base (BE). (Tabela 5)
O valor médio do pH de 7,44 observado neste experimento (Tabela 5)
caracteriza segundo os estudos de Orskov (1994) uma dieta constituída
exclusivamente de volumosos, coincidindo com valores relatados por Mitchell e
Williams (1975), que trabalhando com cordeiros da raça Suffolk, estudaram os
valores médios de referência de gases sanguíneos relatando para idades de 17 a 20
semanas, pH de 7,45; PaO2 de 86,9 mmHg e PaCO2 de 32,9 mmHg, semelhantes
com os valores observados (Tabela 5);
69
5.4.2 Experimento II – População de ciliados ruminais
Os resultados relativos às concentrações médias de gêneros de ciliados de
rúmen observados em cordeiros da raça Crioula Lanada Serrana mantidos em
pastejo, segundo sexo estão apresentados na Tabela 6.
Tabela 6 - Valores médios de ciliados ruminais de ovinos da raça Crioula Lanada
Serrana, em pastejo, segundo o sexo no período do desmame aos 240 dias de
idade.
Sexo
1
Gênero
(cel/ml)
Fêmea Macho
CV
(%
Entodinium
Eudiplodinium
Epidinium
Eremoplastrom
45.551,00
a
1.344,30
a
2.260,00
a
648,57
a
29.861,00
b
430,83
b
2.470,80
a
935,00
a
31,33
20,82
35,51
31,12
1. Letras diferentes na linha denotam as médias diferiram entre si (P<0,05) pelo teste de Tukey.
Constata-se na Tabela 6 que não ocorreu (P<0,05) diferença de concentração
entre os gêneros Epidinium e Eremoplastrom, havendo maior (P<0,05) concentração
dos gêneros Entodinium e Eudiplodinium nos cordeiros fêmeas.
Enquanto nesse estudo registrou-se a presença dos gêneros Entodinium,
Eudiplodinium, Epidinium e Eremoplastron, Abe et. al,(1981) e Dehority e Tirabasso
(1989) verificaram uma variação no número de Isotrichidae no rúmen das ovelhas.
As médias de concentração de protistas do rúmen em cordeiros da raça
Crioula Lanada Serrana, segundo a idade são mostrados na Tabela 7.
70
Tabela 7 - Valores médios de ciliados ruminais de ovinos da raça Crioula Lanada
Serrana, em pastejo, segundo a idade.
Idade (dias)
2
Gênero
(Cél.mL)
120 180 240
CV
(%)
Entodinium
Eudiplodinium
Epidinium
Eremoplastrom
65.797
a
1.448,9
a
3.612,5
a
911,36
a
25.897
b
461,36
a
1195,5
a
15,909
b
2.2517
c
854,76
a
2.259.5
a
1445,2
a
...
...
...]
...
1
.
Letras diferentes na linha denotam as médias diferiram entre si (P<0,05) pelo teste de Tukey.
Os valores médios de ciliados ruminais de cordeiros da raça Crioula Lanada
Serrana, em pastejo, segundo a idade, apresentados na Tabela 7 demonstram que a
concentração dos gêneros Entodinium e Eremoplastron podem variar de acordo com
a idade. Entre os fatores determinantes desta variação About-Akkada et al. (1968)
destaca o tipo de dieta e Dehoriry e Tirabasso (1989) relatam a freqüência da
alimentação.
Na Tabela 7 denota-se a presença do gênero Entodinium, similarmente ao
relato de Sálvio (1999) e D’Agosto (2000) da incidência desse gênero em bovinos do
Estado de Minas Gerais.
71
5.4.2.1 Análise Estatísticas do Ensaio 2
As variáveis foram submetidas a análise de variância, obedecendo a um
delineamento inteiramente casualizado com arranjo fatorial para os fatores sexo e
idade.
5.5 CONCLUSÕES
Nas condições em que foi realizado o experimento pode-se concluir:
Os parâmetros do hemograma dos cordeiros não foram influenciados pelas
idades estudadas (P > 0,05)
. Os resultados relacionados a hemogaseometria dos cordeiros não diferiram
entre si (P > 0,05).
A concentração de ciliados ruminais dos gêneros Epidinium e i
Eremoplastrom não foi influenciada (P>0,05), diferindo estatisticamente (P<0,05) os
gêneros Entodinium, Eudiplodinium , segundo o sexo dos cordeiros.
Os ciliados ruminais dos gêneros Eudiplodinium e Epidinium não foram
influenciados (P>0,05) e o gênero Entodinium e Eremoplastrom diferiram
estatisticamente (P<0,05) segundo a idade dos cordeiros.
5.6 REFERÊNCIAS
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75
6 CONCLUSÕES
Nas condições em que foram realizados os experimentos com os cordeiros
da raça Crioula Lanada Serrana, nas diferentes faixas etárias 120, 180 e 240 dias de
idade constatou-se que:
Os fatores relacionados com os tempos despendidos com pastejo, ruminação e ócio
não diferiram entre si (P>0,05) segundo a idade e o sexo.
O desempenho ponderal, dos cordeiros machos e fêmeas tiveram performance
semelhantes, e as médias de ganhos de peso não diferiram em relação ao sexo.
Os parâmetros sanguíneos do hemograma não foram influenciados (P>0,05). pela
variação de idade.
Na análise hemogasométrica, os valores de referência não sofreram modificações
nas diferentes idades e sexo analisados.
Os ciliados ruminais dos gêneros Eudiplodinium e Epidinium não foram
influenciados (P>0,05) e o gênero Entodinium e Eremoplastrom diferiram
estatisticamente (P<0,05) segundo a idade dos cordeiros e a concentração de
ciliados ruminais dos gêneros Epidinium e Eremoplastrom não foi influenciada
(P>0,05), diferindo estatisticamente (P<0,05) os gêneros Entodinium, Eudiplodinium,
segundo o sexo dos cordeiros.
Novos estudos deverão ser realizados com a Raça Crioula Lanada Serrana para a
comparações dos resultados.
76
APENDICE
COMPORTAMENTO ALIMENTAR DE CORDEIROS DA RAÇA CRIOULA
LANADA SERRANA
PSOL - Pastejo ao sol;
PSOM - Pastejo à sombra; RDSOM - Ruminação deitado à sombra; RPSOl –
Ruminação em pé ao sol; RDSOL - Ruminação deitado ao sol; ODSOM - Ócio deitado à sombra; OPSOL –
Ócio em pé ao sol; OA – Tempo de outras atividades
Escala para Outras Atividades:
1- Defecando 5- Coçando em objeto 9- Dormindo em pé
2- Urinando 6- Lambendo-se 10- Mordendo Objeto
3- Bebendo água 7- Lambendo Objeto 11- Vocalizando
4- Coçando com a pata 8 – Dormindo deitado 12- Outras
Nº Animal:
Período:
Hora PSOL PSOM RPSOL RDSOL RDSOM OPSOL ODSOM OA
07:00
07:05
07:10
07:15
07:20
07:25
07:30
07:35
07:40
07:45
07:50
07:55
08:00
08:05
08:10
08:15
08:20
08:25
08:30
08:35
08:40
08:45
08:50
08:55
09:00
77
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