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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI
PROGRAMA DE MESTRADO EM HOSPITALIDADE
CURSOS DE TURISMO SOB A ÓTICA DA HOSPITALIDADE:
ESTUDO DE CASO DO CURSO DE TURISMO
UNIARAXÁ – MG
JULIANA DO PRADO SILVA
SÃO PAULO
2007
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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI
PROGRAMA DE MESTRADO EM HOSPITALIDADE
CURSOS DE TURISMO SOB A ÓTICA DA HOSPITALIDADE:
ESTUDO DE CASO DO CURSO DE TURISMO
UNIARAXÁ – MG
JULIANA DO PRADO SILVA
Dissertação de Mestrado apresentada à Banca
Examinadora, como exigência parcial para a obtenção
de título de Mestre em Hospitalidade, área de
concentração Planejamento e Gestão Estratégica em
Hospitalidade e linha de pesquisa Políticas e Gestão em
Hospitalidade e Turismo, da Universidade Anhembi
Morumbi, sob a orientação da Profª. Celia Maria de
Moraes Dias.
SÃO PAULO
2007
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BANCA EXAMINADORA
______________________________
______________________________
______________________________
DEDICATÓRIA
À vó Dora, pelas palmas até hoje ouvidas e lembradas com muito carinho e
saudade...
À Pan, por sempre acreditar em mim, pois sem você não teria conseguido chegar
até aqui...
Ao meu pai, pela dedicação constante à nossa família, minha admiração...
À minha irmã, pela força desmedida sempre ao meu lado...
Ao Tom, pelo amor, pela paciência e apoio a mim dedicados durante todo esse
processo...
À minha Nina, pela companhia e por ter trazido tanta felicidade à minha vida...
AGRADECIMENTOS
A Deus, pelo dom da vida e do amor.
Aos meus pais, pelo amor incondicional, pelo esforço de tantos anos, pela luta
constante em busca do melhor para nós. Obrigada por vocês existirem e por serem
meus pais! Amo muito vocês!
À minha irmã querida, pelo carinho e por ser essa pessoa tão linda! É muito bom tê-
la como irmã!
Ao Tom e à nossa querida Nina, por acordarem todas as madrugadas e irem ao meu
encontro sempre com as carinhas alegres.
À minha orientadora, Professora Doutora Celia Maria de Moraes Dias, pela amizade,
pelo sorriso, pela alegria e por compartilhar momentos difíceis junto comigo.
Aos professores do Curso de Mestrado, em especial à Rosário, Nilma e Raul, pelo
enriquecimento por meio do saber e do crescimento profissional e pessoal.
Aos amigos, em especial, Klaus, Carla, Andréa, Joyce e Débora, pelos momentos
compartilhados que se tornaram inesquecíveis.
Ao UNIARAXÁ, em especial, à Reitora Maria Auxiliadora Ribeiro, pelo apoio e pela
visão de empreendedorismo e atitude, nunca deixando o “ser humano”.
Aos meus alunos queridos, obrigada pelo carinho e pelo incentivo!
À Márcia Caparelli querida, por todo carinho, amizade e por todo empenho em estar
ao meu lado.
À Patrícia Franco, pela paciência e pelos conhecimentos ensinados, mesmo à
distância, com o maior carinho.
À tia Marly, pela hospitalidade, pelo carinho e por toda a companhia durante todo o
processo. Obrigada por ser minha tia de coração!
Enfim, a todos que contribuíram de certa maneira para que esse sonho se tornasse
uma realidade: ser MESTRA!
RESUMO
A hospitalidade tem despontado como um importante aspecto a ser estudado em
várias áreas, dentre elas o comportamento humano, seja para analisar a relação
entre os indivíduos, seja para observar as necessidades dos futuros profissionais em
atender as exigências da sociedade e do mercado. Dentro do setor de serviços,
nota-se a importância de se compreender o conceito de hospitalidade, porque esse
entendimento pode tornar-se uma ferramenta significativa, no que tange à
abordagem do processo de formação e qualificação de mão-de-obra no trade
turístico. Tal conceito possibilita a melhoria do desempenho do serviço prestado e
consequentemente, ações e condutas mais positivas. As instituições de ensino têm
procurado atentar à questão da formação integral do aluno, no que diz respeito à
sua formação técnica e de caráter humanístico, tornando possível um diferencial no
domínio educacional, à medida que tem incorporado novos objetivos, conteúdos,
perfil de egressos e valores. Compreender a hospitalidade em seus múltiplos
significados, e sua essência permite perceber as manifestações e anseios da
sociedade como valor fundamental. Abordam-se, nesta pesquisa, os estudos a
respeito do conceito de hospitalidade e sua relação e aplicação nas matrizes
curriculares não somente como termo isolado, mas também como aspecto a ser
discutido durante todo o processo de formação. A verificação de como a
hospitalidade é incorporada nos projetos pedagógicos dos Cursos de Turismo é
dada de maneira geral, aprofundando a pesquisa em um Curso de Turismo de uma
instituição de Ensino Superior – o Centro Universitário do Planalto de Araxá — que
tem tentado a formação de seus alunos em prol do benefício da sociedade do
município e região.
Palavras-chave: Hospitalidade. Educação. Formação Profissional. Turismo.
ABSTRACT
Hospitality has been shown as a main aspect to be searched in several knowledge
fields, among which human behavior, with two main purposes — to analyze
relationship between people and to observe professional needs in order to
accomplish social and market demands. In services sector one can see how
important is to understand the concept of hospitality, for this notion may become a
significant tool to approach the professional development on tourism trade. This
concept allows service performance increasing, with the consequent positive actions
and conducts. Schools are worried about the question of students complete
development, concerning to technical and human formation, in order to make
possible a difference in education field, due to the establishment of new goals, new
contents, new values and a new egresses profile. To understand hospitality in its
multiple meanings and in its essence allows the vision of society demands as a basic
question. This search points studies on hospitality concept, not only as an isolated
concept, but also in its relationship and applications on curriculum matrix during all
the development process. Examination of how hospitality is consolidated in Tourism
Courses Pedagogical Projects is outlined in a general way and the search becomes
deeper with the analysis of a specific Tourism Undergraduate Course in Centro
Universitário do Planalto de Araxá — which has tried to perform students
development straight to municipal and regional society benefit.
Key words: Hospitality. Education. Professional development. Tourism.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...........................................................................................................10
1 A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL NO MUNDO GLOBALIZADO:
DISCUTINDO O ENSINO DE TURISMO...................................................................19
2 OS CURSOS DE TURISMO SOB A ÓTICA DA HOSPITALIDADE........................36
2.1 Histórico, conceitos e características do Turismo............................................38
2.2 Turismo e Cursos de Turismo..........................................................................45
2.3 Regulamentação do Ensino Superior em Turismo no Brasil............................54
2.4 Diretrizes Curriculares do Curso de Turismo sob a Perspectiva da
Hospitalidade..............................................................................................................68
2.5 Educação nos Cursos de Turismo e o Conceito Hospitalidade.......................78
3 O CURSO DE TURISMO DO CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE
ARAXÁ – UNIARAXÁ E O CONCEITO DE HOSPITALIDADE..................................85
3.1 Visão geo-histórica, econômica e social de Araxá...........................................87
3.2 Termalismo e hospitalidade mineira.................................................................92
3.3 Centro Universitário do Planalto de Araxá – UNIARAXÁ.................................95
3.4 Curso de Turismo com ênfase em gestão de empreendimentos.....................97
CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................112
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................116
BIBLIOGRAFIA AMPLIADA.....................................................................................123
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - VITRAL TERMAS..................................................................................88
FIGURA 2 - MUSEU DONA BEJA ............................................................................89
FIGURA 3 - VITRAL TERMAS..................................................................................91
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 GRADE CURRICULAR DO CURSO DE TURISMO DO CENTRO
UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ.....................................103
10
INTRODUÇÃO
Vive-se em um mundo ágil e inconstante onde, a cada minuto, os indivíduos
são desafiados a apresentar respostas rápidas e criativas. É provável que o homem
nunca tenha enfrentado crise de valores com tais dimensões culturais, morais e
espirituais. O desenvolvimento e a evolução do ser humano têm sido aspectos
considerados tão importantes, que, atualmente, escapa das “prateleiras” da área de
humanas — onde se encontram cada vez mais setores especificados — para
compartilharem as estantes das ciências sociais aplicadas e áreas afins. A
Academia tem descoberto uma nova abordagem de estudo: a gestão voltada para o
olhar no indivíduo — não somente o ser isolado, mas também, seus aspectos
intrapessoais. Uma abordagem que agregue valor ao ser humano não somente
baseado em técnicas, mas também, em formação mais abrangente. Percebe-se que
mudanças constantes e inovadoras são a mola mestra da transformação do mundo,
bem como do próprio ser humano. Carvalho (2004, p. 10) afirma que “as
organizações estão descobrindo que seu mais precioso potencial reside nas
perspectivas humanas. O diferencial mais importante a ser conquistado é humano, e
não técnico, como se pensava no passado.” Tornou-se claro que a superioridade
tecnológica, só, não é suficiente; a criatividade e a invenção de novas estratégias de
adaptação à sociedade e ao mercado constituem-se os verdadeiros diferenciais.
Para tal, o mercado exige pessoas livres, maleáveis, ousadas e criativas que sejam
capazes de pensar e sentir diferente e que se atrevam a fazer coisas originais.
Para tanto, faz-se necessário um tempo de reflexão sobre o trabalho como
uma fator de crescimento, desenvolvimento, liberdade e auto-realização. Acredita-se
que não se trata apenas de a pessoa aprender a ser melhor profissional; a melhor
mestra encontra-se na escola da vida, um espaço em que há oportunidades de
aprendizado no sentido de os indivíduos se tornarem pessoas melhores, mais
sábias, inteligentes, menos carentes, mais autênticas e maduras. Procura-se obter
mais consideração, dignidade, honra, respeito e liberdade. Essa prática exige
sabedoria, seja na família, na escola, na sociedade ou no mundo corporativo.
Nota-se o quanto é latente a necessidade de lançar um novo olhar sobre o
coletivo, pois, na prática institucional e nos diversos campos do espaço social, ainda
11
predomina um padrão competitivo, mecanizado, setorizado, apesar das
reconhecidas exigências de um novo modelo grupal, cooperativo, holístico e
globalizado. O aprender a agir coletivamente assume importante estratégia nos dias
de hoje. Dentro dessa perspectiva, é fácil encontrar o laço que a hospitalidade pode
e deve ter com esse aspecto da formação profissional.
No Brasil, são raras as empresas de hospitalidade que dispõem de
um programa consistente de desenvolvimento, crescimento ou de
carreira em seus recursos humanos [...] O mercado hoteleiro
brasileiro, não oferece oportunidade de participar de nenhum tipo de
integração ou programa de orientação na empresa [...] Um bom
programa de integração ainda não recebe a importância merecida na
hospitalidade brasileira (TANKE, 2004, p.192).
Partindo desse referencial, observa-se a grande necessidade de
desenvolvimento do conceito e da prática, no que tange à questão da hospitalidade.
Entende-se que a importância da hospitalidade na organização da sociedade, mais
do que em cursos, como cidadania, solidariedade torna-se assunto de relevância.
Nota-se que nunca se falou tanto em investimento humano como na última década
e, principalmente, neste terceiro milênio. Percebe-se que estudiosos de toda parte
estão convictos de que o ser humano é a base de tudo. Causa perplexidade o fato
de verificar quão difícil e vagaroso foi perceber “que o ser humano é a peça mais
importante de toda essa engrenagem chamada Terra e descobrir que sem as
pessoas, não adianta investir em processos” (BOFF, 2005, p. 13). Esse despertar,
ainda que tardio, está se disseminando cada vez mais.
Lida-se com um novo paradigma, que pode ser assim resumido:
Gerenciar pessoas é a função mais importante de qualquer
líder.
Gerenciar é conseguir agregar valor humano; é fazer com que
os funcionários se sintam valorizados não como unidades, mas como
pessoas; seres satisfeitos são seres mais comprometidos.
Flexibilidade e agilidade são habilidades humanas
profundamente associadas à competência profissional, à capacidade
de criar e inovar, possibilitando as mudanças necessárias.
As habilidades humanas consideradas mais virtuosas estão
intimamente ligadas às relações comportamentais e sociais
(CARVALHO, 2004, p. 22-23).
Desse modo, compreende-se que o setor de serviços tem-se dado conta de
que a gestão deve ser modificada para que haja resultados positivos. Essa reflexão
12
tem por conseqüência uma nova visão das pessoas, não mais como um recurso
organizacional, um objeto servil, descerebrado e passivo do processo, mas
fundamentalmente, um sujeito ativo e provocador das decisões, empreendedor das
ações e criador da inovação dentro das organizações. Mais do que isso, um agente
proativo dotado de visão própria e, sobretudo, de inteligência, que se constitui na
maior e mais avançada ferramenta humana. Todavia, em que sentido o conceito de
hospitalidade estaria relacionado com esse aspecto?
Quando se refere à hospitalidade como uma relação entre indivíduos que
atuam como hospedeiros e hóspedes, seja no aspecto doméstico, seja no aspecto
comercial, e até no social, depara-se com a importância da expressão “relação entre
indivíduos”, que pressupõe, logicamente, a presença de pessoas para que o
fenômeno hospitalidade aconteça. Nesse sentido, a noção de hospitalidade inclui
todas as relações interpessoais, que são a base da formação de qualquer
profissional. As atuais exigências da sociedade, do mercado altamente competitivo,
as novas abordagens da gestão do conhecimento, fazem com que as instituições de
ensino promovam reestruturações nos processos de desenvolvimento dos indivíduos
no âmbito educacional e, conseqüentemente, no âmbito empresarial.
Cada vez mais surgem necessidades que definem novas habilidades nas
funções, o que faz com que as instituições de ensino tomem para si a
responsabilidade de formar profissionais adaptados com esse novo mercado e com
essa “nova” sociedade, que almeja que se dê mais atenção a sentimentos como a
conduta ética, e não apenas se preocupe com o mero lucro.
A área de formação de profissionais tem sido alvo de constantes análises e
reestruturações por parte dos diversos segmentos, como também por áreas
eminentemente educacionais. Há crescente demanda por novos métodos e
abordagens que possam adequar-se às necessidades dos contextos apresentados,
tais como utilizar o conhecimento no sentido de inserção social real. Entende-se,
então, que a Educação das pessoas, como meio para a promoção do indivíduo, é o
que se deve ter em mente quando se pensa no papel dos profissionais na
sociedade.
Na era da hegemonia da informatização, em que o impacto do
desenvolvimento tecnológico e as profundas transformações do emprego têm sido a
peça chave para o impulso das mudanças, educar consiste em fornecer condições
melhores de pessoas mais ajustadas para a sociedade como também para os
13
cargos em questão. Assim, desenvolver pessoas não significa apenas proporcionar-
lhes conhecimento e habilidades para o adequado desempenho de suas tarefas. De
acordo com Lodi (2005, p. 220) “significa direcionar o aprendizado no sentido de se
obter condutas diferenciadas que modifiquem antigos hábitos, desenvolvendo novas
atitudes com vista em tornarem-se melhores naquilo que fazem”.
Aqui a Educação assume papel primordial, no sentido de formar profissionais
alinhados com a estrutura vigente. Nota-se que, no ambiente de ensino, a
disposição para os aspectos de valor ao ser humano também têm ocupado seu
devido lugar. Lahr (2005, p. 10) coloca que “entender essas mudanças e repensar
vários aspectos da vida humana é o desafio que se apresenta à humanidade neste
início do século XXI”.
Assim, estabelecimentos responsáveis pela Educação, tais como o Ministério
da Educação, funcionam como órgãos que têm ajudado a disseminar uma nova
concepção a respeito de formação: a imperativa ênfase na formação integral do
indivíduo, que mescla aspectos técnicos e aspectos humanos. Um dos melhores
exemplos dessa nova didática seriam as provas promovidas pelo SINAES (Sistema
Nacional de Educação Superior), que, em novembro passado, realizou mais um
exame do ENADE — Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes, que contou
com a avaliação pautada na formação geral, que incluiu assuntos como ética,
comprometimento com a sociedade, e na formação específica respectiva de cada
área correlata. Desse modo, nota-se que o Ministério da Educação tem buscado
orientar seus processos em função da formação integral do indivíduo, para que ele
não possa ser somente moldado e preparado para lidar com procedimentos
técnicos; é necessário, também, formar seres capazes de condutas e ações
calcadas por valores, tais como responsabilidade, cidadania, hospitalidade, dentre
outros.
O resgate da dimensão humana é uma opção, uma vez que possibilita a
intervenção consciente no processo produtivo e fortalece o exercício da cidadania.
Assuntos como ética e consciência humana permeiam todo o processo e, nesse
contexto, o conceito de hospitalidade pode ser colocado como potencial ferramenta,
no sentido de formar e adequar o profissional de acordo com as necessidades
prementes da sociedade e do mercado.
A consciência de cidadania, a manifestação de princípios éticos, a vivência de
valores como o de responsabilidade social, justiça, ética profissional, todos somam
14
itens que provêm de uma formação que vai além da concepção técnica e abarca
uma visão humanística. Têm sido cada vez mais freqüentes questionamentos sobre
aspectos como a inexistência do estudo mais aprofundado para facilitar o trabalho
em estabelecimentos comerciais, a necessidade da hospitalidade dos dias atuais, a
importância do convívio e da sociabilidade.
Nesse contexto, a possibilidade de se discutir o conceito de hospitalidade
dentro dos projetos pedagógicos dos Cursos de Turismo que norteiam toda a
formação profissional do indivíduo, pode ser considerada uma maneira interessante,
uma vez que ela constitui um campo de estudos abrangente e que se aplica ao
direcionamento de aprendizagem de valores muito escassos e, ao mesmo tempo,
muito requeridos na sociedade atual. Mais uma vez observa-se a importância da
hospitalidade na organização da sociedade, mais do que no referido curso. Lahr
(2005, p. 12) pontua que “há uma defasagem entre o conhecimento técnico e prático
e a busca de um diferencial no âmbito educacional, de modo que incorporem novos
objetivos, conteúdos e valores“. A universidade precisa inovar-se, mesmo porque as
reformas realizadas já não estão atendendo às necessidades que se apresentam
para a Educação.
A hospitalidade pode ser considerada como abordagem diferenciada na
formação profissional de indivíduos que optam por trabalhar em áreas como
Turismo. Dentro desse universo, ela pode ser muito mais importante do que um
simples treinamento pontual.
Diante desse panorama, buscou-se, aqui, analisar como a formação
profissional acontece nos dias atuais, procurando salientar as necessidades da
sociedade e do mercado e, ainda, observar como as instituições de Ensino Superior
têm-se comportado frente a essas exigências. O setor analisado para a pesquisa foi
o turístico e procurou-se delinear qual é o profissional adequado para trabalhar na
área. Assim, para que essas necessidades fossem atendidas, buscou-se avaliar
como os Cursos de Turismo têm formado seus alunos, para que desenvolvam
competências que vão além dos procedimentos técnicos. A hospitalidade e todo o
seu arcabouço teórico e prático foram considerados como uma das possíveis
ferramentas para que os cursos pudessem atender a esses objetivos, uma vez que
ela se manifesta em ações e atitudes. A afirmação baseia-se na reflexão sobre as
profundas mudanças que se processaram no mundo, dos últimos 50 anos, que
15
englobam a tecnologia, a ciência e a economia, gerando novas formas de
comunicação, lazer, turismo, entre outros.
O mundo está criando novos saberes e modos de conhecer e inventando um
novo estilo de humanidade. Isso fez com que o Turismo rapidamente se
transformasse em nome de um novo turista, cujo olhar torna-se mais crítico em
relação ao que está à sua volta. Conhecer, aprender, evoluir, ser acolhido, são
palavras que estão inseridas no vocabulário do novo turista, que busca serviços de
maior qualidade segmentados e personalizados. O turista quer ser percebido,
reconhecido e atendido como hóspede e não apenas como consumidor. Mais uma
vez, observa-se uma estreita ligação entre a hospitalidade e as transformações que
ocorrem na sociedade.
A presente pesquisa teve por objetivo maior verificar como a hospitalidade
tem sido abordada nos projetos pedagógicos dos referidos Cursos de Turismo,
tendo como vertentes a verificação dos princípios da hospitalidade compatíveis com
as Diretrizes Curriculares e ainda, a identificação em como o Projeto Pedagógico do
Curso de Turismo do Centro Universitário do Planalto de Araxá – UNIARAXÁ,
localizado no município de Araxá, trabalha a questão dos respectivos princípios. A
possibilidade do uso do entendimento e compreensão do conceito hospitalidade em
face da formação de pessoal mais entrosado e qualificado para trabalhar no trade
turístico, tendo como objeto de investigação os cursos superiores de Turismo, torna
possível uma análise dos aspectos mais relevantes para a formação de caráter mais
humanístico. A princípio tentou-se fazer uma abordagem delimitada somente aos
Cursos de Turismo, porém, ao longo do trabalho, a hospitalidade foi apontada várias
vezes como tema relevante na formação de qualquer profissional no cenário atual, e
ainda, na importância desse valor positivo na formação da sociedade, no
ajustamento de pessoas a outros valores, como responsabilidade, ética,
comprometimento, dentre outros.
A investigação se deu no Centro Universitário do Planalto de Araxá, município
de Araxá, localizado no Estado de Minas Gerais, uma vez que se constitui em uma
instituição que se propôs, desde sua consolidação a Centro Universitário, a ser um
local de aprendizado e de comprometimento com a formação de seus alunos, de
maneira mais abrangente, alicerçada no seu objetivo que consiste em “oferecer
ensino de qualidade para formar cidadãos e contribuir para o desenvolvimento social
e sustentável” (PDI, 2003). Documentos como Projeto Pedagógico Institucional
16
(PPI), Projeto de Desenvolvimento Institucional (PDI) e o Projeto Pedagógico do
Curso de Turismo foram utilizados como fonte de dados e, nesta pesquisa, não se
buscou problematizá-los ou criticá-los. Os documentos citados serviram de base
para análise na consistência da hospitalidade em seu bojo teórico nos seus
discursos teóricos e práticos.
Recorreu-se, durante a análise, às mudanças acontecidas no universo da
Educação e no desenvolvimento da sociedade como um todo, percebendo uma
evolução, ou movimentação bastante interessante no que diz respeito aos valores
da sociedade, atribuindo ações e resgatando virtudes necessárias para a
conscientização das pessoas, de tal modo que a hospitalidade se manifeste em
ações e atitudes de acolhimento e abertura para a alteridade.
Devido à pesquisa vir de uma instituição de Ensino Superior na cidade de
Araxá, acredita-se ser coerente a discussão a respeito da história e da inserção do
Curso de Bacharelado em Turismo em face da importância que se faz a atividade
turística no município. Araxá, desse modo, pode ser considerada uma cidade
turística.
A vocação para o Turismo na cidade de Araxá trouxe aspectos importantes a
respeito da discussão sobre hospitalidade, uma vez que sua aplicação, como forma
de bem receber e atender ao cliente, é uma forma de diversificar e melhorar a
qualidade da prestação de serviços. A proposta do acolhimento trabalhada pela
hospitalidade trazida para Araxá, além de um ambiente mais propício ao
desenvolvimento do Turismo, no que tange à melhoria na prestação de serviços,
visa à sugestão de um local mais humanizado, que proporcione melhor qualidade de
vida para seus residentes e visitantes.
Busca-se nortear a importância da hospitalidade dentro de um cenário
adequado para que a sua inclusão seja coerente com vários setores. De acordo com
estudiosos como Dencker (2004), Camargo (2002), dentre outros, se a caminhada é
rumo aos empreendimentos turísticos, existe uma forte necessidade do componente
humano. O conceito de anfitrião se converteu em não somente ser responsável pela
recepção em um bom equipamento, mas também, em ter como primeira
responsabilidade fazer com que seus hóspedes (clientes) se sintam bem, cômodos,
percebendo que são realmente bem-vindos, sabendo que seu anfitrião os enxerga
como indivíduos e não mais como máquinas de fazer dinheiro (CASTELLI, 2005).
Diante desse cenário, a abordagem de aspectos que se refiram à hospitalidade nos
17
cursos de Graduação em Turismo vem ao encontro de discussões a respeito da
necessidade de se formar um novo profissional, com um novo perfil, em que o
indivíduo se encaixe nas novas necessidades e exigências do cenário atual e que o
novo profissional seja provido de procedimentos técnicos e de ações humanas,
equilibradas, para que o seu trabalho seja realmente de valor.
A metodologia usada nesta investigação teve caráter qualitativo-exploratório,
de cunho analítico-descritivo, realizada com o objetivo de observar, registrar e
sistematizar os dados coletados basicamente por meio de fontes secundárias e de
pesquisa de campo com utilização de fontes documentais. Diz-se qualitativo, uma
vez que os dados que serão apresentados no presente trabalho referem-se ao
estudo sobre uma instituição de Ensino Superior, especificamente, o Curso de
Turismo do Centro Universitário do Planalto de Araxá – UNIARAXÁ. A pesquisa tem
como meta verificar como o conceito de hospitalidade é tratado no Curso de Turismo
do UNIARAXÁ, a partir de seu projeto pedagógico, no sentido de promover futuros
profissionais mais conscientes de seus atos, moldados para o enfrentamento de
questões relacionadas à realidade assistida.
O procedimento de abordagem escolhido para a pesquisa foi o método
indutivo, uma vez que este se define como “aproximação dos fenômenos que
caminham geralmente para planos cada vez mais abrangentes, indo das
constatações mais particulares às leis e teorias (conexão ascendente)” (MARCONI;
LAKATOS, 2001, p. 106). Isso se fez no sentido de que se partiu de uma experiência
dentro de um Curso de Turismo em uma determinada instituição de Ensino Superior
na cidade de Araxá e, tenta-se promover uma reflexão alicerçada nessa vivência.
Pode-se dizer ainda que, por se tratar de uma investigação que pretende atribuir
valores de uma sociedade com base em uma pesquisa direcionada, é possível obter
um conhecimento mais profundo de algum caso específico, no caso, buscar trazer
uma reflexão a respeito da abordagem da hospitalidade verificada nos projetos
pedagógicos dos cursos de Turismo.
A base de referência teórica dessa pesquisa está alicerçada principalmente
em autores como Camargo (2003), Dencker (2004), Dias (2002), que trabalham com
a questão da hospitalidade, sua definição, propostas e articulação com o meio, quer
seja de maneira teórica, quer seja de maneira prática. Com relação à importância de
uma boa formação profissional, nos tempos atuais, utilizou-se Shigunov Neto (2002),
Ansarah (2002), Dencker (2004), no sentido de apresentar algumas reflexões sobre
18
a necessidade de ampliar as discussões a respeito das exigências do mercado de
trabalho e da seriedade da formação profissional no setor de Turismo. Delors (2001)
e Santarém (2004) deram suporte para um melhor entendimento a respeito da
Educação pautada na formação mais humanística. Pimenta (2004), Carvalho (2004),
Serra (2005), Dencker (2004) e Camargo (2003) concentraram-se na principal fonte,
no sentido de colocar a hospitalidade como uma possível ferramenta de agregação
de valor na formação de mão-de-obra para trabalhar no setor turístico. Lima (2003)
foi a fonte de apoio para se trabalhar com a cidade de Araxá, pois oferece uma visão
geral dos fatos históricos desde a sua origem, trazendo para o presente as
conseqüências de atitudes ocorridas no passado. A pesquisa contou ainda com
muitos autores, desde antropólogos, sociólogos e turismólogos que contribuíram
para a fundamentação deste trabalho.
Esta dissertação foi estruturada da seguinte forma: no capítulo primeiro, faz-
se uma reflexão a respeito da importância da formação profissional no mundo
globalizado e discute-se o ensino de Turismo a partir das novas concepções a
respeito do profissional que se pretende formar; o capítulo segundo aprofunda essas
colocações e propõe que os cursos de Turismo sejam repensados sob a ótica da
hospitalidade; o capítulo terceiro analisa o Curso de Turismo do Centro Universitário
do Planalto de Araxá, para verificar em que extensão é compatível com essas novas
propostas; finalmente, são tecidas algumas considerações finais a respeito do
assunto.
19
1 A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL NO MUNDO
GLOBALIZADO: DISCUTINDO O ENSINO DE TURISMO
Na nova ordem mundial, a formação profissional, considerada fator
estratégico e preponderante de competitividade e de desenvolvimento, é objeto que
suscita o interesse de diferentes setores da sociedade: governo, trabalhadores,
empresários, escolas, universidades. Um grande volume de estudos e pesquisas
acadêmicas tem surgido, com a finalidade de compreender e explicar como
acontece a formação profissional, quais as exigências em termos de qualificação, de
quem é a responsabilidade por essa formação e para quem ou para que o
profissional é formado, em um contexto de grandes mutações econômicas, sociais,
políticas e culturais.
Não se fala mais em uma formação profissional perene ou única, pois, hoje, o
cenário da atuação profissional é flexível, pelo menos, no que diz respeito às
atividades que demandam alta exigência de qualificação, para uma formação que,
além de interdisciplinar, seja multidisciplinar e continuada. Tem-se verificado uma
grande preocupação da sociedade e de um segmento da comunidade universitária
com as exigências do mercado em relação aos profissionais formados pelas
universidades brasileiras. Essa preocupação fica evidenciada nas propostas das
Diretrizes Curriculares dos Cursos de Graduação e que afetam diretamente a
formação profissional no nível superior. Esse documento, além de trazer em seu
bojo a preocupação técnica, necessária e fundamental a todos os setores de
atuação, ainda trata da preocupação com o caráter humanístico e abrangente, ou
seja, com a formação do aluno como ser humano, profissional ético, competente e
comprometido com a sociedade em que vive. Além da técnica, espera-se que esse
profissional seja um indivíduo imbuído de valores, de consciência e de
responsabilidade, quando vier a atuar no mercado.
As alterações no mercado competitivo e as transformações tecnológicas,
ambientais, econômicas, culturais e sociais provocaram modificações na visão de
muitos profissionais, principalmente dos profissionais recém-formados pelas
instituições de Ensino Superior (IES). Esses profissionais tiveram de pensar sobre a
necessidade de constante aperfeiçoamento e absorção de novos conhecimentos. O
domínio de assuntos relacionados somente à área de atuação não basta para a
20
sobrevivência no mercado. Nesse sentido, nota-se o significativo papel
desempenhado pelos aspectos subjetivos do preparo profissional, de caráter
emocional, no comportamento da sociedade. O atual mercado e a sociedade como
um todo exigem dos profissionais uma bagagem teórica estruturada e
conhecimentos diversificados que vão além de sua área específica. Assim, de
acordo com Demo (1994),
[...] o objetivo da Educação é continuar a enriquecer o processo da
vida por pensamentos e ações melhores. Portanto, a Educação, está
na vida e para a vida. Seu objetivo é o único que se adapta a um
mundo desenvolvido. Desenvolvimento contínuo é a essência e a
sua finalidade. Esse novo objetivo, imposto à Educação, deveria
colaborar na formação de um novo indivíduo capaz de pensar e
decidir por si mesmo, de pensar livremente, sem as peias de
preconceitos, de decidir altruisticamente, preferindo o bem social a
qualquer vantagem ou bem individual. A única finalidade que
podemos aceitar será aquela que dê maior valor à personalidade de
cada qual (DEMO, 1994, p. 19).
Esse pensamento parece encontrar-se fortalecido neste momento histórico,
pois, independentemente de sua formação acadêmica, o profissional necessita,
como condição ímpar, estar em constante atualização, o que pode ser traduzido em
aquisição de novos conhecimentos técnicos, teóricos, subjetivos, sendo assim, mais
abrangentes. Tais conhecimentos ampliam sua visão a respeito de assuntos que
extrapolam o mercado em si e, para isso, não devem resumir-se somente a uma
área de atuação: o profissional que pretende ser bem sucedido deve expandir
constantemente seus saberes, estar em consonância com o ambiente que o rodeia
e, principalmente, ser um membro ativo na sociedade. Essa afirmação pode ser
considerada como o ponto de partida para a adequação profissional dos indivíduos.
Nesse contexto, a Educação constitui um dos pilares básicos de sustentação
para a profissionalização do trabalhador. Conforme o que diz Saviani (1994), os
temas “Educação” e “trabalho” podem ser entendidos a partir de duas perspectivas:
a primeira, que formula a hipótese de que não haja relação entre os dois termos; e a
segunda, de que, ao contrário, tal relação vem-se estreitando em decorrência do
reconhecimento que a Educação, ao qualificar os trabalhadores, contribui para o
desenvolvimento econômico da nação. Nesse momento, pode-se acrescentar
também a noção de desenvolvimento social e humano. A Educação não possui
somente o sentido de qualificar, mas também o de incluir o homem na sociedade,
21
colocando-o em uma situação que pretenda deste ser humano um cidadão melhor,
dotado de atitudes mais positivas.
Diante de tantas transformações neste mundo globalizado e tumultuado do
início de milênio, educar coloca-se como prioridade e até um desafio. Preparar o
indivíduo para o desenvolvimento, numa realidade complexa, teoricamente, não é
um conceito fácil de se construir. A partir do pensamento de que todos querem uma
sociedade mais humana e solidária, a Educação é colocada como área capaz de
influir diretamente nesse fazer e nesse viver social. É notável a crença de que ela
constitua um fator capaz de efetivar a prática da cidadania, por meio de ações
pedagógicas e humanas. Assim, surge como possibilidade e prioridade na
construção da consciência daqueles que, nas relações de convívio social, têm a
capacidade de construir o tecido social, de transformar territórios em lugares onde
todos tenham uma vida digna e plena. De acordo com Baptista (2002),
[...] ao tentar sublinhar a dimensão ética da hospitalidade procura-se
evidenciar a necessidade de criar e alimentar lugares de
hospitalidade onde, do nosso ponto de vista, surgem a consciência
de um destino comum e o sentido de responsabilidade que motiva a
ação solidária (BAPTISTA, 2002, p. 158).
Lodi (2005) aponta a necessidade da Educação para favorecer a realidade,
ao pontuar que os lugares de hospitalidade podem ser considerados viáveis, reais, e
não utópicos.
Alguns dirão que é utopia. Acreditamos não poder ser considerada
utopia a necessidade e o reconhecimento de que só construiremos
um país grande, não só em território, mas em potencial humano,
através da Educação para todos. Resumindo, podemos expressar
que a finalidade da escola no século XXI, pensada como ‘outra
escola’, é construir uma cultura orientada para o pensamento crítico
que pretende dotar o sujeito individual de um sentido mais profundo
de seu lugar no sistema global e de seu potencial papel protagônico
na construção da história (LODI, 2005, p. 226).
Nota-se, portanto, a importância da Educação no contexto atual, uma vez que
se trata de uma época apoiada na crescente discussão a respeito de valores morais,
de dignidade e de respaldo na valorização do ser humano. A Educação consiste não
só na preparação intelectual e na sistematização de conhecimentos, mas também,
na obtenção de competências e habilidades, no estabelecimento de relações entre o
mundo teórico e o prático, na aplicação de conhecimentos em favor da sociedade e
em um preparo para a cidadania. Se ela se propõe, nos tempos atuais, a assumir
22
esse compromisso desafiador, estará transformando-se no verdadeiro elo entre
aquilo que ora se tem — uma sociedade baseada na competição, na qual empresas
e as relações de mercado definem o modo de ser das instituições de ensino, por
exemplo — e o que se sonha — um mundo melhor, mais feliz, mais justo, acima de
tudo mais humano, em que todos possam sonhar e ter como efetivar o sonho.
Formar seres capazes de conviver, comunicar e dialogar num mundo
interativo e interdependente utilizando os instrumentos da cultura
significa preparar o indivíduo para ser contemporâneo de si mesmo,
membro de uma cultura planetária e, ao mesmo tempo, comunitária,
próxima, que, além de exigir sua instrumentação técnica para
comunicação a longa distância, requer também o desenvolvimento
de uma consciência de fraternidade, de solidariedade e a
compreensão de que a evolução é individual e, ao mesmo tempo,
coletiva (MORAES, 1997, p. 225).
Observa-se a latente necessidade de crescimento de caráter mais humano,
não somente em termos de procedimentos técnicos, mas também, atitudes e ações.
Compreende-se que a Educação seja responsável pela construção desse indivíduo,
tornando possível a operacionalização dessas habilidades mais subjetivas em
atitudes e competências. Reconhecem-se como condições básicas de cidadania, a
Educação, a saúde, o bem-estar econômico e a profissionalização, mas as
conquistas recentes do século XX agregam a essas condições dois novos
parâmetros: a polivalência, ou seja, o indivíduo capaz de exercer várias atribuições e
a qualificação contínua (LODI, 2005).
Mudam-se os paradigmas do mundo do trabalho. Essas mudanças, por sua
vez, são catalisadas pelos avanços tecnológicos e pelos inegáveis efeitos da
globalização que passam a pautar-se nas exigências de laboralidade e
empreendedorismo, em uma permanente atualização das qualificações e
habilitações existentes, assim como na identificação de novos perfis profissionais. A
habilidade técnica, que antes era utilizada somente com máquinas, agora é
necessária no trato com as pessoas, com o ambiente, com o próprio ser humano.
Segundo Lahr (2005),
[...] a globalização da economia, fenômeno que provoca influências
nos mais diversos setores da indústria, do comércio, da prestação de
serviços, da ciência e tecnologia, da cultura e do lazer, leva a um
redimensionamento das relações de trabalho, cujas raízes se
encontram no crescimento da concorrência entre nações, ainda que
estas estejam em diferentes estágios de desenvolvimento sócio-
econômico. A globalização, seria, assim, entendida como um
conjunto de processos econômicos e culturais que culminam na
23
redução das distâncias e fronteiras entre países, na busca da
padronização de diferentes características das atividades, opiniões,
interesses e procedimentos de indivíduos, em menor escala, ou de
grupos de pessoas, de modo mais amplo, com referência às várias
categorias de produtos para consumo e de serviços (LAHR, 2005, p.
14).
É interessante notar as mudanças ocorridas com o desenvolvimento do
trabalho ao longo dos anos no Brasil. Pode-se dizer que, até o final da Segunda
Guerra Mundial, a preocupação do homem era somente com a sobrevivência diante
de um clima extremo de dúvida e incertezas. Logo depois, o Brasil passou pelo
ingresso das indústrias e dos investimentos estrangeiros, que certamente tiveram
impacto no sistema educacional do País, no sentido de “qualificar” mão-de-obra para
esses novos postos de trabalho. Já na segunda metade do século XX, as inovações
tecnológicas, os avanços da informática mudaram a relação do homem com o
trabalho: de um vínculo quase vitalício, partiu-se para uma relação baseada na
inovação, na criatividade e, aqui, pode-se notar, o início de uma preocupação com
os relacionamentos interpessoais. Com relação ao mundo do trabalho, Lahr (2005)
afirma que
[...] o mundo do trabalho é dinâmico, baseando-se cada vez mais no
desenvolvimento tecnológico derivado da aplicação de resultados de
investigações e pesquisas científicas. O uso das novas tecnologias
de comunicação e especialmente a informatização acarretou uma
mudança no perfil das organizações fazendo com que estas passem
a tender para estruturas mais horizontais e estruturadas em forma de
rede. A valorização da autonomia profissional, a recomposição da
complexidade do trabalho, a rearticulação entre concepção e
execução das atividades e a ampliação do conhecimento sobre as
mais diversas áreas são efeitos possíveis e desejáveis de mudanças
(LAHR, 2005, p. 32).
Nesse panorama é que se pode comprovar que tanto a sociedade como o
mundo do trabalho passaram a exigir profissionais, não mais especializados e
focados no desempenho de funções peculiares apenas, mas profissionais com
capacidades multifuncionais, com competência de compartilhar e interagir com seus
pares, de maneira produtiva de modo a combater e solucionar os problemas do dia-
a-dia de forma ágil e inventiva. Lahr (2005) complementa ainda que tal mudança
[...] exige uma formação de seres humanos com visão holística,
ecologicamente responsáveis, capazes de inovar, acompanhar e
implementar mudanças, e que estejam permanentemente
comprometidos com valores e ações à cidadania e à
responsabilidade social. Portanto, a oportunidade de trabalho, que
pode ser resumida na empregabilidade potencial do formando, é a
24
somatória de capacitação, relacionamento e mercado (LAHR, 2005,
p. 33).
Alicerçado nas afirmações citadas acima, o cenário que se encontra no final
do século XX e início do século XXI, dentro das organizações de modo geral, é
balizado por um enfrentamento de um ambiente caracterizado pela incerteza, gerado
por uma impressionante velocidade de mudança na sociedade atual. As inovações
tecnológicas, os novos paradigmas de gestão, entre outros fatores, alteram
significativamente as estruturas nos campos da Educação, da informação e do
conhecimento, num processo irreversível. Diante dessas mudanças profundas que
estão ocorrendo, em especial no setor educacional, grande parte das instituições de
Ensino Superior (IES) ainda não estão devidamente preparadas para repensar o
futuro das profissões e do mercado de trabalho constantemente em ebulição.
O que se nota é que as instituições de Ensino Superior, aparentemente
enfatizam somente o aspecto da formação profissional, no sentido de capacitar
trabalhadores para o mercado e não para o desenvolvimento ético, para formar
cidadãos, capazes de conviver e relacionar-se neste mundo cada vez mais plural.
Assim, observa-se que o ensino, desse modo, deixa de cumprir a sua missão e
sequer atende ao mercado que, vivendo em transformação ininterrupta, “não
consegue acolher os egressos dessas IES, que se podem denominar pseudo-
formados”. (SANTARÉM, 2004, p. 30)
Morin (2003) comenta que o ensino do futuro está diretamente relacionado à
necessidade de auto-conhecimento do ser humano. Ele condiciona o ensino do
futuro à localização da humanidade em esferas de reflexão sobre o significado do
indivíduo frente ao meio cósmico, físico, terrestre e humano e a reconhecer o seu
papel dentro de um contexto. A sobrevivência leva as pessoas a esquecerem que
pertencem ao universo, a uma totalidade, e que não conseguem se desvencilhar e
viver separadamente. Ainda, segundo o autor,
[...] a complexidade humana não poderia ser compreendida
dissociada dos elementos que a constituem: todo desenvolvimento
verdadeiramente humano significa o desenvolvimento conjunto de
autonomias individuais, das participações comunitárias e do
sentimento de pertencer à espécie humana (MORIN, 2003, p. 55).
Essas afirmações fazem sentido, ao analisar a premissa de que os atuais
profissionais atendem parcialmente às expectativas dos empregadores, o que torna
necessário montar uma estratégia de aferição e ajuste contínuo em prol da
25
qualidade pedagógica e, logicamente, em prol de futuros profissionais mais aptos ao
mercado de trabalho. Uma das opções seria a reorganização das matrizes
curriculares, de forma a que abrangessem assuntos e disciplinas mais densas no
sentido de formação desse profissional, que, além de condições de absorção de
técnicas e procedimentos, deve ter um preparo emocional, conduta e
posicionamento bem articulados.
Em pleno século XXI, são crescentes as exigências por profissionais no
sentido de melhorar o desempenho do serviço prestado, promovendo deste modo,
valor às empresas e instituições em que estão inseridos. Acompanhar estas
tendências é um processo árduo. Trata-se de um grande desafio para a maioria das
pessoas, e principalmente, para as instituições educacionais, responsáveis em
grande parte pela formação destes indivíduos. Cada vez mais, o mercado de
trabalho impõe o estabelecimento de profissionais competentes, que reúnam
condições satisfatórias, no que se refere aos conhecimentos acumulados,
habilidades inatas ou desenvolvidas e atitudes positivas e favoráveis ao
desenvolvimento organizacional e pessoal, como condição de empregabilidade e
sucesso no mundo dos negócios.
A competência individual é entendida, neste estudo, como a capacidade da
pessoa de transformar os seus conhecimentos, suas habilidades, e suas atitudes em
resultados práticos favoráveis ao seu desempenho e posição no mercado de
trabalho e na sociedade. Entende-se que é fundamental a reunião desses três
fatores, para que o indivíduo se consolide como um profissional competente frente
às diversas realidades impostas, ou seja, não basta apenas ter o conhecimento, é
necessário saber como aplicá-lo; ou ainda, não basta saber aplicá-lo, se não houver
a atitude certa diante de situações imprevisíveis. Enfim, é o somatório dessas
condições que permitirá ao indivíduo estabelecer-se como um indivíduo competente
(SANTARÉM, 2004).
Corroborando o exposto, Nisembaum (2006) define que ter competência
significa possuir características fundamentais que são relacionadas com um
desempenho superior em uma tarefa ou situação e envolvem conhecimentos,
habilidades e atitudes que permitem a um profissional ter uma excelente atuação em
diversas circunstâncias de trabalho que agregue valor não só econômico, mas
também social e humano. Trabalha-se muito atualmente com a problemática da
vantagem competitiva e, nesse sentido, o trato com o outro é negligenciado. Além do
26
exposto, tem sido objeto de estudo o desenvolvimento de outras dimensões
humanas que sustentem a capacidade de conviver, de cooperar, de respeitar a
diversidade que sublima o contrato formal e que possam gerar vínculos.
No contexto de uma economia capitalista globalizada, o setor de serviços, em
constante crescimento, pode e tem-se refletido diretamente em vários tópicos que se
referem à formação dos profissionais de cada área. Fatores importantes de
investigação podem ser destacados, tais como o perfil dos egressos dos vários
Cursos oferecidos, as disciplinas integrantes das organizações curriculares e a
ênfase que se dá aos conteúdos. Profissões tradicionais estão desaparecendo e
novas oportunidades surgindo, como o setor de Turismo, por exemplo, que desponta
nas pesquisas entre as profissões do futuro (DIAS, 2004).
A reflexão apresentada neste trabalho apóia-se no conceito de hospitalidade
como perspectiva de inclusão e abertura para o outro (alteridade). Trata-se de lidar
com questões que vão além do contrato formal; situações que não se restringem à
qualidade do serviço e ultrapassam as relações de mercado, avançam no rumo das
discussões a respeito dos valores básicos que sustentam os vínculos sociais e são
responsáveis pela formação de bases sustentadoras da própria sociedade. De
acordo com Boff (2005),
[...] o processo acelerado de globalização pode representar uma
encruzilhada dramática para a humanidade. Trata-se de uma
experiência prazerosa de descoberta de diferenças que nos
permitem novas formas de parceria e de convivência. Agora, nunca
como antes, faz-se urgente a hospitalidade, a mútua acolhida, a
abertura generosa que supõe o despojamento dos conceitos e pré-
conceitos. Quatro, pois, serão as virtudes de uma globalização bem-
sucedida: a hospitalidade, a convivência, a tolerância e a
comensalidade (BOFF, 2005, p. 19).
Assim, uma Educação em Turismo sob a ótica da hospitalidade não se
restringe fundamentalmente a aspectos técnicos que respondam somente pela
capacitação e aquisição de procedimentos, mas procura avançar na busca de uma
Educação responsável em formar para a cidadania, para o exercício pleno da
capacidade de interagir, de comunicar e de conviver de forma justa e equilibrada
com o outro, além de ressalvar os direitos e a dignidade de ambos. Operacionalizar
essas práticas, ao mesmo tempo em que pode parecer uma tarefa complicada,
procura pensar no benefício para o profissional e para a sociedade em que ele vive,
27
no sentido de ampliar conhecimentos e práticas voltadas para condutas mais
impregnadas de valores positivos.
A formação de profissionais aptos a lidar com práticas de hospitalidade no
âmbito comercial ainda não se estabeleceu plenamente e muitas polêmicas e
implicações podem surgir neste contexto. Dessa forma, considerados os problemas
apontados, entende-se que a aspiração a formar profissionais mais conscientes do
sentido da hospitalidade não atende somente a um ímpeto social de re-
humanização, mas também a uma necessidade do mercado por profissionais que
possuam as duas habilidades, tanto profissionais quanto humanas, no intuito de que
elas sejam agregadas aos produtos, anunciadas, promovidas e comercializadas.
Abordar o tema hospitalidade não compreende somente questões pouco
sólidas e aparentes. A hospitalidade, em toda a sua essência, compreende um
universo maior e muito mais interessante do que somente o de designar pessoas e
lugares como sendo hospitaleiros.
Procurar alcançar a essência da hospitalidade constitui um assunto
importante para que se possa entender as relações que se estabelecem entre seres
humanos, tanto no ambiente familiar, quanto no escolar ou no de trabalho e na vida
sociopolítica, em que a participação e a cidadania tornam-se elementos
fundamentais na construção e transformação da sociedade e do País.
Engajado na preocupação em preparar os profissionais para o mercado de
trabalho, o estudo a respeito da hospitalidade desponta juntamente com o período
em que sociedade almeja novos valores (GIDRA
1
, 2005). Talvez esse seja o
momento de se refletir sobre a possibilidade de se mesclar ao cenário promovido
pela globalização a formação profissional, fator de sobrevivência do homem e de
formação do ser humano, para se viver de uma forma mais justa, mais ética e mais
digna e, ainda, mais adaptada às novas tendências. Essa abordagem deve ser
operacionalizada para se tornar um aspecto prático do cotidiano do ser humano.
Deve-se ter em mente que não contempla somente um pensamento
romântico ou utópico. Nesse sentido, a hospitalidade, talvez, possa assegurar que a
utopia humana se torne realidade. Para certificar-se de que a utopia humana possa
ser concretizada é preciso, portanto, investir na Educação, em valores, no
1
GIDRA, Gilberto. Palestra ministrada no Programa de Mestrado em Hospitalidade da Universidade
Anhembi Morumbi: hospitalidade-mercado x hospitalidade-dádiva: um falso antagonismo? São Paulo,
set, 2005.
28
desenvolvimento da sabedoria e da dimensão espiritual do ser humano, de modo
que aquilo que dá significado à vida seja o fundamento de todas as ações. É preciso
crer que um outro mundo seja possível e que também seja possível um outro ser
humano, uma nova sociedade composta por profissionais competentes apoiados por
novas abordagens.
Quando se discute formação profissional e formação humana, observa-se que
no momento em que se volta para as instituições de Ensino Superior (IES),
encontra-se subentendida entre seus princípios norteadores a preocupação conjunta
com essas duas linhas de formação. Segundo as Leis de Diretrizes e Bases
Curriculares - LDB
2
, a Educação Superior tem por objetivo estimular a criação
cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo. Não
compreende somente conhecimento, mas também consciência crítica. O que é
interessante analisar é o fato de que as últimas diretrizes curriculares propostas pelo
Ministério da Educação (MEC), no ano de 2002, porém revogadas pelo Parecer
CNE/CES 67/2003, de 11 de março de 2003, não se propunham somente à
formação clássica do indivíduo como técnico, mas também se preocupavam em
formar, antes de mais nada, um cidadão, um homem levando-se em conta o seu
caráter humanístico. Tal proposta foi também verificada nos projetos pedagógicos
dos Cursos de Turismo, que intentavam oferecer ao futuro profissional uma
combinação dessas duas premissas. O último Parecer CNE/CES 0288/2003, de 06
de novembro de 2003, quando assunta somente as Diretrizes Curriculares Nacionais
do Curso de Graduação em Turismo traz em seu bojo essa problemática, uma vez
que
[...] é evidente que as Diretrizes Curriculares Nacionais, longe de
serem consideradas como um corpo normativo, rígido e engessado,
a se confundirem com os antigos Currículos Mínimos
Profissionalizantes, objetivam, ao contrário “servir de referência para
as instituições na organização de seus programas de formação,
permitindo flexibilidade e priorização de áreas de conhecimento na
construção dos currículos plenos. Devem induzir à criação de
diferentes formações e habilitações para cada área do conhecimento,
possibilitando ainda definirem múltiplos perfis profissionais,
garantindo uma maior diversidade de carreiras, promovendo a
integração do ensino de Graduação com a Pós-graduação,
privilegiando, no perfil de seus formandos, as competências
intelectuais que reflitam a heterogeneidade das demandas
sociais” (MEC, 2003, p. 2).
2
LDB: Lei de Diretrizes de Bases da Educação Brasileira, Ministério da Educação e Cultura, 1996.
29
Pode-se perceber, portanto, a preocupação com a diversidade e com a
multiplicidade de perfis de profissionais que se pretende formar nas diversas áreas.
O documento continua afirmando:
[...] assim, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de
Graduação em Turismo devem refletir uma dinâmica que atenda aos
diferentes perfis de desempenho a cada momento exigidos pela
sociedade, nessa “heterogeneidade das mudanças sociais”, sempre
acompanhadas de novas e mais sofisticadas tecnologias, a exigir
contínuas revisões do Projeto Pedagógico de um Curso para que ele
se constitua a caixa de ressonância dessas efetivas demandas,
através de um profissional adaptável e com a suficiente autonomia
intelectual e de conhecimento para que se ajuste sempre às
necessidades emergentes, notadamente na expansão do Turismo
em suas múltiplas modalidades, no Brasil e no mundo (MEC, 2003,
p. 2).
Dessa maneira, uma nova abordagem dos Cursos de Turismo sob a ótica da
hospitalidade poderia ser considerada uma boa opção de ajuste a essas diretrizes,
que pretendem a formação de um indivíduo apto a trabalhar e a promover o
desenvolvimento social, com a contribuição da atividade turística. Nota-se que a
definição proposta por Lashley (2004) a respeito de hospitalidade aproxima-se do
proposto para os currículos atuais: a preocupação cada vez maior com o indivíduo,
com o ser humano como o exposto abaixo.
A respeito de hospitalidade sugere-se, em primeiro lugar, que esta é,
fundamentalmente, o relacionamento entre anfitrião e hóspede. Para
ser eficaz, é preciso que o hóspede sinta que o anfitrião está sendo
hospitaleiro por sentimentos de generosidade, pelo desejo de
agradar e por ver a ele, hóspede, enquanto indivíduo (LASHLEY,
2004, p. 21).
A importância da relação entre os indivíduos assinalada por Lashley (2004),
quando define hospitalidade, torna-se fundamental para a compreensão da
valorização do outro como indivíduo e, não mais como simplesmente hóspede, ou
até, símbolo de lucratividade ou ganho. Essa nova visão, imbuída do sentimento de
hospitalidade, proporciona possibilidades de enxergar as relações de maneira
diferente. Observa-se, no que o autor propõe, o engajamento e o posicionamento de
se colocar a hospitalidade como um dos possíveis instrumentos para a
“humanização” do homem e do mundo.
Nesse contexto, ao aliar hospitalidade e Educação, percebe-se que está em
sintonia com o primeiro artigo que confere as responsabilidades dos órgãos de
formação superior no Brasil.
30
A Educação abrange os processos formativos que se desenvolvem
na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições
de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da
sociedade civil e nas manifestações culturais (MEC, 2006).
Essas proposições do Ministério da Educação (MEC) demonstram de forma
clara que a Educação é considerada o conjunto de conhecimentos e experiências
adquiridas por um indivíduo, ao longo de sua vida, nas suas relações sociais; nesse
processo, implicitamente, está a formação profissional, a Educação escolar, o
mundo do trabalho e a articulação entre esses dois mundos.
De acordo com Camargo (2005), pensar o Turismo sob a ótica da
hospitalidade é, em primeiro lugar, valorizar as pessoas, não como recursos
(humanos), mas como elementos essenciais do processo. Ainda, de acordo com
Camargo,
[...] em decorrência, não é assim tão absurdo pensar na
hospitalidade (Turismo, Hotelaria, eventos, lazer) como provedora de
postos de trabalho. Se o que temos em mente é hospitalidade e não
o negócio, quanto mais gente envolvida melhor (CAMARGO, 2005, p.
722).
Entenda-se também que se devem concentrar esforços para desenvolver uma
concepção de Educação que supere a dicotomia entre a dimensão técnica e a
humana da atividade turística. Várias reflexões apontam para a necessidade de se
perceber o ensino do Turismo numa abordagem de processo sociocultural, em que
interajam elementos da economia, da cultura e da natureza (MIZUKAMI, 1986).
Estes elementos impõem uma pedagogia integradora dos saberes e dos fazeres, no
sentido de gerar projetos de abordagem interdisciplinar.
Em face das exigências do saber/fazer Turismo na atualidade, a
interdisciplinaridade pode ser um dos caminhos que permitam solidificar a formação
do turismólogo, com vistas a uma formação holística que contemple tanto as áreas
humanas em geral, como as das ciências administrativas em particular, além dos
conhecimentos específicos da hospitalidade. O profissional que desenvolva a sua
formação integrada nos diversos domínios do conhecimento tenderá a ter uma
percepção do fenômeno turístico em toda a sua complexidade, por isso a
importância da consolidação dos dispositivos que intercalem disciplinas e
discussões de natureza técnica e de caráter humanístico.
Como conseqüência da força das inovações técnicas e organizacionais da
produção, qual seria então a proposta da Educação e da formação profissional mais
31
pertinente ou mais aproximada desta nova realidade? Emergem iniciativas, tanto por
parte do governo quanto por parte do próprio ensino, que explicitam o objetivo de
sincronizar o processo com as mudanças que vêm ocorrendo no mundo do trabalho.
Mas, como dinamizar as estruturas das IES e adaptá-las a este novo mercado
de trabalho e a essa nova sociedade em expansão? Uma das possíveis soluções
seria contar não só com as mentes e os corações para um novo paradigma em
Educação e uma nova forma de gestão, mas também levar-se em conta o fato de
que toda a organização é composta por pessoas que devem apoiar e compartilhar
essa nova visão de futuro e assumir junto com a instituição as responsabilidades no
planejamento e execução das melhorias nos projetos educacionais. De acordo com
Lodi (2005), o novo paradigma gerencial ensina que gerenciar pessoas é gerenciar
sentimentos. Parte-se da idéia de que é preciso ir além de técnicas pedagógicas já
conhecidas e utilizar outros procedimentos que sejam mais eficientes e mais
eficazes na penetração de novas concepções dentro desses ambientes.
É interessante pontuar que a instituição de ensino deve compreender que a
necessidade de mudança diante de um novo mercado de trabalho e de uma nova
mentalidade social vai exigir que todas as pessoas envolvidas possam juntas,
construir um novo conceito em Educação, apesar das diferenças.
Quando se propõe a discutir o conceito hospitalidade, encara-se uma primeira
dificuldade, que seria a de conceituar valores como certos ou errados. Ainda,
depara-se com a problemática de se operacionalizar a transmissão desses valores.
Como ponto inicial para a discussão, seria importante tecer algumas considerações
sobre o significado e o entendimento que se tem sobre o que é valor. De antemão,
sabe-se que se está diante de uma questão sobre a qual há muitas divergências. De
acordo com Schulz (2005), as definições e conceitos podem ser reunidos em seis,
em torno das quais circula a compreensão dos valores, no entanto, para a discussão
ora proposta, serão enfatizados somente dois posicionamentos:
1 – os valores morais são os que correspondem à realização do
homem como tal, visto o bem como o fim do agir humano.
2 – o valor pertence ao homem, a pessoa é o centro dos valores
morais, ela é o seu único lugar próprio. Assim, o valor moral está
centrado na vontade humana, com uma estreita relação com o dever
(SCHULZ, 2005, p. 96-97).
A importância da reflexão sobre os valores pode ser justificada pelo fato de
que é difícil sustentar a neutralidade no campo da cultura e do mundo simbólico, que
32
a crise da sociedade, na mudança de milênio, é uma crise de valores. O grande
problema da civilização científico-tecnológica não é de ciência nem de técnica. É um
problema filosófico (SCHULZ, 2005). Pode-se colocar que é também por intermédio
do sistema de valores da sociedade que ela influencia a formação do caráter do
indivíduo. No entanto, o sistema de valores de um grupo ou sociedade não influi
apenas sobre o indivíduo, mas “cimenta” relações. Assim, a hospitalidade
contribuiria para a formação desse novo indivíduo no sentido de “aflorar”
sentimentos para um mundo tão carente desse tipo de atitude (BOFF, 2005).
Ao se tentar abordar a Educação voltada para os valores em um ambiente
tecnológico, a resposta depende de várias questões subjacentes, como quais os
valores que deveriam ser ensinados e apreendidos pelos indivíduos. Fez-se
referência (SCHULZ, 2005) aos principais entendimentos a respeito de valores,
porém, ao se questionar quais os valores morais e quem os deverá definir, existe o
risco de que os valores predominantes e os que se impõem sejam os dos que
possuem o controle do poder econômico e da comunicação.
A Declaração Mundial sobre Educação Superior no século XXI: visão e ação,
promulgada pela UNESCO, em outubro de 1998, traz uma referência aos valores no
Art. 2, que diz, “(...) utilizar a sua capacidade intelectual e prestígio moral para
defender e difundir ativamente valores universalmente aceitos e, em particular a paz,
a justiça, a liberdade, a igualdade e a solidariedade (...)”. O pensamento exposto
corrobora essa discussão a respeito de uma Educação voltada para a
operacionalização desses valores, que sejam passíveis de ser aplicados tanto no
mercado quanto na sociedade, principalmente.
Quer-se discutir ainda um pouco mais a questão do que seja educar para a
vivência de valores em um ambiente tecnológico. Entende-se que é pertinente
retomar a questão do que seria educar em termos gerais. Delors (2001) apresenta
uma visão de Educação calcada em quatro pilares, centrada mais no aprendiz do
que no educador, indo além das concepções puramente instrumentais da Educação,
cujo âmago é a realização integral da pessoa e do cidadão. Considera que os eixos
fundamentais para o desenvolvimento da pessoa que hoje são exigidos são:
1. Aprender a aprender
2. Aprender a fazer
3. Aprender a viver juntos
4. Aprender a ser.
33
No segundo capítulo, esses aspectos serão abordados com maior
profundidade. Por enquanto, é necessário ter em mente que educar é mais do que
formação técnico-profissional, é também formação pessoal e moral e de valores
(DELORS, 2001). O entendimento e o estudo a respeito de hospitalidade podem
colaborar para esse novo aprendizado, tornando possível e viável sua
contextualização, fazendo com que a Educação seja fundamentada em todos esses
aspectos.
O Turismo, como promissora área em ascensão, desponta no cenário
educacional como uma das graduações mais necessitadas de uma nova visão, no
que diz respeito às organizações curriculares, uma vez que o foco do trabalho do
turismólogo seria o trabalho com pessoas, com gente a todo instante. Nesse
contexto, é de fundamental importância que a Educação em Turismo não seja vista
somente como “modismo” pela sociedade ou como oferta lucrativa pelas IES.
Levando-se em conta que o tradicional mercado de trabalho tem cedido lugar a
novas competências e habilidades, mudando o perfil do profissional para este novo
século, a Educação em Turismo também precisa responder a esse novo desafio,
uma vez que cada vez mais os profissionais são recrutados pela sua capacidade de
trabalhar em equipe, com indivíduos de formação diversas juntando-se a outros
profissionais com características complementares. Ruschmann (1997, p. 5) é de
opinião que “as responsabilidades do profissional moderno, além daquelas que
abrangem o conhecimento pleno de sua atividade, envolvem questões referentes à
reciclagem constante, adaptação, modificação e até tomada de decisões pioneiras”.
Pode-se inferir que dentro desse rol de decisões, esteja o desenvolvimento não só
de áreas com potencial turístico, mas também o cuidado com as pessoas que estão
inseridas no processo. Complementando, pode-se citar as palavras de Ansarah
(2002),
[...] também é de responsabilidade das instituições de ensino
proporcionar a base para seus estudantes tornarem-se cidadãos bem
informados e motivados que procurem soluções para os problemas
da sociedade e aceitem suas responsabilidades sociais (ANSARAH,
2002, p. 28).
Desta forma, as IES farão jus às suas responsabilidades sociais na formação
profissional integral para atuação neste mundo globalizado. Nesse sentido, os
centros de formação em Turismo têm-se reestruturado com vistas a atender essa
34
demanda e as exigências do próprio sistema educacional, que se coloca à
disposição para que as necessidades sejam atendidas por parte da Academia.
Os modelos dos Cursos de Turismo estão em transformação para
adequarem-se às novas exigências de qualificação profissional para o mercado,
porque a formação desses profissionais não está atrelada a condições unicamente
profissionais, mas a fatores intrínsecos de formação humana e emocional, requisitos
que as instituições de ensino ainda não preenchem plenamente.
Pourtois e Desmet (1999) afirmam que, hoje, estamos vivendo na era da pós-
modernidade e se a modernidade nasceu com os filósofos das luzes e concretizou-
se no período de industrialização maciça com grandes avanços científicos e com
características de racionalização e produção inaudita de saberes, a pós-
modernidade é uma fase que veio interrogar sobre a possibilidade de reconstruir um
universo social, cultural, pedagógico, coerente e integrador, que acolheria, ao
mesmo tempo, a razão e o ser, a racionalização e a subjetivação, com
características de complexidade.
De acordo com Hultsman (1990), existem aspectos antagônicos que
emergem no Turismo, quando se tenta relacioná-lo com a ética e com os aspectos
subjetivos. Esse estudioso coloca que, se por um lado há forte dimensão ética
permeando a maioria dos conteúdos que existem no Turismo (por exemplo,
satisfação do consumidor, qualidade dos serviços, responsabilidade, entre outros),
por outro, a idéia da ética aplicada ao Turismo parece às vezes contraditória, devido
à dimensão orientada para o lucro associada ao setor. Em decorrência disso, o autor
faz questão de ressaltar a importância de incluir o estudo de ética, de
responsabilidade, de comprometimento no currículo das escolas e dos centros
dedicados ao estudo do Turismo.
Em outro estudo sobre a integração dos valores de caráter mais subjetivo ao
currículo do ensino do Turismo, conduzido por Vallen e Cassado (2000), aponta para
a necessidade de estimular o estudo da ética, da cidadania entre os universitários
que freqüentam Cursos relacionados ao setor. Para eles, é na universidade que os
educadores têm, talvez, a última oportunidade de incutir nos estudantes a
importância dessa temática. Entretanto, Vallen e Cassado (2000) recomendam que
o ensino de questões mais ligadas à formação humana voltados para o setor
turístico não se restrinja à análise de questões conceituais e abstratas, e considere
35
também a possibilidade de avaliar casos reais, como forma de tornar o estudo mais
estimulante e realista.
Baum (2001) faz questão de afirmar que o ensino do Turismo, se manejado
de maneira adequada, também pode representar um dos principais pilares na defesa
da identidade nacional e, nesse sentido, funcionar como instrumento para a
preservação de características e singularidades de um país ou região, de seu povo,
de sua cultura, em vez de servir exclusivamente a interesses alheios aos das
comunidades turísticas.
Dessa forma, é manifesto que o sucesso e o futuro do setor dependem da
modificação da percepção de que “qualquer um” pode ingressar e trabalhar no
ambiente de Turismo, com um mínimo de investimento e treinamento. Por fim,
depreende-se claramente a necessidade de mudança de comportamento da maioria
das organizações empresariais, educacionais, que deverão preocupar-se,
doravante, cada vez mais, não só com o aprimoramento técnico de seus
profissionais, mas também com a importância que começa a ser atribuída pelos
consumidores às posturas éticas, hospitaleiras, responsáveis e comprometidas
dessas organizações.
36
2 OS CURSOS DE TURISMO SOB A ÓTICA DA HOSPITALIDADE
O Curso de Turismo é atípico dentre os outros Cursos, porque promove
situações que normalmente não acontecem em salas de aula, mas no acúmulo de
conhecimentos ao longo do processo de formação, que funcionam como suporte ao
profissional em seu futuro. A configuração das salas, as formas, técnicas de didática,
os conteúdos e os planos de ensino, poderão, desse senso crítico, retificar os
Cursos de Turismo no Brasil. Aqui se percebe que há espaço para discutir novas
práticas pedagógicas, no sentido de promover uma formação mais eficiente e eficaz.
Faz-se muitas críticas com relação à formação do turismólogo, no entanto, nota-se
que as críticas não passam de conceitos teóricos e nada práticos. Busca-se a
excelência e formação, mas pouco se faz na prática, visando, realmente, a preparar
o futuro turismólogo para o mercado de trabalho exigente em suas características
profissionais individuais. O conhecimento é um fator de suma importância para a
formação desse profissional, cujo perfil desejado pode não ser atingido com o
modelo tradicional, segundo o qual o conhecimento é algo pronto e transmitido como
sendo certo. É preciso questionar, refletir e equacionar esse modelo ultrapassado,
cuja forma de transmissão do conhecimento segue dogmas inócuos na formação do
turismólogo. Alterar essa forma é o grande desafio para fomentar as transformações
que são necessárias para o Turismo no Brasil.
O bacharel em Turismo precisa de algumas habilidades fundamentais para se
tornar um profissional qualificado e realizado individual e socialmente. Há, desde o
impacto vocacional até outros pontos, como iniciativa, determinação, criatividade,
persistência, autoconfiança, conhecimentos técnicos e o sentido de profissionalismo,
que é mais do que encarar a profissão como uma simples ocupação destinada a
garantir sua sobrevivência. Os futuros profissionais, durante a graduação, devem ter
acesso a uma visão abrangente e completa do que a profissão e o mercado turístico
representam. Para isso, o curso todo, orientado por um projeto pedagógico
consistente, deve apontar para objetivos claros e desafiadores.
Sem dúvida este é um novo tempo, em que as instituições de Ensino
Superior responderão pelo padrão de qualidade do Curso de
Graduação em Turismo de forma a atender, dentre outros, o art. 43,
incisos II e III, da LDB 9.394/96, comprometendo-se por preparar
profissionais aptos para a sua inserção no campo do
desenvolvimento social, com acentuada e importante contribuição do
37
Turismo, ensejando as peculiaridades da Graduação, e resultando
não propriamente um profissional “preparado”, mas profissional apto
às mudanças e, portanto, adaptável (MEC, 2003, p. 2).
Nesse sentido, vê-se a possibilidade de se discutirem os Cursos de Turismo
sob a abordagem da hospitalidade, uma vez que esta vem ao encontro tanto das
expectativas da LDB (portanto das instituições de proporcionar uma nova
aprendizagem em que o indivíduo seja responsável pelo desenvolvimento da
sociedade), quanto para os próprios indivíduos, que se preparam para entrar no
mercado de trabalho e que, acima de tudo, precisam aprender a conhecer as reais
necessidades dos clientes do momento, tão carentes de valores como o acolhimento
e até mesmo a própria hospitalidade.
Barreto, Tamanini e Silva (2004) contribuem para a discussão de que a
formação de funções psicológicas, do preparo emocional seja igualmente
importante. As autoras reafirmam sua postura, indicando que é fundamental que o
projeto pedagógico dos Cursos de Turismo identifique sua contribuição social,
aliando características técnicas e emocionais.
Em quatro anos é possível a construção de competências técnico-
metodológicas, no entanto, aliá-las a um ensino que potencialize as
funções psicológicas dos alunos reduz o tempo destinado à formação
especificamente técnica. Assim sendo, se alicerçarmos a construção
de competências técnicas na potencialização das funções
psicológicas superiores, estaremos formando um sujeito
intelectualmente autônomo, capaz de aprender a aprender, de
construir instrumental técnico-metodológico para agir tecnicamente.
Por isso, consideramos fundamental definir, no projeto político-
pedagógico do Curso, qual é o seu projeto social, com base em quais
necessidades e por quais setores da sociedade foi solicitado,
identificar seu marco situacional e em relação a este perguntar qual
realidade indicou sua implantação, que conceito de sociedade e de
homem possibilitou estruturar seu referencial filosófico-pedagógico e,
por fim, identificar qual é sua contribuição social, ainda que
localmente situada (BARRETO, TAMANINI e SILVA, 2004, p. 78-79).
As diretrizes curriculares orientam para que os Cursos Superiores de Turismo
apresentem seus objetivos gerais, contextualizados em relação às suas inserções
institucional, política, geográfica e social, assim como foi citado acima pelas autoras.
Tomando por base as Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação
em Turismo, no artigo 4º, observa-se que uma das habilidades para o bom
profissional na área deve pautar-se por:
XVII - Compreensão da complexidade do mundo globalizado e das
sociedades pós industriais, onde os setores de Turismo e
38
entretenimento encontram ambientes propícios para se
desenvolverem;
XVIII - Profunda vivência e conhecimento das relações humanas, de
relações públicas, das articulações interpessoais, com posturas
estratégicas do êxito de qualquer evento turístico;
XIX - Conhecimentos específicos e adequado desempenho técnico-
profissional, com humanismo, simplicidade, segurança, empatia e
ética (MEC, 2002, p. 11).
Percebe-se que temas como globalização, vivência, relações humanas,
humanismo, e alguns valores como ética, permeiam alguns dos objetivos gerais da
formação de um profissional na área de Turismo. Lahr (2005, p. 23) pontua que é
necessário “educar para o trabalho em equipe, a autonomia, a crítica, a criatividade,
a ética, a consciência ecológica, que são elementos fundamentais à
responsabilidade social e, portanto, para a intervenção nos destinos da sociedade
futura.” Como já proposto pela autora,
[...] o ensino da hospitalidade, como acontece no estudo de outros
fenômenos psicológicos e sociais, é complexo e, às vezes, a
mentalidade cientificista prevalece na adequação dos programas
curriculares ou ao progresso social, e impõe um aprendizado
tecnocrático [...] (LAHR, 2005, p. 24).
Todavia, tem-se notado o surgimento de lideranças realmente inquietas com a
necessidade urgente de formar cidadãos engajados e, logicamente, bons
profissionais. Lahr propõe ainda que
[...] em primeiro lugar, entender hospitalidade como interação entre
os seres humanos, suas necessidades, seus ambientes e sua
identidade. Daí, a preparação de pessoas para a hospitalidade é o
segundo desafio (LAHR, 2005, p. 25).
Realmente, a prática tem evidenciado que a abordagem da hospitalidade no
contexto dos Cursos de Turismo projeta muitos desafios, pois além do mais, trata-se
de Cursos que vêm passando por grandes problemas estruturais, inclusive de foco.
2.1 Histórico, conceitos e características do Turismo
O Turismo vem-se desenvolvendo no mundo desde o período histórico da
Antigüidade Grega, quando ocorriam os jogos olímpicos (CASTELLI, 2005). Para a
realização desse evento, foram construídos o estádio e o pódio, mais tarde, foram
39
acrescentados os balneários e uma hospedaria, com o objetivo de abrigar os
visitantes (SENAC, 2003). As termas romanas, também, na Antigüidade foram
destaques para o lazer. Em quase todos os países europeus, foi incorporada a
cultura de hospedar, mediante a construção de hospedarias ou pousadas. Na Idade
Média, houve uma redução de viajantes, devido à falta de segurança. A
hospedagem passou a ser oferecida nos mosteiros, no início com atividade informal,
passando, posteriormente, para uma atividade organizada. No século XII, as viagens
na Europa voltaram a ser mais seguras e, rapidamente, as hospedarias
estabeleceram-se ao longo das estradas. As diligências puxadas por cavalos, no
século XVII, facilitaram o movimento dos visitantes, devido à facilidade de
locomoção à época. No ano de 1840, com o surgimento das ferrovias, antigas
pousadas foram reformadas para melhor atenderem aos visitantes. No ano de 1842,
aconteceu a primeira viagem turística organizada em grupo. No período das duas
Grandes Guerras Mundiais, houve uma grande estagnação das viagens turísticas,
sendo restabelecidas logo após o término dos conflitos (CASTELLI, 2005). Nesse
sentido, pode-se dizer que nenhum meio de comunicação consegue substituir a
plena intensidade sensorial e existencial de se estar em um lugar, evento ou
momento da história. É por isso que, em meados da primeira década do século XXI,
o turismo mantém-se como um dos fenômenos humanos mais significativos, seja em
termos culturais, econômicos ou políticos (TRIGO, 2005).
No Brasil, o Turismo como fenômeno social, teve seu marco inicial com a
criação da Sociedade Brasileira de Turismo, em 1923, que depois se tornaria o
Touring Club do Brasil. Desde modo, o Turismo foi aparecendo timidamente no
território brasileiro. No início, era algo destinado aos muitos ricos – indivíduos que,
nas décadas de 1940 e 1950, podiam se deslocar nos poucos aviões e navios que
chegavam a este país. Na década de 1960, com a criação do Instituto Brasileiro de
Turismo (EMBRATUR), houve um incremento do Turismo brasileiro, em decorrência
dos investimentos realizados na hotelaria, com projetos para a área, fazendo com
que as viagens tivessem um grande impulso, a partir de novas tecnologias, novo
estilo de vida em todo o planeta Terra. Pode-se constatar, assim, que o Turismo tem
sua prática ligada ao capitalismo e ao desenvolvimento tecnológico. A classe média
colocou as mãos em seus automóveis e começou a povoar as praias e campos com
suas residências de lazer e uma rede de serviços foi, assim, se espalhando pela
costa brasileira e por algumas poucas capitais e cidades mais importantes do
40
interior. A década de 1970 foi um marco importante para o turismo brasileiro. O
governo da ditadura militar resolveu investir diretamente no setor, incentivando até o
aparecimento dos primeiros cursos superiores de turismo, em 1971.
Contudo, conceituar a atividade turística é algo bastante complexo, uma vez
que ela pode ser definida sob várias perspectivas: a do turista (demanda) e a do
empresário (oferta). Todos esses conceitos visam a, basicamente, distinguir o
visitante, principalmente para efeito de pesquisas. A atividade turística é o
deslocamento de pessoas de seu local de residência habitual, por períodos
determinados, e não motivados por razões de exercício profissional constante. Os
viajantes são consumidores de serviços turísticos, quaisquer que sejam suas
motivações. Esse conceito coloca o fator de deslocamento temporário bem como o
fator financeiro, uma vez que o Turismo é pensado e planejado dentro de um espaço
próprio com vistas ao ingresso de renda para a comunidade residente (OMT, 2006,
p. 1). Ainda em se tratando de Organização Mundial do Turismo, é interessante
notar a sua importância enquanto fator de desenvolvimento humano.
Nós, Membros da Organização Mundial do Turismo (OMT),
representantes da indústria turística mundial, delegados dos Estados,
territórios, empresas instituições e organismos reunidos em
Assembléia Geral, em Santiago do Chile, em 01 de outubro de 1999
reafirmamos os objetivos enunciados no artigo 3º dos Estatutos da
Organização Mundial do Turismo, e conscientes do papel "decisivo e
central", reconhecido a esta Organização pela Assembléia Geral das
Nações Unidas, na promoção e desenvolvimento do Turismo,
visando contribuir para a expansão econômica, a compreensão
internacional, a paz e a prosperidade dos países, bem como para o
respeito universal e a observância dos direitos do homem e das
liberdades fundamentais, sem distinção de raça, sexo, língua ou
religião (OMT, 2006, p. 1).
O Turismo, atividade que funciona como grande geradora de empregos, deixa
de ser somente um complexo socioeconômico, para tornar-se uma grande força de
transformação desse novo mundo, tendo por finalidade promover um Turismo
responsável e sustentável, acessível a todos, no exercício do direito que qualquer
pessoa tem de utilizar o seu tempo livre em lazer ou em viagens e no respeito pelas
escolhas sociais de todos os povos.
Essa nova ordem internacional que está moldando este fim de
milênio não é isenta de contradições, paradoxos e facetas ainda mal
compreendidas. Os problemas são vastos e profundos. A angústia
perante o novo envolve milhões de pessoas e as dúvidas em relação
aos novos tempos turvam a visão cristalina dos otimistas. Sim,
otimistas, porque a nova ordem internacional não se reveste apenas
41
de pontos negativos. A abertura de mercados e sua interligação em
blocos, as facilidades tecnológicas e as possibilidades lúdicas e
hedonistas nas novas sociedades entusiasmam grandes segmentos
(...) o mundo encaminha-se para o século XXI com uma certeza:
estamos em um novo tempo, com novas esperanças e novos
desafios (TRIGO, 1998, p. 9).
Nota-se, assim, que houve uma ruptura decisiva com o passado, seja com o
que denominam de sociedades industrializadas, seja com a “modernidade” que
marcou os séculos XIX e XX, ou, ainda, com as antigas formações sociais, culturais
e econômicas em geral. As mudanças pontuadas engendraram a necessidade de
repensar inúmeros aspectos da vida humana.
Entre os pontos cruciais para entender os novos tempos destacam-
se o Turismo – uma das forças propulsoras das mudanças – e a
Educação – instrumento básico da cultura e da civilização (...)
estamos no meio de um processo, em plena seqüência de
transformações radicais, portanto o próximo passo a ser tomado será
a continuação dos estudos e das reflexões – ao lado das ações
necessárias – para que um dia, no futuro, se estivermos em um
patamar de estabilização temporário, possamos entender melhor o
processo que nos envolve e que está alterando definitivamente os
rumos de nossas civilizações (TRIGO, 1998, p. 10).
Nesse sentido, o Turismo pode ser considerado não somente como atividade
geradora de lucro, mas também, como atividade que agrega valor ao ser humano.
Essa análise vem ao encontro das expectativas da sociedade que almeja, além de
lucro, um mundo melhor para viver. Segundo Moech (2002), a definição de Turismo
também reforça a idéia da reflexão do momento, dando suporte à precisão do
acolhimento e da hospitalidade.
O Turismo é uma combinação complexa de inter-relacionamentos
entre produtos e serviços, em cuja composição integram-se uma
prática social com base cultural, com herança histórica, a um meio
ambiente diverso, cartografia natural, relações sociais de
hospitalidade, troca de informações interculturais. O somatório desta
dinâmica sociocultural gera um fenômeno, recheado de
objetividade/subjetividade, consumido por milhões de pessoas, como
síntese: o produto turístico (MOECH, 2002, p. 9).
Assim, tem-se que a base cultural gerada pelo fenômeno turístico mescla
objetividade e subjetividade. Para isso, pode-se inferir que os profissionais ligados à
área de Turismo, devem estar conectados com esses dois pontos listados por
Moech (2002).
Ainda sobre o que é o Turismo, Arrillaga (1976) coloca que
42
[...] o Turismo é o conjunto de deslocamentos voluntários e temporais
determinados por causa alheias ao lucro; conjunto de bens, serviços
e organização que determinam e tornam possíveis estes
deslocamentos e as relações e fatos que entre aqueles e os viajantes
têm lugar (ARRILLAGA, 1976, p. 25).
Corroborando com o que Arrillaga (1976) pontua, De La Torre (1992) aponta
ainda para a questão social abordando que
[...] o Turismo é a atividade de transporte, cuidado, alimentação e
entretenimento do turista; tem um grande componente econômico,
mas suas implicações sociais são bem mais profundas. Estimula o
interesse no passado, na arquitetura, na arte... estimula as relações
sociais fortalecendo e promovendo vínculos entre turistas e visitantes
(DE LA TORRE, 1992, p. 25).
De La Torre (1992) analisa a definição a respeito de Turismo, discutindo a
geração de múltiplas inter-relações de importância social que a atividade propicia,
além de melhoria na qualidade de vida, por meio das muitas ações que proporciona
e, assim, gera uma certa conscientização por parte dos envolvidos.
São tantas as definições e os caminhos que técnicos, pesquisadores,
escritores e profissionais, muitas vezes se confundem. Os significados transformam-
se de acordo com as necessidades humanas. No passado, a atividade turística
poderia ter outro objetivo e, consequentemente, uma visão mais restrita. Segundo
especialistas, a definição sobre o Turismo é dinâmica e virá de acordo com o
comportamento sociocultural e econômico da humanidade. Nesse sentido, a
Educação desempenha o importante papel de “traduzir” as necessidades da
sociedade e passá-las para que os futuros profissionais possam absorver as
informações e ter condições maiores de êxito pessoal e profissional.
Deste modo, tem-se que o Turismo é uma atividade extremamente complexa,
que demanda uma forte dedicação por parte dos novos profissionais que pretendem
ingressar na área. Apesar de os inúmeros Cursos de Turismo “explodirem” no
mercado nos dias atuais, é preocupante o nível de qualidade que eles se propõem a
oferecer. O Turismo, apesar de ser uma palavra que incita gosto pelo lazer e
divertimento, constitui um campo de estudo sério e que necessita de indivíduos
interessados no seu desenvolvimento. Tanto alunos de Graduação como
profissionais de outras áreas que estão buscando inserir-se no mercado de trabalho
em Turismo deverão traçar metas para atingir a excelência profissional.
43
O Turismo, assim sendo, pode ser avaliado como muito mais do que uma
atividade econômica. Deve ser considerado um fenômeno social, característico da
sociedade pós-industrial, que está presente na vida de todos, mesmo na diferença
de classes, grupos, etnias, nações, haja vista que uma das características
fundamentais da vida e uma das principais motivações humanas, que sempre têm
acompanhado o homem na sua história, é a procura da diversidade e da variedade:
diversidade de paisagens, de climas, de modos de vida, de culturas e de
civilizações. O Turismo, por garantir as condições essenciais dessa procura,
corresponde, então, a uma necessidade individual e social profunda, acentuada,
modernamente, pelo crescente grau de urbanização da vida coletiva e pela
monotonia do cotidiano sendo, por excelência, uma atividade orientada para a
satisfação das necessidades do homem para sua integridade física, mental e
espiritual; os objetivos do Turismo não podem ser estabelecidos sem a humanização
do homem e das coisas.
Atuar no campo do Turismo não é uma tarefa fácil, como pode
parecer a muitos. Requer preparação efetiva e apropriada para que
se torne uma experiência compensadora para os profissionais,
alcançada pelo reconhecimento de sua capacidade, obtida por meio
de esforços continuados, visando à capacitação técnica e ao
desenvolvimento de aptidões inatas. A formação específica
proporcionada pelos Cursos superiores de Turismo, cujas disciplinas
abrangem, no Brasil, as áreas de estudos sociais, econômicos,
administrativos, jurídicos e turísticos, favorece a pesquisa científica e
a preparação de profissionais capacitados para atuar num campo de
trabalho que precisa ser encarado com seriedade e profissionalismo.
Profissionalismo, capacitação técnica e competência são
qualificações indispensáveis para que o Bacharel em Turismo
posicione-se favoravelmente no mercado de trabalho. Acrescentem-
se a essas características imprescindíveis a sensibilidade para
entender os desejos e as necessidades dos turistas e o zelo pela
manutenção e desenvolvimento dos recursos turísticos. Entretanto,
será inútil investir tempo e dinheiro na estruturação da carreira se o
estudante não tiver determinação, criatividade, visão, disposição para
inovar, persistência e confiança em si mesmo e em suas idéias
(RUSCHMANN, 1996, p. 2).
Dessa forma, Ruschmann (1996) aponta para a questão que ultrapassa a
técnica e que vai ao encontro de assuntos mais subjetivos, como, por exemplo, a
sensibilidade. O trabalho que envolve o profissional de Turismo e o cliente extrapola
as características técnicas de um bom funcionário. Vai além do contrato mercantil.
O Turismo adquire relevância como atividade capaz de incentivar a
comunicação e a convivência. Tanto o melhoramento da qualidade dos serviços
44
oferecidos quanto o aumento da produtividade dependem de uma melhor
qualificação do pessoal que trabalha nas empresas de Turismo, por meio da
formação e capacitação de recursos humanos (SPINELLI, 2002). A qualificação
profissional daqueles que realizam atividades relacionadas ao Turismo deve ser
abordada com a responsabilidade que o crescimento do setor exige. Pode-se notar
que cada localidade é responsável por investimentos para se fazer competitiva e se
colocar à altura do mercado. Para isso, a existência de uma mão-de-obra
proporcional se coloca como condição sine qua non para o efetivo desenvolvimento
da localidade.
O deslocamento de pessoas para uma determinada localidade, com
permanência não definitiva, gerada no consumo pela atividade turística, como dito
anteriormente, favorece a entrada e circulação de recursos financeiros e o aumento
de mão-de-obra ocupada. Abre-se, então, uma perspectiva nova de mercado de
trabalho com absorção de recursos humanos nos mais variados setores da
comunidade. Por outro lado, o Turismo gera a pesquisa e a valorização dos recursos
naturais de uma localidade, bem como a divulgação da cultura de um povo, suas
tradições, sua produção artística e sua história.
Nesse sentido, seria fundamental que as instituições destinadas a ensinar,
qualificar, capacitar e formar profissionais na área de Turismo se detivessem nas
necessidades prementes do mercado e, principalmente da sociedade, e assumissem
o compromisso de ir além da construção do ser técnico, contribuindo para a
formação do ser humano. O especialista em Marketing Industrial José Carlos
Teixeira (2006), em seu artigo “Empresas que duram”, coloca os conceitos de ética,
hospitalidade e compromisso social como tópicos que devem estar no topo das
prioridades das empresas que buscam se perpetuar e da sociedade que busca
melhores maneiras de se viver.
Uma empresa válida é aquela que faz valer a própria razão de ser de
uma companhia. Sua função é dar algo além à sociedade: produzir
algo útil, não gerar pobreza a seu redor nem degradar o meio
ambiente, e, respeitar os seres humanos, entre outras coisas.
Quando a empresa é válida, a sociedade conspira a favor. Quando
elogiamos uma empresa, fazemos isso pelo seu caráter. Um negócio
que é movido pela ganância preda a sociedade e tem vida curta,
porque será repudiado por seus consumidores. Assim, é necessário
profissionais que saibam os procedimentos técnicos viáveis ao
negócio de qualquer empresa, mas também que esses profissionais
sejam imbuídos de valores e compromissos. Percebeu-se que ao
longo da história, as empresas que duram são aquelas que têm
45
valores exemplares. Nas companhias duradouras, o foco está na
relação com o cliente, em sua forma de hospitalidade, que precisa se
sentir, invariavelmente satisfeito. Outros pontos: são companhias que
mantêm os talentos, têm ética exemplar e dão lucros, considerados
merecidos. Essa é uma boa maneira de se aliar a teoria à prática
(TEIXEIRA, 2006, p. 117-118).
Isso pode colocar-se como reflexo do que se percebe nas discussões atuais
sobre a valorização do ser humano pelas entidades responsáveis pela Educação no
Brasil. A Educação se faz a partir da premissa de que cada indivíduo com
conhecimento de limitações e capacidades deve ter humildade para aprender
constantemente. As instituições de Ensino Superior (IES) constituem-se no ambiente
propício para que haja essa interação. De acordo com Mizukami (1986), a conquista
do conhecimento se dá na intimidade de cada pessoa. Assim, só se consegue
aprender “se houver aliança dos âmbitos teóricos objetivos e dos subjetivos para
que a composição dos valores, tais como a ética, possam ser absorvidos e
apreendidos” (MIZUKAMI, 1986, p. 32).
Assim, a ética, a responsabilidade, a hospitalidade, o comprometimento
social, seja por meio de estudos formais ou via atitudes e ações, tem uma
contribuição a dar no processo de formação do turismólogo.
2.2 Turismo e Cursos de Turismo
Considerando os inúmeros aspectos que envolvem a questão da Educação
Superior no Brasil, principalmente no que tange à qualidade, é importante que se
tenha bem nítido o que se entende por necessidades e demandas efetivamente
detectadas: traçar um perfil profissiográfico do egresso de Cursos de Turismo
compatível com a qualidade exigida pela sociedade e pelo mercado de trabalho nas
suas diferentes áreas de atuação requer esforço e dedicação. Segundo Matias
(2005),
[...] é importante destacar que as demandas mudam com o tempo e
cada vez com velocidade e intensidade maiores. Considere-se que
alguns aspectos são imprescindíveis para o perfil do egresso, além
das competências e habilidades já conhecidas pelos meios legais,
como: liderança, criatividade, honestidade e buscar sempre o
crescimento pessoal. A necessidade de conhecimentos gerais
(administrativos, empresariais), conhecimentos específicos,
habilidades interpessoais, já são conhecidos, mas nem sempre
atingem o nível exigido pelo mercado. Outros aspectos importantes
46
no momento de se traçar um perfil do profissional em Turismo dizem
respeito às ressalvas ou brechas na formação, traduzidas na
deficiência ou falta de: humildade, polivalência, conhecimento
contínuo, espírito empreendedor e ações em equipe (MATIAS, 2005,
p. 178-179).
Tem-se que a realidade dos profissionais que atuam no setor turístico não
difere da situação geral apresentada. É com base nessa perspectiva que se
posiciona o presente estudo, que visa a identificar parâmetros para a formação de
competências e habilidades para os bacharéis em Turismo.
Muito embora tenham tido seu início há pouco mais de trinta anos, os cursos
em nível superior em Turismo no Brasil ainda se encontram em fase de
desenvolvimento e adequação, fato este que revela uma das facetas inerentes à
atividade turística, a sua dinâmica evolutiva. Por ter como base de seu
desenvolvimento a prestação de um serviço, é certo que as pessoas que o oferecem
devem estar constantemente atentas às novas necessidades do consumidor e,
principalmente, buscar prover meios para o oferecimento de um produto de
qualidade. Ou seja, os Cursos de Turismo têm sido desafiados a produzir
tecnologias que melhorem e viabilizem o conhecimento em prol do desenvolvimento
do setor.
Conforme Ansarah (2002), é necessário desenvolver uma tríplice formação
profissional para as atividades de Turismo, que deve estar baseada nos seguintes
pressupostos: capacidade criativa dos profissionais; na habilidade para introdução
de novas tecnologias; uso de novos processos e formas de organização; capacidade
de adaptação do profissional que se constitui em fator-chave do êxito para
empresas; busca constante de produtividade como o principal objetivo e condição
para sobrevivência dos profissionais. Com o treinamento, é possível diminuir a
defasagem de habilidades. Por meio destas, é possível transformar o conhecimento
em ação, ou seja, em produtos que venham ao encontro das necessidades
humanas. Por isso, mais uma vez, diz-se que as empresas e a sociedade dependem
fundamentalmente do elemento humano para a concretização do negócio, gerando
habilidades de satisfazer as necessidades de sobrevivência das pessoas.
Assim, para que os bacharelandos em Turismo recebam uma formação que
vá além do treinamento e sejam contemplados com uma Educação consistente, é
necessário fornecer condições favoráveis para tal, por meio da oferta de uma
aprendizagem baseada em aspectos teóricos, práticos e éticos (BISSOLI, 2002).
47
Em relação aos aspectos teóricos, é necessário que se alcancem diversas
correntes do pensamento turístico, de maneira a possibilitar um posicionamento
crítico-reflexivo sobre o fenômeno e suas inter-relações socioculturais, econômicas e
ambientais, estabelecendo paralelos entre passado, presente e futuro, buscando
sempre meios para desenvolver o Turismo por meio da maximização dos efeitos
positivos e minimização dos efeitos negativos.
No que se refere aos aspectos práticos, é relevante a realização de atividades
que permitam o treinamento e know-how de técnicas e saberes, que estimulem a
consolidação de habilidades, conhecimentos e atitudes, tais como visitas técnicas,
estágios, planejamento e organização de eventos, além do planejamento e
execução de roteiros de viagens e alguns tipos de trabalhos de campo.
Quanto aos aspectos éticos, espera-se que o profissional internalize o valor
de uma postura de respeito e moral diante dos aspectos que permeiam as relações
no Turismo, nos campos social, econômico, ambiental, a partir de uma compreensão
de que estas relações abrangem questões maiores como a cidadania e a melhoria
do mundo em que está inserido, conforme já foi colocado anteriormente.
Krippendorf (1987) manifesta, em seus estudos, preocupações semelhantes,
no que tange à questão da formação educacional dos indivíduos interessados em
trabalhar no setor turístico. Com efeito, em sua opinião, o ensino do Turismo está
voltado principalmente para a aquisição de um savoir-faire
3
manual, técnico e
profissional, que prestigia a formação de especialistas, e não atenta para a
necessidade e relevância de desenvolver um profissional com visão estratégica.
Adicionalmente, ele comenta que, em comparação com outros ramos de atividades
econômicas, o Turismo apresenta um quadro de profissionais desqualificados.
Conseqüentemente, acredita que é necessário prover os profissionais da área de
uma formação competente e qualificada, alinhada com as necessidades
contemporâneas e com a crescente complexidade do setor.
Na seqüência, esse autor afirma ser importante também dotar o Turismo de
uma aparência mais humana, que possibilite e estimule seus agentes a refletir sobre
a aplicação da ética nesse setor. Sua expectativa é a de que, por meio da
Educação, seja possível formar profissionais com elevado preparo e espírito crítico,
capazes de exercer um papel de precursores de uma revolução qualitativa dos
3
Saber – fazer: qualificação.
48
serviços turísticos, assumindo o compromisso com a construção de um Turismo
orientado para o ser humano e para o meio ambiente.
Atingir todas as premissas básicas para a formação de um perfil condizente
com as competências profissionais previstas nas orientações do MEC não constitui
tarefa fácil e, provavelmente, é um verdadeiro desafio. Não é incomum que, na
teoria, os projetos pedagógicos prevejam uma atividade e, na prática, estabeleça-se
outra. Definir a adequada proporção e intensidade de cada um dos aspectos
mencionados acima (formação teórico-prática e formação humana) pode ser um
caminho para isso.
Outrossim, devido ao caráter multidisciplinar e interdisciplinar característico do
Turismo, é muito difícil propor um modelo padronizado de ensino. Contudo, pode-se
refletir sobre alguns pontos que permitam configurar um objeto de estudo e análise
para a formação do profissional especializado na área.
Uma das questões deste estudo diz respeito ao que o MEC propõe, em linhas
gerais, no documento de Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de
Turismo,
[...] que é formar um profissional apto a atuar em um mercado
altamente competitivo e em constante transformação, cujas opções
possuem um impacto profundo na vida social, econômica e no meio
ambiente das sociedades onde são desenvolvidas (MEC, p. 19,
2002).
Sendo assim, um dos principais objetivos para a formação superior em
Turismo é preparar o acadêmico para o planejamento, para a gestão da atividade e
o para o constante pensamento reflexivo que leve em consideração o ambiente em
que está inserido. Deste modo, a estrutura curricular dos Cursos em Turismo deve
ser pensada de maneira a possibilitar ao estudante não somente a aprendizagem
sobre as rotinas de trabalho, mas, sobretudo, permitir a internalização e a reflexão
sobre as circunstâncias e conseqüências das relações humanas, sociais,
econômicas, políticas, ambientais que permeiam a atividade turística. Sabe-se que a
prática dessas ações é difícil de ser realizada uma vez que se trabalha com
questões muito amplas e subjetivas.
Por seu caráter multidisciplinar, é preciso que se entenda o Turismo como um
objeto de estudo do qual diversas áreas do conhecimento são partes indispensáveis.
Cabe a cada disciplina da estrutura curricular possibilitar o alcance de sua inter-
relação e aplicabilidade no desenvolvimento da atividade turística, ou seja, identificar
49
sua contextualização diante das diversas facetas em que se dão as práticas
turísticas e as comunidades, além de sua ligação com as demais disciplinas
(BISSOLI, 2002).
As Diretrizes Específicas das Diretrizes Curriculares Nacionais também
determinam que os Cursos de Graduação em Turismo devam apresentar uma
organização curricular com os conteúdos interligados em três eixos de formação de
acordo com o seguinte: conteúdos básicos, específicos e teórico-práticos que serão
explicados e adequados posteriormente.
Baseando-se nestas orientações, entende-se que o Bacharel em Turismo
deva ser preparado para a realidade do segmento, com atitudes e procedimentos
que atentem para as atividades globais, como o conhecimento do mercado,
pautados pela qualidade e responsabilidade na prestação de seus serviços. Para
tanto, deve possuir uma sólida formação interdisciplinar, oriunda das ciências
humanas em geral e das ciências administrativas em particular, além dos conteúdos
específicos sobre o setor turístico atento às habilidades e competências emocionais.
Portanto, é papel indiscutível do Ensino Superior em Turismo possibilitar ao
acadêmico, além dos fatores acima mencionados, uma visão empreendedora da
atividade, estimulando a efetivação e consolidação de conhecimentos, habilidades e
atitudes condizentes com o desenvolvimento do segmento turístico global,
priorizando os aspectos e necessidades locais. Enfim, é refletir sobre o âmbito global
e agir com base na situação local.
Assim, parte-se dessa problemática para o questionamento e a discussão
sobre a capacitação e a qualificação desse profissional que emerge no mercado e
que já é tão cobrado e pressionado.
No Brasil, a preocupação com a formação profissional em Turismo é
recente. As diretrizes mais sérias e bem articuladas, elaboradas por
parcelas do empresariado e dos governos federal, estadual e
municipal datam da década de 1990. Na verdade, docência e
pesquisa em Turismo são recentes, mesmo internacionalmente. Uma
terceira tendência para a Educação em Turismo iniciou-se nos anos
1990, quando as mudanças geopolíticas, as novas tecnologias e as
alterações demográficas provocaram um período de constantes
mudanças e levaram inúmeros profissionais e pesquisadores a uma
encruzilhada: ou eles continuavam nos mesmos caminhos
conhecidos ou exploravam a trilha incógnita, dispostos a conhecer
novos cenários (TRIGO, 1998, p. 163-164).
50
Trigo (1998) coloca a problemática da qualificação profissional do Turismo
brasileiro: seria fundamental a consciência da importância do Turismo como
atividade que promove o encontro entre os homens, despe-se de preconceitos e,
nesse sentido, contribui para o exercício da cidadania.
O Turismo brasileiro é, historicamente, tema em destaque, uma vez que há
um grande potencial turístico nacional a ser explorado, “com praias paradisíacas e
reservas naturais quantitativamente e qualitativamente reconhecidas como
patrimônio mundial” (RODRIGUES, 2003, p. 9). A atividade movimenta diversos
setores da economia, gerando trabalho (formal e informal) e renda para grande parte
da população envolvida, isto é, quando a atividade é bem planejada, organizada,
dentro de padrões de sustentabilidade. No caso deste território,
para tornar o Brasil hospitaleiro, para o turista nacional ou
estrangeiro, o empenho do poder público federal no Brasil, tem efeito
direto nos territórios municipais abarcados pelas políticas voltadas a
essa finalidade. Algumas das políticas nacionais de turismo recentes
no país (da década de 90 para cá), que têm efeitos diretos sobre a
criação de uma “hospitalidade turística” no Brasil, são: Política
Nacional de Turismo – PNT
4
(1996-99) e seus tentáculos, que
aparecem na forma de programas, ora de abrangência nacional, ora
de abrangência regional, como o Programa Nacional de
Municipalização do Turismo – PNMT (instituído em 1994); os
Programas de Ação para o Desenvolvimento do Turismo – Prodetur
(desde 1991) e o Programa de Desenvolvimento do Ecoturismo para
a Amazônia Legal – Proecotur (criado no final da década de 1990).
(CRUZ, 2002, p.50)
Mudar a percepção que estrangeiros e, até brasileiros, têm do turismo no
Brasil é uma das metas do governo federal atual – Plano Nacional de Turismo
2003/2007. Para isso, torna-se indispensável enfatizar nacional e internacionalmente
as características exógenas – tais como a cultura, a gastronomia, a arte, a música -
do Brasil, que se fazem justificáveis para que essa terra tenha a simpatia de outros
países. Contudo, essas características e esses estereótipos não são suficientes para
que o Brasil obtenha sucesso perante o mercado nacional e internacional. Governo,
população, profissionais, estudiosos, devem estar unidos e promover ações que
sejam em prol do crescimento do turismo brasileiro. Pode-se notar que o maior
problema do Brasil, em se tratando dos domínios da hospitalidade, se encontra no
âmbito público no que diz respeito à segurança, estradas, calçadas, iluminação,
4
O Plano Nacional de Turismo citado foi do antigo governo – Governo Fernando Henrique Cardoso
(1995-2002) – porém, o atual governo Luís Inácio Lula da Silva (2002-2006) já conta com um novo
PlanTur para o período de 2003-2007.
51
sinalização, acesso à informação. Pesquisas realizadas pela Embratur (2004)
indicam que os cinco principais fatores a influenciarem negativamente a percepção
do produto turístico brasileiro por parte dos consumidores são: sinalização turística,
limpeza pública, segurança pública, comunicações e transporte urbano, ou seja,
toda a infraestrutura que é compartilhada entre população residente e turistas.
Ao contrário de outros países, onde as dificuldades na hospitalidade
doméstica afetam a imagem local e o relacionamento com os visitantes e,
conseqüentemente, a qualidade dos serviços prestados no campo comercial, no
Brasil são as inúmeras deficiências do aspecto público que afetam o produto
turístico a ser ofertado. A noção de bem público e coletivo é “fraca”, o que favorece
não só a corrupção como também o desleixo com o patrimônio da coletividade: veja-
se o desrespeito com que são tratados pelos governantes e pela população as áreas
públicas, o descaso com monumentos históricos, praças, postos de saúde,
universidades, bibliotecas públicas, museus, calçadas, arborização, transporte
público e as pichações que acabam por “hostilizar” o ambiente.
Provavelmente, por causa do processo de colonização e de processos
políticos pouco participativos posteriores, o brasileiro não compreende o espaço
público como parte de seu patrimônio, o que lhe permite aplicar “princípios de
tolerância” à sonegação fiscal, raciocinar baseado na idéia de que o que pertence ou
cabe ao governo não é de sua responsabilidade sendo-lhe “lícito” tirar melhor
vantagem possível daquilo que não considera lhe pertencer. Como o espaço público
não é considerado como espaço de “ser” e viver, ele é relegado pela sociedade.
Este processo claramente faz parte de uma negação dos direitos e deveres do
cidadão em relação ao Estado e de sua contrapartida.
Assim como o espaço público é negado enquanto espaço de hospitalidade
tornando-se, neste sentido “não-lugar”, populações institucionalizadas sofrem por,
de certo modo, tornarem-se “não-pessoas”. Desta forma, o mesmo processo de
exclusão por que passa o espaço público abrange também as populações
institucionalizadas: os internos em hospitais, hospícios, presídios, os usuários dos
sistemas públicos de educação, saúde, transporte que não são vistos como dignos
dos plenos direitos de cidadania. O abismo criado entre a vida privada, a econômica
e a cidadania criam vácuos que não deveriam existir dando espaço e justificativas a
52
distorções cruéis e totalmente contrárias à idéia de hospitalidade incondicional
5
que
atingem grandes contingentes da população. Quanto mais dependente do sistema
público o indivíduo se torna, menos humanizadas se tornam suas relações com a
sociedade e menor o seu acesso a uma relação de hospitalidade, humanidade e
convivência. Estas contradições expõem a sociedade à violência, insegurança,
indiferença.
Nota-se, assim, que há um contraponto entre o talento natural para a
hospitalidade doméstica que, de certa forma, se estende ao domínio comercial e os
inúmeros problemas enfrentados no âmbito público. De certa forma, evidencia-se
uma certa exclusão do sentido de hospitalidade no domínio público no Brasil. O que
causa este conflito do individuo com a sua coletividade merece estudos profundos e
cuidados, visto que envolve questões de identidade, nacionalidade e cidadania. Para
que tais questões possam ser amenizadas, os Cursos de Turismo podem tomar para
si a responsabilidade de auxiliar o processo “humanizador” do Turismo brasileiro.
Considerando o cenário atual, pode-se dizer que existem instituições e
entidades no País que fazem parte do sistema de formação profissional para o
Turismo, que estão sendo utilizados adequadamente, porque o mercado profissional
ainda se mostra carente de mão-de-obra qualificada para atuar no setor turístico.
Desde a criação do primeiro Curso de Turismo até hoje, pouco foi
feito pela formação profissional nessa área, sobretudo a partir de do
período da redemocratização, quando as instituições de ensino e
entidades do setor estabeleceram diálogo com os órgãos diretivos do
País (MATIAS, 2005, p. 218).
Cabe o comentário de que existem inúmeros cursos hoje no Brasil que têm
como objetivo educar para a área da hospitalidade. Porém, não existem licenciaturas
para que se formem “professores de turismo”. Uma opção bastante interessante é o
curso do SENAC que se dedica à área de docência voltada para aqueles indivíduos
que realmente gostariam de “ensinar turismo”. Nota-se que em função do
surgimento e da autonomia que as IES conseguiram na década de 1990 houve um
aumento assustador na oferta de cursos de várias áreas, entre elas o Turismo.
5
Hospitalidade Incondicional: Definida por Derrida (2001) como: “A noção de hospitalidade
incondicional cria um espaço de compaixão, no sentido de ser possível haver uma paixão
convivencial, uma paixão pelo outro, num jogo que tem conflitos, mas que, pouco a pouco, eles
possam ser transformados em uma experiência de abertura. É preciso ir além das dicotomias,
presentes hoje no mundo, uma abertura para o infinito, à alteridade, para o outro que está por vir.
Uma noção de democracia que seria a ultrapassagem das fronteiras do ódio e da negação do outros.
53
“Porém, não se pode dizer que a qualidade cresceu na mesma proporção” (MATIAS,
2005, p. 219). O cenário atual remonta a uma retração do ensino, seja ele formal ou
não, da área de Turismo e Hospitalidade no Brasil. Vê-se inúmeros cursos fechando
suas portas. Isso denota que apesar do Brasil ter um grande potencial turístico, não
existe ainda conscientização da sociedade brasileira para a importância do Turismo.
O turismo nunca foi encarado como atividade econômica relevante
para o desenvolvimento do país. Nos diversos estágios de nossa
economia, outras prioridades foram estabelecidas e incorporadas no
pensamento nacional, como a dotação de indústrias pesadas, de
transformação, de substituição de importações e de produção para
exportação. A importância que o setor de serviços e, nesse caso, do
segmento do turismo tem na economia mundial e brasileira deverá
ser cada vez mias levada à sociedade brasileira para incorporar-se
em nosso pensamento comum. (CARVALHO, 2005, p. 29)
Desse modo, o Brasil encontra-se, na primeira década do século XXI, em uma
posição similar à de muitos outros países em desenvolvimento, ou seja,
confrontando suas futuras possibilidades. A pergunta que se faz é: como
compreender e aprimorar o presente de modo que o futuro seja melhor para todos?
Há muitas propostas e tentativas de se resolver esses problemas. Existe uma
preocupação humana de tentar garantir um mundo melhor para as próximas
gerações. Todas as utopias foram erigidas sobre valores humanos considerados
mais nobres, como o altruísmo, a justiça, a inclusão social, a paz, o respeito, à
diversidade humana étnica e comportamental. Esse permanente olhar para o
presente e para o futuro marca a história da humanidade. Os campos do lazer e do
turismo não podem ignorar esse contexto humanista. Os acontecimentos mostram
que o Turismo depende de um desenvolvimento equilibrado e da paz entre os
diversos povos e nações. Existe uma necessidade imperiosa de se compreender o
fenômeno turístico em sua complexidade e variedade, inserido no contexto das
mudanças globais. Para se compreender a problemática do Turismo, do lazer, do
entretenimento ou da hospitalidade, é preciso se valer da compreensão do mundo
como um todo. Em síntese, o conhecimento se constitui em um dos possíveis
caminhos para a construção de um mundo melhor. Nesse sentido, valorizar os
Cursos de Turismo em termos de qualidade, não em quantidade, tem seu valor e
sua importância.
54
2.3 Regulamentação do Ensino Superior em Turismo no Brasil
Os modelos dos Cursos de Turismo estão em transformação para
adequarem-se às novas exigências de qualificação profissional para o mercado,
porque a formação desses profissionais não está atrelada a condições unicamente
profissionais, mas a fatores intrínsecos de formação humana e emocional.
Requisitos que as instituições de ensino ainda não cumprem plenamente.
As diversas habilidades e competências que são exigidas na formação do
profissional do Turismo acabam por definir um perfil profissional eclético, voltado
para um fenômeno multifacetado e bastante complexo sugerido para outras áreas da
mesma maneira. Esta complexidade induz uma percepção do conhecimento e da
prática do Turismo em bases impossíveis de serem dispostas pela divisão tradicional
das disciplinas (MORIN, 2000). A inclusão de disciplinas que extrapolam as
especificidades tem sido cada vez mais vista nas grades curriculares dos Cursos em
questão. Diversos autores enfatizam a necessidade do diálogo e do contato de
vários campos do conhecimento na construção do saber/fazer do Turismo. A filosofia
na Educação nacional passou por diversas mudanças. Com o ajuste dos Cursos a
uma visão mais humanística, determinado pelas proposições das últimas diretrizes
curriculares, a grade curricular de diversos Cursos teve de se adequar às novas
exigências do mercado. Este fato corrobora o interesse em se discutir temas
relativos a questões de caráter humano, ético, de cidadania. A intenção está em
agregar valores para uma reflexão a respeito de aspectos que estimulem não
somente habilidades técnicas, mas também habilidade de convívio social, formação
integral e preparo para um mercado de trabalho repleto de exigências. Essas
cobranças surgem da necessidade de se entender e compreender o ser humano
como indivíduo e, não mais como um simples símbolo de lucro, como até hoje é
considerado na sociedade capitalista.
Nesse sentido, nota-se que a Educação é considerada como meio para que a
transmissão de valores seja realizada, com efeito. Segundo Delors (2001),
[...] todo ser humano deve ser preparado, especialmente graças à
Educação que recebe na juventude, para elaborar pensamentos
autônomos e críticos e para formular os seus próprios juízos de valor,
de modo a pode decidir, por si mesmo, como agir nas diferentes
circunstâncias da vida (DELORS, 2001, p. 99).
55
Diante de tal situação, deve-se considerar que a preocupação com a tarefa
não dizem respeito somente ao professor: estende-se ao lar, à escola, a toda a
sociedade, que deve ser mobilizada para estabelecer e defender os princípios
fundamentais. O resultado virá da soma de esforços.
Darão também, destaque aos valores e atitudes para manter a
convivência, a solidariedade internacional (...) uma das principais
funções da Educação do futuro será formar e consolidar mentes
éticas para o enfrentamento das incertezas do século XXI (SCHULZ,
2005, p. 106).
De acordo com o exposto, um dos aspectos que está sendo exigido do aluno
de Turismo, considerando-se o perfil que o mercado de trabalho espera, e as
relações de que carece, é aprender os valores fundamentais, exercitá-los, vivenciá-
los ajustados ao contexto histórico. Para se conseguir isso, põe-se a expectativa na
Educação, que ela venha a contribuir para a formação de valores.
Esse campo promissor – conhecido pelo Turismo — precisa contar com
profissionais qualificados, no sentido de garantir tais habilidades a respeito de
valores que o impulsionem com êxito. Daí a importância da formação de recursos
humanos para o desenvolvimento e desempenho das funções próprias do setor. Os
Cursos de Bacharelado em Turismo, normalmente, visam a formar um profissional
apto a atuar em um mercado altamente competitivo e transformador, cujas ações
geram um impacto profundo na vida socioeconômica e no meio ambiente das
sociedades em que estão inseridos. Com a evolução de mercado, as instituições de
Ensino Superior do Brasil (IES), sensíveis às novas tendências e principalmente
acreditando no potencial turístico das regiões, criam Cursos respaldados numa
atitude de vanguarda coerente com as tendências de mercado.
Segundo as diretrizes curriculares o Curso de Turismo deve possibilitar a
formação profissional que revele, ao menos, algumas competências e habilidades,
assim enumeradas:
Compreensão das políticas nacionais e regionais sobre
Turismo;
Utilização de metodologia adequada para o planejamento das
ações turísticas, abrangendo projetos, planos e programas, com os
eventos locais, regionais, nacionais e internacionais;
Positiva contribuição na elaboração dos planos municipais e
estaduais de Turismo;
56
Domínio das técnicas indispensáveis ao planejamento e à
operacionalização do Inventário Turístico, detectando áreas de novos
negócios e de novos campos turísticos e de permutas culturais;
Domínio e técnicas de planejamento e operacionalização de
estudos de viabilidade econômico-financeira para os
empreendimentos e projetos turísticos (MEC, 2003, p. 19).
Nessa primeira seqüência de atribuições, nota-se que a importância que se
dá às questões técnicas e específicas tem grande peso. As primeiras competências
e habilidades elencadas não se chocam com as discussões a respeito da formação
voltada para o aprendizado a respeito de valores. As aptidões a serem pontuadas na
série também não se voltam para a postura de formação do ser humano:
Adequada aplicação da legislação pertinente;
Planejamento e execução de projetos e programas estratégicos
relacionados com empreendimentos turísticos e seu gerenciamento;
Intervenção positiva no mercado turístico com sua inserção em
espaços novos, emergentes ou inventariados;
Classificação, sobre critérios prévios e adequados, de
estabelecimentos prestadores de serviços turísticos, incluindo meios
de hospedagens, transportadoras, agências de Turismo, empresas
promotoras de eventos e de outras áreas, postas com segurança à
disposição do mercado turístico e de sua expansão (MEC, 2003, p.
19).
Quando se analisam esses itens, pode-se observar que não existem aspectos
relacionados à formação do indivíduo. Somente a partir do décimo item, colocado
como habilidades e competências, avista-se, ainda em menor grau, a necessidade
do entendimento do outro para a satisfação do cliente, objetivo final do turismólogo.
Domínio de técnicas relacionadas com a seleção e avaliação
de informações geográficas, históricas, artísticas, esportivas,
recreativas e de entretenimento, folclóricas, artesanais,
gastronômicas, religiosas, políticas e outros traços culturais, como
diversas formas de manifestação da comunidade humana;
Domínio de métodos e técnicas indispensáveis ao estudo dos
diferentes mercados turísticos, identificando os prioritários, inclusive
para efeito de oferta adequada a cada perfil do turista;
Comunicação interpessoal, intercultural e expressão correta e
precisa sobre aspectos técnicos específicos e da interpretação da
realidade das organizações e dos traços culturais de cada
comunidade ou segmento social;
Utilização de recursos turísticos como forma de educar,
orientar, assessorar, planejar e administrar a satisfação das
57
necessidades dos turistas e das empresas, instituições públicas ou
privadas, e dos demais segmentos populacionais;
Domínio de diferentes idiomas que ensejem a satisfação do
turista em sua intervenção nos traços culturais de uma comunidade
ainda não conhecida;
Habilidade no manejo com a informática e com outros recursos
tecnológicos (MEC, 2003, p. 19-20).
Nesse sentido, a discussão sobre compreensão do outro, que no caso se
coloca como o turista, ocorre de maneira curta e rápida. A reflexão dessas
competências torna-se fundamental, uma vez que se pretende “montar” uma nova
estratégia de aprendizado, alicerçada na operacionalização das habilidades
emocionais que se classificam como exigência para o perfil do egresso. Há
necessidade de um aprendizado de valores e de profissionais que primeiramente
saibam o que é enxergar o outro, como indivíduo (LASHLEY, 2004), para que depois
haja a interação profissional-cliente. O documento das Diretrizes Curriculares
contempla as responsabilidades que as IES possuem em formar profissionais
condizentes com a área de Turismo. Observa-se que essa transmissão de
conhecimento pode se dar através dos conteúdos dispostos nas matrizes
curriculares que mesclam teoria objetiva com teoria subjetiva, ações dos professores
com os alunos, experiências através dos estágios supervisionados, atividades
complementares e visitas técnicas. Sabe-se que esse pode ser um dos caminhos,
apesar de não ser o mais perfeito. Vários devem ser os ensinamentos para que
essas propostas de formação global ocorram com sucesso. Nesse sentido, a
hospitalidade pode ser um dos canais para a compreensão dessa nova abordagem,
como se vê na solicitação de condutas e de atitudes que diz respeito às habilidades
sugeridas pelas diretrizes curriculares, conforme citado abaixo.
Integração nas ações de equipes interdisciplinares e
multidisciplinares interagindo criativamente nos diferentes contextos
organizacionais e sociais;
Compreensão da complexidade do mundo globalizado e das
sociedades pós-industriais, onde os setores de Turismo e
entretenimento encontram ambientes propícios para se
desenvolverem;
Profunda vivência e conhecimento das relações humanas, de
relações públicas, das articulações interpessoais, com posturas
estratégicas para o êxito de qualquer evento turístico;
58
Conhecimentos específicos e adequado desempenho técnico-
profissional, com humanismo, simplicidade, segurança, empatia e
ética (MEC, 2003, p. 20).
Verifica-se, portanto, que o objetivo principal do Curso de Turismo baseia-se
na formação de profissionais competentes, criativos, capacitados para o
planejamento, organização e gestão de espaços nos diversos segmentos do setor,
quer público quer privado, empreendimentos e equipamentos turísticos, buscando o
desenvolvimento econômico atrelado à preservação dos aspectos sociais, culturais e
naturais. Podem ser observadas as seguintes metas: disponibilizar conhecimentos
teóricos para subsidiar a capacidade de análise e tomada de decisão; prover ao
aluno conhecimentos técnico-metodológicos para o planejamento do Turismo em
vários destinos turísticos; viabilizar a interação entre os campos teóricos e práticos
no intercâmbio de conhecimentos; capacitar o aluno, mediante informações teóricas
e práticas para viabilizar empresas na área do Turismo; desenvolver a
responsabilidade social e os valores ético-morais que permitam gerar e distribuir
riquezas com base no desenvolvimento sustentável e o aprimoramento da
capacidade gerencial para liderar projetos e resultados satisfatórios nas
organizações turísticas. Em decorrência destas circunstâncias, quer-se adotar uma
abordagem pedagógica, que possibilite aos egressos a capacidade de investigação,
o aprender e o recriar permanentemente.
Atualmente, observa-se que a maioria dos currículos dos Cursos relaciona
disciplinas em função da formação generalista do profissional, referentes aos
conhecimentos gerais das ciências humanas, sociais, políticas e econômicas e da
formação específica nas áreas culturais, históricas, ambientais, antropológicas, bem
como disciplinas específicas às atividades a que o Turismo se propõe, tais como o
agenciamento, a organização e gerenciamento de eventos, administração do fluxo
hoteleiro, empreendedorismo, gestão de empresas hoteleiras, hospitalidade e
gestão de recursos humanos. Em seu desenvolvimento, o Curso atrelado à
formação de suas habilidades prevê que mais do que preparar profissionais
requeridos pelo mercado, a grande preocupação está em despertar nos alunos
desta respectiva área a consciência de suas responsabilidades sociais e o
compromisso com a atuação ética transformadora do contexto em que vivem.
Disciplinas como Gestão da Qualidade em Serviços Turísticos, Sociologia,
Antropologia, Psicologia, entre outras, podem servir de apoio e suporte para essa
59
discussão e, conseqüentemente, esse aprendizado. Assuntos como ética,
hospitalidade, responsabilidade social, deverão estar presentes não somente nas
disciplinas citadas acima, mas em toda a organização curricular. Neste sentido,
estes profissionais estarão conscientes da importância social do seu trabalho,
assegurando, em seus projetos, o atendimento de qualidade à vida do homem,
considerando seu contexto sócio-cultural. Os princípios éticos e políticos que
poderiam nortear a formação do turismólogo poderiam ser assim representados, de
acordo com o modelo de Projeto Pedagógico dos Cursos de Graduação Turismo
que as Diretrizes Curriculares propostas pelo MEC dispõem (MEC, 2003, p. 22):
Postura moral e ética para intervir no espaço com
responsabilidade social;
Preocupação com o meio ambiente e a importância de se
conhecer e identificar projetos e planos que agridem direta e
indiretamente o homem e o meio;
Participação na construção dos rumos e normas que
determinam as relações na coletividade;
Observância da postura ético-política consubstanciada no
código de ética profissional.
Competência do sujeito, como membro de uma comunidade,
que o legitima como profissional dotado do saber técnico-científico;
Uso de tecnologias atualizadas no processo de ensino e
aprendizagem, em função das necessidades do meio social;
Trabalho docente, formador de profissionais da área de
Turismo, pressupondo articulação com outros campos do
conhecimento;
Atividades de práticas embasadas em teorias científicas e
teorias do sujeito/sentido, produzidas e articuladas aos efeitos
histórico-sociais;
Ênfase na interdisciplinaridade nas várias dimensões do projeto
de formação profissional (MEC, 2003, p. 22).
A análise comparativa entre alguns dos princípios de valores positivos, tais
como a ética propostos pelo documento acima e o Código de Ética do Bacharel em
Turismo possuem afinidades interessantes e coerentes. Matias (2002) contempla
que o estatuto é a versão de um conjunto de orientações destinadas a estimular a
reflexão do profissional acerca da conduta adequada, no cotidiano de sua atividade
laboral. No preâmbulo do Código de Ética, lê-se que o trabalho do Bacharel em
60
Turismo deve ser orientado pelas premissas e princípios inerentes ao modelo de
Turismo sustentável, considerando, necessariamente, o aproveitamento racional dos
recursos naturais e culturais nos processos de planejamento, produção e consumo
dos produtos turísticos, tanto no contexto do Turismo convencional como nos outros
segmentos específicos do Turismo. Com relação à discussão sobre a necessidade
de abordagem de valores, nota-se com mais veemência esse assunto no segundo
capítulo do Código de Ética, mais precisamente nos artigos assim descritos.
Artigo 3º - A atuação profissional do Bacharel em Turismo deve ser
pautada pela verdade, dignidade, independência e probidade.
Artigo 4º - O exercício da atividade profissional inerente ao Bacharel
em Turismo não pode ser usado por terceiros com objetivos
exclusivos de lucro, finalidade política, religiosa ou racial.
Artigo 8º - Ao profissional cabe atuar para que o desejo pelo ganho
material não se sobreponha aos fins sociais de seu trabalho que é de
interesse da sociedade da qual faz parte (MATIAS, 2002, p. 42).
Assim, o Código de Ética do Bacharel em Turismo discutido por Matias (2002)
contempla a atuação do profissional alicerçado na conduta moral, no desempenho
social e na internalização de sentimentos. Quando se volta para a grade curricular
dos Cursos de Turismo, vê-se a contribuição de disciplinas específicas misturadas
às matérias de conteúdos gerais. As disciplinas devem considerar as habilidades e
competências exigidas e, será a partir delas que se pensará em tornar prático aquilo
que ora se pretende. É com base na distribuição de matérias e assuntos que serão
discutidos ao longo do processo de desenvolvimento do futuro turismólogo que se
poderá atribuir um novo significado à sua formação. Assim, de acordo com as
diretrizes curriculares nacionais (LDB),
[...] os Cursos de Graduação em Turismo deverão contemplar, em
seus projetos pedagógicos e em sua organização curricular,
conteúdos que atendam aos seguintes eixos interligados de
formação:
I – Conteúdos Básicos: estudos relacionados com os aspectos
Sociológicos, Antropológicos, Históricos, Filosóficos, Geográficos,
Culturais e Artísticos, que conformam as sociedades e suas
diferentes culturas;
II – Conteúdos Específicos: estudos relacionados com a Teoria Geral
do Turismo, Teoria da Informação e da Comunicação, estabelecendo
ainda as relações do Turismo com a Administração, o Direito, a
Economia, a Estatística e a Contabilidade, além do domínio de, pelo
menos, uma língua estrangeira;
61
III – Conteúdos Teórico-Práticos: estudos localizados nos respectivos
espaços de fluxo turístico, compreendendo visitas técnicas,
inventário turístico, laboratórios de aprendizagem e de estágios
(MEC, 2002, p. 19).
Percebe-se que são itens que se mesclam o tempo todo. Disciplinas básicas
e complexas, objetivas com matérias mais subjetivas, que, muitas vezes, não
dependem da formação acadêmica, porém de uma formação básica – aqui seria
possível deparar-se com a hospitalidade social que de acordo com o proposto por
Lashley (2004) pode ser considerada a hospitalidade que se posiciona como o
âmbito das tradições, hábitos, crenças, valores comuns a um grupo – e outras que
são específicas da área, contribuindo para a formação de um profissional cada vez
mais eclético e, muito mais ligado em assuntos relacionados à busca de valores que
condicionem à construção de um profissional mais adequando às necessidades
prementes do mercado de trabalho.
O turismólogo precisa ter ousadia e um perfil profissional com características
fortes e decisivas, tais como: formação crítica, ética profissional, habilidade
administrativas nos diversos campos de atuação, entender o contexto histórico do
Turismo, preservar o Turismo enquanto pesquisa, no sentido de continuar mantendo
um nível de crescimento cada vez mais acentuado de produção científica (TRIGO,
2005) bem como lutar por um espaço melhor para sua profissão e outras muitas e
não menos importantes características.
Os profissionais de Turismo são os que, a partir do primeiro momento em que
escolheram o Turismo como profissão, provavelmente não voltarão a ver o Turismo
com a visão de turistas. Todas as vezes em que visitarem uma determinada
localidade, irão analisá-la com olhos críticos e aguçados. Viver o Turismo faz com
que o indivíduo passe a ter uma importante e marcante consciência global.
No contexto brasileiro, o setor de Turismo precisa, verdadeiramente, de
profissionais que vivam e compreendam as adversidades, os prazeres e angústias
que existem no mercado turístico e que, com base em planejamento e estratégia,
venham a trazer melhorias econômicas e sociais para as localidades turísticas.
De modo específico, tendo por pressuposto um perfil caracterizado pela
facilidade de comunicação com o público, pelos conhecimentos gerais e regionais de
História, Cultura e Geografia, pelo espírito de iniciativa e liderança e pela fala fluente
de, pelo menos, dois idiomas estrangeiros, esse profissional deverá estar preparado
para, além de desenvolver o potencial turístico local e regional pela noção da
62
realidade circundante, compreender todos os componentes e relações da atividade
turística, principalmente, e desenvolver a vivência e o conhecimento das relações
humanas, das relações públicas, das articulações interpessoais, com posturas
estratégicas para o êxito de qualquer evento turístico. Nota-se que o antigo
atendimento quase “robótico” tem sido bastante criticado e cedido lugar a um novo
modelo de recepção muito mais personalizado, mais acolhedor, mais hospitaleiro.
Nesse contexto é preciso que o profissional da hospitalidade tenha
uma formação básica que contenha aspectos teóricos, práticos e
éticos, visando desenvolver competências. Conforme as Diretrizes
Curriculares do Ministério da Educação, são destacados os aspectos
educacionais para a construção de competência do profissional da
hospitalidade principalmente os relacionados a teoria, prática e em
especial a ética, através de uma compreensão ética não só
profissional, mas que também deve existir na sociedade, na família,
na economia, tão ausente hoje em dia. As normas e regulamentos
éticos da hospitalidade devem abranger questões maiores como a da
cidadania, objetivando formar profissionais que colaborem para a
melhoria do ambiente e em conseqüência, uma vida melhor para si
mesmo. É perceptível em todo um elenco de características que
talvez a atitude mais importante: é preciso que o profissional da
hospitalidade desenvolva o “aprender a sentir”, pois a hospitalidade é
amizade (MELLO e FERREIRA, 2004, p. 4).
A Educação de valores não se reduz à mera informação, ao conhecimento, ou
seja, à mera cognição. Implica experiência, vivência. Quando se volta à questão da
vivência, aborda-se novamente o assunto da hospitalidade. Bicudo (1998, p. 27)
assegura que “a essência dos valores-expressões do querer, do gostar, do preferir –
é dada na esfera do emocional. É aprendido através do sentimento”. Trata-se, pois,
de um conteúdo, de uma realidade não sujeita aos meios quantitativos, mas aos
qualitativos e da experiência. É preciso que o educando vivencie e seja capaz de,
em circunstâncias de decisão, balizar-se nos valores, que seja capaz de decidir bem
para o bem. A perspectiva a respeito de uma aprendizagem baseada na leitura da
hospitalidade encontra-se justaposta a essa nova visão.
A mudança no comportamento do turista fez com que se passasse a dar mais
atenção ao cliente, aos princípios de qualidade e sustentabilidade e, ainda em
especial, uma forte inquietação com o residente, uma vez que se sabe que o
Turismo é feito sob o respaldo da comunidade local atrelada aos interesses de
todos. No que diz respeito ao perfil das pessoas que estão trabalhando no sistema
produtivo que passa a ter mais atenção quanto aos requisitos no Turismo, pode-se
63
encontrar alguns itens interessantes. Acolhimento que seja integrador e que consiga
gerar credibilidade. A hospitalidade como um diferencial no trato com o turista.
Para Collins (2002, p. 152), os Cursos que preparam pessoas para
trabalhar deveriam propiciar que as empresas oferecessem melhor
qualidade em serviços, harmonia, cooperação efetiva, trabalho de
equipe entre as diferentes organizações da indústria do Turismo,
reconhecimento da importância da sustentabilidade e
desenvolvimento de políticas e programas de Educação em Turismo
e Hotelaria (BARRETO, TAMANINI e SILVA, 2004, p. 40).
A preocupação deveria concentrar-se na formação permanente, sendo um
processo contínuo de desenvolvimento das capacidades físicas, emocionais e
intelectuais, baseado em valores morais e culturais, permitindo ao indivíduo tornar-
se um cidadão consciente e relacionar-se harmoniosamente com a humanidade. A
preocupação com o ser humano é importante e deve ser considerada como
ferramenta de trabalho.
Todo conhecimento mantém um diálogo permanente com outros
conhecimentos. Um diálogo que pode ter questionamento de confirmação, de
complementação, de negação, de iluminação de aspectos não distintos. O que deve
ser ensinado nos Cursos de Turismo e áreas afins, como a Hotelaria, por exemplo,
vai além da descrição, como forma de construir nos alunos a capacidade de
analisar, explicar, prever e intervir.
A aprendizagem é vista como decisiva para o desenvolvimento dos alunos e,
por esta razão, as matérias são didaticamente solidárias para favorecer o
atendimento desse objetivo, de modo que as disciplinas diferentes estimulem
competências comuns. Cada disciplina contribui para a constituição de diferentes
capacidades por meio da complementaridade, a fim de facilitar aos alunos um
desenvolvimento intelectual, social e afetivo mais completo e integrado. Procura-se,
por meio da interdisciplinaridade, ampliar significativamente a responsabilidade na
constituição de identidades que integrem conhecimentos, competências e valores
que permitam o exercício da cidadania e sua inserção flexível no mundo do trabalho.
Este processo de interdisciplinaridade não é uma ação pontual, ou resultante de um
indivíduo. Ele deve ser construído paulatinamente e ser continuamente
aperfeiçoado, no intuito de oferecer um benefício maior aos futuros profissionais no
setor turístico.
Dessa forma, os profissionais adquirem, por intermédio do processo
educativo, a visão do contexto turístico, de seus aspectos sociais, econômico-
64
administrativos e dos problemas atuais, integrando-os numa conjuntura de
conhecimento e aprendizagem técnico-operacional dos serviços turísticos. O
profissional deve estar ciente das mudanças relacionadas ao perfil do cliente que,
hoje, mais do que nunca, deseja participar de uma experiência prazerosa na qual se
percebe um novo modo de enxergar e viver os momentos. Essa sociedade é,
segundo Beni (2006), baseada na percepção, no imaginário e pode trazer um novo
cenário para o Turismo.
De acordo com Dencker (2004),
[...] o ser humano é um ser social e precisa dos outros para
sobreviver. Assim, isso contribui para aumentar a necessidade das
pessoas, na vida moderna, de acolhimento em equipamentos
especialmente montados com esta finalidade e nos quais se espera
que as necessidade dos indivíduos sejam atendidas. O atendimento
de necessidades como as citadas acima (acolhimento,
reconhecimento, etc), não podem ser realizadas, porém, de forma
estritamente comercial, exigem um envolvimento maior, além das
relações de mercado e que dizem respeito aos vínculos sociais,
entrando no espaço da dádiva (DENCKER, 2004, p. 3).
Dencker (2004) pontua claramente a necessidade de um aprendizado
fundamentado na exigência da realização das necessidades mais subjetivas dos
clientes, além de questões práticas e operacionais, e da importância em se
reconhecer o acolhimento.
Com o propósito de habilitar profissionais melhor capacitados para satisfazer
essas necessidades tão vistas atualmente, uma das alternativas existentes seria
contemplar, na composição de currículos, as habilidades e competências
consideradas relevantes na formação dos alunos. A metodologia aplicada aos
Cursos de Turismo e áreas afins deveria estar fundamentada na missão e nos
objetivos do Curso, uma vez que estes apresentam uma proposta que busca a
atualização pelo acompanhamento das necessidades mercadológicas e da
sociedade. No que tange ao perfil do profissional desejado, este deve basear-se em
processos didáticos que sejam avançados, promovendo o inter-relacionamento entre
os métodos e as teorias universais existentes, com as inovações e novos
procedimentos que surgem. Essa atitude proporcionaria aos alunos a análise e
reflexão entre os métodos teóricos e a prática aplicada ao cotidiano, possibilitaria
que se visualizassem os diferentes cenários de atuação, local, nacional e
internacional. Por isso, Oliveira (2005) define Educação como temática essencial no
65
mundo moderno. Para ele, não seria possível falar em cidadania sem se discutir a
conscientização da população.
A ideologia dos Cursos voltados para a concepção de profissionais aptos a
trabalharem no setor turístico precisaria acompanhar a dinamicidade e mobilidade
que caracterizam o mundo moderno, buscando garantir:
A inclusão de disciplinas que incorporem os avanços científicos,
práticas educacionais subsidiadas por estágios supervisionados, monitoria e
atividades complementares.
Uma atuação pedagógica inovadora, identificando formas
individualizadas de procedimentos pedagógicos que visem assegurar a
aprendizagem significativa de todos os alunos.
Métodos e ações vinculados às experiências profissionais e a
especificidades próprias da atividade turística.
Baseando-se nessas abordagens, o aluno terá a oportunidade de
construir e trabalhar a sua competência de relacionamento interpessoal e grupal e
aprender a usar os recursos oferecidos pelas instituições.
É indispensável, na consecução e no sucesso do processo metodológico, a
implementação da formação de uma atitude ativa no aluno, como participante do
processo de ensino-aprendizagem, como agente deste processo, no sentido de ser
instigado e estimulado, direcionado, questionado, permitindo-lhe e exigindo-lhe
ação. Outras atitudes são também requeridas, entre as quais destacam-se:
planejamento e direcionamento das atividades para o alcance desse objetivo;
provocação de conflitos cognitivos que levem o aluno a pensar, a selecionar, a optar
e conferir suas escolhas, refazendo-as se necessário; ênfase no trabalho coletivo,
organizado e dinamizado.
Assim, o processo de aquisição de conhecimento deve ser compreendido
como decorrência das trocas que o graduando estabelece na interação com o meio
(natural, social e cultural), tendo em vista a assimilação crítica e ativa de conteúdos
significativos e atualizados e utilizando uma abordagem que privilegie a dimensão
crítica e criativa.
Assim, o conceito de hospitalidade pode ser um instrumento muito importante
na construção de profissionais mais conscientes, com atitudes diferentes. Trata-se
de formar pessoas, antes de formar profissionais.
66
O futuro de qualquer campo de estudo reside parcialmente em si
mesmo e parcialmente no mundo exterior. No que diz respeito à
administração da hospitalidade, está certamente no ponto em que
poderá se desprender de sua orientação referente à atuação
profissional, começando, por exemplo, a explorar novos territórios
relacionados aos aspectos culturais, sociais e antropológicos da
hospitalidade. Isso, por sua vez, exporá mais os estudantes ao
pensamento das humanidades e os encaminhará à reflexão
(AIREY; TRIBE, 2004, p.405).
De acordo com Castelli (2005, p.180), a hospitalidade é a essência da vida
em grupo e, assim sendo, torna-se uma necessidade vital para a sobrevivência da
espécie. Acolher está inserido em no contexto histórico de maneira muito peculiar. A
história da hospitalidade remete a pontos segundo os quais ser acolhedor,
hospitaleiro, torna-se em característica divina.
A necessidade de acolhimento mais qualitativo é exigência não
somente da prática do Turismo em geral, mas principalmente dos
meios de hospedagem, pois as pessoas buscam neles tudo aquilo
que já não mais encontram no seu dia-a-dia, em especial,
amabilidade, calor humano, reconhecimento, hospitalidade e
cuidados, considerados insumos do produto hoteleiro. Os hoteleiros
que continuam considerando o viajante um estranho e que têm como
única obrigação prestar-lhe serviços tecnicamente perfeitos não são
hoteleiros. Os verdadeiros hoteleiros, são hospitaleiros, sabem
estabelecer, além de laços comerciais, elos humanos, quase
familiares, entre eles e os clientes, resgatando, dessa forma, a noção
histórica de hospitalidade (CASTELLI, 2005, p.180-181).
Mesmo que haja divergências em torno do que são os valores, há um certo
consenso quanto à sua importância e quanto ao fato de que há uma estreita relação
entre a vida humana e os valores. Esses valores são uma questão básica nas
relações sociais, pois aqueles aceitos pelo indivíduo exercem uma influência tal que
ele se acha integrado socialmente por meio deles (SCHULZ, 2005).
A hospitalidade pode ser muito mais importante do que um simples
treinamento pontual. Seria interessante conhecê-la, de forma a gerar discussões
para que se possam criar indivíduos aptos a ser competentes, reconhecendo os
valores dando-lhes sua verdadeira importância. É preciso buscar ensiná-los de
maneira que participem de todo processo, que não adquiram somente conhecimento
técnico. Ou seja, uma única maneira de realizar uma boa operação, limitando-se ao
treinamento puro e simples. Deve-se preocupar, ainda, com a auto-estima desses
funcionários, considerando sua inteligência, sua capacidade de atuar. De acordo
com Serra (2005), quando uma organização obtém a auto-estima e o
67
comprometimento de seus dirigentes e funcionários, ela se torna uma empresa
empregadora de pessoas conscientes de suas escolhas.
A preocupação com o ser humano é importante e a administração já se está
voltando para esse aspecto, considerando-o como importante ferramenta de
trabalho dentro do setor de recursos humanos, aplicando a conhecida gestão de
pessoas. O atual mercado exige uma preocupação constante com o lado humano,
colocando o indivíduo como ser que possui sentimentos, levando em conta aspectos
emocionais e subjetivos, fazendo com que o indivíduo sinta-se importante dentro do
contexto social em que vive.
Portanto, o profissional, hoje, está sendo educado para ser um cidadão, deve
levar consigo valores sociais bem definidos, como no que diz respeito aos valores
ambientais, políticos e econômicos, dentre outros. O conceito e a prática diferem da
forma como está sendo posta em várias instituições de ensino.
O cidadão deve ser formado para governar a si e os demais ao seu
redor, que, individualmente, têm diferenças, mas devem gozar de
condições de igualdade na definição dos destinos da cidade, na eco-
gestão das coisas coletivas (...). Cidadania deve prever ação dos
indivíduos na busca de participarem na definição dos seus próprios
destinos históricos. (...) passividade, não coaduna com cidadania
(MARTINS, 2000, p.41).
A Educação frente ao discurso do capitalismo é discutida por Carvalho (2004),
para entender a formação cidadã. A construção dessa qualificação profissional,
segundo os capitalistas, somente seria possível mediante a universalização da
Educação básica e de boa qualidade. Para Martins (2000) e Carvalho (2000), a
formação para a cidadania vai muito além de qualificar, de estar inserido no mercado
de trabalho. Ser cidadão é estar atuando no mercado de trabalho, sim, porém,
dentro de pressupostos básicos de igualdade, respeito, direito de opinar e com
condições dignas de remuneração. Ser cidadão, portanto, é realizar a ação,
contribuir para as melhorias dentro da empresa e da sociedade como um todo, e
isso, também, faz parte de se ter condições dignas em relação ao ambiente que o
cerca (Declaração Universal dos Direitos do Homem, art. 25 apud UNESCO, 2006).
Vivenciar momentos de hospitalidade e cidadania pode constituir-se em
caminhos interessantes para se entender um pouco da necessidade de se criar e
manter vínculos com outros seres humanos. É válido apresentar que a compreensão
sobre o fenômeno hospitalidade abrange uma série de discussões importantes e que
vão de encontro com as debilidades encontradas no mundo globalizado.
68
2.4 Diretrizes Curriculares do Curso de Turismo sob a Perspectiva da
Hospitalidade
A discussão a respeito dos Cursos de Turismo sob a ótica da hospitalidade
aconteceu quando o foco das diretrizes curriculares nacionais (2002) começou a
abordar temas relativos ao crescimento do indivíduo, muito antes da formação do
profissional dotado de técnicas eficientes de gestão. Introduzir discussões e até
disciplinas alicerçadas nesse pilar, fornecendo subsídios para que os futuros
profissionais possam ser melhor incorporados de atitudes e comportamentos éticos,
pode ser considerada uma boa opção. É nesse contexto que o conceito
hospitalidade, especificamente incluído na organização curricular dos Cursos de
Turismo, contribuiria para discussões e práticas mais imbuídas de valores. Por
conseguinte, se comprovada a melhora, seria um grande ganho para a formação de
pessoas mais profissionais em todos os sentidos.
De acordo com Barreto, Tamanini e Silva (2004, p. 76), “construir uma
proposta de ensino que concilie saber desinteressado com saber interessado
6
é,
sem dúvida, o norte filosófico-metodológico de uma nova proposta de ensino
universitário para o Turismo”.
Nessa perspectiva, vislumbra-se uma formação filosófico-humanista,
conceituada de formação para a consciência, que deve estar orientada tanto para o
presente, quanto para o futuro. Para transformar, é preciso primeiro interagir e,
assim sendo, cabe também ao ensino formar pessoas para interagir na realidade da
qual faz parte do mercado de trabalho. A discussão a respeito da hospitalidade, por
exemplo, poderia ser considerada um instrumento interessante no incremento do
ensino sobre condutas morais e éticas dentro dos Cursos de Turismo. Não seria o
caso somente de incluir uma disciplina intitulada Hospitalidade, mas de incluir a
discussão dentro da abrangência geral do Curso.
O termo hospitalidade tem sido usado, principalmente na literatura anglo-
saxônica, para designar atividades com relação à área de Turismo, Hotelaria e
Restauração, restringindo o seu conceito ao acolhimento e à oferta de hospedagem,
6
O ensino desinteressado refere-se ao ensino que propõe uma formação para longe no espaço e no
tempo, que vê a humanidade, a história, o coletivo e a garantia da utopia humana. O ensino
interessado refere-se ao ensino para adaptação, para o presencial, o imediato. (BARRETO,
TAMANINI e SILVA, 2004, p. 76)
69
alimentos, bebidas e entretenimento. Entretanto, o setor de serviços tem-se tornado
limitado e limitante, quando se trata de estabelecer o que seria um conceito
ampliado de “hospitalidade”. Estudiosos têm-se dedicado a estudar outros
parâmetros da hospitalidade, buscando ampliar os seus domínios. Dessa forma, o
campo de estudo da hospitalidade passa a “considerar a situação de todo e qualquer
indivíduo longe de seu nicho social e cultural e que busca calor e respeito humanos”
(CAMARGO, 2003, p. 22). Nota-se que a hospitalidade compreende vários níveis de
percepção que são interdependentes e devem coexistir de maneira harmoniosa.
A hospitalidade é uma forma de relação humana baseada na ação
recíproca entre visitantes e anfitriões. Sempre que os humanos se
relacionam, mesmo para a realização de atividades práticas ligadas a
receber ou visitar alguém ou um local, o relacionamento depende dos
valores daqueles que estão interagindo, ou seja, depende dos
princípios que orientam as condutas dos envolvidos na relação. A
discussão sobre a hospitalidade é muito mais do que uma simples
difusão de técnicas de bom atendimento na atividade turística, pois
depende de uma discussão prévia sobre os valores que devem
fundamentar as práticas de recepção aos turistas. Valores novos
devem ser propostos e debatidos livremente, mas nunca impostos
(PRAXEDES, 2004, p. 1).
Pensando a hospitalidade de forma analítica, criam-se dois eixos de tempo-
espaço para a delimitação do campo de estudo: um eixo cultural, que leva em conta
ações abrangidas pela noção de hospitalidade, e um eixo social, que diz respeito
aos modelos de interação social e conseqüentes instâncias físico-ambientais
envolvidas (CAMARGO, 2003).
Como modelo de prática cultural, a hospitalidade envolve recepcionar ou
receber pessoas, hospedá-las e alimentá-las. Já a noção de eixo social fica mais
clara, quando se categoriza a hospitalidade como instância social, em quatro
categorias: doméstica, comercial, pública e virtual. Os cruzamentos entre estes dois
eixos forma uma matriz que pode gerar novas abordagens. Porém, a hospitalidade
sempre será a palavra de ordem de qualquer uma dessas intercessões. A idéia é
ultrapassar sempre os conceitos mais simples e transpô-los para que se produza um
conhecimento mais complexo e mais útil na compreensão do fenômeno e na sua
utilização prática.
O individualismo desmedido tem levado as pessoas a se comunicarem mais
pessoalmente. A necessidade do contato tem sido muitas vezes imposta (Gidra,
2005). Entende-se que surge um movimento no sentido de reação da sociedade a
70
uma constante que poderia ser o isolamento, a falta de sociabilidade, a
convergência a ficar cada vez mais só.
Pensar a hospitalidade somente em seu bojo teórico dificulta o acesso prático
do fenômeno. Dencker (2004) aponta para a necessidade de um acolhimento mais
qualitativo. No entanto, operacionalizar esse “acolhimento” constitui-se em algo que
ultrapassa o universo teórico. Seria interessante colocá-la em prática. É importante
considerar que a necessidade de se compreender o conceito de hospitalidade vai
muito além de simplesmente ser um termo substantivo. Assim, a hospitalidade
poderia ser considerada, por exemplo, como atributo de quem acolhe com satisfação
os seus hóspedes. Contudo, pode-se ir mais adiante com suas definições e
conceitos, ampliando a noção de hospitalidade.
Já são muitas as discussões sobre hospitalidade, porém, um debate baseado
em um conceito simplista, que poderia se referir somente ao bom hospedeiro, ou a
uma cidade que sabe receber bem os seus turistas. Contudo, pode-se perceber a
hospitalidade como o vínculo entre os seres humanos, o elo de ligação, um pretexto
para o não isolamento. Dessa maneira, Brusadin (2003) afirma que,
[...] é necessário fornecer uma visão mais humana em que suas
ações não sejam somente voltadas para o mercado de trabalho, mas
também na essência da vida humana, isto é, relacionamentos
harmoniosos entre o homem e o mundo, com espaços que propiciem
ao homem uma vida digna, não se tornando “escravos” de um
sistema em que os sentimentos e desejos sejam os últimos fatores a
serem analisados pela sociedade; portanto, propõe-se a adoção do
termo hospitalidade com o intuito de extrapolar o mundo dos
negócios ligados à Hotelaria e ao Turismo e proporcionar uma ênfase
humanística a estes novos campos de estudo e de trabalho,
objetivando princípios e deveres dos direitos humanos (BRUSADIN,
2003, p. 1).
A hospitalidade pode ser vista de maneira interessante nesses movimentos
atuais. Souza (2005) mescla hospitalidade e responsabilidade social, atribuindo mais
uma possibilidade de aplicação desse fenômeno. A esse respeito, Grinover (2003)
observa que muitas podem ser as finalidades a que se destina a hospitalidade,
essencialmente na contribuição para a qualidade de vida do homem.
O homem, por essência, é um ser social; quando enfrenta dificuldades, ou se
os obstáculos lhe parecem insuperáveis, sai em busca de companhia e ajuda de seu
semelhante à procura de refúgio e apoio. Esse interesse pelo estudo de algo que se
refere à doação, ao carinho, à espontaneidade e ao acolhimento, vem ao encontro
71
de uma época marcada por guerras, individualismo, isolamento, massacres e
exclusão (SILVEIRA, 2004). Debater o tema “hospitalidade” sugere a idéia de
justamente buscar o contato humano, pelo anseio de manter vínculos, pelo apelo à
humanização.
Por razões históricas e sociais, o estudo do fenômeno hospitalidade
como qualidade humana fundamental que se manifesta tanto no
plano dos indivíduos quanto na esfera social, e que se encontra
enraizada no âmbito das culturas, vem se aprofundando rapidamente
e não se restringe a aspectos das relações comerciais e de consumo
entre hotéis, alojamentos e hospedeiros de um lado, e hóspedes de
outro (...) o termo “hospitalidade” é mais heurístico, abre-se à
percepção, discussão e análise dos fenômenos de uma perspectiva
muito mais ampla, que abrange o conjunto de valores, modelos e
ações presentes em todas as circunstâncias do fazer humano
objetivamente envolvidas com o ato de receber pessoas. Assim, a
noção de Hotelaria empobreceria o campo de estudo. Esse
julgamento também tem sido compartilhado por alguns outros
teóricos da hospitalidade, embora não exista, e é possível que nem
venha a existir, uma definição e um sentido únicos para o conceito de
hospitalidade, da mesma forma como não existe uma maneira única
de a hospitalidade expressar-se no plano real e objetivo, embora
alguns pesquisadores trabalhem com a idéia de alcançar uma
definição universal e unificadora desse fenômeno (GIDRA e DIAS,
2004, p. 119-120).
A hospitalidade pode ser considerada como uma forma de relação humana
baseada na ação recíproca entre visitantes e anfitriões. Sempre que os humanos se
relacionam, mesmo para a realização de atividades práticas ligadas a receber ou
visitar alguém ou um local, o relacionamento depende dos valores daqueles que
estão interagindo, ou seja, depende dos princípios que orientam as condutas dos
envolvidos na relação. A discussão sobre a hospitalidade é muito mais do que uma
simples difusão de técnicas de bom atendimento na atividade turística, pois depende
de uma discussão prévia sobre os valores que devem fundamentar as práticas de
recepção aos turistas. Valores novos devem ser propostos e debatidos livremente,
mas nunca impostos.
Ao pesquisar a importância da hospitalidade, surge a reflexão sobre a
necessidade de se criar um vínculo humano de maneira incondicional, de forma a
viabilizar o bem-estar tanto do anfitrião quanto do “hóspede”, pensando em ir além
do simples tratamento formal. A hospitalidade constitui um acontecimento ético por
excelência, devendo dizer respeito a todas as práticas de relação social que nos
permite fazer um mundo mais humano.
72
Hospitalidade é interação entre seres humanos com seres humanos
em tempos e espaços planejados para essa interação. Tudo se
passa como se a mesma camareira mencionada anteriormente nos
dissesse o seguinte: ‘A sua roupa não pode ser lavada, limpa e
passada, porque o contrato que você assinou com minha empresa
prevê que essa roupa seja entregue até um prazo que já se esgotou;
mas, como pessoa humana, entendo a sua necessidade e vou,
pessoalmente e por minha conta, oferecer esse gesto de
hospitalidade’. Daí decorre que a preparação de pessoas para a
hospitalidade seja o primeiro desafio. O atual planejamento turístico,
que, na realidade, é um planejamento da hospitalidade, deve estar
atento a muitas rubricas desse desafio: Cursos variados para
profissionais do setor, para motoristas de táxis, montagem de
estandes de orientação e mesmo de polícia turística, conscientização
nas escolas, formação de gerentes, de profissionais de hospedagem
e restauração. Mas há ainda um longo caminho até que esses
currículos sejam menos carregados de procedimentos e mais de
conscientização sobre a ‘hospitalidade’ (CAMARGO, 2004, p. 85-86).
A proposta que Camargo (2004) propõe sugere um momento de parar e
refletir. A necessidade de hospitalidade, de conscientização, como ele mesmo
coloca, é imperativa. Seria importante colocar os valores dos quais a hospitalidade
está imbuída. Nota-se a dificuldade que existe em incutir esses valores na mente
dos responsáveis por essas atividades. Hospitalidade não implica somente técnicas,
mas ponderação, concentração. Autoras como Dencker e Bueno (2003),
argumentam sobre a possibilidade de incorporar as técnicas de gestão e outras
ferramentas de administração como meios úteis para tornar espaços mais
hospitaleiros. Contudo, são unânimes em assegurar que as mudanças para tal fato
são de ordem pessoal e individual, cabendo a cada um esse momento de mudança
de comportamento. Nesse sentido, a idéia de se estudar e discutir assuntos
relacionados à hospitalidade e suas aplicações não deve ficar circunscrita somente
no âmbito teórico e filosófico. A sua aplicabilidade dentro do mercado, incluindo aqui,
instituições que se propõem a ensinar, destacando as instituições de Ensino
Superior (IES), que assumem para si o papel de formar profissionais cada vez mais
aptos ao mercado de trabalho, deve ser colocada em pauta.
Tendo em vista os fins propostos no art. 43 da LDB, a Educação Superior
deve pautar-se na formação plena do cidadão para atuar em sua área profissional e
nos processos de transformação social e ter condições efetivas de perceber a
realidade, questioná-la e transformá-la diante da problemática que emerge da
sociedade contemporânea. Autores como Castelli (2005) e Dencker (2004)
73
contribuem com suas colocações, enfocando a hospitalidade como forma de tornar
pessoas melhores, mais justas, mais solidárias.
Algumas podem ser as possibilidades de proporcionar ao futuro profissional
uma visão bem esclarecida sobre as novas necessidades do mercado e da
sociedade, dentre elas:
Propiciar ao educando uma formação sólida dos conhecimentos
básicos de sua área de estudo, pautada pelos princípios da democracia, do respeito
à pluralidade de idéias, à diversidade política, cultural e científica, possibilitando
meios para a reflexão sobre o processo de construção do conhecimento, bem como
dos seus usos no mundo do trabalho, entendido como locus das relações do ser
humano com o meio natural e social.
Contribuir para o entendimento de que o ensino deve estar centrado na
relação estabelecida entre professores e alunos percebidos como sujeitos
fundamentais para a troca de saberes, responsável pela superação do senso
comum na construção do conhecimento.
Garantir uma indissociabilidade entre os objetos a conhecer e a ação
dos sujeitos que procuram compreendê-los, possibilitando a dinâmica entre teoria e
prática.
Conceber a formação como articulação entre as competências —
técnica, científica, artística, ética e política — e a capacidade de transformar a
realidade, visando à igualdade social. Essa articulação deve ser orientada para a
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, preocupada com o domínio
dos recursos fundamentais para o exercício da profissão e para a contextualização
das questões colocadas pela sociedade contemporânea.
Uma universidade atualiza-se por meio desta capacidade histórica de estar
imersa em condições objetivas dadas, em cada tempo-espaço, mantendo-se fiel à
sua natureza e motivada pela sua vocação primeira: ser um campo de reflexão, de
crítica, de descoberta e de invenção do conhecimento novo, comprometido com a
humanização do homem e com a construção de uma sociedade democrática.
Capital humano (NAKANE, 2005), talento humano, colaboradores, todas
essas denominações podem ser consideradas nomenclaturas de uma administração
moderna, protagonizada por gestores que acreditam, ou fingem acreditar, no
verdadeiro potencial humano na eficiência e na eficácia dentro da empresa, obtendo
melhoria de resultados. Nota-se que expressões como “investir em ‘relações’ com
74
clientes e fornecedores”, “capital humano como diferencial do negócio”, “cultivar a
ética e a moral nos negócios”, “acreditar no sonho e nas pessoas que trabalham
junto com o gestor”, têm sido largamente utilizadas e, podem provocar uma atitude
interessante para uma nova abordagem de administração. O que é evidente nessas
expressões não é o seu significado lógico, mas as palavras que as compõem.
Relação, humano, cultivo, ética, sonhos, pessoas, são todos vocábulos que nos
remetem a elucubrar valores que, muitas vezes, foram postos de lado e que,
atualmente, têm vindo com uma força tão intensa, fazendo com que o encontro com
a hospitalidade seja algo possível e interessante de se discutir. Parte-se da premissa
de que o cliente não busca apenas objetos ou serviços – busca relacionamentos.
Uma vez que tratamos da gestão de pessoas, o crescimento
anunciado no setor de Turismo é particularmente interessante, pois
caracteriza uma demanda por pessoal mais qualificado para atender,
planejar e gerir a pujante indústria turística. Sendo, portanto,
auspiciosa a perspectiva de ampliação no campo de trabalho
(PIMENTA, 2004, p. 19).
A participação da subjetividade do cliente na avaliação do serviço pode ser
um bom exemplo de como a atitude de um funcionário pode exigir grande
profissionalismo. Segundo Pimenta (2004),
[...] para perceber, compreender, respeitar e atender às demandas e
características particulares dos clientes é necessário ter boas
habilidades de comunicação e até um certo grau de talento. Além
disso, o acolhimento ao cliente, fundamental para o sucesso do
produto turístico, não acontece sem profissionais com formação
adequada. E, a Educação como um todo e a formação de pessoal
para o setor, no país, têm enfrentado vários problemas (PIMENTA,
2004, p. 211).
Entretanto, a tendência de crescimento do setor turístico, pode justificar um
olhar otimista para o futuro. Apesar de problemas que afetam a falta de estímulo de
crescimento do setor, como a falta de mão-de-obra, Pimenta (2004, p. 212) pontua
“para que esse otimismo se realize, de fato, vale sempre lembrar que o empenho,
persistência, integridade, respeito e valorização das pessoas são ingredientes que
não podem faltar no cotidiano das empresas que prestam serviços”. Acredita-se que
as pessoas são determinantes na definição do destino da sociedade e responsáveis
por construir um mundo mais justo e humano. Assim, a hospitalidade e seu aporte
podem significar subsídios interessantes e importantes na construção de novos e
possíveis paradigmas.
75
A mão-de-obra, de maneira geral, no Turismo e seus segmentos, constitui-se
de um número de profissionais muito pouco qualificados. Segundo Spinelli (2002), a
área de desenvolvimento humano torna-se cada vez mais importante no
aprimoramento da qualidade de serviços na área de Turismo.
Os profissionais de hospitalidade vêm dando mais atenção às
questões éticas. Lidar com problemas de uma maneira ética envolve
determinar diretrizes de conduta no ambiente de trabalho e ajudar os
funcionários a tomar decisões éticas para superar os desafios do
futuro (CHON; SPARROWE, 2003, p.332).
O renascimento de discussões a respeito do universo da hospitalidade não
pode ser associado e atrelado a questões meramente de interesse do mercado. É
sabido que as pessoas que viajam necessitam de acolhimento, envolvimento e de
uma hospitalidade permeada não só pela superficialidade, mas também dotada de
sentimentos verdadeiros e espontâneos.
A prática de agir com superficialidade domina as relações sociais,
porém é perceptível um movimento obstativo a essa predominância.
Estamos nesse início do século XXI refletindo sobre o rumo que
nossos relacionamentos estão sendo conduzidos. A intensidade da
retomada dos estudos da hospitalidade demonstra de forma empírica
esse momento, no qual há ações até nostálgicas, de puro resgate de
uma compreensão que as pessoas diferentemente de suas criações
tecnológicas são elementos sinestésicos, inter-dependentes, que
necessitam ser acolhidos, estabelecer trocas, serem prestigiados por
suas particularidades, por suas referências de vida, por seus valores,
que não os monetários, mas sim àqueles que estão na essência da
humanidade. Não posiciono esse acontecimento diretamente
conectado ao purismo romântico da prática da teoria da
reciprocidade. A esfera global que participamos é regida por uma
ordem econômica, por uma doutrina capitalista, representada pelas
corporações que visam servir a sociedade, gerando dividendos, não
só sociais, mas principalmente financeiros. A rejeição é exatamente à
proliferação de relacionamentos alicerçados em ligações artificiais.
Uma empresa tem metas transparentes – ou pelo menos deveria ter
– assim como os diversos públicos que interagem com ela. Cientes
disso pode-se construir uma relação muito mais agradável, mais
generosa com nossa própria natureza, nossa origem (NAKANE,
2006, p. 12).
Analisando o contexto, percebe-se que a hospitalidade é um dos itens que
sinalizam para um futuro promissor, no sentido de promover um mundo mais dotado
de valores. Frente a todas essas premissas, discute-se, portanto, a contribuição que
o arcabouço teórico dos Cursos de Turismo, que são regidos pelas Diretrizes
Curriculares Nacionais pode trazer a essa nova perspectiva de operacionalizar a
hospitalidade. Essas diretrizes foram elaboradas na última reforma e traduzidas por
76
uma legislação específica, aprovada em dezembro de 1996, e, em um segundo
momento, mediante pareceres, resoluções e portarias que surgiram como forma de
regulamentar a referida lei. De acordo com Lahr (2005),
[...] essa legislação, a LDB, apresenta a necessidade de estabelecer
Diretrizes Curriculares para a Educação básica e superior
7, no lugar
do currículo mínimo antes determinado, visando com isso dar maior
flexibilidade e autonomia às instituições responsáveis pelo ensino,
competindo aos órgãos do Ministério da Educação, assim como ao
Conselho Nacional de Educação, apenas a tarefa de ‘orientar’ o
estabelecimento do currículo. Dentro dessa lógica, as Diretrizes
Curriculares devem contemplar, na sua elaboração, a definição e o
desenvolvimento de competências e habilidade, para os diferentes
níveis de ensino, assim como o reconhecimento dos conhecimentos,
habilidades e competências adquiridas foram do ambiente escolar,
podendo essas experiências ser contabilizadas para o currículo
(LAHR, 2005, p. 42).
Membros da Comissão de Especialistas de Ensino, responsáveis pela
elaboração da proposta curricular dos Cursos de Turismo, sugeriram a seguinte
estrutura dos Cursos de Turismo:
Perfil do egresso
Competências e habilidades
Tópicos de estudo
Duração do Curso
Estágios e atividades complementares
Reconhecimento de habilidade e competências extra-escolares
Estrutura geral do Curso
Disciplinas de teoria do Turismo
Além disto, o parecer em tela evidencia que as Diretrizes Curriculares
Nacionais devem observar os seguintes princípios:
1. assegurar às instituições de Ensino Superior ampla liberdade na
composição da carga horária a ser cumprida para a integralização
dos currículos, assim como na especificação das unidades de
estudos a serem ministradas;
2. indicar os tópicos ou campos de estudos e demais experiências de
ensino - aprendizagem que comporão os currículos, evitando ao
máximo a fixação de conteúdos específicos com cargas horárias pré-
determinadas, os quais não poderão exceder 50% da carga horária
total dos Cursos;
7
LDB 9394/96 art. 9º, inciso IV, e art. 53º, inciso II
77
3. evitar o prolongamento desnecessário da duração dos Cursos de
Graduação;
4. incentivar uma sólida formação geral, necessária para que o futuro
graduado possa vir a superar os desafios de renovadas condições de
exercício profissional e de produção do conhecimento, permitindo
variados tipos de formação e habilitações diferenciadas em um
mesmo programa;
5. estimular práticas de estudos independentes, visando uma
progressiva autonomia profissional e intelectual do aluno;
6. encorajar o reconhecimento de conhecimentos, habilidades e
competências adquiridas fora do ambiente escolar, inclusive as que
se refiram à experiência profissional julgada relevante para a área de
formação considerada;
7. fortalecer a articulação da teoria com a prática, valorizando a
pesquisa individual e coletiva, assim como os estágios e a
participação em atividades de extensão, as quais poderão ser
incluídas como parte da carga horária;
8. incluir orientações para a condução de avaliações periódicas que
utilizem instrumentos variados e sirvam para informar a docentes e
discentes a cerca do desenvolvimento das atividades didática (MEC,
2002, p. 3).
Ademais, de acordo com o exposto acima, as Diretrizes Curriculares de
Graduação escudam-se na lei máxima que vigora entre os Cursos. Para tal, ficou
estabelecido que cada instituição tivesse autonomia para elaboração metodológica
de seus projetos pedagógicos, desde que eles fossem orientados pelo documento
do Ministério da Educação. Apesar disso, os projetos pedagógicos do Curso de
Turismo seguem à risca um modelo já pré-estabelecido.
1. conferir maior autonomia às instituições de Ensino Superior na
definição dos currículos de seus Cursos, a partir da explicitação das
competências e das habilidades que se deseja desenvolver, através
da organização de um modelo pedagógico capaz de adaptar-se à
dinâmica das demandas da sociedade, em que a Graduação passa a
constituir-se numa etapa de formação inicial no processo contínuo da
Educação permanente;
2. propor uma carga horária mínima em horas que permita a
flexibilização do tempo de duração do Curso de acordo com a
disponibilidade e esforço do aluno;
3. otimizar a estruturação modular dos Cursos, com vistas a permitir
um melhor aproveitamento dos conteúdos ministrados, bem como a
ampliação da diversidade da organização dos Cursos, integrando a
oferta de Cursos seqüenciais, previstos no inciso I do art. 44 da LDB;
78
4. contemplar orientações para as atividades de estágio e demais
atividades que integrem o saber acadêmico à prática profissional,
incentivando o reconhecimento de habilidades e competências
adquiridas fora do ambiente escolar; e 5. contribuir para a inovação e
a qualidade do projeto pedagógico do ensino de Graduação,
norteando os instrumentos de avaliação (MEC, 2002, p. 4).
As Diretrizes Curriculares contemplam recomendações que são comuns a
todos os Cursos de Graduação situados no rol das Ciências Sociais Aplicadas,
deliberadas da Câmara de Educação Superior, abrangendo Projeto Pedagógico,
Organização Curricular, Estágios e Atividades Complementares, Acompanhamento
e Avaliação e Monografia.
Com relação às especificidades de cada Curso, a Comissão de Especialistas
definiu três critérios que os diferenciam de outros, cujas especificações e
detalhamentos atenderam à metodologia adotada, especialmente quanto ao perfil
desejado do formando, às competências/habilidades/atitudes e aos conteúdos
curriculares.
2.5 Educação nos Cursos de Turismo e o Conceito Hospitalidade
Muito da formação de valores se dá de forma implícita, subentendida, ou seja,
via meios de comunicação de massa, por intermédio das diferentes programações.
Mas também pode ser camuflada por meio da Educação formal, quando não
assumidos e clarificados.
[...] por efeito desta concepção, o planejamento curricular dos Cursos
superiores orienta-se, grosso modo, mas para a aquisição de blocos
de informação, competências e saberes profissionais do que para a
formação sócio-moral dos alunos. (LODI, 2001, p. 10).
Foram feitas várias referências a aspectos do processo civilizatório no
decorrer do tempo, para mostrar que o século XXI iniciou uma nova fase, chamada,
por alguns, de informacional, ou era do conhecimento ou era digital. O avanço da
ciência é notório. No entanto, nota-se que o homem não acompanhou o mesmo
ritmo de evolução. Verifica-se um descompasso entre o estágio da ciência, da
tecnologia e a realização do ser humano.
O Programa de Mestrado em Hospitalidade da Universidade Anhembi
Morumbi, criado no ano de 2001, veio contribuir com mais um tema que enriquece
essa discussão: conhecer as nuances da hospitalidade e, ainda, aplicar o seu
79
conhecimento no sentido de facilitar o entendimento da necessidade premente de
vivência de valores.
A tomada de consciência de si próprio ou de uma situação se forma
lentamente. A idéia de refletir sobre valores no processo educacional tem-se
ampliado sugerindo temas como os valores no mundo de hoje, a relação do
professor e esse ensino e ao que se vincula essa pesquisa, a responsabilidade da
universidade e o ensino de valores. De acordo com Schulz (2005),
[...] a qualidade e o futuro de uma instituição dependerão da escala
de valores adotada e vivenciada. Na revisão de conceitos
fundamentais, está que a pessoa humana deve estar ligada à noção
de valores por meio da Educação, levando ao humanismo sendo
aprendido na universidade (SCHULZ, 2005, p. 84).
Emerge, assim, uma concepção de homem e de sociedade, cujos princípios
remetem a um repensar do conceito de cidadania, ou, mais precisamente, de
profissional cidadão, isto é, que assume um compromisso com seu meio, com a
sociedade e seu tempo. “A cidadania não é algo pronto, mas é algo que se constrói.
E essa construção é tarefa também da escola, delineia-se nos objetivos do trabalho
da Educação” (RIOS, 2001, p. 26).
Pensar a formação do profissional cidadão exige, pois, um repensar das
práticas da instituição, em especial, das que se realizam no trabalho do pesquisador
do conhecimento e da ação do ensinar. De acordo com Barbosa (2005, p. 86),
[...] essencial, portanto se torna desmistificar a transmissão técnica
como sendo a única função da Educação. Há necessidade de pensar
e praticar o processo educacional não somente como
profissionalização ou negócio, mas como algo que apresente um
significado para o desenvolvimento (BARBOSA, 2005, p. 86).
Desenvolvimento, aqui, significaria a condição de um ambiente que gerasse
resultados positivos em prol do coletivo, do todo. Anteriormente, já havia sido
discutido, de maneira sumária, o documento elaborado por Delors (2001) a respeito
do significado de educar para o século XXI.
O Relatório da Comissão Especial em Educação da UNESCO
8
sob
coordenação de Jacques Delors, e analisado por Santarém (2004), especifica quatro
8
UNESCO: (em inglês United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization) é um
organismo especializado do sistema das Nações Unidas. A Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) fundou-se a 16 de Novembro de 1945 com o objetivo
de contribuir para a paz e segurança no mundo mediante a Educação, a ciência, a cultura e as
comunicações. Dedica-se, entre outras tarefas, a orientar os povos numa gestão mais eficaz do seu
80
aprendizagens básicas, em torno das quais deveria organizar-se o processo
educativo para responder às grandes questões da atualidade e do futuro: aprender a
conhecer, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a viver junto.
De acordo com Santarém (2004), o primeiro pilar do processo educativo seria
Aprender a aprender: Significa não só a aquisição de
conhecimentos, mas, sobretudo, a capacidade de dominar os
instrumentos do conhecimento, que, assim, poderá ser considerado,
simultaneamente, como um meio e como uma finalidade na vida
humana. Entende-se, hoje, que um espírito, para ser considerado
suficientemente formado, precisa de uma cultura geral ampla e
também da possibilidade de trabalhar em profundidade determinados
assuntos (SANTARÉM, 2004, p. 49).
Dentro dessa capacidade, os conteúdos curriculares do Curso de Turismo
permitem que as pessoas formadas saiam da esfera do conhecimento específico e
restrito à sua profissão e tenham a oportunidade de adquirir cultura geral por meio
de conhecimento em outras áreas. Os conteúdos curriculares dos Cursos de
Graduação em Turismo procuram atender, em seus Conteúdos Básicos, os estudos
relacionados com os aspectos Sociológicos, Antropológicos, Históricos, Filosóficos,
Geográficos, Culturais e Artísticos, que conformam as sociedades e suas diferentes
culturas. A cultura geral contribui para a comunicação entre as pessoas, ao permitir
a abertura para outras linguagens culturais e para o outro, sendo, portanto, uma
qualificação essencial para aquele que venha a trabalhar com Hospitalidade. É
interessante pontuar que o tempo que se trabalha com cada um desses conteúdos
deve ser levado em conta e ainda, significar tema de discussões mais abrangentes.
A formação na área da hospitalidade se dá, nos dias de hoje, de forma muito rápida.
Seria necessário rever a carga horária e os conteúdos realmente necessários para
uma boa formação básica.
Dentro dos Conteúdos Teórico-Práticos, estão os estudos localizados nos
respectivos espaços de fluxo turístico, compreendendo visitas técnicas, inventário
turístico, laboratórios de aprendizagem e de estágios. Assim, além dos aspectos
descritos acima, pode-se considerar como parte do “aprender a aprender” os
programas de estágios supervisionados, nos quais os alunos aperfeiçoam suas
próprio desenvolvimento através dos recursos naturais e dos valores culturais, com a finalidade de
obter o maior proveito possível da modernização, sem que por isso se percam a identidade e
diversidade culturais. <http://www.pt.wikipedia.org/wiki/UNESCO>
81
técnicas e habilidades. Esses programas são ferramentas importantes para o
aprendizado, uma vez que os alunos são orientados a observar comportamentos e
atitudes positivas e negativas no local de trabalho, e, assim, aprender como viver em
uma sociedade pluralista e multicultural, mediante a troca de experiências de vida.
Visitas técnicas a empresas do setor também fazem parte do processo de
conhecimento e têm como objetivo fazer com que o aluno tenha contato com o
mercado de trabalho e, assim, ter condições de perceber suas inclinações e
preferências ao avaliar diferentes áreas do conhecimento. Nesse sentido, algumas
exigências quanto a habilidades e competências podem ser identificadas, tais como
domínio de técnicas de tratamento de informações geográficas, históricas, artísticas,
esportivas, recreativas e de entretenimento, folclóricas, artesanais, gastronômicas,
religiosas, políticas e outros traços culturais, como diversas formas de manifestação
da comunidade humana, além da compreensão da complexidade, onde os setores
de Turismo e entretenimento encontram ambientes propícios para se
desenvolverem. O segundo pilar educativo seria
Aprender a fazer: Ao se considerar que o progresso técnico modifica
continuamente as qualificações exigidas pelo mercado e
considerando, ainda, que qualidades relativas ao “saber ser” se
tornam cada vez mais exigidas, juntamente com o saber fazer, para
compor as competências, é fundamental que a Educação invista no
desenvolvimento de qualificações comportamentais, pois serão
competências como capacidade de comunicar-se de trabalhar e se
relacionar com os outros, de resolver conflitos e servir aos outros é
que farão diferença frente às disfunções e defasagens que o
tecnicismo provoca (SANTARÉM, 2004, p. 49).
Aqui se percebe que os Conteúdos Específicos são contemplados pelas
disciplinas do Curso de Graduação em Turismo e se referem a estudos relacionados
à Teoria Geral do Turismo, Teoria da Informação e da Comunicação, estabelecendo,
ainda, as relações do Turismo com a Administração, o Direito, a Economia, a
Estatística, e a Contabilidade, além do domínio de, pelo menos, uma língua
estrangeira. Pode-se dizer que aqui se encontra o grande desafio dos Cursos de
Turismo que, ao mesmo tempo em que procuram uma formação mais generalista,
pontuam a formação específica. É preciso entender que o mercado necessita
desses dois perfis e que assim, os cursos em questão, devem se adaptar à essa
realidade.
Apesar de esses dois pilares, “aprender a aprender” e “aprender a fazer”
estarem estreitamente ligados, o pilar “aprender a fazer” está mais relacionado com
82
a formação profissional específica da área. Mesmo assim, a questão é mais
complexa, ao se pensar na necessidade de ensinar o aluno a colocar em prática
seus conhecimentos específicos e, ao mesmo tempo, prepará-lo para se adaptar a
outras funções, tirando o caráter de especialidade que poderia restringir sua
capacidade. Por exemplo, apesar de ser importante a formação técnica de como
fazer uma “mise-en-place
9
”, não se pode deixar de levar em conta a criatividade
pessoal como um meio aglutinador de qualidade profissional do aluno. Dentro desse
contexto, o “aprender a fazer” não pode ser considerado somente como ensinar uma
tarefa material a alguém, mas, também, desenvolver no aluno a confiança
necessária para lhe dar coragem de executar, de correr riscos, de buscar a perfeição
por meio de erros e acertos e, desse modo, aflorar sua criatividade. O mercado atual
da hospitalidade tem buscado a personalização das tarefas em substituição à
padronização das mesmas como um meio de agregar valor aos estabelecimentos e,
assim, se diferenciar da concorrência. Dessa forma, os empregadores estão
mudando o foco do profissional — da competência material para uma competência
que mistura qualificação — adquiridos pela formação técnica e profissional, pelo
comportamento social que implica aptidão para trabalho em equipe, e pela
capacidade de iniciativa e criatividade. A pessoa passa a ser um agente de mudança
no ambiente de trabalho, e, nesse sentido, algumas habilidades e competências
podem ser analisadas como preferenciais para suprir essas necessidades:
- intervenção positiva no mercado turístico, de forma a inserir-se em espaços
novos, emergentes ou inventariados, o domínio de métodos e técnicas de estudo de
mercados turísticos, para identificação dos prioritários, dentre outros exemplos. O
terceiro pilar educacional é descrito por Santarém como
Aprender a ser – Afirmar que o papel da Educação é contribuir para
o desenvolvimento integral da pessoa significa que esta pessoa –
assim educada - deverá ser capaz de discernir, de pensar
criticamente, de tomar suas decisões por si mesma, e desenvolver
sua capacidade intuitiva, sua criatividade, seu equilíbrio emocional e
sua espiritualidade, aspectos tão necessários no mundo que sofre
ameaças constantes de contra-valores prontos para destruir o ser
humano e o planeta (SANTARÉM, 2004, p. 50).
9
Mise-en-place - Expressão de origem francesa significa “arrumação, colocação em ordem.”
(CASTELLI, 2003, p. 312)
83
Pode-se afirmar que a competência profissional considerada “ideal” é um
somatório do “saber fazer” e do “saber ser”. O setor de serviços e, dentro dele, o
Turismo, tem exigido pessoas capazes de se comunicarem, de saber trabalhar em
equipe, e de administrar conflitos. Formar qualidades humanas no sentido de
estabelecer relações estáveis entre as pessoas é uma das competências da
Educação para a hospitalidade, que não estão sendo contempladas na formação
tradicional, como foi amplamente discutido nos capítulos anteriores. Pode-se afirmar
que o auto-conhecimento é um dos principais aspectos abordados pela metodologia
utilizada para se chegar ao “saber ser”, uma vez que é importante que o aluno
conheça a si mesmo para ter condições de descobrir seus talentos individuais.
Acredita-se que somente a partir do conhecimento de si próprio é que o indivíduo
poderá ter empatia, ou seja, colocar-se no lugar do outro para, assim, conhecê-lo e
compreender suas reações. Nesse sentido, entende-se que a ampliação do olhar e,
conseqüentemente, da consciência, faz com que o aluno entenda o sentido de todas
as coisas por uma outra perspectiva e que essa formação reflita em seu
comportamento social ao longo de sua vida. Entender as várias etnias e religiões, os
vários rituais e costumes dos povos permite ao aluno perceber que, embora esses
mesmos povos vivam de forma diferente, deve-se respeitar e aceitar o outro como
ele é, sem critérios de julgamento considerados certos ou errados. Isso contribui
para diminuir preconceitos e hostilidades nos seus relacionamentos e é pertinente à
proposta principal de hospitalidade: a acolhida ao estranho.
A Educação para o “ser” contribui para a formação do aluno de forma integral,
uma vez que procura desenvolver nele qualidades subjetivas, tais como,
fraternidade, solidariedade, cooperação, harmonia, respeito, responsabilidade
pessoal e social, além de fortificar seus princípios éticos e, consequentemente, sua
auto-estima. Santarém (2004, p. 97) afirma que os “momentos de plenitude”, ou os
melhores momentos vividos pelos indivíduos são marcados por valores éticos ou
espirituais. Segundo o autor, os seres humanos se realizam plenamente quando tais
valores se concretizam em sua vida.
Não há, dentre os conteúdos curriculares dos Cursos de Graduação em
Turismo, um que atenda a essa área específica. Pode-se notar, entretanto, que
alguns itens entre as competências e habilidades procuram atender a formação de
valores éticos e interpessoais, que, no entanto, não podem ser considerados
conclusivos ou abrangentes, tais como a vivência de relações humanas e públicas,
84
das articulações entre pessoas, indispensáveis ao êxito de qualquer evento turístico.
O último dos pilares, e, talvez, o mais importante para o profissional de Turismo é
Aprender a viver juntos: Cada vez mais se prioriza o espírito de
competição e a busca do sucesso individual. Considerando os
objetivos da Educação, é preciso enfatizar sobre a urgência de que
todas as pessoas tomem consciência das suas semelhanças e da
interdependência que há entre todos os seres do planeta
(SANTARÉM, 2004, p. 50).
O desafio da convivência apresenta-se para todas as pessoas, em todas as
profissões. Sabe-se que os indivíduos precisam utilizar a ética em seus diversos
processos decisórios, e em seus inúmeros relacionamentos. Os valores éticos têm
sido requisitados como competência inerente ao bom profissional e se traduzem,
entre outras formas, em saber trabalhar em equipe, em atender bem ao cliente, em
adotar posturas inovadoras e desenvolver ações solidárias e cidadãs, na busca de
uma sociedade mais justa e igualitária.
Considerando que Turismo é uma atividade que pressupõe uma capacidade
de auto-doação responsável e consciente, faz-se necessária a Educação em valores
que a atividade exige. Essa abordagem é dirigida a pessoas preocupadas com
grupos e com o que pode dar errado com organizações e grupos.
Segundo Berne (1977), em trabalhos com grupos, vários estratagemas e
procedimentos são administrados para garantia de bons resultados. O mundo físico
requer habilidades especiais e a cultura técnica de uma sociedade. A situação social
é mantida por meio da etiqueta do grupo, que normalmente é baseada em um
contrato social que inclui permissões e não-permissões, o que pode ser reforçado, o
que não deve ser desencorajado, dentre outros pontos. É um tipo de sistema ético,
baseado geralmente em tradições estabelecidas, naquilo que é passado de pais
para filhos nas famílias, nos rituais de saudação, em costumes de hospitalidade, na
própria hospitalidade e na pontualidade. O sistema varia de acordo com a
sociedade.
Em suma, de acordo com o que foi descrito neste capítulo, a abordagem a
respeito da hospitalidade torna-se relevante, pois traz em bojo aspectos
relacionados com grandes áreas, que seriam: turismo sustentável, a
socioantropologia e conteúdos de gestão. Tais aspectos têm condições suficientes
de ser abordados dentro dos tipos de conteúdos contemplados nos projetos
pedagógicos dos Cursos de Turismo, tais como emoção, ética, valores, etc.
85
3 O CURSO DE TURISMO DO CENTRO UNIVERSITÁRIO DO
PLANALTO DE ARAXÁ – UNIARAXÁ E O CONCEITO DE
HOSPITALIDADE
Como já citado anteriormente, autores como Pourtois e Desmet (1999),
Hultsman (1990), Vallen e Cassado (2000) colocam a importância da discussão a
respeito de valores dentro da formação do aluno no setor de Turismo. Beni (2003)
ainda pontua a fragilidade dos projetos pedagógicos que foram criados unicamente
para atender um requisito do Ministério da Educação, e que não prioriza a formação
desse profissional. Além desses fatores, verifica-se, ainda, que uma das principais
causas das demissões dos empregados nas empresas é de natureza
comportamental, ou seja, provocada por desvios de conduta e não necessariamente
por deficiências de habilidade técnica e domínio de tecnologia. Segundo Santarém
(2004), liderança, formação de equipes, parcerias, negociações, serviços à
sociedade e cuidado com o meio ambiente são qualidades prioritárias para os atuais
profissionais, uma vez que os problemas organizacionais abrangem aspectos
concernentes ao relacionamento humano que ultrapassam a relação capital x
trabalho.
Pimenta (2004) pontua que a Educação como um todo e a formação de
pessoal para o setor turístico têm enfrentado vários problemas, uma vez que o
acolhimento ao cliente, fundamental para o sucesso do produto turístico, não
acontece sem formação profissional adequada. E é dentro desse pensamento que a
proposta e a discussão deste trabalho se inserem, ao propor que o debate a respeito
do conceito de “Hospitalidade” e de valores como os já citados (ética,
responsabilidade) nos currículos universitários dos Cursos de Turismo pode
representar um fator agregador na qualificação dos futuros profissionais do setor
turístico.
Nesse sentido, o Centro Universitário do Planalto de Araxá – UNIARAXÁ,
instituição de Ensino Superior localizada na cidade de Araxá – MG, tem trabalhado
no fomento das qualidades e virtudes da “Hospitalidade” em seus alunos no Curso
de Turismo, no que diz respeito à formação de uma conduta diferenciada. Apesar de
a discussão a respeito do conceito de hospitalidade não ocupar somente uma
disciplina e, sim, toda a organização curricular, consta em sua matriz de matérias a
86
disciplina denominada “Hospitalidade”, que tem procurado desenvolver algumas
habilidades e competências que não estão explicitadas nos conteúdos curriculares,
tais como autocontrole, compaixão, disciplina, consciência ambiental, ética,
capacidade de influenciar pessoas, entre outras. Dentre as diretrizes que norteiam a
formação do profissional de Turismo, pode-se destacar a que prevê a “integração
nas ações de equipes interdisciplinares e multidisciplinares interagindo nos
diferentes contextos organizacionais e sociais” (PROJETO PEDAGÓGICO DO
CURSO DE TURISMO, 2003, p. 19). No entanto, os conteúdos curriculares não
mencionam quais as ferramentas e técnicas necessárias para que essa integração
se dê na prática cotidiana. Por isso, nota-se nessa instituição o interesse em tornar
possível essa integração de contextos organizacionais e sociais, no que diz respeito
à formação de seus alunos em um âmbito geral. Em seu Projeto de
Desenvolvimento Institucional (2003), um dos objetivos prevê a formação de
cidadãos conscientes de seus atos e de suas responsabilidades no mundo que os
rodeia.
Quando se propõe a justificar o Curso de Turismo na cidade de Araxá, é
válido notar o potencial turístico do município, mesmo sendo ele subutilizado. O
Curso foi criado baseado na necessidade de se formar profissionais aptos a lidar
com o Turismo na cidade de Araxá e região, que, desde a década de 1940, com a
inauguração do Grande Hotel do Barreiro, com raríssimas exceções, não conta com
o profissional adequado. Apesar de possuir atrativos turísticos e de provocar
entusiasmo com a maravilha do hotel, Araxá não se pode dizer uma cidade turística
na total acepção da palavra. Essa é uma discussão interessante, no entanto, busca-
se aqui, pontuar a qualificação e formação desse profissional que, possivelmente,
trabalhará com uma estrutura, que, para muitos, carece de indivíduos realmente
prontos para o desenvolvimento do Turismo local e regional.
No que tange ao Turismo no Estado de Minas Gerais, nota-se que a
Secretaria Estadual de Turismo de Minas Gerais, quando foi criada, em 1999, teve
como primeira tarefa definir a área de abrangência da atividade que, pelas
intervenções anteriores, restringia-se às cidades históricas e às estâncias
hidrominerais. Naquele momento, Araxá foi considerada uma cidade vantajosa,
devido à sua posição de estância hidromineral. Viu-se de imediato que os produtos
turísticos de Minas precisavam ser renovados e que seria preciso criar novas
ofertas, adequando-as às exigências do visitante. Esse diagnóstico foi seguido da
87
preocupação em envolver no Turismo outras áreas, sem as quais a atividade, em si,
ficaria prejudicada. Essas áreas dizem respeito à infra-estrutura viária e hoteleira, ao
saneamento básico, à preservação ambiental e à qualificação profissional, entre
outras.
3.1 Visão geo-histórica, econômica e social de Araxá
Antes tudo era somente uma grande extensão de terras rurais.
Depois foi demarcado o patrimônio religioso e construída a primeira
Igreja Matriz de São Domingos do Araxá. A paisagem urbana
começou a ser delineada a partir do antigo largo da Matriz, de onde
saíram ruas estreitas. Algumas delas atingiram espaços que se
transformaram em praças, outras tornaram-se avenidas como a atual
Avenida Antônio Carlos. Em meio ao rural e ao urbano, aos poucos
foram definidos os espaços a serem ocupados, primeiro pelo poder
eclesiástico e, depois, pelo poder público e pelo cidadão. Como
tantas outras cidades, assim nasceu Araxá (Autor desconhecido
apud LIMA, 2003, p. 33).
A história de Araxá apresenta alguns aspectos específicos que despertam
atenção, encantamento, curiosidade e, até mesmo, estimulam o imaginário daqueles
que por ela se interessam ou que com ela se identificam (FONSECA, 2005, p.
87).Está localizada na parte da região mineira denominada Mesorregião Triângulo
Mineiro/Alto Paranaíba, com uma população de 84.689 habitantes, de acordo com a
estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia estatística – IBGE, publicada no Diário
Oficial em 31/05/2005 (FONSECA, 2005, p. 88).
88
Figura 1 - Vitral Termas
Fonte: Arquivo pessoal, 2005.
Da sua origem indígena, Araxá herdou o próprio nome que, em tupi-guarani,
significa “de um lugar alto onde primeiro se avista o sol” (LIMA, 2003, p. 4). Araxá foi
um dos primeiros núcleos de ocupação das atuais regiões do Triângulo Mineiro e
Alto Paranaíba. O município apresenta, em sua formação geológica, algumas
riquezas minerais como as águas sulfurosa e radioativa. Assim, a cidade conta com
o Parque das Águas Minerais, localizada na região do Barreiro, justamente em
função da existência de lamaçais, cuja lama também é dotada de propriedades
medicinais (LIMA, 2003, p. 5).
Mas foi a figura feminina de Ana Jacinta de São José, conhecida como Dona
Beja, que marcou a história de Araxá, tornando-se lenda devido à sua beleza e ao
prestígio político que desfrutou em sua época. Dona Beja foi uma mulher que
escandalizou a sociedade araxaense, no século XIX, por transgredir os padrões de
comportamento da época.
A vida de Dona Beja, suas histórias reais ou lendárias se confundem
com a própria história do lugar. Durante toda sua vida, exerceu
grande influência sobre os homens poderosos do lugar, alcançando
grande riqueza. Foi uma mulher que desafiou seu tempo, numa
sociedade patriarcal que a condenou, mas que pela coragem e
ousadia, exerceu à época e exerce até os dias de hoje, um fascínio
sem precedentes (ROSA e NEGRÃO, 2004, p. 33)
.
Dona Beja era uma cortesã luxuosa que vivia cercada de escravos. Era uma
negociante poderosa e respeitada na cidade. Diziam que um dos costumes de Dona
89
Beja era banhar-se numa fonte próxima a Araxá, cujas águas seriam o segredo de
sua estonteante beleza. O museu Dona Beja tornou-se uma das grandes atrações
turísticas de Araxá. Localizado na região central do município, foi transformado em
museu em 1965, por Assis Chateaubriand (LIMA, 2003). O casarão onde viveu a
bela cortesã reúne, hoje, os poucos pertences que restaram dessa personagem tão
importante na história de Araxá. Há objetos e móveis dos tempos da Colônia e do
Império, documentos históricos e salas especiais que revelam diferentes momentos
da história araxaense.
Figura 2 - Museu Dona Beja
Fonte: Arquivo pessoal, 2005.
O crescimento araxaense, o que chamam de potencialidade turística do
município e a necessidade de atrair novos visitantes, torna-se objeto de bastante
interesse. Vários são os questionamentos a serem feitos a respeito do que o
Turismo significa para a cidade.
A localização de Araxá privilegia a captação de mercados emissores do
Centro-Sul do País, bem como potencializa a atração de turistas dos demais países
do Mercosul. Para uma demanda segmentada, que vem passando por modificações
e apresentando novas necessidades além de um tratamento termal, a cidade possui
tradição na arte receber seus hóspedes, oferecendo uma estrutura de serviços e
atrativos, completando a estadia dos turistas com opções de lazer e entretenimento.
Como estância hidromineral, Araxá tem investido na atividade
turística, através da reciclagem de pessoal de Turismo e da área de
90
hotéis e restaurantes. Não é só o Parque do Barreiro que vive o
Turismo de Araxá. A cidade tem muitos hotéis e atrativos que tornam
Araxá muito interessante (MARTINS, 2001, p.50).
Potencialmente, a cidade conta com um produto turístico dinâmico que tem
seu início na utilização dos recursos hidroterápicos, mas que apresenta condições
de expandir-se. A citação desses estudos pioneiros justifica-se pela importância que
o uso das águas adquire dentro do processo de crescimento da cidade.
Em fins dos anos 1920, a Casa de Banhos justificava o considerável
número de hotéis no Barreiro e na cidade. Em um e outros lugares,
as transformações ganhavam vigor. Os automóveis aguardavam os
aquáticos para conduzi-los pelos caminhos da estrada velha (LIMA,
2003, p. 51-52).
Há quem pense que a inauguração do Complexo Turístico do Barreiro, com o
ilustre descerramento da placa pelo presidente Getúlio Vargas na rotunda das
Termas, tenha sido o marco da vida turística de Araxá. Na realidade, aquele 23 de
abril de 1944 simbolizou o coroamento de uma vocação que se manifestava desde
1890, aproximadamente.
A cidade recebeu, no ano de 1819, pesquisadores europeus que
analisaram cientificamente os recursos naturais existentes na região
do barreiro (nome originado da lama, levada pelas águas de fontes
minerais), e mencionaram algumas características das águas:
“límpidas, de cor avermelhada” e com cheiro que lembrava o de
“ovos podres”. Com o estudo do valor terapêutico das águas, novas
possibilidades forma apontadas para a sua utilização, o que
representou uma alternativa para o tratamento da saúde do corpo.
Através do primeiro estudo geológico da região do Barreiro e da
primeira análise química das águas, e de um trabalho científico com
o título “Estudos das Águas Minerais” apresentado à Academia
Nacional de Medicina no ano de 1890, o município pôde avançar o
seu processo de crescimento em direção ao local das fontes
hidrominerais (FONSECA, 2005, p. 93).
Os estudos sobre as águas sinalizaram para as possibilidades do seu uso no
tratamento de doenças, para a fabricação de produtos industriais como os
sabonetes de lama e sulfuroso e para a transformação de Araxá numa estação de
cura e veraneio. É neste sentido que a cidade e o Barreiro vinham preparando-se
desde o final do século XIX. A transfiguração de Araxá em uma estância modelo,
equiparada aos seus pares europeus, povoava o imaginário da população, com
algumas pretensões. Com os atrativos turísticos centrados no termalismo, o objetivo,
naquele momento, foi tornar o Parque do Barreiro, sua principal atração turística,
conhecido internacionalmente. A sua sofisticação é visível nas etapas que foram
91
desde a construção aos efeitos decorativos. Revelava o desejo de fazer dela “a
maior e mais bela estância hidromineral do continente” (FONSECA, 2005, p. 94). O
próprio slogan explicitava a política do momento de estimular o nacionalismo e
despertar os valores próprios. Os painéis artísticos das Termas e do Grande Hotel
foram trabalhados com forte temática histórica, resgatando as tradições mineiras.
Figura 3 - Vitral Termas
Fonte: Arquivo pessoal, 2005.
A construção da Grande Hotel gerou grande impacto na população diante um
monumento tão suntuoso. O Complexo Turístico do Barreiro, por sua grandiosidade,
ainda hoje impressiona Araxá e seus visitantes.
Durante 50 anos, todo o Complexo Turístico do Barreiro alternou
momentos de esplendor com outros de sintomática decadência.
Depois do fechamento pelo Governo de Minas Gerais em 1994,
passou por uma restauração cujas proporções coincidem com a
dimensão do bem cultural que representa (ROSA e NEGRÃO, 2004,
p. 36).
Assim, Araxá passou por vários aspectos importantes quando se trata de sua
“vocação” turística. Acredita-se ser necessário um esclarecimento sobre a questão
do termalismo e sua importância dentro do contexto da hospitalidade na cidade e, a
partir daí, a discussão sobre os âmbitos da hospitalidade na localidade.
92
3.2 Termalismo e hospitalidade mineira
O uso de águas minerais no Brasil data de 1813, quando foi descoberta, em
Santa Catarina, uma fonte denominada Caldas da Imperatriz, que hoje pertence ao
município de Santo Amaro da Imperatriz (AULICINO, 2001, p. 68). Em assunto tão
abrangente e importante, tanto para a indústria turística como para a área médica,
nota-se que o público desse tipo de atração não é mais formado apenas por idosos.
O Turismo de saúde mudou fundamentalmente seu conceito e,
[...] atinge quantidade cada vez maior de pessoas. De uma forma ou
de outra, o termo estância sempre esteve associado à questão da
saúde e do repouso e, posteriormente, ao Turismo, muito em razão
dos deslocamentos e da infra-estrutura que implicam atendimento
coletivo e público desses objetivos (AULICINO, 2001, p. 69).
Sabe-se que os estudos relacionados às águas termais, ou seja, estudos
sobre o termalismo, têm-se tornado cada vez mais constantes tanto em áreas afins
do Turismo, quando se coloca como um grande atrativo e, em áreas médicas, como
fonte alternativa de tratamento. Por muito tempo, a água atuava como fonte de
energia e era estimuladora do sistema imunológico. Durante muitos anos, o
termalismo esteve ligado exclusivamente ao tratamento de saúde, principalmente do
público feminino e idoso, um público considerado bastante reduzido. Hoje, essa
visão sofreu várias mudanças. Nas estâncias, em geral, tem ocorrido um grande
aumento do número de jovens e adultos. Mulheres e idosos são dois dos segmentos
de consumidores que mais crescem no mundo, tanto pela emancipação econômica
da mulher quanto pelo envelhecimento da população. O termalismo já é prática
médica reconhecida pela Organização Mundial da Saúde e sempre exerceu forte
fascínio sobre o homem, sendo a mais antiga opção natural de saúde, bem-estar e
prazer. Obviamente, esses benefícios são muito valorizados pelos habitantes dos
grandes centros urbanos, fortemente afetados pelas pressões da vida moderna.
O termalismo, além de propiciar bem-estar, representa um aumento de renda
e de empregos na região onde é desenvolvido. No Brasil, dezesseis estados
possuem águas hidrominerais. Existem — apesar de em pequeno número, em
comparação a outros países — balneários, spas, clínicas especializadas, parques
aquáticos e termas. Atualmente, as estâncias tornaram-se um grande nicho de
mercado para a indústria turística. Esses locais interessam também a médicos,
estudantes de Medicina, terapeutas, técnicos de balneários e nutricionistas. No
93
Brasil, operam cerca de 50 estâncias hidrominerais e hidrotermais, deste total, onze
em Minas Gerais, onde se encontra a cidade de Araxá.
O termalismo pode ser considerado como um dos caminhos do
desenvolvimento de estâncias hidrominerais que estavam em decadência. Araxá
pode ser um exemplo vivo de tal fato. Desde o fechamento das portas do hotel até
sua reinauguração, a cidade se fechou para o Turismo. Com a retomada do
Turismo, pode-se notar que o termalismo funciona como o atrativo principal da
estância em questão.
Com o correr do tempo, por um lado pela permissão de
funcionamento de cassinos e, por outro, pela necessidade de
descanso semanal e férias, como recuperação da capacidade de
trabalho das populações dos grandes centros urbanos, as estâncias
tornaram-se para alguns estados verdadeiros oásis dentro de seus
territórios, por serem locais de lazer, distração, recreação, ar puro,
contato com a natureza, originando um afluxo de população flutuante
a que chamamos “Turismo-veranista”. Com a limitação dos jogos de
azar e fechamento de cassinos no Brasil, após a segunda grande
guerra, o afluxo de turistas às estâncias diminuiu consideravelmente
e alguns anos se passaram para que se conseguisse a gradativa
recuperação. De qualquer forma, permaneceu a finalidade precípua
das estâncias, como localidades apropriadas para tratamento de
saúde, descanso, distração (PUPO, 1974, p. 37-38)
.
A vocação para o Turismo no município de Araxá provocou a incorporação de
um caráter cosmopolita às características essencialmente tradicionais. Na década
de 1940, a transformação do Balneário do Barreiro em pólo turístico elevou o
Turismo de Araxá ao seu apogeu. Nesse auge do Turismo, Grande Hotel, Termas,
fontes e jardins representaram o coroamento da utilização das riquezas naturais,
iniciada há muito tempo (LIMA, 2003, p. 22).
A construção, projetada por Luiz Signorelli sob forte influência da
arquitetura italiana e do estilo Missões, reúne o que há de mais
refinado na época: vidros bisotados, mármore de carrara, lustres de
cristal e grandes salões de baile. O paisagismo é de Burle Marx. Ao
lado do hotel, ligado por uma galeria suspensa de cerca de cem
metros, estão as Termas de Araxá – onde se aproveitam os efeitos
terapêuticos das fontes radioativa e sulfurosa. Com todo esse
esplendor e abrigando ainda um cassino (que funcionou até 1946,
quando o jogo de azar for proibido no Brasil), o hotel rapidamente se
tornou um grande centro de eventos políticos e de encontros sociais.
Por ali passaram, por exemplo, todos os presidentes brasileiros (à
exceção de Fernando Henrique Cardoso) e todos os presidentes de
países da América Latina até a década de 70. O Grande Hotel
também recebeu os craques Pelé, Didi, Garrincha e Zagalo, durante
a preparação para a Copa de 58, na Suécia (LIMA, 2003, p. 63).
94
É interessante observar o quanto Araxá poderia ser um local respaldado pelo
Turismo, devido às suas atrações e tradição em se caracterizar por ser uma cidade
hospitaleira, de gastronomia famosa, tendo como cartão de visita a estância do
Barreiro, sendo considerado pelo poder público um dos pilares da economia local,
não desenvolver-se proporcionalmente à sua estrutura. É visível a necessidade de
se integrar o município com o Turismo. Percebe-se, aqui, mais uma vez, que a
hospitalidade local pode ser um dos possíveis caminhos para que a cidade seja
conhecida por ser uma localidade acolhedora, desde o abrigo dos imigrantes, até
seus clientes com o advento do Turismo na cidade.
Somente no final do século XIX é que o processo imigratório se
acelerou. Enquanto no país se praticava a política de incentivo à
imigração, como alternativa de mão-de-obra na economia cafeeira, a
possibilidade de que Araxá pudesse se transformar numa estância
hidromineral de renome atraía também muitos estrangeiros
(MARTINS, 2001, p. 59).
Vive-se em um mundo cuja busca pelo resgate ao acolhimento, à simplicidade
e ao bem receber tem-se feito de maneira incessante. Pode-se pensar nesse
sentido, na importância do conceito de hospitalidade dentro do contexto do
município de Araxá.
Por essas razões, pode-se dizer que o UNIARAXÁ integra-se a esse contexto
geo-histórico participando, de maneira efetiva, por meio da Educação, com a oferta
de doze Cursos de Graduação e três de Pós-Graduação, nas áreas de Educação,
Saúde e Ciências Sociais Aplicadas, contribuindo para o desenvolvimento da região.
Portanto, pela riqueza cultural da região em que se situa, o UNIARAXÁ é
considerado como o locus institucional apropriado para a implantação e
implementação do Curso de Turismo, que vem, ao longo do tempo, tornar-se um
campo de investigação e atuação para a população que pretende seguir carreira na
área em questão. Mais uma vez, vê-se que a justificativa para que haja o Curso de
Turismo se torna cada vez mais plausível. Dessa forma, entende-se que o Curso
Superior de Turismo do UNIARAXÁ, de acordo com seu respectivo projeto
pedagógico, deve formar profissionais com um objetivo específico: a formação de
um cidadão e de um profissional atuante em um mercado competitivo e em
constante transformação, nas diversas áreas da atividade turística (PROJETO
PEDAGÓGICO DO CURSO DE TURISMO, 2003, p. 17).
95
Além dessas considerações sobre a existência e o objetivo do Curso de
Turismo do UNIARAXÁ, este ainda tem como meta projetar a instituição em novo
universo cultural, econômico, político e social como promotor de oportunidade de
formação acadêmica que valoriza a relação cultura, ambiente, Educação,
possibilitando desenvolver no aluno o espírito crítico, criativo e empreendedor (PDI,
2003, p. 5). Dessa maneira, a instituição em questão – UNIARAXÁ – pode ser
considerada como um local que valoriza o aluno e sua formação geral, englobando
fatores de formação técnica e humana.
3.3 Centro Universitário do Planalto de Araxá – UNIARAXÁ
A região do Alto Paranaíba é uma localidade que se particulariza, em Minas
Gerais, por sua cultura, por sua história, por seu empreendedorismo e pela
integração de suas comunidades. Neste cenário, pode-se dizer que a Educação
ocupa espaço privilegiado. A história do Centro Universitário do Planalto de Araxá –
UNIARAXÁ fez parte de todo esse processo. Em 14/05/2002, por ato do Governador
do Estado de Minas Gerais, Itamar Gautiero Franco, por meio do Decreto nº 42.583,
as Faculdades Integradas do Alto Paranaíba – FIAP foram transformadas em Centro
Universitário do Planalto de Araxá – UNIARAXÁ (PDI, 2003).
O Centro Universitário do Planalto de Araxá é uma instituição de Ensino
Superior que, por intermédio da Educação, busca a valorização do homem em sua
dimensão integral com a finalidade de realizar suas aspirações maiores que lhe
conferem a identidade no tempo e no espaço, como agente de transformação social,
na construção de sua história (PPI
10
, 2003, p. 6).
O UNIARAXÁ, já com mais de três décadas de atuação, consolida um
processo de qualidade e compartilha seu patrimônio de conhecimento e
confiabilidade. A evolução histórica da instituição evidencia que as conquistas foram
graças à determinação das várias lideranças que dirigiram a instituição nas suas
diferentes fases.
10
Projeto Pedagógico Institucional – PPI – funciona como documento que visualiza o que é
necessário à IES realizar, de modo a oferecer um ensino de melhor qualidade, tendo como eixo
direcionar as necessidades sociais, compreendidas em seu sentido amplo. Propõe modos de dar
consecução às metas a serem atingidas. Configura-se como uma precisão para que se obtenham
determinados fins na esfera educativa. Fins estes que serão estabelecidos a partir da avaliação dos
cenários possíveis para o desenvolvimento das sociedades, da produção do conhecimento, do ensino
e das profissões. (PPI, 2003, p. 1)
96
Durante as décadas de 1970 e 1980, a FAFI de Araxá, como ficou conhecida,
prestou significativos serviços à cidade e municípios vizinhos, graduando
professores e dando a todas as escolas a possibilidade de deixar para trás o tempo
dos leigos, para trabalhar com professores tecnicamente preparados e legalmente
habilitados para o exercício do magistério nos níveis à época denominados como 1º
e 2º graus.
As amplas transformações ocorridas no final da década de 1980 e o término
dos embargos do Governo Federal à abertura de novos Cursos superiores levaram
às novas conquistas e investimentos:
• Curso de Ciências (1º Grau) e Matemática (licenciatura plena),
reconhecido pela Portaria MEC nº1. 438/94.
• Planificação do Curso de Estudos Sociais, com habilitação em
História, reconhecido pela Portaria MEC n 1. 417/94.
• Faculdade de Ciências Gerenciais do Alto Paranaíba, Curso de
Bacharelado em Ciências Contábeis, reconhecido pelo Decreto n
39.748/98, do Governo do Estado de Minas Gerais.
• Faculdade de Direito do Alto Paranaíba, com o Curso de
Bacharelado em Direito, reconhecido pelo Decreto n 41.213/00, do
Governo do Estado de Minas Gerais.
• Em 23/9/1999, a FAFI, a FACIGE e a FADI passaram a compor as
Faculdades Integradas do Alto Paranaíba – FIAP, pelo Parecer CEE
n 607/99.
• No ano 2000, mais outra significativa conquista vem coroar os
ânimos de todos os envolvidos com as Faculdades Integradas do
Alto Paranaíba – a criação da Faculdade de Ciências da Saúde, com
o Curso de Ciências Biológicas, autorizado pelo Parecer CEE n
94/00 e implantado em fevereiro do mesmo ano (PROJETO DE
DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL
11
, p. 39, 2003).
Compõem o UNIARAXÁ três institutos que abrigam os seguintes Cursos:
Instituto Superior de Educação: História, Letras, Matemática,
Pedagogia e Normal Superior.
Instituto de Ciências Exatas e Humanas: Administração, Ciências
Contábeis, Direito, Sistemas da Informação, Turismo e Gestão de Agronegócios
(único Curso seqüencial existente na instituição)
11
Projeto de Desenvolvimento Institucional – PDI – é um documento que visa olhar para o futuro,
para o que é necessário à instituição de Ensino Superior realizar, de modo a oferecer serviços de
melhor qualidade, articulados em torno de dois grandes eixos: a competência acadêmica e o
compromisso social. (PDI, 2003, p. 7)
97
Instituto de Ciências da Saúde: Ciências Biológicas, Educação Física,
Enfermagem e Fisioterapia.
Para se firmar no mercado com credibilidade, o trabalho da equipe de gestão
continua para fazer do UNIARAXÁ um centro educacional de referência em
qualidade de ensino, consolidando a formação de cidadãos e contribuindo para o
desenvolvimento regional sustentável. É interessante pontuar a estreita relação que
a missão da instituição – “Oferecer ensino de qualidade, para formar cidadãos e
contribuir com o desenvolvimento regional sustentável” (PPI, 2003, p. 6) - incorpora
com a discussão ora pretendida de buscar introduzir conteúdos que manejem não
somente a detenção da técnica, mas, além disso, a consolidação de um cidadão.
A presente proposta pedagógica está assentada nos pressupostos
da formação integral do ser humano, privilegiando a participação dos
alunos através do desenvolvimento da criatividade, fazendo com que
eles não só aprendam, mas, sobretudo, aprendam a aprender
através da iniciativa na busca de informações. Esta missão é atingida
pela visão sistêmica dos referenciais curriculares que se articulam e
formam a matriz curricular, estimulando uma formação multi, inter e
transdisciplinar, integrada às atividades de pesquisa e de extensão
(PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE TURISMO, 2003, p. 1).
Para que os resultados acima citados fossem alcançados, ao longo dos
últimos anos, a sua estrutura de gestão agregou órgãos colegiados, com alta
representatividade, legitimando democraticamente os destinos da IES: Conselho
Universitário, Comitê de Ética em Pesquisa, Conselhos das Câmaras de Graduação
e Colegiados de Curso, além de uma instituição que pode ser considerada inédita - o
grupo de gestão – que congrega, semanalmente, todos os coordenadores de Cursos
e de setores, juntamente com os diretores dos referidos institutos e reitoria.
3.4 Curso de Turismo com ênfase em gestão de empreendimentos
O Curso de Turismo com ênfase em gestão de empreendimentos do
UNIARAXÁ vem atender ao interesse da comunidade local e regional, visando à
formação de bacharéis que estejam habilitados a identificar as condições naturais,
históricas, culturais, econômicas e humanas capazes de gerar recursos em prol do
desenvolvimento sustentável de uma cidade, região, estado ou país e capacitados
ao atendimento das exigências do mercado de trabalho atual e que sejam, ainda,
capazes de ser empreendedores e gestores da atividade turística. Observa-se que
98
há um interesse de que os egressos do Curso em questão, trabalhem na cidade de
Araxá e em municípios da região, uma vez que a área é bastante carente de
profissionais desse ramo.
A proposta pedagógica do Curso está fundamentada nos pressupostos da
formação integral do ser humano, privilegiando a participação dos alunos não
somente em questões diretamente ligadas ao Turismo, mas também situações onde
é necessário o aprendizado e a consolidação desses indivíduos como cidadãos. Na
organização curricular é possível “enxergar” essa proposta, uma vez que ela é
composta por disciplinas que contemplam aspectos relacionados à formação do
aluno em um cidadão profissional. O projeto pretende, ainda, servir de referência
para as atividades didático-pedagógicas, mostrando as linhas de ação que
direcionam para a consecução dos objetivos do Curso. A implementação do projeto
prevê a colocação de profissionais qualificados, suprindo uma demanda de
profissionais necessários a um mercado que tem apresentado elevadas taxas de
crescimento nos últimos anos e vem-se transformando num dos setores mais
rentáveis de uma economia globalizada, gerando novos empreendimentos e
empregos, como já foi referido em capítulos anteriores.
O Projeto Pedagógico do Curso de Turismo em todas as suas dimensões
contempla as diretrizes expressas no PDI – Plano de Desenvolvimento Institucional
e no PPI – Projeto Pedagógico Institucional e, foi estruturado tendo como foco
atender à missão institucional, já citada, que preconiza o desenvolvimento regional e
social. Nesse sentido, pode-se notar, mais uma vez, a tentativa de integração entre
organização e sociedade, prioridade na instituição em questão.
O deslocamento de pessoas para Araxá, com permanência não definitiva,
gerada no consumo pelo Turismo, favoreceu a entrada e circulação de recursos
financeiros e o aumento de mão-de-obra ocupada no município. Abriu-se, então,
uma perspectiva nova de mercado de trabalho com absorção de recursos humanos
nos mais variados setores da comunidade. Por outro lado, constatou-se que o
Turismo pôde gerar a pesquisa e a valorização dos recursos naturais da localidade,
bem como a divulgação da cultura do povo, suas tradições, sua produção artística e
sua história. Pode-se considerar que a função mais válida do Turismo como
atividade é a de promover o desenvolvimento social, uma vez que promove
encontros de diversas culturas, gerando um enorme ganho para a sociedade.
99
A importância do Curso de Turismo, com ênfase em gestão de
empreendimentos turísticos em nível superior na cidade de Araxá, está na formação
de recursos humanos para o desenvolvimento e desempenho das funções próprias
do setor, já mencionada como fator de carência na cidade e região. A ênfase em
gestão de empreendimentos coloca o Curso de Turismo do UNIARAXÁ como sendo
um espaço de aprendizado no sentido de gerir não somente processos como gerir
pessoas. Como já dito anteriormente, o Curso de Bacharelado em Turismo “visa a
formar um profissional apto a atuar em um mercado altamente competitivo e
transformador, cujas ações geram um impacto profundo na vida sócio-econômica e
no meio ambiente das sociedades onde estão inseridos” (PROJETO PEDAGÓGICO
DO CURSO DE TURISMO, 2003, p. 7). Com a evolução de mercado, o UNIARAXÁ,
sensível às novas tendências e principalmente acreditando no potencial turístico da
região, criou o Curso de Turismo respaldado na ênfase em gestão de
empreendimentos.
A oferta do Curso veio contribuir para a implantação e desenvolvimento de
projetos que fortalecessem o Turismo na região. Em seu desenvolvimento, o Curso
previu mais do que profissionais requeridos pelo mercado, importando despertar nos
alunos do Curso de Turismo a consciência de suas responsabilidades sociais e o
compromisso com a atuação ética transformadora do contexto em que vivem
(PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE TURISMO, 2003).
Assim, frente a esse cenário, pode-se ver que o currículo do Curso de
Turismo do UNIARAXÁ é organizado de forma que vai além da mera justaposição
de disciplinas e da diluição delas em generalidades. Abordar assuntos como a
hospitalidade faz parte da sua organização curricular, mesmo que seja somente uma
disciplina aplicada durante um semestre. É interessante pontuar esse detalhe, uma
vez que todo o projeto pedagógico do Curso em questão é pautado pela importância
da formação humanística, buscando trazer para dentro de sala de aula assuntos
relevantes nesse quesito como sociologia, antropologia e a própria hospitalidade.
Assim, pode-se constatar que os objetivos do Curso de Turismo do UNIARAXÁ
estão de acordo com o solicitado pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação
Superior (SINAES), que tem como objetivo geral avaliar o desempenho dos
estudantes em relação aos conteúdos programáticos previstos nas diretrizes
curriculares, às habilidades e competências para a atualização permanente e aos
conhecimentos sobre a realidade brasileira, mundial e sobre outras áreas do
100
conhecimento. Dessa maneira, foi constatado, na última prova do ENADE 2006, que
no componente de avaliação da formação geral, foi investigada a formação de um
profissional ético, competente e comprometido com a sociedade em que vive,
comprovando, mais uma vez, o quanto a formação do cidadão é considerada fator
importante dentro da Academia.
Na avaliação da formação geral devem ser contemplados temas
como: sociodiversidade: multiculturalismo e inclusão,; exclusão e
minorias; biodiversidades; ecologia; novos mapas sócio e
geopolíticos; globalização; arte e filosofia; estética; políticas públicas:
Educação, habitação, saúde e segurança; redes sociais e
responsabilidade: setor público, privado, terceiro setor; relações
interpessoais (respeitar, cuidar, considerar e conviver); vida urbana e
rural; inclusão/exclusão digital; cidadania; ética; direitos humanos;
violência; terrorismo, avanços tecnológicos, relações de trabalho
(MEC, 2006, p. 1).
Ainda de acordo com a solicitação do SINAES para a prova do ENADE, o
graduado na área de Turismo “deve ter formação humanística, técnica e científica
que possibilite sua atuação profissional, individual e em equipe, com
responsabilidade social e ética nas diversas atividades turísticas” (MEC, 2006, p. 2).
Além disso, com base nas Diretrizes Curriculares, no componente específico da área
de Turismo, a avaliação analisa se o estudante desenvolveu, no processo de
formação, habilidades e competências que vão ao encontro das discussões
assumidas neste estudo, descritas a seguir:
Reconhecer a participação da comunidade receptora no
processo de desenvolvimento turístico, de forma que seus anseios e
necessidades sejam respeitados pelas organizações turísticas
públicas e/ou privadas.
Agir em consonância com os princípios da legalidade e da ética
da área do Turismo (MEC, 2006, p. 02).
Nesse sentido, nota-se que o UNIARAXÁ, de certa forma, prioriza a formação
do profissional que o Ministério da Educação almeja para a atuação na área de
Turismo. Tal afirmação pode ser reconhecida no Projeto Pedagógico do Curso de
Turismo da respectiva instituição onde
[...] o Turismólogo tem como sua principal ferramenta a
conscientização e a integração entre povos, o que não se constitui
em ato isolado, devendo considerar também a velocidade com que
surgem as novas necessidades e exigências da sociedade, o
desenvolvimento técnico e científico e o dinâmico mercado de
trabalho. A sociedade exige cada vez mais a formação de um
profissional com consciência crítica da realidade social, que saiba
101
valorizar o conhecimento científico-humanístico na relação
interdisciplinar, como meio de assegurar o desenvolvimento da
cidadania. O Curso de Turismo com ênfase em Gestão de
Empreendimentos do UNIARAXÁ tem como seu objetivo maior
contribuir para formar profissionais capazes de buscar novas
alternativas não somente para solução de problemas relativos ao
espaço físico em suas dimensões técnicas, mas, sobretudo,
pensando na dimensão humana, ou seja, em uma concepção que
não reduza o Turismo a criar ou modificar um espaço, mas que
considere outros fatores e projetos complementares, tão importantes
e fundamentais quanto o próprio Turismo. Neste sentido, estes
profissionais estarão conscientes da importância social do seu
trabalho, assegurando em seus projetos, o atendimento de qualidade
à vida do homem, considerando seu contexto sócio-cultural
(PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE TURISMO – UNIARAXÁ,
2003, p. 5).
Ainda de acordo com o Projeto Pedagógico do Curso de Turismo do
UNIARAXÁ, as disciplinas estão relacionadas em eixos estruturantes cujos pilares
são projetos de estudo, pesquisa e ação. Pode-se inferir que todo conhecimento
mantém um diálogo permanente com outros conhecimentos que pode ter
questionamento de confirmação, de complementação, de negação, de iluminação de
aspectos não distinguidos. Ainda se tratando da última prova do ENADE, notou-se
que, no componente específico da área de Turismo, o que foi tomado como
referencial em relação às disciplinas, os conteúdos podem ser encontrados na
matriz curricular do Curso de Turismo do UNIARAXÁ. Os conteúdos contemplados
na prova são definidos com base nas Diretrizes Curriculares e são descritos a
seguir:
Conteúdos específicos:
1. Fundamentos Teóricos do Turismo e da Hotelaria;
2. Sistema de Turismo;
3. Evolução da Hospitalidade e seus Reflexos no Turismo;
4. Componentes, Tipologias e Segmentação do Mercado
Turístico;
5. Organizações Turísticas das Áreas de Hospedagem, Alimentos
e Bebidas, Transportes, Agenciamento, Eventos, Entretenimento e
Afins;
6. Políticas Públicas de Turismo;
7. Planejamento e Gestão de Organizações e Destinos Turísticos;
102
8. Desenvolvimento e Formatação de Destinos e Produtos
Turísticos;
9. Sustentabilidade e Competitividade no Turismo Global e Local;
10. Responsabilidade Social dos Agentes no Processo de
Desenvolvimento Turístico (Turista, Comunidade, Empresários,
Governantes e Prestadores de Serviço);
11. Gestão da Informação em Turismo;
12. Mudanças e Tendências do Turismo no Mundo e no Brasil.
Já os conteúdos básicos podem ser encontrados também junto à matriz
curricular do Curso de Turismo do UNIARAXÁ, tais como:
1. Fundamentos Geográficos do Turismo;
2. Meio Ambiente Natural e Turismo;
3. Patrimônio Histórico-Cultural frente ao Turismo;
4. Fundamentos da Administração em Turismo;
5. Aspectos Psicossociológicos do Turismo;
6. Estudos Econômicos do Turismo;
7. Marketing Turístico;
8. Ética e Legislação do Turismo;
9. Fundamentos Metodológicos da Pesquisa em Turismo.
A seguir, apresentam-se as disciplinas que compõem a matriz curricular do
Curso de Turismo em questão. Pode-se comprovar que boa parte das exigências
solicitadas pelo Ministério da Educação são cumpridas nos conteúdos básicos e
específicos da grade curricular.
103
Tabela 1 Grade curricular do Curso de Turismo do Centro Universitário do Planalto de Araxá
CARGA HORÁRIA
PERÍO-
DO
DISCIPLINA
SEMANAL SEMESTRAL
Inglês Técnico I 02 36
Métodos e Técnicas de Pesquisa em Turismo 02 36
Língua Portuguesa: Redação e Expressão Oral 04 72
História da Cultura e da Arte 04 72
Teoria Geral do Turismo 04 72
Geografia do Brasil e Cartografia Aplicada ao Turismo 04 72
TOTAL 20 360
Teoria das Organizações 04 72
Língua Portuguesa: Técnicas de Comunicação 02 36
Estatística Aplicada ao Turismo 04 72
Inglês Técnico II 02 36
Agência de Viagem e Turismo I 04 72
Informática Aplicada ao Turismo 02 36
Mercado de Trabalho 02 36
TOTAL 20 360
AGÊNCIA DE VIAGEM E TURISMO II 02 36
Transporte e Turismo 02 36
Introdução à Hotelaria 04 72
Espanhol Técnico I 02 36
Geopolítica e Geografia do Turismo 04 72
Noções de Direito e Legislação Turística 04 72
Sociologia Aplicada ao Turismo 02 36
TOTAL 20 360
Economia Aplicada ao Turismo 04 72
Planejamento de Projetos Turísticos 04 72
Espanhol Técnico II 02 36
Gestão da Qualidade em Serviços Turísticos 04 72
Antropologia e História da Cultura 04 72
Hospitalidade 02 36
TOTAL 20 360
Psicologia das Inter-Relações Humanas 04 72
Contabilidade Aplicada ao Turismo 04 72
Lazer e Entretenimento em Turismo 04 72
Marketing Turístico 04 72
Política e Turismo 04 72
TOTAL 20 360
Gestão Hoteleira 04 72
Administração de Recursos Humanos 04 72
Gestão de Serviços de Alimentos e Bebidas 04 72
Organização e Gestão de Eventos 04 72
Gestão de Recursos Materiais e Patrimoniais 04 72
TOTAL 20 360
Gestão Financeira de Empresas Turísticas 04 72
Turismo e Segmentos de Mercado 04 72
Tópicos Especiais I 04 72
Turismo e Urbanismo 04 72
Planejamento e Organização em Empreendimentos
Turísticos
04 72
TOTAL 20 360
Tópicos Especiais II 04 72
Elaboração de Projetos Turísticos Regionais 04 72
Ética Profissional e Responsabilidade Social 04 72
104
Fundamentos Teóricos e Práticos do TCC: Pesquisa e
Produção Científica
04 72
Seminários Avançados em Turismo 04 72
TOTAL 20 360
TOTAL GERAL 160 2880
Fonte: Centro Universitário do Planalto de Araxá
Nota-se que a disciplina Hospitalidade é ministrada no quarto período do
Curso, num momento em que os alunos já puderam ter uma noção de teoria geral
do Turismo, que contempla aspectos intrínsecos ao Turismo e suas aplicações,
Sociologia, abordando fundamentos filosóficos, discutindo ética, cidadania dentre
outros valores, sociologia geral e aplicada ao Turismo, abordagens sistêmicas das
organizações, turismo e problemas sociais, o comportamento dos mercados
emissores, a questão da pobreza, da violência e da criminalidade. Discutem-se
também aspectos do lazer na sociedade atual: o tempo de trabalho e o tempo de
lazer, as relações com a psicologia, a economia e demais ciências humanas para a
compreensão dos fenômenos ligados aos serviços turísticos e, ainda o tempo livre e
a globalização. Discutem-se também assuntos como o Turismo e os problemas
sociais causados pela prática da atividade, o comportamento dos mercados
emissores, pobreza, violência e criminalidade. Relações com a Psicologia, a
Economia e demais ciências humanas para a compreensão dos fenômenos ligados
aos serviços turísticos, tempo livre e a globalização também são temas bastante
comentados. De acordo com os pilares propostos por Delors (2001) e analisado por
Santarém (2004) anteriormente, percebe-se que as quatro aprendizagens –
Aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a viver juntos
encontram-se bem distribuídas entre as disciplinas que compõem a matriz curricular
do Curso de Turismo do UNIARAXÁ.
Pode-se inferir que o que é ensinado no Curso vai além da descrição, como
forma de construir nos alunos a capacidade de analisar, explicar, prever e intervir. A
aprendizagem é vista como decisiva para o desenvolvimento dos alunos e, por esta
razão, as disciplinas estão didaticamente solidárias para favorecer o atendimento
desse objetivo, de modo que as disciplinas diferentes estimulem competências
comuns.
Cada disciplina contribui para a constituição de diferentes
capacidades por meio da complementaridade entre si, a fim de
facilitar, aos alunos, um desenvolvimento intelectual, social e afetivo
105
mais completo e integrado. Procura-se, através da
interdisciplinaridade, ampliar significativamente a responsabilidade
do UNIARAXÁ na constituição de identidades que integrem
conhecimentos, competências e valores que permitam o exercício da
cidadania e sua inserção flexível no mundo do trabalho (PROJETO
PEDAGÓGICO DO CURSO DE TURISMO - UNIARAXÁ, 2003, p.
21).
Conforme o documento citado acima, este processo de interdisciplinaridade
não é uma ação pontual, ou resultante de um indivíduo. Está sendo construído por
meio de reuniões formais, previamente agendadas, com um grupo de professores,
técnicos educacionais e gestores da instituição e será continuamente aperfeiçoado.
A verificação do relacionamento entre os conteúdos de uma mesma série e
séries diferentes, visa à possibilidade de agregação dos conhecimentos, bem como
a ordenação dos conteúdos durante o Curso, de maneira que os conhecimentos
adquiridos no início do Curso constituam embasamento para os anos subseqüentes.
Assim sendo, pode-se dizer que esse processo é desenvolvido de forma
horizontal, ou seja, dentro de um mesmo semestre ou ano, bem como, de forma
vertical, isto é, de um semestre ou ano para outro semestre ou ano letivo, de
maneira que cada disciplina contribua de forma efetiva para o aprendizado de outras
disciplinas, construindo um conhecimento sólido, levando o aluno a entender que o
aprendizado se faz com base em conhecimentos múltiplos e que só se efetiva por
intermédio da produção ou construção de conhecimentos, sendo o professor um
meio para alcançar os objetivos propostos.
A metodologia aplicada ao Curso de Turismo, fundamentada na missão e nos
objetivos do Curso, apresenta uma proposta que busca a atualização por meio do
acompanhamento das necessidades mercadológicas, no que tange ao perfil do
profissional desejado, com base em processos didáticos avançados, promovendo o
inter-relacionamento entre os métodos e as teorias universais existentes, com as
inovações e novos procedimentos que vão surgindo, proporcionando aos alunos a
análise e reflexão entre os métodos teóricos e a prática aplicada no cotidiano,
possibilitando que ele visualize os diferentes cenários de atuação, local, nacional e
internacional.
Busca-se a formação do turismólogo, com a metodologia voltada não
somente para a capacitação profissional do aluno, mas também para
a formação global do ser, consciente da necessidade, cada vez mais
premente de uma atuação embasada em princípios éticos,
consciente, também, da sua inserção na comunidade e de suas
106
atribuições sociais (PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE
TURISMO - UNIARAXÁ, 2003, p. 21).
Nesse sentido, nota-se que o UNIARAXÁ pode ser considerado uma
instituição de Ensino Superior atenta às questões que permeiam o mercado e a
sociedade. As exigências do mundo atual, a dinâmica das interações sociais e os
desafios das mudanças nos padrões organizacionais tornam imprescindível a
formação de um profissional versátil e empreendedor. O Curso de Turismo do
UNIARAXÁ foi concebido de forma a acompanhar esta dinamicidade e mobilidade
que caracterizam o mundo moderno, buscando garantir:
A inclusão de disciplinas que incorporem os avanços
científicos, práticas educacionais subsidiadas por estágios
supervisionados, monitoria e atividades complementares.
Uma atuação pedagógica inovadora, identificando formas
individualizadas de procedimentos pedagógicos que visem assegurar
a aprendizagem significativa de todos os alunos.
Métodos e ações vinculados às experiências profissionais e
especificidades próprias da atividade turística (PROJETO
PEDAGÓGICO DO CURSO DE TURISMO - UNIARAXÁ, 2003, p.
18).
De acordo com o PDI (2003), dois pontos são imprescindíveis na consecução
e no sucesso do processo metodológico do Curso de Turismo: a implementação da
formação de uma atitude proativa no aluno, como participante do processo, ensino-
aprendizagem e o papel exercido pelo professor, como agente deste processo no
sentido de instigá-lo e estimulá-lo, direcionando-o, questionando-o, permitindo e
exigindo-lhe ação. Outras atitudes são também requeridas, entre as quais destacam-
se: planejamento e direcionamento das atividades para o alcance desse objetivo;
provocação de conflitos cognitivos que levem o aluno a pensar, a selecionar, a
escolher e conferir suas escolhas, refazendo-as se necessário; ênfase no trabalho
coletivo, organizado e dinamizado.
Assim, compreende-se que, a partir da metodologia utilizada, existe a
tentativa de superar a pedagogia tecnicista para a apropriação do perfil que
contemple a vocação da região em relação ao perfil brasileiro, envolvendo a
incorporação de uma pedagogia fundamentada em uma concepção mais crítica das
relações existentes entre Educação, sociedade e trabalho, de maneira que o Curso
de Turismo do UNIARAXÁ possa:
107
Contribuir para transformar as relações sociais, econômicas e
políticas, de maneira a assegurar para todos um ensino de
qualidade, comprometido com a formação global do cidadão.
Demonstrar que o processo de aquisição de conhecimento
deve ser compreendido como decorrência das trocas que o
graduando estabelece na interação com o meio (natural, social e
cultural), cabendo ao professor o papel de mediador do processo,
tendo em vista a assimilação crítica e ativa de conteúdos
significativos e atualizados.
Assegurar ao corpo docente a autonomia e o controle de seu
próprio processo de trabalho.
Utilizar uma abordagem que privilegie a dimensão crítica e
criativa. O resgate da dimensão humana é uma opção na medida em
que possibilita a intervenção consciente no processo produtivo,
fortalecendo o exercício da cidadania (PROJETO PEDAGÓGICO DO
CURSO DE TURISMO - UNIARAXÁ, 2003, p. 18).
É dentro dessa abordagem que se vislumbra a adoção não somente da
disciplina hospitalidade dentro da grade curricular do Curso de Turismo, uma vez
que hospitalidade não pode estar limitada somente a uma ementa e a um conteúdo
programático. Trabalhar a hospitalidade funcionaria como uma maneira de
aproximar o profissional do cliente, proporcionando condições melhores de ajuste à
sociedade, de maior compreensão e entendimento das necessidades e dos desejos
dos clientes, pois apesar de presenciar um cenário típico da era da informação, vê-
se o ingresso na chamada sociedade emocional, em que indivíduos querem comprar
experiências únicas e emoções memoráveis. A idéia é que os Cursos de Turismo
possuam uma abordagem mais voltada para a hospitalidade, não somente como um
modismo, mas como parâmetro de ensino de práticas e de condutas que envolvam
questões mais amplas, promovendo resultados mais efetivos. Barbosa (2005) afirma
que
Nesse complexo e dinâmico mundo do trabalho, intensifica-se o
diferencial sobre a competência profissional, e o elemento humano
passa a ser o cerne de desenvolvimento no universo dos serviços,
agregando valores que precisam nortear a produção de
conhecimentos, a implementação de novas tecnologias e a
superação de problemas sociais e organizacionais contemporâneos
(BARBOSA, 2005, p. 11).
A idéia de abordar a hospitalidade e assuntos correlatos pode ir ao encontro
desse diferencial assinalado acima. A função da matéria na grade curricular vem
atender a necessidade de formação de um indivíduo mais ético, com valores
108
positivos bem definidos e, cuja competência teórica seja abrangente e se encaminhe
para a prática. A adoção de disciplinas e princípios que contribuam para a formação
de cidadãos mais críticos e que procurem opções mais interessantes pode ser
significativa para o melhor exercício profissional que se converterá em benefícios
para a comunidade, de modo que tal fato seja de interesse de todos.
Assim, buscou-se fazer uma análise de alguns aspectos do conceito de
hospitalidade pontuados e adaptados por Boff (2005), no sentido de compará-los
com o perfil do formando do UNIARAXÁ, uma vez que este é considerado como um
dos itens que se diferem no projeto pedagógico como uma questão de flexibilidade
das Diretrizes Curriculares entre os diversos cursos na área de Ciências Sociais
Aplicadas, já discutidas anteriormente. Vale notar que os indicadores de
hospitalidade estão igualmente de acordo com o Relatório da Comissão Especial em
Educação da UNESCO coordenado de Jacques Delors, e analisado por Santarém
(2004), que especifica as quatro aprendizagens básicas, que vão ao encontro aos
objetivos do processo educativo que busca responder às questões da atualidade e
do futuro: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a viver
junto, também já discutidos no capítulo 2.
Os indicadores de hospitalidade analisados por Boff (2005) podem ser
descritos da seguinte maneira:
Capacidade em ter empatia (alteridade): significa colocar-se no lugar
do outro e entender perfeitamente o que está sendo discutido e
requisitado. Com essa capacidade, a pessoa desenvolve excelência
em entregar além do que se espera dela.
Influenciar pessoas: saber influenciar e estimular as pessoas com
quem se fala. Essa competência demonstra capacidade de liderar
equipes e persuadir tanto cliente quanto colegas e superiores.
Controlar as emoções: não perder o controle e manter-se longe de
atitudes impulsivas. Essa competência demonstra capacidade de
liderar equipes e persuadir tanto cliente quanto colegas e superiores
(BOFF, 2005, p. 34).
Estes primeiros citados compreendem uma visão que pode estar relacionada
com o perfil do egresso proposto no projeto pedagógico do Curso de Turismo do
UNIARAXÁ que pretende a formação de um indivíduo cujo
[...] perfil desejado para o acadêmico de Turismo — ênfase em
Gestão de Empreendimentos dessa instituição de Ensino Superior
passe por uma ampla formação humanística inter-relacionada aos
conhecimentos específicos do saber fazer do Turismo, partindo de
109
uma visão crítica e criativa de mundo e dos saberes específicos da
área enfatizada do Curso (PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO
DE TURISMO - UNIARAXÁ, 2003, p. 7).
O documento ainda contempla a
[...] formação de profissionais aptos para atuarem em um mercado
diversificado e competitivo, gerando significativo desenvolvimento
das sociedades envolvidas, modificando-as, quando necessário. De
modo geral, espera-se do profissional de Turismo sólidos
conhecimentos teóricos e práticos, bem como uma consciência
cidadã e atitudes comportamentais baseadas em princípios éticos,
capazes de orientar sua atuação profissional no mercado, junto às
comunidades e nas inter-relações com o ambiente natural e cultural
dos locais visitados (PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE
TURISMO -UNIARAXÁ, 2003, p. 7).
Nesse sentido, pode-se inferir que as propostas contempladas se identificam
em seus propósitos. Assim, o UNIARAXÁ pode ser considerado como uma
instituição de Ensino Superior que está atenta às necessidades da sociedade e
também, cuidadosa com a formação integral de seus alunos e com o nível de
exigência que vem recaindo, cada vez com maior velocidade, sobre as instituições
de ensino, com o intuito de que elas apresentem uma formação mais adequada para
o exercício eficiente da profissão. Barbosa (2005, p. 11) ainda pontua que “o
imperativo básico que se enfrenta é o de definir a correspondência desejável entre a
civilização emergente e a universidade necessária”.
Boff (2005) ainda acrescenta outros indicadores de hospitalidade que podem
ser considerados e cruzados com o perfil que o UNIARAXÁ enseja para os egressos
do Curso de Turismo e que podem ser descritos da seguinte maneira:
Capacidade de escolha: mesmo diante de imprevistos, é preciso
saber optar com rapidez e precisão o caminho certo. Competência
imprescindível para saber tomar a decisão certa a qualquer hora.
Capacidade de ter compaixão: pessoas com essa habilidade ficam
menos focadas em si mesmas. Pessoas mais abertas, com maior
sintonia com pessoas e assuntos à sua volta.
Promoção da vida: sentido da existência desenvolvido. Percepção e
sensibilidade para que a vida seja considerada o bem maior (BOFF,
2005, p. 35).
Pode-se perceber que os indicadores apontam para assuntos confluentes
com a necessidade da sociedade e até mesmo do mercado, de pessoas e
profissionais com uma consciência mais ampla sobre diversas questões. Portanto,
110
quando o perfil do egresso do Curso de Turismo do UNIARAXÁ é analisado,
observa-se com firmeza essa atitude.
De modo específico, tendo por pressuposto um perfil caracterizado
pela facilidade de comunicação com o público, pelos conhecimentos
gerais e regionais de História, Cultura e Geografia, pelo espírito de
iniciativa e liderança e pela fala fluente de, pelo menos, dois idiomas
estrangeiros, este profissional deverá estar preparado ainda para:
Desenvolver o potencial turístico local e regional através do
conhecimento da realidade circundante, muito rica em elementos
correlatos à atividade turística, fazendo com que este potencial seja
desenvolvido de forma sustentável.
Conhecer a realidade local e regional através de
estudos de casos desenvolvidos durante a Graduação.
Compreender todos os componentes e relações
da atividade turística.
Desenvolver a vivência e o conhecimento das
relações humanas, das relações públicas, das articulações
interpessoais, com posturas estratégicas para o êxito de qualquer
evento turístico.
Adquirir conhecimentos específicos e adequados
ao desempenho técnico-profissional, com humanismo, simplicidade,
segurança, empatia e ética.
Desenvolver comunicação interpessoal,
intercultural e expressão correta e precisa sobre aspectos técnico-
específico e da interpretação da realidade das organizações e dos
traços culturais de cada comunidade ou segmento social.
Promover análise crítica das organizações
antecipando e implementando suas transformações através da
retroalimentação dos diferentes subsistemas organizacionais e
gerenciais.
Prestar serviços de assessoria ou consultoria
nos diversos setores do mercado ecoturístico e em todas as áreas
relativas à profissão (PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE
TURISMO - UNIARAXÁ, 2003, p. 13).
Pautado nos itens acima descritos, a priori, nota-se uma tendência da
instituição em aspectos de formação integral do aluno, que pode ser observada
ainda no PPI, conforme descrito abaixo:
Deve, ainda, deter as seguintes habilidades, enfaticamente
priorizadas no PPI – Projeto Pedagógico Institucional do UNIARAXÁ:
Trabalho integrado e contributivo em equipes transdisciplinares;
111
Compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e
complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos,
legais, políticos, sociais, econômicos, culturais e éticos;
Capacidade para promover e respeitar os Direitos Humanos
(PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE TURISMO - UNIARAXÁ,
2003, p. 13).
O que se espera do profissional em Turismo é a sua autonomia e consciência
de valores positivos em sua atuação no mercado. Isso só pode ser garantido ao
estudante por meio das Instituições de Ensino Superior, responsáveis pela
transmissão do conhecimento. Barbosa (2005) confirma tal afirmação, colocando
que uma formação mais humanista habilita o aluno a compreender o meio social em
que está inserido e também uma formação técnica específica para desenvolver
competências e implantar soluções inovadoras e criativas, com capacidade crítica e
reflexiva. Boff ainda menciona mais alguns indicadores que vão ao encontro dessa
perspectiva.
Equilíbrio dinâmico: sensibilidade social. Prioridade ao
desenvolvimento econômico que preserve o ecossistema.
Congruência harmônica: integra o ser humano à dimensão
planetária. Desenvolvimento da ternura, da capacidade de
deslumbrar-se e da fraternidade universal.
Ética integral: conjunto de valores que inclui a consciência ecológica.
Capacidade de auto-realização.
Racionalidade intuitiva: substitui a dimensão racional por uma outra
racionalidade que inclua a intuição, a afetividade, a vida e a
subjetividade. Capacidade de atuar como um ser humano integral
(BOFF, 2005, p. 35).
Assim, de acordo com o mencionado acima, para que haja a promoção mais
adequada do profissional em formação, não significa dizer que somente os aspectos
de caráter mais humanístico são mais importantes. Percebe-se que os
procedimentos técnicos são igualmente necessários. O que poderia ser uma opção
interessante seria o equilíbrio entre as duas formações. A hospitalidade é constituída
não somente por construtos teóricos, mas também por fundamentos práticos. Para
que haja a manifestação da hospitalidade, é preciso que exista interação. Essa
interação entre os indivíduos que deve ser lapidada, no sentido de promover
melhores encontros e, assim, êxito para ambas as partes. É aqui que a Educação
tem seu espaço de modo que esse processo seja alcançado dentro de um de seus
objetivos, que seria o de formar seres humanos.
112
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As instituições de ensino, transformadas em empresas, investem cada vez
mais em preparar os alunos/clientes para o mercado, consoante o desejo das
organizações de contratarem pessoas mais qualificadas e competitivas. No entanto,
constata-se, cada vez mais, que a crise que atinge o mundo do trabalho não se deve
à falta de profissionais qualificados e nem a questões de natureza tecnológica, mas,
sobretudo, à questão dos valores éticos.
A partir do levantamento realizado nessa pesquisa, observou-se que há
grandes desafios impostos pela realidade dos dias atuais, que refletem e se
estendem à área educativa. Com o surgimento da mundialização via rede
informatização, ao mesmo tempo em que todo esse aparato tecnológico traz
benefícios à humanidade, há que se pensar nos riscos que podem decorrer do
surgimento de uma nova mente, de um novo homem, de uma consciência coletiva e
da pulverização deste acordo. Todas essas mudanças levaram as instituições de
ensino a se adequarem às novas exigências, tornando visível a necessidade de se
reformular o processo de formação profissional, principalmente no setor de serviços,
em que elas sempre estiveram diretamente relacionadas com as transformações
econômicas, políticas e sociais advindas na década de 1970.
Assim, notou-se que no Brasil, para que o modelo de Educação Superior
fosse condicionado ao então modelo concebido, seria necessário adequar os
conteúdos curriculares a partir de reestruturações realizadas nas Diretrizes
Curriculares propostas na LDB no ano de 2002, que orientam a elaboração dos
projetos pedagógicos dos cursos em questão.
Dentro desse novo parâmetro de Educação, a formação integral do indivíduo
tornou-se a palavra de ordem. Os currículos, para que conseguissem acompanhar
as mudanças e exigências da atual sociedade, deveriam ajustar-se e oferecer um
arcabouço teórico diferenciado que pudesse tornar possível a formação mais
abrangente e, conseqüentemente, mais adequada.
Portanto, torna-se necessário redimensionar a questão ética e cultural da
Educação, de forma a oportunizar a cada um os meios de compreender o outro na
sua especificidade, e de compreender o mundo, na sua marcha para a
complexidade ordenada. A Educação comprometida com esse novo homem e com
113
essa nova mente deverá alicerçar-se na formação de competências e habilidades
que contemplem o saber conhecer, o saber fazer, o saber conviver e o saber ser, o
que possibilitará ao humano a capacidade de saber discernir que, certamente,
viabilizará o seu ser-estar no mundo e suas relações.
O interesse do mercado pelas práticas de hospitalidade não é um fenômeno
meramente social, ele é fomentado pelo interesse econômico. Pela ótica
mercadológica, quando não temos mais nada a acrescentar a produtos e/ou serviços
por que eles chegaram a seu limite de eficiência técnica, resta aliar essa eficiência
ao componente humanizador no sentido de diferenciá-lo, mesmo assim a prioridade
da eficácia técnico-econômica se mantém. É preciso ter em mente que, tanto pela
ótica do mercado (empresas) quanto pela ótica do consumo (clientes), a eficiência
técnica e econômica se sobrepõe aos interesses e/ou confortos humanizantes ou
humanitários. Então, de certa forma, a hospitalidade está subjugada por outros
interesses que se tornam prioritários como os interesses econômicos ou
operacionais.
Esse movimento que se faz agora em direção à hospitalidade, especialmente
nos meios empresariais e no âmbito da hospitalidade comercial, inicia-se nos
movimentos pela qualidade que tomaram corpo na década de 1960: quando nos
aproximamos do ápice da eficiência econômica (produção em massa capaz de
atender plenamente as necessidades das populações com acesso a recursos
financeiros), concentramo-nos na eficiência técnica (produtos personalizados,
customizados, nichos de mercado cada vez mais específicos, erro zero), o passo
seguinte é unir o que é possível do ponto de vista econômico e técnico com os
conteúdos que gerem satisfações emocionais e emotivas (hospitalidade, empatia,
solidariedade, atenção às emoções e sentimentos dos clientes).
É preciso que haja cuidado para com o aperfeiçoamento de habilidades
técnicas e de gestão, de modo que seja possível conciliar o agradar ao cliente
(hóspede), superando suas expectativas, com a eficiência empresarial que o
mercado competitivo requer. A questão da mão-de-obra no Turismo é algo que tem
chamado muita atenção tanto de gestores quanto de educadores. A formação de
bons profissionais aptos a atender o cliente de maneira que ele se sinta
completamente satisfeito, sem perder de vista os interesses dos outros atores da
organização (acionistas, gestores, fornecedores, comunidade) constitui uma tarefa
114
difícil e que traz várias repercussões para o mercado de trabalho e para a
competitividade do setor.
A formação de profissionais aptos a lidar com práticas de hospitalidade no
âmbito comercial ainda não se estabeleceu plenamente e muitas polêmicas e
implicações podem surgir neste contexto. Desta forma, consideradas as questões
apontadas, entende-se que a ansiedade em formar profissionais mais conscientes
do sentido da hospitalidade não atende somente a um ímpeto social de re-
humanização, mas também a uma necessidade do mercado de profissionais que
possuam esta “sintonia fina” para que ela seja agregada aos produtos, anunciada,
promovida e comercializada. A hospitalidade é marginal, reativa, alternativa, é
questionamento das tendências vigentes, mas, de certa forma, serve a elas e por
isso é absorvida, incorporada. Ao incorporar a hospitalidade em seu bojo, o mercado
a mercantiliza e comodifica. Num certo sentido, sua força, seu conteúdo
revolucionário, é dominado e se perde.
Portanto, imperioso se torna tirar das mentes que somente a transmissão da
técnica é importante. Existe a necessidade de contemplar novas visões e ampliar o
processo educacional como algo que apresente um significado para o
desenvolvimento. Para isso, “o elemento humano é fator essencial, o que não
permite separar o valor de troca do valor de vínculo” (DENCKER, 2004, p. 7).
Viu-se que o surgir do tema a respeito da hospitalidade não vem ao encontro
de questões vazias e sem significados teóricos e práticos. Nota-se que os seres
humanos estão em busca de respostas para questionamentos sobre sua identidade
e que a hospitalidade pode ser um dos caminhos a se trilhar na busca de uma
sociedade mais justa e igualitária.
Procurar alcançar a essência da hospitalidade é indispensável para se
entenderem as relações que se estabelecem entre seres humanos, tanto no
ambiente familiar, quanto no ambiente de trabalho e na vida sociopolítica, em que a
participação e a cidadania tornam-se elementos fundamentais na construção e
transformação da sociedade e do País.
Enfim, não se pretendeu ousar na tentativa de propor uma nova abordagem
de ensino focada na hospitalidade. O que se torna necessário é que haja um
movimento no sentido que as universidades que ofertam cursos de Turismo criem
novas propostas de ensino mais adequadas, para que eles possam vir a ter a
qualidade necessária e desejada. Assim, percebe-se que um dos possíveis
115
caminhos para que a qualidade ora pretendida aconteça, quando houver uma
integração dos princípios de hospitalidade ao longo do processo de formação do
aluno, embutindo a discussão por todo o projeto pedagógico, uma vez que ele serve
como bússola para os cursos superiores.
Assim, em face da investigação realizada no UNIARAXÁ, tem-se que é
possível a instituição se organizar e promover ensino de excelência, no que diz
respeito à formação integral do aluno. O UNARAXÁ busca fazer essa associação
com seus alunos do Curso de Turismo, pontuando no Projeto Pedagógico do Curso
em questão, reflexões a respeito dos princípios de hospitalidade de um universo
socioantropológico correlatos com a solidariedade humana. Acredita-se que todos
possam ganhar com essa abordagem, uma vez que se tem buscado formar pessoas
capazes de contribuir para uma sociedade mais justa, mais humana, calcadas em
princípios sólidos, que se desenvolvem de maneira harmoniosa em prol de todos.
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