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Brasil, operam cerca de 50 estâncias hidrominerais e hidrotermais, deste total, onze
em Minas Gerais, onde se encontra a cidade de Araxá.
O termalismo pode ser considerado como um dos caminhos do
desenvolvimento de estâncias hidrominerais que estavam em decadência. Araxá
pode ser um exemplo vivo de tal fato. Desde o fechamento das portas do hotel até
sua reinauguração, a cidade se fechou para o Turismo. Com a retomada do
Turismo, pode-se notar que o termalismo funciona como o atrativo principal da
estância em questão.
Com o correr do tempo, por um lado pela permissão de
funcionamento de cassinos e, por outro, pela necessidade de
descanso semanal e férias, como recuperação da capacidade de
trabalho das populações dos grandes centros urbanos, as estâncias
tornaram-se para alguns estados verdadeiros oásis dentro de seus
territórios, por serem locais de lazer, distração, recreação, ar puro,
contato com a natureza, originando um afluxo de população flutuante
a que chamamos “Turismo-veranista”. Com a limitação dos jogos de
azar e fechamento de cassinos no Brasil, após a segunda grande
guerra, o afluxo de turistas às estâncias diminuiu consideravelmente
e alguns anos se passaram para que se conseguisse a gradativa
recuperação. De qualquer forma, permaneceu a finalidade precípua
das estâncias, como localidades apropriadas para tratamento de
saúde, descanso, distração (PUPO, 1974, p. 37-38)
.
A vocação para o Turismo no município de Araxá provocou a incorporação de
um caráter cosmopolita às características essencialmente tradicionais. Na década
de 1940, a transformação do Balneário do Barreiro em pólo turístico elevou o
Turismo de Araxá ao seu apogeu. Nesse auge do Turismo, Grande Hotel, Termas,
fontes e jardins representaram o coroamento da utilização das riquezas naturais,
iniciada há muito tempo (LIMA, 2003, p. 22).
A construção, projetada por Luiz Signorelli sob forte influência da
arquitetura italiana e do estilo Missões, reúne o que há de mais
refinado na época: vidros bisotados, mármore de carrara, lustres de
cristal e grandes salões de baile. O paisagismo é de Burle Marx. Ao
lado do hotel, ligado por uma galeria suspensa de cerca de cem
metros, estão as Termas de Araxá – onde se aproveitam os efeitos
terapêuticos das fontes radioativa e sulfurosa. Com todo esse
esplendor e abrigando ainda um cassino (que funcionou até 1946,
quando o jogo de azar for proibido no Brasil), o hotel rapidamente se
tornou um grande centro de eventos políticos e de encontros sociais.
Por ali passaram, por exemplo, todos os presidentes brasileiros (à
exceção de Fernando Henrique Cardoso) e todos os presidentes de
países da América Latina até a década de 70. O Grande Hotel
também recebeu os craques Pelé, Didi, Garrincha e Zagalo, durante
a preparação para a Copa de 58, na Suécia (LIMA, 2003, p. 63).