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Beatriz
Considerando os excertos de instrumentos citados anteriormente (cf. excertos [37] e
[38], p.100-101), observei evidências da relação entre a experiência frustrante que Beatriz
teve aos doze anos de idade e sua crença de que o professor é decisivo na aprendizagem do
aluno. A sua primeira reação diante do problema foi a desistência: afirmou em sua
entrevista que passou cinco anos longe dos estudos de inglês, sem querer retomá-los em
nenhuma hipótese. Mais adiante (cf. excerto [79], p.120), informou que voltou a gostar da
LI com o tempo e sozinha. A partir daquele momento, passou a enfrentar o problema,
buscando primeiro um curso livre de método gramática-tradução para depois se submeter a
um teste de nivelamento no CIL.
Beatriz desenvolveu um sentimento de rejeição à LE logo após o incidente. Porém,
buscou meios de trabalhar a própria rejeição e, aparentemente, superou o episódio, pois
voltou a interessar-se pelo estudo da LE e tornou-se professora de inglês. As marcas da
experiência, no entanto, refletem-se em suas crenças sobre como deve ser uma aula de
inglês, e os papéis de professores e alunos. Beatriz apresenta o professor como aquele que
esclarece e, em outras palavras, dá brilho à aula. Além disso, Beatriz dá importância à
presença de recursos materiais para a aprendizagem do aluno (TV a cabo, por exemplo) e
divide com Maria a visão de que uma aula dinâmica é uma aula expositiva:
[88]P: “E o que você acha que um professor precisa desenvolver em sala de aula?”
B: ((em tom reflexivo)) “Ele deveria desenvolver..., mais..., é, comunicação, né?
Communication entre os alunos. É.. ir ao quadro, mostrar pro aluno, tentar trazer a
gramática, até mesmo a gramática tentar trazer, é, pros alunos, fatos que acontecem
realmente quando se viaja, no dia a dia, que eu acho que às vezes fica muito preso ao
livro, né? Manda o aluno levantarem, ler à frente, mandar fazer. Acredito que mais é
isso
.” (entrevista 05 – Beatriz)
[89] B:... “Por que aqui a gente tem o que? Três, a gente teve o que no curso, três
horas-aula. Então é pouco, pra quem vive 24 horas, né, só falando português, falar só
três horas por semana, é pouco. Você tem que ir atrás de filmes, pra pra ir atrás de uma
TV a cabo, que só fale inglês pra você ir pegando”. (entrevista 05 – Beatriz)
[90] M: ... “Eu mudaria como eu disse: aulas dinâmicas, utilizando, sei lá, cartazes,
aulas bem expositivas, pra ficar mais fácil. Eu não sei se agora no final acontece isso,
né, mas assim, geralmente quando, quando a gente ta no início do curso, os professores
dão, dão, eles trabalham muito isso, é fazem, é..., dão exemplos do que eles tão falando,
alguns professores trazem cartazes, fazem brincadeiras, fazem jogos, aí o aluno aprende