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[...] Ficou sem resposta a tal agressão. Respingo de lama póde lá ter
troco? Nem siquér desprezou-se: seria sujar o desprezo. Quanto a
responder ... haveria mister voltar contra os aggressores a mesma arma
fácil de affronta, de que se serviram, assacar um doesto bem forte, dizer,
por exemplo, detidamente, que o ataque foi bem digno de uns typos,
alheiados do respeito humano, licenciados, marcados, sagrados ─ para
tudo ─ pelo stygma preliminar do Incesto. Mas até onde iria o escândalo,
o ruidoso escândalo inútil? (PONTES, 1935, p. 243)
O embate entre os artistas foi assunto da ordem do dia numa confeitaria, na
Rua do Ouvidor, onde diariamente reuniam-se escritores, boêmios e jornalistas como Paula
Ney, Pardal Mallet, Coelho Netto, Raul Pompéia, Aluízio de Azevedo, Olavo Bilac,
Rodolpho Amoedo, José Patrocínio, Emile Ruede, Arthur de Azevedo, Ferreira de Araújo
entre outros. Olavo Bilac e Pompéia se encontram e, por estar contrafeito com o artigo do
colega, Pompéia propõe-lhe um duelo. Em um artigo, publicado em 1888, Pompéia já tinha
manifestado sua oposição aos duelos. Mas, mesmo não sabendo manejar arma alguma e
sendo míope, demonstra o desejo de desafiar Bilac e limpar sua honra por meio de um.
Foram arroladas as testemunhas e marcados dia e hora.
Na hora do duelo, conforme testemunhas citadas por Pontes, o comandante
Francisco Mattos procurou dissuadi-los do embate, o que foi aceito por Bilac, que encerrou
o assunto dizendo: “Fui eu o offensor. Dou-me por satisfeito” (PONTES, 1935, p. 249).
Luiz Murat, em 1895, retoma, em um artigo, o duelo envolvendo Pompéia, mas, segundo
consta, o fez de forma distorcida. Afirma que Pompéia acovardou-se e desistiu na hora do
duelo ─ afirmação que, de acordo com testemunhas, fez Pompéia sentir-se desonrado e
cometer suicídio em 25 de dezembro de 1895.
Em 1889, é proclamada a República e o marechal Deodoro assume o poder.
Todavia, o que se vê nos ideais defendidos por Pompéia e na República instituída é que
esta não trouxe a coesão e a aplicabilidade dos ideais apresentados em seu período
embrionário. Ao contrário, as discussões e ataques entre antigos companheiros de
academia eram comuns. Exemplo disso é a discussão entre Pompéia, Murat e Bilac. Raul
Pompéia, dono de um florianismo exacerbado, abandonou a arte e entregou-se à política,
ao civismo tido como salvador da pátria e à xenofobia.
Nesse período, produz os Escriptos políticos; pregava em seus discursos a
necessidade de se fazer uma política de nacionalismo, de se ter um ideal de pátria, a
nacionalização do comércio, a educação dos jovens para o civismo, a expulsão do Brasil
dos portugueses que se consideravam estrangeiros e a nacionalização da opinião pública.