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Em 1939, Oswald está de volta à Europa para participar de um congresso
de escritores e, no ano seguinte, através de uma carta-desafio, lança-se candidato a
uma vaga na Academia Brasileira de Letras contra as candidaturas de Menotti Del
Picchia e Manuel Bandeira que acaba sendo escolhido. Anteriormente, em 1925,
havia ameaçado candidatar-se, mas não se inscrevera. Agora se trata também
apenas de uma provocação que recebe ampla divulgação pelos jornais:
“Neste momento em que desaparecem sob o peso dos tanques e das bombas
todas as manifestações de um mundo velho e caduco, a Academia precisa de
sangue novo, de gente que, como eu, representa o futuro. Se não a
Academia, com a tristeza dos velhos que a forma, desaparecerá”.
E a respeito de sua campanha afirma que:
“Está sendo feita pela rádio, haverá um comício, enfim será uma disputa pública,
não uma apagada eleição acadêmica. Nomearei dois representantes para
acompanharem a eleição no dia: o pintor de sentimentos de amor filial e escritor
Flávio de Carvalho e o romancista Jorge Amado. Não serei eleito, mas o público
saberá que o espírito novo está empenhado na conquista da Academia”.(cf. Fonseca,
1981:73).
A partir de 1944 começa a escrever uma coluna no jornal Correio da
Manhã, do Rio de Janeiro com o titulo “Telefonema”. A colaboração dura até os
últimos dias de sua vida. Em 1945 com o fim do Estado Novo, Oswald – após
participar do lançamento da candidatura de Luis Carlos Prestes à presidência que
acabou não se concretizando - rompe com o Partido Comunista mas continua se
dizendo de esquerda. Nas eleições gerais de 1950, Oswald candidata-se a
deputado federal pelo Partido Republicano Trabalhista. Não se elege. Sobre a
saída de Oswald do “partidão”, o comentário é de Benedito Nunes:
(...) Na verdade, ao abandonar o marxismo, por uma reação contra a ditadura
do proletariado e a dogmática obreira do estado soviético, Oswald não
abandonou o pensamento de Marx, por ele conservado naquilo que tem de
essencial. É que o poeta, e eis onde começa a originalidade do seu pensamento,
mesmo como marxista, o que pode ser confirmado pela leitura dos escritos da
fase em que durou a sua militância partidária, nunca deixou de ser utopista. E
jamais fez, na realidade, a distinção, sabidamente estratégica, entre socialismo
utópico e socialismo científico. Manteve ele no marxismo a dimensão ética das
doutrinas do chamado socialismo utópico (Proudhon, sobretudo), e o anti-
estatismo anarquista de um Kropotkin. Seu socialismo jamais deixou de ser,
fundamentalmente, o da rebeldia do indivíduo contra o Estado, mais interessado
numa sociedade nova, cuja vida passasse pela morte da organização estatal, do
que no fortalecimento de uma ditadura do proletariado”. (1970: 51)
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