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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
PÓS-GRADUAÇÃO – STRICTO SENSU
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS
OLIVIR S. MALAVSKI
A CONTRIBUIÇÃO DAS COMPETÊNCIAS E CAPACITAÇÕES NO
DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO DE MENSURAÇÃO DO
CAPITAL INTELECTUAL
CURITIBA
2007
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OLIVIR S. MALAVSKI
A CONTRIBUIÇÃO DAS COMPETÊNCIAS E CAPACITAÇÕES NO
DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO DE MENSURAÇÃO DO
CAPITAL INTELECTUAL
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Engenharia de Produção e Sistemas
da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, como
requisito parcial à obtenção ao título de Mestre.
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Gerência de Produção e Logística.
ORIENTADOR: Prof. Dr. Edson Pinheiro de Lima
CO-ORIENTADOR: Prof. Dr. Sérgio Eduardo Gouvêa da Costa
CURITIBA
2007
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OLIVIR S. MALAVSKI
A CONTRIBUIÇÃO DAS COMPETÊNCIAS E CAPACITAÇÕES NO
DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO DE MENSURAÇÃO DO
CAPITAL INTELECTUAL
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Engenharia de Produção e Sistemas
da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, como
requisito parcial à obtenção ao título de Mestre.
COMISSÃO EXAMINADORA
__________________________________________
Prof. Dr.
Pontifícia Universidade Católica do Paraná
__________________________________________
Prof. Dr.
Pontifícia Universidade Católica do Paraná
__________________________________________
Prof. Dr.
Curitiba, _______ de ________________ de 2007.
À Valéria Cantarelli Malavski, pela compreensão,
carinho e incentivo, sempre presente em todos os
momentos.
A Fernando e Andeide Cantarelli, pelo afeto, carinho
e apoio.
A João e Paulina Malavski, que conduziram e
incentivaram minha educação inicial.
Aos amigos, pelos momentos de descontração e
contentamento.
AGRADECIMENTOS
Uma dissertação de mestrado requer recursos, dedicação, disciplina e esforço substancial de
pesquisa, sendo por si, um registro formal de um processo de geração e compartilhamento de
Capacitação e Competências e, portanto, poderosa ferramenta de explicitação de Capital
Intelectual.
Deste modo, agradeço:
- ao Prof. Dr. Edson Pinheiro de Lima, meu orientador, por fomentar a idéia principal desta
dissertação e também por suas decisivas considerações e disposição de materiais de pesquisa;
- ao Prof. Dr. Sérgio Eduardo Gouvêa da Costa, meu co-orientador, pela contribuição e apoios
precisos, ao longo deste árduo, mas prazeroso, processo de aprendizagem e conhecimento.
- ao Prof. Dr. Luiz Márcio Spinosa, por promover o artigo em sua disciplina, o qual serviu de
referência chave para a conclusão deste estudo;
- aos meus familiares, em especial à minha esposa, pelo carinho e disposição quando sempre
precisei;
- a todos os meus poucos, mas verdadeiros amigos, pelo incentivo e pela ajuda, mesmo muitas
vezes sem saber que suas palavras em muito contribuíram.
“MEDIR É IMPORTANTE:
O QUE NÃO É MEDIDO NÃO É GERENCIADO”
Kaplan e Norton
RESUMO
Muito se tem discutido, principalmente no âmbito da Administração
Estratégica e da Engenharia de Produção, particularmente na área de Gestão de Operações,
sobre a visão de dentro para fora das empresas como fonte de vantagem competitiva. Esta
fonte, no entanto, necessita de recursos valiosos, que sejam inimitáveis, duráveis,
insubstituíveis e com superioridade competitiva. Neste contexto, a interação dinâmica dos
recursos humanos é merecedora de ênfase, pois têm se mostrado ao longo dos anos, tanto de
forma acadêmica como organizacional, uma peça fundamental para formar o real valor de um
recurso, de uma capacidade ou de uma competência. O propósito principal deste estudo é
recuperar parte da literatura sobre a discussão da Teoria Baseada em Recursos, buscando
identificar a contribuição que o estudo das Competências e Capacitações tem proporcionado
para a sustentabilidade desta teoria nos processos estratégicos das organizações. Num
segundo momento, a fim de fortalecer essa contribuição, pretende-se identificar o potencial
valor dos recursos intangíveis, através da mensuração destes conceitos de Competências e
Capacitações com base num modelo de mensuração aplicado em estudos sobre o conceito do
Capital Intelectual. A presente dissertação, baseada em um estudo teórico-conceitual através
da técnica de pesquisa bibliográfica e também por meio de modelos teórico-conceituais,
conclui-se com o desenvolvimento de um modelo estratégico revelando a integração destes
conceitos, por meio dos indicadores publicados pela Skandia, empresa de seguros sueca
sediada em Estocolmo. Este framework possibilitará também, apresentar a posição que os
conceitos de Competência e Capacitação exercem na Teoria Baseada em Recursos, bem como
sua mensuração através do conceito de Capital Intelectual.
Palavras-chave: Teoria Baseada em Recursos, Competências, Capacitações, Capital
Intelectual, Mensuração.
ABSTRACT
Much has been argued, mainly in the scope of the Strategic Management
and of the Production Engineering, particularly in the Operations Management area, on the
vision from within outside of the companies as source of competitive advantage. This source,
however, needs valuable resources, that are inimitable, durable, irreplaceable and with
competitive superiority. In this context, the dynamic interaction of the human resources is
worthy of emphasis, because they have been showing if along the years, as much of academic
form as organizational, a fundamental piece for form the real value of a resource, of a
capability or of a competence. The main purpose of this study is to recover part of the
literature on the discussion of the Resources-Based Theory, seeking identifies the contribution
that the study of the Competencies and Capabilities has provided for the sustainability of this
theory in the strategic processes of the organizations. In a second moment, in order to fortify
that contribution, intends to identify the potential value of the intangible resources, through
the measurement of these concepts of Competencies and Capabilities on the basis of a model
of measurement applied in studies about the concept of the Intellectual Capital. The present
dissertation, based on a theoretician-conceptual study through the technique of bibliographical
research and also through theoretical-conceptual models, is concluded with the development
of a strategic model revealing the integration of these concepts, through the indicators
published by Skandia, company of insurances Swedish headquartered in Stockholm. This
framework will enable also, present the position that the concepts of Competence and
Capability exert in the Resources-Based Theory, as well as its measurement through the
concept of Intellectual Capital.
Key-words: Resources-Based Theory, Competencies, Capabilities, Intellectual Capital,
Measurement.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Metodologia de Pesquisa.........................................................................................26
Quadro 2: Agrupamento de Recursos.......................................................................................39
Quadro 3: Agrupamento das Competências.............................................................................49
Quadro 4: Agrupamento das Capacidades................................................................................54
Quadro 5: Ativos Intangíveis por Área ou Aspecto .................................................................64
Quadro 6: Categorias e Tópicos de Recursos de uma Empresa...............................................65
Quadro 7: Elementos do Capital Intelectual.............................................................................71
Quadro 8: Modelo de Mensuração de Capital Intelectual........................................................88
Quadro 9: Índice do Coeficiente de Eficiência (i) do Capital Intelectual ................................89
Quadro 10: Agrupamentos da Teoria Baseada em Recursos ...................................................92
Quadro 11: Taggings e Atributos do Capital Intelectual com base no Navegador Skandia ..107
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Agrupamento de Recursos........................................................................................35
Tabela 2: Síntese Teórica da Teoria Baseada em Recursos .....................................................39
Tabela 3: Síntese Teórica das Competências ...........................................................................48
Tabela 4: Síntese Teórica das Capacitações.............................................................................53
Tabela 5: Índices do Foco Financeiro.......................................................................................78
Tabela 6: Índices do Foco no Cliente.......................................................................................79
Tabela 7: Índices do Foco no Processo ....................................................................................81
Tabela 8: Índices do Foco na Renovação e Desenvolvimento.................................................83
Tabela 9: Índices do Foco Humano..........................................................................................85
Tabela 10: Exemplo de Mensuração do Capital Intelectual.....................................................90
Tabela 11: Síntese Teórica do Capital Intelectual....................................................................91
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Componentes do Valor de Mercado..........................................................................63
Figura 2: Estruturação das Categorias de Intangíveis ..............................................................64
Figura 3: Modelo do Navegador da Skandia............................................................................77
Figura 4: Equação do Capital Intelectual .................................................................................87
Figura 5: Estrutura das Demonstrações Contábeis...................................................................94
Figura 6: Funcionamento do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado (DR)....94
Figura 7: Demonstração da Teoria Baseada em Recursos .......................................................97
Figura 8: Estrutura da Integração dos Focos e Indicadores da Skandia aos Agrupamentos da
Teoria Baseada em Recursos....................................................................................................98
Figura 9: Taggings e Atributos da Demonstração da Teoria Baseada em Recursos..............108
Figura 10: Taggings e Atributos da Demonstração da Teoria Baseada em Recursos com o
Posicionamento dos Focos do Navegador Skandia................................................................109
Figura 11: Framework da Demonstração da Teoria Baseada em Recursos e Capital Intelectual
................................................................................................................................................111
SUMÁRIO
I. INTRODUÇÃO ..............................................................................................................13
1. DELIMITAÇÃO
DO TEMA........................................................................................15
2. PROBLEMA
DA PESQUISA......................................................................................16
3. JUSTIFICATIVA
DA PESQUISA...............................................................................22
4. OBJETIVOS DO TRABALHO....................................................................................24
5. METODOLOGIA DE PESQUISA...............................................................................26
6. ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................................................28
II. REFERENCIAL TEÓRICO.........................................................................................29
1. DA ESTRATÉGIA DE OPERAÇÕES.........................................................................29
2. DA TEORIA BASEADA EM RECURSOS.................................................................31
2.1 Alguns conceitos para “recursos”.......................................................................33
2.2 Classificações dos recursos..................................................................................34
2.3 A Natureza Estratégica de um Recurso................................................................36
2.3.1 Condição de Heterogeneidade .............................................................................36
2.3.2 Limites à Competição Ex-Ante.............................................................................36
2.3.3 Limites à Competição Ex-Post .............................................................................37
2.3.4 Imperfeita Mobilidade..........................................................................................38
3. DAS COMPETÊNCIAS...............................................................................................41
3.1 Classificações das Competências.........................................................................44
4. DAS CAPACITAÇÕES...............................................................................................50
III. CAPITAL INTELECTUAL..........................................................................................56
1. CONCEITUAÇÃO DO CAPITAL INTELECTUAL ..................................................56
1.1 Evolução histórica do conceito de Capital Intelectual ........................................57
1.2 A origem do Capital Intelectual e os Intangíveis.................................................59
1.3 Algumas definições para Capital Intelectual .......................................................66
2. CLASSIFICAÇÃO E ESTRUTURA DO CAPITAL INTELECTUAL.......................69
2.1 Capital Humano ...................................................................................................69
2.2 Capital Relacional................................................................................................69
2.3 Capital Estrutural (ou Organizacional)...............................................................70
3. MENSURAÇÃO DO CAPITAL INTELECTUAL......................................................72
3.1 Foco Financeiro...................................................................................................77
3.2 Foco no Cliente ....................................................................................................78
3.3 Foco no Processo .................................................................................................80
3.3.1 Considerações aos índices do Foco no Processo.................................................82
3.4 Foco na Renovação e Desenvolvimento...............................................................83
3.5 Foco Humano.......................................................................................................84
3.5.1 Considerações quanto aos índices do Foco Humano ..........................................86
3.6 Determinação da Equação do Capital Intelectual (CI) .......................................86
IV. FRAMEWORK PROPOSTO.........................................................................................93
1. DO MODELO CONCEITUAL E ESTRUTURAL......................................................93
1.1 O Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado....................................94
2. DO
DESENVOLVIMENTO DO FRAMEWORK PARTE I......................................96
3. DO
DESENVOLVIMENTO DO FRAMEWORK PARTE II.....................................98
3.1 Definição de Tag’s ...............................................................................................99
3.2 Tagging com Atributos nos Elementos do Conhecimento..................................101
V. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................112
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................116
13
I. INTRODUÇÃO
As empresas vêm travando uma incansável batalha na busca de um melhor
posicionamento nos mercados regionais e internacionais. Elas estão buscando construir um
ambiente propício a estimular fatores que promovam ações que colaborem para o aumento da
sua competitividade.
Doz (2002) deixa claro que hoje em dia a escala já não é mais fonte de
vantagem competitiva em quase todas as indústrias. Há hoje uma melhor compreensão da
dinâmica da concorrência – bem como a percepção de que mais importante do que uma
“posição” no mercado é a qualidade de recursos que a firma detém. Portanto, a fonte chave
para o aumento da competitividade é sustentada pelos recursos que sejam valiosos,
inimitáveis, duráveis e insubstituíveis.
Crawford (1994) num estudo sobre a sociedade do conhecimento e da
relevância dos recursos intangíveis, remete-nos a um histórico incontestável. Relembra que na
época da Sociedade Agrícola, os detentores da terra eram quem tomavam as decisões; na
Sociedade Industrial, o poder de decisão passou para os detentores do capital; e na Sociedade
do Conhecimento, os indivíduos com conhecimento centralizam o poder, são os verdadeiros
capitalistas, pois detém o capital e dependem da aplicação do mesmo.
Para tanto, a interação dinâmica dos recursos humanos e demais recursos
intangíveis aos recursos estruturais da organização é merecedora de ênfase, pois tem se
mostrado ao longo dos anos, tanto no meio acadêmico como organizacional, uma peça
14
fundamental para formar o real e diferencial valor de uma capacitação ou de uma competência
organizacional.
São insuficientes, entretanto, particularmente no âmbito da Gestão
Estratégica de Operações, literaturas que apresentem um modelo teórico que auxiliem na
identificação do papel e da inter-relação existente nas teorias relacionadas a este contexto
introdutório.
Tal carência é discutida na próxima seção, em conjunto com a delimitação
do tema, explicitação do problema, justificativas, objetivos gerais e específicos e a definição
da abordagem metodológica da pesquisa que constitui o presente trabalho.
15
1. DELIMITAÇÃO DO TEMA
A presente dissertação tem como tema geral focar os Fundamentos e
tendências da Teoria Baseada em Recursos. Seu tema específico, está direcionado para Uma
Contribuição para a Teoria Baseada em Recursos através de conceitos como Competências,
Capacitações e Capital Intelectual.
Considerando a variedade de aplicações que se pode fornecer para o tema
desta pesquisa, já que existem diversas escolas e com os mais distintos estudos tratando do
assunto em linhas específicas, optou-se por circunscrever a investigação e a conseqüente
demonstração do modelo deste trabalho, no âmbito da Gestão Estratégica de Operações.
A restrição do escopo do estudo justifica-se pela necessidade de melhor
focalizar a priorização dos atributos competitivos colaborando, particularmente, na definição
da Estratégia de Operações.
Não obstante essa delimitação, os procedimentos e a sistemática do
mapeamento do modelo proposto podem ser utilizados, com as devidas adaptações, como
contribuição para outros estudos bem como no âmbito de outras áreas de concentração.
Desta forma, a próxima seção apresenta a problemática que envolve esta
pesquisa, a qual se fundamenta nos elementos conceituais da Teoria Baseada em Recursos,
identificando, por meio da ênfase aos referencias teóricos da estratégia de operações, a
contribuição que conceitos como Competências, Capacitações e Capital Intelectual têm
proporcionado para esta Teoria.
16
2. PROBLEMA DA PESQUISA
Historicamente, a problemática que envolve esta dinâmica de recursos
humanos, recursos intangíveis e recursos estruturais da organização, vem sendo tratada no
mundo acadêmico com grande destaque por meio dos conceitos originários da Teoria Baseada
em Recursos: as Competências, Capacitações e o Capital Intelectual.
Esses conceitos não surgiram de forma abrupta no mundo empresarial, eles
podem ser observados ao longo de um conjunto de etapas graduais, estando suas origens
relacionadas com o intenso debate provocado pelo advento da Teoria da Firma em 1959, que
se fortaleceram nas estratégias organizacionais de grandes corporações, de empresas de raiz
tecnológica emergentes na década de 80 e com a revolução que a informática veio operar no
processo produtivo tradicional das organizações.
Numa análise histórica contextual, pode-se evidenciar que ao longo do
período econômico de 1959-2005, testemunhou-se um movimento acadêmico heterogêneo e
de intensidade crescente, no qual um leque diversificado de investigadores e pesquisadores
têm desenvolvido aquilo a que se pode designar como uma nova visão estratégica do mundo
da gestão empresarial.
Esta visão caracteriza-se por um foco na eficiência e eficácia de recursos
como fator de vantagem competitiva, em detrimento da noção convencional da produção em
escala como determinante, que dominou as teses econômicas da primeira metade do século
XX.
As novas perspectivas ligadas à eficiência e eficácia vieram defender que as
unidades empresariais possuem recursos, capacitações e competências inatas de uma forma
diferenciada e sem repetição, tal como os organismos vivos.
17
Além da sua especificidade, estas características estão “agarradas” às
organizações como uma segunda pele – não são facilmente nem descartáveis nem
assimiláveis no curto prazo –, pelo que as empresas têm que operar estrategicamente com o
que dispõem.
Desta forma, a empresa deve focalizar e fazer refletir sobre a sua ação os
seus ativos mais específicos, ligados à história e ao “DNA” da própria organização, sendo
esse o seu verdadeiro fator diferencial perante a concorrência. Uma vez que parte desse
conjunto de ativos tem uma natureza intelectual, itens como a gestão do conhecimento, do
know-how, da competência e das capacitações passam a ser campos de ação estratégicos.
As principais contribuições para o tema a ser tratado neste estudo vêm de
diversos autores das escolas da Administração Estratégica, da Engenharia de Produção, da
Contabilidade, da Economia, entre outras.
Os fundamentos da Teoria Baseada em Recursos devem muito ao trabalho
de Penrose (1959), nomeadamente, à sua teorização da empresa como “um conjunto de
recursos produtivos”. De acordo com esta perspectiva, as competências distintivas da empresa
baseiam-se nos seus recursos e capacitações, que podem ser representados por ativos
tangíveis, tais como sistemas de distribuição, invenções patenteadas ou economias de escala
ou por ativos intangíveis, tais como reputação, imagem de marca ou o potencial dos recursos
humanos. As empresas expandem-se utilizando recursos existentes.
O enfoque baseado nos recursos pode ser datado de 1984, ano em que foram
publicados dois dos mais importantes artigos sobre este assunto, a saber; “A resource based
view of the firm” de Wernerfelt (1984) e “Towards a strategic theory of the firm”, de Rumelt
(1984). A estes dois artigos seguiram-se muitos outros e, uns mais do que outros,
18
contribuíram para o desenvolvimento e consolidação desta teoria. Entre as principais
contribuições neste campo encontram-se os estudos de Teece (1984), Barney (1996), Grant
(1991), Peteraf (1993), entre outros.
Nas Competências grande parte da literatura já existente aborda esta
construção. Cada autor coloca seu argumento principal e seu objetivo de investigação. Desta
forma, certos estudos têm interesse na aquisição de competências através de mecanismos
internos de aprendizagem individual e coletiva (SENGE, 1990). Segundo Zarifian (2003), a
competência é a inteligência prática para situações que se apóiam sobre os conhecimentos
adquiridos e os transformam com tanto mais força, quanto mais aumenta a complexidade das
situações. De uma outra forma, outros enfatizam a importância de diferentes ferramentas
estratégicas como alianças, licenças ou aquisição de companhias (PRAHALAD E HAMEL,
1990). Na abordagem teórica desenvolvida por Heene e Sanchez (1997), o conceito de
competência refere-se à capacitação que uma organização possui para sustentar alocações
coordenadas de recursos, a fim de ajudar a empresa a atingir os seus objetivos.
O conceito de competências organizacionais tem sido largamente discutido
também com base em Prahalad e Hamel (1990), que sustentam a premissa de que a raiz da
vantagem competitiva pode ser encontrada nas competências centrais da empresa.
Já no que tange às Capacitações organizacionais, é possível identificar um
interesse crescente no âmbito do programa de pesquisa da Administração Estratégica e da
Engenharia de Produção. Ora tratadas como um tópico singular – o enfoque centrado em
capacitações, ou em capacitações dinâmicas – ora como parte menor do programa de pesquisa
particular da visão baseada em recursos, o foco nas capacitações, em particular nas
19
“dinâmicas”, chegou a ser considerado a “moda” em estratégia nos anos 90 (MINTZBERG,
2000).
As capacitações são entendidas como as habilidades específicas da
organização como um todo ou de suas partes. Tais habilidades manifestam-se em processos
operacionais, a partir de combinações tipicamente complexas de ativos tangíveis e intangíveis.
Incluem habilidades de saber fazer a baixo custo, saber fazer bem, e de saber escolher o que
fazer. Incluem ainda habilidades de fazer avançar o desempenho da organização, seja em
termos de novos produtos ou serviços, ou de novos processos de produção, venda,
financiamento, divulgação, etc. São, portanto, um recurso específico da firma, enraizado na
organização e não transferível para outra firma, cujo propósito é aumentar a produtividade de
outros recursos que a empresa possui (AMIT E SHOEMAKER, 1993).
O conceito de Capital Intelectual tem sido recentemente muito discutido em
trabalhos realizados por autores como Lev (2001), Stickney e Weil (2001), Kaplan e Norton
(1992, 1996, 1997), Sveiby (1998), Edvinsson e Malone (1997), Dzinkowski (2000), Stewart
(1998), entre outros.
Alguns dicionários, como por exemplo, o Merriam Webster’s International
Dictionary, tratam do conceito de intangível como sendo “algo ou aquilo incapaz de ser
definido ou determinado com certeza ou precisão”. Segundo Pacheco (2005), o Dicionário
Aurélio afirma que intangível é tudo aquilo “em que não se pode tocar, impalpável, intátil,
intocável”.
Alguns autores como Lev (2001) acreditam que os ativos intangíveis
podem, sim, ser definidos. Este mesmo autor afirma que “ativos intangíveis são
reivindicações de benefícios futuros, tais como aluguéis gerados por propriedade comercial,
recebimento de juros derivados de uma aplicação e dos fluxos de caixa futuro a serem gerados
20
pela produção”. Ou seja, segundo ele, de forma resumida, ativos intangíveis são fontes não-
físicas de valor econômico geradas por: inovações; fluxos organizacionais; conhecimentos
formalizados e práticas de recursos humanos que, potencialmente, podem gerar benefícios
futuros.
Para Stickney e Weil (2001) e também Bouteiller (2000), os ativos
intangíveis geralmente aparecem como resultado de eventos passados, e com características
de que: não são físicos em sua natureza; são capazes de produzir benefícios econômicos
futuros e estão protegidos legalmente ou através de um direito de fato. Por exemplo, custos de
pesquisa e custos de propaganda.
Os ativos intangíveis não são um fenômeno novo; segundo Lev (2001) o
que é novo e vem ocorrendo desde meados dos anos 80, é a singular combinação de duas
forças econômicas relacionadas entre si, a saber:
a) a intensificada competição comercial, causada pela globalização do
comércio e desregulamentação em setores econômicos chave (por
exemplo, telecomunicações, eletricidade, transportes, serviços
financeiros etc.);
b) o advento das tecnologias de informação (mais recentemente
exemplificadas pela internet).
Esses dois desdobramentos fundamentais – um deles econômico e político e
o outro tecnológico – transformaram a estrutura das corporações e lançaram os intangíveis
para o papel de principal impulsionador de valor dos negócios nas economias desenvolvidas
(LEV, 2001).
Alguns autores argumentam que um dos grandes problemas verificados em
relação aos ativos intangíveis é que a falta de diferenciação contábil entre eles e os ativos
tangíveis prejudica os administradores, investidores e formuladores de políticas, quando estes
21
se apóiam em demonstrações financeiras tradicionais baseadas apenas em ativos tangíveis
para definir suas estratégias de enfrentamento do mercado e de desenvolvimento de suas
atividades empresariais.
Esses problemas verificados e a grande importância destinada aos ativos
intangíveis fizeram com que despertasse a necessidade de classificação e mensuração dos
ativos intangíveis, ou ao nomeado “Capital Intelectual”.
Após esta breve contextualização, se prenuncia a questão central da
proposição deste estudo: qual a contribuição de conceitos como Competência, Capacitação e
Capital Intelectual na releitura da Teoria Baseada em Recursos? A seção seguinte tem por
objetivo justificar esta proposição.
22
3. JUSTIFICATIVA DA PESQUISA
A compreensão dos conceitos relatados na seção anterior, como já
mencionado na parte introdutória deste trabalho vem sendo discutida por diversas áreas de
pesquisa. Entretanto, verifica-se que a literatura é escassa, e até então, insuficiente no tocante
ao papel e contribuição que estes conceitos – Competências, Capacitações e Capital
Intelectual – podem aportar para o advento da Teoria Baseada em Recursos.
Ao analisar especificamente a literatura brasileira sobre Gestão Estratégica
de Operações, ratifica-se esta carência de produção acadêmica, relativa à proposição de
modelos estratégicos aplicáveis às definições de Estratégias de Operações com base na inter-
relação dos conceitos de Competências, Capacitações e Capital Intelectual. Não obstante, a
abordagem da Teoria Baseada em Recursos é encontrada em diversos trabalhos e amplamente
discutida na relação com a Visão da Manufatura ou à Estratégia de Operações propriamente
dita.
Com efeito, consultando-se os Anais de dois dos principais congressos da
área de Administração e de Engenharia de Produção (ENANPAD
1
e ENEGEP
2
), além de um
considerável conjunto de livros e artigos científicos componentes da área de Ciências
Contábeis e Econômicas, constata-se a inexistência de obras de pesquisadores brasileiros
voltados para a proposição de modelos que demonstrem esta inter-relação de conceitos e suas
contribuições à Teoria Baseada em Recursos.
Dessa maneira, tendo em vista contribuir para superar a lacuna teórica
caracterizada nos parágrafos anteriores, justifica-se a proposição de um framework que
1
ENANPAD - Encontro Nacional de Pós-Graduação em Administração. Foram consultados 1.545 títulos de
artigos selecionados para publicação nos encontros da ANPAD nos anos de 2004 e 2005.
2
ENEGEP – Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Foram consultados 1.364 títulos de artigos
veiculados nos anos de 2003 e 2004.
23
demonstre a inter-relação entre Competências, Capacitações e Capital Intelectual, e seu papel
contributivo para a abordagem da Teoria Baseada em Recursos, visando à melhoria e
sustentabilidade nas definições das Estratégias de Operações.
É dentro deste contexto que se estabelece a motivação de um estudo mais
consistente sobre a associação que se pode fazer com estes conceitos e as discussões da Teoria
Baseada em Recursos no âmbito da Gestão Estratégica de Operações.
Destarte, na seqüência apresentam-se os objetivos gerais e específicos da
presente dissertação.
24
4. OBJETIVOS DO TRABALHO
Fundamentado pelas seções anteriores, o objetivo geral do trabalho de
dissertação é modelar a contribuição que os conceitos de Competência, Capacitação e
Capital Intelectual assumem dentro da abordagem da Teoria Baseada em Recursos.
A idéia central é associar, de forma mensurável, através de um framework,
os conceitos de Competências e Capacitações com a Teoria Baseada em Recursos. Para tanto,
busca-se no Capital Intelectual, após uma revisão geral deste conceito, um modelo prático de
mensuração de ativos intangíveis que possibilite demonstrar os valores das Competências e
Capacitações dentro da Teoria Baseada em Recursos.
Para exemplificar essa aplicação, ter-se-á como base alguns indicadores
estratégicos publicados pela Skandia, empresa de seguros sueca sediada em Estocolmo. Tal
escolha deve-se pelo fato da Skandia ter sido a primeira e uma das poucas empresas a publicar
seus indicadores de forma mensurável, e também por representar uma empresa clássica nos
estudos sobre o Capital Intelectual, com diversos trabalhos publicados de pesquisadores de
escolas distintas.
Desta maneira, como objetivos específicos deste trabalho têm-se:
a) identificar os conceitos e características da Teoria Baseada em Recursos;
b) descrever os conceitos de Competência e Capacitação no foco
organizacional;
c) descrever o conceito e características do Capital Intelectual e identificar
um modelo de mensuração;
25
d) explicar, através da metodologia de mensuração do Capital Intelectual,
os elementos constituintes dos indicadores do Capital Intelectual da
empresa Skandia, vinculando-os aos conceitos de Competências e
Capacitações na abordagem da Teoria Baseada em Recursos;
e) propor um modelo de mapa estratégico mensurável com base na
abordagem da Teoria Baseada em Recursos, associando os conceitos de
Competência, Capacitação e Capital Intelectual.
26
5. METODOLOGIA DE PESQUISA
A realização do presente estudo, a partir de evidências teóricas e empíricas
dentro de uma orientação qualitativa, foi feita em três momentos seqüenciais e
complementares: contextualização, elaboração e aplicação, conforme ilustrado no Quadro 1.
Quadro 1: Metodologia de Pesquisa
ELABORAÇÃO APLICAÇÃO
Revisão Bibliográfica Vínculo dos indicadores selecionados
Concepção do modelo
Contribuições e limitações
Seleção dos indicadores do modelo de
mensuração
- Conceitos de Competências e
Capacitações
- Conceitos e características do Capital
Intelectual
Identificação de um modelo de
mensuração
CONTEXTUALIZAÇÃO
- Conceitos e características da Teoria
Baseada em Recursos
Fonte: do próprio autor.
A técnica utilizada para obtenção de informações que serão sistematizadas e
sintetizadas na construção de estruturas e modelos teóricos conceituais, é a da pesquisa
bibliográfica que permite construir (ou reconstruir) um modelo implícito nos diferentes
construtos, criando um arcabouço teórico capaz de sustentar ou subsidiar as questões de
pesquisa (BERTO E NAKANO, 1998).
Para cumprir com o segundo e o terceiro momento metodológico deste
trabalho, o da Elaboração e o da Aplicação, utilizou-se também da abordagem metodológica
de modelos teórico-conceituais, com o objetivo de relacionar os indicadores identificados no
Capital Intelectual com os conceitos de Competências e Capacitações, demonstrando a
contribuição destes para com a Teoria Baseada em Recursos.
Modelo, segundo Capra (1983), é uma criação cultural, um "mentefato",
destinada a representar uma realidade, ou alguns dos seus aspectos, a fim de torná-los
descritíveis qualitativa e quantitativamente e, algumas vezes, observáveis. A existência de
modelos apóia-se na impossibilidade cultural de descrever os objetos com perfeição,
27
esgotando as possibilidades de sua observação. Não sendo transparente para o homem, o
mundo se lhe apresenta como um permanente desafio à sua descrição. Essa limitação
filosófica de percepção é que permite e exige o aparecimento de modelos.
De acordo com Apostel (1991), "os modelos são necessários por constituírem uma
ponte entre os níveis da observação e o teórico e tratam da simplificação, redução, concretização,
experimentação, ação, extensão, globalização, explicação e formação da teoria"
. Dentro dessa perspectiva,
uma das suas funções principais é a explanatória e redutora de complexidade, no sentido em
que permite que uma determinada classe de fenômenos possa ser visualizada e compreendida,
o que de outra forma não seria possível devido à sua magnitude e complexidade.
A metodologia teórico-conceitual também é presenciada neste trabalho, uma
vez que é resultado de reflexões a partir de um fenômeno observado ou relatado pela
literatura, ou seja, compilação de idéias e opiniões de diferentes autores.
28
6. ESTRUTURA DO TRABALHO
O conteúdo do presente estudo segmenta-se em quatro partes distintas e
complementares, além da introdução. O Capítulo II, Referencial Teórico, é introduzido por
uma breve contextualização a respeito do escopo desta dissertação, a Gestão Estratégica de
Operações. Na segunda seção deste capítulo são apresentados os conceitos, classificações e
outras características em torno da Teoria Baseada em Recursos. Na terceira seção, discute-se
os diversos conceitos dominantes de Competências e suas classificações, e na quarta e última
seção deste capítulo segue-se a discussão a respeito das Capacitações.
O Capítulo III consiste na etapa que trata sobre o Capital intelectual,
compreendendo sua evolução histórica, sua origem, suas classificações e a apresentação do
modelo de mensuração da empresa Skandia que será utilizado na concepção do framework
desse trabalho.
O Capítulo IV constitui-se na elaboração e aplicação do modelo conceitual –
o framework proposto – integrando os indicadores publicados pela Skandia aos conceitos de
Competências e Capacitações. O modelo descrito consiste na proposta de solução do
problema de pesquisa, contendo a classificação e o conjunto de indicadores, que por sua vez,
representam a contribuição para abordagem da Teoria Baseada em Recursos.
Finalmente, no Capítulo V, apresentam-se as conclusões e considerações
finais obtidas pela realização de todo o trabalho, verifica-se o atendimento dos seus objetivos
e sugere-se a realização de novas pesquisas julgadas úteis à complementação desta.
29
II. REFERENCIAL TEÓRICO
1. DA ESTRATÉGIA DE OPERAÇÕES
Classicamente, as decisões estratégicas em uma empresa são tomadas em
três níveis: corporativo, unidade de negócios e funcional, cada um, exercendo um papel
distinto e limitado na definição dos rumos da organização como um todo. Nas últimas
décadas, o cenário competitivo internacional tem demonstrado os perigos desse processo
fragmentado e hierarquizado, especialmente em decisões relativas às operações de
manufatura. Os sistemas produtivos, usualmente são a sede de um amplo conjunto de recursos
estratégicos disseminados em instalações físicas, capital humano, tecnologias, conhecimentos
e rotinas desenvolvidos ao longo do tempo que devem ser cuidadosamente identificados e
explorados em todas as suas potencialidades. Desta forma, o papel da manufatura tem mudado
cada vez mais de uma função de reatividade ou simples atendimento à estratégia corporativa
ou de negócios para uma condição de efetiva força direcionadora desta estratégia
(WHEELWRIGHT, 1984; GARVIN, 1993).
Este direcionamento se consolida por meio de dois focos de decisão,
distintos, mas interdependentes: o primeiro centra-se na escolha das dimensões competitivas a
serem priorizadas pela empresa, dentre elas estão o custo, qualidade, flexibilidade, entrega,
serviço ou inovação (SLACK, 1993; WHEELWRIGHT, 1984; GARVIN, 1993). O segundo
foco tem-se as decisões relativas à estrutura e infra-estrutura como instalações industriais,
30
capacidade, tecnologia, integração vertical, gestão de pessoal, planejamento e controle de
produção, gerência da qualidade e organização (WHEELWRIGHT, 1984; SKINNER, 1978).
É a partir desta contextualização que o tema deste estudo é delimitado, ou
seja, todo o desenvolvimento desta dissertação está inserido no âmbito da Gestão Estratégica
de Operações, de maneira particular nesta definição de Estratégias de Operações.
31
2. DA TEORIA BASEADA EM RECURSOS
Os fundamentos da Teoria Baseada em Recursos devem muito ao trabalho
de Penrose (1959), distintamente, à sua teorização da empresa como “um conjunto de recursos
produtivos”. Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000), também relacionam a origem da Teoria
Baseada em Recursos a este trabalho de Penrose (1959), que analisou os processos de
crescimento das firmas como caracterizados pelas oportunidades externas e internas, as quais
são decorrentes do conjunto de recursos das firmas.
A aproximação baseada nos recursos pode ser datada de 1984, ano em que
foram publicados dois dos mais importantes artigos sobre este assunto: “A resource based
view of the firm” de Wernerfelt (1984), e “Towards a Strategic Theory of the Firm”, de
Rumelt (1984). A estes artigos seguiram-se muitos outros, e, uns mais do que outros,
contribuíram para o desenvolvimento e consolidação desta teoria. Deste modo, muito embora
a teoria baseada nos recursos tenha sido muitas vezes apresentada como um desenvolvimento
revolucionário, na realidade ela encontra-se ancorada em trabalhos clássicos sobre empresas e
estratégias empresariais. Em pouco mais de uma década, esta teoria desenvolveu-se e
afirmou-se como a aproximação dominante à estratégia. Quase todas senão todas as revistas
acadêmicas mais importantes sobre estratégia, assim como os periódicos de negócios de
grande circulação, contêm artigos escritos numa perspectiva da teoria baseada nos recursos.
No final dos anos oitenta, diversos trabalhos na área da Administração
Estratégica indicaram que as diferenças existentes entre os desempenhos das firmas dentro de
uma mesma indústria, se mostravam expressivamente superiores às diferenças de desempenho
32
entre indústrias, significando que os fatores internos às empresas exerceriam um impacto
maior em comparação aos fatores externos, isto é, à estrutura da indústria (CARNEIRO,
CAVALCANTI E SILVA, 1999).
Esta idéia de que os recursos devem guiar a estratégia mais fortemente que
as restrições do ambiente externo (estrutura da indústria) está também no centro de diversas
teorias sobre a diversificação das empresas. Nessas teorias, é o agrupamento de diversos
conjuntos produto/mercado em torno de competências únicas que explica os esforços bem-
sucedidos de diversificação (BARNEY, 1996; GRANT, 1991).
Uma outra análise que se aproxima bastante da visão proposta pela teoria
dos recursos – a de que a competitividade de uma organização se fundamenta essencialmente
em sua capacidade de selecionar e combinar recursos adequados e mutuamente
complementares - vem de um outro grupo de precursores da teoria dos recursos, que é
composto pelos proponentes da escola de design estratégico (ANDREWS, 1980). O modelo
de análise SWOT de Porter (forças e fraquezas, oportunidades e ameaças) supõe alguns dos
conceitos básicos da teoria dos recursos na medida em que a análise de forças e fraquezas se
baseia em uma análise interna (focada em recursos e competências distintivas) e a análise de
oportunidades e ameaças se baseia em uma análise externa (focada nas condições de
concorrência e demanda).
Em geral, as forças e fraquezas de uma organização são resultado: a) das
forças e fraquezas dos indivíduos que compõem a organização; b) da forma como essas
capacidades individuais são integradas no trabalho coletivo; e c) da qualidade da coordenação
dos esforços de equipe (ANDREWS, 1980).
33
2.1 Alguns conceitos para “recursos”
Wernerfelt (1984) define recurso com “qualquer coisa que pode ser pensada
como um ponto forte ou uma fraqueza de uma dada empresa”. Segundo ele, as empresas
conseguem uma vantagem concorrencial se adquirirem ou desenvolverem recursos superiores
ou uma combinação superior de recursos. Ainda em Wernerfelt (1984), por recursos
entendem-se os ativos tangíveis e intangíveis que são vinculados de forma semipermanente à
empresa.
Para Yepes e Garre (1999), de um ponto de vista mais amplo, os recursos de
uma empresa podem ser definidos como todos os ativos, capacidades, processos
organizacionais, atributos empresariais, informações, conhecimentos controlados pela
empresa para conceber e implementar estratégias que aperfeiçoem sua eficiência e eficácia.
Para António (2003), os recursos são “ativos relacionados com uma organização
que são difíceis, se não mesmo impossíveis de imitar, como por exemplo, os segredos comerciais, os
equipamentos produtivos muito especializados e a experiência acumulada pelos trabalhadores.”
Estes ativos
são difíceis de transferir de uma organização para outra, devido aos custos de transação e aos
custos de transferência envolvidos. Além disso, estes ativos contêm, muitas vezes, certa dose
de conhecimento tácito. Os recursos não podem nem devem ser avaliados isoladamente,
porque o seu valor é determinado pelas suas ligações com as forças do mercado. Um recurso
pode ser valioso numa determinada indústria ou num momento particular, podendo não ter o
mesmo valor numa outra indústria ou num contexto temporal diferente.
Outros autores definem recursos de maneira mais pontual, como sendo os
elementos que participam do processo produtivo, tais como máquinas e equipamentos,
habilidades dos trabalhadores, marcas e patentes, etc. Por outro lado, Barney (1996) considera
34
como recursos, todos os ativos, as competências, o processo organizacional, os atributos e as
informações da empresa, o conhecimento, enfim ampla gama de ativos que pertencem à
empresa.
Em linhas gerais, parece ser consenso na grande maioria dos autores atribuir
ao conceito de recurso uma visão holística para sua definição. De maneira que se pode
entender que recurso é todo e qualquer fator que tenha contribuído para a formação do
produto acabado da firma até a sua entrega ao cliente, ou porque não dizer, ao consumidor
final, já que se faz necessário muitas vezes a relação de parceiros – que também poderiam ser
considerados como recursos, pois são peças cruciais para que a necessidade que fez ser a
razão de existir daquele produto, seja suprida.
2.2 Classificações dos recursos
Penrose (1959), Nelson & Winter (1982) e Barney (1996) sugerem três
categorias atendendo a natureza dos recursos: recursos físicos, como instalações e
equipamentos; recursos humanos, incluindo os colaboradores da empresa; e recursos
organizacionais, os quais são formados pelas rotinas que coordenam os recursos humanos e
físicos de modo produtivo.
Black & Boal (1994) por sua vez, propõem que os recursos sejam
diferenciados em recursos sistêmicos, formados por uma complexa rede socialmente criada e
de difícil identificação dentro da organização; e recursos contidos, constituídos por fatores
claramente localizados e identificados.
35
Grant (1991) propõe um esquema mais simples, o qual tem sido
amplamente adotado que é a classificação em recursos tangíveis, os quais podem ser
observados e avaliados com clareza, tais como recursos humanos, financeiros e equipamentos;
e recursos intangíveis, os quais não podem ser diretamente observados tais como o
conhecimento, cultura organizacional, reputação da empresa, habilidades tecnológicas ou
gerenciais não documentadas e os relacionamentos com fornecedores e clientes, entre outros.
Tendo-se como base estas três abordagens, em síntese, uma classificação
que se parece convergir para a Teoria Baseada em Recursos poderia ser apresentada conforme
demonstrada na tabela 1.
Tabela 1: Agrupamento de Recursos
Ativos Tangíveis Ativos Intangíveis
Recursos Humanos Recursos Culturais
Recursos Financeiros Recursos do Conhecimento
Recursos de Fundo de Comércio Recursos de Fundo de Comércio
Outros recursos tangíveis Outros recursos intangíveis
Fonte: elaborado pelo próprio autor (2005).
A composição do que consistem os agrupamentos “Recursos de Fundo de
Comércio” informados na tabela acima, pode ser exemplificada da seguinte forma: do lado
tangível, seria composto por um complexo de recursos materiais, como móveis,
equipamentos, instalações, processos organizacionais, estruturais, etc., e do lado intangível,
fundo de comércio envolveria os recursos não-materiais, tais como nome e tradição da
empresa no mercado, imagem e qualidade de seus produtos, clientela, idoneidade, entre
outros.
36
2.3 A Natureza Estratégica de um Recurso
Como a abordagem da Teoria Baseada em Recursos encontra-se ainda em
consolidação, a busca de elementos que caracterizem a validade estratégica de um recurso
conduz a uma significativa amplitude de propostas. Encontram-se pequenas variações na
terminologia empregada por diversos autores. Entretanto, uma breve análise dos estudos de
Wernerfelt (1984), Dierickx & Cool (1989), Peteraf (1993), Amit & Shoemaker (1993) e
Black & Boal (1994) entre outros, identifica-se essencialmente uma forte sobreposição de
idéias. Peteraf (1993) buscou sintetizar essas diversas visões em um modelo composto por
quatro macro-condicionantes: a Condição de Heterogeneidade, Limites à Competição Ex-
Ante, Limites à Competição Ex-Post e a Imperfeita Mobilidade.
2.3.1 Condição de Heterogeneidade
Segundo Peteraf (1993), a heterogeneidade em uma indústria envolve
situações em que a presença de recursos estratégicos é limitada em quantidades e ao mesmo
tempo escassa em relação à demanda. Nesta condição, as empresas com recursos superiores,
mas escassos, podem acessar menores custos médios do que as outras empresas, no entanto,
não podem expandir rapidamente a sua produção mesmo que os preços pagos pelo mercado
sejam muito altos. Os preços altos por sua vez, induzem empresas menos eficientes a
entrarem no mercado. Ao atingir-se o equilíbrio entre demanda e fornecimento e uma redução
de preços, estas empresas menos eficientes terão seus ganhos rebaixados e então as empresas
de baixo custo poderão colher rendimentos utilizando seus recursos superiores e escassos.
2.3.2 Limites à Competição Ex-Ante
A existência de limites à competição ex-ante, conforme Peteraf (1993),
implica em que, antes de uma empresa estabelecer uma posição superior em recursos, deve
37
existir uma competição limitada por esta posição. A autora afirma ainda que uma posição em
recursos só pode ser uma fonte de lucros acima da média se uma empresa tiver a chance de
adquiri-los em ausência de competição, ou seja, o valor dos recursos não podem ser de
conhecimento de todos os competidores antes de sua aquisição e utilização, pois isto geraria
competição, elevação dos preços destes recursos devido ao aumento da procura e uma
conseqüente erosão dos possíveis lucros no processo de concorrência pela aquisição dos
mesmos. Neste raciocínio os lucros provêm da incerteza ou de assimetrias de informação na
fase inicial do processo.
2.3.3 Limites à Competição Ex-Post
A necessidade de limites à competição ex-post, implica em que após uma
empresa adquirir uma posição de vantagem por meio de um conjunto de recursos
heterogêneos em relação aos seus concorrentes, devem existir fatores que permitam a
durabilidade desta condição de heterogeneidade, de forma a preservar-se a posição superior
adquirida. Peteraf (1993) define como principais limites à competição ex-post a presença de
situações denominadas de imperfeita imitabilidade e imperfeita substituição de um recurso.
Por sua vez, a capacidade de proteção de um recurso contra a imitação ou substituição
depende da presença de uma série de “mecanismos de isolamento” (RUMELT, 1984). Estes
“mecanismos de isolamento” ou “atributos estratégicos” podem ser a ambigüidade causal, a
não-codificação do conhecimento ou a existência de dependências de caminho, entre outros.
A ambigüidade causal está presente quando os próprios competidores não
conseguem identificar qual é o recurso valioso ou como recriá-lo ou defini-lo. Do mesmo
modo que a não-codificação do conhecimento ou as rotinas organizacionais tácitas, a
ambigüidade causal implica na dificuldade de rastrear à partir de uma posição competitiva,
qual o recurso que sustenta aquela posição. Assim, a informação imperfeita antes de
38
representar um problema, revela-se muitas vezes, uma condição desejável para uma vantagem
competitiva. Já uma dependência de caminho significa que um recurso ou ativo foi
desenvolvido e acumulado em um processo ao longo do tempo ou de uma seqüência de
eventos históricos e aprendizado envolvendo acertos e erros (WILK, 2005).
2.3.4 Imperfeita Mobilidade
A imperfeita mobilidade de um recurso implica que, embora este possa ser
negociado, é muito mais valioso na empresa em que atualmente é empregado do que poderia
ser em outra. Os recursos são imperfeitamente móveis quando de alguma maneira possuem
especialização ou especificidade que os tornam adaptados exclusivamente para as
necessidades da empresa que os possui. Teece (1986) esclarece que determinados conjuntos
de recursos só produzem valor quando utilizados em conjunto, denominando-os de ativos co-
especializados. Uma outra fonte de mobilidade imperfeita de um recurso ocorre quando os
custos de transferência deste recurso ou sua negociação, são excessivamente altos em relação
ao seu valor (RUMELT, 1987). Podem ainda ocorrer situações de não-transferibilidade nas
quais o recurso não pode ser utilizado com igual eficiência em outro ambiente. Entende-se
ainda que determinados recursos estão configurados ou relacionados de tal forma que se torna
difícil tanto para o vendedor, quanto para o comprador, analisá-los e determinar o seu custo e
o seu valor individual (BARNEY, 1991).
Na seqüência, de forma a organizar os estudos em torno da Teoria Baseada
em Recursos, apresenta-se na tabela 2 uma síntese teórica e cronológica sobre os principais
trabalhos desenvolvidos e seus respectivos autores.
39
Tabela 2: Síntese teórica da Teoria Baseada em Recursos
Ano Autor Estudo Descrição
1959 Penrose Theory of the growth of the firm
Sua teoria compreende as empresas como diferentes amálgamas
de recursos produtivos e estratégicos, que as conduzem a
diferentes potenciais de desempenho. Os serviços produzidos
através dos recursos são uma função do meio em que eles são
usados.
1982 Nelson & Winter
An Evolutionary Theory of
Economic Change
Contribuiram para a primeira categorização dos recursos, sendo
estes classificados em recursos físicos, recursos humanos, e
recursos organizacionais.
1984 Rumelt
Towards a strategic theory of the
firm
Um dos dois artigos considerados como marco de origem da volta
do tema "recursos" à literatura em Estratégia Empresarial. O autor
apregoa que a resistência à imitação é propiciada por "mecanismos
de isolamento".
1984 Wernerfelt
A resource based view of the
firm
Um dos dois artigos considerados como marco de origem da volta
do tema "recursos" à literatura em Estratégia Empresarial. O autor
apresenta um dos primeiros entendimentos sobre recursos, em
termos bem amplos: "qualquer coisa que possa ser pensada como
uma força ou uma fraqueza de uma dada firma".
1989 Dierickx & Cool
Asset stock accumulation and
sustainability of competitive
advantage
Asseveram que os recursos devem ser sempre percebidos em seu
caráter de estoque, em contraponto às atividades da firma, pelas
quais corre o fluxo de receitas, investimentos e despesas.
1991 Barney
Firm resources and sustained
competitive advantage.
O artigo examina o elo entre os recursos da firma e a vantagem
competitiva sustentável, discutindo os quatro aspectos que
propiciam esta vantagem competitiva sustentável (valor, raridade,
inimitável, insubstituível).
1993 Peteraf
The cornerstones of competitive
advantage: a resource based
view
Sintetiza as diversas visões sobre a natureza estratégica de um
recurso em um modelo composto por quatro macro-condicionantes.
1996 Barney
Gaining and Sustaining
Competitive Advantage
Sugere, no âmbito da teoria dos recursos, que é o agrupamento de
diversos conjuntos produto/mercado em torno de competências
únicas que explica os esforços bem sucedidos de diversificação.
2000 Mintzberg et al Safári de estratégia
Abordam o processo de elaboração da estratégia, afirmando que o
termo estratégia requer uma série de definições, das quais
destacam cinco em particular (plano, padrão, posição, perspectiva e
manobra).
2003 Mills & Platts
Applying resource-based theory:
methods, outcomes and utility for
managers
O estudo descreve, aplica e avalia um conjunto de métodos teóricos
para ajudar administradores a terem uma visão baseada em
recurso de seus serviços e atividades.
Fonte: do próprio autor
Para atender aos objetivos deste trabalho, fundamentado nos estudos
descritos anteriormente, formular-se-á no fim de cada uma das etapas deste capítulo uma
tabela classificatória em torno dos conceitos apresentados, sob a forma de palavras chave, que
compreenderão os agrupamentos para o futuro desenvolvimento do framework. Desta forma,
o quadro 2 traz o primeiro agrupamento, demonstrando a classificação para Recursos.
Quadro 2: Agrupamento de Recursos
Recursos
Recursos Tangíveis
Humanos, Financeiros, Fundo de Comércio
Recursos Intangíveis
Culturais, Conhecimento, Fundo de Comércio
Fonte: do próprio autor
40
Diante do exposto sobre a Teoria Baseada em Recursos, percebe-se muitos
avanços nas discussões desta abordagem, fazendo com que houvesse uma mudança de 180º
na visão estratégica das organizações, ou seja, de uma visão de “fora para dentro” para um
enfoque maior na visão de “dentro para fora”. Mas para isso, um aprofundamento de outros
estudos se fez necessário e tornaram-se cruciais para um melhor entendimento e
fundamentação destes avanços. Os recursos por si só não tinham sustentabilidade para se
posicionar no mercado de maneira estratégica, era preciso um estudo que possibilitasse a
capacidade de mobilizar, selecionar e combinar recursos adequados e mutuamente
complementares.
Partindo desta sinalização, é que se inicia o desenvolvimento das próximas
etapas deste trabalho: o estudo das Competências, das Capacitações e do Capital Intelectual.
41
3. DAS COMPETÊNCIAS
Brandão (1999) apregoa que o significado da palavra competência vem se
ampliando desde o fim da idade média. Houve, primeiramente, um significado jurídico:
“faculdade atribuída a alguém ou a uma instituição para apreciar e julgar certas questões”.
Mais tarde surgiu uma extensão do conceito: “reconhecimento social sobre a capacidade de
alguém se pronunciar a respeito de um assunto específico”. Depois passou a ser utilizado na
linguagem empresarial de forma mais genérica, significando a qualidade que capacita o
indivíduo a realizar determinado trabalho (FLEURY & FLEURY, 2004).
Em Pinheiro de Lima e Gouvêa (2003), é possível identificar duas
classificações macros para então definir as Competências: a competência individual e a
competência organizacional. Fundamentados por Sveiby (1997) e Sanches e Heene (1997), os
autores apresentam as seguintes definições:
“competência individual: é própria ao indivíduo e difícil de se transferir,
evidenciando um domínio sobre as ‘regras’, podendo redefini-las,
quando necessário. Associa-se à competência individual um conjunto de
atributos, como a base de conhecimento explícito, habilidades,
experiência, valores e rede social de relacionamentos. Observa-se,
portanto, a integração dos conceitos de habilidade, conhecimento
(explícito, experiência e rede de relacionamentos) e valores, no nível
individual. Falta apenas uma noção de propósito (necessidades), que
pode ser estabelecida na adequação dos objetivos individuais e
organizacionais, no desenvolvimento das atividades de trabalho.”
“competência organizacional: é a ‘habilidade’ de coordenar a
distribuição dos recursos e capacitações da organização em uma direção
estabelecida, para se atingir os seus objetivos (SANCHES e HEENE,
1997). Esta definição é estabelecida tendo como base o fato de que as
capacitações organizacionais constituiriam padrões de ação, no uso dos
42
recursos organizacionais, para a produção de bens e/ou serviços. A
combinação de valor agregado de recursos e capacitações seriam, na
realidade, as competências organizacionais. À competência
organizacional também podem ser incorporados os atributos da
experiência do sistema de valores e da rede social de relacionamentos, na
medida em que se trabalha o aspecto cumulativo destes atributos, e,
portanto, se estabelece uma trajetória cumulativa de aprendizagem.
Existem princípios, ou pressupostos, coletivos que servem de base para
qualquer processo de interpretação e desenvolvimento, que se associam
aos processos de negócios e que podem extrapolar as fronteiras
organizacionais. Desta forma, o conceito de habilidade, intrínseco à
definição de competência, a direção estabelecida na sua componente de
realização da estratégia, representando os objetivos organizacionais, as
capacitações, identificando a base do conhecimento organizacional e a
sua respectiva integração aos processos, sistemas e produtos, e o sistema
de valores, fundamentando e regulando a formação das competências,
contribuem para a definição das competências organizacionais.”
Isto posto, a fim de atender aos propósitos deste estudo, a ênfase dada nesta
etapa é voltada aos trabalhos relacionados às Competências Organizacionais. As
Competências Individuais serão tratadas apenas quando se servir de fundamentação para as
características das Competências Organizacionais.
Fleury e Fleury (2004) introduzem a noção da empresa como um porta-fólio
de competências. Eles citam Durand (1998) o qual afirma que, “nos tempos medievais, os
alquimistas procuravam transformar metais em ouro; hoje, os gerentes e as empresas procuram transformar
recursos e ativos em lucro. Uma nova forma de alquimia é necessária às organizações”.
Esta alquimia é
nomeada de competência.
Na abordagem teórica desenvolvida por Heene e Sanchez (1997), conforme
já introduzido por Pinheiro de Lima e Gouvêa (1993), o conceito de competência refere-se à
43
capacidade que uma organização possui para sustentar alocações coordenadas de recursos, a
fim de ajudar a empresa a atingir os seus objetivos.
As competências organizacionais são os processos que permitem combinar
aptidões, sistemas ativos e valores, proporcionando vantagem competitiva e fornecendo
preciosas “funcionalidades” à clientela. Elas são um fator estratégico, estando intimamente
ligadas aos processos de gerência e aos elementos organizacionais construídos em torno do
conhecimento e da prática individual. De um lado, estão o patrimônio e os ativos tangíveis e
intangíveis; de outro, sua ação combinada, aportada pelos indivíduos e processos
organizacionais, para alcançar um objetivo pretendido.
Os princípios sistêmicos e especializados são consubstanciais às
competências organizacionais, que repousam sobre o desenvolvimento coordenado e
organizado de ativos, como uma ação inteligente combinada de recursos em espaço e tempo
determinados. Esse desenvolvimento é próprio à organização, à sua história, à sua cultura e
indica a noção de sentido de evolução, central para as economias evolucionistas. Ou seja, as
competências são historicamente condicionadas, o que as torna específicas, únicas e difíceis
de serem imitadas, proporcionando vantagens competitivas à empresa (ROUBY E SOLLE,
2001).
O conceito de competências organizacionais também tem sido largamente
discutido com base em Hamel e Prahalad (1994), que sustentam a premissa de que a raiz da
vantagem competitiva pode ser encontrada nas competências centrais da empresa. No
desenvolvimento desta idéia, os autores usam a imagem de uma “árvore de competência”. Os
autores acreditam que a vantagem competitiva deriva de capacidades profundamente
enraizadas que estão por trás dos produtos da empresa. Elas permitem que a empresa se
44
diversifique em novos mercados, bem como, gere dificuldades para imitá-las, uma vez que
estão “ocultas” em suas raízes. Também, consideram a competência central como
conseqüência do “aprendizado coletivo” da organização. Outros autores definem ainda
competência como a habilidade de coordenar taxas de forma a ajudar a organização a atingir
os objetivos.
Assim, com o objetivo de delimitar um conceito para os propósitos deste
trabalho, face alusão ao conceito exposto por Pinheiro de Lima e Gouvêa (2003), onde
competência pode ser definida como resultado da “combinação de valor agregado de recursos
e capacitações”. Ou seja, competência é resultado da capacidade de organizar, manusear e
coordenar as atividades e recursos da organização.
3.1 Classificações das Competências
Doz (1996) assevera que se pode abordar as competências em diferentes
níveis: competências individuais, organizacionais e competências-chave.
As competências individuais referem-se às aptidões observáveis em
coletivos de trabalho restritos. Elas podem ser definidas também como o conjunto de
conhecimentos, habilidades e atitudes que cada pessoa possui ou desenvolve, as quais
consegue colocar em ação para um determinado propósito.
Fleury & Fleury (2004) diferenciam três grandes blocos de competências
individuais em uma perspectiva sistêmica: competências de negócio (relacionadas à
compreensão do negócio); competências técnico-profissionais (especificamente ligadas a
operações, ocupações ou atividades) e competências sociais (necessárias para interagir com as
pessoas).
As competências organizacionais suscitam quatro dilemas de
competitividade em relação ao equilíbrio a ser encontrado: entre o conhecimento tácito e sua
45
codificação; entre as competências específicas e agregadas; entre as competências de base e as
oportunidades de inovação; e, entre o aprofundamento das competências existentes e sua
renovação (DOZ, 1996).
As competências-chave ou essenciais ou centrais, para Prahalad e Hamel
(1990), representam a aprendizagem coletiva da organização, especialmente sobre como
coordenar diversas habilidades produtivas e integrar múltiplas correntes de tecnologia. Elas
são as raízes que provêem alimento, sustentação e estabilidade a uma organização.
Damião (2004) cita Baker et al (1997) e Zarifian (1990), para apresentar a
existência de quatro diferentes interpretações de competências dentro de uma organização:
a) competência estratégica: o chamado “ajuste-fino” entre estratégia de
negócios da organização e ambiente competitivo externo;
b) competência distinta: é uma série de tecnologias e técnicas essenciais
que provém da vantagem competitiva e pode existir em múltiplos níveis
na organização. É como se fosse uma competência única de uma ou
poucas organizações;
c) competência funcional: é o “ajuste-fino” entre prioridades competitivas
da organização e seus pontos fortes dentro de uma função em particular
como manufatura ou marketing, por exemplo;
d) competência individual: é uma série de técnicas e conhecimentos de
uma necessidade individual para realizar efetivamente um trabalho.
Thomas E. Vollmann (1996) tamm distingue quatro graus de
competências: distintivas, essenciais, de rotina e terceirizáveis:
46
a) as competências distintivas resistem à imitação por serem difíceis de
desenvolver;
b) as competências essenciais são comuns aos concorrentes imediatos, mas
necessárias para o negócio;
c) as competências de rotina são comuns à maioria das empresas;
d) as competências terceirizáveis que podem ser desempenhadas por
fornecedores ou parceiros de negócio.
Ainda para Vollmann (1996), o importante é o equilíbrio do mix desses
diferentes tipos de competência. Estes conceitos ajudam a identificar as competências que são
responsáveis pela combinação peculiar e única dos recursos e nos permitem avaliar as
possíveis potencialidades que tornam uma empresa diferenciada.
Heene e Sanchez (1997), fazem uma abordagem muito interessante e que
servirá de base fundamental para o framework deste estudo. Eles classificam as competências
dentro da visão de um modelo de construção de competências, na qual as firmas adquirem e
empregam ativos novos e ativos diferentes em termos qualitativos, bem como capacidades e
formas de coordenação de recursos. Ressalta-se que as competências que permeiam o referido
modelo são encaradas como multidimensionais, podendo ser caracterizadas pelas:
a) competências dinâmicas: pois a alavancagem de competências
(competence leveraging) e a construção de competências (competence
building) exigem a ocorrência de interação de pessoas e grupos dentro
das empresas; de empresas e fornecedores externos de recursos; de
firmas e clientes; e, de empresas competitivas e cooperativas;
b) competências sistêmicas: pois as firmas funcionam como sistemas
abertos que visam a alcançar objetivos definidos, cujos ativos tangíveis e
47
intangíveis interconectados são organizados sob uma lógica estratégica
de realização de resultados, mediante o uso de vários processos
gerenciais, incluindo a alavancagem e a construção de novas
competências;
c) competências cognitivas: na medida em que assumem características de
uma disputa entre conhecimentos gerenciais para identificar as
competências importantes para a organização no futuro, tornando-se o
foco dos objetivos organizacionais de construção de competências.
Dadas às diferenças de cognição gerencial, têm-se diferenças de padrões
de construção de competências e atividades de alavancagem;
d) competências holísticas: onde se propõe uma medida de desempenho da
firma que vai além dos indicadores de retorno financeiro e rentabilidade,
apresentando uma visão de empresa como sistema multidimensional, ao
mesmo tempo quantitativo e qualitativo, tangível e intangível: humano,
social e econômico.
A tabela 3 a seguir apresenta uma síntese teórica e cronológica em torno das
Competências, direcionando-a ao atendimento dos propósitos iniciais que fundamentam o
framework deste trabalho.
48
Tabela 3: Síntese teórica das Competências
Ano Autor Estudo Descrição
1989 Hamel e Prahalad Strategic intent
Apregoam a divisão das competências organizacionais em dois
tipos: as básicas que garantem a sobrevivência de uma empresa; e
as essênciais, que permitem a diferenciação de uma empresa no
mercado.
1990 Prahalad e Hamel
The core competence of the
corporation
Ê
nfase no conceito de competências essenciais (core competence).
Asseveram que as competências são formadas a partir de recursos
e as estratégias são elaboradas a partir de grupos de recursos.
1997 Heene e Sanchez
Competence-based strategic
management
Classificam as competências dentro da visão de um modelo de
construção de competências. Essas competências são
caracterizadas por: dinâmicas, sistêmicas, cognitivas e holísticas.
1999 Zarifian
Objetivo Competência: por uma
nova lógica.
Propõe cinco classificações para as competências organizacionais
que considera essenciais para estratégias competitivas:
competências sobre processos, competências técnicas,
competências sobre a organização, competências de serviços e
competências sociais.
2001 Fleury & Fleury
Estratégias empresariais e
formão de competências
Defendem a abordagem que toda empresa tem um portfólio físico,
financeiro, intangível, organizacional e de recursos humanos. E,
portanto, consideram que é esse portfólio que cria as vantagens
competitivas que as empresas tanto almejam.
2003 Fleury & Fleury
Estratégias competitivas e
competências essenciais:
Perspectivas para a
internacionalização da indústria
no Brasil
Asseveram que a manutenção da relação dinâmica entre estratégia
e competência é o principal objetivo dos processos de
aprendizagem.
2003
Mills, Platts e
Bourne
Competence and Resource
architetures
Desenvolvem um framework que possibilita a representação das
competências. Essa representação pictorial é apoiada em três
definições: recursos e rotinas; competências e capacidades; e
coordenação.
Fonte: do próprio autor
Sem a intenção de esgotar os conceitos e as principais classificações sobre a
discussão desta etapa, é possível verificar que o estudo das Competências acrescenta ao
estudo da estratégia e da Teoria Baseada em Recursos uma nova maneira de enxergar a
organização: uma empresa deve ser vista não apenas como um porta-fólio de produtos ou
serviços (recursos), mas como um porta-fólio de competências (PRAHALAD & HAMEL,
1990 e FLEURY & FLEURY, 2004).
Deste modo, as competências contribuíram para explicar e dar um sentido
contemporâneo para a teoria baseada em recursos, permitindo a esta teoria um estudo com
maior fundamentação através do conceito de competência, que conclui-se para os propósitos
deste trabalho, como sendo a capacidade de organizar, manusear e coordenar, mobilizando um
conjunto de recursos, atividades e processos, sincronizando-os aos objetivos da organização.
49
É com base em tais considerações, incluindo as quatro visões da construção
de competências de Heene e Sanchez (1997), que se desenvolve a segunda parte do
framework proposto (quadro 3).
Quadro 3: Agrupamento das Competências
Competências
Competências Dinâmicas
Competências Sistêmicas
Competências Cognitivas
Competências Holísticas
Fonte: do próprio autor
Embora o estudo das competências tenha sido identificado como um crucial
construto para a teoria baseada em recursos, é preciso identificar o fluxo desta mobilização
dos recursos e das competências específicas da empresa, que tem como responsabilidade a
direção da estratégia. É essa perspectiva que se pretende buscar na próxima etapa com o
estudo das Capacitações.
50
4. DAS CAPACITAÇÕES
Entende-se por capacidades ou capacitações as habilidades específicas da
organização como um todo ou de suas partes. Tais habilidades manifestam-se em processos
operacionais a partir de combinações tipicamente complexas de ativos tangíveis e intangíveis.
Incluem habilidades de saber fazer a baixo custo, saber fazer bem e de saber escolher o que
fazer. Incluem ainda habilidades de fazer avançar o desempenho da organização, seja em
termos de novos produtos ou serviços, ou de novos processos de produção, venda,
financiamento, divulgação, etc. São, portanto, um recurso específico da firma, enraizado na
organização e não transferível para outra firma, cujo propósito é aumentar a produtividade de
outros recursos que a empresa possui (AMIT E SHOEMAKER, 1993).
Existe um interesse crescente na questão das capacitações de uma
organização, no âmbito do programa de pesquisa da Administração Estratégica e também da
área de Engenharia de Produção, Gestão de Operações. O foco nas capacitações, em particular
nas “dinâmicas”, foi muito considerada em estratégias nos anos 90 (MINTZBERG, 2000). O
termo “dinâmico” se refere à capacidade para renovar competências para alcançar um
ambiente variável; as respostas inovadoras são exigidas, quando o tempo para comercializar é
crítico, a taxa de mudança tecnológica é rápida, e a natureza de competição e mercados
futuros difíceis de determinar. A capacidade do termo enfatiza o papel chave de
gerenciamento estratégico em apropriadamente adaptando, integrando, e configurando novas
habilidades organizacionais internas e externas, recursos, e competências funcionais para
combinar os requisitos de um ambiente variável.
51
Portanto, capacidades dinâmicas são as capacidades da organização em
integrar, construir, e reconfigurar competências internas e externas para sobreviver em meios
envolventes em mudança rápida (TEECE, PISANO E SHUEN, 1997). As capacidades
dinâmicas refletem, deste modo, o potencial da organização para se dotar de novas e
inovadoras formas de vantagem comparativa, tendo em conta, a sua trajetória e a sua posição
concorrencial.
Nos trabalhos da teoria dos recursos, os recursos e as capacidades são
tratados essencialmente como variáveis de estoque, como dados mais ou menos fixos. Na
abordagem das capacidades dinâmicas, mais importante que o estoque atual de recursos é a
capacidade de acumular e combinar novos recursos em novas configurações capazes de gerar
fontes adicionais de rendas (VASCONCELOS E CYRINO, 2000).
Segundo Montealegre (2001) a diferença entre a conceituação da Teoria
Baseada em Recursos e as Capacitações Dinâmicas, é que enquanto na teoria baseada em
recursos os recursos e as capacitações são explorados para as oportunidades do mercado, na
visão das capacitações dinâmicas a firma precisa desenvolver as novas capacitações para
identificar as oportunidades de mercado e responder rapidamente a elas.
A fim de atender os propósitos deste trabalho, não se aprofundará nos
estudos das capacitações dinâmicas. O enfoque será dado às capacitações dentro da
abordagem da Teoria Baseada em Recursos, servindo-se das “dinâmicas” apenas de
referencial teórico para apoiar na fundamentação do framework quando necessário.
Uma discussão interessante sobre as Capacidades é a de Christensen e
Overdorf (2000). Eles destacam a necessidade da gerência da empresa pensar as capacitações
52
de sua organização tão cuidadosamente como o fazem quanto aos seus quadros técnicos e
gerenciais. Para tal, eles sugerem a análise de uma capacitação ao longo de três dimensões:
que se considere não só os recursos (ativos) tangíveis e intangíveis de que a firma dispõe e os
processos que os operam – aí incluídos os processos de interação, coordenação, comunicação
e tomada de decisão pela equipe para transformar os insumos em resultados de maior valor –
como também os valores culturais pelos quais empregados definem suas prioridades e
estabelecem relevâncias relativas, no âmbito de seu trabalho cotidiano. Neste sentido, as
capacitações também poderiam ser entendidas como a expressão tangível da cultura da
organização em seu desempenho como empreendimento (MINTZBERG, 2000).
A forma de praticar um dado processo poderia ser apropriadamente
denominada de uma “rotina”, em linha com a tradição da economia evolucionária (NELSON
e WINTER, 1982). A “rotina” é o padrão que a organização segue repetidamente em sua
atuação para execução de um dado processo organizacional. Uma capacitação, portanto, está
necessariamente associada a uma determinada “macro-rotina” da organização. Observa-se,
entretanto, que o termo “rotina” alcança um universo mais amplo de atividades repetidas,
perfazendo-se numa miríade de processos de práticas cotidianas. É mais apropriado pensar
nas “rotinas” em geral como unidades de atividade organizada praticadas repetidamente. O
que faria delas alguns “tijolos” com os quais capacitações são constituídas (DOZ, 1996).
Montealegre (2001) sugere um modelo de desenvolvimento de capacitações
onde revela que este processo é cumulativo e expansivo. O modelo propõe três fases de
desenvolvimento, cada uma envolve recursos externos, organizacionais e tecnológicos
(recursos e competências) que propiciam o desenvolvimento das capacitações. Como a
estratégia de uma organização é determinada não somente pelos seus processos (internos e
53
externos), mas também pelos seus recursos específicos, o modelo proposto pelo autor inclui
recursos chaves como: liderança, cultura da organização, tecnologia da informação, visão de
longo prazo e redes sociais.
Este desenvolvimento de capacitações proporciona à empresa a
possibilidade do desenvolvimento de competências, sendo, portanto, as capacitações uma das
principais contribuições contemporâneas para as competências organizacionais.
A tabela 4 abaixo apresenta a síntese teórica e cronológica envolvendo as
Capacitações, direcionando-a ao atendimento dos propósitos iniciais que fundamentam o
framework deste trabalho.
Tabela 4: Síntese teórica das Capacitações
Ano Autor Estudo Descrição
1990 Cohen & Levinthal
Absorptive Capacity: A New
Perspective on Learning and
Innovation
Apresenta que a capacidade da empresa reconhecer o valor do
novo, informação externa, assimilá-la e aplicá-la para fins
comerciais, critica e inova sua capacidade.
1993 Amit & Shoemaker
Strategic Assets and
Organizational Rent
Sugere uma discussão em torno das capacitações, considerando
estas como recursos específicos enraizados na organização e não
transferível para outra firma, cujo propósito é aumentar a
produtividade de outros recursos que a empresa possui.
1997 Teece et al
Dynamic Capabilities and
Strategic Management
Os autores referenciam o termo capacitações como a chave do
gerenciamento estratégico em apropriar, adaptar, interar e
reconfigurar habilidades internas e externas, e competências
funcionais e dinâmicas como a capacidade de renovar as
competências.
2000 Mintzberg et al Safári de estratégia
Abordam o processo de elaboração da estratégia, afirmando que o
termo estratégia requer uma série de definições, das quais
destacam cinco em particular (plano, padrão, posição, perspectiva
e manobra
)
.
2002 Hafeez et al
Determining key capabilities of a
firm using analytic hierarchy
process
Propõem uma hierarquia dos processos analíticos que demonstra
uma análise que envolve a avaliação da contribuição das
capacitações da firma na performance financeira e não financeira.
2002 Montealegre
A process Model of Capability
Development: Lessons from the
eletronic Commerce Strategy at
Bolsa de Valores Guayaquil
Apresenta um modelo de desenvolvimento de capacitações onde o
modelo apresentado revela que este processo é cumulativo e
expansivo. O modelo propõe três fases de desenvolvimento, cada
uma envolve recursos externos, organizacionais e tecnológicos.
Fonte: do próprio autor
De forma resumida, porém sem exaurir os estudos sobre capacidades, pode-
se concluir que elas implicam uma função ou atividade, embutidas nas rotinas e práticas
organizacionais. As capacidades podem ser também consideradas como um fluxo de
54
atividades e, na maioria das vezes, estão baseadas no conhecimento organizacional, nem
sempre codificado, que se armazena na memória da organização.
Portanto, percebe-se um fundamental destaque dado às capacitações no
âmbito da Teoria Baseada em Recursos. Isso é corroborado tamm pela visão de Penrose
(1959), que considera que as capacitações representam um conjunto de recursos endereçados
à realização de alguma atividade. Destarte, capacitações são recursos particularmente
relevantes, entre outros porque, no limite, a mera disponibilidade de um determinado ativo na
empresa não significa que haja tradução de seu potencial em resultado. De acordo com a
percepção original de Penrose (1959):
“não são nunca os recursos (ativos), eles mesmos, os insumos do processo de
produção, mas apenas os serviços que estes recursos podem oferecer. Os
serviços providos pelos recursos são uma função da maneira como são
utilizados – exatamente o mesmo recurso, quando usado com diferentes
propósitos, ou de diferentes maneiras, ou em combinação com diferentes
tipos ou quantidades de outros recursos, geram um conjunto diferente de
produtos e serviços”.
Ou seja, esse é o propósito de uma capacitação: aumentar a produtividade dos outros recursos
gerando competências organizacionais.
Desta forma, com base nestas considerações, desenvolve-se a terceira parte
do framework, ou seja, o Agrupamento das Capacidades, conforme demonstrado no quadro 4.
Quadro 4: Agrupamento das Capacidades
Capacidades
Fluxos de atividades
Habilidades Individuais
Processos operacionais
Rotinas e práticas organizacionais
Fonte: do próprio autor
55
A partir do próximo capítulo, desenvolver-se-á a contribuição do Capital
Intelectual para o estudo proposto, ou seja, por meio da metodologia de mensuração do
Capital Intelectual utilizado pela empresa sueca Skandia é que se integrarão os três
agrupamentos já apresentados (Recursos, Competência e Capacidades), completando desta
forma, o framework proposto.
56
III. CAPITAL INTELECTUAL
1. CONCEITUAÇÃO DO CAPITAL INTELECTUAL
O capital intelectual, dentro da sua filosofia, sempre foi e será um fator
decisivo na ascensão das civilizações, organizações e pessoas. Os Cro-Magnons, por exemplo,
viveram lado a lado com os Neanderthals durante 60 mil anos, mas de repente, há cerca de 30
mil anos, os Neanderthals desapareceram. Ambos tiveram acesso às mesmas ferramentas, mas
apenas uma das espécies sobreviveu: os Cro-Magnons. O motivo aparente é que esta espécie
usava o calendário lunar para relacionar os dias que passavam com os hábitos migratórios de
alguns animais. Esta percepção foi registrada cuidadosamente em pinturas nas paredes das
cavernas. Os Cro-Magnons entenderam que tudo que deveriam fazer no momento de caçar era
esperar em um trecho raso de um rio e em determinados dias, os animais migrarem. Enquanto
isto, os Neanderthals caçavam de forma desorganizada e, por conseguinte, pereceram
(CRAWFORD, 1994).
No cenário atual das organizações, isto não é diferente. A busca pela
qualidade total e pela satisfação dos clientes, já quase não configuram mais como diferencial
competitivo, pois constitui condição essencial e básica para o sucesso e conseqüente
continuidade das organizações em um mercado cada vez mais competitivo.
Desde a década de 60 vivemos um período de mudanças econômicas,
tecnológicas, políticas e sociais que gradativamente vem traduzindo uma nova configuração
57
na estrutura, nos valores e, por conseguinte, nos próprios hábitos e comportamentos da
sociedade.
Drucker (1970), ao perceber as tendências que provocariam a passagem da
sociedade industrial para a sociedade do conhecimento, escreveu a obra “Uma Era da
Descontinuidade.” Na referida obra, Peter Drucker caracterizou descontinuidades em quatro
áreas ou tendências, conforme segue:
“1ª. Estão surgindo tecnologias genuinamente novas. É quase certo que elas
criarão novas indústrias importantes e novos tipos de grandes empresas e que
tornarão, ao mesmo tempo, obsoletas as grandes indústrias e
empreendimentos atualmente existentes. (...) As próximas décadas da
tecnologia lembrarão, mais provavelmente, as últimas décadas do século
passado, quando nascia uma grande indústria baseada em nova tecnologia
poucos anos após o aparecimento de outra, e não farão lembrar a
continuidade tecnológica e industrial dos últimos cinqüenta anos;
2ª. Estamos diante de grandes mudanças na economia mundial. (...) O mundo
tornou-se, em outras palavras, um mercado, um centro de compras global;
3ª. A matriz política da vida social e econômica está mudando celeremente. A
sociedade e a nação de hoje são pluralistas;
4ª. O conhecimento, nestas últimas décadas, tornou-se o capital principal, o
centro de custo e o recurso crucial da economia. Isso muda as forças
produtivas e o trabalho; o ensino e o aprendizado; e o significado do
conhecimento e suas políticas. Mas também cria o problema das
responsabilidades dos novos detentores do poder, os homens do
conhecimento.”
1.1 Evolução histórica do conceito de Capital Intelectual
O termo Capital Intelectual (CI) conduz hoje a uma ampla série de
definições, consoante a perspectiva econômica em que está inserido. Parte integrante e
firmada em qualquer léxico atual nas áreas da Gestão e da Economia, o CI tem sido alvo de
58
um intenso esforço de conceituação impulsionado tanto por acadêmicos como pelo mundo
empresarial.
O nascimento do conceito de CI acompanha também a implantação de um
novo paradigma na observação econômica envolvente às empresas: o advento da Economia
Baseada no Conhecimento (EBC), com o seu enfoque nas variáveis de formação
especializada, a gestão dos talentos individuais dos colaboradores, e a utilização de tecnologia
como plataforma transversal ao processo de produção das organizações. Desta forma, é ainda
um conceito usado, sobretudo, nas vertentes econômicas das tecnologias de informação, e da
inovação e tecnologia, o que reforça um foco no processo produtivo e de criação de valor
empresarial e reflete ao mesmo tempo o estágio de desenvolvimento conceitual em que o CI
ainda se encontra.
É dentro deste contexto que se identificam três momentos originários
daquilo que veio a configurar-se como o movimento de gestão do CI (SULLIVAN, 2000).
O primeiro situa-se no inovador trabalho de teorização "Mobilizing Invisible
Assets" conduzido por Hiroyuki Itami (1980), sobre as conseqüências dos então denominados
“ativos ocultos” nas grandes empresas do Japão, publicado primeiramente em japonês em
1980.
O segundo momento surge em 1986, quando David Teece (1986) compila
uma série de estudos e artigos de uma nova vaga de economistas (onde pontificavam Penrose,
Rumelt, e Wernerfelt) no ensaio "Profiting from Technological Innovation", teorizando o
papel da tecnologia nas relações comerciais da futura ordem econômica.
Finalmente, destaca-se a obra “The Know-How Company” de Karl Erik
Sveiby (1986), publicada originalmente na Suécia em 1986, e onde é destacado o papel dos
Recursos Humanos na formação de uma nova forma de valor intangível, a que ele próprio
59
viria a denominar como Capital de Conhecimento na sua obra seguinte, “The New Annual
Report”, de 1988.
No ano de 1995 é publicado o reconhecido relatório sobre CI da Skandia,
coordenado por Leif Edvinsson, que viria a tornar-se um marco na evolução do CI. A
Skandia, empresa de seguros sueca sediada em Estocolmo, torna-se com este documento a
primeira empresa a nível mundial a incorporar o conceito de CI na sua estrutura orgânica.
Criando um departamento específico de CI sob a liderança de Edvinsson, a
Skandia confere a este investigador a missão de elaborar um projeto de levantamento de todos
os ativos intangíveis da organização, num processo que, mais do que uma mera alteração de
processos produtivos, visava redesenhar toda a arquitetura organizacional da empresa sueca
em torno das teses de gestão do CI. Em 1997, Leif Edvinsson publica a obra “Intellectual
Capital: Realizing Your Company's True Value by Finding Its Hidden Brainpower”, a convite
do jornalista e editor da revista Forbes Michael S. Malone, que assina a co-autoria. Nesta obra
fica decomposto todo o processo de levantamento do CI da Skandia, estabelecendo a grande
premissa metodológica de Edvinsson para a medição dos intangíveis: a Equação Universal do
CI. (PACHECO, 2005).
1.2 A origem do Capital Intelectual e os Intangíveis
Thomas Stewart (1994) em obra de mesmo nome, foi quem abriu o termo
“capital intelectual”. Por ser um tema que apresenta amplo interesse, vários pesquisadores
desenvolveram estudos sobre essa problemática.
Duas correntes de dois eventos considerados por Granstrand (1999) geradas
pelo capitalismo intelectual significaram, implicitamente, preocupações com a gestão da
inovação tecnológica baseada em conhecimento e informação, as citadas correntes são:
60
a) A transição para uma sociedade baseada principalmente em
conhecimento científico e tecnológico, ou sociedade da informação: “a
transição para o conhecimento e valorização dos intangíveis não se deve ao acaso ou a
alguma força externa, nem tampouco a grandes eventos”
, afirma Granstrand
(1999), mas, em vez disso, é a conseqüência histórica do próprio
processo de aprendizado cumulativo de gerações de indivíduos e da
disposição dos pesquisadores, cientistas e estudiosos, que trabalharam
com a finalidade de atenderem às demandas de mercado, de forma a
permitir que as organizações continuem em sua busca de produtividade,
qualidade e lucratividade. Naturalmente, muitos fatores influenciaram
este movimento coletivo de aprendizado, mas, essencialmente, ele é
irreversível enquanto resultado.
Segundo Granstrand (1999), uma parcela crescente da
atividade econômica atual consiste na troca de conhecimentos,
informações e serviços, e percebe-se que a lucratividade corporativa é
impulsionada muito mais pelas capacidades organizacionais, pelas
possibilidades de produção e de geração de idéias inovadoras, ou seja,
pela conjugação de fatores intangíveis, do que pelo controle sobre
recursos físicos.
De acordo com Dzinkowski (2000), em 1982, os ativos
físicos representavam 62% do valor de mercado de uma companhia. Dez
anos depois, este número caiu para 38%. Ou seja, à proporção que existe
uma demanda crescente por produtos e serviços baseados em
conhecimento, altera-se a própria estrutura da economia global, e o
papel do conhecimento na busca de vantagem competitiva torna-se uma
61
questão gerencial importante em todos os setores, áreas e meios de
gestão das empresas.
Lynn (2000) é outra pesquisadora que também trabalha em
conformidade com esta corrente. Ela afirma que é cada vez mais amplo
o consenso sobre o que o conhecimento realmente significa, e muitos
aceitam que o conhecimento aplicado é um fator competitivo
fundamental e indispensável nos negócios de hoje em dia.
b) O fortalecimento dos sistemas econômicos capitalistas: esta segunda
corrente de eventos mundiais estudadas por Granstrand (1999) diz
respeito ao fortalecimento de fato dos sistemas econômicos capitalistas,
que foi rápido e surpreendente em anos recentes. Para Lynn (2000), as
duas correntes levam em conta um conjunto de alterações
paradigmáticas que se manifesta pelos seguintes aspectos:
globalização dos processos de gestão;
utilização intensiva de sistemas de informação;
aumento progressivo de esforços tendo em vista a mensuração,
avaliação e controle dos recursos disponíveis;
maior demanda de conhecimento visando à produção de informações
e ao aumento da racionalidade, produtividade e lucratividade dos
sistemas empresariais;
maior valorização dos ativos intangíveis;
busca de competitividade pela produção de inovações tecnológicas e
de bens de serviços de melhor qualidade.
62
Segundo Pfeil (2003), no início das pesquisas a cerca dos intangíveis,
pesquisadores proeminentes definiram o capital intelectual como sendo “a diferença entre o
valor de mercado e o valor contábil das ações”, definição esta conhecida também como
goodwill, que pode ser traduzido por fundo de comércio, e que representa o prestígio de uma
empresa, o relacionamento com seus clientes, fornecedores e o público em geral, bem como
outros elementos que fazem parte de um conjunto de ativos intangíveis. A figura 1 objetiva
ilustrar este conceito.
Desta forma, a priori, se teria o mesmo objeto explicitado, mas sob um novo
conceito. Neste sentido, é indispensável conferir o IAS (International Accounting Standard),
que diz que uma diferenciação possível, portanto, é que o goodwill seria reconhecido como
um todo, como o somatório de todos os fatores intangíveis, enquanto o capital intelectual seria
entendido como o arrolamento específico de todos aqueles que apresentassem valor
econômico e a possibilidade de se obter benefícios futuros, o que implicaria poder ser
contabilizados e acompanhados no tempo. No entanto, esta abordagem é amplamente debatida
por alguns autores como Reilly e Schweihs (1999). Segundo estes, é preciso esclarecer o fato
de que a existência econômica não significa, necessariamente, que um ativo intangível tenha
valor econômico. Por exemplo, uma marca registrada que não é utilizada para se obter receita
possui existência econômica durante seu período de registro, mas não tem valor econômico;
deste modo, não poderia ser considerada como um ativo valioso e, logo, não poderia ser
tomada como fazendo parte do capital intelectual
3
da empresa, ainda que possa ser transferida
a outrem. Por outro lado, uma marca registrada que não produzisse qualquer receita, mas que
fosse utilizada como uma barreira para os concorrentes disporem de conhecimento, poderia
ter existência econômica e, inclusive valor econômico, podendo então ser capitalizada como
elemento intangível capitalizável.
3
Utilizou-se o termo “Capital Intelectual” e não “Goodwill”, pela característica do “valor econômico” que é
determinante dentro do Capital Intelectual, de acordo com a visão do IAS quanto à diferenciação destes termos.
63
Para a SMAC (Society of Management Accountants of Canadá) os ativos
intelectuais “são aqueles itens baseados em conhecimento, os quais a companhia possui e que produzirão um
fluxo futuro de benefícios para a companhia e conseqüentemente para os acionistas”
, e isso pode incluir
processos de tecnologia, gerenciamento e consultoria, estendendo-se, ainda, à propriedade
intelectual patenteada.
Figura 1: Componentes do valor de mercado
Fonte: Terra & Fraga (2004)
Segundo Dzinkowski (1998), definições de ativos intelectuais são
tipicamente menos concretas e se aplicam a um âmbito potencialmente mais amplo de ativos
intangíveis do que aqueles capturados sob o guarda-chuva de propriedade intelectual. Alguns
especialistas renomados em muitos países e pesquisas significativas no meio gerencial, e além
delas, tem contribuído para que os intangíveis sejam agrupados em categorias, tal como
aponta a figura 2.
64
Figura 2: Estruturação das categorias de intangíveis
Fonte: Lev (2001)
No quadro 5, tem-se como exemplo conjuntos de ativos intangíveis
classificados por área ou aspecto, o que mostra o amplo rol de possibilidades de apropriação
dos intangíveis no âmbito de uma empresa.
Quadro 5: Ativos intangíveis por área ou aspecto
Marketing e clientes Direitos autorais
Marcas registradas, nomes, logomarcas,
bancos de dados de clientes
Direitos exclusivos e proteções sobre
trabalhos comerciais, intelectuais, artísticos
Engenharia e produção Direitos contratuais
Desenho industrial, patentes de produtos,
know-how técnico
Acordos de distribuição, direitos de
licenciamento e franquia, licenças de
operação, contratos de emprego
Recursos humanos Localização
Força de trabalho organizada e treinada,
planos de cargos e salários
Direitos de passagem, licenças, aluguéis,
documentos e variância de zoneamento,
direitos de utilização (ar, águas, perfurações,
mineração)
Finanças Processamento de dados
Sistema de planejamento e divulgação,
relacionamentos com acionistas e com a
comunidade financeira
Softwares de sistema, aplicações de operação
comercial, automação do escritório,
treinamentos
Fonte: Reilly & Schweihs (1999)
Competição intensificada
Desregulamentação e mudança tecnológica
Mudança corporativa fundamental
Ênfase em inovação e desverticalização
Utilização intensiva de tecnologia de informão
Intangíveis
relacionados à
inovação
Intangíveis de
recursos humanos
Intangíveis
organizacionais
(Conhecimento)
65
Segundo Granstrand (1999), no caso daqueles empreendimentos cujas ações
têm seu valor divulgado na bolsa de valores, o sucesso com que as organizações administram
seu capital intelectual é progressivamente retratado a partir destas categorias de valores, que
são, freqüentemente, múltiplas vezes o valor da “capacidade de gerar caixa” desses
empreendimentos.
Já no quadro 6 é possível identificar uma visão geral das categorias de
ativos existentes dentro de uma organização, e, ao mesmo tempo, analisa-as em tópicos o que
constitui os ativos materiais (tangíveis) e imateriais (intangíveis) passíveis de ser
capitalizados.
Quadro 6: Categorias e tópicos de ativos de uma empresa
MATERIAIS (TANGÍVEIS) IMATERIAIS (INTANGÍVEIS)
Ativo fixo
Trabalho em andamento
Recursos naturais
Matérias-primas
Estoques
Capital financeiro
Debêntures
Ações
Direitos de propriedade
intelectual (DPI)
Direitos autorais
Patentes
Banco de dados
Know-how
Licenças
Segredos de fabricação
Marcas registradas
Softwares
Concessões
Goodwill
Relacionamentos
internos e externos
Força de trabalho
Clientes
Fornecedores
Tecnologia
Investidores
Competência humana
Habilidades
Fonte: Granstrand (1999)
Diante disso, é possível perceber que, em geral, essas categorias imateriais
(intangíveis) dependem, direta ou indiretamente, da existência de recursos humanos
qualificados e, portanto, à medida que exista preocupação com o capital intelectual, haverá
também uma maior valorização do fator humano nas empresas (PACHECO, 2005).
66
1.3 Algumas definições para Capital Intelectual
Uma abordagem mais direta sobre o que efetivamente significa “Capital
Intelectual” é possível encontrar em Stewart (1998) que apregoa:
“Quando o mercado de ações avalia empresas em três, quatro ou dez vezes
mais que o valor contábil de seus ativos, está contando uma verdade simples,
porém profunda: os ativos físicos de uma empresa baseada no conhecimento
contribuem muito menos para o valor de seu produto (ou serviço) final do
que os ativos intangíveis – os talentos de seus funcionários, a eficácia de seus
sistemas gerenciais, o caráter de seus relacionamentos com os clientes, que,
juntos, constituem seu capital intelectual.”
Definir ou explicar o Capital Intelectual tem sido alvo de diversos
pensadores. Para Stewart (1998), o capital intelectual corresponde ao conjunto de
conhecimentos e informações, encontradas nas organizações, que agrega valor ao produto
e/ou serviços, mediante a aplicação da inteligência e não unicamente do capital monetário, ao
empreendimento.
Já para Edvinsson e Malone (1997), capital intelectual “é um capital não
financeiro que representa a lacuna oculta entre o valor de mercado e o valor contábil. Sendo, portanto, a soma do
Capital Humano e do Capital Estrutural”.
Capital Intelectual = Capital Humano + Capital Estrutural.
Para esses autores, o Capital Humano corresponde a toda a capacidade,
conhecimento, habilidade e experiência individuais dos empregados de uma organização para
realizar as tarefas. Já o Capital Estrutural é formado pela infra-estrutura que apóia o capital
humano, ou seja, tudo o que permanece na empresa quando os empregados vão para casa.
Edvinsson e Malone (1998), comparam o Capital Intelectual a uma árvore:
“as partes visíveis da árvore, tronco, galhos e folhas, representam a empresa
conforme é conhecida pelo mercado e expressa pelo processo contábil. Os
frutos produzidos por essa árvore representam os lucros e os produtos da
empresa. As raízes, massa que está embaixo da superfície, representam o
67
valor oculto, nem sempre relatada pela contabilidade. Para que a árvore
floresça e produza bons frutos, ela precisa ser alimentada por raízes fortes e
sadias”.
Segundo Leal (2000), o capital intelectual é um conceito que engloba o
processo final da administração do conhecimento, se propõe um modelo que tem a numeração
por categorias: o fator humano, que são as habilidades individuais aplicadas a produzir
soluções; o cliente, que se forma pela qualidade dos mesmos e seu tipo de relação, qualidade
dos serviços; e capital organizacional, tal como a cultura, normas e procedimentos. O modelo
sugere que balanceando estes três componentes que geram capital intelectual chega-se à chave
para produzir valor e desenvolvimento.
Mouritsen (1998) compara o capital intelectual ao Valor Econômico
Agregado (EVA), considerando-os como duas tecnologias significativamente contrastantes de
administrar o crescimento corporativo e a criação de valor pelas empresas. Segundo Stewart
(1998), o EVA é utilizado amplamente como uma medida de desempenho. É um sistema de
gerenciamento financeiro que se concentra singularmente na busca de projetos de
investimentos cujo retorno financeiro seja superior ao fluxo de caixa normal da empresa,
gerando, assim, um ganho adicional para os acionistas, ou seja,
“representa um ganho que sobra
depois de considerar o custo do capital próprio como despesa”
(MARTINS, 2001).
Dentro do âmbito conceitual de Capital Intelectual, uma visão crítica é
apontada por Antonio Lopes De Sá (1999), o qual diz que:
“o conceito de ‘capital intelectual’ que se tem difundido parece pecar pela
inadequação de expressão uma vez que me parece paradoxal ligar-se o que
por natureza é inerte e objeto de sofrer ação (o capital) com o que por
natureza é imaterial e agente de movimento (o intelectual), mesclando-se
fatores que de fato convivem nas células sociais podem, mas que possuem
natureza diferentes. O que na realidade existe, é uma influência intelectual
68
sobre o capital, não me parecendo adequado, pois, o uso da expressão ‘capital
intelectual’ como um conceito científico ou mesmo até empírico.”
69
2. CLASSIFICAÇÃO E ESTRUTURA DO CAPITAL INTELECTUAL
Em Lynn (2000) é possível encontrar o que parece ser a forma mais
completa e prática de classificação do capital intelectual. A partir de uma variedade de fontes,
a autora desenvolve um modelo de três componentes para capital intelectual que já haviam
sido identificados na pesquisa de Dzinkowisk (1998): o capital humano, o capital relacional, e
o capital estrutural (ou organizacional).
2.1 Capital Humano
O capital humano é representado como Know-how, capacidades, habilidades
e especializações dos recursos humanos de uma organização, trata-se de um dos ativos
críticos no grupo de capital intelectual, já que o gerenciamento do capital humano
freqüentemente cria e sustenta a riqueza de uma organização, e isto pode ser mensurado e
divulgado (LYNN, 2000). Assim, o capital humano é definido como o conjunto de
conhecimentos, habilidades e experiências que os empregados levam quando voltam para
casa. Por exemplo: criatividade, conhecimento sobre algum produto, motivação, lealdade,
satisfação e capacidade de trabalho em equipe.
2.2 Capital Relacional
Para Terra e Fraga (2004) o capital relacional é definido como a soma de
todos os recursos ligados às relações externas da empresa, consumidores, fornecedores,
parceiros e investidores. Lealdade dos consumidores, marcas e poder de negociação podem
ser citados como exemplo. Este capital é identificado como uma entidade em separado e,
segundo Lynn (2000), encampa “quaisquer das conexões que as pessoas fora da organização têm com
70
ela”, juntamente com a lealdade do consumidor, fatia do mercado, nível de pedidos, etc. Diz
respeito às conexões de uma organização com seus clientes e fornecedores, o que também cria
valor através da fidelidade, mercados melhorados, velocidade e qualidade. Esta forma de
capital também pode ser mensurada e capitalizada como recursos da organização,
complementa a autora.
2.3 Capital Estrutural (ou Organizacional)
O capital estrutural é definido como o conhecimento que fica com a
empresa. Ele engloba os processos organizacionais, softwares, procedimentos, sistemas,
cultura, banco de dados, etc. Para Terra e Fraga (2004) o capital estrutural pode ser divido em
duas subclassificações: propriedade intelectual e ativos de infra-estrutura. É importante
ressaltar que alguns ativos classificados como propriedade intelectual (patentes, copyright,
marcas, etc.) já são levados em conta nos demonstrativos financeiros e contábeis. Para Lynn
(2000) o capital estrutural é a espinha dorsal da própria empresa, que envolve sua capacidade
organizacional, incluindo seu planejamento administrativo e sistemas de controles, processos,
redes funcionais, políticas e até mesmo sua cultura, ou seja, tudo o que auxilia uma empresa a
gerar valor. A apropriação do capital intelectual pode ser interpretada como um meio de
capturar o conhecimento implícito do indivíduo (saberes) e torná-los explícito na estrutura
organizacional, tornando-o conhecimento socializado e/ou normatizado.
A partir do quadro 7 é possível verificar os tipos de capital intelectual
existentes dentro de cada categoria vista anteriormente e identificar a sua forma de
classificação.
71
Quadro 7: Elementos do capital intelectual
CAPITAL HUMANO CAPITAL RELACIONAL
Know-how
Educação
Qualificação vocacional
Conhecimento relacionado ao trabalho
Avaliações ocupacionais
Avaliações psicométricas
Competências relacionadas ao trabalho
Ímpeto empreendedorístico,
inovatividade, capacidades proativas e
reativas, mutabilidade.
Acordos de franquias
Clientes
Fidelidade do cliente
Nomes de companhias
Pedidos em carteira
Canais de distribuição
Colaborações comerciais
Acordos de licenciamento
Contratos favoráveis
CAPITAL ESTRUTURAL
Propriedade Intelectual Ativos de Infra-estrutura
Patentes
Direitos autorais
Direitos de projeto
Segredos industriais
Marcas registradas
Filosofia gerencial
Cultura corporativa
Processos gerenciais
Sistemas de informação
Sistema de rede
Fonte: Pacheco (2005).
72
3. MENSURAÇÃO DO CAPITAL INTELECTUAL
Atualmente, muito mais do que em outras épocas, as organizações
reconhecem a importância dos elementos do Capital Intelectual (humano, relacional e
estrutural). Esses elementos, porém, não têm sua devida importância mensurada nos relatórios
contábeis das organizações. Tradicionalmente a contabilidade tem se fixado no foco
financeiro e no resultado econômico das organizações e talvez, não tenha valorizado como
deveria, o foco humano, do qual dependem todos os demais processos e estruturas de
qualquer organização. Desta forma, medir, quantificar ou avaliar o Capital Intelectual de uma
organização para melhor relacioná-lo nas demonstrações contábeis e na composição do
patrimônio, é o principal desafio ao que se refere à Mensuração do Capital Intelectual.
A necessidade de considerar determinados ativos intangíveis na mensuração
do real valor da empresa parece ser senso comum entre os principais pesquisadores do
assunto, dada a importância que tais ativos representam na composição patrimonial das
organizações.
Flawholtz e Main (1999) consideram que o desenvolvimento do campo
contábil se atrasou, dado que ainda se baseia em um “paradigma industrial”, no qual,
predominantemente, apenas propriedades físicas e tangíveis e os recursos financeiros são
considerados ativos passíveis de contabilização.
Johnson e Ka (1999), analisando os instrumentos contábeis disponíveis,
argumentam que, em geral, os sistemas de contabilidade gerencial nas companhias ocidentais
não mais fornecem todas as informações relevantes para o controle e tomada de decisões
corporativas. Estes autores, que se concentram em um reexame da contabilidade gerencial,
constataram, no entanto, que ela tem uma excelente aplicabilidade na identificação de custos
73
de produção, mas que um amplo rol de elementos de informões fica descoberto,
particularmente no que tange a ganhos futuros derivados do capital intangível. E isto se dá,
segundo eles, em função de o capital intangível estar se tornando, rapidamente, o ativo central
da economia moderna. A organização competitiva da atualidade precisa de um sistema de
informação contábil que seja integrado, projetado para mensurar, avaliar e divulgar com
precisão também o valor de seus ativos, abrangendo, de igual maneira, tanto os tangíveis
quanto os intangíveis.
Kaplan e Norton (1997), através do Balanced Scorecard, apresentaram
sugestões para uma mudança apropriada em relação à contabilidade gerencial, visando
transformá-la em um instrumento para reportar as informações necessárias e úteis em
qualquer processo decisório que ocorra em âmbito empresarial e onde quer que elas possam
ser utilizadas.
Dzinkowski (2000), afirma que vários modelos de contabilidade já foram
desenvolvidos para informar aos administradores e acionistas da companhia sobre o valor
contábil das ações e identificar fluxos de valores. Desta forma, Pacheco (2005), em seu
entendimento, considera que o modelo de contabilidade esperado, por se tratar de um conceito
relativamente novo e, de certa forma, enigmático, primariamente relacionado aos ativos
intangíveis, deverá registrar adequadamente o valor destes e, também, representá-lo em um
formato conciso e significativo. Assim, o atual modelo contábil necessitará, em última
instância, da utilização de novas práticas contábeis e de novos conceitos para que possa vir a
demonstrar o valor do capital intelectual das organizações.
Para Dzinkowski (2000), a necessidade de fazer comparações entre o valor
do capital intelectual, como um todo, entre empresas, levou ao desenvolvimento de três
indicadores amplos, utilizados em demonstrações financeiras auditadas. Estes indicadores
identificados pela autora foram:
74
a) diferença entre o valor contábil e valor de mercado das ações (market-
books values);
Segundo a autora, deve-se reconhecer que, se esta definindo o capital
intelectual como sendo o conjunto dos intangíveis das empresas, então
se esta falando, no total, sobre um agregado, incluindo a diferença entre
ativos registrados e a avaliação corporativa, talvez o mais amplamente
conhecido. A abordagem de Dzinkowski (2000), é que o valor do capital
intelectual de uma empresa está sendo entendido como sendo a
diferença entre o valor contábil e o valor de mercado da empresa, e isso,
de certa forma, remonta ao conceito de goodwill.
b) “q” de Tobin;
Segundo Pacheco (2005), um modo de evitar diferentes formas de
interpretação, quando se busca identificar a taxa de depreciação a ser
utilizada para reconhecer a reposição do capital intelectual das empresas,
é utilizar o “q” de Tobin. Esta técnica foi inicialmente desenvolvida pelo
economista James Tobin como um método para prever o comportamento
dos investimentos realizados pelas empresas. O “q” é a proporção entre
o valor de mercado da empresa (ou seja, preço da ação multiplicado pelo
número de ações), tipicamente mensurado com o propósito de identificar
a verdadeira possibilidade de capitalização da empresa e o custo de
reposição de seus ativos, incluindo os equipamentos, as máquinas, os
edifícios e demais ativos relacionados com o processo de produção e de
administração.
c) valor intangível calculado (intangible value calculate ou IVC);
75
Esta medida foi desenvolvida pela NCI Research
4
para calcular o valor
de mercado dos ativos intangíveis da empresa. O IVC calcula o retorno
em excesso sobre os ativos físicos e, então, utiliza este número como
base para determinar a proporção de retorno atribuível aos ativos
intangíveis.
Como o objetivo deste estudo não é avaliar a qualidade ou diferenças dos
três indicadores expostos acima, limitar-se-á o próximo passo desta etapa na aplicação de um
modelo prático de mensuração, utilizando-se como base o primeiro indicador citado por
Dzinkowski (2000): a “diferença entre o valor contábil e valor de mercado das ações”. Tal
opção por este indicador se dá pela praticidade do desenvolvimento e também pelo fácil
entendimento de sua definição, não requerendo maiores explanações técnicas exigidas pelas
alternativas.
No indicador escolhido, um dos trabalhos mais avançados na busca de
métodos e técnicas de mensuração do capital intelectual de uma organização é o Modelo
Navegador da Organização sueca Skandia, publicado por Edvinsson & Malone (1998).
A Skandia é o quarto maior grupo financeiro do mundo na área de prestação
de serviços financeiros e de seguros e o maior da Suécia. A iniciativa da criação do modelo
partiu de seus diretores, Jan Carendi, atual presidente da Skandia e Leif Edvinsson, atual
Diretor Corporativo de CI (Capital Intelectual) do grupo.
O primeiro passo formulado por Carendi foi criar uma área de CI, alegando
que era necessário existir uma unidade funcional de CI igualmente a outras funções já
existentes, tais como Marketing e Finanças. Foi então, que em 1991 a Skandia instituiu a
primeira função corporativa de CI e colocou Leif Edvinsson como seu diretor. A missão dessa
4
NCI Research é uma empresa com sede em Evanston, Illinois, EUA, que desenvolveu esse método para cálculo
dos valores intangíveis de uma empresa.
76
nova função de CI era incentivar o crescimento e desenvolver o Capital Intelectual da
empresa como um valor visível que complementasse o balanço patrimonial.
Os executivos da Skandia decidiram elaborar um modelo que tivesse por
meta tanto a valorização quanto a dinâmica de conjunto, o que denominaram de navegação.
Como foram os primeiros a possuir esse tipo de modelo, ele ficou conhecido como “O
Navegador da Skandia” (figura 3). Segundo Edvinsson & Malone (1998), o conceito de
Navegador
“pode ser descrito como a busca de uma linguagem diferente, usada para
elaborar um relatório dinâmico, destinado a um público que ultrapasse as
fronteiras da diretoria. Ele possui como meta, em particular, ressaltar o
processo contínuo de agregar fatores para a sustentabilidade a longo prazo da
organização e alimentar as raízes da organização para que ocorra uma
geração de caixa sustentável.”
A partir da experiência da Skandia, Edvinsson & Malone (1998) percebem o
Capital Intelectual como sendo a composição do Capital Humano, Capital Estrutural e Capital
de Clientes (Relacional). A partir destes pressupostos a estrutura de um relatório de Capital
Intelectual é composta por medidas sob os cinco focos apresentados na figura 3: foco
financeiro; foco no cliente; foco no processo; foco na renovação e desenvolvimento e foco
humano. Ao todo são aproximadamente 100 índices de mensuração, baseados em cada um
dos focos mencionados acima e reproduzidos nas tabelas 5, 6, 7, 8 e 9.
77
Figura 3: Modelo do Navegador da Skandia
Fonte: Edvinsson & Malone (1998).
3.1 Foco Financeiro
“O fluxo do dinheiro gerado por uma organização constitui, em última instância, a medida
mais tangível de seu valor. Ele é também a fonte de sua retribuição em termos de lucros, salários e rendimentos”
(Edvinsson e Malone, 1998).
Os autores concluíram que, no mundo do Capital Intelectual, os
demonstrativos financeiros assumem o novo papel de repositório para análise e posterior
avaliação de desempenho dos focos. Os demonstrativos representam a melhor maneira de se
obter feedback para testar a eficácia dos focos. Se um determinado indicador nunca se
mostrou representado no balanço patrimonial, então, na realidade, ele não mede algo de real
valor, devendo ser eliminado da análise. À medida que o CI se desenvolve e suas avaliações
tornam-se padronizadas, o teste financeiro passa a assumir um papel relevante no
estabelecimento desses padrões.
NAVEGADOR SKANDIA
HISTÓRICO
AMANHÃ
HOJE
CI
FOCO
HUMANO
FOCO FINANCEIRO
FOCO
NO CLIENTE
FOCO
NO PROCESSO
FOCO NA RENOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
AMBIENTE OPERACIONAL
78
Tabela 5: Índices do Foco Financeiro
INDICADORES
UNIDADE DE
MEDIDA
Ativos representados pelos fundos $
Ativos representados pelos fundos/empregado $
Receita/empregado $
Receita/ativos administrados %
Receita de prêmios de seguro $
Receita de prêmios de seguros resultantes de uma nova operação $
Faturamento/empregado $
Tempo dedicado aos clientes/número de horas trabalhadas pelos
empregados
%
Resultado dos seguros/empregado $
Índices de perdas em comparação à média do mercado %
Rendimento direto %
Receita operacional líquida $
Valor de mercado $
Valor de mercado/empregado $
Retorno sobre o valor do ativo líquido %
Retorno sobre o ativo líquido resultante da atuação em novos negócios $
Valor agregado/empregado $
Despesas com TI/despesas administrativas %
Valor agregado/número de empregados em TI $
Investimentos em TI $
Fonte: Edvinsson & Malone (1998).
3.2 Foco no Cliente
Na sociedade atual, as organizações, apresentam uma relação bem
diferenciada com seus clientes, em comparação há muitas décadas atrás. Novos tipos de
produtos e serviços decorrentes da revolução digital, novas categorias de clientes com
necessidades e exigências diferenciadas e a necessidade de acompanhamento do cliente, não
79
apenas na venda, mas também no pós-venda, são alguns dos aspectos que justificam tal
mudança.
A Skandia sendo uma empresa de serviços financeiros não é novata na arte
de manter o relacionamento duradouro com seus clientes. Quando a equipe de CI foi acionada
para determinar os índices que pudessem melhor medir o real valor dos clientes da empresa
eles catalogaram uma extensa lista formada por vinte indicadores. Para a seleção dos
indicadores na tabela a seguir relacionados, foram considerados os pontos fortes e fracos da
empresa, com cinco aspectos relacionados ao cliente: tipo do cliente, duração do cliente,
sucesso do cliente, papel do cliente e suporte ao cliente (EDVINSSON & MALONE, 1998).
Tabela 6: Índices do Foco no Cliente
INDICADORES
UNIDADE DE
MEDIDA
Participação de mercado %
Número de clientes
Número de clientes perdidos
Acesso por telefone %
Apólices de seguro sem resgate %
Classificação dos clientes %
Número de visitas dos clientes à empresa
Número de dias empregados em visitar clientes
Cobertura de mercado %
Índice de ociosidade %
Rendimento bruto de aluguéis/empregado $
Número de contratos
Economia de gastos/contrato $
Número de pontos de venda
Número de administradores de fundos
Número de clientes internos de TI
Número de clientes externos de TI
Número de contratos/empregado da área de TI
80
Conhecimento de TI por parte dos clientes %
Fonte: Edvinsson & Malone (1998).
3.3 Foco no Processo
O Foco no Processo trata da tecnologia como instrumento para apoiar a
criação de valor global na empresa. É importante, entretanto, considerar o aspecto humano e a
sua adaptabilidade às mudanças provocadas pelas novas tecnologias. Para uma maior eficácia
no processo de mudança, é muito importante que o mesmo seja bem explicado, evitando
assim, interpretações distorcidas, sabotagens e sobretudo, resistências à nova tecnologia
implantada. Evidenciando tais aspectos e, sobretudo, considerando a vitalidade da tecnologia
para as organizações, a equipe da Skandia elaborou os índices que pretendem demonstrar o
valor da tecnologia nos relatórios.
O sistema de avaliação para o Foco no Processo procurou calcular índices
que se enquadrassem nos quatro critérios abaixo relacionados à infra-estrutura de tecnologia
(EDVINSSON & MALONE, 1998):
a) atribuir valor monetário à tecnologia de processo adquirida somente
quando esta contribuir para o valor da empresa;
b) acompanhar a idade e o atual suporte oferecido pelo fornecedor à
tecnologia de processo da empresa;
c) avaliar não só as especificações do desempenho do processo, mas
também a real contribuição de valor para a produtividade da empresa;
d) incorporar um índice de desempenho de processo para as metas
padronizadas deste desempenho.
Considerando tais restrições, a Skandia catalogou os seguintes indicadores,
conforme tabela 7:
81
Tabela 7: Índices do Foco no Processo
INDICADORES
UNIDADE DE
MEDIDA
Despesas administrativas/ativos administrativos %
Despesas administrativas/receita total %
Custo dos erros administrativos/receitas gerenciais %
Rendimento total comparado com o setor %
Tempo de processamento dos pagamentos a terceiros
Contratos redigidos sem erro %
Pontos funcionais/empregado-mês
PCs/empregado
Laptops/empregado $
Despesas administrativas/empregado $
Despesas com TI/despesas administrativas %
Número de empregados em TI/número total de empregados %
Despesas administrativas/prêmios brutos recebidos %
Capacidade do equipamento de informática
Equipamentos de informática adquiridos $
Empregados trabalhando em casa/total de empregados
Conhecimento de informática dos empregados
Meã de qualidade corporativa
Desempenho corporativo/meta de qualidade %
Equipamentos de TI adquiridos há menos de dois anos/acréscimo na
receita
%
Custo de equipamento de TI adquirido há menos de dois anos/acréscimo
de lucro
%
Valor de equipamento de TI descontinuado pelos fabricantes $
Valor do equipamento de TI descontinuado pelos fabricantes/valor total
de informática
%
Custo de reposição do equipamento de TI descontinuado pelos
fabricantes
$
Valor do equipamento de TI produzido por fabricantes que cessaram suas
Atividades
$
Equipamentos de TI órfãos /equipamento total de TI %
Custo de reposição dos equipamentos de TI órfãos $
Fonte: Edvinsson & Malone (1998).
82
3.3.1 Considerações aos índices do Foco no Processo
a) custos dos erros administrativos/receitas gerenciais: mede a eficiência
do desempenho da empresa, levando em consideração os erros
cometidos;
b) tempo de processamento dos pagamentos a terceiros, contratos
redigidos sem erro e pontos funcionais/empregado-mês: constituem-se
no núcleo principal das operações da empresa e seus resultados medem
sua infra-estrutura;
c) PCs/empregado, laptops/empregado, despesas administrativas
/empregado, despesas com TI/empregado e despesas TI/empregado:
indicam o nível de penetração tecnológica no trabalho diário dos
empregados;
d) Despesas administrativas/prêmios brutos recebidos: mede a eficiência
global de processamento da empresa;
e) Empregado trabalhando em casa/número total de empregados: este
índice representa uma tendência atual. Verifica o nível de eficiência
deste segmento da tecnologia da informação;
f) Equipamentos de TI órfãos/equipamento total de TI: mostra a
vulnerabilidade tecnológica da empresa.
83
3.4 Foco na Renovação e Desenvolvimento
O Foco de Renovação e Desenvolvimento procura visualizar as
oportunidades que irão definir o futuro da organização. Os seus índices estão em pólo oposto
aos demonstrativos financeiros. Enquanto estes fixam em caráter definitivo o desempenho
passado da organização que acaba de ocorrer, o Foco de Renovação e Desenvolvimento tenta
projetar o futuro imediato, estabelecendo o que a empresa está realizando no presente a fim de
preparar-se adequadamente para captar oportunidades futuras (EDVINSSON & MALONE,
1998).
Os autores consideram seis maneiras de encarar os desafios que este Foco
de Renovação e Desenvolvimento estimula para a empresa. Estas seis maneiras são
compreendidas nas seguintes áreas: clientes, atração no mercado, produtos e serviços,
parceiros estratégicos, infra-estrutura e empregados.
Com base nesses aspectos a equipe Skandia elencou os seguintes índices:
Tabela 8: Índices do Foco na Renovação e Desenvolvimento
INDICADORES
UNIDADE DE
MEDIDA
Despesas com o desenvolvimento de competências/empregado $
Índice de satisfação do empregado %
Despesas de marketing/cliente $
Despesas de marketing/ativos administrados $
Porcentagem das horas de “Método e Tecnologia” %
Porcentagem das horas de treinamento %
Porcentagem das horas de desenvolvimento %
Despesas com R&D/despesas administrativas %
Despesas com TI/despesas administrativas %
Despesas de treinamento/empregado $
Despesas de treinamento/despesas administrativas %
Prêmios de novos tipos de seguro %
Crescimento do prêmio líquido %
84
Despesas de desenvolvimento de negócios/despesas administrativas %
Porcentagem de empregados com menos de 40 anos %
Despesas de desenvolvimento de tecnologia da informação/despesas de
TI
%
Despesas de treinamento em TI/despesas de TI %
Recursos investidos em R&D/investimento total %
Fonte: Edvinsson & Malone (1998).
3.5 Foco Humano
O Foco Humano é o mais dinâmico do esquema gráfico do Navegador
elaborado pela Skandia. É também o foco mais crítico do modelo de CI, por não haver uma
maneira simples de medir o que está na cabeça e no coração dos gerentes e empregados da
empresa. A importância desse foco para a mensuração do Capital Intelectual verifica-se na
expressão dos seus próprios autores:
“Enquanto todas as diferentes seções do Navegador interagem entre si em
graus distintos, o fator humano interpenetra os outros fatores, atuando como
um agente ativo sobre todos os demais. Uma empresa sem a dimensão de um
fator humano bem-sucedido fará com que todas as demais atividades de
criação de valor não dêem certo, independentemente do nível de sofisticação
tecnológica. Uma empresa infeliz é uma empresa que não tem valor; uma
empresa sem valores não possui qualquer valor.”
(EDVINSSON &
MALONE, 1998).
O modelo de avaliação elaborado pela Skandia leva em consideração as
novas relações de trabalho, tendo em vista o “novo trabalhador”. De acordo com os autores,
eles foram classificados nas seguintes categorias:
a) empregados de escritório: são os gerentes e trabalhadores que ainda
freqüentam diariamente o escritório ou a fábrica. Possuem maior
tendência de se fixar em funções desgastantes ou de apoio aos que
possuem base fora da empresa;
85
b) teletrabalhadores: representam à nova classe de trabalhadores que, por
meio dos avanços na área de telecomunicações, podem trabalhar em
casa ou em algum escritório remoto;
c) guerreiros da estrada: são os vendedores, gerentes intermediários e
executivos que não estão no escritório, nem em suas casas, mas em
campo, ligados ao escritório por meio de pagers, laptops, celulares,
Palms etc.;
d) ciganos corporativos: são representados por dois grupos. O primeiro
grupo é formado por aqueles que precisam trabalhar nas instalações do
fornecedor, do parceiro estratégico ou de algum cliente da empresa. O
segundo, em número cada vez mais crescente, é constituído pelo
conjunto de empregados terceirizados, colaboradores em tempo parcial,
consultores e empregados temporários.
Desta forma, os índices do Foco Humano na Skandia foram assim definidos:
Tabela 9: Índices do Foco Humano
INDICADORES
UNIDADE DE
MEDIDA
Índice de liderança %
Índice de motivação %
Índice de empowerment %
Número de empregados
Número de empregados/número de empregados em parcerias %
Rotatividade dos empregados %
Número médio de anos de serviços com a empresa
Número de gerentes
Número de gerentes do sexo feminino
Despesas de treinamento/empregado $
Idade média dos empregados
Porcentagem de empregados com menos de 40 anos %
86
Tempo de treinamento (dias/anos)
Fonte: Edvinsson & Malone (1998).
3.5.1 Considerações quanto aos índices do Foco Humano
a) índice de liderança e índice de motivação: esses dois índices foram
produtos do índice FLINK criado pela Skandia. O FLINK é formado
pelos fatores que a Skandia acredita terem mais contribuído para o
sucesso no mercado e para a lucratividade da empresa, que são: Clientes
satisfeitos, Vendedores satisfeitos, Staff motivado e competente e
Gerentes eficazes e que praticam a qualidade total. Com base nesses
valores, foram estabelecidas metas para cada uma dessas áreas e
entrevistas com os empregados. E a partir dessas consultas, a Skandia
pôde definir índices para a qualidade dos gerentes e para a motivação
dos empregados às metas estabelecidas;
b) índice de empowerment: índice que determina quanto controle os
empregados julgam possuir sobre suas obrigações diárias. Para calcular
esse índice, a Skandia contratou o Instituto Sueco de Sondagem de
Opinião Pública que, para tanto, pesquisou os seguintes aspectos:
motivação, apoio dentro da organização, consciência da exigência da
qualidade, responsabilidade versus autoridade para agir e competência.
3.6 Determinação da Equação do Capital Intelectual (CI)
Com o objetivo de estabelecer uma equação que evidencia em número o
valor do Capital Intelectual, a equipe da Skandia sugeriu:
a) localizar um conjunto básico de índices que possa ser aplicado, com
adaptações mínimas, a toda sociedade;
87
b) reconhecer que cada organização pode ter um Capital Intelectual
adicional que necessite ser avaliado por outros índices;
c) estabelecer uma variável que capte a não tão-perfeita previsibilidade do
futuro, bem como a dos equipamentos, das organizações e das pessoas
que nela trabalham.
A partir destes procedimentos, a equipe chegou a seguinte fórmula
demonstrada na figura 4 abaixo:
Figura 4: Equação do Capital Intelectual
Fonte: Edvinsson & Malone (1998).
O valor de “C” é obtido de uma relação que contém os indicadores mais
representativos de cada área de foco, avaliados monetariamente, excluindo os que pertencem
mais propriamente ao Balanço Patrimonial. Estes indicadores referem-se ao exercício social.
Devem-se agregar os indicadores resultando em um conjunto de 20 variáveis, que podem ser
alteradas, incluídas ou excluídas, caso seja importante para a empresa.
O quadro 8 a seguir apresenta variáveis que podem compor uma estrutura
que permite a mensuração do Capital Intelectual de uma organização. O valor encontrado
resultante desta relação é um valor que representa o investimento na capacidade de ganhos
futuros. Reflete o que os investidores precisam saber a respeito do valor futuro de uma
empresa.
88
A medição do valor atual é difícil e propenso a avaliações erradas. Por isso,
a avaliação do Capital Intelectual se direciona para o investimento no futuro. Entretanto,
torna-se necessário criar um valor compensatório que teste os investimentos em relação à
produtividade, criação de valor e avaliação do usuário conforme ocorre na realidade.
Quadro 8: Modelo de mensuração de Capital Intelectual
1. Receitas resultantes da atuação em novos negócios (novos programas/serviços);
2. Investimento no desenvolvimento de novos mercados;
3. Investimento no desenvolvimento do setor industrial;
4. Investimento no setor de novos canais;
5. Investimento em TI aplicada a vendas, serviços e suporte;
6. Investimento em TI aplicada à administração;
7. Novos equipamentos em TI;
8. Investimento no suporte aos clientes;
9. Investimento no serviço aos clientes;
10. Investimento no treinamento de clientes;
11. Despesas com clientes não relacionadas aos produtos;
12. Investimento no desenvolvimento da competência de empregados;
13. Investimento em suporte e treinamento relativo a novos produtos para os empregados;
14. Treinamento especialmente direcionado aos empregados que não trabalham nas
instalações da empresa;
15. Investimento em treinamento, comunicação e suportes direcionados aos empregados
permanentes em período integral;
16. Programas de treinamento e suporte especialmente direcionados aos empregados
temporários de período integral;
17. Programas de treinamento e suporte especialmente direcionados aos empregados
temporários de período parcial;
18. Investimento no desenvolvimento de parcerias/joint-ventures;
19. Upgrades ao EDI ou à rede eletrônica de dados;
20. Investimento na identificação da marca (logotipo/nome).
Fonte: Edvinsson & Malone (1998).
89
O valor compensatório (quadro 9) compõe o que se denomina coeficiente de
eficiência, o “i” da fórmula do Capital Intelectual Organizacional. Do mesmo modo que a
variável “C”, este coeficiente é obtido a partir da agregação de indicadores selecionados e
representativos de cada um dos cinco focos, mas com resultados em porcentagem. O
coeficiente “i” focaliza o desempenho atual quanto às medidas do sucesso ou fracasso.
Quadro 9: Índice do Coeficiente de Eficiência (i) do Capital Intelectual
1. Participação de mercado (%);
2. Índice de satisfação dos clientes (%);
3. Índice de Liderança (%);
4. Índice de Motivação (%);
5. Índice de investimento em Pesquisa & Desenvolvimento/ investimento total (%);
6. Índice de horas de treinamento (%);
7. Desempenho/meta de qualidade (%);
8. Retenção dos empregados (%);
9. Eficiência administrativa/receitas (o inverso de erros administrativos/receitas) (%).
Fonte: Edvinsson & Malone (1998).
Este conjunto de nove índices deve ser combinado em uma única
porcentagem que indique a eficácia com que a organização utiliza o seu Capital Intelectual.
Cada índice aumenta de valor à medida que a empresa melhora seu desempenho. Por
exemplo, os índices de rotatividade dos empregados devem ser revertidos para retenção de
empregados e, custo dos erros administrativos/receita deve transformar-se em eficiência
administrativa/receitas. Por outro lado, os índices de investimento em Pesquisa &
Desenvolvimento e horas de treinamento devem ser comparadas à média do setor.
A equação sugerida para mensurar é i = (n/x), em que “n” é igual à soma
dos valores decimais dos nove índices de eficiência, e “x” o número destes índices, ou seja, se
obtém a média aritmética. A avaliação global do Capital Intelectual é resultante da
90
multiplicação do índice “i” pela variável “C”, conforme visto na fórmula já demonstrada
(iC):
Com as equações, pode-se exemplificar uma organização com os seguintes
dados fictícios (tabela 10):
Tabela 10: Exemplo de mensuração do Capital Intelectual
%
1 Participação de mercado 0,55
2 Índice de satisfação dos clientes 0,87
3 Índice de Liderança 0,49
4 Índice de Motivação 0,65
5 Índice de investimento em P& D Total 0,76
6 Índice de horas de treinamento 0,74
7 Desempenho/meta de qualidade 0,88
8 Retenção dos empregados 0,90
9
Eficiência administrativa/receitas 0,77
Total (soma dos %) 6,61
Média (6,61 / 9) 73,44%
Valor Absoluto do seu CI em R$ (hipoteticamente) 300.000
Capital Intelectual Or
g
anizacional-iC (VA*Média) 220.333
ÍNDICES
Fonte: do próprio autor
Edvinsson e Malone (1998) advertem para que não seja aceita e utilizada
esta lista como fórmula definitiva, pois salientam que
“ela foi feita com propósito único de debater o
que constitui o Capital Intelectual”
.
Devido à diversidade das organizações, faz-se necessária adaptações tais
como, reavaliar a lista, incluindo demais pontos ou excluindo outros. O importante é que
possa partir de algo para mensurar e avaliar melhor o Capital Intelectual, utilizando-o como
vantagem competitiva e de diferenciação.
91
A tabela 11 abaixo apresenta uma síntese teórica e cronológica em torno do
Capital Intelectual, direcionando-a ao atendimento dos propósitos iniciais que fundamentam o
framework deste trabalho.
Tabela 11: Síntese teórica do Capital Intelectual
Ano Autor Estudo Descrição
1980 Hiroyuki Mobilizing Invisible Assets
Trabalho inovador de teorização sobre as conseqüências dos então
denominados “ativos ocultos” nas grandes empresas do Japão.
1994 Crawford Na Era do Capital Humano
Nesta obra o autor apresenta um estudo condensado sobre a
sociedade do conhecimento e da relevância dos recursos
intan
g
íveis.
1994 Stewart Capital intelectual Primeira obra onde o termo "Capital Intelectual" foi publicado.
1997 Sveiby
Intellectual Capital : The new
wealth of organizations.
Obra fomentada pela pesquisa realizada pelo autor na Suécia que
tratou da dimensão do capital humano no capital intelectual; ao
fazê-la, forneceu uma rica visão da avaliação do empreendimento,
baseada nas competências e conhecimentos de seus empregados.
1998
Edvinsson &
Malone
Capital intelectual
Fica decomposto nesta obra todo o processo de levantamento do
Capital Intelectual (CI) da Skandia (seguradora sueca),
estabelecendo a premissa metodológica para a medição dos
intangíveis: a Equação Universal do CI.
1998 Sveiby
A nova riqueza das
organizações : Gerenciando e
avaliando patrimônios do
conhecimento.
Propõe um modelo de avaliação não financeira dos ativos
intangíveis. Identifica neste modelo três ativos intangíveis na
empresa – a competência do funcionário, a estrutura interna e a
estrutura externa da empresa.
2000 Dzinkowski
The measurement and
management of intellectual
Capital: an introduction
mana
g
ement accountin
g
,
Apresenta um compêndio fundamentado pelas obras anteriores
mostrando entre outros aspectos chaves, a necessidade de fazer
comparações entre o valor do capital intelectual entre empresas,
por meio de três indicadores amplos.
2001 Lev
Intangibles: management,
measurement, and reporting
Apresenta uma forma, no âmbito do Capital Intelectual, de
administrar, medir e informar, por meio do modelo denominado
"Scoreboard".
2002 Wernke
Considerações acerca dos
métodos de avaliação do capital
intelectual.
Desenvolve um modelo para avaliação de ativos intangíveis
baseado na utilização de diversas perspectivas. Basicamente, o
modelo reúne o Balanced Scorecard, desenvolvido por Kaplan e
Norton (1997) e o modelo Scoreboard, de Lev (2001).
2005 Anne Wu
The integration between
Balanced Scorecard and
intellectual capital
O artigo apresenta uma forma de como integrar o Balanced
Scorecard com o Capital Intelectual; alavancando assuntos de
criação, formação, mensuração, divulgação e administração do
Capital Intelectual Estratégico.
Fonte: do próprio autor
A partir do próximo capítulo, apresentar-se-á a contribuição do Capital
Intelectual para o estudo proposto. Será por meio da metodologia de mensuração do Capital
Intelectual aplicado pela Skandia em seu Modelo Navegador, que se integrarão os três
agrupamentos da Teoria Baseada em Recursos demonstrados através do quadro 10.
92
Quadro 10: Agrupamentos da Teoria Baseada em Recursos
Recursos
Recursos Tangíveis
Humanos, Financeiros, Fundo de Comércio
Recursos Intangíveis
Culturais, Conhecimento, Fundo de Comércio
Competências
Competências Dinâmicas
Competências Sistêmicas
Competências Cognitivas
Competências Holísticas
Capacidades
Fluxos de atividades
Habilidades Individuais
Processos operacionais
Rotinas e práticas organizacionais
Fonte: do próprio autor
O próximo capítulo também apresentará o modelo conceitual e estrutural
escolhido para fundamentar e posicionar as contribuições dos conceitos de Competências,
Capacidades e Capital Intelectual para a abordagem da Teoria Baseada em Recursos,
remetendo-os, portanto, a uma resposta para a questão central da proposição deste estudo.
93
IV. FRAMEWORK PROPOSTO
1. DO MODELO CONCEITUAL E ESTRUTURAL
Diante do arcabouço contextual apresentado nos capítulos anteriores, é
possível, a partir das premissas expostas nos nomeados agrupamentos da Teoria Baseada em
Recursos, sintetizar que uma noção de Competência e Capacitação é embutida em modos
distintos de coordenar e combinar recursos para então explicar a Teoria Baseada em Recursos.
Assim, por meio das Capacitações – representadas pelos fluxos de
atividades que por sua vez compreendem as habilidades individuais, os processos
operacionais e as rotinas e práticas organizacionais, mobilizam-se os recursos (tangíveis e
intangíveis) gerando um porta-fólio de competências (dinâmicas, sistêmicas, cognitivas e
holísticas).
O modelo conceitual e estrutural utilizado para representar o framework
proposto, se fundamenta nas Ciências da Contabilidade, por meio de dois dos seus principais
relatórios contábeis: o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado (DR). As figuras
5 e 6 demonstram a sistematização dessa “engenharia contábil” envolvendo estas duas
demonstrações.
94
Figura 5: Estrutura das Demonstrações Contábeis
RECEITAS - CUSTOS - DESPESAS = RESULTADO LÍQUIDO
Fontes dos Recursos
Aplicações dos recursos
Eficiência entre as Fontes X Aplicações de Recursos
BALANÇO PATRIMONIAL
DEMONSTRÃO DO RESULTADO
ATIVO
PASSIVO
PATRIMONIO LÍQUIDO
Fonte: do próprio autor
1.1 O Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado
De acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade (CFC, 1990) “o
Balanço Patrimonial é a demonstração contábil destinada a evidenciar, qualitativa e quantitativamente, numa
determinada data, a posição patrimonial e financeira da Entidade.”
Sua constituição é formada por três
grandes grupos: pelo Ativo, pelo Passivo e pelo Patrimônio Líquido (PL).
Figura 6: Funcionamento do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado (DR)
Fonte: do próprio autor
ATIVO
PASSIVO
PL
DR
95
O Ativo compreende os bens, os direitos e as demais aplicações de recursos
controlados pela entidade, capazes de gerar benefícios econômicos futuros, originados de
eventos ocorridos. O Passivo compreende as origens de recursos representados pelas
obrigações para com terceiros, resultantes de eventos ocorridos que exigirão ativos para a sua
liquidação. E o Patrimônio Líquido compreende os recursos próprios da Entidade, como por
exemplo, o capital social, o qual é considerado o fator inicial para a alocação de recursos e sua
conseqüente produção de bens e/ou serviços a serem oferecidos pela Entidade.
A Demonstração do Resultado é a demonstração contábil destinada a
evidenciar a composição do resultado formado num determinado período de operações da
Entidade. A Demonstração do Resultado, observado o princípio de competência, evidenciará
a formação dos vários níveis de resultados mediante confronto entre as receitas, e os
correspondentes custos e despesas, encerrando-se com o Lucro ou Prejuízo Líquido da
Entidade.
O funcionamento destas ferramentas contábeis, conforme apresentado na
figura 6, é representado pela operacionalização dos grupos constituintes do Balanço
Patrimonial (Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido) que tem como objetivo principal
proporcionar as Receitas da Entidade, observadas na Demonstração do Resultado. Estas
Receitas, por sua vez, são deduzidas dos custos e despesas com a operacionalização,
resultando assim, de forma sintetizada, no Resultado Líquido da Entidade em forma de Lucro
ou Prejuízo. Este resultado, gerado ou consumido, retorna como uma origem de recursos da
Entidade, realimentando seu Patrimônio Líquido (CFC, 1990).
Desta maneira, é embasada pelo funcionamento desta mesma técnica que se
realiza a lógica do framework a ser desenvolvido na etapa seguinte.
96
2. DO DESENVOLVIMENTO DO FRAMEWORK – PARTE I
Após as considerações anteriores em torno das Demonstrações Contábeis
que servirão de base estrutural e conceitual para o desenvolvimento do framework, é possível
apresentar a contribuição por meio do posicionamento que as Competências e Capacitações
exercem na abordagem da Teoria Baseada em Recursos.
De acordo com o contexto traçado anteriormente sobre as Competências no
capítulo II, onde se identificou um agrupamento de classificação de competências (quadro 3),
e diante das fortes influências que elas exercem na Teoria Baseada em Recursos, pode-se
relacionar estas competências como sendo um fator crucial a ser considerado para o início de
qualquer organização, tal como o “Patrimônio Líquido” de uma Entidade representado pelo
seu capital social. Desta forma, o processo de aquisição ou construção de competências
organizacionais, nesta visão, pode ser considerado como a realimentação do “Patrimônio
Líquido” por meio do seu resultado líquido, que é conseqüência da operacionalização da
lógica contábil entre Ativos e Passivos (figura 6).
Partindo deste raciocínio, a fim de encerrar o ciclo funcional da lógica das
demonstrações contábeis, é necessária a operacionalização destas competências, assim, os
conceitos de Capacitações e Recursos passam a representar os “Ativos” da organização, os
quais devem ser equilibrados pelo “Passivo”, que neste ensaio representam as Perdas/Falhas
na integração entre as Capacitações e os Recursos.
Ressalta-se, entretanto, que a conclusão do processo funcional das
demonstrações contábeis se dá através da Demonstração do Resultado por meio do seu
resultado líquido, o qual, na analogia desenvolvida, representa o resultado da integração entre
as Competências, Capacitações e Recursos idealizados na abordagem da Teoria Baseada em
97
Recursos. O resultado dessa integração poderá gerar vantagem competitiva para a organização
bem como novas competências.
Diante deste contexto, incluindo os agrupamentos da Teoria Baseada em
Recursos identificados no capítulo anterior (quadro 10), estruturar-se-á a primeira parte do
framework, que foi a proposição inicial deste estudo. Essa demonstração é estruturada com
base na figura 7, onde procura-se apresentar o posicionamento das Capacidades, Recursos e
Competências na analogia das Demonstrações Contábeis.
Figura 7: Demonstração da Teoria Baseada em Recursos
ATIVO PASSIVO
Capacidades Perdas
Fluxos de atividades Provisão para perdas na integração das
Habilidades Individuais Capacidades com os Recursos
Processos operacionais
Rotinas e práticas organizacionais
PATRIMONIO LÍQUIDO
Recursos Competências
Recursos Tangíveis Competências Dinâmicas
Humanos, Financeiros, Fundo de Comércio Competências Sistêmicas
Recursos Intangíveis Competências Cognitivas
Culturais, Conhecimento, Fundo de Comércio Competências Holísticas
(=) Vantagem Competitiva
BALANÇO DA TEORIA BASEADA EM RECURSOS
RESULTADO DA TEORIA BASEADA EM RECURSOS
(=) Novas Competências
Fonte: do próprio autor
98
3. DO DESENVOLVIMENTO DO FRAMEWORK – PARTE II
Como segunda e última parte do Framework, apresentar-se-á a
fundamentação que promove o resultado qualitativo do presente estudo.
Por meio do Capital Intelectual – representado pelo modelo Navegador
Skandia (figura 3) – e das técnicas de desenvolvimento de Plataformas para a Gestão do
Conhecimento – conceitos como Tags e Atributos, que determinarão os “elementos
constituintes” dos Focos do Navegador Skandia – é que se sistematiza o desafio final desta
dissertação.
A figura 8 apresenta esta sistematização, ou seja, a alocação dos Focos e
seus respectivos indicadores que compõem o Modelo Navegador Skandia aos principais
agrupamentos da Demonstração da Teoria Baseada em Recursos (representada anteriormente
pela figura 7).
Figura 8: Estrutura da integração dos focos e indicadores da Skandia aos agrupamentos da
Teoria Baseada em Recursos.
Fonte: do próprio autor.
INDICADOR
ELEMENTOS
CONSTITUINTES
(Tags e Atributos)
CAPACITAÇÕES
RECURSOS
COMPETÊNCIAS
FOCOS DO
NAVEGADOR
SKANDIA
99
Haja vista que as considerações a despeito do Capital Intelectual para o
desenvolvimento deste framework já foram desenvolvidas em capítulos anteriores, faz-se
necessário nesta etapa uma breve contextualização sobre as definições de Tags e Atributos,
que representaram o complemento da fundamentação para a integração dos focos do
Navegador Skandia aos conceitos de Competências, Capacidades e Recursos.
3.1 Definição de Tag’s
Visando atender aos propósitos deste trabalho, estar-se-á delimitando o
estudo das “Tags” apenas aos trabalhos voltados às áreas de Tecnologia da Informação e da
Gestão do Conhecimento.
De acordo com a enciclopédia on-line Wikipedia
(http://en.wikipedia.org/wiki/Tags. Acesso em 17 dez. 2006), uma "tag" é uma palavra chave
ou termo associado ou identificado com uma parte da informação (como quadro, artigo, vídeo
clipe, conceito, etc), descrevendo assim o item e habilitando a classificação de uma palavra-
chave da informação aplicada.
"Tags" são normalmente escolhidas de maneira informal e pessoalmente
pelo autor/criador do item – não normalmente como parte de algum esquema de classificação
formalmente definido. Elas são tipicamente usadas em taxonomias de internet dinâmica,
flexível, automaticamente gerada para recursos on-line como arquivos de computador,
páginas da web, imagens digitais, e bookmarks na internet.
De acordo com Heijst, Spek, et al (1998), normalmente um item terá uma ou
mais tags associadas a ele, como parte da classificação de algum software ou sistema. O
software proverá ligações a outros itens que divide a palavra-chave da tag, ou até mesmo para
coleções especificadas de tags. Isto permite múltiplos caminhos pelos itens que podem ser
100
rápidos e facilmente alterados pelo administrador da coleção, com o mínimo de planejamento
e esforço.
Um exemplo de tag pode ser facilmente representado por uma página da
web que está em um servidor ou blog e que suporta tags. Supostamente, nessa página poder-
se-ia encontrar as tags Futebol, São Paulo, Ingressos, Jogos e Descontos. Um leitor humano
pode provavelmente dizer rapidamente o propósito da página navegando pela lista de tags.
Tipicamente, o servidor exibiria as tags em uma lista naquela página, com cada tag exibindo
uma ligação que conduz a uma outra página da web que usa aquela tag. Isto permite a um
leitor localizar rapidamente todas as páginas que foram associadas, por exemplo, com o termo
São Paulo. Se o servidor suportar buscas por tags, um leitor poderia encontrar todas as
páginas que usam um grupo particular de tags, como São Paulo e Ingressos.
Se o autor da página desejar reclassificar a página, tudo o que é requerido
dele é mudar a lista de tags. Neste caso, o autor poderia adicionar as tags Palmeiras, e Santos
para sua página. Todas as conexões entre páginas serão automaticamente alinhadas e
atualizadas pelo software do servidor. Não há necessidade de realocar novamente a página
dentro de uma hierarquia complexa de categorias.
Uma tradução livre do termo “tag” para a Língua Portuguesa e talvez mais
próxima estivesse do termo original, poderia ser representada pelos termos “Etiqueta”,
“Rótulo”, entre outras. No entanto, a fim de atender aos propósitos deste estudo, trabalhar-se-
á com a terminologia “tag” ou “tagging” sem tradução para o Português, preservando as
características do termo original expostas nos parágrafos anteriores.
101
3.2 Tagging com Atributos nos Elementos do Conhecimento
Nos estudos do desenvolvimento de Plataformas para a Gestão do
Conhecimento, é possível identificar aspectos relacionados às taggings. Este termo, embora
mantida sua característica, é introduzido nos estudos juntamente com alguns Tipos de
Atributos para determinar o conteúdo de um sistema de Gestão do Conhecimento. O destaque
principal, é que se faz importante que no conteúdo (formal e informal) dos trabalhos de
pesquisas, principalmente na base da linha textual correspondente, sejam colocadas as tags
com um grupo próprio de atributos.
Segundo Tiwana (2002), ferramentas padronizadas mais avançadas estão
disponíveis para desenhos, fotografias, etc., mas isto nem sempre é uma alternativa viável, por
duas razões. Primeiro, estas ferramentas ainda estão em fases iniciais de desenvolvimento e
trabalham dentro de categorias altamente especializadas de dados informais (mais do que
informação ou conhecimento). Segundo, estas ferramentas são mais dispendiosas
financeiramente e complicadas para implementar, quando comparadas com soluções de
ferramentas tradicionais de busca, comercialmente disponíveis. Por conseguinte, uma
companhia tem que definir seu próprio grupo de atributos para colocar as taggings do seu
conteúdo de conhecimento. Embora muitos destes atributos possam ser comuns a uma
companhia e seus sócios, é necessário um corte claro, a definição não pode ser exagerada.
É possível identificar um grupo básico de sete tags com atributos para o
desenvolvimento de uma plataforma e infra-estrutura para a gestão do conhecimento
(TIWANA, 2002):
a) Atributos de Atividades: o atributo de atividades recorre às atividades
organizacionais para as quais o determinado elemento de conhecimento
está relacionado. Primeiramente os valores deste atributo devem ser
definidos, e valores individuais não precisam ser mutuamente
102
exclusivos. Isto significa que o mesmo item de conhecimento poderia
ser classificado possivelmente em duas ou mais categorias de atividades.
Por exemplo, um elemento de conhecimento relacionado para testar
computadores que uma companhia produz poderia se classificar nas
possíveis categorias seguintes: teste, controle de qualidade, término,
análise de tolerância de falha, tempo médio entre determinação das
falhas, etc. Assim, uma companhia tem que ter um modelo explícito das
atividades e processos que são carregados durante o curso de execução
do negócio;
b) Atributo de Domínio: o atributo de domínio coloca a tag como item do
conhecimento à sua matéria. Este atributo é o atributo primário que
dirige o processo de pesquisa. Toda companhia possivelmente já
identificou os amplos territórios de expertise e as áreas de habilidades
que a constituem. É preciso cautela para a armadilha de tentar definir
tais domínios a um nível micro. Domínios precisam ser definidos a um
nível agregado. Princípios da engenharia do conhecimento não se podem
aplicar aqui, pois estes estão mais preocupados em modelar o
conhecimento em nível de conceitos e relações, o que é micro demais
para o propósito deste atributo. Se a companhia não tiver tais domínios
definidos, é preciso determinar explicitamente o que seus empregados
pensam que seus domínios são e o que respondem para combinações de
vocabulário, para evitar sobrepor nomes de domínio;
c) Atributo da forma: o atributo da forma define a representação física do
elemento de conhecimento. A definição deste atributo é complexa.
Pode-se começar com um esquema básico de valores como: Papel;
103
Eletrônico; Formal (arquivo, documento word, planilha eletrônica, etc.);
Informal (multimídia, som, video tape, etc.); Coletivo; Conhecimento
tácito ou mental; e Identificação (para uma pessoa que antes resolveu
um problema daquela natureza, etc.). Se a informação estiver disponível
em outros formulários da companhia, deve-se adicioná-los a esta lista
básica no “acionador de pesquisa”. A indicação do valor do atributo é
semelhante ao conceito de banco de dados de habilidades de
empregados, onde uma busca em um Banco de Dados via Web que
integre expertise, pode detalhar a informação de contato de todos os
empregados combinando o que este atributo apresentará além dos
resultados. Isto é especialmente útil quando os escritórios da companhia
são distribuídos geograficamente ou a quantidade de empregados é alta.
Por exemplo, uma procura por um determinado atributo poderia ajudar
uma consultora de Atlanta achar um consultor da mesma categoria
educacional no escritório da empresa em Berlim;
d) Atributo de Tipo: o atributo de tipo é mais pertinente ao conhecimento
formalizado e capturado de forma eletrônica ou textual, como um
documento ou um relatório. Especifica para um determinado tipo de
documento qual é o elemento de conhecimento existente. Tal valor pode
ser padronizado por múltiplas companhias, como a própria companhia e
seus fornecedores. Sugere-se iniciar com os seguintes valores para este
atributo, a fim de explicar os tipos tácitos de conhecimento:
Procedimento; Diretrizes; Protocolo; Manual; Referência; Relatório das
piores práticas; Relatório das melhores práticas; Notas; Memorando;
Relatório de fracasso; Relatório de sucesso; Comunicado de
104
imprensa/relatório; e Relatório de inteligência competitiva. Começando
com estes valores, pode-se acrescentar outros tipos pertinentes
aplicáveis à companhia;
e) Atributo de Produtos e Serviços: o atributo de produtos e serviços
especifica o produto ou serviço para o elemento de conhecimento que se
relaciona a ele. Esta lista deveria ser mantida específica e não deveria
ser sobreposta. Por exemplo, uma companhia de consultoria poderia ter,
entre outros, os valores de atributos seguintes: Consultoria estratégica;
Consultoria de implementação; e Consultoria de e-commerce;
f) Atributo de tempo: o atributo de tempo é útil para eventos de timestamp
(tempo de impressão/visualização). O timestamping de elementos do
conhecimento é feito automaticamente para arquivos, mas esse
timestamping marca a criação desse objeto, que talvez tenha um valor e
forma diferente da criação real desse objeto de conhecimento.
Conseqüentemente, a criação ou uso do objeto de conhecimento
explicado deve ser especificado. Mas em nem todos os objetos de
conhecimento pode-se determinar um valor para este atributo desta
forma, nomeia-se um valor a este atributo quando possível. O atributo
de tempo também pode ser útil para filtrar processos de recuperação;
g) Atributo de local: usa-se o atributo de local para especificar o local de
identificação das pessoas, dentro e fora da companhia. Nem todos os
elementos de conhecimento terão um valor nomeado a este atributo, mas
pode ser usado para filtrar buscas através do local. Por exemplo, um
procedimento de busca para um empregado com certas habilidades
poderia ser restringido para o Japão ou, a um nível menor, Tóquio. É
105
preciso ter cuidado para não usar micro nível de classificações para esta
tag de atributo. É preciso ter certeza que o atributo e valores usados são
de fato relevantes e significativos. Se a relevância ou necessidade deste
atributo é moderadamente baixa, poder-se-ia poupar a companhia de
muito tempo e dinheiro, simplesmente tirando fora da lista das tags de
atributo a serem usadas.
A fim de atender aos propósitos deste estudo, estar-se-á direcionando o
contexto destes atributos para a necessidade desta pesquisa, a da abordagem da Teoria
Baseada em Recursos. Desta forma, de maneira a delimitar a aplicação destes atributos, bem
como facilitar seu entendimento, apresenta-se abaixo a seleção de três atributos/tags
resumidamente destacados e que determinarão as características para a integração dos Focos
do Capital Intelectual à Demonstração da Teoria Baseada em Recurso. Assim, tal síntese e
suas considerações expostas também nos parágrafos anteriores, servirão de fundamento para a
etapa final do framework:
a) Atividades: o atributo de atividades, na abordagem que se dá a este
estudo, relacionará as atividades existentes em cada um dos
agrupamentos como Competência, Capacidades, Recursos e Capital
Intelectual. Este atributo está definido em tags não exclusivas, baseado
em um modelo explícito de processos empresariais e atividades
relacionadas a clientes, e pode ser incrementado e melhorado;
Atendendo aos objetivos desta dissertação, estar-se-á representando as
Atividades do Capital Intelectual pelos Focos do Navegador Skandia. E
para os demais agrupamentos serão determinados os pontos chave que
106
caracterizam cada um deles, fundamentado pelas considerações teóricas
e classificatórias apresentadas nos capítulos anteriores;
b) Domínio: o atributo de domínio coloca a tag como item do
conhecimento à sua matéria. Este atributo é o atributo primário que guia
o processo de metasearch na Plataforma da Gestão do Conhecimento.
Dado o interesse do presente estudo, este atributo de Domínio será
representado de acordo com as Atividades de cada agrupamento,
podendo suas tags ser identificadas por verbos de ação ou por suas bases
de execução, que determinarão junto com o próximo atributo (Forma), o
caminho da característica fundamental das relações com as tags de
Atividades;
c) Forma: o atributo da Forma para o desenvolvimento da plataforma da
Gestão do Conhecimento, é definido pela representação física do
elemento de conhecimento. A definição deste atributo é complexa.
Pode-se representá-lo, por exemplo, como Formal, Informal, Coletivo,
ou, Conhecimento tácito ou mental. Portanto, trazendo este atributo para
aplicabilidade da proposição deste trabalho, estar-se-á identificando-o
no contexto geral como sendo a “forma de” integrar aquelas tags de
Atividades às de Domínios, determinando assim, o mapeamento
característico do agrupamento em questão (Capital Intelectual,
Capacidades, Recursos ou Competências).
Diante de tais considerações, o quadro 11 apresenta a estrutura e
classificações das Tags/Atributos do primeiro agrupamento: o do Capital Intelectual. Estas
107
tags servirão de base para a posterior integração dos Focos do Navegador Skandia aos demais
agrupamentos.
Quadro 11: Taggings e Atributos do Capital Intelectual com base no Navegador Skandia
ATIVIDADES DOMÍNIO FORM
A
Foco Financeiro
Fonte de Recursos Tangível
Foco no Cliente
Produtos e Serviços Resultados
Foco no Processo
Fluxos de atividades Operações
Foco na Renovação e Desenvolvimento
Produtos e Serviços Aplicação dos investimentos
Foco Humano
Fonte de Recursos Intangível
Fonte: do próprio autor
Ressalta-se, que a determinação das tags de cada atributo, encontram-se
fundamentadas pelas características qualitativas/quantitativas do referencial teórico e dos
indicadores da metodologia trazida por Edvinson e Malone (1998) para a mensuração do
Capital Intelectual.
Na seqüência, através da figura 9, apresenta-se as tags e atributos dos
agrupamentos da Demonstração da Teoria Baseada em Recursos (Capacidades, Recursos e
Competências), estruturadas propositalmente na ordem que segue a fim de enfatizar o
posicionamento que cada agrupamento exerce sobre o outro. A sistematização desta figura,
foi estruturada em coerência com o papel exercido pelas Capacidades e Recursos na
formulação de Competências, bem como em concordância com as funções que cada
tag/atributo, identificados dentro do arcabouço teórico destes conceitos, contribuíram para os
objetivos deste estudo.
108
Figura 9: Taggings e Atributos da Demonstração da Teoria Baseada em Recursos
Fonte: do próprio autor
A partir de tais considerações e das tags-chave de cada um dos
Agrupamentos com seus respectivos Atributos, é possível apresentar uma nova versão da
figura 9, desta vez com o posicionamento de cada um dos Focos do Navegador Skandia aos
agrupamentos da Demonstração da Teoria Baseada em Recursos. A figura 10, portanto,
apresenta esta localização e integração.
ATIVIDADES:
Rotinas,
Processos
Operacionais e
Habilidades
DOM ÍNIO:
Execão,
Integrão e
Articulação
FORMA:
Pessoas,
Equipamentos
e Sistemas
CAPACIDADES
ATIVIDADES:
Operacional,
Gerencial e
Estratégico
DOM ÍNIO:
Bens, Direitos
e Estrutura
FORMA:
Tangível e
Intangível
RECURSOS
ATIVIDADES:
Capacidades e
Recursos
DOM ÍNIO:
Destreza e
Habilidade
FORMA:
Conhecimento
e Conteúdo
COMPETÊNCIAS
109
Figura 10: Taggings e Atributos da Demonstração da Teoria Baseada em Recursos com o
posicionamento dos Focos do Navegador Skandia.
Fonte: do próprio autor
Cada atributo e tag atribuído aos agrupamentos, foram sistematicamente
alinhados às características, funções, definições e classificações do referencial teórico e dos
conceitos-chave que fizeram parte deste estudo.
O posicionamento identificado para os Focos do Navegador Skandia,
também foram fundamentados pelos atributos e tags, que na sua forma conceitual consistiam
para a integração dos atributos dos demais agrupamentos.
Portanto, para o processo de desenvolvimento da identificação deste
posicionamento apresentado na figura 10, considerou-se primeiramente as tags e atributos
encontrados no Capital Intelectual, graficamente representados anteriormente pelo quadro 11.
A partir de suas características qualitativas, procurou-se então identificar a relação que as tags
ATIVIDADES:
Rotinas,
Processos
Operacionais e
Habilidades
DOM ÍNIO:
Execão,
Integrão e
Articulação
FORMA:
Pessoas,
Equipamentos
e Sistemas
CAPACIDADES
ATIVIDADES:
Operacional,
Gerencial e
Estratégico
DOM ÍNIO:
Bens, Direitos
e Estrutura
FORMA:
Tangível e
Intangível
RECURSOS
ATIVIDADES:
Capacidades e
Recur sos
DOM ÍNIO:
Destreza e
Habilidade
FORMA:
Conhecimento
e Conteúdo
COMPETÊNCIAS
Foco
Financeiro
Foco no
Cliente
Foco no
Processo
Foco na
Renovão e
Desenvolvimento
Foco
Humano
110
dos atributos “Domínio” e “Forma” dos Focos do Navegador Skandia, tinham com as tags do
atributo “Atividades” das Capacidades, Recursos e Competências, e, quando necessário,
também com as tags dos demais atributos (“Domínio” e “Forma”).
A fim de exemplificar esta abordagem, a seguir são apresentadas as etapas
da análise realizada para integrar o “Foco no Processo” ao agrupamento “Capacidades”:
a) observou-se as tags que formaram o atributo Atividades das
Capacidades, ou seja, as rotinas, processos operacionais e habilidades;
b) observou-se no quadro 11 todas as tags existentes no “Domínio” e
“Forma”;
c) recuperou-se as características qualitativas do arcabouço teórico em
torno das Capacidades;
d) identificou-se, com base no referencial teórico e nas tags existentes no
“Domínio” e “Forma” do quadro 11, que as tags: rotinas, processos
operacionais e habilidades, têm suas raízes qualitativas nas tags: “Fluxo
de Atividades” e “Operações”;
e) concluiu-se, portanto, que a Atividade do quadro 11 que representa estas
tags é o Foco no Processo.
Assim, as Capacidades representaram o posicionamento para o Foco no
Processo.
Destarte, esse procedimento foi seguido sistematicamente para identificar o
posicionamento dos demais Focos do Navegador Skandia dentro da Demonstração da Teoria
Baseada em Recursos. Não obstante, faz-se necessário uma ênfase para a determinação do
posicionamento do “Foco Humano”. Pois sua localização apresentada na figura 10 deu-se
principalmente pela dinâmica que este fator exerce junto aos demais agrupamentos, ou seja,
pelas palavras de Edvinson e Malone (1998) “enquanto todas as diferentes seções do Navegador
111
interagem entre si em graus distintos, o fator humano interpenetra os outros fatores, atuando como um agente
ativo sobre todos os demais”.
A partir deste contexto, é possível então concluir o framework, objeto
principal deste estudo. A integração já realizada na figura 10, possibilita recuperar a primeira
parte do framework (Demonstração da Teoria Baseada em Recursos - figura 7) e adaptar seus
elementos aos propósitos finais deste trabalho. A sistematização, no entanto, é preservada. Ou
seja, o “funcionamento” do framework permanece fundamentado nas ciências da
Contabilidade ao que tange às suas demonstrações. A figura 11 a seguir estrutura, portanto,
essa proposição.
Figura 11: Framework da Demonstração da Teoria Baseada em Recursos e Capital Intelectual
ATIVO PASSIVO
Capacidades Perdas
Indicadores do Foco no Processo Provisão para perdas na integração das
Indicadores do Foco Humano Capacidades com os Recursos
PATRIMONIO LÍQUIDO
Recursos Competências
Indicadores do Foco Financeiro Indicadores do Foco na Renovação e Desenvolvimento
Indicadores do Foco Humano Indicadores do Foco no Cliente
Indicadores do Foco Financeiro
Indicadores do Foco no Processo
Indicadores do Foco Humano
BALANÇO DA TEORIA BASEADA EM RECURSOS
RESULTADO DA TEORIA BASEADA EM RECURSOS
(=) Novas Competências
(=) Vantagem Competitiva
Fonte: do próprio autor
Visto que o Atributo de Atividades do agrupamento Competências possui
como tags as Capacidades e Recursos, todos os indicadores dos Focos do Navegador Skandia
contribuem, deste modo, para a geração ou manutenção das Competências.
112
V. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS
A mudança na percepção do entendimento do Capital Intelectual e da Teoria
Baseada em Recursos cunhou, ao longo do tempo, diferentes nomes que caracterizaram a
sociedade do intelecto, trazendo ricas contribuições para a visão de dentro para fora das
organizações.
Nesta perspectiva, os resultados obtidos, dentro das especificidades
definidas no escopo deste estudo, permitiram:
a) a obtenção do conjunto de fatores que identificam as características da
Teoria Baseada em Recursos nas descrições dos conceitos de
Competência e Capacitação, por meio da identificação de um modelo de
mensuração do Capital Intelectual;
b) a explicação dos elementos constituintes dos indicadores do Capital
Intelectual da empresa Skandia através da metodologia do próprio
Capital Intelectual e das Tags/Atributos, e sua vinculação aos conceitos
de Capacitações e Competências na abordagem da Teoria Baseada em
Recursos;
c) um modelo de mapa estratégico mensurável com base na abordagem da
Teoria Baseada em Recursos e a associação dos conceitos de
Competência, Capacitação e Capital Intelectual.
113
Dessa forma, procurou-se atingir o objetivo geral aposto inicialmente, que
foi: modelar a contribuição que os conceitos de Competências, Capacitação e Capital
Intelectual assumem dentro da abordagem da Teoria Baseada em Recursos.
Como objeto de ampliação deste trabalho, sugere-se os seguintes temas:
a) a formulação de modelos que permitam esclarecer essas diversas
missões concomitantes das abordagens de Competências, Capacidades,
Recursos e Capital Intelectual, incorporando-as efetivamente ao
planejamento estratégico organizacional.
Esta aplicação poderá fornecer várias possibilidades de
medições, incluindo, por exemplo, a avaliação de resultados
anteriores e posteriores à aplicação da metodologia no ambiente
em questão, gerando novos indicadores de resultados.
b) a continuidade do raciocínio exposto no framework desenvolvido neste
estudo, objetivando a busca de uma ferramenta alternativa de avaliação e
mensuração dos recursos intangíveis envolvidos na Demonstração da Teoria
Baseada em Recursos.
Uma abordagem como esta, poderá desenvolver as
funcionalidades do framework de maneira prática, aperfeiçoando
e ampliando-se a interface já esboçada.
c) a aplicação do framework através de estudos de caso, a fim de avaliar a
funcionalidade real da metodologia, ressaltando, ou refutando, seu caráter
genérico.
Em virtude da extensão do tema ante ao período de pesquisa, a
relevante limitação do presente trabalho configurou-se na
114
impossibilidade de abordá-lo de maneira aplicada, seja por meio
da metodologia de estudo de caso ou da experimentação. O que
proporcionaria uma plenitude maior para a contribuição deste
estudo.
d) o desenvolvimento do framework aplicado de forma direta na área de
Gestão de Operações ou em Estratégias de Manufaturas.
Em detrimento da característica geral do tema, o estudo tornou-
se amplo e com aplicabilidade em diversas áreas de pesquisa. Destarte,
um estudo mais aprofundado da viabilidade de aplicação do framework
na área de Gestão de Operações se faz importante.
A presente dissertação, através da proposição de uma pesquisa bibliográfica
e de modelos teórico-conceituais, pretendeu contribuir, em um espectro mais amplo, com o
advento da Teoria Baseada em Recursos. Promovendo o fornecimento de dados e
informações, validadas de acordo com o rigor científico, para os estudos da área de Gestão de
Operações da Engenharia de Produção.
O estudo também buscou dar uma explicação à construção e medição de
indicadores na mobilização de recursos. Possibilitando transformá-los em resultados indiretos
no desenvolvimento de novas competências organizacionais e na geração de vantagem
competitiva.
Identificou-se também que a literatura nacional disponível atualmente, que
disserta sobre o Capital Intelectual dentro da abordagem da Teoria Baseada em Recursos,
ainda é incipiente ou com estudos escassamente divulgados.
115
Desta forma, pode-se considerar que esta integração de conceitos da visão
de dentro para fora das empresas, fundamentada pela Teoria Baseada em Recursos e por seus
desdobramentos (Competência, Capacitação e Capital Intelectual), proporcionou uma visão
alternativa sobre o papel e contribuição destes conceitos para o advento contemporâneo da
Teoria Baseada em Recursos.
116
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