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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
INSTITUTO DE LETRAS
DEPARTAMENTO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS E TRADUÇÃO
AIKO TANONAKA OGASSAWARA
O ENSINO DA ESCRITA JAPONESA: um estudo terminológico
bilíngüe (japonês-português)
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Lingüística Aplicada do
Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução
do Instituto de Letras da Universidade de Brasília
como requisito à obtenção do Título de Mestre em
Lingüística Aplicada.
Orientadora: Profa. Dra. Haruka Nakayama
Brasília
2006
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ii
Ogassawara, Aiko Tanonaka.
O34e O ensino da escrita japonesa : um estudo terminológico
bilíngüe (japonês-português) / Aiko Tanonaka Ogassawara ;
Haruka Nakayama, orientadora.
_
Brasília, 2006.
223 p.: il. ; 30 cm.
Inclui bibliografia
Dissertação (mestrado) – Universidade de Brasília, Instituto de Letras, Departamento de Línguas Estrangeiras e
Tradução, 2006.
1. Escrita japonesa - ensino. 2. Linguagem de especialidade.
3. Unidade terminológica. 4. Sistema de conceitos. 5. Grafema
semântico. 6. Ideograma. 7. Grafema fonético. 8. Fonograma. I.
Nakayama, Haruka (orient.) II. Título.
CDU 809.56 (043)
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TERMO DE APROVAÇÃO
AIKO TANONAKA OGASSAWARA
O ENSINO DA ESCRITA JAPONESA: um estudo terminológico bilíngüe (japonês-
português)
Dissertação aprovada como requisito para obtenção de grau de Mestre em Lingüística
Aplicada do Programa de Pós-Graduação em Lingüística Aplicada do Departamento
de Línguas Estrangeiras e Tradução, Instituto de Letras, Universidade de Brasília, pela
seguinte banca examinadora:
Orientadora: Profª. Drª. Haruka Nakayama
Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução, UnB
Examinadora Externa: Profª. Drª. Elza Taeko Doi
Universidade de Campinas
Examinador Interno: Prof. Dr. René Gottlieb Strehler
Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução, UnB
Suplente: Prof. Dr. Herbert Andreas Welker
Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução, UnB
Brasília, 27 de outubro de 2006
iv
Agradecimentos
À professora Dra. Haruka Nakayama pela orientação segura, atenção e
interesse, que permitiram o desenvolvimento desta pesquisa.
Aos colegas do Programa de Pós-Graduação em Lingüística Aplicada, em
especial Isabel Blecua, Kyoko Sekino, Lúcia Targino, Neide Suzuki, Yuki Mukai pelo
apoio e companheirismo.
Aos professores do Programa de Pós-Graduação que possibilitaram esta
caminhada acadêmica, indicando caminhos, leituras e saberes. Em particular, pela
generosidade em compartilhar seus conhecimentos os professores Cynthia Ann Bell
dos Santos, José Carlos Paes de Almeida Filho e Maria Luisa Ortiz Alvarez.
Aos professores Alice Tamie Joko, Megumi Kuyama e Michio Yamaguchi pela
orientação dos primeiros passos no mundo do ensino da língua e cultura japonesa.
Ao amigo Antônio Gonçalves de Araújo Neto pelas trocas de idéias,
comentários, auxílio e ensino de utilização de recursos de programas de computador.
Aos especialistas que prontamente se dispuseram a colaborar, respondendo à
consulta realizada.
À minha família pela compreensão, apoio logístico e companheirismo em
momentos de dúvidas e frustrações.
v
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 – O GRANDE PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
DE LÍNGUAS .................................................................................. 16
FIGURA 2 – VARIAÇÃO NA FORMA DE ESCRITA DE UM MESMO
GRAFEMA AO LONGO DO TEMPO ........................................... 37
FIGURA 3 – CLASSIFICAÇÃO DE LINGUAGENS DE FELBER E
PICHT .............................................................................................. 58
FIGURA 4 – MODELO DE TERMO DE WÜSTER APLICADO ....................... 62
FIGURA 5 – TIPOS DE SIGNO SEGUNDO FELBER E PICHT ....................... 63
FIGURA 6 – EXEMPLO DE UMA FICHA DE COLETA .................................. 91
FIGURA 7 – EXEMPLOS DE FICHA DE ELABORAÇÃO
PREENCHIDA ................................................................................ 94
FIGURA 8 – EXEMPLO DO FORMULÁRIO DE CONSULTA A
ESPECIALISTAS ............................................................................ 95
FIGURA 9 – FICHAS DE ELABORAÇÃO UTILIZADAS PARA CRIAR A
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA 18 ............................... 102
FIGURA 10 – EXEMPLO DE FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA ........ 105
FIGURA 11- DIAGRAMA GERAL DO SISTEMA DE CONCEITOS .............. 113
FIGURA 12 – SUBSISTEMA DE CONCEITOS 1 – GRAFEMA ...................... 114
FIGURA 13 – SUBSISTEMA DE CONCEITOS 2 – USO ................................. 115
FIGURA 14 – SUBSISTEMA DE CONCEITOS 3 – ENSINO ........................... 116
vi
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – FORMAS DE IDEOGRAMAS ATRAVÉS DO TEMPO .............. 36
TABELA 2 – CLASSIFICAÇÃO DOS IDEOGRAMAS QUANTO
À FORMAÇÃO .............................................................................. 38
TABELA 3 – CLASSIFICAÇÃO DOS IDEOGRAMAS QUANTO
À FORMA DE USO ....................................................................... 40
TABELA 4 – TABELA DO SILABÁRIO JAPONÊS .......................................... 46
TABELA 5 – DESCRIÇÃO DE MATERIAIS PARA ENSINO DA
ESCRITA JAPONESA ................................................................... 48
TABELA 6 – CONCEPÇÕES DE UNIDADE TERMINOLÓGICA .................... 63
vii
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1
1.1. ENSINO DA LINGUA JAPONESA NO BRASIL ....................................... 1
1.2 PROBLEMA ................................................................................................. 4
1.3 OBJETIVOS .................................................................................................... 9
1.3.1 Objetivo Geral ............................................................................................... 9
1.3.2 Objetivos Específicos .................................................................................... 9
1.4 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO ....................................................... 9
2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................ 13
2.1 ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA .................................................................. 13
2.1.1 O Grande Processo de Ensino-Aprendizagem de Línguas ........................... 14
2.1.2 Sala de Aula como Espaço para Eventos .................................................... 18
2.1.3 Habilidades Lingüísticas e o Ensino da Escrita ........................................... 20
2.1.3.1 As quatro habilidades lingüísticas ............................................................. 21
2.1.3.2 A escrita e sua relevância no ensino da língua japonesa ........................... 22
2.2 ENSINO DA LÍNGUA JAPONESA COMO
LINGUA ESTRANGEIRA ............................................................................. 26
2.2.1 Língua Japonesa como Língua Estrangeira,
um Breve Histórico...................................................................................... 26
2.2.2 A Diversidade no Ensino da Língua Japonesa como Língua Estrangeira .... 29
2.3 ENSINO DA ESCRITA JAPONESA ............................................................. 33
2.3.1 Ensino da Escrita Japonesa como Espaço para
a Interculturalidade ..................................................................................... 33
2.3.2 Escrita Padrão da Língua Japonesa .............................................................. 34
2.3.2.1 Ideograma da China ................................................................................... 35
2.3.2.2 Ideograma no Japão e seu desenvolvimento para
hiragana e katakana .................................................................................. 40
2.3.2.3 Ensino da escrita japonesa ........................................................................ 47
viii
2.4 TERMINOLOGIA ........................................................................................... 49
2.4.1 Terminologia Segundo Felber e Sager ........................................................ 50
2.4.2 Origem e Desenvolvimento da Terminologia e as Novas
Concepções de Cabré acerca da Terminologia .............................................. 51
2.4.3 Linguagem de Especialidade, Textos Especializados ................................... 56
2.4.4 Unidade Terminológica ................................................................................. 60
2.4.5 Conceito ........................................................................................................ 67
2.4.6 Sistema de Conceitos ................................................................................... 69
2.4.6.1 Relações lógicas ......................................................................................... 70
2.4.6.2 Relações ontológicas .................................................................................. 71
2.4.6.3 Relações de efeito ....................................................................................... 72
2.4.7 Definição ...................................................................................................... 73
2.4.7.1 Necessidade da definição em Terminologia .............................................. 74
2.4.7.2 Definição terminológica e suas relações .................................................... 74
2.4.7.3 Princípios para definição de conceitos ....................................................... 75
2.4.7.4 Categorização de definições ....................................................................... 77
2.4.8 Equivalência na Comparação de Termos em Línguas
Diferentes ..................................................................................................... 78
2.5 ANÁLISE DE CONTEÚDO .......................................................................... 80
2.5.1 Desenvolvimento da Análise de Conteúdo ................................................. 80
2.5.2 Definição ..................................................................................................... 81
2.5.3 Procedimento ............................................................................................... 81
2.5.3.1 Pré-análise ................................................................................................. 81
2.5.3.2 Exploração do material .............................................................................. 85
2.5.3.3 Tratamento dos resultados ........................................................................... 86
2.5.4 A Análise de Conteúdo, a Terminologia e a Lingüística Aplicada ............... 86
3 METODOLOGIA ............................................................................................. 87
3.1 LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO .......................................................... 87
3.1.1 Primeira Etapa ................................................................................................ 87
3.1.2 Segunda Etapa ................................................................................................ 87
ix
3.2 ESTABELECIMENTO DO CORPUS .......................................................... 88
3.3 COLETA DE DADOS .................................................................................... 89
3.3.1 Ficha de Coleta ............................................................................................. 89
3.3.2 Registro na Ficha de Coleta ......................................................................... 90
3.4 ELABORAÇÃO DE DADOS COLETADOS ............................................. 91
3.4.1 Ficha Terminológica de Elaboração ............................................................ 93
3.4.2 Consulta a Especialistas .............................................................................. 95
4 RESULTADO E DISCUSSÃO ........................................................................ 97
4.1 COLETA DAS UNIDADES TERMINOLÓGICAS ...................................... 97
4.1.1 Coleta ............................................................................................................ 98
4.1.2 Controle de Qualidade ................................................................................. 98
4.2 CATEGORIZAÇÃO DAS UNIDADES TERMINOLÓGICAS .................... 99
4.3 CONCEITO ...................................................................................................... 100
4.4 RELAÇÕES CONCEITUAIS .......................................................................... 106
4.5 EQUIVALENCIA TERMINOLÓGICA .......................................................... 106
4.6 SISTEMA DE CONCEITOS ........................................................................... 108
4.6.1 Organização Conceitual ................................................................................. 108
4.6.2 Representação Gráfica do Sistema de Conceitos .......................................... 113
5 CONCLUSÃO ................................................................................................... 117
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................. 123
APÊNDICE 1 – IDENTIFICAÇÃO DAS FONTES DOS DADOS DAS
FICHAS DE ELABORAÇÃO ................................................... 127
APÊNDICE 2 – FICHAS DEFINITIVAS ............................................................. 131
APÊNDICE 3 – DESCRIÇÃO DAS UNIDADES TERMINOLÓGICAS
CONSTITUINTES DO SISTEMA DE CONCEITOS .............. 183
ANEXO – CRONOLOGIA DO ENSINO DA LÍNGUA JAPONESA ................. 207
x
RESUMO
Esta pesquisa tem por finalidade investigar as características do ensino da escrita
japonesa por meio da análise de sua linguagem de especialidade em textos
especializados. Para a coleta de unidades terminológicas relevantes para a pesquisa foi
utilizado um corpus selecionado e delimitado entre textos especializados relativos ao
ensino da escrita japonesa. A categorização dessas unidades terminológicas permitiu a
realização de uma hierarquização através de suas relações coordenadas e subordinadas
em três grandes categorias: o grafema, o uso e o processo de ensino. A hierarquização
das unidades terminológicas permitiu obter um sistema de conceitos que estrutura o
ensino da escrita japonesa. Essa estrutura apresenta as características do ensino da
escrita japonesa, que são o conhecimento acerca do grafema semântico (ideograma) e
o grafema fonético (fonograma); do uso dos grafemas segundo as normas vigentes de
ortografia japonesa e de como desenvolver o ensino da escrita japonesa. O sistema de
conceitos permite visualizar todo conhecimento necessário para se desenvolver um
bom trabalho de transferência de conhecimento e uma seleção adequada de recursos
didáticos.
Palavras chave: ensino da escrita japonesa, linguagem de especialidade, unidade
terminológica, sistema de conceitos, grafema semântico
(ideograma), grafema fonético (fonograma)
xi
ABSTRACT
This research project aims to investigate the features of the teaching of Japanese
writing by means of the analysis of the specialized language of that area found in
specialized texts. The corpus used for the collection of terminological units relevant to
the research was selected among texts specialized in the teaching of Japanese writing.
The categorization of such terminological units has allowed us to place them in a
hierarchy drawn up from their relations of coordination and subordination. Three
major categories were found: the grapheme, the use and the teaching process. The
hierarchical ordering of the terminological units has allowed us to obtain a system of
concepts that structures the knowledge about the teaching of Japanese writing. Such a
structure reflects the features of the teaching of Japanese writing, which are knowledge
about the semantic grapheme (ideogram) and the phonetic grapheme (phonogram);
about the use of such graphemes according to the Japanese ortographic rules in effect,
and about how to carry out the teaching of Japanese writing. The system of concepts
allows one to visualize all the knowledge which is necessary for doing a good job of
passing on knowledge and for making an appropriate selection of teaching materials.
Keywords: teaching of Japanese writing, specialized language, terminological unit,
system of concepts, semantic grapheme (ideogram), phonetic grapheme
(phonogram)
1
1 INTRODUÇÃO
A presente dissertação é um estudo da linguagem de especialidade do ensino da
escrita japonesa por meio da análise de suas unidades terminológicas e suas relações.
Isso proporcionará um panorama geral acerca das características do ensino da escrita
japonesa, o que permitirá a seleção de abordagens mais adequadas para esse ensino.
Em 2008 estaremos comemorando o centerio do início da imigração japonesa
no Brasil, entretanto, a história do ensino da língua japonesa como língua estrangeira
neste país data dos anos 60 segundo dados da Fundação Japão. Por ser pouco
divulgada, iniciamos este trabalho com um breve panorama acerca desse assunto.
1.1 ENSINO DA LÍNGUA JAPONESA NO BRASIL
No Brasil, podemos considerar o início do ensino da língua japonesa
coincidente com o início da imigração japonesa. Inicialmente, agrupavam-se crianças
das redondezas e o ensino era desenvolvido como se ensina a língua materna, com
material didático utilizado nas escolas do Japão, dando-se ênfase à leitura e à escrita. O
ensino era realizado sem foco na conversação, pois na época os alunos eram japoneses
ou filhos de japoneses (segunda geração) que utilizavam a língua em seu cotidiano
para se comunicarem não só em casa, mas muitas vezes na comunidade em que eles
viviam, também (NAKAYAMA, 1992, p. 41 - 42). O ensino realizado com material
didático utilizado pelas crianças japonesas era plenamente satisfatório, pois as
primeiras gerações de brasileiros descendentes de japoneses, em sua grande maioria,
tinham a língua japonesa como língua materna.
Após quase 100 anos do início da imigração japonesa, com a comunidade nipo-
brasileira adaptada e inserida na sociedade brasileira, o panorama que nos oferece o
estudo e ensino de língua japonesa sofreu uma mudança significativa.
A mudança foi gradativa acompanhando as transformações sócio-econômicas e
culturais ocorridas na comunidade nipo-brasileira. As pessoas da segunda geração em
diante, mormente as que se afastaram do núcleo familiar por motivo de estudo e/ou
trabalho, deixaram de praticar a língua japonesa. Muitas vezes, famílias inteiras
2
deixavam a comunidade por motivos econômicos, vindo a residir em locais onde não
se utilizava a língua japonesa, deixando-a apenas para uso doméstico. Os descendentes
da terceira geração em diante, em geral, já não fazem o uso da língua japonesa em seu
cotidiano, nem no restrito círculo familiar. O que encontramos é a herança genética
através de traços fisionômicos, no caso de não haver miscigenação, tão comum nos
dias de hoje, e alguns hábitos e tradições mantidas ou pelo núcleo familiar, ou pelo
esforço de grupos de pessoas reunidas em sociedades com objetivo de preservação e
divulgação dos costumes e cultura dos antepassados japoneses.
O afastamento gradativo da língua japonesa resultou em que os descendentes de
japoneses, em sua grande maioria, não sejam falantes dessa língua. Isso fez com que o
ensino da forma como vinha ocorrendo, ou seja, uma maneira muito próxima ao
ensino como língua materna, não suprisse mais as necessidades dos estudantes,
fazendo com que professores e especialistas começassem a procurar por metodologias
e materiais adequados para atender a esse novo tipo de clientela. Concomitantemente,
o desenvolvimento tecnológico e econômico ocorrido no Japão tornou o país
interessante para fins de intercâmbio cultural e econômico, de forma que não
descendentes também passaram a se interessar por sua economia, política, cultura,
língua, religião, para citar apenas alguns aspectos de interesse. Uma importante
conseqüência disso foi a procura por parte de brasileiros descendentes ou não
descendentes pelos estudos pós-graduados ou de especialização no Japão.
Hoje em dia, existem grupos de pesquisadores com atuação dentro das
universidades que tratam de Japão em seus vários aspectos, sua língua e cultura tendo
como foco o ensino para estrangeiros. A partir de 1960 (vide tabela referente à
pesquisa realizada pela Fundação Japão no anexo), há um grande movimento de
instalação de cursos de língua japonesa na rede oficial de ensino, notadamente nas
universidades. Sendo a universidade uma instituição cujo objetivo é desenvolver o
ensino e pesquisa de assuntos de relevante interesse da comunidade, os cursos de
3
língua japonesa aí instalados, com objetivos e características diversos são criados, em
geral, para atender ao perfil e necessidades dos estudantes locais
1
.
Paralelamente à instalação de cursos de língua japonesa nas universidades,
notamos atividades de criação de cursos no ensino fundamental e médio, tanto na rede
oficial como em escolas particulares (vide Anexo). Esse fato, ocorrido a partir dos
anos oitenta, coincide com o surgimento do movimento migratório de descendentes de
japoneses para o Japão à procura de emprego, invertendo o fluxo migratório executado
por seus antepassados no início do século XX.
Além de universitários interessados em estudar o Japão e no Japão, hoje em dia
boa parte da clientela dos cursos de língua japonesa é movida pelo interesse em
manga
2
e anime
3
japoneses.
Esses fatos mostram que, de ano a ano, tanto o objetivo dos que procuram o
aprendizado da língua japonesa quanto o perfil da clientela tem mudado. Qualquer que
seja o objetivo do estudo, todos os que têm procurado o ensino de língua japonesa têm
o interesse em aprender o máximo num mínimo de tempo. Cabe, então, à instituição de
ensino juntamente com o seu colegiado de professores procurar recursos e
metodologias que permitam atender a esses anseios.
A importância da presente pesquisa, do ponto de vista cultural, advém do fato
da tipologia de escrita diferente causar impacto que pode ser positivo ou negativo
dependendo da abordagem do professor, que pode possibilitar a criação de um espaço
para a interculturalidade ou então um choque cultural, conforme sua atuação em sala
de aula. O ensino da escrita japonesa envolve dois conhecimentos: o conhecimento de
recursos utilizados para trancrever a língua japonesa e o conhecimento do uso desses
recursos que tornem possível o desempenho competente do aprendente na língua alvo
em diversas situações. Deve, então, haver uma harmonia entre o ensino dos traços dos
grafemas e o uso desses grafemas para não se perder uma importante ocasião para
1
Os pesquisadores reúnem-se uma vez por ano para comunicar o resultado de suas pesquisas e para
trocas de informações. Trata-se de um encontro itinerante e no ano de 2005 Brasília foi sede do III
Congresso Internacional de Estudos Japoneses no Brasil e o XVI Congresso de Professores
Universitários de Língua, Literatura e Cultura Japonesa.
2
manga – história em quadrinhos, desenho animado, tira cômica, cartum (HINATA, 1992, p 262).
3
anime – abreviatura de animêshon – filme de desenhos animados, cinema de animação. (COELHO e
HIDA 1998, p 26).
4
desenvolver trocas culturais tornando a sala de aula um espaço para interculturaridade.
Por outro lado, não podemos esquecer que o desenvolvimento da escrita japonesa está
intimamente ligada ao desenvolvimento da cultura japonesa, que deve ser do
conhecimento do professor, de forma que ele possua recursos para dirimir dificuldades
e solucionar questões levantadas pelos aprendentes, uma vez que, por razões
pedagógicas, o ensino da escrita japonesa não é feito segundo a evolução histórica
dela.
1.2 PROBLEMA
Um dos grandes desafios para quem se propõe a estudar a língua japonesa
consiste no aprendizado de sua escrita. A escrita japonesa tem história que se inicia
por volta do século III de nossa era, quando ela começou a ser desenvolvida a partir da
escrita chinesa. Atualmente, a escrita japonesa é realizada através da combinação de
dois tipos de grafemas: grafemas semânticos, doravante denominados ideogramas
4
,
compostos de símbolo, leitura e significado; e grafemas fonéticos, denominados kana,
distribuídos em dois sistemas de escrita: hiragana e katakana. Cada sistema de
grafemas fonéticos é composto por um conjunto dembolos em que um grafema
representa uma sílaba. Além disso, a escrita japonesa faz uso do alfabeto latino,
denominado de rômaji – escrita romanizada (caractere romano), e números arábicos e
romanos, em caso de necessidade. Além do fato da escrita fazer uso de sistemas
diversos, a existência de um número considerável de palavras homófonas na língua
japonesa cria a necessidade do conhecimento da escrita de ideogramas não só como
forma, mas também significado e uso. Desse fato decorre a necessidade de se conhecer
as regras de uso dos grafemas de forma a se obter uma escrita correta.
Ao ensinar língua japonesa como língua estrangeira, procuramos desenvolver as
quatro habilidades lingüísticas de forma simultânea, dando a mesma ênfase a cada
uma. Entretanto, preocupa-nos o fato de se dispor sempre de menos tempo em sala de
4
Takamizawa H. et al (2004, p.104) adotam ideograma como equivalente a hyôimoji que Nagano,T
(2001,p.18) define como um grafema que possui símbolo, leitura e significado.
5
aula para explorar o ensino da escrita, particularmente no que se refere ao ensino dos
grafemas japoneses. Consideramos esse fato um paradoxo, pois, em geral,
dispensamos pouco tempo em sala de aula para desenvolver uma parte importante do
ensino de língua japonesa, uma vez que o conhecimento dos grafemas japoneses
possibilita aos aprendentes uma autonomia no domínio e desenvolvimento do léxico,
cuja falta vem a se refletir no desenvolvimento da produção de texto e leitura, o que
por sua vez traz como conseqüência dificuldades no desenvolvimento da oralidade.
Pois, como pode o aprendente produzir escrita e fala se não tiver vocabulário
convenientemente desenvolvido?
O processo de ensino-aprendizagem com turmas de aprendentes iniciantes
descendentes ou não descendentes que tenham o primeiro contato com a escrita
japonesa em escolas de línguas e universidades é realizado procurando-se adaptar a
metodologia de ensino às características e necessidades do grupo de aprendentes.São
utilizados objetivos específicos diferenciados em caso de formação de professor de
língua japonesa. Com relação às turmas de nível mais avançado ou turmas
preparatórias para exames de proficiência em língua japonesa nos níveis 1 e 2,
observamos que estamos apenas repetindo o processo utilizado por nossos professores
quando estudamos a língua japonesa durante a última metade do século XX, com a
utilização do processo: a) introdução à leitura e escrita do grafema; b) fixação dos
grafemas introduzidos por meio de testes ou ditados. Tanto que a aprendizagem da
escrita japonesa dependia mais do esforço e disponibilidade de cada aprendente em
responder satisfatoriamente às cobranças do professor através dos referidos testes e
ditados.
Hoje em dia, discute-se muito acerca de abordagens e técnicas de ensino da
língua japonesa. Atualmente, muitos privilegiam o desenvolvimento da oralidade,
partindo do pressuposto de que a linguagem tem como finalidade a comunicação. O
ensino é realizado tendo-se em mente apenas a comunicação oral, limitando o
desenvolvimento da comunicação escrita a um período de tempo menor. Os
ideogramas são ensinados ao longo de todo curso de língua japonesa, sendo
introduzidos conforme a indicação do material didático adotado, ou o curriculum
6
adotado pelos cursos. O que não se deve esquecer em ensino de língua estrangeira é
que existem outras formas de comunicação, além da forma oral, que também são
importantes. Como, por exemplo, a comunicação escrita por meio de bilhetes, cartas,
correio eletrônico, artigos em jornais, revistas, etc.
No caso do ensino da língua japonesa, a aprendizagem da escrita japonesa está
intimamente ligada à aprendizagem do léxico e seu uso, que por sua vez é importante
para o desenvolvimento de outras habilidades da linguagem. Por isso, consideramos
ser de suma importância que, dentro do exíguo tempo destinado ao ensino da escrita
japonesa, seja dada uma orientação segura e organizada.
A orientação deve ser tal que o aprendente não só consiga manter o que
aprendeu, mas torne-se capaz de promover, por si só, uma expansão em seu
conhecimento no que concerne o léxico da língua japonesa, aqui incluindo a leitura, a
escrita e o uso dos ideogramas. De forma que o aprendente seja capaz de ler e entender
textos em língua japonesa, para ter acesso a conhecimentos atuais e relevantes de seu
interesse.
A preocupação em relação à ampliação da capacidade de leitura e compreensão
em língua japonesa dos aprendentes fez-me lembrar do seguinte fato. Após algum
tempo de estudo, sentindo que minha capacidade de leitura progredia lentamente,
perguntei à professora da época a quantidade de ideogramas que seriam ensinados até
o final daquele curso. Ao saber que seriam um pouco mais de trezentos, não foi
preciso externar meu desânimo em palavras, pois minha expressão já o demonstrava.
Nessa ocasião recebi orientação da professora que procurasse desenvolver sozinha o
léxico, através de leituras na língua alvo. Ou seja, não deveria ficar esperando que
fossem ensinados todos os ideogramas para depois começar a ler, mas ler para
desenvolver a capacidade de leitura e compreensão em língua japonesa.
É relevante como professor saber orientar, de forma que o aprendente consiga
desenvolver seus estudos de forma segura. Lembrando que a criança japonesa leva um
período de nove anos para o aprendizado da leitura e escrita dos ideogramas em
quantidade considerada satisfatória como conhecimento para um adulto japonês, como
devemos proceder de forma que no processo de ensino de língua japonesa como língua
7
estrangeira, o ensino da escrita japonesa ocorra sem incidentes que venha a prejudicar
o desenvolvimento de outras habilidades da linguagem?
CABRÉ (1999, p. 3) diz ser o estudo terminológico uma das necessidades do
ensino e aprendizagem de línguas, uma vez que a Terminologia cumpre dupla função:
a) função de simbolização ou representação do conhecimento especializado;
b) função de comunicação ou transferência de conhecimento especializado.
Como o processo de ensino-aprendizagem é um processo de transferência de
conhecimento, consideramos oportuna uma pesquisa terminológica que permita
conhecer de forma sistematizada as características do ensino da escrita japonesa para
atenuar as dificuldades encontradas neste procedimento.
Faz-se necessário então, uma pesquisa terminológica a ser realizada sobre as
características do ensino da escrita japonesa encontrada em documentos que tratam
especificamente de ensino da escrita japonesa. Documentos produzidos por
especialistas da área, com estrutura informativa temática, que CABRÉ (2002, p.7)
denomina textos especializados
5
. Textos especializados descrevem uma área do
conhecimento através de palavras específicas que em Terminologia denominamos de
unidades terminológicas.
Os documentos específicos que tratam de ensino da escrita japonesa possuem
unidades terminológicas que descrevem a sua realidade, estabelecendo:
a descrição das características do ensino da escrita japonesa;
uma terminologia adequada para que a transferência desse conhecimento.
Ao procurar a literatura correspondente ao ensino da escrita japonesa,
encontramos uma variedade muito grande de enfoques acerca do assunto, uma
variedade que se abre num leque vasto e diversificado de conhecimento. Esse
conhecimento pode ser descrito por meio das unidades terminológicas.
A unidade terminológica é descrita pelo conceito e sua denominação. Sendo a
denominação a representação do conceito através de palavras, números, símbolos,
ideogramas (no caso da escrita japonesa).
5
“...textos que se caracterizam por ter uma estrutura cognitiva que pode ser representado como um
mapa formado por um conjunto de nós que transmitem o conhecimento especializado, relacionando-
os entre si.”
8
O conceito é uma unidade de pensamento que representa o conteúdo a que se
refere a denominação, definido por CABRÉ(1993, p.195) como “... os conceitos são
fruto de um processo de seleção das características relevantes que definem uma classe
de objetos...”, características essas que são representações mentais das propriedades de
um objeto dessa classe. A descrição do conceito é, então, realizada por meio de uma
declaração que enumera suas características. A descrição do conceito por meio de suas
características é denominada definição do conceito.
Ao analisarmos os conceitos das unidades terminológicas de uma área do
conhecimento, encontramos algumas características que são coincidentes ou não. Esse
fato permite fazer comparações entre as unidades terminológicas e, como resultado
dessas comparações, fazer uma ordenação lógica que resulta em uma classificação das
referidas unidades terminológicas.
A classificação das unidades terminológicas permite organizá-las de forma
hierárquica. Essa hierarquização é a representação das relações entre os conceitos das
unidades terminológicas que são denominadas relações conceituais. As relações
conceituais das unidades terminológicas de uma área de conhecimento permitem
representar esse conhecimento através de um mapa conceitual ou sistema de conceitos.
Desta forma, a investigação da linguagem de especialidade relativa ao ensino da
escrita japonesa proporcionará um conhecimento logicamente estruturado por meio
das relações conceituais de suas unidades terminológicas. Esse conhecimento é
representado através de um quadro que relaciona os conceitos dessas unidades
terminológicas que denominamos sistema de conceitos ou mapa conceitual, onde cada
elemento representa uma unidade de conhecimento da área. Esse sistema de conceitos
possibilitará a obtenção de informações sobre as características do ensino da escrita
japonesa que respondam à questão:
Como o ensino da escrita japonesa é apresentado em textos de especialidade?
9
1.3 OBJETIVOS
Com a finalidade de responder à questão acima, desenvolvemos uma
investigação em textos especializados em ensino da escrita japonesa com os seguintes
objetivos:
1.3.1 Objetivo Geral
Identificar a terminologia específica do universo de ensino da escrita japonesa
encontrada em textos especializados e construir um sistema de conceitos bilíngüe
japonês-português que relacione as unidades terminológicas encontradas,
representando a sua realidade.
1.3.2 Objetivos Específicos
1 Identificar as unidades terminológicas da linguagem de especialidade do ensino
da escrita japonesa encontradas em textos especializados.
2 Propor uma equivalência bilíngüe japonês-português das unidades
terminológicas da linguagem de especialidade do ensino da escrita japonesa.
3 Identificar as relações conceituais entre as unidades terminológicas e construir o
sistema de conceitos.
1.4 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO
Esta dissertação está dividida em cinco capítulos, três apêndices e um anexo.
No capítulo 1 discorremos sobre o ensino da língua japonesa no Brasil e nossa
preocupação em como conduzir o ensino da escrita japonesa, apresentamos o
problema, a justificativa da utilização da Terminologia e os objetivos da pesquisa.
No capítulo 2, apresentamos a fundamentação teórica na qual baseamos nossa
pesquisa, iniciando com o processo de ensino-aprendizagem da língua estrangeira
como espaço para interculturalidade e o ensino da escrita inserida nesse processo. Em
seguida apresentamos os conceitos de Terminologia e Análise de Conteúdo que
fundamentam a metodologia utilizada na pesquisa.
10
O capítulo 3 apresenta a descrição da metodologia utilizada nesta investigação.
Iniciamos pelo do estabelecimento do corpus, que corresponde à definição dos
documentos a serem analisados. Em seguida descrevemos o processo de coleta de
dados, em que foram utilizadas diferentes formas de fichas terminológicas. A primeira
foi a ficha de coleta, na qual se registraram informações retiradas dos textos dos
corpus na língua original (japonesa). Baseadas nas informações registradas nas fichas
de coleta e em livros de referência, foram feitas fichas de elaboração, com o mesmo
conteúdo traduzido e resumido, incluindo correspondências possíveis na língua
portuguesa dos termos identificados. Consultaram-se então especialistas na área de
ensino da língua japonesa para a escolha da correspondência mais adequada em
português. Essa consulta foi necessária devido à utilização de empréstimos diretos e
empréstimos por tradução literal na denominação em português das unidades
terminológicas coletadas.
O capítulo 4 apresenta o resultado da pesquisa por meio do sistema de conceitos
que descreve como se apresenta o ensino da escrita japonesa em textos especializados.
No capítulo 5 expomos em nossa conclusão.
O apêndice 1 apresenta a identificação das fontes das informações inscritas nas
fichas de elaboração. Essa identificação permite a recuperação da informação em caso
de dúvida, permitindo o acesso ao documento que originou a informação.
O apêndice 2 apresenta 75 fichas denominadas fichas definitivas, contendo as
seguintes informações: unidade terminológica de coleta; número de identificação da
ficha; denominação da unidade terminológica em português, ou por empréstimo;
classificação segundo sua categorização; fonte da informação através dos números das
fichas de elaboração que contém os dados coletados em português; e a sistematização
das informações sobre a unidade terminológica, com indicação das fontes consultadas
em caso de necessidade de complementação de informação para elaborar sua definição
ou propor uma denominação equivalente da unidade terminológica de coleta.
O apêndice 3 apresenta uma tabela segundo a categorização: 1 – Grafema; 2 –
Uso; 3 – Ensino. Cada linha da tabela apresenta na seguinte ordem: - o número da
unidade terminológica no sistema de conceitos; 2 – a unidade terminológica de coleta
11
e o equivalente em português; o conceito da unidade terminológica dada por sua
definição; a fonte da informação que permitiu elaborar a definição através do número
da ficha definitiva que contém tal informação.
O anexo apresenta a cronologia de implantação do ensino de língua japonesa
nas instituições de ensino fundamental, médio e superior, até o ano de 2003, conforme
dados da Fundação Japão.
13
2 REVISÃO DE LITERATURA
Este capítulo apresenta o ensino da escrita japonesa, iniciando por:
O ensino de língua estrangeira
Apresentamos o ensino de língua estrangeira como uma operação global,
descrevendo a aula como um evento sócio-pedagógico e a relevância do ensino da
escrita japonesa.
O ensino da língua japonesa como língua estrangeira
Apresentaremos a evolução do ensino da língua japonesa como língua
estrangeira e o pensamento dos educadores japoneses que desenvolvem o ensino da
língua como parte do ensino da cultura japonesa.
O ensino da escrita japonesa
Apresentaremos aqui a evolução da escrita japonesa e que tipo de organização
tem o seu ensino.
Em seguida, trataremos de Terminologia e Análise de Conteúdo, que
fundamentam a metodologia utilizada nesta pesquisa.
A Terminologia
Nesse item apresentaremos o desenvolvimento da Terminologia como ciência.
O que é Terminologia, linguagem de especialidade, unidades terminológicas,
denominação e conceito. O que é uma definição em Terminologia, um sistema de
conceitos e o que vem a ser equivalência em Terminologia.
A Análise de Conteúdo
A análise de conteúdo é um procedimento para análise de textos na
comunicação social, que passou a ser utilizada em outras áreas do conhecimento. Na
presente pesquisa seus procedimentos metodológicos são utilizados para o
estabelecimento do corpus e a categorização das unidades terminológicas coletadas.
2.1 ENSINO DE LINGUA ESTRANGEIRA
O processo de ensino-aprendizagem de língua estrangeira que preconizamos é
aquele que considera importante a compreensão intercultural entre os aprendentes,
14
pois ensinar uma língua inclui os aspectos culturais de seu uso. Uma vez que ao nativo
de uma língua é mais fácil compreender e relevar o desacerto gramatical no uso da
linguagem do que um desacerto cultural de uso, que pode ser provocado por utilização
inapropriada de palavras ou expressões ou por uma postura inconveniente em ocasião
de relacionamento social. Isto significa que não devemos nos esquecer da carga
cultural que envolve as palavras e seu uso. Devemos ensinar a língua estrangeira
procurando desenvolver o respeito e compreensão mútua entre as culturas da língua
alvo e a do aprendente.
2.1.1 O Grande Processo de Ensino-Aprendizagem de Línguas
O processo de ensino-aprendizagem de uma língua estrangeira, esteja ele
inserido na educação formal ou no ensino realizado em escolas de línguas, não pode
perder de vista a sua função como componente auxiliar na formação do indivíduo
como intermediário na interação entre pessoas e culturas diferentes, tornando-o capaz
de transitar e dialogar num meio intercultural de forma adequada.
ALMEIDA FILHO (2002, p. 11) afirma que “Língua estrangeira (...) pode
significar língua dos outros ou de outros (...) que só a principio é de fato estrangeira
mas que se desestrangeiriza ao longo do tempo em que se dispõe a aprendê-la”.
Essa afirmação indica que no processo de ensino-aprendizagem formal, à
medida em que o aprendente vai aprendendo de forma consciente as regras e os usos
da língua alvo, vai aos poucos adquirindo, inconscientemente, conhecimentos que o
tornam capaz de interagir com outros falantes da língua alvo, tornando-a sua e não
mais estrangeira. Portanto, ensinar uma língua como língua estrangeira consiste na
viabilização do conhecimento de outra língua em outra cultura. É o ensino da língua de
um outro país realizada num ambiente formal institucional através de meios, recursos e
pressupostos teóricos orientados por uma abordagem/filosofia de ensinar (ALMEIDA
FILHO, 2005, p.66). Essa abordagem vai depender do conjunto de pressupostos e
crenças que o professor possui acerca da linguagem humana e seu ensino, ou seja, de
sua filosofia de trabalho, que orienta as decisões e ações nas distintas fases do grande
processo de ensino-aprendizagem de línguas. Isso é ilustrado pela figura 1 abaixo. Para
15
ALMEIDA FILHO (2005, in mimeo), o grande processo de ensino-aprendizagem de
línguas envolve um conjunto de idéias (A) composto de:
crenças devidas à cultura de aprender dos aprendentes, caracterizada pela
sua forma de estudar, treinar a língua alvo, suas afetividades e atitudes
resultantes das motivações, bloqueios e interesse pela cultura da língua
alvo;
abordagens de terceiros caracterizadas pelas necessidades sociais do
contexto em que ocorre o processo de ensino-aprendizagem de línguas;
idéias e pressupostos teóricos do que seja ensinar e aprender do professor.
O professor, tomando como base seus pressupostos teóricos e levando em
consideração as crenças e necessidades de terceiros (alunos e contexto social onde está
inserida a escola), ou seja, fazendo uma reflexão das suas condições de contexto, cria a
sua equação de abordagem que vem a ser um conjunto de idéias (representado por A,
na figura) que descreve a abordagem particular de ensino.
Esse conjunto de idéias (A) vai se materializar passando pelo crivo das
competências do professor, pois a reificação das idéias vai depender do conjunto de
capacidades específicas e atitudes do professor. A competência do professor vai
depender, também, de sua capacidade de decidir em tempo real para administrar as
ocorrências em sala de aula.
O modelo proposto pela figura age de cima para baixo e da esquerda para a
direita. Ao nível das materialidades temos a seqüência planejamento, materiais
didáticos, experiências em sala de aula e avaliação. Durante o transcorrer do processo
de ensino-aprendizagem cada uma das etapas da seqüência pode influenciar e sofrer
influências do conjunto de idéias (A), que podem vir a modificar a prática educativa
através do ato reflexivo do professor. Esse tipo de ato encontra na execução das tarefas
didáticas insumos que podem modificar a postura do professor em relação às idéias e
pressupostos teóricos do que seja ensinar e aprender línguas.
16
FIGURA 1 – O GRANDE PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS
FONTE: ALMEIDA FILHO (2005, mimeo)
17
As trocas podem ocorrer tanto entre a ação (execução da teoria) e o abstrato (os
pressupostos teóricos) e vice-versa, assim como as diversas fases das materialidades
podem influenciar umas às outras. Dessa forma, pode-se inferir que a força do
planejamento é uma força pró-ativa em relação a materiais didáticos, experiências em
sala de aula e avaliação. E por outro lado, a avaliação é o elemento de maior força
retroativa nessa seqüência de atividades, pois qualquer alteração na filosofia ou
critérios de avaliação terá força para modificar as atividades de experiências em sala
de aula com alunos, materiais didáticos e planejamento.
A aula, que corresponde à experiência concreta com a língua alvo, tem como
suporte a ação (indicada por “a” na figura) resultada da interseção do conjunto de
idéias (A) e a materialidade indicada pela operação global de ensino. A aula é ao
mesmo tempo um evento que é etapa do processo ensino-aprendizagem de línguas e
também depositária de todas as idéias e pressupostos que norteiam esse processo.
A aula é um evento organizado, ritualizado e estruturado por unidades de ações
lingüísticas para produzir uma interação entre os aprendentes que torna possível
resultar um produto (P=I) que corresponde a um insumo significativo, relevante para o
desenvolvimento da aprendizagem.
Devemos lembrar que as unidades de ação não são contínuas, havendo lacunas
entre as ações que correspondem às extensões da aula. Estas podem ser vinculadas à
aula, sendo deflagradas a partir da aula (tarefas, estudo em grupo, dever de casa, etc)
ou autônomas, como internet, campos de imersão no próprio país, leitura por lazer,
filmes, etc.
Essas atividades devem ser desenvolvidas de forma que resultem no objetivo
final do grande processo de ensino-aprendizagem de línguas, que é o aprendente obter
uma competência comunicativa na língua alvo. Por exemplo, se o aprendente estiver
interessado na leitura de determinados temas como estética, filosofia, ciências físicas,
etc, espera-se que consiga desenvolver sua competência comunicativa para ler na
língua alvo sobre esses assuntos pelo menos.
18
2.1.2 Sala de Aula como Espaço para Eventos
A aula pode ser considerada um evento, ou seja, um acontecimento, uma
reunião com fins específicos para transmissão e aquisição de conhecimentos. A
transmissão de conhecimento pode-se dar de várias formas em inúmeros lugares e
contextos. Os cientistas divulgam seus pensamentos, o progresso de seus estudos em
palestras e comunicações científicas. A todo instante os recursos como rádio, televisão
e internet possibilitam o acesso a noticiários de todas as regiões do mundo, tornando o
intercâmbio de informações muito rápido, volumoso e muitas vezes difícil de
selecionar de forma adequada para que se torne um insumo para novos conhecimentos.
Entretanto não é só isso.
O sistema educacional formal indica a sala de aula como espaço para
transmissão de conhecimento. Porém, é necessário lembrar que “... ensinar não é
transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua
construção” (FREIRE, 1995, p. 47). Ou seja, é necessário que ocorra o binômio
ensino-aprendizagem. É hábito, ainda, ocorrer em algumas universidades a chamada
“aula inaugural” na abertura de um semestre letivo, com toda pompa e circunstância
que o momento requer com um convidado ilustre para proferir uma palestra
denominada de aula magna. Será que é apenas nessa ocasião que a aula é um grande
acontecimento?
PRAHBU (2001, p. 79 – 83) considera a aula como um evento em sala de aula,
podendo ser analisada como quatro tipos diferentes de evento:
a) a aula como um estágio do desenvolvimento de um curso
Não é possível imaginar uma aula por si só como uma unidade isolada do
conhecimento. Ela está e sempre estará vinculada a um contexto, não importando quão
precário ou espetacular seja o currículo em desenvolvimento. O currículo deve estar
baseado em pressupostos que permitam sempre uma avaliação quanto à adequação do
processo utilizado, de forma a permitir uma análise objetiva da situação. A análise é
executada com a intenção de proporcionar uma otimização no desenvolvimento global
do curso em questão, de forma que se propicie ao aprendente a aquisição de
competências de tal forma que satisfaça, pelo menos parcialmente, os seus objetivos.
19
b) a aula como prática de um método
O professor, em sala de aula, executa suas ações seguindo um plano que indica
as atividades que deverão ser realizadas e a sua seqüência no decorrer da aula. Trata-se
do plano de aula. Esse plano de aula indica os aspectos operacionais de um método e
indica também o conceito que este professor tem acerca de ensinar e aprender línguas.
A observação da aula como prática de um método permite examiná-la em seu aspecto
operacional e inferir a teoria de ensinar e aprender subjacente do professor.
c) a aula como evento social
A aula coletiva é um encontro de pessoas, pode ser considerado como um
evento social rotinizado, em que as pessoas têm os seus papeis definidos. Em geral,
segue um ritual (início, desenvolvimento, fim), um calendário de atividades (horário e
período de aulas). Seguem-se papéis estabelecidos pela tradição (o papel do professor,
o papel do aluno). O senso de segurança entre as pessoas provém das expectativas
comuns que não devem ser transgredidas. Essa ética de sala de aula e a rotinização das
atividades garantem que a aula seja um evento social convencionado e recorrente.
d) a aula como arena de interação humana
A aula, sendo um evento social, traz para um mesmo espaço pessoas
executando papéis. É possível imaginá-la como uma arena onde interagem distintas
personalidades, motivações, auto-imagens, medos, expectativas, níveis de tolerância e
de maturidade. Esse aspecto da aula é muito importante, entretanto, não há meios
exatos de controlá-lo através de conceitos e recursos operacionais de ensinar e
aprender línguas.
O fato de se considerarem as quatro dimensões da aula pode vir a facilitar o
entendimento em relação aos conflitos que surgem na aula, como conflitos entre as
diversas dimensões acima consideradas. Se considerarmos a dimensão social,
verificamos a necessidade de conciliar as culturas de ensinar e aprender do professor e
do aprendente tentando uma solução de interculturalidade nesse aspecto, ou seja, uma
relação de respeito e compreensão mútua para que haja equilíbrio entre as forças de
modo que haja benefícios pedagógicos. Os conflitos podem também surgir entre as
visões filosóficas do planejamento do curso e os procedimentos preconizados pelo
20
professor, que por sua vez podem não coincidir com as expectativas do aprendente.
Podem ocorrer também conflitos entre as dimensões pedagógicas e sociais, por
exemplo, quando houver a necessidade de se fazer cumprir uma seleção de conteúdo,
num período determinado. Deve o professor decidir, por exemplo, qual das habilidades
lingüísticas deve sacrificar desenvolvendo pouco ou nada, ou então qual parte do
conteúdo deve sacrificar.
As decisões para resolução dos conflitos em sala de aula cabem exclusivamente
ao professor, uma vez que é sua responsabilidade orquestrar harmonicamente o rito da
aula. Essa responsabilidade faz com que o professor consciente procure insumos de
especialistas, fontes nas quais muitas vezes não encontra resposta ou para um
problema especifico, ou para trazer para a sala de aula procedimentos mais
convenientes e produtivos.
Portanto, é necessário, conforme sugestão de PRAHBU (2000/2001; p.94):
... que os professores sejam teóricos – não no sentido de serem capazes de brandir o aparato
acadêmico ou as habilidades de argumentação acadêmica, mas no sentido de operar com um
conceito ativo da relação de causa e efeito entre o ensino e aprendizagem, e de desenvolver e
modificar esse conceito à luz da experiência que ocorre em sala de aula.
Ou seja, a escolha da melhor abordagem, a forma mais adequada de utilização
dos recursos didáticos disponíveis de forma a suprir as necessidades do aprendente e
conseguir que este adquira uma competência comunicativa satisfatória, vai depender
da capacidade que o professor tiver em diagnosticar as necessidades do aprendente,
analisar o contexto (a escola, o sistema de ensino, recursos econômicos) e dar uma
resposta que permita alcançar não só os seus objetivos, mas principalmente os
objetivos do aprendente também.
2.1.3 Habilidades Lingüísticas e o Ensino da Escrita
Aprender uma língua estrangeira significa ser capaz de fazer seu uso social de
maneira adequada. Isso implica ser capaz de ouvir, falar, ler e escrever adequadamente
na língua alvo. Essas atividades são denominadas “as quatro habilidades da
linguagem”.
21
2.1.3.1 As quatro habilidades lingüísticas
Conforme o modelo do grande processo de ensino-aprendizagem descrito
anteriormente, é necessário que o aprendente, como resultado das ações envolvidas,
domine a língua alvo de modo que saiba mais que compreender, falar, ler e escrever
orações. Deve conhecer quando e como utilizá-las para conseguir efeito comunicativo
(WIDDOWSON, 1991, p.13); pois afinal estamos trabalhando com um instrumento de
comunicação. Considerando a natureza das quatro habilidades quanto ao meio de
ocorrência podemos afirmar que:
ouvir e falar são expressos através do meio auditivo, e
ler e escrever são expressos através do meio visual.
Considerando as atividades do usuário da linguagem, são tidas como:
ativas, ou melhor, produtivas as habilidades de falar e escrever, e
passivas, ou melhor, receptivas as habilidades de ler e ouvir.
A respeito das atividades produtivas pode-se dizer que a fala pode ser avaliada
do ponto de vista da forma em que se manifesta (se a voz do locutor é clara, se fala
rapidamente ou pausadamente, etc.) e também do ponto de vista do conteúdo, ou seja,
se a manifestação se torna uma comunicação. Quanto à escrita a avaliação como
recurso de comunicação é realizada através da verificação tanto da caligrafia (se a letra
é legível ou não) quanto pelo estilo do texto produzido (WIDDOWSON, 1991, p. 83 –
84).
Para se desenvolverem essas habilidades em sala de aula é necessário que, ao se
estabelecerem os objetivos de ensino, fiquem claramente determinados os passos para
atingi-los. É comum se estabelecerem vários graus de proficiência na língua a fim de
se obter um desenvolvimento gradativo no conhecimento e, dessa forma, se alcançar o
objetivo final, que corresponde à capacitação do aprendente a se comunicar na língua
alvo.
Sem dúvida nenhuma, se analisarmos as metas a serem atingidas no ensino de
língua estrangeira sob o prisma das habilidades lingüísticas podemos verificar que são
universais.
22
2.1.3.2 A escrita e sua relevância no ensino de língua japonesa
A escrita é um recurso que utilizamos para fixar a linguagem oral. Os homens
primitivos iniciaram fazendo entalhes e desenhos em superfícies planas. Hoje em dia,
utilizamos recursos como meios magnéticos para gravar e preservar a linguagem
articulada. A escrita, porém, não é apenas uma técnica para gravar e manter a
linguagem oral, ela serve de instrumento para se apreender e organizar o pensamento.
Pelo fato de ser relativamente permanente, a linguagem escrita permite
vislumbrar o modo como pensavam os antigos e como se deu a evolução do
pensamento humano. Ou seja, a escrita é um instrumento de preservação e transmissão
de conhecimento transpondo espaço e tempo. Segundo NAGANO (2001, p.17), com a
expansão da escrita possibilitou-se a conservação em imagem visual através dos
tempos de fatos descritos em linguagem oral, o que a tornou imprescindível na vida
cultural dos povos, pois passou a ser suporte para registros históricos e culturais.
A existência da escrita numa sociedade é identificada pela presença de “...
inicialmente um conjunto de sinais que possua um sentido estabelecido de antemão por
uma comunidade social e que seja por ela utilizado (...) [e] em seguida é preciso que
esses sinais permitam gravar e reproduzir uma frase falada” (FÉVRIER apud
HIGOUNET, 2003, p.11)
Mary KATO (2003, p.10) sustenta a tese que a fala e a escrita são parcialmente
isomórficas seguindo a seguinte ordem: inicialmente a escrita tenta representar a fala,
fazendo-o de forma parcial e, posteriormente, é a fala que procura simular a escrita
conseguindo-o também parcialmente. O que vem a ser isso? Inicialmente temos uma
forma de escrita que tenta representar a fala fazendo-o apenas parcialmente por não
encontrar símbolos que representem exatamente todos os sons da fala. Em seguida,
essa escrita sofre influências sócio-culturais que a tornam praticamente autônoma da
fala, o que é obtido por meio de convenções rígidas (gramática, ortografia, etc). E
finalmente, temos a fala resultante do letramento
6
. Seguindo esse raciocínio é fácil
6
Segundo KATO (2003, p.7) o letramento torna um individuo “... capaz de fazer uso da linguagem
escrita para sua necessidade individual de crescer cognitivamente para atender às várias demandas de
uma sociedade que prestigia esse tipo de linguagem como um dos instrumentos de comunicação.”
23
perceber porque os letrados concebem a fala segundo o que sabem da escrita,
demonstrando assim a importância da escrita no ensino da língua estrangeira.
Para SAMPSON (1996, p.25) “A definição adequada de “escrita”
7
é que ela
constitui um sistema para representar enunciados da língua falada por meio de marcas
permanentes e visíveis.” Apesar de adotar essa definição, ele a considera problemática,
pois sabe que a língua escrita não é uma transcrição exata da língua falada. A
linguagem oral e escrita podem divergir, uma vez que não escrevemos exatamente
como falamos, e mensagens escritas são via de regra registradas de forma diferente da
língua oral que empregamos.
Outra razão para que Sampson considere não poder adotar sua definição
integralmente é a existência da forma de comunicação através de figuras que poderiam
ser descritas como escrita. Essa comunicação através de figuras será entendida se
soubermos a simbologia para decodificar a mensagem. Esses símbolos são
representações de idéias, não representando nenhum elemento particular da fala. Esse
sistema de comunicação visível Sampson denomina de sistema semasiológico.
Sistemas desse tipo não devem ser associados apenas à escrita de estágios primitivos
da civilização, pois encontramos no simbolismo matemático, por exemplo, uma língua
que articula o pensamento de forma direta e independentemente da sua articulação
falada. Hoje em dia encontramos a semasiologia aplicada nos mais variados aspectos
do nosso cotidiano, seja em placas indicando sinais de trânsito, instruções para
lavagem de roupas, indicação de locais como toalete feminino ou masculino, ícones de
computador, entre muitos outros. Apesar dessas ponderações, Sampson considera
questionável a inclusão do sistema semasiológico como escrita no senso estrito.
Os sistemas que são representações da língua falada Sampson chama de
sistemas glotográficos, sendo divididos em escrita logográfica e escrita fonográfica. Os
sistemas logográficos são os que se baseiam em unidades significativas; e os sistemas
fonográficos têm como base a unidade fonológica. O sistema japonês de escrita é
considerado por Sampson como parcialmente logográfico e parcialmente fonográfico,
parecendo ser uma escrita complicada, ainda assim, útil na prática.
7
Aspas do autor.
24
NAGANO (2001, p.18) divide o sistema de escrita japonsa quanto à sua função
em dois grandes grupos:
escrita através de símbolos semânticos, denominados kanji, em que cada
grafema representa um som e significado determinado; e
escrita através de símbolos fonéticos representando sílabas, denominada
kana, em que se utilizam dois distintos sistemas silábicos: hiragana e
katakana.
Nagano afirma também que, hoje em dia, a escrita japonesa é realizada através
de uma combinação de símbolos semânticos e símbolos fonéticos, além de utilizar o
alfabeto latino, sendo esta última forma denominada escrita romanizada.
Autores brasileiros como DOI (1985, p. 6) e SUZUKI (1985, p. 54) utilizam a
denominação ideograma para se referirem ao kanji, o grafema semântico,.
TAKAMIZAWA et al. (2004, p.128), em sua obra Shinhajimeteno
nihongokyôiku – kihonyôgojiten, apontam as seguintes equivalências para indicar
ideogramas e fonogramas japoneses:
hyôimoji – grafema semântico = ideograma;
hyônmoji – grafema fonético = fonograma.
Na presente dissertação, serão utilizadas as denominações:
ideograma para indicar um grafema japonês relativo ao grafema semântico,
e
fonograma para indicar um grafema japonês relativo ao grafema fonético.
O ensino da escrita dos fonogramas no início do aprendizado da língua japonesa
evitaria erros de pronúncia, principalmente no ensino da língua para aprendentes
adultos ou aqueles que já são letrados na língua materna, pois os mesmos tentam
reproduzir os sons japoneses utilizando a escrita da língua materna. Por exemplo, o
que aconteceria se um aprendente brasileiro utilizasse o nosso alfabeto para reproduzir
sons da língua japonesa? Por não haver correspondência completa entre os sons
representáveis por cada sistema, o aprendente não teria recursos que permitissem
reproduzir o som da língua estrangeira corretamente. Sua representação dos sons do
25
japonês que ouve estaria, conseqüentemente, atrelada às características de pronúncia
em língua portuguesa.
Corroborando essa idéia, DOI (1985, p6-7) afirma:
A importância da escrita como apoio à aprendizagem da língua estende-se também no aspecto
fonológico e morfossintático da língua.(...) Como o Kana, sendo uma escrita silábica,
identifica-se também com a unidade mora
8
do ritmo japonês, o emprego desta escrita na
aprendizagem do japonês viria favorecer a apreensão da isocronia
9
silábica que caracteriza o
ritmo japonês.
Em relação ao ensino da escrita japonesa, surgiram grupos que defendiam a
representação escrita em alfabeto latino, denominada de escrita romanizada, para
ensinar a língua japonesa para estrangeiros. Entretanto, devido às razões acima, essa
forma é empregada apenas em casos de ensino com objetivos específicos. Em geral, o
professor tem o cuidado de evitar o uso, entretanto, apesar da recomendação da não
utilização, é um recurso muito utilizado entre os aprendentes.
Segundo FERREIRO (2001, p. 19 – 20) existe uma perspectiva tecno-
instrumental segundo a qual a escrita é uma transcrição de sons em forma gráfica.
Nesse sentido, são desenhos que representam a sonorização de palavras, podendo-se
dizer que não há conhecimento, há coisas apenas para memorizar e reter. Tomando
como base essa premissa, podemos afirmar que no caso da escrita japonesa há duas
perspectivas:
o ensino-aprendizagem dos fonogramas (silabários hiragana e katakana),
em que há muito que memorizar e reter;
o ensino-aprendizagem dos ideogramas, em que se tem de considerar o fato
destes serem símbolos fonéticos e semânticos ao mesmo tempo, trazendo
consigo conhecimentos lingüísticos e culturais. Nesse caso,
8
“Mora – unidade de som usada em fonologia que determina o peso silábico em algumas línguas.”
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mora_%28ling%C3%BC%C3%ADstica%29
“Mora – unidade mínima de tempo métrico equivalente a sílaba breve. “ CRYSTAL, D. (2000,
p. 175)
“Mora – unidade de ritmo de duração isocrônica entre as partes de uma palavra. Em japonês, a mora
é unidade menor que a sílaba, em alguns casos.” JOKO (1987, p.54)
9
“isocronia/isocronismo Termo utilizado por alguns FONETICISTAS para indicar a característica
rítmica de algumas LINGUAS. No RITMO isócrono, as SÍLABAS ACENTUADAS recaem em
intervalos aproximadamente regulares em todo o ENUNCIADO.” (CRYSTAL, D. 2000,p.152)
caixa alta do autor.
26
desenvolveremos não só o a tecnologia da escrita, mas o conhecimento
lingüístico e cultural necessário para o uso adequado do ideograma.
As razões acima relatadas salientam a relevância do ensino da escrita japonesa
no processo de ensino-aprendizagem da língua japonesa.
2.2 ENSINO DA LÍNGUA JAPONESA COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA
Apesar de no Brasil ser recente o interesse pelo ensino da língua japonesa como
língua estrangeira, verificamos que os japoneses têm uma preocupação com esse
ensino desde os séculos IV e V.
2.2.1 – Língua Japonesa como Língua Estrangeira: Um Breve Histórico
NUIBE (1991, p. 40) afirma que a expressão língua japonesa faz referência à
língua pátria, símbolo da nação. Por outro lado, a expressão língua japonesa tem
também o conceito de ser a língua utilizada num lugar chamado Japão, ou mais
objetivamente a língua utilizada pelos japoneses. Esse fato o faz frisar a necessidade
de visões diferentes do ensino de língua japonesa levando em conta as circunstâncias e
os objetivos dos aprendentes. O ensino da língua japonesa como língua materna é
denominada de kokugokyôiku e vem a ser o ensino realizado no Japão para japoneses
natos. O ensino da língua japonesa como segunda língua é denominado nihongokyôiku
e corresponde ao ensino a estrangeiros em geral que vivem no Japão, a refugiados
acolhidos pelo Japão e aos nascidos fora do Japão, mas com cidadania japonesa.
Também se usa nihongokyôiku quando se trata do ensino como língua estrangeira
realizado fora do Japão. A pesquisa desenvolvida na presente dissertação refere-se ao
ensino de língua japonesa considerando o aspecto de seu ensino como língua
estrangeira.
Segundo a descrição de SANADA S. (2003. p. 145-147) e TAKAMIZAWA H.
(2004, p.275-277), no seu início, o estudo da língua japonesa como língua estrangeira
é caracterizado pelo fato de ser executado mais pelos estrangeiros que queriam estudar
que pelos japoneses que ensinavam.
27
Por volta dos séculos IV e V, os japoneses tiveram, pela primeira vez,
consciência do ensino de sua língua para estrangeiros quando iniciaram o intercâmbio
com a China e Coréia da época, que enviaram representantes que passaram a manter
atividades no Japão. Isto é demonstrado no obra Nihon shoki
10
, que pode ser
considerada o registro mais antigo acerca de estudantes estrangeiros que foram ao
Japão para estudar a língua japonesa. Dessa obra, concretizada no ano de 720,
constam:
o termo osa que equivale a tradutor;
uma sentença dizendo que “de Shiragi (antigo nome da Coréia) vieram três
pessoas para aprender a língua”,
Já nos séculos XIV e XV, entre pesquisas efetuadas por estrangeiros podemos
citar publicações chinesas, entre as quais tem grande relevância a obra Nihon kan
yakugo, que passou a ser referência para tradutores. Um pouco mais adiante, data de
1676, a obra Shôkai shingo, escrita em alfabeto coreano, que descreve o diálogo
mantido nas negociações entre o governo japonês e missão coreana, o que a faz um
valioso documento histórico.
No período que vai da metade do século XVI até meados do século XVII, foi
importante a influência dos jesuítas que aportaram no Japão objetivando a divulgação
do cristianismo e o intercâmbio comercial, tornando-se os primeiros europeus a
estudarem a língua japonesa. Em 1604, esses jesuítas, com o auxílio de japoneses,
elaboraram um dicionário japonês – português. Essa obra, por estar escrita em alfabeto
romano, é considerada um valioso documento para o estudo da língua japonesa da
época; apesar de sabermos hoje em dia que não é uma representação fiel da pronúncia
da época. Além dessa obra podemos citar os dicionários Rakuyôshû e Nihon daibunten
do padre João Rodrigues (1561-1633), que também escreveu a primeira gramática da
língua japonesa em português. Outros fatos importantes que podem ser citados desse
período são:
10
Nihonshoki – Obra de 30 volumes,concretizada em 720, organizada por um grupo de escritores
liderado por Tonerishion’nô, com texto escrito em autêntico chinês da época. Os dois primeiros
volumes tratam da mitologia japonesa e os restantes 28 volumes descrevem uma seqüência de fatos
do ponto de vista histórico tendo como característica a exposição ao público estrangeiro da dignidade
e o prestígio do Japão. (NAGAO, 2001,p.24)
28
a introdução do estilo ocidental de imprensa;
a transcrição em escrita romanizada de obras literárias japonesas como a
obra Heike Monogatari
11
No período que vai do final do século XVII ao final do século XVIII, devido ao
fechamento dos portos aos estrangeiros pelo governo japonês, náufragos japoneses que
aportavam na península russa de Kamchatka e outros logradouros, em geral passavam
a viver na Rússia. Alguns deles foram levados a Moscou e São Petersburgo onde se
tornaram professores de língua japonesa devido ao interesse demonstrado pelos russos
em aprender a língua, pois tinham a intenção de vir a manter relações comerciais com
o Japão.
SANADA, S. (2003, p. 147) considera como marco na história do ensino da
língua japonesa a obra Elementary Grammar of Japanese language de Baba Tatsui,
publicado em 1873, em que se expõe de forma prática a gramática japonesa dirigida
para estrangeiros.
Em 1895, em Taiwan, estabeleceu-se oficialmente a primeira escola de língua
japonesa no exterior. A partir dessa data e por um grande período, por razões políticas
e econômicas, o foco do ensino da língua japonesa no estrangeiro manteve-se na Ásia.
O ensino de língua japonesa que se desenvolveu no início do século XX sofreu
um grande impacto das conseqüências da II Grande Guerra, não só deixando de
evoluir como praticamente ficando anulado.
No pós guerra, por ordem do GHQ (General Headquarters – tropas de
ocupação) a Nihongo kyôiku shinkyôkai, estabelecida em 1940, teve suas atividades
encerradas, sendo criada, em 1946, a Gengo bunka kenkyûjo para assumir as atividades
de divulgação da língua japonesa. Essa entidade estabeleceu, em 1948, a Escola de
Língua Japonesa de Tóquio, que a partir de 1950 passou a realizar encontros de
estudos em beneficio dos professores de língua japonesa como língua estrangeira.
11
Heike Monogatari – elaborada no século XII, no gênero narrativa militar. Heike Monogatari
(História dos Taira) narra a glória e a tragédia desse clã, descrevendo fatos significativos de trajetória
da classe samurai em direção ao poder. As narrativas militares são consideradas obras para se ouvir e
não só para se ler, pois são escritas de tal forma que podem ser recitadas por tocadores de biwa
(instrumento musical de cordas) (YAMASHIRO,1983, p. 94).
29
A partir de 1972, quando tiveram inicio as atividades da Kokusai kouryû kikin,
conhecida como Fundação Japão no ocidente, é que podemos observar o trabalho
efetivo de auxílio ao ensino e divulgação da língua e cultura japonesa. Essa instituição
tanto envia especialistas para ensino e orientação aos professores no estrangeiro,
como, através da oferta de bolsas para estudo, fomenta a pesquisa e aprimoramento de
conhecimentos sobre o Japão, sua língua e cultura in loco, atividades que perduram até
os dias de hoje.
2.2.2 A Diversidade no Ensino da Língua Japonesa como Língua Estrangeira
Ao ensinar língua japonesa devemos estar sempre atentos à diversidade dos
aprendentes. TANAKA e SAITÔ (1993, p. 3 – 8) apontam três critérios para a
classificação dessa diversidade:
a) Quanto às características pessoais dos aprendentes, ou seja, se a escrita em
sua língua materna tem relação com ideogramas, se teve algum contato com
tipo de escrita que não seja a escrita latina e outros. Se o aprendente é uma
criança encaminhada por seus pais, um estudante a procura de uma bolsa de
estudos no Japão, se é um homem de negócios a procura de uma parceria
comercial, se é de um grupo familiar ou não que ao se instalar no Japão
precisa da língua japonesa como segunda língua.
b) Quanto às necessidades de cada aprendente ou grupo de aprendentes, que se
traduzem em objetivos de estudo que vão desde simples curiosidade até o
aprendizado que permita ler e entender língua japonesa de forma a realizar
pesquisa científica em determinada área do conhecimento.
c) Quanto à visão peculiar que cada aprendente tem em relação o que é aprender
uma língua estrangeira, suas referências culturais e experiência de vida,
enfim, sua crença de aprender constituída de sua bagagem de costumes e
forma de estudar e aprender, as influências culturais que já sofreu, sua
religião, categoria sócio-econômica a que pertence, etc.
Certamente as diversidades acima mencionadas não são privilégio do ensino da
língua japonesa, isso deve ocorrer no ensino de língua estrangeira em geral em maior
30
ou menor proporção dependendo de cada caso. Cabe, então, ao professor e à
instituição de ensino planejar cursos, currículos, selecionar recursos e métodos de
ensino que permitam atender ao requisito de ensinar e aprender língua estrangeira
como instrumento de comunicação.
Entretanto, planejar cursos e selecionar materiais requerem não só
conhecimento das necessidades e objetivos dos aprendentes que vão sofrer a ação do
processo de ensino; é imprescindível que o professor que vai atuar como orientador e
dirigente do processo tenha real capacidade de ação. De nada adianta um excelente
planejamento escrito e a posse de recursos ideais se a execução não for satisfatória. E
aqui não estamos colocando em discussão o conhecimento da língua em si, mas da
capacidade de ser generoso em relação à ignorância do aprendente e a suas
dificuldades e incompreensões devido a diferenças culturais. De nada adianta o
professor ter acesso a recursos didáticos de primeira linha, se não tiver bom senso para
a escolha adequada de cada recurso, para cada objetivo a ser alcançado.
Esses fatos identificam dois pontos importantes que podem influenciar no
resultado final do processo de ensino-aprendizagem de língua japonesa:
os elementos quem (o professor) e a quem (o aprendente), que são
primordiais em todo o processo, entre os quais podem ocorrer situações de
conflitos culturais, muitas vezes consideradas irrelevantes, mas de suma
importância para o ensino de língua que tem por objetivo final o
desenvolvimento da capacidade comunicativa do aprendente na língua alvo;
um conjunto de elementos que ligam os dois agentes acima, fazendo-os
interagir. O sucesso dessa interação deverá desenvolver um aprendente bem
inserido na cultura alvo, com capacidade comunicativa na língua dessa
cultura.
São elementos do conjunto mencionado acima:
1) o objeto de estudo – a língua japonesa;
2) a elaboração do plano de curso;
3) o porquê da adoção desse planejamento;
4) a escolha dos recursos e métodos de ensino;
31
5) o quando – ou seja o planejamento curricular, em quanto tempo e em que
condições deverá ser desenvolvido o objeto de estudo;
6) onde – envolvendo o local onde o ensino é realizado, tipo de administração,
relações humanas e administrativas.
NUIBE (1991, p. 51) considera que a essência da aprendizagem de uma língua
estrangeira vem da interação de três domínios: o domínio afetivo da interação
professor aprendente; o domínio cognitivo e o domínio da interação. Isso implica que
o ensino de língua japonesa não deva considerar apenas os conhecimentos e
habilidades lingüísticas, mas, simultaneamente a essas habilidades, tornar o aprendente
um indivíduo que conheça e entenda o pensamento e a sociedade japonesa.
Para tornar isso possível é necessário que se faça um diagnóstico, adotando uma
atitude objetiva, das necessidades e objetivos de quem procura o ensino da língua
japonesa. Esse diagnóstico não pode ser um processo muito demorado, pois as
necessidades mudam com o passar do tempo e em uma época como os dias de hoje,
em que as fronteiras quase não existem, o conhecimento da língua estrangeira é quase
urgente.
Preconizamos um ensino de língua japonesa como língua estrangeira que alie o
conhecimento lingüístico com a consciência de um crescimento pessoal humanístico e,
para que isso ocorra, NUIBE (1991, p.56 – 58) diz ser necessário que o ensino
contemple os objetivos expostos a seguir:
A – Objetivos sociais
(1) Desenvolver a capacidade de comunicação em língua japonesa;
(2) Desenvolver a habilidade de ler em língua japonesa para coletar dados e
informações científicas para pesquisa.
B – Objetivos lingüísticos e literários
(1) aprofundar o conhecimento em relação ao funcionamento da língua japonesa e
da língua materna;
(2) aprofundar o conhecimento em relação à forma de expressar e raciocinar do
japonês e sua relação com o seu estilo, e em relação e seu próprio povo.
32
C – Objetivos culturais.
(1) Aumentar a compreensão em relação a uma cultura diferente partindo do
entendimento em sintonia com a forma de pensar do japonês;
(2) Promover o entendimento internacional.
D – Objetivos educacionais (de ensino)
(1) ampliar o campo de conhecimentos;
(2) estimular a tolerância em relação a diferenças culturais;
(3) renovar a própria imagem.
E – Objetivos utilitários (para que, de uso)
(1) ser útil para ser promovido na escola, ou para empregos;
(2) ser útil para viagens ao Japão
(3) preparar para necessidades futuras.
Consideramos que qualquer que seja o objetivo do aprendente é responsabilidade
do professor de língua estrangeira ter em vista os pontos acima mencionados.
Como motivação para o estudo de língua japonesa fora do Japão, podemos citar
algumas, que foram levantadas pelo órgão SôgôKenkyûKaihatsuKikô. Apesar dos
dados terem sido publicados em 1985, NUIBE (1991, p. 59) ainda os considerava
válidos, assim como ainda os consideramos hoje em dia. Estuda-se língua japonesa,
fora do Japão para se:
1 – realizar pesquisa e ensino de língua japonesa;
2 – realizar pesquisa sobre Japão e coletar dados de sua especialidade;
3 – aprimorar no trabalho ou aprender alguma técnica japonesa;
4 – ir ao Japão a passeio, a negócios;
5 – entender músicas, anime (nota de rodapé 2), manga (ver nota de rodapé nº1)
6 – outros.
33
2.3 – ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
A escrita japonesa no processo de aprendizagem da língua mostra duas faces.
Uma face é a da motivação por ser diferente daquela que o aprendente brasileiro está
acostumado. Outra de desestímulo por dificuldades encontradas para o seu domínio.
2.3.1 – Ensino da Escrita Japonesa como Espaço para a Interculturalidade
A visão um pouco ingênua e estereotipada que muitos aprendentes têm em
relação à escrita japonesa tem trazido problemas no processo de ensino-aprendizagem
da mesma, apesar de que muitas vezes é a curiosidade em relação aos traços que
consideram enigmáticos que os fazem procurar o ensino da língua japonesa.
Entretanto, pelo fato de não se lembrar mais dos rituais de treino no momento de sua
alfabetização em língua portuguesa, o aluno considera estranhos e maçantes os rituais
de estudo e treino de uma nova forma de escrita. Esse fato transforma o processo de
ensino-aprendizagem da escrita japonesa um processo de aculturação do aprendente,
que consiste na adaptação do mesmo, nesse caso, a uma segunda escrita, promovendo
mudanças quanto à sua visão de mundo em relação à forma de comunicação visual.
BROWN (2000, p. 183) afirma que durante a aculturação, o indivíduo passa por
quatro fases distintas de comportamento até que finalmente se dê a adaptação, quando
ocorre:
1
a
. fase – período de excitação e euforia – inicialmente as pessoas só percebem
aquilo a que estão acostumadas, por exemplo, se a mudança é de uma grande cidade
para outra, só vão perceber os prédios altos, o movimento do tráfego, coisas que lhes
são familiares, fazendo-as sentirem-se confortáveis e encantadas com a novidade. À
medida que passa o tempo, a idéia da novidade vai aos poucos se esvaindo e o
estudante passa a perceber as contradições afetivas e cognitivas da cultura estrangeira
e então passa a ser tomado por um sentimento de desconforto que aumenta
gradativamente até atingir a fase do choque cultural;
2
a
. fase – choque cultural – o tempo que leva de uma fase para outra, depende
de cada indivíduo e das circunstâncias que o envolvem. Nessa segunda fase, o
desconforto pela consciência das diferenças culturais faz com que o aprendente passe a
34
adotar atitudes de defesa como repressão, regressão, isolamento e rejeição. A situação
configura-se de tal forma que o choque cultural é comparado à esquizofrenia, uma vez
que as interações do aprendente com um nativo da cultura mantêm um padrão de
comportamento semelhante ao do esquizofrênico com o mundo, ou seja, de receio do
outro, de desprezo aos sinais metalingüísticos e de isolamento do mundo. Realmente
essa é a fase crucial da adaptação. Se o professor e o meio social em que se encontra o
aprendente mantiverem uma atitude de auxílio, ele poderá emergir dessa fase. Se
emergir desse conflito, poderá gradativamente aceitar a nova cultura, passando para a
fase denominada de cultural stress.
3
a
. fase – stress cultural – nessa fase o sentido de entendimento e aceitação da
nova cultura aumenta gradativamente, e o aprendente começa a distinguir melhor não
só a cultura do outro, mas a sua própria identidade. É um período que pode ser longo
ou curto dependendo de cada indivíduo, porém, ao seu término alcançar-se-á a
adaptação.
4
a
. fase – adaptação ou recuperação – a adaptação não consiste de maneira
nenhuma em uma incorporação da segunda cultura, o aprendente mantém-se na cultura
original, mas compreende, respeita e aceita a cultura do outro, tornando-se um
indivíduo “maior” no sentido de compreensão e visão do mundo.
Se acompanharmos as fases de aculturação apontadas por Brown, cabe ao
professor procurar evitar o choque cultural e em caso de não ser possível evitá-lo,
procurar amenizar seus efeitos para que as dificuldades na aprendizagem da escrita não
acarretem maiores problemas para as outras competências a serem desenvolvidas pelo
aprendente.
2.3.2 Escrita Padrão da Língua Japonesa
Esta seção está baseada nas obras de Oki Hirokazu, Takagi Hiroko e obras de
referência indicadas no corpo do texto.
Atualmente a língua japonesa é registrada visualmente na forma kanji kana
majiribun. O que vem a ser isso? O registro escrito é feito através de uma combinação
de grafemas semânticos (ideogramas) e grafemas fonéticos (fonogramas japoneses).
35
Representam-se com ideogramas os substantivos, adjetivos e verbos. O fonograma é
utilizado para representar as flexões dos verbos, morfemas que dão a função da palavra
na sentença, etc. Isso não quer dizer que seja proibido utilizar fonogramas para
representar substantivos, adjetivos e verbos.
O dicionário Daikanwajiten (13 volumes) publicado pela Daishûkanshoten
registra cerca de 50.000 ideogramas. Como o uso indiscriminado de todos eles geraria
uma grande confusão, em l946, o governo determinou quantas e quais letras deveriam
ser utilizadas para registrar a língua japonesa. Em l949, publicou-se uma legislação
não só quanto às letras, mas regras quanto à forma indicando como deveriam ser os
traços quanto ao comprimento e o modo de executar. Foram feitas outras revisões de
tal modo que em 1981, o governo anunciou a lista de 1945 ideogramas conhecidos
como Jôyôkanji que são utilizadas no ensino de língua japonesa tanto para japoneses
como para estrangeiros.
2.3.2.1 Ideograma na China
Sabe-se da existência da escrita na China desde o século XV AC (cerca de 1066
a 1550 AC). Datam dessa época cascos de tartaruga e ossos de animais com inscrições
em forma de pictogramas que, quando decifrados, descobriu-se que indicavam nomes
próprios, ou funções religiosas, ou textos de oráculos, ou respostas que os adivinhos
reais davam às consultas que recebiam.
Há uma história antiga que conta que um escriba chamado Soketsu, que servia
ao imperador Kotei, ao observar rastros de aves e animais idealizou os ideogramas
chineses. Entretanto, isso é apenas uma lenda, pois se estudarmos os ideogramas
antigos que deram origem aos atuais, verificamos a existência de inúmeras letras que
representam os mesmos conceitos. Isso significa que a escrita ideográfica não é um
sistema que foi organizado desde o início. Provavelmente, o ideograma não foi
invenção de uma só pessoa, mas construído ao longo dos anos por idealizações e
melhoramentos feitos por vários indivíduos. Nesse período a forma de escrita do
ideograma mudou várias vezes como mostra a tabela abaixo:
36
TABELA 1 – FORMAS DE IDEOGRAMAS ATRAVÉS DO TEMPO
Denominação
Época do
surgimento
Descrição
kookotsumoji
± 1300 AC
Encontrada em cascos de tartaruga e ossos
de animais.
± 3500 ideogramas, das quais 1800 com
significado conhecido.
Kinbun
Encontrada em gravação em metais como
bronze. As formas dos ideogramas já são
mais próximas das atuais, se compararmos
com as do período anterior.
2600 ideogramas dos das quais 2000 com
significado conhecido
Tensho
± 220 AC
Esse é o período em que a dinastia Shin
dominou o país unificando-o. Nesse
período foi realizada também uma
uniformização do ideograma inclusive em
sua forma, com a figura bem distribuída à
direita e à esquerda tornando-a uma figura
ornamental. O intuito dos Shin era, com
essa reforma na escrita, mostrar o seu
poderio político. Este formato de letra é
utilizado até hoje nos sinetes pessoais.
Reisho
± 200AC a 220DC
Esse é o período da dinastia Kan. Nesse
período, os funcionários, que tinham que
fazer registros em pedaços de madeira ou
de bambu, passaram a traçar de modo
retilíneo os traços curvos do ideograma da
forma tensho, desse modo criando a escrita
do ideograma na forma reisho.
Kaisho
Gyôsho
Sôsho
229DC a 681DC
Já no fim da dinastia Kan houve uma nova
reforma na escrita, agora adotando a forma
retilínea do reisho de um modo radical,
surgindo então a forma kaisho.
As formas gyôsho e sôsho são as formas
cursivas do kaisho.
A figura a seguir ilustra a variação na forma de escrita de um mesmo grafema
ao longo do tempo.
37
FIGURA 2 – VARIAÇÃO NA FORMA DE ESCRITA DE UM MESMO GRAFEMA
AO LONGO DO TEMPO
Fonte: Ôbunsha – Hyôjun Kanwa Jiten – p.1001
A seqüência vertical indica a evolução de um mesmo ideograma ao longo do
tempo. A primeira linha horizontal mostra como se apresentavam os ideogramas na
escrita kôkotsumoji. A segunda linha horizontal mostra como esses mesmos
ideogramas se apresentavam na escrita kinbun. A terceira linha horiontal mostra a
evolução desses ideogramas para a forna tensho. E finalmente a quarta e última linha
apresenta os ideogramas como se apresentam atualmente na forma kaisho.
Por volta do ano 100 DC, um estudioso chamado Kyôshin escreveu a obra
Setsumonkaiji, na qual reuniu, ordenou, classificou e explicou cerca de 10.000
ideogramas e chamou de Rikusho o seu critério de classificação. Segundo o Rikusho,
os ideogramas são classificados conforme o critério de formação (vide tabela 4) ou de
acordo com o critério da forma de uso (vide tabela 5)
38
TABELA 2 – CLASSIFICAÇÃO DOS IDEOGRAMAS QUANTO À FORMAÇÃO
Denominação Descrição
Shôkei
Figuras que representam pictoricamente os objetos, elementos
da natureza. Correspondem a 3% do total.
Fonte: Shin Renbô Shôgaku Kanji Jiten – p.792
Cada linha vertical mostra a evolução desde a representação
pictográfica propriamente dita (segunda linha) até a forma atual do
ideograma.
Shiji
Por indicação – representam idéias abstratas por meio de
figuras simbólicas ou por acréscimos de pontos ou traços a
ideogramas shōkei. Correspondem a a 0.5 % do total.
Fonte: Shin Renbô Shôgaku Kanji Jiten – p.793
Cada linha vertical indica a evolução da representação por
meio de figuras simbólicas. As duas primeiras colunas a partir
da direita indicam a evolução da representação das idéias de
em cima e em baixo.Indicação feita por algo acima ou abaixo
de uma linha horizontal. A terceira coluna indica a idéia de fim,
extremidade. Esta idéia é representada por um traço horizontal
acrescido ao ideograma que representa árvore.
39
Kaii
Combinação de dois ou mais ideograma .Correspondem a 3%
Fonte: Shin Renbô Shôgaku Kanji Jiten – p.794
Cada coluna da figura mostra a evolução da combinação que
resulta em um ideograma.
indica o verbo ver, enxergar. Construído através da
combinação de olho com pessoa.
Construído pela combinação de pássaro com boca, indica
o verbo cantar (de aves e insetos- como chiar, gorjear);
produzir sons; fazer soar.
A combinação de um homem ao lado de uma árvore,
indica uma pessoa descansando. Indica o verbo descansar.
A combinação de duas árvores indica bosque.
Keisei
Formado pela utilização combinada de pelo menos duas
unidades básicas de ideograma onde um ideograma que fornece
o elemento leitura e o outro indica o conceito. Na classificação
do rikusho corresponde a aproximadamente 2/3 dos
ideogramas de uso diário.
40
TABELA 3 – CLASSIFICAÇÃO DOS IDEOGRAMAS QUANTO À FORMA DE
USO
Denominação Descrição
Tenchû
São ideogramas que sofreram uma modificação no seu conceito
originário e foram adaptados a idéias aproximadas.
Corresponde à utilização de um ideograma já existente para
dar-lhe um novo significado. Pode-se afirmar que se trata de
uma mudança no significado do ideograma, através de uma
associação de idéias. Trata-se do uso do ideograma fazendo
uma interpretação ampliada do significado que já possui.
Exemplo: O ideograma [longo, comprido] é um pictograma
oriundo da figura de um idoso com cabelos longos. O
significado indicava longo e também idoso. Mais tarde, esse
significado foi ampliado para indicar “o cabeça”, “o chefe”.
Correspondem a 1.5%.
Kasha
Por empréstimo – pela adaptação de símbolos ou letras a
palavras homófonas, sem relação com conceitos ou idéias.
O ideograma utilizado por empréstimo de leitura é baseado na
representação de um novo conceito através do empréstimo da
leitura de um ideograma já existente. Ou seja, dentre os
ideogramas existentes, escolhe-se um apenas pelo fato da
leitura ser semelhante ao som que se quer representar, sem
levar em conta o significado para usar como a representação.
Consiste na utilização do ideograma considerando apenas o
aspecto da leitura do mesmo. Trata-se de um procedimento
semelhante ao utilizado na China antiga para transcrever nomes
oriundos do sânscrito com ideogramas.
Correspondem a 2 %.
Processo muito usado para escrever nomes estrangeiros em
ideograma.
2.3.2.2 Ideograma no Japão e seu desenvolvimento para os fonogramas hiragana e
katakana
Achados de pesquisas arqueológicas demonstram que os primeiros contatos
com a escrita no Japão foram efetuados por meio de moedas e sinetes estrangeiros
como:
moedas cunhadas durante o império de Wan Mao (ano 8 a 23 DC) que
foram encontradas em escavações feitas em túmulos do período Yayoi (séc.
III AC ~ séc III DC);
41
sinete com a inscrição Kan wa nano koku ô encontrado em 1784, na Ilha de
Shika, ao norte de Kyûshû.
Essas evidências mostram que os japoneses tomaram contato com a escrita
ideográfica chinesa no início da era cristã, embora nem sempre tenham discernido, no
princípio, que se tratavam de sinais gráficos que representavam uma mensagem.
Os primeiros registros datam do século V:
115 letras gravadas em espadas de ferro, encontradas nas escavações de
Inari, na província de Saitama;
cerca de 50 letras gravadas em espelho de bronze, sob a guarda do santuário
Sumida Hachiman, em Wakayama.
Ambos estão em kanbun (textos em chinês), sendo que no segundo já aparecem
alguns símbolos (ideogramas chineses) com anulação de seu significado e conservação
de sua leitura com função de fonograma. Esse é um processo que foi iniciado pelos
próprios chineses ao utilizarem os ideogramas para transcrição de nomes de pessoas e
localidades estrangeiras. Isso é claro em registros de textos búdicos, traduzidos do
sânscrito para o chinês.
Os primeiros textos japoneses como o Kojiki
12
(712 DC) e o Nihon shoki (720
DC) (ver nota de rodapé nº 5) ainda são escritos em kanbun. Mas a antologia poética
Man’ yôshû
13
já está escrita em wabun (textos em japonês). Em todo esse processo de
transformação presume-se que houve cooperação marcante de mestres chineses e
coreanos instalados no Japão.
As adaptações que tornaram viável o processo de utilização do ideograma para
a transcrição da língua japonesa foram: Conservação do significado e da leitura dos
12
Kojiki – Registro de coisas antigas – escrito totalmente em caracteres chineses, adaptados à fonética
japonesa. É uma obra em três volumes que contém narrativas sobre a idade mitológica e história do
Japão antigo até o reinado de Suiko Tennô (592-628). Por conter também cantos e poemas antigos, é
considerado ao mesmo tempo o livro de história mais antigo e primeira obra de caráter literário no
país (YAMASHIRO, 1986, p.57).
13
Man’yôshû – Antologia de muitas páginas, Man’yôshû, miríades em folhas – antologia poética
transcrita em caracteres chineses, em que cada ideograma corresponde a um fonema vocálico ou
silábico, abstraindo-se por completo seu significado original. Textos denominados wabun. Reúne
poemas produzidos por imperadores, príncipes, nobres, palacianos, soldados, camponeses e
pescadores; ou seja, produção de homens e mulheres de todas as classes do período que vai desde o
século IV até meados do século VIII (YAMASHIRO, 1986, p.58; e WAKISAKA, 1992, p.34)
42
ideogramas com acréscimo de uma nova leitura à moda japonesa mediada pela
identidade semântica dos mesmos. No Japão, são admitidas leituras do ideograma,
baseadas na leitura chinesa, realizadas com pronúncia japonesa. Um mesmo ideograma
pode admitir mais de uma leitura chinesa. Dependendo da região da China e dinastia
que sustentava seu governo encontramos diferenças na leitura. Foram admitidas no
Japão na seqüência:
A leitura goon, transmitida ao Japão, através do intercâmbio com a China entre
os séculos V e VI, chegando junto com o budismo para se lerem textos
sagrados. Nessa época, o Japão mantinha intercâmbio principalmente com a
dinastia Go. É necessário salientar que mais ou menos na mesma época, o
budismo, também, chegou ao Japão através de Kudara. Entretanto, as leituras
dos textos, também, eram realizadas através da leitura go.
A leitura kan’on, incorporada à língua japonesa em um período de
aproximadamente 300 anos, de 607 a 894, quando o intercambio com a China
se deu através de missões denominadas kentôshi (comitiva de emissários
japoneses formada por monges budistas, estudantes e funcionários do governo
com a finalidade de manter intercâmbio comercial e cultural).
A leitura tôon, introduzida no Japão na época da dinastia To, é denominada
leitura tô. Engloba também a leitura do período Sô, sendo chamada de leitura
sô, sendo que essa nomenclatura não é utilizada no sentido amplo. A leitura tô,
foi introduzida junto com o zen-budismo no período Kamakura (1185-1333). E
após o período Edo (1600-1867) só era utilizada por pessoas ligadas a relações
comerciais com Tô ou por monges budistas, ou então por estudiosos como tema
de pesquisa.
Por exemplo: o ideograma que significa homem () tem duas leituras oriundas
da leitura chinesa do mesmo: lê-se nan se considerarmos a leitura denominada goon,
difundida no Japão a partir de meados do século V (época em que a China mantinha
dois governos, um ao norte e outro ao sul, sendo que a difusão dos ideogramas foi
desenvolvida a partir do sul da China); lê-se dan se consideramos a leitura denominada
kan’on, introduzida no Japão entre os anos 607 a 894, período em que ocorreu
43
intercâmbio de comércio e estudos, quando houve grande difusão da cultura oriunda
do continente para o Japão. Nos períodos correspondentes ao fim do período Nara
(710-794) e o período Heian (794-1192) há uma grande disputa entre os estudiosos
para estabelecer a pronúncia que deveria ser adotada no Japão. Como resultado, hoje
em dia dois terços dos ideogramas adotam a pronúncia kan’on e boa parte do restante
adota a leitura goon. É necessário lembrar, também, que é adotada a leitura tôsôon,
originada da pronúncia trazida por monges zen-budistas e comerciantes que
retornaram ao Japão, desde do período Kamakura (1192-1336) ao período Edo (1603-
1868) e a leitura kan’yôon, pronúncia tipicamente japonesa, considerada um equívoco
inicialmente, atualmente reconhecida como correta. Além dessas leituras associadas à
leitura do ideograma em língua chinesa, é adotada a leitura otoko = homem, levando
em consideração a identidade semântica entre o ideograma e a palavra japonesa.
Também houve o fenômeno da conservação da leitura chinesa e atribuição da
leitura japonesa correspondente, anulando-se o significado, transformando o
ideograma em simples fonograma. A utilização do ideograma com função de
fonograma era realizada como no exemplo a seguir. A palavra japonesa yama
(montanha) era representada utilizando-se ya do ideograma que significa noite e ma do
ideograma linho. Inicialmente cada som não estava restrito a um único ideograma,
havendo vários para o mesmo som. Esses ideogramas largamente utilizados na obra
Man’ yôshû são chamados de man yôgana .
Especificamente tratando-se da obra Man’ yôshû podemos observar quatro
sistemas de registro, segundo WAKISAKA (1992, 36-37):
a transcrição do poema é feita com ideogramas cujas leituras seguem a
moda japonesa;
em alguns volumes da antologia é anotado o estilo denominado hentai
kanbun (estilo chinês adulterado) – escrita ordenada conforme a sintaxe
chinesa (SVO – sujeito verbo objeto), com inserção do man’ yôgana para
facilitar a compreensão;
44
a transcrição é feita exclusivamente em man’ yôgana. Cada ideograma
corresponde a um som vocálico ou silábico, abstraindo-se por completo seu
significado original,
Transcrições de poemas feitas mediante uma superposição de idéias ou de
homófonos como no exemplo: kukuri (atar) escrito como hachijûichiri pois
hachijûichi significa 81 (oitenta e um) que por sua vez é igual a 9 x 9 (nove
vezez nove, que se lê kuku em língua japonesa). Ou seja, kukuri era escrito
como (81)ri = (9x9)ri = (kuku)ri
Estudos diacrônicos da fonética japonesa utilizando o Man’ yôshû, realizados
entre os séculos XVIII e XIX alertam para a existência de fonemas da língua japonesa
que atualmente caíram em desuso. Outros estudos mostram também que se a
transcrição de um mesmo som era feita com dois ideogramas distintos, isso ocorria
porque eram foneticamente distintos.
Os textos em kanbun (cânones do budismo, textos de filosofia, direito,
astronomia e demais ciências) foram assimilados por homens da nobreza. Essa forma
de escrita foi utilizada então para transcrever preceitos legais, ordens imperiais,
comunicados oficiais. Por outro lado, nas escolas instaladas em templos budistas
(século V) difundiu-se o estudo dos sutras, escritos em kanbun. Para facilitar a leitura
os monges budistas aprendentes usavam dois recursos:
Colocação de pontos nos ideogramas, denominados de kunten, que
conforme a posição representavam as partículas e flexões verbais que não
existem na língua chinesa,
processo de abreviar ideogramas, utilizando parte do ideograma originário.
Tanto os sinais como abreviações diferiam de indivíduo para indivíduo e tudo
indica que, como forma de organizá-los, foram unificados por escola. Sinais e
abreviações foram desenvolvidos paralelamente e passaram a ser utilizados
concomitantemente. Ao serem unificadas por instituições de ensino, as abreviações
acabaram tomando o lugar dos sinais. As numerosas formas de abreviação vão sendo
restringidas até que por volta do século IX dão origem ao fonograma katakana. Essa
45
forma foi muito difundida entre os estudiosos, que passaram a utilizar em seus escritos
dois estilos: misto – fonograma katakana associado aos ideogramas – ou só fonograma
katakana.
O período Heian (793-1192) foi a época em que as mulheres tiveram acesso às
letras. Elas utilizavam o man’ yôgana para escrever. Usavam o estilo shôsôtai, forma
cursiva de escrita que com o uso foi sofrendo modificações e acabou por dar origem à
escrita fonográfica denominada hiragana. Então, quase na mesma época ficaram
consolidadas as duas grafias propriamente japonesas os fonogramas katakana e
hiragana. Atualmente os fonogramas kana são apresentados em forma de tabela, com
a denominação de gojûon’zu (tabela do silabário japonês).
A tabela do silabário japonês foi construída baseando-se na análise da língua.
Tem origem na organização dos sons japoneses em componente vogal e componente
consoante. Esta organização foi elaborada por monges que antigamente realizavam
estudos do sânscrito. A referida tabela consiste em uma lista de grafemas kana. Dizem
que essa organização foi realizada no fim do século X ou início do século XI. Há
diversas teorias quanto aos objetivos deste tipo de disposição, mas pode-se dizer que
estão relacionados a essa elaboração os estudos da escrita em sânscrito, e a utilização
como recurso para indicar o som de um determinado ideograma, utilizando outros dois
(de leitura conhecida). Esta tabela foi publicada entre os séculos XII e XIII.
A tabela do silabário atual (ver a tabela 6 abaixo) contém 46 fonogramas do
kana não modificado. As linhas I, II, III, IV e V são denominadas dan e as colunas de
1 a 11 denominadas de gyô. São indicadas em cada linha por: i – a transcrição em
escrita romanizada; ii – a pronúncia padrão japonesa; iii – a transcrição em katakana ;
iv – a transcrição em hiragana.
Quanto aos ideogramas, eles também passaram por modificações na forma de
escrita ao longo dos séculos, dando origem a formas diferentes das que são utilizadas
na China atualmente. Quanto à leitura, apresentam a leitura kun – que representa o som
do termo japonês correspondente ao conceito contido no ideograma, e a leitura on
que é o som chinês adaptado à fonética japonesa. Entretanto, há várias leituras
46
fonéticas, denominadas leituras on para um mesmo ideograma. Isto depende da época
e de que região da China esse ideograma é originário, como vimos anteriormente.
TABELA 4 – TABELA DO SILABÁRIO JAPONÊS
11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1
n
[mN]
wa
[wA]
ra
ya
[jA]
ma
[mA]
ha
[hA]
na
[nA]
ta
[tA]
sa
[sA]
ka
[kA
a
[A]
i
ii
iii
iv
I
ri
mi
[mi]
hi
[çi]
ni
[ni]
chi
[tSi]
shi
[Si]
ki
[ki]
i
[i]
i
ii
iii
iv
II
ru
yu
[jm]
mu
[mm]
fu
[Fm]
nu
[nm]
tsu
[tsm]
su
[sm]
ku
[km]
u
[m]
i
ii
iii
iv
III
re
me
[me]
he
[he]
ne
[ne]
te
[te]
se
[se]
ke
[ke]
e
[e]
i
ii
iii
iv
IV
wo
[o]
ro
yo
[jô]
mo
[mo]
ho
[ho]
no
[no]
to
[to]
so
[so]
ko
[ko]
o
[o]
i
ii
iii
iv
V
Fonte: adaptado de A grand dictionary of phonetics – p. 222
Além da forma kanji kana majiri bun, existe, como dissemos antes, a escrita
romanizada, que é a utilização do alfabeto latino. O documento mais antigo escrito
dessa forma é a tradução do Novo Testamento (Atos dos apóstolos) feita em 1591 por
jesuítas portugueses.
47
2.3.2.3 Ensino da escrita japonesa
No Brasil, excetuando-se escolas dos estados de São Paulo e Paraná, que
mantêm o ensino de língua japonesa em algumas de suas escolas oficiais, e o ensino
em algumas universidades; o espaço onde é ensinada a língua japonesa é
predominantemente a escola de língua, qualquer que seja sua constituição
administrativa. E em qualquer uma das circunstâncias, são raras as ocasiões em que se
recebem aprendentes iniciantes que já tenham tido contato com escrita que não seja a
escrita latina. Por outro lado, os aprendentes de língua japonesa, geralmente, já estão
alfabetizados, o que facilita a introdução ao estudo de língua japonesa para professores
que utilizem escrita rômaji, o que é uma tentação, mas uma escolha nem sempre
acertada para iniciar um curso de língua japonesa, pois os aprendentes passam a relutar
em utilizar os fonogramas japoneses para anotar as estruturas básicas ensinadas.
O ensino da escrita japonesa é planejado considerando-se apenas o ponto de
vista de freqüência de utilização. Parte-se dos fonogramas e segue-se para os
ideogramas. Geralmente, ensina-se o fonograma hiragana em primeiro lugar, por ser
utilizado para transcrever palavras em geral e desinências de palavras. Em seguida,
ensina-se o fonograma katakana por ser utilizado apenas em casos específicos como
escrita de palavras de origem estrangeira incorporadas no léxico japonês, nomes
estrangeiros, onomatopéias, etc. Em relação ao conteúdo do ensino de fonogramas,
não há distinção entre o ensino para turmas infantis e adultas. Há distinção sim nos
recursos e métodos utilizados. Os fonogramas são apresentados em forma de tabela
representando uma lista construída com base na análise dos sons da língua japonesa.
Atualmente, os materiais didáticos disponíveis no mercado para o ensino dos
fonogramas iniciam com o ensino do hiragana. Utilizam o método sintético silábico,
partindo do treino da pronúncia japonesa das sílabas para depois dar instruções da
escrita. A tabela abaixo indica as características de alguns desses materiais didáticos
que foram indicados por A, B e C, pois não cabe neste momento identificá-los, uma
vez que a descrição foi realizada apenas para que se tenha uma visão geral do tipo de
material disponível para utilização
48
TABELA 5 – DESCRIÇÃO DE MATERIAIS PARA O ENSINO DA ESCRITA
JAPONESA
Material Características
A
Material voltado para público adulto específico para ensino dos grafemas
fonéticos – hiragana e katakana, apresentados nessa ordem, em que se
recomenda a prática da pronúncia com auxílio de uma gravação em fita
cassete. Utiliza o método sintético silábico, com palavras que utilizam
grafemas estudados, para após o treino do reconhecimento dos mesmos
passar-se à escrita. Apresenta uma página com instruções da seqüência
de escrita dos grafemas, nem sempre bem entendida pelos aprendentes.
No fim da série de fonogramas hiragana apresenta uma lição em que
demonstra a utilização dos grafemas em sentenças curtas. Traz inclusos
na fita cassete exercícios tipo ditado de palavras e expressões. Na parte
do ensino dos fonogramas katakana, considerando que a pronúncia dos
grafemas do silabário em katakana coincide com a do silabário em
hiragana, apresenta os fonogramas correspondentes e passa à explicação
das formas de transcrição de palavras de origem estrangeira.
Considerando-se que as palavras de origem estrangeira são pronunciadas
conforme a fonética japonesa, no caso de ensino para brasileiros em
geral ocorrem confusões.
B
Material voltado para o público adulto. Usa o método sintético silábico,
para o ensino do fonograma hiragana. Desenvolve a escrita
concomitantemente com as estruturas básicas da língua, com utilização
da escrita das estruturas à medida em que se torna possível fazer essa
transcrição. Para o ensino do fonograma katakana, utiliza o método não
global fonético, em que os fonogramas aparecem como nomes de países
familiares ao universo do aprendente e a partir daí os grafemas
correspondentes ao som.
C
Material voltado para o público infanto-juvenil, associado a uma série,
que trata apenas do ensino da leitura e escrita do fonograma kana –
hiragana e katakana. Este volume tem como objetivo reconhecer, ler e
escrever os fonogramas. Utiliza o método sintético silábico, sendo que as
palavras são apresentadas na forma de figuras de objetos que são
familiares ao público da faixa considerada. Apresenta como exercício de
fixação jogos como caça palavras, palavras cruzadas com figuras, etc.
Acompanha também fita cassete com pronúncia dos fonogramas e
palavras associadas correspondentes.
Limitamos a apresentação dos materiais didáticos elaborados para o ensino dos
fonogramas aos acima citados, apenas como exemplo do que se pode encontrar no
49
mercado, atualmente. Salvo algumas alterações quanto ao tipo de figura utilizada (com
mais detalhes ou não), forma de apresentação dos grafemas (com traços mais finos ou
grossos), os materiais geralmente utilizam o método sintético silábico.
Em relação ao ensino de grafemas semânticos, os ideogramas, a variedade de
materiais encontrados no mercado é muito grande. A seguir apresentamos as
características de alguns tipos:
1. materiais que fazem parte de um conjunto seriado no qual o material de
ensino dos ideogramas acompanha a evolução do vocabulário utilizado
para ensinar a estrutura da língua;
2. materiais independentes voltados só para o ensino de ideogramas, cuja
seqüência de apresentação segue os mais variados critérios desde a
facilidade de escrita por ter poucos traços, até a freqüência de uso no
cotidiano;
3. materiais independentes voltados para o ensino de ideogramas utilizando a
metodologia de auto-instrução;
4. materiais independentes voltados para estudo preparatório de ideogramas
para prestar exames de proficiência em língua japonesa;
5. outros.
Independentemente das características e objetivos de cada material disponível,
notamos que há em comum na grande maioria deles o aprendizado através da
memorização pura e simples da forma, leitura e uso do ideograma.
2.4 TERMINOLOGIA
A organização e a transferência de um conhecimento especializado é realizada
por meio de linguagem de especialidade, ou seja, por meio de suas unidades
terminológicas. O campo de nossa investigação é a linguagem de especialidade do
ensino da escrita japonesa. A identificação das unidades terminológicas
correspondentes resultará num conjunto que reúna os conhecimentos fundamentais em
relação ao ensino da escrita japonesa.
50
2.4.1 Terminologia Segundo Sager e Felber
O que é terminologia? Iniciamos apresentando as definições feitas por Sager e
Felber.
Para SAGER (1993, p. 22), no uso atual é necessário distinguir três significados
diferentes. Terminologia é:
conjunto de práticas e métodos utilizados na compilação, descrição e
apresentação de termos;
conjunto de premissas, argumentos e conclusões necessárias para a
explicação das relações entre os conceitos e os termos que são
fundamentais para uma atividade.
Vocabulário de um campo temático especializado.
FELBER (1984, p. 1) afirma que o termo terminologia é associado a três
conceitos. Terminologia é:
Uma ciência inter e transdisciplinar do campo do conhecimento que trata
de conceitos e suas representações.
Conjunto de termos que representa um sistema de conhecimento de um
campo temático individual.
Publicação em que o sistema de conceitos de um campo temático é
representado por temas.
A partir das definições acima, podemos afirmar que o termo terminologia é um
termo polissêmico associado a três conceitos:
I – Terminologia é ciência que trata dos conceitos fundamentais de uma área de
conhecimento e suas relações.
II – Terminologia é aplicação quando se refere a um conjunto de práticas e
métodos que permitem a apresentação de termos de uma área do
conhecimento em forma de sistemas de conceitos.
III – Terminologia é o conjunto de termos de uma área do conhecimento
específico.
Conclui-se, então, que a Terminologia é importante para:
ordenação do conhecimento em grupos de relações de conceito;
51
transferência de conhecimento, experiência e tecnologia;
formulação e disseminação de informação científica.
Dessa forma passaremos a grafar Terminologia com maiúscula quando se tratar
de ciência, e terminologia (inicial minúscula) quando se tratar de conjunto de termos
de uma área do conhecimento.
2.4.2 Origem e Desenvolvimento da Terminologia e as Novas Concepções de Cabré
acerca da Terminologia
A consolidação da Terminologia como ciência é um fato recente. Entretanto, a
preocupação com a denominação e sistematização de conceitos científicos tem
preocupado cientistas há muito mais tempo.
Segundo CABRÉ (1993, p.21), já no século XVIII a fixação das denominações
dos conceitos científicos era preocupação de cientistas como Lavoisier e Berthold em
química, Lineu em botânica e zoologia. E no século XIX, devido ao progresso da
ciência e sua internacionalização, cientistas passaram a manifestar a necessidade de
dispor de regras de formação de termos com estratégias que permitissem estabelecer
uma terminologia padronizada em seus respectivos colóquios internacionais.
No início do século XX, teve início na Alemanha um projeto sob a direção do
engenheiro A. Schlomann e com a participação de cientistas de vários campos do
conhecimento e associações profissionais de vários países que propunha registrar o
vocabulário da época. Resultou numa obra que constava de um vocabulário
especializado registrado de forma sistemática intitulado Illustrierte Technische
Wörterbücher (Vocabulário técnico ilustrado) abrangendo 17 campos de
especialidades e em seis línguas (alemão, inglês, francês, italiano, espanhol e russo).
Praticamente na mesma época, a Association of German Engineers (VDI)
começou a compilar o dicionário alfabético Technoloxikon em três línguas (alemão,
inglês e francês). A equipe, ao concluir que a metodologia de trabalho do grupo de
Schlomann era mais eficaz, abandona o projeto da compilação para apoiá-lo em seu
trabalho.
52
Esses fatos demonstram a preocupação e a necessidade de uma padronização
lingüística que decorre das mudanças sociais e econômicas da época, pois:
o surgimento de novos conceitos e até de novos campos conceituais
exigem novas denominações;
a criação de empresas multinacionais, modificando as relações
internacionais tanto políticas como econômicas e culturais provoca a
necessidade de novas formas de comunicação e conseqüente
desenvolvimento no campo da informação e comunicação;
na transferência de conhecimentos e produtos a informação passa a ter
importância capital, porque além de precisa a linguagem deve ser
multilíngüe, criando a necessidade de uma normalização em sistemas de
unidades básicas de transferência, como por exemplo, a adoção de um
mesmo padrão de unidades de medida de peso e comprimento, ou adoção
de equivalências normatizadas desses padrões;
o desenvolvimento dos meios de comunicação de massa aumentando a
capacidade de difusão da informação faz com que sejam utilizadas a
linguagem geral e a especializada, banalizando esta última;
o grande volume de informação especializada multilíngüe provoca a
necessidade de criação de organismos oficiais para normalizar o uso da
terminologia.
Podemos, então, registrar a primeira metade do século XX como sendo um
período de conscientização da necessidade de uma linguagem com equivalência
multilíngüe precisa e clara para que as relações políticas, econômicas e culturais
transcorressem de forma tranqüila.
CABRÉ (1993, p.28) distingue quatro períodos fundamentais na Terminologia
moderna:
de 1930 a 1960 – as origens
de 1960 a 1975 – a estruturação
de 1975 a 1985 – a eclosão
a partir de 1985 – a ampliação
53
De 1930 a 1960 – as origens
Esse período é caracterizado pela criação de uma metodologia de trabalho
terminológico levando em conta o caráter sistemático dos termos. Em 1931, o
engenheiro austríaco E. Wüster (1898-1977), considerado o fundador da Terminologia
moderna, apresenta sua tese de doutorado Internationale Sprachnormung in der
Technik, besondrrs in der Elektrotechnik na Universidade de Viena, que traduzida para
o russo torna-se o ponto de partida do interesse pela linguagem especializada no
domínio técnico e a importância de sua normatização. Essa obra é considerada por
PICHT (apud CABRÉ, 1983, p. 217) causa da criação do Comitê Técnico 37 (TC 37)
pela International Standartization Association (ISA) com o objetivo de unificar
métodos de trabalho e apresentação de terminologias especializadas. O projeto TC 37
foi criado em 1936. Após concluídos alguns trabalhos preliminares, suas atividades
foram interrompidas pela II Guerra Mundial. Em 1951, este trabalho foi recomeçado
pela International Organization for Standartization (ISO), que é o organismo que trata
de normatização atualmente.
Nesse período, o russo D. S. Lotte (1889-1950), fundador da escola soviética de
Terminologia, desenvolveu os aspectos teóricos e metodológicos da Terminologia.
Esse fato fez com que Picht o considerasse fundador da Terminologia enquanto outros
creditam esse fato a Wüster. Deixando a polêmica de lado, deve-se a Wüster e Lotte a
publicação dos primeiros textos teóricos sobre Terminologia.
De 1960 a 1976 – a estruturação
É nesse período que Wüster publica a sua obra The machine tool (1968), um
dicionário francês inglês organizado sistematicamente, com suplemento em alemão,
objetivando ser modelo para futuros dicionários técnicos; reafirmando sua
preocupação e envolvimento com a padronização terminológica.
A Teoria Geral da Terminologia foi desenvolvida pelo Prof. Dr. Eugen Wüster
(1898-1997), que é também o criador da escola de Viena de Terminologia. Wüster era
um engenheiro com grande interesse em ciência da informação e defendia a
necessidade de uma única linguagem, de forma que se tivesse uma comunicação
técnica e científica sem ambigüidades. Desenvolveu a Teoria Geral da Terminologia
54
com base em sua experiência ao elaborar The machine tool. An interlingual dictionary
of basic concepts.
Segundo CABRÉ (2003, p. 165), Wüster teve a vida dedicada à Terminologia
perseguindo os seguintes objetivos:
Eliminar as ambigüidades de linguagens técnicas por meio da padronização
(normatização) da terminologia, de modo a fazê-las ferramentas de
comunicação.
Convencer todos os usuários de linguagens técnicas dos benefícios da
terminologia padronizada.
Estabelecer a Terminologia como uma disciplina para todas as propostas
práticas e dar-lhe o “status” de ciência.
Para alcançar seus objetivos, Wüster trabalhou:
pelo desenvolvimento de princípios internacionais padronizados para
descrição e recuperação de termos;
pela formulação de princípios da Terminologia que ele inicialmente viu
como um ramo da lingüística aplicada;
criação de um centro internacional para a coleta, disseminação e
coordenação de informação sobre a Terminologia, que se tornou realidade
com a criação da a INFOTERM (International Information Centre of
Terminology) sob o patrocínio da UNESCO.
A Teoria Geral da Terminologia foi desenvolvida a partir da prática para
propósitos práticos, fornecendo base científica para o trabalho terminológico. Segundo
CABRÉ (2005, não paginado), para formular sua teoria, Wüster explica que o método
de trabalho considerado por ele para a terminografia é o onomasiológico (do conceito
para sua denominação), excluindo o semasiológico (da denominação para o conceito)
considerado por ele próprio da lexicologia de base lingüística.
É nesse período que o desenvolvimento da macroinformática faz surgir os
primeiros bancos de dados terminológicos e se inicia a elaboração de fundamentos
para aproximar a Terminologia com o processo de normatização de uma língua.
55
De 1975 a 1986 – a eclosão
A expansão da microinformática provoca mudanças nas condições de um
trabalho terminológico e tratamento de dados. Esse fato provoca uma proliferação de
projetos de pesquisa terminológica e põe em evidência a relevância de tais estudos no
processo de modernização de uma língua e da sociedade que a utiliza.
A partir de 1985 – a ampliação
Nesse período devemos considerar os seguintes fatos:
O acesso ao desenvolvimento da informática, que se constitui em um dos
elementos mais importantes para a organização de dados.
O fato que os terminólogos passam a dispor de instrumentos e recursos de
trabalho mais eficientes e adaptados às suas necessidades. Ao mesmo
tempo, o desenvolvimento da ciência e tecnologia cria necessidades
lingüísticas requerendo denominações para novas descobertas e
invenções.
A consolidação e ampliação da cooperação internacional através de
organismos que criam redes internacionais de intercâmbio de informação.
A consolidação do modelo de terminologia ligada à planificação de uma
língua.
Ao considerarmos a Terminologia contemporânea devemos destacar os
trabalhos realizados pelo grupo IULA – Instituto de Lingüística Aplicada, de
Barcelona, liderado por Maria Tereza Cabré e responsável pela Teoria Comunicativa
da Terminologia. Segundo CABRÉ (1999, p. 21 – 23) a Terminologia,
independentemente dos aspectos que possam interessar a um coletivo profissional, é ao
mesmo tempo:
uma necessidade para representar um conhecimento específico e
transferir esse conhecimento a outros especialistas ou a um público que
quer adquirir esse conhecimento;
56
uma prática adequada às necessidades que consiste em compilar,
descrever, analisar, armazenar, atualizar, resolver e normalizar as
unidades terminológicas próprias dos âmbitos especializados.
uma disciplina ou campo de conhecimento de base interdisciplinar e
aplicação transdisciplinar cujo objeto de análise são as unidades
terminológicas.
CABRÉ (2005, não paginado) descreve a Teoria Comunicativa da Terminologia
como uma teoria lingüística de unidades terminológicas, de base cognitiva e propósito
comunicativo. Considera uma teoria in vivo, pois esta teoria leva em conta o
destinatário do trabalho terminológico, e, qual será a finalidade deste trabalho.
Para Cabré as necessidades atuais oriundas da diversificação dos problemas
envolvendo a Terminologia, a adequação aos planejamentos de trabalho e suas
aplicações devido à introdução de novos recursos tecnológicos de informação e
comunicação tornaram necessário um modelo teórico mais abrangente. Esse fato levou
à proposta de uma visão poliédrica da unidade terminológica, de forma que a
Terminologia, acompanhando o avanço tecnológico e as necessidades atuais como
campo de investigação científica inter e intradisciplinar, possa servir à distintas
especialidades com a dupla função de base:
a representação, e,
a comunicação do conhecimento especializado.
2.4.3 Linguagem de Especialidade, Textos Especializados
A linguagem humana está associada à capacidade em externar pensamentos.
Segundo CABRÉ (1993, p. 125 – 129) a língua é um sistema complexo e homogêneo
de subsistemas inter-relacionados, sendo que cada um deles pode ser descrito em
distintos níveis lingüísticos como: nível fonológico, morfológico, semântico, léxico,
sintático, discursivo. A heterogeneidade de um sistema lingüístico não se limita à
descrição dos níveis anteriormente citados, devemos considerar também a diversidade
de modalidades denominadas variedades funcionais e de dialetos. Então, a linguagem
57
se apresenta variada e heterogênea não só quanto à descrição gramatical, mas também
em variações condicionadas às características da situação de comunicação.
Para Cabré cada um dos dialetos e variedades funcionais constitui uma
linguagem de especialidade no sentido amplo. Essa autora considera como língua
comum ou geral o conjunto de regras, unidades e restrições que constituem parte do
conhecimento da maioria dos falantes de uma língua e que representa um subconjunto
da língua entendida no sentido global. Ela define como língua de especialidade parte
desse subconjunto caracterizado por peculiaridades próprias e específicas que
dependem da temática, do tipo de interlocutor, da situação comunicativa, da intenção
do falante, do meio e tipo de intercâmbio comunicativo, etc. Essa descrição da
linguagem de especialidade chama atenção para o fato de que a descrição de uma
língua não se deve limitar ao estabelecimento de suas regras gramaticais, mas
considerar o uso que o falante faz dela.
Segundo SAGER (1993, p. 41) as linguagens especializadas correspondem a
um subsistema lingüístico selecionado por um indivíduo cujo discurso se centra em um
campo temático em particular. O léxico de uma linguagem especializada, além de
conter grande número de elementos dotados da propriedade da referência especial,
também contém elementos de referência geral. Os elementos caracterizados por uma
referência especial dentro de uma disciplina são as unidades terminológicas dessa
disciplina, que coletivamente formam a sua “terminologia”. Sem dúvida, as unidades
terminológicas serão utilizadas como tais se o usuário já possuir a configuração do
conhecimento que determina o papel da unidade terminológica em um sistema
estruturado.
Com o objetivo de harmonizar os sistemas de trabalho em Terminologia e
facilitar a transferência de conhecimentos e dados, são criados documentos
denominados normas elaborados por uma equipe de especialistas representativos de
países diferentes, aprovados por consenso, que fixam características que devem ter um
determinado produto, processo ou matéria.
58
Segundo a norma DIN
14
2343, citada por ARNTZ e PICHT (1995, p. 28) a
linguagem especializada é a área da língua que aspira a uma comunicação unívoca e
livre de contradições em uma área determinada e cujo funcionamento encontra um
suporte decisivo na terminologia estabelecida.
FELBER e PICHT (1984, p. 161) assinalam como traços comuns das
linguagens de especialidade:
o caracter monofuncional, porque a língua em questão é empregada apenas
dentro de um ambiente social determinado e cumpre apenas a função
comunicativa necessária relacionada com o trabalho do grupo;
o número limitado de usuários – uma parte do total da comunidade
lingüística;
a forma voluntária pela qual o usuário geralmente aprende essa língua;
o fato de não ser imprescindível para a existência da sociedade, posto que
esses tipos de linguagem surgem e desaparecem segundo a demanda dos
meios de expressão sem que a língua geral necessariamente fique afetada.
Afirma-se que a linguagem de especialidade é um subgrupo da língua,
entretanto, nem sempre é fácil distinguir os elementos dos grupos com nitidez. Isso
pode acontecer, por exemplo, pela popularização da terminologia utilizada por
determinado grupo de especialistas. Os profissionais especialistas em futebol têm sua
terminologia específica que é parcialmente utilizada por praticantes como hobby e por
outros tantos que se consideram conhecedores do assunto. Essa visão de linguagem de
especialidade faz com que FELBER e PICHT (1985, p.162) apresentem a seguinte
classificação para as linguagens:
FIGURA 3 – CLASSIFICAÇÃO DE LINGUAGENS DE FELBER E PICHT
Língua
Língua geral
Línguas especiais
Línguas profissionais Línguas especiais em
um sentido restrito
FONTE: FELBER e PICHT. 1985.p.162
14
Deutsches Institut für Normunge.V. / Instituto Alemão de Normalização
59
Nessa classificação, consideram línguas profissionais o jargão específico de
uma especialidade utilizada de forma popular, e línguas especiais no sentido restrito
aquelas utilizadas pelos especialistas da área.
Em estudos mais recentes, CABRÉ (2002, p. 15 – 36) prefere falar de textos de
especialidade ao invés de linguagem de especialidade, pois, enquanto semântica,
pragmática e gramática, a linguagem comum é igual à linguagem de especialidade.
Considera a autora que existe uma linha divisória entre o texto especializado e o texto
não especializado, do mesmo modo que existe conhecimento especializado e
conhecimento geral. Os textos especializados se caracterizam estruturalmente em dois
níveis: em nível textual são textos precisos, concisos e sistemáticos; e em nível
gramatical, os textos se caracterizam pelo léxico, melhor dizendo, por conter uma
terminologia específica. A aplicação desses critérios, considerados por Cabré apenas
como tendências e não condições necessárias ou suficientes, leva a uma gradação dos
textos, que podem ser mais ou menos precisos, concisos ou sistemáticos. Há que se
enfatizar a importância das unidades terminológicas (unidades léxicas com valor
especializado em um campo e num uso) contidas no texto em questão para se avaliar
se este é ou não especializado.
As unidades terminológicas contribuem de forma determinante na análise do
nível de cada texto em relação a sua precisão, concisão e sistematização. CABRÉ
(2002) considera que um texto será mais preciso na medida que use o maior número
possível de unidades terminológicas fixadas num campo do conhecimento. Pois quanto
mais em consonância com a especialidade estiver a terminologia utilizada, mais
ajustado estará o significado do texto, já que as unidades terminológicas são a
terminologia que melhor condensa o conhecimento especializado. Aqui verificamos a
importância vital das unidades terminológicas num texto especializado, pois são
parâmetros para determinar o nível tanto sua de precisão como da concisão. O nível de
sistematização será dado pelo uso de unidades fixas, reduzindo na medida do possível
a variação denominativa.
60
Em nossa pesquisa, a linguagem de especialidade sobre a qual nos debruçamos
é a referente ao ensino de escrita japonesa, uma sub-área dentro do ensino de língua
japonesa como língua estrangeira.
2.4.4 – Unidade Terminológica
A unidade terminológica ou termo consiste no objeto primeiro da Terminologia.
O conjunto organizado das unidades terminológicas de uma determinada área do
conhecimento é a representação da realidade desse conhecimento apresentada de
forma organizada. Para um referencial teórico acerca do que vem a ser um termo, ou
seja, uma unidade terminológica, partimos das idéias de CABRÉ (1993),
complementadas pelos conceitos preconizados por ARNTZ e PICHT (1995) para
finalizar com as concepções atuais de Cabré e seu grupo de pesquisa.
CABRÉ (1993, p.169 – 172) afirma que “Os termos, que são as unidades de
base da Terminologia, designam conceitos próprios de cada disciplina especializada,
(...), embora a palavra termo sirva propriamente para designar a unidade terminológica
completa (que consiste no conjunto formado pela denominação de conceito) também é
utilizada como sinônimo de denominação.”
A norma DIN 2342 (apud ARNTZ e PICHT, 1995, p.57) estabelece a seguinte
definição para denominação: “Uma denominação é a designação, formada no mínimo
por uma palavra, de um conceito em linguagem especializada”. Ou seja, um conceito é
designado por uma denominação. Então, em que consiste um conceito? Segundo a
mesma norma (DIN 2342) “Um conceito é uma unidade de pensamento que abarca as
características comuns atribuídas a um objeto.”
É necessário, agora, explicitar o que é objeto. Em Terminologia, segundo a
norma ISO WD 701(1996, p. 5 e 8): “Objetos – são observados, percebidos ou
concebidos; são abstraídos ou conceitualizados em conceitos. Um objeto pode ser
qualquer coisa percebida ou concebida pelo homem. Alguns objetos (...) são materiais,
outros são imateriais ou abstratos, (...) outros ainda são puramente imaginários (...) A
Terminologia não se ocupa em determinar se os objetos existem ou não; ela assume
sua existência e focaliza a atenção em como as pessoas lidam com os objetos para fins
61
de comunicação.” Da mesma forma, ARTNZ e PICHT (1995, p.57) afirmam que em
Terminologia objeto deve ser entendido num sentido muito amplo. Os objetos
materiais como lápis, casa ou não materiais como procedimento não se referem a uma
determinada casa ou lápis, ou procedimento. O nosso conhecimento de um grande
número de casas, lápis e procedimentos nos fazem perceber que compartilham de
determinadas propriedades, levando a uma síntese que permite conceituar o que é casa,
lápis e procedimento de forma genérica.
Apresentamos a seguir um exemplo aplicado do modelo de termo de Wüster,
elaborado conforme a explanação de ARNTZ e PICHT (1995, p.61).
Na metade superior temos a representação do sistema da língua, onde ao
conceito ser humano adulto do sexo masculino associamos a designação Homem. Na
metade inferior, temos a representação da realidade, na qual existem vários milhões de
homens, cada qual com suas próprias características. A partir desses indivíduos
abstraímos o conceito de homem conservando o que todos eles têm em comum. No
quarto inferior à esquerda aparecem as formas fônicas ou gráficas, ou seja, o som ou a
imagem em si que representam o signo na realidade.
62
FIGURA 4 – MODELO DE TERMO DE WÜSTER APLICADO
FONTE: adaptado de ARNTZ e PICHT (1995, p.61).
Para FELBER e PICHT (1984, p.210-211) O signo sem carga semântica,
sem conteúdo, é sem valor, é como um conceito sem signo. Daí, para um signo ter
valor comunicativo, deve ser portador de um conteúdo e o conteúdo do signo deve ser
conhecido pelas duas partes no processo de comunicação. O conceito de signo é
dividido em diversas formas e uma delas baseada nas normas e pensamento de Wüster
é representada pela figura 4 abaixo, em que:
signo natural – aquele em que a relação entre significado e significante não se
baseia em uma convenção, mas sim na causalidade;
signo convencionalizado – baseia-se em um acordo que estabelece uma relação
fixa, relativamente estável entre o conceito e o signo. Pode ter uma
representação lingüística ou não.
Sinal – são exemplos sinal de luz de semáforos, sinal sonoro de telefone, etc.
Conceitos
(sistema da língua)
Objetos individuais
(fala / realidade)
Significado
(ser humano adulto do
sexo masculino
)
Significante
(homem)
Homem 1
(por exemplo,
João Pereira)
Homem 2 (por
exemplo, David
Beckham)
Homem HOMEM
63
Notação – é expressa por meios gráficos, ou numéricos como a Classificação
Universal Decimal – CDU).
FIGURA 5 – TIPOS DE SIGNO SEGUNDO FELBER E PICHT
Fonte: FELBER, H., PICHT, H.(1985, p.210)
Para CABRÉ (1993, p.170), as unidades terminológicas são unidades de
forma e conteúdo que pertencem ao sistema de uma linguagem específica determinada
e participam da construção de um discurso utilizando as mesmas regras que regem as
demais unidades léxicas da língua geral na elaboração de um discurso.
A concepção do que vem a ser a unidade terminológica e sua função prioritária,
vai depender dos aspectos que a Lingüística, a Filosofia e as disciplinas das
especialidades considerem prioritários. A seguir apresentamos uma sistematização
baseada no pensamento de CABRÉ (1999, p. 19 – 21) acerca da unidade
terminológica.
TABELA 6 – CONCEPÇÕES DE UNIDADE TERMINOLÓGICA
Lingüística Filosofia Especialidades
O que é o termo:
unidade de
significação
unidade de cognição
unidade de
denominação
Função prioritária
do termo
significar representar denominar
SIGNO
SIGNO NATURAL SIGNO CONVENCIONALIZADO
SINAL
DESIGNAÇÃO
IDEOGRAMA
N
ÚMERO
N
OTAÇÃO DENOMINAÇÃO
N
OME TERMO
64
Em relação ao
termo
a) Prioriza a
relação
Nome –
significado
Coisa – significado
Coisa – nome
(denominação)
b) Tem a
concepção como
signo lingüístico
(no sentido de
signo oral
articulado)
um conceito, uma
representação da
realidade
uma unidade de
expressão e
denominação que
inclui o lingüístico
e o não lingüístico.
c) prioriza a significação
o conhecimento e
a representação
a denominação
para a
transferência
d) relações entre
termos são do tipo:
Relações
horizontais e
verticais com o
restante de
unidades dos
componentes da
gramática.
Horizontais – no
interior do
componente
léxico;
Verticais – com as
representações que
geram
componentes
sintáticos e
fonológicos e
ainda o mesmo
componente
léxico.
Relações lógicas e
ontológicas: são
relações no sentido
de conceitos,
estabelecendo uma
rede complexa de
relações lógicas e
ontológicas
diversas que
pretendem
representar o
conhecimento que
temos interiorizado
da realidade.
Série de conexões
(ou campo
terminológico)
relacionado termos
de um mesmo
âmbito de
comunicação que
pretendem
representar
organizadamente a
realidade
especializada.
FONTE: adaptado de CABRÉ (1999, p. 19 – 21).
Dessa forma, as unidades terminológicas, os termos, podem ser definidas como
unidades multidimensionais, definidas como unidades lingüísticas, cognitivas e
comunicativas. CABRÉ (2001, p. 22) afirma que a unidade terminológica tem uma
tripla dimensão que a faz coincidir parcialmente com:
palavras entendidas como unidades léxicas;
as unidades de conhecimento estudadas pela Filosofia e Psicologia
Cognitiva;
unidades de comunicação estudadas pela teoria da comunicação.
65
A unidade terminológica reúne esses aspectos múltiplos que lhe dão um caráter
poliédrico. Essa característica torna possível a análise da unidade terminológica a
partir de qualquer uma dessas dimensões. Em nossa pesquisa, estaremos considerando
as unidades terminológicas como unidades de denominação que priorizam a
transferência de conhecimento. Utilizaremos as unidades terminológicas da língua de
especialidade do ensino da escrita japonesa de forma a representar organizadamente
essa realidade.
As unidades terminológicas podem ser classificadas quanto à sua forma, função,
significação e procedência (CABRÉ 1993, p.176 – 181).
Do ponto de vista da forma são analisados segundo número de morfemas e
apresentação. Segundo o número de morfemas, os termos podem ser:
simples – exemplos: ácido, gel, luz;
complexas – exemplos: acidificação, gélido, luminescência.
As unidades terminológicas complexas podem ser classificadas segundo os
tipos de formação:
derivadas – se formadas por agregação de afixos a bases léxicas. Exemplos:
canceroso, terminologia, dirigível.
Compostas – se formadas por combinação de bases léxicas, atuais ou
históricas, com possibilidade de agregar posteriormente afixos às mesmas.
Exemplos; caradura, toca-discos.
As chamadas unidades terminológicas complexas podem ser formadas por uma
combinação de palavras que segue uma determinada estrutura sintática. Nesse caso,
chamamos as estruturas de sintagmas terminológicos. Exemplos: tratamento por lotes,
imposto de renda, guerra fria. Os sintagmas preposicionais com valor de adjetivo ou
advérbio recebem o nome de locuções na maioria dos trabalhos terminológicos. Os
sintagmas terminológicos se regem pelas mesmas regras combinatórias dos sintagmas
da linguagem geral, por isso, aparentemente, não há nenhum traço específico para
diferenciá-los, tornando complicada a tarefa de sua delimitação. Muitas vezes o termo
sintagmático pode chegar a coincidir com sua própria descrição. Exemplos: imposto de
renda de pessoa física, úlcera duodenal, vacina anti-rábica.
66
Do ponto de vista da forma, cabe destacar ainda os casos de unidades
terminológicas aparentemente simples, mas cuja análise revela uma formação de
origem complexa como são os casos de siglas, acrônimos, abreviaturas e formas
abreviadas, todas elas formadas por processos de truncamento.
Levando em consideração a função que desempenham no discurso, as unidades
terminológicas podem-se classificar em vários grupos gramaticais como: substantivos,
adjetivos, verbos e advérbios. Os termos participam das mesmas categorias do léxico
comum, e palavras eminentemente funcionais como preposições, conjunções, artigos e
pronomes não têm caráter terminológico. Observa-se que a quantidade de substantivos
presentes nos léxicos de especialidade é desproporcionalmente elevada se comparada
com a quantidade de adjetivos e verbos.
Do ponto de vista do significado, as unidades terminológicas são classificadas
conforme a classe de conceitos que denominam. Podemos estabelecer quatro grandes
classes conceituais que são:
objetos ou entidades – substantivos;
processos, operações , ações – verbos, nominalização de verbos;
propriedades, estados, qualidade – adjetivos;
relações – adjetivos e verbos.
Considerando a procedência lingüística dos termos, CABRÉ (1983, p. 98)
afirma que as unidades terminológicas podem ser criadas ou construídas por aplicação
de regras do próprio código lingüístico, ou podem ser empréstimos. Entre os
empréstimos podem-se distinguir os seguintes tipos:
empréstimo procedente de fundo histórico greco-latino, normalmente
chamado de cultismo;
empréstimo procedente de outrangua atual, chamado propriamente de
empréstimo;
empréstimo procedente de outros dialetos geográficos ou sociais e outros
registros temáticos da mesma língua, que não se costuma considerar
empréstimo.
67
2.4.5 – Conceito
Retornando ao modelo de termo de Wüster, lembramos que o termo é a
designação de um conceito. Não se trata do nome de cada objeto material ou não
material existente. O que efetuamos é uma observação nos objetos existentes,
formamos um conceito por meio de uma seleção das características relevantes e
atribuímos um termo para designar esse conceito. Esse termo indica o conceito de uma
classe de objetos e não objetos individuais.
Segundo ARNTZ e PICHT (1995, p. 63), a teoria de Wüster diz que “um
conceito é aquilo que os homens detectam como o que existe em comum numa
pluralidade de objetos e o utilizam como meio de ordenação de pensamento
(concepção) e, portanto, para comunicação. O conceito é portanto uma unidade de
pensamento.”
Conforme a norma ISO 704.1 – Terminologia, princípios e métodos, a partir da
observação de objetos concretos, abstratos ou imaginários categorizamos esses objetos
em construtos mentais ou unidades de pensamento denominados conceitos. Como em
Terminologia estamos tratando de linguagem de especialidade de uma área do
conhecimento, o conceito não é apenas uma unidade de pensamento, mas é também
uma unidade de conhecimento.
Ao categorizarmos os objetos em construtos mentais, selecionamos
propriedades neles percebidas. A análise das propriedades mais relevantes por meio do
processo cognitivo de abstração nos leva às propriedades específicas desses objetos, o
que nos conduz à formação de um conceito que define uma classe de objetos. Essas
propriedades específicas do objeto são denominadas características, elementos
conceituais ou elementos de conhecimento do mesmo.
Os conceitos podem ser gerais ou individuais. Se o conceito corresponde a um
objeto único, o conceito é denominado individual, e geralmente é representado na
língua por um nome próprio (por exemplo, Organização das Nações Unidas) ou por
um símbolo. (ISOWD 704.1, 1996). Se o conceito expressa um conjunto de dois ou
mais objetos, o conceito é denominado conceito geral e a designação desse conceito
68
corresponde a um termo. Exemplos: árvore, imposto de renda, etc. (ISOWD 704.1,
1996).
CABRÉ (1993, p. 196) afirma que a ISO/ R 1087 estabelece que as
características de um conceito são cada uma das propriedades que o descrevem. As
características são utilizadas para comparação, classificação e formulação da definição
de conceitos e na formação de termos atribuídos aos conceitos (FELBER, 1984, p.117
– 118). Segundo FELBER, do ponto de vista prático as características podem ser
classificadas em duas categorias:
Características intrínsecas – que são inerentes, ligadas à descrição quanto a
forma, tamanho, material, cor, etc. se for objeto material; em caso de
objeto não material tipos de ação, de sentimento ou de procedimento.
Características extrínsecas – são características externas ao objeto
indicando finalidade, como aplicação, tipo de funcionamento, desempenho,
localização e posicionamento na montagem. São extrínsecas também as
características que indicam origem, como método de manufatura,
descobridor, descritor, inventor, produtor, país de origem, fornecedor.
As características podem ser também equivalentes. São consideradas
equivalentes as características que não obstante ao fato de serem diferentes podem ser
substituídas uma pela outra sem alterar o significado global do termo em questão.
Ainda segundo Felber, as características devem ser apresentadas segundo a
seguinte ordem de preferência:
características intrínsecas – pelo fato de poderem ser averiguadas por uma
inspeção.
característica extrínseca de finalidade,
característica extrínseca de origem.
Uma classe de objetos da realidade é conceitualizada por meio de um conjunto
de características inter-relacionadas que formam o seu conceito. A descrição do
conceito pode ser feita pela enumeração ordenada da característica mais geral à mais
específica. Esse procedimento é denominado por CABRÉ (1993, p. 200) de descrição
69
por compreensão. E a descrição por extensão é a descrição de um conceito através de
todas as suas possíveis realizações.
As propriedades dos conceitos descritas por FELBER (1984, p. 116) são:
Intensão – que corresponde ao agregado de características de um conceito.
Extensão – que corresponde ao agregado de todos os conceitos específicos
subordinados , no mesmo nível de abstração. No caso de agregado de
objetos individuais a extensão é denominada classe (FELBER, 1984, p.116).
Segundo ISO WD 704.1 (1996, p.10)
intensão e extensão – O conjunto de características que são agrupadas como uma unidade para
formar o conceito é chamado de intensão. A intensão delimita o conceito estabelecendo os
objetos que são admitidos para formar o conjunto. Os objetos considerados como um conjunto
e conceitualizados em um conceito são conhecidos como extensão. Por exemplo, a intensão de
‘lápis preto’ determina a extensão, ou seja, os objetos que são qualificados como lápis
pretos.
15
2.4.6 Sistema de Conceitos
Um sistema de conceitos de um campo temático corresponde aos conceitos
individuais desse campo apresentados de forma estruturada, revelando-se as relações
entre os referidos conceitos. A descrição de um conceito é efetuada através de sua
intensão ou extensão. Ao analisarmos o agregado de características que descrevem os
conceitos de um campo temático ou uma subsecção desse campo, temos condições que
permitem relacionar os objetos individuais que esses conceitos representam.
Segundo CABRÉ (1993, p.181) “sistemas de conceitos, relativamente a uma
determinada área de especialidade, correspondem a conceitos da referida área
organizados em conjuntos estruturados configurando uma visão da realidade dessa
área de atividade.” A organização desses conjuntos estruturados requer uma análise
que permita hierarquizá-los através de comparações entre seus conceitos que revelarão
as relações que mantém entre si.
15
Itálicos no original.
70
Segundo FELBER (1984,p.120-130), Wüster classifica as relações entre os
conceitos de um campo temático da seguinte forma:
relações lógicas;
relações ontológicas
relações de efeito
2.4.6.1. Relações lógicas
As relações lógicas baseiam-se na similaridade entre os conceitos, ou seja, ao
compararmos a intensão dos conceitos verificamos a existência de uma (ou mais)
característica comum. As relações podem ser de quatro tipos basicamente:
a) Subordinação, ou relação vertical.
Ocorre quando um conceito A tem todas as características de outro B e pelo
menos uma característica adicional. O conceito A é dito espécie de B, que é o gênero.
Exemplo: Se o conceito B (gênero) for veículo, temos as seguintes possibilidades de A
(espécie) se levarmos em conta o meio em que se locomove: marítimo, terrestre, aéreo.
Podemos dizer então que aeronave mantém uma relação de subordinação em relação a
veículo.
b) Coordenação, ou relação horizontal.
A relação é dita de coordenação ou horizontal quando os conceitos
compartilham de todas as características de um conceito genérico e há pelo menos uma
característica não coincidente que os faz diferente. No caso do exemplo acima, a
relação entre embarcação marítima e aeronave seria de coordenação.
c) Diagonal
Quando duas espécies de um mesmo gênero não estão relacionadas nem por
coordenação e nem por subordinação, dizemos que mantém uma relação diagonal.
Voltando ao primeiro exemplo, se considerarmos os conceitos subordinados a
aeronave, levando em conta se é de transporte de carga ou de passageiros, podemos
dizer que embarcação marítima mantém uma relação diagonal com avião de carga.
71
d) Intersecção lógica
Quando dois conceitos, ao serem comparados, apresentarem intensões
parcialmente idênticas, dizemos que elas mantém uma relação de intersecção lógica,
que é representada pelo símbolo gráfico X. Exemplo: ensino X instrução
Nem sempre comparamos apenas dois conceitos. Quando comparados três ou
mais conceitos, no caso da relação de subordinação os conceitos formam uma série
lógica vertical, e no caso de coordenação os conceitos forma uma série lógica
horizontal.
2.4.6.2 Relações ontológicas
As relações ontológicas existem apenas entre objetos individuais, levando-se
em conta a proximidade situacional dos objetos na realidade, ou seja, são
caracterizadas pela contigüidade (justaposição) no espaço ou no tempo, ou pela
conexão causa-efeito. A forma mais importante deste tipo de relação é a que relaciona
o todo e suas partes denominada relação partitiva.
As relações partitivas entre dois conceitos podem ser:
a) Relação de subordinação partitiva.
Se um objeto individual A consiste das mesmas partes de outro B, contendo
uma parte a mais, então A é considerado o inteiro e B parte. Exemplo: a relação de um
automóvel e o seu motor.
b) Relação de coordenação partitiva
Se um objeto individual A e outro B representam parte de um inteiro C, mantêm
uma relação de coordenação partitiva ou relação partitiva horizontal. Exemplo: motor
do automóvel e assentos do automóvel em relação ao automóvel inteiro.
c) Relação de intersecção partitiva
Se dois objetos individuais comparados apresentarem partes comuns, essas
partes em comum representam a intersecção dos objetos analisados. Exemplo: na
ciência, química e biologia apresentam uma parte em comum, que é denominada
bioquímica.
72
d) relação partitiva diagonal
Quando duas partes de um inteiro que não mantém nem relação de coordenação
e nem de subordinação dizemos que sua relação é diagonal. Exemplo: do todo ciência:
mecânica e biologia.
Quando comparamos três ou mais conceitos em relação às suas relações
partitivas, podem ocorrer: apenas relação de coordenação, apenas relação de
subordinação ou ambos os tipos simultaneamente.
A ligação partitiva consiste no processo de integração que vem a ser a criação
de uma nova entidade através da reunião de dois ou mais objetos individuais. A
ligação partitiva não combina os conceitos, mas os objetos individuais correspondentes
a esses conceitos. Exemplo: A ligação partitiva entre homem e mulher cria a entidade
casal humano.
Se a relação for de proximidade no tempo a relação é denominada relação de
sucessão. Exemplo: tabela de sucessão de regras. Se a relação indicar diferentes
estágios na produção de bens da matéria prima ao produto final, a relação é
denominada relação material produto. Exemplo: madeira cadeira
2.4.6.3 Relações de efeito
As relações de efeito são relações verticais que indicam a relação entre o
conceito precedente e o sucessor. Podem ser de:
Precedente sucessor
a) Causalidade – Causa efeito
b) Instrumentação – Ferramenta instrumentação
c) Descendência – Pai filho
Na presente pesquisa estabeleceremos um sistema de conceitos desenvolvido a
partir da intensão de cada conceito. Segundo CABRÉ (1993, p. 196) a ISO/R 1087
estabelece que as características de um conceito são cada uma das propriedades que a
descrevem. E a expressão do conjunto de características de um conceito constitui a sua
paráfrase ou definição.
73
2.4.7 – Definição
Ao elaborar uma definição é necessário que tenhamos em mente com que
objetivo nos propomos a executar tal atividade. CABRÉ (1993, p. 208 – 209) distingue
no plano teórico três tipos de definição que se diferenciam pelo fato de exprimir a
mesma realidade vista por perspectivas diferentes. Se a definição é do tipo lingüístico,
o objetivo é o signo lingüístico; se a definição é do tipo ontológico, o objetivo é a
realidade; e se a definição for do tipo terminológico, o objetivo é o conceito nocional
de um campo de especialidade. E é de Cabré a afirmação de que a definição do tipo
terminológico é uma fórmula lingüística que se propõe a descrever o conceito
representado por uma denominação – o termo – em relação exclusiva a um domínio de
especialidade.
FELBER (1984, p. 160) afirma que a definição é a chave de qualquer trabalho
científico e que “a definição é uma descrição de um conceito por meio de outros
conceitos conhecidos, na maioria das vezes em forma de palavras e termos. Ela
determina a posição desse conceito num sistema de outros conceitos relacionados.”
Afirma também o autor que se a descrição do conceito não considerar sua posição num
sistema de conceitos, então não é uma definição, mas uma explicação.
Segundo SAGER (1993, p.68) “a definição, como produto, é uma descrição
lingüística de um conceito, baseada em uma lista de características (intensão) que
transmite o significado do conceito.”
Podemos, então, afirmar que uma definição do tipo terminológico é uma
declaração, uma forma lingüística, que se propõe a descrever um conceito
representado por uma denominação por meio de suas características, que virão a
determinar a posição que ele ocupa num sistema de conceitos. Trata-se de uma
definição que só é aplicável a um campo temático, podendo ser tão restrita quanto esse
campo permita. Ela é somente uma parte da especificação contida num registro
semântico, não havendo necessidade de ser nem exaustiva nem auto-suficiente.
Segundo SAGER (1993, p. 75), a definição é analítica se relaciona um termo ao
seu superordenado e também pode incluir os termos coordenados. A definição é
sintética se identifica a posição de um conceito em um sistema de relações e menciona
74
os termos subordinados; e a definição é denotativa se simplesmente enumera todos os
termos subordinados, envolvendo assim a extensão de um termo.
2.4.7.1 Necessidade da definição em Terminologia
Em Terminologia, segundo SAGER (1993, p.79), a definição de um termo
(unidade terminológica) é necessária para:
colocar o termo em seu lugar adequado dentro da estrutura de
conhecimento;
fixar o significado especializado do termo;
oferecer ao usuário não especializado, certo grau de compreensão de um
termo (esse tipo de definição denominamos enciclopédico).
Essas necessidades levam a concluir que uma definição do tipo terminológico
“deve concentrar-se nas características essenciais que um conceito tem em comum
com os outros e aqueles que o diferenciam dos demais, ou seja, a relação indica o tipo
de vínculo que um conceito tem os outros conceitos do sistema.” (SAGER, 1993, p.
84).
2.4.7.2 Definição terminológica e suas relações
Inicialmente, analisaremos as diferenças entre conceituar e definir segundo
BARBOSA (2004,p.59)
Conceituar é o processo de construção de um modelo mental que corresponde a um recorte
cultural e, em seguida, de escolha / engendramento da estrutura léxica que pode manifestá-lo
de maneira mais eficaz. Tal processo tem como ponto de partida u universo natural. Definir é
o processo de analisar e descrever o semema lingüístico, para reconstruir o modelo mental: o
seu ponto de partida é a estrutura lingüística manifestada.
Ou seja, ainda segundo Maria Aparecida BARBOSA (2004, p. 59) “ ...conceito
é o resultado de uma interpretação de fatos naturais e/ou culturais, enquanto a
definição é o resultado de uma interpretação de unidades lexicais.”
As definições terminológicas podem estar relacionadas com o campo do
contexto, no sentido de que o contexto pode conter termos ou expressões que
75
apareçam na definição, ou que possam facilitar uma definição mediante uma
implicação ou exemplo. Segundo SAGER (1993, p. 81), na prática, as definições já
existentes em outros campos podem ser consideradas como referência, pois são
definições que têm um estado reconhecido, portanto podendo ser utilizadas.
Entretanto, existem termos que necessitam de definições terminológicas para que se
possam estabelecer relações com outros termos dentro da estrutura de conhecimento,
de forma a produzir critérios de diferenciação e qualificação em relações horizontais e
diagonais.
2.4.7.3 Princípios para definição de conceitos
Ao elaborarmos a definição de conceitos, devemos ter em mente, segundo
FELBER (1984, pg. 165 – 166) os seguintes fatos:
a definição é um recurso para a seleção de um termo;
a definição depende de um sistema de conceitos selecionado;
a definição deve fixar a posição do conceito dado no sistema de conceitos e
ser formulada levando em consideração sua consistência em relação a outras
definições do sistema considerado;
todos os conceitos utilizados em uma definição devem ter sido definidos em
publicações confiáveis e delas fazer referência;
é preciso evitar definições circulares, ou seja, um termo não deve ser
definido com auxílio de um segundo termo cuja definição tenha sido
elaborada com a utilização do primeiro termo;
é necessário atentar para a abrangência das definições – algumas definições
são limitadas de forma que são aplicáveis apenas a um número limitado de
casos, nesse caso, lembrar sempre de explicitar esse fato;
a definição deve ser precisa – o uso prático dos termos deve indicar o grau
de precisão, que não é aumentado pelo mero recurso de acrescentar mais
detalhes, mas pelo uso da linguagem específica pertinente;
a definição de um conceito deve ser o mais concisa possível.
76
Outros requisitos que devem ser cumpridos pela definição terminológica são
enunciados por ARNTZ e PICHT (1995, p. 96) como se segue:
Emprego unificado de termos – sendo a definição um predicado verbal, para
explicar um conceito novo ou totalmente desconhecido é necessário
forçosamente apoiar-se em referências (denominações) já conhecidas ou
explicadas. Por isso, na medida do possível, as definições deverão utilizar
termos existentes e definidos no mesmo sistema. Também se deve manter a
mesma denominação para um mesmo conceito. Ainda que o emprego de
sinônimos possivelmente melhore o estilo de uma definição, ele pode
prejudicar notadamente sua compreensão.
Adequação segundo a finalidade e o âmbito de vigência – como uma
definição pode perseguir distintas finalidades, um conceito pode estar
adequadamente definido num livro texto para bacharelandos, sem que de
forma alguma satisfaça um cientista da área. É importante, também, que as
definições considerem as necessidades especificas de uma área determinada.
Isso quer dizer que as características incluídas em uma definição devem ser
expressas essencialmente a partir do ponto de vista da área especializada em
questão. Freqüentemente nas definições só é possível indicar parte das
características, para que se as compreendam é necessário assinalar seu
âmbito de vigência. A seleção das características deve fazer patente a
ordenação seguida dentro do sistema de conceitos correspondente.
Atualização de caráter regular - Uma vez que o conhecimento humano
encontra-se em contínua evolução, uma definição só pode ter validade
enquanto suas características se mantiverem inalteradas. A mudança de uma
característica ou de um conceito subordinado conduz à mudança do
conceito, que requer uma nova definição. Para o trabalho terminológico
prático, isso significa a necessidade de controlar e atualizar periodicamente
as compilações terminológicas.
77
2.4.7.4 Categorização das definições
As definições terminológicas são categorizadas, de acordo com FELBER (1984,
p. 160 – 163), segundo a sua finalidade e o tipo de ligação que o seu conceito
correspondente mantém em seu sistema.
De acordo com a finalidade podem ser:
descritiva – uma definição descritiva expressa que significado tem o termo;
prescritiva – uma definição prescritiva expressa que significado deve ter
um termo.
Levando em consideração o tipo de ligação entre os conceitos temos:
definição por intensão – é uma definição elaborada a partir da especificação
das características do conceito, ou seja, a partir da descrição de sua intensão.
Deve-se procurar o conceito genérico mais próximo que ou já foi definido
ou pode-se esperar que seja amplamente conhecido, não um conceito
genérico de um nível mais alto de abstração, de forma que possa considerar
o primeiro conceito como espécie do segundo. Pode-se dizer que a conexão
entre os dois conceitos é de determinação.
definição por extensão – consiste na enumeração de todas as espécies do
mesmo nível de abstração, ou de todos os objetos individuais pertencentes
ao conceito definido. Trata-se de uma expressão lingüística extensiva de
uma conexão de conceitos que é o resultado de uma conjunção, ou seja uma
integração das intensões de dos dois conceitos membros, sendo o conceito
resultante a próxima espécie comum aos dois. Exemplo: avião anfíbio, que é
um avião ao mesmo tempo terrestre e hidroplano. Pode-se obter uma
definição por extensão através da disjunção de conceitos a partir da
integração das extensões de dois conceitos membros. Exemplo: a partir dos
conceitos de menino e menina obtemos o conceito de criança.
Devido ao desenvolvimento da ciência que faz surgir novas espécies adicionais
a um determinado gênero, uma definição por extensão nunca será exaustiva.
Entretanto, é muito útil para completar uma definição por intensão por ser de
compreensão mais fácil.
78
2.4.8 Equivalência na Comparação de Termos em Línguas Diferentes
A comparação de termos em línguas diferentes tem como condição prévia a sua
equivalência, que é definida por ARNTZ e PICHT (1995, p. 32) como a existência de
uma ampla concordância conceitual entre os termos. A grande dificuldade para o
trabalho terminológico multilíngüe está no fato de que em cada língua,
freqüentemente, a classificação conceitual da realidade é efetuada de forma diferente.
Esse é um fenômeno comumente encontrado na linguagem comum, sendo um caso
especialmente ilustrativo o das palavras que indicam cor. As dificuldades ficam
maiores se os conceitos passam do âmbito do concreto para o abstrato.
Se considerarmos que em linguagem de especialidade as definições são
elaboradas a partir das características dos conceitos e que um termo só pode ser
concebido inserido dentro de um sistema, faz-se necessário elaborar os sistemas de
conceitos nas duas línguas em separado, para em seguida fazer uma comparação.
Em princípio, dois termos são considerados equivalentes quando há identidade
conceitual, que é mais facilmente detectada se tivermos os sistemas de conceitos numa
representação gráfica, pois serão considerados equivalentes se ocuparem a mesma
posição em seus respectivos sistemas. Essa apreciação é feita normalmente através da
definição dos conceitos, o que, entretanto, apresenta dificuldades advindas da
diversidade de estruturas, ou então, do fato de alguns conceitos significativos do ponto
de vista terminológico não possuírem definição.
Na elaboração de um sistema bilíngüe é com freqüência que encontramos
“vazios terminológicos” indicando que em uma das línguas não existe um termo
documentado na literatura de especialidade correspondente. Neste caso poderá ser
colocada uma tradução em caixa alta, com a ressalva que poderá ser substituída por
uma denominação mais apropriada.
Em relação a empréstimos, BARBOSA (1996,p.175) considera esse fato um
dos processos da formação da palavra neológica ao afirmar:
“O neologismo pode decorrer da importação de um termo que pertença a outro
sistema lingüístico.” Tais empréstimos podem ser distinguidos como empréstimo
interno e externo de palavras. Sendo empréstimo interno aquele que ocorre entre
79
vocabulários regionais, entre vocabulários profissionais ou ainda entre vocabulários
profissionais e o vocabulário geral; e empréstimo externo de que ocorre entre um
sistema lingüístico para outro.
Tanto em relação a empréstimos internos como externos BARBOSA (1996,
p.290 – 291) diz:
...é lícito falar-se em criação lingüística, pois cada norma regional, ou cada norma de
universo de discurso, assim como cada sistema lingüístico tem, respectivamente a sua visão
de mundo e as estruturas lingüísticas que lhe correspondem.
Ora, ao adotar um novo termo, uma região, uma classe social, um grupo profissional
ou uma comunidade nacional está adotando, ao mesmo tempo, um novo recorte e o seu
correspondente lingüístico. Tem-se, pois, em suma, uma palavra nova na língua, embora não
se trate da criação de um signo e sim da adoção de uma palavra.
Na verdade, a neologia por empréstimo não consiste na criação do signo, mas na sua
adoção, visto que não é o locutor que toma emprestado o termo, que realiza a criação – que
consiste, esta, na atribuição consciente de um conteúdo de significação ao segmento
lingüístico (um significado a um significante) – ou que avaliza essa criação, acolhendo-a e
interpretando-a de acordo com a motivação que resulta da relação entre os seus elementos;
ele recebe essa criação como um fato consumado...
Em linguagem de especialidade, muitas vezes admitimos a necessidade de
empréstimos, pois, como afirma ALVES (1995, p. 319):
Referindo-se ao empréstimo externo, o neólogo e terminólogo francês Louis Guilbert afirmou,
reiteradas vezes, que a transferência de tecnologia faz-se acompanhar, muito freqüentemente,
de uma transferência de terminologia. Na verdade, sabem todos os que estudam as línguas de
especialidade que o termo estrangeiro introduz-se e, muitas vezes, instala-se em outro sistema
lingüístico, seguindo a tecnologia, o objeto criado ...
A adoção do empréstimo é realizada por etapas. Considera-se como situação do
empréstimo desde o momento em que se introduz o conceito e o seu correspondente
lingüístico. O termo na primeira fase de sua instalação é denominado peregrinismo. Se
o termo permanece inalterado, mesmo com alta freqüência de atualização constitui um
xenismo – um termo estrangeiro que permanece sempre estrangeiro. O peregrinismo é
considerado um empréstimo se houver adoção pela integração e generalização,
80
alcançando o termo alta freqüência de uso a ponto de não mais ser sentido como
estrangeiro.
A ISO WD 704.1 (1996, p.38) afirma que o empréstimo translingual pode ser
feito nas formas:
Empréstimo direto – termos existentes são freqüentemente adotados de uma língua para outra
se não existir nenhum termo corrente para o conceito na segunda língua. O termo emprestado
pode ter uma pronúncia, ortografia ou inflexão diferente na língua de destino.
(...)
Empréstimo de tradução literal – é o processo pelo qual os elementos morfológicos de um
termo estrangeiro são traduzidos para formar um novo termo.
2.5 ANÁLISE DE CONTEÚDO
A Análise de Conteúdo é um conjunto de técnicas de pesquisa do campo da
comunicação social que leva a uma interpretação controlada do objeto investigado.
Nasceu da necessidade de desvendar e interpretar textos, sendo muito utilizada durante
a segunda guerra mundial.
2.5.1 Desenvolvimento da Análise de Conteúdo
No início do século XX, invocando rigor científico para analisar principalmente
material jornalístico da época, teve início na Escola de Jornalismo da Columbia,
Estados Unidos, um tipo de procedimento de análise que se fazia contando o número
de palavras, a freqüência de determinadas palavras no artigo, o tamanho da letra, a
localização no jornal, etc.
Nos anos 40-50 essa prática tem um desenvolvimento muito grande, havendo
sistematização das regras, e havendo grande importância dada à análise estatística
devido à preocupação com a objetividade.
No fim dos anos 50 a análise de conteúdo não é considerada apenas pelo seu
alcance descritivo, mas nota-se que o resultado estatístico permitia inferir não só as
condições de produção, mas também possibilitava inferir sobre os possíveis efeitos
causados pelo discurso.
81
Dos anos 60 em diante, o desenvolvimento dos programas de informática a
serviço da análise de conteúdo fazem com que a preparação dos textos a serem
analisados passem por processos mais rigorosos, mas que permite ampliar o campo do
uso deste método de pesquisa. Neste período a análise de conteúdo sofre influência
externa da lingüística e da semiologia (que trata de signos não lingüísticos).
2.5.2 Definição
Segundo BERELSON (apud BARDIN, 1977, p.17) “A análise de conteúdo é
uma técnica de investigação que tem por finalidade a criação objetiva, sistemática e
quantitativa do conteúdo manifesto da comunicação.”. BARDIN (1977, p. 31) explica:
“A análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise de comunicações. Não se
trata de um instrumento, mas de um leque de apetrechos; ou, com maior rigor, será o
único instrumento, mas marcado por uma grande disparidade de formas e adaptável a
um campo de aplicação muito vasto: as comunicações.” Comunicações essas
consideradas como sendo “...qualquer transporte de significações de um emissor para
um receptor controlado ou não por este, deveria poder ser escrito, decifrado pelas
técnicas de análise de conteúdo.”
2.5.3 Procedimento
Segundo BARDIN (1977, p.95) o desenvolvimento de uma análise de conteúdo
de comunicação consta das seguintes fases:
a pré - análise;
a exploração do material
o tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação.
2.5.3.1 Pré-Análise
Corresponde à fase de organização das operações desenvolvidas com o objetivo
de organizar a seqüência de ações que permite constituir um corpus que deverá ser
submetido à investigação. Segundo BARDIN (1997,p.96) “O corpus é o conjunto dos
82
documentos tidos em conta para serem submetidos aos procedimentos analíticos. A
sua constituição implica, muitas vezes, escolhas, seleções e regras.”
A escolha dos documentos depende dos objetivos, por outro lado os objetivos
dependem dos documentos disponíveis. Antes de se iniciarem as atividades acima há
necessidade de se conhecer os documentos disponíveis para análise, reconhecimento
que é realizado através da leitura, que pouco a pouco vai se tornando mais precisa à
medida em que se percebem as hipóteses que poderão ser criadas, as técnicas de
análise que poderão ser utilizadas. Esta leitura é conhecida como leitura flutuante.
Existem duas formas de escolha de documentos:
o universo de documentos de análise pode ser determinado a priori quando o
objetivo é analisar um documento pré determinado, ou
com um objetivo pré determinado selecionar documentos que permitam
fornecer as informações necessárias.
As principais regras para a constituição do corpus são (BARDIN, 1997, p. 97 –
98):
Regra da exaustividade:
uma vez definido o campo do corpus, o se deve deixar de lado nenhum
documento. Por exemplo, se o campo do corpus for respostas de um
questionário não se deve deixar de fora nenhum questionário. Ou seja, nada
deve ser deixado de ser considerado, isto consiste na regra da não-
seletividade.
Regra de representatividade:
pode-se realizar a análise através de uma amostra e generalizar os resultados
obtidos para o universo todo. Entretanto, é necessário levar-se em conta se a
amostra é representativa do universo inicial. Nem todo material permite a
escolha de uma amostragem para análise.
regra da homogeneidade:
os documentos que constituem o corpus devem obedecer a critérios precisos
de escolha. Por exemplo, se os documentos forem entrevistas, devem ser
83
sempre sobre um mesmo tema, obtido em circunstâncias semelhantes,
realizadas por indivíduos semelhantes.
regra da pertinência:
os documentos devem ser adequados enquanto fonte de informação.
Na pré-análise, após se definir o corpus é necessário que se faça a escolha dos
índices. São considerados índices as palavras chaves, temas, sentenças contidas no
documento a ser analisado, que poderão validar ou invalidar as hipóteses levantadas.
Uma vez determinados os índices é necessário codificá-los.
“A codificação é o processo pelo qual os dados brutos são transformados
sistematicamente e agregados em unidades, as quais permitem uma descrição exata das
características pertinentes do conteúdo” (HOLSTI apud BARDIN, 1977, p. 103)
A organização da codificação se faz pela:
a. escolha das unidades – o recorte
b. escolha das regras de contagem – a enumeração
c. escolha das categorias – a classificação e agregação
a – Escolha das unidades (de registro e de contexto) – o recorte (a divisão)
O que é unidade de registro? “É a unidade de significação a codificar e
corresponde ao segmento de conteúdo a considerar como unidade de base, visando a
categorização e a contagem freqüencial. A unidade de registro pode ser de natureza e
de dimensões muito variáveis.” (BARDIN, 1977, p. 104)
São unidades de registro mais utilizadas: a palavra (palavra-chave); o tema que
segundo BERELSON (apud BARDIN, 1997, p. 104) “...é uma afirmação acerca de um
assunto”; o objeto ou referente, que corresponde ao tema ao redor do qual o discurso
se organiza. Exemplo: numa pesquisa sobre o ensino de língua estrangeira no DF, a
organização curricular das escolas; numa obra de ficção, o personagem; no caso de
relatos ou narrações, o acontecimento, que é uma unidade de ação; em se tratando de
uma análise rápida um filme, um artigo, etc. pode ser tomado o documento como
unidade de registro, desde que a idéia dominante encontrada no documento seja
suficiente para alcançar o objetivo previsto.
84
b – Escolha das regras de contagem – a enumeração
A unidade de registro vista anteriormente consiste no objeto que será contado.
As regras que aqui são apresentadas, denominadas regras de enumeração,
correspondem ao modo de se fazer a contagem de tais registros. Existem diversos tipos
de enumeração: enumeração por presença (ou ausência); enumeração por freqüência;
enumeração por freqüência ponderada; enumeração por intensidade, que depende da
modalidade de expressão de cada unidade de registro apresentada conforme a
intensidade (semântica) de uma palavra (exemplo: estar em desacordo, reprovar,
depreciar, rejeitar todas as indicam não aprovação mas em intensidade diferente);
direção, que recorre do estudo da freqüência a partir do qual podemos representar os
resultados em forma de perfis que podem ser favoráveis, desfavoráveis ou neutros se o
estudo for de aceitação de algo; ordem, que se observa devido à seqüência em que
surgem as unidades de registro, pode ser um índice pertinente se o documento
analisado for uma entrevista ou relato.
c – Escolha das categorias - categorização
Segundo BARDIN (1977, p. 117) :
A categorização é uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto,
por diferenciação e, seguidamente, por reagrupamentos segundo o gênero, com os critérios
previamente definidos. As categorias, são rubricas ou classes, as quais reúnem um grupo de
elementos (unidades de registro, no caso da análise de conteúdo) sob um título genérico,
agrupamento esse efetuado em razão dos caracteres comuns destes elementos.
A categorização tem por objetivo fornecer uma representação simplificada,
através de elaboração de resumos ao essencial dos dados brutos. Para isso se fazem:
um inventário – isola os elementos;
uma classificação – reparte os elementos conforme seu interesse
A categorização pode ser efetuada de duas formas:
é dado um sistema de categorias e os elementos são separados conforme
vão sendo encontrados, ou,
não é fornecido um sistema de categorias e as palavras sofrem uma
classificação analógica (agrupadas pela afinidade de sentido).
85
Segundo BARDIN (1977:122), um conjunto de categorias será considerado
bom se apresentar as seguintes qualificações:
exclusão mútua – “cada elemento não pode existir em mais de uma
divisão.”
homogeneidade – a categorização deve ser organizada a partir de um
único princípio de classificação. “Num mesmo conjunto categorial, só se
pode funcionar com um registro e com uma dimensão da análise.”
pertinência – “O sistema de categorias deve refletir as intenções da
investigação, as questões do analista e/ou corresponder às características
das mensagens.”
objetividade e fidelidade – “As diferentes partes de um mesmo material,
ao qual se aplica a mesma grelha categorial, devem ser codificadas da
mesma maneira, mesmo quando submetidas a várias análises.”
produtividade – “Um conjunto de categorias é produtivo se fornece
resultados férteis: férteis em índices de inferências, em hipóteses novas e
em dados exatos.”
Na maioria dos casos é necessário que se crie a grelha categorial (conjunto de
categorias) para a sua análise. Entretanto, as grelhas utilizadas por pesquisadores
anteriormente podem servir de inspiração. BARDIN (1977, p.153) afirma ser a análise
por categorias cronologicamente a mais antiga e na prática a mais usada, pois
“...funciona por operações de desmembramento do texto em unidades, em categorias
segundo reagrupamentos analógicos.”
2.5.3.2 Exploração do Material
A exploração do material será efetuada de forma ordenada e com cientificidade
se todos os passos da pré-análise estiverem bem definidos, sendo suficiente a aplicação
sistemática das decisões tomadas. Nessa fase, quer o processo seja manual ou através
de computadores é importante que se tenha em mente sempre os objetivos da pesquisa
para que a coleta de dados seja feita de forma objetiva, precisa e produtiva.
86
2.5.3.3 Tratamento dos Resultados
Nesta fase, segundo BARDIN (1977, p. 101):
Os resultados brutos são tratados de maneira a serem significativos («falantes») e válidos.
Operações estatísticas simples (percentagens), ou mais complexas (análise factorial),
permitem estabelecer quadros de resultados, diagramas, figuras e modelos, os quais
condensam o põem em relevo as informações fornecidas pela análise. Para um maior rigor,
estes resultados são submetidos a provas estatísticas, assim como a testes de validação.
Tendo em mãos tais resultados é possível ao pesquisador:
propor inferências a propósito dos objetivos previstos,
expor descobertas inesperadas;
fazer inferências que podem servir de base para uma outra análise, que
pode ser baseada em novas dimensões teóricas ou praticada com técnica
diferente.
2.5.4 A Análise de Conteúdo, a Terminologia e a Lingüística Aplicada
A utilização dos procedimentos da Análise de Conteúdo em documentos
considerados textos especializados pode conduzir a uma análise das unidades
terminológicas do documento examinado. Segundo BARDIN (1977, p.119), “A
análise de conteúdo assenta implicitamente na crença de que a categorização
(passagem de dados brutos a dados organizados) não introduz desvios (por excesso ou
por recusa) no material, mas que dá a conhecer índices invisíveis, ao nível dos dados
brutos.” O procedimento da categorização permite determinar as relações conceituais
entre as unidades terminológicas do documento examinado, de forma objetiva sem
introduzir desvios, é importante instrumento para a Terminologia.
É claro o potencial do uso da Análise de Conteúdo na Lingüística Aplicada. Ela
é um instrumento muito útil como procedimento de pesquisa, conforme afirma
ARAUJO NETO (2005, p. 42): “A Análise de Conteúdo tem grandes possibilidades de
utilização no campo da Lingüística Aplicada, particularmente na sistematização de
dados obtidos com perguntas abertas em questionários e entrevistas, (...) Além de
poder ser utilizada em qualquer discurso ou suporte ...”
87
3 METODOLOGIA
Esta pesquisa utiliza fundamentos da Terminologia e de Análise de Conteúdo
para coletar e ordenar os dados. A organização das unidades terminológicas da
linguagem de especialidade do ensino da escrita japonesa em conjuntos estruturados
representará a realidade dessa área de ensino, o que nos permitirá uma visão global
sobre a mesma.
A seguir descrevem-se os passos adotados na pesquisa.
3.1 LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO
Foi realizado um levantamento bibliográfico a partir da análise de obras
pertencentes ao acervo da área de Japonês do Departamento de Letras e Tradução da
Universidade de Brasília, da Associação de Estudos da Língua Japonesa de Brasília e
biblioteca pessoal. O corpus foi determinado seguindo os passos indicados pela
Análise de Conteúdo em textos especializados da seguinte forma:
3.1.1 Primeira Etapa
Na primeira etapa, a escolha foi determinada a partir da verificação de
características facilmente identificáveis de cada obra como título, autor, data de
publicação e sumário, sendo selecionados documentos cuja abrangência e relevância
de conteúdo fosse importante para a presente pesquisa.
3.1.2 Segunda Etapa
Numa segunda etapa, selecionamos as seguintes obras por tratarem
especificamente de escrita japonesa e seu ensino:
KOIZUMI, T. Nihongono seishohô. Tóquio: Daishuukanshoten, 1996,
456p.
NAGANO,T. Nihongo hyougen’hô. Tóquio: Tamagawadaigaku
Shuppanbu, 2001, 208p
88
OKI, H. Yasashii nihongo shidô 7 moji/hyôki. Tóquio: Kokusai Nihongo
Kenshûkyôkai. 1999, 108p.
SATO, K. (org) Kanjikôza. Tóquio: Meijishoten, 1988, 329p.
TAKAGI, H. Nihongono mojihyôki nyûmon. 4.ed. Tóquio: Babel Press,
2003. 153p.
TAKEBE, Y. Mojihyôki to nihongokyôiku. Tóquio: Bonjinsha, 1991, 410p.
TAKEBE,Y. Kanjino oshiekata. Tóquio: ALC Kabushikigaisha, 1989,
238p.
TOMITA, T; SANADA, K. Hyôki. Tóquio: Bonjinsha, 1988: 318p.
TOMITA, T.; SANADA, K. Shin hyôki. Tóquio: Bonjinsha, 1997, 287p.
3.2 ESTABELECIMENTO DO CORPUS
A escolha das obras que compuseram o corpus foi realizada com a utilização do
seguinte procedimento:
leitura flutuante
16
- para conhecer cada obra acima descriminada,
extraindo uma idéia geral de seu conteúdo;
seleção de obras – as obras foram selecionadas levando-se em
consideração:
a caracterização do autor: um especialista em ensino de língua
japonesa;
finalidade: textos escritos com a finalidade de esclarecer quais as
características do ensino da escrita japonesa;
elaboração do texto: com informações relevantes e mais recentes
possíveis sobre o assunto.
O corpus final acabou se reduzindo a textos dos autores Oki e Takagi, pois
trazem de forma clara, precisa e concisa os fundamentos básicos da escrita japonesa, o
seu uso regido pela norma atual e o seu ensino.
16
leitura flutuante – denominação por analogia com a atitude de um psicanalista. Trata-se de uma
atividade que consiste em estabelecer contato com o documento a analisar, extraindo a idéia geral
do texto, deixando-se invadir por impressões e orientações. (BARDIN, 1977).
89
Uma vez selecionadas as obras que compõem o corpus, foram realizadas
leituras pormenorizadas de cada uma, de forma a possibilitar a coleta de dados, através
do método de indexação, cuja qualidade pode ser verificada através de critérios que
permitem analisar a:
exaustividade – verificando se os conceitos tratados nos documentos estão
bem representados;
seletividade – verificando se as informações coletadas são apenas aquelas
que interessam para alcançar os objetivos propostos;
especificidade – verificando se os termos coletados traduzem, da forma
mais precisa possível, o conteúdo das obras examinadas (Sendo os termos
coletados nem muito gerais e nem muito específicos em relação às noções
expressas nas obras);
uniformidade – verificando se os termos coletados nas obras descrevem
um mesmo assunto da mesma forma.
A seguir passaremos a descrever os instrumentos utilizados para a coleta de
dados, que no nosso caso são as unidades terminológicas da linguagem de
especialidade do ensino da escrita japonesa.
3.3 COLETA DE DADOS
A coleta das unidades terminológicas foi realizada após se estabelecerem critérios
para definir quais informações seriam relevantes para a pesquisa. A coleta não se
restringiu à unidade terminológica, mas também, às informações referentes à sua
definição. As informações foram registradas em ficha própria, denominada Ficha
Terminológica de Coleta, descrita em seguida.
3.3.1 Ficha Terminológica de Coleta
Trata-se de uma ficha que consta de vários campos, tantos quanto forem
necessários para coletar todas as informações relevantes e necessárias que o texto
permita extrair, dados esses necessários para a execução da pesquisa.
90
A ficha de coleta elaborada para a presente pesquisa possui os seguintes
campos:
1 – Unidade terminológica de entrada, coletada em língua japonesa;
2 – Número da ficha de coleta;
3 – Fonte da coleta;
4 – Sinônimo;
5 – Hipônimo;
6 – Hiperônimo;
7 – Equivalente em inglês;
8 – Definição;
9 – Contexto
17
;
10 – Observações;
3.3.2 Registro na Ficha de Coleta
A coleta das unidades terminológicas foi efetuada na língua de origem dos
dados – língua japonesa, procurando-se preencher todos os campos da ficha
terminológica de coleta, através de leitura exaustiva do texto, selecionando-se as
palavras chaves de cada tópico examinado. Caso houvesse informações simultâneas de
definição e inclusão do termo em um contexto pertinente que auxiliasse a definição,
foram coletadas essas duas informações. As informações quanto à origem dos dados
estão indicadas no campo de registro das mesmas. O corpus examinado na pesquisa
terminológica compõe-se das obras:
OKI, H. Yasashii nihongo shidô 7 moji/hyôki. Tóquio: Kokusai Nihongo
Kenshûkyôkai. 1999, 108p.
TAKAGI,H. Nihongono mojihyôki nyûmon. 4.ed. Tóquio: Babel Press,
2003. 153p.
17
Tanto em relação à definição como contexto, a fonte e a página de onde foi coletada está inserida
junto ao texto correspondente.
91
Utilizando-se a ficha de coleta elaborada com os campos descriminados no
item anterior, foram coletadas unidades terminológicas e dados relativos às mesmas
conforme o exemplo abaixo.
FIGURA 6 – EXEMPLO DE UMA FICHA DE COLETA
FICHA TERMINOLÓGICA DE COLETA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
文字
No.
001
Fonte da coleta
Fonte 1 – TAKAGI,Hiroko. Nihongono moji·hyôki nyûmon.Tokyo. Babel
Press,2003.153p.
Hipônimo(s)
Hiperônimo(s)
日本語教育の表記
Sinônimo
Equivalente em inglês
Definição
Fonte 1 – pg 6
文字は、情報・思想面から文化などを保存、伝達、表現するための仲介をなす
特殊な記号やシンボルで、音声を視覚的にとらえるかたちに造形化・体系化し
たもの。
文字は、機能面から論じた場合、口から発れられた消えやすい音声言語を写し
どり、記録し、固定化するシステムです。ですから、文字は口から発せられる
ことばを対応関係にあることが必須条件です。
3.4 ELABORAÇÃO DOS DADOS COLETADOS
O fato do corpus estar apresentado em língua japonesa e da coleta de dados ter
sido feita,conseqüentemente, nessa língua tornou necessária a tradução e elaboração
das informações em português. Com a finalidade de organizar os dados coletados em
língua portuguesa, preparamos uma ficha onde esses dados foram registrados,
denominando-a ficha terminológica de elaboração.
A principal dificuldade encontrada na elaboração dos dados coletados em língua
portuguesa foi encontrar a denominação equivalente em português de um conceito
denominado em língua japonesa. Pois nem sempre existe uma mesma realidade,
principalmente quando o objeto é o estudo de um aspecto da língua que nem sempre
existe em outra língua, e muitas vezes culturas diferentes classificam a mesma
92
realidade de forma diferente. A tradução, então, representa um processo de
transferência de informação entre duas línguas com sistemas de expressão diferentes
integradas cada uma delas a sistemas culturais específicos e muito diferentes. Neste
ponto, gostaria de lembrar que a pesquisa trata do ensino do sistema de escrita que é
típico da língua japonesa, completamente diferente daquele que utilizamos no sistema
de escrita alfabética.
Em nossa pesquisa, a terminologia é relevante na prática da procura da
equivalência pois:
tratam-se de unidades terminológicas e fraseológicas próprias da área de
conhecimento especializado pesquisado;
sendo um texto especializado preciso, há um grande número de unidades
terminológicas contidas no mesmo.
Durante a procura da equivalência entre a unidade terminológica coletada em
língua japonesa e o seu correspondente em língua portuguesa, nos deparamos com as
seguintes situações:
a documentação especializada como dicionários especializados bilíngües
(japonês-português) é praticamente inexistente;
não dispomos, na língua de chegada, de informações das unidades
terminológicas de partida adequadamente descritos;
Os fatos acima descritos, fizeram com que procurássemos por empréstimos em
tradução literal para denominar conceitos típicos da escrita japonesa, baseando-nos no
pensamento de Guilbert (vide item 2.4.8), que afirma que a transferência de
conhecimento vem acompanhada muitas vezes de uma transferência de terminologia.
As denominações elaboradas e adotadas como equivalentes a partir de
empréstimos diretos e/ou tradução literal foram analisadas por especialistas, sendo
adotada aquela considerada mais adequada pela maioria do grupo de consulta.
Todas as informações obtidas através de consultas a obras de referência foram
registradas em ficha própria denominada Ficha Terminológica de Elaboração em
campo próprio que foi denominado Considerações.
93
A seção a seguir descreve a Ficha Terminológica de Elaboração e apresenta
dois exemplos.
3.4.1 Ficha Terminológica de Elaboração
A Ficha Terminológica de Elaboração foi construída contendo campos que
permitissem registrar as seguintes informações:
1 – unidade terminológica coletada transcrita em alfabeto romano.
2 – o número da ficha de elaboração, que deve coincidir com o número da
ficha de coleta.
3 – equivalente, em língua vernácula, à unidade terminológica coletada.
4 – empréstimo direto em língua japonesa transcrito em alfabeto latino, no
caso de impossibilidade de se encontrar um equivalente apropriado; ou
empréstimo por tradução literal conforme ISO WD 704.1, p.38: “O
empréstimo direto será utilizado no caso da denominação por tradução
literal se transformar em uma explicação muito longa.”
5 – todos os demais itens constantes na ficha de coleta foram traduzidos para o
português, exceto o campo equivalente em inglês. A partir da tradução da
definição ou contexto coletado; foi criado um texto em português
condensando a informação, ou foi mantido o original caso fosse curto.
6 – O campo “considerações” da ficha de elaboração traz as justificativas para
a adoção de determinadas terminologias como equivalente e indicação das
fontes que tornaram possível adotar tais denominações. Pode haver
também complementação de informação relevante para efetivar a
definição da unidade terminológica considerada, obtida através de
consultas a obras de referência.
A seguir apresentamos exemplos de ficha terminológica de elaboração para
ilustrar a explicação acima.
94
FIGURA 7 – EXEMPLOS DE FICHA TERMINOLÓGICA DE ELABORAÇÃO
PREENCHIDA
FICHA TERMINOLÓGICA DE ELABORAÇÃO
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade Terminológica (UT) de coleta: Moji No.
001
UT equivalente no vernáculo
Grafema
UT de empréstimo
Hipônimo(s)
Grafema semântico,Grafema fonético,
Sinais gráficos
Hiperônimo(s)
Ensino da escrita
Sinônimo(s)
Equivalente(s) em inglês
Categorização
Grafema
Tradução da definição
O grafema é um sinal ou símbolo especial que serve de intermediário para preservar,
transmitir e expressar a cultura através das informações e idéias, transformando em forma
visível a linguagem verbal modelando-a e sistematizando-a.
Considerações
Os dicionários japonês – português trazem o vocábulo moji equivalente ao vocábulo letra.
Entretanto, preferimos utilizar grafema pois segundo HOUAISS (2001,p.1472) grafema
indica unidade de um sistema de escrita que, na escrita alfabética, corresponde às letras
(e também a outros sinais distintivos, como hífen, o til, sinais de pontuação, os números,
etc.) e na escrita ideográfica corresponde aos ideogramas.
DUBOIS, J et al (1973,p.41,313,360) considera grafema – um elemento abstrato de um
sistema de escrita que se realiza por formas chamadas alografes (na escrita, o alografe é a
representação concreta ou uma das representações concretas do grafema elemento
abstrato). E letra – termo geral empregado para designar cada um dos elementos gráficos
de que é constituído um alfabeto e que são utilizadas nas escritas alfabéticas.
CRYSTAL,D. (2000, p.128) diz” grafema – a unidade mínima contrastiva no sistema de
escrita de uma língua.”
As definições acima nos levaram a considerar grafema como elemento do vernáculo que é
mais adequado como equivalente para moji.
FICHA TERMINOLÓGICA DE ELABORAÇÃO
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade Terminológica (UT) de coleta: tenchû
No.
067
UT equivalente no vernáculo UT de empréstimo
Composição por sinédoque
Hipônimo Hiperônimo
Rikusho
95
Sinônimo Equivalente em inglês
Categorização
Grafema
Tradução da definição
Fonte 1 – p. 52
Tenchû corresponde a fazer o uso do ideograma correspondendo ao novo significado.
Pode-se afirmar que se uma mudança no significado do ideograma, através de uma
associação de idéias. Trata-se do uso do ideograma fazendo uma interpretação ampliada
do significado que já possui.
Fonte 2 – p. 15
O ideograma [longo,comprido] é um pictograma oriundo da figura de um idoso com
longos cabelos. O significado indicava longo e também idoso. Mais tarde, esse
significado foi ampliado para indicar “o cabeça” , “o chefe”.
Considerações
TAKAMIZAWA,H. et al (2004,p. 129) afirmam que tenchû é resultado da ação de ao
invés de construir um novo ideograma para introduzir um novo conceito, usa-se o
ideograma que já existe para esse fim.
DUCROT,H.;TODOROV,T.(1988,p.254) “Sinédoque: emprego de uma palavra num
sentido cujo significado habitual é apenas uma de suas partes.”
3.4.2 – Consulta a Especialistas
Foi realizada uma consulta, por escrito, a especialistas em língua japonesa com
a finalidade de avalizar a equivalência entre os termos coletados em japonês e os
termos em português por nós sugeridos e de ajudar na escolha de uma tradução
definitiva (definitiva para fins deste trabalho, entenda-se).
Para tanto, cada especialista recebeu um formulário de consulta em que, para
cada termo em japonês eram apresentadas sugestões de traduções em português e em
alguns casos o empréstimo direto. A cada um era pedido que escolhesse o termo que
considerasse mais adequado em cada caso. Também havia um espaço para sugestão
caso nenhuma das possibilidades fosse aprovada pelo especialista. A figura 7 é um
exemplo do tratamento dado a uma unidade terminológica no formulário de consulta.
FIGURA 8 – EXEMPLO DO FORMULÁRIO DE CONSULTA A ESPECIALISTAS
表記法
Método de escrita
Método de transcrição fonética
Notação
Sugestão caso não considere
nenhuma apropriada
96
O formulário de consulta foi distribuído entre 8 dos especialistas que
participaram da XVII Encontro de Professores Universitários de Língua, Literatura e
Cultura Japonesa e IV Congresso Internacional de Estudos Japoneses, realizado em
setembro deste ano, em São Paulo Não houve dificuldade em relação à receptividade.
As respostas à consulta foram devolvidas, em papel, no dia seguinte ou por via correio
eletrônico nas semanas seguintes.
Ao se recolherem as fichas foi feito um levantamento da freqüência das
escolhas. Constatou-se uma forte tendência para a utilização do empréstimo direto.
Sendo nosso objetivo encontrar a equivalência da denominação das unidades
terminológicas coletadas em língua portuguesa, optamos sempre pela opção mais
votada em português. Isso apesar do fato de que, se houvesse um termo em japonês
(empréstimo direto) entre os termos sugeridos, aquele, via de regra, era o mais votado
pelos especialistas.
A partir da elaboração dos dados coletados em língua portuguesa e a
validação, por especialistas, da denominação equivalente adotada, foi possível registrar
os dados obtidos de forma sistematizada a partir da análise e categorização das
unidades terminológicas coletadas. Os dados obtidos a partir da análise e categorização
estão registrados em fichas que denominamos de Ficha Terminológica Definitiva. O
procedimento de análise, categorização e registro na Ficha Terminológica Definitiva
está descrito no capítulo 4.
97
4 RESULTADO E DISCUSSÃO
O exame de textos especializados referentes à área de ensino da escrita, com o
uso de procedimentos de pesquisa da Terminologia, que incluíram a copilação,
recopilação e análise das unidades terminológicas de sua linguagem de especialidade,
permitiu-nos chegar a resultados que passaremos e expor e discutir em seguida.
4.1 COLETA DAS UNIDADES TERMINOLÓGICAS
O estabelecimento do corpus para a realização desta investigação seguiu os
procedimentos indicados pela Análise de Conteúdo e critérios de CABRÉ (2002, p.3-
13) para análise de textos especializados. Sendo considerados dois aspectos:
a) as condições de produção, transmissão e recepção que envolvem as
características do emissor (um especialista); dos destinatários (um especialista ou
aprendente de especialista); a forma de transmissão e o meio de circulação;
b) a estrutura textual, que inclui a estrutura formal do texto, a estrutura
cognitiva e a estrutura lingüística.
A precisão do texto especializado é medida considerando-se o número de
unidades terminológicas contidas no mesmo. Quanto maior o número de unidades
terminológicas da área de conhecimento de que trata o texto, mais preciso será o texto.
O conteúdo de um texto é expresso pelo vocabulário da linguagem de
especialidade da área de conhecimento de que trata esse texto, ou seja, pelas unidades
terminológicas de sua linguagem de especialidade. No nosso caso, a linguagem de
especialidade do ensino da escrita japonesa.
Os textos que compõem o corpus preenchem as condições indicadas acima, pois
foram elaborados por especialistas em ensino de língua japonesa, dirigidos para
professores e estudantes da escrita japonesa, ou seja, do sistema gráfico de notação da
língua japonesa.
Os textos selecionados são especializados, uma vez que tratam do tema
investigado com utilização de recursos próprios de uma língua particular, ou seja, a
linguagem de especialidade do ensino da escrita japonesa. As unidades terminológicas
98
contidas no texto mantêm relações conceituais que permitem a descrição da estrutura
da área de conhecimento que o texto aborda.
4.1.1 – Coleta
A coleta de unidades terminológicas e informações pertinentes foi efetuada após
a leitura e análise da linguagem de especialidade utilizada nos textos analisados. O fato
de um dos textos apresentar as palavras chaves em destaque facilitou em muito a
localização das unidades terminológicas. Após a localização e identificação da unidade
terminológica, foi efetuada uma seleção de forma que a informação coletada
fornecesse dados para uma classificação através das relações conceituais mantidas
entre elas. Como afirmamos anteriormente, a coleta de dados não ficou restrita à
unidade terminológica. Foram coletados dados referentes à sua definição e
informações relevantes para a descrição da intensão da unidade terminológica
coletada. Essa coleta resultou em um repertório de unidades terminológicas que
representa o conteúdo do corpus.
4.1.2- Controle de Qualidade
Após a coleta, esse repertório foi submetido a uma análise de controle de
qualidade segundo os critérios indicados por GUINCHAT e MENOU (1994.p.180)
como:
- exaustividade, isto é, verificar se todos os temas, objetos e conceitos tratados pelo
documento foram bem representados na indexação;
-seletividade, isto é, verificar se foram retidas apenas as informações que interessam ao
usuário;
-especificidade, isto é, ver se a descrição traduz da forma mais precisa possível, o conteúdo do
documento e que não utiliza descritores muito gerais ou muito específicos em relação às
noções expressas no documento.
A verificação foi efetuada pela comparação das unidades terminológicas
coletadas e os temas tratados pelo corpus . Como as unidades terminológicas coletadas
descrevem os temas tratados pelo corpus verificamos que este conjunto representa o
mesmo com:
99
exaustividade – pois foram coletadas unidades terminológicas referentes a
todos os temas abordados no corpus;
seletividade – pois foram retiradas apenas unidades terminológicas que
tratam do objeto de pesquisa;
especificidade – as unidades terminológicas coletadas descrevem de
forma mais precisa possível o conteúdo do corpus.
As unidades terminológicas foram objeto de análise com a finalidade de:
obter a equivalência em língua portuguesa das mesmas, uma vez que a
coleta foi efetuada em língua japonesa;
classifica-las segundo a afinidade de sentido, ou seja, classificar segundo
os temas tratados;
identificar as relações conceituais entre as unidades terminológicas
coletadas.
4.2 CATEGORIZAÇÃO DAS UNIDADES TERMINOLÓGICAS
A categorização classifica os elementos constituintes de um documento por
diferenciação e em seguida por reagrupamento, segundo critérios que podem ou não
ser previamente definidos.
O critério utilizado para a categorização foi o de classificação analógica,
seguindo BARDIN (1977, p.119 – 122) que afirma ser a categorização a passagem de
dados brutos para dados organizados sem introduzir desvios no material, devendo
possuir as seguintes qualidades:
exclusão mútua – cada elemento não pode existir em mais de uma divisão;
homogeneidade – a organização deve ser feita seguindo um único
princípio;
pertinência – deve refletir as intenções da investigação;
objetividade e fidelidade – as diferentes partes do material devem ser
codificadas da mesma maneira;
100
produtividade – se fornecem resultados que permitem inferências,
hipóteses novas e dados exatos.
Tendo em mente os critérios acima, passamos a agrupar as unidades
terminológicas conforme o tema abordado. Por exemplo: Selecionando todas as
unidades terminológicas que fazem referência a ideograma. Ao fim dessa seleção,
notamos que as unidades terminológicas tratavam do grafema em si, das normas de
utilização e indicações para o seu ensino. Por essa razão foi efetuada uma nova
seleção, levando em consideração esses três enfoques. Ao selecionar as unidades
terminológicas referentes aos fonogramas observamos, também, a existência desses
três enfoques. Esses fatos permitiram tornaram possível selecionar e agrupar as
unidades terminológicas por temas (afinidade de sentido), estabelecendo-se três
grupos:
Grupo 1 – Grafema - Origem, desenvolvimento e constituição dos grafemas –
que reúne unidades terminológicas que dizem respeito a como são os grafemas da
escrita japonesa;
Grupo 2 – Uso – Como são utilizados os três tipos de grafemas da escrita
japonesa – em que se reúnem unidades terminológicas que estão relacionadas ao uso e
funções dos grafemas e normas ortográficas vigentes;
Grupo 3 – Ensino da escrita japonesa – Procedimentos para o ensino da
escrita japonesa – que reúne unidades terminológicas relacionadas às diretrizes do
processo de ensino dos grafemas.
Dessa forma, a área de Ensino de Escrita Japonesa descrita pela unidade
terminológica “Ensino do Sistema Gráfico de Notação da Língua Japonesa” pode
ser descrita pelas categorias: 1 Grafema, 2 Uso e 3 Ensino. Esse mesmo raciocínio foi
utilizado para encontrar as relações hierárquicas subseqüentes.
4.3 CONCEITO
A representação de uma área do conhecimento de forma organizada pode ser
efetuada através de um conjunto organizado de unidades terminológicas. A unidade
terminológica é a designação de um conceito. Não se trata do nome de um objeto
101
material ou não material existente. Ao observarmos objetos existentes ao nosso redor,
formamos conceitos por meio de uma seleção das características relevantes e
atribuímos uma unidade terminológica para designar cada um desses conceitos. A
unidade terminológica indica o conceito de uma classe de objetos e não objetos
individuais. Por exemplo, de todas as cadeiras que vimos e conhecemos descartamos
características particulares como cor, fabricante, material, e até número de pernas, e
usamos as características que todos os objetos dessa classe têm em comum (como o
fato de servir para sentar, o fato de ter um assento, o fato desse assento estar apoiado a
uma certa distância do chão, o fato de ter um encosto, etc.) para compor o conceito de
cadeira.
Por estarmos tratando linguagem de especialidade de uma área do
conhecimento, o conceito não é apenas uma unidade de pensamento, mas é também
uma unidade de conhecimento. As propriedades específicas do objeto são
denominadas características, elementos conceituais ou elementos de conhecimento do
mesmo. São essas características que descrevem um conceito.
O conceito associado à unidade terminológica é descrito pela definição, pois a
definição fixa a posição do mesmo em um dado sistema de conceitos. A definição, por
sua vez, deve ser precisa – a precisão está medida pela utilização de linguagem
específica pertinente; concisa e adequada para a finalidade proposta.
Ao analisarmos os dados coletados de cada unidade terminológica e ao
separarmos e agruparmos as unidades terminológicas em conjuntos segundo a
categorização indicada no item anterior, encontramos unidades terminológicas
coletadas cujas informações eram complementares. Resolvemos, então, agrupar essas
informações registrando-as em uma única ficha que denominamos de Ficha
Terminológica Definitiva.
Este tipo de seleção e agrupamento trouxe uma redução na quantidade de
unidades terminológicas a serem consideradas para análise. Essa redução ocorreu
devido à reunião de unidades terminológicas que mantinham relação horizontal com o
seu superior hierárquico comum. Por exemplo: reunimos as unidades terminológicas
102
coletadas como “grafema fonético”- ficha número 005, “grafema silábico”- ficha
número 020 e “grafema segmental” – ficha número 021.
A figura 8 é constituída das fichas terminológicas de elaboração acima citadas
e tem a finalidade de esclarecer como se deu a redução do número de unidades
terminológicas coletadas apresentando como resultado a ficha terminológica definitiva
número 018
FIGURA 9 – FICHAS DE ELABORAÇÃO UTILIZADAS PARA CRIAR A FICHA
TERMINOLÓGICA DEFINITIVA 18
FICHA TERMINOLÓGICA DE ELABORAÇÃO
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade Terminológica (UT) de coleta: hyôon’moji
No.
005
UT equivalente no vernáculo
Fonograma
UT de empréstimo
grafema fonético
Hipônimo(s)
Man’yôgana, Rômaji
Hiperônimo(s)
Sistemas de grafemas da língua japonesa
Sinônimo(s)
Fonograma, kana
Equivalente em inglês
Phonogram
Categorização
Grafema
Tradução da definição
.... por outro lado o que ocorre com o kana ? Em [ki] e [ha] há forma e som (leitura),
mas não há significado. Devido a esse fato o kana é denominado grafema fonético.
Como não são atribuídos significados a esses símbolos é possível usá-los para escrever
despreocupadamente. Além disso, o grafema fonético é um kana que representa uma
sílaba. Não é como no alfabeto romano em que uma sílaba é representada por uma vogal
ou pela associação de uma consoante com uma vogal.
103
Considerações:
Segundo DUBOIS et al (1973,p.284)) “ Nas escritas ideogramáticas , chama-se
fonograma a um signo que, capaz de funcionar noutras situações com o seu valor pleno
de ideograma, é utilizado para o transcrição do consonantismo de uma palavra
homônima daquela que designa o ideograma. ... Num estágio mais desenvolvido, os
fonogramas representam sons silábicos, como na escritura dos antigos mesopotâmios,
que dispunham de caracteres para representar sílabas ... “
Sampson (1996, p.31) admite na escrita “ os sistemas logográficos são os que baseiam
nas unidades significativas; os sistemas fonográficas têm como base as unidades
fonológicas”
Desta forma adotamos para hyôon’moji que equivale a representação gráfica de um som
a denominação equivalente grafema fonético. Tomaremos a liberdade de utilizar como
sinônimo a terminologia fonograma conforme indicada o equivalente em língua inglesa
indicada por TAKAMIZAWA,H. et al (2004,p.128).
Outro sinônimo que utilizaremos é kana, como o próprio texto indica.
FICHA TERMINOLÓGICA DE ELABORAÇÃO
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade Terminológica (UT) de coleta onsetsumoji
No.
020
UT equivalente no vernáculo UT de empréstimo
Grafema silábico
Hipônimo
Man’yôgana, rômaji
Hiperônimo
Sistema de grafemas da língua japonesa
Sinônimo Equivalente em inglês
Categorização
Grafema
Tradução do contexto
O grafema fonético consiste dos: grafema silábico (hiragana, katakana) e grafema
segmental (rômaji).
Considerações
Os sistemas de grafemas hiragana e katakana são denominados silábicos uma vez que
cada grafema representa uma sílaba em língua japonesa.
FICHA TERMINOLÓGICA DE ELABORAÇÃO
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade Terminológica (UT) de coleta tan’on moji
No.
021
UT equivalente no vernáculo UT de empréstimo
Grafema segmental
Hipônimo
Man’yôgana, rômaji
Hiperônimo
Sistema de grafemas da língua japonesa
104
Sinônimo Equivalente em inglês
Categorização
Grafemas
Tradução do contexto
Os grafemas fonéticos consistem de: grafemas silábicos ( hiragana, katakatana) e
grafemas segmentais (rômaji).
Considerações
Sampson (1996,p.39) diz “ As sílabas de qualquer língua podem ser analisadas como
seqüências de elementos derivados de um conjunto menor de segmentos consonantais e
vocálicos que, por sua vez, podem ser vistos como feixes de traços fonéticos de
ocorrência simultânea: em geral, o inventário de traços usados por uma língua será um
tanto menor que o seu inventário de segmentos. (nota 2. Do ponto de vista teórico, é um
equívoco descrever os traços fonéticos como elementos dos segmentos; em vez disso, os
traços sobrepõem-se uns aos outros e ocorrem, simultaneamente e de maneira
complexa, com conseqüências de outros traços dentro de uma sílaba.” (Sampson,
a890a,p.217-8).” Mas aqui não precisamos entrar nesta questão. ... A noção de uma
escrita baseada em segmentos não exige grandes exemplos, pois as ortografias européias
são (pelo menos aproximadamente) segmentais.”
Baseados nas considerações de Sampson adotamos para tan’on’moji a denominação
equivalente a grafema segmental.
Segundo as informações contidas nas fichas acima podemos dizer que:
Hyôon’moji é um grafema que possui forma e som (leitura), mas não tem significado.
Considerando SAMPSON (1996) e TAKAMIZAWA (2004), podemos denominá-lo
de grafema fonético e fonograma. O grafema fonético pode ser silábico ou segmental.
O grafema fonético silábico é denominado também de kana ou então fonograma, e que
a escrita japonesa admite dois tipos de kana: hiragana e katakana.
Outra vez utilizando SAMPSON (1996), podemos dizer que o grafema fonético
segmental utilizado na escrita japonesa consiste no alfabeto latino utilizado na forma
denominada escrita romanizada.
Essas ponderações foram reunidas em uma só ficha denominada, como já
dissemos anteriormente, de Ficha Terminológica Definitiva com os seguintes
campos:
1) unidade terminológica
2) número da unidade terminológica
3) unidade terminológica equivalente no vernáculo
4) unidade terminológica de empréstimo
5) categorização
105
6) fonte (indicada pelo(s) número(s) da(s) ficha(s) terminológica de
elaboração)
7) descrição sistematizada da unidade terminológica – informação que será
base para a elaboração da definição da unidade terminológica
Foi considerada unidade terminológica mais adequada para constar na ficha
definitiva aquela que denomina o conceito mais genérico entre as unidades
terminológicas reunidas, uma vez que a descrição da unidade terminológica foi
elaborada partindo da descrição das unidades terminológicas componentes. A figura
abaixo demonstra o resultado dessa reunião de dados constantes nas fichas
terminológica de elaboração números 005, 020 e 021.
FIGURA 10 – EXEMPLO DE FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
表音文字
Hyôon’moji
No.
018
UT equivalente no vernáculo
Grafema fonético
UT de empréstimo
Fonograma
Categorização
Grafema
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
005, 020 e 021
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Hyôon’moji são grafemas que possuem forma e som (leitura), mas não tem significado.
Devido a esse fato é denominado de grafema fonético. O grafema fonético pode ser
silábico ou segmental. O grafema fonético silábico é denominado também de kana ou
então fonograma. A escrita japonesa admite dois tipos de kana: hiragana e katakana.
O grafema fonético segmental utilizado na escrita japonesa consiste no alfabeto latino
utilizado na forma denominada escrita romanizada.
Essa junção de três fichas em uma só fez com que o número de unidades
terminológicas consideradas fosse reduzido, deixando a coleta mais selecionada, sem
perder a exaustividade, pois dessa forma continuamos com a mesma quantidade e
qualidade de informação. A informação está apresentada de forma mais suscinta,
106
eliminando detalhes que não seriam relevantes para a descrição do conceito, sendo
mantidas apenas aquelas que pudessem auxiliar na elaboração da definição.
4.4 RELAÇÕES CONCEITUAIS
Os preceitos da Terminologia afirmam que as unidades terminológicas são
descritas por sua denominação e conceito. O conceito descrito pela definição não tem
existência isolada, mantém sempre uma relação com outros conceitos da mesma área,
dentro de uma estrutura cognitiva. Os conceitos que descrevem o ensino da escrita
japonesa mantêm relações que podem ser descritas como relações lógicas, pois
baseiam-se na similaridade entre os conceitos que podem ser relação de subordinação,
coordenação ou diagonal.
Por exemplo, a unidade terminológica “sistema de grafemas da língua
japonesa” mantém uma relação vertical com as unidades terminológicas “ideograma”,
“fonograma”, “sinal de pontuação” e “sinal de repetição”, esses últimos sendo seus
subordinados. A unidade terminológica “ideograma” é considerada subordinada de
“sistema de grafemas”, pois “ideograma” é um grafema. Quanto à unidade
terminológica “fonograma”, também é um grafema que tem como característica
possuir forma e leitura. Podemos afirmar que “ideograma” e “fonograma” são espécies
do gênero “sistema de grafemas da língua japonesa”. De “ideograma” e “fonograma”,
por se tratarem de subordinados de mesmo nível de um mesmo gênero, dizemos que
mantêm uma relação horizontal.
É dessa mesma forma que poderemos relacionar as unidades terminológicas
restantes.
4.5 EQUIVALÊNCIA TERMINOLÓGICA
A equivalência de termos em línguas diferentes é realizada através da
comparação entre os conceitos que os definem. A grande dificuldade em terminologias
multilíngües está no fato de que a realidade em cada cultura é descrita de forma
diferente de outra. E também é muito difícil denominar conceitos que existem em uma
língua mas não existem em outras. Há também casos em que são encontradas várias
107
denominações equivalentes, quando a seleção da mais adequada é também
problemática.
Discutimos alguns casos a seguir:
moji – os dicionários de língua trazem para esta unidade terminológica o
equivalente “letra”. Entretanto, em dicionários especializados “letra” é denominação
para designar cada um dos elementos gráficos utilizadas nas escritas alfabéticas.
Quanto ao termo “grafema”, tanto o dicionário de língua geral como o especializado o
definem como unidade mínima de um sistema de escrita. Por esta razão adotamos
como equivalente “grafema”.
rikusho – foi adotado como equivalente “princípio de contrução do
ideograma”, levando-se em consideração o conceito que essa unidade terminológica
representava na língua de partida.
hiragana – foi adotado como equivalente o empréstimo direto pelo fato de tal
tipo de grafema existir apenas na escrita japonesa; e também pelas seguintes razões: a
inconveniência em adotar uma denominação a partir de uma explicação que ficaria
longa, e também pela fato da denominação estar sendo largamente utilizada nos meios
do ensino de língua japonesa como língua estrangeira sem causar estranheza.
rômaji – por ter o significado de letra romana, foi adotada a equivalência
“escrita romanizada”.
Houve casos em que a equivalência foi encontrada por comparação de
conceitos como no caso de moji, outros por explicação do conceito de partida como
rikusho, ou por adoção de empréstimos diretos como hiragana ou por tradução literal
como rômaji.
A equivalência por empréstimo foi levada a julgamento a um grupo de
especialistas. Notou-se uma grande tendência em manter empréstimos diretos, em caso
de ser dada essa possibilidade. A argumentação de alguns especialistas para essa
manutenção é que os japoneses não iriam reconhecer o conceito com a denominação
em língua portuguesa. Ficamos em dúvida quanto à validade de tal argumentação.
Como conseqüência da consulta feita a especialistas, substituímos algumas
denominações das unidades terminológicas em língua portuguesa. Essas modificações
108
foram inseridas no texto na fase final da dissertação. A denominação por empréstimo
utilizada na descrição das unidades terminológicas e no sistema de conceitos é
resultante dessa modificação.
4.6 SISTEMA DE CONCEITOS
As unidades terminológicas têm um valor específico como unidade de
conhecimento da área do ensino da escrita japonesa. Cada uma dessas unidades está
localizada em “nós” de um sistema de conceitos. Esse sistema de conceitos é uma
estrutura cognitiva que transmite o conhecimento especializado relacionando as
unidades de conhecimento específico entre si.
4.6.1 – Organização Conceitual
As relações conceituais são identificadas através da relação entre os conceitos
individuais de cada unidade terminológica considerada. A descrição de uma unidade
terminológica é feita através de suas características. A análise do agregado de
características de cada unidade terminológica permitirá relacionar os objetos
individuais que eles representam.
Sendo nosso propósito apontar as características do ensino da escrita japonesa
apresentadas no corpus examinado, consideramos a unidade terminológica “ensino do
sistema gráfico de notação da língua japonesa” como elemento superordenado
principal. Há duas razões para escolha desse termo como unidade principal:- a unidade
terminológica trata de ensino da escrita japonesa; e a definição dessa unidade
terminológica registra como elementos subordinados as unidades terminológicas
“grafema”, “uso” e “ensino”.
Então, partindo do conceito de ensino da escrita japonesa dada pela unidade
terminológica ensino do sistema gráfico de notação da língua japonesa, podemos
considerar três grandes sub-áreas para a unidade terminológica em questão que são:
“grafema” – tipologia, classificação; descrita pela unidade terminológica
sistema de grafemas da língua japonesa;
109
“uso” – normas de utilização ou seja a ortografia; descrita pela unidade
terminológica escrita padrão do texto em língua japonesa; e
“ensino” descrita pela unidade terminológica ensino do grafema.
Considerou-se a unidade terminológica “ensino do sistema gráfico de notação
da língua japonesa” como um objeto inteiro, ou seja um conceito superordenado, a
partir do qual, por comparação das características essenciais dos conceitos
relacionados, obtivemos uma seqüência de relações entre as unidades terminológicas
analisadas.
A categorização e organização dessas unidades terminológicas permitiram a
construção do sistema de conceitos abaixo representado:
日本語教育における表記法の指導 Hyôkihô no shidô - Ensino do sistema gráfico de
notação da língua japonesa
1. 日本語の文字体系 - Nihongo no moji taikei - Sistema de grafemas da língua
japonesa
1.1 表意文字 - Hyôimoji - Ideograma
1.1.1 六書Rikusho - Princípio de construção do ideograma
1.1.1.1 象形文字Shôkeimoji - Pictograma
1.1.1.2 指示文字Shijimoji - Notação em diagrama
1.1.1.3 会意文字Kaiimoji - Composição associativa
1.1.1.4 形成文字Keiseimoji - Composição por conceito e
som
1.1.1.5 仮借 - Kasha - Composição por rébus
1.1.1.6 転注 - Tenchû - Composição por sinédoque
1.1.2 漢字の音訓 - Kanji no on’kun - Leituras do ideograma
1.1.2.1 訓読み Kun’yomi - Leitura japonesa
1.1.2.2 音読み On’yomi - Leitura chinesa
1.1.3 漢字の字体 - Kanji no jitai - Forma padrão do ideograma
110
1.1.3.1 漢字の画数 - Kanji no kakusû - Número de traços de
um ideograma
1.1.3.2 漢字の筆順 - Kanji no hitsujun -Seqüência de traços
1.1.3.3 漢字の部首 - Kanji no bushu - Radical do ideograma
1.2 表音文字 - Hyôon’moji - Fonograma
1.2.1 万葉仮名 - Man’yôgana - Man’yôgana
1.2.1.1 平仮名 - Hiragana - Hiragana
1.2.1.2 片仮名Katakana - Katakana
1.2.2五十音図 - Gojûon’zu - Tabela do silabário japonês
1.2.3ローマ字Rômanji - Escrita romanizada
1.3 区切り符号 - Kugiri fugô - Sinal de pontuação
1.4 繰り返し符号 - Kurikaeshi fugô - Sinal de repetição
2 漢字仮名交じり文 - Kanji kana majiribun - Escrita padrão do texto em língua
japonesa
2.1 現代日本語の音の表記 - Gendai nihongo no on no hyôki - Escrita dos
sons da língua japonesa atual
2.1.1 直音の表記 - Chokuon no hyôki - Escrita do som básico
2.1.2 撥音の表記 - Hatsuon no hyôki - Escrita do som nasal moraico
2.1.3 濁音の表記 - Dakuon no hyôki - Escrita da sílaba sonorizada
2.1.4 半濁音の表記 - Han’ dakuon no hyôki - Escrita da sílaba
bilabial surda
2.1.5 促音の表記 - Sokuon no hyôki - Escrita da consoante dobrada
2.1.6 長音の表記
- Chôon no hyôki - Escrita da sílaba longa
2.1.7 拗音の表記 - Yôon no hyôki - Escrita do som palatalizado
2.2 Regras ortográficas
2.2.1 定家名遣い - Teika kana zukai - Ortografia Teika do silabário
111
2.2.2 歴史的仮名遣い - Rekishiteki kana zukai - Ortografia histórica
do silabário
2.2.3 現代かなづかい - Gendai kana zukai - Ortografia
contemporânea do silabário
2.2.4 当用漢字表 - Tôyô kanji hyô - Lista de ideogramas de uso
corrente
2.2.4.1 当用漢字音訓表 - Tôyô kanji on kun hyô - Lista de
leituras do ideograma de uso corrente
2.2.4.2 当用漢字字体表 - Tôyô kanji jitai hyô - Lista do padrão
de escrita dos ideogramas de uso corrente
2.2.5 常用漢字表 - Jôyô kanji hyô - Lista de ideogramas de uso diário
2.2.6 現代仮名遣い - Gendai kana zukai - Ortografia atual do
silabário
2.2.7 送り仮名Okurigana - Desinência de palavras
2.2.8 振り仮名Furigana - Guia fonético
2.3 文字の書体Mojino Shotai - Estilo de escrita do grafema
2.3.1 印刷体Insatsutai - Forma impressa
2.3.2 筆写体Hisshatai - Forma manuscrita
2.4 漢字の機能と役割 - Kanji no kinô to yakuwari - Função e papel do
ideograma
2.4.1 漢字の熟語Kanjino Jukugo - Palavra composta por
ideogramas
2.4.1.1 熟語の読み方 - Jukugo no yomikata - Forma de
leitura do jukugo
2.4.2 日本語の語類 - Nihongo no goru i- Tipos de palavras
japonesas
2.5 外来語Gairaigo - Palavra de origem estrangeira
112
2.5.1 外来語の表記 - Gairaigo no hyôki - Escrita de palavras de
origem estrangeira
2.5.2 片仮名の表記 - Katakana no hyôki - Escrita em katakana
2.6 ローマ字のつづり方 - Rômaji no tsuzurikata - Escrita romanizada
3 文字の指導 - Moji no shidô - Ensino do grafema
3.1. 平仮名の指導の基本 Hiragana no shidô no kihon - Fundamentos do
ensino de hiragana
3.1.1 平仮名の導入の順序 Hiragana no dônyû no junjo - Seqüência
de introdução do hiragana
3.2 片仮名の指導 - Katakana no sido - Ensino de katakana
3.2.1 片仮名の指導の基本 - Katakana no shidô no kihon -
Fundamentos do ensino de katakana
3.2.2 片仮名表記の問題 - Katakana hyôki no mondai - Dificuldades
da escrita em katakana
3.3 漢字の指導 - Kanji no shidô - Ensino de ideogramas
3.3.1 漢字の指導の基本 - Kanji no shidô no kihon - Fundamentos do
ensino de ideogramas
3.3.2 漢字の導入方法 - Kanji dônyû hôhô - Formas de apresentar
ideogramas no ensino
3.4 Prática da escrita do grafema
3.4.1 ます目書きMasumegaki - Masumegaki
3.4.2 縦書きTategaki - Escrita vertical
3.4.3 横書きYokogaki - Escrita horizontal
3.4.4 分かち書きWakachigaki – Escrita com espaçamento entre
palavras
3.4.5 原稿用紙の使い方 - Genkô yôshi no tsukaikata - Uso do papel
para manuscrito
113
Esta organização em sistema de conceitos prioriza a relação vertical entre as
unidades terminológicas. Outras relações horizontais que possivelmente poderiam ser
detectadas não foram consideradas.
No item 3 Ensino grafema o sub-ítem 3.4 Prática da escrita do grafema foi
considerado em separado e em relação horizontal com o ensino de cada tipo de
grafema por se tratar de conhecimento que deve ser transmitido independentemente
do tipo de grafema que está sendo ensinado.
4.6.2 Representação Gráfica do Sistema de Conceitos
Os diagramas a seguir representam o sistema de conceitos apresentado acima
em outra forma gráfica, em que linhas evidenciam visualmente as relações entre os
conceitos. Em seguida, apresentaremos as representações gráficas parciais. Primeiro é
apresentado um gráfico em que o conceito principal aparece junto com os três
principais conceitos subordinados. A seguir, cada um desses conceitos encabeça um
gráfico próprio.
FIGURA 11 – DIAGRAMA GERAL DO SISTEMA DE CONCEITOS
日本語教育における表記法の指
Ensino do sistema gráfico de
notação da língua japonesa
1. 日本語の文字体系 -
Sistema de grafemas da
língua japonesa
2 漢字仮名交じり文 -
Escrita padrão do texto
em língua japonesa
3 文字の指導
Ensino do grafema
114
FIGURA 12 – SUBSISTEMA DE CONCEITOS 1 – GRAFEMA
1.1 表意文字
Ideograma
1.2 文字
Fonograma
1.3 区切り符号 Sinal de
p
ontuação
1.4 繰り返し符号 Sinal
de repetição
1. 日本語の文字体系 Sistema de
g
rafemas da lín
g
ua
j
a
p
onesa
1.1.1 六書 Princípio de
contrução do
ideograma
1.1.1.1 象形文字
Pictograma
1.1.1.2 指示文字
N
otação em
diagrama
1.1.1.3 会意文字
Composição
associativa
1.1.1.4 形成文字
Composição por
conceito e som
1.1.1.5 仮借
Composição por
rébus
1.1.2 漢字の音訓
Leituras do
ideograma
1.1.2.1 訓読み
Leitura japonesa
1.1.3.2 漢字の筆順
Seqüência de traços
1.1.2.2 音読み
On’yomi - Leitura
chinesa
1.1.3.3 漢字の部首
Radical do
ideograma
1.1.3 漢字の字体
Forma padrão do
ideograma
1.1.3.1 漢字の画数
N
úmero de traços
de um ideograma
1.2.1 万葉仮名
M
an’yôgana
1.2.1.1 平仮名
H
iragana
1.2.2 五十音図
Tabela do
silabário
j
a
p
onês
1.1.1.6 転注
Composição por
sinédoque
1.2.1.2 片仮名
K
atakana
1.2.3 ローマ字
Escrita
romanizada
115
FIGURA 13 – SUBSISTEMA DE CONCEITOS 2 – USO
2.2 Regras ortográficas
2.3 文字の書体 Estilo de
escrita do grafema
2.4 漢字の機能と役割
Função e papel do
ideograma
2.1
現代日本語の音の表
Escrita dos sons da
lín
g
ua
j
a
p
onesa atual
2.5 外来語 Palavra de
origem estrangeira
2.6 ローマ字のつづり方
- Escrita romanizada
2 漢字仮名交じり文 - Escrita padrão
do texto em lín
g
ua
j
a
p
onesa
2.1.1 直音の表記
Escrita do som
básico
2.1.2 撥音の表記
Escrita do som nasal
moraico
2.1.3 濁音の表記
Escrita da sílaba
sonorizada
2.1.4 半濁音の表記
Escrita da sílaba
bilabial surda
2.1.5 促音の表記
Escrita da consoante
dobrada
2.1.6 長音の表記
Escrita da sílaba
longa
2.2.1 定家名遣い
Ortografia Teika do
silabário
2.2.2 歴史的仮名遣い
Ortografia histórica do
silabário
2.2.4 当用漢字表
Lista de ideogramas
de uso corrente
2.2.3 現代かなづかい
Ortografia
contemporânea do
silabário
2.2.4.1
当用漢字音訓表 Lista
de leituras do
ideograma de uso
corrente
2.2.4.2
当用漢字字体表 Lista
do padrão de escrita dos
ideogramas de uso
corrente
2.2.8 振り仮名
Guia fonético
2.2.7 送り仮名
Desinência de
p
alavras
2.2.6 現代仮名遣い
Ortografia atual do
silabário
2.2.5 常用漢字表
Lista de ideogramas
de uso diário
2.3.1 印刷体 Forma
impressa
2.3.2 筆写体 Forma
manuscrita
2.4.1 漢字の熟語
Palavra composta
p
or ideogramas
2.4.1.1
熟語の読み方
Forma de leitura do
j
ukugo
2.4.2 日本語の語類
Tipos de palavras
j
aponesas
2.5.1 外来語の表記
Escrita de palavras
de origem
estrangeira
2.5.2 片仮名の表記
Escrita em katakana
2.1.7 拗音の表記
Escrita do som
p
alatalizado
116
FIGURA 14 – SUBSISTEMA DE CONCEITOS 3 - ENSINO
3 文字の指導
Ensino do grafema
3.2 片仮名の指導
E
nsino de katakana
3.3 漢字の指導
Ensino de ideogramas
3.4.
Prática da escrita do
g
rafema
3.1.
平仮名の指導の基本
Fundamentos do ensino
de hiragana
3.1.1
平仮名の導入の順序
Seqüência de
introdução do
hira
g
ana
3.4.2 縦書き
Escrita vertical
3.4.3
横書きEscrita
horizontal
3.4.1 ます目書き
M
asumegaki
3.4.4 分かち書き
Escrita com espaça
mento entre palavras
3.4.5
原稿用紙の使い方
Uso do papel para
manuscrito
3.3.1
漢字の指導の基本
Fundamentos do
ensino de ideo
g
ramas
3.3.2 漢字の導入方法
Formas de apresentar
ideogramas no ensino
3.2.1
片仮名の指導の基本
Fundamentos do
ensino de katakana
3.2.2
片仮名表記の問題
Dificuldades da escrita
em katakana
117
5
CONCLUSÃO
Ensinamos língua estrangeira com o propósito de auxiliar na formação do
indivíduo, de forma que o resultado dessa atividade sirva de intrumento para interação
entre pessoas e culturas diferentes.
Um dos desafios do ensino de língua japonesa como língua estrangeira está no
processo de ensino-aprendizagem da escrita japonesa. Sendo uma forma de
representação gráfica da língua efetuada de forma distinta da que estamos
acostumados, muitas vezes os aprendentes criam expectativas devido a crenças e idéias
pré-concebidas, que mais atrapalham que auxiliam o aprendizado. O desenvolvimento
da leitura e escrita dos grafemas está intimamente ligado à expansão do léxico e seu
uso que por sua vez se reflete no aprimoramento da leitura, da produção de texto e da
oralidade (capacidade de ouvir e falar). Demonstando que o ensino da escrita japonesa
é um dos pilares do ensino da língua japonesa.
Esses fatos nos fizeram examinar textos especializados relativos ao ensino da
escrita japonesa com a finalidade de descrever como se apresenta o ensino da escrita
japonesa em tais textos.
A análise dos textos especializados foi realizada utilizando um conjunto de
técnicas indicadas pela Análise de Conteúdo e Terminologia, pois elas permitem:
a organização das operações a serem desenvolvidas como a seqüência de ações
para determinar o corpus, determinar o que coletar, de que forma coletar
(dados registrados na Ficha Terminológica de Coleta);
que a coleta seja objetiva, precisa e produtiva;
organizar cada um dos dados coletados de forma que possamos fazer
inferências (dados registrados na Ficha Terminológica de Elaboração);
categorizar os dados coletados classificando através da separação por
diferenciação e reagrupamento por afinidade, cujo resultado foi registrado na
Ficha Terminológica Definitiva;
analisar os dados registrados na Ficha Terminológica Definitiva de forma a
estabelecer as relações entre seus conceitos;
118
estabelecer das relações entre os conceitos das unidades terminológicas (os
dados coletados) possibilitam a configuração do conhecimento contido nos
textos especializados analisados em forma de um sistema de conceitos,
apresentado em lista sistemática e em representação gráfica.
A metodologia de pesquisa utilizando a Análise de Conteúdo e a Terminologia
permitiu estabelecer de antemão os passos a serem seguidos indicando uma linha
mestra de procedimentos. Podemos apontar, como procedimento relevante que não
havia sido previsto, a necessidade de consulta a especialistas devido ao uso de
empréstimos por tradução literal.
Esse fato ocorreu porque desde o início houve preocupação com a denominação
em língua portuguesa, o que resultou na procura de uma terminologia que melhor
representasse as unidades terminológicas que representam o conhecimento sobre a
escrita japonesa e seu ensino. Houve um empenho para adotar equivalências por
empréstimo com tradução literal, em caso de não haver equivalente no vernáculo.
Tornando necessária a opinião de especialistas para avalisar a terminologia utilizada.
A partir do sistema de conceitos obtido podemos afirmar que o ensino da escrita
japonesa descrita pela unidade terminológica ensino do sistema gráfico de notação da
língua japonesa é constituído de três grandes vertentes que são: o conhecimento sobre
o grafema propriamente dito indicada pela categoria grafema, o conhecimento sobre o
uso dessses grafemas indicada pela categoria uso e os procedimentos para o ensino
indicada pela categoria ensino, como descrevemos a seguir.
A categoria grafema nos mostra a necessidade do conhecimento da evolução da
escrita – grafema – ao lado da evolução da história literatura japonesa, principalmente
em relação aos primeiros textos escritos. É claro que é um conhecimento
recomendável ao professor, entretanto, sem a obrigatoriedade de se exigir do
aprendente tal conhecimento. Ao aprendente basta que saiba ler, escrever, entender e
saber utilizar adequadamente a escrita japonesa. Por se tratar de um sistema muito
diferente do alfabético, admitindo grafemas semânticos e fonéticos, o processo de
ensino deve ser efetuado de forma a não criar atritos que venham a se transformar em
choque cultural por parte do aprendente.
119
A organização da informação quanto ao uso dos grafemas permite selecionar
melhor os recursos auxiliares colocados à disposição dos aprendentes, a fim de
facilitar sua independência no tocante à ampliação do léxico da língua japonesa e seu
uso adequado. Esse uso adequado demanda um processo de ensino do grafema
vinculado a um contexto que permita ao aprendente fazer inferências que possibilitem
o domínio desse conhecimento de forma facilitada. Pesquisadores japoneses sobre
escrita japonesa são unânimes em considerá-la de difícil utilização, pois são muitas as
exceções às regras gerais, como leituras especiais atribuídos a alguns ideogramas ou
conjuto de ideogramas formando palavras. Esse fato deve explicar a produção e edição
de inúmeros tipos de dicionários relativos à escrita e uso de palavras das mais variadas
formas, como por exemplo dicionários específicos para palavras de origem estrangeira,
dicionários de uso e escrita de palavras e outros. A utilização desses recursos pode ser
recomendada a partir do final do nível básico.
A categoria ensino nos dá diretrizes teóricas de como desenvolver o processo
de ensino-aprendizagem da escrita japonesa. Sendo que se analisarmos os materiais
disponíveis, devido aos recursos que disponibilizam, podemos nos basear num mesmo
livro didático para introduzir a escrita de forma silábica ou por palavração, conforme o
enfoque que quisermos dar.
O tripé que se apresenta como ensino de escrita japonesa aponta linhas que
fundamentam o ensino de qualquer assunto. O ensino da escrita japonesa está
fundamentado no conhecimento do conteúdo (os grafemas), na utilização correta desse
conteúdo e nos conhecimentos de processos e recursos que permitam esse ensino.
Apesar das diferenças culturais, as diretrizes que caracterizam o ensino da escrita
japonesa são universais.
Os especialistas afirmam ser necessário que a linguagem oral esteja
desenvolvida para se iniciar o aprendizado da escrita. No caso do ensino de língua
japonesa como língua estrangeira, é realidade evidente que o desenvolvimento da
oralidade e a da escrita são efetuadas simultaneamente. Entretanto, faz-se necessário
lembrar que em geral os aprendentes, no caso de brasileiros, já têm a oralidade e
escrita da língua portuguesa adquirida. É de se esperar que façam associações
120
inconscientes por ocasião da aquisição dessa nova escrita, apesar de ser um sistema
completamente diverso àquele com o qual estão acostumados.
O desenvolvimento simultâneo da oralidade e da escrita faz necessária a
interface com a área da psicologia cognitiva. O conhecimento daí retirado permitirá
responder questões como: de que forma funciona o cérebro que já possui um código de
comunicação escrita para adquirir um novo código de escrita? Neste ponto não
devemos nos esquecer de que a criança japonesa tem um tempo de nove anos para
adquirir o conhecimento básico obrigatório da escrita japonesa, que consiste na
aquisição da leitura, escrita e utilização dos grafemas fonéticos e de cerca de dois mil
grafemas semânticos, os ideogramas, quantidade considerada satisfatória para um
indivíduo comum na sociedade japonesa.
O estudo da linguagem de especialidade do ensino da escrita japonesa nos
permite uma visão teórica dos processos de ensino e não uma receita milagrosa que
com um passe de mágica consigamos alcançar todo e qualquer objetivo de ensino.
Na maioria das vezes os autores afirmam que se “aprende o ideograma pela
mão”, ou seja, através do treino da escrita. A receita dada por esses autores é: “cópia
cuidadosa dos traços do grafema, repetindo essa ação inúmeras vezes”. Entretanto, é
constatação real que este tipo de exercício repetitivo não é condizente com o cotidiano
de boa parte de nossos aprendentes, que têm acesso a recursos modernos como o
estudo com utilização de meios proporcionados pela informática. E há aqueles que não
têm acesso a esses recursos, e os cujo cotiadiano está permeado entre o trabalho para a
sobrevivência e os estudos, restando pouco tempo para se dedicar a este último. Em
qualquer dos casos, só é possível recomendar o treino da escrita nos moldes indicados
acima.
Mudanças devem ser realizadas após reflexão e pesquisas de campo acerca do
assunto. Pesquisas devem ser realizadas através do desenvolvimento de estratégias
planejadas para o ensino da escrita japonesa, sua aplicação e observação para coleta de
dados de forma a obter um resultado quantitativo em relação ao aprendizado de forma
palpável, para determinar a adequação ou não da estratégia planejada.
121
Consideramos propício o desenvolvimento de novas estratégias de ensino da
escrita japonesa para evitar que ocorram “choques culturais” durante o seu
aprendizado. De forma que o aprendizado da escrita japonesa não se torne um fator de
falta de motivação para o estudo da língua japonesa.
É nossa intenção, atuar positivamente dentro do sistema do grande processo de
ensino-aprendizagem de línguas e dessa forma concretizar o pensamento de TAKEBE
(1991, p. 3) “O grafema e a correspondente escrita utilizada na língua japonesa é
complicada. Entretanto, ensiná-la significa ensinar a língua japonesa.”
A descrição das propostas de ensino da escrita japonesa através de um sistema
que relaciona suas unidades terminológicas demonstra que o ensino da escrita japonesa
não é uma coleção de metodologias e técnicas de ensino, mas envolve um
conhecimento profundo do que é a escrita japonesa e seu uso, além dos fundamentos
de seu ensino. Aliando o conhecimento sobre ensino da escrita japonesa com a
percepção das necessidades e condições do público alvo será possível avaliar e
escolher a estratégia mais adequada para cada grupo de aprendentes de tal forma que
eles consigam adquirir, de forma orientada, o léxico da língua japonesa. E assim,
através do ensino da escrita japonesa e seu uso, será possível fazer com que o
aprendente percorra um universo diferente daquele a que está habituado, abrindo
novos horizontes que permitam uma nova visão de mundo.
122
123
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127
APÊNDICE 1
IDENTIFICAÇÃO DAS FONTES DOS DADOS DAS FICHAS DE ELABORAÇÃO
Esta tabela tem a finalidade de identificar as informações inscritas nas fichas de elaboração,
informando a fonte da unidade terminológica de coleta.
A tabela a seguir indica:
Coluna 1 - número da ficha de elaboração
Colunas 2 e 3 - página(s) da fonte de referência – em caso de não haver indicação da página a
fonte não foi utilizada
No. Fonte 1 - TAKAGI,Hiroko.
Nihongono moji·hyôki nyûmon.
Tokyo.Babel Press,2003.153p.
Página(s)
Fonte 2 -
OKI, Hirokazu. Yasashii nihongo
shidoô 7 – moji/hyôki .
Tôkyô:Kokusainihongokenshûkyôkai,
1999,108p
Página(s)
001 6
002 6
003 1, 6
004 7
005 7
006 2
007 2, 42
008 104 100
009 2, 5
010 16
011 6 e 9
012 8
013 8
014 8
015 9
016 38 19
017 38 20 e 21
018 12 e 13
019 16
020 16 7
021 16
022 17, 24 e 126
023 17
024 24 80
025 24, 25 e 26
026 11 e76 82
027 18 62
028 18
128
029 18 58
030 18
031 18
032 18
033 19 60 e 62
034 20
035 22
036 22 94
037 22 94
038 26 e 27 16
039 28 e 29 6
040 32 e 37 68 e 69
041 32 e 36 67
042 34
043 34
044 34
045 34
046 34
047 35
048 35
049 38
050 38
051 40
052 40
053 41
054 42 48
055 42 50
056 46 12
057 4
058 46 12
059 46
060 46 13
061 50 14
062 50 14
063 50 14
064 50 14
065 51 14 e 15
066 52 15
067 52 15
068 52 38 e 39
069 56 27
070 56
071 56 26
072 56 24
073 56
074 56
075 57 40
129
076 60 40
077 60
078 60
079 66
080 66 34
081 66 32
082 66 32
083 66 32
084 67 33
085 68
086 68
087 70
088 70
089 71 36
090 71 36
091 71 36
092 71 37
093 72
094 72 23
095 74
096 80
097 102
098 102
099 102
100 115,116 e 126
101 116
102 118
103 118
104 120
105 120
106 122
107 13
108 21
109 22
110 23
111 23
112 23
113 35
114 35
115 35
116 42
117 44
118 64
119 65 e 66
120 76
121 83 e 84
122 88
130
123 98
124 101 105
125 25
126 102
127 103
128 34
129 17
131
APÊNDICE 2
FICHAS TERMINOLÓGICAS DEFINITIVAS
Identificação da fonte de dados da ficha definitiva:
1 – Indicação em campo próprio na ficha terminológica definitiva – referem-se a dados
coletados para elaboração da descrição da unidade terminológica. Os números indicam as
fichas de elaboração. A indicação da fonte de dados de cada ficha de elaboração está
registrada no apêndice 1.
2 – A indicação de fonte no final dado campo “descrição sistematizada da unidade
terminológica” indica referencias consultadas para elaborar a equivalência em língua
portuguesa.
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
表記法の指導
Hyôkihô no shidô
No.
001
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Ensino do sistema gráfico de notação da
linguagem
Categorização
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
011 e 100
Descrição sistematizada da unidade terminológica
O ensino da escrita japonesa tem como objetivo o uso correto dos grafemas e o
conhecimento do sistema de escrita padrão na língua japonesa e normas relativas à
escrita (ortografia). É considerado como campo de abrangência do método de escrita o
seguinte conhecimento concreto e sistemático sobre grafema e sua escrita: A. os tipos
de grafemas e sinais; B. o uso dos grafemas e sinais que consiste em: (1) a escrita
padrão japonesa; (2) o uso do kana (3) okurigana (4) a escrita de palavras de origem
estrangeira (5) a escrita dos ideogramas (6) a leitura dos ideogramas (7) os usos dos
sinais (8) o uso do dicionário; C. a seleção da escrita dos grafemas
É necessário o conhecimento sistematizado dos itens acima enumerados, para
desenvolver um procedimento de ensino e aprendizagem adequada a cada grupo de
aprendentes.
HIDA,Y.;COELHO,J(1998,p.379) e DURCROT,O;TOFOROV,T.(1988,p.186)
132
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
日本語
文字体系
Nihongo no moji taikei
No.
002
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Sistema de grafemas da língua japonesa
Categorização
Grafema
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
001, 010 e 012
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Para Takagi (2003,p.16), após a identificação feita por Taylor, passou-se a classificar
os grafemas utilizados na língua japonesa como ideogramas e fonogramas.
Denominamos de grafema a unidade do sistema de escrita em pesquisa, considerando-o
adequado como equivalente para a unidade terminológica moji. Consideramos como
elementos que compõe a estrutura da escrita padrão japonesa os grafemas e sinais que
tornam isso possível.
HOUAISS,A(2001,p.1472),
DUBOIS,J.et al(l973,p.41,313,360),CRYSTAL,D.(2000,p.128)
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
表意文字
Hyôimoji
No.
003
UT equivalente no vernáculo
Ideograma
UT de empréstimo
Categorização
Grafema
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
004
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Hyôimoji significa letra com significado, podendo ser considerado um grafema
semântico. O ideograma é considerado um grafema semântico uma vez que possui
significado como uma das características. O ideograma possui três características
simultaneamente: a forma , o som (leitura) e o significado.
TAKAMIZAWA et al(2004,p.104) e KITAHARA,Y.(2002,p.360)
133
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
Rikusho
No.
004
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Princípio de construção do ideograma
Categorização
Grafema
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
061
Descrição sistematizada da unidade terminológica
O rikusho é o resultado da análise em relação à forma, leitura e significado dos
grafemas escritos no estilo reisho, induzindo seis tipos de regras para construção
(shokei, shiji, kaii, keisei, kasha, tenchû). No início do segundo período da dinastia Kan
(mais ou menos no século I da nossa era), um estudioso de nome Kyôshin elaborou o
texto “Setsumon kaiji”. Nesta obra, Kyôshin reuniu, sistematizou, classificou e
explicou diversos ideogramas criados e usados no período de 1000 anos desde o tempo
do período Shû, de kinbun (±1300AC). Analisou 9353 ideogramas tipo tensho
(±200AC) e 1163 ideogramas anteriores diferentes da forma tensho. Kyôshin
considerou como princípio para a classificação dos ideogramas o Rikusho, por ele
concebido. Esse princípio de classificação considera os ideogramas em 6 grupos, sendo
que nos quatro primeiros dependem do tipo de formação: shôkei, shiji, kaii e seikei e
nos dois são considerados o tipo de uso: kasha e tenchû. Quando Kyôhin realizou este
trabalho, ainda não havia sido descoberto o kôkotsumoji. Para os pesquisadores
tradicionais de ideogramas primeiro foi criado um grupo de ideograma denominado
[bun], em seguida tomando isto como base foram criados grupos de grafemas [ji]. Por
isso [bun] é o grafema que não pode ser mais decomposto representando a unidade
básica do mesmo. O shôkeimoji (pictograma) representa [bun]. Normalmente é
denominado de [ji] se for um grafema elaborado pela combinação de dois ou mais
[bun].
CAMPOS,H(2000,p.208)
134
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
Shôkeimoji
No.
005
UT equivalente no vernáculo
Pictograma
UT de empréstimo
Categorização
Grafema
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
062
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Segundo SUZUKI,T.(1985,p.53) “shôkei”, significa literalmente “figura” – são
ideogramas que representam pictoricamente objetos, elementos da natureza. Trata-se
de um pictograma. Deve-se imaginar como um desenho simplificado. Como por esse
método não era possível representar tudo que existia, em geral quando se criava um
ideograma shôkeimoji, este era usado como base para elaborar outros ideogramas.
Apesar de constituírem a forma originária de criação de ideogramas, seu número é
reduzido, correspondendo a cerca de 3% do total de ideogramas hoje existentes.”
BORBA,F.(org) (2006,p.1071) considera “pictograma é um desenho estilizado que
funciona como um signo de uma língua.”
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
指示文字
Shijimoji
No.
006
UT equivalente no vernáculo
Logograma
UT de empréstimo
Notação em diagrama
Categorização
Grafema
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
063
O logograma (shijimoji) é o ideograma que os antigos construíram reunindo idéias para
representar gráfica e abstratamente, conceitos que não podem ser vistos, são
ideogramas apresentados, principalmente, por empréstimos de outros já existentes. O
logograma é construído colocando pontos e linhas representando idéias abstratas, ou
utilizando parte de um pictograma
CAMPOS,H. DE (ORG) DIZ:”... o segundo o princípio de construção dos caracteres é
o diagrama. Algumas idéias não podem ser representadas, podendo entretanto,
diagramadas.”
135
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
Kaiimoji
No
007
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Composição associativa
Categorização
Grafema
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
64
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Consiste na associação do significado que originariamente era o [bun], a unidade
básica do grafema, usado para criar um ideograma [ji], uma composição de unidades
básicas, com novo significado. Consiste na representação de um conceito pela
associação de mais de dois tipos de ideogramas. Podendo ser pensada como resultante
da associação do pictograma e shijimoji. Por exemplo:
- utilizando o ideograma árvore - se juntarmos dois ideogramas representando
árvore temos a palavra hayashi (bosque), reunido três ideogramas com
significado de árvore, obteremos o ideograma mori (floresta);
e se juntarmos o ideograma indicativo de pessoa com o ideograma indicativo de
árvore, passa a representar uma pessoa descansando debaixo de uma árvore indicando
o conceito de descanso, descansar.
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
形声文字
Keiseimoji
No.
008
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Composição porconceito e som
Categorização
Grafema
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
065
Descrição sistematizada da unidade terminológica
São ideogramas constituídos utilizando a associação de pelo menos dois [bun], ou seja,
pelo menos duas unidades básicas de grafema, onde um deles torna-se elemento de
leitura e o outro elemento de significado. Então, no ideograma composto temos a parte
que indica a leitura e a parte que indica o significado. Na classificação do rikusho
corresponde a aproximadamente 2/3 dos ideogramas de uso diário.
Segundo SUZUKI,T. (1985,p. 54) “ keisei , literalmente “conceito e som” – são
ideogramas que nasceram da combinação de um ideograma que dá a leitura e de outro
que dá o conceito.
136
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
仮借
Kasha
No.
009
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Composição por rébus
Categorização
Grafema
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
066
Descrição sistematizada da unidade terminológica
O ideograma utilizado por empréstimo de leitura é baseado na representação de um
novo conceito através do empréstimo da leitura de um ideograma já existente. Ou seja,
dentre os ideogramas existentes, escolhe-se apenas pelo fato da leitura ser semelhante
ao som que se quer representar, sem levar em conta o significado para usar como a
representação. Consiste na utilização do ideograma considerando apenas o aspecto da
leitura do mesmo. Trata-se de um procedimento semelhante ao utilizado na China
antiga para transcrever nomes escritos em sânscrito com ideogramas.
DUCROT,H.;TODOROV,T.(1988,p187) “... rébus processo que parece haver
desempenhado o papel mais importante, e que consiste em notar uma palavra usando o
signo de outra, porque as duas são homófonas.”
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
転注
Tenchû
No.
010
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Composição por sinédoque
Categorização
Grafema
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
067
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Tenchû é a utilização de um ideograma já existente para dar-lhe um novo significado.
Pode-se afirmar que se trata de uma mudança no significado do ideograma, através de
uma associação de idéias. Trata-se do uso do ideograma fazendo uma interpretação
ampliada do significado que já possui. Exemplo: O ideograma [longo,comprido] é um
pictograma oriundo da figura de um idoso com cabelos longos. O significado indicava
longo e também idoso. Mais tarde, esse significado foi ampliado para indicar “o
cabeça”, “o chefe”.
DUCROT,H.;TODOROV,T.(1988,P.254) “Sinédoque:emprego de uma palavra num
sentido cujo significado habitual é apenas uma de suas partes.”
137
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
漢字の音訓
Kanji no on’kun
No.
011
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Leituras do ideograma
Categorização
Grafema
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
079
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Denomina-se “kanji no on’kun” às leituras associadas ao ideograma. Chama-se [on],
[on’yomi] ou [jion] a leitura adaptada à pronúncia japonesa da leitura chinesa do
ideograma introduzido da China. A leitura denominada [kun], [kun’yomi] ou [jikun] é a
leitura associada à palavra japonesa que possui significado igual ao do ideograma em
questão.
Em dicionários e livros didáticos as indicações das leituras [on] são transcritas em
katakana e das leituras [kun] em hiragana.
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
訓読み
Kun’yomi
No.
012
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Leitura japonesa
Categorização
Grafema
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
080, 113, 114 e 115
Descrição sistematizada da unidade terminológica
A leitura kun (leitura japonesa) ocorre quando o significado do ideograma e a sua
correspondência em língua japonesa são equivalentes. Se a denominação em língua
japonesa e o ideograma chinês representam um mesmo conceito, a denominação
japonesa fixa-se ao ideograma chinês como leitura, nesse caso essa denominação é um
jikun (leitura japonesa). Para cada ideograma há uma leitura e significado associado.
Um ideograma utilizado na língua japonesa possui basicamente uma leitura on (leitura
de origem chinesa) e uma leitura kun (leitura de origem japonesa).
Podemos classificar o jikun, a leitura kun (leitura japonesa) em:
Seikun - se a palavra japonesa associada estiver de acordo com o significado original
do ideograma;
Kokukun - se o ideograma for adotado pela língua japonesa, sem relação alguma com o
significado original do ideograma, sendo este usado apenas como empréstimo;
Gikun – trata-se de palavra composta por ideogramas, e a leitura associada à palavra
japonesa por inteiro.Tem também a denominação juku jikun.
138
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
音読み
On’yomi
No.
013
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Leitura chinesa
Categorização
Grafema
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
081, 082, 083, 084 e 085
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Jion - a leitura on (leitura chinesa) do ideograma corresponde à leitura na língua chinesa com pronúncia
à moda japonesa. . A leitura chinesa do ideograma depende do período, da região da China, e do governo
que sustentava a China na época de sua introdução no Japão. Pode-se dizer que chegaram ao Japão na
seqüência [ goon], [ kan’on], [ toon].
Chama-se go on – leitura go - a leitura do ideograma transmitida ao Japão, através do intercâmbio com a
China entre os séculos V e VI , chegando junto com o budismo para ler textos sagrados. Nessa época, o
Japão mantinha intercâmbio principalmente com Go. É necessário chamar a atenção de que mais ou
menos na mesma época, o budismo, também, chegou ao Japão através de Kudara. Entretanto as leituras
dos textos, também, eram realizadas através da leitura go.
Chama-se kan’on – leitura kan – a leitura incorporada à língua japonesa em um período de
aproximadamente 300 anos, de 607 a 894, quando o intercambio com a China se deu através de missões
denominadas kentôshi (comitiva de emissários japoneses formado por monges budistas, estudantes e
funcionários do governo com a finalidade de manter intercâmbio comercial e cultural). Durante esse
período, ocorreu a unificação de Zui e To e ambos passaram a capital para Chôan. Os participantes das
missões desse período, estudaram as leituras dos ideogramas utilizados na época. Ao regressar ao Japão
passaram a adotar essa leitura, denominada de kan’on. Houve um forte movimento entre os séculos VIII
a XII para a adoção da leitura kan’on. Como resultado, hoje em dia encontramos dois terços das leituras
realizadas em kan’on e o restante em leitura go. Por essa razão freqüentemente encontramos ideogramas
admitindo duas ou mais leituras chinesas.
A leitura do ideograma introduzida no Japão na época da dinastia To é denominada leitura tô. Engloba
também a leitura do período Sô, sendo chamada de leitura sô, mas essa nomenclatura não é utilizada no
sentido amplo. A leitura tô, foi introduzida junto com o zen-budismo no período Kamakura (1185-1333).
E após o período Edo (1600-1867) só era utilizada por pessoas ligadas a relações comerciais com Tô ou
por monges budistas, ou então por estudiosos como tema de pesquisa.
Kan’yôon – denominamos de leitura de uso corrente, a leitura originada das modificações sofridas ao
longo do tempo pelas leituras go e kan. À medida que eram utilizadas no Japão, essas leituras sofreram
alterações de forma que foram, inúmeras vezes, modificadas por influências e analogias e acabaram por
admitir leituras que não coincidem com nenhuma das originais.
139
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
漢字の字体
Kanji no jitai
No.
014
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Forma padrão do ideograma
Categorização
Grafema
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
069, 077, 078 e 110
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Denominamos de escrita padrão à estrutura do grafema.
TAKAMIZAWA,H. et al (2004,p.132 ) consideram jitai equivalente a standard – que
por sua vez consideramos equivalente a padrão, no vernáculo. Para Takamizawa o
padrão de um ideograma corresponde à composição de pontos e traços que o distingue
de outro ideograma. Existem diferenças entre os padrões estabelecidos:
- shinjitai – padrão de escrita utilizado após o anúncio do Guia de escrita de
ideogramas de uso corrente. É o padrão utilizado atualmente;
- kyûjitai - padrão de escrita utilizado antes do anúncio do Guia de escrita de
ideogramas de uso corrente;
- seiji – forma de escrita fiel em relação à forma original sem omitir pontos ou
traços;
- zokuji corresponde ao padrão de escrita do grafema utilizado normalmente.
Corresponde ao seiji simplificado. Após o anúncio de sua adoção no Guia de
ideogramas de uso corrente, passaram a ser o novo estilo de escrita utilizado
oficialmente.
- ryakuji consiste na utilização da escrita do grafema em substituição ao padrão
seiji, sendo escrito de forma mais simplificada com a eliminação de alguns
traços.
Os padrões ryakuji, seiji, zokuji tem grafemas que foram introduzidos mais ou menos
na mesma época, tendo uma longa história. Antes o padrão ryakuji era utilizado extra-
oficialmente, mas após ser indicado no Guia de ideogramas de uso corrente, tornou-se
um shinjitai (padrão novo), passando a ser admitido oficialmente como padrão de
escrita. O que ocorre atualmente é a coexistência, em alguns casos dos dois tipos de
escrita, tornando necessário levar em conta o bom senso de quem escreve, que deve
prestar atenção para a ocasião, o lugar, tipo de mensagem para determinar qual padrão
usar.
140
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
漢字の画数
Kanji no kakusû
No.
015
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Número de traços de um ideograma
Categorização
Grafema
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
076
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Se observarmos o padrão de escrita do ideograma, verificamos que é constituído de
pontos e traços. Chamamos de número de traços à quantidade total desses pontos e
traços que constituem o ideograma. Entre os ideogramas, existem os simples com 1 ou
2 traços e os complicados com até 60 traços. Cada um desses ideogramas deve ficar
inserido dentro de um espaço quadriculado bem determinado. Considera-se o estilo de
escrita kyôkashotai como padrão para contagem do número de traços, pois pode ocorrer
variação quanto ao número de traços conforme o estilo de escrita utilizado.
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
漢字の筆順
Kanji no hitsujun
No.
016
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Seqüência de traços do ideograma
Categorização
Grafema
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
075
Descrição sistematizada da unidade terminológica
A seqüência de traços consiste na seqüência de composição dos pontos e traços para
formar um grafema. A seqüência dos traços quando a escrita é a pincel, é a forma de
conduzir o pincel com naturalidade, dando atenção ao fato de escrever corretamente.
Portanto, se escrevermos segundo uma seqüência ordenado dos traços, o grafema terá
um aspecto mais organizado. (a letra fica melhor)
141
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
漢字の部首
Kanji no bushu
No.
017
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Radical do ideograma
Categorização
Grafema
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
068
Descrição sistematizada da unidade terminológica
O radical indica a divisão em grupo, a partir de sua forma. Trata-se de um instrumento
para classificar e ordenar um ideograma através de características de sua forma,
agrupando aqueles que tem as mesmas características. Existem os seguintes tipos de
radicais:
1. hen – ao dividir o ideograma em dois blocos verticais, o bloco do lado esquerdo
corresponde ao radical;
2. tsukuri – ao dividir o ideograma em dois blocos verticais, o bloco do lado
direito corresponde ao radical;
3. kan’muri – ao dividir o ideograma em dois blocos horizontais, o bloco superior
corresponde ao radical;
4. ashi – ao dividir o ideograma em dois blocos horiozontais, o bloco inferior
corresponde ao radical;
5. tare – a parte inclinada de cima para baixo em direção à esquerda corresponde
ao radical;
6. nyô/nyû – a parte que rodeia de cima à esquerda para baixo à direita
corresponde ao radical;
7. kamae – a parte que rodeia por inteiro corresponde ao radical.
Este é um dos tipos de organização utilizada em dicionários de ideogramas japoneses.
E dentro de cada grupo são organizados segundo o número de traços.
142
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
表音文字
Hyôon’moji
No.
018
UT equivalente no vernáculo
Grafema fonético
UT de empréstimo
Fonograma
Categorização
Grafema
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
005, 020 e 021
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Hyôon’moji são grafemas que possuem forma e som (leitura), mas não têm significado.
Devido a esse fato é denominado de grafema fonético. O grafema fonético pode ser
silábico ou segmental. O grafema fonético silábico é denominado também de kana ou
então fonograma. A escrita japonesa admite dois tipos de kana: hiragana e katakana.
O grafema fonético segmental utilizado na escrita japonesa consiste no alfabeto
romano utilizado na forma denominada escrita rômaji.
DUBOISet al(1973,p.284), TAKAMIZAWA,H. et al (2004,p.128) e
SAMPSON(1996,p.39,217 e 218)
143
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
万葉仮名
Man’yôgana
No.
019
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Man’yôgana
Categorização
Grafema
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
028, 029 e 030
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Chama-se man’yôgana o ideograma utilizado como kana (grafema fonético).
Considerando que o hiragana e katakana tiveram sua origem no ideograma, é
necessário considerar as etapas pelas quais sua escrita atravessou. O nome man’yôgana
indica uma das etapas. OKI,H (1999, p.58) indica a seguinte evolução:
Mais ou menos 300 anos após a entrada da escrita ideográfica no Japão foram
publicadas as primeiras obras escritas por japoneses. São eles: Kojiki, no ano 712;
Nihon shoki em 720 e Man’yôshu em 759. A análise da forma de escrita dessas obras
demonstra a evolução da escrita japonesa. A obra Nihon shiki está escrita, em sua
totalidade, em kanbun, ou seja texto cuja seqüência de palavras segue a estrutura da
língua chinesa. O Kojiki apresenta textos em kanbun também, mas em algumas partes
apresenta textos com palavras que seguem a seqüência da estrutura da língua japonesa,
com utilização de ideogramas funcionando como se fossem grafemas fonéticos,
podendo-se dizer que a obra apresenta uma mistura onde à primeira vista parece ser
um texto em chinês, mas se verificarmos com atenção não é isso que ocorre. A obra
Man’yôshu foi escrita em sua totalidade com estrutura da língua japonesa e utilização
de ideogramas ora como ideogramas ora como fonogramas. A utilização, nessa obra,
de determinados ideogramas como fonogramas é que deu origem aos grafemas
fonéticos inicialmente denominados man’yôgana. E é denominado de magana o som
de cada um dos grafemas man’yôgana.
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FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
平仮名
Hiragana
No.
020
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
hiragana
Categorização
Grafema
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
027 e 031
Descrição sistematizada da unidade terminológica
O hiragana é denominado [kana] ou [kan’na], onde [na] indica letra com o significado
de não ser padrão, mas ser proveniente de uma simplificação. O nome [hiragana]
passou a ser utilizado após o período Edo. O hiragana é originado da escrita
simplificada do ideograma na forma man’yôgana. Na realidade é a simplificação da
escrita cursiva do ideograma, consistindo em algo que não é possível saber qual é o
ideograma original (de partida). Como este tipo de letra teve início na aprendizagem e
treino de escrita (caligrafia) das mulheres, também é chamada de on’na te.
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
Katakana
No.
021
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Katakana
Categorização
Grafema
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
033
Descrição sistematizada da unidade terminológica
O katakana foi elaborado a partir da abreviação de um grafema, utilizado como método
mnemônico para leituras de textos oficiais escritos em chinês (kanbun). Foi utilizado a
partir do período Heian ( 794-1185) para redigir documentos e como sinais de
orientação de textos chineses. Consistia de uma parte da escrita de um ideograma em
forma cursiva, abreviada, concretizou-se no período Heian. O katakana era inscrito por
monges budistas em sutras e textos chineses para auxiliar na leitura japonesa, era usada
também para inscrever, entre as colunas escritas, notas do tradutor e anotações em
dicionários.
145
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
五十音図
Gojûon’zu
No.
022
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Tabela do silabário japonês
Categorização
Grafema
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
018
Descrição sistematizada da unidade terminológica
A tabela do silabário japonês foi construída com base na análise da língua. Tem origem na
organização dos sons japoneses em componente vogal e componente consoante. Esta
organização foi elaborada por monges que antigamente realizavam estudos do sânscrito. A
referida tabela consiste em uma lista de grafemas kana. Dizem que essa organização foi
realizada no fim do século X ou início do século XI. Há diversas teorias quanto aos objetivos
deste tipo de disposição, mas pode-se dizer que estão relacionados a essa elaboração os estudos
da escrita em sânscrito, e a utilização como recurso para indicar o som de um determinado
ideograma, utilizando outros dois (de leitura conhecida). Esta tabela foi publicada entre os
séculos XII e XIII. A tabela do silabário atual contém 46 fonogramas do kana não modificado.
TAKAMIZAWA et al (2002,p.226) e KAWARAZAKI,M.(1979,p.IX)
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
ローマ字
Rômaji
No.
023
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Escrita romanizada
Categorização
Grafema
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
035, 036 e 037
Descrição sistematizada da unidade terminológica
A escrita romanizada é efetuada através do alfabeto latino Foi utilizado pela primeira vez em publicação
de um texto cristão em língua japonesa, através da escrita latina. Por isso a escrita romanizada da época
era a pronúncia da língua japonesa escrita com grafemas da língua portuguesa. Em 1885, Tanakadate
Aikitsu, propôs uma escrita romanizada de acordo com o silabário da escrita japonesa, seguindo o
sistema fonético da língua japonesa e foi denominada escrita romanizada nihonshiki. Em 1905, foi
organizado o grupo [rômaji hirôkai], algo como [associação de divulgação do rômaji], que adotou o
chamado hebonshiki, ou seja o estilo hebon, no qual os fonemas são representados de acordo com a
pronuncia inglesa. O nome hebon deve-se ao fato de J.C. Hepburn ter produzido um dicionário japonês-
inglês, cuja entrada era grafada em escrita romanizada.
146
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
区切り符号
Kugiri fugô
No.
024
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Sinal de pontuação
Categorização
Grafema
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
008
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Chamamos de sinal de pontuação (também kudokuten) aos sinais que tanto na escrita
vertical como na horizontal, indicam visualmente dentre os componentes de um texto o
corte e a continuação, clarificando as relações entre as palavras na construção de frases,
evitando enganos de interpretação, facilitando a leitura. Foram relacionadas em 1950, e
são em número de 5:
maru – ponto final
tem - vírgula
nakaten - ponto de separação – utilizada quando se escreve de forma
seguida ou abreviada nomes, datas.
4 () kakko - parênteses
5 「」 『』 kagi - colchetes
os sinais 4 e 5 são utilizadas para destacar citações.
O ponto final e a vírgula são denominados também de kutôten. É necessário prestar
atenção também na posição de cada um dos sinais em caso de escrita vertical e
horizontal
147
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
繰り返し符号
Kurikaesi fugô
No.
025
UT equivalente no vernáculo UT de empréstimo
Sinal de repetição
Categorização
Grafema
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
124
Descrição sistematizada da unidade terminológica
O sinal de repetição é utilizado em substituição ao segundo grafema, quando se
apresentam dois iguais em seguida.
1. O sinal é utilizado para substituir um ideograma. Entretanto tal substituição
não se aplica quando o último ideograma de uma palavra coincidir com o
primeiro ideograma da palavra seguinte.
2. Apenas em caso de escrita vertical, o sinal é utilizado para substituir som
repetido dentro de uma palavra. Entretanto, não utilizamos em caso de
katakana, okurigana e sons repetidos em duas palavras seguidas.
3. Apenas em caso de escrita vertical, usa-se o sinal em situação semelhante ao
item 2, quando o som repetido é sonorizado.
4. Apenas em caso de escrita vertical, usa-se o sinal para indicar a repetição de
dois kana.
5. Tanto em escrita vertical como em horizontal utiliza-se o sinal " para indicar
repetição daquilo que está registrado na linha anterior.
Os sinais indicados por 2, 3 e 4 não são utilizados em textos de ensino de língua
japonesa para evitar erros. Entretanto, é conveniente que seja explicado o significado
de cada um deles, pois em textos comuns tais sinais são utilizados. Procura-se não
utilizar sinais de repetição em textos oficiais.
148
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
漢字仮名交じり文
Kanji kana majiri bun
No.
026
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Escrita padrão de texto em língua
japonesa
Categorização
Uso
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
015 e 039
Descrição sistematizada da unidade terminológica
A expressão “ kanjikanamajiribun” indica que a escrita padrão atual da língua japonesa
é uma combinação adequada de ideogramas japoneses kanji e fonogramas japoneses
kana (hiragana e katakana). Entretanto, na realidade são utilizados quatro tipos
diferentes de escrita: o ideograma kanji, o fonograma hiragana, o fonograma katakana
e o alfabeto latino, além dos números arábicos. As regras de ortografia tornam
possível o uso correto dos fonogramas; as regras de okurigana, o uso dos ideogramas
adaptados às regras socialmente toleradas tanto em relação à forma como em relação à
escrita da letra.
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
現代日本語の音の表記
Gendai nihongo no on no hyôki
No.
027
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Escrita dos sons da língua japonesa atual
Categorização
Uso
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
128
Descrição sistematizada da unidade terminológica
A escrita da língua japonesa está baseada nos sons da mesma como ela é na
atualidade. Os fonogramas e suas combinações representam a escrita dos sons:
chokuon, hatsuon, dakuon, han’dakuon, yôon, sokuon, chôon.
149
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
直音の表記
Chokuon no hyôki
No.
028
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Escrita do som básico
Categorização
Uso
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
042
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Denominamos chokuon ao som básico (fundamental) do silabário.É o som
correspodente a todos os grafemas da tabela do silabário japonês, excetuando-se o
grafema correspondente ao som [N] indicado pelo grafema 「ん] .
São sílabas representadas por uma única letra kana, sem uso do diacrítico.
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
撥音の表記
Hatsuon no hyôki
No.
029
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Escrita da consoante nasal moraico
Categorização
Uso
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
043
Descrição sistematizada da unidade terminológica
É o som indicado pelo grafema 「ん」, correspondente ao som de [N], que é
denominação de vários sons nasais, quando moraico.
150
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
濁音の表記
Dakuon no hyôki
No.
030
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Escrita da sílaba sonorizada
Categorização
Uso
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
044
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Escrita do som vozeado ou consoante sonora são sons expressos por grafemas que
representam sons surdos [k],[s],[],[t],[t],[ts],[h],[ç],[F] acrescidos do diacrítico
「゙」.
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
半濁音の表記
Han’dakuon no hyôki
No.
031
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Escrita da sílaba oclusiva bilabial surda
Categorização
Uso
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
045
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Escrita da sílaba oclusiva bilabial surda. São sílabas iniciadas pela oclusiva bilabial
surda /p/ - [pa][pi][pu][pe][po]. Sons expressos pelos grafemas (は,ひ,ふ,へ,ほ)
acrescidos do diacrítico 「º」.
JOKO, A .T.(1989,p.33-34)
151
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
促音の表記
Sokuon no hyôki
No.
032
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Escrita da consoante dobrada
Categorização
Uso
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
047
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Corresponde à escrita do som oclusivo da consoante dobrada, com duração de uma
mora. Em língua japonesa é representada pelo fonograma [tsu] em tamanho menor que
os outros fonogramas que representam as sílabas. Em escrita romanizada é
representada por repetição da consoante. Exemplo: せっけん – sekken (sabão)
Takamizawa,H. ET AL(2004,P.69)
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
長音の表記
Chôon no hyôki
No.
033
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Escrita da sílaba longa
Categorização
Uso
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
048
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Chôon (sílaba longa) – corresponde ao som da vogal longa. É o som pronunciado
estendendo longamente, prolongamento este equivalente a uma mora. Ela não existe
independentemente. Em hiragana, sua escrita é realizada através do acréscimo do
grafema correspondente às vogais (a, i, u, e, o). Em katakana, em caso de escrita
horizontal é representado por um traço ( - ) horizontal , em caso de escrita vertical, por
um traço ( | ) vertical.
TAKAMIZAWA,H. et al(2004,p.69)
152
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
拗音の表記
Yôon no hyôki
No.
034
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Escrita do som palatalizado
Categorização
Uso
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
046
Descrição sistematizada da unidade terminológica
A escrita de Yôon (som palatalizado) corresponde à escrita de sons constituídos pela
combinação dos sons dos fonogramas da linha 「i」 com o fonema ( j ). A
representação do yoon é realizada escrevendo o primeiro grafema em tamanho normal
e o segundo em tamanho menor. O tempo de pronunciação de cada conjunto yôon é de
umas mora.
TAKAMIZAWA,H.et al (2004,p.70)
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
定家仮名遣
Teika kana zukai
No.
035
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Ortografia Teika do silabário
Categorização
Uso
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
118
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Fujiwara no Sadaie (1162-1241) conhecido pela edição da obra “Hyakunin’ isshû”, era também
um estudioso de clássicos e poeta. Na tentativa de corrigir a desordem no uso do kana
(fonograma) Sadaie publicou o livro “Gekansho”. Trata-se de um manual onde estão
registrados os critérios para o uso de kana que foi denominada Ortografia Teika do silabário.
Esta norma orientou a utilização dos fonogramas que foram substituídos em função das
mudanças ocorridas na pronúncia dos sons com o passar do tempo. Alguns sons da coluna
wado silabário, com o tempo perderam o som da consoante (w) e passaram a ser
representado por grafemas da coluna 「a」. Esta norma orientou a substituição da utilização
dos grafemas da coluna [wa] pelos da coluna [a].
153
HIDA,Y.;COELHO,J.(1998,p.1461)
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
歴史的仮名遣い
Rekishiteki kana zukai
No.
036
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Ortografia histórica do silabário
Categorização
Uso
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
119
Descrição sistematizada da unidade terminológica
500 anos após Fujiwara no Sadaie, já no período Edo (1600-1867), Keichû apresentou
uma nova ortografia, pois após estudos de obras clássicas percebeu as contradições na
Ortografia Teika do silabário. No período Meiji (1868-1912) essa ortografia era
utilizada para escrever documentos oficiais e livros didáticos. Essa norma tem como
característica a atualização da escrita de sons que eram próximas e representadas por
fonogramas diferentes, devido a transformações fonéticas, mas escritas como eram
originariamente, passaram a ser escritas conforme a pronúncia atualizada.
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
現代かなづかい
Gendai kana zukai
No.
037
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Ortografia contemporânea do silabário
Categorização
Uso
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
041
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Em novembro de 1946, foram divulgados, simultaneamente, pelo governo o “guia de
ideogramas de uso corrente” e a “ortografia contemporânea do silabário”. Foi um fato
revolucionário dentro da ortografia da japonesa, pois estabeleciam:- a restrição do
número de ideogramas que podem ser utilizados; quantos e quais são os ideogramas
com campo de uso restrito; palavras que utilizam ideogramas que não constam da lista
devem ser escritas em fonogramas, e a transcrição de palavras com a utilização de
fonogramas devem ser elaboradas respeitando a pronúncia real da palavra.
154
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
当用漢字表
Toyô kanji hyô
No.
038
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Lista de ideogramas de uso corrente
Categorização
Uso
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
016
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Ao final da segunda guerra mundial, para escrever a língua japonesa da época, foram
estabelecidos 1850 ideogramas para uso diário. A listagem desses ideogramas foi
anunciada pelo governo em 16 de novembro de 1946 com a denominação de “Guia de
ideogramas de uso corrente”. As leituras desses ideogramas de uso corrente foram
estabelecidos no “Guia de leituras de ideogramas de uso corrente” , anunciado em 1948
e revisto em 1973. Em 1949, foram indicadas instruções quanto à forma, direção e
tamanho dos pontos e traços de um grafema, consolidando a forma de apresentação do
ideograma através do “Guia de escrita do ideograma de uso corrente”.
A primeira vez que o governo implementou a política da restrição ao uso dos
ideogramas, foi em 1946, quando o governo anunciou o “Guia de ideogramas de uso
corrente”. Este guia anunciado simultaneamente às regras da “Ortografia moderna”
marca época na história da escrita japonesa. Dizem que este fato fez com que a língua
japonesa entrasse no período moderno da escrita.
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
当用漢字音訓表
Tôyô kanji on’kun’hyô
No.
039
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Lista de leituras do ideograma de uso
corrente
Categorização
Uso
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
049
O guia de leituras dos ideogramas de uso corrente consiste no estabelecimento das
leituras (leitura chinesa e leitura japonesa) de um ideograma. Apresentada pelo governo
155
em 1948 e revista em 1973.
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
当用漢字字体表
Tôyô kanji jitai hyô
No.
040
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Lista da escrita dos ideogramas de uso
corrente
Categorização
Uso
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
050
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Em 1949, foi estabelecido pelo governo o guia do padrão de escrita dos ideogramas de
uso corrente. Este guia estabelece a forma do grafema, o comprimento e a direção do
ponto e do traço, sendo consolidada o padrão e a tolerância quanto a variação na
escrita.
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
常用漢字表
Jôyô kanji hyô
No.
041
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Lista de ideogramas de uso diário
Categorização
Uso
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
017
Descrição sistematizada da unidade terminológica
O “guia de ideogramas de uso diário” é composto do “Guia de ideogramas de uso corrente” e do “Guia
de leitura dos ideogramas de uso corrente” revistos com o acréscimo do “Guia de escrita dos ideogramas
de uso corrente”. Este guia foi anunciado pelo governo em 1 de outubro de 1981. Este guia é o padrão
para a leitura e escrita dos ideogramas. É constituído de um guia principal com a tabela dos ideogramas e
suas leituras e anexos com considerações que se fazem necessárias para cada ideograma. O guia
principal contém 1945 ideogramas.
Em 1981 foi anunciado pelo governo o “Guia de ideogramas de uso diário”. Consiste de um guia que é
resultado da revisão, correção e acréscimos ao “Guia de ideogramas de uso corrente”. É considerado
como referência para o uso dos ideogramas no cotidiano dos japoneses.
156
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
現代仮名遣い
Gendai kana zukai
No.
042
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Ortografia atual do silabário
Categorização
Uso
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
040
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Chama-se “Ortografia atual do silabário” a norma que rege a base da escrita atual em
língua japonesa. Foi aprovada em 01 de julho de l986. Tendo como características o
fato da norma ortográfica estabelecer como princípio a escrita da palavra
acompanhando a pronúncia da linguagem atual, respeitando o uso corrente da escrita,
fixando os usos especiais (exceções à regra). A norma indica também as formas de
apresentação dos grafemas e suas variantes com diacríticos, combinações, etc.
A diferença entre [ortografia moderna do silabário] e [ortografia atual do silabário] é
que esta última, a mais recente, apresenta uma revisão da situação de utilização dos
grafemas de um modo geral, enunciando regras precisas em casos duvidosos que ainda
restaram na última normalização.
157
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
送り仮名
Okurigana
No.
043
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Desinência de palavras
Categorização
Uso
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
054 e 055
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Quando escrevemos uma palavra utilizando a composição de ideograma e fonograma
hiragana, chamamos de okurigana aos fonogramas que acompanham o ideograma. Foi
estabelecido para fixar, de modo conveniente, a leitura japonesa do ideograma. Surgiu
naturalmente por ocasião da transformação dos textos chineses em língua japonesa. Em
1973, foi anunciada, oficialmente, uma resolução que serve de ponto de referencia para
o uso de okurigana em textos oficias, leis, livros didáticos, jornais, revistas, jornalismo,
etc.
Há muito tempo, vem-se trabalhando para verificar se não há uma forma coerente de
estabelecer regras para okurigana. Entretanto, pelo fato de haver muitos usos já
consagrados, não foi possível estabelecer regras sem ambigüidades. Aqui apresentamos
resumidamente regras que foram estabelecidas oficialmente:
1 – A terminação de palavras que sofrem flexão (verbos, adjetivos) devem ser
realizadas com fonograma hiragana.
2 – Em as palavras que não sofrem flexão, como substantivos, não são colocadas
terminação em fonograma hiragana.
3 – Em as palavras que não flexionam, como advérbios, pronomes, numerais,
conjunção, finalizamos a palavra, colocando como ultima sílaba um fonograma
hiragana.
4 – Em palavras construídas por combinação de outros, cada parte da palavra composta
seguem as regras acima.
Há casos de exceção à regra. Sem dúvida, constitui um problema saber exatamente a
partir de sílaba da flexão dos verbos ou adjetivos deve-se escrever em fonograma.
158
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
振り仮名
Furigana
No.
044
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Guia fonético
Categorização
Uso
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
007 e 111
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Chamamos de furigana ao hiragana colocado ao lado do ideograma para indicar a sua
leitura. Se a escrita for vertical esse grafema fica, na lateral à direita do ideograma; se a
escrita for horizontal em cima ou em baixo do ideograma.
O Guia de ideogramas de uso corrente traz: “ como regra, o furigana não será
utilizado”. Este guia apresentou uma limitação na quantidade de ideogramas em
utilização, retirando os de leitura difícil. A utilização do furigana estaria contra o
princípio da limitação da quantidade de ideogramas.
O Guia de ideogramas de uso diário publicado mais tarde afirma: “ao ideograma
considerado de difícil leitura, conforme a necessidade, é admitido colocar furigana”.
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
文字の書体
Moji no shotai
No.
045
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Estilo de escrita do grafema
Categorização
Uso
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
071
Descrição sistematizada da unidade terminológica
O estilo de escrita do grafema é considerado de duas formas: através do tipo de letra
impressa e do tipo da letra manuscrita. No ensino de língua japonesa como língua
estrangeira, não se trata do estilo de letra do aprendente, mas como é o tipo de escrita
do grafema impressa nos livros didáticos e nos textos de referência.
O estilo de escrita do grafema pode ser:
insatsutai– forma impressa: há vários tipos cada uma com suas peculiaridades. São:-
minchotai, kaishotai e outros;
hisshataimanuscrito: que tem as formas kaishotai, gyôshotai e sôshotai
Atualmente, os jornais utilizam o tipo minchotai, estilo considerado de fácil leitura.
159
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
Insatsutai
No.
046
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Forma impressa
Categorização
Uso
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
072, 073 e 074
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Estilo de escrita através da impressão gráfica mecânica. A configuração obecede às
regras estabelececidas pela ortografia. Existem vários estilos, sendo cada uma com suas
peculiaridades.
O minchotai consiste em um estilo de forma impressa, que é utilizado em livros em
geral, em livros didáticos acima do nível ginasial, jornais e revistas.No início do
período Meiji (1868-1912) os impressos utilizavam esse tipo de letra impressa. A
configuração é de fácil leitura, porém, é inadequado para introduzir o estudo da escrita
manuscrita.
O kyôkashotai corresponde a um dos tipos de forma impressa da configuração kaisho.
É utilizado em livros didáticos e livros infantis. O livro didático do primário utiliza o
kyôkashotai e o livro didático do ginásio utiliza o minchotai.
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
Hisshatai
No.
047
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Forma manuscrita
Categorização
Uso
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
125
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Forma manuscrita – Estilo de escrita manual. São considerados três tipos de escrita.
Kaishotai – forma manuscrita sem simplificação, com todos os traços bem definidos. É a forma mais
próxima ao kyôkashotai da forma impressa.
Gyôshotai – forma manuscrita com um pouco de simplificação no desenho dos traços.
Sôshotai – forma manuscrita com muita simplificação no desenho dos traços.
TAKAMIZAWA,H.et al(2004,p.133)
160
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
漢字の機能と役割
Kanji no kinô to yakuwari
No.
048
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Função e papel do ideograma
Categorização
Uso
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
095, 108, 109 e 112
Descrição sistematizada da unidade terminológica
O ideograma tem como atribuição ser utilizado para a escrita das palavras como
substantivos, verbos, adjetivos e advérbios indicando seu significado. Usa-se, também
para alguns conectivos. A limitação da quantidade de ideogramas ocorrida devido ao
Guia de ideogramas de uso corrente, fez com que, em muitos casos, a parte indicativa
do significado deixasse de ser escrita em ideograma. O Guia de ideogramas de uso
diário, mais tarde, indicou regras de utilização dos ideogramas.
161
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
漢字の熟語
Kanji no jukugo
No.
049
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Palavra composta por ideogramas
Categorização
Uso
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
087
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Chama-se jukugo ou jukuji, à palavra formada pela composição de dois ou mais
ideogramas, reunidos para formar um significado. Uma das razões para este tipo de
composição foi o fato de haver muitos ideogramas com a mesma leitura o que tornava
difícil uma diferenciação.Essas palavras são compostas pela:
1. repetição de um mesmo ideograma;
2. associação de ideogramas de mesmo significado;
3. associação de ideogramas de significados semelhantes;
4. associação de ideogramas de sentidos opostos;
5. associação de ideogramas de forma que o primeiro tenha a função de prefixo
qualitativo ou limitativo;
6. associação de ideogramas de forma que o segundo tenha a função de sufixo
qualitativo ou limitativo;
7. associação de um ideograma que tenha função qualitativa ou limitativa a um
verbo ou adjetivo;
8. associação de dois verbos;
9. utilização de um verbo como prefixo a um substantivo, criando um outro
substantivo ou verbo;
10. associação de um ideograma que individualmente ficam sem sentido.
11. associação como sufixo de verbo, adjetivo ou advérbio para criar novos
adjetivos e advérbios;
12. a 17 . pela associação com afixos para criar novas palavras.
162
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
熟語の読み方
Jukugo no yomikata
No.
050
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Forma de leitura de palavras compostas
por ideograma
Categorização
Uso
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
089, 090, 091 e 092
Os ideogramas da língua japonesa admitem duas formas de leitura. As leituras [on] de
origem chinesa e [kun] leitura japonesa. Como são de naturezas diferentes pensamos
não existir uso simultâneo, entretanto na realidade, a utilização adequada é difícil. No
caso das palavras compostas por ideogramas podemos enumerar os seguintes tipos de
leitura:
jion’go - leitura da palavra composta por ideogramas através da leitura [on] de cada
um dos ideogramas componentes;
jikun’go - consiste em utilizar a leitura [kun] dos dois ideogramas que compõe a
palavra;
jûbakoyomi – quando a leitura do primeiro ideograma é realizada através da leitura [on]
e a do segundo ideograma através da leitura [kun];
yutôyomi - se a leitura do primeiro ideograma for [kun] e a do segundo ideograma for
[on].
163
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
日本語の語類
Nihongo no gorui
No.
051
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Tipos de palavras japonesas
Categorização
Uso
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
022, 023, 025 e 129
Descrição sistematizada da unidade terminológica
A língua japonesa é constituída dos seguintes tipos de palavras:
Koyûgo ou wago - Wago também é chamado de wagen. Indica dois conceitos: um no
sentido amplo com significado de língua japonesa ou palavra da língua japonesa, por
outro lado pode indicar também as palavras da língua japonesa peculiar excetuando-se
as palavras de origem estrangeira que foram incorporadas ao vocabulário do cotidiano.
Com este último conceito é também denominado de yamato kotoba ou yamatoshi.
Konshûgo - Konshûgo é palavra originada de combinação de elementos de diferentes
origens como no exemplo shôshaman onde shôsha é palavra de origem chinesa, escrita
em ideograma e man de origem inglesa, escrita em katakana.
Shakuyôgo - é equivalente a loan word (palavra de empréstimo) definida como palavra
de outra língua adotada e utilizada da mesma forma que outras palavras já existentes.
No caso da língua japonesa incluiriam as palavras de origem chinesa, que há muito
tempo foram incorporadas na língua japonesa, denominadas kango que podem ser
expressos por um, dois ou mais ideogramas, mas está determinado que sua leitura deve
ser realizada através da leitura chinesa. Outro shakuyôgo é o gairaigo também palavra
de origem estrangeira incorporada ao sistema da língua japonesa. Estas últimas,
incorporadas recentemente ao vernáculo japonês, escritas em katakana
164
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
Gairaigo
No.
052
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Palavra de origem estrangeira
Categorização
Uso
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
024 e 026
Descrição sistematizada da unidade terminológica
O gairaigo refere-se a palavra de origem estrangeira incorporado ao sistema do
vernáculo, também é denominado de shakuyôgo. É regra escrever utilizando o
fonograma katakana. As palavras chinesas que há muito foram incorporadas à língua
japonesa são denominadas kango, enquanto que palavras de origem chinesa de
incorporação recente são consideradas gairaigo e são tratadas como tal. Atualmente,
denominamos a palavra de origem estrangeira como katakana go ou então katakana
kotoba. Principalmente, em tempos recentes devido ao rápido progresso da informática,
parece que as palavras de origem estrangeira ficaram em maior evidência, induzindo à
idéia de associar palavras de origem estrangeira à escrita em fonograma katakana..
Devemos lembrar, entretanto, que a origem do fonograma katakana nada tem a ver com
palavras de origem estrangeira. Foi apenas em 1954, que foi decidido oficialmente que
o fonograma katakana deveria ser utilizado para escrever palavras de origem
estrangeira.
165
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
外来語の表記
Gairaigo no hyôki
No.
053
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Escrita de palavras de origem estrangeira
Categorização
Uso
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
096
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Segundo o relatório acerca da escrita de palavras de origem estrangeira, publicada em
fevereiro de 1991, temos:
(1) Palavras de origem estrangeira completamente adaptadas à língua japonesa, por
estarem ali inseridas há muito tempo, quase não restando a idéia de sua origem
são escritas com a utilização do fonograma hiragana e até mesmo com
ideograma.
(2) Escreve-se em fonograma katakana , se a palavra absorvida pela língua
japonesa, não tiver ainda perdido traços de sua origem quanto a sua estrutura,
se compararmos com aqueles completamente absorvidos.
(3) Escreve-se fazendo combinações do fonograma katakana, na tentativa de
reproduzir sons que não existem na língua japonesa, palavras onde restam ainda
a idéia de que são de origem estrangeira. Apresentam muita variação na grafia
da palavra e há movimentos que procuram ajustar esse formato.
166
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
片仮名の表記
Katakana no hyôki
No.
054
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Escrita em katakana
Categorização
Uso
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
034 e 121
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Foi apenas no final do período Meiji (1868-1912) que se levantaram vozes para
organizar a escrita de palavras de origem estrangeira, entretanto foi apenas após o fim
da segunda guerra mundial, foram estabelecidas regras:
1946 – O guia de ideogramas de uso corrente – indica que as palavras de origem
estrangeira deveriam ser escritas em kana (fonograma).
1954 – pelo anuncio da Kokugo bangikai bukai “palavras de origem estrangeira como
regra devem ser escritos em katakana
A escrita do katakana é utilizada nos seguintes casos:
1- palavra de origem estrangeira e palavra estrangeira;
2- nomes de pessoa e localidade estrangeira;
3- termos técnicos, termos especializados como nome de doenças, etc;
4- nomes de animais, vegetais, ferramentas;
5- onomatopéias;
6- para indicar significados peculiares, gírias;
7- para facilitar a leitura, chamar a atenção ou enfatizar algum significado
especial;
8- em textos de telegramas, endereçamento de documentos administrativos;
9- nomes de empresas e produtos;
10- expressar o som ou voz como sinal de pronunciação.
167
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
ローマ字のつづり方
Rômaji no tsuzurikata
No.
055
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Escrita romanizada
Categorização
Uso
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
123
Descrição sistematizada da unidade terminológica
A escrita romanizada consiste na utilização do alfabeto latino para registrar a língua
japonesa. São seguintes as regras para a escrita romanizada:
Representa-se o som nasal por n ou m conforme os sistemas:
sistema kunreishiki
nihonshiki
tenki sinbun sanmyaku denpô
sistema hebonshiki tenki shimbun sammyaku dem
Se após o som nasal n tivermos y ou alguma vogal, utiliza-se o sinal ' como no
exemplo
sistema kunreishiki
nihonshiki tan’i kin’yôbi sin’ei
sistema hebonshiki tan’i kin’yôbi shin’ei
som oclusivo duplica-se a consoante
sistema kunreishiki
nihonshiki gakki kitte zassi syuppatu ittyaku
sistema hebonshiki gakki kitte zasshi shuppatsu ictyaku
vogal prolongada – coloca-se um acento circunflexo na vogal prolongada, ou
escreve-se duplamente a vogal quando for a primeira letra da palavra, em qualquer
sistema de escrita..
okâsan kûki ôkii Oosaka
sons especiais a escrita é livre, em qualquer sistema de escrita
firumu huirumu otottsan otottwan
início de sentençasnomes própriosa primeira letra da palavra deve ser
maiúscula, em qualquer sistema de escrita
Kyô wa kayôbi desu. Mikami ·Akira
168
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
熟字訓
Jukujikun
No.
056
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Jukujikun
Categorização
Uso
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
093
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Denominamos jukuji kun ou gikun se a leitura da palavra composta por ideogramas for
associada em sua totalidade à palavra japonesa. Ou seja, a leitura é realizada
considerando a composição em sua totalidade, sem dividir como leitura de cada
elemento componenete.
O Guia de ideogramas de uso diário apresenta uma de lista 53 palavras com essa
conformação.
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
Ateji
No.
057
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Ateji
Categorização
Uso
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
094
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Chamamos de ateji às palavras construídas, levando-se em conta apenas a leitura do
ideograma, sem considerar o significado de cada uma delas. São palavras criadas
principalmente no período Edo (1600-1867) quando o uso dos ideogramas foi muito
difundido.Os guias recomendam:
Guia de ideogramas de uso corrente – o ateji deve ser escrito em fonograma kana.
Guia de ideogramas de uso diário – publicou um anexo com 110 palavras consideradas
ateji e jukuji kun.
169
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
動植物の名称
Dôshokubutsu no meisho
No.
058
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Denominação da fauna e flora
Categorização
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
112
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Em relação à denominação de animais e vegetais estão estabelecidas as regras:
O Guia de ideogramas de uso corrente traz: “denominações da fauna e flora devem ser
escritos em kana (fonograma)”.
O Guia de ideogramas de uso diário traz uma lista com denominações que são
utilizadas em ideograma.
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
人名漢字
Jin’mei kanji
No.
059
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Ideograma de nome de pessoas
Categorização
Uso
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
108
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Em relação a nome de pessoas existem hábitos que tornam o Guia de ideogramas de
uso corrente insuficiente, e criou insatisfação no meio do povo em geral. Por isso para
resolver essa situação foi estabelecida, em separado, uma listagem própria. Hoje em
dia, para colocar um ideograma no nome de uma criança é preciso seguir a legislação
do registro civil. Atualmente estão à disposição 2229 ideogramas para escrever nomes.
170
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
専門用語
Sen’mon’yôgo
No.
060
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Linguagem de especialidade
Categorização
Uso
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
109
Descrição sistematizada da unidade terminológica
No Guia de ideogramas de uso diário, consta que o mesmo não deseja exercer
influência sobre “ uma área especializada, ou na escrita de uma pessoa”, portanto a
linguagem especializada não é objeto de regra. Por isso, cada área pode utilizar o
ideograma que achar necessário.
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
文字の指導
Moji no shidô
No.
061
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Ensino do grafema
Categorização
Ensino
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
057 e 101
Descrição sistematizada da unidade terminológica
O ensino da escrita japonesa é realizada através de um conjunto de ações que envolvem o ensino do
grafema, o ensino de seu uso e normas e da análise dos procedimentos de ensino mais adequados para
cada situação, grupo de aprendentes e nível de aprendenteagem.
Como orientação para o ensino dos grafemas é indicado começar pelos fonogramas kana (hiragana e
katakana – nessa ordem) e depois ensinar os ideogramas. Geralmente, inicia-se através dos sons da
língua japonesa, com diálogos simples utilizando recursos visuais, até escrevendo em alfabeto romano,
cuja escrita é familiar para o aprendente. Introduz-se inicialmente o hiragana,em seguida o katakana e
aos poucos os ideogramas conforme a necessidade.
171
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
平仮名の指導の基本
Hiragana no shidô no kihon
No.
062
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Fundamentos do ensino do hiragana
Categorização
Ensino
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
102
Descrição sistematizada da unidade terminológica
É fundamental no ensino do hiragana orientar para que o aprendente consiga fazer a
correspondência do som japonês e o grafema. Os objetivos do ensino de hiragana são a
aquisição da:
- escrita;
- pronúncia da palavra;
- entoação da palavra dentro de uma sentença
e saber reconhecer o desvio entre a pronúncia e a escrita dentro de um texto.
O método de ensino vai depender de quanto o aprendente está entendendo a pronúncia
japonesa. Inicia-se pelos sons básicos, passando pelos sons de sílaba sonorizada, sons
da oclusiva bilabial surda,sons da consoante dobrada, sons da sílaba longa, sons
palatalizados. Os exercícios de pronúncia devem ser realizados através de vocabulário
conhecido e avançando paulatinamente na medida que o aprendente se acostume com a
pronúncia japonesa. É recomendado que se ensine o uso do hiragana como okurigana
, as distinções no uso de (zi,di,zu,du) e (iu,yuu) após o ensino de ideogramas.
172
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
平仮名の導入の順序
Hiragana dônyû no junjo
No.
063
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Seqüência de introdução do hiragana
Categorização
Ensino
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
120
Descrição sistematizada da unidade terminológica
A introdução ao hiragana é realizada, em geral, com a apresentação dos sons japoneses
através da tabela do silabário japonês, fazendo a associação dos sons aos grafemas,
utilizando o método sintético silábico do ensino da escrita, processo no qual o
aprendente parte das sílabas para palavras. Ensinar aos poucos, uma coluna da tabela
do silabário de cada vez; procurando formar palavras com os grafemas aprendidos,
para não trabalhar apenas grafemas sem sentido, mas palavras. Após a fixação da
figura do grafema com o som, passar para a escrita dos mesmos.Neste caso o processo
de ensino é semelhante ao método fonético silábico. Após terminar os sons básicos,
passar para os sons sibilados, a vogal longa, o som oclusivo e o som contraído;
verificando sempre a fixação dos grafemas já introduzidos. Esta não é a única
seqüência para ensinar hiragana. TOYOTA,T.;SANADA,K.(1997,p.181-186) sugerem
um processo semelhante ao método analítico de palavração, no qual o aprendente parte
de palavras que são separadas em sílabas. Neste caso é importante a seleção das
palavras. Esta seleção deve ser realizada considerando palavras cujas sílabas
componentes possam ser facilmente identificadas na seqüência da tabela do silabário.
Por exemplo: se o objetivo é ensinar as sílabas da primeira coluna do silabário
(a,i,u,e,o) utilizar palavras como ashi, ie, ushi, e, okashi. É recomendado que se
verifique: 1 – que os aprendentes, a medida que treinam a leitura dominem o
significado das palavras; 2 – a pronúncia correta das palavras; 3- a associação dos
grafemas aprendidos através de palavras com os expostos na tabela do silabário; 4 – a
escrita correta dos grafemas; 5 – a aprendizagem, através de recursos de avaliação do
mesmo. Estes autores sugerem também que após o ensino dos sons básicos, ensinar o
som sibilado, a vogal longo, o som oclusivo e após isso utilizar palavras com o som
semi sibilado, uma vez que há possibilidade de encontrar mais palavras com o som
semi sibilado se for associado ao som oclusivo, por exemplo utilizando sufixos de
contagem. E por fim ensinar o som palatalizado.
173
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
片仮名の指導
Katakana no shidô
No.
064
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Ensino do katakana
Categorização
Ensino
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
122
Descrição sistematizada da unidade terminológica
O ensino do katakana deve ser realizado após o processo de ensino e aprendizagem do
hiragana. A diferença no processo de ensino dos dois silabários é que os sons já devem
ser do conhecimento dos aprendentes e o que ocorre agora é a associação do som com a
nova escrita. Para aqueles que se sentem pressionados por essa nova seqüência de
grafemas, mostrar que:
(1) a seqüência dos sons é a mesma da tabela do silabário de hiragana, portanto um
conhecimento já adquirido;
(2) a forma da letra é mais simples, pois trata-se de uma simplificação utilizando
parcialmente o ideograma adotado para representar graficamente esse som;
(3) a sílaba longa é representada por um traço;
(4) não pode deixar de aprender, pois é utilizado para escrever além dos nomes de
pessoas e logradouros estrangeiros, para escrever palavras consideradas
japonesas que são de origem estrangeira;
(5) não é só para palavras de origem estrangeira, é utilizado também para
onomatopéias, interjeições, etc.
174
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
片仮名の指導の基本
Katakana no shidô no kihon
No.
065
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Fundamentos do ensino de katakana
Categorização
Ensino
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
104
Descrição sistematizada da unidade terminológica
O ensino de katakana é realizado de forma semelhante ao ensino do hiragana,
entretanto a base de seu ensino não é a correspondência entre a forma escrita e a
pronúncia original da palavra, mas a correspondência entre a escrita e a pronúncia em
língua japonesa da palavra (normalmente de origem estrangeira) e o estudo de seu
significado. Por isso, é importante no ensino do katakana o treino da forma escrita de
sons que não existem na língua japonesa. Regra geral é utilizado o método analítico de
palavração através de imagens e figuras. No Japão, são muito utilizadas palavras que
aparecem em menus de restaurantes e palavras de origem estrangeiras com
porcentagem de uso alta no cotidiano. Usa-se também ensinar treinando a forma
padrão de escrita japonesa que consiste na escrita de sentenças através de uma
combinação adequada de ideogramas e fonogramas japoneses.
175
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
片仮名の表記の問題
Katakana hyôki no mondai
No.
066
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Problemas de notação ortográfica no
sistema katakana
Categorização
Ensino
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
105
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Como a escrita padrão do katakana tem um traçado mais simples, sua aprendizagem
aparenta se mais simples, entretanto apresenta dificuldades como:
possui grafemas de aparência semelhante ao hiragana;
possui grafemas com composição de traços de tipos semelhantes;
a sílaba longa é representada por um traço, o que parece simples, entretanto
deverá ser vertical ou horizontal, dependendo se a escrita é vertical ou
horizontal;
em relação ao uso, ou seja, transformar uma palavra estrangeira em pronúncia
japonesa e depois transcrever em katakana;
a redução do tamanho de palavras de mais de três sílabas, em geral de forma aleatória,
ao sabor do uso das pessoas, dificulta a compreensão do significado.
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
漢字の指導
Kanji no shidô
No.
067
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Ensino do ideograma
Categorização
Ensino
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
116
Descrição sistematizada da unidade terminológica
O ensino de ideogramas consiste no ensino da forma, leitura e significado de cada ideograma,
considerando as relações entre os três aspectos de cada ideograma e as relações que cada um deles
mantém com o universo ao qual pertence.Para promover um processo de ensino com êxito é preciso que
o professor mantenha uma atitude que desperte o interesse por seu estudo. TAKEBE,Y. (1989,p.3)
afirma ser seu lema no ensino de ideogramas: “ o ideograma é algo raro, precioso”. Ele parte da
convicção de que o ideograma não é difícil e na crença de que a atitude positiva do professor é
importante para vencer obstáculos. Essa atitude do professor vai depender muito de seu conhecimento
acerca dos fundamentos para o ensino e forma de conduzir tal processo.
176
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
漢字の指導の基本
Kanji no shidô no kihon
No.
068
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Fundamentos do ensino do ideograma
Categorização
Ensino
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
106
Descrição sistematizada da unidade terminológica
O ideograma é dotado de uma forma (escrita padrão), leitura e significado. No
momento do ensino, naturalmente, devem ser abordados esses aspectos. Ao ensinar a
forma (escrita padrão) é preciso ensinar os radicais, número de traços, seqüência de
escrita. Ao abordar a leitura é preciso ensinar sobre homófonos; e tratar de significado
implica em falar sobre composição de palavras, etc. Aprender ideograma deve
significar saber usá-los. O método utilizado deve ser adequado para cada grupo de
aprendentes considerando suas possibilidades e necessidades. Observar sempre os
pontos necessários de reforço e é preciso conhecer as características do aprendente
para poder direcionar melhor essa ação. Quanto aos níveis de ensino, podemos pensar
em duas etapas: no nível básico – introduzir uma palavra através da leitura, transcrevê-
la em ideograma e depois treinar a escrita do grafema; do nível intermediário em
diante, utilizar palavras contidas em um texto onde se pode verificar a leitura,
significado e uso, fazer com que aprenda simultaneamente a formação, composição,
forma de construção de palavras, etc. O objetivo é que consigam ler e escrever por
volta de 500 ideogramas. Após isso fazemos com que tenham condição de prosseguir
sozinhos consultando dicionários. Entretanto, há um consenso em que esse método não
é conveniente, pois a quantidade informação que os aprendentes possuem nessa etapa
ainda é não é adequada. Esses fatos fizeram com que houvesse uma revisão dos
ideogramas de forma sistemática, levando em consideração a forma de cognição
associada ao seu aprendizado, estão sendo realizados estudos e métodos que permitam
a memorização através de elementos de composição do ideograma, de desmontagem e
disposição dos elementos. Nota-se também a experimentação de procedimentos
desenvolvidos para o estudo dos ideogramas através da forma, leitura, imagens,
processos de memorização, etc. Apesar dos esforços não temos conhecimento de um
método que seja único, apenas podemos citar o aprendizado utilizando processos de
auto instrução com programa de computadores como um novo caminho.
177
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
漢字の導入の方法
Kanji no dônyû hôhô
No.
069
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Formas de apresentar ideogramas no
ensino
Categorização
Ensino
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
117
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Seqüência de apresentação dos ideogramas no ensino da escrita e a forma de
introdução depende dos objetivos do público alvo, entretanto podemos apontar alguns
critérios que podem ser observados. O ensino dos ideogramas pode ser realizado a
partir de:
(1) ideograma com um número pequeno de traços;
(2) ideograma de significado de fácil entendimento;
(3) ideogramas que podem se transformar em radicais ou parte de outro ideograma;
(4) ideogramas utilizados em palavras de necessidade e uso freqüente;
(5) ideogramas com possibilidade alta de vir a ser prefixo ou sufixo com
possibilidade alta de formar novas palavras.
Além desses critérios, pode-se pensar em um ensino:
a) associado ao material didático principal;
b) associado aos ideogramas listados para o exame de proficiência em
língua japonesa;
c) a partir de uma seleção, considerando aspectos práticos como iniciar o
aprendizado por aqueles que são convenientes saber para uma pessoa
viver no Japão.
178
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
指導の留意点
Shidô no ryûiten
No.
070
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Prática da escrita do grafema
Categorização
Ensino
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
105
Descrição sistematizada da unidade terminológica
A forma escrita do grafema depende, entre outros, da colocação do ponto, do comprimento e
direção do traço, a concretização da delicada curva em sua composição. Um dos problemas
encontrados na prática da escrita do grafema consiste na obediência à seqüência dos traços,
fato este muitas vezes não obedecido por hábitos na escrita da língua materna do aprendente.
Aprender a escrever pode ser comparada com aprender a cozinhar, pois para bem executá-la é
preciso executar uma seqüência de ações, não se aprende apenas observando é preciso agir e
uma vez aprendido, mesmo que passe um tempo sem executar tal ação, é capaz de cozinhar
quando necessário. O mesmo ocorre com a escrita. Também não é só olhando que se aprende, é
preciso praticar. Daí a máxima “ aprender com a mão” com o significado de aprender
escrevendo.Segundo TAKEBE,Y.(1991,p.143-146) É importante que cada unidade que forma
o grafema seja traçado sempre da mesma forma e seqüência. Da mesma forma que existe uma
seqüência de ações para cozinhar, que após o aprendizado torna-se automático, o mesmo deve
ocorrer com o aprendizado da escrita japonesa. A escrita do grafema exige que ela seja feita
sempre na mesma seqüência pré-estabelecida, uma vez que há razões na origem da grafia para
que seja feita dessa maneira e para que se torne uma escrita correta e legível. A exigência da
seqüência decorre da exatidão que é exigida na escrita do grafema, pois a não observância
neste item pode acarretar irregularidade no tamanho e forma dos traços e em conseqüência
tornando-a ilegível. É indicada a seguinte seqüência como objetivos a serem alcançados através
do treino da escrita:
teinei – Copiar prestando atenção no modelo. Fazer a distinção dos tipos de traços
observando se é reto, arqueado, curvo ou dobrado. Fazer distinção na finalização do
traço observando se o traçado cessa com firmeza, aos poucos afinando os traços ou se
termina abruptamente como se a ponta do instrumento para escrever utilizado tivesse
dado um salto.
tadashiku - Copiar corretamente.
yomiyasuku - Escrever de forma legível.
totonoete – Escrever com exatidão.
hayaku – Escrever com rapidez.
Utsukushiku – Escrever de forma que resulte em uma letra bonita.
Consideramos a pratica plenamente satisfatória se o aprendente chegar a escrever com
exatidão e conhecer utilização correta dos recursos de apresentação da escrita japonesa.
O fato do texto apresentar recomendações gerais quanto à prática da escrita em geral, na
unidade terminológica equivalente foi adotado como prática de escrita do grafema.
179
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
ます目書き
Masumegaki
No.
071
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Masumegaki
Categorização
Ensino
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
099
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Masumegaki significa escrever em um espaço quadrado. Em geral, aprendentes de
escrita japonesa realizam os exercícios de treinamento em folha de papel quadriculado,
pois a escrita japonesa tem como grande característica que cada letra ocupe o mesmo
espaço, independentemente da quantidade de traços. O exemplo mais representativo da
escrita japonesa em um espaço delimitado é a escrita na folha de papel quadriculado
denominado genkôyôshi. Trata-se de uma folha preparada, normalmente, para a escrita
vertical, ou escrita horizontal, em alguns casos, devendo cada letra ou sinal ocupar um
espaço. Sinais de pontuação, ou letras auxiliares devem ocupar um quadrado e para
facilitar a leitura não escrever fonogramas auxiliares e nem deixar sinais de pontuação
ou parênteses em posição que ocupem as extremidades do espaço quadriculado.
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
Tategaki
No.
072
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Escrita vertical
Categorização
Ensino
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
097
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Escrita vertical consiste na apresentação mais tradicional da escrita japonesa. Os
grafemas são apresentados no sentido vertical do papel, são escritos de cima para
baixo, por princípio da direita para a esquerda (escrita vertical à direita). Em geral,
utilizam essa forma de escrita: os jornais, revistas em geral, as leis, obras literárias,
livros didáticos da língua pátria, comunicações individuais.
180
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
Yokogaki
No.
073
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Escrita horizontal
Categorização
Ensino
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
098
Descrição sistematizada da unidade terminológica
A escrita japonesa admite dois tipos de apresentação escrita. A escrita tategaki quando
os grafemas estão dispostos no sentido vertical do papel, e a escrita yokogaki quando
dispostos no sentido horizontal do papel. Em geral, os grafemas são dispostos da
esquerda para a direita e é denominada escrita horizontal à esquerda. Após a guerra,
documentos oficiais passaram a ter escrita horizontal. Em 4 de abril de 1952, foi
publicado “ Pontos importantes para a elaboração de documentos oficiais”. Após a
publicação dessas regras, excetuando-se os jornais, a utilização da escrita horizontal
tem sido mais freqüente. Livros didáticos de ensino de língua japonesa como língua
estrangeira, dicionários bilingües, muitos são os textos que usam a escrita horizontal.
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
分かち書き
Wakachigaki
No.
074
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Escrita com espaçamento entre
palavras
Categorização
Ensino
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
006
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Em língua japonesa, este é um recurso didático utilizado se o texto estiver escrito
apenas com utilização de fonogramas. É preciso que haja espaçamento entre palavras,
pois não será possível identifica-las.Entretanto, excetuando-se casos especiais, é hábito
escrever sem fazer o espaçamento entre as palavras, utilizando o sistema de
combinação de ideogramas e fonogramas. Isto porque aparece o ideograma de forma
visível chamando a atenção com seu significado e os fonogramas com a função de
representar as flexões, partículas e verbos auxiliares, tornando a separação entre as
sílabas sem função.
181
FICHA TERMINOLÓGICA DEFINITIVA
ENSINO DA ESCRITA JAPONESA
Unidade terminológica
原稿用紙の使い方
Genkô yôshi no tsukaikata
No.
075
UT equivalente no vernáculo
UT de empréstimo
Uso do papel para manuscritos
Categorização
Ensino
Fonte: número(s) da(s) ficha(s) de elaboração
126 e 127
Descrição sistematizada da unidade terminológica
Chamamos de genkô yôshi ao papel com divisões quadriculadas próprio para manuscritos.
Existem as versões para escrita horizontal e vertical. No Brasil, é mais facilmente encontrada a
versão de escrita vertical. Em escolas de língua, esses papéis são utilizados para apresentação
de textos de cópia, ou em elaboração de redações. Os textos escritos nesses papeis devem
seguir regras para dispor o texto. No caso de escrita vertical são:
(1) Escreve-se o título do texto na primeira ou segunda coluna, a partir da direita,
deixando livre 3 espaços, a partir de cima.
(2) Escreve-se o subtítulo na coluna seguinte ao do título. Iniciando a uma altura de pelo
menos dois espaços abaixo do título principal, colocando traços verticais no início e no
fim do subtítulo.
(3) Escreve-se o nome do autor do trabalho na coluna seguinte, deixando livre dois
espaços no final;
(4) Pode-se iniciar o texto na coluna seguinte, ou deixando o espaço de uma coluna.
(5) Escreve-se um grafema em cada espaço. As letras menores (auxiliares) que indicam
sons palatalizados e consoante dupla ocupam um espaço;
(6) No início do texto, ou de um novo parágrafo, deve-se iniciar a coluna deixando um
espaço como parágrafo;
(7) Os números, em princípio, devem ser escritos em ideograma;
(8) Os sinais de pontuação devem ocupar o espaço como se fosse uma letra;
(9) Não se deve colocar ponto final ou vírgula, no primeiro espaço de uma coluna. Caso
isso ocorra, deixar junto com o grafema anterior.
(10) Se o primeiro sinal de parêntese tiver que ocupar o último espaço de uma coluna, deve
ser transferido para o primeiro espaço da coluna seguinte;
(11) As expressões coloquiais, em geral, são colocadas em outra coluna;
(12) O ponto final e o colchete indicativo do fim de uma sentença coloquial devem ser
colocados no mesmo espaço.
O caso da escrita horizontal:
(1) a utilização é semelhante ao da escrita em vertical;
(2) A localização dos grafemas auxiliares muda de posição dentro do espaço quadriculado;
(3) Os sinais indicativos do início e fim de expressão coloquial muda de direção;
;
No caso de letra do alfabeto romano, é regra escrever duas letras em um espaço
MASUDA,K.91995,p.328) admite para genkô yôshi o equivalente manuscript paper. Por essa
razão utilizamos a terminologia papel para manuscrito.
182
183
APÊNDICE 3 – DESCRIÇÃO DAS UNIDADES TERMINOLÓGICAS CONSTITUINTES
DO SISTEMA DE CONCEITOS
A tabela a seguir contém as unidades terminológicas analisadas distribuídas segundo sua
categorização. Foram consideradas as categorias: grafema, uso e ensino. Cada linha da tabela
informa:
Primeira coluna - o número do termo no sistema de conceitos;
Segunda coluna - a unidade terminológica na forma que foi coletada, a transcrição de
sua leitura em alfabeto romano e o equivalente em língua portuguesa;
Terceira coluna – a definição do termo coletado;
Quarta coluna – o número da ficha definitiva que permitiu a elaboração da definição.
No. no
sistema
Unidade terminológica
Japonês/português
Definição Fonte
Ficha
no.
日本語教育における表記法の指導
Hyôkihô no shidô
Ensino do sistema gráfico de notação
da língua japonesa
Ensino do sistema de grafemas,
sinais de pontuação e repetição
adotados para transcrever a
língua japonesa e seu uso
segundo as regras ortográficas
vigentes.
001
1 – O GRAFEMA
1
日本語の文字体系
Nihongo no moji taikei
Sistema de grafemas da
língua japonesa
Conjunto de grafemas (ideogramas,
fonogramas e escrita romanizada) e sinais
de pontuação que tornam possível a
escrita padrão japonesa.
002
1.1
表意文字
Hyôimoji
Ideograma
Grafema semântico que possui três
características simultaneamente: a forma ,
o som (leitura) e o significado. É
denominado também de kanji.
003
1.1.1
六書
Rikusho
Classificação dos ideogramas chineses
segundo sua composição e uso. Segundo
a sua composição temos: pictograma,
184
Principio de contrução do
ideograma
logograma, ideograma de composição
associativa, ideograma de composição
através do conceito e som.
Segundo o uso: ideograma concebido
através de empréstimo fonético,
ideograma originado de derivação de
conceito.
004
1.1.1.1
象形文字
Shôkeimoji
Pictograma
Ideograma representado por um desenho
simplificado simbolizando os objetos da
realidade.
005
1.1.1.2
指示文字
Shijimoji
Notação em diagrama
Ideograma representado por linhas e
pontos simbolizando idéias abstratas.
006
1.1.1.3
会意文字
Kaiimoji
Composição associativa
Ideograma representado pela associação
de outros já existentes, simbolizando um
conceito.
007
1.1.1.4
形成文字
Keiseimoji
Composição por
conceito e som
Ideograma representado pela composição
de outros já existentes, onde um
componente é responsável pela leitura e o
outro pelo significado.
008
1.1.1.5
Kasha
Composição por rébus
Ideograma chinês utilizado apenas no seu
aspecto de leitura, para representar um
conceito ou leitura de palavra estrangeira.
009
1.1.1.6
Tenchû
Composição por
sinédoque
Ideograma chinês utilizado por ampliação
em seu significado através de associação
de idéias.
010
1.1.2
漢字の音訓
Kanji no on’kun
Leituras do ideograma
Leitura associada ao ideograma. Salvo
algumas exceções, a cada ideograma
japonês associam-se pelo menos dois
tipos de leitura.
011
1.1.2.1
訓読み
Kun’yomi
Leitura do ideograma adotada através da
equivalência entre o significado do
ideograma e a palavra japonesa
012
185
Leitura japonesa correspondente a esse conceito. Os
dicionários de ideogramas têm por
convenção, indicar essa leitura em
fonograma hiragana.
1.1.2.2
音読み
On’yomi
Leitura chinesa
Leitura do ideograma realizada conforme
a leitura original chinesa, com pronuncia
à moda japonesa. Os dicionários de
ideogramas têm por convenção, indicar
esta leitura em fonograma katakana.
013
1.1.3
漢字の字体
Kanji no jitai
Forma padrão do
ideograma
Aspecto do ideograma obtido através de
uma composição de pontos e traços e
aceito como padrão para representar um
determinado conceito, distinguindo-o de
outro. O padrão utilizado atualmente
denomina-se shinjitai
014
1.1.3.1
漢字の画数
Kanji no kakusû
Número de traços de um
ideograma
Quantidade de pontos e traços que
compõe um ideograma.
015
1.1.3.2
漢字の筆順
Kanji no hitsujun
Seqüência de traços
Seqüência de pontos e traços, que devem
ser rigorosamente obedecidos, utilizados
para compor um ideograma.
016
1.1.3.3
漢字の部首
Kanji no bushu
Radical do ideograma
Parte do ideograma utilizado para
classificá-lo através de características de
sua composição.
017
1.2
表音文字
Hyôon’moji
Fonograma
Grafema fonético que possui forma e
leitura. O grafema fonético pode ser
silábico ou segmental. O grafema
fonético silábico é denominado também
de kana ou então fonograma. A escrita
japonesa admite dois tipos de kana:
hiragana e katakana. O grafema fonético
segmental utilizado na escrita japonesa
consiste na utilização do alfabeto latino
na forma denominada escrita romanizada.
018
1.2.1
万葉仮名
Man’yôgana
Ideograma chinês utilizado como
fonograma em língua japonesa. Tem esse
nome pode ter sido utilizado na obra
019
186
Man’yôgana Man’yôshu (em 759). Esta obra foi escrita
em sua totalidade com estrutura da língua
japonesa e utilização de ideogramas
chineses ora como ideogramas ora como
fonogramas. Este fato é importante, pois
trata-se de uma das etapas da
transformação do ideograma chinês em
fonograma japonês.
1.2.1.1
平仮名
Hiragana
Hiragana
Grafema fonético da língua japonesa
originado da escrita simplificada da forma
cursiva do ideograma chinês cuja leitura
foi tomada de empréstimo para
representar um determinado som da
língua japonesa.
020
1.2.1.2
片仮名
Katakana
Katakana
Grafema fonético silábico da língua
japonesa elaborado a partir da abreviação
de um ideograma chinês, utilizando-se
apenas parte do mesmo, cuja leitura foi
tomada de empréstimo para ser utilizada
como método mnemônico para leituras de
textos oficiais escritos em chinês
(kanbun).
021
1.2.3
五十音図
Gojûon’zu
Tabela do silabário
japonês
Tabela contendo 46 grafemas fonéticos,
representando os sons da língua japonesa.
São grafemas que representam sons sem
modificação por acréscimos de
diacríticos, ou por associação de dois
fonogramas.
022
1.2.4
ローマ字
Rômaji
Escrita romanizada
Transcrição da língua japonesa com a
utilização do alfabeto latino.
023
1.3
区切り符号
Kugiri fugô
Sinal de pontuação
Sinal gráfico que indica visualmente o
corte e a continuação em um texto,
clarificando as relações entre as palavras
na construção de frases, evitando enganos
de interpretação, facilitando a leitura.
024
187
1.4
繰り返し符号
Kurikaeshi fugô
Sinal de repetição
Sinal gráfico que indica repetição. É
utilizado no lugar do grafema no seguinte
caso: se uma palavra apresenta
seguidamente dois grafemas idênticos, o
segundo é substituído pelo sinal gráfico
que indica repetição. Procura-se não
utilizar sinais de repetição em textos
oficiais.
025
2 O USO
2
漢字仮名交じり文
Kanji kana majiribun
Escrita padrão do texto em
língua japonesa
Escrita realizada por uma combinação
adequada de ideogramas, fonogramas,
rômaji e sinais gráficos (de pontuação
e/ou de repetição) para transcrever a
língua japonesa.
026
2.1
現代日本語の音の表記
Gendai nihongo no oto no
hyôki
Escrita dos sons da língua
japonesa atual
Representação escrita dos sons da língua
japonesa através dos grafemas da tabela
do silabário japonês e suas associações
com diacríticos ou combinações entre si.
027
2.1.1
直音の表記
Chokuon no hyôki
Escrita do som básico
Escrita de todos os grafemas da tabela do
silabário japonês, excetuando-se aquele
correspondente à sílaba nasal indicado
pelo grafema 「ん].
028
2.1.2
撥音の表記
Hatsuon no hyôki
Escrita do som nasal
moraico
Escrita do grafema 「ん」,
corresponde ao som de [N], que é
denominação de vários sons nasais,
quando moraico.
029
2.1.3
濁音の表記
Dakuon no hyôki
Escrita do som vozeado ou consoante
sonora. São sons expressos por grafemas
que representam sons surdos
[k],[s],[],[t],[t],[ts],[h],[ç],[
F]
030
188
Escrita da sílaba
sonorizada
acrescidos do diacrítico 「゙」.
2.1.4
半濁音の表記
Han’ dakuon no hyôki
Escrita da sílaba oclusiva,
bilabial surda
Escrita da sílaba oclusiva bilabial surda.
São sílabas iniciadas pela oclusiva
bilabial surda /p/ - [pa][pi][pu][pe][po].
Sons expressos pelos grafemas
(は,ひ,ふ,へ,ほ) acrescidos do
diacrítico 「º」
031
2.1.5
促音の表記
Sokuon no hyôki
Escrita da consoante
dobrada
Escrita do som oclusivo com duração de
uma mora. É representada pelo
fonograma TSU em tamanho menor que
os outros fonogramas que representam a
palavra. Em escrita romanizada é
representada por consoante dupla.
Exemplo: せっけん – sekken (sabão)
032
2.1.6
長音の表記
Chôon no hyôki
Escrita da sílaba longa
Representação gráfica do som equivalente
a uma vogal longa que é pronunciada
conforme a vogal da sílaba imediatamente
anterior. É o som pronunciado estendendo
longamente, prolongamento este
equivalente a uma mora. Ela não existe
independentemente. Em hiragana, sua
escrita é realizada através do acréscimo
do grafema correspondente às vogais (a, i,
u, e, o). Em katakana, em caso de escrita
horizontal é representado por um traço (-)
horizontal , em caso de escrita vertical,
por um traço ( | ) vertical. Em escrita
romanizada, em geral, a indicação é
através do sinal circunflexo (^) na vogal
da sílaba longa.
Exemplo: すうがく – sûgaku
(matemática)
ビ-ル bîru – cerveja
033
2.1.7
拗音の表記
Yôon no hyôki
Escrita do som
palatalizado
A escrita de Yôon (som palatalizado)
corresponde à escrita de sons constituídos
pela combinação dos sons dos
fonogramas da linha 「i」 com o
fonema [j]. A representação do yoon é
realizada escrevendo o primeiro grafema
em tamanho normal e o segundo em
tamanho menor. O tempo de
pronunciação de cada conjunto yôon é de
034
189
uma mora.
2.2
Regras ortográficas
Normas de utilização dos ideogramas e
fonogramas. Aqui estão reunidas as
regras ortográficas que vieram a ser
utilizadas desde o início da história da
escrita japonesa, até os dias de hoje.
2.2.1
定家名遣い
Teika kana zukai
Ortografia Teika do
silabário
Registro de critérios de utilização do
fonograma, com a finalidade de
uniformização de uso do mesmo.
Recebeu este nome por ter sido
estabelecido por Fujiwara Teika (1162-
1241).
035
2.2.2
歴史的仮名遣い
Rekishiteki kana zukai
Ortografia histórica do
silabário
Norma ortográfica adotada no período
Edo (1600-1867). Essa norma tem como
característica a atualização da escrita de
sons que se tornaram próximos devido a
transformações fonéticas, mas escritas
como eram originariamente, passaram a
ser escritas conforme a pronúncia
atualizada.
036
2.2.3
現代かなづかい
Gendai kana zukai
Ortografia contemporânea
do silabário
Norma ortográfica que tem como
característica principal a restrição do
número de ideogramas a serem utilizados.
A norma indica quantos e quais são os
ideogramas. As palavras que utilizam
ideogramas que não constam da lista
devem ser escritas por fonogramas. A
transcrição de palavras com a utilização
de fonogramas deve ser elaborada
respeitando a pronúncia real da palavra.
Foi divulgada em novembro de 1946.
037
2.2.4
当用漢字表
Tôyô kanji hyô
Lista de ideogramas de
uso corrente
Lista de 1850 ideogramas considerados
de uso corrente. Esta lista foi anunciada
simultaneamente com as regras da
“Ortografia moderna”, em 16 de
novembro de 1946..
038
2.2.4.1
当用漢字音訓表
Tôyô kanji on kun hyô
Lista de leituras do
ideograma de uso corrente
Lista que estabelece as leituras (japonesa
e chinesa) dos 1850 ideogramas de uso
corrente. Foi apresentado em 1948 e
revisto em 1973.
039
190
2.2.4.2
当用漢字字体表
Tôyô kanji jitai hyô
Lista do padrão de escrita
dos
ideogramas de uso corrente
Lista que estabelece a forma padrão de
cada ideograma de uso corrente. Indica o
formato (tipo de traços e pontos) de cada
grafema. Foi apresentado em 1949
040
2.2.5
常用漢字表
Jôyô kanji hyô
Lista de ideogramas de uso
diário
Lista que indica a possibilidade de uso de
1945 ideogramas. Trata-se de um guia
que é resultado da revisão, correção e
acréscimos ao “Guia de ideogramas de
uso corrente”. É considerado como
referência para o uso dos ideogramas no
cotidiano dos japoneses. Anunciado pelo
governo em 1 de outubro de 1981.
041
2.2.6
現代仮名遣い
Gendai kana zukai
Ortografia atual do
silabário
Regras ortográficas que regem a base da
escrita atual em língua japonesa. Tem
como característica o princípio da escrita
acompanhando a pronúncia da linguagem
atual, fixando os usos especiais (exceções
à regra). A norma indica também as
formas de apresentação dos grafemas e
suas variantes com diacríticos,
combinações, etc. Foi aprovada em o1 de
julho de 1986.
042
2.2.7
送り仮名
Okurigana
Desinência de palavras
Fonogramas que acompanham o
ideograma formando uma palavra. Foi
estabelecida para fixar, de modo
conveniente, a leitura japonesa do
ideograma. Surgiu naturalmente por
ocasião da transformação dos textos
chineses em língua japonesa. Em 1973,
foi anunciada, oficialmente, uma
resolução que serve de ponto de
referencia para o uso de okurigana em
textos oficiais, leis, livros didáticos,
jornais, revistas, jornalismo, etc.
043
2.2.8
振り仮名
Furigana
Guia fonético
Fonograma colocado ao lado do
ideograma para indicar a sua leitura. Se a
escrita for vertical, o guia é colocado na
lateral à direita do ideograma; se a escrita
for horizontal em cima ou em baixo do
044
191
ideograma.
2.3
文字の書体
Mojino shotai
Estilo de escrita do
grafema
Estilo de escrita do grafema. Sua
apresentação visual que pode ser impressa
ou manuscrita. A forma impressa
mecanicamente é denominada insatsutai e
a forma manuscrita hisshatai.
045
2.3.1
印刷体
Insatsutai
Forma impressa
Estilo de escrita em impressão gráfica.
Existem vários tipos. Citaremos duas
fontes de tipo de letra, uma mais utilizada
e outra relacionada com materiais
didáticos.
O minchotai consiste em um estilo de
forma impressa, que é utilizado em livros
em geral, em livros didáticos acima do
nível ginasial, jornais e revistas.No início
do período Meiji (1868-1912) os
impressos utilizavam esse tipo de letra
impressa. A configuração é de fácil
leitura, porém é inadequado para
introduzir o estudo da escrita.
O kyôkashotai corresponde a um dos
tipos de forma impressa da configuração
kaisho. É utilizado em livros didáticos e
livros infantis.
O livro didático do primário utiliza o
kyôkashotai e o livro didático do ginásio
utiliza o minchotai.
046
2.3.2
筆写体
Hisshatai
Forma manuscrita
Forma manuscrita – forma escrita à mão.
São considerados três tipos de escrita.
Kaishotai – forma manuscrita sem
simplificação, com todos os traços bem
definidos. É a forma mais próxima ao
kyôkashotai da forma impressa.
Gyôshotai – forma manuscrita com um
pouco de simplificação no desenho dos
traços.
Sôshotai – forma manuscrita com muita
simplificação no desenho dos traços.
047
2.4
漢字の機能と役割
Kanji no kinô to yakuwari
Função e papel do
ideograma
O ideograma tem como atribuição ser
utilizado para a escrita das palavras como
substantivos, verbos, adjetivos e
advérbios indicando seu significado. Usa-
se, também para alguns conectivos. As
regras de utilização estão indicadas nos
guias próprios. São consideradas como
048
192
utilizações específicas:
- palavras compostas por ideogramas,
considerando apenas a sua leitura e não o
significado. São palavras conhecidas
como ateji.
- denominação de pessoas e elementos da
fauna e flora.
Quanto a palavras de domínio
especializado, estas não são objeto das
regras, podendo ser utilizado da forma
que o especialista considerar adequado.
2.4.1
漢字の熟語
Kanji no Jukugo
Palavra composta por
ideogramas
Palavra formada pela composição de dois
ou mais ideogramas, reunidos para formar
um significado. Uma das razões para este
tipo de composição deve-se ao fato de
haver muitos ideogramas com a mesma
leitura o que tornava difícil uma
diferenciação. Essas palavras são
compostas por:
1.repetição de um mesmo ideograma;
2.associação de ideogramas de mesmo
significado;
3,associação de ideogramas de
significados semelhantes;
4.associação de ideogramas de sentidos
opostos;
5.associação de ideogramas de forma que
o primeiro tenha a função de prefixo
qualitativo ou limitativo;
6.associação de ideogramas de forma que
o segundo tenha a função de sufixo
qualitativo ou limitativo;
7.associação de um ideograma que tenha
função qualitativa ou limitativa a um
verbo ou adjetivo;
8.associação de dois verbos;
9.utilização de um verbo como prefixo a
um substantivo, criando um outro
substantivo ou verbo;
10.associação de um ideograma que
individualmente ficam sem sentido.
11.associação como sufixo de verbo,
adjetivo ou advérbio para criar novos
adjetivos e advérbios;
12. pela associação com afixos para criar
novas palavras.
049
193
2.4.1.1
熟語の読み方
Jukugo no yomikata
Forma de leitura de
palavras compostas por
ideograma
Palavras compostas por ideogramas são
lidas pela combinação das leituras
chinesas ou japonesas de cada ideograma
componente, ou pela combinação dos
dois tipos de leitura. É considerado leitura
em uso idiomático, quando a leitura é
realizada considerando a composição da
palavra em sua totalidade, sem dividir
como leitura de cada elemento
componente. O Guia de ideogramas de
uso diário apresenta uma lista de 53
palavras com este tipo de uso.
050
2.4.2
日本語の語類
Nihongono gorui
Tipos de palavras
japonesas
As palavras da língua japonesa
classificadas segundo sua origem e
formação são :
Koyûgo ou wago - Wago também é
chamado de wagen. Indica dois
conceitos: um no sentido amplo com
significado de língua japonesa ou palavra
da língua japonesa, por outro lado pode
indicar também as palavras da língua
japonesa peculiar excetuando-se as
palavras de origem estrangeira que foram
incorporadas ao vocabulário do cotidiano.
Com este último conceito é também
denominado de yamato kotoba ou
yamatoshi.
Konshûgo - Konshûgo é palavra
originada de combinação de elementos de
diferentes origens como no exemplo
shôshaman onde shôsha é palavra de
origem chinesa, escrita em ideograma e
man de origem inglesa, escrita em
katakana.
Shakuyôgo - é equivalente a loan word
(palavra de empréstimo) definida como
palavra de outra língua adotada e
utilizada da mesma forma que outras
palavras já existentes. No caso da língua
japonesa incluiriam as palavras de origem
chinesa, que há muito tempo foram
incorporadas na língua japonesa,
denominadas kango que podem ser
expressos por um, dois ou mais
ideogramas, estando determinado que sua
051
194
leitura deve ser realizada através da
leitura chinesa. Outro shakuyôgo é o
gairaigo também palavra de origem
estrangeira incorporada ao sistema da
língua japonesa. Estas últimas,
incorporadas recentemente ao vernáculo
japonês, escritas em katakana
2.4.1.1
熟語の読み方
Jukugo no yomikata
Forma de leitura do jukugo
Palavras compostas por ideogramas são
lidas pela combinação das leituras
chinesas ou japonesas de cada ideograma
componente, ou pela combinação dos
dois tipos de leitura. É considerada leitura
em uso idiomático, quando a leitura é
realizada considerando a composição da
palavra em sua totalidade, sem dividir
como leitura de cada elemento
componente. O Guia de ideogramas de
uso diário apresenta uma lista de 53
palavras deste tipo.
050
2.4.2
日本語の語類
Nihongo no gorui
Tipos de palavras
japonesas
As palavras da língua japonesa
classificadas segundo sua origem e
formação são :
Koyûgo ou wago - Wago também é
chamado de wagen. Indica dois
conceitos: um no sentido amplo com
significado de língua japonesa ou palavra
da língua japonesa, por outro lado pode
indicar também as palavras da língua
japonesa peculiar excetuando-se as
palavras de origem estrangeira que foram
incorporadas ao vocabulário do cotidiano.
Com este último conceito é também
denominado de yamato kotoba ou
yamatoshi.
Konshûgo - Konshûgo é palavra
originada de combinação de elementos de
diferentes origens como no exemplo
shôshaman onde shôsha é palavra de
origem chinesa, escrita em ideograma e
man de origem inglesa, escrita em
katakana.
Shakuyôgo - é equivalente a loan word
(palavra de empréstimo) definida como
palavra de outra língua adotada e
utilizada da mesma forma que outras
palavras já existentes. No caso da língua
051
195
2.4.2
continuação
日本語の語類
Nihongo no gorui
Tipos de palavras
japonesas
japonesa incluiriam as palavras de origem
chinesa, que há muito tempo foram
incorporadas na língua japonesa,
denominadas kango que podem ser
expressos por um, dois ou mais
ideogramas, estando determinado que sua
leitura deve ser realizada através da
leitura chinesa. Outro shakuyôgo é o
gairaigo também palavra de origem
estrangeira incorporada ao sistema da
língua japonesa. Estas últimas,
incorporadas recentemente ao vernáculo
japonês são escritas em katakana
2.5
外来語
Gairaigo
Palavra de origem
estrangeira
Palavra de origem estrangeira
incorporado ao sistema do vernáculo
japonês. Em 1954, foi decidido
oficialmente que se deveria utilizar o
fonograma katakana para escrever essas
palavras. Atualmente, denominamos a
palavra de origem estrangeira como
katakana go ou então katakana kotoba.
As palavras chinesas que há muito foram
incorporadas à língua japonesa são
denominadas kango, enquanto que
palavras de origem chinesa de
incorporação recente são consideradas
gairaigo e são tratadas como tal.
052
2.5.1
外来語の表記
Gairaigo no hyôki
Escrita de palavras de
origem estrangeira
Regras para escrita de palavras de origem
estrangeira:
- Palavras de origem estrangeira
completamente adaptadas à língua
japonesa, por estarem ali inseridas há
muito tempo, quase não restando a
idéia de sua origem são escritas com a
utilização do fonograma hiragana e
até mesmo com ideograma.
- Palavra de origem estrangeira
absorvida pela língua japonesa, se não
tiver ainda perdido traços de sua
origem quanto a sua estrutura, ao
compararmos com aquelas
completamente absorvidas são
escritas em fonograma katakana..
- Palavra de origem estrangeira em
que ainda restam a idéia de sua
origem são escritas por combinações
do fonograma katakana, na tentativa
de reproduzir sons que não existem na
053
196
língua japonesa. Apresentam muita
variação na grafia da palavra e há
movimentos que procuram ajustar
esse formato.
Essas regras foram publicadas em
fevereiro de 1991.
2.5.2
片仮名の表記
Katakana no hyôki
Escrita em katakana
A escrita do katakana é utilizada nos
seguintes casos:
- palavra de origem estrangeira e
palavra estrangeira;
- nomes de pessoa e localidade
estrangeira;
- termos técnicos, termos
especializados como nome de
doenças, etc;
- nomes de animais, vegetais,
ferramentas;
- onomatopéias;
- para indicar significados peculiares,
gírias;
- para facilitar a leitura, chamar a
atenção ou enfatizar algum
significado especial;
- em textos de telegramas,
endereçamento de documentos
administrativos;
- nomes de empresas e produtos;
- expressar o som ou voz como sinal
de pronunciação.
054
2.6
ローマ字のつづり方
Rômaji no tsuzurikata
Escrita romanizada
Escrita da língua japonesa com utilização
do alfabeto latino. São seguintes as regras
para a escrita romanizada
Representa-se o som nasal por n ou
m conforme os sistemas:
sistema kunreishiki
nihonshiki
tenki sinbun sanmyaku denpô
sistema hebonshiki
tenki shimbun sammyaku dem
Se após o som nasal n tivermos y ou
alguma vogal, utiliza-se o sinal ' como no
exemplo
sistema kunreishiki
nihonshiki
tan’i kin’yôbi sin’ei
sistema hebonshiki
tan’i kin’yôbi shin’ei
054
197
consoante dobrada duplica-se a
consoante
sistema kunreishiki
nihonshiki
gakki kitte zassi syuppatu ittyaku
sistema hebonshiki
gakki kitte zasshi shuppatsu ictyaku
sílaba prolongada – coloca-se um
acento circunflexo na vogal
prolongada, ou escreve-se
duplamente a vogal quando for a
primeira letra da palavra, em
qualquer sistema de escrita..
okâsan kûki ôkii Oosaka
sons especiais a escrita é livre, em
qualquer sistema de escrita
f
irumu huirumu otottsan
otottwan
início de sentençasnomes
própriosa primeira letra da palavra
deve ser maiúscula, em qualquer
sistema de escrita
Kyô wa kayôbi desu. Mikami
·Akira
198
3. O ENSINO
3
文字の指導
Moji no shidô
Ensino do grafema
O ensino do grafema em língua japonesa
é o ensino da escrita do grafema e das
normas de seu uso. É orientação geral
que se introduza inicialmente o
hiragana,em seguida o katakana e aos
poucos os ideogramas conforme a
necessidade; fazendo-o através da
familiarização com os sons da língua
japonesa.
061
3.1.
平仮名の指導の基本
Hiragana no shidô no
kihon
Fundamentos do ensino de
hiragana
O ensino do hiragana tem como base
orientar para que o aprendente consiga
fazer a correspondência entre som
japonês e o grafema. Os objetivos do
ensino de hiragana são a aquisição da:
- escrita;
- pronúncia da palavra;
- entoação da palavra dentro de uma
sentença
e saber reconhecer o desvio entre a
pronúncia e a escrita dentro de um texto.
062
199
3.1.1
平仮名の導入の順序
Hiragana no dônyû no junjo/
Seqüência de introdução
do hiragana
O ensino do hiragana é realizado por
processos semelhantes ao método
sintético silábico do ensino da escrita,
processo no qual o aprendente parte das
sílabas para palavras. Ou então através de
processo semelhante ao método analítico
da palavração, no qual o aprendente parte
de palavras que são separadas em sílabas.
Neste caso é importante a seleção das
palavras. Esta seleção deve ser realizada
considerando palavras cujas sílabas
componentes possam ser facilmente
identificadas na seqüência da tabela do
silabário. Após a fixação da figura do
grafema com o som, passar para a escrita
dos mesmos. Após terminar a escrita dos
sons básicos do silabário japonês, passar
para a escrita dos sons sonorizados, do
som da consoante dobrada, do som da
sílaba longa e do som paltalizado;
verificando sempre se a fixação dos
grafemas já introduzidos.
063
200
3.2
片仮名の指導
Katakana no shidô
Ensino de katakana
O ensino do katakana é o ensino do
conjunto de grafemas originados da
simplificação do ideograma adotado para
representar graficamente um determinado
som. Em geral é realizado após o
processo de ensino e aprendizagem do
hiragana. A diferença no processo de
ensino dos dois silabários é que os sons já
devem ser do conhecimento dos
aprendentes e o que ocorre agora é a
associação do som com a nova escrita.
Para aqueles que se sentem pressionados
por essa nova seqüência de grafemas,
mostrar que:
- a seqüência dos sons é a mesma da
tabela do silabário de hiragana,
portanto um conhecimento já
adquirido;
- a forma da letra é mais simples, pois
trata-se de uma simplificação
utilizando parcialmente o ideograma
adotado para representar graficamente
esse som;
- a sílaba longa é representada por um
traço;
- não se pode deixar de aprender, pois
é utilizado para escrever além dos
nomes de pessoas e logradouros
estrangeiros, para escrever palavras
consideradas japonesas que são de
origem estrangeira;
- não é só para palavras de origem
estrangeira, é utilizado também para
onomatopéias, interjeições, etc.
064
3.2.1
片仮名の指導の基本
Katakana no shidô no kihon/
Fundamentos do ensino de
katakana
O ensino do katakana tem como
fundamento o treino da forma escrita de
sons que não existem na língua japonesa.
Regra geral é utilizado o método analítico
de palavração através de imagens e
figuras.
065
201
3.2.2
片仮名表記の問題
Katakana hyôki no mondai
Dificuldades da escrita em
katakana
A escrita padrão do katakana tem um
traçado mais simples, sua
aprendenteagem aparenta se mais
simples, entretanto apresenta dificuldades
como:
possui grafemas de aparência
semelhante ao hiragana;
possui grafemas com composição
de traços de tipos semelhantes;
a vogal longa é representada por
um traço, o que parece simples,
entretanto deverá ser vertical ou
horizontal, dependendo se a
escrita é vertical ou horizontal;
em relação ao uso, ou seja,
transformar uma palavra
estrangeira em pronúncia japonesa
e depois transcrever em katakana;
a redução do tamanho de palavras
de mais de três sílabas, em geral
de forma aleatória, ao sabor do
uso das pessoas, dificulta a
compreensão do significado.
066
3.3
漢字の指導
Kanji no shidô
Ensino do ideograma
O ensino do ideograma é o ensino da
forma, leitura e significado de cada
ideograma, considerando as relações entre
os três aspectos de cada ideograma
internamente e as relações que cada
ideograma mantém com o universo ao
qual pertence.Para promover um processo
de ensino com êxito é preciso que o
professor mantenha uma atitude que
desperte o interesse por seu estudo. Essa
atitude do professor vai depender muito
de seu conhecimento acerca dos
fundamentos da escrita para selecionar a
melhor abordagem para conduzir tal
processo.
067
202
3.3.1
漢字の指導の基本
Kanji no shidô no kihon/
Fundamentos do ensino de
ideogramas
O ensino do ideograma tem como
fundamento o ensino de seus aspectos
quanto a forma (escrita padrão), leitura,
significado e uso. O ensino da forma
envolvendo os radicais, número de traços,
seqüência de escrita. Ao abordar a leitura
é preciso ensinar sobre homófonos; e,
tratar de significado implica em falar
sobre composição de palavras, etc.
Aprender ideograma deve significar saber
usá-los adequadamente
068
203
3.3.2
漢字の導入方法
Kanji dônyû hôhô
Formas de apresentar
ideogramas no ensino
Seqüência de apresentação dos
ideogramas no ensino da escrita e a forma
de introdução possuem alguns critérios
que podem ser observados. O ensino dos
ideogramas pode ser realizado a partir de:
(6) ideograma com um número
pequeno de traços;
(7) ideograma com significado de
fácil entendimento;
(8) ideogramas que podem se
transformar em radicais ou parte
de outro ideograma;
(9) ideogramas utilizados em
palavras de necessidade e uso
freqüente;
(10) ideogramas com possibilidade
alta de vir a ser prefixo ou sufixo
com possibilidade alta de formar
novas palavras.
Além desses critérios, pode-se pensar em
um ensino:
a) associado ao material
didático principal;
b) associado aos ideogramas
listados para o exame de
proficiência em língua
japonesa;
c) a partir de uma seleção,
considerando aspectos
práticos. Como por
exemplo, iniciar o
aprendizado por aqueles
que são convenientes
saber, de forma que uma
pessoa possa viver no
Japão.
069
3.4
Prática da escrita
do grafema
A forma escrita do grafema considerando
a colocação do ponto, o comprimento e
direção do traço, a concretização da
delicada curva em sua composição. A
prática da escrita japonesa envolve o
conhecimento da utilização correta dos
recursos de apresentação adequada da
mesma.
070
204
3.4.1
ます目書き
Masumegaki
Masumegaki
Escrita do japonês em folha de papel
quadriculado, de forma que cada grafema
ocupe cada um desses espaços,
independentemente da quantidade de
traços. A este fato denominamos
masumegaki.
071
3.4.2
縦書き
Tategaki
Escrita vertical
Apresentação mais tradicional da escrita
japonesa. Os grafemas são apresentados
no sentido vertical do papel, são escritos
de cima para baixo, por princípio da
direita para a esquerda (escrita vertical à
direita). Em geral, utilizam essa forma de
escrita: os jornais, revistas em geral, as
leis, obras literárias, livros didáticos da
língua pátria, comunicações individuais.
072
3.4.3
横書き
Yokogaki
Escrita horizontal
Escrita com os grafemas dispostos no
sentido horizontal do papel. Atualmente,
os grafemas são dispostos da esquerda
para a direita e são denominados escrita
horizontal à esquerda. Após a guerra,
documentos oficiais passaram a ter escrita
horizontal. Em 4 de abril de 1952, foi
publicado “ Pontos importantes para a
elaboração de documentos oficiais”. Após
a publicação dessas regras, excetuando-se
os jornais, a utilização da escrita
horizontal tem sido mais freqüente.
Livros didáticos de ensino de língua
japonesa como língua estrangeira,
dicionários bilingues, muitos são os
textos que usam a escrita horizontal.
073
205
3.4.4
分かち書き
Wakachigaki
Escrita com espaçamento
entre palavras
Escrita em que se deixa um espaço entre
as palavras. Pois em japonês os textos em
geral são escritos sem espaçamento entre
as palavras. Isto decorre do fato de a
escrita japonesa ser uma combinação de
ideogramas e fonogramas tornando
visível a distinção que existe entre
palavras. Entretanto, se o texto estiver
escrita apenas com fonogramas, surge a
dificuldade em identificar o início e o fim
de cada palavra, tornando necessário que
se deixe um espaço entre as palavras.
074
3.4.5
原稿用紙の使い方
Genkô yôshi no tsukaikata
Uso do papel para
manuscrito
Chamamos de genkô yôshi ao papel com
divisões quadriculadas próprio para
manuscritos. Existem as versões para
escrita horizontal e vertical. No Brasil, é
mais facilmente encontrada a versão de
escrita vertical. Em escolas de língua,
esses papéis são utilizados para
apresentação cópia de textos, ou para
redações. Os textos escritos nesses papeis
devem seguir regras bem definidas para
dispor o texto. Ensinar como dispor um
texto neste tipo de papel, faz parte da
prática para a produção de texto.
075
206
207
ANEXO – CRONOLOGIA DA IMPLANTAÇÃO DO ENSINO DA LÍNGUA
JAPONESA
O quadro a seguir traz a cronologia de implantação do ensino da língua japonesa nas
instituições de ensino médio e superior, até o ano de 2003.
Ano
Ensino Superior
Ensino fundamental e médio
Escolas públicas Escolas particulares
Graduação
Optativa
Extra
Curricular
CEL(SP)
CELEM
(PR)
Outras
Obrigatóri
a inclusa
na grade
Extra-cur.
obrigató-
ria
Extra-
Curricular
1961
PUC-RS Pioneiro
1964
USP
1969
UFRGS
Itamaraty
1975
UFPR
1977
UEL
1979
UFRJ
1981
UNB
1983
UNB
1984
UEM
1985
UNICAMP
1986
UFRGS
1988
Virgem do
Pilar
1989
Registro Maringá 1 Josefina
de Melo
1990
UNISINOS S P 1
1992
UNESP Adamantinas
S.J.Campos
1993
UECE Assis Assai
Londrina 1
Harmonia
/ Oshiman
Roberto
Norio
1994
UNEB S P 2 Paranavaí Kosmos Joana
D’arc
1995
Cotia Cornélio Pro-
copio1/Guairá
/Londrina2/
/Sta.Isabel
1996
Presidente
Prudente
Florianóp
olis/ Natal
1997
UNB UFMS/
UFRJ
Maringá 2 VIP Nikkei
1998
S P 3 S F
Xavier
Mater et
magistra
1999
UCS Marupiara
/ Caritas
2000
PUC RS UERJ S P 4
2001
FUPP Suzano Soka /
Mirassol
2002
UNI
SANTA
Tupã/Marilia
Bauru/SP5
Brasil
2003
UNISAN-
TOS/
UNESC
Cornélio
Procópio 2
Sta.Jo
anaD’
arc
Fecap
Fonte: Fundação Japão: 2003
208
Nota: Abaixo indicamos as instituões do quadro, em ordem alfabética.
Adamantina – Centro de Estudos de Línguas – Adamantina – SP
Arquidiocesano – Colégio Marista Arquidiocesano Arqui idiomas – São Paulo – SP
Assai – Centro de Línguas Estrangeiras Modernas – Assai – PR
Assis – Centro de Estudos de Línguas – Assis – SP
Bauru – Centro de Estudos de Línguas – Bauru – SP
Brasil – Colégio Brasil – Indaiatuba – SP
C. Procópio 2 – Centro de Línguas Estrangeiras Modernas – CE Zulmira Marchesi da
Silva – Cornélio Procópio – PR
Cornélio Procópio 1 – Centro de Línguas Estrangeiras Modernas – CE Monteiro Lobato
– Cornélio Procópio – PR
Cotia – Centro de Estudos de Línguas – Cotia – SP
Fecap – Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado – São Paulo – SP
FUPF - FundaçãoUniversidade de Passo Fundo
Guairá – Centro de Línguas Estrangeiras Moderna – Guairá – PR
Harmonia – Centro Educacional Harmonia – São Bernardo do Campo – SP
Itamaraty – Instituto Educacional Itamaraty – São Pailo – SP
Joana D’arc – Colégio Joana D’arc – São Paulo, SP
Josefina de Mello – Centro Educacional Josefina de Mello – Manaus – AM
Kosmos – Colégio Kosmos – Cotia –SP
Londrina 1 – Centro de Línguas Estrangeiras Modernas – CE Marcelino Champagnat -
Londrina – PR
Londrina 2 – Centro de Línguas Estrangeiras Modernas – CE Vicente Rijo – Londrina-
PR
Marília – Centro de Estudos de Línguas- Marilia – SP
Maringá 1 – Centro de Línguas Estrangeiras Modernas – CE Vital Brasil – Maringá –
PR
Maringá 2 – Centro de Línguas Estrangeiras Modernas – CE Alberto Jackson Byinton Jr
– Maringá- PR
Mater et Magistra – Centro de Educação Vivencial Mater et Magistra – São Paulo – SP
Mirassol – Escola Mirassol – São Paulo – SP
Nikkei – Escola Nikkei – Santa Izabel do Pará – PA
Novo Mundo – Escola Novo Mundo – Belém – PA
Oshiman – Escola Professor Oshiman – São Paulo – SP
Paranavaí – Centro de Línguas Estrangeiras Modernas – Paranavaí – PR
Pioneiro – Centro Educacional Pioneiro – São Paulo – SP
PUC-RS – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Registro – Centro de Estudos de Línguas (CEL) – Registro – SP
Roberto Norio – Escola Roberto Norio – São Paulo SP
Santa Isabel – Centro de Línguas Estrangeiras Modernas – Santa Isabel do Ivaí – PR
São José dos Campos – Centro de Estudos de Línguas – São José dos Campos – SP
SFXavier – Escola São Francisco Xavier – Maringá – SP
Soka – Escola Soka do Brasil – São Paulo – SP
SP 1 – Centro de Estudos de Línguas – EE Prof. Dr.Laerte Ramos de Carvalho- São
Paulo – SP
SP 2 – Centro de Estudos de Línguas – EE Alexandre Gusmão – São Paulo – SP
209
SP 3 - Centro de Estudos de Línguas – EE Rui Bloem – São Paulo – SP
SP 4 – Centros de Estudos de Línguas – EE Rui Bloem – São Paulo – SP
SP 5 – Centro de Estudos de Línguas – EECefam conj. José Bonifácio – São Paulo – SP
Sta Joana D’arc – Instituto Educacional santa Joana D’arc – São Paulo – SP
Suzano – Centro de Estudos de Línguas – EE Prof. Raul Brasil – Suzano – SP
Tupã – Centro de Estudos de Línguas – Tupã – SP
UECE – Universidade Estadual do Ceará
UEL – Universidade Estadual de Londrina
UEM – Universidade Estadual de Maringá
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