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Seduzindo, ela ganha o que Ferrés (1998) chamaria de as vantagens da
linha emocional, em que não é preciso explicitar as razões para se persuadir,
apenas lançar mão de elementos puramente emocionais, que fazem referência à
subjetividade. Uma espécie de erotismo funcional, que serve como ritual social de
permuta e integração (BAUDRILLARD, 1981). Ou seja, podemos interpretar/
reinterpretar que as imagens midiáticas de Frida Kahlo apelem a uma sedução
implícita, ligada não apenas ao corpo das modelos, mas a toda uma integração de
elementos, como a passionalidade de Kahlo, as cores fortes, os vermelhos, os
decotes, o calor que evoca a cultura e o imaginário de um país como o México.
Mas não esqueçamos que, em nosso imaginário cultural, o sedutor está
também intimamente ligado à juventude, o que talvez retome a noção de corpo
referida anteriormente, quando falamos que a beleza pertence aos corpos sadios.
Atualmente, até o senso comum aponta a juventude como um valor na
contemporaneidade ocidental, fazendo com que a sociedade tenha uma visão muito
particular do jovem. No livro O que todo cidadão precisa saber sobre a sociedade de
consumo, Luci Gadi Pietrocolla dedica um capítulo ao mito do jovem. Segundo ela:
Ser jovem é ser belo, forte, livre, feliz e transformador. É saber lidar com o
inesperado com rapidez (...) É ter a liberdade idealizada e um poder
ilimitado. Ser jovem é ter dentes bonitos e limpos, pele queimada pelo sol,
lábios sorridentes, cabelos revoltos e movimentos ágeis. É antes de tudo ser
livre, poder escolher e mudar a vontade uma vez que o seu caminho ainda
está por ser traçado. Seu tempo é o futuro, impalpável, distante, promissor!
(PIETROCOLLA, 1986, p. 65).
Percebemos neste trecho a clara referência aos valores ligados à beleza, ao
corpo, à velocidade das transformações e às mudanças, e da liberdade, que
aparecem nos textos de vários autores como uma ânsia do sujeito pós-moderno.
Além do que fica evidente que “A produção da estética hoje está integrada à
produção das mercadorias em geral” (JAMESON, 2004, p. 30). Isto porque o mito da
juventude não deixa aparecer às mudanças físicas que os sujeitos sofrem com o
decorrer da idade, suas limitações, ou a diferença social e, numa cultura
desfragmentada do passageiro, a importância de ser jovem está exatamente em
poder mudar, no transformar-se e renovar-se sem medo da mudança, assim como
se renovam os guarda-roupas, como se transformam os eletrodomésticos, muda o
mobiliário. Ao jovem se permite ceder a estas mudanças sem questionamentos,