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Universidade Federal de São João del-Rei
Departamento de Ciências Naturais
Pós-Graduação Multidisciplinar em
Física, Química e Neurociências
Dissertação de Mestrado:
Estudo da adsorção de fenol em carvão
ativado
AUTORA: Viviane Vasques da Silva Guilarduci
ORIENTADORA: Honória de Fátima Gorgulho – Dra. UFMG- Profª. UFSJ
CO-ORIENTADORA: Patrícia Benedini Martelli
Dra. IQSC-CENA/USP- Profª. UFSJ
São João del Rei-MG
Dezembro de 2005
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Dissertação de Mestrado:
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativado
Autora: Viviane Vasques da Silva Guilarduci
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GUILARDUCI, VIVIANE VASQUES DA SILVA
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão
Ativado. [Minas Gerais] 2005.
V, 61 p. 29,7 cm (UFSJ, M. SC., Química,
2005)
Dissertação Universidade Federal de São
João del Rei, Multidisciplinar em Física,
Química e Neurociências.
1. Carvão Ativo 2. Adsorção de Fenol
I. UFSJ II. Título (série)
i
Dedico esta dissertação aos meus pais,
Eugênio e Lúcia;
Ao meu marido Cláudio;
E aos meus filhos Raphael e Gustavo.
ii
Agradecimentos
Gostaria de agradecer a todas as pessoas que de forma direta ou indireta
contribuíram para o bom êxito deste trabalho.
Aos meus pais, pelo apoio e incentivo durante todo o tempo de curso, porque sem
eles nada seria possível.
Ao meu marido, pelo estímulo, carinho, apoio e dedicação tanto na elaboração
desta dissertação quanto em nossa vida.
Ao meu filho Raphael, pelo amor e compreensão.
Ao meu irmão Júnior, meu grande amigo.
A minha orientadora Profª Fátima, pela orientação, atenção, apoio e amizade.
A minha co-orientadora Patrícia, pelos ensinamentos e apoio no trabalho.
Ao João Paulo, pela dedicação na realização da parte experimental deste trabalho.
Ao Professor José Mauro, pelas inúmeras caronas durante este curso.
Ao técnico do Laboratório de Química, Denílson, pela amizade e ajuda dada na
parte experimental.
Aos professores e funcionários do DCNAT/FIQUINE, que auxiliaram na
realização desta dissertação.
Aos meus amigos de estudo, que de alguma forma contribuíram para o bom
andamento deste trabalho.
Aos meus amigos do Laboratório de química.
Ao CDTN, que viabilizou a realização de várias etapas deste trabalho.
Ao meu filho Gustavo, pelo simples fato de existir.
iii
Resumo
O objetivo do presente trabalho foi estudar o efeito da superfície química do
carvão ativo (CA) na capacidade de adsorção de fenol. Como a maioria dos trabalhos
sobre adsorção de fenol em CA são realizados em meio neutro ou ácido, que não é o
mais comum para efluentes industriais, parte deste trabalho se dedicou a descrever o
comportamento da adsorção do fenol em solução alcalina. Carvão ativo (CA) produzido
por Fluka, foi usado para preparar as amostras: i- CAP, CA lavado com água e seco a
110°C; ii- CAB1, CA tratado com solução de KOH 1 mol.L
-1
, lavado com água; iii-
CAB2, CA tratado com NaOH 1 mol.L
-1
, lavado com água e iv-CAH, CA tratado com
H
2
SO
4
1 mol.L
-1
, lavado com água. A composição da superfície química destas
amostras foi determinada por espectroscopia de IV e titulação potenciométrica de
Boehm. As amostras CAB1 e CAB2 apresentaram igual composição da superfície, e
foram chamadas de CAB. Nenhum sítio ácido foi detectado nas amostras de CAB e
CAP. As isotermas de adsorção do fenol em pH 6,0 foram obtidas para estas amostras e
foram satisfatoriamente ajustadas pelo modelo de Langmuir-Freundlich. A capacidade
de adsorção em pH=6 para as amostras CAP (Q = 3,053 mmol/g), CAB (Q = 3,731
mmol/g), CAH (Q = 2,316 mmol/g) sugeriu que a ausência de grupos ácidos favorece a
adsorção de fenol. O parâmetro de heterogeneidade α obtido foi maior para CAH
(α=0,648) do que para outras amostras. Isto foi relacionado à diminuição do volume de
microporos para superfície ácida, como resultado das interações com o solvente.
Resultados similares foram obtidos para experimentos de adsorção em amostras de CAP
para diferentes pHs, implicando que os poros se apresentam menores devido à interação
com o solvente. Obteve-se α = 0,950 em pH 2, enquanto para pH 6;10 e 12 o valor de α
ficou em torno de 0,500. A superfície da amostra do CAP foi caracterizada pela
presença de estruturas carboxilas, lactonas e fenóis o que determina um aparente
comportamento anfótero. Esta distribuição das funcionalidades na superfície se mostra
muito importante para capacidade de adsorção do CAP. As isotermas de CAP
determinadas em diferentes temperaturas apresentaram que a capacidade de adsorção
diminui com o aumento de T. Os resultados das medidas cinéticas mostraram que o
meio tamponado e não tamponado pode afetar a média de adsorção do fenol, mas não a
capacidade de adsorção do CAP.
iv
Abstract
The aim of the present work is to study the effect of carbon surface chemistry on its
phenol adsorption capacities. In spite of a number of references outline the phenol
adsorption on neuter or acid conditions, it is not usual for many industrial wastewater.
The purpose of this study is to describe the process of phenol adsorption on alkaline
solution. Activated carbon (CA) supplied by FLUKA were used to prepare the samples:
i) CAP from CA washed with water and dried at 110°C; ii) CAB1, from CA treated
with KOH 1 mol L
-1
solution and washed with water; iii) CAB2 from CA treated with
NaOH 1,0 molL
-1
than washed with water and iv) CAH from CA treated with H
2
SO
4
1,0 mol L
-1
and washed with water. The sample surface chemical compositions were
determined by infrared spectroscopy and Boehm potentiometric titration. The samples
CAB1 and CAB2 presented similar composition on surface, than they were referred as
CAB. No acid centers were detected by CAB and CAP samples. Adsorption isotherms
of phenol at pH=6 were obtained for those samples and they were satisfactorily fitted by
the Langmuir-Freundlich model. The adsorption capacity determined at pH=6 for CAP
(Q=3,053 mmol/g), CAB(3,731 mmol/g) and CAH (2,316 mmol/g) suggested that the
acidic center absence favors the phenol adsorption. The heterogeneity parameter α
obtained was bigger to CAH(0,648) than the other samples. It was related to the
increase of micropore volumes for acid surface. Similar result was obtained for
adsorption experiments performed at different pH for CAP sample. The result showed
that α= 0,950 for pH=2 while α 0,50 for pH= 6, 10 and 12. The surface of sample
CAP was characterized by the presence of carboxylic, lactone and phenol structures,
which determined its apparent anphotere behavior. That distribution on the surface
functionality was found to be important for CAP adsorption capacity. Isotherms
determined at different temperatures for CAP showed that CAP capacity adsorption
decreases with increasing T. The result of kinetic measurements showed that the
medium buffered or unbuffered can affect the rate of phenol adsorption but, not the
capacity of CAP for adsorption.
v
Índice
Índice de Figuras iv
Índice de Tabelas xi
Índice de Símbolos xii
Capítulo 1
Introdução 1
1.1 – Objetivos Gerais 2
1.2 - Objetivos Específicos 2
Capítulo 2
Revisão Bibliográfica 3
2.1 – Obtenção de Carvão Ativado 3
2.2 - Porosidade e Composição Química do CA. 4
2.3 - Efeito da Funcionalização da Superfície na Adsorção de Fenol 8
2.4 – Tipos de Isotermas 11
2.4.1 - Isotermas de Adsorção usadas no Estudo da Adsorção de
Fenol em CA 13
2.5 – Irreversibilidade da Adsorção de Fenóis 18
2.6 – Caracterização da Superfície de Materiais Carbonáceos por Titulação 21
Capítulo 3
Procedimentos Experimentais 23
3.1 – Preparação das Amostras 23
3.2 – Análise da Área Superficial Específica e Porosidade 23
3.3 – Análise de Espectroscopia de Infravermelho 24
3.4 – Análise de Fenol 24
3.5 – Estudo de Adsorção 27
3.5.1 - Soluções tampões 27
3.5.2 – Isotermas de Adsorção Variando a Massa de CA 27
3.5.3 – Isotermas de Adsorção Variando Concentração de Fenol pH 28
3.6 – Determinação das Características Ácido/base da Superfície 28
3.6.1 – Titulação de Boehm 28
3.6.2 – Determinação do Ponto de Carga Zero 29
3.7 – Medidas de Monitoramento de pH e Sorção 30
vi
3.7.1 – Estudo do pH e Sorção 30
3.7.2 – Monitoramento do pH das Amostras em Água 30
3.7.3 – Monitoramento do pH, Sorção e Tempo 30
3.8 – Efeito da Temperatura 31
3.8.1 – Cálculo da Entalpia 31
Capítulo 4
Resultados e Discussões 34
4.1 – Caracterização das Amostras de CA Obtidas 34
4.1.1 – Caracterização Texturais 34
4.1.2 Infravermelho 36
4.1.3 – Propriedades Ácido/base 38
4.2 – Estudo do Efeito da Superfície na Adsorção do Fenol 41
4.3 – Estudo da Adsorção de Fenol em Meio Alcalino 42
4.3.1 - Contribuição da Superfície para a Adsorção em Meio Alcalino 45
4.3.2 – Efeito da Superfície na Entalpia de Adsorção 48
4.4 – Efeito do Solvente no Processo de Adsorção do Fenol no CAP 50
Capítulo 5
Conclusões 53
Referências Bibliográficas 54
vii
Lista de Figuras
Figura 2.1 – Possíveis estruturas de sítios superficiais básicos na camada grafítica,
derivados da estrutura γ-pirona.
Figura 2.2 – Função do potencial de superfície (Fɸ
s
/RT) versus pH de três CA
(hipotéticos): C1, Carbono “ácido” (PCZ = 3,0); C2, carbono anfótero (PCZ = 6,5); C3,
carbono “básico” (PCZ = 10,0).
Figura 2.3 – Classificação dos tipos de isotermas.
Figura 2.4 – Função da distribuição de energia para o CA MT21 indicado pela linha
contínua, comparada com a do CA MT40 (linha pontilhada).
Figura 2.5 – (a) Função da distribuição da energia de adsorção do fenol em CA PET. (b)
Função da distribuição da energia de adsorção do 2,3,4-triclorofenol em CA PET.
Figura 2.6 - Possíveis grupos funcionais que aparecem nas arestas de carbonos: grupos
carboxilas (a) anidridos carboxílicos (b) grupos lactona (c) lactóis (d). Grupos hidroxila
(e) e carbonila (f) quinonas (g). O oxigênio pode estar substituindo um átomo de
carbono da estrutura (h) .
Figura 2.7 – Formação de lactóis a partir do ácido 2-benzoilbenzoico.
Figura 2.8 – Estruturas análogas que podem estar nas margens da camada grafítica.
Figura 3.1 - Diagrama de fluxos empregando confluência para adição dos reagentes.
DET: espectrofotômetro de absorção molecular; L: 50 µL, B: 100 cm, D: recipiente de
descarte, C: H
2
O (2,0 mL/min.), Hexaciano ferrato de potássio (1,0 mL/min) e 4-
aminoantipirina (0,8 mL/min).
Figura 3.2 – Curvas analíticas em diferentes pHs e diferentes hastes.
Figura 4.1 - Isotermas BET do CAP, CAB, CAH
Figura 4.2 - Espectro de infravermelho das amostras CAP, CAB e CAH.
Figura 4.3 – PCZ do CAP.
viii
Figura 4.4 – PCZ do CAB1.
Figura 4.5 – PCZ do CAB2.
Figura 4.6 – PCZ do CAH.
Figura 4.7 – Isotermas de adsorção de fenol em CAP, CAB e CAH, pH = 6,0. A linha
representa o ajuste feito pela equação de LF.
Figura 4.8 - % de sorção de fenol em diferentes pHs.
Figura 4.9 – Isotermas de adsorção de fenol em CAP, em diferentes pHs. A linha
interceptando os pontos experimentais representam o ajuste feito pela equação LF.
Figura 4.10 – Isotermas do CAP em diferentes temperaturas e concentrações iniciais de
fenol, pH = 10. As linhas representam o ajuste feito com a equação de Langmuir.
Figura 4.11 – Isotermas do CAP em diferentes temperaturas e massas de CA, pH = 10.
As linhas representam o ajuste feito com a equação de Langmuir.
Figura 4.12 – ln K por 1/T para cálculo de H
ad
1 – Obtido do experimento varando
massa de CAP.
Figura 4.13 - ln K por 1/T para cálculo de H
ad
2 . Obtido do experimento variando
concentração de fenol.
Figura 4.14 – A figura mostra o monitoramento do pH da mistura carvão ativado –
água, para pH inicial 7 e 5,5.
Figura 4.15 - a - Sorção de fenol em meio tamponado. pH 10,5.
Figura 4.15 - b - Sorção de fenol em meio não tamponado pH inicial igual a 10,5.
ix
Lista de Tabelas
Tabela 2.1 - Propriedades de materiais usados na fabricação de carvão ativo.
Tabela 2.2 - Características da textura do CA das séries BW e MT e parâmetros da
equação linear de Langmuir-Freundlich (2.1).
Tabela 2.3 – Parâmetros da equação de Langmuir-Freundlich (2.1) para CA obtidos de
PET.
Tabela 2.4 – Efeitos da superfície química do carbono e oxigênio dissolvido na
adsorção de 2-clorofenol.
Tabela 3.1 - Diferentes tipos de tratamento das Amostras
Tabela 3.2 - Tipos de titulações
Tabela 3.3 - Tipos de procedimentos utilizados para analisar o efeito da temperatura
Tabela 4.1 – Resumo das amostras.
Tabela 4.2 - Resultados das análises texturais.
Tabela 4.3 - Concentração de grupos funcionais da superfície (mmols.g
-1
) caracterizados
pela titilação de Bohem.
Tabela 4.4 – Parâmetros obtidos através da isoterma de Langmuir-Freundlich (2.1)
Tabela 4.5 - Resultados do ajuste das isotermas (figura 4.4) ao modelo de LF.
Tabela 4.6 - Capacidade máxima de adsorção (Q) e constante de Langmuir (K) obtidas
através da equação 3.1 para o experimento variando a concentração.
Tabela 4.7 - Capacidade máxima de adsorção (Q) e constante de Langmuir (K) obtidas
através da equação 3.1 para o experimento variando a massa de CAP.
x
Lista de Símbolos
H
ad
1 – energia envolvida no processo de adsorção – experimento 1
H
ad
2 – energia envolvida no processo de adsorção – experimento 2
Hº - energia envolvida no processo
C - concentração de equilíbrio na fase líquida
CA – carvão ativo
CAB1 - carvão ativo tratado com hidróxido de potássio (KOH)
CAB2 - carvão ativo tratado com hidróxido de sódio (NaOH)
CAH - carvão ativo tratado com ácido sulfúrico (H
2
SO
4
)
CAP - carvão ativo puro
CDTN – Centro Tecnológico de Desenvolvimento Nuclear
Ce - concentração de equilíbrio
c
e
sol
- solubilidade do soluto
DET - espectrofotômetro de absorção molecular
DNFB – 2,4-dinitrifluorobenzeno
DTP - desorção em temperatura programada
F(E
12
) - função de distribuição
FIA - análise por injeção em fluxo
FTIR - espectroscopia de infravermelho
FФ – função do potencial de superfície
K - constante de Langmuir
Ka - constante de dissociação
Ke - constante de equilíbrio
K
F
– constante de Freundlich
K
LF
- constante de
Langmuir-Freundlich
LF – Langmuir-Freundlich
OD – oxigênio dissolvido
PAN - poliacrilonitrila
PCZ – ponto de carga zero
PET - polietilenoteraftalato
PIE – ponto isoelétrico
p-NBC – p-nitrobenzol
xi
q – adsorção
Q - capacidade máxima de adsorção
R – constante dos gases
S
BET
- área superficial
T – temperatura em kelvim
XPS - espectroscopia fotoeletrônica de raios-X
xii
Capítulo 1
Introdução
Os derivados de fenol pertencem a um grupo comum de contaminantes ambientais
que mesmo estando presente em baixas concentrações pode ser um obstáculo à
reutilização da água. Os fenóis possuem gosto e odor desagradável e podem causar
efeitos negativos nos diferentes processos biológicos. A maioria destes compostos é
reconhecida como carcinogênicos. Fontes industriais de contaminantes, tais como
refinarias de petróleo, unidades petroquímicas etc, geram grandes quantidades de fenóis.
Além disso, derivados fenólicos são largamente usados como intermediários na síntese
de plásticos, tintas, pesticidas e inseticidas que, ao sofrerem degradação, levam ao
aparecimento do fenol e seus derivados no ambiente [1,2].
Dentre os métodos mais utilizados para remoção de fenol do meio aquoso, a
adsorção por carvão ativado (CA) é a mais versátil e por isso mais usada [3]. Outros
métodos incluem a degradação anaeróbica e aeróbica, oxidação por ozônio,
eletrooxidação etc [4,5,6]. De uma maneira geral, a adsorção de compostos orgânicos
em carvão ativado (CA) é uma das tecnologias mais importantes utilizadas para o
tratamento de efluentes industriais [1,2]. O CA é um adsorvente microporoso que pode
ser obtido de uma variedade de materiais carbonáceos, incluindo madeira, hulha, lignina
casca de coco, açúcares etc [3-7]. Seu poder adsorvente é proveniente de sua alta área
superficial e da presença de uma variedade de grupos funcionais.
Apesar da grande quantidade de estudos sobre os fatores que influenciam o
processo de adsorção de fenol, seu mecanismo ainda não é completamente entendido,
pois envolve tanto as propriedades superficiais quanto a estrutura de poros do CA [8]. A
maioria dos trabalhos tem explorado o mecanismo de adsorção em meio neutro e ácido,
que não é o pH encontrado em muitos efluentes de industrias têxteis e algumas
minerações.
Nesse sentido este trabalho pretende estudar a adsorção de fenol em meio alcalino
e verificar a contribuição dos grupos superficiais neste pH.
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativado
1
1.1 – Objetivo Geral
O objetivo geral deste trabalho é estudar as relações entre os grupos de superfície
do carvão ativo com sua capacidade de adsorção de fenol. Para isso, pretende-se
inicialmente investigar a natureza dos grupos funcionais da superfície do carvão como
função dos diferentes procedimentos de ativação para, em seguida, avaliar sua
capacidade de sorção de fenol em meio alcalino e em diferentes temperaturas.
1.2 – Objetivos Específicos
¾ Introduzir diferentes funcionalidades químicas na superfície do Carvão ativado e
verificar o efeito final na adsorção de fenol em pH=6.
¾ Avaliar a adsorção em função do pH para uma amostra de caráter anfótero de
Carvão ativado.
¾ Verificar o efeito dos grupos superficiais presentes no carvão ativado na
adsorção de fenol em meio alcalino.
¾ Obter entalpia de adsorção de fenol no carvão ativado estudado.
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativado
2
Capítulo 2
Revisão Bibliográfica
2.1 - Obtenção de Carvão Ativado
Carvões ativados (CA) são materiais carbonosos porosos formado de fragmentos de
estruturas grafíticas, amorfo, que sofreram um processamento para aumentar a
porosidade interna. Uma vez ativado, o carvão apresenta uma porosidade interna
comparável a uma rede de túneis que se bifurcam em canais menores e assim
sucessivamente. Esta porosidade diferenciada é classificada segundo o tamanho em
macro, meso e microporosidade [7,11].
Quase todo material carbonáceo pode ser usado como um precursor para a
preparação de CA. No entanto, na prática, madeira, cascas de nozes, caroço de fruta,
turfa, carvões, lignina, carvão betuminoso, coque de petróleo etc, são materiais com um
alto conteúdo de carbono fixo e baixo componentes inorgânico, o que os fazem mais
adequados para a produção de CA. A seleção da matéria-prima é baseada
principalmente nos seguintes critérios [3].
baixo conteúdo de matéria inorgânica, cinza;
facilidade de ativação (coque calcinado é um “material difícil”, enquanto a
madeira é facilmente ativada por carbonização);
alta razão carbono fixo/cinza;
disponibilidade e baixo custo;
baixa degradação durante o armazenamento.
A tabela 2.1 apresenta as propriedades de algumas matérias-primas e o tipo de CA
normalmente preparado a partir delas [12]. A seleção da matéria-prima depende também
das possibilidades de funcionalizar a superfície para uma dada aplicação.
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativado
3
Tabela 2.1 - Propriedades de materiais usados na fabricação de carvão ativo
Matéria-prima
Volume
total de
poros
(cm
3.
g
-1
)
Material
Volátil
massa %
Carbono
fixo
massa %
Cinza
massa
%
Área Superficial
BET (m
2
g
-1
)
Referências
Casca de
Palmeira
- 30,6 63,4 6,0 176 13
Caroço de
palmeira
0,54 - - - 892 14
Casca de Coco 0,214 - - 1,4 513 15
Carvão
Betuminoso
0,405 33,6 - 3,5 555 16
Polpa de
Oliveira
- - - 6,5 364 17
Lodo de
esgoto
- 54,7 6,2 39,1 54 18
Espiga de
milho
0,26 78,7 16,1 0,9 548 19
Piche de
Petróleo
0,55 - 96,53 0,09 1050 20
Polpa de maçã - 79,0 - 2,6 1010 21
Resíduos de
água
municipal
- - - 11,3 785 22
Caroço de
ameixa
0,194 - - - 354 23
Casca de arroz 0,5971 - - - 200 24
Carvão
Betuminoso
1,5 26,7 61,8 8,9 3000 25
2.2 - Porosidade e Composição Química do CA.
O CA possui estrutura porosa, com pequenas quantidades de alguns heteroátomos
quimicamente ligados (principalmente oxigênio e hidrogênio) e sua superfície pode
conter até aproximadamente 20% de sua massa de matéria mineral, que normalmente é
mostrada como conteúdo de cinza.
Basicamente o CA é caracterizado por uma estrutura muito heterogênea, tanto em
relação à sua geometria quanto a sua composição química. A heterogeneidade
geométrica é o resultado de diferenças entre tamanho e forma dos poros. A
heterogeneidade química está associada com a presença de diferentes grupos funcionais
na superfície, principalmente aqueles contendo oxigênio localizados nas bordas de sua
estrutura grafítica. Ambas as heterogeneidades química e geométrica contribuem para as
propriedades raras de sorção dos CAs [7,11].
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativado
4
A estrutura porosa do CA é função do precursor usado na preparação, o método de
ativação utilizado e sua extensão [3]. Em geral, a produção de CA é baseada
principalmente na ativação física e/ou química. Ativação física abrange carbonização da
matéria-prima numa atmosfera inerte resultando na evolução de CO
2
e/ou substâncias
voláteis. Tem sido observado que a evolução da microporosidade atinge um máximo
quando o processo alcança 40–50% de perda de massa. A contínua gaseificação pode
resultar na diminuição do volume de microporos (largura 2 nm), mesoporos
(2<largura<50nm) e macroporos (largura >50nm) [4].
Na ativação química, a matéria bruta é impregnada por um composto, tal como
H
3
PO
4
ou ZnCl
2
, e o produto é então pirolisado, sendo no final lavado para retirar o
agente ativante. A ativação química normalmente é executada se a matéria-prima é
madeira ou turfa. Ocorre desidratação do material de celulose durante pirólise
resultando em carbonização e aromatização do esqueleto de carbono, e ainda o
desenvolvimento da estrutura porosa. Todos os ativantes químicos são agentes
desidratantes e inibem formação de piche. O rendimento do processo é relativamente
grande, isto é, pode exceder o método de ativação física em até 30% de massa. Outras
possíveis vantagens da ativação química são: (a) simplicidade, nenhuma necessidade de
carbonizações prévias da matéria-prima, (b) baixas temperaturas de ativação e (c) bom
desenvolvimento da estrutura porosa [3].
Dependendo da natureza do material de origem, das condições de reação e
temperatura, diferentes tamanhos de poros podem ser desenvolvidos.
No entanto, as propriedades adsortivas de CA são determinadas antes de tudo por
sua composição química. A presença de oxigênio na forma de grupos orgânicos na
superfície afeta significativamente as propriedades adsortivas do CA. A origem destes
grupos de superfície pode ser a matéria-prima original, o processo de ativação ou
introdução depois da preparação, via pós-tratamento. Em geral, estes grupos são
formados principalmente depois da ativação por exposição ao ar ou por um pós-
tratamento específico.
Verifica-se que a tendência do carbono adsorver quimicamente o oxigênio é maior
do que a de adsorver qualquer outra espécie. A quimiosorção de oxigênio na superfície
de CA forma grupos funcionais carbono–oxigênio que podem ser ácidos, neutros ou
básicos. Os grupos de superfície de carbono-oxigênio não são formados exclusivamente
por reações com oxigênio, mas também por interações com outros gases oxidantes (O
3
,
N
2
O, NO, CO
2
, etc.) ou com soluções oxidantes (HNO
3
, NaClO, H
2
O
2
, etc.) [20,26,27].
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativado
5
Geralmente, a temperatura em que um recém preparado CA é exposto a oxigênio,
determina a natureza dos complexos formados. Verifica-se que carbonos tratados em
vácuo quando expostos a oxigênio a temperaturas entre 200-700ºC tendem a adsorver
quantidades significativas de grupos básicos. No entanto, se estes forem expostos a
oxigênio a temperaturas abaixo de 200ºC ou acima de 700ºC eles adsorvem grupos
ácidos como fenóis. A faixa de temperatura que desenvolve propriedades ácidas ou
básicas não é rígida, e não há transição definida entre propriedades de adsorção de
grupos ácidos ou básicos [28].
De uma maneira geral, em meio aquoso a natureza básica da superfície grafítica
tem sido descrita de acordo com o equilíbrio:
C
π
+ 2H
2
O C
π
H
3
O
+
+ OH
-
Onde C
π
é definido como a “superfície grafitizada do CA” que contém elétrons π
deslocalizados. Esses elétrons deslocalizados dariam origem á basicidade (Lewis) que é
afetada pela presença de oxigênio (quimiosorção). Assim a basicidade não se origina da
presença de oxigênio livre adsorvido, mas de estruturas do tipo pirona:
O
O
O
O
O
O
Figura 2.1 – Possíveis estruturas de sítios superficiais básicos na camada grafítica, derivados da estrutura
γ-pirona. [29]
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativado
6
A presença de outros grupos funcionais nas bordas das camadas grafíticas tem
pronunciado efeito nas propriedades superficiais do CA, pois representam sítios ativos
que podem melhorar a interação do substrato com o solvente. Tais grupos funcionais se
apresentam como carboxilas, fenóis, lactonas, aldeídos, cetonas, quinonas,
hidroquinonas e/ou anidridos. Alguns grupos, por exemplo, carbonilas, carboxilas,
hidroxilas e lactonas são ácidos. A existência de pirona, cromona e estruturas de
quinona explicam a natureza básica da superfície do carbono.
Procedimentos simples são conhecidos para gerar diferentes grupos orgânicos na
superfície do CA. Pode-se, por exemplo, obter superfícies oxidadas por tratamento
químico e depois tratamento em temperaturas menores que 673K, as quais favorecem
espécies como carboxilas e hidroxilas, ou acima de 673K, que vão favorecer grupos
carbonilas nas formas de quinona e hidroquinona [30].
Devido ao caráter anfótero da superfície do CA, isto é, grupos funcionais ácidos
e/ou básicos, as propriedades de superfície podem ser influenciadas pelo valor do pH de
equilíbrio com a fase líquida. Os efeitos dos grupos superficiais na adsorção de
eletrólitos orgânicos, incluindo eletrólitos fracos tais como os fenóis são
significativamente mais complexos que os efeitos da porosidade, e sua avaliação
também. Deve-se considerar a carga da superfície do carbono assim como a extensão da
ionização do soluto
[9]. A carga superficial do CA é antes de tudo uma função do pH da
solução. A figura 2.2 mostra a dependência do potencial da superfície com o pH para
CAs hipotéticos [10]. O valor do pH em que a carga superficial é zero é chamado ponto
de carga zero (PCZ). Para carbonos anfóteros típicos, a superfície é de carga positiva
em pH < PCZ e de carga negativa em pH > PZC. O ponto isoelétrico, PIE, denota o
valor do pH onde o potencial na superfície é zero. Na prática, pH
PIE
está normalmente
nas proximidades do PCZ, mas é mais baixo deste para CAs [31].
Na figura 2.2 temos que o carbono C1 é um carbono ácido, pois o seu potencial de
superfície é zero em pH = 3,0, o C2 tem potencial de superfície zero em pH = 6,5,
portanto é um carbono anfótero, e o C3 é um carbono básico pois seu potencial de
superfície é zero em pH = 10,0.
Comumente é aceito que para pH<pKa a adsorção de orgânicos não ionizados não
depende da carga superficial do CA. Entretanto, para pH>pKa os compostos fenólicos
estão dissociados, e a adsorção de sua forma iônica depende da carga de superfície.
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativado
7
(
Fθ
s
/RT
)
Figura 2.2 – Função do potencial de superfície (Fθ
s
/RT) versus pH de três CA (hipotéticos): C1, Carbono
“ácido” (PCZ = 3,0); C2, carbono anfótero (PCZ = 6,5); C3, carbono “básico” (PCZ = 10,0) [10].
pH
2.3 - Efeito da Funcionalização da Superfície na Adsorção de
Fenol
A natureza química da superfície do CA é um dos fatores que principalmente
determina suas propriedades de adsorção. Em termos de adsorção em meio líquido, o
papel da funcionalidade da superfície aumenta significativamente em relação à
distribuição do tamanho dos poros ou a área superficial, sendo que em muitos casos
domina o processo, em temperatura ambiente [32].
Existe uma grande variedade de estudos sobre a adsorção de fenol em CA relatado
na literatura [21,33-41]. Muitos desses autores concordam com a observação de que a
oxidação na superfície do CA diminui a adsorção de fenol e aumenta a afinidade com a
água. Por outro lado estudos contrários têm sido observados.
O impacto da oxidação ou redução de superfície do CA na adsorção de fenol foi
primeiramente esclarecido por Coughlin e Ezra [42]. De acordo com estes autores os
grupos presentes na superfície do CA são principalmente carboxilas, hidroxilas e uma
quantidade menor de grupos carbonilas. Foi observado que a presença de grupos
carboxilas e hidroxilas inibem a adsorção de fenol e aumentam a afinidade do carbono
em direção a água, e, portanto, as moléculas do solvente eficientemente podem bloquear
alguns microporos. Assumindo que a adsorção do fenol ocorre através de forças
intermoleculares do tipo π-π entre o plano basal do carbono e o anel aromático do
adsorvato, a ligação de oxigênio nas bordas da camada grafítica atuaria na retenção de
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativado
8
elétrons deslocalizados e, assim, na sua retirada do sistema π do plano basal,
consequentemente a interação π-π deveria ser enfraquecida.
Coughlin e Ezra [42] também sugerem que a quimiossorção de O
2
em CA interfira
na adsorção de fenol somente para baixas concentrações, quando as moléculas são
adsorvidas paralelamente à superfície grafítica. Em altas concentrações as interações do
fenol através dos grupos hidroxilas competiriam com a primeira forma. Nestas
condições, a superfície contendo oxigênio tem pouca influência no processo.
Radovic et al. [10] revisou vários trabalhos e sugeriu que a adsorção de fenol se
daria por 2 mecanismos:
1- interação do tipo π-π entre o plano basal do carbono e o anel aromático;
2- formação de um complexo tipo doador-receptor.
Este último mecanismo ocorreria entre os grupos carbonilas (doador de elétrons) e
o anel aromático do fenol (receptor). Neste caso os grupos carbonilas, ao serem
oxidados, deixariam de formar estes complexos e diminuiriam a interação com fenol.
O modelo teórico de adsorção de fenol por CA foi estudado por Nevskaia et al.
[43] o qual demonstrou que a adsorção de fenol em CA ocorre preferencialmente com a
molécula paralela à superfície grafítica para amostras oxidadas ou não. Estes resultados
reforçaram a importância da interação entre o plano basal do CA e o anel aromático do
fenol. Por outro lado, estes mesmos autores verificaram que a adsorção perpendicular ao
plano basal se torna importante para altas concentrações de fenol.
László et al. [44] mostrou que não somente moléculas de fenol, mas também água
estão presentes na superfície de CA. Portanto, competições entre fenol e água devem ser
levadas em conta no cálculo da área de seção transversal de fenol adsorvido. Ele
também apontou que alguns poros podem ser inacessíveis para adsorção do agregado de
água-fenol.
Juang et al. [45] estudou o papel da microporosidade de CA na adsorção de fenol.
Mostrou que o aumento da temperatura de ativação de 750ºC para 840ºC leva a um
aumento na área superficial (S
BET
), volume de poros e volume total de microporos. Por
outro lado, a relação da capacidade da monocamada e volume de microporos para fenol
(Q/V) sempre diminuiu com volume crescente de microporos, indicando que essa
adsorção de fenóis não é restringida completamente para ocorrer dentro do microporos.
Outro importante estudo sobre adsorção de fenol em CA foi recentemente
publicado por Terzyk [41], o qual discutiu a dependência da temperatura (no alcance de
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativado
9
300–320K) e do pH na adsorção de fenol (pH = 1,5 e neutro) em carbonos com
composições químicas diferentes na superfície, mas porosidade quase idêntica.
Foi concluído que o mecanismo de adsorção de fenol não é determinado só por
interações “π-π” e “formação do complexo doador–receptor” mas também pelo então
chamado “efeito solvente”. Este efeito normalmente negligenciado, junto com os dois
acima citados, ocorre simultaneamente durante a adsorção e modifica fortemente as
propriedades de adsorção dos carbonos em relação ao fenol. O efeito da composição
química da superfície do carbono em adsorção de fenol diminui com o aumento da
temperatura. Isto pode ser devido não só à influência da temperatura na adsorção de
água, mas também à mudança do grau de hidratação das moléculas do soluto. A
adsorção de água por carbonos, junto com a mudança na energia de interação fenol–
água com o aumento da temperatura, muda drasticamente o mecanismo de adsorção de
fenol. Esta capacidade parece ser o fator principal balanceando o equilíbrio entre as
interações “π-π” e a formação do complexo “doador–receptor”.
Terzyk [41] distinguiu a seguir três etapas do mecanismo de adsorção de fenol nos
CAs estudados: adsorção em diluição infinita, preenchimento de microporos e adsorção
em microporos maiores e mesoporos. Este autor observou ainda que o volume dos
microporos é menor em meio ácido como conseqüência da adsorção do solvente. Ou
seja, a água forma complexos com grupos superficiais bloqueando a entrada dos
microporos. Prótons e fenóis competiriam por sítios básicos em pH ácido. Em meio
neutro, os grupos carboxilas e básicos da superfície se concentrariam principalmente
nos meso e macroporos, favorecendo a adsorção do fenol. Em altas temperaturas, estes
efeitos são minimizados, e o processo de difusão domina a adsorção.
Dessa forma, Terzyk demonstrou que apesar de a adsorção ser um processo
exotérmico, observa-se que o aumento da temperatura leva ao desaparecimento do
efeito da composição química de superfície do CAs na adsorção de fenol. Por
conseqüência, em temperaturas mais altas, a estrutura porosa do carbono determina o
mecanismo de adsorção de fenol [41].
A habilidade do CA adsorver H
2
O, junto com as mudanças na energia de interação
soluto-solvente com o aumento da temperatura, muda drasticamente o mecanismo geral
da adsorção.
De uma forma geral, a literatura é atualmente concordante em que o mecanismo
de adsorção de fenol é determinado pelas interações assim chamadas “π-π” e a formação
do complexo “doador–receptor”. Além disso, o ‘‘efeito do solvente” deve ser levado em
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativado
10
conta principalmente em baixos pHs. Nestes casos, há a presença de cluster de água que
atuam como bloqueadores dos micro e mesoporos, deixando a superfície mais
heterogênea [38].
O outro fator importante é o efeito do pH, que depende altamente do caráter ácido/
base da superfície do CA. Em pH maior que o pKa do fenol (pKa = 9,89) o efeito da
repulsão entre a camada da superfície e o íon fenolato resulta na diminuição da
adsorção. Adicionalmente, íons fenolato exibem solubilidade mais alta em água que
fenol não-dissociado. Em valor baixo de pH, acontece maior adsorção de prótons, que
suprime a adsorção de fenol nestes sítios.
2.4 – Tipos de Isotermas
A adsorção pode ser avaliada quantitativamente através das isotermas. Na
adsorção o pH, a temperatura e, principalmente, o tipo de adsorvente são parâmetros
que influenciam na forma da isoterma.
Giles et al. [46,], figura 2.3, classificou as isotermas de adsorção baseados nos
seus graus de inclinação e curvaturas. As classes das isotermas foram distinguidas entre
alta afinidade (H), Langmuir (L), separação constante (C), e em forma de sigmóide (S).
Baseado na forma das partes superior da curva, elas foram divididas em subgrupos [47].
Fig. 2.3 – Classificação dos tipos de isotermas [47]
Β > 0
S
S
X/M
X/M
Β = 0
Ce
Ce
H C
X/M
X/M
Β < 0
Β = 0
Ce
Ce
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativado
11
Isotermas do tipo S
Este tipo de isoterma tem inclinação linear e convexa em relação à abscissa. A
adsorção inicial é baixa e aumenta à medida que o número de moléculas adsorvidas
aumenta. As isotermas da classe-S tem duas causas. Primeiro, as forças atrativas soluto–
soluto na superfície podem causar adsorção cooperativa que leva à forma-S. Segundo, a
sorção de um soluto podem ser inibida por uma reação de competição dentro da
solução, tal como uma reação de complexação com um ligante. Em muitos casos a
quantidade total de um soluto é medida, e não a atividade das espécies diferentes. A
isoterma de classe-S pode ser descrita pela equação de Freundlich com um maior poder
do que pela equação modificada de Langmuir.
Isotermas do tipo L
A forma L possui inclinação não linear e côncava em relação à abscissa. Nesse
caso, há uma diminuição da disponibilidade dos sítios de adsorção quando a
concentração da solução aumenta.
Isotermas do tipo H
Trata-se de um caso especial de curva do tipo L e é observada quando a superfície
do adsorvente possui alta afinidade pelo soluto adsorvido. Os exemplos deste tipo de
isotermas são: a equação de Freundlich, a equação geral Langmuir–Freundlich, e a
equação geral de Freundlich. Todo estes envolvem funções que podem ser derivadas
pela continua distribuição de afinidade de sítios.
Isotermas do tipo C
Corresponde a uma separação constante do soluto entre a solução e o adsorvente,
dando à curva um aspecto linear. As condições que favorecem as curvas do tipo C são
substratos porosos flexíveis e regiões de diferentes graus de solubilidade para o soluto.
Muitas substâncias orgânicas seguem este tipo de isoterma.
As isotermas do tipo C e L são freqüentemente muito próximas, podendo ser, em
muitos casos, consideradas do mesmo tipo.
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativado
12
2.4.1 - Isotermas de Adsorção usadas no Estudo da Adsorção de Fenol
em CA
A isoterma de Langmuir (L) tem sido usada para tratar estudos de adsorção em
CA, entretanto, como essa equação se baseia em uma superfície homogênea, sua
aplicação em alguns sistemas não leva a um ajuste satisfatório. Estudos experimentais
da adsorção em substratos heterogêneos mostram que as isotermas apresentam uma
relação exponencial entre o substrato livre [A] e adsorvido [AB]:
[AB] α [A]
α
onde o expoente α tem valor entre 0 e 1. Essa relação de potência foi tratada por vários
autores de maneira fenomenológica que levou a relacionar o expoente α com a
distribuição da afinidade na superfície do sorvente. O tratamento matemático foi feito
por Sips o qual mostrou que esse parâmetro de distribuição aproxima-se de uma
gaussiana [48,49]. O limite α = 1 corresponde a um sistema homogêneo, enquanto α < 1
corresponde ao aumento da heterogeneidade. A equação de Sips é também conhecida
como isoterma Langmuir-Freudlich (LF), a qual descreve a relação entre a concentração
de equilíbrio da espécie ligada (AB) e a livre (A) na superfície heterogênea:
(
)
()
α
α
CK
CK
Qq
LF
LF
+
=
1
, (2.1)
onde q é a adsorção (mmol/g); Q é a capacidade máxima de adsorção que reflete a área
ocupada por uma monocamada de adsorvente (mmol/g), C é a concentração de
equilíbrio na fase líquida (mmol/L), K
LF
é a constante de
LF que relaciona a média da
afinidade do ligante pela superfície; e α é o índice de heterogeneidade que varia de 0 até
1. Para um material homogêneo α=1 e quando α<1 a superfície é heterogênea. A
isoterma-LF tem sido usada com sucesso para modelar o comportamento da adsorção
em superfícies heterogêneas incluindo a adsorção de inorgânicos e orgânicos em
CA [50,51].
Alguns autores têm utilizado esse modelo para relacionar a heterogeneidade da
superfície como função do pH da solução [52-54].
Podkoscielny et al. [7] utilizou dados da literatura para investigar o efeito da
heterogeneidade na adsorção de fenol, por uso da equação LF. Paralelamente, foi obtida
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativado
13
a função de distribuição da energia F(E
12
) para a superfície. Considerando-se a adsorção
de uma mistura líquida “1 + 2” numa superfície sólida heterogênea, cada sítio de
adsorção é caracterizado pela diferença de energia E
12
= E
1
– E
2
entre os componentes
fenol (1) e água (2). Para soluções diluídas, a fração da cobertura total do soluto Ө
t
(Ce)
na superfície é expressa como segue [56]:
()
(
)
()
()
1212
12
12
max12
min12
/exp1
/exp
dEEF
RTEx
RTEx
Ce
E
E
t
Φ+
Φ
=
θ
(2.2)
em que Ф = Ф(C
e
, θ
t
) é uma função que depende do modelo usado, F(E
12
) é a função de
distribuição, que caracteriza a heterogeneidade do adsorvente em termos de E
12
= E
1
-
E
2
; x = C
e
/C
e
sol
onde C
e
sol
é a solubilidade do soluto e Ce é a concentração de equilíbrio;
R e T são constantes do gás e temperatura em K. Para obtenção da função de
distribuição os autores utilizaram o programa INTEG [57].
Tabela 2.2 - Características da textura do CA das séries BW* e MT* e parâmetros
da equação linear de Langmuir-Freundlich (2.1) [7].
Carbono
S
BET
(m
2
g
-1
)
V
p
(cm
3
g
-1
)
V
micro
(m
3
g
-1
)
V
ext
(cm
3
g
-1
)
d
(nm)
Q
(mmol.g
-1
)
α
K
LF
BW17 204 0,10 0,094 0,006 2,0 0,803 0,860 1,553
BW51 300 0,22 0,1452 0,0748 2,9 0,862 0,780 3,381
MT21 321 0,17 0,1513 0,0187 2,1 1,239 0,747 2,075
MT40 528 0,29 0,2465 0,0435 2,2 1,683 0,522 7,489
* CA preparado de carvão betuminoso com diferentes tipos de ativação.
Os resultados obtidos, tabela 2.2 e figura 2.4, mostram que α é menor para
amostras com maior Q, capacidade de adsorção da monocamada. Essas amostras
(MT21) se caracterizam por maior distribuição de energia.
László et al. [55] empregou a equação LF para obter os parâmetros de
heterogeneidade para soluções tamponadas de fenol e 2,3,4-triclorofenol em pH 3 e 11,
que apresentaram isotermas do tipo L2, e em meio não tamponado que apresentou
isoterma do tipo H2.
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativado
14
Figura 2.4 – Função da distribuição de energia para o CA MT21 indicado pela linha contínua,
comparada com a do CA MT40 (linha pontilhada) [7]
Os gráficos da função de distribuição F(E
12
) obtidos da equação 2.2 foram
comparados com os parâmetros α , heterogeneidade, da equação de LF, figura 2.5,
tabela 2.3.
Pela análise dos resultados, este autor verificou que os parâmetros de
heterogeneidade, α, (da equação de LF (2.1)) seguem a seguinte ordem para fenol: sem
tampão <pH = 3 <pH = 11 (tabela 2.3). Isso significa que a superfície tem o caráter
mais heterogêneo para a solução sem tampão, do que para a solução tamponada.
Comportamento semelhante é observado para o 2,3,4-triclorofenol.
Tabela 2.3 – Parâmetros da equação de Langmuir-Freundlich (2.1) para CA
obtidos de PET. [11]
Soluto Meio Q (mmolg
-1
)
α
K
LF
Fenol pH = 3 2,227 0,941 1,901
Sem tampão 2,590 0,892 5,350
pH = 11
1,282 0,980 2,559
2,3,4-triclorofenol pH = 3,0 3,475 0,931 18,371
Sem tampão 3,064 0,799 731,804
pH = 11 1,851 0,988 51,397
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativado
15
F(E
12
), mol kJ
-1
F(E
12
), mol kJ
-1
E
12
, kJ mol
-1
Figura 2.5 – (a) Função da distribuição da energia de adsorção do fenol em CA PET. (b) Função da
distribuição da energia de adsorção do 2,3,4-triclorofenol em CA PET [11].
A Figura 2.5 mostra os valores calculados das funções de F(E
12
) para fenol
adsorvido em CA (denominado pelo autor como PET). O pico para (pH = 3) é mais
baixo, amplo e levemente deslocado para direita comparado com o pico (pH = 11). O
pico mais baixo e amplo cobrindo o largo alcance da energia de adsorção E
12
é para a
solução sem tampão. Nessa mesma figura observamos também a distribuição da função
de F(E
12
) para 2,3,4-triclorofenol adsorvido em CA. A seqüência de picos é a mesmo
em relação ao fenol, em concordância com a seqüência dos parâmetros de
heterogeneidade, α, para a equação de LF. Ou seja, menor valor de α é concordante
com maior heterogeneidade na distribuição da energia.
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativado
16
Estes autores consideraram em sua análise 3 possíveis interações entre a superfície
de carbono e os fenóis: (a) interações elétron doador–receptor entre o anel aromático
fenólico e grupos oxigênio de superfície, (b) efeito da dispersão entre o anel aromático
fenólico e os elétrons π da estrutura grafítica, (c) atração e repulsão eletrostática quando
íons estão presentes [11,55 ].
Ainda nesta análise, no valor de pH = 3, os grupos funcionais na superfície de
carbono e os compostos fenólicos estão nas formas não-ionizadas, pH<pKa. Os grupos
de superfície estão neutros ou positivamente carregados. Como pode ser deduzido dos
valores médios da constante de equilíbrio na equação de LF, K
LF
, a interação entre a
superfície de carbono e os compostos fenólicos é fraca neste caso e foi atribuída aos
efeitos de dispersão. Para fenol os valores de K
LF
não ultrapassam 10 L.mmol
-1
Os
autores observam que a interação fraca no caso de fenol resulta numa adsorção
competitiva de moléculas de água, levando a uma concentração mais baixa na superfície
do que para o 2,3,4-triclorofenol. O aumento da interação no caso de triclorofenol é
devido ao fenômeno de retirada de elétrons dos três substituintes de cloro, que reduz a
densidade total de elétron do anel aromático do adsorvato.
Se a adsorção acontece em soluções sem tampão, ambos fenóis e grupos de
superfície coexistem em suas formas protonadas e não protonadas, dependendo de seus
valores de pKa (pKa = 9,89 para fenol e 7,59 para 2,3,4-triclorofenol). Todos três tipos
de interações “fenol superfície” podem ocorrer simultaneamente. No caso do fenol, a
dissociação das moléculas é insignificante em pH<pKa. O maior valor da constante de
dissociação, Ka, do 2,3,4-triclorofenol resulta em íons dissociados de triclorofenolato,
de modo que a atração iônica age entre os ânions e os sítios da superfície que estão
positivamente carregados. Algumas interações iônicas fortes são refletidas pelas
isotermas do tipo H e os altos valores de K
LF
.
Para o pH = 11, os fenóis dissociam formando ânions fenolato, enquanto na
superfície os grupos funcionais podem estar com carga neutra ou negativa. A repulsão
eletrostática entre as cargas idênticas abaixa a capacidade de adsorção no caso de fenol
e do 2,3,4-triclorofenol. Além do mais, os ânions fenolato são mais solúveis na solução
aquosa, e as ligações do complexo adsorvato-água devem ser quebradas antes da
adsorção acontecer. No entanto, alguma interação de dispersão pode ocorrer. Os átomos
de oxigênio dos grupos básicos não-dissociados podem formar uma relação doador–
receptor, como deduzido do valor elevado de K
LF
(tabela 2.3)
, especialmente no caso do
triclorofenol.
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativado
17
2.5 - Irreversibilidade da Adsorção de Fenóis
A irreversibilidade da adsorção do fenol em CA tem sido objeto de vários estudos
há muito tempo [42,58-60,40]. É sabido que o fenol adsorvido irreversivelmente não
pode ser desorvido em água nem por aquecimento em altas temperaturas [41].
Magne e Walker [60] foram os primeiros a discutir em detalhes a irreversibilidade
da adsorção de fenol. Estes estudos mostraram que o fenol fisiosorvido pode tornar-se
quimiosorvido no decorrer do tempo ou por aumento da temperatura. Verificou-se que a
quimiosorção é inibida pela presença de complexos de oxigênio na superfície. De
acordo com estes autores os sítios responsáveis pela quimiosorção de fenol são os
oxigênios livres localizados, principalmente, nas bordas das camadas de grafite. A
fisiosorção ocorre em toda a superfície.
Grant e King [61] estudaram a natureza do mecanismo de adsorção irreversível do
fenol em CA, usando em seus experimentos o tempo de equilíbrio de 5 dias para
adsorção do substrato, visando obter grande quantidade de fenol adsorvido
irreversivelmente. O fenol adsorvido irreversivelmente foi então extraído por acetona, e
as soluções extratoras foram analisadas através de um espectrômetro de massa. Os
resultados mostraram que ocorreu polimerização do fenol na superfície do CA e que a
abundância do polímero diminuía com o peso molecular. Foi observado que os produtos
da reação de oxidação de fenol incluíam normalmente dímeros e polímeros maiores. Na
maioria dos casos, a oxidação envolveu a retirada de um átomo de hidrogênio de cada
molécula de fenol formando radicais intermediários que se uniriam por ligações
carbono–carbono, na posição orto- e/ou para- aos grupos de hidroxilas. Verificou-se,
também, que as ligações de carbono-oxigênio não foram freqüentemente formadas.
Os mesmos autores também estudaram o efeito da temperatura no oxigênio
dissolvido em reações induzidas de polimerização de compostos fenólicos sobre CA.
Eles observaram que uma maior temperatura favorece a reação de polimerização e, por
essa razão, aumenta a capacidade de adsorção. A Polimerização por união oxidativa de
fenol em carbono foi observada por muitos outros autores [62-64].
A presença de oxigênio molecular tem uma influência significativa na capacidade
de adsorção de CA para vários compostos fenólicos [65]. No entanto, não só a presença,
mas também a quantidade de oxigênio influência na capacidade adsortiva do carvão.
Este pode ser um dos fatores chave que explica diferenças em isotermas de adsorção
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativado
18
encontradas na literatura para o mesmo par de adsorvente–adsorvato. O oxigênio induz
reações de polimerização na superfície de CA, assim o procedimento denotado como
anóxida, é recomendado para obter os dados em equilíbrio verdadeiro de adsorção. Este
procedimento exige exclusão de oxigênio dos experimentos. Todos procedimentos
experimentais descritos na literatura podem ser denotados como oxidativos desde que
eles não fornecem nenhum controle sobre a quantidade de oxigênio. As capacidades
adsortivas obtidas destes procedimentos são apreciavelmente mais altas que as
capacidades determinadas pelo procedimento de anóxidas. Qualquer quantidade de
composto fenólico adsorvido acima da quantidade predita pelas isotermas anóxidas
pode ser atribuída a reações de polimerização. Alguns resultados discutidos nos
trabalhos de Grant e King [61] estão na tabela 2.4. Estes resultados mostraram
claramente que na maioria dos casos em condições anóxidas pode se obter até 100% de
recuperação do fenol adsorvido. Ao contrário, em condições oxidativas a recuperação é
sempre inferior a 60%.
Tabela 2.4 – Efeitos da superfície química do carbono e oxigênio dissolvido na
adsorção de 2-clorofenol.
[67]
Carbono
a
Grupos
ácidos
(µeq g
-1
)
Grupos
básicos
(µeq g
-1
)
S
BET
(m
2
g
-1
)
K
F
((mg g
-1
)
(1mg
-1
)
1/n
)
Adsorvato
recuperado
b
(%)
Adsorção
irreversível
c
B2 71 122 818 Oxidativa 246,0 6-38 0,284
pH = 7,2
anóxidas 128,2 82-100
B2-500 41 159 735 Oxidativa 270,4 20-43 0,345
pH = 9,8
anóxidas 115,8 80-92
B2-900 0 188 716 Oxidativa 297,1 13-31 0,424
pH = 11
anóxidas 115,0 94-100
B2-1200 - 213 471 Oxidativa 111,2 54-60 0,199
pH = 11,1
anóxidas 88,3 82-99
B2-900 Ox 134 392 - Oxidativa 240,8 29-40 0,325
pH = 6,2 anóxidas 117,7 87-99
a
Tratamento da superfície do carbono comercial (F400, Carbono Calgon Corp.) realizado por
aquecimento em ar a 500, 900 ou 1200ºC ou impregnado por 2 semanas em água saturada de
O
2
.
b
Porcentagem de 2-clorofenol acumulado na superfície do carbono que foi recuperado por
extração em soxhlet.
c
Quantidade de 2-clorofenol (mg.m
-2
) que não pode ser extraída.
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativado
19
Foi mostrado que a quantidade de oxigênio dissolvido (OD) consumido durante
adsorção de adsorvatos fenólicos é linearmente proporcional à quantidade de composto
irreversivelmente adsorvido [1]. O potencial de oxidação foi usado para estabelecer a
suscetibilidade relativa em direção à polimerização.
Tessmer et al. [66] determinou o impacto de grupos funcionais contendo oxigênio
na superfície do CA na adsorção irreversível de compostos fenólicos em condições
oxidativas. Estes observaram que a presença de grupos funcionais ácidos e básicos
oxigenados (por exemplo, cromona, pirona) na superfície inibe a adsorção de compostos
fenólicos em condições oxidativas, pois reduzem sua eficácia em promover adsorção via
reações de união oxidativa. Eliminando os grupos funcionais ácidos e básicos
oxigenados e ajudando a formação de grupos básicos não-oxigenados, por tratamento a
vácuo e em 1173K, pode-se aumentar a capacidade catalítica do CA. O tratamento a
vácuo afeta a adsorção de compostos fenólicos porque muda a quantidade e composição
de complexos de oxigênio, isto é, a maior ordem estrutural e elétrons deslocalizados na
superfície de carbono podem aumentar a basicidade de carbono, mas não aumenta sua
capacidade de promover adsorção irreversível.
Zawadzki e Biniak [68] publicaram resultados sobre o mecanismo das interações
entre oxigênio e carbono. Baseado principalmente nos resultados de FTIR, eles
sugeriram que íons superóxidos são formados num primeiro passo da adsorção de
oxigênio pela superfície de carbono. Estes íons sofreriam rearranjos na superfície de
carbono, formando uma variedade de compostos de oxigênio de superfície.
Seguindo todas as observações e resultados publicados por outros autores, Terzyk
[41] também propôs um mecanismo de polimerização de fenol:
O
2
+ C* C*O
2(ads)
(a)
C* O
2(ads)
+ e C*O
2
(ads)
(b)
C*O
2
(ads)
+ C* C*O
(ads)
+ C*O (c)
C*O
2
(ads)
+ C
6
H
5
OH C*O(C
6
H
4
O)
+ H
2
O (d)
C*O
(ads)
+ C
6
H
5
OH C*O(C
6
H
4
O)
+2H
(ads)
(e)
C*O(C
6
H
4
O)
+ nC
6
H
5
OH C*O(C
6
H
4
O)
n+1
H + (2n – 1)H
(ads)
(f)
H
(ads)
+ C* C*H (g)
onde n varia de 1 a 7 [61].
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativado
20
As moléculas tanto de oxigênio como de fenol são adsorvidas na superfície do
carbono. A reação ocorre na superfície do carbono, onde é catalisada. Se a reação é de
primeira ordem, a dissociação de moléculas de oxigênio ocorre antes da reação com
fenol (equação c). Em contraste, se é uma reação de segunda ordem, reação d, as
moléculas de oxigênio adsorvido reagem diretamente com as de fenol. Portanto, o
mecanismo de adsorção irreversível de fenol, descrito por (a,b,c,d,e,f,g) é determinado
pela presença de radicais livres de superóxidos.
2.6 - Caracterização da superfície de materiais carbonáceos
por titulação
Numerosas técnicas têm sido usadas para caracterizar grupos funcionais na
superfície do CA, sendo as mais importantes representadas por titulação
potenciométrica [69], espectroscopia de infravermelho (FTIR) [70], espectroscopia
fotoeletrônica de raios-X (XPS) [32] e dessorção em temperatura-programada (DTP)
[41].
Qualquer estudo de adsorção deve ser precedido do estudo das propriedades ácido-
base da superfície do adsorvente. Para o caso de adsorventes carbonáceos, como o CA,
um método conveniente e simples é o método proposto por Boehm. Este método baseia-
se no comportamento de neutralização dos vários tipos de grupos orgânicos presentes na
superfície do CA [71].
De acordo com Boehm [29], as propriedades ácidas da superfície são causadas
pela presença de grupos carboxilas (também na forma de seus anidridos cíclicos),
lactonas ou lactóis, e grupos hidroxil de caráter fenólico (Figura 2.6).
A acidez de um dado grupo funcional também depende de seu ambiente químico,
isto é, o tamanho e forma das camadas poliaromáticas, a presença e posição de outros
substituintes, e a carga dos grupos vizinhos dissociados. No entanto, as diferenças em
acidez dos vários tipos de grupos funcionais parecem ser suficientemente grandes, o que
permite a diferenciação pelo método de titulação.
O método de titulação proposto por Boehm baseia-se em reações de neutralização.
Por exemplo, NaHCO
3
(pK
NaHCO3
= 6.37) neutraliza somente grupos carboxilas da
superfície do carbono, Na
2
CO
3
(pK
Na2CO3
= 10,25) neutraliza carboxilas e lactonas e
NaOH (pK
NaOH
= 15,74) neutraliza carboxilas, lactonas e grupos fenólicos.
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativado
21
O
O
COOH
O
O
O
O
O
OH
OH
O
O
O
O
(c)
(a) (b)
(d)
(e)
(f)
(g)
(h)
Figura 2.6 - Possíveis grupos funcionais que aparecem nas arestas de carbonos: grupos carboxilas (a),
anidridos carboxílicos (b), grupos lactona (c), lactóis (d), grupos hidroxila (e) e carbonila (f) e quinonas
(g). O oxigênio pode estar substituindo um átomo de carbono da estrutura (h) . [72]
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativado
22
Capítulo 3
Procedimentos Experimentais
3.1 - Preparação das Amostras
Foi utilizado para preparação das amostras o carvão ativo (CA) da FLUKA
(05100), obtido a base de lignina. Antes da preparação das amostras, o CA foi seco em
mufla por 2 h a 110ºC para retirada da água superficial. A partir do CA seco retirou-se
400 g, para preparação de quatro amostras diferentes, sendo 100 g para cada amostra.
Cada porção foi tratada de acordo com a Tabela 3.1.
Tabela 3.1 - Diferentes tipos de tratamento das Amostras
AMOSTRA DENOMINAÇÃO TRATAMENTO
Carvão ativo puro CAP 2 h, 110°C
Carvão ativo tratado com
hidróxido de potássio
(KOH)
CAB1
Carvão ativo impregnado com
250mL de solução de KOH,
1,0 mol/L.
Carvão ativo tratado com
hidróxido de sódio (NaOH)
CAB2
Carvão ativo impregnado com
250mL de solução de NaOH,
1,0 mol/L.
Carvão ativo tratado com
ácido sulfúrico (H
2
SO
4
)
CAH
Carvão ativo impregnado com
250mL de solução de H
2
SO
4,
1,0 mol/L.
O tempo de tratamento foi de 24 h e posteriormente as amostras foram lavadas
com água destilada até o pH da água alcançar o valor próximo ao neutro. Em seguida,
secou-se as amostras por 24 h em mufla (110°C) e armazenou em dessecador.
3.2 - Análise de Área Superficial Específica e Porosidade
As análises da área superficial específica e porosidade foram determinadas a partir
de isotermas de adsorção de N
2
a 77 K usando um equipamento NOVA 300 BET
analisador da Quanta Chrome, USA. A partir da aplicação dos modelos de BET e BJH
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativo
23
obtiveram-se os valores de área e tamanho médio de poro. Estas medidas foram
realizadas no Centro de Desenvolvimento Tecnológico Nuclear/CDTN - Belo
Horizonte.
3.3 - Análise de Espectroscopia de Infravermelho
Um equipamento Bomer 1720 FTIR spectrometer - na faixa de 350 até 4000 cm
-1
foi utilizado para obter os espectros na região do infravermelho. As amostras em pó
foram diluídas em KBr (Merck, for spectroscopy) na razão de aproximadamente 1/500 e
a mistura foi
prensada a vácuo. A pastilha resultante foi seca em estufa por 20 h. Os
espectros foram medidos com acumulação de 64 varreduras com resolução de 4 e
8 cm
-1
. A resolução de 4 cm
-1
apresentou muito ruído comparado à de 8 cm
-1
, desta
maneira optou-se pela última condição para estudos posteriores.
Estas medidas foram realizadas no Centro de Desenvolvimento Tecnológico
Nuclear/CDTN - Belo Horizonte.
3.4 - Análise de Fenol
A metodologia utilizada na análise de fenol foi a descrita pelo Standard
Methods [73]. O método baseia-se na reação das substâncias fenólicas com o reagente
4-aminoantipirina na presença de ferrocianeto de potássio, em pH 11. O procedimento
da ligação oxidativa do fenol com 4-aminoantipirina é representado pela equação a
seguir:
N
N
O
HN CH
3
C
6
H
5
CH
3
OH
N
N
CH
3
C
6
H
5
O
CH
3
N
O
H
O
[Fe(CN)
6
]
3
-
+
A reação ocorre instantaneamente empregando o hexacianoferrato de potássio
como oxidante, tendo como produto um complexo marrom-avermelhado. A intensidade
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativo
24
de cor é proporcional à quantidade de fenol. Este método não distingue os diferentes
tipos de fenóis. A concentração de substâncias fenólicas foi detectada a 490 nm.
O procedimento adotado consistiu em adaptar a metodologia descrita acima para o
sistema de injeção em fluxo (FIA) que consiste em um diagrama de fluxos simples para
adição dos reagentes em confluência [74] (Figura 3.1), acoplado a um
Espectrofotômetro (FEMTO – 435). Este sistema é acoplado também a uma bomba
peristáltica de fluxo contínuo que permite o movimento das soluções.
Figura 3.1 - Diagrama de fluxos empregando confluência para adição dos reagentes. DET:
espectofotômetro de absorção molecular (490 nm); alça de amostragem (L), 100 cm ou 20 cm (500 µL
ou 100 µL, respectivamente), B: 100 cm, D: recipiente de descarte, C: H
2
O (2,0 mL/min.), Hexaciano
ferrato de potássio (1,0 mL/min) e 4-aminoantipirina (0,8 mL/min).
As concentrações dos reagentes usados foram 0,2 % (m/v) de 4-aminoantipirina
(pH 11,00) e 0,1 %
(m/v) de hexaciano ferrato de potássio em solução tampão de amônia
(pH 8,50). Todas as soluções foram preparadas com H
2
O destilada e deionizada.
Para o estudo dos pHs de adsorção utilizaram-se diferentes soluções carregadoras.
Para pH neutro, água deionizada foi empregada (pH 6,00), e para os outros pHs (2,50,
10,00 e 12,00) preparou-se solução de referencia e carregadora adicionando-se HCl ou
NaOH (para meio não tamponado). E para o meio tamponado utilizaram-se as mesmas
soluções tampões descritas acima. Este procedimento foi adotado, pois observamos que
ocorria interferência nas medidas onde o pH não era corrigido.
Foram utilizadas também, no sistema de injeção em fluxo, alças de amostragem
com diferentes tamanhos: para concentrações entre 0,01 e 0,1mmol/L foi usado alça de
amostragem de 100cm e para concentrações entre 0,1 e 1,0 mmol/L, alça de
D
amostra
L
C
B
DET
D
K
3
Fe(CN)
6
4 - aminoantipirina
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativo
25
amostragem de 20cm. Este procedimento foi escolhido para uma maior precisão na
leitura da absorbância, pois com alça de amostragem de 100cm as concentrações entre
0,1 e 1,0 mmol/L não eram satisfatoriamente detectadas. Algumas curvas analíticas em
diferentes pHs e diferentes alças de amostragem estão exemplificadas na figura 3.2.
0
0. 2
0. 4
0. 6
0. 8
1
0 0 .0 2 0 .0 4 0 .0 6 0 .0 8 0.1 0 .1 2
pH = 2,5
L = 100 cm
y = 0 .01 47 04 + 8. 20 51x R = 0. 999 48
concentrão (mmol/L)
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1
pH = 3,0
L = 100 cm
y = 0.01143 3 + 7.00 37x R= 0.9994
Concen tração (mmol/L)
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6
pH = 3,0
L = 20 cm
y = 0.0833 + 1.9942x R= 0.99855
concentração (mmol/L)
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12
pH = 6,0
L = 100 cm
y = 0.0148 + 7.660 6x R= 0.99994
concentração (mmol/L)
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1.4
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 0.4
pH = 10,0
L = 20 cm
y = 0.016787 + 3.495 6x R= 0.99957
concen trão (mmol/L)
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12
pH = 10,0
L = 100 cm
y = 0.00066027 + 7.440 9x R= 0.99991
concen trão (mmol/L)
Figura 3.2 – Curvas analíticas para diferentes pHs e diferentes alças de amostragens.
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativo
26
3.5 - Estudo de Adsorção
3.5.1 – Soluções Tampões
Para estudo do efeito do solvente na adsorção, as isotermas foram feitas em
soluções tamponadas e não tamponadas.
Para pH ácido, preparou-se solução tampão de ácido fosfórico (H
3
PO
4
) e
hidrogenofosfato de sódio (Na
2
HPO
4
) utilizando-se a fórmula:
[
]
[]
43
42
POHlog
log HPONa
pKpH
a
+=
Para pH básico, preparou-se solução tampão de cloreto de amônia (NH
4
Cl) e
hidróxido de sódio (NaOH) utilizando-se a fórmula:
[
]
[]
NaOHlog
ClNHlog
4
+=
b
pKpOH
Para as soluções não tamponadas, os pHs ácidos foram ajustados adicionando-se
HCl, e os pHs básicos, adicionando-se NaOH.
3.5.2 - Isotermas de Adsorção Variando a Massa de CA
Foram pesadas 10 amostras de CA – CAP, CAB1, CAB2, CAH - com massas de
aproximadamente 0,0100 g, 0,0200 g, 0,0300 g, 0,0400 g, 0,0500 g, 0,0600 g, 0,0700 g,
0,0800 g, 0,0900 g e 0,100 g. Em seguida, colocou-as em erlenmeyers com 100 mL de
solução de fenol, 0,531 mmol/L, meio tamponado, pH 6,00, e agitou-se por 24 h. Após
a agitação, as amostras foram centrifugadas e a concentração final de fenol da parte
líquida foi analisada.
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativo
27
3.5.3 - Isotermas de Adsorção Variando Concentração de Fenol e pH
Para este tipo de isotermas as concentrações de fenol foram: 0,056, 0,109, 0,219,
0,328, 0,438, 0,814, 1,095, 1,360, 1,624, 2,178 mmol/L, em solução tampão nos pH:
2,50; 6,00; 10,00 e 12,00. Um volume de 100 mL para cada concentração foi colocado
no erlenmeyer e adicionou-se 0,0250 g de CA, em seguida o pH foi ajustado com NaOH
e HCl.
As misturas foram então colocadas em uma mesa agitadora onde ficou sob
agitação (180rpm) durante 24 horas. Após esse período, alíquotas de cada amostra
foram centrifugadas e levadas para análise da concentração final de fenol.
3.6 - Determinação das Características Ácido/base da
Superfície
Para estimar as propriedades ácido/base na superfície do carvão foi utilizado o
método de Boehm [29,75]. Esse método baseia-se no uso de reações da química
orgânica para caracterização dos oxigênios quimiosorvidos na superfície do CA, como
grupos carboxílicos, fenólicos e lactonas. Estes grupos reagem com diferentes tipos de
bases em uma reação de neutralização típica: 1- ácidos carboxílicos podem ser
neutralizados pela reação com NaHCO
3
; 2- ácidos carboxílicos e lactonas são
neutralizados com Na
2
CO
3
e 3- todos estes grupos e mais os fenóis podem ser
neutralizados por NaOH. O número de sítios com caráter básico foi avaliado utilizando-
se HCl.
3.6.1 – Titulação de Boehm
Massas conhecidas do CAP, CAB1, CAB2 e CAH foram deixadas com 20mL
solução padronizada do reagente por 48h. Para eliminar possíveis interferentes, como
por exemplo carbonato, utilizou-se água destilada e deionizada. A água foi fervida antes
do preparo das soluções. Após o preparo, as soluções foram mantidas em recipiente
selado e em atmosfera inerte de N
2
. Após 48 h foi retirado uma alíquota e titulada para
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativo
28
se obter o quanto da base ou do ácido foi neutralizada. As titulações foram feitas de
acordo com a tabela 3.2.
Tabela 3.2 - Tipos de titulações
Amostra Massa (g) Reagente Titulante
Concentração do titulante
(mol/L)
CAP 0,27 NaOH HCl 0,0987
CAP 0,256 Na
2
CO
3
HCl 0,0987
CAP 0,256 NaHCO
3
HCl 0,0987
CAP 0,0967 HCl NaOH 0,0668
CAB1 0,0505 NaOH HCl 0,0551
CAB1 0,0500 Na
2
CO
3
HCl 0,0551
CAB1 0,0499 NaHCO
3
HCl 0,0551
CAB1 0,0522 HCl NaOH 0,0465
CAB2 0,054 NaOH HCl 0,0551
CAB2 0,0495 Na
2
CO
3
HCl 0,0551
CAB2 0,0501 NaHCO
3
HCl 0,0551
CAB2 0,0487 HCl NaOH 0,0465
CAH 0,0497 NaOH HCl 0,0551
CAH 0,0487 Na
2
CO
3
HCl 0,0551
CAH 0,0490 NaHCO
3
HCl 0,0551
CAH 0,053 HCl NaOH 0,0465
3.6.2 - Determinação do Ponto de Carga Zero (PCZ)
O ponto de carga zero (PCZ) é definido como o pH em que a superfície do carvão
possui carga neutra. A metodologia empregada para sua determinação é denominada
“experimento dos 11 pontos”, que foi descrita por John R. Regalbuto et al. [76]. O
procedimento consistiu em fazer uma mistura de 50 mg do CA em 50 mL de solução
aquosa com 11 diferentes pHs (1,00, 2,00, 3,00, 4,00, 5,00, 6,00, 8,00, 9,00, 10,00,
11,00 e 12,00) e medir o pH final. O PCZ é obtido da faixa onde se observa o efeito
tampão, ou seja, onde o pH final não varia.
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativo
29
3.7 - Medidas de Monitoramento de pH e Sorção
3.7.1 - Estudo do pH de Sorção
Para verificar o melhor pH de sorção, 13 amostras de 0,05 g de carvão padrão
foram colocadas em agitação por 2 h com 100 mL de solução de fenol 0,106 mmol/L,
em solução tampão, nos seguintes pH: 1,00, 2,00, 3,00, 4,00, 5,00, 6,00, 7,00, 8,00,
9,00, 10,00, 11,00, 12,00, 12,50. Após a agitação as soluções foram centrifugadas e
analisadas.
3.7.2 – Monitoramento do pH das Amostras em Água
Para avaliação do pH das amostras em água, foi utilizado 0,1000 g de cada tipo
de CA - CAP, CAB1, CAB2, CAH – em 100 mL de água destilada e deionizada. O
pH das amostras foi monitorado por um pHmetro QUIMIS-400ms, interfaceado por
um microcomputador.
3.7.3 – Monitoramento de pH, Sorção e Tempo.
Foram feitos estudos com medidas simultâneas de pH, sorção e tempo. Para estas
análises foram utilizadas 0,1000 g de cada tipo de CA (CAP, CAB1, CAB2, CAH) em
200 mL de solução de fenol 0,638 mmol/L. Os experimentos foram realizados em
solução tampão com NH
4
Cl e NaOH (pH 8,0) e em meio não tamponado. As misturas
ficaram em agitação com monitoramento do pH, utilizando um pHmetro QUIMIS-
400ms, interfaceado por um microcomputador e a cada 15 min retirou-se uma alíquota
para análise.
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativo
30
3.8 - Efeito da Temperatura
Um volume de 50 mL de solução de fenol em meio tamponado, pH 10,00, foi
colocada em banho-maria que estava na temperatura desejada (ver tabela 3.3). Quando
as soluções atingiram cada temperatura, adicionou-se a massa de CAP. A mistura ficou
no banho por 24 h e foi agitada manualmente. Após o equilíbrio, uma alíquota foi
retirada para ser centrifugada e analisada. O experimento foi realizado de duas formas
diferentes conforme Tabela 3.3.
Tabela 3.3 - Tipos de procedimentos utilizados para analisar o efeito da
temperatura
Procedimento Temperaturas
Variando massa do CAP
22,0°C, 31,0°C, 40,5°C, 51,0°C, 61,5°C
Variando concentração inicial de solução
de fenol
23,0°C, 30,0°C, 40,0°C, 50,0°C, 60,0°C
3.8.1 – Cálculo da Entalpia
A entalpia de adsorção foi obtida através da construção de isotermas em pH = 10
(melhor pH para a adsorção). Este experimento foi realizado utilizando a isoterma de
Langmuir. Através desta isoterma, determinou-se também a constante de equilíbrio
(Ke):
A isoterma de Langmuir baseia-se em três hipóteses: (a) a adsorção não pode ir
além do recobrimento com uma monocamada; (b) todos os sítios de adsorção são
equivalentes uns aos outros e a superfície é uniforme; (c) a capacidade de uma molécula
ser adsorvida num sítio é independente da ocupação dos sítios vizinhos.
Podemos representar a adsorção da seguinte forma:
A(g) + S(superfície) AS(superfície)
Onde A é o adsorvato gasoso, S é uma posição vazia da superfície do sólido e AS
representa a molécula de A adsorvida.
A velocidade de modificação do recobrimento provocado pela adsorção é
proporcional à pressão parcial p de A e ao número de sítios livres N(1- θ), em que N é o
total de sítios:
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativo
31
θ = nº de sítios de adsorção ocupados
n° de sítios de adsorção disponíveis
)1(pNk
dt
d
a
θ=
θ
Onde k
a
é a constante de velocidade para a adsorção
A velocidade de modificação de θ, em virtude da dessorção, é proporcional ao
número de sítios ocupados Nθ:
θ=
θ
Nk
dt
d
d
onde k
d
é a constante de velocidade para dessorção.
No equilíbrio a soma das duas velocidades é zero.
0)Nk()1(pNk
da
=
θ
+
θ
θ
=
θ
Nk)1(pNk
da
θ=
θ
Nk
)1(pNk
d
a
Onde:
K
k
k
d
a
=
θ
θ
=
)1(Kp
θ
=
θ
KpKp
Kp)Kp1(
=
+
θ
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativo
32
Kp1
Kp
+
=θ
Para utilização da isoterma de Langmuir em soluções sólido/líquido, foram feitas
as seguintes transformações:
θ = q_ = massa do soluto adsorvido/massa do adsorvente
Q saturação
p é igual à atividade (a) quando a constante de atividade é 1.
a = Ce = concentração do soluto no equilíbrio
Teremos a equação na forma:
e
e
KC
KC
Q
q
+
=
1
Linearizando a equação teremos:
e
CQKQq
1111
×+=
Isoterma de Langmuir
para Gases
onde, q é a adsorção, Q é a capacidade máxima de adsorção, k é a constante de
Langmuir e Ce é a concentração de equilíbrio na fase líquida.
Com a equação de Van’t Hoff determinou-se a entalpia de adsorção:
(3.2)
R
H
T
d
Kd
º
ln
e
)
1
(
=
onde, T é a temperatura absoluta, Hº é a energia envolvida no processo e R a constante
dos gases.
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativo
33
Capítulo 4
RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 – Caracterização das Amostras de CA obtidas
As amostras estudadas neste trabalho estão resumidas na tabela abaixo:
Tabela 4.1 – Resumo das amostras.
Nome da amostra Características
CAP CA apenas lavado com água
CAB1 CA lavado com KOH
CAB2 CA lavado com NaOH
CAH CA oxidado com ácido sulfúrico
As amostras CAB1 e CAB2 foram obtidas com o objetivo de verificar se a
natureza da base interferia nos resultados de adsorção e caracterização. A seguir
apresentamos os resultados das caracterizações realizados.
4.1.1 - Características Texturais
A partir das isotermas BET de adsorção e dessorção de N
2
para as amostras
estudadas, os seguintes resultados foram obtidos:
Tabela 4.2 - Resultados das análises texturais (BJH).
Amostra Área superficial (BET)
m
2
/g
Diâmetro médio do
poro / Å
Volume total de poros
cm
3
/g
CAP 770 34,4 0,65
CAB1 720 32,5 0,60
CAB2 750 34,0 0,64
CAH 670 31,2 0,59
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativo
34
Esses resultados mostram que a área superficial e a média do volume de poros não
variam significativamente para as amostras. Isso é principalmente observado para as
amostras CAB, o que está de acordo com o proposto de que a lavagem com base não
afeta a estrutura de poros. A leve diminuição da área observada para o CAH indica
funcionalização da superfície, o que em geral leva à obstrução dos microporos.
150
200
250
300
350
400
450
0 0 .2 0.4 0 .6 0.8 1
CAP
CAH
CAB
P/Po
Figura 4.1 - Isoterma BET para CAP, CAB, CAH
Como podemos observar na figura 4.1 a isoterma de BET para as amostras
estudadas. Pode-se verificar que a sua forma é tipica de um material mesoporoso [25].
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativo
35
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativo
36
4.1.2 – INFRAVERMELHO
A análise das amostras por espectroscopia de IV não mostrou diferenças
significativas entre elas. A forte absorção da cadeia grafítica somada às pequenas
contribuições dos grupos funcionais levam à obtenção de espectros com muito ruído e
sobreposição de bandas dos grupos aromáticos e hidroxilas, dificultando a análise dos
dados. A figura 4-2 mostra a região entre 4000 e 500 cm
-1
, que foi usada para análise
dos espectros de IV nesse trabalho. Em 3430 cm
-1
observa-se a banda de absorção típica
de (OH), que normalmente também está associada à presença de ligação hidrogênio.
Essa absorção foi atribuída à presença predominantemente de grupos OH de fenóis da
superfície do CA. Por outro lado, a presença de (OH) de grupos carboxílicos em CA,
que se caracteriza por uma forte absorção nesta mesma faixa e se estende até 2500cm
-1
,
pode estar associado ao grupo observado em 3192 cm
-1
. As absorções localizadas na
região de 2960 até 2845 cm
-1
são características de vibrações simétricas e assimétricas
de grupos metilas e metilenos [77].
Na faixa de 1800 até 1600 cm
-1
do espectro é onde normalmente se observa a
sobreposição de várias bandas de absorção, que podem ser deslocadas para valores
menores de comprimento de onda por efeito de conjugação. Pode-se identificar para as
amostras o pico localizado em 1562 cm
-1
que é característico do estiramento da ligação
C=C de grupos aromáticos [78]. O deslocamento de 40 até 60 cm
-1
para estas bandas é
atribuído à conjugação com aromáticos ou C=O da carbonila. A absorção situada em
1728 cm
-1
e 1652 cm
-1
, é característica do estiramento de carbonila δ(C=O), que
juntamente com vibração de deformação axial da ligação C-O, que se sobrepõem a
outras bandas na região de 1100 cm
-1
, podem sugerir a presença de ésteres, δ-lactonas
ou ácidos carboxílicos ligados a grupos aromáticos.
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativo 37
5001000150020002500300035004000
80
85
90
95
100
105
110
115
120
cm
-1
CAP
CAH
CAB
3430 cm
-1
3192 cm
-1
1562 cm
-1
1080 cm
-1
1652 cm
-1
1728 cm
-1
1380 cm
-1
830 cm
-1
670 cm
-1
Figura 4.2 - Espectro de infravermelho das amostras CAP, CAB e CAH.
Na faixa de 1390 até 1000 cm
-1
podemos observar bandas relacionadas à ligação
C-O-H, referente aos estiramentos de δ(C-O) e δ(OH) que contribuem para a banda
larga localizada em aproximadamente 1100 cm
-1
, confirmando a presença de estruturas
fenólicas [78]. A absorção em 1390 cm
-1
tem sido observada para pastilhas de fenóis,
que resultam das interações entre as vibrações ν(C-O) e ν(OH) [77]. A presença de
aromáticos com substituição no anel são responsáveis pelas absorções entre 830 e
672 cm
-1
.
4.1.3 - Propriedades Ácido/base
As propriedades ácido/base dos CAs obtidas pela titulação de Boehm e os
resultados da média dos pontos de carga zero (PCZ) estão resumidos na Tabela 4.3.
Tabela 4.3 - Concentração de grupos funcionais da superfície (mmols.g-1)
caracterizados pela titilação de Boehm.
Grupos ácidos
Amostra
Ácidos carboxílico
s
Lactonas Fenólicos Acidez total
Grupos
Básicos
PCZ
CAP 0,00 0,03 0,37 0,40 0,30 6,5
CAB1 0,00 0,17 0,43 0,60 0,61 6,6
CAB2 0,03 0,20 0,34 0,57 0,63 7,1
CAH 0,32 0,21 1,20 1,73 0,075 3,3
Os resultados confirmam que a lavagem com as bases NaOH e KOH levam a um
mesmo tipo de superfície, ou seja, o tratamento com solução alcalina tem apenas o
efeito de limpar a superfície de compostos solúveis, como ácidos húmicos e outros
orgânicos. Os resultados são coerentes com o aumento dos grupos lactonas e fenólicos,
os quais poderiam ser encobertos por estas impurezas. O ponto de carga zero (PCZ)
(figuras 4.3-4.6) também não variou significativamente para estas amostras, indicando
um caráter anfótero típico de amostras de CA pouco funcionalizadas [78,79]. Outro
importante fator é o número de centros básicos que praticamente é o mesmo para essas
amostras. Estes sítios básicos são principalmente representados pela camada grafítica.
Para a amostra tratada com ácido, CAH, observa-se o aumento dos grupos ácidos pela
introdução de carboxílicos. O PCZ também se altera significativamente para menores
valores. Esse comportamento da amostra CAH pode ter ocorrido pela presença de
resíduos de ácido na amostra, pois a mesma foi lavada apenas com H
2
O.
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativo
38
Como as amostras CAB1 e CAB2 apresentaram as mesmas propriedades, nosso
estudo prosseguiu apenas com a amostra CAB2 que deverá ser denominada nos
próximos resultados como CAB.
0
2
4
6
8
10
024681012
CAP
PCZ = 6,5
pH inicial
Figura 4.3 – PCZ do CAP.
0
2
4
6
8
10
12
024681012
CAB1
PCZ = 6,6
pH inicial
Figura 4.4 – PCZ do CAB1.
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativo
39
0
2
4
6
8
10
12
024681012
CAB2
PCZ = 7,1
pH inicial
Figura 4.5 – PCZ do CAB2.
0
2
4
6
8
10
12
024681012
CAH
PCZ = 3,3
pH inicial
Figura 4.6 – PCZ do CAH.
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativo
40
4.2 - Estudo do efeito da superfície na adsorção de fenol.
A comparação da capacidade de adsorção das 3 amostras CAP, CAB, CAH foi
feita em pH = 6 e os resultados estão na figura 4.7. Os dados experimentais foram
ajustados com a isoterma de Langmuir-Freundlich e os parâmetros obtidos estão
resumidos na tabela 4.4.
Estes resultados mostram que a amostra tratada com base possui a maior
capacidade de adsorção em relação às outras. Esse comportamento pode ser atribuído ao
maior número de sítios básicos nesta amostra. Como a amostra CAP possui
características próximas à CAB, os resultados (valor de Q) não foram muito diferentes,
o que indica que não apenas sítios básicos afetam a adsorção, mas principalmente a
ausência de grupos carboxílicos. Estes resultados são concordantes com o pressuposto
de que nem todos os grupos oxigenados afetam a adsorção de fenol, mas especialmente
os ácidos [38-41].
Outra importante observação é que o valor de α para o CAH é maior do que para
as outras amostras, o que indica menor tamanho de poros dificultando a entrada de fenol
nos microporos. Isso deve ocorrer pela natureza ácida desta superfície, com PCZ abaixo
de 5. Dessa forma a interação com o solvente nesta amostra é mais importante do que
nas outras.
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4
-0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
Q / mmol.g
-1
Concentração de equilíbrio / mmol.L
-1
CAP
CAB
CAH
Figura 4.7 – Isotermas de adsorção de fenol em CAP, CAB e CAH, pH = 6,0. A linha representa o ajuste
feito pela equação de LF.
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativo
41
Tabela 4.4 – Parâmetros obtidos através da isoterma de Langmuir-Freundlich
(2.1)
Amostras Q
/ mmol g
-1
K
LF
/ L mmol
-1
α
R
2
LF
CAP 3,053±2,481 1,411±2,489 0,437±0,109 0,99
CAB1 3,731±2,164 1,261±2,754 0,475±0,106 0,99
CAH 2,316±2,693 2,131±7,307 0,648±0,404 0,95
4.3 – Estudo da adsorção de fenol em meio alcalino.
Como foi mostrado anteriormente, o pH pode afetar significativamente a adsorção
de fenol em CA. Entretanto, o pH do solvente provoca efeitos diferentes na adsorção,
dependendo da superfície do CA. Por isso, nesse estudo tomamos apenas a amostra
lavada com água. Esta amostra apresentou características típicas de um CA com poucos
grupos superficiais e, portanto, os efeitos de pH e solvente devem predominar no
processo de adsorção.
Iniciamos esse estudo com a avaliação da adsorção para pH de 2 até 12. Os
resultados estão na figura 4.8.
024681012
0
20
40
60
80
100
14
% de sorção
pH da solução
Figura 4.8 - % de sorção de fenol em diferentes pHs.
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativo
42
O comportamento observado, figura 4.8, tem sido explicado como conseqüência
do efeito das interações do solvente com CA. Em pH<PCZ, a superfície do CAP
apresenta sítios neutros ou positivamente carregados. Nessa faixa de pH o solvente tem
grande afinidade com a superfície. Portanto, a água compete pelos mesmos sítios que o
fenol, diminuindo sua adsorção. Com o aumento do pH, a superfície vai liberando
prótons da água e sítios ficam livres para adsorção de fenol. Em pH>PCZ, a superfície
está neutra ou negativamente carregada e efeitos de repulsão com o fenol ionizado
passam a afetar o processo de adsorção.
Deve-se observar que os efeitos de porosidade também são significativamente
importantes para a análise da adsorção do fenol em CA. Estes efeitos estão
principalmente presentes na faixa de maior concentração de fenol. Por outro lado os
grupos superficiais podem interferir com as adsorções nos microporos, pois como
observado na literatura a interação do solvente com CA afeta a adsorção do fenol nos
microporos. Esse comportamento faz com que a superfície do CA se apresente mais
heterogênea, pois apresentará sítios com diferentes energias de adsorção e tamanho de
poros [41].
O efeito da heterogeneidade da superfície pode ser observado pela aplicação da
equação de Langmuir-Freudlich (LF) em isotermas obtidas para o mesmo CAP em
diferentes pHs.
Na figura 4.9 as linhas que ligam os pontos representam a isoterma LF descrita
pela equação (2.1). Observa-se que esse modelo se ajusta bem aos resultados
experimentais. Os parâmetros obtidos pela equação LF estão resumidos na tabela 4.5.
Tabela 4.5 - Resultados do ajuste das isotermas (figura 4.9) ao modelo de LF.
pH K
LF
L/mmol α Q mmol/g
R
2
LF
2
1,105 ±0,686 0,949±0,162 1,966±0,499
0,99
6
1,395±1,314 0,489±0,065 3,297±0,674
0,98
10
1,049±0,983 0,520±0,067 4,568±1,089
0,99
12
1,225±1,384 0,557±0,102 2,728±0,767
0,99
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativo
43
0,00,30,60,91,21,51,8
0,0
0,4
0,8
1,2
1,6
2,0
2,4
2,8
0,0 0,3 0,6 0,9 1,2 1,5 1,8
0,0
0,4
0,8
1,2
1,6
2,0
2,4
2,8
0,00,30,60,91,21,51,8
0,0
0,4
0,8
1,2
1,6
2,0
2,4
2,8
0,0 0,3 0,6 0,9 1,2 1,5 1,8
0,0
0,4
0,8
1,2
1,6
2,0
2,4
2,8
pH = 10
pH = 2
pH = 12
q/ mmol.g
-1
Concentração de equilíbrio/ mmol.L
-1
pH = 6
Figura 4.9 – Isotermas de adsorção de fenol em CAP, em diferentes pHs. A linha interceptando os pontos
experimentais representa o ajuste feito pela equação LF.
O parâmetro
α
é normalmente relacionado à distribuição da energia de adsorção
nos poros, ou seja, seu valor diminui com o aumento da heterogeneidade na superfície.
Terzyk [40,41] mostrou em seu trabalho que em pH neutro e ácido, existe relação entre
o tamanho dos poros e a adsorção. Segundo este autor, em meio ácido os poros se
comportam como sendo menores, obtendo maiores valores de
α
. Como discutido na
revisão bibliográfica, esse comportamento é explicado pela afinidade dos grupos ácidos
superficiais com o solvente, a água, formando clusters de H
2
O que atuam como
bloqueadores para entrada de fenol. Nossos resultados são concordantes com estes
estudos, pois pela tabela 4.5 podemos observar que em pH=2 o valor de
α
é maior,
correspondendo a um valor menor de Q. Em meio básico esse valor é praticamente
constante, o que concorda com o pressuposto de que na adsorção em meio alcalino a
interação com o solvente é menor e o processo seria mais afetado pela repulsão entre as
cargas.
Os valores de K
LF
mostrados na tabela 4.5 são também concordantes com uma
fraca interação entre fenol e a superfície do CAP, que pode ser atribuído
aos efeitos de
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativo
44
dispersão. Maiores valores de K
LF
são observados para substâncias fenólicas contendo
grupos funcionais que favorecem a interação química com a superfície, como por
exemplo, o 2,3,4-triclorofenol em que K
LF
é da ordem de 18 a pH 3 e de 51 para
pH 11 [81].
Em pH 10 o CAP ainda não se caracteriza por uma superfície com excesso de
carga negativa, podendo apresentar alguns grupos não dissociados, como os fenólicos, e
outros desprotonados, como as lactonas. Como discutido anteriormente, a presença de
grupos básicos na superfície do CA tem sido considerada como um fator favorável em
incrementar a adsorção de fenol [82].
Grupos oxigenados na superfície podem favorecer
a adsorção pela formação de ligação de hidrogênio com o fenol. Além disso, em pH=10
os grupos básicos do plano basal não estão protonados e podem compensar um provável
excesso de carga negativa através da ressonância entre os grupos grafíticos. Essa
distribuição de cargas pode ter favorecido a adsorção do fenol nesse pH, que é
verificada pelo maior valor para a capacidade da monocamada (Q).
4.3.1– Contribuição da superfície para a adsorção em meio alcalino
A maior capacidade de adsorção observada em pH=10 para as isotermas foi
discutida em termos da presença dos grupos básicos na superfície e também das
interações com o plano basal do CAP. Por outro lado, o efeito da difusão do fenol
através dos poros do CAP é também determinante no processo. Como discutido na
literatura, a difusão para os microporos depende das interações do CA com o solvente e,
conseqüentemente, as propriedades ácido/base da superfície podem limitar esse
processo [41]. Em uma tentativa de poder separar estes efeitos em pH=10, as medidas
de adsorção foram realizadas para 5 diferentes temperaturas. É sabido que o processo de
adsorção é exotérmico e por isso deve diminuir com o aumento da temperatura. Por
outro lado, o aumento de temperatura tem também o efeito de minimizar a ação dos
grupos funcionais da superfície na adsorção, fazendo com que o processo seja
controlado pela difusão através dos poros.
Como discutido anteriormente, a adsorção de fenol em CA envolve
preliminarmente os sítios superficiais e depois os microporos [37,38]. Como
conseqüência, em baixas concentrações de fenol, os grupos superficiais são mais
importantes para esse processo do que em altas concentrações [41]. Dessa forma, as
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativo
45
isotermas foram obtidas em duas condições: uma variando a massa do CAP e a outra
variando a concentração do fenol. A equação de Langmuir foi usada para se obter a
capacidade máxima de adsorção e a constante de equilíbrio nestas duas condições.
O experimento conduzido com variação da massa para uma concentração de fenol
constante, representa a condição em que a adsorção ocorre preferencialmente na
superfície dos macroporos. Esta situação corresponde a uma baixa concentração de
fenol e alta concentração de sítios disponíveis na superfície.
Na condição em que a massa é constante e variou-se a concentração de fenol, o
efeito da competição pelos sítios disponíveis é maior. Nestes casos, a difusão nos
microporos é mais importante do que no outro experimento. Se os grupos superficiais
forem importantes para favorecer esse processo nos microporos, a diminuição da
adsorção deve ser mais intensa neste experimento.
Os resultados obtidos para estes experimentos estão apresentados nas figuras 4.10
e 4.11.
-0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
Q / mmol.g
-1
Concentração de equilíbrio / mmol.L
-1
23°C
30°C
40°C
50°C
60°C
Figura 4.10 – Isotermas do CAP em diferentes temperaturas e concentrações iniciais de fenol, pH = 10.
As linhas representam o ajuste feito com a equação de Langmuir.
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativo
46
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Q / mmol.g
-1
Concentração de equilíbrio / mmol.L
-1
22,0°C
31,0°C
40,5°C
51,0°C
61,5°C
Figura 4.11 – Isotermas do CAP em diferentes temperaturas e massas de CA, pH = 10. As linhas
representam o ajuste feito com a equação de Langmuir.
Podemos observar nas figuras 4.10 e 4.11 que o aumento da temperatura leva a um
decréscimo significativo na adsorção do fenol, especialmente para maiores
concentrações. Esse perfil mostra que não apenas o efeito da temperatura afeta a
adsorção, mas também os grupos superficiais. Como a superfície do CAP se
caracterizou pela presença de ácidos fracos (fenóis) e significativo número de sítios
básicos, a adsorção do fenol na superfície é favorecida através das interações entre os
anéis aromáticos e elétrons π. Estes grupos podem atuar tanto na adsorção na superfície
de macroporos como na difusão para os microporos. Com o aumento da temperatura,
estas interações são comprometidas e, conseqüentemente, a adsorção diminui. Dessa
forma, para o CAP as propriedades ácido/base da superfície tem papel importante no
processo de adsorção em pH=10.
Os resultados dos ajustes com a equação Langmuir estão nas tabela 4.6 e 4.7.
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativo
47
Tabela 4.6 - Capacidade máxima de adsorção (Q) e constante de Langmuir (K)
obtidas através da equação 3.1 para o experimento variando a concentração.
T/K
K
L
mmol L
-1
Q
L
mmol g
-1
R
2
L
296,15
5,998 ± 1,663 2,610 ± 0,186
0,98
303,15
3,998 ± 1,158 2,276 ± 0,113
0,97
313,15
3,622 ± 1,015 1,895 ± 0,158
0,97
323,15
3,015 ± 0,796 1,758 ± 0,148
0,97
333,15
2,501 ± 1,040 1,575 ± 0,220
0,96
Tabela 4.7 - Capacidade máxima de adsorção (Q) e constante de Langmuir (K)
obtidas através da equação 3.1 para o experimento variando a massa de CAP.
T/K
K
L
mmol L
-1
Q
L
mmol g
-1
R
2
L
295,15
1,041 ± 0,036 21,786 ± 2,772
0,95
304,15
0,968 ± 0,037 23,331 ± 3,559
0,94
313,65
0,824 ± 0,012 32,858 ± 2,154
0,98
324,15
0,938 ± 0,020 19,507 ± 1,551
0,98
334,15
0,743 ± 0,011 24,544 ± 1,462
0,99
Os dados das tabelas mostram que a variação da capacidade de adsorção diminui
significativamente para os dois experimentos. Para a variação da massa de CAP, a
capacidade diminui de 30% quando a temperatura aumenta para 61°C. No caso do
experimento em que a concentração de fenol varia, a diminuição chega a 46% a 61,5°C.
Neste último caso, podemos observar que o processo de difusão é afetado pela
inativação dos grupos superficiais.
4.3.2 - Efeito da superfície na entalpia de adsorção
A natureza da interação entre fenol e a superfície do CAP foi avaliada pela medida
da entalpia de adsorção. Este valor pode ser estimado pela equação de Van’t Hoff:
R
H
)T/(d
)K(lnd
ad
=
1
Os gráficos obtidos para ln K por 1/T estão representados nas figura 4.12 e 4.13.
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativo
48
0
0.5
1
1.5
2
2.5
3
3.5
4
0.0029 0.003 0.0031 0.0032 0.0033 0.0034
y = 1.7265 + 499.01x R= 0.95401
1/T
Figura 4.12 – ln K por 1/T para cálculo de H
ad
1 – Obtido do experimento variando a massa de CAP.
0
0.5
1
1.5
2
2.5
3
3.5
4
0.0029 0.003 0.0031 0.0032 0.0033 0.0034
y = 2.2073 + 186.97x R= 0.47781
lnK
1/T
Figura 4.13 - ln K por 1/T para cálculo de H
ad
2 . Obtido do experimento variando a concentração de
fenol.
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativo
49
Os resultados são coerentes com um processo exotérmico, sendo H
ad
1 =
-59,97 kJ.mol
-1
para o experimento com variação da massa de CAP e de H
ad
2 = -22,50
kJ.mol
-1
para o experimento com variação da concentração de fenol. Estes valores são
da mesma ordem que os obtidos por outros autores, 34 kJ/mol, 94 kJ/mol [83], 43 até
59 kJ/mol [84].
Podemos dizer que o H
ad
envolve tanto a adsorção do fenol na superfície dos
macroporos como nos microporos, respondendo assim aos efeitos dos grupos
superficiais. O maior valor obtido para H
ad
1 indica o efeito da superfície na interação
do fenol com o plano basal do CAP. Ou seja, os grupos superficiais (fenóis e lactonas)
têm ação de aumentar a intensidade de interação entre o fenol e o CAP.
4.4 - Efeito do solvente no processo de adsorção do fenol no
CAP
Em processos de adsorção é bem conhecida a existência da competição entre o
solvente e substrato pela superfície do CA. O comportamento do CAP em água mostrou
que o mesmo entra em equilíbrio com o meio em pH próximo a PCZ, figura 4.14. O
equilíbrio do CA com a água envolve principalmente protonação dos sítios básicos da
camada grafítica [85]:
C
π
+ 2H
2
O C
π
H
3
O
+
+ OH
-
(4.1)
4
5
6
7
8
9
0 50 100 150
pH
time/min
Figura 4.14 – Monitoramento do pH da mistura carvão ativado – água, para pH inicial 7 e 5,5.
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativo
50
O fenol (φ-OH) em meio aquoso se comporta como um ácido fraco :
φ-OH + H
2
O φ-O
-
+ H
3
O
+
pKa=9,89 (4.2)
Quando CAP é colocado em contato com a solução de fenol outro equilíbrio passa
a existir, o das espécies do substrato com o solvente. Os equilíbrios existentes no meio
aquoso e a dupla camada formada na superfície do CAP estão sujeitos ao pH do meio e
às características ácido-base da superfície. Podemos observar o efeito do solvente neste
processo acompanhando a sorção de fenol em meio alcalino tamponado e não
tamponado, figuras 4.15-a e 4.15-b.
01234
7,0
7,5
8,0
8,5
9,0
9,5
10,0
10,5
11,0
01234
60
70
80
90
100
pH
pH
Tempo / h
% Sorção
% Soão
Figura 4.15-a - Sorção de fenol em meio tamponado, pH 10,5.
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51
0 5 10 15 20 25
7,0
7,5
8,0
8,5
9,0
9,5
10,0
10,5
11,0
0 5 10 15 20 25
65
70
75
80
85
90
95
100
pH
pH
% Sorção
Tempo / h
% Sorção
Figura 4.15-b Sorção de fenol em meio não tamponado, pH inicial igual a 10,5.
Em pH10,5 os grupos fenólicos estão se dissociando e assim a camada grafítica
estará com grupos superficiais neutros ou negativamente carregados. Nesta faixa de pH,
existe maior interação entre o solvente e o substrato, especialmente com o íon fenolato
que se comporta como uma base forte formando complexos fenol-água [86]. Estes
grupos devem ser primeiramente rompidos para que a adsorção ocorra e isso envolve o
deslocamento do equilíbrio da água no sentido de diminuir o pH. As espécies
envolvidas neste equilíbrio em meio tamponado se deslocam mais facilmente
favorecendo a adsorção do fenol, como observamos pela figura 4.15-a. Por outro lado,
verificarmos na figura 4.15-b, que para solvente não tamponado, a sorção no CAP é
mais lenta e o pH diminui paralelamente, como conseqüência do deslocamento dos
equilíbrios para manter a neutralidade do meio.
Em meio tamponado (pH10,5) os equilíbrios das espécies ionizadas são
alcançados rapidamente e a sorção atinge 90% em aproximadamente 2 h. No caso da
sorção em meio sem tampão (pH inicial 10,5), a capacidade atinge quase 90%
somente após 20 h em equilíbrio.
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativo
52
Capítulo 5
Conclusões
Os resultados obtidos mostraram que, a partir dos procedimentos de impregnação
por soluções básicas ou ácidas aplicados no CA comercial, foi possível obter 3
amostras, CAP, CAB e CAH que apresentaram diferentes grupos superficiais,
identificados pela titulação de Boehm. As amostras obtidas por duas diferentes bases,
CAB1 e CAB2, não apresentaram diferenças significativas no que diz respeito à
natureza da superfície. Com relação à adsorção destas amostras, verificamos que a
ausência de grupos carboxílicos favorece a adsorção de fenol.
A aplicação da equação de LF na análise do efeito do pH na adsorção de fenol foi
coerente com a literatura, mostrando que o valor do fator de heterogeneidade α é maior
para o meio ácido, indicando que os poros se apresentam menores devido à interação
com o solvente.
O estudo da natureza ácido-base das amostras CAP e CAB mostraram que suas
superfícies se caracterizaram especialmente por grupos fenólicos, lactonas e
proporcional concentração de centros básicos, o que é concordante com uma superfície
anfótera. Estas características se mostraram importantes para a adsorção do fenol em
meio alcalino no CAP, pois, com o aumento da temperatura, observou-se um
decréscimo significativo de sua atividade. Essa diminuição foi principalmente
importante para o experimento variando as concentrações, onde a competição pelos
microporos é importante. Verificou-se também que os equilíbrios envolvidos durante o
processo de sorção em meio alcalino afetam a cinética de reação, mas não alteram a
capacidade de adsorção máxima obtida após equilíbrio.
Por fim, esse trabalho contribuiu para o melhor entendimento dos processos de
adsorção de fenol em CA em meio alcalino.
Estudo da Adsorção de Fenol em Carvão Ativo
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