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Marta Teixeira Gomes
Estudo das Vias de Sinalização Celular Induzidas pelo
Fator de Ativação de Plaquetas (PAF) em
Trypanosoma cruzi
Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-
Graduão em Ciências (Microbiologia), Instituto de
Microbiologia Prof. Paulo de Góes da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de Doutor em
Ciências (Microbiologia).
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Rio de Janeiro
2007
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2
FICHA CATALOGRÁFICA
GOMES
, Marta Teixeira
Estudo das vias de sinalização celular induzidas pelo fator de ativação de
plaquetas (PAF) em Trypanosoma cruzi. Instituto de Microbiologia Prof. Paulo
de Góes, UFRJ, Rio de Janeiro, 2007.
xi, 98p.
Tese: Doutor em Ciências (Microbiologia).
1. Trypanosoma cruzi
2. Fator de ativão de plaquetas
3. Diferencião celular
4. Proteínas Cinases
I. Universidade Federal do Rio de Janeiro - IMPPG
II. Título
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Este trabalho foi desenvolvido sob orientão da Profª Angela Hampshire C. S.
Lopes, do Departamento de Microbiologia Geral, do Instituto de Microbiologia Prof. Paulo
de Góes (IMPPG) e da Prof ª Narcisa Leal Cunha e Silva, do Instituto de Biofísica Carlos
Chagas Filho (IBCCF), Centro de Ciências da Saúde (CCS), Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ).
4
Agradecimentos
Primeiramente, à Deus, sem Ele nada seria possível.
Aos meus Pais, pelo Amor, pelo incentivo, pela compreensão, por todos os esforços
para me ajudar. Obrigada por ter abdicado tantos sonhos em função dos seus filhos. Espero
nunca decepcioná-los.
Aos meus irmãos (Daniel, Hilda, Rosário, Alcina, David, Andréa, Telma), incluindo
minhas cunhadas Maria Alice e Luíza, obrigada pelo carinho, pelo esmulo, pelo incentivo
e por sempre apostarem em mim.
Aos meus sobrinhos, pelo incentivo, por transformar minha vida mais alegre e
principalmente, pela ajuda. Não posso esquecer que Rafael, Victor, Stephanie e Dayane me
cederam o computador pacientemente nos últimos dias de suas férias.
Ao Roberto (conhecido como Luiz Augusto) pela preocupação, pela companhia,
pela compreensão e por me fazer feliz.
À minha orientadora Angela, muito obrigada, pela oportunidade, pela competência,
pelo compromisso, pela paciência, pela amizade e por ser muito mais que orientadora.
À minha segunda orientadora Narcisa, muito obrigada pela sua simpatia, pela
oportunidade, pelo incentivo, pela competência e pelos conhecimentos transmitidos.
À Prof. Rosângela obrigada pelos ensinamentos, pela sua competência, pela
confiança, e pelo auxílio em todas as minhas etapas acadêmicas.
Aos professores André, Márcio e Leonardo pelo incentivo e pelos ensinamentos. Eu
não posso deixar de agradecer suas alunas (em especial Fabiane, Fernanda Fonseca, Patrícia
5
Tavares, Mariana, Débora, Bianca, Camila, Fernanda Machado, Lys) pela ajuda, pela
companhia e pelos divertidos churrascos que foram ótimos momentos de descontração.
Ao Prof. Antônio, pela sua competência, pelos ensinamentos e pelo auxílio nos
experimentos com o fluorímetro. Obrigada aos seus alunos Aline, Patrícia e Marcos pela
convivência e pelos momentos de descontrão e, em especial a Luciana Rangel pela
amizade.
Ao Prof. Fernando Mello, pelas sugestões, discussões dos resultados e pela acolhida
no seu laboratório para os experimentos de dosagem de AMPc, obrigada também a Isabela
e Regina pela atenção e pelos auxílio nos experimentos.
Ao pessoal do laboratório: Cirilo, Fernando, Maria Fernanda, Milena, Marcelo e
Carolina pela ajuda, companhia e amizade. E principalmente, ao Felipe e minhas
irmãzinhas Danielle e Luciana, que compartilharam comigo as alegrias e dificuldades dos
experimentos, obrigada pela amizade, pela ajuda, pelos momentos de descontração e
incentivo constante. Não posso deixar de agradecer o Henrique pelo auxílio em várias
etapas desta tese e ao Fernando pela ajudar nas contagens das lâminas na reta final.
Obrigada!
À Maristela, por ter se tornado uma grande amiga, obrigada pela sua simpatia, pelo
seu otimismo, pela ajuda (que não foi pouca!) e por estar sempre à disposição mesmo nos
feriados ou fins de semana. Também tenho que agradecer a Glauce pelo auxílio no preparo
nos géis de protease.
Aos ex-amigos de laboratório Socorro, Alan e Igor pelo auxílio, pela amizade e
pelos momentos de descontração.
Ao meu irmão Celso e a Daniella, pela simpatia, pelas dicas e por sempre me
cederam reagentes.
6
À minhas amigas de turma, Renata Martins, Danielle, Cláudia (Lele), Elize e Geisy,
obrigada pela amizade, pelas palavras de ânimo e pelos momentos de descontração.
Ao Paulo e Geralda pelos momentos de descontrão e, principalmente, pela ajuda e
pela competência no preparo do material.
Ao Prof. André pelas sugestões e revisão desta tese em um curto período de tempo.
Ao financiamento concedido pelas agências: Conselho Nacional de
Desenvolvimento Cienfico e Tecnológico (CNPq), Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e
Conselho de Ensino para Graduados e Pesquisa (CEPEG) da Universidade Federal do Rio
de Janeiro.
A todos que de alguma forma contribuíram positivamente para a realização deste
trabalho. Muito obrigada.
7
ÍNDICE
Resumo.............................................................................................................09
Abstract............................................................................................................10
Abreviaturas.....................................................................................................11
I.- Introdução.................................................................................................. 12
I.1- Os tripanossomatídeos......................................................................... 12
I.2- O gênero Trypanosoma....................................................................... 13
I.3- A Metaciclogênese.............................................................................. 16
I.4- As Proteases....................................................................................... 19
I.5- A Sinalização Celular......................................................................... 22
I.5.1- As Proteínas Cinases……………...24
I.5.2- A Proteína Cinase A (PKA)........................................................26
I.5.3- A Proteína Cinase C (PKC).........................................................30
I.5.4- A Proteína Caseína cinase 2 (CK2).............................................32
I.6 O Cálcio.................................................................................................34
I.7- O Fator de Ativação de Plaquetas (PAF)............................................ 36
II. Objetivos.................................................................................................... 44
III. Material e Métodos................................................................................... 46
III.1- Reagentes químicos.......................................................................... 46
III.2- Microrganismo................................................................................. 46
III.3- Cultivo do microrganismo................................................................ 46
8
III.4- Localização do receptor para PAF....................................................47
III.5- Determinação dos níveis de AMPc intracelular............................... 47
III.6- Efeito de PAF e de moduladores de proteínas cinases e inibidores
de proteolíticos na diferenciação celular de T. cruzi ...................... 48
III.7- Obtenção do extrato celular dos parasitos para determinação do
perfil de expressão de proteases .................................................. 48
III.8- Efeito direto do PAF na atividade proteolítica..................................49
III.9- Obtenção de conteúdo citoplasmático dos parasitos para o perfil
de fosforilação de proteínas ..................................................... 49
III.10- Determinação dos níveis de cálcio intracelular.............................. 50
III.11- Dosagem de proteínas.....................................................................50
III.12- Análise estatística............................................................................50
IV. Resultados................................................................................................. 51
V.Discussão..................................................................................................... 75
VI.Conclusões................................................................................................. 87
VII.Referências Bibliográficas........................................................................ 89
9
RESUMO
Trypanosoma cruzi é um protozoário parasito que é transmitido por insetos
triatomíneos. Estes insetos se infectam ingerindo tripomastigotas do sangue dos
hospedeiros mamíferos; os parasitos, então, se multiplicam como epimastigotas e se
diferenciam em tripomastigotas no intestino do inseto. Os tripomastigotas infectam células
de mamíferos, onde se transformam em amastigotas e depois novamente em
tripomastigotas, sendo então liberados no sangue periférico. Os mecanismos que norteiam
as várias etapas de diferenciação dos parasitos são pouco conhecidos. Sabe-se, entretanto,
que o fator de ativão de plaquetas (PAF) estimula o processo de diferenciação de
epimastigotas para tripomastigotas in vitro. PAF é um fosfolipídio que age como potente
mediador de várias funções celulares, em diversos processos biológicos e patofisiológicos.
T. cruzi, como outros eucariotos, apresenta funções celulares mediadas por vias
sinalizadoras, envolvendo proteínas cinases e fosfatases, proteínas G e mensageiros
secundários. No presente trabalho, investigamos o efeito do PAF sobre os níveis de AMP
cíclico (AMPc) e a participação das proteínas cinases A (PKA), C (PKC) e proteína cinase
CK2, durante a diferenciação induzida por PAF, de formas epimastigotas em
tripomastigotas metacíclicas de T. cruzi. Inicialmente, detectamos, através do método de
imunofluorescência, a presença do receptor para PAF em formas epimastigotas, sugerindo
que a ligação desta molécula ao seu receptor é capaz de induzir diversos eventos
sinalizadores, durante a diferenciação celular deste parasito, uma vez que todos os eventos
desencadeados por este agente foram revertidos pelo antagonista de receptor de PAF, WEB
2086. Dentre esses eventos, sugerimos que PAF seja capaz de induzir um aumento na
concentração de AMPc intracelular, enquanto que AMPc exógeno e PKA tiveram suas
ões moduladas por PAF, durante a diferenciação celular deste parasito. A diferenciação
estimulada por PAF foi revertida pelo uso de inibidores de PKC (BIS) e CK2 (DRB e
TBB), sugerindo a participação destas enzimas na diferenciação. PAF também foi capaz de
modular a expressão de uma metaloprotease de 65 kDa e de uma cisteína protease de 40
kDa, com participação de AMPc, PKA, PKC e CK2. De maneira similar, a fosforilação de
diversas proteínas foi modulada por PAF, AMPc e pelos inibidores de PKA, PKC e CK2.
Nossos dados também sugerem que os eventos de sinalizão desencadeados por PAF em
T. cruzi não dependem do aumento da concentração de lcio intracelular.
10
ABSTRACT
Trypanosoma cruzi is a protozoan parasite transmitted by triatomine insects. These
insects get infected when they ingest contaminated blood from the mammalian hosts; the
parasites then multiply as epimastigotes and differentiate into trypomastigotes in the gut of
the insect. The trypomastigotes infect mammalian cells, where they differentiate into
amastigotes and then back into trypomastigotes, being released into the peripheral blood.
Nevertheless it is known that platelet-activating factor (PAF) triggers the in vitro
differentiation of T. cruzi, from epimastigote into trypomastigote form. PAF is a
phospholipid that acts as a potent mediator in diverse cell functions, in several biological
and pathophysiological processes. T. cruzi, like other eukaryotic cells, has their cell
functions mediated by signal transduction pathways, involving protein kinases and
phosphatases, G proteins and secondary messengers. In the present study, we have
investigated PAF effects on the cAMP levels, as well as the role of protein kinases A
(PKA), C (PKC) and protein kinase CK2, during the PAF-induced differentiation of
epimastigote into trypomastigote stage in T. cruzi. Initially, we have detected, by
immunofluorescence method, the presence of PAF receptor in the epimastigote form,
suggesting that PAF binding to its receptor leads to several signaling events, during cell
differentiation of T. cruzi, as all PAF effects were reversed by PAF-receptor antagonist,
WEB 2086. Among these events, we suggest that PAF enhances the amounts of
intracellular cAMP, while exogenous cAMP and PKA presented their activities modulated
by PAF, during cell differentiation of this parasite. The differentiation triggered by PAF
was reversed by inhibitors of PKC (BIS) and CK2 (DRB and TBB), suggesting a role for
these protein kinases in T. cruzi cell differentiation. PAF has also modulated the expression
of a metalloprotease of 65 kDa and a cysteine protease of 40 kDa, with the contribution of
cAMP, PKA, PKC and CK2. Likewise, total protein phosphorylation in T. cruzi was
modulated by PAF, cAMP, and by the protein kinase inhibitors of PKA, PKC and CK2.
The results presented in this study also suggest that the signaling pathways triggered by
PAF do not depend upon a raise on the concentrations of intracellular calcium.
11
ABREVIATURAS
AC Adenilato Ciclase
AMPc Adenosina Monofosfato Cíclica
ATP
A23187 Ioforo para Cálcio
Ca
2+
Íon lcio
BIS Bisindolilmaleimida
CK2 Caseína cinase 2
DAG Diacilglicerol
DMSO Dimetilsulfóxido
DRB
5,6-dicloro-1-(β-D-ribofuranoil) benzimidazole
E-64 L-trans-epoxisuccinil leucilamido-(4-guanidino)butano
FBS Soro Fetal Bovino
GMPc Guanosina Monofosfato Cíclica
GDT Guanosina difosfato
GTP Guanosina trifosfato
IP
3
Inositol Trifosfato
kDa Kilodalton
kDNA DNA do cinetoplasto
LIT Infusão de Fígado
MAPK Proteína Cinase Ativada por Mitógeno
N
2
Nitrogênio molecular
PAF Fator de Ativação de Plaquetas
PBS Tampão Salina Fosfato
PDE Fosfodiesterase
PIP
2
Fosfatidilinositol Bifosfato
PKA Proteína Cinase A
PKC Proteína Cinase C
PLA
2
Fosfolipase A
2
PLC Fosfolipase C
PI3K Fosfatidilinositol 3 cinase
PMA Forbol-12-miristato-13-acetato
PMSF Fluoreto de Fenilmetanosulfonil
SDS-PAGE Eletroforese em gel de poliacrilamida contendo SDS
TBB 4,5,6,7, tetrabromobenzotriazol
WEB 2086
3-[4-(2-clorofenil)-9-metil-6H-tieno-[3,2-f][1,2,4]triazolo-[4,3,α-
][1,4]diazepina-2-γ1-1-(4-morfina-γ1)-1-propanona
μCi Micro Curie
12
Introdução
I.1. Os Tripanossomatídeos
O sub-reino Protozoa possui membros de grande importância médica, veterinária e
agropecuária. Pertencem a este grupo protozoários causadores de doenças humanas, de
gado e animais domésticos, além de algumas espécies patogênicas para os vegetais. Este
grupo constitui a família Trypanosomatidae, da ordem Kinetoplastida, sendo esta última
caracterizada por protozoários que apresentam cinetoplasto, uma estrutura que
compreende o DNA mitocondrial (Shapiro & Englund, 1995), localizado no interior da
única mitocôndria, junto à base do flagelo (Vickerman, 1976). Duas outras famílias são
reconhecidas como pertencentes a esta ordem: Bodonidae, constituída de biflagelados de
vida livre ou comensais e Cryptobiidae, constituída de parasitas de peixes e
invertebrados (Schmidt & Roberts, 1996).
A família Trypanosomatidae apresenta, além das organelas picas da maioria das
células eucarióticas, algumas estruturas peculiares como um cinetoplasto relativamente
pequeno e compacto, e um único flagelo locomotor, que pode estar livre ou aderido ao
corpo celular. O glicossoma é uma estrutura que compartimentaliza enzimas da via
glicotica, enzimas da β-oxidão de ácidos graxos, síntese de éter-lipídios, esteróis,
pirimidinas e enzimas da via de recuperação de purinas (revisto por Michels, Hannaert
& Bringaud, 2000). O acidocalcisoma, outra estrutura peculiar é caracterizado por sua
alta eletrodensidade, presença de fósforo, magnésio, sódio e zinco e uma alta
concentração de cálcio no seu interior. Esta organela possivelmente é responsável pelo
armazenamento de cálcio para adaptão dos tripanossomatídeos a condições de estresse
ambiental, armazenamento de energia e regulação da homeostase do pH intracelular
(revisto por Docampo et al., 2005). A forma celular é conferida por um citoesqueleto
formado por microtúbulos subpeliculares. Estes se encontram distribuídos por todo o
corpo do protozoário, exceto na região de ligação do flagelo ao corpo celular e na região
da bolsa flagelar. Os microtúbulos subpeliculares formam ligões cruzadas entre si e
com a membrana plasmática, conferindo estabilidade e resistência à ruptura por efeitos
mecânicos (De Souza, 2002).
13
Os critérios usados para classificação em gêneros desses parasitos, depende da(s)
forma(s) apresentada(s) em seus ciclos evolutivos. Entretanto, a morfologia não tem sido
considerada critério taxomico suficiente para classificação (Wallace et al., 1983).
Estudos a respeito de análise do DNA do cinetoplasto (kDNA) e do DNA genômico, além
da análise de padrões de isoenzimas, entre outros, têm sido utilizados para uma melhor
identificação e classificação dos tripanossomadeos (Camargo et al., 1982, 1992; Nunes et
al., 1994, 1995; Marché et al., 1995, Santos et al, 2005 a). No entanto, estes critérios de
classificação ainda são falhos e necessitam ser revisto.
Atualmente nove gêneros de tripanossomadeos são reconhecidos: Leptomonas,
Rhynchoidomonas, Blastocrithidia, Herpetomonas e Crithidia, parasitos monoxênicos e
classicamente não patogênicos para humanos; os parasitos de invertebrados e vertebrados
Endotrypanum, Leishmania e Trypanosoma e o gênero Phytomonas, constituído por
parasitos de invertebrados e plantas. Os gêneros Leishmania e Trypanosoma apresentam
espécies de grande importância médica, veterinária e ecomica; e o gênero Phytomonas
também apresenta espécies de grande importância ecomica (McGree & Cosgrove, 1980;
Vickerman, 1994; Camargo, 1999).
I.2. O Gênero Trypanosoma
Os membros do gênero Trypanosoma parasitam todas as classes de vertebrados, ou
seja, peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. A grande maioria vive no sangue e outros
fluidos correos do hospedeiro, mas algumas espécies, como o Trypanosoma cruzi,
podem invadir e se replicar no interior de lulas. Em alguns casos, a infeão não
necessariamente gera doença, a qual ocorre dependendo de vários fatores, como
susceptibilidade do hospedeiro e patogenicidade do parasito (Marquardt & Demarre, 1985).
As tripanossomíases são doenças de humanos e animais domésticos, resultantes da
infeão por protozoários parasitos do gênero Trypanosoma. Dois tipos de
tripanossomíases humanas são conhecidos: a tripanossomíase americana ou doença de
Chagas (Chagas, 1909) e a tripanossomíase africana ou doença do sono. A doença de
Chagas ocorre nas Américas Central e do Sul sendo transmitida, na maior parte dos casos,
por insetos hematófagos da família Reduviidae por contaminação fecal, após a picada.
14
Entretanto, a transmissão congênita, por via oral ou por transfusão de sangue também pode
ocorrer, porém com menor freência (Rey, 2002). Segundo dados estatísticos, existem 16-
18 milhões de casos de infecção por doenças de Chagas, e outras 120 milhões de pessoas
apresentam riscos de contraí-la (WHO, 2002). O T. cruzi, agente etiológico da doença de
Chagas, apresenta um complexo ciclo biológico, caracterizado por 3 estágios evolutivos
observados nos hospedeiros vertebrados e invertebrados (Figura 1).
Figura 1: Formas evolutivas do Trypanosoma cruzi. (A) amastigota, (B)
epimastigota e (C) tripomastigota (De Souza, 2002).
A) Forma amastigota: caracterizada por apresentar pequenas dimensões, corpo
arredondado, praticamente imóvel, localizada no interior da lula hospedeira, possui um
cleo relativamente grande, redondo e excêntrico e um flagelo curto, visível apenas por
microscopia eletrônica.
B) Forma epimastigota: apresenta cinetoplasto localizado antero-lateral ao núcleo e o
flagelo emerge lateralmente ao corpo celular.
C) Forma tripomastigota: característica das formas sanguícolas (hospedeiro vertebrado) e
metacíclicas (hospedeiro invertebrado). Possui cinetoplasto localizado na região posterior
ao núcleo, por onde emerge o flagelo, que se encontra ligado ao corpo celular, por quase
A B C
A B C
15
todo o corpo do parasito. Com movimento do flagelo, esta membrana é puxada, dando a
impressão de uma membrana ondulante”.
Estudos recentes, utilizando análise de isoenzimas, ribotipagem, atividade do RNA
promotor, genes da seqüência de mini-exon e marcação dos microsatélites, evidenciaram
que T. cruzi não é uma espécie única, mas corresponde a dois subgrupos, com alta
divergência genética, designada como linhagens 1 e 2. A linhagem 1 é predominante no
ciclo doméstico, enquanto a linhagem 2 ocorre principalmente no ciclo silvestre, sendo
ambas as linhagens potencialmente patogênicas para o homem (Briones et al., 1999).
O ciclo biológico no hospedeiro invertebrado inicia-se quando os triatomíneos
vetores alimentam-se do sangue do hospedeiro vertebrado (Figura 2). Neste processo,
formas tripomastigotas presentes na corrente circulatória do hospedeiro vertebrado são
ingeridas pelo inseto. Chegando ao estômago do inseto, as formas tripomastigotas
transformam-se em formas epimastigotas e em algumas formas arredondadas. As formas
epimastigotas vão para o intestino, onde se multiplicam repetidamente por divisão binária,
podendo se ligar às células intestinais por hemidesmosomas (Zeledon, Alvarenga &
Schosinsky, 1997). No reto, uma certa proporção de epimastigotas diferencia-se em
tripomastigotas metacíclicos, que são eliminados pelas fezes e urina, durante o
hematofagismo no vertebrado, incluindo o homem. Os parasitos depositados na pele do
hospedeiro vertebrado podem ter acesso às células do sangue e posteriormente aos demais
tecidos do hospedeiro, através de lesão preexistente na pele ou de lesão ocorrida durante a
picada do inseto (revisto por Kolien & Schaub, 2000; De Souza, 2002).
Quando as formas tripomastigotas metacíclicas atingem as células do sistema
fagocitário mononuclear (SFM) da pele ou mucosas do hospedeiro vertebrado, elas são
ingeridas por um típico processo fagocítico ou induzem uma atividade endocítica na lula
hospedeira, que envolve liberação de cálcio, fosforilação de proteínas e migração
lisossomal (revisto por Andrews, 2002 e Yoshida, 2006). Ambos os processos culminam
com a formão do vacúolo parasitóforo. As formas tripomastigotas são transformadas em
amastigotas e concomitantemente escapam do vacúolo parasitóforo, devido à liberão de
enzimas; as formas amastigotas então se multiplicam por divisão binária simples. Os
parasitos entram, então, em contato direto com as estruturas citoplasmáticas do hospedeiro,
16
interagindo com os elementos do citoesqueleto (microtúbulos e microfilamentos) (revisto
por De Souza, 2002).
Figura 2: Ciclo de vida do Trypanosoma cruzi nos hospedeiros vertebrado (homem) e
invertebrado (inseto vetor) (adaptado do Control of Disease Center, EUA).
I.3- A Metaciclogênese
O processo de diferenciação das formas epimastigotas reprodutivas em
tripomastigotas infectantes ocorre no tubo digestivo do inseto vetor (Figura 2, etapas 5-8).
Muito se tem discutido sobre os fatores bioquímicos que estabelecem a infecção do T. cruzi
no vetor (Kollien, Schmidt & Schaub, 1998). Entretanto, pouco é conhecido sobre os
diferentes fatores intrínsecos ao tubo digestivo que influenciam no ciclo evolutivo do T.
cruzi. Sabe-se que as propriedades físico-químicas das superfícies celulares, a tensão
superficial e as interações eletrostáticas entre as moléculas celulares podem facilitar o
17
disparo de cascatas de sinalizão celular, influenciando a virulência e o processo de
interação celular (revisto por Schaub et al., 1998).
É conhecido que a adesão das formas epimastigotas à superfície do epitélio do
intestino médio e posterior, bem como à camada cuticular do epitélio da glândula e do saco
retal é uma etapa importante do processo de interação do T. cruzi com o hospedeiro
invertebrado. A adesão ocorre via interações hidrofóbicas entre os componentes de
superfície da forma epimastigota e as moléculas presentes na cucula, sendo o
lipopeptidofosfoglicano (LPPG) da superfície de epimastigota e as membranas que
revestem a superfície das lulas intestinais (membranas perimicrovilares ou extracelulares)
os componentes de superfície envolvidos nesta adesão (Schaub, 1989; Kollien & Schaub,
2000).
Nas membranas celulares, os carboidratos ligados a proteínas ou a lipídios, formam
respectivamente glicoproteínas e glicolipídios, que são denominados genericamente de
glicoconjugados. Reconhecidamente, esses glicoconjugados de superfície exercem função
primordial na interação entre diferentes tipos de parasitas e seus hospedeiros (Almeida &
Grazzinelli, 2001).
Em T. cruzi, a expressão diferencial de glicoconjugados na superfície celular, em
diversas cepas parece estar relacionada com a infectividade desses parasitos. Acredita-se
que uma glicoproteína de 82 kDa, presente na forma tripomastigota metacíclica, seja um
ligante para receptores em lulas de mamíferos (Ramirez et al., 1993; Manque et al.,
2003). Receptores para formas tripomastigotas em macrófagos e mioblastos provavelmente
são os glicoconjugados, contendo resíduos de manose e N-acetilglicosamina, e estes
resíduos parecem ser importantes para a associação dos parasitos a estas lulas
hospedeiras, uma vez que o tratamento de macrófagos e mioblastos, com manosidase e N-
acetilglucosaminidase, inibe a adesão dos parasitos (Villalta & Kierszebaum, 1985).
Pereira, Andrade e Ribeiro, em 1981, observaram a presença de lectinas com
diferentes atividades no estômago, intestino e hemolinfa de Rhodnius prolixus. Os úcares
ligantes para essas lectinas foram detectados em formas epimastigotas, mas não em
tripomastigotas de T. cruzi, sugerindo que esses açúcares distintos no tubo digestivo do
vetor e suas reões seletivas com o parasita podem representar mecanismo regulatório na
interação entre o parasito e o vetor. Estes autores observaram que os parasitos se ligam as
18
lectinas do tubo digestivo dos triatomíneos, enquanto sob a forma de epimastigotas e que,
quando um novo resíduo de açúcar é adicionado à molécula original, ligante para a lectina
do parasito, este desliga do tubo digestivo do barbeiro, sendo essa etapa um dos
processos que culminam na metaciclogênese.
Contreras e colaboradores (1985, 1988) mostraram que um clone específico de T.
cruzi, Dm28c pode ser induzido ao processo de metaciclogênese ao ser submetido à
incubação em um meio de cultura pobre, que reproduz parcialmente a urina do triatomíneo
vetor, o meio TAUP. Posteriormente, Rondinelli e colaboradores (1988), utilizando o meio
LIT ligeiramente modificado (M16) transformaram formas epimastigotas da cepa CL em
tripomastigotas. Estas lulas posteriormente tratadas com soro humano fresco e
transferidas novamente para o meio LIT deram origem a agregados de formas
arredondadas, com características de formas amastigotas ou esferomastigotas. Estas formas
são resistentes à lise por complemento e quando mantidas em meio contendo alta
concentração de soro (55%) a 37°C, se transformam em tripomastigotas, parecidas
morfologicamente com as formas sangüíneas. Os processos de amastigogênese, em que
tripomastigotas metacíclicos se transformam em amastigotas, também têm sido mimetizado
in vitro (Contreras et al., 2002).
Embora vários estudos tenham sido realizados sobre a diferenciação celular nos
tripanossomatídeos, principalmente nos gêneros Trypanosoma e Leishmania, inúmeros
aspectos desse processo, incluindo seu mecanismo e seus efeitos finais, continuam
obscuros. Uma das bases essenciais para os estudos sobre a diferencião celular tem como
objetivo a identificação e a caracterização de marcadores bioquímicos e moleculares
correspondentes à expressão gênica, que acarreta em um fenótipo diferenciado (Williams,
1985; Derynck & Wagner, 1995).
Ávila e colaboradores (2001) descreveram em T. cruzi a metaciclogenin, um gene
detectado em epimastigotas durante seu processo de diferenciação para tripomastigotas. As
funções biológicas da proteína codificada por este gene precisam ser mais bem elucidadas,
mas especula-se que ele pode estar envolvido com a adesão de epimastigotas ao tubo
digestivo do inseto, durante o processo de metaciclogênese, já que o produto deste gene foi
detectado somente em epimastigotas em diferenciação. Recentemente, mais outros dois
genes foram identificados como up regulated em tripomastigotas metacíclicos:
19
metaciclogen II (Met II) e metacicligenin III (Met III). Esses genes como o anterior, não
estão presentes em formas epimastigotas. Análises por western blot e imunocitoquímica
demonstraram que Met II apresenta uma massa molecular, aproximada, de 16 kDa sendo
localizado no cinetoplasto desses parasitos, enquanto, Met II apresenta uma massa
aproximada de 24 kDa, localizado no núcleo. Como característica esses genes são
expressos em uma única cópia em diferentes cromossomas de T. cruzi (Yamada-Ogatta et
al. , 2004).
Bonaldo e colaboradores (1991) estudando as atividades de proteases durante a
transformação de epimastigota para tripomastigota metacíclico em T. cruzi identificaram
três componentes de massas moleculares de 65, 52 e 45 KDa. Essas enzimas foram
caracterizadas como: uma metaloprotease tripomastigota estágio-específica (65 kDa), a 52
kDa uma metaloprotease constitutivamente expressa em ambas as formas e a outra de 45
kDa uma cisteína protease expressa em maior quantidade em formas epimastigotas que em
tripomastigotas. O fato de 65 e 40 kDa serem reguladas durante os estágios de
desenvolvimento, sugere-se que estas são essenciais para a diferenciação, uma vez que
inibidores de cisteína- e metaloproteases foram capazes de bloquear a metaciclogênese.
A utilização de várias abordagens para o estudo do processo de metaciclogênese
mostra que este é um processo que ocorre gradualmente, envolvendo mudanças
morfológicas, metalicas e genéticas do parasito. Muitas vezes, as mudanças fisiológicas,
como, por exemplo, infectividade, precedem as completas transformões morfológicas,
surgindo, consequentemente, o que podemos considerar como formas intermediárias que,
muitas vezes, já apresentam características típicas da forma tripomastigota. Algumas
modificações ocorrem na superfície, o que proporciona ferramentas para separar as formas
epimastigotas das tripomastigotas para estudos vila et al., 2001).
I.4- As Proteases
As proteases, peptidases ou peptídeo hidrolases são enzimas hidrolíticas capazes de
clivar ligões peptídicas em peptídeos e proteínas, sendo encontrada em vários tipos de
organismos, como fungos, bactérias e protozoários. Essas enzimas catalisam importantes
reões biológicas essenciais, incluindo metabolismo protéico, reões imunes e
20
coagulação sanguínea (McKerrow et al., 1989). Por classificação, as proteases que
degradam os terminais de uma cadeia polipepdica são denominadas de exopeptidades
(E.C. 3.4.11-19) ou mais especificamente de amino e carboxipeptidases, dependendo do
final que é liberado da cadeia de aminoácidos do substrato, enquanto, as enzimas que
catalisam a clivagem de ligações pepdicas internas são denominadas de endopeptidases ou
proteinases (E.C. 3.4.21-99) (Mc Donald, 1985).
A partir da análise de suas propriedades in vitro, as proteases são classificadas de
acordo com suas propriedades físico-químicas: (1) quanto ao pH ótimo de atividade
(protease ácida, neutra ou alcalina), (2) pela habilidade em degradar proteínas específicas
(como elastase, colágeno, gelatinase) e (3) em relação evolutiva, isto é, sua similaridade
estrutural e funcional com outras proteases já caracterizadas (como por exemplo, proteases
semelhantes à tripsina, semelhantes à pepsina). Entretanto, a classificação mais satisfatória
tem como base o grupo químico presente em seu sítio ativo: serina (E.C. 3.4.21), cisteína
(tiol) (E.C. 3.4.22), aspártico (E.C. 3.4.23) e metalo (E.C. 3.4.24). As enzimas cujo
mecanismo de ação não se encaixam ou não está totalmente conhecido foram classificadas
no subgrupo 3.4.99. Recentemente, duas novas classes foram propostas, treonina e
glutâmico proteases (Barret, Rawlings & OBrien, 2001).
Nos tripanossomadeos, estas enzimas têm demonstrado funções importantes na
interação parasito-hospedeiro, uma vez que estão envolvidas na nutrição do parasita,
invasão da célula hospedeira, no turnover de aminoácidos, e na inativação de proteínas
do sistema complemento do hospedeiro (Cazzulo, 2002; Yao, Donelson & Wilson, 2003;
Santos, Branquinha & D’Avila-Levy, 2006). Em T. cruzi três classes de enzimas
proteoticas já foram detectadas: metalo, cisteína e serina proteases (Cazzulo, 2002).
Em formas epimastigotas e tripomastigotas metacíclicos foi detectado a expressão
uma metaloprotease de 60 kDa, associada provavelmente com o turnover dos
aminoácidos para serem usados na síntese de novas proteínas e para a geração de energia.
Sendo também necessárias para o processamento de proteínas do parasito requeridas no
processo de metaciclogênese (Greig & Ashall, 1990; Bonaldo et al., 1991). Recentemente,
foram descritas duas metalopeptidases em T. cruzi pertencente à família M32. Essa família
de peptidases é limitada sendo restrita a bactérias, archaea, e tripanossomadeos (incluindo
T. cruzi, Trypanosoma brucei, Trypanosoma vivax e Leishmania major), e por não estar
21
presente em outras lulas eucarióticas, essas peptidases podem se tornar alvos promissores
para quimioterapia (Niemirowicz et al., 2006).
Entretanto, a principal atividade proteotica de T. cruzi é a cruzipaína, cruzaína ou
gp 57/51, uma glicoproteína monomérica de 60 kDa com atividade de cisteína-protease,
que apresenta seência N-terminal homóloga a das proteases da família papaína,
particularmente à catepsina L, e que está presente em todas as cepas e clones do T. cruzi,
assim como em todas as formas evolutivas (Murta et al., 1990). Em formas epimastigotas
de T. cruzi esta enzima encontra-se em organelas pré-lisossomais denominadas
reservossomas (Soares, Souto-Padrón & De Souza, 1992; Santanna, De Souza & Cunha-e-
Silva, 2004), em formas amastigotas e em formas de transição tripomastigota-amastigota
esta proteína pode estar presente na superfície celular (Tomas, Milles & Kelly, 1997).
Embora níveis comparáveis de RNA mensageiro de cruzipaína seja detectado em todos os
estágios evolutivos do parasito, os níveis de protease e da sua atividade é 10 vezes maior
em epimastigota, sugerindo uma regulação aos níveis transcricional e pós-transcricional
(Tomas & Kelly, 1996). Sugere-se que a cruzipaína está envolvida no aumento da
metaciclogênese in vivo (Bonaldo et al., 1991; Tomas, Miles & Kelly, 1997), invasão
celular (Santos et al., 2005b), e multiplicão do parasito nas células do hospedeiro
(Stempin et al., 2004). Além disso, também tem sido proposto que a enzima exerça um
papel no escape do sistema imune do hospedeiro (Giodanengo et al., 2002).
Alguns trabalhos especulam se a cruzipaína é um dos componentes liberados pelas
formas tripomastigotas do T. cruzi, sendo um dos antígenos do parasito detectado na
superfície celular do hospedeiro e, conseentemente, expondo epítopos antes escondidos,
tornando-os alvos para respostas autoimunes, além de ajudar na invasão da célula
hospedeira (Di Noia et al., 2002).
Por sua ação direta na infectividade de T. cruzi, vários novos inibidores de cisteína
proteases têm sido descritos, alguns são homólogos com a região pró-peptídica da protease
e outros não têm nenhuma homologia com os inibidores previamente descritos (Yamamoto
et al., 1999). Os inibidores clássicos das cisteínas proteases incluem os componentes à base
de organomercúrio, peptídeos como o E-64, leupeptina e antipaína, e proteínas da
superfamília das cistatinas, como a cistatina C humana, cistatina de galinha e a cininogênio
(revisto por Cazzulo, 2002).
22
Estudos envolvendo inibidores engenos de cruzipaína, como a chagasina, também
têm sido bastante explorados. A chagasina é um peptídeo de 12 kDa e que também
apresenta atividade efetiva contra papaína, é capaz de regular o processamento de
zimogenos de cruzipaína (procruzipaína) assim como o tráfego das cisteínas proteases em
compartimentos secretórios em T. cruzi (Santos et al., 2005b). Trabalhos envolvendo
tratamento de epimastigotas com vinil fenil sulfona, conhecidos por serem inibidores
irreversíveis, demonstraram que esses inibidores são capazes de impedir o processamento
autocatalítico da cruzipaína, resultando no seu acúmulo no complexo de golgi, além de
provocar alterações ultraestruturais no retículo endoplasmático, mitocôndria e membrana
nuclear (Engel et al., 1998). Bonaldo e colaboradores (1991) utilizando inibidores para
cisteína e metaloproteases bloquearam o processo de metaciclogênese em T. cruzi. Outras
atividades proteoticas do T. cruzi, como as metaloproteases (Lowndes et al., 1996) e as
serina prolil oligopeptidases (Joyeau et al., 2000) também têm sido investigadas como
possíveis agentes quimioterápicos para a doença de Chagas.
Atualmente, avanços no conhecimento das classes de enzimas e, conseqüentemente,
no seu potencial alvo de ação foram aprimorados pelo uso do sistema MEROPS (http://
merops.sanger.ac.uk). Esse sistema tem como objetivo agrupar enzimas em famílias de
acordo com a homologia na seqüência de aminoácido. As famílias de mesma origem
ancestral são agrupadas em clãs e este tipo de informação é determinado pela estrutura
terciária das proteases, pesquisas nesse sentido permitem o conhecimento para o uso de
novos tipos de terapias.
I.5- A Sinalização Celular
As modificações morfológicas e fisiológicas induzidas pelo ambiente, no qual o
parasito se encontra, exige uma rápida adaptão das lulas a cada situão. O estudo de
como uma célula se comporta em cada caso pode fornecer ferramentas úteis para o
conhecimento do ciclo celular de um organismo. O modo específico como uma célula reage
aos sinais externos varia em função do grupo de proteínas receptoras que a célula possui e
através do qual ela é ajustada a detectar um subgrupo específico de sinais, assim como de
acordo com a maquinaria celular, através da qual a célula integra e interpreta a informação
23
recebida. Para estes eventos, há participação de receptores de superfície celular, proteínas
ligadoras do nucleotídeo guanílico (proteínas G) ou proteínas cinases, e elementos
reguladores transcricionais (Parsons & Ruben, 2000). Os resultados finais deste processo
irão definir que tipos de mecanismos a lula pode seguir (proliferar, diferenciar ou
morrer).
Durante as etapas de sinalização celular, os receptores de superfície estimulam
enzimas intracelulares alvos, que terão como função propagar e amplificar o sinal disparado
pela ligação de uma determinada molécula ao seu receptor. Os eventos que induzem a
sinalização transmembranar são feitos por duas vias principais: uma emprega a adenosina
monofosfato cíclica (AMPc) e a outra usa a combinação de mensageiros secundários, que
inclui íons lcio e duas substâncias: inositol trifosfato (IP
3
) e diacilglicerol (DAG). Na
transdução de sinais disparada por estas vias, o componente inicial, o receptor, transmite a
informação através da membrana plasmática para o interior da lula, por intermédio de
uma família de proteínas de membrana, que só se tornam ativadas quando se ligam a
guanosina trifosfato (GTP), conhecidas como proteínas G. Estas proteínas ativam uma
enzima amplificadora na face interna da membrana, que converte moléculas precursoras em
mensageiros secundários. A transdução de sinais na regulação da função celular envolve
uma rápida modificação covalente reversível de proteínas celulares, pela adição de grupos
fosfato a resíduos de serina, treonina ou tirosina dessas proteínas (Berridge, 1985, como
revisão Robbins & Hollenberg, 1999).
Nas células animais, os efeitos finais da transdução de sinais são comumente
mediados por proteínas cinases e/ou fosfatases. As proteínas cinases catalisam a
transferência do fosfato terminal de ATP para um resíduo de serina ou de treonina em uma
proteína, com a formão de uma ligão fosfoéster covalente, enquanto que as fosfatases
catalisam a remoção de grupos fosfato (Hunter, 1995). Assim, a fosforilação de proteínas
desempenha um papel central nos processos de transformação e diferenciação celular de
eucarióticos superiores (Hunter & Cooper, 1981).
24
I.5.1- As Proteínas Cinases
Em sua grande maioria, os estudos sobre sinalização intracelular envolvendo
tripanossomatídeos, abordam as vias disparadas nas lulas hospedeiras de mamíferos, em
resposta à presença desses parasitos. Desta maneira, pouco se sabe sobre a transdução de
sinais que ocorre nesses parasitos, a partir de esmulos externos a eles, inclusive durante a
interação com seus hospedeiros (Parsons & Ruben, 2000). Entretanto, foram observadas
imeras diferenças marcantes entre o conjunto das proteínas cinases de humanos e as de
tripanossomatídeos (Naula, Parsons & Motram, 2005). Assim, o estudo sobre as vias de
sinalização intracelular de tripanossomatídeos, em especial no que diz respeito à
participão das proteínas cinases, é de suma importância, porque as descobertas que se
seguirem a esses estudos poderá levar ao desenvolvimento de novas drogas quimioterápicas
contra esses parasitos. De maneira interessante, inibidores de proteínas cinases têm gerado
muito interesse, devido ao grande sucesso no uso dos mesmos para tratamento de câncer
(revisto por Naula, Parsons & Motram, 2005).
É conhecido que a interação de tripanossomadeos com vertebrados pode levar a
ativação de sinalizão intracelular, tanto nos parasitos quanto nas lulas hospedeiras, e
que esta sinalização pode ser importante para o estabelecimento da infecção. Durante a
interação de formas tripomastigotas metacíclicas de T. cruzi com células de mamíferos,
ocorre à ativação de vias de sinalização que leva ao rearranjo de microfilamentos
(Rodriguez et al., 1995), recrutamento de lisossomas ao sítio de adesão (Tardieux et al.,
1992) e a internalização dos parasitos (Andrews, 2000). Em relão ao parasito, as
informações a cerca dos eventos ativados durante a interação de T. cruzi com as lulas
hospedeiras ainda são incipientes. No entanto, já se sabe que ocorre ativão de proteína
tirosina cinase e mobilização intracelular de Ca
+2
, com envolvimento de fosfolipase C e IP
3
,
no parasito (Yoshida et al., 2000).
Proteínas cinases estão criticamente envolvidas em vários processos regulatórios
(Hunter, 1995; Manning et al., 2002). De acordo com as similaridades das seqüências de
aminoácidos de seus sítios catalíticos, as proteínas cinases eucarióticas são classificadas em
cinco grandes grupos: AGC, CaMK, CMGC, PTK e outras. O grupo AGC é representado
pelas cinases dependentes de nucleotídeos (proteínas cinase dependente de AMP cíclico
25
(PKA) e proteínas cinases dependente de GMP cíclico (PKG)), as cinases dependentes de
cálcio e fosfolipídios (PKC), além das cinases relacionadas à proteína S6 ribossomal. O
grupo das CaMK é representado por proteínas cinases dependentes de lcio e calmodulina
e o grupo das PTK é representado pelas tirosina cinases. O grupo coletivamente chamado
CMGc é representado pelas proteínas cinases dependentes de ciclinas (CDKs), cinases
ativadas por mitógenos (MAPKs), cinases associadas à glicogênio sintase (GSKs) e as
cinases semelhantes às CDKs (CLKs). Dentre as cinases encontradas no grupo chamado de
outras, temos as do grupo Ste (de estéril). As Ste20 serina/treonina cinases regulam
processos celulares fundamentais, tais como o ciclo celular, apoptose e resposta a estresse
(Strange, Denton & Nehrke, 2006).
O sequenciamento dos genomas de três tripanossomadeos patogênios para o
homem: Leishmania major, T. brucei e T. cruzi, foi recentemente completado, o que
permitiu a análise do conjunto de proteínas cinases (kinoma) de cada parasito (Parsons et
al., 2005). Tal análise revelou que cada espécie possui 179, 156 e 171 proteínas cinases de
eucariotos, respectivamente, o que representa cerca de um terço do kinoma humano. A
análise revelou que os tripanossomadeos não possuem membros das famílias de tirosina
cinases citossólicas ou ligadas a receptores. Entretanto, esses parasitos apresentam
membros das famílias de proteínas cinases STE e CMGC em abundância, que parecem
estar envolvidos com a regulação do ciclo celular, diferenciação celular e resposta ao
estresse, durante seus complexos ciclos de vida (Parsons et al., 2005; Naula, Parsons &
Mottram, 2005).
Inibidores de proteínas cinases têm gerado grande interesse, devido ao grande
sucesso de drogas como Gleevec e outros inibidores de tirosina cinases (TKs) em oncologia
clínica (Naula, Parson & Mottram, 2005). De maneira interessante, parasitos da espécie T.
cruzi possuem um grande mero de diferenças gênicas entre suas proteínas cinases e a de
mamíferos, que podem ser utilizadas para o desenvolvimento de novas drogas
quimioterápicas contra esse parasito (Naula, Parsons & Mottram, 2005).
26
I.5.2- A Proteína Cinase A (PKA)
Vários trabalhos têm demonstrado que a adenosina monofosfato cíclica (AMPc)
exerce um importante papel como mensageiro secundário, no controle do ciclo celular dos
tripanossomatídeos. O AMPc é formado a partir do ATP, pela ão da adenilato ciclase, e
degradado à AMP pela AMPc fosfodiesterase. Em células animais, os efeitos do AMPc são
mediados pela ação de uma proteína cinase dependente de AMPc, ou PKA. Na sua forma
inativa, a PKA é tetramérica, consistindo de 2 subunidades cataticas e 2 subunidades
regulatórias. Quando ativada, AMPc liga-se à subunidade regulatória, permitindo sua
dissociação da subunidade catalítica; esta subunidade livre é capaz de fosforilar resíduos de
serina na proteína alvo. Em muitas células, o aumento da concentração de AMPc ativa a
transcrição de genes alvo-específicos, que contém uma sequência regulatória chamada
elemento de resposta ao AMPc, ou CRE. Neste caso, o sinal é transportado do citoplasma
para o cleo, pela subunidade catatica da PKA. No núcleo, a PKA fosforila um fator de
transcrição CREB (CRE-binding protein), permitindo a ativação de genes induzidos por
AMPc. A regulação da expressão dos genes por AMPc exerce um importante papel no
controle da proliferão, sobrevivência e diferenciação de uma grande variedade de células
(Alberts et al., 2004) (Figura 3).
Figura 3. Mecanismo de ativação da adenilato ciclase através da
ligação de um hormônio (H) ao seu receptor (adaptado de Alberts et
al., 2004).
Membrana plasmática
Rec
H
PtnG
GDP
Aden.
Cicla.
GTP GDP
PtnG
GTP
ATP
AMPc
PKA
Fosforilãode
diversasproteínas
PDE
AMP-
Expressãogênica
Enzimas
metalicas
Membrana plasmática
Receptor
H
PtnG
GDP
Adenilil
Ciclase.
GTP GDP
PtnG
GTP
ATP
AMPc
PKA
Fosforilãode
diversasproteínas
PDE
AMP-
Expressãogênica
Enzimas
metalicas
Membrana plasmática
Rec
H
PtnG
GDP
Aden.
Cicla.
GTP GDP
PtnG
GTP
ATP
AMPc
PKA
Fosforilãode
diversasproteínas
PDE
AMP-
Expressãogênica
Enzimas
metalicas
Membrana plasmática
Receptor
H
PtnG
GDP
Adenilil
Ciclase.
GTP GDP
PtnG
GTP
ATP
AMPc
PKA
Fosforilãode
diversasproteínas
PDE
AMP-
Expressãogênica
Enzimas
metalicas
27
A atividade da enzima adenilato ciclase já foi detectada na membrana plasmática de
todos os três estágios de desenvolvimento de T. cruzi (Castro, de Souza & Meirelles, 1991),
sendo as subunidades regulatórias e catalíticas de PKA purificadas de epimastigotas.
Nesses estudos foi possível demonstrar uma similariedade da subunidade catalítica de T.
cruzi com a subunidade catalítica da enzima presente no coração bovino, já que esta reage
cruzadamente com anticorpos contra a enzima bovina. Sendo a subunidade regulatória,
capaz de inibir a subunidade catalitica de coração bovino e esta inibição pode ser revertida
por AMPc. Experimentos de reconstituição com 2 proteínas purificadas resultaram em uma
holoenzima, com atividade similar com a holoenzima de PKA de coração bovino. A massa
molecular da holoenzima reconstituída sugere uma estrutura tetramérica para a PKA de T.
cruzi (revisto por Naula & Seebeck, 2000; Seebeck, Schaub & Johner, 2004).
Taylor e colaboradores, em 1999, caracterizaram a família gênica da adenilato ciclase
de T. cruzi e propuseram que níveis de variabilidade encontrada no domínio extracelular de
adenilato ciclase de T. cruzi pode exercer um papel na evasão da resposta imune ou pode
refletir diferenças funcionais entre isoformas, como especificidade de ligação ao ligante.
Ambas hipóteses, possivelmente contribuíram durante a evolução, para gerar a diversidade
nos repertórios dos genes de adenilato ciclase com as limitações necessárias para manter o
receptor funcional.
De maneira interessante, a estrutura da adenilato ciclase tripanossomal é distinta da
sua contraparte em mamíferos. Contudo, apesar das diferentes estruturas e todos os resíduos
estratégicos, os domínios catalíticos são conservados entre as ciclases tripanossomal e de
mamíferos. A arquitetura da adenilil ciclase tripanossomal consiste de um grande domínio
N-terminal, que presumidamente é extracelular, acompanhado por uma simples hélice
transmembrana e um domínio catatico intracelular, uma estrutura que se assemelha aos
receptores de guanilil ciclase. Foi sugerido que o domínio extracelular pode atuar como um
receptor. Em células de mamíferos, as adenilato ciclase não têm um receptor funcional
conhecido. A adenilato ciclase de mamíferos tem dois domínios catalíticos
pseudossimétricos intracelulares C1 e C2, separados por seis hélices transmembranares,
com mais seis hélices transmembranares localizadas na direção do amino-terminal. Ambos
os domínios são requeridos para atividade máxima, embora o resíduo catalítico seja
28
confinado no domínio C2 (Naula & Seebeck, 2000; Seebeck, Schaub & Johner, 2004)
(Figura 4).
Figura 4. Estrutura da adenilato ciclase de mamífero (A) e de Trypanosoma
(B), em (C) Estrutura de receptores de guanilil ciclase (extraído de Seebeck et
al., 2001).
Recentemente, D`Angelo e colaboradores (2002) detectaram um novo membro da
família da adenilato ciclase de T. cruzi (TczAC). Esta proteína tem duas novas
características: é a primeira adenilato ciclase ativada por lcio descrita para este parasito,
podendo interagir com a estrutura paraflagelar do fagelo. Esta interação pode ser
interessante, já que a proteína paraflagelar é a principal componente de uma única estrutura
fibrosa de tripanossomadeo, chamada paraflagellar rod. Esta estrutura percorre
paralelamente à estrutura do axonema, ao longo de toda a extensão do flagelo. Sabe-se que
o flagelo dos tripanossomatídeos tem como função motilidade e ligação à lula
hospedeira. Deste modo, a interão do TczAC com proteína paraflagelar pode indicar uma
inter-relação entre as vias de sinalização AMPc e cálcio, podendo ser localizada no flagelo
e a regulação de lcio de TczAC, podendo ser mediada pela proteína paraflagelar. Outros
trabalhos já tinham indicado que as ciclases tripanossomais não são reguladas por via de
proteínas G heterotriméricas e que a atividade de adenilato ciclase em formas sanguíneas de
T. brucei pode ser transientemente ativada por lcio, embora o cálcio não tenha efeito nas
formas procíclicas. Estas observações foram baseadas no fato de que a atividade adenilato
(A) (B) (C)(A) (B) (C)
29
ciclase em T. brucei parece ser insensível a agentes ativadores conhecidos de adenilato
ciclase, como GTP ou análogos de GTP, foscolina e toxinas colérica e pertussis (Rollin et
al., 1996).
Várias evidências sugerem que as vias adenilato ciclase/AMPc podem estar
envolvidas no controle da diferencião celular deste parasito, em resposta a ligantes
exógenos (Naula & Seebeck, 2000). Oliveira e colaboradores (1993), observaram que
adição de soro fetal bovino, que é um agente mitogênico em T. cruzi, causa um decréscimo
nos níveis de AMPc intracelular, sugerindo ser o AMPc um regulador negativo da
proliferação celular, já que altos níveis de AMPc inibe a síntese de DNA, RNA e proteínas.
Estudos apontam que antes da diferenciação de epimastigotas a tripomastigotas
metacíclicos, os níveis são aumentados de três a quatro vezes. Em acordo com estes dados,
AMPc e análogos de AMPc, bem como papaverina, um inibidor de fosfodiesterase, induz
diferenciação in vitro em T. cruzi (Rangel-Aldao et al., 1988, Gonzales-Perdomo, Romero
& Goldenberg, 1988).
Fraidenraich e colaboradores (1993) sugeriram que o processo de metaciclogênese
pode ser disparado por um fator derivado da globina (GDF), um pequeno peptídeo
resultado da clivagem proteolítica da α
D
-globina com o intestino do inseto vetor, o qual é
capaz de ativar a adenilato ciclase, presente na membrana de formas epimastigotas.
Surpreendentemente, quando o inseto infectado era alimentado com plasma, ao contrário de
sangue, a diferenciação era inibida, a menos que o peptídeo GDF fosse incluído (Garcia et
al., 1995). Em concondância com estes resultados, Heath, Hieny & Sher (1990) clonaram
um DNAc (Tc26), correspondente a um AMPc transcrito induzido, que é expresso em
tripomastigota, mas não em epimastigota.
Ouaissi e colaboradores (1992) demonstraram que, durante adesão de T. cruzi com a
célula do hospedeiro, ocorre a clivagem de fibronectina por proteases parasito-especificas,
e os fragmentos resultantes desta clivagem aceleram a diferenciação de formas
tripomastigotos metacíclicos em amastigotas proliferativas in vitro. Concomitantemente
com o aumento da concentração de AMPc intracelular, além da estimulão da síntese de
proteínas e fosforilação de diversas proteínas do parasito. Não surpreendentemente, a urina
do inseto vetor, que é descarregada na ampola retal, via túbulos de Malpighi, também
apresenta AMPc (Fraidenraich et al., 1993).
30
Embora nos últimos anos, extensivas pesquisas tenham auxiliado na caracterização
de moléculas ligadoras de AMPc (Diaz-Benjumea et al., 2006; Alonso et al., 2006), a
participão do AMPc nos eventos de sinalização celular presente nestes parasitos, tenham
ainda muita informação a ser explorada. O desenvolvimento de métodos que permitam
mimetizar in vitro o ciclo do T. cruzi, que ocorre tanto no hospedeiro vertebrado, como no
invertebrado, pode ser considerado uma das maiores contribuições para o estudo da
biologia deste parasito.
I.5.3- A Proteína Cinase C (PKC)
A proteína cinase C (PKC) é uma enzima serina/treonina cinase dependente de
cálcio e fosfolípideo, que é ativada por DAG. Embora também pode existir casos de
ativação de PKC independente da presença de cálcio (Chaudhary & Kasaian, 2006). O
DAG está normalmente ausente nas membranas, mas é transitoriamente produzido, a partir
da hidrólise de fosfatidilinositol 4-5-bifosfato (PIP
2
), presente na membrana da célula, pela
ação da fosfolipase C, em resposta a sinais extracelulares. Uma vez ativada, PKC catalisa a
fosforilação, dependente de ATP, de várias proteínas, levando à produção de algumas
reões celulares, tais como alterações na expressão de receptores de superfície,
proliferação e diferenciação celular, comunicão intercelular, fosforilação de fatores de
transcrição, entre outros (Alberts et al., 2004).
31
Figura 5. Mecanismo de ativação da PKC através da ligação de
um hormônio (H) ao seu receptor. H= hormônio; Rec= receptor;
PTN G = proteína G; PLC = fosfolipase C; PIP2 = fosfoinositol
difosfato; DAG = diacilglicerol; PKC = proteína cinase C;
IP
3
= inositol trifosfato; PTN = proteína; P = fosfato (adaptado de
Alberts et al., 2004).
A PKC é amplamente distribuída em tecidos e órgãos de mamíferos e outros
organismos. Sua estrutura parece ser composta de uma cadeia polipeptídica única, contendo
dois domínios funcionalmente distintos: um domínio hidrofóbico, que pode se ligar à
membrana e um outro domínio, onde está o centro catalítico. Em condições de repouso, na
maioria dos tecidos, a PKC está presente numa forma solúvel inativa, mas quando a
proteína é ativada, a mesma é encontrada numa forma fortemente associada à membrana
celular, participando de vários eventos celulares (Corbalan-Garcia & Gómez-Fernandez,
2006). Muitas das atividades atribuídas a PKC em diversas células têm sido identificadas
com o auxílio de substâncias sabidamente conhecidas como indutoras de crescimento de
tumores. Estas substâncias conhecidas como os ésteres de forbol, por serem análogas ao
diacilglicerol são capazes de ativar a PKC e fornecer informações úteis em relação à ação
da PKC nos diversos tipos celulares (Chang & Lee, 2006).
Várias funções relacionadas ao crescimento, diferenciação celular e infectividade de
tripanossomatídeos têm sido atribuídas à via de transdução de sinais envolvendo PKC. Em
adição, uma PKC já foi caracterizada em formas epimastigotas de T. cruzi (Gomez et al.,
1989). A PKC identificada em T. cruzi foi associada com as frões microssomal e
Membrana plasmática
H
PtnG
PLC
PIP2
DAG
PKC
IP3
Reservatórios de Ca
+2
P-PTN
Rec
Funções celulares
Expressão nica
Membrana plasmática
H
PtnG
PLC
PIP2
DAG
PKC
IP3
Reservatórios de Ca
+2
P-PTN
Rec
Funções celulares
Expressão nica
32
citossólica, requerendo cálcio para sua atividade e, estimulada por fosfatidilserina, DAG ou
éster de forbol. Evidências indicam a existência de mais de uma isoforma desta proteína
nestes parasitos, sendo que a mais abundante está presente no citosol e foi identificada
como pertencente ao tipo α (Flawiá, Tellez-Iñón & Torres, 1997). No entanto, o papel desta
proteína no T. cruzi não é bem conhecido. Rodrigues e colaboradores (1999) sugeriram que
a secreção de uma fosfatase intracelular e a liberação de uma ecto-fosfatase da membrana
de T. cruzi, induzida pelo fator de ativação de plaquetas (PAF), ocorre via transdução de
sinais envolvendo PKC, correlacionando, possivelmente, este mecanismo com a
infectividade do parasito. A participação da PKC modulando a infeão de camundongos
por Leishmania amazonensis, utilizando um ativador, o forbol-12-misristato-13-acetato
(PMA) e um inibidor (esfingosina) de PKC foi observada por Rosa e colaboradores (2001).
Também foi sugerido o envolvimento da PKC na via de transdução de sinais, interferindo
na via da caseína cinase 2, estimulada pelo PAF, no processo de diferenciação celular de
Herpetomonas muscarum muscarum, através do uso de um ativador (PMA) e de um
inibidor (BIS-bisindolilmaleimida I) de PKC (Silva-Neto et al., 2002). Estes estudos
demonstram que a PKC exerce um papel importante na diferencião celular destes
tripanossomatídeos.
I.5.4- A Proteína Cinase 2 (CK2)
A proteína cinase CK2 é uma enzima presente em quase todas as lulas
eucarióticas, sendo capaz de fosforilar diversas proteínas envolvidas no controle do
crescimento e na diferenciação celular, assim como na transcrição de genes e na
transdução de sinais em eucariotos superiores e inferiores (Guerra & Issinger, 1999). A
atividade da proteína CK2 pode ser evidenciada no núcleo, no citoplasma ou na
superfície de células de mamíferos (Walter, Kinzel & Kubler, 1994), onde esta enzima
fosforila proteínas contendo resíduos de serina e treonina, preferencialmente, ou tirosina
na sua porção C-terminal (Allende & Allende, 1995, revisto por Litchfield, 2003). Em
células humanas, CK2 tem sido encontrada superexpressa em algumas leucemias e
tumores, sugerindo um papel potencial na tumorigênese (Guerra & Issinger, 1999).
33
A proteína CK2 apresenta uma estrutura quaternária, com massa molecular de
aproximadamente 130 kDa, composta de dois tipos de subunidades catalíticas (α) e
regulatórias (β) com estrutura geral α
2
β
2
ou ααβ
2
. As subunidades α e α são
cataliticamente ativas por si só e apresentam massa molecular aproximada entre 42 e 44
kDa (α) ou 38 kDa (α). Sendo estas estruturalmente análogas, mas codificadas por
diferentes genes e com funções distintas. A subunidade regulatória β (com massa
aproximada de 26 kDa em lulas de animais) encontra-se naturalmente inativa, mas
estimula a atividade catalítica da subunidade α de 5 a 10 vezes, podendo interagir com
outras proteínas (revisto por Litchfield, 2003).
Enzimas com atividade semelhante a CK2 em tripanossomadeos já foram
descritas. Recentemente, Calabokis e colaboradores (2002), identificaram 2 atividades
semelhantes a caseína cinase em formas epimastigotas de T. cruzi: uma, Q-I, pertencente à
família CK1, enquanto que a outra, Q-II, parece conter uma mistura de CK1 e CK2, ou
cinase com ambas atividades. Uma proteína com atividade semelhante a CK2 foi
identificada em T. brucei brucei, sugerindo que a fosforilação de dois polipeptídios
substratos, p37 e p42, aumenta quando o parasito diferencia-se da forma longa e delgada
em formas pequenas e largas (Aboagye-Kwarteng, Ole-Moiyoi & Lonsdale-Ecles, 1991).
Em adição, os genes que codificam a subunidade α de CK2 de Leishmania chagasi e T.
brucei já foram clonados (Bhatia et al., 1998, Park et al., 2002).
A ação da CK2 no processo de morfologia e diferencião celular parece estar
relacionada com a interação da CK2 com os elementos do citoesqueleto. Vários trabalhos
têm demonstrado proteínas associadas a serina/treonina cinases, que fosforilam tubulina in
vitro e in vivo, dentre as quais inclui-se CK2. Em particular, a CK2 tem sido descrita por
fosforilar tubulina cerebral in vitro e in vivo (Serrano et al., 1987, 1989), e especificamente
por ligar tubulina ou microtúbulos (Faust & Montenarh, 1999; Risnik et al., 1988). Em
tripanossomatídeos, os microtúbulos são os principais componentes do citoesqueleto, onde
exercem um importante papel nas mudanças morfológicas associadas com seu ciclo de
vida.
Maignon e colaboradores (1988) e Gonlez, Rangel-Aldao & Slezynger (1997)
analisando a sequência de aminoácidos da proteína dos genes α e β da tubulina em T. cruzi,
34
identificaram vários sítios potenciais para fosforilação da proteína CK2. Provavelmente, a
fosforilação da tubulina pela enzima semelhante a CK2 em T. cruzi exerce um importante
papel no rearranjo dos microtúbulos durante o crescimento e a diferenciação deste parasito
(Casas et al., 2002).
Em Leishmania major e Leishmania amazonensis a CK2 parece estar envolvida
com crescimento celular, morfologia e infectividade de promastigotas para macrófagos
peritoneais de camundongos in vitro e in vivo (Becker & Jaffe, 1997). Recentemente, foi
demonstrado que a diferenciação celular de Herpetomonas muscarum muscarum
estimulada pelo PAF envolve uma complexa via de sinalização envolvendo a CK2 (Silva-
Neto et al., 2002).
1.6 O Cálcio
O cálcio é conhecido como uma molécula sinalizadora universal. Em geral, sua
concentração no citosol é muito baixa (na ordem de 0.1 µM), enquanto é alta (em ordem de
1,0 mM) no meio extracelular e no lúmen do retículo endoplasmático (RE). Nas
membranas plasmáticas e do retículo endoplasmático as concentrações de cálcio são
mantidas ideais através de um gradiente que tende a conduzir o íon para o citosol. Assim,
quando um sinal abre temporariamente os canais de lcio em ambas as membranas, o íon
migra para o citosol, aumentando de 10 a 20 vezes sua concentração local, estimulando
proteínas celulares que respondem ao mesmo (Alberts et al., 2004).
Em estado normal, as concentrações de lcio são mantidas baixas por mecanismos,
como: (1) bomba de cálcio na membrana plasmática, que utiliza energia da hidrólise do
ATP para bombear o íon para fora da lula; (2) as proteínas transportadoras de cálcio que
acopla o efluxo de lcio ao influxo de sódio na membrana plasmática; (3) bombas de
cálcio na membrana do RE e (4) a importação ativa de cálcio para a mitocôndria durante a
transferência de elétrons na fosforilação oxidativa (Alberts et al., 2004).
Em T. cruzi existem três mecanismos, principais, de entrada de lcio intracelular
descritos: a mitocôndria, a membrana plasmática e os acidocalcisomas (Parsons & Ruben,
2000). Parece que em tripanossomadeos a liberação de cálcio do RE não é bem
compreendida, uma vez que ativadores fisiológicos capazes de liberar cálcio do RE não são
35
encontrados nesses parasitos. Entretanto, o transporte de cálcio no RE foi deduzida pela
clonagem de genes que codificam Ca
+2
-ATPases tipo P do RE.
A importância do cálcio durante a invasão de T. cruzi nas lulas de mamíferos é
reportada por diversos autores (Yoshida et al., 2000; Neira, Ferreira, Yoshida, 2002;
Manque et al., 2003). A ligação de formas tripomastigotas infectivas na célula alvo induz à
ativação de uma complexa via de sinalização tanto na lula hospedeira quanto no parasita,
com ativação da proteína G sensível à toxina pertussis e ativação da PLC, gerando IP
3
que
participa da liberação de lcio de estoques intracelulares sensíveis a IP
3.
Esses eventos
promovem, na lula hospedeira, o rearranjo de microfilamentos, recrutamento de
lisossomas para o sítio de entrada do T. cruzi e internalização do parasito (Yoshida et al.,
2000).
Burleigh e colaboradores (1997) sugerem a participação de uma serina peptidase de
120 kDa presente em tripomastigotas como responsável por induzir o aumento nos níveis
de cálcio nas lulas de mamíferos durante a invasão.
Neira, Fereira e Yoshida (2002) estudando dois isolados de T. cruzi, um altamente
invasivo (cepa CL) e um com pouca infectividade (cepa G), observaram a expressão
diferencial de glicoproteínas de superfície desses parasitos, sugerindo que essa expressão
diferente, permite que moléculas distintas se associem com rotas de sinalizão diferentes
após a interação com a célula-alvo, promovendo, assim uma sinalização de cálcio
diferenciada. Corroborando com esses achados, Manque e colaboradores (2003) deduziram
que por formas epimastigotas não expressarem níveis detectáveis de gp82, elas são
incapazes de induzir resposta ao cálcio, entretanto, quando formas epimastigotas foram
transfectadas com gp82 (uma molécula de superfície metacíclica estágio-específica), essas
se tornam capazes de induzir uma resposta ao cálcio em lulas HeLa.
DoCampo e colaboradores (1995) compararam a quantidade de cálcio estocado nos
acidocalcisomas nos 3 estágios evolutivos de T. cruzi observando uma maior concentração
de cálcio em epimastigota (~50 nM) que em tripomastigota ou amastigota (~20 nM). Essas
variações na concentração de cálcio intracelular foram discutidas por Lammel e
colaboradores (1996) nos processos de multiplicação e diferenciação de T. cruzi.
Trabalhos descrevem o envolvimento do PAF na entrada de lcio em
Dictyostelium, parece que dois sinais existem na entrada de cálcio, um é independente da
36
subunidade Gα2 da proteína G e atua por meio de AMPc, sem a participação do PAF e sem
ocorrer diferencião celular, o outro depende de subunidade Gα2 da proteína G e é
elicidado pela presença de PAF e induz a diferenciação (Schaloske et al., 1995).
A resposta ao cálcio pelas células é determinada por proteínas que complementam
sua atividade, as proteínas ligadoras de cálcio (CaBPs). Em tripanossomatideos, várias
CaBPs já foram identificadas, dentre as quais a calmodulina (CaM) (Parsons & Ruben,
2000). A calmodulina é composta de uma única cadeia polipeptídica, com 4 sítios de
ligação ao lcio, que são ativados pela ligação do complexo Ca
+2
/calmodulina a outras
proteínas-alvo. Nesses parasitos, a dependência de CaM ocorre em um número limitado de
proteínas, que incluem nucleotídeos cíclicos, CaM cinase II, óxido nítrico sintase e Ca
2+
-
ATPase de membrana plasmática (Flawiá, Téllez-Iñón & Torres, 1997).
Para estudos envolvendo oscilões nos níveis de cálcio citosólico são usados
indicadores fluorescentes sensíveis ao lcio, como o fura-2. Fura-2 é um indicador de
cálcio que fica fluorescente quando excitado por luz UV. Quando se liga a lcio, o Fura-2
atinge um máximo de excitação fluorescente de seu indicador, que passa por uma mudança
de emissão de 363 nm (quando está livre de lcio) para 335 nm (quando está saturado
com cálcio), enquanto o máximo de emissão de fluorescência é relativamente imutada a
~510 nm. Medidas de concentração de lcio usando este método previnem a interferência
devida à distribuição não uniforme de corantes e perda de cor devido à exposição por luz
(Bright et al., 1989).
I.7. O Fator de Ativação de Plaquetas (PAF)
O PAF (1-O-alquil-2-acetil-glicero-3-fosfocolina) (Figura 6) é um fosfolipídio
derivado de fosfatidilcolina, descoberto em 1970 por Henson, quando este demonstrou um
fator solúvel liberado por leucócitos, que era capaz de promover a agregação plaquetária de
coelhos imunizados (revisto por Chao & Olson, 1993). O PAF possui um resíduo éter-
alquila na posição sn-1 e um resíduo acila na posição sn-2 (grupo acetil) e a posição sn-3 é
ocupada pela O-fosfocolina (Kulikov & Muzya, 1997, Prescott et al., 2000).
37
Figura 6: Estrutura química do PAF (extraído de Chao & Olson, 1993).
Embora, o papel do PAF seja bastante estudado em sistemas de mamíferos,
incluindo coelhos, cobaios e o homem (Chao & Olson, 1993), a presença de PAF já foi
observada em outros organismos, como peixes (Turner & Lumb, 1989), vários
invertebrados (Sugiura et al., 1991, 1992), em Dictyostelium (Bussolino et al., 1991),
plantas (Mangold et al., 1991; Calligerou et al., 1996) e até mesmo em microrganismos,
como cianobactérias (Antonopoulou et al., 2002), Tetrahymena (Tsoukatos et al., 1993) e
Saccharomyces cerevisae (Nakayama et al., 1994 a, b). Recentemente, nosso grupo
identificou uma molécula com característica semelhante ao PAF em T. cruzi (Gomes et al.,
2006).
Em mamíferos, entre as células capazes de sintetizar e liberar PAF podemos citar
plaquetas, neutrófilos, macrófagos, basófilos, eosinófilos e células endoteliais, as quais
estão amplamente distribuídas no organismo. Isso permite a ão do PAF em quase todos
os tecidos e órgãos do corpo, exercendo numerosas atividades biológicas, relacionadas às
respostas imune, inflamatórias, alérgicas, respiratórias e cardiovasculares. Com
característica semelhante aos eicosanoídes, o PAF não é estocado nas lulas, sendo
sintetizado em resposta a estímulos provenientes de um grande número de moléculas,
incluindo ATP, histamina, trombina, fator de necrose tumoral, interleucinas, pepdeos
quimiotáticos, colágeno, outros autacóides, entre outros, além da interação angeno-
anticorpo (Chao & Olson, 1993, Kulikov & Muzya, 1998).
Nas células do útero, do corão, do estômago e do cérebro (Yasuda 1986;
Nakayama, Yasuda & Saito, 1987; Tokumura et al., 1987; Nakayama & Saito,, Satouchi &
Saito, 1989; Sugatani et al., 1989), sugere-se que PAF esteja envolvido em estímulos de
38
proliferação e de diferencião celular. Squinto e colaboradores (1989), demonstraram que
PAF está envolvido com a expressão de oncogenes (c-fos/c-jun) relacionados ao
crescimento de lulas de neuroblastoma SH-SY5Y.
Aliberti e colaboradores (1999) sugeriram que o PAF produzido durante o processo
de infeção de macrófagos murinos por T. cruzi, juntamente com a produção de citocinas
pró-infamatórias (TNF α, IFN γ e IL-12), estariam mediando resistência dos animais à
infeão.
Os eventos desencadeados por PAF nos diferentes tipos de células ainda não estão
bem esclarecidos. O seu processo de síntese pode ocorrer através de duas vias enzimáticas:
a primeira é definida como via de remodelagem, em que um resíduo de acil em uma cadeia
longa de ácido graxo é substituído por um resíduo acetil dos fosfolipídios celulares. Outra
ocorre pela via de novo, na qual a produção de PAF ocorre paralelamente à síntese de
fosfolipídios, neste processo, uma fosfocolina é transferido para alquil acetil glicerol
(revisto por Prescott et al., 1999, 2000).
Quando as lulas são estimuladas, a síntese de PAF ocorre pela via de
remodelagem, através da ativação de uma fosfolipase, que hidrolisa fosfatidilcolina a liso-
fosfatidilcolina. Esta enzima, a fosfolipase A
2
, é regulada por cálcio e pela fosforilão de
MAP cinase (Leslie, 1997), atuando no precursor do PAF (1-O-alquil-2-araquidonil-
glicero-3-fosfocolina), produzindo simultaneamente um ácido graxo livre (geralmente
ácido araquidônico) e liso-PAF (1-O-alquil-2-liso-glicerofosfocolina). O ácido
araquidônico é convertido em vários tipos de prostaglandinas e leucotrienos (eicosanóides),
enquanto o liso-PAF é convertido a PAF, na presença da acetil-CoA-liso-PAF
acetiltransferase, dependente de Ca
2+
/calmodulina, como um passo seguinte à síntese
(Chilton et al., 1984). (Figura 7)
39
Figura 7. Síntese do PAF (adaptado de Prescott et al., 2000).
Via de Remodela
gem
1
-
alquil -
2
-
acila
sn
-
glicero
3
-
fosfocolina
(precursor de PAF de membrana)
Fosfolipase A
2
liberação de ácidos
graxos poliinsaturados livres
Coenzima A
-
independente de transacilase
1
-
alquil
-
2
-
liso
-
sn
-
glicero
3-
fosfocolina
(liso PAF)
Adição de acetato via acetil- -
CoA: liso PAF
acetiltransferase
1
-
alquil
-
2
-
acetil
-
sn
-
glicero
- 3
-
fosfocolina
(PAF)
Adição de fosfocolina
Defosforilação por
fosfohidrolase
1
-
alquil
2
-
acetil
sn
-
glicero
3
-
fosfato
Acetilão por uma
acetiltransferase
1
-
alquil
2
-
liso
sn
-
glicero
3
-
fosfato
(um intermediário na síntese de éter lipídio)
Via DE NOVO
40
As a síntese, os efeitos desencadeados por PAF são rapidamente processados e os
níveis de PAF no plasma e tecidos voltam aos níveis basais. Estes níveis são controlados
por enzimas denominadas PAF-acetil-hidrolases (EC 3.1.1.47), enzimas capazes de
remover o grupo acetil da sn-2 posição da molécula de PAF, gerando liso-PAF e acetato.
As enzimas PAF-acetil-hidrolases possuem duas isoformas, uma secretada e outra
intracelular. Ambas as formas exibem especificidades com propriedades intrínsecas ao seu
substrato, além de não requererem cálcio para sua atividade (Prescott et al., 2000).
Quando disparada, a ação intracelular do PAF é mediada por receptores associados a
proteínas G (incluindo as proteínas Gq, Gs e Gi/o), expressas na superfície de uma
grande variedade de células. A ligação do PAF ao seu sítio específico desencadeia
diversos efeitos bioquímicos, que incluem ativação da fosfolipase A
2
, Cβ e D, hidrólise
de fosfoinositídeos, liberação de ácido araquidônico, aumento da concentração de cálcio,
inibição de adenilato ciclase, ativação da PKC, tirosina cinase, proteína cinase mitógeno
ativada (MAP cinases) e fosfatidilinositol 3-cinase (Ishii & Shimizu, 2000) (Figura 8).
Figura 8: Transdução de sinais disparada pela ligação do PAF ao seu receptor
específico. PTN G = proteína G; PLA2 = fosfolipase A
2
; PLC = fosfolipase C; DAG =
diacilglicerol; PIP2 = fosfoinositol difosfato; PKC = proteína cinase C; IP3 = inositol
trifosfato; PTN = proteína; P = fosfato; AA = ácido araquidônico; Eico = eicosanóides;
Lyso-PAF = liso PAF; PAF = fator de ativação de plaquetas; MAPKK = MAP cinase
cinase (MAP = cinase ativada por mitógeno); MAPK = MAP cinase (adaptado de
Prescott et al., 2000).
Receptor de PAF
PLA
2
PTN G PLC
PIP
2
DAG PKC
IP
3
Reservatórios de Ca
+2
MAPKK
MAPK
AA
Eico
Lyso-PAF
PAF
PTN
P
Membrana Plasmática
Receptor de PAF
PLA
2
PTN G PLC
PIP
2
DAG PKC
IP
3
Reservatórios de Ca
+2
MAPKK
MAPK
AA
Eico
Lyso-PAF
PAF
PTN
P
Membrana Plasmática
41
A transdução de sinais disparada pela ligação do PAF ao seu receptor leva à
ativação de diferentes fatores de transcrição, que controlam a expressão de genes, que estão
relacionados aos diferentes processos de ativação e diferenciação celular. Fatores de
transcrição, como a família Fos e Jun e a família Rel (NF-kB), também podem ser ativados
por PAF, levando ao desencadeamento da expressão de diferentes genes (Bazan & Allan,
1996; Liu et al., 1997; Lukiw et al., 1998). Este estudo mostra o quão complexo é a
sinalização intracelular promovida por PAF.
Como ferramenta para o estudo das vias sinalizadoras disparadas por PAF,
antagonistas do receptor de membrana do PAF têm sido bastante utilizados, entre eles, o
WEB 2086 (3-[4-(2-clofenil)-9-metil-6H-tieno-[3,2-f][1,2,4]triazolo-[4,3,α-[1,4]diazepina-
2γ1-1-(4-morfolina-γ1)-1-propanona) (Barnes, 1991) e a Yangambina, um furofurano
lignana isolado de folhas de Rolinia pickelli (Ishii & Shimizu, 2000; Ishii, Nagase &
Shimizu, 2002). Estas duas substâncias, por serem capazes de se ligar ao receptor de PAF,
impedindo sua ação, ajudam a elucidar vários mecanismos de atuação do PAF em lulas
inflamatórias.
Honda e colaboradores, em 1991, clonaram e seqüenciaram o gene do receptor de PAF
em lulas pulmonares de cobaio, mostrando que o mesmo é composto por 7 segmentos
transmembrana e uma porção terminal citoplasmática, composto por 4 resíduos de serina
e 5 de treonina, sugerindo serem estes os possíveis sítios de fosforilação (Figura 9).
Atualmente, um trabalho multidiciplinar, demonstrou elegantemente a presença de sítios
intracelulares de ligão ao PAF no envelope nuclear e no interior do núcleo (Zhu et al.,
2006), as vias metabólicas envolvendo esta molécula têm sido feitas com camundongos
deficientes para o receptor de PAF (PAFR-KO) (Shindou et al., 2000; Ohshima et al.,
2002).
42
Figura 9: Estrutura do receptor do PAF
( http://www.biochem2.m.u-tokyo.ac.jp/web/contents/PAFR.html)
Durante o seu o ciclo de vida, os parasitos de um modo geral e em especial os
tripanossomatídeos sanguícolas, sofrem a influência de um número vasto de moléculas do
meio, que interagem com sua superfície e exercem ações determinantes em processos
intracelulares. É o conjunto dessas interações e seus efeitos, que irá ditar o sucesso da
infeão. O efeito de alguns componentes do plasma, em processos intracelulares do
parasito, já foi demonstrado para algumas moléculas [citocinas, fator de crescimento da
epiderme (EGF), IFN γ, fator estimulatório de crescimento de granulócitos/ macrófagos
(GM-CSF), etc (Barcinski & Costa-Moreira, 1994)]. No entanto, todos esses estudos têm
sido feitos com ligantes de natureza peptídica, enquanto lipídios presentes normalmente no
sangue do hospedeiro não têm recebido tanta atenção.
O PAF produzido por mamíferos, comercialmente disponível, tem sido utilizado
para diversos estudos de metabolismo e transdução de sinais em invertebrados e em
Tetrahymena (Lekka, Tsoukatos & Kapoulas, 1990; Sordano et al., 1993), em estudos de
embriologia de ouriço do mar (Berdyshev, Vaskovsky & Vasckenko, 1995) e na ativação
de proteínas cinase de plantas (Martiny-Baron & Scherer, 1989).
43
Resultados anteriores demonstraram que PAF é capaz de induzir um aumento de
cerca de 40 % no número de formas diferenciadas de T. cruzi e de Hepetomonas muscarum
muscarum (Rodrigues et al., 1996; Lopes et al., 1997). A molécula semelhante ao PAF
produzida por T. cruzi é capaz de estimular a diferenciação do próprio parasito e sua
interação com macrófagos peritoneias de camundongos (Gomes et al., 2006). Esses efeitos
parecem ocorrer via receptor de superfície e acoplado à transdução de sinais, já que foi
revertido na presença de antagonistas de PAF (WEB 2086, entre outros). Em H. m.
muscarum a ação do PAF parece envolver a modulação de atividades de enzimas ecto-
fosfatases e fosfatases secretadas destes parasitos, já que o efeito desta molécula é sensível
à ão de moduladores destas enzimas (Dutra et al., 1998, 2000; Rodrigues et al., 1999).
Além disso, PAF foi capaz de estimular a atividade da enzima CK2 de H. m. muscarum,
através de complexa via de transdução de sinais, com participação de proteínas
serina/treonina e tirosina fosfatases, PLC, PKC e MAP cinases (Silva-Neto et al., 2002).
No entanto, os mecanismos intracelulares, que são disparados a partir da interação da célula
com o PAF, são ainda pouco conhecidos no nosso sistema.
44
II. Objetivos
Os parasitos sofrem a influencia de um vasto número de moléculas do meio externo
durante seu ciclo de vida. Estas moléculas interagem com estes parasitos e exercem papel
importante nos processos intracelulares, sendo responsáveis tanto por mudanças
morfológicas, quanto bioquímicas (Flawiá, Téllez-Iñón, Torres, 1997). Essas mudanças são
mediadas pela ligão de moléculas a seus receptores, iniciando uma série de reões
dentro da célula, através de vias de transdução de sinais, que podem regular diferentes
eventos, como expressão de fatores de virulência cruciais para a infectividade do parasito,
proliferação, diferenciação e morte celular.
No presente trabalho, procuramos determinar as vias de transdução de sinais
envolvidas na diferenciação celular de T. cruzi, clone Dm 28c, estimulada por PAF,
utilizando as seguintes abordagens:
II.1. Localizar o possível receptor para PAF em T. cruzi;
II.2. Determinar o envolvimento de AMP cíclico na diferencião celular estimulada por
PAF em T. cruzi:
a) Determinar a ação do PAF sobre os níveis de AMPc intracelular em T. cruzi;
b) Determinar o envolvimento de AMPc e da PKA na diferenciação celular
estimulada pelo PAF em T. cruzi;
II.3. Determinar o envolvimento das proteínas cinases PKC e CK2 na diferenciação celular
estimulada pelo PAF em T. cruzi;
II.4. Analisar as possíveis mudanças, estimuladas pelo PAF, na expressão de proteases em
T. cruzi.
a) Determinar o envolvimento das proteases na diferenciação celular estimulada por
PAF em T. cruzi.
b) Determinar o envolvimento dessas proteases na sinalização celular, estimulada por
PAF em T. cruzi.
45
II.5. Analisar as possíveis mudanças, estimuladas pelo PAF, no perfil de fosforilação de
proteínas em T. cruzi.
II.6. Analisar os níveis intracelulares de cálcio modulados por PAF em T. cruzi.
46
III. Material e Métodos
III.1. Reagentes químicos
O fator de ativão de plaquetas, 1-O-alquil-2-acetil-sn-glicero-fosfatidilcolina
(PAF), dibutiril AMPc, 5,6-dichloro-1-((-D-ribofuranosil) benzimidazole (DRB),
bisindolilmaleimida I (BIS) e H89 foram obtidos de Calbiochem, San Diego, CA, USA. A
antipaína, 1,10 fenantrolina, L-trans-epoxisucinil leucilamodo-(4-guanidino) butano (E-64),
3-isobutil-1-metilxantina (IBMX) e dimetil sulfóxido (DMSO) foram obtidos de Sigma
Chemical, St. Louis, MO. USA. O (3-[4-(2-clorfenil)-9-metil-6H-tieno-[3,2-f]
[1,2,4]triazolo-[4,3,(-] [1,4] diazepina-2-(1-1-(4-morfolina-(1)-1-propanona) (WEB 2086)
foi gentilmente cedido pelo Dr. H. Heurer (Boehringer Ingelheim, Alemanha). Todos os
outros reagentes utilizados foram de grau anatico.
Abaixo segue a tabela com os inibidores usados e suas enzimas alvo:
Droga Enzima alvo
H89 Inibidor de PKA
BIS Inibidor de PKC
DRB Inibidor de CK2
antipaína Inibidor de cisteína protease
E-64 Inibidor de cisteína protease
1,10 Fenantrolina Inibidor de metalo protease
III.2. Microrganismo
Neste trabalho utilizamos protozoários da espécie T. cruzi (clone Dm28c),
gentilmente cedidos pela Profa. Marcela Lopes, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas
Filho, UFRJ.
III.3. Cultivo do microrganismo
As formas epimastigotas de T. cruzi foram mantidas por repiques semanais em meio
LIT (0,4g KCl/L; 4g NaCl/L; 8g Na
2
HPO
4
/L; 2g/L glicose; 5g/L triptona; 5g/L infusão de
47
fígado; 10mg/L hemina; 15g/L extrato de levedura) acrescido de 10% de soro fetal bovino
(SFB), durante 6 dias a 28ºC.
As formas tripomastigotas metacíclicas foram obtidas, através do cultivo de formas
epimastigotas, em meio quimicamente definido (meio TAUP [190 mM NaCl, 8 mM
tampão fosfato, pH 6,0, 17 mM KCl, 2 mM CaCl
2
, 2 mM MgCl
2
, 10 mM glicose, 10 mM
L-prolina]), na ausência de soro, durante 6 dias a 28ºC, condição que desencadeia a
diferenciação dos parasitos para formas tripomastigotas metacíclicas (Contreras et al.,
1985).
III. 4. Localização do Receptor para PAF
Para localização do receptor de PAF em T. cruzi foram utilizados ensaios de
imunofluorescência indireta, na qual os parasitos previamente fixados com formaldeído 4%
foram aderidos em lamínulas contendo poli-L-lisina. Algumas parasitas foram
permeabilizadas com 1% Triton X-100 por 5 minutos, à temperatura ambiente. Os aldeídos
livres foram bloqueados por cloreto de amônio 300mM, assim como outras ligões
inespecíficas também foram bloqueadas por tampão de bloqueio (PBS, pH 7.2 + gelatina de
peixe 3%). Foi utilizado um anticorpo contra receptor de PAF (α-cabra PAFR de origem de
camundongo, Santa Cruz) diluído 1: 10 em tampão de bloqueio por 2 horas, a temperatura
ambiente e um anticorpo secundário Alexa 546 burro anti- cabra IgG 1: 400 (Molecular
Probes, USA) por 1 hora, a temperatura ambiente. As lamínulas foram montadas em 0.2M de
n-propilgalato em glicerol: PBS (9:1) e observadas em microscópio ótico confocal Axioplan
2 (Zeiss).
III.5. Determinação dos níveis de AMPc intracelular
T. cruzi (5 x 10
7
lulas/ ml) foi incubado em meio TAU contendo 0,5 mM IBMX,
inibidor de fosfodiesterase, por 20 minutos. Após o tempo de incubão foi adicionado
PAF 10
-9
M, PAF 10
-6
M e/ ou WEB 10
-6
M e mantidos por 2, 4, 6 e 12 horas em garrafas
de cultura em meio TAUP. A reação foi paralisada pela adição de tricloroacético 10%. As
amostras foram congeladas, descongeladas, adicionadas de
3
H-AMPc (20 nCi/ 50 µl) e
centrifugadas por 4000 rpm, por 10 minutos. O sedimento foi dissolvido em NaOH 1N para
48
dosagem de proteínas e sobrenadante foi eluído em colunas trocadoras de íons (Dowex
AG50W-X4). O AMPc foi isolado pela recuperação das amostras em cintilador líquido, de
acordo com o método descrito por Matsuzama & Nirenberg (1975). A concentração de
AMPc produzido foi determinado por dosagem enzimática contendo uma concentração de
AMPc padrão (200 nM/ ml),
3
H-AMPc (2 pmoles/ 20µl) e proteína cinase. A reação
ocorreu a 0°C por 100 minutos. Após esse sistema foi filtrado em membrana de éster-
celulose e contado em cintilador líquido, como descrito por Gilman (1970).
III.6. Efeito de PAF, dos moduladores de proteínas cinases e dos inibidores de
proteoticos na diferenciação celular de T. cruzi
Os microrganismos crescidos em meio LIT, foram centrifugados a 4000 rpm por 10
minutos e lavados 2 vezes em tampão salina fosfato (PBS), pH 7,2 e incubados em meio
TAU por 2 horas. Após, as células foram cultivadas em meio quimicamente definido (meio
TAUP), na ausência de SFB, durante 6 dias a 28°C (Contreras et al., 1985), na presença de
PAF 10
-6
M combinadas com moduladores de proteínas cinases (dibutiril AMPc 1 mM,
H89 50 µM, BIS 10 nM, DRB 100 µM) (Gonles-Perdomo, Romero & Goldenberg, 1988;
Silva-Neto et al., 2002) e inibidores proteolíticos (antipaína 1 µg/ ml e 1,10 fenantrolina 1
µM) (Bonaldo et al., 1991). O efeito do PAF e dos moduladores na diferencião de T.
cruzi foi determinado por esfregaços diários corados pelo corante de Giemsa. A
porcentagem de formas diferenciadas foi determinada contando pelo menos 200 parasitos
por preparação (Rodrigues et al., 1996).
III.7. Obtenção do extrato celular dos parasitos para determinação do perfil de
proteases
Amostras de T. cruzi foram incubadas por 6 horas em meio TAUP na presença ou
ausência de PAF 10
-6
M e/ ou WEB 2086 e/ ou moduladores de proteínas cinases (dibutiril
AMPc 1 mM, H89 50 µM, BIS 10 nM, DRB 100 µM). As o tempo de incubação, as
amostras foram centrifugadas 4000 rpm por 10 minutos, ressuspendidas em PBS contendo
1% SDS e lisadas por agitão em vortex. As proteases foram evidenciadas por SDS-
49
PAGE a 10% contendo 0,1% de gelatina, como substrato co-polimerizado ao gel (Henssen
& Dowdle, 1980). Foram aplicados 2 x 10
7
parasitos/ slot. Ao término da corrida, os géis
foram incubados em 1% Triton X-100, por 1 hora, à temperatura ambiente, sob agitação.
Os géis foram então, lavados com água destilada e incubados por 48 horas, a 37°C em
0,5M tampão fosfato, pH 5,5, suplementado com 2 mM de ditiotreitol (DTT) ou em 0,2 M
de tampão glicina-NaOH, pH 10. Após a digestão enzimática, a revelação das bandas foi
feita por coloração do gel com Coomassie Brilliant Blue R-250 e, descoloração com
solução contendo 7% de metanol e 5% de ácido atico em água, à temperatura ambiente,
sob agitação, por aproximadamente 16 horas (Branquinha et al., 1996). Para análise
densitométrica das bandas de degradação foi utilizado o programa Scion Image.
III. 8. Efeito direto do PAF na atividade proteolítica
Para determinação da atividade proteolítica, as a corrida do gel SDS-PAGE-
gelatina, os géis foram incubados na presença ou na ausência dos inibidores 10 mM 1,10-
fenantrolina e 10 µM de E-64 e, também na presença ou ausência de PAF 10
-6
M,
WEB2086 10
-6
M ou ambos, em 0,5M de tampão fosfato pH 5,5, suplementado com 2 mM
de DTT ou em 0,2 M de tampão glicina-NaOH, pH 10 por 48 horas, a 37°C.
III.9. Obtenção de conteúdo citoplasmático dos parasitos para o perfil de fosforilação
de proteínas
Amostras de T. cruzi foram incubadas por 6 horas em meio TAUP na presença ou
ausência de PAF 10
-6
M e/ ou moduladores de proteínas cinases (dibutiril AMPc 1 mM,
H89 50 µM, BIS 10 nM, DRB 100 µM). As o tempo de incubão, as amostras foram
centrifugadas 4000 rpm por 10 minutos, ressuspendidas em tampão de lise (Tris-HCl 20
mM, NaCl 15 mM, ortovanadato de sódio 1 mM, EDTA 1 mM, EGTA 1mM, NaF 10 mM,
azida sódica 0,02 g%, pH 8,0) acrescido de coquetel de inibidores de protease (Sigma). Os
parasitos foram congelados em nitrogênio líquido e a lise foi feita por ciclos de
congelamento e descongelamento em nitrogênio. As amostras foram centrifugadas, por 10
minutos a 10000 rpm. O sedimento foi descartado e o conteúdo citoplasmático de T. cruzi
foi usado para o gel. Em seguida foi feito o meio de reação que consistiu de tampão de
50
reão (Tris-HCl 50 mM, pH 8,0, MgCl
2
10 mM, EDTA 1 mM, EGTA 1 mM), extrato
celular de T. cruzi com uma concentração correspondente a 80 µg de proteínas/ µl e
mistura de ATP (ATP frio e ATP
32
- 5.0 x 10
6
cpm/ ml), esse meio foi incubado por 1 hora a
30°C. Foi realizado um SDS-PAGE a 10% (Laemmili, 1970). Depois, o gel foi corado,
seco e exposto a um filme de raios-X a -70°C (Fialho, Masuda & Silva-Neto, 1999).
III.10. Determinação dos níveis de cálcio intracelular
Parasitos foram cultivados por 6 dias em meio LIT contendo 10% SFB, lavados 2
vezes, por centrifugação em meio LIT, ressupendidos no próprio meio ausente de soro e
incubados por 12 horas, na presença ou ausência de PAF 10
-6
M. As, os parasitos foram
lavados, por centrifugação e incubados por 3 horas em meio Tyrode (137 mM NaCl, 2.7
mM KCl, 12 mM NaHCO
3
, 0,36 mM NaH
2
PO
4
, 0,53 mM MgCl
2
, 1,36 mM CaCl
2
e 5,5
mM glicose) contendo 5 µM fura-2/ AM à temperatura ambiente. O fura-2 não incorporado
foi retirado por centrifugação.
Para determinação dos níveis de cálcio foram utilizados 5x10
7
células/ml. A
dosagem foi feita no aparelho espectrofluorímetro (Jasco FP6300) com comprimento de
onda de excitão de 340 nm e de emissão 505 nm. Para determinar a saturação de Ca
+2
foi
adicionado 50 µM digitonina.
III. 11. Dosagem de proteínas
As proteínas foram quantificadas de acordo com o método descrito por Lowry e
colaboradores (1951), utilizando a soro albumina bovina (BSA) como padrão.
III. 12. Análise estatística
Os resultados do efeito do PAF e de moduladores de proteínas cinases e proteases
na diferenciação celular de T. cruzi foram analisados estatisticamente pelo teste de análise
de variância (ANOVA). Valores de P < 0.05 foram considerados significativos.
Os asteristícos encontrados nos resultados referem-se: (*) significativamente
diferente do controle; (**) significativamente diferente em relação ao PAF ou (***)
significativamente diferente em relação ao controle e ao PAF.
51
IV. Resultados
IV.1. Localização do receptor para PAF
Vários trabalhos envolvendo os efeitos do PAF em células de mamíferos
demonstram que todos os efeitos desencadeados por PAF ocorrem através da sua ligação
ao seu receptor específico de membrana. Então, como primeiro objetivo procuramos
identificar um possível receptor na superfície das células de T. cruzi. Para tal, utilizamos a
técnica de imunofluorescência indireta na qual formas epimastigotas foram fixadas em
formaldeído 4% e incubadas frente a um anticorpo policlonal contra o receptor de PAF
produzido em camundongos. A Figura 10 mostra os resultados deste ensaio, onde
demonstramos lulas permeabilizadas (a-d) ou não (e, f) marcadas com IgG Alexa 546 (a,
c, e) e em contraste de fase (b, d, f). De acordo com resultado demonstrado na figura,
podemos sugerir que este anticorpo foi capaz de se ligar em toda a superfície do parasito,
incluindo o corpo celular (a, c). Parasitas permeabilizados apresentaram marcação no
interior das células, entretanto, células não permeabilizadas (e) também apresentaram
marcação.
52
Figura 10. Imunolocalização do receptor do PAF em T. cruzi. Imunofluorescência
para o receptor do PAF em contraste de fase (b, d e f). As figuras (a-d) mostram
formas epimastigotas permeabilizadas com 1% Triton X-100 e as figuras (e- f) são
formas não permeabilizadas. Barra = 5µm.
IV.2. Determinação dos níveis de AMPc intracelular de T. cruzi.
Para estudar que vias de sinalização celular estariam envolvidas no processo de
diferenciação celular desencadeada por PAF, a partir da sua ligação ao seu receptor de
membrana, investigamos os níveis de AMPc intracelulares produzido por T. cruzi durante
o processo de metaciclogênese, em presença deste agente.
Para este ensaio, os parasitos foram incubados com inibidor de fosfodiesterase,
IBMX 0,5 mM por 20 minutos em meio TAU. O estimulo de diferencião foi feito por
incubação em meio pobre (meio TAUP), utilizando duas concentrações de PAF (PAF 10
-9
M e PAF 10
-6
M), por diferentes intervalos de tempo. Como mostrado na figura 11, PAF
10
-6
M foi capaz de aumentar, em aproximadamente 2 vezes, os níveis de AMPc
produzidos por T. cruzi, comparando com o sistema controle, após 6 horas de incubão.
Neste mesmo período de tempo, PAF 10
-9
M também foi capaz de aumenta a concentração
53
de AMPc celular, embora em 12 horas de incubação as células apresentaram concentrações
semelhante ao sistema controle. De maneira intrigante, incubações mais prolongadas, como
por 24 horas, PAF 10
-9
M causou um aumento de 4 vezes a concentração de AMPc, como
mostrado na Figura 12.
Figura 11. Concentração de AMPc intracelular produzida por T. cruzi. 5 x 10
7
parasitos/ ml foram incubados em intervalos de 2, 4, 6 e 12 horas na presença ou ausência
de PAF. Os símbolos correspondem: () controle, () PAF 10
-6
M e () PAF 10
-9
M.
Figura 12. Porcentagem da atividade de AMPc intracelular produzido por T. cruzi. 5
x 10
7
parasitos/ ml foram incubados por 24 horas na presença ou ausência de PAF 10
-6
M e
PAF 10
-9
M. Os resultados foram obtidos pelas médias de pelo menos 3 experimentos
independentes. Os asteriscos (*) referem-se: significativamente diferente do controle
Atividade intracelular
de AMP cíclico (%)
0
100
200
300
400
500
Controle PAF 10
-6
M
PAF 10
-9
M
*
*
Atividade intracelular
de AMP cíclico (%)
0
100
200
300
400
500
Controle PAF 10
-6
M
PAF 10
-9
M
*
*
Tempo (horas)
2 4 6 12
pMoles de cAMP/mg ptn
0
500
1000
1500
2000
*
*
Tempo (horas)
2 4 6 12
pMoles de cAMP/mg ptn
0
500
1000
1500
2000
*
*
54
Estudos anteriores reportam que as 6 horas de incubação em meio TAUP, formas
epimastigotas se aderem ao frasco de cultura e, possivelmente, ao epitélio intestinal do
hospedeiro invertebrado, para iniciar a diferenciação celular (Bonaldo et al., 1988).
Curiosamente, observamos que neste mesmo período de tempo de incubação no meio
TAUP, PAF 10
-6
M foi capaz de dobrar o concentração de AMPc intracelular. Devido a
estes resultados, suspeitamos que eventos de sinalização induzindo a diferenciação celular
de T. cruzi poderiam estar ocorrendo durante esta etapa. Assim, resolvemos utilizar este
período de tempo de incubação para os outros experimentos subseqüentes.
Objetivando investigar se o aumento na concentração de AMPc ocorre por um
mecanismo de sinalizão celular disparada pela ligação do PAF ao seu receptor de
membrana, incubamos os parasitos com WEB 2086 10
-6
M, um inibidor específico do
receptor do PAF, na ausência e/ou presença de PAF 10
-6
M, nos mesmos intervalos de
tempo utilizados anteriormente (Figura 13). Nossos resultados indicam, justamente, que o
efeito promovido pelo PAF ocorre em resposta à ligação desta molécula ao seu receptor
específico de membrana, uma vez que o tratamento dos parasitos com WEB 2086 foi capaz
de reverter totalmente o efeito causado por PAF.
Figura 13. Concentração de AMPc intracelular produzido por T. cruzi. 5 x 10
7
parasitos/ml foram incubados em intervalos de 2, 4, 6 e 12 horas na presença ou
ausência de 10
-6
M PAF, 10
-6
M WEB ou ambos. Os símbolos correspondem: ()
controle, () PAF 10
-6
M, ()WEB 10
-6
M e () PAF 10
-6
M + WEB 10
-6
M.
Tempo (horas)
2 4 6 12
pMoles de cAMP/mg ptn
0
500
1000
1500
2000
*
*
Tempo (horas)
2 4 6 12
pMoles de cAMP/mg ptn
0
500
1000
1500
2000
*
*
55
IV.3. Efeito de AMPc e H89 na diferenciação celular induzida PAF em T. cruzi.
Para verificar o efeito do AMPc e a participação da proteína cinase A na
diferenciação celular promovida por PAF, foram utilizadas duas drogas que são
permeáveis às membranas celulares: o dibutiril-AMPc (ativador de PKA) e H89 (inibidor
de PKA). A Figura 14 mostra a porcentagem de formas diferenciadas (tripomastigostas
metacíclicos) de T. cruzi durante 6 dias de cultivo em meio TAUP na ausência (controle)
ou na presença de PAF 10
-6
M, dibutiril-AMPc 1 mM e/ou H89 50µM.
Como resultados, observamos que a adição de dibutiril-AMPc é capaz de estimular
a diferenciação celular, desde o primeiro dia de incubação, onde as lulas apresentam
30% de formas tripomastigotas metacíclicas, enquanto que parasitas controle apresentam
20% de formas tripomastigotas. Este aumento corresponde a 50% a mais de células
diferenciadas em presença de AMPc, logo no primeiro dia de incubação. Parasitos
incubados com AMPc + H89 ou só com H89 apresentaram 35% de formas tripomastigotas,
o que representa um estímulo de aproximadamente 75% em relação ao controle.
Provavelmente, a inibição de PKA deve favorecer uma outra via de sinalização que
estimula a diferenciação celular de T. cruzi. De maneira interessante, a combinação de PAF
com H89 mostra um estímulo da diferenciação, com 52% de formas tripomastigotas, a
partir do 2° dia de cultivo; já no 4° e 5° dias de incubação, a adição de H89 não altera o
efeito promovido por PAF. O sistema contendo PAF mais AMPc e mais H89 não
apresentou alteração na diferenciação promovida por PAF, uma vez que este sistema
apresentou 48% de formas tripomastigotas no 2° dia de cultivo.
Por esses resultados, observamos que a incubação dos parasitos com as drogas foi
capaz de modular a diferenciação de T. cruzi. Entretanto, após o 3° dia de cultivo, a
diferenciação é observada, sem que haja diferenças expressivas quanto ao tratamento
usado.
56
Figura 14. Porcentagem de formas diferenciadas (tripomastigostas metacíclicos) de T. cruzi. Os
parasitos foram cultivados por 6 dias em meio TAUP na ausência (controle) e/ ou na presença das
seguintes drogas: PAF 10
-6
M, H89 50 µM e AMPc 1 mM. Os asterísticos (*) referem-se:
significativamente diferente do controle.
IV.4. Participação de PKC e CK2 na diferenciação celular induzida por PAF em
T. cruzi.
Como demonstrado no resultado anterior, a inibição da PKA induz um aumento na
diferenciação celular de T. cruzi. Então, procuramos investigar a participação da PKC e da
Tripomastigotas metacíclicos (%)
0
10
20
30
40
50
100
Dia 1
Controle PAFcAMP
PAF
cAMP
H89 cAMP
H89
PAF
H89
PAF
cAMP
H89
*
*
*
*
Tripomastigotas metacíclicos (%)
0
10
20
30
40
50
60
70
100
Dia 3
Controle PAFcAMP PAF
cAMP
H89 cAMP
H89
PAF
H89
PAF
cAMP
H89
*
*
*
*
*
*
Tripomastigotas (%)
0
10
20
30
40
50
60
70
100
Dia 4
Controle PAFcAMP PAF
cAMP
H89 cAMP
H89
PAF
H89
PAF
cAMP
H89
*
*
*
*
*
*
Tripomastigotas (%)
0
20
40
60
80
100
Dia 5
Controle PAFcAMP PAF
cAMP
H89 cAMP
H89
PAF
H89
PAF
cAMP
H89
*
*
*
*
*
*
Tripomastigotas (%)
0
20
40
60
80
100
Dia 6
Controle PAFcAMP PAF
cAMP
H89 cAMP
H89
PAF
H89
PAF
cAMP
H89
*
*
*
*
*
*
Tripomastigotas metacíclicos (%)
0
10
20
30
40
50
60
70
100
Dia 2
Controle PAFcAMP PAF
cAMP
H89 cAMP
H89
PAF
H89
PAF
cAMP
H89
*
*
*
*
*
*
*
Tripomastigotas metacíclicos (%)
0
10
20
30
40
50
100
Dia 1
Controle PAFcAMP
PAF
cAMP
H89 cAMP
H89
PAF
H89
PAF
cAMP
H89
*
*
*
*
Tripomastigotas metacíclicos (%)
0
10
20
30
40
50
60
70
100
Dia 3
Controle PAFcAMP PAF
cAMP
H89 cAMP
H89
PAF
H89
PAF
cAMP
H89
*
*
*
*
*
*
Tripomastigotas (%)
0
10
20
30
40
50
60
70
100
Dia 4
Controle PAFcAMP PAF
cAMP
H89 cAMP
H89
PAF
H89
PAF
cAMP
H89
*
*
*
*
*
*
Tripomastigotas (%)
0
20
40
60
80
100
Dia 5
Controle PAFcAMP PAF
cAMP
H89 cAMP
H89
PAF
H89
PAF
cAMP
H89
*
*
*
*
*
*
Tripomastigotas (%)
0
20
40
60
80
100
Dia 6
Controle PAFcAMP PAF
cAMP
H89 cAMP
H89
PAF
H89
PAF
cAMP
H89
*
*
*
*
*
*
Tripomastigotas metacíclicos (%)
0
10
20
30
40
50
60
70
100
Dia 2
Controle PAFcAMP PAF
cAMP
H89 cAMP
H89
PAF
H89
PAF
cAMP
H89
*
*
*
*
*
*
*
Tripomastigotas metacíclicos (%)
0
10
20
30
40
50
100
Dia 1
Controle PAFcAMP
PAF
cAMP
H89 cAMP
H89
PAF
H89
PAF
cAMP
H89
*
*
*
*
Tripomastigotas metacíclicos (%)
0
10
20
30
40
50
60
70
100
Dia 3
Controle PAFcAMP PAF
cAMP
H89 cAMP
H89
PAF
H89
PAF
cAMP
H89
*
*
*
*
*
*
Tripomastigotas (%)
0
10
20
30
40
50
60
70
100
Dia 4
Controle PAFcAMP PAF
cAMP
H89 cAMP
H89
PAF
H89
PAF
cAMP
H89
*
*
*
*
*
*
Tripomastigotas (%)
0
20
40
60
80
100
Dia 5
Controle PAFcAMP PAF
cAMP
H89 cAMP
H89
PAF
H89
PAF
cAMP
H89
*
*
*
*
*
*
Tripomastigotas (%)
0
20
40
60
80
100
Dia 6
Controle PAFcAMP PAF
cAMP
H89 cAMP
H89
PAF
H89
PAF
cAMP
H89
*
*
*
*
*
*
Tripomastigotas metacíclicos (%)
0
10
20
30
40
50
60
70
100
Dia 2
Controle PAFcAMP PAF
cAMP
H89 cAMP
H89
PAF
H89
PAF
cAMP
H89
*
*
*
*
*
*
*
Tripomastigotas metacíclicos (%)
0
10
20
30
40
50
100
Dia 1
Controle PAFcAMP
PAF
cAMP
H89 cAMP
H89
PAF
H89
PAF
cAMP
H89
*
*
*
*
Tripomastigotas metacíclicos (%)
0
10
20
30
40
50
60
70
100
Dia 3
Controle PAFcAMP PAF
cAMP
H89 cAMP
H89
PAF
H89
PAF
cAMP
H89
*
*
*
*
*
*
Tripomastigotas (%)
0
10
20
30
40
50
60
70
100
Dia 4
Controle PAFcAMP PAF
cAMP
H89 cAMP
H89
PAF
H89
PAF
cAMP
H89
*
*
*
*
*
*
Tripomastigotas (%)
0
20
40
60
80
100
Dia 5
Controle PAFcAMP PAF
cAMP
H89 cAMP
H89
PAF
H89
PAF
cAMP
H89
*
*
*
*
*
*
Tripomastigotas (%)
0
20
40
60
80
100
Dia 6
Controle PAFcAMP PAF
cAMP
H89 cAMP
H89
PAF
H89
PAF
cAMP
H89
*
*
*
*
*
*
Tripomastigotas metacíclicos (%)
0
10
20
30
40
50
60
70
100
Dia 2
Controle PAFcAMP PAF
cAMP
H89 cAMP
H89
PAF
H89
PAF
cAMP
H89
*
*
*
*
*
*
*
57
CK2 na diferenciação estimulada por PAF. Nesses experimentos, utilizamos o inibidor de
PKC (BIS I) e dois inibidores da CK2 (DRB e TBB), na ausência ou na presença de PAF.
A figura 15 mostra a porcentagem de formas diferenciadas de T. cruzi na ausência
(controle) ou na presença de BIS I a 10 nM, DRB a 100 µM, TBB a 20 nM e/ou PAF a 10
-6
M.
Figura 15. Porcentagem de formas diferenciadas (tripomastigostas metacíclicos) de T. cruzi. Os
parasitos foram cultivados por 6 dias em meio TAUP na ausência (controle) e/ ou na presença das
seguintes drogas: BIS I a10 nM, DRB a 100 µM, TBB a 20 nM e/ou PAF a 10
-6
M. Os asterísticos
referem-se: * significativamente diferente do controle; ** significativamente diferente em relação ao
PAF; *** significativamente diferente em relação ao controle e ao PAF.
Tripomastigotas metacíclicos (%)
0
10
20
30
40
100
Dia 1
*
*
*
*
Controle PAFBIS PAF
BIS
TBB DRB PAF
TBB
PAF
DRB
*
*
**
**
Tripomastigotas metacíclicos (%)
0
10
20
30
40
50
100
Dia 2
*
*
*
*
Controle PAFBIS PAF
BIS
TBB DRB PAF
TBB
PAF
DRB
**
**
**
Tripomastigotas metacíclicos (%)
0
10
20
30
40
50
60
70
100
Dia 3
*
*
*
Controle PAFBIS PAF
BIS
TBB DRB PAF
TBB
PAF
DRB
**
**
**
Tripomastigotas (%)
0
10
20
30
40
50
60
70
100
Dia 4
*
*
*
*
*
Controle PAFBIS PAF
BIS
TBB DRB PAF
TBB
PAF
DRB
**
**
**
Tripomastigotas (%)
0
20
40
60
80
100
Dia 5
*
*
*
*
Controle PAFBIS PAF
BIS
TBB DRB PAF
TBB
PAF
DRB
**
*
**
**
Tripomastigotas (%)
0
20
40
60
80
100
Dia 6
*
*
*
*
Controle PAFBIS PAF
BIS
TBB DRB PAF
TBB
PAF
DRB
**
**
**
Tripomastigotas metacíclicos (%)
0
10
20
30
40
100
Dia 1
*
*
*
*
Controle PAFBIS PAF
BIS
TBB DRB PAF
TBB
PAF
DRB
*
*
**
**
Tripomastigotas metacíclicos (%)
0
10
20
30
40
50
100
Dia 2
*
*
*
*
Controle PAFBIS PAF
BIS
TBB DRB PAF
TBB
PAF
DRB
**
**
**
Tripomastigotas metacíclicos (%)
0
10
20
30
40
50
60
70
100
Dia 3
*
*
*
Controle PAFBIS PAF
BIS
TBB DRB PAF
TBB
PAF
DRB
**
**
**
Tripomastigotas (%)
0
10
20
30
40
50
60
70
100
Dia 4
*
*
*
*
*
Controle PAFBIS PAF
BIS
TBB DRB PAF
TBB
PAF
DRB
**
**
**
Tripomastigotas (%)
0
20
40
60
80
100
Dia 5
*
*
*
*
Controle PAFBIS PAF
BIS
TBB DRB PAF
TBB
PAF
DRB
**
*
**
**
Tripomastigotas (%)
0
20
40
60
80
100
Dia 6
*
*
*
*
Controle PAFBIS PAF
BIS
TBB DRB PAF
TBB
PAF
DRB
**
**
**
Tripomastigotas metacíclicos (%)
0
10
20
30
40
100
Dia 1
*
*
*
*
Controle PAFBIS PAF
BIS
TBB DRB PAF
TBB
PAF
DRB
*
*
**
**
Tripomastigotas metacíclicos (%)
0
10
20
30
40
50
100
Dia 2
*
*
*
*
Controle PAFBIS PAF
BIS
TBB DRB PAF
TBB
PAF
DRB
**
**
**
Tripomastigotas metacíclicos (%)
0
10
20
30
40
50
60
70
100
Dia 3
*
*
*
Controle PAFBIS PAF
BIS
TBB DRB PAF
TBB
PAF
DRB
**
**
**
Tripomastigotas (%)
0
10
20
30
40
50
60
70
100
Dia 4
*
*
*
*
*
Controle PAFBIS PAF
BIS
TBB DRB PAF
TBB
PAF
DRB
**
**
**
Tripomastigotas (%)
0
20
40
60
80
100
Dia 5
*
*
*
*
Controle PAFBIS PAF
BIS
TBB DRB PAF
TBB
PAF
DRB
**
*
**
**
Tripomastigotas (%)
0
20
40
60
80
100
Dia 6
*
*
*
*
Controle PAFBIS PAF
BIS
TBB DRB PAF
TBB
PAF
DRB
**
**
**
58
Observamos que a inibição da PKC, por BIS, ou da CK2, por TBB ou DRB, é
capaz de inibir a diferencião celular de T. cruzi, de formas epimastigotas para
tripomastigotas metacíclicos, em meio TAUP. A partir do primeiro dia de cultivo, parasitos
cultivados em meio contendo BIS apresentaram 15% de formas tripomastigotas, enquanto
os cultivados em TBB e DRB apresentavam 12% e 14% de forma tripomastigotas, o que
representa um decréscimo de aproximadamente 25% em relação ao controle. A
porcentagem de formas tripomastigotas presentes em meio contendo PAF foi de 35%,
embora esse estímulo tenha sido revertido quando PAF foi adicionado em combinação com
BIS, TBB ou DRB. Na presença conjunta destes agentes com PAF, a diferenciação foi de
15%, 18% e 16%, respectivamente. Isso corresponde um decréscimo de 57% (PAF + BIS),
51% (PAF + TBB) e 54% (PAF + DRB) nos efeitos desencadeados por PAF. O conjunto
destes resultados sugere que a via de sinalização envolvendo PKC e CK2 é fundamental
para a diferenciação de T. cruzi, de formas epimastigotas para tripomastigotas metacíclicas
em meio TAUP, tanto na presença, quanto na ausência de PAF.
IV.5. Caracterização das proteases moduladas por PAF
Bonaldo e colaboradores (1991) discutiram a expressão de proteases de T. cruzi
durante o processo de metaciclogênese. Especificamente, as duas proteases diretamente
relacionadas a este processo são uma metaloprotease, possivelmente zinco dependente (de
65 kDa), uma vez que sua atividade foi totalmente inibida pela 1,10- fenantrolina em pH
10, e a outra foi classificada como uma cisteína protease (de 40 kDa), que apresenta total
inibição por E-64 em pH 5.5.
A Figura 16 mostra dados que confirmam a presença das supracitadas proteases,
nas condições utilizadas neste trabalho.
IV.6. Perfil de expressão de proteases moduladas por PAF
Com o intuito de verificar se PAF era capaz de modular a expressão dessas
proteases durante a metaciclogênese (Figura 17A) ou durante a proliferação celular
(Figura 17D), induzimos formas epimastigotas a entrarem em processo de diferenciação,
através da incubão das lulas em meio TAUP por 6 horas a 28°C ou incubamos os
59
parasitos durante 6 dias em meio LIT com 10% de soro (para analisar o crescimento
celular), na presença ou ausência de PAF 10
-6
M, WEB 2086 10
-6
M ou ambos.
Figura 16. Determinação das classes de proteases em T. cruzi. Os slots dos géis
contendo 2 x 10
7
parasitos/ slot foram incubados a 37°C por 48 horas em tampão 50 mM
fosfato de sódio, pH 5,5, suplementado com 2 mM DTT na presença de 10 µM E-64 ou
em tampão 50 mM glicina-NaOH, pH 10 na presença de 1 mM 1,10-fenantrolina (Phe).
As proteases foram reveladas pela presença das áreas descoradas indicativas de
degradação da gelatina. A atividade inibitória foi observada comparando-se com o
sistema controle (C).
A expressão das proteases, quando submetidas ao tratamento com PAF 10
-6
M,
WEB 2086 10
-6
M ou ambos em meio TAUP, pobre em nutrientes, é observado na Figura
17A. Como resultados, demonstramos que PAF é capaz de reduzir a atividade das duas
proteases, com massas moleculares de aproximadamente 65 e 40 kDa. Por análise
densitométrica das bandas, obtivemos uma atividade de 40% para a protease de 65 kDa e
60% para a protease de 40 kDa, em relação ao controle. WEB 2086 foi capaz de estimular
a atividade de ambas as enzimas, em relação ao controle, que apresentaram atividades de
160% (65 kDa) e 105% (40 kDa), respectivamente. Com o tratamento com ambas as
C E-64 C Phe
pH 5,5 pH 10
65 kDa
40 kDa
C E-64 C Phe
pH 5,5 pH 10
65 kDa
40 kDa
C E-64 C Phe
pH 5,5 pH 10
65 kDa
40 kDa
60
drogas, a expressão destas proteases foi de 30% (65 kDa ) e 30% (40 kDa) em relação ao
controle.
Já nos sistemas onde o parasito foi incubado em meio LIT, rico em nutrientes
(Figura 17D), há um estímulo na expressão dessas proteases em presença de PAF. Nestes
sistemas, a atividade da protease de 65 kDa é de 180% e na protease de 40 kDa é de 125%,
em relação ao controle. Nesse meio de cultivo, WEB induziu um efeito inibitório de ambas
as atividades proteásicas, apresentando 80% da atividade da protease de 65 kDa e 50% da
atividade de 40 kDa, em relação ao controle. Em meio contendo PAF com WEB, a
expressão da protease de 65 kDa foi quase totalmente inibida, sua atividade foi de 10%,
enquanto a enzima de 40 kDa teve uma expressão de 25%, em relação ao controle. Neste
caso, WEB 2086 foi capaz de reverter totalmente o efeito produzido por PAF.
Figura 17 (A) SDS-PAGE-Gelatina mostrando a expressão de enzimas proteolíticas detectadas em parasitos de
T. cruzi cultivados por 6 horas em meio TAUP (A) ou em meio LIT contendo 10% de soro (D), na ausência
(controle) ou na presença de PAF 10
-6
M, WEB 2086 10
-6
M ou PAF + WEB 2086, respectivamente. O gel
contendo extratos de lulas foi incubado a 37°C por 48 horas em tampão 50 mM fosfato de sódio, pH 5.5,
suplementado com 2 mM DTT. Em (A e D) os números à esquerda referem-se a massa molecular das
proteases. Em (B e E) Análise densitométrica da protease de 65 kDa. Em (C e F) Análise densitométrica da
A
Controle PAF WEB WEB
PAF
65 kDa
40 kDa
B
C
Controle PAF WEB WEB
PAF
65 kDa
40 kDa
D
E
F
*
*
65 kDa
40 kDa
*
*
Densitometria (%)
0
40
80
120
160
200
*
*
65 kDa
ControlePAF WEB
PAF
WEB
*
**
*
*
65 kDa
40 kDa
*
*
Densitometria (%)
0
25
50
75
100
125
150
*
*
40 kDa
Controle
PAF WEB
PAF
WEB
*
**
*
*
65 kDa
40 kDa
*
*
Densitometria (%)
0
40
80
120
160
200
*
*
65 kDa
Controle
PAF
WEB
PAF
WEB
*
*
*
65 kDa
40 kDa
*
*
Densitometria (%)
0
60
75
90
105
*
40 kDa
*
**
Controle
PAF
WEB
PAF
WEB
A
Controle PAF WEB WEB
PAF
65 kDa
40 kDa
B
C
Controle PAF WEB WEB
PAF
65 kDa
40 kDa
D
E
F
*
*
65 kDa
40 kDa
*
*
Densitometria (%)
0
40
80
120
160
200
*
*
65 kDa
ControlePAF WEB
PAF
WEB
*
**
*
*
65 kDa
40 kDa
*
*
Densitometria (%)
0
25
50
75
100
125
150
*
*
40 kDa
Controle
PAF WEB
PAF
WEB
*
**
*
*
65 kDa
40 kDa
*
*
Densitometria (%)
0
40
80
120
160
200
*
*
65 kDa
Controle
PAF
WEB
PAF
WEB
*
*
*
65 kDa
40 kDa
*
*
Densitometria (%)
0
60
75
90
105
*
40 kDa
*
**
Controle
PAF
WEB
PAF
WEB
A
Controle PAF WEB WEB
PAF
65 kDa
40 kDa
B
C
Controle PAF WEB WEB
PAF
65 kDa
40 kDa
D
E
F
*
*
65 kDa
40 kDa
*
*
Densitometria (%)
0
40
80
120
160
200
*
*
65 kDa
ControlePAF WEB
PAF
WEB
*
**
*
*
65 kDa
40 kDa
*
*
Densitometria (%)
0
25
50
75
100
125
150
*
*
40 kDa
Controle
PAF WEB
PAF
WEB
*
**
*
*
65 kDa
40 kDa
*
*
Densitometria (%)
0
40
80
120
160
200
*
*
65 kDa
Controle
PAF
WEB
PAF
WEB
*
*
*
65 kDa
40 kDa
*
*
Densitometria (%)
0
60
75
90
105
*
40 kDa
*
**
Controle
PAF
WEB
PAF
WEB
61
protease de 40 kDa. Os resultados de densitometria foram feitos utilizando o programa Scion Image. Os
asterísticos referem-se: * significativamente diferente do controle; ** significativamente diferente em relão
ao PAF; *** significativamente diferente em relação ao controle e ao PAF.
IV.7. Análise da atividade proteolítica na presença de PAF e WEB 2086
Para observar se o efeito causado por PAF está relacionado a uma cascata de
sinalização, a partir da sua ligação ao seu receptor de membrana, incubamos os slots dos
géis contendo extratos do parasito em tampão fosfato de sódio, pH 5.5, suplementado com
2 mM de DTT, na presença de PAF 10
-6
M, WEB 2086 10
-6
M ou ambos, por 48 horas a
37°C (Figura 18). Como resultado, observamos que a incubação de extratos celulares com
PAF ou WEB não é capaz de alterar a atividade das proteases em T. cruzi. Estes resultados
corroboram com os descritos anteriormente, que sugerem que os eventos desencadeados
por PAF necessitam da presença de células vivas e de receptor de membrana, associado a
cascatas de sinalização intracelular.
Figura 18. SDS-PAGE-Gelatina mostra a atividade proteolítica de T. cruzi
cultivado por 6 dias em meio LIT. Os slots dos géis contendo 2 x 10
7
parasitos/ slot
foram incubados a 37°C por 48 horas em tampão fosfato de sódio, pH 5,5,
suplementado com 2 mM DTT na ausência (C) ou na presença de PAF 10
-6
M (P),
WEB 2086 10
-6
M (W) ou ambos (PW). As proteases do gel foram reveladas pela
presença de áreas descoradas indicativas de degradão da gelatina. Os números à
esquerda referem-se a massa molecular das proteases.
C P W PW
65 kDa
40 kDa
C P W PW
65 kDa
40 kDa
62
IV. 8. Diferenciação Celular induzida por PAF na presença de inibidores de proteases
Ainda investigando o envolvimento do PAF na expressão de proteases durante a
metaciclogênese, incubamos T. cruzi em meio indutor de diferenciação (meio TAUP)
durante 6 dias na presença de PAF 10
-6
M e/ ou inibidores de proteases permeáveis as
células, sem afetar a viabilidade das células, como o inibidor de metaloprotease 1,10-
fenantrolina na concentrão de 1 µM e antipaína 1 µg/ mg como inibidor de cisteína
protease, como mostrado no Figura 19.
Figura 19. Porcentagem de formas diferenciadas (tripomastigostas metacíclicos) de
T. cruzi. Formas epimastigotas foram cultivados por 3 dias em meio TAUP na ausência
(controle) e/ou na presença das seguintes drogas: PAF a 10
-6
M, 1,10- fenantrolina a 1
µM e antipaína a 1µg/ ml. Os asterísticos referem-se: * significativamente diferente do
controle; ** significativamente diferente em relação ao PAF; *** significativamente
diferente em relão ao controle e ao PAF.
A figura 19 mostra a diferenciação celular após 3 dias de cultivo em meio TAUP.
O tratamento com ambas as drogas é capaz de inibir a diferenciação celular de T. cruzi,
onde verificamos 30,7% de tripomastigotas metacíclicos com o tratamento com 1 µM 1,10-
fenantrolina e 16% de tripomastigotas metacíclicos com o tratamento com 1 µg/ml de
antipaína. Parasitos incubados em meio contendo PAF em combinação com 1,10-
fenantrolina ou antipaína tiveram o efeito do PAF revertido na presença destes agentes,
produzindo de 43,65% e 18% de formas tripomastigotas, respectivamente. Curiosamente, o
tratamento com antipaína é capaz de reverter totalmente o efeito desencadeado por PAF.
Tripomastigotas metacíclicos (%)
0
10
20
30
40
50
60
100
Dia 3
Controle PAFPhen PAF
Phen
Anti PAF
Anti
*
*
*
*
*
*
**
Tripomastigotas metacíclicos (%)
0
10
20
30
40
50
60
100
Dia 3
Controle PAFPhen PAF
Phen
Anti PAF
Anti
*
*
*
*
*
*
**
63
IV. 9. Expressão de Proteases na Sinalização Celular desencadeada por PAF
Baseados nos resultados anteriores objetivamos, então, analisar se a expressão de
proteases estaria relacionada com as vias de sinalização desencadeadas por PAF. Para tal,
incubamos os parasitos por 6 horas em meio TAUP, na ausência ou na presença de PAF a
10
-6
M e/ou os moduladores das vias de sinalização celular (AMPc, H89, BIS e DRB).
a) Efeito do AMPc e H89 na expressão de proteases moduladas por PAF
A Figura 20 mostra a modulação da expressão das proteases de parasitos incubados
na presença ou ausência de PAF a 10
-6
M, AMPc a 1 mM, H89 a 50 µM ou com a
combinação desta substâncias.
64
Figura 20. SDS-PAGE-Gelatina mostrando a expressão de enzimas proteolíticas detectadas em T. cruzi
cultivada por 6 horas em meio TAUP, na ausência ou na presença de 10
-6
M PAF, 1mM AMPc, 50 µM
H89. O gel contendo extratos de lulas foi incubado a 37°C por 48 horas em tampão 50 mM fosfato de
sódio, pH 5,5, suplementado com 2 mM DTT. Em (B e C) Análise densitométrica da protease de 65 kDa.
(B) e de 40 kDa (C). Em (A) Os números à esquerda referem-se a massa molecular das proteases. Os
resultados de densitometria foram feitos utilizando o programa Scion Image. Os asterísticos referem-se: *
significativamente diferente do controle.
Formas epimastigotas de T. cruzi incubadas na presença de dibutiril-AMPc tiveram
um aumento na expressão de suas proteases; com este agente, as atividades destas enzimas
foram de 180% (65 kDa) e 160% (40 kDa), quando comparadas ao controle. Em presença
do inibidor de PKA, H89, a expressão de ambas as proteases também foi estimulada, sendo
*
*
65 kDa
40 kDa
*
*
Densitometria (%)
0
40
80
120
160
200
240
280
*
*
*
*
*
65 kDa
Controle PAF PAF
H89
PAF
cAMP
H89
*
cAMP H89 cAMP
H89
PAF
cAMP
Controle cAMP H89 cAMP PAF PAF PAF PAF
H89 cAMP H89 cAMP
H89
65 kDa
40 kDa
*
*
65 kDa
40 kDa
*
*
Densitometria (%)
0
60
90
120
150
180
*
*
40 kDa
Controle PAF PAF
H89
PAF
cAMP
H89
*
cAMP H89 cAMP
H89
PAF
cAMP
A
B
C
*
*
65 kDa
40 kDa
*
*
Densitometria (%)
0
40
80
120
160
200
240
280
*
*
*
*
*
65 kDa
Controle PAF PAF
H89
PAF
cAMP
H89
*
cAMP H89 cAMP
H89
PAF
cAMP
Controle cAMP H89 cAMP PAF PAF PAF PAF
H89 cAMP H89 cAMP
H89
65 kDa
40 kDa
*
*
65 kDa
40 kDa
*
*
Densitometria (%)
0
60
90
120
150
180
*
*
40 kDa
Controle PAF PAF
H89
PAF
cAMP
H89
*
cAMP H89 cAMP
H89
PAF
cAMP
A
B
C
*
*
65 kDa
40 kDa
*
*
Densitometria (%)
0
40
80
120
160
200
240
280
*
*
*
*
*
65 kDa
Controle PAF PAF
H89
PAF
cAMP
H89
*
cAMP H89 cAMP
H89
PAF
cAMP
Controle cAMP H89 cAMP PAF PAF PAF PAF
H89 cAMP H89 cAMP
H89
65 kDa
40 kDa
*
*
65 kDa
40 kDa
*
*
Densitometria (%)
0
60
90
120
150
180
*
*
40 kDa
Controle PAF PAF
H89
PAF
cAMP
H89
*
cAMP H89 cAMP
H89
PAF
cAMP
A
B
C
65
de 230% para a de 65 kDa e de 110% para a de 40 kDa, em relação ao controle. Em
sistemas contendo AMPc mais H89, a expressão das proteases foi de 200% (65 kDa) e
120% (40 kDa), em relão ao controle. Quando do tratamento dos parasitos com PAF
mais AMPc, PAF foi capaz de reverter o efeito produzido pelo AMPc na expressão de
proteases de 60 kDa (60%, em relação ao controle). Já a cisteína protease (40 kDa) teve
sua expressão aumentada em combinação a ambos os agentes, com expressão de 120% em
relação ao controle. Entretanto, a expressão destas duas enzimas na presença de PAF foi de
80% (65 kDa) e 70% (40 kDa), em relão ao controle. No sistema PAF mais H89, as
atividades destas duas proteases foram de 40% (65 kDa) e 90% (40 kDa), em relação ao
controle. Parasitos incubados em meio contendo PAF mais AMPc e H89, a metaloprotease
(65 kDa) apresentou uma expressão de 120%, em relação ao controle e a cisteína protease
(40 kDa) apresentou uma expressão igual ao controle. Curiosamente, estas proteases
tiveram o aumento de suas atividades sempre revertido na presença do PAF.
b) Efeito do BIS e DRB na expressão de proteases moduladas por PAF
O envolvimento de PKC e CK2 na expressão de proteases foi investigado na
Figura 21. A incubação de formas epimastigotas por 6 horas em meio TAUP em presença
dos inibidores de PKC (BIS) ou CK2 (DRB) foi capaz inibir a expressão das proteases,
como mostrado na figura abaixo (Figura 21).
Verificamos em meio contendo BIS ou DRB, que a expressão da metaloprotease
(65 kDa) foi de 60% e 50%, respectivamente (Figura 21B). Observamos que em meio
TAUP, em presença de PAF essa enzima é pouco expressa (10%). E em meio contendo
PAF em adição a BIS ou DRB sua expressão foi de 20%.
As cisteínas proteases também têm sua expressão modulada em presença de BIS e
DRB. O tratamento dos parasitos com BIS, na concentração de 10 nM, foi capaz de inibir a
expressão desta protease, em 20% (Figura 21C). O mesmo foi observado com DRB
(100µM), onde sua expressão em presença deste agente foi de 75% em relação ao controle.
Em presença do PAF, a expressão desta enzima foi de 50% e em sistemas onde PAF foi
combinado a BIS ou PAF foi combinado a DRB, apresentam expressão de 70% e 60%,
respectivamente.
66
Figura 21. (A) SDS-PAGE-Gelatina mostrando a expressão de enzimas proteolíticas detectadas em
parasitos de T. cruzi, cultivados por 6 horas em meio TAUP, na ausência (controle) ou na presença de
PAF a 10
-6
M e/ou inibidores de proteínas cinases, BIS (inibidor de PKC) e DRB (inibidor de CK2). O
gel contendo extratos de lulas foi incubado a 37°C por 48 horas em tampão fosfato de sódio a 50 mM,
pH 5,5, suplementado com DTT a 2 mM. As proteases foram reveladas pela presença das áreas
descoradas indicativas de degradão da gelatina. Em (B e C) Análise densitométrica da protease de 65
kDa. (B) e de 40 kDa (C). Os números à esquerda referem-se a massa molecular das proteases. Os
resultados de densitometria foram feitos utilizando o programa Scion Image. Os asterísticos referem-se:
* significativamente diferente do controle.
B
C
Controle BIS DRB PAF PAF PAF
BIS DRB
65 kDa
40 kDa
*
*
65 kDa
40 kDa
*
*
Densitometria (%)
0
40
50
60
70
80
90
100
110
*
*
*
*
*
40 kDa
Controle PAFBIS PAF
BIS
DRB PAF
DRB
A
*
*
65 kDa
40 kDa
*
*
Densitometria (%)
0
20
40
60
80
100
*
*
*
*
*
65 kDa
Controle PAFBIS PAF
BIS
DRB PAF
DRB
B
C
Controle BIS DRB PAF PAF PAF
BIS DRB
65 kDa
40 kDa
65 kDa
40 kDa
*
*
65 kDa
40 kDa
*
*
Densitometria (%)
0
40
50
60
70
80
90
100
110
*
*
*
*
*
40 kDa
Controle PAFBIS PAF
BIS
DRB PAF
DRB
A
*
*
65 kDa
40 kDa
*
*
Densitometria (%)
0
20
40
60
80
100
*
*
*
*
*
65 kDa
Controle PAFBIS PAF
BIS
DRB PAF
DRB
67
IV. 10. Perfis de expressão e fosforilação de proteínas induzidas por PAF na presença
de AMPc e H89
No intuito de verificar as possíveis proteínas fosforiladas durante a sinalização
celular disparada por PAF via AMPc, incubamos os parasitos por 6 horas em meio TAUP,
na ausência ou presença de PAF, AMPc, H89 ou ambos. Após o tratamento, extraímos as
proteínas do conteúdo citoplasmático e incubamos este extrato com
32
ATP por 1 hora a
30°C.
A Figura 22 mostra o gel com a expressão de proteínas (A) e sua radioautografia
(B). Embora nenhuma diferença significativa na expressão de proteínas seja observada
com os tratamentos submetidos, observamos maiores níveis de fosforilação em proteínas
oriundas de parasitos tratados com PAF, em relação ao controle (como indicado nas setas
pretas). Estas proteínas apresentam massas moleculares aproximadas de 60, 50, 35, 25 e 10
kDa. A incubação dos parasitos com AMPc foi capaz de estimular a fosforilação de uma
proteína de 35 kDa, enquanto que o tratamento com H89 estimulou a fosforilão de três
proteínas de 35, 25 e 10 kDa. Na combinação de AMPc mais H89, o AMPc reverteu o
efeito estimulatório de fosforilação de proteínas de 35, 25 e 10 kDa, além de inibir a
fosforilação de outras proteínas de 100, 60, 50, 20 e 15 kDa. Com exceção de uma proteína
de 60 kDa, que teve seu nível de fosforilação aumentado na presença de PAF mais AMPc,
a adição de AMPc ou AMPc mais H89 ao sistema contendo PAF foi capaz de reverter a
fosforilação estimulada pelo PAF, em proteínas de 50, 25, 20 e 10 kDa, respectivamente
(como indicado por setas vermelhas).
68
Figura 22. Perfis de expressão e de fosforilação de proteínas de T. cruzi na ausência ou presença de PAF
e/ou AMPc e H89. Os parasitos foram cultivados em meio TAUP por 6 horas, na ausência ou presença de PAF
10
-6
M e tratados ou não com AMPc (1 mM) e H89 (50 µM). As o tratamento, o extrato protéico contendo 80
µg de proteínas foi incubado em meio de reação (250 mM de Tris-HCl pH 7,5; 750 mM de NaCl; 5 mM de
EDTA; 5 mM de EGTA; 62,5 mM de MgCl2) contendo
32
ATP (5x 10
6
cpm/ml) a 30°C por 1 hora. (A) Gel de
SDS-PAGE contendo o extrato protéico de T. cruzi. (B) Radioautografia deste gel. Os números à esquerda
referem-se às massas moleculares das proteínas. As setas pretas indicam aumento da fosforilão e as setas
vermelhas, redução da fosforilação.
IV.11. Perfil de expressão e fosforilação de proteínas induzidas por PAF na presença
de BIS e DRB
Objetivando avaliar se a diferenciação celular estimulada por PAF envolve a
fosforilação de proteínas, através de ativação das proteínas PKC e CK2, observamos o
perfil de fosforilação de parasitos tratados com 10 mM BIS e 100 µM DRB na presença ou
ausência de PAF (Figura 23). Por este método, visualizamos que o tratamento com BIS,
C cAMPH89 cAMP PAF PAF PAF PAF
H89 cAMPH89 cAMP
H89
C cAMPH89 cAMP PAF PAF PAF PAF
H89 cAMPH89 cAMP
H89
(B)
150
120
100
85
70
60
50
(A)
30
20
15
10
C cAMPH89 cAMP PAF PAF PAF PAF
H89 cAMPH89 cAMP
H89
C cAMPH89 cAMP PAF PAF PAF PAF
H89 cAMPH89 cAMP
H89
C cAMPH89 cAMP PAF PAF PAF PAF
H89 cAMPH89 cAMP
H89
C cAMPH89 cAMP PAF PAF PAF PAF
H89 cAMPH89 cAMP
H89
(B)
150
120
100
85
70
60
50
(A)
30
20
15
10
150
120
100
85
70
60
50
150
120
100
85
70
60
50
(A)
30
20
15
10
69
DRB e PAF foram capazes de modular a fosforilação de diversas proteínas (representado
por setas pretas). As proteínas que apresentaram um estímulo de sua fosforilão com o
tratamento com BIS apresentam massas moleculares aparentes de 50, 40, 25 e 10 kDa.
DRB foi capaz de estimular a fosforilação de 8 proteínas de massas moleculares de 100,
70, 50, 40, 33, 25, 15 e 10 kDa. O tratamento com PAF induziu o estimulo de fosforilão
de proteínas com peso molecular de 105, 100, 70, 50, 40, 33, 25, 15, 10 kDa. Em sistemas
contendo PAF mais BIS, este agente reverteu o efeito promovido por PAF, inibindo a
foção de proteínas de massa molecular aproximada de 105, 100, 70, 40, 33, 15, 10 kDa
(como mostrado com setas vermelhas). Quando DRB foi adicionado ao sistema contendo
PAF, quatro proteínas tiveram sua fosforilação reduzida (105, 33, 25 e 10 kDa, como
mostrado na Figura 23).
Figura 23. Perfil de fosforilação de proteínas de T. cruzi na ausência ou presença de PAF e/ou BIS ou
DRB. Os parasitos foram cultivados em meio TAUP por 6 horas, na ausência ou presença de PAF 10-6 M, e
tratados ou não com BIS (10 nM) e DRB (100 µM). As o tratamento, o extrato protéico contendo 80 µg de
proteínas foi incubado em meio de reação (250 mM de Tris-HCl pH 7,5; 750 mM de NaCl; 5 mM de EDTA;
5 mM de EGTA; 62,5 mM de MgCl2) contendo
32
ATP (5x 10
6
cpm/ml) a 30°C por 1 hora. (A) Gel de SDS-
C BIS DRB PAF PAF PAF
+ BIS +DRB
C BIS DRB PAF PAF PAF
+ BIS + DRB
30
10
50
100
20
150
120
70
(A) (B)
C BIS DRB PAF PAF PAF
+ BIS +DRB
C BIS DRB PAF PAF PAF
+ BIS +DRB
C BIS DRB PAF PAF PAF
+ BIS + DRB
30
10
50
100
20
150
120
70
(A) (B)
70
PAGE contendo o extrato protéico de T. cruzi. (B) Radioautografia deste gel. Os meros à esquerda
referem-se às massas moleculares das proteínas. As setas pretas indicam aumento da fosforilação e as setas
vermelhas, redução da fosforilação.
IV.12. Determinação dos níveis intracelulares de cálcio induzidos por PAF
Para investigar se os níveis de cálcio intracelulares eram afetados com o tratamento
com PAF, incubamos os parasitos em presença de PAF 10
-6
M em meio LIT sem soro por 6
ou 12 horas (Figura 24). As possíveis alterações na concentração de cálcio intracelular
foram visualizadas pela incubação dos parasitos com fura-2 por 3 horas.
Verificamos que tanto lulas controle como aquelas tratadas com PAF
apresentavam a mesma intensidade de fluorescência emitida, demonstrando que o cálcio
presente no meio extracelular não foi alterado com o tratamento. A permeabilizão das
células pela adição de 50 µM de digitonina demonstrou que 300s após a adição de
digitonina as lulas controle atingiram 100% de elevação da intensidade de fluorescência
por cálcio. Parasitos incubados por 6 horas em LIT, na presença de PAF, quando
permeabilizados tiveram uma elevação mais lenta. Após 350 segundos, eles atingiram 90%
de liberação de cálcio, atingindo a estabilidade de forma semelhante ao que ocorreu com o
sistema controle. A adição de digitonina em parasitos incubados com PAF por 12 horas
permitiu gerar uma elevação de fluorescência máxima de 70%, as 350 segundos da sua
adição (Figura 24).
71
Figura 24. Determinação dos níveis intracelulares de cálcio de T. cruzi. Parasitos foram
cultivados em meio LIT sem soro, na ausência (controle) ou na presença de PAF 10
-6
M, por 6 e
12 horas, incubados em tampão Tyrode (137 mM NaCl, 2.7 mM KCl, 12 mM NaHCO
3
, 0,36 mM
NaH
2
PO
4
, 0,53 mM MgCl
2
, 1,36 mM CaCl
2
e 5,5 mM glicose) contendo 5 µM de Fura-2.
VI.13. Sequência da cascata de sinalização induzida por PAF em T. cruzi
(Combinação de inibidores de proteína cinases)
Para verificar uma possível seqüência nas vias de sinalização durante a
diferenciação de T. cruzi, utilizamos a combinação de inibidores das proteínas cinases A, C
e CK2. Para esses experimentos, incubamos os parasitos por 1 hora com o inibidor a ser
testado e após esse período os parasitos foram centrifugados e lavados com PBS por 10
minutos a 4000 rpm e ressuspendidos em meio TAUP contendo um outro inibidor na
presença ou não de PAF, durante 6 dias a 28° C.
a) Efeito do H89 na diferenciação induzida por PAF em T. cruzi
A Figura 25 mostra a porcentagem de formas diferenciadas de T. cruzi quando os
parasitos foram submetidos ao tratamento prévio com H89 (50 µM) por 1 hora e após,
colocados em meio contendo a combinação de outros inibidores na presença ou não de
PAF 10
-6
M por 72 horas. Observamos que parasitos cultivados em presença de H89
apresentam 60% de formas diferenciadas de T. cruzi, porém esses efeitos são revertidos
quando H89 é combinado com BIS ou DRB, estes voltam a apresentar percentagem de
diferenciação semelhante ao sistema controle, 38% e 40% de formas tripomastigotas,
respectivamente. A combinação de H89 + PAF, H89 + BIS + PAF e H89 + DRB+ PAF são
Tempo (s)
0 200 300 400 500 600
Intensidade de Fluorescência
0
20
40
60
80
100
120
Controle
PAF (6 hrs)
PAF (12hrs)
Digitonina
Tempo (s)
0 200 300 400 500 600
Intensidade de Fluorescência
0
20
40
60
80
100
120
Controle
PAF (6 hrs)
PAF (12hrs)
Digitonina
Tempo (s)
0 200 300 400 500 600
Intensidade de Fluorescência
0
20
40
60
80
100
120
Controle
PAF (6 hrs)
PAF (12hrs)
Digitonina
72
capazes de reverter a ação do PAF. Nesses sistemas, a diferenciação foi de 40%, 40% e
42%, respectivamente. Enquanto, parasitos cultivados em meio contendo PAF tiveram
58% de formas tripomastigotas.
Figura 25. Porcentagem de formas diferenciadas (tripomastigostas metacíclicos) de T. cruzi
cultivados por 72 horas em meio TAUP. Os parasitos foram incubados por 1 hora na presença
de H89 (50 µM) sendo posteriormente, lavados, centrifugados e incubados em meio fresco na
ausência (controle) e/ ou na presença das seguintes drogas: PAF 10
-6
M, H89 50 µM e DRB 100
µM. Os asterísticos referem-se: * significativamente diferente do controle.
b) Efeito do BIS na diferenciação induzida por PAF em T. cruzi
A porcentagem de formas diferenciadas de T. cruzi quando os parasitos são
submetidos ao tratamento prévio com BIS (10 nM) por 1 hora e depois colocados em meio
contendo a combinação de inibidores de PKA ou CK2, na presença ou ausência de PAF
por 72 horas é observada na Figura 26. A figura mostra que parasitos cultivados em
presença de BIS somente, apresenta 42% de formas tripomastigotas semelhante ao sistema
controle, já a combinação de BIS + H89 ou BIS + DRB, a diferencião é reduzida e a
procentagem de formas tripomastigotas encontradas foi de 27% e 30%, respectivamente. A
combinação de BIS + PAF, BIS + H89 + PAF e BIS + DRB+ PAF foram capazes de
Tripomastigotas metacíclicos (%)
0
10
20
30
40
50
60
70
100
Dia 3
Controle PAF H89
PAF
H89 H89
DRB
H89
BIS
PAF
H89
DRB
PAF
*
*
H89
BIS
Tripomastigotas metacíclicos (%)
0
10
20
30
40
50
60
70
100
Dia 3
Controle PAF H89
PAF
H89 H89
DRB
H89
BIS
PAF
H89
DRB
PAF
*
*
H89
BIS
73
reverter à ação do PAF, sendo as porcentagens de formas tripomastigotas de 35%, 35% e
25%, respectivamente.
Figura 26. Porcentagem de formas diferenciadas (tripomastigostas metacíclicos) de T.
cruzi cultivados por 72 horas em meio TAUP. Os parasitos foram incubados por 1 hora na
presença de BIS I (10 nM) sendo posteriormente, lavados, centrifugados e incubados em
meio fresco na ausência (controle) e/ ou na presença das seguintes drogas: PAF 10
-6
M ,
H89 50 µM e DRB 100 µM. Os asterísticos referem-se: * significativamente diferente do
controle.
c) Efeito do DRB na diferenciação induzida por PAF em T. cruzi
Células previamente tratadas com DRB são mostradas na Figura 27. Podemos
observar que em todos os sistemas usados houve inibição da diferenciação celular, os
sistemas contendo DRB + H89 ou DRB + BIS encontramos, respectivamente, 38% e 25%
de formas tripomastigotas. Na combinação de DRB + PAF, DRB + H89 + PAF e DRB +
BIS + PAF a porcentagem de formas diferenciadas de 28%, 28% e 30%, respectivamente.
Tripomastigotas metacíclicos (%)
0
10
20
30
40
50
60
70
100
Dia 3
Controle
PAF BIS
PAF
BIS BIS
DRB
BIS
H89
PAF
BIS
DRB
PAF
*
BIS
H89
*
*
*
Tripomastigotas metacíclicos (%)
0
10
20
30
40
50
60
70
100
Dia 3
Controle
PAF BIS
PAF
BIS BIS
DRB
BIS
H89
PAF
BIS
DRB
PAF
*
BIS
H89
*
*
*
74
Figura 27. Porcentagem de formas diferenciadas (tripomastigostas metacíclicos) de T. cruzi
cultivados por 72 horas em meio TAUP. Os parasitos foram incubados por 1 hora na presença
de DRB (100 µM) sendo posteriormente, lavados, centrifugados, incubados em meio fresco na
ausência (controle) e/ ou na presença das seguintes drogas: PAF 10
-6
M , H89 50 µM e DRB 100
µM. Os asterísticos referem-se: * significativamente diferente do controle.
Tripomastigotas metacíclicos (%)
0
10
20
30
40
50
60
70
100
Dia 3
Controle PAF DRB
PAF
DRB DRB
BIS
DRB
H89
PAF
DRB
BIS
PAF
*
DRB
H89
*
*
*
*
* *
Tripomastigotas metacíclicos (%)
0
10
20
30
40
50
60
70
100
Dia 3
Controle PAF DRB
PAF
DRB DRB
BIS
DRB
H89
PAF
DRB
BIS
PAF
*
DRB
H89
*
*
*
*
* *
75
V. Discussão
Parasitos da espécie T. cruzi atravessam muitos estágios durante seu ciclo de vida,
com diferentes morfologias e propriedades proliferativas, cada qual adaptada a um
determinado compartimento dentro de cada hospedeiro vertebrado ou invertebrado. Estes
estágios de desenvolvimento são finamente regulados por mecanismos complexos de
controle, que asseguram que seu ciclo de vida seja completado. Neste, há estágios
proliferativos para a colonização e o estabelecimento da infecção, além de estágios onde
houve paralisação do ciclo e os parasitos estão pré-adaptados à transmissão para o próximo
hospedeiro. Os tripomastigotas metacíclicos paralisados em seu ciclo dentro do intestino do
barbeiro são transmitidos a um hospedeiro mamífero, onde invadem uma grande variedade
de células e se transformam nas formas amastigotas replicantes. Estas, então, se
diferenciam em tripomastigotas, que são liberadas no sangue, invadindo novas lulas e
sendo transmitidas para o inseto vetor. No vetor, estes tripomastigotas se diferenciam em
epimastigotas no intestino médio do inseto, onde estabelecem a infecção. Os epimastigotas
migram para a glândula retal do inseto, onde se diferenciam novamente para formas
tripomastigotas metacíclicos. Todas estas modificações ocorrem às expensas de transdução
de sinais, que culminam em expressão de genes específicos, que conferirão os caracteres
morfológicos e fisiológicos de cada estágio evolutivo (Naula, Parsons & Mottram, 2005).
Entretanto, pouco se sabe sobre a sinalização intracelular envolvida em cada uma dessas
etapas.
PAF é o nome comum para 1-O-alquil-2-acetil-sn-glicero-3-fosfocolina, que é um
fosfolipídio com ações fisiológicas diversas e potentes, particularmente como mediador de
inflamão. A síntese, transporte e degradação do PAF são finamente regulados e as bases
bioquímicas desses processos foram elucidados recentemente (Prescott et al., 2000). Muitos
mediadores lipídicos são derivados de fosfolipídios, mas o PAF foi o primeiro a mostrar
funções autacóides, ou seja, de mensageiro. Todas as ões descritas do PAF são resultado
da ligação deste lipídio a seu receptor específico e não efeitos físico-químicos na membrana
citoplasmática das células alvo. A ligação do PAF a seu receptor resulta em sinalização
intracelular complexa e variada, dependendo de diversos fatores, dentre os quais o tipo
celular envolvido (Prescott et al., 2000).
76
O receptor clonado do PAF possui uma estrutura pica dos receptores ligados à
proteína G (GPCRs), com sete hélices transmembranares e provavelmente transmitem os
sinais através de Gq, Gs e Gi/o. Não foram identificados subtipos de receptores de PAF até
o momento e camundongos nocauteados para este receptor aparentemente sobrevivem
normalmente. Seus fenótipos revelaram que o receptor para o PAF desempenham papel
fundamental nas respostas inflamatórias, mas seus papéis em outras funções biológicas
ainda precisam ser melhor estudados (Ishii, Nagase & Shimizu, 2002).
Recentemente demonstramos que um receptor putativo para PAF em T. cruzi está
localizado na superfície de células epimastigotas, incluindo a região flagelar. Além disso, a
microscopia de fluorescência também revelou forte marcação para este receptor no interior
dos epimastigotas (Gomes et al., 2006). Este resultado está também ilustrado no presente
trabalho (Figura 10). De Melo e colaboradores (2004) e Araripe e colaboradores (2004)
localizaram as proteínas TcRho1 e TcRAB7 em formas epimastigotas de T. cruzi numa
região intracelular, similar a que obtivemos, e caracterizaram esta região como pertencente
ao complexo de Golgi. Embora seja preciso mais estudos para se estabelecer a localização
interna deste receptor em T. cruzi, podemos especular que esta localizão intracelular
possivelmente está relacionada com as vias de processamento ou reciclagem desta molécula
por vesículas envolvidas no transporte intracelular. É importante ressaltar que a existência
de receptores intracelulares nesses parasitos não pode ser descartada, em especial porque tal
localização tem sido reportada em células de mamíferos (Zhu et al., 2006).
Infecções virais têm sido descritas em vários protozóarios parasitos, que podem
explicar a aquisição de genes de mamíferos, incluindo aqueles que codificam para
receptores de membrana (Yu et al., 1996). Alguns receptores para ligantes de mamíferos já
foram descritos em tripanossomatídeos, como Leishmania (Wanderley et al., 2006).
Bussolino e colaboradores (1991) sugeriram que o PAF produzido por Dictyostelium
discoideum, em contraste com a maioria das células de vertebrados, não seja liberado para o
meio extracelular, havendo evidências da presença de receptores internos neste organismo,
a partir do qual há transdução de sinais intracelulares (Sordano et al., 1993).
A sinalizão intracelular induzida pela ligação do PAF ao seu receptor leva à
ativação de fatores de transcrição e expressão de genes específicos. O cálcio, o AMPc, o
IP3 e o DAG foram comprovadamente identificados como mensageiros secundários da
77
sinalização mediada por PAF. Além disso, o PAF induz a ativação de fosfolipases, como a
fosfolipase A2 citossólica (cPLA
2
), e de cinases, tais como as MAPK, PKC, fosfatidil
inositol 3-cinase (PI3K), proteína tirosina cinases e cinase de receptor de proteína G. Além
disso, a supressão da atividade de adenilato ciclase também é considerada um exemplo de
sinal intracelular induzido por PAF (Ishii, Nagase & Shimizu, 2002).
Estudos anteriores do nosso grupo demonstraram alguns efeitos desencadeados por
PAF em tripanossomadeos (Rodrigues et al., 1996; Rodrigues et al., 1999; Silva-Neto et
al., 2002). Recentemente, identificamos uma molécula semelhante a PAF em T. cruzi (Tc-
PAF), produzido em resposta ao estímulo dos parasitos com o ioforo de lcio A23187.
Tc-PAF é capaz de estimular a diferenciação celular do próprio parasito, além de aumentar
a infectividade de T. cruzi a macrófagos peritoneais de camundongo, quando estes
protozoários são pré-tratados com Tc-PAF (Gomes et al., 2006). Todos os efeitos do PAF
em tripanossomatídeos, assim como os do Tc-PAF, parecem ocorrer via receptor de
superfície, já que foram revertidos pelo antagonista de receptor de PAF (WEB 2086).
Assim como em lulas de mamíferos, em protozoários a resposta à ativação
externa por vias de sinalização envolve receptores de superfície, hidrólise de lipídios
ligados à membrana, mensageiros secundários, proteínas cinases e fosfatases (Parsons &
Ruben, 2000). O AMPc é um importante mensageiro secundário que, entre as suas várias
funções, participa da regulação do desenvolvimento de parasitos (diferencião e
proliferação celular) e muitos dos efeitos são mediados pela PKA, tanto em células de
mamíferos (Smith & Scott, 2006), quanto em protozoários da família Trypanosomatidae
(Parsons & Ruben, 2000; Naula & Seebeck, 2000; Seebeck et al., 2001).
No presente trabalho, formas epimastigotas de T. cruzi, quando incubadas em um
meio pobre, que mimetiza a urina do barbeiro (meio TAUP), em presença de PAF por 6
horas, produzem o dobro de AMPc em relão às células não tratadas (Figura 11).
Oliveira, Antunes e Melo (1984) utilizando isoproterenol, um ativador de receptores β-
adrenérgicos, sugeriram que também em T. cruzi há um balanço entre proliferão e
diferenciação, o aumento nos níveis de AMPc intracelulares inibem proliferação celular e
este aumento é mais pronunciado na fase de fase de adaptação, que antecede o crescimento
celular. Parece que AMPc induz um decréscimo da proliferão celular em T. cruzi e que
em altas concentrações de AMPc há uma inibição da síntese de DNA, RNA e proteínas.
78
Curiosamente, Krieger e colaboradores (1999) descreveram que parasitos em 6 e 24 horas
de diferenciação já possuem genes diferencialmente expressos.
Rangel-Aldao e colaboradores (1988) observaram que formas tripomastigotas
apresentam níveis de AMPc quatro vezes maior que formas epimastigotas. Embora nosso
estudo envolva somente formas epimastigotas em processo diferenciação (epimastigotas
incubados em meio TAUP, que estimula o processo de metaciclogênese), observamos que
parasitos incubados em meio TAUP por 24 horas, na presença de PAF a 10
-9
M,
apresentaram os mesmos níveis de AMPc encontrado por esses autores (Figura 12). Já na
Figura 13, demonstramos que o aumento na concentrão de AMPc está diretamente
relacionado com a ligação do PAF ao seu receptor específico, uma vez que um antagonista
específico para o receptor de PAF, WEB 2086, foi capaz de reverter totalmente o efeito
desencadeado pelo PAF.
Castro & Meirelles (1987) e Gonzáles-Perdomo, Romero & Goldenberg (1988)
estudando o papel do AMPc no processo de metaciclogênese de T. cruzi, demonstraram
que o AMPc exógeno estimula a diferenciação de T. cruzi, tanto de epimastigotas para
tripomastigotas, como de amastigotas para epimastigotas. Em D. discoideum, o tratamento
com PAF exógeno induz a produção de AMPc e GMPc, levando a oscilões espontâneas
nos níveis de AMPc, que ocorre durante a diferenciação deste organismo, de lulas
ameides a um agregado multicelular (Schaloske et al., 1995, Alvarez-Curto et al., 2007).
De forma semelhante, observamos que o dibutiril-AMPc é capaz de aumentar a
diferenciação de formas epimastigotas para formas tripomastigotas (Figura 14). Quando
comparado ao sistema controle, há um aumento correspondente a 50% de formas
tripomastigotas em presença de AMPc, logo no primeiro dia de incubação. Alguns autores
discutem que a indução da metaciclogênese depende da cinética do análogo de AMPc
usado (Gonzáles-Perdomo, Romero & Goldenberg, 1988). Isso ocorre provavelmente
devido à permeabilidade diferencial da membrana do parasito. Assim, quando esses autores
usaram um análogo que atravessa membranas biológicas com maior facilidade, o 8-bromo-
deoxiadenosina (8-Br-cAMP), um maior rendimento de formas metacíclicas foi obtido.
Sabe-se que a estrutura da adenilato ciclase em tripanossomadeos é similar a
estrutura dos receptores de guanilato ciclase encontrados em lulas de mamíferos. Este
contém um domínio extracelular de ligão ao ligante e um domínio citoplasmático para a
79
adenilato ciclase. Evidências sugerem que a ativação da adenilato ciclase em
tripanossomatídeos não envolva a proteína G (Naula & Seebeck, 2000). Alguns autores
sugerem que o domínio do receptor extracelular possa ativar diretamente os componentes
intracelulares da adenilato ciclase de T. cruzi (Naula & Seebeck, 2000). Além destas
diferenças, nossos dados sugerem que a modulação dos níveis de AMPc intracelulares
possam ser independentes da atividade de PKA. No presente trabalho, demonstramos que a
incubação dos parasitos com o inibidor de PKA, H89, ou de PAF mais H89, induz um
estímulo da diferenciação de T. cruzi. Não podemos descartar, entretanto, a possibilidade de
que a diferenciação celular de T. cruzi seja preferencialmente sinalizada através de outra
via, provavelmente com o envolvimento de PKC e CK2, como veremos a seguir. Assim,
tanto na presença, quanto na ausência de PAF, a inibição da atividade PKA parece
favorecer esta via alternativa. De maneira semelhante, Rolin e colaboradores (1996),
descreveram que em T. brucei, a atividade da adenilato ciclase pode ser estimulada através
da inibição de PKC, e isso ocorre concomitantemente com o aumento da liberação das
glicoproteínas super-variáveis de superfície celular, as VSG.
Uma outra molécula sinalizadora intracelular bastante conhecida é a PKC, que é
uma serina/treonina cinase ativada por DAG em resposta à hidrólise de fosfolipídeos de
membrana por ação da fosfolipase C, estimulada pela proteína G. A PKC de T. cruzi foi
purificada e caracterizada em 1989 e, a partir disso, muitos autores passaram a discutir sua
participão em eventos de proliferação, diferenciação e infectividade (Gomez et al., 1989).
No presente trabalho, observamos que epimastigotas de T. cruzi, incubados em meio
TAUP, na presença de um inibidor de PKC, BIS I, ou em meio contendo BIS I mais PAF,
apresentaram um número significativamente menor de formas tripomastigotas, em relação
ao sistema controle ou de parasitos tratados apenas com PAF (Figura 15). Desta maneira,
sugerimos o envolvimento da PKC em uma das vias principais de sinalização que leva à
metaciclogênese em T. cruzi. Sugerimos também que o estímulo à diferenciação celular
promovido por PAF atue também através desta via, uma vez que o BIS I reverteu
totalmente o efeito induzido por PAF. De maneira semelhante, resultados de nosso grupo
sugerem que em H. m. muscarum, a diferenciação celular estimulada por PAF ocorre
através de uma complexa via de sinalização, envolvendo fosfolipase C, PKC, CK2, tirosina
e serina/treonina fosfatases, e MAP cinases (Silva-Neto et al., 2002). Nosso grupo também
80
demonstrou que em T. cruzi, a modulação da secreção de uma fosfatase ácida está
relacionada com a ativão de PCK por PAF (Rodrigues et al., 1999). Este último resultado
sugere que a fosfatase secretada possa estar envolvida na infectividade de T. cruzi, já que o
PAF estimula o processo de metaciclogênese deste parasito (Rodrigues et al., 1996), sendo
as formas tripomastigotas as infectivas para mamíferos.
PAF também é capaz de induzir um aumento na atividade de CK2 em H. m.
muscarum. Além disso, a participação inequívoca de CK2 na diferenciação celular deste
parasito foi demonstrada no mesmo estudo (Silva-Neto et al., 2002). No presente trabalho,
inibidores de CK2 capazes de atravessar membranas celulares, TBB e DRB, foram capazes
de inibir a metaciclogênese de T. cruzi (Figura 15). Na presença destes agentes, a
diferenciação foi reduzida em 25%, em relação ao controle, logo no primeiro dia de cultivo.
De forma semelhantes aos outros sistemas, PAF teve seus efeitos revertidos na presença de
TBB e DRB. Nossos resultados estão de acordo com os descritos para H. m. muscarum,
onde foi demonstrada a redução da diferenciação celular estimulada por PAF, quando na
presença de concentrações crescentes (5-200 µM) de DRB (Silva-Netto et al., 2002).
Sabidamente, as proteases são enzimas amplamente distribuídas na natureza,
possuindo funções relevantes na adesão, penetração, nutrição, sobrevivência intracelular,
multiplicação e diferenciação celular (Cazzulo, 2002; Yao, Donelson & Wilson, 2003;
Stempin et al., 2004). A atividade de proteases durante a transformação de epimastigotas
para tripomastigotas de T. cruzi foi investigada por Bonaldo e colaboradores (1991). Três
proteases foram descritas, de 40, 52 e 65 kDa. A protease de 40 kDa parece ser a
cruzipaína (a cisteína protease mais importante em T. cruzi) e a 65kDa é uma
metaloproteases dependente de zinco, visto que sua atividade é inibida por 1-10-
fenantrolina. A protease de 52 kDa também é uma metaloprotease e está presente em todos
os estágios de desenvolvimento do parasito. No presente trabalho, também observamos
uma metaloprotease de 65 kDa e uma cisteína protease de 40 kDa (Figura 16).
No presente trabalho, sugerimos que essas proteases possam ter suas expressões
moduladas por PAF, durante o ciclo celular de T. cruzi (Figura 17). Este evento foi
demonstrado, quando parasitos foram incubados em meio TAUP, na presença de PAF.
Neste sistema, as atividades dessas proteases foram reduzidas, suas expressões foram de
40%, para a protease de 65 kDa, e em 60%, para a de 40 kDa. Entretanto, em meio LIT,
81
rico em nutrientes, PAF induz o aumento de expressão dessas enzimas em 180% (65 kDa) e
125% (40 kDa). Como em outros sistemas, o efeito desencadeado por PAF ocorre através
da sua ligação ao receptor, uma vez que WEB 2086 foi capaz de reverter estes efeitos. Em
concordância com estes dados, verificamos que as atividades proteásicas não foram
alteradas quando os géis, contendo extratos dos parasitos, foram incubadas na presença de
PAF a 10
-6
M, WEB 2086 a 10
-6
M, ou ambos (Figura 18). Estes últimos resultados
sugerem a necessidade da presença de células vivas para a ligação do PAF ao seu receptor e
que, as essa ligação, há uma ativação de uma cascata de sinalização.
Cazzulo e colaboradores (1994) estudaram o efeito de inibidores de cisteína
protease [peptidil aciloximetil cetona (AMK) e diazometil cetona (DMKs)] durante o
crescimento e diferenciação de T. cruzi. Estes autores sugeriam que AMK, em baixa
concentração, interfere muito pouco no crescimento, porém reduz a metaciclogênese. De
maneira similar, DMKs não causam efeito algum no crescimento, inibindo, porém, a
metaciclogênese. De modo comparável, no presente trabalho observamos que a
diferenciação celular de formas epimastigotas para tripomastigotas, estimulada por PAF em
T. cruzi, foi inibida na presença de inibidores de metaloprotease e de cisteína protease (Fig.
19). Curiosamente, no sistema composto por PAF mais antipaína, que é um inibidor de
cisteína protease, PAF teve seu efeito totalmente revertido.
A principal cisteína protease de T. cruzi é a cruzipaína, que está presente em
diferentes quantidades em todos os estágios de desenvolvimento dos parasitos. Muitas
funções têm sido atribuídas a essa enzima, em especial, sua relação com a metaciclogênese e
escape do sistema imune do hospedeiro pelo parasita (Cazzulo, Stoka & Turk, 2001). Alguns
autores discutem a participação da cruzipaína como moduladora da ativação de receptores
celulares para bradicinina, durante a invasão por T. cruzi (Marcic & Erdos, 2000; Scharfstein
et al., 2000). A ativão destes receptores desencadeia uma cascata de sinalizão,
envolvendo PKC, cálcio, liberação de ácido araquinico e fosfatases. De maneira similar,
os resultados apresentados no presente trabalho demonstram que a diferenciação estimulada
por PAF envolve algumas vias de sinalizão, que modulam a expressão das proteases de 65
e de 40 kDa. Na Figura 20, verificamos a expressão de proteases em resposta a incubação
com AMPc e o inibidor de PKA (H89). De modo semelhante ao que ocorre com a
diferenciação celular, parasitos incubados com AMPc ou H89 foram capazes de estimular a
82
expressão destas duas proteases. Entretanto, a combinação de PAF com estas substâncias
induziu a reversão dos efeitos isolados.
Além da participação de AMPc e PKA na modulação da expressão das proteases de
65 e de 40 kDa, observamos o possível envolvimento de PKC e de CK2 nesta modulação.
De maneira similar ao que ocorre durante a diferenciação, inibidores de PKC (BIS I) e CK2
(DRB) também foram capazes de reduzir a expressão de ambas as atividades proteolíticas
(Fig. 21). Assim, podemos sugerir a participação das proteases de 65 e de 40 kDa na
cascata de sinalização desencadeada por PAF em T. cruzi, importante para o processo de
metaciclogênese desses parasitos.
Recentemente, uma outra cisteína protease de peso molecular entre 97 e 116 kDa,
chamada de TcCPmet, foi descrita em T. cruzi, sendo expressa durante a metaciclogênese.
Esta nova protease parece ser secretada pelas formas metacíclicas, sendo inibida por E-64 e
TLCK e não é reconhecida por soro anti-cruzipaína, parecendo ter uma natureza diferente
(Duschak et al., 2006). As variões na massa molecular podem ser explicadas pela
diferença do protocolo usado, como substrato (fibrinogênio x gelatina), temperatura de
eletroforese, processamento da amostra ou a cepa de T. cruzi. Além disso, a participação de
uma serina peptidase (oligopeptidase B) também foi sugerida na ativação de sinalização
celular desencadeada durante a invasão de células de mamíferos por T. cruzi (revisto por
Yoshida, 2006). Estas proteases não foram observadas em nosso trabalho. Entretanto, como
ambas são características de formas metacíclicas e o tempo de incubão, em meio TAUP,
utilizado em nosso estudo não seria suficiente para que as formas epimastigotas se
transformassem em tripomastigotas, este resultado negativo não é surpreendente.
O sequenciamento dos genomas de três tripanossomatídeos patogênicos para o
homem, L. major, T. brucei e T. cruzi, foi recentemente completado, o que permitiu a
análise do conjunto de proteínas cinases (kinoma) de cada parasito (Parsons et al., 2005).
Tal análise revelou que cada espécie possui 179, 156 e 151 proteínas cinases de eucariotos,
respectivamente, o que representa cerca de um terço do kinoma humano. Através desta
análise, conclui-se que os tripanossomatídeos não possuem membros das famílias de
tirosina cinases citossólicas ou ligadas a receptores. Entretanto, esses parasitos apresentam
membros das famílias de proteínas cinases STE e CMGC em abundância, que parecem
estar envolvidas com a regulação do ciclo celular, diferenciação celular e resposta à
83
estresse, durante seus complexos ciclos de vida (Parsons et al., 2005; Naula, Parsons &
Mottram, 2005).
A fosforilação de proteínas constitui um importante mecanismo para a transdução
de sinais envolvidos em processos fundamentais, tais como o crescimento e a diferenciação
de protozoários parasitos, uma vez que a atividade e a expressão de diversas proteínas
cinases podem ser reguladas durante o ciclo celular desses parasitos (Parsons, Valentine &
Carter, 1993).
No presente trabalho, não identificamos mudanças qualitativas ou quantitativas
significativas na expressão de proteínas. Entretanto, várias proteínas tiveram seu perfil de
fosforilação alterado, especialmente na presença do PAF (Figuras 22 e 23).
A Figura 22 mostra os perfis de fosforilação de parasitos incubados com AMPc, H89
(inibidor de PKA) e PAF, enquanto os perfis de fosforilação de proteínas de parasitos
incubados com inibidores de PKC e de CK2 é mostrado na Figura 23.
Em T. evanis, a capacidade de fosforilar proteínas de 20 a 205 kDa foi atribuída pela
presença de CK1, CK2 e proteína cinase dependente de AMPc nesses organismos (Galan-
Caridad et al., 2004). No presente trabalho, o fato de algumas proteínas terem sido
fortemente fosforiladas em presença de inibidor de PKA, PKCe CK2 pode significar que
estas enzimas modulam negativamente alguma proteína com atividade cinásica, ou ainda que
module positivamente alguma proteína fosfatase, participando de uma intrincada rede de
transdução de sinais. Como exemplo, podemos citar a proteína fosfatase CDC25 de
humanos, que possui importante papel no ciclo celular. Esta fosfatase é substrato da CK2,
sendo positivamente modulada por sua fosforilação (Theis-Febvre et al., 2003).
A autofosforilação de algumas proteínas cinases, como a PKC, já foi descrita em
células de mamíferos (Huang et al., 1986), assim como em T. cruzi (Gómez et al., 1999). A
autofosforilação de tirosina da própria CK2 já foi detectado por Donella-Deana e
colaboradores (2001). Além da autofosforilação, a fosforilação de outras moléculas presentes
no parasito, como proteínas por ele secretadas, também pode fazer parte do complexo
sistema de sinalização deste protozoário.
Recentemente, foi descrita uma proteína transmembrana em formas tripomastigotas
de T. cruzi, chamada Tc-1. Especula-se que Tc-1 funcione como substrato para CK2. Foi
visto que esta proteína apresenta dois sítios de fosforilação para AMPc e três sítios para
84
PKC, que estão envolvidos na mobilização de cálcio durante a infecção (Augustine et al.,
2006).
Krassner e colaboradores (1993), as submeter epimastigotas de T. cruzi ao
estresse metabólico, usando o meio TAU modificado (PBS, 10 mM prolina, 10 mM acetato
de sódio, 0,035% NaHCO
3
), não detectaram mudanças na concentração de lcio
citossólico de epimastigotas. É interessante observar que os mesmos componentes que
modulam a metaciclogênese em T. cruzi, como os aminoácidos prolina e glutamato, ou o
uso de ioforos ou catecolaminas (neurotransmissores em células eucarióticas), não são
capazes de alterar os níveis lcio nestes parasitos (Krassner et al., 1993). De maneira
comparável, no presente trabalho demonstramos que parasitos incubados na presença de
PAF 10
-6
M por 6 ou 12 horas não apresentaram aumento na concentração de cálcio
intracelular (Figura 24).
Diferentemente, Bollo e colaboradores (2001) demonstraram mudança na
concentração de lcio intracelular em epimastigotas de T. cruzi incubados com nicotina.
Lammel e colaboradores (1996) verificaram um aumento nos níveis de cálcio de formas
epimastigotas, em reposta ao homogenato intestinal de Triatoma infestans, um conhecido
indutor de diferenciação celular em T. cruzi.
Do Campo e colaboradores (1991) demonstraram a participação da via do inositol
fosfato/DAG em epimastigotas de T. cruzi, estimulados por cálcio e permeabilizados com
digitonina. Entretanto, esses autores não detectaram liberão de lcio em estoques
sensíveis a IP
3
em formas amastigotas e epimastigotas (Benain et al., 1991; Moreno et al.,
1991) ou em formas procíclicas e sanguíneas de T. brucei (Moreno, Do Campo & Vercesi,
1992). Estes resultados sugerem que, diferentemente do que ocorre em outras lulas
eucarióticas, tripanossomatídeos não usam IP
3
como mensageiro secundário e que a via do
IP
3
pode funcionar como fonte de DAG para estimular PKC (Moreno, Do Campo &
Vercesi, 1992).
Krassner e colaboradores (1993), utilizando um agente ativador de PKC (TPA),
observaram um aumento na metaciclogênese em T. cruzi. Entretanto, o TPA não promoveu
alteração nos níveis de cálcio citossólico, sugerindo que possivelmente este evento ocorre
por ação da PKC, de maneira Ca
2+
-independente. No presente trabalho, sugerimos que a
ativação da diferenciação de T. cruzi promovida por PAF envolve ativação da PKC;
85
entretanto, mais estudos serão necessários para concluir se realmente não há envolvimento
de cálcio neste evento.
Muito se discute sobre o papel do cálcio do parasito na ativação de vias
sinalizadoras durante a infecção. Yoshida e colaboradores (2000), estudando as vias de
sinalização desencadeadas pela invasão de lulas de mamíferos por T. cruzi, observaram a
fosforilação de uma proteína 175 kDa (p175) e mobilizão de cálcio, quando extratos de
células HeLa foram colocados em contato com o parasito; tal fato não foi observado,
quando foram adicionadas células resistentes (K562). Estes dados sugerem a participação
de uma proteína tirosina cinase, de PLC, IP
3
e mobilização de lcio, no parasito.
A mobilização de cálcio nos parasitos, durante a invasão das lulas do hospedeiro
por T. cruzi, depende da infectividade da cepa. Cepas mais virulentas, como a CL, se ligam
à superfície das lulas do hospedeiro pela gp82, induzindo ativação da tirosina cinase,
foforilão da p175, ativação da PLC, geração de IP
3
e mobilizão de cálcio
possivelmente do RE, enquanto cepas menos virulentas (cepa G) se aderem à superfície das
células do hospedeiro pela gp35/50 e induz a geração de AMPc, por ativar a adenilato
ciclase e geração de cálcio, a partir dos acidocalcissomas (Yoshida, 2006).
Para tentar elucidar as vias de sinalização desencadeadas por PAF durante a
metaciclogênese, avaliamos a diferencião celular em resposta à combinação de inibidores
de proteínas cinases, sugerindo assim uma seência de eventos (Figuras 25-27). A partir
destes resultados, podemos sugerir que a inibição de PKA favorece à ativão de outra(s)
via(s) de sinalização, onde a PKC parece ser essencial para a metaciclogênese, uma vez que
sua inibição, ou sua inibição seguida da inibição de CK2, reduz a diferenciação. Podemos
também sugerir a participação da PKC na diferenciação de epimastigotas para
tripomastigotas de T. cruzi, estimulada por PAF. Provavelmente, a ativação da PKC estimula
a atividade da CK2, o que irá induzir o aumento da diferenciação.
Kosuge, Sawano e Ohtsuki (2003) sugeriram que CK2 é capaz de ativar a
subunidade regulatória (RIIα) da PKA in vitro, independente da presença de AMPc. White
e McHowat (2006) observaram a ativão de fosfolipase A
2
lcio- independente, por
proteases, no recrutamento de neutrófilos por lulas endoliais. Estes são exemplos onde
várias rotas diferentes de sinalização formam redes complexas de ativação.
86
Atualmente, os estudos sobre sinalização celular envolvendo tripanossomatídeos,
em sua grande maioria, abordam as vias disparadas pelas células hospedeiras de mamíferos,
em resposta à presença desses parasitos (Burleigh & Andrews, 1998). Pouco se sabe sobre a
transdução de sinais que ocorre nos parasitos, a partir de estímulos externos a ele, inclusive
durante a interação com seus hospedeiros (Parsons & Ruben, 2000). Assim, o estudo sobre
as vias de sinalizão intracelular de tripanossomadeos, em especial no que diz respeito à
participão das proteínas cinases, é de suma importância, porque as descobertas que se
seguirem a esses estudos poderá levar ao desenvolvimento de novas drogas quimioterápicas
contra esses parasitos. De fato, parasitos da espécie T. cruzi possuem um grande mero de
diferenças gênicas entre suas proteínas cinases e de mamíferos, que podem ser utilizadas
para o desenvolvimento de novas drogas quimioterápicas contra esse parasito (Naula,
Parsons & Mottram, 2005). Em adição a isso, inibidores de proteínas cinases têm gerado
grande interesse, devido ao grande sucesso de drogas como Gleevec e outros inibidores de
tirosina cinases em oncologia clínica (Li et al., 2006).
Nesta tese demonstramos as possíveis vias de sinalização disparadas por PAF
durante a transformação de formas não infectivas (formas epimastigotas) em formas
infectivas (tripomastigotas) modulando as concentrão de AMPc, fosforilação de proteínas
e a expressão de proteases. Esses resultados ajudam a elucidar o ciclo celular do T. cruzi
permitindo o auxílio no desenvolvimento de agentes terapêuticos.
87
VI. Conclusões
1. O receptor para PAF em T. cruzi foi localizado, através de imunofluoresncia, na
superfície de lulas epimastigotas, incluindo a região flagelar e também no interior do
parasito.
2. PAF 10
-6
M foi capaz de aumentar, em aproximadamente 2 vezes, os níveis de
AMPc produzidos por T. cruzi, após 6 horas de incubação em meio TAUP. Enquanto, PAF
a 10
-9
M aumentou, em cerca de 4 vezes, os níveis de AMPc em 24 horas de incubação.
3. O aumento na concentração de AMPc, induzido por PAF, parece estar diretamente
relacionado à ligação do PAF ao seu receptor específico, uma vez que WEB 2086 foi capaz
de reverter totalmente o efeito desencadeado pelo PAF.
4. AMPc exógeno e PKA tiveram suas ões moduladas por PAF durante a
diferenciação celular deste parasito. Sugerimos que a inibição de PKA favorece à ativação de
outra(s) via(s) de sinalização, onde a PKC parece ser essencial para a metaciclogênese, uma
vez que sua inibição, ou sua inibição seguida da inibição de CK2, reduziu os índices de
diferenciação de epimastigotas para tripomastigotas em T. cruzi, estimulada por PAF.
Podemos também sugerir a participão da PKC nesta diferenciação. Provavelmente, a
ativação da PKC estimula à atividade da CK2, o que irá induzir o aumento da diferencião.
5. PAF também foi capaz de modular a expressão de uma metaloprotease de 65 kDa e
de uma cisteína protease de 40 kDa, com participação de AMPc, PKA, PKC e CK2.
Sugerimos que os eventos desencadeados por PAF na expressão dessas proteases
necessitam da presença de lulas vivas e de receptor de membrana, associado a cascatas de
sinalização intracelular.
6. Inibidores de proteases de 65 e de 40 kDa reverteram o efeito desencadeado por
PAF na diferencião celular, sem alterar a viabilidade celular.
88
7. A fosforilação de diversas proteínas foi modulada por PAF, AMPc e pelos
inibidores de PKA, PKC e CK2.
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