RESUMO
Introdução: Na literatura, resultados controversos propiciaram este estudo para
investigar diferença entre idade das mães adolescentes e adultas e repercussão no
parto e condições de nascimento.
Objetivos: Descrever aspectos do perfil social da gestação e do parto da adolescente
e a da mulher adulta e associações de variáveis maternas e grupo etário com
repercussão sobre o recém nascido vivo, no que se refere à presença de anomalia
fetal, hipóxia (apgar) no primeiro e quinto minuto de vida, duração da gestação e peso.
Metodologia:Foram analisados 6.302 prontuários médicos de gestantes, de todas as
idades, internadas no período de cinco anos, de 2000 a 2004, na maternidade do
Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Espírito Santo, considerada de alto
risco. Foi utilizado o Sistema Informático Perinatal do Centro Latino-Americano de
Perinatologia e Desenvolvimento Humano (SIP-CLAP), criado e desenvolvido pela
Organização Mundial de Saúde (OMS). A análise estatística foi realizada com a
assessoria de profissional da área e em duas etapas para controlar os fatores de
confusão. Inicialmente foi realizada a análise univariada e em seguida a multivariada.
O modelo de regressão logística foi utilizado em ambas as análises para anomalias.
Foi utilizado o modelo de regressão politômica nas duas análises para as variáveis de
duração de gestação, apgar de um minuto, apgar de cinco minuto e peso. As mulheres
foram divididas em grupos I (10-14 anos); II (15-19 anos); III (20-34); IV (≥ 35 anos).
Grupo III serviu de referência para fins de comparação.
Resultados: De todos os nascimentos, 89(1,4%) foram de adolescentes de 10-14
anos (Grupo I) e 1.462 (23,2%) foram de 15-19 anos (Grupo II), 4.138 (65,7%) de
mães do 20-34 anos (Grupo III) e 613 (9,7%) de 35 anos e mais idade (Grupo IV).
Entre as 89 adolescentes de 10 a 14 anos, não havia analfabetas; 96,6% tinham de 4
a 7 anos de estudo; 46,1% viviam com um companheiro. Nesse grupo, no pré-natal
43,8% realizaram 7 ou mais consultas; não relataram ter filho vivo prévio e 98,9%
relataram não ter filho morto prévio. Também, nesse grupo 57,3% tiveram filho de
parto normal; em 89,9% deles em boas condições de vitalidade ou com Apgar de 7 a
10 no primeiro minuto de vida e 98,9% no quinto minuto; 73% foram a termo, 95,5% de
gestação de um feto, 51,7% nasceram com peso adequado e não portadores de
anomalias em 100%. Entre as 1.462 adolescentes de 15 a 19 anos (grupo II) 18
(1,2%) eram analfabetas; 41,7% tinham de 4 a 7 anos de estudo; 61,9% viviam com
um companheiro. No pré-natal 45,1% realizaram 7 ou mais consultas; 79% relataram
ter filho vivo prévio e 99,3% relataram não ter filho morto prévio. Quanto ao parto e
nascimento, observou-se que 65,6% delas tiveram filho de parto normal; em 88,2% em
boas condições de vitalidade ou com Apgar de 7 a 10 no primeiro minuto de vida e
97,7% no quinto minuto; 76,4% foram recém-nascidos a termo, 95,8% de gestação de
um feto, 47,3% nasceram com peso adequado e não portadores de anomalias em
98,8%. Após análise univariada e multivariada verificou-se que não houve diferença
estatisticamente significativa entre os grupos de mães adolescentes e adultas no que
se refere à anomalia, ao apgar de primeiro e quinto minutos de vida e prematuridade.
Entretanto observou-se diferença estatisticamente significativa em relação ao Grupo
materno, ao peso do recém-nascido, ao número de consultas, à cesariana e filho vivo
prévio. A chance do recém nascido ser de baixo peso quando a mãe pertencia ao
Grupo I foi de 0,76 vezes (24% menor) que a chance do recém-nascido da mãe
pertencente ao Grupo III (p=0,004). A chance do recém-nascido ser de baixo peso
quando a mãe pertencia ao Grupo II foi de 0,90 (10% menor) que a chance do recém-
nascido da mãe pertencente ao Grupo III (p<0,0001). Quanto maior o número de
consultas, a chance de um RN ter hipóxia grave e moderada com um minuto de vida
reduziu-se em 40% (p<0,0001) e 18% (p<0,0003). Aos cinco minutos de vida a hipóxia