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Universidade de São Paulo
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto
Departamento de Química
Programa de Pós-graduação em Química
Degradação Oxidativa de Contaminantes Organoclorados
Carla Regina Costa
Dissertação apresentada à Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto
da Universidade de São Paulo, como parte
das exigências para a obtenção do título de
Mestre em Ciências, Área: Química
Orientadora: Profa. Dra. Yassuko Iamamoto
Ribeirão Preto – SP
2005
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Degradação Oxidativa de Contaminantes Organoclorados
ii
Aos meus pais, Marta e José
Por todo amor, confiança e incentivo depositados em mim durante todos
estes anos de estudo. Obrigada por serem pais maravilhosos. Amo vocês.
Ao meu irmão Carlos
Pelas palavras de conforto nos momentos difíceis e pelas discussões que
me fizeram encarar a vida de forma diferente. Valeu, irmãozinho!
Ao meu namorado Márcio
Obrigada pelo amor, carinho, amizade e atenção. Obrigada também pelo
seu bom humor. Você foi muito importante para mim nesta etapa e com
certeza será por toda a vida. Amo muito você.
Ao Sr. Benedito, Sra. Anália, Danila, Daniela, Márcia, Léo e Paulinho
Obrigada pelo amor e pela consideração que sempre tiveram comigo.
Obrigada por tudo. Adoro vocês.
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Degradação Oxidativa de Contaminantes Organoclorados
iii
Agradecimentos
A Deus pela saúde e disposição, essenciais para a realização deste
trabalho.
À Profa. Yassuko Iamamoto pela confiança e amizade. Por ter me
possibilitado amadurecer não só no campo da pesquisa, mas também na
docência através da atuação como monitora/estagiária na disciplina
“Química Analítica Qualitativa”.
À Profa. Maria Lúcia Arruda de Moura Campos pela amizade e
colaboração neste projeto.
À Profa. Raquel Fernandes Pupo Nogueira por possibilitar as análises
de COT e pelas discussões. Graças a você pude aprender muito sobre
POAs.
Ao Prof. Paulo Olivi e à Profa. Adalgisa Rodrigues de Andrade, por
possibilitar as análises de COT.
À Profa. Maria Eugênia Queiroz Nassur, por possibilitar as análises de
HPLC e pelas discussões.
Ao Prof. Luiz Alberto Beraldo de Moraes pelas análises de
espectrometria de massas e discussões.
Ao Prof. Otaciro R. Nascimento, pelas análises de RPE e discussões.
Aos amigos Patrícia Riul Martins, Daniela Gonçalves de Abreu e
Valdir Roberto Balbo pela amizade, palavras de incentivo nas horas difíceis
e pelas discussões que tanto contribuíram para meu amadurecimento
profissional e pessoal. Vocês são amigos de verdade com quem eu posso
contar sempre.
Ao Marcos Vidal pela amizade e carinho e pelos bons momentos que
passamos juntos.
À Heide pela amizade e por ter me auxiliado na parte experimental,
na última etapa do projeto. Valeu!
Aos colegas do Laboratório de Bioinorgânica e Terras Raras: Carlos
Christiane, Emmanuel, Fábio, Janaína (Mirim), Luciana, Maria Elisa, Maria
Sílvia, Rebeca, Tatiana, Ana Maria, Ana Paula, Anderson, Cinara, Cláudio,
Fernanda, Janaína Gomes, Lívia, Luciano, Miguel, Simone e Prof. Serra.
Aos colegas do Laboratório de Analítica do Prof. José Fernando:
Adriano, Fernando e Jorge, pelas conversas, reagentes e vidrarias.
A todos os alunos dos quais fui monitora nas disciplinas de
graduação. Aprendi muito com vocês e espero que tenham aprendido um
pouquinho comigo.
À FAPESP pela bolsa concedida para a realização deste trabalho.
Degradação Oxidativa de Contaminantes Organoclorados
iv
“A Química é talvez a Ciência que mais necessita de amigos. Para
fazê-los, tê-los e mantê-los basta a humildade de perceber que você
nunca vai conseguir saber tudo de Química e que eles sempre
poderão lhe ensinar alguma coisa”.
Flávio Leite
Degradação Oxidativa de Contaminantes Organoclorados
v
Sumário
I - Introdução................................................................................1
I.1 – Aspectos Gerais ............................................................................2
I.2 – Processos Oxidativos Avançados ................................................. 4
I.2.1 – Fotólise do H
2
O
2
(H
2
O
2
/UV)................................................................ 7
I.3 – Catálise Bioinspirada ................................................................... 10
I.4 – Compostos Organoclorados ........................................................ 19
II - Objetivos...............................................................................27
III – Procedimento Experimental ..............................................30
III.1 – Reagentes e solventes ..............................................................31
III.2 – Equipamentos e Dispositivos Utilizados.................................... 32
III.3 – Estudo do comportamento do p-cloranil em meio aquoso ........ 34
III.3.1 – Reação do p-cloranil com NaOH em meio aquoso......................... 34
III.3.2 – Estudo espectrofotométrico do produto originado da hidrólise básica
do p-cloranil em diferentes concentrações de NaOH..................... 34
III.3.3 – Separação dos produtos da hidrólise básica do p-cloranil por CLAE
....................................................................................................... 35
III.4 – Estudo do comportamento da DDQ em meio aquoso...............36
III.4.1 – Reação da DDQ com NaOH em meio aquoso................................ 36
III.4.2 – Estudo espectrométrico da solução aquosa de DDQ na presença e
ausência de NaOH ......................................................................... 36
III.5 – Estudos de fotodegradação utilizando H
2
O
2
/UV .......................37
III.5.1 – Reator: geometria e espectro de emissão da lâmpada utilizada como
fonte de radiação............................................................................ 37
III.5.2 – Fotodegradação de DDQ em meio básico utilizando H
2
O
2
/UV....... 38
III.5.3 – Fotodegradação do p-cloranil em meio básico utilizando H
2
O
2
/UV 40
III.5.4 – Modificação do reator e fotodegradação do ácido cloranílico em meio
aquoso utilizando H
2
O
2
/UV............................................................. 40
III.6 – Estudos utilizando Fe
III
PcS e H
2
O
2
............................................42
Degradação Oxidativa de Contaminantes Organoclorados
vi
III.6.1 – Degradação dos produtos da hidrólise básica do p-cloranil utilizando
Fe
III
PcS e H
2
O
2
em meio homogêneo (pH 7)................................. 42
III.6.2 – Estudo do comportamento químico da Fe
III
PcS na presença de H
2
O
2
em função do pH............................................................................ 43
III.6.3 – Degradação dos produtos da hidrólise básica do p-cloranil
empregando Fe
III
PcS e H
2
O
2
em pH básico................................... 44
III.6.4 – Degradação do ácido cloranílico e do produto obtido a partir da DDQ
em meio aquoso utilizando Fe
III
PcS e H
2
O
2
em meio homogêneo.45
III.6.5 – Imobilização da Fe
III
PcS em sílica funcionalizada com grupos N-
trimetoxissililpropil-N,N,N-trimetilamônio (SiN
+
).............................. 47
III.6.6 – Degradação da DDQ utilizando Fe
III
PcS imobilizada e H
2
O
2
.......... 48
III.6.7 – Degradação do ácido cloranílico utilizando Fe
III
PcS imobilizada e
H
2
O
2
............................................................................................... 50
IV – Resultados e Discussão....................................................51
IV.1 – Comportamento do p-cloranil em meio aquoso ........................52
IV.2 – Comportamento da DDQ em meio aquoso............................... 56
IV.3 – Fotodegradação da DDQ e do p-cloranil...................................61
IV.4 – Degradação de DDQ hidrolisada e ácido cloranílico utilizando
Fe
III
PcS e H
2
O
2
........................................................................74
IV.4.1 Comportamento químico da Fe
III
PcS na presença de H
2
O
2
em
função do pH.................................................................................. 74
IV.4.2 – Degradação dos produtos da hidrólise básica do p-cloranil
empregando Fe
III
PcS e H
2
O
2
em pH básico................................... 79
IV.4.3 – Degradação do ácido cloranílico e do produto obtido a partir da DDQ
em meio aquoso utilizando Fe
III
PcS e H
2
O
2
em meio homogêneo.82
IV.4.4 – Imobilização da Fe
III
PcS em sílica funcionalizada com grupos N-
trimetoxissililpropil-N,N,N-trimetilamônio (SiN
+
).............................. 85
IV.4.5 – Degradação da DDQ hidrolisada utilizando Fe
III
PcS imobilizada e
H
2
O
2
............................................................................................... 87
IV.4.6 – Degradação do ácido cloranílico utilizando Fe
III
PcS imobilizada e
H
2
O
2
............................................................................................... 95
V – Considerações Finais .........................................................99
VI – Referências Bibliográficas ..............................................102
Degradação Oxidativa de Contaminantes Organoclorados
vii
Lista de Figuras
Figura 1: Ferro-protoporfirina IX (grupo prostético heme)............................ 12
Figura 2: Fe(IV)-oxo radical π cátion da protoporfirina IX............................. 13
Figura 3: Ciclo catalítico do citocromo P-450. RH: substrato, ROH: substrato
oxidado; OX: oxidante; X: forma reduzida do oxidante [Meunier
(2000); Davydov (2001)]. ............................................................. 14
Figura 4: Possíveis rotas de reação na ativação do H
2
O
2
por
metaloporfirinas: (A) clivagem homolítica, (B) clivagem
heterolítica e (C) dismutação do H
2
O
2
[Meunier (1992)]......... 16
Figura 5: Estrutura da Fe
III
PcS..................................................................... 18
Figura 6: Estruturas: (a) DDQ e (b) p-cloranil. ............................................. 20
Figura 7: Estrutura química de agentes bloqueadores β-adrenérgicos
[Salem (2002)]........................................................................... 21
Figura 8: Mecanismos propostos para a formação de complexos de
transferência de carga nas reações de drogas bloqueadoras
β-adrenérgicas com DDQ e p-cloranil [Salem (2002)]............... 22
Figura 9: Esquema do reator construído artesanalmente e utilizado nos
estudos de fotodegradação. São mostrados apenas 2 tubos de
quartzo, mas há espaço para 5 tubos [Campos et al. (2001)]... 38
Figura 10: Reator de fotodegradação modificado........................................ 42
Figura 11: Espectro de massas do sólido 1b obtido a partir do p-cloranil.... 52
Figura 12: Espectros das soluções preparadas a partir do p-cloranil em meio
básico........................................................................................ 54
Figura 13: Compostos originados da hidrólise básica do p-cloranil e seus
respectivos tempos de retenção. .............................................. 55
Figura 14: Espectro de massas do sólido 2b obtido a partir da DDQ. ......... 57
Figura 15: Estrutura da 2,3-dicloro-5,6-diciano-1,4-hidroquinona................ 57
Figura 16: Espectros dos produtos obtidos a partir da DDQ em água pura e
em meio aquoso básico. ........................................................... 58
Figura 17: Espectros da solução de DDQ 0,5 mmol L
-1
registrados para se
avaliar a estabilidade do composto em água. ........................... 59
Degradação Oxidativa de Contaminantes Organoclorados
viii
Figura 18: Espectro de massas da solução aquosa de DDQ 0,5 mmol L
-1
.. 60
Figura 19: Espectro de emissão da lâmpada de vapor de mercúrio de alta
pressão (125W)......................................................................... 62
Figura 20: Efeito da concentração de H
2
O
2
e do uso de TiO
2
na
fotodegradação de solução 100 ppm de C de DDQ em meio
básico. .................................................................................... 63
Figura 21: Espectros UV/Vis da solução 100 ppm de C de DDQ em meio
básico em função do tempo de irradiação quando foram
utilizados 60 mmol L
-1
de H
2
O
2
. ................................................ 65
Figura 22: Percentagem de H
2
O
2
.em função do tempo de fotodegradação de
solução 100 ppm de C de DDQ em meio básico. ..................... 66
Figura 23: Efeito da concentração de H
2
O
2
na fotodegradação de solução
100 ppm de C preparada a partir do p-cloranil em meio
básico........................................................................................ 69
Figura 24: Espectros UV/Vis da solução 100 ppm de C preparada a partir do
p-cloranil em meio básico em função do tempo de irradiação,
utilizando 60 mmol.L
-1
de H
2
O
2
. ................................................ 71
Figura 25: Espectros da Fe
III
PcS em diferentes pHs. Principais bandas:
pH 1, 334, 646 e 680 nm; pH 3, 332, 640 e 680 nm; pH 5, 328 e
630 nm; pH 7, 328 e 630 nm; pH 13, 328 e 630 nm. ................ 74
Figura 26: Espectros da Fe
III
PcS na presença de H
2
O
2
na razão molar 1:300
nos meios: (A) solução HCl 0,1 mol L
-1
; (B) solução HCl
1 x 10
-3
mol L
-1
; (C) solução HCl 1 x 10
-5
mol L
-1
; (D) água
desionizada e (E) solução NaOH 0,1 mol L
-1
. O espectro
correspondente ao tempo 0 foi registrado antes da adição de
H
2
O
2
. ......................................................................................... 76
Figura 27: Etapas propostas para a oxidação de MPcS por H
2
O
2
e KHSO
5
[Alessandro et al. (2003)]. ......................................................... 78
Figura 28: Espectros da solução 20 µmol L
-1
de Fe
III
PcS em meio de HCl
0,1 mol L
-1
, em função do tempo na ausência de H
2
O
2
. ........... 79
Figura 29: Espectros do sistema Fe
III
PcS/H
2
O
2
/substratos provenientes da
hidrólise do p-cloranil em pH 13, nas condições: (A) 2,0 mmol L
-1
de substratos, 40 µmol L
-1
de Fe
III
PcS e 12 mmol L
-1
de H
2
O
2
(razão molar cat.:oxi.:sub. igual a 1:300: 50) e; (B) 2,0 mmol L
-1
de substratos, 20 µmol L
-1
de Fe
III
PcS e 12 mmol L
-1
de H
2
O
2
(razão molar cat.: oxi.:sub. Igual a 1:600:100). ......................... 80
Figura 30: Mecanismo proposto para a formação da espécie ativa a partir da
forma dimérica da Fe
III
PcS e H
2
O
2
[ Sorokin et al. (2002)]........ 82
Degradação Oxidativa de Contaminantes Organoclorados
ix
Figura 31: Espectros do sistema Fe
III
PcS/H
2
O
2
/ácido cloranílico em função
do tempo, na condição 1,0 mmol L
-1
de ácido cloranílico,
20 µmol L
-1
de Fe
III
PcS e 6,0 mmol L
-1
de H
2
O
2
(razão molar
cat.: oxi.:sub. Igual a 1:300: 50). ............................................... 83
Figura 32: Espectros do sistema Fe
III
PcS/H
2
O
2
/DDQ hidrolisada em função
do tempo, na condição 0,5 mmol L
-1
de DDQ, 10 µmol L
-1
de
Fe
III
PcS e 3,0 mmol L
-1
de H
2
O
2
(razão molar cat.: oxi.:sub. igual
a 1:300: 50)............................................................................... 84
Figura 33: Mecanismo proposto para a formação da espécie ativa a partir da
forma monomérica da Fe
III
PcS e H
2
O
2
em meio ácido. ............ 85
Figura 34: Representação esquemática da Fe
III
PcS suportada em sílica gel
funcionalizada com grupos SiN
+
(SiN
+
SPcFe
III
). ....................... 86
Figura 35: Espectros de: (A) UV/Vis da suspensão de SiN
+
SPcFe
III
em CCl
4
e (B) RPE da SiN
+
SPcFe
III
, T = 4,5 K, 3 min de varredura........ 87
Figura 36: Espectros obtidos em função do tempo durante a degradação de
DDQ hidrolisada utilizando SiN
+
SPcFe
III
e H
2
O
2
, nas razões
molares cat.:oxi.sub.: (A) 1:100:50; (B) 1:300:50; (C) 1:500:50;
(D) 1:700:50; (E) 1:1000:50....................................................... 89
Figura 37: Espectros obtidos em função do tempo de reação de DDQ
hidrolisada com H
2
O
2
na ausência de catalisador..................... 90
Figura 38: Espectros de: (A) UV/Vis da suspensão de SiN
+
SPcFe
III
em CCl
4
antes da catálise e depois de 24 h de reação de oxidação da
DDQ hidrolisada com H
2
O
2
na condição 1:500:50; (B) RPE da
SiN
+
SPcFe
III
após 24 h de reação, T = 4,5 K, 3 min de varredura.
.................................................................................................. 92
Figura 39: Espectro de massas do resíduo obtido após 24 h de reação da
DDQ 0,5 mmol L
-1
utilizando Fe
III
PcS e H
2
O
2
............................ 94
Figura 40: Espectros obtidos em função do tempo durante a degradação do
ácido cloranílico em água utilizando SiN
+
SPcFe
III
/H
2
O
2
, nas
razões molares cat.:oxi.:sub.: (A) 1:100:50 e (B) 1:500:50. ...... 95
Figura 41: Mecanismos de oxidação propostos para a DDQ hidrolisada e
ácido cloranílico: (1) epoxidação das duplas ligações e
(2) N-oxidação.......................................................................... 97
Degradação Oxidativa de Contaminantes Organoclorados
x
Lista de Tabelas
Tabela I: Potenciais de redução padrão de alguns oxidantes em meio
ácido ........................................................................................... 5
Tabela II: Valores de COT (%) obtidos em função do tempo de irradiação de
solução 100 ppm de C de DDQ em meio aquoso básico ............ 64
Tabela III: Valores de COT (%) obtidos em função do tempo de irradiação de
solução 100 ppm de C preparada a partir do p-cloranil em meio
aquoso básico.............................................................................. 70
Tabela IV: Valores de COT obtidos em função do tempo de fotodegradação
para uma solução 100 ppm de C de ácido cloranílico............... 72
Tabela V: Valores de absorbância obtidos em função do tempo de
degradação de DDQ hidrolisada utilizando SiN
+
SPcFe
III
e H
2
O
2
....................................................................................... 90
Tabela VI: Valores de absorbância obtidos em função do tempo de
degradação do ácido cloranílico utilizando SiN
+
SPcFe
III
e H
2
O
2
....................................................................................... 96
Degradação Oxidativa de Contaminantes Organoclorados
xi
Lista de Abreviaturas e Siglas
cat.:oxi.: razão molar catalisador:oxidante
cat.:oxi.:sub.: razão molar catalisador:oxidante:substrato
CG/EM: Cromatografia Gasosa acoplada à Espectrometria de Massas
CLAE: Cromatografia Líquida de Alta Eficiência
COT: Carbono Orgânico Total
COT
M
: Média entre medidas de Carbono Orgânico Total
DCQ: 2,6-dicloro-1,4-benzoquinona
DDQ: 2,3-dicloro-5,6-diciano-p-benzoquinona
Fe
III
OOH: espécie catalítica ferro-hidroperoxo
Fe
IV
=O: espécie catalítica ferro-oxo de alta valência
Fe
III
PcS: ferro(III)-tetrassulfoftalocianina
+.
PFe
IV
=O: complexo radical ferril porfirina π cátion
+.
PcFe
IV
=O: complexo radical ferril ftalocianina π cátion
PcFe
V
=O: outra forma de representar a espécie
+.
PcFe
IV
=O
p-Cloranil: 2,3,5,6-tetracloro-p-benzoquinona
POA: Processo Oxidativo Avançado
ppm: parte por milhão (1 ppm = 1 mg L
-1
)
ppm de C: 1 mg de carbono / L
RPE: Ressonância Paramagnética Eletrônica
rpm: rotações por minuto
SiN
+
: Sílica funcionalizada com grupos N-trimetoxissililpropil-N,N,N-
trimetilamônio
SiN
+
SPcFe
III
: FeIIIPcS suportada em sílica gel funcionalizada com grupos
SiN
+
TCP: 2,4,6-triclorofenol
UV/Vis: ultra-violeta / visível
Degradação Oxidativa de Contaminantes Organoclorados
xii
Resumo
A contaminação do meio ambiente por compostos organoclorados
persistentes constitui um problema da sociedade moderna. A geração de
resíduos nos laboratórios de ensino e pesquisa também é preocupante.
Reagentes como 2,3-dicloro-5,6-diciano-p-benzoquinona (DDQ) e
2,3,5,6-tetracloro-p-benzoquinona (p-cloranil) são bastante utilizados em
síntese orgânica, principalmente na síntese de porfirinas onde são
empregados em excesso. Essa é uma atividade rotineira no Laboratório de
Bioinorgânica onde este trabalho foi desenvolvido, o que tornou necessário o
estudo de métodos para o tratamento de resíduos que contenham estes
compostos como constituintes principais. Além disso, estes compostos
podem ser úteis como moléculas modelo nos estudos de degradação de
organoclorados em meio aquoso.
Neste trabalho foram estudados dois métodos de degradação para a
DDQ e o p-cloranil em meio aquoso: (1) Processo Oxidativo Avançado que
utiliza H
2
O
2
e radiação UV e (2) Processo bioinspirado que utilizada
ferro(III)tetrassulfoftalocianina (Fe
III
PcS) como catalisador e H
2
O
2
como
oxidante. Nesse último, Fe
III
PcS foi utilizada em meio homogêneo e
suportada em sílica funcionalizada com grupos N-trimetoxissililpropil-N,N,N-
trimetilamônio.
No processo que utiliza H
2
O
2
/UV foi utilizado um reator em batelada
que possui como fonte de radiação uma lâmpada de vapor de Hg de alta
pressão sem o bulbo. Esse processo mostrou-se bastante eficiente na
fotodegradação da DDQ e do p-cloranil em meio básico, possibilitando
Degradação Oxidativa de Contaminantes Organoclorados
xiii
atingir baixos valores de Carbono Orgânico Total (COT). Para uma solução
100 ppm de C preparada a partir da DDQ, foram obtidos 1,6% de COT em
2 h de irradiação, quando foram utilizados 60 mmol L
-1
de H
2
O
2
. Nessa
mesma condição foram obtidos 4,4% de COT em 4 h de irradiação da
solução 100 ppm de C preparada a partir do p-cloranil. Ácido cloranílico
(solução ácida), principal produto da hidrólise básica do p-cloranil, também
foi submetido à fotodegradação utilizando 60 mmol L
-1
de H
2
O
2
. Partindo-se
de uma solução 100 ppm de C de ácido cloranílico obteve-se 0,7% de COT
em 1 h de irradiação.
O sistema Fe
III
PcS/H
2
O
2
possibilitou, em pH ácido, a degradação do
produto originado da hidrólise da DDQ (2-ciano-5,6-dicloro-3-hidroxi-1,4-
benzoquinona) e do ácido cloranílico em meio aquoso homogêneo. No
entanto, ocorreu degradação do catalisador nesse sistema. Isso não ocorreu
quando foi utilizado o catalisador suportado. O ácido cloranílico mostrou-se
mais resistente à degradação do que a DDQ hidrolisada. Na degradação
dessa última, a melhor taxa de conversão foi obtida utilizando a razão molar
catalisador:oxidante:substrato igual a 1:500:50, condição na qual a taxa de
conversão de substrato foi 79% em 2 h de reação. Nessa condição
observou-se, por espectrofotometria UV/Vis, uma degradação mais
acentuada do anel quinônico.
Este trabalho também apresenta alguns experimentos realizados com
o objetivo de melhor compreender o comportamento químico da DDQ,
p-cloranil e Fe
III
PcS em solução aquosa.
Degradação Oxidativa de Contaminantes Organoclorados
xiv
Abstract
The environmental contamination by persistent organochloride
compounds is a problem of modern society. The production of chemical
wastes in the teaching and research laboratories is also worrying.
Reagents like 2,3-dichloro-5,6-dicyano-p-benzoquinone (DDQ) and
2,3,5,6-tetrachloro-p-benzoquinone (p-chloranil) are frequently used in
organic synthesis, mainly in the synthesis of porphyrins where these
reagents are employed in excess. This kind of synthesis is frequently
performed in the Bioinorganic Laboratory, where this research was
developed, and therefore the main objective of this work was to study
possible methods to treat chemical wastes containing such compounds as
main constituents. Moreover, these compounds can be useful as model
molecules in the study of organochlorides degradation in aqueous media.
In this work, two degradation methods for DDQ and p-cloranil in
aqueous solution were studied: (1) advanced oxidation process using H
2
O
2
and UV radiation and (2) bioinspired process using
iron(III)tetrasulfophthalocyanine (Fe
III
PcS) as the catalyst and H
2
O
2
as the
oxidant. Fe
III
PcS was used in a homogeneous system and was supported in
functionalized silica containing N-trimetoxisililpropil-N,N,N-trimethylamonium
groups.
A batch reactor equipped with high-pressure Hg vapor lamp with the
bulb removed, as the radiation source, was used in the advanced oxidation
processes. These processes revealed to be quite efficient for the
photodegradation of DDQ and p-chloranil in alkaline solution, reaching low
Degradação Oxidativa de Contaminantes Organoclorados
xv
values of Total Organic Carbon (TOC). For a solution containing 100 ppm of
C prepared from DDQ and 60 mmol L
-1
of H
2
O
2
, after 2 hours of irradiation,
the TOC went down to 1.6%. Under the same conditions, it was obtained
4.4% of TOC after 4 hours of irradiation of the solution of 100 ppm of C
prepared from p-chloranil. Chloranilic acid (acid solution), the main product
obtained from alkaline hydrolysis of p-chloranil, was also submitted to
photodegradation using 60 mmol L
-1
of H
2
O
2
. From a solution of 100 ppm of
C of chloranilic acid, 0.7% of TOC was obtained after 1 hour of irradiation.
The Fe
III
PcS/H
2
O
2
system, in acid pH, made possible the degradation
of the resulting product of DDQ hydrolysis (2-cyano-5,6-dichloro-3-hydroxy-
1,4-benzoquinone) and of chloranilic acid in a aqueous homogeneous
solution. However, the degradation of the catalyst occurred in that system.
That did not happen when the supported catalyst was used. Chloranilic acid
revealed to be more resistant to degradation than hidrolysed DDQ. For the
degradation of that one, the best conversion ratio was obtained using the
molar ratio catalyst:oxidant:substratum of 1:500:50, condition under which
the substratum conversion ratio was 79% after 2 hours of reaction. Under
that condition was observed, for UV/Vis spectrophotometry, a more
prominent degradation of the quinonic ring.
This work also presents some experiments aiming to better
understand the DDQ, p-chloranil and Fe
III
PcS chemical behavior in aqueous
solution.
I - Introdução
Introdução
2
I - Introdução
I.1 – Aspectos Gerais
O grande crescimento da atividade industrial, ocorrido nas últimas
décadas, tem levado à produção de uma grande quantidade de produtos
sintéticos, muitos desses com alto potencial tóxico, que podem atingir
sistemas hídricos, atmosféricos e solos. As instituições de ensino e pesquisa
também geram resíduos constituídos por uma diversidade de substâncias.
Devido aos riscos iminentes à saúde humana e a uma maior conscientização
da necessidade de conservação dos recursos naturais, novas normas e
legislações cada vez mais restritas têm sido adotadas como forma de
minimizar o impacto ambiental causado pela descarga de efluentes. Diante
desta situação existem duas alternativas: (1) adaptar e/ou otimizar
processos de produção, visando reduzir ao máximo a geração de efluentes
químicos; (2) desenvolver e utilizar novos processos de tratamento de
resíduos [Nogueira & Guimarães (1998)]. Embora a primeira alternativa seja
mais viável por ser adequada a longo prazo, ela exige um processo lento de
adaptação, o que obriga a utilização de métodos de tratamento de resíduos
que levem, quando possível, à degradação dos compostos contaminantes
para posterior descarte, ou pelo menos à inertização para estocagem
segura.
A contaminação do meio ambiente por compostos organoclorados
tem despertado a preocupação de órgãos governamentais e de grupos
ambientais. Nas décadas passadas, muitos dos esforços dessas entidades
Introdução
3
foram no sentido de documentar essa contaminação e regulamentar o uso
destes compostos, impedindo que suas concentrações atingissem níveis
perigosos, principalmente em nossa dieta alimentar [Baird (1999)].
Aromáticos clorados, tais como os clorofenóis, são contaminantes
bastante persistentes no meio ambiente. Entre os clorofenóis, 2-clorofenol,
2,4-diclorofenol, 2,4,6-triclorofenol e pentaclorofenol têm sido listados como
poluentes prioritários pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados
Unidos. Esses compostos são frequentemente utilizados na produção de
pesticidas, herbicidas e preservativos de madeira. Eles podem também ser
gerados como subprodutos em operações industriais, como por exemplo nos
processos de branqueamento da polpa de papel e de desinfecção de águas
com cloro [Yang & Dionysiou (2004)].
Entre os processos de tratamento de resíduos comumente utilizados
industrialmente estão a incineração e o tratamento biológico . Embora esses
processos sejam bastante eficientes no que diz respeito à destruição de
compostos com alto potencial tóxico, apresentam algumas limitações que
cabem ser destacadas.
A incineração necessita de elevadas temperaturas (superiores a
800
o
C), o que encarece o processo. Além disso, uma oxidação incompleta
pode levar à formação de traços de dioxinas e furanos, compostos que
possuem elevado potencial tóxico [Nogueira & Jardim (1998);
Freire et al. (2000)].
O tratamento biológico é o mais utilizado para a oxidação de
contaminantes orgânicos devido ao baixo custo e à possibilidade de tratar
Introdução
4
grandes volumes de efluentes. Entretanto, a capacidade de certos
microorganismos para degradar alguns compostos orgânicos é limitada.
Variações de pH, do tipo, da estrutura e concentração do contaminante e, da
composição do meio, podem atrapalhar o funcionamento de um sistema
biológico estabelecido, inibindo ou paralisando o metabolismo do
microorganismo. Além disso, este processo requer um tempo longo para que
o efluente atinja os padrões exigidos [Bertazoli & Pelegrini (2002)].
Devido às limitações relacionadas aos dois processos apresentados
anteriormente, outros processos de tratamento de efluentes e oxidação de
contaminantes orgânicos vêm sendo estudados e estão atraindo o interesse
da comunidade científica.
I.2 – Processos Oxidativos Avançados
Os chamados Processos Oxidativos Avançados (POAs) são capazes
de oxidar compostos orgânicos complexos a moléculas mais simples, mais
facilmente biodegradáveis, podendo inclusive resultar na total
mineralização da matéria orgânica, formando dióxido de carbono e água.
Esses processos são baseados na geração de radical hidroxila (HO
.
),
espécie altamente oxidante e não seletiva. Devido ao seu alto potencial de
redução (Tabela I), esse radical é capaz de oxidar quase todos os
compostos orgânicos a CO
2
e água, com constantes de velocidades da
ordem de 10
6
10
9
L mol
-1
s
-1
, exceto alguns compostos orgânicos mais
simples, tais como ácido acético, ácido maleico, ácido oxálico, acetona e
derivados clorados como clorofórmio [Nogueira & Guimarães (1998);
Andreozzi et al. (1999); Pera-Titus et al. (2004)].
Introdução
5
Tabela I: Potenciais de redução padrão de alguns oxidantes em meio ácido
Oxidante
Potencial de Redução Padrão
(V vs. ENH)
Flúor (F
2
) 3,03
Radical hidroxila (HO
.
)
2,80
Ozônio (O
3
) 2,07
Peróxido de hidrogênio (H
2
O
2
) 1,77
Permanganato de potássio (KMnO
4
) 1,67
Ácido hipobromoso (HBrO) 1,59
Dióxido de Cloro (ClO
2
) 1,50
Ácido Hipocloroso (HClO) 1,49
Cloro (Cl
2
) 1,36
Bromo (Br
2
) 1,09
Iodo (I
2
) 0,54
A versatilidade destes processos é acentuada pelo fato de que é
possível gerar o radical hidroxila por diferentes meios. Os POAs dividem-se
em sistemas homogêneos e heterogêneos onde o radical hidroxila é gerado
na presença ou ausência de radiação ultravioleta. Entre esses podemos citar
os processos que envolvem a utilização de ozônio e peróxido de hidrogênio;
a reação de Fenton ou foto-Fenton, que utiliza Fe(II) e H
2
O
2
e, a fotocatálise
heterogênea que utiliza semicondutores como o TiO
2
[Nogueira & Jardim
(1998)].
As reações envolvendo radical hidroxila podem ocorrer por três
mecanismos: abstração de hidrogênio, adição eletrofílica e transferência de
elétrons [Legrini et al. (1993)].
Os radicais gerados pela fotólise do H
2
O
2
reagem com os compostos
orgânicos RH, primeiramente pela abstração de hidrogênio, para produzir
Introdução
6
um radical orgânico R
.
. Esse radical reage rapidamente com o oxigênio
molecular dissolvido para formar o radical orgânico peroxil RO
2
.
(eq. 1 e 2).
HO
.
+ RH R
.
+ H
2
O (1)
R
.
+ O
2
RO
2
.
(2)
A adição eletrofílica de radicais hidroxilas ocorre às duplas ligações, e
leva à formação de radicais orgânicos hidroxilados como mostrado na
equação 3.
R
R
R
R
+
HO
.
R
RR
R
OH
.
(3)
Quando os dois mecanismos mencionados anteriormente são
desfavorecidos por impedimento estérico, ocorre transferência de elétrons
para os radicais hidroxilas. Estes são reduzidos a ânions hidróxidos e há
formação de um cátion radical orgânico (eq. 4).
HO
.
+ RX RX
.+
+ OH
-
(4)
Os radicais orgânicos formados pelos três mecanismos mencionados
anteriormente dão continuidade ao processo de oxidação através de reações
radicalares em cadeia.
A principal limitação dos POAs está relacionada à presença de íons
trapeadores de radicais hidroxilas no sistema reacional, como por exemplo,
íons HCO
3
-
e CO
3
2-
(eq. 5 e 6).
HO
.
+ HCO
3
-
H
2
O + CO
3
.
-
(5)
Introdução
7
HO
.
+ CO
3
2-
HO
-
+ CO
3
.
-
(6)
O radical CO
3
.
-
age predominantemente como receptor de elétrons,
oxidando muitos compostos orgânicos e inorgânicos, como fenóis , anilinas,
compostos sulfurosos, certos íons metálicos, iodeto, nitrito, sulfito e outros
[Neta et al. (1988)]. No entanto, as reações de abstração de hidrogênio das
quais este radical participa são muito lentas e seu potencial de redução é
menos positivo do que o radical hidroxila, introduzindo por esse motivo,
seletividade nas degradações [Legrini et al. (1993)].
I.2.1 – Fotólise do H
2
O
2
(H
2
O
2
/UV)
O peróxido de hidrogênio é um oxidante químico seguro, eficiente, de
fácil uso e de baixo custo, produzido por várias companhias pelo processo
de autooxidação da antraquinona, utilizado desde 1940. Duas principais
razões impulsionam o rápido crescimento da produção de H
2
O
2
, ambos
relacionados a questões ambientais: (1) a água é o subproduto do peróxido
de hidrogênio depois de uma reação de oxidação; (2) nenhum resíduo
clorado pode ser formado em métodos de branqueamento, em contraste aos
processos que empregam oxidantes contendo cloro. Por essas razões, H
2
O
2
é considerado um oxidante limpo [Meunier (1992)].
Descoberto por Thenard em 1818, o H
2
O
2
foi primeiramente usado
para reduzir odores em plantas de tratamento de resíduos aquosos e, a
partir de então, passou a ser amplamente empregado em tratamento de
efluentes aquosos. Entretanto, esse reagente não é um bom oxidante para
muitos contaminantes orgânicos e por isso é necessário que ele seja
Introdução
8
combinado com radiação UV, sais de certos metais, como por exemplo
Fe(II), ou ozônio, para produzir resultados de degradação desejáveis [Pera-
Titus et al. (2004)].
Desde a década de 60, numerosos pesquisadores têm usado H
2
O
2
combinado com radiação UV para oxidar várias substâncias orgânicas em
meio aquoso, como por exemplo benzeno, fenol, tolueno, etc. [Legrini et al.
(1993); Liao & GUROL (1995)]. O emprego de H
2
O
2
combinado com
radiação UV é caracterizado como um POA. Esse processo é baseado na
formação de radical hidroxila por meio da fotólise do H
2
O
2
e subseqüentes
reações de propagação como indicado pelas equações a seguir [Pera-Titus
et al. (2004)].
Iniciação:
H
2
O
2
+ hν 2 HO
.
(7)
H
2
O
2
H
2
O +
2
1
O
2
(8)
Propagação:
HO
.
+ H
2
O
2
HO
2
.
+ H
2
O (9)
HO
2
.
+ H
2
O
2
HO
.
+ H
2
O + O
2
(10)
HO
2
.
+ HO
2
-
HO
.
+ HO
-
+ O
2
(11)
Terminação:
HO
.
+ HO
2
.
H
2
O + O
2
(12)
HO
.
+ HO
.
H
2
O
2
(13)
Introdução
9
A maior limitação deste processo se deve ao pequeno coeficiente de
absorção molar do H
2
O
2
o qual é 18,6 L mol
-1
cm
-1
em 254 nm. Dessa forma,
nos casos em que os substratos orgânicos atuam como filtros internos,
apenas uma fração da radiação incidente contribui para a fotólise do H
2
O
2
[Andreozzi
et al. (1999); Legrini et al. (1993)].
O H
2
O
2
é um ácido fraco e possui pK
a
igual a 11,6 (eq. 14). Sua
velocidade de fotólise tem se mostrado dependente do pH, aumentando
quando condições alcalinas são usadas. Isso se deve ao maior coeficiente
de absorção molar do ânion peróxido, HO
2
-
(eq. 15), o qual é
240 L mol
-1
cm
-1
em 254 nm, cerca de doze vezes maior que a do peróxido
de hidrogênio [Legrini
et al. (1993)].
H
2
O
2
HO
2
-
+ H
+
(14)
HO
2
-
+ hν HO
.
+ O
.
-
(15)
A utilização de altas concentrações de H
2
O
2
favorece a formação de
radicais hidroperoxilas, HO
2
.
(eq 16) os quais são muito menos reativos e
aparentemente não contribuem para a degradação oxidativa de substratos
orgânicos [Legrini
et al. (1993)].
H
2
O
2
+ HO
.
H
2
O + HO
2
.
(16)
O uso de H
2
O
2
como oxidante apresenta numerosas vantagens em
relação a outros métodos de oxidação química e fotoquímica. Dentre elas
podem ser destacadas: ser um oxidante comercialmente disponível, possuir
estabilidade térmica e poder ser facilmente estocado, ser altamente solúvel
em água, não apresentar problemas de transferência de massa associados
Introdução
10
a gases e o procedimento operacional no qual ele é empregado ser simples
[Legrini
et al. (1993)].
I.3 – Catálise Bioinspirada
Muitos complexos metálicos que atuam como catalisadores são
inspirados em enzimas do tipo óxido-redutase. Essas enzimas são capazes
de ativar o oxigênio molecular (O
2
), incorporando um de seus átomos em
uma variedade de substratos biológicos e concomitantemente reduzindo o
outro átomo à água [Meunier (2000)]. A partir do conhecimento da estrutura
do sítio ativo dessas enzimas, moléculas estruturalmente similares a elas
vêm sendo desenvolvidas na tentativa de reproduzir, ou até melhorar, a sua
atividade em processos
in vitro. Esses processos são frequentemente
denominados de catálise biomimética e/ou bioinspirada.
O citocromo P-450 refere-se a uma família de heme enzimas presente
em todos os tipos de células de mamíferos, exceto nos glóbulos vermelhos
maduros e nas células musculares esqueléticas, que catalisam a oxidação
de uma grande variedade de compostos estruturalmente diferentes. A
designação de uma enzima específica como citocromo P-450 se originou de
suas propriedades espectrais, antes de suas funções catalíticas serem
conhecidas. Esse grupo de enzimas possui um espectro de absorbância
peculiar, que é obtido pela adição de um agente redutor, como o ditionito de
sódio, a uma suspensão de vesículas do retículo endoplasmático, seguido
pelo borbulhamento de gás monóxido de carbono dentro da solução. O
monóxido de carbono se liga à heme-enzima reduzida e produz um espectro
de absorbância com um pico em aproximadamente 450 nm: daí o nome
Introdução
11
P-450 para o pigmento com absorbância em 450 nm. Formas específicas do
citocromo P-450 diferem em seus comprimentos de onda de absorbância
máxima, na faixa entre 446 e 451 nm [Delvin (1997)].
As reações catalisadas pelo citocromo P-450 são referidas como
monooxigenações porque apenas um átomo de oxigênio é incorporado ao
substrato. Por esse motivo, as enzimas que realizam essas reações são
denominadas monooxigenases e desempenham papéis vitais na síntese e
degradação de muitos compostos fisiologicamente importantes e
xenobióticos [Davydov (2001)]. Exemplos de tais reações são: a hidroxilação
de compostos alífáticos (eq. 17) e de anéis aromáticos (eq. 18) , a
epoxidação de olefinas (eq. 19), a oxidação de aminas a aminóxidos
(eq. 20), oxidação de sulfetos a sulfóxidos (eq. 21) e a desalquilação
oxidativa de heteroátomos (eq. 22) [Bertini
et al. (1994)]. O citocromo P-450
também é conhecido por catalisar a transformação de certos compostos
pré-carcinogênicos a suas formas carcinogênicas. O benzantraceno, por
exemplo, presente nas fumaças de cigarro, sofre uma reação de epoxidação
catalisada pelo citocromo P-450 do fígado, resultando na forma epoxidada
carcinogênica (eq. 23) [Delvin (1997)].
CH COH
(17)
H
OH
(18)
O
(19)
Introdução
12
N
N
+
O
-
(20)
S S
O
(21)
OH
OCH
3
+
HCHO
(22)
o
Citocromo P-450
Benzantraceno 5,6-Epóxido (Carcinogênico)
(23)
As enzimas do citocromo P-450 contêm um único grupo prostético, a
ferro-protoporfirina IX (Fig. 1). O ferro dessas heme-enzimas possui estado
de oxidação II ou III e encontra-se ligado a quatro átomos de nitrogênio
pirrólicos do anel porfirínico e a dois ligantes axiais. Um desses ligantes é
um grupo sulfidrila de um resíduo de cisteína localizado próximo à
extremidade carboxi terminal da molécula de aminoácido. O outro sítio de
coordenação encontra-se inicialmente livre. É nesse sítio que a molécula de
oxigênio se liga para ser ativada [Delvin (1997)].
Figura 1: Ferro-protoporfirina IX (grupo prostético heme).
Introdução
13
Na década de 70 foi demonstrado que o citocromo P-450 é capaz de
catalisar a hidroxilação de hidrocarbonetos
in vitro, na presença de simples
doadores de oxigênio como o iodosilbenzeno e o peróxido de hidrogênio,
dando origem à espécie ferro-oxo de alta valência
+.
PFe
IV
=O (Fig. 2), uma
das responsáveis pelas oxidações [Montellano (1995); Davydov
et al.
(2001)].
Figura 2: Fe(IV)-oxo radical π cátion da protoporfirina IX.
O ciclo catalítico do citocromo P-450 é conhecido por envolver as
seguintes etapas para a ativação do oxigênio molecular e oxidação do
substrato (Fig. 3): (1) O substrato se liga à enzima no estado estacionário,
convertendo o Fe(III) baixo spin ao estado alto-spin. (2) O Fe(III) do
citocromo P-450 é reduzido a Fe(II); (3) O oxigênio molecular se liga ao
Fe(II)-heme formando o complexo dioxigênio ferroso; (4) Um segundo
elétron é transferido para esse complexo para formar o complexo
peroxoferro(III); (5) O intermediário reativo ferro-oxo é formado pela
protonação e clivagem heterolítica da ligação O-O. Concomitantemente há
formação de uma molécula de água. (6) O átomo de oxigênio é transferido
do oxo-complexo para o substrato ligado e posteriormente há dissociação do
Introdução
14
produto oxidado, completando o ciclo catalítico [Meunier (2000); Davydov
(2001)].
Figura 3: Ciclo catalítico do citocromo P-450. RH: substrato, ROH: substrato
oxidado; OX: oxidante; X: forma reduzida do oxidante
[Meunier (2000); Davydov (2001)].
Nos últimos vinte anos, muitos estudos foram realizados no sentido de
desenvolver sistemas capazes de mimetizar a atividade do citocromo P-450.
Uma diversidade de metaloporfirinas, principalmente as contendo ferro e
manganês, provaram ser capazes de catalisar reações de oxidação em
sistemas apropriados. Vários oxidantes têm sido utilizados nestes estudos,
Introdução
15
dentre os quais podemos destacar: iodosilbenzeno [Traylor et al. (1995)],
hipoclorito de sódio [Collman
et al. (1985)], peróxido de hidrogênio [Battioni
et al. (1988)], monopersulfato de potássio [Shukla, R. S. et al. (1996)],
peroxiácidos [Traylor
et al. (1984)] e outros. Quando esses oxidantes são
utilizados, o ciclo catalítico apresentado na Figura 3 é encurtado e a espécie
catalítica Fe(IV)-oxo radical
π cátion é produzida diretamente pela etapa 7.
Essa etapa é conhecida como “Desvio do Peróxido” [Meunier (2000)].
Dentre os oxidantes citados anteriormente, o peróxido de hidrogênio
apresenta a vantagem de ser um oxidante limpo e de possuir grande
potencial de aplicação em catálise bioinspirada. Esse oxidante vem sendo
freqüentemente usado nas reações de oxidação catalisadas por metais de
transição, principalmente pelo Fe(II). Nesse caso, há formação de radical
hidroxila pela clivagem homolítica do peróxido de hidrogênio. Esta é
conhecida como reação de Fenton (eq. 24) [Meunier (1992)].
Fe
2+
+ H
2
O
2
Fe
3+
+ HO
-
+ HO
.
(24)
Nas oxidações em que se utilizam metaloporfirinas e peróxido de
hidrogênio, três são os mecanismos possíveis de reação (Fig. 4):
(1) clivagem homolítica do peróxido de hidrogênio produzindo radical
hidroxila (Rota A, Fig. 4), (2) clivagem heterolítica do peróxido de hidrogênio
levando à formação da espécie metal oxo de alta valência (Rota B, Fig. 4) e,
(3) reação de uma segunda molécula de peróxido de hidrogênio com o
complexo porfirínico metal-oxo para produzir oxigênio molecular e água,
processo denominado dismutação do H
2
O
2
(Rota C, Fig. 4) [Meunier (1992)].
A dismutação do H
2
O
2
é favorecida quando altas concentrações do oxidante
Introdução
16
são utilizadas. Nestes casos H
2
O
2
é consumido e não contribui para a
oxidação do substrato [Hadash
et al. (1998)].
Figura 4: Possíveis rotas de reação na ativação do H
2
O
2
por
metaloporfirinas: (A) clivagem homolítica, (B) clivagem
heterolítica e (C) dismutação do H
2
O
2
[Meunier (1992)].
Estudos de degradação oxidativa do 2,4,6-triclorofenol (TCP)
foram realizados utilizando ferro e manganês porfirinas sulfonadas
(M
III
TPPS, TPPS = diânion da meso-tetrakis(4-sulfonato-fenil)pofirina) como
catalisadores e, H
2
O
2
ou KHSO
5
como oxidantes. Esses complexos foram
capazes de catalisar muito eficientemente a oxidação do TCP à
correspondente 2,6-dicloro-1,4-benzoquinona (DCQ), conforme indicado na
equação 25. Quando KHSO
5
foi utilizado como oxidante, altos números de
turnover foram obtidos empregando baixas razões molares
catalisador/substrato (0,1 – 0,3%). As limitações deste processo catalítico
são: a menor atividade catalítica com H
2
O
2
, o alto custo das metaloporfirinas
e a ausência de oxidação da quinona formada no processo. Por essas
razões, procurou-se um sistema catalítico capaz de degradar triclorofenóis
de acordo com o seguinte critério: um catalisador de baixo custo que
Introdução
17
permitisse atingir resultados eficientes de degradação utilizando H
2
O
2
e que
promovesse a oxidação do TCP e conseqüente clivagem do anel aromático
e que, se possível, resultasse na formação de CO
2
, como em um processo
de biomineralização [Meunier & Sorokin (1997)].
OH
ClCl
Cl
KHSO
5
FeTPPS
O
O
ClCl
TCP DCQ
(25)
Ftalocianinas possuem estruturas macrocíclicas semelhantes às das
porfirinas, mas as primeiras são mais estáveis química e termicamente, o
que as tornam mais resistentes à degradação [Grootbom & Nyokong (2002);
Sorokin
et al. (2002)]. Essas moléculas têm encontrado aplicações em
diversos campos como sensores químicos, óptica não-linear, cristais líquidos
e terapia fotodinâmica contra o câncer, em adição ao seu uso tradicional
como corante. Quando substituídas por um metal apropriado, os complexos
formados podem exibir interessantes propriedades redox com diferentes
aplicações químicas, como por exemplo a oxidação catalítica de
mercaptanas em destilarias de petróleo no processo industrial Merox
[Kirk-Othmer (1982); Ribeiro
et al. (2000); Sanches et al. (2001);
Kadish
et al. (2003)].
Ferro(III)-tetrassulfoftalocianina (Fe
III
PcS, Fig. 5) mostrou ser capaz
de catalisar a oxidação do TCP com H
2
O
2
, satisfazendo as condições
desejadas mencionadas anteriormente. O complexo Fe
III
PcS é solúvel em
água e exibe alta atividade catalítica. Sua ativação com H
2
O
2
gera espécies
Introdução
18
ativas como a ferro-oxo de alta valência (Fe
IV
=O) e a ferro-hidroperoxo
(Fe
III
OOH), capazes de oxidar TCP a produtos como ácido cloromaleico e
CO
2
. Uma vez que ftalocianinas são utilizadas como corantes industriais, o
uso de metaloftalocianinas como catalisadores bioinspirados é uma
alternativa bastante atrativa [Meunier & Sorokin (1997); Hadash
et al. (1998);
Sanchez
et al. (1999)].
Figura 5: Estrutura da Fe
III
PcS.
A eficiência desta categoria de catalisadores solúveis é
consideravelmente diminuída pela agregação dos complexos de ftalocianina.
Para garantir que somente metaloftalocianinas na forma monomérica
estejam presentes no sistema reacional, duas estratégias têm sido adotadas:
(1) a adição de um co-solvente orgânico ou detergente e (2) a imobilização
do catalisador em uma variedade de suportes. Esta última estratégia é mais
vantajosa por facilitar a separação e reciclagem do catalisador e também,
por reduzir a contaminação do efluente quando esses catalisadores são
utilizados em processos industriais [Sanchez
et al. (1999)].
Introdução
19
O sistema Fe
III
PcS/H
2
O
2
envolve procedimento operacional simples e
pode ter um futuro promissor na oxidação e conseqüente remoção de
contaminantes orgânicos de efluentes aquosos.
I.4 – Compostos Organoclorados
O alto potencial tóxico dos compostos organoclorados está
relacionado a sua persistência no ambiente e resistência à oxidação sob
condições aeróbias. Esse comportamento dos compostos organoclorados
está relacionado a dois fatores: (1) à ligação carbono-cloro, ligação difícil de
romper e (2) à presença do cloro na molécula, o que reduz sua reatividade.
Uma vez no ambiente, estes compostos degradam-se muito lentamente e
por esse motivo tendem a se acumularem. Compostos organoclorados
também são bioacumulativos por serem hidrofóbicos, o que faz com que
eles sejam solúveis em óleos e tecidos adiposos [Baird (1999)].
Compostos organoclorados como 2,3-dicloro-5,6-diciano-
p-benzo
quinona (DDQ) e 2,3,5,6-tetracloro-
p-benzoquinona (p-cloranil) - Fig. 6 - são
bastante empregados em síntese orgânica, em reações de desidrogenação.
Essas reações envolvem a remoção de um ou mais pares de átomos de
hidrogênio para formar uma ou mais ligações insaturadas. Geralmente a
desidrogenação é a última etapa da síntese de hidrocarbonetos policíclicos
aromáticos e seus derivados [Patai (1974); Fu & Harvey (1978)].
Introdução
20
Cl
Cl
Cl
Cl
O
O
CN
CN
Cl
Cl
O
O
(a) (b)
Figura 6: Estruturas: (a) DDQ e (b) p-cloranil.
Na síntese de porfirinas, DDQ e
p-cloranil são utilizados na etapa de
oxidação do porfirinogênio à porfirina, onde são empregados em excesso
(eq. 26). Quando a DDQ é adicionada à temperatura ambiente, o
porfirinogênio é instantaneamente convertido à porfirina. O
p-cloranil é um
oxidante mais brando que requer um tempo maior (~ 1 h) para completar a
reação, mas permite atingir rendimentos maiores do que os obtidos com a
DDQ [Lindsey
et al. (1987)].
(26)
A DDQ e o p-cloranil também têm sido utilizados na determinação
quantitativa de drogas bloqueadoras β-adrenérgicas usadas principalmente
em anginas pectoris, certas arritmias, hipertensão sistemática e outras
desordens cardiovasculares. A estrutura química dessas drogas são
apresentadas na Figura 7 [Salem (2002)].
Introdução
21
R
1
OCH
2
CH
OH
CH
2
NH C R
2
CH
3
CH
3
Droga R
1
R
2
Atenolol
CH
2
C
O
H
2
N
H
Propranolol
H
Bisprolol
(CH
3
)
2
CHOCH
2
CH
2
OCH
2
H
Timolol
O
N
NN
S
CH
3
Metoprolol
CH
3
OCH
2
CH
2
H
Levobunolol
O
CH3
Betaxololol
CH
2
OCH
2
CH
2
H
Figura 7: Estrutura química de agentes bloqueadores β-adrenérgicos
[Salem (2002)].
Os princípios ativos destas drogas são bons doadores de elétrons e
formam complexos de transferência de carga com compostos receptores de
Introdução
22
elétrons como a DDQ e o p-cloranil. Os complexos de transferência de carga
formados a partir dessas reações possuem coloração intensa e absorvem
radiação na região visível. Por esse motivo DDQ e
p-cloranil podem ser
usados na determinação desses princípios ativos por métodos
espectrofotométricos simples, sensíveis e precisos. O mecanismo destas
reações são apresentados na Figura 8 [Salem (2002)].
O
O
Cl
Cl
CN
CN
N
R
B
R
A
H
R
1
OCH
2
CH
OH
CH
2
NH C R
2
CH
3
CH
3
R
A
R
B
+
H
R
A
N
R
B
O
O
Cl
Cl
CN
CN
+
H
R
A
N
R
B
CN
ClCN
Cl
O
-
O
-
Cl
ClCl
Cl
O
-
O
-
N
R
B
R
A
H
+
O
O
Cl
Cl
Cl
Cl
N
R
B
R
A
H
+
H
R
A
N
R
B
O
O
Cl
Cl
Cl
Cl
:
:
:
:
+
+
Figura 8: Mecanismos propostos para a formação de complexos de
transferência de carga nas reações de drogas bloqueadoras
β-adrenérgicas com DDQ e
p-cloranil [Salem (2002)].
A DDQ é um sólido amarelo-alaranjado solúvel em benzeno, dioxano
e ácido acético e fracamente solúvel em clorofórmio e diclorometano
[Budavari (1996)]. É uma quinona que apresenta ampla aplicação síntética
como oxidante em química orgânica. Aril-alcanos, por exemplo, podem ser
oxidados a cetonas e aldeídos pelo mecanismo de abstração de hidreto [Lee
& Harvey (1983), Lee & Harvey (1988)].
Introdução
23
É relatado na literatura que DDQ se decompõe em água levando à
formação de HCN. Em 1906, Thiele e Günther observaram que soluções de
DDQ em clorofórmio, apresentando inicialmente coloração amarela,
adquiriram rapidamente coloração vermelha e liberaram HCN, após a adição
de etanol contendo pequena quantidade de água. Nessas condições ocorreu
a formação da 2-ciano-5,6-dicloro-3-hidroxi-1,4-benzoquinona (eq. 27) pela
substituição nucleofílica de um grupo –CN por um grupo –OH. A
decomposição da DQQ e liberação de HCN foi observada em vários
solventes. Essa instabilidade solvolítica não impede que a DDQ seja
utilizada em reações de desidrogenações de substratos orgânicos, pois
estas são reações rápidas. Por exemplo, oxidações provocadas pela DDQ
em cloreto de metileno na presença de água como reagente trapeador de
intermediários catiônicos são sinteticamente úteis [Walker & Hiebert (1967);
Becker
et al. (1987)].
O
O
CN
CNCl
Cl
+H
2
O
O
O
OH
CNCl
Cl
+
HCN
(27)
O p-cloranil é um sólido amarelo insolúvel em água, solúvel em
éter e moderadamente solúvel em clorofórmio, tetracloreto de
carbono e dissulfeto de carbono [Budavari (1996)]. Esse composto não é
biodegradável (biodegradação < 1% / 28 d) e é muito tóxico para organismos
aquáticos, podendo causar efeitos negativos a longo prazo
[Schuchardt (2002)].
Introdução
24
O p-cloranil é utilizado na produção de eletrodos para medidas de pH;
na indústria de corantes e pigmentos e como agente vulcanizador. Em
laboratórios é utilizado como reagente para a determinação de muitas
substâncias químicas como PCP, efedrina, penicilina, piperazina e na
determinação de plasmoquina em urina [Budavari (1996); OPS & OMS
(2001)].
p-Cloranil também é utilizado como sensor colorimétrico aniônico,
combinado com calix[4]pirrol, para detecção seletiva de F
-
e H
2
PO
4
-
[Shao
et al. (2003)]
No passado,
p-cloranil foi utilizado como fungicida com o nome
comercial de Spergon. Suas propriedades fungicidas foram descobertas em
1940 no “General Laboratories of United States Rubber Co.” [Lane (1958)]. A
propriedade fungicida do
p-cloranil está relacionada a sua ação inibitória
sobre enzimas sulfidrilas e sistemas de enzimas redox [Zweig
et al. (1969)].
Spergon foi usado para proteger sementes e bulbos de plantas. Ele também
foi importante no controle de bolores felpudos de brócolis, couve-flor e alface
[Lane (1958)]. Seu uso foi proibido em países como Estados Unidos (1977) e
Panamá (1997) por razões não disponíveis [OPS & OMS (2001)].
p-Cloranil é o principal metabólito genotóxico do pentaclorofenol
(PCP), composto bastante utilizado como preservativo de madeira [Zhu
et al.
(2002)]. Foram constatados elevados níveis de aberrações cromossômicas
em trabalhadores de fábricas onde PCP é produzido. Por esse motivo, o
metabolismo do PCP foi estudado extensivamente
in vivo e in vitro. PCP é
oxidado a tetraclorocatecol e tetraclorohidroquinona pelas enzimas do fígado
de ratos e de humanos
in vitro e de roedores in vivo (eq. 28). Posteriormente
Introdução
25
tetraclorohidroquinona é convertida à p-cloranil (eq. 29). Acredita-se que
esta reação seja mediada por ânion superóxido formado pelo citocromo
P-450 ou por auto-oxidação. Outra possibilidade é o
p-cloranil ser formado
diretamente a partir do PCP, via eliminação de um íon cloreto, através de
uma reação mediada pelo citocromo P-450. Foi constatado que
p-cloranil é
capaz de formar adutos de proteínas
in vivo e in vitro. p-Cloranil forma aduto
com hemoglobina (Hb) e albumina (Alb). Esses adutos são formados através
da ligação covalente entre a proteína e o anel quinônico depois de uma
etapa de desclorinação e são designados como Cl
3
BQ-Hb e Cl
3
BQ-Alb
[Waidyanatha
et al. (1994)].
OH
Cl
Cl
Cl
Cl
Cl
OH
OH
Cl
Cl
Cl
Cl
+
enzimas
do fígado
OH
Cl
Cl
OH
Cl
Cl
PCP Tetraclorocatecol Tetraclorohidroquinona
enzimas
do fígado
OH
Cl
Cl
Cl
Cl
Cl
OH
OH
Cl
Cl
Cl
Cl
+
enzimas
do fígado
OH
Cl
Cl
OH
Cl
Cl
PCP Tetraclorocatecol Tetraclorohidroquinona
OH
Cl
Cl
Cl
Cl
Cl
OH
OH
Cl
Cl
Cl
Cl
+
enzimas
do fígado
OH
Cl
Cl
OH
Cl
Cl
PCP Tetraclorocatecol Tetraclorohidroquinona
enzimas
do fígado
(28)
O
O
Cl
Cl
Cl
Cl
OH
Cl
Cl
OH
Cl
Cl
Citocromo P-450
(29)
No
p-cloranil, dois átomos em posição -para são facilmente
substituídos. Por esse motivo, compostos como 2,5-dianilino-3,6-
dicloroquinona, bastante utilizado na indústria de corantes, pode ser obtido a
partir do
p-cloranil [Budavari (1996)]. Em condições altamente alcalinas,
Introdução
26
p-cloranil é hidrolisado formando ácido cloranílico, passando pelo
intermediário triclorohidroxiquinona. Alguns artigos sugerem que essa
reação procede por duas etapas: na primeira etapa ocorre a substituição
nucleofílica de um grupo –Cl por um grupo –OH, formando o produto
monohidroxilado, triclorohidroxiquinona; posteriormente na segunda etapa,
um grupo –Cl, na posição
-para em relação ao grupo –OH, sofre outra
substituição nucleofílica, originando como produto final o ácido cloranílico
(eq. 30) [Sarr
et al. (1995)]. Pelo fato do p-cloranil ser um bom receptor de
elétrons, alguns estudos propõem que a formação do ácido cloranílico a
partir do
p-cloranil ocorre por um mecanismo radicalar [Lafis et al. (1996);
Booth
et al. (1997)].
OH
-
OH
Cl
Cl
Cl
O
O
Cl
Cl
Cl
Cl
O
O
O
O
OH
Cl
Cl
HO
OH
-
p-cloranil triclorohidroxiquinona ácido cloranílico
-
OH
-
OH
Cl
Cl
Cl
O
O
Cl
Cl
Cl
Cl
O
O
O
O
OH
Cl
Cl
HO
OH
-
p-cloranil triclorohidroxiquinona ácido cloranílico
-
(30)
O ácido cloranílico é relativamente forte e possui pK
a1
compreendido
no intervalo 0,6 – 2,0 e, pK
a2
no intervalo 2,4 – 3,2. Esse composto parece
ser significativamente menos tóxico do que o
p-cloranil, como determinado
em um ensaio de toxicidade Microtox [Sarr
et al. (1995)].
II - Objetivos
Objetivos
28
II - Objetivos
O Laboratório de Bioinorgânica, onde este projeto foi desenvolvido,
possui larga experiência na obtenção de metaloporfirinas e na sua aplicação
como catalisadores biomiméticos na oxidação de alcanos e olefinas. Por
esse motivo, a síntese de porfirinas é uma atividade rotineira neste
laboratório e reagentes como a DDQ e o
p-cloranil são bastante utilizados.
Geralmente nessas sínteses, um desses compostos são utilizados em
excesso e o resíduo final obtido é constituído principalmente por um deles.
Como apresentado anteriormente, DDQ e
p-cloranil possuem várias
aplicações, sendo bastante utilizados em laboratórios de síntese orgânica.
Devido ao alto potencial tóxico desses compostos tornou-se necessário
propor métodos para o tratamento de resíduos que os contenham. Nesse
contexto este projeto teve como objetivo estudar métodos para degradar
esses compostos.
DDQ e
p-cloranil podem ainda ser considerados compostos modelos
nos estudos de degradação de organoclorados, em especial o
p-cloranil que
já foi utilizado como fungicida e apresenta implicações genotóxicas
associadas ao PCP.
Um dos métodos de degradação estudado foi o que utiliza H
2
O
2
e
radiação UV. Esse foi escolhido por se tratar de um processo oxidativo
avançado e por se mostrar eficiente na degradação de vários substratos.
Além disso, H
2
O
2
é um oxidante limpo que é totalmente consumido no
processo de degradação.
Objetivos
29
O outro método estudado trata-se de um processo bioinspirado onde
foram utilizados Fe
III
PcS como catalisador e H
2
O
2
como oxidante. Os
estudos foram realizados em meio homogêneo e utilizando Fe
III
PcS
suportada em sílica funcionalizada com grupos catiônicos. Esses estudos
tiveram como objetivo introduzir no laboratório inovações em relação aos
trabalhos tradicionalmente desenvolvidos: (a) a utilização de um novo
sistema catalítico que utiliza uma metaloftalocianina ao invés de uma
metaloporfirina e; (b) a utilização de compostos organoclorados como
substratos, com o objetivo de promover a degradação dos mesmos.
Os estudos desenvolvidos neste projeto foram realizados em meio
aquoso. Por esse motivo, além dos métodos de degradação, alguns estudos
foram realizados para compreender o comportamento químico da DDQ, do
p-cloranil e da Fe
III
PcS em meio aquoso.
III – Procedimento Experimental
Procedimento Experimental
31
III – Procedimento Experimental
III.1 – Reagentes e solventes
DDQ 98% (Acros);
p-cloranil 99% (Acros);
Ácido cloranílico 99% (Acros);
KMnO
4
(Synth);
Na
2
C
2
O
4
(Ecibra);
H
2
O
2
* (Vetec);
TiO
2
(P-25 Degussa);
NaOH (Merck);
HCl (Mallinckrodt);
H
3
PO
4
(Mallinckrodt);
KH
2
PO
4
(Merck);
K
2
HPO
4
(USB);
Hidrogenossulfato de tetrabutilamônio (Merck);
Clorofórmio (Synth);
Metanol (Synth);
Fe
III
PcS, sal de sódio (Mid-Century);
Sílica funcionalizada com grupos N-trimetoxissililpropil-N,N,N-
trimetilamônio (SiN
+
)**
H
2
O milli-Q e desionizada.
Procedimento Experimental
32
Observações:
*
Solução de H
2
O
2
foi padronizada empregando-se uma solução de KMnO
4
previamente preparada e padronizada utilizando uma solução de Na
2
C
2
O
4
[Baccan
et al. (2001)].
**
O suporte SiN
+
, foi sintetizado em nosso laboratório, através da
funcionalização da sílica com cloreto de N-trimetoxissililpropil-N,N,N-
trimetilamônio, de acordo com uma modificação do método proposto por
Basolo
et al. [Basolo et al. (1975); SACCO (1999)].
III.2 – Equipamentos e Dispositivos Utilizados
Agitador por ultrassom Minisom Thornton, Impec Eletrônica;
Balança analítica eletrônica Mettler AE 240;
Chapas de agitação e aquecimento Corning;
Cromatógrafo líquido de alta eficiência Varian modelo 220, número
00808, com detector UV-vis Varian Pro Star modelo 310, número 01169.
Coluna de CLAE: Supelco C18, 125 A, 10 µm, dimensões: 300 x 3,9 mm;
Cubetas de quartzo de 0,200 e 1,00 cm de caminho óptico Hellma e
Beckmann;
Espectrofluorímetro Spex Fluorolog 2;
Espectrofotômetros UV/Vis: (1) HP 8453 Diode Array acoplado ao Ultra
VGA 1280, impressora LaserJet 5L; (2) HP8452A Diode Array de
varredura rápida, acoplado ao microcomputador HP Vectra ES 1/2,
impressora ThinkJet HP;
Procedimento Experimental
33
Espectrômetro de massas – Eletrospray – Q-TOF II - MICROMASS, UK
(IQ/UNICAMP, Lab. Prof. M. Eberlin);
Espectrômetro de massas GC/MS HP modelo 5988-A;
Espectrômetro de ressonância paramagnética eletrônica Varian série “E
Line Century”, modelo E 109, operando em banda X, com 100 kHz de
freqüência de modulação e cavidade retangular Varian “multi-purpose E
231”, a qual está acoplada a um sistema de baixa temperatura da Oxford,
com criostato modelo ESR 900 e um controlador de temperatura ITC –
503 (IFSC/USP, Lab. Prof. O. R. Nascimento);
Filtro Millipore de acetato e celulose 0,45 µm;
Filtro Kurabo; diâmetro de poro 0,45 µm, diâmetro do filtro 13 mm;
Membrana Fluoropore em PTFE, diâmetro de poro 0,5 µm, diâmetro da
membrana 13 mm;
pH-metro e potenciômetro Micronal-B374;
Reator para fotodegradação;
Suporte para filtro Millipore HLDR de 13 mm de diâmetro;
Termômetro digital Mipa Modelo MT510;
Total Organic Carbon Analyzer - TOC 5000 A Schimadzu (IQ/UNESP,
Lab. Profa. Raquel F. P. Nogueira);
Total Organic Carbon Analyzer –TOC-V Schimadzu
Procedimento Experimental
34
III.3 – Estudo do comportamento do p-cloranil em meio aquoso
III.3.1 – Reação do p-cloranil com NaOH em meio aquoso
Em um béquer foram pesados 5,9 g de p-cloranil. Em seguida foram
adicionados excesso de solução de NaOH 7,5 mol L
-1
e um volume de
aproximadamente 100 mL de H
2
O. Observou-se a formação de um sólido
marrom (sólido 1a). Parte desse sólido foi transferida para outro béquer. A
este foram adicionados excesso de HCl concentrado (quantidade suficiente
para neutralizar o NaOH e protonar o possível sal formado anteriormente) e
aproximadamente 100 mL de água. Observou-se a formação de um sólido
vermelho (sólido 1b). Os sólidos 1a e 1b foram filtrados, lavados com
clorofórmio e deixados na estufa à temperatura de 100
o
C por
aproximadamente doze horas para garantir a completa remoção de água e
solvente orgânico. Os sólidos 1a e 1b foram analisados por CG/EM no modo
de ionização por impacto eletrônico.
III.3.2 – Estudo espectrofotométrico do produto originado da hidrólise
básica do p-cloranil em diferentes concentrações de NaOH
Duas soluções 100 ppm de C foram preparadas partindo-se de
p-cloranil e adicionando excesso de solução de NaOH, de tal forma que
numa delas a razão entre o número de mol de OH
-
e de p-cloranil foi igual a
20 e na outra essa razão foi 580. Posteriormente o pH dessas soluções foi
ajustado em 7 utilizando H
3
PO
4
e solução saturada de KH
2
PO
4
e seus
espectros UV/Vis foram registrados.
Procedimento Experimental
35
III.3.3 – Separação dos produtos da hidrólise básica do p-cloranil por
CLAE
Solução 1 mmol L
-1
foi preparada partindo-se do p-cloranil e
adicionando NaOH de tal forma que o número de mol da base fosse igual a
100 vezes o número de mol de substrato (pH
13). Essa condição foi
adotada por ser suficiente para provocar a hidrólise do
p-cloranil e garantir a
sua solubilização em meio aquoso. Além disso, antes de injetar a amostra no
cromatógrafo líquido de alta eficiência, foi necessário ajustar seu pH num
valor compreendido entre 2 e 7, o que seria complicado se a quantidade de
base adicionada fosse muito mais alta que a adotada e tornaria necessário
adicionar um volume superior de ácido o que provocaria uma maior diluição
da amostra. O pH da amostra foi ajustado em 7 com o auxílio de uma
solução de HCl 1 mol L
-1
e em seguida ela foi filtrada antes de ser injetada
no cromatógrafo líquido.
Primeiramente foram reproduzidas as condições de separação
otimizadas por Sarr
et al. [Sarr et al. (1995)]. Nesse trabalho, ácido
cloranílico, principal produto da hidrólise básica do
p-cloranil, foi analisado
por CLAE sobre condições isocráticas, usando uma coluna C18 com fase
móvel consistindo em 30% de metanol e 70% de tampão fosfato de potássio
12,5 mmol L
-1
pH = 6,8, contendo 5 mmol L
-1
do reagente hidrogenossulfato
de tetrabutilamônio como par iônico. O fluxo usado foi de 1mL/min e a
detecção foi realizada em 320 nm.
As condições otimizadas para a separação dos produtos resultantes
da hidrólise básica do
p-cloranil utilizando uma coluna C18 foram: 20% de
metanol e 80% tampão fosfato de potássio 12,5 mmol L
-1
pH = 6,8, contendo
Procedimento Experimental
36
5 mmol L
-1
de hidrogenossulfato de tetrabutilamônio; fluxo de 1,5 mL/min; e
detecção em 320 nm. Nessa condições foram obtidos 3 picos com os
seguintes tempos de retenção: 1,7; 2,6 e; 10,2 min.
III.4 – Estudo do comportamento da DDQ em meio aquoso
III.4.1 – Reação da DDQ com NaOH em meio aquoso
Procedimento análogo ao realizado para compreender o
comportamento do
p-cloranil em meio aquoso, foi realizado para a DDQ.
Em um béquer foram pesados 500 mg de DDQ. Posteriormente foram
adicionados excesso de solução de NaOH 7,5 mol L
-1
e um pouco de água.
Houve a formação de um sólido de coloração alaranjada (sólido 2a).
O procedimento acima foi repetido. Ao sólido obtido (sólido 2a) foram
adicionados excesso de HCl concentrado e um pouco de água. Este sólido
mostrou-se mais solúvel em água do que os obtidos anteriormente e por
esse motivo a suspensão foi aquecida para eliminação de água, ocorrendo
então a formação de um sólido marrom (sólido 2b).
Ambos os sólidos foram lavados com clorofórmio, filtrados e
posteriormente secos em estufa a 100
o
C por aproximadamente 12 horas. Os
sólidos 2a e 2b foram analisados por CG/EM no modo de ionização por
impacto eletrônico.
III.4.2 – Estudo espectrométrico da solução aquosa de DDQ na
presença e ausência de NaOH
Duas soluções foram preparadas a partir da DDQ e posteriormente
analisadas por espectrofotometria UV/Vis: uma foi preparada dissolvendo
Procedimento Experimental
37
DDQ em água na concentração 0,5 mmol L
-1
e outra foi preparada na
concentração 1,0 mmol L
-1
na presença de excesso de NaOH. As duas
soluções também foram analisadas por espectrometria de massas no modo
de
eletrospray.
Como é mencionado na literatura que DDQ se decompõe em meio
aquoso formando o produto monohidroxilado 2-ciano-5,6-dicloro-3-hidroxi-
1,4-benzoquinona, um acompanhamento espectrofotométrico da solução
0,5 mol L
-1
em meio aquoso foi realizado durante alguns dias, para avaliar a
estabilidade dessa solução.
III.5 – Estudos de fotodegradação utilizando H
2
O
2
/UV
III.5.1 – Reator: geometria e espectro de emissão da lâmpada utilizada
como fonte de radiação
Nos estudos de fotodegradação foi utilizado um reator em batelada
desenvolvido pela Profa. Maria Lúcia A. M. Campos [Campos
et al. (2001)]
que colaborou com este trabalho. O reator (Fig. 9) é constituído por um
corpo cilíndrico de aço inoxidável de 12 cm de diâmetro e 20 cm de altura,
com o topo e a base do mesmo material. A base conta com 16 orifícios de
aproximadamente 1 cm de diâmetro e na tampa foi adaptado um ventilador
de CPU de um antigo computador para sugar o ar interno e refrigerar o
sistema. O ventilador está acoplado a um conversor que permite ajustar sua
velocidade para manter a temperatura do sistema abaixo de 70
o
C e impedir
que haja perda de massa. O reator conta ainda com cinco suportes
metálicos fixados em seu corpo, para o uso de tubos de quartzo com 2,5 cm
Procedimento Experimental
38
de diâmetro externo, 1,9 cm de diâmetro interno e 15 cm de altura. As
tampas desses tubos são constituídas de vidro comum.
Como fonte de radiação foi utilizada uma lâmpada de vapor de
mercúrio de alta pressão de 125 W fabricada pela Philips, cujo bulbo externo
foi removido para total exposição da amostra à radiação UV. O espectro de
emissão dessa lâmpada foi registrado com o auxílio de um
espectrofluorímetro no intervalo de varredura de 200 a 800 nm, utilizando
uma fenda de 0,1 mm.
Figura 9: Esquema do reator construído artesanalmente e utilizado nos
estudos de fotodegradação. São mostrados apenas 2 tubos de
quartzo, mas há espaço para 5 tubos [Campos
et al. (2001)].
III.5.2 – Fotodegradação de DDQ em meio básico utilizando H
2
O
2
/UV
Soluções aquosas de DDQ 100 ppm de C (1,0 mmol L
-1
) foram
preparadas para os experimentos de fotodegradação. Para cada litro de
Procedimento Experimental
39
solução foram utilizados 240 mg de DDQ e 5 mL de NaOH 7,5 mol L
-1
. Em
cada tubo de quartzo do reator foram colocados 30 mL de solução
preparada a partir de DDQ. Peróxido de hidrogênio foi adicionado de forma a
se obter as seguintes concentrações: 20, 30, 60 e 100 mmol L
-1
. A
degradação do composto foi acompanhada por medidas de COT e
espectrofotometria UV/Vis.
Um experimento foi realizado utilizando o semicondutor TiO
2
, onde
foram empregados 30 mg deste semicondutor e 20 mmol L
-1
de H
2
O
2
.
Nesses experimentos a degradação foi acompanhada somente por medidas
de COT e o TiO
2
foi filtrado, utilizando filtro de acetato celulose 0,45 µm,
antes das medidas serem realizadas.
O ensaio empregando 30 mmol L
-1
de H
2
O
2
foi realizado em triplicata
e os demais com exceção do branco, que foi irradiado somente uma vez,
foram realizados em duplicata.
A temperatura foi medida algumas vezes ao longo do processo de
fotodegradação para certificar que esta não estava ultrapassando 70
o
C o
que poderia acarretar na perda de massa do sistema e prejudicaria o estudo.
Nos experimentos onde foram utilizados 30, 60 e 100 mmol L
-1
de
H
2
O
2
, a diminuição da concentração deste foi acompanhada empregando-se
o método espectrofotométrico baseado na reação entre íons vanadato (VO
3
-
)
e peróxido de hidrogênio em meio ácido, levando à formação do cátion
peroxovanádio(V), de coloração vermelha [Nogueira
et al. (2001)].
VO
3
-
+ 4 H
+
+ H
2
O
2
VO
2
3+
+ 3 H
2
O (31)
Procedimento Experimental
40
Este experimento foi realizado no Instituto de Química de Araraquara,
no Laboratório da professora Raquel F. P. Nogueira, que colaborou com este
trabalho. Para intervalos de tempos pré-estabelecidos foram tomados
800
µL da solução irradiada que foram diluídos para um volume de 4 mL
com solução de NH
4
VO
3
0,1 mol L
-1
em H
2
SO
4
0,5 mol L
-1
. A absorbância foi
medida em 446 nm.
III.5.3 – Fotodegradação do p-cloranil em meio básico utilizando
H
2
O
2
/UV
Soluções foram preparadas partindo-se do p-cloranil na concentração
100 ppm de C (1,4 mmol L
-1
). Para cada litro de solução foram utilizados
345 mg de
p-cloranil e 10 mL de NaOH 5,0 mol L
-1
.
Os experimentos de fotodegradação para o
p-cloranil foram similares
aos realizados para a DDQ. As concentrações de H
2
O
2
utilizadas foram: 20,
40, 60 e 100 mmol L
-1
. Uma solução contendo somente substrato na qual
não foi adicionado H
2
O
2
foi tomada como branco. O branco foi irradiado
somente uma vez. Os ensaios empregando 40 mmol L
-1
de H
2
O
2
foram
realizados em triplicata e os demais em duplicata. As degradações foram
acompanhadas por medidas de COT e espectrofotometria UV/Vis. A
temperatura foi medida ao longo do processo.
III.5.4 – Modificação do reator e fotodegradação do ácido cloranílico em
meio aquoso utilizando H
2
O
2
/UV
Os valores de COT obtidos nos experimentos de fotodegradação
descritos anteriormente apresentaram desvios relativamente altos. Isso
Procedimento Experimental
41
aconteceu porque embora a distância de cada tubo em relação ao centro do
reator (bocal da lâmpada) fosse a mesma, a lâmpada utilizada era
assimétrica o que fez com que, ao longo do processo, os tubos nas posições
mais próximas dela tivessem uma elevação de temperatura um pouco maior
do que os tubos que se encontravam nas posições mais afastadas.
Na tentativa de contornar este problema o reator foi modificado de
modo que os tubos passaram a girar em torno da lâmpada. Para isso
utilizou-se um motor de microondas para movimentar o carrossel que
sustenta os tubos. A velocidade de rotação desse carrossel é 3 rpm. As
modificações são apresentadas na Figura 10. Novas tampas foram
construídas utilizando Teflon.
Para verificar se o novo sistema permitiu melhorar a reprodutibilidade
entre os tubos, uma solução 100 ppm de C de ácido cloranílico foi preparada
(pH
inicial
= 2,1). Três tubos contendo 35 mL dessa solução foram irradiados
na presença de 60 mmol L
-1
de H
2
O
2
. Alíquotas foram coletadas e
analisadas após 15, 30 e 60 min de irradiação. A temperatura foi medida ao
longo do processo nos três tubos.
Procedimento Experimental
42
Figura 10: Reator de fotodegradação modificado.
III.6 – Estudos utilizando Fe
III
PcS e H
2
O
2
III.6.1 – Degradação dos produtos da hidrólise básica do p-cloranil
utilizando Fe
III
PcS e H
2
O
2
em meio homogêneo (pH 7)
Após a otimização da separação dos produtos da hidrólise básica do
p-cloranil por CLAE, pretendia-se acompanhar a degradação dos mesmos
pelo sistema Fe
III
PcS/H
2
O
2
observando o decaimento dos picos em função
Procedimento Experimental
43
do tempo de degradação. Por esse motivo, um primeiro teste catalítico foi
realizado na condição: 2,0 x 10
-5
mol L
-1
de Fe
III
PcS, 6,0 x 10
-3
mol L
-1
de
H
2
O
2
e 1,0 x 10
-3
mol L
-1
de substrato de partida (p-cloranil) em tampão
fosfato pH 7,0 (razão molar cat.
:ox.:sub. igual a 1:300:50) [Sanchez et
al.
(1999)].
A solução de substrato 1,0 mmol L
-1
foi preparada utilizando KOH até
pH 13. H
3
PO
4
foi utilizado para ajustar o pH em 7. Dessa solução, 8 mL
foram transferidos para um frasco reacional, onde posteriormente foram
adicionados 157
µL de solução 1,0 mmol L
-1
de Fe
III
PcS e 40 µL de solução
1,2 mol L
-1
. A solução de substrato, que possuía inicialmente coloração
violeta, adquiriu coloração azul após a adição do catalisador. Para dar início
à reação, H
2
O
2
foi adicionado. Observou-se visualmente que em
aproximadamente 30 min de reação a coloração azul do meio reacional foi
desaparecendo até prevalecer a coloração violeta característica da solução
contendo os substratos, constatando-se, portanto, degradação do
catalisador ao invés dos substratos. Nenhuma variação significativa nas
intensidades dos picos foi detectada por CLAE.
III.6.2 – Estudo do comportamento químico da Fe
III
PcS na presença de
H
2
O
2
em função do pH
Baseando-se nos resultados obtidos anteriormente, alguns
experimentos foram realizados para compreender o comportamento da
Fe
III
PcS na presença de H
2
O
2
em função do pH.
Numa cela de quartzo de 1,00 cm de caminho óptico, foram colocados
3 mL do meio reacional. Como meio reacional foram utilizadas as seguintes
Procedimento Experimental
44
soluções: solução de HCl 1,0 x 10
-5
mol L
-1
; solução de HCl 1 x 10
-3
mol L
-1
;
solução de HCl 0,1 mol.L
-1
, água desionizada e solução de NaOH
0,1 mol L
-1
. Em seguida foram adicionados 60 µL de solução de Fe
III
PcS
1,0 mmol L
-1
de modo a obter uma concentração de catalisador no meio
reacional igual a 20
µmol L
-1
. Um espectro foi registrado. Posteriormente
adicionou-se 14,5
µL de solução de H
2
O
2
1,24 mol L
-1
, levando a uma
concentração de 6,0 mmol L
-1
de H
2
O
2
no meio reacional. A razão
cat.:oxi. foi igual a 1:300. Após a adição de H
2
O
2
, espectros foram
registrados em função do tempo durante o intervalo de 10 min. Nesses
experimentos a Fe
III
PcS mostrou-se mais resistente à degradação em
condições mais alcalinas. Por esse motivo, para avaliar a estabilidade da
solução de ftalocianina em meio ácido (solução de HCl 0,1 mol L
-1
),
espectros foram registrados em função do tempo na ausência de H
2
O
2
, no
intervalo de 2 h. Esses ensaios foram realizados à temperatura ambiente
com agitação magnética.
III.6.3 – Degradação dos produtos da hidrólise básica do p-cloranil
empregando Fe
III
PcS e H
2
O
2
em pH básico
Como se observou maior resistência do catalisador em pH básico,
ensaios de degradação dos produtos originados da hidrólise do p-cloranil
foram realizados em pH 13. Nesses ensaios a degradação foi acompanhada
por espectrofotometria UV/Vis. Duas condições foram testadas: (1) razão
molar cat.
:oxi.:sub. igual a 1:300:50 e; (2) razão molar cat.:oxi.:sub. igual a
1
:600:100.
Procedimento Experimental
45
Para estes experimentos uma solução 2,0 mmol L
-1
foi preparada
partindo-se de
p-cloranil e adicionando um volume de solução de NaOH de
forma que a razão molar OH
-
/p-cloranil fosse igual a 100. Posteriormente
3 mL dessa solução foram transferidos para um cela de quartzo de 1,00 cm
de caminho óptico, em seguida foram adicionados o catalisador e o oxidante.
Para obter a condição (1) foram adicionados à solução na cela, 120
µL de
solução de Fe
III
PcS 1,0 mmol L
-1
e 30 µL de solução de H
2
O
2
1,2 mol L
-1
.
Para a condição (2) foram utilizados 60
µL de solução de Fe
III
PcS
1,0 mmol L
-1
e 30 µL de solução de H
2
O
2
1,2 mol L
-1
. As reações foram
acompanhadas durante 1,5 h e foram realizadas à temperatura ambiente e
sob agitação magnética.
O catalisador foi degradado durante o processo nas duas condições e
não foi observada nenhuma degradação dos substratos.
III.6.4 – Degradação do ácido cloranílico e do produto obtido a partir da
DDQ em meio aquoso utilizando Fe
III
PcS e H
2
O
2
em meio
homogêneo
Como mencionado anteriormente, espectrofotometricamente
nenhuma degradação dos substratos originados da hidrólise básica do
p-cloranil foi observada utilizando Fe
III
PcS e H
2
O
2
em meio básico. A
solução preparada a partir do
p-cloranil possui, como determinado por
CLAE, três constituintes. Para poder explorar melhor o sistema
catalisador/oxidante/substrato, tornou-se inconveniente trabalhar com uma
mistura de substratos. Por esse motivo o ácido cloranílico, principal produto
Procedimento Experimental
46
da hidrólise básica do p-cloranil, foi adquirido comercialmente para esses
estudos.
Dois ensaios catalíticos foram realizados com o objetivo de degradar
a DDQ hidrolisada e o ácido cloranílico em meio homogêneo.
Para os estudos de degradação da DDQ preparou-se uma solução
aquosa 0,5 mmol L
-1
. Um pH de 2,6 foi registrado para essa solução. 3 mL
dessa solução foram transferidos para uma cubeta de quartzo com 1,00 cm
de caminho óptico. Um espectro dessa solução foi registrado. Em seguida
foram adicionados 30
µL de solução 1,0 mmol L
-1
de Fe
III
PcS
e outro espectro foi registrado. Posteriormente foram adicionados 7
µL de
solução de H
2
O
2
1,24 mol L
-1
e espectros foram registrados durante a
reação, em um intervalo de tempo de 6 h. A reação foi realizada à
temperatura ambiente com agitação magnética. As concentrações obtidas
inicialmente no meio reacional foram: C(DDQ) = 0,5 mmol L
-1
,
C(Fe
III
PcS) = 10 µmol L
-1
e C(H
2
O
2
) = 3,0 mmol L
-1
, correspondentes à razão
molar cat.:oxi.:sub. de 1:300:50.
Procedimento análogo foi realizado para a solução de ácido
cloranílico. No entanto a concentração de partida do ácido foi maior para
poder acompanhar a reação por um intervalo tempo maior já que a absorção
na região visível desse composto na mesma concentração que a solução
preparada a partir da DDQ foi menor. A razão molar cat.:oxi.:sub. foi mantida
em 1:300:50. Adotou-se o seguinte procedimento: 3mL de solução de ácido
cloranílico foram transferidos para a cubeta de 1,00 cm de caminho óptico,
posteriormente foram adicionados 60
µL de solução 1,0 mmol L
-1
de Fe
III
PcS
Procedimento Experimental
47
e 14,5 µL de solução 1,24 mol L
-1
de H
2
O
2
. As concentrações obtidas no
meio reacional foram: C
(ácido cloranílico) = 1,0 mmol L
-1
,
C
(Fe
III
PcS) = 20 µmol L
-1
e C(H
2
O
2
) = 6,0 mmol L
-1
. Um pH de 2,2 foi
registrado para a solução de ácido cloranílico.
III.6.5 – Imobilização da Fe
III
PcS em sílica funcionalizada com grupos
N-trimetoxissililpropil-N,N,N-trimetilamônio (SiN
+
)
Devido à alta solubilidade da Fe
III
PcS em água, a primeira tentativa de
imobilização desta no suporte SiN
+
foi realizada em água. Como a taxa de
ancoragem foi baixa (aproximadamente 40%), tentou-se novamente
imobilizar a ftalocianina utilizando metanol como solvente. O procedimento
utilizado encontra-se descrito abaixo.
Em um frasco reacional foram pesados 309,3 mg de SiN
+
.
Posteriormente, foram pesados num recipiente apropriado 2,6 mg de
Fe
III
PcS. Em seguida, essa foi transferida para o frasco reacional contendo
SiN
+
com o auxílio de 10 mL de metanol. Deixou-se o sistema reacional sob
agitação magnética durante 15 min, quando se observou que parte da
Fe
III
PcS não havia dissolvido. Para ajudar na solubilização, o sistema foi
agitado com um bastão de vidro, adicionou-se 1 mL de metanol e
aproximadamente 2 mL de água desionizada. O sistema foi deixado sob
agitação magnética por 1,5 h. Após esse intervalo de tempo o meio reacional
foi filtrado e procedeu-se a lavagem do sólido no extrator Soxhlet por 24 h
utilizando 500 mL de metanol como solvente. A solução obtida após
filtragem do sólido (Fe
III
PcS suportada em SiN
+
), contendo água e metanol,
foi evaporada à temperatura ambiente, até completa remoção do metanol. A
Procedimento Experimental
48
solução resultante (aproximadamente 1,5 mL) foi transferida para um balão
volumétrico de 5 mL e o volume foi completado com água. Registrou-se o
espectro UV/Vis dessa solução. Não foi observada lixiviação da Fe
III
PcS no
metanol utilizado na lavagem do sólido com extrator Soxhlet.
Através do espectro registrado é possível calcular o teor de Fe
III
PcS
adsorvida na sílica pela equação abaixo:
n
f
= (N
ad
- N
s
) / w, onde:
n
f
: número de mols de Fe
III
PcS / g de suporte;
N
ad
: número de mols de Fe
III
PcS adicionados ao suporte
N
s
= N
r
+ N
sox
(número de mols de Fe
III
PcS que restou no sobrenadante +
número de mols de Fe
III
PcS extraído do suporte na lavagem por extrator
Soxhlet)
w: massa de suporte em gramas.
100% da massa de ftalocianina de partida foi ancorada,
correspondendo a um n
f
de 8,1 x 10
-6
mol de Fe
III
PcS / g de suporte. A
ftalocianina suportada foi caracterizada por espectrofotometria UV/Vis e
Ressonância Paramagnética Eletrônica (RPE).
III.6.6 – Degradação da DDQ utilizando Fe
III
PcS imobilizada e H
2
O
2
Quando a Fe
III
PcS foi utilizada como catalisador em meio homogêneo,
observou-se que a mesma foi degradada durante o processo. Numa
tentativa de contornar essa situação e tornar o catalisador mais resistente à
degradação, esse foi suportado e alguns ensaios foram realizados. Em um
frasco reacional foram pesados 1,8 mg de catalisador suportado. Em
seguida adicionou-se 1,5 mL de solução aquosa de DDQ 0,5 mmol L
-1
e,
Procedimento Experimental
49
posteriormente, H
2
O
2
, de tal forma a obter as concentrações: 1 x 10
-3
,
3,0 x 10
-3
, 5,0 x 10
-3
, 7,0 x 10
-3
e 1,0 x 10
-2
mol L
-1
, correspondente às
seguintes razões molares cat.:oxi.:sub.: 1:100:50, 1:300:50, 1:500:50,
1:700:50 e 1:1000:50. Essas reações foram realizadas à temperatura
ambiente e sob agitação magnética.
A degradação foi acompanhada por espectrofotometria UV/Vis. Para
realizar as medidas de absorbância era necessário aproximadamente 1 mL
de amostra. Por esse motivo cada condição foi reproduzida simultaneamente
em três frascos reacionais sendo que em cada frasco a reação foi finalizada
após um determinado intervalo de tempo pré-estabelecido. Os tempos de
finalização escolhidos foram: 30 min, 1 h e 2 h. Após cada um desses
intervalos de tempo o meio reacional foi filtrado para separar o catalisador e
o espectro da solução foi registrado.
Melhor resultado de degradação foi obtido na condição 1:500:50. Uma
reação em escala maior foi realizada partindo-se de 50 mg de SiN
+
SPcFe
III
e
deixando a reação ocorrer durante 24 h. Após esse período o catalisador foi
filtrado e lavado com água e diclorometano para remover qualquer espécie
intermediária polar ou apolar que tenha ficado adsorvida no suporte. Esse
sólido foi seco em estufa à temperatura de 100
o
C e posteriormente
analisado por espectrofotometria UV/Vis e por RPE. Na solução foi
adicionado NaHSO
3
para eliminar H
2
O
2
residual e essa foi submetida à
análise por espectrometria no modo negativo por
eletrospray. Uma reação
controle foi realizada na melhor condição estudada, na ausência de
catalisador para avaliar o desempenho do catalisador no processo.
Procedimento Experimental
50
III.6.7 – Degradação do ácido cloranílico utilizando Fe
III
PcS imobilizada
e H
2
O
2
Alguns experimentos foram realizados para degradar ácido cloranílico
utilizando o sistema suportado. O experimento foi realizado de maneira
análoga ao da DDQ. Em um frasco reacional foram pesados
aproximadamente 3,5 mg de catalisador suportado. Em seguida adicionou-
se 1,5 mL de solução de ácido cloranílico 1 mmol L
-1
e, posteriormente,
H
2
O
2
, de tal forma a obter as concentrações: 2,0 x 10
-3
e 6,0 x 10
-3
mol L
-1
,
correspondente às seguintes razões molares
cat.:oxi.:sub.: 1:100:50 e
1:500:50. Essas reações foram realizadas à temperatura ambiente e sob
agitação magnética. A degradação foi acompanhada por espectrofotometria
UV/Vis. Um experimento controle foi realizado na ausência de catalisador
para avaliar o desempenho do mesmo.
IV – Resultados e Discussão
Resultados e Discussão
52
IV – Resultados e Discussão
IV.1 – Comportamento do p-cloranil em meio aquoso
Os sólidos obtidos a partir da reação entre p-cloranil e NaOH em meio
aquoso, antes (sólido 1a) e após acidificação com HCl (sólido 1b) foram
analisados por CG/EM no modo de ionização por impacto eletrônico. Na
Figura 11 é apresentado o espectro de massas do sólido 1b.
Figura 11: Espectro de massas do sólido 1b obtido a partir do p-cloranil.
O sinal m/z 208 corresponde ao pico do íon molecular e coincide com
a massa molar do ácido cloranílico. O sinal m/z 173 é correspondente ao
fragmento resultante após a perda de um grupo –Cl [Silverstein
et al.
(1979)]. Além disso, o espectro de massas acima concorda com o obtido
para o ácido cloranílico pelo banco de dados do espectrômetro,
comprovando a formação desse composto.
Resultados e Discussão
53
O sólido 1a não apresentou sinal nesta análise evidenciando que ele
é um composto iônico. Provavelmente trata-se do respectivo sal de sódio
cujo ânion é a base conjugada do ácido cloranílico, o cloranilato de sódio
(eq. 32).
NaOH
O
O
ONaCl
NaO Cl
HCl
O
O
Cl
Cl
Cl
Cl
O
O
OH
ClHO
Cl
Ácido CloranílicoCloranilato de sódio
(Sólido 1b)
(Sólido 1a)
(32)
A formação de ácido cloranílico através da reação entre p-cloranil e
NaOH ocorre via intermediário triclorohidroxiquinona [Sarr
et al. (1995)], que
possui massa molar de 226 g/mol. No espectro de massas apresentado na
Figura 11 não foi identificado esse composto.
Na Figura 12 são apresentados os espectros na região visível obtidos
para duas soluções preparadas a partir do
p-cloranil, nas quais foram
adicionadas diferentes quantidades de NaOH. Posteriormente os pHs destas
soluções foram ajustados em 7 e os espectros foram registrados. Como
pode ser observado quando a razão OH
-
/p-cloranil foi igual a 20, a
absorbância em 530 nm foi maior do que quando esta razão foi 580.
O
ε
530
para a triclorohidroxiquinona é 1,41 x 10
3
L mol
-1
cm
-1
, não
sendo afetado no intervalo de pH 6,9 – 8,5 e o
ε
530
para o ácido cloranílico é
176 L mol
-1
cm
-1
em pH 7 [Sarr et al. (1995)]. Isso permite concluir que
quando o número de mol de base foi 20 vezes maior que o de substrato,
nem todo
p-cloranil foi convertido em ácido cloranílico, parte sendo
Resultados e Discussão
54
convertida apenas à triclorohidroxiquinona. Quando o número de mol da
base foi 580 vezes maior que o de substrato, houve formação mais efetiva
de ácido cloranílico. Dessa forma pode-se concluir que a quantidade de
NaOH utilizada na reação influencia na concentração dos compostos
formados.
400 500 600 700
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00
Absorbância (UA)
razão molar OH
-
/p-cloranil
20
580
Comprimento de onda (nm)
Figura 12: Espectros das soluções preparadas a partir do p-cloranil em meio
básico.
Nas condições otimizadas para a separação dos compostos
resultantes da hidrólise básica do
p-cloranil (coluna C18; fase móvel
consistindo em 20% de metanol e 80% tampão fosfato de potássio
12,5 mmol L
-1
- pH = 6,8 - contendo 5 mmol L
-1
de hidrogenossulfato de
tetrabutilamômio; fluxo de 1,5 mL/min; e detecção em 320 nm), foram
obtidos 3 sinais com os seguintes tempos de retenção: 1,7; 2,6 e; 10,2 min.
Possivelmente o primeiro composto a eluir é a base conjugada do ácido
Resultados e Discussão
55
cloranílico; o segundo, a base conjugada da triclorohidroxiquinona e o
terceiro, o
p-cloranil (Fig.13).
Cl
Cl
Cl
Cl
O
O
Cl
Cl
Cl
O
O
O
-
Cl
Cl
O
O
O
-
-
O
p-cloranil
base conjugada da
triclorohidroxiquinona
base conjugada do
ácido p-cloranílico
t (retenção) = 1,7 mint (retenção) = 2,6 mint (retenção) = 10,2 min
OH
-
OH
-
Figura 13: Compostos originados da hidrólise básica do p-cloranil e seus
respectivos tempos de retenção.
Na separação dos produtos originados da hidrólise básica do
p-cloranil,
foram utilizadas uma fase estacionária apolar (coluna C18) e uma fase
móvel polar. Por isso, o primeiro composto a eluir é o que apresenta maior
afinidade pela fase móvel e menor afinidade pela fase estacionária. A base
conjugada do ácido cloranílico (íon com duas cargas negativas), tem mais
afinidade pela fase móvel do que a base conjugada da triclorohidroxiquinona
(íon com uma carga negativa) e este por sua vez tem maior afinidade pela
fase móvel do que o
p-cloranil (composto apolar que tem mais afinidade pela
fase estacionária). É importante salientar que em pH 7 a
triclorohidroxiquinona (pK
a
= 1,1) e o ácido cloranílico (0,6 < pK
a1
< 2,0 e
2,4 < pK
a2
< 3,2) encontram-se predominantemente na forma de suas bases
conjugadas.
Resultados e Discussão
56
IV.2 – Comportamento da DDQ em meio aquoso
Para compreender o comportamento químico da DDQ em meio
aquoso, procedimento análogo ao realizado para o
p-cloranil foi adotado. Os
sólidos obtidos a partir da DDQ em meio aquoso na presença de NaOH
antes (sólido 2a) e após acidificação com HCl (sólido 2b) foram analisados
por CG/EM no modo de ionização por impacto eletrônico. Da mesma forma
como observado para o
p-cloranil, o sólido 2b apresentou o espectro de
massas mostrado na Figura 14 e o sólido 1b não apresentou sinal nesta
análise evidenciando que este é provavelmente um composto iônico,
possivelmente um sal de sódio.
Num primeiro momento acreditava-se que o comportamento da DDQ
em meio básico seria semelhante ao do
p-cloranil. Assim esperava-se que
um grupo –Cl e um grupo –CN seriam substituídos por um grupo –OH. Esta
hipótese foi baseada nos seguintes fatos: (1) grupos –Cl são melhores
grupos de saída do que grupos –CN e (2) DDQ se decompõe em água
liberando CN
-
. Outra possibilidade seria ocorrer a formação do 2-ciano-5,6-
dicloro-3-hidroxi-1,4-benzoquinona (eq. 27), pela substituição nucleofílica de
um grupo –CN por –OH, que poderia ser favorecida em meio básico. No
entanto, ao analisar o espectro de massas do sólido 2b, constatou-se a
presença do composto diclorado pelas razões isotópicas dos sinais
m/z 228 (M
+.
), 230 (M+2) e 232 (M+4) [Silverstein et al. (1979)]. Além disso,
o sinal do íon molecular m/z 228 corresponde à massa molar da
DDQ acrescida de 2, indicando a formação da hidroquinona
correspondente (Fig. 15).
Resultados e Discussão
57
Figura 14: Espectro de massas do sólido 2b obtido a partir da DDQ.
OH
OH
CN
CNCl
Cl
Figura 15: Estrutura da 2,3-dicloro-5,6-diciano-1,4-hidroquinona.
Na prática foi mais fácil dissolver DDQ em meio aquoso na presença
NaOH. Além disso, os espectros das soluções preparadas a partir da DDQ
em meio aquoso na presença e ausência de base são diferentes (Fig. 16),
evidenciando a formação de compostos diferentes. Estas observações
levaram-nos a acreditar que o produto originado da reação entre DDQ e
NaOH em meio básico era a hidroquinona (Fig. 15).
Resultados e Discussão
58
400 450 500 550 600
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
472
423
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
solução 0,5 mmol L
-1
de DDQ em água
solução 1,0 mmol L
-1
de DDQ em água
na presença de NaOH 0,04 mol L
-1
Figura 16: Espectros dos produtos obtidos a partir da DDQ em água pura e
em meio aquoso básico.
A formação da 2-ciano-5,6-dicloro-3-hidroxi-1,4-benzoquinona e
conseqüente liberação de HCN a partir da reação entre DDQ e H
2
O em
solvente orgânico é relatada na literatura (eq. 27) [Becker
et al. (1987)]. Para
investigar melhor o que acontece com a DDQ em água, na ausência de
solventes orgânicos, uma solução 0,5 mmol L
-1
de DDQ foi preparada e logo
em seguida espectros foram registrados, durante a primeira hora após o
preparo da solução, não se observando nenhuma modificação
espectrofotométrica. Outros espectros foram registrados durante alguns dias
para avaliar a estabilidade do composto em meio aquoso. Esses espectros
são apresentados na Figura 17.
Resultados e Discussão
59
350 400 450 500 550 600
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Comprimento de onda (nm)
Absorbância (UA)
Tempo (dias)
0
2
5
9
Figura 17: Espectros da solução de DDQ 0,5 mmol L
-1
registrados para se
avaliar a estabilidade do composto em água.
Como pode ser observado na Figura 17, obteve-se boa
reprodutibilidade dos espectros da solução preparada a partir da DDQ o que
nos levou a acreditar que, somente em água, a decomposição deste
composto poderia não ocorrer. No entanto, o pH medido para essa solução
foi 2,6; indicando a formação de um composto ácido, que poderia ser o
2-ciano-5,6-dicloro-3-hidroxi-1,4-benzoquinona (eq. 27), já que não era
esperado um pH tão baixo caso a hidrólise da DDQ não estivesse
ocorrendo. Para identificar o composto em solução aquosa, um espectro de
massas foi obtido no modo negativo por
eletrospray. Este é apresentado na
Figura 18.
Resultados e Discussão
60
Figura 18: Espectro de massas da solução aquosa de DDQ 0,5 mmol L
-1
.
No modo negativo por
eletrospray, as massas obtidas são referentes
às massas molares dos compostos menos uma unidade (M-1). Dessa forma,
o sinal m/z = 215,93 (216), referente ao íon molecular é correspondente ao
composto com massa molar 217. A razão isotópica entre os sinais
m/z 215,93 (M-1), 217,94 [(M-1)+2] e 219,94 [(M-1)+4], evidenciam que o
composto é diclorado [Silverstein
et al. (1979)]. Com esta análise confirmou-
se que o composto obtido ao se dissolver DDQ em água é o
2-ciano-5,6-dicloro-3-hidroxi-1,4-benzoquinona. Como não foi observada
nenhuma modificação significativa nos espectros desta solução ao longo de
vários dias, concluiu-se que a velocidade da reação de hidrólise da DDQ em
água é alta.
A solução preparada a partir da DDQ em meio básico também foi
submetida à análise de espectrometria de massas no modo negativo por
Resultados e Discussão
61
eletrospray. Surpreendentemente, nenhum sinal foi obtido nessa análise o
que indica que, em solução, o composto formado não possui átomos de
hidrogênio e que não houve a formação da hidroquinona, existindo a
possibilidade de não ocorrer a hidrólise da DDQ quando esta é diretamente
tratada com solução de NaOH.
Na síntese da DDQ proposta por Thiele e Günther, HCl é usado para
introduzir os dois grupos –Cl na molécula [Walker & Hiebert (1967)]. Além de
introduzir esses grupos, HCl reduz a quinona à hidroquinona, como
mostrado na equação 33.
OH
OH
CN
CN
Cl
HCl
O
O
CN
CN
HNO
3
O
O
CN
CN
Cl
HCl
OH
OH
CN
CN
Cl
Cl
3
OH
OH
CN
CN
Cl
HCl
O
O
CN
CN
HNO
3
O
O
CN
CN
Cl
HCl
OH
OH
CN
CN
Cl
Cl
3
(33)
Como se utilizou HCl após a reação entre DDQ e NaOH e obteve-se
uma hidroquinona como evidenciado pela análise de CG/EM, HCl pode ter
sido o reagente responsável pela conversão da benzoquinona em
hidroquinona (sólido 2b).
IV.3 – Fotodegradação da DDQ e do p-cloranil
Nos experimentos de fotodegradação foi utilizada uma lâmpada de
vapor de mercúrio de alta pressão. O espectro de emissão dessa lâmpada é
apresentado Figura 19. Por se tratar de uma lâmpada de alta pressão, a
emissão na região UV é baixa. Mesmo assim essa lâmpada vem sendo
bastante utilizada na degradação de contaminantes orgânicos utilizando
POAs [Pera-Titus
et al. (2004)] e mostrou-se bastante eficiente nas
Resultados e Discussão
62
fotodegradações propostas neste trabalho. Além disso, seu uso é justificado
pelo seu baixo custo.
200 300 400 500 600 700 800
0
3000000
6000000
9000000
12000000
15000000
729
668
625
603
576
546
436
405
365
312
Intensidade luminosa
Comprimento de onda (nm)
300
289
302
265
280
354
334
312
200 300 400 500 600 700 800
0
3000000
6000000
9000000
12000000
15000000
729
668
625
603
576
546
436
405
365
312
Intensidade luminosa
Comprimento de onda (nm)
300
289
302
265
280
354
334
312
Figura 19: Espectro de emissão da lâmpada de vapor de mercúrio de alta
pressão (125W).
A fotodegradação da DDQ foi realizada em meio básico para evitar a
liberação de HCN, uma vez que o composto é hidrolisado em água podendo
liberar CN
-
. Os valores médios de COT (COT
M
) obtidos no processo de
fotodegradação desse composto e os respectivos desvios padrões, nas
várias condições estudadas, são apresentados na Tabela II. Graficamente
os valores de COT
M
em função do tempo de irradiação podem ser
observados na Figura 20. Menor tempo foi necessário à fotodegradação
quando se utilizou 60 mmol L
-1
de H
2
O
2
(razão molar H
2
O
2
/DDQ = 58).
Nessa condição obteve-se 1,6% de COT
M
em 2 h de irradiação.
Resultados e Discussão
63
0 75 150 225 300 375
0
20
40
60
80
100
[H
2
O
2
]
i
= 30,0 mmol L
-1
[H
2
O
2
]
i
= 100,0 mmol L
-1
[H
2
O
2
]
i
= 60,0 mmol L
-1
[H
2
O
2
]
i
= 20,0 mmol L
-1
[H
2
O
2
]
i
= 20,0 mmol L
-1
e 30 mg de TiO
2
Sem H
2
O
2
COT (%)
Tempo de irradiação (min)
Figura 20: Efeito da concentração de H
2
O
2
e do uso de TiO
2
na
fotodegradação de solução 100 ppm de C de DDQ em meio
básico.
Os ensaios realizados empregando-se TiO
2
e H
2
O
2
mostraram-se
menos eficientes na fotodegradação da DDQ em relação a quando se
empregou somente H
2
O
2
na mesma concentração. O fato do reator não
contar com um sistema de agitação acarretou na decantação do TiO
2
, o que
pode ter levado a problemas de transferência de massa caso H
2
O
2
tenha
ficado adsorvido na superfície do semicondutor.
Resultados e Discussão
64
Tabela
Tabela II:
Valores de COT (%) obtidos em função do tempo de irradiação de
solução 100 ppm de C de DDQ em meio aquoso básico
Resultados e Discussão
65
Na Figura 21 são apresentados os espectros UV/Vis em função do
tempo de irradiação registrados durante a fotodegradação da DDQ utilizando
60 mmol L
-1
de H
2
O
2
. Após 10 min de irradiação, a banda em 423 nm,
correspondente ao composto de partida, desaparece, persistindo a banda
entre 250 – 350 nm, correspondente a um composto intermediário que
desaparece após 80 min de irradiação o que indica que o mesmo foi
degradado. O desaparecimento dessa banda também indica que o anel
benzoquinônico foi degradado. Um composto resistente à degradação
persiste até 120 min de irradiação.
200 300 400 500 600
0
1
2
3
Tempo (min)
0
10
20
30
40
60
80
100
120
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
Figura 21: Espectros UV/Vis da solução 100 ppm de C de DDQ em meio
básico em função do tempo de irradiação quando foram
utilizados 60 mmol L
-1
de H
2
O
2
.
Na Figura 22 pode ser observada a variação da concentração de
H
2
O
2
durante o processo de fotodegradação da DDQ em função do tempo
de irradiação quando foram utilizados 30, 60 e 100 mmol L
-1
de H
2
O
2
. Em
Resultados e Discussão
66
120 min de irradiação a concentração de H
2
O
2
chegou a zero quando foram
empregados 60 e 100 mmol L
-1
de oxidante. No entanto os valores de COT
M
obtidos nas duas condições foram diferentes: 1,6% em 120 min de irradiação
quando foram utilizados 60 mmol L
-1
de H
2
O
2
e 14,0% no mesmo intervalo
de tempo quando foram utilizados 100 mmol L
-1
. Provavelmente, a formação
de radicais hidroperoxilas está sendo favorecida quando se emprega
100 mmol L
-1
de H
2
O
2
(eq. 16) e este não contribui significativamente para a
oxidação de compostos orgânicos, o que fez com que valores de COT
M
obtidos fossem maiores do que quando foram utilizados 60 mmol L
-1
de
H
2
O
2
. Embora quando se utilizou 30 mmol L
-1
de H
2
O
2
, 26,4% deste ainda
estavam presentes em 120 min de irradiação, o valor TOC
M
obtido foi inferior
aos apresentados anteriormente (49,7% em 120 min de irradiação).
0 50 100 150 200
0
25
50
75
100
Percentagem de H
2
O
2
(%)
Tempo de irradiação (min)
Concentração inicial de H
2
O
2
30 mmol L
-1
60 mmol L
-1
100 mmol L
-1
Figura 22: Percentagem de H
2
O
2
.em função do tempo de fotodegradação
de solução 100 ppm de C de DDQ em meio básico.
Resultados e Discussão
67
A principal preocupação em relação ao resíduo final obtido após a
fotodegradação da DDQ é se o grupo –CN foi oxidado no processo ou se
permaneceu em solução na forma de íons CN
-
. Essa preocupação se deve
ao fato de íons cianetos apresentarem alto potencial tóxico. A dose letal para
humanos é 5 mg kg
-1
de massa corpórea. O íon CN
-
é capaz de se ligar ao
Fe(III) presente nas enzimas citocromo-oxidases. A fixação do CN
-
leva à
formação de Fe(III)-cianocitocromo-oxidase, o qual bloqueia a transferência
de elétrons para o oxigênio. A afinidade que íons CN
-
possuem de se
complexarem a certos metais como ferro, cobre e cobalto é responsável pela
sua capacidade de inibir numerosas enzimas contendo estes metais como
centro ativo e pela sua toxicidade [Pandit
et. al (2005)].
Cianeto é a base conjugada do ácido fraco HCN e portanto, em
soluções aquosas é fracamente hidrolisado à temperatura ambiente de
acordo com a equação 34:
CN
-
+ H
2
O HCN + OH
-
(34)
No entanto, em temperaturas superiores a 50ºC, cianeto pode se
hidrolisar irreversivelmente e formar formiato e amônia como indicado pela
equação 35 [Kirk-Othmer (1979)]:
CN
-
+ 2 H
2
O NH
3
+ HCOO
-
(35)
A possibilidade de ocorrer esta reação para o sistema de
fotodegradação da DDQ, caso CN
-
esteja sendo liberado para a solução, é
muito grande já que a temperatura durante o processo de fotodegradação
variou entre 40,0 e 65,0
o
C.
Resultados e Discussão
68
Outra possibilidade é CN
-
estar sendo oxidado pelos radicais
hidroxilas como apresentado nas equações 36 e 37 [Pandit
et. al (2004);
Pandit
et. al (2005)].
CN
-
+ OH
.
CNO
-
+ H
2
O
(36)
CNO
-
+ 3 OH
.
HCO
3
-
+
2
1
N
2
(37)
Os experimentos de fotodegradação do
p-cloranil foram realizados em
meio básico pois, este composto é insolúvel em água tornando-se solúvel
quando hidrolisado. Os melhores resultados de fotodegradação também
foram obtidos utilizando 60 mmol L
-1
, o que representa uma razão molar
H
2
O
2
/substrato igual a 43, levando a um COT
M
de 4,4% em 4 h. Quando
foram utilizados 100 mmol L
-1
de H
2
O
2
os resultados obtidos foram similares,
chegando a um COT
M
médio de 7,4% no mesmo intervalo de tempo. Os
valores de COT
M
para cada condição estudada são apresentados na
Tabela III. Graficamente os valores de COT
M
em função do tempo de
irradiação podem ser observados na Figura 23. A temperatura ao longo do
processo também ficou compreendida entre 40,0 e 65,0
o
C.
Na Figura 24 são apresentados os espectros UV/Vis registrados ao
longo do processo de fotodegradação dos produtos originados da hidrólise
básica do
p-cloranil. Analogamente ao que foi observado para a DDQ, após
10 min de irradiação a banda em 530 nm correspondente aos substratos
desaparece, persistindo a banda entre 250 e 350 nm. Após 30 min de
irradiação ocorre a formação de um composto resistente à degradação que
persiste até 120 min. Diferentemente ao que foi observado para a DDQ, na
Resultados e Discussão
69
degradação destes compostos há formação de um intermediário após
40 min de fotodegradação que apresenta uma banda de absorção em
267 nm e vai posteriormente diminuindo ao longo do processo de
fotodegradação.
0 50 100 150 200 250 300
0
25
50
75
100
[H
2
O
2
]
i
= 100,0 mmol.L
-1
[H
2
O
2
]
i
= 60,0 mmol.L
-1
[H
2
O
2
]
i
= 40,0 mmol.L
-1
[H
2
O
2
]
i
= 20,0 mmol.L
-1
Sem H
2
O
2
COT (%)
Tempo de irradiação (min)
Figura 23: Efeito da concentração de H
2
O
2
na fotodegradação de solução
100 ppm de C preparada a partir do
p-cloranil em meio básico.
Resultados e Discussão
70
Tabela III: Valores de COT (%) obtidos em função do tempo de irradiação de
solução 100 ppm de C preparada a partir do
p-cloranil em meio
aquoso básico
Resultados e Discussão
71
200 300 400 500 600
0
1
2
3
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
Tempo (min)
0
10
20
30
40
60
80
100
120
Figura 24: Espectros UV/Vis da solução 100 ppm de C preparada a partir do
p-cloranil em meio básico em função do tempo de irradiação,
utilizando 60 mmol.L
-1
de H
2
O
2
.
Os experimentos de fotodegradação mostraram que a DDQ é mais
resistente à degradação do que os produtos originados da hidrólise básica
do
p-cloranil. Mesmo partindo-se de uma concentração molar de p-cloranil
(1,4 mmol L
-1
) maior do que a de DDQ (1,0 mmol L
-1
), quando se utilizou
somente radiação ultravioleta, havia 77,0% de COT remanescente em 6 h de
irradiação da solução de DDQ, enquanto que para a solução preparada a
partir de
p-cloranil restavam 39,5% de COT em 3 h de fotodegradação. Para
todas as concentrações de H
2
O
2
utilizadas observa-se que no intervalo de
1 h de irradiação ocorreu uma maior mineralização da solução de
p-cloranil
hidrolisado. Após este intervalo de tempo a velocidade de mineralização foi
maior para a solução de DDQ, o que indica que embora ela seja mais
resistente à degradação, os produtos originados no processo de
Resultados e Discussão
72
fotodegradação foram mais facilmente degradados do que os originados da
fotodegradação do
p-cloranil.
Como mencionado anteriormente, os altos desvios de COT foram
obtidos devido à assimetria da lâmpada. Por esse motivo o reator foi
modificado e os tubos passaram a girar em torno da lâmpada permitindo
uma irradiação mais uniforme entre os tubos. Na Tabela IV são
apresentados os valores de COT obtidos na degradação de solução
100 ppm de C de ácido cloranílico (principal produto da hidrólise básica do
p-cloranil). O pH inicial dessa solução era 2,3. Como pode ser observado
pelos valores de desvios obtidos, foi possível melhorar a reprodutibilidade do
experimento, utilizando o reator com o sistema giratório. A temperatura
permaneceu praticamente a mesma entre os tubos atingindo o máximo de
70
o
C após 60 min de reação.
Tabela IV: Valores de COT obtidos em função do tempo de fotodegradação
para uma solução 100 ppm de C de ácido cloranílico
Tempos (min) Tubos COT (%) TOC ± σ
n-1
(%)
0 - 100,0 100,0
1 40,7
2 37,6 39,1 ± 1,6
15
3 39,1
1 4,5
2 2,6
30
3 3,2
3,4 ± 1,0
1 0,6
2 0,3
60
3 1,1
0,7 ± 0,4
Resultados e Discussão
73
Em 60 min de degradação da solução de ácido cloranílico foi possível
atingir 0,7% de COT
M
enquanto que para os produtos originados da hidrólise
básica do
p-cloranil foi obtido 25% de COT
M
no mesmo intervalo de tempo e
utilizando a mesma concentração de H
2
O
2
(60 mmol L
-1
). Vários fatores
podem ter contribuído para essa diferença:
(1) o pH inicial das soluções:
quando se trabalha em pH básico o CO
2
formado no processo de
degradação permanece na solução na forma de CO
3
2-
. Íons CO
3
2-
atuam
como seqüestradores de radicais OH
.
formando radicais CO
3
.
-
, sendo estes
menos oxidantes que aqueles.
(2) a reatividade dos substratos: na
degradação dos produtos originados da hidrólise básica do
p-cloranil, três
eram os componentes da solução, ácido cloranílico, triclorohidroxiquinona e
p-cloranil. Esses podem apresentar diferenças na reatividade frente ao
radical OH
.
e por esse motivo a reatividade desse sistema pode ser diferente
de um sistema que contém somente ácido cloranílico como substrato.
(3)
a temperatura: neste último experimento a temperatura atingiu um
máximo de 70
o
C enquanto que nos experimentos anteriores o máximo
atingido foi 65
o
C. Maiores temperaturas podem contribuir para maiores
velocidades de degradação.
Resultados e Discussão
74
IV.4 – Degradação de DDQ hidrolisada e ácido cloranílico
utilizando Fe
III
PcS e H
2
O
2
IV.4.1 Comportamento químico da Fe
III
PcS na presença de H
2
O
2
em
função do pH
Como mencionado anteriormente, no primeiro ensaio catalítico
realizado para degradar os produtos originados da hidrólise básica do
p-cloranil utilizando Fe
III
PcS/H
2
O
2
em pH 7 houve somente degradação do
catalisador. Por esse motivo alguns estudos foram realizados para
compreender o comportamento do sistema Fe
III
PcS/H
2
O
2
em diferentes pHs.
Na figura 25 são apresentados os espectros da solução 20
µmol L
-1
em
diferentes pHs na ausência de H
2
O
2
.
300 400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
pH
1
3
5
7
13
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
Figura 25: Espectros da Fe
III
PcS em diferentes pHs. Principais bandas:
pH 1, 334, 646 e 680 nm; pH 3, 332, 640 e 680 nm; pH 5, 328
e 630 nm;
pH 7, 328 e 630 nm; pH 13, 328 e 630 nm.
Como pode ser observado na Figura 25, o espectro de absorção da
Fe
III
PcS sofre modificações em função do pH do meio. Em pH 1 aparece na
Resultados e Discussão
75
região visível duas bandas, uma com λ
máx
em 646 nm e outra em 680 nm.
Em pH 3 ocorre um leve deslocamento do
λ
máx
de 646 nm (que aparece em
pH 1) para 640 nm e a outra banda continua em 680 nm. A razão entre as
intensidades das bandas em cada pH também é diferente: em pH 1 temos
A
680
/A
646
1,5 enquanto que em pH 3 temos A
680
/A
640
1,2. Nos pHs 5, 7 e
13 apenas a banda em 630 nm é observada. Essas modificações espectrais
indicam que há um equilíbrio entre espécies originadas a partir do
catalisador e que este é dependente do pH.
A banda em 630 nm é característica da espécie dimérica ponte µ-oxo,
SPcFe
III
-O-Fe
III
PcS. A formação dessa espécie é favorecida em pHs mais
alcalinos e na Figura 25 pode ser observada nos pHs 5; 7 e 13. Nos pHs 1 e
3 a banda em 680 nm é característica do catalisador na forma monomérica
SPcFe
III
-OH
2
, espécie predominante em pHs ácidos [HADASCH et. al
(1998)]. O equilíbrio entre estas duas espécies é indicado pela equação 38.
SPcFe
III
-O-Fe
III
PcS + 2 H
+
+ H
2
O 2 [SPcFe
III
-OH
2
]
+
SPcFe
III
-O-Fe
III
PcS + 2 H
+
+ H
2
O 2 [SPcFe
III
-OH
2
]
+
(38)
Na figura 26 são apresentados os espectros obtidos em função do
tempo para uma solução 20
µmol L
-1
de Fe
III
PcS na presença de H
2
O
2
em
diferentes pHs. O primeiro espectro foi registrado sem a adição de H
2
O
2
.
Observando o primeiro espectro registrado após a adição de H
2
O
2
em todas
as condições estudadas, pode-se constatar que nos pHs 1 e 3, nos quais a
espécie SPcFe
III
-OH
2
é predominante, há rapidamente uma diminuição na
banda característica do catalisador evidenciando uma degradação, enquanto
que nos pHs 5 e 7 a degradação é mais lenta. Em pH 13, a menor taxa de
Resultados e Discussão
76
degradação foi obtida, o que comprova a maior resistência da espécie
dimérica.
300 400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Comprimento de onda (nm)
Absorbância (UA)
(E)
300 400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Comprimento de onda (nm)
Absorbância (UA)
300 400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
(A) (B)
300 400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Comprimento de onda (nm)
Absorbância (UA)
300 400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
(C) (D)
300 400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Comprimento de onda (nm)
Absorbância (UA)
Tempo de reação (min)
0
1
3
5
7
10
300 400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Comprimento de onda (nm)
Absorbância (UA)
(E)
300 400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Comprimento de onda (nm)
Absorbância (UA)
(E)
300 400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Comprimento de onda (nm)
Absorbância (UA)
300 400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
(A) (B)
300 400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Comprimento de onda (nm)
Absorbância (UA)
300 400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
(A) (B)
300 400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Comprimento de onda (nm)
Absorbância (UA)
300 400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
(C) (D)
300 400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Comprimento de onda (nm)
Absorbância (UA)
300 400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
(C) (D)
300 400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Comprimento de onda (nm)
Absorbância (UA)
Tempo de reação (min)
0
1
3
5
7
10
Figura 26: Espectros da Fe
III
PcS na presença de H
2
O
2
na razão molar 1:300
nos meios:
(A) solução HCl 0,1 mol L
-1
; (B) solução HCl
1 x 10
-3
mol L
-1
; (C) solução HCl 1 x 10
-5
mol L
-1
; (D) água
desionizada e
(E) solução NaOH 0,1 mol L
-1
. O espectro
correspondente ao tempo 0 foi registrado antes da adição de
H
2
O
2
.
Resultados e Discussão
77
Fe
III
PcS na presença de H
2
O
2
se torna mais resistente ao meio
oxidante com o aumento do pH. Alessandro
et al. comprovaram em seus
estudos que MPcS são extremamente sensíveis a oxidantes como peróxido
de hidrogênio e monopersulfato, levando a mudanças drásticas nas
propriedades físicas do catalisador. O espectro eletrônico das MPcS
apresenta bandas Q na região entre 620 - 670 nm, as quais se devem às
transições
ππ* no anel heteroaromático. Eles observaram que em meio
neutro e ácido uma solução de Fe
III
PcS, intensamente azul, tornou-se
rapidamente incolor na presença de excesso de oxidantes (razão molar
oxidante/catalisador 10), com completo desaparecimento da banda Q
correspondente. Em meio alcalino, os complexos MPcS, ou melhor, seus
derivados ponte
µ-oxo e/ou hidroxo, são quase insensíveis ao meio
oxidante. Na figura 27 são apresentadas as etapas de oxidação propostas
[Alessandro
et al. (2003)].
Resultados e Discussão
78
Figura 27: Etapas propostas para a oxidação de MPcS por H
2
O
2
e KHSO
5
[Alessandro
et al. (2003)].
Como experimento controle, um acompanhamento da estabilidade da
solução de Fe
III
PcS em função do tempo em meio ácido foi realizado em
solução de HCl 0,1 mol L
-1
. Os espectros podem ser observados na
Figura 28. É observada uma pequena variação na intensidade das bandas o
que indica instabilidade do catalisador em pH ácido. No entanto, a
diminuição observada não é significativa quando comparada àquela
observada na presença de H
2
O
2
.
Resultados e Discussão
79
300 400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Tempo
0
30 min
1 h
2 h
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
Figura 28: Espectros da solução 20 µmol L
-1
de Fe
III
PcS em meio de
HCl 0,1 mol L
-1
, em função do tempo na ausência de H
2
O
2
.
IV.4.2 – Degradação dos produtos da hidrólise básica do p-cloranil
empregando Fe
III
PcS e H
2
O
2
em pH básico
Levando em consideração que em pH 7,0 houve somente degradação
do catalisador e que nos ensaios utilizando Fe
III
PcS na presença de H
2
O
2
o
catalisador se mostrou mais resistente à degradação em meio básico,
ensaios foram realizados na tentativa de degradar os produtos originados da
hidrólise do
p-cloranil em meio básico. Neste caso a reação de degradação
foi acompanhada por espectroscopia UV/Vis. Na Figura 29 são
apresentados os espectros obtidos em função do tempo nas duas condições
estudadas.
Resultados e Discussão
80
400 500 600 700 800 900
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
400 500 600 700 800 900
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
(A)
(B)
400 500 600 700 800 900
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00
1,25
1,50
1,75
2,00
Tempo (min)
0
15
30
45
60
75
90
400 500 600 700 800 900
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
400 500 600 700 800 900
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
400 500 600 700 800 900
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
400 500 600 700 800 900
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
(A)
(B)
400 500 600 700 800 900
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00
1,25
1,50
1,75
2,00
Tempo (min)
0
15
30
45
60
75
90
Figura 29: Espectros do sistema Fe
III
PcS/H
2
O
2
/substratos provenientes da
hidrólise do
p-cloranil em pH 13, nas condições:
(A) 2,0 mmol L
-1
de substratos, 40 µmol L
-1
de Fe
III
PcS e
12 mmol L
-1
de H
2
O
2
(razão molar cat.:oxi.:sub. igual a
1:300: 50) e;
(B) 2,0 mmol L
-1
de substratos, 20 µmol L
-1
de
Fe
III
PcS e 12 mmol L
-1
de H
2
O
2
(razão molar cat.: oxi.:sub. Igual
a 1:600:100).
Pode-se observar nos espectros apresentados na Figura 29 que, nas
duas condições estudadas, a banda em 530 nm, característica dos
compostos resultantes da hidrólise básica do
p-cloranil, apresentou pequena
diminuição de intensidade, indicando uma possível degradação do
catalisador (e não dos substratos), já que é observada uma diminuição
significativa na banda em 635 nm, região onde somente o catalisador
absorve. Além disso, foi observado visualmente que, após determinado
Resultados e Discussão
81
tempo de reação, a coloração azul característica do catalisador,
predominante no sistema, desapareceu, voltando a predominar a coloração
violeta da solução de substrato.
Embora o catalisador tenha se mostrado mais resistente em pH
básico, neste meio ele se encontra preferencialmente na forma dimérica e a
espécie ativa resultante desta forma apresenta menor atividade catalítica do
que a espécie ativa formada a partir da forma monomérica [HADASCH
et al.
(1998)]. No sistema Fe
III
PcS/H
2
O
2
/substratos provenientes da hidrólise do
p-cloranil em pH 13, a espécie ativa formada a partir da forma dimérica não
consegue degradar os substratos, o que pode ser explicado por essa menor
atividade catalítica da espécie dimérica.
Mesmo não ocorrendo degradação dos substratos, observou-se que o
catalisador foi degradado ao longo do processo. Isso nos leva a acreditar
que há formação preferencial de uma espécie catalítica eletrofílica como
apresentado na Figura 30. Sendo o catalisador mais nucleofílico do que o
substrato (o número de duplas ligações naquele é maior que neste), ele é
mais reativo com a espécie eletrofílica formada, o que favorece sua
oxidação. Espécies diméricas ativas originadas em sistemas de
ferroporfirinas, já foram observadas pelo nosso grupo [Iamamoto
et al.
(1993)].
Resultados e Discussão
82
+
H
2
O
2
-HO
-
Fe
III
O
Fe
III
Fe
III
O
Fe
III
O-H
O
Fe
V
O
Fe
III
O
Fe
IV
O
Fe
IV
O
Espécie eletrofílica dimérica
+
H
2
O
2
-HO
-
-HO
-
Fe
III
O
Fe
III
Fe
III
Fe
III
O
Fe
III
Fe
III
Fe
III
O
Fe
III
O-H
O
Fe
III
O
Fe
III
Fe
III
Fe
III
O
Fe
III
Fe
III
O-H
O
O-H
O
Fe
V
O
Fe
III
O
Fe
V
O
Fe
III
Fe
V
Fe
V
O
Fe
III
Fe
III
OO
Fe
IV
O
Fe
IV
O
Fe
IV
O
Fe
IV
Fe
IV
Fe
IV
O
Fe
IV
Fe
IV
OO
Espécie eletrofílica dimérica
Figura 30: Mecanismo proposto para a formação da espécie ativa a partir da
forma dimérica da Fe
III
PcS e H
2
O
2
[ Sorokin et al. (2002)].
IV.4.3 – Degradação do ácido cloranílico e do produto obtido a partir da
DDQ em meio aquoso utilizando Fe
III
PcS e H
2
O
2
em meio
homogêneo
Um último estudo foi realizado em meio homogêneo utilizando o
sistema Fe
III
PcS. Tornou-se mais conveniente estudar a degradação
de um composto ao invés de uma mistura de compostos, como
realizado anteriormente, para melhor explorar o sistema
catalisador/oxidante/substrato. Por esse motivo, o ácido cloranílico, principal
produto da hidrólise básica do
p-cloranil, foi obtido comercialmente e
utilizado nestes estudos. As Figuras 31 e 32 apresentam os espectros
obtidos em função do tempo de degradação do ácido cloranílico e da DDQ
hidrolisada. O pH inicial destas soluções foram respectivamente 2,2 e 2,6.
Como pode ser observado nas Figuras 31 e 32, quando Fe
III
PcS foi
adicionada às soluções de ácido cloranílico e DQQ hidrolisada, ocorreu o
aparecimento das bandas em 640 e 680 nm características do catalisador.
No primeiro espectro registrado após a adição de H
2
O
2
observa-se o
desaparecimento dessas bandas, o que indica degradação do catalisador.
No entanto, observa-se que mesmo ocorrendo degradação do catalisador,
Resultados e Discussão
83
os substratos também foram degradados, o que pode ser constatado pela
diminuição das bandas em 530 nm e 472 nm respectivamente para o ácido
cloranílico e a DDQ hidrolisada. A diminuição das bandas compreendidas
entre 190 nm e 400 nm para o ácido cloranílico e 190 e 300 nm para a DDQ
hidrolisada indicam que o processo foi capaz de provocar a degradação
parcial dos anéis quinônicos .
200 300 400 500 600 700 800
0
1
2
3
4
Espectros em função do tempo de reação
solução ácido cloranílico
solução ácido cloranílico e Fe
III
PcS
solução ácido cloranílico, Fe
III
PcS e H
2
O
2
(t = 0)
t = 30 min
t = 1 h
t = 2 h
t = 3 h
t = 4 h
t = 5 h
t = 6 h
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
Figura 31:
Espectros do sistema Fe
III
PcS/H
2
O
2
/ácido cloranílico em função
do tempo, na condição 1,0 mmol L
-1
de ácido cloranílico,
20
µmol L
-1
de Fe
III
PcS e 6,0 mmol L
-1
de H
2
O
2
(razão molar
cat.: oxi.:sub. Igual a 1:300: 50).
Resultados e Discussão
84
200 300 400 500 600 700 800
0
1
2
3
4
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
Espectros em função do tempo de reação
solução de DDQ
solução de DDQ e Fe
III
PcS
solução de DDQ, Fe
III
PcS e H
2
O
2
(t = 0)
t = 30 min
t = 1 h
t = 2 h
t = 3 h
t = 4 h
t = 5 h
t = 6 h
Figura 32: Espectros do sistema Fe
III
PcS/H
2
O
2
/DDQ hidrolisada em função
do tempo, na condição 0,5 mmol L
-1
de DDQ, 10 µmol L
-1
de
Fe
III
PcS e 3,0 mmol L
-1
de H
2
O
2
(razão molar cat.: oxi.:sub. igual
a 1:300: 50).
É provável que nestas condições ocorre a formação da espécie ativa
eletrofílica originada a partir da forma monomérica da Fe
III
PcS. Esta espécie
ativa é mais eletrofílica do que a espécie ativa originada a partir da forma
dimérica e por isso a degradação do catalisador é mais acentuada no início
do processo. O meio ácido pode estar favorecendo a clivagem heterolítica
da ligação O-OH através da protonação do oxigênio terminal e conseqüente
saída de água, levando à formação da espécie ativa Fe
V
=O (Fig. 33).
Embora ocorra degradação do catalisador no início do processo de
acordo com o mecanismo apresentado na Figura 27, a degradação dos
substratos ocorreu posteriormente, evidenciando que o complexo de Fe(III)
originado da oxidação da Fe
III
PcS pode ser responsável pela oxidação dos
substratos.
Resultados e Discussão
85
Fe
IV
+.
O
+
H
2
O
O
H
H
Fe
III
O
+
Fe
III
O-H
O
H
+
Eletrófilo
Fe
V
O
Fe
IV
+.
O
Fe
IV
+.
Fe
IV
Fe
IV
+.
O
O
+
H
2
O
O
H
H
Fe
III
O
+
O
H
H
Fe
III
O
+
O
H
H
Fe
III
O
+
Fe
III
Fe
III
O
+
Fe
III
O-H
O
H
+
Fe
III
O-H
O
Fe
III
Fe
III
O-H
O
O-H
O
H
+
Eletrófilo
Fe
V
O
Fe
V
Fe
V
Fe
V
OO
Figura 33: Mecanismo proposto para a formação da espécie ativa a partir da
forma monomérica da Fe
III
PcS e H
2
O
2
em meio ácido.
IV.4.4Imobilização da Fe
III
PcS em sílica funcionalizada com grupos
N-trimetoxissililpropil-N,N,N-trimetilamônio (SiN
+
)
Fe
III
PcS foi ancorada na sílica gel funcionalizada com grupos
N-trimetoxissililpropil-N,N,N-trimetilamônio (SiN
+
) em meio de metanol e
água (Fig. 34). Uma primeira tentativa de ancoragem do catalisador nesse
suporte foi realizada em água, obtendo-se somente 40% de ancoragem,
provavelmente devido ao fato da água ser um bom solvente de lavagem.
Uma segunda tentativa foi realizada em metanol, com a adição de um pouco
de água. Nessas condições obteve-se 100% ancoragem e a razão número
de mol do catalisador/grama de sílica obtida foi 8,6
µmol/g.
O suporte foi caracterizado por espectroscopia UV/Vis e RPE. Na
Figura 35 são apresentados, respectivamente, os espectros de UV/Vis e de
RPE da Fe
III
PcS suportada.
Resultados e Discussão
86
Sílica funcionalizada Fe
III
PcSSílica funcionalizada Fe
III
PcS
Figura 34:
Representação esquemática da Fe
III
PcS suportada em sílica gel
funcionalizada com grupos SiN
+
(SiN
+
SPcFe
III
).
Pelo espectro UV/Vis é possível confirmar que a Fe
III
PcS
está
suportada, pois observa-se uma banda na região entre 600 e 700 nm, região
onde ela absorve. Observa-se ainda que a banda em 578 nm é intensificada
quando a Fe
III
PcS encontra-se suportada (em relação ao espectro em meio
homogêneo), o que é um indicativo de que o ferro pode estar coordenado a
outros ligantes no sistema suportado, por exemplo, a grupos silanóis (Si-OH)
da sílica. No espectro de RPE pode-se observar os sinais g = 6,0 e g = 2,0
característicos de Fe(III) alto spin (S = 5/2), além do sinal g = 4,3 referente
ao Fe(III) alto spin com distorção rômbica. Essa distorção deve-se à
interação entre as cargas do anel ftalocianínico e da matriz sólida
[Sacco
et al. (2001)].
Resultados e Discussão
87
0 10002000300040005000
-1000
-500
0
500
1000
1500
2000
sinal da cavidade
g = 2,0
g = 6,0
Intensidade
Campo magnético (GAUSS)
Fe
III
PcS suportada
300 400 500 600 700 800
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
Fe
III
PcS suportada
(A)
(B)
g = 4,3
0 10002000300040005000
-1000
-500
0
500
1000
1500
2000
sinal da cavidade
g = 2,0
g = 6,0
Intensidade
Campo magnético (GAUSS)
Fe
III
PcS suportada
300 400 500 600 700 800
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
Fe
III
PcS suportada
(A)
(B)
0 10002000300040005000
-1000
-500
0
500
1000
1500
2000
sinal da cavidade
g = 2,0
g = 6,0
Intensidade
Campo magnético (GAUSS)
Fe
III
PcS suportada
300 400 500 600 700 800
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
Fe
III
PcS suportada
(A)
(B)
g = 4,3
Figura 35
: Espectros de: (A) UV/Vis da suspensão de SiN
+
SPcFe
III
em CCl
4
e
(B) RPE da SiN
+
SPcFe
III
, T = 4,5 K, 3 min de varredura.
IV.4.5 – Degradação da DDQ hidrolisada utilizando Fe
III
PcS
imobilizada e H
2
O
2
Na figura 36 são apresentados os espectros obtidos em 30, 60 e
120 min de reação nas condições estudadas para a degradação do produto
originado da hidrólise da DDQ em água utilizando Fe
III
PcS imobilizada e
H
2
O
2
. Cabe salientar que em nenhuma condição e em nenhum momento
observou-se lixiviação do catalisador, o que pode ser justificado pelo fato da
interação eletrostática entre suporte e catalisador ser forte. Uma vez
Resultados e Discussão
88
formada essa interação, nem a água é capaz de provocar desancoragem do
catalisador.
Na tabela V são apresentadas as absorbâncias obtidas em função do
tempo de degradação da DDQ hidrolisada, em 472 nm. Observando a figura
36 e a Tabela V, nota-se que a melhor taxa de conversão do substrato em
questão (verificada por uma queda mais acentuada da banda em 472 nm) foi
obtida na condição 1:500:50 (Figura 36.C). Aumentando a concentração de
H
2
O
2
, conversões menos acentuadas do substrato foram observadas. Sendo
o H
2
O
2
um oxidante potente, um ensaio foi realizado na ausência de
catalisador na razão molar oxi.:sub. de 10:1, cujos espectros em função do
tempo de degradação são apresentados na figura 37 e os valores de
absorbância em 472 nm encontram-se registrados na Tabela V (Ensaio F).
Como pode ser observado na Tabela V, os valores de absorbância
obtidos em função do tempo de reação quando se utiliza somente H
2
O
2
são
menores que o da condição 1:500:50, mas são similares ao obtido na
condição 1:700:50. Quando se utilizou a condição 1:1000:50 a porcentagem
de substrato degradado foi muito inferior às demais, inclusive em relação à
condição na qual o catalisador estava ausente.
Resultados e Discussão
89
200 300 400 500 600
0
1
2
3
4
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
200 300 400 500 600
0
1
2
3
4
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
200 300 400 500 600
0
1
2
3
4
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
200 300 400 500 600
0
1
2
3
4
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
200 300 400 500 600
0
1
2
3
4
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
(A) (B)
(D)(C)
(E)
200 300 400 500 600
0
1
2
3
4
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
Tempo de reação (min)
0
30
60
120
200 300 400 500 600
0
1
2
3
4
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
200 300 400 500 600
0
1
2
3
4
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
200 300 400 500 600
0
1
2
3
4
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
200 300 400 500 600
0
1
2
3
4
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
200 300 400 500 600
0
1
2
3
4
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
200 300 400 500 600
0
1
2
3
4
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
200 300 400 500 600
0
1
2
3
4
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
200 300 400 500 600
0
1
2
3
4
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
200 300 400 500 600
0
1
2
3
4
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
200 300 400 500 600
0
1
2
3
4
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
(A) (B)
(D)(C)
(E)
200 300 400 500 600
0
1
2
3
4
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
Tempo de reação (min)
0
30
60
120
Figura 36: Espectros obtidos em função do tempo durante a degradação de
DDQ hidrolisada utilizando SiN
+
SPcFe
III
e H
2
O
2
, nas razões
molares cat.:oxi.sub.:
(A) 1:100:50; (B) 1:300:50; (C) 1:500:50;
(D) 1:700:50; (E) 1:1000:50.
Resultados e Discussão
90
Tabela V: Valores de absorbância obtidos em função do tempo de
degradação de DDQ hidrolisada utilizando SiN
+
SPcFe
III
e H
2
O
2
Absorbância (472 nm)
Ensaio Condição
0min 30 min 60 min 120 min
A
1:100:50
0,63
100%
0,56
89%
0,54
86%
0,24
38%
B
1:300:50
0,62
100%
0,53
85%
0,43
69%
0,18
29%
C
1:500:50
0,63
100%
0,50
79%
0,31
49%
0,13
21%
D
1:700:50
0,62
100%
0,54
87%
0,42
68%
0,39
63%
E
1:1000:50
0,62
100%
0,52
84%
0,44
71%
0,48
77%
F*
0:500:50
0,63
100%
0,52
82%
0,48
76%
0,40
63%
*Reação controle na ausência de catalisador.
200 300 400 500 600
0
1
2
3
4
Razão molar oxi.:sub. = 10:1 (500:50)
Tempo de reação (min)
0
30
60
120
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
Figura 37: Espectros obtidos em função do tempo de reação de DDQ
hidrolisada com H
2
O
2
na ausência de catalisador.
Resultados e Discussão
91
Concomitantemente à oxidação do substrato pode ocorrer a reação
de dismutação do H
2
O
2
do tipo catalase, levando à formação de O
2
e H
2
O,
como indicado na equação 39 [Hadasch
et al. (1998)].
2 H
2
O
2
O
2
+ H
2
O (39)
Assim as reações de degradação do substrato e de dismutação do
peróxido de hidrogênio são competitivas no sistema, sendo a segunda
favorecida quando se trabalha com altas concentrações do oxidante. Como
foi observado na degradação da DDQ hidrolisada, quando se trabalhou com
concentrações de H
2
O
2
superiores a 5 mmol L
-1
(razão molar cat.:oxi.:sub.
igual a 1:500:50) obteve-se, ao invés de um aumento da taxa de conversão
do substrato, uma diminuição, indicando o favorecimento da reação de
dismutação do H
2
O
2
em relação à reação de degradação do substrato
nessas condições.
Cabe também salientar que a queda da banda compreendida entre
200 e 300 nm indica que há quebra do anel quinônico e isso acontece de
forma mais rápida e acentuada na condição 1:500:50.
Uma reação em escala maior foi realizada na condição cat.:oxi.:sub.
igual a 1:500:50 e, após 24 h de degradação, o catalisador foi separado por
filtração e analisado por espectroscopia UV/Vis e RPE. Os respectivos
espectros podem ser observados na Figura 38.
Resultados e Discussão
92
0 1000 2000 3000 4000 5000
-1500
-1000
-500
0
500
1000
1500
2000
g = 4,3
Intensidade
Campo magnético (GAUSS)
Fe
III
PcS suportada depois da catálise
300 400 500 600 700 800
0,0
Comprimento de onda (nm)
Fe
III
PcS suportada antes da catálise
Fe
III
PcS suportada depois da catálise
(A)
(B)
0 1000 2000 3000 4000 5000
-1500
-1000
-500
0
500
1000
1500
2000
g = 4,3
Intensidade
Campo magnético (GAUSS)
Fe
III
PcS suportada depois da catálise
300 400 500 600 700 800
0,0
Comprimento de onda (nm)
Fe
III
PcS suportada antes da catálise
Fe
III
PcS suportada depois da catálise
0 1000 2000 3000 4000 5000
-1500
-1000
-500
0
500
1000
1500
2000
g = 4,3
Intensidade
Campo magnético (GAUSS)
Fe
III
PcS suportada depois da catálise
300 400 500 600 700 800
0,0
Comprimento de onda (nm)
Fe
III
PcS suportada antes da catálise
Fe
III
PcS suportada depois da catálise
(A)
(B)
Figura 38: Espectros de: (A) UV/Vis da suspensão de SiN
+
SPcFe
III
em CCl
4
antes da catálise e depois de 24 h de reação de oxidação da
DDQ hidrolisada com H
2
O
2
na condição 1:500:50; (B) RPE da
SiN
+
SPcFe
III
após 24 h de reação, T = 4,5 K, 3 min de varredura.
Os espectros UV/Vis do catalisador suportado antes e depois da
catálise são semelhantes. Embora a qualidade dos espectros não seja muito
boa, por se tratar de espectros de sólidos em suspensão, é possível
Resultados e Discussão
93
reconhecer nos espectros da Figura 38(A), as bandas da Fe
III
PcS antes da
catálise nos comprimentos de onda 325, 578 e 655 nm, sendo que esses
mesmos λ’s se mantêm no espectro da Fe
III
PcS suportada depois da
catálise, havendo uma intensificação em 578 nm. Isso indica que não houve
degradação do catalisador suportado. No espectro de RPE observa-se
somente o sinal g = 4,3 com maior intensidade em relação ao espectro de
RPE obtido antes da catálise. Esse sinal evidencia a presença de Fe(III) alto
spin com distorção rômbica. Acredita-se que a distorção rômbica, nesse
caso, seja provocada pela conversão da espécie
+.
PcFe
IV
=O (gerada no
processo catalítico) na espécie Fe(III)-O-N, da mesma forma que acontece
com porfirinas e é indicado na equação 40 [Nagakaki
et al. (1991)]
N
Fe
IV
.
+
O
N
Fe
III
O
N
N
(40)
A reação de degradação da Fe
III
PcS envolve um ataque bimolecular.
Quando o catalisador encontra-se suportado, esse ataque é impedido, pois a
periferia do anel, região vulnerável ao ataque, encontra-se protegida pelo
suporte, fazendo com que o catalisador torne-se mais resistente.
Na Figura 39 é apresentado o espectro de massas do resíduo obtido
após 24 h de degradação da DDQ hidrolisada utilizando o sistema
Fe
III
PcS/H
2
O
2
.
Analisando somente este espectro de massas obtido no final do
processo de degradação torna-se complicado propor estruturas para os
sinais obtidos. Uma informação importante que é possível extrair deste
espectro é que os compostos não possuem cloro em sua estrutura. Além
Resultados e Discussão
94
disso sinais m/z 215,93 (M-1), 217,94 [(M-1)+2] e 219,94 [(M-1)+4],
característicos da solução de DDQ hidrolisada (solução de partida, Fig. 18)
não aparecem neste espectro, o que indica que o substrato foi oxidado.
Figura 39: Espectro de massas do resíduo obtido após 24 h de reação da
DDQ 0,5 mmol L
-1
utilizando Fe
III
PcS e H
2
O
2
.
Uma análise de COT foi realizada para a solução preparada a partir
da DDQ e para o resíduo final obtido. A solução de partida apresentou um
COT de 50,90 ppm de C. O resíduo obtido da degradação apresentou COT
de 30,01 ppm, o que evidencia que parte do composto foi mineralizado.
Os resultados obtidos foram bastante promissores. Utilizar o
catalisador suportado se mostrou vantajoso já que aumentou a sua
resistência em relação a quando se trabalhou em meio homogêneo e
permitiu que ele fosse separado facilmente por filtração ao término do
processo de degradação. Neste trabalho, onde a degradação do substrato
foi acompanhada por espectrofotometria UV/Vis, apresentou também a
Resultados e Discussão
95
vantagem de eliminar a interferência das bandas de absorção do catalisador,
já que esse não foi lixiviado da superfície de sílica funcionalizada.
IV.4.6 – Degradação do ácido cloranílico utilizando Fe
III
PcS imobilizada
e H
2
O
2
Na Figura 40 são apresentados os espectros obtidos em 30, 60 e
120 min de reação nas condições estudadas para degradar ácido cloranílico
em meio aquoso utilizando Fe
III
PcS/H
2
O
2
. Analogamente ao que foi
observado para a DDQ, não ocorreu lixiviação do catalisador. Na tabela VI
são apresentadas as absorbâncias obtidas em função do tempo de
degradação do ácido cloranílico em 530 nm.
200 300 400 500 600 700 800
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
200 300 400 500 600 700 800
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
(A)
(B)
200 300 400 500 600 700 800
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
Tempo de reação (min)
0
30
60
120
240
200 300 400 500 600 700 800
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
200 300 400 500 600 700 800
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
Absorbância (UA)
Comprimento de onda (nm)
(A)
(B)
200 300 400 500 600 700 800
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
Tempo de reação (min)
0
30
60
120
240
Figura 40: Espectros obtidos em função do tempo durante a degradação do
ácido cloranílico em água utilizando SiN
+
SPcFe
III
/H
2
O
2
, nas
razões molares cat.:oxi.:sub.:
(A) 1:100:50 e (B) 1:500:50.
Resultados e Discussão
96
Tabela VI: Valores de absorbância obtidos em função do tempo de
degradação do ácido cloranílico utilizando SiN
+
SPcFe
III
e H
2
O
2
Absorbância (530 nm)
Ensaio Condição
0 min 30 min 60 min 90 min 120 min 240 min
A
1:100:50
0,60
(100%)
0,43
(72%)
0,43
(72%)
_ 0,50
(83%)
0,40
(67%)
B
1:500:50
0,61
(100%)
0,46
(75%)
0,43
(70%)
_ 0,44
(72%)
_
C*
0:100:50
0,61
(100%)
0,61
(100%)
0,61
(100%)
0,60
(98%)
_ _
*Reação controle na ausência de catalisador.
Como pode ser observado na Figura 40, a degradação do ácido
cloranílico é pouco acentuada quando é utilizado o sistema suportado. Nas
duas condições estudadas, observou-se um aumento na absorbância em
530 nm após 1 h de reação, o que pode evidenciar a formação de um
intermediário com absortividade molar maior nesse comprimento de onda.
Na condição 1:100:50 uma medida foi realizada em 240 nm onde
observou-se diminuição na banda em 530 nm. Ácido cloranílico parece ser
mais resistente à degradação utilizando o sistema suportado do que o
composto originado da decomposição da DDQ em meio aquoso. Nas
condições estudadas não foi observada degradação do anel quinônico.
Quando se realizou um ensaio na ausência de catalisador (Ensaio C, Tabela
VI), nenhuma oxidação do substrato foi observada.
Nas degradações realizadas com o sistema Fe
III
PcS/H
2
O
2
em meio
homogêneo, observou-se que ambos os substratos estudados foram
degradados em 6 h de reação. O grande inconveniente de se trabalhar em
meio homogêneo foi a degradação do catalisador, o que impede que sejam
Resultados e Discussão
97
tiradas conclusões ao longo do processo já que outras espécies ativas são
geradas.
Quando se utilizou o catalisador suportado, foram obtidas melhores
taxas de conversão na degradação da DDQ hidrolisada do que na
degradação do ácido cloranílico, possivelmente explicado pelos diferentes
substituintes no anel quinônico. Nos dois compostos um mecanismo possível
é a epoxidação das duplas ligações, como apresentado na Figura 41. Como
a DDQ hidrolisada é mais facilmente degradada do que o ácido cloranílico,
as duplas ligações do primeiro podem ser mais susceptíveis à epoxidação
do que no último. Para a DDQ hidrolisada é possível ainda outro mecanismo:
uma N-oxidação no grupo –CN que poderia desencadear o processo de
oxidação tornando a DDQ menos resistente à degradação (Fig. 41).
DDQ hidrolisada
OH
CN
Cl
Cl
O
O
OO
OH
Cl
O
O
Cl
CO
OH
Cl
O
O
Cl
C
NO
Ácido cloranílico
OH
Cl
HO
Cl
O
O
Cl
HO
O
O
Cl
OH
OO
(1)
(1)
(2)
DDQ hidrolisada
OH
CN
Cl
Cl
O
O
OO
OH
Cl
O
O
Cl
CO
OH
Cl
O
O
Cl
C
NO
DDQ hidrolisada
OH
CN
Cl
Cl
O
O
OO
OH
Cl
O
O
Cl
CO
OH
Cl
O
O
Cl
C
NO
Ácido cloranílico
OH
Cl
HO
Cl
O
O
Cl
HO
O
O
Cl
OH
OO
Ácido cloranílico
OH
Cl
HO
Cl
O
O
Cl
HO
O
O
Cl
OH
OO
(1)
(1)
(2)
Figura 41: Mecanismos de oxidação propostos para a DDQ hidrolisada e
ácido cloranílico: (1) epoxidação das duplas ligações e
(2) N-oxidação.
Resultados e Discussão
98
Segundo Meunier et al., a espécie nucleofílica Fe
III
OOH é tida como
responsável pela oxidação de quinonas. No entanto para atuar como
nucleófilo, essa espécie tem que estar na forma desprotonada (Fe
III
OO
-
). Em
seus trabalhos, Meunier
et al. utilizam meio de tampão fosfato em pH 7, pH
no qual essa espécie encontra-se desprotonada [Meunier & Sorokin (1997);
Meunier (2000)]. Além da espécie nucleofílica, pode ocorrer a formação de
duas espécies eletrofílicas a espécie Fe
IV
=O e a espécie Fe
V
=O. Neste
trabalho as degradações dos dois compostos foram realizadas em meio
ácido. Baseando-se nas evidências experimentais acredita-se que, neste
meio, a espécie responsável pela degradação dos substratsos é a Fe
V
=O,
formada pelo mecanismo proposto na Figura 33.
V – Considerações Finais
Considerações Finais
100
V – Considerações Finais
O processo de degradação que utiliza H
2
O
2
combinado com radiação
UV mostrou-se bastante eficiente na fotodegradação da DDQ, dos produtos
originados da hidrólise básica do
p-cloranil e do ácido cloranílico. Esse
método constitui uma alternativa barata, viável e prática para o tratamento
de resíduos em pequena escala podendo inclusive ser utilizado em
laboratórios de pesquisas. Para completar os estudos de fotodegradação
realizados neste trabalho seria interessante determinar os intermediários
formados durante o processo. Isso possibilitaria compreender a reatividade
dos substratos frente ao radical hidroxila e as diferenças na degradação
desses substratos. No caso da DDQ é necessário ainda determinar se o
resíduo final obtido contém CN
-
em sua composição.
O método que utiliza Fe
III
PcS e H
2
O
2
se mostrou eficiente na
degradação da DDQ hidrolisada, mas não foi eficaz na degradação do ácido
cloranílico. Em meio homogêneo o catalisador foi degradado tornando-se
resistente quando suportado em sílica funcionalizada com grupos catiônicos.
Os estudos de catálise bioinspirada realizados neste trabalho foram
preliminares e muito ainda tem que ser investigado sobre o sistema em
questão na tentativa de esclarecer e elucidar o mecanismo das reações.
Para isso recomenda-se que para dar prosseguimento aos estudos seja
utilizado o catalisador suportado e que sejam determinados os
intermediários formados ao longo do processo. O laboratório de
Bioinorgânica, onde este projeto foi desenvolvido, possui uma vasta
experiência no que diz respeito a estudos envolvendo porfirinas. Será
Considerações Finais
101
interessante também comparar o sistema estudado neste trabalho com o
sistema de ferroporfirinas, abrindo, desta forma, perspectivas não só para o
estudo de processos de degradação de compostos dessa natureza, como
também para estudos de metabolismo dos mesmos, de grande interesse
toxicológico.
Alguns estudos devem ser realizados ainda para elucidar o
comportamento da DDQ em meio aquoso.
VI – Referências Bibliográficas
Referências Bibliográficas
103
VI – Referências Bibliográficas
ALESSANDRO, N.; TONUCCI, L.; BRESSAN, M.; DRAGANI, L. K.;
MORVILLO, A.
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metallosulfophthalocyanines prior to their usefulness a precatalysts in
oxidations reactions. European Journal of Inorganic Chemistry, p. 1807-
1814, 2003.
ANDREOZZI, R.; CAPRIO, V.; INSOLA, A.; MAROTTA, R.
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Química Analítica Quantitativa Elementar. 3. ed. Campinas: Edgard
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BASOLO, F; LEAL, O.; ANDERSON, D. L.; BROWMAN, R. G.BURWELL, R.
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