2.4.3 Esvaziamento retal
Com a distensão do reto, ocorre relaxamento do esfíncter interno pelo reflexo
inibitório reto-anal e a contração do esfíncter externo. Caso a situação social lhe seja
favorável, o indivíduo voluntariamente, contrai os músculos da parede abdominal e o
diafragma, o que faz a pressão intra-retal se elevar, superando a do canal anal. O posterior
relaxamento do músculo pubo-retal aumenta o ângulo anorretal, tornando-o menos agudo. A
inibição da atividade pélvica permite a descida do períneo o que facilita ainda mais a abertura
do ângulo, promovendo assim o esvaziamento retal (42-44).
A incapacidade de coordenação dos movimentos pélvicos e abdominais seja por
alteração muscular, fraqueza da musculatura ou retoceles e a contração paradoxal do músculo
pubo-retal podem ser causas de constipação intestinal.
2.4.4 Causas secundárias
São consideradas causas secundárias de constipação intestinal condições que possam
alterar tanto a motilidade colônica quanto a sensibilidade retal ou a coordenação dos
movimentos pélvicos.
Destacam-se as doenças neurológicas, como Parkinson, esclerose múltipla, as lesões
medulares, doenças autonômicas e o uso de medicamentos, como anticolinérgicos, antiácidos,
bloqueadores de canais de cálcio, suplementos de cálcio ou ferro, opióides, antidepressivos e
anticonvulsivantes, entre outros. Podem ainda constituir causa de constipação doenças
metabólicas como hipotireoidismo, diabetes, hiperparatireoidismo e porfiria. A esclerodermia,
ao alterar toda a atividade motora do trato digestivo, também pode se manifestar com
constipação intestinal. Ressalta-se ainda, em nosso meio, como causa parasitária, a
tripanossomíase ou doença de Chagas que, por levar à destruição dos plexos mioentéricos,
tem como uma das suas manifestações, se atingido o intestino grosso, a constipação intestinal
(45).
2.5 Diagnóstico da constipação intestinal
O diagnóstico da constipação intestinal é clínico por esta se tratar de uma condição,
conforme dito anteriormente, definida pelos seus sintomas. Com base nos critérios
diagnósticos estabelecidos através da reunião de Consenso ROMA II (14), é possível
identificar portadores de constipação intestinal funcional. Recomenda-se ainda verificar,
através da anamnese, qualquer possível fator relacionado como causa da constipação, além de
características nos sintomas que possam apontar para doença orgânica, tais como perda de
sangue nas fezes, necessidade de ajuda manual para evacuar ou dor anorretal. Os sintomas
abdominais mais freqüentemente associados à constipação intestinal são flatulência e
distensão (46, 47).
Pode-se então, a partir da identificação dos portadores de constipação intestinal,
recomendar a avaliação estrutural e funcional do cólon, visando um diagnóstico mais preciso
do principal distúrbio envolvido: alteração da motilidade, alteração da sensibilidade retal ou
disfunção pélvica.
2.5.1 Diagnóstico estrutural
O estudo da estrutura do cólon vai ser importante para que causas de obstrução, como
estenoses, dilatações ou tumores, sejam excluídas. Pode ser realizado através de enema opaco
com duplo contraste ou de enchimento, ou colonoscopia. Na avaliação de pacientes
portadores de constipação intestinal com idade inferior a 50 anos prefere-se o enema opaco