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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - UFPE
CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS - CTG
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL - DEC
MESTRADO EM GEOTECNIA
ESTUDO DA CAPACIDADE DE CARGA DE ESTACAS ESCAVADAS
COM BULBOS, EXECUTADAS EM SOLO NÃO SATURADO DA
FORMAÇÃO BARREIRAS DA CIDADE DE MACEIÓ – AL.
Ricardo Figueiredo Marques
Orientador:
Prof. Roberto Quental Coutinho, DSc.
Co-orientador:
Prof. Alexandre Duarte Gusmão, DSc.
RECIFE, PE – BRASIL
MAIO – 2006
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2
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - UFPE
CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS - CTG
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL - DEC
MESTRADO EM GEOTECNIA
ESTUDO DA CAPACIDADE DE CARGA DE ESTACAS ESCAVADAS COM
BULBOS, EXECUTADAS EM SOLO NÃO SATURADO DA FORMAÇÃO
BARREIRAS DA CIDADE DE MACEIÓ – AL.
Ricardo Figueiredo Marques
Dissertação submetida ao Departamento de
Engenharia Civil da Universidade Federal de
Pernambuco como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do Título de Mestre
em Engenharia.
Orientador:
Prof. Roberto Quental Coutinho, DSc.
Co-orientador:
Prof. Alexandre Duarte Gusmão, DSc.
RECIFE, PE – BRASIL
MAIO – 2006
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ESTUDO DA CAPACIDADE DE CARGA DE ESTACAS ESCAVADAS COM
BULBOS, EXECUTADAS EM SOLO NÃO SATURADO DA FORMAÇÃO
BARREIRAS DA CIDADE DE MACEIÓ – AL.
Ricardo Figueiredo Marques
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM ENGENHARIA.
APROVADA POR:
RECIFE/PE, 24 DE MAIO DE 2006.
4
M357e Marques, Ricardo Figueiredo
Estudo da capacidade de carga de estacas escavadas com
bulbos, executadas em solo não saturado da Formação
Barreiras da cidade de Maceió – AL / Ricardo Figueiredo
Marques. - Recife: O Autor, 2006.
xix,158 f., il., figs., tabs.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de
Pernambuco. Centro de Tecnologia e Geociências.
Departamento de Engenharia Civil, 2006.
Inclui referências bibliográficas e apêndice.
1. Engenharia Civil. 2. Estacas Escavadas. 3. Capacidade
de carga – solos não saturados. I. Título.
624 CDD (22. ed.) BCTG/2006-62
ii
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Roberto Quental Coutinho, pela orientação, incentivo e confiança recebidos,
e, sobretudo, pela grande amizade.
À minha querida mãe, Mercedes, e à minha irmã, Juliane, pelo amor e carinho que me
dedicaram durante toda a minha vida. Especialmente a meu pai, Abel, por todos seus
ensinamentos, sabedoria e pelo exemplo de pessoa e profissional.
À minha esposa Juliana, pelo amor, confiança e incentivo dados durante o
desenvolvimento desta pesquisa.
Ao Prof. Dr. Alexandre Duarte Gusmão, pela amizade e pelas valiosas contribuições dadas
para elaboração deste trabalho.
À CAPES pelo suporte financeiro através da bolsa de estudo e pelo projeto
PRONEX/CNPq/FACEPE, imprescindíveis para o desenvolvimento desta pesquisa.
À AGM Geotécnica Ltda. e aos seus funcionários, pelo apoio técnico e financeiro em
todas as etapas desse trabalho.
Aos amigos Rafael G. Santana, Eduarda Q. Motta e Fábio L. Soares, pela amizade,
companheirismo e incentivo ao longo destes anos.
Aos funcionários do Laboratório de Solos e Instrumentação da UFPE, pelo apoio durante a
realização dos ensaios de laboratório. Especialmente, aos técnicos Severino e Francisco.
Aos funcionários do Núcleo de Pesquisas Tecnológicas (NPT) da UFAL, por permitirem a
utilização do laboratório de solos durante os trabalhos de campo desenvolvidos no local.
À professora Lúcia Valença do Departamento de Geologia da UFPE, pela realização dos
ensaios de mineralogia.
À construtora NORCON, que gentilmente permitiu a realização dos trabalhos de extração
da estaca no canteiro de obras.
iii
ÍNDICE
AGRADECIMENTOS……………………………………………………........................ii
ÍNDICE…………………………………............................................................................iii
LISTA DE FIGURAS………………………….................................................................vi
LISTA DE TABELAS.......................................................................................................xii
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS.......................................................................xv
LISTA DE SÍMBOLOS....................................................................................................xvi
RESUMO.........................................................................................................................xviii
ABSTRACT.......................................................................................................................xix
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................1
1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS...........................................................................1
1.2. OBJETIVOS DA PESQUISA.............................................................................2
1.3. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO...................................................................4
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................6
2.1. ESTACAS ESCAVADAS DE PEQUENO DIÂMETRO COM
BULBOS..............................................................................................................6
2.2. ESTACAS COM MÚLTIPLAS BASES ............................................................9
2.3. ANÁLISE DA CAPACIDADE DE CARGA DE FUNDAÇÕES EM SOLOS
NÃO SATURADOS .........................................................................................16
2.3.1. Introdução....................................................................................................16
2.3.2. Avaliação dos Parâmetros de Resistência ao Cisalhamento e da Sucção
Mátrica de Projeto..............................................................................................16
2.3.3. Influência da Sucção na Capacidade de Carga de uma Fundação .............19
2.3.4. Fundações Profundas em Solos Não Saturados...........................................22
2.4. METODOLOGIA DE CÁLCULO PROPOSTA POR MARQUES (2004)
PARA PREVISÃO DA CAPACIDADE DE CARGA DE ESTACAS
ESCAVADAS COM BULBOS.........................................................................23
2.5. ENSAIOS DE PROVA DE CARGA ESTÁTICA............................................28
iv
2.5.1. Introdução....................................................................................................28
2.5.2. Procedimentos de Ensaio.............................................................................29
2.5.3. Determinação da Carga de Ruptura de Estacas através das Curvas Carga-
Recalque ............................................................................................................31
3. CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICA DA ÁREA
ESTUDADA ...........................................................................................................42
3.1. ASPECTOS CLIMATOLÓGICOS DA CIDADE DE MACEIÓ ....................42
3.2. DESCRIÇÃO DA GEOLOGIA DA REGIÃO.................................................44
3.2.1. Geologia do Estado de Alagoas...................................................................44
3.2.2. Geomorfologia da Cidade de Maceió……………………..........................45
3.2.3. Aspectos Geológicos da Formação Barreiras..............................................46
3.3. LOCAIS ESTUDADOS....................................................................................48
3.4. CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA DO PERFIL ESTUDADO NO
CAMPUS DA UFAL.........................................................................................49
3.4.1. Investigação de Campo................................................................................49
3.4.1.1. Sondagens a Percussão com SPT ………........................................49
3.4.1.2. Sondagens a Trado ..........................................................................52
3.4.1.3. Coleta de Amostras Deformadas e Indeformadas…........................53
3.4.2. Ensaios de Laboratório.................................................................................56
3.4.2.1. Ensaios de Caracterização Física…….............................................56
3.4.2.2. Ensaios de Sucção através da Técnica do Papel Filtro....................62
3.4.2.3. Ensaios de Cisalhamento Direto………..........................................64
3.4.2.4. Ensaios Edométricos Duplos………...............................................74
3.4.2.5. Ensaios de Caracterização Mineralógica.........................................79
4. PROVAS DE CARGA EM ESTACAS ESCAVADAS COM
BULBOS.................................................................................................................82
4.1. INTRODUÇÃO................................................................................................82
4.2. CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA DO PERFIL DO SUBSOLO DAS
ESTACAS ESTUDADAS................................................................................84
4.3. METODOLOGIA EXECUTIVA DAS ESTACAS ESCAVADAS COM
BULBOS NOS SOLOS DA FORMAÇÃO BARREIRAS..............................90
v
4.4. PROVAS DE CARGA.......................................................................................92
4.4.1. Detalhes do Projeto Original das Estacas-base do Estudo ..........................92
4.4.2. Descrição dos Ensaios de Prova de Carga...................................................97
4.5. ESTACA EXTRAÍDA......................................................................................98
5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS...................................101
5.1. INTRODUÇÃO...............................................................................................101
5.2. GEOMETRIA DA ESTACA EXTRAÍDA.....................................................102
5.3. ANÁLISES DAS PROVAS DE CARGA.......................................................108
5.3.1. Resultados das Provas de Carga................................................................108
5.3.2. Cargas de Ruptura Qu, Obtidas das Curvas Carga-Recalque....................110
5.3.3. Estimativa da Parcela de Resistência Lateral das Estacas Estudadas a Partir
das Curvas Carga-Recalque.............................................................................116
5.4. PREVISÕES DA CARGA DE RUPTURA DAS ESTACAS ESTUDADAS
ATRAVÉS DA MCP/04.................................................................................121
5.5. PROPOSTA DE AJUSTE DA MCP/04 PARA SOLOS DA FORMAÇÃO
BARREIRAS...................................................................................................125
5.5.1. Previsão da Carga de Ruptura das Estacas a Partir da MCP/04 Ajustada
para Solos da Formação Barreiras...................................................................128
5.5.2. Comparação entre as Cargas de Ruptura Previstas pela MCP/04 Ajustada e
os Resultados Obtidos das Provas de Carga...................................................130
6. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS ...............133
6.1. CONCLUSÕES...............................................................................................133
6.2. SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS..............................................136
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................137
APÊNDICE A – LEITURAS DAS PROVAS DE CARGA..........................................145
vi
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Figura 2.1 – Etapas de execução das estacas escavadas de pequeno diâmetro,
com bulbos, executadas em sedimentos submersos do Quaternário
(Adaptado de MARQUES, 2004) 7
Figura 2.2 – Detalhe das peças cortantes chamadas de “carambolas”. 8
Figura 2.3 – Bico injetor inclinado utilizado para executar os bulbos nos
sedimentos submersos do Quaternário. 8
Figura 2.4 – Estaca “under-reamed” com três bulbos (GUPTA & JAIN, 1968). 9
Figura 2.5. – Curvas carga x recalque das estacas executadas em argilas
(MOHAN et al.,1967).
10
Figura 2.6 – Detalhes das estacas escavadas (GUPTA & JAIN, 1968). 11
Figura 2.7 – Curvas carga x recalque (GUPTA & JAIN, 1968). 12
Figura 2.8 – Carga total, carga de ponta e atrito lateral “versus” recalque para
uma estaca com base alargada em ensaios C.R.P. e M.L
(WHITAKER & COOKE, 1965). 13
Figura 2.9 – Mecanismo de ruptura proposto por SONPAL & THAKKAR
(1977). 15
Figura 2.10 – Envoltória de resistência de Mohr-Coulomb para solos não
saturados (FREDLUND & RAHARDJO, 1993). 18
Figura 2.11 – Variação da capacidade de carga de uma fundação corrida para
diferentes valores de sucção matricial (FREDLUND &
RAHARDJO, 1993). 19
Figura 2.12 – Curvas tensão x recalque de provas de carga do tipo QML,
realizadas sobre placa em solo não saturado com diferentes níveis
de sucções (COSTA, 1999). 20
Figura 2.13 – Variação da tensão de ruptura com a sucção matricial, a partir de
ensaios QML e SML em placa (COSTA, 1999). 21
Figura 2.14 – Modelo de cálculo das estacas escavadas com bulbos. 24
Figura 2.15 – Área da coroa circular utilizada no cálculo da resistência de apoio
dos bulbos. 26
vii
Figura 2.16 – Considerações sobre as parcelas de resistência dos bulbos. 26
Figura 2.17 – Determinação da carga de ruptura (P
r
), na curva carga x
recalque, em função do recalque (
r
) calculado (NBR-6122/96). 33
Figura 2.18 – Curva carga-recalque com extrapolação proposta por VAN DER
VEEN (apud ALONSO, 1991). 34
Figura 2.19 – Solução gráfica da equação de VAN DER VEEN (apud
ALONSO, 1991). 35
Figura 2.20 – Curva teórica de carga-recalque no topo para estacas com bulbo,
rígidas (MARQUES, 2004). 38
Figura 2.21 – Leis ou Relações de Cambefort modificadas para o MDRM
(MARQUES, 2004). 38
CAPÍTULO 3 – CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICA DA ÁREA
ESTUDADA
Figura 3.1 – Histograma de pluviometria mensal de Maceió (Fonte: INMET –
Instituto Nacional de Meteorologia) 42
Figura 3.2 – Balanço hídrico da cidade de Maceió segundo método de
Thornthwaite-Mather (1955) (FERREIRA NETO
et al., 2004). 43
Figura 3.3 – Mapa geológico-geomorfológico da região (SANTOS, 1998). 46
Figura 3.4 – Mapa da cidade de Maceió com indicação dos locais de estudo. 48
Figura 3.5 – Localização dos trabalhos de campo realizados na UFAL. 50
Figura 3.6 – Perfil geotécnico e valores médios do SPT medidos em diferentes
épocas do ano. 51
Figura 3.7 – Perfis de umidade de solo. 52
Figura 3.8 – Pontos de extração dos blocos “indeformados”. 54
Figura 3.9 – Seqüência de coleta dos blocos: a) Moldagem do bloco com
utilização de ferramentas afiadas; b) Aplicação da proteção com
papel alumínio, fita adesiva, tecido morim e parafina; c) Colocação
da caixa de madeira; d) Retirada do bloco do fundo da escavação. 55
Figura 3.10 – Vista geral da estrutura montada para execução do poço de
investigação (PI). 55
Figura 3.11 – “Sarrilho” utilizado para retirada do material do fundo da
escavação. 56
viii
Figura 3.12 – Curvas granulométricas com uso de defloculante. 57
Figura 3.13 – Curvas granulométricas sem uso de defloculante. 57
Figura 3.14 – Carta de Plasticidade do perfil estudado. 58
Figura 3.15 – Índice de atividade de Skempton. 58
Figura 3.16 – Resumo da caracterização física do perfil de solo estudado. 61
Figura 3.17 – Curvas características do solo. 63
Figura 3.18 – Resultados dos ensaios de cisalhamento direto com amostras da
profundidade de 1,10m. 65
Figura 3.19 – Resultados dos ensaios de cisalhamento direto com amostras da
profundidade de 3,10m. 66
Figura 3.20 – Resultados dos ensaios de cisalhamento direto com amostras da
profundidade de 5,10m. 67
Figura 3.21 – Resultados dos ensaios de cisalhamento direto com amostras da
profundidade de 7,20m. 68
Figura 3.22 – Resultados dos ensaios de cisalhamento direto com amostras da
profundidade de 8,40m. 69
Figura 3.23 – Envoltórias de resistência da amostra de 1,10m. 71
Figura 3.24 – Envoltórias de resistência da amostra de 3,10m. 72
Figura 3.25 – Envoltórias de resistência da amostra de 5,10m. 72
Figura 3.26 – Envoltórias de resistência da amostra de 7,20m. 73
Figura 3.27 – Envoltórias de resistência da amostra de 8,40m. 73
Figura 3.28 – Pares de curvas dos ensaios edométricos duplos com amostras da
profundidade de 1,10m. 74
Figura 3.29 – Pares de curvas dos ensaios edométricos duplos com amostras da
profundidade de 3,10m. 74
Figura 3.30 – Pares de curvas dos ensaios edométricos duplos com amostras da
profundidade de 5,10m. 75
Figura 3.31 – Pares de curvas dos ensaios edométricos duplos com amostras da
profundidade de 7,20m. 75
Figura 3.32 – Pares de curvas dos ensaios edométricos duplos com amostras da
profundidade de 8,40m. 76
Figura 3.33 – Pares de curvas dos ensaios edométricos duplos da amostra de
9,20m. 76
ix
Figura 3.34 – Curvas tensão (esc. log)
versus índices de vazios dos ensaios
edométricos com amostra na umidade natural. 77
Figura 3.35 – Curvas tensão (esc. log)
versus índices de vazios dos ensaios
edométricos com amostra previamente inundada. 77
CAPÍTULO 4 – PROVAS DE CARGA EM ESTACAS ESCAVADAS COM
BULBOS
Figura 4.1 – Locação dos trabalhos de campo realizados na obra das provas de
carga. 83
Figura 4.2 – Canteiro de obras onde foram executadas as estacas-base do
estudo. 84
Figura 4.3 – Trado helicoidal para coletar amostras deformadas. 85
Figura 4.4 – Coleta de amostras de solo através de trado helicoidal. 85
Figura 4.5 – Perfis de umidade do solo: (a) umidade natural, limites de liquidez
e plasticidade da do local estudado; (b) perfil de umidade do local
das provas de carga comparado com os perfis obtidos no campus
da UFAL. 86
Figura 4.6 – Curvas granulométricas com uso de defloculante. 87
Figura 4.7 – Curvas granulométricas sem uso de defloculante. 88
Figura 4.8 – Detalhe da sapata-cortante com ponteiro. 90
Figura 4.9 – Perfil de sondagem mais próximo do ensaio e geometria de
projeto do fuste da estaca E1. 93
Figura 4.10 – Perfil de sondagem mais próximo do ensaio e geometria de
projeto do fuste da estaca E2. 94
Figura 4.11 – Perfil de sondagem mais próximo do ensaio e geometria de
projeto do fuste da estaca E3. 95
Figura 4.12 – Perfil de sondagem mais próximo do ensaio e geometria de
projeto do fuste da estaca E4. 96
Figura 4.13 – Esquema geral das provas de carga estática. 97
Figura 4.14 – Vista de uma das provas de carga realizadas. 98
Figura 4.15 – Escavação envolta da estaca extraída. 99
Figura 4.16 – Retirada da estaca do fundo da escavação. 99
Figura 4.17 – Estaca recém-extraída. 100
x
Figura 4.18 – Estaca pronta para ser transportada para local apropriado para
análises. 100
CAPÍTULO 5 – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Figura 5.1 – Geometria de projeto e a geometria real da estaca extraída. 103
Figura 5.2 – Detalhes da geometria da estaca extraída. 104
Figura 5.3 – Vista geral da estaca extraída. 105
Figura 5.4 – Bulbo executado na camada de argila siltosa, de consistência mole
a média (N
SPT
entre 5 e 10 golpes), na profundidade de 2,0 a
2,8m. 105
Figura 5.5 – Bulbo executado na camada de argila arenosa com concreções
ferruginosas, de consistência média a rija (N
SPT
entre 11 e 19
golpes), na profundidade de 4,0 a 5,0m.
106
Figura 5.6 – Detalhe do afunilamento na ponta da estaca. 106
Figura 5.7 – Estacas escavadas com bulbos executadas nos sedimentos
submersos do Quaternário: (a) extração de uma estaca com 02
bulbos; (b) detalhe do bulbo inferior (MARQUES, 2004). 107
Figura 5.8 – Curva carga-recalque da estaca E1 (D
f
= 30cm; L
f
= 8,10m). 108
Figura 5.9 – Curva carga-recalque da estaca E2 (D
f
= 30cm; L
f
= 10,0m). 108
Figura 5.10 – Curva carga-recalque da estaca E3 (D
f
= 40cm; L
f
= 8,10m). 109
Figura 5.11 – Curva carga-recalque da estaca E4 (D
f
= 40cm; L
f
= 10,0m). 109
Figura 5.12 – Estimativa da carga de ruptura da estaca E1 pelos métodos de
VAN DER VEEN e da NBR 6122. 111
Figura 5.13 – Estimativa da carga de ruptura da estaca E2 pelos métodos de
VAN DER VEEN e da NBR 6122. 112
Figura 5.14 – Estimativa da carga de ruptura da estaca E3 pelos métodos de
VAN DER VEEN e da NBR 6122. 112
Figura 5.15 – Estimativa da carga de ruptura da estaca E4 pelos métodos de
VAN DER VEEN e da NBR 6122. 113
Figura 5.16 – Gráfico de rigidez ( DÉCOURT,1996), aplicado à estaca E1. 113
Figura 5.17 – Gráfico de rigidez (DÉCOURT, 1996), aplicado à estaca E2. 114
Figura 5.18 – Gráfico de rigidez (DÉCOURT, 1996), aplicado à estaca E3. 114
Figura 5.19 – Gráfico de rigidez (DÉCOURT, 1996), aplicado à estaca E4. 115
xi
Figura 5.20 – Aplicação do MDRM à curva carga-recalque da estaca E1. 116
Figura 5.21 – Aplicação do MDRM à curva carga-recalque da estaca E2. 117
Figura 5.22 – Aplicação do MDRM à curva carga-recalque da estaca E3. 117
Figura 5.23 – Aplicação do MDRM à curva carga-recalque da estaca E4. 118
Figura 5.24 – Cargas Cargas de ruptura obtidas por VAN DER VEEN versus
previstas pela MCP/04 utilizando os bulbos de projeto. 122
Figura 5.25 – Cargas Cargas de ruptura obtidas por VAN DER VEEN versus
previstas pela MCP/04 utilizando os bulbos reais. 123
Figura 5.26 – Gráfico da relação Db/Df em função do N
SPT
. 127
Figura 5.27 – Cargas de ruptura obtidas por VAN DER VEEN versus previstas
pela MCP/04 ajustada. 130
Figura 5.28 – Comparação entre os resultados obtidos pelos métodos e os
previstos pela MCP ajustada. 131
xii
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Tabela 2.1 – Valores do fator característico dos solos (C) (MARQUES, 2004) 28
CAPÍTULO 3 – CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA-GEOTÉCNICA DA ÁREA
ESTUDADA
Tabela 3.1 – Resumo dos resultados dos ensaios de caracterização realizados
com defloculante. 59
Tabela 3.2 – Resumo dos resultados dos ensaios de caracterização realizados
sem defloculante. 60
Tabela 3.3 – Condições iniciais e finais dos corpos de prova dos ensaios CDN e
CDI. 70
Tabela 3.4 – Resumo dos ensaios edométricos duplos. 78
Tabela 3.5 – Resumo dos resultados da análise de Difratometria de Raio-X. 80
Tabela 3.6 – Resumo dos resultados das análises morfoscópicas dos grãos. 81
CAPÍTULO 4 – PROVAS DE CARGA EM ESTACAS ESCAVADAS COM
BULBOS
Tabela 4.1 – Resumo dos resultados dos ensaios de caracterização realizados
com defloculante. 89
Tabela 4.2 – Resumo dos resultados dos ensaios de caracterização realizados
sem defloculante. 89
Tabela 4.3 – Principais diferenças entre o processo de execução das estacas no
Quaternário e no Terciário. 91
Tabela 4.4 – Características geométricas das estacas. 92
CAPÍTULO 5 – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Tabela 5.1 – Cargas máximas atingidas nos ensaios e recalques totais medidos
no topo das estacas. 110
Tabela 5.2 – Estimativas da carga de ruptura Qu, em kN, obtidas por diferentes
métodos a partir das provas de carga. 115
xiii
Tabela 5.3 – Estimativa da resistência lateral das estacas estudadas segundo o
Método da Rigidez proposto por DÉCOURT (1996). 119
Tabela 5.4 – Valores calculados de d
o
, d
1
e d
2
das estacas estudadas, segundo o
MDRM. 120
Tabela 5.5 – Características geométricas das estacas estudadas e parâmetros
obtidos pelo MDRM. 120
Tabela 5.6 – Previsão da capacidade de carga das estacas a partir da MCP/04,
utilizando os diâmetros de projeto dos bulbos. 121
Tabela 5.7 – Previsão da capacidade de carga das estacas a partir da MCP/04,
utilizando os diâmetros reais dos bulbos. 123
Tabela 5.8 – Valores das parcelas da resistência lateral calculados e previstos. 124
Tabela 5.9 – Valores propostos do fator característico dos solos (C). 126
Tabela 5.10 – Proposta para estimativa do diâmetro dos bulbos em função do
SPT. 127
Tabela 5.11 – Elementos geométricos das estacas considerados no cálculo da
capacidade de carga. 129
Tabela 5.12 – Previsão da capacidade de carga das estacas-base do estudo,
aplicando a MCP/04 ajustada. 129
Tabela 5.13 – Relação entre as cargas de ruptura obtidas pelos métodos
estudados e por VAN DER VEEN. 131
APÊNDICE A – LEITURAS DAS PROVAS DE CARGA
Tabela A.1 – Leituras da prova de carga da estaca E1 – Etapa de carregamento. 145
Tabela A.2 – Leituras prova de carga da estaca E1 – Etapa de descarregamento. 147
Tabela A.3 –Leituras das estacas de reação da prova de carga da estaca E1 –
Etapas de carregamento e descarregamento. 148
Tabela A.4 – Leituras da prova de carga da estaca E2 – Etapa de carregamento. 149
Tabela A.5 – Leituras prova de carga da estaca E2 – Etapa de descarregamento. 151
Tabela A.6 –Leituras das estacas de reação da prova de carga da estaca E2 –
Etapas de carregamento e descarregamento. 152
Tabela A.7 – Leituras da prova de carga da estaca E3 – Etapa de carregamento. 153
Tabela A.8 – Leituras prova de carga da estaca E3 – Etapa de descarregamento. 154
xiv
Tabela A.9 –Leituras das estacas de reação da prova de carga da estaca E3 –
Etapas de carregamento e descarregamento. 155
Tabela A.10 – Leituras da prova de carga da estaca E4 – Etapa de
carregamento. 156
Tabela A.11 – Leituras prova de carga da estaca E4 – Etapa de
descarregamento. 157
Tabela A.12 –Leituras das estacas de reação da prova de carga da estaca E4 –
Etapas de carregamento e descarregamento. 158
xv
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas.
CDI Ensaio de cisalhamento direto inundado.
CDN Ensaio de cisalhamento direto na umidade natural.
CLT “Cyclic Load Test” – Ensaio do tipo cíclico.
CRP “Constant Rate of Penetration” – Ensaio de penetração constante.
DRX Ensaio de difratometria de raio-x.
EDI Ensaio edométrico inundado.
EDN Ensaio edométrico na umidade natural.
IHU(ER) Índice de umidade obtido através do balanço hídrico do solo.
INMET Instituto Nacional de Meteorologia.
MCP/04 Metodologia de Cálculo Proposta por MARQUES (2004).
MDRM Método das Duas Retas Modificado proposto por MARQUES (2004).
OCR “Over Consolidation Rate” – Razão de pré-adensamento.
QML “Quick Maintained Load Test” - Ensaio de prova de carga do tipo rápido.
RIG Método da Rigidez proposto por DÉCOURT (1996).
SML “Slow Maintained Load” – Ensaio de prova de carga do tipo lento.
SP Sondagem a percussão.
SPT “Standart Penetration Test” – Índice de resistência à penetração.
SUCS Sistema Unificado de Classificação dos Solos
UFAL Universidade Federal de Alagoas.
UFPE Universidade Federal de Pernambuco
UNICAMP Universidade Estadual de Campinas.
VDV Método de VAN DER VEEN (1953).
xvi
LISTA DE SÍMBOLOS
Al área lateral da estaca
Ap área da ponta da estaca
Ac área da coroa circular
Alr atrito lateral na ruptura
A
b
parâmetro da 2ª Lei de Cambefort, para o bulbo
A
p
parâmetro da 2ª Lei de Cambefort, para a ponta
B parâmetro característico do tipo de solo para a 1
a
Lei de Cambefort
C fator característico do solo
d
o
coeficiente angular da reta do trecho (0-3) da curva Po - yo
d
1
termo constante da reta do trecho (4-5) da curva Po - yo
d
2
coeficiente angular da reta do trecho (4-5) da curva Po - yo
D
b
diâmetro do bulbo
D
f
diâmetro nominal do fuste da estaca
E módulo de elasticidade da estaca
fs atrito lateral unitário
f
res
atrito residual
h
f
altura de fuste da estaca
h
t
altura total da estaca
k
Coeficiente de rigidez relativa solo do fuste da estaca (MASSAD, 1991)
Kr rigidez estrutural da estaca
Nc fator de capacidade de carga
N
γ
fator de capacidade de carga
Nq fator de capacidade de carga
P
o
carga atuante no topo da estaca
P
o
máx
carga máxima atingida no ensaio
P
o
trab
carga de trabalho ou admissível da estaca
P
o
radm
carga correspondente ao recalque admissível
RL resistência lateral
RP carga de ponta
RB carga de bulbo
xvii
P
hp
carga residual na ponta da estaca
P
hb
carga residual no bulbo da estaca
Qu carga de ruptura da estaca
q
b
máx
tensão máxima, ou de ruptura, do bulbo
q
p
máx
tensão máxima, ou de ruptura, da ponta
R
b
inclinação da reta na fase pseudo-elástica da 2
a
Lei de Cambefort, para o
bulbo
R
p
inclinação da reta na fase pseudo-elástica da 2
a
Lei de Cambefort, para a
ponta
S área da seção transversal da estaca
S
b
área da seção transversal da estaca no bulbo
S
l
área lateral do fuste da estaca
S
p
área da seção transversal da estaca na ponta
SPTm
b
SPT médio do bubo
SPTm
p
SPT médio da ponta
SPTm
f
SPT médio do fuste
SPTm
a
SPT médio do afunilamento
y
1
recalque da estaca quando o atrito lateral f atinge seu valor máximo
y
2
recalque associado à carga de ruptura da ponta ou do bulbo
y
o
máx
recalque máximo atingido no ensaio
y
o
trab
recalque de trabalho ou admissível da estaca
α
coeficiente de majoração ou minoração, para a reação de ponta
(DÉCOURT, 1996)
β
coeficiente de majoração ou minoração, para o atrito lateral (DÉCOURT,
1996)
ε
deformação da estaca
λ
coeficiente de rigidez relativa solo do fuste-ponta da estaca (MASSAD,
1991)
µ
parâmetro de inclusão da carga residual (MASSAD, 1991)
µAlr
atrito lateral na ruptura considerando as cargas residuais
µf
máx
atrito lateral unitário na ruptura considerando as cargas residuais
µy
1
recalque associado ao µAlr
xviii
RESUMO
Esta dissertação apresenta um estudo sobre a capacidade de carga de estacas
escavadas com bulbos, executadas em solo não saturado da Formação Barreiras da cidade
de Maceió/AL. A pesquisa teve como base dois locais de estudo: primeiro, foi realizada
uma extensa campanha de investigação de campo e laboratório em um perfil de solo no
campus da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), que é bem representativo da
Formação Berreiras da cidade. A finalidade destes trabalhos foi conhecer propriedades e
parâmetros de resistência ao cisalhamento, deformabilidade e sucção mátrica deste tipo de
solo, até então desconhecidos. No segundo local estudado, localizado no bairro Gruta de
Lurdes, foram realizadas quatro provas de carga estática em estacas escavadas com bulbos,
as quais serviram como base para a aplicação de métodos de previsão da carga de ruptura
destas estacas a partir das curvas carga-recalque. Com o objetivo de avaliar a
aplicabilidade da metodologia de cálculo proposta por MARQUES (2004) para previsão da
capacidade de carga dessas estacas para o tipo de solo da Formação Barreiras, extraiu-se
uma estaca semelhante às ensaiadas para estudo da geometria real do fuste, bulbos e da
ponta da estaca. De posse dessas informações, aplicou-se a metodologia de previsão
utilizando os diâmetros dos bulbos de projeto e comparando com as previsões utilizando os
bulbos reais. Os resultados da pesquisa revelaram a necessidade de ajustes na metodologia
proposta por MARQUES (2004) para o caso dessas estacas executadas neste tipo de
formação geológica, principalmente no que diz respeito às parcelas de resistência lateral e
aos valores do diâmetro dos bulbos a serem considerados em projeto.
xix
ABSTRACT
This research presents a study about bearing capacity of bored piles with bulbs,
installed in an unsaturated soil of “Formação Barreiras”, located at Maceió-AL, Brazil.
The research took place in two areas: in the first area was done an extensive field
investigation campaign and laboratory testes in a profile soil located at Federal University
of Alagoas (UFAL) main campus. The work in this first area was done with the purpose of
finding soil properties and parameters for shear strength, deformation and matric suction
associated with this first type of soil analyzed, which until now, were unknown. At the
second area studied, located at Gruta de Lurdes district, it was executed four static load test
on bored piles with bulbs, which were then used as basis for evaluating ultimate load
capacity of those piles from load-settlement curves. With the intention of judging the
applicability of the method proposed by MARQUES (2004) to evaluate the bearing
capacity of bored piles with bulbs, installed in this type of “Formação Berreiras” soil, it
was extracted a pile similar to those analyzed, so as to facilitate studying the real geometry
of the shaft, bulbs and the toe of the pile. Once this information was compiled, it was then
applied the method to estimate the bearing capacity of the piles using the design bulbs
diameters and subsequently compared the estimated numbers achieved using real bulbs.
The results of the research revealed the necessity of adjusting the methodology proposed
by MARQUES (2004) for piles installed in this type of geological formation. Especially
when it comes to lateral resistance and values of bulbs diameters to be considered in
design.
1
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
As estacas escavadas de pequeno diâmetro, com bulbos, foram desenvolvidas em
meados dos anos 80, devido às dificuldades de execução das estacas convencionais (pré-
moldadas, Franki, etc) na região praieira de Maceió. Naquela época, as estacas raiz
surgiram como uma alternativa para fundações profundas, contudo os altos custos
operacionais desta estaca eram incompatíveis com o mercado da região, e fizeram com que
ocorressem mudanças gradativas na sua forma de execução, até se chegar às estacas
escavadas, com lama, com bulbos.
No início, essas estacas tinham diâmetro máximo de 300mm e carga de trabalho
média de 350kN. Com a evolução do processo executivo, passou-se a executar estacas com
diâmetros maiores e bulbos ao longo do fuste. Com isto, foram obtidos consideráveis
ganhos de capacidade de carga dessas estacas. Atualmente, projetam-se estacas com vários
bulbos e cargas de trabalho de até 900kN.
As estacas em estudo têm diâmetros máximos de 450mm e são executadas com
perfuratrizes comuns. A perfuração é feita com circulação de lama estabilizadora, ou
simplesmente com água, quando o terreno permite. São estacas armadas em todo seu
comprimento, ou apenas em parte dele, e o fuste é preenchido com argamassa, pelo
processo submerso por meio de bombeamento.
Toda metodologia de cálculo para previsão da capacidade de carga proposta por
MARQUES (1997) e, posteriormente, complementada por MARQUES (2004), foi
desenvolvida para os sedimentos quaternários da região praieira da cidade de Maceió.
Nesta região, o nível do lençol freático se encontra próximo à superfície, variando entre 1 e
3 metros.
Com o crescimento urbano da cidade de Maceió em direção às áreas
compreendidas pelos tabuleiros costeiros da Formação Barreiras, surgiu a necessidade de
se conhecer com maior profundidade, o comportamento destas estacas neste tipo de
formação. Há duas grandes diferenças entre os dois tipos de formação (Quaternário e
2
Terciário). A primeira é o fato de que nos tabuleiros, o nível d’água do subsolo se encontra
abaixo dos 30 metros, fazendo com que a análise das fundações seja direcionada para a
mecânica dos solos não saturados. A segunda está nos tipos de solos que ocorrem ao longo
da profundidade. Enquanto que os sedimentos do Quartenário são predominantemente
arenosos com coesão nula, os do Terciário são constituídos de argilas arenosas ou siltosas,
e/ou, areias argilosas ou siltosas. Ainda nos sedimentos terciários tem-se a ocorrência de
laterização em profundidade, além de apresentar comportamento de solo estruturado
(cimentado) sob baixos níveis de tensões.
O presente trabalho visava inicialmente caracterizar um perfil da Formação
Barreiras localizado no campus da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e executar,
nesse mesmo local, estacas escavadas com bulbos a fim de estudar seu comportamento
neste tipo de formação. Pretendia-se instrumentar estas estacas em profundidade,
utilizando “strain-gauges” elétricos, vislumbrando um trabalho mais refinado que seria
desenvolvido em uma tese de doutorado. No entanto, constatou-se que a instrumentação
demandaria muito tempo e, por isso, não foi possível de ser realizada devido ao prazo para
finalização desta pesquisa de mestrado.
Por outro lado, o custo de execução das estacas exclusivamente para esta pesquisa
não estava compatível com o orçamento previsto para este trabalho. Então, decidiu-se
realizar uma extensa campanha de caracterização geotécnica em profundidade no perfil do
campus da UFAL, e utilizar os resultados de provas de carga que seriam realizadas em
estacas escavadas com bulbos, destinadas às fundações de edifícios residenciais, a serem
construídos em outro local da Formação Barreiras de Maceió.
1.2. OBJETIVOS DA PESQUISA
O objetivo geral
da pesquisa é analisar a capacidade de carga das estacas escavadas
com bulbos em solos não saturados da Formação Barreiras.
Como objetivos específicos, destacam-se:
a.
Estudo das propriedades geotécnicas dos solos da Formação Barreiras da
cidade de Maceió/AL;
3
b.
Aperfeiçoamento da metodologia de cálculo proposta por Marques (2004) para
previsão da capacidade de carga destas estacas, especificamente em solos não
saturados da Formação Barreiras.
A metodologia adotada nessa pesquisa consistiu de:
a.
Caracterização geotécnica de um perfil típico da Formação Barreiras, localizado no
campo experimental da Universidade Federal de Alagoas – UFAL, através dos
seguintes trabalhos:
Investigações de campo: sondagem com SPT, sondagem a trado, coleta de
blocos indeformados.
Ensaios de laboratório: caracterização física e mineralógica, cisalhamento
direto na umidade natural e inundado, edométrico duplo, sucção através da
técnica do papel filtro.
b.
Análises de quatro provas de carga, realizadas em estacas escavadas com bulbos,
executadas em um outro terreno similar da Formação Barreiras.
c.
Obtenção da carga de ruptura das estacas-base do estudo a partir da curva carga-
recalque utilizando o Método de VAN DER VEEN (1953), o Método da Rigidez
(RG) proposto por DÉCOURT (1996), e o da NBR 6122/96.
d.
Estimativa da parcela de resistência lateral das estacas a partir das curvas carga-
recalque aplicando o Método das Duas Retas Modificado (MARQUES, 2004) e o
Método da Rigidez (DÉCOURT, 1996).
e.
Extração de uma estaca executada no local das provas de carga, conforme o projeto
das estacas ensaiadas, para análise da geometria do fuste, dos bulbos e da ponta da
estaca;
f.
Análise comparativa entre as cargas previstas pela metodologia de cálculo proposta
por MARQUES (2004), a MCP/04, e as obtidas através das provas de carga;
g.
Ajuste da MCP/04 para previsão da capacidade de carga destas estacas nos solos da
Formação Barreiras.
Podem ser destacados os seguintes pontos relevantes deste estudo:
4
a.
O desafio de estudar o comportamento de fundações profundas em solos não
saturados;
b.
A importância da caracterização geotécnica do subsolo da Formação Barreiras
da cidade de Maceió/AL;
c.
Aprimoramento do método de previsão da capacidade de carga de estacas
escavadas com bulbos, em solos não saturados da Formação Barreiras.
1.3. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
Esta dissertação está dividida em 06 capítulos dissertativos, referências
bibliográficas e anexo A.
No Capítulo 2 é feita uma breve revisão bibliográfica sobre as estacas escavadas de
pequeno diâmetro, com bulbos, e as estacas com múltiplas bases. Também é feita uma
revisão sobre a teoria da capacidade de carga de fundações em solos não saturados, a
influência da sucção na capacidade de carga de fundações e uma breve revisão sobre
fundações profundas em solos não saturados. Em seguida, apresenta-se um resumo sobre
provas de carga em estacas e alguns métodos de previsão da carga de ruptura de estacas e
interpretação das curvas carga-recalque, entre eles, o método da NBR 6122, o método de
extrapolação de VAN DER VEEN (1953), o Método da Rigidez (DÉCOURT, 1996) e o
Método das Duas Retas (MASSAD, 1992 e 1993; MASSAD e LAZO, 1998) modificado
por MARQUES (2004) para estacas escavadas com bulbos.
A caracterização geotécnica de um perfil da Formação Barreiras da cidade de
Maceió é apresentada no Capítulo 3. Descrevem-se os aspectos geológicos da região, com
ênfase para Formação Barreiras. Em seguida, são apresentados os trabalhos de campo e
laboratório, assim como os resultados dos ensaios de caracterização física, mineralógica,
resistência ao cisalhamento e deformabilidade, ambos na umidade natural e pré-inundado.
No Capítulo 4 são analisadas quatro provas de carga executadas em estacas
escavadas, com bulbos, em solos da Formação Barreiras. São apresentados os resultados
da investigação de campo e laboratório realizados no subsolo da obra, assim como os
detalhes de projeto das estacas e a descrição das provas de carga realizadas.
O Capítulo 5 apresenta a detalhada inspeção e as conclusões tiradas da geometria
da estaca extraída. Também são apresentadas as análises das cargas de ruptura e
5
estimativas das parcelas de resistência lateral das estacas estudadas com base nas curvas
carga-recalque das provas de carga. A partir destas informações, são feitas comparações
entre as cargas de ruptura previstas pela MCP/04 e os resultados obtidos das provas de
carga. Por fim, propõem-se ajustes na MCP/04 para os casos de estacas executadas na
Formação Barreiras.
Por fim, o Capítulo 6 apresenta as conclusões desta pesquisa, além de sugestões
para futuras pesquisas no tema.
6
CAPÍTULO 2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. ESTACAS ESCAVADAS DE PEQUENO DIÂMETRO COM BULBOS
As estacas escavadas com bulbos, conforme MARQUES (1997), são executadas
por meio de perfuratrizes capazes de perfurar mais de 30m, com diâmetros de 100 a
450mm, em terrenos de subsolos em que ocorrem estratos de alta resistência. As
perfurações são feitas com circulação de lama tipo bentonítica ou com água (quando o
terreno permite), injetada por meio de motor-bomba.
A seguir é descrito o processo executivo destas estacas para os sedimentos
submersos do Quaternário (MARQUES, 2004):
1.
Execução de um furo com diâmetro um pouco maior que o do tubo guia, de
profundidade média de 1,5m;
2.
Colocação do tubo guia com diâmetro interno um pouco maior que o nominal da
estaca;
3.
Perfuração com circulação de lama (ou água quando o terreno permite), utilizando
sapatas cortantes (Figura 2.2), com diâmetro igual ao nominal da estaca até a
profundidade desejada;
4.
Execução dos bulbos nas profundidades desejadas, através da utilização de bico
injetor de lama apropriado (Figura 2.3);
5.
Limpeza do furo através de circulação de lama;
6.
Colocação da armadura;
7.
Injeção de argamassa sob alta pressão, de baixo para cima, através de um tubo de
38mm (11/2”).
A argamassa desce por este tubo, atinge o fundo da escavação e sobe ocupando o
espaço existente, entre o tubo e a parede do furo, até transbordar na superfície. Ao subir,
empurra para fora da escavação toda lama que existia dentro do furo.
As etapas 1 e 2 são dispensadas quando o lençol freático encontra-se numa
profundidade superior a 1,0m em relação à “boca” do furo.
7
Figura 2.1 – Etapas de execução das estacas escavadas de pequeno diâmetro, com bulbos,
executadas em sedimentos submersos do Quaternário (Adaptado de MARQUES, 2004)
Os bulbos, ou alargamentos de fuste, são executados logo após a etapa de
perfuração da estaca, através da substituição da peça cortante por um “bico” inclinado
(aproximadamente 90
o
). Com a haste em movimento rotativo, faz-se incidir sobre as
paredes do furo jatos do fluido perfurante com pressão média de 0,40MPa. Dessa forma
provocam-se rupturas hidráulicas localizadas com conseqüente alargamento do fuste.
A argamassa de enchimento do fuste é confeccionada, em geral, com traço de 1:2
(cimento:areia) em volume e fator água/cimento variável entre 0,8 a 1,0. Nessas condições,
apresenta um f
ck
médio de 22MPa, peso específico variável em estado fluido de 19 a
19,5kN/m
3
e sólido de 20 a 20,5kN/m
3
.
Sabe-se que a lama de circulação utilizada durante a perfuração, quando apresenta
alta concentração de detritos, pode ter peso específico de até 15kN/m
3
. Por outro lado, a
recirculação da lama, após a conclusão da perfuração, por mais algum tempo (15 a 20
minutos), lhe confere peso específico entre 10,5 e 11kN/m
3
. O peso específico maior da
argamassa e a força de expulsão da bomba de injeção garantem a completa substituição da
lama, que está dentro do furo, pela argamassa.
Lama Betonitica
Injeção de Argamassa
1-Inicio da perfuração
com lama betonitica.
2-Perfuração Concluída.
3-Execução do bulbo 1.
4-Execução do bulbo 2 e limpeza da perfuração.
preenchimento do furo,
6-Injeção de argamassa, com o
de baixo para cima.
1
2
4
5
6
3
5-Colocação da armadura.
8
Na execução das estacas escavadas com bulbos são utilizados, normalmente, três
tipos de peças cortantes. Brocas tipo “roller-bits”, são empregadas em estratos de
resistência alta, tais como, concreções lateríticas, calcário arenítico ou coralíneo (de RQD
baixo a médio). Quando se trata de rochas de maior dureza, usa-se a coroa com vídea ou
diamantada. Por último, para solos diversos, utiliza-se uma peça batizada pelos operadores
por “carambola” (Figura 2.2). Esta peça pode ser puramente de aço ou dotada de dentes de
vídea.
Figura 2.2 – Detalhe das peças cortantes chamadas de “carambolas”.
Figura 2.3 – Bico injetor inclinado utilizado para executar os bulbos nos sedimentos
submersos do Quaternário.
9
2.2. ESTACAS ESCAVADAS COM MÚLTIPLAS BASES
As primeiras estacas com múltiplas bases (“under-reamed”) surgiram na Índia em
1955, segundo JAIN et al. (1969). Tratava-se de estacas de pequeno comprimento, 3 a 4m,
executadas manualmente a seco, com trado helicoidal ou tipo concha, com diâmetro de
fuste variável entre 25 e 30cm.
Os bulbos, também executados manualmente com uma ferramenta conhecida por
alargador, semelhante aos macacos tipo “sanfona” utilizados para levantar veículos, tinham
diâmetro, predominantemente, duas vezes o do fuste. Eles eram emmero de dois ou três
e tinham espaçamento entre si variável entre uma e duas vezes o diâmetro deles (Figura
2.4).
Inicialmente as estacas “under-reamed” foram utilizadas na Índia para conter os
esforços de expansão e retração que ocorriam nas fundações apoiadas numa camada
superficial de argila expansiva, com espessura média de 2,5m. Logo depois,
fundamentados em estudos de campo e de laboratório, os indianos passaram a projetar e
calcular as estacas “under-reamed” como se fossem estacas escavadas convencionais de
diâmetro igual ao dos bulbos. Para isso o espaçamento ótimo entre os bulbos deve situar-se
entre 1,5 e 2,5 vezes o diâmetro dos bulbos (JAIN et al., 1969; SONPAL & THAKKAR,
1977)
Figura 2.4 – Estaca “under-reamed” com três bulbos (GUPTA & JAIN, 1968)
10
MOHAN et al. (1967) realizaram uma série de provas de carga em estacas
escavadas instaladas em argila e areia em diversos lugares da Índia. Os autores dividiram
as estacas em dois grupos, onde o primeiro grupo era composto por estacas de
comprimento variável entre 2,4m e 3,6m, diâmetro do fuste de 0,30m e dos bulbos 0,75m
executadas em argila. O segundo grupo tinha estacas de comprimento fixo de 2,10m,
diâmetro do fuste 0,20m e dos bulbos 0,50m instaladas em areia siltosa.
Cada grupo era composto por três diferentes tipos de estacas: uma estaca sem
bulbo, uma estaca com um bulbo e a terceira estaca com dois bulbos. As cargas de ruptura
das estacas do primeiro grupo executadas em argila foram 220kN, 430kN e 650kN,
respectivamente (Figura 2.5). As estacas do segundo grupo executadas em areia siltosa
apresentaram as seguintes cargas de ruptura: 45kN para estaca sem bulbo, 100kN para
estaca com um bulbo e 154kN para estaca com dois bulbos. Diante desses resultados eles
concluíram que cada bulbo aumenta a carga de ruptura da estaca em 50% para
espaçamento entre bulbos, considerados ótimos, de 1,25 a 1,50 vezes o diâmetro do bulbo.
Figura 2.5 – Curvas carga-recalque das estacas executadas em argilas (MOHAN et
al.,1967).
Recalque no topo
(mm)
800 1200
1600
2000
2400
2800
3200
3600
Carga no topo (kN)
1000
800
600
Estaca com 2 bulbos
Estaca com 1 bulbo
Estaca sem bulbo
400
400
200
11
GUPTA & JAIN (1968) realizaram um estudo comparativo entre o desempenho de
uma estaca escavada de 0,64m de diâmetro e uma de múltiplas bases, (“multi-
underreamed”) com três bulbos de 0,64m de diâmetro e 0,30m de fuste. Ambas estacas
tinham o mesmo comprimento de 5,5m e foram executadas em terreno constituído de areia
fina, com N
SPT
médio de 6 golpes até 2m e 13 golpes de 2 a 6m de profundidade. O lençol
d’água ocorreu na profundidade de 10m. A Figura 2.6 mostra os detalhes das estacas.
Com os resultados das provas de carga e utilizando métodos de extrapolação, os
autores encontraram uma carga de ruptura de 900kN para ambas as estacas. A Figura 2.7
mostra a curva carga x recalque dos testes. Eles também concluíram que a ruptura lateral
ocorre ao longo de uma superfície cilíndrica de diâmetro igual ao dos bulbos. Os autores
afirmam que a estaca “under-reamed” é mais vantajosa por consumir menos concreto que a
estaca escavada convencional e oferece a mesma capacidade de carga.
Figura 2.6 – Detalhes das estacas escavadas (GUPTA & JAIN, 1968).
Superfície de
cisalhamento
Estaca de grande diâmetro Estaca “multi underreamed”
12
Figura 2.7 – Curvas carga x recalque (GUPTA & JAIN, 1968).
JAIN et al. (1969) estudaram estacas com dois bulbos (“multi-underreamed”)
realizando ensaios de resistência à compressão e de arrancamento em laboratório e campo.
As estacas no campo foram executadas manualmente, com trados tipo concha ou
helicoidal, em solos tipo “Black Cotton” (argilosos expansivos) e a execução dos bulbos
foi feita com uma ferramenta também tipo helicoidal (alargadores).
Nos ensaios de compressão em laboratório eles constataram que a ruptura ocorria
por cisalhamento ao longo de uma superfície cilíndrica de diâmetro igual ao diâmetro dos
bulbos, e na ponta. Os ensaios de tração, em campo, mostraram que o valor ótimo de
espaçamento entre os bulbos, situa-se entre 1,25 e 1,5 vezes o diâmetro do bulbo. Segundo
os autores as estacas “multi-underreamed” são mais econômicas quando comparadas com
estacas convencionais de mesmo comprimento e diâmetro igual ao dos bulbos.
WHITAKER & COOKE (1965), após ensaios de laboratório e de campo,
estabeleceram parâmetros e métodos para projetos de fundações em estacas escavadas de
grande diâmetro, com e sem base alargada, executadas em argila de Londres.
Os autores apresentam 10 resultados de provas de carga a compressão (carga de
teste máxima de 10.000kN), em estacas com comprimentos 9m, 12m e 15m, e diâmetros
de 0,60m, 0,75m e 0,90m, respectivamente. Nas estacas com base alargada, o diâmetro
Carga (kN)
50
Estaca de grande diâmetro
Estaca “multi underreamed”
100 200 300 400 500 600 700 800 900
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Recal
q
ue
(
mm
)
55
60
64
65
13
dessa base foi de duas vezes o diâmetro do fuste. Foram realizados ensaios triaxiais para a
determinação da resistência ao cisalhamento da argila ao longo do fuste e na base.
As provas de carga foram realizadas através de ensaios do tipo SML (“Slow
Mainted Load”) até 70% da carga de ruptura prevista e, a partir desse ponto, até o final
pelo método CRP (“Constant Rate of Penetration”). Os resultados obtidos de curvas de
cargas últimas de fuste, de ponta e total, em função das deformações, podem ser
representados, segundo os autores, pelas curvas mostradas na Figura 2.8. Os valores de
cargas de ruptura indicam que a carga última de resistência lateral corresponde a um
recalque menor que 1% do diâmetro do fuste e, a da ponta, em torno de 10% do diâmetro
da base.
Figura 2.8 – Carga total, carga de ponta e atrito lateral “versus” recalque para uma estaca
com base alargada em ensaios SML e CRP (WHITAKER & COOKE, 1965).
Ensaio “CRP”
Ensaio SML
Carga total
Carga de ponta
Atrito lateral
Recalque (mm)
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
-500
Carga (kN)
25 50 75 100 125
150
175
200
250
225
14
SONPAL & THAKKAR (1977), a partir de ensaios em modelos de estacas “under-
reamed”, estudaram os efeitos do diâmetro do fuste, do bulbo e do espaçamento entre
bulbos na capacidade de carga dessas estacas.
Os autores concluíram que as rupturas de base e lateral ocorrem simultaneamente, e
que esta última se desenvolve ao longo de uma superfície cilíndrica de diâmetro igual ao
espaçamento entre os bulbos (Figura 2.9). Eles citam o trabalho de SUBHASH
CHANDRA (1962), no qual é mostrado que a carga última das estacas “under-reamed”
independe do diâmetro do fuste e aumenta consideravelmente com o diâmetro do bulbo.
Também destacam que POULOS (1968) concluiu que o recalque é bastante reduzido
quando o número de bulbos aumenta.
Neste trabalho os autores trabalharam com modelos de estacas de madeira,
diâmetro de fuste igual a 2cm, comprimento de 35cm, com dois bulbos, um bulbo e sem
bulbo. Foram ensaiadas estacas com diferentes diâmetros de bulbos na proporção D
b
(Diâmetro bulbo)/D
f
(Diâmetro fuste) igual a 2; 2,5 e 3, ou seja, diâmetros de bulbos de 4,
5 e 6cm, respectivamente.
Além disso, para cada diâmetro diferente de bulbo, estudaram o efeito da variação
do espaçamento nas proporções 1,5; 2,0; 2,5 e 3,0 vezes o diâmetro do bulbo. Todos os
ensaios mostraram que a capacidade de carga é máxima para um espaçamento entre bulbos
de 2,5 vezes o diâmetro do bulbo.
MARTIN & DESTEPHEN (1983) instrumentaram tubulões de bases múltiplas (2
bases) e provaram que não existe atrito lateral no fuste entre as duas bases. Mas a distância
entre elas era de apenas 1,2 vezes o diâmetro desses bulbos (bases). Resta saber a partir de
que distância, abaixo do bulbo, o atrito lateral no fuste entre as bases, deve ser
considerado.
15
Figura 2.9 – Mecanismo de ruptura proposto por SONPAL & THAKKAR (1977).
A metodologia de cálculo da capacidade de carga dos bulbos, quando estes distam
entre si mais 1,5 vezes o diâmetro do bulbo, proposta por JAIN et al. (1969) e GUPTA et
al. (1982), igualmente à MCP, afirma que a participação de cada bulbo na carga última da
estaca é obtida pelo produto da pressão de ruptura do solo em que ele está apoiado, pela
sua área, que é uma coroa circular de diâmetro interno o do fuste e externo o do bulbo. No
cálculo da carga de ruptura da estaca “under-reamed”, os autores acima citados não
consideram a resistência lateral entre os bulbos. Certamente essa desconsideração da
resistência lateral, reside no fato de que a distância máxima entre as bases das estacas
indianas, é em torno de 3,5 vezes o diâmetro do bulbo (algo próximo de 2m).
2.3. ANÁLISE DA CAPACIDADE DE CARGA DE FUNDAÇÕES EM SOLOS NÃO
SATURADOS
D = diâmetro da estaca
Du = diâmetro do bulbo
S = espaçamento entre
bulbos
Superfície
cilíndrica de
cisalhamento
Superfície
cilíndrica de
cisalhamento
Seção em A-B
16
2.3.1. Introdução
A capacidade de carga de solos não saturados pode ser vista como uma extensão da
mecânica dos solos saturados. Nos solos não saturados, podemos considerar que a coesão é
composta de duas parcelas: uma é a coesão efetiva do solo, e a outra é devido à sucção
mátrica. A partir desta concepção, a teoria convencional da capacidade de carga é aplicável
aos solos não saturados.
2.3.2. Avaliação dos Parâmetros de Resistência ao Cisalhamento e da Sucção Mátrica
de Projeto
Os parâmetros de resistência ao cisalhamento utilizados na prática para o cálculo da
capacidade de carga de solos saturados são considerados tanto em termos de tensões
efetivas quanto em termos de tensões totais (por exemplo, utilização da resistência não
drenada, S
u
). Da mesma forma, para solos o saturados, pode-se considerar uma
abordagem através das variáveis de estado tensionais ou através das tensões totais
(FREDLUND & RAHARDJO, 1993).
Abordagem Através das Variáveis de Estado de Tensões
Os parâmetros de resistência ao cisalhamento para um solo com sucção mátrica
são: 1) ângulo de atrito efetivo,
φ
’; 2) coesão efetiva, c’; e 3) ângulo de variação da
resistência ao cisalhamento devido à sucção mátrica,
φ
b
. Estes parâmetros são baseados na
suposição de que a superfície de ruptura é planar. Entretanto, dois destes parâmetros
podem ser combinados, de maneira que a equação de resistência ao cisalhamento se torna
similar à utilizada para solos saturados (FREDLUND & RAHARDJO, 1993).
Os parâmetros de resistência ao cisalhamento para o cálculo convencional da
capacidade de carga se tornam, então, a coesão total,
c, e o ângulo de atrito efetivo,
φ
’.
Para obter o valor da coesão total, é necessário conhecer o ângulo
φ
b
e ter uma estimativa
do valor da sucção mátrica de projeto.
17
É difícil estimar um valor apropriado para a sucção mátrica de projeto. Se a sucção
for medida, seria conveniente adotar este valor somente se o projetista tivesse a certeza de
que este valor seria mantido. Em alguns casos, pode ser admissível que se aplique um fator
de segurança ao valor de sucção mátrica medido a fim de se obter o valor de sucção de
projeto. A decisão de se considerar ou não um valor de projeto para a sucção depende da
experiência local do projetista e do microclima da região em particular.
Abordagem Através das Tensões Totais
A abordagem através das tensões totais é, na essência, comum na prática da
engenharia geotécnica, contudo os projetistas normalmente não enxergam em seus projetos
o comportamento do solo com sucção mátrica. Como exemplo, FREDLUND &
RAHARDJO (1993) consideram uma sapata apoiada em solo argiloso, muito acima do
nível freático. A prática da engenharia do dia-a-dia é realizar uma investigação através de
ensaios de campo ou coletar amostras para determinar os parâmetros de resistência do solo
em laboratório.
A resistência à compressão, obtida dos ensaios de compressão simples em
laboratório, é dividida por 2 para se obter a resistência ao cisalhamento não drenada, S
u
. O
ângulo de atrito é adotado zero, e a equação da capacidade de carga é resolvida. Entretanto,
o fato é que o solo possui sucção mátrica (ou pressão negativa de água nos poros) durante
os ensaios de laboratório. Esta sucção é função da poro-pressão negativa
in situ e da
variação da poro-pressão gerada pelo descarregamento do solo durante a amostragem.
A envoltória de ruptura “estendida” de Morh-Coulomb pode ser utilizada para
visualizar a relação entre os resultados do teste de compressão simples e a resistência ao
cisalhamento definida em termos da sucção mátrica. A Figura 2.10 mostra a possível
trajetória de tensões durante um ensaio de compressão simples (trajetória AB), em que a
sucção mátrica é admitida constante durante o ensaio.
O resultado dos ensaios, transportados para a envoltória de resistência, representa o
estado de tensões na ruptura. Matematicamente, a resistência não drenada, S
u
, pode ser
escrita, numa aproximação, em termos da envoltória de ruptura “estendida” de Morh-
Coulomb:
b
fwafafu
uuucS
φφσ
tan)('tan)(' ++
(2.1)
18
Figura 2.10 – Envoltória de resistência de Mohr-Coulomb para solos não saturados
(FREDLUND & RAHARDJO, 1993).
A resistência não drenada crescerá ou diminuirá de acordo com a variação da
sucção mátrica, conforme a expressão:
b
wau
uuS
φ
tan)( =
(2.2)
onde:
u
S = variação da resistência não drenada devido à variação da sucção mátrica.
)(
wa
uu = variação da sucção mátrica devido ao umedecimento ou secagem do solo.
A capacidade de carga de solos argilosos é freqüentemente calculada utilizando a
resistência não drenada, Su, de acordo com a abordagem em termos de tensões totais (i.e.
φ
= 0). Com isso, temos que a capacidade de carga da argila é expressa em termos da sua
resistência não drenada (i.e. q
f
= S
u
.N
c
). Se considerarmos que haja uma variação da
sucção mátrica )(
wa
uu (acréscimo ou decréscimo), esta variação resultará numa
variação da resistência não drenada
u
S
. Finalmente, teremos uma variação na capacidade
de carga do solo correspondente a:
19
ffcucuf
qqNSNSq +=+=
0
(2.3)
2.3.3. Influência da Sucção na Capacidade de Carga de uma Fundação
FREDLUND & RAHARDJO (1993) estudaram a influência da sucção matricial na
capacidade de carga do solo sob sapatas corridas com larguras de 0,5 e 1,0m, assentes a
uma profundidade de 0,5m. Os resultados são mostrados na Figura 2.11, onde é possível
notar a forte influência da sucção matricial na capacidade de carga da fundação.
Os cálculos mostram que para a sapata de 0,5m de lado e sucção matricial nula, a
capacidade de carga é de 182kPa, mas quando a sucção matricial é aumentada para
100kPa, a capacidade de carga sobe para 655kPa. A mesma tendência é observada para a
sapata maior. Contudo, mesmo que não se atinjam valores tão elevados de sucção, neste
caso, basta uma sucção matricial de 38kPa para dobrar a capacidade de carga em relação à
condição de sucção nula.
Figura 2.11 – Variação da capacidade de carga de uma fundação corrida para diferentes
valores de sucção matricial (FREDLUND & RAHARDJO, 1993).
COSTA (1999) apresenta curvas tensão x recalque de três provas de carga sobre
placa à profundidade de 1,5m, realizadas no Campo Experimental de Fundações da
USP/São Carlos, onde o solo superficial é colapsível. Dois ensaios foram realizados em
20
épocas diferentes do ano, para representar situações diferentes de sucção média do solo
(
Ψ) sob a placa (a sucção foi monitorada por tensiômetros durante os ensaios), e uma
terceira prova de carga foi realizada com inundação do solo, para reproduzir a condição de
sucção nula.
A Figura 2.12 mostra as curvas tensão x recalque para as três condições distintas de
umidade (sucção). Fica evidente o considerável aumento da capacidade de carga do solo
com o aumento da sucção.
Ainda neste trabalho, COSTA (1999) mostrou o aumento da carga de ruptura com
o crescimento da sucção matricial, a partir dos resultados de ensaios SML e QML. Na
Figura 2.13 são apresentados os resultados obtidos e a equação da reta de ajuste dos
pontos, que permite estimativas da capacidade de carga do solo para um determinado valor
de sucção. O autor destaca que a tensão de ruptura não deve obedecer a uma lei linear de
crescimento, mas sim tender à estabilização com o aumento da sucção.
Figura 2.12 – Curvas tensão x recalque de provas de carga do tipo QML, realizadas sobre
placa em solo não saturado com diferentes níveis de sucções (COSTA, 1999).
21
Figura 2.13 – Variação da tensão de ruptura com a sucção matricial, a partir de ensaios
QML e SML em placa (COSTA, 1999).
Quando se analisam resultados de ensaios de campo para projetos de fundações em
solos não saturados, sejam de penetração dinâmica (SPT) ou estática (CPT), também se
deve ter o cuidado de conhecer sob quais condições de umidade os ensaios foram
realizados. As chuvas, ou qualquer outro meio que cause infiltração significativa de água
no solo, influenciam os resultados de sondagens.
CINTRA et al. (2003) mostraram que valores de N
SPT
obtidos em sondagens
realizadas em solos colapsíveis (porosos) são afetados pela sucção (ou seja, pelo teor de
umidade). Por isso, é de se esperar que em épocas de chuvas se encontrem valores de N
SPT
inferiores àqueles obtidos em épocas de seca, no mesmo local. Este fato sugere que os
valores de N
SPT
se relacionam diretamente ao teor de umidade do solo e podem ser
correlacionados apenas com valores de resistência correspondentes aos teores de umidade
no momento da realização dos ensaios. Também se observa uma diminuição de
aproximadamente 30% no N
SPT
quando se utiliza o sistema de circulação de água antes de
atingir o nível d’água.
De modo semelhante, as provas de carga realizadas em época de chuva indicam
valores de capacidade de carga reduzidos em relação a ensaios conduzidos na estação seca
do ano.
22
2.3.4. Fundações Profundas em Solos Não Saturados
CINTRA (2004) faz um relato sobre a evolução dos estudos de fundações em solos
não saturados no âmbito mundial e nacional. Segundo o autor, HOLTZ e GIBBS (1953)
realizaram um trabalho pioneiro com 28 provas de carga em estacas cravadas e moldadas
in loco, com e sem pré-inundação do terreno, realizado em solo colapsível no estado de
Nebraska, EUA. Neste trabalho, os autores analisaram duas situações: primeiro, estacas de
ponta apoiadas em camada de areia compacta subjacente ao
loess colapsível superficial,
que pouco sofreram influência da inundação; segundo, estacas de atrito embutidas em
loess colapível, as quais sofreram diminuição significativa da capacidade de carga por
causa da inundação, chegando em certos casos, a perdas superiores a 50%. Este relato
mostra que já naquela época, havia a preocupação em estudar fundações profundas em
solos não saturados, neste caso, em solos colapsíveis.
No Brasil, CINTRA (2004) cita ALBIERO (1972), que realizou 19 provas de carga
sem inundação, em estacas escavadas do tipo broca com diâmetro de 0,15 a 0,30m e
comprimento de 2 a 8m, em São Carlos/SP. Neste caso, o autor já destacava que estas
estacas sofrem sensível redução na capacidade de carga na época chuvosa. Também são
citadas as primeiras provas de carga em estacas realizadas no Brasil, com inundação do
terreno, relatadas por MELLIOS (1985) e MONTEIRO (1985). Trata-se de provas de
carga realizadas em estacas do tipo broca, nos solos porosos das proximidades da
hidrelétrica de Jupiá, realizadas com e sem inundação do terreno. A capacidade de carga
das estacas sem inundação, da ordem de 150kN, reduziu para cerca da metade com a
inundação prévia.
CAMAPUM DE CARVALHO et al. (2004) apresentaram estudo de capacidade de
carga em estacas escavadas executadas nos solos porosos colapsíveis de Brasília. Neste
trabalho, os autores citam o estudo de MASCARENHAS (2003) que chegou a correlações
razoáveis entre o somatório da sucção ao longo do perfil e os resultados das provas de
carga. Neste caso, as sucções foram obtidas a partir de curvas características do solo local
utilizando-se os teores de umidade determinados no momento das provas de carga. Apesar
dos bons resultados obtidos, a aplicação destes procedimentos na prática seria difícil,
afirmam os autores.
Diante disso, CAMAPUM DE CARVALHO et al. (2004) buscaram associar o
comportamento das estacas ao equilíbrio hídrico local, utilizando como índice de avaliação
23
o índice de umidade IHU(ER) mensal, a partir do dados regionais fornecidos pela Rede
Nacional de Agrometeorologia. Os autores encontraram boas correlações entre a
capacidade de carga das estacas determinada a partir das provas de carga e o índice de
umidade IHU(ER), no manto intemperizado do Distrito Federal. Eles concluíram que esta
pode ser uma importante ferramenta para correção da carga de ruptura obtida em provas de
carga a partir dos dados pluviométricos de uma região.
Para a prática de fundações, CINTRA (2004) afirma que não se deve cogitar
procedimentos sofisticados para considerar a influência da sucção na capacidade de carga
de fundações. Para ensaios em fundações profundas, ele sugere a realização de tradagem
simultaneamente à execução das provas de carga, para obtenção do teor de umidade com a
profundidade. Também a técnica do papel filtro pode ser uma opção para determinação da
sucção das amostras obtidas por tradagem, no momento da realização das provas de carga.
Quanto ao fator de segurança a ser adotado em projeto de fundações profundas em
solo colapsível, CINTRA (2004) sugere que, além das verificações usuais de segurança à
ruptura e ao recalque excessivo, deve-se considerar um fator de segurança ao colapso do
solo. Neste caso, é recomendada a adoção de um FS de pelo menos 1,50.
CINTRA (2004) diz que o importante papel da sucção matricial na capacidade de
carga pode esclarecer, pelo menos em parte, divergências de resultados de provas de carga
que ocorrem nas seguintes situações: a) ensaios estáticos realizados em datas distintas, às
vezes intercaladas por chuva; b) prova de carga dinâmica realizada no momento da
cravação de uma estaca, e provas de carga estática realizada algum tempo depois. De modo
semelhante, ensaios de SPT e provas de carga realizados em épocas distintas podem
justificar discrepâncias entre valores previstos e os obtidos experimentalmente.
2.4. METODOLOGIA DE CÁLCULO PROPOSTA POR MARQUES (2004) PARA
PREVISÃO DA CAPACIDADE DE CARGA DE ESTACAS ESCAVADAS COM
BULBOS (MCP/04)
A metodologia de cálculo proposta (MCP/04) para previsão da capacidade de carga
de estacas escavadas de pequeno diâmetro, com e sem bulbos, foi originalmente
fundamentada nos resultados de 25 provas de carga, que foram objeto de uma Dissertação
de Mestrado na EESC-USP desenvolvida por MARQUES (1997). Posteriormente,
24
MARQUES (2004) analisou os resultados de 30 provas de carga comuns (a maioria com
grandes recalques) e mais 5 provas de carga em estacas-teste instrumentadas em
profundidade, as quais foram posteriormente extraídas para análise detalhada da geometria
do fuste e dos bulbos.
É importante ressaltar que a quase totalidade das estacas analisadas e tomadas
como base para o estabelecimento da metodologia de cálculo apresentada foram
executadas em sedimentos do Quaternário, em condições saturadas. Para os sedimentos do
Terciário, como os da Formação Barreiras, quase sempre não saturados, torna-se
necessário analisar um número maior provas de carga, se possível, em estacas
instrumentadas, para se ter resultados mais compatíveis com este tipo de solo.
As parcelas de carga consideradas no modelo de cálculo da capacidade de carga
das estacas com bulbos, quando o espaçamento entre eles é maior que 3.Df, estão
apresentadas na Figura 2.14.
q
Db
Df
p
q
b
Db
q
b
f
s
f
s
f
s
f
s
f
s
f
s
Legenda:
Df = diâmetro nominal do fuste
Db = diâmetro do bulbo
fs = resistência lateral unitária
q = resistência de apoio do bulbo
q = resistência de apoio da ponta
b
p
Figura 2.14 – Modelo de cálculo das estacas escavadas com bulbos.
25
No cálculo da carga de ruptura dessas estacas, considera-se a soma da resistência
lateral ao longo do fuste com as resistências de apoio da ponta e dos bulbos, conforme a
expressão 2.4.
AcqApqAlfsQ
bpu
++=
(2.4)
Onde: fs, q
p
e q
b
são as capacidades de carga lateral, de ponta e dos bulbos,
respectivamente; Al e Ap são as áreas lateral e de ponta da estaca; e Ac é a área da coroa
circular (Figura 2.15).
As bases da metodologia de cálculo proposta por MARQUES (2004) são descritas
a seguir:
1) Adota-se o modelo de cálculo do método DÉCOURT-QUARESMA (1996)
para o cálculo do atrito lateral unitário (fs), e da tensão de ruptura de apoio,
(q
b
) tensão de bulbo e (q
p
) tensão de ponta, dados por:
+= 1
3
10
f
N
fs
β
, em kPa
bb
NCq ..
α
=
, em kPa
pp
NCq ..
α
=
, em kPa
(2.5)
(2.6)
(2.7)
Contudo, operam-se adaptações, principalmente nos valores do fator
característico dos solos (C), nos limites dos valores de N
SPT
e na fórmula do
cálculo da adesão lateral, em alguns casos.
2) O cálculo da resistência de apoio dos bulbos é feito multiplicando-se a
capacidade de carga do solo (q
b
), no trecho onde se situa a base do bulbo,
pela área da coroa circular (A
c
). Esta coroa circular tem diâmetro interno
igual ao diâmetro nominal do fuste (D
f
), e externo igual ao diâmetro do
bulbo (D
b
).
26
Db
Df
Ac
Figura 2.15 – Área da coroa circular utilizada no cálculo da resistência de
apoio dos bulbos.
3) Propõem-se novos valores para o fator característico do solo (C), que estão
apresentados na Tabela 2.1.
4) Limita-se cada N
SPT
, ao longo do fuste, a um valor de 15 no cálculo de
resistência lateral, e adota-se
β=0,85 como valor do fator de minoração no
cálculo de fs.
5) Quando o bulbo é executado próximo à ponta da estaca (uma distância de
até 3 vezes o diâmetro do fuste, em relação à ponta da estaca) considera-se
bulbo e ponta uma única base de apoio (Figura 2.16-a), tomando-se N
SPT
máximo de 15 no cálculo de q
b
. Quando a distância entre bulbo e ponta for
maior que a citada (Figura 2.16-b), separa-se bulbo e ponta e adota-se N
SPT
máximo de 20 e 15, para o cálculo de q
b
e q
p
, respectivamente.
Db
L < 3.Df
Df
q
Db
L > 3.Df
Df
p
q
b
q
p
(a) (b)
Figura 2.16 – Considerações sobre as parcelas de resistência dos bulbos.
27
6) No cálculo da capacidade de carga dos bulbos, adota-se a média entre os
dois valores de N
SPT
, registrados no trecho em que ocorre a variação do
diâmetro do fuste, mantendo-se o limite
b
N
= 20, para N
b
>20.
7) Para a cidade de Aracaju, no cálculo do atrito lateral unitário, utiliza-se a
fórmula:
+= 1
5
..10
N
fs
β
, com β=0,85 e N 15 (2.8)
8) No cálculo de q
b
ou q
p
em solos típicos do Quaternário da cidade de
Aracaju, procede-se as seguintes considerações no valor do N
SPT
:
N 15 quando se executa bulbo na ponta da estaca;
N 10 quando a ponta é simples (sem bulbo)
9) Não se considera limite inferior para o N
SPT
, em nenhum caso.
10) Deve-se considerar um aumento natural de até 100% no diâmetro nominal,
quando a ponta da estaca for instalada em areias e siltes arenosos fofos, e silte
argiloso mole e muito mole, submersos.
Vale ressaltar novamente que a quase totalidade das estacas ensaiadas e que foram
tomadas como base para o estabelecimento da metodologia de cálculo acima citada, foi
executada em sedimentos submersos do Quaternário. Para os sedimentos do Terciário,
como os da Formação Barreiras, MARQUES (2004) afirma que é necessária a realização
de provas de carga em estacas instrumentadas para se ter resultados mais compatíveis com
esse tipo de solo.
28
Tabela 2.1 – Valores do fator característico dos solos (C) (MARQUES, 2004).
PERÍODO GEOLÓGICO: QUATERNÁRIO
Fator Característico (C), em kPa
TIPO DE SOLO
MACEIÓ / RECIFE ARACAJU
Rocha calcária arenítica 300 300
Areias (finas e grossas) 200 a 250 160 a 210
Areias siltosas (com ou sem argila) e
Areias cálcicas
140 a 180 130 a 150
Areias Argilosas (com ou sem silte) 100 a 130 100 a 120
Siltes arenosos (com ou sem argila) 90 a 130 90 a 110
Silte argiloso (com ou sem areia) 80 a 100 80 a 100
Argila, Argila Siltosa ou arenosa 80 a 90 80 a 90
PERÍODO GEOLÓGICO: TERCIÁRIO (FORMAÇÃO BARREIRAS)
Fator Característico (C), em kPa
TIPO DE SOLO
MACEIÓ / RECIFE / ARACAJU
Areia argilosa ou Argila arenosa (com
ou sem silte)
Areia siltosa (com ou sem argila)
140 a 160
Silte argiloso (com ou sem areia)
Argila siltosa (com ou sem areia)
130 a 150
2.5. ENSAIOS DE PROVA DE CARGA ESTÁTICA
2.5.1. Introdução
Os ensaios de prova de carga são a forma mais confiável de verificar o desempenho
de uma fundação. As provas de carga podem ser divididas, basicamente, em dois tipos:
provas de carga estática e provas de carga dinâmica. Nas primeiras, a carga é aplicada
estaticamente por um conjunto constituído de “macaco” hidráulico, manômetros e sistema
de reação (cargueiras, tirantes, etc). Nas provas de carga dinâmica, aplica-se uma carga de
29
impacto no topo da estaca e através da teoria da equação da onda determina-se a provável
carga de ruptura (NBR-13208/94).
Nesta revisão bibliográfica serão apresentados alguns conceitos, procedimentos de
execução e avaliações dos resultados do carregamento estático, mais precisamente do tipo
“lento” (SML – “Slow Maintained Load”), pois este será o tipo de carregamento utilizado
nesta pesquisa.
2.5.2. Procedimentos do Ensaio
Nas provas de carga a compressão e axial, as cargas são aplicadas por meio de
macaco hidráulico calibrado, centradas em relação ao eixo da fundação, sem provocar
vibrações e choques durante o carregamento. As cargas poderão ser aplicadas em estágios,
com medição dos recalques estabilizados; ou de forma de penetração contínua até não mais
se conseguir incremento de carga, devido ao rompimento da ligação estaca-solo ou do
elemento estrutural; ou de forma cíclica ou repetição com incrementos de carga até o seu
rompimento.
As cargas são medidas por manômetros ou por célula de carga, sendo esta de maior
precisão. Um ou dois pares de extensômetros mecânicos são instalados em dois eixos
ortogonais (ou em diagonal) os quais medem os deslocamentos (ou recalques) verticais do
elemento de fundação.
O método de ensaio de prova de carga MB-3472/91, da Norma Brasileira,
recomenda que a estaca deve ser carregada até a ruptura ou ao menos até duas vezes o
valor da carga de trabalho.
Quanto à forma de aplicação da carga ou de metodologia de carregamento da
fundação, podem-se identificar quatro grupos: o ensaio do tipo “lento”, ou SML (“Slow
Maintained Load Test”); o ensaio do tipo “rápido”, ou QML (“Quick Maintained Load
Test”); o ensaio de penetração constante, ou CRP (“Constant Rate of Penetration”); e o
ensaio do tipo cíclico, ou CLT (“Cyclic Load Test”).
A MB-3472/91 estabelece dois tipos de provas de carga para determinação da
capacidade de carga de uma fundação: o ensaio do tipo rápido (QML) e o ensaio do tipo
lento (SML), com a estabilização para cada estágio. Esta Norma considera os ensaios SML
e QML de mesma importância nas avaliações de fundações sobre estacas. Os demais
30
ensaios são considerados complementares a estes, desde que sua utilização seja
devidamente justificada (NIYAMA et al., 1996).
O ensaio SML ou de carregamento lento é executado segundo as prescrições da
Norma Brasileira que seguem:
a- Procede-se ao carregamento em estágios iguais e sucessivos, observando-se que:
a carga aplicada em cada estágio não deve ser superior a 20% da carga de
projeto, prevista para a estaca ensaiada; e
em cada estágio a carga deve ser mantida até a estabilização dos
deslocamentos por um tempo mínimo de 30min.
b- Em cada estágio os deslocamentos devem ser lidos logo após a aplicação da
carga correspondente e, em seguida, as leituras nos tempos de 2, 4, 8, 15 e
30min a contar do início do estágio e depois a cada 30min, até a estabilização
ser alcançada.
c- A estabilização dos deslocamentos se obtém através da curva tempo x
deslocamento, sendo alcançada quando a diferença entre as leituras realizadas
nos tempos t e t/2 corresponder, no máximo, a 5% do deslocamento total
ocorrido no estágio.
d- Não se configurando a ruptura da estaca, a carga aplicada deve ser mantida por
um tempo mínimo de 12 horas, entre a estabilização dos recalques até o início
do descarregamento.
e- O descarregamento deve ser feito em, no mínimo, quatro estágios. Cada estágio
é mantido até a estabilização dos deslocamentos, com registro de acordo com os
itens
b e c. O tempo mínimo de cada estágio é de 15min.
f- Após o descarregamento total, as leituras dos deslocamentos devem continuar até
a sua estabilização.
O ensaio de carregamento rápido ou QML é realizado segundo as prescrições da
MB-3472 que seguem:
a- O carregamento é feito em estágios iguais e sucessivos, observando-se que:
a carga aplicada em cada estágio não deve ser superior a 10% da carga de
trabalho prevista para a estaca ensaiada; e
em cada estágio a carga deve ser mantida durante 5min,
independentemente da estabilização dos deslocamentos.
31
b- Em cada estágio os deslocamentos são lidos, obrigatoriamente, no início e no
final do estágio.
c- Atingida a carga máxima do ensaio, o descarregamento deve ser feito em quatro
estágios, cada um mantido por 5min, com a leitura dos respectivos
deslocamentos.
d- Após 10min do descarregamento total, deve ser feita uma leitura final.
FELLENIUS (1980), citado por MARQUES (2004), considera o ensaio do tipo
rápido (QML), com aplicação de estágios de carga em intervalos constantes de tempo,
mais representativo por apresentar uma melhor definição da curva carga-recalque e
classifica-o como sendo superior ao ensaio tipo lento (SML) do ponto de vista técnico,
prático e econômico, pois se reduz o tempo de ensaio e melhoram-se as estimativas do
comportamento do elemento ensaiado.
MILITITSKY (1991), também citado por MARQUES (2004), afirma que, da
mesma forma que a velocidade da solicitação influi na resistência ao cisalhamento dos
solos, especialmente das argilas, também altera o comportamento das fundações neste tipo
de solo. A elevada velocidade de carregamento provoca aumento da capacidade de carga e
da rigidez da fundação. Esta observação serve para alertar sobre os cuidados que se deve
ter ao se comparar ensaios executados com procedimentos diferentes.
2.5.3. Determinação da Carga de Ruptura de Estacas através das Curvas Carga-
Recalque
Segundo a NBR-6122/96, a carga de ruptura pode ser determinada por meio de
métodos teóricos, semi-empíricos e por provas de carga. Ocorre que, nem sempre a carga
de ruptura é atingida nas provas de carga, por motivos diversos. Nesses casos adota-se, na
prática corrente, as seguintes definições de carga de ruptura (SIMONS & MENZIES,
1981; apud. MARQUES, 2004):
“aquela que causa um recalque igual a 10% do diâmetro da estaca, levando-se
em conta uma certa tolerância para o encurtamento elástico da estaca, que pode
ser significativo nas estacas longas”.
32
“aquela para a qual a velocidade de recalque continua sem diminuição, sem
aumento da carga, a menos que, naturalmente, a velocidade seja tão lenta que
indique ser ele devido ao adensamento do solo”.
“a carga para a qual a curva carga x recalque tem o raio de curvatura mínimo”.
“é a obtida pelo ponto de interseção das tangentes ao trecho inicial e final da
curva carga x recalque”.
“é a carga que acarreta o dobro do recalque para 0,8 da carga de ruptura
prevista”.
Neste trabalho serão utilizados os seguintes métodos de obtenção da carga de
ruptura de estacas, a partir das curvas carga-recalque das provas de carga:
Método da NBR 6122/96
O método da NBR 6122/96 define a carga máxima da estaca em função do seu
diâmetro e do encurtamento elástico devido ao carregamento. Desta forma, a carga de
ruptura pode ser convencionada como aquela que corresponde, na curva carga-recalque
(Figura 2.17), ao recalque expresso pela fórmula a seguir:
30
D
AE
PL
r +=
(2.9)
Onde:
r
= recalque de ruptura convencional;
P = carga de ruptura convencional;
L = comprimento da estaca;
A = área da seção transversal da estaca;
E = módulo de elasticidade do material da estaca; e
D = diâmetro do círculo circunscrito à estaca.
33
Figura 2.17
– Determinação da carga de ruptura (P
r
), na curva carga x recalque, em função
do recalque (
r
) calculado (NBR-6122/96).
Método de Van der Veen (VDV)
Segundo VAN DER VEEN (1953), a curva carga x recalque pode ser expressa por:
(2.10)
Onde:
Q e r - são coordenadas conhecidas da curva carga x recalque;
Q
u
- é a carga de ruptura que se deseja determinar; e
α - coeficiente que depende da forma da curva.
(
)
r
u
eQQ
α
= 1
34
Figura 2.18 – Curva carga-recalque com extrapolação proposta por VAN DER VEEN
(apud ALONSO, 1991).
A solução é obtida por tentativas, pois são duas incógnitas (Q
u
e α) e apenas
uma equação. Reescrevendo-se a equação de Van der Veen sob a forma:
=
u
Q
Q
lnr 1.
α
(2.11)
Verifica-se que o valor de Q
u
que satisfaz a esta equação, representa uma reta num
gráfico semi-logarítmico. O coeficiente angular dessa reta fornece o valor de α. O método
consiste em se adotar vários valores para Q
u
de forma arbitrária (conforme se mostra na
Figura 2.19, Q
u
(I)
, Q
u
(II),
Q
u
(III)
) e verificar qual desses valores resulta em uma reta, em
um gráfico com abscissas
−−
ln 1
Q
Q
u
e ordenada r.
35
Figura 2.19 – Solução gráfica da equação de VAN DER VEEN (apud ALONSO, 1991).
A expressão que define a curva carga x recalque, proposta por VAN DER VEEN
(1953), foi generalizada por AOKI (1976), apud ALONSO (1991), resultando no método
de Van der Veen generalizado:
()
[
]
bar
u
eQQ
+
= 1
(2.12)
onde além das variáveis já conhecidas, têm-se:
a - coeficiente que depende da estaca, natureza do solo e define a forma da
curva; e
b – ponto de interseção da reta procurada, com o eixo das abscissas.
Com base na expressão generalizada obtém-se a curva ajustada, arbitrando-se
valores para “r” e calculando-se os valores correspondentes para “Q” (AOKI & ALONSO,
1986; ALONSO, 1991).
A proposta de VAN DER VEEN (1953) tem sido largamente utilizada no Brasil
para extrapolação de curvas carga-recalque obtidas em provas de carga em que não se
atingiu a ruptura física da fundação. O procedimento de extrapolar a curva para se avaliar a
36
carga de ruptura, quando o ensaio da estaca não indicar uma ruptura nítida, é legitimado
pela NBR 6122/96 (item 7.2.2.3), contudo é preciso analisar a aplicabilidade do método
para cada caso.
Método da Rigidez (RIG)
DÉCOURT (1996) propôs uma maneira simples de se avaliar a ruptura
convencional de fundações a partir das curvas carga-recalque obtidas em provas de carga.
Trata-se de método baseado no conceito de rigidez de uma fundação.
Segundo o autor, defini-se rigidez de uma fundação (R) como a relação entre a
carga a ela aplicada (Q) e o recalque (s) por ela sofrido. Para qualquer tipo de fundação, a
tendência geral é de que a rigidez diminua à medida que os recalques aumentem.
Sendo assim, a ruptura ocorre para uma carga correspondente a um valor de rigidez
nula.
0)(lim =
s
Q
s
Q
Q
s
ult
(2.13)
Na prática, plotam-se os valores de R (=Q/s) em ordenadas e os valores de Q em
abcissas. Se a prova de carga for conduzida até valores bem pequenos de R, uma
extrapolação linear ou logarítmica irá fornecer uma boa estimativa da carga de ruptura
física. Quanto menor a rigidez atingida no ensaio, mais precisa será a estimativa da carga
de ruptura.
O ponto da curva R x Q onde a mesma se torna sub-horizontal indica,
aproximadamente, quando a transferência de carga da estaca ao solo passa a se fazer
apenas por apoio, já tendo ocorrido a mobilização plena do atrito lateral. No caso de
estacas com bulbos, esta resistência de apoio é composta pelas resistências de ponta e dos
bulbos.
37
Método das Duas Retas Modificado (MDRM)
O “Método das Duas Retas” é um procedimento gráfico para interpretar curvas
carga-recalque de provas de carga através de um modelo matemático desenvolvido por
MASSAD (1992; 1993 e 1995) apud. MASSAD & LAZO (1998), que adota como funções
de transferência de carga as Leis ou Relações de CAMBERFORT (1964).
O “Método das Duas Retas Modificado” (MDRM), o qual tem como base os
trabalhos de MASSAD (1992), LAZO (1996) e MASSAD & LAZO (1998), citados por
MARQUES (2004), foi proposto para a interpretação da curva carga-recalque de estacas
escavadas de pequeno diâmetro, com bulbos. Este método permite estimar as parcelas de
desenvolvimento do atrito lateral e das resistências de apoio dos bulbos e ponta. Também
permite estimativas da carga admissível das estacas.
Não é objetivo deste trabalho, mostrar o desenvolvimento matemático das
expressões utilizadas por este método, sendo de maior interesse os procedimentos práticos
para aplicação do método às curvas carga-recalque aqui estudadas. Maiores detalhes sobre
o MDRM poderão ser encontrados em MARQUES (2004) e MASSAD & LAZO (1998).
MASSAD (1992), apud. MARQUES (2004), definiu o parâmetro k, coeficiente de
rigidez relativa solo-estaca, e classificou as estacas segundo sua rigidez: k 8 estacas
longas; 2 < k < 8 estacas intermediárias ou k 2 estacas curtas.
MARQUES (2004), através da instrumentação em profundidade de 05 estacas-teste
e da interpretação do formato de suas curvas carga–recalque, mostrou que as estacas
escavadas de pequeno diâmetro com bulbos, são um tipo de estaca muito rígida (ou curta),
isto é, sua compressibilidade influi pouco no formato da curva carga-recalque no topo.
Para este tipo de estaca, o trecho 3-4 da Figura 2.20 praticamente inexiste, pois o atrito
lateral se esgota quase que instantaneamente do topo à base da estaca.
O MDRM propõe um ajuste de duas retas à curva carga-recalque no topo,
correspondentes ao trecho pseudo-elástico (0-3) e ao trecho de desenvolvimento franco de
resistência de apoio (4-5) (Figura 2.20). Entende-se por resistência de apoio o somatório
das resistências de bulbo (ou bulbos) mais ponta.
Considerou-se que o trecho 3-4, referente ao desenvolvimento progressivo do atrito
do topo à base da estaca, inexiste. Dessa forma, os pontos 3 e 4 da curva carga-recalque no
topo coincidem. Logo, o ponto 4 corresponde ao início do esgotamento do atrito no topo
da estaca e está associado à y
04
y
03
=µy
1
.
38
A Figura 2.21 apresenta as relações elementares de interação solo-estaca de
CAMBEFORT (1964), modificadas segundo o modelo proposto por MARQUES (2004),
para o atrito lateral unitário e a resistência de apoio destas estacas.
7
0
máx
9
8
máx
Po
4
5
6
3
P
o
y
o
P
o
=d
o
y
o
P
o
=d
1
+d
2
y
0
yo
Figura 2.20 – Curva teórica de carga-recalque no topo para estacas com bulbo, rígidas
(MARQUES, 2004).
f res
R p
0
f
B
f m á x
q b
R b
0
q
S b
q p
0
S p
yy
y
1
µ
b
m á x
A
b
+ P
h
y
1
A
p
+ P
h
y
y
m á x
p
q
y
2
2
(a) Fuste (b) Bulbo (c) Ponta
Figura 2.21 – Leis ou Relações de Cambefort modificadas para o MDRM (MARQUES,
2004).
39
As Leis de Cambefort foram modificadas por MASSAD (1992) para incorporar a
carga residual (P
h
), que surge na ponta de estacas cravadas após a sua cravação ou ao final
do primeiro carregamento de estacas escavadas (VÉSIC, 1977; DÉCOURT, 1989; e
MASSAD, 1992; apud. MASSAD & LAZO,1998).
MARQUES (2004) observou que, inicialmente, as estacas escavadas com bulbos
não apresentavam atrito negativo ao longo do fuste para equilibrar a carga residual (P
h
),
apenas resistências de apoio concentradas nos bulbos e na ponta. Logo, a carga P
h
pode ser
substituída por uma resistência AS, correspondente à mobilização das reações residuais
nos bulbos e na ponta.
Por outro lado, como as estacas em estudo são rígidas, pode-se admitir que a
mobilização do atrito lateral e das cargas residuais (µ.Alr+AS), no trecho pseudo-elástico,
ocorre concomitantemente à mobilização das reações dos bulbos e da ponta. O
desenvolvimento desta mobilização ocorre à razão de RS.
Sendo assim, chega-se a seguinte expressão que permite uma estimativa de y
1
pelo
MDRM:
()
RSd
ASAlr
y
+
=
0
1
.
.
µ
µ
(2.14)
Onde:
(µ.Alr+AS) = resistência mobilizada no início do esgotamento do atrito lateral mais
a resistência residual de apoio (bulbos e ponta).
RS = taxa de desenvolvimento da resistência de apoio dos bulbos e da ponta no
trecho 0-3.
µ = fator de majoração do atrito lateral pela carga residual (P
h
) presa na ponta da
estaca. Para estacas escavadas, quando se trata do primeiro carregamento,
adota-se µ = 1 (MASSAD, 1992 e 1995; apud. MASSAD & LAZO, 1998).
y
1
= recalque correspondente ao início do esgotamento do atrito no topo da estaca.
As equações que definem os trechos de interesse da curva P
o
– y
o
, para as estacas
escavadas com bulbos (estacas rígidas), conforme a Figura 2.20, são as seguintes:
Para o trecho 0-3, pseudo-elástico:
000
ydP =
(2.15)
40
Para o trecho 4-5, de desenvolvimento franco da resistência de ponta,
0210
.yddP +=
(2.16)
Apresentam-se a seguir os procedimentos práticos para aplicação do Método das
Duas Retas Modificado (MDRM) (MARQUES, 2004):
1- Inicialmente deve-se conhecer o módulo de elasticidade da estaca e a sua
rigidez como peça estrutural, facilmente calculado por
f
h
SE
Kr
=
, onde E é o
módulo de elasticidade da estaca, S é a área da seção transversal da estaca e h
f
é a
altura do fuste da estaca excluída a altura do (s) bulbo (s).
2- Verifica-se a ordem de grandeza dos recalques. É necessário que durante o
carregamento se desenvolva pelo menos uma parte da resistência de apoio
(bulbo+ponta). Em geral, o recalque máximo da prova de carga deve ser de pelo
menos 20mm.
3- Calcula-se o coeficiente angular (d
2
) e o linear (d
1
) da reta do trecho 4-5.
4- Determina-se o coeficiente angular (d
o
) da reta do trecho 0-3.
5- Com os valores de d
1
e d
2
, pode-se calcular os termos (RS) e (µAlr+AS), dados
pelas seguintes expressões:
r
KRSd
111
2
+=
(2.17)
r
K
d
d
ASAlr
2
1
.
2
1
=+
µ
(2.18)
6- Calcula-se µy
1
, lembrando que µ=1 para o primeiro carregamento em estacas
escavadas.
Para estimativa da carga de trabalho das estacas através do MDRM, deve-se
primeiro adotar um recalque admissível (r
adm
) no topo da estaca e calcular a carga referente
ao r
adm
segundo a fórmula:
41
topo
o
r
o
yRSASAlrP
adm
.).( ++=
µ
(2.19)
Lembrando que, como as estacas são rígidas, y
o
topo
y
ponta
= r
adm
.
De posse do valor de
adm
r
o
P
, pode-se obter a carga de trabalho da estaca através da
aplicação de um fator de segurança (FS) adequado. Logo:
FS
P
P
adm
r
o
trab
o
=
(2.20)
42
CAPÍTULO 3
CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICA DA ÁREA ESTUDADA
3.1. ASPECTOS CLIMATOLÓGICOS DA CIDADE DE MACEIÓ
Maceió, capital do estado de Alagoas, está localizada na porção central do litoral
alagoano, é banhada pelo Oceano Atlântico a leste, e pela Lagoa Mundaú ao sul e a oeste.
Com uma população de aproximadamente 900 mil habitantes, o município apresenta uma
área urbana em torno de 511km
2
. A topografia plana, mas em níveis diferentes, favorece a
urbanização, principalmente nos tabuleiros, devido à maior disponibilidade de áreas ainda
desabitadas.
Maceió apresenta clima do tipo As’ de acordo com a classificação de Köppen,
enquadrando-se como tropical chuvoso. A temperatura é elevada durante o ano todo, sendo
superior aos 20
o
C. Existem duas estações bem definidas: a chuvosa, de março a agosto, e a
estação seca, de setembro a fevereiro. A pluviometria anual média é de aproximadamente
1480mm, enquanto que a evapotranspiração potencial anual média é de 1193mm,
concentrando-se no quadrimestre outubro-janeiro, correspondente aos meses mais quentes
do verão (FERREIRA NETO et al., 2004).
O histograma de pluviometria mensal da Figura 3.1 mostra elevada concentração
de chuvas em quatro meses do ano.
Precipitação mensal (mm) no período 1961-1990.
Figura 3.1 – Histograma de pluviometria mensal de Maceió (Fonte: INMET – Instituto
Nacional de Meteorologia)
43
A umidade relativa do ar atinge o máximo de 82,9% no mês de maio e a mínima de
75,7% no mês de novembro. Os ventos são de sudeste e nordeste, sendo que os de nordeste
ocorrem quase sempre no verão.
FERREIRA NETO et al. (2004) realizaram estudo a partir do balanço hídrico
obtido pelo método de Thornthwaite-Mather (1955), utilizando as médias mensais de
pluviometria, temperatura e evaporação da cidade de Maceió, e chegaram as seguintes
conclusões:
Março é, potencialmente, o período de reposição hídrica;
Abril a agosto corresponde ao período de excedentes hídricos;
Setembro a dezembro corresponde ao período tanto de retirada de água do solo
quanto de deficiência hídrica;
O período de janeiro e fevereiro corresponde exclusivamente ao período de
deficiência hídrica.
Figura 3.2 – Balanço hídrico da cidade de Maceió segundo método de Thornthwaite-
Mather (1955) (FERREIRA NETO et al., 2004).
44
3.2. DESCRIÇÃO DA GEOLOGIA DA REGIÃO
3.2.1. Geologia do Estado de Alagoas
A bacia sedimentar Sergipe-Alagoas, foi recentemente individualizada por FEIJÓ
(1994) devido a diferenças importantes de caráter estrutural e estratigráfico (FEIJÓ &
VIEIRA, 1990; FEIJÓ In FEIJÓ, 1994; apud. SANTOS, 1998).
A Bacia Alagoas ocupa uma faixa costeira alongada de cerca de 220km de
extensão e aproximadamente 40km de largura, tendo como limite norte a Bacia
Pernambuco-Paraíba e ao sul pela Bacia Sergipe.
A Bacia Alagoas assenta sobre rochas do embasamento, e sua história deposicional
tem início no Paleozóico Superior, com a deposição dos clásticos do Grupo Igreja Nova
(Formações Batinga e Aracaré). Sobrejacentes a estas, depositaram-se os clásticos flúvio-
lacustres do Grupo Perucaba (Formações Candeeiro, Bananeiras e Serraria). Acima destas,
estão os sedimentos clásticos e evaporitos do Grupo Coruripe, caracterizados pela rápida
variação de fácies, correspondentes às fases rift e transicional da Bacia Alagoas
(Formações Itiúba, Penedo, Coqueiro Seco, Poção, Ponta Verde e Maceió) (SANTOS,
1998).
Ainda no Cretáceo Inferior ocorreu a primeira transgressão marinha na bacia, com
a deposição de clásticos grossos, evaporitos e carbonatos constituintes do Grupo Sergipe
(Formações Riachuelo e Cotinguiba). Sobrejacentes a este, tem-se o Grupo Piaçabuçu
(Formações Calumbi, Mosqueiro e Marituba), constituídos por clásticos grossos e
carbonatos marinhos neocretácios e terciários, que em Alagoas não são encontrados na
superfície (SANTOS, 1998).
No final do Terciário e início do Quaternário, já em ambiente continental, foram
depositados os clásticos da Formação Barreiras, que serviram de cobertura para o registro
sedimentar.
Por fim, culminando o processo de deposição, a variação do nível do mar e os
agentes de erosão propiciaram e propiciam até hoje o acúmulo de sedimentos marinhos,
fluviais, eólicos e flúvio-lacustres que compõem a planície costeira Quaternária.
45
3.2.2. Geomorfologia da Cidade de Maceió
O município de Maceió tem seu sítio urbano localizado sobre terrenos sedimentares
neocenozóicos e quaternários. O primeiro corresponde à Formação Barreiras, última
deposição da Bacia Sedimentar Alagoas; e os quaternários resultam da ação marinha,
fluvial e eólica, nos últimos 120.000 anos, originando uma planície litorânea e lagunar
com terraços marinhos e lacustres, cordões arenosos e antigos estuários afogados que dão
origem às lagoas.
Geomorfologicamente, Maceió divide-se em três compartimentos bem
caracterizados. Cada um desses compartimentos distribui-se em níveis topográficos
distintos: o primeiro deles, mais recente, é datado de aproximadamente 5.000 anos A.P.,
corresponde aos depósitos holocênicos com altitude que varia de 3 a 5 metros e estende-se
por todo litoral (região praieira) e margem lagunar.
O segundo nível, com altitude de 8 a 10 metros, corresponde a um terraço
pleistocênico oriundo do penúltimo período glacial ocorrido 120.000 anos A.P.. Neste
nível situa-se o centro comercial da cidade, além de abrigar importantes construções, como
bancos, repartições públicas e o palácio do governo. Foi também neste terraço que surgiu o
engenho que deu origem à cidade.
O terceiro nível possui altitudes que variam de 40 metros na borda das encostas a
mais de 100 metros na Cidade Universitária, no bairro Tabuleiro do Martins, sendo a
declividade média em torno de 3m/km no sentido leste. Trata-se de um baixo planalto
sedimentar, dissecados por cursos d’água que correm em direção ao oceano e à lagoa. As
encostas deste nível quando voltadas para o oceano, recebem a denominação de
paleofalésias ou falésias fósseis, por estarem separadas do oceano pelos depósitos
quaternários.
Este terceiro nível caracteriza-se por ser uma área de expansão da cidade, pelo fato
de apresentar os maiores vazios urbanos, tornando-se mais propícios à ocupação. As
encostas vêm sendo, há bastante tempo, ocupadas desordenadamente pela população de
baixa renda, transformando-as em áreas de risco, o que tem provocado problemas graves
de deslizamento de terra nas épocas chuvosas.
O mapa geológico-geomorfológico da cidade de Maceió e regiões circunvizinhas é
apresentado na Figura 3.3.
46
Figura 3.3 – Mapa geológico-geomorfológico da região (SANTOS, 1998).
3.2.3. Aspectos Geológicos da Formação Barreiras
A litologia da Formação Barreiras é composta por sedimentos clásticos de origem
continental, idade Plio-Pleistocênica (Terciário-Quaternário), inconsolidados, de cor
amarelo-avermelhada e constituídos por uma alternância de areias, argilas e siltes que
47
formam, no conjunto, um pacote de espessura variando entre 60 e 130 metros na região
metropolitana de Maceió.
A Formação Barreiras recobre discordantemente as formações mais antigas da
Bacia Alagoas, assim como o embasamento cristalino, de idade precambriana, situado a
noroeste, fora da área de estudo.
Na maior parte da área estudada, abaixo da Formação Barreiras, ocorrem areias
grossas de cor cinza e sub-arredondadas da Formação Marituba, com profundidades
variáveis de 60 a 130 metros. Ao norte da área, a Formação Barreiras está sobreposta aos
sedimentos conglomeráticos da Formação Poção (SANTOS et al., 2004).
Tectonicamente a bacia é separada do embasamento cristalino através de um
sistema de falhas de gravidade de direção preferencial nordeste e marcada por eventos de
rifteamentos” (fissuramento) ocorridos durante a separação dos continentes americano e
africano, a partir do Cretáceo Inferior, resultando na formação de “grabens”, que mostram
escalonamento no sentido do oceano (SANTOS et al., 2004).
A análise da descrição litológica de relatórios de empresas que executam poços
artesianos na região permitiu estabelecer a profundidade do contato entre a Formação
Barreiras e as unidades litoestratigráficas sotopostas, Formação Poção e Formação
Marituba.
Observa-se na superfície de contato entre as unidades um imenso quebramento, que
reflete a fase “rift” que ocorreu na bacia desde o estágio inicial da separação dos
continentes, originando blocos separados por falhas de gravidade e escalonados no sentido
sul/sudeste.
A parte norte da cidade mostra a maior destas falhas, com direção coincidente com
os falhamentos de borda ou de limite da bacia com o embasamento cristalino. Esta falha
pode ser verificada quando se observa a grande depressão topográfica no Distrito
Industrial Gov. Luiz Cavalcante, com desnível acima dos 20 metros de altura (SANTOS et
al., 2004).
48
3.3. LOCAIS ESTUDADOS
Esta pesquisa foi realizada em dois locais de estudos, ambos localizados na
Formação Barreiras de Maceió. A Área I concentrou os trabalhos no campus da
Universidade Federal de Alagoas – UFAL, localizado no bairro Cidade Universitária.
Neste local, o objetivo foi realizar trabalhos de investigação de campo e ensaios de
laboratórios visando a caracterização geotécnica de um perfil representativo da Formação
Barreiras da região. A escolha deste local teve o objetivo de desenvolver um campo
experimental de geotecnia e fundações no campus.
A ÁREA II refere-se ao local onde foram realizados 04 ensaios de provas de carga
estática em estacas escavadas com bulbos, que serviram como base para o estudo da
capacidade de carga dessas estacas nos solos da Formação Barreiras. A área é um canteiro
de obras localizado no bairro Gruta de Lurdes, onde serão construídos seis edifícios
residenciais (Blocos A a F), cada um composto de 1 pavimento térreo mais 10 pavimentos-
tipo. As estacas ensaiadas fazem parte das fundações destes edifícios.
Figura 3.4 – Mapa da cidade de Maceió com indicação dos locais de estudo.
ÁREA I
ÁREA II
49
3.4. CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA DO PERFIL ESTUDADO NO CAMPUS
DA UFAL
A caracterização geotécnica consistiu em ensaios de campo e laboratório. As
investigações geotécnicas de campo consistiram de sondagens à percussão com SPT,
coleta de amostras deformadas (sacos) e indeformadas (blocos) através de um poço de
investigação executado até 9,50m de profundidade e determinação de perfis de umidade.
Os ensaios de laboratório foram realizados no Laboratório de Geotecnia e
Instrumentação da UFPE. A partir das amostras deformadas foram realizados os ensaios de
caracterização (granulometria, limites de consistência e densidade dos grãos) e
mineralogia, enquanto que dos blocos extraiu-se corpos de prova para realização dos
ensaios de cisalhamento direto convencional (com e sem inundação), ensaios de sucção e
edométricos duplos.
A Figura 3.5 apresenta a locação dos trabalhos de campo realizados no campus da
UFAL.
3.4.1. Investigação de Campo
3.4.1.1. Sondagens a Percussão com SPT
Foram executados 04 furos de sondagem com SPT, sendo 02 furos no mês de
janeiro de 2005 (estação seca) e outros 02 em agosto (fim da estação chuvosa) do mesmo
ano. A Figura 3.6 apresenta o perfil geotécnico do solo estudado, indicando os valores
médios de N
SPT
obtidos na época seca e no fim da época chuvosa.
50
FORUM
GUARITA
CAIC
HOSPITAL
GINÁSIO
PISCINA
CJur
CAMPO
DE
FUTEBOL
REITORIA
CSAU
CENTRAL
BIBLIOTECA
GEOCIÊNCIAS
CAMPO
DE
ATLETISMO
S. SOCIAL
R. U.
CEDU
MAT.
FÍSICA
CCSA
QUÍM.
NDI
COS
NPT
CTEC
CHLA
RAMPA
LAB. ELET.
UNIVERSITÁRIO
BR 101
N
COS
CTEC
LAB. ELETROTÉCNICA
PI
SP-01
CASA
RN = 0,00 (Piso CTEC)
SP-04
SP-02
SP-03
ST-01
N
Figura 3.5 – Localização dos trabalhos de campo realizados na UFAL.
51
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
0 5 10 15 20 25 30
Perfil do solo
Profundidade (m)
Argila areno-
siltosa,
cor creme claro
Areia argilosa,
com concreções
ferruginosas
Areia fina a média,
argilosa, cor
variegada
Argila, pouco
arenosa,
cores roxa e
variegada
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
0 10203040
N
SPT
SPT médio - P.
Chuvoso
SPT médio - P.
Seco
Figura 3.6 – Perfil geotécnico e valores médios do N
SPT
medidos em diferentes épocas do
ano.
Observa-se uma camada de argila arenosa, com silte, cor creme, até a profundidade
aproximada de 4,5m. Nesta camada, o N
SPT
médio variou entre 4 e 18 golpes. Subjacente a
esta, tem-se areia fina a média, argilosa, de 4,5 a 8,5m de profundidade, apresentando
cores variegada e ferrugem, e valores de N
SPT
entre 7 e 30 golpes. De 8,5 até 12m,
encontra-se argila pouco arenosa, cor variegada, com N
SPT
superior a 30 golpes.
Vale destacar que entre 5 e 6 metros de profundidade, verifica-se a ocorrência
abundante de concreções ferruginosas, resultado dos processos de oxidação e lixiviação do
ferro.
Analisando os valores do N
SPT
ao longo da profundidade, nota-se uma leve perda
de resistência nos primeiros 4 metros (de 8 para 6 golpes, aproximadamente) na época
chuvosa. Entretanto, o N
SPT
na superfície do terreno, que tinha valor médio de 18 golpes na
época seca, caiu para 4 golpes na época chuvosa.
52
3.4.1.2. Sondagens a Trado
As sondagens a trado foram executadas com o único objetivo de determinar o perfil
de umidade do subsolo em diferentes épocas do ano. Desta forma, foram determinados os
perfis de umidade nos meses de março (época de estiagem) e agosto (fim do período
chuvoso) de 2005. Os perfis são apresentados na Figura 3.7.
Observa-se que, de um modo geral, as umidades variaram na faixa de 9 a 26% até a
profundidade de 8,50m. As exceções foram encontradas no primeiro metro, em que a
umidade do período chuvoso chegou a aumentar até 83% em relação ao período seco, e na
profundidade de 7,0m, que cresceu cerca de 52%.
Entretanto, são necessárias mais medições de umidade ao longo do ano, por um
período de tempo mais abrangente, para se fazer análises mais seguras e conclusivas da
variação da umidade com a profundidade.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
0 102030
Umidade (%)
Mar/05
Ago/05)
Figura 3.7 – Perfis de umidade do solo.
53
3.4.1.3. Coleta de Amostras Deformadas e Indeformadas
As amostras foram coletadas através do poço de investigação (PI), executado com
seção retangular de 1,60m x 2,10m por 9,50m de profundidade, durante o mês de março de
2005 (estação seca). A profundidade do poço foi definida a partir do perfil de sondagem
realizada anteriormente.
Amostras deformadas foram coletadas a cada metro para realização dos ensaios de
caracterização. O material foi coletado em sacos plásticos com aproximadamente 7kg de
solo. Simultaneamente à coleta, eram retiradas amostras para determinação da umidade do
solo.
As amostras indeformadas consistiram de blocos cúbicos com arestas de 300mm.
Foram coletados nas profundidades de 1,10, 3,10, 5,10, 7,20, 8,40 e 9,20m. Dois blocos
foram retirados em cada profundidade, sendo que apenas um na profundidade de 9,20m,
totalizando 11 blocos indeformados. A escolha das profundidades foi baseada nas
diferentes camadas identificadas nos perfis da sondagem realizada em janeiro de 2005.
A seguir são descritos os procedimentos realizados para coleta dos blocos:
a)
A escavação do poço de investigação foi executada com picareta, enxada e pá.
Quando a escavação se encontrava a 10cm das faces da amostra, o bloco era
moldado com ferramenta afiada, tipo facão e/ou faca “peixeira”;
b)
Talhado o bloco, sem seccioná-lo do fundo do poço, seu topo era identificado com
a marcação de um “T” (topo). O bloco então era envolvido com papel alumínio e
fita adesiva. Posteriormente, envolvia-o com tecido morim, depois fita adesiva
novamente. Então a parafina era aplicada com auxílio de pincel largo;
c)
Feita novamente a identificação no topo do bloco, o mesmo era colocado em uma
caixa cúbica de madeira, com dimensão interna 5cm maior do que o bloco com
parafina. No topo e, posteriormente, no fundo, colocava-se uma placa de isopor
para reduzir os impactos durante o transporte. Os espaços entre as faces do bloco e
a caixa eram preenchidos com serragem fina pouco umedecida;
d)
Após “vestir” o bloco com a caixa de madeira, a base da amostra era separada do
maciço. Virava-se então a caixa e o bloco, com o cuidado de segurar o fundo da
amostra com as mãos. O fundo (base) do bloco era “limpado” com faca para dar o
acabamento final. Repetiam-se os procedimentos de colocação do papel alumínio,
tecido e parafina.
54
B11
B10B9
B8B7
B6B5
B4B3
B2B1
Prof. (m)
0.00
1.00
2.00
3.00
4.00
5.00
6.00
7.00
8.00
9.00
10.00
ferruginosas e pedregulhos,
Argila areno-siltosa, cores creme claro
e amarelo, consistência rija a média
Areia fina a média, argilosa, com
ocorrência de concreções
Areia fina a média, argilosa,
cor variegada,
Argila, pouco arenosa, cor
variegada, consistência dura
pouco a medianamente compacta
medianamente compacta
-4.50
-6.50
-9.00
(SPT: 4 a 9)
(SPT: 7 a 14)
(SPT: 15 a 22)
(SPT: >30)
NT
Figura 3.8 – Pontos de extração dos blocos “indeformados”.
55
Figura 3.9 – Seqüência de coleta dos blocos: a) Moldagem do bloco com utilização de
ferramentas afiadas; b) Aplicação da proteção com papel alumínio, fita adesiva, tecido
morim e parafina; c) Colocação da caixa de madeira; d) Retirada do bloco do fundo da
escavação.
Figura 3.10 – Vista da estrutura montada para execução do poço de investigação (PI).
(a) (b)
(d) (c)
56
Figura 3.11 – “Sarrilho” utilizado para retirada do material do fundo da escavação.
3.4.2. Ensaios de Laboratório
Para realização dos ensaios de laboratório, foram utilizadas amostras deformadas
(sacos) para os ensaios de caracterização física e mineralógica, e amostras indeformadas
(blocos) para os ensaios de resistência, compressibilidade e sucção.
3.4.2.1. Ensaios de Caracterização Física
Os ensaios de caracterização seguiram as recomendações das normas brasileiras:
NBR 7181/84 para granulometria; NBR 6459/84 para o limite de liquidez e NBR 7180/84
para plasticidade; e NBR 6508/84 para o peso específico dos grãos.
As curvas granulométricas obtidas através dos ensaios com e sem uso de
defloculante são mostradas nas Figuras 3.12 e 3.13, respectivamente. Nas Tabelas 3.1 e 3.2
são apresentados os resultados dos ensaios de caracterização.
57
Figura 3.12 – Curvas granulométricas com uso de defloculante.
Figura 3.13 – Curvas granulométricas sem uso de defloculante.
Composição Granulométrica ABNT
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0.001 0.010 0.100 1.000 10.000 100.000
Diametro dos grãos (mm)
(%) que passa
1,10m
2,10m
3,10m
4,10m
5,10m
6,10m
7,20m
8,50m
9,50m
ARGILA
d < 0,005
SILTE
0.005< d <0.05
AREIA FINA
0.05< d <0.42
AREIA
MÉDIA
AR.
GROS.
PEDREGULHO
d > 4.76
C
ompos
i
ç
ã
o
G
ranu
l
om
ét
r
i
ca
ABNT
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0.001 0.010 0.100 1.000 10.000 100.000
Diametro dos
g
os
(
mm
)
(%) que passa
1,10m
2,10m
3,10m
4,10m
5,10m
6,10m
7,20m
8,50m
9,50m
ARGILA
d < 0,005
SILTE
0.005< d <0.05
AREIA FINA
0.05< d <0.42
AR.
GROS.
PEDREGULHO
d > 4.76
AREIA
MÉDIA
58
Figura 3.14 – Carta de Plasticidade do perfil estudado.
Figura 3.15 – Índice de atividade de Skempton.
59
Tabela 3.1 – Resumo dos resultados dos ensaios de caracterização realizados com defloculante.
Composição Granulométrica* (%) - ABNT
Areia
Limites de
Atterberg (%)
Prof.
(m)
G
s
(kN/m3)
%
Pass.
#200
Argila Silte
fina média grossa
Pedreg.
LL IP
SUCS
Índice de
atividade
(Ia)
1,10 26,32 64 55 8 23 14 0 0 48 20 ML 0,40
2,10 26,25 70 46 17 25 12 0 0 48 17
ML
0,40
3,10 26,14 74 55 13 21 11 0 0 49 19
ML
0,39
4,10 26,28 63 42 13 25 10 3 7 44 16
ML
0,41
5,10 26,14 57 33 17 28 13 0 9 39 13
ML
0,42
6,10 26,46 59 37 16 27 13 0 7 40 13
ML
0,39
7,20 26,21 44 25 10 40 24 1 0 34 12 SC 0,52
8,40 26,18 30 21 3 24 43 5 4 36 12 SC 0,67
9,50 26,80 84 67 11 15 7 0 0 49 19 ML 0,32
59
60
Tabela 3.2 – Resumo dos resultados dos ensaios de caracterização realizados sem defloculante.
Composição Granulométrica* (%) - ABNT
Areia
Prof.
(m)
G
s
(kN/m3)
% Pass.
#200
Argila Silte
fina média grossa
Pedreg.
Relação
(Arg.SD/
Arg.CD)
(%)
SUCS
1,10 26,32 63 5 42 38 15 0 0 9 ML
2,10 26,25 61 0 39 49 12 0 0 0 ML
3,10 26,14 70 14 48 27 11 0 0 25 ML
4,10 26,28 60 0 45 35 10 3 7
0
ML
5,10 26,14 50 0 34 44 13 0 9
0
ML
6,10 26,46 56 0 32 48 13 0 7
0
ML
7,20 26,21 39 0 23 48 28 1 0
0
SC
8,40 26,18 29 0 15 36 40 5 4
0
SC
9,50 26,80 81 0 37 54 9 0 0
0
ML
60
61
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
020406080100
Distribuição de partículas (%)
(com defloculante)
Argila
Silte
Areia
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
0 20406080100
Distribuição de partículas (%)
(sem defloculante)
Argila
Silte
Areia
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
0 1020304050
w
nat
, w
L
, w
P
(%)
wL
wP
wnat (Março/05)
Wnat (Ago/05)
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
0,0 0,3 0,5 0,8 1,0 1,3 1,5
e
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
10,0 12,0 14,0 16,0 18,0 20,0
γ
(kN/m3)
Figura 3.16 – Resumo da caracterização física do perfil de solo estudado.
61
62
Através das curvas com defloculante, foram identificadas quatro camadas
distintas: de 0 a 5,0m, tem-se predominância de argila (42 a 55%), seguido por areia
(32 a 37%) e silte (8 a 17%); de 5,0 a 7,0m, os percentuais são próximos de areia (40
a 41%), e argila (33 a 37%), seguidos por silte (16 a 17%) e pedregulho (7 a 9%); de
7,0 a 9,0m, o solo apresenta maior percentual de areia (65 a 72%), depois argila (21 a
25%) e silte (3 a 10%); a partir de 9,0m, encontrou-se predominância de argila (67%),
areia (22%) e silte (11%).
Vale ressaltar que o pedregulho encontrado na camada de 5 a 7 metros, na
realidade, é composto em parte por seixos e, na maioria, por concreções ferruginosas
provenientes dos processos de oxidação e lixiviação do ferro.
As curvas granulométricas determinadas com e sem uso de defloculante
apresentaram grande variação dos percentuais de argila e silte. Nos ensaios sem
defloculante, praticamente não houve percentual de argila, com exceção de 5% a
1,10m e 14% a 3,10m. A explicação para este fato é que as partículas de argila estão
unidas entre si, formando grumos, ou se encontram aderidas aos grãos de areia.
Segundo o Sistema de Classificação Unificada de Solos (SUCS), as amostras
foram enquadradas no grupo ML, como silte de baixa plasticidade, com exceção para
o intervalo entre 7,0 e 8,5m de profundidade, que foi classificado como SC, areia
argilosa. O índice de atividade de Skempton encontrado em todas as amostras foi
inferior a 0,75, sendo o solo classificado como inativo. Trata-se de um indício da
ausência de minerais argílicos do tipo expansivos.
3.4.2.2. Ensaios de Sucção através da Técnica do Papel Filtro
A utilização desta técnica consistiu em colocar um pedaço de papel filtro em
contato direto com uma amostra “indeformada” de solo até que seja atingido o
equilíbrio de sucção mátrica entre o papel e o solo. O papel filtro utilizado foi o
Whatman n
o
. 42 e a sucção mátrica foi obtida através das curvas de calibração
propostas por CHANDLER et al. (1992):
%4710)(
)log.48,205,6(
>=
p
wp
wkPaS (3.1)
%4710)(
).0622,084,4(
=
p
wp
wkPaS (3.2)
63
Os procedimentos preliminares incluíram a determinação dos índices físicos
iniciais das amostras (teor de umidade, pesos específicos, grau de saturação, índice de
vazios). Após a colocação dos papéis, o conjunto (papel filtro e amostra) era
envolvido com papel filme plástico de PVC, de forma a garantir que o fluxo ocorresse
somente entre o solo e o papel, sem interferência do ambiente externo. O tempo de
equalização adotado variou entre 7 e 10 dias. Após alcançado o equilíbrio, os papéis
úmidos eram rapidamente pesados e colocados em estufa com temperatura de 105
o
C.
Testes realizados indicaram que 2 horas na estufa eram suficientes para secar os
papéis filtro. Os pontos das curvas características foram determinados seguindo a
trajetória de secagem
Para o perfil de subsolo estudado, foram determinadas cinco curvas
características, nas profundidades de 1,10, 3,10, 5,10, 7,20 e 8,40m, como mostra a
Figura 3.17.
As curvas características apresentam formato de “sela”, que sugere um
comportamento intermediário entre areia e argila, dependendo do nível de sucção
aplicado. O formato das curvas indica três trechos distintos. Inicialmente o solo
apresenta um primeiro ponto de entrada de ar, provavelmente em torno de 3kPa, que
corresponde ao início da dessaturação da macroestrutura do solo (macroporos).
Depois observa-se claramente um patamar onde o grau de saturação praticamente não
varia e a sucção varia de 10kPa a 7.000kPa, aproximadamente. Por último, as curvas
apresentam um segundo valor de entrada de ar, em torno de 9.000kPa, devido à perda
de água da microestrutura do solo (microporos).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1 10 100 1000 10000 100000
Sucção Mátrica (kPa)
Grau de saturação (%
)
1,10m
3.10m
5,10m
7,20m
8,40m
Figura 3.17 – Curvas características do solo.
64
A existência de um patamar praticamente horizontal nestas curvas significa
que em determinado trecho de umidade, pequenas variações de umidade provocam
grandes variações de sucção. Os teores de umidade medidos em campo se encontram
justamente no trecho correspondente a este patamar.
Verifica-se que as curvas características são típicas de solos tropicais, com
uma distribuição de poros não homogênea, ou seja, bimodal. CAMAPUM DE
CARVALHO & LEROUEIL (2004), dizem que a distribuição bimodal de poros nos
solos tropicais é devido ao intemperismo e a acidez, que são responsáveis pela
formação de agregações de partículas cimentadas ou por óxidos e hidróxidos de
alumínio e/ou ferro, que por sua vez se ligam umas às outras, seja por estes mesmos
cimentos ou por pontes de argila.
3.4.2.3. Ensaios de Cisalhamento Direto
Os ensaios de cisalhamento direto foram realizados em corpos de prova de
seção quadrada, com 10,16cm de lado e 3,70cm de altura. Foram ensaiadas amostras
das profundidades de 1,10, 3,10, 5,10, 7,20 e 8,40m, nas condições de umidade
natural (CDN) e inundada (CDI). Foram aplicadas tensões normais de consolidação
de 50, 100, 150 e 200kPa, e em alguns ensaios também aplicaram-se tensões de
25kPa.
Os ensaios executados foram do tipo consolidado drenado (CD), em que a
tensão normal foi aplicada e mantida até a estabilização das deformações verticais
(consolidação), para depois iniciar o cisalhamento do solo. A velocidade de
deslocamento aplicada foi de 0,009mm/min.
Na Tabela 3.3 são mostrados as condições dos corpos de prova e os
parâmetros de resistência obtidos dos ensaios CDN e CDI. As curvas tensão
cisalhante (τ) versus deformação específιca horizontal (ε), e variação de altura (h)
versus deformação específica horizontal (ε) são mostradas nas Figuras 3.18 a 3.22.
65
CDN - Prof.: 1,10 m
0
30
60
90
120
150
180
0 5 10 15 20
Deformação Específica,
ε
(%)
Tensão cisalhante (kPa)
25 kPa 50 kPa 100 kPa 150 kPa 200 kPa
CDI - Prof.: 1,10 m
0
30
60
90
120
150
180
0 5 10 15 20
Deformação Específica,
ε
(%)
Tensão cisalhante (kPa)
50 KPa 100 kPa 150 kPa 200 kPa
CDN - Prof.: 1,10 m
-3,0
-2,0
-1,0
0,0
1,0
2,0
3,0
0 5 10 15 20
Deformação Específica,
ε
(%)
Variação de Altura
, ∆
h (mm)
25 kPa 50 kPa 100 kPa 150 kPa 200 kPa
CDI - Prof.: 1,10 m
-3,0
-2,0
-1,0
0,0
1,0
2,0
3,0
0 5 10 15 20
Deformação Específica,
ε
(%)
Variação da Altura,
h
(mm)
50 KPa 100 kPa 150 kPa 200 kPa
Figura 3.18 – Resultados dos ensaios de cisalhamento direto com amostras da profundidade de 1,10m.
66
CDN - Prof.: 3,10m
0
30
60
90
120
150
180
0 5 10 15 20
Deformação Específica,
ε
(%)
Tensão cisalhante (kPa)
25 kPa 50 kPa 100 kPa 150 kPa 200 kPa
CDI - Prof.: 3,10m
0
30
60
90
120
150
180
0 5 10 15 20
Deformação Específica,
ε
(%)
Tensão cisalhante (kPa)
50 KPa 100 kPa 150 kPa 200 kPa
CDN - Prof.: 3,10m
-3,0
-2,5
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
0 5 10 15 20
Deformação Específica,
ε
(%)
Variação de Altura
, ∆
h
(mm)
25 kPa 50 kPa 100 kPa 150 kPa 200 kPa
CDI - Prof.: 3,10m
-3,0
-2,5
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
0 5 10 15 20
Deformação Específica,
ε
(%)
50 KPa 100 kPa 150 kPa 200 kPa
Figura 3.19 – Resultados dos ensaios de cisalhamento direto com amostras da profundidade de 3,10m.
67
CDN - Prof.: 5,10m
0
30
60
90
120
150
180
0 5 10 15 20
Deformação Específica,
ε
(%)
Tensão cisalhante (kPa)
25 kPa 50 kPa 100 kPa 150 kPa 200 kPa
CDI - Prof.: 5,10m
0
30
60
90
120
150
180
0 5 10 15 20
Deformação Espefica,
ε
(%)
Tensão cisalhante (kPa)
50 KPa 100 kPa 150 kPa 200 kPa
CDN - Prof.: 5,10m
-3,0
-2,0
-1,0
0,0
1,0
2,0
3,0
0 5 10 15 20
Deformação Específica,
ε
(%)
Variação de Altura,
h
(mm)
25 kPa 50 kPa 100 kPa 150 kPa 200 kPa
CDI - Prof.: 5,10m
-3,0
-2,0
-1,0
0,0
1,0
2,0
3,0
0 5 10 15 20
Deformação Específica,
ε
(%)
Variação da Altura,
h (mm)
50 KPa 100 kPa 150 kPa 200 kPa
Figura 3.20 – Resultados dos ensaios de cisalhamento direto com amostras da profundidade de 5,10m.
68
CDN - Prof.: 7,20m
0
30
60
90
120
150
180
0 5 10 15 20
Deformação Específica,
ε
(%)
Tensão cisalhante (kPa)
50 KPa 100 kPa 150 kPa 200 kPa
CDI - Prof.: 7,20m
0
30
60
90
120
150
180
0 5 10 15 20
Deformação Específica,
ε
(%)
Tensão cisalhante (kPa)
25 kPa 50 kPa 100 kPa 150 kPa 200 kPa
CDN - Prof.: 7,20m
-2,5
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
0 5 10 15 20
Deformação Espefica,
ε
(%)
Variação da Altura
,
h (mm)
50 KPa 100 kPa 150 kPa 200 kPa
CDI - Prof.: 7,20m
-2,5
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
0 5 10 15 20
Deformação Específica,
ε
(%)
Variação da Altura,
h (mm)
25 kPa 50 kPa 100 kPa 150 kPa 200 kPa
Figura 3.21 – Resultados dos ensaios de cisalhamento direto com amostras da profundidade de 7,20m.
69
CDN - Prof.: 8,40m
0
30
60
90
120
150
180
210
0 5 10 15 20
Deformação Específica,
ε
(%)
Tensão cisalhante (kPa)
50 KPa 100 kPa 150 kPa 200 kPa
CDI - Prof.: 8,40m
0
30
60
90
120
150
180
210
0 5 10 15 20
Deformação Espefica,
ε
(%)
Tensão cisalhante (kPa)
50 KPa 100 kPa 150 kPa 200 kPa
CDN - Prof.: 8,40m
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
0 5 10 15 20
Deformação Específica,
ε
(%)
Variação de Altura
, ∆
h
(mm)
50 KPa 100 kPa 150 kPa 200 kPa
CDI - Prof.: 8,40m
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
0 5 10 15 20
Deformação Específica,
ε
(%)
Variação da Altura,
h (mm)
50 kPa 100 kPa 150 kPa 200 kPa
Figura 3.22 – Resultados dos ensaios de cisalhamento direto com amostras da profundidade de 8,40m.
70
Tabela 3.3 – Condições iniciais e finais dos corpos de prova dos ensaios CDN e CDI.
AMOSTRA NA UMIDADE NATURAL (CDN) AMOSTRA INUNDADA (CDI)
Prof. (m)
γ
(kN/m
3
)
e
o
w
o
(%)
Sr
o
(%)
w
f
(%)
Sr
f
(%)
C
(kPa)
φ
(
o
)
w
o
(%)
Sr
o
(%)
w
f
(%)
Sr
f
(%)
C
(kPa)
φ
(
o
)
1,10-1,40 14,75 1,118 20,1 45,7 19,1 42,7 9,76 31,2 19,7 42,7 33,1 71,8 0 31,9
3,10-3,40 15,35 1,071 21,9 57,4 21,8 57,2 15,75 27,2 20,4 53,3 34,8 91,0 0 30,0
5,10-5,40 18,14 0,729 16,5 48,8 16,0 47,8 17,18 31,6 14,9 42,8 30,4 87,4 0 31,8
7,20-7,50 18,36 0,574 10,1 40,5 9,7 39,3 7,25 32,7 15,5 62,8 23,0 93,2 0 34,9
8,40-8,70 17,93 0,632 11,9 50,5 11,7 49,9 21,65 36,1 10,2 44,3 20,0 86,9 1,64 27,9
71
Com relação ao comportamento tensão-deformação observado nos ensaios CDN,
nota-se que para os níveis de tensão normal até 50kPa, aparecem nas curvas resistências de
pico, acompanhadas de dilatância (aumento de volume da amostra). Enquanto que nos
ensaios inundados (CDI), este comportamento foi observado apenas nas amostras de
8,40m, para as tensões confinantes de 50 e 100kPa.
O aparecimento de resistências de pico acompanhadas de aumento de volume das
amostras (dilatância), para níveis baixos de tensões, é característico de solos estruturados
(com cimentação), fato este que confere ao solo um comportamento de “falso” sobre-
adensamento (similar ao observado em solos pré-adensados). Tal comportamento também
é influenciado pela sucção do solo.
As Figuras 3.23 a 3.27 apresentam as envoltórias de resistência de Morh-Coulomb
dos CDN e CDI para as diferentes profundidades estudadas.
Analisando as envoltórias, observou-se que em praticamente todos os ensaios
inundados, o solo perdeu a coesão aparente que apresentou nos ensaios na umidade
natural. Por outro lado, o ângulo de atrito praticamente não variou para as amostras de 1,10
e 5,10m. Quando inundado, o solo sofreu ligeiro aumento de 7 e 10% nas amostras de 7,20
e 3,10m, respectivamente. A exceção foi a amostra de 8,40m, em que o ângulo de atrito
interno diminuiu 23%.
CDI
y = 0.6225x
R
2
= 0.9839
φ
= 31,9
o
; c = 0
CDN
y = 0,606x + 9,7579
R
2
= 0,9912
φ
= 31,2
o
; c = 9,76 kPa
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
0 50 100 150 200 250
Tensão Normal (kPa)
Tensão Cisalhante (kPa)
CDI
CDN
Linear (CDI)
Linear (CDN)
CDN x CDI - Prof.: 1,10m
Figura 3.23 – Envoltórias de resistência da amostra de 1,10m.
72
CDI
y = 0.5762x
R
2
= 0.9846
φ
= 30,0
o
; c = 0
CDN
y = 0,5131x + 15,748
R
2
= 0,9824
φ
= 27,2
o
; c = 15,75 kPa
0
20
40
60
80
100
120
140
160
0 50 100 150 200 250
Tensão Normal (kPa)
Tensão Cisalhante (kPa)
CDI
CDN
Linear (CDI)
Linear (CDN)
CDN x CDI - Prof.: 3,10m
Figura 3.24 – Envoltórias de resistência da amostra de 3,10m.
CDI
y = 0.6207x
R
2
= 0.9994
φ
= 31,8
o
; c = 0
CDN
y = 0.6147x + 17.182
R
2
= 0.9907
φ
= 31,6
o
; c = 17,18 kPa
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
0 50 100 150 200 250
Tensão Normal (kPa)
Tensão Cisalhante (kPa)
CDI
CDN
Linear (CDI)
Linear (CDN)
CDN x CDI - Prof.: 5,10m
Figura 3.25 – Envoltórias de resistência da amostra de 5,10m.
73
CDI
y = 0.6967x
R
2
= 0.9952
φ
= 34,9
o
; c = 0
CDN
y = 0.6414x + 7.2506
R
2
= 0.9935
φ
= 32,7
o
; c = 7,25 kPa
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
0 50 100 150 200 250
Tensão Normal (kPa)
Tensão Cisalhante (kPa)
CDI
CDN
Linear (CDI)
Linear (CDN)
CDN x CDI - Prof.: 7,20m
Figura 3.26 – Envoltórias de resistência da amostra de 7,20m.
CDI
y = 0.5302x + 1.6386
R
2
= 0.9577
φ
= 27,9
o
; c = 1,64 kPa
CDN
y = 0.7284x + 21.648
R
2
= 0.9566
φ
= 36,1
o
; c = 21,65 kPa
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
0 50 100 150 200 250
Tensão Normal (kPa)
Tensão Cisalhante (kPa)
CDI
CDN
Linear (CDI)
Linear (CDN)
CDN x CDI - Prof.: 8,40m
Figura 3.27 – Envoltórias de resistência da amostra de 8,40m.
74
3.4.2.4. Ensaios Edométricos Duplos
Os ensaios edométricos foram realizados com o solo na umidade natural (EDN) e
com inundação prévia do corpo de prova (EDI). Neste último, o CP era inundado sob
pequena tensão confinante de 0,8kPa. Os corpos de prova tinham 8,75cm de diâmetro e
2,00cm de altura. As Figuras 3.28 a 3.33 mostram as curvas de adensamento “pressão (esc.
log) x índices de vazios” dos ensaios EDN e EDI.
Prof.: 1,10m
0.40
0.50
0.60
0.70
0.80
0.90
1.00
1.10
1.20
1.30
0.1 1.0 10.0 100.0 1000.0 10000.0
Tensão Vertical de Consolidação (kPa)
Índice de vazios
Inundado
Natural
Figura 3.28 – Pares de curvas dos ensaios edométricos duplos com amostras da
profundidade de 1,10m.
Prof.: 3,10m
0.20
0.30
0.40
0.50
0.60
0.70
0.80
0.90
1.00
1.10
1.20
1.30
0.1 1.0 10.0 100.0 1000.0 10000.0
Tensão Vertical de Consolidação (kPa)
Índice de vazios
Inundado
Natural
75
Figura 3.29 – Pares de curvas dos ensaios edométricos duplos com amostras da
profundidade de 3,10m.
Prof.: 5,10m
0.20
0.30
0.40
0.50
0.60
0.70
0.80
0.90
1.00
1.10
1.20
1.30
0.1 1.0 10.0 100.0 1000.0 10000.0
Tensão Vertical de Consolidação (kPa)
Índice de vazios
Inundado
Natural
Figura 3.30 – Pares de curvas dos ensaios edométricos duplos com amostras da
profundidade de 5,10m.
Prof.: 7,20m
0.20
0.30
0.40
0.50
0.60
0.70
0.80
0.90
1.00
1.10
1.20
1.30
0.1 1.0 10.0 100.0 1000.0 10000.0
Tensão Vertical de Consolidação (kPa)
Índice de vazios
Inundado
Natural
Figura 3.31 – Pares de curvas dos ensaios edométricos duplos com amostras da
profundidade de 7,20m.
76
Prof.: 8,40m
0.20
0.30
0.40
0.50
0.60
0.70
0.80
0.90
1.00
1.10
1.20
1.30
0.100 1.000 10.000 100.000 1000.000 10000.000
Tensão Vertical de Consolidação (kPa)
Índice de vazios
Inundado
Natural
Figura 3.32 – Pares de curvas dos ensaios edométricos duplos com amostras da
profundidade de 8,40m.
Prof.: 9,20m
0.20
0.30
0.40
0.50
0.60
0.70
0.80
0.90
1.00
1.10
1.20
1.30
0.100 1.000 10.000 100.000 1000.000 10000.000
Tensão Vertical de Consolidação (kPa)
Índice de vazios
Inundado
Natural
Figura 3.33 – Pares de curvas dos ensaios edométricos duplos com amostras da
profundidade de 9,20m.
77
EDN
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
1,10
1,20
1,30
1,40
0,1 1,0 10,0 100,0 1000,0 10000,0
Tensão Vertical de Consolidação (kPa)
Índice de vazios
1,10m
3,10m
5,10m
7,20m
8,40m
9,50m
Figura 3.34 – Curvas tensão (esc. log) versus índices de vazios dos ensaios edométricos
com amostra na umidade natural.
EDI
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
1,10
1,20
1,30
1,40
0,1 1,0 10,0 100,0 1000,0 10000,0
Tensão Vertical de Consolidação (kPa)
Índice de vazios
1,10m
3,10m
5,10m
7,20m
8,40m
9,50m
Figura 3.35 – Curvas tensão (esc. log) versus índices de vazios dos ensaios edométricos
com amostra previamente inundada.
Na Tabela 3.4 é apresentado o resumo dos ensaios edométricos EDN e EDI, assim
como os parâmetros de compressibilidade das diferentes camadas. As tensões de pré-
adensamento foram determinadas a partir do Método de Casagrande.
78
Tabela 3.4 – Resumo dos ensaios edométricos duplos.
ENSAIO EDOMÉTRICO NA UMIDADE NATURAL – EDN
Condições Iniciais e Finais do CP
Parâmetros de
Compressibilidade
Prof.
(m)
e
o
w
o
(%)
Sr
o
(%)
e
f
w
f
(%)
Sr
f
(%)
σ
vm
(kPa)
C
c
C
r
1,10 1,262 19,6 40,8 1,050 17,8 44,7 400 0,53 0,03
3,10 1,066 21,1 51,6 0,793 18,5 60,8 500 0,43 0,02
5,10 0,829 16,0 50,6 0,605 13,9 60,2 N/D N/D 0,02
7,20 0,798 10,5 34,5 0,651 6,25 25,2 N/D N/D 0,02
8,40 0,624 10,8 45,4 0,454 16,5 94,9 N/D N/D 0,02
9,50 0,571 16,7 78,3 0,492 15,6 84,9 N/D N/D 0,02
ENSAIO EDOMÉTRICO INUNDADO – EDI
Condições Iniciais e Finais do CP
Parâmetros de
Compressibilidade
Prof.
(m)
e
o
w
o
(%)
Sr
o
(%)
e
f
w
f
(%)
Sr
f
(%)
σ
vm
(kPa)
C
c
C
r
1,10 1,172 18,5 41,5 0,607 24,4 100,0 75 0,44 0,03
3,10 1,038 20,4 51,4 0,496 24,9 100,0 90 0,39 0,02
5,10 0,975 15,8 42,2 0,570 21,9 100,0 160 0,33 0,02
7,20 0,811 10,1 32,6 0,429 16,9 100,0 200 0,24 0,02
8,40 0,769 11,5 39,0 0,323 16,7 100,0 N/D 0,25 0,03
9,50 0,630 16,5 70,3 0,501 21,9 100,0 N/D N/D N/D
Obs.: N/D = não determinado.
Na maioria dos ensaios edométricos na umidade natural (EDN), as tensões
máximas atingidas nos ensaios não foram suficientes para revelar o trecho nítido da reta
virgem, impossibilitando assim a determinação das tensões de pré-adensamento (σ
vm
) e
índice de compressão (C
c
). As exceções foram as curvas das amostras de 1,10 e 3,10m.
Contudo, a partir da análise das curvas de adensamento das amostras de 5,10, 7,20, 8,40 e
79
9,50m, é possível estimar que a tensão de pré-adensamento dessas amostras seja superior a
1.000kPa.
A análise comparativa das curvas de adensamento dos ensaios EDI e EDN,
evidencia claramente a maior rigidez dos solos não saturados, mostrando a influência da
inundação no aumento das deformações apresentadas pelas amostras inundadas. Isto
ocorre devido à perda da sucção com saturação.
Comparando os resultados dos índices de compressão (C
c
), nota-se a tendência de
diminuição da compressibilidade com a profundidade em ambos os ensaios (EDN e EDI),
chegando praticamente a não mais variar a partir dos 7,20m. Os índices de recompressão
(C
r
), contudo, praticamente não variaram ao longo da profundidade, fato este também
percebido nos dois ensaios.
Os baixos valores dos índices de recompressão (0,02 e 0,03) são típicos de solos
evoluídos (intemperizados), que não apresentam recuperação das deformações sofridas, e
corresponde a mudanças nas características estruturais e da própria textura do solo devido
à quebra dos agregados (CARDOSO, 1995; apud. GUIMARÃES, 2003).
A razão de pré-adensamento (OCR) apresenta valores maiores, da ordem de 4, para
a camada próxima à superfície (prof. 1,10m) e decresce com a profundidade, apresentando
valores inferiores a 2. Este valor superior para os solos mais superficiais provavelmente é
devido ao intenso efeito do umedecimento e ressecamento sazonal que atinge as primeiras
camadas.
3.4.2.5. Ensaios de Caracterização Mineralógica
Os ensaios mineralógicos consistiram da realização de Difratometria de Raio-X
(DRX) das partículas finas (menores que 0,062mm) e da Análise Morfoscópica da fração
grossa do solo. A Difratometria de Raio-X foi realizada no Departamento de Física da
UFPE, enquanto que a análise morfoscópica foi feita no Departamento de Geologia da
mesma instituição.
Difratometria de Raio-X (DRX)
80
Para realização deste ensaio, utilizou-se 20g de cada amostra, na fração menor que
0,062mm, que precisaram ser desagregadas no almofariz e em seguida dispostas nas
lâminas delgadas do difratômetro. O equipamento utilizado foi um difratômetro modelo
SIEMENS D 5000, que realizou uma varredura de 2º a 45º, em todas as amostras.
Para interpretação dos difratogramas, o difratômetro dispõe de um banco de dados
contendo informações composicionais e das estruturas cristalinas das variadas espécimes
minerais, e utiliza os padrões difratométricos destes espécimes para serem comparados
com os difratogramas gerados durante os ensaios.
A partir dos ensaios realizados chegou-se aos seguintes resultados:
Tabela 3.5 – Resumo dos resultados da análise de Difratometria de Raio-X.
Amostra
Profundidade
(m)
Resultado do DRX
A-01 1,10
A-03 3,10
A-05 5,10
A-07 7,20
Composição essencialmente de Caolinita,
(Al
2
Si
2
O
6
(OH)
4
), e de Quartzo (SiO
2
),
A-08 8,40
A-09 9,20
Composição de Caolinita, (Al
2
Si
2
O
6
(OH)
4
);
Quartzo (SiO
2
); e, em menor proporção, Ilita
(KSi
3
Al
3
O
10
(OH)
2
).
Análise Morfoscópica dos Grãos
Para analisar morfoscopicamente partículas sedimentares, observa-se o grau de
arredondamento, o grau de esfericidade e a textura superficial dos grãos. Comumente para
este procedimento se faz necessária a seleção das frações areno-quartzosas mediante
peneiramento e eliminando-se os carbonatos, se for o caso. Contudo para este trabalho, foi
81
analisada a amostra total, sem fracionamento das partes, utilizando uma lupa binocular
modelo COLEMAN n
o
. 963063, com aumento gradual de 10 até 40 vezes.
As análises morfoscópicas dos grãos das amostras selecionadas revelaram os
seguintes resultados mostrados na Tabela 3.6.
Tabela 3.6 – Resumo dos resultados das análises morfoscópicas dos grãos.
Amostra
Prof.
(m)
Análise Morfoscópica dos Grãos
A-01 1,10
Predominância de material muito fino nas frações silte e argila; e por grãos de quartzos
hialinos, em frações bem variadas. Os grãos são subangulosos e mostram alto grau de
esfericidade, sendo alguns superficialmente brilhantes. Os grãos das frações silte e argila
são compostos de caolinita e quartzo (conforme difratometria), a coloração é laranja
pálido, devido à coloração da caolinita. Foram observados grãos lenhosos de coloração
preta com brilho fosco (prováveis restos de matéria orgânica).
A-03 3,10
É composta por alguns grãos de quartzo hialinos e leitosos em frações variadas,
brilhantes, subangulosos e alta esfericidade, comumente com argilas aderidas nas suas
superfícies. Os grãos são predominantemente nas frações silte e argila, compostos por
caolinita e quartzo (conforme padrão difratométrico). A caolinita apresenta coloração
amarelada a laranjada, que corresponde a cor da amostra. Grumos de argila são muito
comuns nesta amostra.
A-05 5,10
É composta por alguns poucos grãos de quartzos leitosos em frações variadas, sendo
estes brilhantes, subangulosos e com esfericidade média, comumente com argilas
aderidas nas suas superfícies. Os grãos nas frações silte e argila são compostos por
caolinita e quartzo. Nesta amostra a caolinita apresenta coloração laranja, sendo que
alguns agregados de argila têm coloração vinho e marrom.
A-07 7,20
É composta por um material muito fino nas frações silte e argila; e por alguns grãos de
quartzos hialinos, em frações bem variadas, subangulosos com alto grau de esfericidade.
Os grãos nas frações silte e argila são compostos por caolinita e quartzo (conforme
padrão difratométrico). A coloração da amostra é bege a amarelo pálido, sendo que
alguns agregados de argila têm coloração laranja escuro.
A-08 8,40
É composta por grãos de quartzos hialinos e leitosos em frações bem variadas,
brilhantes, subangulosos e alta esfericidade, comumente com argilas aderidas em suas
superfícies. Os grãos nas frações silte e argila são compostos por caolinita, quartzo e
alguma ilita (conforme padrão difratométrico). A coloração da amostra é avermelhada a
laranjada.
A-09 9,20
Predominância de material muito fino nas frações silte e argila; e por alguns grãos de
quartzos hialinos, em frações bem variadas, subangulosos com alto grau de esfericidade,
sendo alguns superficialmente brilhantes, comumente com argilas aderidas em suas
superfícies. Os grãos nas frações silte e argila são compostos por caolinita, quartzo e
ilita (conforme padrão difratométrico). Nesta amostra as argilas apresentam coloração
laranja, sendo que alguns agregados de argila têm coloração vinho e marrom.
82
CAPÍTULO 4
PROVAS DE CARGA EM ESTACAS ESCAVADAS COM BULBOS
4.1. INTRODUÇÃO
Para realização do estudo da capacidade de carga das estacas escavadas com
bulbos, nos solos não saturados da Formação Barreiras, foram utilizados quatro ensaios de
prova de carga estática, do tipo lento (SML), realizados em estacas de fundações de
edifícios residenciais de uma obra localizada no bairro Gruta de Lurdes, na cidade de
Maceió.
Nesta obra serão construídos 06 edifícios residenciais (Blocos A a F), cada um
composto de 01 pavimento térreo mais 10 pavimentos-tipo. Em cada edifício serão
executadas 02 provas de carga, totalizando 12 ensaios. No momento atual estão sendo
construídos 02 dos 06 edifícios previstos, cujas provas de carga são a base dos estudos
deste trabalho.
A caracterização geotécnica deste terreno foi composta de sondagens a percussão
com SPT, coleta de amostras deformadas para realização de ensaios de caracterização em
laboratório e determinação do perfil de umidade do solo na época da realização das provas
de carga. As amostras deformadas foram coletadas através de trado mecanizado, até a
profundidade de 7,0 metros, para realização de ensaios de granulometria com e sem
defloculante, limites de consistência e determinação do perfil de umidade do solo. O
objetivo desta campanha de ensaios foi o de comparar os resultados com os obtidos no
campus da UFAL, apresentados no Capítulo 3.
Neste capítulo são apresentados, além dos resultados da caracterização geotécnica
feita no local, os procedimentos de execução das estacas escavadas com bulbos em solos
não saturados da Formação Barreiras. Em seguida, mostram-se os detalhes de projeto das
estacas estudadas e o perfil de sondagem mais próximo de cada uma. Também são
apresentados detalhes da execução das provas de carga realizadas. Por fim, apresentam-se
os trabalhos de extração de uma estaca adicional executada conforme os mesmos
procedimentos das estacas ensaiadas, com a finalidade de se conhecer as características
geométricas das estacas.
83
A Figura 4.1 apresenta a locação dos trabalhos de campo realizados no canteiro de
obras onde foram realizadas as provas de carga.
SP-08
SP-07
SP-06
SP-05
SP-04
SP-03
SP-02
SP-01
SP-17
SP-16
SP-15
SP-14
SP-13
SP-12
SP-11
SP-10
SP-09
SP-18
SP-19
SP-20
L
N
W
S
SP-08
SP-07
SP-11
SP-10
SP-09
SP-18
SP-19
SP-20
EST. EXTRAÍDA
P.C.-E3
P.C.-E1
P.C.-E4
P.C.-E2
ST-01
Escala 10m05
LEGENDA:
Sondagem com SPT
Sondagem a trado
Provas de carga
Estaca extraída
Figura 4.1 – Locação dos trabalhos de campo realizados na obra das provas de carga
84
Figura 4.2 – Canteiro de obras onde foram executadas as estacas-base do estudo.
4.2. CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA DO PERFIL DO SUBSOLO DAS
ESTACAS ESTUDADAS
Como já foi dito anteriormente, a caracterização geotécnica foi composta de
sondagens a percussão tipo SPT e ensaios de caracterização em laboratório a partir de
amostras deformadas coletadas através de trado mecanizado (Figuras 4.3 e 4.4). Também
foi determinado o perfil de umidade do solo na época da realização das provas de carga.
Ao todo foram executados 20 furos de sondagem no local, os quais mostraram
semelhanças com relação à classificação do material e valores de SPT das camadas,
contudo a espessura das camadas e a profundidade em que se encontram variaram na
maioria dos furos. Para esta pesquisa, foram priorizados nas análises os furos de sondagem
mais próximos de cada prova de carga, os quais são: SP-10, SP-18, SP-19 e SP-20.
Analisando estes perfis de sondagem, apresentados nas Figuras 4.9 a 4.12, observa-
se uma camada de argila siltosa, cor creme, com espessura variando de 4,5 a 7,0m. Nesta
camada, o N
SPT
médio variou entre 4 e 21 golpes. Subjacente a esta, tem-se uma argila
arenosa, com concreções ferruginosas, com espessura variando entre 2,0 e 3,0m,
apresentando cores variegada e ferrugem, e valores de N
SPT
entre 11 e 20 golpes. Abaixo
85
desta camada, encontra-se uma areia argilosa, com pedregulho, cor variegada, com N
SPT
superior a 30 golpes.
Para os ensaios de caracterização em laboratório, foram coletadas amostras
deformadas, através de uma peça helicoidal com aproximadamente 10cm de diâmetro e
50cm de comprimento. Com o auxílio do maquinário (perfuratriz) utilizado para execução
das estacas, foi possível coletar amostras a cada metro, até a profundidade de 7,0m.
Figura 4.3 – Trado helicoidal para coletar amostras deformadas.
Figura 4.4 – Coleta de amostras de solo através de trado helicoidal.
86
A partir do material coletado, determinaram-se o perfil de umidade do solo na
época das provas de carga, as curvas granulométricas e os limites de consistência do solo.
O perfil de umidade durantes os ensaios e os limites de consistência são apresentados na
Figura 4.5.
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
10,0
11,0
12,0
0 102030405060
W
nat
, W
LL
, W
LP
(%)
Wnat (Jan/06)
WLL
WLP
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
10,0
11,0
12,0
0 5 10 15 20 25 30
W (%)
UFAL (Março/05)
UFAL (Agosto/05)
Local das P.C. (Jan/06)
(a) (b)
Figura 4.5 – Perfis de umidade do solo: (a) umidade natural, limites de liquidez e
plasticidade do local estudado; (b) perfil de umidade do local das provas de carga
comparado com os perfis obtidos no campus da UFAL.
Analisando a Figura 4.5-a, observa-se que o perfil de umidade natural do solo nesta
época do ano (período seco), variou na faixa de 12 a 25%. Nota-se que a umidade cresce
de 16% na superfície do terreno até 25% a 3,0m de profundidade, e decresce até 12% na
87
profundidade de 7,0m. Comparando o perfil de umidade do local das provas de carga com
os perfis determinados no campus da UFAL nas situações extremas (épocas seca e fim da
chuvosa), observa-se que o perfil estudado apresenta umidades dentro da faixa de variação
observada na UFAL, estando mais próximas dos valores obtidos no período seco, como era
de se esperar.
A verificação das similaridades entre este perfil de subsolo e o estudado no campus
da UFAL permitiu estimar a ordem de grandeza da sucção mátrica durante os ensaios das
provas de carga. Relacionando o perfil de umidade da Figura 4.5-a com as curvas
características (sucção mátrica x grau de saturação) da Figura 3.17 obtidas na UFAL,
estima-se que a sucção mátrica ao longo do perfil situou-se entre 50 e 100kPa.
As curvas granulométricas com e sem uso de defloculante são mostradas nas
Figuras 4.6 e 4.7. As Tabelas 4.1 e 4.2 apresentam um resumo dos resultados dos ensaios
de caracterização realizados.
Composição Granulométrica ABNT
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
Diametro dos grãos (mm)
(%) que passa
1,00m
2,00m
3,00m
4,00m
5,00m
6,00m
7,00m
ARGILA
d < 0,005
SILTE
0.005< d <0.05
AREIA FINA
0.05< d <0.42
AR.
GROS.
PEDREGULHO
d > 4.76
AREIA
MÉDIA
Figura 4.6 – Curvas granulométricas com uso de defloculante.
88
Composição Granulométrica ABNT
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
Diametro dos grãos (mm)
(%) que passa
1,00m
2,00m
3,00m
4,00m
5,00m
6,00m
ARGILA
d < 0,005
SILTE
0.005< d <0.05
AREIA FINA
0.05< d <0.42
AREIA
MÉDIA
AR.
GROS.
PEDREGULHO
d > 4.76
Figura 4.7 – Curvas granulométricas sem uso de defloculante.
Observa-se que os resultados deste perfil com o estudado no campus da UFAL,
nota-se que os dois perfis são bastante semelhantes. As curvas granulométricas com
defloculante mostraram que até 4 metros, o solo é composto predominantemente de argila
arenosa, com pouco silte. De 4 a 7 metros, tem-se areia fina, argilosa, com ocorrência de
pedregulhos e concreções ferruginosas. A ocorrência de concreções ferruginosas em
profundidade, bastante comum neste tipo formão, é resultado da concentração de óxidos
de ferro devido ao processo de lixiviação.
Nas curvas granulométricas sem defloculante, praticamente não houve percentual
de argila. A provável explicação é que as partículas de argila estão unidas entre si,
formando grumos, ou se encontram aderidas aos grãos de areia.
O peso específico dos grãos variou entre 26,2 e 26,6kN/m
3
nos primeiros 4 metros,
e entre 27,0 e 27,2kN/m
3
de 5 a 7 metros. O índice de atividade de Skempton apresentou
valores de Ia < 0,42, classificando o solo como inativo.
89
Tabela 4.1 – Resumo dos resultados dos ensaios de caracterização realizados com defloculante.
Composição Granulométrica* (%) - ABNT
Areia
Limites de
Atterberg (%)
Prof.
(m)
G
s
(kN/m3)
%
Pass.
#200
Argila Silte
fina média grossa
Pedreg.
LL IP
SUCS
Índice de
atividade
(Ia)
1,00 26,21 67 63 5 19 13 0 0 48 19 ML 0,31
2,00 26,60 74 55 8 26 11 0 0 50 22 ML 0,42
3,00 26,32 75 57 13 20 10 0 0 50 20 ML 0,36
4,00 26,60 68 49 13 22 10 1 5 42 13 ML 0,28
5,00 26,95 66 47 5 33 12 1 2 40 14 ML 0,32
6,00 27,21 61 46 9 32 12 1 0 39 16 CL 0,39
7,00 27,06 60 39 16 31 14 0 0 36 13 CL 0,40
Tabela 4.2 – Resumo dos resultados dos ensaios de caracterização realizados sem defloculante.
Composição Granulométrica* (%) - ABNT
Areia
Prof.
(m)
G
s
(kN/m3)
% Pass.
#200
Argila Silte
fina média grossa
Pedreg.
Relação
(Arg.SD/
Arg.CD)
(%)
1,00 26,21 67 0 14 72 14 0 0 0
2,00 26,60 70 15 24 50 11 0 0 27,3
3,00 26,32 79 0 36 54 10 0 0 0
4,00 26,60 70 0 30 55 9 1 5
0
5,00 26,95 62 0 27 57 12 1 3
0
6,00 27,21 66 0 41 48 11 0 0
0
89
90
4.3. METODOLOGIA EXECUTIVA DAS ESTACAS ESCAVADAS COM
BULBOS NOS SOLOS DA FORMAÇÃO BARREIRAS
O processo executivo das estacas escavadas com bulbos é diferente da
metodologia utilizada para os sedimentos submersos do Quaternário, devido às
peculiaridades dos sedimentos Terciários não saturados da Formação Barreiras. A
seguir é descrito o processo executivo destas estacas para este tipo de formação:
8.
Perfuração com circulação de água, utilizando sapatas-cortantes
(“carambolas”), com diâmetro pouco inferior ao nominal da estaca, até a
profundidade desejada;
9.
Perfuração utilizando sapatas-cortantes e ponteiro (Figura 4.8), este último
tem a função de fazer ranhuras na superfície lateral da perfuração, provocando
pequenas crateras nos trechos previamente determinados em projeto;
10.
Execução dos bulbos nas profundidades desejadas. Neste processo, a
perfuratriz é deslocada cerca de 10cm contra as paredes da perfuração, ao
tempo em que a peça cortante (sapata cortante e ponteiro) corta a superfície
lateral do furo;
11.
Limpeza do furo através de circulação de lama;
12.
Colocação da armadura;
13.
Injeção de argamassa sob alta pressão, de baixo para cima, através de um tubo
de 38mm (11/2”).
Figura 4.8 – Detalhe da sapata-cortante com ponteiro.
Ponteiro Sapata-cortante
91
Um fato importante verificado em experiências anteriores de execução das
estacas nesta formação, é que para a execução dos bulbos, a incidência do jato de
lama nas paredes da perfuração não era suficiente para provocar rupturas hidráulicas
no solo, como ocorre nos sedimentos submersos do Quaternário. Por isso foi
desenvolvido o processo executivo descrito no item 3.
A Tabela 4.3 apresenta resumo das principais diferenças entre os processos
executivos das estacas nos sedimentos submersos do Quaternário e nos sedimentos
não saturados do Terciário.
Tabela 4.3 – Principais diferenças entre o processo de execução das estacas no
Quaternário e no Terciário.
Descrição
Sedimentos submersos do
Quaternário
(região praieira)
Sedimentos não saturados
do Terciário
(Formação Barreiras)
Fluido perfurante
Lama betonítica, para garantir a
estabilidade das paredes da
perfuração.
Apenas água, devido ao
caráter coesivo/estruturado
deste tipo de solo.
Peça cortante
Brocas de aço batizadas de
“carambolas”, que podem ser
reforçadas com vídea no caso de
extratos de alta resistência
(rochas calcáreas, areníticas, etc)
Sapata cortante
(“carambola”) provida de
um ponteiro de aço (Figura
4.8) localizado 20cm
acima da peça cortante.
Execução dos bulbos
Utilização de “bico” inclinado
aprox. 90º (Figura 2.3) que faz
incidir sobre as paredes do furo
jatos do fluido perfurante com
pressão média de 400kPa.
Deslocamento da sapata-
cortante contra as paredes
do furo, fazendo
“rasgos”na sua superfície.
92
4.4. PROVAS DE CARGA
4.4.1. Detalhes do Projeto Original das Estacas-base do Estudo
Quatro estacas foram ensaiadas, sendo duas com diâmetro nominal do fuste de
300mm e duas de 400mm. Em todas as estacas foram projetados três bulbos, com
diâmetro de projeto igual a 1,5.Df, executados em profundidades definidas em função
das variações das camadas resistentes. Estas estacas foram projetadas com cargas de
trabalho de 450kN para as estacas de 300mm, e 750kN para as de 400mm.
Nas estacas E1 e E3, mostradas nas Figuras 4.9 e 4.11, o primeiro bulbo foi
executado entre 1,5 e 2,0m na camada de argila siltosa, o segundo bulbo entre 4,0 e
6,0m na camada de argila silto-arenosa com concreções ferruginosas, e por ultimo, o
terceiro bulbo entre 7,0 e 7,50m, em areia argilosa com pedregulho. Nas estacas E2 e
E4, apresentadas nas Figuras 4.10 e 4.12, o primeiro bulbo foi executado entre 5,0 e
6,0m na argila siltosa, o segundo entre 7,5 e 8,0m, na camada de argila arenosa com
concreções ferruginosas, e o terceiro bulbo, entre 9,0 e 9,5m, executado na camada de
areia argilosa.
Na Tabela 4.4 são apresentadas as características geométricas de projeto das
estacas, e suas respectivas designações. Nas Figuras 4.9 a 4.12, são mostrados os
perfis de sondagem mais próximos de cada estaca, com o esboço da geometria do
fuste de projeto.
Tabela 4.4 – Características geométricas das estacas.
Estacas
D
f
(mm)
D
b
(mm)
Quant.
bulbos
L
f
(m)
E1 300 450 3 8,10
E2 300 450 3 10,00
E3 400 600 3 8,10
E4 400 600 3 10,00
Legenda:
D
f
= diâmetro nominal do fuste,
D
b
= diâmetro de projeto dos bulbos,
L
f
= comprimento da estaca.
93
Dados da estaca E1:
Diâmetro nominal do fuste: D
f
= 300mm
Diâmetro de projeto dos bulbos: D
b
= 450mm
Comprimento da estaca: L
f
= 8,10m
Prof.
(m)
10 20 30 40
Classificação do Material
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
5
10
6
9
11
17
19
29/28
29/26
30/24
Sondagem: SP-19 Data: 15/12/05 N.A.: Não encontrado
ARGILA siltosa, cores
marrom claro e ferrugem,
consistência mole a média
ARGILA siltosa, pouco
arenosa, c/ concreções
ferruginosas, cor ferrugem,
AREIA argilosa, c/ pouco
pedregulho, cor ferrugem,
consistência rija
compacta
N
Gráfico SPT
SPT
1.50
0.50
2.00
2.00
1.00
0.50
1.10
Figura 4.9 – Perfil de sondagem mais próximo do ensaio e geometria de projeto do
fuste da estaca E1.
94
Dados da estaca E2:
Diâmetro nominal do fuste: D
f
= 300mm
Diâmetro de projeto dos bulbos: D
b
= 450mm
Comprimento da estaca: L
f
= 10,00m
Prof.
(m)
10 20 30 40
Classificação do Material
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
30
16
9/32
5/35
7/32
9/32
14
15
15
22
Sondagem: SP-20 Data: 06/01/06 N.A.: Não encontrado
ARGILA siltosa, cor
marrom claro e ferrugem,
consistência mole a média
ARGILA arenosa, com
ocorrência de concreções
ferruginosas, cor ferrugem,
AREIA argilosa, c/ pouco
pedregulho, cor ferrugem,
consistência rija
compacta
N
Gráfico SPT
SPT
10
11
12
26/29
27/29
30/23
5.00
1.00
1.50
0.50
1.00
0.50
1.00
Figura 4.10 – Perfil de sondagem mais próximo do ensaio e geometria de projeto do
fuste da estaca E2.
95
Dados da estaca E3:
Diâmetro nominal do fuste: D
f
= 400mm
Diâmetro de projeto dos bulbos: D
b
= 600mm
Comprimento da estaca: L
f
= 8,10m
Prof.
(m)
10 20 30 40
Classificação do Material
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
5
9
8
7/31
11
14
20
24/29
25/29
30/26
Sondagem: SP-18 Data: 15/12/05 N.A.: Não encontrado
ARGILA siltosa, cores
amarelo e ferrugem,
consistência média a rija
ARGILA siltosa, pouco
arenosa, cor ferrugem,
consistência rija a dura
AREIA argilosa, cor
ferrugem, compacta
N
Gráfico SPT
SPT
2.00
0.50
2.00
2.00
1.00
0.50
0.60
Figura 4.11 – Perfil de sondagem mais próximo do ensaio e geometria de projeto do
fuste da estaca E3.
96
Dados da estaca E4:
Diâmetro nominal do fuste: D
f
= 400mm
Diâmetro de projeto dos bulbos: D
b
= 600mm
Comprimento da estaca: L
f
= 10,00m
Prof.
(m)
10 20 30 40
Classificação do Material
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
9
5
9
7
8
11
16
21
19
20
Sondagem: SP-10 Data: 03/08/05 N.A.: Não encontrado
ARGILA siltosa, cores
amarelo e ferrugem,
consistência mola a dura
ARGILA arenosa, com pouco
pedregulho, cor ferrugem,
N
Gráfico SPT
SPT
AREIA argilosa, cor
ferrugem, compacta
consistência dura
10
11
12
30/26
30/23
30/24
5.00
1.00
1.50
0.50
1.00
0.50
1.00
Figura 4.12 – Perfil de sondagem mais próximo do ensaio e geometria de projeto do
fuste da estaca E4.
4.4.2. Descrição dos Ensaios de Prova de Carga
As provas de carga foram realizadas em conformidade com a NBR 12.131/91, para
os ensaios de provas de carga estática à compressão, do tipo lenta (SML).
As cargas foram aplicadas através de macaco hidráulico com capacidade de
2000kN. As leituras dos recalques foram feitas por meio de extensômetros mecânicos
instalados no topo dos blocos de coroamento (Figura 4.13).
O sistema de reação foi composto por duas estacas de reação (tipo rotativas-
injetadas) e vigas metálicas fixadas aos blocos de coroamento das estacas de reação por
meio de braçadeiras metálicas. As estacas de reação foram projetadas com diâmetros de
fuste de 300mm e 400mm, comprimentos de 11m (ensaios das estacas E1 e E3) e 14m
(ensaios das estacas E2 e E4), e armação longitudinal de 14φ 20.0mm, sendo todas com
vários bulbos ao longo do fuste. Estas
estacas distaram 1,50m da estaca ensaiada e também
foram monitoradas através da medição dos deslocamentos verticais no topo, utilizando-se
extensômetros mecânicos.
Estaca ensaiada
1,5m 1,5m
Extensômetro
mecânico
Extensômetro
mecânico
Extensômetro
mecânico
Estaca de reação Estaca de reação
Macaco Hidráulico
Perfis Metálicos
Chapa metálica
Figura 4.13 – Esquema geral das provas de carga estática.
98
Figura 4.14 – Vista de uma das provas de carga realizadas.
4.5. ESTACA EXTRAÍDA
Foi executada uma estaca adicional para fins de estudo das características
geométricas das estacas (fuste, bulbos e ponta). A estaca foi executada com 8,60m de
comprimento, diâmetro nominal do fuste de 400mm e três bulbos ao longo do fuste com
diâmetro estimado de 600mm, conforme projeto da estaca E3 do Bloco E.
Para o serviço de extração da estaca, foram contratados dois “poceiros” (homens
que trabalham com escavações de sumidouros e tubulões nesta região). Como não há nível
d’água na profundidade de interesse e a coesão do solo garantiu a estabilidade das paredes
da escavação, os trabalhos se desenvolveram sem maiores dificuldades. Este trabalho de
extração levou em torno de cinco dias para ser concluído.
A maior dificuldade encontrada foi na etapa de retirada da estaca do fundo da
escavação e durante o transporte da mesma, devido ao tamanho da estaca e a limitação do
comprimento dos guinchos e do caminhão que a transportou.
99
Figura 4.15 – Escavação em volta da estaca a ser extraída.
Figura 4.16 – Retirada da estaca do fundo da escavação.
100
Figura 4.17 – Estaca recém-extraída.
Figura 4.18 – Estaca pronta para ser transportada para local apropriado para análises.
101
CAPÍTULO 5
APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
5.1. INTRODUÇÃO
Neste capítulo são apresentadas e discutidas, inicialmente, as informações obtidas
da geometria real da estaca extraída. Em seguida, apresentam-se os resultados das provas
de carga e as cargas de ruptura convencional, estimadas a partir das curvas carga-recalque
através dos métodos da NBR 6122/96, do Método da Rigidez proposto por DÉCOURT
(1996) e pela extrapolação das curvas proposta por VAN DER VEEN (1953). São feitas
estimativas das parcelas de resistência lateral das estacas a partir da aplicação do Método
das Duas Retas Modificado (MDRM) e do Método da Rigidez.
Aplicou-se também a metodologia de cálculo proposta por MARQUES (2004), a
MCP/04, para previsão da capacidade de carga das estacas estudadas, utilizando primeiro,
os diâmetros dos bulbos de projeto e, em seguida, os diâmetros reais obtidos da estaca
extraída. Por fim, propõem-se ajustes na metodologia de MARQUES (2004) para os solos
não saturados da Formação Barreiras da cidade de Maceió.
É importante ressaltar que todas as análises da capacidade de carga das estacas
foram baseadas nos resultados das provas de carga, nos métodos de interpretação das
curvas carga-recalque e na metodologia semi-empírica de previsão da carga de ruptura
destas estacas.
Os conceitos de solos não saturados, apesar de terem sido empregados nos
trabalhos de campo e nos ensaios de laboratório apresentados no Capítulo 3, não foram
possíveis de serem considerados nos estudos da capacidade de carga das estacas. Tais
considerações demandariam a utilização de equipamentos de medição de sucção in situ,
provas de carga com pré-inundação do terreno, entre outras atividades que excediam os
recursos destinados a esta pesquisa.
102
5.2. GEOMETRIA DA ESTACA EXTRAÍDA
Realizou-se uma inspeção minuciosa da estaca extraída, que revelou dados
importantes sobre o formato do fuste, dos bulbos e da ponta da estaca. A Figura 5.1 mostra
o detalhe de projeto comparado com o formato real da estaca. Na Figura 5.2 são
apresentados o desenho da geometria real da estaca extraída e detalhes dos bulbos e ponta.
Com base nas medições feitas da geometria real da estaca extraída, destacam-se
algumas observações importantes sobre o formato do fuste da estaca:
1. Nos trechos onde não foram executados os bulbos, o diâmetro médio medido foi de
412mm, o que corresponde a um acréscimo de 3,1% em relação ao diâmetro
nominal do fuste, D
f
= 400mm;
2. Com relação ao diâmetro máximo dos bulbos, temos três situações distintas em
função da camada de solo atravessada:
a. Na camada de argila siltosa, de consistência mole a média (N
SPT
entre 5 e
10 golpes), na profundidade de 0 a 3,60m aproximadamente, tem-se que o
diâmetro máximo do bulbo foi de 558mm, o que significa um acréscimo de
40% em relação ao diâmetro nominal do fuste;
b.
Na camada de argila arenosa com concreções ferruginosas, de consistência
média a rija (N
SPT
entre 11 e 19 golpes), encontrada em profundidades de
4,0 a 7,0m, observou-se que o diâmetro máximo medido do alargamento do
fuste (bulbo) foi de 502mm, ou seja, 26% maior que o diâmetro nominal do
fuste;
c.
Próximo à profundidade do terceiro bulbo projetado, teve-se um discreto
aumento do fuste para Df = 436mm, correspondente a um acréscimo de 9%.
Analisando a geometria dos bulbos, observa-se que o primeiro bulbo, executado a
2,0m de profundidade, na camada de argila siltosa, apresenta formato mais definido.
Enquanto que o terceiro bulbo, executado na profundidade de 7,0m, na camada de areia
argilosa com pedregulho (N
SPT
> 30 golpes), apresentou pequeno aumento de diâmetro e
superfície irregular.
Na camada de argila arenosa com concreções ferruginosas, de consistência média a
rija (N
SPT
entre 11 e 19 golpes), os alargamentos do fuste (bulbos) assumem forma
103
indefinida, com superfície bastante irregular, com alta rugosidade. O aumento dos
diâmetros medidos nos trechos de alargamentos do fuste (bulbos) neste tipo de solo, assim
como a superfície irregular com alta rugosidade, conferem à estaca um incremento muito
importante na sua capacidade de carga. Neste caso, ao invés da parcela única de resistência
de apoio do bulbo, tem-se uma combinação de apoio e atrito lateral nestes trechos (ver
Figura 5.2-b).
ARGILA siltosa, cores
creme escuro, amarela e
ferrugem, consistência
ARGILA siltosa, pouco
arenosa, c/ concreções
ferruginosas, cor ferrugem,
AREIA argilosa, c/ pouco
pedregulho, cor ferrugem,
mole a média
consistência rija
compacta
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
0,00
Prof. (m)
2,05
4,20
5,40
6,20
0,40
2,25
3,60
8,00
(SPT: 5 a 10)
(SPT: 11 a 19)
(SPT: > 30)
C: - 3,60
C: - 6,70
55,2
55,8
41,9
2,85
41,6
50,2
41,4
43,0
41,0
7,20
43,6
7,90
41,6
8,10
31,7
23,0
8,40
40,4
41,6
1,50
40,6
GEOMETRIA REAL
Obs: Diâmetros em centímetros.
60,0
60,0
60,0
2,00
0,50
1,50
1,00
2,00
0,50
0,60
40,0
40,0
40,0
GEOMETRIA DE PROJETO
(ESTACA EXTRAÍDA)
9,00
PERFIL GEOTÉCNICO
1,00
5,00
Figura 5.1 – Geometria de projeto e a geometria real da estaca extraída.
104
(a)
(b)
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
0,00
Prof. (m)
2,05
4,20
5,40
6,20
0,40
2,25
3,60
8,00
55,2
55,8
41,9
2,85
41,6
50,2
41,4
43,0
41,0
7,20
43,6
7,90
41,6
8,10
31,7
23,0
8,40
40,4
41,6
1,50
40,6
Obs: Diâmetros em centímetros.
9,00
1,00
5,00
(c)
Figura 5.2 – Detalhes da geometria da estaca extraída.
105
Figura 5.3 – Vista geral da estaca extraída.
Figura 5.4 – Bulbo executado na camada de argila siltosa, de consistência mole a média
(N
SPT
entre 5 e 10 golpes), na profundidade de 2,0 a 2,8m.
106
Figura 5.5 – Bulbo executado na camada de argila arenosa com concreções ferruginosas,
de consistência média a rija (N
SPT
entre 11 e 19 golpes), na profundidade de 4,0 a 5,0m.
Figura 5.6 – Detalhe do afunilamento na ponta da estaca.
Para destacar as grandes diferenças observadas entre as estacas escavadas com
bulbos executadas nos sedimentos submersos do Quaternário e as executadas nos
sedimentos não saturados do Terciário (Formação Barreiras), cita-se o trabalho de
MARQUES (2004). Neste trabalho, foram executadas, nos sedimentos quaternários da
região praieira da cidade de Maceió, 05 estacas escavadas com bulbos, com diâmetro
nominal do fuste de 300mm, e que, posteriormente, foram extraídas para análise da
107
geometria real do fuste. O subsolo local é composto predominantemente por areias siltosas
ou siltes arenosos e/ou argilosos, submersos, com valores de N
SPT
variando entre 2 e 30
golpes ao longo da profundidade. A ponta das estacas ficou assente em uma camada de
silte argiloso, a 9,00m de profundidade, com N
SPT
em torno de 4 golpes.
MARQUES (2004) destaca que nas estacas em que foram executados 02 bulbos
(um superior e outro na ponta da estaca), os bulbos superiores, executados entre 2,00 e
4,00m, tiveram seus diâmetros variando entre 430mm e 524mm, no trecho de areia pouco
compacta a medianamente compacta (N
SPT
de 5 a 11 golpes). Isto representa um aumento
do diâmetro do bulbo em relação ao diâmetro do fuste de 43% a 73%. Na profundidade em
torno 8,50m, onde ocorre um silte arenoso ou silte argiloso de baixa resistência à
penetração (N
SPT
de 3 a 4 golpes), o diâmetro do bulbo inferior (ponta) variou de 660mm a
770mm (aumento de 100 a 157% em relação ao diâmetro nominal). Nas outras estacas
extraídas para fins de observações, a variação do diâmetro dos bulbos executados em
areias com SPTs = 4, foi superior a 100% (de 300mm para 660mm).
(a) (b)
Figura 5.7 – Estacas escavadas com bulbos executadas nos sedimentos submersos do
Quaternário: (a) extração de uma estaca com 02 bulbos; (b) detalhe do bulbo inferior
(MARQUES, 2004).
Bulbo superior
Bulbo inferior
108
5.3. ANÁLISES DAS PROVAS DE CARGA
5.3.1. Resultados das Provas de Carga
A seguir são mostradas nas Figuras 5.8 a 5.11, as curvas carga-recalque obtidas das
provas de carga executadas nas estacas-base deste estudo.
0
5
10
15
20
25
30
0 150 300 450 600 750 900 1050 1200
CARGA (kN)
RECALQUE (mm)
Figura 5.8 – Curva carga-recalque da estaca E1 (D
f
= 300mm; L
f
= 8,10m).
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
0 200 400 600 800 1000 1200 1400
CARGA (kN)
RECALQUE (mm)
Figura 5.9 – Curva carga-recalque da estaca E2 (D
f
= 300mm; L
f
= 10,0m).
109
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
0 150 300 450 600 750 900 1050 1200 1350 1500
CARGA (kN)
RECALQUE (mm)
Figura 5.10 – Curva carga-recalque da estaca E3 (D
f
= 400mm; L
f
= 8,10m).
0
5
10
15
20
25
30
35
40
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
CARGA (kN)
RECALQUE (mm)
Figura 5.11 – Curva carga-recalque da estaca E4 (D
f
= 400mm; L
f
= 10,0m).
A Tabela 5.1 apresenta as cargas máximas atingidas nos ensaios e os recalques
totais, residuais e elásticos medidos no topo das estacas.
Observando as curvas mostradas nas Figuras 5.8 a 5.11, percebe-se que o
“mergulho” apresentado pelas curvas das estacas E1, E2 e E3 evidencia que a carga de
ruptura da estaca estava próxima de ser atingida. Na prova de carga da estaca E4, verifica-
se um formato mais linear da curva carga-recalque. O mergulho para a ruptura dessa curva
é mais suave, comparado com as outras curvas apresentadas.
110
Tabela 5.1 – Cargas máximas atingidas nos ensaios e os recalques medidos no topo das
estacas.
Recalque (mm)
Estaca
Carga Máxima
Atingida (kN)
Total Residual Elástico
E1 1.030,9 21,08 20,50 0,58
E2 1.325,5 42,47 38,50 3,97
E3 1.472,8 48,77 47,98 0,79
E4 1.491,2 34,70 31,19 3,51
É importante destacar que as provas de carga das estacas E1 e E3 foram executadas
no mês de janeiro de 2006, e os ensaios das estacas E2 e E4 foram realizados no mês de
março do mesmo ano. Ambos os meses encontram-se na época de estiagem. De acordo
com o balanço hídrico da região apresentado na Figura 3.2 do Capítulo 3, estes meses
correspondem ao final do período de déficit hídrico do solo, que se inicia em meados de
setembro.
Do exposto acima, pode-se concluir que o solo durante as provas de carga
encontrava-se com teores de umidade próximos aos valores mínimos. Como conseqüência
disso, estima-se que a sucção mátrica do solo durante os ensaios foi superior a 100kPa
(tomou-se como referência as curvas características determinadas na UFAL).
5.3.2. Cargas de Ruptura Obtidas das Curvas Carga-Recalque
A capacidade de carga das estacas foi obtida a partir da curva carga-recalque por
meio de três métodos. O primeiro utilizado foi o da NBR 6122/96, que define a carga
máxima da estaca em função do seu diâmetro e do encurtamento elástico devido ao
carregamento. O módulo de elasticidade das estacas adotado nos cálculos foi E = 21.10
6
kPa, tomado a partir do estudo de MARQUES (2004).
O segundo método utilizado foi o de VAN DER VEEN (1953), visto que a ordem
de grandeza dos recalques e a conseqüente definição das curvas carga-recalque permitiram
a aplicação deste método.
O terceiro método é baseado no conceito de rigidez de uma fundação, proposto por
111
DÉCOURT (1996). Este método sugere que sejam plotados os valores de R (= Q/s), em
ordenadas, e os valores de Q, em abcissas. Uma extrapolação linear ou logarítmica do
trecho onde a curva se torna sub-horizontal irá fornecer boa estimativa da carga de ruptura
física da fundação (DÉCOURT, 1996).
Nas Figuras 5.12 a 5.15 são apresentadas as curvas carga-recalque dos ensaios
realizados e as estimativas das cargas de ruptura pelos métodos da NBR 6122/96 e VAN
DER VEEN (1953). Nas Figuras 5.16 a 5.19, são mostrados os gráficos de rigidez
propostos por DÉCOURT (1996) aplicados às estacas estudadas.
Van der Veen: Qu = 1122,8 kN
NBR 6122: Qu = 957,3 kN
0
5
10
15
20
25
30
0 150 300 450 600 750 900 1050 1200
CARGA (kN)
RECALQUE (mm)
Prova de Carga
Van der Veen
NBR-6122
Figura 5.12 – Estimativa da carga de ruptura da estaca E1 pelos métodos de VAN DER
VEEN e da NBR 6122.
112
Van der Veen: Qu = 1351,0 kN
NBR 6122: Qu = 1120,0 kN
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
0 200 400 600 800 1000 1200 1400
CARGA (kN)
RECALQUE (mm)
Prova de Carga
Van der Veen
NBR-6122
Figura 5.13 – Estimativa da carga de ruptura da estaca E2 pelos métodos de VAN DER
VEEN e da NBR 6122.
Van der Veen: Qu = 1603,9 kN
NBR 6122: Qu = 1130,0 kN
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
CARGA (kN)
RECALQUE (mm)
Prova de Carga
Van der Veen
NBR 6122
Figura 5.14 – Estimativa da carga de ruptura da estaca E3 pelos métodos de VAN DER
VEEN e da NBR 6122.
113
Van der Veen: Qu = 1735,2 kN
NBR 6122: Qu = 1104,6 kN
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
CARGA (kN)
RECALQUE (mm)
Prova de Carga
Van der Veen
NBR 6122
Figura 5.15 – Estimativa da carga de ruptura da estaca E4 pelos métodos de VAN DER
VEEN e da NBR 6122.
Figura 5.16 – Gráfico de rigidez (DÉCOURT, 1996), aplicado à estaca E1.
GRÁFICO DE RIGIDEZ
ESTACA E1
CARGA = -5,61.RIG + 1296,2
R
2
= 0,9975
0
250
500
750
1000
1250
1500
1750
2000
2250
2500
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
CARGA (kN)
RIGIDEZ (kN/mm
)
Dados utilizados na
regressão linear
Dados não utilizados na
regressão linear
Extrapolação - Qu
Regressão Linear
Qu = 1.296,2 kN
RL = 662,8 kN
114
Figura 5.17 – Gráfico de rigidez (DÉCOURT, 1996), aplicado à estaca E2.
Figura 5.18 – Gráfico de rigidez (DÉCOURT, 1996), aplicado à estaca E3.
GRÁFICO DE RIGIDEZ
ESTACA E2
CARGA = 1425,4.exp(-0,00315.RIG)
R
2
= 0,9958
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
CARGA (kN)
RIGIDEZ (kN/mm
)
Dados utilizados na
regressão linear
Dados não utilizados na
regressão linear
Extrapolação - Qu
Regressão logarítmica
Qu = 1.425,4 kN
RL = 736,4 kN
GRÁFICO DE RIGIDEZ
ESTACA E3
CARGA = -6,33.RIG + 1619,1
R
2
= 0,9223
0
120
240
360
480
600
720
840
960
1080
1200
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
CARGA (kN)
RIGIDEZ (kN/mm
)
Dados utilizados na
regressão linear
Dadoso utilizados na
regressão linear
Extrapolação - Qu
Regressão Linear
Qu = 1.619,1 kN
RL = 957,3 kN
115
Figura 5.19 – Gráfico de rigidez (DÉCOURT, 1996), aplicado à estaca E4.
A Tabela 5.2 apresenta as cargas de ruptura obtidas pelos três métodos acima
citados e apresentados nas Figuras 5.12 a 5.19.
Tabela 5.2 – Estimativas da carga de ruptura Qu, em kN, obtidas por diferentes métodos a
partir das provas de carga.
Carga de Ruptura (kN)
Estaca
NBR RIG VDV
E1 957,3 1.296,2 1.122,8
E2 1.120,0 1.425,4 1.350,8
E3 1.130,0 1.619,1 1.603,9
E4 1.104,6 2.292,9 1.735,2
Dos resultados apresentados na Tabela 5.2, é possível observar que os métodos de
VAN DER VEEN e da Rigidez apresentaram resultados com a mesma ordem de grandeza.
Quanto à estaca E4, o recalque máximo de 34,70mm levanta dúvidas sobre qual dos dois
métodos está mais próximo da real carga de ruptura convencional. Sob o aspecto da
segurança, o resultado de VAN DER VEEN deve ser o utilizado para os objetivos deste
trabalho.
GRÁFICO DE RIGIDEZ
ESTACA E4
CARGA = -18,80.RIG + 2.292,9
R
2
= 0,9771
0
100
200
300
400
500
600
700
800
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200 2400
CARGA (kN)
RIGIDEZ (kN/mm
)
Dados utilizados na
regressão linear
Dados não utilizados na
regressão linear
Extrapolação - Qu
Regressão linear
Qu = 2.292,9 kN
RL = 810,0 kN
116
5.3.3. Estimativa da Parcela de Resistência Lateral das Estacas Estudadas a partir
das Curvas Carga-Recalque
A separação entre as parcelas de resistência lateral e de ponta de estacas em provas
de carga não instrumentadas, é tema de várias propostas e discussões entre os
pesquisadores. Diversos métodos têm sido propostos, porém nenhum deles é reconhecido
como aplicável de forma geral.
Na tentativa de estimar a resistência lateral das estacas estudadas a partir das curvas
carga-recalque dos ensaios, utilizou-se o Método das Duas Retas Modificado (MDRM),
proposto por MARQUES (2004) para estacas escavadas com bulbos, e o Método da
Rigidez proposto por DÉCOURT (1996).
O MDRM foi aplicado para estimar as parcelas de atrito lateral e da carga residual
inicial (µ.Alr+AS) e a taxa de mobilização das resistências de apoio dos bulbos e ponta
(RS) no trecho pseudo-elástico (0-3). O método também permitiu determinar o recalque
(y1) correspondente ao início do esgotamento do atrito no topo da estaca.
Nas Figuras 5.20 a 5.23 são apresentadas as curvas carga-recalque no topo das
estacas estudadas, com a indicação das retas do trecho 0-3 (pseudo-elástico) e do trecho 4-
5 (desenvolvimento franco da resistência de apoio).
0
5
10
15
20
25
0 200 400 600 800 1000 1200
CARGA (kN)
RECALQUE (mm
)
Curva Carga-Recalque
Trecho 0-3 (pseudo-elástico)
Trecho 4-5 (desenv. franco resist. apoio)
Figura 5.20 – Aplicação do MDRM à curva carga-recalque da estaca E1.
117
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
CARGA (kN)
RECALQUE (mm)
Curva Carga-Recalque
Trecho 0-3 (Pseudo-elástico)
Trecho 4-5 (desenv. franco resist. apoio)
Figura 5.21 – Aplicação do MDRM à curva carga-recalque da estaca E2.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
0 250 500 750 1000 1250 1500 1750
CARGA (kN)
RECALQUE (mm)
Curva Carga-Recalque
Trecho 0-3 (pseudo-elástico)
Trecho 4-5 (desenv. franco resist. apoio)
Figura 5.22 – Aplicação do MDRM à curva carga-recalque da estaca E3.
118
0
5
10
15
20
25
30
35
40
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
CARGA (kN)
RECALQUE (mm)
Curva Carga-Recalque
Trecho 0-3 (pseudo-elástico)
Trecho 4-5 (desenv. franco resist. apoio)
Figura 5.23 – Aplicação do MDRM à curva carga-recalque da estaca E4.
A Tabela 5.4 apresenta os valores do coeficiente angular (d
o
) da reta (0-3) e dos
coeficientes angular (d
2
) e linear (d
1
) da reta (4-5). A Tabela 5.5 mostra as características
geométricas das estacas e os parâmetros de resistência obtidos pelo MDRM.
O coeficiente de rigidez relativa solo-estaca (k) situou-se entre 0,33 e 1,10,
comprovando que as estacas estudadas são do tipo “curtas” ou rígidas (k 2).
Os valores da resistência µ.Alr+AS calculados no trecho (0-3) variaram entre 515,5
a 844,4kN. Enquanto que o recalque necessário para o início do esgotamento do atrito
lateral ficou entre 3,64mm (estaca E1) e 5,37mm (estaca E4). Estes valores de y1
encontram-se na faixa de 0,96 a 1,38% do diâmetro nominal do fuste (D
f
). Valores de y1
da ordem de 1% foram encontrados por MARQUES (2004) para este tipo de estaca nos
sedimentos submersos do Quaternário.
Outra informação importante é a taxa de mobilização da resistência de apoio dos
bulbos e da ponta (RS) no trecho (0-3). Os valores de RS foram de 17,3 a 37,4kN/mm.
A outra opção para estimar a parcela de resistência lateral foi utilizar o Método da
Rigidez proposto por DÉCOURT (1996). Inicialmente este método foi desenvolvido para
obtenção apenas da carga última da estaca a partir da curva de rigidez. Com o passar dos
119
anos, o Método da Rigidez vem sendo aperfeiçoado pelo seu autor na tentativa de melhor
estimar a parcela de resistência lateral pelo gráfico de rigidez. DÉCOURT (2006) utiliza
uma curva de resistência lateral (Qs) versus deslocamento (s), a partir de uma equação
linear de regressão do gráfico de rigidez (R x Q) para determinar a parcela RL.
Contudo, DÉCOURT (1996) diz “o ponto onde a curva R x Q se torna sub-
horizontal indica, aproximadamente, quando a transferência de carga da estaca ao solo
passa a se fazer apenas por apoio, já tendo ocorrido a mobilização plena do atrito lateral”.
A partir desta observação, foi considerado o ponto aproximado em que as curvas de rigidez
se tornavam sub-horizontais para estimar as parcelas de resistência lateral das estacas
estudadas.
Aplicando desta maneira o Método da Rigidez às curvas estudadas, encontram-se
na Tabela 5.3 os valores da resistência lateral (RL), os respectivos recalques (r) necessários
para plena mobilização do atrito lateral e a relação entre estes recalques e os diâmetros
nominais do fuste das estacas.
Tabela 5.3 – Estimativa da resistência lateral das estacas estudadas segundo o Método da
Rigidez proposto por DÉCOURT (1996).
Estaca
RL
(kN)
r
(mm)
r/D
f
(%)
E1 662,8 5,88 1,96
E2 736,4 3,49 1,16
E3 957,3 8,31 2,08
E4 810,0 9,23 2,31
Pelo Método da Rigidez, os recalques necessários para plena mobilização do atrito
lateral estão entre 1,16 e 2,31% do diâmetro nominal do fuste. Estes valores são
ligeiramente superiores ao intervalo de 0,96 a 1,38% encontrado pelo MDRM.
Comparando as parcelas de resistência lateral (RL) do Método da Rigidez e a parcela
(µ.Alr+AS) do MDRM, observam-se valores da mesma ordem de grandeza.
120
Tabela 5.4 – Valores calculados de d
o
, d
1
e d
2
das estacas estudadas, segundo o MDRM.
Estaca
d
o
(kN/mm)
d
1
(kN)
d
2
(kN/mm)
E1 179,0 481,2 32,4
E2 222,4 806,0 16,9
E3 229,5 797,6 16,7
E4 139,0 552,3 28,7
Legenda: d
o
= coef. angular do trecho 0-3; d
1
= coef. linear do trecho 4-5; d
2
= coef. angular do trecho 4-5.
Tabela 5.5 – Características geométricas das estacas estudadas e parâmetros obtidos pelo MDRM.
Estaca
D
f
(mm)
h
t
(m)
h
f
(m)
Kr
(kN/mm)
k
µ.Alr + AS
(kN)
RS
(kN/mm)
y1
(mm)
E1 300 8,10 6,10 243,3 0,58 515,5 37,4 3,64
E2 300 10,00 8,00 185,6 1,10 844,4 18,6 4,14
E3 400 8,10 6,10 432,6 0,49 813,2 17,3 3,83
E4 400 10,00 8,00 329,9 0,33 577,4 31,5 5,37
Legenda: Df = diâmetro nominal do fuste; ht = altura total da estaca; hf = altura do fuste descontados os bulbos; Kr = rigidez da estaca (Kr = E.S/hf); k = coeficiente de
rigidez relativa solo-estaca (k = Alr/Kr.y1); (µ.Alr+AS) = resistência mobilizada no início do esgotamento do atrito lateral mais a resistência residual de apoio (bulbos e
ponta); RS = taxa de desenvolvimento da resistência de apoio (bulbos e ponta) no trecho 0-3; y1 = recalque referente ao início do esgotamento do atrito no topo da estaca.
121
5.4. PREVISÕES DA CARGA DE RUPTURA DAS ESTACAS ESTUDADAS
ATRAVÉS DA MCP/04
Com o objetivo de avaliar a aplicabilidade da MCP/04, proposta por MARQUES
(2004), para as estacas executadas em solos não saturados do Terciário, aplicou-se a
metodologia utilizando os diâmetros dos bulbos de projeto e, posteriormente, utilizando os
diâmetros reais medidos na estaca extraída.
No primeiro caso (hipótese de projeto), os diâmetros dos bulbos foram tomados
iguais a D
b
= 1,50.D
f
. Logo, para as estacas E1 e E2, os bulbos adotados no cálculo foram
de 450mm de diâmetro, e para as estacas E3 e E4, de 600mm. Foi adotado um valor único
do fator característico do solo, igual a 150kPa.
A Tabela 5.6 apresenta as cargas de ruptura previstas pela metodologia, utilizando
os diâmetros dos bulbos de projeto Nota-se que as parcelas de resistência previstas para os
bulbos correspondem entre 57 e 65% da carga de ruptura total prevista pelo projeto.
Elegendo-se os valores obtidos pelo método de VAN DER VEEN (1953) como referência,
a Figura 5.24 mostra a comparação com as previsões.
Tabela 5.6 – Previsão da capacidade de carga das estacas a partir da MCP/04, utilizando os
diâmetros de projeto dos bulbos.
Estaca
Resistência
Lateral, RL
(kN)
Resistência de
Ponta, RP
(kN)
Resistência de Apoio
dos Bulbos, RB (kN)
Carga de
Ruptura Qu
(kN)
E1 236,7 159,0 629,5 1.025,2
E2 323,0 159,0 649,4 1.131,4
E3 327,0 282,7 1.117,0 1.726,7
E4 430,6 282,7 1.155,0 1.868,3
122
0
500
1000
1500
2000
2500
0 500 1000 1500 2000 2500
Qu_MCP/04 (kN)
Qu_VDV (kN)
E1
E2
E3
E4
Figura 5.24 – Cargas de ruptura obtidas por VAN DER VEEN versus previstas pela
MCP/04 utilizando os bulbos de projeto.
A partir do conhecimento da geometria real da estaca extraída, aplicou-se a
MCP/04 para o cálculo da capacidade de carga das estacas, considerando os valores reais
dos bulbos. Neste caso, também foi adotado um valor único do fator característico do solo,
igual a C = 150kPa.
Todas as estacas estudadas, conforme apresentado nas Figuras 4.9 a 4.12 do item
4.4.1, foram projetadas com três bulbos. O primeiro bulbo das estacas E1 e E3, situa-se nas
profundidades de 1,50 a 2,00m, correspondente à camada de argila siltosa, de consistência
mole a média (N
SPT
entre 5 e 10 golpes). Neste caso, o diâmetro dos bulbos foi
considerado igual a 1,40.D
f
. Para o bulbo intermediário, situado na profundidade de 4,00 a
6,00m, na camada de argila arenosa com concreções ferruginosas, de consistência média a
rija (N
SPT
entre 11 e 19 golpes), considerou-se o diâmetro do bulbo igual a 1,25.D
f
. E por
último, o bulbo próximo à ponta da estaca, situado na camada de areia argilosa com
pedregulho, compacta a muito compacta (N
SPT
> 30 golpes), teve seu diâmetro estimado
em 1,10.D
f
.
No projeto das estacas E2 e E4, o primeiro bulbo situa-se a 5,00m de profundidade,
inserido na camada de argila arenosa com concreções ferruginosas, de consistência média
a rija (N
SPT
entre 11 e 19 golpes), em que se considerou o diâmetro do bulbo igual a
1,25.D
f
. Para os outros dois bulbos, executados nas profundidades de 7,50 e 9,00m,
123
inseridos na camada de areia argilosa com pedregulho, compacta a muito compacta (N
SPT
> 30 golpes), o diâmetro estimado dos bulbos foi de 1,10.D
f
.
A Tabela 5.7 apresenta as cargas de ruptura previstas pela MCP/04 utilizando os
bulbos reais. Novamente, elegendo os valores obtidos pelo método de VAN DER VEEN
(1953) como referência, a Figura 5.25 mostra a comparação com as previsões feitas para
esta situação.
Tabela 5.7 – Previsão da capacidade de carga das estacas a partir da MCP/04, utilizando os
diâmetros reais dos bulbos.
Estaca
Resistência
Lateral, RL
(kN)
Resistência de
Ponta, RP
(kN)
Resistência de
Apoio dos
Bulbos, RB (kN)
Carga de
Ruptura Qu
(kN)
E1 236,7 159,0 217,0 612,8
E2 323,0 159,0 167,7 649,7
E3 327,0 282,7 425,1 1.034,8
E4 430,6 282,7 287,0 1.000,3
Observa-se que as parcelas de resistência previstas para os bulbos reduzem
drasticamente, para valores entre 25 e 38% das previstas pelo projeto. Da mesma forma, as
reduções das cargas de ruptura das estacas ficam entre 54 e 60%.
0
500
1000
1500
2000
2500
0 500 1000 1500 2000 2500
Qu_MCP/04 (kN)
Qu_VDV (kN)
E1
E2
E3
E4
Figura 5.25 – Cargas de ruptura obtidas por VAN DER VEEN versus previstas pela
MCP/04 utilizando os bulbos reais.
124
Analisando os resultados apresentados na Figura 5.25, fica claro que as previsões
feitas pela MCP/04, utilizando os diâmetros reais dos bulbos, subestimam as cargas de
ruptura das estacas. Comparando-as com as cargas obtidas pelo método de VAN DER
VEEN (1953), as cargas previstas correspondem entre 49 e 65%.
Apesar das previsões feitas pela metodologia de MARQUES (2004), utilizando os
diâmetros de projeto dos bulbos, fornecerem valores aceitáveis quando comparados aos
obtidos pelos ensaios (variação entre 85 e 107 % da carga obtida por VAN DER VEEN), o
projeto original das estacas considera valores exagerados de resistência de apoio dos
bulbos, e sub-dimensionam a resistência lateral e a resistência de ponta das estacas neste
tipo de terreno.
Tal afirmação pode ser explicada fisicamente, quando se observa os diâmetros
reduzidos dos bulbos da estaca extraída, e as superfícies irregulares que o processo
executivo utilizado para este tipo de subsolo causa no fuste da estaca, que aumenta a
parcela de resistência por atrito e adesão do conjunto fuste-solo.
A partir dessas análises, verificou-se a necessidade de ajustes no cálculo destas
estacas neste tipo de formação, uma vez que a capacidade de carga dessas estacas neste
tipo de terreno é resultado mais da resistência lateral e da ponta da estaca, do que devido à
parcela de resistência de apoio dos bulbos.
Com o objetivo de quantificar a resistência lateral unitária das estacas estudadas e
compará-las com as previsões feitas pela metodologia de MARQUES (2004), utilizou-se
os valores das resistências lateral obtidos no item 5.3.3.. Para calcular a tensão lateral
unitária média (fs) ao longo do fuste, basta dividir a resistência lateral pela área lateral total
da estaca (Al). A Tabela 5.8 apresenta os valores calculados pelo Método das Duas Retas
Modificado (MDRM) e pelo Método da Rigidez (RIG), e os previstos pela metodologia
proposta por MARQUES (2004).
Tabela 5.8 – Valores das parcelas da resistência lateral calculados e previstos.
Resistência lateral, RL (kN) Tensão lateral unitária, fs (kPa)
Estaca
Al
(m2)
MDRM RIG MCP/04 MDRM RIG MCP/04
E1 6,22 515,5 662,8 236,7 82,88 106,56 38,05
E2 8,01 844,4 736,4 323,0 105,42 91,94 40,32
E3 8,29 813,2 957,3 327,0 98,05 115,42 39,43
E4 10,68 577,4 810,0 430,6 54,05 75,83 40,31
125
Observa-se que a média das tensões lateral unitárias calculadas pelo MDRM é 2,15
vezes a média das previstas pela MCP/04. Já o Método da Rigidez obteve uma tensão
média igual a 2,47 vezes a média das previstas pela MCP/04. Considerando que
DÉCOURT (2002) afirma que, pela sua experiência, o Método da Rigidez provavelmente
superestima o valor de fs, e que, em certos casos, o autor considera em suas análises o
valor de 0,90.fs
calc
, ter-se-ia uma relação igual a 2,22 vezes (= 0,90 x 2,47).
A partir do exposto acima, pode-se concluir que as parcelas de resistência lateral
das estacas, obtidas pelos métodos MDRM e da Rigidez, são aproximadamente 2,20 vezes
dos valores previstos pela MCP/04. Este valor servirá como base para ajustar o fator de
majoração do atrito lateral unitário (β) utilizado no cálculo da resistência lateral das
estacas.
5.5. PROPOSTA DE AJUSTE DA MCP/04 PARA SOLOS DA FORMAÇÃO
BARREIRAS
Neste item são apresentadas as propostas de modificações da metodologia de
cálculo proposta por MARQUES (2004), especificamente para os solos da Formação
Barreiras. Estas modificações foram baseadas nas análises das curvas carga-recalque das
quatro provas de carga estudadas, nas retroanálises feitas a partir das cargas de ruptura
calculadas neste trabalho, no formato geométrico real da estaca extraída e nas propriedades
geotécnicas das camadas do subsolo onde as estacas foram executadas.
É evidente que devido ao reduzido número de dados disponíveis de provas de carga
e às limitações quanto aos recursos disponíveis para esta pesquisa, as modificações
propostas estão baseadas, em boa parte, por intuição física do mecanismo de transferência
de carga e empirismo.
As principais modificações propostas estão relacionadas ao valor do coeficiente de
majoração do atrito lateral das estacas (β), ao valor limite do N
SPT
a ser utilizado no
cálculo da resistência de ponta e aos diâmetros dos bulbos a serem considerados em
projeto. Ao todo são cinco modificações em relação à proposta da MCP/04, as quais serão
descritas a seguir:
1.
O valor limite do SPT para o cálculo da resistência unitária de ponta da estaca (q
p
),
que antes era de 15 golpes, passa a ser de 20;
126
2.
Propõe-se um valor para o fator característico (C) dos solos concrecionados
(laterização), que antes não eram considerados, igual a 200kPa;
3.
Considerar o valor do fator característico do solo (C) igual a 190kPa, para solos do
tipo areia argilosa com pedregulho. Para solos do tipo argila siltosa, com ou sem
areia, adotar C = 160kPa;
Na Tabela 5.9 é apresentado um resumo dos valores propostos nos itens 2 e 3, para
o fator característico dos solos:
Tabela 5.9 – Valores propostos do fator característico dos solos (C).
Tipo de solo
Fator Característico (C),
em kPa
Argila siltosa, com ou sem areia 160
Areia argilosa com pedregulho 190
Argila arenosa ou Areia Argilosa,
com concreções ferruginosas
200
4.
O valor da resistência unitária do atrito lateral da estaca continua a ser calculado
pela expressão:
kPaem
SPTm
f
f
máx
,1
3
10
+=
β
(5.1)
contudo, o valor do coeficiente de majoração/minoração do atrito lateral (β), que
antes era β = 0,85, passa a ser β = 1,80. Esta modificação teve como base as
análises das resistências lateral unitárias discutidas no item 5.4.
5.
A partir das análises dos diâmetros máximos verificados nos bulbos da estaca
extraída e dos N
SPT
do perfil, plotou-se a relação entre o diâmetro do bulbo (Db) e
do fuste (Df) versus N
SPT
. Vale destacar que o valor limite do N
SPT
considerado no
gráfico foi de 15, devido às limitações já conhecidas do processo executivo. Na
Tabela 5.10 apresentam-se os valores propostos para o diâmetro de projeto dos
bulbos em função do N
SPT
.
127
Db/Df = -0,034.Nspt + 1,61
R
2
= 0,9877
1,00
1,05
1,10
1,15
1,20
1,25
1,30
1,35
1,40
1,45
1,50
0 5 10 15 20
N
SPT
Db/Df
Figura 5.26 – Gráfico da relação Db/Df em função do N
SPT
.
Tabela 5.10 – Proposta para estimativa do diâmetro dos bulbos em função do SPT.
Valores do SPT Diâmetro do bulbo (D
b
)
N
SPT
4 1,50.D
f
4 < N
SPT
8 1,40.D
f
8 < N
SPT
12 1,25.D
f
12 < N
SPT
15 1,10.D
f
N
SPT
> 15 < 1,10.D
f
Obs.: D
f
= diâmetro nominal do fuste.
A proposta para estimativa do diâmetro dos bulbos se baseou, principalmente, nas
características do processo de execução dos bulbos em solos típicos da Formação Barreiras
(solos mistos). Nestes casos, a perfuratriz é deslocada cerca de 10cm contra as paredes da
perfuração, ao tempo em que a peça cortante (sapata cortante e ponteiro) corta a superfície
lateral, provocando pequenas crateras nos trechos previamente definidos em projeto.
Os comprimentos destes trechos variam entre 0,50 a 2,00m, a depender da
disposição das camadas em profundidade. Em decorrência do processo de execução dos
bulbos, o diâmetro destes alargamentos tende a diminuir com a profundidade, para um
mesmo tipo de solo. Esta perda de eficiência ao longo da profundidade é decorrente da
rigidez da haste de perfuração. Estima-se que a partir dos 5 metros de profundidade, em
solos mistos (ou puramente coesivos), de média consistência ou compacidade, os
128
diâmetros dos bulbos obtidos por esse processo são desprezíveis. Evidentemente que
quanto mais resistente for o solo, menor será o diâmetro do bulbo.
Em relação ao valor do coeficiente β = 1,80 proposto no item 4, trata-se de um
valor médio ao longo do comprimento da estaca. De acordo com a investigação geotécnica
realizada no local das provas de carga, tem-se, a partir dos 4,0m de profundidade
aproximadamente, camadas de solo com indícios de laterização. Nestes casos, a rigidez do
solo é bastante superior a de solos semelhantes (por exemplo, com mesmo N
SPT
), porém
não lateríticos. Por isso, acredita-se que na camada não laterizada (até 4,0m de
profundidade), o valor de β é próximo de 1, enquanto que na camada laterítica este valor
deve ser superior a 2.
Seria interessante a realização de ensaios específicos para determinação da
espessura da camada laterizada, com o objetivo de definir o valor mais apropriado de β em
função do tipo de solo (laterítico ou não). Recomenda-se, por exemplo, os procedimentos
propostos por NOGAMI e VILLIBOR (1981), assim como a obtenção do Índice de
Laterização de Ignatius, este último por se tratar de um ensaio rápido e econômico,
baseado no resultado do ensaio de Proctor Normal..
DÉCOURT (2002) analisando estacas tipo broca e hélice contínua executadas nas
argilas lateríticas do campo experimental da Universidade Estadual de Londrina-PR,
afirma que, nesse tipo de solo, o atrito lateral das estacas é bastante superior aos calculados
com base nas formulações consagradas para solos não lateríticos, sugerindo valores de β
iguais ou superiores a 1,50.
5.5.1. Previsão da Carga de Ruptura das Estacas a Partir da MCP/04 Ajustada para
Solos da Formação Barreiras
Neste item são apresentadas as previsões feitas da capacidade de carga das estacas-
base deste estudo a partir das modificações propostas no item 5.5 para a MCP/04, para
solos da Formação Barreiras.
Os diâmetros dos bulbos considerados nos cálculos foram tomados com base nos
valores propostos pela Tabela 5.10. Na Tabela 5.11, apresenta-se um resumo das
características geométricas da estacas consideradas no cálculo da capacidade de carga.
129
Na Tabela 5.12, são mostradas as parcelas de resistência e a carga de ruptura
calculadas pela MCP/04 ajustada para este tipo de formação.
Tabela 5.11 – Elementos geométricos das estacas considerados no cálculo da capacidade
de carga.
Diâmetro dos Bulbos (cm)
Estaca
D
f
(mm)
Db
1
Db
2
Db
3
L
f
(m)
E1 300 42 38 33 8,10
E2 300 38 33 33 10,00
E3 400 56 50 44 8,10
E4 400 50 44 40 10,00
Legenda: D
f
= diâmetro nominal do fuste; Db
n
= diâmetro estimado dos bulbos; L
f
=
comprimento total do fuste.
Tabela 5.12 – Previsão da capacidade de carga das estacas-base do estudo, aplicando a
MCP/04 ajustada.
Estaca
Atrito Lateral,
RL
(kN)
Resistência de
Ponta, RP
(kN)
Resistência de
Apoio dos
Bulbos, RB (kN)
Carga de
Ruptura Qu
(kN)
E1 501,2 268,6 308,7 1.078,5
E2 684,0 268,6 220,6 1.173,2
E3 692,6 477,5 525,9 1.696,0
E4 911,9 477,5 337,8 1.727,2
As parcelas previstas da resistência lateral ficaram entre 41 e 58% da capacidade de
carga total das estacas. O valor da tensão lateral unitária estimada variou entre 60 e
108kPa. Estes valores situam-se próximos aos encontrados por ALBUQUERQUE (2001),
no campo experimental da UNICAMP, a partir de provas de carga em estacas hélice-
contínua, ômega e escavada, instrumentadas em profundidade. Para as estacas hélice-
contínua, a tensão lateral unitária média variou entre 45,4 e 76,1kPa e para as estacas
ômega, a variação foi de 45,4 a 107,9kPa.
130
Os valores da tensão lateral unitária das estacas escavadas convencionais,
encontrados por ALBUQUERQUE (2001), ficaram entre 31,5 e 47,8kPa, bem inferiores
aos previstos para as estacas estudadas a partir do método ajustado.
A Figura 5.25 mostra a comparação entre as cargas obtidas por VAN DER VEEN e
as previstas pela MCP/04 ajustada para solos da Formação Barreiras. Nota-se a boa
concordância entre os resultados, como era de se esperar!
0
500
1000
1500
2000
2500
0 500 1000 1500 2000 2500
Qu_MCP/04 Ajustada (kN)
Qu_VDV (kN)
E1
E2
E3
E4
Figura 5.27 – Cargas de ruptura obtidas por Van der Veen versus previstas pela MCP/04
ajustada.
5.5.2. Comparação entre as Cargas de Ruptura Previstas pela MCP/04 Ajustada e os
Resultados Obtidos das Provas de Carga
A Figura 5.28 apresenta uma comparação entre as cargas atingidas nos ensaios, os
resultados obtidos através das curvas das provas de carga e os previstos pela metodologia
de cálculo proposta por MARQUES (2004), ajustada para solos da Formação Barreiras.
A Tabela 5.13 apresenta as relações entre as cargas últimas previstas pelos métodos
estudados e as obtidas pelos ensaios (adotada como referência VAN DER VEEN).
131
957
1120
1130
1105
1296
1425
2293
1341
1604
1735
1079
1173
1619
1123
1727
1696
1031
1325
1472
1491
0
500
1000
1500
2000
2500
1234
ESTACA
CARGA DE RUPTURA (kN
)
NBR 6122 Rigidez Van der Veen MCP/06 Carga Ensaio
Figura 5.28 – Comparação entre os resultados obtidos pelos métodos e os previstos pela
MCP ajustada.
Tabela 5.13 – Relação entre as cargas de ruptura obtidas pelos métodos estudados e por
VAN DER VEEN.
Estaca
NBR /
VDV
RIG /
VDV
MCP /
VDV
E1 0,85 1,15 0,96
E2 0,84 1,06 0,88
E3 0,70 1,01 1,06
E4 0,64 1,32 0,99
Elegendo-se os valores obtidos por VAN DER VEEN como referência, tem-se as
seguintes observações:
O método da NBR 6122/96 mostrou-se o mais conservador de todos na obtenção
da carga de ruptura, com cargas de 85 e 84% das obtidas pelos ensaios para as
estacas E1 e E2, respectivamente, e de 70 e 64% para as estacas E3 e E4.
O Método da Rigidez proposto por DÉCOURT (1996) mostrou acurácia na
previsão da carga última destas estacas, resultando em valores ligeiramente
E1 E2 E3 E4
132
superiores aos obtidos pelas provas de carga (variação de 1 a 15%). A exceção foi
o resultado da estaca E4, que foi superior em 32% da carga última obtida pela
extrapolação.
A metodologia de cálculo proposta por MARQUES (2004) para previsão da carga
de ruptura destas estacas, a MCP/04, ajustada para solos da Formação Barreiras,
apresentou previsões de carga de ruptura próximas às obtidas nas provas de carga
pelo método de VAN DER VEEN (1953), com cargas variando entre 88 e 106%.
Obviamente este resultado era de se esperar, uma vez que a proposta de ajuste na
metodologia de cálculo foi baseada, na maior parte, na retroanálise feita a partir dos
resultados das provas de carga.
133
CAPÍTULO 6
CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS
6.1. CONCLUSÕES
Este trabalho apresentou um estudo geotécnico realizado nos sedimentos terciários
da Formação Barreiras da cidade de Maceió/AL. Este estudo foi dividido em duas partes, a
saber: primeiro, foi realizada extensa campanha de investigação de campo e laboratório em
um perfil de solo não saturado localizado no campus da UFAL; posteriormente, foi
estudada a capacidade de carga de quatro estacas escavadas com bulbos, destinadas às
fundações de edifícios residenciais a serem construídos em outro local da Formação
Barreiras.
Quanto aos resultados da caracterização geotécnica do perfil estudado na UFAL,
pode-se chegar as seguintes conclusões:
a.
O perfil do subsolo é composto de argilas areno-siltosa e areias argilosas, com a
ocorrência de pedregulhos (seixos) em profundidades de 7,0 e 8,0m. Observa-se a
ocorrência de laterização em profundidades superiores a 5,0m, proveniente dos
processos de oxidação e lixiviação do ferro.
b.
Os perfis de umidade determinados na época de estiagem (mês de janeiro) e no fim
da época chuvosa (mês de agosto) variaram na faixa de 9 a 26% até a profundidade
de 8,50m.
c.
A grande variação dos percentuais de argila e silte dos ensaios granulométricos
com e sem defloculante sugere que as partículas de argila estão unidas entre si,
formando grumos, e/ou estão aderidas aos grãos de areia.
d.
As curvas características determinadas em profundidade apresentaram
comportamento bimodal, com um primeiro ponto de entrada de ar em torno de
3kPa, referente à dessaturação dos macroporos do solo, e um segundo ponto
próximo à sucção de 9.000kPa, correspondente à microestrutura do solo. O formato
das curvas é típico de solos tropicais, conforme CAMAPUM DE CARVALHO &
LEROUEIL (2000).
134
e.
Os ensaios de cisalhamento direto na umidade natural (CDN) mostraram a
existência de resistências de pico acompanhadas de dilatância, para níveis baixos
de tensões (geralmente menores que 50kPa). Este comportamento é característico
de solos estruturados (com cimentação), fato este que confere ao solo um
comportamento de “falso” sobre-adensamento. Tal comportamento também é
influenciado pela sucção do solo.
f.
As envoltórias de resistência de Morh-Coulomb dos ensaios de cisalhamento direto
na umidade natural (CDN) e inundado (CDI), mostraram que praticamente em
todos os ensaios inundados o solo perdeu a coesão aparente que apresentou nos
ensaios CDN, enquanto que o ângulo de atrito pouco variou.
g.
Na maioria dos ensaios edométricos na umidade natural (EDN), as tensões
máximas atingidas nos ensaios não foram suficientes para revelar o trecho nítido da
reta virgem, impossibilitando assim a determinação das tensões de pré-
adensamento (σ
vm
) e índice de compressão (C
c
). Contudo, é possível estimar que a
tensão de pré-adensamento dessas amostras seja superior a 1.000kPa.
h.
A análise comparativa das curvas de adensamento dos ensaios EDI e EDN
evidencia claramente a maior rigidez dos solos não saturados, mostrando a
influência da inundação no aumento das deformações. Esta maior rigidez é
explicada pela estruturação que apresentou esse solo e também influenciada pela
sucção.
A partir dos resultados das quatro provas de carga estática realizadas em estacas
escavadas com bulbos e das análises da geometria da estaca extraída, chegou-se às
seguintes conclusões:
a.
Os diâmetros máximos dos bulbos observados na estaca extraída foram bastante
inferiores aos diâmetros de projeto.
b.
O comportamento coesivo/estruturado verificado nos solos da Formação Barreiras,
não permite que os bulbos sejam executados pelo processo de incidência dos jatos
do fluido perfurante sobre as paredes da perfuração, conforme são executados nos
sedimentos submersos quaternários.
c.
A metodologia de execução das estacas escavadas com bulbos, no subsolo da
Formação Barreiras, é diferente da metodologia utilizada para os sedimentos
submersos do Quaternário. As principais diferenças são no que diz respeito à peça
135
cortante utilizada nas etapas de perfuração e execução dos bulbos, e no próprio
processo de execução dos bulbos.
d.
Elegendo-se as cargas de ruptura obtidas pelo método de extrapolação de VAN
DER VEEN (1953) como referência, verificou-se que o método da NBR 6122
mostrou-se o mais conservador de todos na obtenção da carga de ruptura, com
cargas de 85 e 84% das obtidas pelos ensaios das estacas E1 e E2, respectivamente,
e de 70 e 64% das estacas E3 e E4.
e.
O Método da Rigidez proposto por DÉCOURT (1996) mostrou ser uma ferramenta
adequada para a previsão da carga última destas estacas, resultando em valores
ligeiramente superiores aos obtidos pelas provas de carga (variação de 1 a 15%). A
exceção foi o resultado da estaca E4, que foi 32% superior à carga última obtida
pelo ensaio.
f.
Tanto o Método das Duas Retas Modificado (MDRM) quanto o Método da
Rigidez, mostraram-se adequados para estimar a resistência lateral das estacas a
partir das curvas carga-recalque de provas de carga estática. Para as estacas
estudadas, os recalques necessários para mobilização plena da resistência lateral
calculados pelo MDRM situaram-se entre 0,96 e 1,38% do diâmetro nominal do
fuste, enquanto que o Método da Rigidez encontrou valores entre 1,16 e 2,31%.
g.
A aplicação da metodologia de cálculo proposta por MARQUES (2004) para
previsão da capacidade de carga das estacas, utilizando os diâmetros dos bulbos
observados na estaca extraída, subestimaram as cargas de ruptura das estacas,
ficando entre 49 e 65% das cargas obtidas pelo método de VAN DER VEEN
(1953).
h.
A análise das tensões laterais unitárias (fs) mostrou que as tensões obtidas pelos
métodos MDRM e da Rigidez foram cerca de 2,20 vezes as tensões previstas pela
metodologia de cálculo proposta por MARQUES (2004).
i.
Foram propostos ajustes na metodologia proposta por MARQUES (2004) para
estacas executadas em solos não saturados da Formação Barreiras. As principais
modificações estão relacionadas ao valor do coeficiente de majoração do atrito
lateral unitário das estacas (β), que passa de 0,85 para 1,80; ao valor limite do N
SPT
a ser utilizado no cálculo da resistência de ponta, que antes era 15 e passa para 20
golpes; aos valores do fator característico do solo (C); e por fim, aos diâmetros dos
bulbos a serem considerados em projeto.
136
Vale destacar que este trabalho é a primeira parte de uma pesquisa maior que será
desenvolvida sobre os mecanismos de transferência e capacidade de carga das estacas
escavadas com bulbos, em solos não saturados da Formação Barreiras, típicos da parte alta
da cidade de Maceió/AL. Diante do exposto, pode-se concluir que os objetivos desta
pesquisa foram alcançados de forma satisfatória.
6.2. SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS
Devido ao pequeno número de dados estudados e à escassez de outros resultados de
provas de carga para análises mais conclusivas, o presente trabalho sugere os seguintes
temas a serem estudados em outras pesquisas, com vistas a aprofundar os conhecimentos
aqui expostos:
Realização de provas de carga instrumentadas em profundidade, com o objetivo de
conhecer o mecanismo de transferência de carga do sistema estaca-solo.
Obtenção de outras medidas geométricas reais de estacas, principalmente dos
bulbos, bem como realização de mais ensaios de provas de carga para avaliação dos
ajustes propostos para a metodologia de MARQUES (2004) para estas estacas nos
solos da Formação Barreiras.
Realização de estudo similar ao desta pesquisa em outros locais da Formação
Barreiras de Maceió.
Comparação entre resultados de provas de carga executadas em épocas distintas do
ano (época seca e chuvosa), assim como execução de ensaios com inundação
prévia do terreno.
Monitoramento da sucção durante os ensaios de provas de carga, e a conseqüente
avaliação da influência da sucção na capacidade de carga das estacas.
137
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145
APÊNDICE A
LEITURAS DAS PROVAS DE CARGA ESTÁTICA
Tabela A.1 – Leituras da prova de carga da estaca E1 – Etapa de carregamento.
1234
2 0,10 0,05 0,01 0,01 0,04
4 0,10 0,05 0,01 0,01
8 0,10 0,05 0,01 0,01
15 0,10 0,05 0,01 0,01
30 0,10 0,05 0,01 0,01 0,04
2 0,31 0,28 0,05 0,05 0,17
4 0,35 0,32 0,06 0,06
8 0,36 0,32 0,06 0,06
15 0,36 0,32 0,06 0,06
30 0,38 0,35 0,06 0,07 0,22
2 0,73 0,67 0,25 0,24 0,47
4 0,80 0,73 0,29 0,28
8 0,80 0,73 0,29 0,28
15 0,80 0,73 0,29 0,28
30 0,83 0,75 0,31 0,29 0,55
2 1,40 1,28 0,73 0,68 1,02
4 1,43 1,30 0,75 0,70
8 1,45 1,32 0,77 0,71
15 1,50 1,36 0,80 0,73
30 1,55 1,40 0,82 0,75 1,13
2 2,16 1,94 1,32 1,20 1,66
4 2,19 1,97 1,36 1,21
8 2,29 2,05 1,42 1,28
15 2,42 2,17 1,52 1,36
30 2,43 2,17 1,52 1,36 1,87
2 3,48 3,15 2,48 2,22 2,83
4 3,53 3,20 2,53 2,28
8 3,56 3,21 2,55 2,30
15 3,60 3,25 2,60 2,33
30 3,65 3,28 2,64 2,36 2,98
275,2
368,2
441,8
515,5
92,1
184,1
RECALQUE
MÉDIO NO TOPO
(mm)
ESTÁGIO
CARGA
(kN)
LEITURAS EXTENSÔMETROS (mm)
TEMPO
(min)
146
Tabela A.1 – Leituras da prova de carga da estaca E1 – Etapa de carregamento
(continuação).
1234
2 4,37 3,96 3,32 3,02 3,67
4 4,42 4,03 3,38 3,06
8 4,57 4,15 3,50 3,18
15 4,65 4,24 3,57 3,22
30 4,69 4,26 3,59 3,25 3,95
2 6,35 5,77 5,15 4,68 5,49
4 6,50 5,92 5,30 4,81
8 6,62 6,03 5,38 4,89
15 6,69 6,09 5,46 4,96
30 6,79 6,18 5,51 5,02 5,88
2 7,78 7,10 6,50 5,90 6,82
4 7,86 7,18 6,53 5,96
8 7,93 7,27 6,61 6,05
15 8,22 7,51 6,87 6,17
30 8,30 7,59 6,93 6,32 7,29
2 9,91 9,22 8,53 7,95 8,90
4 10,19 9,50 8,78 8,18
8 10,40 9,68 8,97 8,35
15 10,48 9,76 9,06 8,45
30 10,54 9,83 9,09 8,50 9,49
2 12,25 11,54 10,83 10,25 11,22
4 12,65 11,90 11,20 10,61
8 12,86 12,12 11,49 10,88
15 13,05 12,35 11,63 11,05
30 13,15 12,43 11,70 11,10 12,10
2 14,80 14,10 13,40 12,81 13,78
4 15,16 14,45 13,75 13,12
8 15,52 14,81 14,12 13,51
15 16,08 15,36 14,66 14,02
30 16,45 15,70 14,96 14,35 15,37
2 20,55 19,75 19,08 18,40 19,45
4 20,91 20,08 19,28 18,75
8 21,33 20,51 19,80 19,09
15 21,83 20,99 20,31 19,58
30 22,25 21,39 20,69 19,98 21,08
10º
11º
12º
ESTÁGIO
CARGA
(kN)
TEMPO
(min)
662,8
589,1
810,0
736,4
LEITURAS EXTENSÔMETROS (mm)
RECALQUE
MÉDIO NO TOPO
(mm)
13º 1031,0
957,3
883,7
147
Tabela A.2 – Leituras da prova de carga da estaca E1 – Etapa de descarregamento.
1234
** 1.031,0 - 23,39 22,54 21,82 21,06 22,20
2 23,39 22,52 21,80 21,03 22,19
4 23,38 22,52 21,80 21,03
8 23,38 22,52 21,80 21,03
15 23,37 22,52 21,79 21,02 22,18
2 22,95 22,19 21,40 20,70 21,81
4 22,95 22,19 21,40 20,70
8 22,94 22,19 21,39 20,69
15 22,92 22,16 21,38 20,68 21,79
2 22,32 21,73 20,82 20,32 21,30
4 22,27 21,71 20,79 20,31
8 22,27 21,70 20,79 20,30
15 22,25 21,69 20,77 20,29 21,25
2 21,92 20,68 19,92 19,75 20,57
4 21,90 20,66 19,91 19,75
8 21,84 20,61 19,85 19,73
15 21,83 20,60 19,85 19,73 20,50
LEITURAS EXTENSÔMETROS (mm)
RECALQUE
MÉDIO NO TOPO
(mm)
ESTÁGIO
CARGA
(kN)
TEMPO
(min)
773,2
515,5
257,7
0
LEITURA
148
Tabela A.3 – Leituras das estacas de reação da prova de carga da estaca E1 – Etapas de
carregamento e descarregamento.
ESTACA 1 ESTACA 2
0
0,12 0,01
30
0,13 0,01
0
0,31 0,03
30
0,33 0,08
0
0,60 0,13
30
0,65 0,25
0
0,76 0,46
30
0,78 0,48
0
0,94 0,62
30
0,98 0,70
0
1,20 0,89
30
1,25 0,96
0
1,45 1,07
30
1,50 1,13
0
1,78 1,55
30
1,95 1,58
0
2,21 1,80
30
2,38 1,93
0
2,79 2,28
30
2,90 2,39
0
3,23 2,73
30
3,45 2,90
0
3,69 3,32
30
4,01 3,61
0
4,70 4,30
30
4,92 4,70
0
4,92 4,75
15
4,90 4,73
0
4,37 4,18
15
4,35 4,16
0
3,73 3,45
15
3,69 3,41
0
2,93 2,32
15
2,88 2,27
17º 0
15º 257,8
16º 128,9
14º 386,6
13º 515,5
11º 441,9
12º 478,7
368,2
10º 405,0
294,6
331,4
220,9
257,8
137,6
184,1
46,1
92,1
ESTÁGIO
CARGA
(kN)
TEMPO
(min)
LEITURAS EXTENSÔMETROS
149
Tabela A.4 – Leituras da prova de carga da estaca E2 – Etapa de carregamento.
12
2 0,08 0,08 0,08
4 0,09 0,09
8 0,09 0,09
15 0,09 0,10
30 0,09 0,11 0,10
2 0,42 0,45 0,44
4 0,44 0,48
8 0,44 0,48
15 0,45 0,49
30 0,45 0,50 0,48
2 0,56 0,85 0,71
4 0,56 0,86
8 0,59 0,88
15 0,60 0,90
30 0,62 0,92 0,77
2 0,74 1,28 1,01
4 0,75 1,30
8 0,77 1,32
15 0,79 1,35
30 0,79 1,35 1,07
2 0,98 1,70 1,34
4 0,99 1,74
8 0,99 1,75
15 1,00 1,75
30 1,00 1,77 1,39
2 1,21 2,10 1,66
4 1,23 2,15
8 1,25 2,17
15 1,25 2,17
30 1,25 2,17 1,71
2 1,52 2,54 2,03
4 1,54 2,57
8 1,59 2,61
15 1,60 2,64
30 1,60 2,65 2,13
2 1,95 3,05 2,50
4 1,99 3,08
8 2,08 3,20
15 2,10 3,22
30 2,13 3,27 2,70
275,2
LEITURAS EXTENSÔMETROS
RECALQUE MÉDIO
NO TOPO (mm)
92,1
184,1
ESTÁGIO
CARGA
(kN)
TEMPO
(min)
662,8
368,2
441,8
515,5
589,1
150
Tabela A.4 – Leituras da prova de carga da estaca E2 – Etapa de carregamento
(continuação).
12
2 2,73 3,88 3,31
4 2,79 3,93
8 2,82 3,98
15 2,85 4,05
30 2,88 4,10 3,49
2 3,60 4,81 4,21
4 3,67 4,92
8 3,71 4,98
15 3,88 5,12
30 3,93 5,22 4,58
2 4,78 6,04 5,41
4 4,95 6,22
8 5,01 6,30
15 5,03 6,32
30 5,06 6,36 5,71
2 6,06 7,34 6,70
4 6,34 7,60
8 6,53 7,82
15 6,67 7,99
30 6,73 8,11 7,42
2 8,40 9,75 9,08
4 8,91 10,26
8 8,97 10,32
15 9,28 10,63
30 9,39 10,78 10,09
2 13,00 14,22 13,61
4 13,58 14,79
8 13,93 15,15
15 14,35 15,56
30 14,73 15,97 15,35
2 18,50 19,65 19,08
4 18,95 20,12
8 19,42 20,58
15 19,95 21,03
30 20,76 21,86 21,31
2 25,95 26,88 26,42
4 26,45 27,33
8 26,92 27,73
15 27,91 28,76
30 28,41 29,26 28,84
2 35,15 35,81 35,48
4 35,25 35,86
8 36,20 36,81
15 36,65 37,26
30 36,93 38,51 37,72
ESTÁGIO
13º 1.031,0
10º
11º
12º
736,4
810,0
883,7
957,3
CARGA
(kN)
TEMPO
(min)
LEITURAS EXTENSÔMETROS
RECALQUE MÉDIO
NO TOPO (mm)
14º 1.104,6
15º 1.178,2
16º 1.251,9
17º 1.325,5
151
Tabela A.5 – Leituras da prova de carga da estaca E2 – Etapa de descarregamento.
12
** 1.251,9
- 41,70 43,24 42,47
2 41,33 43,06 42,20
4 41,33 43,06
8 41,31 43,04
15 41,31 43,03 42,17
2 40,45 41,53 40,99
4 40,43 41,51
8 40,42 41,48
15 40,40 41,46 40,93
2 39,25 40,46 39,86
4 39,25 40,45
8 39,24 40,43
15 39,22 40,44 39,83
2 38,98 38,18 38,58
4 38,97 38,17
8 38,93 38,11
15 38,91 38,08 38,50
RECALQUE MÉDIO
NO TOPO (mm)
ESTÁGIO
CARGA
(kN)
TEMPO
(min)
LEITURAS EXTENSÔMETROS
938,9
625,9
313,0
0
152
Tabela A.6 – Leituras das estacas de reação da prova de carga da estaca E2 – Etapas de
carregamento e descarregamento.
ESTACA 1 ESTACA 2
0
0,00 0,00
30
0,00 0,00
0
0,03 0,08
30
0,03 0,08
0
0,12 0,31
30
0,14 0,31
0
0,21 0,48
30
0,21 0,48
0
0,31 0,68
30
0,31 0,69
0
0,38 0,85
30
0,42 0,86
0
0,50 1,06
30
0,52 1,12
0
0,59 1,36
30
0,62 1,55
0
0,71 1,82
30
0,71 2,05
0
0,78 2,61
30
0,83 2,68
0
0,91 2,90
30
0,98 3,00
0
1,15 3,32
30
1,19 3,41
0
1,35 3,91
30
1,41 3,95
0
1,82 4,69
30
1,90 4,78
0
2,22 5,40
30
2,30 5,42
0
2,63 6,30
30
2,71 6,41
0
3,20 7,24
30
3,32 7,35
0
2,15 6,90
15
2,14 6,90
0
1,40 5,81
15
1,37 5,80
0
0,56 4,45
15
0,55 4,39
0
0,16 2,75
15
0,11 2,68
21º 0
19º 313,0
20º 156,5
17º 662,8
18º 469,5
15º 589,1
16º 626,0
13º 515,5
14º 552,3
11º 441,9
12º 478,7
368,2
10º 405,0
294,6
331,4
220,9
257,8
137,6
184,1
46,1
92,1
ESTÁGIO
CARGA
(kN)
TEMPO
(min)
LEITURAS EXTENSÔMETROS
153
Tabela A.7 – Leituras da prova de carga da estaca E3 – Etapa de carregamento.
1234
2 0,050,120,080,20 0,11
4 0,060,120,090,20
8 0,060,150,100,27
15 0,06 0,18 0,10 0,30
30 0,06 0,20 0,11 0,31 0,17
2 0,250,560,380,77 0,49
4 0,260,580,400,80
8 0,290,590,420,81
15 0,29 0,60 0,42 0,82
30 0,31 0,60 0,43 0,82 0,54
2 0,751,200,941,50 1,10
4 0,761,210,951,50
8 0,761,210,961,50
15 0,76 1,21 0,96 1,51
30 0,76 1,21 0,96 1,51 1,11
2 1,512,161,862,60 2,03
4 1,552,201,882,61
8 1,602,271,962,70
15 1,69 2,35 2,04 2,78
30 1,73 2,41 2,06 2,82 2,26
2 3,604,373,964,88 4,20
4 3,604,413,994,91
8 3,634,464,054,96
15 3,63 4,46 4,05 4,96
30 3,66 4,48 4,10 4,99 4,31
2 6,967,957,558,60 7,77
4 7,028,007,578,65
8 7,158,107,668,73
15 7,45 8,43 7,98 9,08
30 7,52 8,50 8,06 9,16 8,31
184,1
368,2
515,5
662,8
810,0
957,3
LEITURAS EXTENSÔMETROS (mm)
RECALQUE
MÉDIO NO TOPO
(mm)
ESTÁGIO
CARGA
(kN)
TEMPO
(min)
154
Tabela A.7 – Leituras da prova de carga da estaca E3 – Etapa de carregamento
(continuação).
1234
2 14,30 15,42 14,98 15,25 14,99
4 14,35 15,47 15,00 16,28
8 14,45 15,60 15,11 16,40
15 14,99 16,15 15,67 16,95
30 15,15 16,32 15,82 17,10 16,10
2 23,68 24,98 24,50 25,92 24,77
4 23,75 25,06 24,55 25,99
8 24,43 25,73 25,25 26,70
15 24,65 25,93 25,45 26,91
30 25,05 26,41 25,95 27,41 26,21
2 34,78 36,30 35,75 37,43 36,07
4 34,90 36,39 35,86 37,48
8 35,45 36,98 36,51 38,12
15 36,55 38,10 37,56 39,22
30 36,80 38,31 37,77 39,41 38,07
2 46,30 48,02 47,42 49,20 47,74
4 46,40 48,06 47,51 49,25
8 47,05 48,70 48,28 49,82
15 47,22 48,77 48,31 49,95
30 47,39 48,99 48,52 50,18 48,77
RECALQUE
MÉDIO NO TOPO
(mm)
1.118,24
1.251,88
1.399,16
ESTÁGIO
CARGA
(kN)
TEMPO
(min)
LEITURAS EXTENSÔMETROS (mm)
10º 1.472,80
Tabela A.8 – Leituras da prova de carga da estaca E3 – Etapa de descarregamento.
1234
** 1.472,8 - 48,99 50,75 50,11 51,45 50,33
2 48,96 50,61 50,07 51,37 50,25
4 48,96 50,61 50,07 51,37
8 48,95 50,60 50,07 51,37
15 48,94 50,60 50,07 51,37 50,25
2 48,68 50,26 49,71 51,09 49,94
4 48,68 50,25 49,70 51,09
8 48,67 50,25 49,70 51,08
15 48,66 50,24 49,70 51,07 49,92
2 47,99 49,52 48,81 50,52 49,21
4 47,98 49,51 48,81 50,51
8 47,91 49,47 48,78 50,47
15 47,88 49,95 48,77 50,46 49,27
2 46,88 47,99 47,56 49,78 48,05
4 46,85 47,94 47,53 49,74
8 46,82 47,91 47,50 49,72
15 46,80 47,91 47,50 49,70 47,98
1.104,6
736,4
368,2
0
RECALQUE
MÉDIO NO TOPO
(mm)
ESTÁGIO
CARGA
(kN)
TEMPO
(min)
LEITURAS EXTENSÔMETROS (mm)
155
Tabela A.9 – Leituras das estacas de reação da prova de carga da estaca E3 – Etapas de
carregamento e descarregamento.
ESTACA 1 ESTACA 2
0
0,01 0,06
30
0,01 0,07
0
0,04 0,16
30
0,10 0,45
0
0,11 0,56
30
0,18 0,76
0
0,22 1,12
30
0,29 1,21
0
0,35 1,56
30
0,40 1,61
0
0,56 2,10
30
0,62 2,18
0
0,91 2,70
30
1,00 2,85
0
1,52 3,42
30
1,60 3,55
0
1,95 4,37
30
2,05 4,48
0
3,72 5,25
30
3,75 5,41
0
3,83 5,57
15
3,83 5,56
0
3,40 4,48
15
3,37 4,46
0
2,70 3,10
15
2,68 3,07
0
1,35 1,80
15
1,16 1,40
13º 184,1
14º 0
11º 552,3
12º 368,2
699,6
10º 736,4
559,1
625,9
405,0
478,7
257,7
331,4
92,1
184,1
ESTÁGIO
CARGA
(kN)
TEMPO
(min)
LEITURAS EXTENSÔMETROS
156
Tabela A.10 – Leituras da prova de carga da estaca E4 – Etapa de carregamento.
12
2 0,28 0,35 0,32
4 0,28 0,36
8 0,30 0,36
15 0,30 0,37
30 0,31 0,37 0,34
2 0,92 0,85 0,89
4 0,95 0,86
8 0,96 0,86
15 0,98 0,88
30 0,98 0,90 0,94
2 2,73 2,57 2,65
4 2,75 2,58
8 2,78 2,59
15 2,81 2,59
30 2,81 2,59 2,70
2 5,50 5,30 5,40
4 5,55 5,34
8 5,64 5,44
15 5,68 5,47
30 5,70 5,50 5,60
2 9,10 9,12 9,11
4 9,11 9,15
8 9,15 9,19
15 9,19 9,23
30 9,20 9,25 9,23
2 12,85 13,05 12,95
4 12,88 13,06
8 12,96 13,14
15 12,99 13,18
30 13,02 13,22 13,12
2 17,55 17,72 17,635
4 17,76 17,99
8 17,81 18,09
15 17,88 18,19
30 17,88 18,19 18,035
2 22,81 23,05 22,93
4 22,84 23,07
8 22,95 23,19
15 23,08 23,32
30 23,21 23,46 23,335
2 27,8 27,95 27,875
4 28,03 28,21
8 28,12 28,3
15 28,29 28,45
30 28,56 28,73 28,645
2 32,15 32,8 32,475
4 32,31 32,98
8 32,46 33,1
15 32,73 33,34
30 33,03 33,62 33,325
10º
1.104,6
1.251,9
1.399,2
1.491,2
957,3
515,5
662,8
810,0
LEITURAS EXTENSÔMETROS
RECALQUE MÉDIO
NO TOPO (mm)
184,1
368,2
ESTÁGIO
CARGA
(kN)
TEMPO
(min)
157
Tabela A.11 – Leituras da prova de carga da estaca E4 – Etapa de descarregamento.
12
** 149.121 - 34,56 34,83 34,70
111.841 2 34,36 34,72 34,54
4 34,36 34,72
8 34,36 34,71
15 34,35 34,70 34,53
74.561 2 33,58 34,15 33,87
4 33,58 34,15
8 33,56 34,14
15 33,56 34,13 33,85
37.280 2 32,52 33,18 32,85
4 32,51 33,18
8 32,51 33,18
15 32,51 33,17 32,84
0 2 31,00 31,75 31,38
4 30,96 31,70
8 30,91 31,66
15 30,79 31,58 31,19
RECALQUE MÉDIO
NO TOPO (mm)
ESTÁGIO
CARGA
(kN)
TEMPO
(min)
LEITURAS EXTENSÔMETROS
158
Tabela A.12 – Leituras das estacas de reação da prova de carga da estaca E4 – Etapas de
carregamento e descarregamento.
ESTACA 1 ESTACA 2
0
0,06 0,03
30
0,06 0,03
0
0,18 0,30
30
0,20 0,30
0
0,28 0,36
30
0,31 0,39
0
0,39 0,50
30
0,41 0,52
0
1,55 6,04
30
1,58 6,04
0
2,72 15,35
30
2,75 15,38
0
3,20 26,40
30
3,24 26,71
0
4,51 42,03
30
4,92 42,27
0
5,10 53,35
30
5,45 54,60
0
7,65 74,78
30
7,86 75,03
0
7,81 75,25
15
7,80 75,23
0
6,07 73,80
15
6,03 73,76
0
5,18 71,88
15
5,12 71,80
0
4,72 70,73
15
4,66 70,68
559,203
372,8025
186,4012
0
11º
12º
13º
14º
699,6
10º 745,6
552,3
625,9
405,0
478,7
257,7
331,4
92,1
184,1
ESTÁGIO
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TEMPO
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LEITURAS EXTENSÔMETROS
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