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SUSAN DE CÁSSIA ALEXANDRE
AVALIAÇÃO DE ÁREA CONTAMINADA POR MERCÚRIO TOTAL
EM DESCOBERTO – MINAS GERAIS
Tese apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, como parte das
exigências do Programa de Pós Graduação
em Engenharia Civil, para obtenção do título
de Magister Scientiae.
VIÇOSA
MINAS GERAIS, BRASIL
2006
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ii
SUSAN DE CÁSSIA ALEXANDRE
AVALIAÇÃO DE ÁREA CONTAMINADA POR MERCÚRIO TOTAL
EM DESCOBERTO – MINAS GERAIS
Tese apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, como parte das
exigências do Programa de Pós Graduação
em Engenharia Civil, para obtenção do título
de Magister Scientiae.
APROVADA: 28 de abril de 2006.
____________________________________
Profª Izabel Christina D. D. Azevedo
(Conselheira)
________________________________
Profª Ann Honor Mounteer
(Conselheira)
_________________________________
Profª Cristina Maria Magalhães de Souza
_________________________________
Prof. Raphael Bragança Alves Fernandes
_______________________________________
Prof. Eduardo Antônio Gomes Marques
(Orientador)
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iii
Aos meus pais, por todos esses anos de paciência e
confiança, pelo incentivo aos estudos e pelo apoio que
sempre me deram na realização de meus projetos.
Aos meus amados irmãos Leandro, Renata, Samara e
Leonardo, que sempre me indagavam pelo andamento da
dissertação e que vibraram quando informei sobre seu
término.
Ao Carlos Henrique fonte de permanente de incentivo para
realização deste trabalho, pelo apoio, companheirismo e
paciência.
Aos meus amigos.
A todos vocês dedico este trabalho.
iv
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador professor Eduardo Antônio Gomes Marques, a atenção,
competência, e disposição de sempre.
Ao amigos Adonai, José Fernando, Ana e Célia, pela colaboração no
desenvolvimento deste trabalho.
Aos professores e amigos do Departamento de Engenharia Civil.
Aos professores componentes da banca examinadora meu agradecimento
pela gentileza com que se dispuseram a ler, comentar e propor sugestões para
melhorias.
A FAPEMIG e a CAPES, pelo apoio financeiro.
Por fim, a todas as pessoas que contribuíram direta ou indiretamente,
conscientemente ou não, para a conclusão desta pesquisa.
A todos, muito obrigado.
iv
CONTEÚDO
LISTA DE TABELAS .........................................................................................vi
LISTA DE FIGURAS.........................................................................................vii
RESUMO....................................................................................................... viii
ABSTRACT...................................................................................................... ix
1. INTRODUÇÃO...............................................................................................1
2. OBJETIVOS ..................................................................................................5
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .........................................................................6
3.1. Propriedades do mercúrio.......................................................................6
3.2. Espécies químicas de mercúrio...............................................................7
3.3. Emissões globais de mercúrio.................................................................9
3.4. Ciclo biogeoquímico do mercúrio ..........................................................12
3.4.1. Alquilação do Mercúrio................................................................................15
3.4.2. Comportamento químico do mercúrio no solo...........................................18
3.4.3. Comportamento químico do mercúrio na água.........................................19
3.5. O mercúrio no Brasil..............................................................................21
3.6. Impactos do Mercúrio no Meio Ambiente..............................................22
4. MATERIAL E MÉTODOS............................................................................ 26
4.1. Área de estudo......................................................................................26
4.2. Material.................................................................................................. 28
4.3. Metodologia...........................................................................................31
4.4. Coleta de Amostras...............................................................................35
4.5. Análises Realizadas.............................................................................. 37
4.5.1. Análises das amostras de água............................................................ 37
4.5.2. Ensaios em Solos e Sedimentos.......................................................... 37
5. RESULTADOS............................................................................................39
v
5.1. Resultados das análises de água..........................................................39
5.2. Resultados das análises de solo..................................................................41
5.3. Resultados das análises de sedimentos.....................................................45
6. DISCUSSÃO................................................................................................46
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................ 49
vi
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1. Características físico-químicas do mercúrio
.......................................
6
Tabela 3.2. Principais espécies químicas de mercúrio em amostras ambientais e
biológicas
7
Tabela 3.3. Exemplo de fontes de antrópicas de emissão de mercúrio
................
10
Tabela 3.4. Estimativas das emissões globais de mercúrio para a atmosfera
......
10
Tabela 3.5. Estimativas das emissões de mercúrio atmosférico no Brasil
12
Tabela 3.6. Concentrações típicas de Hg nos diferentes compartimentos
ambientais.........................................................................................
...
12
Tabela 3.7. Características físico-químicas do metilmercúrio
.................................
16
Tabela 3.8. Concentrações de mercúrio em águas naturais de diversas
procedências..................................
......................................................
20
Tabela 3.9. Valores máximos permitidos de mercúrio nas diferentes classes de
corpos d’água
.......................................................................................
23
Tabela 3.10.
Valores orientadores para solo e água subterrânea para detecção
de contaminação por mercúrio............................................................
25
Tabela 5.1. Resultados do pH e DBO das amostras de água...................
............
39
Tabela 5.2. Concentração de mercúrio na água...................................................
40
Tabela 5.3. Resultado do ensaio de Granulometria conjunta das amostras de
solos e sedimentos..............................................................................
42
Tabela 5.4. Resultados das análises químicas em solos
........................................
43
Tabela 5.5. Resultados das análises químicas em sedimentos
............................
50
vii
LISTA DE FIGURAS
Figura 3.1. Distribuição espacial das emissões globais de mercúrio
.....................
11
Figura 3.2. O ciclo do mercúrio.
.............................................................................
15
Figura 4.1. Mapa de localização do município de Descoberto no Estado de
Minas Gerais.
........................................................................................
26
Figura 4.2. Vista geral do vale do Ribeirão do Grama, Município de Descoberto,
MG ........................................
...............................................................
27
Figura 4.3. Mapa topográfico da calha do Ribeirão do Grama.
.............................
28
Figura 4.4. Foto mostrando a haste com o frasco na ponta, para coleta de
amostras de água................................................................................
29
Figura 4.5. Foto do amostrador de sedimento.
......................................................
30
Figura 4.6. Foto do trado de aço inox...................................................................
30
Figura 4.7. Modelo de Elevação do vale do Ribeirão do Grama
............................
33
Figura 4.8. Mapa de detalhe da área mais a jusante no Ribeirão do Grama.
.......
34
Figura 4.9. Mapa com a localização das amostras...............................................
36
Figura 5.1. Teor de mercúrio presente nas amostras de água .
............................
41
Figura 5.2. Teor de mercúrio presente nas amostras de solo .
..............................
44
Figura 5.3. Teor de mercúrio presente nas amostras de sedimento
......................
45
viii
RESUMO
ALEXANDRE, Susan de ssia, M.S., Universidade Federal de Viçosa, abril de 2006.
Avaliação de área contaminada por mercúrio total em Descoberto Minas
Gerais. Orientador: Eduardo Antônio Gomes Marques. Conselheiros: Izabel
Christina D Almeida Duarte de Azevedo e Ann Honor Mounteer.
A questão da contaminação do meio ambiente por metais pesados é um
dos principais objetos de estudo das ciências que lidam com o meio ambiente
físico, na atualidade. O mercúrio se destaca neste contexto, devido à sua
elevada toxicidade e grande mobilidade nos ecossistemas. No Brasil, a
questão da contaminação do meio ambiente pelo mercúrio é mais preocupante
nas áreas de garimpos de ouro, que representam a fonte emissora de mercúrio
antrópico mais importante. Relatos recentes também apontam para a
ocorrência de pequenas contaminações a partir de consultórios odontológicos.
No município de Descoberto foi detectado mercúrio metálico, provavelmente,
devido á exploração de ouro que existiu na região no culo XIX. O contato
inicial com o metal foi realizado por moradores da área rural, devido a um corte
efetuado no terreno, após longo período chuvoso, que provocou o afloramento
do mercúrio, em sua forma líquida. O objetivo deste trabalho é avaliar o grau
de contaminação de algumas das áreas possivelmente contaminadas (em
superfície e subsuperfície), a fim caracterizá-las fisicamente. Além disso,
espera-se, poder determinar a variação dos possíveis teores de contaminação
ao longo de um ano hidrológico. Especificamente, procurou-se detectar teores
de mercúrio em amostras de água, solos e sedimentos de alguns corpos
d’água que ocorrem na região. A metodologia adotada permitiu comprovar a
existência de elevados teores de mercúrio nas águas do Ribeirão do Grama,
bem como teores consideráveis nos solos e sedimentos desta microbacia.
ix
ABSTRACT
ALEXANDRE, Susan de Cássia, M.S., Universidade Federal de Viçosa, April, 2006.
Evaluation of polluted area by total mercury at Descoberto Minas Gerais.
Adviser: Eduardo Antônio Gomes Marques. Committee Members: Ann Honor
Mounteer and Izabel Christina D Almeida Duarte de Azevedo.
At this time an environmental contamination by heavy metals is the main
subject of science’s studies. In this context mercury highlight due its high
toxicity and great mobility by ecosystems. In Brazil, the environment
contamination by mercury is the worried question in areas of gold’s mines, that
represent the most important source of anthropogenic mercury. Recent reports
also look the occurrence upon to small contaminations starting from dentist’s
clinics. At Descoberto municipal district metallic mercury was detected,
probably, due gold exploration that happened by this area in the century XIX.
The first contact with this metal happened by residents from rural area. Human
activities changes the local topography followed by a long rainy period allow
rainfall infiltrates the ground and released mercury liquid. This work’s subject is
to evaluate a degree of contamination from possible polluted areas (in a surface
and subsurface) and by the way characterize it. Besides it is intended to
determine the possible tenors variation of the contamination along one
hydrologic year. In specific case, it tried to detect tenors mercury in samples of
water, soils and sediments from water bodies located in this area. The adopted
methodology allowed to prove an existence of high mercury tenors in waters
from Ribeirão do Grama like a considerable tenors in soils and sediments of
this drainage basin.
1
1. INTRODUÇÃO
A agressão antrópica ao meio ambiente tem sido considerada sob diversas
formas. No Brasil, a abordagem ao tema contaminação do meio físico” é recente,
mas tem recebido bastante atenção devido à crescente demanda por conhecimento
sobre os efeitos e dinâmica das diferentes formas de contaminação.
A questão da contaminação do meio ambiente por metais pesados é um dos
principais objetos de estudo das ciências que lidam com o meio ambiente físico, na
atualidade. Isso se deve ao fato de que as diversas atividades industriais e agrícolas
geram efluentes que contêm uma ampla variedade dessas espécies químicas, como
o Cd, Pb e Hg, que estão geralmente associados à poluição ambiental, devido à sua
toxicidade e propriedade de acumulação em organismos.
O mercúrio se destaca neste contexto, devida à sua elevada toxicidade e
grande mobilidade nos ecossistemas. Este metal pode ser encontrado em todas as
esferas do ambiente, sendo liberado a partir de fontes naturais (gaseificação da
crosta terrestre, emissões vulcânicas e evaporação natural de corpos d’água) e
antrópicas, como por exemplo, a queima de combustíveis sseis e a mineração de
ouro e prata.
Na superfície terrestre o mercúrio pode ser depositado em solos e em
ambientes aquáticos, onde sofre transformações físico-químicas, chegando a formar
compostos organometálicos, como o metilmercúrio, que podem ser absorvidos por
organismos, como, por exemplo, peixes, atingindo assim o homem.
A presença de mercúrio no corpo humano ocasiona grandes danos à saúde.
Devido à sua acumulação progressiva e irreversível, ele se deposita nos tecidos,
causando lesões graves, principalmente, nos rins, fígado, aparelho digestivo e
sistema nervoso central.
Desde a década de 1960, o mercúrio tem despertado atenção devido à sua
grande capacidade destruidora da saúde humana, o que pôde ser observado em
2
alguns acidentes ocorridos no Japão, causado pela eliminação de metilmercúrio em
corpos d’água e, no Iraque, Irã, Paquistão e Guatemala, causados, pelo uso de
compostos de mercúrio como fungicidas para tratamento de sementes de grãos.
Após estes incidentes houve proibição do descarte de mercúrio em corpos hídricos
por parte das nações industrializadas, e sua utilização como fungicida em sementes
de alimentos foi proibida em vários paises, inclusive no Brasil.
No Brasil, a questão da contaminação do meio ambiente pelo mercúrio é mais
preocupante nas áreas de garimpos de ouro, que representam a fonte emissora de
mercúrio antrópico mais importante. Relatos recentes tamm apontam para a
ocorrência de pequenas contaminações a partir de consultórios odontológicos.
A utilização sem critérios desse material na amalgamação do ouro desde
1850, em condições precárias, tornou crítica a situação dessas áreas, que se
encontram principalmente na região amazônica, e que vêm sendo foco de vários
estudos. Entretanto, algumas ocorrências vêm evidenciando a necessidade de
pesquisas em outras reges que utilizam ou utilizaram o mercúrio no processo de
apuração do ouro, principalmente, em épocas passadas, como é o caso do estado
de Minas Gerais.
Em Minas Gerais, no município de Descoberto, situado a 370 km de Belo
Horizonte, Zona da Mata do estado de Minas Gerais, o metal foi encontrado por
acaso em 2002, quando um morador da zona rural fazia correções na estrada de
acesso à sua propriedade. Um corte efetuado no terreno, após longo período
chuvoso, provocou o afloramento do mercúrio, em sua forma líquida.
Nesta região moram 74 famílias, num total de 300 pessoas. A área em torno
do foco, com cerca de 450 ha, é constituída por mata natural, muitas nascentes e
cachoeiras, e diversas espécies de fauna e flora. Para piorar a situação, o sistema
de captação de água que serve à cidade de Descoberto, que está sob a
responsabilidade da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA), está
situado à jusante da área afetada.
A matéria abaixo foi publicada no jornal Tribuna de Minas em 20 de março de
2003, e descreve, sucintamente, o problema:
Segundo registros históricos, o local foi cobiçado por garimpeiros que
descobriram ouro na serra, que, mais tarde deu origem à cidade de
Descoberto. Uma empresa inglesa explorou minas de ouro, na região,
3
até 1892, com a utilização de mercúrio no processo de apuração deste
metal.
Os moradores realizaram uma coleta do material exposto, perfazendo
um total de cerca de 600 gramas. Este material foi enviado ao Ministério
Público de São João Nepomuceno e à COPASA concessionária da
exploração da bacia hidrográfica local.
No dia 21 de fevereiro de 2003 o Secretário Municipal de Descoberto
acionou a Vigilância Ambiental da Diretoria Regional de Saúde de Juiz
de Fora que foi ao local e elaborou um relatório da situação atual.
Relatório este que serviu para acionar os órgãos ambientais tais como
FEAM, Secretaria Estadual de Saúde e Vigilância Sanitária, FUNASA,
etc.
Hoje, existe uma comissão formada entre os municípios de São João
Nepomuceno e de Descoberto e os órgãos ambientais pertinentes,
visando elaborar um sistema de gerenciamento da área contaminada e
sua possível remediação.
Profissionais de saúde pública investigam se correlação de casos de
anomalias com mercurialismo intoxicação por mercúrio. Haja vista a
existência de um Relatório preliminar de Vigilância Epidemiológica que
aponta mortes por insuficiência renal crônica e neoplasias, e fetos com
anencefalia (ausência total ou parcial de cérebro), entre 2000 e 2002.
Há, ainda, registro de criança com focomelia (atrofia ou ausência de
braços e pernas).
As anomalias foram detectadas na população que mora na área
contaminada. O relatório não é conclusivo e a investigação prossegue.
A prefeitura de Descoberto reforça o pedido de apoio feito à Secretaria
de Estado de Saúde e admite que não tem recursos para assumir ações
de prevenção, investigação e correção do problema.
A inclusão deste tema nos programas de vigilância visa atender aos
critérios recomendados pela Organização Mundial da Saúde, segundo os
quais o mercúrio metálico constitui substância química prioritária para
atividades de vigilância.
Esses critérios referem-se à gravidade dos efeitos de uma substância
sobre o organismo humano, localização e concentração do agente no
4
ambiente, persistência no meio ambiente, transformação ambiental e
características da população exposta.”
A região apresenta uma preocupante contaminação ambiental de dimensão
ainda desconhecida. Tem-se notícia da existência de contaminação em diversas
áreas situadas nas proximidades do foco. Neste sentido, este trabalho vem contribuir
com os estudos que vêm sendo realizados na região.
5
2. OBJETIVOS
O objetivo deste trabalho é avaliar o grau de contaminação por mercúrio
metálico de algumas das áreas possivelmente contaminadas (em superfície e
subsuperfície) no município de Descoberto, Minas Gerais, a fim caracterizá-las física
e quimicamente. Com os dados obtidos, pretende-se poder determinar a variação
dos possíveis teores de contaminação ao longo de um ano hidrológico.
6
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1. Propriedades do mercúrio
O mercúrio é liquido a temperatura ambiente, sendo conhecido e usado
pela humanidade, pelo menos, 3500 anos. Desde o século VI a.C. o mercúrio
era usado como medicamento na China e na Índia. A utilização do mercúrio no
processo de amalgamação do ouro já era conhecida pelos fenícios em 2700 a.C. Se
não estiver confinado e submerso, à temperatura ambiente o mercúrio metálico
evaporará e formará vapores monoatômicos de mercúrio, sem cor e inodoros. A
350°C, o elemento oxida-se rapidamente, produzindo o óxido mercúrico (HgO) de
cor vermelha. Ele é capaz de dissolver o ouro, a prata, o chumbo e os metais
alcalinos, formando ligas relativamente consistentes (amálgamas). Suas
características físico-químicas são apresentadas na Tabela 3.1 (Steinnes, 1995;
Souza e Barbosa, 2000; UNEP, 2002; Azevedo, 2003; Olivares, 2003).
Tabela 3.1. Características físico-químicas do mercúrio
Propriedade Valor Propriedade Valor
Classificação periódica Grupo IIB Potencial de ionização 10,43 eV
Número amico 80 Condutividade térmica 8,34 W/(m·K)
Massa atômica 200,59 uma Condutividade elétrica 1,04 x 10
6
m
-1
·
-1
Isótopos naturais 196, 198, 199, 200,
201, 202, 204
Potencial de oxidação Hg --> Hg
+2
+ 2e
-
- 0,788 V
Densidade 13579,04 kg/m
3
Elétrons de valência 6 s
2
Ponto de fusão –38°C Raio iônico (Hg
2+
) 1,10 Å
Ponto de ebulição 357°C Forma cristalina Romboédri ca
Calor específico 140 J/(kg·K) Pressão de vapor 0,0002 Pa a (-38°C)
Fonte: Olivares (2003)
O sulfeto de mercúrio, minério denominado cinábrio, contém maior percentual
de mercúrio (86,2% do metal), com quantidade suficiente para extração mineral. O
cinábrio é encontrado em rochas próximas de atividades vulcânicas recentes, em
7
veios ou fraturas minerais e, em áreas próximas de fontes de água termais, cujas
maiores reservas encontram-se em Almaden (Espanha) (Micaroni et al., 2000;
Araújo, 2003; Azevedo, 2003).
No Brasil, houve mineração de mercúrio (cinábrio) na região de Ouro Preto
até fins do século XVII. Estas antigas lavras subterrâneas encontram-se hoje
exauridas e abandonadas.
3.2. Espécies químicas de mercúrio
O mercúrio ocorre naturalmente no meio ambiente e existe em um grande
número de espécies químicas. As principais espécies do mercúrio o o mercúrio
elementar e as espécies orgânicas e inorgânicas, sendo que as formas mais comuns
no meio ambiente são os compostos mercuriais orgânicos e inorgânicos. Essas
diferentes espécies apresentam solubilidade, reatividade e toxicidade diferentes,
conseqüentemente comportam-se de diferentes modos no meio ambiente,
provocando distintos impactos nos ecossistemas e na saúde. A tamm influi no
transporte do mercúrio dentro dos compartimentos ambientais (U.S.EPA, 1997;
Nakahara, 1983, citado por Marins et al., 2002; UNEP, 2002).
As principais espécies de mercúrio presentes em amostras ambientais e
biológicas são apresentadas na Tabela 3.2.
Tabela 3.2. Principais espécies químicas de mercúrio em amostras ambientais e biológicas
Mercúrio elementar Hg°
Espécie inorgânica Íon mercúrico
Íon mercuroso
Sulfeto de mercúrio
Hg
2+
Hg
+
HgS
Espécie orgânica Metilmercúrio
Etilmercúrio
Fenilmercúrio
Dimetilmercúrio
CH
3
Hg
+
C
2
H
5
Hg
+
C
6
H
5
Hg
+
(CH3)
2
Hg
Fonte: Morita et al. (1998)
Compostos inorgânicos de mercúrio, tamm chamados de sais de mercúrio,
são formados a partir da combinação dos íons Hg(I) e Hg(II) com elementos como
cloro, enxofre e oxigênio, e se apresentam, em sua maioria em forma de ou
8
cristal branco, com exceção do sulfeto de mercúrio (HgS), que é vermelho e fica
preto quando exposto à luz. Os sais de mercúrio são suficientemente voláteis para
existirem como gás, porém sua solubilidade e reatividade levam a uma deposição
mais rápida que o elemento mercúrio. Suas propriedades físico-químicas estão
relacionadas ao ânion ao qual o metal está ligado. O sulfato de mercúrio, por
exemplo, possui elevada solubilidade em água, enquanto o cloreto de mercúrio é
bastante solúvel em solventes orgânicos (UNEP, 2002; Azevedo, 2003; Adeniji,
2004).
Quando se liga ao carbono, através de ligação covalente C-Hg, o mercúrio
forma compostos orgânicos chamados organomercuriais que são encontrados
principalmente no solo e na água. Esses compostos são do tipo R
2
Hg e RHgX, onde
X representa átomos ou grupos como cloro, bromo, iodo, cianeto e hidroxila, e R
representa um agrupamento orgânico, como o radical metila (CH
3
). A ligação
carbono-mercúrio é quimicamente estável, não sendo rompida em água e nem por
ácidos ou bases fracos (U.S.EPA, 1997; Mayasa, 2001; UNEP, 2002; Johasen e
Hawkins, 2003; OMS, 1978, citado por Azevedo, 2003).
Os compostos organomercuriais são, em sua maioria, representados pelo
metilmercúrio, que é a espécie mais tóxica do mercúrio, sendo facilmente
incorporada pela biota. O metilmercúrio é a principal causa das doenças e
intoxicações por mercúrio que causaram grandes desastres como o da baia
Minamata no Japão, onde uma fábrica, lançou metilmercúrio como resíduo nas
águas da baía, contaminando os peixes e, conseqüentemente, a população. A
toxicidade do metilmercúrio deve-se ao fato de ser totalmente absorvido pelo trato
gastrointestinal e ser lentamente eliminado, ultrapassar a barreira encefálica e
placentária, além de ser eliminado pelo leite materno. A principal forma de
intoxicação por metilmercúrio é a ingestão de peixes e mariscos (Fadini, 1999;
Clarkson, 1994, citado por Marins et al., 2002; UNEP, 2002; Azevedo, 2003).
O mercúrio metálico, que também foi muito usado na medicina antiga, é
pouco tóxico, sendo raro o envenenamento. Ele praticamente não é absorvido pelo
contato com a pele e, mesmo quando ingerido, não causa maiores males. Sua
exposição ocorre principalmente quando respirado como vapor onde pode ser
absorvido pelos pulmões. A principal forma de exposição aos vapores de mercúrio
ocorre durante a queima do amálgama nos garimpos de ouro, mas o principal
9
caminho à exposição da população em geral ao mercúrio elementar é o amálgama
dental (Souza e Barbosa, 2000; UNEP, 2002; Jacobi, 2003).
3.3. Emissões globais de mercúrio
O mercúrio é liberado ou reemitido para a atmosfera através de um grande
número de fontes naturais e antrópicas (Michelazzo, 2003).
Emissões de mercúrio naturais são definidas como a mobilização ou liberação
de mercúrio existente naturalmente na crosta terrestre através de processos
naturais, com transferência de massa de mercúrio para a atmosfera. As emissões
antrópicas são caracterizadas por mobilização ou liberação de mercúrio por
atividades humanas, com transferência de massa de mercúrio para a atmosfera. A
reemissão de mercúrio é a transferência para a atmosfera, através de processos
geológicos e biológicos, do mercúrio depositado no solo, que foi previamente emitido
por atividades humanas ou naturais (U.S.EPA, 1997).
Emissões naturais de mercúrio para o ambiente originam-se de solo e
vegetação, queima de floresta, superfícies de águas, e fontes geológicas (como
emissões da crosta terrestre, atividades vulcânicas, e terremotos) (OECD, 1995).
As emissões antrópicas, de acordo com a Agência de Proteção Ambiental
Americana podem ser divididas em fontes pontuais e fontes difusas. As emissões de
fontes difusas são definidas como emissões tipicamente pequenas, porém
numerosas e, normalmente, não podem ser geograficamente localizadas. As
emissões de fonte pontual são as fontes antrópicas associadas a um ponto
geográfico fixo. As emissões pontuais são subdivididas em combustão, produção
industrializada e fontes mistas. Exemplos de fontes antrópicas de emissão de
mercúrio são apresentados na Tabela 3.3 (U.S.EPA,1997).
10
Tabela 3.3. Exemplo de fontes de antrópicas de emissão de mercúrio de acordo com a classificação
U.S.EPA
Fontes Potuais Fontes Difusas
Combustão Produção Industrial Fontes Mistas
Quebra de lâmpadas
Tintas
Uso em laboratório
Amálgamas
odontológicos
Fontes móveis
(veículos
automotores)
Depósitos de resíduos
lidos
Queimas agrícolas
Caldeiras
(industriais,
comercial,
residenciais)
Carvão
óleo e gás
Fogões a lenha
Incineração de
resíduos urbanos,
hospitalares e
industriais
Incineração de lodo
de estações de
tratamento de esgotos
Cloro-soda
Cal e cimento
Mercúrio metálico e
compostos de mercúrio
Baterias e aparatos eletro-
eletrônicos
Pirometalurgia Pb, Zn, Cd,
Cu
Refinarias de petróleo
Instrumentos (termômetro,
etc)
Polpa e papel
Reciclagem de lâmpadas
fluorecentes
Catalisadores
de mercúrio
Produção de
pigmento
Produção de
explosivos
Fonte: U.S.EPA (1997)
Na Tabela 3.4 são apresentadas as estimativas de diferentes autores para as
emissões globais naturais e antrópicas de mercúrio.
Tabela 3.4. Estimativas das emissões globais de mercúrio para a atmosfera (ton/ano)
Emissões antrópicas Emissões Naturais Total
Lantzy et al. 1979
11000 (para 1975) - -
Lindqvist et al 1984
2000-10000 <15000 2000 - 25000
Nriagu y Pacyna
1988, Nriagu 1989
3560 (910-6200)
2500 (100 - 4900) 6060 (1010-11100)
Fitzgerald 1986
2000 3000 - 4000 5000-6000
Lindqvist et al 1991
4500 (3000-6000) 3000 (2000-9000) 7500 (5000-15000)
Pirrone et al. 1996
2199 (para 1992) (2200-3200)
Porcella et al. 1996
(2000) - (5000-6000)
Fonte: OECD (1995), MAYASA (2002)
A emissão de mercúrio na atmosfera por diferentes países não é homogênea.
A quantidade emitida não varia apenas pela diferença territorial de cada país ou o
número de habitantes. Diferentes fontes apresentam diferentes contribuições para
11
emissão de mercúrio as quais são mais ou menos significativas para cada país
(Olivares, 2003).
O Canadá estimou que sua emissão antrópica de mercúrio atmosférico para o
ano de 1995 foi de 11.109 kg. Os Estados Unidos apresentaram uma taxa de
emissão de 158.100 kg/ano, referente ao ano de 1995. A maior contribuição é
devida à queima de carvão em caldeiras, para produção de energia elétrica (51.600
kg/ano), seguido da combustão de lixo municipal (29.600 kg/ano) e queima de
carvão em caldeiras industriais (20.700 kg/ano) (U.S.EPA, 1997; Submission by
Canada to UNEP Global Mercury Assessment, 2001).
As emissões européias de mercúrio de fontes antrópicas para a atmosfera
diminuíram de aproximadamente 630 toneladas em 1990, para 340 toneladas em
1995 e para, aproximadamente, 200 toneladas em 2000. (Pacyna, 1996; Pacyna et
al., 2001; EMEP MSC-W, 2002 citado por Pacyna et al.,2002).
A Figura 3.1 apresenta a distribuição espacial das emissões de mercúrio em
toneladas por ano.
Figura 3.1. Distribuição espacial das emissões globais de mercúrio (ton/ano/m²). Fonte: UNEP
(2002)
No Brasil, estudos mostraram que a principal fonte de emissão antrópica de
mercúrio são os garimpos de ouro, responsáveis por mais de 65% do total das
emissões antrópicas. Também foi constatado que as queimadas são o quarto setor
com maior contribuição para emissão de mercúrio (7,5%). Apesar da quantidade de
mercúrio na vegetação ser muito pequena, o grande volume de vegetação queimada
12
anualmente no Brasil (principalmente na Amazônia), faz que este setor tenha uma
contribuição significativa (Lacerda,1997).
Abaixo estão listados os resultados obtidos por Lacerda (1997) para as
emissões antrópicas de mercúrio no Brasil para diferentes setores:
Tabela 3.5. Estimativas das emissões de mercúrio atmosférico no Brasil - fontes industriais e
mineração de ouro.
Setor
Emissão
(t.ano
-
)
% do total
Produção de Cloro 11,65 10,1
Produção de KOH 0,37 0,3
Tintas e Pigmentos 0,34 0,3
Eletro-Eletrônico 0,02 <0,1
Carvão 0,004 <0,1
Óleo 0,01 <0,1
Combustão
Biomassa
0,12 0,1
Chumbo 0,19
Zinco 4,30
Pirometalurgia
Cádmio 0,05
3,9
Produção de Aço e Ferro 12 10,4
Queimadas 8,7 7,5
Garimpo 77,9 67,3
Total 115,7 100
Fonte: Lacerda (1997)
3.4. Ciclo biogeoquímico do mercúrio
O mercúrio, em pequenas concentrações, pode ser encontrado em todos os
meios geológicos, e é permanentemente liberado para a atmosfera devido à sua
volatilidade. As elevadas temperaturas no manto da Terra resultam na alta
mobilidade do mercúrio à superfície. Em zonas de fraturas geológicas profundas
estes processos acontecem mais intensamente. Nesses locais estão localizados os
cinturões geoquímicos de mercúrio, onde as concentrações de mercúrio da camada
superior excedem seus valores médios. Em algumas partes desses cinturões a
acumulação intensiva de mercúrio resulta na formação de depósitos extraíveis
(Jonasson e Boyle, 1971; Bailey al do et., 1973) citado por UNEP, 2002).
13
A Tabela 3.6 apresenta as concentrações picas de mercúrio nos diferentes
compartimentos ambientais.
Tabela 3.6. Concentraçõespicas de Hg nos diferentes compartimentos ambientais
Descrição Concentrações
Solo
Rochas Ígneas e Minerais
Solos Agrícolas
Solos Contaminados (atividades humanas)
Sedimentos
0.1-0.03 ppm (peso seco)
0.03-0.15 ppm (peso seco)
10 a 100 vezes mais alto
Ar
Áreas não industrializadas
Áreas industrializadas
1-4 ng/m³
20-50 ng/m³
Água
Mercúrio total
Água subterrânea
Lagos
Rios
Mar
Metilmercúrio
Água corrente
Lagos
Água de chuva
0.5-15 ng/litro
2-12 ng/litro
0.01-6 ng/litro
0.05-3 ng/litro
0.4-0.6 ng/litro
0.04-0.8 ng/litro
<0.5-0.6 ng/litro
Sedimentos
Não-contaminados
Normal
Contaminado (atividades humanas)
0.05 ppm (peso seco)
0.2-0.4 ppm (peso seco)
1->20 ppm (peso seco)
Biota
Peixe de água doce
Peixe de água salgada
Atum, peixe espada
Moluscos
Plantas
0.2-7 ppm (peso fresco)
0.01-1.5 ppm (peso fresco)
0.3-7 ppm (peso fresco)
0.01-1 ppm (peso fresco)
<0.1 ppm (peso fresco)
Homem
Urina
Cabelo
Sangue
<1,5 µg/litro
0,1 a 2 µg/litro
0,1 a 5 µg/litro
Fonte: OECD (1995), FEAM (2005)
Uma vez liberado para a atmosfera, seja através de fontes naturais ou
antrópicas e independente da forma química, se estabelece o ciclo do mercúrio.
Através deste ciclo, o mercúrio é transportado e distribuído entre os compartimentos
ambientais. Durante o seu ciclo, o mercúrio sofre uma serie de transformações
químicas, mudando de um estado de oxidação para outro. Essas transformações
envolvem uma série de reações químicas complexas denominadas de ciclo
biogeoquímico do mercúrio, onde os compostos de mercúrio e o mercúrio elementar
são interconvertidos nos sistemas atmosféricos, aquáticos e terrestres. A conversão
entre as diferentes espécies do mercúrio é a base do complexo padrão de
distribuição do mercúrio em ciclos locais e globais e de seu enriquecimento biológico
(Kitahara, et al, 2000; Souza e Barbosa, 2000; Micaroni, et al., 2000; UNEP, 2002).
14
A transferência do Hg gasoso entre os diversos compartimentos é controlada
pela temperatura, pressão, umidade e pelo gradiente de concentração. Se um
compartimento tem uma concentração de Hg° maior que out ro, se dará uma
emissão do compartimento de maior para o de menor concentração (MAYASA,
2002).
Importantes processos regulam as interações do mercúrio no meio ambiente,
influenciando seu comportamento químico, como adsorção e precipitação em óxidos
e hidróxidos de ferro e alumínio, e formação de complexos com a matéria orgânica.
A complexidade da química do mercúrio deve-se ao fato desse elemento formar
vários complexos iônicos solúveis, com variados graus de estabilidade, e a
possibilidade de vários estados de oxidação. A formação de complexos mercuriais
depende do tipo e concentração dos ligantes envolvidos. Portanto, a especiação e
complexação do Hg, assim como os parâmetros físico-químicos do sistema,
determinam a divisão do metal entre fases sólidas e liquidas, controlando a
mobilidade e disponibilidade do Hg no meio ambiente (Melamed e Villas Bôas,
2002).
Resumidamente, o ciclo biogeoquímico do mercúrio envolve as seguintes
etapas mostradas de forma simplificada na Figura 3.5 (Steinnes, 1995; Souza e
Barbosa, 2000; Micaroni, et al., 2000):
Mercúrio de origem antrópica (originário de atividades humanas, fábricas,
garimpos, mineração etc.) e o natural (devido a emanações vulcânicas,
gaseificação da crosta terrestre etc.) são lançados no meio ambiente
(atmosfera, corpos d’água e solos);
na atmosfera o mercúrio elementar é convertido em espécies soveis em
água, podendo ser oxidado pelo oxigênio do ar;
por meio de um processo denominado deposição seca e úmida o mercúrio
precipita com as chuvas e materiais particulados, depositando-se nos solos e
corpos d’água;
principalmente em ambientes aquáticos, mas também no solo, sob
determinadas condições físico-químicas, ou pela ação de microrganismos, os
íons de mercúrio dos compostos inorgânicos podem se ligar a grupos
orgânicos, transformando-se em compostos orgânicos de mercúrio (como por
exemplo, metilmercúrio e dimetilmercúrio). Os íons de mercúrio também
podem ser reduzidos a Hg
0
;
15
parte do mercúrio depositado no solo e na água pode ser transformada
lentamente em espécies voláteis sendo reemitido para a atmosfera.
Figura 3.2. O ciclo do mercúrio. Fonte: Agência de Meio Ambiente do Canadá (2005).
3.4.1. Alquilação do Mercúrio
A alquilação é a transformação do mercúrio inorgânico em metil ou
dimetilmercúrio. A metilação do mercúrio é importante devido à grande afinidade do
metilmercúrio com as proteínas, o que promove sua biomagnificação na cadeia
alimentar. A troca de espécies inorgânicas para as formas metiladas é o primeiro
passo para os processos da bioacumulação do mercúrio na biota. Considera-se que
estes processos ocorrem tanto na coluna d’água quanto no sedimento (Meili, 1991,
citado por Fadini, 1999; Micaroni et al., 2000; Azevedo, 2003).
A Tabela 3.7 apresenta as características físico-químicas do metilmercúrio
(MetilHg).
Lixiviação e Runoff
Emissão
Volatização
Deposição
Oxidação-Redução
Metilação-Desmetilação
Sedimentação-Resuspensão
Metilmercúrio
Acumulação de Metilmercúrio
Mercúrio Elementar
Mercúrio Reativo
Partícula de Mercúrio
Cinábrio
Sedimento
Atmosfera
Água
Solo
Hg
2+
e Hg
p
Deposição
Hg°
Transformação
Atmosférica
Evaporação
16
Tabela 3.7. Características físico-químicas do metilmercúrio
Propriedades Valores
Fórmula molecular CH
3
Hg
+
Ponto de fusão
170 ºC
Gravidade específica
4,06
Estabilidade
Estável, exceto na presença de oxidantes fortes
Toxicidade (muito tóxico por inalação, ingestão
ou através do contato com a pele), perigoso
devido aos efeitos acumulativos
Dose letal para ratos (DL-50) 1,95 mg kg
-1
Primeiros sintomas de contaminação no
homem
Nível de metilHg no sangue de 200 – 500 ng mL
-1
Solubilidade a 25 ºC > 6 mgL
-1
Concentração de saturação do vapor a 20 ºC 94 mg.m
-3
Fonte: Adaptado de Bisinoti e Jardim (2004)
O metilmercúrio pode ser formado no meio ambiente por metabolismo
microbiano, tal como por bactérias. A metilação é influenciada por uma grande
variedade de fatores ambientais, tais como temperatura, concentração de bactérias
presentes no meio, pH, tipo de solo ou sedimento e condições de oxi-redução do
meio (Villas Boas, 1997, citado por Nascimento e Chasin, 2001; Azevedo, 2003).
A eficiência de metilação microbial do mercúrio geralmente depende de
fatores tais como da atividade microbial e da concentração de mercúrio
biodisponível. A metilação é aumentada com aumento da temperatura e a valores de
pH menores que 5 e é estimulada pela presença de outros metais que agem como
catalisadores. A metilação fotoquímica (aeróbia) ocorre na presença de grupos
doadores de metil, como metanol ou etanol, mas efetivamente com ácidos acético
(UNEP, 2002; Porvari, 2003).
Nas camadas superiores do sedimento e nas partículas em suspensão, que
são biologicamente ativas, podem ocorrer condições aeróbias e anaeróbias para a
metilação, originando a transformação do mercúrio divalente a metilmercúrio e
depois a dimetilmercúrio. As condições que favorecem o crescimento bacteriano
produzirão maior taxa de metilação do mercúrio. A taxa de síntese biológica do
metilmercúrio é determinada, principalmente, pela concentração e pela forma
química do Hg disponível no ambiente aquático, e também pela composição das
espécies microbianas e pelo tamanho da população natural capaz de metilar
(Azevedo, 2003).
17
A metilação abiótica do mercúrio pode ocorrer de várias maneiras
(Nascimento e Chasin, 2001; Azevedo, 2003):
Metilcobalamina não enzimática Em extratos livres de lulas de bactéria
estritamente anaeróbicas, Methanobacterium omeliznskii, foi observada a
transferência dos grupos metila da metilcobalamina para os íons Hg
2+
. Este
processo demonstrado em laboratório não é comprovado em condições
naturais.
Material húmico Os ácidos lvico e húmico do solo tamm podem doar
grupos metila para o Hg
2+
.
Reação de transmetilação o MetilHg pode ser formado quimicamente pela
reação de transmetilação, na presença de radiação ultravioleta, envolvendo
derivados metílicos de estanho. Também pode ser produzido quimicamente
no sedimento pela reação de transalquilação, entre mercúrio inorgânico e
compostos metílicos e etílicos de chumbo lançados no mesmo corpo d’água.
Mistura de acetaldeido, Hg
2+
e NaCl
Enquanto alguns microorganismos metilam o mercúrio no ambiente aquático,
outros podem desmetilá-los. Reações de desmetilação por via enzimática, pela ação
de liases, podem ocorrer em certas bactérias, mas a decomposição do metilmercúrio
tamm pode ocorrer abioticamente, sendo a decomposição fotolítica a principal via
de decomposição abiótica. A luz solar no comprimento de onda de 290-400 nm pode
ser absorvida por muitos compostos orgânicos encontrados nas águas, incluindo
ácidos húmicos e fúlvicos e proteínas, podendo transformar o metilmercúrio em Hg
2+
e Hg
0
ou o Hg
2+
em Hg
0
. Esta interconversão, metilação-desmetilação, pode
estabelecer um sistema dinâmico de reações competitivas que provocaram um
equilíbrio entre as concentrações das espécies orgânicas e inorgânicas do mercúrio
(Azevedo, 2003; Bisinoti e Jardim, 2004).
Assume-se que as reações de metilação e desmetilação ocorram em todos os
compartimentos ambientais, sendo que cada ecossistema atinge seu próprio estado
de equilíbrio em relação às escies individuais de mercúrio. No entanto, devido a
bioacumulação do metilmercúrio, a metilação prevalece sobre a desmetilação em
ambientes aquáticos (Horvat, 1996, citado por Micaroni et al., 2000; Azevedo, 2003).
Nas camadas inferiores do sedimento o mercúrio é inativo, principalmente sob
a forma de sulfeto. o metilmercúrio, que representa apenas uma pequena fração
18
do mercúrio total em ecossistemas aquáticos (geralmente menos de 0,1%) irá se
integrar à cadeia trófica ou, em condições de pH apropriadas, será convertido em
dimetilmercúrio, que por ser insolúvel e volátil retornará à atmosfera e será recolhido
em águas de chuva. Se as chuvas forem ácidas, o dimetilmercúrio retornara a
metilmercúrio, retornando ao meio aquático e completando o ciclo (Micaroni et al.,
2000; Azevedo, 2003).
3.4.2. Comportamento químico do mercúrio no solo
O solo geralmente tem condições favoráveis à formação de compostos
inorgânicos de mercúrio (como Hg(OH) e HgCl) e o cátion mercúrico pode originar
complexos com ânions orgânicos. Assim, os solos possuem uma elevada
capacidade de reter e armazenar mercúrio, devido ao forte acoplamento deste com o
carbono presente. Este comportamento controla grande parte da mobilidade do
mercúrio no solo. A maior parte do mercúrio no solo está ligado a massa orgânica, e
é suscetível a ser carregado pela água somente quando está ligado aos sólidos em
suspensão ou ao húmus. Por estas razões o mercúrio tem um grande tempo de
retenção no solo e, como resultado, o mercúrio acumulado no solo pode ser
continuamente liberado para água por longos períodos de tempo, possivelmente
cem anos (Pirrone et al., 2001, citado por, UNEP 2002; Azevedo, 2003; Bisinoti e
Jardim, 2004).
A acumulação do mercúrio no solo ocorre somente no horizonte superficial
rico em matéria orgânica, assim os solos orgânicos têm conteúdos de Hg geralmente
mais altos que solos minerais. A retenção de Hg em solo orgânico não é significativa
para pH inferior a 4. Em solos neutros (pH>5,5) minerais de ferro e minerais de
argila participam mais eficientemente na adsorção do Hg2+. A máxima adsorção de
mercúrio ocorre por volta do pH7, onde o HgOHCl0 é uma espécie dominante.
Também espécies organomercuriais como o clorometilmercúrio e o
acetatofenilmercúrio são muito adsorvidos no solo para pH próximos à neutralidade.
Em Latossolos a distribuição de matéria orgânica ao longo do perfil do solo controla
a distribuição de Hg, podendo ocorrer enriquecimentos em profundidades ricas em
matéria orgânica, mas sempre com concentrações bem inferiores às encontradas
nos horizontes superficiais. Em solos cultivados, a concentração do Hg é constante
19
dentro da camada superficial, enquanto abaixo desta camada uma diminuição
gradual. Porém, em muitos casos, o Hg presente no horizonte superficial é idêntico
ao do subsolo (Steinnes, 1995; Lacerda, et al.,1999, Melamed e Villas Boas, 2002).
Condições do solo, como o potencial redox, CTC, pH e concentração de Cl
-
estão diretamente relacionadas com as transformações químicas que o Hg sofre
neste meio. Dependendo das condições de oxi-redução do sistema, podem ocorrer a
formas Hg° e Hg
2+
, porém, devido à facilidade em formar complexos, o Hg
2+
raramente ocorre livremente na forma iônica, em condições naturais. Em soluções
ácidas o Hg
2+
é estável a um potencial redox de 0,4V, e normalmente ocorre como o
complexo HgCl
2
0
. Em valores de pH>7 o complexo Hg(OH)
2
0
é a forma estável do
Hg
2+
(Steinnes, 1995; Adeniji, 2004).
Somente uma pequena fração do Hg
2+
ocorre em solução no solo. A maior
parte es confinada nos minerais do solo ou adsorvida em superfícies sólidas,
inorgânicas e orgânicas. O fenômeno de adsorção em solos tem uma influência
direta na mobilidade e biodisponibilidade do mercúrio. Outra propriedade importante
do Hg é a sua habilidade em formar complexos com o íon sulfeto, fazendo com que
a forma iônica seja estável na presença de H
2
S e HS
-
, em condições redutoras
(Steinnes, 1995; Melamed e Villas Boas, 2002).
3.4.3. Comportamento químico do mercúrio na água
A contribuição de mercúrio para o ambiente aquático é resultado de emissões
pontuais diretas, deposição atmosférica, erosão e lixiviação. Para os oceanos a
principal fonte é a deposição úmida. A distribuição das diversas espécies de
mercúrio que entram no sistema aquático é regulada por processos físicos, químicos
e biológicos, os quais ocorrem nas interfaces ar/água e água/sedimento. Em corpos
de água doce sem qualquer impacto de lançamento, as concentrações de mercúrio
na água são, em média, iguais a 10 ppt. em sedimentos de fundo a concentração
natural de mercúrio é da ordem de 200 ppb, devido à grande afinidade do mercúrio
por partículas em suspensão, que o levam até o sedimento. A concentração de
mercúrio em águas de diversas procedências é apresentada na Tabela 3.8 (OECD,
1995; Canela, 1995 citado por, Micaroni et al., 2000; Rodrigues et al., 2002).
20
Tabela 3.8. Concentrações de mercúrio em águas naturais de diversas procedências
Procedência Concentração
Chuva e neve 0,01 – 0,18 ppb
Rios e águas de lagos 0,01 – 0,1 ppb
Oceanos e mares 0,005 – 5,0 ppb
Águas termais e algumas águas minerais 0,01 – 2,5 ppb
Águas subterrâneas normais 0,01 – 0,10 ppb
Águas em alto mar 0,5 – 3 ppt
Água potável 5 a 100 ppt
Águas salinas ou de campos de petróleo 0,1 – 230 ppb
Águas oceânicas costeiras 2 – 15 ppt
Água doce de rios e lagos 1 – 3 ppt
Águas de minas de carvão (Donets Basen, USRR) 1 – 10 ppb
Águas de riachos e rios próximos a depósitos de Hg 0,5 – 100 ppb
Águas subterrâneas próximas a minas ou depósitos de
sulfetos polimetálicos
1 – 1000 ppb
Fonte: WHO (1976), EPA (1984), HSDC (2000), citado por Nascimento e Chasin (2001)
O ciclo do mercúrio em ambientes aquáticos é muito complexo. Depois de
depositado na superfície da água o mercúrio sofre uma variedade de reações
químicas, em que as várias espécies do mercúrio podem ser convertidas de uma
forma para outra. A forma oxidada (Hg
2+
) é predominante no sistema aquático,
podendo ou não estar associada a ligantes orgânicos ou inorgânicos, onde é
convertida a mercúrio elementar ou a metilmercúrio que é a forma mais tóxica e
pode ser facilmente incorporado à biota. Em ambientes aeróbicos a matéria orgânica
pode oxidar o Hg° em Hg
2+
, enquanto o processo inverso é observado em ambientes
anaeróbios. Ao fim de seu ciclo aquático o mercúrio termina depositado no
sedimento, incorporado à biota ou retorna à atmosfera através de volatilização (U.S.
EPA, 1997; North Carolina, 1999; Queiroz, 1995, citado por Nascimento e Chasin,
2001; MAYASA, 2001; Cossa, et al, 1996, citado por Marins et al, 2002; Porvari,
2003).
Os fatores morfológicos e químicos têm um importante papel na taxa de
adsorção e sedimentação do Hg no sistema aquático. A temperatura e parâmetros
como pH, potencial de oxirredução, concentração de ânions, turbidez e quantidade
de carbono orgânico, argila, ferro, fósforo e enxofre controlam a natureza das
espécies de mercúrio e sua distribuição no ambiente aquático e modificam a sua
biodisponibilidade. Os complexos solúveis de mercúrio o adsorvidos no material
particulado orgânico e inorgânico e removidos pela sedimentação em corpos
hídricos aeróbicos, enquanto, nos sedimentos anaeróbicos os compostos de
21
mercúrio precipitados o convertidos em sulfeto mercúrico (HgS), por sua elevada
insolubilidade, reduz a possibilidade de reciclagem para a coluna (Queiroz, 1995,
citado por Nascimento e Chasin, 2001; Marins et al, 2002; UNEP, 2002; Hypolito et
al, 2005).
Os sedimentos de rios, lagos e oceanos poluídos com mercúrio são perigosos
porque o mercúrio confinado pode permanecer ativo como substrato para a
metilação por vários anos, mesmo quando a fonte poluidora é eliminada. Os agentes
orgânicos complexantes solúveis em água, tais como humatos e fulvatos, podem
quelar as espécies soveis e insolúveis na água; os últimos precipitam-se
diretamente da solução para o sedimento (Bisinoti e Jardim, 2004).
3.5. O mercúrio no Brasil
No Brasil, o maior problema da contaminação do meio ambiente pelo
mercúrio é nas áreas de garimpos de ouro, principalmente na região Amazônica.
Vários estudos estão sendo realizados na região desde o início da corrida do ouro.
Estima-se que aproximadamente três mil toneladas de mercúrio foram utilizadas na
extração de ouro na região norte do país, nos últimos 20 anos. Acredita-se que do
total empregado, 62% tenha sido lançado ao ambiente (Vieira e Passareli, 1996;
mara et al, 1998; Souza de Barbosa, 2000).
O uso do mercúrio em garimpos de ouro tamm é verificado em outras
regiões brasileiras, como no Pantanal e em Minas Gerais, e tem sido objeto de
muitos trabalhos. O total descontrole da utilização deste metal na amalgamação do
ouro resulta em uma preocupante contaminação ambiental de dimensões ainda
desconhecidas. Estudos realizados pelo Centro de Tecnologia Mineral (CETEM)
verificaram que a garimpagem de ouro tem sido responsável por emissões de
mercúrio no solo, no ar e na água superiores a 100 toneladas anuais (Câmara, et al.,
1996; Azevedo, 2003; Araújo, 2003).
Nos garimpos o mercúrio metálico é lançado no meio ambiente diretamente
nas drenagens como resíduo liquido do processo de amalgamação e, como vapor
resultante da queima do amálgama nos garimpos e nas lojas de compra e venda de
ouro (Silva, 1993, citado por Silva et al., 2005).
22
O Brasil não produz mercúrio, sendo a sua importação e comercialização
controladas pelo IBAMA, que estabelece a obrigatoriedade do cadastramento das
pessoas físicas e jurídicas que importem, produzam ou comercializem o mercúrio
metálico. O uso de mercúrio na atividade de extração de ouro é proibido no país,
portanto o metal consumido nos garimpos é proveniente de contrabando, via
Paraguai, Venezuela e Bolívia (Souza e Barbosa, 2000; Araújo, 2003).
Além dos estudos em regiões de garimpo de ouro, alguns estudos tamm
foram realizados em centros urbanos com o intuito de verificar a presença de
mercúrio na atmosfera proveniente de emissões de indústrias (Azevedo, 2003).
No município de Paulínia, Olivares (2003) estimou que são emitidos 147
kg/ano de mercúrio para atmosfera sendo os depósitos de resíduos urbanos a fonte
que mais contribui, seguida da queima de combustíveis fósseis.
Estudos realizados no Estado de São Paulo demonstraram a presença de
mercúrio nas águas do rio Mogi Guaçu, proveniente dos lançamentos de uma
industria de papel e de vários curtumes. Altos índices de mercúrio tamm foram
encontrados no rio Botafogo, em Recife, devido ao lançamento de efluentes de uma
fábrica de cloro-soda. Nas Baías de Guanabara e Sepetiba, no estado do Rio de
Janeiro, foram observados altos índices de Hg nas águas marinhas e na biota,
principalmente devido ao lançamento de efluentes industriais e domésticos
(Azevedo, 2003).
3.6. Impactos do Mercúrio no Meio Ambiente
Um fator muito importante nos impactos do mercúrio no meio ambiente é a
sua habilidade resistir a processos naturais de degradação, podendo permanecer
por muitos anos sem perder sua toxicidade (Azevedo, 2003).
No Brasil o nível máximo de mercúrio para águas com qualidade adequada
ao consumo humano gua potável) é de 1µgL
-1
de mercúrio, como estabelecido
pela Portaria 518, do Ministério da Saúde, de 25 de março de 2004. Este é um
valor bastante permissivo, uma vez que o valor basal para a concentração de
mercúrio é da ordem de 0,0001 µgL
-1
a 0,003 µgL
-1
em águas doces, ou seja cerca
de 1000 vezes menor (Horvat, 1993, citado por, Micaroni et al., 2000).
23
Os sistemas aquáticos ambientais são legislados pelo Conselho Nacional de
Meio Ambiente (CONAMA) que por meio da Resolução CONAMA 357, de 19 de
março de 2005, classifica os corpos d’água. A classificação é feita num total de 13
classes de qualidade, sendo que a Resolução separa as águas doces (salinidade <
0,05%) em 5 tipos: Classe Especial e Classes 1 até 4, nas quais as restrições às
impurezas diminuem conforme o mero da classe aumenta. As águas salobras
(salinidade superior a 0,05 % e inferior a 3%) o classificadas como Classe
Especial e Classes 1 a 3, e finalmente as águas salinas (salinidade igual ou superior
3 %) também são classificadas em 4 classes: Classe Especial e Classes 1 a 3. A
resolução tamm determina os valores máximos de mercúrio permitido para cada
classe de qualidade, conforme apresentados na Tabela 3.9. A mesma legislação
estabelece que enquanto não forem feitos os enquadramentos, as águas serão
consideradas Classe 2. Dessa forma as águas do Ribeirão do Grama e de seus
afluentes são classificadas como Classe 2.
Tabela 3.9. Valores máximos permitidos de mercúrio nas diferentes classes de corpos d’água
Classes Mercúrio Total
Classe 1 - Águas Doces
0,2 µg/L Hg
Classe 2 - Águas Doces
0,2 µg/L Hg
Classe 3 - Águas Doces
2,0 µg/L Hg
Classe 1 - Águas Salinas
0,2 µg/L Hg
Classe 2 - Águas Salinas
1,8 µg/L Hg
Classe 1 - Águas Salobras
0,2 µg/L Hg
Classe 2 - Águas Salobras
1,8 µg/L Hg
Fonte: Ministério do Meio Ambiente (2005).
A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do estado de São
Paulo CETESB - publicou em 2001 o Relatório de Estabelecimento de Valores
Orientadores para Solos e Águas Subterrâneas no Estado de São Paulo”, no qual
apresentou uma lista preliminar de valores orientadores para proteção da qualidade
de solos e das águas subterrâneas, valores estes que foram reformulados em 2005
e apresentados pela DECISÃO DE DIRETORIA Nº. 195-2005- E (CETESB, 2005).
O emprego de listas com valores orientadores é uma prática usual em países
com tradição na questão do monitoramento da qualidade de solos e águas
subterrâneas e no controle de áreas contaminadas. Os valores orientadores são
24
divididos em: Valor de Referência de Qualidade, Valor de Prevenção ou Alerta e
Valor de Intervenção. Esses valores o definidos e m a sua utilização como
segue (Casarini, 2001; CETESB, 2005):
Valor de Referência de Qualidade (VRQ): é a concentração de determinada
substância no solo ou na água subterrânea, que define um solo como limpo
ou a qualidade natural da água subterrânea, devendo ser utilizado em ações
de prevenção da poluição do solo e das águas subterrâneas e no controle de
áreas contaminadas..
Valor Prevenção (VP): é a concentração de determinada substância, acima
da qual podem ocorrer alterações prejudiciais à qualidade do solo e da água
subterrânea. Este valor indica a qualidade de um solo capaz de sustentar as
suas funções primárias, protegendo-se os receptores ecológicos e a
qualidade das águas subterrâneas. Foi determinado para o solo com base em
ensaios com receptores ecológicos. Deve ser utilizado para disciplinar a
introdução de substâncias no solo e, quando ultrapassado, a continuidade da
atividade sesubmetida à nova avaliação, devendo os responsáveis legais
pela introdução das cargas poluentes proceder o monitoramento dos impactos
decorrentes.
Valor de Intervenção (VI): é a concentração de determinada substância no
solo ou na água subterrânea acima da qual existem riscos potenciais, diretos
ou indiretos, à saúde humana, considerado um cenário de exposição
genérico. Para o solo, foi calculado utilizando-se procedimento de avaliação
de risco à saúde humana para cenários de exposição Agrícola-Área de
Proteção Máxima APMax, Residencial e Industrial. Para a água
subterrânea, considerou-se como valores de intervenção as concentrações
que causam risco à saúde humana listadas na Portaria 518, de 26 de março
de 2004, do Ministério da Saúde - MS, complementada com os padrões de
potabilidade do Guia da Organização Mundial de Saúde - OMS de 2004, ou
calculados segundo adaptação da metodologia da OMS utilizada na derivação
destes padrões. Em caso de alteração dos padrões da Portaria 518 do MS, os
valores de intervenção para águas subterrâneas serão conseqüentemente
25
alterados. A área será classificada como Área Contaminada sob Investigação
quando houver constatação da presença de contaminantes no solo ou na
água subterrânea em concentrações acima dos Valores de Intervenção,
indicando a necessidade de ações para resguardar os receptores de risco.
A Tabela 3.10 a seguir mostra os valores orientadores para determinação de
contaminação de mercúrio, estabelecidos pela CETESB.
Tabela 3.10. Valores orientadores para solo e água subterrânea para detecção de contaminação por
mercúrio
Solo (mg.kg
-
de peso seco)
Água subterrânea (µg.L
-
)
Intervenção Intervenção Referência de
Qualidade
Prevenção
Agrícola
APMax
Residencial Industrial
0,05 0,5 12 36 70 1
Fonte: CETESB (2005)
Estudo realizados pela Fundação Estadual de Meio Ambiente de Minas
Gerais (FEAM) nos solos da região de Descoberto avaliaram os valores normais de
mercúrio no solo (background). Para avaliação do background de mercúrio no solo
da região, foram coletadas duas amostras da camada superficial do solo, pela
FEAM, e duas amostras de solo coletadas pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e
Nucleares (IPEN), em setembro de 2003, obtendo-se através da concentração
média dessas amostras coletadas um valor normal de mercúrio da região igual a
0,305 mg/kg. Assim, para efeitos de avaliação ambiental da presença de mercúrio no
solo da região em estudo será considerado um valor de 0,30 mg/kg como valor
normal (background) desse metal (FEAM, 2005).
26
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1. Área de estudo
A área de estudo está situada na zona rural do município de Descoberto,
Zona da Mata de Minas Gerais, a montante de sua sede, no vale do Ribeirão do
Grama, a cerca de 5 km da área urbana da cidade. A Figura 4.1 mostra um mapa de
localização do município de Descoberto. A foto da Figura 4.2 mostra uma vista geral
do vale do Ribeirão do Grama. A Figura 4.3. mostra o mapa topográfico da área de
estudo, em que se pode localizar a área inicialmente afetada, o ponto de captação
de água da COPASA, e a área urbana de Descoberto.
Figura 4.1. Mapa de localização do município de Descoberto no Estado de Minas Gerais.
Descoberto
Juiz de Fora
27
Figura 4.2. Vista geral do vale do Ribeirão do Grama, Município de Descoberto, MG.
Área inicialmente
Contaminada
28
Figura 4.3. Mapa topogfico da calha do Ribeirão do Grama, em que se pode observar a área
urbana de Descoberto e a localização do ponto de captação de água da COPASA e a área
inicialmente contaminada por mercúrio.
4.2. Material
Para a realização das coletas de amostra de água na calha do Ribeirão do
Grama foi utilizada uma haste coletora de amostra em fibra de vidro com
abraçadeira compatível aos frascos de 500 mL, com rosca. Para as coletas de
amostras de solo e de sedimentos da calha dos corpos de água foi utilizado trado de
aço inox, amostrador de plástico com esfera (tipo bailer) e sacos de polietileno.
As fotos das Figuras 4.4, 4.5 e 4.6 mostram fotos da haste coletora de água
com o frasco na ponta, o amostrador de sedimento, e o trado de aço,
respectivamente.
Área inicialmente Contaminada
Captação da Copasa
Descoberto
29
Figura 4.4. Foto mostrando a haste com o frasco na ponta, para coleta de amostras de água.
30
Figura 4.5. Foto do amostrador de sedimento.
Figura 4.6. Foto do trado de aço inox.
31
4.3. Metodologia
A elaboração deste trabalho foi baseada no manual de gerenciamento de
áreas contaminadas, desenvolvido pela CETESB/GTZ, o qual utiliza uma
metodologia que prevê, com o intuito de otimizar recursos técnicos e econômicos, a
adoção de uma estratégia constituída por etapas seqüenciais, em que a informação
obtida em cada etapa é a base para a execução da etapa posterior.
Os trabalhos foram constituídos das seguintes etapas:
coleta de dados de interesse mapas, textos, dados de ensaios, etc.,
previamente existentes sobre a possível contaminação por mercúrio na
área de Descoberto;
definição das áreas de interesse;
identificação de áreas potencialmente contaminadas;
avaliação preliminar
investigação detalhada.
Na etapa inicial, foram definidos os limites da região a serem abrangidos pelo
presente estudo que, neste caso, foi todo o vale do Ribeirão do Grama, a montante
da captação de água da COPASA, até os seus divisores de água.
Após definir a área de interesse, promoveu-se a identificação das áreas
potencialmente contaminadas, através de levantamento de dados existentes, visitas
de campo e entrevistas com técnicos da prefeitura e moradores da região.
Dentre as informações de interesse levantadas, destacam-se:
Identificação de possíveis pontos de disposição ou infiltração do
mercúrio;
acidentes ou incidentes ocorridos;
formas de manuseio do mercúrio encontrado;
reclamações da população;
planta topográfica da região; e
alterações realizadas na área.
A execução da etapa de avaliação preliminar teve o objetivo de fornecer um
diagnóstico inicial das áreas potencialmente contaminadas. Para isso foram
realizadas visitas de campo e coletas de amostra de solo e água.
32
A avaliação preliminar serviu para a definição das áreas mais críticas, que
foram objeto de estudos mais detalhados na etapa de investigação detalhada, e
tamm dos critérios a serem utilizados na investigação, tais como:
profundidade a ser investigada;
malha de investigação e coleta de amostras;
definição dos pontos de coleta de amostras; entre outros.
Os dados obtidos foram interpretados, buscando a formulação de hipóteses
sobre as características das fontes de contaminação e a distribuição espacial da
contaminação.
Na etapa de investigação detalhada o objetivo principal foi o de quantificar a
contaminação nas áreas selecionadas nas etapas anteriores, em função dos
recursos financeiros e dos prazos disponíveis.
Definiu-se uma série de pontos de coleta de água e sedimento ao longo da
calha do Ribeirão do Grama, e coletaram-se amostras de solo em uma área a
jusante do ponto de inicial detecção de mercúrio, devido a informações de
moradores da região de que nessa área também houve garimpagem de ouro (Figura
4.7), para a qual foi elaborada uma malha de amostragem de solo e água (Figura
4.8).
33
Figura 4.7. Modelo de Elevação do vale do Ribeirão do Grama, indicando a localização da área
iniciamente identificada como contaminada e da área detalhada.
Área
inicialmente
identificada
como
contaminada
Área de
detalhamento
34
Figura 4.8. Mapa de detalhe da área mais a jusante no Ribeirão do Grama, mostrada na Figura 4.7,
indicando os pontos de amostragem de solo.
Assim, a metodologia utilizada é constituída basicamente pelo plano de
amostragem, coleta de dados e amostras na área contaminada, análise química das
amostras e interpretação dos resultados.
.
35
4.4. Coleta de Amostras
As amostras de solo, água e sedimento foram recolhidas na Zona Rural do
município de Descoberto, no vale do Ribeirão do Grama, a montante da captação da
COPASA. As amostragens foram realizadas em fevereiro (período chuvoso), em
julho (período seco) e em novembro (período chuvoso) de 2005.
A coleta de água foi realizada com uma haste coletora e as amostras foram
acondicionadas em garrafas de plásticos de 500 mL. A coleta das amostras de solo
foi realizada utilizando-se um amostrador manual tipo “trado” de aço. No caso das
amostras de sedimento, estas foram recolhidas com amostrador de plástico com
esfera (tipo bailer). Todas as amostras foram devidamente etiquetadas, sendo
adotados procedimentos para evitar a contaminação cruzada entre as amostras
coletadas.
Na primeira campanha foram coletadas 12 amostras de água em pontos
distintos (A1, A2, A3, A4, A5, A6, A7, A8, A9, A10, A11 e A12) também foram
coletadas amostras de solos em 15 pontos (P1, P2, P3, P4, P5, P6, P7, P8, P9, P10,
P11, P12, P13, P14 e P15) a cinco profundidades (0-20 cm, 20-40 cm, 40-60 cm, 60-
80cm, 80-100 cm), perfazendo um total de 61 amostras e 7 amostras de sedimentos
em 3 pontos diferentes (S1, S2 e S3). Para a segunda campanha, ampliou-se o
número de pontos de coleta de amostras de água (B1, B2, B3, B4, B5, B6, B7, B8,
B9, B10 e B11), de maneira a investigar a origem da contaminação verificada em
algumas amostras da primeira campanha. Nessa campanha o foi possível realizar
as coletas das amostras de solo para os mesmos intervalos de profundidade da
campanha anterior, assim, em função de problemas operacionais foram realizadas
coletas apenas nas profundidades de 0-30 cm e de 30-60 cm, perfazendo um total
de 16 amostras de solo em 8 pontos e 3 amostras de sedimentos. A terceira
campanha foi realizada com o objetivo de aumentar o volume de dados existentes,
comparar os resultados obtidos nas campanhas anteriores, e permitir a avaliação da
influência do regime de chuvas sazonal sobre os teores de contaminação, sendo
coletadas mais 14 amostras de água e 10 amostras de sedimentos, sendo que,
foram adicionados mais três novos pontos de coleta de sedimentos (S4, S5 e S6). A
Figura 4.9 mostra a localização dos pontos de coleta das amostras de água e
sedimento.
36
A Figura 4.9 mostra os locais e os nomes das amostras coletadas.
A2
B8
A11
713.000
714.000 715.000
7.628.000
7.629.000 7.630.000 7.631.000 7.632.000
A1
B1
B3
B2
S2 =A3
A4=S3
B5
B6
B7
B4
B11
A7=S5
B10=S4
B9
A12
A10=S6
A9
A8
A6
Figura 4.9. Mapa com a localização das amostras.
Área de Detalhamento
37
4.5. Análises Realizadas
Para realização das análises foi utilizada uma metodologia específica para as
amostras de água e uma outra metodologia para as amostras de solo e sedimento.
4.5.1. Análises das amostras de água
Nas amostras de água foram realizados análises de DBO (Demanda
Bioquímica de Oxigênio), pH e teor de mercúrio total na água.
Os ensaios de DBO e pH foram realizados com o objetivo de correlacionar
com os resultados das análises químicas de mercúrio. As análises de DBO, pH e
teor de mercúrio na água foram realizadas no laboratório de Controle de Qualidade
da Divisão de Água da Universidade Federal de Viçosa, de acordo com os
procedimentos dispostos no Standard Methods for the Examination of Water and
Wastewater” (APHA, 1998).
O principio do método da análise da DBO consistiu em incubar a amostra em
frascos especialmente utilizados para a DBO, à temperatura de 20 ± 1ºC no escuro
por um período de cinco dias. No início e ao final do quinto dia mediu-se a
concentração de oxigênio dissolvido (OD) presente na amostra e obteve-se por
diferença a demanda requerida pelos microrganismos para a oxidação da matéria
orgânica na amostra.
O principio do método da análise de mercúrio na água (Método da Ditizona)
foi o seguinte: os íons de Hg
2
+ reagem com a solução de ditizona (diticarbazona
difenila) em CHCl
3
, formando um complexo (Hg-ditizonato) de cor laranja. O
complexo é quantificado em espectrofotômetro a 492 nm e a concentração de Hg
calculada com base numa curva padrão. A concentração mínima detectada é de 2
µg Hg/l, para uma amostra de 500 ml.
4.5.2. Ensaios em Solos e Sedimentos
As amostras de solo e sedimentos coletados no Ribeirão do Grama foram
submetidas aos seguintes ensaios:
Granulometria conjunta (peneiramento e sedimentação);
38
Teor de mercúrio.
O ensaio de granulometria conjunta (peneiramento e sedimentação) real dos
grãos foram realizados com o objetivo de correlacionar com os resultados das
análises químicas de mercúrio. Para facilidade de operação optou-se por análise
apenas das amostras coletadas nas profundidades de 0-20 cm. Esses ensaios foram
realizados no Laboratório da Engenharia Civil da Universidade Federal de Viçosa e
do teor de mercúrio foram realizados no Laboratório do Departamento de Solos da
Universidade Federal de Viçosa.
Para a realização da granulometria conjugada foi utilizada a norma 7181
(ABNT) e para a determinação da massa especifica do solo foi utilizada a norma
6508 (ABNT).
Para a determinação do teor de mercúrio nas amostras de solo e de
sedimento adotou-se a metodologia descrita por MALM et al. (1989).
A metodologia consiste em descongelar as amostras à temperatura ambiente,
tritura-las e homogeneizá-las. Seguidamente pesa-se cerca de 1,0000 g de amostra,
e adiciona-se em banho de gelo 15 mL de uma mistura de H2SO
4
/HNO
3
2:1(v/v),
coloca-se em banho de água a 60ºC até suspensão clara (± 30min). Retiradas do
banho de água adiciona-se em banho de gelo cerca de 15mL de KMnO
4
a 5% (m/v)
e deixa-se em repouso durante 15 minutos, logo em seguida adiciona-se 5mL de
K2S2O8 a 5% (m/v) e coloca-se em banho de água a 95ºC durante duas horas.
Espera-se que se arrefece e filtra-se, de seguida adiciona-se 6mL de NH
2
OH HCL a
5% (m/v) no momento de fazer a leitura no Espectofotómetro de Absorção Atômica
(EAA) com geração de hidretos.
39
5. RESULTADOS
5.1. Resultados das análises de água
Os ensaios de pH, e DBO foram realizados apenas nas amostras coletadas
na primeira campanha. A Tabela 5.1 mostra os resultados de pH e DBO medidos
nas amostras de água coletadas no Ribeirão do Grama.
Tabela 5.1. Resultados do pH e DBO das amostras de água
Amostras pH DBO
A1 7,08 1
A2 7,11 0
A3 7,18 1
A4 6,87 1
A5 6,84 1
A6 6,82 1
A7 6,68 0
A8 6,71 1
A9 6,79 1
A11 7,15 2
A11 Tratamento 6,89 0
Os resultados dos teores de mercúrio encontrados nas amostras de água são
apresentados na Tabela 5.2. e no gráfico da Figura 5.1.
40
Tabela 5.2. Concentração de mercúrio na água
Amostras
1ª Campanha µ
µµ
µg /L
2ª Campanha µ
µ µ
µg/L 3ª Campanha µ
µµ
µg/L
A1 n.d.
1,2
n.d.
A2 n.d.
-
n.d.
A3 1,0 1,1 n.d.
A4 n.d.
-
n.d.
A5 n.d.
-
n.d.
A6 n.d.
-
n.d.
A7 3,0 1,2 4,3
A8 n.d.
-
1,1
A9 n.d.
-
n.d.
A10 n.d.
-
n.d.
A11 n.d.
-
2,8
A12 n.d.
-
0,7
B1 - 1,2
-
B2 -
n.d. -
B3 -
n.d. -
B4 - 0,1
-
B5 - n.d.
-
B6 - n.d.
-
B7 - 0,2
-
B8 - 0,6 0,3
B9 - n.d.
n.d.
B10 - n.d. -
B11 - n.d.
-
n.d.- não detectado
41
Figura 5.1. Teor de mercúrio presente nas amostras de água.
5.2. Resultados das análises de solo
A Tabela 5.3 mostra os resultados dos ensaios de granulometria conjunta
realizados nas amostras de solos, que foram realizados apenas na primeira
campanha. A Tabela 5.4 e o gráfico da Figura 5.2 mostram os resultados dos teores
de Hg encontrados nas amostras de solo.
Mercúrio Total Presente na Água
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
A1 A2 B1 B2 B3 A3 A4 A5 A6 B4 B5 B6 B7 B8 B9 B10 B11 A7 A8 A9 A10 A11 A12
Amostras de Água
Hg (
µ
µ
µ
µ
g/L)
1ª Camp. (Fev) Camp. (Jul) 3ª Camp. (Nov) M.S. CONAMA
42
Tabela 5.3. Resultado do ensaio de Granulometria conjunta das amostras de solos e sedimentos
Amostra
Diâmetro das
partículas
% Amostra
Diâmetro das
partículas
%
Argila 37 Argila 47
Silte 29 Silte 43
Areia 34 Areia 8
P1
Pedregulho 0
P10
Pedregulho 3
Argila 41 Argila 34
Silte 20 Silte 16
Areia 39 Areia 46
P2
Pedregulho 0
P11
Pedregulho 3
Argila 36 Argila 21
Silte 28 Silte 43
Areia 33 Areia 15
P3
Pedregulho 3
P13
Pedregulho 21
Argila 34 Argila 23
Silte 45 Silte 34
Areia 19 Areia 40
P4
Pedregulho 2
P14
Pedregulho 2
Argila 42 Argila 22
Silte 25 Silte 28
Areia 30 Areia 43
P5
Pedregulho 3
P15
Pedregulho 7
Argila 41 Argila 28
Silte 33 Silte 33
Areia 20 Areia 37
P6
Pedregulho 7
P16
Pedregulho 3
Argila 36 Argila 18
Silte 38 Silte 22
Areia 23 Areia 56
P7
Pedregulho 4
S1
Pedregulho 4
Argila 45 Argila 4
Silte 32 Silte 10
Areia 17 Areia 70
P8
Pedregulho 6
S2
Pedregulho 16
Argila 25 Argila 5
Silte 22 Silte 9
Areia 54 Areia 83
P9
Pedregulho 0
S3
Pedregulho 2
43
Tabela 5.4. Resultados das análises químicas em solos
Identificação
Campanha
ppm
Campanha
ppm
Identificação
Campanha
ppm
Campanha
ppm
P1 1ª(0-20) e 2ª(0-30) 0,052 0,204 P8 (0-20) 0,053 -
P1 (20-40) 0,035 - P8 (20-40) 0,012 -
P1 1ª(40-60) e 2ª(30-60)
0,035 0,168 P8 (40-60) 0,003 -
P1 (60-80) 0,023 - P8 (60-80) 0,007 -
P1 (80-100) 0,0212 - P8 (80-100) 0,036 -
P2 1ª(0-20) e 2ª(0-30) 0,227 0,219 P9 1ª(0-20) e 2ª(0-30) 0,047 0,090
P2 (20-40) 0,178 -
P9 1ª(40-60) e 2ª(30-
60) 0,021 0,187
P2 1ª(40-60) e 2ª(30-60)
0,045 0,204 P9 (60-80) 0,079 -
P2 (60-80) 0,128 - P9 (80-100) n.d. -
P3 1ª(0-20) e 2ª(0-30) 0,042 0,149 P10 1ª(0-20) e 2ª(0-30)
0,036 0,086
P3 (20-40) 0,031 - P10 (20-40) 0,108 -
P3 1ª(40-60) e 2ª(30-60)
0,070 0,100
P10 1ª(40-60) e 2ª(30-
60) 0,023 0,184
P3 (60-70) 0,036 - P10 (60-80) 0,018 -
P4 (0-20) 0,083 - P11 1ª(0-20) e 2ª(0-30)
0,045 0,237
P4 (20-40) 0,047 - P11 (20-40) 0,062 -
P4 (40-60) 0,074 -
P11 1ª(40-60) e 2ª(30-
60) 0,052 0,346
P4 (60-70) 0,033 - P11 (60-80) 0,052 -
P5 (0-20) 0,033 - P12 (30-50) 0,025 -
P5 (20-40) 0,038 - P12 (50-70) 0,029 -
P5 (40-60) 0,040 - P12 (70-90) 0,022 -
P5 (60-80) 0,040 - P13 (0-20) 0,041 -
P5 (80-100) 0,025 - P13 (20-40) 0,028 -
P6 1ª(0-20) e 2ª(0-30) 0,047 0,242 P13 (40-60) 0,031 -
P6 (20-40) 0,125 - P13 (H2O) 0,007 -
P6 1ª(40-60) e 2ª(30-60)
0,024 0,203 P14 (0-20) 0,037 -
P6 (60-80) 0,037 - P14 (20-40) 0,041 -
P6 (80-100) 0,081 - P15 (20-40) 0,030 -
P7 1ª(0-20) e 2ª(0-30) 0,050 0,125 P15 (40-60) 0,031 -
P7 (20-40) 0,091 - P15 (60-80) 0,016 -
P7 1ª(40-60) e 2ª(30-60)
0,040 0,145
P7 (60-80) 0,034 -
P7 (80-100) 0,030 -
n.d. – não detectado
44
Figura 5.2.Teor de mercúrio presente nas amostras de solo.
Mercúrio Total Presente no Solo
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
P1 1ª(0-20) e 2ª(0-30)
P1 (20-40)
P1 1ª(40-60) e 2ª(30-60)
P2 1ª(0-20) e 2ª(0-30)
P2 (20-40)
P2 1ª(40-60) e 2ª(30-60)
P3 1ª(0-20) e 2ª(0-30)
P3 (20-40)
P3 1ª(40-60) e 2ª(30-60)
P4 (0-20)
P4 (20-40)
P4 (40-60)
P6 1ª(0-20) e 2ª(0-30)
P6 (20-40)
P6 1ª(40-60) e 2ª(30-60)
P7 1ª(0-20) e 2ª(0-30)
P7 (20-40)
P7 1ª(40-60) e 2ª(30-60)
P8 (0-20)
P8 (20-40)
P8 (40-60)
P9 1ª(0-20) e 2ª(0-30)
P9 1ª(40-60) e 2ª(30-60)
P9 (60-80)
P10 1ª(0-20) e 2ª(0-30)
P10 (20-40)
P10 1ª(40-60) e 2ª(30-60)
P11 1ª(0-20) e 2ª(0-30)
P11 (20-40)
P11 1ª(40-60) e 2ª(30-60)
Pontos de Coleta
Hg (ppm)
Camp. (Fev) Camp. (Jul) VRQ Background
45
5.3. Resultados das análises de sedimentos
Os resultados das análises de sedimentos são apresentados na Tabela 5.5 e no
gráfico da Figura 5.3.
Tabela 5.8. Resultados das análises químicas em sedimentos
Identificação ppm 1ª Camp. ppm 2ª Camp.
ppm 3ª Camp.
S1 (0-20) 0,020 0,300
0,430
S1 1ª(20-40) e 2ª(0-50) 0,029 -
0,420
S1 (40-60) 0,026 - 0,510
S1 (60-80) 0,023 -
0,260
S1 (80-100) 0,066 - 0,260
S2 2ª(0-50) n.d. 0,026
0,170
S3 2ª(0-50) n.d. 0,033
0,110
S4 - -
0,280
S 5 - -
0,210
S6 - -
0,480
n.d. – não detectado
Figura 5.3. Teor de mercúrio presente nas amostras de sedimento.
Mercúrio Total em Sedimentos
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
S1 (0-20)
S1 1ª(20-40) e
2ª(0-50)
S1 (40-60)
S1 (60-80)
S1 (80-100)
S2 2ª(0-50)
S3 2ª(0-50)
S4
S 5
S6
Pontos de Coleta
Hg(ppm)
1ª Camp. (Fev) 2ª Camp. (Jul) 3ª Camp. (Nov)
VRQ VP Background
46
6. DISCUSSÃO
Os trabalhos desenvolvidos na região confirmam a presença de mercúrio em
quantidades consideráveis. As análises químicas realizadas nas amostras de água
(41 amostras) apresentaram, em sua maioria concentrações valores inferiores aos
limites estabelecidos pelo Ministério da Saúde para o consumo humano (1mg/L). Em
quatorze (14) das quarenta e uma (41) amostras analisadas, foi identificada
concentração de mercúrio acima do valor máximo permitido para conservação do
equilíbrio natural definido pela Resolução CONAMA N° 357, de 19 de março de 2005
(0,2 µg/L), e dessas em sete (7) foi verificada concentrações maior que o limite para
o consumo humano.
No ponto de coleta A7 altos teores de mercúrio foram observados nas três
campanhas de coleta. A montante deste ponto na calha do Ribeirão do Grama existe
um ponto, A6, que não apresentou teor de mercúrio identificável em nenhuma
campanha. Contudo, nos pontos B7 e B8, localizados em afluentes do Ribeirão do
Grama, a jusante de B6 e a montante de B7, foram encontrados teores de mercúrio
acima de 0,2 µg/L. Esses resultados sugerem uma acumulação de mercúrio no
ponto A7 devido ao recebimento de carga dos dois afluentes e à existência de outras
fontes poluidora.
A detecção de um teor de mercúrio igual a 2,8 µg/L no ponto A11, é
preocupante pois esta amostra foi coletada no canal onde é realizada a captação de
água para abastecimento do município de Descoberto, sendo necessário novas
investigações neste ponto para confirmar a contaminação. Em relação ao ponto A7 é
urgente determinar a proveniência do mercúrio, dada a sua elevadíssima
concentração, pois esta água alimenta o gado, irriga os campos, tornando-se motivo
de preocupação, em função da toxicidade do metal.
47
Os resultados obtidos na avaliação da contaminação do solo indicam a
presença de mercúrio na área avaliada com concentrações superiores ao Valor de
Referencia de Qualidade (VRQ) proposto pela CETESB (0,05 ppm) para solos
agrícolas, mas abaixo do Valor de Prevenção. Considerando o valor natural
(backgroud) verificado para a região (0,3 ppm) apenas uma amostra apresentou
concentração superior a tal, mas deve ser observado que esse valor de backgroud é
consideravelmente elevado se observado o Valor de Referencia da Qualidade (0,05
ppm) sugerido pela CETESB para o Estado de São Paulo. Tamm pode ser
observado um aumento nos teores de mercúrio no período de estiagem, este fato
era de se esperar em função de menor percolação de água no perfil de solo e nos
sedimentos e, portanto, menor lixiviação de mercúrio.
Os resultados demonstram que existe uma contaminação da drenagem
superficial representado pelo Ribeirão do Grama e alguns de seus afluentes.
Também foi possível verificar que com o aumento das chuvas ocorreu um aumento
nos teores de mercúrio presentes nas águas e nos sedimentos e uma diminuição
dos teores de mercúrio no solo, fato que pode ser associado a maior lixiviação do
mercúrio presente no solo devido ao maior volume de água que percola pelo solo.
Os sedimentos tamm apresentaram valores de mercúrio acima do Valor de
Referencia de Qualidade, sendo esses valores consideravelmente altos,
comprovando a alteração química desse meio.
Todas as amostras de sedimentos coletadas na ultima campanha
apresentaram concentrações de mercúrio acima dos valores aceitáveis, e também
significantemente superiores às concentrações de mercúrio encontrada nas águas
superficiais do Ribeirão do Grama. Observando as concentrações de mercúrio nos
sedimentos é possível verificar que a diminuição da velocidade de escoamento da
água provoca uma acumulação de mercúrio nos sedimentos. Esses fatos tamm
sugerem que o mercúrio presente no solo é carreado pelas águas para o leito do
curso d’água.
A metodologia adotada permitiu verificar a existência de elevados teores de
mercúrio nas águas superficiais do Ribeirão do Grama e teores consideráveis em
solos e sedimentos. No caso dos solos e sedimentos, os teores estão abaixo dos
valores de prevenção, mas devem ser monitorados.
No caso dos teores encontrados na água, os níveis estão acima dos limites
estabelecidos para o equilíbrio natural e em alguns pontos acima do limite para
48
consumo humano indicando que o uso destas águas para o consumo humano e
animal deve ser restringido.
O fato de não haver qualquer uso do solo na região que justifique teores tão
elevados de mercúrio na água nos faz supor que estes valores devem estar, por
conseqüência, relacionados a algum processo de contaminação do terreno. A
justificativa mais plausível é aquela descrita no início desta tese, devido à mineração
de ouro em tempos do império.
De acordo com fatos históricos as atividades de garimpo de ouro na região de
Descoberto foram desenvolvidas por meio da amalgamação do mercúrio, esse tipo
de atividade resulta em perdas elevadas de mercúrio para o meio ambiente, o que
provavelmente deu origem a contaminação na área identificada em dezembro de
2002. De acordo com moradores locais tamm houve garimpagem de ouro em
outros pontos da bacia do Ribeirão do Grama. A evaporação do mercúrio e
conseqüente deposição no solo tamm pode ter contaminado outras áreas na
bacia. Esses fatos sugerem a hipótese de outras áreas estarem contaminadas por
mercúrio e, devido ao fato deste permanecer retido no solo por longo período, o
mercúrio presente nestes solos estão constantemente liberados para o meio
aquático podendo ser assimilada a biota e conseqüentemente atingindo ao homem.
Como existe a possibilidade de outros locais contaminados por mercúrio na
região, sugere-se que estudos sejam realizados em outras áreas, a fim de verificar a
extensão da contaminação e os ambientes atingidos.
49
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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