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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE LETRAS E ARTES
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA
MESTRADO E DOUTORADO EM MÚSICA
BIBLIOTECA DIGITAL PARA A
COLEÇÃO DE LUNDUS DO
ACERVO MOZART DE ARAÚJO
JUPTER MARTINS DE ABREU JÚNIOR
RIO DE JANEIRO, 2006
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BIBLIOTECA DIGITAL PARA A COLEÇÃO DE
LUNDUS DO ACERVO MOZART DE ARAÚJO
por
JUPTER MARTINS DE ABREU JÚNIOR
Dissertação submetida ao Programa de Pós-
Graduação em Música, área de concentração
Musicologia, do Centro de Letras e Artes da
UNIRIO, como requisito parcial para a obtenção
do grau de Mestre, sob a orientação da Professora
Drª. Rosana Lanzelotte.
Rio de Janeiro, 2006
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Abreu Júnior, Jupter Martins de.
A162 Biblioteca digital para a coleção de lundus do Acervo Mozart de Araújo / Jupter
Martins de Abreu Júnior, 2006.
ix, 88 f.
Orientador: Rosana Lanzelotte.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.
Centro de Letras e Artes. Mestrado em Música, 2006.
1. Araújo, Mozart de, 1904- 2. Bibliotecas de música – Planejamento.
3. Bibliotecas digitais – Planejamento. 4. Lundu. 5. Dspace (Software). I. Lanzelotte,
Rosana. II. Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (2003-). Centro de
Letras e Artes. Mestrado em Música. III. Título.
CDD – 026.78
ABREU JÚNIOR, Jupter Martins de. Biblioteca Digital para a coleção de Lundus do acervo
Mozart de Araújo. 2006. Dissertação – Programa de Pós-Graduação em Música, Centro de
Letras e Artes, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.
RESUMO
Bibliotecas digitais são aquelas em que os recursos estão armazenados em formato digital,
sejam arquivos de texto, de som ou de imagens. Como em uma biblioteca convencional, um
recurso de uma biblioteca digital deve ser catalogado quando de sua inclusão. Para tal, devem
ser utilizados padrões propostos para bibliotecas digitais compatíveis com normas e padrões
universalmente adotados. O presente trabalho descreve a implantação de uma biblioteca
digital para a coleção de partituras de Lundus do acervo do musicólogo Mozart de Araújo.
Seguindo uma tendência atual, a plataforma escolhida é o Dspace, software livre para a
implementação de bibliotecas digitais dentro da abordagem de arquivos abertos.
Palavras-chave: Biblioteca Digital – Lundus – Mozart de Araújo
ii
ABSTRACT
Digital libraries are meant to store digital resources, i.e., digital files generated from text,
sound or images. As it occurs in a conventional library, resources must be cataloged prior to
inclusion in a digital library. For this purpose, one must use appropriate standards, compatible
with those accepted by the library community. This work describes the design of a digital
library for the collection of Lundu scores belonging to the archives of the musicologist
Mozart de Araújo. Recent trends point to Dspace as a suitable platform for implementing
digital libraries. This open-archive compliant platform is the one used here.
Keywords: Digital Library – Lundu – Mozart de Araújo
iii
AGRADECIMENTOS
À minha orientadora, Prof.ª Dra. Rosana Lanzelotte, por ter acreditado em mim e no
meu projeto, meus sinceros agradecimentos pela motivação, disciplina e competência com
que conduziu este trabalho.
À Prof.ª Dra. Martha Ulhôa, que me ingressou no mundo da pesquisa, e com a qual
tive o prazer de trabalhar e principalmente aprender com seu entusiasmo, inteligência e
simplicidade, que muito me fizeram crescer como pessoa e como pesquisador.
Ao grupo de pesquisa Sistemas de Informações Musicais (SIM), José Staneck, André
Cotta e principalmente Adriana Ballesté, que praticamente se tornou minha co-orientadora e
muito me ajudou na parte técnica do trabalho.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) – pela
concessão de bolsa de estudos que viabilizou esta pesquisa.
À Prof.ª Dra. Beatriz Castro e ao Prof. Dr. Carlos Alberto Figueiredo, por
engrandecerem esta pesquisa me concedendo a honra de participarem da banca que avaliou
este trabalho.
Ao Prof. Dr. Tom Moore, pela ajuda na parte de Biblioteconomia e por ter participado
da banca de qualificação deste trabalho.
Aos professores do PPGM, que com a grandeza de seu conhecimento, muito me
ajudaram e foram grandes exemplos por suas qualidades humanas e acadêmicas.
Aos meus pais Luzia de Abreu e Jupter Martins de Abreu pela educação e formação
que me deram.
A todos os colegas que participaram do projeto “Matrizes”, que me “agüentaram” por
anos e que foi o início de tudo.
iv
Aos meus colegas da UNIRIO, pela ajuda de sempre e por compartilharem comigo as
alegrias e dificuldades da vida de estudante durante esses últimos anos.
A todos os professores da UNIRIO, com os quais eu tive o prazer de conviver e
aprender nesses anos de estudante.
Aos funcionários do PPGM, pela boa vontade de sempre e presteza em ajudar,
qualidades tão fundamentais quanto a mais elevada das ciências.
Ao grupo de estudos de terça-feira e a todos aqueles que por força do esquecimento ou
por qualquer outro motivo eu não os tenha citado aqui.
v
“Se vi mais longe,
foi porque estava de pé,
sobre ombros de gigantes”
Isaac Newton
vi
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS TABELAS E EXEMPLOS ........................................................... viii
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1
1.1. Antecedentes e Justificativas ..................................................................................... 1
1.2. Objetivos .................................................................................................................. 4
1.3. Referencial teórico ..................................................................................................... 5
1.4. Metodologia .............................................................................................................. 6
1.5. Estrutura da dissertação ............................................................................................. 7
2. NORMAS E PADRÕES DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO APLICADOS A ACERVOS
MUSICAIS .........................................................................................................8
2.1. Normas de descrição .................................................................................................. 8
2.1.1. Musicologia: Normas do RISM ........................................................................... 9
2.1.2. Arquivologia: ISAD(G) ..................................................................................... 13
2.1.3. Biblioteconomia ................................................................................................. 17
2.1.3.1. AACR2 ......................................................................................................... 18
2.1.3.2. Regras da IAML ........................................................................................... 20
2.1.3.3. Dublin Core .................................................................................................. 24
2.2. Padrões de intercâmbio ............................................................................................ 28
2.2.1. MARC 21 ........................................................................................................... 29
2.2.2. Protocolo de comunicação Z39.50 ..................................................................... 31
2.2.3. OAI-PMH ........................................................................................................... 33
2.3. Quadro síntese dos padrões e normas estudados ..................................................... 36
2.4. Panorama das iniciativas correlatas ......................................................................... 37
2.4.1. Biblioteca Nacional ........................................................................................... 37
2.4.2. Canções Brasileiras ........................................................................................... 38
2.4.3. Catálogo Temático de Viçosa ........................................................................... 41
3. IMPLANTAÇÃO DA BIBIOTECA DIGITAL ............................................................ 45
3.1. Bibliotecas Digitais ................................................................................................. 45
3.2. Escolha da plataforma para a biblioteca digital: DSpace ........................................ 46
3.3. Implantação de uma de um ambiente DSpace ........................................................ 48
3.4. Uso do ambiente DSpace ........................................................................................ 50
3.4.1. Administração do sistema ................................................................................. 50
3.4.2. Criação de comunidades .................................................................................... 51
3.4.3. Criação de coleções ........................................................................................... 51
3.4.4. Escolha dos metadados descritivos dos itens de uma coleção........................... 52
3.4.5. Submissão de itens ............................................................................................ 55
3.4.6. Consultas ........................................................................................................... 57
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 61
4.1. Principais contribuições .......................................................................................... 61
4.2. Limitações observadas ............................................................................................ 63
4.3. Trabalhos Futuros ................................................................................................... 63
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 65
ANEXO I – Correspondência entre Dublin Core e MARC 21 .......................................... 69
ANEXO II – Fichas Catalográficas das partituras de Lundus ........................................... 72
vii
LISTA DE FIGURAS, TABELAS E EXEMPLOS
Capítulo 2:
Tabela 01 – Exemplo de aplicação das normas do RISM ................................................ 12
Exemplo musical 01 – Incipit diplomático ...................................................................... 12
Quadro 01 - Exemplo de aplicação da norma ISAD(G) .................................................. 16
Quadro 02 - Exemplo de aplicação da norma ISAD(G) .................................................. 17
Quadro 03 – Modelo de ficha AACR2 ............................................................................ 19
Quadro 04 – Exemplo de aplicação das regras AACR2 .................................................. 19
Quadro 05 – Exemplo de aplicação das regras AACR2 .................................................. 20
Exemplo Musical 02 – Incipit musical ............................................................................ 22
Quadro 06 – Modelo de ficha segundo as Regras da IAML ............................................ 23
Quadro 07 – Exemplo de aplicação das Regras da IAML ............................................... 24
Tabela 02 – Exemplo de aplicação do Dublin Core ........................................................ 26
Tabela 03 – Exemplo de aplicação do Dublin Core ........................................................ 27
Tabela 04 – Exemplo de aplicação do padrão MARC 21 ............................................... 30
Tabela 05 – Exemplo de aplicação do padrão MARC 21 ............................................... 30
Figura 01 – Exemplo de funcionamento do protocolo Z39.50 ........................................ 32
Figura 02 – Funcionamento do protocolo OAI-PMH ..................................................... 34
Quadro 08 – Síntese dos padrões e normas estudados .................................................... 36
Exemplo 01 - Código do grupo de manuscritos .............................................................. 42
Exemplo 02 - Código do conjunto de manuscritos ......................................................... 42
Exemplo 03 - Código do grupo com mais de um conjunto ............................................. 42
Exemplo 04 - Código do item documental ..................................................................... 43
Quadro 09 – Exemplo de ficha catalográfica do Catálogo Temático de Viçosa ............. 43
Capítulo 3:
Figura 03 : Organização da comunidade UNIRIO no DSpace ........................................ 49
Figura 04 – Tela de entrada no DSpace ........................................................................... 50
Figura 05 – Tela de criação de comunidade ..................................................................... 51
Figura 06 – Tela de seleção de características da coleção ............................................... 52
Figura 07 – Tela de elementos de identificação da coleção ............................................. 52
Figura 08 – Conjunto de metadados descritivos de um item Lundu ................................. 54
Figura 09 – Tela de seleção da coleção para submissão de itens ...................................... 55
Figura 10 – Tela de seleção de características do item ..................................................... 56
Figura 11 – Inserção do recurso digital ............................................................................ 56
Figura 12 – Tela de busca simples .................................................................................... 57
Figura 13 – Tela de busca avançada ................................................................................. 58
Figura 14 – Tela de resultado da busca ............................................................................ 58
Figura 15 – Tela de exibição de um registro .................................................................... 59
viii
1
1. INTRODUÇÃO
Acervos musicais brasileiros têm sido objeto de organização e catalogação, com
vistas, inclusive, à disponibilidade via Web. Entretanto, em muitos casos, não é dada a devida
ênfase à normatização das informações que descrevem os documentos. Resultados advindos
da área de Ciência da Informação são raramente empregados nos esforços de catalogar e
divulgar tais acervos.
Por sua vez, a própria Ciência da Informação encontra-se diante de uma revolução
tecnológica com o advento da disponibilidade de versões digitais do que antes era apenas
acessível em formato papel. Os arquivos oriundos da digitalização de imagens e sons
motivaram o surgimento de Bibliotecas Digitais, onde os arquivos disponíveis são materiais
legíveis por computador. O aparecimento dessa nova categoria de bibliotecas vem
acompanhado de propostas de padrões e normas para a organização e catalogação de
documentos em formato digital, sejam eles textos, imagens de partituras ou arquivos sonoros
digitalizados. O foco do presente trabalho é exatamente a investigação da aplicação das
tecnologias de Bibliotecas Digitais às imagens de partituras de Lundus do acervo antes
pertencente ao musicólogo Mozart de Araújo, e atualmente de posse do Centro Cultural
Banco do Brasil - Rio de Janeiro (CCBB-RJ).
1.1. Antecedentes e Justificativas
José Mozart de Araújo nasceu no Ceará, em 1904 e faleceu em 1988, no Rio de
Janeiro. Trabalhou em pesquisas e análises de documentos musicológicos no Brasil, chegando
a reunir grande coleção de manuscritos e edições raras de música brasileira desde o período
colonial. Ocupou cargos públicos na área musical, entre os quais: vice-presidente da
2
Orquestra Sinfônica Brasileira e membro do Conselho de Música Erudita do Museu da
Imagem e do Som do Rio de Janeiro. Dirigiu a Revista Brasileira de Cultura, onde assinou
artigos sobre música brasileira. É autor do livro A Modinha e o Lundu no século XVIII
(Araújo, 1963),
além de artigos em jornais e revistas especializadas (ABM, 2006)
1
. O acervo
do pesquisador, atualmente pertencente à Fundação Banco do Brasil, encontra-se em
comodato no Centro Cultural do Banco do Brasil - CCBB-RJ - na Sala Mozart de Araújo
2
.
Mozart de Araújo pesquisou exaustivamente a música brasileira dos séculos XVIII e
XIX, principalmente os gêneros Modinha e Lundu. Considerado um dos primeiro gêneros
musicais brasileiros, ao lado da Modinha, o Lundu é um gênero cujas primeiras referências
datam de 1780, quando o poeta carioca Domingos Caldas Barbosa apresentou-se na corte de
D. Maria I, em Portugal. Lundu também é o nome de uma dança coletiva, surgida do
hibridismo entre o batuque afro-brasileiro e o fandango ibérico, a qual é caracterizada pela
“umbigada” (Kiefer, 1977). O gênero apresenta predominância do compasso binário,
tonalidade maior e melodia sincopada. No inicio do século XIX, o acompanhamento
instrumental do Lundu era realizado preferencialmente por instrumentos de cordas dedilhadas,
como a viola. Em meados do século XIX, o piano também passou a ser utilizado para o
acompanhamento do Lundu, na forma de canção. As canções possuíam versos de cunho
humorístico e lascivo, e eram utilizadas em teatros no momento do intervalo dos dramas, com
o objetivo de entreter o público. Durante todo o século XIX, o Lundu foi um gênero musical
muito executado no Brasil, também sendo o primeiro de origem africana a ser aceito pelos
brancos (Tinhorão, 1978)
.
1
Academia Brasileira de Música. Disponível em <www.abmusica.org.br>
2
Informações disponíveis em <www.bb.com.br/appbb/portal/bb/ctr/rj/MozartAraujo>
3
No projeto de pesquisa “Matrizes Musicais e Matrizes Culturais da Música Brasileira
Popular”
3
, orientado pelo Profa. Dra. Martha Ulhôa, foi realizado um levantamento do
material de música brasileira existente no acervo Mozart de Araújo, que contém partituras,
livros, CDs, recortes de jornais e cartas, entre outros documentos. Foram identificadas 48
partituras de lundus do século XIX, das quais:
o
45 partituras são impressas e 3 são manuscritas;
o
47 são canções e apenas um lundu é instrumental.
A pesquisa resultou no desenvolvimento de um sítio web
4
onde estão disponíveis
informações sobre as partituras de lundus, além da possibilidade de visualizar e ouvir o
trecho inicial de cada um deles. Não obstante a valiosa contribuição, o referido sítio não
constitui uma biblioteca digital, primordialmente pelo fato de que as informações sobre os
lundus não atendem a padrões de catalogação.
A necessidade da adoção de normas e padrões internacionais no tratamento de acervos
e arquivos musicais foi apontada de forma pioneira na Dissertação de Mestrado de André
Guerra Cotta, na qual o autor faz uma análise detalhada de normas internacionais e propõe a
sua adoção sistemática (Cotta, 2000). No comentário a seguir, o autor ilustra a atual situação
na qual se encontra a catalogação de acervos musicais no Brasil:
Tais empreendimentos [organização e catalogação de acervos] têm sido realizados quase que
isoladamente, sem a preocupação de uniformizar os procedimentos e muitas vezes observando
normas técnicas diferentes ou até mesmo nenhuma normalização conscientemente selecionada,
sendo apenas empiricamente conduzidos (Cotta, 2000, p. 34).
A carência na sistematização das normas de organização e catalogação dos acervos
tem influência direta na problemática do acesso aos mesmos. Cotta em seu trabalho ratifica
essa situação no seguinte comentário:
3
Disponível em <www.unirio.br/~musicabrasileira>
4
Disponível em <www.unirio.br/mpb/lundus>
4
Uma abordagem sistemática do tratamento da informação em acervos musicais faz-se
necessária não só pela complexidade dos problemas apresentados pelo material, mas também
porque o tratamento da informação em acervos tem uma relação direta e profunda com o
problema de sua acessibilidade (Cotta, 2000, p. 32).
A respeito ao uso de tecnologias de informática, o autor afirma:
As possibilidades que tais tecnologias oferecem são muitas (...), elas geram, numa velocidade
muito grande, diferentes tipologias documentais que também são objeto de tratamento (...) toda
tipologia tradicional provavelmente migrará para os chamados Sistemas de Informação
digitais, implantados em computadores e redes. Tais sistemas de informação superam os
instrumentos impressos em vários aspectos, entretanto, é preciso observar que uma
informatização implementada sem uma normalização adequada será muito provavelmente
ineficiente (Cotta, 2000, p. 101).
Os objetivos do presente trabalho alinham-se perfeitamente com as questões apontadas
por Cotta, que propõe a aplicação de normas como ponto de partida fundamental em
iniciativas que visam a difusão de acervos musicais brasileiros.
A dificuldade de acesso ao Acervo Mozart de Araújo também motivou a presente
pesquisa, que se propõe a aplicar metodologias oriundas da área de Ciência da Informação à
catalogação e organização deste subconjunto do acervo, constituindo uma Biblioteca Digital
das imagens de suas partituras e informações correlatas.
1.2. Objetivos
Pesquisar e selecionar normas e padrões da área de Ciência da Informação, visando
sua aplicação a acervos musicais com vistas à realização de uma biblioteca digital;
Aplicar as normas e padrões apropriados ao caso específico das partituras de Lundus
do acervo Mozart de Araújo;
Pesquisar e selecionar uma plataforma de Biblioteca Digital, visando sua aplicação a
acervos musicais;
Criar uma Biblioteca Digital para os Lundus do Acervo Mozart de Araújo, visando a
disponibilidade de informações e imagens das partituras na Web.
5
1.3. Referencial Teórico
Uma pesquisa que visa tornar disponíveis materiais de acervos musicais é
necessariamente multidisciplinar e envolve conhecimentos nas áreas de Musicologia e
Ciência da Informação, entre outras. A Musicologia contribui com as atividades práticas de
catalogação de acervos musicais. Já a Ciência da Informação auxilia com o conhecimento
teórico utilizado para descrição e organização de acervos, conhecimento este que deve
fundamentar o trabalho realizado pelos musicólogos.
A necessidade de considerar subsídios oriundos de diversas áreas do conhecimento
no sentido de construir Sistemas de Informações Musicais
5
foi levantada em Downie (2001).
A proposta de Downie
6
se baseia na multidisciplinaridade
7
:
A informação musical é inerentemente multi-facetada, multi-representacional (ex: pode ser
representada de maneiras muito diferentes), multi-modal (ex: experimentada de maneiras muito
diferentes), e multi-cultural (...) MIR é um problema de pesquisa tão multi-dimensional e
complexo, que diversos grupos de estudantes, pesquisadores e partes interessadas começaram a
explorar as publicações MIR dentro do limite das estruturas de suas disciplinas particulares.
Estes grupos incluem bibliotecários, cientistas da computação, engenheiros de áudio, editores
musicais, musicólogos, musicoterapeutas, educadores, músicos amadores e gerentes de
empresas (Downie, 2001, p. 5).
Na proposta de Downie também são apresentados critérios para a criação de uma
Biblioteca Digital para acervos musicais, e é levantada a necessidade da padronização dos
processos envolvidos (Downie, 2002).
5
Termo extraído de LANZELOTTE, R.; ULHÔA, M. BALLESTÉ A. (2004).
6
Music information is inherently multi-faceted, multi-representational (i.e. can be represented in many diferent
ways), multi-modal (i.e. experienced in many different ways), and multi-cultural (...) MIR is such a complex and
multi-dimensional research problem, many diverse groups of scholars, researchers, and interested parties have
begun to explore MIR issues within the framework of the particular disciplines. These groups include librarians,
computer scientist, audio engineers, music publishers, musicologists, music psychologist, educators, music
hobbyists and business managers.
7
A sigla MIR da citação de Downie é a abreviação de Music Information Retrieval, termo correspondente a
Sistemas de Informações Musicais em português.
6
1.4. Metodologia
A presente pesquisa se fundamenta em um levantamento das normas de descrição e dos
padrões de intercâmbio oriundos da área da Ciência da Informação. Devido ao grande número
de normas e padrões existentes, tornou-se necessária a adoção de um critério de escolha das
que deveriam ser consideradas nesta pesquisa, qual seja, a sua aplicabilidade a acervos
musicais. São apresentados exemplos de aplicação de cada norma ou padrão estudado a
partituras de Lundus do Acervo Mozart de Araújo.
Após a análise e aplicação das normas e padrões, foi efetuado um levantamento de
alguns trabalhos existentes no Brasil, cujo foco é a música brasileira do século XIX. A partir
do levantamento realizado foram selecionados três trabalhos: o guia Canções Brasileiras, a
Dissertação Catálogo Temático de Viçosa e a coleção Partituras Imperiais da Biblioteca
Nacional, que foram analisados do ponto de vista da utilização de normas e padrões na etapa
de catalogação.
Verificados os padrões de catalogação adequados para a implementação de uma
Biblioteca Digital, os mesmos foram aplicados a todos os Lundus do Acervo Mozart Araújo,
o que resultou no conjunto de 48 fichas catalográficas apresentado no anexo II desta
dissertação.
Com o objetivo de implantar a Biblioteca Digital para os Lundus do acervo Mozart de
Araújo, foi efetuado um levantamento das principais características desejáveis a uma
Biblioteca Digital e quais as plataformas existentes para a criação da mesma. Entre os
requisitos considerados desejáveis para a seleção da plataforma estão a de que esteja
disponível na forma de software livre e que esteja alinhada com as tendências de arquivos
abertos (OAI, 2006).
7
1.5. Estrutura da dissertação
No capítulo 2 serão discutidos normas e padrões oriundos da musicologia,
arquivologia e biblioteconomia, com vistas à sua aplicação à coleção de partituras de Lundus
do acervo Mozart de Araújo. No capítulo 3 serão apresentados aspectos inerentes a bibliotecas
digitais e descrita a implantação da biblioteca digital fruto desta dissertação. Finalmente, no
capítulo 4 serão apresentadas as considerações finais.
8
2. NORMAS E PADRÕES DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
APLICADOS A ACERVOS MUSICAIS
A Ciência da Informação é uma área de conhecimento que reflete acerca de questões
relativas à recuperação da informação, e que traz em seu bojo preocupações concernentes às
diversas formas de organizar, representar e disseminar a informação (Saracevic, 1996). A
Biblioteconomia e a Arquivologia são exemplos de subáreas de conhecimento oriundas da
Ciência da Informação. A Biblioteconomia trata do planejamento, implementação,
administração e organização de bibliotecas, além de sistemas de acesso e recuperação da
informação. Também entre as atividades realizadas na Biblioteconomia, destaca-se a
catalogação, etapa inerente ao presente trabalho. A Arquivologia visa o tratamento técnico
dos documentos de um arquivo através da descrição, arranjo
8
, avaliação, conservação e
restauração de documentos. Os estudos realizados nessas áreas têm resultado em avanços
consideráveis nas questões de controle e administração da informação (Ribeiro, 1996).
Neste capítulo serão estudadas as contribuições trazidas pela área da Ciência da
Informação aplicáveis aos acervos musicais nos aspectos inerentes à descrição e recuperação
da informação contida nesses acervos. Entre as contribuições da Ciência da Informação que
podem servir a trabalhos com acervos musicais destacam-se as normas de descrição e os
padrões de intercâmbio entre bibliotecas.
8
Processos intelectuais e físicos e os resultados da análise e organização de documentos de acordo com
princípios arquivísticos (ICA, 2005).
9
2.1. Normas de Descrição
Uma das principais contribuições da área da Ciência da Informação consiste nas
normas de descrição de documentos. Uma vez que acervos musicais compõem-se de
documentos, as normas podem ser de grande valia quando adequadamente utilizadas para
descrevê-los. As normas propõem a padronização da informação relativa à descrição de
documentos, tanto no tocante ao suporte (ex: tipo e tamanho de papel) como ao seu conteúdo
(ex: autor, titulo). No presente trabalho são apresentadas normas de descrição oriundas das
áreas de Musicologia, Arquivologia e Biblioteconomia. Embora não pertença à área da
Ciência da Informação, a Musicologia possui uma normativa própria, estabelecida a partir do
projeto RISM (RISM, 1996).
2.1.1. Musicologia: Normas do RISM
O RISM – Repertoire Internationale des Sources Musicales – Repertório Internacional
de Fontes Musicais – foi criado em 1952, a partir de constatações registradas nos congressos
da Sociedade Internacional de Musicologia, e da International Association of Music Libraries
(IAML), realizados em 1949 (RISM, 1996), evidenciadas no trecho a seguir
9
:
“... a necessidade de iniciar um projeto o mais exaustivo possível, que abarcasse todas as fontes
musicais históricas existentes no mundo, com vistas a solucionar de uma vez por todas o
problema do conhecimento o mais exato possível das fontes” (RISM, 1996, p. 10).”
O RISM é um projeto de âmbito internacional de coleta de informações de
manuscritos musicais, centralizada por um comitê de redação sediado em Frankfurt,
Alemanha. A principal função do comitê de redação central é normalizar e validar os dados
enviados pelos órgãos colaboradores, obtidos a partir da análise dos documentos manuscritos
9
“...la necessidad de iniciar um proyecto lo más ambicioso y exhaustivo posible, que abarcara todas las fuentes
musicales historicas existentes e el mundo, con vistas a solucionar de una vez el problema del conhecimiento
más exacto posible de las fuentes”.
10
em cada local. Entre os países que contribuem para a redação central do projeto RISM fazem
parte, além da Alemanha, a Espanha, Inglaterra, França, Holanda, Bélgica, Dinamarca,
Islândia, Itália, Áustria, Dinamarca e Finlândia (RISM, 1996). O Brasil vem colaborando de
forma não contínua com o projeto e só recentemente voltou a ser mencionado entre os países
que fazem parte da iniciativa.
A partir de necessidades advindas do projeto, principalmente no tocante à descrição
dos documentos, houve a constituição de normas a serem aplicadas na catalogação dos
mesmos. As normas aqui apresentadas são denominadas Série A/II do RISM, aplicadas a
manuscritos musicais de 1600 a 1850. Tal delimitação cronológica pode ser explicada por
alterações que afetaram o formato e a essência das fontes, como a substituição do pergaminho
pelo papel, transformações na notação musical, etc. As normas do RISM, embora sejam
propostas para manuscritos do já citado período, também podem ser aplicadas a documentos
produzidos antes ou após este período, assim como para colher informações de partituras
impressas (RISM, 1996).
As normas do RISM propõem a descrição de um documento manuscrito através de
categorias, blocos e campos. As categorias são três e cada uma delas é subdividida em blocos:
Elementos básicos de descrição:
o
Bloco I: títulos e menções de responsabilidade;
o
Bloco II: descrição física.
Notas:
o
Bloco III: notas relativas a menções de responsabilidade;
o
Bloco IV: notas relativas a meios de interpretação;
o
Bloco V: outro tipo de informação;
o
Bloco VI: notas de conteúdo, notas bibliográficas, informações sobre
exemplos.
11
Incipits:
o
Bloco VII: incipits.
Além dos blocos, existe um grupamento de campos em anexo, para aplicação opcional
em música impressa. Os blocos e o anexo mencionados contêm campos identificados por
códigos, totalizando noventa e quatro tipos diferentes de campos.
A Tabela 01 apresenta um exemplo de aplicação das normas do RISM a uma partitura
de Lundu do Acervo Mozart de Araújo.
Código campo Descrição do campo Exemplo
RISM050 Nome do compositor normalizado: nome do autor
da maneira reconhecida internacionalmente.
Ordem: sobrenome(s) em maiúsculas, seguidos de
vírgula, nome(s) com a inicial maiúscula e as
demais minúsculas.
BAHIA, Xisto
RISM100 Título uniforme: composição nomeada de
diferentes formas sob um único título.
Yayá você quer
morrer
RISM060 Datas de nascimento e morte do autor: se as datas
de nascimento e morte constam na instituição
catalogadora, devem ser inseridas nesse campo.
1841-1894
RISM260 Tonalidade da obra: tonalidade geral da obra.
Quando não for possível apresentá-la, indicar
apenas “/”. Para tonalidades maiores, utilizam-se
letras maiúsculas, para menores, minúsculas, além
dos sinais de sustenido (#) e bemol (b).
A
RISM540 Datação do documento: Refere-se à data do
documento e não à composição da obra, que tem
um campo apropriado (RISM942). Deve ser a mais
precisa possível.
1924
RISM620 Número de páginas do documento
4 p.
RISM440 Nome do arranjador (datas de nasc. e morte): Nome
normalizado do arranjador, com as datas de
nascimento e de morte, se conhecidas.
Luciano Gallet
1893-1931
12
RISM914 Proveniência – Instituição, cidade: Nome do último
proprietário do documento, aqui entram os legados,
doações, procedência de compras de uma
determinada biblioteca, cabido ou igreja, etc. Se os
antigos possuidores são instituições, indicar-se-á
aqui a cidade.
Centro Cultural
Banco do Brasil
Acervo Mozart de
Araújo – Rio de
Janeiro
RISM810 Incipit Literário
Yayá você quer
morrer
RISM956 Nome do editor
Casa Mozart
RISM957 Local de edição
Rio de Janeiro
Tabela 01 – Exemplo de aplicação das normas do RISM
O Incipit Musical, que possui o código RISM826, deve ser apresentado exatamente
como aparece na fonte, também denominado incipit diplomático.
Exemplo musical 01 – Incipit diplomático
A normativa proposta pelo RISM tem sido constantemente revisada desde sua criação
e vem acompanhando todo o processo de evolução tecnológica do mundo atual (RISM, 1996).
Além desses trabalhos de atualização, vêm sendo estudados projetos para tornar as normas do
RISM compatíveis com outras normas e padrões internacionais, como o MARC 21
10
, que será
descrito na seção 2.2.1. A norma do RISM foi traduzida para o português em 2000, no âmbito
da pesquisa O Tratamento da informação em Acervos de Manuscritos Musicais Brasileiros,
d
Disponível em <www.loc.gov/marc>
13
Dissertação de Mestrado defendida por André Guerra Cotta junto à Universidade Federal de
Minas Gerais (Cotta, 2000).
Visando a disponibilidade das informações coletadas, a redação central do projeto
RISM recorreu a sistemas de gerência de bancos de dados, entre eles o EPD – Eletronic Data
Processing – e o PIKaDo – Pflege und Information Kategorierter Dokumente – Supervisão e
informação de documentos categorizados – programas desenvolvidos pela empresa Volker
Kube GmbH, especializada em processamento de informações (RISM, 1996). Esses
programas caracterizam o que na área de Informática denomina-se software proprietário: a
base de dados somente pode ser acessada por um programa específico, criado para tal
finalidade e, geralmente, pago. O acesso à base de dados do projeto RISM era gratuito através
da web até 2002. Atualmente o acesso só é possível através de assinatura paga.
Embora muito importante em seu momento de criação, a iniciativa do projeto RISM
vai de encontro às tendências atuais de centros de informação cooperativos, pelos seus
aspectos de centralização e utilização de software proprietário.
2.1.2. Arquivologia: ISAD(G)
O Conselho Internacional de Arquivos – International Council on Archives – (ICA),
órgão da área da Arquivologia, propôs no ano de 1994 a Norma Geral Internacional de
Descrição Arquivística – General International Standard for Archival Description
ISAD(G), proposta de padronização de termos e procedimentos para o tratamento de arquivos
(ICA, 2005).
A ISAD(G) tem por objetivo a descrição, recuperação, intercâmbio e integração de
arquivos num sistema unificado de informação. A norma baseia-se na descrição multinível,
que consiste em diferenciar os níveis hierárquicos de um fundo arquivístico e as informações
pertinentes a cada nível. A descrição multinível é aplicável a qualquer unidade de descrição,
14
independente de sua natureza e dimensões. Utilizando como exemplo o acervo Mozart de
Araújo, e partindo do nível mais geral para o particular, os níveis de descrição podem ser
subdivididos em:
Fundo: Conjunto de documentos, independente de sua forma ou suporte,
organicamente produzido e/ou acumulado e utilizado por um indivíduo, família ou entidade
coletiva no decurso das suas atividades e funções. Ex: acervo Mozart de Araújo.
Seção: Subdivisão de um fundo compreendendo um conjunto de documentos
relacionados que corresponde a subdivisões administrativas da agência ou instituição
produtora. Ex: material referente a registros sonoros ou a materiais impressos (livros, jornais e
etc) do acervo Mozart de Araújo.
Série: Documentos organizados de acordo com um sistema de arquivamento ou
mantidos como uma unidade, seja por resultarem de um mesmo processo de acumulação ou
arquivamento, ou de uma mesma atividade, seja por terem uma forma particular ou devido a
qualquer outro tipo de relação derivada de sua produção, recebimento ou uso. Ex: conjunto de
LPs ou CDs do acervo Mozart de Araújo.
Dossiê/Processo: Unidade organizada de documentos agrupados, quer para uso
corrente por seu produtor, quer no decurso da organização arquivística, porque se referem a
um mesmo assunto, atividade ou transação. É geralmente a unidade básica de uma série. Ex:
pastas organizadas por gênero musical (Modinhas, Lundus e etc) do acervo Mozart de Araújo.
Item documental: A menor unidade arquivística intelectualmente indivisível. Ex: uma
carta, memorando, relatório, partitura , etc.
Nas normas ISAD(G), os campos são agrupados em sete áreas de descrição (ICA,
2005):
1. Área de identificação (destinada à informação essencial para identificar a unidade
de descrição). Ex: título, data(s), nível de descrição, dimensão e suporte.
15
2. Área de contextualização (destinada à informação sobre origem e custódia da
unidade de descrição). Ex: nome(s) do(s) produtor(s), história administrativa e arquivística,
biografia do produtor e procedência.
3. Área de conteúdo e estrutura (destinada à informação sobre o assunto e organização
de unidade da descrição). Ex: âmbito e conteúdo, incorporações, avaliação, seleção e
eliminação.
4. Área de condições de acesso e uso (destinada à informação sobre a acessibilidade da
unidade de descrição). Ex: condições de acesso, condições de reprodução, idioma e
instrumentos de pesquisa.
5. Área de fontes relacionadas (destinada à informação sobre fontes com uma relação
importante com a unidade de descrição). Ex: existência e localização dos originais, das
cópias, notas sobre publicação.
6. Área de notas (destinada à informação especializada ou a qualquer outra informação
que não possa ser incluída em nenhuma das outras áreas). Ex: notas gerais.
7. Área de controle da descrição (destinada à informação sobre como, quando e por
quem a descrição arquivística foi elaborada). Ex: nota do arquivista, regras de convenções,
data(s) da(s) descrição(ções).
Para cada nível de descrição, a norma ISAD(G) preconiza a utilização de vinte e seis
campos, organizados segundo os objetivos do trabalho descritivo e do sistema de informação.
Dentre esses vinte e seis campos, seis são considerados essenciais e devem constar em toda
descrição arquivística (ICA, 2005):
1. Código de referência
2. Título
3. Nome do produtor
11
11
Produtor: entidade coletiva, família ou pessoa que produziu, acumulou e/ou manteve documentos na gestão de
sua atividade coletiva ou pessoal. Não confundir com colecionador (ICA, 2005).
16
4. Data(s) de produção ou data(s) de acumulação dos documentos da
unidade de descrição
5. Dimensão da unidade de descrição
6. Nível de descrição
Nos exemplos a seguir, são apresentadas somente fichas catalográficas com o nível de
descrição “Item Documental”, que especifica partituras do Acervo Mozart de Araújo.
Aplicando a proposta ISAD(G), a seguir têm-se dois exemplos de partituras de Lundus do
acervo Mozart de Araújo
12
, catalogadas segundo a norma:
Código de referência: BrRJLU-AMA001
Título: Yayá você quer morrer
Nome do produtor: Casa Mozart
Data de produção: 1924
Dimensão da unidade de descrição: papel, 21x30 cm, 4 folhas
Nível de descrição: Item documental
Quadro 01 - Exemplo de aplicação da norma ISAD(G)
12
O código de referência apresentado obedece às recomendações das normas ISAD(G), onde Br determina o
código do país, segundo a ISO 3166 Codes for representation of names of countries, RJ (Rio de Janeiro),
identificador específico de localização, a 3ª parte LU foi proposta a partir do gênero Lundu, AMA (Acervo
Mozart de Araújo) é o código de referência local, e 001 é o número de controle. (ICA, 2005).
17
Código de referência: BrRJLU-AMA002
Título: O retrato
Nome do produtor: Bevilacqua & Cia.
Data de produção: 1891
Dimensão da unidade de descrição: papel, 21x30 cm, 4 folhas
Nível de descrição: Item documental
Quadro 02 - Exemplo de aplicação da norma ISAD(G)
A ISAD(G) é utilizada por órgãos e instituições de diversos países (Austrália, Brasil,
Canadá, China, Espanha, EUA, França, Itália, Portugal, Suécia e etc) e desde a primeira
edição, em 1994, passou por uma revisão, publicada no ano de 2000. A tradução no Brasil
ocorreu em 1998, pelo Arquivo Nacional (CIA, 2000). Devido ao seu ponto de vista
arquivístico, a ISAD(G) deve ser utilizada em conjunção com outras normas ou então servir
como um referencial para a criação destas. Esse fato se justifica porque a ISAD(G) aplica uma
metodologia distinta de outras normas da Ciência da Informação, considerando aspectos como
o ciclo de vida do documento, valor primário e secundário do mesmo, além de outros aspectos
que não são objeto de estudo da presente pesquisa.
2.1.3. Biblioteconomia
Diversas normas tem sido propostas no âmbito da Biblioteconomia, com o objetivo de
catalogar documentos de qualquer área de conhecimento.
Na presente pesquisa, foram estudadas três normas: AACR2, Regras da IAML e
Dublin Core. A primeira é uma proposta de regras para a elaboração de fichas catalográficas
para recursos diversos, inclusive partituras impressas; a segunda para descrever documentos
musicais manuscritos e a terceira para dados legíveis por computador, denominados recursos
18
digitais, como por exemplo, imagens de partituras (Mey, 2003). Enquanto as duas primeiras
adequam-se a documentos em papel, a terceira aplica-se especificamente a recursos digitais,
sejam eles arquivos de texto, som ou imagem.
2.1.3.1. AACR2
As Regras de Catalogação Anglo-Americanas – Anglo American Cataloguing Rules
(AACR) – foram publicadas no ano de 1967, a partir de estudos realizados por comitês norte-
americanos, ingleses e canadenses (AACR, 2005)
13
em encontros da Reunião Internacional de
Especialistas em Catalogação (RIEC). A segunda edição, publicada em 1978, foi denominada
AACR2.
Grande parte das informações descritivas de um recurso bibliográfico são de natureza
textual e as regras AACR2 foram idealizadas para normatizar a sua elaboração.
São apresentadas em dois volumes, divididos em 26 capítulos. O primeiro volume, do
capítulo 1 ao 19, trata da descrição bibliográfica baseada nas normas da International
Standard Bibliographic Description (ISBD); o segundo volume, do capítulo 20 ao 26, trata da
escolha e forma dos pontos de acesso
14
, títulos e remissivas. Os capítulos passíveis de
utilização na pesquisa aqui apresentada são os de número 5 e 9. O capítulo 5 é dedicado à
música, tendo como foco principal a música impressa. Esse fato justifica a existência de
outras normas propostas com o objetivo de trabalhar com materiais musicais específicos,
como é o caso de manuscritos. O capítulo 9 trata de dados legíveis por máquina, denominados
recursos digitais. Esse capítulo tem sido constantemente atualizado (Mey, 2003).
13
Disponível em www.aacr2.org.
14
Nome, termo, código, etc, sob o qual pode ser procurado e identificado um registro bibliográfico (AACR,
2005).
19
As normas propõem orientações para a elaboração de fichas catalográficas. As fichas
apresentam título, menção de responsabilidade, descrição física e notas. As normas
determinam:
Pontos de acesso
15
para o registro
Regras para a determinação dos pontos de acesso
A seguir é apresentado um esquema de modelo de ficha AACR2 (Mey, 2003).
Observe-se nesse esquema a recomendação de iniciar a escrita do nome do autor pelo
sobrenome, seguido de vírgula, seguido do nome, seguido de vírgula, seguido do ano de
nascimento, seguido de hífen, seguido do ano de falecimento. As demais linhas normatizam,
respectivamente, a escrita do título, informações sobre local e data da edição, formato do
documento e informações complementares.
sobrenome, nome do autor, ano nascimento-ano falecimento.
nome da obra : instrumentação / autor secundário (arranjador)
- local : editor, ano da edição.
descrição física : formato.
informação complementar.
Quadro 03 – Modelo de ficha AACR2
O Quadro 04 mostra a aplicação deste modelo a uma partitura de lundu do acervo
Mozart de Araújo:
Bahia, Xisto, 1841-1894.
Yayá você quer morrer : arranjo para canto e piano / Luciano Gallet
– Rio de Janeiro : Casa Mozart, c1924.
partitura impressa (4 p.) : 21x30 cm.
Título da capa: Canções Populares Brasileiras.
Quadro 04 – Exemplo de aplicação das regras AACR2
O Quadro 05 mostra outro exemplo de aplicação da ficha:
15
Também denominados entrada principal e entrada secundária.
20
Cunha, João Luiz d’Almeida, 18?-1913.
Lavadeira, A : arranjo para canto e piano
– Rio de Janeiro: J. C. Meirelles & Cia. c1921.
partitura impressa (4 p.) : 21x30 cm.
Título da capa: Álbum de Modinhas e Lundus.
Quadro 05 – Exemplo de aplicação das regras AACR2
A terceira edição das regras AACR2 foi publicada em 1998 e emendas às mesmas
foram apresentadas no ano de 2001 pelo Joint Steering Commitee for the Revision of AACR
Comitê Responsável pela Revisão das AACR. As normas são utilizadas, além dos Estados
Unidos, no Canadá, Brasil, Nova Zelândia, Austrália, Portugal, Espanha e Reino Unido.
Por tratar-se do padrão utilizado no Brasil pela Biblioteca Nacional (BN), as regras
AACR2 foram escolhidas para a elaboração dos textos dos campos descritivos das partituras
de lundus do Acervo Mozart de Araújo. O resultado de sua aplicação aos 48 lundus é
apresentado no Anexo deste trabalho.
2.1.3.2. Regras da IAML
A partir de encontros realizados entre 1968 e 1970, grupos de estudo no âmbito da
International Association of Music Libraries (IAML) – Associação Internacional de
Bibliotecas de Música – propuseram as Regras para a Catalogação de Manuscritos Musicais -
Rules for cataloging music manuscripts. Essas regras foram compiladas por Marie Louise
Göllner e publicadas em 1975 (Göllner, 1975). A proposta foi motivada pelo fato de outras
normas de descrição da área da Biblioteconomia não corresponderem completamente às
exigências de catalogação de manuscritos musicais.
As regras da IAML orientam a elaboração de fichas catalográficas de manuscritos
musicais, também podendo ser utilizadas na catalogação de partituras impressas. São
21
agrupadas em oito áreas, onde constam considerações sobre os diversos problemas que o
catalogador encontrará ao elaborar fichas catalográficas. As áreas são:
1. Escolha da Entrada Principal – Trata de questões relativas à seleção da informação
que constituirá a “entrada principal” para a identificação de um documento: nome do autor,
título ou ordenação numérica. Em geral, o nome do autor é escolhido como entrada principal.
O nome do autor deve ser escrito da seguinte maneira:
Ex: SOBRENOME, Nome (sobrenome em maiúsculas)
BAHIA, Xisto
O título é escolhido como entrada principal quando se trata de composições coletivas
ou quando as obras são de autoria anônima. A ordenação numérica é utilizada quando o
documento não apresenta título e é uma obra anônima.
2. Título – Trata de possíveis problemas relacionados ao título:
Como abreviar um título muito longo
Informações para se criar um título uniforme
Como proceder quando não há título
Como proceder quando há mais de um título
Além do título propriamente dito, nesta área discute-se as caracterizações de forma ou
gênero, número de série, tonalidade e data de composição. Observa-se nas regras a
importância da distinção entre data do documento e data da composição e que estas sempre
devem ser tratadas como informações diferenciadas.
A seguir é apresentado um modelo do fragmento de ficha IAML correspondente à área
“Titulo”.
[Gênero, Tonalidade]
Nome da obra. Data da composição.
A seguir, este modelo é aplicado a um lundu do acervo Mozart de Araújo:
22
[Lundu, A maior]
Yayá você quer morrer. Ca 1924.
3. Incipits musicais – Apresenta indicações de quando e como utilizar o incipit. A
utilização do incipit é indicada para manuscritos musicais de obras anônimas. A utilização
deste é considerada dispensável quando há um grande volume de trabalho a ser realizado e
necessidade de reduzir tarefas. Exemplo de incipit de um Lundu do Acervo Mozart:
Exemplo Musical 02 – Incipit musical
4. Descrição – Apresenta indicações para a descrição do suporte do documento
(geralmente papel), tipo de documento (partitura, partes, reduções para piano), número de
páginas, formato e data do documento.
A seguir é apresentado um modelo do fragmento de ficha IAML correspondente à área
“Descrição”:
Instrumentação. Suporte. Nº de págs.
Formato. Data do documento.
Este modelo é aplicado a uma partitura de lundu no exemplo abaixo:
Voz e Piano. Papel. 4 folhas.
21 x 30 cm. 1924.
5. Notas sobre a obra e referências bibliográficas – Área reservada à apresentação dos
nomes dos arranjadores, dados biográficos do compositor e outras informações sobre a obra.
A seguir é apresentado um modelo do fragmento de ficha IAML correspondente à área
“Notas”, seguido de um exemplo:
nome do arranjador / SOBRENOME, Nome
Ex: GALLET, Luciano
23
6. Conteúdo – Área utilizada quando o documento possui duas ou mais obras.
Somente o título e/ou autor devem ser registrados, por serem considerados os elementos mais
importantes do documento.
A seguir é apresentado um modelo do fragmento de ficha IAML correspondente à área
“Conteúdo”, seguido de um exemplo:
Título do documento
Ex: Canções Populares
7. Entradas Secundárias – Devem ser criadas para que o usuário possa acessar o
material não somente através da entrada principal, mas também de outras formas.
Ex: Editor: Casa Mozart
8. Referências Cruzadas – São utilizadas quando o usuário deve ser informado que há
formas diferentes de título e de autor. Não contêm maiores informações sobre o documento ou
a obra e sua utilização não é obrigatória.
Ex: Título: Yayá você quer morrer
Referência Cruzada: Jajá você quer morrer
A seguir é apresentada um modelo de ficha catalográfica com os campos estruturados
segundo as Regras da IAML:
SOBRENOME, nome
[Gênero, Tonalidade]
Nome da obra. Data da composição.
Incipit
Instrumentação. SORENOME, Nome (arranjador).
Editor. Descrição física. Data do documento.
Quadro 06 – Modelo de ficha segundo as Regras da IAML
24
A seguir é apresentada uma ficha com dados de um Lundu do Acervo Mozart de
Araújo:
XISTO, Bahia
[Lundu, A Maior]
Yayá você quer morrer. 1894.
Voz e Piano. GALLET, Luciano.
Casa Mozart. 21 x 30 cm. 1924.
Quadro 07 – Exemplo de aplicação das Regras da IAML
As regras da IAML são utilizadas atualmente por bibliotecas de diversos países:
Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Croácia, República Tcheca, Dinamarca, Finlândia,
França, Alemanha, Hungria, Itália, Japão, Holanda, Nova Zelândia, Noruega, Polônia, Suíça,
Espanha, Suécia, Inglaterra, Estados Unidos e outros. As regras da IAML foram traduzidas
para o português no âmbito da Dissertação de Mestrado de André Guerra Cotta (2000).
Em comparação às normas do RISM, também propostas para manuscritos, as regras da
IAML utilizam um número menor de campos, o que torna a sua aplicação uma tarefa de
menor complexidade.
2.1.3.3. Dublin Core
O Dublin Core
(DCMI, 2006) foi definido em 1995, por um grupo interdisciplinar
composto por profissionais de biblioteconomia, informática e da comunidade de museus,
oriundos do OCLC – Online Computer Library Center – e do NCSA – National Center for
Supercomputing Aplications –, visando solucionar os problemas de localização da informação
25
na web. Como sugere o título da iniciativa – o termo “core” refere-se a um núcleo mínimo de
informações – o principal objetivo é fornecer um esquema de descrição de recursos digitais
passível de utilização por uma comunidade abrangente de pesquisadores.
Dublin Core é uma ferramenta que oferece ampla oportunidade de uso para descrição de vários
tipos de recursos, envolvendo os mais variados formatos de documentos (...) O emprego da
estrutura de metadados do Dublin Core, até o momento, tem se mostrado satisfatório para a
descrição de recursos de tipo texto, principalmente para documentos como home page e site,
base de dados, imagem e eventos.(Souza; Vendrúsculo; Melo, 2000, p. 11).
Metadados são dados que descrevem dados (DCMI, 1995), ou seja, são campos de
informações utilizados para descrever um recurso. Nome do autor, título da obra e nome do
editor são exemplos de metadados.
A iniciativa Dublin Core propõe a utilização de quinze elementos de metadados para
descrever um recurso digital. Não é obrigatória a utilização de todos os elementos, sendo
permitido o uso de uma parte do conjunto. É facultativa a criação de elementos adicionais,
conforme as particularidades de cada aplicação. Os quinze elementos são:
Title - nome dado ao recurso
Creator - entidade responsável pela geração do recurso digital
Subject - assunto referente ao conteúdo do recurso
Description - descrição do conteúdo do recurso
Publisher - instituição responsável pela publicação do recurso
Contributor - entidade responsável por contribuição ao conteúdo do recurso
Date - data relacionada ao recurso
Type - natureza ou gênero do conteúdo do recurso
Format - manifestação física ou digital do recurso
Identifier - identificação não ambígua do recurso dentro de um dado contexto
Source - referência a outro recurso que tenha dado origem ao presente recurso
26
Language - idioma do conteúdo intelectual do recurso
Relation - referência a outro recurso que se relaciona com o recurso em questão
Coverage - extensão ou cobertura espaço-temporal do conteúdo do recurso
Rights - informações sobre os direitos do recurso e seu uso
Além desse conjunto de elementos Dublin Core, existe a proposta denominada
“Dublin Core Qualificado” – Qualified Dublin Core. O Dublin Core Qualificado é uma
extensão do Dublin Core, onde alguns dos seus elementos são acompanhados por um
qualificador que os torna mais restritos. Um exemplo de aplicação de qualificação diz respeito
ao elemento “date”, que pode ter diversas variantes: data de disponibilidade na Web
(date.available) e data de publicação do documento original (date.issued) e outras, conforme
cada caso.
A Tabela 02 mostra um exemplo de aplicação de elementos Dublin Core a uma
partitura de Lundu do acervo Mozart de Araújo.
title Yayá você quer morrer
creator Projeto SIM – UNIRIO
subject Música
description partitura impressa (4 p.) : 21x30 cm
description.provenance Jupter Martins de Abreu Jr.
publisher Casa Mozart
contributor.author Bahia, Xisto
contributor.other Gallet, Luciano
date.issued 1924
date.available 2006-06-14
type Musical score
format.extent 457289 bytes
format.mimetype pdf
identifier.uri http://hdl.handle.net/123456789/48
language.iso pt
coverage.temporal Séc. XIX
instrumentation Canto e piano
key Lá maior
Tabela 02 – Exemplo de aplicação do Dublin Core
27
O preenchimento dos campos foi feito segundo as regras AACR2. Conforme admitido
pelo Dublin Core, foram criados dois elementos apropriados à descrição de partituras -
instrumentation e key – segundo terminologia compatível com o padrão MARC 21.
A Tabela 03 mostra outro exemplo de aplicação do Dublin Core:
title Samba Fidalgo
creator Projeto SIM – UNIRIO
subject Música
description partitura impressa (4 p.) : 21x30 cm
description provenance Jupter Martins de Abreu Jr.
publisher Carlos Wehrs & Cia.
contributor.author Bahia, Xisto
contributor.other Gallet, Luciano
date.issued 1926
date.available 2006-06-14
type Musical score
format.extent 487289 bytes
format.mimetype pdf
identifier.uri http://hdl.handle.net/123456789/49
language.iso pt
coverage.temporal Séc. XIX
instrumentation Canto e piano
key Fá maior
Tabela 03 – Exemplo de aplicação do Dublin Core
O grupo DCMI tem atualizado o Dublin Core periodicamente e aponta para o fato de
que o mesmo não tem a intenção de substituir normas e padrões considerados mais completos,
como a norma AACR2 e o padrão de intercâmbio MARC 21 (Weibel, 1997), mas apenas
fornecer um padrão de metadados flexível que facilite a recuperação da informação na web.
O Dublin Core tem sido adotado por instituições e agências governamentais, tais
como: Networked Digital Library of Theses and Dissertations
16
, The Nordic Metadata
Project
17
, CIMI
18
(Consortium for the Computer Interchange of Museum Information) e
16
Disponível em www.ndltd.org.
17
Disponível em www.lib.heilsink.fi/meta/index.html.
18
Disponível em www.cimi.org.
28
CORC
19
(Cooperative Online Resources Cataloguing). No Brasil, a base de dados da
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
20
foi estruturada utilizando o conjunto de
elementos do Dublin Core.
Por tratar-se do padrão recomendado para Bibliotecas Digitais, o Dublin Core é o
escolhido para a catalogação das partituras de lundus do Acervo Mozart de Araújo. O
resultado de sua aplicação aos 48 lundus é apresentado no Anexo II deste trabalho.
2.2. Padrões de intercâmbio
A organização de acervos é uma das principais atividades de uma biblioteca.
Atualmente, verifica-se que a utilização do computador se tornou imprescindível para a
realização desta atividade. Nesse contexto, as fichas catalográficas anteriormente apresentadas
em papel, estão sendo substituídas gradativamente por registros em sistemas
computadorizados, os quais facilitam a disseminação da informação. A partir desse cenário, o
intercâmbio de informações entre bibliotecas tornou-se uma atividade essencial. Através do
intercâmbio, as bibliotecas podem compartilhar os esforços e reduzir os custos requeridos
para a elaboração de fichas catalográficas, pois uma vez que um recurso já foi catalogado em
uma biblioteca, o registro correspondente pode ser fornecido a outras bibliotecas que tenham
um outro exemplar do mesmo recurso. Para viabilizar tal atividade foram propostos os
padrões de intercâmbio.
Entre os padrões de intercâmbio existentes, serão estudados os três mais
freqüentemente utilizados em instituições no Brasil e no mundo, como a Libray of Congress,
nos Estados Unidos e a Biblioteca Nacional, no Brasil: MARC 21, Z39.50 e OAI-PMH.
19
Disponível em www.purl.oclc.org/corc.
20
Disponível em www.teses.usp.br.
29
2.2.1. MARC 21
O padrão MARC – MAchine Readable Cataloguing record – registro catalográfico
legível por máquina – foi proposto pela Library of Congress
21
(LC) – Biblioteca do
Congresso norte-americano – no início da década de 60, sendo que sua utilização efetiva data
do ano de 1966. No Brasil, o início do seu uso foi em 1972, no Instituto Brasileiro de
Bibliografia e Documentação (IBBD) (Machado, 2003).
O MARC é considerado pela International Standard Organization (ISO) o primeiro
projeto de automação que utiliza normas de descrição bibliográfica em formato legível por
computador em uma linguagem-padrão (MARC, 2005). A versão atual do MARC é
denominada MARC 21, considerado um padrão de fato para intercâmbio de informações entre
bibliotecas. O comentário de Machado (2003), confirma tal afirmação:
Por ter sido considerada uma linguagem-padrão para intercâmbio de informações
bibliográficas, o MARC 21 passa a interessar outros países que (...) adotam-no na compilação
de suas bibliografias nacionais e serviços centralizados na catalogação (Machado, 2003, p.49).
Em um registro MARC 21, os campos são codificados através de códigos numéricos.
A codificação dos campos possibilita que programas de computador possam fazer buscas,
recuperar a informação correspondente a campos específicos, assim como mostrar uma lista
dos itens encontrados que satisfaçam aos critérios de busca. Os elementos da informação
bibliográfica (nome do compositor, título, data) são os campos das fichas. Os campos podem
ser subdivididos em um ou mais subcampos. Os campos são representados por números e os
subcampos por letras minúsculas.
A seguir são apresentados dois exemplos de MARC 21 aplicados a dois lundus do
acervo Mozart de Araújo:
21
Disponível em <www.loc.gov/marc>
30
C
ampo MARC21 Subcampo Significado Dados
100 a nome do compositor Bahia, Xisto
100 d data de nasc-falec 1841-1894
245 a título da obra Yayá você quer morrer
245 r tonalidade maior
031 t incipit literário Yayá você quer morrer
260 b nome do editor Casa Mozart
Tabela 04 – Exemplo de aplicação do padrão MARC 21
C
ampo MARC21 Subcampo Significado Dados
100 a nome do compositor Ribeiro, T. A.
100 d data de nasc-falec 1854-1897
245 a título da obra retrato, O
245 r tonalidade maior
031 t incipit literário Quem quiser venha escutar
260 b nome do editor Casa Bevilacqua & Cia.
Tabela 05 – Exemplo de aplicação do padrão MARC 21
O MARC 21 é revisado anualmente, havendo inclusive orientações para a acomodação
de campos específicos do RISM em seus registros, como é o caso do incipit musical (MARC,
2005). O padrão vem sendo adotado em diversos países do mundo: Estados Unidos, Canadá,
Inglaterra, Austrália, Portugal, Nova Zelândia, França e outros. No Brasil, apesar da utilização
do padrão ter começado na década de setenta, somente vinte anos depois a Biblioteca
31
Nacional, instituição considerada referência na área de Biblioteconomia, implantou o MARC
21 em seu sistema.
2.2.2. Protocolo de comunicação Z39.50
O protocolo de comunicação Z39.50
22
para pesquisa e recuperação de informação em
redes de computadores (Moen, 1995), foi proposto em 1988, pela Organização Nacional de
Padrões de Informação – National Information Standards Organization (NISO).
No mesmo ano de sua criação, a NISO designou a Network Development and MARC
Standards Office, agência pertencente à Library of Congress (LC), para exercer a coordenação
técnica do desenvolvimento do protocolo e o registro de suas implementações, assim como os
atributos e sintaxes usados pelas normas do protocolo e o trabalho editorial desta (LC,
2005)
23
.
O Z39.50 foi proposto com o objetivo de permitir que o resultado de uma consulta seja
visualizado pelo usuário conforme o padrão do sistema local, mesmo que este seja diferente
daquele em que os dados estão armazenados. Para que essa visualização seja possível, o
programa que implementa o protocolo deverá estar instalado tanto no computador que
solicita, como naquele que provê a informação.
A figura 01
24
exemplifica como o protocolo Z39.50 habilita uma interface para
conexão com múltiplos sistemas de informação em rede.
22
Elenco de regras ou padrões cuja finalidade é permitir o intercâmbio de informações com o menor número de
erros possível (Moen, 1995).
23
Disponível em <www.loc.gov/z3950>.
24
Figura extraída do artigo “Uso do Protocolo Z39.50 para recuperação de informação em redes eletrônicas”
(Rosetto, 2001).
32
Figura 01 – Exemplo de funcionamento do protocolo Z39.50
O protocolo é estruturado por conjuntos de campos afins organizados segundo a
proposta do padrão MARC 21, por exemplo:
Conjunto de campos de uso. Ex: autor pessoal, autor corporativo, título, título
de séries, título uniforme, etc.
Conjunto de campos de relação. Ex: menor que, menor que ou igual, igual,
maior ou igual, maior que, raiz da palavra.
Embora o Z39.50 tenha sido usado inicialmente por sistemas de bibliotecas que
gerenciam bases de dados bibliográficos (catálogos públicos disponíveis via web), o protocolo
é geral e extensível a outros tipos de recursos.
Desde a sua criação, o protocolo e suas normas têm sido analisados e atualizados
anualmente. Estas revisões reconhecem e permitem que bases instaladas com versões
anteriores sejam compatíveis, proporcionando estabilidade e confiabilidade ao Z39.50 (Moen,
1995).
O protocolo Z39.50 é atualmente utilizado por diversas instituições, entre as quais a
Library of Congress, nos Estados Unidos, e no Brasil as bibliotecas da Universidade Federal
do Rio de Janeiro
25
(UFRJ), Universidade Federal Fluminense
26
(UFF) e Universidade
Federal de Minas Gerais
27
(UFMG).
25
Disponível em <www.ufrj.br>.
33
2.2.3. OAI-PMH
A iniciativa OAI – Open Archives Initiative – visa o desenvolvimento e a promoção de
padrões de interoperabilidade
28
entre repositórios
29
de dados, com a intenção de facilitar a
disseminação de conteúdo na web. A iniciativa surgiu a partir da Convenção de Santa Fé,
Estados Unidos, realizada em 1999.
A partir dessa iniciativa, foi proposto o OAI-PMH - Open Archives Initiative
Protocol Metadata Harvesting - conjunto de protocolos que visam compartilhamento de
metadados entre sítios da web (OAI, 2006). A primeira versão do OAI-PMH foi definida em
2001 pelas instituições: Digital Library Federation (DLF), Coalition for Networked
Information (CNI) e National Science Foundation (NSF). Atualmente o protocolo se encontra
em sua segunda versão OAI-PMH 2.0.
O OAI-PMH é baseado em tecnologia já consolidada: HTTP e XML. O HTTP –
HyperText Transfer Protocol – Protocolo de Transferência de Hipertexto
30
– é um protocolo
de comunicação que permite a transferência de imagens, sons e textos na web (W3C, 2005).
O XML – eXtensible Markup Language – Linguagem de Marcação Extensível – é uma
linguagem que define uma forma de especificar dados através de marcações. É baseada em
metadados e possibilita a descrição, visualização e intercâmbio de dados na web. (W3C,
2005).
Os documentos XML são compostos de marcações (tags) e conteúdo (dados). As
marcações são delimitadas pelos sinais “<” (menor que) e “>” (maior que) entre os quais são
26
Disponível em <www.uff.br>.
27
Disponível em <www.ufmg.br>.
28
Habilidade de diferentes sistemas trabalharem juntos, independente de suas funções. É efetuada através de
padrões intercâmbio, com o objetivo de viabilizar e agilizar a descrição de recursos digitais.
29
Sítios web capazes de armazenar dados e processar as solicitações OAI.
30
Sistema para visualização de informação, cujos documentos contêm referências internas para outros
documentos (links). Também permite publicação, atualização e pesquisa. A web é um exemplo de sistema de
hipertexto.
34
definidos os metadados. Entre as marcações são inseridos os dados. Uma das características
mais importantes da linguagem XML é a possibilidade de ser entendida não só por máquinas,
mas também por seres humanos. Nos dois exemplos a seguir, documentos XML apresentam
registros do catálogo de Lundus do Acervo Mozart de Araújo:
<?xml version=”1.0”?>
<partitura>
<títulodaObra>Yayá Você quer morrer</títulodaObra>
<nomedoCompositor>Bahia, Xisto</nomedoCompositor>
<dataNascFalec>
1841-1894
</dataNascFalec>
<tonalidade>Lá maior</tonalidade>
<nomedoEditor>Casa Mozart</nomedoEditor>
</partitura>
<?xml version=”1.0”?>
<partitura>
<títulodaObra>retrato, O</títulodaObra>
<nomedoCompositor>
Ribeiro, T. A.
</nomedoCompositor>
<dataNascFalec>1854-1897</dataNascFalec>
<tonalidade>Ré maior</tonalidade>
<nomedoEditor> Casa Bevilacqua & Cia.</nomedoEditor>
</partitura>
Cada documento começa com a marcação <?xml version=”1.0”?>, que o identifica
como um documento XML e indica a versão na qual o mesmo foi escrito. A marcação
seguinte faz referência ao tipo de material descrito, “partitura”, sendo repetida ao fim do
documento. As demais marcações apresentam os metadados e seus respectivos dados. Uma
barra “ / ” distingue a marcação de início “
<metadado>”
, e a de final “
</metadado>”
. A
figura a seguir apresenta um exemplo de como o OAI-PMH utiliza os protocolos HTTP e
XML:
Figura 02 – Funcionamento do protocolo OAI-PMH
35
O protocolo OAI-PMH foi adotado por diversas instituições no exterior, tais como:
University of Virginia, University of Michigam, University of Columbia, Hong-Kong
University of Science and Technology e Southampton University, entre outras (OAI, 2006).
No Brasil, a Universidade Federal do Paraná
31
(UFPR) vem adotando o protocolo desde 2004.
O OAI-PMH não pretende substituir outros padrões de intercâmbio, como o Z39.50,
mas fornecer uma alternativa que seja fácil de implementar e de disponibilizar informações. O
protocolo também se caracteriza por indicar a utilização do conjunto de elementos de
metadados do Dublin Core como forma de assegurar a interoperabilidade entre repositórios. A
utilização do protocolo pressupõe a utilização uma plataforma compatível com o mesmo,
como é o caso do DSpace, voltada para a publicação de recursos digitais em arquivos abertos,
que será detalhada no capítulo 3 deste trabalho.
31
Disponível em <www.ufpr.br>.
36
2.3. Quadro síntese dos padrões e normas estudados
Nome Origem Data Área Objeto Objetivo Utilização
RISM Congressos
da Sociedade
Internacional
de
Musicologia
e da IAML
1952 Musicologia Manuscritos
Musicais
Reunir
informações
de fontes
musicais
históricas a
nível mundial
Atualmente
restrita a
assinantes
ISAD(G) Conselho
Internacional
de Arquivos
1994 Arquivologia Documentos
em geral
Descrever,
recuperar,
intercambiar
e integrar
arquivos
Em conjunto
com outras
normas ou em
Centros de
Documentação
AACR Encontros da
RIEC
1967 Biblioteconomia Materiais
diversos
Orientar
montagem de
fichas
catalográficas
Amplamente
utilizado por
bibliotecas
Regras da
IAML
Encontros da
IAML
1975 Biblioteconomia
e Musicologia
Manuscritos
musicais
Orientar
montagem de
fichas
catalográficas
Utilizado para
materiais
musicais
Dublin
Core
OCLC e
NCSA
1995 Biblioteconomia Recursos
digitais
Catalogar
recursos
digitais
Proposta para
a descrição de
recursos
digitais
MARC
Library of
Congress
1966 Biblioteconomia Materiais
diversos
Permitir o
intercâmbio
de dados
entre
bibliotecas
Padrão de
intercâmbio
entre
bibliotecas
Z39.50
National
Information
Standards
Organization
1988 Biblioteconomia Materiais
bibliográficos
diversos
Permitir a
visualização
de dados em
formato
padronizado
Protocolo para
padronização
de interfaces
OAI-PMH
Digital
Library
Federation e
National
Science
Foundation
2001 Biblioteconomia
e Ciência da
Computação
Recursos
digitais
Acessar e
coletar
material web
através de
repositórios
interoperáveis
Protocolo para
extração de
informações
entre
repositórios
Quadro 08 – Síntese dos padrões e normas estudados
37
2.4. Panorama das iniciativas correlatas
Entre as iniciativas existentes no Brasil, as quais têm por objetivo tornar disponíveis
informações de acervos musicais brasileiros, três foram selecionadas para análise na presente
pesquisa:
A Coleção Partituras Imperiais
O Guia Canções Brasileiras
A Dissertação Catálogo Temático de Viçosa
A Coleção Partituras Imperiais foi selecionada por pertencer ao sítio web da Biblioteca
Nacional, instituição considerada referência para a biblioteconomia no Brasil. O guia Canções
Brasileiras e a Dissertação Catálogo Temático de Viçosa foram escolhidas por serem
trabalhos vinculados a universidades que possuem pesquisa no âmbito da Musicologia. Neste
trabalho de análise foram considerados aspectos de organização do trabalho, o uso de normas
e padrões de catalogação internacional, as revisões e atualizações realizadas, a agilidade no
acesso às informações, em caso de sítios web, e também o acesso ao trabalho propriamente
dito, como é o caso de Dissertações.
2.4.1. Biblioteca Nacional
Partituras Imperiais
32
é uma coleção de partituras digitalizadas disponíveis no sítio
web da Biblioteca Nacional (BN, 2005) desde o 2º semestre de 2001. A coleção é composta
de obras de diversos autores brasileiros, entre os quais destacam-se: Chiquinha Gonzaga,
Carlos Gomes, Padre José Maurício Nunes Garcia, Francisco Braga e Ernesto Nazareth. As
obras foram publicadas no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro do século XIX.
32
Disponível em <www.bn.org>
38
A coleção tem por objetivo possibilitar a visualização das imagens das partituras
através do sítio web. Para que seja possível a visualização, é necessário que o usuário instale
um programa de computador específico para tal função, denominado “DocReader”,
disponível através do próprio sítio web da BN.
Para acessar as partituras, o pesquisador deve selecionar um gênero musical a partir de
uma listagem que lhe é apresentada. Da listagem constam as seguintes opções de gêneros:
Dobrados, Galopes, Gaivotas, Habaneras, Jongos, Mazurcas, Minuetos, Polcas Imperiais,
Polonesas, Quadrilhas, Sambas, Schotishs, Tangos, Tarantelas e Valsas. Após a escolha é
apresentado ao pesquisador uma tela com todas as imagens das partituras relativas ao gênero
selecionado. Não há como selecionar uma obra ou um autor específico.
A crítica maior que se pode fazer a este serviço é que não foi realizada a catalogação
das partituras, o que impossibilita a busca a partir de informações como nome do autor, título
da obra, etc. Outro dos problemas identificados é que a própria existência da coleção não é
visível na página principal do sítio da BN. A coleção somente pode ser acessada através do
“link” Tesouros da Biblioteca, que não indica a existência de partituras digitalizadas em seu
conteúdo. Um terceiro problema é que, devido a questões de direitos autorais, não é permitido
ao usuário salvar as imagens das partituras, somente sendo possível a visualização das
mesmas. Desde o início do funcionamento deste serviço no sítio web da BN, não foram
realizadas revisões e atualizações nesta coleção.
2.4.2. Canções Brasileiras
Canções Brasileiras
33
é um guia para consultas via web de obras brasileiras para canto
e piano. O guia privilegia compositores nascidos a partir de 1864, ano de nascimento de
33
Disponível em <www.grude.ufmg.br/cancaobrasileira>.
39
Alberto Nepomuceno. O compositor foi o escolhido como ponto de partida para o projeto por
ser considerado o "pai da canção de câmara brasileira”.
O guia foi criado e implementado pelo grupo de pesquisa “Resgate da Canção
Brasileira”, do qual participam membros da Escola de Música e do Laboratório de
Computação Científica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Os principais
organizadores do projeto são as Profas. Dras. Guida Borghoff e Luciana Monteiro de Castro.
O projeto tem por objetivo tornar disponíveis metadados das obras, dos compositores e
dados sobre a localização das partituras. Não está entre as metas do projeto tornar disponíveis
as imagens das mesmas. Através da disponibilidade das informações, o projeto visa estimular
o estudo e a divulgação deste segmento da música brasileira, oferecendo ao usuário uma visão
panorâmica da criação de canções no Brasil. O guia também prevê a inclusão gradativa de
estudos que consistem de comentários analítico-interpretativos das obras, visualização dos
poemas musicados, além da disponibilidade de trechos em MP3 das canções catalogadas. A
busca no guia pode ser realizada por títulos de obras, nomes de compositores, localização
física das partituras ou por meio de uma palavra-chave qualquer. Os exemplos a seguir
apresentam como os registros são mostrados no guia:
40
Canção “Conselho”:
Compositor: NEPOMUCENO¸ Alberto
Dedicatória: Música atribuída por minha mãe à minha avó D. Emilia Raposo de Mello
Cidade: Rio de Janeiro (RJ)
Ano: 1918
Autor da letra: Visconde de Pedra Branca (1780-1855)
Letra: Põe na virtude, filha querida, de tua vida todo o primor...
Letra traduzida:
Caráter: Andante
Compasso: 2/4
Linguagem:
Extensão: C3 - F4
Duração: 2'00''
Edição: Rio de Janeiro: E. Bevilacqua & C.
Localização: BN,UFMG
Canções com o mesmo poema:
Gravações:
Comentário: Em "Antigas modinhas brasileiras".
Canção “Segundo motivo da rosa”:
Compositor: ALMEIDA PRADO¸ José Antônio Resende de
Dedicatória: À Celeste Aparecida Moraes do Carmo
Cidade: Campinas (SP)
Ano: 1998
Autor da letra: Cecília Meirelles (1901-1964)
Letra:
Letra traduzida:
Caráter: Noturnal (semínima=76)
Compasso: 4/8
Linguagem:
Extensão: indefinido - indefinido
Duração:
Edição:
Localização: UFMG
Canções com o mesmo poema:
Gravações:
Comentário: Em "Quatro motivos da rosa".
A principal crítica que se pode fazer a esta iniciativa é que não foram considerados
padrões e normas internacionais para a catalogação das canções
34
. Devido a esse fato, alguns
34
Segundo informação de Guida Borghoff, colhida por telefone em 03/12/2005.
41
metadados utilizados tem significado ambíguo, como por exemplo: Caráter, Linguagem e
Extensão. O guia também apresenta informações consideradas desnecessárias, como uma lista
de nomes de compositores que não têm obras no guia. Esse fato torna exaustiva a busca por
nome do compositor. Apesar dos problemas apontados, caso estes sejam solucionados o guia
Canções Brasileiras pode tornar-se uma importante ferramenta para a pesquisa musicológica
brasileira. Embora ainda esteja em fase de testes e revisões, o guia já se encontra disponível
na web.
2.4.3. Catálogo Temático de Viçosa
A Dissertação de Mestrado Catálogo Temático de Manuscritos Musicais para a
Semana Santa e Quaresma em Arquivos de Viçosa (MG) é uma proposta na qual são
apresentadas fichas catalográficas de aproximadamente 400 itens documentais apresentados
sob a forma de manuscritos musicais existentes em arquivos localizados no município de
Viçosa (MG) (Fonseca, 2004). No trabalho foi utilizada a norma ISAD(G) para a organização
do acervo e as normas do RISM para a descrição dos conteúdos.
A ISAD(G) foi aplicada para organizar os manuscritos em níveis de descrição do mais
geral para o mais particular: grupos, conjuntos e itens documentais.
No nível de descrição por grupo de manuscritos, são situados no mesmo grupo aqueles
que possuem um título que caracteriza uma coletânea e os que possuem o mesmo título de
obra. O código de identificação dos grupos é formado pelas letras Br
35
(Brasil), Vi (Viçosa) e
SS (Semana Santa). O código é complementado pelas letras MCC (Maria da Conceição
Castro), as quais indicam o nome da pessoa que tinha posse do documento, e por três dígitos
35
Segundo recomendação da norma ISO 3166, que determina os códigos para representação de nomes dos
países.
42
que indicam o número de ordem do material. Exemplificando, o código do grupo de
manuscritos de Motetos para a Procissão de Passos se apresenta como no Exemplo 01:
BrViSS-MCC001
Exemplo 01 - Código do grupo de manuscritos
No nível de descrição por conjunto, o material é organizado conforme duas situações:
manuscritos com um único conjunto de partes e com dois ou mais conjuntos de partes. No
primeiro caso, é acrescentado ao código de identificação do conjunto a abreviatura [C-Un]
que identifica os manuscritos como conjunto único. Este critério é adotado devido ao fato
destes manuscritos terem sido produzidos por um único copista, em uma mesma época. No
exemplo 02, vê-se o resultado do código com o acréscimo deste elemento:
BrViSS-MCC001[C-Un]
Exemplo 02 - Código do conjunto de manuscritos
Quando o grupo possui dois ou mais conjuntos, são utilizadas letras maiúsculas para
designar cada um deles. Exemplificando, pode ser utilizado Conjunto A, Conjunto B e assim
por diante. Neste caso de descrição das fichas catalográficas dos conjuntos, não são utilizadas
as letras iniciais BrVi. As demais são apresentadas como nos exemplos anteriores,
acrescentadas da letra que designa o conjunto. Por exemplo, o código do conjunto de
manuscritos de Motetos de Passos tem em sua organização documental os conjuntos A e B,
que são apresentados como no Exemplo 03:
Conjunto A: SS-MCC018A
Conjunto B: SS-MCC018B
Exemplo 03 - Código do grupo com mais de um conjunto
43
No nível de descrição por item documental, os conjuntos tiveram cada manuscrito
descrito separadamente. Uma numeração de dois dígitos, acrescentada ao código de
identificação do conjunto de manuscritos, possibilitou a sua individualização, funcionando
como um código específico do documento. O exemplo 04 ilustra o código de identificação do
documento Matinas para o Sábado Santo, parte integrante do Conjunto A de um Grupo
específico:
SS-MCC014A-03
Exemplo 04 - Código do item documental
Vê-se no Quadro 09 um exemplo de descrição de documento dentro de uma ficha
catalográfica. Esse exemplo é a parte de soprano de um Moteto de Passos. Observe-se a
utilização dos campos RISM que correspondem à descrição física do documento (formato,
número de páginas, tipo de papel), título, clave, proveniência, datação do manuscrito, incipit
musical, relação de vozes e instrumentos, código atual, autógrafo, tonalidade da obra e
dedicatória:
SS-MCC001-01: no frontispício “Soprano / Moteto a quatro vozes / (Procissão de
Passos) / Pertence a Manoel Augusto de Medeiros Senra”, cópia, sem local, sem data, 5 fol. R
e v, 31 x 23 cm, vertical, papel Breveté, s/ costura, 10 pent., clave de sol na 2ª Linha, tinta
preta S.
Quadro 09 – Exemplo de ficha catalográfica do Catálogo Temático de Viçosa
O catálogo ainda não foi automatizado, mas o autor aponta em seu trabalho a
importância de se apresentar um catálogo temático em formato digitalizado como produto da
pesquisa, manifestando a intenção de submeter todo o acervo de Viçosa a um sistema de
informações. Enquanto a automatização do trabalho não é efetivada, o acesso ao catálogo é
possível somente através da consulta à dissertação.
O catálogo proposto naquela dissertação é um trabalho detalhado, contendo várias
observações e caracterizações do estado em que se encontra o material. Desta forma, Fonseca
44
conseguiu alcançar os objetivos inicialmente estabelecidos, respondendo de forma prática a
suas proposições de elaborar um catálogo temático para manuscritos musicais de Viçosa.
Entretanto, a adoção das normas do RISM não foi devidamente discutida no trabalho citado,
pois não ocorreu a confrontação com outras normas para a catalogação de manuscritos
musicais, como as regras da IAML. Também não foi mostrada a correspondência dos
elementos utilizados na catalogação com campos do padrão de intercâmbio MARC 21,
essencial para promover a circulação das informações levantadas.
45
3. IMPLANTAÇÃO DA BIBLIOTECA DIGITAL
Considerando-se a dificuldade de acesso ao acervo Mozart de Araújo, atualmente
indisponível para pesquisas “in loco”, a presente dissertação propõe a implantação de uma
biblioteca digital para armazenar as imagens e informações sobre as partituras de Lundus do
dito acervo.
3.1. Bibliotecas Digitais
A possibilidade de representar texto, som e imagem sob a forma de arquivos digitais
ensejou o surgimento, a partir da década de 1990, das bibliotecas digitais, onde os recursos
estão disponíveis sob formato digital.
Uma biblioteca digital é definida como sendo uma coleção organizada de recursos em
formato digital (Lesk, 2005). O objetivo de uma biblioteca digital é a difusão dos recursos
nela armazenados, ao mesmo tempo em que se preserva a integridade dos documentos em sua
forma primária (Saunders, 1995). Como em uma biblioteca convencional, os recursos são
organizados e identificados através de campos descritivos, denominados metadados, e podem
estar disponíveis na forma de CD-ROMs, DVDs ou disponíveis apenas através de sítios web.
A expansão da web coincidiu com o surgimento das bibliotecas digitais e a facilidade de
acesso às mesmas via Internet é uma de suas principais vantagens.
Existem vários aspectos que motivam a utilização de Bibliotecas Digitais, entre os
quais destacam-se (Poulter, 1994):
1.Facilidade de acesso;
46
2.Possibilidade de contribuições individuais dos usuários;
3.Possibilidade de acesso simultâneo;
4.Disponibilidade da informação em diferentes formatos;
5.Custos menores de aquisição e manutenção;
6.Preservação dos documentos em sua forma primária.
Da mesma forma que ocorre em bibliotecas tradicionais, os recursos de uma biblioteca
digital são catalogados quando de sua inclusão. Na etapa de catalogação emprega-se técnicas
e metodologias da área de biblioteconomia, principalmente a norma Dublin Core (DCMI,
2006), proposta especificamente para descrever recursos digitais, de modo a facilitar sua
localização na web.
3.2. Escolha da plataforma para a biblioteca digital: DSpace
Diversas plataformas para bibliotecas digitais tem sido propostas recentemente, com o
objetivo de armazenar e organizar recursos digitais. A plataforma Eprints (Eprints, 2003),
desenvolvida pelo Departamento de Eletrônica e Ciência da Computação da Universidade de
Southampton, permite o gerenciamento de publicações num nível restrito de abrangência, pois
existe um número limite para o armazenamento e disponibilidade dos arquivos e objetos
digitais. A plataforma Open Journal System (OJS) foi desenvolvida em 2003 pela
Universidade de Oregon
36
com o objetivo de possibilitar a publicação de periódicos em
formato digital. Esta plataforma é atualmente utilizada pelo Programa de Pós-Graduação em
Música (PPGM) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), para a
publicação dos Cadernos de Colóquios (UNIRIO, 2006).
36
Disponível em <www.ir.oregon.edu>
47
Com uma finalidade mais ampla, permitindo a publicação e o armazenamento de
diversos tipos de recursos digitais, foi desenvolvida a plataforma DSpace (DSpace, 2004),
pelo Massachussets Institute of Tecnology (MIT) em conjunto com a Hewlett Packard Co.
(HP), tradicional empresa da área de Informática. Baseada em software livre, esta plataforma
mostra ser uma tendência clara na área de Bibliotecas Digitais.
A plataforma DSpace é um sistema de repositório digital que captura, armazena,
indexa, preserva e redistribui informações. É mais robusta do que as similares e permite a
publicação de vários formatos de arquivos digitais: texto, imagem, vídeo e áudio.
Entre as instituições que utilizam DSpace, destacam-se:
Massachussets Institute of Tecnology
37
(MIT)
Biblioteca do Supremo Tribunal de Justiça
38
(BDJUR)
Cornell University
39
Erasmus University Research Online
40
European University Institute Online Publications
41
(EUI)
Hong Kong University of Science and Technology
42
(HKUST)
Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT)
43
Universidade do Minho Repositorium
44
University of Oregon
45
Universidade Federal do Paraná
46
(UFPR)
37
Disponível em <www.libraries.mit.edu/dspace-mit>
38
Disponível em <http://bdjur.stj.gov.br/dspace/>
39
Disponível em <www.cornell.edu>
40
Disponível em <www.dspace.ubib.eur.nl/index.jsp>
41
Disponível em <www.cadmus.iue.it/dspace/handle/1814/2>
42
Disponível em <www.repository.ust.hk>
43
Disponível em <www.ibict.br>
44
Disponível em <www.repositorium.sdum.uminho.pt>
45
Disponível em <www.ir.uoregon.edu:8443/dspace>
46
Disponível em <www.ufpr.br>
48
Universidade de São Paulo
47
(USP)
Universidade Federal de Minas Gerais
48
(UFMG)
A plataforma está disponível gratuitamente para instituições cadastradas junto à
iniciativa OAI e tem sido utilizada para diversas finalidades institucionais: preservação
digital, gerenciamento de recursos digitais e bibliotecas de teses.
A escolha da plataforma para implantar a Biblioteca Digital para a coleção de Lundus
do Acervo Mozart de Araújo orientou-se por duas premissas:
Software livre: há hoje uma tendência clara no sentido de adotar plataformas
disponíveis em diversos sistemas computacionais, para qualquer tipo de
trabalho ou atividade;
Arquivos abertos (OAI – Open Archives Initiative): que facilitam a
disseminação e a recuperação de conteúdo na web, através da
interoperabilidade entre repositórios de dados.
A plataforma DSpace atende a esses dois requisitos, além de estar sendo muito
utilizada para a implantação de bibliotecas digitais. Por esses motivos, foi a escolhida para o
presente trabalho.
3.3. Implantação de um ambiente DSpace
A forma como os dados são organizados no DSpace procura refletir a estrutura da
organização que usa o sistema. Um repositório DSpace é dividido em “comunidades”, que
correspondem, por exemplo, a centros de pesquisa de uma instituição. As comunidades
podem conter “sub-comunidades”, por exemplo, departamentos, o que possibilita uma
47
Disponível em <www.portcom.intercom.org.br/>
48
Disponível em <www.ufmg.br>
49
organização hierárquica. Comunidades ou sub-comunidades contem “coleções”, que
armazenam itens relacionados entre si (DSpace, 2006).
A Figura 03 mostra a organização da comunidade UNIRIO no ambiente DSpace:
Figura 03 : Organização da comunidade UNIRIO no DSpace
A comunidade UNIRIO contém as sub-comunidades PPGM (Programa de Pós-
Graduação em Música) e PPGT (Programa de Pós-Graduação em Teatro). A sub-comunidade
PPGM contem a coleção “Acervo Mozart de Araújo – Lundus”, na qual o lundu “Yayá você
quer morrer” constitui um item. Este item engloba um pacote de dois recursos digitais, um
correspondente às imagens da partitura (yaya_partitura.pdf) e outro correspondente à imagem
do incipit musical (yaya_incipit_musical.jpg).
recurso digital
comunidade
UNIRIO
subcomunidade
PPGM
subcomunidade
PPGT
coleção
Acervo Mozart de Araújo
Lundus
ítem
Yáyá você quer morrer
recurso digital
yaya_partitura.pdf
yaya_incipit.jpg
50
3.4. Uso do ambiente DSpace
Para o presente trabalho foi utilizada a instalação DSpace implantada pelo IBICT
49
para bibliotecas e instituições de pesquisa brasileiras. Se, por um lado, a disponibilidade de
uma plataforma para utilização imediata constitui uma grande vantagem, limitações decorrem
do fato da mesma ser de propósito geral, como se verificará no âmbito desta seção.
3.4.1. Administração do sistema
Em um ambiente DSpace, o usuário responsável pela criação de comunidades e
coleções, submissão e edição de itens é o “administrador”. O administrador é cadastrado pelo
responsável pela instalação Dspace e deve se identificar como tal quando se conecta ao
sistema. A figura 04 apresenta a tela de entrada no sistema Dspace.
Figura 04 – Tela de entrada no DSpace
49
Disponível em <https://repositorio.ibict.br/ibict>
51
Para entrar no sistema, o administrador aciona o botão “Meu espaço”, localizado à
esquerda inferior da tela. Será mostrado uma tela na qual poderão ser criadas comunidades,
subcomunidades e coleções.
3.4.2. Criação de comunidades
O próximo passo é criação de uma comunidade. Após o retorno à pagina inicial do
sistema, é apresentada ao usuário, já reconhecido como administrador, a opção de “Criar
comunidade”, localizada abaixo da indicação de “Ferramentas do administrador”.
Figura 05 – Tela de criação de comunidade
Após a dar um nome à comunidade, o administrador pode criar uma coleção ou
subcomunidade subordinadas à comunidade.
3.4.3. Criação de coleções
A opção de criar uma coleção está disponível no âmbito de uma comunidade ou sub-
comunidade. Após optar por criar coleção, o administrador seleciona as características
aplicáveis à coleção, como mostrado na figura 06:
52
Figura 06 – Tela de seleção de características da coleção
A seguir, o administrador fornecerá elementos de identificação da coleção (nome,
descrição, etc.), como mostrado na figura 07:
Figura 07 – Tela de elementos de identificação da coleção
3.4.4. Escolha dos metadados descritivos dos itens de uma coleção
Todos os itens de uma coleção serão descritos por um mesmo conjunto de
metadados. Portanto, após a criação da coleção, o próximo passo consiste na seleção dos
metadados descritivos dos itens da coleção.
53
Para fins de descrição de ítens estão disponíveis no DSpace os 15 elementos básicos
do Dublin Core, que podem ser refinados ou não através de 46 qualificadores, desenvolvidos
com base no Dublin Core Libraries Working Group Application Profile (LAP). Há, portanto,
um total há 66 metadados disponíveis para a descrição de ítens.
Na implantação do Dspace no IBICT está disponível este conjunto de 66 metadados.
Porém o conjunto de metadados pode variar dependendo da implantação. Como esta
implantação é de propósito geral, o conjunto de metadados disponível não contempla
características específicas de coleções relacionadas a música, como tonalidade, data de
nascimento do compositor, etc., sendo então utilizados os metadados considerados mais
apropriados para representar as propriedades dos itens pertencentes às coleções a serem
criadas para as Unidades de Pesquisa do Ministério da Ciência e Tecnologia (Viana, 2005). A
figura 08 mostra os metadados selecionados para a descrição dos ítens da coleção de lundus:
54
QuickTime™ and a
TIFF (Uncompressed) decompressor
are needed to see this picture.
Figura 08 – Conjunto de metadados descritivos de um item Lundu
55
Como esta instalação é de propósito geral, o conjunto de metadados disponível não
contempla características específicas de coleções relacionadas a música, como tonalidade,
data de nascimento do compositor, etc. Essa limitação poderá ser superada com a instalação
de um ambiente DSpace na própria UniRio, o que acontecerá em futuro próximo.
3.4.5. Submissão de itens
O administrador de uma comunidade pode determinar quem está autorizado a
submeter – incluir – itens em uma coleção, além de especificar se a submissão será certificada
por procedimento próprio. Estas opções estão disponíveis na tela de características da coleção,
mostrada na Figura 06. O administrador de uma comunidade também pode limitar o acesso
aos conteúdos, tanto ao nível de item, quanto ao nível de coleção.
Para realizar uma submissão de itens no DSpace, inicialmente deve-se escolher a
coleção na qual serão inseridos novos itens, como ilustrado na Figura 09:
Figura 09 – Tela de seleção da coleção para submissão de ítens
O processo de submissão de ítem é iniciado pela seleção de suas características, como
mostra a figura 10:
56
Figura 10 – Tela de seleção de características do ítem
Para entrar com os valores de metadados referentes ao ítem submetido, o usuário
utiliza uma tela como a mostrada na figura 08. Os valores de metadados poderão ser
modificados a qualquer momento, mesmo após a concretização do processo de submissão,
utilizando-se a mesma tela.
Para a efetuar a inserção do recurso digital, seja este uma imagem de partitura ou
incipit, o usuário deverá selecionar a opção “Adicionar arquivo formato binário”, situada na
parte inferior da figura 08, já apresentada. Essa parte pode observada na figura 11:
Figura 11 – Inserção do recurso digital
57
3.4.6. Consultas
No DSpace as consultas podem ser feitas em todo o repositório ou em uma
determinada comunidade ou coleção. A busca podem ser simples ou avançada.
Na busca simples, o usuário deverá digitar a palavra ou grupo de palavras no local
indicado. A figura 12 indica o espaço reservado ao usuário na inserção dos dados para que
seja efetuada uma busca simples no DSpace:
Figura 12 – Tela de busca simples
Na busca avançada, o usuário poderá combinar campos, através da utilização dos
operadores lógicos “E” “OU” e “NÃO”. Na figura 13 pode ser observada a tela de busca
avançada.
58
Figura 13 – Tela de busca avançada
Tanto na busca simples como na busca avançada, caso os dados sejam encontrados,
é apresentada uma lista contendo a data da publicação do item no repositório, o título e o
autor. A figura 14 apresenta um exemplo dessa tela:
Figura 14 – Tela de resultado da busca
59
Ao selecionar um determinado registro é exibida uma ficha com os metadados,
possibilitando a visualização dos recursos digitais relacionados. A figura 15 apresenta a tela
de exibição de um registro no DSpace:
QuickTime™ and a
TIFF (Uncompressed) decompressor
are needed to see this picture.
Figura 15 – Tela de exibição de um registro
60
Caso a palavra não exista na coleção ou comunidade aparecerá uma mensagem
indicando o resultado negativo na busca.
61
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta dissertação foi descrito o processo de implantação de uma biblioteca digital para
a coleção de Lundus do acervo Mozart de Araújo. Em um primeiro momento foram estudados
normas e padrões, oriundos das áreas de musicologia, arquivologia e biblioteconomia, para
escolher os mais apropriados à descrição das partituras de lundus. O conjunto de 48 partituras,
identificadas em pesquisa anteriormente realizada, foi então catalogado utilizando a iniciativa
Dublin Core, internacionalmente utilizada para a descrição de recursos digitais acessíveis
através da web. Na redação dos conteúdos dos elementos de metadados Dublin Core foram
seguidas as recomendações das regras AACR2, seguidas em grande parte das bibliotecas,
inclusive a Biblioteca do Congresso americana (LC, 2006), considerada referência
internacional na área da Biblioteconomia, e a Biblioteca Nacional (BN, 2005), referência
brasileira. Foi estudada a correspondência dos elementos Dublin Core utilizados para
descrever os recursos digitais com campos do padrão MARC 21 (MARC, 2005),
assegurando-se assim a compatibilidade dos registros criados com o padrão de intercâmbio
reconhecido e utilizado por bibliotecas de todo o mundo.
Para a implantação da biblioteca digital foi escolhida a plataforma Dspace, conforme
às atuais tendências de software livre e arquivos abertos. A adoção da plataforma Dspace
possibilita a interoperabilidade do repositório de lundus com outros servidores de dados
desenvolvidos dentro da filosofia de arquivos abertos.
4.1. Principais contribuições
A utilização sistemática de normas e padrões internacionais para a catalogação das
partituras de lundus consiste em uma das principais contribuições do presente trabalho. A
62
confrontação das normas oriundas da musicologia e biblioteconomia, realizada no capítulo 2,
foi fundamental para determinar a sua aplicabilidade a acervos musicais, principalmente
considerando-se que a maioria dessas propostas é desconhecida na área de música.
Dos trabalhos correlatos discutidos na seção 2.4, nos dois primeiros não foram
considerados normas e padrões internacionais de catalogação. Como conseqüência, além da
dificuldade de busca nestas coleções, os recursos que disponibilizam não serão visualizados
através de ambientes interoperáveis, ficando restritos aos respectivos sítios web.
No terceiro trabalho estudado, relativo ao Arquivo de Viçosa, foram empregadas as
normas ISAD(G) e RISM. Importante iniciativa no âmbito da musicologia, a norma RISM
tem a sua origem no propósito de criar uma base de dados centralizada contendo informações
sobre obras musicais. Entretanto, não foram estudados nesse trabalho outras normas passíveis
de serem utilizadas para a catalogação nem a conformidade com padrões de intercâmbio que
possibilitariam a interoperabilidade quando da automação do catálogo.
Para que seja efetiva, a disponibilidade de informações na web requer a adoção de
padrões de intercâmbio, por um lado, e a adoção de plataformas interoperáveis, por outro
lado. A metodologia de catalogação adotada no presente trabalho, com o uso de elementos
Dublin Core em acordo com o padrão MARC 21, e regras AACR2, torna viável o intercâmbio
a nível nacional e internacional.
A adoção da plataforma Dspace possibilita a interoperabilidade com outros
repositórios de dados desenvolvidos dentro da filosofia de arquivos abertos. Uma coleção de
recursos gerada localmente torna-se totalmente integrada com outras coleções, de forma
transparente para o usuário. Ao contrário de outras iniciativas (RISM, 1996), essa integração
não se dá através de centralização em uma só base, abordagem que vai de encontro à natureza
rizomática da própria web.
63
4.2. Limitações observadas
Algumas limitações foram observadas na implantação da biblioteca digital para os
Lundus do acervo Mozart de Araújo utilizando o ambiente Dspace do IBICT.
A seleção de metadados aplicáveis aos recursos da coleção de lundus é restrita ao
conjunto de metadados disponíveis na instalação do IBICT. Como esta é de propósito geral,
não constam do conjunto disponível metadados típicos de repositórios de ítens musicais,
como tonalidade, instrumentação, etc. Por outro lado, não é possível acrescentar novos
metadados ao ambiente Dspace no IBICT. Por esse motivo, algumas informações levantadas,
como data de nascimento do autor, não puderam ser inseridos no sistema.
Esse problema poderá ser solucionado com a implantação da biblioteca em um
repositório Dspace especialmente projetado para armazenar acervos musicais.
Outra limitação diz respeito à interface de consulta do Dspace, que é bastante
simplificada e não permite funcionalidades desejáveis no caso de uma coleção de imagens de
partituras.
4.3. Trabalhos futuros
O presente trabalho insere-se dentro do esforço de implantar bibliotecas digitais de
recursos musicais no âmbito do CEMA – Centro de Documentação e Memória das Artes –
que abrangerá coleções relacionadas com a produção científica e artística dos programas de
Pós-Gradução em Música e Teatro da UniRio. A implantação da Biblioteca Digital para a
coleção de Lundus do acervo Mozart de Araújo é o primeiro passo para a realização desta
iniciativa de maior porte.
Dadas as limitações observadas no uso do Dspace, torna-se necessária a investigação
de plataformas alternativas para a implementação de bibliotecas digitais.
64
Os próximos passos compreendem a realização de bibliotecas digitais de obras de José
Maurício Nunes Garcia (Rio de Janeiro, 1767 – 1830), Marcos Portugal (Lisboa, 1762 – Rio
de Janeiro, 1830) e Sigismund Neukomm (Salzbourg, 1778 – Paris, 1858), os principais
compositores da corte de D. João no Rio de Janeiro. Busca-se a interoperabilidade dessas
coleções com outras, sediadas no Brasil e em Portugal, que contem obras dos mesmos
compositores.
65
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Acesso em: 20 mar. 2006.
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1996. Diário Oficial da República do Brasil. Brasília, 29 de março de 1996, seção 1,
suplemento ao nº62, p.1-29.
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<http://bdjur.stj.gov.br/dspace/> Acesso em: 21 maio 2006.
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68
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UFMG - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. Disponível em
<www.ufmg.br> Acesso em: 18 jan. 2006.
UFPR - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. Disponível em <www.ufpr.br> Acesso
em: 20 jan. 2006.
UFRJ - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO. Disponível em <www.ufrj.br>
Acesso em: 21 jan. 2006.
UNIVERSITY OF OREGON. Disponível em <www.ir.uoregon.edu:8443/dspace> Acesso
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Acesso em: 18 jan. 2005.
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Z39.50 MAINTENANCE AGENCY – LIBRARY OF CONGRESS. Disponível em
<www.loc.gov/z3950 /agency> Acesso em: 20 nov. 2005.
69
ANEXO I – Correspondência entre Dublin Core e MARC 21
A adequação ao padrão de intercâmbio MARC 21 é um requisito indispensável para
assegurar a interoperabilidade entre repositórios de dados. O quadro a seguir, organizado com
base nas recomendações da Biblioteca do Congresso americana
50
, mostra a correspondência
entre os elementos do Dublin Core qualificado utilizados para descrever os ítens de lundus e o
padrão MARC 21. As linhas em negrito correspondem a elementos que devem ser fornecidos
pelo usuário responsável pela submissão do ítem. As demais correspondem a elementos
gerados internamente pelo próprio Dspace.
DUBLIN CORE MARC 21
Elemento do Dublin Core
Qualificado
Significado atribuido Campos Subcampos
contributor.author Autor do recurso primário 100 a
contributor.other Autor literário 700 a
contributor.other Arranjador 700 a
coverage.temporal Período da composição 513 b
creator Criador do recurso digital 710 a
date.accessioned Data de submissão do ítem - -
date.available Data em que o ítem se torna
público
307 a
date.issued Data de publicação ou
distribuição do ítem
- -
date.issued Data de edição do recurso
primário
260 c
identifier.uri Identificador do ítem na
biblioteca digital
856 u
description Descrição 500 a
50
Disponível em http://www.loc.gov/marc/dccross.html
70
description.provenance Usuário responsável pela
submissão do ítem
- -
description.provenance Informações sobre a carga do
recurso digital
- -
format.extent Tamanho do arquivo digital 856 s
format.mimetype Formato do arquivo digital 856 q
language.iso Idioma 546 a
publisher Editor 260 b
subject Assunto 653 a
title Título 245 a
type Tipo 655 a
Algumas questões merecem ser discutidas, frente ao mapeamento proposto no quadro
acima.
Em primeiro lugar, é importante dissociar o conceito de creator, que no Dublin Core é
claramente o criador do recurso digital, do conceito de autor – campo 100 a do MARC 21. No
Dublin Core, o autor do recurso primário é nomeado no elemento contributor.author. Outras
autorias são especificadas em elementos contributor.other, que podem se repetir.
Os elementos date.accessioned e description.provenance, que contem dados sobre a
submissão de um ítem, não tem correspondência no MARC 21, pois, sendo específicos da
biblioteca digital, não são exportados para fins de intercâmbio.
Os três elementos data.accessioned, data.available e data.issued são automaticamente
gerados pelo Dspace e refletem a data de submissão do ítem. Entretanto, na proposta original
do Dublin Core são datas que refletem momentos diferentes, uma vez que um ítem pode ser
tornado disponível em momento posterior à submissão. Essa diferenciação não é possível na
atual implantação do Dspace/IBICT. Outra dificuldade diz respeito ao elemento date.issued,
71
que na proposta Dublin Core refere-se à data de edição do recurso primário. Na implantação
atual não é possível usar o elemento com esse significado.
72
ANEXO II – Fichas Catalográficas das partituras de Lundus
Este anexo contem as 48 fichas catalográficas elaboradas segundo os elementos
Dublin Core apropriados para a descrição dos ítens de lundus, selecionados dentre os
disponíveis na instalação do Dspace/IBICT conforme discutido na seção 3.4.4.
São mostrados apenas os campos que devem ser fornecidos pelo usuário no momento
da submissão de um ítem de lundu, juntamente com o arquivo em formato pdf referente à
partitura e o arquivo em formato jpg referente ao incipit musical. Os demais elementos do
Dublin Core – date.accessioned, date.available, identifier.uri, description.provenance,
format.extent e format.mimetype – são gerados automaticamente pelo Dspace quando da
submissão do ítem. Como a implantação do Dspace/IBICT não admite a criação de novos
elementos de metadados, a instrumentação e tonalidade são fornecidos como elementos de
descrição.
Para elaboração dos textos de cada campo foram empregadas as regras AACR2. Os
nomes dos autores, que aparecem como valores do elemento contributor.author, foram
preenchidos de acordo com o arquivo de autoridades-nomes da Biblioteca Nacional
51
.
Concomitante à submissão dos metadados, são carregados dois arquivos para cada
lundu, correspondentes à partitura digitalizada, em formato pdf, e ao incipit musical, em
formato jpeg. O resultado pode ser conferido em https://repositorio.ibict.br/ibict/.
51
Disponível em http://www.bn.br
73
contributor.author Cunha, João Luiz de Almeida
contributor.other
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (4 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Sol maior
language.iso pt
publisher J. C. Meirelles & Cia.
subject Música
title Lavadeira, A
type Musical Score
contributor.author Cunha, João Luiz de Almeida
contributor.other
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (3 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Fá maior
language.iso pt
publisher Narciso & Arthur Napoleão
subject Música
title Acho bom! Mas moro longe
type Musical Score
contributor.author Cabral, José d’Almeida
contributor.other Francisco Júnior, Martim
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (2 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Ré menor
language.iso pt
publisher
subject Música
title Loirinha, A
type Musical Score
74
contributor.author Bahia, Xisto
contributor.other Moraes Filho, Alexandre de Mello
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (1 p.) : 21x30 cm
description Canto
description Mib maior
language.iso pt
publisher
subject Música
title Mulata, A
type Musical Score
contributor.author Callado Júnior, Joaquim Antônio da Silva
contributor.other
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (4 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Dó maior
language.iso pt
publisher Rocha & Corrêa
subject Música
title Clarinhas e as Moreninhas, As
type Musical Score
contributor.author Romualdo, Pagani
contributor.other Villas-Boas, Ed.
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (4 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Sol maior
language.iso pt
publisher José Maria Alves da Rocha
subject Música
title Capenga não forma
type Musical Score
75
contributor.author Machado, Raphael Coelho
contributor.other Cordeiro, Albano
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (4 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Lá menor
language.iso pt
publisher Narciso & Arthur Napoleão
subject Música
title Conselho aos homens
type Musical Score
contributor.author Machado, Raphael Coelho
contributor.other Macedo, Joaquim Manuel de
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (4 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Lá menor
language.iso pt
publisher Narciso & Arthur Napoleão
subject Música
title Conselho às moças
type Musical Score
contributor.author Lobo, Elias Alvares
contributor.other
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (4 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Fá maior
language.iso pt
publisher Arthur Napoleão & Cia.
subject Música
title Chá preto, Sinhá?
type Musical Score
76
contributor.author Cunha, João Luiz d’Almeida
contributor.other Lopes, Castro
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (4 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Sol maior
language.iso pt
publisher
subject Música
title Coração para alugar
type Musical Score
contributor.author Arvellos, Januário da Silva
contributor.other
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (4 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Fá maior
language.iso pt
publisher Isidoro Bevilacqua
subject Música
title Dizem que sou borboleta
type Musical Score
contributor.author Milanez, Abdom
contributor.other
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (5 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Dó maior
language.iso pt
publisher Narciso & Arthur Napoleão
subject Música
title D. Sebastiana – Lundu do Padre Fuzileiro
type Musical Score
77
contributor.author Carvalho, Francisco de
contributor.other Macedo, Joaquim Manuel de
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (3 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Fá maior
language.iso pt
publisher Filippone e Tornaghi
subject Música
title Eu quero me casar!
type Musical Score
contributor.author
contributor.other
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (4 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Ré maior
language.iso pt
publisher Isidoro Bevilacqua
subject Música
title Eu sou Manel Corisco
type Musical Score
contributor.author Arvellos, Januário da Silva
contributor.other
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (2 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Sol maior
language.iso pt
publisher
subject Música
title Eu gosto da cor morena
type Musical Score
78
contributor.author Arvellos, Januário da Silva
contributor.other
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (3 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Ré maior
language.iso pt
publisher Isidoro Bevilacqua
subject Música
title Eu tenho um bicho cá por dentro
type Musical Score
contributor.author Dorino, Dezidério
contributor.other [“Curioso”] B. B.
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (3 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Mib maior
language.iso pt
publisher Filippone e Tornaghi
subject Música
title Gentis você já viu já?
type Musical Score
contributor.author Silva, Cândido Ignácio da
contributor.other
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (3 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Dó maior
language.iso pt
publisher Filippone e Tornaghi
subject Música
title Lá no largo da Sé
type Musical Score
79
contributor.author Ramos, J. da Silva
contributor.other
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (4 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Ré maior
language.iso pt
publisher Rocha & Corrêa
subject Música
title Lundu das Beatas
type Musical Score
contributor.author Milano, Nicolino
contributor.other Azevedo, Arthur
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (4 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Ré maior
language.iso pt
publisher Neuparth & Carneiro
subject Música
title Lundu de Euzébio e coro
type Musical Score
contributor.author
contributor.other
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (4 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Rél maior
language.iso pt
publisher Arthur Napoleão & Cia.
subject Música
title Lundu do Assahy
type Musical Score
80
contributor.author
contributor.other
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (4 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Mi menor
language.iso pt
publisher Filippone e Tornaghi
subject Música
title Marília meu doce bem
type Musical Score
contributor.author Gonzaga, Thomaz Antônio
contributor.other Lacerda, Osvaldo
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura manuscrita (3 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Mib maior
language.iso pt
publisher
subject Música
title Marília, tu não conheces
type Musical Score
contributor.author Quintiliano, Antônio
contributor.other
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (2 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Láb maior
language.iso pt
publisher
subject Música
title Nu e Crú
type Musical Score
81
contributor.author Cardim, João Pedro Gomes
contributor.other
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (2 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Fá maior
language.iso pt
publisher
subject Música
title Bilontra, O – Ataca Filipe
type Musical Score
contributor.author Cardim, João Pedro Gomes
contributor.other
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (4 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Ré maior
language.iso pt
publisher Narciso & Arthur Napoleão
subject Música
title Bilontra, O – Lundu do Poli-Poli
type Musical Score
contributor.author Pimentel, Albertino
contributor.other
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (4 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Fá maior
language.iso pt
publisher Casa Mozart
subject Música
title Buraco, O
type Musical Score
82
contributor.author Pimentel, Albertino
contributor.other
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (3 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Sol maior
language.iso pt
publisher
subject Música
title Engrossa, O
type Musical Score
contributor.author Costa Júnior, José Gomes da
contributor.other
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (4 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Mib maior
language.iso pt
publisher Buschmann & Guimarães
subject Música
title Homem, O
type Musical Score
contributor.author Carvalho, Francisco
contributor.other Lisboa, Bernardo
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (4 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Dó maior
language.iso pt
publisher Buschmann & Guimarães
subject Música
title Munguzá, O
type Musical Score
83
contributor.author Ribeiro, T. A.
contributor.other
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (4 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Ré maior
language.iso pt
publisher E. Bevilacqua & Cia.
subject Música
title Retrato, O
type Musical Score
contributor.author Pacheco, Francisco de Assis
contributor.other
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (4 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Dó menor
language.iso pt
publisher E. Bevilacqua & Cia.
subject Música
title Tribofe, O
type Musical Score
contributor.author Rego, Antônio José do
contributor.other Barbosa, Domingos Caldas
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura manuscrita (3 p.) : 21x30
description Canto e Piano
description Dó maior
language.iso pt
publisher
subject Música
title Ora, adeus senhora Ulina
type Musical Score
84
contributor.author Mesquita, Henrique Alves
contributor.other Villas-Boas, Ed.
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (4 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Dó maior
language.iso pt
publisher João Ferreira da Silva
subject Música
title Beijos de Frade, Os
type Musical Score
contributor.author
contributor.other
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (4 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Dó maior
language.iso pt
publisher E. Bevilacqua e Cia.
subject Música
title Pai João
type Musical Score
contributor.author
contributor.other
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (2 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Mi maior
language.iso pt
publisher
subject Música
title Quem é pobre não tem vícios
type Musical Score
85
contributor.author Fróes, Leopoldo
contributor.other
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (4 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Fá maior
language.iso pt
publisher Carlos Wehrs & Cia.
subject Música
title Samba Fidalgo
type Musical Score
contributor.author J. M. S. R.
contributor.other
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (6 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Sib maior
language.iso pt
publisher Filippone e Tornaghi
subject Música
title Sinhasinha, eu ando torto
type Musical Score
contributor.author
contributor.other
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (4 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Fá maior
language.iso pt
publisher Arthur Napoleão & Cia.
subject Música
title Um mochocho de Yayá
type Musical Score
86
contributor.author Souza, Ernesto
contributor.other
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (3 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Láb maior
language.iso pt
publisher E. Bevilacqua & Cia.
subject Música
title Um noivo em cócegas
type Musical Score
contributor.author Brito, Francisco de Paula
contributor.other
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (2 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Fá maior
language.iso pt
publisher
subject Música
title Viva S. João
type Musical Score
contributor.author Coelho, M. J.
contributor.other Aboim, João Correia de
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (4 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Mib maior
language.iso pt
publisher Sasseti & Cia.
subject Música
title Você viu!
type Musical Score
87
contributor.author Arvellos, Januário da Silva
contributor.other
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (3 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Dó maior
language.iso pt
publisher Isidoro Bevilacqua
subject Música
title Xic, xic, xoc
type Musical Score
contributor.author Bahia, Xisto
contributor.other
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued 1924
description partitura impressa (4 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Lá maior
language.iso pt
publisher Casa Mozart
subject Música
title Yayá você quer morrer!
type Musical Score
contributor.author Bahia, Xisto
contributor.other
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (3 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Lá maior
language.iso pt
publisher Eugéne Hollender
subject Música
title Jajá você quer morrer
type Musical Score
88
contributor.author
contributor.other
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura manuscrita (4 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Lá maior
language.iso pt
publisher
subject Música
title Yayá, venha cá meu bem
type Musical Score
contributor.author Arvellos, Januário da Silva
contributor.other
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (1 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Ré maior
language.iso pt
publisher
subject Música
title Fandangos das baianas, Os
type Musical Score
contributor.author Martins, José Francisco
contributor.other
coverage.temporal Século XIX
creator Projeto SIM – UNIRIO
date.issued
description partitura impressa (1 p.) : 21x30 cm
description Canto e Piano
description Mi menor
language.iso pt
publisher T. B. Diniz
subject Música
title Lundu do cupido
type Musical Score
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