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Governador de Minas, mas não contei isso a ninguém, senão estava degolado. Ainda mais
de Minas...Eu estaria degolado pois a competição era muito grande. Então, saí
selecionando, de capital em capital de Estado, e sentindo aqueles nomes adequados para as
votações majoritárias. O Governador era escolhido por eleição indireta pela Assembléia,
mas tinha eleição majoritária entre os senadores. Tinha que escolher dois senadores em
cada Estado. E fomos muito felizes porque conseguimos uma maioria muito expressiva no
Senado e os Governadores parece que foram muito bem escolhidos porque trabalharam em
paz, grandes nomes, alguns até hoje.
P: E em Uberlândia, como o senhor recorda da política Uberlandense em 1970?
R: Em 70, eu me recordo muito da política uberlandense porque nascia algo positivo. E
esses jovens universitários e mesmo os ginasianos já tinham uma grande vocação política.
Fui presidente da AESU (Associação dos Estudantes Secundaristas de Uberlândia), depois
fui estudar em Belo Horizonte. Eu me recordo, em 70 de uma cidade florescente, motivada.
Uma cidade que estava na plenitude das suas realizações. Entre 67/70 eu fui Ministro da
presidência. Eu fui Ministro Chefe da Casa Civil da Presidência da República. E o
presidente Costa e Silva, que era o presidente da República, veio em Uberlândia várias
vezes, eu conseguia trazê-lo, e, ele asfaltou a estrada pra Brasília, que foi uma grande
conquista pra Uberlândia, pois cortou muito caminho. Ele criou nossa Universidade. Fiz o
decreto, ele assinou. E eu tinha aquela confiança absoluta no destino de Uberlândia, e,
Uberlândia tinha me confirmado na Câmara Federal. Eu era deputado federal e presidente
da Arena, escolhendo governadores. E os meus contatos, desde que iniciei a vida pública
em 1947, fins de 46, eu tinha muita identidade com meu povo. Eu estava em Belo
Horizonte, onde havia me formado em Direito. Lá já tinha sido deputado constituinte
mineiro, e fiquei na Assembléia, apenas uma legislatura. E, em 1950, me mandaram para a
Câmara Federal. E, em 1951, veio o Getúlio eleito. Eu trabalhando na Câmara, aprendendo
no cotidiano, aprendendo todos os dias. Muito bem entrosado com todos os políticos de
Uberlândia. Com nossa Associação Comercial, ainda não existia o CAMARU, mas já
existia a Associação dos Agricultores e Pecuaristas. A Associação dos Motoristas aqui com
Lázaro Chaves, com todos os partidos. PSD e UDN naquela época já tinham sido extintos,
mas até 1966, quando os partidos existentes foram extintos, para a criação de outros, para
fazer apenas o bipartidarismo, era o ideal, que já havia naquela época muita legenda de
aluguel. Em 1970, eu estava já com vinte anos de mandato, quer dizer, 23 anos de mandato,
então, eu já era um homem que conhecia os bastidores, que o Getúlio chamava de “meu
serpentário de luxo”, ele brincava assim, era a Câmara Federal e o Senado. Estava bem
domesticado né, naquela luta, que é uma luta que vocês não calculam. Muita vaidade, muito
pragmatismo, a luta política. Cada um disputa palmo a palmo as influências do poder. O
país é um continente. Então aprendi, e eu tinha a esperança de ver Uberlândia continuar
florescendo. E em 71, no final de 70, foi um ano marcante pra mim, o ano em que fui
escolhido como Governador do Estado. Fui eleito pela Assembléia e pude dar continuidade
ao trabalho que vinha fazendo como Ministro e como deputado. Trouxe a malha rodoviária
para Uberlândia. E trouxe de Montes Claros, a estrada chegou aqui foi uma surpresa pra
cidade, pois tínhamos aqui uma grande aspiração, que era construir uma ponte sobre o Rio
Araguari para encurtar o caminho, pois era muito difícil, não havia realmente uma
justificativa, e isso era muito caro para a época. Mas quando conseguimos implantar a
rodovia do sal, que vem de Montes Claros para Uberlândia, Montes Claros, Pirapora, Patos