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título “Influência da Educação nos nossos costumes”. Nela, percebe-se o posicionamento do
colunista em prol da modernização também do ensino público, ambicionando um novo rumo
para a rede escolar. Assim, a educação passa a ser concebida como processo capaz de
moralização e politização dos alunos. Desse modo, sua ação tem efeito sobre o universo
social, no sentido de incutir a verdadeira moral e os valores cívicos, tão necessários para o
aprimoramento humano. Assim,
Influência da Educação nos nossos costumes – nunca foi tão preciso, como
agora, que a Educação assuma as mais criteriosas proporções, para que, bem feita,
alicerçada nos sãos princípios de uma robusta moral, enfrente tantos males que
procuram perverter os puros costumes do povo brasileiro. E essa defesa, a que nos
referimos, depende da Educação atual: é a mocidade hodierna que vai servir de
anteparo à perversão dos nossos costumes, repelindo as exóticas extravagâncias das
modas sempre mutáveis, e, cada vez mais, mais indecentes, que o luxo e o pouco
escrúpulo exportam para nós... A pessoa, verdadeiramente educada, é simples nas
suas maneiras, modesta no seu trajar; e, preocupada com as belezas que a Ciência
lhe prodigaliza, não perde tempo com essas futilidades, que só servem para
comprometer-lhe o futuro... Em todos os atos da nossa vida, nos mais
insignificantes e nos mais comuns, deve existir um lado prático, algo de proveito,
par que sejam lícitos. O indivíduo culto emancipa-se, mais facilmente que o
ignorante, dos muitos vícios e fraquezas que o assediam, porque sabe avaliar as
funestas conseqüências oriundas desses males. O exagero das modas, mormente por
parte do sexo fraco, é proveniente da falta de experiências das coisas... E esse
exagero é comprometedor, ainda mais quando a pessoa reconhece os seus tantos
inconvenientes, ao qual se entrega, incautamente, por imitação, apenas, para, como
se diz, estar ao lado da maioria. A maldade dos homens que se dá, muito bem,
“com essas modas”, ao invés de censurá-las insistentemente e com critério,
acoroçôa-as, para se extasiar ante à beleza plástica e provocadora da Natureza... As
mulheres, então sabedoras desse prazer que proporcionam, com as suas modas, a
homens sem escrúpulo, é que devem modificar os exageros, vestindo-se com
recato, ocultando, quando possível, as partes do seu corpo, que deve ser um templo
augusto e sacrossanto, guardando preciosidades inestimáveis... Senão por outros
sentimentos mais nobres (perdoem-nos!...), ao menos por este “Amor próprio”,
deve a Mulher ser comedida no seu traje, para que se conserve inacessível aos
olhares perscrutadores e maliciosos dos homens... A regeneração de todos os
costumes, a salvação moral dos nossos dias depende, particularmente, da mulher.
Sabia ela conduzir-se, saiba impor-se, saiba manter a natural ascendência que deve
ter sobre os homens, saiba, afinal, fazer-se respeitada, à vista da sua superioridade
de sentimentos afetivos, de amizade, de amor e de dedicação, mas tudo isso com
um certo orgulho bem compreendido, que reinará, no mundo, aquela tranqüilidade
de costumes, de que tanto precisamos. Ao lado daquilo tudo, abandone as
extravagâncias das modas, e conserve, muito elevadamente, o segredo que tem de
cativar, sem ser preciso, apesar disso, lançar mão de meios menos dignos, com os
quais não deve estar de acordo o seu sexo, que se impõe, arrebata e vence, pelos
predicados que a fazem privilegiada, governando e dirigindo o mundo para as mais
sublimes conquistas do amor, da inteligência e da moral! N. (CIDADE DO
PATROCÍNIO, Nº 669 – 28/03/1926)
Percebe-se a preocupação que o periódico tem em divulgar princípios morais e
atitudes a serem incutidas na mocidade patrocinense, de modo a preservar a ordem
estabelecida pela tradição. A preservação da moral e dos bons costumes é condição