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“No entanto, existem também as pequenas diferenças. Neste trabalho, trataremos de
uma delas: os falsos cognatos ou ‘falsos amigos’, como forma denominados por
Maxime Koessler e Jules Derocquigni, em 1928 (apud Downes, 1984).” (ibd.:13)
No Capítulo II, Leiva examina definições do termo “falso cognato” na
literatura e, em seguida, apresenta uma classificação para essas palavras
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distinta das definições encontradas em seu levantamento, que será a que seguirá
em seu trabalho. Para cumprir o primeiro objetivo, a autora consulta vários
dicionários
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e encontra em todos “palavras cognatas” como “palavras que têm
radical comum”, e apenas em um deles
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encontrou “falsos cognatos”, com a
seguinte definição: “a word which has the same or very similar form in two
languages, but different meaning in each”, que não faz nenhuma referência à
etimologia das palavras (Richards, 1985, apud Leiva, 1994:14). A autora segue
seu percurso por definições para o conceito de “falsos cognatos” e os resume
como “(...) interferências de uma língua na outra, a nível semântico, já que o
aprendiz usa essas palavras, na L2, com o significado que têm na L1, dificultando
a comunicação” (ibid.:15). Nessa definição, novamente, o termo “falsos cognatos”
designa os erros a que essas palavras podem levar.
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As quatro categorias propostas por Leiva (1994:17-19) em sua dissertação de mestrado são as
seguintes: 1) Duas formações baseadas em duas palavras latinas diferentes, porém com radicais
idênticos. (ex.: esp. vaso < vas, vasis = utensílio de cozinha e port. vaso < vasum, i = vaso; navio;
veia; recipiente; vasilha). Hoje esp. vaso significa “copo” e o port. “vaso” significa recipiente para
plantas ou flores e vaso sanitário; 2) Uma única palavra de origem: as duas línguas conservam o
significado original, e ambas (ou uma delas) acrescentam um ou mais significados ou estreitam seu
campo semântico. (ex.: esp. exquisito/port. esquisito, do latim<esquisitus, a, um = aurado,
escolhido, distinto, elegante, excelente, requintado). Hoje esp. exquisito: distinto, elegante;
gostoso; raro, fino. / port. “esquisito”: raro, fino; por extensão, passou a “estranho”; 3) Uma única
palavra de origem com um ou mais significados, que são conservados por uma das duas línguas.
A outra conserva apenas um dos significados originais ou nenhum (e pode até criar, mais tarde,
um outro termo para suprir a falta do (s) outro(s). (ex. esp. sugestión/port. sugestão, do latim
<suggero, suggestionis = ação de contruir; adição sucessiva; pôr debaixo, levar, trazer debaixo;
fornecer; proporcionar, sugerir). Hoje esp.sugestión significa: indução hipnótica e port. “sugestão”:
proposta; insinuação; indução hipnótica; 4) Duas palavras semelhantes (ou idênticas), porém de
origem e significado diferentes. (ex. esp. rato, do latim<raptus, us = rapto; figurado, instante e port.
rato, do grego<ratte). Hoje esp. rato significa instante, momento e o port. “rato” significa mamífero
roedor.
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A autora cita os dicionários Oxford (1987), Webster (1963), Aurélio (1975), a Enciclopédia
Britânica (não há referência no trabalho) e o Dicionário de Lingüística (1980) de David Crystal.
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RICHARDS, J. et al. “Longman Dictionary of Aplied Linguistics”. Essex-England: Longman,
1985:103.