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RODRIGO JOSÉ BRASIL WANDA BRU
AVALIAÇÃO MECÂNICA DE SUPERFÍCIES DO AÇO SAE 4144
CURITIBA
2006
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RODRIGO JOSÉ BRASIL WANDA BRU
AVALIAÇÃO MECÂNICA DE SUPERFÍCIES DO AÇO SAE 4144
Dissertação apresentada como requisito
parcial para a obtenção do grau de Mestre
em Engenharia Mecânica, Programa de
Pós-Graduação em Engenharia Mecânica,
Setor de Tecnologia, Universidade Federal
do Paraná.
Orientadora: Profª. Drª. Ana Sofia Clímaco
Monteiro D’Oliveira
CURITIBA
2006
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FICHA CATALOGRÁFICA
Bru, Rodrigo José Brasil Wanda
B886 Avaliação mecânica de superfícies do Aço SAE 4144 / Rodrigo José
Brasil Wanda Bru - Curitiba, 2006.
ix, 66 f.: il., tab., graf.
Orientadora: Ana Sofia Clímaco Monteiro D’Oliveira
Dissertação (Mestrado) Universidade Federal do Paraná, Setor
de Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica
Inclui Bibliografia.
1. Tribologia. 2. Desgaste mecânico. 3. Ensaio de dureza.
I. D´Oliveira, Ana Sofia Clímaco Monteiro. II.Título. III. Universidade
Federal do Paraná.
CDD 621.89
TERMO DE APROVAÇÃO
RODRIGO JOSÉ BRASIL WANDA BRU
AVALIAÇÃO MECÂNICA DE SUPERFÍCIES DO AÇO SAE4144
Dissertação aprovada como requisito parcial à obtenção de grau de Mestre em Engenharia
Mecânica, área Manufatura, no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica, Setor
de Tecnologia da Universidade Federal do Paraná.
Banca Examinadora:
Profª. Drª. Karin Soldatelli Borsato Prof. Dr. Ramón Sigifredo Cortés Paredes
PUC-PR UFPR/PG-Mec
Profª. Drª. Ana Sofia Clímaco Monteiro D’Oliveira
UFPR/PG-Mec
Presidente
Curitiba, 21 de agosto de 2006
Dedico esta dissertação à minha
esposa, Christiane.
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Universidade Federal do Paraná, instituição pública gratuita e de
qualidade, por viabilizar o desenvolvimento do presente trabalho.
Ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica, por disponibilizar a
estrutura de laboratórios e profissionais necessários.
A minha orientadora Professora Dra. Ana Sofia Clímaco Monteiro D´Oliveira, pela
paciência, apoio e trabalho em meu benefício sem o qual este trabalho não seria viável.
À empresa Robert Bosch LTDA pelos recursos fornecidos.
A minha família, pelo amparo nas horas mais difíceis desta caminhada.
Agradeço a Deus, minha fonte de força e inspiração.
ii
RESUMO
A degradação de componentes mecânicos em conseqüência das condições de serviço
na maioria dos casos se concentra ou inicia na sua superfície, devido, por exemplo, a
fenômenos de desgaste. O estudo dos mecanismos de diferentes fenômenos de degradação
mecânica de duas superfícies é feito pela Tribologia. No entanto por esta degradação
depender do sistema tribológico existem dificuldades na qualificação de componentes. No
sentido de qualificar componentes em relação à possibilidade de apresentarem maior ou
menor resistência a esta degradação faz-se necessário a compreensão de diferentes técnicas de
caracterização de superfícies que possam cobrir um amplo espectro de solicitações. Neste
trabalho propõe-se avaliar as características mecânicas de superfícies, através de medidas de
dureza, risco, desgaste por deslizamento abrasivo e adesivo com o intuito de encontrar
relações/tendências de comportamento entre estas diferentes técnicas de caracterização. A
metodologia empregada selecionou um aço em diferentes condições superficiais, assim foram
avaliadas as condições de aço SAE 4144 normalizado, SAE 4144 temperado e revenido e aço
SAE 4144 temperado, revenido e nitretado. Depois de preparadas, as superfícies foram
retificadas, antes de ser medida a sua dureza (microdureza Vickers e dureza Rockwell),
resistência ao risco, desgaste por deslizamento abrasivo e adesivo (ensaio tipo pino sobre
disco abrasivo e disco metálico). Os resultados mostraram que o aumento da dureza resulta
em maior resistência ao desgaste por deslizamento abrasivo e adesivo. Já a correlação dos
resultados do ensaio de risco com as características da superfície depende do tipo de teste
realizado e da presença ou não de gradiente de dureza na superfície.
Palavras-chave: tribologia, ensaio de dureza, ensaio de risco, desgaste abrasivo, desgaste
por deslizamento.
iii
ABSTRACT
Failure of mechanical components in most cases is concentrated or starts at their
surface, as in wear. Tribology studies the different wear mechanisms and states that the
tribological systems determine the degradation of the component. Therefore qualifying
surfaces becomes a non-universal procedure, as it depends on the tribological features.
Nevertheless it is required to understand different testing procedures and their results, to
evaluate a surface regarding their mechanical behavior. Through this work, three different
surfaces of an SAE 4144 steel (normalized; quench and temper; quench, temper and plasma
nitrided) were evaluated using hardness tests (Rockwell and HV1), scratch tests under
constant and increasing load, sliding and abrasive wear tests.
Results showed that an increasing on surface hardness is followed by an increase or
wear resistant, measured by wear loss. Scratch tests results are dependable on the testing
procedures, and on surface features such as the presence of a hardness gradient, requiring
therefore a more qualified operator.
Keywords. tribology, hardness test, scratch test, abrasive wear, sliding wear.
iv
SUMÁRIO
RESUMO....................................................................................................................................ii
ABSTRACT..............................................................................................................................iii
SUMÁRIO .................................................................................................................................iv
ÍNDICE DE FIGURAS .............................................................................................................vi
ÍNDICE DE TABELAS ...........................................................................................................vii
CAPÍTULO 1..............................................................................................................................9
INTRODUÇÃO ..........................................................................................................................9
CAPÍTULO 2............................................................................................................................10
REVISÃO DA LITERATURA................................................................................................10
2.1. AÇO SAE .....................................................................................................................10
2.2. TÊMPERA E REVENIDO...........................................................................................10
2.3. NITRETAÇÃO.............................................................................................................11
2.4. DUREZA......................................................................................................................18
2.5. ENSAIO DE RISCO.....................................................................................................21
2.6. DESGASTE POR DESLIZAMENTO .........................................................................27
2.7. DESGASTE ABRASIVO ............................................................................................29
2.8. OUTROS TRABALHOS RELACIONADOS .............................................................32
CAPÍTULO 3............................................................................................................................35
MATERIAIS E MÉTODOS.....................................................................................................35
3.1. METODOLOGIA.........................................................................................................35
3.2. IDENTIFICAÇÃO DAS AMOSTRAS........................................................................36
3.3. MICROESTRUTURA..................................................................................................36
3.3.1. Preparação da Superfície ..........................................................................................36
3.3.2. Ataque Químico........................................................................................................37
3.3.3. Microscopia Ótica.....................................................................................................38
3.4. DUREZA......................................................................................................................38
3.5. ENSAIO DE RISCO.....................................................................................................38
3.5.1. Preparação das Amostras..........................................................................................39
3.5.2. Riscos........................................................................................................................39
3.6. ENSAIO DE DESGASTE POR DESLIZAMENTO ADESIVO E ABRASIVO........41
3.6.1. Preparação da amostra ..............................................................................................41
v
3.6.2. Desgaste por deslizamento adesivo ..........................................................................42
3.6.3. Desgaste por deslizamento abrasivo.........................................................................42
CAPÍTULO 4............................................................................................................................43
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS....................................................43
4.1. MICROESTRUTURAS ...............................................................................................43
4.2. DUREZA......................................................................................................................45
4.2.1. Macrodureza .............................................................................................................45
4.2.2. Microdureza ..............................................................................................................45
4.3. ENSAIO DE RISCO.....................................................................................................46
4.3.1. Ensaio com Aumento Progressivo da Carga ............................................................46
4.3.2. Ensaio com Carga Constante ....................................................................................51
4.3. ENSAIO DE DESGASTE POR DESLIZAMENTO ADESIVO.................................54
4.4. ENSAIO DE DESGASTE ABRASIVO ......................................................................56
4.5. AVALIAÇÃO MECÂNICA DE SUPERFÍCIES ........................................................58
CAPÍTULO 5............................................................................................................................60
CONCLUSÕES ........................................................................................................................60
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................................62
vi
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 2-1. Esquema básico de um equipamento para nitretação iônica (Alves, 2001). ............................................................14
Figura 2-2. Camada nitretada no aço carbono (Liliental, 1999). ................................................................................................16
Figura 2-3. Camada nitretada no aço ligado (Liliental, 1999). ...................................................................................................16
Figura 2-4. Equivalência entre escalas de dureza (ASM, 2000).................................................................................................19
Figura 2-5. Resistência ao desgaste abrasivo de diferentes materiais (Rabinowicz, 1965)........................................................21
Figura 2-6 Esquema de funcionamento do ensaio de risco (Mezlini, 2004)...............................................................................23
Figura 2-7 (a) Princípio de um ensaio de risco e (b) ciclo de deslizamento (Mezlini, 2004).....................................................24
Figura 2-8. Modos de deformação (a) micro sulcamento, (b) micro corte, (c) micro lascamento (Aguila, 2005).....................24
Figura 2-9. Secção transversal de um risco e definição do valor de f
ab
(Rabinowicz, 1965)......................................................26
Figura 2-10 Correlação entre f
ab
e dureza (Rabinowicz, 1965)...................................................................................................26
Figura 2-11 Razão da dureza por f
ab
em relação à resistência ao desgaste abrasivo (Rabinowicz, 1965)..................................27
Figura 2-12 Esquema do funcionamento de um ensaio do tipo pino sobre disco (Tekeli, 2006)...............................................29
Figura 2-13. Fatores do sistema tribológico que influenciam no desgaste abrasivo. (Rabinowicz, 1965).................................30
Figura 2-14 Relação entre dureza e resistência ao desgaste abrasivo para aços martensíticos e austeníticos (Rabinowicz, 1965)
.....................................................................................................................................................................................................32
Figura 3-1. Representação esquemática da macrografia da amostra...........................................................................................35
Figura 3-2. Amostra Metalográfica.............................................................................................................................................37
Figura 3-3. CSM Scratch Tester..................................................................................................................................................39
Figura 3-4. Equipamento de risco do Laboratório de Engenharia de Superfícies - UFPR.........................................................40
Figura 3-5. Equipamento de desgaste do tipo pino sobre disco desenvolvido pelo Laboratório de Engenharia de Superfícies da
UFPR...........................................................................................................................................................................................41
Figura 4-1. Microestruturas da seção transversal das superfícies em avaliação .........................................................................44
Figura 4-2. Macrodureza HRC....................................................................................................................................................45
Figura 4-3. Perfil de dureza das amostras ...................................................................................................................................46
Figura 4-4. Microscopia do risco para diferentes superfícies .....................................................................................................47
Figura 4-5. Exemplo de resultado obtido pelo ensaio de risco ...................................................................................................48
Figura 4-6. Largura do risco por carga aplicada.........................................................................................................................50
Figura 4-7. Correlação entre microdureza e largura do risco 2N.............................................................................................50
Figura 4-8. Correlação entre dureza e profundidade do risco 150N........................................................................................51
Figura 4-9. Perfil transversal do risco – 60N ..............................................................................................................................52
Figura 4-10 Correlação entre largura do risco e dureza superficial ............................................................................................53
Figura 4-11 Correlação entre a profundidade do risco e a dureza...............................................................................................54
Figura 4-12. Perda de massa por distância percorrida para a carga de 10N................................................................................54
Figura 4-13. Correlação entre desgaste, dureza, largura e profundidade do risco ......................................................................56
Figura 4-14. Perda de massa por distância percorrida para a carga de 10 N...............................................................................57
Figura 4-15. Correlação entre desgaste, dureza, profundidade e largura do risco ......................................................................57
vii
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 2-1. Escala de Mohs (ASM, 2000)..................................................................................................................................22
Tabela 3-1. Composição química do aço SAE 4144...................................................................................................................35
Tabela 3-2. Parâmetros do processo............................................................................................................................................36
Tabela 3-3. Parâmetros do ensaio de risco com aumento progressivo de carga .........................................................................39
Tabela 3-4. Parâmetros do Ensaio com Carga Constante...........................................................................................................40
Tabela 4-1. Largura dos riscos e profundidade de penetração....................................................................................................49
Tabela 4-2. Principais tendências observadas .............................................................................................................................58
9
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
O atual desenvolvimento industrial confirma a importância da utilização de processos
termoquímicos ou revestimentos superficiais para obtenção de características mecânicas
importantes sem elevar o preço dos produtos. Após a proteção do componente é determinante
disponibilizar-se procedimentos para qualificação/caracterização da superfície em função de
solicitações a que esta estará exposta. A degradação de componentes mecânicos em
conseqüência das condições de serviço na maioria dos casos concentra-se ou inicia na
superfície em razão, por exemplo, do desgaste. Para prever/estimar esta degradação é
necessário o desenvolvimento de técnicas de caracterização de superfícies que possam
abranger o maior número possível de solicitações.
Propõe-se neste trabalho avaliar as características mecânicas de superfícies, através de
medidas de dureza, risco, desgaste por deslizamento adesivo e abrasivo com o intuito de
estabelecer relações/tendências entre estas técnicas de qualificação de superfícies. A
metodologia prevê a coleta de três tipos diferentes de superfícies (aço SAE 4144 sem
tratamento, aço SAE 4144 temperado e revenido, aço SAE 4144 temperado, revenido e
nitretado). Para caracterizar as amostras serão coletados dados de dureza utilizando-se os
métodos tradicionais de identação além de dados obtidos através do ensaio de risco (scratch
test) e ensaios de desgaste por deslizamento adesivo e abrasivo.
O Capítulo 2 apresenta uma revisão da literatura, contendo assuntos relacionados ao
que se pretende desenvolver no presente trabalho. O Capítulo 3 explica com detalhes os
materiais e métodos utilizados no processo de pesquisa. O Capítulo 4 apresenta os resultados
obtidos e sua discussão. Finalmente, no Capítulo 5, são apresentadas as conclusões deste
trabalho.
10
CAPÍTULO 2
REVISÃO DA LITERATURA
Para o desenvolvimento desta proposta de trabalho, é necessário um conhecimento
aprofundado sobre as técnicas empregadas para avaliação das superfícies bem como das
características do material utilizado. Este capítulo apresenta o embasamento teórico e os
trabalhos mais atuais encontrados na literatura sobre a avaliação mecânica de superfícies.
2.1. AÇO SAE
Existem várias entidades que estabelecem normas para codificação de aços de acordo
com o teor de carbono e dos elementos de liga, como por exemplo, a SAE (Society of
Automotive Engineers). Os dois últimos algarismos indicam o teor de carbono em
porcentagem. Como exemplo pode-se citar um aço SAE 1020 com 0,20 % de carbono (ASM,
2000).
2.2. TÊMPERA E REVENIDO
O tratamento térmico de têmpera nos aços tem como objetivo uma microestrutura
martensítica que proporcione propriedades de dureza e resistência mecânica elevadas.
Metais a serem temperados são inicialmente aquecidos à temperatura de austenitização
(Chiaverini, 2000). O aquecimento deve ser lento no início, a fim de não provocar distorções
no metal. A manutenção da temperatura varia de acordo com a forma da peça, e o tempo
nessa fase deve ser bem controlado. Em seguida, a peça é submetida a um resfriamento
rápido. A microestrutura resultante é composta predominantemente de martensita, uma fase
que apresenta elevada dureza.
Devido à elevada dureza, a presença de martensita torna os componentes frágeis e
quebradiços, desta forma, em grande parte das aplicações, é necessário um tratamento
posterior de revenimento.
11
Mesmo em se tratando de um processo aceito e utilizado pela comunidade industrial,
características específicas dos componentes do material ainda motivam diversas pesquisas.
Entre estas, é possível mencionar o trabalho recente de Gracioso et al. (2003) que estudou o
efeito da temperatura de austenitização e da velocidade de resfriamento nas microestruturas e
propriedades mecânicas do aço CA6NM como temperado, bem como o efeito do tratamento
de revenido sobre a têmpera. Utilizou-se o mesmo material empregado na confecção de um
rotor tipo Francis fabricado na Altona, buscando-se a simulação das condições mais críticas
de têmpera que poderiam levar a degradação das propriedades mecânicas, principalmente da
tenacidade. Verificou-se que, para o material em estudo, as propriedades eram determinadas
pela temperatura de austenitização e que a velocidade de resfriamento apresentava um papel
secundário no seu desenvolvimento.
Outro trabalho relevante foi o de Tekeli et al. (2006), onde se estudou o efeito da
têmpera na resistência ao desgaste por deslizamento adesivo em aços com adição de grafite e
níquel. Pode citar-se ainda Noordin (2006), onde se investigou o efeito da têmpera nos
mecanismos de desgaste em aços ferramenta e aços ferramenta recobertos.
O processo de têmpera provoca tensões indesejadas nos materiais tratados. Para
reverter esta situação, é utilizado o processo de revenimento, que consiste em um tratamento
térmico de aquecimento abaixo da temperatura do eutetóide, seguido pelo resfriamento a uma
taxa apropriada. Este processo é utilizado principalmente para eliminar as tensões internas em
materiais metálicos (ASM, 2000). Geralmente, em aços carbono o revenimento produz uma
microestrutura de martensita fina revenida.
No trabalho de Loganathan et al. (2006) o tratamento térmico de revenido foi utilizado
para avaliar o efeito do tratamento no alumínio comercial puro. Já em Song et al. (2005)
foram avaliadas as propriedades mecânicas de aços carbono-manganês após deformação a
quente e revenimento. A transformação de fases e dureza em revestimentos ternários Ni-P-Al
após revenimento foi estudada em Wu et al. (2006).
2.3. NITRETAÇÃO
Nitretação consiste em um processo termoquímico de enriquecimento da superfície do
aço com nitrogênio, visando à formação de camada rica em nitretos, de natureza cerâmica,
alta dureza (> 900HV), baixo coeficiente de atrito, e alta resistência a desgaste. Além disso,
12
por ser um tratamento conduzido a baixa temperatura em relação à temperatura utilizada na
cementação, altera muito pouco as dimensões do material.
O processo conhecido como nitretação iônica ou nitretação a plasma foi patenteado
em 1931 por J.J. Egan nos EUA e em 1932 por Berghaus na Alemanha, mas somente em
1960 teve início o seu uso comercial (Alves, 2001).
A nitretação a plasma é um processo utilizado para a melhoria de várias propriedades
mecânicas de superfícies metálicas como, por exemplo, dureza, ductilidade, resistência ao
desgaste e à corrosão, o que resulta em um aumento da vida útil das peças tratadas. A
nitretação a plasma pode ser utilizada no tratamento de peças feitas a em aços liga e aços
sintetizados. As aplicações industriais são várias, abrangendo o tratamento de ferramentas de
corte, engrenagens, partes de válvulas, eixos-manivela, partes de bombas, mancais, partes de
turbinas etc. As principais vantagens desta técnica contra o processo convencional de
nitretação em banho de sal de amônia e gás são: aumento, no mínimo de duas vezes, da vida
útil dos componentes tratados, não formação de rejeitos poluentes, economia de energia
(energia elétrica é utilizada apenas para aquecer as peças e não as paredes como em um
forno), tempo de processamento mais curto, sem acabamento adicional após nitretação
(Ferreira, 2003). Isto, porque só o processo a plasma permite a formação de uma estrutura de
camadas, onde as fases e-(Fe
3
N Fe
2
N) e ?-Fe
4
N podem estar presentes nas proporções e na
ordem pré-escolhidas. Além disto, as peças nitretadas podem ser seqüencialmente (no mesmo
reator) recobertas com filmes cerâmicos de Al
2
O
3
, TiC, TiN, dando origem a materiais
compostos utilizados no recobrimento de ferramentas de corte de ultima geração. (Yuasa et
al., 2003)
Embora o investimento inicial em equipamentos seja mais alto do que nos processos
metalúrgicos convencionais para a nitretação, os custos de produção são menores devido à
economia de tempo e energia. (Ferreira, 2003)
As vantagens da nitretação a plasma são (Alves, 2001):
§ Baixa temperatura de tratamento, evitando distorções dimensionais que
normalmente ocorrem em tratamentos a maiores temperaturas.
§ Controle da camada nitretada através das variáveis do processo.
§ Tempo de tratamento inferior, a taxa acelerada de nitretação pode ser atribuída à
transferência mais efetiva de nitrogênio do plasma para a superfície do metal e à
presença de outras espécies ativas no plasma.
13
§ Uniformidade na espessura da camada, assim a espessura da camada é
extremamente uniforme independente da distância entre eletrodos.
§ Nitretação de partes da peça, áreas que não se pretende nitretar podem ser
protegidas com materiais isolantes ou com materiais metálicos sem haver
necessidades de grandes ajustes entre a peça e a máscara protetora.
§ Possibilidade de desnitretação - através de um tratamento em plasma utilizando
apenas hidrogênio como atmosfera em fluxo contínuo. Através da formação de
amônia, o nitrogênio é retirado da peça e levado para fora do sistema.
§ Mais economia, menor consumo de gás e de energia e, de um modo geral, a
manutenção do equipamento de nitretação possui um custo inferior ao custo da
nitretação convencional.
Por outro lado, as limitações deste método são (Alves, 2001):
§ Efeito em cátodo oco, que se baseia no aumento da densidade do plasma em
algumas regiões que possuem pequenos furos ou concavidades que leva a um
aumento da concentração de elétrons secundários na região. Este efeito é quase
sempre indesejável porque leva a um maior aquecimento nas partes da peça que
possuam geometrias complexas.
§ Efeito da razão A/V (área superficial/volume), pois um outro efeito igualmente
indesejável na nitretação de peças é o superaquecimento em partes da peça que
possuam uma maior relação A/V.
§ Abertura de arcos catódicos, quando o arco é aberto, há uma queda de potencial e,
como este novo potencial é normalmente inferior à tensão de ruptura do arco, o
plasma se extinguirá. Por outro lado, se o equipamento for de alta potência, haverá
uma fusão localizada, que poderá danificar as peças.
§ Penetração do plasma em pequenos furos: para peças com pequenos furos, há um
limite de diâmetro abaixo do qual o plasma não penetrará e a parte interna do furo
não será nitretada. Esta limitação pode se transformar numa vantagem, caso não se
pretenda nitretar o furo.
Os equipamentos utilizados como, por exemplo, bombas de vácuo e fonte de
tensão/corrente têm uma vida útil longa e requerem pouca manutenção, o que também
contribui bastante para a redução de custos. O processo permite alto grau de automação e
14
monitoração assegurando um elevado padrão de qualidade. Peças de pequeno porte podem ser
tratadas em equipamentos comerciais convencionais para os processos termoquímicos a
plasma. Entretanto, a tecnologia atual já permite que peças mais volumosas, como barras e
tubos de grande metragem, possam ser processadas em equipamentos incorporados à linha de
produção. (Ferreira, 2003)
Foi reconhecido que os processos termoquímicos a plasma reduzem significativamente
os problemas ambientais quando comparados com os processos convencionais, gasosos e
banhos de sal. Os principais benefícios ambientais são: não produção de resíduos tóxicos e
fumaça, risco de explosão mínimo, poluição pouco significativa em termos de ruído e calor,
redução no tempo de processamento, redução no consumo de energia e redução significativa
no consumo de gases. (Ferreira et al., 2003)
Um equipamento típico de nitretação iônica está esquematizado na Figura 2-1. Ele é
constituído basicamente de um sistema de vácuo, uma fonte de potência e um reator.
Figura 2-1. Esquema básico de um equipamento para nitretação iônica (Alves, 2001).
A camada nitretada é formada pela difusão de átomos de nitrogênio no aço. O
nitrogênio atômico é obtido pela dissociação térmica de amônia na superfície do aço. Para
baixas concentrações, forma-se solução sólida do substrato do material. Quando a
15
concentração excede o limite máximo de solubilidade do material nitretos são formados. No
caso de aços não ligados, o primeiro nitreto que se forma é o ?’ (Fe
4
N). Elevada concentração
de nitrogênio conduz à formação de nitreto e (Fe
2-x
N). Quando crescem os nitretos dispersos,
uma camada superficial é eventualmente formada e conhecida como “camada de compostos”,
ou “camada branca”. Para alguns aços ligados, a seqüência de formação das fases constituindo
a camada branca pode ser diferente. O termo “branca” está relacionado com a resistência ao
ataque do reagente químico “nital” (ácido nítrico diluído em álcool) utilizado para revelar a
microestrutura da camada nitretada. (Ferreira, 2003)
A Figura 2-2 e a Figura 2-3 mostram as camadas nitretadas típicas para aço carbono e
aço ligado. Verifica-se que existe diferença substancial entre as camadas nitretadas formadas
para aços de diferentes composições e, com efeito, nas suas propriedades.
No caso de aço carbono, todas as propriedades estão concentradas na camada branca.
O nitrogênio da camada de difusão abaixo da camada branca se apresenta como
agulhas de nitretos, mas o efeito disso na dureza é limitado.
A camada branca responde, principalmente, pela resistência ao desgaste, sendo
normalmente de espessura maior nos aços ligados e contém alguma porosidade na zona
superficial. Esta porosidade pode, atualmente, ser utilizada em aplicações onde resistência à
corrosão é exigida.
Quando os aços contêm elementos formadores de nitretos como Cromo, Manganês,
Titânio e Vanádio, a zona de difusão abaixo da camada branca fica endurecida, criando um
“perfil de dureza”. A dureza na superfície é elevada e diminui à medida que se avança para o
interior do material e ocorre um decréscimo da concentração de nitrogênio. Na maioria dos
aços, quando a superfície é adequadamente atacada com um reagente químico, a camada de
difusão é vista como uma zona escura. Nos aços ligados a camada branca é a superfície
externa, embora não necessariamente, responsável pela resistência ao desgaste.
O incremento de dureza na camada de difusão oferece suporte para a camada branca.
A camada de difusão é a transição entre a camada branca e o núcleo do material. Essa dureza,
assim como a profundidade, tem um efeito significativo nas propriedades de fadiga.
Resistência à fadiga depende significativamente da dureza do núcleo que é resultado do
tratamento térmico precedente ao processo de nitretação. (Ferreira, 2003)
Outra importante função desta camada é a proteção contra corrosão.
16
Figura 2-2. Camada nitretada no aço carbono (Liliental, 1999).
Figura 2-3. Camada nitretada no aço ligado (Liliental, 1999).
17
O estudo da nitretação busca a melhoria do desempenho mecânico de superfícies e tem
sido utilizado para diversos materiais visando aplicações distintas. Em ligas não ferrosas, é
possível mencionar os trabalhos recentes de Biel et al. (2005) e Kapczinski et al. (2003) que
buscam correlacionar microestruturas e parâmetros de processos com o respectivo
desempenho tribológico.
A aplicação sobre diferentes aços em Esfandiari et al. (2006), Rocha et al. (2001),
Björk et al. (2001) e Mahboubi et al. (2005) buscando a verificação da resistência ao desgaste
e/ou corrosão de diversos componentes mecânicos tem sido foco de pesquisadores. A
comparação com outros processos de proteção de componente, como a galvanização mostrou
uma melhora significativa na resistência à corrosão. (Ferreira, 2003)
A utilização de nitretação a plasma junto com outras técnicas de revestimento é
apresentada como uma evolução na melhoria do desempenho ao desgaste (Podgornik, 2001a,
Podgornik, 2001c) e à erosão por cavitação (Godoy et al., 2005).
Alterações no processo de nitretação a plasma e outros procedimentos de nitretação
também são encontrados na literatura (Alves, 2001). Amostras de aço foram tratadas com a
técnica de nitretação a plasma por tela ativa (ASPN). Os resultados mostraram que a ASPN
pode melhorar as propriedades mecânicas como dureza, módulo de elasticidade e resistência a
deslizamento adesivo na superfície do polímero investigado. Como resultado, as amostras
tiveram a resistência ao desgaste melhorada em comparação ao material não tratado.
A nitretação a gás controlada e automática é apresentada por Liliental et al. (1999)
como uma solução operacional fácil e econômica para promover as melhores características
mecânicas superficiais das peças nitretadas, com a eliminação da excessiva fragilidade.
Afirma-se que este processo supera o processo tradicional de nitretação a gás devido ao alívio,
redução, ou mesmo eliminação, do fenômeno denominado “efeito de canto”. Este efeito pode
trazer graves inconvenientes para o desempenho, por exemplo, de ferramentas de corte e é
causado simultaneamente pela difusão de nitrogênio em duas direções convergentes,
resultando na sobre-saturação deste e na severa precipitação de carbonitretos em contornos de
grãos. Enquanto a difusão simultânea não pode ser evitada, a nitretação a gás controlada e
automática, mediante adequado potencial de nitrogênio, pode superar esse problema fazendo
os ajustes necessários durante a nitretação. Mostram-se ainda os efeitos deste tipo de
nitretação na redução da fragilidade, resistência ao desgaste, resistência ao impacto,
resistência à fadiga, resistência à corrosão e, principalmente, na redução dos custos do
processo.
18
Outra forma de nitretação, a nitretação a laser, foi estudada por Schaaf et al. (2002).
Pode ser descrita como a irradiação de superfícies metálicas por pulsos curtos de laser em
atmosferas que contém nitrogênio, que pode melhorar as propriedades da superfície. É
investigada a nitretação a laser do ferro, aço carbono, aço inoxidável e alumínio com a
combinação de alguns métodos complementares, como análise do raio de íons, espectroscopia
Mössbauer e difração de raio-X, profilometria da superfície e medidas de microdureza.
Mostrou-se que a nitretação a laser é um processo complexo, composto de vários efeitos
sobrepostos, tais como aquecimento, fusão e evaporação juntamente com transporte
macroscópico de material. Foram desenvolvidos cenários para o processo de nitretação e os
mecanismos de transporte de material e derivou-se uma simulação dos perfis de profundidade
de nitrogênio para irradiações em um único ponto. Os resultados revelaram que, apesar da
complexidade, o processo de nitretação a laser pode competir com os métodos convencionais
por ser um processo muito rápido e que pode cobrir áreas amplas. No entanto, ele é restrito a
superfícies com acessibilidade ótica, enquanto os processos de nitretação a gás e a plasma são
mais flexíveis a este respeito.
Kostov et al. (2004) investigou a tecnologia de implantação de íons por imersão em
plasma (PIII), que fornece a implantação de íons com uso moderado de energia (10–50 keV) e
permite maior profundidade de penetração que a barreira de óxido na superfície. Observou-se
que este tratamento é adequado para aço de ferramenta, mas não para ligas Al que sofrem
mudança na fase de ~350ºC. Não foram observadas grandes melhorias nas propriedades
tribológicas, mas sim melhoria significativa na dureza da superfície em aços e ligas Ti. Com
PIII obteve-se uma camada dupla produzida com a zona de difusão profunda com dureza
moderada e uma camada fina e muito dura no topo no AISI 304 tratado poderia ser útil para o
alto desgaste e carga das aplicações industriais.
2.4. DUREZA
Dureza é uma propriedade mecânica relacionada à resistência que um material,
quando pressionado por outro material ou por marcadores padronizados, apresenta ao risco ou
à formação de uma marca pontual. No caso dos metais, dureza pode ser descrita como a
medida da resistência à deformação plástica. No entanto, esta definição pode variar. Para os
metalúrgicos, dureza é a resistência a identação; para os engenheiros projetistas é uma medida
19
de tensão de escoamento; para engenheiros de lubrificação, é a resistência ao desgaste e ao
risco e, para engenheiros de usinagem, é a resistência ao corte (Lino, 2006).
Figura 2-4. Equivalência entre escalas de dureza (ASM, 2000).
A maior parte dos testes de dureza é baseada em alguma forma de identação, por isso,
o entendimento de teorias de plasticidade e elasticidade é essencial. Estas teorias podem ser
complexas, parcialmente devido ao encruamento que ocorre quando uma identação é feita.
20
Existem diversos tipos de teste para determinar a dureza, entre eles devem ser
destacados os testes de identação estática. Nestes testes, uma esfera, cone ou pirâmide de
diamante, é forçado sobre o material que está sendo testado. A relação entre a força e a área
ou profundidade da identação apresenta a medida da dureza.
Existem dois métodos gerais para classificação dos tipos de testes de identação
disponíveis. A primeira é a obtenção da medida de dureza compelindo-se um identador contra
o material a ser analisado, com uma força especificada, e medir a profundidade de penetração
ou a área deformada para determinar o valor da dureza. O ensaio Rockwell utiliza o método
de profundidade de penetração, enquanto os testes Brinell, Vickers, Knoop e ultra-sônicos
empregam a medida do diâmetro/diagonais para determinar a dureza. A equivalência entre as
escalas de dureza é mostrada na Figura 2-4.
A segunda classificação do teste de identação é governada pela carga aplicada no
identador. Desta forma, os testes podem ser classificados como de macro dureza ou de micro
dureza. Detalhamento sobre os diferentes ensaios pode ser encontrado na literatura (ASM,
2000).
Conhecer a dureza de um material é importante para conhecer a resistência ao desgaste
e, aproximadamente, a resistência mecânica através do uso de tabelas de correlação, bem
como controlar a qualidade de tratamentos térmicos e em processos de conformação plástica
em processo de ligação. (Prabhakaran, 2000)
Estudos têm comprovado o aumento da resistência à abrasão com o aumento da dureza
dos materiais. Este comportamento é mais significativo em metais puros do que em aços
tratados termicamente. Para o mesmo material, aços com maior porcentagem de carbono
apresentam maior resistência à abrasão. A Figura 2-5 mostra que dureza é uma propriedade
muito importante para prever o comportamento do desgaste abrasivo para diferentes metais
puros e cerâmicas. No entanto, apenas dureza não é um indicador de resistência abrasiva
quando comparamos diferentes grupos de materiais. (Rabinowicz, 1965)
O teste de dureza é utilizado, sobretudo, para fornecer informações sobre as
propriedades mecânicas e caracterização dos materiais, como nos estudos de Cohen et al.
(1999), Kamiya et al. (2004) e Li et al. (1999). É também utilizado na discussão do efeito das
condições de deposição e dos instrumentos de identação nos valores de dureza, mostrando a
importância da geometria da ponta do identador. Em Lemoine et al. (2004), é apresentado um
protocolo da relação da inclinação da dureza quase independente da geometria da ponta.
Este ensaio pode, ainda, ser útil na validação de novas técnicas de avaliação de
características mecânicas de materiais, como mostrado em Kamiya et al. (2004).
21
Figura 2-5. Resistência ao desgaste abrasivo de diferentes materiais (Rabinowicz, 1965)
2.5. ENSAIO DE RISCO
O ensaio de risco é um método utilizado para testar mecanicamente uma superfície,
onde um elemento duro o suficiente para provocar um risco (identador), normalmente um
diamante, é usado pressionado com certa carga sobre a superfície em estudo para gerar um
sulco (ranhura). A carga também pode ser aumentada progressivamente durante o teste.
(Kamminga et al., 2004)
Há registros de que no século XVII já se avaliava a dureza de pedras preciosas,
esfregando-as com uma lima. No século XVIII desenvolveu-se um método para determinar a
dureza do aço, riscando-o com minerais diferentes. Mas o primeiro método padronizado de
ensaio de dureza do qual se tem notícia, baseado no processo de risco, foi desenvolvido por
Mohs, em 1822. Este método deu origem à escala de dureza Mohs, que apresenta dez
minérios-padrões, ordenados numa escala crescente do grau 1 a 10, de acordo com sua
capacidade de riscar ou ser riscado.
22
Escala Mohs (1822)
1 -
Talco
2 -
Gipsita
3 -
Calcita
4 -
Fluorita
5 -
Apatita
6 -
Feldspato (ortóssio)
7 -
Quartzo
8 -
Topázio
9 -
Safira e corindo
10 -
Diamante
Tabela 2-1. Escala de Mohs (ASM, 2000)
Esta escala não é conveniente para os metais, porque a maioria deles apresenta durezas
Mohs entre 4 e 8, e pequenas diferenças de dureza não são acusadas por este método. Por
exemplo, um aço dúctil corresponde a uma dureza de 6 Mohs, a mesma dureza Mohs de um
aço temperado. As limitações da escala Mohs levaram ao desenvolvimento de outros métodos
de determinação de dureza, mais condizentes com o controle do aço e de outros metais.
(ASM, 2000)
Dureza ao risco é definida como a carga normal por unidade de área do suporte
durante o risco, levando em conta a formação de cumes. Como é normalmente difícil medir a
área de suporte durante o ensaio de risco, ela é calculada a partir da largura do risco obtido
depois do ensaio.
Usando esta consideração, a dureza ao risco pode ser expressa em termos de
comprimento do sulco, b, para qualquer configuração de ponta de risco bem definida. Esta
expressão varia com a geometria da ponta. Para pontas de área de secção transversal circular
(cones, esferas e parábolas) a equação é:
2
8
b
F
H
N
S
π
=
(2-1)
Para pirâmides de base quadrada:
2
4
b
F
H
N
S
=
(2-2)
23
Uma das principais vantagens do ensaio de dureza ao risco é que para deformações
pouco profundas é muito mais fácil medir precisamente a largura de um risco longo do que
medir a diagonal de uma identação. Assim, ensaios de risco apresentam melhores condições
para avaliar estruturas pequenas e camadas de superfície muito finas.
Outra vantagem da dureza ao risco em relação à medida de dureza por identação é a
possibilidade de estudar as variações de dureza ao longo do risco. A dureza das diferentes
fases (por exemplo, o perfil da dureza causado por deformação mecânica, ou até diferenças de
dureza entre diferentes orientações cristalográficas) pode ser determinada por um único risco.
Os valores absolutos em posições específicas podem ser calculados medindo a largura do
sulco e aplicando a fórmula de dureza apropriada.
Figura 2-6 Esquema de funcionamento do ensaio de risco (Mezlini, 2004)
24
Figura 2-7 (a) Princípio de um ensaio de risco e (b) ciclo de deslizamento (Mezlini, 2004)
De acordo com as propriedades da superfície, a deformação pelo deslocamento do
material pode ocorrer conforme mostrado na Figura 2-8 (Souza, 2004):
§ Micro sulcamento: a ponta do identador provoca deformações plásticas sem
provocar perda de material que, deformado, flui lateralmente ou acumula-se na
frente da partícula.
§ Micro corte: a tensão cisalhante na frente das partículas abrasivas “arranca”
fragmentos na forma de micro-cavacos.
§ Micro lascamento: grandes fragmentos são subitamente arrancados da superfície
da amostra devido à formação e propagação de trincas. Este mecanismo é restrito a
materiais frágeis e ocorre quando as tensões produzidas pelas partículas abrasivas
excedem os valores críticos.
Figura 2-8. Modos de deformação (a) micro sulcamento, (b) micro corte, (c) micro
lascamento (Aguila, 2005)
Os diferentes tipos de deformação que ocorrem são, então, associados à cargas críticas
obtidas por uma inspeção visual da amostra depois do risco. Contudo, as dimensões da faixa e
a força de fricção necessária para mover o identador podem ser úteis na caracterização da
superfície. (Kamminga, 2004)
25
À medida que o identador fica mais afiado, a deformação plástica torna-se localizada
na superfície e é mais fácil evitar a deformação plástica do substrato. Nestes casos, é mais
fácil analisar e quantificar os resultados do teste. Contudo, o desgaste na ponta de diamante
durante o teste torna-se muito mais significante com o aumento da afiação. A escolha da
ponta representa um ajuste entre o desgaste e a facilidade de análise dos dados.
Muitos dispositivos de ensaio de risco são equipados com medidores para
monitoramento contínuo da força de fricção. Além disso, parâmetros como a profundidade de
penetração e a emissão acústica também podem ser monitoradas.
O ensaio de risco de materiais pode ser realizado com vários objetivos que podem ser
agrupados em quatro categorias principais:
§ Avaliação da dureza ao risco
§ Estudos de mecanismos de risco
§ Medidas de resistência à abrasão
§ Medição da adesão da camada (no caso de materiais revestidos)
§ Tenacidade
Na literatura, encontram-se diversos estudos que utilizam o ensaio de risco na
avaliação de revestimentos para qualificação de superfícies em revestimentos duros. A força
de adesão nestes revestimentos foi estudada em Glozman et al. (1999) e Essen et al. (2004).
Segundo Rabinowicz et al. (1965), em um ensaio de risco a razão entre o volume de
material real removido e o volume de material removido pelo risco pode ser descrito pela
fração f
ab
é definida por:
(
)
V
V
ab
A
AAA
f
21
+
=
(2-3)
Onde AV é a área de desgaste removida pelo risco medida na seção transversal e
(A1+A2) são as áreas de material empurradas por deformação plástica para as bordas do risco.
Valores de fab de 0,15 a 1 foram medidos experimentalmente para trinta materiais diferentes
por Mewes e Zum Gahr (Rabinowicz, 1965) usando-se a secções transversais.
A Figura 2-9 mostra um modelo simples para descrição teórica da interação entre uma
partícula abrasiva e a superfície de desgaste.
26
Figura 2-9. Secção transversal de um risco e definição do valor de f
ab
(Rabinowicz, 1965)
Na Figura 2-10 o valor de f
ab
foi correlacionado com a dureza para diversos materiais.
Figura 2-10 Correlação entre f
ab
e dureza (Rabinowicz, 1965)
Na Figura 2-10 observa-se que com o aumento da dureza do material temos também o
aumento do f
ab
.
O modelo f
ab
é muito útil para estimar o desgaste devido à ação do risco. A
intensidade de desgaste volumétrico dividida pelo comprimento do risco pode ser calculada
por:
Vab
V
Af
S
W
.=
(2-4)
27
A Figura 2-11 apresenta a relação entre dureza e f
ab
em relação à resistência ao
desgaste abrasivo para diversos materiais.
Figura 2-11 Razão da dureza por f
ab
em relação à resistência ao desgaste abrasivo
(Rabinowicz, 1965)
A Figura 2-11 mostra que quanto maior a razão entre a dureza e f
ab,
maior é a
resistência ao desgaste abrasivo.
2.6. DESGASTE POR DESLIZAMENTO
Desgaste é geralmente definido como uma perda progressiva ou desprendimento de
material de uma superfície devido o movimento relativo entre uma superfície sobre outra. Não
é considerada uma propriedade do material, mas sim um sistema de resposta. Qualquer
material pode sofrer desgaste por uma grande variedade de mecanismos como adesão,
abrasão, fadiga, erosão e oxidação influenciadas por fatores como a temperatura, condições de
carga e superfície.
28
O teste de deslizamento tem sido utilizado tradicionalmente pelos engenheiros e
cientistas de materiais para ordenar a resistência ao desgaste dos materiais com a intenção de
aperfeiçoar a seleção de materiais ou desenvolver uma dada aplicação. Padronização,
possibilidade de repetição, conveniência, pequeno tempo de teste e fácil medição são
desejáveis nestes testes.
Um dos aspectos mais importantes do teste de deslizamento é a simulação das
condições atuais de desgaste. Este requisito de entendimento não é apenas para uma
determinada aplicação, mas também para o entendimento de vários mecanismos que resultam
em desgaste.
Algumas classificações de desgaste devem ser desenvolvidas. As duas mais comuns
são baseadas em mecanismos físicos de remoção de material ou desprendimento e
mecanismos operacionais como ação mecânica (desgaste de rolamento, desgaste de
escorregamento e etc.) e interação de materiais (metal X metal, metal X polímero e etc.).
Estas duas classificações ilustram a complexidade do desgaste e a necessidade de um
procedimento adequado.
O fenômeno de desgaste pode ser influenciado pela carga, meio ambiente e superfície
além de outros fatores de testes como: equipamentos, geometria do contato, tipo de
movimento, velocidade, condições do ambiente, lubrificante usado, preparação do material e
da superfície e rugosidade da amostra. (ASM, 2000)
As propriedades tribológicas dos revestimentos podem ser caracterizadas por exemplo
pelo ensaio de pino sobre disco, como em Essen et al. (2004), onde a área de desgaste foi
medida com o auxílio de um microscópio eletrônico de varredura, e em Podgornik et al.
(2001a), onde se testou a resistência ao desgaste em revestimentos nitretados a plasma.
Comprovou-se em Podgornik et al. (2001b) que a nitretação a plasma melhora
significativamente a resistência ao deslizamento.
A Figura 2-12 apresenta o esquema de funcionamento de um ensaio do tipo pino sobre
disco.
O ensaio de deslizamento pode ainda ser usado para investigar as propriedades
tribológicas da superfície trabalhada e de materiais não tratados, como em Esfandiari et al.
(2006) e Sharma et al. (2003). Em Fu et al. (2004), ele é usado para provar que aumentando a
dureza da superfície, a resistência ao desgaste pode ser melhorada.
Superfícies produzidas por nitretação a gás e em banho de sal foram comparadas
quanto ao desgaste e atrito através da análise dos resultados produzidos nos ensaios de
deslizamento em Maru et al. (1999).
29
Figura 2-12 Esquema do funcionamento de um ensaio do tipo pino sobre disco (Tekeli, 2006)
2.7. DESGASTE ABRASIVO
O desgaste abrasivo pode ser definido como o deslocamento de material causado por
partículas de elevada dureza, onde estas são forçadas contra e ao longo de uma superfície
sólida. Quando uma ou mais partículas de elevada dureza são atritadas contra uma superfície,
sulcando-a ou escavando-a devido à força normal aplicada, tem-se o desgaste abrasivo de dois
corpos. Por outro lado, quando estas partículas são aprisionadas entre duas superfícies que
deslizam entre si, pode ocorrer o chamado desgaste abrasivo de três corpos.
A Figura 2-13 mostra fatores importantes que influenciam a quantidade de desgaste
abrasivo na prática. A influência das propriedades do material e parâmetros microestruturais
são cruciais, pois estes fatores são particularmente importantes no contato de deslizamento a
seco. Com o aumento da profundidade de identação das partículas abrasivas, as propriedades
volumétricas do material desgastado tornam-se mais importantes para a resistência ao
desgaste.
30
Figura 2-13. Fatores do sistema tribogico que influenciam no desgaste abrasivo.
(Rabinowicz, 1965)
Rabinowicz et al. (1965) propôs uma simples expressão para o volume de material
removido durante a abrasão entre dois corpos por uma partícula abrasiva cônica.
H
F
s
W
Nv
=
π
αtan2
(2-5)
Onde, W
V
é o volume de material perdido pelo desgaste, S é a distância de
deslizamento, F
N
é a carga normal sobre a partícula cônica, H é a dureza da superfície
desgastada e a é o ângulo de ataque da partícula abrasiva. O primeiro fator da equação (2-5)
depende da geometria da partícula abrasiva e pode ser reescrita pelo coeficiente de desgaste
k
ab
levando formalmente à lei de desgaste de Archard. (Rabinowicz, 1965)
H
F
k
s
W
N
ab
v
=
(2-6)
31
A pré-condição para validar a equação (2-6) é a ocorrência de um micro corte ideal,
isto é, todo o material do desgaste produzido é desprendido em um único passe da superfície
do material desgastado. O fator chave para prever o desgaste abrasivo é o coeficiente de
desgaste k
ab
. Experimentos têm demonstrado valores de k
ab
entre 10
-2
e 10
-3
.
O ângulo de ataque é definido como o ângulo entre a face principal da partícula
abrasiva de contato e a superfície desgastada. Para diferentes materiais, os valores de a têm
sido encontrados em média 45° para o cobre e 85° para o alumínio. (Rabinowicz, 1965)
Pavel et al. (2005) observou durante a abrasão de materiais macios que somente uma
proporção do volume de desgaste produzido por uma partícula abrasiva é removida pelo
desprendimento de partículas. O restante do volume de desgaste é plasticamente desprendido
para as bordas do risco.
Os parâmetros que influenciam o processo de desgaste abrasivo são: carga, tamanho
do grão abrasivo, dureza da partícula e temperatura. (Catai, 2004) As características e efeitos
destes parâmetros devem ser conhecidos para melhoria no processo tribológico e aumento da
vida útil de equipamentos e peças.
O comportamento de materiais em pó e revestimentos sob diferentes condições de
desgaste abrasivo depende do tipo e da composição do material, bem como das condições do
desgaste. (Kulu, 2005)
A resistência ao desgaste abrasivo pode ser usada para avaliar o desempenho de
diferentes revestimentos, como, por exemplo, aspergidos (Dallaire, 2000), duros depositados
por PVD (Berfhofer, 2006), por implantação iônica (Chiba, 1996), multicamadas (Bemporad,
2004), ou ainda, aplicados por HVOF (Lima, 2001).
Para analisar os efeitos da adição de diferentes elementos de liga, pode-se utilizar
também a avaliação do desgaste abrasivo por três corpos, como em Kishore et al. (2005),
onde se estuda os efeitos da adição de manganês em dois níveis diferentes a ligas ferrosas.
Outra aplicação do estudo do desgaste abrasivo é a análise do desgaste de ferramentas
de corte, como em Pavel et al. (2005) e Yoshida et al. (2006).
A relação entre dureza e resistência ao desgaste para revestimentos duros foi o objeto
de pesquisa em Prabhakaran et al. (2000). Em Lin et al. (2005), buscou-se estudar a mesma
relação, mas utilizando-se material nitretado em vez de revestimentos duros.
A Figura 2-14 apresenta a relação entre a dureza do material e a resistência ao
desgaste abrasivo para aços martensíticos e austeníticos.
32
Figura 2-14 Relação entre dureza e resistência ao desgaste abrasivo para aços martensíticos e
austeníticos (Rabinowicz, 1965)
Na Figura 2-14, observa-se que aços martensíticos resistem mais ao desgaste abrasivo
do que aços austeníticos, isto se deve principalmente a maior dureza da martensita.
2.8. OUTROS TRABALHOS RELACIONADOS
A relação entre as características da superfície e desempenho ao desgaste ou risco tem
sido estudada por diversos pesquisadores.
A importância relativa da espessura do revestimento e da profundidade da nitretação
na resistência ao risco em revestimentos duplex foi estudada por Hoy et al. (2004). Depois de
caracterizada por nanoidentação e ensaio de risco verificou-se que com o aumento na
profundidade da nitretação, a carga suportada pelo revestimento duplex aumenta levando a
um aumento significativo na dureza ao risco. O mesmo ocorreu com o aumento na espessura
do revestimento. Concluiu-se, contudo, que como as duas operações têm efeito similar na
dureza ao risco aparente, mas a taxa de deposição é relativamente menor quando comparada à
33
taxa de nitretação, aumentar a espessura do revestimento é um meio menos eficiente de
maximizar a dureza ao risco.
Uma expressão analítica foi derivada para correlacionar a carga crítica da adesão do
risco com a dureza e espessura de um filme duro e fino sobre substratos mais frágeis, com
base no modelo B-R (Burnett, 1987) para interpretação das medidas de dureza do composto
em Rodrigues et al. (2001). Esta expressão foi usada para calcular a correção da carga crítica
com a dureza de Vickers para o substrato, dureza de Vickers para o compósito e espessura do
filme. Os resultados foram comparados com dados experimentais para filmes TiN produzidos
sob condições similares. A análise feita neste artigo busca mostrar resultados quantitativos
que concordam em um grau satisfatório com os dados experimentais em todos os casos
considerados e contribuir para o entendimento dos processos físicos que controlam a
deformação do sistema mecânico sob condições de identação de risco.
Diferentes mecanismos de desgaste foram observados em Mezlini et al. (2004) para
mostrar a coexistência de desgaste abrasivo severo e brando em uma folha de liga de
alumínio. Um ensaio de risco foi usado para simular o desgaste. Comparando experimentos e
o modelo teórico, é mostrada uma correlação entre resistência ao desgaste abrasivo e dureza
sob a superfície depois de sofrido o dano.
Os efeitos de ligas com fósforo e tratamento a calor na relação entre dureza e
resistência ao desgaste de revestimentos NiP nano cristalinos e eletro depositados foram
estudados por Jeong et a. (2003). Foram observadas relações lineares entre dureza e
resistência ao desgaste.
A correlação da microestrutura com a dureza e resistência ao desgaste em compostos
de superfície de aço Cr
3
C
2
/inoxidável fabricados pela alta irradiação de energia do feixe de
elétrons e reforço de partículas Cr
7
C
3
foi investigado por Yun et al. (2005). Três misturas de
pó foram colocadas sobre um substrato de aço inoxidável AISI 316L, que foi irradiado com o
feixe de elétrons. A dureza e resistência ao desgaste da camada de composto da superfície
foram influenciadas diretamente pelos carbetos duros Cr
7
C
3
, e foram cerca de duas vezes
maiores que aquelas do substrato de aço inoxidável.
Medidas para comparar a dureza ao risco com a dureza à identação correspondente do
chumbo, do cobre e do aço mole a temperatura ambiente foram feitas em Brookes et al.
(1972). Os dois tipos de medida foram feitos usando o mesmo identador cônico, e os efeitos
de lubrificação, carga normal e ângulo da ponta foram investigados. Mostrou-se que os
valores de dureza ao risco foram na maioria reproduzíveis quando medidos a ângulos de ponta
de 120º - 170º. Os resultados encontrados para dureza ao risco não coincidiram com os
34
valores de dureza por identação. As características de dureza do chumbo diferem de outros
metais, onde a dureza ao risco foi geralmente de 1 6 vezes maior que a dureza à identação e
ambas as medidas foram independentes do ângulo do cone. Finalmente, a medida de dureza
ao risco foi usada para demonstrar o maior grau de anisotropia observado em certos cristais,
sob estas condições experimentais, comparada com a técnica de identação.
Em Qian et al. (2004) estudou-se o comportamento de microdesgaste e dureza da liga
superelástica níquel-titânio usando um triboidentador a várias temperaturas. Descobriu-se que
a resistência ao desgaste diminui irregularmente com o aumento da dureza. As observações
foram analisadas com base em uma simples teoria de contato. Esta teoria sugere que o
aumento da dureza com a temperatura é principalmente devido ao um aumento na tensão na
transição de fase, enquanto a diminuição da resistência ao desgaste é devido a um aumento do
módulo elástico austenítico e a uma diminuição na quantidade de transição de fase que pode
ser recuperada.
Para aplicação na área de odontologia, em Harrison et al. (1979) estudou-se a relação
de dureza, módulo elástico e largura do risco como variáveis dependentes da resistência a
abrasão de resinas acrílicas. A correlação múltipla R, quando todas as três variáveis são
usadas como prognóstico, é 0.727. Devido às significativas correlações entre as próprias
variáveis uma análise da regressão múltipla gradual mostrou a dureza como uma variável
redundante. O desgaste abrasivo pôde ser estimado. Considerando R=0.683 e o desvio padrão
de aproximadamente ±50.3. Os ensaios de abrasão e risco foram executados com métodos
desenvolvidos pelos autores onde resultados de dureza e do módulo elástico foram obtidos de
outros procedimentos padrão.
35
CAPÍTULO 3
MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. METODOLOGIA
A metodologia adotada consistiu na seleção de três tipos diferentes de superfícies (aço
SAE 4144 sem tratamento, aço SAE 4144 temperado e revenido, aço SAE 4144 temperado,
revenido e nitretado). A composição do SAE 4144 pode ser observada na Tabela 3-1. Para
caracterizar as superfícies foram coletados dados de dureza utilizando-se os métodos
tradicionais de identação, além de dados obtidos através do ensaio de risco (scratch test) e
ensaios de desgaste por deslizamento adesivo e abrasivo. Todas as amostras foram observadas
por microscopia ótica.
Tabela 3-1. Composição química do aço SAE 4144
C Mn P S Si Cu Cr Ni Mo
0,42 - 0,46 0,90 - 1,00 0,025
max.
0,010 - 0,020 0,20 - 0,30 0,35
max.
1,15 - 1,30 0,25
max.
0,25 - 0,35
Em um primeiro momento, as amostras foram cortadas em formato retangular
conforme a Figura 3-1. Nas etapas seguintes foi necessário utilizar amostras com dimensões
diferentes de acordo com cada ensaio.
Figura 3-1. Representação esquemática da macrografia da amostra
As amostras foram temperadas e revenidas antes da nitretação com uma temperatura
de austenitização de 850°C e a temperatura de revenimento de 600°C.
Os parâmetros de processo são apresentados na Tabela 3-2.
36
Tabela 3-2. Parâmetros do processo
Temperatura(°C) Tempo (h) Concentração dos gases
Nitrocarburização 570 4 4% CO2 96% NH3
Nitretação à plasma 520 24 100% N2
3.2. IDENTIFICAÇÃO DAS AMOSTRAS
As amostras foram identificadas da seguinte forma:
1 - Aço SAE 4144 sem tratamento (ST);
2 - Aço SAE 4144 temperado e revenido (TR);
3 - Aço SAE 4144 temperado, revenido e nitretado (TRN).
3.3. MICROESTRUTURA
Para que se possa observar as características das superfícies em estudo e confirmar os
tratamentos térmicos realizados, realizou-se uma análise metalográfica das amostras em
questão. Este estudo consiste nas seguintes etapas: preparação da superfície, ataque químico e
observação ao microscópio.
3.3.1. Preparação da Superfície
CORTE
O corte metalográfico foi realizado em uma cortadeira de disco abrasivo com sistema
de refrigeração (STRUERS LABOTON 3). Os corpos de prova foram cortados em barras de
seção retangular (25 x 20 mm).
EMBUTIMENTO
As amostras foram embutidas para avaliação de sua seção transversal utilizando
baquelite. O método utilizado foi o embutimento a quente, realizado por uma prensa de
embutimento (BUEHLER SIMPLIMET 1000). Este processo é realizado para facilitar o
37
manuseio das amostras, devido o tamanho das mesmas, e para que os cantos vivos da amostra
não rasguem as lixas e panos de polimento.
Figura 3-2. Amostra Metalográfica
LIXAMENTO E POLIMENTO
Foram utilizadas lixas de três granulometrias diferentes 220, 400, 600, da mais
abrasiva para a menos abrasiva (STRUERS ABRAPOL 10). Ao se passar de uma lixa para
outra a amostra foi colocada em álcool para a remoção de partículas da lixa. Ao término do
lixamento as amostras foram submetidas ao processo de ultra-som para a remoção de resíduos
ainda presentes na superfície.
O polimento foi realizado em uma politriz motorizada (STRUERS ABRAPOL 10). A
alumina em suspensão (Al
2
O
3
) foi utilizada como agente polidor.
3.3.2. Ataque Químico
O ataque químico é a técnica utilizada para revelar a microestrutura. A superfície
polida reflete a luz uniformemente, sendo assim, oculta os detalhes da microestrutura. O
ataque químico age como um contraste, neste caso foi utilizado Nital 2%.
As amostras foram imersas na solução durante 10s. Como há formação de bolhas de ar
as amostras tiveram que ser agitadas para se assegurar que toda a superfície fosse atacada,
caso contrário, as bolhas impediriam o ataque uniforme da superfície.
BAQUELITE
AMOSTRA
38
3.3.3. Microscopia Ótica
Toda a preparação da superfície da amostra descrita anteriormente ocorre para que se
possa visualizar a microestrutura do material ao microscópio. O equipamento utilizado foi o
microscópio Olympus modelo BX51M. A análise da microestrutura utilizou ampliações de
até 1000X.
3.4. DUREZA
Os ensaios de macrodureza e microdureza foram realizados como primeira avaliação
das características mecânicas das superfícies.
O ensaio de microdureza foi realizado nas amostras metalográficas antes do ataque
químico para maior precisão das medidas realizadas. O equipamento utilizado foi o
microdurômetro Vickers Leco modelo – 875-045-910.
Foram realizados perfis transversais de dureza em cada amostra, sendo que a distância
entre os perfis foi de 1 mm. A distância de 0,1 mm foi respeitada entre as identações. A carga
utilizada no microdurômetro foi de 10N. Os valores de dureza foram medidos na seção
transversal até 1,5mm de profundidade para que fosse ultrapassada a camada branca no caso
do material nitretado.
O ensaio de macrodureza (HRC) foi realizado na superfície externa da amostra
utilizando um Durômetro Wilson modelo B524T.
3.5. ENSAIO DE RISCO
O ensaio de risco é constituído basicamente por três etapas: preparação das amostras,
execução dos riscos e coleta dos resultados.
Para o estudo em questão foram planejados dois tipos de ensaio de risco diferentes.
No primeiro, realizado no equipamento CSM SCRATCH TESTER, utilizou-se um
aumento progressivo da carga (2-150N) e no segundo, realizado no equipamento de risco
desenvolvido no Laboratório de Engenharia de Superfícies UFPR, utilizaram-se cargas
constantes de 60 e 100N. Em ambos os ensaios o comprimento do risco foi de 10 mm.
39
3.5.1. Preparação das Amostras
O material bruto foi medido e fixado na cortadeira de disco abrasivo com sistema de
refrigeração (STRUERS LABOTON 3). Após o corte, foram removidas as rebarbas para
facilitar o manuseio. Antes do ensaio, as amostras foram limpas com álcool.
3.5.2. Riscos
Ensaio com Aumento Progressivo da Carga
O identador foi montado no equipamento, ilustrado pela Figura 3-3, e este foi
preparado para o ensaio.
Figura 3-3. CSM Scratch Tester
Os parâmetros utilizados estão apresentados na Tabela 3-3.
Tabela 3-3. Parâmetros do ensaio de risco com aumento progressivo de carga
Carga 2 a 150 N
Comprimento do risco 10 mm
Velocidade de risco 10 mm/min
Taxa de aplicação da carga
200 N/min
Ponta de diamante 0,2 mm
40
Os resultados foram obtidos utilizando-se o software do próprio equipamento de risco.
Como resultado do ensaio, foi medido o coeficiente de atrito, a força de atrito e a
profundidade de identação.
Após o risco as amostras foram posicionadas ao microscópio óptico onde a medição
da largura do risco e a captação das imagens foi realizada.
Ensaio com Carga Constante
O identador foi montado no equipamento de risco do Laboratório de Engenharia de
Superfícies - UFPR, ilustrado pela Figura 3-3, e este foi preparado para o ensaio.
Figura 3-4. Equipamento de risco do Laboratório de Engenharia de Superfícies - UFPR
Após esta etapa, os parâmetros do ensaio foram ajustados, conforme mostrado na
Tabela 3-4.
Tabela 3-4. Parâmetros do Ensaio com Carga Constante
Carga 60N 100N
Comprimento do risco
10 mm 10 mm
Velocidade de risco 10 mm/min
10 mm/min
Ponta de diamante HRC HRC
Para o ensaio com carga constante mediu-se o perfil do risco produzido sobre a
superfície utilizando um perfilômetro do departamento de Física da UFPR. Com esta medição
se torna possível obter a largura e profundidade do risco.
41
3.6. ENSAIO DE DESGASTE POR DESLIZAMENTO ADESIVO E ABRASIVO
O ensaio de desgaste constitui-se basicamente do movimento relativo entre o corpo de
prova e uma superfície. Para o aumento da intensidade do desgaste é aplicada uma carga
normal à superfície de deslizamento.
Ensaios de desgaste tipo pino sobre disco foram realizados utilizando como pino o
material em estudo e, como disco, o AISI 4340 com dureza de 57 HRC.
A Figura 3-5 apresenta o equipamento do tipo pino sobre disco desenvolvido pelo
Laboratório de Engenharia de Superfícies da UFPR.
Figura 3-5. Equipamento de desgaste do tipo pino sobre disco desenvolvido pelo Laboratório
de Engenharia de Superfícies da UFPR.
3.6.1. Preparação da amostra
O material foi fixado na cortadeira de disco abrasivo com sistema de refrigeração
(STRUERS LABOTON 3). As amostras foram confeccionadas medindo 5X10X10 mm
(ALP). Após o corte, foram removidas as rebarbas para facilitar o manuseio. Antes do ensaio,
as amostras foram limpas com a utilização de álcool.
42
3.6.2. Desgaste por deslizamento adesivo
No ensaio de desgaste por deslizamento adesivo tipo pino sobre disco a amostra em
estudo foi fixada como pino e forçada sobre o disco metálico, garantindo-se o paralelismo
entre as faces. Para realização do ensaio utilizou-se velocidade constante de 2m/s e cargas de
10 e 20N.
O ensaio foi realizado utilizando, para maior confiabilidade dos resultados, três corpos
de prova para cada situação.
Nos ensaios de desgaste os pinos percorreram distância de 500, 1000, 2000 e 6000m.
Após os ensaios avaliou-se a perda de massa em balança analítica de precisão 0,0001 g.
3.6.3. Desgaste por deslizamento abrasivo
Para o ensaio de desgaste por deslizamento abrasivo, o mesmo equipamento utilizado
no ensaio anterior foi preparado fixando-se sobre a superfície do disco uma lixa 320 e
posicionando-se o material a ser ensaiado como pino, garantindo-se o paralelismo entre as
faces. Utilizou-se velocidade constante de 2m/s e cargas de 10N e depois 20N para aumentar
a intensidade do desgaste. Os corpos de prova foram ensaiados em função da distância
percorrida até uma distância total de 5000 m. Avaliou-se a perda de massa após 500, 1000,
2000 e 5000m. Antes e após cada ensaio, os corpos foram pesados para avaliar-se a perda de
massa de material pelo desgaste, para isso utilizou-se balança analítica de precisão 0,0001 g.
43
CAPÍTULO 4
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
4.1. MICROESTRUTURAS
As microestruturas apresentadas e discutidas nesta seção foram produzidas para
possibilitar a avaliação das estruturas presentes em cada superfície amostrada e auxiliar na
caracterização da superfície quanto a dureza, risco e desgaste.
A Figura 4-1 apresenta as microestruturas da seção transversal das superfícies em
estudo observadas nos microscópio óptico.
Observa-se no material sem tratamento (ST) a presença de ferrita e perlita, o que
confirma que o material não apresenta tratamento térmico ou termoquímico. Por se apresentar
em um estado sem beneficiamento é esperada a menor dureza superficial.
Nas micrografias do aço temperado (TR) observou-se a presença de martensita fina
revenida, conforme esperado após o tratamento térmico de têmpera e revenido. A martensita é
caracterizada principalmente por apresentar elevada dureza, desta forma, espera-se dureza
superior com este beneficiamento em relação ao material sem tratamento. (ASM, 2000)
As microestruturas do material temperado, revenido e nitretado apresentam camada
branca até 0,008 mm de profundidade, camada de difusão até 0,030 mm de profundidade e
martensita fina revenida mais no interior. Sendo a camada branca uma camada extremamente
fina e com elevada dureza, é esperada alta dureza superficial. Enquanto esta camada estiver
presente, a camada de difusão onde se formam nitretos deverá apresentar dureza superior à
amostra temperada. Resultado similar foi encontrado por Feder et al. (2006), onde foi
comparado o processo de nitretação a plasma com o processo de nitretação a gás.
44
500 x 1000 x
ST
TR
TRN
Figura 4-1. Microestruturas da seção transversal das superfícies em avaliação
45
4.2. DUREZA
4.2.1. Macrodureza
As medidas de dureza Rockwell C nas superfícies do aço SAE4144 testadas são
apresentadas na Figura 4-2.
Os valores de macrodureza apresentados são coerentes com as microestruturas
apresentadas. Ou seja, o aço SAE 4144 apresenta acréscimo de dureza devido ao seu
beneficiamento por têmpera e aumento ainda mais significativo quando submetido ao
tratamento termoquímico de nitretação. Em Podgornik et al. (2003d) o autor observou
tendência semelhante ao avaliar a resistência ao desgaste de engrenagens nitretadas a plasma.
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
SEM TRATAMENTO TEMPERADO NITRETADO
Amostra
Dureza (HRC) .
Figura 4-2. Macrodureza HRC
4.2.2. Microdureza
A Figura 4-3 apresenta o perfil de microdureza das superfícies avaliadas. Os valores
de microdureza comprovam a previsão inicial de comportamento da dureza ao longo da seção
transversal para o aço SAE 4144 nas três condições, onde se observa diferentes durezas
superficiais para os materiais em estudo.
46
300
350
400
450
500
550
600
650
700
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6
Profundidade (mm)
Dureza (HV) .
SEM TRATAMENTO TEMPERADO NITRETADO
Figura 4-3. Perfil de dureza das amostras
Para o material nitretado observa-se a diminuição progressiva da sua dureza com a
aproximação do seu núcleo, isto ocorre devido à elevada dureza observada na camada branca
seguido da camada de difusão. Este resultado também foi observado por Podgornik et al.
(2001b) no estudo sobre aços nitretados.
4.3. ENSAIO DE RISCO
4.3.1. Ensaio com Aumento Progressivo da Carga
Na Figura 4-4 apresenta-se a topografia dos riscos para as diferentes superfícies em
função da carga. Observa-se que, com o aumento da carga, as características do risco são
alteradas, sendo que a carga “crítica”, definida como a carga onde se iniciam as trincas,
depende das características da superfície. Verifica-se que para o aço SAE 4144 sem
tratamento, a partir de 75 N a superfície já apresenta trincas e arrancamento de material
acentuado. Isto demonstra que a carga crítica para a utilização deste material já foi alcançada.
Comportamento similar foi observado por Kamminga et al. (2003) na caracterização de
revestimentos do tipo duplex. A camada de revestimento apresentou trincas e descolamento
enquanto era aplicada a carga normal progressiva.
47
2N 75N 150N
Sem tratamento
Temperado e
revinido
Temperado, revinido
e nitretado
Figura 4-4. Microscopia do risco para diferentes superfícies
48
Para o aço SAE 4144 temperado e revenido observa-se uma melhora na resistência ao
risco em relação ao material sem tratamento. As primeiras trincas ocorrem somente a 150 N,
mesmo assim, não são tão acentuadas quanto no material sem tratamento.
No material nitretado observa-se uma elevada resistência ao risco. A 75 N a amostra
apresenta-se ainda sem nenhum sinal de trincas ou arrancamento de material. Em 150 N
percebe-se maior deformação, ainda assim, sem apresentar trincas ou arrancamento de
material. O não aparecimento de trincas ou desgaste excessivo indica, segundo Stallard et al.
(2005), que a superfície apresenta-se apta para a utilização até os níveis de esforços testados.
A Figura 4-5 apresenta um exemplo do registro de força normal, coeficiente de atrito,
força de atrito e profundidade de identação obtidos durante os ensaios de risco.
Figura 4-5. Exemplo de resultado obtido pelo ensaio de risco
A taxa de aplicação da força normal configurada foi de 200 N/min. Sendo esta taxa
constante, a curva apresentada é uma reta de 45°. Esta configuração de ensaio também foi
49
utilizada por Podgornik et al. (2001a) no estudo de superfícies nitretadas em comparação a
revestimentos duros.
O coeficiente de atrito é uma característica mecânica da superfície do material. Para o
exemplo em questão, este coeficiente aumenta com a progressão da carga normal e da
profundidade de identação. O aumento no coeficiente de atrito ao longo do ensaio de risco
com carga progressiva também foi observado por Kamminga et al. (2004) durante a
caracterização e comparação de aços revestidos e nitretados.
Sendo a força de atrito dependente da força normal e do coeficiente de atrito, a curva
da força de atrito apresenta tendência de crescimento à medida que a força normal aumenta.
A profundidade de penetração para o exemplo em questão aumenta gradativamente
com a aplicação da carga normal. Isto é esperado, uma vez que existe o aumento da pressão
de compressão sob o identador e consequentemente sobre a superfície. No estudo da
resistência de revestimentos de cromo de Hoy et al. (2004) este comportamento também pôde
ser observado.
Na Tabela 4-1, são apresentadas a largura e a profundidade de penetração obtidas nos
ensaios de risco com aumento progressivo de carga medidas no início e final do teste.
Observa-se que para cargas pequenas a profundidade do risco não fornece informações
“significativas” ao contrário da largura do risco e que para cargas elevadas a situação se
inverte. Estes resultados também podem ser analisados na Figura 4-6 para a largura do risco.
Tabela 4-1. Largura dos riscos e profundidade de penetração
Início do risco 2 N Final do risco 150 N
Amostras
Largura
(µm)
Profundidade
(µm)
Largura
(µm)
Profundidade
(µm)
Sem tratamento
63,659 4 164,912 73
Temperada 50,629 4 171,429 65
Nitretada 23,357 2 164,913 55
Verificou-se que no início do risco (2N) as amostras com dureza mais elevada
proporcionam menor largura de risco. No entanto, à medida que a carga aumenta, a largura
dos riscos tende a tornar-se muito semelhante para as três condições.
Este comportamento é esperado, pois o material nitretado apresenta camada branca de
espessura 8µm, camada de difusão com espessura de 30µm e a profundidade do risco chega
até 55µm para a carga final (150 N). A esta profundidade, a característica de dureza é muito
semelhante à do material sem nitretação, como demonstrado pelos perfis de dureza, Figura
50
4-3. Uma comparação da largura do risco para diferentes cargas em revestimentos de TiN foi
estudada em Stallard et al. (2005), onde observou-se que para cargas mais baixas, as amostras
com dureza mais elevada resultam em menor largura do risco e, para cargas mais elevadas,
ocorre o rompimento da camada ou o seu descolamento.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
Sem Tratamento Temperada Nitretada
Tipo de superfície
Largura do risco (µm) .
Início do risco – 2 N (µm) Final do risco – 150 N (µm)
Figura 4-6. Largura do risco por carga aplicada
Os dados apresentados sugerem uma ligação direta entre os resultados do ensaio de
risco e o ensaio de dureza. A Figura 4-7 apresenta a correlação observada entre dureza e risco.
10
20
30
40
50
60
70
303 372 671
Microdureza (HV1)
Largura do Risco (µm) .
TRN
TR
ST
Figura 4-7. Correlação entre microdureza e largura do risco2N
51
É interessante notar que a correlação direta entre dureza e carga do risco para as
superfícies em estudo não existe para todas as cargas estudadas, uma vez que a dureza varia
com a distância da superfície externa. No entanto, considerando apenas as menores cargas,
verifica-se que quanto maior a dureza, menor a largura do risco.
A mudança de comportamento com o aumento da carga aplicada pode ser
compreendida correlacionando a profundidade do risco com as características iniciais da
superfície, conforme mencionado anteriormente, Figura 4-8.
Figura 4-8. Correlação entre dureza e profundidade do risco150N
No resultado apresentado na Figura 4-8 observa-se que quanto maior a dureza da
superfície, menor é a profundidade do risco. Hoy et al. (2004) utilizou a relação profundidade
do risco x dureza na avaliação de superfícies revestidas por filmes duros sobre aço nitretado,
tendo verificado que materiais mais duros apresentam maior resistência à penetração,
confirmando a tendência observada.
4.3.2. Ensaio com Carga Constante
A Figura 4-9 apresenta o perfil transversal dos riscos com carga constante nas
diferentes superfícies estudadas.
52
Sem tratamento
Temperada
Nitretada
-200
-150
-100
-50
0
50
100
150
200
250
300
100 200 300 400 500 600
Largura do Risco (µm)
Profundidade do Risco (µm) .
Sem tratamento Temperada Nitretada
Figura 4-9. Perfil transversal do risco 60N
Observa-se que a superfície sem tratamento tem muito material removido para as
bordas, em conseqüência da grande deformação plástica e grande profundidade do risco. Em
relação à superfície sem tratamento, a superfície temperada apresenta menor profundidade do
risco e menor deformação plástica de material. Ao comparar-se a superfície nitretada com a
temperada, observa-se que a superfície nitretada apresenta menor área de deformação plástica
para as bordas e profundidade do risco foi menor.
Este resultado era esperado uma vez que materiais mais macios apresentam menor
resistência à deformação e à remoção de material. Desta forma, é coerente que o material
nitretado apresente o menor volume de material deformado e removido. Em Kamminga et al.
(2006) observou-se resultado semelhante na comparação de aços sem tratamento, nitretado e
nitretado revestido. Neste estudo o material como recebido apresentou maior deformação e
profundidade do risco do que as superfícies nitretada e revenida.
O ensaio de risco com carga constante também foi utilizado no trabalho de Qi et al.
(2006) para obtenção da largura e da profundidade do risco e, assim, prever o comportamento
da resistência ao desgaste de diferentes materiais. Percebeu-se que revestimentos de TiC
aspergidos resistem mais ao desgaste abrasivo quando apresentam menor largura e
profundidade do risco.
Da mesma forma que no ensaio de risco com aumento progressivo de carga, os dados
apresentados mostram relação com o ensaio de dureza. A Figura 4-10 apresenta a correlação
entre a largura do risco e a dureza superficial para o ensaio com carga constante.
53
Figura 4-10 Correlação entre largura do risco e dureza superficial
Observa-se novamente uma redução da largura do risco com o aumento da dureza.
Para as cargas testadas e seguindo previsões da literatura a largura do risco é
inversamente proporcional à dureza da superfície.
Observa-se que o gradiente de dureza medido nas superfícies testadas não afeta a
relação observada uma vez que as medidas são sempre superiores àquelas das superfícies não
tratadas ou temperadas e revenidas.
A presença de um gradiente de dureza aumentará a largura e profundidade do risco,
quando comparado ao resultado de superfícies de dureza constante e de valor igual à maior
dureza medida no gradiente.
A mesma relação é observada ao correlacionar-se dureza e profundidade do risco com
carga constante. Na Figura 4-11 apresenta-se a relação inversamente proporcional entre
dureza e profundidade do risco, observada para cargas constantes de 60 e 100 N. No trabalho
de Mezlini et.al (2004) a correlação entre profundidade do risco e dureza também foi estudada
para superfícies revestidas. Observou-se que os revestimentos danificados pela aplicação da
carga apresentam decréscimo de dureza mais evidente do que os revestimentos sem trincas ou
descolamento.
54
Figura 4-11 Correlação entre a profundidade do risco e a dureza
4.3. ENSAIO DE DESGASTE POR DESLIZAMENTO ADESIVO
A Figura 4-12 mostra os resultados do ensaio de deslizamento adesivo em função da
distância percorrida para a carga de 10 N. Comportamento similar foi observado para cargas
maiores.
0
0,002
0,004
0,006
0,008
0,01
0,012
0,014
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000
Distância Percorrida (m)
Perda de Massa (g) .
Sem Tratamento
Temperada
Nitretada
Figura 4-12. Perda de massa por distância percorrida para a carga de 10N
55
Verifica-se que, conforme esperado, com o aumento da distância percorrida, aumenta
também a perda de massa. Quanto às características de superfície, o material sem tratamento
apresenta desgaste mais acentuado que o material temperado, que, por sua vez, apresenta
desgaste maior que o material nitretado. Desta forma, é possível afirmar que o beneficiamento
do material aumenta sua resistência ao desgaste por deslizamento, sendo este inversamente
proporcional à perda de massa.
O ensaio do tipo pino sobre disco para prever a perda de massa para diferentes tipos de
superfície também foi utilizado por Podgornik et al. (2001b) em seu estudo sobre resistência
ao desgaste de aços nitretados e revestidos, observou-se maior desgaste por deslizamento
adesivo no aço nitretado no que no aço revestido com TiN.
De acordo com os resultados encontrados, é possível estabelecer uma correlação entre
desgaste por deslizamento adesivo e dureza conforme já estudado na literatura (Rabinowicz,
1965). O comportamento de desgaste por deslizamento pode ainda ser correlacionado com a
resposta das diferentes superfícies ao risco, especificamente com a profundidade do risco,
150N. Ambos podem ser observados na Figura 4-13.
Seguindo previsão da literatura Rabinowicz et al. (1965), observou-se que o aumento
da dureza da superfície implica em uma redução na perda de massa por deslizamento adesivo.
Resultado semelhante foi encontrado por Jeong et al. (2003) em seu estudo sobre correlação
entre dureza e desgaste em revestimentos nanocristalinos eletrodepositados.
Observa-se que o aumento na profundidade do risco acompanha o aumento da perda
de massa nas amostras ensaiadas, ou seja, a redução da resistência ao desgaste. Isto pode ser
explicado pelo fato de riscos mais profundos ocorrerem em materiais mais macios e de os
materiais mais macios estarem mais propensos à perda de massa durante o desgaste por
deslizamento adesivo. Comportamento semelhante é observado em relação às características
do risco com carga constante. Observa-se que a perda de massa por deslizamento adesivo é
diretamente proporcional a profundidade e a largura do risco, e inversamente proporcional ao
aumento da dureza.
O comportamento ao desgaste por deslizamento adesivo pode ser correlacionado com
outras características da superfície, Figura 4-13.
56
0
0,002
0,004
0,006
0,008
0,01
0,012
0,014
34 40 51
Dureza (HRC)
Perda de Massa (g) . (g)
0
0,002
0,004
0,006
0,008
0,01
0,012
0,014
55 65 73
Profundidade do Risco (µm)
Perda de Massa (g) .d
0
0,002
0,004
0,006
0,008
0,01
0,012
0,014
155 204 214
Largura do Risco (µm)
Perda de massa (g) .b
Figura 4-13. Correlação entre desgaste, dureza, largura e profundidade do risco
A correlação entre as medidas do risco (largura e profundidade) e o desgaste por
deslizamento adesivo pode ser considerada uma relação entre a resistência à deformação da
superfície e a sua resistência ao desgaste. Observa-se que o aumento da dureza da superfície
implica em uma redução do desgaste adesivo, ou seja, redução da perda de massa.
4.4. ENSAIO DE DESGASTE ABRASIVO
A Figura 4-14 apresenta a perda de massa em função da distância percorrida para as
amostras ensaiadas ao desgaste abrasivo.
Verifica-se que com o aumento da distância percorrida aumenta também a perda de
massa. Comparando este comportamento com o ensaio de desgaste por deslizamento, as
tendências são as mesmas, mas a perda de massa é mais significativa em função da maior
agressividade da superfície. Quanto às características da superfície, o material sem tratamento
apresenta desgaste mais acentuado que o material temperado, que, por sua vez, apresenta
desgaste maior que o material nitretado. Desta forma, é possível afirmar que o beneficiamento
do material, da mesma forma que no ensaio de deslizamento, aumenta sua resistência ao
desgaste abrasivo, ou seja, a superfície com menor perda de massa tem maior resistência ao
desgaste. No estudo comparativo das propriedades de desgaste de aços ferramenta Bourithis et
57
al. (2006) observou, usando também um ensaio do tipo pino sobre disco, que o material de
maior dureza apresentou melhor resistência ao desgaste abrasivo.
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
Distância de Deslizamento (m)
Perda de Massa (g) . (g)
Sem tratamento Temperada Nitretada
Figura 4-14. Perda de massa por distância percorrida para a carga de 10 N
Também o desgaste abrasivo pode ser correlacionado com as características da
superfície medidas pela dureza, largura e profundidade do risco, Figura 4-15.
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
34 40 51
Dureza (HRC)
Perda de Massa (g)
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
55 65 73
Profundidade do Risco (µm)
Perda de Massa (g) . .
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
155 204 214
Largura do Risco (µm)
Perda de Massa (g) .v
Figura 4-15. Correlação entre desgaste, dureza, profundidade e largura do risco
58
De forma semelhante ao observado no desgaste por deslizamento adesivo,
profundidade e largura do risco são diretamente proporcionais à perda de massa no desgaste
abrasivo e a dureza, inversamente proporcional. Observa-se que o aumento da dureza da
superfície implica em uma redução do desgaste abrasivo, ou seja, redução da perda de massa,
como relatado por Kawakame et al. (2006).
4.5. AVALIAÇÃO MECÂNICA DE SUPERFÍCIES
Tratamentos de superfícies para o aumento da vida útil e desempenho de componentes
mecânicos são utilizados por diversas indústrias, que conseqüentemente procuram
procedimentos para qualificação de seus componentes. Para tanto, existem diversas técnicas
de avaliação mecânica disponíveis que podem estar diretamente relacionadas ou não com a
solicitação a que os componentes estarão expostos em serviço. Com o intuito de desenvolver
procedimentos de qualificação mecânica de superfícies, técnicas de dureza, risco (pela medida
de sua largura e profundidade) e desgaste por deslizamento e abrasivo foram utilizados para
caracterizar três superfícies distintas.
A correlação entre as diversas propriedades estudadas aparece na literatura. No
entanto, percebe-se que os estudos englobam somente duas características distintas de cada
vez e em situações muito específicas. No presente trabalho, buscou-se encontrar tendências de
comportamento mais genéricas que possam auxiliar na caracterização rápida e eficiente de
superfícies.
A Tabela 4-2 apresenta as principais tendências observadas, neste trabalho, para o aço
SAE 4144 em diferentes fases de beneficiamento para este estudo.
Tabela 4-2. Principais tendências observadas
RISCO RESISTÊNCIA AO DESGASTE
SUPERFÍCIE DUREZA
LARGURA
(60N)
PROFUNDIDADE
(150N)
DESLIZAMENTO ABRASIVO
Sem
Tratamento
Temperada e
Revenida
Temperada,
Revenida e
Nitretada
59
Observa-se na Tabela 4-2 que o material sem tratamento, por apresentar menor dureza,
sofreu maior deformação e remoção de material ao risco, além de ter apresentado maiores
taxas de perda de massa por deslizamento e desgaste abrasivo.
Nota-se que à medida que o material é beneficiado (temperado e depois nitretado), a
resistência ao risco e ao desgaste, seja ela por deslizamento ou abrasivo, aumenta.
A literatura apresenta uma correlação teórica entre desgaste abrasivo, dureza e risco.
Rabinowicz et al. (1965) propôs a equação (2-4) para estabelecer uma correlação entre
desgaste e risco e a equação (2-6) para estabelecer uma correlação entre desgaste e dureza.
Substituindo a equação (2-4) em (2-6), obtém-se:
Vab
V
Af
S
W
.=
(4-1)
H
F
k
s
W
N
ab
v
=
(4-2)
N
V
abab
F
HA
fk
.
=
(4-3)
Onde k
ab
é a constante de desgaste, depende da partícula abrasiva; f
ab
é a constante do
risco, depende da área de material removido e deformado plasticamente; A
V
é a área removida
pelo risco; H é a dureza em kgf/mm2; e F
N
é a força normal aplicada à superfície.
A equação é válida para situações onde as cargas aplicadas são iguais para todos os
ensaios (dureza, risco e desgaste). No entanto, isto exigiria impor restrições na correlação
entre superfícies com diferenças de dureza significativas, já que cargas que riscam ou
desgastam superfícies de menor dureza podem não ser adequadas para avaliar superfícies
mais duras e vice-versa.
No entanto é necessário levar em consideração se o material apresenta ou não um
gradiente de dureza e no caso afirmativo, o comportamento da superfície poderá variar
quando exposta a uma solicitação abrasiva/deslizamento. Esta condição foi verificada no
ensaio de risco, por exemplo, onde as superfícies apresentaram para cargas pequenas e médias
um comportamento diferente daquele apresentado para cargas elevadas.
60
CAPÍTULO 5
CONCLUSÕES
A utilização de diversas técnicas de caracterização de superfícies como base para
prever a degradação de componentes em função de suas diferentes solicitações foi estudada
para o aço SAE 4144 com diferentes beneficiamentos. As características mecânicas
observadas nas superfícies foram avaliadas com o intuito de estabelecerem-se relações ou
identificar tendências entre as diferentes técnicas de qualificação de superfícies com a
finalidade de melhorar a compreensão e facilidade de obter informações necessárias para um
procedimento de qualificação.
Para as condições testadas, é interessante destacar que a correlação direta entre dureza
e carga do risco para as superfícies estudadas não existe para todas as cargas, uma vez que a
dureza varia com a distância da superfície externa. No entanto, considerando apenas as
menores cargas, é possível concluir que quanto maior a dureza da superfície, menor a largura
e a profundidade do risco.
Na correlação entre desgaste por deslizamento adesivo e dureza, observou-se que o
aumento na dureza da superfície implica em uma redução na perda de massa, o que indica
uma maior resistência da superfície testada ao desgaste. Na correlação entre este tipo de
desgaste e risco, foi possível observar que o aumento da profundidade e da largura do risco
acompanha o aumento da perda de massa das amostras ensaiadas. Isto pode ser explicado pelo
fato de riscos mais profundos ocorrerem em materiais mais macios e estes materiais estarem
mais propensos ao desgaste.
Comportamento semelhante foi observado para os ensaios de desgaste por
deslizamento abrasivo. No entanto, a perda de massa foi mais significativa neste ensaio
devido à maior agressividade sofrida pela superfície da amostra.
Na tentativa de correlacionar dureza, risco e desgaste, verificou-se que à medida que a
dureza da superfície aumentou, menor foi a largura e a profundidade do risco e maior a
resistência ao desgaste, seja ele por deslizamento ou abrasivo. Este resultado foi observado
tanto no ensaio de risco com carga constante quanto no ensaio com carga progressiva. No
estudo da relação entre as diversas técnicas utilizadas constatou-se ainda que o
comportamento de largura e profundidade do risco depende da carga aplicada. Isto é
61
particularmente importante para superfícies com gradiente de dureza, como observado na
amostra temperada e nitretada. Desta forma, é importante que o responsável pela avaliação da
superfície esteja treinado e apto para realizar esta avaliação.
Verifica-se que as diferentes técnicas fornecem informações complementares sobre o
material. Uma técnica de caracterização de superfícies deve ser utilizada para complementar
outra, mas não para substituí-la.
62
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