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UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO (UCDB)
RAFAELA POTSCH RIBEIRO
A REPERCUSSÃO DA EQUOTERAPIA NA QUALIDADE
DE VIDA DA PESSOA PORTADORA DE LESÃO MEDULAR
TRAUMÁTICA
CAMPO GRANDE-MS
2006
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RAFAELA POTSCH RIBEIRO
A REPERCUSSÃO DA EQUOTERAPIA NA QUALIDADE
DE VIDA DA PESSOA PORTADORA DE LESÃO MEDULAR
TRAUMÁTICA
Dissertação apresentada ao Programa de
Mestrado em Psicologia da Universidade
Católica Dom Bosco, como exigência
parcial para obtenção do título de Mestre em
Psicologia, área de concentração:
Comportamento Social e Psicologia da
Saúde, sob a orientação da Profª. Drª.
Heloisa Bruna Grubits Freire.
CAMPO GRANDE-MS
2006
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Ficha catalográfica
Ribeiro, Rafaela Potsch
R484 A repercussão da equoterapia na qualidade de vida da pessoa portadora de
lesão medular traumática / Rafaela Potsch Ribeiro; orientação, Heloisa Bruna
Grubits Freire. 2006.
162 f. + anexos
Dissertação (mestrado) Universidade Católica Dom Bosco, Campo.
Grande, 2006.
Inclui bibliografias
1. Equoterapia 2. Qualidade de Vida 3. Lesão Medular Traumática
.I. Freire, Heloisa Bruna Grubits . II. Título
CDD-615.82
Bibliotecária: Clélia T. Nakahata Bezerra CRB 1-757
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________
Profa. Dra. Heloisa Bruna Grubits Freire (orientadora)
______________________________________________
Prof. Dra. Liliana Andolpho Magalhães Guimarães (UCDB)
______________________________________________
Profa. Dra. Maria Elenice Quelho Areias (UNICAMP)
A Deus por ter me dado a vida e a
capacidade para realização deste sonho.
À minha filha Vitória, razão de minha vida
e meus esforços.
Ao meu avô Potsch, que me incentivou a
seguir esta carreira.
À minha mãe, pelo exemplo de
determinação na realização de seus sonhos.
Ao meu irmão, que sempre acreditou em
mim.
AGRADECIMENTOS
À minha orientadora Heloisa Bruna Freire, que me acompanhou desde a elaboração
do pré projeto até o término desta dissertação, meus mais sinceros agradecimentos.
À Michelli Cazelli, George Lunardon e Cristina Quintana, que me ajudaram na
realização dos atendimentos equoterápicos desta pesquisa.
A toda diretoria da Acrissul, que prontificou de imediato suas instalações e
materiais.
À Tatianna Gibran, amiga e companheira, que nas horas mais difíceis esteve ao
meu lado, me incentivando e apoiando.
Aos pacientes que se prontificaram e se empenharam desde o primeiro contato até o
término de seus tratamentos.
A Fabiana Gibran e ao Eder Rocha, por terem estado do meu lado no meu momento
de maior aflição.
A todos que direta ou indiretamente me apoiaram e me ajudaram, estando sempre
comigo.
Espero que você possa aceitar as coisas
como elas são.
Sem pensar que tudo conspira contra você,
Porque parte de nós é entendimento...
Mas a outra parte é aprendizado...
Que você possa ter forças para vencer
todos os seus medos
E que, no final, possa alcançar todos os
seus objetivos
Porque parte de nós é cansaço...
Mas a outra parte é vontade...
Que tudo aquilo que você vê e escuta possa
lhe trazer conhecimento
Que essa escola possa ser longa e feliz
Porque parte de nós é o que vivemos...
Mas a outra parte é o que esperamos...
Que você possa aprender a perder sem se
sentir derrotada
Que isso possa fazer você cada vez mais
guerreira...
Porque parte de nós é o que temos...
Mas a outra parte é sonho...
Que durante a sua vida você possa
construir sentimentos verdadeiros
Que você possa aceitar que só quem soube
da sombra, pode saber da luz...
Porque parte de nós é angústia...
Mas a outra parte é conforto...
Que você nunca deixe de acreditar
Que nunca perca sua fé
Porque parte de DEUS é amor...
E a outra parte também!
Autor desconhdecido
RESUMO
Introdução: A Equoterapia é um recurso terapêutico que utiliza o cavalo como
instrumento cinesioterapêutico e auxilia no desenvolvimento biopsicossocial e reabilitação
de pessoas portadoras de diversos tipos de deficiências. Esse recurso também pode ser
utilizado como meio preventivo e terapêutico na área da saúde. A Lesão Medular
Traumática (LMT) corresponde a qualquer lesão na medula que resulta de trauma sem
origem patológica e pode alterar vários fatores e condições de vida, interferindo
conseqüentemente na Qualidade de Vida (QV) dos indivíduos lesionados. Objetivo:
Avaliar a possível influência da Equoterapia na Qualidade de Vida dos portadores de
Lesão Medular Traumática. Casuística e Método: Trata-se de um estudo de caso de
validação clínica do atendimento em Equoterapia para portadores de Lesão Medular
Traumática, que utiliza medidas de avaliação pré e pós intervenção. Participaram da
pesquisa três pessoas (n = 3), com Lesão Medular Traumática completa, decorrente de
trauma por arma de fogo, os quais não realizavam atividade física ou terapêutica, sendo
dois do sexo masculino (P1 e P2), com 42 e 28 anos, e um do sexo feminino (P3), com 49
anos. Foram aplicados o Questionário The Medical Outcomes Study 36-Item Short-Form
Health Survey - SF-36, para avaliação de QV pré e pós intervenção, e um Questionário
Sócio-demográfico e Ocupacional. Realizou-se um total de 29 sessões e, após o último
atendimento, solicitou-se também a cada participante redigir um depoimento sobre as
alterações percebidas, tanto em nível físico quanto psicológico, observadas durante e após
a intervenção equoterápica. Resultado: Os resultados da avaliação de QV pré e pós-
intervenção dos participantes, mostraram que P1 apresentou os melhores resultados de QV
no domínio Aspectos Sociais; P2 foi o que apresentou maior número de domínios que
melhoraram, com o maior índice de melhora nos Aspectos Físicos, porém foi o único que
não apresentou melhora na Capacidade Funcional; e P3 foi quem apresentou maior índice
da variação nos domínios Capacidade Funcional e Dor. O domínio Estado Geral de Saúde
após os atendimentos, apresentou melhora para todos os participantes. Conclusão: Os
participantes investigados apresentaram, após a intervenção Equoterápica, uma melhor
QV, tanto nos domínios do Componente Físico, quanto do Mental, independente do sexo,
idade, nível e tempo de lesão. Esse recurso terapêutico melhora a percepção de saúde
global de pacientes com Lesão Medular Traumática.
Palavras-chave: Equoterapia. Lesão Medular Traumática. Qualidade de Vida.
ABSTRACT
Introduction: Equotherapy is a therapeutic resource which makes use of the horse as a
kinesiotherapeutic instrument and helps in the biopsychosocial development and
rehabilitation of people with different types of deficiencies. This resource may also be used
as a preventive and therapeutic means in the health field. Traumatic Medullar Lesion
(TML) is related to any lesion caused to the medulla which results in trauma without any
pathological origin and may alter various factors and life conditions, consequently
interfering in the Quality of Life (QL) of the injured individuals. Objective: To Evaluate
the possible influence of Equotherapy in the Quality of life of those with Traumatic
Medullar Lesion. Causistic and Method: It is about the case study of a clinical attendance
validation of Equotherapy of those with Traumatic Medullar Lesion which uses validation
measures pre and pos intervention. Three people took part in this research (n=3), with
complete Traumatic Medullar Lesion due to trauma caused by gunfire. These people did
not take part in any sort of physical activity or therapeutic, being two of them male (P1 and
P2) whose age were 42 and 28 and a female one (P3) being 43 years old. The
questionnaires applied were: The Medical Outcomes Study 36-item Short-Form Health
Survey SF-36 to evaluate their Quality of Life pre and pos intervention as well as a
Socio- Demographic and Occupational Questionnaire. Twenty- nine (29) sessions were
carried out and after the last meeting, every participant was asked to write down a
statement about any noticed change, psychology and physical that was noticed during and
after the equotherapy intervention. Result: The evaluation results of the participants’
Quality of Life pre and pos intervention demonstrated that P1 showed the best results of
Quality of Life in the Social Aspects domain; P2 was the one who showed a greater
number of improved domains with the best index of Physical Aspects improvement.
However, he was the only one who did not presented any improvement in his Functional
Capacity; and P3 was the one who presented the biggest index of variation in the
Functional Capacity and Pain. The Health General State Domain after the attendances
showed that some sort of improvement for all the participants took place. Conclusion: The
participants of this research showed, after the equotherapy intervention, better Quality of
Life, not only in the physical Component domains but also in the Mental domains
independent of sex, age, level and time of lesion. This therapeutic resource improves the
perception of the patients’ global health with Traumatic Medullar Lesion.
Key- words: Equotherapy. Traumatic Medullar Lesion. Life Quality.
LISTA DE SIGLAS
ABDA Associação Brasileira de Desporto para Amputados
ABDC Associação Brasileira de Desporto para Cegos
ABDEM Associação Brasileira de Desporto para Deficientes Mentais
ABRADECAR Associação Brasileira de Desporto em Cadeiras de Rodas
Acrissul Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul
AE Aspectos Emocionais
AF Aspectos Físicos
ANDE Associação Nacional de Desporto para Deficientes
ANDE-BRASIL Associação Nacional de Equoterapia
APAE Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais
AS Aspectos Sociais
AVDs Atividades de Vida Diárias
C1 Primeira vértebra cervical (atlas)
C2 Segunda vértebra cervical (axis)
C3 Terceira vértebra cervical
C4 Quarta vértebra cervical
C5 Quinta vértebra cervical
C6 Sexta vértebra cervical
C7 Sétima vértebra cervical
CF Capacidade Funcional
CFP Conselho Federal de Psicologia
CNS Conselho Nacional de Saúde
CONEP Comissão Nacional de Ética em Pesquisa
CPB Comitê Paraolímpico Brasileiro
EGS Estado Geral da Saúde
EUA Estados Unidos da América
FAB Ferimento por Arma Branca
FAF Ferimento por Arma de Fogo
FCI Faculdade de Ciências e Informática
FES-CG Faculdade Estácio de Sá de Campo Grande
GHRI General Health Index
ISMAC Instituto Sul-Matogrossense para Cegos
L1 Primeira vértebra lombar
L2 Segunda vértebra lombar
L3 Terceira vértebra lombar
L4 Quarta vértebra lombar
L5 Quinta vértebra lombar
LM Lesão Medular
LMT Lesão Medular Traumática
MEC Ministério de Educação e Cultura
MHI Mental Health Inventory
MOS The Medical Outcomes Study
OMS Organização Mundial da Saúde
PCR Parada Cardiorrespiratória
QV Qualidade de Vida
QVRS Qualidade de Vida Relacionada à Saúde
SEIC Sociedade de Ensino e Informática
SESES Sociedade de Ensino Superior Estácio de Sá
SF-36 The Medical Outcomes Study 36 Item Short Form Health Survey
SM Saúde Mental
SNA Sistema Nervoso Autônomo
SNC Sistema Nervoso Central
SNP Sistema Nervoso Periférico
SNS Sistema Nervoso Simpático
T1 Primeira vértebra torácica
T10 Décima vértebra torácica
T11 Décima primeira vértebra torácica
T12 Décima segunda vértebra torácica
T2 Segunda vértebra torácica
T3 Terceira vértebra torácica
T4 Quarta vértebra torácica
T5 Quinta vértebra torácica
T6 Sexta vértebra torácica
T7 Sétima vértebra torácica
T8 Oitava vértebra torácica
T9 Nona vértebra torácica
TDAH Transtorno de Décifit de Atenção e Hiperatividade
TMC Therapia por Meio do Cavalo
TVP Trombose Venosa Profunda
UNESA Universidade Estácio de Sá
WHOQOL GROUP World Health Organization Quality Of Life Assesment
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Passo. ............................................................................................................28
FIGURA 2 - Trote..............................................................................................................29
FIGURA 3 - Galope...........................................................................................................30
FIGURA 4 - Planos anatômicos do cavalo. .......................................................................31
FIGURA 5 - Inflexões. ......................................................................................................32
FIGURA 6 - Movimentos verticais das espáduas e ancas, em conseqüência do
movimento articular da coluna vertebral e dos “raios” do cavalo. As espáduas e
ancas se deslocam segundo uma sinóide.........................................................................33
FIGURA 7 - Conservação do movimento ao passo...........................................................34
FIGURA 8 - Posição de montaria vista anterior, lateral e posterior
respectivamente...............................................................................................................35
FIGURA 9 - Postura ideal do praticante............................................................................38
FIGURA 10 - Medula espinhal. ...........................................................................................44
FIGURA 11 - Coluna vertebral dividida por regiões........................................................45
FIGURA 12 - Domínios e componentes do SF-36..............................................................83
FIGURA 13 - Recursos materiais utilizados na montaria: (a) manta própria para
Equoterapia; (b) cabeçada; (c) cabresto; (d) rampa. .......................................................99
FIGURA 14 - Participante P2 situação inicial................................................................154
FIGURA 15 - Participante P2 situação final...................................................................154
FIGURA 16 - Participante P3 situação inicial................................................................155
FIGURA 17 - Participante P3 situação final...................................................................155
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 - Comparação de scores para os domínios do SF-36, antes e depois da
intervenção Participante 1. .........................................................................................103
GRÁFICO 2 - Comparação de médias para os domínios do SF-36, antes e depois da
intervenção Participante 2. .........................................................................................104
GRÁFICO 3 - Comparação de scores para os domínios do SF-36, antes e depois da
intervenção Participante 3. .........................................................................................106
SUMÁRIO
1 APRESENTAÇÃO...............................................................................................................16
2 REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................................20
2.1 EQUOTERAPIA ...............................................................................................................21
2.1.1 Histórico no mundo e no Brasil......................................................................................21
2.1.2 Definição e conceito .......................................................................................................23
2.1.3 O cavalo ..........................................................................................................................24
2.1.4 O cavalo como instrumento cinesioterapêutico..............................................................26
2.1.5 Método para o atendimento na Equoterapia ...................................................................35
2.1.6 O praticante.....................................................................................................................36
2.1.7 Objetivos da Equoterapia................................................................................................38
2.1.8 Indicações e contra-indicações da Equoterapia ..............................................................39
2.1.9 Efeitos terapêuticos e benefícios da Equoterapia ...........................................................40
2.1.10 Fases da Equoterapia ....................................................................................................41
2.1.11 Interdisciplinaridade, multidisciplinaridade e Equoterapia ..........................................42
2.2 LESÃO MEDULAR TRAUMÁTICA..............................................................................43
2.2.1 Anatomia e fisiologia da medula espinhal......................................................................43
2.2.2 Definição.........................................................................................................................46
2.2.3 Aspectos fisiológicos e funcionais..................................................................................49
2.2.4 Aspectos psicológicos.....................................................................................................58
2.3 LESÃO MEDULAR E O ESPORTE ADAPTADO .........................................................68
2.4 QUALIDADE DE VIDA ..................................................................................................71
2.4.1 Evolução do conceito......................................................................................................71
2.4.2 Qualidade de Vida Relacionada à Saúde ........................................................................74
2.4.3 Qualidade de Vida relacionada às patologias crônicas...................................................75
2.4.4 Aspectos metodológicos para avaliação da Qualidade de Vida .....................................77
2.4.5 O questionário SF-36 (The Medical Outcomes Study 36 Item Short Form
Health Survey).................................................................................................................79
2.5 QUALIDADE DE VIDA E LESÃO MEDULAR ............................................................82
2.6 REABILITAÇÃO..............................................................................................................88
3 A PESQUISA .......................................................................................................................90
3.1 LOCAL ..............................................................................................................................91
3.2 HIPÓTESE........................................................................................................................92
3.3 OBJETIVOS......................................................................................................................93
3.3.1 Objetivo geral.................................................................................................................93
3.3.2 Objetivos específicos ......................................................................................................93
4 CASUÍSTICA E MÉTODO .................................................................................................94
4.1 PARTICIPANTES.............................................................................................................95
4.1.1 Critérios de inclusão .......................................................................................................95
4.1.2 Critérios de exclusão.......................................................................................................95
4.2 RECURSOS HUMANOS E MATERIAIS .......................................................................96
4.2.1 Recursos humanos..........................................................................................................96
4.2.2 Recursos materiais ..........................................................................................................96
4.3 INSTRUMENTOS UTILIZADOS....................................................................................97
4.3.1 The Medical Outcomes Study 36 Item Short Form Health Survey (SF-36) ............98
4.3.2 Ficha de anamnese..........................................................................................................98
4.4 PROCEDIMENTOS..........................................................................................................98
4.5 ANÁLISE DOS DADOS ..................................................................................................99
4.6 ASPECTOS ÉTICOS ......................................................................................................100
5 RESULTADOS ..................................................................................................................101
5.1 CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES ............................................................102
5.2 RESULTADOS OBTIDOS POR MEIO DO SF-36 .......................................................102
6 DISCUSSÃO ......................................................................................................................108
7 CONCLUSÕES CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................121
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................125
APÊNDICES ..........................................................................................................................145
ANEXOS ................................................................................................................................152
16
1 APRESENTAÇÃO
17
Ao longo da infância, a autora desta investigação teve muito contato com cavalos e
aprendeu a admirá-los. Por vários anos, praticou equitação, percebeu que o esporte trazia
benefícios aos praticantes e, durante sua graduação em Fisioterapia, teve a oportunidade de
conhecer a Equoterapia, um recurso terapêutico que utiliza o cavalo em seus atendimentos
e com o qual se identificou, razão por que lhe interessou aprofundar-se no assunto.
No trabalho de conclusão do curso de graduação, buscou esclarecer a influência da
Equoterapia na função respiratória de crianças portadoras de Paralisia Cerebral. Como
profissional, a autora organizou o Centro de Equoterapia da Faculdade Estácio de Sá de
Campo Grande MS, conveniada com a Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul
(Acrissul).
Nesse período de docência, utilizou-se da Equoterapia como recurso terapêutico
para vários tipos de patologia, mas os resultados que mais lhe chamaram a atenção foram
os relacionados à Lesão Medular, pois, além dos benefícios físicos observados nos relatos
dos pacientes, percebeu uma melhora quanto aos aspectos psicológicos.
A partir dessa experiência, buscou-se, na literatura científica, a relação dos
benefícios físicos e psicológicos obtidos com a Equoterapia em pacientes portadores de
Lesão Medular Traumática (LMT) e a repercussão na Qualidade de Vida (QV) destes.
Foram encontrados estudos relacionando a Equoterapia com a QV, mas nenhum utilizando
instrumentos específicos para avaliação dos resultados. Esta investigação objetiva,
portanto, avaliar a possível influência da Equoterapia na QV dos pacientes portadores de
LMT.
A Equoterapia é um recurso terapêutico e educacional que utiliza o cavalo dentro
de uma abordagem interdisciplinar, nas áreas de saúde, educação e equitação, buscando o
desenvolvimento biopsicossocial (CIRILLO et al., 2000), e que se serve da biomecânica do
animal, associada à transmissão de impulsos nervosos ao praticante, para proporcionar uma
reintegração nas áreas sensoriais, motoras, afetivas e cognitivas, além de oferecer a
percepção do ambiente em movimento (DURAN, 1999).
O conceito de QV abrange a percepção humana com o grau de satisfação individual
em sua situação física, seu estado emocional, sua vida familiar, amorosa e social
(SCHWARTZMANN, 2003). A partir do exposto, percebeu-se que este conceito alcança
18
os aspectos contemplados no trabalho de Equoterapia.
Decidiu-se, então, utilizar o instrumento The Medical Outcomes Study 36 Item
Short Form Health Survey (SF-36) para avaliar a QV dos participantes submetidos à
Equoterapia, já que este é o instrumento mais utilizado no mundo para avaliação da
Qualidade de Vida Relacionada à Saúde (QVRS).
Os participantes do presente estudo sofreram LMT após a idade adulta, com trauma
abaixo do nível cerebral, sem que houvesse prejuízo quanto ao aspecto cognitivo, o que
permite clareza na avaliação.
Nesta dissertação, o Referencial Teórico aborda, a história do cavalo no Brasil e no
mundo e sua relação com o homem através da história; a Equoterapia e suas definições;
aspectos físicos e comportamentais do cavalo, as características necessárias para a sua
utilização na Equoterapia, e sua função como instrumento cinesioterapêutico; a
metodologia para os atendimentos, os benefícios e efeitos terapêuticos, as indicações e
contra-indicações, suas fases de tratamento e, por fim, refere-se à equipe de atendimento.
O capítulo 2 apresenta ainda sobre a LMT, sua definição, anatomia e fisiologia da
coluna vertebral e da medula, o trauma, a incidência, as etiologias, as fases de reabilitação
do trauma, os níveis funcionais da LMT relacionada com a altura do trauma e com as
complicações neurológicas, metabólicas e ortopédicas, além dos aspectos psicológicos
diretamente relacionados com a condição da pessoa com LM.
Esse capítulo explana a Lesão Medular e sua relação com o esporte adaptado
enfatizando a criação do setor de esporte nos centros de reabilitação destinados ao portador
de LM, a importância do esporte para o reabilitar, os objetivos e possíveis benefícios tanto
em nível físico quanto psíquico da atividade física para os LM, o início das associações
destinadas aos portadores de deficiências e suas diversas divisões, além da realização dos
jogos destinados aos portadores de deficiência.
Em seguida refere-se à evolução do conceito de QV, sua relação com patologias
crônicas, seus aspectos metodológicos e o instrumento de avaliação SF-36.
Menciona ainda, sobre a QV e sua relação direta ao portador de LM, as variáveis
preditivas em relação a QV, que são: dor, depressão, suporte social e tempo de lesão. As
19
maneiras mais utilizadas de avaliar a QV em portadores de LM que estão vinculadas a
reabilitação, o que torna-se necessário sua definição, e engloba a adaptação com sua
conceituação. E a percepção do participante portador LM em relação a sua QV e a maneira
como o mesmo enfrenta a situação.
O capítulo 3 contém dados sobre o local de pesquisa, esclarece as hipóteses do
presente estudo e seus objetivos gerais e específicos.
O capítulo 4 apresenta casuística e método do estudo, esclarece a seleção da
amostra com seus critérios de inclusão e exclusão, os recursos utilizados durante a
execução da pesquisa e os instrumentos utilizados, sendo eles o SF-36 e a ficha de
anamnese (SANVITO, 2000). Esta parte é concluída com esclarecimentos sobre os
procedimentos utilizados, aspectos éticos de pesquisa e análise dos dados.
No capítulo 5 apresentam-se os resultados. No capítulo 6 desenvolver-se a
discussão; e, no capítulo 7, são feitas as conclusões e as considerações finais.
20
2 REFERENCIAL TEÓRICO
21
2.1 EQUOTERAPIA
2.1.1 Histórico no mundo e no Brasil
Os benefícios da Equitação não foram reconhecidos recentemente. Hipócrates (458-
370 a.C.) indicava a montaria para a regeneração da saúde e o tratamento da insônia
(FREIRE, 1999).
Após Hipócrates, o próximo relato encontrado sobre esta técnica, foi feito por
Asclepíades médico da Prússia (124-40 a.C.) que aconselhava a montar a cavalo como
tratamento para epilepsia, gota e qualquer tipo de paralisia (LERMONTOV, 2004).
Entre os anos de 130-190, surge a primeira referência em relação aos aspectos
psicológicos da equitação, feita por Galeno, médico ocidental que tratava do imperador
Marco Aurélio. Este mesmo médico observou que a equitação exercita tanto o corpo
quanto os sentidos, o que concorda com as citações de Merkurialis já no séc. XVI
(FREIRE, 1999).
Lermontov (2004) relata que, em 1734, Carlos Castel inventou uma cadeira
vibratória a fim de realizar movimentos similares ao do cavalo, esta foi utilizada com êxito
na redução da espasticidade
1
. Uma outra máquina foi inventada por Samuel Theodor
Quelmaz (1697-1758), com o mesmo propósito da cadeira vibratória, a qual produzia
movimentos bidimensionais; e em uma outra de suas obras, encontra-se o primeiro relato
sobre os movimentos tridimensionais do dorso do cavalo.
Porém, tanto Castel quanto Quelmaz observaram que as máquinas vibratórias
anulavam completamente o efeito psicológico da equitação (LERMONTOV, 2004),
portanto as máquinas jamais poderiam substituir o animal.
Em 1890, Gustavo Zander, um médico fisiatra e mecanoterapêuta, foi o primeiro a
afirmar que, para estimular o Sistema Nervoso Simpático (SNS), é necessário que as
vibrações transmitidas ao cérebro sejam de 180 oscilações por minuto. A partir de sua
1
Espasticidade: aumento de tono muscular e exaltação de reflexos tendinosos profundos (SANVITO, 2000).
22
descoberta, em 1984, o médico Detlevev Rieder, chefe da unidade neurológica da
Universidade Martin Luther, na Alemanha, comprovou que, sobre o dorso do cavalo ao
passo, as vibrações produzidas têm exatamente o mesmo valor do que as oscilações
necessárias por minuto para a estimulação do SNS relatadas por Zander em 1890
(CIRILLO et al., 2000).
Logo após a Primeira Guerra Mundial, o cavalo voltou a ser lembrado, dessa vez
pelos escandinavos, e os benefícios da Equitação estimularam a fundação de centros de
Equoterapia na Alemanha, França e Inglaterra (FRAZÃO, 2001).
Durante a Segunda Guerra Mundial e com a crescente mecanização, o cavalo
perdeu a função de instrumento militar e demais utilidades, e.g. agricultura e transporte.
Ao contrário de sua extinção prevista, houve uma procura cada vez maior, para esporte,
lazer e terapia, aumentando o número de criações de quase todas as raças eqüinas
(JACCARD, 1999).
Em 1969, foi publicado o primeiro trabalho científico sobre Equoterapia, no Centro
Hospitalar Universitário da Universidade de Salpentire, em Paris (CIRILLO et al., 2000).
Em 1972, foi defendida pela Dra. Colete Picart Trintelin a primeira tese em Equoterapia na
Universidade de Paris Val de Marne (MEDEIROS; DIAS, 2002).
As primeiras experiências em Equoterapia no Brasil foram realizadas, a partir de
1971, pelas fisioterapeutas Elly Kogler e Gabriele B. Walter (UZUN, 2005) e seu
reconhecimento como método terapêutico, iniciou-se em 1989, com a fundação do Centro
de Equoterapia na Granja do Torto (hoje sede da Associação Nacional de Equoterapia
ANDE-BRASIL), em Brasília (FRAZÃO, 2001).
Garrigue (1999) relata a vitória da amazona dinamarquesa Lis Hartel, portadora de
deficiência física (paraplegia) causada por seqüelas da poliomielite, nas provas Eqüestres
dos Jogos Olímpicos de Helsinque. A partir desse resultado, surgiu um grande interesse em
estudos sobre a prática eqüestre para pessoas portadoras de deficiências físicas e/ou
necessidades especiais (SILVA, 2004).
Em 09 de abril de 1997, a Equoterapia foi reconhecida no Brasil como terapia
complementar pelo Conselho Federal de Medicina, em sessão plenária, pelo Parecer n.
23
06/1997 (CIRILLO et al., 2000).
2.1.2 Definição e conceito
A Equoterapia é um recurso terapêutico completo, utilizada como terapia de
reabilitação complementar e aborda o praticante como um ser vivo único, o qual não se
reparte em aspectos, partes ou distintos componentes (físico ou psíquico). Nesse recurso,
trabalham-se as áreas cognitivas, afetivas, sensoriais e motoras, além de proporcionar ao
praticante a percepção do ambiente em movimento (DURAN, 1999).
Este recurso foi denominado Equoterapia pela Associação Nacional de Equoterapia
(ANDE-BRASIL), em 1999, por três motivos:
a) Homenagear o Latim, vernáculo do qual deriva o português adotando o
radical Equo derivado de Equus;
b) Homenagear Hipócrates que utilizava a palavra “Therapeia” para denominar a
parte da medicina que trata da aplicação do conhecimento técnico-científico no
campo da reabilitação. Por esta razão adotou-se a palavra terapia e;
c) Por estarem adotando uma palavra ainda não existente no dicionário nacional,
poderiam adotar princípios e normas fundamentais para esta técnica no Brasil
(CIRILLO et al., 2000).
Sendo a “Equoterapia” uma nomenclatura nacional elaborada pela ANDE-BRASIL
e por este recurso ser mundialmente conhecido e estudado, torna-se necessário esclarecer
as nomenclaturas adotadas em diversos países, visando facilitar a busca de estudos e
informações sobre o tema.
Lermontov (2004) fez um levantamento sobre as terminologias utilizadas e
verificou que, na França, esse recurso é denominado tanto Equotherapie como Equitation
Therapeutique; nos Estados Unidos da América (EUA), como Ridding Therapy ou
Hypotherapy; na Itália, como Therapia por Meio do Cavalo (TMC); e, na Inglaterra, como
Riding for the Disable.
24
Um outro conceito relevante para a Equoterapia foi elaborado por Walter e
Vendramini (2000), os quais afirmam que esse recurso terapêutico e educacional propicia
um trabalho global aos praticantes a ele submetidos e beneficia as áreas psicológicas,
fisioterápicas, sociais e educacionais, utilizando das técnicas dos esportes relacionados ao
cavalo.
Esse recurso permite trabalhar com o praticante de forma holística
2
; tem uma
importante função no processo de “normalização”, pois pode auxiliar no aproveitamento
das potencialidades residuais do praticante, na superação dos danos sensoriais, cognitivos e
comportamentais, proporcionando uma melhora nas condições físicas e psicológicas
(CITTÉRIO, 1999).
Stabdacher (1985 apud FREIRE, 1999) ressalva a importância na educação,
reeducação, e reabilitação. A Equoterapia utiliza-se dos benefícios dos movimentos
ondulatórios do cavalo para o desenvolvimento do esquema corporal e organização espaço
temporal, e a relação com o animal resulta em uma interação afetiva.
Gavarini (1995 apud FREIRE, 1999) considera a Equoterapia como recurso
terapêutico principal, desde que o praticante tenha acesso a um psicólogo e a um
fisioterapeuta durante as sessões, para proporcionar-lhe uma reabilitação global.
Lermontov (2004) relata que a Equoterapia utiliza o cavalo como instrumento de
trabalho, com intuito de auxiliar no desenvolvimento motor, social e emocional de pessoas
portadoras de deficiência física e/ou necessidades especiais, fundamentado na prática de
atividades eqüestres e técnicas de equitação.
Wickert (1999) afirma que a Equoterapia é um recurso de reabilitação que utiliza o
cavalo como meio e que conta com a atuação de uma equipe interdisciplinar, o que
favorece melhoras físicas e psíquicas aos portadores de deficiência física e/ou necessidades
especiais.
2
Holística: teoria sobre a qual o homem é um todo indivisível, e que não pode ser explicado pelos seus
distintos componentes (físico, psicológico ou psíquico), considerados separadamente (FERREIRA, 2004).
25
2.1.3 O cavalo
O cavalo é um animal que acompanhou o homem em toda a sua evolução, desde
suas representações nas cavernas, lendas, mitologia, até os dias atuais, carregando-o em
seu dorso durante descobertas e conquistas de vários países. Essa convivência causou uma
fascinação milenar do homem pelo animal, um sentimento misto entre atração e medo
(WICKERT, 1999; JUNG, 1997).
Cirillo (1999) afirma que o cavalo teve e ainda têm inúmeras funções para o ser
humano: foi útil no progresso da humanidade, utilizado nas grandes batalhas, no lazer e no
esporte; serviu como meio de transporte, trabalho, veneração e crença; é um meio de
produção de soros e vacinas; e hoje é também utilizado como agente de reabilitação,
educação e reeducação de pessoas portadoras de deficiências físicas e/ou necessidades
especiais. Pode-se dizer que os destinos dos homens e dos cavalos são inseparáveis.
Com tantos méritos e funções, o cavalo é, sem dúvida, um animal sem fronteiras.
No mundo inteiro, ele beneficia os seres humanos, sem distinção de cor, idade, patologia.
Não há preconceito, mas há limites que o próprio animal impõe ao cavaleiro, resultando
em sua função de educador (PIRES, 1999).
Quanto às características psicológicas e comportamentais do cavalo, pode-se dizer
que este é um ser irracional, regido de 90 a 95% por instintos e reflexos e que tem apenas
de cinco a dez por cento de seu comportamento influenciado pelo ambiente, o que o
possibilita a estabelecer relações com o mundo exterior (JACCARD, 1999; HONTAG,
1988). É também um animal sociável, que vive em manadas, tem relacionamento afetivo,
comunica-se através de sons e linguagem corporal, a qual representa 55% de sua
comunicação (UZUN, 2005; WALTER; VENDRAMINI, 2000).
Bem desenvolvida, sua memória facilita seu adestramento (LERMONTOV, 2004)
e, junto com a coordenação sensório-motora, dá ao cavalo a capacidade de representar os
mais variados reflexos, o que resulta no seu comportamento inteligente, ao passo que a
“emotividade”, muitas vezes, supera a sua inteligência (FREIRE, 1999).
Com uma “personalidade” resultante da hereditariedade, idade, manejo, equilíbrio
genital e endócrino e da temperatura ambiente, o cavalo mostra ainda muita perseverança
26
em suas manifestações, tanto para se livrar de uma imposição de seu cavaleiro, como para,
nas diferentes tentativas, escapar das estribarias e recobrar a liberdade (HONTAG, 1988).
Quanto às características físicas, o cavalo é um animal mamífero, herbívoro,
quadrúpede, de porte e força, possui corpo e pescoço alongados, tem grande acuidade nos
sentidos, o que resulta na impressionabilidade e emotividade, e utiliza-se das mandíbulas e
dos cascos para proteger-se, por meio de mordidas e coices (LERMONTOV, 2004; UZUN,
2005).
O cavalo utilizado para a Equoterapia deve possuir características específicas como:
ser dócil, deixar-se montar e manusear, transformar-se em amigo do praticante. Em relação
à raça, não deve ser marchador, pois em suas passadas não se observa o movimento infra-
superior o que torna o movimento do animal bidimensional; a altura deve ser inferior a
1,50 m medida da cernelha
3
até o chão; não deve ser gordo em excesso, pois isso
dificultaria a abdução dos membros inferiores dos praticantes; a idade, superior a dez anos,
para que seja calmo; deve ser castrado, para minimizar as possíveis alterações hormonais
(FREIRE, 1999; MEDEIROS; DIAS, 2002).
Quanto ao adestramento do animal para Equoterapia, Buchene e Savigni (1996
apud FREIRE, 1999) comentam que:
a) O método é idêntico ao de um animal comum;
b) O animal deve ser trabalhado para adaptação aos exercícios equoterápicos;
c) Deve o animal estar adaptado à montaria e a movimentos bruscos, não reagindo
negativamente aos comportamentos característicos adotados por pacientes
portadores de patologias específicas, tais como autismo e transtorno de atenção
e hiperatividade (TDAH).
2.1.4 O cavalo como instrumento cinesioterapêutico
Na Equoterapia, o cavalo é o elemento mais importante, pois ele atua como
3
Cernelha: parte do corpo de alguns animais onde se juntam as espáduas (FERREIRA, 2004).
27
instrumento cinesioterapêutico
4
, facilitador do processo ensino-aprendizagem, e possibilita
a inserção e reinserção social do praticante. Este cria com o animal uma relação
harmoniosa, um vínculo de afetividade e confiança recíproca, o que torna o cavalo uma
atração entre o participante e o mundo que o rodeia. Assim, o animal também proporciona
o desenvolvimento de novas percepções e oportunidades (ENGEL, 1997; CIRILLO, 1999;
PEREIRA, M. R., 1999).
Um dos principais fundamentos da Equoterapia é a transmissão de impulsos
nervosos ao praticante, conseqüente do movimento tridimensional característico da marcha
eqüina, a qual foi descrita por Cittério (1999) e Silva (2004) como a que mais se aproxima,
quando comparada, à marcha normal do ser humano.
O cavalo possui três tipos de andaduras naturais. São elas: passo, trote e galope. Na
Equoterapia, o passo é a andadura mais utilizada. Este pode ser rolado ou marchado, isto
quer dizer que sempre existe um ou mais membros em contato com o solo, não possui
tempo de suspensão; é cadenciado, mais lento e apresenta quatro tempos. Estes quatro
tempos são resultantes da movimentação das patas do cavalo, as quais se elevam e pousam
uma de cada vez; porém; em diagonais (WICKERT, 1999), e.g. anterior esquerdo,
posterior direito, anterior direito, posterior esquerdo, conforme a Figura 1.
4
Cinesioterapêutico: instrumento de tratamento de doenças, ou de suas conseqüências, mediante a
promoção, por parte do doente, de movimentos ativos ou passivos (FERREIRA, 2004).
28
FIGURA 1 - Passo.
Fonte: The Dingo's Breakfast Club (2006a).
Arruda et al. (2004) foram os primeiros autores a relatar que, em seus estudos,
encontraram diferenças no tempo de suspensão e apoio dos cascos do cavalo ao solo, o que
resulta em diferenças sensíveis na duração dos apoios tripedais e diagonais encontrados na
seqüência do passo, e vai contra os relatos de Freire (1999) e Wickert (1999) ao afirmarem
que o passo é uma andadura ritmada.
Uma outra característica do passo que merece destaque é o rendimento, o que pode
ser definido como o comprimento da passada do animal em metros, medida entre dois
apoios do membro anterior que estiver liderando movimento. Quanto maior o rendimento
maior será a movimentação do dorso, a intensidade do movimento tridimensional e a
solicitação muscular do praticante (ARRUDA et al., 2004).
29
A cada passo do cavalo, a linha média do praticante é defletida, estimulando as
reações de equilíbrio por meio de contrações reflexas agonistas e antagonistas. O Sistema
Vestibular é assim repetidamente solicitado, estimulando de modo contínuo suas conexões
entre os canais semicirculares com o cerebelo, córtex cerebral, medula e nervos periféricos,
em ambos os sentidos, tanto ascendentes, quanto descendentes (APRILE, 1999).
O trote é uma andadura simétrica, saltada, fixada em dois pontos, nos quais cada
bípede diagonal se eleva e pousa simultaneamente, com um tempo de suspensão entre o
pousar de cada bípede diagonal (CIRILLO et al., 2000), e.g. diagonal esquerda, depois
diagonal direita, conforme a Figura 2. Este exige do cavalo um maior esforço, seus
movimentos são mais rápidos e bruscos e quando o animal retorna ao solo, exige do
praticante mais força para se segurar e um maior desenvolvimento ginástico para poder
acompanhar os movimentos do animal (WICKERT, 1999).
FIGURA 2 - Trote.
Fonte: The Dingo's Breakfast Club (2006b).
Na Equoterapia, portanto, o trote é menos utilizado, pois é uma andadura saltitante,
composta por movimentos verticais, os quais resultam em uma ação reflexógena, que é
muito estimulante (KELLER; MICHELOTTO; SICURO, 2004). Ele ocasiona ainda uma
rápida estimulação do Sistema Vestibular, responsável pela resposta reflexa sobre os
músculos dos membros e do tronco de acordo com o movimento da cabeça (PINHEIRO,
1999), resultando em um aumento do tônus muscular (BOTELHO, 1999).
30
O galope é uma andadura assimétrica, pois os eixos da coluna vertebral em relação
ao eixo longitudinal do cavalo não são simétricos; é saltada, pois existe um tempo de
suspensão; tem três tempos, porque entre o elevar de um membro até seu retorno ao solo
ouvem-se três batidas; é a mais basculada devido aos amplos movimentos do pescoço do
animal (LERMONTOV, 2004). As fases do galope são descritas de acordo com o anterior
que rege o movimento, e.g. anterior direito, posterior esquerdo e diagonal esquerda,
conforme a Figura 3.
FIGURA 3 - Galope.
Fonte: The Dingo's Breakfast Club (2006c).
Também, no galope, os movimentos são mais rápidos e bruscos e, quando o animal
retorna ao solo, exige do praticante ainda mais força para se segurar e uma maior
movimentação corporal para poder acompanhar os movimentos do animal (WICKERT,
1999).
Silva (2004) relata que o movimento tridimensional do cavalo pode ser estudado de
31
forma separada ao entender-se cada plano anatômico do animal: plano horizontal, sagital e
frontal (FIGURA 4).
FIGURA 4 - Planos anatômicos do cavalo.
Fonte: Cirillo (1999).
O movimento latero-lateral (FIGURA 5) ocorre no plano sagital com o movimento
do posterior do cavalo para frente, pois, quando apóia-se no chão, um posterior estará à
frente do outro, o que resulta em uma rotação na linha espinhal do cavalo, deslocando a
coluna para o lado que ficou para trás. Para que mantenha seu equilíbrio, o animal executa
uma torção da parte da coluna que fica acima da linha da espádua
5
para o lado oposto ao da
curvatura da garupa
6
. E resulta em uma rotação de pelve no cavalo e conseqüentemente
ocasionará uma pequena inclinação de pelve no praticante (HEINE; ROSENSWEIG,
1998).
5
Espádua: a parte mais alta do membro superior, formada pelos ossos: escápula, cabeça do úmero e
clavícula, conectados entre si por ligamentos (FERREIRA, 2004).
6
Garupa: a parte superior do corpo das cavalgaduras que se estende do lombo aos quartos traseiros
(FERREIRA, 2004).
Sagital: direita e esquerda
Horizontal: dorsal e ventral
Frontal: anterior e posterior
Centr
o de gravidade
32
FIGURA 5 - Inflexões.
Fonte: Licart (1989, p. 6).
Medeiros e Dias (2002) referem que, no eixo vertical, plano horizontal (FIGURA
6) ocorre o seguinte movimento: o cavalo transporta um posterior para frente, porém para
realização deste movimento ocorre uma elevação do membro posterior do solo, o que
resulta em uma elevação da garupa do animal. Com a garupa elevada, conseqüentemente
com o membro suspenso, o cavalo desloca este para frente e, em seguida, apóia-o no solo.
Quando o cavalo apóia este membro no solo, ocorre um abaixamento da garupa. Assim,
em um passo completo, ocorrem dois movimentos de elevação e abaixamento do praticante
sobre o animal.
33
FIGURA 6 - Movimentos verticais das espáduas e ancas, em conseqüência do movimento
articular da coluna vertebral e dos “raios” do cavalo. As espáduas e ancas se deslocam segundo
uma sinóide.
Fonte: Licart (1989, p. 31).
No eixo longitudinal ou plano frontal (FIGURA 7), ocorrem ações que, durante o
movimento tridimensional, resultam em um movimento antero-posterior, no qual o cavalo
transporta seu posterior à frente; porém, dessa vez, analisa-se o movimento pela locomoção
do corpo do animal para frente, o que é realizado através de perdas e retomadas de
equilíbrio: os posteriores, responsáveis pelas perdas do equilíbrio, e os anteriores, pela
retomada. Com esse processo, o corpo completo do animal desloca-se à frente ocasionando
uma movimentação para frente e para trás no corpo do praticante (UZUN, 2005;
MEDEIROS; DIAS, 2002).
Propulsão Elevação
34
FIGURA 7 - Conservação do movimento ao passo.
Fonte: Licart (1989, p. 30).
Lermontov (2004) relata que, além dos movimentos passivos já descritos que
ocorrem no praticante, pode-se observar ainda mais um que é a rotação do quadril
decorrente do simples acompanhamento da torção da coluna do animal na região da
garupa.
Aos movimentos resultantes no praticante decorrentes dos movimentos
tridimensionais do cavalo, pode-se observar alguns valores: a mobilização da cintura do
cavaleiro corresponde a cinco centímetros na ordem vertical, sagital em torno de oito graus
ou sete a oito cm; oblíquos de cinco cm. Já em relação à rotação de pelve, Severo (2002)
relata ser por volta de 35°. Esses movimentos transmitem grande quantidade e variedade
de impulsos nervosos aos praticantes (CIRILLO, 1999; FRAZÃO, 2001).
A Equoterapia exige a participação do corpo inteiro do praticante. A posição de
montaria (FIGURA 8), o calor do corpo do animal, os movimentos lentos são transmitidos
ao cavaleiro pelo contato de seu corpo com o do animal, gerando movimentos mais
35
complexos de rotação e translação
7
, contribuindo, assim, para desenvolvimento global
desse praticante. As conseqüentes informações proprioceptivas que lhe são ativadas no
corpo são interpretadas pelos órgãos sensores de equilíbrio e postura como situações
momentâneas que exigem novos ajustes posturais (controle de cabeça e tronco) (APRILE,
1999; CIRILLO, 1999).
FIGURA 8 - Posição de montaria vista anterior, lateral e posterior respectivamente.
Fonte: Cirillo (1999).
Conforme relatado acima, as especificidades das andaduras do animal, os planos
anatômicos, cada um dos três movimentos que unidos resultam no movimento
tridimensional do cavalo, o tamanho e angulação deles e as formas pelas quais os
principais estímulos são transmitidos ao praticante permitem entenderem-se os
fundamentos básicos da Equoterapia e embasar o estudo desse recurso.
2.1.5 Método para o atendimento na Equoterapia
Uzun (2005) cita que os atendimentos na Equoterapia normalmente iniciam-se com
a avaliação de um médico, seguida pela avaliação dos demais membros da equipe. Após a
7
Translação: movimento de um corpo em que todas as partículas têm, em cada instante, a mesma
velocidade e esta mantém uma direção constante (FERREIRA, 2004).
36
realização destas, a equipe se une e traça os objetivos e planejamento para o tratamento.
Copeland (1997) afirma que os atendimentos precisam ser planejados de acordo
com as metas de toda a equipe, a fim de maximizar as potencialidades funcionais de cada
praticante.
Durante os atendimentos, é necessário efetivar aprendizagens, utilizar linguagem
adequada, adaptar o ritmo de aprendizagem à capacidade de pessoas com dificuldades,
utilizar uma forma de pedagogia lúdica (GARRIGUE, 1999).
Recomenda-se que seja realizada uma sessão semanal de Equoterapia com duração
de 30 a 40 minutos, a qual deve constar do momento de aproximação, o primordial no
plano da relação com o animal; do momento dos exercícios de aquecimento, equilíbrio,
montaria, mudanças de velocidade ou manutenção rítmica, alternância de andaduras e
jogos (GARRIGUE, 1999); e do momento de separação, o qual consta de atividades de
relaxamento associadas a exercícios respiratórios com o intuito de facilitar o desligamento
do praticante após cada sessão (PACCHIELE, 1999; GONZALEZ, 2003).
A equipe interdisciplinar de Equoterapia deve ser a mais ampla possível, sendo
necessário constar no mínimo de um instrutor de equitação, fisioterapeutas, psicólogos,
monitores, e auxiliares guias e laterais, tratadores; podendo contar também com
fonoaudiólogos, educadores especializados, terapêutas ocupacionais, entre outros
profissionais das áreas da saúde, educação e equitação (CIRILLO, 1999; GARRIGUE,
1999).
As sessões de Equoterapia devem acontecer em um local onde haja contato com a
natureza, para transmitir ao paciente a sensação de calma e tranqüilidade, proporcionando-
lhe um relaxamento maior a cada sessão. O terreno deverá ser plano, sem irregularidades,
solo macio (grama, areia, serragem, etc.). É necessária a construção de um galpão coberto,
com metragem de aproximadamente quinze por vinte e cinco metros, para os dias de frio
intenso e/ou chuvoso, para que não se interrompam as sessões devido ao tempo, dando
maior continuidade ao tratamento (FREIRE, 1999).
Garrigue (1999) afirma que é necessária a construção de uma rampa, a fim de
facilitar a montaria para os praticantes que apresentam deficiência física e/ou necessidades
37
especiais e utilizam muletas ou cadeiras de rodas, possibilitando-lhes montar sozinhos ou
com o mínimo de auxílio.
2.1.6 O praticante
Praticante é o termo utilizado para designar a pessoa portadora de deficiência física
e/ou necessidades especiais, enquanto em atividade equoterápica (CIRILLO, 1999).
O autor ainda relata que a segurança física do praticante em relação ao cavalo deve
ser preocupação constante de toda a equipe. Da mesma forma, o comportamento, as
atitudes habituais do cavalo e as circunstâncias que podem vir a modificá-los; os
equipamentos de montaria, particularmente correias, presilhas, estribos, mantas e/ou sela; a
vestimenta do cavaleiro, principalmente nos itens que podem trazer riscos ou desconforto
de outras naturezas; e o local das sessões onde possam ocorrer ruídos anormais que
venham a assustar os animais.
A postura correta do praticante deve alinhar-se com o centro de gravidade sobre a
base de suporte, o pé. A postura ideal é descrita como uma única linha que passaria pelas
orelhas, ombros, cintura e calcanhar do praticante (HEINE; ROSENSWEIG, 1998)
(FIGURA 9). Este, porém, durante os exercícios, pode, sobre o cavalo, ser posicionado de
costas, prono ou supino, o que fornece aos terapeutas uma série de opções para treinamento
muscular, tais como: equilíbrio, propriocepção, controle de cabeça e tronco além de
auxiliar na facilitação da postura automática (ENGEL, 1997; ANDRADE, 1999).
Existem na Equoterapia duas linhas de trabalho divergentes sobre a conduta em
relação aos padrões patológicos: uma que utiliza de quebras de padrões durante as sessões
de Equoterapia, e a outra na qual se deixa o praticante livre para que ele se utilize de suas
potencialidades residuais para alcançar seus ganhos.
Karadsheh (2001) fez um estudo sobre o conceito de Bobath o qual relata que o
terapeuta deve avaliar as habilidades residuais do praticante, e não as deficiências deste, e
sua aplicação na Equoterapia. Nesse estudo, ele refere que, para aderir a filosofia do
Bobath, o terapeuta terá que manter em mente essa ambivalência, pois são muito intensas
as experiências sobre o cavalo, as quais os praticantes têm necessidade de expressar. O
38
autor relata ainda que, na Equoterapia, as formas de estimular o praticante são tão
eficientes quanto as técnicas de Bobath, as quais utlizam-se da quebra de padrões
patológicos ou convencionais.
Já Rodrigues (2000) relata que se deve atender os praticantes na Equoterapia
adotando a quebra de padrões patológicos, porém respeitando a seqüência correta do
desenvolvimento natural do praticante.
FIGURA 9 - Postura ideal do praticante.
Fonte: Severo (2002).
2.1.7 Objetivos da Equoterapia
Heine (1997) afirma que os objetivos da Equoterapia são:
a) ganhos que podem ser adquiridos devidos ao movimento do cavalo e à atuação
da equipe interdisciplinar;
b) melhoria nas áreas da saúde, educação e desenvolvimento biopsicossocial,
39
também em relação ao lazer e esporte.
Cittério (1999) observa que através da Equoterapia haveria a regularização do tônus
muscular; consecução de uma postura útil através de mecanismos de endireitamento ou
alinhamento; melhora nas percepções proprioceptivas e táteis; correção de dismorfismos
esqueléticos; realizações de automatismos de controle postural do movimento.
A autora ainda aponta que, toda a estruturação psicomotora pode melhorar com a
facilitação das relações espaciais e da seqüencialidade temporal das ações.
Freire (1999) relata alguns objetivos específicos, para cada praticante: melhora dos
padrões anormais através da quebra de padrões patológicos; melhora do conhecimento do
esquema corporal; estimulação do equilíbrio e do Sistema Nervoso Sensorial;
propriocepção e exterocepção; manutenção das articulações íntegras e dentro da
normalidade; introdução de movimentos e posturas inibidoras dos reflexos;
desenvolvimento da motivação, autoconfiança e autovalorização.
2.1.8 Indicações e contra-indicações da Equoterapia
Segundo Freire (1999), Lermontov (2004) e Silva (2004), as principais indicações
da Equoterapia são: seqüelas de Lesões Medulares; lesões cerebrais (acidente vascular
cerebral, paralisia cerebral, trauma crânio encefálico); poliomielite; hemiplegia, paraplegia
e tetraplegias; seqüelas de patologias ortopédicas; patologias cardiovasculares e
respiratórias; distúrbios comportamentais sociais, mentais e sensoriais; disfunção motora e
de coordenação.
As contra-indicações mais graves, segundo Medeiros e Dias (2002), Silva (2004) e
Uzun (2005), são: instabilidade atlanto-axial; escoliose acima de 40°; cardiopatia grave;
afecções agudas; hérnia de disco; ferimentos abertos sobre uma superfície de sustentação.
Santos (2000) revela outras contra-indicações: crianças que não tiverem prescrição
médica; algumas alterações oncológicas, cardiovasculares, psiquiátricas, dermatológicas,
urológicas; má formação cerebral tipo Chiare II, hidrocefalia, hidromielia, tumores
cerebrais, aneurismas cerebrais sintomáticos, esclerose múltipla, grande mal epilético.
40
Ressaltam-se, ainda, que, em aspectos gerais, quaisquer condições que causem
desconforto e/ou agravem o estado geral do praticante ou produza resultados negativos,
e.g. hipertensão descontrolada, estresse, hemorragias, alergias severas a cavalo ou
equipamentos, patologias que causem enjôo são contra-indicados para a prática
equoterápica (ENGEL, 1997).
2.1.9 Efeitos terapêuticos e benefícios da Equoterapia
Os benefícios e os efeitos terapêuticos esperados com a utilização desse recurso são
de quatro aspectos:
a) relação:
Salvagni (1999) relata que os efeitos terapêuticos são atingidos no aspecto da
relação por meio de apego, interesse e predileção referentes a um ser animado, de
sentimento de potência e vivência de autoridade e poder, correlacionados às experiências
de domínio em que se obtém submissão de um ser vivo possante e reforçado.
Ocorrem ganhos relacionados aos aspectos emocionais e sociais, assim como
valorização plena do indivíduo a cavalo, comunicação, auto-estima, autoconfiança,
autocontrole, autodeterminação, vigilância da relação, atenção e tempo de atenção
(WALTER; VENDRAMINI, 2000; BRACCIALLE; PRESUMIDO; AGULHON, 1998;
FRAZÃO, 2001; SALVAGNI, 1999). Na observação do relacionamento e sua duração, há
ainda superação de ansiedade, firmeza, devida à disciplina adquirida em conseqüência da
montaria, memorização do conhecimento adquirido, relaxamento e descontração
(GARRIGUE, 1999).
b) psicomotricidade:
Em relação à psicomotricidade, diversos autores relatam efeitos terapêuticos em
comum, como: normalização do tônus muscular, melhora na coordenação motora, na
organização espaço-temporal, esquema corporal, orientação espacial (WALTER;
41
VENDRAMINI, 2000; BRACCIALLE et al., 1998; FRAZÃO, 2001; SALVAGNI, 1999;
GARRIGUE, 1999; COLLINS, 2002); ganho de equilíbrio e melhora no controle da
postura ereta (WALTER; VENDRAMINI, 2000; BRACCIALLE et al., 1998; FRAZÃO,
2001; SALVAGNI, 1999; GARRIGUE, 1999; LEE, 2005).
Existem também efeitos terapêuticos e benefícios relatados quanto à estimulação
tátil e vestibular (WALTER; VENDRAMINI, 2000; BRACCIALLE et al., 1998;
FRAZÃO, 2001; SALVAGNI, 1999). Nesse sentido, Salvagni (1999) relata sobre a
aprendizagem de movimentos rítmicos, desinibição e segurança motora. Garrigue (1999)
refere-se à obtenção do aprendizado em relação à lateralidade, dissociação de movimentos,
a facilitar a precisão do gesto, permitir melhor integração do gesto para compreensão de
uma ordem recebida ou por imitação. Lee (2005) relata sobre os ganhos proporcionados
pela Equoterapia nas realizações das Atividades de Vida Diária (AVDs), e Collins (2002)
refere-se à melhora da circulação sangüínea.
c) natureza técnica:
Este item abrange todos os aspectos relacionados ao trato e manejo do cavalo, quais
sejam: aprendizagens referentes aos seus cuidados; estábulos, alimentação, curativos, selar
e colocar as rédeas e, sobretudo, as técnicas de equitação (GARRIGUE, 1999).
d) integração na sociedade:
Salvagni (1999) relata que a integração na sociedade ocorre a partir da colaboração,
confiança e ajuda recíproca na equipe, o que resulta nos seguintes benefícios que Walter e
Vendramini (2000), Braccialle et al. (1998), Frazão (2001), Garrigue (1999) e Salvagni
(1999) relatam maior integração com amigos, tanto da sociedade, como do centro de
Equoterapia, e também uma integração com a família. Garrigue (1999) refere-se também
ao contato com o animal. Lee (2005) relata sobre os benefícios da integração sensorial com
o movimento passivo do corpo através do espaço, com o calor, a sensação, a brisa, o cheiro
do animal e o ambiente aberto.
42
2.1.10 Fases da Equoterapia
A Equoterapia é subdivida em quatro fases, que variam de acordo com os objetivos
estabelecidos pela equipe interdisciplinar, compatíveis às capacidades dos praticantes. São
elas: Hipoterapia, Reeducação eqüestre, Pré-esportiva e Esportiva:
a) Hipoterapia: programa no qual o animal é tido como instrumento
cinesioterapêutico, e voltado para pessoas portadoras de deficiências físicas
e/ou necessidades especiais, totalmente dependentes, que não conseguem se
manter sozinho sobre o cavalo. Nesta fase, a atuação principal é dos
profissionais da saúde, e esses praticantes necessitam de auxiliares guias e
laterais (CIRILLO, 1999; FREIRE, 1999; WALTER; VENDRAMINI, 2000;
FRAZÃO, 2001; MEDEIROS; DIAS, 2002; SILVA, 2004; UZUN, 2005);
b) Reeducação eqüestre: nesta fase, o praticante já tem o mínimo de autonomia
sobre o animal, com o qual já consegue interagir, o aspecto pedagógico já está
sendo estimulado e a equipe interdisciplinar atua de forma mais intensa. Ainda
nesta fase, começa-se a trabalhar a integração social, e o cavalo passa a exercer
também a função de facilitador no processo ensino-aprendizagem (TAVARES,
1998; MEDEIROS; DIAS, 2002; SILVA, 2004; UZUN, 2005);
c) Pré-esportiva: fase em que o praticante já possui boas condições para dominar o
cavalo, já adquiriu organização espaço temporal; a atuação do instrutor de
equitação é mais intensa; e o cavalo passa a ser utilizado como instrumento de
inserção social (WALTER; VENDRAMINI, 2000);
d) Esportiva: nesta fase, o praticante já está apto a participar de provas eqüestres,
incentivando sua socialização (FREIRE, 1999). Medeiros e Dias (2002) já
consideram esta como a última fase da Equoterapia, momento em que o
praticante será inserido na escola de equitação.
2.1.11 Interdisciplinaridade, multidisciplinaridade e Equoterapia
As autoras Souza e Ramos (2000) definem a interdisciplinaridade como o trabalho
43
com diferentes especialistas que buscam trocar informações para a elaboração de um
projeto conjunto, no qual cada área envolvida sai de uma visão única para uma visão mais
abrangente, com capacidade de reformular seus conceitos e atuações. Um outro conceito de
interdisciplinaridade é a união de várias pessoas com um objetivo em comum (OLIVEIRA;
ISMAEL, 1995).
Segundo Jupiassu (1975 apud FREIRE; HOPKA; SOARES, 2003), para alcançar a
interdisciplinaridade é necessário que cada indivíduo tenha a capacidade de observar a
relação de sua disciplina com as demais, sem negligenciar a sua especialidade. Na
interdisciplinaridade não existe um superior e, sim, uma horizontalização de papéis,
respeitando a especificidade de cada componente da equipe, objetivando um consenso em
relação ao diagnóstico, prognóstico e alta do paciente. Para que a interdisciplinaridade
atinja sua eficácia e nível de produção desejado, a equipe deve desenvolver entre si uma
relação afeto-cognitiva.
Por outro lado, a multidisciplinaridade refere-se a uma organização de vários
profissionais trabalhando em conjunto e implica uma união de várias classes do saber, sem
que seja obrigatoriamente um trabalho em equipe (OLIVEIRA; ISMAEL, 1995).
A multidisciplinaridade, para Souza e Ramos (2000), compreende diversas áreas
especializadas que, por terem uma única visão, trabalham de forma a fragmentar o
indivíduo em pequenos outros, tende a ressaltar os defeitos, as limitações e as
incapacidades do indivíduo.
Para que o desenvolvimento do programa de Equoterapia se dê de maneira eficaz, é
preciso que os profissionais envolvidos tenham em mente a importância da intervenção de
cada um e sua maior ou menor atuação em cada caso específico (SILVEIRA, C., 1999).
A prática de Equoterapia é realizada por uma equipe multiprofissional que atua de
forma interdisciplinar. É importante que os papéis de todos os membros da equipe sejam
claros e entendidos desde o princípio, pois a ambigüidade dos papéis poderá causar
dificuldades (CIRILLO et al., 2000).
Essa equipe deve ser a mais ampla possível, composta por profissionais da área de
saúde, equitação e educação, e especializada em reabilitação de pessoas portadoras de
44
necessidades especiais e/ou deficiências (CIRILLO et al., 2000).
2.2 LESÃO MEDULAR TRAUMÁTICA
2.2.1 Anatomia e fisiologia da medula espinhal
A medula é uma massa alongada, cilindróide, de tecido nervoso, achatada ântero-
posteriormente, localizada dentro do canal vertebral, e se estende do forame magno até a
primeira vértebra lombar (FIGURA 10) (PATTEN, 1985). Nela existem duas dilatações
denominadas intumescências cervical e lombar, locais onde nascem os plexos braquial e
lombossacaral, que inervam os membros superiores e inferiores respectivamente
(MACHADO, A., 2000).
FIGURA 10 - Medula espinhal.
Fonte: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Medula_Espinhal> (2006).
1
-
Raiz dorsal
2- Gânglio da raiz dorsal
3- Raiz ventral
4- Nervo espinhal
5- Disco invertebrado
6- Disco invertebrado
7- Anulus fibrosus
8- Nucleus pulposus
9- Corpus vertebrae
45
Devido ao fato de a medula estar situada dentro do canal vertebral e as vértebras lhe
servirem de proteção, a fratura das vértebras é uma das principais causas de Lesão Medular
(LM); por isso percebe-se a necessidade de ressaltar a anatomia da coluna vertebral neste
estudo.
O canal raquídeo que aloja a medula espinhal é formado pela parede posterior do
corpo vertebral, pela parede anterior do arco vertebral e pela superposição dos vários
forames vertebrais (JAWORSKI; WIRSTZ, 1995).
A coluna vertebral é divida em regiões que se chamam: coluna cervical, torácica,
lombar, sacral e coccígea, as quais são compostas por sete, doze, cinco, quatro e quatro
vértebras respectivamente, sendo que as sacrais se articulam com a cintura pélvica e as
quatro coccígeas são rudimentares (FIGURA 11) (FERRARETTO, 2005).
FIGURA 11 - Coluna vertebral dividida por regiões.
Fonte: Ferraretto (2005).
A coluna cervical inicia-se com uma vértebra localizada na base do crânio,
denominada atlas, segue com a segunda vértebra, denominada axis, e, da terceira à sétima,
46
as vértebras são denominadas C3, C4, C5, C6 e C7, sendo que o C significa cervical, e o
número é a ordem que ela tem da base do crânio para baixo. Uma lesão em C1 e C2 resulta
em óbito, pois lesa os neurônios responsáveis pela função respiratória ocasionando parada
cardiorrespiratória (PCR); e uma lesão abaixo dessa vértebra resulta em tetraplegia, ou
seja, paralisia dos membros superiores e inferiores (SENE, 2003).
A autora continua a relatar sobre as demais regiões da coluna vertebral pela região
torácica, que vem logo a seguir, com as vértebras denominadas pela letra T e numeradas
em seqüência, de T1 a T12. Abaixo se inicia a região lombar com as vértebras designadas
pela letra L, sendo elas: L1, L2, L3, L4 e L5. No final da coluna vertebral, surgem o sacro
e o cóccix.
Em cada vértebra encontra-se um forame vertebral, orifício este por onde sai um
par de nervos cranianos, e cada um é dividido em dois ramos e inerva um hemicorpo.
Assim, pode-se concluir que existam 31 pares de nervos espinhais, exceto os cervicais que
são oito, os demais acompanham em numeração as vértebras da coluna. Cada um desses
pares recebe informações sensitivas de áreas da pele denominadas dermátomos, e
simultaneamente cada raiz inerva um grupo de músculos denominados de miótomos
(JAWORSKI; WIRSTZ, 1995).
Manhães (2004) e Sene (2003) relatam que a medula espinhal funciona, portanto,
como uma via de comunicação entre as diversas partes do corpo e o cérebro sendo de
fundamental importância para os sistemas biológicos, no exercício de funções vitais
ligadas à respiração, à circulação, à bexiga, ao intestino, ao controle térmico e a atividades
sexuais ().
Essas funções estão relacionadas à medula, pois esta é a principal via de condução
do Sistema Nervoso Central (SNC) e está associada ao sistema endócrino, cuja função é
regular as funções metabólicas, o sistema muscular e visceral (GUYTON; HALL, 1997). A
medula espinhal recebe impulsos sensoriais de receptores e envia impulsos motores aos
órgãos, vísceras e músculos (MACHADO, A., 2000).
Greve; Castro, (2001) sugerem que haja alguma lesão ou dano à medula, as
informações provenientes do cérebro não poderão ser enviadas aos órgãos, vísceras e
músculos, inervados por ramos neurais abaixo da lesão, e, da mesma forma, as
47
informações sensoriais não chegarão ao cérebro. Isso resulta em uma série de
incapacidades relacionadas à locomoção, sensibilidade, sexualidade, eliminação de urina e
fezes, como também aquelas relativas ao Sistema Nervoso Autonômico (SNA).
2.2.2 Definição
Schneider (1994) define a Lesão Medular Traumática (LMT) como qualquer lesão
na medula, resultante de trauma, que gera uma incapacidade complexa e é determinada
pelo nível e extensão da lesão.
Lesão Medular é o conjunto de situações que ocorrem nos neurônios do SNC do
canal vertebral, gerando a interrupção da comunicação entre o SNC e Sistema Nervoso
Periférico (SNP), e que culminam com comprometimento da sua função, em graus
variados de extensão, os quais são definidos de acordo com o local da lesão, provocando
perda da sensibilidade e movimento voluntário abaixo da região lesionada (MEYER et al.,
2003; PAOLILLO, 2004).
A localização da Lesão Medular é denominada pelo nome da vértebra superior ao
local da lesão e conseqüentemente delimita o último segmento neural, motor e sensorial
preservado (SCHERB, 1998; LIANZA; SPOSITO, 1994).
Paz et al. (1992), Hu, Mustard e Burns (1996), Cunha, Menezes e Guimarães
(2000) e Vialle et al. (2002), em diferentes estudos, constataram maior incidência de LMT
em homens, adultos jovens, em idade produtiva, e localizada na coluna torácica e lombar.
As principais causas de LMT encontradas pela literatura consultada são: ferimento
por arma de fogo (FAF), ferimento por arma branca (FAB), quedas, acidentes
automobilísticos, acidentes de trabalho, mergulho em águas rasas e esportes (SCHERB,
1998; ROWLAND, 1997), sem uma ordem ainda definida, pois, em vários estudos, as
ordens foram contraditórias.
Em pesquisas realizadas pelo Instituto Sarah Kubitscheck (Brasília e Salvador), no
período de fevereiro de 1991 a janeiro de 2000, a Lesão Medular aparece como uma das
principais causas de internação, e 54,8% delas são resultantes de causas externas, entre
48
elas, na unidade de Brasília, está o FAF que ocupa o segundo lugar na ordem das mais
freqüentes (PERES, 2004).
No estudo de Citadini et al. (2003), no período de janeiro a dezembro de 2002, no
Ambulatório de Fisioterapia Neurológica em Lesado Medular do Hospital Universitário
Regional do Norte do Paraná (HURNP), em Londrina, com uma população de 25 sujeitos,
todos os envolvidos apresentavam LM completa, sendo 50% por acidente automobilístico,
20,8% por FAF, 12,5% por arma branca e 8,3% seqüelas provenientes de procedimentos
cirúrgicos.
Um outro estudo foi realizado na Divisão de Medicina de Reabilitação do Hospital
das Clínicas da Fmusp, com 174 pacientes. Essa população apresentou Lesão Medular
Traumática como a causa de 78% dos casos, assim distribuídos: ferimento por armas de
fogo, 33%; acidente de trânsito, 19,5%; queda de altura, 19,5%; ferimento por arma
branca, 2,4%; queda de objeto, 2,4%; acidente desportivo, 1,2% (SALIMENE, 1995).
Barros Filho (1990), realizando estudos clínicos em pacientes com traumatismo da
coluna vertebral e déficit neurológico, internados no Instituto de Ortopedia e
Traumatologia do Hospital das Clínicas da USP, no período de 1982 a 1987, constatou
que, dos 428 pacientes, 94,3% eram do sexo masculino e estavam na faixa etária de 21 a 30
anos, tendo ainda como causa principal o ferimento por armas de fogo (34,5%).
Percebe-se a partir das estatísticas que as FAF são responsáveis por grande
porcentagem das LM.
Os mecanismos de trauma mais observados na LM são resultantes de forças
indiretas, intensas e de alta velocidade sobre a coluna vertebral, geradas por movimentos
bruscos de flexão, hiperextensão e rotação de cabeça e tronco; compressão, cisalhamento
ou separação das vértebras (SCHNEIDER, 1994; ROWLAND, 1997).
Outro mecanismo existente é a ação de forças diretas, resultado de um impacto de
alta intensidade sobre uma vértebra, quais sejam: FAF e FAB. Nesses casos, além do
trauma mecânico, ocorre um trauma térmico sobre as estruturas neurais e vasculares
(SCHNEIDER, 1994; FLORES et al., 1999; MICHAEL; HUGHES, 1999; SILVEIRA, P.,
2000).
49
Tate, Kalpakjian e Forchheimer (2002) relatam que o mecanismo de trauma não
apresenta um impacto importante na Qualidade de Vida, mas a etiologia pode ter
atribuições de controle no significado da vida, e este pode ter um papel importante como
medidor da complacência de tratamento e, assim, afetar a QV.
Lianza e Sposito (1994) classificam a LMT como completa e incompleta, e a
incompleta ainda se divide em sensitiva, motora funcional e não funcional. Para as
autoras, na LM completa, o indivíduo perde toda a função motora e sensitiva abaixo da
zona de preservação parcial. O paciente encontra-se sem reflexos e o diagnóstico da lesão
pode geralmente ser feito entre 24 e 48 horas após o trauma quando não apresenta melhora
neurológica. Elas consideram também que as lesões incompletas da medula espinhal
podem preservar uma mistura de função motora e sensitiva. A maioria delas não apresenta
padrões definidos de recuperação nem quadros clínicos distintos. Dividem-se em:
a) incompleta sensitiva: a atividade motora está ausente, mas há alguma
sensibilidade presente;
b) incompleta motora funcional: na qual há preservação motora com
funcionalidade abaixo do nível da lesão;
c) incompleta motora não funcional: com função motora voluntária presente,
porém sem uso funcional ou com uso funcional mínimo.
Schneider (1994) em concordância com as autoras acima, mas também relata sobre
as síndromes que podem ser conseqüências das lesões incompletas como:
a) Síndrome de Brown Sequard: tem origem traumática com hemissecção da
medula e resultante de FAF. Ocorre perda sensitiva completa dos dermátomos,
perda variável da função motora, aumento do tônus e hiperreflexia abaixo da
lesão;
b) Síndrome medular anterior: é geralmente relacionada com lesões cervicais e é
caracterizada por perda da função motora, da percepção da dor e da temperatura
abaixo do nível da lesão;
c) Síndrome medular central: caracterizada por uma perda motora funcional maior
50
nos membros superiores que nos inferiores, com graus variáveis de perda
sensitiva. Pode também ocorrer disfunção urinária na forma de retenção. O que
é geralmente uma quadriplegia completa com apenas traços de movimentos em
membros inferiores pode, em alguns casos, progredir para uma recuperação
motora completa ou quase completa;
d) Preservação sacral: clinicamente é uma quadriplegia incompleta, ou seja, existe
a preservação da sensibilidade do períneo, contração voluntária do esfíncter
retal, flexão ativa de artelhos;
e) Lesão da cauda eqüina: geralmente ocorre no nível vertebral de L1, tem quadro
clínico imprevisível e variável, mas pode apresentar paralisia flácida de
intestino e bexiga e perda de função sexual;
f) Lesões de raiz nervosa: pode ocorrer lesão de raiz nervosa próxima ou ao redor
da medula espinhal no nível da lesão.
2.2.3 Aspectos fisiológicos e funcionais
Independente do tipo da LM, existe um outro fator que também interfere no
prognóstico e conseqüentemente nas funções remanescentes, e que é o nível funcional da
lesão segundo Greve e Castro (2001), relatadas a seguir:
a) Nível cervical: pacientes tornar-se-ão portadores de tetraplegia; nas lesões de
C1 a C3 preservam o controle cefálico. O comprometimento do diafragma torna
os pacientes dependentes de respirador. O portador de LM em C4, após superar
a fase aguda, tem condições de se manter livre de assistência respiratória, por
apresentar diafragma e trapézio funcionantes. Em lesão C5, mantém-se a
abdução de ombro e flexão de cotovelo. Na lesão C6, os pacientes possuem
condições funcionais das mãos e pouco equilíbrio de tronco. Na lesão C7,
mantém-se a extensão de cotovelo;
b) Nível T1: os membros superiores estão preservados, porém o equilíbrio de
tronco é muito precário;
51
c) Nível T5: preservação de membros superiores e musculatura paravertebral alta,
porém com paraplegia e um déficit total da musculatura abdominal e
paravertebral baixa;
d) Nível T6-T10: preservação dos músculos extensores superiores do dorso e
parcial dos abdominais superiores;
e) Nível T12: preservação da musculatura abdominal e paravertebral;
f) Nível lombar: nas lesões lombares altas, os pacientes já possuem ótimo controle
de tronco e bom controle de quadril; já nas lesões da terceira vértebra lombar,
há preservação parcial dos extensores do joelho e flexores do quadril; e, nas
lesões inferiores à quarta vértebra lombar, os pacientes são capazes de adquirir
a marcha independente.
Greve e Castro (2001) apontam a existência de etapas distintas na LM, que seriam:
fase de choque medular, retorno da atividade medular reflexa e fase de ajustamento.
O choque medular ocorre na fase aguda após a lesão (JAWORSKI; WIRSTZ,
1995), é caracterizado pela paralisia flácida da musculatura situada abaixo do nível de
lesão, alterações do SNA, alterações esfincterianas e alterações sexuais (FARO, 1991),
além de perda da sensibilidade completa abaixo da lesão e disfunção termorreguladora
(SOUZA, P., 1994; GREENBERG; AMINOFF; SIMON, 1996).
A segunda etapa caracteriza-se pela reorganização funcional das estruturas
medulares localizadas abaixo do nível da lesão, com retorno da função reflexa. Inicia-se
um quadro clínico de paraplegia ou tetraplegia espástica. A pessoa pode restabelecer
parcialmente, de acordo com nível e grau de lesão, a sua capacidade funcional (GREVE;
CASTRO, 2001) e ocorre a recuperação de alguma função reflexa do intestino e bexiga
(GREENBERG et al., 1996).
A fase de ajustamento é muito importante para o processo de reabilitação e está
relacionada com o domínio do portador de LM sobre as suas funções vitais e adequação à
sua nova condição de portador de tetraplegia ou paraplegia (GREVE; CASTRO, 2001).
O tratamento do paciente com LMT requer um trabalho de equipe
52
multiprofissional, com enfoque interdisciplinar tanto na fase aguda do tratamento, quanto
na reabilitação (NOGUEIRA, 2005).
O prognóstico é muito influenciado pela abordagem do paciente desde os primeiros
socorros no momento do trauma, pelas condutas médicas tomadas na fase aguda da lesão e
por todo o processo de reabilitação. Sabe-se que um transporte malfeito do paciente pode
transformar uma lesão incompleta em completa e agravar o prognóstico (LIANZA;
SPOSITO, 1994).
Schneider (1994), em seu estudo sobre LMT por FAF, encontrou como principais
fatores prognósticos o nível da lesão e a apresentação clínica neurológica pós-operatória. E
Flores et al. (1999) ressaltam que o melhor prognóstico esperado é em lesões lombares.
Lianza e Sposito (1994) relatam que os prognósticos das lesões dependem das
alterações e respostas nas 24 horas pós-trauma e só podem ser concluídos três semanas
após o trauma, para pessoas com paraplegia, e seis semanas após o trauma, para pessoas
com tetraplegia. Em casos de perda motora e sensitiva completa imediata e de melhora
sensitiva nesse período, o paciente pode vir a ter retorno motor. E, em casos de lesões
incompletas, o prognóstico final deve ser analisado seis meses após o trauma.
Schneider (1994) apresenta os sinais neurológicos que podem ocorrer nos
portadores de LMT. Dentre eles se destacam a concussão medular; paralisia e mudança de
tônus; perda sensitiva, propriocepção; úlceras de pressão; trombose venosa profunda
(TVP); embolia pulmonar; comprometimento na regulação térmica; disreflexia
autonômica; dor; disestesias medulares; hipotensão postural; alterações metabólicas e
endócrinas; sinais e problemas cardiorrespiratórios; disfunção na percepção da imagem
corporal; disfunção intestinal e urinária; e reajustamento sexual; sendo:
a) Concussão medular:
É um distúrbio transitório que mostra sinais de interrupção total ou parcial da
função medular, com completa recuperação em poucas horas, e que ocorre devido a uma
compressão da medula, que pode ser por aumento do líquido dentro do canal medular, por
leve pressão óssea ou por tecido mole (SCHNEIDER, 1994).
53
b) Paralisia e mudança de tônus:
Ocorrem em situações distintas e dependem do nível e extensão da lesão, podendo
o portador de LM apresentar paralisia motora com espasticidade e hiperreflexia além de
sofrer influências de estímulos internos e externos ou flacidez e hiporreflexia
(SCHNEIDER, 1994).
c) Perda sensitiva e proprioceptiva:
São déficits que impedem a pessoa com LM de ter sensibilidade profunda e
cutânea, o qual perde, portanto, a percepção das partes do corpo e da pressão sobre a pele
(SCHNEIDER, 1994).
d) Úlceras de pressão:
São complicações interligadas à perda sensitiva e proprioceptiva, a qual, associada
à perda ou alteração da capacidade motora funcional, torna-se fator de risco para
desenvolvimento de úlceras de pressão (FRIES, 2005).
e) Trombose Venosa Profunda:
É a formação de um trombo
8
em veias, normalmente localizado nos membros
inferiores com possível progressão, em 100% dos casos, para embolia pulmonar, pois, caso
solte do local de formação, o trombo percorrerá a circulação sangüínea pelo sistema
venoso podendo obstruir a principal veia pulmonar (VACANTI et al., 1999).
f) Comprometimento na regulação térmica:
Pessoas com LM acima de T1 têm comprometimento da regulação térmica,
especialmente durante os estágios agudos da recuperação, pois a regulação térmica ocorre
através da sudorese e, com a interrupção dos impulsos nervosos do corpo para o centro
regulador localizado no hipotálamo, o SNC não é capaz de perceber a necessidade de
ocasionar uma vasoconstrição para que ocorra a sudorese (SCHNEIDER, 1994; DEC;
SPARROW; McKEAG, 2000; VIALLE et al., 2002).
8
Trombo: coágulo sangüíneo (FERREIRA, 2004).
54
e) Disreflexia autonômica:
É um descontrole fisiológico que ocorre em lesões completas e incompletas acima
de T6, causado por síndromes agudas de homeostase, distensão de bexiga, espasmos,
empactações intestinais, estimulação retal e qualquer outra entrada sensória abaixo da
lesão. Esse processo se manifesta com a queda da pressão arterial (SCHNEIDER, 1994;
FINNERUP; JENSEN, 2004). Outros autores relatam que também são conseqüências da
disreflexia autonômica a bradicardia, hipotensão, piloereção, suor acima do nível da lesão
e enxaqueca (KARLSSON et al., 1998; LEMAN; BERNET; SEQUEIRA, 2000).
f) Dor:
Schneider (1994) relata que, em pacientes com lesões medulares, a dor pode ser de
origem orgânica com ou sem fundo emocional. E pode ser agrupada em cinco categorias
de acordo com o local de origem:
f.1) Dor devido a trauma precipitador: são dores decorrentes das lesões oriundas do
trauma e localizam-se nas áreas inervadas sensitivamente;
f.2) Dor radicular: ocorre quando a lesão vertebral causa compressão ou ruptura
aguda de raízes nervosas. A dor típica em raiz nervosa geralmente segue a uma
distribuição por dermátomos e pode ser descrita como uma dor aguda, cortante,
penetrante, ou em queimação;
f.3) Dor somática não-espinhal: existe quando a sensação está intacta ou há uma
patologia acima do nível da lesão. Esse tipo de dor é tipicamente de origem
músculo-esquelética;
f.4) Dor crônica: sabe-se que a ansiedade contribui significativamente para tornar
apreensivo o paciente, no qual, mantendo-se a expectativa da dor, são comuns
dois fatores psicológicos: a ansiedade e a depressão e existe um relacionamento
entre eles (BELTRUTTI et al., 2001);
f.5) Dor neuropática: esta, de acordo com o nível da lesão, é dividida em acima, no
nível e abaixo do nível da lesão. Acima do nível, esta dor resulta em
mononeuropatias compressivas e síndrome de complexa dor regional; no nível
55
da lesão, pode ser tanto periférica como central, o que é de difícil distinção; e,
abaixo do nível, a dor é considerada uma dor central causada pelo trauma da
medula espinhal (SIDDALL; TAYLOR; COUSINS, 1997; SIDDALL;
YEZIERSKI; LOESER, 2000).
g) Disestesias medulares:
São sensações difusas de formigamento, queimação e dor, sentidas abaixo do nível
da lesão e que não se conformam a qualquer distribuição de dermátomo. As disestesias são
influenciadas por muitos fatores, dentre os quais depressão, ansiedade, inverno rigoroso,
uso de cigarros, consumo excessivo de álcool, exercício e fadiga (SCHNEIDER, 1994).
h) Hipotensão postural:
É uma hipotensão ocasionada em pacientes com LM acima de T6 devida à perda do
controle da atividade vasoconstritora periférica. A mudança postural pode levar a um
maior acúmulo de sangue nos membros inferiores e intestino, resultando em redução no
retorno venoso para o coração, queda adicional na pressão sanguínea e diminuição no fluxo
sanguíneo cerebral (SCHNEIDER, 1994).
i) Alterações metabólicas e endócrinas:
Tais alterações ocorrem devido à remoção parcial ou total do SNS e à remoção
parcial do Sistema Nervoso Parasimpatico (SNP) da integração cerebral (SCHNEIDER,
1994). Hoffman (1986 apud SAMPAIO et al., 2001) e Lasko e MacCarthey (1991 apud
SAMPAIO et al., 2001) relatam que as alterações metabólicas conseqüentes da LMT estão
associadas à redução da atividade.
j) Sinais e problemas cardiorrespiratórios:
Correspondem a uma diminuição na função respiratória, a partir do momento do
trauma que eventualmente leva a um nível da função cardio-respiratória em longo prazo,
significativamente diferente de seu estado mórbido (SCHNEIDER, 1994). Segundo Leal
Filho et al. (2005), esses são importantes fatores de morbidade e mortalidade em pacientes
portadores de LM.
56
k) Disfunção na percepção/imagem corporal:
É uma construção multidimensional que descreve amplamente as representações
internas da estrutura corporal e da aparência física, em relação ao próprio indivíduo e aos
outros (DAMASCENO et al., 2005).
Schneider (1994) relata que a imagem corporal é um sinal que contribui para
problemas psicológicos, Gorman (apud BARROS, 2005) concorda com a afirmação
anterior e relata que esta imagem pode ser mudada com tratamento ou em condições
experimentais. Já Fisher (1990, p. 12) relata que “A imagem corporal não é só uma
construção cognitiva, mas também uma reflexão dos desejos, atitudes emocionais e
interação com os outros”.
Shontz (1990) afirma que a organização da imagem corporal não é puramente
neurológica nem mental. Acredita-se também que as emoções tenham um papel importante
no desenvolvimento da imagem corporal. Barros (2005) afirma que, na verdade, existe
uma interação entre os aspectos fisiológico, neural e emocional, além do fator social.
Por ser a imagem corporal um conceito muito amplo, Cash e Pruzinsky (1990 apud
BARROS, 2005) elaboraram sete assertivas que melhor abrangem o conceito de imagem
corporal. São elas:
k.1) Imagem corporal refere-se às percepções, aos pensamentos e aos sentimentos
sobre o corpo e suas experiências. Ela é uma experiência subjetiva;
k.2) Imagens corporais são multifacetadas. Suas mudanças podem ocorrer em
muitas dimensões;
k.3) As experiências da imagem corporal do indivíduo são permeadas por
sentimentos sobre si mesmo. O modo como ele percebe e vivencia seu corpo
relata como percebe a si próprio;
k.4) Imagens corporais são determinadas socialmente. Essas influências sociais
prolongam-se por toda a vida;
k.5) Imagens corporais não são fixas ou estáticas. Aspectos da experiência corporal
do indivíduo são constantemente modificados;
57
k.6) As imagens corporais influenciam o processamento de informações,
sugestionando a ver o que se espera ver. A maneira como se sente e pensa o
próprio corpo influencia o modo como se percebe o mundo;
k.7) As imagens corporais influenciam o comportamento, particularmente as
relações interpessoais.
l) Disfunção de intestino e bexiga:
Independente do tipo e localização da lesão ocorrem alterações funcionais nos
sistemas geniturinário e gastrintestinal. Complicações secundárias envolvendo o sistema
urinário podem incluir formação de cálculos e infecções em rins e bexiga (SCHNEIDER,
1994), sendo esta a segunda comorbidade mais comum entre as pessoas com Lesão
Medular (MEYER et al., 2003). Já no sistema gastrintestinal, é normal o aparecimento das
úlceras gástricas por estresse e impactação intestinal (SCHNEIDER, 1994).
m) Reajustamento sexual:
A lesão em qualquer nível da medula espinhal traz consigo alterações na função
sexual. As mulheres voltam a menstruar normalmente de um a três meses após a lesão,
podem ter filhos através de parto normal, apresentam uma diminuição na sensibilidade nas
áreas genitais, mas podem ter uma excitação sexual elevada. No homem, a fertilidade é
freqüentemente diminuída devido à atrofia dos testículos e a redução resultante no número
e qualidade de espermas, mas a habilidade para atingir a ereção, para experimentar
orgasmo e para ejacular varia (SCHNEIDER, 1994).
Schneider (1994) também apresenta os sinais e problemas ortopédicos que podem
resultar da LM, sendo as principais: contraturas, ossificação heterotrópica, osteoporose,
hipercalcemia, fratura, deformidades espinhal, anormalidades articulares degenerativas e
anquilose articular.
n) Contraturas:
São encurtamentos progressivos em tecidos conectivos e musculares que podem
evoluir para os tecidos capsulares e pericapsulares na articulação (SCHNEIDER, 1994).
58
o) Ossificação heterotrópica:
É um processo biológico metaplásico, que ocorre sempre abaixo do nível da lesão,
com formação de ossos bem definidos em tecidos moles adjacentes em grandes
articulações, onde normalmente o tecido ósseo não é encontrado (CASTRO; GREVE,
2003).
p) Osteoporose:
É uma condição clínica na qual existe uma perda óssea significativa, com uma
redução de sua massa além de 2,5 desvio-padrão, quando comparada através de
densitometria óssea com a do adulto jovem (WORLD HEALTH ORGANIZATION,
2004).
q) Deformidade espinhal:
É uma deformidade que ocorre em longo prazo na coluna toracolombar, pois, em
lesões incompletas, a força muscular bilateral é diferente e leva a posturas compensatórias
para manter o equilíbrio sentado e, conseqüentemente, a uma deformidade na coluna, que
pode tomar a forma de uma escoliose, cifose anormal, lordose, ou pode envolver qualquer
combinação dessas três (SCHNEIDER, 1994).
2.2.4 Aspectos psicológicos
A LM é uma patologia que causa mudanças corporais que resultam em limitações
físicas e conseqüentes reações psicológicas diversas como agressividade, insegurança,
impulsividade reacional, apatia, isolamento e depressão (GIANNATTASIO, 1988).
Por ser uma lesão brusca que causa importante impacto nas pessoas acometidas,
Vash (1988) percebeu a necessidade de identificar fatores que contribuem para determinar
as reações que ocorrem nas pessoas com lesões. Assim, o autor percebeu que as reações
são influenciadas por fatores pessoais (sexo, o temperamento, a auto-estima), fatores
decorrentes do trauma (causa, a fase de vida do indivíduo no momento da lesão, o tipo de
seqüela resultante e a severidade) e fatores externos (o apoio familiar, os recursos
financeiros, a tecnologia disponível e até as tendências governamentais).
59
Um dos fatores pessoais é a forma como a pessoa reage ao trauma, e, por ser este de
grande importância, diversos autores relatam sobre as várias formas de encará-lo, as
possíveis reações psicológicas e as fisiológicas. Segundo Anjos (1991), o desespero,
agressividade, revolta, culpa, choro, depressão, idéia de suicídio, insegurança, medo de
rejeição, resistência à dependência e regressão, são as reações psicológicas mais comuns, e
o autor complementa considerando que interferências na qualidade do sono e falta de
apetite são reações psicofísicas.
Conceição (2000) concorda com Anjos (1991) ao relatar que a depressão, culpa,
regressão, inseguranças e distúrbios do sono e do apetite, mas acrescenta ainda a negação
ou evitação do trauma; preocupação com as seqüelas; raiva; vergonha; ansiedade;
instabilidade emocional; tensão muscular; dores; diminuição do raciocínio, julgamento e
concentração; breve período de ausência da realidade e anestesia; e problemas na digestão
como respostas esperadas de uma pessoa frente a uma mudança tão drástica como esta,
decorrenete da Lesão Medular. O autor afirma também que inicialmente o paciente ainda
tem dúvidas quanto à sua sobrevivência, o que gera medo e ansiedade, prejudicando a
realização de planos para o futuro.
No momento em que o indivíduo é exposto a uma situação aversiva, sem que se
importe qual o seu comportamento já que o fator estressor não será removido ou
amenizado, a motivação do indivíduo para iniciar os comportamentos que controlam outros
eventos e a percepção de controle sobre os eventos serão distorcidas, o que
conseqüentemente dificultará a percepção do sucesso real e ainda fará com que surjam
comportamentos como medo e depressão (SELIGMAN, 1977).
Uma outra sensação comum na fase aguda da LM é a raiva, definida como sensação
usada pelas pessoas para lidar com situações de ameaças, perda de controle e medo. Essa
sensação tem que ser dirigida a alguém ou alguma coisa. Portanto se há um culpado pelo
trauma, a raiva será dirigida a esta pessoa; porém, se não existe culpado, ela será dirigida
ao profissional do hospital, à sociedade em geral, ou mesmo àqueles que estiveram em uma
situação semelhante. O fato de ser esta sensação dirigida a alguém normalmente gera
conflitos e queixas por parte dos indivíduos que recebem a agressão. Em casos de tal
sensação, esses pacientes são conceituados como revoltados (HAMMEL, 1995).
Sentimentos esperados, ainda no período de hospitalização, por pessoas que passam
60
por LM, estão relacionados com a perda de controle e desamparo (STAAS et al., 1992).
Nesse período, também são comuns sentimentos de desamparo e pânico, desapego e
pensamentos destrutivos.
Hammel (1995) relata que a maioria dessas reações psicológicas e psicofísicas
descritas acima vai aparecer na fase aguda pós-trauma, podendo persistir durante o
processo de reabilitação, mas, com o passar do tempo, possivelmente o aspecto emocional
será restabelecido.
Em situações anormais, reações psicológicas imediatas podem ser consideradas
normais, pois o indivíduo verá o mundo fragmentado e incerto, o que possivelmente
ocasionará uma desordem emocional e conseqüente estresse, decorrentes da tentativa
desesperada de dar sentido e significado a suas emoções e à situação em que ele se
encontra (NORTH, 1999).
Muitos pacientes buscam ativamente, após o trauma, explicações e subsídios sobre
as implicações de suas lesões, embora alguns profissionais acreditem que mesmo pacientes
bem informados tendem a negar o problema para depois vir a enfrentá-lo (HAMMEL,
1995). Portanto, o enfrentamento de situações de estresse (Coping) da condição de
portadora de LM é influenciada pela auto-percepção e auto-estima que, por sua vez, são
influenciadas pela vivência da lesão e das complicações que por ventura vierem a ocorrer
(MURTA, 1998).
O Coping pode ser definido como “Conjunto de esforços, cognitivos e
comportamentais utilizados com o objetivo de lidar com demandas específicas, internas ou
externas, que aparecem em situações de estresse e sobrecarregam os recursos pessoais”
(LAZARUS; FOLKMAN, 1984, p. 141). Estes estudiosos ainda referem que a questão a
ser enfrentada pode ser relativa tanto ao ambiente interno, quanto ao externo, e pode ser
definida pelas suas características subjetivas da história de interação do indivíduo com o
meio, e suas respostas são oriundas de suas estratégias para resolução do problema, ou
seja, enfrentamento é um processo dinâmico que consiste em respostas situacionais
resultantes da interação do indivíduo com o ambiente, de acordo com suas próprias
necessidades, recursos, características e limitações.
O Coping é composto por estratégias que são novas respostas a situações distintas
61
de vida, tal como LMT, as quais não podem ser abordadas conforme situações normais da
vida, sendo necessários novos comportamentos (GIMENES, 1997). No entanto, respostas
de Coping são necessárias em situações estressantes e adversas, recentes ou não, e devem
ser atualizadas conforme a adaptação do indivíduo às situações estressantes (MURTA,
1998).
Lazarus (1993) afirma que o Coping é um processo que muda de acordo com o
tempo e com as situações estressoras. Para Newby (1996) e Rolland (1995), os fatores que
influenciam o enfrentamento frente a doenças crônicas são: a maneira pela qual esta surgiu,
aguda ou gradualmente; as crises temporárias ou constantes; as conseqüências leves,
moderadas ou graves; e a ameaça à vida ou não.
Vash (1988) faz referência aos fatores que interferem no enfrentamento das
situações de estresse, dividindo-os em quatro grupos: 1. condições intrínsecas à lesão (tipo
de seqüelas e surgimento); 2. pessoais (adaptabilidade e flexibilidade); 3. ambiente
imediato (reações familiares e profissionais); e 4. preconceito e legislação.
As respostas de Coping podem ser decorrentes de fatores situacionais oriundos de
diversas formas e situações, ou seja, o indivíduo pode adotar inúmeras respostas e
estratégias para quaisquer situações. Assim, é enfatizado o caráter interativo entre sujeito e
fator estressante, considerando os fatores pessoais de cada um para o enfrentamento
(MURTA, 1998).
Com o intuito de diminuir as sensações de ameaças ou perdas, o suporte social
funciona como recurso ambiental importante frente a situações estressantes e estratégias de
Coping (RIBEIRO, Y., 2005).
Segundo Lazarus e Folkman (1984), o Coping pode ser focado no problema
9
ou na
emoção
10
, ou seja, no uso de estratégias que visam extrair o evento ou minimizar seu
9 Coping focado no problema - utilização de esforços cognitivos e comportamentais para modificar ou
administrar a origem do problema (LAZARUS; FOLKMAN, 1984).
10 Coping focado na emoção - utilização de esforços cognitivos e comportamentais dirigidos a reduzir ou
administrar o estresse emocional (LAZARUS; FOLKMAN, 1984).
62
impacto, ou minimizar as emoções decorrentes do fato ameaçador. Para Wineman, Durand
e Steiner (1994), as pessoas com LM utilizam o Coping focado na emoção frente a
situações incertas ou ameaçadoras e o Coping focado no problema em situações previsíveis
ou que supõem ganhos específicos ou crescimento pessoal.
As pessoas portadoras de LM normalmente desenvolvem mecanismos de
enfrentamento de situações de estresse dependentes da capacidade física preservada, dos
recursos pessoais, culturais, familiares e socioeconômicos (RIBEIRO, A., 1994).
Para Pereira, M. E. (2002), as pessoas com LM utilizam formas diferentes de
enfrentamento antes e depois do programa de reabilitação. A mudança do processo de
enfrentamento dos pacientes e familiares se deve a fatores como rede de apoio social,
comunicação e suporte instrumental e instrucional.
Ao enfrentar a nova condição, a pessoa com LM, apresenta reações distintas tais
como a ansiedade que, segundo Ferreira (2004), trata-se de uma sensação de receio e
apreensão, o que, para Radnitz et al. (1995), torna-se natural e lógico frente à LMT tanto
pela lesão em si, quanto pelas seqüelas físicas e reações psicológicas.
Outra conseqüência apresentada é a depressão, pois Burke e Murray (1975 apud
PEREIRA, M. E., 2002) e Krueger (1984 apud PEREIRA, M. E., 2002) relatam que toda
pessoa com LM recente apresenta-se deprimida. Caso isso não ocorra, poderá significar
que a pessoa não reconhece a perda funcional e as implicações sociais e está negando a
patologia.
O fator negativo do enfrentamento relaciona diretamente a depressão com a
evitação/fuga em pessoas com LM. Já, em casos de enfrentamento positivo, esta relação
não existe (KEMP; KRAUSE, 1999).
Segundo Hammel (1995), as pessoas que apresentam sinais mínimos de depressão
obtêm na reabilitação ganhos mais rápidos do que as pessoas que negaram a lesão e suas
conseqüências. O autor aponta que a depressão clínica ocorre em apenas um pequeno
percentual de pacientes.
Porém, Conceição (2000) esclarece que a depressão clínica deve ser diferenciada da
tristeza e aflição, pois estas são sensações normais frente a eventos dolorosos, tais como
63
ameaça de vida e incapacitação.
A depressão do portador de LM pode ser reforçada por influência do ambiente
social sobre a pessoa com e por preconceitos (BROCKWAY; FORDYCE, 1994). As
pessoas com Lesões Medulares podem perceber essa condição como punitiva, o que pode
alterar toda relação conjugal, familiar, social e profissional (RIBEIRO, A., 1994;
ROLLAND, 1995; SOMERS, 1992; TRIESCHMANN, 1992).
Segundo Hammel (1995), não foi encontrada relação entre nível da lesão,
dependência física e depressão. Portanto, a depressão no caso de pessoas portadoras de LM
é natural, independente da gravidade da lesão e de suas seqüelas.
Hammel (1995) relata que pesquisas apontam que entre as pessoas portadoras de
LM recente 10 e 30% apresentam depressão, em concordância, North (1999) relata que
apenas 27% dos casos de LM apresentam depressão em sua fase aguda, e ainda acrescentar
que, do total dos casos, apenas 25% registram ansiedade acima do autocontrole.
Aspectos Emocionais como a depressão e o estresse pós-trauma de LM estão
relacionados à dor (ELLIOTT; FRANK, 1996). Vários autores já vêm descrevendo, em
diversas populações de portadores de LM, uma relação evidente entre a dor crônica e a
depressão (BANKS; KERNS, 1996; DARINI, 1991).
A dor e a depressão foram também relacionadas no estudo de Cairns, Adkins e
Scott (1996), do qual participaram 68 portadores de LM na fase aguda, os quais foram
avaliados por escalas, solicitações de descrição da dor com adjetivos e pela maneira com
que esta interferia na realização das AVDs. Foi constatado que a dor prediz a depressão,
que a relação entre elas se desenvolve ao longo do tempo e que uma diminuição na
intensidade da dor resulta em uma diminuição da depressão.
Uma das reações físicas que desencadeiam comprometimentos psicofísicos é a dor
crônica, pois resulta em alterações fisiológicas (mudança de sono, sexualidade e apetite),
sociais (problemas nas relações familiares) e emocionais (depressão) (DWARAKANATH,
1991; FIGUEIRÓ; TEIXEIRA, 1994; LOBATO, 1992).
Segundo Murta (1998), ainda existem dúvidas sobre o quanto a dor crônica torna-se
um problema psicofísico já que os índices de dor severa são variados, e as pesquisas acerca
64
dos efeitos da dor crônica nas AVDs dessa população são escassas.
Bonica (1991), Dwarakanath (1991), Hammel (1995) e Segatore (1994) concordam
que, embora a dor crônica em portadores de LM tenha sido pouco pesquisada, existe um
fator psicológico relacionado. O estudo de Summers et al. (1991) avaliou uma amostra de
54 indivíduos portadores de LM, através de escalas para mensuração de depressão,
ansiedade, humor, dor, aceitação da deficiência, auto-percepção e impacto da lesão nas
AVDs, além de uma avaliação realizada por um fisiatra objetivando mensurar variáveis
médicas, com o intuito de verificar a possível associação de fatores cognitivos, emocionais
e fisiológicos com a dor crônica.
Os resultados demonstraram que a interferência nas AVDs causada pela dor é maior
do que a interferência causada pela própria lesão e que, por sua vez, está mais associada a
fatores emocionais (ansiedade, raiva e depressão) e cognitivos (negação da deficiência,
percepção de respostas punitivas por parte de pessoas significativas e avaliação negativa da
dor) do que a fatores fisiológicos.
Um outro estudo realizado com o mesmo propósito foi o de Richards et al. (1980),
que investigou a interferência das variáveis psicológicas, demográficas, sócio-familiares e
médicas com a dor crônica, sendo que a primeira foi avaliada por um teste de inteligência,
e as três últimas, por um questionário. A dor foi avaliada por questionário e foi também
utilizado um inventário de personalidade. Participaram 356 indivíduos portadores de LM,
dos quais 77% relataram dor. Em relação às variáveis psicológica (maior ansiedade e
inteligência verbal), demográfica (maior idade) e sócio-familiar (pior situação
psicossocial), foram encontradas associações com a severidade da dor. Considerando as
variáveis médicas, não foram encontradas associações com a dor. Portanto esse estudo
confirma a afirmação que as variáveis psicossociais são fatores que influenciam na dor.
Ao evidenciar que os fatores psicológicos interferem na dor crônica, evidencia-se
também que esta interfere, segundo Lamid et al. (1985), na realização de atividades. Em
um estudo por eles realizado, no qual, utilizaram uma escala verbal para verificar a
intensidade da dor, consultas e prescrições médicas relacionadas a dor, e um checklist para
avaliar a participação na Fisioterapia e Terapia Ocupacional e em atividades profissionais,
educacionais e recreativas. Dessa pesquisa participaram 40 pacientes internos e 24 não
hospitalizados. Concluiu-se que existe uma relação diretamente proporcional entre a
65
participação das atividades e a dor crônica, e que os pacientes apresentaram uma
participação de atividades físicas, sendo os internados com percentual de 60%, e os não
hospitalizados com 16,6%.
Outro fator relevante foi relatado por Roth (1994) e Segatore (1994) quando
afirmam que a ocorrência de dor crônica está relacionada à etiologia de FAF, a lesões
incompletas ou na cauda eqüina.
A imagem corporal normalmente sofre mais de uma alteração pós LM (NORTH,
1999; BARKER; WRIGHT E GONICK 1953 apud DUNN, 2000), pois o indivíduo tem
sua imagem corporal formada com o corpo intacto momentos antes da lesão.
Imediatamente após a lesão, essa imagem é alterada para o corpo com limitações nas
funções motoras e sensoriais e, com a reabilitação a imagem corporal é novamente alterada
ao iniciar o uso de cadeira de rodas. Um dos fatores determinantes para a agilidade na
reabilitação é a facilidade com a qual o indivíduo altera e aceita sua imagem corporal.
A pessoa que sofre uma LM torna-se dependente dos outros para satisfação de suas
AVDs, perde o controle das funções básicas de excreção, e fica imobilizada pelo menos
por um determinado período de tempo. Essas alterações na vida resultam também em
alterações na vida da família, dos amigos e da sociedade como um todo (CONCEIÇÃO,
2000).
GUTMANN (1981 apud YARKONY, 1994) relatam que essas alterações são
minimizadas com a reabilitação, que busca a reinserção social através do ajustamento
físico e psicológico dos indivíduos em relação às suas incapacidades.
Fatores como os vínculos que o portador de LM tem com o parceiro (se existir um),
a família, os amigos e a comunidade em geral devem ser mantidos e estendidos, o que
ainda deve ser facilitado e encorajado pela equipe de reabilitação. Todo esse vínculo cria
bases para o suporte social que é de fundamental importância no ajustamento do paciente à
LM (HAMMEL, 1995).
A LM é uma lesão que ocasiona seqüelas nos indivíduos que a sofrem e em toda a
sua família. Eles juntos sentem as emoções (raiva, frustração e desapontamento)
secundárias à lesão (VASH, 1988; CONCEIÇÃO, 2000) e também têm que aprender a
lidar com as reações e com o mundo físico. A deficiência transforma tanto o estilo de vida
66
da família quanto a do indivíduo com lesão, porém em proporções diferentes. Para a
família acaba a liberdade e o momento de lazer (VASH, 1988).
A família sofre com a sobrecarga nos cuidados físicos, a alternância dos papéis e
com a responsabilidade financeira. Ela pode, em alguns momentos, sentir raiva da pessoa
com lesão por ela ter tido que interromper ou modificar aspectos de sua vida, gerando
culpa no paciente e aumentando a ansiedade e desconforto emocional (CONCEIÇÃO,
2000).
Dado que a família também sentir as reações da lesão nas esferas emocional,
intelectual, e por ter cada membro da família uma personalidade, ela se torna uma parte
integrante do programa de reabilitação. Famílias estáveis emocionalmente e realmente
unidas possuem a maior capacidade para aceitar o fato ocorrido (VASH, 1988). A família
pode ser a primeira fonte de suporte social para o indivíduo com LM, mas ela também
necessita de apoio (MURTA, 1998).
Quando ocorre a LM em um indivíduo de uma determinada família, os laços se
tornam mais intensos, independente de ser laços positivos ou negativos, o que varia
conforme o modo do relacionamento antes da lesão. No caso de os laços se tornarem mais
fortes positivamente e a família tornar-se mais unida ainda na tentativa de minimizar as
conseqüências da lesão, provavelmente os demais membros da família darão uma super-
proteção a pessoa com lesão, que terá sua capacidade subestimada. Se a pessoa com lesão
for o provedor da família sua função será comprometida, assim como a função de parceiro
sexual, sua autonomia será questionada juntamente com sua autoridade (MURTA, 1998).
Segundo Stambrook et al. (1991), a capacidade de adaptação, a harmonia, o tipo de
comunicação e o modo de enfrentamento da família à condição de lesão, são fatores que
interferem na adaptação. Caso o ambiente familiar seja afetivo, a comunicação aberta e os
papéis e responsabilidades devidamente distribuídos, a adaptação tornar-se-á mais fácil.
Outros dois fatores também de grande importância no processo de adaptação e
enfrentamento são os contatos com as pessoas e o recurso financeiro. Os contatos, por
auxiliarem na resolução dos problemas e diminuirem também os possíveis estresses
emocionais e o recurso financeiro, por evitar uma desestruturação econômica (VASH,
1988).
67
Em relação à vida conjugal, pode-se afirmar que a lesão medular atinge, de forma
diferente, as uniões realizadas antes e após a lesão. Indivúiduos que concretizaram sua
união após a lesão, tendem a ser mais satisfeitos em relação a sua vida afetiva (CREWE;
KRAUSE, 1990). Segundo Chan, Lee e Lieh-Mak (2000), esses indivíduos também
apresentam maior propensão para o trabalho e são socialmente ativos, embora a lesão traga
para a relação uma mudança na estrutura podendo gerar submissão do paciente aos
acontecimentos da vida ou conformidade deste. O casal terá que passar por readaptações
nas mudanças de papéis e nas formas de comunicação.
Nos casos de união estável antes da lesão, esta pode, muitas vezes, fortificar-lhe os
laços, mas isso ocorre quando os envolvidos eram relativamente fortes. Nos casos em que
os laços não eram tão fortes, podem surgir reações nas quais o cônjuge sente a obrigação
de permanecer unido por causa da deficiência do outro (VASH, 1988).
Segundo North (1999), existe um grande número de relações estáveis entre os
portadores de LM, independente de a união ter sido estabilizada antes ou após a instalação
da lesão. Os números mostram que, daqueles que já tinham uma relação estável, 82%
permaneceram juntos, e das pessoas solteiras antes da lesão, existe um número percentual
não estipulado, que também se encontra atualmente em uma relação afetiva estável.
As maiores dificuldades apresentadas, oriundas tanto nas relações anteriores como
nas posteriores à lesão, são a insegurança, o preconceito e o medo de ser rejeitado. Um
outro aspecto que causa receio é a relação sexual. Provavelmente, o preconceito da
companheira, de sua família e da própria família da pessoa com LM junto com a falta de
informação sexual e com os déficits em habilidades sociais originem auto-percepções de
inadequação e incompetência (MURTA, 1998).
Fatores como a definição dos papéis, o aumento da responsabilidade familiar, a
comunicação e a integração social são relevantes no ajustamento à deficiência
(McGOWAN; ROTH 1987 apud PEREIRA, M. E., 2002).
Existem entre as pessoas com LM diferenças referentes ao sexo, e a literatura
aponta que as mulheres aceitam melhor um estilo de vida passivo e dependente, colocando
em equivalência o percentual de lesão instalado em cada sexo (CRAIG et al., 1990), o que
pode estar relacionado aos papéis sociais.
68
A partir do exposto neste capítulo, percebe-se que a LM apresenta fatores e
sensações emocionais desagradáveis, porém alguns estudos buscam identificar aspectos
positivos obtidos pelas pessoas que sofreram a lesão.
Nessa direção, Crewe (1996) realizou com 47 pessoas portadoras de LM um estudo
embasado em entrevistas com os indivíduos, buscando investigar algum aspecto positivo
da LM sobre as pessoas que a sofreram. Nesse estudo, o autor observou que os aspectos de
desenvolvimento individual (crescimento pessoal, maturidade, tolerância, autocontrole,
independência e habilidades em planejar e solucionar problemas); realizações profissionais
e educacionais; relações interpessoais (relações mais profundas, empáticas e tolerantes e
menos objetivas); e crescimento espiritual (crescimento religioso e apreciação pela vida)
melhoraram.
Lindzey (1996), ao investigar também os fatores positivos de diferentes doenças
crônicas em oito indivíduos, evidencia o aumento da iniciativa em relacionar-se e
aprofundar vínculo com outras pessoas, oportunidade de crescimento e consciência
espiritual. O autor ainda acrescenta benefícios como aumento da auto-estima, auto-respeito
e autoproteção, prazer por sentir-se vivo, sensação de paz e percepção da doença como
provação.
Um outro estudo também baseado em entrevistas foi realizado com 100 pessoas
portadoras de LM. Os resultados mais recorrentes foram: aumento do autoconhecimento,
autocrescimento, alternância de valores, valorização das outras pessoas, aumento da
religiosidade; tornar-se mais pacientes, tolerantes e cuidadosos; já os fatores aumento do
uso da intelectualidade contrapondo a força física e aquisições de novos hobbies e
habilidades foram encontrados em menor escala. Neste estudo, 64% dos sujeitos relataram
que a lesão trouxe algum beneficio (SCHULZ; DECKER, 1985).
Para que a pessoa com LM enfrente a situação ocasionada pela lesão e se
comprometa com processo de reabilitação, é necessário que ela tenha alguma esperança de
melhora. Nesse contexto, Davies (1993) percebe a focalização no processo, a atenção
seletiva, a interpretação positiva e a instituição de metas como bases desse sentimento.
Morse e Doberneck (1995) também identificam que pequenos ganhos na
reabilitação são componentes de esperança, tais como avaliação da gravidade da lesão, das
69
suas seqüelas, dos recursos pessoais e das condições externas; determinação das possíveis
soluções ou caminhos; solicitação de relações de apoio; suporte para eventuais resultados
negativos; e reavaliação periódica dos ganhos já obtidos para reforçarem-se as metas
pretendidas.
2.3 LESÃO MEDULAR E O ESPORTE ADAPTADO
A equitação é um esporte que é realizado sobre um cavalo, ocasiona uma sensação
de bemestar e poder, uma tranqüilidade, e proporciona movimentos para todo o corpo do
praticante.
Cirillo (1999), Frazão (2001) e Lermontov (2004), referem sobre a equitação no
conceito de Equoterapia. Cirillo et al., (2000) relatam que esse esporte é a base da
Equoterapia, a qual é definida como recurso terapêutico e educacional que utiliza o cavalo
dentro de uma abordagem interdisciplinar, nas áreas de saúde, educação e equitação,
buscando o desenvolvimento biopsicossocial, de pessoas protadoras de necessidades
especiais.
Em 1944, Guttman, um neurolgista, criou o Centro Nacional de Lesados Medulares
no Hospital de Stoke Mandevitte, destinado a tratar homens e mulheres do exército inglês,
feridos na Segunda Guerra Mundial (STEFANE, 2002).
A partir deste, novos centros percebeu-se que os esportes eram um importante
auxiliar na reabilitação dos veteranos de guerra que tinham algum tipo de deficiência e
adicionaram atividades esportivas nos programas de reabilitação (MELO; LOPEZ, 2002).
É de extrema importância esclarecer que o processo de reabilitação com os
exercícios físicos só é indicado em uma fase mais tardia da lesão, pois, de início, os
indivíduos são totalmente dependentes e necessitam de cuidados especializados, devido ao
estado de “choque espinhal” (SALVADOR; TARNHOVI, 2006).
Gutmann acreditava no valor do esporte para a pessoa com deficiência, tanto para
sair da depressão, quanto uma forma de eleger um novo objetivo de vida, pois a prática
desportiva seria fundamental para a integração social. Guttman dizia: “A causa mais nobre
70
do desporto para portadores de deficiência é a de ajudar-lhes a restaurar a conexão com o
mundo que os rodeia” (STEFANE, 2002, p. 62).
Guttmann (1981) passou a incluir o esporte como parte essencial no tratamento
médico para portadores de LM, visando auxiliar na reabilitação física, emocional, nas
atividades mentais e na autoconfiança. Em concordância, Mattos e Mello (2000) relatam
que a atividade física adaptada é utilizada como meio preventivo e terapêutico na área da
saúde.
Um ponto a considerar na elaboração de atividades para os portadores de
necessidades especiais, sobretudo para o portador de deficiência física, é a necessidade de
adaptação dos materiais e equipamento, bem como a adaptação do local onde esta
atividade será realizada (MELO; LOPEZ, 2002).
Os autores acima ainda relatam que, durante a realização das atividades físicas,
deve-se estar atento a todos os tipos de movimento a serem realizados, auxiliar o portador
de deficiência sempre que necessário e estimular sempre o desenvolvimento de suas
potencialidades.
Sarrias (1976) ressalta que o esporte pode ser um agente fisioterapêutico atuando
eficazmente na reabilitação social e psicológica do portador de deficiência, não devendo
ser considerado apenas como uma atividade recreativa.
Almeida (1997) afirma que a atividade física busca melhores níveis de desempenho
funcional, mas que o eixo central da reabilitação é a inserção do portador de deficiência
físico na vida social.
É preciso esclarecer que a reabilitação não significa cura, mas implica no
desenvolvimento de habilidades, a melhora funcional, a satisfação na trajetória cotidiana, a
reintegração familiar e social, o exercício da cidadania e maior autonomia, além de testar
limites e potencialidades, prevenir as enfermidades secundárias à deficiência do paciente e
de promover sua integração social (SOUZA; DIAS; SCATENA, 2001).
Stots (1999 apud LAMPERT, 1999) evidenciou os benefícios da atividade física
em indivíduos com LM, e observou uma melhora da força muscular, diminuição das
reações psicológicas negativas como a depressão, inatividade mental e isolamento social;
71
melhora da independência nas atividades de vida diária; facilitação para a integração
social; diminuição de complicações como infecção do trato urinário, escaras e
hospitalizações, e melhora no bom humor.
Quanto ao físico, podem-se ressaltar ganhos de agilidade no manejo da cadeira de
rodas, de equilíbrio dinâmico ou estático, de força muscular, potência aeróbica, de
coordenação motora, flexibilidade, dissociação de cinturas, de resistência física; função
cardiopulmonar enfim, o favorecimento de readaptação ou adaptação global do praticante
dessa atividade (GREVE; CASTRO, 2001; ROSADAS, 1986; SOUZA, P., 1994;
SAMPAIO et al., 2001).
Na esfera psíquica, é possível observar ganhos variados, como a melhora da auto-
estima, integração social, redução da agressividade, dentre outros benefícios (ALENCAR,
1986; SOUZA, P., 1994; DOWNS, 2001).
Downs (2001) ressalta que os objetivos estabelecidos para as atividades físicas ou
esportivas para portadores de deficiência, devem considerar e respeitar as limitações e
potencialidades individuais do paciente.
Na Equoterapia, o toque corporal acontece primeiro no animal, depois na equipe, e
todos eles resultam em vínculos afetivos (BRITO, 2000; GUTIERRES FILHO, 2001). Em
relação aos aspectos emocionais, os ganhos são de autoconfiança, auto valorização, auto
estima, entre outros; também ocorrem ganhos na psicomotricidade, tais como,
normalização do tônus muscular, melhora na coordenação motora, na organização espaço
temporal e corpo espacial, no esquema corporal e/ou imagem corporal, no equilíbrio,
postura (WALTER; VENDRAMINI, 2000; BRACCIALLE; PRESUMIDO; AGULHON,
1998; FRAZÃO, 2001; SALVAGNI, 1999).
Sampaio et al. (2001) observaram que o esporte conduz à melhora da condição
psicossocial, facilitando seu acesso às atividades regulares na comunidade. Além do mais,
não há atividade física sem convívio social; portanto o esporte, como parte integrante do
processo de reabilitação, intensifica contatos sociais, aumenta a participação na sociedade,
acelera a integração social do portador de lesão medular. Sendo assim, com a prática
esportiva, a imagem do portador de LM é modificada, passando a ser associada à
potencialidade e habilidade e, não, à incapacidade.
72
Em 1948, visto o valor do esporte para as pessoas portadoras de deficiência física,
Benjamin Lipton, diretor do Joseph Bulova School of Watchmaking, e Timothy Nugent,
diretor da reabilitação de estudantes da Universidade de Illinois, organizaram, treinaram e
promoveram equipes de basquete em cadeiras de rodas, iniciando os esportes para esses
indivíduos. Em 1958, por iniciativa das pessoas com paraplegia, surge no Brasil o esporte
para pessoas portadoras de deficiência física (STEFANE, 2002).
Um ano depois, em 1959, aconteceu a primeira competição de atletas portadores de
deficiência no Brasil. Em 1972, o Brasi foi representado pela primeira vez em
Paraolimpíadas, nos jogos de Heidelberg (Alemanha). Já em 1975, foi fundada no Brasil a
Associação Nacional de Desporto para Deficientes (ANDE) (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DO DESPORTO EM CADEIRA DE RODAS, 2006).
Portanto o esporte, competitivo ou não, é um elemento importante no processo de
reabilitação, e os atletas devem ser orientados e estimulados para possibilitar ao portador
de deficiência física, mesmo durante seu programa de reabilitação, alcançar os benefícios,
tanto físico quanto psíquico, que essas atividades podem oferecer, visando a uma melhor
QV (MELO; LOPEZ, 2002).
2.4 QUALIDADE DE VIDA
2.4.1 Evolução do conceito
De acordo com a literatura científica mundial, os primeiros interesses em conceituar
a Qualidade de Vida surgiram na literatura médica na década de 1930, a partir das
afirmações de Cummins (1998 apud COSTA NETO, 2002), no estudo intitulado Directory
of Instruments to Measure Quality of Life and Correlate Areas.
Na década de 1960, as primeiras referências com a utilização da terminologia
Qualidade de Vida são encontradas sob a óptica do aspecto social (SOUZA; CARVALHO,
2003).
Em 1964, houve o primeiro relato oficial da expressão Qualidade de Vida quando
Lyndon Johnson, Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), em um de seus
73
discursos afirmou que “os objetivos não podem ser medidos através do balanço dos
bancos. Eles só podem ser medidos através da Qualidade de Vida que proporcionam às
pessoas” (FLECK et al., 1999b, p. 19).
Por volta dos anos 1970, a avaliação da QV cresceu muito, tornando-se uma área
formal, estruturada, com métodos validados e inúmeras aplicações (BERLIM; FLECK,
2003).
O primeiro relato encontrado sobre a QV é de Campbell (1976 apud AWAD;
VORUGANTI, 2000, p. 588) que refere que Qualidade de Vida é algo indefinido, ou seja,
“[...] uma vaga e etérea entidade, algo sobre a qual muita gente fala, mas que ninguém sabe
claramente o que é”. Já Andrews (1974 apud BOWLING, 1995, p. 1.148) refere-se a esta
expressão como “[...] a extensão em que prazer e satisfação têm sido alcançados”.
Na Medicina, a expressão QV foi introduzida como termo-chave em 1975, porém
estudos sistemáticos iniciaram-se nos anos 80 em áreas específicas, como a oncologia, pois
os médicos confrontaram-se com o dilema entre aumentar anos à vida ou vida aos anos
(BERLIM; FLECK, 2003).
A National Library of Medicine (2001 apud DUARTE et al., 2003) realizou uma
pesquisa no MEDLINE (Literatura Internacional em Ciências da Saúde): Sendo um banco
de artigos e publicações científicas na área da saúde, este mostrou o crescente avanço na
utilização do termo QV, constatando que, em 1973, havia apenas cinco artigos e, em 1998,
existiam 16.256 artigos encontrados, e 43.250, em 2001.
No Brasil, o interesse sobre a QV no campo da saúde é crescente. Nesta última
década, aumentaram os estudos relacionados a diversas patologias, alguns dos quais são
considerados de grande relevância devido às contribuições no avanço das pesquisas sobre
QV e à sua consonância com as tendências históricas observadas no contexto internacional
(SEIDL; ZANNON, 2004; DANTAS; SAWADA; MALERBO, 2003).
Conceituar QV torna-se uma tarefa complexa. Desde os anos 1970, encontram-se
relatos de que esse termo é utilizado em duas vertentes: 1. na linguagem cotidiana; e 2. no
contexto científico (SEIDL; ZANNON, 2004).
Rueda (2004) considera QV como uma condição complexa e multifatorial sobre a
74
qual podem-se desenvolver algumas formas de medidas objetivas. Souza e Carvalho
(2003) complementam afirmando que isso ocorre por meio de uma série de indicadores nos
quais um importante fator é a percepção que o sujeito ou grupo social tem de si.
Schwartzmann (2003) relaciona a QV à percepção do grau de satisfação próprio
com a situação física, estado emocional, vida familiar, amorosa, social e estes com a vida,
do indivíduo em geral, o que vem de encontro as afirmações de Wilheim e Deak (1970
apud CARDOSO, 1999, p. 77) ao definirem QV como “[...] sensação proporcionada pela
satisfação das condições objetivas (renda, emprego, objetos possuídos, qualidade de
habitação) e de condições subjetivas (segurança, privacidade, reconhecimento, afeto)”.
Souza, C. (2003, p. 3) descreve QV como “[...] o que está relacionado à vontade do
indivíduo de melhorar suas condições de vida, a adaptação do mesmo às situações
existentes ou desejo de mudança”.
A World Health Organization (WHO) (1994) conceitua a QV como as percepções
do indivíduo relativas à sua posição na vida, sua cultura, seus valores, relacionados aos
seus objetivos, metas, expectativas, interesses e preocupações. A QV, sob a óptica de Fleck
et al. (1999a), é a percepção subjetiva do indivíduo em relação ao seu bem-estar, tanto
físico, quanto emocional, psicológico, espiritual, mental, social e ambiental.
Os conceitos acima assemelham-se ao citado por Cardoso (1999), no qual a QV é
justamente a maneira pela qual o indivíduo interage com o mundo externo, levando-se em
conta sua individualidade e subjetividade. Portanto para ela a QV é determinada pela
relação de equilíbrio entre forças internas e externas.
Baseado no crescente número de estudos sobre QV, Farquhar (1995) os
sistematizou taxonomicamente os estudos em quatro tipos de definições: (a) global, são as
definições que surgiram até meados dos anos 1980 e tendem a avaliar satisfação ou
insatisfação com a vida; (b) com base em componentes, aquelas cujos conceitos globais
são fragmentados em componentes e dimensões; (c) focalizada, as com ênfase na saúde e
habilidades funcionais; e (d) a combinada, aquela que une as definições com base em
componentes e as definições focalizadas.
O WHOQOL GROUP (1995), Fleck et al. (1999b) e Dantas, Sawada e Malerbo
75
(2003) afirmam que, embora os estudiosos e pesquisadores na área não tenham conseguido
chegar a um consenso sobre o conceito de QV, este tem três características próprias:
multidimensionalidade, reconhecimento de que o construto é composto por diferentes
dimensões; subjetividade, percepção do indivíduo sobre sua vida em geral, sua saúde e seu
bem-estar; e bipolaridade, presença de dimensões positivas (mobilidade) e negativas (dor)
(SEIDL; ZANNON, 2004).
Segundo Souza e Carvalho (2003) e Spilker (1976 apud SOUZA; GUIMARÃES,
1999), devido à complexidade do conceito, a Organização Mundial da Saúde (OMS)
dividiu o conceito QV em cinco dimensões: 1. saúde física; 2. saúde psicológica; 3. nível
de independência; 4. relações sociais; e 5. meio ambiente.
2.4.2 Qualidade de Vida Relacionada à Saúde
Saúde, de acordo com Minayo, Hartz e Buss (2000), não é mera ausência de
doença, e seu conceito deve estar mais próximo da definição de QV. Já Cerqueira e
Crepaldi (2000) relatam que as conseqüências das doenças também podem influenciá-la.
A expressão inglesa Health-related Quality of Life foi traduzida para o português
originando a expressão Qualidade de Vida Relacionada à Saúde (QVRS) (DANTAS et al.,
2003). Esta expressão conseguiu unir o indivíduo aos elementos externos, sua influência e
seu estado de saúde (ÁLVAREZ, 2003), e assim conceituar a QVRS como “[...] um estado
de completo bem-estar físico, psíquico e social e não meramente a ausência de
enfermidades” (SCHWARTZMANN, 2003, p. 15).
Outros três conceitos similares sobre QVRS são descritos a seguir:
“É a valorização subjetiva que o paciente faz de diferentes aspectos de sua vida, em
relação ao seu estado de saúde” (GUITERAS; BAYES apud SEIDL; ZANNON, 2004, p.
584).
“Refere-se aos vários aspectos da vida de uma pessoa que são afetados por
mudanças no seu estado de saúde, e que são significativos para a sua Qualidade de Vida”
(CLEARY et al. apud SEIDL; ZANNON, 2004, p. 184).
76
“O valor atribuído à duração da vida, modificado pelos prejuízos, estados
funcionais e oportunidades sociais que são influenciados por doenças, dano, tratamento ou
políticas de saúde” (PATRICK; ERICKSON 1993 apud EBRAHIM, 1995, p. 1.384).
Para Naughton et al. (1996), a QVRS é a percepção do indivíduo acerca de sua
capacidade para realizar atividades importantes, influenciada por seu estado de saúde atual.
Seidl e Zannon (2004) referem que a QVRS implica os aspectos associados às
enfermidades ou às intervenções em saúde.
Schwartzmann (2003) relata que um aspecto da subjetividade da QVRS é a
percepção da patologia, a capacidade do indivíduo em adaptar-se à enfermidade, suas fases
e conseqüências, além de determinar o momento para início da intervenção psicossocial, a
fim de lhe melhorar o bem-estar. Esse bem-estar é percebido pela pessoa de acordo com
seu processo pessoal de saúde-doença e está relacionado com a compreensão histórica da
organização da sociedade em que ele vive; isso ocorre tanto nas percepções de ações
coletivas, como nas individuais (CHAMMÉ, 1996). Acredita-se que a esperança e vontade
de viver do indivíduo estejam relacionadas com o bem-estar e que para os pacientes estes
dois aspectos são fundamentais para a sua recuperação (SCHWARTZMANN, 2003).
A avaliação de QVRS pode objetivar, definir e avaliar tratamentos e custo/beneficio
dos cuidados prestados, já que QV é/ou está sendo influenciada pelo aparecimento de uma
doença e/ou trauma e seu tratamento (DANTAS; SAWADA; MALERBO, 2003). Um
outro objetivo da avaliação da QVRS é distinguir prognósticos, avaliar o efeito de
intervenções em diferentes pacientes ou grupos de pacientes portadores da mesma
patologia (BERLIM; FLECK, 2003).
2.4.3 Qualidade de Vida relacionada às patologias crônicas
Atualmente, ainda não existe cura para algumas doenças ou seqüelas, embora já
existam intervenções que prolonguem a sobrevida ou minimizem sintomas. No entanto,
não se pode afirmar que, aumentando o período de vida, melhore o estado físico,
emocional e social do indivíduo (CERQUEIRA; CREPALDI, 2000).
Assim, verifica-se a necessidade de alterar a maneira de avaliar a condição geral do
77
paciente, enfatizando a sua opinião, sua expectativa e sua vontade de curar-se, durante o
tratamento (DUARTE et al., 2003).
Fernandes e Souza (1999) relatam que as patologias crônicas certamente causam
desapontamentos ao indivíduo em relação ao seu corpo, o que resulta na dúvida sobre suas
perspectivas, no entanto, Salgado e Souza (2003) afirmam que as dúvidas extendem-se aos
planos, imagem corporal, modo de agir e percepção em relação ao seu bem estar.
Nessa direção, Ciconelli et al. (1999) associam a influência da patologia crônica
com a QV do paciente, pois consideram que o comprometimento dos Aspectos Físicos
acarreta conseqüências na vida diária, nas atividades, vida social, familiar e, por fim, ainda
agrava os Aspectos Emocionais.
Com relação aos estudos já publicados quanto às conseqüências das patologias
crônicas no indivíduo, Velarde e Figueroa (2002) afirmam ser necessário avaliar-lhe a
melhoria ou deterioração do estado emocional relacionado com a QV.
Duarte et al. (2003) concordam com as afirmações acima e acrescentam alguns
aspectos que ressaltam a necessidade de estudar a QV relacionada a patologias crônicas.
São eles: o conhecimento do impacto da doença sobre atividades diárias, as intervenções
clínicas; identificação de problemas específicos e obtenção de informações que permitam a
comparação entre diferentes tratamentos.
Castro et al. (2003) afirmam que uma patologia crônica leva à necessidade de um
tratamento contínuo por um longo período e que a idade avançada e a comorbidade estão
associadas à piora da QV de uma população. Ciconelli (1997) em concordância afirma que
a presença de uma doença crônica também está associada à piora da QV de uma
população.
Álvarez (2003) assegura que existem razões para incluir avaliações de QV nos
procedimentos terapêuticos de casos específicos como: patologias basicamente crônicas,
enfermidades nas quais não existem um marcador clínico, nas avaliações das intervenções
terapêuticas que a priori vão desencadear muitos efeitos adversos, quando a QV pode ser o
ponto chave do tratamento, entre outros.
A Qualidade de Vida relacionada às patologias crônicas foi, por muito tempo,
78
avaliada exclusivamente em termos de “[...] sobrevida e sinais da presença da doença, sem
considerar as suas conseqüências psicossociais e as do tratamento [...]” (DUARTE et al.,
2003, p. 377).
Os interesses e necessidades de novos estudos são ou estão sendo influenciados
pela ocorrência ou tratamento de novas patologias ou traumas (DANTAS et al., 2003).
Visto que a incidência e a prevalência de traumas que deixam seqüelas e de
patologias crônicas têm aumentado, surge uma necessidade de comprovações de novas
opções terapêuticas, que podem ser realizadas através de avaliações da QVRS, que está
diretamente relacionada à percepção do indivíduo em relação à sua saúde (ÁLVAREZ,
2003; SEIDL; ZANNON, 2004).
O estado de saúde das pessoas pode alterar-lhes a percepção de alguns aspectos da
QV, e a avaliação da QV é utilizada para verificar a eficácia de procedimentos clínicos,
intervenções terapêuticas, qualidade dos cuidados ministrados aos pacientes e o impacto
que as patologias crônicas e seqüelas têm sobre os indivíduos que as têm (ÁLVAREZ,
2003).
A QV foi acrescentada aos ensaios clínicos como uma terceira dimensão a ser
avaliada nos pacientes que têm sua sobrevida aumentada com os tratamentos propostos
(FLECK et al., 1999b). Schwartzmann (2003) afirma que um dos fatores responsáveis por
essas mudanças é o avanço da tecnologia e da Medicina com a formação de equipes multi e
interdisciplinares, o que resultou em uma representação holística do paciente e uma
preocupação com o bem-estar.
A LMT é uma patologia causada por trauma deixando seqüelas crônicas nos
indivíduos, ocasionando uma complexa e extensa problemática na vivência desses sujeitos
e interferindo diretamente na QV das pessoas com a LM (MICHELONE; SANTOS, 2004).
Devido à interferência direta da LMT na QV dos indivíduos que a sofreram, torna-
se importante a análise da influência de algumas intervenções para beneficiar essas pessoas
com LM. Portanto, este estudo visa verificar a influência da Equoterapia na QV dos
portadores de LMT a fim de elucidar os possíveis benefícios nos domínios da QV.
79
2.4.4 Aspectos metodológicos para avaliação da Qualidade de Vida
Atualmente considera-se que a única fonte fidedigna de informação sobre o
resultado de um tratamento é o paciente, pois a finalidade das intervenções é melhorar o
bem-estar, e a continuidade do tratamento é dependente da melhora ou não do sujeito em
relação à primeira intervenção (BERLIM; FLECK, 2003). Eles ainda relatam que a QV,
quando medida adequadamente, é utilizada para avaliar os resultados das intervenções
realizadas, de pacientes ou grupo destes.
Mensurar QV é uma tarefa complexa, pois não existe um consenso sobre o seu
conceito. Assim, os pesquisadores devem enfatizar os domínios a serem avaliados,
considerando que cada um deles identifica um aspecto primordial e agrupa vários itens
(DANTAS et al., 2003).
A partir da dificuldade em avaliar QV, surgiram vários instrumentos que permitem
a identificação dos problemas e o protocolo de tratamento possibilitando, segundo Ganz
(1994), modificar alguns pontos que podem interferir de forma negativa no tratamento
convencional de doenças crônico-degenerativas.
Tanto a avaliação da QV como da QVRS devem ser subjetivas e
multidimensionais, porém devem levar em consideração a idade, a fase em que a patologia
está e incluir os sentimentos positivos e negativos, pois estes influenciam, de maneira
relevante, nos aspectos avaliados (SCHWARTZMANN, 2003).
Para Velarde e Figueroa (2002), cada aspecto avaliado, cada domínio da QV, seja
ele, físico, mental ou social, pode ser dividido em duas dimensões: 1. avaliação objetiva da
saúde funcional e 2. pela percepção subjetiva da saúde.
Existem dois tipos de instrumentos para mensurar a QV, os genéricos e os
específicos, que podem ser utilizados simultaneamente por fornecerem informações
diferentes (FAYERS 2000 apud DANTAS et al., 2003). Os genéricos podem ser aplicados
em diferentes patologias, e os específicos são elaborados para aferir um aspecto espcífico
de uma determinada patologia e/ou tratamento (GUTIÉRREZ et al., 1998).
Os instrumentos genéricos podem ser utilizados para avaliar aspectos relacionados
80
à saúde ou não, às funções físicas e/ou emocionais, avaliar tratamentos, impacto da
patologia específica sobre diferentes indivíduos, para grupos específicos. Como
desvantagem, não detectam aspectos particulares e específicos de determinada patologia
(FAYERS 2000 apud DANTAS et al., 2003).
Essa avaliação pode utilizar-se de duas maneiras: perfil de saúde e medidas de
utility, segundo Ciconelli (1997 apud FREIRE, 2006):
a) Perfil da saúde: proporcionam ampla avaliação de diferentes aspectos referentes
à QV do paciente e podem ser utilizados em qualquer população;
b) Medidas de utility: refletem a preferência dos pacientes por um determinado
estado de saúde, tratamento ou intervenção, e quanto à saúde e à morte. São
úteis para determinar a melhora do paciente; no entanto não são capazes de
identificar os domínios específicos do estado de saúde, nos quais os pacientes
têm obtido melhora ou piora.
Os instrumentos específicos são utilizados para mensurar aspectos específicos da
QV em relação à determinada função (capacidade física, sono, função sexual, fadiga),
população (jovens ou idosos), alteração (dor), patologia, melhora ou piora do aspecto
específico em estudo ou resposta da intervenção realizada (GUYATT 1995 apud
CICONELLI, 1997). Têm como desvantagem a dificuldade de compreensão do fenômeno
e da validação das características psicométricas do instrumento (reduzido número de itens
e amostras insuficientes) (FAYERS 2000 apud DANTAS et al., 2003).
Existem duas maneiras de realizar a aplicação dos instrumentos genéricos e
específicos: a entrevista e a auto-aplicação. A auto-aplicação tem a vantagem de ser mais
rápida e permite que a pessoa responda em seu ritmo, possa voltar aos itens e refletir
melhor sobre suas respostas (SEIDL; ZANNON, 2004).
A seguir será detalhado o inventário de Qualidade de Vida, The Medical Outcomes
Study 36 Item Short Form Health Survey (SF-36) por ter sido o principal instrumento
utilizado nesta pesquisa para avaliar as fases da patologia, as intervenções realizadas,
podendo ser utilizado por quaisquer profissionais da saúde.
81
2.4.5 O questionário SF-36 (The Medical Outcomes Study 36 Item Short
Form Health Survey)
O SF-36 é um questionário genérico criado para avaliação da QV, derivado de um
questionário composto por 149 itens The Medical Outcomes Study MOS. O MOS foi
respondido por 22.000 participantes como parte de um estudo de avaliação da saúde
(STEWART; HAYS; WARE, 1988; WELLS et al., 1989; WARE; SHORBOUNE, 1992;
WELLS et al. 1992 apud CICONELLI, 1997).
Ware; Shorboune (1992); Ware; Gandek; IQOLA Project Group (1994) relatam
que por ser o Medical Outcomes Study MOS um questionário muito extenso, elaborou-se,
a partir dele, um questionário genérico de avaliação de saúde não tão extenso e de fácil
administração e compreensão.
A maior dificuldade no desenvolvimento do SF-36 foi a seleção dos oito conceitos
de saúde entre os mais de 40 conceitos e a análise de escalas através dos estudos de
avaliação de saúde (MOS) (CICONELLI, 1997).
O maior benefício em relação aos questionários de QVRS é que estes permitem
avaliar o impacto e as fases da patologia, realizar a comparação de grupos diferentes de
patologias crônicas e diferentes tratamentos (ORDÓÑEZ et al., 2001).
O SF-36 seguiu todas as etapas necessárias para validação brasileira: a tradução
para o português, a tradução reversa e a adaptação transcultural, feitas por Ciconelli (1997)
em um estudo sobre QV em cinqüenta portadores de artrite reumatóide e a relação desta
patologia com os objetivos, expectativas e padrões dos pacientes.
Segundo Martinez et al. (1999), Duarte et al. (2003), Ware et al. (1994) e Castro et
al. (2003) apud Freire (2006), o instrumento The Medical Outcomes Study 36 Item Short
Form Health Survey (SF-36), é composto por 36 itens que se dividem em oito domínios a
seguir explanados:
a) Aspectos Físicos: domínio composto por quatro itens que avaliam as limitações
quanto ao tipo e quantidade de trabalho, bem como quanto essas limitações
dificultam a realização do trabalho e das atividades da vida diária (AVDs) e/ou
82
profissionais;
b) Dor: formado por dois itens que avaliam a presença de dor, o nível e o impacto
dela no desempenho das AVDs;
c) Capacidade Funcional: composto por dez itens, responsáveis pela avaliação da
presença e extensão de limitações relacionadas à capacidade física no
desempenho das AVDs, com três níveis de respostas (muita, pouca ou sem
limitação);
d) Estado Geral de Saúde: formado por cinco itens retirados do questionário
General Health Index (GHRI), com a finalidade de avaliar subjetivamente como
o paciente se sente em relação a sua saúde global;
e) Vitalidade: composto por quatro itens derivados do questionário de avaliação de
saúde mental, Mental Health Inventory (MHI) os quais consideram o nível de
energia e de fadiga;
f) Aspectos Emocionais: formados por três itens que avaliam o impacto de
aspectos psicológicos no bem-estar do paciente, ou seja, é o reflexo da
limitação nas condições emocionais no desempenho das AVDs e/ou
profissionais;
g) Saúde Mental: composto por cinco itens que incluem questões sobre ansiedade,
depressão, alterações no comportamento ou descontrole emocional e bem-estar
psicológico; e
h) Aspectos Sociais: formados por dois itens, os quais definem diferentes níveis de
atividade social, analisam a integração do indivíduo em atividades sociais e o
reflexo da condição de saúde física nas atividades sociais e, por isso, alcançam
um maior nível de precisão.
O SF-36 inclui ainda um item que avalia as alterações de saúde ocorridas no
período de um ano e que auxilia no conhecimento da patologia em estudo (CICONELLI,
1997; DUARTE et al., 2003).
83
Em concordância aos autores acima, Ware et al. (1994) relatam que os domínios
avaliam tanto os aspectos negativos da saúde (doença ou enfermidade), como os aspectos
positivos (bem-estar).
De acordo com Martinez et al. (1999) e Ware, Kosinski e Keller (1994) esses oito
aspectos ou domínios podem ser divididos em dois grupos de componentes: físico (Estado
Geral de Saúde, Capacidade Funcional, Dor e Aspectos Físicos) e mental (Vitalidade,
Aspectos Emocionais, Aspectos Sociais e Saúde Mental) (FIGURA 12).
FIGURA 12 - Domínios e componentes do SF-36.
Fonte: Ware, Kosinski e Keller (1994).
Para analisar os resultados, faz-se um cálculo para cada um dos oito domínios
diferentes, e todos eles resultam em escores que variam de zero a cem, em que zero é
considerado a pior QV e cem a melhor QV possível (MARTINEZ et al., 1999;
CICONELLI, 1997).
A aplicação desse instrumento é considerada fácil, rápida, e as questões, bem
compreendidas pelos pacientes. Essa é uma das razões pela quais o SF-36 é considerado o
instrumento mais usado em todo mundo, na avaliação de QV (DANTAS et al., 2003).
Aspectos
Físicos
Dor
Estado Geral
de Saúde
Saúde Mental
Aspectos
Emocionais
Aspectos
Sociais
Vitalidade
Capacidade
Funcional
Componente
Físico
Componente
Mental
84
2.5 QUALIDADE DE VIDA E LESÃO MEDULAR
Na revisão de literatura realizada por Ribeiro, Y. (2005), a autora relata não ter
encontrado publicações sobre o tema “Lesão Medular e Qualidade de Vida no Brasil”, com
o que concorda a autora deste estudo. Essa autora afirma que seu estudo é pioneiro no
assunto e poderá orientar, nos tratamentos e objetivos propostos, tanto os profissionais da
saúde quanto as instituições que visam à reabilitação dos portadores de Lesão Medular.
Segundo Duggan; Dijkers (2001) embora existam poucas pesquisas relacionadas ao
tema Lesão Medular e Qualidade de Vida, essa patologia tem se tornado de grande
interesse aos estudiosos deste conceito, pois nela há uma extrema mudança no status
funcional, uma grande possibilidade de ocorrerem intercorrências clínicas e uma
dependência do indivíduo nas realizações das AVDs.
Ribeiro, Y. (2005) refere que existe a necessidade de inclusão de algumas atitudes e
cuidados no dia-a-dia dos portadores de Lesão Medular, caso contrário, estes poderão
desencadear complicações referentes à lesão e estas implicarão diretamente na QV dos
indivíduos com lesão.
Ao relatar os fatores que interferem na QV dos portadores de Lesão Medular,
percebe-se a necessidade de uma explanação complexa sobre formas de avaliação da QV
nesta patologia; porém May e Warren (2001) afirmam existir limitações quanto à
metodologia e instrumentos utilizados na avaliação da QV das pessoas com LM, o que
dificulta a discussão e a comprovação dos resultados.
Em concordância Tate, Kalpakjian e Forchheimer (2002) relatam que os
pesquisadores estão utilizando várias formas de avaliar e conceituar a QV na população de
pessoas com LM enfatizando não apenas as necessidades específicas desses indivíduos,
mas principalmente a reabilitação que, para Illis (1994), é vista como a recuperação
máxima possível da capacidade física, mental e social e, conseqüentemente, uma melhora
na QV.
Um outro aspecto considerado é a avaliação limitada ao grau de perda funcional,
como indicadores sobre a reabilitação de pessoas portadoras de deficiência física em
intervenções na saúde, ao invés da avaliação da QV desta população (LEDUC; LEPAGE,
85
2002).
É importante também ressaltar a QV a partir da percepção do portador da Lesão
Medular, e para isso Duggan e Dijkers (2001) relatam ser necessária a investigação das
expectativas, realizações e reações subjetivas dos indivíduos. Ribeiro, Y. (2005) afirmam
que as variáveis dependentes mais pesquisadas, embora ainda em pequena escala, são: a
QV, a satisfação de vida e o ajustamento.
May e Warren (2001) abordam a inclusão nas investigações dos fatores subjetivos,
pois estes podem influenciar uma melhora da percepção da pessoa com LM a esta situação
específica, e relatam que indicadores objetivos como função física, situações
socioeconômicas e variáveis sócio-demográficas têm sido estudadas.
Dentre os fatores objetivos mais estudados pode-se observar idade, gênero, tempo
de lesão, idade em que sofreu a lesão, nível e/ou grau da lesão, escolaridade,
emprego/ocupação, estado civil, renda, presença de intercorrências clínicas e meio de
locomoção (RIBEIRO, Y., 2005).
Manns e Chad (1999) explicam a QV e a satisfação do indivíduo a partir de vários
fatores, como condições de saúde, relacionamentos interpessoais, funções físicas,
psíquicas, sociais, assim como satisfação de moradia e condição socioeconômica. Já
Kreuter et al. (1998) relatam que os melhores atributos quanto à QV dos portadores de LM
são Aspectos Físicos e psicossociais, humor e percepção da perda da independência.
A melhora da QV nos portadores de LM pode estar relacionada a alguns dos fatores
sociais, como estar trabalhando, ter vida social ativa e nível educacional elevado
(CLAYTON; CHUBON, 1994).
Krause (1996) aborda a reinserção social dos portadores de Lesão Medular e relata
que esta, quando não ocorre, resulta em diminuição da QV e aumento do risco de
mortalidade precoce decorrente de complicações secundárias.
Uma outra associação é a relação da depressão com a dependência física e
financeira, a idade, o sexo, o estado civil e o sentimento de inabilidade para participar de
relações sociais. Assim, homens, solteiros e jovens, dependente física e financeiramente
apresentam mais quadros de depressão (TATE et al., 1994).
86
Devido aos avanços da ciência, o objetivo das pesquisas mudou para além de
simples condições de sobrevivência para a busca por reabilitação, não somente no
momento da fase aguda como também na readaptação das condições de vida e no processo
de envelhecimento das pessoas portadoras de Lesão Medular. McColl et al. (1999)
apontam que pessoas com LM vivem, em média, até 30-40 anos com suas deficiências.
Segundo Ribeiro, Y. (2005), o aumento do número de pessoas portadoras de LM
que passam pelo processo de envelhecimento evidenciou a necessidade de ampliarem-se os
estudos das repercussões resultantes dessa sobrevida. Devido ao exposto, pode-se entender
as recentes mudanças no enfoque e relatos das pesquisas que relacionam Lesão Medular
com QV.
Um fator que pode influenciar a QV, mas que ainda não apresenta dados
conclusivos, é a relação entre o tempo da lesão e a QV. Pode-se dizer que a maioria dos
estudiosos relata existir uma interrelação entre eles. Westgren e Levi (1998) e Richards et
al. (1999) confirmam essa associação positiva, mas Post et al. (1998) não encontraram
relação do tempo de lesão com o nível de lesão e satisfação de vida.
Ribeiro, Y. (2005) conclui que, quanto maior o tempo de Lesão, mais independente,
reabilitado e ajustado à sua condição estará o indivíduo. Em concordância, Pereira, M. E.
(2002), percebeu que, quanto maior o tempo de lesão, melhor é a percepção do sujeito em
relação a sua QV nos aspectos psicológicos, sociais e QV geral. Embora sua amostra tenha
sido composta por participantes com menos de dois anos pós trauma, período que pode ser
considerado curto diante de tal alteração, seus achados podem ser embasados no estudo de
Kennedy e Rogers (2000), os quais verificaram que, com o passar do tempo, os processos
adaptativos e de enfrentamento à condição de pessoa portadora de LM avançam e
influenciam na melhora da percepção da QV.
Westgren e Levi (1998), em um estudo com 320 portadores de LM, sendo 124
pessoas portadoras de tetraplegia, 176 pessoas portadoras de paraplegia e 20 sem definição
quanto ao nível de lesão, com o objetivo de determinar associações entre os resultados das
principais variáveis depois da Lesão Medular Traumática e Qualidade de Vida, observaram
indicações de que a Capacidade Funcional melhora com o passar do tempo pós lesão, mas
que essa variável está relacionada com a extensão da lesão e baixa QV. No grupo de
pessoas com LM há mais de 18 anos, observaram que a Capacidade Funcional, Estado
87
Geral de Saúde, Vitalidade, e Saúde Mental estão próximas da pontuação máxima. Nesse
mesmo estudo, nenhuma relação foi encontrada quanto ao nível e grau de lesão, em
concordância a Pain et al. (1998) e Meyers e Andresen (2000), mas é contradito por
Clayton e Chubon (1994), ao afirmarem estes uma diferença na Capacidade Funcional em
relação ao nível e grau da lesão.
Em um estudo cuja amostra era composta por pessoas com quatro anos ou mais de
Lesão Medular, com o objetivo de estabelecer a relação dos fatores emocionais com a QV,
Benony et al. (2002) constataram que a maioria dos participantes considerava sua QV em
geral satisfatória. Os sujeitos dessa pesquisa apontaram a necessidade de suporte social,
boas condições financeiras e boa relação com a equipe.
Ao comparar a severidade da lesão em relação ao nível de lesão, não se
encontraram diferenças significativas entre pessoas portadoras de paraplegia e pessoas
portadoras de tetraplegias, mas sim entre indivíduos com e sem Lesão Medular. As pessoas
portadoras de Lesão Medular apresentaram, conforme o esperado, escores de QV
significativamente menores (EVANS et al., 1994).
A dor crônica é vista como uma das principais variáveis que interferem na QV,
considerada ainda uma variável importante no processo de enfrentamento dessa situação
(ANKE; STENEHJEM; STANGHELLE, 1995; BOIVIE, 1994; BONICA, 1991;
CAIRNS; ADKINS; SCOTT, 1996; ELLIOTT; FRANK, 1996; ELLIOTT; JACKSON,
1996; SINGH; SUYS; VILLANUEVA, 1995; STENSMAN, 1994). De acordo com a
revisão de literatura realizada por Pereira, M. E. (2002), existe uma grande variação (33%
a 94%) na incidência da dor.
Anke et al. (1995) e Richards et al. (1980), ao afirmarem que a idade é um fator
diretamente relacionado à prevalência da dor. Acrescentam ser a QV inversamente
proporcional à dor e ainda relatam que 46% dos sujeitos sentiam dor e esta, por sua vez,
ocasiona um estresse emocional adicional àquele decorrente da condição da lesão
propriamente dita. Todas essas conclusões são resultados de uma pesquisa com 46
pacientes portadores de Lesão Medular, os quais foram recrutados em um hospital de
reabilitação, submetidos a um exame neurológico para avaliar nível e grau da lesão e
responderam a uma escala verbal de seis pontos que variavam entre nenhuma dor até dor
insuportável.
88
North (1999) realizou um estudo visando comparar pacientes com e sem dor, no
qual verificou que dos pacientes que referiam a dor física, 70% tinham angústia emocional
e conseqüentemente menor QV. Com o passar do tempo, a dor e a depressão se
encontravam associadas. Nesse estudo, a dor foi considerada a complicação que mais
interferiu na QV dos portadores de Lesão Medular. Lundqvist et al. (1991) relatam a dor
como a única complicação que interfere de forma conclusiva na baixa QV.
Holicky e Charlifue (1999), Sherman et al. (2004), McColl e Skinner (1995), Rees,
Smith e Sparkes (2003), Putzke, Elliott e Richards (2001) e Sherman, Devinney e Sperling
(2004) relatam que a variável suporte social está diretamente relacionada com a melhoria
dos resultados na reabilitação de pessoas portadoras de LM. Para Kennedy et al. (1995)
esta variável está relacionada ao bem-estar psicológico, para Kemp e Krause (1999) é
diretamente relacionada a melhora da QV e para Anson; Stanwyck; Krause (1993) e
Sherman et al. (2004) no ajustamento à condição de lesão e no desencadeamento das
complicações secundárias e internações. Evidenciando o valor desta variável McColl e
Skinner (1995) relatam que a falta de suporte social adequado está vinculada à prevalência
de idéias suicidas pós LM. E Kennedy et al. (1995) relatam que a variável tempo interfere
no suporte social embora para Kemp e Krause (1999) o suporte social seja uma variável
mais preditora que o tempo de lesão na avaliação da QV.
Manns e Chad (1999), concluem que os aspectos citados a seguir estão inter-
relacionados na avaliação de QV de pessoas portadoras de LM: a) função física e
independência, incluindo a habilidade física com suas atuais limitações; b) acessibilidade,
aos locais de trabalho, lazer e moradia; c) enfrentamento, ajustamento e bem estar
emocional o que inclui auto-estima, auto-imagem e autoconfiança, após a LM; d)
percepção que o indivíduo com LM tem das atitudes das outras pessoas em relação às
pessoas que são portadoras de LM; e) relacionamentos e socialização, incluindo relações
com familiares, amigos e outras pessoas significativas; f) ocupação, concernente à
importância de ter um trabalho remunerado, voluntário, escola e/ou realização de trabalhos
domésticos; g) recursos financeiros, correspondentes ao custeio dos cuidados com a saúde,
equipamentos e serviços necessários, como cuidadores; h) bem-estar físico, relativo à
saúde física e às ações do indivíduo na promoção de sua saúde.
Por outro lado, Putzke, Richards e DeVivo (2001) pesquisaram a influência das
variáveis objetivas (idade, escolaridade, sexo, raça, estado civil, situação empregatícia,
89
nível da lesão, tempo de lesão e o escore da Medida de Independência Funcional (FIM),
para a área motora) na relação entre QV e a etiologia da lesão que, por sua vez, foi dividida
em dois grupos: FAF e outras etiologias. Verificou-se que indivíduos com lesões por FAF
geralmente são jovens do sexo masculino, solteiros, afro americanos, com baixo nível de
escolaridade, desempregados e com paraplegia completa. No entanto não foram
encontradas diferenças significativas em relação às diferentes causas e na QV entre eles.
Post et al. (1998) relatam que tanto as variáveis objetivas (estado civil e idade)
quanto as subjetivas (função social e função psicológica) são preditoras importantes na
satisfação de vida do portador de LM, e até mais importantes que a severidade da lesão. Já
o estudo realizado por Kreuter et al. (1998) apontou as variáveis subjetivas (funções físicas
e psicossocial, estado de humor e percepção de perda de independência) como os fatores
preditores da QV. Complementando, Dijkers (1999) relata que a função sexual, o número
de internações, a integração social, a incapacidade e a ocupação também são preditores
significativos da QV.
Holicky e Charlifue (1999) relatam que aspectos bem específicos dos portadores de
LM não podem ser adequadamente investigados pelo WHOQOL-100 (instrumento
genérico da QV), pois o domínio físico do instrumento é avaliado de forma geral,
conseqüentemente não reflete as necessidades específicas do LM. Eles também afirmam
que existe uma relação entre o tempo de lesão e os avanços no processo de ajustamento.
Pode-se observar que a maioria dos estudos que visam avaliar a QV em pessoas
com LM e buscam identificar as variáveis que mais influenciam a QV. Assim, Duggan e
Dijkers (2001) relatam que a segurança financeira, o acesso a bens materiais, o papel social
significativo e o tempo de lesão são pré-requisitos para maior resultado da QV. Visto que o
tempo de lesão também é fator que interfere na QV, os autores sugerem a realização de
novas pesquisas para avaliar o impacto do tempo na QV dos portadores de LM.
A avaliação de QV abrange componentes físicos e mentais percebe-se que a
reabilitação pode influenciar sua avaliação de forma positiva, pois busca o
desenvolvimento máximo do potencial fisiológico e a interação do indivíduo com a
sociedade. Heruti e Abrahan (1995), definem a reabilitação como desenvolvimento das
pessoas em seu completo e possível potencial físico, psicológico, social e profissional de
acordo com as limitações fisiológicas e ambientais, enfatizando suas múltiplas dimensões.
90
2.6 REABILITAÇÃO
A partir do exposto, percebe-se a necessidade de definir-se “reabilitação” e sua
relação com a QV já que a Equoterapia, recurso terapêutico utilizado neste estudo, visa à
reabilitação.
A National Council on Rehabilitation define reabilitação como a restauração da
capacidade dos indivíduos ao seu máximo potencial físico, mental, social, vocacional e
econômico do qual eles são capazes (WRIGHT apud HABEL, 1993). Ou seja, a
reabilitação é definida como a restauração máxima das capacidades residuais do indivíduo.
Já a Comission on Accreditation of Rehabilitation Facilities define reabilitação
como um processo coordenado de provimento de serviços apropriados às necessidades
especiais e como um programa para alcançar os objetivos de melhoria da saúde, bem-estar
e de realização do potencial máximo no âmbito físico, social, psicológico e vocacional para
atividades de lazer e profissionais (HABEL, 1993). Refere-se a reabilitação como um
processo elaborado para alcançar as potencialidades residuais do indivíduo.
Hammel (1995) aborda o termo reabilitação como um programa de intervenção que
capacita o indivíduo portador de LM a interagir de forma efetiva com o mundo e atingir a
realização social e produtiva.
Ribeiro, Y. (2005) refere-se à reabilitação como um processo que visa a maximizar
as potencialidades físicas, psíquicas, sociais, ocupacionais e profissionais residuais e a
minimizar as incapacidades por meio de um processo de reeducação e capacitação que
busca melhorar a QV de pessoas portadoras de deficiência.
Pode-se observar que todas as definições relacionadas a reabilitação evidenciam a
maximização das potencialidades residuais do indivíduo através de um processo dinâmico,
já que este é alterado durante a reabilitação a partir dos ganhos obtidos nas funções: física,
emocional, social e profissional.
A reabilitação pode ser avaliada a partir dos indicadores de QV; portanto
pesquisadores e profissionais dessa área depararam-se com a necessidade de aprofundar
seus conhecimentos nesse campo, o que tem resultado em um aumento no número de
91
trabalhos sobre o tema (KRAUSE; ANSON, 1997). Conceição (2000) aponta que as
avaliações dos sujeitos com lesão estão relacionadas às atitudes dos profissionais de saúde,
pois estes interferem na percepção do indivíduo em relação à lesão.
Murta (1998) aponta ser o aprendizado do novo comportamento de vida frente à
situação de portador de LM a meta central do processo de reabilitação. Portanto, para que o
individuo seja reabilitado, ele terá que se adaptar às condições adversas resultantes de sua
limitação física, pois o corpo, uma vez modificado, interage de forma diferente com o
ambiente interno e externo.
Kemp e Krause (1999) citam que a satisfação de vida está relacionada ao processo
de enfrentamento da pessoa em relação às situações de vida, o que envolve vários fatores
para adaptação, tais como: os motivos e a qualidade das mudanças na vida do indivíduo; as
reações do indivíduo frente a essas mudanças e o modo de enfrentar embasado na
personalidade pessoal e características do suporte social que ele receber.
A adaptação só é reconhecida quando a pessoa continua seu curso de vida,
desenvolvendo papéis condizentes a sua idade, como trabalhar e estabelecer relações
afetivas (MURTA, 1998).
Por ser a reabilitação um processo dinâmico que visa maximizar as potencialidades
residuais em diversos aspectos do indivíduo, por ser a QV um conceito que abrange todos
estes aspectos através de seus domínios, por ser a Equoterapia um recurso terapêutico que
objetiva melhora nestes aspectos e por fim, ser a LMT um trauma que ocasiona déficits em
todos eles de forma direta ou indireta, visualiza-se neste estudo uma necessidade de
abranger a reabilitação, pelo fato do seu conceito estar implícito dentro de todos os
contextos estudados e por objetivar nos participante deste estudo a repercussão da
Equoterapia na reabilitação dos mesmos e avaliar este resultado através da comparação da
QV anterior e posteriormente aos atendimentos.
92
3 A PESQUISA
93
3.1 LOCAL
O presente estudo foi realizado no Centro de Equoterapia da Faculdade Estácio de
Sá de Campo Grande MS, que atua em parceria com a Associação dos Criadores de Mato
Grosso do Sul (Acrissul), cuja sede está situada na Avenida Américo Carlos Costa, n. 320,
no Parque de Exposições Laucídio Coelho, localizado na cidade de Campo Grande MS.
Machado, P. (2000) relata que essa Associação foi criada, em 15 de Janeiro de
1931, pelo Tenente César Bacchi de Araújo, como “Centro dos Criadores do Sul de Mato
Grosso” com objetivo de amparar a indústria pecuária do estado.
Em 15 de abril de 1934, ocorreu a transformação do Centro dos Criadores do Sul de
Mato Grosso em “Sindicato dos Criadores do Sul de Mato Grosso”, segundo Decreto n.
19.770, de 19 de março de 1931. Já em 17 de abril de 1934 foram aprovadas as
modificações dos Estatutos, com adaptações ao Decreto n. 19.770/1931. Doze anos depois,
conseguiram comprar 25 hectares para construir o atual Parque de Exposições Laucídio
Coelho (MACHADO, P., 2000). O autor ainda relata que finalmente em 27 de março de
1944, o Sindicato dos Criadores foi reconhecido como Associação dos Criadores do Sul de
Mato Grosso. E, apenas em 10 de agosto de 1974, é que foi aprovada a sigla “ACRISSUL”
em Assembléia Extraordinária (ASSOCIAÇÃO DOS CRIADORES DE MATO GROSSO
DO SUL, 2006).
Hoje, essa Associação não tem finalidades lucrativas, porém existe com o objetivo
de fomentar a expansão e melhora da qualidade dos bovinos, eqüinos, e pequenos animais,
e da agricultura em geral, bem como das indústrias afins; defender os interesses e direitos
dos associados e da classe rural; trabalhar pelo aperfeiçoamento das raças zebuínas,
taurinas, seus cruzamentos, e leiteiras; coordenar e incentivar a realização de leilões de
animais no Parque Laucídio Coelho; promover reuniões periódicas com palestras e
debates, para os sócios e convidados; promover anualmente pelo menos duas exposições
agropecuárias; publicar o Jornal do Fazendeiro com propaganda e informações práticas
com distribuição gratuita aos sócios; criar núcleos regionais com regulamentos próprios; e
fomentar o desenvolvimento dos esportes eqüestres.
O parque de exposições Laucídio Coelho atualmente busca agrupar empresas
94
leiloeiras, as sedes dos núcleos e associações de raças, cooperativas, federações, além de
empresas do setor, facilitando o acesso e o intercâmbio entre os criadores (ASSOCIAÇÃO
DOS CRIADORES DE MATO GROSSO DO SUL, 2006).
A Faculdade Estácio de Sá (FES/CG), que estabeleceu parceria com a Acrissul para
fundação do Centro de Equoterapia, teve sua origem em Campo Grande, em 1994, quando
a antiga Sociedade de Ensino e Informática de Campo Grande (SEIC) passou a manter a
Faculdade de Ciências e Informática, que fora autorizada nesse ano. Dois anos depois, em
1996, a FCI firmou convênio com a Universidade Estácio de Sá UNESA (RJ) e, após
quatro anos, foi autorizada a mudança do nome da mantenedora. A SEIC passou a ser
mantida pela Sociedade de Ensino Superior Estácio de Sá (SESES) e a Faculdade de
Ciências e Informática (FCI). Esta passa a denominar-se Faculdade Estácio de Sá de
Campo Grande (FES/CG), por meio da Portaria Ministerial n. 1.737 de 27 de outubro de
/2000, publicada no Diário Oficial da União (D.O.U.), de 31 de outubro de 2000
(FACULDADE ESTACIO DE SÁ, 2006).
A Faculdade Estácio de Sá de Campo Grande é uma sociedade civil, sem fins
lucrativos, com Estatuto registrado no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas do
Rio de Janeiro, sob o n. 150.872, livro A/51. Consta atualmente de nove cursos
reconhecidos pelo Ministério de Educação e Cultura (MEC), sendo eles Administração,
Ciências Contábeis, Direito, Farmácia, Fisioterapia, Jornalismo, Publicidade e Propaganda,
Tecnologia em Processamento de Dados e Turismo (FACULDADE ESTACIO DE SÁ,
2006).
O curso de Fisioterapia, no dia 24 de março de 2004, assinou acordo com a
Acrissul, local onde foi implantado o Centro de Equoterapia, no qual este estudo foi
realizado.
Consolidado este acordo entre a faculdade e a associação, foram realizados
contratos com algumas escolas que atendem alunos especiais, dentre elas, a Associação de
Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), a Escola Clínica Santa Terezinha, o Instituto
Sul-Matogrossense para Cegos (ISMAC), a Escola Clínica Colibri e a Sociedade
Pestalozzi.
95
3.2 HIPÓTESE
A prática da Equoterapia repercute na QV das pessoas portadoras de Lesão Medular
Traumática.
Os componentes físico e mental da QV apresentam diferença após o tratamento.
Os domínios da QV que apresentam melhores resultados após a introdução da
Equoterapia são: Estado Geral de Saúde, Capacidade Funcional, Aspectos Sociais e
Vitalidade.
3.3 OBJETIVOS
3.3.1 Objetivo geral
Avaliar As repercussões da Equoterapia na Qualidade de Vida dos pacientes
portadores de Lesão Medular Traumática.
3.3.2 Objetivos específicos
Avaliar a Qualidade de Vida dos pacientes com Lesão Medular Traumática (LMT),
que participaram da Equoterapia.
Verificar, antes e depois da intervenção, se existem diferenças na percepção da
Qualidade de Vida dos pacientes com LMT particiapntes da Equoterapia.
Identificar quais domínios da QV apresentam melhores e piores resultados pós-
intervenção.
Verificar qual componente da Qualidade de Vida, o físico ou o mental, apresenta
melhores resultados pós-intervenção equoterápica.
96
4 CASUÍSTICA E MÉTODO
97
Esta pesquisa caracteriza-se como um estudo de caso de validação clínica do
atendimento em Equoterapia para portadores de Lesão Medular Traumática que utiliza
medidas de avaliação pré e pós intervenção. A variável independente introduzida foi a
Equoterapia, e as dependentes, os oito domínios de QV do SF-36.
4.1 PARTICIPANTES
Participaram deste estudo de caso três pessoas (n = 3) portadoras de Lesão Medular
Traumática completa, decorrente de trauma por arma de fogo e que, por vontade própria,
não realizavam nenhuma atividade física ou terapêutica. Visando preservar a ética deste
estudo, os mesmos serão denominados neste estudo de P1, P2 e P3. Os participantes P1 e
P2 são do sexo masculino, com 42 e 28 anos respectivamente, e P3, do sexo feminino, com
49 anos. Quanto ao tempo de lesão, P1 sofreu o trauma há dois anos, P2, sete e P3,
dezesseis.
4.1.1 Critérios de inclusão
Não estar realizando nenhuma atividade física regular ou terapêutica, apesar de
indicada.
Ter idade superior a dezoito anos.
Ser alfabetizado.
Sem patologia física e/ou mental associada.
4.1.2 Critérios de exclusão
Faltar aos atendimentos mais de três vezes durante a pesquisa.
Localizar-se a lesão na cauda eqüina ou na coluna cervical.
Estar realizando qualquer atividade regular, seja esta física ou terapêutica.
98
Apresentar sinais e problemas ortopédicos decorrentes da lesão como: ossificação
heterotrópica, osteoporose e deformidade espinhal.
4.2 RECURSOS HUMANOS E MATERIAIS
Recursos humanos e materiais fizeram-se necessários para o desenvolvimento desta
pesquisa.
4.2.1 Recursos humanos
A aplicação dos instrumentos e os atendimentos foram realizados pela
fisioterapeuta autora da pesquisa que contou com o auxílio, durante as sessões de
Equoterapia, de seis acadêmicos de Fisioterapia. Estes foram responsáveis pela condução
do cavalo e pelo apoio lateral dos praticantes durante as sessões, seguindo exatamente as
orientações da pesquisadora e sem realizar quaisquer tipos de intervenções.
4.2.2 Recursos materiais
Foram utilizados dois cavalos castrados com idade superior a 10 anos, devidamente
adestrados para Equoterapia e utilizados também para aulas de equitação. Na Figura 13
podem ser visulaizados os materiais que foram utilizados para a montaria.
99
FIGURA 13 - Recursos materiais utilizados na montaria: (a) manta própria para Equoterapia; (b)
cabeçada; (c) cabresto; (d) rampa.
O picadeiro onde se realizou a pesquisa apresenta metragem de 30 x 40 metros,
delimitado por uma cerca de ferro com 70 centímetros de altura e tem o chão recoberto
com areia.
Utilizou-se uma máquina fotográfica (Sony ® modelo DSC-P92) para registrar o
material de montaria, os atendimentos e as posturas iniciais e finais sobre o animal.
4.3 INSTRUMENTOS UTILIZADOS
Para avaliação da QV, foi aplicado um instrumento específico validado para uso no
Brasil, o SF-36.
(c) (d)
(a) (b)
100
4.3.1 The Medical Outcomes Study 36 Item Short Form Health Survey
(SF-36)
O SF-36 é um questionário multidimensional, auto-administrável, composto por 36
itens, subdivididos em 8 domínios: Capacidade Funcional, Aspectos Físicos, Dor, Estado
Geral de Saúde, Aspectos Emocionais, Vitalidade, Aspectos Sociais e Saúde Mental
(WARE; GANDEK; IQOLA PROJECT GROUP, 1994; WARE, 2004). O escore final do
SF-36 é de 0 a 100, em que zero corresponde a um pior estado geral de saúde, e cem, a um
melhor estado geral de saúde sendo analisada cada dimensão em separado (WARE et al.,
1993; CICONELLI, 2003; WARE, 2004).
A validação brasileira (tradução e adaptação) do SF-36 foi realizada por Ciconelli
(1997) que buscou sua reprodutibilidade, validade e propriedades de medidas
estatisticamente significantes, obtendo um alfa de Cronbach, excedendo 0,90 para todas as
escalas. O SF-36 é uma medida de domínio público, sendo permitida sua divulgação e
utilização sem prévia autorização (WARE, 2005).
4.3.2 Ficha de anamnese
A Ficha de Anamnese (APÊNDICE A) utilizada foi elaborada pela pesquisadora
embasada na de Sanvito (2000), e contempla os seguintes aspectos: dados pessoais (nome,
idade, sexo, cor, estado civil, profissão atual e anterior ao trauma), anamnese (queixa
principal, história da moléstia atual, história da moléstia pregressa, hábitos e vícios)
patologias concomitantes, diagnóstico fisioterápico, sinais vitais e exames
complementares.
4.4 PROCEDIMENTOS
Foram realizados contatos informais com os Fisioterapeutas que apesquisadora
conhece e que atendem, na Santa Casa de Misericórdia de Campo Grande MS,
portadores de LMT. Esses contatos tiveram a finalidade de esclarecer a necessidade de
101
encontrar pessoas com LMT a fim de realizar um estudo de caso com os mesmos, cujo
objetivo era verificar a repercussão da Equoterapia na QV dos portadores de LMT.
Contatados esses fisioterapeutas, deu-se início à busca sobre informações desses pacientes,
e, após localizá-los, procedeu-se à seleção dos participantes desta pesquisa.
Após o contato inicial com os participantes, foram realizadas reuniões individuais
para explanação desta pesquisa, esclarecimentos de dúvidas referentes à Equoterapia, aos
procedimentos a serem realizados e aos aspectos éticos. Tendo os portadores de LMT
aceitado a participar deste estudo, foi solicitados aos mesmo que assinassem os Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE B) e o Termo de Consentimento
Informado do Centro de Equoterapia Faculdade Estácio de Sá de Campo Grande
(APÊNDICE C).
Posterior a concordância dos portadores de LMT em participar, realizou-se a
avaliação inicial, com a aplicação de anamnese e do instrumento de QV (SF-36) (ANEXO
A), individualmente, na residência do participante. Logo após, agendou-se o início dos
atendimentos e os horários das sessões de Equoterapia.
Foram realizadas sessões semanais de Equoterapia com trinta minutos em média,
durante sete meses, perfazendo um total de 29 sessões. Cabe ressaltar que as sessões
iniciais foram de menos duração devido às condições físicas do paciente, a fim de evitar
fadiga muscular.
No primeiro e no último atendimento, os pacientes foram fotografados para
ilustração das sessões e demonstração das posturas iniciais e finais do indivíduo a cavalo
(APÊNDICE D).
Após a última sessão de Equoterapia, realizou-se a segunda avaliação seguindo-se o
mesmo roteiro da primeira, porém nesta, após a aplicação do SF-36, solicitou-se de cada
participante a redação de um depoimento sobre as possíveis alterações percebidas, tanto
em nível físico quanto psicológico, observadas durante e após a intervenção equoterápica.
O procedimento de campo (coleta de dados) e a intervenção foram realizados entre
março e novembro de 2005, período a que se seguiu a correção dos questionários e a
análise do material coletado.
102
4.5 ANÁLISE DOS DADOS
Os resultados obtidos através do SF-36 foram transferidos para planilhas no
Microsoft Office Excel 2003 para elaboração de gráficos contendo os domínios do SF-36
de cada participante, antes e depois da intervenção, para depois realizarem-se as análises
qualitativas.
4.6 ASPECTOS ÉTICOS
Para a viabilização deste estudo, foram seguidas todas as normas preconizadas pelo
Conselho Federal de Psicologia (CFP) por meio da Resolução CFP n. 016, de 20 de
dezembro de 2000, pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) para pesquisas junto a seres
humanos, pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), estabelecidas na
Resolução n. 196/1996 e pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional
(COFFITO) através da Resolução Coffito-10 de 3 de julho de 1978.
O projeto deste estudo foi encaminhado ao Comitê de Ética da Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul e obteve aprovação em reunião ordinária no dia 29 de
junho de 2004, encontrando-se de acordo com as resoluções normativas do Ministério da
Saúde (ANEXO B).
Explicações sobre objetivos, seleção dos participantes, sigilo, devolutiva da
pesquisa e desistência, bem como o esclarecimento de eventuais dúvidas, foram oferecidas
aos participantes do estudo, seguidas da assinatura do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido e do Termo de Consentimento Informado do Centro de Equoterapia da
Faculdade Estácio de Sá de Campo Grande em parceria com a Acrissul.
103
5 RESULTADOS
104
5.1 CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES
A Tabela 1 apresenta os dados referentes a identificação dos participantes
TABELA 1 - Dados sócio-demográficos e ocupacionais dos sujeitos da pesquisa
Participante Idade Sexo
Estado
civil
Profissão anterior
a lesão medular
Renda
(R$)
Nível
da lesão
Tempo de
lesão (anos)
P1 42 M Casado Policial Militar 2.300,00
T11 2
P2 28 M Solteiro Policial Militar 1.600,00
T4 7
P3 49 F Viúva Do Lar 1.100,00
T5 16
Legenda: Participante 1 (P1), Participante 2 (P2), Participante 3 (P3); Masculino (M), Feminino (F); Décima
Primeira Vértebra Torácica (T11), Quarta Vértebra Torácica (T4), Quinta Vértebra Torácica (T5).
Todos os participantes têm a renda mensal oriunda de aposentadoria por invalidez.
Todos os traumas foram decorrentes de ferimento por arma de fogo.
5.2 RESULTADOS OBTIDOS POR MEIO DO SF-36
Nesta sessão, serão demonstrados gráficamente os resultados obtido pelo
questionário SF-36 antes e depois da intervenção, acompanhados dos dados sócio-
demográficos e ocupacionais dos participantes e os depoimentos pós intervenção, redigidos
pelos participantes e transcritos na íntegra.
Particiante 1 (P1):
O participiante P1 é do sexo masculino, casado, com 42 anos de idade, e profissão
anterior a LMT de Polícial Militar, sua lesão ocorreu há dois anos e é localizada na décima
primeira vértebra torácica (T11), na qual existe a preservação dos músculos dos membros
superiores, dos extensores superiores do dorso, e parcial dos abdominais superiores;
atualmente possui uma renda mensal familiar de R$ 2.300,00. O ferimento por arma de
fogo que resultou na LMT deste participante ocorreu em uma troca de tiros durante o
trabalho. Nesta, um irmão também policial militar veio a falecer.
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CF AF Dor AE SM EGS Vit. AS
Antes Depois
As fotos do participante P1 não constam nos apêndices, devido ao furto do
computador onde as mesmas estavam arquivadas.
GRÁFICO 1 - Comparação de scores para os domínios do SF-36, antes e depois da intervenção
Participante 1.
Legenda: Capacidade Funcional (CF), Aspectos Físicos (AF), Aspectos Emocionais (AE), Saúde Mental
(SM), Estado Geral da Saúde (EGS), Vitalidade (Vit.), Aspectos Sociais (AS).
O P1 teve melhora na sua Capacidade Funcional de 50% para 55%; os Aspectos
Físicos, a Dor e os Aspectos Emocionais mantiveram seus resultados; a Saúde Mental
melhorou de 60% para 80%; o Estado Geral de Saúde de 67% para 85%; a Vitalidade
melhorou de 70% para 80%; e os Aspectos Sociais aumentaram de 50% para 87,5%.
Depoimento do P1 após 29 sessões:
Quando comecei a Equoterapia senti-me um pouco tenso, com um certo
medo de cair, mas isso só nas duas primeiras sessões, meu equilíbrio não
era muito, hoje me sinto muito bem com a Equoterapia. Nos dias que são
realizadas as sessões durmo bem melhor, o intestino funciona também de
uma maneira mais fácil, o equilíbrio hoje é bem melhor que antes,
percebo também que as articulações dos quadris realizam movimentos
parecidos com o andar e isso tem deixado essas alterações bem mais
flexíveis.
Nas duas primeiras sessões eram necessários duas ou três
fisioterapeutas para me segurar e hoje eu ando sozinho no cavalo,
necessitando apenas de uma fisioterapeuta, isso conclui que o meu
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CF AF Dor AE SM EGS Vit. AS
Antes Depois
equilíbrio melhorou muito pelo fato da minha lesão ser T-11.
Participante 2 (P2):
O participante P2 também é do sexo masculino e tinha como profissão anterior ao
trauma Policial Militar, é solteiro e tem 28 anos de idade. A LMT ocorreu há sete anos e é
localizada na quarta vértebra torácica (T4) o que resulta na preservação motora e sensitiva
dos membros superiores e da musculatura paravertebral alta, porém com paraplegia e um
déficit total da musculatura abdominal e paravertebral baixa, atualmente possui uma renda
mensal familiar de R$ 1.600,00. Sua LMT foi decorrente de um tiro dado por seu pai
durante uma briga familiar.
As fotos iniciais e finais do participante P2 encontram-se ilustradas no apêndice D
deste estudo.
GRÁFICO 2 - Comparação de médias para os domínios do SF-36, antes e depois da intervenção
Participante 2.
Legenda: Capacidade Funcional (CF), Aspectos Físicos (AF), Aspectos Emocionais (AE), Saúde Mental
(SM), Estado Geral da Saúde (EGS), Vitalidade (VIT), Aspectos Sociais (AS).
Os domínios Capacidade Funcional e Aspectos Emocionais mantiveram seus
resultados; e os demais domínios, Aspectos Físicos e Sociais, Estado Geral de Saúde,
107
Saúde Mental, Dor e Vitalidade melhoraram 25%, 25%, 17,5%, 16%, e 5%
respectivamente.
Depoimento P2 após 29 sessões:
Eu fui convidado para participar de uma pesquisa de Equoterapia.
Respondi um questionário que tinha as seguintes perguntas. Dados
pessoais e qual o nível da lesão, e se eu já tinha feito algum tipo de
cirurgia por causa da lesão, e várias outras perguntas, depois que
respondi o questionário entreguei para a fisioterapeuta, após ela ler, ela
me disse que não sabia que resultado podia dar no final da pesquisa.
Quando chegou a hora de me colocar em cima do cavalo, foi preciso de
quatro alunos, dois para me colocar em cima do cavalo, depois, vamos
fazer a sessão ficava um aluno do lado direito para me apoiar e outro do
lado esquerdo e um pra puxar o cavalo e outro para ver a postura que eu
estava, e a fisioterapeuta ao lado para explicar aos alunos o nível da
lesão, tipo de espasmo. Quando eu estava fazendo a sessão, ela me
perguntou se eu estava com medo disse que não, estava bem tranqüilo
que bom assim ficava mais fácil para fazer a pesquisa, só que eu não
agüentei fazer só cinco minutos de sessão, porque minha pressão
abaixou e os meus braços doía muito, isto aconteceu até a quinta sessão,
depois já foi melhorando que eu ficava por dez minutos, mas os meus
braços ainda doíam.
Eu tive que interromper por causa que eu tive uma hemorragia urinária
e muita febre fiquei sem me alimentar, fiquei afastado por pouco mais de
um mês.
Quando voltei achei que não conseguia fazer as sessões, porque eu
estava muito fraco, mas consegui.
Era uma vez por semana e quando o sol estava muito forte nós notamos
que eu ficava muito tonto, aí ela passou me para fazer na parte da
manhã porque o sol não estava forte, fazendo na parte da manhã deu
certo consegui fazer meia hora, 30 minutos, quando eu achei que já
estava bem, fiquei novamente com infecção urinaria, que fiquei afastado
durante 20 dias. Voltando para a pesquisa, ai eu vi que estava bem, notei
que meus órgãos internos estavam bom, por causa do estimulo que eu
recebi dos passos do cavalo.
Fazendo estas sessão vi que os meus rins e minha bichiga começou a
liberar as secreção e nas horas que eu fazia força também sai muita
secreção.
Com as sessão foram diminuindo a secreção, ainda na parte da manha
sai um pouco de secreção. Com as sessão foram tudo melhorando, o meu
equilíbrio, postura, já fico só com uma mão para me segurar já estou
conseguindo soltar as duas mãos, tudo isto foi o resultado da pesquisa,
eu acredito que nas próximas sessão e oportunidade de fazer
Equoterapia eu tenho a certeza eu vou conseguir segurar a redia do
cavalo sem ninguém puxar.
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Participante 3 (P3):
A P3 tem 49 anos, foi a única participante do sexo feminino, tem como estado civil
a condição de viúva. Sua profissão não foi alterada com a LMT, pois a mesma era Do Lar e
permanece exercendo suas funções, recebe uma aposentadoria mensal deixada pelo marido
de R$1.100,00. A lesão desta participante ocorreu há dezesseis anos e está localizada na
quinta vértebra torácica (T5), preservados os membros superiores e a musculatura
paravertebral alta, porém com paraplegia e um déficit total da musculatura abdominal e
paravertebral baixa.
O FAF que resultou na LMT desta participante ocorreu em sua residência quando a
mesma levou um tiro do marido que logo após te-la ferido suicidou.
As fotos tiradas nos atendimentos iniciais e finais da participante P3 encontram-se
ilustradas no apêndice D deste estudo.
GRÁFICO 3 - Comparação de scores para os domínios do SF-36, antes e depois da intervenção
Participante 3.
Legenda: Capacidade Funcional (CF), Aspectos Físicos (AF), Aspectos Emocionais (AE), Saúde Mental
(SM), Estado Geral da Saúde (EGS), Vitalidade (VIT), Aspectos Sociais (AS).
O P3 manteve seus resultados dos Aspectos Físicos, Emocionais e Sociais, da
Saúde Mental e da Vitalidade. Domínio Capacidade Funcional obteve uma melhora de
60%. A sensação da Dor foi minimizada em 29%, e o Estado Geral de Saúde teve uma
melhora de 8% (FIGURA 17).
109
Depoimento P3 após 29 sessões:
Eu senti uma transformação maravilhosa em mim. Os meus músculos
ficaram relaxados, o meu organismo, sentiu uma mudança radical, a
começar pelo meu intestino que funcionava de 15 em 15 dias ainda com
a ajuda de laxante agora eu vou ao banheiro normal com menos
dificuldade e sem laxante.
O meu equilíbrio também melhorou muito, 100%.
Os meus afazeres domésticos ficaram mais fácil. Até mesmo o meu banho
ficou mais saudável, pois consigo me movimentar melhor.
As minhas transferências da cadeira para cama e vice-versa, ficaram
tudo mais leve. Eu estou completamente encantada comigo.
Pois a Equoterapia me transformou. Logo eu que achava que eu estava
bem, agora então maravilhosa. Eu não sentava em cadeiras comuns.
Agora sento. As pessoas ficaram admiradas com a mudança, a postura,
enfim tudo e cada dia melhor. A minha vida está transformada a cada
instante com a Equoterapia estou adorando pena que vou tirar umas
férias, mas volto logo. Pois não conseguirei viver sem a Equoterapia,
pois é um sucesso. Me sinto bem, conheci uma nova etapa da minha vida,
estou muito feliz.
110
6 DISCUSSÃO
111
Nesta sessão, serão discutidos os dados sócio-demográficos e ocupacionais dos
participantes, utilizando-se referências da literatura para discutí-los embora este seja
caracterizado como um estudo de caso.
Este estudo foi composto por dois participantes do sexo masculino e um do
feminino, portadores de Lesão Medular localizada na coluna torácica e decorrente do
ferimento por arma de fogo. Segundo Paz et al. (1992), Hu, Mustard e Burns (1996),
Cunha, Menezes e Guimarães (2000) e Vialle et al. (2002) diferentes estudos constatam
maior incidência dessa lesão em homens, adultos jovens, em idade produtiva, e com
localização na coluna torácica e lombar. Esses dados corroboram o estudo de Haran et al.
(2005) que objetivou descrever o estado de saúde dos australianos portadores de LM e do
qual participaram 305 portadores de LM, e teve como procedimento a aplicação do
inventário de QV SF-36. Ainda nesse estudo, constatou-se que, da população estudada,
83% eram homens e apenas 17%, mulheres.
Os participantes estudados nesta investigação sofreram trauma em idade produtiva,
ou seja, em idade na qual ainda poderiam trabalhar ou constituir família. Segundo Manhães
(2004), a faixa etária entre vinte e dois e quarenta e quatro anos indica população jovem,
porém, dentro de uma faixa etária na qual a cultura exige uma estabilidade maior em
relação aos aspectos profissionais, sociais, familiares ou afetivos. Paz et al. (1992), Hu,
Mustard e Burns (1996), Cunha, Menezes e Guimarães (2000) e Vialle et al. (2002) Haran
et al. (2005) corroboram os dados obtidos neste estudo em relação a idade dos
participantes no momento do trauma. Uma outra importante consideração sobre a idade do
indivíduo no momento do trauma é feita por Westgren e Levi (1998) ao afirmarem que a
idade do indivíduo no momento do trauma faz a diferença na avaliação da QV.
Já Camels et al. (2002) realizaram um estudo com o intuito de identificar os fatores
objetivos que interferem na QV dos portadores de LMT. Em sua amostra havia 50 homens
e oito mulheres. Nesse estudo o resultado encontrado foi que a idade está diretamente
relacionada à QV, ou seja, quanto maior a idade melhor a QV.
Quanto ao estado civil dos participantes desta pesquisa, não se pode estabelecer
relação causal com a literatura por se tratar de um estudo de caso com uma amostra de três
participantes, sendo eles, um solteiro, um casado e uma viúva. Putzke, Elliott e Richards
(2001) relatam que nas LMT por arma de fogo, o estado civil das pessoas com LM era
112
62% solteiros, 18% casados e 13% divorciados e 7% outros; já Post et al. (1998) afirmam
que o estado civil (ser casado) foi considerado um preditor da QV. No entanto, pode-se
observar, neste estudo, que não existe consenso de que o estado civil (casado), idade (mais
elevada) no momento do trauma, idade do participante durante a pesquisa (maior tempo
pós trauma) são preditores de QV. Não foram encontrados na literatura relatos que
estabeleçam comparação entre nível de lesão (mais baixo) e sexo (feminino) como
preditores de QV.
Os participantes deste estudo possuem uma renda média de R$ 1.666,00, e o P1
possui a melhor renda. Dentre eles, P1e P2 tinham como profissão anterior ao trauma a de
Policial Militar e recebem aposentadoria por invalidez, e P3 tem seu rendimento
proveniente da pensão deixada pelo marido e continua as suas atividades do lar.
Wilheim e Deak (1970 apud CARDOZO, 1999) apontam em relação ao conceito
geral de QV que, dentre as condições objetivas que a definem, estão a renda, o emprego, os
objetos possuídos, a qualidade de habitação (índices que podem justificar os aspectos bons
da avaliação deste estudo).
Relacionando a QV com a profissão, não foram encontrados estudos que referem a
profissão do participante anterior ao trauma. No entanto os participantes P1 e P2 eram
Policiais Militares antes do trauma e hoje são aposentados por invalidez não exercendo
profissão alguma, tendo por sua vez toda sua vida profissional alterada, o que pode estar
relacionado a menor QV quando comparada a QV da participante P3 que não alterou sua
profissão, pois ela continua realizando todas as atividades desempenhadas em casa antes
do trauma, o que provavelmente pode interferir no fato de esta apresentar bons índices de
QV.
Cunha, Menezes e Guimarães (2000) realizaram uma pesquisa a fim de verificar
dados epidemiológicos de portadores de LM. Assim fizeram um levantamento no Hospital
Maria Amélia Lins, durante todo o ano de 1997, e concluíram que, em relação às
profissões anteriores ao trauma, não existe uma diferença proporcional estatisticamente
significante.
No entanto, Souza e Minayo (2005) referem sobre o alto risco da profissão de
Policial Militar, tanto no momento de serviço quanto no de folga. Existe também uma
113
grande probabilidade de ocorrência de lesões, trauma e mortes. Entre os Policias Militares
a etiologia mais freqüente destes ferimentos são resultantes de FAF.
May e Warren (2001) relatam que indicadores objetivos como função física,
situações socioeconômicas e variáveis sócio-demográficas têm sido estudados na
população de portadores de LM. Ribeiro, Y. (2005) complementa que, dentre esses, os
mais estudados são: idade, gênero, tempo de lesão, idade em que sofreu a lesão, nível e/ou
grau da lesão, escolaridade, emprego/ocupação, estado civil, renda, presença de
intercorrências clínicas e meio de locomoção.
Todos os participantes deste estudo possuem LMT cuja etiologia é ferimento de
arma de fogo. Putzke, Elliott e Richards (2001) relatam que, estudando 1.901 portadores de
LM, dos quais 111 haviam sofrido trauma cuja etiologia foi ferimento por arma de fogo, o
objetivo foi determinar, por meio da percepção do sujeito, o quanto a dor interfere nas
AVDs dos portadores de LM oriundos de FAF, avaliando a satisfação de vida pela Escala
de Satisfação de Vida, a QV pelo Medical Outcomes Study Short Form (SF-12) e item
isolado de dor do SF-12. Nessa população, os FAFs ocorreram em 85% dos sujeitos,
predominantemente no sexo masculino; os autores complementam referindo que as LMT
por arma de fogo vem se tornando cada vez mais comuns e colocam o FAF como a terceira
causa das LMT.
Quanto ao nível da lesão, o participante P1 possui lesão na vértebra T11 onde há
preservação dos músculos extensores superiores do dorso e parcial dos abdominais
superiores. Já o participante P2 possui lesão na vértebra T4 o que supõe a preservação dos
membros superiores, porém o equilíbrio de tronco é muito precário. E o participante P3
possui lesão T5 o que resulta na preservação da musculatura dos membros superiores e
paravertebral alta, porém com déficit total da musculatura paravertebral baixa, abdominal e
membros inferiores. Esses relatos sobre as preservações musculares seguem as afirmações
de Greve e Castro (2001).
O quadro dos participantes deste estudo é Lesão Medular completa resultantes em
paraplegia, o que corroboram os dados de Putzke, Elliott e Richards (2001) com 111
pessoas portadoras de LMT, realizado no National Spinal Cord Injury Satatistical Center
(USA) no qual relatam que as LMT por arma de fogo, que ocupam 55% dos casos de
LMT, são lesões completas e resultam em paraplegia. Citadini et al. (2003) concordam
114
com a citação do autor apontando que as lesões medulares decorrentes de FAF geralmente
são lesões completas.
Westgren e Levi (1998) referem não terem encontrado diferença na QV dos
portadores de LMT ao compararem subgrupos de acordo com o nível e tipo da lesão, sendo
esta paraplegia completa ou incompleta e tetraplegia completa ou incompleta.
Quanto à variável tempo de lesão Westgren e Levi (1998) encontraram valores
significativos mais baixos nos Aspectos Físicos, nos Emocionais e nos Sociais em sujeitos
com tempo de lesão inferior a quatro anos e nos sujeitos que tinham entre 18 e 44 anos pós
trauma, valores próximos da pontuação máxima nos domínios de Aspectos Físicos, Dor,
Estado Geral de Saúde, Vitalidade e Saúde Mental. Neste estudo P1 tinha 2 anos pós
trauma e apresentou como resultado dos domínios Aspectos Físicos, Emocionais e
Sociais100%, 100% e 87,5% respectivamente não corroborando os resultados quando
comparados ao grupo de sujeitos com tempo inferior a quatro anos pós trauma. O P2 tinha
7 anos pós trauma, não sendo possível a comparação dos dados deste participante com os
dados de Westgren e Levi (1998) devido a divisão adotada por eles, dos sujeitos em
relação ao tempo pós trauma. E P3 tinha 16 anos pós trauma, por ter pouco tempo de
diferença para o segundo grupo do estudo e ter apresentado resultados que corroboram os
achados desses autores, percebe-se a necessidade de discutí-los. P3 apresentou como
resultado dos Aspectos Físicos, 100%; Dor, 90%; Estado Geral de Saúde, 100%;
Vitalidade, 100% e Saúde Mental, 100%. Assim concluiu-se que a QV é melhor nos
grupos com mais tempo de trauma.
Segundo Schwartzmann (2003), dentre os aspectos da subjetividade da QVRS,
estão a percepção da patologia, a capacidade do indivíduo em adaptar-se à enfermidade,
suas fases e conseqüências, aspectos esses que podem determinar o momento para início da
intervenção psicossocial com objetivo de melhorar o bem estar do paciente.
A seguir serão discutidos os domínios da QV avaliados através do SF-36, após a
intervenção Equoterápica. Primeiro serão feitas às discussões sobre os domínios do
componente físico e logo após dos domínios do componente mental. Os domínios do
componente físico serão discutidos na seguinte ordem: Capacidade Funcional, Aspectos
Físicos, Dor e Estado Geral de Saúde, já a ordem dos domínios do componente mental
será: Saúde Mental, Aspectos Emocionais, Aspectos Sociais e Vitalidade.
115
Cabe ressaltar que se trata de um estudo exploratório sem que se soubesse de
antemão as repercussões da Equoterapia na QV de pessoas portadoras de LM, pois
inexiste, na literatura nacional e internacional, estudos realizados com controles e
metodologia similares, que permitam comparações.
Quanto ao domínio Capacidade Funcional, o participante P2 não apresentou
variação o que pode ser explicado pelo fato de a lesão deste ser mais alta, o que
conseqüentemente leva a maior grau de comprometimento físico. O P1 apresentou 5% e o
P3 60%, o que supõe uma relação com a idade no momento do trauma, quando ambos
tinham idade superior a 30 anos. O P1 tinha 40 anos no momento do trauma, e o paciente
P3, 33 anos, o que pode ser um dos fatores que tenham influído nos resultados obtidos no
domínio Capacidade Funcional.
Este domínio é definido por Martinez et al. (1999), Duarte et al. (2003), Ware et al.
(1994) e Castro et al. (2003) como a avaliação da presença e extensão de limitações
relacionadas à capacidade física no desempenho das AVDs, com três níveis de respostas
(muita, pouca ou sem limitação).
O grau e o número de dificuldades a serem enfrentadas são muito diversificados
entre uma pessoa e outra, o que pode ser explicado considerando-se tanto as características
relacionadas ao nível de lesão, tipo e forma física de cada indivíduo, ao meio de
locomoção disponível, à maior ou menor dependência de outras pessoas para exercerem
AVDs, a graus de comprometimentos fisiológicos e sexuais, idade em que a lesão foi
adquirida, relações sociais e familiares (o impacto da lesão no contexto familiar), à
repercussão da lesão em suas atividades ocupacionais ou profissionais, como também a
seus valores, motivações e concepções de vida e realidade psicossocial que se encontram
implícitas, mas determinam suas ações de forma geral (MANHÃES, 2004). Winnick
(1984) não concordam com Manhães (2004) no critério nível da lesão, pois afirma que, em
vários estudos desenvolvidos, os dados sugerem que esse critério tem menor influência no
desempenho físico dos indivíduos.
Segundo Greve e Castro (2001), uma pessoa, nesse sentido, pode restabelecer
parcialmente, de acordo com nível e grau de lesão, a sua capacidade física.
Kofsky (1983 apud DE BIASE, 2005), por sua vez, relata que a maior influência é
116
a qualidade e a quantidade (ou freqüência) da atividade física. Young (2003 apud DE
BIASE, 2005) afirma que os exercícios e o uso dos músculos paralisados podem recuperar
as funções mesmo anos ou décadas após a lesão, que a não movimentação leva à perda das
funções e que as terapias intensivas podem recuperar as funções, inclusive após anos ou
décadas sem movimentação.
Andresen et al. (1999) relatam, que o nível da lesão interfere na função física e,
ainda, que o nível tem uma forte correlação com a QV.
Neste estudo, pode-se observar a melhora relatada pelos participantes dos
problemas de bexiga e intestino (incontinência e constipação) e sua relação com a
atividade física. O P1 relata em seu depoimento que “nos dias que são realizadas as
sessões durmo melhor, o intestino funciona também de uma maneira mais fácil” (SIC). Já
P2 relatou que “fazendo estas sessões percebi que meus rins e minha bichiga começou a
liberar as secreção e nas horas em que eu fazia força também sai muita secreção” (SIC).
E P3 afirmou que “meu organismo sentiu uma mudança radical, a começar pelo meu
intestino que funcionava de 15 em 15 dias ainda com a ajuda de laxante agora eu vou ao
banheiro normal com menos dificuldade e sem laxante” (SIC).
Westgren e Levi (1998) ainda completam apontando que complicações médicas
como bexiga neurogênica e problemas de intestino eram associados com mais baixas
pontuações da QV. Stiens, Bergman e Goetz (1997) relatam que as deficiências de
intestino e bexiga (constipação, incontinência) estão relacionadas a mais de um terço dos
problemas estudados e que estes estão classificados, segundo os participantes desse estudo,
como problema moderado a severo. Greenberg, Aminoff e Simon (1996) complementam
essas informações ao relatar que ocorre a recuperação de alguma função reflexa do
intestino e bexiga.
Gasperin e Almeida (2004) realizaram um estudo no centro de Equoterapia de
Porto Alegre CEPA, no período de abril a agosto de 2004, no qual 15 sujeitos foram
entrevistados e, destes, oito foram selecionados. O objetivo desse estudo era verificar a
possível influência da Equoterapia na constipação intestinal. As autoras concluíram que
100% dos sujeitos que participaram apresentaram melhora nesse critério e enfatizaram que
os sujeitos que mais apresentaram resultados positivos foram praticantes com problemas
motores, os quais realizavam Equoterapia duas vezes na semana.
117
Como se pode observar a partir dos estudos descritos, não há consenso quanto à
melhora da Capacidade Funcional de indivíduos portadores de LME.
No domínio Aspectos Físicos, P1 e P3 não apresentaram variações, mas
anteriormente já haviam apresentado valores máximos nas avaliações da QV. Já o P2
apresentou 25% de melhora.
Esse domínio é definido por Martinez et al. (1999), Duarte et al. (2003), Ware et al.
(1994) e Castro et al. (2003) como aquele no que se pode avaliar as limitações quanto a
tipo e quantidade de trabalho, bem como do quanto essas limitações dificultam a realização
do trabalho e das AVDs e/ou profissionais.
Embora os resultados de P3 não tenham variado em relação aos Aspectos Físicos,
pode-se observar uma provável melhora na percepção de QV quando, em seu relato, cita
que seus afazeres domésticos, suas tarefas rotineiras, bem como sentar-se em uma cadeira
convencional, ficaram mais fáceis.
No presente estudo a intervenção da Equoterapia demonstrou que seus resultados
também eram melhores quando os atendimentos eram realizados no período matutino, o
que pode ser constatado na fala do participante P2 ao dizer que:
“Quando voltei achei que não conseguia fazer as sessões, porque eu
estava muito fraco, mas consegui.
Era uma vez por semana e quando o sol estava muito forte nós notamos
que eu ficava muito tonto, aí ela passou me para fazer na parte da
manhã porque o sol não estava forte, fazendo na parte da manhã deu
certo consegui fazer meia hora, 30 minutos, quando eu achei que já
estava bem...”(SIC).
Um dos fatores que pode justificar essa situação é o fato de o sol estar mais ameno.
Foi observada ainda uma melhora na realização das AVDs do participante, devida à
melhora na espasticidade e, conseqüentemente, uma menor dependência funcional.
Pacchiele et al. (2003) realizaram um estudo de caso com um indivíduo do sexo
masculino portador de LMT de 43 anos, cujo trauma foi originado por acidente
automobilístico aos 12 anos de idade. Esse paciente não realizava qualquer programa de
reabilitação há 29 anos e, quando iniciou suas atividades equoterápicas, relatou que seu
rendimento era mais satisfatório quando suas atividades eram realizadas no período
118
matutino. Nesse estudo, os autores não apresentaram resultados sobre os demais domínios
da QV.
Salvador e Tarnhovi (2006) utilizando o SF-36, observaram que a QV de
indivíduos portadores de LMT praticantes de atividades físicas apresenta os melhores
resultados nos domínios Capacidade Funcional, Aspectos Físicos e Sociais do que a dos
portadores de LMT não praticantes de atividades físicas.
Em relação ao domínio Dor não se pode observar variação dos resultados iniciais e
finais no P1, porém, em P2 e no P3, verificou-se uma melhora respectivamente de 10 e
29%. Apenas P2 fez referência à melhora da dor, sugerindo que a Equoterapia pode
influenciar positivamente este domínio da QV, ao afirmar que “meus braços doía muito,
isso aconteceu até a quinta sessão” (SIC).
Para Martinez et al. (1999), Duarte et al. (2003), Ware et al. (1994) o domínio Dor
do The Medical Outcomes Study 36 Item Short Form Health Survey (SF-36) é utilizado
para avaliar a presença, o nível e o impacto dela no desempenho das AVDs.
A LMT originada por FAF, segundo Davidoff et al. (1987), resulta em maior
quantidade de Dor. Portanto causa um impacto diferente na QV das pessoas com LM,
comparadas aos pacientes hospitalizados na clínica médica em geral.
Não existe consenso na relação da Dor com a idade da pessoa com LM. Rintala et
al. (1998) relatam em pesquisa realizada com 77 homens portadores de LM, cujo objetivo
foi avaliar a prevalência e severidade da Dor e relacionar a Dor crônica com a idade dos
sujeitos, que a dor não é diretamente proporcional à idade do indivíduo. Já Curtis (1999),
encontrou uma relação diretamente proporcional entre a Dor e a idade.
Putzke, Elliott e Richards (2001) referem não terem encontrado diferenças
significativas entre estado civil, nível de escolaridade e nível da lesão, mas sim
relacionadas à intensidade da dor e à etiologia violenta da lesão com as medidas de bem-
estar subjetivo.
Rintala et al. (1998) afirmam ainda que, a maioria de indivíduos com LM apresenta
dor crônica, e esta dor pode ter um impacto negativo significativo na QV, o que Putzke,
Elliott e Richards (2001) afirmam que a Dor no portador de LMT por FAF interfere nas
119
AVDs. Segatore (1994) relata que a dor interfere na reabilitação, na realização das AVDs,
na QV e pode alterar significativamente o humor do sujeito levando-o a depressão e
suicídio.
Nesta investigação, o último componente físico avaliado foi o Estado Geral de
Saúde. Neste, o P3 apresentou apenas 8% de melhora, atingindo, no entanto, a pontuação
máxima, o que pode ser observado através de relato, no qual a participante afirma que
“sentiu uma transformação maravilhosa em si, além de separar sua vida em duas etapas,
antes e depois da Equoterapia” (SIC). Já P1 e P2 apresentaram resultados variando entre
18 e 17,5% respectivamente. No entanto, o P2 evidencia essa melhora em seu depoimento
ao relatar que, logo após seu retorno para a Equoterapia, “notei que meus órgãos internos
estavam bons” (SIC).
Segundo Martinez et al. (1999), Duarte et al. (2003), Ware et al. (1994) e Castro et
al. (2003), o Estado Geral de Saúde tem a finalidade de avaliar subjetivamente como o
paciente se sente em relação a sua saúde global.
Muitos estudos comparam a população geral com a população portadora de LM,
(TATE; KALPAKJIAN; FORCHHEIMER, 2002; WESTGREN; LEVI, 1998) e mostram
que pessoas casadas tendem a ter um melhor Estado Geral de Saúde. Westgren e Levi
(1998) ainda relatam que o tempo pós lesão está relacionado também ao Estado Geral de
Saúde, mas Andresen et al. (1999) e Tate, Kalpakjian e Forchheimer (2002) não
corroboram esses dados.
Stots (1999 apud LAMPERT, 1999) evidenciou os benefícios da atividade física
em indivíduos com LMT e observou melhora da força muscular e diminuição das reações
psicológicas negativas como a depressão, a inatividade mental e o isolamento social;
melhora da independência nas AVDs; facilitação para a integração social; diminuição de
complicações como infecção do trato urinário, escaras e hospitalizações; e melhora no bom
humor.
Em relação ao aspecto Saúde Mental, pode-se observar que apenas o P3 não
apresentou variação, tendo conseguido 100% na avaliação inicial. Relata, entretanto, que
“logo eu que estava bem, agora então maravilhosa (SIC), o que aponta uma possível
melhora. Já P1 e P2 apresentaram melhora nesse domínio, sendo 20 e 16%
120
respectivamente.
Uzun (2005) relata que a dinâmica motora e emocional que ocorre quando o
praticante está sobre o cavalo, resulta na restauração da imagem corporal, favorecendo o
equilíbrio corporal e psíquico. Esse sentimento desenvolvido pelo movimento gera no
praticante uma sensação de liberdade o que desperta a alegria de viver.
Haran et al. (2005) ao estudarem 305 portadores de LM cujo objetivo era descrever
o Estado Geral de Saúde de portadores de LM australianos, relatam não existir grande
variação na Saúde Mental dos portadores de LM comparados à população geral australiana
e que a adaptação também contribui para melhora da Saúde Mental. Relatam, ainda, que
pessoas portadoras de LM apresentam melhor Saúde Mental do que a população em geral
levando-se em conta momentos difíceis, tais como término de um relacionamento, abuso
de drogas e suicídios. Esse estudo ainda buscou a relação do nível da lesão com a Saúde
Mental, sem conseguir, no entanto, comprová-la.
Martín Suárez et al. (2002) relatam que a melhora da situação física dos pacientes é
acompanhada paralelamente de uma clara melhora de sua situação de Saúde Mental, com
um decréscimo do número de pacientes com transtornos mentais mais severos. Os
pacientes em estados mais avançados de patologias crônicas e com maior carga de
ansiedade no início do estudo que se percebeu maiores benefícios.
A maior variação nos domínios Capacidade Funcional, Estado Geral de Saúde,
Vitalidade, Aspectos Sociais e Saúde Mental apresentada pelo P1 pode ser explicada pelo
fato deste ter o maior tempo de lesão, comparado aos demais sujeitos.
Quanto ao domínio Aspectos Emocionais, nenhum dos participantes apresentou
variação pós intervenção. No entanto, na avaliação inicial, P1 e P3 já apresentavam a
pontuação máxima.
Martinez et al. (1999), Duarte et al. (2003), Ware et al. (1994) e Castro et al.
(2003) em relação ao o instrumento SF-36 “Medical Outcomes Study 36 Item Short-
Form Health Survey”, referem que o domínio Aspectos Emocionais mede o impacto de
aspectos psicológicos no bem-estar do paciente, ou seja, é o reflexo da limitação nas
condições emocionais no desempenho das AVDs e/ou profissionais.
121
Manns e Chad (1999), objetivando determinar a relação entre Qualidade de Vida,
desvantagens, adaptabilidade e atividade física para pessoas portadoras de Lesão Medular,
não relacionaram a qualidade subjetiva de vida com a atividade física ou aptidão em
qualquer grupo.
Westgren e Levi (1998) relatam que o estado civil está diretamente relacionado aos
Aspectos Emocionais. Assim, pessoas solteiras têm significativamente menores índices
quanto ao domínio Aspectos Emocionais da QV. Em relação ao tempo de lesão, pessoas
com menor tempo pós-lesão apresentam pontuações significativamente inferiores no
domínio Aspectos Emocionais.
Neste estudo, P1 tem dois anos de lesão o que supõe uma baixa pontuação em
Aspectos Emocionais, mas a sua pontuação é alta devida talvez ao seu estado civil
(casado). O P2 apresenta um período de sete anos pós-lesão, período este ainda não
estabelecido em estudos, é solteiro, o que prevê uma menor pontuação nos Aspectos
Emocionais. Já P3 apresenta um longo período pós lesão e um adequado estado emocional,
embora viúva. Assim, pode-se observar que, neste estudo, não foi verificado uma relação
entre estado civil e tempo de lesão com o domínio Aspectos Emocionais.
A Equoterapia possibilita a interação do praticante com o cavalo, incluindo
cuidados preliminares, primeiros contatos de aproximação, utilização dos princípios da arte
eqüestre, e estimula novas formas de socialização, auto-confiança, auto-estima e auto-
imagem (BALTIERI, 2006). A partir do exposto, é possível se sugerir que a Equoterapia
pode, a médio e longo prazo, vir a repercutir também no domínio Aspectos Emocionais.
O domínio Aspectos Sociais também está inserido no Componente Mental da QV, e
apresentou como resultado pós intervenção uma melhora de 37,5% no P1, 25% P2, com
pontuação máxima. Já P3 não apresentou variação, mas obteve score máximo na avaliação
inicial do SF-36.
Segundo Martinez et al. (1999), Duarte et al. (2003), Ware, Gandek e IQOLA
Project Group (1994) e Castro et al. (2003), em relação ao instrumento The Medical
Outcomes Study 36 Item Short Form Health Survey (SF-36), referem que o domínio
Aspectos Sociais definem diferentes níveis de atividade social, analisam a integração do
indivíduo em atividades sociais e o reflexo da condição de saúde física nas atividades
122
sociais e, por isso, alcançam um maior nível de precisão.
Sousa e Carvalho (2003) relatam que a participação da família na reabilitação é de
fundamental importância, pois os dados apontam que a colaboração, a presença e a
disponibilidade dos familiares favorecem o resultado final do tratamento proporcionado
por equipe de profissionais de saúde. McColl et al. (1999) estudando 606 portadores de
LM canadenses que sofreram LMT entre 1945 e 1990 que o participante ser casado, é um
dos melhores preditores para uma boa Qualidade de Vida, não confirmando os resultados
obtidos neste estudo, no qual o único participante casado da população foi o que
apresentou menor pontuação quanto aos Aspectos Sociais. Cabe ressaltar, no entanto, que
este possui o menor tempo de lesão.
Na revisão da literatura realizada para este estudo, não foram encontradas
referências quanto ao domínio Aspectos Sociais da QV de pacientes com Lesão Medular
submetidos à Equoterapia, porém o estudo de caso realizado por Medeiros e Dias (2002)
aponta que o seu sujeito estudado, uma criança portadora de distúrbio de hiperatividade,
obteve benefícios a partir da motivação, de conquistas, redução do medo e insegurança,
resultando em uma melhora da auto-estima e do autocontrole e, conseqüentemente,
interferindo de forma positiva na integração social. O estudo citado aponta que a
Equoterapia influencia a integração social e, a partir deste estudo, ora desenvolvido, pode-
se supor que pacientes com LM também obtenham ganhos em suas relações sociais. Isso
pode ser evidenciado na seguinte afirmação do P1 “Quando comecei a Equoterapia senti-
me um pouco tenso, com um certo medo de cair, mas só nas duas primeiras sessões”
(SIC).
Outro domínio avaliado foi a Vitalidade, que apresentou uma melhora de 5 e 10%
em P2 e P3 respectivamente. O P1 não apresentou variação, mas havia apresentado
pontuação máxima neste domínio na avaliação inicial da pesquisa.
O P2, embora tenha apresentado como resultado final o menor valor em Vitalidade
dentre os três participantes estudados, seu relato aponta para a perspectiva de melhora, ao
referir que, “nas próximas sessões de Equoterapia, alcançaria seus objetivos” (SIC).
Segundo Martinez et al. (1999), Duarte et al. (2003), Ware, Gandek e IQOLA
Project Group (1994) e Castro et al. (2003), em relação ao instrumento The Medical
123
Outcomes Study 36 Item Short Form Health Survey (SF-36), referem que o domínio
Vitalidade avaliam o nível de energia e de fadiga.
A esse respeito Lermontov (2004) refere que na Equoterapia, a Vitalidade
normalmente é aumentada pelo relaxamento que acontece em decorrência da fadiga
muscular oriunda da sessão. Mas, nesse caso, um pequeno intervalo restabelece o corpo
físico e permanecem os benefícios quanto à vitalidade.
De forma geral, pode-se dizer que os participantes, após a introdução da
Equoterapia, obtiveram maiores índices nos domínios do componente mental, pois todos os
domínios desse componente apresentaram variação, à exceção do domínio Aspectos
Emocionais para P2. Nos domínios do componente físico, o P1 manteve o resultado pós
intervenção no domínio Dor (51%), e P2, em Capacidade Funcional (45%). Nos demais
domínios obteve-se melhora para todos os participantes.
Pode-se observar neste estudo uma melhora na QV dos pacientes submetidos a
Equoterapia corroborando Brito (2000) ao relatar que este recurso terapêutico influencia
positivamente a QV, os apectos físicos, psíquicos, morais e espirituais tanto dos pacientes
atendidos quanto de seus familiares.
124
7 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS
125
Os pacientes envolvidos neste estudo sofreram o trauma que resultou em LMT em
idade produtiva, entre vinte e dois e quarenta e quatro anos de idade, os indivíduos ainda
poderiam trabalhar e constituir família. Todas as lesões foram decorrentes de Ferimento
por arma de fogo (FAF). Este tipo de trauma é responsável por uma das maiores
porcentagens das LMT ocorridas na população mundial.
Quanto ao estado civil, não se pode estabelecer relação dessa variável com os
participantes deste estudo. No entanto pode-se observar que na literatura não existe
consenso sobre estado civil, idade no momento do trauma, tempo e nível da lesão e sexo
referentes ao impacto sobre a QV.
Relacionando a QV com a profissão, não foram encontrados estudos que referem a
profissão do participante, anterior ao trauma. Vale ressaltar que a P3 continua realizando
todas as atividades desempenhadas em casa antes do trauma, o que provavelmente, dentre
outros fatores, justifica sua boa avaliação de QV.
As avaliações de QV obtidas através do SF-36 mostraram que P1 apresentou
melhora em dois domínios do componente físico (Capacidade Funcional e Estado Geral de
Saúde) e três do mental (Aspectos Sociais, Saúde Mental e Vitalidade) resultando em 5 dos
8 domínios da QV. Dentre eles, o que apresentou maior índice de melhora foi Aspectos
Sociais (AS) seguido por Saúde mental (SM), Estado Geral de Saúde (EGS) e, com menor
variação, Vitalidade (VIT) e Capacidade Funcional (CF).
O P2 melhorou sua pontuação em 6 dos 8 domínios da QV, sendo três domínios do
componente físico (Aspectos Físicos, Dor e Estado Gereal de Saúde) e três do mental
(Aspectos Sociais, Saúde Mental e Vitalidade). Os domínios Aspectos Sociais (AS) e
Aspectos Físicos (AF) apresentaram os melhores resultados, ou seja, maior índice de
melhora, seguidos por Estado Geral de Saúde (EGS), Saúde Mental (SM), Dor e Vitalidade
(VIT).
O P3 apresentou variação em apenas três domínios do componente físico da QV,
são eles: Capacidade Funcional, Dor e Estado Geral de Saúde. Cabe ressaltar que P3 já
havia obtido pontuação máxima nos outros 5 domínios da QV, sendo que o maior índice de
melhora foi em Capacidade Funcional, seguida por Dor e Estado Geral da Saúde. Neste
último obteve uma pequena variação, atingindo a pontuação máxima.
126
Ao comparar todos os resultados da avaliação de QV pós intervenção, conclui-se
que P1 apresentou os melhores resultados na QV no domínio Aspectos Sociais (AS); P2
apresentou maior número de domínios que melhoraram, com o maior índice de melhora
nos Aspectos Físicos (AF), porém foi o único que não apresentou melhora na Capacidade
Funcional (CF); e P3 apresentou maior índice da variação nos domínios Capacidade
Funcional e Dor.
Os participantes deste estudo apresentaram melhora em diferentes domínios e
proporções, porém todos obtiveram resultados positivos após os atendimentos em
Equoterapia. As diferenças encontradas quanto à melhora desses particpantes podem ser
explicadas pelas diferentes características dos mesmos participantes, tais como: fatores
objetivos e subjetivos da QV, da história de vida e aspectos sócio-demográficos.
O domínio Estado Geral de Saúde foi o único que apresentou índice de melhora
para todos os participantes dessa amostra após os atendimentos, evidenciando que a
Equoterapia melhora a percepção de saúde global dos participantes portadores de LMT.
Este estudo apresenta evidências de uma possível relação entre o tempo de lesão e
os domínios Capacidade Funcional (CF), Estado Geral de Saúde (EGS), Vitalidade (VIT),
Aspectos Sociais (AS) e Saúde Mental (SM) da QV. Revela também que a Equoterapia
pode favorece a melhora da QV de portadores de LM tanto nos domínios do Componente
Físico, quanto do Mental, uma vez que não foi constatado o predomínio de um deles.
Pode-se, portanto, dizer que os participantes investigados neste estudo
apresentaram, após a Equoterapia, uma melhor QV, independente do sexo, idade, nível de
lesão e tempo de pós trauma.
A partir do exposto, pode-se afirmar que existem evidências de que a Equoterapia é
um recurso terapêutico que melhora a QV de pessoas portadoras de LM.
Os resultados desta pesquisa não permitem buscar generalizações, porém apontam
para a necessidade de estudos sistematizados sobre os efeitos físicos e mentais da
Equoterapia e da viabilidade da utilização de instrumentos válidos e precisos para a
obtenção de dados fidedignos relativos aos resultados desse recurso terapêutico.
127
Este estudo com portadores de LMT e Equoterapia visando à melhora da QV
sugere que, em um trabalho a longo prazo, podem ser maximizadas as potencialidades
residuais existentes nesses pacientes.
Embasados na referência de literatura, verificou-se a necessidade de um estudo
sobre a possível influência do Coping e do suporte social nos indivíduos portadores de
LMT, tanto na fase aguda quanto na reabilitação. Portanto, sugere-se um estudo
aprofundado sobre estes, suas interferências e fatores que os influenciam para atingir uma
melhor QV nestes indivíduos.
128
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149
APÊNDICES
150
Apêndice A
Ficha de Anamnese
Nome:............................................................................................................................................
Sexo: [ ] masculino [ ] feminino
Idade: .............................................................. Data de nascimento:.........../........../....................
Telefone: .......................................................................................................................................
Endereço:........................................................................................................................................
......................................................................................................................................................
Profissão anterior: ...........................................................................................................................
Profissão atual:................................................................................................................................
Patologias concomitantes:................................................................................................................
......................................................................................................................................................
Queixa principal:.............................................................................................................................
......................................................................................................................................................
História da moléstia atual:................................................................................................................
......................................................................................................................................................
......................................................................................................................................................
História da moléstia pregressa:.........................................................................................................
......................................................................................................................................................
......................................................................................................................................................
Diagnóstico clínico:.........................................................................................................................
......................................................................................................................................................
Diagnóstico fisioterápico:................................................................................................................
......................................................................................................................................................
Sinais vitais:
PA: ............... X ............... mmHg
T: ............... C
FC: ............... bpm
FR: ............... rpm
Exames complementares:.................................................................................................................
......................................................................................................................................................
......................................................................................................................................................
......................................................................................................................................................
......................................................................................................................................................
......................................................................................................................................................
151
Apêndice B
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
O presente trabalho trata-se de uma pesquisa com uma análise qualitativa, que avalia os benefícios
da Equoterapia em portadores de Lesão Medular.
Tem como objetivo verificar as possíveis melhoras em nível físico e psicológico de pacientes
portadores de Lesão Medular submetidos à Equoterapia, avaliando sua Qualidade de Vida.
A pesquisa consiste em aplicar o recurso Equoterápico em um grupo experimental e observação de
um grupo controle, para uma comparação através de avaliações psicológicas, fisioterápicas.
Este estudo chama-se: A INFLUÊNCIA DA EQUOTERAPIA NOS PORTADORES DE LESÃO
MEDULAR. Ele é conduzido pela Fisioterapeuta Rafaela Potsch, profissionais da área de saúde e
acadêmicos auxiliares.
Sua participação no estudo é voluntária e você tem plena liberdade para interromper o tratamento a
qualquer momento, sem incorrer em nenhuma penalidade.
Todas as perguntas relacionadas à pesquisa serão respondidas antes de concordar em participar. A
equipe encarregada poderá oferecer todas as informações necessárias, além das contidas no termo
de ciência do Centro de Equoterapia da Faculdade Estácio de Sá.
Os resultados do estudo serão registrados em fotografias e filme, e publicados preservando sua
identidade.
Eu, .................................................................................................................................................
declaro que li e entendi todas as informações referentes a este estudo e que todas as minhas
perguntas foram adequadamente respondidas e dúvidas esclarecidas.
Campo Grande-MS, ............... de ................................................. de ...................................
.........................................................
Assinatura
Rafaela Potsch Ribeiro
Fisioterapeuta/Pesquisadora
(67) 8118-9533
152
Apêndice C
Termo de Consentimento Informado do Centro de Equoterapia Faculdade Estácio de
INTRODUÇÃO
A Faculdade Estácio de Sá, por meio de seu Centro de Equoterapia atende a crianças e adultos que
necessitem de um trabalho visando a aspectos biopsicossociais, com objetivo de beneficiá-los
globalmente através da prática de atividade eqüestre, visando à melhoria da Qualidade de Vida.
A Equoterapia usa o cavalo como motivador para proporcionar ao praticante ganhos físicos e
psicológicos. Essa atividade exige a participação do corpo inteiro, contribuindo assim para o
desenvolvimento da força muscular, relaxamento, conscientização do próprio corpo,
aperfeiçoamento da coordenação e equilíbrio. A interação com o animal, desde os primeiros
contatos e cuidados preliminares até a montaria, desenvolve, ainda, novas formas de comunicação,
a socialização, a confiança em si mesmo e a auto-estima.
Este método terapêutico não substitui outras técnicas já conhecidas e aprovadas e muito menos se
propõe a curar deficiências do praticante.
A Equoterapia pode ter duas fases:
uma, com intenção médica e terapêutica ou reabilitadora;
outra, utilizando o cavalo com fins de lazer e de esporte, com caráter lúdico e reeducativo.
A Equoterapia é desenvolvida por uma equipe técnica multidisciplinar, composta basicamente por
instrutor titulado em equitação, psicólogo, terapeuta ocupacional e fisioterapeuta, todos sob
supervisão médica. Esta equipe está em constante intercâmbio para troca de conhecimento sobre
seu campo de atuação: as patologias, o cavalo e sua utilização para fins terapêuticos.
MÉTODO
Os portadores de deficiência atendidos pelo Centro de Equoterapia da Faculdade Estácio de Sá
deverão ser encaminhados por profissionais da área médica e/ou paramédica.
Compete à família ou ao praticante, que responda por seus atos, trazer relatórios dos profissionais
(médicos e outros) que acompanham o caso, conforme instruções da Coordenação do Centro de
Equoterapia Faculdade Estácio de Sá. Esses dados serão úteis na avaliação e indicação, pela equipe
técnica do Centro de Equoterapia Faculdade Estácio de Sá, para Equoterapia. As atividades de
Equoterapia serão programadas pela equipe técnica e baseadas no estudo inicial de cada caso. No
decorrer do processo, serão reavaliadas e modificadas se necessário.
Estando indicadas, as sessões de Equoterapia serão realizadas no Parque de Exposições Laucídio
Coelho e na freqüência recomendada pela Coordenação do Centro.
A sessão de Equoterapia abrange a chegada do praticante às instalações (baias e picadeiro), onde
poderá participar dos cuidados e preparação do cavalo, passando pelo montar, cavalgar, desmontar
e recolher o cavalo às baias, bem como de outras atividades coordenadas pelos instrutores.
Os cavalos, usados em Equoterapia, são mansos e dóceis, especialmente preparados para essa
atividade. Os equipamentos de montaria são definidos de acordo com a avaliação da equipe técnica.
O deslocamento do cavalo (passo, trote, etc.) é também determinado com fins terapêuticos
específicos para cada praticante.
153
PARTICIPAÇÃO
É importante, tanto para o praticante como para a equipe técnica, a presença de um responsável,
parente ou não (e, nesse caso, autorizado pela família no caso de pessoas dependentes), nas sessões
de Equoterapia. Este se responsabilizará também pela segurança do praticante antes e depois da
sessão.
PRESCRIÇÕES ESPECIAIS
O praticante de Equoterapia deverá usar calças compridas e calçados fechados (botas, de
preferência) que não limitem os movimentos.
Deverá ainda, estar presente no local das sessões quinze minutos antes de seu início.
Faltas freqüentes limitam o processo terapêutico; três faltas consecutivas, sem justificativas, serão
motivos de desligamento do praticante e ocupação de sua vaga por outro.
Os acompanhantes devem ter em conta que o ambiente em que há cavalos exige cuidados especiais,
como o uso de roupas de cores discretas e não esvoaçantes, bem como comportamento calmo e
tranqüilo, sem manifestações ruidosas.
Sendo o Centro de Equoterapia Faculdade Estácio de Sá desenvolvido por Professores
especializados e contando com a participação de acadêmicos do Curso de Fisioterapia, como
estagiários em suas áreas específicas, treinados para tal, e funcionando o Centro como um Centro
de Pesquisas em Equoterapia, serão executados registros necessários (fotos, filmagens, relatórios
escritos, etc.) das sessões e utilizados em produções científicas para posteriores publicações e
divulgações, cumprindo todas as exigências éticas para sua execução.
COMPROMISSO
Eu, .................................................................................................................................................
assumo o compromisso de cumprir as prescrições contidas no presente Termo, bem como concordo
que, sendo um Centro de Pesquisas, o desenvolvimento e resultados obtidos com a Equoterapia
sejam utilizados de maneira científica e permito sua divulgação e publicação desde que a
identificação do praticante seja preservada.
Campo Grande-MS, ............... de ................................................. de ...................................
Nome:............................................................................................................................................
Endereço:........................................................................................................................................
......................................................................................................................................................
Telefone: .......................................................................................................................................
.........................................................
Assinatura
154
Apêndice D
Fotos dos participantes
FIGURA 14 - Participante P2 situação inicial.
Fonte: Rafaela Potsch Ribeiro, 2006.
FIGURA 15 - Participante P2 situação final.
Fonte: Rafaela Potsch Ribeiro, 2006.
155
FIGURA 16 - Participante P3 situação inicial.
Fonte: Rafaela Potsch Ribeiro, 2006.
FIGURA 17 - Participante P3 situação final.
Fonte: Rafaela Potsch Ribeiro, 2006.
156
ANEXOS
157
Anexo A
Questionário de Qualidade de Vida - SF-36
Número: ....................................................
SF-36 PESQUISA EM SAÚDE (UCDB) Score: .......................................................
Sexo: .............................. Idade: ................ Renda mensal familiar: R$ ...............................
Instruções: Esta pesquisa questiona você sobre sua saúde. Estas informações nos manterão
informados sobre como você se sente e quão bem você é capaz de fazer suas atividades de vida
diária. Responda a cada questão, marcando a resposta como indicado. Caso você esteja inseguro
em responder, por favor, tente responder o melhor que puder.
1. Em geral você diria que sua saúde é:
(circule uma)
Excelente .............................................................................................................................. 1
Muito boa .............................................................................................................................. 2
Boa ....................................................................................................................................... 3
Ruim ..................................................................................................................................... 4
Muito ruim ............................................................................................................................ 5
2. Comparada há um ano atrás, como você classificaria sua saúde em geral, agora?
(circule uma)
Muito melhor agora do que há um ano atrás ............................................................................. 1
Um pouco melhor agora que há um ano atrás ........................................................................... 2
Quase a mesma de um ano atrás .............................................................................................. 3
Um pouco pior agora do que há um ano atrás ........................................................................... 4
Muito pior agora que há um ano atrás ...................................................................................... 5
158
3. Os seguintes itens são sobre atividades que você poderia fazer atualmente durante um dia
comum. Devido a sua saúde, você tem dificuldade para fazer essas atividades? Neste caso,
quanto?
(circule um número em cada linha)
Atividades
Sim.
Dificulta muito.
Sim.
Dificulta um
pouco.
Não. Não
dificulta de
modo algum
a. Atividades vigorosas, que exigem
muito esforço, tais como correr, levantar
objetos pesados, participar em esportes
árduos.
1 2 3
b. Atividades moderadas, tais como
mover uma mesa, passar aspirador de pó,
jogar bola, varrer a casa.
1 2 3
c. Levantar ou carregar mantimentos. 1 2 3
d. Subir vários lances de escada. 1 2 3
e. Subir um lance de escada. 1 2 3
f. Curvar-se, ajoelhar-se ou dobrar-se. 1 2 3
g. Andar mais de um quilômetro. 1 2 3
h. Andar vários quarteirões. 1 2 3
i. Andar um quarteirão. 1 2 3
j. Tomar banho ou vestir-se. 1 2 3
159
4. Durante as últimas quatro semanas, você teve algum dos seguintes problemas com o seu
trabalho ou com alguma atividade diária regular, como conseqüência de sua saúde física?
(circule uma em cada linha)
Sim Não
a. Você diminuiu a quantidade de tempo que se dedicava
ao seu trabalho ou a outras atividades?
1 2
b. Realizou menos tarefas do que você gostaria? 1 2
c. Esteve limitado no seu tipo de trabalho ou em outras
atividades?
1 2
d. Teve dificuldade de fazer seu trabalho ou outras
atividades (por exemplo: necessitou de um esforço extra)?
1 2
5. Durante as últimas quatro semanas, você teve algum dos seguintes problemas com seu trabalho
ou outra atividade regular diária, como conseqüência de algum problema emocional (como
sentir-se deprimido ou ansioso)?
(circule uma em cada linha)
Sim Não
a. Você diminuiu a quantidade de tempo que se dedicava
ao seu trabalho ou a outras atividades?
1 2
b. Realizou menos tarefas do que gostaria? 1 2
c. Não trabalhou ou não fez qualquer das atividades com
tanto cuidado como geralmente faz?
1 2
160
6. Durante as últimas quatro semanas, de que maneira sua saúde física ou problemas emocionais
interferiram nas suas atividades sociais normais, em relação a família, vizinhos, amigos ou em
grupo?
(circule uma)
De forma nenhuma ................................................................................................................ 1
Ligeiramente ......................................................................................................................... 2
Moderadamente ..................................................................................................................... 3
Bastante ................................................................................................................................ 4
Extremamente ....................................................................................................................... 5
7. Quanta dor no corpo você teve durante as últimas quatro semanas?
(circule uma)
Nenhuma .............................................................................................................................. 1
Muito leve ............................................................................................................................. 2
Leve ..................................................................................................................................... 3
Moderada .............................................................................................................................. 4
Grave .................................................................................................................................... 5
Muito grave ........................................................................................................................... 6
8. Durante as últimas quatro semanas, quanto a dor interferiu com o seu trabalho normal
(incluindo tanto o trabalho, fora de casa e dentro de casa)?
(circule uma)
De maneira alguma ................................................................................................................ 1
Um pouco ............................................................................................................................. 2
Moderadamente ..................................................................................................................... 3
Bastante ................................................................................................................................ 4
Extremamente ....................................................................................................................... 5
161
9. Estas questões são sobre como você se sente e como tudo tem acontecido com você durante as
últimas quatro semanas. Para cada questão, por favor, dê uma resposta que mais se aproxime
da maneira como você se sente em relação às últimas quatro semanas.
(circule um número para cada linha)
Todo
tempo
A maior
parte do
tempo
Uma boa
parte do
tempo
Alguma
parte do
tempo
Uma
pequena
parte do
tempo
Nunca
a. Quanto tempo você tem se
sentido cheio de vigor, cheio de
vontade, cheio de força?
1 2 3 4 5 6
b. Quanto tempo você tem se
sentido uma pessoa muito
nervosa?
1 2 3 4 5 6
c. Quanto tempo você tem se
sentido tão deprimido, que nada
pode animá-lo?
1 2 3 4 5 6
d. Quanto tempo você tem se
sentido calmo ou tranqüilo?
1 2 3 4 5 6
e. Quanto tempo você tem se
sentido com muita energia?
1 2 3 4 5 6
f. Quanto tempo você tem se
sentido desanimado e abatido?
1 2 3 4 5 6
g. Quanto tempo você tem se
sentido esgotado?
1 2 3 4 5 6
h. Quanto tempo você tem se
sentido uma pessoa feliz?
1 2 3 4 5 6
i. Quanto tempo você tem se
sentido cansado?
1 2 3 4 5 6
10. Durante as últimas quatro semanas, em quanto do seu tempo a sua saúde física ou os problemas
emocionais interferiram com as suas atividades sociais (como visitar amigos, parentes, etc.)?
(circule uma)
Todo tempo ......................................................................................................................... 1
A maior parte do tempo ....................................................................................................... 2
Alguma parte do tempo ........................................................................................................ 3
Uma pequena parte do tempo .............................................................................................. 4
Nenhuma parte do tempo .................................................................................................... 5
162
11. O quanto verdadeiro ou falso é cada uma das afirmações para você?
(circule um número em cada linha)
Definitiva-
mente
verdadeiro
A maioria
das vezes
verdadeiro
Não sei
A maioria
das vezes
falsa
Definitiva-
mente falsa
a. Eu costumo adoecer um
pouco mais facilmente que as
outras pessoas.
1 2 3 4 5
b. Eu sou tão saudável quanto
qualquer pessoa que eu
conheço.
1 2 3 4 5
c. Eu acho que a minha saúde
vai piorar.
1 2 3 4 5
d. Minha saúde é excelente. 1 2 3 4 5
163
Anexo B
Carta de Aprovação do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul
Livros Grátis
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