os fatores humanos e sociais são, assim, os que passam, e podem ser passados, mais
prontamente, de experiência a experiência. Fornecem o material mais adequado ao
desenvolvimento das capacidades generalizadas do pensamento.Uma razão pela qual
muito do ensino elementar é tão inútil para o desenvolvimento de atitudes reflexivas
é que, ao ingressar na escola, a criança sofre uma ruptura em sua vida, uma ruptura
com as suas experiências, saturadas de valores e qualidades sociais. Pelo seu
isolamento, o ensino escolar é, portanto técnico; e a maneira de pensar que a criança
possui não pode funcionar, porque a escola nada tem de comum com suas
experiências prévias (DEWEY,1979, p.75).
A proposta de Bobbit, por sua vez, procurou adaptar a escola e o currículo à ordem
capitalista que estava se consolidando, pois “propunha a construção de um homem novo
dentro do projeto burguês de sociedade. Poucos foram os pedagogos escolanovistas que
ultrapassaram o pensamento burguês para evidenciar a exploração do trabalho e a dominação
política, próprias da sociedade de classes” (GADOTTI, 1994, p.144). Ao discutir o
escolanovismo, Sacristán (1998, p. 158), faz a seguinte análise:
O movimento da
Escola Nova
na Europa e o
Movimento Progressista
nos Estados
Unidos são expressões da mentalidade liberal moderna que contribuiu para moldar o
pensamento pedagógico mais recente. A educação “centrada na criança”, a pretensão
de criar climas favoráveis para a auto-expressão, o aprender em liberdade, o ensino
baseado nos interesses do aluno/a, a adequação do que se transmite para suas
capacidades, o fomento dos métodos ativos no ensino para favorecer a experiência
pessoal de aprendizagem e a conseqüente relativização dos conteúdos das disciplinas
herdadas, junto à necessidade de sua reorganização ao apresentá-los aos alunos/as,
são princípios que orientaram a educação moderna e que continuam sendo fonte de
sugestões para uma prática que se distancia de realizá-los satisfatoriamente (1998, p.
158).
No Brasil, o movimento escolanovista preconizava a solução de problemas
educacionais, prioritariamente numa perspectiva interna de escola, não se preocupando tanto
com a realidade nos seus aspectos político, econômico e social. O problema educacional passa
a ser uma questão escolar e pedagógica. A ênfase recai no ensinar bem, mesmo que para uma
minoria. A influência da Escola Nova na formação de professores e na legislação em vigor,
desde os anos de 1920, foi forte e absorvida de forma significativa. O acento foi,
fundamentalmente, no caráter prático e técnico do processo de ensino e aprendizagem com a
prioridade da experiência sobre a parte teórica.
Com Ralph Tyler, na metade do século XX, o modelo da produção industrial ganha
força na educação. O pensamento de Bobbitt é consolidado e passa a dominar o campo do
currículo nos EUA, influenciando outros países, inclusive o Brasil. O currículo, nessa
perspectiva, é essencialmente uma questão técnica, cujo paradigma está centrado na sua
organização e desenvolvimento. Nesse sentido, segundo Tyler (1977, p. 5), “educação é um
processo que consiste em modificar os padrões de comportamento das pessoas. Isto é usar a
palavra comportamento num sentido lato que inclui pensamento e sentimento, além da ação