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RESUMO
Dentre as diferentes espécies nativas do Brasil empregadas na medicina
popular, podem-se destacar Calophyllum brasiliense Cambess., Cupania
vernalis Cambess. e Lafoensia pacari A. St.-Hil. A primeira espécie,
enquadrada na família Clusiaceae, é uma árvore denominada guanandi e
utilizada popularmente no tratamento de reumatismo, hemorróidas, varizes,
doenças gastrointestinais e como antiinflamatório. Cupania vernalis Cambess.
é uma espécie arbórea da família Sapindaceae, comumente referida como
camboatã e empregada na medicina popular contra asma, tosses convulsivas e
como antiinflamatório, febrífugo e tônico. A espécie L. pacari pertence à família
Lythraceae, é conhecida vulgarmente como dedaleiro e utilizada pela
população como febrífugo, cicatrizante e tônico. O presente trabalho procurou
contribuir para a identificação morfoanatômica dos órgãos vegetativos aéreos
dessas plantas medicinais com fins farmacognósticos. Amostras da espécie
C. brasiliense foram coletadas na Floresta Estadual do Palmito, Paranaguá-PR,
e as espécies C. vernalis e L. pacari foram coletadas na Embrapa, no município
de Colombo-PR. O material botânico foi fixado, seccionado à mão livre ou em
micrótomo, corado por meio de técnicas usuais e submetido a testes
microquímicos, além de ser processado para a realização de análises em MEV.
Calophyllum brasiliense Cambess. possui folhas simples e opostas com
estômatos anomocíticos na face abaxial, epiderme foliar uniestratificada,
camada subepidérmica parenquimática, mesofilo dorsiventral e um feixe
vascular colateral em V na nervura central. O caule apresenta cilindro
floemático direcionado à periferia e xilemático voltado para o centro. Tanto a
folha quanto o caule exibem tricomas glandulares, dutos secretores e cristais
de oxalato de cálcio. Cupania vernalis Cambess. tem folhas compostas
paripinadas, epiderme uniestratificada constituída de células relativamente
maiores na face adaxial, mesofilo dorsiventral e diversos feixes vasculares
colaterais em arranjo cêntrico na nervura central. No caule, visualizam-se o
cilindro floemático externo ao xilemático e circundado por bainha
esclerenquimática, e a presença de fibras e células pétreas no córtex e na
medula. Em ambos os órgãos são observados tricomas tectores e cristais de
oxalato de cálcio. Em L. pacari, as folhas são simples e opostas, e apresentam
células epidérmicas em estrato único, estômatos anomocíticos na face abaxial,
mesofilo dorsiventral e um feixe vascular bicolateral em arco fechado na
nervura central. No caule, podem-se distinguir os cilindros floemáticos externo
e interno e o xilemático, e a medula constituída de células parenquimáticas,
fibras e células pétreas. Células mucilaginosas e cristais de oxalato de cálcio
são evidentes na folha e no caule.