fundação aprofunda as posições de Cocoyok e aponta para a problemática do abuso de
poder e a interligação com a degradação ecológica. Ele mostra que o sistema colonial
concentrou os solos mais aptos para a agricultura nas mãos de uma minoria social e dos
colonizadores europeus. O relatório, assim como o texto de Cocoyok acredita na
possibilidade do desenvolvimento a partir da mobilização das próprias forças dos atores
sociais envolvidos (self-reliance). 5) Sustentabilidade como Estratégia de
Desenvolvimento: o Relatório Brundtland (1987) Afirma que o desenvolvimento
sustentável é aquele que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a
capacidade das futuras gerações satisfazerem as suas próprias necessidades. Ele sublinha a
interligação entre economia, tecnologia, sociedade e política e chama a atenção para uma
postura ética no tocante ao meio ambiente. O relatório apresenta uma lista de obrigações
dos Estados Nacionais, além de obrigações no nível internacional. Tem um tom nitidamente
diplomático, evitando afirmativas mais contundentes. Este relatório é questionável na medida
em que atrela o desenvolvimento das regiões pobres do globo ao crescente desenvolvimento
das áreas ricas. 6) A UNCED no Rio (1992) Os resultados da Conferência do Rio de Janeiro
em junho de 1992 foram criticados já em 1993, por um outro relatório, do Worldwatch
Institute. Segundo este relatório, a falta de um mecanismo que obrigasse os maiores
emissores de CO2 na atmosfera, notadamente os EUA, tornaram a Rio-92 em um encontro
que somente gerou boas intenções. Apesar dessas restrições a UNCED registrou o
crescimento da consciência sobre os riscos que o modelo atual de desenvolvimento
capitalista representa. 7) Rumo a uma Nova Teoria do Desenvolvimento? (hoje - 2006) O
conceito de desenvolvimento sustentável apresenta hoje uma conotação extremamente
positiva. O tripé da Nova Filosofia do Desenvolvimento que combina eficiência econômica,
justiça social e prudência ecológica sinalizam uma alternativa às teorias de desenvolvimento
anteriores (BRÜSEKE, 2003, p. 29-40).
1.2. 1 Meio ambiente e desenvolvimento sustentável
Não é possível procrastinar a revisão das bases conceituais sobre as quais a
racionalidade econômica moderna se constituiu.
BOX 2
O(S) SENTIDO(S) DA RACIONALIDADE DO MUNDO OCIDENTAL
Desde o princípio, o processo de desenvolvimento do capitalismo é
simultaneamente um processo de racionalização. Com o vaivém, de permeio às mais
surpreendentes situações, juntamente com as relações, os processos e as estruturas
próprias do capitalismo, ocorre o desenvolvimento de formas racionais de organização
das atividades sociais em geral, compreendendo as políticas, as econômicas as jurídicas,
as religiosas, as educacionais e outras. Aos poucos, as mais diversas esferas da vida
social são burocratizadas, organizadas em termos de calculabilidade, contabilidade,
eficácia, produtividade, lucratividade, juntamente com o mercado, a empresa, a cidade, o
Estado e o direito, também as atividades intelectuais são racionalizadas [...]. Com
freqüência a dominação racional está convivendo com a dominação tradicional e a
dominação carismática [...]. Note-se, pois, que o capitalismo compreende todo um vasto
complexo processo social, econômico, político e cultural. Ainda que possa ser
caracterizado pela racionalização das ações e relações, das instituições e organizações,
para que esta racionalização ocorra e desenvolva torna-se indispensável que se
modifiquem práticas e ideais, padrões e valores sócio-culturais (IANNI, 1999, p. 145-167).