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MÁRCIA ZAMARIANO
TOPONÍMIA PARANAENSE DO PERÍODO
HISTÓRICO DE 1648 A 1853
LONDRINA
2006
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MÁRCIA ZAMARIANO
TOPONÍMIA PARANAENSE DO PERÍODO
HISTÓRICO DE 1648 A 1853
Dissertação apresentada ao programa de Pós-
Graduão em Estudos da Linguagem, da
Universidade Estadual de Londrina, como
requisito parcial à obtenção do título de Mestre.
Orientadora: Profª. Drª. Vanderci de Andrade
Aguilera
LONDRINA
2006
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MÁRCIA ZAMARIANO
TOPONÍMIA PARANAENSE DO PERÍODO
HISTÓRICO DE 1648 A 1853
COMISSÃO EXAMINADORA
__________________________________
Profª. Drª Vanderci de Andrade Aguilera
Universidade Estadual de Londrina - UEL
__________________________________
Prof. Dr. Renato Pinto Venâncio
Universidade Federal de Ouro PretoUFOP
__________________________________
Profª. Drª Maria Antonieta Carbonari de Almeida
Universidade Estadual de Londrina - UEL
Londrina, _____ de _____________________.
DEDICATÓRIA
Pelo carinho, presença, força e estímulo,
a meu esposo Newton, com amor. Aos
filhos Juliana e Rafael, pela compreensão
e paciência que tiveram comigo nesse
período, dedico-lhes essa conquista como
gratidão.
AGRADECIMENTOS
Desejo manifestar aqui os meus mais sinceros agradecimentos a todos os que
me auxiliaram na jornada empreendida. Em especial:
A Deus, que sempre me guiou e orientou nos caminhos mais difíceis e
tortuosos da vida, por mais duras que foram as batalhas e impedimentos, consegui vencê-los e
superá-los, encontrando guarida em seus ensinamentos e palavras.
Aos meus familiares pelo carinho e amor, pela paciência, solidariedade e
compreensão, principalmente nos momentos mais difíceis das nossas vidas bem como nos de
muita alegria.
À Professora Doutora Aparecida Negri Isquerdo e ao Professor Doutor João
Antonio Leite Ramos, pelas sugestões por ocasião do nosso Exame de Qualificação.
À minha orientadora, Professora Doutora Vanderci de Andrade Aguilera, pela
assistência incansável, pela firmeza na orientação e pelo interesse ativo e encorajador.
Aos Professores do Curso de Mestrado em Estudo da Linguagem da
Universidade Estadual de Londrina, pelos conhecimentos compartilhados.
Ao futuro genro Diego Liberato pela paciência em ensinar como fazer
gráficos e tabelas no Excel.
Agradeço aos meus colegas do Mestrado, especialmente a Eduardo Francisco
Ferreira, pelo saudável convívio e sugestões.
À CAPES que, pela concessão da Bolsa, colaborou financeiramente na
concretização deste trabalho.
A todos que, com boa intenção, colaboraram para a realização e finalização
deste trabalho.
A memória não é um simples lembrar ou
recordar, mas revela uma das formas
fundamentais de nossa existência, que é a
relação com o tempo, e, no tempo, com
aquilo que está invisível, ausente e
distante, isto é, o passado. A memória é o
que confere sentido ao passado como
diferente do presente (mas fazendo ou
podendo fazer parte dele) e do futuro
(mas podendo permitir esperá-lo e
compreendê-lo).
Marilena Chauí
ZAMARIANO, Márcia. Toponímia paranaense do período histórico de 1648 a 1853.
Dissertação (Mestrado em Estudos da Linguagem) Universidade Estadual de Londrina,
Londrina.
RESUMO
Esta pesquisa priorizou a catalogação, a classificação taxionômica, a descrição e a análise dos
nomes dos acidentes sico-geográficos dos municípios paranaenses fundados entre 1648 e
1853. A história do Paraná e do povo paranaense pode ser contada em três áreas histórico-
culturais ligadas ao seu processo de ocupação e povoamento com conjunturas diversas e
motivações distintas: a) a do Paraná Tradicional; b) a do Paraná Moderno; c) a do Sudoeste e
Oeste. Pretendeu-se discutir a inter-relação homem-ambiente-língua-cultura, uma vez que o
signo toponímico é um signo linístico enriquecido, que o denominador manipula o que
existe- um signo lingüístico- para nomear um lugar. A fundamentação para este trabalho
repousa na tese de que o signo toponímico é motivado e que essa motivação é originada de
fatores extralingüísticos. Para tanto, foram propostos os seguintes objetivos: recolher, nos
mapas atuais, os topônimos dos municípios paranaenses que tiveram a sua fundação durante o
período de 1648 e 1853; resgatar a língua de origem dos topônimos, a fim de verificar o(s)
estrato(s) lingüístico(s) predominante(s) na toponímia, acompanhada da evolução histórica;
proceder à classificação taxiomica dos topônimos, conforme modelo taxiomico adotado;
estabelecer a relação língua/cultura e sociedade, valorizando os fatores extralingüísticos.
Orientaram os estudos, basicamente, duas hipóteses de trabalho: a toponímia dos municípios
paranaenses fundados no período de 1648 a 1853 incorpora totalmente particularidades
socioculturais, históricas e geográficas da região a que pertencem; é no litoral que se sobressai a
designação dos acidentes geográficos originados do estrato tupi.Os dados para a realização
deste trabalho foram obtidos por meio de consulta a cartas do Ministério da Guerra e da
Fundação IBGE, em escalas 1:100.000 e 1:50.000. Para a análise de dados foram utilizados os
princípios teórico-metodológicos constantes de Dick (1990b). A pesquisa revelou que
predominam topônimos de origem portuguesa, de estrutura morfológica simples e das diversas
categorias de natureza física, além da presença significativa de categorias antropo-culturais.
PALAVRAS-CHAVE: Período histórico. Toponímia. Paraná. Motivação.
ZAMARIANO, Márcia. Toponymy of Paraná in the historical period from 1648 to 1853.
2006. Dissertação (Mestrado em Estudos da Linguagem) Universidade Estadual de Londrina,
Londrina.
ABSTRACT
This essay has prioritized the cataloguing, taxonomic classification and analysis of names of
physical and geographical accidents’ in the cities in Parawhich were founded between 1648
and 1853. The history of Para and its people can be told in three historical- cultural areas,
which are related to its occupation and process of populating with a wide range of conjunctures
and different motivations: a) the Traditional Paraná; b) the Modern Paraná; c) the South-west
and East. It was intended to discuss the inter-relation man-environment-language-culture, since
the toponymic sign is an enriched linguistic sign, which the denominator manipulates what
already exists a linguistic sign in order to name a place. The starting point for this paper
relies on the fact that the toponymic sign is motivated and this motivation is originated from
extra linguistic factors. In order to prove it, the following objectives were proposed: collect, in
current maps, toponyms of the cities in Para which were founded between 1648 and 1853;
take into consideration the language from which the toponyms were originated , in order to
verify the predominant linguistic stratum (s) in the toponymy, followed by the historical
evolution; proceed to the taxonomical classification of the toponyms’ physical- geographical
accidents, according to the adopted taxonomical model; establish the language/culture and
society relationship giving special value to extra linguistic factors. Two hypotheses of work
were the basis for the search: the toponymy of the cities from Paraná founded between 1648 and
1853 totally incorporates sociocultural, historical and geographical particularities of the region
they belong to. The geographical accidents’ designation, originated by the tupi stratum, stands
out in the seaside. The data used for the realization of this essay was achieved by seeking for
information in the topographic letters of the Brazilian Army and IBGE Foundation, in scale of
1:100.000 and 1: 50.000. For the analysis of the data, the theoretical-methodological principles
suggested by Dick (1990b) were used. This research has shown that there is a predominance of
toponyms of Portuguese origin, of simple morphologic structure and also from a wide range of
physical nature categories besides the significant presence of antropo-cultural categories.
KEY-WORDS: Historical period. Toponymy. Paraná. Motivation.
LISTA DE QUADROS
Quadro I Quadro geral dos dados lexicográficos e toponímicos dos municípios
paranaenses fundados entre 1648 e 1853...................................................... 99
Quadro II Grupos étnicos e lingüísticos do período colonial (1530 a 1822) até o pós-
colonial........................................................................................................ 173
Quadro III Etnias........................................................................................................... 174
Quadro IV População do Paraná em 1772.................................................................... 176
Quadro V Composição da população do Parasegundo a cor, no século XIX......... 177
Quadro VI Quadro de topônimos com taxionomia adotada e taxionomia
possível....................................................................................................... 223
Quadro VII Quadro geral dos topônimos do litoral paranaense, segundo a ngua de
Origem – mapas antigos.............................................................................. 235
Quadro VIII Distribuição numérica e percentual de topônimos do litoral paranaense,
segundo a Língua de Origem – mapas 1640, 1666, 1876 e atuais.............. 240
LISTA DE MAPAS
Mapa I Localização do Estado do Paraná, com as primeiras vilas formadas em função
de garimpos..................................................................................... 215
Mapa II Carta que mostra a costa entre o “Rio de S.Franciscoe a “Ilha de Cananéia”.
In: Descripção de todo o marítimo, da terra de S. Cruz chamado vulgarmente
Brasil por João Teyxeyra (1640) ........................................... 265
Mapa III Demontração de Pernagua e Cananeia (1666). In: Livro de toda a costa da
Província Santa Cruz feito por João Teixeira Albbernaz............................ 266
Mapa IV Mappa Topographico da Província do Paraná (1876), na escala de 1.600.000,
organizado pelo Engenheiro Carlos Rivierre, na Inspectoria Geral das Terras e
Colonisação.............................................................................................. 268
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico I Distribuição numérica de topônimos, segundo a Língua de Origem. ........ 166
Gráfico II Distribuição percentual de topônimos, segundo a Língua de Origem. ...... 167
Gráfico III Distribuição numérica de topônimos nas taxionomias de natureza Antropo-
cultural, Física e s/classificação.................................................................. 184
Gráfico IV Distribuição percentual de topônimos nas taxionomias de natureza Antropo-
cultural, Física e s/classificação.................................................................. 184
Gráfico V Distribuição numérica das taxionomias toponímicas.................................. 186
Gráfico VI Distribuição percentual das taxionomias toponímicas................................ 187
Gráfico VII Distribuição numérica de topônimos de natureza Física e Antropo-cultural,
segundo o modelo taxionômico adotado. ................................................... 188
Gráfico VIII Distribuição percentual de topônimos de natureza Física e Antropo-cultural,
segundo o modelo taxionômico adotado. ................................................... 188
Gráfico IX Distribuição numérica de topônimos, segundo a Estrutura Morfológica.... 227
Gráfico X Distribuição percentual de topônimos, segundo a Estrutura Morfológica.. 228
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ALPR Atlas Lingüístico do Para
ANPPAS Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ambiente e Sociedade
ATB Atlas Toponímico do Brasil
ATEMS Atlas Toponímico do Estado de Mato Grosso do Sul
ATEPAR Atlas Toponímico do Estado do Paraná
ATESP Atlas Toponímico do Estado de São Paulo
CDPH Centro de Documentação e Pesquisa Histórica
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
PHPB Para a História do Português Brasileiro
SEMA Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos
V. Vide, veja
AUTORES
AGC Antonio Geraldo da Cunha
AVS Antonio Vieira dos Santos
ADR Aryon Dall'Igna Rodrigues
ABHF Aurélio Buarque de Holanda Ferreira
AH Dicionário Antonio Houaiss da Língua Portuguesa
CF ndido de Figueiredo
EL Ermelino de Leão
FF Francisco Filipack
G.ATEPAR Glossário ATEPAR
IOC Instituto Osvaldo Cruz
JEM lio Estrela Moreira
LCT Luis Caldas Tibiriçá
MV Manoel Viana
M Dicionário Michaelis
OB Orlando Bordoni
OBB Oney B.Borba
PFF Paulo Fortes Filho
RM Romário Martins
TS Theodoro Sampaio
WFF Waldomiro Ferreira de Freitas
ZHD Zilna Hoffman Domingues
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 17
CAPÍTULO I - PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DA TOPONÍMIA.................................. 32
1.1. Conceituação e importância da Toponímia....................................................................... 33
1.2. Importância dos topônimos............................................................................................... 35
1.3. O topônimo e a motivação toponímica............................................................................. 38
1.4. Cronologia e sistematização dos estudos toponímicos..................................................... 43
1.5. Toponímia no Brasil.......................................................................................................... 45
1.6. Estudos toponímicos no Paraná........................................................................................ 50
CAPÍTULO II - A HISTÓRIA DA OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO
PARANAENSE...................................................................................................................... 55
2.1. A história pela História..................................................................................................... 55
2.2. Tempos primitivos do território paranaense..................................................................... 57
2.3. Disputa pelas terras brasileiras entre Portugal e Espanha................................................. 57
2.3.1. Princípios da ocupação paranaense................................................................................ 58
2.4. O Paraná: da posse à transformação................................................................................. 61
2.5. Os ciclos econômicos do Paraná....................................................................................... 61
2.5.1. A mineração................................................................................................................... 61
2.5.2. O tropeirismo: comércio e criação de gado................................................................... 64
2.5.3. O ciclo da erva-mate...................................................................................................... 66
2.6. A expansão do Sudoeste Paranaense................................................................................ 67
2.7. A expansão do Oeste Paranaense...................................................................................... 69
2.8. A ocupação do Norte do Paraná........................................................................................ 70
2.9. Histórico dos municípios fundados entre 1648 e 1853..................................................... 72
2.9.1. Antonina......................................................................................................................... 72
2.9.2. Arapoti........................................................................................................................... 72
2.9.3. Araucária........................................................................................................................ 73
2.9.4. Bocaiúva do Sul............................................................................................................. 73
2.9.5. Campina Grande do Sul................................................................................................. 74
2.9.6. Campo do Tenente......................................................................................................... 74
2.9.7. Campo Largo.................................................................................................................. 75
2.9.8. Cândido de Abreu.......................................................................................................... 75
2.9.9. Castro............................................................................................................................. 76
2.9.10. Clevelândia................................................................................................................... 76
2.9.11. Curitiba......................................................................................................................... 77
2.9.12. Guarapuava.................................................................................................................. 77
2.9.13. Guaraqueçaba............................................................................................................... 78
2.9.14. Guaratuba..................................................................................................................... 78
2.9.15. Ipiranga........................................................................................................................ 78
2.9.16. Ivaí............................................................................................................................... 79
2.9.17. Jaguariaíva................................................................................................................... 79
2.9.18. Lapa.............................................................................................................................. 80
2.9.19. Laranjeiras do Sul........................................................................................................ 80
2.9.20. Matinhos....................................................................................................................... 81
2.9.21. Morretes....................................................................................................................... 81
2.9.22.Palmas........................................................................................................................... 81
2.9.23. Palmeira....................................................................................................................... 82
2.9.24. Paranaguá..................................................................................................................... 82
2.9.25. Pinhão........................................................................................................................... 82
2.9.26. Piraí do Sul................................................................................................................... 83
2.9.27. Piraquara...................................................................................................................... 84
2.9.28. Ponta Grossa................................................................................................................ 84
2.9.29. Reserva......................................................................................................................... 85
2.9.30. Rio Branco do Sul...........................................................................................................85
2.9.31. Rio Negro........................................................................................................................86
2.9.32. São José da Boa Vista.................................................................................................. 86
2.9.33. São José dos Pinhais.......................................................................................................87
2.9.34. Tibagi..............................................................................................................................87
2.9.35. União da Vitória..............................................................................................................88
2.9.36. Wenceslau Braz...............................................................................................................88
CAPÍTULO III - PROCEDIMENTOS METODOGICOS.............................................89
3.1. Constituição do corpus.........................................................................................................89
3.2. Descrição e análise do corpus..............................................................................................91
3.3. Taxionomias Toponímicas...................................................................................................93
CAPÍTULO IV - APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DO CORPUS.97
4.1. Apresentação e análise dos dados toponímicos dos municípios paranaenses fundados entre
1648 e 1853.................................................................................................................................97
4.1.2. Apresentação dos dados toponímicos dos municípios paranaenses fundados entre 1648 e
1853.............................................................................................................................................97
4.2. Análise e discussão do corpus segundo a Língua de Origem......................................... 161
4.2.1. Distribuição numérica e percentual dos topônimos dos municípios paranaenses fundados
entre 1648 e 1853, segundo a Língua de Origem................................................... 162
4.2.1.1. Apresentação e análise dos gráficos I e II................................................................. 166
4.3. Análise e discussão do corpus segundo a taxionomia.................................................... 183
4.3.1. Distribuição numérica e percentual dos topônimos dos municípios paranaenses fundados
entre 1648 e 1853, nas taxionomias de natureza Antropo-cultural, Física e não
classificados........................................................................................................................... 183
4.3.1.1. Apresentação e análise dos gráficos III e IV............................................................. 183
4.3.1.2. Apresentação e análise dos gráficos V e VI.............................................................. 185
4.4. Taxionomias toponímicas com maior produtividade de ocorrências nos municípios
paranaenses fundados entre 1648 e 1853............................................................................... 188
4.4.1. Apresentação e análise dos gráficos VII e VIII........................................................... 188
4.4.2. Vegetação Brasileira.................................................................................................... 191
4.5. Distribuição numérica e percentual dos topônimos dos municípios paranaenses fundados
entre 1648 e 1853, segundo a Estrutura Morfológica............................................................ 225
4.5.1. Apresentação e análise dos gráficos IX e X................................................................. 227
4.6. Distribuição numérica e percentual dos topônimos do litoral paranaense, segundo a Língua
de Origem.................................................................................................................. 229
CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................. 243
REFERÊNCIAS................................................................................................................... 252
BILIOGRAFIA CONSULTADA....................................................................................... 260
ANEXOS............................................................................................................................... 264
ANEXO A............................................................................................................................. 269
INTRODUÇÃO
O homem e o espaço em que vive se encontram fortemente unidos, revelando
interações profundas, íntimas, sagradas ou profanas, mesclas de seu pensamento e de seu
sentimento. As inter-relações daí observadas não abarcam os aspectos considerados
“biofísicos
1
”, mas também envolvem toda a riqueza das dimensões psíquica, mística, espiritual,
estética, fazendo emergir um diálogo entre os diferentes níveis, que ilumina os estudos sobre a
natureza das experiências humanas com os espaços, lugares e paisagens (LIMA, 2000, p.07).
Enquanto cenários do mundo antigo, as paisagens geográficas vislumbram
horizontes de símbolos e signos em contínuo dinamismo, transmitindo mensagens que falam,
silenciosamente, da percepção, da valorização, da busca dos significados inerentes às uniões e
rupturas do ser humano com seu espaço. A adaptação do homem aos diversificados espaços
geográficos transforma-se, portanto, em parte significativa da história de cada um deles.
Nas paisagens, encontramos os vestígios, as reminiscências, as relíquias da
magnitude da história vivida pelas sociedades das diferentes culturas num passado remoto ou
não. Mais íntima e individualmente, cada ser humano constrói, seleciona os cenários que
envolvem sua própria história de vida, numa relação de símbolos que encerram em si atitudes,
percepções, os sonhos e sentimentos únicos, singulares, relativos às suas experiências (LIMA,
2000, p.08).
O homem, procurando conhecer o universo que o cerca, deu estímulos a sua
sede de conhecimentos, criando oportunidades para desvendar segredos e para construir ou
encontrar lugares onde pudesse se fixar e dar início a comunidades, vilas, aldeias e cidades. Isso
permitiu a ele aprender com suas descobertas e com seus erros e, até hoje, o homem busca
consolidar e redefinir seus conhecimentos.
É fato que, para entender a realidade da vida diária dos indivíduos, é
necessário levar em consideração as diversas atribuições de significados e interpretações dos
sistemas de sinais. A investigação dos fundamentos do conhecimento da vida cotidiana
realizada por meio da linguagem “constrói as objetivações dos processos de significados e o
mundo intersubjetivo individual e coletivo” (MANHÃES; ARRUDA, 2004, p.02).
1
Que se desenvolve em organismos ou seres vivos (diz-se de processo físico). (AH)
17
O ser humano é culturalmente formado, ao mesmo tempo em que intervém na
formação de seu tempo. Assim, a natureza humana em sua complexidade é revelada pela
linguagem, que se traduz no produto pertencente a toda uma sociedade que carrega consigo sua
própria cultura, tradições e hábitos. Pelos vários níveis de linguagem, que se faz transmissora de
idéias e do pensamento, os homens estabelecem interação entre si na sociedade, e se
comunicam com o mundo.
Para Manhães e Arruda (2004, p.02), a realidade da vida diária surge com
campos infinitos de significações de modo geral, mas limitada quando comparada a outras
realidades. Dentro desta relação, a linguagem passa a existir como meio de interpretação,
comunhão de conhecimento e fornece à realidade uma distinção entre os grupos que, juntos,
formam a estrutura da sociedade. Desse modo, a linguagem é decisiva para que se possa
interpretar e dar sentido às objetivações apresentadas - de acordo com as experiências
vivenciadas.
Conhecer a origem da linguagem é uma discussão dos sábios desde remota
Antigüidade. O universo da linguagem reflete o do homem com quem coabita e não sabem ser
um sem o outro. É toda a prática, a expressão e a interação do pensamento do homem com seus
semelhantes, identificando-o na sociedade, tornando-se assim, um sinal exterior ou um signo da
humanidade.
A invenção da linguagem é a primeira das grandes invenções. Gestos e vozes,
na busca da expressão e da comunicação, fizeram surgir nossa via de acesso ao mundo e ao
pensamento, que nos envolve e nos habita, assim como a envolvemos e a habitamos. Configura-
se a linguagem numa criação sócio-histórica, produto do imaginário pessoal e social. Não existe
possibilidade de criar, de pensar nem de existir a não ser por meio da linguagem.
No primeiro livro da Bíblia, o Gênesis, dois relatos da criação. Num
primeiro momento, Deus cria o mundo falando e depois, o caos. A passagem do caos à
ordem faz-se por meio de um ato de linguagem, e, é esta que dá sentido ao mundo. O mito quer
mostrar o poder criador da linguagem, que ao homem a capacidade de ordenar o mundo, de
categorizá-lo. Com os signos, o homem cria universos de sentido. As línguas não são
nomenclaturas que se aplicam a uma realidade pré-ordenada, mas são modos de interpretar o
mundo. Por isso, estudar a linguagem é a forma de entender a cultura, de compreender o
homem em sua marcha sobre a Terra.
18
Escrevendo sobre a teoria da linguagem, o lingüista Hjelmslev, citado por
Rost (2000, p.01), afirma que “a linguagem é inseparável do homem, segue-o em todos os seus
atos”, sendo “o instrumento graças ao qual o homem modela seu pensamento, seus sentimentos,
suas emoções, seus esforços, sua vontade e seus atos, o instrumento graças ao qual ele
influencia e é influenciado, a base mais profunda da sociedade humana”.
Rost (2000, p.01) também enfatiza o que cita Rousseau no primeiro capítulo
do Ensaio sobre a origem das línguas; que “a palavra distingue os homens dos animais; a
linguagem distingue as nações entre si. Não se sabe de onde é um homem antes que ele tenha
falado”. Prosseguindo em sua apreciação sobre a importância da linguagem, Rousseau
considera que a linguagem nasce de uma “profunda necessidade de comunicação: desde que um
homem foi reconhecido por outro como um ser sensível, pensante e semelhante a si próprio, o
desejo e a necessidade de comunicar-lhe seus sentimentos e pensamentos fizeram-no buscar
meios para isso
2
.
A linguagem é a expressão do pensamento, e isto é possível porque o
homem tem uma alma pensante, que se expressa por palavras. Ao mesmo tempo em que se
expressa, o homem toma consciência de si mesmo como um ser singular no mundo, com
potencialidades e limitações próprias. Até onde se sabe, o homem é o único ser em toda
natureza que fala, que aprende a operar o “poder mágico das palavras”.
Com as palavras, o homem se cobre e cobre de significado humano o
conjunto das coisas que o rodeia. Com elas os seres humanos se comunicam, abstraem e
interpretam a realidade das coisas que existem, inventam outras e lhes atribuem nomes,
explicando em que condições elas chegam a se manifestar.
Da mesma forma, Bakhtin (1992, p.36-37) também destaca a centralidade da
linguagem na vida do homem. Segundo ele, a palavra é o material da linguagem interior e da
consciência, além de ser elemento privilegiado da comunicação na vida cotidiana, que
acompanha toda criação ideológica, estando presente em todos os atos de compreensão e de
interpretação. Para este autor, a palavra tem sempre um sentido ideológico ou vivencial,
relaciona-se totalmente com o contexto e carrega um conjunto de significados que socialmente
foram dados.
2
Disponível em:
http://www.armazem.literario.nom.br/autoresarmazemliterario/eles/martinhocarloshost/filosofia/29_modulo29.
Acesso : 25 maio 2004.
19
A palavra é também polissêmica e plural, uma presença viva da história, por
conter todos os fios ideológicos que a tecem. Almandrade (2002, p. 01) dizia que: “a fala
toma conta da coisa (...), o objeto depois de nomeado, passa para o mundo da linguagem (...), o
homem se aproxima ou se distancia do mundo e das coisas, apropria-se do real e tenta dominar
o desconhecido. A coisa e o mundo tornam-se imagens e conceitos (...)”.
No entanto, quando o homem penetra nessa realidade, ele domina o mundo e
é dominado pela linguagem, pela fala, pela forma de encarar as coisas a sua volta. Passa a criar
algo que o existe na sua realidade, pelo pensamento e pelo conhecimento, e nome a esse
algo. A partir do conhecimento que se tem do objeto, ele deixa de existir para o mundo e o que
passa a ter valor é a palavra, o nome e não o objeto (ou ser) em si.
O nome substitui o ser. O que passa a ter sentido e o faz existir no mundo é o
nome, o que ele remete a nossa consciência. Criamos novos objetos e seres dentro e fora da
realidade, nomeando o que nos cerca e fazendo de nós donos do real e do imaginário. Desse
modo, na sua própria linguagem, as coisas e os seres da natureza se comunicam ao homem.
Recordando Benjamin (1992, p. 182), o homem é o “senhor da natureza”;
natureza e seres vivos comunicam-se-lhe, e ele, como “instância privilegiada da criação”,
nomeia-os e alcança assim o seu conhecimento. Ao mesmo tempo, nomeando, o ser humano
expressa sua própria essência espiritual, no nome e, quando no cotidiano designa as coisas,
manifesta então a sua essência lingüística.
Percebe-se também, que, ao servir-se de sua capacidade lingüística para
nomear os lugares, o homem estabelece algumas relações: primeiro consigo próprio, ao
demonstrar conhecer a realidade circundante e utilizar seu conhecimento para designar um
local; e depois com seus interlocutores, pois, através do topônimo por ele usado, transmite com
maior exatidão, o real significado que lhe atribuiu.
Dentro dessa perspectiva, pode-se recordar que a nomeação de lugares é
prática tradicional do homem, desde os primeiros tempos alcançados pela memória humana e,
pode-se percebê-la através das obras antigas da História e da civilização mundial, que retratam
os locais e como viviam os habitantes das antigas comunidades.
O homem sempre necessitou conhecer para nomear, e, conforme afirma Dick
(1990b, p.05) no Gênesis, Livro Sagrado dos cristãos, despontam acidentes geográficos, como
20
nomes de rios, os primeiros conhecidos com suas nascentes no Jardim do Éden (do hebraico,
“lugar de delícias”), localizados na banda do Oriente, e designados como Pisom, Giom, Tigre e
Eufrates.
No que tange às características de signo, julga-se indispensável pontuar
diferenças entre o signo lingüístico e o signo na condição de topônimo. O primeiro foi
concebido por Saussure como uma entidade dotada de significante e de significado. Conforme o
estudioso, “o signo lingüístico une o uma coisa a um nome, mas um conceito e uma imagem
acústica”.
Para o lingüista genebrino, o significante é imotivado, ou seja, é arbitrário em
relação ao significado, com o qual não possui laço natural na realidade. Entretanto, no signo
toponímico, o processo de nomeação é fundamentado pela motivação, refletindo sempre a
realidade daquele que o nomeou: “o topônimo se constitui num tipo particular de signo. Se
analisarmos a natureza dessas unidades do sistema, percebemos que, na sua nese, elas
diferem dos demais signos linísticos no que tange à motivação” (ISQUERDO, 1996, p.85).
Diante desse fato, acrescentam-se as palavras de Dick (1990b, p.81), para
quem o topônimo “não é um signo lingüístico especial, mas ao contrário, um designativo
vocabular comum, acrescido, porém, da função específica de identificação dos lugares” que, ao
ser manipulado pelo denominador, configura-se como signo lingüístico enriquecido que reflete
os aspectos culturais, sociais, econômicos, políticos, históricos, físico-geográficos, humanos,
biológicos, enfim de todas as forças sociais atuantes no momento em que o homem realiza a
nomeação de um lugar. “Logo, apenas o emprego dos signos lingüísticos é que se torna especial
nas ciências onomasiológicas: ou, em outras palavras, a função significativa dos mesmos em
seu objeto de estudo” (DICK, 1990b, p.16).
Assim sendo, a investigação do signo toponímico pode desvelar a história da
vida e a mentalidade dos grupos humanos de determinada época, visto que nos topônimos estão
conservadas as tradições e costumes de um povo ou registradas as características topográficas
locais mais sensíveis. Os topônimos são, pois, “verdadeiros testemunhos históricos de fatos e
ocorrências registrados nos mais diversos momentos da vida de uma população, encerram em si
um valor que transcende ao próprio ato de nomeação” (DICK, 1990a, p.22).
21
Neste particular, convém lembrar que a sociedade humana tem uma
característica muito interessante, que é criar o conhecimento, renová-lo e criar novamente.
Neste processo contínuo de vir a ser, alguns elementos, entre eles os topônimos, encontram-se
guardando, no tempo e no espaço, elementos de “outros tempos”, como a nos lembrar que
somos o único animal que constrói a própria história, de forma cumulativa e revisada.
Esta história pode ser resgatada quando se buscam, por meio dos topônimos,
traços e vestígios que garantirão que o passado não perderá seu lugar, mas se configuracomo
a fonte para a construção no presente de uma memória que é de fundamental importância para
as pessoas. A sensação de que a maior realidade do presente está, sobretudo, na compreensão do
passado é que joga o homem, mesmo sem saber porque, aos estudos históricos, quer individuais
quer coletivos. Ninguém pode compreender-se a si mesmo sem que compreenda o meio em que
vive.
Neste sentido, o léxico se configura como sendo a somatória de experiências
vividas por um grupo sócio-lingüístico-cultural. Desse modo, ao se apropriar da linguagem, o
homem se constitui como uma figura positiva no campo do saber e atuando sobre a própria
língua, pode criar e recriar o léxico. A língua, patrimônio de toda uma comunidade lingüística e
instituição social, apresenta-se como veículo da difusão da cultura e da ideologia, retratando as
inclinações que abarcam cada momento histórico, a maneira de pensar e as expectativas dessa
sociedade. Ela representa a imensa herança que um povo confia ao indivíduo e nele deposita.
Nela estão contidas as experiências de todos os séculos (DARGEL, 2003, p.54).
Conforme o lingüista Sapir (1969, p.20), “a trama de padrões culturais de
uma civilização está indicada na língua em que essa civilização se expressa”. Dick (1990b,
p.87) acrescenta que:
Sapir deixou, como lição, o fato de que o traço ambiental, na medida em que
o grupo humano tem por ele um interesse altamente significativo, aparecerá
como elemento integrante do seu léxico e, provavelmente, de sua toponímia,
traduzindo, dessa forma, objetivamente, e em contornos nítidos, a verdadeira
apreensão da realidade, segundo a maneira pela qual dela se utiliza.
Partindo-se dessas considerações, fica evidente que, ao estudar o léxico de
uma língua, pode-se também apreender a realidade do grupo que a utiliza: sua cultura, sua
história, seu modo de vida, sua visão de mundo. E, utilizando-se do léxico, o ser humano
22
sempre atribuiu nome a tudo que o cerca às coisas, aos animais, às pessoas, ao espaço físico
em que vive.
Neste estudo, prioriza-se investigar a influência do ambiente em um recorte
toponímico, uma vez que o topônimo se apresenta como um dos aspectos do léxico, no que se
refere a sua motivação designativa. Segundo Sapir (1969, p.45), é no léxico de uma língua que
se reflete com maior nitidez o ambiente físico e social dos falantes de uma determinada
comunidade.
Ao pesquisar a toponímia
3
de uma região, conhecemos a própria história
dessa localidade, bem como as crenças, lutas, expectativas e os valores das pessoas que a
habitam/habitaram. No ato de evocar as lembranças, histórias de vida são resgatadas, trazendo
em seu bojo o que de mais significativo permaneceu. Este processo envolve laços afetivos,
alegrias, tristezas, conquistas, perdas e, sobretudo, vivências, que, de alguma forma, vão se
refletir no meio em que o homem vive.
As designações de lugar possuem uma função muito clara na organização
social humana, e, assim, por vezes, ouve-se falar de um local que fica guardado em nossa
memória. Em outros momentos, ao nos aproximarmos de uma cidade, surge a nossa frente uma
placa com seu nome, o que pode nos levar a perguntar o porquê de ter esse nome e não outro.
Em se tratando de nomes engraçados ou por lembrarem algum fato ou objeto, de imediato
conseguimos memorizá-lo. Não importa qual seja o nome que uma localidade recebeu, pois se
sabe que ele tem um significado que o acompanha há muito tempo.
Essa denominação provavelmente possui uma história, que, de certa forma, é
a história dos valores, das crenças, das experiências e dos mitos que a formaram. Enfim, todos
os lugares têm um nome que os identifica ou que lhes é característico. A origem desses nomes,
às vezes, pode estar ligada a acontecimentos passados, a características naturais e até às lendas e
histórias pertencentes à localidade. Nomear o espaço em que vive é, para o homem, uma
questão de sobrevivência, uma vez que se organiza e se orienta geograficamente por meio dos
nomes.
3
Neste trabalho utiliza-se Toponímia, grafada com inicial maiúscula, quando se referir à disciplina da Ciência
Onomástica; toponímia, com inicial minúscula, quando se referir à toponímia de uma região. O mesmo
procedimento será adotado em relação à disciplina História.
23
Em suas formulações relativas à memória, Ecléa Bosi (1998, p.31) chama a
atenção para o significado e a retenção das lembranças pelos indivíduos, sintetizando, com
propriedade, o processo em que se configura a memória:
(...) o modo de lembrar é individual tanto quanto social: o grupo transmite,
retém e reforça as lembranças, mas o recordador, ao trabalhá-las, vai
paulatinamente individualizando a memória comunitária e, no que lembra e
no como lembra, faz com que fique o que signifique (...).
Nesse encontro com nossa memória, estão presentes o espírito, o pensamento
e o sentimento, fazendo com que os fragmentos do passado ressurjam vivificados. Sobre a
lembrança, a autora acrescenta que se trata de “um diamante bruto que precisa ser lapidado pelo
espírito”. Um aspecto que merece destaque por sua importância corresponde à relação entre
memória e espaço.
Em suas formulações, Halbwachs (1990, p.80-81) ressalta o envolvimento
entre o espaço, os indivíduos e os grupos, relacionando-os às lembranças, quando afirma que:
enquanto uma lembrança subsiste, é inútil fixá-la por escrito. (...) Quando a
memória de uma seqüência de acontecimentoso tem mais por suporte um
grupo (...) então o único meio de salvar tais lembranças, é fixá-las por escrito
em uma narrativa seguida uma vez que as palavras e os pensamentos
morrem, mas os escritos permanecem. Se a condição necessária para que
haja memória é que o sujeito que se lembra, indivíduo ou grupo, tenha o
sentimento de que busca suas lembranças num movimento contínuo, como a
história seria uma memória (...)?.
Desse modo, recuperar o passado evocando as lembranças, a memória e a
história, é a primeira garantia de um sentido para o presente. Esta pesquisa toponímica a
classificação dos acidentes físicos (rios, serras, arroios, ribeirões) dos municípios paranaenses
fundados entre 1648 e 1853 foi motivada pelo fato de os topônimos serem uma fonte
inesgotável do passado da terra, da sua gente, de suas atividades, da sua história, ou dos simples
acontecimentos que ali se passaram. Também a respeito deste tema, destaca-se o
reconhecimento da importância do resgate toponímico para uma comunidade sócio-lingüístico-
cultural.
Por meio desta pesquisa, tenta-se recuperar fatos históricos, lingüísticos,
etnológicos e sociais que pertencem a este período, uma vez que a história do Paraná, como de
qualquer outro espaço geográfico, é o conhecimento de todos os fatos que a memória humana
registrou desde os primeiros seres que nele viveram e vivem. Ademais, o estudo da toponímia
24
desse período pode revelar aspectos que até mesmo os paranaenses desconhecem, pois os
fatores sociais e históricos, que influenciaram a escolha de um determinado nome de lugar,
permitem resgatar a visão do denominador no ato de nomeação.
Como se sabe, pelo Tratado de Tordesilhas, quase todo o Estado do Paraná
seria da Espanha, restando apenas pequena parte do litoral a Portugal. Partindo de Assunção
(fundada em 1537), os espanhóis iniciaram a tentativa de conquista do atual Paraná, fundando,
em 1547, a cidade del Guairá, e, em 1576, a Vila Rica del Espírito Santo. A chegada de
portugueses logo depois, vindos de São Paulo, confirma a posse do território, ao erigir, em
1646, o Pelourinho (símbolo de posse por El Rei). Em seguida, Gabriel de Lara instituiu, em
1648, a Vila de Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá (LAZIER, 2003, p.17-18; 41).
Na mesma obra, Lazier (2003, p.41-42) afirma que em 1711, a Capitania de
Paranaguá passou a fazer parte da imensa Capitania Geral de o Paulo, surgindo em 1715 o
primeiro atrito entre os Estados. A lei 437 de 17 de julho de 1852 efetuou nova Reforma
Administrativa na Província de São Paulo e a Comarca de Curitiba passou de para 10ª
Província. Em 1853, transformou-se na Província do Paraná.
De acordo com Martins (19--, p.267) “foram de ordem geral e supremo
interesse político: a conveniência da defesa das fronteiras com as Repúblicas Argentina e do
Paraguai e das instituições ameaçadas pelo movimento republicano no Rio Grande do Sul”, as
razões visíveis, motivadoras do projeto legislativo desmembrando da Província de São Paulo a
sua Comarca “mais meridional” e a elevando à categoria de Província.
Cumpre destacar que as condições do meio físico paranaense influíram no seu
povoamento, na fixação humana em suas terras e no aproveitamento de suas reais possibilidades
econômicas. Sem dúvida, o habitat paranaense possui características próprias que, analisadas e
devidamente apreciadas, explicam fatos da sua ocupação geográfica e evolução histórica. O
recorte feito para estudo neste trabalho justifica-se pela experiência de verificar os aspectos
mais acentuados dos topônimos do período delimitado, revelando assim os fenômenos dos
ciclos econômicos, característica da economia brasileira e paranaense.
É interessante tratar destes ciclos bem como das questões legais, pois estes
podem figurar como fatores que influenciaram na motivação toponímica paranaense,
principalmente porque podem estar na base que marcou a criação dos topônimos. Os ciclos
25
econômicos que o Paraviveu são o que melhor define o povo paranaense, porque a cada um
deles corresponde uma forma de exploração do solo, de ocupação da terra, um regime de
trabalho e um tipo humano, que, conjugados, expressam a fisionomia deste Estado.
Outro aspecto a ressaltar é que, originalmente, a população do Paraná se
constituiu por alguns faiscadores e mineradores de ouro, estabelecidos no litoral e,
posteriormente, no planalto curitibano. Entretanto, convém lembrar que, para a formação do
efetivo populacional paranaense, concorreram os mesmos elementos étnicos que constituíram
os fundamentos da população brasileira, estando presentes o branco, o índio, o negro e toda a
variada gama de mestiços.
Deve-se acrescentar, também, a colaboração dos imigrantes, pois como
afirma Balhana (2003, p.288), “no decorrer de quase um século de colonização, desde a
fundação da colônia Rio Negro, em 1829, até o estabelecimento da colônia holandesa de
Carambeí, em 1911, mais de cem cleos coloniais foram fundados no Paraná, e cerca de cem
mil colonos foram localizados em seu território”.
Espera-se com esta pesquisa discutir a inter-relação homem-ambiente-língua-
cultura, uma vez que o signo toponímico é um signo lingüístico enriquecido, que o
denominador manipula o que existe - um signo lingüístico - para nomear um espaço. Este
projeto parte do princípio de que a linguagem permite ao homem criar um universo simbólico,
para expressar seus sentimentos, idéias e pensamentos, organizando seu mundo cultural, pois,
acima de tudo, a linguagem é uma representação coletiva que revela a visão que um grupo tem
de si mesmo e daquilo que o afeta.
Condição necessária para a existência da memória individual e social, a
linguagem se estabelece ao longo da história, permitindo que o ser humano se estenda no tempo
através de sua cultura. Logo, pelo caráter de resgatar a memória sociocultural e retratar a
história, uma vez que esses traços são refletidos no nível lexical, sobretudo na denominação dos
lugares, é que se justifica uma pesquisa sobre toponímia.
Julga-se apropriado recordar que o interesse pelos estudos toponímicos surgiu
durante o período de graduação, quando atuei como bolsista (PIBIC/CNPq) no projeto de
pesquisa “A Toponímia Paranaense, a partir de 92 ATEPAR 2, o qual ofereceu um campo
bastante profícuo para pesquisas e tem, ainda, muito a ser explorado. A participação neste
26
projeto permitiu a elaboração de trabalhos apresentados em encontros científicos, sempre tendo
por meta refletir minuciosamente essa área, tentando desenvolver uma pesquisa que colaborasse
para a interpretação da toponímia e da história de nosso Estado.
O passo inicial dos estudos toponímicos em Londrina foi dado pela professora
Drª. Vanderci de Andrade Aguilera, em 1995, no curso de Especialização em Língua
Portuguesa da Universidade Estadual de Londrina, quando ministrou a disciplina de
Dialetologia e Sociolingüística.
Por sua autoria, surgiu em 24 de outubro de 1996, o projetoPelos caminhos
do Paraná: esboço de um Atlas Toponímico ATEPAR”, tendo como colaboradores:
professora Ivone Alves de Lima, professor Dr. João Antonio Leite Ramos, professora Drª.
Rejane Maria Szkudlarek Leão, e como coordenadora a professora Drª. Maria Antonieta
Carbonari de Almeida. Participaram com a equipe de professores citados, alunos de Graduação
do Curso de Letras, que desenvolveram pesquisa de iniciação científica ou atividades
acadêmicas complementares. O projeto ATEPAR inicialmente contou com dados do IBGE/91
(323 municípios). As atividades se desenvolveram até 30 de dezembro de 1 999.
O encerramento do projeto não significou a finalização da pesquisa nos dados
toponímicos. Assim, em 19 de abril de 2000, da mesma autora, surgiu o projeto “A Toponímia
Paranaense, a partir de 92 - ATEPAR 2”. Nesta segunda fase, houve a inclusão dos novos
municípios emancipados a partir de 1992, perfazendo um total de 399 cidades.
Atuava na coordenação, a professora Drª. Maria Antonieta Carbonari de
Almeida, como supervisores professora Ivone Alves de Lima e professor Dr. João Antonio
Leite Ramos, como colaboradores o professor Ricardo Correia Lima Huber e alunos da
Graduação que continuaram desenvolvendo pesquisa de iniciação científica ou atividades
acadêmicas complementares. O encerramento do projeto ATEPAR 2 se deu em 30 de setembro
de 2003, com o relatório final apresentado em 07 de outubro de 2003, destacando cerca de
20.000 topônimos cadastrados com análise etnolingüística e etimológica.
A partir dessa iniciativa constituiu-se o banco de dados do ATEPAR,
mediante cartas enviadas às Prefeituras Municipais com um questionário. A extensão do banco
de dados pode ser medida em números, citados anteriormente, mas, considera-se que a
multiplicidade e a qualidade das informações armazenadas constituem uma fonte de pesquisa
27
para futuros trabalhos acadêmicos que, eventualmente, contribuirão para o Atlas Toponímico do
Paraná.
Diante do exposto anteriormente, predisposto para esta investigação histórico-
toponímica, e buscando contribuir para a interpretação da toponímia e da história de nosso
Estado, estruturam-se os objetivos deste trabalho: i) recolher, nos mapas atuais, os topônimos
dos municípios paranaenses que tiveram a sua fundação durante o período de 1648 e 1853; ii)
resgatar a língua de origem dos topônimos, a fim de verificar o (s) estrato (s) lingüístico (s)
predominante (s) na toponímia, acompanhada da evolução histórica; iii) proceder à classificação
taxionômica dos topônimos dos acidentes físico-geográficos, conforme modelo taxionômico
adotado; iv) estabelecer a relação língua/cultura e sociedade, valorizando os fatores
extralingüísticos.
Com o intuito de atingir os objetivos propostos, trabalha-se com duas
hipóteses: 1 a toponímia dos municípios paranaenses fundados no período de 1648 a 1853
incorpora totalmente particularidades socioculturais, históricas e geográficas da região
4
a que
pertencem; 2 é no litoral
5
que se sobressai a designação dos acidentes geográficos originados
do estrato tupi, uma vez que esses povos deixavam por onde passavam rastros de sua cultura e
de sua língua.
Confirmados quais os municípios paranaenses fundados entre 1648 e 1853
6
,
tendo por base o histórico e data de fundação, e os métodos de pesquisa (indireta, descritiva e
histórica), buscaram-se, inicialmente, as fontes que consolidariam este trabalho. Em um
primeiro momento, consultou-se o banco de dados do projeto ATEPAR, no qual se encontram
sistematizados os topônimos paranaenses para a constituição do corpus.
Assim, o primeiro levantamento no ATEPAR, indicou serem
aproximadamente trinta e seis os municípios que se enquadraram neste período, considerando-
se a data de fundação da localidade: Antonina, Arapoti, Araucária, Bocaiúva do Sul, Campina
4
O estado do Paraná é dividido em 10 (dez) mesorregiões. Os municípios desta pesquisa pertencem as seguintes
mesorregiões: Metropolitana da Curitiba (Antonina, Araucária, Bocaiúva do Sul, Campina Grande do Sul,
Campo do Tenente, Campo Largo, Curitiba, Guaraqueçaba, Guaratuba, Lapa, Matinhos, Morretes, Paranaguá,
Piraquara, Rio Branco do Sul, Rio Negro, São José dos Pinhais), Centro-sul (Clevelândia, Guarapuava,
Laranjeiras do Sul, Palmas, Pinhão), Centro-oriental (Arapoti, Castro, Jaguariaíva, Palmeira, Piraí do Sul, Ponta
Grossa, Reserva, Tibagi), Sudeste (Ipiranga, Ivaí, União da Vitória), Norte Central (Cândido de Abreu) e Norte
Pioneiro (São José da Boa Vista, Wenceslau Braz) IBGE – Base cartográfica IAP - 2002.
5
Estão localizados no litoral três municípios com etimologia indígena: Guaraqueçaba, Guaratuba e Paranaguá.
6
Para confirmar as datas de fundação recorreu-se também à Enciclopédia dos Municípios Brasileiros:
Municípios do Estado do Paraná (IBGE), O Paraná e seus Municípios (Ferreira, 1999) e dados históricos da
SEMA – Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná .
28
Grande do Sul, Campo Largo, Campo do Tenente, Cândido de Abreu, Castro, Clevelândia,
Curitiba, Guarapuava, Guaraqueçaba, Guaratuba, Ipiranga, Ivaí, Jaguariaíva, Lapa, Laranjeiras
do Sul, Matinhos, Morretes, Palmas, Palmeira, Paranaguá, Pinhão, Piraquara, Piraí do Sul,
Ponta Grossa, Rio Branco do Sul, Rio Negro, Reserva, São José da Boa Vista, São José dos
Pinhais, Tibagi, União da Vitória, Wenceslau Braz.
A metodologia empregada, pelo projeto ATEPAR, para obtenção dos dados,
foi uma correspondência enviada às Prefeituras Municipais com um questionário
7
. o se pode
afirmar, categoricamente, somente com estas respostas, e, ainda mais, sabendo-se que muitas
localidades têm um vasto espaço geográfico, que as informações enviadas, correspondam à
completude de seus itens (aqui considerados topônimos).
Neste aspecto, deve-se também considerar a possibilidade de certo
designativo de lugar ser conhecido na localidade por um nome e, oficialmente, por outro. É
importante destacar que alguns municípios fundados durante este período foram objetos de
pesquisa somente a partir dos dados armazenados no projeto e, seria interessante valer-se de
outra fonte que pudesse confirmar/complementar o ATEPAR.
Julgou-se, então, mais oportuna a utilização de mapas oficiais fornecidos pela
SEMA
8
, em cartas da Diretoria do Serviço Geográfico Ministério da Guerra e da Fundação
IBGE Carta do Brasil, em escalas 1:100.000 e 1:50.000. Com relação à diferença de escala
nos mapas, entende-se que isso não se configura como obstáculo para o levantamento e análise
dos dados toponímicos, pois não se objetivo desta pesquisa a elaboração de cartas
toponímicas dos municípios estudados.
Ressalte-se que, a opção da fonte de dados (mapas) se deu pelo fato de se
pretender realizar um estudo diacrônico
9
dos topônimos e, tratando-se de uma pesquisa da
toponímia oficial, a documentação cartográfica se coloca como a fonte de pesquisa mais
confiável. São esclarecedoras neste sentido, as palavras de Dick (1996, p. 34) ao assinalar que
os pontos de inquérito tradicionais em uma enquête de língua são
substituídos, neste tipo de análise, pelo estudo exaustivo da forma escrita
fixada nos mapas e conservada em todos os traços impressivos de sua
constituição, principalmente quando marcam acidentes físicos rios ou
7
V. cópia anexa.
8
SEMA – Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná.
9
Diacronia aqui significa que o elenco de topônimos abarca um contínuo de mais de duzentos anos, isto é,
municípios fundados entre os anos de 1648, ano da fundação do primeiro município Paranaguá até 1853,
marco do início da Província do Paraná.
29
morros, córregos ou serranias menos sujeitos às substituições intencionais
pelas suas próprias características.
Analisar os mapas sobre um determinado território e em determinado
contexto histórico, significa, antes de tudo, tomar os mapas como fontes históricas, vestígios de
uma atividade humana. Melhor dizendo, o que se representa nos mapas não são apenas códigos
geográficos que indicam as posições de determinados lugares em relação aos outros.
É muito mais do que isso. Os mapas o, como todos os documentos,
monumentos. Devem ser tomados como monumentos, pois eles, claramente, foram feitos com a
intenção de enviar uma mensagem para o futuro, ou mais especificamente, construir um futuro,
estabelecer uma memória sobre o espaço que deveria tornar-se memória coletiva. Todo mapa
tem que ser examinado tendo presentes os elementos históricos neles referidos, do mesmo modo
que, sem o mapa, o seria possível compreender nem as modificações das fronteiras, nem as
variações do tráfico ou das sedes humanas, nem os movimentos dos povos.
Buscando-se contextualizar esta dissertação, apresenta-se a seguir uma síntese
do que se propõe fazer em cada capítulo: o primeiro capítulo traz os Pressupostos Teóricos da
Toponímia, no qual se encontram sintetizadas as principais idéias em que se baseiam as
discussões, envolvendo aspectos como: conceituação e importância da toponímia; importância
dos topônimos; o topônimo e a motivação toponímica; cronologia e sistematização dos estudos
toponímicos; Toponímia no Brasil; Estudos toponímicos no Paraná.
No segundo capítulo sintetiza-se a História da Ocupação do Território
Paranaense, uma vez que se pode situar a Toponímia atualmente com orientações e
perspectivas novas, em um ramo distinto do conhecimento humano e lingüístico, inscrevendo-
se suas questões nos quadros da História, da Geografia ou das Ciências Sociais, e por elas
solucionadas. A história dos topônimos se entrelaça sobremaneira com a história dos povos no
seu constante deslocamento para a posse do solo, justificando-se, por isso, a necessidade do
envolvimento de fatos históricos pertencentes à região.
Procedimentos Metodológicos é o tema do terceiro capítulo, no qual se
encontram as diretrizes utilizadas para a realização desta pesquisa toponímica. Deste capítulo
consta o modelo taxionômico proposto por Dick (1990b), que servirá de base para a
classificação semântica dos tonimos que compõem o presente corpus.
30
Apresentação, Análise e Discussão do corpus é o tema do quarto capítulo,
com o enquadramento dos topônimos na taxionomia proposta por Dick (1990b), analisando as
taxionomias encontradas com índice percentual igual ou superior a 5 %. A seguir, apresentam-
se as Considerações Finais sobre a pesquisa realizada, seguida de Referências e Anexos.
CAPÍTULO IPRESSUPOSTOS TEÓRICOS DA TOPONÍMIA
A língua, na qualidade de instituição social, cumpre sua tarefa de veículo de
difusão da cultura e da ideologia, uma vez que reflete as inclinações que envolvem cada
momento histórico e traz à luz o modo de pensar e as expectativas de uma comunidade, em um
dado espaço geográfico.
Ao dominar a natureza, ao dominar as técnicas, ao dominar o conhecimento,
se pode fazê-lo e transmiti-lo dando nome às coisas, dando nome às
idéias, criando conceitos. Então, um dos traços fundamentais disso é que a
memória do homem tem que ser amparada pela criação vocabular contínua.
Em suma, o que o indivíduo vê, pressente, imagina, descobre ou inventa
pode ser nomeado pela palavra. Uma vez nomeado, o conhecimento pode ser
socializado e integrar-se na cultura coletiva. Houaiss (1983 apud
MANZOLILLO, 2001, p. 02).
Através da dinamicidade da língua, evidenciada altamente no léxico (nível
lingüístico que melhor expressa a mobilidade das estruturas sociais), é que se pode perceber a
maneira como uma sociedade e representa o mundo. Assim, pode-se acrescentar que,
examinando-se o léxico, caracteriza-se sobremaneira não apenas a língua, mas também o fato
cultural que deixa transparecer elementos significativos relacionados à história, ao sistema de
vida e à visão de mundo de um determinado grupo. E, por essa perspectiva, uma melhor
compreensão do próprio homem e da sua maneira de ver e representar tudo que em seu
mundo (ISQUERDO, 1996, p.90-91).
Diante das constatações, compartilha-se com Biderman a idéia de que:
o vocabulário exerce um papel crucial na veiculação do significado, que é,
afinal de contas, o objeto da comunicação lingüística. [...] o léxico é o lugar
da estocagem da significação e dos conteúdos significantes da linguagem
humana. [...] no aparato lingüístico da memória humana, o léxico é o lugar
31
do conhecimento sob o rótulo sintético de palavras os signos lingüísticos
(BIDERMAN, 1998, p.179).
Desse modo, considera-se que o xico se caracteriza como um guia de
referência para todo trabalho que pretende analisar aspectos que envolvam a relação entre
sociedade, cultura, ambiente, língua e homem, recorrendo-se às idéias de Sapir (1969, p.45), no
sentido de que o léxico de uma língua, é o que mais nitidamente reflete o ambiente físico e
social dos falantes”. Os topônimos, como integrantes do léxico e conseqüentemente da língua,
podem representar toda a infinidade de valores, reproduzindo a realidade de um grupo social.
A Toponímia é uma das disciplinas que incorpora diversificadas nuanças do
léxico de uma língua. Isso ocorre pela inserção dos topônimos originados de diversos estratos
lingüísticos. De acordo com Dick (1999 apud DARGEL, 2003, p.55),
a Toponímia, principalmente, serve-se dessas circunstâncias de base,
equivalente ou próxima a um substrato vocabular, para deitar suas raízes,
aproveitando-se do material lingüístico que mais se adeqüe à configuração
dos conceitos que deve transmitir. Uma nomenclatura local ou uma cadeia
onomástica que interage com rios segmentos culturais, num aparato
semiótico de relações e procedências diversas, constitui, realmente, uma
base de pesquisa lingüística altamente produtiva.
1.1 Conceituação e Importância da Toponímia
Tradicionalmente define-se a Toponímia como sendo formada pelas palavras
gregas topos (lugar) e onyma (nome). O nome possui função de identificação, isto é, tudo que
existe tem sua nomenclatura, terminologia, sistema de palavras, qualidades para determinar
fatos, fenômenos ou objetivos, com o intuito de determinar seu real significado e suas relações
com o universo conhecido.
Delimitar o campo de trabalho e caracterizar o objetivo da Toponímia como
disciplina autônoma foi sempre uma das grandes dificuldades que encontravam os estudiosos
seja para sua conceituação ou para situá-la “em um ramo distinto do conhecimento humano”.
Para muitos, com orientações e perspectivas novas, “suas questões poderiam, se inscrever nos
quadros da História, da Geografia ou das Ciências Sociais, e por elas solucionadas”.
32
Como ramo da Onomástica, cabe à Toponímia estudar a procedência da
significação dos nomes dos lugares, considerando os aspectos geo-históricos, socioeconômicos
e antropo-linísticos que originaram os nomes de lugares e suas subsistências. Seu campo não
se limita somente ao aspecto lingüístico ou etimológico, pois um topônimo sempre está
relacionado à história e à cultura de uma localidade em estudo (DICK, 1990a, p.35-36).
A esse respeito pode-se acrescentar: a Toponímia é uma das disciplinas que
integram a ciência lingüística por investigar o léxico toponímico considerando-o expressão
lingüístico-social que reflete aspectos culturais de um núcleo humano existente ou preexistente;
propõem o resgate da atitude do homem diante do meio, através da nomeação dos lugares
(DICK, 1990a, p.36).
O estudo dos topônimos evidencia ainda a inter-relação homem-ambiente-
língua-cultura, que foi defendida por Sapir (1969, p.44), para quem a língua de um povo é
influenciada pelo ambiente, como podemos depreender de suas palavras:
tratando-se da língua, que se pode considerar um complexo de símbolos
refletindo todo o quadro físico e social em que se acha situado um grupo
humano, convém compreender no têrmo “ambiente” tanto os fatôres físicos
como os sociais. Por fatôres físicos se entendem aspectos geográficos, como
a topografia da região (costa, vale, planície, chapada ou montanha), clima e
regime de chuvas, bem como o que se pode chamar a base econômica da
vida humana, expressão em que se incluem a fauna, flora e os recursos
minerais. Por fatôres sociais entendem as várias forças da sociedade que
modelam a vida e o pensamento de cada indivíduo. Entre as mais
importantes dessas fôrças sociais estão a religião, os padrões éticos, a forma
de organização política e a arte.
Embora Sapir não se refira diretamente à Toponímia, pode-se conceber o
topônimo como um signo lingüístico, ou seja, uma unidade de língua enriquecida. E, a partir
das constatações de Sapir, adequá-las à Toponímia, haja vista que, ao estudar a toponímia de
uma região, podem-se perceber indícios que nos conduzem a confirmar que o ambiente está
refletido na língua, por meio dos topônimos. Assinalando esse aspecto histórico-cultural, pode-
se resgatar a posição de Dick (1990a, p.19), acerca desse particular:
a história dos nomes de lugares, em qualquer espaço físico considerado,
apresenta-se como um repositório dos mais ricos e sugestivos, face à
complexidade dos fatores envolventes. Diante desse quadro considerável dos
elementos atuantes, que se entrecruzam sob formas as mais diversas,
descortina-se a própria panorâmica regional, seja em seus aspectos naturais
ou antropo-culturais.
33
Salazar - Quijada (1985, p.15), um dos autores mais completos e recentes da
toponímia venezuelana, destaca que a Toponímia pertence a uma disciplina com caráter mais
abrangente chamada Onomástica que, em sua concepção genérica e universal, refere-se ao que é
próprio do nome. Essa disciplina divide-se em dois ramos essenciais: a Antroponímia estudo
dos nomes próprios de pessoas – e a Toponímia – investigação dos nomes próprios de lugares.
O referido autor define a Toponímia como “... aquella rama de la Onomástica
que se ocupa del estudio integral, en el espacio y en el tiempo, de los aspectos: geo-históricos,
socio-económicos y antropo-lingüísticos, que permitieron y permiten que um nombre de lugar
se origine y subsista
10
.”(SALAZAR-QUIJADA, 1985, p. 18)
1.2 Importância dos topônimos
Tendo em vista que o topônimo não é algo estranho ou alheio ao contexto
histórico-político da comunidade, ele nasce enriquecido pela circunstância que designa,
sendo o “portador do que se poderia chamar de espírito coletivo”, trazendo consigo uma carga
histórico-social bastante ampla (DICK, 1990b, p.105).
Para Salazar-Quijada (1985, p.29-30), “a Toponímia permite conhecer as
características culturais de homens que habitaram ou habitam uma determinada região” e, como
a Arqueologia, salienta ele, às vezes os topônimos podem ser a “única evidência da presença
histórica de grupos humanos em determinada área”. Assevera que os topônimos constituem um
bem patrimonial de qualquer País, pois é por meio dos designativos de lugares que as nações
apresentam sua personalidade geográfica e se particularizam em relação aos demais territórios
do mundo.
Assim, o pesquisador venezuelano relaciona a importância da toponímia na
aplicação teórica e prática em segmentos da atividade humana
11
:
a.) importância cartográfica: os mapas, frutos da atividade cartográfica,
possuem como os homens, um corpo e um espírito. O corpo corresponde à representação do
território e o espírito, à da sua nomenclatura geográfica. Em uma equipe de cartografia, é
10
Tradução: “aquele ramo da Onomástica que se ocupa do estudo integral, no espaço e no tempo, dos aspectos:
geo-históricos, sócio-econômicos e antropo-lingüísticos, que permitiram e permitem que um nome de lugar se
origine e subsista”.
11
Sobre a importância dos topônimos v. SALAZAR-QUIJADA, 1985, p.29-50.
34
fundamental a presença de um toponimista com formação sólida, pois um erro na nomenclatura
de um mapa pode trazer graves conseqüências para seus usuários;
b.) importância jurídica: ressalta-se que a imprecisão de nomes geográficos
em propriedades públicas e privadas pode levar a sérios problemas de ordem legal. Se os limites
de uma propriedade não estiverem sustentados por uma base toponímica clara e firme, ela se
encontra em situação de problema de difícil solução;
c.) importância geográfica: por meio dos topônimos, identificam-se
acidentes naturais e culturais, pois os geógrafos necessitam conhecer em detalhes a geografia
física, a geografia humana, a geografia regional e urbana. Os topônimos são vitais para a área
espacial por relacionarem o homem ao ambiente. Assim, para a geografia, eles constituem
pontos de partida para numerosas investigações;
d.) importância histórica: um topônimo é um dado histórico por meio do
qual um historiador pode reconstruir a cultura de um povo: sua economia, seus movimentos
migratórios, aspectos lingüísticos e aspectos da vida social e espiritual das pessoas que habitam
ou habitaram uma região. A toponímia indígena, numa zona onde esses grupos têm
desaparecido, permite, conjuntamente com os restos arqueológicos, abordar estudos para o
conhecimento histórico de antigos habitantes de uma área geográfica;
e.) importância folclórica: várias são as influências toponímicas feitas pelos
povos em suas manifestações folclóricas. Os topônimos aparecem em inúmeras produções
literárias e expressões culturais (nomes de acidentes geográficos, Estados e cidades fazem-se
presentes em músicas e poemas);
f.) importância político-administrativa: a toponímia é também de suma
importância para as atividades político-administrativas, uma vez que permite fixar as
referências dos limites de um município, distrito, Estado e até limites internacionais. A política
cadastral de arrecadação de impostos fundamenta-se em referências toponímicas, que os
topônimos permitem situar as propriedades públicas e privadas, diferenciá-las e demarcá-las
com precisão. Um descuido na correta escritura de sua localização pode ocasionar sério
inconveniente para o cadastro nacional;
g.) importância lingüística: um dos principais fundamentos da toponímia
está ligado à explicação etimológica dos topônimos e nesse sentido es intimamente ligada à
35
Lingüística. De fato, a toponímia é um fenômeno lingüístico aplicado a fenômenos geográficos.
O homem, pela sua fala, designa e diferencia cada um dos fenômenos geográficos e culturais ao
seu redor. O lingüista, ao estudar os nomes geográficos antigos e históricos, pode chegar a
conclusões importantes, ao obter nomes geográficos aborígines e com sua conseqüente análise
etimológica proporcionar à História valiosos dados de reconstrução do passado;
h.) importância patrimonial: por ser acervo cultural de um país, a toponímia
deve ser considerada patrimônio nacional. Todo país anseia ressaltar seus valores pátrios: sente-
se orgulho do nome do país, do Estado e do município. Esses topônimos, produto histórico de
conquistas e colonização, particularizam seus moradores do resto do mundo;
i.) importância viária: essa importância é conhecida por um sem número dos
que viajam através de estradas e percorrem os rincões no território. É por meio da toponímia,
nos mapas, que os viajantes se orientam determinando a origem e o destino de sua viagem.
avisos e letreiros com nomes de localidades para orientar o usuário, sendo esta sua aplicação
mais prática;
j.) importância social: topônimos podem ter um significado afetivo essencial
para os habitantes de uma comunidade e assim uma pessoa estranha não pode entendê-lo
inteiramente. Para os habitantes de uma determinada localidade não é cabível alterar nomes
usados em honra a pessoas proeminentes da história local, em memória de fatos históricos e do
cotidiano. Erros em ortografia e pronúncia do nome da localidade podem ocasionar situações
constrangedoras, pois um sentimento social de orgulho pela associação do topônimo com o
lugar que designa. Da mesma forma, é arbitrário que se altere um topônimo sem que seus
habitantes permitam. O topônimo é para o lugar o que o nome próprio é para a pessoa, não se
muda sem o consentimento da própria pessoa.
Frente ao exposto, pode-se acrescentar que, apesar de o signo toponímico
estar inserido entre os demais signos do sistema lingüístico, algumas particularidades que o
diferem dos demais nomes próprios, pois o topônimo além de designar, significa, e mediante o
estudo da sua estrutura, podem-se obter dados da realidade regional (históricos, políticos,
econômicos e sócio-culturais). ainda, outro aspecto de relevância que é a questão da
presença da motivação que geralmente é estimulada pela realidade circundante e valorizada
pelo denominador no ato de nomeação.
36
1.3 O tonimo e a motivação toponímica
A ação de nomear as coisas sempre esteve presente na história da
humanidade. Anteriormente a uma geografia humana (país, Estado, município, distrito, bairro)
existiu uma geografia física com características específicas, de acordo com as particularidades
locais (hidrografia, orografia, vegetação). Juntamente com os elementos físicos também os
elementos de ordem sociocultural influenciando e determinando a vida do homem nesse
ambiente.
Segundo Salazar-Quijada (1985, p. 08-09),
o mais antigo tesouro da lingüística e de outras realidades que não hajam
prescrito, encontram-se na toponímia. Os nomes de muitos acidentes
geográficos de todo o mundo provêm de épocas nas quais, o homem o
conhecia a escritura e nenhuma de suas formas. Estes nomes chegaram a nós
por tradição oral.
Ou seja, o homem não inventa rios, mares e montanhas, pois nasce em meio a
esses lugares que estão lá há muito tempo:
a nomeação de lugares sempre foi exercida pelo homem, desde os primeiros
tempos alcançados pela memória humana. Obras antigas da história e da
civilização mundiais colocam essa prática como costumeira, ainda que
distinta, em certos pontos, do processo denominativo vivido modernamente.
O livro sagrado dos cristãos reflete uma coletânea singular de nomes,
topônimos e antropônimos dos mais antigos noticiados, segundo a
cosmovisão dos primitivos hebreus. Nos versículos iniciais do Gêneses, por
exemplo, despontam acidentes geográficos, nomes de rios, os primeiros
conhecidos com suas nascentes no jardim que se chamou Éden (DICK,
1990b, p.05).
Nesse sentido, dizer que a “toponímia reflete de perto a vivência do homem
enquanto membro do grupo que o acolhe nada mais é que reconhecer o papel por ela
desenvolvido no ordenamento dos fatos cognitivos” (DICK, 1990a. p, 19).
Percebe-se também, que ao utilizar-se de sua capacidade lingüística para
nomear os lugares, o homem estabelece algumas relações: primeiro consigo próprio, ao
demonstrar conhecer a realidade circundante e utilizar-se de seu conhecimento para designar
um local; e depois com seus interlocutores, pois, através do topônimo por ele usado, transmite,
com maior exatidão, o real significado que lhe atribuiu.
37
Diante desse fato, acrescentam-se as palavras de Dick (1990b, p.81) para
quem o topônimo “não é um signo lingüístico especial, mas ao contrário, um designativo
vocabular comum, acrescido, porém, da função específica de identificação dos lugares” que, ao
ser manipulado pelo denominador, configura-se como signo lingüístico enriquecido que reflete
os aspectos culturais, sociais, econômicos, políticos, históricos, físico-geográficos, humanos,
biológicos, enfim, de todas as forças sociais atuantes no momento em que o homem realiza a
nomeação de um lugar.
Logo, apenas o emprego dos signos lingüísticos é que se torna especial nas
ciências onomasiológicas: ou, em outras palavras, a “função significativa dos mesmos é que se
diferencia quando a toponímia os transforma em seu objeto de estudo” (DICK, 1990b, p.16).
A questão da definição de signo lingüístico tem-se constituído, ao longo do
tempo, nas mais diferentes culturas, numa grande preocupação para os estudiosos da Filosofia,
da Lógica e da Lingüística, gerando discussão, tanto no que diz respeito à sua definição, quanto
às classificações propostas e quanto ainda à denominação utilizada. Dentre os termos
apresentados pelos diferentes estudiosos para a definição de signo têm-se, por exemplo: sinal,
índice, ícone, alegoria.
Saussure (1970, p.80), reconhecido pelo seu caráter metodológico, foi o
primeiro lingüista a formular uma teoria concreta para o signo lingüístico. Conforme o
estudioso, “o signo lingüístico une o uma coisa a um nome, mas um conceito e uma imagem
acústica”. Nessa perspectiva, ele considera a língua como sistema de signos, cada elemento com
duas faces conceito e imagem acústica - e alia as duas variáveis à função gnica, ou seja:
significante que se realiza no plano da expressão e significado que se realiza no plano de
conteúdo. Desse modo, o signo se configura na interação do sentido com a imagem acústica.
Nas pesquisas de Saussure, além dos elementos significantes e significados,
destacam-se duas características primordiais do signo: a arbitrariedade e a linearidade. Para o
autor, o signo é arbitrário porque não tem com o significado nenhuma ligação natural na
realidade. E mais, não exclui totalmente que o signo lingüístico possa ser “parcialmente
motivado, pois “[...] apenas uma parte dos signos é absolutamente arbitrária; em outras,
intervêm um fenômeno que permite reconhecer graus no arbitrário sem suprimi-lo: o signo
pode ser relativamente motivado” (SAUSSURE, 1970, p.154) (grifo nosso).
38
Em seus estudos sobre significação, Pierre Guiraud (1973, p.35), conceitua o
signo como: “um estímulo isto é, uma substância sensível cuja imagem mental está
associada no nosso espírito à de um outro estímulo que ele tem por função evocar com vista a
uma comunicação”. Dessa consideração apresentada, pode-se inferir que o signo está ligado a
algo que substitui ou representa as coisas, ou seja, a realidade.
No estudo da motivação do signo toponímico, Dick (1990a, p.33), não
desconsidera a relação que Saussure faz de significado/significante, mas descarta a
possibilidade da existência de signos imotivados (signos completamente desvinculados do
significado), e mais, que a arbitrariedade em língua diz respeito ao significante imotivado que é
completamente desvinculado do significado.
No entanto, para a pesquisadora, ao aplicar o mesmo princípio à toponímia,
nota-se uma diversidade de aspecto:
o elemento lingüístico comum, revestido, aqui, de função onomástica ou
identificadora de lugares, integra um processo relacionante de motivação
onde, muitas vezes, se torna possível deduzir conexões hábeis entre o nome
propriamente dito e a área por ele designada (DICK, 1990a, p.34).
Ainda conforme Dick, embora o topônimo em sua estrutura seja
uma forma de língua, ou um significante, animado por uma substância de
conteúdo, da mesma maneira que todo e qualquer outro elemento do código
em questão, a funcionalidade de seu emprego adquire dimensão maior,
marcando-o duplamente: o que era arbitrário, em termos de língua,
transforma-se no ato de batismo de um lugar, em essencialmente motivado,
não sendo exagero afirmar ser essa uma das principais características do
topônimo (DICK, 1990b, p.18).
A motivação é, pois segundo a estudiosa, característica do signo, podendo-se
falar em duplo aspecto da motivação toponímica: o primeiro aspecto é a intencionalidade, que
anima o denominador, em um processo seletivo, para escolher um determinado nome para este
ou aquele acidente geográfico. O segundo diz respeito à origem semântica da denominação, isto
é, ao significado que ela evidencia, seja ele transparente ou opaco. A intencionalidade e a
origem semântica da denominação, enquanto modalidades da motivação toponímica configuram
perspectivas diacrônicas e sincrônicas no estudo da toponímia e acabam influindo na
formalização das taxionomias dos nomes de lugares.
39
Nessas circunstâncias, o signo lingüístico em função toponímica, ao
representar a projeção aproximativa do real, torna clara a natureza semântica do seu significado.
Poder-se-ia dizer que uma relação unívoca entre os termos implicados que traduzem
referências de cor, forma, tamanho, constituição natural, como em rio Grande, rio Pequeno,
ribeirão Preto, córrego Branco, riacho Fundo, lagoa Rasa, ilha Comprida, aldeia Velha, Vila
Nova, entre outros (DICK, 1990b, p.19). (grifo nosso)
Observa-se que, nos exemplos citados, os topônimos se aproximam do
conceito de ícone ou de símbolo, sugeridos pela própria natureza dos acidentes nomeados,
pondo em relevo outra das características do onomástico toponímico: a indicação precisa dos
aspectos físicos ou antropo-culturais contidos na denominação (DICK, 1990b, p.18-19).
Dentro de uma teoria de comunicação toponímica, o objetivo deveria ser não
apenas identificar acidentes a partir de um nome, mas sim analogicamente, empregar-se uma
técnica discriminativa que os precisasse em sua situação geográfica. Parece não haver vida
que tal nomenclatura atenderia, de maneira hábil, a esses fundamentos e, por meio desses
recursos, “a mensagem emitida e consubstanciada no nome a ser interpretado atingiria
plenamente os receptores” (DICK, 1990a, p.40).
Dick (1990b, p.120) lembra também os designativos indígenas que muito
contribuíram para o enriquecimento de nosso idioma e sempre exerceram fundamental
importância na toponímia brasileira. Na reconstituição dos topônimos brasílicos, pode-se
perceber nesses onomásticos um modo autêntico e espontâneo de individualizar os acidentes da
terra, numa freqüência que atinge milhares de nomes.
Desse modo, é perceptível na toponímia brasileira a existência de uma
relação analógica entre o topônimo e algum fato do cotidiano indígena como ‘Botucatu’ (bons
ares, bom clima), ‘Catanduva’ (abundância de cerrados), ‘Paraíba (rio ruim, imprestável ou
inavegável) entre outros (DICK, 1990a, p.45).
Nesses topônimos percebe-se que o indígena nomeou os acidentes
geográficos estimulado pela realidade e pelo quadro ambiental em que vivia. Neste sentido,
Aguilera (1999, p.125) atesta que a nomeação dos acidentes geográficos não é feita
aleatoriamente pelo homem. Ao contrário, o denominador a faz “movido por alguma impressão
sensorial e/ou sentimental que o acometa no momento da denominação”.
40
rias são as teorias para estabelecer e fixar a origem da motivação e a
natureza dos motivos. Para George Mouly (1970 apud DICK, 1990a, p.47) o motivo da
denominação de um lugar pode vir de fontes diversas, pois, como esclarece, “o termo motivo é
freqüentemente empregado para abranger tanto as condições internas, quanto os padrões
apreendidos de comportamento, através do qual procura satisfazer suas necessidades”, e
envolve uma complexa interação das “condições do indivíduo e do ambiente total em que se
encontra”.
Acresce-se ainda que, consoante Dick (1990b, p.18), a motivação toponímica
apresenta duplo aspecto que pode transparecer em dois momentos. O primeiro na
intencionalidade de denominador, quando se percebe o motivo que o levou a escolher, entre
tantos, o nome específico para o lugar. o segundo é pela “própria origem semântica da
denominação, no significado que revela, de modo transparente ou opaco, e que pode envolver
procedências as mais diversas”.
Percebe-se que independentemente da terminologia adotada - símbolo ou
ícone - a idéia de que o signo lingüístico é em sua origem sempre motivado não é contestada.
Há certa unanimidade entre os estudiosos da área semântica a respeito do caráter motivador do
signo lingüístico.
Também esta pesquisa esta fundamentada na tese de que o signo toponímico é
motivado e que essa motivação é originada de fatores extralingüísticos, ou seja, considera-se
que a realidade circundante influencia o processo de nomeação dos lugares.
1.4 Cronologia e sistematização dos estudos toponímicos
A prática da nomeação dos lugares sempre foi exercida pelo homem e tem
importância vital para o ser humano. Dick (1990b, p.01-03) apresenta, em suas pesquisas, as
considerações a seguir sobre a evolução histórica da Toponímia até chegar à sistematização da
disciplina.
Na verdade, a Toponímia começou a ser considerada disciplina autônoma em
1878 na França, a partir dos estudos de August Longnon e do curso, por ele ministrado, na
École Pratique des Hautes–Études e no Colégio de França. Após sua morte, alguns de seus
discípulos publicaram, em 1912, a obra Les Noms de Lieu de France, baseados no curso
ministrado por Longnon.
41
Os estudos onomásticos foram retomados, na mesma escola, em 1922, por
Albert Dauzat, um dos discípulos de Longnon, que fundou, uma cada depois, a Revue des
Études de Toponymie com uma bibliografia crítica, região por região, das fontes e dos trabalhos
publicados que incluíram pesquisas dos historiadores, geógrafos e lingüistas europeus sobre
nomes antigos de lugares.
Além desse importante trabalho, Dauzat organizou, em 1938, o I Congresso
Internacional de Toponímia e Antroponímia, do qual participaram representantes de vinte e um
países, propondo para esses estudos: realização periódica de Congressos Internacionais de
Toponímia e Antroponímia; organização de uma Sociedade Internacional de Toponímia e
Antroponímia; criação, nos países que não possuíssem, de departamentos oficiais para a
elaboração de glossários de nomenclatura geográfica; sistematização dos processos de pesquisa.
No continente americano, têm-se interessantes estudos voltados para a
Toponímia. Na América Setentrional destacam-se os trabalhos realizados no Canadá e nos
Estados Unidos, principalmente, porque esses países possuem órgãos especializados para a
pesquisa e para a divulgação dos resultados das pesquisas toponímicas. Nos Estados Unidos, há
a revista Names”, publicação oficial de “American Name Society”, fundada em 1951, em
Detroit, que conta com a colaboração de George Stewart, reconhecido estudioso da Toponímia
pela publicação “A Classification of Place Names” (1954). Nessa obra o autor apresenta “os
mecanismos pelos quais os lugares são nomeados, apontando, deles, nove categorias
discriminativas (DICK, 1990b, p.02). No Canadá, desde 1966, o “Grupo de Estudos de
Coronímia e de Terminologia Geográfica”, ligado ao Departamento de Geografia da
Universidade de Laval, Québec.
Ainda conforme Dick (1990b, p.03), na Europa russa, Pospelov, fazendo uma
retrospectiva da toponímia da antiga União Soviética, cita três modelos de orientação seguidos
pelos pesquisadores, salientando uma maciça produção na área. Entre os centros de língua, nos
quais funcionam Comissões Toponímicas, cita o Instituto de Lingüística da Academia da
Ucrânia e a Sociedade Geográfica Russa.
Os estudos sobre nomes geográficos são recomendados desde a década de
1960, pela ONU, que necessita de uma cartografia precisa com a normalização da ortografia dos
topônimos. em 1970, no Peru, fundou-se o Instituto de Investigações Toponímicas; o
42
Panamá, em 1972, publicou uma parte do Dicionário Geográfico, compreendendo topônimos
das quatro primeiras letras do alfabeto (ALBINO, 2004, p.17-18).
Com relação à África, foram analisados estudos toponímicos como: a) forma
de registro dos topônimos nativos devido à heterogeneidade lingüística; b) apanhado geral sobre
a toponímia Sul-Africana; c) toponímia bérbere (sic) no Saara Ocidental; d) toponímia
Marroquina e Grafia; e) formação dos nomes dos berberefones do Marrocos. Na Turquia
estudou-se a influência dos topônimos da Ásia-média sobre a Ásia-menor, por força da
migração (Mehmet Erüz); além da relação entre toponímia e vida social (Amiran Kurtkan).
(DICK, 1990b, p.03)
Na Venezuela, o antropólogo Salazar-Quijada (1985 apud ALBINO, 2004,
p.18) afirma que não há em seu país, do ponto de vista legal, nenhum organismo encarregado de
oficializar a cartografia dos nomes geográficos e nem há critérios objetivos para designar nomes
e acidentes ou outros elementos naturais e culturais.
O referido pesquisador propõe uma classificação que considera cinco
aspectos dos topônimos: seus elementos; sua extensão; sua localização; sua aplicação e seus
motivos.
1.5 Toponímia no Brasil
No Brasil, apesar de durante muito tempo os estudos toponímicos terem sido
relegados a um segundo plano, temos obras importantes e significativas que merecem registro.
No princípio, os estudos sobre toponímia enfatizavam os topônimos de origem tupi.
Dentre estes, destaca-se a obra clássica de Theodoro Sampaio (1928), “O
Tupi na Geografia Nacional”. A referida obra apresenta orientações significativas para
pesquisas dessa natureza. Além de conter vocabulário, com sólida etimologia sobre a língua
tupi, traz comentários a respeito do predomínio do tupi na geografia nacional e apresenta
também um resumo sobre a gramática desta língua.
A obra de Sampaio mereceu o reconhecimento de Levy Cardoso, pela
grandeza das investigações e pela seriedade das análises a que os vocábulos foram submetidos
na determinação de sua etimologia: “esse trabalho foi sem dúvida um dos grandes marcos a
assinalarem, na literatura brasílica, um momento histórico” (CARDOSO, 1961, p.323).
43
Cardoso publicou, em 1961, a obra “Toponímia Brasílica”, que difundiu a
etimologia de alguns topônimos brasílicos da Amazônia, notadamente os de origem caribe e
aruaque. À época o autor lamenta que um plano sistematizado, que abranja, em seu estudo, as
diversas zonas do território brasileiro ainda não foi tentado, o que seria possível mediante a
participação da “instituição mais indicada, pela seriedade que imprimiu aos seus trabalhos, do
que o prestantíssimo Instituto de Geografia e Estatística, para a realização dessa imensa obra de
brasilidade” (CARDOSO, 1961, p.315).
Outro trabalho a respeito da toponímia brasileira e que merece ser lembrado é
o de Carlos Drumond que, ao publicar em 1965, “Contribuição do Bororo à Toponímia
Brasílica”, salienta que entre os estudos brasileiros um dos mais negligenciados era, sem dúvida
alguma, o referente a nome de lugares. Destaca ainda a posição da toponímia no Brasil que,
segundo ele, não usava métodos apropriados para a descrição dos topônimos, consistindo-se em
listagens de nomes indígenas, acompanhadas ou não de um significado.
Dick (1990a, p.21) resgata o pensamento sobre aspectos importantes na
análise dos fatos toponímicos, como:
a história das transformações dos nomes de lugares; a sua evolução fonética;
as alterações de diversas ordens; o seu desaparecimento; a sua relação com
as migrações, a colonização, os estabelecimentos humanos e o
aproveitamento do solo; os nomes inspirados por crenças mitológicas
visando algumas vezes assegurar a proteção dos santos ou de Deus, seriam
deixados de lado pelos estudiosos.
A pesquisadora destaca que o fato desses aspectos serem “deixados de lado
pelos estudiosos”, levou Drumond a concluir com pessimismo que, na realidade, não
possuímos ainda toponimistas” (DICK, 1990a, p.21). (grifo da autora)
Disciplina antiga, a Toponímia viu-se, quase sempre, relegada no país, a um
plano secundário, no conjunto das matérias afins, como História, Geografia, Ciências Sociais,
por exemplo, às quais empresta subsídios valiosos (DICK, 1990a, p.19).
A Toponímia, enquanto disciplina científica, em função de uma estrutura
curricular oficial, é ministrada regularmente, no território brasileiro, apenas na Universidade de
o Paulo. Hodiernamente, pode-se contar com os estudos abrangentes e sistematizados
realizados pela professora Drª. Maria Vicentina de Paula do Amaral Dick, dessa Universidade,
que há mais de vinte anos dedica-se às pesquisas toponímicas.
44
Seu trabalho, como proponente do ATEB – Atlas Toponímico do Brasil e do
ATESP Atlas Toponímico de São Paulo, inspirou a outros pesquisadores, surgindo as
variantes regionais ATEPAR Atlas Toponímico do Paraná e ATEMS Atlas Toponímico do
estado de Mato Grosso do Sul, os quais contribuirão para a confecção do primeiro Atlas
Toponímico do Brasil.
Dentre os trabalhos da professora Dick, destaca-se “A Motivação Toponímica
e a Realidade Brasileira
12
”, tese de doutorado defendida em 1980, em que a autora apresenta
resultados sobre particularidades da toponímia no Brasil; sólidos princípios teóricos da
disciplina e o modelo taxionômico para a classificação dos topônimos.
Outra obra valiosa da pesquisadora é “Toponímia e Antroponímia no Brasil –
Coletânea de Estudos (1990)”, que reúne importantes artigos sobre as disciplinas onomásticas,
Toponímia e Antroponímia. A pesquisa de Dick enriquece, sobremaneira, os estudos
toponímicos e pode ser considerada a de maior importância sobre o assunto no Brasil, por
mostrar uma abordagem teórica profunda, subsidiada por vasto conhecimento de obras relativas
à área toponímica. Seu trabalho constitui fonte de pesquisa fundamental para quem deseja
especializar-se neste campo de estudo, por revestir-se de qualidades estruturais e científicas
inovadoras.
De acordo com Dick (1990b, p.iv), “a toponímia do Brasil não é um todo
homogêneo. Apresenta configurações que remontam, em suas origens, às várias famílias
indígenas que habitaram e/ou habitam o País”. Com uma maior contribuição do tupi (Cari-
PA, Arapongas - PR); ao lado deste surge em parcelas menores outras como aruaco (Juína -
MT); caingangue (Goio-Erê - PR) e bororo (Adugori). Outra contribuição na língua nacional,
especificamente na formação dos topônimos, embora quantitativamente menor foi do africano
(Loanda - PR, Quilombo - MG); e em proporção mais restrita, ocorrem topônimos de natureza
estrangeira: do japonês (Assaí PR); do francês (Xambrê - PR); do espanhol (Astorga PR) e
do alemão (Nova Friburgo - RJ)
13
.
Nesse sentido, o estudo toponímico no Brasil comporta considerações
referentes não somente aos nomes de origem portuguesa, mas também aos dois outros adstratos
lingüísticos existentes, o indígena e o africano, além do moderno contingente de nomes
12
A versão consultada para esta pesquisa é de 1990.
13
Os exemplos acima citados se encontram em Dick (1990 b, p.38, 122, 123, 135, 147). Aqueles que pertencem
ao Estado do Paraná foram retirados de Almeida (2004, p.04)
45
resultantes da imigração européia. Em cada uma dessas camadas línguo-toponomásticas, uma
tendência motivadora própria pode ser apontada, característica do elemento humano que as
define.
Destaca-se ainda no Brasil, de acordo com Albino (2004, p.24), “a pesquisa
de Staub (1986) sobre a formação dos topônimos de Santa Cruz do Sul (RS), analisando os
inúmeros topônimos germânicos que constam do mapa que Gaspar Bartolomay, então prefeito
municipal, mandou elaborar em 1922”. Afirma ainda que, segundo Staub, os topônimos de
Santa Cruz são provas palpáveis da presença alemã na localidade e que nomes dados a
localidades formavam justapostos híbridos (um constituinte alemão e um português): Alte
Pikade (Picada Velha), Linie Shweren (Linha Shwerin), e que o existe município, em todo
Rio Grande do Sul, que tenha sofrido maior influência alemã na formação de topônimos do que
a comunidade de Santa Cruz do Sul.
Ainda sobre a toponímia do Brasil, ressalta-se também a tese de
doutoramento da professora Aparecida Negri Isquerdo, O Fato Lingüístico como Recorte na
Realidade cio-cultural (1996), que apresenta um estudo do léxico dos seringueiros do
Estado do Acre, incluindo a toponímia dos seringais, onde acrescenta que:
sendo o topônimo um signo similar aos demais signos do sistema, está
sujeito às mesmas leis que regem todas as outras unidades da língua. O
estudo do signo toponímico pode fornecer elementos para esclarecer muitos
aspectos referentes à história de uma região. Tal fato se justifica porque a
dinamicidade ou não de um léxico está intimamente relacionada com as
mutações ocorridas nesses diferentes fatores da história de uma comunidade
(ISQUERDO, 1996, p.91).
Organizados em campos lexicais, a autora analisa os topônimos, conforme os
traços semânticos comuns entre eles. Destaca-se que Isquerdo, a partir de 1999, iniciou os
estudos sobre a toponímia do estado do Mato Grosso do Sul.
A partir de sua orientação, citam-se dentre outros, o trabalho de Scheneider
(2002), Um olhar sobre os caminhos do Pantanal sul-mato-grossense: a toponímia dos
acidentes físicos”, que analisou os topônimos referentes aos nomes de acidentes sicos (baías,
corixos, córregos, vazantes entre outros formadores da geografia pantaneira) e o de Dargel
(2003), “Entre buritis e veredas: o desvendar da toponímia do bolsão sul-mato-grossenseque
priorizou o estudo nos nomes dos acidentes físico-geográficos da região do Bolsão sul-mato-
grossense (BSM) localizado a leste e ao norte do estado do Mato Grosso do Sul.
46
Entre os trabalhos mais recentes sobre toponímia brasileira, destaca-se pela
importância o estudo realizado em Minas Gerais por Ramos e Venâncio , Topônimos
mineiros: uma fonte para a história social da língua portuguesa”. O artigo objetivou
“identificar critérios adotados na escolha dos nomes das localidades, tendo em conta
permanências e substituições”, e “propor uma tipologia de base sócio-histórica para topônimos
mineiros”. O corpus analisado se compõe de duas amostras: i.) nomes de cidades mineiras ao
longo dos séculos XVIII e XX; ii.) nomes oficiais e populares de favelas de Belo Horizonte
(RAMOS e VENÂNCIO, 2002, p.113).
De acordo com os autores, o levantamento “vinculado à Secretaria de
Assuntos Fundiários de Minas Gerais confirmou que dos 853 municípios mineiros, apenas 15%
nunca sofreram alteração na respectiva designação”. O nome de personalidades históricas está
presente em somente “61 localidades (7,1%)”, podendo-se afirmar que a “mudança de nomes de
cidades mineiras estava, e ainda está, vinculada ao ‘apagamento’ de nomes religiosos. Na maior
parte das vezes, isso ocorreu por meio da eliminação da referência ao santo padroeiro do lugar
(Santa Rita de Cássia > Cássia; Santo Antônio de Coluna > Coluna)” (RAMOS; VENÂNCIO,
2002, p.115).
Segundo Ramos e Venâncio, em outro momento da história mineira,
observava-se a substituição de nomes religiosos por topônimos que fazem referência ao poder
real português (Caeté > Vila Nova da Rainha). Passado o período colonial, algumas designações
religiosas foram substituídas em proveito de fatos ou de personagens da história brasileira (São
João Del Rei > Tiradentes). O mesmo fator atingiu os nomes estrangeiros, que foram
substituídos por nacionais (Filadélfia > Teófilo Otoni).
Com relação à adoção de designações indígenas, destacam que estão
presentes em 9,9% das localidades mineiras. com os nomes de origem africana “houve um
processo de apagamento da memória africana na toponímia mineira”. Citam também a
tendência de apresentar rigor na grafia das palavras, mudança orientada pela lei de 1938
(Oberava > Uberaba) e o apagamento de nomes descritivos.
Os autores demonstram que a troca de nomes é sistemática, e pode ser vista
nas etapas: nome descritivo > nome religioso > nome indígena > nome de pessoa > nome com
sufixo polis ou lândia. Para eles, a ordenação mantém-se, apesar da trajetória nem sempre
completa: “não encontramos nenhum nome de personagem ilustre que tenha sido substituído
47
por nome descritivo, nem tampouco um nome terminado em polis que tenha sido substituído
por um nome descritivo ou indígena” (RAMOS e VENÂNCIO, 2002, p.118).
Quanto às favelas, os nomes oficiais convivem simultaneamente com os
nomes não-oficiais. O exame dos nomes das favelas “vai mostrar tendência semelhante àquela
observada em relação aos municípios: o nome oficial apaga marcas da tradição popular. Das
154 favelas atuais, 43,9% têm dois nomes” (RAMOS e VENÂNCIO, 2002, p.119).
Na conclusão sobre o estudo dos nomes de localidades mineiras, os autores
identificaram “uma sistematicidade decorrente do condicionamento por fatores sócio-históricos
e a recorrência de um padrão, que é, de fato, um continuum que vai da ausência (quase) total do
controle do poder público à presença desse”.
1.6 Estudos toponímicos no Paraná
Em Londrina, a professora Drª. Vanderci de Andrade Aguilera iniciou, em
1995, no curso de Especialização em Língua Portuguesa da Universidade Estadual de Londrina,
os estudos toponímicos, ao ministrar a disciplina de Dialetologia e Sociolingüística e chamar a
atenção dos alunos para a ausência de estudos que envolvessem a toponímia, como forma de
apreender e interpretar as raízes e os processos históricos-políticos da denominação espacial
paranaense.
A partir dessa iniciativa, vários trabalhos monográficos foram e continuam
sendo realizados na área da toponímia paranaense, o que motivou a pesquisa sobre os
designativos paranaenses e no futuro a concretização do Atlas Toponímico do Estado do Paraná
ATEPAR. O projeto “Pelos Caminhos do Paraná Esboço de um Atlas Toponímico
ATEPAR”, inicialmente contou com dados do IBGE/91 (323 municípios), e na seqüência, o
projeto “A Toponímia Paranaense, a partir de 92 - ATEPAR 2” envolveu os novos municípios
emancipados a partir de 92, perfazendo um total de 399 cidades.
Encerrado recentemente em 30 de setembro de 2003, buscou-se com a
realização do ATEPAR, sistematizar os topônimos paranaenses visando contribuir para uma
pesquisa mais abrangente, o Atlas Toponímico do Brasil, que propõe um levantamento dos
nomes geográficos etimologicamente ligados a estratos dialetais no sistema da língua falada do
Brasil. O ATEPAR, por não contar com novos recursos nem com a prorrogação do projeto,
48
apresenta, até o momento, uma proposta de cartografação das regiões Norte Pioneiro, Centro
Oriental e Oeste, feita pelo colaborador professor Dr. João Antonio Leite Ramos.
Em artigo intitulado “A estrutura dos topônimos paranaenses”, Almeida
(2000, p.01-03) destaca alguns resultados das pesquisas realizadas, apresentados na seqüência:
a- ) LIMA constatou que os hagiotopônimos são freqüentes nas regiões mais
novas, além disso, a ocorrência dos hagiotopônimos aparentes
14
, como acontece com Santa
nica: o nome traz o “santa”, mas o histórico informa que é uma homenagem à filha de um
dos primeiros colonizadores.
b- ) RAMOS considerou que muitos nomes dos municípios paranaenses
foram mantidos, a partir de nomes indígenas existentes em acidentes geográficos da região
(Pitanga, Jaguariaíva); além disso, nomes indígenas designativos de plantas, animais e minerais
também o aproveitados para nomear as cidades (Imbituva, “reunião de cipó”; Araruna,
“pássaro preto”; Itaperuçu, “caminho da pedra grande”).
c- ) ALBINO destacou que os rios paranaenses são denominados,
basicamente, a partir de suas particularidades mais marcantes: o volume das águas, o seu curso
acidentado, a sua coloração, animais e vegetais que se encontram em suas margens, tudo pode
ser causa de motivações toponímicas que acabam se consagrando. A pesquisadora observou que
os principais rios receberam denominações de influência indígena, como: rio Ivaí (“rio das
frutas”.), rio Paranapanema (“rio inútil”.), rio Para (“semelhante ao mar”), rio Iguaçu (“rio
grande”), rio Piquiri (“rio dos peixinhos”), rio Tibagi (“rio do pouso”).
Já com relação à estrutura, Almeida (2000, p.01-03) destaca aqueles formados
por um único nome, como Farol, Lobato, Cam (lexia simples -172 ocorrências, cerca de
40%); por mais de um nome, como Rio Azul, Godoy Moreira, Lidianópolis (lexia composta);
por um sintagma adjetival, como rola do Oeste, Santa Terezinha de Itaipu (lexia
sintagmática). As lexias simples podem apresentar constituintes de ordem diversa como o
morfema flexional s de plural (Jesuítas, Palmas, Pinhais) e morfemas derivacionais
(Renascença, Londrina, Mandaguaçu).
14
A denominação de hagiotopônimos autênticos e aparentes foi criada por Lima (1998). Os hagiotopônimos
autênticos são os topônimos respaldados por um padroeiro homônimo; os hagiotopônimos aparentes por sua vez,
são aqueles de inspiração política, ou seja, motivados pela homenagem a pessoas influentes e/ou fundadores.
49
Continua seu artigo destacando que, na análise rfica, uma única
ocorrência de prefixo: re-, de origem latina, que indica “de novo”; assim, o nome Renascença
surgiu na comunidade pioneira de Vargem Bonita que, após passar por períodos de dificuldades
econômicas, sociais e por litígio agrário, pensou num “renascimento” da localidade.
E mais, a idéia de diminuição é acrescentada a bases substantivas, por meio
dos sufixos - ete (Morretes), - ita (Pranchita), - eja (Sertaneja) e - inho/inha (Jacarezinho,
Jataizinho, Mangueirinha, Matinhos, Quitandinha, Chopinzinho e Congonhinhas). A idéia de
relação, pertinência está presente nos topônimos a partir do emprego de sufixos como - ina
(Antonina), - al (Palmital), - eiro (Marmeleiro).
Já o sufixo - dor forma substantivo de verbo e designa agente, instrumento de
ação; está presente em Mirador e Roncador. Por sua vez, Realeza apresenta sufixo - eza, que
forma substantivo de adjetivo. O aumentativo é derivado do acréscimo do sufixo - ão a bases
substantivas, como em Pinhalão e Barracão. Os sufixos de origem indígena também estão
presentes, para indicar coleção, lugar e grandeza: Guaratuba, Iguaraçu, Curitiba, Guarapuava.
Com relação à noção numérica, afirma serem poucos os topônimos: Dois
Vizinhos, Quatro Barras, Três Barras do Paraná, Quarto Centenário e Quatro Pontes. As lexias
adjetivais presentes são sempre positivas, como em Bom Sucesso, Balsa Nova, Terra Rica,
Rancho Alegre. Algumas vezes o adjetivo é denotativo: Céu Azul, Ribeirão Claro, Campo
Largo, outras, antecede o substantivo: Alto Paraná, Nova Londrina, Grandes Rios, dando ênfase
à característica descritiva.
As locuções adjetivas podem ser agrupadas em três categorias: as que fazem
referência à localização geográfica (Pérola do Oeste, Altamira do Paraná), as que têm por
referencial um grande rio (São Jorge do Ivaí, Serranópolis do Iguaçu) e as que traduzem uma
emoção ou uma particularidade regional (União da Vitória, São José dos Pinhais).
A análise revelou topônimos que são formados pelo processo de acronímia:
Altônia derivou-se de Alberto Byington Júnior; Cianorte, da antiga Companhia de Terras Norte
do Paraná e Ibema da Indústria Brasileira de Madeiras.
Em relação a outro padrão sintático têm-se topônimos formados por
composição, Cerro Azul e Maria Helena; Paranacity (revela a junção de um radical tupi a um
radical inglês); Miraselva (apresenta um verbo espanhol aglutinado ao seu complemento);
50
Planalto e Lindoeste são decorrentes da aglutinação. Dois radicais –polis e –lândia têm-se
mostrado recorrentes: Adrianópolis, Lupionópolis, Indianópolis, Sertanópolis, Matelândia,
Rolândia, Cafelândia, Itaipulândia, Ramilândia.
Considerando a etimologia, especificamente dos nomes dos municípios
paranaenses, predominam palavras da língua portuguesa. Observa-se que cerca de 15% dos
designativos o de origem indígena: Kaloré (caingangue), Mandaguaçu e Cambé (tupi ),
Porecatu (guarani ). nas lexias oriundas de línguas diversas tem-se o japonês (Assaí); o
africano (Loanda); do francês (Corbélia); do italiano (Sabáudia, Colombo) e do espanhol
(Astorga, Colorado, Miraselva).
Almeida (2000) finaliza seu artigo destacando que o banco de dados do
projeto ATEPAR “contribui para que o binômio Homem-Linguagem seja enriquecido com uma
visão multidisciplinar, com dados da História (Peabiru), da Mitologia (Fênix), da Psicologia
(Nova Esperança) e da Religiosidade (Santa Amélia)”.
Entre os trabalhos realizados no curso de Especialização em Língua
Portuguesa da Universidade Estadual de Londrina podem-se citar os desenvolvidos: Santos
(1996) “Topônimos londrinenses: uma proposta taxionômica com base no motivo da
denominação”; Cardoso (1996) “Especificidades da Motivação Toponímica na Microrregião
de Campo Mourão”; Francisquini (1996) “O nome e o lugar: uma proposta de estudos
toponímicos em treze municípios da microrregião de Paranavaí”; Oliveira (2000) “Esboço de
um Atlas Toponímico”; Albino (2002) “A Substituição do Nome de Lugar: um ato
essencialmente motivado”; Moreira (2002) “Toponímia dos mais novos municípios
paranaenses” e Zamariano (2004) “Estudo da Toponímia de Londrina e Municípios
Limítrofes”, entre outros.
Dentre os trabalhos executados na área da pesquisa toponímica do Paraná,
destaca-se a dissertação de mestrado realizada por Francisquini (1998) “O Nome e o Lugar:
uma proposta de estudos toponímicos na microrregião de Paranavaí”. Seu trabalho envolveu
por meio de pesquisa “in loco”, o estudo dos topônimos de vinte e nove municípios da
microrregião, no Noroeste Paranaense, que apresentou aspectos históricos, geográficos e
econômicos da região; síntese do histórico de cada município e um glossário com os topônimos
em ordem alfabética com suas respectivas etimologias, taxionomias e motivações.
51
Outra pesquisa bastante significativa no âmbito da toponímia paranaense é a
dissertação de mestrado de Albino (2004) “A relação da Hidronímia com a História social no
Paraná: uma descrição diacrônico-contrastiva” que focalizou o estudo dos topônimos relativos
à rede hidrográfica do rio Iguaçu, constantes de dois mapas topográficos do século XIX (1876 e
1896) e 107 mapas municipais, elaborados a partir de 1980 disponibilizados pela SEMA
Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná.
Também está em curso outra pesquisa no campo da toponímia paranaense, a
de Hélio Costa Moreira, envolvendo o estudo toponímico de 22 municípios paranaenses que
ficam localizados em antigas rotas dos tropeiros: Caminho das Missões e Estrada de Palmas.
Percebe-se, a partir do exposto, que diferentes enfoques foram dados nos
trabalhos realizados, constatando-se a interpretação de Dick (1990b, p.16) para a toponímia,
como sendo um “imenso complexo línguo-cultural”, onde ao especialista da matéria abre-se um
“amplo campo de investigação e não será pretensioso de sua parte objetivar o encontro de
vinculações entre o nome de lugar e as características que subordinam o denominador à sua
época”.
Acrescenta a pesquisadora que um estreito vínculo entre o objeto
denominado e seu denominador, levando assim a toponímia ao estudo do motivo das
designações. Entende-se, ao observar as pesquisas realizadas sobre a toponímia paranaense, que
o topônimo não é algo estranho ou alheio ao contexto histórico-político da
comunidade. Sua carga significativa guarda estreita relação com o solo, o
clima, a vegetação abundante ou pobre e as suas próprias feições culturais de
uma região em suas diversas manifestações de vida (DICK, 1990b, p.47)..
Assim, o mecanismo da nomeação, causado por influências externas ou
subjetivas, transparece em topônimos das mais diversas origens e procedências.
Pode-se, por exemplo, por meio de um estudo dos topônimos paranaenses,
encontrar ao Sul do estado, região caracterizada pelos pinhais de Araucaria brasiliana
designativos como Pinhão, Araucária, Curitiba, Pinhal de São Bento; e ao norte e oeste, região
ocupada pela cultura cafeeira, designativos como Cafeara, Cafelândia, Cafezal do Sul.
CAPÍTULO II - A HISTÓRIA DA OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO PARANAENSE
52
2.1 A história pela História
O valor de um topônimo transcende, certamente, ao próprio momento do
batismo, na medida que se presta a um fim utilitário a identificação dos
lugares. Mais evidente se torna esse aspecto, quando houver uma
“adequação” entre o nome escolhido e o local por ele designado. Um
topônimo que se revista de tais caracteres tende a se tornar insubstituível, no
seio da comunidade, porque lhes exprime a “marca da história” (DICK,
1990b, p.207).
Se em um topônimo percebemos a “marca” da história, esta não pode ser
descartada, uma vez que não representa somente o relato concatenado de um episódio qualquer
ou de uma série de acontecimentos entrosados na evolução geral da vida humana. É também
tudo aquilo que corresponde ao rastro deixado pela própria vida, e que permitirá a alguém,
algum dia, reconstituí-la convenientemente, para pôr ao alcance do presente e do futuro, as
lições do passado.
Cada geração tem, de sua cidade, a memória de fatos ou acontecimentos que
permanecem como pontos de demarcação em sua história. Pierre Nora, em sua obra “Entre a
Meria e a História” (1993 apud CANDOTTI, 1997, p.05), destaca que
a história e a memória seguem por caminhos diferentes: enquanto a memória
detém-se na preservação das tradições, imagens, lugares, documentos e
momentos que ficaram no passado, a história busca a desmistificação de
todo esse arsenal acumulado por ela.
A história, para Nora, é a reconstrução sempre problemática e incompleta do
que não existe mais; diferente da memória, ela não conhece o absoluto, apenas o relativo. Ainda
de acordo com o historiador francês, atualmente o existe mais memória, que, para ele, a
memória verdadeira se encontra presente apenas nas sociedades ditas primitivas, enquanto que
nos outros grupos sociais há a história.
O autor afirma que nos dias atuais possuímos apenas lugares de “memória
15
,
conceito que propõe e remete aos espaços físicos ou simbólicos em que a sociedade e os
homens de nosso tempo procuram voluntariamente construir memória. “O que os constitui é um
jogo da memória e da história, uma interação de dois fatores (simples e ambíguos; naturais e
artificiais) que leva a sua sobre-determinação recíproca (NORA, 1993, p.23). Para ele, lugares
15
Lugares de memória: “são lugares, com efeito, nos três sentidos da palavra: material (depósito de arquivos),
simbólico (um minuto de silêncio) e funcional (manual de aula, testamento)”.
53
topográficos como os arquivos, as bibliotecas e os museus; lugares monumentais como os
cemitérios ou as arquiteturas; lugares funcionais como os manuais, as autobiografias ou as
associações constituem-se em memoriais da história.
Para o pesquisador citado,
a memória é a vida, sempre carregada por grupos vivos, e, nesse sentido, ela
está em permanente evolução, aberta à dialética da lembrança e do
esquecimento, inconsciente de suas deformações sucessivas, vulnerável a
todos os usos e manipulações, suceptível de longas latências e de repentinas
revitalizações [...].A memória é um fenômeno sempre atual, um elo vivido
no termo presente (NORA, 1993, p.09).
A idéia de Nora corrobora Foucault (1995, p.233) para quem:
a história, como se sabe, é efetivamente a região mais erudita, mais
informada, mais desperta, mais atraente talvez de nossa memória, mas é
igualmente a base a partir da qual todos os seres ganham existência e
chegam à sua cintilação precária.
Assim sendo, deduz-se que a história enriquece as representações possíveis da
memória, fornece símbolos e conceitos para que a sociedade pense sobre si mesma e sobre sua
relação com o passado e fertiliza a meria, reativando as lembranças. A intersecção que
entre a Toponímia e a História permite que o campo de trabalho de ambas se sinta tocado de
perto.
Enquanto a História facilita os segmentos dos processos, a Toponímia
contribui para um melhor conhecimento dos fatos e dados que se mantinham mascarados nos
nomes de lugar, tendo em vista que, muitas vezes, os tonimos podem ser as únicas evidências
da presença histórica de grupos humanos em uma área geográfica.
Pode-se afirmar que os topônimos paranaenses trazem consigo “marca da
história e da cultura de uma localidade, e revelam muito do passado histórico do Paraná. Assim,
torna-se quase impossível relatar os topônimos do período de 1648 a 1853, sem se referir à
História do Paraná. É fato que o processo de ocupação do território paranaense se deu em
diferentes épocas e por diferentes povos, e o percurso da evolução histórica e esta diversidade
contribuiu para o surgimento de vários municípios.
2.2 Tempos primitivos do território paranaense
54
Vestígios arqueológicos que se encontram no Museu Paranaense
16
mostram
que as primeiras evidências de povoamento no atual território do estado do Paraná remontam a
cerca de 8000 a.C. Foram populações que produziram os sambaquis fluviais do vale do rio
Ribeira e as populações caçadoras coletoras do vale do rio Paraná.
Os sambaquis eram locais de acampamento de populações de caçadores
coletores que exploravam os recursos do litoral, onde ainda são encontrados restos alimentares,
como conchas de moluscos, além de artefatos de pedra, osso, evidências de fogueiras,
habitações e sepultamentos humanos.
Segundo Ferreira (1999, p.38), “de 1549 data a primeira notícia do litoral
paranaense. A fonte é do alemão Hans Staden, aventureiro e tripulante de um navio espanhol
que imprevistamente aportou em nossas praias, assolado por uma tempestade”. Para Martins
(19--, p.200), “desta notícia se infere que a parte norte da costa de Paranag em 1549, era
visitada por portuguêses de São Vicente”. Portanto, deve-se aos vicentinos, que percorriam o
litoral paulistano em busca de ouro, o início do povoamento do atual território paranaense.
2.3 Disputa pelas terras brasileiras entre Portugal e Espanha
Para Bastos e Silva (1992, p.10), no decorrer do culo XV, o governo
português direciona suas práticas comerciais para o Oriente, em virtude da atração representada
pelas especiarias, que alcançavam altos preços no mercado europeu.
As atividades comerciais empreendidas pelos portugueses tornam-se muito
dispendiosas, fazendo despertar o interesse pelas terras descobertas por Cabral, que
funcionariam como um meio alternativo de obter novos recursos financeiros através da
exploração. Essas terras pertenciam por direito de descoberta aos portugueses, e, durante os
“trinta primeiros anos, Portugal enviou ao Brasil apenas algumas expedições exploradoras”, não
havendo nenhuma atividade econômica que efetivasse a posse da terra, com exceção da
exploração do pau-brasil.
Conforme atesta Martins (19--, p.50), ao mesmo tempo, os espanhóis também
iniciavam o reconhecimento da parte que lhes cabia do território brasileiro, segundo o Tratado
de Tordesilhas, o qual fora assinado com o intuito de que os reinos de Portugal e Espanha não
entrassem em guerra pela divisão das terras. O Brasil estava, nessa época, dividido por uma
16
Disponível em http: /www.pr.gov.Br/museupr/expolon l.html. Acesso: 25 abr. 2003.
55
linha imaginária a partir do oeste das Ilhas de Cabo Verde, que, no sentido norte a sul, cortava
aproximadamente desde o litoral cearense até a atual cidade de Laguna em Santa Catarina.
Desse modo, as terras a oeste pertenciam a Espanha e as do leste a Portugal.
Essa linha foi denominada de Meridiano de Tordesilhas, nome derivado do Tratado de
Tordesilhas, assinado em 07 de julho de 1494, acordo que estabeleceu normas e que “não foi,
na prática, de nenhuma maneira obedecida” (MARTINS, 19--, p.50). Assim, no culo XV, a
maior parte das terras brasileiras e principalmente do território paranaense, ficava sob jurisdição
espanhola, cabendo a Portugal somente o litoral.
2.3.1 Princípios da ocupação paranaense
Como exposto anteriormente, as terras que formam o território paranaense, no
início da colonização ficaram sob o domínio espanhol e restou a Portugal uma estreita faixa,
que abrangia as capitanias de São Vicente (doada a Martim Afonso de Souza) e Santo Amaro
(doada a Pero Lopes de Souza). Assim, as terras que compreendiam as doações feitas por
D.João III (1521-1557), soberano português, em 1532 a Martim Afonso de Souza (donatário
português), “marcou para os paranaenses o início de sua história regional” (ASARI, 1978,
p.209).
Preocupado com a posse das terras que lhe pertenciam (no Paraná, região de
Guairá), o governo da Espanha fundou algumas vilas. Em 1554, na margem oriental do rio
Paraná, poucos quilômetros abaixo das antigas Sete Quedas (na região do atual município de
Guaíra), fundou-se a Vila de Ontiveros, com o objetivo de paralisar a penetração portuguesa na
travessia do Peabiru (caminho indígena mais seguro para o litoral vicentino).
Em 1557, devido à precariedade da Vila e à hostilidade dos índios, os
espanhóis transferiram a Vila de Ontiveros para três guas acima, junto à foz do rio Piquiri,
onde fundaram a Ciudad Real de Guairá (atualmente região do município de Terra Roxa). Em
1576, na confluência dos rios Corumbataí e Ivaí, criaram a Villa Rica del Espíritu Santo (região
que abrange o atual município de Fênix e Parque Estadual de Vila Rica do Espírito Santo).
O povoamento espanhol na região de Guai estabeleceu a subordinação dos
indígenas através das encomiendas
17
que eram formadas em terras concedidas pela Coroa
17
A palavra encomienda significa encargo, renda sobre um lugar; recomendação na língua espanhola. Isto quer
dizer que os espanhóis deveriam cuidar dos índios e discipliná-los para o trabalho.
56
espanhola a pessoas que quisessem morar naquelas terras, e pacificar e catequizar os índios. Na
metade do século XVI, os índios guaranis revoltaram-se contra o sistema de encomiendas, pois
os espanhóis transformaram-no em regime de escravidão.
Assim, nos primeiros anos do século XVII, o governo delegou a pacificação e
conversão dos indígenas aos jesuítas que vêm para trabalhar e administrar as “reduções”
(pequenos núcleos de povoamento). Com esta transferência e através da Carta gia de 1608,
criou-se a Província del Guairá nas terras ocidentais do Para (CARDOSO;WESTPHALEN,
1981, p.40).
Nos vales às margens dos rios Tibagi, Ivaí, Piquiri, Paranapanema e Iguaçu,
apesar da forte oposição dos habitantes das províncias, efetivou-se o trabalho dos missionários
da Companhia de Jesus
18
, com a instalação de treze reduções
19
. Segundo Wachowicz (2000,
p.35), “o sucesso absoluto das reduções levantou temores dos luso-brasileiros de São Paulo”.
Por conta desses temores, os bandeirantes paulistas
20
empreenderam ao território da Província
de Guai vários ataques, sendo o primeiro em 1618 e, a partir de 1629, resolveram acabar
definitivamente com as redões jesuíticas.
Os bons preços alcançados pelos indígenas capturados no mercado paulista,
aliado ao fato de terem eles alguma instrução e certo conhecimento de algum ofício, favoreciam
economicamente os bandeirantes, principalmente os comandados por Manuel Preto, Raposo
Tavares e Fernão Dias, a invadirem as reduções, aprisionando índios.
A expulsão dos jesuítas e a destruição dos cleos por eles construídos
significaram a vitória dos portugueses na luta pela posse e conquista do território. Terminado o
domínio espanhol em 1640, a região foi incorporada ao Brasil com a assinatura dos Tratados de
Madrid (1720) e Santo Ildefonso (1777).
18
Constitui-se numa sociedade missionária que foi fundada em 1534 por Santo Inácio de Loyola. Seu objetivo
primordial era a defesa do catolicismo diante da Reforma Protestante e também difundi-lo nas novas terras
descobertas no Ocidente e Oriente. Ao Brasil, os primeiros jesuítas chegam em 1549, comandados por Pe.
Manoel de Nóbrega. Em 1759 o expulsos do Brasil pelo Marquês de Pombal, usando por pretexto o
envolvimento dos jesuítas nos conflitos ocorridos na região do Guairá. A alegação é de que a organização
tornara-se quase tão poderosa quanto o Estado, ocupando funções e atribuições mais políticas que religiosas.
Disponível em: http://geocities.yahoo.com.br/vinicrashbr/principal/HistoriaDoBrasil.htm. Acesso: 24 jun. 2003.
19
Nossa Senhora do Loreto, Santo Inácio Mini, São Francisco Xavier, São José, Nossa Senhora da Encarnação,
Santa Maria, São Paulo do Iniaí, Sete Arcanjos de Taioba, São Miguel, São Pedro, Conceição de Nossa Senhora
dos Guanhamos, São Tomé e Jesus Maria (CARDOSO e WESTPHALEN, 1981, p.40).
20
O bandeirantismo, responsável pela incorporação de cerca de 2/3 do atual território nacional à Coroa
Portuguesa, pode ser dividido em duas fases: até meados do século XVII, as expedições dirigiram-se ao sul
aprisionando indígenas para serem escravizados; desse período em diante seu interesse maior foi a busca de
metais e pedras preciosas (COLODEL, 1988, p.13).
57
Apenas a título de ilustração, uma vez que a relação história e topônimos será
retomada ao longo da dissertação, destaca-se aqui que a toponímia paranaense resgata o
vivido/relatado acima nomeando municípios como Bandeirantes, Jesuítas e Santo Inácio. A
denominação para o município de Bandeirantes se constitui em homenagem à atitude ousada e
pioneira dos desbravadores da região (bandeirantes modernos), que chegaram em 1920 quando
ainda era sertão bruto e habitado por povos indígenas da nação caingangue, enfrentando todo
tipo de adversidade.
o topônimo Jesuítas homenageia os padres jesuítas espanhóis que
desenvolveram o trabalho missionário na região; Santo Inácio, por sua vez, é homenagem ao
passado histórico do lugar, numa referência à antiga redução jesuítica Santo Inácio Mini que,
por volta de 1610, prosperou no território que hoje abriga o atual município de Santo Inácio.
Destaca-se ainda nesse período, de acordo com Albino (2004, p.36), o
município de Fênix, pois este surgiu das ruínas da outrora Vila Rica de Espíritu Santu, que, em
1732, foi sitiada, destruída e incendiada pelos bandeirantes. Assim a reconstrução da cidade
permite uma comparação à ave (fênix), que, segundo a mitologia, quando queimada renascia
das cinzas”.
2.4 O Paraná: da posse à transformação
Convencionou-se, entre historiadores, geógrafos e topógrafos, dividir o estado
do Paraná em três áreas histórico-culturais ligadas ao seu processo de ocupação e povoamento.
Wachowicz (2001, p.279-287) atesta que a primeira área corresponde ao que
chamamos de “Paraná Tradicional”, que teve sua história iniciada no século XVII, com o ciclo
do ouro descoberto pelos portugueses no Brasil: Iguape, Cananéia, Paranag e Curitiba;
estruturou-se no século XVIII, com o surgimento das tropas e o trabalho campeiro na ocupação
dos Campos de Guarapuava e Palmas; e mais tarde, no século XIX, com a chegada de
imigrantes e as atividades extrativas da erva-mate e da madeira.
A segunda área, correspondente ao norte do Paraná, chamado de “Norte
Velho ou Norte Pioneiro” surge com o fluxo de imigrantes (japoneses, italianos, sírio-libaneses)
e migrantes (paulistas, mineiros) que vêm para povoar e explorar a floresta, seguindo até o final
58
do século XIX e princípio do século XX com o início da produção cafeeira que abrangeu e
região desde Jacarezinho até Paranavaí.
A terceira e última fase originou-se em meados da década de 1950, quando
ocorre o deslocamento populacional chamado de “frente sulista que ocupa o oeste e sudoeste
paranaense. De um modo geral, a penetração populacional do território paranaense teve como
finalidade básica ocupar o território e fundamentalmente baseou-se na atividade econômica. Os
primeiros cleos de povoamento estabelecidos no litoral com a descoberta do ouro iniciaram
não só a posse e transformação do território, mas também a atividade econômica.
2.5 Os ciclos econômicos do Para
2.5.1 A mineração
A atividade de busca de minérios representa, talvez, o mais importante papel
na história do Brasil, se nem sempre econômico, contudo de extrema relevância social e
cultural. A busca por ouro e prata se justificava, consoante Liccardo et al. (2004, p.43), “à
medida que eram proibidos outros tipos de mineração, a produção de sal e a metalurgia, crimes
estes puníveis muitas vezes com a morte”.
De acordo com os pesquisadores, as primeiras referências documentadas e
comprovadas de extração mineral no Brasil estão no Arquivo Histórico Ultramarino, em Lisboa,
que guarda um dos mais antigos documentos cartográficos referentes à Baía de Paranaguá. Sua
confecção remonta ao ano de 1653 e nesse mapa constavam as principais minas de ouro da
região. Soares & Lana (1994) também publicaram uma coletânea de mapas, incluindo detalhes
da Baía de Paranaguá citando as lavras existentes no ano de 1666
21
.
A exploração dessas jazidas trazia grande interesse à coroa portuguesa, pois,
terminado o período de apresamento de índios, os paulistas continuaram, estimulados pelo rei
de Portugal, a penetrar nos sertões em busca de ouro. Alguns bandeirantes resolveram caminhar
para o sul, junto ao litoral, e, “entre 1570 e 1584, surgem as pequenas faisqueiras auríferas nas
vizinhanças de Paranaguá” (ASARI, 1978, p.209).
Para a pesquisadora citada, as jazidas atraíram aventureiros em busca de ouro,
vindos de Santos, São Vicente, Cananéia e São Paulo, que costearam os rios de Ararapira e
21
Este mapa será utilizado quando da abordagem dos topônimos do litoral paranaense.
59
Superagüi, entraram na baía e se alojaram na ilha de Cotinga, para posteriormente se
transferirem para o continente, começando um cleo de povoamento que se transformou na
cidade de Paranaguá.
Gabriel de Lara, pouco antes de 1646, encontrou ouro nas encostas da Serra
Negra e manifestou junto à Câmara Municipal de o Paulo a descoberta, garantindo assim o
direito de ser guarda-mor das minas nas terras de cuja exploração fora encarregado. A
consolidação do primeiro núcleo ocupacional paranaense deu-se em meados do século XVII
(1646-1648), com a inauguração do pelourinho e com as eleições para a escolha das
“autoridades da Vila” entre elas Gabriel de Lara, nomeado capitão-fundador.
Esse núcleo pode se considerado responsável em parte pela ocupação das
áreas próximas à baía de Paranaguá, uma vez que a busca de ouro resultou na fundação de
Antonina e Morretes. À medida que novas incursões eram feitas e que mais minas eram
descobertas, novos núcleos populacionais iam surgindo e desses nascem cidades como São José
dos Pinhais, Bocaiúva do Sul e, por volta da década de 1660, o povoado que mais tarde se
transformaria na cidade de Curitiba.
No interior, a busca do ouro atingiu principalmente a vasta região do
Assungui, Jaguariaíva e Tibagi e do planalto de Curitiba. Romário Martins (19--, p.181-182)
fala em “longas explorações das famosas lavras de Itaimbé (Assungui), por ventura início da
caça ao ouro no Brasil”. Ainda são mencionadas lavras em Arraial Grande (São José dos
Pinhais), Campo Largo, Catanduvas, Canguiri, Uvaraporanga e Purunã.
Wachowicz (2000, p.62-63) cita, no litoral, as minas do Pantanal e Panajóias
como sendo as mais produtivas e ainda menciona como também importantes as minas de
Limoeiro, Marumbi, Uvaparanduva, Tagaçaba e Serra Negra. No Planalto de Curitiba a
extração se destacou nas minas do Arraial Queimado (atual Bocaiúva do Sul), Botiatuva,
Purunã, Atuba, Vilinha e Canguiri.
Para Boutin (1989, p.119), as décadas de 1720 e 1730 marcaram a decadência
completa da extração mineral e os povoadores foram abandonando a zona montanhosa e
seguindo para a zona do planalto. Esse período foi histórica e culturalmente marcante no Brasil
principalmente no estado do Paraná - e o final dele define inclusive as mudanças de rumo na
economia local.
60
A região correspondente ao atual estado do Paraná, florescente nessa época,
mergulhou no esquecimento ao final do culo, uma vez que a descoberta do ouro em
quantidades maiores em Vila Rica (Minas Gerais) e em seguida Cuiabá e Goiás deslocou o foco
da febre do ouro. Esse fato movimentou grandes contingentes da população e condenou os
povoados do Paraná ao abandono por várias décadas até um novo ciclo econômico, com a vinda
dos tropeiros.
Embora os topônimos paranaenses não registrem, nos designativos dos
municípios, relação com o ciclo da mineração, o mesmo não ocorre quando da denominação de
ilhas, rios, como se observa com o emprego de faisqueira” na nomeação de lugares do litoral
paranaense.
De acordo com Ferreira (1988, p.288), “faisqueira” tem os significados de:
1.“lugar onde se encontram faíscas. 2.bras. Resto de cascalho que fica abandonado ao do
barranco, nas catas trabalhadas; e “faiscador” é: “1. aquele que procura faíscas das minas;
faisqueiro, garimpeiro. 2. bras. MG. Indivíduo que se ocupa na lavagem das substâncias
auríferas nas margens e no álveo dos regatos e das torrentes”.
Uma análise dos tonimos designativos do litoral paranaense
22
possibilitou o
resgate desse momento histórico nos nomes: rio Faisqueira (Antonina, Guaraqueçaba), morro
da Faisqueira (Guaraqueçaba). Nesta pesquisa destaca-se arroio da Faisqueira (Ponta Grossa),
rio Faisqueira (Tibagi). Perpetua-se assim, na toponímia o ciclo inicial de nossa ocupação do
ouro.
2.5.2 O tropeirismo: comércio e criação de gado
Para Martins (19--, p.223-224), a partir de 1730, com a escassez de novos
descobrimentos e com a queda na produção de ouro, uma economia complementar à atividade
mineradora veio contribuir para a ocupação do território paranaense: a criação e o comércio de
gado.
A frustração em relação ao garimpo, ocorrida no primeiro planalto paranaense
por parte dos pioneiros da ocupação do território, encontrou, na criação de gado, uma
22
Zamariano, Márcia. “Percebendo a Toponímia do Litoral Paranaense”, comunicação apresentada no Grupo de
Estudos Lingüísticos do Estado de São Paulo, Marília/2001, publicada em Estudos Lingüísticos XXXI 2002.
61
alternativa de sobrevivência e sua posterior expansão para a região, denominada de “Campos
Gerais”, com a pecuária extensiva.
Com o estabelecimento do caminho que comunicava os campos do Rio
Grande do Sul desde Viamão até a tradicional feira paulista de Sorocaba, onde se
comercializava gado bovino e muar, o território paranaense torna-se referência para as tropas.
Os tropeiros, entrando no Paraná, paravam em pousadas para a recuperação dos animais,
usufruindo das pastagens naturais das invernadas.
Segundo Wachowicz (2001, p.101-107), os primeiros caminhos terrestres, no
atual território, tiveram sua origem com os indígenas, sendo depois utilizados pelos
bandeirantes em suas expedições e pelos faiscadores de ouro, culminando, com o decorrer do
tempo em caminho de tropas. Eram rios os caminhos existentes: o do Peabiru, da Graciosa,
de Cubatão, de Itupava, do Arraial e de Sorocaba-Viamão. O caminho Sorocaba-Viamão, que
até 1731, no Paraná era chamado de Estrada da Mata, foi usado por mais de 100 anos pelas
tropas e tropeiros. De sua penetração e subseqüente tomada de território criaram-se e
organizaram-se vários pousos, invernadas e povoações, originando-se muitas cidades que
existem atualmente nos Campos Gerais, como Jaguariaíva, Piraí do Sul, Lapa, Ponta Grossa e
Castro.
A partir da década de 1860, de acordo com Cardoso; Westphalen (1981 p.56),
o ciclo do tropeirismo entrou em declínio, após ocorrer à melhoria dos rebanhos da Província de
o Paulo e a construção e prolongamento de estradas de ferro que substituíram o transporte
feito em tropas.
Do ponto de vista toponímico, podem-se destacar as origens dos nomes de
Mangueirinha, Campo Magro e Peabiru que remontam a esse período. A denominação
Mangueirinha justifica-se a partir de uma pequena mangueira de gado e mulas, instalada por
volta de 1870, à margem esquerda do rio Iguaçu.
Campo Magro deve-se ao fato de que, na época do inverno, quando os
tropeiros transitavam pela região, o gado emagrecia devido às poucas pastagens verdes. Os
pastos pareciam um campo minguado, ou seja, um campo magro (FERREIRA, 1999).
A denominação de Peabiru se deve ao caminho de Peabiru que, além de fazer
parte da história de nosso estado, deu seu nome ao município, cujo território é atravessado em
62
sentido leste-oeste por esse caminho. Segundo histórico enviado pelo município, o nome
Peabiru é de origem tupi-guarani, e constitui-se de dois vocábulos: ‘peque significa ‘caminho’
e ‘abiru’ que quer dizer ‘grande amassado’, formando-se então, “caminho grande amassado”.
Observe-se, por exemplo, que no município da Lapa, encontra-se o rio do
Pouso, e em Palmas o córrego do Pouso Feio, nomes surgidos devido ao movimento dos
tropeiros que percorriam toda a região, e uma alusão ao local de descanso nas longas viagens. A
origem do nome relembra o movimento do tropeirismo, fator de fundamental importância na
economia e povoamento do Paraná.
2.5.3 O ciclo da erva-mate
Os bandeirantes, através de contatos com os indígenas das reduções de
Guairá, foram os primeiros a trazer notícia e o hábito da bebida do mate, então chamada
“congonha” (ASARI, 1978, p.220).
De acordo com Cardoso; Westphalen (1981, p.58), a erva-mate começou a se
destacar na economia paranaense a partir de 1820, quando passou a ser comercializada
regularmente com alguns países da América do Sul. A produção ervateira (concentrada nos
ervais do alto Iguaçu) enfrentou inúmeras dificuldades para se desenvolver por se tratar de uma
atividade extrativa em moldes rudimentares. Imaginava-se a erva produzida no Paraná de baixa
qualidade e inferior à do Paraguai, tendo em vista ser este o maior produtor na época, o que
interferia diretamente nos mercados compradores da produção paranaense.
Na evolução do ciclo da erva-mate paranaense, dois nomes se destacaram: por
volta de 1820, D.Francisco Alzagaray (argentino) ensina os produtores paranaenses outros
todos de comércio, técnicas do fabrico e beneficiamento. As erveiras passam a ser mais bem
podadas; a secagem e trituração feita à moda paraguaia satisfazendo melhor o paladar platino e
melhorando a qualidade da nossa erva. Outro colaborador foi o engenheiro Francisco Camargo
Pinto, construtor das máquinas até hoje usadas no beneficiamento do mate (WACHOWICZ,
2001, p.131).
A Guerra do Paraguai (1864) facilitou o destino da exportação do mate
brasileiro. Na queda do maior concorrente, o único a dispor de erva para abastecer os mercados
63
passa a ser a nova Província
23
. Com o término da guerra em 1870, o Paraguai volta a fazer
concorrência.
O ciclo da erva-mate foi um dos mais longos e produtivos da economia
paranaense, “a cultura fez a Província, criou cidades, ampliou fronteiras, aparecendo como o
produto de sustento da economia paranaense até praticamente o fim da República Velha com a
Revolução de 1930” (FERREIRA, 1999, p.45).
Entretanto, a região de Guarapuava, que se desenvolveu neste ciclo, pois era
possuidora de grandes reservas e produtora de erva bruta, não obteve benefícios nessa
exploração, pois esta atividade extrativa não reteve capitais na região, não conseguindo fixar
população e nem melhorar sua qualidade de vida (SILVA, 1997, p.04).
Enfim, a atividade ervateira introduziu o Paraná nos tempos modernos, uma
vez que em 1853 existiam noventa engenhos de beneficiamento e a produção chegou a
representar 85% da economia da Província. Concretiza-se como reflexo dos recursos oriundos
da erva-mate o povoamento de cidades como Guaíra, Bom Jesus do Sul, Agudos do Sul e
Chopinzinho entre outras.
A despeito da atividade condutora da economia exercida pelo ciclo da erva-
mate no povoamento do Paraná, não na nomenclatura dos municípios paranaenses, muita
referência a essa erva. Apenas o município de Congonhinhas, traz em seu histórico
24
que “o
nome originou-se de uma planta natural da região”. De acordo com Bueno (1989, p.167),
congonha “é o nome vulgar de diversas plantas semelhantes ao mate”.
2.6 A expansão do Sudoeste Paranaense
Incluem-se, na região Sudoeste Paranaense, municípios de ocupação antiga,
como Guarapuava, Palmas, Clevelândia, União da Vitória, Mangueirinha. Os Campos de
Palmas e Campos de Guarapuava foram ocupados ainda na primeira metade do século XIX, por
resultado de medidas oficiais.
Guarapuava foi criada por decreto do governo da Província de São Paulo em
1819; Palmas surgiu no final do século XIX por iniciativa do governo do Paraná e pela
23
Em 1853 a Comarca de Curitiba foi elevada à categoria de Província quando se desmembrou de São Paulo.
24
Banco de dados do projeto ATEPAR.
64
concessão de sesmarias destinadas à pecuária. No referido século, as atividades econômicas
eram baseadas na extração da erva-mate, da madeira e da pecuária. A chegada em grande escala
de catarinenses e gaúchos como peões das fazendas de Palmas e de Clevelândia colaborou para
a ocupação da região.
Em 1916, com o fim da questão de limites entre Paraná e Santa Catarina, a
região do Contestado
25
, no Sudoeste do Paraná, passou a ser região oeste de Santa Catarina.
Muitos paranaenses que viviam nessa região recusavam-se a permanecer sob o governo
catarinense, migrando para a área que pertencia ao Paraná. O governo do Paraná, preocupado
em acolher essa população, funda a Colônia Bom Retiro, através do decreto 382, de 07 de maio
de 1918, em terras de uma fazenda que lhe deu o nome. Com o tempo, a localidade passou a
denominar-se Colônia Pato Branco e, posteriormente, Pato Branco.
Na aquisição de terras no sudoeste do estado, no início do século XX,
vigorava o sistema de posse. A chegada de uma nova frente ocupacional colonizadora formada
por sulistas (colonos gaúchos e catarinenses), pressiona o posseiro, que, não resistindo à oferta,
desiste da terra, embrenhando-se no sertão à procura de nova posse (WACHOWICZ, 2001,
p.181).
Na década de 1920, os terrenos da Colônia Pato Branco já estão ocupados. As
regiões vizinhas de Vitorino, Enéas Marques, Renascença, Itapejara d’Oeste etc., foram
ocupadas pelo sistema de posse.
Após a Revolução de 1930, com Getúlio Vargas no poder, o Interventor do
Paraná, Mário Tourinho faz retornar ao estado as terras do Sudoeste até a fronteira com Santa
Catarina, que haviam sido tituladas à Companhia Brasileira de Viação e Comércio
BRAVIACO. Com a intenção de colonizar a região, o governo Vargas criou em 1943, a
Colônia Nacional General Osório CANGO, a 60 km da fronteira na região entre Barracão e
Santo Antônio. O objetivo maior da CANGO era atrair o excedente de mão-de-obra agrícola do
Rio Grande do Sul para o Sudoeste do Paraná.
25
Denominação da luta armada verificada entre o Paraná e Santa Catarina (de 1912 a 1916), por questões
limítrofes, bem como pela ocorrência das guerrilhas do Contestado, problema de ordem fundiária e social,
provocado pelo choque entre os chamados “fanáticos” seguidores do monge José Maria, proprietários de terras,
Companhias Concessionárias estrangeiras e polícias estaduais pela posse e propriedade da terra face ao estado de
miséria e exploração dos caboclos da região (Cardoso e Westphalen, 1981, p.70).
65
A partir da década de 1930, há a reativação do processo ocupacional da região
em virtude do cancelamento de muitas concessões; da concentração de esforços no
estabelecimento das vias de comunicação e do movimento migratório intensificado de forma
surpreendente. Assim, por iniciativa particular ou estatal, surgem, a partir de 1945, cidades
como Goio-Erê, Manoel Ribas e Campo Mourão entre outras.
2.7 A expansão do Oeste Paranaense
De acordo com o historiador Colodel (1988, p.16), a história da ocupação
moderna do Oeste paranaense “tem se apresentado aos historiadores com um balizamento
temporal bastante nítido e que pode ser vislumbrado a partir da segunda metade do século
XIX”. O grande acontecimento desse período é a deflagração da Guerra do Paraguai ocorrida de
1864 a 1870. Essa guerra nem bem havia terminado, e o Exército Imperial, preocupado com a
localização estratégica da região, funda, em 1889, a Colônia Militar (hoje Foz do Iguaçu).
A penetração da região Oeste era de difícil acesso, e para alcançá-la seria
através do rio Paraná; da estrada de ferro Guaíra - Porto Mendes ou da “picada aberta que
levava de Guarapuava à Foz do Iguaçu e que teve seu leito melhorado somente em 1920. No
Oeste do Paraná, por mais de cinqüenta anos, assentou-se um modelo de exploração que ficou
conhecido pela história como obrages
26
, nas quais trabalhavam os “mensus”
27
. As obrages
existiam unicamente para a exploração intensiva dos produtos (extração vegetal), e quando as
reservas vegetais se esgotavam, eram abandonadas. Não havia por parte dos obrageros a
preocupação de que a área por eles explorada fosse colonizada (COLODEL, 1988, p.23-24).
Os obrageros chegam ao Oeste quando as obrages que possuíam em terras
argentinas começam a declinar. Vislumbram nas terras paranaenses a riqueza através da
extração da erva-mate e da madeira em toras. Para o transporte das mercadorias, desenvolveu-se
a navegação fluvial através do rio Paraná, instalando-se portos instáveis e perenes.
Em 1924, ocorre no Brasil o Movimento dos Tenentes ou Tenentismo,
revolução militar que muito influenciou na vida político-econômica do Oeste Paranaense. A
26
Obrages nada mais eram do que imensos domínios rurais que se estabeleceram no Oeste Paranaense e também
na porção sul do Mato Grosso. O termo é castelhano e vem designar as propriedades e/ou explorações instaladas
onde havia predominância de paisagem de clima subtropical tanto na Argentina como no Paraguai. Foi nesses
países, desde o início do século XIX, que as obrages surgiram (Colodel, 1988, p.24).
27
Designação dada aos indivíduos que se propunham a trabalhar braçalmente numa obrage. O termo equivale-se
a peão. O seu trabalho era pago mensalmente ou pelo menos sua conta era assim movimentada.
Etimologicamente, a expressão vem do espanhol: mensual, ou seja, mensalista (Colodel, 1988, p.23).
66
passagem e o combate das tropas revolucionárias no domínio das obrages, tendo por destaque
Luís Carlos Prestes, libertou do trabalho servil os mensus. Após permanecerem cerca de oito
meses no Oeste, as tropas deixam a região iniciando a história da Coluna Prestes.
Em 03 de novembro de 1930, com o decreto 300, o governo retoma as
terras concedidas e tituladas a grupos econômicos nacionais e estrangeiros, abrindo o
povoamento aos migrantes do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A década de 1940 revela-se
como uma etapa de povoamento intensivo pelas companhias colonizadoras. Em 1946, através
da Industrial Madeireira Colonizadora Rio Paraná S/A – MARIPÁ
28
fez-se a venda de terras e o
efetivo povoamento da região oeste. Sua sede era no atual município de Toledo.
A verdadeira corrente povoadora somente ganharia impulso a partir da década
de 1940. O governo federal, querendo nacionalizar a região com um povoamento real e efetivo,
cria sob a égide política de Getúlio Vargas a “Marcha para o Oeste”. Surge como forma de
ocupação sistetica dos imensos “vazios demográficos e econômicos”.
Com a ocupação do Norte do Paraná, a população vinda dos estados de São
Paulo, Minas Gerais e também do nordeste brasileiro, dirige-se para o Oeste, surgindo de sua
ação povoadora municípios como Palotina, Terra Roxa, Assis Chateaubriand, Cafelândia. Os
atuais municípios de Cascavel, Catanduvas, Guaraniaçu e Foz do Iguaçu foram fundados por
uma rarefeita frente de colonização proveniente dos Campos de Guarapuava, das antigas
colônias de imigrantes europeus. A importância na colonização da região pela MARIPÁ, ficou
registrada na toponímia paranaense designando o município de Maripá, localizado no Oeste
paranaense.
2.8 A ocupação do Norte do Paraná
Nas últimas décadas do culo XIX, estabeleceu-se a ocupação do norte
paranaense, relacionada diretamente com a cafeicultura paulista, atingindo seu auge em meados
de século XX (1940 1960). As primeiras tentativas de expansão rumo ao norte do Para
existiram mais por razão militar que colonizadora, como foi o caso da Colônia Militar de Jataí e
dos aldeamentos de São Pedro de Alcântara e de o Jerônimo. A Colônia Militar tinha por
objetivo a fiscalização do trânsito de mercadorias para o Mato Grosso e Paraguai. São Pedro de
28
Companhia privada de capital gaúcho.
67
Alcântara e Jataí deram origem a Jataizinho e o Jerônimo deu origem a Araiporanga,
posteriormente São Jerônimo da Serra.
Por volta de 1860, a expansão da cafeicultura paulista atinge os limites da
Província do Paraná, estabelecendo-se nessa época, um núcleo urbano, denominado Colônia
Mineira, atualmente Siqueira Campos. Esta colônia foi fundada em 1862 por Francisco José de
Almeida, mineiro que foi para a região atraído pela fama das terras e que estimulou a migração
de outros mineiros, os quais, sabendo da fertilidade das terras, iniciam as plantações de café.
Ferreira (1999, p.73) argumenta que o Norte do Paraná, definido pelos rios
Itararé, Paranapanema, Paraná, Ivaí e Piquiri, foi dividido em três áreas segundo a época e a
origem das colonizações: Norte Velho (Pioneiro), Norte Novo e Norte Novíssimo.
A primeira fase de ocupação que durou de 1860 a 1925, resultou no chamado
Norte Velho, conhecido regionalmente por Norte Pioneiro, cuja área se estendia do rio Itararé
até a margem direita do rio Tibagi. Neste período são fundadas as cidades de Wenceslau Braz,
Tomazina, Santo Antonio da Platina, Jacarezinho, Cambará e Andirá, entre outras.
O processo de ocupação tornou-se contínuo, e na segunda fase, que se tornou
conhecida como Norte Novo e foi colonizada de 1920 a 1950, estabeleceu-se a região de
Cornélio Procópio até o rio Ivaí. Em meados da década de 20, a cafeicultura se estendeu até a
região algodoeira de Ass, favorecida pela expansão do fluxo imigratório. Com o trabalho dos
colonos estrangeiros, paulistas, mineiros e nordestinos, consolidou-se o progresso da região.
A colonização desse período é marcada por várias concessões de terras, sendo
a mais importante a realizada através de venda, pelo governo do estado, de terras devolutas
29
à
‘Paraná Plantation Ltd. ’, companhia inglesa que tinha como subsidiária no Brasil a
‘Companhia de Terras Norte do Paraná’ CTNP- que adquiriu, em 1925, 350.000 alqueires de
terras, continuou comprando até completar 515.017 alqueires, em 1928.
Em 1944, um grupo de investidores paulistas adquire a CTNP, alterando em
1951 o nome para Companhia de Melhoramentos Norte do Paraná. Nas áreas loteadas,
instalaram-se cidades como Londrina, Apucarana, Arapongas, Cambé, etc. Na terceira e última
29
Segundo a Lei de Terras (Lei nº 601 de 18/09/1850), eram aquelas que não se encontravam por qualquer título
legítimo, no domínio de particulares ou dadas em sesmarias ou outras concessões, ou ocupadas por posse ou
aplicadas a algum uso público nacional, provincial ou municipal. Disponível em www.senado.gov.br. Acesso: 25
jun.2003.
68
fase, que compreendeu o período de 1940 a 1960, foi realizado o povoamento da região
denominada Norte Novíssimo, abrangendo áreas próximas do rio Ivaí e Piquiri, com a fundação
de cidades como Maringá, Umuarama, Rondon e Xambrê.
Como os demais ciclos da ocupação ocorridos no estado, a atividade cafeeira
está retratada na denominação de alguns municípios, demarcando a área abrangida pelos
cafezais. Seus vestígios persistem na nomenclatura dos municípios: Cafeara, Cafelândia,
Cafezal do Sul. Os topônimos Ourizona e Ouro Verde do Oeste referem-se ao café, chamado
metaforicamente de “ouro verde”.
2.9 Histórico dos municípios paranaenses fundados entre 1648 e 1853
2.9.1 Antonina
Os índios carijós foram os primeiros habitantes das terras de Guarapirocaba,
denominação indígena dada a Antonina nos tempos coloniais. Assim como aconteceu em todas
as cidades da orla marítima do Paraná, foi a exploração do ouro que trouxe os primeiros
desbravadores portugueses. Antônio de Leão e Pedro Uzeda foram os primeiros habitantes de
Antonina, os quais receberam em 1648 e 1654 de Gabriel de Lara, três sesmarias no litoral
antoninense. A fundação da povoação teve lugar em 12 de setembro de 1714, data em que, com
a autorização do Bispo do Rio de Janeiro, D. Francisco de São Jerônimo, construiu-se a capela
do Pilar da Graciosa, na Fazenda Graciosa. Em 29 de agosto de 1797, foi elevada à categoria de
Vila, com a denominação de Antonina, em meria do príncipe D. Antonio, filho de Dom João
VI e Dona Carlota Joaquina. Em 06 de novembro de 1797 foi elevada à categoria de cidade e a
21de janeiro de 1857 se constituiu Comarca da Província de São Paulo.
2.9.2 Arapoti
A história de Arapoti está estreitamente ligada à de Jaguariaíva, podendo-se
afirmar que ambas tiveram os mesmos fundadores. Em 1719, Bartholomeu Paes de Abreu
requereu uma sesmaria na região de Jaguariaíva, permitindo a movimentação em toda esta
região. A origem do município de Arapoti remonta a uma fazenda de criação de gado chamada
Cachoeirinha, que foi povoada aos poucos até alcançar os foros de Vila. Em 1913, com a
chegada da estrada de ferro Rede Viação Paraná Santa Catarina verificou-se o
desenvolvimento local, formando-se o povoado em redor da nova estação ferroviária, o qual
recebeu a denominação de Cachoeirinha, passando a distrito em 07de março de 1934. No
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entanto, o distrito foi elevado à categoria de município a 26 de novembro de 1954,
desmembrando-se de Jaguariaíva.
2.9.3 Araucária
Datam de 1668 as primeiras notícias da região que hoje constitui o
município de Araucária, quando Domingos Rodrigues da Cunha obteve uma sesmaria, situada
na passagem de Apiaúna, nas proximidades do rio Iguaçu. Este pioneiro fundou ali um pequeno
povoado, cuja primeira denominação foi Tindiquera. Em 1837, a Capela de Nossa Senhora da
Luz de Tindiquera foi elevada a Capela Curada, um ano depois foram estabelecidas as primeiras
divisas do bairro. Através da Lei Provincial nº 021, de 28 de fevereiro de 1858, foi criada a
Freguesia do Iguassu, e em 1868, a Freguesia foi desligada de Curitiba e anexada como distrito
de o Jo dos Pinhais. A partir de 1876, começou a corrente imigratória, isto no tempo do
Império, principalmente por poloneses, seguidos por alemães, italianos, ucranianos, que
notavelmente deram à região um surto de progresso. Pelo Decreto Estadual 40, de 11 de
fevereiro de 1890, foi criado o Município de Araucária, em território desmembrado de Curitiba
e São José dos Pinhais.
2.9.4 Bocaiúva do Sul
Ao serem descobertos e povoados os campos de Curitiba, existia no planalto
curitibano uma localidade chamada Arraial Queimado, cuja denominação provém de um
incêndio que, em épocas imemoriais, teria destruído a primitiva povoação fundada, com nome
ainda hoje ignorado. Em 1710, foi concedida uma carta de sesmaria a Domingos Fernandes
Grosso, que abrangia as terras do Arraial Queimado. A chegada de Manoel José Cardoso, chefe
de numerosa prole, e outros moradores fortalece o desenvolvimento e povoamento do local. A
lei de 22 de abril de1870 eleva a povoação à categoria de Freguesia. A 12 de abril de 1871 era
criado o município de Arraial Queimado, que, depois da Proclamação da República, passou a
denominar-se Bocaiúva, numa homenagem ao ministro das Relações Exteriores do Governo
Provisório, Quintino Bocaiúva. Em 30 de dezembro de 1943, recebeu a denominação de
Imbuial, mudando novamente em 01 de outubro de1947 quando passou a chamar-se Bocaiúva
do Sul.
2.9.5 Campina Grande do Sul
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A povoação de Campina Grande do Sul teve sua origem mais ou menos no
ano de 1666 com a denominação “Freguesia de São João Batista”. A 15 de Outubro de 1883, foi
o terreno, onde se acha fundada a Igreja do Santo Padroeiro, doado à Freguesia do mesmo
nome, pelos cidadãos: Francisco Garcia de Lima e Antonio Ribeiro dos Santos, fundadores
deste município. Pela lei de 18 de abril de 1873 foi criada a Freguesia de Campina Grande,
elevando-se a sua sede à categoria de Vila, sendo desmembrado de Arraial Queimado. A 22 de
março de 1884 foi solenemente instalada a Vila de Campina Grande e empossada a sua Câmara
Municipal, de acordo com a Lei e decreto Provincial em regência, formando um Distrito
Judiciário, pertencente ao termo de Colombo, sendo subdividido em três distritos policiais:
Campina Grande (sede), Quatro Barras e Capivari Grande. Em ato datado de janeiro de 1939, o
Interventor Manoel Ribas anexou o município de Campina Grande, passando a ser distrito de
Piraquara com a denominação de Timbu. Permaneceu Timbu como Distrito segundo de
Piraquara até 1951, quando voltou a ser município. Mais tarde, em 07 de fevereiro de 1956, o
município até então denominado Timbu, passou a sua denominação antiga, mais o acréscimo de
“do Sul”, ficando então com o nome de “Campina Grande do Sul”, por força da Lei nº. 2593 de
07 de fevereiro de 1956, sancionada pelo Sr. Moisés Lupion, Ex-Governador do estado.
2.9.6 Campo do Tenente
Seus habitantes primitivos eram os caingangues e os botocudos. Pelos idos de
1543 já se conhecia seu território, pois a existência da Capitania de Itamaracá incluía o território
que compõe o município de Campo do Tenente. A origem do povoado dá-se em função de sua
localidade estar no caminho das tropas que faziam a rota Sorocaba-Viamão, e que certamente
serviu de ponto de parada de descanso das mesmas, e mais tarde, parada obrigatória dos
tropeiros. Criado pela Lei 4.338 de 25 de janeiro de 1961, foi instalado oficialmente em 29
de outubro do mesmo ano e desmembrado do município de Rio Negro.
2.9.7 Campo Largo
A pessoa que habitou a localidade, por volta de 1814, foi o português Coronel
Antonio Luiz, conhecido pela alcunha de “Tigre”, proprietário da sesmaria. A localidade
prosperou e recebeu o nome de Freguesia Colada de Tamanduá, que se situava nas
proximidades da Freguesia Nova (Palmeira). Em 1819 o capitão Antônio da Costa, que morava
em Curitiba, e possuidor de terras naquela região, doou parte de sua propriedade, permitindo
que naquela região se instalasse quem bem entendesse, desde que cuidasse da terra doada.
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Nesse período, o Capitão enviou ao lugar uma imagem de Nossa Senhora da Piedade, que
mandara vir da Bahia em 1816. A construção da nova capela iniciou-se em 1821, sendo
executada pelo Capitão Jerônimo José Vieira e administrada por João Antônio da Costa e o
Padre José Joaquim Ribeiro da Costa, o qual realizou a primeira missa no local, além de ser o
protetor espiritual da comunidade. Após o término da construção da capela, em 1828, o vilarejo
foi elevado à categoria de Capela Curada, pelo Bispo D. Manuel Gonçalves de Andrade. Em 12
de março de 1841, criou-se o distrito judiciário de Campo Largo da Piedade, pertencendo à
comarca de Curitiba e a 02 de abril de 1870, foi criado o município com território desmembrado
de Curitiba. A atual denominação Campo Largo é de origem geográfica, advinda da
largueza dos horizontes do lugar. A denominação de Campo Largo é antiga, vindo desde os
tempos do desbravamento dos Campos de Curitiba. O Coronel Antônio Luiz, português de
nascimento e conhecido pelo apelido de “Tigre”, foi o grande pioneiro do atual município.
Possuía uma sesmaria exatamente onde se situa a sede municipal.
2.9.8 Cândido de Abreu
A primeira leva de imigrantes europeus que aportou no Paraná em 1829 e que
se compunha de 60 famílias de alemães começou a colonização estrangeira em terras
paranaenses. Em 1847, por iniciativa do médico francês Dr. João Maurício Faivre, e sob os
auspícios da Imperatriz, D. Tereza Cristina, foi fundada a “Colônia Tereza”, que deu origem aos
municípios de Cândido de Abreu e Reserva. Este cleo foi fundado com 87 franceses, mas,
apesar de todos os esforços do Dr. Faivre, a colônia fracassou, e os colonos abandonaram o seu
benfeitor, que faleceu em 30 de agosto de 1858. O município foi criado pela lei de 26 de
novembro de1954 com território desmembrado de Reserva. A cidade de Cândido de Abreu tem
este nome em homenagem ao Engenheiro Cândido de Abreu, que foi responsável pela
construção da rodovia estadual que liga Ponta Grossa a Cândido de Abreu.
2.9.9 Castro
O atual município de Castro, localizado nos Campos Gerais, foi, a princípio,
um “pouso” ou “arraial” de tropeiros na rota do Viamão, em vista da situação do lugar
(pastagens, aguada, clima, etc.). A primitiva denominação da localidade Pouso do Ia foi
progredindo, e em 1751, construiu-se a primeira capela, sendo elevada posteriormente à
categoria de Freguesia de Sant’Ana do Iapó em 1770. O município tem sua história no
tropeirismo. Era ponto obrigatório da passagem das tropas de Viamão, no Rio Grande do Sul, a
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Sorocaba, em São Paulo. Os tropeiros pernoitavam às margens do rio Iapó, dando origem à
primeira denominação do local, Pouso do Iapó. Em 1774, foi elevado à categoria de Freguesia,
com a denominação de Freguesia Nova de Sant’Ana do Iapó. Em 1789 tornou-se Vila Nova de
Castro, em homenagem a Martinho Mello e Castro, então Secretário dos Negócios
Ultramarinos, que muito beneficiou o povo da região. Com o progresso acelerado, ocorreu a
instalação da Comarca, em 1854, não tardando a se tornar Cidade de Castro, no ano de 1857,
graças ao empenho do Padre Damaso José Correia junto à Presidência da Província.
2.9.10 Clevelândia
O início da ocupação da região onde se encontra o atual território de
Clevelândia data de 1839, que historicamente, foi percorrida pelos sertanistas à procura de um
caminho que melhorasse a vazão do comércio de tropas. As tentativas de Atanagildo Pinto
Martins e depois a de Joaquim Ferreira dos Santos de encontrarem o tão almejado caminho
estabeleceu um litígio entre as duas bandeiras. Concomitantemente, outro problema aparecia na
região: a célebre Questão das Missões, originada na demarcação de limites entre Brasil e
Argentina. Toda a extensa região compreendida entre a Freguesia de Palmas e a fronteira da
Argentina, era zona contestada. Em face da gravidade da questão em jogo, foi nomeado árbitro
o então presidente dos Estados Unidos da América do Norte, Grever Cleveland, o qual, depois
dos estudos necessários, dirimiu a questão em favor do Brasil. Muitos anos mais tarde, o
governo do Paraná, deu ao município a denominação de Clevelândia em homenagem ao
referido presidente americano. Posteriormente, durante a Guerra do Paraguai, o contingente
destacado para vigiar a fronteira, teve seus alojamentos provisórios transformados em
habitações permanentes, de sorte que após alguns anos o arraial se constituiu numa povoação. A
lei provincial de 16 de outubro de 1884 criou a Freguesia de Bela Vista de Palmas. Com a lei de
29 de março de 1909 passou a denominar-se Clevelândia.
2.9.11 Curitiba
A região de Curitiba começou a ser povoada por volta de 1630, por habitantes
vindo de Paranaguá, onde havia sido descoberto o ouro de aluvião, formando o povoado de
Nossa Senhora da Luz e Bom Jesus dos Pinhais, que foi elevado à Vila em 29 de março de
1693, pelo capitão-povoador Matheus Martins Leme. Em 1721, com a visita do ouvidor
Raphael Pires Pardinho, ocorre a mudança do nome da Vila e da rotina do povoado. Sem muitos
recursos minerais, a região fez com que muitos dos moradores se deslocassem para a região de
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Minas Gerais. Durante muito tempo, a Vila não foi mais do que uma passagem do transporte de
gado dos campos de Viamão, no Rio Grande do Sul, a São Paulo (Sorocaba).
2.9.12 Guarapuava
O descobrimento dos Campos de Guarapuava foi obra realizada pelo Sargento
ndido Xavier de Almeida e Souza que, em 1768, partiu comandando a quarta bandeira que
iria descobrir finalmente a região situada no extremo-oeste de Curitiba. Em Carta Régia, de 05
de novembro de 1808, o Príncipe Regente determinou que fosse feita guerra aos índios que
impediam o povoamento. Foram meses e meses de viagem a cavalo, desbravando o sertão, até
que no dia 17 de junho de 1810, a expedição colonizadora chegou às margens de um rio, que foi
chamado de Coutinho. Ergueram-se ali barracas. Ao redor, para proteção contra os índios, foi
levantado um cercado com 40 palmos de altura, no qual um soldado ficava de guarda, ou seja,
de atalaia. Nascia o Fortim Atalaia, um marco de resistência contra o povo indígena que,
mais tarde transformou-se num povoado. Um desentendimento entre o comandante da
Expedição Colonizadora desejava que a cidade real fosse construída no Campo Real e o
Padre catequista queria fundar a cidade no atual município de Pinhão ou entre os rios
Coutinho e Jordão mostrou a força do Padre Chagas. No dia 11 de novembro de 1818, a
pedido do Padre Chagas, D. João VI criou a Igreja Matriz e a Freguesia de Nossa Senhora de
Belém. Os moradores do antigo Povoado de Atalaia mudaram-se para o novo local e no dia 9 de
dezembro de 1819 foi instalada a Freguesia de Nossa Senhora de Belém, um pequeno povoado
que se transformaria na cidade de Guarapuava. Em 17 de julho de 1852, a Freguesia foi elevada
à Vila, pela lei imperial12, passando a ser a Vila de Guarapuava. Somente a partir de 12 de
abril de 1871, através da lei provincial 271 foi denominada como Cidade de Guarapuava.
2.9.13 Guaraqueçaba
Com a descoberta do ouro na região do litoral paranaense, numerosos
mineiros e aventureiros se dirigiram para a região, explorando os rios e escavando o ouro de
lavagem em diversos lugares. Em 1838, Cipriano Custódio de Araújo e José Fernandes Correia
construíram uma capela no so do morro de Quitumbê, sob a invocação do Bom Jesus dos
Perdões. Em torno dessa capela foram surgindo as primeiras edificações, formando em pouco
tempo um povoado, o qual foi elevado à categoria de Freguesia em 1854 e à de município em
1880. Permaneceu nessa categoria até 1938, quando extinto e anexado como simples distrito de
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Paranaguá. Em 10 de outubro de 1947 teve sua autonomia administrativa restaurada e
novamente a instalação do Município.
2.9.14 Guaratuba
A 5 de dezembro de 1765, D. Luiz Antônio de Souza Botelho Mourão,
Morgado de Mateus, ordenou a Afonso Botelho de Sampaio e Souza que fundasse um povoado
na enseada de Guaratuba, que a fim de bem executar sua tarefa, reuniu duzentos casais e
transferiu-os para o referido local, dando-lhes as ferramentas necessárias e demarcando-lhes as
terras, de acordo com as necessidades de cada um. A 13 de maio de 1768, D. Luiz Antônio de
Souza Botelho Mourão mandou construir uma igreja neste novo povoado e, a 29 de abril de
1771, foi celebrada a primeira missa, oficiada pelo pároco Bento Gonçalves Cordeiro e ajudada
pelos padres Frei João Santana Flores e Francisco Borges. Nesta mesma data este povoado foi
elevado à categoria de Vila, com a denominação de Vila São Luiz de Guaratuba da Marinha. A
10 de outubro de 1947, foi dada autonomia ao Município, sendo instalado oficialmente em 27
de outubro do mesmo ano.
2.9.15 Ipiranga
Foi de Ponta Grossa que, por volta de 1850, partiu a primeira expedição que
atingiria o território do atual município de Ipiranga. Guiados pelo índio Joaquim, vários
desbravadores penetraram o território, dando-lhe a denominação de Guarda Velho, de onde
passaram, em seguida, para as localidades de Lustosa, Avencal, Enxovia e Quebra-cachorro,
construindo casas e cultivando as terras. Mas a fundação propriamente dita de Ipiranga foi obra
do português Joaquim Teixeira Duarte, que veio para o Paraná em 1853. Ele chegou à
localidade no ano de 1866, fixando residência e iniciando a fundação de um povoado. Em 1867
trouxe para a povoação o Padre Antônio Pina, celebrante de primeira missa em louvor à
padroeira, Nossa Senhora da Conceição. A partir de 1829, quando chegaram os primeiros
imigrantes europeus ao Paraná, Ipiranga sofreu a influência de colonos poloneses, alemães e
holandeses, fundadores, na região, de núcleos coloniais. Por ato de 05 de abril de 1890, foi
criado o distrito de paz de Ipiranga. Obteve foro de Vila em 07 de dezembro de 1894, passando
também à categoria de município autônomo. A sede municipal elevou-se à categoria de cidade
pela Lei nº 2.736 de 31de março de 1930.
2.9.16 Iv
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Por volta de 1850, começaram a se estabelecer nesse território os primeiros
imigrantes europeus, principalmente poloneses, alemães e holandeses que fundaram as colônias
de Taió, Ivaí e Bom Jardim, encontrando terras rteis para a exploração da agricultura e fixar
residência. O cleo colonial chamava-se Miguel Calmon, e era composto de 519 pessoas,
organizadas pelo Governo Federal. O distrito judiciário de Ivaí, então sob a jurisdição de
Ipiranga, foi criado pela Lei 2.255 de 24 de março de 1924. Foi elevado à categoria de
município pela Lei 4.382 de 10 de junho de 1961 e instalado oficialmente em 03 de
dezembro de 1961. A sua economia baseia-se no setor primário com destaque para a
agropecuária. A extração da erva-mate é uma atividade significativa, representando uma das
importantes fontes de renda de Ivaí.
2.9.17 Jaguariaíva
O povoado de Jaguariaíva nasceu ao longo do histórico Caminho de Viamão à
Sorocaba, do descanso de tropeiros, à margem esquerda do Rio Jaguariaíva, no início do século
XIX. A Freguesia de Jaguariaíva foi criada através de Alvará Régio assinado por D. Pedro I no
dia 15 de setembro de 1823. A lei 2 de 26 de julho de 1854, criou a Comarca de Castro, a
qual ficou pertencendo à Freguesia de Jaguariaíva. A lei provincial 423 de 24 de abril de
1875, elevou a Freguesia de Jaguariaíva à categoria de Vila de Jaguariaíva. Pela Lei Estadual nº
15 de 21 de maio de 1892, Jaguariaíva passou à condição de Município. A sede municipal foi
promovida à categoria de cidade pela Lei estadual nº 811 de 05 de maio de 1908.
2.9.18 Lapa
Lapa foi fundada por volta de 1731, no histórico caminho Viamão-Sorocaba,
pelos tropeiros que à margem da Estrada da Mata faziam seu “pouso” para descanso das tropas.
Seu primeiro nome foi Capão Alto. Foi elevada à categoria de Freguesia em 13 de junho de
1769, dia de Santo Antônio - seu padroeiro e, devido ao seu rápido desenvolvimento, foi feita
ao Governador Geral da Capitania de São Paulo uma petição para que fosse elevada à Vila. Em
06 de junho de 1806, a petição foi aprovada passando a denominar-se Vila Nova do Príncipe. A
30 de maio de 1870, foi criada a Comarca da Vila Nova do Príncipe, sendo instalada a 11 de
junho de 1871. Em 1872, foi elevada à categoria de Cidade, com o nome de Lapa, que em latim
significa pedra, em virtude das formações areníticas que formam a Gruta do Monge.
2.9.19 Laranjeiras do Sul
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Já em 1888, ao ser criada a Colônia Militar de Foz do Iguaçu, encontravam-se
instalados na região alguns colonos descendentes de europeus e paraguaios. Em 1898, com base
na Lei Estadual nº 185, de 25 de abril daquele ano, o povoado passava a sediar um distrito
policial, subordinado à sede municipal que era Guarapuava. Mais tarde o distrito foi
transformado em Colônia Militar, instalada pelo 1º Batalhão de Engenharia durante a gestão do
Marechal Mallet no Ministério da Guerra. A Colônia foi, por isso, batizada com o nome deste
chefe militar. Os desdobramentos da Revolução Paulista em território paranaense
transformaram a Colônia Mallet em centro de operação legalista. Foi que o General Rondon
manteve durante algum tempo o seu QG na campanha contra os rebeldes; foi também que
mandou construir um campo de pouso, de onde decolaram dois monomotores para
bombardearem, com panfletos, os revolucionários entrincheirados em Guaraniaçu e
Catanduvas, concitando-os à rendição. Com a criação do Território Federal do Iguaçu, em 13 de
setembro de 1943, Laranjeiras do Sul passou a integrar a nova unidade Federativa. Através do
Decreto-Lei 5.839, de 21 de setembro daquele ano, o vilarejo foi desmembrado do território
paranaense e um ano mais tarde, através do Decreto 6.887, datado de 21 de setembro de
1944, a povoação viu-se alçada à condição de Capital do Território Federal do Iguaçu, sob a
denominação de Iguaçu. Reintegrada ao Paraná, através do Decreto Estadual 533, de 21 de
novembro daquele ano, Iguaçu manteve no entanto a sua autonomia, sendo reinstalado como
Município a 30 de novembro do mesmo ano sob o nome de Iguaçu. No ano seguinte, mudou-se
o nome para Laranjeiras do Sul.
2.9.20 Matinhos
A colonização de Matinhos começou em meados do século XIX, quando os
índios carijós habitavam o litoral do Paraná. Sua primeira denominação foi Matinho, nome de
um rio existente no município, e seus colonizadores iniciais foram os portugueses e italianos,
que fundaram colônias agrícolas. Em 1927, foi inaugurada a Estrada do Mar, ligando Paranag
a Praia de Leste, que trouxe diversas famílias, em sua maioria alemãs, fixadas em Matinhos. Em
27 de janeiro de 1951, de acordo com a Lei nº 613, Matinhos foi elevada à categoria de Distrito
pertencente à Paranaguá, e à categoria de Município, a 12 de outubro de 1967, desmembrando-
se de Paranaguá.
2.9.21 Morretes
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A fundação de Morretes data de 1721, quando o Ouvidor Rafael Pires
Pardinho determinou que a Câmara Municipal de Paranaguá demarcasse 300 braças em quadra
local onde seria a futura povoação de Morretes, para, em 31 de outubro de 1733, a mesma
mara determinar a demarcação das terras. O primeiro morador da região foi João de Almeida.
Em meados do século XVIII mudou-se para o povoado de Morretes, o Capitão Antonio
Rodrigues de Carvalho e sua mulher, Maria Gomes Setúbal, construindo ali uma capela sob a
invocação de Nossa Senhora do Porto e Menino Deus dos Três Morretes. Pela Lei Provincial nº
16, de 1º de março de 1841, foi elevada à categoria de Município, sendo desmembrado do de
Antonina e instalado solenemente a 5 de julho de 1841. A 24 de maio de 1869, pela Lei
Provincial nº 188, passou a denominar-se Nhundiaquara e recebeu os foros da cidade; mas em
07 de abril de 1870, pela Lei nº 227, voltou a denominar-se Morretes.
2.9.22 Palmas
A primeira expedição levada aos Campos de Palmas data de 1726 e foi
chefiada pelo intrépido sertanista Zacarias Dias rtes. Nas lutas de conquista e povoamento
dos Campos de Palmas aparecem, com destaque, duas impressionantes figuras de chefes
indígenas, pela eficiente atuação que tiveram junto aos conquistadores brancos e na pacificação
de tribos: Viri e Condá. Pela Lei 22, de fevereiro de 1855 foi criada a Freguesia de Palmas.
Vinte anos depois, pela Lei Provincial484, de 13 de abril de 1877, a Freguesia foi elevada à
categoria de Vila, passando a constituir município autônomo. A Lei 586, de 16 de abril de
1880, elevou o município à categoria de termo judiciário, suprimido mais tarde e restaurado
pela Lei nº 968, de 02 de novembro de 1889. A Vila de Palmas foi elevada à sede de comarca e
recebeu foros de cidade pela Lei nº 233, de 18 de dezembro de 1896.
2.9.23 Palmeira
Em 1819, o vigário Antônio Duarte dos Passos recebeu por doação do
Tenente Manoel José de Araújo um terreno para edificar uma igreja que seria a Matriz de uma
nova Freguesia dos Campos Gerais, em 07 de abril de 1819, considerada a data oficial da
fundação de Palmeira. Porém, somente a 03 de julho de 1820 é que se iniciou a construção da
igreja. Em 08 de setembro é transferida oficialmente a Freguesia de Tamanduá para Palmeira
com o nome de Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Palmeira. As obras da Igreja
Matriz são concluídas em 1837 quando é feita a sua inauguração. Em 15 de fevereiro de 1870 a
Freguesia é elevada à condão de Vila de Nossa Senhora da Conceição da Palmeira.
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2.9.24 Paranag
Na década de 1550-1560, famílias de São Vicente de Cananéia deslocaram-se
ao litoral paranaense. Primeiro à ilha da Cotinga e a seguir às margens do rio Itiberê. Em 1640,
chegou o Capitão Provedor Gabriel de Lara, e a fidalga família com investidura de governo
militar. Já em 1646 mandou erigir o Pelourinho, símbolo de poder e justiça de El-Rei. Em 1648,
a povoação tornou-se Vila, chamando-se Vila de Nossa Senhora do Rocio de Paranaguá. Em
1660 tornou-se Capitania, passando à condição de Cidade em 05 de fevereiro de 1842. Ao ser
criada a Província do Paraná, também se criou a Capitania dos Portos do Paraná, que passou a
funcionar em 13 de fevereiro de 1854.
2.9.25 Pinhão
Silvério de Oliveira e sua mulher Antonia Maria de Jesus foram os pioneiros
do lugar e deram a sua propriedade o nome de Pinhão. Em 1844, a família Oliveira construiu
uma fortaleza na Fazenda Pinhão com o objetivo de se proteger dos ataques indígenas. Mais
tarde, outras famílias se instalaram na localidade fazendo crescer o pequeno povoado. Em 18 de
fevereiro de 1964, foi criado o município de Pinhão. O nome é proveniente do nome do rio
Pinhão, o qual foi assim nominado pela abundância de araucárias (pinheiros) e em conseqüência
seus frutos (pinhões) que margeavam o referido rio.
2.9.26 Piraí do Sul
Cabe aos bandeirantes o mérito de haverem sido desbravadores desta região e
responsáveis pela abertura da histórica estrada para o sul do país, que mais tarde tornou-se o
Caminho das Tropas, por onde transitavam os comboios de gado, que iam de Viamão, no Rio
Grande do Sul, até as feiras de Sorocaba, no estado de São Paulo. Nessa época, o território era
dividido em sesmarias. Piraí não comportou o requerimento de sesmarias porque não possuía o
tamanho previsto na Constituição das Terras. Por ser uma propriedade menor, Piraí recebeu a
denominação de sítio, onde se instalou Manoel da Rocha Carvalhais, nos idos de 1716. Este
sítio ficava à margem do Rio Iapó. Manoel da Rocha Carvalhais, homem muito religioso, tinha
em sua propriedade um pequeno oratório, mas a sua vontade era a de construir uma Capela ao
Senhor Menino Deus, o que veio a acontecer somente no ano de 1830, quando a propriedade já
pertencia a Bernardo Moreira Paes. Em 1872 o povoado foi elevado à Freguesia, com a
denominação de Freguesia do Senhor Menino Deus de Pirahy, fazendo parte do município de
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Castro.Com a construção da capela, a localidade começa a desenvolver seu espaço de forma
organizada, os pequenos caminhos vão se transformando em ruas ordenadas em quadras ao
redor da nova capela. Suas casas e armazéns em perfeita harmonia com o modo de vida da
época. Pela lei 631, de 05 de março de 1881, a Freguesia foi elevada à categoria de Vila. A
23 de março de 1912 a, então, Vila de Pirahy tornou-se Termo Judiciário, recebendo seu
primeiro Juiz e seu primeiro Promotor e, através do Decreto-Lei nº 5197 de 01 de dezembro de
1937, passa à cidade. Com o progresso, conseqüentemente, Piraí recebe em 23 de abril de 1946
o tulo de Comarca. A cidade se desenvolveu às margens do rio Piraí, recebendo por isso o
mesmo nome. Entretanto, por já existir um município no estado do Rio de Janeiro, com o nome
de Piraí, ficou estabelecido que seu nome seria Pir - Mirim. A comunidade insatisfeita exigiu
mudanças, pois além de Piraí - Mirim ser o nome de um bairro da zona rural do município, o
vocábulo, ainda, significava peixe pequeno. Então, com a lei nº 02 de 10 de outubro de 1947, o
nome passou a ser Piraí do Sul.
2.9.27 Piraquara
O povoamento dos Campos de Curitiba teve sua origem nos trabalhos de
mineração, na procura de ouro, nas pesquisas dos garimpos. Das lavras do Arraial Grande,
fundado por bandeirantes foi que se originou o atual município de São José dos Pinhais e deste
o de Piraquara. O capitão Manoel Picam de Carvalho fundou um sítio, pequeno arraial de
mineração, no lugar onde hoje se encontra o município de Piraquara. Apesar de sua antiguidade,
o povoado de Piraquara permaneceu estacionário durante muitos anos, pois, somente com a
chegada dos trilhos da Estrada de Ferro de Paraná, ligando o litoral ao planalto, foi que a
localidade sofreu o primeiro impulso de progresso. Pela Lei nº 836 de 09 de dezembro de 1885
foi criada a Freguesia de Piraquara sob a invocação do Sr. Bom Jesus. Pelo Decreto de 10 de
janeiro de 1890, foi elevada à categoria de Vila, com a denominação de Deodoro. Mais tarde,
em abril de 1929, voltou a denominar-se Vila de Piraquara, e, em 31 de março de 1938 recebeu
os foros de cidade.
2.9.28 Ponta Grossa
A constituição da população se deu pela soma de desbravadores, tropeiros,
famílias ilustres vindas principalmente de São Paulo, raras combinações com indígenas, e
80
depois sofrendo alterações étnicas provocadas por imigrantes. O primeiro pedido de terras na
região foi feito em 1704, pelo paulista José de Góes e Morais, filho do Capitão-mor Pedro
Taques de Almeida. Ponta Grossa foi fundada em 1812, quando surgiram seus primeiros
moradores, que foram Domingos Teixeira Lobo, Benedito Mariano Ferreira Ribas, Antonio da
Rocha Carvalhaes. Em 15 de setembro de 1823, foi criada a Freguesia de Estrela, primeiro
nome do vilarejo. Em 7 de abril de 1855 a Freguesia foi elevada à categoria de Município,
desmembrando-se de Castro, com a denominação de Ponta Grossa, e instalando-se a 6 de
dezembro de 1855. Sua elevação à cidade deu-se em 24 de março de 1862. Ponta Grossa teve
uma característica principal a orientar os acontecimentos mais importantes de sua história, pois,
devido a sua localização geográfica, se tornou caminho obrigatório e parada para pouso das
tropas, movimento que representou os recursos de transporte e o forte do comércio entre
Viamão e Sorocaba noculo XVIII.
2.9.29 Reserva
Na primeira metade do século XIX, aportaram a esta localidade os primitivos
povoadores de que há notícia efetiva na formação e evolução do atual município de Reserva.
JoMariano de Marins, vindo de Faxina, Província de São Paulo, portando título possessório
de uma gleba de terras que lhe fora doada pelo Governo da Província de São Paulo, localizada à
margem esquerda do rio Tibagi, chegou ao local por volta de 1840, aproximadamente.
Acompanhado de pequena comitiva, Jo Mariano de Marins procurou estabelecer-se nas
proximidades das nascentes do rio Imbaú, afluente do Tibagi, até hoje conhecido pela
denominação de Marins. Neste povoado Marins foi fundada pelo médico francês Dr. João
Mauricio Faivre, a primeira colônia estrangeira, Tereza Cristina, sob os auspícios de D. Tereza
Maria Cristina, esposa do Imperador D. Pedro II, que foi grande incentivador da colonização
estrangeira no Paraná. Embora os colonos, com raras exceções, abandonassem o local, o Dr.
Faivre continuou na obra empreendedora da qual desistiu depois de exausto de forças e
impossibilitado pelas enfermidades. A criação do distrito de Reserva somente se deu pela Lei
Municipal de 20 de abril de 1906, tendo sido pela Lei Estadual nº 2.038 de 26 de março de1921
elevado à categoria de Vila e de município, tendo sido desmembrado do território de Tibagi.
2.9.30 Rio Branco do Sul
81
A primitiva povoação era de Nossa Senhora do Amparo, onde em 1790, o
então vigário de Curitiba, Padre Francisco das Chagas Lima, benzeu um terreno para servir de
cemitério. Em 1831, a capela de Nossa Senhora do Amparo do Votuverava tinha como capelão
o Padre João Camargo, em 1834 gozava do predicamento de curato. Depois da instalação da
Província do Paraná é que se deu a criação da Freguesia de Nossa Senhora do Amparo de
Votuverava, ato que se deu em virtude da Lei Provincial nº 30 de 04 de abril de 1855. A sede da
Freguesia foi transferida em 186l para os terrenos doados por Domingos Costa, conforme Lei nº
67, de 23 de maio do mesmo ano, voltando em 1871 novamente à primitiva povoação. É que
pela Lei Provincial 255, de 16 de março de 1871, antiga Freguesia de Nossa Senhora do
Amparo foi elevada à categoria de Município desmembrado de Curitiba, com a denominação de
“Votuverava”, tendo em vista, a sua sede ter recebido o nome de Vila. Pelo decreto-lei Estadual
7573 de 20 de outubro de 1938, foi extinto o município de Rio Branco, passando o seu
território a integrar o município de Cerro Azul, na qualidade de simples distrito de Cerro Azul,
em decorrência do Decreto-lei Estadual 199, de 30 de dezembro de 1943, voltou a
denominar-se Votuverava. No ano de 1947, por força da Lei Estadual 02 de 10 de outubro,
voltou mais uma vez à categoria de Município, com a denominação de Rio Branco do Sul,
realizando-se a sua instalação no dia imediato ao de sua restauração como unidade municipal
autônoma, portanto dia 11 de outubro de 1947.
2.9.31 Rio Negro
Desde os tempos das Capitanias de São Pedro do Sul, esta região era cortada
por tropeiros que conduziam o gado de Viamão no Rio Grande do Sul a Sorocaba em São
Paulo. O caminho aberto pelo próprio gado, era difícil e os perigos constantes, o que acarretava
vultosos prejuízos aos tropeiros. Considera-se a data de fundação de Rio Negro, 26 de julho de
1828 (data de elevação da Capela Proviria a Capela Curada, a pedido de João da Silva
Machado). Rio Negro passou de Capela Curada à Freguesia do Senhor Bom Jesus de Rio Negro
em 28 de fevereiro de 1838 e, elevada à categoria de Vila pela lei nº 219 de 02 de abril de 1870,
decretado pela Assembléia Provincial do Para e promulgada pelo então Presidente da
Província, Antônio Luiz Affonso de Carvalho. No dia 15 de setembro de 1870 deu-se a
instalação do município de Rio Negro, com a posse da Câmara de Vereadores, oficializada
em 15 de novembro do mesmo ano, na qual comemora-se a data de emancipação para
Município.
2.9.32 São José da Boa Vista
82
Em 1848, Domiciano Corrêa Machado, acompanhado de sua esposa, Ana
ndida de Farias Machado, filhos de escravos, partiram de São Caetano da Vargem Grande,
estado de Minas Gerais, em direção aos já afamados sertões da Comarca de o Paulo, mais
tarde Província e hoje estado do Paraná. Este sertanista mineiro estabeleceu-se provisoriamente
no lugar denominado Aldeia de São João (hoje Itaporanga), situado à esquerda do rio Verde e à
direita do rio Itararé. Sendo devoto de o José, Domiciano Corrêa Machado, logo após chegar
à localidade, escolheu na confluência dos rios Pescaria com Itararé, uma área de terras, de que
fez doação para construir o patrimônio denominado São Jo do Cristianismo. A povoação
prosperou, e, pela Lei Provincial de 20 de abril de 1870, foi criado o distrito judiciário de São
José do Cristianismo. Entretanto, forma-se um novo patrimônio com a nova doação de uma área
de terras localizada à margem do rio Pescaria feita por Bernardino da Silva, que se denominou
o José da Boa Vista. A prosperidade deste novo povoado fez com que os moradores de São
Jodo Cristianismo se transferissem gradativamente para a nova localidade, até que em 29 de
março de 1875, pela Lei Provincial a sede do distrito judiciário foi transferida para São José da
Boa Vista. Foi elevada à categoria de município pela Lei Provincial de 24 de março de 1876 e à
categoria de cidade pela Lei Estadual de 24 de dezembro de 1897. Em divisões territoriais
datadas de 1936 a 1987, São José da Boa Vista figurou como distrito judiciário de Wenceslau
Braz. Somente pela Lei estadual de 25 de julho de 1960, foi desmembrado do município de
Wenceslau Braz e elevado à categoria de município.
2.9.33 São José dos Pinhais
Em 1640 as expedições em busca de ouro e índios formaram o primeiro
cleo de civilização branca no Planalto, o qual foi denominado Arraial Grande, hoje Pilão
de Pedra, em São José dos Pinhais. O núcleo formado pelos povoamentos estabelecidos no
Arraial Grande e ao redor da Capela do Bom Jesus dos Perdões passou por um período de
decadência econômica. A população diminuiu consideravelmente e os habitantes que
permaneceram passaram a se dedicar a uma economia de subsistência ou ao comércio. O
tropeirismo, que, embora não tenha envolvido diretamente a população do Arraial Grande,
possibilitou uma dinamização do comércio na região devido ao movimento das tropas,
ocasionando uma melhoria na qualidade de vida e um novo aumento populacional. Essa fase é
também marcada pela construção de outra capela na região, em 1755, chamada Capela de São
José ou pelo nome composto de São José do Patrocínio da Boa Morte e Bom Jesus dos Perdões
(provável origem do nome do Município). São José cresceu econômica e demograficamente
83
sendo elevada à categoria de Freguesia em 1758, passando à categoria de Vila em 1852 e a
município em 8 de janeiro de 1853.
2.9.34 Tibagi
Os primitivos moradores da atual cidade do Tibagi procediam de São Paulo, e
seu estabelecimento na região foi lento e durou vários anos, até que fosse definitivamente
escolhida a localização do povoado. Foi povoado por Antônio Machado Ribeiro, vulgo
Machadinho, que veio de São Paulo em 1782, acompanhado de sua família, instalando-se na
Fazenda da Fortaleza, propriedade do seu compadre José Felix da Silva e, mais tarde,
estabeleceu-se à margem do Tibagi, justamente no local onde se encontra a cidade de Tibagi.
Machado Ribeiro e sua falia tomaram posse das terras compreendidas desde o rio Pinheiro
Seco até a barra do rio Santa Rosa em 28 de junho de 1794, as quais foram herdadas por seu
filho Manoel das Dores Machado. A Freguesia foi criada pela Lei 15 de 06 de março de
1846. O município foi criado pela Lei 302 de 18 de março de 1872, e oficialmente instalado
em 10 de janeiro de 1873.
2.9.35 União da Vitória
A 17 de novembro de 1769, o capitão Antonio da Silveira Peixoto navegando
o rio Iguaçu, atingiu a localidade onde se acha a cidade de União da Vitória, e fundou o
Entreposto de Nossa Senhora da Vitória. Em 1880, o coronel Amazonas de Araujo Marcondes
adquire uma vasta gleba de terras. Pelo decreto 54 de 27 de março de 1890 foi a Freguesia
elevada à categoria de Vila, e pelo decreto 55, do mesmo dia, mês e ano passou à categoria
de município, desmembrado de Palmas.
2.9.36 Wenceslau Braz
As origens históricas do município de Wenceslau Braz se confundem com as
de o José da Boa Vista e São José do Cristianismo, cujas origens datam de 1848, quando
Domiciano Correa Machado acompanhado da esposa e filhos partiu de Minas Gerais com
destino as terras que limitavam com o estado de São Paulo. No início chama-se Brasópolis e
pertencia à comarca de Tomazina. Uma estratégia política permitiu que Wenceslau Braz fosse
desmembrado de Tomazina e anexado à Comarca de São José da Boa Vista, que se efetivou em
16 de março de 1934. Em 17 de outubro de 1935 foi transferida para Wenceslau Braz a sede da
84
Comarca e do município de São José da Boa Vista, e a instalação oficial se deu em 26 de
novembro de 1935.
Na seqüência, apresenta-se o Capítulo III – procedimentos metodológicos que
contém a Constituição do corpus, Descrição e Análise do corpus e as Taxionomias
Toponímicas.
CAPÍTULO III - PROCEDIMENTOS METODOGICOS
3.1 Constituição do corpus
Conforme destacado, em um primeiro momento, os dados do corpus desta
pesquisa foram obtidos mediante consulta ao banco de dados do projeto ATEPAR Atlas
Toponímico do Estado do Paraná.
O projeto ATEPAR, para a elaboração do Atlas Toponímico do Estado do
Paraná, em sua primeira fase - 24 de outubro de 1996 a 30 de dezembro de 1 999 - registrou e
analisou o nome dos 323 municípios paranaenses catalogados pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística IBGE/1991 e de seus acidentes físicos (rios, montanhas, serras) e dos
bairros (urbanos e rurais) e distritos. Em sua segunda fase - 19 de abril de 2000 a 30 de
setembro de 2003 - registrou e analisou os topônimos de 76 novos municípios, emancipados
após 1991.
Partindo-se do levantamento cartográfico-documental e dos dados obtidos via
pesquisa indireta (enviou-se um questionário por correspondência às prefeituras municipais), os
topônimos foram classificados com base na etimologia e motivação e enquadrados na
taxionomia proposta por Dick (v.3.3). Desta forma, foi composto o banco de dados - ATEPAR,
registrando-se as informações lingüísticas e histórico-geográficas dos nomes do Paraná (v.1.6).
85
Após os primeiros contatos com o banco de dados do ATEPAR, constatou-se
que ali estariam armazenadas muitas informações, as quais poderiam servir de embasamento
para outros trabalhos, consolidando-se como um campo profícuo às pesquisas.
Em seguida, optou-se pela escolha do período que seria pesquisado. A
escolha se fez a partir de dados históricos: data da fundação da primeira cidade paranaense, Vila
de Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá em 1648, e a elevação à Província em 1853
(desmembrando-se de São Paulo). Tal escolha propiciaria desvendar e resgatar por meio da
toponímia vários aspectos da terra e do homem em diferentes espaços, épocas e paisagens, pois
a história dos acontecimentos passados tem de conter, entre outras respostas, quando e onde.
Sem dúvida, as condições do meio físico paranaense influíram no seu
povoamento, na fixação humana em suas terras e no aproveitamento de suas reais possibilidades
econômicas, como se depreende das palavras de Westphalen (1957, p.53-54)
dois aspectos típicos que configuram o Paraná como zona de trânsito - a
encruzilhada do Piabiru sobre os Campos Gerais, e as andanças do gado pela
estrada de Laguna através os Campos Gerais. [...] zona de trânsito,
encruzilhada, aqui no Paraná se entrechocam regionalismo e nacionalismo,
[...] ao mesmo tempo que guardamos as nossas peculiaridades regionais que
nos fazem por vêzes diferentes. [...] Situação de trânsito que nos fez
portuguêses, e não espanhóis, porque o trânsito português foi o mais intenso
e o que deixou maiores raízes culturais
30
.
O recorte feito para estudo neste trabalho justifica-se pela experiência de
verificar os aspectos mais acentuados dos topônimos do período delimitado, revelando assim os
fenômenos dos ciclos econômicos, característica da economia brasileira e paranaense.
Estabelecido o objeto de estudo, o primeiro passo foi a busca da outra fonte
que pudesse complementar/confirmar
31
os dados retirados do ATEPAR. Primeiramente,
recorreu-se a algumas instituições, como Biblioteca Central da Universidade Estadual de
Londrina (UEL), Biblioteca Pública de Londrina, mas em nenhum desses locais conseguiu-se o
material necessário
32
.
30
Optou-se por manter a grafia original da autora.
31
Neste aspecto, a utilização das cartas geográficas oficiais permitiu que se verificasse uma pequena diferença
entre os itens (aqui considerados topônimos) e as informações enviadas pelas Prefeituras no questionário
remetido aos pesquisadores do ATEPAR.
32
Cartas geográficas ou topográficas dos municípios do Paraná.
86
Optou-se então pelo contato telefônico com à Secretaria do Meio Ambiente e
Recursos Hídricos do Paraná, que por meio da Cartógrafa Gislene Lessa, providenciou a cópia e
o envio de um CD contendo o material solicitado. Segundo ela o governo estadual havia
transferido para outro imóvel os arquivos da instituição, e naquele momento seriam os únicos
mapas disponíveis. Como a Srª. Gislene não informou uma data provável para que pudesse
enviar outros mapas, resolveu-se utilizar os que já estavam em nosso poder.
Buscando comprovar a hipótese de que no litoral paranaense
predominância da designação de acidentes geográficos originados de língua indígena, utilizou-
se o confrontamento em três mapas antigos: carta que mostra a costa entre o “Rio de
S.Francisco e a “Ilha de Cananéia” - In: Descripção de todo o marítimo, da terra de S. Cruz
chamado vulgarmente Brasil por João Teyxeyra (1640); Demontração de Pernagua e Cananeia
(1666) - In: Livro de toda a costa da Província Santa Cruz feito por João Teixeira Albbernaz e
Mappa Topographico da Província do Paraná (1876)
33
, na escala de 1.600.000, organizado
pelo Engenheiro Carlos Rivierre, na Inspectoria Geral das Terras e Colonisação.
O corpus compreende, então, um total de 36 municípios que envolvem o
recorte diacrônico (1648 a 1853), os quais possuem em sua totalidade 2.108 topônimos, que
foram elencados a partir dos mapas atuais, e, no capítulo de análise dos dados do litoral, os
topônimos constantes dos mapas de 1640,1666 e 1876.
3.2 Descrição e análise do corpus
De posse das informações obtidas nos mapas oficiais
34
e constituído o corpus,
os dados foram tabulados, levando-se em conta a quantidade de acidentes constante em cada um
dos mapas.
Constatou-se serem 2.108 topônimos, somando-se os de natureza física e os
de antropo-cultural, assim distribuídos numericamente por município: Antonina (71), Arapoti
(55), Araucária (40), Bocaiúva do Sul (81), Campina Grande do Sul (42), Campo Largo (46),
Campo do Tenente (14), ndido de Abreu (107), Castro (73), Clevelândia (38), Curitiba (23),
Guarapuava (113), Guaraqueçaba (243), Guaratuba (123), Ipiranga (50), Ivaí (48), Jaguariaíva
(42), Lapa (109), Laranjeiras do Sul (23), Matinhos (21), Morretes(53), Palmas (45), Palmeira
33
Por se tratar de mapa antigo, não é permitida sua reprodução por meio de xerocópias, restando como única
forma a reprodução por fotografia.
34
Cartas da Diretoria do Serviço Geográfico Ministério da Guerra e da Fundação IBGE Carta do Brasil, em
escalas 1:100.000 e 1:50.000.
87
(55), Paranaguá (77), Pinhão(58), Piraquara (19), Pir do Sul (28), Ponta Grossa (74), Rio
Branco do Sul (51), Rio Negro (27), Reserva (48), São José da Boa Vista (22), São José dos
Pinhais (47), Tibagi (49), União da Vitória (38), Wenceslau Braz (25).
A partir da constituição do corpus, classificaram-se os topônimos de acordo
com a taxionomia adotada - Dick (1990b, p.31-34), por se considerar a mais apropriada, pois
configura-se como uma proposta voltada para a realidade brasileira e abrange um número maior
de categorias toponímicas em relação a outros modelos. A classificação dos topônimos,
segundo o modelo de Dick, considera o elemento “tonimo”, precedido de um elemento
genérico, “definidor da classe onomástica”. Desse modo, fitotopônimos são os topônimos de
índole vegetal; os zootopônimos, da fauna; os hidrotopônimos o os resultantes de acidentes
hidrográficos e assim por diante.
Visando a obter um indicador das categorias mais produtivas, utilizou-se o
todo estatístico por julgá-lo um modo seguro para se obter informações quantitativas. Desse
modo, traz-se no decorrer do trabalho 12 gráficos como uma forma de explicar a produtividade
dos resultados obtidos.
Organizaram-se os topônimos em um quadro geral, contendo os dados
toponímicos e lexicográficos. Como não tínhamos tido acesso a um modelo de ficha
lexicográfica e toponímica quando do início desta pesquisa, recorreu-se ao modelo de Dargel
(2003)
35
, pois até então não ocorrera nenhuma pesquisa semelhante no Paraná
36
.
Desse modo, constituído o corpus e a classificação dos topônimos conforme a
taxionomia adotada distribuiram-se os signos toponímicos no quadro, que contém os seguintes
dados: município; tipo de acidente; topônimo; língua de origem; classificação taxionômica
e estrutura morfológica do topônimo.
Na seqüência, efetuou-se uma pesquisa etimológica dos topônimos, e, para os
de origem indígena, apresentam-se as etimologias e abonações resgatadas em dicionários e
35
Dargel (2003, p.24) destaca que os “itens incluídos no quadro não foram retirados de outros trabalhos. [..] ao
elaborarmos ao nosso modelo, ainda não tínhamos acesso ao modelo proposto por Dick para a sistematização
dos topônimos”.
36
Durante o programa de Mestrado, a professora Drª Aparecida Negri Isquerdo ofertou um seminário sobre
toponímia no qual trouxe como material auxiliar bibliográfico a tese de Maria Cândida Trindade Costa de Seabra
(2003), que continha o modelo de ficha lexicográfica e toponímica. Como ainda não tínhamos conhecimento
dessa ficha, achamos conveniente usar o modelo de Dargel (2003).
88
outra obras
37
necessárias a melhor esclarecimento. A seguir, procedeu-se a uma análise
etnolingüística (influências sofridas pelo topônimo das camadas portuguesa, indígena ou
africana) e histórico-cultural dos topônimos, recorrendo-se a várias fontes - de maneira especial
na Geografia e História do Paraná como meta de reconhecer as raízes étnicas destes
topônimos.
No item referente à estrutura morfológica do topônimo, classificou-se como
simples, quando formado por apenas um formante e composto, que apresenta mais de um
elemento em sua formação
38
.
Para tornar mais efetiva e rigorosa a concepção da motivação, bem como para
evidenciar a abrangência das taxionomias utilizadas, apresenta-se, a seguir, o modelo
taxionômico aplicado para a classificação semântica dos topônimos.
3.3 Taxionomias toponímicas
Na análise da motivação toponímica, pode se recorrer ao estudo das
categorias taxionômicas propostas por Dick (1990a), que tiveram por objetivo, além da
formulação de uma terminologia técnica, específica da matéria, dar destaque aos motivos que
comandam a organização da nomenclatura geográfica, embora esse critério seja apenas uma
dentre outras possibilidades de abordagem.
Dick (1990b, p.26) expõe um modelo taxionômico para a classificação dos
topônimos que se baseou nas duas ordens genéricas nas quais se agrupam os fatos
determinantes da escolha do nome de lugar: a sua natureza física e a antropo-cultural,
permitindo a aferição objetiva das causas motivadoras dos designativos.
A terminologia técnica adotada é composta do elemento “topônimo”,
antecedido de um outro elemento genérico, definidor da referida classe onomástica. Desse
modo, nomes cuja origem revela uma filiação a elementos vegetais foram denominados
fitotopônimos, em que o primeiro membro da palavra fito (filiação a elementos vegetais)
define a classe genérica, e o segundo topônimo - revela a procedência do estudo especifico.
37
Livros que contemple a História do Paraná, histórico dos municípios, Dissertações, Teses e outros. Para
maiores esclarecimentos sobre essas fontes (v. 4.1.2).
38
Considerou-se o topônimo híbrido como composto, embora não se desconsidere a classificação de Dick
(1990b, p.13). Para maiores esclarecimentos v.4.5.
89
Segundo Dick (1990b, p.13), os elementos morfológicos dos topônimos se
dividem em: tonimo ou elemento específico simples; topônimo composto ou elemento
específico composto e topônimo brido ou elemento específico híbrido. O primeiro é aquele
que se define por um só formante, como em rio Moura, e o topônimo composto é o que possui
mais de um elemento formador, como em ilha Canoa Velha.
Para tornar mais rigorosa a compreensão da motivação toponímica,
apresentar-se-á a seguir as Taxionomias Toponímicas propostas por Dick (1990b, p.31-34). A
pesquisadora esclarece que o primeiro modelo taxionômico de classificação apresentado por
ela, em 1975, foi reformulado em 1980, para uma complementação mais atualizada, totalizando
assim vinte e sete classificações. Têm-se, assim, onze taxionomias de natureza física e dezesseis
de natureza antropo-cultural.
A – TAXIONOMIAS DE NATUREZA FÍSICA:
1 – Astrotopônimos – referentes aos corpos celestes: rio da Estrela (ES).
2 – Cardinotopônimos – relativos às posições geográficas: praia de Leste (PR).
3 - Cromotopônimos – referentes à escala cromática: rio Negro (AM).
4 - Dimensiotopônimos referentes à dimensão dos acidentes geográficos (extensão,
comprimento, largura, espessura, altura, profundidade): ilha Comprida (AM).
5 – Fitotopônimos de índole vegetal: arroio Pinheiro (RS).
6 Geomorfotopônimos relativo às formas topográficas, (elevações - montanha, monte,
morro, colina, coxilha; depressões do terreno vale, baixada; formações litorâneas costa,
cabo, angra, ilha, porto): Monte Alto (SP), Ilhabela (SP).
7 Hidrotonimos resultantes de acidentes hidrográficos, (água, rrego, rio, ribeirão,
braço, foz): Rio Preto (SP).
8 – Litotopônimos – os de índole mineral e também os referentes à constituição do solo (barro,
barreiro, tijuco, ouro): arroio do Ouro (RS), Pedreiras (SP).
9 Meteorotopônimos relativos a fenômenos atmosféricos (vento, chuva, trovão, neve):
riacho das Neves (BA).
10 – Morfotopônimosos que refletem o sentido de forma geotrica: Triângulo (MT).
11 Zootopônimos relativos a animal (doméstico e o doméstico): Vacaria (RS), lagoa da
Onça (RJ)).
B – TAXIONOMIAS DE NATUREZA ANTROPO - CULTURAL:
90
1 Animotopônimos ou Nootopônimos – referentes à vida psíquica e á cultura espiritual não
pertencentes à cultura física (vitória, triunfo, saudade, belo, feio): Vitória (ES).
2 – Antropotopônimos – os referentes aos nomes próprios individuais (prenome, hipocorístico,
prenome + alcunha, apelidos de família, prenome + apelido de família): Abel (MG), Bentinho
(MG), Fernão Velho (AL), Abreu (RS), Antônio Amaral (MG).
3 Axiotopônimos relativos aos títulos e dignidades que acompanham os nomes próprios
individuais: Duque de Caxias (RJ).
4 Corotopônimos referentes a nomes de cidades, paises, Estados, regiões e continentes:
Europa (AC), Uruguai (MG).
5 Cronotopônimos encerram indicadores cronológicos, representados pelos adjetivos
novo/nova, velho/velha nos topônimos: Nova Viçosa (BA).
6 Dirrematopônimos os constituídos por frases enunciados: Valha-me Deus (MA), Deus
me Livre (BA).
7 – Ecotopônimos – relativos às habitações: Sobrado. (BA)
8 – Ergotopônimos – referentes aos elementos da cultura material: córrego da Flecha (MT).
9 Etnotopônimos relativos aos elementos étnicos, isolados ou não (povos, tribos, castas):
ilha do Francês (RJ).
10 Hierotopônimos relativos a nomes sagrados de crenças diversas (cristã, hebraica), a
efemérides religiosas, às associações religiosas e aos locais de culto, com subdivisões em
Hagiotopônimos (nomes de santos/santas do hagiológio romano): São Paulo e Mitotopônimos
(entidades mitológicas): ribeirão do Saci (ES).
11 – Historiotopônimos – relativos aos movimentos de cunho histórico-social, a seus membros
e às datas comemorativas: rio 7 de Setembro (MT), Inconfidência (RJ).
12 Hodotopônimos ou Odotopônimos referentes às vias de comunicação rural ou urbana:
Rua da Palha (BA), Travessa (BA).
13 – Numerotopônimos – relativos aos adjetivos numerais: Três Coroas (RS).
14 – Poliotopônimos – constituídos pelos vocábulos vila, aldeia, cidade, povoação, arraial: Vila
dos Anjos (MG).
15 Sociotopônimos os relativos às atividades profissionais, locais de trabalho e aos pontos
de encontro da comunidade (largo, praça): serra do Sapateiro (SP), Engenho Novo (MG).
16 Somatotopônimos os relativos metaforicamente às partes do corpo humano ou do
animal: Cotovelo (MG), Dedo Grosso (SC).
Reformuladas e publicadas as taxionomias, Dick (1990b, p.29) ressalta que a
“exeqüibilidade de uma terminologia básica para a Toponímia “só pode ser acolhida,
91
integralmente, a partir de sua comprovação na nomenclatura regional”. Assim sendo, é “a rede
diversificada de nomes que irá determinar o aparecimento dos termos genéricos, definidores da
própria categoria pesquisada”.
Desse modo, “à medida que se vai penetrando nos segredos das designações
verifica-se que outras formas nominativas podem ocorrer, [...] em função da abrangência total e
completa das taxionomias possíveis” (DICK, 1990b, p.29). A autora esclarece que, ao elaborar
o modelo taxionômico, teve a preocupação de que, por meio da taxionomia, pudesse evitar a
volta ao passado histórico para se conseguir descobrir o significado do topônimo.
No decorrer da pesquisa feita pelo projeto ATEPAR, a equipe constatou que
não houve uma definição precisa na taxionomia proposta por Dick para casos como o conjunto
formado por siglas, como Cianorte (Companhia de Terras Norte do Paraná). Assim, houve a
necessidade de formular cinco novas taxionomias, não em detrimento das categorias propostas,
mas em “função da abrangência total e completa das taxionomias possíveis”:
1 – Acronimotopônimosrelativos às siglas: Cianorte (PR).
2 – Estematotopônimos – os percebidos pelos sentidos: ribeirão Doce (PR).
3 Grafematopônimos os que apresentam entre os elementos distintivos letras do alfabeto;
Seção C (PR).
4 Higietopônimos relativos à saúde, à higiene, ao estado de bem-estar sico: água Limpa
(PR).
5 Necrotopônimos os que se referem ao que são ou que está morto, a restos mortais:
córrego Caveira (PR).
As duas primeiras taxionomias foram criadas por sugestão da professora D
Vanderci de Andrade Aguilera e por Ignez de Abreu Francisquini em sua Monografia de
Especialização; as demais foram criadas com a ajuda do professor de Latim e Literatura Latina
do Departamento de Letras Vernáculas e Clássicas da Universidade Estadual de Londrina,
professor Aluysio Fávero.
O capítulo seguinte volta-se à apresentação, análise e discussão dos dados.
CAPÍTULO IV - APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DO CORPUS
92
4.1 - APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS TOPONÍMICOS DOS MUNICÍPIOS
PARANAENSES FUNDADOS ENTRE 1648 E 1853
4.1.2 – Apresentação dos dados toponímicos dos municípios paranaenses fundados entre
1648 a 1853
Neste capítulo, são apresentados os dados lexicográficos e toponímicos,
distribuídos em um quadro geral, a saber: Quadro geral dos dados lexicográficos e toponímicos
dos municípios paranaenses fundados entre 1648 e 1853
39
.
Intenciona-se, com a apresentação dos dados em um quadro, evidenciar os
topônimos encontrados/analisados, fato que traria ao leitor deste estudo uma melhor
visualização e compreensão do corpus pesquisado.
O estudo etimológico das lexias
40
consideradas fundamentou-se em um
conjunto de obras, cujos dados completos consta das Referências Bibliográficas, aqui
indicadas somente pelos autores: Antonio Geraldo da Cunha (1999) AGC, Antonio Houaiss-
AH (2001), Antonio Vieira dos Santos (s/d)AVS, Aryon Dall’Igna Rodrigues (1995) – ADR,
Aurélio Buarque de Holanda Ferreira (1986) - ABHF, Cândido de Figueiredo (1937) CF,
Ermelino de Leão (1994) EL, Francisco Filipack (2002) FF, Glossário ATEPAR- G.
ATEPAR, Instituto Osvaldo Cruz IOC, Júlio Estrela Moreira (1975) JEM, Jo Mesquita
de Carvalho (1953) JMC, Luis Caldas Tibiriçá (1984,1985) LCT, Manoel Viana (1976)
MV, Michaelis (1975) – M, Oney B.Borba (1986) – OBB, Orlando Bordoni [19..] - OB, Paulo
Fortes Filho (2004) PFF, Romário Martins (1995) RM, Theodoro Sampaio (1928) TS,
Waldomiro Ferreira de Freitas (1999) – WFF e Zilna Hoffman Domingues (2004) – ZHD.
A escolha dos autores se deve primeiramente por aqueles conhecidos em todo
território, como Antonio Geraldo da Cunha, Luis Caldas Tibiriçá, Theodoro Sampaio, Aurélio
Buarque de Holanda Ferreira, e, em seguida os que se sobressaem em seu trabalho regional
como Antonio Vieira dos Santos, Ermelino de Leão e Romário Martins.
39
Na elaboração deste capítulo usou-se como referência o trabalho de Dargel (2003), desconsiderando-se os
itens: tipo de acidente - TA e variante cartográfica lexical – VCL.
4037
Lexia - lingüística: unidade do léxico (vocabulários, expressões idiomáticas, locuções, etc); lingüística
estrutural: unidade funcional significativa de comportamento lexical. Pode ser lexia simples, lexia composta ou
lexia complexa (AH, 2001, on-line).
93
Destaca-se que a disposição dos termos no referido quadro corresponde à
seguinte estrutura: 1- Município localização espacial do topônimo - os trinta e seis
municípios do período foram organizados em ordem alfabética; 2- Tipo de acidente o
elemento genérico do sintagma toponímico (córrego, rio, ribeirão, serra, etc.); 3- Topônimo - o
elemento específico do sintagma toponímico; 4- ngua de origem estrato lingüístico
presente na base do topônimo - LI língua indígena: como em rio Cacatu; LP língua
portuguesa: rio da Forquilha; LA língua africana: rio Caxambu e LE - língua estrangeira:
rio Redomona.
Ainda, pelo fato de termos encontrado étimos de outras línguas indígenas que
não só a tupi, decidiu-se empregar uma classificação que abrangesse todas as variantes e assim
classificar como LI (língua indígena), como por exemplo, em Guamiranga de Baixo - LI + LP.
Quando se tratar de um topônimo procedente de duas ou mais línguas diferentes, isto é, um caso
de hibridismo, esta referência estará implícita na coluna sobre língua (s) de origem.
o sendo possível descobrir a língua de origem e a classificação
taxionômica do topônimo, indica-se com - N/C. Para os topônimos que necessitarem de
explicações, apresenta-se etimologia, discussão e comentários; 5- Classificação Taxionômica
item reservado para a classificação taxionômica dos topônimos analisados, de acordo com o
modelo adotado (Dick, 1990b, p.31-34), seguindo as vinte e sete
41
taxes com vistas a obter
dados qualitativos e quantitativos a respeito do universo pesquisado. Assim sendo, os
topônimos de índole vegetal são classificados como fitotopônimos (rio Abobreira
Antonina); 6-Estrutura morfológica do topônimo elemento específico do sintagma
toponímico que pode ser classificado morfologicamente como simples quando formado por
um elemento (rio Coqueiro Campina Grande do Sul), composto
42
em que aparecem dois
elementos ou mais na sua composição – (rio Barra do Doutor – Cândido de Abreu).
, tamm, nos dados levantados a partir dos mapas atuais, acidentes
geográficos que se destacam com mais de uma denominação como em rio do Peixe ou
Laranjinha, rio Ribeirão Grande ou Invernada. Diante desse fato, optou-se por analisar o
primeiro designativo, como por exemplo: rio do Peixe.
A seguir, apresenta-se um pequeno fragmento do Quadro I que ilustra o
modelo descrito.
41
Quando for necessário recorrer-se-á às taxes sugeridas pela equipe do ATEPAR.
42
Dentro da classificação de composto incluem-se os híbridos (v. 4.4).
94
A seguir apresenta-se o quadro geral dos dados lexicográficos e toponímicos
que reúne 2.108 topônimos analisados nesta pesquisa, distribuídos conforme as categorias
anteriormente descritas.
QUADRO I - QUADRO GERAL DOS DADOS LEXICOGRÁFICOS E
TOPONÍMICOS DOS MUNICÍPIOS PARANAENSES FUNDADOS ENTRE
1648 E 1853
Município
Tipo de
acidente
Topônimo
Língua
(s) de
origem
Classificação
taxionômica
E. M. do
Topônimo
Antonina rio Abobreira LP fitotopônimo simples
porto Barão de Tefé LP axiotopônimo composto
rio Bonito LP animotopônimo simples
rio
Cacatu cacatú corr.
caá-catú: mato ralo, fácil
de penetrar; o cerrado.
(TS)
LI fitotopônimo simples
rio Cachoeira LP hidrotopônimo simples
rio
Calista variação fonética
de Calixto.
LP antropotopônimo simples
ilha Catarina LP antropotopônimo simples
rio Cedro LP fitotopônimo simples
rio
Curitibaiba ‘curityba’:
pinheiral + ‘yba’
princípio, origem - onde
começa o pinheiral (LCT).
LI fitotopônimo simples
morro da Boa Vista LP animotopônimo composto
rio da Forquilha LP geomorfotopônimo simples
serra
da Caratuva - Chusquea
pinnifolia: espécie de
bambu-anã
43
.
LP fitotopônimo simples
ilha da Olaria LP sociotopônimo simples
ilha da Ponta Grossa LP geomorfotopônimo composto
serra da Repartição LP geomorfotopônimo simples
serra da Virgem Maria LP hierotopônimo composto
rio das Antas LP zootopônimo simples
ilha das Garças LP zootopônimo simples
ilha das Rosas LP fitotopônimo simples
baía de Antonina LP antropotopônimo simples
43
Disponível em: www.cosmo.org.br/marumbi/aserradomar.htm.
Município
Tipo de
acidente
Topônimo
Língua
(s) de
origem
Classificação
taxionômica
Estrutura
morfológica do
topônimo
Antonina rio Abobreira LP fitotopônimo simples
porto Barão de Tefé LP axiotopônimo composto
rio Cacatu LI fitotopônimo simples
ilha
Guamiranga de
Baixo
LI+ LP fitotopônimo composto
95
ilha do Baixio LP geomorfotopônimo simples
ilha do Barbosa LP antropotopônimo simples
ilha
do Biguá de ‘py’, ‘by’:
e ‘guá’: redondo - ave
pelicaniforme da família
dos falocrocoracídeos,
também chamada
mergulhão e corvo-
marinho (LCT).
LI zootopônimo simples
serra do Cabrestante
44
LP ergotopônimo simples
morro do Cantagalo LP animotopônimo simples
ribeirão do Cedrinho LP fitotopônimo simples
ilha do Corisco “[...] outrora
existia uma encantadora
ilha revestida de frondosa e
acolhedora vegetação
tropical, [...]. Nome algum
poderia ser mais próprio
para designar o
maravilhoso e idílico
recanto, senão aquele que
lhe foi dado –“ Graciosa”.
Algum tempo depois, em
momento dramático e de
profunda tristeza dos
moradores vizinhos - a
morte trágica de um
homem, vitimado por
fulminante raio, trocou-lhe
o nome pelo de “Ilha do
Corisco”, que persiste até
hoje” (JEM).
LP meteorotopônimo simples
morro do Corisco LP meteorotopônimo simples
rio do Curtume LP sociotopônimo simples
ilha do Duro
45
LP animotopônimo simples
ilha do Guará - a garça
vermelha, a ave aquática
Íbis rubra (TS).
LI zootopônimo simples
rio do Inferno LP mitotopônimo simples
pico
do Marumbi - lagoa cheia
de tábuas (ABHF).
LP hidrotopônimo simples
serra do Marumbi LP hidrotopônimo simples
rio do Meio LP cardinotopônimo simples
rio
do Nácar “[...]
começando na primeira
tem o rio Nácar na entrada
de sua foz, areento, e
baixo;mas dentro fundo e
onde há hua fabrica de
pilar arroz do
Commendador Manoel
Antonio Guimaraens”
(AVS).
46
LP antropotopônimo simples
rio do Neves LP antropotopônimo simples
44
Máquina destinada a içar a amarra da âncora, e que consiste num tambor que gira à volta de um pião ou eixo
vertical (ABHF).
45
1. Árduo, trabalhoso, penoso; 2. Cruel, insensível, impassível, empedernido (ABHF).
46
Optou-se por manter a grafia original do autor. Manoel Antonio Guimarães (1813-1893)-“era uma das
individualidades de maior projeção econômico-social e política do passado de Paranaguá e do Paraná. [...] Pelo
Decreto imperial de 21/07/1876, foi agraciado com o título de Barão de Nácar. Pelo Decreto imperial de
31/08/1880, com o título de Visconde Nácar” (WFF).
96
rio do Nunes LP antropotopônimo simples
ribeirão do Pedrinho LP antropotopônimo simples
ilha
do Teixeira “Fica situada
na baía de Paranaguá, na
enseada de Guarapirocaba
(atual baía de Antonina), a
3 léguas distante da Ilha
Cotinga. Os documentos
antigos dão a ilha o nome
de Francisco Teixeira”
(EL).
LP antropotopônimo simples
serra dos Órgãos
47
LP ergotopônimo simples
ilha dos Passarinhos LP zootopônimo simples
ilha dos Ratos LP zootopônimo simples
rio
Faisqueira - Outros
investigadores; pelos
mesmos annos ou depois
delles, examinándo os
grandes rios que dezaguão
na Bahia da Villa
Antonina; sendo entre elles
o da Faisquéira que inda
em memoria de
encontrarém nelle este
metal conserva o proprio
nomes derivado dos
trabalhadores faiscantes
[...]” (AVS – Tomo 1).
48
LP sociotopônimo simples
rio Furado LP hidrotopônimo simples
rio Gaivotas LP zootopônimo simples
rio Gervásio LP antropotopônimo simples
ribeirão Grande LP dimensiotopônimo simples
ilha
Guamiranga de Baixo
guamiranga - alteração de
guapiranga: nome comum
a várias madeiras de cerne
avermelhado (LCT.)
LI + LP fitotopônimo composto
ilha Guamiranga de Dentro LI+LP fitotopônimo composto
rio
Guapiara como gua-
piara: do fundo do vale, ou
da baixada; o que jaz no
fundo, ou ocupa o fundo da
concavidade (TS).
LI geomorfotopônimo simples
ribeirão Inácio Alves LP antropotopônimo composto
rio Joãozinho Feliz LP antropotopônimo composto
rio Mãe Catira –“antigo rio
Itaupava - a nova
denominação teve origem
em fato acidental e,
possivelmente de pouca
importância, pois dele
chegou até nós vaga
memória, perdendo-se na
imensidão das serras e dos
anos toda e qualquer
notícia de sua verdadeira
procedência, todavia, conta
a tradição que nessa
LP axiotopônimo composto
47
Grande instrumento constituído de teclado, pedaleira e tubos, que são os principais responsáveis pela produção
do som em conseqüência do ar que neles é introduzido sob pressão (AH).
48
Optou-se por manter a grafia original do autor.
97
paragem residia em épocas
remotas, uma negra velha,
conhecida por Mãe Catira,
a qual talvez fosse uma
quilombola, ou negra
fugida, que buscara o
refúgio da serra, em troca
do cativeiro” (JEM).
ilha Mamangava
mamangaba- abelhão
munido de ferrão, do
gênero Bombus; do idioma
caingangue: ‘ma-mang’
LI zootopônimo simples
98
abelha de fruta (LCT).
rio
Mergulhão LP zootopônimo simples
rio Monte Alegre LP geomorfotopônimo composto
rio Moura LP antropotopônimo simples
rio
Nhundiaquara
‘nhundiá-‘quara’ - a
morada do jundiá, o buraco
do peixe deste nome (TS).
LI ecotopônimo simples
rio Pequeno LP dimensiotopônimo simples
rio Pinheiro LP fitotopônimo smples
córrego Prejereba – talvez do tupi
‘pira’ + ‘ye’reb’: volver-se
LI zootopônimo simples
99
peixe teleósteo,
percomorfo, da família dos
lobotídeos (Lobotes
surinamensis), do Atlântico
[...] (ABHF).
rio
Quatinga Hemulon
aurolineatum conhecido
também como cocoroca,
habita fundos rochosos,
coralinos [...], em águas
rasas
49
.
LI zootopônimo simples
ilha Ramos LP antropotopônimo simples
rio Sagrado LP hierotopônimo simples
49
Disponível em: www,eptv.globo.com/terradagente/natv.asp?cp=44.
100
rio Santa Rosa LP hagiotopônimo composto
rio São João LP hagiotopônimo simples
rio São Sebastião LP hagiotopônimo composto
rio Seco
50
LP hidrotopônimo simples
rio
Tucunduva - corr. tucũ-
dyba: a palmeira do tucum.
Pode ser corr. de tucũ-
tyba- o sítio do tucum, o
palmar de tucuns (TS).
LI fitotopônimo simples
rio
Xaxim xanchim - corr.
Chan-chim ou çam-ci: a
corda lisa, a fibra macia
(TS).
LI fitotopônimo simples
50
Desprovido de umidade, ou de líquido; enxuto (ABHF).
101
Arapoti córrego
Água do Piquete piquete:
francês piquet (ABHF). LP+LE hidrotopônimo composto
rio Arrozal LP fitotopônimo simples
córrego Aterradinho LP geomorfotopônimo simples
córrego
Banhado Grande
banhado: espanhol platino:
bañado - pântano coberto
de vegetação (ABHF).
LE+LP geomorfotopônimo composto
córrego Barra Mansa LP hidrotopônimo composto
córrego Barreiro LP litotopônimo simples
arroio
Batel do francês batel,
atual bateau - pequeno
barco (ABHF).
LE ergotopônimo
simples
102
ribeirão Cachoeirinha LP hidrotopônimo simples
rio
Canoinhas de canoa- do
aruaque, através do
espanhol ‘canoa’ + ‘inhas’
- sufixo nominativo:
diminuição (ABHF).
LI ergotopônimo simples
córrego
Capivara – ‘caapiĩ – uára’ -
o comedor de capim,
herbívoro (TS).
LI zootopônimo simples
ribeirão Caratuva LI fitotopônimo simples
córrego Cavalhada
51
LP sociotopônimo simples
água Caxambu de origem
africana- grande tambor
usado na dança do mesmo
LA ergotopônimo simples
51
Folguedo, ainda vivo no Brasil, em que cavaleiros ricamente trajados se exibem numa encenação [...],cuja
duração pode se estender por três dias, relembrando as cavalhadas medievais (AH).
103
nome, no bailado
moçambique e no jongo;
bendenguê (ABHF).
rio Caxambu LA ergotopônimo simples
arroio Caxambuzinho LA ergotopônimo simples
córrego Cerradinho LP fitotopônimo simples
córrego Cipriano LP antropotopônimo simples
ribeirão da Anta Brava LP zootopônimo composto
ribeirão da Natureza LP animotopônimo simples
rio das Perdizes LP zootopônimo simples
rio das Cinzas LP litotopônimo simples
água do Barulho LP animotopônimo simples
rio do Café LP fitotopônimo simples
104
ribeirão do Campão LP fitotopônimo simples
ribeirão do Jerivá do tupi
‘jeri’wa’- jeribazeiro:
palmeira (Arecastrum
romanzoffianum), comum
na orla litorânea, de estipe
alto e elegante, folhas com
numerosos segmentos, e
cujos cocos são ricos em
mucilagem adocicada,
razão por que os apreciam
muito as crianças; baba-
de-boi, coquinho, jeribá ou
LI fitotopônimo simples
105
jerivá (ABHF).
água do Miguel José LP antropotopônimo composto
rio do Norato LP antropotopônimo simples
rio do Peixe ou Laranjinha LP zootopônimo simples
rio do Tigre LP zootopônimo simples
ribeirão do Rato LP zootopônimo simples
ribeirão do Vinho LP ergotopônimo simples
rio Dois Irmãos LP numerotopônimo composto
ribeirão dos Antunes LP antropotopônimo simples
ribeirão dos Patos LP zootopônimo simples
rio Erval espanhol platino
yerbal- mata em que
LE fitotopônimo simples
106
domina a erva-mate ou
congonha (ABHF).
córrego
Invernadinha espanhol
platino invernada -
designação comum a certas
pastagens rodeadas de
obstáculos, naturais ou
artificiais, onde se
guardam eqüídeos, muares
e bovinos, para repousarem
ou recobrarem as forças
(ABHF).
LE sociotopônimo simples
rio Lambedor - terreno LP geomorfotopônimo simples
107
salgado e alagadiço, aonde
os animais sequiosos por
sal vão lamber a terra (M).
rio
Lopinho – diminutivo de
Lopes.
LP antropotopônimo simples
córrego
Mambuca - mumbuca:
variedade de abelha grande
e negra (LCT).
LI zootopônimo simples
córrego Manhoso LP animotopônimo simples
água Pai Joaquim LP axiotopônimo composto
arroio Papagaio LP zootopônimo simples
córrego Passo do Felisberto LP hidrotopônimo composto
córrego Pousinho LP ecotopônimo simples
108
arroio Pulador LP geomorfotopônimo simples
arroio Quebra-perna LP dirrematotopônimo composto
rio Quinze LP numerotopônimo simples
rio Quizot LE antropotopônimo simples
rio
Redomona - redomão: do
espanhol platino redomón -
diz-se do cavalo que ainda
está sendo domado
(ABHF).
LE zootopônimo simples
rio Roncador LP hidrotopônimo simples
ribeirão Saltinho LP geomorfotopônimo simples
córrego Sanfona LP ergotopônimo simples
arroio Santo Antônio LP hagiotopônimo composto
109
rio
Taquaruçu taquar-uçú’
-a cana grande, a taquara
grossa, bambu (TS).
LI fitotopônimo simples
arroio Vaca Brava LP zootopônimo composto
Araucária rio
Barigui – de mbariwí’ý: rio
dos mosquitos-pólvora
(ADR).
LI zootopônimo simples
arroio Cachoeira LP hidrotopônimo simples
rio Cachoeira LP hidrotopônimo simples
ribeirão Campeirinho LP sociotopônimo simples
ribeirão Campestre LP fitotopônimo simples
ribeirão Campestrinho LP fitotopônimo simples
110
rio Campina das Pedras LP fitotopônimo composto
rio Campina dos Martins LP fitotopônimo composto
rio Campo Redondo LP fitotopônimo composto
rio Capinzal LP fitotopônimo simples
rio Capivara LI zootopônimo simples
rio Cristal LP litotopônimo simples
arroio
da Capoeira caapuera -
mata que foi destruída pela
mão do homem e nasceu
dela nova mata que o é
virgem (LCT).
LI fitotopônimo simples
rio das Antas LP zootopônimo simples
ribeirão das Gralhas LP zootopônimo simples
111
córrego das Onças LP zootopônimo simples
arroio do Enéas LP antropotopônimo simples
arroio do Gurski LE antropotopônimo simples
arroio do Lote Cinco
52
LP sociotopônimo composto
rio do Mato Branco LP fitotopônimo composto
rio do Maurício LP antropotopônimo simples
arroio do Pessegueiro LP fitotopônimo simples
ribeirão do Salão LP sociotopônimo simples
rio do Tomás LP antropotopônimo simples
ribeirão dos Pessegueiros LP fitotopônimo simples
rio Faxinal LP fitotopônimo simples
arroio Fazendinha LP sociotopônimo simples
52
Por se considerar que lote é uma área pequena de terreno, urbano ou rural, destinada a construções ou a
pequena agricultura, é que se classificou como sociotopônimo.
112
arroio Formigueiro LP zootopônimo simples
rio
Guajuvira guajubira:
planta da família das
borrogináceas; de ‘guaju
ybyrá’- pau de formiga
(LCT).
LI fitotopônimo simples
rio
Iguaçu – do tupi, ‘y’: água,
o rio + ‘guassú’: grande e
grosso - rio grande (LCT).
LI dimensiotopônimo simples
ribeirão Iguaçu LI dimensiotopônimo simples
rio Ipiranga – do tupi, ‘y’:
água, rio + ‘piranga’:
vermelho, corado, ruivo,
LI cromotopônimo simples
113
rubro, pardo - rio vermelho
(TS).
rio Isabel Alves
53
LP antropotopônimo composto
rio
Passa Una – passa + ‘una’:
preto, escuro, negro (LCT).
LP+LI hodotopônimo composto
arroio Passo do Soares LP hidrotopônimo composto
rio
Piunduva ‘piũ’:
variedade de mosquito;
borrachudo (LCT) +
‘duva’: abundância
muito mosquito.
LI zootopônimo simples
arroio Rondinha
54
LP sociotopônimo simples
rio Taquaroca ‘tacuara’: LI fitotopônimo simples
53
Segundo Albino (2004, p.158), esse designativo é uma homenagem à professora Isabel Alves da Rocha.
54
De ronda – lugar onde pasta, vigiada pelos camaradas, a tropa (ABHF).
114
taquara, bambu + ‘oca’:
tirar, arrancar, cortar,
diminuir - cortar bambu
(LCT).
rio Verde LP cromotopônimo simples
rio Verde Abaixo LP cromotopônimo composto
Bocaiúva do
Sul
rio Abaixo LP cardinotopônimo simples
arroio Água Amarela LP hidrotopônimo composto
arroio Água Clara LP hidrotopônimo composto
arroio Água Comprida LP hidrotopônimo composto
arroio Antinha LP zootopônimo simples
115
córrego
Araçaieiro – do tupi ara’sá:
arvoreta ou arbusto da
família das mirtáceas
(Psidium littorale),[...]
araça,araçaeiro e
araçaoeiro (ABHF).
LI fitotopônimo simples
arroio Aranhas LP zootopônimo simples
água Areia Branca LP litotopônimo composto
rio
Bacaetava – mbaé-caitaba
- a queimada (TS) .
LI sociotopônimo simples
rio Barra Bonita LP hidrotopônimo composto
córrego Barraquinha LP ecotopônimo simples
arroio Bocáina LP geomorfotopônimo simples
116
rio Bom Sucesso LP animotopônimo composto
ribeirão Cantagalo LP animotopônimo simples
rio
Capivari capivary, corr.
caapiuar-y: o rio das
capivaras (TS).
LI zootopônimo simples
arroio Capoeirinha LI fitotopônimo simples
arroio
Carijós
55
corr. cari-yó - o
procedente do branco
europeu (TS).
LI etnotopônimo simples
arroio Castelo da Anta LP ecotopônimo composto
ribeirão Cerro
56
Lindo LP geomorfotopônimo composto
córrego Comprido LP dimensiotopônimo simples
serra da Bocáina LP geomorfotopônimo simples
55
Designa também um galináceo de penas pretas e brancas (TS).
56
Cerro – colina pequena e penhascosa, geralmente de forma tabular (ABHF).
117
rio da Conceição LP hagiotopônimo simples
córrego da Cruz LP hierotopônimo simples
rio da Mina LP hidrotopônimo simples
córrego da Pedra LP litotopônimo simples
córrego
da Sanga- do espanhol
platino zanja - pequeno
regato, que seca facilmente
(ABHF).
LE hidrotopônimo simples
ribeirão da Serra LP geomorfotopônimo simples
rio das Barras LP hidrotopônimo simples
rio das Lavras LP sociotopônimo simples
rio das Pedras LP litotopônimo simples
serra do Cabrestante LP ergotopônimo simples
118
rio do Tanque LP ergotopônimo simples
rio do Tigre LP zootopônimo simples
ribeirão dos Patinhos LP zootopônimo simples
rio dos Veados LP zootopônimo simples
arroio Estiva LP ergotopônimo simples
rio Grande da Laura LP dimensiotopônimo composto
ribeirão Invernada LE sociotopônimo simples
rio Invernada Grande LE+LP sociotopônimo composto
lajeado Lapinha LP geomorfotopônimo simples
rio Limeira LP fitotopônimo simples
rio Limoeiro LP fitotopônimo simples
córrego Macacos LP zootopônimo simples
119
rio
Mandaçaia – ‘mandassaia’-
variedade de abelha do
gênero melipona (LCT).
LI zootopônimo simples
ribeirão Marmeleiro LP fitotopônimo simples
rio Marrecas LP zootopônimo simples
arroio
Massaroca- maçaroca -
bola formada por
emaranhamento nas crinas
do pescoço e
especialmente da cauda
dos cavalos, resultante da
falta de trato (AH).
LP somatotopônimo simples
rio Matão LP fitotopônimo simples
120
ribeirão Mineiro LP etnotopônimo simples
arroio Morro Grande LP geomorfotopônimo composto
rio Ouro Fino LP litotopônimo composto
arroio Paiol de Cima LP sociotopônimo composto
ribeirão Paraíso LP animotopônimo simples
rio Pardinho
57
LP cromotopônimo simples
rio Pardo LP cromotopônimo simples
rio Passa Vinte LP dirrematotopônimo composto
ribeirão Pau
58
de Sangue LP fitotopônimo composto
rio Pavão LP zootopônimo simples
rio Pederneiras
59
LP litotopônimo simples
arroio Pedra Lisa LP litotopônimo composto
57
Poderia ser também uma homenagem ao Corregedor Pardinho, mas o se dispõe de fatos ou dados que
confirme esta hipótese.
58
Embora não lexicalizado, os dicionários trazem dezenas de entradas com a lexia “pau”, significando árvore ou
arbusto.
59
Pedra muito dura, que produz faíscas, quando ferida com um fragmento de aço, sílex, pedernal, pedra-de-fogo
(ABHF).
121
rio Ponta Grossa LP geomorfotopônimo composto
ribeirão Pontal LP geomorfotopônimo simples
arroio Pula Sapo LP dirrematotopônimo composto
ribeirão Pulador LP geomorfotopônimo simples
rio
Putunã putuna pytuna -
noite; preto, negro, escuro
(LCT).
LI cromotopônimo simples
córrego Raso LP dimensiotopônimo simples
córrego Retiro dos Patinhos LP sociotopônimo composto
rio
Ribeira LP hidrotopônimo
simples
rio Rodeio LP sociotopônimo simples
arroio
Roncador LP hidrotopônimo
simples
122
ribeirão
Samambaia corr. çama-
mbai -o trançado de
cordas; cordas entrelaçadas
formando parapeito, cordas
emaranhadas; alusão a
trama confusa dessas
plantas sociais, invasoras
(Felix herbácea) (TS).
LI fitotopônimo simples
arroio Santa Clara LP hagiotopônimo composto
arroio Santa Cruz LP hagiotopônimo composto
serra Santana LP hagiotopônimo simples
córrego São Luis LP hagiotopônimo composto
rio São Miguel LP hagiotopônimo composto
123
rio São Pedro LP hagiotopônimo composto
rio
Tapera - aldeia extinta; de
‘ta-puera’ (LCT).
LI ecotopônimo simples
arroio Tigrinho LP zootopônimo simples
rio
Tingüi - corr. Ty-gui ou
tyghi: o líquido que vem, o
sumo, a espuma, o enjôo, o
enfado. O sumo extraído
de cipós batidos para matar
o peixe nos rios e lagoas
(TS).
LI fitotopônimo simples
rio Uberaba corr. y-beraba -
a água brilhante, clara,
LI hidrotopônimo simples
124
transparente, cristalina
(TS).
Campina
Grande
do Sul
rio Água Branca LP hidrotopônimo composto
rio Amarelo LP cromotopônimo simples
córrego Basílio LP antropotopônimo simples
rio Bonito LP animotopônimo simples
ribeirão Branco LP cromotopônimo simples
rio Canguiri - de kángwérý:
rio da ossada ou de
akángwérý: rio da caveira
LI necrotopônimo simples
125
(ADR).
rio Capivari LI zootopônimo simples
rio Cedro LP fitotopônimo simples
rio Coqueiro LP fitotopônimo simples
ribeirão da Figueira LP fitotopônimo simples
serra da Graciosa LP animotopônimo simples
rio da Roseira LP fitotopônimo simples
ribeirão do Boi LP zootopônimo simples
serra do Cabrestante LP ergotopônimo simples
represa do Capivari LI zootopônimo simples
rio
do Cerne
60
LP fitotopônimo simples
ribeirão do Cerrinho LP geomorfotopônimo simples
60
Parte do lenho das árvores formada de células mortas e sem substâncias nutritivas de reserva. Fica no centro do
tronco (ABHF).
126
rio do Engenho LP sociotopônimo simples
ribeirão do Pino LP ergotopônimo simples
serra dos Órgãos LP ergotopônimo simples
ribeirão Grande LP dimensiotopônimo simples
ribeirão
Indaiatuba indayatuba
corr. indayá-tyba -
abundância de indaiás, o
sítio das palmeiras indaiás
(TS).
LI fitotopônimo simples
ribeirão
Jaguatirica corr. yaguá-
tirica - a onça tímida,
fujona, Felis mitis (TS).
LI zootopônimo simples
rio Lapinha LP geomorfotopônimo simples
127
rio Mandaçaia LI zootopônimo simples
ribeirão Manoel José LP antropotopônimo composto
rio
Mundéu mundé -
alçapão, armadilha (LCT).
LI ergotopônimo simples
rio Faxinal LP fitotopônimo simples
rio Florestal LP fitotopônimo simples
rio Gracioso LP animotopônimo simples
rio Palmeirinha LP fitotopônimo simples
rio Pardinho LP cromotopônimo simples
rio Pocinho LP geomorfotopônimo simples
ribeirão Pousinho LP ecotopônimo simples
rio Raso LP dimensiotopônimo simples
128
ribeirão Saltinho LP geomorfotopônimo simples
rio
Taquari ‘taquar-y’ - o rio
das taquaras (TS).
LI fitotopônimo simples
ribeirão Terra Boa LP litotopônimo composto
rio
Timbu - nome que no
Nordeste dão ao gambá.
(LCT)
LI zootopônimo simples
rio
Tucum tucũ variedade
de palmeira (LCT).
LI fitotopônimo simples
rio Tucunduva LI fitotopônimo simples
ribeirão Vermelho LP cromotopônimo simples
Campo Largo rio Açungui assunguy a- LI somatotopônimo simples
129
cugui - o sangue de gente
(TS).
arroio Água Quente LP hidrotopônimo composto
rio Angico LP fitotopônimo simples
arroio Beleza LP animotopônimo simples
morro Boa Vista LP animotopônimo composto
arroio Cigarra LP zootopônimo simples
arroio Colônia LP sociotopônimo simples
rio Conceição LP hagiotopônimo simples
ribeirão da Fábrica LP sociotopônimo simples
arroio da Lomba LP geomorfotopônimo simples
rio da Prata LP litotopônimo simples
130
morro da Serrinha LP geomorfotopônimo simples
morro Descalvado LP geomorfotopônimo simples
rio do Cerne LP fitotopônimo simples
morro do Ourives LP sociotopônimo simples
arroio Dom Rodrigo LP axiotopônimo composto
rio dos Matos
61
LP fitotopônimo simples
ribeirão
Endoenças - do latim
‘indulgentias’ - nome que
se às solenidades
religiosas de Quinta-feira
Santa (JMC).
LP hierotopônimo simples
serra Endoenças LP hierotopônimo simples
córrego Espírito Santo LP hierotopônimo composto
61
Pode ser originário da família Matos.
131
morro Felpudo LP estematotopônimo simples
lajeado Grande LP dimensiotopônimo simples
arroio
Itambezinho - v. Itaimbé
c. içá-aimbé, a pedra afiada
o penedo ponteagudo (TS)
+ zinho: sufixo nominativo
‘diminuição’ (ABHF).
LI litotopônimo simples
rio
Itaqui ‘itaky’- mó, pedra
de afiar. (LCT)
LI litotopônimo
simples
rio Jacu – corr. yacú, adj.,
esperto, cuidadoso,
desconfiado, cauteloso. È o
nome da ave Penélope
LI zootopônimo simples
132
(TS).
ribeirão Lavras LP sociotopônimo simples
rio Ouro LP litotopônimo simples
rio Palmital LP fitotopônimo simples
ribeirão Palmital ou São Silvestre LP fitotopônimo simples
arroio Passa
62
Três LP hodotopônimo composto
rio Passa Una LP+LI hodotopônimo composto
arroio
Purunã - do tupi: ‘puruna =
puru = poro’: gente +
‘una’: preta = gente preta
(OB).
LI etnotopônimo simples
rio
Ribeirão Grande ou
Invernada LP hidrotopônimo composto
62
Passa – de passagem: local por onde se passa (ABHF).
133
rio Ribeirinha LP hidrotopônimo simples
arroio Santa Quitéria LP hagiotopônimo composto
arroio Santana LP hagiotopônimo simples
ribeirão São Caetano LP hagiotopônimo composto
água São Pedro LP hagiotopônimo composto
rio Sete Saltos LP numerotopônimo composto
arroio
Taquaral ‘taquara’ + al’
- extenso aglomerado de
taquaras em determinada
área; bambual, bambuzal,
tabocal (AH).
LI fitotopônimo simples
morro Três Barras LP numerotopônimo composto
rio Três Barras LP numerotopônimo composto
arroio Três Córregos LP numerotopônimo composto
134
morro Três Irmãos LP numerotopônimo composto
rio Verde LP cromotopônimo simples
rio
Verde ou Rondinha LP cromotopônimo simples
Campo do
Tenente
arroio
Buriti burity - corr.
mbiriti - árvore que emite
líquido; a palmeira (TS).
LI fitotopônimo simples
ribeirão Branco LP cromotopônimo simples
rio Campo do Tenente LP fitotopônimo composto
arroio da Capoeira LI fitotopônimo simples
ribeirão da Fazenda LP sociotopônimo simples
rio da Várzea LP geomorfotopônimo simples
córrego do Correia LP antropotopônimo simples
135
ribeirão do Miguel LP antropotopônimo simples
ribeirão do Potreirinho LP sociotopônimo simples
ribeirão
do Sapezal –sapé - do tupi
‘ssápé’: o que alumia
capim da família das
gramíneas, muito
conhecido por cobrir
choças+ z’ + ‘al’-
quantidade mais ou menos
considerável de sapés
dispostos proximamente
entre si. (ABHF).
LI fitotopônimo simples
arroio dos Veigas LP antropotopônimo simples
arroio Grande LP dimensiotopônimo simples
136
ribeirão Rodeio LP sociotopônimo simples
ribeirão Vermelho LP cromotopônimo simples
Cândido de
Abreu
rio Alonso LP antropotopônimo simples
rio Água Quente LP hidrotopônimo composto
rio Areião LP litotopônimo simples
arroio
Baitaca baetaca: corr.
mbaé-taca - o ruído, o
barulhento. Maetaca: é
uma variedade de papagaio
(TS).
LI zootopônimo simples
arroio Banhado Vermelho LE+LP geomorfotopônimo composto
rio Barra Bonita LP hidrotopônimo composto
137
rio Barra do Pito LP hidrotopônimo composto
rio
Barra da Imbuia ‘barra’
+ ‘da’ + ‘imbuia’ -
preciosa madeira do sul do
Brasil (LCT).
LP+LI hidrotopônimo composto
rio Barra do Doutor LP hidrotopônimo composto
rio Barra Grande LP hidrotopônimo composto
rio Barra Preta LP hidrotopônimo composto
arroio Barro Seco LP litotopônimo composto
rio Barreirinho LP litotopônimo simples
arroio Barrinha LP hidrotopônimo simples
rio Belo LP animotopônimo simples
morro Bico de Papagaio LP somatotopônimo composto
arroio Bodoque
63
LP ergotopônimo simples
63
Arco para atirar bolas de barro endurecidas ao fogo, pedrinhas, etc (ABHF).
138
arroio Bonfim LP hagiotopônimo simples
rio Bonito ou Pedrinho LP animotopônimo simples
rio Botocudo LP etnotopônimo simples
rio Branco LP cromotopônimo simples
rio Cadeadinho LP geomorfotopônimo simples
arroio
Caju – ver acaju: caju.
(LCT)
LI fitotopônimo simples
arroio
Cambucica aplica-se a
certos animais menores
que seus congêneres, mais
ariscos e, geralmente, de
fio de lombo escuro (M).
N/C zootopônimo simples
rio Candó na Índia LE fitotopônimo simples
139
Portuguesa; corte de
árvores ou de ramos de
árvores para queimada (do
guz. Khandho) (CF).
rio Cava Grande LP geomorfotopônimo composto
rio Chupador
64
LP geomorfotopônimo simples
rio da Barra Escondida LP hidrotopônimo composto
arroio da Cachoeira LP hidrotopônimo simples
rio da Faca LP ergotopônimo simples
serra da Laranjeira LP fitotopônimo simples
serra da Mesa LP ergotopônimo simples
morro da Pedra Branca LP litotopônimo composto
serra da Prata LP litotopônimo simples
64
Remoinho (nos rios) (ABHF).
140
rio da Vergonha LP animotopônimo simples
rio do Cachorro LP zootopônimo simples
serra do Caju LI fitotopônimo simples
rio do Cirino LP antropotopônimo simples
arroio do Erval LE fitotopônimo simples
arroio do Forno LP ergotopônimo simples
arroio do Irineu LP antropotopônimo simples
arroio do Meio LP cardinotopônimo simples
arroio do Tigre LP zootopônimo simples
serra do Pinhão LP fitotopônimo simples
rio do Sol LP astrotopônimo simples
arroio dos Teixeiras LP antropotopônimo simples
141
arroio dos Índios LP etnotopônimo simples
arroio dos Pelechates LE antropotopônimo simples
rio Duas Antas LP numerotopônimo composto
rio Erval LE fitotopônimo simples
arroio Faxinal Boa Vista LP fitotopônimo composto
arroio Faxinal de Baixo LP fitotopônimo composto
rio Figueira LP fitotopônimo simples
arroio Fraqueza LP animotopônimo simples
arroio Funil
65
LP geomorfotopônimo simples
arroio Furneiro
66
LP geomorfotopônimo simples
arroio Gamelão LP ergotopônimo simples
arroio Grande LP dimensiotopônimo simples
65
Qualquer objeto em forma de funil (ABHF).
66
De furna - caverna ou gruta, geralmente formada de blocos de pedra; fojo, antro, subterrâneo (ABHF).
142
arroio Imbuia LI fitotopônimo simples
arroio
Iratim v. iraxim
variante de iratim - do tupi
i’ra’ting, abelha branca
(ABHF).
LI zootopônimo simples
rio
Ivaí – ‘ivahy’, corr. ybá-y -
o rio das frutas (TS).
LI fitotopônimo simples
rio
Ivaizinho - ‘ivahy’, corr.
ybá-y - o rio das frutas
(TS) + zinho: sufixo
nominativo ‘diminuição’
(ABHF) - o rio das frutas
pequeno.
LI fitotopônimo simples
143
rio
Jacaré nome comum de
diversas espécies de
sáurios do Brasil (LCT).
LI zootopônimo simples
arroio
Jaciaba - de ‘jacy’ - corr.
’ya-cy’, a lua + ‘aba’,
cabelo - raios de lua (TS).
LI astrotopônimo simples
arroio João Manoel LP antropotopônimo composto
arroio Lajeadão LP litotopônimo simples
arroio Lajeado LP litotopônimo simples
arroio Laranjeira LP fitotopônimo simples
arroio Macaco LP zootopônimo simples
arroio Mambeca N/C N/C simples
arroio Mangueirinha LP sociotopônimo simples
144
arroio Marcondes LP antropotopônimo simples
rio Maria Flora LP antropotopônimo composto
rio Marrecas LP zootopônimo simples
morro Marumbi LP hidrotopônimo simples
rio Matão LP fitotopônimo simples
arroio Miranda LP antropotopônimo simples
arroio
Monjolo Velho monjolo
- do quimbundo engenho
tosco, movido à água,
usado para pilhar milho
(ABHF).
LA+LP ergotopônimo composto
arroio Moquém corr. mocaê ou
mô – caê - faz que seque; o
LI ergotopônimo simples
145
secadouro, o assador;
gradeado de varas sobre
brasas para assar a caça ou
peixe (TS).
rio Ouro Fino LP litotopônimo composto
rio Palmital LP fitotopônimo simples
arroio Passo Fundo LP hidrotopônimo composto
arroio Pedra Vermelha LP litotopônimo composto
rio Pedrinho LP antropotopônimo simples
arroio
Perobas ‘yperoba’:
peroba, madeira de lei
ótima para construção
(LCT).
LI fitotopônimo simples
146
rio Pessegueiro LP fitotopônimo simples
arroio Pilão Velho LP ergotopônimo composto
arroio Pinhalzinho LP fitotopônimo simples
arroio Pinhão LP fitotopônimo simples
rio
Pitanga vermelho,
corado, [...] é o nome da
fruta ácida de pele delicada
e corada da Eugenia
uniflora (TS).
LI fitotopônimo simples
arroio Ponte Coronel LP ergotopônimo composto
rio Ranchinho – diminutivo de
rancho - do espanhol: casa
pobre, da roça, choça
LE ecotopônimo simples
147
(ABHF).
lajeado Raso LP dimensiotopônimo simples
rio Riozinho LP hidrotopônimo simples
rio Sabugueiro
67
LP fitotopônimo simples
rio São Francisco LP hagiotopônimo composto
rio São Pedro LP hagiotopônimo composto
arroio Tamanqueira
68
LP fitotopônimo simples
arroio
Taquaruçu
LI fitotopônimo simples
rio Tateto taitetu = cateto;
variedade de porco-do-
mato. De ‘t-ãi-eté-tu’: o
LI zootopônimo simples
67
Arbusto melífero (Sambucus australis), nativo do Brasil (BA ao RS) e Argentina, com propriedades purgativas,
drásticas e eméticas, [...] flores aromáticas, alvas, em umbelas paniculadas; acapora (AH).
68
Árvore da família das rutáceas [...] (ABHF).
148
que ataca com os dentes
caninos (LCT).
arroio
Três Barras LP numerotopônimo composto
morro Trombudinho LP geomorfotopônimo simples
morro Trombudo LP geomorfotopônimo simples
rio
Ubázinho ‘ubá’ (ybá):
coco, coqueiro (LCT) +
zinho: sufixo nominativo
‘diminuição’ (ABHF) -
coqueiro pequeno.
LI + LP fitotopônimo simples
córrego Vavá LP antropotopônimo simples
arroio Vorá própolis; massa LI zootopônimo simples
149
amarela que se encontra
dentro das colméias;
variedade de abelha do
gênero Trigona (LCT).
arroio Xaxim LI fitotopônimo simples
Castro ribeirão Alguns dias LP dirrematotopônimo composto
arroio Areião LP litotopônimo simples
rio Bomba LP ergotopônimo simples
arroio Brígido
69
LP antropotopônimo simples
arroio Bulcão
70
LP meteorotopônimo simples
ribeirão Cachoeira Roncadeira LP hidrotopônimo composto
lajeado Campo Comprido LP fitotopônimo composto
69
Pode ser originário de Brígido da Silva Furtado, primitivo dono da fazenda Socavão em Castro (OBB).
70
Nevoeiro, nuvem de fumaça (ABHF).
150
arroio
Canhambora
71
Canhembora- (corr. de
quilombola) - escravo
fugitivo que se ocultava
nos quilombos (M).
LI etnotopônimo simples
arroio Carretão LP ergotopônimo simples
arroio
Cercado
72
LP sociotopônimo simples
ribeirão
Cunhaporanga ‘cunha’:
mulher, índia; fêmea +
‘poranga’: belo, bonito -
mulher bonita (LCT).
LI etnotopônimo simples
arroio da Aparição LP mitotopônimo simples
arroio da Campina do Estrepe LP fitotopônimo composto
71
Canhembora – canhembara - fugitivo, perdido (LCT).
72
Lugar de pastagem abundante, limitado por tapumes naturais, onde os viajantes guardam à noite seus animais
(ABHF).
151
arroio
da Cotia cutia corr.
agutí ou a-cuti - o
indivíduo que come de pé,
de referência ao hábito que
tem o animal deste nome
de tomar o alimento com
as patas dianteiras (TS).
LI zootopônimo simples
ribeirão da Guarina – gibão (OB). LI ergotopônimo simples
arroio da Invernada LE sociotopônimo simples
ribeirão da Lagoa da Onça LP hidrotopônimo composto
rio das Antas LP zootopônimo simples
rio das Pombas LP zootopônimo simples
arroio do Campo Grande da LP fitotopônimo composto
152
Várzea
lajeado
do Carambeí do guarani
‘carumbé’: tartaruga +
‘y’:rio - rio das tartarugas
(FF).
LI zootopônimo simples
serra do Carambeí LI zootopônimo simples
rio do Carmo LP hagiotopônimo simples
morro do Chapéu
73
LP geomorfotopônimo simples
arroio do Curral
74
LP sociotopônimo simples
arroio do Diogo LP antropotopônimo simples
morro do Ferro LP ergotopônimo simples
morro do Índio LP etnotopônimo simples
rio do Inglês LP etnotopônimo simples
água do Marco
75
LP cardinotopônimo simples
73
Considerou-se que o acidente possui a forma de chapéu.
74
Lugar onde se junta e recolhe gado; arribaria, malhada, corte (ABHF).
75
Sinal de demarcação de distâncias; baliza (AH).
153
arroio do Meio LP cardinotopônimo simples
arroio do Ouro LP litotopônimo simples
lajeado do Pedregulho LP litotopônimo simples
rio do Tanque LP ergotopônimo simples
arroio
do Timbézinho timbé:
árvore da família
leguminosas (OB)+
zinho/inho: sufixo
nominativo ‘diminuição’
(ABHF)-timbé pequeno.
LI +LP fitotopônimo simples
arroio
do Xaxim
LI fitotopônimo simples
arroio Dois Irmãos LP numerotopônimo composto
154
arroio dos Alves LP antropotopônimo simples
lomba dos Arrieiros
76
LP sociotopônimo simples
arroio dos Machados LP antropotopônimo simples
arroio dos Órfãos LP animotopônimo simples
água dos Rodrigues LP antropotopônimo simples
lajeado
Grande LP dimensiotopônimo
simples
rio
Guabiroba guavirova
‘guabi-iroba’ - o
comestível amargo, ou
fruto que trava (TS).
LI fitotopônimo simples
rio Guararema – espécie de
planta silvestre; de ‘guara-
LI fitotopônimo simples
76
Arrieiro - homem que guia bestas de carga; almocreve, arreador (ABHF).
155
rema’: pau fétido (LCT).
arroio
Guartelá etimologia
popular- guar-te-lá,
guarda-te-lá,acautela-te-
lá,resguarda-te-lá (2ª
pessoa do singular do
imperativo de guarda-se
com apócope), de onde
vem o topônimo Guartelá
(FF).
LP animotopônimo simples
rio Iapó yapó’ y-apó’ - a
água transbordada, a
inundação; a cheia do rio;
LI hidrotopônimo simples
156
os alagados à margem dos
grandes rios (TS).
arroio
Inhouíva Nhoahiva
provém de línguas camé e
abanhaén –‘nhum’ (camé):
campo + ‘ahiba’: mal -
campo mal (EL).
LI fitotopônimo simples
rio Jotuba N/C N/C simples
ribeirão Lagoa da Onça LP hidrotopônimo composto
córrego
Malfazida – provavelmente
de mal feita.
LP animotopônimo simples
rio
Maracanã - ave da família
dos psitacídeos (LCT).
LI zootopônimo simples
157
arroio Maria Leme LP antropotopônimo composto
ribeirão
Mato Grande LP fitotopônimo composto
arroio Monjolo LA ergotopônimo simples
ribeirão
Morro Grande LP geomorfotopônimo composto
arroio Não me toques LP dirrematotopônimo composto
arroio Olaria LP sociotopônimo simples
rio Pampulha – de pampa: tipo
de formação campestre,
com raros arbustos e
pequenas árvores [...] +
ulha - é menos freqüente
que -ulho
77
, mas de
LP geomorfotopônimo simples
77
Tem ou aparenta ter conexão com os sufixos ou terminação -alha, -alhas, -elho, -ilha, -ilho, -olho, que têm
como denominador comum o fato de provirem do latim -cùlu-, -cùla-, -lìu-, -lìa- e manterem certa afinidade com
a noção de diminutivo não raro expressivo e pejorativo (AH).
158
características comparáveis
(AH).
rio
Piraí pirahy ‘pira-y’- o
rio do peixe (TS).
LI zootopônimo simples
rio Piraí-mirim LI zootopônimo simples
rio
Pitangui - ‘pitang-y’ - o rio
das pitangas (TS).
LI fitotopônimo simples
rio Ribeira LP hidrotopônimo simples
arroio São Cristóvão LP hagiotopônimo composto
rio São João LP hagiotopônimo composto
serra São Joaquim LP hagiotopônimo composto
ribeirão São Lourenço LP hagiotopônimo composto
rio Socavão
78
LP geomorfotopônimo simples
rio Tabuão
79
LP ergotopônimo simples
78
1. grande socava. 2. esconderijo, abrigo. 3. lapa, gruta. 4. lugar retirado (ABHF).
79
1. tábua grande; prancha. 2. estiva ou ponte de madeira bruta para se atravessarem pequenos cursos de água ou
terrenos encharcados (ABHF).
159
lajeado Taipa das Pedras LP ecotopônimo simples
lajeado Tapera LI ecotopônimo simples
rio
Taquara como ta-quara -
a haste furada, ou oca
(TS).
LI fitotopônimo simples
arroio
Tatu – tatú - ta-tú - o casco
encorpado, ou grosso,
couraça (TS).
LI zootopônimo simples
Clevelândia lajeado Dois Irmãos LP numerotopônimo composto
lajeado Aterrado LP geomorfotopônimo simples
arroio Aterrado Alto LP geomorfotopônimo composto
arroio Baú ou Catafest LP ergotopônimo simples
160
arroio Cachoeirinha LP hidrotopônimo simples
arroio
Capilé - do francês
capillaire: 1. calda feita
com suco de capilária
(avencas). 2. ficha que um
parceiro de presente a
outro, durante o jogo
(ABHF).
LE ergotopônimo simples
arroio Capivara LI zootopônimo simples
rio
Chopim – chopi ou chopim
- nome de um pássaro,
como um tordo, vulgo
vira-bosta (TS).
LI zootopônimo simples
161
arroio Coruja LP zootopônimo simples
lajeado
Crisciuma criciúma: de
origem tupi designação
comum a numerosíssimas
espécies da família das
gramináceas, cujo colmo
tem largo emprego na
fabricação de balaios e
cesto [...]: bambu-trepador,
gurixima, pitinga (ABHF).
LI fitotopônimo simples
lajeado da Campina LP fitotopônimo simples
arroio da Cascata LP hidrotopônimo simples
arroio da Divisa I,II LP cardinotopônimo simples
162
rio da Joaquina LP antropotopônimo simples
arroio
das Araras voz
onomatopaica com que se
designam os grandes
papagaios (TS).
LI zootopônimo simples
rio das Capivaras LI zootopônimo simples
rio das Lontras LP zootopônimo simples
arroio do Alhal LP fitotopônimo simples
rio do Banho LP higietopônimo simples
arroio do Leão LP zootopônimo simples
arroio do Morais LP antropotopônimo simples
arroio do Oliveira LP antropotopônimo simples
arroio do Pampa LP geomorfotopônimo simples
163
lajeado Gote LE antropotopônimo simples
lajeado Guerreiro LP animotopônimo simples
arroio Lagoão LP hidrotopônimo simples
arroio Manjolo LA ergotopônimo simples
lajeado Nhá Mazilia LP axiotopônimo composto
arroio Padilha LP antropotopônimo simples
rio Pato Branco LP zootopônimo composto
arroio Quinze LP numerotopônimo simples
lajeado Raso LP dimensiotopônimo simples
arroio Ribeiro LP antropotopônimo simples
lajeado Santa Maria LP hagiotopônimo composto
rio São Francisco LP hagiotopônimo composto
164
arroio São Miguel LP hagiotopônimo composto
arroio Tigre LP zootopônimo simples
arroio
Varejão vara grande
(ABHF).
LP ergotopônimo simples
Curitiba rio Antonio Prado LP antropotopônimo composto
rio
Atuba cogote, toutiço,
ocipídio (OB).
LI somatotopônimo simples
rio
Bacacheri
80
‘baré-ig’: rio
pequeno (EL).
LI dimensiotopônimo simples
rio Barigui LI zootopônimo simples
rio Belém LP corotopônimo simples
rio Boa Vista LP animotopônimo composto
80
Do guarani- macachary ‘macá’ - mergulhão, ave aquática dos colimbídeos + ‘chary’: ema, ave reiforme,
reídea, com designação imprópria de avestruz no Rio Grande do Sul (FF).
165
arroio Cachoeira LP hidrotopônimo simples
rio Cascatinha LP hidrotopônimo simples
arroio da Prensa LP ergotopônimo simples
arroio do Andrada - [...] vindo
Lourenço Rodrigues de
Andrade com sua mulher,
e hua filha cazada com
hum F. Seixas; e outro
irmão de nôme Antonio
Rodrigues de Andrade, [...]
e destes primários Colônos
se originárão as tres
principais familias
LP antropotopônimo simples
166
Coritibanas
denominadas- Andrades
Soares -e Seixas” (AVS -
Tomo 1).
81
arroio do Fundão LP dimensiotopônimo simples
arroio Espigão LP geomorfotopônimo simples
rio Iguaçu LI dimensiotopônimo simples
rio
Iraí – ‘irahy’ – corr. de ira-
y: a água ou rio do mel
(TS).
LI estematotopônimo simples
rio Juvevê do guarani - ‘ju’:
espinho + ‘bebá’: chato -
espinho chato. Árvore da
LI fitotopônimo simples
81
Optou-se por manter a grafia original do autor.
167
família das rutáceas,
Fagara rhoifolia, cujo
tronco e galhos se cobrem
de grandes e agudos
espinhos (FF).
arroio Moinho LP ergotopônimo simples
arroio
Mossunguê ‘mossuuguê’
‘moçym-ghê’ - os
mossuns ou enguias do
Brasil (TS).
LI zootopônimo simples
rio Passa Una LP+LI hodotopônimo composto
rio Passo do França LP hidrotopônimo composto
rio Ponta Grossa LP morfotopônimo composto
168
rio Pequeno LP dimensiotopônimo simples
arroio Pinheirinho LP fitotopônimo simples
rio
Tarumã planta da família
das verbenáceas (LCT).
LI fitotopônimo simples
Guarapuava arroio Abobreira LP fitotopônimo simples
arroio Água Branca LP hidrotopônimo composto
arroio Anta Gorda LP zootopônimo composto
arroio Aterrado Alto LP geomorfotopônimo composto
rio Bananas LP fitotopônimo simples
arroio Banhado Grande LE+LP geomorfotopônimo composto
rio Barreiro LP litotopônimo simples
169
arroio Barro Preto LP litotopônimo composto
arroio Bela Vista LP animotopônimo composto
rio Boa Sorte LP animotopônimo composto
arroio Bom Retiro LP animotopônimo composto
rio Bonito LP animotopônimo simples
rio Cachoeira Branca LP hidrotopônimo composto
arroio Cachoeirinha LP hidrotopônimo simples
rio Cadeado
82
LP geomorfotopônimo simples
arroio
Cambará- câmara corr.
caá-mbará - a planta
variegada, a planta de
folhas de várias cores (TS).
LI fitotopônimo simples
rio Campinas LP fitotopônimo simples
82
Derivação: sentido figurado: aquilo que impede ou dificulta um movimento, uma ação, um processo;
obstáculo, empecilho, impedimento (AH).
170
rio Campo Novo LP fitotopônimo composto
rio Campo Real LP fitotopônimo composto
arroio Capão da Vargem LI+LP fitotopônimo composto
rio Cascavel LP zootopônimo simples
rio Charqueada LE sociotopônimo simples
arroio Charquinho
83
LE hidrotopônimo simples
rio Coutinho LP antropotopônimo simples
rio Combrão
84
LP geomorfotopônimo simples
arroio Corredor LP hidrotopônimo simples
arroio
da Balbina pode ser de
Balbina Francisca Siqueira
que doou 3.000 alqueires
de terras a seus escravos
85
.
LP antropotopônimo simples
83
Provavelmente de charco: água estagnada e imunda, de pouca profundidade (ABHF).
84
Pequena elevação longitudinal que separa propriedades rústicas (M).
85
Reportagem do jornal Folha de Londrina de 19-20/10/2005 relata que área de aproximadamente 3.000
alqueires foi herdada pelos escravos em 1860. A proprietária Balbina Francisca de Siqueira deixou em seu
testamento que repassava as terras para os seus escravos e libertos.
171
arroio da Casa Nova LP ecotopônimo composto
arroio da Chácara LP sociotopônimo simples
rio da Divisa LP cardinotopônimo simples
arroio da Divisa LP cardinotopônimo simples
rio da Estrela LP astrotopônimo simples
rio da Fazendinha LP sociotopônimo simples
arroio da Fraqueza LP animotopônimo simples
rio da Lagoa LP hidrotopônimo simples
arroio da Laje LP litotopônimo simples
rio da Pedra Branca LP litotopônimo composto
rio da Pedra Grande LP litotopônimo composto
arroio da Viola LP ergotopônimo simples
rio das Águas Belas LP hidrotopônimo composto
172
rio das Almas LP animotopônimo simples
rio das Araras LI zootopônimo simples
rio das Mortes LP necrotopônimo simples
rio das Pedras LP litotopônimo simples
rio das Pombas LP zootopônimo simples
rio do Baú LP ergotopônimo simples
arroio do Bento LP antropotopônimo simples
rio
do Bugre do francês
bougre: indivíduo dos
bugres, tribo indígena do
sul, da região entre os rios
Iguaçu e Piquiri e as
cabeceiras do Uruguai
(ABHF).
LE etnotopônimo simples
173
arroio do Butka LE antropotopônimo simples
rio do Cachorro LP zootopônimo simples
arroio do Capão Raso LI +LP fitotopônimo composto
rio do Cento e Um LP numerotopônimo composto
arroio do Claudiano LP antropotopônimo simples
rio do Corvo LP zootopônimo simples
rio do Esfria Freio LP dirrematotopônimo composto
rio do Faxinal I,II LP fitotopônimo simples
arroio do Freio LP ergotopônimo simples
rio
do Guará – a garça
vermelha, a ave aquática
Íbis rubra (TS).
LI zootopônimo simples
arroio do Lustosa LP antropotopônimo simples
174
arroio do Meio LP cardinotopônimo simples
arroio do Paiol de Telha LP sociotopônimo composto
arroio
do Pelado
86
LP fitotopônimo simples
arroio do Pimpão LP antropotopônimo simples
rio do Poço LP geomorfotopônimo simples
rio do Posto LP sociotopônimo simples
rio do Rondinho LP sociotopônimo simples
arroio do Tanílio LP antropotopônimo simples
rio do Veado LP zootopônimo simples
rio
dos Fueros
87
LP
ergotopônimo
simples
arroio dos Limas LP antropotopônimo simples
arroio dos Martins LP antropotopônimo simples
rio dos Papagaios LP zootopônimo simples
86
Rapador, campo com pastagem meio consumida pelo gado, ou com escassa forragem; pelado, pelador
(ABHF).
87
Variação de fueiro: estaca destinada a amparar a carga do carro de bois (ABHF).
175
lajeado dos Porcos LP zootopônimo simples
arroio dos Souzas LP antropotopônimo simples
arroio dos Três Capões LP+LI numerotopônimo composto
arroio Gramado LP fitotopônimo simples
arroio Gramados LP fitotopônimo simples
lajeado Grande LP dimensiotopônimo simples
rio Guabiroba LI fitotopônimo simples
arroio Imbu corr. y-mb-ú - a
arvore que dá de beber,
alusão aos tubérculos
grandes desta planta, que,
nas raízes, segregam água
e matam a sede dos
viajantes do sertão em
LI fitotopônimo simples
176
tempo de seca (TS).
rio Iratim LI zootopônimo simples
rio
Jordão
LP
corotopônimo
simples
arroio Lagoão LP hidrotopônimo simples
arroio Lajeadinho LP litotopônimo simples
rio Lajeado Grande LP litotopônimo composto
rio Lajeado Raso LP litotopônimo composto
rio
Lanceta do francês
lancette cutelo pequeno
com que se abatem reses
no matadouro (ABHF).
LE ergotopônimo simples
rio Lontrão LP zootopônimo simples
arroio Macorama N/C N/C simples
177
rio
Maitá V. ‘mbaitá’
mesmo que mbaetaca e
baitaca - ave da família dos
psitacídeos; baitaca (LCT).
LI zootopônimo simples
rio Manequinho LP antropotopônimo simples
rio
Maracujá corr. maraú-ya
- fruto do marahú
(Passiflora) (TS).
LI fitotopônimo simples
córrego Monjolo LA ergotopônimo simples
arroio Panela LP ergotopônimo simples
arroio Passo Ruim LP hidrotopônimo composto
rio Passo Ruim LP hidrotopônimo composto
rio Pinhão LP fitotopônimo simples
rio Pinhãozinho LP fitotopônimo simples
178
rio Pombinhas LP zootopônimo simples
arroio
Porungos
Porongos/Purungos fruto
do porongueiro, o qual
ocado fica sendo uma cuia
ou cabaça para água (OB).
LI fitotopônimo simples
rio Quebra Joelho LP dirrematotopônimo composto
rio Rincão do espanhol
rincón - 1. local bem
protegido, rodeado de
matas ou rios. 2. qualquer
porção de campanha
gaúcha onde haja regato,
capões ou mata qualquer
LE geomorfotopônimo simples
179
(ABHF).
rio Rincão da Canoa LE +LI geomorfotopônimo composto
rio
Sabiá corr. çoó-biã - o
animal aprazível, mavioso.
É o Turdus sabiá (TS).
LI zootopônimo simples
arroio Santa Rita LP hagiotopônimo composto
rio São Jerônimo LP hagiotopônimo composto
rio São João LP hagiotopônimo composto
arroio São Joaquim LP hagiotopônimo composto
rio Socorro LP animotopônimo simples
arroio Sundária pode ser de:
suindara variante: tuinda,
suindária, suinara tupi:
sui’nara, tui’nara: curuja :
LI zootopônimo simples
180
çuindara
tuindara.ajaya.cuyauju.urut
aguê ave da ordem dos
estrigiformes, família dos
titonídeos (Tyto alba),
espécie de coruja. (AGC)
rio
Taguá contr. Taguaba -
pedra ou argila de comer;
barreiro. Alt. Taguaba,
Taguá, Tauá. Pode
proceder ainda de Itaguá,
ou itá-guá, significando
pedra ou argila variegada,
de cores diversas (TS).
LI litotopônimo simples
181
rio Taquaruçu LI fitotopônimo simples
rio Tigrinho LP zootopônimo simples
Guaraqueçaba rio Abobreira LP fitotopônimo simples
rio Açungui LI somatotopônimo simples
serra Agudo Grande LP morfotopônimo composto
rio
Amêijoa do árabe al +
latim Mytilu - designação
comum aos moluscos
bivalves, da família dos
lucinídeos, [...] e outros do
gênero [...] (ABHF).
LE zootopônimo simples
rio Ararapira – ‘arara’:ave +
‘pira’: pele - pele da arara
LI zootopônimo simples
182
(LCT).
rio Bananal LP fitotopônimo simples
rio Bandarra
88
LP mitotopônimo simples
rio Barreiro LP litotopônimo simples
rio Batalha
89
LP animotopônimo simples
morro
Bico Torto do Rio dos
Patos
LP
somatotopônimo composto
morro
Bico Torto do Rio
Poruquara
LP+LI
somatotopônimo composto
morro Bicudo
90
Grande LP somatotopônimo composto
morro Bicudo Pequeno LP somatotopônimo composto
rio Birigui LI zootopônimo simples
rio Boguaçu - ‘mboiguassu’ LI zootopônimo simples
88
Adivinho, vidente (AH).
89
Classificou-se como animotopônimo por considerar batalha como luta, peleja, esforço, empenho.
90
Bicudo: que tem bico (ABHF).
183
cobra-de-veado -
literalmente cobra grande
(LCT).
rio Borrachudo
91
LP zootopônimo simples
rio Bracinho
92
LP geomorfotopônimo simples
rio Braço da Esquerda LP geomorfotopônimo composto
rio Braço do Macaco LP geomorfotopônimo composto
rio Braço do Norte LP geomorfotopônimo composto
ribeirão Braço do Rio do Meio LP geomorfotopônimo composto
rio Braço do São Pedro LP geomorfotopônimo composto
rio Braço Feio LP geomorfotopônimo composto
rio Branco de Cima LP cromotopônimo composto
rio
Branco de Baixo
LP
cromotopônimo
composto
91
Designação comum aos insetos dípteros da família dos simulídeos. [...], pium, promotor (ABHF).
92
A lexia “braço” ou seu diminutivo será considerado: ramificação lateral de um rio; esteiro (AH).
184
ribeirão
Bucuva simplório, parvo,
pateta, sandeu (ABHF).
LP animotopônimo simples
rio Buqueirinha
93
LP geomorfotopônimo simples
rio Buquera Grande LP geomorfotopônimo composto
rio
Caapora habitante do
mato; neologismo:
simples, rústico, humilde
(LCT).
LI etnotopônimo simples
ribeirão
Caatinga região seca, de
pouca vegetação. (LCT).
LI fitotopônimo simples
rio Cacheta Caxeta árvore
paludícola, (Tabebuia
cassinoides) da família das
bignoniáceas, nativa no
LP fitotopônimo simples
93
Considerou-se o mesmo aspecto de boqueirão: mesmo que brechão (geomorfologia) (AH).
185
litoral, da qual se fazem
cepas de tamancos,
colheres de pau, soquetes
de feijão, miniaturas e
brinquedos. Variante:
caixeta e cacheta (FF).
rio Cachoeira LP hidrotopônimo simples
rio Cafezinho LP fitotopônimo simples
rio
Caité corr. Caá-ité - o
mato discorde, variegado;
o mato feio (TS).
LI fitotopônimo simples
ilha Canoa Velha LE+LP ergotopônimo composto
rio Capelinha LP hierotopônimo simples
rio Capivari LI zootopônimo simples
186
ilha
Casca da Ostra ou Seco
Grande
LP zootopônimo composto
rio
Catumbi ‘catumby’- de
‘caá tumby’ ao do
monte; à beira da mata
(TS).
LI geomorfotopônimo simples
serra Cavoca
94
LP geomorfotopônimo simples
rio Cedro LP fitotopônimo simples
rio Cerco
95
Grande LP geomorfotopônimo composto
rio Cerquinho LP geomorfotopônimo simples
rio Conceição LP hagiotopônimo simples
rio Conceição de Cima LP hagiotopônimo composto
rio Copiúva arbusto ou
pequena árvore, da família
LP fitotopônimo simples
94
Pode ser derivado do verbo cavoucar: abrir cavoucos; trabalhar como cavouqueiro (AH).
95
Tapagem feita num rio com entulho qualquer, para que as águas escorram apenas por um lugar apertado
(ABHF).
187
das cunoniáceas [...];
guaraparé, guarapari,
garaparim, pau-do-chapado
(ABHF).
rio Copiúvinha LP fitotopônimo simples
rio Coqueiro LP fitotopônimo simples
rio
Cordeiro
96
LP
zootopônimo
simples
rio Cotia LI zootopônimo simples
morro Cunhaporanga LI animotopônimo simples
costa da Aguarda
97
LP animotopônimo simples
rio da Anta LP zootopônimo simples
morro da Buzina LP ergotopônimo simples
96
Filhote de carneiro, assim considerado até um ano de idade; anho, borrego (AH).
97
Ato ou efeito de aguardar; aguardamento, espera (AH).
188
rio da Caçada LP sociotopônimo simples
rio da Cerca LP ergotopônimo simples
serra da Custódia LP animotopônimo simples
canal da Draga ou do Varadouro LP hidrotopônimo simples
rio da Escada LP ergotopônimo simples
morro da Faisqueira LP sociotopônimo simples
serra da Fazenda LP sociotopônimo simples
rio da Fonte LP hidrotopônimo simples
serra da Janelinha LP ergotopônimo simples
morro da Janelinha LP ergotopônimo simples
rio da Luzia LP antropotopônimo simples
rio da Madre ou da Sorte LP hierotopônimo simples
ilha da Mandirituba alteração LI fitotopônimo simples
189
de mandiy-tyba -
mandiocal, plantação de
mandioca (mandiyba)
(LCT).
morro da Palha LP fitotopônimo simples
morro da Pedra Branca LP litotopônimo composto
rio da Pescada LP zootopônimo simples
morro da Quatinga LI zootopônimo simples
serra
da Utinga – utinga – corr.
y-tinga - a água ou rio
branco (TS).
LI cromotopônimo simples
serra da Virgem Maria LP hagiotopônimo composto
rio da Zoada LP animotopônimo simples
rio Dário LP antropotopônimo simples
190
rio das Antas LP zootopônimo simples
ilha das Cobras LP zootopônimo simples
córrego das Conchas LP zootopônimo simples
ilha das Gamelas LP ergotopônimo simples
baía das Laranjeiras LP fitotopônimo simples
rio das Laranjeiras LP fitotopônimo simples
ilha
das Laranjeiras ou das
Pedras
LP fitotopônimo simples
morro das Pacas LP zootopônimo simples
rio das Pacas LP zootopônimo simples
ilha
das Peças cujo nome
indicador de que nella
antigamente alli serião
collocadas alguas peças
d’artelharia. (AVS - Tomo
1).
98
LP ergotopônimo simples
98
Optou-se por manter a grafia original do autor.
191
rio das Peças LP ergotopônimo simples
rio das Pedrinhas LP litotopônimo simples
rio das Varas LP ergotopônimo simples
costa de Fora LP geomorfotopônimo simples
baía
de Guaraqueçaba ‘guará’
: garça, colhereiro +
‘kessaba’- lugar, tempo,
modo de dormir; rede;
neologismo : cama, ninho
da garça (LCT).
LI sociotopônimo simples
baía de Paranaguá
‘paranãguá’ - enseada do
mar; foz, desembocadura
LI hidrotopônimo simples
192
de rio caudaloso (LCT).
morro
do Araçá – ‘arassá’ –
araçá (fruta) (LCT).
LI fitotopônimo simples
baía do Ararapira LI zootopônimo simples
serra do Azeite
99
LP geomorfotopônimo simples
morro do Barbado LP estematotopônimo simples
enseada do Benito LP antropotopônimo simples
ilha do Benito LP antropotopônimo simples
rio do Botequim LP sociotopônimo simples
morro do Bronze LP ergotopônimo simples
córrego do Bugre LE etnotopônimo simples
serra do Cadeado LP ergotopônimo simples
rio do Campo LP fitotopônimo simples
99
Como escorregadio - em que se escorrega facilmente; resvaladio; escorregadiço, escorregável; lúbrico
(ABHF).
193
morro do Canudal LP geomorfotopônimo simples
canal do Canudo LP geomorfotopônimo simples
ribeirão do Caraça
100
LP ergotopônimo simples
morro do Cerro Grande LP geomorfotopônimo composto
rio do Cerro Grande LP geomorfotopônimo composto
rio do Conha
101
LP fitotopônimo simples
morro do Costa LP antropotopônimo simples
rio do Costa LP antropotopônimo simples
enseada do Engenho LP sociotopônimo simples
morro do Esteiro
102
LP hidrotopônimo simples
rio do Esteiro LP hidrotopônimo simples
serra do Feiticeiro LP mitotopônimo simples
100
Pequena máscara (A).
101
Saliência escabrosa no tronco das árvores desde a base a certa altura (ABHF). Numa árvore, ramo
concrescente ou parte angulosa que ressalta a partir da raiz até o ponto em que o tronco começa a ser roliço
(AH).
102
Parte estreita de rio ou de mar, que penetra terra adentro; braço, estuário (ABHF).
194
morro do Fojo LP geomorfotopônimo simples
morro do Franco LP antropotopônimo simples
rio do Franco LP antropotopônimo simples
canal do Furadinho LP geomorfotopônimo simples
rio do Furadinho LP geomorfotopônimo simples
rio do Gama LP antropotopônimo simples
serra do Gato LP zootopônimo simples
baía do Itaqui LI litotopônimo simples
enseada do Itaqui LI litotopônimo simples
serra do Itaqui LI litotopônimo simples
ilha do Lamim - Cremos que
tenha esta denominação
por haver pertencido
LP antropotopônimo simples
195
algum membro da família
Lamim, que antigamente
era preponderante. A ela
pertenceu o famoso capitão
Tigre. Antonio Luiz
Lamim, conhecido pela
alcunha de Tigre, era um
vulto de raro valor pelos
dotes de energia e de
caráter de que era dotado.
[...]. Ilha na baía de
Paranaguá, próxima a
costeira que fronteia a ilha
do Teixeira (EL).
196
ilha do Lessa LP antropotopônimo simples
ribeirão do Macaco LP zootopônimo simples
ilha do Mangue Seco LP geomorfotopônimo composto
rio do Martins LP antropotopônimo simples
rio do Meio LP cardinotopônimo simples
serra do Mirante LP sociotopônimo simples
serra do Morato LP antropotopônimo simples
canal do Norte LP cardinotopônimo simples
rio do Papagainho LP zootopônimo simples
rio do Papagaio LP zootopônimo simples
ilha do Pinheirinho LP fitotopônimo simples
ilha do Pinheiro LP fitotopônimo simples
ilha do Pinto LP antropotopônimo simples
197
rio do Pinto LP antropotopônimo simples
rio do Pires LP antropotopônimo simples
rio do Poço LP geomorfotopônimo simples
morro do Poço Grande LP geomorfotopônimo composto
baía
do Poruquara ‘poru’:
transitivo usar, praticar +
‘cuara’: cova, buraco; estar
furado, ter buraco -
(LCT).
LI ecotopônimo simples
morro do Poruquara LI ecotopônimo simples
furo do Pavoçá
103
LP fitotopônimo simples
ilha do Pavoçá LP fitotopônimo simples
rio do Quebra LP animotopônimo simples
morro do Queimado LP sociotopônimo simples
103
Maior semelhança - pavoá = aguapé (ABHF).
198
ilha do Rabelo LP antropotopônimo simples
ilha do Rato LP zootopônimo simples
serra do Rio Branco LP hidrotopônimo composto
chapadão do Rio Verde LP hidrotopônimo composto
cachoeira do Salto Morato LP geomorfotopônimo composto
ilha
do Sambaqui sambaki
mesmo que ostreira;
aglomerado de conchas
formando montículos,
onde certos povos
primitivos faziam seus
enterramentos rituais; de
itambaky, ostra, ostreira
(LCT).
LI litotopônimo simples
199
rio do Sambaqui LI litotopônimo simples
rio do Santo LP hagiotopônimo simples
enseada do Saquinho LP geomorfotopônimo simples
morro
do Sebuí sebui - forma
dialetal de ambóia,
minhoca (LCT).
LI zootopônimo simples
ilha do Segredo LP animotopônimo simples
rio do Segredo LP animotopônimo simples
canal
do Superagui
104
– rainha
dos peixes.
LI axiotopônimo simples
ilha do Superagui LI axiotopônimo simples
morro do Superagui LI axiotopônimo simples
canal do Tibicanga tibi: cheio,
apinhado + canga: osso -
LI dimensiotopônimo simples
104
Disponível em: http://www.sulambiental.com.br/parana-superagui.htm.
200
cheio de osso (OB.)
furo do Tibicanga LI dimensiotopônimo simples
rio do Tio Antonio LP axiotopônimo composto
serra
do Tromomô pode ser de
trombombó - modo
especial de pescar tainhas
(OB).
LI sociotopônimo simples
rio do Valentim LP antropotopônimo simples
canal do Varadouro LP hidrotopônimo simples
morro dos Alves LP antropotopônimo simples
rio dos Medeiros LP antropotopônimo simples
rio dos Patos LP zootopônimo simples
baía dos Pinheiros LP fitotopônimo simples
ilha dos Porcos LP zootopônimo simples
201
rio Erval LE fitotopônimo simples
rio Faisqueira LP sociotopônimo simples
córrego Formiga LP zootopônimo simples
rio Fortuna LP animotopônimo simples
rio Fundo LP dimensiotopônimo simples
ilha Furaga
105
LP geomorfotopônimo simples
rio
Guaraquara - pode ser de
‘guará’: garça, colhereiro +
‘cuara’: cova, buraco; estar
furado, ter buraco = buraco
do guará (LCT).
LI ecotopônimo simples
rio Guaipé (de guaipeva,
com apócope) veja cusco
- cão pequeno de raça
LI zootopônimo simples
105
Provavelmente de furacar: fazer furos ou buracos em; esburacar, esfuracar (M).
202
ordinária. Sinônimo geral:
guaipeva, guapeva, guaipé
(ABHF).
rio
Guanandituba
‘guanandi’: planta da
família das gutíferas; de
guara-nandy, madeira
resinosa + ‘tuba’-‘tyba’:
sufixo abundancial - muita
madeira (LCT).
LI fitotopônimo simples
rio Guapicum N/C N/C simples
rio
Guaracuí – espécie de
madeira do vale do Paraíba
(LCT).
LI fitotopônimo simples
203
ilha Grande LP dimensiotopônimo simples
rio Guamiranga LI fitotopônimo simples
rio Guaraqueçaba LI sociotopônimo simples
rio Inhate
106
“Dessa bandeira
fez parte Diogo de Unhate,
escrivão da Câmara de São
Paulo, que em 1614, [...]
requere e lhe foi concedida
uma data de sesmaria de
terras “na parte que se
chama Paranaguá,
começando na barra do rio
Ararapira cortando a rumo
de nordeste pela costa até
LP antropotopônimo simples
106
Inhate- ‘y’: água, rio + ‘nhati’: mesmo que jati - abelha = rio da abelha (LCT).
204
barra de Superagui, [...] ”.
(Livro de Registros de
Sesmarias, de São Paulo).
Ainda hoje conserva o seu
nome um rio em
Superagui, o que parece
atestar que Unhate povoou
as terras que lhe foram
concedidas” (RM).
rio Ipanema do Sul ipanema
– corr. ‘y-panema’ - a água
ruim, imprestável; o rio
sem peixe, ou ruim para
LI+LP hidrotopônimo composto
205
pesca (TS).
rio
Itaqui
LI
litotopônimo
simples
rio
Itimirim –‘y’: água, rio +
‘ti’: branco + ‘mirĩ’:
pequeno =pequeno rio
branco (LCT).
LI dimensiotopônimo simples
rio
Itinga corr. y-tinga - a
água branca; o rio branco
(TS).
LI cromotopônimo simples
rio
Jabaquara corr. yabá-
quara - o refúgio ou
esconderijo de fujões,
vulgo – quilombo (TS).
LI sociotopônimo simples
206
rio
Jaguari jaguary corr.
yaguar-y - o rio da onça
(TS).
LI zootopônimo simples
rio
Japuíra do tupi veja
guaxe - ave passeriforme
[...], do Brasil central para
o sul, de coloração preta
[...]; japira, japuíra, japuí
(ABHF).
LI zootopônimo simples
rio José Luis LP antropotopônimo composto
ilha
Jurerê de Dentro
N/C
N/C composto
ilha Jurerê de Fora N/C N/C composto
rio Lavrinha LP sociotopônimo simples
207
córrego Lingüiça LP geomorfotopônimo simples
rio
Maçaranduba – do tupi:
masarãduwa - designação
comum a duas árvores da
família das sapotáceas [...]
duras e resistentes que
servem para obras externas
(ABHF).
LI fitotopônimo simples
rio
Mãe Luzia LP axiotopônimo composto
rio Mandu
107
- era o nome de
uma espécie de fantasma
que nas mascaradas das
aldeias, se apresentava
LI mitotopônimo simples
107
1. mandú modo incorreto de pronunciar Manoel, entre os índios catechumenos. 2. Designa, também, uma
ave pequena, impassível, da família das Bucconinæ (TS).
208
envolvido em palha, como
um feixe de folhas secas.
Mand-u, o feixe que vem,
ou anda (TS).
morro
Massarapuã ‘massará’ -
barragem para apanhar
peixes; espécie de pari,
tapume de madeira, nos
rios, para facilitar a pesca
+ ‘puã’: elevado, levantado
(LCT).
LI ergotopônimo simples
ilha
Mimosa
LP animotopônimo simples
209
rio
Minguçu - provável
variante de ‘mboiguassu’
cobra-de-veado -
literalmente cobra grande
(LCT).
LI zootopônimo simples
rio
Moquém
LI
ergotopônimo
simples
rio
Morato - atribuímos a
denominação ao fato de ter
pertencido a família
Morato, que tão saliente
papel representou na vida
de Paranaguá (EL).
LP antropotopônimo simples
rio
Moratinho LP antropotopônimo
simples
210
ilha
Olaria
LP
sociotopônimo
simples
rio
Pacatuva pacatuba
corr. paca-tyba - o sítio das
pacas; onde estas se
encontram em abundância
(TS).
LI zootopônimo simples
rio Paciência LP animotopônimo simples
rio
Pacotuva – pacotuba - corr.
pacó tyba - o sítio das
bananeiras, ou onde
abundam, o bananal, ou
pacoval (TS).
LI fitotopônimo simples
rio Pardinho LP cromotopônimo simples
rio Pasmado LP animotopônimo simples
211
rio Pederneiras LP litotopônimo simples
serra Pelada
108
LP fitotopônimo simples
rio
Piracicaba pirassycaba -
lugar de um rio onde cessa
a subida dos peixes (LCT).
LI hidrotopônimo simples
rio
Piraçununga
pirassununga corr. pira-
cynynga: o peixe
rumorento, ou o ronca-
peixe (TS).
LI zootopônimo simples
rio Piraçununguinha LI zootopônimo simples
rio Poruquara LI ecotopônimo simples
rio Poruquara-mirim LI ecotopônimo composto
rio Potinga espécie de LI fitotopônimo simples
108
Campo de serra (ABHF).
212
gramínea ou bambuzinho
cujo colmo pode ser usado
na varrição de ruas e
praças. Sinônimo: pitinga,
criciúma (FF).
ilha
Rasa - a ilha chamada
Raza, he seu terreno plano
e baixo d’onde derivou o
nome tem de comprimento
légoa e meia, e pouco
productiva (AVS- Tomo
1).
109
LP dimensiotopônimo simples
rio Real LP animotopônimo simples
109
Optou-se por manter a grafia original do autor.
213
rio Roseira LP fitotopônimo simples
serra Santa Luzia LP hagiotopônimo composto
rio Santo Antonio LP hagiotopônimo composto
rio Sebuí LI zootopônimo simples
rio Serra Negra LP geomorfotopônimo composto
rio
Tagaçaba – passagem das
garças (ZHD).
LP hodotopônimo simples
rio
Taquanduva – taquá:
forma contracta de taquara
+ ‘tyba’ – sítio das
taquaras (TS).
LI fitotopônimo simples
rio Tavares LP antropotopônimo simples
córrego Terra Seca LP litotopônimo composto
rio Trancado LP geomorfotopônimo simples
214
rio Trindade LP hierotopônimo simples
rio Turvo LP cromotopônimo simples
rio Utinga LI cromotopônimo simples
córrego Vale Fundo LP geomorfotopônimo composto
rio Verde LP cromotopônimo simples
rio Vermelho LP cromotopônimo simples
rio
Vivuia - diz-se de comida
mal feita e mal cozida,
pastosa ou de má qualidade
(PFF).
LP ergotopônimo simples
Guaratuba rio Água Vermelha LP hidrotopônimo composto
rio Alegre LP animotopônimo simples
rio André Gomes LP antropotopônimo composto
215
serra
Araçatuba – corr. araçá-
tyba - o sítio dos araçás,
onde araçás em
abundância (TS).
LI fitotopônimo simples
rio
Araraquara
110
- ‘arara-
quara’ o refúgio ou
paradeiro das araras (TS).
LI ecotopônimo simples
serra Araraquara LI ecotopônimo simples
rio Arraial LP poliotopônimo simples
rio Barigui ou Birigui LI zootopônimo simples
rio Bocamarte bacamarte-
do francês braquemart -
arma de fogo, de cano
curto e largo, reforçada na
LE ergotopônimo simples
110
Do tupi ‘ara’, que significa claridade, luz do dia e ‘quara’, toca, buraco, morada. Disponível em
http://www.araraquara.sp.gov.br/.
216
coronha.
rio Boguaçu LI zootopônimo simples
morro
Brejatuba brejauba,
brajauva mesmo que
‘airy’ - variedade de
palmeira, também
chamada brejauva (LCT).
LI fitotopônimo simples
morro
Cabaraquara ‘cabará’:
cabra + ‘quara’: o buraco,
a cova, o esconderijo, o
refúgio - refúgio,
esconderijo da cabra (OB).
LI ecotopônimo simples
rio Cabaraquara LI ecotopônimo simples
217
rio Caçada LP sociotopônimo simples
rio Caminho Novo LP hodotopônimo composto
rio Canavieiras
111
LP fitotopônimo simples
serra Canavieiras LP fitotopônimo simples
ilha
Castelhano do espanhol
castelano. 1. De, ou
pertencente, ou relativo a
Castela (Espanha). 2. O
natural ou habitante do
Uruguai ou da Argentina
(ABHF).
LE etnotopônimo simples
rio Castelinho LP sociotopônimo simples
rio Claro LP cromotopônimo simples
rio Cubatão LP geomorfotopônimo simples
111
1. Planta gramínea ( Sorgum saccharatum). 2.Erva graminácea ( Arundinaria canavieira) (M).
218
serra Cubatão LP geomorfotopônimo simples
rio Cubatãozinho LP geomorfotopônimo simples
ilha
da Barra do Cubatão ou
Coroa de Fora
LP hidrotopônimo composto
rio da Berta LP antropotopônimo simples
serra da Boa Vista LP animotopônimo composto
morro da Caveira LP necrotopônimo simples
rio da Cova LP geomorfotopônimo simples
morro da Furna LP geomorfotopônimo simples
serra da Igreja LP hierotopônimo simples
rio da Laje LP litotopônimo simples
rio da Palha LP fitotopônimo simples
219
morro da Pedra Branca LP litotopônimo composto
rio da Praia LP geomorfotopônimo simples
ilha da Salina ou Sepultura LP sociotopônimo simples
morro da Subida Grande LP hodotopônimo composto
morro da Vaca LP zootopônimo simples
rio da Vaca LP zootopônimo simples
morro das Caieiras LP sociotopônimo simples
ilha das Garças LP zootopônimo simples
rio das Garças LP zootopônimo simples
ilha das Garcinhas LP zootopônimo simples
rio das Laranjeiras LP fitotopônimo simples
rio das Onças LP zootopônimo simples
morro das Palmeiras LP fitotopônimo simples
220
rio das Palmeiras LP fitotopônimo simples
baía
de Guaratuba V.
guaratiba - corr. guará
‘tyba’ - garças em
abundância; o sítio das
garças (TS).
LI zootopônimo simples
rio Descoberto
112
LP sociotopônimo simples
morro do Agudinho LP dimensiotopônimo simples
ilha do Araça LI fitotopônimo simples
morro do Arrasto
113
LP ergotopônimo simples
ilha do Barigui ou Birigui LI zootopônimo simples
morro do Bico Torto LP somatotopônimo composto
morro do Cândido LP antropotopônimo simples
ilha do Capinzal LP fitotopônimo simples
112
Local onde se descobriu ouro e se estabeleceu serviço de mineração (ABHF).
113
Grande saco e alares de rede de pesca (ABHF).
221
ilha do Casqueiro LP sociotopônimo simples
rio do Cedro LP fitotopônimo simples
ilha do Chapéu LP geomorfotopônimo simples
ilha do Chapeuzinho LP geomorfotopônimo simples
serra do Engenho LP sociotopônimo simples
ribeirão do Engenho LP sociotopônimo composto
ilha do Fincão - 2. Vetores da
doença de Chagas:
numerosos nomes vulgares
que receberam em vários
países, muitos deles
sugerindo a observação
indígena de seus aspectos
morfológicos e seus
hábitos. No Brasil, além de
LP zootopônimo simples
222
"barbeiro" poderemos
citar, “chupança”,
“fincão”, “furão”,
“bicudo”, percevejão”,
“bicho-de-parede”,
“percevejo-grande”,
“procotó”, “porocotó”,
“baratão”, “bruxa”,
“cafote”, “cascudo”,
“piolho de piaçava”,
“quiche do sertão”,
“rondão” e “vum-vum”
114
.
rio do Fincão LP zootopônimo simples
rio do Henrique LP antropotopônimo simples
rio do Ipê – corr. y-pé ou yb- LI fitotopônimo simples
114
Disponível em: http://memorias.ioc.fiocruz.br/94sup1/21.html.
223
pé: a árvore cascuda (TS).
ilha
do Itacolomi de ita-
curumi - o menino de
pedra ou pedra-menino
(LCT).
LI litotopônimo simples
ribeirão do Leopoldo LP antropotopônimo simples
morro do Mamão LP fitotopônimo simples
morro do Meio LP cardinotopônimo simples
rio do Meio LP cardinotopônimo simples
ilha do Papagaio LP zootopônimo simples
morro do Passo LP hidrotopônimo simples
ilha do Pepino do espanhol
pepino Fruto do pepineiro
LE fitotopônimo simples
224
(ABHF).
rio do Pimenta LP antropotopônimo simples
morro do Poço Preto LP geomorfotopônimo composto
ilha do Rato LP zootopônimo simples
morro do Ricardo LP antropotopônimo simples
morro do Rolado
115
LP hidrotopônimo simples
rio do Saco LP geomorfotopônimo simples
rio do Tiques LP antropotopônimo simples
ilha do Veiga LP antropotopônimo simples
rio dos Meros LP zootopônimo simples
ilha dos Patos LP zootopônimo simples
rio Empanturrado LP dimensiotopônimo simples
rio Esteio Grande LP ergotopônimo composto
115
Diz-se do mar com grandes ondas ou rolos (ABHF).
225
rio Facãozinho LP ergotopônimo simples
morro Fundão LP dimensiotopônimo simples
rio Furado Grande LP hidrotopônimo composto
rio Furta-maré LP dirrematotopônimo composto
morro Grande LP dimensiotopônimo simples
serra Grande LP dimensiotopônimo simples
rio Guaratubinha LI zootopônimo simples
ilha
Guaxuma V. guaxima
do tupi wa’sima - planta da
família das malváceas, de
fibras têxteis e, dotada de
propriedades medicinais:
guaxiúma, guaxuma,
guanxuma, uaicima
(ABHF).
LI fitotopônimo simples
226
rio Guaxuma LI fitotopônimo simples
rio
Imbira corda de cipó ou
de casca de árvore; nome
de rias plantas
brasileiras; de ‘ymbyra’,
fibra, filamento (LCT).
LI fitotopônimo simples
rio João Alves LP antropotopônimo composto
rio
Joãozinho
LP antropotopônimo
simples
rio
Jundiaquara ‘nhundiá-
quara’ - a morada do
jundiaí, o buraco do peixe
deste nome. Alt.
Jundiaquara (TS).
LI ecotopônimo simples
rio Mandiocal extenso LI fitotopônimo simples
227
aglomerado de mandiocas
em determinada área.
Mandioca - tupi
‘mandi'oka’, raiz da planta
chamada ‘mandi’ïwa’ +
‘al’ (em vocábulos com o
sentido de coletivo de
determinada planta, árvore
etc. e/ou, p.ext, ‘terreno ou
local onde medram ou o
cultivados vegetais (ou
tipo de vegetação)
designados pela base
(referente ao nome do
vegetal ou a um produto
228
seu) (AH).
lago Maria Chica LP antropotopônimo composto
rio Minguita
116
LP dimensiotopônimo simples
rio
Mirim – ‘mirĩ’ - pequeno
(LCT).
LI dimensiotopônimo simples
morro Morretes LP geomorfotopônimo simples
rio Pai Paulo LP axiotopônimo composto
rio Panelas
117
LP geomorofotopônimo simples
morro
Parati
118
– ‘pará-ty’ - a
jazida do mar; o lagamar, o
golfo (TS).
LI geomorfotopônimo simples
rio Parati LI geomorfotopônimo simples
rio Pirizal extenso
aglomerado de piris em
determinada área; juncal.
LI fitotopônimo simples
116
Pode ser originário de minguta: de tamanho reduzido; pequeno, mirrado (AH).
117
Considerou-se que o acidente tinha essa forma. Buraco escavado por certos animais; cova, toca (AH).
118
1. tupi -pira’ti: peixe branco- provavelmente pi’ra:peixe e ‘tinga’: branco, claro. 2. aguardente de cana;
cachaça (AH).
229
(AH)
rio Preto LP cromotopônimo simples
rio
Quilombo do quimbundo
kilombo - capital,
povoação, união
valhacouto de escravos
fugidos (ABHF).
LE ecotopônimo simples
rio
Quiriri kyrirĩ mesmo
que kiriri; kirirĩ ;
silencioso, calado, calar-se
(LCT).
LI animotopônimo simples
morro Redondo LP morfotopônimo simples
ilha Saí-guaçu – mesmo que
‘saíra-sapucaia’ (Tangara
peruviana). Saíra
LI zootopônimo composto
230
migratória (Tangara
peruviana), encontrada em
restingas, borda de pinhais
e áreas campestres, do
Espírito Santo ao Rio
Grande do Sul, Uruguai,
Argentina e Paraguai; [...]
(AH).
rio Saí-guaçu LI zootopônimo composto
rio São João da Serra do Mar LP hagiotopônimo composto
rio
Tabatinga corr. tauá-
tinga - o barro branco, o
barreiro de argila branca
(TS).
LI litotopônimo simples
morro Taguá LI litotopônimo simples
231
rio
Tamanduá mamífero
desdentado que se alimenta
de formigas; do guarani,
‘tá-mondahá’ - ladrão de
formigas (LCT).
LI zootopônimo simples
rio
Taquaruvu - Pode ser
vaiante de taquaruçu: tupi -
takwaru’su: ta’kwara
‘taquara’ + u’su ‘grande’
(AH).
LI fitotopônimo simples
rio Tenente LP axiotopônimo simples
rio Triste LP animotopônimo simples
rio União LP animotopônimo simples
rio Vitório LP antropotopônimo simples
232
Ipiranga córrego Alagadinho LP hidrotopônimo simples
arroio Areiazinho LP litotopônimo simples
arroio Barracas LP ecotopônimo simples
rio
Bitumirim bitú corr.
‘ybytú’: o vento, a aragem,
a nuvem +‘mirĩ: pequeno
- vento pequeno (TS).
LI meteorotopônimo simples
arroio Bonito LP animotopônimo simples
arroio
Cangueira
119
- calosidade
produzida pela canga no
pescoço dos animais
(ABHF).
LP somatotopônimo simples
arroio Cangueirinha LP somatotopônimo simples
ribeirão Campo Novo LP fitotopônimo composto
rio Capivari da Coxilha Alta LI+LP zootopônimo composto
119
Cangoera – corr. Canga - os ossos, a ossada (TS).
233
arroio Cava Funda LP geomorfotopônimo composto
arroio Cerro Azul LP geomorfotopônimo composto
rio da Barrinha LP hidrotopônimo simples
lajeado da Divisa ou do Bugio LP cardinotopônimo simples
arroio da Floresta LP fitotopônimo simples
arroio da Porteira LP ergotopônimo simples
arroio das Furnas LP geomorfotopônimo simples
córrego Descalvado LP geomorfotopônimo simples
serra do Caixão LP geomorfotopônimo simples
sanga do Cardoso LP antropotopônimo simples
arroio do Cedro LP fitotopônimo simples
arroio do Engenho LP sociotopônimo simples
arroio do Gado LP zootopônimo simples
arroio do Gato LP zootopônimo simples
arroio do Paiol LP sociotopônimo simples
arroio dos Galvões LP antropotopônimo simples
234
rio dos Índios LP etnotopônimo simples
arroio Engenho Novo LP sociotopônimo composto
arroio Guarda Velha LP sociotopônimo composto
rio Guavirova LI fitotopônimo simples
rio
Imbituva de imbé-tyba -
lugar onde abundância
de cipó-imbé ou guaimbé
(LCT).
LI fitotopônimo simples
rio Ipiranga LI cromotopônimo simples
arroio Lajeadão LP litotopônimo simples
arroio
Macucos - corr. macucu,
como ma-cú-cú - a cousa
de muito comer, ou muito
bom de comer:alusão ao
físico da ave deste nome
[...] (TS).
LI zootopônimo simples
arroio Moquém LI ergotopônimo simples
235
arroio Olaria LP sociotopônimo simples
rio Palmital LP fitotopônimo simples
arroio Passo do Romão LP hidrotopônimo composto
arroio Passinho LP hidrotopônimo simples
rio Pinguela LP ergotopônimo simples
arroio Poço Grande LP geomorfotopônimo composto
córrego Pratinho LP ergotopônimo simples
rio
Quatis – ‘qua-ti’ - o que é
riscado, ou lanhado; o que
traz riscas pelo corpo (TS).
LI zootopônimo simples
rio Roncador LP hidrotopônimo simples
arroio São Domingos LP hagiotopônimo composto
rio Santana LP hagiotopônimo simples
arroio Santo Antonio LP hagiotopônimo composto
arroio Taboão
120
LP ergotopônimo simples
arroio Taió - de ‘tayoba’ - planta LI fitotopônimo simples
120
Tabuão – tábua grande, prancha (ABHF).
236
gramínea da região
penhascosa (LCT).
arroio Tamanduá LI zootopônimo simples
rio
Tibagi ‘tibagy’ tyba’+
‘g’+ ‘y’ - o rio do pouso
(TS).
LI sociotopônimo simples
Ivaí arroio Água Morna LP hidrotopônimo composto
córrego Água Parada LP hidrotopônimo composto
arroio Barreirinho LP litotopônimo simples
lajeado Barreiro LP litotopônimo simples
rio Bitumirim LI meteorotopônimo simples
arroio Bom Jardim LP animotopônimo composto
rio Branco LP cromotopônimo simples
arroio Campinas Belas LP fitotopônimo composto
rio Capivari da Coxilha Alta LI+LP zootopônimo composto
arroio Chupador LP geomorfotopônimo simples
237
serra da Espia LP animotopônimo simples
serra da Imbuia LI fitotopônimo simples
arroio da Raiz LP fitotopônimo simples
morro de São Roque LP hagiotopônimo composto
morro do Chupador LP geomorfotopônimo composto
serra do Dias LP antropotopônimo simples
arroio do Estado LP sociotopônimo simples
serra do Lombão LP geomorfotopônimo simples
rio do Meio LP cardinotopônimo simples
morro do Palmito LP fitotopônimo simples
serra do Palmito LP fitotopônimo simples
arroio do Passarinho LP zootopônimo simples
arroio do Saltinho LP geomorfotopônimo simples
arroio do Susto LP animotopônimo simples
serra do Tigre LP zootopônimo simples
rio dos Índios LP etnotopônimo simples
serra dos Macacos LP zootopônimo simples
238
rio dos Patos LP zootopônimo simples
lajeado dos Paulistas LP etnotopônimo simples
arroio Enxovia
121
Velha LP ecotopônimo composto
rio Guabiroba LI fitotopônimo simples
arroio Grande LP dimensiotopônimo simples
arroio Hipólito LP antropotopônimo simples
rio Ivaí LI fitotopônimo simples
rio Lajeadão LP litotopônimo simples
arroio Lajeadinho LP litotopônimo simples
arroio Lajeado LP litotopônimo simples
arroio Melado LP estematotopônimo simples
arroio Paiol LP sociotopônimo simples
rio Palmital LP fitotopônimo simples
morro Pedra Branca LP litotopônimo composto
arroio Pretinho LP cromotopônimo simples
rio Quatis LI zootopônimo simples
rio São João LP hagiotopônimo composto
121
Cárcere térreo ou subterrâneo, escuro, úmido e sujo (ABHF).
239
serra São Roque LP hagiotopônimo composto
rio
Sururuca 1. Espécie de
peneira grossa; de sururu
(LCT).
LI ergotopônimo simples
rio Tigre LP zootopônimo simples
arroio Três Monjolo LP+LA numerotopônimo composto
Jaguariaíva córrego
Banhado Grande
LE+LP
geomorfotopônimo composto
serra Boa Esperança LP animotopônimo composto
arroio Bom Jardim LP animotopônimo composto
ribeirão Caçador LP sociotopônimo simples
rio
Butiá espécie de
palmeira do sul do Brasil
(LCT).
LI fitotopônimo simples
rio
Cajuru de ka’ájuru: boca
do mato (ADR).
LI fitotopônimo simples
serra Campo das Cinzas LP fitotopônimo composto
rio Capivari LI zootopônimo simples
240
arroio Cilada LP animotopônimo simples
ribeirão Cinco Bocas LP numerotopônimo composto
rio Cinco Réis LP numerotopônimo composto
ribeirão da Barra Mansa LP hidrotopônimo composto
rio da Caixa LP ergotopônimo simples
arroio da Conceição LP hagiotopônimo simples
arroio da Invernada LE sociotopônimo simples
morro da Mandinga LP mitotopônimo simples
rio das Cinzas LP litotopônimo simples
serra das Furnas LP geomorfotopônimo simples
ribeirão das Gralhas LP zootopônimo simples
rio das Mortes LP necrotopônimo simples
rio das Perdizes LP zootopônimo simples
rio Diamante LP litotopônimo simples
ribeirão do Jerivá LI fitotopônimo simples
serra do Manuel Grande LP antropotopônimo composto
serra do Paranapiacaba
‘paraná-apiacaba’- a vista
LI hidrotopônimo simples
241
do mar; o ponto donde se
pode avistar o mar;
miramar (TS).
ribeirão do Sapateiro LP sociotopônimo simples
ribeirão do Sertãozinho LP litotopônimo simples
ribeirão Espigão Alto LP geomorfotopônimo composto
rio Galho Caído LP fitotopônimo composto
lajeado Grande LP dimensiotopônimo simples
ribeirão Grande LP dimensiotopônimo simples
ribeirão Grota Funda LP geomorfotopônimo composto
rio Iapó LI hidrotopônimo simples
rio
Jaguariaíva
‘tyaguariahibá’- rio da
onça brava (ATEPAR).
LI zootopônimo simples
rio
Jaguaricatu- ‘jaguaricatú’ –
corr. yaguary-catú - o
yaguary bom; o que tem
água perene (TS).
LI hidrotopônimo simples
242
ribeirão Lajeado Grande LP litotopônimo composto
rio Lanças
122
LP antropotopônimo simples
ribeirão Quebra-cangalha LP dirrematotopônimo composto
arroio Quebra-tábuas LP dirrematotopônimo composto
rio Redomona LE zootopônimo simples
lajeado Santo Antonio LP hagiotopônimo composto
arroio Taquaral LI fitotopônimo simples
Lapa Água Amarela LP cromotopônimo composto
rio
Caiacanga ‘cai-acanga’-
a cabeça chamejante ou em
labaredas; é o nome do
polvo, no tupi (TS).
LI zootopônimo simples
arroio Américo LP antropotopônimo simples
arroio Aterrado Alto LP geomorfotopônimo composto
rio Barra Vermelha LP hidrotopônimo composto
rio Barreiro LP litotopônimo simples
arroio Barrocão LP geomorfotopônimo simples
122
Quando toda a região de Arapoti, Jaguariaíva, Piraí do Sul e demais municípios pertenciam à comarca de
Castro, houve uma família de sobrenome Lança que participou no povoamento. IBGE - Enciclopédia dos
Municípios Brasileiros: Municípios do Estado do Paraná.
243
arroio Boa Vista LP animotopônimo composto
rio Bonito LP animotopônimo simples
arroio Brocas LP ergotopônimo simples
arroio Bugio LP zootopônimo simples
rio Cabeçudo LP somatotopônimo simples
rio Cachoeira LP hidrotopônimo simples
arroio Campestre LP fitotopônimo simples
rio Capivari LI zootopônimo simples
arroio Caracol LP zootopônimo simples
arroio Casa da Pedra LP ecotopônimo composto
arroio Caxambeva
123
N/C N/C simples
arroio Cerrito LP geomorfotopônimo simples
ribeirão Claro LP cromotopônimo simples
rio Corisco LP meteorotopônimo simples
rio da Água Azul LP hidrotopônimo composto
rio da Água Azulzinha LP hidrotopônimo composto
rio
da Anta Gorda ou dos
Patos
LP zootopônimo composto
rio da Areia LP litotopônimo simples
arroio da Chapada LP geomorfotopônimo simples
arroio da Colher LP ergotopônimo simples
123
A forma nambeva, consta do Atlas Lingüístico do Paraná (Aguilera: 1994), carta 54, e significa uma
variedade de galinha que tem as pernas curtas. Esta variante foi registrada exclusivamente no litoral, nos pontos
Guaraqueçaba, Paranaguá e Guaratuba. Em Aguilera (2002, p.31) consta como tupinismo.
244
arroio da Divisa I,II LP cardinotopônimo simples
rio da Estiva LP sociotopônimo simples
arroio da Floresta LP fitotopônimo simples
arroio da Pedra Azul LP litotopônimo composto
rio da Várzea LP hidrotopônimo simples
arroio das Pedras LP litotopônimo simples
rio das Porteiras LP ergotopônimo simples
rio Despique LP animotopônimo simples
arroio Diamante LP litotopônimo simples
ribeirão do Calixto LP antropotopônimo simples
rio do França LP antropotopônimo simples
arroio do Hilário LP antropotopônimo simples
rio
do Mandurim ‘manduri’-
variedade de abelha do
gênero Melipona (LCT).
LI zootopônimo simples
rio do Monjolo LA ergotopônimo simples
arroio do Paiol Velho LP sociotopônimo composto
rio do Palmital LP fitotopônimo simples
rio do Pessegueiro LP fitotopônimo simples
rio do Pinheiral LP fitotopônimo simples
rio do Poço LP geomorfotopônimo simples
arroio do Pouso LP ecotopônimo simples
arroio do Povinho LP sociotopônimo simples
rio dos Alves LP antropotopônimo simples
245
rio dos Bihl LE antropotopônimo simples
arroio dos Bragas LP antropotopônimo simples
arroio dos Cardosos LP antropotopônimo simples
rio dos Cochos LP ergotopônimo simples
rio dos Correias LP antropotopônimo simples
arroio dos Fonsecas LP antropotopônimo simples
arroio dos Lekes LE antropotopônimo simples
arroio dos Lourenço LP antropotopônimo simples
arroio dos Mitos LP mitotopônimo simples
rio dos Patinhos LP zootopônimo simples
rio dos Patos LP zootopônimo simples
arroio dos Pintos LP antropotopônimo simples
rio dos Poços LP geomorfotopônimo simples
rio dos Prestes LP antropotopônimo simples
rio dos Quatis LI zootopônimo simples
rio dos Rosas LP antropotopônimo simples
rio dos Soares LP antropotopônimo simples
arroio Espigão Branco LP geomorfotopônimo composto
rio Faxinal LP fitotopônimo simples
arroio Forquilha LP geomorfotopônimo simples
ribeirão Fundo LP dimensiotopônimo simples
arroio Grande LP dimensiotopônimo simples
arroio Guabiroba LI fitotopônimo simples
rio Guabiroba LI fitotopônimo simples
246
arroio
Humaitá corr. mbaitá- o
papagaio pequeno, também
conhecido por maitaca
(TS).
LI zootopônimo simples
rio Iguaçu LI dimensiotopônimo simples
arroio Lagarto LP zootopônimo simples
arroio Lagoão LP hidrotopônimo simples
arroio Lajeadinho LP litotopônimo simples
arroio Lajeado Liso LP litotopônimo composto
arroio Limeira LP fitotopônimo simples
arroio Liso LP estematotopônimo simples
arroio Manilha
124
LP ergotopônimo simples
arroio Mato Grande LP fitotopônimo composto
arroio Meleiro
125
LP sociotopônimo simples
rio
Paiquerê – terra da fartura
(ATEPAR).
LI animotopônimo simples
rio Passa Dois LP dirrematotopônimo composto
arroio Passa-passo LP dirrematotopônimo composto
rio Passo da Areia LP hidrotopônimo composto
arroio Passo da Cruz LP hidrotopônimo composto
arroio Passo da Guarda LP hidrotopônimo composto
arroio Passo do Atalho LP hidrotopônimo composto
arroio Passo do Pero passo +
pero: nome que os índios
LP hidrotopônimo composto
124
Tubo de cerâmica, de concreto ou de aço, que compõe canalizações para escoamento de águas e esgoto.
(ABHF).
125
Negociante de mel, caçador de mel (ABHF).
247
davam aos portugueses,
nos primeiros tempos da
colonização.
Provavelmente do
antropônimo Pero por
Pedro; por meio de um
processo de conversão ou
derivação imprópria (AH).
arroio Passo dos Marianos LP hidrotopônimo composto
rio Pousinho LP ecotopônimo simples
arroio Restinga LP geomorfotopônimo simples
arroio Rondinha LP sociotopônimo simples
rio Santa Clara LP hagiotopônimo composto
arroio São Bento LP hagiotopônimo composto
rio São Francisco LP hagiotopônimo composto
arroio São João LP hagiotopônimo composto
rio São João LP hagiotopônimo composto
arroio Sem-sal LP dirrematotopônimo composto
arroio Sítio Velho LP sociotopônimo composto
rio Soares LP antropotopônimo simples
arroio Sobradinho LP ecotopônimo simples
rio Três Pinheiros LP numerotopônimo composto
rio Turvo LP cromotopônimo simples
rio Vaca Gorda LP zootopônimo composto
arroio Vira Machado LP dirrematotopônimo composto
Laranjeiras do rio Água do Boi LP hidrotopônimo composto
248
Sul
rio Amola Faca LP dirrematotopônimo composto
ribeirão Cachoeira LP hidrotopônimo simples
arroio Caveira LP necrotopônimo simples
rio Cavernoso LP geomorfotopônimo simples
rio
Chagu Xagu- camé ou
caigangue rio da cobra
(ATEPAR).
LI zootopônimo simples
rio Crim N/C N/C simples
arroio da Fartura LP animotopônimo simples
rio das Cobras LP zootopônimo simples
rio do Leão LP zootopônimo simples
rio do Trigal LP fitotopônimo simples
arroio dos Macacos LP zootopônimo simples
arroio dos Passarinhos LP zootopônimo simples
rio Feio LP animotopônimo simples
rio
Guarani – corr. Guariní - o
guerreiro, o lutador (TS).
LI etnotopônimo simples
rio
Lambari ‘lambary’, corr.
aramberi - o peixinho de
água doce semelhante à
sardinha (TS).
LI zootopônimo simples
rio Laranjeiras LP fitotopônimo simples
rio Peludo LP estematotopônimo simples
rio Pinheiro Torto LP fitotopônimo composto
rio Soberbo LP animotopônimo simples
rio Tapera LI ecotopônimo simples
249
rio Tigrinho LP zootopônimo simples
rio União LP animotopônimo simples
Matinhos morro Batatal LP fitotopônimo simples
praia Brava LP animotopônimo simples
rio Cachoeirinha LP hidrotopônimo simples
rio Cambará LI fitotopônimo simples
rio Campo Novo LP fitotopônimo composto
rio da Onça LP zootopônimo simples
morro da Pedra Branca LP litotopônimo composto
morro das Margaridas LP fitotopônimo simples
praia de Matinhos LP fitotopônimo simples
morro do Bico Torto LP somatotopônimo composto
morro do Boi LP zootopônimo simples
rio do Meio LP cardinotopônimo simples
rio
Guaraguçu variedade de
xaréo - peixe da família
dos carangídeos (OB).
LI zootopônimo simples
rio
Indaial ou Sertão Grande
‘indayá’ corr. andá-yá -:
amêndoas ou cocos caídos.
É a palmeira Attalea
compta (TS).
LI fitotopônimo simples
morro Itaguá-Taguá LI litotopônimo simples
praia Mansa LP animotopônimo simples
rio Matinhos ou da Cachoeira LP fitotopônimo simples
morro Parati LI geomorfotopônimo simples
250
rio Parati LI geomorfotopônimo simples
rio
Pery – corr. piry ou pirí -
o junco (TS).
LI fitotopônimo simples
rio Preto LP cromotopônimo simples
Morretes rio
Araribá ‘ararybá’ -
árvore da família das
rubiáceas, empregada em
tinturaria pelos índios;
mesmo que ruivinha
(LCT).
LI fitotopônimo simples
rio Arraial LP poliotopônimo simples
rio Barroca LP geomorfotopônimo simples
rio Bom Jardim LP animotopônimo composto
serra Canavieiras LP fitotopônimo simples
rio
Caninana – variedade de
cobra sem veneno (LCT).
LI zootopônimo simples
rio
Candonga - étimo banto de
origem controversa: ação
ardilosa, de má-fé; trapaça,
enredo (AH).
LE animotopônimo simples
rio Canhembora LI etnotopônimo simples
rio Carambiú ‘cará’: planta
tuberosa cultivada pelos
índios; é assim chamado o
inhame de São Tomé +
‘mbiú’: irregular - comida,
LI fitotopônimo simples
251
alimento (LCT).
rio Cristal LP litotopônimo simples
serra da Farinha Seca
126
LP fitotopônimo composto
rio da Lagoa LP hidrotopônimo simples
serra da Prata LP litotopônimo simples
morro do Bicho LP zootopônimo simples
pico do Diabo LP mitotopônimo simples
rio do Inferno LP mitotopônimo simples
serra
do Mar LP hidrotopônimo
simples
pico do Marumbi LP hidrotopônimo simples
serra do Marumbi LP hidrotopônimo simples
rio
do Meio
LP
cardinotopônimo
simples
rio do Neves LP antropotopônimo simples
rio do Pinto LP antropotopônimo simples
ribeirão do Rosado LP cromotopônimo simples
morro do Taquaral LI fitotopônimo simples
serra dos Órgãos LP ergotopônimo simples
arroio dos Fariseus LP etnotopônimo simples
rio dos Macacos LP zootopônimo simples
rio dos Padres LP hierotopônimo simples
rio Fortuna LP animotopônimo simples
ribeirão Fundo LP dimensiotopônimo simples
serra Graciosa LP animotopônimo simples
morro Grande LP dimensiotopônimo simples
126
Espécie nativa bastante comum em nossas matas. Floresce de janeiro a fevereiro. Suas principais
características são o tronco liso e claro, e a floração branca ou creme, com flores muito pequenas, de onde veio o
nome. Disponível em: http://eadmelo.sites.uol.com.br/florin/fseca.htm.
252
rio Guaratubinha LI zootopônimo simples
rio Ipiranga LI cromotopônimo simples
rio
Iporanga ‘y’:rio +
‘poranga’: belo,bonito - rio
bonito, belo (LCT).
LI animotopônimo simples
rio
Itapava - de itupeva- tupi
‘itu pewa’ - cachoeira
chata, com influência de
itaipava: pequena queda
d’água.; itaipava, itoupava,
itupeba, entaipaba
(ABHF).
LI hidrotopônimo simples
rio
Jacareí jacarehy - corr.
‘yacaré-y’- o rio do jacaré
(TS).
LI zootopônimo simples
rio Jardim LP fitotopônimo simples
rio Mãe Catira LP axiotopônimo composto
rio Marumbi LP hidrotopônimo simples
rio Nhundiaquara LI ecotopônimo simples
rio Passa-sete LP dirrematotopônimo composto
rio Pau Oco LP fitotopônimo composto
morro Pelado LP fitotopônimo simples
rio
Pitinga ‘pi-tinga’ - a pele
branca (TS).
LI cromotopônimo simples
rio
Sagrado LP hierotopônimo
simples
rio Salgado LP estematotopônimo simples
rio Sambaqui LI litotopônimo simples
rio São João LP hagiotopônimo composto
rio São Sebastião LP hagiotopônimo composto
rio Sapitanduva ‘sapi’: o LI somatotopônimo simples
253
fundo do olho. ‘sapi’+
‘tan’+ ‘dyba’: ‘'olhos’ +
‘ralos’ + ‘local’ - local dos
olhos ralos (ATEPAR).
rio
Saquarema socorema,
como socó-rema - a
catinga ou fétido dos socós
(TS).
LI estematotopônimo simples
rio Tombo d’água LP geomorfotopônimo composto
Palmas rio Barro Preto LP litotopônimo composto
lajeado Boa Vista LP animotopônimo composto
córrego Bonito LP animotopônimo simples
rio Butiá LI fitotopônimo simples
ribeirão Chico André LP antropotopônimo composto
rio Chopim LI zootopônimo simples
rio da Bandeira LP ergotopônimo simples
arroio da Dama LP axiotopônimo simples
rio da Estiva LP ergotopônimo simples
córrego da Estrela LP astrotopônimo simples
lajeado
da Goiabeira de goyaba
corr. acoyá ou acoyaba,
a-coyaba - o ajuntamento
de caroços; agregado de
caroços, pinha de grãos
(TS).
LI fitotopônimo simples
córrego da Grama LP fitotopônimo simples
arroio da Lontra LP zootopônimo simples
rio das Caldeiras LP ergotopônimo simples
ribeirão das Capivaras LI zootopônimo simples
254
lajeado
das Catanduvas
catanduba, catanduva -
grande árvore de madeira
branca; cerradão;matagal
rasteiro e espinhoso (LCT).
LI fitotopônimo simples
córrego das Pedras LP litotopônimo simples
córrego
do Banhadão espanhol
platino bañado - pântano
coberto de vegetação +
‘ão’: sufixo nominativo :
aumento (ABHF).
LE geomorfotopônimo simples
córrego do Caçador LP sociotopônimo simples
córrego do Isidoro LP antropotopônimo simples
lajeado do Moinho do Engenho LP ergotopônimo composto
rio do Palmito LP fitotopônimo simples
lajeado do Passo Velho LP hidrotopônimo composto
córrego do Pintado
127
LP zootopônimo simples
córrego do Pouso Feio LP ecotopônimo composto
lajeado do Saltinho LP geomorfotopônimo simples
córrego do Tigre LP zootopônimo simples
rio dos Patos LP zootopônimo simples
lajeado Estancado LP animotopônimo simples
córrego Fundo LP dimensiotopônimo simples
rio Iguaçu LI dimensiotopônimo simples
rio Iratim LI zootopônimo simples
arroio Lagoão LP hidrotopônimo simples
arroio Lagoãozinho LP hidrotopônimo simples
córrego
Manchorra
128
ou
Verendinha LP somatotopônimo
simples
córrego Mundéu LI ergotopônimo simples
127
Forma reduzida de surubim-pintado (ABHF).
128
Pode ser de mancho: com falha, imperfeição (diz-se especialmente do andar de cavalgadura); defeituoso,
falho, manco + ‘orra’: sufixo aumentativo ou de machorra: fêmea estéril, incapaz de procriar (AH).
255
córrego Passo Feio LP hidrotopônimo composto
lajeado Passo Fundo LP hidrotopônimo composto
ribeirão Pinhal LP fitotopônimo simples
arroio
Pitanga – vermelho,
corado; [...] o mesmo que
piranga (TS).
LI cromotopônimo simples
rio Rancho Grande LE+LP sociotopônimo composto
rio São Lourenço LP hagiotopônimo composto
córrego São Pedro LP hagiotopônimo composto
ribeirão São Pedro LP hagiotopônimo composto
córrego São Roque LP hagiotopônimo composto
Palmeira rio Água Clara LP hidrotopônimo composto
arroio Aterradinho LP geomorfotopônimo simples
arroio Campestre LP fitotopônimo simples
arroio Campo Alto LP fitotopônimo composto
rio
Caniú caneú - corr.
Caneõ - a canseira, a
fadiga, o enfado (TS).
LI animotopônimo simples
arroio Capão do Moinho LI+LP fitotopônimo composto
rio Capivara LI zootopônimo simples
água Clara LP cromotopônimo composto
rio da Areia LP litotopônimo simples
arroio da Lagoa da Prata LP hidrotopônimo composto
rio
da Sumaca do holandês
schmake - antigo navio à
vela, muito usado na costa
do Brasil, semelhante ao
patacho , [...], que enverga
vela latina (ABHF).
LE ergotopônimo simples
arroio da Rondinha LP sociotopônimo simples
arroio da Vargem LP geomorfotopônimo simples
rio das Almas LP animotopônimo simples
256
rio das Pedras LP litotopônimo simples
arroio das Tocas LP morfotopônimo simples
arroio do Campestre LP fitotopônimo simples
arroio do Meio LP cardinotopônimo simples
rio do Mendão LP antropotopônimo simples
arroio do Monjolo LA ergotopônimo simples
rio do Salto LP geomorfotopônimo simples
arroio do Sítio LP sociotopônimo simples
ribeirão do Sono LP animotopônimo simples
arroio do Tigre
129
LP antropotopônimo simples
ribeirão Dois Córregos LP numerotopônimo composto
arroio dos Coxos
130
LP somatotopônimo simples
rio dos Freitas LP antropotopônimo simples
arroio
dos Góis - sobre a origem
da imagem de N. Srª. da
Conceição da capela de
Tamanduá. [...] cuja
imagem pertencia a D.
Antonia de Góes, mulher
do capitão povoador
Matheus Leme, declarando
que era seu desejo
construir uma capela para
essa imagem (JEM).
LP antropotopônimo simples
rio dos Macacos LP zootopônimo simples
rio dos Papagaios LP zootopônimo simples
arroio Encruzilhada LP geomorfotopônimo simples
arroio Faxinal LP fitotopônimo simples
arroio Forquilha LP geomorfotopônimo simples
rio Guabiroba LI fitotopônimo simples
rio Guaraúna ‘guará-una’ - a
garça escura; uma Ardea,
vulgo Carão ou Caraú
LI zootopônimo simples
129
Pode ser originário do nome do Capitão Luis Tigre. Um neto de D. Antonia Góes, o capitão João de Carvalho
Pinto, legava a mesma imagem ao capitão Antonio Luiz Tigre, que construiu a capela da Conceição de
Tamanduá, origem da atual cidade de Palmeira (JEM).
130
Que coxeia – manco (ABHF).
257
(TS).
rio Guaraúninha LI zootopônimo simples
rio Iguaçu LI dimensiotopônimo simples
rio Imbituva LI fitotopônimo simples
rio Jacaré LI zootopônimo simples
arroio Minguinho LP somatotopônimo simples
arroio Paiol dos Fundos LP sociotopônimo composto
arroio Passo Fundo LP hidrotopônimo composto
rio Poço Grande LP hidrotopônimo composto
arroio Potreirinho LP sociotopônimo simples
arroio Pugas LE antropotopônimo simples
arroio Pulador LP geomorfotopônimo simples
rio Quero-quero LP zootopônimo composto
arroio Ribeirão LP hidrotopônimo simples
arroio Samambaia LI fitotopônimo simples
rio São Pedro LP hagiotopônimo composto
arroio Tabuleiro LP geomorfotopônimo simples
arroio Tapera LI ecotopônimo simples
rio Taquaruçu LI fitotopônimo simples
rio Tibagi LI sociotopônimo simples
rio Turvo LP cromotopônimo simples
Paranaguá rio Alegre LP animotopônimo simples
morro Bento Alves LP antropotopônimo simples
rio Brejatuba LI fitotopônimo simples
rio Cambará LI fitotopônimo simples
rio Canavieiras LP fitotopônimo simples
rio Cubatãozinho LP geomorfotopônimo simples
morro da Brejauva LI fitotopônimo simples
rio da Colônia Pereira LP sociotopônimo composto
canal
da Cotinga
131
espécie de
ave insetívora, de cores
vivas (LCT).
LI zootopônimo simples
ilha da Cotinga LI zootopônimo simples
morro da Divisa LP cardinotopônimo simples
enseada da Prainha do Uvá LP hidrotopônimo composto
131
Pode ser de ‘coo’: roça, lugar, povoação + ‘tinga’: branca ou de branco = lugar ou povoação de brancos
(WFF).
258
serra da Prata LP litotopônimo simples
ilha das Bananas LP fitotopônimo simples
enseada das Conchas LP zootopônimo simples
farol das Conchas LP zootopônimo simples
ponta das Conchas LP zootopônimo simples
morro das Desencantadas LP animotopônimo simples
rio das Ostras LP zootopônimo simples
ilha das Palmas LP fitotopônimo simples
ilha das Pedras LP litotopônimo simples
rio das Pedras LP litotopônimo simples
rio das Pombas LP zootopônimo simples
baía de Paranaguá LI hidrotopônimo simples
morro do Bico Torto LP somatotopônimo composto
morro do Caçoeiro
132
LP ergotopônimo simples
morro do Cedro LP fitotopônimo simples
rio do Cedro LP fitotopônimo simples
rio do Cerco LP geomorfotopônimo simples
ilha do Curral LP sociotopônimo simples
serra do Feiticeiro LP mitotopônimo simples
rio do Furado LP hidrotopônimo simples
rio do Henrique LP antropotopônimo simples
morro do Joaquim LP antropotopônimo simples
ilha do Maciel LP antropotopônimo simples
rio do Maciel LP antropotopônimo simples
morro do Meio LP cardinotopônimo simples
ilha do Mel LP estematotopônimo simples
morro do Miguel LP antropotopônimo simples
ilha do Mingu
133
LP antropotopônimo simples
morro do Pasto LP fitotopônimo simples
morro do Retiro LP sociotopônimo simples
rio do Retiro LP sociotopônimo simples
enseada
do Saco da Tambarutaca
‘do saco’ + ‘da’ +
‘tambarutaca’: mesmo que
tambaru: variedade de
crustáceo (LCT).
LP+LI geomorfotopônimo composto
canal do Sucuriú - ver
sucurijuba - réptil ofídio da
LI zootopônimo simples
132
Pode ser de: 1. cesto grande e comprido de vime, cipó ou bambu, sem tampa e com alças para prender às
cangalhas no transporte de gêneros diversos em animais de carga; 2. mesmo que caçoeira (rede) (AH).
133
Provável hipocorístico de Domingos.
259
família dos boídeos
(Eunectes murinus)
mesmo que sucuri (LCT).
canal do Sul LP cardinotopônimo simples
morro
do Uvá - árvore (Myrcia
acrantha) da família das
mirtáceas, nativa do Brasil,
de folhas verde-escuras,
flores perfumadas, brancas,
[...], e frutos bacáceos, cuja
madeira é usada em
carpintaria; ubá (AH).
LP fitotopônimo simples
rio
dos Almeidas - João de
Almeida foi um vulto
preponderante do seu
tempo, pois no auto de
posse que a Câmara deu a
Diogo Vaz, figura como
um dos 25 homens bons
para o governo da terra e
partidários do Conde da
Ilha do Príncipe (08 de
maio de 1655). Cremos
que fosse João de Almeida
tronco da família dos
Almeidas, que deu esse
nome a um dos rios de
Paranaguá (EL).
LP antropotopônimo simples
rio dos Correias LP antropotopônimo simples
rio dos Medeiros LP antropotopônimo simples
ilha dos Papagaios LP zootopônimo simples
ilha dos Valadares - [...] ela nos
lembra um passado bem
triste... a noite, em
pequenas embarcações,
com todo cuidado, esses
“escravos” eram trazidos
para a nossa ilha fronteira,
onde havia um entreposto
apropriado a compra dos
mesmos. No dia seguinte,
vinham os “traficantes” à
Vila, a fim de negociar
LP antropotopônimo simples
260
com os “escravagistas da
terra. [...]. E quem eram
esses “traficantes”, que se
dedicavam a esse comércio
considerado ilícito”?
Eram uns homens de
sobrenome “Valadares”.
Nessa ilha, era sabido,
morava uma família, muito
antiga, de sobrenome
“Valadares”. [...] Só depois
da extinção total do tráfico
negreiro é que a família
“Valadares” saiu de
Paranaguá, deixando a
ilha, que não tendo
alcunha, já era conhecida e
chama por esse nome:
“Valadares” (MV).
rio
Emboguaçu - pode ser de
mboiguassu: cobra-de-
veado;lit.cobra grande
(LCT).
LI zootopônimo simples
rio Embuçui N/C N/C simples
rio Forquilha LP geomorfotopônimo simples
ilha
Guaraguaçu cachorro
do - mato: designação
comum a várias espécies
de carnívoros da família
dos Canídeos, gênero
Cânis, que vivem nas
matas e campos brasileiros,
como, por exemplo, o
guará e o guaraxaim (M).
LI zootopônimo simples
rio Guaraguaçu LI zootopônimo simples
ilha Guararema LI fitotopônimo simples
rio Itiberê
134
LI antropotopônimo simples
rio Jacareí LI zootopônimo simples
rio Miranda LP antropotopônimo simples
rio Mundo Novo LP animotopônimo simples
rio Nhundiaquara LI ecotopônimo simples
rio Penedo [...] o fatos LP antropotopônimo simples
134
De ‘y’: rio + ‘tim’:baixios + ‘berê’: grande cacique - rio de baixios pertencentes ao chefe da nação (WFF).
261
documentados, com
seguimento histórico,
isentos de dúvidas, que nos
dão notícia dos povoadores
de Paranaguá, são da época
em que a povoação foi
elevada a vila, em 1648.
Figuram como povoadores
nessa data, além do cap.
Gabriel de Lara, João
Gonçalves Martins, cap.
João Gonçalves Penedo,
Estevão de
Fontes,[...].Todos estes
povoadores compareceram
aos atos da eleição do
governo que constituiu a
vila (RM).
rio Perequê LI zootopônimo simples
rio Pitinga LI cromotopônimo simples
rio Ribeirão LP hidrotopônimo simples
ilha Rasa da Cotinga LP dimensiotopônimo composto
rio Sagrado LP hierotopônimo simples
rio Sambaqui LI litotopônimo simples
ilha São Miguel LP hagiotopônimo composto
rio São Sebastião LP hagiotopônimo composto
rio Saquarema LI estematotopônimo simples
ilha
Sucuriçú variante de
sucuriú - ver sucurijuba -
réptil ofídio da família dos
boídeos (Eunectes
murinus) mesmo que
sucuri (LCT).
LI zootopônimo simples
ilha Teixeira –[...] Apenas que,
60 anos depois da
concessão, em 1708, a
“sesmaria do Torales”
passou por compra, às
mãos do cidadão Gaspar
Teixeira de Azevedo -
homem rico e poderoso
(dono também da ilha do
Teixeira), que vivia em
LP antropotopônimo simples
262
Paranaguá, na opulência
(MV).
rio
Toral - Bartolomeu de
Torales, - fidalgo espanhol
proprietário de sesmaria
que se estendia desde o
Imboguaçu, com frente
para a baía, até Jacareí, e
fundos para o rio Taqua
e Serra da Prata. A frente
do terreno tinha 18
quilômetros de extensão e
abrangia, não as terras
do atual distrito de
Alexandra, como também
alguns bairros da vila. [...].
Tinha ele sua residência no
lugar chamado Pocinho”;
hoje conhecido por
“Pocinho do Toral”
(abreviatura de Torales,
pelo povo) (MV).
LP antropotopônimo simples
rio Vermelho LP cromotopônimo simples
Pinhão lajeado Anta LP zootopônimo simples
rio Boi Carreiro LP zootopônimo composto
arroio Bonito LP animotopônimo simples
rio
Bracatinga de possível
origem tupi - árvore da
família das leguminosas
(Mimosa escrabella), [...] é
importante para a produção
de lenha para carvão
(ABHF).
LI fitotopônimo simples
arroio Bragança LP antropotopônimo simples
rio
Butiá LI fitotopônimo
simples
rio Camargo LP antropotopônimo simples
rio Capão Grande LI+LP fitotopônimo composto
rio Capivara LI zootopônimo simples
córrego Capoteiro LP sociotopônimo simples
rio Card N/C N/C simples
rio Chorão LP animotopônimo simples
rio da Areia LP litotopônimo simples
263
rio da Lagoa Preta LP hidrotopônimo composto
lajeado da Serra LP geomorfotopônimo simples
rio das Mangueiras LP fitotopônimo simples
lajeado das Torres LP geomorfotopônimo simples
rio Descadeirado LP geomorfotopônimo simples
rio do Barro LP litotopônimo simples
lajeado do Butiá LI fitotopônimo simples
banhado do Corvo LP zootopônimo simples
arroio do Mato Branco LP fitotopônimo composto
rio do Meio LP cardinotopônimo simples
rio do Pinho LP fitotopônimo simples
rio do Sobradinho LP ecotopônimo simples
arroio do Tigre LP zootopônimo simples
rio do Tijolo LP ergotopônimo simples
rio dos Soares LP antropotopônimo simples
rio dos Touros LP zootopônimo simples
lajeado Faxinal LP fitotopônimo simples
rio Faxinal LP fitotopônimo simples
lajeado Feio LP animotopônimo simples
rio Fundão LP dimensiotopônimo simples
rio Iguaçu LI dimensiotopônimo simples
lajeado
Iporã ‘y’:água,rio +
‘pora:estar cheio - rio
cheio (LCT).
LI dimensiotopônimo simples
rio Irati LI zootopônimo simples
rio Jordão LP corotopônimo simples
arroio Lajeado Bonito LP litotopônimo composto
rio Lajeado Grande LP litotopônimo composto
rio Laranjal LP fitotopônimo simples
rio Mandaçaia LI zootopônimo simples
rio Passo do Bugre LP+LE hidrotopônimo composto
rio Passo do Tombo LP hidrotopônimo composto
rio Pimpão LP antropotopônimo simples
rio Pinhalzinho LP fitotopônimo simples
rio Pinhão LP fitotopônimo simples
rio Pinhãozinho LP fitotopônimo simples
arroio Pinheirinho LP fitotopônimo simples
rio Poço Bonito LP geomorfotopônimo composto
rio Pontão LP geomorfotopônimo simples
rio Reserva LP sociotopônimo simples
rio Rondinha LP sociotopônimo simples
rio São Jerônimo LP hagiotopônimo composto
264
rio São Pedro LP hagiotopônimo composto
rio Tapera LI ecotopônimo simples
rio Três Barras LP numerotopônimo composto
rio Turvo LP cromotopônimo simples
rio Verde LP cromotopônimo simples
Piraquara morro Alvorada LP animotopônimo simples
ribeirão Cayuguava N/C N/C simples
rio Canguiri LI necrotopônimo simples
rio Curralinho LP sociotopônimo simples
córrego das Pedras LP litotopônimo simples
morro do Chapéu LP ergotopônimo simples
morro do Chapeuzinho LP ergotopônimo simples
serra do Marumbi LP hidrotopônimo simples
rio do Sapo LP zootopônimo simples
rio Ipiranga LI cromotopônimo simples
rio Iraí LI estematotopônimo simples
rio Iraisinho LI estematotopônimo simples
rio Itaqui LI litotopônimo simples
córrego Jardim LP fitotopônimo simples
rio Melança
135
LP sociotopônimo simples
rio Mico LP zootopônimo simples
morro Pelado LP fitotopônimo simples
rio
Piraquara - de pirákwára:
toca de peixes (ADR).
LI ecotopônimo simples
rio São João LP hagiotopônimo composto
Piraí do Sul arroio Água Fria LP hidrotopônimo composto
ribeirão
André
LP
antropotopônimo
simples
arroio Caipá N/C N/C simples
rio Cambará LI fitotopônimo simples
arroio Caxambu LE ergotopônimo simples
arroio Caxambuzinho LE ergotopônimo simples
arroio
Cuiabá ‘cuí’: a farinha; o
+ ‘abá’: homem -o
homem da farinha, o
farinheiro (TS).
LI sociotopônimo simples
rio da Carreira LP animotopônimo simples
arroio da Figueirinha LP fitotopônimo simples
arroio da Formiga LP zootopônimo simples
rio das Cinzas LP litotopônimo simples
serra das Furnas LP geomorfotopônimo simples
135
Colheita de mel de abelhas (ABHF).
265
ribeirão do Butiá LI fitotopônimo simples
ribeirão do Paulinho LP antropotopônimo simples
ribeirão do Sapateiro LP sociotopônimo simples
lajeado do Tigre LP zootopônimo simples
ribeirão dos Pereiras LP antropotopônimo simples
ribeirão Grande LP dimensiotopônimo simples
rio
Guaricanga variedade de
palmeira; de ‘guari (ba)’ -
canga, coquinho de bugio
(LCT).
LI fitotopônimo simples
ribeirão Guilherme LP antropotopônimo simples
rio Iapó LI hidrotopônimo simples
córrego José Bernardo LP antropotopônimo composto
serra Monte Negro LP geomorfotopônimo composto
rio Piraí LI zootopônimo simples
ribeirão Quebra-cangalha LP dirrematotopônimo composto
arroio Quebra-perna LP dirrematotopônimo composto
rio Redomona LE zootopônimo simples
ribeirão Samambaia LI fitotopônimo simples
Ponta Grossa arroio Amarelo LP cromotopônimo simples
arroio Ambrozina LP antropotopônimo simples
arroio Aterrado LP geomorfotopônimo simples
córrego Baixa Funda LP geomorfotopônimo composto
arroio Bela Vista LP animotopônimo composto
rio
Botuquara butuquara
corr. ybytú-quara - o
buraco do vento; a
garganta do vento (TS).
LI geomorfotopônimo simples
rio Caçador LP sociotopônimo simples
rio
Caçandoca
136
- o termo
significa gabão de mato”
numa referência ao país do
centro-oeste africano
Gabão.
LA etnotopônimo
simples
arroio Capão do Cipó capão
corr. caá-pãu - a ilha de
mato, o mato crescido e
isolado no campo + ‘do’ +
‘cipó’ - corr.içá-pó:
literalmente galho-mão,
que é o mesmo que dizer
galho apreensor- que tem
propriedade de se prender,
LI fitotopônimo composto
136
Disponível em:
www.baixosantadoaltogloria.com.br/ portugues/cultura_africana/quilombolas_cacandoca.htm.
266
de se enleiar, de atar (TS).
arroio Capão Grande LI+LP fitotopônimo composto
rio
Cara-cará – caracará -
variedade de gavião
(LCT).
LI zootopônimo composto
arroio Carrapato LP zootopônimo simples
arroio Chapada LP geomorfotopônimo simples
arroio Cipó LP fitotopônimo simples
rio Conceição LP hagiotopônimo simples
rio
Congonha corr. congõi -
o que sustenta ou alimenta;
é a erva-mate, variedade
Ilex congonha (TS).
LI fitotopônimo simples
arroio da Atafona LP ergotopônimo simples
arroio da Caixa d'água LP ergotopônimo composto
arroio da Encrenca LP animotopônimo simples
arroio da Faisqueira LP sociotopônimo simples
arroio da Fazenda LP sociotopônimo simples
arroio da Invernada LE sociotopônimo simples
arroio da Laje LP litotopônimo simples
rio da Morte LP necrotopônimo simples
arroio da Olaria LP sociotopônimo simples
arroio da Pedra LP litotopônimo simples
arroio da Prancha LP ergotopônimo simples
rio da Roça Velha LP sociotopônimo composto
arroio da Ronda LP sociotopônimo simples
arroio da Viola LP ergotopônimo simples
rio das Conchas LP zootopônimo simples
arroio do Meio LP cardinotopônimo simples
arroio do Padre LP hierotopônimo simples
arroio do Rocha LP antropotopônimo simples
arroio do Rodeio LP sociotopônimo simples
arroio dos Coxos LP somatotopônimo simples
lagoa Dourada LP litotopônimo simples
arroio Dourado LP litotopônimo simples
arroio
Engenho Velho
LP sociotopônimo composto
arroio
Estância do espanhol
platino estância - RS –
fazenda (ABHF).
LE sociotopônimo simples
arroio Gertrudes LP antropotopônimo simples
arroio Grande LP dimensiotopônimo simples
rio Guabiroba LI fitotopônimo simples
rio Guaraúna LI zootopônimo simples
rio Guaraúninha LI zootopônimo simples
rio Imbituva LI fitotopônimo simples
267
rio
Jatubá variante jatubá,
jatobá ietï’ua, ietaï’ua
‘ieta’i’: jataí + ‘ï’ua’: fruta
- planta da família das
leguminosas, subfamília
das cesalpináceas;
variedade de jataí (AGC).
LI fitotopônimo simples
arroio Lajeadinho LP litotopônimo simples
arroio Lajeado Grande LP litotopônimo composto
arroio Limeira LP fitotopônimo simples
arroio Madureira LP antropotopônimo simples
arroio Modelo LP animotopônimo simples
arroio Monjolo LA ergotopônimo simples
ribeirão Moquém LI ergotopônimo simples
arroio Papudo
137
LP geomorfotopônimo simples
arroio Piedade LP animotopônimo simples
arroio Pilão de Pedra LP ergotopônimo composto
rio Pitangui LI fitotopônimo simples
ribeirão Quebra-perna LP dirrematotopônimo composto
arroio Sabaió N/C N/C simples
arroio Santa Cruz LP hagiotopônimo composto
córrego Santa Luzia LP hagiotopônimo composto
arroio Santa Rita LP hagiotopônimo composto
rio São Jorge LP hagiotopônimo composto
rio São Miguel LP hagiotopônimo composto
arroio Tabuleiro LP geomorfotopônimo simples
rio Tamanduá LI zootopônimo simples
rio Taquari LI fitotopônimo simples
rio Terra Vermelha LP litotopônimo composto
rio Tibagi LI sociotopônimo simples
lagoa Turva LP cromotopônimo simples
rio Verde LP cromotopônimo simples
arroio Vilhena LP antropotopônimo simples
arroio Xaxim LI fitotopônimo simples
Rio Branco do
Sul
rio Abaixo LP cardinotopônimo simples
arroio Água Branca LP hidrotopônimo composto
rio Açungui LI somatotopônimo simples
ribeirão Antinha LP zootopônimo simples
rio Barigui LI zootopônimo simples
rio Bacaetava LI sociotopônimo simples
morro Betara origem
controversa;
provavelmente tupi
LP zootopônimo simples
137
Arredondado; saliente, proeminente (ABHF).
268
‘mbe'tara’- pedra de beiço
- peixe teleósteo
perciforme da família dos
cienídeos (Menticirrhus
americanus), do Atlântico
ocidental, [...], geralmente
encontrada sobre fundo
arenoso em águas costeiras
e estuários de pouca
profundidade: [...] papa-
terra-de-mar-grosso, perna-
de-moça, pescada-
cachorro, pirá-siririca,
pomba-de-mulata,
sambetara, siririca,
tambetara, tametara,
tembetara, tremetara (AH).
rio Betara LP zootopônimo simples
arroio Boca da Serra LP somatotopônimo composto
rio Bromado
138
LP fitotopônimo simples
rio
Caetê - ‘caá’+ ‘e’tê’:
verdadeiro - mata virgem
(ABHF).
LI fitotopônimo
simples
ribeirão
Capiru – ‘ca(caá)’: erva +
‘piru’: seco - relva seca
(OB).
LI fitotopônimo
simples
rio Capivara LI zootopônimo simples
ribeirão Curriola
139
da Limeira LP sociotopônimo composto
arroio Curriola dos Franças LP sociotopônimo composto
rio Curriola dos Franças LP sociotopônimo composto
rio Curriola LP sociotopônimo simples
rio Curriolinha LP sociotopônimo simples
rio
Cutia corr. agutí ou a-
cutí - o indivíduo que
come de pé, de referência
ao hábito que tem o animal
deste nome de tomar o
alimento com as patas
dianteiras (TS).
LI zootopônimo simples
ribeirão da Lança LP ergotopônimo simples
arroio da Negra LP etnotopônimo simples
serra do Bromado LP fitotopônimo simples
rio do Carmo LP hagiotopônimo simples
ribeirão do Inferno LP mitotopônimo simples
rio do Lima LP antropotopônimo simples
ribeirão do Pilãozinho LP ergotopônimo simples
rio do Salto LP geomorfotopônimo simples
138
Variante de brumado: moita cerrada e baixa (ABHF).
139
Pode ser de corriola – grupo de pessoas que agem desonestamente ou de forma inescrupulosa; quadrilha (AH).
269
ribeirão Faisqueiro LP sociotopônimo simples
arroio Faxineiro LP sociotopônimo simples
lajeado Lava-pé LP dirrematotopônimo composto
rio Órgãos LP somatotopônimo simples
rio Passo Santana LP hidrotopônimo composto
rio Piedade LP animotopônimo simples
rio Pocinho LP geomorfotopônimo simples
rio Pombas LP zootopônimo simples
rio Ponta Grossa LP geomorfotopônimo composto
rio
Queimadinho ou da
Campina
LP sociotopônimo simples
ribeirão Rancharia LP ecotopônimo simples
rio Ribeira LP hidrotopônimo simples
ribeirão Rio Branco LP hidrotopônimo composto
rio Sabino LP antropotopônimo simples
rio Santana LP hagiotopônimo simples
arroio São Vicente LP hagiotopônimo simples
rio Tacaniça
140
LP ergotopônimo simples
ribeirão
Taici – ‘taiaci’ - variedade
de mandioca (ATEPAR). LI fitotopônimo
simples
córrego Tatá LP antropotopônimo simples
rio Taquara LI fitotopônimo simples
ribeirão Tristeza LP animotopônimo simples
lajeado
Voturuvu vuturuvu
‘ybyty’ + ‘rua’ - o cume da
montanha, o pico
(ATEPAR).
LI geomorfotopônimo simples
serra Voturuvu LI geomorfotopônimo simples
rio
Votuverava – de
ybytýberába – morro
brilhante (ADR).
LI geomorfotopônimo simples
Rio Negro rio Areia Branca LP litotopônimo composto
ribeirão Azul LP cromotopônimo simples
rio
Caiúva Pode ser relativo
aos Caiovás, subgrupo
guarani cujos
remanescentes vivem no
litoral de São Paulo.
Indígena dessa tribo.
LI etnotopônimo simples
lajeado Caçador LP sociotopônimo simples
lajeado Campina do Fecho LP fitotopônimo composto
ribeirão Campo Novo LP fitotopônimo composto
lajeado Comprido LP dimensiotopônimo simples
rio da Baitava/da Baitaca LI zootopônimo simples
ribeirão da Guabiroba LI fitotopônimo simples
rio da Várzea LP geomorfotopônimo simples
lajeado da Viúva LP animotopônimo simples
lajeado das Mortes LP necrotopônimo simples
140
Lanço de telhado que resguarda os lados do edifício (ABHF).
270
lajeado das Pedras LP litotopônimo simples
córrego do Coruja LP zootopônimo simples
rio do Ouro LP litotopônimo simples
lajeado do Passo LP hidrotopônimo simples
lajeado do Tamanduá LI zootopônimo simples
rio do Veado LP zootopônimo simples
lajeado dos Buracos LP geomorfotopônimo simples
lajeado dos Cordeiros
141
LP zootopônimo simples
arroio Lajeadinho LP litotopônimo simples
córrego Mesquita LP antropotopônimo simples
rio Negro LP cromotopônimo simples
rio Ouro Fino LP litotopônimo composto
rio Passa Três LP dirrematotopônimo composto
rio Pavãozinho LP zootopônimo simples
ribeirão Poço Frio LP geomorfotopônimo simples
Reserva rio Alonso ou do Peixe LP antropotopônimo simples
rio Andrade LP antropotopônimo simples
rio Areia Preta LP litotopônimo composto
arroio Barra Grande LP hidrotopônimo composto
arroio Barra do Encontro LP hidrotopônimo composto
arroio Barreirinho LP litotopônimo simples
rio Barreiro LP litotopônimo simples
rio Boca Negra LP somatotopônimo composto
arroio Bonito LP animotopônimo simples
rio Botocudo LP etnotopônimo simples
arroio Campinas Belas LP fitotopônimo composto
ribeirão Cascudo
142
LP zootopônimo simples
rio Cava Grande LP geomorfotopônimo composto
rio Cavinha LP geomorfotopônimo simples
ribeirão Charqueada LE sociotopônimo simples
ribeirão Claro LP cromotopônimo simples
arroio Coruja LP zootopônimo simples
arroio da Anta Gorda LP zootopônimo composto
rio da Faca LP ergotopônimo simples
serra da Imbuia LI fitotopônimo simples
ribeirão das Três Barras LP numerotopônimo composto
serra de São Roque LP hagiotopônimo composto
rio do Barreiro LP litotopônimo simples
arroio do Daniel LP antropotopônimo simples
arroio do Encontro LP geomorfotopônimo simples
rio do Leão LP zootopônimo simples
rio do Peixe LP zootopônimo simples
arroio do Tigre LP zootopônimo simples
arroio dos Calixtos LP antropotopônimo simples
arroio dos Leonardos LP antropotopônimo simples
serra do Monjolinho LA ergotopônimo simples
arroio Guabiroba LI fitotopônimo simples
rio Imbaú de embaúba LI fitotopônimo simples
141
Filhote ainda novo da ovelha (ABHF).
142
Designação comum aos peixes teleósteos [...]. 3. besouro (ABHF).
271
(embayba) - árvore da
preguiça; árvore que
produz uma fruta que é o
alimento predileto do
bicho preguiça (LCT).
rio
Imbaúzinho - de embaúba
(embayba): árvore da
preguiça; árvore que
produz uma fruta que é o
alimento predileto do
bicho preguiça (LCT) +
‘zinho/inho’: sufixo
nominativo ‘diminuição’
(ABHF) - imbaú pequeno
LI + LP fitotopônimo composto
rio
Imbaú Mirim de
embaúba (embayba):
árvore da preguiça; árvore
que produz uma fruta que é
o alimento predileto do
bicho preguiça + ‘mirĩ’:
pequena - árvore pequena
(LCT).
LI fitotopônimo composto
rio
Imirim y’: água, rio +
‘mirĩ’: pequeno - rio
pequeno (LCT).
LI dimensiotopônimo simples
arroio Invernada Velha LE+LP sociotopônimo composto
rio Ivaizinho LI fitotopônimo simples
rio
Jacutinga – corr. yacú-
tinga - o jacu branco
-Penélope leucoptera (TS).
LI zootopônimo simples
arroio Lajeadinho LP litotopônimo simples
lajeado Liso LP dimensiotopônimo simples
rio Maromba LP ergotopônimo simples
rio Novo LP cronotopônimo simples
serra Queimada LP sociotopônimo simples
rio Rancho Grande LE+LP sociotopônimo composto
rio Sabugueiro LP fitotopônimo simples
rio São Pedro LP hagiotopônimo simples
arroio Tira-fogo LP dirrematotopônimo composto
São José da
Boa Vista
água Branca LP cromotopônimo simples
rio Barra Mansa LP hidrotopônimo composto
córrego Barro Preto LP litotopônimo composto
arroio Batel LE ergotopônimo simples
ribeirão Bengala de Fogo LP ergotopônimo composto
água da Bengalinha LP ergotopônimo simples
rio da Corredeira LP hidrotopônimo simples
ribeirão da Grama LP fitotopônimo simples
água da Onça LP zootopônimo simples
água da Pedra LP litotopônimo simples
rio da Pescaria LP sociotopônimo simples
272
água da Prata LP litotopônimo simples
água da Raposa LP zootopônimo simples
água do Pinhal LP fitotopônimo simples
ribeirão do Pinhal LP fitotopônimo simples
água do Pinhal Redondo LP fitotopônimo composto
água do Zazim
143
LP antropotopônimo simples
ribeirão dos Patos LP zootopônimo simples
rio Erval LE fitotopônimo simples
rio Itararé LI litotopônimo simples
rio Jaguariaíva LI zootopônimo simples
ribeirão Taquara do Reino LI+LP fitotopônimo composto
São José dos
Pinhais
rio
Agaraú pode ser de aça-
+ ‘y’: rio do acará
(ATEPAR).
LI zootopônimo simples
arroio Agreste ou Araçaieiro LP fitotopônimo simples
rio Anta Gorda LP zootopônimo composto
rio Arraial LP poliotopônimo simples
rio Atuba LP somatotopônimo simples
rio Avencal LP fitotopônimo simples
rio Banhado LE geomorfotopônimo simples
rio Campestre LP fitotopônimo simples
arroio Campininha LP fitotopônimo simples
rio Capivari LI zootopônimo simples
rio Castelhanos LE etnotopônimo simples
rio Cerro Azul LP geomorfotopônimo composto
serra da Fula
144
LP etnotopônimo simples
serra
da Papanduva alteração
de panãpanã-ndy-ba -
abundância de borboletas.
(LCT)
LI zootopônimo simples
serra da Pedra Branca LP litotopônimo composto
rio da Prata LP litotopônimo simples
rio da Vaca LP zootopônimo simples
rio da Várzea LP geomorfotopônimo simples
serra das Canavieiras LP fitotopônimo simples
rio
das Pacas paca a
desperta, a acordada, a que
está sempre atenta. É o
animal roedor Celogenys
paca (TS).
LI zootopônimo simples
ribeirão das Pedras LP litotopônimo simples
rio Despique LP animotopônimo simples
ribeirão do Adolfo LP antropotopônimo simples
serra do Mar LP hidrotopônimo simples
rio do Monjolo LA ergotopônimo simples
arroio do Salão LP sociotopônimo simples
serra do Salto LP geomorfotopônimo simples
serra dos Castelhanos LE etnotopônimo simples
arroio dos Fariseus LP etnotopônimo simples
rio Guaratubinha LI zootopônimo simples
143
Classificação constante do banco de dados do ATEPAR – antropotopônimo.
144
Que ou o que é mestiço de negro com mulata ou de mulato com negra; pardo fulas (AH).
273
rio Iguaçu LI dimensiotopônimo simples
rio Itaqui LI litotopônimo simples
rio
Miringuava - ‘mirim’:
pequeno + ‘guaba’:
comida, bebida = pequeno
alimento, bebida (OB).
LI dimensiotopônimo simples
rio Miringuava-mirim LI dimensiotopônimo composto
rio Osso da Anta LP+LI somatotopônimo composto
arroio Passo da Onça LP hidrotopônimo composto
arroio Passo do Amâncio LP hidrotopônimo composto
arroio Passo do Campo Largo LP hidrotopônimo composto
arroio Passo do Fula LP hidrotopônimo composto
arroio Passo do Luba LP hidrotopônimo composto
arroio Passo dos Pires LP hidrotopônimo composto
rio Pequeno LP dimensiotopônimo simples
rio Quati LI zootopônimo simples
córrego Roça Velha LP sociotopônimo composto
arroio Saltinho LP geomorfotopônimo simples
rio São João LP hagiotopônimo composto
rio Una LI cromotopônimo simples
Tibagi arroio Água Clara LP hidrotopônimo composto
arroio Água Suja LP hidrotopônimo composto
córrego Água Fria LP hidrotopônimo composto
água Comprida LP dimensiotopônimo simples
rio Alegre LP animotopônimo simples
rio Amola Flecha LP dirrematotopônimo composto
arroio Anta Gorda LP zootopônimo composto
arroio Areia Branca LP litotopônimo composto
arroio Aterradinho LP geomorfotopônimo simples
ribeirão Botinha
145
LP geomorfotopônimo simples
arroio Caçador LP sociotopônimo simples
ribeirão Cambará LI fitotopônimo simples
arroio Campo Novo LP fitotopônimo composto
arroio Capela da Porteira LP hierotopônimo composto
arroio Capivari LI zootopônimo simples
arroio Cascavel LP zootopônimo simples
arroio Congonhas LI fitotopônimo simples
rio da Barrinha LP hidrotopônimo simples
rio da Conceição LP hagiotopônimo simples
lajeado da Cutia LI zootopônimo simples
lajeado da Divisa LP cardinotopônimo simples
arroio da Ingrata LP animotopônimo simples
arroio da Jacutinga LI zootopônimo simples
ribeirão da Jaguatirica. LI zootopônimo simples
ribeirão da Onça LP zootopônimo simples
rio das Antas LP zootopônimo simples
arroio das Cavernas LP geomorfotopônimo simples
ribeirão das Pedras LP litotopônimo simples
rio do Agudo LP morfotopônimo simples
arroio do Barroso LP antropotopônimo simples
morro do Caixão LP ergotopônimo simples
serra do Facão LP ergotopônimo simples
145
Considerou-se como se o acidente tivesse a forma de bota.
274
arroio do Lobo LP zootopônimo simples
arroio do Monge LP hierotopônimo simples
ribeirão do Monjolo LA ergotopônimo simples
ribeirão do Palmito LP fitotopônimo simples
rio do Peixe ou Laranjinha LP zootopônimo simples
córrego do Rincão LE geomorfotopônimo simples
arroio do Sabão LP estematotopônimo simples
arroio dos Isidoros LP antropotopônimo simples
arroio Empossado LP geomorfotopônimo simples
rio Engano LP animotopônimo simples
ribeirão Erveira LP fitotopônimo simples
rio Faisqueira LP sociotopônimo simples
rio Fortaleza LP sociotopônimo simples
arroio Gonçalo LP antropotopônimo simples
lajeado Grande LP dimensiotopônimo simples
arroio Guabiroba LI fitotopônimo simples
arroio Guardinha LP sociotopônimo simples
rio Harmonia LP animotopônimo simples
rio Iapó LI hidrotopônimo simples
rio Imbaú LI fitotopônimo simples
rio Invernada Velha LE+LP sociotopônimo composto
arroio Labirinto LP geomorfotopônimo simples
córrego Ladainha LP hierotopônimo simples
arroio Lagoinha LP hidrotopônimo simples
arroio Laranjeiras LP fitotopônimo simples
arroio Limitão LP cardinotopônimo simples
lajeado Manhoso LP animotopônimo simples
arroio Maria Leme LP antropotopônimo composto
arroio Moquém LI ergotopônimo simples
arroio Palmito LP fitotopônimo simples
arroio Passo Fundo LP hidrotopônimo composto
arroio Passo Liso LP hidrotopônimo composto
arroio Pedra Branca LP litotopônimo composto
rio Pitangui LI fitotopônimo simples
arroio Pururuca
146
LP geomorfotopônimo simples
rio Preto LP cromotopônimo simples
arroio Quati LI zootopônimo simples
arroio Quebra-perna LP dirrematotopônimo composto
arroio Santana LP hagiotopônimo simples
rio Santa Rosa LP hagiotopônimo composto
córrego Santo Amaro LP hagiotopônimo composto
arroio São Domingos LP hagiotopônimo composto
córrego São João LP hagiotopônimo composto
arroio Sertãozinho LP litotopônimo simples
arroio Sete Rincões LP+LE numerotopônimo composto
rio Tibagi LI sociotopônimo simples
rio Vorá corr. Borá - tirado
do conteúdo, o extraído. É
a massa amarela, amarga,
feita do pólen das flores,
que se encontra dentro do
cortiço das abelhas; é o
mesmo Samborá ou
Tamborá. Designa várias
LI zootopônimo simples
146
Variante de pororoca: 1. variedade de milho de grão pequeno e duro, próprio para cavalos de corrida. 2.
quebradiço, frágil (ABHF).
275
espécies de abelhas (TS).
União da
Vitória
rio Arrozal LP fitotopônimo
simples
córrego Banhado LE geomorfotopônimo simples
rio Barra Grande LP hidrotopônimo composto
córrego Barreado LP litotopônimo simples
arroio Bengala LP ergotopônimo simples
córrego da Bracatinga LI fitotopônimo simples
córrego da Cachoeira LP hidrotopônimo simples
córrego da Encruzilhada LP hodotopônimo simples
serra da Esperança LP animotopônimo simples
córrego da Fartura LP animotopônimo simples
córrego da Guabiroba LI fitotopônimo simples
córrego da Pedra Branca LP litotopônimo composto
ribeirão da Prata LP litotopônimo simples
ribeirão das Correntes
147
LP hidrotopônimo simples
arroio do Abarracamento LP sociotopônimo simples
córrego do Bugre LE etnotopônimo simples
arroio do Corvo LP zootopônimo simples
arroio
do Guaraipo guaraipó-
guarupi - variedade de
abelha da família das
melíponas (TS).
LI zootopônimo simples
rio do Louro
148
LP etnotopônimo simples
ribeirão do Meio LP cardinotopônimo simples
córrego do Monjolo LA ergotopônimo simples
rio do Soldado LP sociotopônimo simples
ribeirão do Tigre LP zootopônimo simples
arroio Faxinal LP fitotopônimo simples
rio Iguaçu LI dimensiotopônimo simples
rio Jangada LP ergotopônimo simples
rio Palmital LP fitotopônimo simples
córrego
Papua – talvez tupi - capim
marmelada (ABHF).
LI fitotopônimo simples
córrego Santo Antonio LP hagiotopônimo composto
ribeirão São Domingos LP hagiotopônimo composto
córrego São João LP hagiotopônimo composto
córrego São Joaquim LP hagiotopônimo composto
arroio Serradão LP geomorfotopônimo simples
arroio Taió LI fitotopônimo simples
arroio Tanque LP ergotopônimo simples
rio Três Antas LP numerotopônimo composto
rio Verde LP cromotopônimo simples
rio Vermelho LP cromotopônimo simples
Wenceslau
Braz
água Grande LP dimensiotopônimo
simples
córrego Barreirinho LP litotopônimo simples
córrego Barro Preto LP litotopônimo composto
arroio Batel LE ergotopônimo simples
rio Corredeira LP hidrotopônimo simples
água da Campina LP fitotopônimo simples
água da Forquilha LP geomorfotopônimo simples
ribeirão da Grama LP fitotopônimo simples
ribeirão da Hulha – do francês LE litotopônimo simples
147
Corrente: 1. que corre sem encontrar empecilho; fluente. 2. diz-se das águas que correm, que não se acham
estagnadas; corrediço,corredio. 3. o curso das águas de um rio, de um ribeiro, de um regato; correnteza. 4. cadeia
de metal; grilhão (ABHF).
148
Indivíduo que tem o cabelo louro (ABHF).
276
houille - carvão (ABHF).
ribeirão da Natureza LP animotopônimo simples
ribeirão das Antas LP zootopônimo simples
rio das Cinzas LP litotopônimo simples
rio das Pombas LP zootopônimo simples
água do Jacu LI zootopônimo simples
água do Mato Preto LP fitotopônimo composto
ribeirão do Pinhal LP fitotopônimo simples
ribeirão dos Oliveiras LP antropotopônimo simples
rio Fartura LP animotopônimo simples
ribeirão Farturinha LP animotopônimo simples
córrego Fazenda Velha LP sociotopônimo composto
rio Manduri LI zootopônimo simples
ribeirão Novo LP cronotopônimo simples
córrego Olho d'água LP hidrotopônimo composto
ribeirão São Pedro LP hagiotopônimo composto
arroio Salto do Silvério LP geomorfotopônimo composto
4.2 Análise e discuso do corpus, segundo a Língua de Origem
O levantamento feito a partir de mapas oficiais enviados pela SEMA
Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Paraná - forneceu os topônimos que serão
analisados e discutidos neste corpus. Após classificar os topônimos, segundo os requisitos
constantes do Quadro I, calculou-se a produtividade numérica e percentual desses itens no
conjunto dos dados.
O resultado desta pesquisa é visualizado em 12 gráficos repartidos em duo,
que trazem os valores numéricos e percentuais obtidos mediante a elaboração desse modelo de
figuras dos dados toponímicos dos municípios fundados entre 1648 e 1853, acreditando-se
oferecer informações mais concretas e facilitar a interpretação.
Tem-se assim, a seguinte distribuição de gráficos para a análise de dados:
4.2.1 Distribuição numérica e percentual dos topônimos dos municípios paranaenses fundados
entre 1648 e 1853, segundo a Língua de Origem; 4.3.1. Distribuição numérica e percentual dos
topônimos dos municípios paranaenses fundados entre 1648 e 1853 nas taxionomias de natureza
Antropo-cultural, Física e não classificados; 4.4. Taxionomias toponímicas com maior
produtividade de ocorrências nos municípios paranaenses fundados entre 1648 e1853; 4.5.
Distribuição numérica e percentual dos topônimos dos municípios paranaenses fundados entre
1648 e 1853, segundo a Estrutura Morfológica; 4.6. Distribuição numérica e percentual dos
topônimos do litoral paranaense, segundo a Língua de Origem.
Na organização deste fragmento do Capítulo IV, apresenta-se, primeiramente,
cada duo de gráficos e, em seguida, a discussão dos números extraídos dos gráficos.
277
4.2.1. Distribuição numérica e percentual dos tonimos dos municípios paranaenses
fundados entre 1648 e 1853, segundo a Língua de Origem.
Já se tornou lugar comum afirmar que a língua, por ser um sistema dinâmico,
é passível de mutações e, sendo um patrimônio de toda uma comunidade linística, faculta a
todos os membros dessa sociedade o direito de criatividade léxica, pois é o homem que atua em
suas transformações.
De acordo com os estudos de Genouvrier; Peytard (1974, p.132), as palavras
que constituem a língua estão sujeitas a transformações, de acordo com os diferentes momentos
da história. Conforme o autor, o xico de uma língua é o lugar das mais amplas variações,
que certas palavras caem em desuso enquanto outras são criadas conforme a necessidade da
denominação, isto é, segundo as necessidades socioculturais do meio.
As relações língua-cultura-sociedade estão refletidas na língua e, a partir de
seu estudo, podemos conhecê-las, principalmente no nível lexical que permite observar os
aspectos valorizados por determinado grupo e até as condições de vida impostas pelo meio
físico. A língua, então, engloba a cultura, comunica-a e transmite-a.
É um componente de interação entre o indivíduo e a sociedade, um elemento
cultural revelador da visão de mundo de cada comunidade. Logo, para um real conhecimento de
um grupo humano, é necessário observar a forma de este representá-la. Constata-se, portanto,
que a linguagem é um fato social, está a serviço da vida social, é viva, flexível e evolui junto
com o homem.
A sociedade tem o poder de aceitar ou repelir determinadas transformações.
Por sua vez, esclarece Preti (1977, p.02) que
nas grandes civilizações, a língua é suporte de uma dinâmica social, que
compreende, não só as relações diárias entre os membros de uma
comunidade, como também uma atividade intelectual, que vai desde o fluxo
informativo dos meios de comunicação de massa, até a vida cultural,
científica ou literária.
278
O homem interage com outros homens na sociedade, se comunica com o
mundo através de vários níveis de linguagem. É na criação da linguagem que o homem se
mostra enquanto criador, pois:
pelo mesmo ato, mediante o qual o homem extrai de si a trama da
linguagem, também vai se entretecendo nela e cada linguagem traça um
círculo mágico ao redor do povo a que pertence, rculo do qual não existe
escapatória possível, a não ser que se pule para outro. W. von Humboldt
(1972 apud CASSIRER, 1972, p.23).
Ao pretender analisar aspectos que envolvam a relação entre sociedade,
cultura e ambiente ou língua e homem, pode-se recorrer ao léxico como guia de referência, uma
vez que o vocabulário, ao ser empregado pelo homem, reflete aspectos do ambiente, conforme
atestam as palavras de Sapir (1969, p.45):
o léxico completo de uma língua pode se considerar, na verdade, como um
complexo inventário de tôdas as idéias, interêsses e ocupações; e, por isso, se
houvesse à nossa disposição um tesouro assim cabal da língua de uma dada
tribo, poderíamos daí inferir, em grande parte, o caráter do ambiente físico e
as características culturais do povo considerado.Não é difícil encontrar
exemplos de línguas cujo léxico traz o sinete do ambiente físico em que se
acham situados os seus falantes
149
.
Desse modo, o estudo de um dado léxico conduz a inferências sobre o
ambiente físico e social daqueles que o empregam, permitindo-se compreender os conceitos e as
ocorrências da vida cotidiana, por ser modelo e modelador da cultura humana.
Acredita-se ser esclarecedor, para melhor compreensão da análise que se
propõe esta pesquisa, iniciar por uma distinção de ordem terminológica referente às noções de
léxico e de vocabulário. Por léxico de uma língua entende-se “a totalidade das palavras de uma
língua, ou, como o saber interiorizado, por parte dos falantes de uma comunidade lingüística
(VILELLA, 1994, p.10).
São as palavras que os falantes podem, oportunamente, empregar e
compreender. O vocabulário é o conjunto das palavras efetivamente empregadas pelo locutor
num acto de fala preciso. O vocabulário é a actualização de certo número de palavras
pertencentes ao léxico individual do locutor [...]. Vocabulário e léxico acham-se em relação de
inclusão” (GENOUVRIER; PEYTARD, 1974, p.279-280).
149
Optou-se por manter a grafia original do autor.
279
A palavra, por sua vez, pode ser definida como o uso momentâneo e especial
que o indivíduo faz da língua; e, por ela, uma porção bastante limitada da língua é transportada
de um estado virtual para o domínio da ação. Ela é o “elemento visado pelo estudo do léxico”.
Ao estabelecer a análise dos problemas do léxico, deve-se buscar a exploração das estruturas
léxicas onde toda a palavra se insere e as estruturas semânticas, onde toda a palavra adquire
sentido (GENOUVRIER; PEYTARD,1974, p.281).
As palavras, consoante Mattoso (1997, p.157), distribuem-se no léxico:
por campos semânticos, isto é, associações de significação para um certo
número de semantemas
150
, como, como os termos para cor, para partes do
corpo animal, para os fenômenos meteorológicos, etc., por famílias léxicas,
isto é, conjunto de palavras que têm em comum o seu semantema, cuja
função lexical se multiplica pelos processos de derivação e composição.
Donde se infere que as palavras estão cercadas por uma rede de associações
que as ligam a outros termos e que algumas das associações baseiam-se em ligações entre os
sentidos; algumas são naturalmente formais, enquanto outras associações envolvem
simultaneamente a forma e o significado.
Podem-se destacar os estudos do lingüista francês George Matoré, nos quais
analisou, segundo Ullmann (1973, p.527), o vocabulário de diversos setores da sociedade em
um período escolhido: vida política e social, jornalismo, arte e ciência e outras esferas. Mato
introduziu dois conceitos após seus estudos: ‘palavras-testemunhas e palavras-chaves’.
As palavras-testemunhas são “elementos particularmente importantes em
função dos quais se hierarquiza e se coordena a estrutura lexicológica”. Uma palavra-chave é
“uma unidade lexicológica que exprime uma sociedade [...] um ser, um sentimento, uma idéia,
vivos na medida em que a sociedade neles reconhece o seu ideal”.
Para Matoré, a palavra analisa e objetiva o pensamento individual, assumindo
um valor coletivo: uma socialidade própria da língua. Recordando Isquerdo (1996, p.91),
“podemos asseverar que os topônimos funcionam como ‘palavras-testemunhas’ de uma deriva
de valores, de crenças e de expectativas de um grupo sócio-lingüístico-cultural”. Os topônimos,
150
“O termo semantema, lançado por Vendryes, tem por base uma raiz grega que quer dizer ‘significação’. Dá-se
este nome ao elemento formal que simboliza na língua o ambiente bio-social em que ela funciona. Em seu lugar,
também se usa morfema, indiferencialmente visto que também é forma ou ainda lexema” (MATTOSO, 1997,
p.214).
280
como integrantes do léxico e conseqüentemente da língua, podem representar uma infinidade de
valores, retratando a realidade de um grupo social.
Nesse sentido, o signo toponímico é o que mais nitidamente reflete o
ambiente social e físico dos falantes. Desse modo, para Wartburg; Ulmann (1975, p.149), o
destino de uma palavra, “sua floração e proliferação, seu declínio e sua morte, estão em grande
parte condicionados por suas relações com o seu meio”.
A esse respeito pode-se acrescentar que a Toponímia é uma das disciplinas
que integram a ciência lingüística por investigar o léxico toponímico, considerando-o expressão
lingüístico-social que reflete aspectos culturais de um núcleo humano existente ou preexistente;
propõe o resgate da atitude do homem diante do meio, através da nomeação dos lugares. Isso
ocorre pela inserção dos topônimos originados de diversos estratos lingüísticos. De acordo com
Dick (1999 apud DARGEL, 2003, p.55).
a toponímia, principalmente, serve-se dessas circunstâncias de base,
equivalente ou próxima a um substrato vocabular, para deitar suas raízes,
aproveitando-se do material lingüístico que mais se adeqüe à configuração
dos conceitos que deve transmitir. Uma nomenclatura local ou uma cadeia
onomástica, que interage com vários segmentos culturais, num aparato
semiótico de relações e procedências diversas, constitui, realmente, uma
base de pesquisa lingüística altamente produtiva.
Para este estudo, buscaram-se subsídios metodológicos nos projetos Atlas
Toponímico do Estado do Paraná - ATEPAR e Para a História do Português Brasileiro: nas
veredas do Atlas Lingüístico do Paraná - PHPB. O primeiro busca sistematizar os topônimos
paranaenses e, então, contribuir com o estudo dos topônimos do Paraná numa pesquisa mais
abrangente, que tem como objetivo geral o Atlas Toponímico do Brasil, coordenado pela
professora Drª Maria Vicentina de Paula do Amaral Dick (USP). O segundo, por sua vez,
propõe buscar a correlação do registro lexical no Atlas Linístico do Paraná - ALPR
(AGUILERA, 1994) com os fatos e momentos históricos da ocupação do território paranaense
e, assim, contribuir para a escritura de uma história do português do Brasil e do Paraná.
Após essas considerações, aborda-se a seguir a questão da língua de origem
dos topônimos dos municípios paranaenses fundados no período que compreende 1648 a 1853.
Nesse sentido é importante retomar as palavras de Dick (1999, p.129-130) para quem:
281
no simbolismo da linguagem, os signos tornados nomes exigem, porém,
cuidados de interpretação e reflexão. os que são facilmente
compreensíveis, porque o semantismo que sugerem ainda não se cristalizou;
outros apresentam dificuldade dupla, seja quanto à origem genética da
palavra ou quanto ao significado intrínseco. Este é um fato comum no país,
principalmente quando se depara com palavras oriundas de outros estratos de
língua, presentes desde a colônia, cujas matrizes permaneceram no léxico
regional, apesar das transcrições deturpadas, em alguns casos.
Certamente, a afirmação de Dick é pertinente na medida em que, no corpus
constituído, registram-se topônimos de ambas as naturezas: os facilmente compreensíveis e os
de difícil compreensão. Essa dificuldade, porém, foi contornada pela pesquisa exaustiva para
definir a motivação de cada um dos topônimos, o que minimizou o número dos
incompreensíveis e permitiu contabilizar e interpretar os valores numéricos e percentuais
expressos em cada um dos estratos lingüísticos formadores da toponímia paranaense do
período- 1648 a 1853.
4.2.1.1 Apresentação e análise dos gráficos I e II
GRÁFICO I - DISTRIBUIÇÃO NUMÉRICA DE TOPÔNIMOS, SEGUNDO A
LÍNGUA DE ORIGEM
1584
8
1
408
13
52
10
14
13
LP
LP + LE
LP + LI
LP + LA
LI
LI + LP
LE
LE + LP
LE + LI
LA
LA + LP
N/C
282
GFICO II - DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DE TOPÔNIMOS, SEGUNDO A
LÍNGUA DE ORIGEM
75,14%
0,14%
0,38%
0,05%
19,35%
0,62%
2,47%
0,47%
0,05%
0,66%
0,05%
0,62%
LP
LP + LE
LP + LI
LP + LA
LI
LI + LP
LE
LE + LP
LE + LI
LA
LA + LP
N/C
Por meio da análise dos Gráficos I e II, destacam-se os seguintes valores:
LP: 1.584 topônimos – 75,14% do total de topônimos estudados;
LI: 408 topônimos – 19,17% do total geral de topônimos analisados;
LI + LP: 13 topônimos- 0,62% - ilha Guamiranga de Baixo, ilha Guamiranga de
Dentro, arroio Capão da Vargem, rio Ipanema do Sul;
LP + LI: 8 topônimos - 0,38% - enseada do Saco da Tambarutaca, rio Osso da
Anta, rio Passa Una, rio Barra da Imbuia;
LE: 52 topônimos- 2,47% - arroio dos Pelechates, rio Ranchinho, arroio da
Invernada, arroio Capilé, rio Charqueada;
LE + LP: 10 topônimos- 0,47% - arroio Banhado Grande, ilha Canoa Velha, rio
Rancho Grande, arroio Invernada Velha;
LE + LI: 1 topônimo - 0,05%- rio Rincão da Canoa;
LA: 14 topônimos- 0,66% - rio, rrego, arroio do Monjolo, serra do Monjolinho,
água, rio Caxambu;
LA + LP: 1 topônimo - 0,05% - arroio Monjolo Velho;
LP+ LA: 1 topônimo - 0,05 % - arroio Três Monjolo;
LP + LE: 3 topônimos - 0,14% - rio Passo do Bugre, arroio Sete Rincões, córrego
Água do Piquete;
N/C: 13 topônimos-0,62% dos topônimos encontrados - arroio Mambeca, arroio
Macorama, rio Crim não foi possível identificar o estrato lingüístico de que se
originam.
283
Dos dados ilustrados acima, pode-se verificar que a língua de origem
predominante na toponímia do recorte diacrônico é a portuguesa com 1.584 ocorrências ou
75,14% do total de topônimos estudados.
Acredita-se que essa predominância possa ser explicada a partir do fato de
que, historicamente, no início da povoação do Brasil, e no Paraná o foi diferente, havia três
grupos étnicos predominantes: os indígenas (habitantes primitivos de todo o espaço brasileiro),
os portugueses (colonizadores), e os africanos (trazidos durante o período do tráfico negreiro).
o três culturas distintas, são três estratos lingüísticos mais recorrentes na toponímia brasileira
e paranaense.
De acordo com Bastos e Silva (1983, p.48), o colonizador lusitano, ao
conquistar as terras brasileiras, impôs elementos de sua cultura, tais como religião, idioma,
organização política e econômica, através da força (fez do índio um escravo), da organização
militar e por seu interesse pelas riquezas do Brasil. No início da colonização, foi praticada a
escravização de índios, mas foi logo proibida por lei e teve a oposição marcante dos padres
jesuítas portugueses, que atuavam na colônia.
A população indígena, que no início da colonização se constituía em torno de
quatro milhões de índios, foi logo “dizimada por doenças adquiridas em contato com o branco”.
Segundo Mendes (2005, p.75), “em 1823 restava menos de 1 milhão. Os que escaparam, ou se
miscigenaram, ou foram empurrados para o interior do país. A miscigenação se deveu à
natureza da colonização portuguesa: comercial e masculina”.
Conforme destaca Balhana (2002, p.232), à tríade étnica fundamental: índio,
português e negro, “vieram somar-se novos elementos étnicos, principalmente europeus, na
composição do quadro demográfico do Paraná”. Embora numericamente o contingente de
imigrantes entrados no Paraná, incluídos aqueles que se fixaram nas áreas urbanas, o tenha
ultrapassado cem mil, o seu mero é bastante significativo em relação ao total da sua
população, como se percebe nos números a seguir
151
: 1872 -2,9%,1890 - 2,1%,1900 -13,6%
,1920 -9,2%. Assim, a entrada de novos contingentes populacionais, representados pelos
imigrantes, de origem e procedência heterogêneas, fez do quadro populacional paranaense um
verdadeiro mosaico étnico-cultural.
151
Disponível em http://www.paranaweb.hpg.ig.com.br/. Acesso: 31 mar.2005.
284
O simples fato de terem existido, ao longo de nossa história, diversos tipos de
contato social, como por exemplo, em um primeiro momento do colonizador português com o
índio; posteriormente, este colonizador com o negro e o índio e mais adiante o imigrante
estrangeiro com todos eles, serve de amostra para o caráter particular de nossa realidade
lingüística. Tudo isso pode ser encarado num plano de justificativa histórica.
Mas a própria origem social do colonizador e o sistema sócio-educacional
desenvolvido, em nosso território, pelos jesuítas, serão, igualmente, fatores muito importantes
para a caracterização da língua portuguesa no Brasil, em geral, ou do português de cada região,
em particular. Se os fatos anteriormente destacados justificam a realidade da língua portuguesa
no Brasil, nada impede que na busca da filiação do sistema toponímico brasileiro, o pesquisador
possa tomar como parâmetros:
os princípios geográficos e histórico-sociais do país, adotando-se, como
ponto de partida, a microvisão proporcionada pelas áreas de culturas
regionais [...] que condicionaram um determinado tipo de atividades
materiais, em função de um momento histórico preciso, chega-se ao
estabelecimento da correspondência entre o “nome” de lugar e a condição
sociológica determinativa (DICK, 1990b, p.44).
Observa Dick (1990b, p.44) que a toponímia de origem portuguesa, ou
brasileira propriamente dita, pela variedade de traços ambientais que revela, proporciona um
significativo campo de estudos ao pesquisador, partindo-se dos “primitivos topônimos
históricos” e considerando-se “as condições mesológicas”.
Embora o colonizador português desejasse impor suas regras de nomeação,
considerava a realidade vivida pelos nativos, uma vez que encontrou aqui, “uma nomenclatura
básica em muitos casos incorporada à toponomástica que então se constituiu” (DICK,1990b,
p.81).
Por isso, durante três séculos, tivemos, no Brasil, uma língua geral: o tupi.
Entretanto, os nomes geográficos de origem indígena,
acusam uma variada procedência, não se limitando a uma única família
lingüística, a Tupi [...] o fato é que a Toponímia brasílica contém um acervo
considerável de designações de outras origens como a Karib, Aruak, Bororo,
Jê, Kariri, Kaingang etc, por exemplo (DICK, 1990b, p.120).
285
Historicamente, os acidentes geográficos (rios, morros, riachos, etc.) foram os
primeiros a serem nomeados no início da conquista e ocupação do espaço brasileiro
152
. Em
princípio, a formação dos topônimos seguiu a tendência natural do processo de designação,
sendo feita de acordo com os padrões vigentes na cultura lusitana, muito embora se
encontrasse aqui uma nomenclatura básica indígena. Desse modo, a nomenclatura geográfica do
território estruturou-se a partir de elementos humanos formadores da etnia brasileira,
apresentando-se tão mestiça e heterogênea quanto o próprio povo.
De acordo com a evolução territorial do Brasil, diversas transformações
ocorreram na configuração do espaço geográfico, da extensa porção territorial brasileira. A
formação dos estados e municípios no país foi-se materializando à medida que as
transformações políticas e econômicas iam-se concretizando.
A inviabilidade na implantação da colônia de povoamento no Brasil decorreu,
também, do fato de que “em Portugal, a população era tão insuficiente que a maior parte de seu
território se achava ainda, em meados do século XVI, inculto e abandonado; faltavam braços
por toda parte, e empregava-se em escala crescente mão- de- obra escrava [...]. Além disso,
portugueses e espanhóis, particularmente estes últimos, encontram nas suas colônias indígenas
que se puderam aproveitar como trabalhadores…” (PRADO JÚNIOR, 1999, p.30).
Os municípios no Brasil seguem uma estrutura política administrativa
montada desde o período colonial. Como é sabido, o processo de ocupação das terras
brasileiras, foram estruturados a partir das sesmarias. Grandes extensões de terras foram doadas
pela coroa portuguesa, partilhas foram feitas no Império, mas grande parte do território ficou
intocada por mais de um século. O uso dessas terras era empreendido pelos índios.
Silva (1997, p.01) argumenta que a organização dos espaços originados
segundo a lógica da dependência colonial, como é o caso do Brasil, está “calcada na exploração
de recursos naturais e em objetivos geopolíticos, ambos interdependentes”, que ao garantir a
posse de territórios em disputa por vários países colonizadores, “garante-se também as
condições de exploração de suas riquezas naturais”.
152
De acordo com Dick (1990a, p.312),“o Brasil nasceu sob o signo da Cruz e da Fé”. O monte Pascoal e a
origem do nome da terra encontrada, Ilha de Vera Cruz, transformado depois em Terra de Santa Cruz, são
exemplos de dois acidentes recém-nomeados à época do descobrimento, e que se enquadraram na sistemática
denominativa genérica, de se buscar os motivos nas inscrições do calendário religioso”.
286
A crescente ocupação do território brasileiro durante o período colonial
153
foi
movida pelo aumento das atividades econômicas motivadas a partir das necessidades e
satisfação do mercado externo. Segundo Padis (1981, p.38),
essa economia “reflexa” deixa margem ao aparecimento de outras atividades
econômicas- agropastoris e manufatureiras- cuja finalidade é, de uma parte,
atender à parcela da procura interna não satisfeita por produtos importados e,
de outra- e talvez a mais importante-, agir como que sustentáculo de
atividade condutora da economia.
A organização do sistema produtivo colonial, normalmente em torno de um
produto principal, provocava, de um lado, o fortalecimento econômico dos espaços produtores
e, de outro, a organização de economias de sustentação nos espaços o potenciais para
exploração do produto valorizado. A inserção do território que hoje constitui o estado do Paraná
na economia colonial brasileira ocorreu para apoiar a atividade principal da metrópole, a
mineração do ouro, associada à segurança e expansão da posse portuguesa na América Latina.
O processo de ocupação do território irá seguir a lógica da economia colonial,
sempre voltada para mercados externos, exportando produtos primários, geralmente extrativos e
dependentes da oscilação dos interesses do mercado que sustentação, tendo ainda a
constituição de uma tímida produção para a subsistência.
Neste sentido, fica claro que o processo de ocupação e a distribuição
populacional no território paranaense tiveram íntima relação com a distribuição dos recursos
naturais e seus momentos de valorização. A economia colonial, centrada na exploração de
riquezas naturais, dinamizou a ocupação do território em locais estratégicos ao cumprimento de
seus objetivos. Deste modo, organizou o litoral no sentido de promover o escoamento das
riquezas naturais; ao mesmo tempo lançou expedições de reconhecimento de outros espaços
para tomar posse e aumentar sua área de exploração.
De acordo com Little (2002, p.04), se percorrermos rapidamente os diversos
processos de expansão de fronteiras no Brasil colonial e imperial:
a colonização do litoral no século XVI, seguida por dois séculos das entradas
ao interior pelos bandeirantes; a ocupação da Amazônia e a escravização dos
índios nos séculos XVII e XVIII; o estabelecimento das plantations
153
O período colonial começa com a expedição de Martim Afonso de Souza, em 1530, e vai até a Proclamação
da Independência por D. Pedro I em 7 de setembro de 1822. Disponível em
http://www.conhecimentosgerais.com.br/historia-do-brasil/colonia.html. Acesso: 01 abr. 2005.
287
açucareiras e algodoeiras no Nordeste nos séculos XVII e XVIII baseadas no
uso intensivo de escravos africanos; a expansão das fazendas de gado ao
Sertão do Nordeste e Centro-Oeste e as frentes de mineração em Minas
Gerais e no Centro-Oeste, ambas a partir do século XVIII; a expansão da
cafeicultura no Sudeste nos séculos XVIII e XIX podemos entender como
cada frente de expansão produziu um conjunto próprio de choques
territoriais e como isto provocou novas ondas de territorialização por parte
dos povos indígenas e dos escravos africanos.
Finaliza afirmando que, para um entendimento mais profundo desses
processos, cada frente de expansão precisa ser contextualizada “com respeito ao momento
histórico no qual acontece, à região geográfica que serve como seu palco principal, aos atores
sociais presentes no processo, à tecnologia a sua disposição e às cosmografias que promovem”.
Bauer (1998, p.05) destaca que índios, negros e mestiços foram brutalmente
inseridos no processo produtivo colonial como “meros instrumentos de trabalho,
desrespeitando-se e desconsiderando-se seus modos de vida, usos e costumes”. Esse processo,
levado à frente pelos colonizadores e pela Igreja, caracterizou-se “pela tentativa constante de
enxerta valores e normas da sociedade ibérica no mundo colonial”.
Com a suspensão ou extinção da maior parte das características sociais e
culturais que caracterizavam as populações indígenas e africanas e com a crescente substituição
de seus costumes, normas e relações sociais pelas leis da economia colonial, delineou-se “um
processo de imposição externa e de supressão dos próprios elementos culturais”.
Essa disposição para integração se expressaria nitidamente pela “mestiçagem,
cristianização e a absorção de elementos culturais preponderantes”, como a língua, tradições e
valores, contribuindo decisivamente para a conformação histórico-cultural da sociedade
brasileira. Em outras regiões do Brasil, particularmente de o Paulo para o sul, o
relacionamento entre portugueses e índios teve como resultado o surgimento de desbravadores -
os bandeirantes paulistas- que se destacavam por sua dureza no tratamento com os nativos.
Como não havia, praticamente, a opção da escravidão negra, tiveram os
colonos portugueses e seus descendentes de lutar continuamente para escravizar o índio. Disso
surgiu uma atividade econômica que consistia no aprisionamento de índios para venda como
escravos. Os bandeirantes, devido às circunstâncias em que viviam, precisavam aprender sua
língua para melhor alcançarem seus objetivos e faziam isso dentro de um contexto de contato
lingüístico, não de interação.
288
Ao longo do século XVII diminuiu consideravelmente a população indígena
da costa brasileira, pois, segundo Matos e Silva (2004, p.126), os índios o integrados
esconderam-se, fugidos, nos interiores brasileiros, que a colonização se iniciou ao longo do
litoral atlântico, entre os limites do Rio Grande do Norte e, ao Sul, a bacia do rio do Prata.
Diante do exposto, pode-se afirmar que, historicamente, houve toda uma disputa entre o
colonizador europeu e o indígena seja pela terra, seja pela língua.
Matos e Silva (2004, p.101) apresenta o quadro a seguir, em que se discutem
os grupos étnicos e lingüísticos do período colonial (1530 a 1822) até o pós-colonial, afirmando
que “dados demográficos são um fator significativo para a compreensão da formação histórica
das línguas” e, diante desses dados “pode-se admitir que o forte candidato para a difusão do que
tenho chamado de português geral brasileiro, [...]seriam os africanos e afro-descendentes, e, não
os indígenas autóctones[...]”.
Quadro II - GRUPOS ÉTNICOS E LINGÜÍSTICOS DO PERÍODO COLONIAL (1530 A
1822) ATÉ O PÓS-COLONIAL
Etnias 1538-1600 1601-1700 1701-1800 1801-1850 1851-1890
africanos 20% 30% 20% 12% 2%
negros brasileiros - 20% 21% 19% 13%
mulatos - 10% 19% 34% 42%
brancos brasileiros - 5% 10% 17% 24%
europeus 30% 25% 22% 14% 17%
índios integrados 50% 10% 8% 4% 2%
Fonte: Mussa (1991 apud MATOS E SILVA, 2004, p.101).
Quadro III – ETNIAS
Séculos etnias não-brancas etnia branca
1538-1600 70% 30%
1601-1700 70% 30%
1701-1800 68% 32%
1801-1850 69% 31%
1851-1890 59% 41%
Fonte: T. Lobo (1996 apud MATOS E SILVA, 2004, p.102).
Diante desses quadros, Matos e Silva (2004, p.101-102) destaca os seguintes
aspectos: predominam as etnias não-brancas, numa média aproximada de 70%, ressaltando-se
289
que até meados do culo XIX a etnia branca estava representada, quase que exclusivamente,
pelos portugueses e luso-descendentes.
E acrescenta que, os “índios integrados”, portanto contáveis, decresceram,
tristemente “por doenças transmitidas pelos europeus ou por chacinas intencionais durante o
processo inicial da colonização” – de 50% no século XVI para 2%, na metade do século XIX.
Do ponto de vista lingüístico, propriamente dito, destaca a autora que, ao
longo do Brasil colonial, pode-se dizer que havia um “multi/bilingüismo generalizado,
principalmente entre a população africana e afro-descendente e a lusitana e luso-descendente,
reduzidas, certamente, a certas comunidades as línguas indígenas”.
No século XIX se pode dizer que o “multi/bilingüismo se torna localizado,
caracterizando certas áreas brasileiras, mas já com outra configuração: as línguas dos imigrantes
no Sudeste/Sul e as línguas indígenas, principalmente, no Centro-oeste e na Amazônia, onde se
concentraram os indígenas remanescentes”.
Neste particular, Matos e Silva (1988, p.22) assevera que, confluindo no
século XVIII, entre outros, fatores demográficos significativos tais como o avanço da população
branca e mestiça integrada (cerca de quinhentos mil) e alcançando um milhão a população
escrava negra, associados à nova política pombalina, se definiu por aquele século o
português como língua dominante. A situação da população paranaense no período colonial não
era muito diferente.
Assevera Balhana (2003, p.247) que os dados disponíveis para o
conhecimento da população do Paraná “nos séculos XVI, XVII e parte do século XVIII, como
de resto para o Brasil, de modo geral, são escassos, fragmentários e pouco conhecidos”.
Prossegue destacando que, a partir da segunda metade do século XVIII, as informações
tornam-se mais abundantes, permitindo estudos demográficos mais elaborados e resultados
mais significativos”.
Entretanto, ressalta que, “no início do século XVIII, o ouvidor Raphael Pires
Pardinho, em carta datada de 7 de junho de 1720, estimava a população do litoral paranaense
290
em cerca de 2.000 pessoas, e a população do planalto curitibano, em 1.400 pessoas”. A
população do litoral e do planalto somava, portanto, na “segunda década do século XVIII, 3.400
pessoas de confissão, ou seja, maiores de sete anos e livres, uma vez que não era considerada a
população infantil e não são referidos os escravos”.
Para a pesquisadora, uma análise mais completa da população paranaense, no
período colonial, quanto ao seu mero, distribuição e composição, pode ser efetivada através
de “algumas fontes primárias pouco utilizadas até o presente, constituídas, sobretudo, pelos
registros paroquiais e pelos recenseamentos coloniais, realizados com maior regularidade e
precisão nas últimas décadas do século XVIII, e primeiras do século XIX (BALHANA, 2002,
p.222).
Para melhor explicitar, a autora apresenta o primeiro censo completo da série
relativa à Capitania de São Paulo, abrangendo, portanto o Paraná, e que permite a construção e
análise de um quadro da população.
É o “Mapa Geral da Capitania de Sam Paulo, de todos os fogos, homens,
mulheres, mininos ,velhos, escravos que se achavão nas Villas, Freguezias e Povoaçoens
neste ano de 1772”.
Segundo esse mapa, assim estava constituída a população paranaense quanto
à sua condição jurídica:
QUADRO IV – POPULAÇÃO DO PARANÁ EM 1772
Localidades Livres Escravos total
Villa de Paranaguá 1.779 1.414 3.193
Villa de Guaratuba 180 9 189
Villa de Curitiba 1.835 104 1.939
Freguezia de São José 688 145 833
Freguezia de S.Antonio 460 40 500
Povoação do Yapó 973 ----- 973
TOTAL 5.915 1.712 7.627
Fonte: Balhana, 2002, p.224.
Diante dos fatos, Balhana (2002, p.224) afirma que a
291
população escrava representava 28,8% do total de habitantes atingidos pelo
censo, porem, observa-se que na população de Paranaguá os escravos
alcançaram proporções mais elevadas, ou seja, de 44,2% dos seus habitantes;
não foram registrados escravos na povoação do Yapó, onde certamente os
havia como se conhece através de outras fontes que os mencionam desde o
início da ocupação dos Campos Gerais; não é feita no censo de 1772,
nenhuma referência aos administrados”, isto é, a índios que sob esta
condição vivam junto aos colonizadores.
O que se percebe também nos dados acima é que não se pode afirmar que
entre aqueles considerados livres seriam todos de etnia branca, pois, na composição do grupo
negro havia os libertos e alforriados.
Ainda segundo Balhana (2002, p.230), “a distribuição da população
paranaense, por grupos de cor, nos recenseamentos anteriores ao século XIX, não fornece
indicações precisas nem para a população livre, nem para a população escrava”. E mais, a partir
do século XIX, os recenseamentos embora “apresentando critérios imprecisos ou discordantes
mencionam com regularidade declarações de cor da população recenseada”.
Para tanto, exemplifica com o quadro a seguir, provando que assim como no
restante do Brasil, é nítida a predominância da etnia branca:
QUADRO V - COMPOSIÇÃO DA POPULAÇÃO DO PARANÁ
SEGUNDO A COR, NO SÉCULO XIX
Ano Brancos Negros, Mulatos e Pardos
1800 58,6 41,4
1803 55,5 44,5
1822 55,1 44,9
1854 57,2 42,9
1872 55,0 45,0
1900 63,8 36,2
Fonte: Balhana, 2002, p.231.
Corrobora nesta questão da etnia branca e do aspecto lingüístico, o relato de
Saint-Hilaire em sua Viagem pela Comarca de Curitiba (1995, p.118), afirmando que “em
nenhuma outra parte do Brasil encontrei tantos homens genuinamente brancos quanto no
distrito de Curitiba. Os habitantes da região pronunciam o português sem alterações [...] e que
são sinais da mistura da raça caucásia com o indígena”.
292
Diante do exposto, parece-nos que pode ter havido um fenômeno similar com
a toponímia brasileira/paranaense, pois, apesar do contato entre culturas e línguas diferentes
constamos superioridade de topônimos da LP (língua portuguesa) em todo Brasil.
Nesse sentido, do período em questão, pode-se trazer à baila diversos
topônimos de origem portuguesa resultantes da ligação do homem com seu território em um
determinado momento histórico. Seja pela importância da pecuária para os habitantes de uma
região como, por exemplo, morro e rio do Retiro, arroio do Freio; seja pela influência da fauna
e flora - arroio Cigarra, ribeirão das Gralhas, arroio do Pessegueiro, rio Arrozal; pelos locais
de trabalho como arroio Engenho Novo e ilha da Olaria.
Assim, o homem se organiza em seu universo ambiental e percebe as
particularidades da realidade circundante, transferindo ao topônimo de determinada área, a
possibilidade de poder concretizar a descrição de algum fato ou ocorrência natural
comportando, portanto, a descrição pura do ambiente em que se encerram ou do próprio
acidente que nomeia.
São muitos os fatores que influenciam no ato do batismo de determinados
espaços geográficos, e o signo lingüístico, é transportado à condição de signo toponímico,
tornando-se um nome próprio retratando um espaço concreto, real e revestido das características
que lhe são peculiares.
A partir das palavras de Júlio Estrela Moreira (1975, p.265), pode-se entender
como se procedeu a atribuição de nomes aos locais :
os primeiros exploradores dos sertões de Curitiba afugentaram os índios de
região e, por isso, não tiveram quem os indicasse os nomes tupínicos dos
acidentes geográficos e dos cursos dágua pelos quais passavam, nas
incursões que empreendiam para caça do gentio, ou para encontrar o
fascinante metal. Davam nomes portugueses às cousas com as quais
deparavam, no sentido de as caracterizar. Aos córregos, rios e riachos
chamavam-nos indiscriminadamente por “ribeiros”. Não foram designações
que perdurassem. Valeram apenas como simples indicações deixadas nos
velhos papéis de antigos cronistas.
Esses fatos históricos estão registrados nos topônimos constituindo-se em
fonte de motivação, embora até o final do século XIX e início do século XX o Estado do Paraná
não estivesse totalmente urbanizado, permanecendo grande parte de seu território ainda
293
desconhecida. Assim sendo, muitos dos acidentes geográficos, apesar de sua existência desde
épocas remotas, não tinham um nome específico.
Albino (2004, p.71) retrata muito bem a situação da nomenclatura dos
acidentes geográficos paranaenses de outras épocas, visto que o corpus de sua Dissertação de
Mestrado se compôs dos mapas topográficos do século XIX (1876 e 1896). O estudo por ela
realizado mostrou a grande diferença de hidrônimos: “no mapa de 1876 apareciam cerca de 87
nomes de afluentes e subafluentes do rio Iguaçu; no de 1896 foram elencados 88 nomes;
enquanto atualmente há aproximadamente 1.240 nomes catalogados”.
Aborda-se, neste item do trabalho, a questão das línguas indígenas nos
topônimos dos municípios paranaenses fundados entre 1648 e 1853. Considera-se significativa
sua incidência – 408 topônimos –19,17% do total geral de topônimos analisados.
A toponímia brasileira recebeu uma grande contribuição do tupi, língua geral
indígena da costa brasileira. Conforme Dick (1990b, p.123), os tupis “caracterizam-se, por ser
um grupo bem preciso em todo o litoral brasileiro, de norte a sul”, confirmando-se que eram,
em sua maioria, nômades, pois, as migrações desses povos, “iniciadas em tempos remotos,
puseram-nos em contacto com outros grupos”. Isso contribuiu para que, por onde passavam,
deixassem rastros de sua cultura e língua, e também adquirissem aspectos culturais de outros
povos indígenas.
Por isso, encontram-se tantos elementos da flora e da fauna com nomes
originados da língua tupi. Sobre a influência do léxico tupi na toponímia, Dick (1990b, p.33)
destaca que este sistema,
como reflexo de uma economia mista, deixou uma gama variada de
contribuição lingüística ao português, que preservou, nos vocábulos
fossilizados, as características de uma realidade ambiental diversificada ou
de múltiplos domínios de experiência.
Conforme apontado por Dick (1990b, p.35) para o estudo dos topônimos
brasileiros, ao estudar a toponímia paranaense, não se pode ignorar a contribuição indígena,
distribuída por todo o território e representada por termos, que na maioria das vezes, apresentam
uma relação analógica entre o topônimo e algum fato do cotidiano indígena.
294
De acordo com Melo (1981), a mobilidade geográfica e cultural do grupo, a
ação religiosa dos missionários, bem como a participação das antigas bandeiras permitiram a
difusão do léxico tupi pelo interior do país, dilatando, assim, a área ocupada por esses indígenas
e incorporando vários designativos ao português do Brasil.
Ainda sobre as designações indígenas, Ramos e Venâncio (2002, p.116)
consideram que “as próprias tradições desses grupos eram pouco favoráveis à multiplicação de
topônimos”. Ilustram esta situação ao resgatar os dizeres de Antenor Nascentes que afirma que
“em razão do nomandismo, os povos indígenas brasileiros não nomeavam as próprias aldeias,
designando apenas os acidentes geográficos (rios, montanhas, etc.)”.
Como exemplos de vocábulos de étimo indígena que compreende o período
histórico paranaense por s estudado, destacam-se, quando relacionados à flora - arroio
Cambará, rio Guabiroba e a sua abundância em ribeirão Indaiatuba; a fauna - rio das Araras,
rio Cotia; aos artefatos em arroio Moquém, rio Mundéu; a cor das águas em rio Ipiranga, rio
Uberaba, conforme se observa no Quadro 1 - Quadro geral dos dados lexicográficos e
toponímicos dos municípios paranaenses fundados entre 1648 e 1853.
Por tudo isso, confirma-se na nomenclatura geográfica, segundo Dick (1990b,
p.39), a alta freqüência do léxico de base tupi que “deixou uma gama variada de contribuição
lingüística ao português, que preservou, nos vocábulos fossilizados, as características de uma
realidade ambiental diversificada ou de múltiplos domínios de experiência”.
Sobre itens lexicais de origem tupi no Paraná, Aguilera (2002, p.38) afirma
que “a presença dos tupinismos na linguagem rural paranaense contemporâneo indica o grau de
relações interpessoais entre o bandeirante, o minerador, o fazendeiro e os seus administrados
nos séculos XVII e XVIII”.
Vista a contribuição em termos numéricos de topônimos de origem
portuguesa (1.584 75,14%) e indígena (408 19,17%), é importante discutir a presença
africana no corpus. Pelos gráficos I e II verifica-se que apenas 14 topônimos são de base
africana, representando 0,66% e se constroem unicamente sobre as lexias monjolo e caxambu.
A presença do índio, também a presença do negro data dos primeiros
agrupamentos humanos estabelecidos no Paraná, conforme as inúmeras referências existentes,
tanto nas atividades da mineração, como naquelas que se desenvolvem posteriormente.
295
Conforme relata Balhana (2003, p.249),
em 1674, Agostinho de Figueiredo, Capitão-mor e Governador da Capitania
de São Vicente e Administrador Geral das minas da repartição do Sul, vindo
à Paranaguá a fim de averiguar o descobrimento de minas de prata que se
dizia existentes, refere-se ao Provedor das minas de Paranaguá, Manoel
Lemos Conde, que o acompanhou na citada averiguação, com sua pessoa,
filhos; e negros de seu serviço à sua custa..” (grifo nosso).
Pouco mais tarde, em 1696, continua a autora, as autoridades eram
informadas por Bernardino Freire de Andrade, que os “homens moradores da Villa de Pernaguá
e de Iguape, ficaram com algumas impossibilidades para poderem ir a descobrimentos de minas
como costumavam, por causa que lhes morreram os negros de sarampo e bexigas” (grifo
nosso).
E não apenas no litoral, mas igualmente no planalto, aparecem os negros
desde o começo da ocupação, operando nos diferentes setores de prodão. Cresce o seu
mero conforme crescem os recursos dos moradores, ampliando-se as fazendas, surgindo
engenhos de mate, ou seja, desenvolvendo as suas atividades (BALHANA, 2003, p.249).
No Parao se desenvolveram, a princípio, as grandes fazendas de lavoura
que concentravam enorme “escravaria”. As atividades econômicas dominantes no Paraaté a
época da Abolição, não exigiam um grande numero de braços escravos. Contudo, embora em
pequena escala e concentrados apenas em alguns pontos do território paranaense; “Lapa, Ponta
Grossa, Castro e no litoral”, o Paraná recebeu escravos que também “influíram biológica e
culturalmente em sua formação étnica” (BALHANA, 2002, p.38).
Conforme Leandro (1999, p.01), Paranaguá, Morretes, Antonina,
Guaraqueçaba e Guaratuba eram localidades que concentravam uma boa parte da população do
Paraná quando da criação da Província, em 1853. Nas proximidades do mar viviam cerca de 20
mil habitantes que, na sua grande maioria, situavam-se na faixa etária entre 21 a 40 anos. O
recorte social senhor versus escravo, no litoral paranaense, era mais nítido na comarca de
Paranaguá. As quatro outras vilas somavam 1.796 escravos. Paranaguá, por sua vez, possuía
1.274 escravos para uma população total estimada em 6.533 habitantes.
Alguns aspectos chamaram-nos a atenção, quanto à área de localização dos
topônimos africanos. Nos acidentes geográficos situados no litoral não se encontrou nenhum
nome que se possa atribuir a essa origem. Por outro lado, a concentração de topônimos
296
africanos se localiza na região onde surgiram os municípios do movimento tropeiro: Arapoti,
Lapa, Castro, Palmeira, Tibagi, Guarapuava, São José dos Pinhais, Clevelândia.
É sabido que na região campeira, as fazendas estavam, principalmente,
voltadas para a economia pecuária, envolvidas com o criatório e a invernagem do gado trazido
do sul. Os trabalhadores se ocupavam de atividades diversas
154
, como a moagem de trigo, a
fabricação de laticínios, o artesanato de couro, a criação de pequenos rebanhos de ovelhas, cuja
era destinada à confecção de cobertores e tecidos grosseiros. O trabalho nas fazendas era
realizado pela família proprietária (quando esta ali residia), pelos agregados e, sobretudo, pelos
escravos, força de trabalho que incluía negros, índios ou seus mestiços.
Com base nos argumentos apresentados, pode-se trabalhar com algumas
hipóteses para o surgimento dos topônimos africanos. Para isso comprova-se com o topônimo
monjolo designativo de rios, rregos, arroios e ribeirões encontrados em Castro, ndido de
Abreu, Guarapuava, Ivaí, Lapa, Ponta Grossa, o José dos Pinhais e Tibagi.
Primeiramente teríamos monjolo como instrumento usado para fazer farinha,
um dos itens da alimentação dos tropeiros, e depois a presença de trabalhadores negros,
escravos que teriam trazido para o Paraná e disseminado pelo estado. Todavia, os fatos
investigados não nos fornecem informações suficientes para comprovar essas hipóteses.
A prosito, Amaral (1982, p.109) afirma que monjolo era o nome dado
outrora “aos pretos de certa nação, importados no Brasil ao tempo do tráfico dos africanos”.
Tudo isso para confirmar o emprego de um signo lingüístico monjolo - unidade virtual da
língua, o qual é enriquecido, motivado, torna-se um nome próprio indicador de um espaço real,
concreto e revestido de característica específica circundante, portanto - um signo toponímico.
Embora a intenção de um trabalho acadêmico seja a de solucionar problemas,
em se tratando de toponímia, não se devem desconsiderar os mistérios da nomenclatura
geográfica do território brasileiro, tão mestiça e heterogênea quanto o próprio povo.
Ainda que não se refutem as hipóteses anteriores, considera-se também o
aspecto de que possa ser fruto da condição do africano que veio para o Brasil somente para o
trabalho escravo, em uma posição de jugo e inferioridade. A esse respeito Dick (1990b, p.152)
assevera que, em relação aos africanos configura-se em proporção menor, extensivamente,
154
Dicionário Histórico e Geográfico dos Campos Gerais - Universidade Estadual de Ponta Grossa - on-line.
297
porque o próprio contingente vocabular legado ao português é pequeno, “cerca de trezentos
termos mais ou menos, numa desproporção clara com o total de negros imigrados”.
Assim, na toponímia dos municípios paranaenses fundados entre 1648 e
1853, com respeito à língua africana, destacam-se com 14 ocorrências ou 0,66%: Monjolo
(córrego, ribeirão, arroio, rio), Manjolo (arroio), Monjolinho (serra do), Caxambu (água, rio) e
Caxambuzinho (arroio), comprovando-se que, embora tenha havido um contingente humano
numeroso no Paraná, a cultura e a língua dos negros, ficou relegada a um segundo plano.
4.3. Análise e discussão do corpus, segundo a taxionomia
4.3.1 Distribuição numérica e percentual dos topônimos dos municípios paranaenses
fundados entre 1648 e 1853 nas taxionomias de natureza Antropo-cultural, Física e o
classificados
4.3.1.1 Apresentação e análise dos gráficos III e IV
Um dos objetivos desta pesquisa é também proceder à classificação
taxionômica dos topônimos dos acidentes físico-geográficos, conforme modelo adotado por
Dick (1990b, p.31-34).
A proposta de classificação dos topônimos de Dick é formulada a partir da
repartição do topônimo em duas ordens: a física e a antropo-cultural e dentro delas há uma outra
que é particularidade do topônimo, ou seja, “através de uma terminologia técnica, composto do
elemento ‘topônimo’, antecedido de um outro elemento genérico, definidor da respectiva classe
onomástica” (DICK, 1990b, p.26).
Concluindo-se o levantamento dos topônimos, alcançou-se o índice numérico
de 2.108 nomes de lugares. Após serem enquadrados na classificação taxionômica, ficaram
assim distribuídos numérica e percentualmente: 837 ou 39,7% dentre os topônimos analisados
pertencem às taxionomias de natureza antropo-cultural; 1.258 ou 59,7% das denominações se
enquadram nas taxionomias de natureza física e 13 ou 0,6% não puderam ser classificados.
Tem-se assim, a seguinte distribuição de gráfico para a análise dos dados:
298
GFICO III - DISTRIBUIÇÃO NUMÉRICA DOS
TOPÔNIMOS NAS TAXIONOMIAS DE NATUREZA
ANTROPO-CULTURAL, FÍSICA E NÃO-
CLASSIFICADA
1258
837
13
Natureza Antropo-
cultural
Natureza Física
N/C
GRÁFICO IV - DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DOS
TOPÔNIMOS NAS TAXIONOMIAS DE NATUREZA
ANTROPO-CULTURAL, FÍSICA E O-
CLASSIFICADA
59,7
39,7
0,6
Natureza Antropo-
cultural
Natureza Física
N/C
A partir da análise dos Gráficos III e IV, percebe-se claramente a
predominância de tonimos enquadrados nas taxionomias de natureza física.
Neste aspecto pode-se ressaltar a consideração de Dick (1990a, p.367), de
que foram “analisadas designações que envolveram motivos retirados das formas terrestre e da
natureza do solo, dos cursos d’água, das plantas e dos animais”.
A apresentação desses gráficos não estabelece contraste entre as taxionomias
de natureza antropo-cultural e física, mas apenas a produtividade de cada categoria
separadamente. A recorrência e análise de cada taxe serão apresentadas no item a seguir.
299
4.3.1.2 Apresentação e análise dos gráficos V e VI
A elaboração desses gráficos tem como objetivo a visualização da
produtividade total dos topônimos enquadrados nas taxionomias de natureza física e antropo-
cultural, não se apresentando neste item a análise de dados de forma pormenorizada.
A partir da análise dos gráficos V e VI
155
, percebe-se a predominância de
acidentes de natureza física 1.258 59,7%, assim distribuídos numérica e percentualmente:
astrotopônimo (4-0,2%), cardinotopônimo (28-1,3%), cromotopônimo (55-2,6%),
dimensiotopônimo (61-2,9%), fitotopônimo (336-15,9%), geomorfotopônimo (185-8,8%),
hidrotopônimo (156-7,4%), litotonimo (127–6,0%), meteorotopônimo (6-0,3%),
morfotopônimo (5-0,2%), zootopônimo (295-14,0%).
Na natureza antropo-cultural atingiu-se um total de 838 - 39,8%
denominativos toponímicos distribuídos numérica e percentualmente em: animotopônimo (106-
5,0%), antropotopônimo (183-8,7%), axiotopônimo (14-0,7%), corotopônimo (3-0,1%),
cronotopônimo (2-0,1%), dirrematotopônimo (24-1,1%), ecotopônimo (44-2,1%),
ergotopônimo (113-5,4%), estematotopônimo (13-0,6%), etnotopônimo (29-1,4%),
hagiotopônimo (86-4,1%), hierotopônimo (17-0,8%), higietopônimo (1-0,0%), hodotopônimo
(8-0,4%), mitotopônimo (11-0,5%), necrotopônimo (8-0,4%), numerotopônimo (23-1,1%),
poliotopônimo (3-0,1%), sociotopônimo (123-5,8%), somatotopônimo (26-1,2%) e
s/classificação (13-0,6%).
Na taxionomia de natureza física, foram mais recorrentes, por ordem
decrescente, os fitotonimos com 336 topônimos, o que representa um percentual de 15,9% do
cômputo geral. Na seqüência, aparecem os zootopônimos - 295 topônimos que atingem um
percentual de 14,0%. Bastante recorrentes, foram, também, os geomorfotopônimos que
somaram 185 topônimos, com um percentual de 8,8%. em relação às taxionomias de
natureza antropo-cultural, constatou-se a predominância de antropotopônimos que apresentaram
um total de 183 topônimos ou percentual de 8,7% .Em seguida surgem os sociotopônimos -123
topônimos, o que representa 5,8%. Atingiram também um índice considerável de ocorrências os
ergotopônimos, com um total de 113 topônimos e percentual de 5,4%.
155
O objetivo destes gráficos é ilustrar o total de itens analisados.
300
301
Na apresentação dos gráficos V e VI, não se objetivou contrastar a
taxionomia de natureza antropo-cultural e a de natureza física, mas apenas evidenciar,
separadamente, as taxes mais recorrentes em cada uma das duas categorias. A análise e
produtividade de cada taxionomia serão apresentadas no item a seguir.
302
4.4 Taxionomias toponímicas com maior produtividade de ocorrências nos municípios
paranaenses fundados entre 1648 e1853
4.4.1 Apresentação e análise dos gráficos VII e VIII
GRÁFICO VII - DISTRIBUÃO NUMÉRICA DE TOPÔNIMOS DE NATUREZA
FÍSICA E ANTROPO-CULTURAL, SEGUNDO O MODELO TAXIONÔMICO
ADOTADO
336
295
185
183
156
127
123
113
106
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GRÁFICO VIII - DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DE TONIMOS DE
NATUREZA FÍSICA E ANTROPO-CULTURAL, SEGUNDO O MODELO
TAXIONÔMICO ADOTADO
15,9%
14,0%
8,8%
8,7%
7,4%
6,0%
5,8%
5,4%
5,0%
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A partir do enquadramento dos topônimos nas taxionomias propostas por
Dick (1990b, p.31-34), apresentamos a análise e discussão daquelas que surgiram no conjunto
geral com maior produtividade de ocorrências, com índice numérico superior ou igual a 5%
(cinco por cento).
303
Com maior produtividade de ocorrências, destacaram-se os fitotopônimos
com 336, ou seja, o equivalente a 15,9%.
A beleza e a diversidade das espécies vegetais existentes na superfície
terrestre sempre inspiraram o homem, tornando-se uma das suas principais riquezas, pois, ao
viver conforme o seu desejo, desfruta delas garantindo alimentação e continuidade de sua
espécie. A raça humana primitiva, na luta constante pela sua sobrevivência, o dispunha de
outros recursos senão aqueles oferecidos pela natureza. Assim, da necessidade de alimentação
fazia uso das raízes, folhas, frutos, caça e pesca. Essa ligação tão íntima com a natureza que o
circundava fez com que despertassem nele de forma espontânea e verdadeira pensamentos e
sentimentos atingindo a sua espiritualidade.
Por isso, colocou a própria experiência no plano do sagrado, onde pôde
entender e dialogar com o que conhecia. De tal modo nasceram “as preces, os ritos, os cultos
aos espíritos da natureza, aos antepassados, aos mortos, aos heróis do grupo; cada qual
refletindo e dominando um problema específico da vida”. A partir daí havia uma infinidade de
deuses: um para cada espécie animal e um para cada fenômeno da natureza, bem como cada
astro que brilhava no céu seria um deus. (NHAGA; VEGETTI, 2003, p.02)
A raça humana evoluiu, saindo do estágio primitivo, mas nunca abandonou o
misticismo, de tal forma que, entre os povos da antiguidade, elegeu-se a árvore como objeto de
culto. Assim sendo, entre os egípcios julgavam Osíris como deus da vegetação ou gênio das
árvores; Ceres era o nome romano e Deméter, o grego, para a deusa da mitologia das colheitas,
dispensadora dos cereais e dos frutos. Os assírios adoravam a palmeira; os hebreus, o carvalho;
os árabes, uma acácia. (Martins, 2004, p.21-27)
156
. Hoje presente nos símbolos das nações:
armas, brasões, bandeiras.
Há ainda um outro modo de verificar o fascínio das árvores sobre o homem, é
a sua constante presença em livros religiosos, históricos e nas lendas e tradições de diversos
povos da Terra. Na Bíblia, por exemplo, Adão e Eva foram expulsos do paraíso após comerem
o fruto de uma árvore, a macieira. Em outra religião, a Budista, a figueira tem um significado
muito especial para os adeptos, pois foi sob uma delas que Buda teria sido iluminado.
Da mesma maneira, se rememorarmos o tempo em que os portugueses
chegaram à terra que viria a ser o Brasil, veremos que durante os primeiros anos pós-descoberta
156
Disponível em http://www.floresa.ufpr.br/~paisagem/curiosidades/parecis.htm. Acesso: 03 mar.2005.
304
do território, tornou-se motivo principal a extração de uma espécie vegetal nativa de nossas
florestas, o pau-brasil (Caesalpinia echinata). Essa planta existia com relativa abundância em
largas faixas da costa brasileira, e despertou a atenção porque podia extrair-se de seu cerne
avermelhado uma substância corante, utilizada para tingir tecido e, devido a sua grande
resistência, era utilizada na construção de móveis e navios. (Fausto, 2003, p.78).
A extração das árvores ocorria principalmente mediante troca com os índios.
A partir do contato com essa cultura diferente, não foi difícil aos portugueses perceber que
havia uma fascinante ufania entre os nativos e os elementos que compunham o seu ambiente,
demonstrando a veneração por nossas árvores e florestas. Neste contexto e da cultura indígena
surgiram várias lendas, incorporadas ao nosso folclore.
Mas não era dos índios e dos portugueses que o potencial fitogeográfico
brasileiro despertou a curiosidade. Do mesmo modo, muitos cientistas europeus vieram ao
Brasil e cada um deixou sua contribuição científica retratando o ambiente, a história e os
costumes de nossos povos.
Conforme afirma Fernandes (2002, p.01), “desde o governo de Maurício de
Nassau (1637-1644), em Pernambuco, destacou-se Marcgrav, um jovem naturalista alemão que,
com Guilherme Piso, escreveu Historia Naturalis brasiliae, publicada em 1648. Foi considerada
obra de vanguarda sobre a flora, a fauna e a medicina, no período colonial”.
O início da participação de naturalistas nas investigações da potencialidade
dos recursos naturais inspirou muitos pesquisadores na diligência de aproveitamento máximo da
riqueza botânica brasileira, o que resultou o trabalho de “Carl Friedrich Phillipp von Martius,
Reise in Brasiliae, publicado em 1824, quando foi projetado o primeiro esboço da
compartimentação fitogeográfica do Brasil”, usando nomes de divindades gregas para sua
divisão botânica.
4.4.2 Vegetação Brasileira
Segundo o IBGE (1992), 67,1% do território nacional ainda é recoberto por
vegetação primitiva, apesar dos intensos avanços do homem. A classificação das formações
vegetais no território é a seguinte: Floresta Amazônica, Mata dos Cocais, Caatinga, Cerrado,
Complexo do Pantanal, Floresta Tropical, Mangues Litorâneos, Mata das Araucárias e Campos
Gerais.
305
Uma contribuição aos estudos da flora brasileira é destacada por Leite (2000,
p.18) ao afirmar que “baseando-se nos princípios da deriva das placas continentais e da
evolução monofilética dos seres vivos, Veloso et al. (1991 apud LEITE, 2000) propuseram uma
classificação da vegetação brasileira em regiões fitoecológicas”.
Cada região fitoecológica reproduz suas “formas de vidas nos ambientes
semelhantes, o que permite uma adaptação a um sistema universal”. A categorização em regiões
fitoecológicas abarca “uma hierarquia que expressa nominalmente a estrutura da vegetação,
clima a que está exposta, a fisionomia ou hábitos e o relevo do ambiente” (LEITE, 2000, p.19).
E sob essa ótica, no Paraná ocorrem quatro regiões fitoecológicas
157
: a
Floresta Ombrófila Densa (Floresta Atlântica), a Floresta Ombrófila Mista (Floresta com
Araucária), Cerrado (Savanas) e Floresta Estacional Semidecidual; além das Áreas de
Formações Pioneiras: Vegetação com Influência Marinha (Restingas), Vegetação com
Influência Fluviomarinha (Manguezal e Campo Salino), Vegetação com Influência Fluvial
(Comunidades Aluviais).
Afastando-se da porção litorânea em direção à Serra do Mar no estado do
Paraná, conforme Leite (2000, p.19), “a vegetação será seqüencialmente enquadrada nesta
classificação”. Afirma também que, na planície litorânea, além da Floresta Ombrófila Densa, a
vegetação está representada por restingas, comunidades aluviais e manguezais. Na seqüência,
temos a região fitoecológica da Floresta Ombrófila Mista ou Floresta com Araucária,
“caracteriza-se pela presença da Araucaria angustifolia em associações diversificadas, as quais
compreendem grupamentos de espécies com características próprias, formando estágios
sucessionais distintos”.
A conhecida “Floresta com Araucária” constitui uma das mais importantes
formações florestais do sul do Brasil, não pela área que outrora ocupava nessa região, mas
também pelo papel que os seus recursos naturais tiveram na ocupação do espaço paranaense. O
pinheiro-do-paraná - Araucaria angustifolia - participa de forma marcante na fitofisionomia da
região, especialmente devido à sua abundância e seu grande porte, com copa ampla, de formato
característico, emergente sobre as demais árvores da floresta.
157
Disponível em:
http://www.ambientebrasil.com.br/.php3?base=./estadual/index.html&conteudo=./estadual/pr4.html. Acesso: 06
mar.2005.
306
Neste particular, é importante resgatar a divisão da Flora Brasileira realizada
por A. J. Sampaio (1938) em Fitogeografia do Brasil, registrada por Dick (1990a, p.148-149): I
- Flora Amazônia; II - Flora Extra-Amazônica ou Geral, subdividida em seis zonas: 1) - Zona
dos Cocais; 2) - Zona das Caatingas; 3) - Zona das Florestas Orientais (ou das Matas Costeiras);
4) - Zona dos Pinhais ou Sul Brasileira da Araucária; 5) - Zona dos Campos; 6) - Zona
Marítima: a) - Vegetação halófila ou do litoral; b)- Flora Insular subdividida em: das ilhas
afastadas e das ilhas costeiras; c) - Fitoplancton ou Flora Flutuante.
Embora se considere a intensidade das pesquisas fitogeográficas brasileiras, o
que se pode perceber é que na divisão da flora brasileira, em cada uma das regiões, encontra-se
formação vegetal específica de onde são constituídos os extratos fitotoponímicos, podendo se
estabelecer uma equivalência entre áreas geográficas e toponímicas. Assim, a castanha e o buriti
aparecem na toponímia da região da Floresta Amazônica, como o pinhão na toponímia das
Matas de Araucárias e o coqueiro nas Matas de Cocais, por exemplo.
O fato de os elementos da flora estarem estreitamente ligados à sobrevivência
do homem, desde que ele passou a percorrer os caminhos da terra que descobria, contribuiu
para a abundância de nomes de lugares relacionados à vegetação. O descobridor passava pelos
lugares e se estabelecia, mas não sem antes investigar minuciosamente a natureza e, para
diferenciar os espaços, dava-lhes o nome baseado muitas vezes no ambiente que o rodeava,
fosse o nome de uma erva, de uma árvore, de uma fruta ou flor.
Pode-se entender, por meio da análise dos topônimos dos municípios
abordados, que o uso de fitotopônimos na nomeação de um acidente geográfico decorre da
abundância e da diversidade da flora e que o denominador tenha sido motivado pela existência
dessas plantas ou vegetais no ambiente em que se encontrava seu objeto de denominação.
A importância dos pinhais para a história e para o estado confirma-se nas
denominações o quantitativa, mas qualitativamente percebidas, decorrentes do termo
genérico como: Pinheiro (rio Antonina, ilha do Guaraqueçaba), Pinheiros (baía dos
Guaraqueçaba), Pinheiral (rio do Lapa), Pinho (rio do - Pinhão), Pinhão (serra do - Cândido
de Abreu, arroio e rio - Cândido de Abreu, Guarapuava, Pinhão); Pinozinho (rio
Guarapuava, Pinhão), Pinheirinho (arroio Curitiba, Pinhão, ilha do - Guaraqueçaba), Pinhal
(ribeirão Palmas, água, ribeirão do - São José da Boa Vista, Wenceslau Braz), Pinhalzinho
307
(rio – Pinhão), Pinhal Redondo (água do - São José da Boa Vista). Mesmo o nome científico da
planta é retratado por meio do nome do município de Araucária.
A Floresta com Araucária constitui um ecossistema regional complexo e
variável que acolhe muitas espécies, algumas das quais endêmicas. Sua feição é caracterizada
por dois estratos arbóreos - um superior, dominado pela araucária, que dá à floresta um desenho
exclusivo, e outro inferior, dominado por variedades, como a canela e a imbuia - e um estrato
arbustivo no sub-bosque, em que predominam a erva-mate e o xaxim.
Destas formações fitogeográficas, a toponímia registra: Imbuia (arroio
ndido de Abreu, serra da - Ivaí, Reserva), Xaxim (arroio Cândido de Abreu, Ponta Grossa,
rio Antonina, arroio do Castro), Congonha (rio Ponta Grossa), Congonhas (arroio
Tibagi), Erval (rio – Arapoti, ndido de Abreu, Guaraqueçaba, São José da Boa Vista; arroio
do Cândido de Abreu), Erveira (ribeirão Tibagi). O aparecimento de termos ligados à
espécie vegetal congonha - talvez se deva ao fato de os indígenas paranaenses se
locomoverem por todo o território do estado e, como já a conheciam, se dizer terem sido eles os
responsáveis pela sua difusão
158
.
De acordo com Dick (1990a, p.178), nos pinhais também associações
destes às araçás, às guabirobas, de onde pode-se resgatar, do ponto de vista toponímico:
Araçaieiro (córrego Bocaiúva do Sul), Araçá (ilha do Guaratuba, morro do
Guaraqueçaba), Araçatuba (serra Guaratuba), Guabiroba (rio Castro, Guaraqueçaba, Ivaí,
Lapa, Palmeira, Ponta Grossa, arroioLapa, Tibagi, Reserva, ribeirão da – Rio Negro, córrego
da – União da Vitória), Guavirova (rio – Ipiranga)
Associados ao pinheiro, ocorrem espécies arbóreas de outras famílias, e na
região onde essa formação assume expressão maior, podem ocorrer “ilhas” florestais de formato
mais ou menos circular e tamanho variável em meio às formações campestres, constituindo os
“capões
159
”, ou então formando florestas contínuas de composição e estrutura variáveis.
Por essa razão, na denominação paranaense nomes como: Capão da
Vargem (arroio – Guarapuava), Capão Raso (arroio – Guarapuava), Capão do Moinho (arroio –
Palmeira), Capão Grande (rio – Pinhão, arroio - Ponta Grossa), Capão do Cipó (arroio – Ponta
158
V. 2.5.3.
159
Capão – fitogeografia: formação arbórea de pequena extensão, volume e composição variados, e de aspecto
diverso da vegetação que o circunda; caapuã,capuão,capuão de mato, ilha de mato (AH).
308
Grossa). Encontram-se pelo Brasil afora, e, nas regiões em questão não é diferente, topônimos
de formação vegetal lembrando: associações fitológicas como em Matão (rio - Bocaiúva do Sul,
ndido de Abreu), Floresta (arroio da Ipiranga, Lapa), Florestal (rio Campina Grande do
Sul).
Em outras situações, o pinhal pode formar longas faixas de vegetação,
chamadas faxinais ou catanduvas, que acompanham o trajeto sinuoso dos rios e lajeados. Por
essas características fitogeográficas têm-se denominações como: Faxinal (rio Lapa,
Araucária, Campina Grande do Sul, arroio Palmeira e União da Vitória, lajeado e rio
Pinhão, rio do Guarapuava), Faxinal Boa Vista e Faxinal de Baixo (arroios Cândido de
Abreu), Catanduvas (lajeado das – Palmas).
Nos designativos dos municípios abordados e dentro ainda de valer-se do uso
toponímico, constata-se a presença de plantas úteis à alimentação tais como: Abobreira (rio
Antonina, Guaraqueçaba, arroio - Guarapuava), Mao (morro - Guaratuba), Caju (arroio -
ndido de Abreu), Arrozal (rio – Arapoti, União da Vitória), Bananas (rio – Guarapuava, ilha
das Paranaguá), Laranjeira (serra da, arroio da Cândido de Abreu), Laranjeiras (baía das,
rio das- Guaratuba, Guaraqueçaba,ilha das- Guaraqueçaba, rio Laranjeiras do Sul, arroio -
Tibagi).
Outros topônimos resgatam o uso de certas plantas na carpintaria, como: Ipê
(rio do - Guaratuba), Angico (rio - Campo Largo), Figueira (ribeirão da –Campina Grande de
Sul, rio- Cândido de Abreu); na confecção de material de uso doméstico ou comercial:
Cacheta-Caxeta (rio - Guaraqueçaba), Tamanqueira (arroio Cândido de Abreu); além da
utilidade na ornamentação: Margaridas (morro - Matinhos), Roseira (rio da - Campina Grande
do Sul, rio - Guaraqueçaba), Rosas (ilha das Antonina) e na medicina: Maracujá (rio -
Guarapuava), Sabugueiro (rio - Reserva, Cândido de Abreu).
Ainda do ponto de vista toponímico, no corpus desta pesquisa merecem
destaque especial a palmeira e o palmito. Essas espécies existiam em quase todo o território
paranaense e conservam-se nas denominações: Palmeira (município), Palmeiras (morro, rio das
Guaratuba), Palmital (rio Cândido de Abreu, Ipiranga, Ivaí, União da Vitória, Campo
Largo, rio do Lapa, Palmas, ribeirão Campo Largo), Palmito (morro, serra Ivaí, arroio
Tibagi, rio do - Tibagi), Palmeirinha (rio – Campina Grande do Sul), Coqueiro (rio – Campina
Grande do Sul, Guaraqueçaba). Além destes, aparecem também: Butiá (rio Jaguariaíva,
309
Palmas, Pinhão, lajeado do Pinhão, ribeirão do Piraí do Sul), Ubazinho (rio ndido de
Abreu).
Muito comum também na toponímia paranaense, tendo em vista a
importância da vegetação a partir da ocupação paranaense por meio das viagens dos tropeiros, é
o emprego das formações campestres que se constituem pelas tipologias de vegetação que
correspondem aos campos e campinas do planalto.
Desse modo, valorizaram-se as formações de campos, definidos como um
terreno plano, extenso, com poucos acidentes, destituído de árvores e destinado à agricultura ou
às pastagens e campina(s) que se refere a um campo extenso desprovido de árvores e
normalmente revestido de gramíneas, subarbustos e ervas. Encontram-se nos designativos de
lugares, além da referência a estes tipos de vegetação, os matos, as capoeiras, os capins, os
sapés e uma menção a caatinga que se caracteriza como vegetação típica e/ou região do
Nordeste brasileiro.
Particularmente, neste aspecto, registra-se: Campo das Cinzas (serra
Jaguariaíva), Campo Real (rio Guarapuava), Campo Novo (rio Guarapuava, Matinhos,
ribeirão Rio Negro, Ipiranga, arroio Tibagi), Campinas Belas (arroio Ivaí, Reserva),
Campinas (rio Guaratuba), Campina do Fecho (lajeado Rio Negro), Campestre (rio São
Jodos Pinhais, ribeirão – Araucária, arroio Lapa e Palmas), Campininha (arroio - São José
dos Pinhais), Campina do Fecho lajeado-Rio Negro, Campina das Pedras e dos Martins
rios-Araucária), Mato Branco (arroio do Pinhão, rio do - Araucária), Mato Preto (água
Wenceslau Braz), Capoeira (arroio da Araucária e Campo do Tenente), Capinzal (rio
Araucária, ilha do – Guaratuba), Sapezal (ribeirão do – Campo do Tenente), Caatinga (ribeirão
Guaraqueçaba). Ocorre também, em menor escala, topônimos que recuperam o ciclo da
cultura cafeeira no estado: Ca (rio do – Arapoti) e Cafezinho (rio – Guaraqueçaba).
Chamou-nos a atenção, na designação do período escolhido, a recorrência a
unidades lexicais de origem indígena, transpostos para os topônimos. Pode-se acreditar que as
lexias de origem indígena, principalmente do tupi, e referentes à vegetação brasileira,
estavam cristalizadas na língua portuguesa, sendo, portanto, incorporadas ao seu patrimônio
lexical. Citam-se como exemplos, os designativos: Buriti (arroio Campo do Tenente),
Tucunduva (rio – Antonina), Ivaí (rio – Cândido de Abreu, Ivaí), Cacatu (rio - Antonina). Nesse
310
sentido, Theodoro Sampaio (1928, p.85) destaca sobre a forma de nomeação dos lugares pelos
fitotopônimos indígenas:
numa região como o Brasil, onde a vegetação exubera, variada e intensa em
vastíssimas zonas, a denominação dos logares de procedência indígena,
deve, de contínuo, traduzir a feição local do ponto de vista da sua vestimenta
vegetal, ou pelas espécies características. A geografia aqui reflecte nas
denominações dos logares a caracteristica vegetal de cada uma. Não é, pois,
de estranhar-se o frequente emprego de nomes de plantas, árvores, para
indicar um rio, um banhado, um valle, um povoado, uma serra, um accidente
topograghico qualquer
160
.
O que se percebe é que a exuberância e a diversidade da flora, tão aproveitada
pelos grupos humanos que habitaram ou habitam a região, foram os fatores decisivos para que
se registrassem e conservassem as designações fitotoponímicas até a atualidade.
zootopônimos (topônimos de índole animal, representados por animais
domésticos e não domésticos) destacaram-se como a segunda maior produtividade nos
municípios em questão com 295 ocorrências correspondendo a 14,0%.
A fauna de uma determinada região, a exemplo dos topônimos motivados
pela flora, também se reflete nos nomes dos acidentes geográficos, destacando-se desse modo a
influência do ambiente físico na geração dos designativos. Este fato ocorre não por estarem
os zootopônimos vinculados à vida das populações, como também pela presença física dos
animais lembrados na localidade. Entretanto, nem sempre “a presença de determinado animal
numa área qualquer”, pressupõe necessariamente, seu habitat natural, bastando um encontro
ocasional pelo denominador, no ato da nomeação, resultando daí o toponomástico Stewart
(1954 apud DICK 1990a, p.256).
Gabriel Soares de Souza (1974 apud DICK 1990a, p.259) descreve a fauna
brasileira, distribuindo os animais em três classes, a dos aéreos, dos aquáticos e dos terrestres.
Na região analisada, pode-se perceber a referência: i-) aos animais aéreos em: Gaivotas (rio-
Antonina), Perdizes (rios das- Arapoti),Garças (ilha, rio das- Guaratuba, ilha- Antonina),
Gralhas (ribeirão das- Jaguariaíva, Araucária), Sabiá (rio- Guarapuava), Araras (arroio das-
Clevelândia, rio das- Guarapuava), Coruja (córrego do- Rio Negro, arroio- Reserva,
Clevelândia ); ii-) aos animais aquáticos em: Lambari (rio Laranjeiras do Sul), Betara
(morro, rio Rio Branco do Sul), Prejereba (córrego Antonina), Mossunguê (arroio-
160
Optou-se por manter a grafia original do autor.
311
Curitiba), Amêijoa (rio- Guaraqueçaba), Pescada (rio da- Guaraqueçaba), Peixe (rio do-
Reserva) ;iii-) aos animais terrestres em: Cutia (rio- Rio Branco do Sul,lajeado da - Tibagi),
Cotia (arroio da Castro), Macacos (serra dos- Ivaí, arroio dos- Laranjeiras do Sul, rio dos-
Morretes, córrego- Bocaiúva do Sul), Leão (arroio do- Clevelândia, rio do – Laranjeiras do Sul,
Reserva), Lagarto (arroio- Lapa), Tatu (arroio Castro), Tamand (rio Guaratuba, Ponta
Grossa, arroio – Ipiranga, lajeado do – Rio Negro).
Também é perceptível, a lembrança na nomeação de alguns nomes como Boi
Carreiro (rio Pinhão), que pode ter sido motivado em virtude do trabalho de transporte feito
por esses animais; e, no caso de Vaca Gorda (rio Lapa), Porcos (lajeado dos Guarapuava,
ilha dos - Guaraqueçaba), Gado ( arroio do – Ipiranga), Boi (morro do –Matinhos, ribeirão do –
Campina Grande do Sul), por fornecerem alimento aos habitantes da localidade. Resgatam-se
também designativos que se referem a animais consumidos como alimento e descritos por Léry
(1972 apud DICK 1990a, p.257), quando de seu contato com os indígenas: veado, javali, cotia e
tatu, que “figura como exemplar de alimentação habitual”.
Desse modo, os nomes de animais, que serviram como motivação para
nomear os acidentes geográficos, estão de alguma maneira vinculados à vida cotidiana do
denominador.
Com 185 topônimos e um percentual de 8,8% do total de topônimos
analisados, aparecem os geomorfotopônimos que são aqueles relativos às formas topográficas,
elevações ou depressões do terreno.
Desde as primeiras civilizações, a forma do relevo influenciou a ocupação
humana, facilitando ou dificultando o povoamento das diferentes regiões do planeta. O homem
sempre buscou se fixar em territórios favoráveis à sua sobrevivência, que tivessem água em
abundância e topografia mais plana, o que facilitava as práticas agrícolas e a construção de
habitações.
O relevo é o “piso do homem”, pois é onde ele assenta sua moradia, de onde
retira o seu sustento, e se consolida como um dos fatores fundamentais para a ocupação do
homem na Terra. O ser humano sempre viu o relevo como parte da natureza tanto por sua
beleza como por sua força ou forma.
312
Este, por sua vez, foi e sempre será de primordial importância no decorrer da
vida humana, pois sua forma é que vai permitir que sua evolução seja completa, ou seja, é com
ele que o homem vai estabelecer as melhores maneiras de localizar suas terras e definir os
limites onde exercerá seus domínios.
A superfície terrestre, ou melhor, o relevo, não é estático, nem pronto,
acabado, ele está em permanente alteração, numa dinâmica constante de construção e
destruição. Isso resulta da ação de “forças ou agentes internos (endógenos) e externos
(exógenos) do planeta, que atuam de maneira oposta sobre a superfície terrestre”.
As forças “endógenas são resultantes da dinâmica interna da crosta
(tectonismo, vulcanismo, orogenia, terremotos entre outros). As forças exógenas, como a chuva,
o vento, rios, oceanos, gelo entre outros, esculpem as formas do relevo, provocando o desgaste
da superfície”
161
. Isso demonstra que a Terra nunca foi como está atualmente, e no futuro ela já
não será como se encontra hoje, porque ocorre uma evolução do relevo. Todo este processo,
conforme apresentado por Christofoletti (1980, p.02), é denominado de Universo,
o qual compreende o conjunto de todos os fenômenos e eventos que, através
de suas mudanças e dinamismo, apresentam repercussões no sistema
focalizado, e também de todos os fenômenos e eventos que sofrem
alterações e mudanças por causa do comportamento do referido sistema
particular.
Todos estes fatores vão formar um “emaranhado de informações que nos
remeterão à compreensão dos tipos de relevo. Este emaranhado é desfeito pelo homem que, ao
mesmo tempo em que desvenda a complexidade dos processos formadores das formas de
relevo, contribui para que essa complexidade aumente.
O homem é, também, desde o início de sua ocupação no planeta, um agente
modificador da superfície terrestre, à medida que procura adaptar-se à natureza e adaptá-la às
suas necessidades. A adaptação do homem às diversificada paisagens transforma-se, portanto,
em parte significativa da história das mesmas.
As classificações do relevo brasileiro - divisões do território em grandes
unidades - baseiam-se em diferentes critérios que refletem o estágio de conhecimento à época
161
Disponível em http://geocities.yahoo.com.br/uel_geomorfologia/textosdiscentes1.htm. Acesso: 29 mar.2005.
313
de sua elaboração e a orientação metodológica utilizada por seus autores. Tradicionalmente, o
relevo divide-se tomando como base duas classificações
162
:
Aroldo de Azevedo Aziz Ab'Saber
Planaltos
1.das Guianas
2.Brasileiro, subdividido em:
- Atlântico - Central -
Meridional
Planaltos
1.das Guianas, engloba a região serrana e o planalto Norte-
Amazônico
2.Brasileiro, subdividido em: - Central - Meridional -
Nordestino - Serras e planaltos do Leste e Sudeste - do
Maranhão-Piauí - Uruguaio-Rio-grandense
Planícies
1.Amazônica
2.do Pantanal
3.Costeira
Planícies
1.Planícies e terras baixas amazônicas
2.Planícies e terras baixas costeiras
3.Planície do Pantanal
O relevo brasileiro tem formação antiga e resulta principalmente da ação das
forças internas da Terra e da sucessão de ciclos climáticos. A alternância de climas quentes e
úmidos com áridos ou semi-áridos favoreceu o processo de erosão.
Com base nos estudos e pesquisas aplicados no Brasil, podemos exemplificar
os tipos de relevos existentes no Paraná, que teve como um dos seus principais pesquisadores o
estudioso Reinhard Maack.
Conforme assevera Riad Salamuni, na apresentação da obra de Maack (2002,
p.25), este era um observador metódico e persistente da natureza, e teve o “incontestávelrito
de metodizar as pesquisas, dando-lhes um cunho de sistematização virtualmente desconhecido
nas geociências paranaenses”, centrando suas pesquisas, de modo consciente e continuado, “em
vistas ao espaço geográfico do estado do Paraná”.
Como região parcial do espaço sul brasileiro, conforme Maack (2002, p.108),
o Paraná possui zonas naturais de paisagem cuja divisão baseia-se na posição das escarpas,
vales de rios e divisões de águas, assim como no caráter fisiográfico unitário da paisagem
dentro de tais limites”.
O estado, em sua maior parte, é formado por escarpas de estratos e planaltos
que declivam suavemente em direção Oeste e Noroeste. Na superfície o aspecto mais evidente é
162
Disponível em http:// www.ambientebrasil.com.br/. php3?base=./
natural/index.html&conteudo=./natural/geomorfologia.html. Acesso: 29 mar. 2005.
314
que o estado se divide em duas regiões naturais: o litoral e os planaltos do interior. O
pesquisador estudou durante anos o relevo paranaense dividindo-o em regiões que foram
pesquisadas uma a uma.
Ao mesmo tempo, enfatiza que o Paraná apresenta um relevo de altitudes
modestas divididas nas unidades topográficas: i.)Litoral - distingue-se: a) planícies litorâneas b)
zona montanhosa litorânea ; ii.) Serra do Mar; iii.) Região de Planalto- Planalto ou Planalto
de Curitiba; Planalto ou Planalto de Ponta Grossa; Planalto ou Planalto de Guarapuava
(MAACK, 2002, p.109).
Assim como o restante do Brasil, a ocupação do território paranaense também
teve início a partir da faixa litorânea, ficando a população restrita à estreita faixa de terras. Parte
da história da colonização do território sul-brasileiro encontra-se eternizada nesta região pela
existência das vias de acesso ao 1º Planalto Paranaense. Pelas primeiras picadas que ligavam o
litoral de Paranaguá com o Planalto subiram os predadores de índios, os faiscadores de ouro e
os homens que povoaram os Campos de Curitiba e os Campos Gerais.
Tomando-se, então, por princípio, o fato de que o espaço natural é percebido
de maneira peculiar pelo povo que o habita, e do qual tem uma noção precisa, chegamos à
conclusão de que a Serra do Mar, formada a partir de blocos isolados com a aparência de um
íngreme paredão que separa a baixada litorânea do interior paranaense, representou grandes
obstáculos para as ligações entre as partes do território, desde o início da colonização
portuguesa no Brasil.
As primeiras grandes vitórias dos homens sobre tais serras costeiras,
assimétricas e abruptas processaram-se tardiamente durante o ciclo do ouro. Antes, as aludidas
escarpas comportavam-se como se fossem verdadeiras muralhas, facilitando o isolamento e a
segregação. Podemos dizer que a circulação dos grupos humanos, por entre as montanhas
brasileiras, serviu em muitas ocasiões como motivação para o desbravador, que se embrenhava
pelo sertão desconhecido, planalto adentro, embora houvesse um grande diferencial entre o
relevo brasileiro e o europeu que ele conhecia.
Por isso afirma-se que, assim como a fauna e a flora, as formas do relevo
terrestre, considerando-se as elevações ou as depressões, também conferiram à toponímia uma
multiplicidade de signos onomásticos. Esta pesquisa demonstrou a ocorrência de
315
geomorfotopônimos que remetem às montanhas como: Serra (ribeirão da - Bocaiúva do Sul),
Serra Negra (rio - Guaraqueçaba), Serrinha (morro - Campo Largo), Serradão (arroio - União
da Vitória), Espigão (arroio - Curitiba), Espigão Alto (ribeirão - Jaguariaíva), Espigão Branco
(arroio - Lapa).
Da referência a elevações com poucas dimensões originam topônimos como
Morro Grande (arroio - Bocaiúva do Sul), Morretes (município, morro - Guaratuba), Cerro
Lindo (ribeirão - Bocaiúva do Sul), Cerro Grande (morro, rio - Guaraqueçaba), Cerro Azul
(arroio- Ipiranga, rio- o José dos Pinhais), Cerrito (arroio - Lapa), Lombão (serra - Ivaí),
Monte Negro (serra - Piraí do Sul).
Das configurações de planalto de rochas sedimentares apresentando
topografia tabular provêm nomes como Tabuleiro (arroio - Palmeira, Ponta Grossa), Chapada
(arroio da - Lapa, arroio – Ponta Grossa); das planícies situadas à margem de um rio ou ribeirão
rzea (rio da - Campo do Tenente, Lapa, Rio Negro, São Jo dos Pinhais) e das costeiras,
Baixa Funda (córrego - Ponta Grossa), Restinga (arroio – Lapa).
Se se preferir identificar entre os designativos aqueles que reportam à parte de
mina ou cavidade em rochedo onde se desenvolvia o trabalho de exploração de elementos
minerais, tem-se Lapinha (lajeado - Bocaiúva do Sul, rio - Campina Grande do Sul), Socavão
(rio - Castro), Fojo (morro do - Guaraqueçaba), Furna (morro da - Guaratuba), Furnas (arroio
das - Ipiranga, serra das - Jaguariaíva, Piraí do Sul).
Por outro lado, se a intenção fosse a de atingir um lençol de água subterrâneo,
demonstrando sua profundidade/depressão, revela-nos topônimos como: Poço (rio do
Guarapuava, Guaraqueçaba, Lapa), Poço Grande (morro do - Guaraqueçaba, arroio- Ipiranga,
rio - Palmeira), Poço Preto (morro do - Guaratuba), Poços (rio dos - Lapa), Poço Bonito (rio -
Pinhão), Poço Frio (ribeirão – Rio Negro), Pocinho (rio - Campina Grande do Sul, Rio Branco
do Sul), Cava Funda (arroio - Ipiranga), Cava Grande (rio - Cândido de Abreu, Reserva), Cova
(rio da - Guaratuba), Buracos (lajeado dos - Rio Negro), Grota Funda (ribeirão - Jaguariaíva) e
se o local servisse de abrigo nota-se Cavernoso (rio - Laranjeiras do Sul).
Ainda da nomenclatura geográfica, encontram-se nomes originados a partir da
escavação formada por erosão/força das águas: Barroca (rio - Morretes), Barrocão (arroio -
Lapa), Chupador (rio - Cândido de Abreu, arroio - Ivaí, morro do - Ivaí), Canudo (canal do -
316
Guaraqueçaba), Canudal (morro do - Guaraqueçaba), Lambedor (rio - Arapoti), Funil (arroio -
ndido de Abreu), Panela/Panelas (arroio - Guarapuava, rio - Guaratuba). Os relatos de Saint-
Hilaire em Viagem pela Comarca de Curitiba (1995, p.15) pode ilustrar esta situação, ao
afirmar que [...] a maior parte dos rios coisa digna de nota corre límpida e celeremente por
sobre rochas lisas, e sempre que a água se despeja do alto sobre pedras, o que acontece com
freqüência, ela cava na rocha buracos arredondados, chamados de caldeirões.
Destacam-se os banhados, áreas alagadas permanente ou temporariamente,
conhecidos na maior parte do país como brejo, que contribuem na sua configuração, gerando
nomes como Banhado (córrego - União da Vitória, rio - São José dos Pinhais), Banhado
Grande (córrego - Arapoti, Jaguariaíva, arroio - Guarapuava), Banhado Vermelho (arroio -
ndido de Abreu), Banhadão (córrego do - Palmas).
Entre os topônimos desta taxionomia, estão aqueles que se referem ao local
cercado por acidentes naturais como rios, matos, para onde se levam os animais, a fim de que lá
pastem ou sejam alimentados em segurança: Rincão (rio - Guarapuava, córrego do - Tibagi),
Rincão da Canoa (rio - Guarapuava), Cerco (rio do - Paranaguá), Cerquinho (rio -
Guaraqueçaba), Cerco Grande (rio - Guaraqueçaba).
Outro aspecto evidenciado quando se trata de acidentes geográficos é a
ramificação lateral de um rio, chamado de braço ou esteiro, evocado em topônimos como
Bracinho, Braço da Esquerda, Braço do Macaco, Braço do Norte, Braço do São Pedro, Braço
Feio (rios - Guaraqueçaba), Braço do Rio do Meio (ribeirão do - Guaraqueçaba), Esteiro
(morro, rio do - Guaraqueçaba).
Dentre os geomorfotopônimos encontrados, pode-se cogitar que, no momento
da designação, ocorreu uma prática espontânea, existente a partir do desejo de comunicar um
aspecto mais proeminente do acidente denominado como: Labirinto (arroio - Tibagi),
Forquilha (rio - Paranaguá, rio da- Antonina, arroio - Lapa, Palmeira, água da - Wenceslau
Braz), Lingüiça (córrego - Guaraqueçaba), Trombudo e Trombudinho (morros - Cândido de
Abreu), Ponta Grossa (município de, ilha da - Antonina, rio - Bocaiúva do Sul,Rio Branco do
Sul), Cadeado (rio - Guarapuava, serra do - Guaraqueçaba), Cadeadinho (rio - Cândido de
Abreu), Saltinho (ribeirão Arapoti, Campina Grande do Sul, arroio -Ivaí, o José dos
Pinhais, lajeado -Palmas), Salto (rio do- Palmeira, Rio Branco do Sul, serra do - o Jo dos
317
Pinhais), Salto Morato (cachoeira do - Guaraqueçaba) e Salto do Silvério (arroio - Wenceslau
Braz).
Na seqüência, dentre as taxionomias, sobressaem-se pela expressividade de
ocorrências, com índice de 183 ou 8,7%, os chamados antropotopônimos, que são os
topônimos constituídos a partir dos designativos pessoais, em prenomes ou em apelidos de
família, de maneira combinada ou não.
A respeito da importância dos designativos dos nomes próprios na nomeação
de lugares, Dick (1990a, p.293) destaca que
a diversidade da motivação na escolha dos nomes próprios, denota, portanto,
em última análise, um reflexo da natureza psico-social do homem, das
tendências e costumes dominantes em sua época e em seu meio. A
identificação individual, através de apelativos, é, ainda, pelo menos no
estágio atual de desenvolvimento da civilização, a melhor maneira de se
designar os elementos de um grupo humano qualquer.
Como na toponímia brasileira de modo geral, a classificação
antropotoponímica é efetivada, às vezes, por meio de designativos constituídos: i) pelo
prenome, nome que antecede o de família (arroio Hipólito, morro do Joaquim, ilha Catarina,
rio Dário); ii) pelo nome de família, o sobrenome (água dos Rodrigues, arroio dos Galvões, rio
Tavares); iii) pelo prenome + nome de família, conjunto onomástico completo (ribeirão Inácio
Alves, rio Isabel Alves, morro Bento Alves, arroio Maria Leme); iv) pelo prenome + alcunha (rio
Joãozinho Feliz, lago Maria Chica); v) por hipocorístico (córrego Ta, rio Manequinho,
córrego Vavá).
Entende-se que, às vezes, os antropotopônimos são denominações
espontâneas; outras vezes são impostas por autoridades políticas, por atos voluntários, por
oportunismo e outras ainda por nomeação anônima. Às vezes, se deve a nomeação de ruas,
bairros, rodovias, córregos e outros afins ao fato de pessoas de uma determinada região,
normalmente um político influente que, por interesse material ou como solicitação de apoio
político, proporem que o local receba o nome de um ilustre habitante da sua ou de outra região,
como forma de se obter benefícios.
Um exemplo de antropotopônimo paranaense que pode ser visto como
imposto pelas autoridades estaduais ocorreu quando denominaram um município - Braganey -
relembrando o ex-governador do Paraná, Ney Aminthas de Barros Braga. Como há uma lei que
318
impede a atribuição do nome de pessoas vivas a nome de lugares, os denominadores tentaram
encontrar uma outra forma para que tal homenagem pudesse ocorrer. Assim, por meio da junção
do nome Braga e do prenome Ney o ex-governador teve seu nome registrado na memória do
povo paranaense, ainda em vida
163
.
Outra particularidade observada na antroponímia paranaense é que ao lado
dos nomes locais aqueles de projeção internacional. É o caso de Clevelândia
164
que surgiu
em homenagem a Grover Stephen Cleveland, presidente dos Estados Unidos da América, que
deu parecer favorável ao nosso país na questão de limites Brasil – Argentina.
A denominação espontânea, de acordo com Dick (1990a, p.294-296),
acontece com os acidentes identificados “simplesmente pelo nome de um morador” e que
revelam uma técnica denominativa característica de um “pequeno horizonte geográfico, distinto
daquela imposta por autoridades ou eventuais detentores do poder de mando e que, tantas vezes,
se distinguem pelo distanciamento da realidade ambiental ou do gosto popular” e, nessa
nomeação anônima, “a razão de ser de seu emprego não extrapola as cercanias da localidade
que lhe deu origem, por não possuírem, a força e o prestígio dos nomes históricos ou de
projeção nacional”.
Pelos antropotopônimos encontrados, verificou-se que muitos se referem a
pessoas que tiveram importância apenas regional, quando não o tiveram apenas para um
determinado município,verdadeiros desbravadores, como por exemplo, Ilha do Teixeira
(Antonina), Ilha do Valadares, rio Toral e rio dos Almeidas (Paranaguá), rio Inhate
(Guaraqueçaba). De modo geral predominam os sobrenomes de origem portuguesa Alves,
Teixeira, Martins, Correias, Pinto, Soares, mas também os de origem estrangeira como
Butka, Gurski, Gote, Lekes.
Já se afirmou anteriormente que há uma tendência na toponímia de prestar, no
ato da nomeação de lugar, uma homenagem a alguma pessoa importante da localidade ou não.
Um fato interessante numa relação inversa de homenagem, criação de antropônimo a partir de
um topônimo, é relatado por Viana (1976, p.254),
o Dr. João Manoel da Cunha, antigo proprietário do prédio onde morava, era
um brilhante pianista e esteta de valor. Esse advogado ilustre, talvez
163
Embora este município não pertença ao corpus desta pesquisa, julgou-se interessante citá-lo para ilustrar a
imposição das autoridades na denominação.
164
Município pertencente ao corpus desta pesquisa.
319
fascinado pela alcunha do decantado rio, fez questão de acrescentar ao nome
dos filhos, a palavra mágica ITIBE tão querida do paranaguara. Foi
assim que surgiu na ilustre família João Manoel da Cunha o tradicional
nome ITIBERÊ”. [..] Ficou assim perpetuado, na História de Paranaguá, o
solar que serviu de “berço” a dois eminentes paranaguaras: Monsenhor
Celso Itiberê da Cunha e Dr. Brasílio Itiberê da Cunha.
Como se percebe, são vários os motivos que ocasionam a criação de
topônimos de origem antroponímica. Segundo Dick (1990b, p.206-207), não importa que sejam
“frutos de movimentos espontâneos dos habitantes ou sistematizados pelo cunho oficial”. Os
topônimos dessa origem refletem, sem vida, aspectos históricos e sociais a respeito do local
denominado.
Diante do exposto, pode-se vislumbrar a extensão do emprego dos
antropotopônimos na região analisada e que os nomes pessoais encontrados definem-se pelo
aspecto meritório tornando-se um marco, pelo fato de fixar no tempo a atuação do homem.
Conseqüentemente, capta-se um detalhe histórico-cultural, podendo-se dizer que o uso dos
nomes de pessoas, quando bem aplicados, procurando-se um “vínculo aproximado entre as
circunstâncias do lugar e o denominador que lhe permitiu a designação, possibilita, que uma
parcela da História regional ou nacional seja conservada e transmitida às gerações futuras”
(DICK,1990a, p.178).
Os antropotopônimos exercem o papel de verdadeiros registros, pois denotam
respeito às pessoas que de uma forma ou de outra participaram de maneira significativa do
desenvolvimento político, histórico e social de cada município, merecendo, por isso, serem
lembradas.
Do total de designativos analisados, houve também uma grande incidência de
hidrotopônimos (topônimos resultantes de acidentes hidrográficos em geral), perfazendo 156
num percentual de 7,4 %.
As mais belas imagens da Terra, aquelas que são aprazíveis aos olhos, à
fantasia, as que são um convite ao relaxamento, sempre têm a água em sua composição: as
ondas do mar, as cachoeiras, um riacho cristalino, a neve sobre as montanhas, os lagos
espelhados, a chuva a precipitar-se sobre a mata.Tornou-se impossível no mundo em que vive a
nossa sociedade dispensar o uso da água, seja para beber e cozinhar; seja para higiene pessoal e
320
do local em que vivemos; também para irrigar as plantações e prover a alimentação e, para
geração de energia e, por conseguinte, facilitar e melhorar a vida humana.
A água é um dos recursos naturais mais importantes encontrados na natureza.
Essencial para a vida no planeta, além de sua importância vital nos processos biológicos dos
seres vivos, tem exercido grande influência no desenvolvimento das civilizações ao longo da
história da humanidade.
A água sempre teve importância vital, desde o homem primitivo, servindo
como fonte de alimentação pela pesca, ou por lhe oferecer um meio para locomover-se e
descobrir novas áreas.Os rios, fontes de vida e vias de comunicação de todas as antigas
civilizações, possuíam importância simbólica significativa e a água representava o nascimento e
a morte, a origem e o fim da vida.Conforme Barbosa (2002, p.03),
nas cosmogonias de antigas civilizações, os corpos d’água eram elementos
considerados como sagrados e representavam o devir das coisas do mundo.
Destacando-se especialmente os corpos d’água formados pelos rios, em
função de suas influências contraditórias na história da vida humana, pois
fecundam e arrasam vales e planícies, carregam no seu dorso caminhos e
descaminhos para os viajantes, alimentam e penetram no tecido terrestre para
formar lagos e deltas. Heródoto afirmava que o Egito era uma dádiva do
Nilo. O mesmo podemos afirmar a respeito dos rios Tigre e Eufrates em
relação às civilizações mesopotâmicas, do Amarelo e do Azul para os
chineses e, do Indo e do Ganges para os indianos. Entretanto, os leitos
fluviais não significam apenas fluxos de água doce e veículos de sedimentos
que fertilizam terrenos e imprimem a renovação morfológica dos lugares. Os
rios significam muito mais do que acidentes geológicos traçados nos mapas.
Por descerem montanhas e colinas, ou sinuosamente penetrando em vales e
planícies, os rios carregam simbolicamente a existência humana e toda a sua imensidão de
desejos, sentimentos intenções e ões. Para além da sua importância na cultura material das
sociedades, os rios também carregam surpreendentes significações na história dos homens.
Nos primórdios da civilização, os grupos humanos para estabelecerem suas
relações comerciais, encontram nos rios o melhor caminho, acabando por transformá-los em
verdadeiros eixos econômicos, decorrendo dessa prática a multiplicação dos cleos urbanos
em suas margens.
Os rios foram definidos por Frederico Rondon (1945 apud DICK 1990a,
p.201) como “caminhos que andam”, pela função exercida de meio de transporte, oferecendo
aos indivíduos um intenso intercâmbio cultural pelo seu percurso.
321
No Brasil, desde o seu descobrimento, nota-se a importância dada aos cursos
d’água. Caminha (1500), na carta que escreve a Dom Manuel, revela a abundância das águas
aqui existentes: “águas são muitas e infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a
aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem”.
O homem, ao escolher uma localidade para viver, escolhe um espaço em que
a água seja abundante. Além da questão da sobrevivência, a procura por cursos d’água decorria
da busca por riquezas minerais, como ouro, prata, diamantes.
Ao fator utilitário que a água possui, Dick (1990a, p.197) ressalta um fator
mítico no cotidiano do homem:
o aspecto aventuresco que grandes volumes líquidos sempre despertaram nas
populações, verdadeira fascinação pelo desconhecido, que as levou a criar
lendas e figuras míticas, poemas e cantos, sagas de uma raça, todo um
maravilhoso enfim, resumindo um ideal de vida ou de morte.
O homem, procurando conhecer o universo que o cerca, deu estímulos à sua
sede de conhecimentos criando oportunidades para desvendar segredos e para construir ou
encontrar lugares onde pudesse se fixar e dar início a comunidades, vilas, aldeias e cidades. Isso
permitiu a ele aprender com suas descobertas e com seus erros e, até hoje, busca consolidar e
redefinir seus conhecimentos.
Desde os tempos mais remotos da ocupação do território paranaense, o
colonizador buscava nos rios que explorava a orientação para sua empreitada. Partindo-se do
pressuposto de que, no momento de denominar um rio, o procedimento mais natural é o de
designá-lo a partir de uma das particularidades mais marcantes, infere-se que várias foram as
motivações toponímicas.
Se um fluxo de água era translúcido, limpo, claro, como por exemplo, em
Água Branca (rio –Campina Grande do Sul, arroio- Guarapuava, Rio Branco do Sul), Água
Clara (arroio - Bocaiúva do Sul, Tibagi, rio - Palmeira), Rio Branco (serra- Guaraqueçaba,
ribeirão – Rio Branco do Sul) indicaria a presença de água potável e, portanto, seria possível ali
se estabelecer, produzir e construir uma vida de histórias.
Do mesmo modo, se fosse considerada a coloração das águas teria a
motivação para topônimos como Água Amarela (arroio - Bocaiúva do Sul), Água Azul e Água
322
Azulzinha (rio da – Lapa), Água Suja (arroio - Tibagi), pela qualidade da temperatura em Água
Quente (arroio Campo Largo, rio ndido de Abreu), Água Fria (Arroio Pir do Sul,
córrego – Tibagi), Água Morna (arroio – Ivaí).
Igualmente, ao transportar todo o seu encantamento pela água para o
topônimo, o denominador singularizava o acidente geográfico e diferenciava-o dos demais
tornando real a sua impressão, seja, pela dimensão/forma do acidente em Água Comprida
(arroio Bocaiúva do Sul), Água Parada (córrego Ivaí); pela beleza estampada na paisagem
como em Águas Belas (rio Guarapuava), e, se a razão fosse a homenagem a alguém como
Passo do Amâncio, Passo dos Pires (arroios – São José dos Pinhais), Passo do Romão (arroio –
Ipiranga).
Com relação aos acidentes geográficos, encontram-se topônimos que se
relaciona aos locais apropriados ao esporte e lazer, e que advêm de nomes como Cachoeira (rio
Antonina, Araucária, Guaraqueçaba, Lapa, arroio Araucária, Curitiba, arroio da - Cândido
de Abreu, ribeirão Laranjeiras do Sul, córrego da União da Vitória) Cachoeira Roncadeira
(ribeirão – Castro), Cachoeira Branca (rio – Guarapuava), Cachoeirinha (arroio – Guarapuava,
Clevelândia, rio- Matinhos, ribeirão- Arapoti); Cascata (arroio da - Clevelândia), Cascatinha
(rio – Curitiba).
Por outro lado, se vincularmos a força das águas ao perigo ou ao barulho,
tem-se motivação para designativos como Correntes (ribeirão da – União da Vitória), Roncador
(rio – Arapoti, Ipiranga, arroio – Bocaiúva do Sul).
Igualmente os locais em que rios nascem, ou desembocam também
contribuem com mero expressivo de topônimos enfatizando-se quanto ao estado de espírito
do nomeador como em Paranag
165
(baía - Guaraqueçaba, Paranaguá), Barra Mansa (córrego
Arapoti, ribeirão da - Jaguariaíva, rio –São José da Boa Vista), Barra Bonita (rio- Bocaiúva
do Sul, Cândido de Abreu), Barra Escondida (rio da - Cândido de Abreu), Barra Vermelha (rio
- Lapa), Barra Grande (arroio Reserva, rio - União da Vitória, ndido de Abreu), Barrinha
(rio da – Tibagi, Ipiranga, arroio - Cândido de Abreu), Fonte (rio da - Guaraqueçaba) e, tendo a
intenção de apontar a localização do acidente, como em Barra do Pito, Barra da Imbuia, Barra
do Doutor (rios - Cândido de Abreu), Barra do Encontro (arroio - Reserva), Barra do Cubatão
(ilha – Guaratuba).
165
Para esclarecer o significado dos topônimos, v. o Quadro I, das páginas 99 a 161.
323
Do mesmo modo, na toponímia do recorte analisado, encontra-se menção às
extensões de água estagnada, seja considerando a forma normal como Lagoa da Onça (ribeirão
Castro), Lagoa (rio da - Guarapuava, Morretes), Lagoa da Prata (arroio da - Palmeira),
Lagoa Preta (rio da Pinhão); para destacar a grandeza, profundidade e pequenez do lugar
como Lagoão (arroio Clevelândia, Guarapuava, Lapa, Palmas), Lagoãozinho (arroio -
Palmas), Lagoinha (arroio - Tibagi), Riozinho (rio Cândido de Abreu), Charquinho (arroio -
Guarapuava); e a ausência da água em Seco (rio – Antonina).
É importante lembrar que muitos dos hidrotopônimos desta pesquisa surgiram
da passagem de tropas (gado e cavalos) vindos de Viamão (RS) para Sorocaba (SP). Assim,
nesse vai-e-vem dos tropeiros, a busca pelos cursos d’água era uma constante para matar a sede
do rebanho embora surgisse um novo problema que era a questão da profundidade.
Para transpor os leitos dos rios com segurança, era necessário encontrar o
ponto apropriado, e em muitos dos municípios desta rota, destaca-se o elemento de maior
influência na denominação - passo (com 31 ocorrências), significando lugar no rio ou arroio de
passagem habitual.
Assim sendo, resgata-se hidrotopônimos como Passinho (arroio - Ipiranga),
Passo do Felisberto (córrego Arapoti), Passo da Areia, da Cruz, da Guarda, do Atalho, do
Pero, dos Marianos (arroios – Lapa), Passo do Romão (Arroio – Ipiranga), Passo do Bugre (rio
- Pinhão), Passa-passo (arroio - Lapa).
A alta incidência de topônimos referentes aos elementos de índole
hidrográfica comprova a importância da água na vida do denominador, elemento da natureza
sem o qual a humanidade não consegue viver e que carrega em si tão profunda e consistente
riqueza de significado.
Os litotopônimos destacaram-se com produtividade de 127 ou 6,0%. Os
topônimos de índole mineral refletem a natureza constitutiva dos solos e terrenos. A presença
dos litotopônimos em uma região está relacionada diretamente a dois fatos: um, de índole
genérica, específica às regiões da terra em sua constituição (areia, barro, lama, pedra, terra, por
exemplo); e outro, mais restrito, diz respeito a alguns momentos significativos da história de um
povo.
324
De acordo com Dick (1990a, p.126), esses fatos se interligaram no Brasil,
tornando muito difícil discorrer sobre um sem mencionar o outro. Sabe-se que, desde o primeiro
documento escrito nesta terra por Caminha, enviada ao rei de Portugal, Dom Manuel, ficou
evidente o principal interesse do europeu em relação ao Novo Mundo, que era o de encontrar
metais preciosos, criando a mística em torno da riqueza da terra.
Por meio da exploração do ouro, iniciou-se a ocupação humana do Planalto
Central. Com o declínio da fase áurea, surge como atividade posterior a exploração
diamantífera, em que a procura dos metais resultou em movimentos expressivos de diversos
grupos humanos, gerando algumas vezes, uma superposição litotoponímica (Dick, 1990b,
p.170).
Como exemplo, consoante Dick (1990b, p.170), podem-se encontrar marcas
expressivas na toponímia concernente ao ciclo do ouro em Minas Gerais; região que traz no
nome a caracterização de sua principal riqueza. Dessa maneira, nesse estado, desponta uma
variedade de expressões formadas com “ouro”, como córrego do Ouro, Ouro Preto, por
exemplo. Em outros pontos do território surge essa tipologia denominativa, como no Para
(ribeirão do Ouro Grande); Bahia (córrego do Ouro); no Rio Grande do Sul (arroio do Ouro).
Os minérios como diamante, prata (mais empregada que o ouro na toponímia
brasileira), cristal e elementos mais comuns como barro, lama, terra, pedra, laje, entre outros,
também foram fonte para o surgimento de topônimos em todo o território brasileiro.
Como dito anteriormente, o povoamento do Para começou no processo de
investigação e buscas auríferas. Os recôncavos, rios e sertões que circundam a baía foram
explorados até a descoberta ouro de lavagem nos vários rios que depois se chamaram rio dos
Almeidas, dos Correias, Guaraguaçu, ficando conhecidas como minas de Paranaguá.
Assim é que nos municípios analisados encontram-se expressões formadas
que recordam o Ouro (rio - Campo Largo, arroio do - Castro), Ouro Fino (rio - Bocaiúva do
Sul, Cândido de Abreu, Rio Negro); a sua cor Dourado (arroio - Ponta Grossa), Dourada (lagoa
- Ponta Grossa).
A prata tem maior expressividade toponímica do que o ouro, sendo mais
freqüente o próprio sintagma simples como em: Prata (rio da Campo Largo, São José dos
325
Pinhais, serra da - Cândido de Abreu, Morretes, Paranaguá, água da - São José da Boa Vista,
ribeirão da - União da Vitória).
Quanto às pedras preciosas que constituíam objetos extraídos das lavras e das
catas, tem-se Cristal (rio - Araucária, Morretes); da mineração Diamante (rio - Jaguariaíva,
arroio - Lapa).
Litotopônimos mais comuns, que envolvem elementos como barro, terra ou
pedra, aparecem na nomenclatura geográfica em um número maior de ocorrências. Desse modo
tem-se: Barro Preto (arroio - Cândido de Abreu, Guarapuava, rio - Palmas, córrego - São José
da Boa Vista, Wenceslau Braz), Barro Seco (arroio - ndido de Abreu), Barro (rio do -
Pinhão), Barreiro (córrego – Arapoti, rio - Guarapuava, Guaraqueçaba, Lapa, Reserva, lajeado -
Ivaí, rio do - Reserva), Barreirinho (rio Cândido de Abreu, arroio - Ivaí, reserva, córrego
Wenceslau Braz), Barreado (córrego- União da Vitória).
Em composições ou derivações tem-se: Terra Boa (ribeirão - Campina
Grande do Sul) Terra Seca (córrego - Guaraqueçaba), Terra Vermelha (rio - Ponta Grossa).
Têm-se ainda como motivadores nas designações o termo Areia Branca (água - Bocaiúva do
Sul, rio - Rio Negro, arroio - Tibagi), Areia Preta (rio - Reserva), Areiazinho (arroio - Ipiranga),
Areia (rio da Lapa, Palmeira, Pinhão).
O substantivo pedra, encontrado nas denominações, tem como fonte
motivadora a cor como em: Pedra Vermelha (arroio - Cândido de Abreu), Pedra Azul (arroio da
- Lapa), Pedra Branca (morro da ndido de Abreu, Guaraqueçaba, Guaratuba, Matinhos,
morro - Ivaí, rio da - Guarapuava, serra da - São José dos Pinhais, arroio - Tibagi, córrego da -
União da Vitória), apenas Pedra (córrego da Bocaiúva do Sul, arroio - Ponta Grossa, água -
o José da Boa Vista), Pedras (rio das - Bocaiúva do Sul, Guarapuava, Palmeira, Paranaguá,
ilha - Paranaguá, arroio- Lapa, rrego - Palmas, Piraquara, ribeirão - São José dos Pinhais,
Tibagi, lajeado - Rio Negro), e finalmente nos nomes derivados em Pedregulho (lajeado do -
Castro), Pederneiras (rio - Bocaiúva do Sul, Guaraqueçaba).
Ainda dentro dos designativos toponímicos, pode-se destacar o sintagma
lajeado, que ocorre na categoria simples ou composto, a saber: Lajeadão (arroio Cândido de
Abreu, rio - Ivaí), Lajeado (arroio - Cândido de Abreu, Ivaí), Lajeado Bonito (arroio - Pinhão),
Lajeadinho (arroio - Ivaí), Lajeado Grande (rio - Guarapuava, Pinhão, ribeirão- Jaguariaíva,
326
arroio- Ponta Grossa), Lajeado Raso (rio - Guarapuava), Lajeado Liso (arroio - Lapa), Laje
(arroio da - Guarapuava, Ponta Grossa, rio da - Guaratuba). Dentro ainda desta categoria temos
um outro elemento motivador para topônimos como Cinzas (rio das Arapoti, Jaguariaíva,
Piraí, Wenceslau Braz).
Na análise da categoria litotoponímica, não se pode ignorar a influência de
elementos motivadores de origem indígena como ‘itá (com primitivo significado de ‘pedra’).
Os topônimos compostos no próprio código linístico indígena abrangem as mais variadas
motivações como em: Itaqui (rio - Campo Largo, Guaraqueçaba, Piraquara, São José dos
Pinhais, baía, enseada, serra do - Guaraqueçaba) - mó, pedra de afiar, Itacolomi (ilha -
Guaratuba) - de ita-curumi: o menino de pedra ou pedra-menino, Itaguá (morros-Matinho) - itá-
guá, significando pedra ou argila variegada, de cores diversas, Tag (rio - Guarapuava,
morro - Guaratuba, Matinhos).
que se destacar ainda Tabatinga (rio –Guaratuba) que se refere ao barro
branco, o barreiro de argila branca, Sambaqui (ilha do, rio do- Guaraqueçaba, rio- Morretes,
Paranaguá) que é o mesmo que ostreira.
Os sociotopônimos, ou topônimos relativos às atividades profissionais, locais
de trabalho e aos pontos de encontro da comunidade (largo, pátio, praça), se destacaram como a
quarta taxionomia no corpus, com índice numérico de 123 e com um percentual de 5,8% .
As atividades econômicas do estado do Paraná resultam desde seus
primórdios, em sua grande parte, da combinação de seu solo com o clima. Tem-se como certo
que as atividades das primeiras povoações paranaenses, por mais de dois séculos, se exerceram
à beira dos rios auríferos e no pastoreio (Asari, 1978, p.210).
A atividade de busca de minérios representa, talvez, o mais importante papel
na história do Brasil, se nem sempre econômico, contudo de extrema relevância social e
cultural. Juntamente com a caça do ouro, iniciaram-se as primeiras vindas de gado bovino para
a região, abrindo caminho para o ciclo dos tropeiros várias décadas depois.
Como principal conseqüência do ciclo do ouro no Paraná, ocorreu o
povoamento inicial da região e a conquista definitiva desse território. Durante o ciclo surgiu
uma pequena agricultura abastecedora dos arraiais e vilas, de todo dedicados à mineração do
327
ouro. Quando se esgotou esse metal, a ocupação do território permaneceu baseada numa
agricultura de subsistência (Ferreira, 1999, p.36).
Mapa 1 - Localização do Estado do Paraná, com as primeiras vilas formadas em função dos
garimpos
166
.
No que se refere ao local de trabalho ou ao espaço aludido a extração de
minérios ou elementos do solo, pode-se constatar a motivação para sociotopônimos como:
Faisqueira (rio - Antonina, Guaraqueçaba, Tibagi, arroio da - Ponta Grossa, morro da -
Guaraqueçaba), Faisqueiro (ribeirão Rio Branco do Sul), Lavrinha (rio - Guaraqueçaba),
166
Disponível em: calvados. c3sl.ufpr.br/geociencias/ nclude/getdoc.php?id=452&article=195&mode=pdf.
Acesso: 24 mar.2005.
328
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Lavras (rio das - Bocaiúva do Sul, ribeirão - Campo Largo), Olaria (ilha da - Antonina, arroio -
Castro, Ipiranga, arroio da Ponta Grossa, ilha - Guaraqueçaba), Casqueiro (ilha do -
Guaratuba), Caieiras (morro das - Guaratuba).
Numa referência à presença específica dos tropeiros - agentes da conversão
de trilhas em caminhos e depois em estradas - suas atividades foram semeando pelo caminho os
‘encostos’, pousos em pasto aberto que depois se transformaram em ‘ranchos’, abrigos
construídos, pontos de partida para a formação de vilas e povoados. Em torno do movimento
das tropas, foram surgindo novas profissões: o peão domador, o ferrador, o coureiro, o
rancheiro.
Entende-se ser relevante trazer o exposto por Dick (1990b, p.57), citando que
“em função das áreas geo-sócio-econômicas podem-se determinar áreas toponímicas correlatas,
ou seja, zonas demarcadas pela maior concentração de nomes de uma mesma tipologia
classificatória”.
Desse modo, da atividade campeira pode-se ter a motivação para topônimos
como: Fazenda (ribeirão da - Campo do Tenente, serra da - Guaraqueçaba, arroio da - Ponta
Grossa), Fazenda Velha (córrego - Wenceslau Braz), Retiro (morro do, rio do Paranaguá) ,
Retiro dos Patinhos (córrego- Bocaiúva do Sul), Invernada (ribeirão - Bocaiúva do Sul, arroio
da - Castro, Jaguariaíva, Ponta Grossa), Invernada Grande (rio - Bocaiúva do Sul), Invernada
Velha (arroio- Reserva, rio Tibagi). Também era imprescindível que houvesse, nas longas
jornadas, um local onde pudessem descansar, surgindo nomes como Tibagi - rio do pouso (rio -
Ipiranga, Palmeira, Ponta Grossa, Tibagi).
Cabe destacar também os sociotopônimos: Engenho (rio do - Campina
Grande do Sul, enseada do - Guaraqueçaba, serra do Guaratuba, arroio do - Ipiranga),
Engenho Grande (ribeirão do - Guaratuba), Engenho Novo (arroio - Ipiranga), Engenho Velho
(arroio - Ponta Grossa), Cercado (arroio - Castro).
Com base nos argumentos apresentados, deduz-se que o tropeirismo
também colaborou no surgimento dos topônimos: Reserva (rio - Pinhão, município de),
Rondinha (arroio - Araucária, Lapa, arroio da - Palmeira, rio - Pinhão), Rodeio (rio - Bocaiúva
do Sul, ribeirão - Campo do Tenente, arroio do - Ponta Grossa), Arrieiros (lomba do - Castro),
329
Charqueada (rio - Guarapuava, ribeirão - Reserva), Potreirinho (ribeirão do - Campo do
Tenente, arroio - Palmeira), Curral (arroio do - Castro, ilha do – Paranaguá).
O fato de, no recorte toponímico pesquisado, ter havido uma ocorrência
bastante significativa de sociotopônimos evidencia como as atividades sociais, de maneira
geral, influenciaram o denominador na ocasião da escolha de um topônimo para um acidente
geográfico. De certa forma, os pontos de trabalho também se configuram como pontos de
encontro, como se nota nos designativos Botequim (rio do - Guaraqueçaba) e Meleiro (arroio -
Lapa).
Outra categoria, com expressiva representatividade no corpus, com 113 ou
5,4%, é a dos ergotopônimos, que se baseiam em elementos da cultura material do homem.
Jules David Prown (1993 apud Nogueira, 2002, p.01) define que o estudo da cultura material
tem o propósito de “(...) entender a cultura, de descobrir as crenças os valores, as idéias, as
atitudes e as pretensões de uma determinada comunidade ou sociedade num certo tempo”. A
cultura está sempre e primeiramente ligada à atividade mental do Homem.
Cultura é sem vida tudo aquilo que recebemos, herdamos e recriamos na
nossa sociedade e para a nossa sociedade. Cultura material é, pois, tudo aquilo que o homem
cria ou concebe e que utiliza na sua vida quotidiana, de modo a extrair do meio envolvente tudo
o que necessita. Como a realidade é apreendida materialmente, carrega consigo práticas que,
quotidianas ou não, são criadas, incorporadas e ratificadas pelo social, enquanto construção
política.
Dentro dessa perspectiva podemos alegar a profunda ligação existente desde
tempos imemoriais entre o homem e os utensílios/objetos /artefatos
167
criados e recriados para
satisfazer as suas necessidades. Qualquer objeto, por mais rude ou singelo que seja, é fruto de
criação intelectual e do trabalho criativo do ser humano.
167
Qualquer que seja a terminologia empregada remete ao fato de ser útil ou necessário aos usos do cotidiano, da
vida diária.
330
Muitas questões se colocam quanto à importância destes elementos na vida de
todos nós e na caminhada evolutiva da humanidade. O que se percebe é que rodeados de objetos
encontramo-nos, inevitavelmente, rodeados de muitas histórias.
Os objetos, aqui vistos como formas individuais de cultura material ou
produto deliberado da mão-de-obra humana, são, pois, capazes de vencer as barreiras temporais
e espaciais. Vencem o tempo e a idade, porque perduram para além da sua época. Vencem
espaços e distâncias, porque “viajam” para além das suas fronteiras originárias, transcendendo a
fronteira do tempo e do espaço. Dos objetos é conhecida a sua faceta “viajante”; eles circulam
no seio das sociedades humanas e, por isso, um mesmo objeto pode adquirir diversos
significados em mais de um contexto ou lugar.
Contudo, o fato de esses elementos possuírem esta característica da
intemporalidade, pertencem a um determinado tempo e definem uma determinada época. Por
meio do seu estudo, podemos mesmo traçar a história de certa comunidade, como podemos ir
mais longe e traçar até o perfil da atividade profissional que concebeu esse objeto e do artesão
que lhe deu corpo. Elementos como a cor, materiais usados, texturas, formas e motivos
decorativos configuram-se como tipificadores de um determinado momento no tempo.
Do mesmo modo é que, com a curiosidade e muitas vezes por acidente, o
homem foi descobrindo, desde épocas pré-históricas, outros materiais, os quais permitiam criar
novos objetos que facilitaram sua vida e de seu grupo. Admite-se a importância de elementos da
cultura material de uma civilização, a partir da descoberta de vestígios, encontrados nos
sambaquis e sítios arqueológicos
168
, alvos de investigação da Arqueologia
169
.
Determinados períodos da história de um país são especialmente
significativos, não porque representam um rompimento radical com as estruturas sociais,
políticas ou econômicas anteriores, mas porque neles os agentes históricos procuram dar novas
168
De acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o Paraná possui 928 sítios
arqueológicos.
169
A palavra Arqueologia vem do grego archaîos (antigo) + logos (conhecimento, estudo), ou seja, o estudo do
que é antigo. Com o desenvolvimento das ciências humanas, o conceito atual de arqueologia tornou-se mais
amplo, podendo ser entendida como sendo a disciplina que estuda as sociedades atuais ou passadas através da
cultura material, ou seja, através dos objetos e vestígios materiais, da sociedade estudada. A arqueologia tem por
objetivo a reconstituição das culturas humanas, a partir de teorias, métodos e técnicas específicas. Assim, é a
cultura humana que tentamos reconstituir e interpretar. Disponível em http:// www.arqueologia.arq.br. Acesso:
30 mar.2005.
331
dimensões e significados à realidade passada a fim de construírem no presente um mundo
adequado a seus próprios projetos.
O estudo das evidências arqueológicas provenientes de unidades domésticas
tem se revelado como uma das mais fecundas vias de pesquisa da Arqueologia Histórica.
Considerados como vestígios do comportamento humano do passado, esses elementos materiais
da cultura se apresentam como uma fonte que, ao contrário dos registros escritos, não pode ser
distorcida segundo os interesses e valores das pessoas que a produziram, evidenciando,
portanto, os aspectos não conscientes e, nas palavras de Lima et al. (1989 apud SYMANSKI,
1997, p.01), “... por isso mesmo altamente reveladores da estrutura de uma sociedade”.
Com relação ao Paraná, os indígenas deixaram por todo o estado “vestígios
170
de sua cultura material, ou seja, os objetos e utensílios por eles criados. Esses vestígios são
objetos elaborados em pedra (lâminas de machados, os de pilões, pontas de flechas,
raspadores), fragmentos de cerâmica utilitária, pinturas e gravações rupestres, restos
alimentares, sepultamentos, etc.”.
Desse modo, a coleção de elementos da cultura material indígena contribuiu
para o surgimento de topônimos como: Mundéu
171
(rio - Campina Grande do Sul, córrego -
Palmas), Moquém (arroio - Cândido de Abreu, Ipiranga, Tibagi, rio - Guaraqueçaba, ribeirão -
Ponta Grossa), Guarina (ribeirão - Castro), Canoinhas (rio - Arapoti), Massarapuã (morro -
Guaraqueçaba).
Ainda com relação aos ergotopônimos, olhando para a contribuição da cultura
portuguesa na formação dos topônimos paranaenses, alguns fatos históricos merecem ser
revistos, entre eles o tropeirismo.
Assim, se a intenção é delimitar a área geográfica e os fatores históricos que
motivaram o surgimento do movimento tropeiro, constata-se que o tropeirismo não foi somente
a alternativa de transporte ou o ciclo econômico e social que substituiu o bandeirismo no início
do século XVIII; teve relação direta com o povoamento brasileiro, contribuiu para a
consolidação de fronteiras e mudou a história das relações comerciais no país.
170
Disponível em: http://geocities.yahoo.com.br/arqueologiapr/principal.htm. Acesso: 30 mar.2005.
171
Para esclarecer o significado dos topônimos, v. o Quadro I, das páginas 99 a 161.
332
Desse modo, na antiga rota das tropas ainda existem diversos vestígios de
fazendas, pousos, capelas que confirmam a existência/ importância desse ciclo, fazendo
despontar nomes que sugerem elementos úteis ao trabalho dos tropeiros como: Freio (arroio -
Guarapuava), Ferro (morro - Castro), Guarina (ribeirão da - Castro), Lanceta (rio -
Guarapuava), Maromba (rio - Reserva).
Igualmente, despontam designativos dos quais se podem entender como
facilitadores na locomoção das tropas: Ponte Coronel (arroio - Cândido de Abreu), Tabuão (rio
- Castro), Prancha (arroio da –Ponta Grossa), Varejão (arroio- Clevelândia), Pinguela (rio -
Ipiranga), Jangada (rio - União da Vitória), Estiva (arroio - Bocaiúva do Sul, rio da - Lapa,
Palmas), Batel (arroio - Arapoti, São José da Boa Vista, Wenceslau Braz); para carregar os
pertences durante o trajeto: Baú (arroio - Clevelândia, rio do - Guarapuava) e como defesa:
Bocamarte (rio - Guaratuba).
A viagem dos tropeiros conduzindo seus animais era longa e cansativa, o que
os obrigava a procurar abrigo para se proteger e descansar. Acrescente-se, ainda, a importância
de preparar a comida e da diversão após a longa jornada. Pelo levantamento realizado
destacamos os ergotopônimos que refletem essas circunstâncias como: Porteira (arroio da -
Ipiranga, rio das - Lapa), Cochos (rio dos - Lapa).
E também, Pilão Velho (arroio – Cândido de Abreu), Pilão de Pedra (arroio –
Ponta Grossa), Gamelas (ilha das - Guaraqueçaba), Gamelão (arroio Cândido de Abreu),
Moquém (arroio - Cândido de Abreu, Ipiranga, Tibagi, rio Guaraqueçaba, ribeirão Ponta
Grossa), Moinho do Engenho (lajeado do - Palmas), Monjolo (arroio - Castro, Ponta Grossa,
córrego - Guarapuava, rio do - Lapa, o José dos Pinhais, arroio do - Palmeira, ribeirão do -
Tibagi), Monjolo Velho (arroio - Cândido de Abreu), Manjolo (arroio - Clevelândia),
Monjolinho (serra do - Reserva), Capilé (arroio - Clevelândia), Sanfona (córrego - Arapoti),
Viola (arroio da - Guarapuava, Ponta Grossa).
Percebe-se, dessa forma, que o homem registra nos topônimos a valorização
dos elementos de sua cultura material, e que os utensílios/objetos /artefatos podem, portanto, ser
vistos como a imortalidade das nossas histórias, das nossas vivências cio-culturais e, para,
além disso, explicam e justificam a forma de estar em sociedade de cada um dos povos que
representam.
333
Também se destacam, tanto quantitativa quanto qualitativamente, os
animotopônimos, com cerca de 5,0% ou 106 ocorrências. São os topônimos relativos à vida
psíquica, à cultura espiritual, abrangendo todos os produtos do psiquismo humano, cuja
matéria-prima, como fator cultural, não pertence ao meio físico propriamente dito. Percebem-se
nesses topônimos manifestações do estado anímico do denominador frente ao acidente a ser
nomeado.
Segundo Isquerdo (1996, p.118), os animotopônimos podem ser subdivididos
em eufóricos e disfóricos. Assim, quando um topônimo manifestar “sensação de perfeito bem-
estar, boa disposição de ânimo será considerado eufórico; e quando manifestar “sensação
desagradável, ansiedade, desassossego, expectativas não muito otimistas”, se chamado
disfórico.
Como dito anteriormente, o desenvolvimento do estado do Paraná, que
compreende o período da povoação e/ou colonização de 1648-1853, se deve em grande parte
aos ciclos econômicos que se sucederam a partir da descoberta de ouro nos cursos dos rios que
descem da Serra do Mar.
Considerando a realidade sócio-histórico-cultural do grupo colonizador, nos
sintagmas toponímicos, Pasmado (rio - Guaraqueçaba), Tristeza (ribeirão – Rio Branco do Sul),
Triste (rio - Guaratuba), Manhoso (córrego - Arapoti, lajeado - Tibagi), Encrenca (arroio da -
Ponta Grossa), Feio (rio - Laranjeiras do Sul, lajeado - Pinhão), Desencantadas (morro das -
Paranaguá), Chorão (rio - Pinhão), nota-se a manifestação de um sentimento disfórico do
denominador em relação ao acidente geográfico, talvez algum fato ruim acontecido no local.
O total dos animotopônimos analisados demonstra, no entanto, em sua
maioria um sentimento eufórico em suas significações, revelando as perspectivas otimistas do
grupo.
Desse modo, há sentimentos de: i.) recomeço: Mundo Novo (rio- Paranaguá),
Alvorada (morro- Piraquara),ii.) admiração e encantamento pelo local: Boa Vista (morro da -
Antonina,morro- Campo Largo, rio Curitiba, serra da- Guaratuba, arroio- Lapa, lajeado-
Palmas), Bela Vista (arroio- Guarapuava,Ponta Grossa), Belo (rio- ndido de Abreu), Beleza
(arroio- Campo Largo),Bonito (rio Antonina, Campina Grande do Sul,Guarapuava, Lapa,
córrego- Palmas, arroio Ipiranga, Pinhão, Reserva), Mimosa (ilha- Guaraqueçaba), iii.)
334
felicidade: Alegre (rio- Guaratuba, Paranaguá, Tibagi), Graciosa (serra da- Campina Grande do
Sul, serra- Morretes), Gracioso ( rio- Campina Grande do Sul), iv.) esperança e prosperidade:
Boa Esperança (serra- Jaguariaíva), Esperança (serra da- União da Vitória), Fortuna (rio-
Guaraqueçaba,Morretes), Fartura (arroio da Laranjeiras do Sul, córrego da - União da Vitória,
rio- Wenceslau Braz), v.) adaptação e bem-estar: Bom Retiro (arroio- Guarapuava), Bom
Jardim (arroio- Ivaí, Jaguariaíva, rio- Morretes), Boa Sorte (rio- Guarapuava), Paraíso
(ribeirão- Bocaiúva do Sul), Harmonia (rio- Tibagi), vi.) espírito combativo: Batalha (rio-
Guaraqueçaba), Custódia (serra da- Guaraqueçaba), Guerreiro (lajeado- Clevelândia),
Encrenca (arroio da Ponta Grossa), Despique (rio- Lapa, São José dos Pinhais), Cilada
(arroio- Jaguariaíva),vii.) solidariedade: União (rio- Guaratuba, Laranjeiras do Sul), União da
Vitória (município), Piedade (arroio- Ponta Grossa, rio- Rio Branco do Sul).
Mesmo após a classificação semântica dos topônimos, com base na proposta
de Dick (1990b), alguns designativos ainda suscitamvidas.
Julga-se conveniente destacar que as classificações apresentadas no Quadro I
- Quadro geral dos dados lexicográficos e toponímicos dos municípios paranaenses fundados
entre 1648 e 1853, procuram se aproximar o ximo possível da motivação real, embora tenha
sido necessário, em algumas situações, levantar hipóteses, principalmente na ausência de
maiores informações sobre os tonimos.
Desse modo, resgataram-se alguns topônimos, que podem admitir outros
motivos na sua denominação, além daquele escolhido para esta pesquisa, e que, se
enquadrariam em mais de uma taxionomia. Visualiza-se melhor este objetivo com o quadro a
seguir:
335
Quadro VI QUADRO DE TOPÔNIMOS COM TAXIONOMIA
ADOTADA E TAXIONOMIA POSSÍVEL
TOPÔNIMO
TAXIONOMIA
ADOTADA
172
TAXIONOMIA POSSÍVEL
Repartição geomorfotopônimo
sociotopônimo - seção, divisão ou serviço de organização ou
estabelecimento destinado a atender interesses comunitários
(ABHF).
Aterradinho geomorfotopônimo litotopônimo – de aterrado: terreno resultante de aterro (ABHF).
Lambedor geomorfotopônimo
zootopônimo himenóptero: animais artrópodes, da classe dos
insetos, [...],incluem as abelhas,as vespas, os marimbondos e as
formigas (ABHF).
Parati geomorfotopônimo
zootopônimo - tupi -pira’ti: peixe branco- provavelmente pi’ra:peixe
e ‘tinga’: branco, claro (AH).
Pulador geomorfotopônimo hidrotopônimo – considerando-se o aspecto da água.
Saltinho geomorfotopônimo hidrotopônimo - considerando-se o aspecto da água.
Braço geomorfotopônimo hidrotopônimo - considerando-se o aspecto da água.
Torres geomorfotopônimo antropotopônimo - originário da família Torres.
Encontro geomorfotopônimo hodotopônimo – meio que possibilita uma passagem/travessia.
Encruzilhada geomorfotopônimo hodotopônimo - meio que possibilita uma passagem/travessia.
Botinha geomorfotopônimo
ergotopônimo - diminutivo de bota: bota de cano curto, para senhora
ou criança (ABHF).
Pururuca geomorfotopônimo
ergotopônimo - com a pele torrada, crespa e crocante, como
torresmo (diz-se de alimento, especialmente leitão assado) (AH).
Azeite geomorfotopônimo
ergotopônimo - substância líquida e gordurosa extraída da azeitona,
usado na alimentação, lubrificação etc. (AH).
Cadeado geomorfotopônimo
ergotopônimo - cadeia ou corrente, especialmente quando usado
para prender, fixar ou fechar algo (AH).
Chapéu geomorfotopônimo
ergotopônimo - peça do vestuário masculino e feminino destinada a
cobrir a cabeça, [...] (AH).
Chapeuzinho geomorfotopônimo ergotopônimo - idem
Panelas geomorfotopônimo
ergotopônimo vasilha de barro ou de metal destinada à cocção de
alimentos (ABHF).
Caixão geomorfotopônimo ergotopônimo – caixa grande (ABHF).
Papudo geomorfotopônimo somatotopônimo- que tem papo grande (ABHF).
Cavalhada sociotopônimo zootopônimo – porção de cavalos, gado cavalar (ABHF).
Seco hidrotopônimo litotopônimo – lugar ou terreno seco, enxuto (ABHF).
Órgãos ergotopônimo
somatotopônimo - derivação: por analogia: parte de um conjunto
qualquer de elementos, organizado e comparável a um ser vivo, que
possua função definida, especializada AH).
Arrasto ergotopônimo
geomorfotopônimo sulco nos declives das montanhas, produzido
pela lenha tombada pelos lenhadores (ABHF).
Manilha ergotopônimo fitotopônimo – variedade de fumo (ABHF).
Sururuca ergotopônimo
fitotopônimo - planta perene (Passiflora setacea) da família das
passifloráceas, [...] ; surucura (H).
172
Para esclarecer o significado dos topônimos, v. o Quadro I, das páginas 99 a 161.
336
Matos fitotopônimo antropotopônimo – originário da família Matos.
Pelado/Pelada fitotopônimo estematotopônimo – a que se tirou a pele; esfolado ABHF).
Descoberto sociotopônimo estematotopônimo – que não está coberto;nu (ABHF).
Bacaetava sociotopônimo
litotopônimo - baque-itá-aba: que corre poe declives ou por degraus
em pedras (OB).
Fincão zootopônimo
ergotopônimo - haste de madeira que, em posição vertical, sustenta a
lousa de uma armadilha (AH).
Cordeiros zootopônimo antropotopônimo – originário da família Cordeiro.
Calista antropotopônimo
fitotopônimo -ver dendróbio: designação comum às plantas do
gênero Dendrobium, da família das orquidáceas, [...] (AH).
Pinto antropotopônimo zootopônimo – filhote da galinha ainda novo; franguinho (ABHF).
Lanças antropotopônimo
ergotopônimo arma ofensiva ou de arremesso; haste de madeira
terminada por ferro pontiagudo (ABHF).
Pimpão antropotopônimo animotopônimo – vaidoso, jactancioso (ABHF).
Machados antropotopônimo
ergotopônimo instrumento cortante que se usa,encabado, para
rachar lenha, aparelhar madeira, etc (ABHF).
Modelo animotopônimo ergotopônimo – objeto destinado a ser reproduzido por imitação.
A primeira vista, os topônimos Calista, Pinto, Lanças, Pimpão, Machados,
poderiam sugerir classificações diferentes. Entretanto, a busca da história da ocupação do
território paranaense deu uma orientação segura para classificar, por exemplo, Lanças como
antropotopônimo, pois houve uma família de sobrenome Lança que participou no povoamento
quando toda a região de Arapoti, Jaguariaíva, Piraí do Sul e demais municípios pertenciam à
comarca de Castro.
Diante dos fatos apresentados, o que se pode concluir é que a falta de
informações confiáveis sobre nomes como estes dificulta a classificação. Isso ocorre pelo fato
de a origem e o motivo dos topônimos estarem distantes do pesquisador e deles não se terem
encontrado documentos comprobatórios, seja na história oficial do Paraná e dos municípios,
seja na história oral, ou até mesmo nos documentos manuscritos de que se dispõe tanto no
CDPH e como na sala de Projetos do Departamento de Letras, junto ao Projeto de Pesquisa
“Para a história do português brasileiro no Paraná”.
4.5 Distribuição numérica e percentual dos topônimos dos municípios paranaenses
fundados entre 1648 e 1853, segundo a Estrutura Morfológica
337
Dick (1990b, p.13) classifica os elementos morfológicos dos topônimos, que
se dividem em: topônimo ou elemento específico simples; topônimo composto ou elemento
específico composto e topônimo brido ou elemento específico híbrido. O primeiro é aquele
que se define por um formante, como em rio Abobreira, podendo apresentar-se também
acompanhado de sufixos (ou outras procedências lingüísticas), como em rio Canoinhas, rio
Capinzal e terminação em lândia, como em Clevelândia. O topônimo composto é o que
possui mais de um elemento formador, como em ribeirão Morro Grande.
Embora não se discorde da classificação proposta por Dick, entende-se que o
topônimo híbrido pode, na maioria dos casos, se encaixar dentro da classificação do topônimo
composto, pois, recebe em sua configuração elementos lingüísticos de procedências diferentes,
como por exemplo, a formação indígena + portuguesa, rio Ipanema do Sul ou portuguesa +
indígena, rio Passa Una.
Neste sentido, alguns aspectos chamam a atenção quando se aborda a
classificação de um topônimo como híbrido. É consensual entre os autores Cegalla (1980, p.58),
Nicola e Infante (1997, p.98), Lima (1972, p.97), Monteiro (1991, p.182), Bechara (2000,
p.372), Cunha e Cintra (1985, p.113) que o hibridismo pode se constituir de palavras ou
processo de formação destas a partir de línguas/idiomas/elementos diferentes.
Acerca deste assunto, Rocha (1997, p.72) também compartilha da mesma
definição, mas considera que em “homem-show, disco-laser, estamos diante de formações
híbridas compostas. Em shakespeareano, behaviourismo, estamos diante de formações híbridas
simples (derivação afixial)”. O autor traz à tona a discussão da lingüística diacrônica ao
considerar como híbridas as palavras bicicleta (latim + grego), automóvel (grego + latino) e
goiabeira (tupi+português).
Na perspectiva sincrônica, segundo Rocha (1997, p.72), estas formações “não
são híbridas, pois a competência lexical do falante não considera os elementos formadores das
palavras como pertencentes a línguas distintas, mas sim, como bases e afixos da língua
portuguesa”.
E prossegue afirmando que, se bi-, auto-, goiaba - não são formas do
português, seria o mesmo que negar as “desinências - va, - mos, -s, os sufixos - ense, -ano, os
338
prefixos pré-, re- e anti- e as raízes terr-(a), livr-(o) sejam do português”, que todas essas
formas são “naturais aos falantes de nossa língua”, apesar de suas origens no latim ou no grego.
Corroboram na questão Silva e Koch (2001, p.36), ao afirmarem que não
consideram o hibridismo como um novo processo de formação vocabular e mais, o “falante
nativo, o consegue depreender sincronicamente a origem da palavra”, e, portanto, não tem
condições de determinar a língua de origem”. As autoras asseveram ainda que “só num estudo
diacrônico ou num levantamento etimológico” é que se cogitaria a procedência “deste ou
daquele morfema”.
Desse modo, consideram que classificar uma palavra como híbrida não pode
ser como um “processo à parte, mas enquadrá-lo entre os casos de justaposição, quando resulta
de junção de dois morfemas lexicais ou entre os de derivação, quando é formado pela
combinação de afixo e morfema lexical”. No tocante ao termo, Câmara Junior (1974, p.214)
acrescenta que no hibridismo são
particularmente importantes os compostos de elemento grego com elemento
latino exs: autoclave (gr.autós, lat.clavis), e que o nome provém da
associação de idéias que um tanto artificialmente se fez entre esses
compostos e os seres gerados pela conjunção de reprodutores de espécies
diferentes (planta brida, animal híbrido, na botânica e na zoologia,
respectivamente) e tem uma conotação condenatória; mas esses compostos
decorrem, em princípio, da circunstância dos elementos se terem integrado
no mecanismo da língua que faz a composição, e a sua origem diversa só ter
um sentido diacrônico, que não é levado em conta na sincronia.
Justificando o emprego dos compostos híbridos, diz Napoleão Mendes de
Almeida (1986, p.404-405) que é aceitável uma palavra híbrida: i.) quando os elementos
existiram, isoladamente, e forem de largo uso no vernáculo: alcoômetro rabe e grego);
minerologia (latim e grego); automóvel (grego e latim); polivalente (grego e latim); ii.) quando
um dos elementos, por ser muito usado em outros compostos, tiver perdido o caráter
estrangeiro: sociologia (latim e grego) e televisão (grego e português); iii.) quando um dos
elementos não puder de forma nenhuma ser tirado por ter sentido especial: galvanotipia (o
primeiro elemento é tirado do nome de célebre físico italiano); burocracia (já nos veio formado
de francês: bureau escritório, cracia, grego-governo); iv.) quando de todo consagrado, com
direitos em nossa língua: monóculo (grego e latim); sociologia (latim e grego) e centímetro
(latim e grego).
339
Diante das considerações e constatações acima, considera-se na queso
referente à estrutura morfológica, o hibridismo como elemento constituinte da linguagem,
resultante de um contínuo processo de transculturação, no qual embora não haja mais nenhuma
das identidades originais, ainda guarda traços delas.
Como se sabe, não línguas puras, pois, sempre se nota a influência das
estrangeiras. Em se tratando da nossa língua, nessa forma de composição, os falantes já sentem
como portugueses os elementos de procedência diversa, especialmente os sufixos, e isso
justifica a estrutura híbrida.
o se pode negar que os termos híbridos espelham a história, o dinamismo
cultural presente no país e a dinamicidade da língua portuguesa falada no Brasil. Assim, para
esta pesquisa o topônimo híbrido se encaixa dentro da classificação do topônimo composto.
4.5.1 Apresentação e análise dos gráficos IX e X
GRÁFICO IX - DISTRIBUÃO NUMÉRICA DE
TOPÔNIMOS, SEGUNDO A ESTRUTUTRA
MORFOLÓGICA
1664
444
simples
composto
340
GRÁFICO X - DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DE
TOPÔNIMOS, SEGUNDO A ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
78,9%
21,1%
simples
composto
Os gráficos IX e X demonstram a produtividade dos topônimos dos
municípios paranaenses fundados no período que compreende 1648 a 1853 de acordo com a sua
estrutura morfológica. Nesta classificação não se considera o elemento genérico do sintagma
toponímico (rio, córrego, serra, ribeirão), mas, apenas o elemento específico.
Para esta pesquisa o modelo escolhido foi de enfocarem-se somente os
acidentes geográficos físicos, portanto, os primeiros a receberem nome, e que a princípio o
designador pode ter recorrido à tendência natural do processo de designação a partir de nomes
descritivos.
Neste sentido, acredita-se que por meio de um substantivo ou de um adjetivo
como em rio Bonito, rio Barreiro, o signo toponímico representa uma projeção aproximativa
do real, tornando clara a natureza semântica (ou transparência) de seu significado.
Dick (1995, p.60), ao expor sobre o processo de nomeação dos acidentes
geográficos, atesta que:
os primeiros topônimos funcionavam, portanto, como verdadeiros “sign-
posts”, ou marcas semióticas de identificação dos lugares, usadas com a
finalidade de distinguir as características de espaços semelhantes: uma
forma, uma silhueta, o perfil de uma paisagem se apresentando como
recortes de uma corografia maior a ser detalhada.
Para a pesquisadora, esse fato explica a “quase-monotonia apresentada na
“primeira camada da nomenclatura geográfica” e demonstra a tendência do denominador de
adotar nomes descritivos quando do ato de nomeação.
341
Desse modo, dentre os 2.108 analisados, 1.664 são simples, perfazendo um
percentual de 78,9% e 444 topônimos apresentam a estrutura composta, o que representa 21,1%
dos topônimos estudados.
Frente ao exposto, percebe-se que, no processo de nomeação do período de
1648 a 1853, o designador utilizou, na maior parte das vezes, apenas um elemento descritivo,
fazendo com que predominasse a estrutura morfológica de topônimo simples.
Mais uma vez, resgatam-se as palavras esclarecedoras de Dick (1990b, p.50)
sobre o processo designativo, pois “não seria difícil verificar que o elemento mais freqüente nas
denominações dos cursos d’água [...] tem, como denominador básico, a forma lingüística
correspondente a rio, lago, córrego ou água, simplesmente, ou acompanhada de uma indicação
atributiva de cor, volume, natureza da corrente, etc.”
4.6 Distribuição nurica e percentual dos topônimos do litoral paranaense, segundo a
Língua de Origem
Este capítulo es longe de ser um exercício de reconstrução da história do
litoral paranaense à época do descobrimento. Espera-se aqui delinear algumas informações,
com respeito à ocupação indígena e aos primeiros ocupantes brancos na região da baía de
Paranaguá, procurando reproduzir as condições que norteavam as relações entre estes no litoral.
Aborda-se, neste item do trabalho, a questão levantada acerca do litoral
paranaense, a despeito de trabalhar-se com a hipótese de que, nessa região, predominariam
topônimos originados do estrato tupi, uma vez que esses povos deixavam por onde passavam
rastros de sua cultura e de sua língua. Chamou-nos a atenção o fato de haver nesta região três
municípios com etimologia indígena: Paranaguá, Guaratuba e Guaraqueçaba.
Rodrigues (1995, p.228) destaca que “grande parte do território paranaense
foi habitada por índios que falavam a língua guarani”, a qual foi bem documentada na primeira
metade de século XVII. E acrescenta que havia povos tupi-guarani “ainda mais a leste, até o
litoral atlântico do Paraná, os quais eram “conhecidos desde o século XVI sob o nome de
carijós e o considerados também guaranis”. O autor registra que “não dispomos, entretanto,
de nenhuma documentação direta sobre as variedades lingüísticas que falavam esses guaranis
orientais. Mas há uma espécie de documentação indireta, que são os topônimos”.
342
Embora a questão da etimologia de muitos desses nomes indígenas não seja
consensual e pacífica entre lingüistas, filólogos, antropólogos, neste trabalho adotaremos as
orientações de Aurélio (1986), Sampaio (1928), Tibiriçá (1984), Bordoni (19--). Alguns casos
ilustram estas divergências como os trabalhos de Rodrigues (1995) e Ladeira (1990).
Em relação à história do nome da capital paranaense, Rodrigues (1995,p.234)
destaca que “realmente Curitiba é um caso único entre os topônimos de origem guarani no
Paraná. Não outro nome de lugar nessa região, em que a vogal y do guarani ou da língua
geral tenha sido adaptada ao português com i quando precedia o fonema b”. (grifos do autor)
Afirma ainda, que há uma “fronteira bem nítida, no litoral, entre as áreas de -
tiba ao norte de Angra dos Reis e de - tuba /-tuva ao sul daquela baía coincide com a fronteira
entre a língua tupinambá ao norte e as língua tupi e guarani (carijó) ao sul”, fato este que
justificaria Ubatuba (São Paulo), Guaratuba, Imbituva, Mandirituba, Atuba, no Paraná. (grifo
nosso)
A questão da etimologia indígena suscita tantas dúvidas e questionamentos,
que Ladeira (1990) em seu trabalho: YY PAU ou YVA PAU-“Espaço Mbya entre as Águas ou o
Caminho aos us”: os índios guarani e as ilhas do Paraná; relata “dados complementares
sobre a toponímia regional”. Desconsiderando as denominações dos outros povos da família
Tupi-Guarani que também viviam na região, na época da conquista, os Guarani-Mbya
tampouco levam em conta que as corruptelas lusas tenham se originado da língua dos outros
povos da mesma família.
De acordo com a pesquisadora, os significados dos topônimos apresentados
em seu artigo, e citados na seqüência, foram extraídos de alguns autores e dos próprios Guarani-
Mbya que se ressentem das deformações e deturpações do sentido dos nomes originais,
atribuídos aos locais pelos seus antepassados.
PARANAG
1-) PARANA na etimologia tupi é “rio grande” e Goa “redondo”.Assim,
Paranaguá, ou melhor, PARANAGOA pode ser traduzido por “rio grande e redondo como uma
lagoa”. (Nascimento Junior, 1980 p. 36.)
343
2-) PERNAGOA seria o “gracioso nome dado pela raça audaz” que quer dizer
“grande mar redondo”. Com o passar do tempo “sofreu a corruptela de PARANAGUÁ
(PERNAGOÁ – PARNAGOÁ – PARNAGUÁ, PARANAGUÁ)” (MANOEL VIANA, 1976 p.
11)
3-) PARA NÃ GUÁ era o nome com que os Carijós nativos denominavam a
paisagem das baías de ingressão. Significa “baía parecida com o mar”. A mesma tradução se
aplica à baía da Guanabara, no estado do Rio de Janeiro: Guá Nã Para, portanto, o significado é
“baía do mar”. (MAACK, 1981 p. 40)
4-) IPARAVÃPY: No mar, o fim do caminho e o início do destinado: Esta é a
definição dos Mbya para a região. Paranaguá seria uma deformação do nome original feita
pelos brancos. PARANAGUÁ, numa tradução literal do Guarani seria “do Paraná”, ou “lugar
do Paraná”. Paraná seria uma corruptela de “IPARAVÔ.
GUARAQUEÇABA
1-) GUARAQUEÇABA: Na língua Tupi quer dizer “lugar das aves
guarás”.Guará é o nome de dois animais: um, do mar, ave de plumagem vermelha; outro do
mato. (JÚLIO ALVAR,1979 p. 05)
2-) GUARAQUEÇABA: Os Mbya fazem a analogia desse nome não às aves,
e sim ao “aguará ou cachorro do mato (pequeno guará) que vivem nessa região, inclusive na
Ilha da Cotinga.
COTINGA
1-) COOTINGA quer dizer, na língua Tupi “lugar (casa) de brancos” tendo
sido assim denominada pelos carijós a ilha onde se instalaram os primeiros povoadores vindos
da Cananéia. (MANOEL VIANA, 1976).
2-) COTINGA; é o nome Guarani de uma árvore de frutas silvestres que se
encontra na Ilha do mesmo nome. Para os Mbya a tradução acima não faz sentido.
344
3-) JACUTINGA: Esse é o nome original do lugar em razão da existência de
muitas dessas aves de nome “JACU”, na região. De Jacu teria se derivado “JACUTINGAque
depois seria abreviado para “CUTINGA”.
A busca em relatos, a partir do histórico dos municípios que compõem o
litoral paranaense, traz à baila o fato de que o complexo de ilhas e de continente que integram
os atuais municípios de Paranaguá e Guaraqueçaba eram considerados como municípios de
Paranaguá até 1838, quando Guaraqueçaba é desmembrada. Até então os historiadores se
referem a toda a região como Paranaguá.
O Paraná tem um dos menores litorais de todos os estados brasileiros, com
cerca de 90 km de extensão e abriga as baías de Paranaguá, de Antonina, de Guaraqueçaba e de
Guaratuba, entre outras.
No início do culo XVIII, conforme Balhana (2002, p.222), o ouvidor
Raphael de Pires Pardinho, em carta de 7 de junho de 1720, “estimava a população de litoral
paranaense em cerca de duas mil pessoas, e a população do planalto curitibano, em mil e
quatrocentas pessoas”. Assim, a população do Paraná, originalmente constituída por alguns
faiscadores e mineradores de ouro estabelecidos no litoral e posteriormente no planalto
curitibano, configurava-se como um contingente populacional diminuto e disperso.
Antes, porém, de entrarmos na discussão dos topônimos do litoral, é
importante conhecer um pouco do histórico da ocupação do território paranaense, uma vez que
foi colonizado em épocas diferentes e por povos diferentes. Essa diversidade vem desde os
tempos do Tratado de Tordesilhas, assinado entre Espanha e Portugal, que dividiu a região entre
os dois países.
O início da colonização das terras do Paraná teve as suas raízes na história da
ocupação espanhola do Prata e muito mais tarde é que se vinculou à ocupação portuguesa e
ao seu efetivo domínio. A ocupação do território paranaense e seus moradores primitivos pode
ser entendida com as afirmações de Ladeira (2003, p.22)
antes da chegada dos europeus, a grande família, ou a nação Tupi-Guarani
ocupava uma vasta região que, de maneira descontínua descia pelas costas
do Oceano Atlântico desde a desembocadura do Amazonas até o estuário
Platino, estendendo-se rumo ao interior até os contrafortes andinos,
especialmente em volta dos rios.
345
Corrobora o relato de Clastres (1978, p.08), para quem, os guaranis ocupavam
a porção do litoral compreendida entre São Paulo e o Rio Grande do Sul; a partir daí,
estendiam-se para o interior até os rios Paraná, Uruguai e Paraguai. As aldeias indígenas
distribuíam-se ao longo de toda a margem oriental do Paraguai e pelas duas margens do Paraná.
Seu território era limitado ao norte pelo rio Tietê, a oeste pelo rio Paraguai.
Durante o período de colonização, para não se submeterem aos processos de
“domesticação dos novos povoadores, os índios abandonaram aldeias situadas na costa
Atlântica. Nos séculos XVIII e XIX, a colonização volta-se para o interior, de modo que os
registros e os povos indígenas do litoral, considerados extintos ou integrados à população
regional, são esquecidos. No final do culo XIX e início do culo XX, encontram-se alguns
registros sobre a presença dos “remanescentes” guarani no litoral (LADEIRA, 2003, p.04).
Ladeira (1990, p.28) assevera que “se hoje é possível distinguir a ocupação e
o território, coincidente ou não, dos diferentes sub-grupos Guarani da América, o mesmo não se
sucedia com relação ao território original delineado pelos cronistas e pelos historiadores”.
Algumas tentativas de classificação dos grupos indígenas que habitavam a região foram feitas,
mas, em geral, várias etnias eram reunidas como sendo uma só nação.
Pode-se acrescentar ainda como fator de discordância, “quando as
denominações atribuídas aos índios pelos colonizadores, o interesse que espanhóis e
portugueses tinham em ampliar o território de seus aliados, Guarani ou Carijó e, em
conseqüência, seu próprio domínio, sobrepondo classificações tribais, conforme suas próprias
regras” (LADEIRA, 1990, p.29).
Do contexto de exploração indígena pelos colonizadores, Onofre (2004, p.02)
ressalta que a preocupação dos governantes europeus voltava-se essencialmente para o
alargamento de seus domínios, objetivando o crescimento econômico de seu país de origem.
Para o novo continente não elaboraram um projeto de colonização, interessavam somente
desfrutar de suas riquezas.
Nesse processo de conquista territorial, os europeus destacavam-se em
relação aos indígenas, em virtude dos indígenas lutarem com seus instrumentos rudimentares
(arcos, flechas e tacapes) e os europeus com armamentos pesados. Outra tática de conquista
utilizada pelos europeus era a técnica de persuasão: ora procurando conquistar os indígenas
346
com presentes, ora amedrontando com suas armas de fogo, ora incentivando a rivalidade entre
os mesmos”.
Os primeiros registros de incursões ao atual território do estado do Paraná,
datam do século XVII. Pelo mar chegaram os primeiros colonizadores que, em busca de ouro,
se estabeleceram e fundaram em 1648 - Paranaguá, a mais antiga cidade paranaense
(BALHANA et al. 1969, p.32). Nesse período o território era coberto por uma extensa e
exuberante floresta e os interesses econômicos estavam voltados para a exploração das riquezas
minerais.
Segundo Maack (2002, p.60), o fato de a baía de Paranag não ter sido
representada num mapa até 1520, indica que, até então, não fora atingida por via marítima.
Prossegue afirmando que “a baía de Paranaguá foi atingida primeiramente a partir de Cananéia,
por deportados e náufragos das expedições realizadas entre 1501 e 1514”.
Ainda, segundo ele, não se pode afirmar tampouco que a expedição de
Martim de Souza, realizada em 1531-32, tenha feito o reconhecimento da baía Paranaguá
através do mar, pois não existe nenhum registro dessa expedição sobre tal fato.
Mas destaca que “entretanto, a baía era conhecida, a partir da Cananéia, pelos
portugueses deportados ou náufragos das viagens sucedidas entre 1501 e 1514. Estes puderam
atingir, em canoas, a oeste da ilha do Cardoso, canais de comunicação (Varadouro Velho) que
conduziam ao canal de Superagui” (MAACK, 2002, p.60).
rios autores, entre os quais se destaca Maack (2002, p.60), afirmam que “a
partir de Cananéia os portugueses ocuparam primeiramente a Ilha da Cotinga, na baía de
Paranaguá, tendo iniciado, com isso, a conquista do estado do Paraná. Os portugueses se
apoderaram também das terras circundantes da baía, como esfera de interesse de Portugal”.
Para Manoel Viana (1976, p.11), foram os aventureiros Domingos Peneda e
Diogo de Unhate que, “ávidos de tudo conhecer” e “encontrar meios de sustento mais seguro”,
em 1550, saem em canoas e costeando as praias de Ararapira e Superagui “ficam extasionados
ante tamanha beleza”. Buscando pouso aproximam-se da “majestosa ilha fronteira ao
continente”. “[...] Foi nessa histórica e secular “Cotinga de nossos ancestrais que surgiu o
primeiro povoado de brancos, nele chantando-se o marco civilizador da terra paranaense”.
347
Embora a base deste trabalho sejam mapas oficiais atuais dos municípios que
foram fundados no período histórico de 1648 a 1853, recorreu-se na elucidação das dúvidas
surgidas às cartas geográficas acolhidas por Soares e Lana (1994): 1- Carta que mostra a costa
entre o “Rio de S.Francisco” e a “Ilha de Cananéia”. In: Descripção de todo o marítimo, da terra
de S. Cruz chamado vulgarmente Brasil por João Teyxeyra (1640); 2- Demontração de
Pernagua e Cananeia (1666).In: Livro de toda a costa da Província Santa Cruz ; 3- Mappa
Topographico da Província do Paraná (1876), organizado pelo Engenheiro Carlos Rivierre, na
Inspectoria Geral das Terras e Colonisação feito por João Teixeira Albbernaz.
Soares e Lana, na obra intitulada “Baía de Paranaguá - Mapas e Histórias”
(1994) apresentam um “inventário de mapas da Baía de Paranaguá confeccionados desde o
século XVI até os dias atuais, uma vez que os originais destes registros cartográficos
encontram-se dispersos em instituições do país e do exterior”. Assim, nos mapas descritos a
seguir, destacam-se os topônimos:
173
QUADRO VII - QUADRO GERAL DOS TOPÔNIMOS DO LITORAL PARANAENSE,
SEGUNDO A LÍNGUA DE ORIGEM – MAPAS ANTIGOS
MAPA 1640
MUNICÍPIO ACIDENTE TOPÔNIMO
LÍNGUA DE
ORIGEM
Parnagua rio Guaratuba LI
MAPA 1666
MUNICÍPIO ACIDENTE TOPÔNIMO
LÍNGUA DE
ORIGEM
Parnagua rio Guaratuba
LI
ilha das Cobras
LP
ilha das Gamellas - Gamelas
LP
ilha das Pesas - Peças LP
Barra
do Obupituba obú: corr.y-bú ou ypú: a água que
surge, o manancial, o olho d’água + ‘pituba’:o bafo, o
sopro, a exalação (TS).
LI
barra do r. Pernagua LI
Barra do Saporago – atual Superagüi
LI
praya do Sul LP
ilha do Mel
LP
praya do Norte LP
173
Para os topônimos que não conste definição neste item, v. Quadro I, p.99 a 161.
348
Ilha Raza - Rasa
LP
barra (sem nome) N/C
-.-
Varadouro
LP
MAPA 1876
MUNICÍPIO ACIDENTE TOPÔNIMO
LÍNGUA DE
ORIGEM
Antonina rio Cachoeira LP
rio
Cary pode ser de cari: cascudo (pancada na cabeça
com o nó dos dedos; castanha, coque) (ABHF).
LP
rio Curitibaiba LI
serra da Graciosa LP
serra da Virgem Maria LP
rio Limeira LP
rio e Catira LP
rio Mouro LP
rio Nhundiaquara LI
rio Ponte Alta LP
rio São João LP
rio Salto LP
rio Sambuguy – Sambaqui LI
rio Seco LP
rio Taquari
LI
Guaraqueçaba rio Assunguy - Açungui
LI
morro Bico Torto LP
rio Branco (1)
LP
rio Branco (2) LP
rio Cachoeira LP
rio Caçado
LP
rio Canguiri
LI
baía da Serra Negra
LP
morro da Ziria LP
rio das Canoas
LP
baía de Laranjeiras
LP
ilha das Ostras
LP
ilha das Peças
LP
rio das Pedras
LP
rio do Costa
LP
ilha do Lamé – atual Lamin LP
rio do Sedro – atual Cedro
LP
canal do Superagui
LI
serra do Taquari LI
rio do Varadouro
LP
rio dos Patos
LP
rio Guarakessaba
LI
rio Ipiranga
LI
349
rio
Itaguiguassú provavelmente de ‘itaki’:a pedra
aguçada + ‘guaçu’: grande = pedra grande (TS).
LI
morro Itaqui
LI
rio
Itaquimirim provavelmente de ‘itaki’ : a pedra
aguçada + ‘mirim’:pequena = pedra pequena (TS).
LI
rio Itinga
LI
ilha
Jererê – pode ser de jereré: pequena rede de pesca
(LCT).
LI
rio Morato
LP
serra Negra
LP
rio Palmeira
LP
rio Panema - atual Ipanema
LI
rio Pasmado
LP
ilha Pavoça
LP
rio Pederneira
LI
morro Quitumbê
N/C
ilha Rasa
LP
ilha Retiro
LP
rio Santa Bárbara
LP
rio Serra Negra
LP
Serrinha
LP
morro Superagüi
LI
rio
Tabiraquara corr. ta-bira: o tronco empinado, a
haste em + ‘quara’: o furo, a cova, o buraco; o
esconderijo, o refúgio (TS).
LI
rio Tagaçaba
LP
rio
Tetequera - te.te.qüe.ra: (tupi tetekuéra) -depressão
de terreno que serviu de leito ao rio Paraíba do Sul e
que se acha hoje coberta de vegetação (M).
LI
rio Trancado
LP
rio Varadouro Velho
LP
rio Verde
LP
rio Vermelho(1)
LP
rio Vermelho (2)
LP
rio Xobaré
N/C
Guaratuba rio Arariva – atual Araribá
LI
morro Araraquara LI
rio Boyuassú – variante de emboguaçu LI
rio Canavieiras
LP
rio Cubatão Grande
LP
rio Cubatão Mirim
LP
ponta da Caveira
LP
serra da Prata
LP
baía de Guaratuba LI
serra do Cubatão
LP
serra do Mar
LP
350
ilha Gaivota
LP
rio Guaratuba LI
morro Marumby - Marumbi LP
rio Palmeiras
LP
rio Preto
LP
ilha Sahy - Saí LI
rio Sahy-guassú – Saí -guaçu LI
rio São João LP
Morretes rio Arraial Marumby LP
rio
Cariri –corr.Kiriri: taciturno, silencioso, calado (TS).
LI
rio Pinto
LP
rio Ponte Alta
LP
rio Rangel
LP
rio Saquarema LI
rio Salgado LP
rio Tacuarahy - taquari LI
rio
Taperuas pode ser de taperoá –corr. tapér-uá: forma
contracta de tapér-uara, o vivente ou morador das
ruínas, o habitante das taperas (TS).
LI
Paranaguá rio Branco LP
rio Bocuaçu – variante de boguaçu LI
ribeira Bucaty N/C
rio da Praia LP
rio das Pombas
LP
ilha de Cotinga LI
barra de Paranaguá LI
ilha do Coral
LP
ilha do Mel
LP
barra do Norte
LP
ilha do Teixeira
LP
rio dos Almeidas
LP
ilha dos Filhões
LP
rio dos Pasmados
LP
ilha Gualheta LP
rio Guaragu Assú – atual guaraguaçu LI
barra
Ibopetuba ou do Sul ibopetuba:variante de
obupituba.
LI
rio Itiberê LI
ilha Itacolomi LI
rio Maciel LP
rio Olho d'água LP
ilha Palmas LP
morro Pelado
LP
351
ilha Pedras
LP
rio Perequê LI
rio Perequê Velho LI + LP
ilha Rasa da Cotinga
LP + LI
rio Sobreú
N/C
-.-
Timbuy tymbohy- corr. timbó-y: o rio do timbó, ou
da exalação, das névoas (TS).
LI
-.- Tora – atual Toral
LP
QUADRO VIII DISTRIBUIÇÃO NUMÉRICA E PERCENTUAL DE
TOPÔNIMOS DO LITORAL PARANAENSE SEGUNDO A LÍNGUA DE ORIGEM
MAPAS 1640, 1666, 1876 E ATUAIS
Diante dos dados levantados e registros históricos apresentados, infere-se que,
desde os tempos mais remotos da ocupação do território paranaense, sobressaem os topônimos
de base portuguesa.
MAPA 1640
Língua
de
origem
Qtde %
LP 0 0
LI 1
10
0
LE 0 0
LI
+ LP
0 0
LP
+ LI
0 0
LE
+ LP
0 0
N/C 0 0
TOTAL 1
10
0
MAPA 1666
Língua
de
origem
Qtde %
LP 8 62
LI 4 31
LE 0 0
LI
+ LP
0 0
LP + LI 0 0
LE
+ LP
0 0
N/C 1 7,7
TOTAL 13
10
0
MAPA 1876
Língua
de
origem
Qtde %
LP 78 63
LI 40 32
LE 0 0
LI
+ LP
1 0,8
LP
+ LI
1 0,8
LE
+ LP
0 0
N/C 4 3,2
TOTAL 124
10
0
MAPAS ATUAIS
Língua
de
origem
Qtde %
LP 424 72
LI 128 22
LE 8 1
LI
+ LP
3 1
LP
+ LI
2 0
LE
+ LP
1 0
N/C 22 4
TOTAL 588 100
352
Neste aspecto, as palavras de Ladeira (2003, p.04) são esclarecedoras, pois
durante o período de conquista do novo território pelos novos povoadores, para não se
submeterem aos processos de dominação, os índios abandonaram aldeias situadas na costa
Atlântica, justificando a presença no mapa datado de 1640 de apenas dois topônimos de língua
indígena Parnagua e Guaratuba. Essa tendência é confirmada nos mapas de 1666 e 1876: no
primeiro de um total de 13 topônimos 8 são de origem portuguesa e no segundo de 124, 13 tem
a origem portuguesa.
Desperta interesse o relato de Lima (2000, p.97) de que as povoações da
Costa Leste, principalmente as mais antigas, sofreram a influência do processo de “sacralização
que consistia numa tendência dos desbravadores portugueses, profundamente cristãos, de dar
nomes de santos, de Nossa Senhora e da Santíssima Trindade às cidades, capitanias e acidentes
geográficos em geral”.
Esse processo cedeu lugar ao “materialismo mental” (denominação por meio
de critérios metonímicos, com base na fauna, flora, enfim, na natureza brasileira), ocorrendo
então a dessacralização, razão pela qual muitas localidades mudaram de nome, como se
explicita a seguir:
- Freguesia Nossa Senhora da Luz e Bom Jesus dos Pinhais - Curitiba
- Freguesia Nossa Senhora do Pilar da Graciosa - Antonina
- Nossa Senhora da Luz de Tindiquera ou Nossa Senhora dos Remédios do
Iguassu - Araucária
- Vila de São Luiz de Guaratuba da Marinha - Guaratuba
- Nossa Senhora do Porto e Menino Deus dos Três Morretes - Nhundiaquara
-Morretes
- Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá – Paranaguá.
As primeiras denominações guardavam uma relação com fatos da cultura
religiosa, uma constante nos diversos períodos da história do país, passando posteriormente a
353
uma relação estreita com o local, seja descrevendo-lhes as características físicas, ou associando-
os a incidentes ou fatos da cultura.
Nesse sentido, percebe-se que o que anima o “espírito das denominações é a
faculdade inerente de praticar uma função de registro do momento vivido pelas civilizações”, e
que alguns designativos foram mudados em função de acontecimentos posteriores, muitos dos
quais alheios à sensibilidade dos habitantes.
se sabe que os portugueses aceitaram, muitas vezes, a toponímia indígena
antiga, e que havia um envolvimento do índio com as características específicas dos acidentes;
formas e dimensões, situação geográfica, recorte do relevo, escassez ou abundância da
vegetação ou da fauna, etc.
A título de exemplificação, podem ser citados os seguintes topônimos:
Paranag - Tibiriçá (1984) apresenta o termo como sendo “enseada do mar, foz,
desembocadura de rio caudaloso”; Bordoni (s.d), registra como “reentrância do mar”;
Guaratuba - nome procedente do tupi ‘wará’... pássaro com belas e variadas penas, ‘tuba’ ...
muitos: pássaro de muitas penas; Guaraqueçaba - ‘wará’... guará, garça + ‘queçaba’...ninho: o
ninho da garça.
o se pretende, certamente, neste momento, abranger toda a influência que
as línguas autóctones promoveram no patrimônio lexical do português brasileiro e porque não
dizer na toponímia.
Sobre o assunto, Dick (1990b, p.39) ressalta que
o sistema léxico tupi, como reflexo de uma sociedade mista, deixou uma
gama variada de contribuição lingüística ao português, que preservou, nos
vocábulos fossilizados, as características de uma realidade ambiental
diversificada ou de múltiplos domínios de experiência. Se muitos desses
designativos, hoje, escapam ao linguajar corrente do brasileiro,
impulsionado, constantemente, pela dinâmica da língua, outro tanto não
ocorre na toponímia, que se vale deles como fonte de motivação, mantendo,
assim, vivas, as tradições culturais indígenas.
Diante do exposto, pode-se afirmar que a motivação existente nos topônimos
paranaenses é bastante diversificada: homenagem a pioneiros, respeito à religiosidade, resgate
354
do vocabulário indígena. A interpretação dos dados mostra a toponímia como “a crônica de um
povo” e o topônimo como um registro da visão de mundo do denominador.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nas considerações finais, mais importante do que apresentar conclusões é
destacar o que de mais expressivo despontou dentre os fatos examinados, admitindo um campo
aberto a investigações posteriores para preencher as lacunas deixadas no momento.
Muito se disse sobre a intersecção que entre a Toponímia, a História, a
Geografia e as Ciências Sociais. O que se entende é que qualquer ciência pode se tornar útil a
uma outra sem por isso se tornar sua serva. Não há nenhuma ciência que seja tão auxiliar, assim
como não há ciência que não possa prestar algum serviço a qualquer das outras ciências.
Se a Geografia estuda, descreve e representa a superfície terrestre, não se
pode esquecer que todo acontecimento se faz no espaço e datas e fatos são importantes para o
conhecimento histórico. Nesse emaranhado que se forma quando se juntam todos esses
elementos, a Toponímia pode-se constituir em um fio condutor de grande utilidade, pois
historicamente, os acidentes geográficos (rios, morros, riachos, etc.) foram os primeiros a serem
nomeados no início da conquista e ocupação do espaço brasileiro.
No estudo da toponímia dos municípios paranaenses fundados entre 1648 e
1853, deve-se considerar principalmente a questão da ocupação territorial, pois esse período se
355
desenvolveu durante os ciclos econômicos, definidores da gente paranaense, porque a cada um
deles correspondeu uma forma de exploração do solo, de ocupação da terra, um regime de
trabalho e um tipo humano, que, conjugados, expressam a fisionomia de nosso estado.
Como se sabe, até o final do século XIX e início do século XX, o estado do
Paraná o estava totalmente urbanizado, permanecendo grande parte de seu território ainda
desconhecido. Assim sendo, muitos dos acidentes geográficos, apesar de sua existência desde
épocas remotas, não tinham um nome específico. Além disso, a sociedade colonial apresentava
outra característica, importante desde o início, mas que se intensifica com o tempo: a
miscigenação.
Com relação ao fato de os municípios fundados durante este período já terem
sido objetos de pesquisa somente a partir dos dados armazenados no projeto ATEPAR, o que se
percebeu foi uma diferença significativa entre o número de topônimos do banco de dados com
os desta pesquisa, levantados em mapas oficiais. A questão exposta o foi completamente
comprovada, uma vez que esta pesquisa envolveu apenas alguns municípios do estado, e
necessita do amadurecimento e maior empreendimento para sair do campo das hipóteses e dar
respostas positivas.
Uma explicação pode ser aventada, não como fato comprovado, mas sim
como provável: na metodologia escolhida para coleta de dados pelo ATEPAR não se cogitou
que as Prefeituras Municipais não enviassem a completude dos designativos pertencentes a suas
áreas territoriais. Portanto, quem sabe num futuro, a retomada do ATEPAR e um trabalho de
confrontamento e complementação de dados, possibilite a elaboração de cartas toponímicas,
que retratem informações sobre a ngua, a cultura, os acidentes geográficos, os estratos
lingüísticos predominantes de nosso estado.
Ao longo desta pesquisa afirmou-se, categoricamente, que o ambiente tanto o
social como o físico, reflete-se na língua, e que ao investigar a toponímia de uma região,
investiga-se um recorte do léxico. Sapir (1969, p.45), afirma que “não é difícil encontrar
exemplos de línguas cujo léxico traz o sinete do ambiente físico em que se acham situados os
seus falantes”. É por meio do léxico e de seu uso que o ser humano sempre atribuiu nome a tudo
que o cerca – às coisas, aos animais, às pessoas, ao espaço físico em que vive.
356
Em razão disso, cautelosamente, o autor esclarece que, ao asseverar-se a
existência da correlação entre língua e ambiente, deve-se entender o termo ambiente como os
fatores físicos e sociais. Os aspectos geográficos, a topografia, o clima, o regime das chuvas, a
fauna, a flora, por exemplo, seriam os fatores físicos, enquanto os aspectos que interferem na
vida e no pensamento dos indivíduos, como por exemplo, a religião, os padrões étnicos, a forma
de organização política e a arte seriam entendidos como os fatores sociais.
Também a investigação do xico, de uma comunidade cio-lingüístico-
cultural, permite compreender os conceitos e as ocorrências da vida cotidiana, por ser modelo e
modelador da cultura humana. Neste sentido, destaca-se o papel desempenhado pelo designador
que, como um artista ao realizar a sua obra mais importante, manipula o que existe- o signo
lingüístico- e transforma-o em signo toponímico o topônimo- que individualiza o espaço
nomeado.
Além desses aspectos, o topônimo retrata a realidade físico-social e cultural
dos grupos humanos que colonizaram a localidade, deixando neles impressas sua marca pessoal
e a da comunidade a que pertencem. No entanto, tal influência só acontece no momento em que
o grupo valoriza um elemento e o reporta à língua. Por exemplo, a simples existência de uma
espécie de animal, vegetal ou outro aspecto físico não é suficiente para que surja um signo
correspondente. É necessário que os falantes da língua dêem importância ao fator físico.
Verificou-se que, ao nomear, o homem busca motivação, seja física,
considerando aspectos naturais, a aparência do acidente geográfico, seja por questões culturais,
que indicam um sentimento, ideologia de uma comunidade no ato da nomeação ou por estados
psicológicos dos grupos que ocupam uma localidade.
Com a finalidade de buscar as causas que motivaram os denominadores a
eleger um nome para batizar os lugares, foi indispensável recorrer ao resgate dos aspectos geo-
históricos, socioeconômicos e antropo-lingüísticos que atravessaram a história da humanidade.
À medida que a história enriquece as representações possíveis da memória, fornece símbolos e
conceitos para que a sociedade pense sobre si mesma e sobre sua relação com o passado e
fertilize a memória, reativando as lembranças.
Os nomes das cidades, seus bairros, rios, córregos, serras e outros, refletem
e deverão continuar a refletir os sentimentos, as personalidades das pessoas, valores, fatos,
357
traços de relevo, épocas, usos e costumes, pelo que, perpetuando na memória das populações,
os critérios da escolha e atribuição das designações toponímicas as quais retratam a realidade
físico-social e cultural dos grupos humanos que colonizaram a região deixando neles impressas
sua marca pessoal e a da comunidade a que pertencem.
Em cada um desses nomes uma história ligada ao espaço ocupado pelo
homem. A natureza era seu desafio e sua inspiração e isso ficou registrado no topônimo
escolhido para identificar o lugar desbravado e habitado. A toponímia se estende além do seu
significado e importância como elemento de identificação, orientação, comunicação e
localização dos imóveis urbanos e rurais.
Em relação ao que se pode ser destacado nesta pesquisa, ressalta-se a
tendência para o que ocorre na toponímia do restante do Brasil, que, como nação, é composto
por uma vasta heterogeneidade cultural, fruto de longos, complexos e espacialmente
diferenciados processos envolvendo sociedade e natureza.
Frente ao exposto, vale retomar, à guisa de conclusão, o pensamento de Lévi-
Strauss, (apud Dick 1990
a, p. 262), segundo o qual “não basta a identificação de cada animal,
planta ou qualquer outro fenômeno, é preciso saber qual é o papel que cada cultura lhe atribui
dentro do sistema de significações”. Assim, o recorte diacrônico deste trabalho tomado como
objeto de análise, forneceu mostras da presença da interdependência entre língua e cultura na
forma de designação dos acidentes físicos do estado.
Para esta pesquisa, foram propostos os seguintes objetivos: i) recolher nos
mapas atuais os topônimos dos municípios paranaenses que tiveram a sua fundação durante o
período de 1648 e 1853; ii) resgatar a língua de origem dos topônimos, a fim de verificar o (s)
estrato (s) lingüístico (s) predominante (s) na toponímia, acompanhada da evolução histórica;
iii) proceder à classificação taxionômica dos topônimos dos acidentes físico-geográficos,
conforme modelo taxionômico adotado; iv) estabelecer a relação língua/cultura e sociedade,
valorizando os fatores extralingüísticos.
Para tanto, nortearam os estudos duas hipóteses de trabalho: 1 a toponímia
dos municípios paranaenses criados no período de 1648 a 1853 incorpora totalmente
particularidades socioculturais, históricas e geográficas da região a que pertencem; 2 é no
358
litoral que se sobressai a designação dos acidentes geográficos originados do estrato tupi, uma
vez que esses povos deixavam por onde passavam rastros de sua cultura e de sua língua.
Ao término da pesquisa, acredita-se ter cumprido os objetivos propostos e
confirmada somente a hipótese de que as particularidades socioculturais, históricas e
geográficas estariam refletidas no processo de nomeação dos acidentes físicos dos municípios
observados.
Em relação aos municípios fundados no período, confirmou-se que as
condições do meio físico paranaense aliadas aos ciclos econômicos, influíram no povoamento,
na fixação humana, no aproveitamento das reais possibilidades econômicas e figuram como
fatores que influenciaram na motivação toponímica paranaense, porque estão presentes em
inúmeros topônimos. A partir dos ciclos econômicos do ouro, do tropeirismo e das atividades
extrativas da erva-mate e da madeira é que se formou o efetivo populacional paranaense, com
os mesmos elementos étnicos que constituíram os fundamentos da população brasileira, o
branco, o índio, o negro e toda a variada gama de mestiços.
Da primeira fase da povoação do Paraná, os fatos sócio-históricos que
envolveram a busca do ouro e minérios, bem como o local de trabalho ou a extração deixaram
alguns vestígios na denominação de lugares, como se pode comprovar resgatando-se os
designativos Faisqueira (rio, arroio da, morro da), Faisqueiro (ribeirão), Lavrinha (rio), Mina
(rio da), Lavras (rio das, ribeirão).
Na continuidade do processo de ocupação populacional, e, graças aos ricos
pastos naturais, abundância de invernadas com boa água e relevo suave, destacou-se o
movimento do tropeirismo que transformou a paisagem dos campos no Paraná. Estes fatores
propiciaram o surgimento de locais em que as tropas fixavam pouso, fazendo seus pequenos
ranchos para descanso, trato e engorda do rebanho. O uso constante desses pontos transformou-
os em locais de pousos e, posteriormente, em pequenos vilarejos resultando mais tarde, nos
municípios atuais.
Os fatos sócio-históricos, que abarcaram o trabalho e a vida dos tropeiros,
deixaram alguns vestígios na denominação de lugares, como se pode comprovar, resgatando-se
os designativos com relação aos objetos de uso pessoal, coletivo ou a seus animais, ao local de
trabalho e à diversão. Ilustram este caso, por exemplo: Chapéu (morro do, ilha do), Fazenda
359
(ribeirão da, serra da, arroio da), Fazenda Velha (córrego), Rodeio (rio, ribeirão, arroio do),
Arrieiros (lomba do), Potreirinho (ribeirão do, arroio), Curral (arroio do, ilha do), Freio
(arroio), Ferro (morro), Guarina (ribeirão da), Lanceta (rio), Ponte Coronel (arroio), Tabuão
(rio), Prancha (arroio da), Varejão (arroio), Pinguela (rio ), Estiva (arroio, rio da), Porteira
(arroio da, rio das), Cochos (rios dos).
A região percorrida pelos tropeiros, com sua cobertura vegetal e natural,
despertava no grupo a motivação para denominar locais como Rincão da Canoa (rio), Capão
Grande (rio, arroio), Capão da Vargem (arroio), Faxinal (rio, arroio, lajeado), Mato Grande
(ribeirão, arroio). Da mesma forma, as dificuldades enfrentadas sugeriam denominações que se
constituem em verdadeiras fotografias das agruras vividas, como Passo Ruim (rio, arroio),
Quebra-cangalha (ribeirão), Quebra-perna (arroio, ribeirão).
Para surpresa desta pesquisadora, a segunda hipótese não foi confirmada, pois
os indígenas do litoral praticamente desapareceram, deixando gravado somente nos topônimos,
sua passagem por estas terras, contribuindo decisiva e inequivocamente para a própria
constituição do Paraná, uma vez que sua língua era essencialmente relacionada ao meio
ambiente que circundava seus falantes e a denominação se fazia de acordo com peculiaridades
específicas de cada objeto.
Constatou-se que os municípios com maior percentual numérico foram
Guaraqueçaba (243), Guaratuba (123), Guarapuava (113), Lapa (109), Cândido de Abreu (107);
e os menores Rio Negro (27), Wenceslau Braz (25), São José da Boa Vista (22), Piraquara (19),
Campo do Tenente (14), somando-se os topônimos de natureza física e os de antropo-cultural.
O que pode ser destacado no cômputo geral é a predominância de topônimos arrolados nas
taxionomias de natureza física com 1.258 ocorrências em relação aos de natureza antropo-
cultural com 837.
Assim, dentre as categorias de natureza física, destaca-se com maior
produtividade na classe dos fitotopônimos (336 15,9%) topônimos motivados pelos
elementos de índole vegetal. Detectou-se, também, alta produtividade de zootopônimos (295
14,0%) - topônimos de índole animal; de geomorfotopônimos (185 8,8%) tonimos
relativos às formas topográficas, elevações ou depressões do terreno; de hidrotopônimos (156
7,4%) topônimos relativos à água e de litotopônimos (127 -6,0%) topônimos de índole
mineral.
360
entre os topônimos de natureza antropo-cultural, foi registrada maior
ocorrência nos antropotopônimos (183 -8,7%) – topônimos constituídos a partir dos
designativos pessoais; nos animotopônimos (106 – 5,0%) – topônimos relativos à vida psíquica;
nos sociotopônimos (123 5,8%) topônimos relativos às atividades profissionais e de
ergotopônimos (113 -5,4%) - topônimos que se baseiam em elementos da cultura material do
homem.
Entre os 2.108 topônimos analisados, 13 (0,6%) não foram classificados
dentro da vinte e sete taxes sugeridas pelo modelo taxionômico proposto por Dick (1009a),
quais sejam: Mambeca (arroio), Macorama (arroio), Caxambeva (arroio), Crim (rio), Card
(rio).
Desse modo, através da análise dos zootopônimos, fitotopônimos,
hidrotopônimos, antropotopônimos, entre outros, a partir da taxionomia adotada por Dick
(v.3.3), obtém-se uma amostra da diversidade da fauna e da flora, além dos caminhos
hidrográficos e dos aspectos socioculturais dos topônimos paranaenses e chega-se ao
estabelecimento da correspondência entre o nome do lugar e a condição ambiental
determinativa.
Objetivando-se a língua de origem dos topônimos, destaca-se que uma
parcela mais significativa de signos toponímicos originados de língua portuguesa (1.584 -
75,14%). Essa maior recorrência advém da constatação de que os municípios, inicialmente os
do litoral, foram povoados, em sua maioria, por migrantes paulistas que, ao nomearem os
acidentes geográficos físicos e humanos analisados, preferiram o estrato português, língua por
eles falada.
Nesse sentido, do período em questão, pode-se trazer à baila diversos
topônimos de origem portuguesa resultantes da ligação do homem com seu território em um
determinado momento histórico. Seja pela importância da pecuária para os habitantes de uma
região como, por exemplo, Retiro (morro e rio do arroio do), Freio (arroio do); seja pela
influência da fauna e flora Cigarra (arroio), Gralhas (ribeirão das), Pessegueiro (arroio do),
Arrozal (rio); pelos locais de trabalho como Engenho Novo (arroio) e Olaria (ilha da).
Considerou-se muito significativa a ocorrência de topônimos originados da
língua indígena (408 19,17%), e que podem ser advindos da época do ciclo das bandeiras e
361
das missões, uma vez que é sabido terem os bandeirantes e missionários freqüentado a região
quando esta se encontrava em seu estado natural habitada por indígenas de várias tribos. Como
exemplos de vocábulos de étimo indígena que compreende o período histórico paranaense
estudado, destacam-se quando relacionados à flora – Cambará (arroio), Guabiroba (rio) e a sua
abundância em Indaiatuba (ribeirão); a fauna - Araras (rio das), Cotia (rio); aos artefatos em
Moquém (arroio), Mundéu (rio); a cor das águas em Ipiranga (rio), Uberaba (rio).
Em relação aos topônimos de origem africana, foram identificados Monjolo
(córrego, ribeirão, arroio, rio), Manjolo (arroio), Monjolinho (serra do), Caxambu (água, rio) e
Caxambuzinho (arroio), comprovando-se que, embora tenha havido um contingente humano
numeroso no Paraná, a cultura e a língua dos negros, ficou relegada a um segundo plano com
apenas 14 – 0,66% topônimos, o que só faz confirmar o desprestígio com se tratou esse estrato
lingüístico, no ato da denominação dos lugares paranaenses.
Com relação à estrutura morfológica dos topônimos dos municípios fundados
entre 1648 e 1853, percebe-se que o designador utilizou, na maior parte das vezes, apenas um
elemento descritivo, fazendo com que predominasse com 1.664 78,9% a ocorrência de
designativos com estrutura morfológica simples e com 444 21,1% topônimos apresentam a
estrutura composta.
Abrangendo-se a visão numérica geral dos 2.108 topônimos classificados
segundo a natureza antropo-cultural e física, confirmou-se que foram contempladas quase todas
as 27 (vinte e sete) taxes propostas por Dick, mesmo que se destacasse às vezes apenas dois
elementos, como os cronotopônimos (Novo rio e ribeirão), por exemplo, além das formuladas
pelo grupo do projeto ATEPAR, estematotopônimo (Felpudo morro, Melado arroio,
Salgado – rio, Peludo rio) e higietopônimo (Banhorio do).
A segunda hipótese de que no litoral paranaense predominariam topônimos
originados do estrato tupi, por haver no litoral três municípios com etimologia indígena,
Paranaguá, Guaratuba e Guaraqueçaba, o foi comprovada. Dentre os topônimos
inventariados, do total de 588 ocorrências, foram identificados 423 71,9% topônimos de
língua portuguesa e 129 21,9% de topônimos oriundos de língua indígena. Destacou-se o
município de Guaraqueçaba com 243 topônimos sendo 170 de língua portuguesa, como
Segredo (ilha, rio), Barreiro (rio), Batalha (rio), Capelinha (rio).
362
rios outros exemplos poderiam ser citados, mas considera-se que o resgate
do período histórico do Brasil ou do Paraná, forneceu uma variedade de detalhes sobre a
colonização, trazendo à baila também o papel das línguas desempenhado pelo tupi e pelo
português, reflexo da época, que permitiu as seguintes conclusões:
a) um número estimável de elementos autóctones ocupava o território
paranaense quando da chegada dos europeus; b) inúmeras tribos migravam de seus territórios
originais em busca de um melhor habitat; outras foram simplesmente utilizadas pelos
colonizadores em prol de seus interesses e outras extintas. Essa itinerância das tribos impediu à
época uma análise mais precisa da distribuição geográfica de cada uma delas; c) a partir dos
primeiros contatos entre os nativos e os colonizadores começaram estes a se informar de hábitos
e costumes dos primeiros com finalidades econômicas e catequéticas, sendo esse conhecimento
a princípio insuficiente devido à pluralidade de grupos indígenas e às suas diversas línguas; d) o
desconhecimento da língua brasílica levou o europeu a organizar pequenos textos explicativos.
Todavia, como conseqüência das diferenças de sons existentes entre as línguas européias e as
dos nativos, muitos sons produzidos pelos indígenas foram grafados de acordo com a percepção
do homem branco, levando esse fato a uma interferência lingüística dos colonizadores na língua
dos índios.
Acredita-se que a abordagem escolhida para esta pesquisa foi significativa,
mas outras poderiam ser executadas a partir dos dados coletados, para elucidar e esgotar os
mecanismos de construção dos topônimos e a intenção do denominador no momento do
batismo dos nomes de lugares, deixando-se assim questões pendentes que podem ser resolvidas
quando da retomada para uma nova pesquisa sobre a toponímia do universo investigado.
363
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ANEXOS
375
.
376
.
377
.
378
.
379
ANEXO A
Modelo de carta enviada às prefeituras municipais
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA
CENTRO DE LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE LETRAS VERCULAS E CLÁSSICAS
Londrina, 10 de março de 1997.
Senhor (a) Secretário (a)
Tem a presente a finalidade de solicitar dados referentes a seu município, pois
desenvolvemos, na Universidade Estadual de Londrina, um projeto de pesquisa cujos objetivos
são inventariar, classificar e buscar a origem dos topônimos paranaenses, isto é, dos nomes de
localidades e dos acidentes geográficos.
Contamos com a colaboração de V.Sª. no sentido de enviar os dados relativos a
sua cidade, para que possamos dar continuidade ao nosso trabalho. Solicitamos, então, a
devolução do envelope anexo com as informações abaixo relacionadas:
1 – Nome (s) anterior (es) do município.
2 – Nome dos bairros urbanos (se houver).
3 – Nome dos bairros, distritos, patrimônios ou comunidades rurais.
4 – Relação dos rios que banham o município.
5 – Relação dos córregos, ribeirões, (sangas ou arroios).
6 – Relação das serras ou montanhas.
7 – Nome de praias, ilhas, baías, portos (se houver).
8 – Histórico do município.
9 – Nome pelo qual é conhecido o município. Por exemplo: Capital da Amizade.
10 – Outras informações que V.Sª. julgar conveniente.
Pedimos a gentileza de, no caso de alguma vida, ligar para os telefones da
Universidade Estadual de Londrina – (043) 371 – 4102 ou 371 – 4428.
Contando com o seu desprendimento, subscrevemo-nos, atenciosamente,
380
Profª. Drª Maria Antonieta Carbonari de Almeida
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