Cibele Vieira Cunha Rudge
Em 1998, um grupo de 19 especialistas de cinco países, experts em
DSF, foi convocado pelo Sexual Function Health Council, da American
Foundation for Urologic Disease para uma conferência interdisciplinar de
consenso. Estes 19 especialistas, do Canadá, Dinamarca, Itália, Holanda e
EUA, tinham conhecimentos multidisciplinares, incluindo endocrinologia,
medicina de família, ginecologia, enfermagem, farmacologia, fisiologia,
psiquiatria, psicologia, reabilitação e urologia. O objetivo inicial do encontro foi
identificar um grupo multidisciplinar de especialistas em sexualidade feminina e
desenvolver uma agenda de trabalho, na forma de conferência.
Os métodos de trabalho incluíram revisão extensa de tópicos específicos
da área, discussão de grupos estruturados e voto de consenso, obtido por
fórmula matemática específica, conhecida como método de Rand. Os
especialistas foram orientados para que suas decisões fossem baseadas em
seus próprios conhecimentos e não naqueles das sociedades que
representavam
31,32
.
Na realidade, o consenso sintetizou a opinião de especialistas clínicos e
pesquisadores, e foi elaborado para desenvolver guidelines para uso em
procedimentos clínicos ou para a tomada de decisões diagnósticas. A grande
vantagem foi o custo-efetividade e os resultados dessa conferencia tiveram
ampla base de conhecimento. A principal desvantagem foi a limitação do
conhecimento e dos dados disponíveis e a natureza subjetiva das decisões
tomadas em grupo. O consenso foi publicado no Journal of Urology com a co-
autoria de todos os participantes
33
. Apesar do conhecimento atual disponível
ter nível de evidência 6, ou seja, resultante da opinião de especialistas
34
, a
forma como o consenso foi elaborado dá consistência às propostas de
definições e de classificação das DSH.
Em 2003, o 2nd International Consultation on Sexual Dysfunctions,
realizado em Paris
35
, expandiu a classificação das DSF e incluiu as causas
psicogênicas e orgânicas de desejo, excitação, orgasmo e DS associadas à
dor. Um elemento essencial do novo sistema diagnóstico é que o critério de
sofrimento pessoal (personal distress) é a base para se fazer o diagnóstico de
DSF. Uma nova categoria de dor sexual, a dor “não-coital”, foi adicionada e foi
recomendado um novo sistema com outros sub-tipos para o diagnóstico clínico.