Download PDF
ads:
Cibele Vieira Cunha Rudge
1
CIBELE VIEIRA CUNHA RUDGE
DESENVOLVIMENTO DO INVENTÁRIO DA RESPOSTA
SEXUAL NA GESTAÇÃO – PSRI
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ginecologia, Obstetrícia e
Mastologia área de Obstetrícia, da Faculdade
de Medicina de Botucatu Unesp, para a
obtenção do título de Mestre.
ORIENTADORA
PROF. ADJUNTA IRACEMA DE MATTOS PARANHOS CALDERON
BOTUCATU – SP
2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Cibele Vieira Cunha Rudge
2
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA DE AQUISIÇÃO E TRATAMENTO
DA INFORMAÇÃO
DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CAMPUS DE BOTUCATU - UNESP
BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: Selma Maria de Jesus
Rudge, Cibele Vieira Cunha.
Desenvolvimento do inventário da resposta sexual
na gestação – PSRI / Cibele Vieira Cunha Rudge. –
Botucatu : [s.n.], 2007
Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual
Paulista, Faculdade de Medicina de Botucatu,
2007.
Orientadora: Iracema de Mattos Paranhos Calderon
Assunto CAPES: 40101150
1. Gravidez - Sexo 2. Mulher -
Sexo 3.
Sexualidade feminina
CDD 613.95
Palavras-chave: Disfunção sexual feminina; Modelos
de resposta sexual humana; Nova classificação;
Sexualidade feminina
ads:
Cibele Vieira Cunha Rudge
3
PREFÁCIO
Em 2003, tive a oportunidade de aprender sexologia em um estágio excepcional
com o Prof Gerson Lopes, em Belo Horizonte. Fiquei encantada com esta área da
Medicina, que desconhecia por completo. Lembro-me que no primeiro dia de estágio
o Gerson me deu artigo da Rosemary Basson sobre o novo modelo de Resposta
Sexual Feminina e disse que era para discutirmos no dia seguinte...
Ao lê-lo, ou melhor, tentar, descobri que não sabia nem o modelo tradicional de
Resposta Sexual, nunca ouvira falar em Kaplan, Master & Johnson, muito menos em
todos aqueles termos técnicos em inglês!!! Imaginem, estava no fim do R3!!!
Naquela época pensava,
agora sei tudo de Obstetrícia
, mas comecei a me
questionar como as patologias, as internações e as orientações de proibições de
atividade sexual poderiam interferir na vida do casal, enquanto nós, obstetras,
lembramos de proibir, mas nunca orientamos a vida sexual, o que vai acontecer, se
riscos ou não. Todos estes questionamentos me levaram a pensar em fazer
mestrado que unisse sexualidade e gravidez. Surgiram, então, as perguntas mais
técnicas...
1º O que você vai querer saber?
2º Quais são os trabalhos que existem nesta área?
3º Você vai usar questionário?
Ao mesmo tempo em que as pessoas tentavam ajudar, sentia-me cada vez mais
encurralada, afinal não tinha resposta, e nenhuma idéia para nenhuma das
perguntas!!!
Iniciei uma pesquisa, com revisão da literatura. Mais uma decepção: falta de
trabalhos ou trabalhos antigos insuficientes para esclarecer minhas dúvidas.
E, para ajudar, tenho mãe especialista em diabete gestacional. Pensei como tema
“O impacto do diagnóstico de diabete gestacional sobre a sexualidade feminina”
(título inicial deste mestrado) - grande pretensão!!! Achei que seria fácil pois
aplicaria um questionário nas gestantes que realizaram GTT e Perfil Glicêmico no
Serviço de Diabete e Gravidez da Faculdade de Medicina de Botucatu, usaria as
Cibele Vieira Cunha Rudge
4
pacientes com diagnóstico negativo como grupo controle e as positivo como grupo
de estudo. Faria uma reavaliação em quatro semanas e estaria tudo pronto. Santa
ingenuidade!!!
Problemas iniciais:
Literatura
: entre os incontáveis livros sobre Diabete existentes na minha casa o
encontrei um capítulo sequer que falasse da sexualidade nas pacientes diabéticas,
se era igual, melhor ou pior do que alguém sem diabete.
Questionário
: tentei fazer um, mas com base em que? A Profa Carmita Abdo
sugeriu-me que usasse o mesmo do Estudo da Vida Sexual do Brasileiro, mas as
perguntas não atendiam os objetivos. Descobri que não existia nenhum questionário
validado para utilizar e que atendesse as minhas expectativas. Elaborei meu
primeiro questionário, mas como vocês verão foi um desastre, mais um banho de
água fria!!! Passei por momentos de total desinteresse, pensei várias vezes em
desistir, e fazer alguma coisa mais simples, onde minha mãe
aí aproveitaria
mesmo o fato de ser filha da Dra Marilza
pudesse me ajudar. Seria mais fácil
usar Banco de Dados sobre Diabete existente no Serviço.
Mas, sou filha da minha mãe e aprendi a não desistir tão fácil.
Comecei a dar aulas
em Congresso. O Gerson sempre teve confiança em mim, e por isso estava cada vez
mais envolvida com a sexologia. Não poderia desistir porque a análise estatística
não respondia as perguntas. A Tia Cema (Profa Adjunta Iracema de Mattos
Paranhos Calderon) mostrava que tinha vontade de me ajudar, mas também não
sabia como!!!
Uma tentativa foi quando meu projeto da tese foi aceito no Congresso Mundial de
Sexologia do Canadá em 2004, para onde fui com esperança de que alguém pudesse
me ajudar... Mais uma ilusão!!!
O corpo técnico do GAP (Grupo de Apoio a Pesquisa da Faculdade de Medicina de
Botucatu) realmente me deu um apoio e tanto!!! A Tia Cida sempre me disse
não
jogue fora nada do que você escreveu, sempre serve para alguma coisa
, e não é que
ela tem razão!!! Uma pesquisa qualitativa foi proposta, com a gentileza da Profa Dra
Cibele Vieira Cunha Rudge
5
Wilza Carla Spiri e o apoio da Dra Luciane Kerche, mas desta vez quem não
permitiu que isto acontecesse foram as gestantes!!!
Até que para minha sorte veio ao Brasil o Dr X, um pesquisador italiano, que
forneceu ao Adriano Dias, epidemiologista do GAP, as dicas preciosas para alcançar
os resultados. Não sei seu nome, mas agradeço muito a este italiano, um verdadeiro
anjo que caiu do céu!!! Acho que o José Eduardo Corrente, estatístico do GAP, viu
poucas vezes um aluno de pós-graduação tão feliz quanto no dia em que o bendito
valor do alpha de Cronbach (famoso Combate) foi atingido!!!
Achei que havia finalizado, agora o meu questionário era validado. Mas, mais uma
vez, eu estava enganada, ele era apenas consistente. Para validar era preciso a
opinião de especialistas, e também saber se tinha reprodutibilidade, ou seja,
quando aplicado por outros pesquisadores daria resultado semelhantes. O tempo
foi passando e estávamos em novembro de 2006. Consegui grande número de
respostas dos acadêmicos, elogios que deram muito ânimo. Na hora de aplicar os
questionários contei com a ajuda de pessoas muito especiais, como a Izildinha,
Angélica, Maria das Dores, a Rita e a Márcia, bem como os residentes da FMB; e a
todos que fizeram parte desta longa jornada,
meu muito obrigada!!!
Olhando para trás vejo que cresci profissionalmente com todas estas dificuldades.
Aprendi, com a ajuda do GAP, a desenvolver o questionário. No Canadá tive a
oportunidade de conhecer vários dos autores citados no Capítulo 1, uma
experiência muito valiosa. E foi desenvolvendo o questionário que percebi a
necessidade de conhecer muito bem o novo modelo de resposta sexual feminina, de
entender as diferenças entre os modelos antigos e o atual, e as diferenças de
gênero. Enfim, toda a evolução da sexologia nestes últimos quarenta anos, dando
menor importância à genitalidade e as posições sexuais e valorizando muito a
satisfação sexual. Aprendi muito sobre a fisiologia da resposta sexual, entendo,
hoje, os diferentes comportamentos sexuais da gestante, e me sinto mais
preparada para avaliar o impacto de uma patologia sobre a vida sexual da gestante.
Cibele Vieira Cunha Rudge
6
Existem muitos degraus que me separam do projeto inicial - “O impacto do
diagnóstico de diabete gestacional sobre a sexualidade feminina”. Mesmo que ainda
não tenha atingido o objetivo, acredito que caminhei muitos degraus. Finalmente,
“Tentar outra vez não é uma questão de arriscar para ver se vai dar certo; tentar
outra vez é mostrar a você que agora suas experiências lhe ensinam algo mais que
pode acrescentar e fazer diferença naquilo que deseja; tentar outra vez é
acreditar que o caminho agora é outro, mas o objetivo continua vivo no seu coração.
Sonhe com as alturas, mesmo que lhe mostrem o pântano como destino, e tente
outra vez...”
César Romão
Boa leitura,
Cibele
Cibele Vieira Cunha Rudge
7
Ao Cunha,
“Por saber que ao tentar possuir uma flor, verá sua beleza murchando, mas que se
apenas olhar uma flor num campo, esta permanecerá para sempre com ela” Por
compreender meus momentos de ausência e ter a compreensão de que nosso amor
não diminui por isso, ao contrário, sei que estás sempre na retaguarda esperando
para felicitar e compartilhar a alegria de cada uma das minhas conquistas, me
dando apoio nas derrotas e fazendo com que sempre aprendesse com elas.
Agradeço a Deus a possibilidade de amá-lo e ser amada.
Aos meus pais,
Felicidade
“Os pais podem dar alegria e satisfação para um filho,
mas não há como dar-lhe felicidade.
Os pais podem aliviar sofrimentos enchendo-o de presentes,
Mas não há como lhe comprar a felicidade.
Os pais podem ser bem-sucedidos e felizes,
Mas não há como emprestar a felicidade.
Mas os pais podem dar aos filhos
Dar muito amor, carinho, respeito,
Ensinar tolerância, solidariedade e cidadania,
Exigir reciprocidade, disciplina e religiosidade,
Reforçar a ética e a preservação da terra.
Pois é de tudo isto que compõe-se a auto-estima.
É sobre a auto estima que repousa a alma,
E é nesta paz que reside a felicidade”
Içami Tiba
Cibele Vieira Cunha Rudge
8
A minha mãe,
Por ter sempre me guiado na estrada da vida, por ter me ensinado a ser ética, pelo
amor incondicional aos filhos, pelo exemplo profissional. Ensinou-me a ser
vencedora dos meus próprios limites, mostrando-me que:
Quando não sabe, pergunta,
Quando não pode, não promete
Quando promete, faz
Quando sabe, assume
Quando assume, faz
Mãe, a você um dos meus grandes exemplos de vida !
Ao meu pai,
Por ter acreditado e me dado apoio nos sonhos de ontem, de hoje e de amanhã.
Meu obrigada a você não cabe em palavras, só posso mesmo agradecer a Deus a
benção de sua filha.
Aos meus irmãos (Raul, Vânia e Moema),
Que mesmo de longe, e a maneira deles, me deram todo apoio para passar por mais
esta etapa da vida. É muito importante ter o amor de vocês.
Aos meus avós, a tia Ruth e a Vó Lete,
Por mostrarem sempre a importância do conhecimento, humildade e honestidade,
por me fazer entender que estudo é um bem que ninguém lhe tira, e só acrescenta.
Cibele Vieira Cunha Rudge
9
Ao Felipe e a Helena,
“Quando lhe disserem que alguma coisa que você acredita é impossível, tenha
paciência. Talvez essas pessoas não saibam realmente que a vida é um eterno ato
de transformar o impossível em realidade”
R Shinyashiki
.
Obrigada pelo carinho e alegria, que estes sorrisos lindos alegram a minha vida.
Aos meus cunhados (Tati e Guedinho),
Que trouxeram a alegria e o amor para a nossa pequena, mas, unida família.
A Mara,
Por ter me ajudado e me educado nos momentos em que minha mãe não estava
disponível, na elaboração desta tese me ditando os resultados, por tudo que já
fizeste por mim, Tata, muito obrigada! “Viver é sonhar no impossível e realizá-lo”.
A Professora Iracema (Tia Cema),
Que com seu pequeno grande coração sempre me protegeu, ensinou e apoiou nos
momentos mais difíceis, um grande obrigada a minha mãe pequena!!! Pelo aceite em
ser minha orientadora, mestre e modelo de profissional. Ensinou-me que todo
trabalho com dedicação e comprometimento com metas dá certo.
A Tia Cida,
Por estar sempre disponível, ajudado na estatística na elaboração desta tese.
Obrigada de toda a vida à minha madrinha, comadre, mãe e tia postiça!!! Acho que
sou realmente especial pois também és a minha segunda mãe!!!
Cibele Vieira Cunha Rudge
10
Ao GAP da FMB,
Por todo interesse e disponibilidade na execução desta tese, meus sinceros
agradecimentos.
Aos residentes, docentes e alunos de pós-graduação do DGO-FMB, que me
auxiliaram no desenvolvimento deste trabalho. Agradeço a oportunidade do
desenvolvimento e da amizade.
Aos funcionários da pós-graduação,
Por sempre terem me lembrado de datas, prazos, sempre com muita disposição e
paciência, e sorriso nos lábios. Vocês não imaginam como são importantes na vida de
um pós-graduando!!!
A Patrícia,
Por estar sempre disponível, enviando-me trabalhos, enfim me agüentando!!!
A Marcelle,
Pela formatação, obrigada pela paciência, eficácia e rapidez.
Ao Gerson Lopes e ao Ricardo Cavalcanti,
Por todo conhecimento na área da sexologia, confiança em mim depositada e
insistindo que “tudo é difícil até ser fácil”.
Aos meus padrinhos, e a toda minha “família”
Pelo apoio e carinho desde sempre.
Cibele Vieira Cunha Rudge
11
Aos meus amigos,
Por estarem sempre ao meu lado e entenderem meus momentos de ausência,
mostrando que não era ausência, mas sim crescimento.
As gestantes,
Por dividirem comigo seus sentimentos e fazerem da minha dúvida uma tese.
Obrigada a todas vocês.
A todos,
Só é possível acreditar na própria capacidade de alcançar alguma meta quando se
está aberto ao contínuo aprendizado e aprimoramento. Todos vocês foram
fundamentais para que meu sonho se tornasse realidade e minha missão se
transformasse em conquista. Obrigada a você que em algum momento cruzou
comigo nesta vida e ajudou- me a construir meu caminho, seja no caráter biológico,
psicológico ou espiritual. "Algumas pessoas passam pela nossa vida e simplesmente
passam. Outras ficam um pouco e deixam pegadas em nossos corações e nós nunca
mais seremos os mesmos".
Que Deus abençoe a todos.
Cibele Vieira Cunha Rudge
12
SUMÁRIO
CAPÍTULO I
Sexualidade Feminina A evolução do conhecimento da resposta sexual, as
definições e classificações das disfunções sexuais femininas ..............................
14
Resumo ..................................................................................................................
15
Abstract ..................................................................................................................
16
INTRODUÇÃO .......................................................................................................
17
A evolução histórica do conhecimento da RSH .....................................................
18
Modelo linear da RSH de Master & Johnson .........................................................
18
Modelo de RSH de Kaplan ....................................................................................
21
Modelo de RS feminina diferenciada da RS masculina .........................................
23
Modelo de RSF de Basson ....................................................................................
25
Mecanismos reguladores do ciclo de RSF ............................................................
27
Classificação das DSF ...........................................................................................
28
CONCLUSÃO ........................................................................................................
34
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................
35
CAPÍTULO II
Reliability and construct validity of the pregnancy sexual response inventory
(PSRI) ....................................................................................................................
40
Abstract ..................................................................................................................
41
INTRODUCTION ...................................................................................................
42
OBJECTIVES ........................................................................................................
43
MATERIALS AND METHODS ..............................................................................
43
STATISTICAL ANALYSES ...................................................................................
49
RESULTS ..............................................................................................................
49
Internal Consistency and Reliability .......................................................................
49
Content Validity ......................................................................................................
49
Inter-interviewer reliability ......................................................................................
50
COMMENT ............................................................................................................
51
REFERENCES ......................................................................................................
55
Appendix ................................................................................................................
60
Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da FMB ...........................................
63
Cibele Vieira Cunha Rudge
13
CAPÍTULO
I
Padronizado para publicação na Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia
Cibele Vieira Cunha Rudge
14
SEXUALIDADE FEMININA
A EVOLUÇÃO DO CONHECIMENTO DA
RESPOSTA SEXUAL, AS DEFINIÇÕES E CLASSIFICAÇÕES DAS
DISFUNÇÕES SEXUAIS FEMININAS
WOMEN’S SEXUALITIES: THE EVOLUTION OF FEMALE SEXUAL
RESPONSE AND THE REVISED DEFINITIONS AND CLASSIFICATION OF
FEMALE SEXUAL DYSFUNCTION
Cibele Vieira Cunha Rudge
Gerson Pereira Lopes
Ricardo Cavalcanti
Iracema de Mattos Paranhos Calderon
Marilza Vieira Cunha Rudge
Trabalho desenvolvido na Universidade Estadual Paulista Faculdade de Medicina da
Unesp de Botucatu, Departamento de Ginecologia, Obstetrícia e Mastologia, Disciplina
de Ginecologia.
Endereço para correspondência: Cibele Vieira Cunha Rudge. Av. Rei Alberto I, 248,
apto. 85. Cep:11030-380. Santos, SP. E-mail: cirud[email protected]
Cibele Vieira Cunha Rudge
15
Resumo
INTRODUÇÃO: Estimar a prevalência e a incidência de disfunção sexual feminina
(DSF) é importante para entender seu impacto na qualidade de vida, identificando
fatores de risco para adoção de medidas preventivas. OBJETIVO: Estudar a evolução
histórica do conhecimento da função e da disfunção sexual, o estado atual da arte e os
novos conceitos e classificações das DSF. MATERIAL E MÉTODOS: Os modelos
lineares de Masters & Johnson e Kaplan (Desejo, Excitação, Orgasmo e Resolução)
representaram avanço científico e facilitaram as pesquisas, porém o conceito focado
no genital não tem sido útil na orientação das disfunções sexuais. O novo modelo
descrito por Basson (2002) move o foco do início da RSF de desejo sexual
espontâneo genital para um ciclo responsivo, onde a motivação sexual é baseada na
intimidade, transformando o estímulo sexual em excitação e o prazer afetivo desta
excitação. Esta experiência física satisfatório leva posteriormente ao desejo sexual. Se
o resultado for emocional e fisicamente satisfatório aumentará a intimidade emocional
do casal. A classificação diagnóstica das DSF varia entre os diferentes sistemas
diagnósticos, CID-10 (OMS) e DSM-IV (Associação Americana de Psiquiatria) e
Classificação de Paris (2nd International Consultation on Sexual Dysfunction), sendo a
inclusão do critério de acentuado sofrimento pessoal o elemento essencial para o
diagnóstico.CONCLUSÃO: Mais estudos sobre a fisiologia da RSF são necessários
para identificar seus marcadores, entender melhor essa espiral ascendente e quando
e porquê ela se modifica estica, achata ou rompe.
Palavras-chave: Nova classificação; Disfunção sexual feminina; Sexualidade
feminina; Modelos de resposta sexual humana.
Cibele Vieira Cunha Rudge
16
Abstract
INTRODUCTION: Accurate estimates of prevalence/ incidence of female sexual
dysfunction (FSD) are important in understanding the true burden on quality of life, and
in identifying risk factors for prevention. PURPOSE: To study the historical evolution of
female sexual response, the state-of-the-art knowledge in women’s sexual response,
and the revised definitions and classifications of FSD. MATERIAL AND METHODS:
The Master & Johnson and Kaplan models (desire, arousal, orgasm and resolution)
was a great scientific advance, facilitated clinical research, however the concept one
linear sequence genitally focused events has not proven helpful in managing women’s
sexual dysfunctions. A new view of women’s sexual response published by Basson
(2002) moves the focus from spontaneous sexual drive to an inherently responsive
cycles, that reflects intimacy-based sexual motivation, processing of sexual stimuli to
arousal. Sexual desire to continue the physical experience is emotionally and
physically satisfying, emotional intimacy with the partner is increased. Diagnostic
classifications have varies among different diagnostic systems: ICD-10 (WHO), and
DSM-IV (American Psychiatric Association) and Paris classification (2nd International
Consultation on Sexual Dysfunction). An essential element of the new diagnostic
system is the inclusion of personal distress criterion for most of the diagnostic
categories. CONCLUSION: Further research is urgently need on female sexual
response physiology, to identify their markers and to better understanding the feedback
loops.
Keywords: Revised definitions; Female sexual dysfunction; Female sexuality; Human
sexual response cycles.
Cibele Vieira Cunha Rudge
17
A evolução do conhecimento da resposta sexual, as definições e
classificações das disfunções sexuais femininas
Women’s sexualities: the evolution of female sexual response and the
revised definitions of female sexual dysfunction sexualidade feminina
Introdução
A estimativa acurada da prevalência e da incidência de disfunção sexual
humana (DSH) é importante para o entendimento do real impacto da disfunção
sexual feminina (DSF) e masculina na qualidade de vida, na identificação de
fatores de risco e adoção de medidas preventivas
1
.
A alta prevalência de disfunções sexuais, evidenciada em estudos
recentes do Massachusetts Male Aging Study
2
e da Vida Sexual do Brasileiro
3
,
indica a possibilidade de haver um problema de saúde pública, um super-
dimensionamento no diagnóstico ou um desconhecimento da correta fisiologia
da RSH.
A maioria dos estudos é realizada focando a disfunção sexual e pouca
atenção tem sido dada à DSF. São raras as investigações sobre os pilares
fisiológicos e psicológicos da DSF e, em decorrência, poucos esquemas
terapêuticos estão disponíveis. A falta de ensaios clínicos decorre
provavelmente da ausência de definições e classificação das DSF.
A DSF é problema multifatorial combinando determinantes biológicos,
psicológicos e inter-pessoais; afeta 25 a 63% das mulheres e tem relação
direta com o avançar da idade
4
. Para muitas mulheres as disfunções sexuais
são consideradas fisicamente desconcertantes, emocionalmente estressantes
e socialmente excludentes e, portanto, com forte impacto na qualidade de vida
e nos relacionamentos inter-pessoais
5
.
A evolução histórica do conhecimento da função e da disfunção sexual,
o estado atual da arte, as diferenças entre homens e mulheres e os recentes
avanços no conceito e classificação da DSF são pré-requisitos importantes no
entendimento da DSF.
Cibele Vieira Cunha Rudge
18
A evolução histórica do conhecimento da RSH
Os estudos pioneiros consideravam a RSH como se homens e mulheres
tivessem comportamento sexual semelhante.
Os primeiros relatos sobre sexualidade humana datam do século XVIII,
mas estudos mais formais e rigorosos focados na satisfação sexual e nas
práticas sexuais foram publicados a partir de 1900. Hamilton & Macgowan
6
publicaram trabalho sobre relacionamento conjugal e Davis
7
, em 1929, relatou
a vida sexual de 2.200 mulheres da cidade de Nova York. Terman
8
, em 1938,
comparou a freqüência de relações sexuais desejadas e ocorridas em mais de
800 casais. Os trabalhos notáveis de Kinsey resultaram em dois livros
clássicos: O Comportamento Sexual do Homem
9
e O Comportamento Sexual
da Mulher
10
. Muitos desses trabalhos antigos focavam na satisfação sexual, na
habilidade em atingir o orgasmo e na freqüência de relações sexuais
desejadas. Esses trabalhos pioneiros foram publicados como livros com
espaço grande para a divulgação, descrição muito bem elaborada da
população, dos questionários aplicados e inúmeras tabelas descritivas.
Entretanto, o detalhamento excessivo revelou que os autores desenvolveram
suas próprias questões sem se preocupar com a compreensibilidade ou a
ordem das mesmas, o que pode ter influenciado nas respostas
11
.
Modelo linear da RSH de Master & Johnson
O marco da evolução do conhecimento da RSH aconteceu com as
pesquisas de Masters & Johnson
12
, de repercussão mundial, cujos
conhecimentos são usados até os dias de hoje. Elas contribuíram para a
sexologia tornar-se área de conhecimento. Esses autores desenvolveram o
primeiro modelo de RSH ao estudarem casais que tinham relações sexuais
monitoradas em laboratório, com início do ato sexual determinado pelo
pesquisador. É discutível se esses achados refletem a real RSH, pois o
momento do início do ato sexual era determinado pelos pesquisadores e os
autores escolheram um grupo seleto de homens e mulheres, justamente
caracterizadas pela habilidade em atingir o orgasmo nas relações intra-
vaginais
13,14
.
Cibele Vieira Cunha Rudge
19
Este modelo é conhecido como EPOR: excitação (E), platô (P),
orgasmo (O) e resolução (R) e baseia-se numa seqüência linear e coordenada
de fases, focada nos eventos genitais com grande importância ao orgasmo
(Figura 1).
Figura 1. Modelo linear da RSH desenvolvido por Masters & Johnson
12
.
A excitação é comandada muito mais pela cultura que pela biologia. Em
alguns grupos humanos certos fatos ou situações são considerados
sexualmente excitantes, enquanto que, em outros grupos, os mesmos fatos e
situações são neutros do ponto de vista erótico. Os homens brasileiros são
mais sensíveis aos estímulos visuais que as mulheres e, por outro lado, as
mulheres são mais susceptíveis aos estímulos táteis, aos abraços, beijos e
carícias. A estimulação sexual pode também ser do tipo psicogênico, isto é,
provocada pela recordação de fatos eróticos vivenciados, pela divagação ou
pela criação fantasiosa de situações sexuais
15
.
A resposta do organismo ocorre com base em dois fenômenos
fisiológicos: vasocongestão (superficial e profunda) e miotonia (generalizada e
específica). Neste estudo de Masters & Johnson foram documentadas as
modificações genitais (Tabela 1) e extra-genitais (Tabela 2), masculinas e
femininas, que ocorrem durante o ato sexual
16
.
Cibele Vieira Cunha Rudge
20
MUDANÇAS GENITAIS
MULHER HOMEM
E O R E O R
Mamas Tumescência
, ereção
mamilo
Detumescência
involução
mamilo
Pênis Ereção Expulsão
com
contração da
uretra
Detumescênci
a
Vagina Lubrificação,
cor e volume
Contrações
musculares
, 5–18
1/3 inf.
Desapareciment
o da congestão
e distenção
Escroto
e
testículo
s
Elevação e
engrossament
o
Retorno
Clitóris Tumescência
da glande e
corpo,
retração,
Retorno, lenta
detumescência
Próstata
e ves.
Seminal
Contrações,
inevitabilidad
e ejaculatória
e emissão de
fluidos
Grandes
lábios
Achatados,
afilados e se
abrem para
os lados
Retorno Mama Ereção Retorno
Pequeno
s lábios
2 a 3x de
diâmetro,
coloração
vermelho ou
vinhosa
Contrações
desde o
fundo ao
colo
Retorno
Útero Tamanho,
elevação
Retorno e
posição
Tabela 1. Mudanças genitais masculinas e femininas
12
.
Mudanças extra-genitais
E O R
PA
↑↑
FC
↑↑
FR
↑↑
Musc
↑↑
Pele
rubor
rubor
Rápido
desaparecimento
Tabela 2. Modificações extra-genitais masculina e feminina
12
.
Cibele Vieira Cunha Rudge
21
Dos resultados obtidos, os autores publicaram dois livros: Human Sexual
Response, em 1966, e Human Sexual Inadequacy, em 1970, onde descrevem
o modelo de quatro fases da RSH.
A classificação das disfunções sexuais, bem como a atual terapia sexual
são dependentes desses trabalhos pioneiros de Masters & Johnson
12,17
. Esse
modelo tem sido criticado por feministas, pois Masters & Johnson
consideravam iguais as respostas sexuais masculina e feminina,
particularmente no uso do “assim chamado” ciclo de RS, que foi retratado como
modelo “normal“ de RS do homem e da mulher.
Modelo de RSH de Kaplan
Ao analisar os fracassos terapêuticos de pacientes submetidos ao
esquema terapêutico proposto por Masters & Jonhson
12
, ficou claro para Helen
Kaplan que um sub-grupo considerável de pacientes tinha pouca ou nenhuma
vontade sexual com seus parceiros. Em decorrência, desenvolviam impotência
ou disfunção do orgasmo por ter relação sexual sem vontade. Em outras
palavras, estas disfunções sexuais eram secundárias à falta de DESEJO
SEXUAL, demonstrando que os pacientes não eram resistentes ao tratamento,
mas estavam sendo tratados com base em diagnóstico incorreto
18
. Assim, em
1974, Kaplan refinou o modelo da RSH de Masters & Johnson e apresentou um
outro modelo de RSH, incorporando o conceito de desejo sexual a RSH
19
.
Criou-se, dessa maneira, o modelo de RSH, conhecido por DEO desejo (D),
excitação (E) e orgasmo (O), que foi modificado pela mesma autora em 1979,
com a introdução da fase da resolução (DEOR)
20
. É também um modelo linear
trifásico, temporal e coordenado de fases, focado nos eventos genitais e na
ansiedade (Figura 2).
Cibele Vieira Cunha Rudge
22
Figura 2. Modelo linear da RSH desenvolvido por Kaplan
20
.
O modelo Kaplan (DEOR) de RSH envolve modificações fisiológicas que
acontecem após estímulo sexual positivo, em que a primeira fase é o desejo
sexual (D). Esta fase tem relação com SNC (sistema límbico, hipotálamo e
neocórtex), alguns hormônios (androgênios, estrogênios, progesterona e
prolactina), neurotransmissores (serotonina, dopamina, etc.) e estímulos
sexuais. Após o desencadeamento do desejo sexual, uma fase “encoberta” da
RS sem resposta corporal específica, inicia-se a fase da excitação (E) que é
caracterizada por dois fenômenos: (1) vasocongestão com acúmulo de sangue
em algumas regiões, superficial ou profunda, do corpo e (2) miotonia com
contrações musculares, generalizadas ou localizadas. Estas manifestações da
fase da excitação podem ser genitais ou extra-genitais. Quando a
manutenção do estímulo sexual e integridade do sistema efetor, ocorre a
lubrificação genital na mulher e a ereção no homem. Essa fase é proveniente
do rico plexo vascular, dilatado e túrgido, da vagina e do pênis, decorrente da
vasocongestão. A fase do orgasmo (O) é aquela em que a excitação é máxima,
com grande vasocongestão e a miotonia é percebida com todas as suas
características de quantidade e ritmicidade na pelve. É acompanhada de
intensa sensação de prazer e seguida da fase de resolução (R) onde ocorre o
relaxamento e a involução de todos fenômenos descritos.
Este modelo de RSH foi referendado pela American Psychiatric
Association em 1994
21
e a classificação das disfunções sexuais definida pelo
Cibele Vieira Cunha Rudge
23
CID-10
22
, também seguem este modelo de RSH. Mas, para a confirmação
diagnóstica é necessária a constatação de sofrimento intenso e dificuldade
interpessoal, decorrentes do problema de disfunção sexual
23
Entretanto, como
este modelo de quatro fases é baseado nas características da resposta sexual
masculina, pode não ser adequado para descrever a RSF
24
. A falta de desejo
sexual espontâneo nas mulheres em relacionamentos de longa duração e o
fato da lubrificação ter pouca importância para a mulher são fatores que
contribuem para aumentar o diagnóstico errôneo das disfunções. Ainda mais,
este modelo DEOR não é útil no diagnóstico e conduta das mulheres com
disfunção sexual.
A maior contribuição de Kaplan foi a idéia de que o pensar” do paciente
e suas cognições são cruciais no funcionamento sexual, pois os pacientes com
disfunções sexuais psicogênicas reforçam o problema com seus pensamentos
e a ansiedade sexual produz “anticorpos sexuais” sob a forma de atitudes
mentais negativas que inibem o desejo sexual.
É inegável que estes modelos lineares trouxeram grande avanço
científico na época e facilitaram as pesquisas clínicas e epidemiológicas, porém
vários aspectos da RSF que não se enquadram nestes modelos de RSH. A
consciência do desejo sexual espontâneo foi definida como a fase inicial que
levava à excitação seguida do orgasmo e da resolução. Infelizmente, estes
modelos de progressão linear e seqüencial de fases, com foco na congestão e
na excitação genital mais do que a experiência subjetiva, têm valor limitado na
avaliação e conduta dos problemas sexuais femininos
25
. Apesar disso, estes
modelos de RSH constituem a base das definições oficiais sobre a DSF,
resultando em divergências e vieses entre os poucos estudos epidemiológicos
sobre disfunção/transtorno sexual disponíveis na literatura.
Modelo de RS feminina diferenciada da RS masculina
Os modelos tradicionais mostram semelhança nas RS masculina e
feminina, mas o avançar dos estudos evidencia que a mulher tem
comportamento sexual diferente do homem. Os primeiros estudos (19201970)
traziam informações em relação à satisfação sexual e à capacidade em atingir
o orgasmo. Com a publicação dos trabalhos de Masters & Johnson, as
Cibele Vieira Cunha Rudge
24
pesquisas passaram a envolver todos os aspectos do ciclo de RS. Os estudos
de Masters & Johnson e Kaplan consideravam que a RS era semelhante no
homem e na mulher e ocorria de forma linear e seqüencial.
A grande maioria das mulheres relata que o DESEJO SEXUAL não é o
principal motivo do início ou do aceite da atividade sexual, ou seja, o DESEJO
SEXUAL ESPONTÂNEO não é a primeira fase da RS nas mulheres; ainda
mais, nos relacionamentos de longa duração as mulheres raramente
apresentam DESEJO SEXUAL ESPONTÂNEO. Outro aspecto que contradiz o
modelo linear é que as fantasias sexuais focam na EXCITAÇÃO e não no
DESEJO, ou seja , na segunda fase de Kaplan e não na primeira. Para as
mulheres a sexualidade é uma integração corpo-mente e não só genital, como
descrito por Kaplan
25
.
No início da descrição dos modelos de RS a satisfação sexual tinha
pouca importância. Somente em 1988, Schein et al.
26
publicaram estudo que
analisava desejo, excitação, orgasmo, resolução e dispareunia e os
associavam com satisfação sexual. Isto levou ao auto-diagnóstico errôneo de
disfunção sexual em 43% das mulheres americanas. Para as mulheres a
satisfação sexual está mais ligada à intimidade emocional do casal do que aos
eventos genitais e, na verdade, é o que mais importa.
Muitas foram as críticas sobre o modelo de RS proposto por Kaplan.
Leonor Tiefer
27
afirma que falsa noção de equivalência sexual entre homem
e mulher porque este modelo desconsidera o contexto relacional e o
nivelamento das diferenças entre mulheres. Basson et al.
25
referem que o
modelo de Kaplan é focado apenas na resposta genital, desconhece os
aspectos emocionais e apaga o contexto relacional. Esses conhecimentos da
RSH e as diferenças do desejo sexual feminino, evidenciada por relatos de
mulheres, mostram que é extenso o espectro de problemas no entendimento
do desejo sexual feminino: “é um distúrbio ou um entendimentoerrado”
28
.
A RSF varia de acordo com o ciclo de vida, a idade, a duração dos
relacionamentos e o grau de envolvimento sexual. As mulheres percebem mal
a vasocongestão pélvica e o modelo de RSF varia, de mulher para mulher e na
mesma mulher, na dependência do estímulo, da parceria e do contexto de vida.
Evidencia-se, portanto, a dificuldade em aceitar um modelo linear e único de
Cibele Vieira Cunha Rudge
25
RSH para homens e mulheres. Na verdade, a mulher busca a intimidade sexual
por estar bem e o homem busca a relação sexual para estar bem.
Modelo de RSF de Basson
Um novo modelo de RSF foi elaborado por Basson
29
levando em
consideração todos os aspectos da sexualidade feminina e serviu de base para
a adaptação da classificação das disfunções sexuais publicadas no Diagnostic
and Statistical Manual of Mental Health Disorders
22
.
Este novo modelo de RSF é cíclico e modifica o foco do início da
resposta sexual da mulher. Considera-se que a RSF começa a partir de um
estado de neutralidade sexual, modificado na dependência de estímulo não-
sexual e da receptividade da mulher, e será tanto maior quanto maior a
intimidade emocional do casal. Este novo conceito cada vez mais
importância à sexualidade integral, como interação e integração entre duas
pessoas do que simplesmente a resposta genital.
A partir do estado de neutralidade sexual, a mulher procura recompensa
não-sexual, ou seja, não-genital, caracterizada pelo aumento da intimidade
emocional e da sensação de bem-estar; em outras palavras, a mulher busca
ser amada, querida e acolhida. Diversas são as razões ou motivações que
tornarão esta mulher receptiva para o sexo; são motivações complexas e de
valores pessoais, como o aumento da intimidade com o parceiro, a melhora da
sua auto-imagem, o sentir-se atraente, feminina, amada e desejada e ter
capacidade de atrair. Outros aspectos, de certa forma estranhos, também são
motivações para torná-la mais receptiva para o sexo, redução de seus
sentimentos de ansiedade e culpa por uma baixa freqüência de relação sexual
por cobrança própria e do parceiro
28
.
Neste modelo, a mulher passa a aproveitar estímulos como beijos,
abraços, carícias nas mamas e, com o processar desses estímulos no sistema
límbico, tem a sensação de excitação mental subjetiva, que é influenciada por
fatores biológicos e psicológicos. Se esse estímulo sexual estiver de acordo
com sua vontade, por tempo suficiente e com perfeita integração entre o lado
biológico e o psicológico, haverá aumento da excitação e do prazer. O tipo de
estímulo sexual, o tempo e o contexto (erótico e interpessoal) são individuais. A
Cibele Vieira Cunha Rudge
26
conjugação destes fatores levará a excitação e desejo sexual responsivo,
originários da cascata de eventos que sucederam a etapa do desejo sexual. Se
tudo ocorrer em perfeita sintonia, essa mulher atingirá um estado de satisfação
sexual com ou sem orgasmo. Esta é a nova forma de entender a RSF, onde é
retirada a chamada “ditadura do orgasmo”, pois o objetivo inicial desta mulher é
o aumento da intimidade emocional e não o orgasmo. Se for atingido, o
orgasmo será um reforço positivo para este e para um próximo ciclo de RS.
O desejo sexual espontâneo também influencia a RSF, estimulando
ainda mais essa mulher e favorecendo sua receptividade para o ato sexual e
para o processamento cerebral do estímulo sexual, o que aumentará a
sensação de excitação subjetiva. A análise do ciclo leva ao entendimento da
RSF (Figura 3).
Figura 3. Ciclo de RSF (Basson, 2000).
Este ciclo tem duração contínua durante todo o ato sexual, numa
espécie de espiral ascendente. Apesar da denominação cycle of female sexual
response, o entendimento fisiológico mostra que a RSF é semelhante a uma
espiral progressiva e ascendente com fatores relacionados a esta relação
Cibele Vieira Cunha Rudge
27
sexual ou a outras anteriores, que levam à satisfação sexual, com ou sem
orgasmo (Figura 4).
Figura 4. Espiral que representa a RSF.
Mecanismos reguladores do ciclo de RSF
Os fatores que regulam este ciclo podem favorecer, interromper ou
modificar a RSF, são denominados feedback na literatura. Existem três tipos de
feedback o da genitália, o das emoções e o da cognição, ou seja,
relacionados a aspectos biológicos, às emoções daquele determinado
momento e às suas crenças anteriores. Conforme os estímulos sexuais são
processados no sistema límbico para atingir a excitação, aumento da
entrada de ocitocina para o sistema límbico (via aferente) e da liberação de
serotonina do sistema límbico para a medula (via eferente), que atinge os
órgãos genitais e ocasiona a vasocongestão. Vários outros hormônios e
neurotransmissores estão ligados à resposta sexual, entretanto, sabe-se
apenas que eles interferem, mas seu modo de ação ainda não é conhecido.
São citados a testosterona, os estrógenos, a prolactina, a dopamina, a
adrenalina, dentre outros. A vasocongestão é pobre ou ausente nas mulheres;
assim, o aumento da intimidade, e não a vasocongestão genital, é o fator
reforçador da RSF
28
.
A condição emocional da mulher tem atuação sobre o sistema límbico,
ou seja, as emoções são capazes de inibir ou favorecer a passagem do
estímulo para os genitais. São exemplos de emoções negativas: culpa,
Cibele Vieira Cunha Rudge
28
vergonha, timidez, ingenuidade. Por outro lado, as emoções
agradáveis/satisfatórias tornam-se reforço positivo para o ciclo de RSF.
Cognição é o conjunto de informações associado a sensações
experimentadas em algum momento da vida e que, por determinado motivo,
passaram a ser verdades. Essas verdades é que formam a cognição (os
pensamentos automáticos). Por exemplo, uma mulher com dificuldade de
atingir o orgasmo e que ouve do parceiro que ela é frígida, passa a aceitar essa
afirmação como verdade. Isto inibe ou bloqueia seu ato sexual, por acreditar
que não tem capacidade de atingir o orgasmo. Este fato é denominado
distorção cognitiva. A importância da cognição é que ela está relacionada com
a imagem que qualquer mulher faz de si mesma; se esta imagem for positiva,
ela fará com que este estímulo sexual seja processado em excitação, mas se a
imagem for negativa, terá como resultado hesitação, cautela ou,
provavelmente, embaraço frente ao estimulo sexual. O desejo sexual
espontâneo é influenciado pelo ciclo menstrual, pela gestação, pelo
envelhecimento, pelo tempo de relacionamento e pela troca de parceria. De
acordo com este modelo, a RSF é o resultado da integridade e da integração
entre o biológico, o cultural e o ambiente que rodeia a mulher.
Os conhecimentos atuais da RSF evidenciam que a relação sexual deve
trazer satisfação persistente e recorrente e, da mesma forma, a disfunção
sexual deve estar acoplada ao sofrimento persistente e recorrente. Este é um
avanço no conhecimento da sexualidade feminina, ou seja, ela é diferente da
masculina e assim deve ser reconhecida e entendida.
Classificação das DSF
Atualmente, existem três tipos de classificações das DS, relacionadas ao
entendimento da fisiologia da RS e, por conseqüência, à evolução do conceito
de DS.
1 Classificação diagnóstica da OMS
22
Define as disfunções sexuais masculinas e femininas como “várias
maneiras pelas quais um individuo é incapaz de participar de uma relação
sexual como ele ou ela gostaria”. Categorias específicas na nomenclatura do
CID10 incluem: falta ou diminuição do desejo (F52.0); aversão sexual (F52.1);
Cibele Vieira Cunha Rudge
29
falha da resposta genital (F52.2); disfunção orgásmica (F52.3); vaginismo sem
causa orgânica (F52.5); dispareunia sem causa orgânica (F52.6); desejo sexual
hiperativo (F52.7).
A classificação do CID10 baseia-se nos modelos de Masters &
Johnson
17
e de Kaplan
20
, ou seja, na seqüência linear, coordenada e
seqüencial de fases DEOR, não contempla a RSF e, portanto, não contempla
a DSF.
2 Classificação da Associação Americana de Psiquiatria
21
, denominada
DSMIV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Health Disorders).
Publicada em 1994, é uma classificação de disfunções psiquiátricas
relativas à nomenclatura de doenças mentais, que não foram elaboradas para
serem usadas na classificação das causas orgânicas de DSF No DSMIV as
DS são definidas como “distúrbios sexuais no desejo e nas alterações
psicofisiológicas que caracterizam o ciclo de resposta sexual e que causam
sofrimento ou dificuldade interpessoal”. As categorias específicas do DSMIV
incluem: desejo sexual hipoativo (302.71); aversão sexual (302.79); disfunção
orgásmica feminina (302.73); dispareunia (302.76); vaginismo (306.51).
No DSMIV estabelece-se o critério de que a DS causa sofrimento
intenso e dificuldade interpessoal”, enquanto que no CID10 este aspecto está
presente, mas é mais sutil. Na verdade, em ambas as classificações é
reconhecida a necessidade de inclusão do critério sofrimento (distress) na
definição de DS.
O DSMIV inclui uma categoria adicional de DS relacionada à condição
médica ou clínica e não apenas psicológica. Também, neste tipo de
classificação, o vaginismo, a dispareunia e a disfunção erétil são colocados em
separado, de acordo com a etiologia da DS.
O DSMIV auxilia pouco o terapeuta sexual na escolha da melhor forma
de tratamento ou na predição do resultado terapêutico
30
. Estas dificuldades
apontam para a necessidade uma nova classificação diagnóstica, englobando
aspectos médicos, mentais e sexuais.
3 Classificação de Paris
Cibele Vieira Cunha Rudge
30
Em 1998, um grupo de 19 especialistas de cinco países, experts em
DSF, foi convocado pelo Sexual Function Health Council, da American
Foundation for Urologic Disease para uma conferência interdisciplinar de
consenso. Estes 19 especialistas, do Canadá, Dinamarca, Itália, Holanda e
EUA, tinham conhecimentos multidisciplinares, incluindo endocrinologia,
medicina de família, ginecologia, enfermagem, farmacologia, fisiologia,
psiquiatria, psicologia, reabilitação e urologia. O objetivo inicial do encontro foi
identificar um grupo multidisciplinar de especialistas em sexualidade feminina e
desenvolver uma agenda de trabalho, na forma de conferência.
Os métodos de trabalho incluíram revisão extensa de tópicos específicos
da área, discussão de grupos estruturados e voto de consenso, obtido por
fórmula matemática específica, conhecida como método de Rand. Os
especialistas foram orientados para que suas decisões fossem baseadas em
seus próprios conhecimentos e não naqueles das sociedades que
representavam
31,32
.
Na realidade, o consenso sintetizou a opinião de especialistas clínicos e
pesquisadores, e foi elaborado para desenvolver guidelines para uso em
procedimentos clínicos ou para a tomada de decisões diagnósticas. A grande
vantagem foi o custo-efetividade e os resultados dessa conferencia tiveram
ampla base de conhecimento. A principal desvantagem foi a limitação do
conhecimento e dos dados disponíveis e a natureza subjetiva das decisões
tomadas em grupo. O consenso foi publicado no Journal of Urology com a co-
autoria de todos os participantes
33
. Apesar do conhecimento atual disponível
ter nível de evidência 6, ou seja, resultante da opinião de especialistas
34
, a
forma como o consenso foi elaborado consistência às propostas de
definições e de classificação das DSH.
Em 2003, o 2nd International Consultation on Sexual Dysfunctions,
realizado em Paris
35
, expandiu a classificação das DSF e incluiu as causas
psicogênicas e orgânicas de desejo, excitação, orgasmo e DS associadas à
dor. Um elemento essencial do novo sistema diagnóstico é que o critério de
sofrimento pessoal (personal distress) é a base para se fazer o diagnóstico de
DSF. Uma nova categoria de dor sexual, a dor “não-coital”, foi adicionada e foi
recomendado um novo sistema com outros sub-tipos para o diagnóstico clínico.
Cibele Vieira Cunha Rudge
31
Foram propostos guidelines com endpoints e outcomes bem definidos
(Tabela 3).
I- Disfunção sexual do desejo
a) desejo sexual hipoativo
b) aversão sexual
II- Disfunção sexual da excitação
a) subjetiva
b) genital
c) combinada
d) persistente
III- Disfunção orgásmica
IV- Disfunção sexual de dor
a) dispareunia
b) vaginismo
c) outras disfunções de dor sexual
Tabela 3. Classificação das DSF, de acordo com 2nd International Consultation on
Sexual Dysfunction
35
.
Assim, as definições de DSF recomendadas pelo Consenso de Paris
são as seguintes:
A) Disfunção de desejo sexual:
A1) desejo sexual hipoativo ou disfunção de interesse sexual: é a
deficiência persistente ou recorrente (ou ausência) de pensamentos ou
fantasias e/ou desejo para ser receptiva à atividade sexual e que cause
sofrimento pessoal. As motivações (aqui definidas como razão/incentivos) para
sair do estado de neutralidade sexual são escassas ou ausentes. A perda de
interesse é considerada como perda natural com o ciclo de vida e com a
duração do relacionamento.
A2) aversão sexual: falta de desejo sexual associada a ansiedade
extrema e/ou fobia antecipatória ou na tentativa de atividade sexual.
B) Disfunção sexual de excitação: é a inabilidade persistente ou
recorrente de obter ou manter excitação sexual suficiente, que causa
sofrimento e que pode ser expressa como a falta de excitação subjetiva ou
Cibele Vieira Cunha Rudge
32
genital (lubrificação/umidificação) ou outras respostas somáticas. Foram
recomendados os seguintes sub-tipos:
B1) disfunção sexual de excitação subjetiva: ausência ou diminuição
acentuada da sensação de excitação (excitação/prazer) de qualquer tipo de
estímulo sexual. A lubrificação vaginal ou outros sinais de excitação física de
resposta ainda ocorre.
B2) disfunção sexual de excitação genital: ausência ou diminuição da
excitação genital. As mulheres com este tipo de disfunção relatam mínima
umidificação ou lubrificação vaginal em resposta a qualquer tipo de estímulo e
reduzida sensação sexual ao toque genital. A excitação sexual subjetiva ainda
ocorre com estímulo sexual nos genitais. As mulheres com este sub-tipo de
disfunção de excitação genital mostram que podem excitar-se por alguns
instantes ou situações como, por exemplo, vendo um filme erótico que satisfaz
seu parceiro; sendo beijada ou recebendo estimulação mamária. queixa de
perda importante da intensidade de qualquer resposta genital incluindo
orgasmo. Deve-se salientar que o relato da mulher de ausência ou diminuição
da umidificação ou lubrificação é a base da definição.
B3) disfunção sexual da excitação combinada: ausência ou diminuição
acentuada da sensação de excitação sexual ou prazer, em qualquer tipo de
estímulo, bem como a ausência ou diminuição acentuada da sensação genital
da excitação (umidificação vulvar e lubrificação). O que distingue estas
mulheres daquelas com disfunção sexual de excitação genital é a falta de
excitação subjetiva frente a qualquer tipo de estímulo sexual.
B4) disfunção sexual da excitação persistente: esta é uma definição mal
compreendida, mas recentemente mais reconhecida. Caracteriza-se por uma
excitação espontânea e perturbadora de excitação genital não desejada
(latejamento vaginal, pulsação, vibração) que ocorre na ausência de interesse
sexual e desejo. A excitação é seguida por um ou mais orgasmos e persiste
por horas ou dias.
C) Disfunção Orgásmica: mesmo com altos níveis de excitação
ausência ou diminuição importante na intensidade da sensação do orgasmo ou
demora acentuada em atingi-lo, independentemente do estímulo sexual.
D)Disfunção sexual da dor:
Cibele Vieira Cunha Rudge
33
D1) dispareunia: dor persistente ou recorrente entrada da vagina ou na
penetração.
D2) vaginismo: dificuldade persistente ou recorrente da mulher permitir a
entrada do pênis, dedo ou qualquer objeto, mesmo que ela deseje. Geralmente
acompanhado de evitação, contração da musculatura pélvica e medo
antecipatório. Anormalidades físicas ou estruturais devem ser afastadas.
D3) dor não-coital: hipersensibilidade vulvar – vulvodinia.
Cada um desses diagnósticos deve ser ainda sub-dividido considerando-
se a cronologia, a fenomenologia, a origem etiológica e o nível de estresse
associado. De acordo com a cronologia, as disfunções sexuais são divididas
em primária e secundária (evidenciada após algum tempo de resposta normal).
A primária requer investigação mais detalhada em relação a infância,
adolescência e passado de relacionamentos, enquanto que as adquiridas
necessitam de inquérito minucioso em relação ao contexto (psicológico e
médico) que rodeia a disfunção.
A fenomenologia divide-se em geral e situacional. Os problemas
situacionais sugerem ausência de patologia orgânica na resposta sexual. Estes
podem ser adaptativos ou lógicos dentro de um contexto e tem grande
importância na terapia. O nível de sofrimento associado deve ser dividido em
nenhum, pouco, moderado e acentuado. Na ausência de sofrimento
importância epidemiológica, mas, não clínica.
Em relação ao contexto, é necessário elucidar os fatores contextuais: do
passado, no momento atual e os médicos (ou fisológicos/orgânicos?). Os
fatores contextuais passados podem ser predisponentes, precipitantes ou
mantenedores de uma disfunção sexual. São eles, forma negativa de criação,
perdas, traumas sicos, sexuais e emocionais, o histórico passado dos
relacionamentos e as restrições culturais e religiosas. Dentre os fatores atuais
devem ser considerados: dificuldades interpessoais, disfunção sexual do
parceiro, estimulação inadequada e contexto insatisfatório emocional e sexual.
Uma avaliação médica geral em relação a condições clínicas e
psiquiátricas, uso de medicações, abuso de substâncias e possível associação
com sofrimento são pré-requisitos para o entendimento da etiologia da DSF.
Recomenda-se que os descritores contextuais estejam incluídos em todos os
Cibele Vieira Cunha Rudge
34
diagnósticos. Estão em andamento estudos sobre a utilidade e validação
dessas recomendações na definição de DSF.
Estes novos conhecimentos da RSF mudaram a classificação das DSF,
pois a classificação do CID10 está ligada à RSH baseada no modelo de
Kaplan. A classificação de Paris levou em consideração esse novo conceito da
RSF e apresenta mudanças sutis em relação à classificação anterior, mas
ainda não está de acordo com o ciclo de RSF. Provavelmente, ocorrerão novas
modificações na classificação de DSF que, em nosso ponto de vista, precisam
incluir a satisfação sexual, definir o orgasmo como um reforço e considerar que
a sua ausência não caracteriza, necessariamente, DSF.
Conclusão
Mais estudos sobre a fisiologia da RSF o necessários para identificar
seus marcadores, entender melhor essa espiral ascendente e quando e porquê
ela se modifica estica, achata ou rompe.
Os estudos em neurobiologia ajudarão a compreender o processamento
das informações cerebrais, favorecendo as técnicas psicológicas para o
tratamento destas disfunções. A elaboração de questionários sobre RSF
orientados por esses novos conhecimentos e sua aplicação nas diferentes
fases da vida da mulher ampliarão os conhecimentos e permitirão distinguir o
normal do patológico e os fatores que influenciam positiva e negativamente no
ciclo de RSF. Isto, certamente, permitirá manejo mais fácil e mais eficiente das
portadoras de disfunção sexual.
Cibele Vieira Cunha Rudge
35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Lewis RW, Fugh-Meyer KS, Bosch R, Fugh-Meyer AR, Laumann EO, Lizza
E, et al. Epidemiologic. Risk factors of sexual dysfunction. J Sex Med.
2004;1(1): 35–9.
2. Feldman HA, Goldstein I, Hatzichristou DG, Krane RJ, McKinlay JB.
Impotence and its medical and psychological correlates: results of the
Massachusetts male aging study. J Urology. 1994;151(1):54–61.
3. ABDO CHN Descobrimento Sexual do Brasil. São Paulo: Summus
Editorial; 2004.
4. Laumann EO, Paik A, Rosen RC. Sexual dysfunction in the United States:
prevalence and predictors. Am J Medical Association. 1999;281:537–41.
5. Basson RJ. Using a different model for female sexual response to address
women’s problematic low sexual desire. J Sex Marital Therapy.
2001;27:395–403.
6. Hamilton GV, Macgowan K. What is wrong with marriage? New York: A & C
Boni; 1929.
7. Davis K. Factors in the sex life of twenty-two hundred women. New York:
Harper; 1929.
8. Terman L. Psychological factors in marital happiness. New York: McGraw-
Hill; 1938.
9. Kinsey AC, Pomeroy WB, Martin CE. Sexual behavior in the human male.
Philadelphia: WB Saunders; 1948.
10. Kinsey AC, Pomeroy WB, Martin CE, Gebhard, PH. Sexual behavior in the
human female. Philadelphia: WB Saunders; 1953.
Cibele Vieira Cunha Rudge
36
11. West S, ViniKoor L, Zolnoun D. A systematic review of literature on female
sexual dysfunction prevalence and predictors. Ann Rev Sex Res.
2004;15;40–172.
12. Masters WH, Johnson VE. Human sexual response. Boston: Little
Brown;1966.
13. Irvine JM. Disorders of desire. Philadelphia: Temple University Press; 1990.
14. Tiefer L. Historical, scientific, clinical, and feminism criticisms of “The human
sexual response cycle”. Ann Review of Sex Reaserch. 1991;2:1–23.
15. Cavalcanti e Cavalcanti. Tratamento clínico das inadequações sexuais. In:
Cavalcanti e Cavalcanti, editors. Fisiologia da resposta sexual humana.
2006. 3
rd
ed. São Paulo: Rocca editora; 2006. p. 73–104.
16. Lopes GP. Sexualidade humana. 2ª ed. Rio de Janeiro: MEDSI; 1993.
17. Masters WH, Johnson VE. Human sexual inadequacy. Boston: Little
Brown;1970.
18. Kaplan HS. Transtornos do desejo sexual: regulação disfuncional da
motivação sexual. Porto Alegre: Artmed; 1999.
19. Kaplan HS. The new sex therapy. New York: Brunner/Mazel; 1974.
20. Kaplan HS. Disorders of sexual desire. New York: Brunner/Mazel; 1979.
21. American Psychiatric Association: DSM-IV: Diagnostic and Statistical
Manual of Mental Disorders. 4
th
ed. Washington: DC; 1994.
22. World Healthy Organization. The ICD-10 classification of mental and
behavioral disorders: clinical descriptions and diagnostic guidelines.
Geneva: Switzerland; 1992.
23. American Psychiatric Association: DSM-IV-TR: Diagnostic and Statistical
Manual of Mental Disorders. 4
th
ed. Washington: DC; 2000.
Cibele Vieira Cunha Rudge
37
24. Basson R, Brotto L. Sexual patophysiology and effects of sildenafil citrate in
estrogeneized women with acquired genital arousal disorder and impaired
orgasm. Br J Obstet Gynaecol. 2003;110:1014–24.
25. Basson R, Leiblum S, Brotto L, Derogatis L, Fourcroy J, Graziottin A et al.
Revised definitions of women’s sexual dysfunction. J Sex Med.
2004;1(1):40–48.
26. Schein M, Zyzanski SJ, Levine S, Medalie JH, Dickman RL, Alemagno AS.
The frequency of sexual problems among famile practice patients. The
family Practice Reasearch J: 1988;7:122–34.
27. Tiefer L, Hall M, Tavris C. Beyond dysfunction: a new view of women’s
sexual problems. J Sex Marital Therapy. 2002;28(s):225–32.
28. Basson R. Women´s sexual desire disordered or misunderstood? J Sex
Marital Therapy. 2002;28(s):17–28.
29. Basson R. Human sex response cycles. J Sex Marital Therapy.
2001;27:33–43.
30. Bancroft J, Graham CA, McCord C. Conceptualizating women’s sexual
problems. J Sex Marital Therapy. 2001;27:95–104.
31. Kahn KL, Kosekoff J, Chassin MR, Flynn MF, Fink A, Brook RH, et al.
Measuring the clinical appropriateness of the use o a procedure: can we
do it? Med Care. 1998;26:415.
32. Brook RH, Chassin MR, Fink A, Kosekoff J, Kahn KL, Salomon DH, et al. A
method for the detailed assessment of the appropriateness of medical
methodologies. Int J Technol Assess Health Care. 1986;2:53.
33. Basson R, Berman J, Arthur B, Derogatis L, Fergunson D, Leiblum S, et al.
Report of the International Consensus Development Conference on
Female Sexual Dysfunction: Definitions and Classifications. J Urology.
2000;163:888–93.
Cibele Vieira Cunha Rudge
38
34. Atallah AN. Evidence-based medicine in Brazil. Sao Paulo Med J.
1999;117(4):143–4.
35. Basson R, Althof S, Dvis S, Kirsten FM, Golstein I, Leiblum S, et al.
Summary of recommendations on sexual dysfunctions in women. J Sex
Med. 2004;1(1):24–34.
Cibele Vieira Cunha Rudge
39
7
CAPÍTULO II
Padronizado para publicação no British Medical Journal
Cibele Vieira Cunha Rudge
40
RELIABILITY AND CONSTRUCT VALIDITY OF THE PREGNANCY SEXUAL
RESPONSE INVENTORY (PSRI)
PREGNANCY SEXUAL RESPONSE INVENTORY (PSRI)
Rudge CVC*, Calderon IMP*, Dias A**, Lopes GP***, Barbosa AP*, Corrente
JE**, Brasil MAM**, Rudge MVC*.
*Department of Obstetrics and Gynecology of Botucatu Medical School, São
Paulo State University (Unesp), Brazil.
** Research Group at Botucatu Medical School, Botucatu, SP, Brazil.
***Department of Sexology of MaterDei Hospital, Belo Horizonte, MG, Brazil.
*Rodovia Domingos Sartori, s/n. Distrito de Rubião Júnior, Botucatu, SP, Brazil.
CEP: 18618-000. E-mail: [email protected]; [email protected]
**Rodovia João Butgnoli, s/n. Distrito de Rubião Júnior, Botucatu, SP, Brazil.
CEP: 18618-000. E-mail:[email protected]
***Avenida do Contorno, 4747, sala 1707, 17º andar. Belo Horizonte, MG,
Brazil. CEP: 30110-001. E-mail: [email protected]
Cibele Vieira Cunha Rudge. Avenida Rei Alberto I, 248, ap. 85, Ponta da
Praia. Santos, SP. CEP 18602-120. Phone: 55-13-3261-8063. E-mail:
Cibele Vieira Cunha Rudge
41
ABSTRACT
INTRODUCTION: Pregnancy and birth mark a distinct period in women’s lifes.
However, most of the studies were published before Basson’s new model of female
sexual response. There is no specific questionnaire for evaluating sexuality during
pregnancy. OBJECTIVES: The present investigation was undertaken to develop a
Pregnancy Sexual Response Inventory (PSRI). MATERIAL AND METHODS: This
longitudinal study was conducted from 2004- 2006 at the Department of Obstetrics and
Gynecology of Botucatu Medical School, UNESP, Brazil. The IRB approved the study,
and informed, written consent was obtained. There were five phases in developing the
PSRI: (1) item selection; (2) item development; (3) internal consistency, reliability; (4)
content validation; and (5) inter-interviewer reliability. RESULTS AND DISCUSSION:
Phase 1: A qualitative-quantitative questionnaire was developed, but Cronbach’s alpha
coefficient was-3.2. Phase 2: The beta questionnaire, a 38-item semi-structured
interview resulting from the phase 1was developed.Phase 3: Sixty-two Brazilian
pregnant women were recruited from prenatal care. Cronbach’s alpha for the beta
PSRI was 0.79, showing good reliability. Phase 4: The survey questionnaire was
mailed to 25 academics with PhDs, 16 partially or totally validated the PSRI content,
with Kappa index of 88.8. Phase 5: The inter-interviewer reliability showed similarity
between the principal investigator and other interviewers, in all domains.
CONCLUSIONS: The final version of PSRI is a 38-item questionnaire in 10 domains of
sexuality, providing a brief, semi-structured interview for assessing the impact of
pregnancy on sexuality. Its further use as a research instrument remains to be
investigated.
Cibele Vieira Cunha Rudge
42
RELIABILITY AND CONSTRUCT VALIDITY OF THE PREGNANCY SEXUAL
RESPONSE INVENTORY (PSRI)
INTRODUCTION
Pregnancy and birth mark a distinct period in women’s lives. It is a time
of physical and psychological changes that commonly impact on women’s
physical wellbeing, mood, relationships and sexuality
1
. Many studies exploring
sexual activity during pregnancy and the possible correlated factors were
performed more than two decades ago and focused on genital response
2–14
.
However, they were published before Basson’s new model of female sexual
response
15
.
A variety of brief self-report measures have been developed for
assessing female and male function across a variety of sexual domains (e.g.
sexual desire, arousal, orgasm and satisfaction). These brief self-report
measures have been shown to have a high degree of reliability and validity and
to be sensitive to treatment interventions. A review of validated methods for
assessing female sexual dysfunction (FSD)
16
and a review of male and female
sexual dysfunction
17
did not refer to any specific questionnaire for evaluating
sexuality during pregnancy.
Changes in attitudes towards sexuality during pregnancy, the new model
for female sexual response proposed by Basson
15
, the limitations of
methodological flaws (including small sample sizes, samples unrepresentative
of the general population and retrospective data) and inconsistencies in the
results from published studies may limit the relevance of many investigations
18
.
An extensive literature search conducted at the beginning of the present
project revealed relatively few published validated instruments concerning
pregnancy and sexuality. A systematic review of the literature on FSD
prevalence and predictors showed that there was no valid assessment for
pregnancy and the postpartum period
19
. Barclay et al.
20
developed an
instrument for studying sexual relations between partners during pregnancy that
was validated, although the questionnaire was not published in their paper.
These authors presented the issues but not the questions.
Cibele Vieira Cunha Rudge
43
Our decision to create a new inventory to clarify the impact of pregnancy
on sexuality and sexual activity was made on the basis of a variety of points: a)
difficulty in accessing the full questionnaire
21
; b) the only validated instrument
20
was unavailable; and c) the focus on genital response in existing
questionnaires
22
, and not on sexuality in general, as proposed by the Second
International Consultation on Sexual Dysfunctions, in Paris
23
.
OBJECTIVES
In the light of the limitations associated with the above mentioned
measures, the present investigation was undertaken to develop a Pregnancy
Sexual Response Inventory (PSRI). This would be a novel questionnaire for
evaluating the impact of pregnancy on women’s sexuality, and also their views
about the male response. The intention was to develop a PSRI with the
following characteristics:
1. It should be brief so that it can be used in a busy prenatal care clinic;
2. It should be easy to administer and interpret;
3. It should be broad in scope, reflecting the impact of pregnancy on female
sexual response;
4. It should be used for both low and high-risk pregnancies;
5. It should be tested and validated;
6. It should be fully accessible to researchers, independent of correspondence
with the authors.
MATERIALS AND METHODS
This longitudinal study was conducted at the Department of Obstetrics
and Gynecology of Botucatu Medical School, São Paulo State University
(Unesp), Brazil, which is an important public hospital attended by patients from
diverse socioeconomic backgrounds. Pregnant women of all education and
income levels, including women with and without private health insurance,
attend this clinic. The local Institutional Review Board gave its approval for the
study, and informed, written consent was obtained from all participants before
they were interviewed.
Cibele Vieira Cunha Rudge
44
All the pregnant women attending prenatal consultations between July
2004 and December 2006 were eligible to participate in this study. The subjects
were randomly selected from among those without sexual complaints. The
women who were interviewed were given assurances that the survey was
anonymous and that their responses would be kept strictly confidential. They
were informed that, through their participation, they would be collaborating
towards improving the knowledge of Brazilian sexuality during pregnancy. The
inclusion criterion was that the women should have a singleton pregnancy that
was between 14 and 35 weeks of gestation. The exclusion criteria included
medical or obstetric conditions that made sexual intercourse inadvisable (e.g.
placenta previa, antepartum hemorrhage and threatened preterm labor). A
semi-structured interview format was used. All the interviews were performed by
the same female researcher (Rudge, CVC) and took place in an undisturbed
room at the prenatal care clinic. They were performed immediately after
recruitment and were applied individually.
There were five phases in the development of the PSRI (Figure 1): (1)
item selection; (2) item development; (3) determination of internal consistency,
reliability and convergence; (4) content validity; (5) determination of inter-
interviewer reliability. Each phase represents a cross-sectional study.
Figure 1. Five phases in the development of the PSRI.
Cibele Vieira Cunha Rudge
45
PHASE 1 – ITEM SELECTION
The alpha questionnaire consisted of 45 items that were drawn up using
literature reviews, the Brazilian Sexual Life Study
24
, the Female Sexual Function
Index (FSFI)
25
and the Pregnancy and Sexuality Questionnaire (PSQ)
20
. It was
a qualitative-quantitative questionnaire that was developed in order to
understand how Brazilian pregnant women perceived their sexuality. The aim of
this initial phase was to meet basic criteria, i.e. to be clear and understandable,
to provide comprehensive response choices and to be relatively simple to
administer.
The domains used were the women’s sociodemographic status,
perception of sexuality and sexual behavior during pregnancy. The
sociodemographic details gathered were: age, marital status, education level,
occupation, obstetric history, religious affiliation, drug and alcohol abuse and
smoking. The domain of perception of sexuality covered all of the women’s
usual sexual activities, tenderness, condom use during pregnancy and
importance of sex life. The items comprising the domain of sexual behavior
during pregnancy were: frequency of sexual intercourse, sexual satisfaction,
arousal, sexual difficulties and dysfunction, sexual desire, orgasm, dyspareunia,
beginning of sexual intercourse and the pregnant woman’s opinion about her
partner’s sexual response: sexual satisfaction and difficulties during pregnancy.
Forty-two pregnant women participated in this phase. This first
questionnaire, named the alpha questionnaire, accepted more than one answer
for each question and was not drawn up in sequential order. An inspection was
made of the percentages of the subjects’ responses to individual questions. The
internal consistency and reliability of this first questionnaire was assessed using
Cronbach’s alpha coefficient
26,27
. Cronbach’s alpha coefficient was –3.2, thus
showing that the alpha version had very low reliability. It was decided to develop
a new questionnaire, using the knowledge acquired to develop an improved
beta version.
Cibele Vieira Cunha Rudge
46
PHASE 2 – ITEM DEVELOPMENT
In phase 2, the beta questionnaire was developed. This was a 38-item
semi-structured interview resulting from the phase 1 testing. It was drawn up
with three possible answers for each question, ranging from the worst to the
best option. Only one answer was accepted for each question. It was designed
to elicit information about demographic characteristics and sexuality before and
during pregnancy.
The demographic details sought were: mother’s age, gestational age,
partnership status and socioeconomic status, consisting of education level,
occupation, alcohol use, drug abuse, smoking during pregnancy, pregnancy
planning and condom use.
The questions relating to sexuality and sexual activity that were included
as items in the PSRI domains were based on issues within the new model for
female sexual response
28
, and were now divided into nine domains: frequency
of sexual activity; sexual satisfaction; arousal; sexual difficulties and
dysfunction; sexual desire; orgasm; dyspareunia; beginning of sexual
intercourse; pregnant woman’s opinion about partner’s sexual response,
including the man’s satisfaction and difficulties during pregnancy.
PHASE 3 – INTERNAL CONSISTENCY
Sixty-three Brazilian pregnant women were recruited from the prenatal
clinic of Botucatu Medical School, Unesp. After they had signed a consent
statement, the questionnaires were applied by the author (Rudge, CVC), in a
private place.
An inspection was made of the percentages of subjects’ responses. The
internal consistency and reliability of this questionnaire was calculated using
Cronbach’s alpha coefficient. Items with high item-total correlations were
considered to be more representative of the scale content than were the items
that demonstrated low item-total correlations. Cronbach’s alpha coefficient for
the beta version of the PSRI was 0.79. The demographic characteristics were
excluded from the Cronbach’s alpha coefficient analyses
In addition to providing a total sexual functioning score, the PSRI was
divided into 10 domains, eight of them relating to the woman’s feelings and two
Cibele Vieira Cunha Rudge
47
of them to her perceptions of her partner. The eight domains of female feelings
included: (a) Frequency, a three-item scale that assessed frequency of sexual
intercourse relating to pregnancy; (b) Desire: a three-item scale that assessed
the frequency of desire before and during pregnancy and participation in sexual
activity; (c) Arousal: a three-item scale that assessed the quality of sexual
activity before and during pregnancy; (d) Orgasm: a three-item scale that
assessed the frequency of orgasm before and during pregnancy; (e) Pleasure:
a three-item scale that assessed the enjoyment of sex life before and during
pregnancy; (f) Dyspareunia: a two-item scale that assessed pain during sexual
intercourse before and during pregnancy; (g) Intercourse start: a three-item
scale that assessed the start of participation in sexual activity before and during
pregnancy; (h) Female difficulties: a two-item scale that assessed any female
sexual difficulties before and during pregnancy. The woman’s perception of her
partner’s sexuality included: (i) Male sexual pleasure: a three-item scale that
assessed the female view of male pleasure before and during pregnancy; (j)
Male sexual difficulties: a two-item scale that assessed the female view of male
sexual difficulties before and during pregnancy.
PHASE 4 – CONTENT VALIDITY
Content validity is an essential methodological consideration in
developing a questionnaire. It is concerned with the adequacy with which
questions reflect the domains that are being measured.
As the PSRI is a new questionnaire, it was important that its credibility be
established. The PSRI was evaluated with regard to its validity and reliability,
which are the traditional criteria for evaluating the credibility of an instrument.
In this fourth phase, the 38-item questionnaire resulting from the phase 3
testing was sent by mail to an independent expert panel of 25 academics with
PhDs. Each candidate item was assessed for clinical relevance, breadth of
scope, ease of understanding, language level, brevity for use in a busy prenatal
care clinic and adequacy as an instrument for evaluating the influence of
pregnancy on FSR (female sexual response). The issues that these academics
were asked to assess were expressed in the form of the questions shown in
Table 1.
Cibele Vieira Cunha Rudge
48
Table 1. Items comprising the “survey” questionnaire sent to 25 academics with PhDs,
with the associated endorsements possible.
Itens Yes (%) No (%) Some (%)
1- Are the questions in the PSRI broad in scope? yes no some
2- In your opinion, are more questions needed in order
to cover all the domains?
yes no suggestions
3- Will the questions be easy for OG or the health team
to understand?
yes no some
4- Are the words clear? yes no some
5- Are there enough questions in the PSRI regarding
screening for female sexual dysfunction at prenatal
consultations?
yes no suggestions
6- Are there enough questions in the PSRI for
evaluating the influence of pregnancy on female sexual
response?
yes no suggestions
Eighteen responses were received from these 25 academics with PhDs.
The researchers used the comments and suggestions to revise the PSRI. On
the basis of this process, 26 candidate items were selected for the reliability
phase.
PHASE 5 – INTER-INTERVIEWER RELIABILITY
Reliability refers to the stability of measurement exhibited when a
questionnaire is administered at different times (test-retest reliability) or by
different people (inter-interviewer reliability). Because the PSRI is a semi-
structured interview, inter-interviewer reliability is relevant to its development.
The test-retest procedure is difficult to assess in relation to pregnancy because
our prenatal care routine establishes four-week intervals between visits and this
interval is large enough for the subject’s behavior to change naturally as the
pregnancy progresses. Ten grad students in four different cities applied the
questionnaire without any previous training. The patients were recruited from
low-risk populations at primary health clinics.
Cibele Vieira Cunha Rudge
49
STATISTICAL ANALYSES
The first series of evaluations was performed on an item-by-item basis in
order to obtain items with adequate properties and clinical relevance for the final
inventory. The internal consistency and reliability of the PSRI items within each
factor were evaluated using Cronbach’s alpha coefficient
26,27
. The inter-
interviewer reliability was assessed by means of the Kappa Index
29
.
The data were analyzed using the SAS System computer program
30
.
RESULTS
The final PSRI model is shown in the Appendix and consists of a pool of
38 items that address aspects of female sexual function during pregnancy.
Internal Consistency and Reliability
Internal consistency, which is a correlational determination of the
goodness of fit of the items within a domain, is measured on a scale of 0-1.
Reliability is a measure of the relatedness of items within each factor.
Cronbach’s alpha coefficient was calculated to determine the internal
consistency and reliability of the beta version of the PSRI. A Cronbach’s alpha
coefficient of 0.73 was obtained for the 38-item PSRI, thus indicating good
internal consistency and reliability. Items 1-12, relating to demographic
characteristics, were then excluded and a new Cronbach’s alpha coefficient of
0.79 was found for the remaining 26 items. The total scores and the scores for
each domain subscale are shown in Table 2.
Content Validity
The validity refers to the degree to which a questionnaire measures what
it purports to measure. There are three forms of validity commonly identified:
content validity, construct validity and criterion validity. Content validity relating
to the adequacy with which questions reflected the domains measured was
used
20
.
The survey questionnaire was mailed to 25 academics with PhDs, of
whom 18 (72%) returned the survey by mail. Among these 18 academics who
returned the survey, 13 totally agreed (Kappa = 1.0), three partially agreed
Cibele Vieira Cunha Rudge
50
(Kappa = 0.67) and two disagreed (Kappa = 0.33). The researchers used the
comments and critical reviews they received to revise the PSRI with regard to
identification (partner age, partner schooling level, stability of partner
relationship and occupation) and changes to the order of the questions.
Some suggestions that open questions (why, which, how, etc.) should be
used and that more than one answer should be allowed for each question were
not accepted. This was because these approaches had already been eliminated
in going from the alpha to the beta questionnaire. The results are shown in
Table 3.
Kappa indices of more than 0.5 were considered to be good correlations.
Inter-interviewer reliability
The inter-interviewer reliability refers to the stability of measurement
exhibited when the questionnaire is administered by different people, in different
populations. Comparisons of the mean PSRI domain scores were made
between the main researcher (Rudge, CVC) and other interviewers and the
results are shown in Table 4. It was seen that there was no significant
difference between the main researcher and the other interviewers.
Table 2. Cronbach’s alpha coefficients for total PSRI score and domain scores.
Domains
Questions Cronbach’s alpha
PSRI (total score) --- 0.79
FEMALE PERCEPTION
Frequency 13, 14a, 14b, 14c 0.67
Desire 21a, 21b, 22 0.34
Arousal 18a, 18b 0.73
Orgasm 23a, 23b 0.94
Satisfaction 15a, 15b, 17a, 17b 0.72
Dyspareunia 24a, 24b 0.33
Intercourse start 25a, 25b 0.84
Female difficulties 19a, 19b 0.24
FEMALE PERCEPTION OF
PARTNERS
Male sexual satisfaction 16a, 16b 0.7
Male sexual difficulties 26a, 26b 0.22
Cibele Vieira Cunha Rudge
51
Table 3. Content validity of PSRI, as assessed by academics with PhDs.
Items Yes (%) No (%) Some (%)
1- Are the questions in the PSRI broad in scope? 72.2 16.6 11.1
2- In your opinion, are more questions needed in order
to cover all the domains? 27.7 72.2 --
3- Will the questions be easy for OG or the health
team to understand? 83.4 16.6 0
4- Are the words clear? 88.9 11.1 0
5- Are there enough questions in the PSRI regarding
screening for female sexual dysfunction at prenatal
consultations? 88.9 11.1 --
6- Are there enough questions in the PSRI for
evaluating the influence of pregnancy on female
sexual response? 88.9 11.1 --
Kappa index: 0.33 to 1.00.
Table 4. Comparisons* of mean PSRI domain scores between the main researcher
and other interviewers.
Domains
Rudge, CVC
Other interviewers
p-value
Frequency 1.8848 (±0.6946) 1.9497 (±0.7677) 0.617 ns
Desire 1.9787 (±0.9189) 1.9667 (±0.9153) 0.76 ns
Arousal 2.3252 (±0.6465) 2.3700 (±0.7199) 0.908 ns
Orgasm 2.1920 (±0.8102) 2.3800 (±0.7886) 0.212 ns
Satisfaction 2.5344 (±0.6609) 2.2700 (±0.7939) 0.065 ns
Dyspareunia 1.6260 (±0.4858) 1.5556 (±0.5207) 0.468 ns
Intercourse start 2.4667 (±0.7063) 2.3086 (±1.1070) 0.379 ns
Female difficulties 1.5556 (±0.6146) 1.6081 (±0.6674) 0.683 ns
About partners
Male sexual satisfaction 2.4538 (±0.6733) 2.2604 (±0.8996) 0.217 ns
Male sexual difficulties 1.7480 (±0.4360) 1.8500 (±0.3589) 0.187 ns
*T-test; ns: non significant.
COMMENT
This study documents the structure, internal consistency, content validity
and inter-interviewer reliability of the pregnancy sexual response inventory
(PSRI). This is a new questionnaire for evaluating sexuality and sexual activity
Cibele Vieira Cunha Rudge
52
during pregnancy. It was designed to be a clinical assessment instrument for
addressing health concerns regarding such matters.
Health professionals face a number of barriers to inquiring about their
patients’ sexual functioning, including concern about making their patients
embarrassed, patients’ lack of confidence in the professional’s knowledge of the
issues, time constraints and the professional’s own discomfort with talking about
sex
31–34
.
Over the past few years there has been growing interest among
healthcare providers in quantifying female sexual dysfunction (FSD) during
pregnancy. Moreover, obstetricians are interested not only in the direct effects
of a particular condition like pregnancy, but also in the impact of pregnancy or
the effect that the mother’s adaptation to pregnancy has on her general
wellbeing.
It is important that physicians, along with other healthcare workers in the
field of obstetrics, are able to provide advise regarding the emotional and sexual
aspects of pregnancy, including the changes that may be expected during this
period
18
. Sexuality and sexual activity during pregnancy are rarely discussed
between pregnant women and their physicians, although women feel that
attention should be given to these matters and wish to receive more
information
18,35–37
. Such concerns could be diminished if professionals had a
brief, valid, reliable and gender-specific self-report questionnaire for monitoring
sexual functioning
31
.
The PSRI was developed over a series of stages, including preselection
of the initial items, pretesting on volunteer pregnant women and then validation
of the internal consistency and reliability and the content
20
by a panel of expert
consultants. The results from the present investigation have demonstrated that
the PSRI has good internal consistency and reliability over its entire scale
(alpha = 0.79) and is suitable for use in assessing sexual function during
pregnancy in obstetric clinical samples.
With regard to the quality of previous papers relating to sexuality and
sexual activity during pregnancy, a systematic review of the literature on FSD
prevalence and predictors
19
showed that there are eleven studies for which the
validity of the outcome assessment is unknown
38–47
.
Cibele Vieira Cunha Rudge
53
There are five studies that appear to have used valid assessments of
outcomes in their questionnaires, with adequate discrimination between patients
who did and who did not have sexual dysfunction
49–52
.
However, the samples in these studies were clinic-based, which makes it
more difficult to generalize from their results to the population as a whole.
Woman who seek care may be different from those who do not, in ways that are
related to sexual dysfunction
19
. The instruments for studying sexual
relationships of partners during pregnancy are based on Barclay et al.
20
, in
accordance with the precepts of Kaplan’s model
18,53
. These were modified
versions of Barclay’s questionnaire, and the limitations of these studies need to
be taken into consideration. The sample size was relatively small, it was a
cross-sectional study and the partners were not questioned directly. Instead, the
women indicated their opinions about their partners’ feelings and concerns.
The test-retest procedure was difficult to assess in relation to pregnancy
because the prenatal care routine included an interval greater than two weeks.
A two-week period would have been ideal: short enough for the subject’s
behavior not to undergo the natural changes over the course of the pregnancy,
but long enough for subjects not to remember the responses they had given on
the first occasion
20
. The inter-interviewer reliability was examined and the
results confirmed that the instrument was reliable. In all domains the results
showed no significant differences between the main research and other
interviewers. These results are relevant as a clinical validated questionnaire to
be used in Brazil and other Portuguese language with review by specialized
team in cultural translation and adaptation. We did an English version, but it
requires a version in a language specific to each country. A translation was
produced but a back translated and a new validation should be done
54
.
In summary, The PSRI is 38-item clinical instrument providing a brief,
semi-structured interview for assessing the impact of pregnancy on sexuality.
Initial face validity and content validity testing of questionnaire items by an
expert panel was followed by testing inter-interviewer reliability. The PSRI, a
brief questionnaire on sexual functioning during pregnancy, may well be more
acceptable for prenatal healthcare providers than personal interviews on this
Cibele Vieira Cunha Rudge
54
sensitive topic. Since the PSRI is a clinical validated questionnaire, its further
use as a research instrument remains to be investigated.
Cibele Vieira Cunha Rudge
55
REFERENCES
1. Trutnovsky G, Haas J, Lang U, Petru,E. Women’s perception of sexuality
during pregnancy and after birth. Aust NZ J Obstet Gynaecol
2006;46:282–287.
2. Falicov CJ. Sexual adjustment during first pregnancy and post partum. Am J
Obstet Gynecol 1973;117:991–1000.
3. Kenny JA. Sexuality of pregnant and breastfeeding woman. Arch Sex Behuv
1973;2:215–229.
4. Baxter S. Labour and orgasm in primiparae. J Psychosom Res 1974; 18:209-
216.
5. Holtzman LC. Sexual practices during pregnancy. J Nurse Midwifery
1976;21:29-38.
6. Lumley J. Sexual feelings in pregnancy and after childbirth. Aust NZ J Obstet
Gynaecol 1978;18:114–117.
7. Reamy K, White SE, Daniel1 WC, LeVine ES. Sexuality and pregnancy: a
prospective study. J Reprod Med 1982;27:321–327.
8. Robson KM, Brant HA, Kumar R. Maternal sexuality during first pregnancy
and after childbirth. Br J Obstet Gynuecol 1981;88:882-889.
9. Solberg DA, Butler J, Wagner NN. Sexual behavior in pregnancy. N Engl J
Med 1973;288:1093–1103.
10. Perkins RP. Sexual behavior and response in relation to complications of
pregnancy. Am J Obstet Gynecol 1979;134:498–505.
11. Kumar R, Brant HA, Robson KM. Childbearing and maternal sexuality: a
prospective survey of 119 primiparae. J Psychosom Res1981:25:373–383.
12. Masters WH, Johnson VE. Human Sexual Response. Boston: Little Brown
Co; 1966. pg. 141–168.
13. Tolor A, DiGrazia PV. Sexual attitudes and behavior patterns during and
following pregnancy. Arch Sex Behav 1976;5:539–551.
Cibele Vieira Cunha Rudge
56
14. Christensen E, Hertoft P. Sexual activity and attitude during pregnancy and
the post partum period. In: Forleo R, Pasini W, editors. Medical Sexology.
Littleton, Massachusetts: PSG Publishing Company; 1980:357-364.
15. Basson RJ. Using a different model for female sexual response to address
women´s problematic low sexual desire. J Sex Marital Ther 2001;27:395–
403.
16. Rosen R. Assessment of female sexual dysfunction: review of validates
methods. Fertility & Sterility 2002;77(4):Suppl 89-93.
17. Corona G, JAnnini EA, Maggi M. Inventories for male and female sexual
dysfunctions. Int J Impot Res 2006;18:236–250.
18. Bartellas E, Crane J, Daley M, Bennett K, Hutchens D. Sexuality and sexual
activity in pregnancy. Br J Obstet Gynaecol 2000;107:964–968.
19. West SL, Vinikoor LC, Zolnoun D. A systematic review of literature on
female sexual dysfunction prevalence and predictors. An Rev Sex
Res.2004;15:40–172.
20. Barclay L, Bond M, Clark M. Development of an instrument to study the
sexual relationship of partners during pregnancy. Australian J Adv Nurs
1992;10(2):14–21.
21. Schilling LM, Katarzyna K, Lundahl K, Dellavalle R. Inaccessible novel
questionnaires in publishied medical research: hidden methods, hidden
costs. American J of Epidemilogy, 2006; 164: 1141-44
22. Kaplan HS. Disorders of sexual desire. New York: Brunner Mazel; 1979.
23. Basson R, Lue TF, Rosen R, Giuliano F, Khoury S, Montorsi F. Sexual
medicine sexual dysfunctions in men and women. 2
nd
International
Consultation on Sexual Dysfunctions. Paris Edition; 2004.
24. Abdo C. ABDO CHN Descobrimento Sexual do Brasil. São Paulo:
Summus Editorial; 2004.
25. Rosen R, Brown C, Heiman J, Leiblum S, Meston C, Shabsigh R, et al. The
female sexual function index (FSFI): a multidimensional self-report
Cibele Vieira Cunha Rudge
57
instrument for assessment of female sexual function. J Sex Marital Therapy
2000;26:191–208.
26. Bland JM, Altman DG. Statiscs notes: Cronbach’s alpha. BMJ
1997;314:572.
27. Nunnally JC. Psychometric theory. 2
nd
ed. New York: McGraw-Hill; 1990.
28. Basson R. Recent advances in women’s sexual function and dysfunction.
Menopause 2004;11(Suppl nov/dec):714–725.
29. Cohen H, Cohen J. A coeeficient of agreement for nominal scales. Educat
PsychplMeasurement 1960;10:37–46.
30. SAS Institute. The SAS system for windows. V 8.2. Cary: SAS Institute;
2001.
31. Keller A, McGarvey EL, Clayton AH. Reliability and construct validity of the
changes in sexual functioning questionnaire short-form (CSFQ-14). J Sex
Marital Ther 2006;32:43–52.
32. Humphrey S, Nazareth I. GPs’ views on their management of sexual
dysfunction. Family Practice 2001;18:516–518.
33. Murphy BC. Educating mental health professionals about gay and lesbian
issues. J Homosex 1992;22:229–246.
34. Sack S, Drabant B, Perrin E. Communication about sexuality: An initiative
across the core clerkships. Academic Med 2002;77:1159–1160.
35. Kumar R, Brant HA, Robson KM. Childbearing and maternal sexuality: a
prospective survey of 119 primiparae. J Psychosom Res 1981;25:373–383.
36. Glazener CM. Sexual function after childbirth: women´s experiences,
persistent morbidity and lack of professional recognition. Br J Obstet
Gynaecol 1997;104:330–335.
37. Solberg DA, Butler J, Wagner NN. Sexual behavior in pregnancy. N Engl J
Med 1973;24:1098–1103.
Cibele Vieira Cunha Rudge
58
38. Morof D, Barrett G, Peacock J, Victor CR, Manyonda I. Postnatal
depression and sexual health after childbirth. Obstet Gynecol
2003;102:1318–1325.
39. Oboro V0, Tabowei T0. Sexual function after childbirth in Nigerian women.
Int J Gynaecol Obstet 2002;78:249–250.
40. Grant A, Gordon B, Mackrodat C, Fern E, Truesdale A, Ayers S. The
Ipswich childbirth study: one year follow up of alternative methods used in
perineal repair. Int J Obstet Gynaecol 2001;108:34–40.
41. Sayle AE, Savitz DA, Thorp JMJ, Hertz-Picciotto I, Wilcox AJ. Sexual
activity during late pregnancy and risk of preterm delivery. Obstet Gynecol
2001;97:283–289.
42. Signorello LB, Harlow BL, Chekos AK, Repke JT. Postpartum sexual
functioning and its relationship to perineal trauma: a retrospective cohort
study of primiparous women. Am J Obstet Gynecol 2001;184:881–888;
discussion 888–890.
43. Barrett G, Pendry E, Peacock J, Victor C, Thakar R, Manyonda I. Women's
sexuality after childbirth: a pilot study. Arc Sex Behavior 1999;28:179–191.
44. Bogren LY. Changes in sexuality in women and men during pregnancy. Arc
Sex Behavior 1991;20:35–45.
45. Sleep J, Grant A. West Berkshire perineal management trial: three year
follow up. Br Med J 1987;295:749–751.
46. Ellis DJ, Hewat RJ. Mothers' postpartum perceptions of spousal
relationships. J Obstet Gynecol Neonatal Nursing 1985;14:140–146.
47. Robson KM, Brant HA, Kumar R. Maternal sexuality during first pregnancy
and after childbirth. Br J Obstet Gynaecol 1981;88:882–889.
48. Bonierbale M, Lancon C, Tignol J. The ELIXIR study: evaluation of sexual
dysfunction in 4557 depressed patients in France. Current Med Res Opnion
2003;19:114–124.
Cibele Vieira Cunha Rudge
5
9
49. Ekselius L, von Knorring L. Effect o sexual function of long term treatment
with selective serotonin reuptake inhibitors in depressed patients treated in
primary care. J Clin Psychopharmacol 2001;21:154–160.
50. Ezlin P, Mathieu C, van Den Bruel A, Vanderschueren D, Demyttenaere K.
Prevalence and predictors of sexual dysfunction in patients type 1 diabetes.
Diabetes Care 2003;26:409–414.
51. Montejo AL, llorca G, Isquierdo JA, Rico-Villademoros F. Incidence of
sexual dysfunction associated with antidepressant agents: a prospective
multicenter study of 1022 outpatients. Spanish Working Group for the Study
of Psychotropic-Related Sexual Dysfunction. J Clin Psychiatry
2001;62(suppl.3):10–21.
52. Schein M, Zyzanski SJ, Levine S, Medalie JH, Dickman RL, Alemagno SA.
Thefrequency of sexual problems among famile pratice. J Research
1988;7:122–134.
53. Fok WY, Chan L, Yuen P. Sexual behaviour and activity in chinese pregnant
women. Acta Scandinavica 2005:84:934–938.
54. Quirk FH, Heiman JR, Rosen RC, Laan E, Smith MD, Boolell M.
Development of a sexual function questionnaire for Clinical Trials of Female
Sexual Dysfunction. J Women’s Health Gender. Based Medicine
2002;11(3):277–289.
Cibele Vieira Cunha Rudge
60
Appendix. Items comprising the final version of the PSRI:
I - Demographic characteristics
1- Mother’s age:
Partners’ age:
2- Gestational age:
3- Partnership status?
(1) married/ living together
(2) single
(3) other_______
4- Education Level:
(1) basic level
(2) high school
(3) college/university
5- Religion
(1) Catholic
(2) Evangelical
(3) others_________
6- Do you work?
(1) no
(2) yes, and I have a job
(3) yes, but now I am unemployed
7- Do you have children?
() no
() just one
() two or more
8- Do you smoke?
() yes, often or very often
() yes, but just sometimes
() no
9- Do you drink?
() yes, often or very often
() yes, but just sometimes
() no
10- Do you use illicit drugs?
() yes, often or very often
() yes, but just sometimes
() no
11- Did you plan your pregnancy?
() yes
() no
12- Do you use condoms?
() no
() yes, but I stopped before I became
pregnant
() yes, often or very often
II- Sexual Behavior/ Activity - before and during pregnancy
13-In your opinion, did your frequency of
sexual activity change after you became
pregnant?
(1) yes, it decreased
(2) no, it’s the same
(3) yes, it increased
14a- Before your pregnancy, how many times
per week were you having sexual
intercourse?
(1) none
(2) 1-2 times
(3) 3 or more times
14b- In the first trimester of pregnancy, how
many times per week were you having sexual
intercourse?
(1) none
(2) 1-2 times
(3) 3 or more times
14c- At present, how many times per week
are you having sexual intercourse?
(1) none
(2) 1-2 times
(3) 3 or more times
Cibele Vieira Cunha Rudge
61
15a- How would you rate your sex life before
you became pregnant (0 = lowest, 10 =
highest)?
(1) 0-3
(2) 4-7
(3) 8-10
15b- How would you rate your sex life at
present (0 = lowest, 10 = highest)?
(1) 0-3
(2) 4-7
(3) 8-10
16a- How do you think your partner would rate
his sex life before you became pregnant (0 =
lowest, 10 = highest)?
(1) 0-3
(2) 4-7
(3) 8-10
16b- How do you think your partner would rate
his sex life at present (0 = lowest, 10 =
highest)?
(1) 0-3
(2) 4-7
(3) 8-10
17a- Were you getting any pleasure from your
sex life before you became pregnant?
(1) no
(2) it was OK I suppose
(3) yes
17b- Were you getting any pleasure from your
sex life during pregnant?
(1) no
(2) it was OK I suppose
(3) yes
18a- How would you rate your arousal before
the pregnancy?
(1) poor/ very poor
(2) regular
(3) excellent
18b- How would you rate your arousal during
the pregnancy?
(1) poor/ very poor
(2) regular
(3) excellent
19a- Were you having any sexual difficulties
before the pregnancy?
(1) yes
(2) no
19b- Have you been having any sexual
difficulties during the pregnancy?
(1) yes
(2) no
20- Do these difficulties distress you?
(1) yes
(2) a bit
(3) no
21a- How often were you experiencing sexual
desire (were you feeling sexual desire) before
the pregnancy?
(1) a few times a week
(2) once a day
(3) others (depending on the occasion )
21b- How often have you been experiencing
sexual desire (have you been feeling sexual
desire) during the pregnancy?
(1) a few times a week
(2) once a day
(3) others (depending on the occasion )
22- What happened to your sexual desire
after you became pregnant?
(1) it decreased
(2) it is the same
(3) it increased
23a- How often were you achieving orgasm 23b- How often have you been achieving
Cibele Vieira Cunha Rudge
62
before the pregnancy?
(1) never/rarely
(2) sometimes
(3) often or very often
orgasm during the pregnancy?
(1) never/rarely
(2) sometimes
(3) often or very often
24a- Were you experiencing pain during
sexual intercourse before you became
pregnant?
(1) yes
(2) no
24b- Have you been experiencing pain during
sexual intercourse, during the pregnancy?
(1) yes
(2) no
25a-The intercourse start before pregnancy
was:
(1) forced, without any desire
(2) partner usually made the first move
(3) spontaneously or spontaneously with
stimuli
25b- The intercourse start during pregnancy
is?
(1) forced, without any desire
(2) partner usually makes the first move
(3) spontaneously or spontaneously with
stimuli
26a- In your opinion, do you think your partner
was having any sexual difficulty before the
pregnancy?
(1) yes
(2) no
26b- In your opinion, do you think your partner
has been having any sexual difficulty during
the pregnancy?
(1) yes
(2) no
Cibele Vieira Cunha Rudge
63
Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da FMB.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo