Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
NÚCLEO DE PESQUISAS DE PRODUTOS NATURAIS
ESTUDO FITOQUÍMICO DAS RAÍZES DE Chiococca alba (L.)
HITCHC. (Rubiaceae)
Ricardo Moreira Borges
Rio de Janeiro
2006
Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Química de Produtos Naturais, Núcleo de
Pesquisas de Produtos Naturais da Universidade Federal
do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do título de Mestre em Ciências.
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
II
ESTUDO FITOQUÍMICO DAS RAÍZES DE Chiococca alba (L.)
HITCHC. (Rubiaceae)
Ricardo Moreira Borges
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
Núcleo de Pesquisas de Produtos Naturais
Programa de Química de Produtos Naturais
Orientadores
Prof. Dr. Antonio Jorge Ribeiro da Silva
Núcleo de Pesquisas de Produtos Naturais (UFRJ)
Prof
a.
Dra. Nancy dos Santos Barbi
Faculdade de Farmácia (UFRJ)
Rio de Janeiro
2006
ads:
III
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO - UFRJ
Núcleo de Pesquisas de Produtos Naturais - NPPN
Mestrado em Química de Produtos Naturais
Bloco H, CCS, Cidade Universitária
21 941-590 Rio de Janeiro
Fax 55-21-2562 6512
ESTUDO FITOQUÍMICO das RAÍZES de Chiococca alba (L.)
HITCHC. (Rubiaceae)
Ricardo Moreira Borges
Dissertação submetida ao Núcleo de Pesquisas de Produtos Naturais da
Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos requisitos à
obtenção do grau de Mestre em Ciências.
Rio de Janeiro, 30 de novembro de 2006.
Aprovada por:
_______________________
Prof
a.
Dra. Maria Auxiliadora Coelho Kaplan
_______________________
Prof. Dr. José Paz Parente
_______________________
Prof. Dr. José Dias de Souza Filho
_______________________
Prof. Dr. Ricardo Machado Kuster
Rio de Janeiro
2006
IV
FICHA CATALOGRÁFICA
Borges, Ricardo Moreira.
ESTUDO FITOQUÍMICO das RAÍZES de Chiococca alba (L.) HITCHC.
(Rubiaceae)/ Ricardo Moreira Borges. Rio de Janeiro: UFRJ/ NPPN, 2006.
xx, 171f.:il; 30 cm
Orientadores: Prof. Dr. Antonio Jorge Ribeiro da Silva
Prof
a.
Dra. Nancy dos Santos Barbi
Dissertação (Mestrado) – UFRJ/ NPPN/ Programa de Pós-graduação em Química de
Produtos Naturais, 2006.
Referências Bibliográficas: f. 150-171.
1. Chiococca Alba. 2. Rubiaceae. 3.Triterpenos. 4. Saponinas. I. da Silva, A.J.R.. II.
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Núcleo de Pesquisas de Produtos Naturais,
Programa de Pós-graduação em Química de
Produtos Naturais. III. Título.
V
À minha mãe Francisca Hercília Moreira Borges e
à minha avó Querubina Paiva Moreira.
VI
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Antonio Jorge Ribeiro da Silva pelo conhecimento, orientação e incentivo
na realização deste trabalho.
A Prof
a.
Dra. Nancy dos Santos Barbi pelo incentivo e confiança.
A Francisco Santos, Maria Cristina de H.P. Lima e Gisele de Oliveira pela obtenção dos
espectros, análises solicitadas e pela companhia e apoio.
A técnica Maria do Carmo pela produção de diazometano.
À Prof
a.
Dra. Luzineide Tinoco e Instituto de Bioquímica (UFRJ) pelo apoio e obtenção
dos espectros de 400 e 600 MHz tão importantes para o trabalho realizado.
Ao Prof. Dr. José Dias de Souza Filho (UFMG) pela obtenção dos espectros de 400
MHz tão importantes para o trabalho realizado.
Ao corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Química de Produtos Naturais do
N.P.P.N. pelo conhecimento para a minha formação ética e profissional.
Aos amigos de laboratório Osman, Juan Francisco, Regina, Josiane e Maria Fernanda
pelo apoio, incentivo e, evidentemente, pela descontração.
Ao amigo Douglas Siqueira de Almeida Chaves pela doação da apiina e pelo apoio.
Ao Sr. Goulart pela coleta do material botânico para a confecção da exsicata.
Ao botânico Sebastião Neto do Jardim Botânico do Rio de Janeiro pela identificação da
espécie.
Aos amigos e a toda comunidade científica e funcionários do NPPN em geral pela
colaboração e incentivo.
A minha família e a minha namorada Carolina Ishimaru pelo apoio e incentivo
constante.
A Professora Cristina Tristão (Instituto de Macromoléculas – IMA/UFRJ) pela análise
por CPG.
Ao Laboratório de Análise, Departamento de Química Inorgânica (Instituto de Química-
IQ/UFRJ) pela obtenção dos espectros no IV.
À Coordenação de Pós-graduação, à Direção e à administração do NPPN, por terem
garantido a possibilidade de realização deste trabalho.
À CAPES pelo auxílio financeiro concedido durante a realização deste trabalho.
VII
Índice Geral
Índice de Esquemas
XI
Índice de Figuras
XII
Índice de Tabelas
XV
Lista de Abreviaturas
XVI
Resumo
XIX
Abstract
XX
1 – Introdução 1
1.1 – A Família Rubiaceae 1
1.1.1 – Sistemática e Quimiossistemática 3
1.1.2 – Estudos químicos na família Rubiaceae 4
1.2 – Gênero Chiococca 6
1.2.1 – A espécie Chiococca alba (L.) Hitchc. 6
1.2.2 – Botânica e Sistemática (Cruz, 1930 ; Corrêa, 1931; Gusmão, 1992). 7
1.2.2.1 – Etimologia 7
1.2.2.2 – Sinonímia 7
1.2.2.3 – Descrição macroscópica (Gusmão e col., 1992) 7
1.2.2.4 – Sistemática botânica 8
1.2.2.5 – Distribuição 8
1.3 – Estudos químicos da espécie C. alba 8
1.4 – Atividades biológicas relacionadas com a espécie C. alba 12
1.5 – Saponinas 14
1.5.1 – Classificação e Variação Estrutural 14
1.5.2 – Biossíntese 15
1.5.3 – Ocorrência e Distribuição 18
1.5.4 – Atividade Biológica 18
1.5.5 – Isolamento 21
1.5.6 – Elucidação Estrutural 22
1.5.6.1. – Método Clássico 23
1.5.6.1.1 – Hidrólise 24
1.5.6.1.2 – Análise dos monossacarídeos 24
1.5.6.1.3 – Determinação dos tipos das ligações 25
1.5.6.1.4 – Análise da configuração dos átomos carbonos anoméricos 26
1.5.6.2 –
Métodos Recentes 26
2 – Objetivos 32
3 – Resultados e Discussão 33
3.1 – Geral 33
3.2 – Obtenção dos extratos brutos 34
3.4 – Análise dos extratos 35
3.4.1 – Análise do extrato hexânico (E.H.) 39
3.4.2 – Análise do extrato diclorometânico (E.Cl.) 48
3.4.3 – Análise do extrato etanólico (E.E.b) 60
3.4.3.1 – Elucidação Estrutural de RP-08.s.1 e RP-08.s.2 62
3.4.3.1.1 – Identificação da aglicona 63
3.4.3.1.2 – Caracterização da porção sacarídica 65
3.4.3.1.2.a –Identificação, Seqüenciamento e Proposta Estrutural 65
3.4.3.1.2.a.1 – Monossacarídeos de RP-08.s.2 66
3.4.3.1.2.a.2 – Monossacarídeos de RP-08.s.1 83
VIII
3.4.3.1.2.b – Análise dos Acetatos de Alditóis de RP-08.s.1 e RP-08.s.2 101
4 – Materiais e Métodos 106
4.1 – Materiais. 106
4.1.1 – Fases Estacionárias utilizadas para Cromatografia 106
4.1.2 – Cromatografia em Camada Delgada (CCD) 106
4.1.3 – Solventes 106
4.1.4. – Reagentes 106
4.2 – Equipamentos 108
4.2.1 – Cromatógrafos 108
4.2.2 – Espectrômetros / Espectrofotômetros 108
4.2.3 – Outros 109
4.3 – Métodos e Técnicas 110
4.3 – Obtenção do material botânico 111
4.5 – Obtenção dos extratos brutos 111
4.6 – Fracionamento dos extratos brutos 112
4.6.1 – Extrato hexânico 112
4.6.2 – Extrato diclorometânico 114
4.6.3 – Extrato etanólico 116
4.6.4 – Purificação das saponinas 117
4.7 – Hidrólises 118
4.8 – Obtenção dos produtos derivados 119
4.8.1 – Estér Metílico da Aglicona 119
4.8.2 – Acetatos de Alditóis 120
4.8.3 – Derivados Trimetilsililados dos monossacarídeos 121
5 – Conclusões 122
6 – Anexos 124
Anexo 1
124
Relação das classes de substâncias caracterizadas em espécies da família
Rubiaceae (de 1990 a 2005).*
Anexo 2
130
Dados utilizados como padrão para comparação e identificação da porção
aglicona.*
Anexos 3
131
Espectro de RMN de
13
C (50 MHz) da saponina RP-08.s.2. Há um sinal em 48,7
ppm não evidenciado. (Solvente: Metanol deuterado; Referência: TMS.).
Espectro de RMN de
1
H (600 MHz) da saponina RP-08.s.2. (Solvente: Metanol
deuterado; Referência: TMS.).
Mapa de correlação HSQC editado da saponina RP-08.s.2. (Solvente: Metanol
deuterado; Referência: TMS.).
Mapa de correlação HSQC editado (ampliação) da saponina RP-08.s.2.
(Solvente: Metanol deuterado; Referência: TMS.).
Mapa de correlação HSQC editado (ampliação) da saponina RP-08.s.2.
(Solvente: Metanol deuterado; Referência: TMS.).
Mapa de correlação HSQC editado (ampliação) da saponina RP-08.s.2.
(Solvente: Metanol deuterado; Referência: TMS.).
Mapa de correlação COSY da saponina RP-08.s.2. (Solvente: Metanol
deuterado; Referência: TMS.).
Mapa de correlação TOCSY da saponina RP-08.s.2. (Solvente: Metanol
deuterado; Referência: TMS.).
Mapa de correlação HMBC da saponina RP-08.s.2. (Solvente: Metanol
IX
deuterado; Referência: TMS.).
Anexos 4
136
Espectro de RMN de
13
C (50 MHz) da saponina RP-08.s.1. Há um sinal em 48,7
ppm não evidenciado. (Solvente: Metanol deuterado; Referência: TMS.).
Espectro de RMN de
1
H (600 MHz) da saponina RP-08.s.1. (Solvente: Metanol
deuterado; Referência: TMS.).
Mapa de correlação HSQC editado da saponina RP-08.s.1. (Solvente: Metanol
deuterado; Referência: TMS.).
Mapa de correlação COSY da saponina RP-08.s.1. (Solvente: Metanol
deuterado; Referência: TMS.).
Mapa de correlação TOCSY da saponina RP-08.s.1. (Solvente: Metanol
deuterado; Referência: TMS.).
Mapa de correlação HMBC da saponina RP-08.s.1. (Solvente: Metanol
deuterado; Referência: TMS.).
Mapa de correlação HSQC-TOCSY da saponina RP-08.s.1. (Solvente: Metanol
deuterado; Referência: TMS.).
Mapa de correlação T-ROESY da saponina RP-08.s.1. (Solvente: Metanol
deuterado; Referência: TMS.).
Espectro de RMN de
13
C (50 MHz) da saponina RP-08.s.1 metilada com
diazometano. (Solvente: Metanol deuterado; Referência: TMS.).
Anexos 5
141
Cromatograma de uma mistura de padrões de monossacarídeos trimetilsililados.
A ordem de eluição foi Rha, Rib, Ara, Xyl, Man, Gal e Glc. Informações sobre
condições, ver Materiais e Métodos 4.8.3, pg. 119.
Anexos 6
142
Cromatograma obtido no CG-EM de padrões de monossacarídeos reduzidos e
acetilados. A ordem de eluição foi Rha, Rib, Ara, Xyl, Man, Glc e Gal.
Informações sobre condições, ver Materiais e Métodos 4.8.2, pg. 119.
Espectros de massas dos sinais em 25,97, 26,14, 26,47, 32,04 minutos,
respectivamente.
Anexo 7
144
Espectro de massas obtido no Micromass q-TOF, com ionização por
“eletrospray” no modo positivo da amostra RP-08.s.2.
Espectro de massas obtido no Micromass q-TOF, com ionização por
“eletrospray” no modo positivo da amostra RP-08.s.2. Seleção do íon a m/z
1063.
Espectro de massas obtido no Micromass q-TOF, com ionização por
“eletrospray” no modo positivo da amostra RP-08.s.1.
Espectro de massas obtido no Micromass q-TOF, com ionização por
“eletrospray” no modo positivo da amostra RP-08.s.1. Seleção do íon a m/z
1195.
Anexo 8
148
Cromatograma obtido no CG-EM dos monossacarídeos presentes na substância
RP-08.s.2 reduzidos e acetilados. O sinal em 25,56 minutos se refere a uma
ramnose, o sinal em 26,92 minutos a uma arabinose, e os sinais em 26,56 e 31,67
a uma apiose. Condições: ver item 3.4.2.1.2.b, pg. 104.
Cromatograma obtido no CG-EM dos monossacarídeos presentes na substância
RP-08.s.1 reduzidos e acetilados. O sinal em 25,91 minutos se refere a uma
ramnose, o sinal em 26,34 minutos a uma arabinose, e os sinais em 25,45, 26,89
e 32,03 a duas apiose. Condições: ver item 3.4.2.1.2.b, pg. 101.
X
Espectros de massas (impacto de elétrons-70eV) dos sinais em 25,451 e 26,89
minutos, respectivamente.
7 – Referências Bibliográficas 150
XI
Índice de Esquemas
Esquema 1: Representação da biossíntese dos esqueletos esteroídicos e
triterpenoídicos a partir de uma unidade C-30 (Dewick, 2002; Hostettmann e
Marston, 1995).
17
Esquema 2: Esquema representativo para a obtenção de uma fração rica em
saponinas (Hostettmann e Marston, 1995; Simões e col., 1999).
22
Esquema 3: Esquema para a análise estrutural de oligossacarídeos presentes em
saponinas (Agrawal e Pathak, 1996).
29
Esquema 4: Proposta de fragmentação para a substância E.H.1-3.2 desenvolvida
com base no espectro de massas obtido.
45
Esquema 5: Proposta de fragmentação para a substância E.H.1-3.3 desenvolvida
com base no espectro de massas obtido.
48
Esquema 6: Proposta de fragmentação para a substância E.dCl.Me.1.4
desenvolvida com base no espectro de massas obtido.
53
Esquema 7: Proposta de fragmentação para a substância E.dCl.Me.1.3
desenvolvida com base no espectro de massas obtido.
54
Esquema 8: Proposta de fragmentação para a substância E.dCl.Me.1.2
desenvolvida com base no espectro de massas obtido.
58
Esquema 9: Proposta de fragmentação para a substância E.dCl.Me.1.1
desenvolvida com base no espectro de massas obtido.
59
Esquema 10: Esquema de fragmentação de acetatos de alditol (Kitson e col.,
1996).
102
Esquema 11: Esquema mostrando o procedimento de extração realizado com
auxílio do ultra-som.
112
Esquema 12: Fluxograma para o fracionamento do extrato hexânico. 113
Esquema 13: Fluxograma para o fracionamento do extrato diclorometânico. 115
Esquema 14: Fluxograma para o fracionamento do extrato etanólico. 117
XII
Índice de Figuras
Figura 1: Estruturas da cafeína, emetina e cefalina. 2
Figura 2: Alguns alcalóides indólicos da espécie Uncaria tomentosa
(Muhammad e col., 2001).
2
Figura 3: Alguns alcalóides isolados das folhas e flores da espécie Psychotria
colorata (Verotta e col., 1998; Rasolonjanahary e col., 1995; Verotta e col.,
2002).
3
Figura 4: Diversidade química e distribuição dos principais constituintes nas
quatro subfamílias: Ixoroideae (IXO), Cinchonoideae (CIN), Rubioideae (RUB)
e Antirheoideae (ANT) pertencentes à família Rubiaceae (Bolzani e col., 2001).
5
Figura 5: Estrutura da N,N-dimetiltriptamina (DMT). 6
Figura 6: Chiococca alba (L.) Hitch (disponível no site: http://www.plantatlas.
usf.edu/ images.asp? plantID=948, acessado no dia 7 de agosto de 2006).
6
Figura 7: Estruturas dos alcalóides 4-(4’-metoxifenil)-6,8-dimetóxi-2-
quinolinona e 4-(4’-metoxifenil)-6,8-dimetóxi-5-hidróxi-2-quinolinona.
9
Figura 8: Estruturas das hidroxicetonas, a 4-hidroxieptadecan-7-ona e a 5-
hidroxioctadecan-11-ona.
9
Figura 9: Estrutura do ácido 3β-hidróxiolean-12,15-dien-28-óico.
10
Figura 10: Estrutura dos iridóides albosídeos I–IV. 11
Figura 11: Estrutura do nor-seco-pimarano Merilactona. 11
Figura 12: Estrutura do flavonóide 4’-metoxikaempferol-7-(acetilóxi)-3,5-O-α-
L-ramnosídeo.
12
Figura 13: Reação representando a formação do íon alcóxido pela base forte
(dimetilsulfinil; CH
3
SOCH
2
-
), e a reação de substituição nucleofílica (SN
2
) com
o iodeto de metila (Chaplin e Kennedy, 1994).
26
Figura 14: Estrutura dos alcalóides 4-(4’-metoxifenil)-6,8-dimetóxi-2-
quinolinona e 4-(4’-metoxifenil)-6,8-dimetóxi-5-hidróxi-2-quinolinona.
33
Figura 15: Cromatograma (CPG) de Ppt.1. 36
Figura 16: Proposta estrutural para Ppt.1. 36
Figura 17: Mapa de correlações HETCOR de Ppt.1. Em f2 está alocado o
espectro APT.
37
Figura 18: Espectro de RMN de
1
H de Ppt.1. 38
Figura 19: Espectro APT de Ppt.1. 38
Figura 20: Espectro no I.V. de Ppt.1. A banda larga a 3431 cm
-1
é advinda da
umidade na amostra analisada.
39
Figura 21: Cromatograma de massas da fração E.H.1-3. 40
Figura 22: Estruturas básicas dos esqueletos dos tipos filicano e fernano. 41
Figura 23: Espectro de massas da substância E.H.1-3.1. 42
Figura 24: Espectro de massas da substânica E.H.1-3.2. 44
Figura 25: Espectro de massas da substância E.H.1-3.3. 47
Figura 26: Estruturas básicas dos esqueletos dos tipos oleanano e ursano. 49
Figura 27: Cromatograma de massas da fração E.dCl.Me.1. 50
Figura 28: Espectro de massas da substância E.dCl.Me.1.4. 51
Figura 29: Espectro de massas da substância E.dCl.Me.1.3. 52
Figura 30: Espectro de massas da substância E.dCl.Me.1.2. 56
Figura 31: Espectro de massas da substância E.dCl.Me.1.1. 57
Figura 32: Cromatograma da CLMP. Detetor de absorção no UV a 220 nm. 60
Figura 33: CLAE analítica das frações RP-08.s, RP-09.s e RP-10.s (Materiais e
Métodos 4.6.3, pg. 116). Condições: metanol-água-ácido trifluoroacético (TFA;
70:30:0,0125) como fase móvel e detecção por absorção no UV (203 nm) em
61
XIII
coluna de fase inversa (RP-18).
Figura 34: Cromatograma otimizado da fração RP-08.s. Condições: metanol-
água-ácido trifluoroacético (TFA; 60:40:0,0125) como fase móvel e detecção
por absorção no UV. (modo Spectrum Max plot) em coluna de fase inversa (RP-
18).
61
Figura 35: Espectro no UV das saponinas presentes na fração RP-08.s.. 62
Figura 36: Espectro de RMN-
13
C (50 MHz) da saponina RP-08.s.2 (ampliação). 67
Figura 37: Espectro de RMN-
1
H (600 MHz) da saponina RP-08.s.2
(ampliação).
67
Figura 38: Mapa de correlação TOCSY da saponina RP-08.s.2 (ampliação).
Correlação a partir do sinal em 1,26 ppm.
68
Figura 39: Mapa de correlação COSY da saponina RP-08.s.2 (ampliação). No
inserto está a correlação do sinal em 1,26 ppm com o sinal em 3,75 ppm.
69
Figura 40: Espectro de RMN-
1
H (600 MHz) da saponina RP-08.s.2
(ampliação).
70
Figura 41: Mapa de correlação TOCSY da saponina RP-08.s.2 (ampliação).
Correlação entre os sinais 1,28 e 3,52 ppm.
70
Figura 42: Mapa de correlação TOCSY da saponina RP-08.s.2 (ampliação).
Correlação a partir do sinal em 4,38 ppm.
71
Figura 43: Mapa de correlação COSY da saponina RP-08.s.2 (ampliação). 71
Figura 44: Espectro de RMN-
1
H (600 MHz) da saponina RP-08.s.2
(ampliação).
74
Figura 45: Espectro de RMN-
13
C (50 MHz) da saponina RP-08.s.1 metilada
com diazometano (ampliação).
74
Figura 46: Mapa de correlação TOCSY da saponina RP-08.s.2 (ampliação). 75
Figura 47: Mapa de correlação HMBC da saponina RP-08.s.2 (ampliação). 76
Figura 48: Espectro de RMN-
1
H (600 MHz) da saponina RP-08.s.2
(ampliação).
77
Figura 49: Mapa de correlação TOCSY da saponina RP-08.s.2 (ampliação).
Correlação a partir do sinal 5,46 ppm.
78
Figura 50: Mapa de correlação COSY da saponina RP-08.s.2 (ampliação). 78
Figura 51: Mapa de correlação HMBC da saponina RP-08.s.2. 80
Figura 52: Mapa de correlação T-ROESY da saponina RP-08.s.2. 80
Figura 53: Estrutura proposta para RP-08.s.2: 3-O-β-D-glucopiranuronosil-
hidroxiolean-12,15-dien-28-oato de 28-O-α-D-apiofuranosil(14)-α-L-
ramnopiranosil(12)-α-L-arabinopiranosila.
82
Figura 54: Proposta de fragmentação resultante de ionização branda para RP-
08.s.2. [M + Na]
+
: Obs: 1063.5127 Calc. para C
52
H
80
O
21
: 1063,50847.
82
Figura 55: Espectro de RMN-
13
C (50 MHz) da saponina RP-08.s.1 (ampliação). 83
Figura 56: Espectro de RMN-
1
H (600 MHz) da saponina RP-08.s.1
(ampliação).
83
Figura 57: Mapa de correlação TOCSY da saponina RP-08.s.1 (ampliação).
Correlação a partir do sinal em 1,28 ppm.
84
Figura 58: Mapa de correlação COSY da saponina RP-08.s.1 (ampliação). No
inserto está a correlação do sinal em 1,28 ppm com o sinal em 3,83 ppm.
85
Figura 59: Espectro de RMN-
1
H (600 MHz) da saponina RP-08.s.1
(ampliação).
87
Figura 60: Mapa de correlação TOCSY da saponina RP-08.s.1 (ampliação).
Correlação entre os sinais em 1,28 e 3,62 ppm.
87
Figura 61: Mapa de correlação TOCSY da saponina RP-08.s.1 (ampliação). 88
XIV
Correlação a partir do sinal em 4,38 ppm.
Figura 62: Mapa de correlação COSY da saponina RP-08.s.1 (ampliação). 88
Figura 63: Espectro de RMN-
1
H (600 MHz) da saponina RP-08.s.1
(ampliação).
90
Figura 64: Mapa de correlação COSY da saponina RP-08.s.1 (ampliação). 91
Figura 65: Espectro de DEPT da saponina RP-08.s.1 (ampliação). 91
Figura 66: Espectro de RMN de
1
H (600 MHz) da saponina RP-08.s.1
(ampliação).
92
Figura 67: Mapa de correlação TOCSY da saponina RP-08.s.1 (ampliação). 93
Figura 68: Mapa de correlação COSY da saponina RP-08.s.1 (ampliação). 93
Figura 69: Mapa de correlação HMBC da saponina RP-08.s.1 (ampliação). 94
Figura 70: Mapa de correlação COSY da saponina RP-08.s.1 (ampliação). 96
Figura 71: Mapa de correlação HMBC da saponina RP-08.s.1 (ampliação). 97
Figura 72: Mapa de correlação ROESY da saponina RP-08.s.1 (ampliação). 98
Figura 73: Estrutura proposta para RP-08.s.1: 3-O-β-D-glucopiranuronosil-
hidroxiolean-12,15-dien-28-oato de 28-O-α-D-apiofuranosil(13)-[α-D-
apiofuranosil (14)] -α-L-ramnopiranosil(12)-α-L-arabinopiranosila.
99
Figura 74: Proposta de fragmentação resultante de ionização branda para RP-
08.s.1. [M + Na]
+
: Obs: 1195,5896. Calc. para C
57
H
88
O
25
: 1195,55067.
100
Figura 75:Estrutura da apiina. 104
Figura 76: Cromatograma obtido no CG-EM dos monossacarídeos presentes na
apiina reduzidos e acetilados.
104
XV
Índice de Tabelas
Tabela 1: Principais correlações observadas nos experimentos mais utilizados de
RMN (Claridge, 1999).
28
Tabela 2: Regras de deslocamento químico e constantes de acoplamento a serem
observadas para a comparação de dados obtidos nos espectros com dados da
literatura.
31
Tabela 3: Rendimentos aproximados dos extratos obtidos com o auxílio do
extrator de Soxhlet e do ultra-som.
35
Tabela 4: Deslocamentos químicos (
1
H), referentes apenas à aglicona, obtidos
para RP-08.s.1 e RP-08.s.2.
63
Tabela 5: Deslocamentos químicos (
13
C) e multiplicidades obtidas para RP-
08.s.1 e RP-08.s.2. (Solvente: metanol deuterado, referência: TMS.)
64
Tabela 6: Deslocamentos químicos de hidrogênio e carbono-13 na ramnose.
68
Tabela 7: Deslocamentos químicos de hidrogênio e carbono-13 no ácido
glicurônico.
71
Tabela 8: Deslocamentos químicos (
13
C) e multiplicidades obtidas para as pró-
saponinas de RP-08.s.1 e RP-08.s.2*.
72
Tabela 9: Deslocamentos químicos de hidrogênio e carbono-13 na apiose. 76
Tabela 10: Deslocamentos químicos de hidrogênio e carbono-13 na arabinose. 79
Tabela 11: Deslocamentos químicos de hidrogênio e carbono-13 na ramnose. 86
Tabela 12: Deslocamentos químicos de hidrogênio e carbono-13 no ácido
glicurônico.
89
Tabela 13: Deslocamentos químicos de hidrogênio e carbono-13 na apiose. 92
Tabela 14: Deslocamentos químicos de hidrogênio e carbono-13 na arabinose. 95
Tabela 15: Deslocamentos químicos de hidrogênio e carbono-13 na apiose Ap’. 96
Tabela 16: Dados de áreas relativas dos sinais do cromatograma dos acetatos de
alditóis da amostra RP-08.s.1.
103
Tabela 17: Dados de áreas relativas dos sinais do cromatograma dos acetatos de
alditóis da amostra RP-08.s.2.
105
Tabela 18: Condições gerais para obtenção dos experimentos de RMN. 109
XVI
Lista de Siglas e Abreviaturas
col. Colaboradores
EUA Estados Unidos da América
CG-EM
Cromatografia com Fase Gasosa Acoplada À
Espectrometria de Massas
IXO Ixoroideae
CIN Cinchonoideae
RUB Rubioideae
ANT Antirrheoideae
DMT N,N-Dimetiltriptamina
U.V. UltraVioleta
CCD Cromatografia em Camada Delgada
DL
50
Concentração letal que mata 50% das cobaias
µg/ml micrograma por mililitro
mg/kg miligrama por quilograma
Glc D-Glicose
Gal D-Galactose
Rha L-Ramnose
Xyl L-Xilose
Ara L-Arabinose
GlcA Ácido Glicurônico
GalA Ácido Galacturônico
Qui Quinovose
NADPH Nicotonamida Adenina Dinucleotídeo Fosfato
CLAE Cromatografia Líquida de Alta Eficiência
CCCG Cromatografia de Contra-Corrente de Gotejamento
CLBP Cromatografia Líquida Sob Baixa Pressão
CLMP Cromatografia Líquida Sob Média Pressão
n-BuOH Butanol normal
CG Cromatografia em Fase Gasosa
RMN de
1
H Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio
FAB Fast Atom Bombardment
FD Field Desorption
MALDI Matrix Assisted Laser Desorption Ionization
ESI Ionização por “Eletrospray”
DMSO Sulfóxido de Dimetila
SN
2
Substituição Nucleofílica Bimolecular
ppm partes por milhão (expressão)
RMN de
13
C Ressonância Magnética Nuclear de Carbono 13
Hz Hertz
δ deslocamento químico
RMN Ressonância Magnética Nuclear
COSY Correlated Spectroscopy
HETCOR Heteronuclear Correlation
HMQC Heteronuclear Multiple Quantum Coherence
XVII
HSQC Heteronuclear Single Quantum Coherence
COLOC Correlated Spectroscopy for Long Range Coupling
HMBC Heteronuclear Multiple Bond Correlation
NOEDS Nuclear Overhauser Difference Spectroscopy
NOESY Nuclear Overhauser Enhancement Spectroscopy
ROESY Rotating Frame Overhauser Effect Spectroscopy
TOCSY Total Correlated Spectroscopy
HOHAHA Homonuclear Hartmann Hahn
2-D bidimensional
J
constante de acoplamento
NOE Nuclear Overhauser Efect
1-D monodimensional
DQF-COSY Double Quantum Filtered COSY
p.a. para análise
v/v volume por volume
N Normal
mL mililitro
ºC graus Celsius
Min Minutos
g gramas
NP Natural Product (Reagente)
IV InfraVermelho
S simpleto
D dupleto
T tripleto
M multipleto
Dd dupleto de dupleto
m metro
mm milímetro
µm
micrômetro
cm centímetro
W Watt
V Volt
MHz MegaHertz
CPG Cromatografia de Permeação em Gel
TMS tetrametilsilano
sl simpleto largo
tl tripleto largo
v
número de onda
md médio
i intenso
f fraco
pH potencial Hidrogeniônico
ODS Octadecilsilano
XVIII
iPrOH Álcool isopropílico
MeOH Metanol
F.M. Fase Móvel
RP-18 Fase Inversa (ODS)
m/z
Relação massa/carga
BuOH Butanol
nm Nanômetro
D.A.D. Detetor de feixe de diodos
µg micrograma
µL microlitro
TFA Ácido trifluoroacético
eV elétron Volt
T-ROESY Transverse-ROESY
XIX
Resumo
Resumo da dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-graduação em
Química de Produtos Naturais, Núcleo de Pesquisa de Produtos Naturais da
Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários à
obtenção do título de Mestre em Ciência.
A espécie Chiococca alba (L.) Hitch (Rubiaceae) é um arbusto tropical e
subtropical presente em praticamente todo o continente americano. Essa espécie,
conhecida popularmente como “cainca”, “cruzeirinha”, “dambrê”, “purga-preta” e
“cipó-cruz”, dentre outras denominações, tem o chá de suas raízes tradicionalmente
empregado no tratamento de diversas enfermidades por suas atividades anti-reumática,
emética, purgativa, diurética, febrífuga, tônica, antiinflamatória, antiviral,
antiedematogênica, contra envenenamento ofídico e afrodisíaca. São poucos os
trabalhos, tanto químicos quanto farmacológicos, publicados acerca deste gênero. Este
trabalho inclui-se no esforço para o estabelecimento do perfil químico da C. alba.
Os extratos em hexano, diclorometano e etanol revelaram a presença de dois
triterpenos pentacíclicos (um pertencente a classe dos filicanos e outro da classe dos
fernanos) quatro triterpenos pentacíclicos ácidos (o ácido ursólico, o ácido oleanólico e
dois derivados desse último) e 5 saponinas triterpênicas. Dessas saponinas triterpênicas
duas foram identificadas como sendo a 3-O-β-D-glucopiranuronosil-hidróxiolean-
12,15-dien-28-oato de 28-O-α-D-apiofuranosil(13)-[α-D-arabinopiranosil (14)]-α-
L-ramnopiranosil(12)-α-L-arabinopiranosila (RP-08.s.1) e a 3-O-β-D-
glucopiranuronosil-hidroxiolean-12,15-dien-28-oato de 28-O-α-D-apiofurano-sil
(13)-α-L-ramnopiranosil(12)-α-L-arabinopiranosila (RP-08.s.2).
Os triterpenos caracterizados dos extratos hexânico e diclorometânico tiveram
suas estruturas propostas por métodos espectrométricos (CG-EM, impacto de elétrons-
70eV). As saponinas do extrato etanólico foram identificadas por métodos
espectroscópicos, tais como RMN-
1
H, RMN-
13
C, DEPT-135, COSY
1
H-
1
H, TOCSY,
HSQC, HMBC, ROESY e JCH resolvido, métodos cromatográficos e evidências
químicas, tais como análises dos produtos das reações de hidrólise (ácida e básica),
derivados ou não.
XX
Abstract
Resumo da dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-graduação em
Química de Produtos Naturais, Núcleo de Pesquisa de Produtos Naturais da
Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários à
obtenção do título de Mestre em Ciência.
Chiococca alba (L.) Hitch (Rubiaceae) is a tropical and sub-tropical shrub
spread all over the American continent. Commonly known as “cainca”, “cruzeirinha”,
“dambrê”, “purga-preta”, “cipó-cruz”, “caninana”, “raiz-preta”, “raiz-de-frade” and
“quina-preta”, the infusion of its roots is used in traditional medicine for the treatment
of several illnesses for its anti-rheumatic, emetic, purgative, diuretic, antipyretic, tonic,
anti-inflammatory, anti-viral, anti-edema, aphrodisiac and against snakebite activity.
There are few papers, concerning the chemistry and pharmacological activities,
published for Chiococca. This work is a contribution for establishing the chemical
profile of C. alba.
The hexane, methylene chloride and ethanol extracts showed the presence of two
pentacyclic triterpenes (one belonging to the filicane and the other to the fernane
classes), four acid pentacyclic triterpenes (ursolic acid, oleanolic acid as well as two
ursane derivatives) and five tritepenoidal saponins. Two of these triterpenoidal saponins
were identified as 28-O-α-D-apiofuranosyl(13)-[α-D-arabinopyranosyl(14)]-α-L-
rhamnopyranosyl (12)-α-L-arabinopyranosyl 3-O-β-D-glucopyranuronosyl-
hydroxyolean-12,15-dien-28-ate (RP-08.s.1) and 28-O-α-D-apiofuranosyl (13)-α-L-
rhamnopyranosyl(12)-α-L-arabinopyranosyl 3-O-β-D-glucopyranuronosyl-3β-
hydroxyolean-12,15-dien-28-ate (RP-08.s.2).
The six triterpenes characterized from the hexane and methylene chloride
extracts have their structures proposed on the basis of GC-MS (electron impact – 70
eV). The saponins from the ethanol extract were identified by spectroscopic methods,
such as
1
H-NMR,
13
C-NMR, DEPT-135º, COSY
1
H-
1
H, TOCSY, HSQC, HMBC e T-
ROESY. Chromatographic methods and chemical evidences, such as hydrolysis
reactions (under acid and basic conditions) and analysis of derivatized products were
also used.
1
1 – Introdução
1.1 – A Família Rubiaceae
A família Rubiaceae, uma das maiores dentre as Angiospermae, engloba cerca
de 640 gêneros e aproximadamente 10.700 espécies, classificadas em quatro subfamílias
(Cinchonoideae, Ixoroideae, Antirheoideae e Rubioideae) e 44 tribos essencialmente
tropicais (Young e col., 1996). Segundo Mabberley (1997), ela ocupa o quarto lugar em
diversidade entre as Angiospermae, perdendo apenas para Asteraceae, Orchidaceae e
Fabaceae.
As espécies de Rubiaceae são largamente distribuídas nos variados
ecossistemas brasileiros, como nas florestas Amazônica, Atlântica e no Cerrado, além
de ocorrerem também desde a América Central até o sul dos EUA. O número de
espécies nativas da América do Sul supera todas as demais regiões do planeta,
englobando 30% do total, muitas endêmicas do Brasil. As Rubiaceae nativas brasileiras
compreendem cerca de 110 gêneros e 1700 espécies amplamente distribuídas,
predominando sob a forma de árvores e semi-arbustos (Bolzani e col., 2001). Só na
região Nordeste, Barbosa e colaboradores (1996) compilaram 66 gêneros e 277
espécies.
No contexto popular, as espécies da família Rubiaceae sempre foram bastante
exploradas por suas atividades medicinais. Talvez sua maior contribuição à sociedade
ainda seja o café (a infusão de Coffea arabica). O cafeeiro é uma pequena árvore nativa
das zonas montanhosas do sudeste da Etiópia e sul do Sudão. Inicialmente cultivada
pelos árabes, o emprego da C. arabica foi disseminado rapidamente pelo mundo até
alcançar o Brasil, que chegou a ser o primeiro produtor mundial. De fato, sua semente é
uma das maiores commodities do mundo, sendo o principal produto de exportação de
alguns países. Essa espécie é de grande importância pela manufatura de uma bebida
estimulante e alimentícia, consumida mundialmente, e ainda para a extração da cafeína
(Figura 1).
Uma espécie também bastante importante para a família é a Cinchona
officinalis (cinchona), uma árvore que pode crescer até 10 metros e é fonte de uma
variedade de alcalóides, dos quais o mais importante é a quinina, um agente antipirético
bastante usado no tratamento da malária na década de 20. Uma outra Rubiaceae de
interesse é a Cephaelis ipecacuanha (ipecacuanha), espécie nativa do Brasil, da qual são
extraídos alcalóides de grande interesse médico como, por exemplo, a emetina e a
2
cefalina (Figura 1), estimulantes do sistema nervoso central e periférico (Bucaretchi e
Baracat, 2005).
N
N
N
N
N
O
O
NH
N
MeO
MeO
OMe
OMe
H H
NH
N
HO
MeO
OMe
OMe
H H
Figura 1: Estruturas da cafeína, emetina e cefalina.
As plantas do gênero Uncaria, largamente distribuídas pelas regiões tropicais,
incluindo sul da Ásia, África e América do Sul, são muito utilizadas tradicionalmente
para o tratamento de feridas e úlceras, febre, dores de cabeça, distúrbios gastrintestinais
e infecções por bactérias e fungos, sendo alvo de estudos fitoquímicos desde o início do
século XX (Hammond e col., 2005), principalmente com relação à investigação da
presença de alcalóides indólicos (Figura 2). O gênero Uncaria é representado no
continente sul-americano por duas espécies, U. guianensis (Aubl.) Gmel e U. tomentosa
(Willd.) D.C., ambas conhecidas como unha-de-gato; no Peru, são empregadas na
medicina popular no tratamento de gastrite, reumatismo, artrite, câncer e certas afecções
epidérmicas (Carbonezi e col., 2004).
HN
N
O
O
MeO
2
C
H
H
H
Me
Figura 2: Alguns alcalóides indólicos da espécie Uncaria tomentosa (Muhammad e
col., 2001).
cafeína
emetina cefalina
Uncarina C 3S, 7R, 15S, 19S, 20S
Uncarina D 3R, 7S, 15S, 19S, 20S
Uncarina E 3S, 7S, 15S, 19S, 20S
Mitrafilina 3S, 7R, 15S, 19S, 20R
3
Diversas plantas pertencentes ao gênero Psychotria são usadas na medicina
popular pela sua ação analgésica, baseada nas propriedades que os alcalóides presentes
possuem (Figura 3). A espécie Psychotria colorata (Willd.) contém alcalóides nas
folhas e frutos que apresentam atividade analgésica ligada a mecanismos central e
periférico no alívio da dor (Elisabetsky e col., 1995).
N
H
N
H
H
N
N
H
H
N
N
H
Me
Me
Me
N
N
N
N
Me
Me
N
H
H
N
N
N
Me
Me
H
H
N
H
N
N
H
N
Me
Me
Figura 3: Alguns alcalóides isolados das folhas e flores da espécie Psychotria colorata
(Verotta e col., 1998; Rasolonjanahary e col., 1995; Verotta e col., 2002).
1.1.1 – Sistemática e Quimiossistemática
Até meados da década de 70, estudos sistemáticos baseavam-se apenas em
caracteres morfológicos, não se conhecendo ao certo a possível correlação entre a
filogenia e o perfil químico apresentado pelas espécies. Até então, dados moleculares
(de metabólitos secundários) não eram considerados para a determinação sistemática
das subfamílias e tribos.
A subdivisão mais importante da família Rubiaceae foi feita por Robbrecht
(1988), que a dividiu em quatro subfamílias: Cinchonoideae, Ixoroideae, Antirreoideae
e Rubioideae. O autor introduziu, para sua análise filogenética, caracteres como
placentação, morfologia e anatomia de frutos e sementes. Entretanto, ficou determinado
que o posicionamento das subfamílias e a determinação das tribos, gêneros e espécies
Hodgkinsina
(8-8a), (8’-8’a)-tetradesidroiso-
calicantina 3a(R),3’a(R)
Calicantina Chimonantina
4
ainda permanecia difícil, em geral devido à falta de informação acerca da distribuição
geográfica e de caracteres morfoanatômicos de diversas espécies.
Com a crescente preocupação em se obter uma classificação mais fidedigna das
subfamílias e tribos, há uma busca por hipóteses filogenéticas que incluam dados
moleculares pertinentes. Grande parte das publicações acerca de investigações
filogenéticas baseia-se principalmente em dados moleculares em conjunto com
morfológicos. A definição de metabólitos secundários já é bem consolidada e a
existência de um padrão filogenético é bem aceita hoje em dia (Bremer, 1996).
Em 1988, Hiroyuke e colaboradores realizaram uma triagem para iridóides em
várias espécies e, baseados em dados obtidos por cromatografia com fase gasosa
acoplada à espectrometria de massas (CG-EM), concluíram que esses metabólitos estão
presentes em todas as subfamílias de Rubiaceae. Nos casos de derivados glicosilados,
este estudo foi realizado com substâncias isoladas. Os gêneros Rubia, Galium e
Morinda são importantes fontes de antraquinonas, na forma de aglicona, mas apesar de
possível, é rara a ocorrência de glicosídeos (Wijinsma e Verpoorte, 1986).
Em estudos posteriores com diferentes espécies da família Rubiaceae, foi
descritas a existência de marcadores quimiotaxonômicos (iridóides, alcalóides indólicos
e antraquinonas) e esses teriam uma ocorrência distinta e padronizada para cada uma
das tribos (Bolzani e col., 2001). Foi visto que a ocorrência desses marcadores era bem
consistente com a subdivisão prevista por Robbrecht em 1988. Na subfamília
Ixoroideae, os iridóides são encontrados como marcadores quimiotaxonômicos
exclusivos, enquanto que em Cinchonoideae os alcalóides indólicos predominam e, em
Rubioideae, as antraquinonas estão presentes como a principal classe de metabólitos
secundários. Já na subfamília Antirreoideae (onde está alocada a espécie Chiococca
alba) não foi observada uma ocorrência padronizada de nenhum desses marcadores
químicos (Bolzani e col., 2001).
1.1.2 – Estudos químicos na família Rubiaceae
A família Rubiaceae apresenta grande diversidade de metabólitos secundários
(Figura 4), tais como iridóides, alcalóides indólicos, antraquinonas, terpenóides
(triterpenos e diterpenos), flavonóides e outros derivados fenólicos. Na família, são
encontrados alcalóides quinolínicos, produtos do rearranjo de alcalóides indólicos
terpenoídicos, e os alcalóides isoquinolínicos, cujo esqueleto é formado pela
condensação da tiramina e secologanina, originando os alcalóides do tipo emetina
5
(Simões e col., 1999). Os seco-iridóides são substâncias geradas após uma clivagem
metabólica do esqueleto monoterpenoídico, especificamente no anel ciclopenteno
característico dos iridóides (Dewick, 2002).
0
50
100
150
200
IXO CIN RUB ANT
Número de composto
s
Iridóides
Alcalóides Indólicos
Antraquinonas
Flavonóides
Triterpenos
Dervidos Fenólicos
Alcalóides
Figura 4: Diversidade química e distribuição dos principais constituintes nas quatro
subfamílias: Ixoroideae (IXO), Cinchonoideae (CIN), Rubioideae (RUB) e
Antirheoideae (ANT) pertencentes à família Rubiaceae (Bolzani e col., 2001).
Uma rápida busca por trabalhos publicados sobre a fitoquímica da família
Rubiaceae (de 1990 a 2005) deixa claro o anseio dos pesquisadores por substâncias cuja
potencialidade para atividade biológica já esteja provada. Naquele período foram
descritos principalmente a ocorrência de alcalóides, antraquinonas, ácidos fenólicos,
iridóides, triterpenóides e glicosídeos variados (Anexo 1). Porém, é visível o grande
número de alcalóides indólicos, iridóides e antraquinonas presentes nas espécies
apresentadas. As espécies mais estudadas nesses anos são dos gêneros Cephaelis,
Galium, Gardenia, Hedyotis, Morinda, Ophiorrhiza, Psychotria e Uncaria.
Do gênero Coffea, a principal substância conhecida é a cafeína (um alcalóide
derivado da purina, 1,3,7-trimetilxantina, isolada pela primeira vez em 1820, como um
pó cristalino branco). Essa é incluída na composição de diversos analgésicos,
antipiréticos e antigripais, associada com o ácido acetilsalisílico, paracetamol ou
codeína e também usada no alívio ou abortamento de crises de enxaqueca. Por serem
plantas bastante conhecidas popularmente, as espécies do gênero Uncaria foram
submetidas a diversos estudos fitoquímicos no início do século passado. As substâncias
mais proeminentes do gênero foram os alcalóides, muito estudados até a década de 80.
Até hoje, já foram registrados, além de uma grande diversidade de esqueletos
triterpenoídicos (principalmente do tipo ursano), mais de 50 novas substâncias dentre
alcalóides, terpenos, derivados do ácido quinóvico, flavonóides e cumarinas para o
gênero Uncaria (Hammond e col., 2005). As espécies do gênero Psychotria, muito
6
usadas tradicionalmente, possuem alcalóides ativos aos quais são atribuídas uma série
de efeitos ligados ao mecanismo central e periférico da analgesia (Elisabetsky e
col.,1995). Talvez o principal exemplo desse gênero seja a P. viridis Ruiz et Pavon, um
arbusto possuidor do poderoso alcalóide com propriedades alucinógenas, a N,N-
dimetiltriptamina (DMT; Figura 5), o ingrediente primário de uma bebida conhecida
como “ayahuasca”, usada na América Central e do Sul.
N
N
H
Figura 5: Estrutura da N,N-dimetiltriptamina (DMT).
1.2 – Gênero Chiococca
O gênero Chiococca inclui 22 espécies distribuídas nas Américas e encontram-
se praticamente inexploradas sob o ponto de vista químico, farmacológico e
toxicológico. As poucas publicações existentes sobre esse gênero concentram-se
exclusivamente na espécie C. alba (Figura 6).
1.2.1 – A espécie Chiococca alba (L.) Hitchc.
A espécie C. alba, inicialmente denominada C. brachiata, foi primeiramente
descrita em 1777 no Peru, pelo botânico José Pavon em colaboração com o naturalista
Hipólito Ruiz (Cruz, 1930). A descrição da espécie levou à classificação da mesma
dentro do gênero Chiococca, já descrito anteriormente para outras espécies.
Figura 6: Chiococca alba (L.) Hitch (disponível no site: http://www.plantatlas.usf.edu/
images.asp? plantID=948, acessado no dia 7 de agosto de 2006).
dimetiltriptamina (DMT)
7
1.2.2 – Botânica e Sistemática (Cruz, 1930 ; Corrêa, 1931; Gusmão, 1992).
1.2.2.1 – Etimologia
Chiococca: nome deriva do latim (Yiwv = neve e xoxxos = baga) alba: branca,
alva.
1.2.2.2 – Sinonímia
Sinonímias científicas
Chiococca brachiata R. P., Chiococca anguifuga Mart., Chiococca racemosa H.B.K.,
Chiococca paniculata Willd.
Sinonímias populares no Brasil
“cainca”, “casinga”, “cruzeirinha”, “dambrê”, “purga-preta”, “quina-de-raiz-preta”,
“cipó-cruz”, “caninana”, “raiz-preta”, “fedorenta”, “raiz-de-frade”, “quina-preta”.
1.2.2.3 – Descrição macroscópica (Gusmão e col., 1992)
Hábito
Arbusto que pode atingir de 2 a 3 metros de altura. Apresenta muitos ramos finos,
nodosos em cruz.
Caule
O caule apresenta formato cilíndrico, diâmetro fino com sulcos longitudinais.
Folhas
As folhas, muito numerosas, são opostas, curtamente pecioladas. Limbo coriáceo,
inteiro, elíptico com base obtusa e ápice mucronado.
Inflorescências
As flores são tetrâmeras, de cor branco-amarelada levemente púrpuras na face externa
do tubo e dispostas em panícolas axilares. A corola é hipocrateriforme, prefloração
imbricada, glabra com lacínios de bordos revirados e esverdeados. Os estames isômeros
são livres. Os filetes levemente concrescidos entre si e a base da corola apresenta pêlos
na região mediana; anteras lineares e ovário ínfero, com 2 lóculos monospermos.
Raiz
A raiz da cainca, parte mais utilizada da planta, apresenta-se em pedaços de dimensões
muito irregulares, sua expessura varia de 5 a 7 mm e seu comprimento pode atingir de
30 a 40 cm. Esses pedaços, geralmente tortuosos, são recobertos por uma casca parda,
8
quase preta, com numerosas estrias transversais, muito largas e, às vezes, um tanto
regularmente espaçadas.
1.2.2.4 – Sistemática botânica
A tribo Chiococceae compreende 8 gêneros e pertence à subfamília
Antirheoideae. C. alba é apresentada com as seguintes variedades: acuminata,
acutifolia, biformis, conjungens, diplomorpha, genuina, grandifolia, intercedens,
intermidia, lanceolata, microphylla, petiolaris, rigidula, subrhombea, tenuifolia e
valida.
1.2.2.5 – Distribuição
C. alba é distribuída nas partes central e sul do Brasil, além de Peru, Guiana
Francesa, América Central e Flórida (EUA).
1.3 – Estudos químicos da espécie C. alba
A primeira análise química que se tem registro da espécie resultou na
caracterização de várias substâncias. Dentre elas, substâncias graxas de cor verde, uma
matéria corante amarela, uma substância colorida e viscosa e, finalmente, uma
substância trivialmente denominada de ácido caincico. O ácido caincico, posteriormente
denominado caincina, foi apresentado como sendo um glicosídio de cor branca, muito
amargo, acre, inodoro, muito pouco solúvel em água e no éter e bastante solúvel no
álcool, em diversas concentrações (Cruz, 1930). Essas substâncias não tiveram suas
estruturas caracterizadas, permanecendo assim dúvidas sobre suas naturezas químicas.
Apesar da caincina ter sido descrita como princípio ativo da planta (Corrêa, 1931),
trabalhos mais recentes não fazem qualquer referência confirmando essa observação
nem o isolamento das substâncias citadas.
Em outros estudos químicos da espécie, já foram apontados resultados
positivos em testes preliminares para glicosídeos cardiotônicos, saponinas, flavonóides
e taninos nas raízes da planta, e resultados negativos para antraquinonas (Schapoval e
col., 1983). Nesse trabalho foi relatado o resultado negativo para alcalóides e
antraquinonas e a comprovação cromatográfica da presença do salicilato de metila
(identificação realizada por comparações dos tempos de retenção em CCD e espectros
no UV). Em 1989, foi relatada por El Abbadi e colaboradores a presença de dois novos
alcalóides em raízes da C. alba. Os alcalóides 4-(4’-metoxifenil)-6,8-dimetóxi-2-
9
quinolinona e 4-(4’-metoxifenil)-6,8-dimetóxi-5-hidróxi-2-quinolinona (Figura 7),
foram identificados no extrato metanólico bruto das raízes com o auxílio da variação do
pH e posterior precipitação com éter dietílico. No ano seguinte, Kubo e colaboradores
sintetizaram ambos os alcalóides.
N
H
OMe
OMe
O
R
MeO
Figura 7: Estruturas dos alcalóides 4-(4’-metoxifenil)-6,8-dimetóxi-2-quinolinona e 4-
(4’-metoxifenil)-6,8-dimetoxi-5-hidróxi-2-quinolinona.
Em estudos posteriores realizados com as folhas da cainca não foram
detectadas substâncias da classe dos alcalóides. Entretanto, foi observada a presença de
duas novas hidroxicetonas, a 4-hidroxieptadecan-7-ona e a 5-hidroxioctadecan-11-ona
(Figura 8), juntamente com 5,7,4’-trimetóxi-4-fenilcumarina, exostemina, matairesinol e
(D)-manitol, do extrato mais polar (El-Hafiz e col., 1991). Em 1995, Ballini e
colaboradores sintetizaram aquelas hidroxicetonas pela primeira vez através de um
nitroalcano hidróxilado.
MeMe
OH
O
Me
Me
OH O
Figura 8: Estruturas das hidroxicetonas, a 4-hidroxieptadecan-7-ona e a 5-
hidroxioctadecan-11-ona.
R= H 4-(4’-metoxifenil)-6,8-dimetóxi-2-quinolinona
R=OH 4-(4’-metoxifenil)-6,8-dimetóxi-5-hidróxi-2-quinolinona
4-hidroxieptadecan-7-ona
5-hidroxioctadecan-11-ona
10
Um novo triterpeno, com um esqueleto de ácido oleanólico, foi isolado e
identificado da fração hidrossolúvel do extrato das raízes da C. alba, coletadas em Santa
Rica, no Estado da Paraíba, Brasil (Bhattacharyya e Cunha, 1992). Esse triterpeno foi
denominado ácido 3β-hidroxiolean-12,15-dien-28-óico (Figura 9), que não apresenta
absorção no UV e é solúvel em solução aquosa de NaOH e Na
2
CO
3
.
HO
CO
2
H
Figura 9: Estrutura do ácido 3β-hidroxiolean-12,15-dien-28-óico.
Em 1999, foram descritos três novos iridóides e um novo seco-iridóide,
denominados albosídeos I–IV (Figura 10), isolados e identificados do extrato bruto em
diclorometano-metanol (2:1) de raízes de C. alba coletadas no Estado de São Paulo. O
seco-iridóide albosídeo IV mostrou ainda atividade moderada contra o mutante RS 321
de Saccharomyces cerevisiae, em estudos de atividade biológica dos novas substâncias
(Carbonezi e col., 1999).
ácido 3
β
-hidroxiolean-12,15-dien-28-óico
11
O
CO
2
H
H
H
HO
Me
O
O
OR
HO
OH
OH
O
OMe
OH
O
OMe
OMe
O
OMe
O
CO
2
H
H
H
HO
O
O
OR
HO
OH
OH
O
OH
OH
Figura 10: Estrutura dos iridóides albosídeos I–IV.
Em 1997, Borges-Argaés e colaboradores isolaram um metabólito que
denominaram ent-17-hidróxi-16α-kauran-3-ona. E em 2001, um novo nor-seco-
pimarano, trivialmente nomeado merilactona (Figura 11), foi isolado do extrato
metanólico de raízes da C. alba coletadas no México.
O
H
Me
Me
Me
O
O
Me
CH
2
Figura 11: Estrutura do nor-seco-pimarano Merilactona.
Em estudos mais recentes sobre a espécie C. alba, Bolzani e colaboradores, em
2004, isolaram um flavonóide inédito, o 4’-metoxikaempferol-7-(acetiloxi)-3,5-O-α-L-
Merilactona
albosídeo I (R1)
albosídeo II (R2)
albosídeo III (R3)
R1=
R2=
R3=
R=
albosídeo IV
12
ramnosídeo (Figura 12), três flavonóides conhecidos (apigenina, 7-O-metoxiquercetrina,
quercetrina) e quatro triterpenos (α-amirina, β-amirina, ácido oleanólico e ácido
ursólico) da fração solúvel em acetato de etila do extrato em diclorometano-metanol
(2:1) das folhas da espécie.
Figura 12: Estrutura do flavonóide 4’-metoxikaempferol-7-(acetiloxi)-3,5-O-α-L-
ramnosídeo.
1.4 – Atividades biológicas relacionadas com a espécie C. alba
O emprego das raízes de “cainca” para fins terapêuticos foi muito difundido no
passado. A sua utilização na medicina popular e científica fez com que ela fosse
incluída em várias Farmacopéias nos séculos XIX e XX, dentre elas a Francesa de 1837
e 1866, a Portuguesa de 1836 e 1876, a Grega de 1837, a Belga de 1854 e 1873, a
Espanhola de 1865 e 1884, a Austríaca de 1855 e a Mexicana de 1904 (Schapoval e
col., 1983), mostrando sua importância na época.
A “cainca” tem o chá de suas raízes tradicionalmente empregado no tratamento
de diversas enfermidades por suas atividades anti-reumática, emética, purgativa,
diurética, febrífuga, tônica, antiinflamatória, antiviral, antiedematogênica, antiofídica,
afrodisíaca e contra hidropsia (Bolzani e col., 2001). São citadas também propriedades
emenagoga, hidragoga, anti-asmática e anti-reumática, sendo essa a atividade pela qual
a planta foi comercializada por uma indústria de fitoterápicos durante muito tempo.
Segundo Cruz (1930), a sua reputação no combate aos efeitos da picada de
cobras foi muito explorada pelos curandeiros que empregavam a raiz por via oral com
água ou águardente e ainda como um cataplasma feito com a raiz moída com
águardente. Há ainda relação do uso da “cainca” para obstruções nas vísceras
abdominais, perturbações do sistema linfático, doenças hepáticas e cardíacas, além do
combate a tosse, rouquidão e bronquite, contra angina, laringite e doenças do aparelho
urinário.
4’-metoxikaempferol-7-(acetiloxi)-3,5-O-α-L-ramnosídeo
O
OMe
OO
MeOCO
O
HO
HO
OH
O
OH
OH
OH
O
13
Foram publicados trabalhos acerca da avaliação farmacológica da C. alba, nos
quais foram verificadas as atividades antiinflamatória, antimicrobiana e antitumoral.
Estudos com o extrato etanólico e as frações etérea e aquosa demonstraram atividade
antiinflamatória através do teste de edema de pata induzido pela administração de
carragenina, em ratos. Essa atividade foi atribuída à presença de salicilato de metila,
identificado por cromatografia em camada delgada após comparação com amostra
padrão (Schapoval e col., 1983).
A atividade antimicrobiana foi estudada por Borges-Argáez e colaboradores em
1997, com o extrato metanólico das raízes de “cainca”. A inibição do crescimento
bacteriano de cepas de Staphylococcus aureus foi relacionada com o metabólito ent-
kaurano, que provocou uma zona maior de inibição do crescimento bacteriano.
Entretanto, o ent-kaurano mostrou atividade antimicrobiana fraca contra S. aureus e não
foi eficaz contra Bacillus subtilis, Candida albicans, Escherichia coli, Pseudomonas
aeruginosa e Saccharomyces cerevisiae.
O albosídeo IV apresentou atividade moderada contra o mutante RS321N
deficiente de reparo de DNA de Saccharomyces cerevisiae, indicando atividade
antitumoral, enquanto que os outros iridóides se mostraram inativos (Carbonezi e col.,
1999).
Estudos toxicológicos verificaram que a “cainca” atua sobre a mucosa
intestinal causando irritação e conduzindo à morte, entretanto nada se mencionou sobre
a natureza da substância ativa (Hoehne, 1939). Posteriormente, outros resultados
demonstraram que a dose letal (DL
50
) para o extrato alcoólico foi de 134,28 mg/kg por
via intraperitonial, utilizando camundongos Swiss Albinos de ambos os sexos
(Schapoval e col., 1983). Essa toxidez foi atribuída a possível presença não evidenciada
de glicosídeos cardiotônicos.
Mais recentemente, Gazda e colaboradores (2006) observaram que a toxidade
do extrato etanólico da “cainca” foi baixa em camundongos quando administrado por
via oral, e que para doses em torno de 500 mg/kg peso corporal o extrato apresentou
efeito analgésico. Testes realizados nesse estudo demonstraram a não mutagenicidade
pelo Teste de Ames nas quatro cepas bacterianas usadas, na presença e na ausência de
fator extrínseco de metabolização (mistura S9) e atividade citotóxica frente ao
microcrustáceo Artemia salina.
14
1.5 – Saponinas
Saponinas são substâncias glicosiladas de ocorrência natural de alto peso
molecular (Hostettmann e Marston, 1995). Essa classificação se deu, inicialmente, pela
capacidade de formação de uma espuma persistente e abundante quando sob agitação
em solução aquosa, uma propriedade de praticamente todas as saponinas. A espuma
assim obtida, apresenta estabilidade frente a ácidos minerais diluídos (como o HCl
diluído), o que a diferencia da espuma formada por sabões comuns (derivados de ácidos
graxos). Quimicamente, as saponinas possuem esqueletos triterpenoídicos ou
esteroídicos (C30 ou C27) ligados a um ou mais resíduos de carboidratos. Quando
submetidas a uma reação de hidrólise em condições ácidas geram uma aglicona e
açúcares livres. Portanto, por definição, as saponinas são substâncias triterpenoídicas ou
esteróídicas glicosiladas (Hostettmann e Marston, 1995).
As saponinas são substâncias naturais constituintes de grande parte de drogas
vegetais usadas tradicionalmente, especialmente no oriente. Um número substancial de
revisões acerca de saponinas foi publicado com relatos de variações estruturais,
atividades e funções biológicas, além de métodos de isolamento, purificação e
elucidação estrutural (Agrawal e col., 1974; Hostettmann e Marston, 1995; Sparg e col.,
2004; Francis e col., 2002; ; Oleszek e col., 2002; Sahu e Achari, 2001; Agrawal e col.,
1996; Plock e col., 2001) desde a década de 20 (Kofler Die saponine, 1927 citado por
Hostettmann e Marston 1995).
1.5.1 – Classificação e Variação Estrutural
A natureza da porção aglicona ou não-sacarídica das saponinas, chamada de
genina ou sapogenina, permite a classificação das saponinas em três classes principais.
São as saponinas triterpenoídicas, as esteroídicas e as alcaloídicas. O caráter ácido pode
ser devido à presença de um grupamento carboxila na aglicona ou na cadeia de
monossacarídeos, ou ambos. O caráter básico decorre da presença de nitrogênio (em
geral, sob a forma de amina secundária ou terciária).
Em uma outra classificação, é levado em consideração o número de cadeias de
carboidratos ligadas na aglicona, pela qual a substância pode ser classificada como
sendo mono-desmosídica (geralmente ligada à posição 3), bis-desmosídicas (cadeia
adicional geralmente ligada à posição 26 ou 28), ou tri-desmosídicas, e assim por diante.
Essa classificação é de grande importância, pois, freqüentemente, as saponinas bis-
desmosídicas não apresentam as atividades biológicas registrados para as mono-
15
desmosídicas. Foi descrito que saponinas mono-desmosídicas possuem maior atividade
hemolítica do que as bis-desmosídicas (Fukuda e col., 1985; Woldemichael e Wink,
2001).
A complexidade química apresentada por essa classe de substâncias é devida,
principalmente, à presença do(s) oligossacarídeo(s) ligado(s). Essa característica,
juntamente com o fato das saponinas possuírem um peso molecular elevado, cria
dificuldades no processo de isolamento e de elucidação estrutural. O oligossacarídeo
pode ser linear ou ramificado com ligações glicosídicas do tipo (12), (13), (14),
(16), etc., podendo possuir diferentes configurações anoméricas (α- ou β-), além da
possibilidade de variação do tamanho do anel das unidades monossacarídicas (piranoses
e furanoses; Hostettmann e Marston, 1995).
As unidades de oligossacarídeos mais comumente encontradas nessa classe de
substância são D-glicose (Glc), D-galactose (Gal), L-ramnose (Rha), L-xilose (Xyl) e L-
arabinose (Ara), além de unidades do ácido urônico (glicurônico e galacturônico; GlcA,
GalA). Saponinas isoladas de organismos marinhos geralmente contêm D-quinovose
(Qui) (Hostettmann e Marston, 1995).
A variação estrutural pode ser também advinda do esqueleto da aglicona, onde
hidroxilações na posição 3 e em certas grupos metila são as mais comuns, além de,
evidentemente, as possíveis variações estruturais de cada classe. As classes estruturais
mais comumente encontradas em saponinas esteroídicas são colestano, espirostano e
furostano. Para alcalóides esteroídicos glicosilados são os solanidanos e espirosolanos.
E para saponinas triterpenoídicas são os oleananos (β-amirinas), ursanos (α-amirinas) e
lupanos (Hostettmann e Marston, 1995).
1.5.2 – Biossíntese
Em se tratando da biossíntese de saponinas, temos que a estrutura da aglicona
(o núcleo fundamental) é biossintetizada a partir da via do mevalonato mais
especificamente do acoplamento de duas unidades difosfato de farnesila (C15)
acopladas “cauda a cauda”, gerando o esqualeno (C-30, esqueleto triterpênico). A
ciclização do esqualeno é mediada por um carbocátion, gerado a partir da protonação
direta do epóxido presente no precursor 2,3-epóxido de esqualeno que, por sua vez é
produzido numa reação catalisada pela flavoproteína dependente de oxigênio e do
cofator NADPH (Dewick, 2002). Após a formação desse precursor-chave de 30 átomos
de carbono, dobraduras específicas mantidas através de um posicionamento definido na
16
“superfície” da enzima, levam a ciclizações (cascata de ciclizações cátion-olefina,
formadora dos carbocátions intermediários cíclicos) e rearranjos distintos, gerando os
dois cátions precursores de todos os esqueletos triterpênicos e esteroídicos (cátion
protosterol I e protosterol II; Dewick, 2002; Torssel, 1997). Distinções nos esqueletos
formados ocorrem, principalmente, através de rearranjos conhecidos como rearranjos de
Wagner-Meerwein, que são migrações de grupos metila e hidretos, assim como
posteriores inclusões funcionais (Dewick, 2002; Torssel, 1997).
No caso do esqueleto esteroídico, o sistema cíclico consiste em quatro anéis
(em sua maioria), representado pelo sistema do lanosterol ou do cicloartenol, com a
ausência de três grupos metila em C-4 e C-14 (Dewick, 2002; Torssel, 1997). A maior
parte das saponinas triterpênicas é derivada dos esqueletos oleanano (β-amirina) ou
damarano, formado diretamente a partir da ciclização do precursor inicial. São
encontrados também com certa freqüência esqueletos triterpênicos da classe dos ursanos
(α-amirina) e lupanos. Certas plantas são capazes de incorporar ao esqueleto esteroídico
um átomo de nitrogênio (geralmente oriundo da arginina) gerando os núcleos de
alcalóides esteroídicos (Hostettmann e Marston, 1995). É observada uma ocorrência
conjunta de saponinas com esqueletos esteroídicos e alcaloídicos. O Esquema 1 mostra
a biossíntese dos esqueletos anteriormente citados.
17
O
HO
HO
HO
HO
HO HO HO
HO
HO
HO
1
3
23
7
9
12
26
15
28
18
21
29
25
27
Esquema 1: Representação da biossíntese dos esqueletos esteroídicos e triterpenoídicos
a partir de uma unidade C-30 (Dewick, 2002; Hostettmann e Marston, 1995).
As enzimas responsáveis pela catálise das reações de síntese dos triterpenos são
conhecidas coletivamente como triterpeno sintases (Xu e col., 2004), são elas:
esqualeno ciclase, 2,3-oxidoesqualeno ciclase, cicloartenol sintase, lanosterol sintase e
damarenodiol sintase, α- e β-amirina sintases.
Nos processos finais de biossíntese das saponinas, os produtos da ciclização
passam por modificações adicionais onde resíduos de açúcares são acrescentados em
posições específicas do esqueleto triterpenoídico e/ou esteroídico. Essas são,
geralmente, posições previamente hidroxiladas (3, 11, 16, 23, 28 e 30). Com exceção de
C3, esses são potenciais pontos de oxidação no esqueleto triterpenoídico pentacíclico
mais comum.
As unidades de monossacarídeos são ligadas ao esqueleto da aglicona por
ligações glicosídicas através de reações catalisadas por transferases específicas,
localizadas em diferentes compartimentos celulares. Foi sugerido que a introdução da
2
,
3- óxido de es
q
ualeno cátion protosterol II
cátion damarano
cátion
p
rotosterol I
cátion
protosterol I
lanosterol
cicloartenol
cucurbitacinas
colesterol
quassinóides
Alcalóides esteriodais
cátion
protosterol II
cátion lupanoil
cátion oleanano
α-amirina
β
-amirina
lu
p
eol
conformação:
cadeira-bote-cadeira-bote
conformação:
cadeira-cadeira-cadeira-bote
18
cadeia de açúcares nas posições hidroxiladas ocorra de maneira sequenciada, enquanto
que na posição carboxilada (C-28, mais comum) a introdução da cadeia seja feita com a
cadeia já em sua forma completa (Hostettmann e Marston, 1995). Resultados recentes
na caracterização das saponinas glicosiltransferases evidenciam o fato de que os
resíduos de açúcares são efetivamente adicionados seqüencialmente. Atualmente são
conhecidas algumas saponinas glicosiltranferases para a síntese de saponinas
esteroídicas, as quais já foram isoladas e clonadas. Diversos estudos têm sido
desenvolvidos para a identificação das enzimas responsáveis pela síntese das saponinas
triterpenoídicas (Haralampidis e col., 2002).
1.5.3 – Ocorrência e Distribuição
As saponinas são largamente distribuídas pelo reino vegetal, possuem centenas
de estruturas distintas, estão presentes em mais de 90 famílias e em pelo menos 500
gêneros diferentes de plantas (Basu e Rastogi, 1967; Agarwal e Rastogi, 1974 ;
Hostettmann e Marston, 1995). No caso da família Rubiaceae, a presença de substâncias
dessa classe de metabólitos não é muito evidente, havendo a ocorrência nos gêneros
Catunaregam, Rubus, Galium, Hedyotis, Isertia, Randia, Rudgea e Mussaenda.
Há a ocorrência de saponinas em plantas amplamente utilizadas na alimentação
humana, tais como soja, grão de bico, amendoins, broto de feijão, vagem, feijão
americano, lentilhas, ervilhas, espinafre, aveia, beringelas, aspargos, feno grego, alho,
beterraba, batatas, pimenta verde, tomates, cebolas, chás, cassava, inhame (Hostettmann
e Marston, 1995).
Segundo Anisimov e Chirva (1980), o fato das saponinas estarem localizadas
em organelas possuidoras de uma elevada taxa metabólica indica a possibilidade de
haver uma ligação fisiológica da ocorrência das saponinas, que seriam substâncias
importantes para a regulação e o desenvolvimento do organismo.
1.5.4 – Atividade Biológica
Inicialmente, a classificação de uma saponina era baseada em propriedades
emulsificantes, atividade hemolítica, toxidez em peixes e sabor amargo. Porém, devido
à existência de um contingente elevado de exceções, atualmente a classe é definida com
base na estrutura molecular. A distribuição bastante abrangente, juntamente com a
19
enorme variação estrutural, antevê um espectro também muito abrangente de atividades
biológicas de grande interesse farmacêutico (Hostettmann e Marston, 1995).
As atividades biológicas mais comumente encontradas nas saponinas já
estudadas não permitem uma generalização de alguma atividade específica para a classe
(Hostettmann e Marston, 1995). Entretanto, é imprescindível a caracterização de
algumas propriedades clássicas apresentadas pela grande maioria das substâncias
isoladas. Tais propriedades são: elevada solubilidade em solventes aquosos
(principalmente em concentrações baixas de base) e álcoois, atividade hemolítica, sabor
amargo, complexação com colesterol (e fosfolipídios de membrana) e propriedade
emulsificante. Entre as atividades biológicas mais citadas para as saponinas incluem-se:
atividade ictiotóxica, moluscicida, antiinflamatória, antifúngica, antimicrobiana,
antiparasitária, antiviral, citotóxica e antitumoral, dentre outras menos citadas (Sparg e
col., 2004; Francis e col., 2002).
O papel das saponinas nas plantas ainda não é totalmente compreendido.
Acredita-se que sua principal função estaria ligada ao sistema de proteção para a planta,
haja visto diversos trabalhos indicando atividades antimicrobiana, inibidora de fungos e
proteção contra ataques de insetos. Foi também proposto que as saponinas seriam, em
alguns casos, fontes de monossacarídeos (Barr e col., 1998). De fato, uma fração rica
em saponinas quando presente no organismo animal influencia uma gama de atividades
biológicas bastante abrangente. Por esse motivo, é difícil estabelecer uma relação
definida sobre estrutura-atividade biológica.
Grande parte dos efeitos biológicos evidentes está relacionada com suas ações
sobre as membranas celulares. É sabido que diversas saponinas possuem uma ação lítica
nos eritrócitos. Essa capacidade parece estar ligada com a propriedade de complexação
da porção aglicona com os esteróides de membrana no eritrócito, particularmente o
colesterol (Glauert e col., 1962). Acreditava-se que o efeito hemolítico fosse resultado
de uma agregação tipo micelar da saponina com o colesterol de membrana. Entretanto,
novas hipóteses têm sido consideradas com mecanismos mais complexos de atuação.
Não foi encontrado um paralelo entre a capacidade de formação de complexos e a
atividade hemolítica. Estudos já provaram que a atividade hemolítica das saponinas
também não está relacionada com sua capacidade emulsificante. Um estudo realizado
com saponinas de Styrax japonica e ginsenosídeos mostrou uma capacidade de
estimulação da troca Na
+
/Ca
++
em vesículas do sarcolema cardíaco em cães (Choi e col.,
2001). É possível que a hidrólise das ligações glicosídicas seja responsável pela
20
atividade hemolítica e a falta dessa atividade seria um resultado da não absorção ou,
ainda, da falta de uma glicosidase necessária.
Estudos realizados in vivo e in vitro revelaram implicações sobre a reabsorção e
o transporte ativo de nutrientes nas membranas intestinais. Foi observado o aumento de
permeabilidade em células da mucosa intestinal e inibição do transporte ativo,
relacionada a algumas saponinas. Nesse caso, são observadas importantes implicações
na absorção de macromoléculas como, por exemplo, compostos alérgenos. A estereo-
estrutura da cadeia de carboidratos parece possuir um efeito determinante nesse tipo de
atividade (Francis e col., 2002). Em contrapartida, há estudos que mostram o bloqueio
de absorção de micro-nutrientes (como Fe, Mg, Ca e Zn), através da formação de
complexos não absorvidos (Southon e col., 1988). A redução observada na digestão de
proteínas está aparentemente relacionada com os mesmos efeitos supracitados.
Muitos estudos revelaram um efeito de redução dos níveis plasmáticos de
colesterol em animais e homens (Southon e col., 1988). Acredita-se que essa atividade
esteja relacionada com a formação de micelas pela interação das saponinas com os
ácidos biliares, resultando em uma elevação do colesterol excretado. Mas a
complexação das saponinas com o colesterol adquirido na dieta, impossibilitando sua
absorção, também é considerado um mecanismo para esse efeito hipo-colesterolêmico
(Southon e col., 1988; Sparg e col., 2004). Um efeito esfoliante (irritante) resultante da
formação de complexos com o colesterol das membranas das células intestinais também
tem sido levado em consideração para explicar uma perda de função e redução da área
de absorção (Simões e col., 1999).
Os efeitos causados por saponinas sobre a membrana celular intestinal não são
ainda totalmente compreendidos. Novas informações poderão vir de estudos realizados
in vivo, principalmente acerca da exposição das saponinas a um ambiente repleto de
possíveis ligantes.
A atividade hipoglicemiante de saponinas isoladas de algumas plantas já foi
provada por meio de testes in vivo. Acredita-se que essa atividade ocorre devido à
supressão da transferência de glicose do estômago para o intestino e inibição do
transporte de glicose através das células do intestino (Sparg e col., 2004).
Há registros do efeito negativo das saponinas sobre a reprodução animal mais
especificamente propriedades abortíferas, antizigóticas e antiimplantações. Os
mecanismos pelos quais essas atividades ocorrem são bem diferenciados, ocorrendo
além de alterações no ciclo reprodutor e nos níveis hormonais da ovulação (Francis e
21
col., 2002), ruptura da membrana plasmática da célula do espermatozóide (Simões e
col., 1999).
A lista de atividades biológicas associadas às saponinas é muito extensa,
embora seus mecanismos ainda não estejam completamente elucidados. Algumas de
suas atividades são conhecidas há muitos anos; entretanto, novas atividades vêm sendo
descobertas. É importante ressaltar que grande parte dos ensaios foram realizados in
vitro, sendo indispensável para propiciar o desenvolvimento de aplicações terapêuticas,
a avaliação de dados farmacocinéticos relativos à absorção, metabolismo e eliminação.
As saponinas são pouco absorvidas em animais quando administradas por via oral
(Hostettmann e Marston, 1995). Muitas atividades biológicas estão relacionadas com a
absorção da aglicona e não da saponina propriamente dita. A hidrólise prévia das
saponinas por microorganismos, enzimas intestinais ou suco gástrico parece ser um
fator de muita importância para a atividade biológica. É possível que grande parte das
atividades descritas para saponinas ocorra com a assistência deste primeiro processo
farmacocinético.
1.5.5 – Isolamento
Devido à complexidade estrutural apresentada para essa classe de substâncias,
os estudos acerca de caracteres químicos e biológicos apenas tiveram desenvolvimento
nas últimas décadas, já com o advento de técnicas cromatográficas, espectroscópicas e
espectrométricas. O elevado peso molecular, a polaridade elevada e a possibilidade de
misturas bastante complexas devido a variações estruturais mínimas caracterizam o
desafio que é o processo de isolamento de substâncias dessa classe.
Oleszek, em 2002, numa revisão acerca da determinação cromatográfica,
mencionou não haver qualquer metodologia recomendada para a análise rotineira de
misturas complexas de saponinas, e tal determinação permanece como um desafio para
os estudiosos em fitoquímica. A maior dificuldade apresentada pela separação
cromatográfica dessas substâncias seria devida à grande faixa de polaridade e,
principalmente, à falta de um cromóforo que permita o uso da detecção por absorção no
UV. Entretanto, o uso de cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) com coluna
de fase estacionária inversa (octadecilsilano), permanece como sendo a melhor técnica
para a determinação cromatográfica (Oleszek, 2002).
Para a obtenção de uma fração bruta rica em saponinas, os passos a se seguir já
foram descritos (Hostettmann e Marston, 1995). Esses passos são: extração com
22
metanol, etanol, água ou solução hidroalcoólica; partição com um solvente apolar,
geralmente éter de petróleo ou diclorometano; ressuspensão do extrato seco com água e
partição deste com n-butanol pré-saturado com água; e precipitação com éter dietílico
ou acetona (Esquema 2). Entretanto, as saponinas ainda estarão acompanhadas de outras
substâncias muito polares, como alguns fenóis. Adicionalmente, elas não são
substâncias de fácil cristalização e, em sua grande maioria, são higroscópicas.
Atualmente, estão descritas na literatura várias técnicas utilizadas para a
purificação preliminar das saponinas (Hostettmann e Marston, 1995). Há a descrição de
técnicas como cromatografia “flash”, cromatografia de contra-corrente de gotejamento
(CCCG), cromatografia líquida sob baixa pressão (CLBP), cromatografia líquida sob
média pressão (CLMP), CCD preparativa e CLAE. Resinas de troca iônica (trocadores
catiônicos) também são usadas em alguns casos explorando a acidez apresentada por
algumas saponinas. Uma revisão produzida acerca da separação cromatográfica de
saponinas traz diferentes dados e condições para a separação cromatográfica de diversas
saponinas (Oleszek, 2002).
Esquema 2: Esquema representativo para a obtenção de uma fração rica em saponinas
(Hostettmann e Marston, 1995; Simões e col., 1999).
1.5.6 – Elucidação Estrutural
Mesmo sendo uma classe de substâncias conhecida há séculos, somente após a
segunda metade do século XX as saponinas começaram a ser analisadas
Extrato botânico
extrato
p
ola
r
resíduo a
p
ola
r
p
arti
ç
ão com solvente
extrato
p
olar seco
fr. butanólicafr. a
q
uosa
p
arti
ç
ão com n-BuOH
fr. rica em sa
p
oninas
p
reci
p
itado amorfo
p
reci
p
ita
ç
ão com Et
2
O ou acetona
eva
p
ora
ç
ão
23
estruturalmente. A grande complexidade estrutural resultante da presença de
oligossacarídeos é uma dificuldade bastante significativa em processos de elucidação
estrutural, considerando-se as diversas possibilidades conformacionais e de interligação
apresentadas por estas cadeias. Adicionalmente, a notável abrangência em termos de
atividade biológica justifica a necessidade de um protocolo definido e rápido (na medida
do possível) para estudos estruturais de saponinas.
A elucidação estrutural de oligossacarídeos presentes em saponinas tem os
seguintes objetivos: quantificação e identificação dos resíduos de açúcares presentes
bem como suas proporções relativas, determinação da seqüência em que esses se
encontram, determinação das posições e dos tipos das ligações glicosídicas e
configuração dos carbonos anoméricos.
1.5.6.1. – Método Clássico
O processo de elucidação estrutural de saponinas não era viável até meados da
década de 60 em virtude, principalmente, da insuficiência de informações sobre os
detalhes estruturais proporcionados pelos métodos existentes. A metodologia clássica
utilizada para a definição estrutural de saponinas se baseia em reações de hidrólise
(Sahu e Achari, 2001). Com esse primeiro passo degradativo são possíveis as análises
da aglicona e das unidades monossacarídicas como grupos distintos.
Com a obtenção dos monossacarídeos livres, a simples análise em paralelo com
padrões conhecidos permite sua identificação. Até meados de 1970, a técnica analítica
mais utilizada era a cromatografia em papel, cuja principal inconveniência é ser
demorada. Já a partir de 1970 surgiu a possibilidade de analisar e identificar
monossacarídeos por cromatografia com fase gasosa simples ou acoplada a
espectrometria de massas, após processos de derivação (sililação ou acetilação dos
alditóis) para tornar os monossacarídeos voláteis. A grande vantagem da utilização de
CG ou CG-EM é a rapidez da análise, além da necessidade de uma quantidade muito
reduzida de amostra para análise.
Com a obtenção dos monossacarídeos identificados, os próximos passos são as
análises dos tipos de ligações glicosídicas e o seqüenciamento da cadeia de
oligossacarídeos. A análise por CG-EM dos acetatos de alditóis parcialmente metilados
é a técnica de escolha, segundo a metodologia clássica, para a determinação dos tipos de
ligações. Nesta análise, a saponina é submetida a reações de per-metilação, hidrólise,
redução e acetilação, em condições a serem otimizadas.
24
Para a elucidação da estrutura tridimensional, ainda resta a definição dos
centros esterogênicos. Essa informação era, até a década de 80, deduzida com cálculos
baseados na regra de Klyne, e admitindo-se que D-açúcares ocorrem naturalmente com
ligações β-glicosídicas e L-açúcares com ligações α-glicosídicas (Sahu e Achari, 2001).
Somente anos depois ficou estabelecida a possibilidade de determinação dessa
configuração através das constantes de acoplamento, J, por ressonância magnética
nuclear de hidrogênio (RMN de
1
H).
Adicionalmente, o desenvolvimento de técnicas de espectrometria de massas
com ionização branda, como FAB, FD, MALDI e ESI, direcionadas a moléculas
maiores, mais polares e não-voláteis permitiu a determinação exata do peso molecular
da substância analisada, além de gerar também informação útil acerca de
seqüenciamento da cadeia.
Os métodos clássicos não se tornaram obsoletos. Até hoje, os processos
químicos juntamente com a análise em CG-EM e até com CCD, são amplamente
empregados para confirmação da estrutura ou como metodologia complementar de
elucidação.
1.5.6.1.1 – Hidrólise
O processo de elucidação estrutural de saponinas inicia-se, normalmente, com a
análise dos produtos da reação de hidrólise, com a finalidade de identificação da
aglicona e dos monossacarídeos livres. A metodologia mais comum é, então, a hidrólise
em meio ácido aquoso para a clivagem de ligações glicosídicas. Porém, foram
desenvolvidas reações de hidrólise em outras condições, como básicas, enzimáticas,
alcoólicas, etc.. Para a clivagem de ligações éster-glicosídicas, usam-se condições
básicas. As hidrólises enzimáticas são benéficas por ocorrerem em condições pouco
drásticas e por possibilitarem clivagens mais seletivas (especialmente importante para
saponinas bis-desmosídicas). Entre as enzimas usadas em tais reações temos as β-
glicosidase, β-glicuronidase, hesperidinase, astragalosidase, naringinase e celulase,
dentre outras (Sahu e Achari, 2001).
1.5.6.1.2 – Análise dos monossacarídeos
A técnica mais utilizada para a determinação dos monossacarídeos a serem
identificados e quantificados é a cromatografia com fase gasosa e detector de massas. A
principal vantagem dessa escolha é a disponibilidade, em geral, de quantidades muito
25
reduzidas para análise, o que gera problemas na aplicação de outros sistemas
cromatográficos como CCD ou CLAE.
A conversão dos monossacarídeos a substâncias voláteis é um pré-requisito
fundamental para a análise por CG-EM. Metilação, acetilação e trimetilsililação são os
métodos mais convencionais de derivação (com reagentes específicos comercialmente
disponíveis). A trimetilsililação é uma técnica relativamente rápida e simples. Embora a
utilização de reagentes trimetilsililantes produza uma mistura de diversos isômeros
parcialmente derivados, esses apresentam-se em sinais com uma razão de áreas de sinais
constantes, sendo possível a sua identificação. A metodologia que gera cromatogramas
mais simples é a análise por CG-EM de acetatos de alditóis, onde os monossacarídeos
livres são reduzidos com NaBH
4
e posteriormente acetilados para análise (Chaplin e
Kennedy, 1994). O cromatograma gerado pela análise dos alditóis acetilados é bastante
simples pela formação de um único pico para cada monossacarídeo presente.
1.5.6.1.3 – Determinação dos tipos das ligações
A técnica de escolha para a determinação dos tipos de ligações glicosídicas
presentes, segundo o método clássico, é a análise dos acetatos de alditol parcialmente
metilados. Essa técnica se baseia na completa metilação da saponina, hidrólise ou
metanólise a uma mistura de monossacarídeos livres parcialmente metilados, seguida de
uma reação de redução a alditóis e acetilação para o produto a ser analisado.
Técnica utiliza uma base forte, como o íon dimetilsulfinil (CH
3
SOCH
2
-
), para
gerar íons alcóxido a partir de hidroxilas livres, sulfóxido de dimetila (DMSO) seco,
como solvente para a mistura reacional e iodeto de metila, geralmente como agente
metilante. É necessária a prévia preparação da base forte, a partir de DMSO e hidreto de
sódio, além da secagem do próprio DMSO com hidreto de cálcio em pó sob
aquecimento por várias horas e seguida de destilação (sob atmosfera de nitrogênio e
pressão reduzida). A presença da base forte garante a formação dos íons alcóxidos
referentes a todas as hidroxilas possibilitando a metilação total (Figura 13). As
condições reacionais utilizadas para a per-metilação deverão estar pré-estabelecidas e
otimizadas para que não haja perda de material.
26
O
CH
2
OH
O
OH
OH
O
O
CH
2
O
O
O
O
O
O
CH
2
OMe
O
OMe
OMe
O
CH
3
SOCH
2
CH
3
I
Figura 13: Reação representando a formação do íon alcóxido pela base forte
(dimetilsulfinil; CH
3
SOCH
2
-
), e a reação de substituição nucleofílica (SN
2
) com o
iodeto de metila (Chaplin e Kennedy, 1994).
1.5.6.1.4 – Análise da configuração dos átomos carbonos anoméricos
Até a década de 80, as configurações anoméricas eram deduzidas assumindo
que D-açúcares ocorrem naturalmente com ligações β-glicosídicas e L-açúcares com
ligações α-glicosídicas. A observação de dados de rotação ótica molecular com valores
calculados baseados na regra de Klyne (para avaliação da rotação óptica específica)
permitiria uma conclusão aparentemente pertinente acerca da configuração dos
carbonos anoméricos.
Um método muito utilizado para a determinação da configuração D ou L de
monossacarídeo é a análise de derivados (–)-2-butil-glicosídeos trimetilsililados por CG
(Vliegenthart e col., 1978). Através desse método é possível a separação cromatográfica
de monossacarídeos com diferentes configurações. Desse modo, uma análise feita com
padrões em paralelo permite a identificação da configuração do monossacarídeo
analisado. Anos após ficou estabelecida a utilização de dados de deslocamento químico
δ (δ 4,5-6,5 ppm para RMN de
1
H e δ 90-115 ppm para RMN de
13
C) e constantes de
acoplamento J em RMN de hidrogênio para a análise da configuração dos anoméricos.
A magnitude de
3
J, entre H
1
e H
2
, poderá ser comparada com dados descritos na
literatura, α (entre 1 e 4 Hz) e β (entre 6 e 8 Hz). Puderam também ser usados os valores
de
1
J, entre C
1
e H
1
, para a confirmação das configurações, α (entre 167-170 Hz) e β
(entre 158-160 Hz).
1.5.6.2 – Métodos Recentes
Sabe-se que saponinas estão presentes em misturas complexas, de modo que o
processo de purificação é um trabalho um tanto quanto exaustivo. Com isso, atualmente,
há uma maior procura por métodos de análise estrutural não degradativos (Sahu e
Achari, 2001; Agrawal e Pathak, 1996; Duus e col., 2000), justificada também pela
necessidade de uma quantidade considerável de amostra requerida para ensaios
27
biológicos. A técnica mais eficiente, no sentido de gerar informações úteis para análise
estrutural, é a espectroscopia de RMN, que nas últimas décadas evoluiu a excelentes
níveis.
Com o desenvolvimento dos experimentos de RMN através de pulsos e
transformada de Fourier, surgiu a possibilidade de se criarem técnicas mais sofisticadas.
Assim, com a evolução das técnicas espectroscópicas multidimensionais, as
informações estruturais podem ser geradas mais rapidamente do que qualquer outro
método. As técnicas bidimensionais, tanto homo- quanto heteronucleares, mais usadas
são COSY, relayed COSY, HETCOR, HMQC/HSQC, COLOC, HMBC,
NOESY/ROESY e TOCSY/HOHAHA. Essas técnicas 2-D são capazes de expor
informações úteis para a determinação estrutural de toda a molécula, sem a necessidade
de processos degradativos. É possível correlacionar todos os átomos presentes na
molécula através de acoplamentos a distâncias curtas e longas evidenciados em cada
espectro de correlação utilizado (Tabela 1).
Os experimentos de correlação homonuclear, COSY, correlacionam os sinais
(deslocamentos químicos) que compartilham um acoplamento escalar, J, que para
prótons opera ao longo de 2, 3 ou, menos freqüentemente, 4 ligações. Os experimentos
de TOCSY correlacionam os prótons participantes de uma completa rede de
acoplamento, permitindo o desenvolvimento de uma cadeia de sinais relacionados. Para
o experimento de TOCSY é essencial a otimização do tempo de contato (mixing time)
para que a completa rede de acoplamento possa ser correlacionada (relay).
Experimentos de correlação heteronuclear, como HMQC ou HSQC, são úteis para a
identificação de, principalmente, carbonos diretamente ligados a hidrogênios (
1
J
CH
),
importantíssimo para a atribuição dos sinais. Já experimentos de correlação
heteronuclear a longa distância, como o HMBC, identificam correlações via
acoplamento escalar através de 2 ou 3 ligações de distância, provendo uma importante
informação que permite a união de fragmentos já montados.
28
Tabela 1: Principais correlações observadas nos experimentos mais utilizados de RMN
(Claridge, 1999).
Correlação Principal Técnica Comentário
1
H-
1
H COSY
2
J
HH
ou
3
J
HH
1
H-
1
H TOCSY /
HOHAHA
Relaciona prótons de uma rede de
acoplamento – J
1
H-X HMQC /
1
H-X HSQC
1
J
HC
via transferência de
magnetização do
1
H para o
13
C
1
H-X HMBC
x
J
HC
a longas distâncias
HSQC-TOCSY
X-X COSY
X-X INADEQUATE
2
J
HH
ou
3
J
XX
, abundância natural >
20 %
1
H-
1
H NOEDiff.
1-D e 2-D NOESY
1-D e 2-D ROESY
Correlação através do espaço.
1
H-
1
H NOEDiff.
2-D HOESY
Sensibilidade restrita pelo spin X.
Experimentos de correlação via acoplamento espacial, como NOESY ou
ROESY, são muito usados para refinamentos conformacionais da estrutura já formada.
Essencialmente esses experimentos correlacionam hidrogênios que se apresentam com
proximidade no espaço.
O experimento NOESY é utilizado para moléculas pequenas (Mr < 1000) ou
moléculas grandes (Mr > 2000), e para cada caso, o efeito de Overhauser nuclear
apresentará um resultado (relativo ao logaritmo de uma relação (ω
0
τ
0
) representativa da
taxa de reorientação), positivo ou negativo, respectivamente. Já o experimento ROESY
é utilizado para moléculas de tamanho médio (1000 > Mr > 2000), apresentando um
resultado sempre positivo (Claridge, 1999).
Conhecendo bem as particularidades de cada técnica de correlação 2-D RMN e
sabendo quais as informações geradas por cada uma, é possível a completa dedução
estrutural do oligossacarídeo analisado (Esquema 3). É sabido que a grande maioria dos
H
X
X
H
J
H
X
X
H
J
X
H
J
H
X
X
H
J
H
X X
J
X
X
J
X
H
X
H
NOE
X
H
X
NOE
29
sinais apresentados pelos açúcares, nos espectros de RMN de
1
H, está localizada entre 3
e 4,2 ppm (e anoméricos entre 4,5 e 5,8), sendo comum a existência de sobreposição de
sinais. Portanto, é de praxe iniciar as análises de correlações pelos sinais apresentados
pelos carbonos e hidrogênios anoméricos, geralmente em freqüências mais baixas e sem
sobreposições. Desse modo, a identificação dos açúcares deve ser feita através dos
valores das constantes de acoplamentos apresentadas pelos sinais correlacionados, para
cada açúcar por COSY, HOHAHA ou TOCSY, juntamente com informações geradas
pelos ROESY. A seqüência das unidades monossacarídicas é determinada pela
correlação existente entre os átomos envolvidos nas ligações inter-glicosídicas, assim
como a determinação da ligação do oligossacarídeo na aglicona, utilizando como
técnica o HMBC ou ROESY (Claridge, 1999).
Esquema 3: Esquema para a análise estrutural de oligossacarídeos presentes em
saponinas (Agrawal e Pathak, 1996).
número de unidades
de monossacarídeos
anoméricos: RMN
1
H: δ 4,5-5,8 ppm
RMN
13
C: δ 90,0-111,0 pm
1
H-
1
H COSY e HETCOR / HMQC
1
H-
1
H DQF-COSY
TOCSY / HOHAHA
1D e 2D δ
13
C RMN
HETCOR/HMQC
tipos de ligações inter-glicosídicas
seqüênciamento
1
H RMN
1-D NOESY/ROESY
2-D TOCSY-ROESY
3-D TOCSY-ROESY
13
C RMN
HETCOR / HMQC
J
1
H-
13
C
a longa distância
Oligossacarídeo
identificação dos monossacarídeos
tamanho do anel e orientação dos grupos OH
30
As configurações relativas apresentadas pelos carbonos anoméricos poderão ser
determinadas pelos valores apresentados pelos acoplamentos
3
J
H-H
e
1
J
CH
, entre H
1
e H
2
(1-4 Hz para α-anoméricos e 6-8 Hz para β-anoméricos) e C
1
e H1 (167-170 Hz para α-
anoméricos e 158-160 Hz para β-anoméricos), respectivamente (Agrawal e Pathak,
1996).
Na presença de resíduos da classe 6-desóxi, um sinal de metila será observado
em freqüência mais baixa (por volta de δ 17-20 ppm), sinal este que poderá também
servir como ponto de partida para a análise dos espectros de correlação. Os sinais de
carbono e hidrogênio são relacionados através de técnica de correlação heteronuclear
como HETCOR ou HMQC/HSQC, confirmados com o uso de espectros de HMBC e
NOESY/ROESY. Assim os dados obtidos dos espectros poderão ser ajustados (quando
necessário) respeitando regras de deslocamento químico e constantes de acoplamento
(Tabela 2), e comparados com valores de referência na literatura para a confirmação da
estrutura elucidada (Claridge, 1999).
31
Tabela 2: Regras de deslocamento químico e constantes de acoplamento a serem
observadas para a comparação de dados obtidos nos espectros com dados da literatura. *
1
H
13
C
α 4,8 – 5,3 90 – 97 (éster)
β 4,3 – 4,8 100 – 112 (éter)
ppm
furanose -- 105 – 112
α 1 – 4** 167 – 170
β 6 – 8** 158 – 160
Anoméricos
Hz
--
168 – 174
(aldopentofuranoses)
piranosídeos 3,0 – 4,0 60 – 80
Não–anoméricos ppm
furanosídeos 3,8 – 4,5 73 – 83
6-Desoxi-
monossac.
ppm
1,1 – 1,3
(d, 5 – 8 Hz)
17 – 20
Eterificação
deslocamento de 0,4
– 0,1 para valores de
δ maiores
deslocamento do C
diretamente ligado
em 8 – 10 para
valores de δ maiores
Esterificação
deslocamento de 1,0
–0,4 para valores de
δ maiores
deslocamento do C
diretamente ligado
em 8 – 12 para
valores de δ menores
Deslocamento de:
2 - 1,3
3 + 6,5
4 + 0,7
Glicosilação
ppm
Aglicona --
C-28 (p.e.):
180176
α
deslocamento de
4 – 10 para valores
de δ menores
Lig.
Interglicosídicas
ppm
β
--
deslocamento de
1 – 4 para valores de
δ maiores
* Dados coletados de diversas referências distintas.
**Valores dependente da configuração do carbono da posição 2.
RO
1
2
3
4
32
2 – Objetivos
O objetivo geral do presente trabalho é o estudo fitoquímico das raízes da
espécie Chiococca alba (L.) Hitchc., contribuindo para o conhecimento da química da
espécie.
Os objetivos específicos são:
Isolar e caracterizar substâncias potencialmente ativas presentes nos extratos
das raízes;
Aplicar técnicas cromatográficas para o desenvolvimento de uma metodologia
de separação mais rápida e eficiente para triterpenos e saponinas;
Explorar a utilização de técnicas de RMN para a elucidação estrutural de
saponinas.
33
3 – Resultados e Discussão
3.1 – Geral
Toda a metodologia empregada foi inicialmente desenvolvida com a finalidade
de se obter frações menos complexas a partir de uma separação eficiente e, se possível,
rápida. A avaliação dos constituintes presentes em cada fração ao longo de toda
metodologia utilizada foi realizada através de sucessivas CCD devidamente reveladas
com diferentes reagentes cromogênicos.
Neste trabalho, a utilização do reagente de Draggendorff não apresentou
resultado positivo para a presença de substâncias da classe dos alcalóides em nenhuma
das frações obtidas. Entretanto, analisando a estrutura das substâncias isoladas por El-
Abbadi e colaboradores (Figura 14) observa-se que o hidrogênio ligado ao nitrogênio
não apresenta um caráter básico, já que a estrutura é uma amida cíclica (uma
δ−lactama). Assim, a revelação da CCD com o reagente de Draggendorf indicado para
revelação de bases nitrogenadas, não produzirá um resultado positivo para amidas.
N
H
OMe
OMe
O
R
MeO
Figura 14: Estrutura dos alcalóides 4-(4’-metoxifenil)-6,8-dimetóxi-2-quinolinona e 4-
(4’-metoxifenil)-6,8-dimetóxi-5-hidróxi-2-quinolinona.
No decorrer do trabalho foi observada, no extrato etanólico, a presença de
substâncias da classe das saponinas por análises realizadas por CCD e pela formação
abundante de espuma. A partir daí, e considerando a composição estrutural das
saponinas, analisou-se o extrato diclorometânico em busca da presença de substâncias
triterpênicas, justamente por ser pertinente que ali pudessem ser encontradas as geninas
triterpênicas das sapogeninas.
A maior dificuldade encontrada no processo de fracionamento dos extratos foi a
ausência visível de uma substância majoritária nas frações iniciais. Com isso, muitos
R= H 4-(4’-metoxifenil)-6,8-dimetóxi-2-quinolinona
R=OH 4-(4’-metoxifenil)-6,8-dimetóxi-5-hidróxi-2-quinolinona
34
dos fracionamentos cromatográficos realizados acabaram por resultar em amostras
muito complexas com concentrações muito baixas.
3.2 – Obtenção dos extratos brutos
A fim de otimizar as condições e o tempo de obtenção dos extratos brutos, foram
comparadas as extrações realizadas com o auxílio de um aparelho gerador de ultra-som
de baixa freqüência e com o extrator de Soxhlet. A utilização de baixas freqüências para
a extração sólido-líquido foi revisada por Vinatoru (2001), que expôs a versatilidade da
utilização da extração auxiliada por ultra-som, principalmente na indústria
fitofarmacêutica. O mecanismo da extração quando essa é auxiliada por ultra-som se
baseia na elevação da taxa de difusão do solvente utilizado através da parede celular e
na capacidade de clivagem da parede celular, que facilita a lavagem das substâncias
presentes nas células. A utilização do extrator de Soxhlet é bastante difundida para a
preparação de extratos vegetais, mesmo com a desvantagem do aquecimento do extrato.
Os rendimentos obtidos nas extrações foram comparados (Tabela 3), levando em
consideração os fatores temperatura e tempo de extração. Enquanto o tempo de extração
utilizando o extrator de Soxhlet foi de 3 dias, a extração com auxilio do ultra-som foi
realizada em 1 hora (período este posteriormente reduzido para 15 minutos), para a
obtenção de rendimentos semelhantes. Os volumes de solvente utilizados para a
obtenção inicial dos extratos foram equivalentes (aproximadamente 1 litro para cada
extrato).
Desse modo a extração assistida por ultra-som do material botânico foi feita de
modo diferencial, ou seja, uma extração usando diferentes solventes (com polaridade
crescente), com hexano, diclorometano e, em seguida, com etanol. Análises com CCD
indicaram equivalência para os extratos obtidos tanto pelo auxílio do ultra-som quanto
pelo extrator de Soxhlet. Com isso a economia de solvente tornou-se mais um fator a ser
considerado, pois as sucessivas partições (necessário para a separação grosseira dos
extratos brutos) são bastante dispendiosas devendo ser utilizado o triplo do volume
inicial a ser particionado.
Para garantir a reprodutibilidade na preparação dos extratos, as extrações foram
realizadas em ciclos (3 x 15 minutos cada), onde a filtração de cada um dos extratos foi
acompanhada por rápidas lavagens com os respectivos solventes de extração (200 mL).
No caso de extrato etanólico (E.E.b.; Materiais e Métodos 4.6.3, pg. 115) foi realizada
35
uma extração com diclorometano para a exclusão de resíduos mais apolares, garantindo
assim a obtenção de um extrato polar mais simples e reprodutível.
A visível economia de tempo, a simplicidade da metodologia e os bons
rendimentos observados na utilização da extração auxiliada por ultra-som possibilitaram
uma redução significativa do tempo de extração quando comparado com a utilização do
extrator de Soxhlet.
Tabela 3: Rendimentos aproximados dos extratos obtidos com o auxílio do extrator de
Soxhlet e do ultra-som.*
Mat. Botânico
Soxhlet (g)
Tempo Rendimento
Rendimentos parciais
**
hexano
0,11 %
diclorometano
2,19 %
410
8,0 %
etanol
4,80 %
hexano
0,08 %
diclorometano
2,26 %
410
8,8 %
etanol
5,30 %
hexano
0,12 %
diclorometano
2,25 %
410
3 dias
8,5 %
etanol
5,10 %
Mat. Botânico
Ultra-som (g)
Tempo Rendimento
Rendimentos parciais
**
hexano
0,79 %
diclorometano
0,68 %
100
7,5 %
etanol
6,03 %
hexano
0,72 %
diclorometano
0,50 %
100
7,0 %
etanol
5,78 %
hexano
0,59 %
diclorometano
0,46 %
200
3x
(3 x 15 minutos)
7,31 %
etanol
6,26 %
* Os rendimentos foram calculados sobre o total de material botânico utilizado para
cada extração.
**Obtidos após partição.
3.4 – Análise dos extratos
Foi observado, nos extratos hexânico e diclorometânico (E.H.b. e E.Cl.b.), o
surgimento de um precipitado branco-amarelado e amorfo quando metanol foi
adicionado (Ppt.1; Materiais e Métodos 4.6, pg. 111). A separação do precipitado foi
realizada de maneira controlada com a adição de pequenos volumes de metanol à
36
amostra e posterior lavagem do precipitado com acetona. A exclusão deste precipitado
resultou em uma visível simplificação do cromatograma apresentado pelas análises por
CCD. Os espectros de RMN de hidrogênio e carbono também sugeriram que o
precipitado, possuidor de um aspecto de goma, estaria puro, embora seu cromatograma
em CCD revelasse uma mancha arrastada por todo o caminho cromatográfico. As
evidências reunidas (aparência tipo goma e espectros simples) indicaram a presença de
uma substância polimérica, indicação essa confirmada com uma análise por
cromatografia de permeação em gel (CPG). A análise por CPG então permitiu a
determinação do peso molecular médio de Ppt.1. Assim, juntamente com dados obtidos
do espectro no I.V., Ppt.1 foi caracterizado como sendo um poliisopreno linear de peso
molecular médio igual a 57509 unidades (Figuras 15 e 16). Durante a análise dessa
substância foram tomadas como base de referência para comparações outras gomas
anteriormente isoladas de plantas (Tangpakdee e col., 1997; Tanaka e col., 1995; Ohya
e col., 1998).
Figura 15: Cromatograma (CPG) de Ppt.1.
n
Figura 16: Proposta estrutural para Ppt.1.
37
As evidências espectroscópicas obtidas para Ppt.1 foram as seguintes (figuras
17, 18 e 19):
O experimento HETCOR revelou as correlações existentes entre os sinais (RMN
de
1
H – RMN de
13
C): 1,65 – 23,31 (CH
3
); 2,05 – 26,28 (CH
2
); 2,05 – 32,0 (CH
2
); 5,10
– 124,9 (CH).
Observou-se que os sinais referentes aos dois metilenos coincidiram no espectro
de RMN de hidrogênio.
A análise dos espectros de RMN sugeriu uma estrutura monomérica composta
de um grupo metila ligado a uma olefina, essa por sua vez é constituída de um átomo de
carbono quaternário e um grupo metino ligados a dois grupos metilenicos em ambas as
extremidades, ou seja, uma estrutura equivalente a unidade isoprênica.
Figura 17: Mapa de correlações HETCOR de Ppt.1. Em f2 está alocado o espectro
APT.
38
7.264
5.128
2.036
1.681
1.254
Figura 18: Espectro de RMN de
1
H de Ppt.1.
135.035
124.859
26.234
32.038
.
23.389
Figura 19: Espectro APT de Ppt.1.
O espectro no I.V. (Figura 20) foi utilizado para confirmação da ausência de um
grupamento funcional. As evidências geradas por essa análise foram:
As bandas em 3035, 2961, 2917, 2853 e 1664 cm
-1
condizem com as vibrações
de deformação axial de ligação C–H, mais especificamente a banda em 3035 sugere a
deformação axial de um grupo C=C–H, as bandas em 2853 e 2917 cm
-1
sugerem
39
deformações axiais de grupos CH
3
, a banda em 2961 cm
-1
deformação axial de grupos
CH
2
e a banda em 1664 cm
-1
deformação axial de grupos C=C. As bandas em 1449 e
1376 cm
-1
condizem com as vibrações de deformação angular de ligação C–H, aquelas a
1449 cm
-1
para grupos CH
2
e as a 1376 cm
-1
para CH
3
. A banda em 837 cm
-1
condiz
com as vibrações de deformação angular fora do plano de ligação C–H.
Figura 20: Espectro no I.V. de Ppt.1. A banda larga a 3431 cm
-1
é advinda da umidade
na amostra analisada.
3.4.1 – Análise do extrato hexânico (E.H.)
Após a separação do material polimérico do extrato hexânico, foi observada uma
considerável simplificação do cromatograma apresentado pela CCD. A partir daí, o
material sobrenadante, evaporado à secura (E.H.; Materiais e Métodos 4.6.1, pg. 111),
foi submetido à cromatografia em coluna “flash” com gel de sílica para a obtenção de
frações mais simples. As 41 frações assim obtidas foram agrupadas de acordo com suas
semelhanças cromatográficas em CCD. Entretanto, o resultado desse procedimento não
foi muito satisfatório, revelando frações ainda muito complexas e pouco concentradas.
O primeiro grupo (frações 1-3; E.H.1-3), com um cromatograma (CCD) mais
simples foi submetido à cromatografia com fase gasosa com detecção por
espectrometria de massas. A partir do cromatograma de massas obtido foi possível a
caracterização de três substâncias principais (E.H.1-3.1; E.H.1-3.2; E.H.1-3.3; Figura
40
21) eluindo nos tempos 18,91, 29,02 e 30,48 minutos. A partir de uma análise inicial
dos espectros de massas, foi possível identificar uma substância como sendo o
esqualeno (E.H.1-3.1) e classificar os outros dois esqueletos como pertencentes às
classes dos filicanos (E.H.1-3.2) e dos fernanos (E.H.1-3.3; Figura 22). A
caracterização estrutural desses dois triterpenos foi proposta a partir do estudo das
fragmentações apresentadas pelos espectros obtidos e comparação com dados da
literatura (Shiojima, 1992; Budzikiewicz, 1963).
Figura 21: Cromatograma de massas da fração E.H.1-3.
41
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
26
27 28
29
30
25
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27 28
29
30
Figura 22: Estruturas básicas dos esqueletos dos tipos filicano e fernano.
As substâncias referentes aos sinais presentes entre 10 a 15 minutos (Figura 20),
segundo seus espectros de massas, são hidrocarbonetos e ácidos graxos. É conhecida a
presença dos ácidos hexadecanóico, octadecanóico, eicosanóico, docosanóico e
tetracosanóico (Gazda e col., 2006) no extrato apolar de raízes de C. alba. A
identificação da substância E.H.1-3.1, referente ao sinal em 18,91 minutos, como sendo
o esqualeno, foi realizada por comparação com dados existentes na biblioteca de
espectros do sistema CG-EM (NIST) (Figura 23).
fernano filicano
42
Figura 23: Espectro de massas da substância E.H.1-3.1.
43
A substância E.H.1-3.2, referente ao sinal a 29,02 minutos (espectro de massas;
Figura 24; Esquema 4), foi caracterizada como sendo o filic-7-en-3-ona, com base nas
seguintes evidências:
O fragmento de m/z 424 referente ao íon M
+
indica a fórmula molecular como
sendo C
30
H
48
O; grau de insaturação (G.I.) igual a 7.
O fragmento de m/z 339 é referente ao íon (M – 85)
+
e sugere a presença de um
sistema pentacíclico onde o anel E é um ciclopentano.
As fragmentações decorrentes da quebra da ligação C13–C14 geram,
principalmente, os fragmentos de m/z 257 e 243 o que indica, juntamente com a massa
do íon molecular, a presença de um grupamento carbonila. Foi sugerido que esse
grupamento está localizado na posição C3 (anel A) através da observação de outros
fragmentos (m/z 243 e m/z 203) e, evidentemente, à probabilidade biossintética de uma
oxigenação na posição C3 de triterpenos, advinda do precursor chave 2,3-óxido de
esqualeno (Esquema 1, Introdução 1.5.2, pg. 17).
Os fragmentos de m/z 271, 204 e 205 gerados a partir da fragmentação da
ligação C14–C15 juntamente com a massa do íon molecular sugerem a presença de uma
ligação dupla na posição C7. Essa ligação dupla é indicada pelo fragmento de m/z 300
(M-124)
+
gerado a partir de uma clivagem tipo retro Diels-Alder (rDA). Estas
fragmentações são compatíveis com a presença de um esqueleto da classe dos filicanos
pela perda de um fragmento de m/z 124, referente ao anel A.
44
Figura 24: Espectro de massas da substânica E.H.1-3.2.
O
filic-7-en-3-ona
45
O
O
O
O
O
Esquema 4: Proposta de fragmentação para a substância E.H.1-3.2 desenvolvida com
base no espectro de massas obtido.
filic-7-en-3-ona
m/z 339
m/z 300
m/z 271
m/z 243
m/z 217
rDA
m/z 203
m/z 191
409 m/z
- 85
- Me
46
A substância E.H.1-3.3 (espectro de massas; Figura 25; Esquema 5), referente
ao sinal a 30,48 minutos, foi identificada como sendo o fern-7-en-3-ona, através da
comparação dos valores dos sinais apresentados no espectro de massas com dados da
literatura (Shiojima e col., 1992). Os fragmentos mais úteis nessa identificação foram:
424 (M)
+
; 339 (M – 85)
+
; 285; 271 (M – 153)
+
; 257 (M – 167)
+
; 245; 231; 217.
47
Figura 25: Espectro de massas da substância E.H.1-3.3.
O
fern-7-en-3-ona
48
O
O
O
O
Esquema 5: Proposta de fragmentação para a substância E.H.1-3.3 desenvolvida com
base no espectro de massas obtido.
3.4.2 – Análise do extrato diclorometânico (E.Cl.)
É conhecida a presença de ácido ursólico e ácido oleanólico (Bolzani e col.,
2004) e do ácido 3β-hidroxiolean-12,15-dien-28-óico (Bhattacharyya e col., 1992) nos
extratos de polaridade média da C. alba. Este fato motivou a busca de uma fração que
fosse possuidora de todos os triterpenos ácidos, mais comuns em saponinas. Por ser um
fern-7-en-3-ona
m/z 339
m/z 271
m/z 257
m/z 217
m/z 205
m/z 191
m/z 409
- 85
49
procedimento mais específico e funcional, a separação das substâncias ácidas foi
realizada por extração em fase sólida de gel de sílica impregnada com hidróxido de
potássio, seguindo o procedimento descrito por McCarthy e Duthie (1962) e adaptado
para o uso com uma coluna para cromatografia “flash” por Pinto e colaboradores
(2000). Nestas condições, a formação de grupos Si-OK torna a coluna apta para
extração ácido-base. A posterior acidificação das frações obtidas (em metanol a 100% e
em metanol-ácido fórmico a 20%) seguida de extração com um solvente orgânico
(diclorometano) possibilitaram a obtenção dos componentes ácidos do extrato. Assim,
foi possível a obtenção de uma fração rica contendo quatro substâncias principais,
E.dCl.Me.1.1, E.dCl.Me.1.2, E.dCl.Me.1.3 e E.dCl.Me.1.4 (tempos de retenção a
17,25; 18,28; 19,47; 21,16 minutos, respectivamente; Figura 25 e 26). As quatro
substâncias foram caracterizadas por cromatografia em fase gasosa com detecção de
massas, após metilação com diazometano, como sendo um derivado triênico do ácido
3β-hidroxioleanólico, um ácido 3β-hidroxiolean-12,15-dien-28-óico, o ácido oleanólico
e o ácido ursólico.
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23 24
26
27
28
29 30
25
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23 24
26
27
28
29
30
25
Figura 26: Estruturas básicas dos esqueletos dos tipos oleanano e ursano.
oleanano ursano
50
Figura 27: Cromatograma de massas da fração E.dCl.Me.1.
Os ésteres metílicos dos ácidos oleanólico (M
+
m/z 470) e ursólico (íon M
+
m/z
470) foram rapidamente identificados pela comparação dos espectros de massas (Figura
28 e 29; Esquema 6 e 7) com valores de referência obtidos na literatura (Shiojima e col.,
1992). A única diferença passível de ser usada para distinguir os espectros dos ácidos
oleanólico e ursólico é a intensidade apresentada pelo fragmento de m/z 133. Este é
resultado da clivagem heterolítica do anel E.
51
Figura 28: Espectro de massas da substância E.dCl.Me.1.4.
52
Figura 29: Espectro de massas da substância E.dCl.Me.1.3.
53
HO
COOMe
COOMe
COOMe
COOMe
HO
COOMe
Esquema 6: Proposta de fragmentação para a substância E.dCl.Me.1.4 desenvolvida
com base no espectro de massas obtido.
Éster metílico do
ácido ursólico
m/z 263
m/z 262
m/z 248
m/z 207
m/z 133 m/z 203
m/z 189
m/z 262
rDA
-
.
COOMe
-
.
COOMe
,
-
.
CH
2
54
HO
COOMe
COOMe
COOMe
COOMe
HO
COOMe
Esquema 7: Proposta de fragmentação para a substância E.dCl.Me.1.3 desenvolvida
com base no espectro de massas obtido.
Éster metílico do
ácido oleanólico
m/z 263
m/z 262
m/z 248
m/z 207
m/z 133 m/z 203
m/z 189
m/z 262
rDA
-
.
COOMe
-
.
COOMe, -
.
CH
2
55
O ácido 3β-hidroxiolean-12,15-dien-28-óico foi identificado através da
observação de valores com duas unidades de massa a menos em alguns sinais em
relação ao ácido oleanólico (Figura 30; Esquema 8) e através da comparação com o
espectro relatado por Bhattacharyya e colaboradores (1992).
O derivado triênico do ácido 3β-hidroxioleanólico (Figura 31; Esquema 9) foi
proposto pela observação de valores com 4 unidades de massa a menos em grande parte
dos sinais em relação ao ácido oleanólico e valores com 2 unidades de massa a menos
em grande parte dos sinais em relação ao ácido3β-hidroxiolean-12,15-dien-28-óico.
Ainda permanece a dúvida da posição onde se encontra a terceira ligação dupla.
Entretanto, a observação do fragmento de m/z 205 indica a presença desta nos anéis A
ou B do triterpeno. Assim é possível que a terceira ligação dupla esteja ou na forma de
cetona (na posição 3), ou nas posições 1 ou 6. Serão necessários outros métodos de
análise estrutural para a exata localização desta e para isso será indispensável a
obtenção de uma maior quantidade desta substância.
De acordo com os dados obtidos na literatura (Shiojiima e col., 1992), os
fragmentos de m/z 262 são resultantes da clivagem do anel C através de uma reação do
tipo retro-Diels-Alder (rDA), a partir do ion molecular com m/z 470, referente ao peso
molecular dos ésteres dos ácidos oleanólico e ursólico. O fragmento de m/z 203 é
resultante da perda de 59 unidades de massa (-COOCH
3
da posição 28) a partir do ion
em m/z 262.
56
Figura 30: Espectro de massas da substância E.dCl.Me.1.2.
57
Figura 31: Espectro de massas da substância E.dCl.Me.1.1.
58
HO
COOMe
COOMe
COOMe
COOMe
HO
COOMe
Esquema 8: Proposta de fragmentação para a substância E.dCl.Me.1.2 desenvolvida
com base no espectro de massas obtido.
Éster metílico do ácido
3β-hidróxiolean-12,15-dien-
28-óico
m/z 261
m/z 260
m/z 246
m/z 207
m/z 131
201 m/z
m/z 187
m/z 260
rDA
-
.
COOMe
-
.
COOMe
,
-
.
CH
2
59
HO
COOMe
COOMe
COOMe
COOMe
HO
HO
O
COOMe
Esquema 9: Proposta de fragmentação para a substância E.dCl.Me.1.1 desenvolvida
com base no espectro de massas obtido.
m/z 261
m/z 260
m/z 246
m/z 205
rDA
m/z 131
m/z 201
m/z 187
m/z 260
-
.
COOMe
-
.
COOMe
,
-
.
CH
2
Éster metílico do derivado
triênico do ácido
3β-hidroxioleanólico
60
3.4.3 – Análise do extrato etanólico (E.E.b)
A metodologia utilizada para o fracionamento do extrato etanólico foi
direcionada para a obtenção de uma fração rica em saponinas e posterior purificação
destas. Desse modo optou-se pela realização da metodologia descrita (Introdução 1.5.5,
pg. 22). A fração rica em saponinas foi obtida (E.E.Bu.ppt.; Materiais e Métodos 4.6.3,
pg. 115) com um rendimento apreciável (0,24 % do total de material botânico utilizado).
Essa fração, entretanto, ainda possuía uma quantidade considerável de outras
substâncias.
O emprego da CLMP com fase estacionária de gel de sílica funcionalizada com
octadecilsilano (RP-18) foi importantíssimo para a obtenção de frações mais
simplificadas (Figura 32). Assim foram obtidas três frações possuidoras de pelo menos
cinco saponinas distintas (RP-08.s, RP-09.s e RP-10.s; Materiais e Métodos 4.6.3 pg.
116). Foi traçado o perfil cromatográfico das três frações obtidas por CLAE em coluna
de fase inversa com metanol-água-ácido trifluoroacético (70:30:0,0125) como fase
móvel e detecção com D.A.D. a 203 nm (Figura 33).
Figura 32: Cromatograma da CLMP. Detetor de absorção no UV a 220 nm.
A purificação das saponinas por CLAE foi iniciada com a fração RP-08.s. A
fase móvel utilizada para os procedimentos semi-preparativos foi modificada a fim de
garantir separação dos sinais. A Figura 34 mostra o cromatograma obtido com a fase
móvel metanol-água-ácido trifluoroacético (60:40:0,0125) com detecção no UV no
modo Spectrum Max plot (Materiais e Métodos 4.2.1 pg. 107) em escala analítica. A
separação preparativa por CLAE foi executada com um total de 400 mg da fração RP-
8.s 9.s 10.s
61
08.s de onde foram obtidas duas saponinas purificadas, RP-08.s.1 e RP-08.s.2 (tempos
de retenção: 49 e 66 minutos).
Figura 33: CLAE analítica das frações RP-08.s, RP-09.s e RP-10.s (Materiais e
Métodos 4.6.3, pg. 116). Condições: metanol-água-ácido trifluoroacético (TFA;
70:30:0,0125) como fase móvel e detecção por absorção no UV (203 nm) em coluna de
fase inversa (RP-18).
Figura 34: Cromatograma otimizado da fração RP-08.s. Condições: metanol-água-
ácido trifluoroacético (TFA; 60:40:0,0125) como fase móvel e detecção por absorção no
UV. (modo Spectrum Max plot) em coluna de fase inversa (RP-18).
62
Nesse ponto do trabalho experimental foi extremamente importante a obtenção
de uma quantidade maior de material de partida, pois se encontrou muita dificuldade no
processo de purificação das duas saponinas presentes na fração RP-08.s.
A identificação dos sinais das saponinas foi realizada pela observação do seu
espectro no UV, sabendo que estas estão em proporção majoritária (segundo análise por
CCD) nas frações analisadas. O espectro no UV das saponinas em questão (Figura 35)
apresenta uma banda de absorção intensa em 200 nm referente à transição eletrônica n
σ* e uma banda fraca em cerca de 270 nm referente a transição n π* (banda R) do
grupamento RC(O)OR’ presente na aglicona (posição 28). Assim ficou possível
identificar os sinais referentes às saponinas no cromatograma.
Figura 35: Espectro no UV das saponinas presentes na fração RP-08.s..
Desse modo foi realizada a purificação de duas saponinas presentes na fração
RP-08.s. A purificação foi feita em uma coluna de escala semi-preparativa com
detecção no UV a 200 nm. As frações obtidas eram rapidamente encaminhadas para o
rota-evaporador para a exclusão do metanol e em seguida eram congeladas para serem
liofilizadas. A preocupação na retirada da fase móvel foi uma forma de prevenir
possíveis degradações da amostra no meio ácido.
3.4.3.1 – Elucidação Estrutural de RP-08.s.1 e RP-08.s.2
Características físico-químicas:
Rotação óptica (c.1; MeOH): RP-08.s.2: [α]
D
25
= - 46
RP-08.s.1: [α]
D
25
= - 58
Transf.
eletrôn.
λ
máx.
(nm) ε
máx.
π π* 150 --
n α* 188 1860
n π* 279 15
Os valores aqui apresentados estão
sujeitos a deslocamentos, principal-
mente, por efeito do solvente (Silverstein
e col., 1979).
63
Íon quasimolecular (EM (ESI-TOF)): RP-08.s.2: m/z 1063,4811 [M + Na]
+
RP-08.s.1: m/z 1195,5923 [M + Na]
+
3.4.3.1.1 – Identificação da aglicona
As agliconas de ambas as saponinas foram identificadas como sendo o ácido 3β-
hidroxiolean-12,15-dien-28-óico a partir da comparação dos espectros de RMN de
1
H
(Tabela 4) e
13
C (Tabela 5) e do espectro de massas do éster metílico obtido da fração
etérea do produto da hidrólise ácida e metilado com diazometano para ambas as
saponinas (EM (IE,m/z): 468; 260; 245; 231; 207; 201; 187; 173; 157; 145; 131; 119;
105; 95; 81; 69; 55; Figura 27 e 30, pg. 50 e 56).
Os sinais úteis para a identificação do esqueleto da aglicona foram,
principalmente, os referentes as metilas (7 CH
3
em (
13
C, ppm): 16,0; 19,9; 18,2; 23,5;
25,0; 28,5; 33,6) e os sinais referentes às olefinas presentes nas posições 12 e 15 (3 CH
em (ppm): 137,8; 128,5; 124; e 1 C em (ppm): 141,5). O deslocamento do sinal
referente ao C3 da aglicona em cerca de 12 ppm (de 78 na aglicona para 91,1 ppm na
RP-08.s.1 e RP-08.s.2) indica uma O-glicosilação com ligação tipo éter. O
deslocamento do sinal referente ao C28 de 178 para 176 ppm indica esterificação por
um monossacarídeo(s) (Introdução 1.5.6.2, pg. 26). No Anexo 2 encontra-se uma
Tabela com valores de deslocamento químico de
13
C de RP-08.s.1 e de outros
triterpenos e saponinas para comparação.
Tabela 4: Deslocamentos químicos (
1
H), referentes apenas à aglicona, obtidos para RP-
08.s.1 e RP-08.s.2*. (Solvente: metanol deuterado, referência: TMS.)
RP-08.s.1 RP-08.s.2
CH
3
CH
CH
3
CH
0,64 2,92 0,63 2,93
0,86 3,17 0,85 3,17
0,88 5,44 0,88 5,44
0,90 5,54 0,90 5,55
0,93 5,67 0,93 5,66
1,06 1,06
1,17 1,16
*Estes são os sinais úteis à identificação da porção aglicona.
64
Tabela 5: Deslocamentos químicos (
13
C) e multiplicidades obtidas para RP-08.s.1 e
RP-08.s.2. (Solvente: metanol deuterado, referência: TMS.)
RP-08.s.1 RP-08.s.2 DEPT RP-08.s.1 RP-08.s.2 DEPT
1
16,1 16,0 25-CH
3
28
68,1 67,4 CH
2
17,0 16,9 23-CH
3
29
69,0 68,9 CH
3
18,3 18,3 26-CH
3
30
-- 71,7 CH
4
18,5 18,5 CH
3
31
72,3 72,5 CH
5
19,6 19,4 6-CH
2
32
72,5 73,2 CH
6
23,6 23,5 30-CH
3
33
73,3 74,4 CH
7
24,4 24,3 11-CH
2
34
74,9 75,1 CH
2
8
25,1 25,0 27-CH
3
35
75,1 -- CH
2
9
27,1 27,1 2-CH
2
36
75,4 75,3 CH
10
28,5 28,4 24-CH
3
37
77,7 77,7 CH
12
31,3 31,3 20-C
38
78,3 78,4 CH
11
33,8 33,6 22-CH
2
39
78,8 -- CH
13
33,9 33,6 29-CH
3
40
79,3 79,9 CH
14
33,9 33,6 17-C
41
80,4 -- C
15
34,1 33,8 7-CH
2
42
80,7 80,6 C
16
35,7 35,6 21-CH
2
43
80,8 -- CH
17
38,2 38,2 10-C
44
91,2 91,1 3-CHOH
18
39,8 39,7 1-CH
2
45
94,5 94,1 CH
19
40,3 40,2 4-C
46
101,5 101,5 CH
20
41,3 41,2 8-C
47
107,0 107,0 CH
21
43,5 43,4 18-CH
48
112,2 -- CH
22
44,6 44,6 19-CH
2
49
112,5 111,6 CH
23
45,6 45,5 14-C
50
124,7 124,6 12-CH
24
48,7 48,7 9-CH
51
128,6 128,7 15-CH
25
57,2 57,0 5-CH
52
137,8 137,5 16-CH
26
64,9 64,0 CH
2
53
141,5 141,6 13-C
27
65,3 65,5 CH
2
54
176,1 176,1 28-C=O
R
1
O
COOR
2
1
3
6
9
12
15
18
22
24
23
25
26
30
29
28
27
2
4
5
7
8
10
11
13
14
16
17
19
20
21
R
1
= R
2
= H
ácido 3β-hidroxiolean-12,15-dien-28-óico
65
3.4.3.1.2 – Caracterização da porção sacarídica
Com o objetivo de avaliar a utilização de técnicas espectroscópicas para a
elucidação estrutural de saponinas, foram utilizados os experimentos DEPT, COSY,
HSQCeditado, TOCSY, HMBC, HSQC-TOCSY e T-ROESY. Teoricamente cada um dos
experimentos supracitados gerará informações específicas a serem analisadas em conjunto
objetivando a elucidação inequívoca da estrutura completa. Entretanto são encontradas
certas dificuldades, principalmente, quando a correlação a ser observada é muito fraca
resultando em dificuldades no seqüenciamento contínuo dos sinais. Um outro problema é a
intensa sobreposição apresentada pelo espectro de hidrogênio, o que acaba por prejudicar a
análise das correlações entre os hidrogênios do anel.
Os experimentos de correlação homonuclear, COSY, correlacionam os sinais que
compartilham acoplamentos escalares,
1
J,
2
J e
3
J. Os experimentos de TOCSY
correlacionam os prótons participantes de uma rede completa de acoplamentos, permitindo
o encadeamento de fragmentos moleculares cujos hidrogênios estejam acoplados
escalarmente. Experimentos de correlação heteronuclear, como HMQC ou HSQC, são úteis
para a identificação de, principalmente, carbonos diretamente ligados a hidrogênios (
1
J
CH
).
Já experimentos de correlação heteronuclear a longa distância, como o HMBC, identificam
correlações via acoplamento escalar através de 2 ou 3 ligações de distância. Experimentos
de correlação via acoplamento dipolar, como NOESY ou ROESY, são muito usados para
refinamentos na estereoquímica da estrutura já montada. Essencialmente esses
experimentos correlacionam hidrogênios que se apresentam com proximidade no espaço.
3.4.3.1.2.a –Identificação, Seqüenciamento e Proposta Estrutural
A análise dos mapas de correlação COSY, TOCSY, HSQCeditado e HMBC
possibilitou a atribuição e o agrupamento dos sinais referentes aos monossacarídeos em
ambas as saponinas. O espectro de T-ROESY também foi muito útil para a atribuição dos
sinais do meio dos anéis, sendo mais usados para confirmação das informações obtidas
pelos outros experimentos. Inicialmente, esperava-se que o experimento TOCSY gerasse
informação sobre a rede de acoplamentos presente em cada monossacarídeo separadamente
de forma a se obter, dentro do mapa de correlação, uma linha de correlação com todos os
sinais de cada unidade individualmente. Entretanto, devido à ocorrência de constantes de
66
acoplamento de valor pequeno, o experimento TOCSY nem sempre possibilitou a
visualização (no mapa de correlação) da rede de acoplamentos completa para os
monossacarídeos. Mesmo variando o tempo de contato (o spin-lock time, τ) de 70 para 140
ms (milisegundos), várias correlações deixaram de ser detectadas.
O seqüenciamento dos monossacarídeos foi proposto a partir de dados de
deslocamento químico de carbono, de informações oriundas dos experimentos HMBC e T-
ROESY.
As configurações nos carbonos anoméricos para cada uma das unidades de
monossacarídeos presentes puderam ser identificadas pela medição das constantes de
acoplamento de cada sinal de hidrogênio anomérico.
Nos Anexos 3 e 4 encontram-se os espectros utilizados na discussão a seguir.
3.4.3.1.2.a.1 – Monossacarídeos de RP-08.s.2
Observou-se que os deslocamentos químicos apresentados pelos espectros de RMN-
13
C de ambas as saponinas são praticamente idênticos salvo por pequenas diferenças
decorrentes da perda de uma unidade monossacarídica na substância RP-08.s.2 (Anexo 2).
Como já foi mencionado anteriormente, estudos acerca da biossíntese de saponinas
relataram que a adição dos monossacarídeos à posição 28 (-COOH) de um triterpeno ocorre
de forma seqüencial, enquanto que na posição 3 o oligossacarídeo seria adicionado por
inteiro. Assim, é pertinente a co-ocorrência de duas saponinas (bis-desmosídicas) distintas
apenas por uma unidade de monosscarídeo no oligossacarídeo ligado na posição 28.
Portanto, a análise estrutural de RP-08.s.2 apresentou pontos de convergência muito úteis à
análise realizada para RP-08.s.1.
Na substância RP-08.s.2, 4 sinais de carbonos anoméricos foram identificados em
94,4, 101,7, 107,0, e 111,7 ppm no espectro de RMN de
13
C (Figura 36), também
correlacionados (segundo o mapa de correlação HSQC) com 4 sinais referentes a
hidrogênios de carbonos anoméricos, em 5,46, 5,06, 4,38 e 5,33 ppm (Figura 37).
67
111,6
107,0
101,5
94,1
91,1
Figura 36: Espectro de RMN-
13
C (50 MHz) da saponina RP-08.s.2 (ampliação).
PPM 5.60 5.50 5.40 5.30 5.20 5.10 5.00 4.90 4.80 4.70 4.60 4.50 4.40 4.30
6
8
5.4 6
5.33
5.0
4.3
Figura 37: Espectro de RMN-
1
H (600 MHz) da saponina RP-08.s.2 (ampliação).
Resíduo R – No mapa de correlação TOCSY foi possível relacionar de forma bem
visível os três sinais a partir do sinal da metila em 1,26 ppm (Figura 38). Foram estes: 3,75,
3,52 e 3,79 ppm (com τ igual a 100 e 140 ms). O sinal referente ao hidrogênio do carbono
anomérico 5,06 ppm foi correlacionado com o sinal em 3,79 ppm, pelo experimento COSY
(Figura 39). Observou-se que o comportamento desse grupo de sinais foi bem parecido com
o comportamento do grupo de sinais referente ao hidrogênio em 5,12 ppm na substância
RP-08.s.1. A Tabela 6 foi montada com os valores de deslocamento químico de hidrogênio
4,38
5,48
5,33
5,06
111,7
107,0
101,7
94,4
68
e seus respectivos deslocamentos químicos de carbono-13. A atribuição dos sinais e suas
posições no anel foram obtidas pelos experimentos COSY e TOCSY, considerando as
multiplicidades esperadas para cada sinal. A unidade monossacarídica foi identificada
como sendo uma ramnose monossubstituida (na posição 4) e pôde ser confirmada através
da comparação dos seus dados espectroscópicos com valores da literatura (Tan e col.,
1999).
Tabela 6: Deslocamentos químicos de hidrogênio e carbono-13 na ramnose.*
R
1
H
13
C
R
ha 1
13
C
R
ha 2
13
C
1
5,06 101,7
1
100,8
1
101,5
2
3,79 72,7
2
72,2
2
71,9
3
3,86 71,7
3
72,8
3
72,5
4
3,52 80,2
4
74,1
4
83,8
5
3,75 69,2
5
70,1
5
68,5
6
1,26 18,5
6
18,7
6
18,8
Ramnose
*Rha 1 refere-se a uma ramnose terminal, a Rha 2 refere-se a uma ramnose
monossubstituída em 4 (Tan e col., 1999).
PPM (F2) 3.92 3.88 3.84 3.80 3.76 3.72 3.68 3.64 3.60 3.56 3.52 3.48 3.44
PPM (F1)
1.38
1.36
1.34
1.32
1.30
1.28
1.26
1.24
1.22
1.20
1.18
1.16
1.14
1.12
Figura 38: Mapa de correlação TOCSY da saponina RP-08.s.2 (ampliação). Correlação a
partir do sinal em 1,26 ppm.
OH
O
OH
HO
HO
Me
H1
R
- H5
R
H1
R
- H4
R
69
PPM (F2) 5.2 5.0 4.8 4.6 4.4 4.2 4.0 3.8 3.6 3.4
PPM (F1)
5.4
5.2
5.0
4.8
4.6
4.4
4.2
4.0
3.8
3.6
3.4
Figura 39: Mapa de correlação COSY da saponina RP-08.s.2 (ampliação). No inserto está
a correlação do sinal em 1,26 ppm com o sinal em 3,75 ppm.
Analisando os sinais de correlação apresentados nos experimentos COSY, TOCSY
e espectro de RMN-
1
H, temos que o sinal referente ao H6 (Me) se apresenta como um
dupleto de constante de acoplamento
3
J
HH
igual a 6 Hz (Figura 40), o sinal referente ao H5
se apresenta como um multipleto e o sinal referente ao H4 um tripleto de constante de
acoplamento
3
J
HH
igual a 8 Hz (Figura 41). O sinal em 3,86 ppm foi atribuído a partir da
observação de uma correlação no experimento COSY com o sinal em 3,79 ppm. As
pequenas correlações apresentadas pelos sinais referentes aos C1–C2–C3 indicam a posição
axial da hidroxila da posição 2, excluindo a possibilidade dessa unidade ser uma fucose (6-
desóxi-galactose) ou uma quinovose (6-desóxi-glicose). Sabendo que o efeito decorrente da
glicosilação seria um deslocamento do carbono diretamente ligado em cerca de 8 a 10 ppm
para valores de deslocamento químicos maiores (Introdução 5.6.2, pg. 31; Tabela 2), foi
proposto que há glicosilação na posição 4 (80,2 ppm) da ramnose. Essa identificação foi
confirmada pela análise dos acetatos de alditóis (Materiais e Métodos 4.8.2, pg. 119).
PPM (F2)
3.760 3.750 3.740 3.730 3.720 3.710
PPM (F1)
1.260
H1
R
- H2
R
70
PPM 2.00 1.90 1.80 1.70 1.60 1.50 1.40 1.30 1.20 1.10 1.00 0.90 0.80 0.70 0.60
510.5
504.5
Figura 40: Espectro de RMN-
1
H (600 MHz) da saponina RP-08.s.2 (ampliação).
PPM (F2) 3.560 3.550 3.540 3.530 3.520 3.510 3.500 3.490 3.480 3.470
PPM (F1)
1.296
1.292
1.288
1.284
1.280
1.276
1.272
1.268
1.264
1.260
1.256
1.252
1.248
1.244
1.240
1.236
1.232
1.228
1.224
1.22
0
Dif: 0,02 ppm ~ 8 Hz
Figura 41: Mapa de correlação TOCSY da saponina RP-08.s.2 (ampliação). Correlação
entre os sinais 1,28 e 3,52 ppm.
Resíduo AG – No experimento TOCSY também foi possível correlacionar de forma
bem visível os quatro sinais a partir do sinal em 4,38 ppm (referente ao hidrogênio do
carbono anomérico, 107,0 ppm; Figuras 42 e 43). Foram estes: 3,24, 3,37, 3,51 e 3,79 ppm
(com τ igual a 100 e 140 ms). A Tabela 7 mostra os valores de deslocamento químico de
hidrogênio e seus respectivos deslocamentos químicos de carbono para o resíduo AG.
Dif.: 0,02 ppm ~8 Hz
6 Hz
71
Tabela 7: Deslocamentos químicos de hidrogênio e carbono-13 no ácido glicurônico.*
AG
1
H
13
C
Glc
13
C
GlcA
13
C
1
4,38 107,0
1
103,7
1
107,1
2
3,24 75,5
2
76,3
2
75,5
3
3,37 77,9
3
78,8
3
78,0
4
3,51 73,4
4
72,5
4
73,4
5
3,79 75,4
5
77,8
5
77,7
6
-- 176,0
6
63,3
6
173,3
Ácido Glicurônico
*Glc refere-se a uma glicose e GlcA refere-se a um ácido glicurônico (Tan e col., 1999).
PPM (F2) 3.80 3.76 3.72 3.68 3.64 3.60 3.56 3.52 3.48 3.44 3.40 3.36 3.32 3.28 3.24 3.20
PPM (F1)
4.46
4.44
4.42
4.40
4.38
4.36
4.34
4.32
4.30
4.28
4.26
Figura 42: Mapa de correlação TOCSY da saponina RP-08.s.2 (ampliação). Correlação a
partir do sinal em 4,38 ppm.
O
HO
HO
OH
HOOC
OH
H1
AG
- H5
AG
H1
AG
- H4
AG
H1
AG
- H3
AG
H1
AG
- H2
AG
72
PPM (F2) 5.2 5.0 4.8 4.6 4.4 4.2 4.0 3.8 3.6 3.4
PPM (F1)
5.4
5.2
5.0
4.8
4.6
4.4
4.2
4.0
3.8
3.6
3.4
Figura 43: Mapa de correlação COSY da saponina RP-08.s.2 (ampliação).
A partir da análise dos sinais de correlação apresentados nos experimentos COSY,
TOCSY e espectro de RMN-
1
H, temos que os sinais em 3,24 (H2) e 3,37 ppm (H3) se
apresentam como dois tripletos de constantes de acoplamento
3
J
HH
igual a 8 e 9 Hz (Figura
44), indicando a orientação equatorial para as hidroxilas das posições 1, 2, 3 e 4. Este fato
sugere fortemente uma configuração gluco (Ma e col., 1996; presente em glicose, ácido
glicurônico, quinovose e xilose). A quinovose e a xilose são uma 6-desóxi e uma pentose,
respectivamente, e suas presenças foram descartadas em função da ausência de uma outra
metila (dupleto) de monossacarídeo e pela ausência tanto do pentaacetato de quinovositol
quanto do pentaacetato de xilitol entre os produtos da análise dos acetatos de alditóis.
Os valores de deslocamento químico dos carbonos do interior do anel estão
próximos aos valores relatados para ácido glicurônico terminal e glicose terminal (Tan e
col., 1999). Nos espectros de carbono-13 em metanol não são observadas as presenças de
duas carbonilas. Entretanto, o espectro de carbono-13 obtido da amostra RP-08.s.1
metilada com diazometano apresentou dois sinais referentes a carbonila não observados
anteriormente à metilação e um sinal referente a uma metoxila de éster (Figura 45) em
171,5 ppm. Quando foi realizada a hidrólise básica de ambas as amostras (RP-08.s.1 e RP-
08.s.2) foi observado por RMN que as pró-saponinas C-3 são iguais (ProSap.1 e .2; Tabela
8). Desse modo, essa unidade presente na posição 3 da aglicona foi identificada como
sendo o ácido glicurônico.
H1
AG
- H2
AG
73
Não foi observado um sinal referente ao ácido glicurônico na análise dos acetatos de
alditóis, pois essa análise é indicada para monossacarídeos neutros (Chaplin e Kennedy,
1994). Foi realizado um teste com padrão de ácido glicurônico na mesma condição
reacional utilizada para obtenção dos acetatos de alditóis, e como resultado foi observado a
degradação de todo o padrão utilizado na etapa de acetilação.
Tabela 8: Deslocamentos químicos (
13
C) e multiplicidades obtidas para as pró-saponinas
de RP-08.s.1 e RP-08.s.2*. (Solvente: metanol deuterado, referência: TMS.).
ProSap.1 ProSap.2 DEPT ProSap.1 ProSap.2 DEPT
1
16,0 16,1 CH3
18
40,3 40,5 C
2
17,0 17,2 CH3
19
41,2 41,5 C
3
18,3 18,4 CH3
20
43,7 43,9 CH
4
19,5 19,6 CH2
21
44,8 44,9 CH2
5
23,6 23,7 CH3
22
45,5 45,7 C
6
24,4 24,6 CH2
23
48,2 48,2 CH
7
25,2 25,3 CH3
24
57,1 57,3 CH
8
27,1 27,3 CH2
25
73,3 73,5 CH
9
28,5 28,7 CH3
26
75,4 75,6 CH
10
31,5 31,6 C
27
76,8 76,8 CH
11
31,0 31,0 CH2
28
77,8 78,0 CH
12
33,8 33,9 CH3
29
91,2 91,4 CH
13
34,0 34,2 CH2
30
107,2 107,3 CH
14
34,2 34,4 CH2
31
124,1 124,2 CH
15
35,8 35,9 CH2
32
129,7 129,9 CH
16
38,3 38,4 C
33
136,5 136,6 CH
17
39,8 39,9 CH2
34
142,2 142,4 C
* o sinal referente às carbonilas não ficou visível.
74
PPM 3.96 3.92 3.88 3.84 3.80 3.76 3.72 3.68 3.64 3.60 3.56 3.52 3.48 3.44 3.40 3.36 3.32 3.28 3.24 3.20 3.16 3.12
1351.0
1345.1
1336.8
1305.0
1297.0
1288.5
Figura 44: Espectro de RMN-
1
H (600 MHz) da saponina RP-08.s.2 (ampliação).
176,2
171,5
Figura 45: Espectro de RMN-
13
C (50 MHz) da saponina RP-08.s.1 metilada com
diazometano (ampliação).
Resíduo Ap – Tanto no mapa de correlação COSY quanto no TOCSY, o sinal de
hidrogênio referente a carbono anomérico em 5,33 ppm, correlaciona-se apenas com um
sinal em 3,92 ppm (Figura 46; Tabela 9). Pelo HSQC, foram obtidos os sinais de RMN-
13
C
referente aos dois sinais anteriormente mencionados, os sinais 111,7 e 78,6 ppm.
176,2
171
,
5
9 Hz
8 Hz
75
O mapa de correlação HMBC possibilitou a identificação de correlações
3
J
CH
entre
o sinal em 5,33 ppm com o sinal em 80,6 ppm (carbono quaternário; informação obtida do
espectro DEPT) e entre o sinal em 3,92 ppm com os sinais em 75,0 e 65,5 ppm (metilenos;
informação também obtida do espectro DEPT; Figura 47). Comparando esses dois sinais
com os dois sinais de RMN de
13
C referente aos C1 e C2 (da apiose da RP-08.s.1),
juntamente com a presença do sinal de carbono quaternário em 80,6 ppm e 2 sinais de
carbonos metilênicos em 75,0 e 65,5 ppm, essa unidade foi identificada como sendo uma
apiose terminal. Dados de referência confirmaram essa proposta (Tabela 9). Essa
identificação foi confirmada pela análise dos acetatos de alditóis (ver item 3.4.2.1.2.b pg.
100).
PPM (F2) 5.2 5.0 4.8 4.6 4.4 4.2 4.0 3.8 3.6 3.4
PPM (F1)
5.4
5.2
5.0
4.8
4.6
4.4
4.2
4.0
3.8
3.6
3.4
3.2
Figura 46: Mapa de correlação TOCSY da saponina RP-08.s.2 (ampliação).
H1
AP
- H2
AP
76
Tabela 9: Deslocamentos químicos de hidrogênio e carbono-13 na apiose.
Ap
1
H
13
C Api
13
C
1
5,33 111,7
1
111,2
2
3,92 78,6
2
77,7
3
-- 80,6
3
80,1
4
3,76 / 4,00 75,0
4
75,0
5
3,58 65,5
5
65,6
Apiose
*Api refere-se a uma apiose terminal (Tan e col., 1999).
PPM (F2) 5.0 4.8 4.6 4.4 4.2 4.0 3.8 3.6 3.4 3.2
PPM (F1)
110
106
102
98
94
90
86
82
78
74
70
66
62
Figura 47: Mapa de correlação HMBC da saponina RP-08.s.2 (ampliação).
As correlações observadas estão de acordo com a estrutura proposta para a apiose.
Os sinais 5,19 (H1) e 4,04 ppm (H2) se apresentam como um dupleto de constante de
acoplamento baixa (1,7 Hz; Figura 48).
H1
AP
- C3
AP
H2
AP
- C4
AP
H2
AP
-C5
AP
HO
O
HO
HO
OH
77
PPM 5.64 5.60 5.56 5.52 5.48 5.44 5.40 5.36 5.32 5.28 5.24 5.20 5.16 5.12 5.08
5.33
Figura 48: Espectro de RMN-
1
H (600 MHz) da saponina RP-08.s.2 (ampliação).
Resíduo ANo experimento TOCSY o sinal de hidrogênio referente a carbono anomérico
em 5,46 ppm está correlacionado com um sinal em 3,78 ppm (também presente no
experimento COSY) e um sinal em 3,86 ppm (Figura 49 e 50; Tabela 10). Pelo HSQC,
foram obtidos os sinais de RMN-
13
C referente aos dois sinais supracitados, os sinais em
94,4 e 75,4 ppm. No mapa de correlação HMBC as correlações entre sinal em 94,4 ppm e
os sinais em 3,51 e 3,88 ppm (Figura 49) indicam as correlações do tipo
3
J
CH
entre as
posições 1 e 3 e entre as posições 1 e 5, sendo essa posição 5 um átomo de carbono
metileno. Pelo mapa de correlação HSQC o sinal em 3,51 ppm é referente ao sinal em 72,5
ppm. Sabendo que a análise dos acetatos de alditóis indicaram a presença de uma ramnose,
uma apiose e uma arabinose, a única possibilidade do sinal de hidrogênio referente ao
carbono anomérico apresentar uma correlação do tipo
3
J
CH
com um átomo de carbono
metilênico é o monossacarídeo ser uma a arabinose. Juntamente com comparações feitas
com dados obtidos na literatura, essa unidade foi identificada (Tabela 10). Essa
identificação foi confirmada pela análise dos acetatos de alditóis (Materiais e Métodos
4.8.2, pg. 119).
5,33
78
PPM (F2) 3.880 3.870 3.860 3.850 3.840 3.830 3.820 3.810 3.800 3.790 3.780 3.770 3.760 3.750
PPM (F1)
5.490
5.480
5.470
5.460
5.450
5.440
5.430
5.420
5.410
Figura 49: Mapa de correlação TOCSY da saponina RP-08.s.2 (ampliação). Correlação a
partir do sinal 5,46 ppm.
PPM (F2) 5.2 5.0 4.8 4.6 4.4 4.2 4.0 3.8 3.6 3.4
PPM (F1)
5.4
5.2
5.0
4.8
4.6
4.4
4.2
4.0
3.8
3.6
3.4
Figura 50: Mapa de correlação COSY da saponina RP-08.s.2 (ampliação).
H1
A
- H5
A
H1
A
- H3
A
H1
A
- H2
A
H1
A
- H2
A
79
Tabela 10: Deslocamentos químicos de hidrogênio e carbono-13 na arabinose. *
A
1
H
13
C
Ara 1
13
C
Ara 2
13
C
1
5,46 94,4
1
95,8
1
93,5
2
3,78
75,4 2
71,3
2 75,0
3
3,76 72,5
3
73,8
3
70,4
4
3,82 67,4
4
67,9
4
66,3
5
3,51 / 3,88 64,0
5
66,0
5
63,2
Arabinose
* Ara 1 refere-se a uma arabinose terminal esterificada na posição 28 de um triterpeno
oleanólico e
Ara 2 refere-se a uma arabinose glicosilada em C2 esterificada na posição C28
de um triterpeno oleanólico (Tan e col., 1999).
Seqüenciamento
Estando os sinais referentes aos monossacarídeos devidamente atribuídos, os
valores de deslocamento químico de
13
C foram comparados com valores obtidos na
literatura visando formular uma proposta pertinente para o encadeamento dos resíduos
monossacarídicos, considerando às variações dos deslocamentos químicos observados. Foi
visto que os deslocamentos químicos de carbonos referentes às posições 2 (arabinose) e 4
(ramnose) foram deslocados para valores mais altos, e ainda foi observado também um
deslocamento para valores mais altos da posição 3 (72,2 para 91,2 ppm) e para valores mais
baixos da posição 28 (178,4 para 176,1 ppm) da aglicona; o deslocamento do sinal do
carbono da posição 1 para valores mais baixos indica que este se encontra esterificado.
Esses dados estão de acordo com as regras de deslocamento descritas na introdução desta
dissertação (Introdução 1.5.6.2, pg. 26).
Os diagramas de correlação HMBC e T-ROESY (Figura 51 e 52) foram úteis para a
confirmação do seqüenciamento proposto. A correlação observada no HMBC entre os
sinais 4,38 (H1-ácido glicurônico) e 91,1 ppm indica a presença deste resíduo eterificado na
posição 3 da aglicona. Essa informação foi confirmada com a observação da correlação
existente no experimento T-ROESY entre os sinais 4,38 (H1-ácido glicurônico) e 3,17 ppm
(H3-aglicona). O alto valor do deslocamento químico do H1 (5,46 ppm) do resíduo
arabinose e o baixo valor do deslocamento químico para C1 (94,4 ppm) do mesmo resíduo
indica esterificação desta unidade, na posição 28 da aglicona. A correlação observada no
O
OH
OH
HO
HO
80
HMBC entre os sinais 5,06 (H1-ramnose) e 75,4 ppm indicou a ligação da ramnose na
posição 2 da arabinose. No experimento T-ROESY, uma correlação entre os sinais 5,06
(H1-ramnose) e 3,78 ppm confirmou essa indicação. O sinal em 111,7 (C1-apiose)
apresentou uma correlação (no espectro de HMBC) com o sinal em 3,52 ppm indicando a
ligação desse monossacarídeo na posição 4 da ramnose.
PPM (F2) 5.2 4.8 4.4 4.0 3.6 3.2 2.8 2.4 2.0 1.6 1.2 0.8 0.4
PPM (F1)
170
160
150
140
130
120
110
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
Figura 51: Mapa de correlação HMBC da saponina RP-08.s.2.
PPM (F2) 5.2 4.8 4.4 4.0 3.6 3.2 2.8 2.4 2.0 1.6 1.2 0.8
PPM (F1)
5.6
5.2
4.8
4.4
4.0
3.6
3.2
2.8
2.4
2.0
1.6
1.2
0.8
Figura 52: Mapa de correlação T-ROESY da saponina RP-08.s.2.
H1
R
- C2
A
H1
AG
- C3
Agl.
C1
Ap
- H4
R
H1
AG
- H3
Agl.
H1
R
- H2
A
81
Configurações dos carbonos anoméricos
Os sinais referentes aos hidrogênios dos carbonos anoméricos apresentaram
constante de acoplamento de 7,3 Hz no dupleto em 4,38 ppm, 1,7 Hz no dupleto em 5,33
ppm e 5,4 Hz para o dupleto em 5,46 ppm. O sinal em 5,06 ppm é um simpleto. Os valores
medidos para
1
J
CH
(pelo experimento JCH resolvido) para a amostra RP-08.s.1 foram 164,0
Hz para 94,4 ppm, 170,6 Hz para 101,4 ppm, 157,0 Hz para 107,0 ppm, 169,8 Hz para
112,2 ppm e 169,8 Hz para 112,5 ppm. Logo as configurações foram α para os sinais 94,4,
101,4, 112,2 e 112,5 ppm e β para o sinal 107,0 ppm. Para a amostra RP-08.s.2,
comparando os deslocamentos químicos e as constantes de acoplamento no espectro de
hidrogênio, as configurações nos carbonos anoméricos são: α para os sinais 94,4, 101,4 e
111,7 ppm e β para o sinal 107,0 ppm. Assim a estrutura final proposta para RP-08.s.1 foi
3-O-β-D-glucopiranuronosil-hidroxiolean-12,15-dien-28-oato de 28-O-α-D-apiofuranosil
(14)-α-L-ramnopiranosil(12)-α-L-arabinopiranosila (Figura 53).
Espectrometria de Massas
Esta proposta está de acordo com o espectro de massas obtido (ESI-TOF) que gerou
um íon quasimolecular de m/z 1063 [M + Na]
+
(Figura 54; Anexo 7). A observação do
fragmento de m/z 931 correspondente a [M + Na
– Api]
+
e m/z 653 ([M + Na
– Ara – Rha –
Api]
+
) confirma o seqüenciamento e a estrutura proposta. O fragmento de m/z 437 se refere
a aglicona quando essa perde todos os monossacarídeos. A análise por espectrometria de
massa/massa dos fragmentos do íon precursor de m/z 1063 revelou um fragmento de m/z
887, relativo à perda do ácido glicurônico (terminal na posição 3 da aglicona) e o sinal de
m/z 433, que é referente ao trissacarídeo da posição 28 da aglicona (Anexo 7).
82
O
HO
HO
OH
HOOC
O
O
OH
OH
O
Me
O
HO
HO
OH
O
O
C
52
H
80
O
21
O
O
OH
HO
Figura 53: Estrutura proposta para RP-08.s.2: 3-O-β-D-glucopiranuronosil-hidroxiolean-
12,15-dien-28-oato de 28-O-α-D-apiofuranosil(14)-α-L-ramnopiranosil(12)-α-L-
arabinopiranosila.
Figura 54: Proposta de fragmentação resultante de ionização branda para RP-08.s.2.
[M + Na]
+
: Obs: 1063.5127 Calc. para C
52
H
80
O
21
: 1063,50847.
437
653
433
931
997
83
3.4.3.1.2.a.2 – Monossacarídeos de RP-08.s.1
Na substância RP-08.s.1, 5 sinais de carbonos anoméricos foram identificados em
94,4, 101,4, 107,0, 112,2 e 112,5 ppm no espectro de RMN de
13
C (Figura 55). Estes foram
correlacionados (segundo o mapa de correlação HSQC) com 5 sinais referentes a
hidrogênios anoméricos, em 5,39, 5,12, 4,38, 5,29 e 5,19 ppm do espectro de RMN de
1
H
(Figura 56).
112,5
112,2
107,0
101,5
94,5
91,2
Figura 55: Espectro de RMN-
13
C (50 MHz) da saponina RP-08.s.1 (ampliação).
PPM 5.60 5.50 5.40 5.30 5.20 5.10 5.00 4.90 4.80 4.70 4.60 4.50 4.40 4.30
5.3
5.28
5.20
5.1
4.38
2
8
Figura 56: Espectro de RMN-
1
H (600 MHz) da saponina RP-08.s.1 (ampliação).
A seguir estão as evidências utilizadas para a identificação da cada unidade de
monossacarídeo separadamente.
112,5
112,2
107,0
101,4
94,4
91,2
5,39
5,29
5,19
5,12
4,38
84
Resíduo R – No experimento TOCSY foi possível correlacionar de forma bem visível os 5
sinais a partir do sinal da metila em 1,28 ppm (Figura 57). Foram estes: 3,83, 3,62, 3,76 e
3,95 ppm (com τ igual a 100 e 140 ms). O sinal referente ao hidrogênio do carbono
anomérico em 5,12 ppm foi correlacionado com o sinal 3,95 ppm, pelo experimento COSY
(Figura 58). Essa identificação foi confirmada pela análise dos acetatos de alditóis
(Materiais e Métodos 4.8.2 pg. 119).
PPM (F2) 3.94 3.92 3.90 3.88 3.86 3.84 3.82 3.80 3.78 3.76 3.74 3.72 3.70 3.68 3.66 3.64 3.62 3.60 3.58 3.56 3.54 3.52
PPM (F1)
1.38
1.36
1.34
1.32
1.30
1.28
1.26
1.24
1.22
1.20
1.18
1.16
1.14
1.12
Figura 57: Mapa de correlação TOCSY da saponina RP-08.s.1 (ampliação). Correlação a
partir do sinal em 1,28 ppm.
H1
R
- H4
R
H1
R
- H5
R
H1
R
- H3
R
H1
R
- H2
R
85
PPM (F2) 5.2 5.0 4.8 4.6 4.4 4.2 4.0 3.8 3.6 3.4
PPM (F1)
5.2
5.0
4.8
4.6
4.4
4.2
4.0
3.8
3.6
3.4
3.2
Figura 58: Mapa de correlação COSY da saponina RP-08.s.1 (ampliação). No inserto está
a correlação do sinal em 1,28 ppm com o sinal em 3,83 ppm.
O mapa de correlação HSQC, usado para estabelecer a correlação
1
J
CH
, possibilitou
a identificação dos pares
13
C-
1
H para todos os sinais. A Tabela 11 mostra os deslocamentos
químicos de hidrogênio e os correspondentes deslocamentos químicos de carbono-13. A
atribuição dos sinais à suas respectivas posições no anel foi auxiliada pelo experimento
COSY, considerando também as multiplicidades esperadas para cada sinal. A unidade
monossacarídica identificada como sendo a ramnose encontra-se dissubstituida em C3 e
C4. Essa dissubstituição pôde ser confirmada pela comparação com valores da literatura
(Tan e col., 1999) também dispostos no Tabela 11.
PPM (F2)
3.850 3.840
PPM (F1)
1.290
1.280
1.270
H1
R
- H2
R
86
Tabela 11: Deslocamentos químicos de hidrogênio e carbono-13 na ramnose.*
R
1
H
13
C
R
ha 1
13
C
R
ha 2
13
C
1
5,12 101,4
1
100,8
1
102,3
2
3,95 72,4
2
72,2
2
70,9
3
3,76 80,7
3
72,8
3
82,7
4
3,62 79,2
4
74,1
4
78,7
5
3,83 69,0
5
70,1
5
69,1
6
1,27 18,5
6
18,7
6
19,1
Ramnose
*Rha 1 refere-se a uma ramnose terminal, a Rha 2 refere-se a uma ramnose 3,4
dissubstituída (Tan e col., 1999).
Analisando os sinais de correlação apresentados nos experimentos COSY e
TOCSY, assim como o espectro de RMN de
1
H, temos que o sinal referente ao H6 (uma
metila) se apresenta como um dupleto (em 1,28 ppm) de constante de acoplamento igual a 6
Hz (Figura 59), o sinal referente ao H5 se apresenta como um multipleto e o sinal referente
à posição 4, um tripleto de constante de acoplamento igual a 8 Hz (Figura 60). As fracas
correlações apresentadas pelos sinais referentes aos H1 – H2 – H3 indicam a posição axial
da hidroxila da posição 2, excluindo a possibilidade dessa unidade monossacarídica ser
uma fucose (6-desoxi-galactose) ou uma quinovose (6-desoxi-glicose). Seguindo a mesma
linha de raciocínio do efeito causado pela glicosilação no carbono diretamente ligado, foi
proposto que há glicosilação nas posições 3 e 4 (80,7 e 79,2 ppm) da ramnose, justificando
tamanhas variações.
OH
O
OH
HO
HO
Me
87
PPM 1.90 1.80 1.70 1.60 1.50 1.40 1.30 1.20 1.10 1.00 0.90 0.80 0.70 0.60
515.0
509.1
Figura 59: Espectro de RMN-
1
H (600 MHz) da saponina RP-08.s.1 (ampliação).
PPM (F2) 3.660 3.650 3.640 3.630 3.620 3.610 3.600 3.590 3.580 3.570 3.560
PPM (F1)
1.320
1.310
1.300
1.290
1.280
1.270
1.260
1.250
1.240
1.230
Dif: 0,02 ppm ~ 8 Hz
Figura 60: Mapa de correlação TOCSY da saponina RP-08.s.1 (ampliação). Correlação
entre os sinais em 1,28 e 3,62 ppm.
Resíduo AG – No experimento TOCSY também foi possível correlacionar os quatro
sinais a partir do sinal em 4,38 ppm (referente a um carbono anomérico; Figuras 61 e 62).
Foram estes: 3,24 ppm, 3,36 ppm, 3,51 ppm e 3,75 ppm (com τ igual a 100 e 140 ms). A
Tabela 12 mostra os valores de deslocamento químico de hidrogênio e carbono-13 para o
resíduo AG.
6 Hz
Dif.: 0,02 ppm ~8 Hz
88
PPM (F2) 3.80 3.76 3.72 3.68 3.64 3.60 3.56 3.52 3.48 3.44 3.40 3.36 3.32 3.28 3.24 3.20
PPM (F1)
4.48
4.46
4.44
4.42
4.40
4.38
4.36
4.34
4.32
4.30
4.28
Figura 61: Mapa de correlação TOCSY da saponina RP-08.s.1 (ampliação). Correlação a
partir do sinal em 4,38 ppm.
PPM (F2) 5.2 5.0 4.8 4.6 4.4 4.2 4.0 3.8 3.6 3.4
PPM (F1)
5.2
5.0
4.8
4.6
4.4
4.2
4.0
3.8
3.6
3.4
3.2
Figura 62: Mapa de correlação COSY da saponina RP-08.s.1 (ampliação).
H1
AG
- H2
AG
H1
AG
- H4
AG
H1
AG
- H3
AG
H1
AG
- H5
AG
H1
AG
- H2
AG
89
Tabela 12: Deslocamentos químicos de hidrogênio e carbono-13 no ácido glicurônico.*
AG
1
H
13
C
Glc
13
C
GlcA
13
C
1
4,38 107,0
1
103,7
1
107,1
2
3,24 75,3
2
76,3
2
75,4
3
3,37 77,7
3
78,8
3
78,0
4
3,51 73,2
4
72,5
4
73,4
5
3,76 75,4
5
77,8
5
77,7
6
-- 176,0
6
63,3
6
173,3
Ácido Glicurônico
*Glc refere-se a uma glicose e GlcA refere-se a um ácido glicurônico (Tan e col., 1999).
A partir da análise dos sinais de correlação apresentados nos experimentos COSY,
TOCSY e espectro de RMN de
1
H, temos que os sinais em 3,24 (H2) e 3,37 ppm (H3) se
apresentam como dois tripletos de constantes de acoplamento igual a 8 e 9 Hz (Figura 63),
indicando a orientação equatorial para as hidroxilas das posições 1, 2, 3 e 4. Este fato
sugere fortemente a uma configuração gluco (Ma e col., 1996). Como já mencionado para
RP-08.s.2, a quinovose e a xilose foram excluídas novamente em função da ausência de
uma outra metila (dupleto) de monossacarídeo e pela ausência tanto do pentaacetato de
quinovositol quanto do pentaacetato de xilitol entre os alditóis acetilados.
Os valores de deslocamento químico dos carbonos do interior do anel estão
próximos aos valores registrados para ácido glicurônico terminal e glicose terminal (Tan e
col., 1999). Nos espectros de carbono-13 em metanol não são observadas as presenças de
duas carbonilas. O espectro de carbono-13 obtido para a amostra RP-08.s.1 metilada com
diazometano, apresentou dois sinais referentes a carbonila. Estes sinais só foram
observados após a reação de metilação. Desse modo, essa unidade presente na posição 3 da
aglicona foi caracterizada como sendo o ácido glicurônico (ver item 2.4.2.1.2.b). Não foi
observado um sinal referente ao ácido glicurônico na análise dos acetatos de alditóis, pois
essa análise é indicada para monossacarídeos neutros.
O
HO
HO
OH
HOOC
OH
90
PPM 4.00 3.96 3.92 3.88 3.84 3.80 3.76 3.72 3.68 3.64 3.60 3.56 3.52 3.48 3.44 3.40 3.36 3.32 3.28 3.24 3.20 3.16
1360.0
1351.0
1342.1
1309.6
1301.3
1292.8
Figura 63: Espectro de RMN-
1
H (600 MHz) da saponina RP-08.s.1 (ampliação).
Resíduo Ap – Tanto no experimento COSY quanto no TOCSY, o sinal de hidrogênio
referente ao carbono anomérico em 5,19 ppm, está correlacionado apenas com um sinal em
4,04 ppm (Figura 64; Tabela 13). O mapa de correlação HMBC possibilitou a identificação
de correlações do sinal em 5,19 ppm com o sinal em 80,3 ppm (carbono quaternário;
informação obtida do espectro DEPT) e do sinal em 4,04 ppm com os em 74,9 e 65,3 ppm
(metilenos; informação também obtida do espectro DEPT; Figura 65). Assim, juntamente
com comparações feitas com dados de referência obtidos na literatura, essa unidade foi
identificada como sendo uma apiose. Essa identificação foi confirmada pela análise dos
acetatos de alditóis (ver item 2.4.2.1.2.b).
9 Hz
8Hz
91
PPM (F2) 5.30 5.20 5.10 5.00 4.90 4.80 4.70 4.60 4.50 4.40 4.30 4.20 4.10 4.00 3.90 3.80
PPM (F1)
5.40
5.30
5.20
5.10
5.00
4.90
4.80
4.70
4.60
4.50
4.40
4.30
4.20
4.10
4.00
3.90
3.80
3.70
Figura 64: Mapa de correlação COSY da saponina RP-08.s.1 (ampliação).
75.2
75.1
65.5
65.4
65.0
Figura 65: Espectro de DEPT da saponina RP-08.s.1 (ampliação).
75,2
74,9
65,5
65,3
64,9
H1
Ap
- H2
Ap
92
Tabela 13: Deslocamentos químicos de hidrogênio e carbono-13 na apiose
Ap
1
H
13
C
1
5,19 112,5
2
4,04 79,2
3
-- 80,3
4
3,76 / 4,05 74,9
5
3,59 65,3
Apiose
As correlações observadas estão de acordo com a estrutura proposta para a apiose.
Os sinais 5,19 (H1) e 4,04 ppm (H2) se apresentam como um dupleto (1,7 Hz; Figura 66).
Os sinais referentes aos hidrogênios dos carbonos metilênicos são diastereotópicos, mas
apenas os referentes à posição 4 tem maior não equivalência de deslocamento químico,
mostrando dois dupletos em 3,76 e 4,05 ppm.
PPM 5.64 5.60 5.56 5.52 5.48 5.44 5.40 5.36 5.32 5.28 5.24 5.20 5.16 5.12 5.08
5.1998
Figura 66: Espectro de RMN de
1
H (600 MHz) da saponina RP-08.s.1 (ampliação).
Resíduo ANo experimento TOCSY o sinal de hidrogênio referente a carbono anomérico
em 5,39 ppm está correlacionado com um sinal em 3,80 ppm (também presente no
experimento COSY) e um em 3,85 ppm (Figura 67 e 68). No HMBC as correlações entre
sinal em 5,39 ppm e os sinais em 64,9 e 72,5 ppm (Figura 69) indicam as correlações do
tipo entre o hidrogênio em 1 e o carbono em 3 e entre hidrogênio 1 e carbono 5, sendo o
5,19
HO
O
HO
HO
OH
93
carbono 5 um metileno. Pelo mapa de correlação HSQC o carbono em 72,5 ppm é referente
ao hidrogênio em 3,51 ppm.
PPM (F2) 4.04 4.02 4.00 3.98 3.96 3.94 3.92 3.90 3.88 3.86 3.84 3.82 3.80
PPM (F1)
5.42
5.40
5.38
5.36
5.34
5.32
5.30
5.28
5.26
5.24
5.22
5.20
5.18
5.16
5.14
5.12
5.10
5.08
5.06
5.04
5.02
Figura 67: Mapa de correlação TOCSY da saponina RP-08.s.1 (ampliação).
PPM (F2) 5.30 5.20 5.10 5.00 4.90 4.80 4.70 4.60 4.50 4.40 4.30 4.20 4.10 4.00 3.90 3.80
PPM (F1)
5.40
5.30
5.20
5.10
5.00
4.90
4.80
4.70
4.60
4.50
4.40
4.30
4.20
4.10
4.00
3.90
3.80
3.70
Figura 68: Mapa de correlação COSY da saponina RP-08.s.1 (ampliação).
Considerando a semelhança apresentada pelos espectros de RMN de
13
C e a
probabilidade biossintética da inclusão seqüencial de resíduos de monossacarídeos na
posição 28 (Introdução 1.5.2, pg. 15), é possível esperar que a única diferença entre as duas
saponinas isoladas seja a ausência de uma unidade monossacarídica terminal (em RP-
H1
A
- H5
A
H1
A
- H2
A
H1
A
- H2
A
94
08.s.2). De acordo com a análise dos acetatos de alditol, a unidade monossacarídica ausente
na substância RP-08.s.2 é o monossacarídeo referente ao carbono anomérico 112,2 ppm
(5,29 ppm). Assim, o sinal em 5,39 ppm que está correlacionado diretamente (HSQC) com
o sinal em 94,4 ppm é referente ao mesmo monossacarídeo presente em RP-08.s.2 também
em 94,4 ppm. Como os sinais referentes a apiose já estão atribuídos, a única possibilidade
do sinal de hidrogênio referente ao carbono anomérico apresentar uma correlação do tipo
3
J
CH
com um carbono metilênico, é que este monossacarídeo seja a arabinose. Assim,
juntamente com comparações feitas com dados de referência obtidos na literatura, essa
unidade foi identificada (Tabela 14). A análise dos acetatos de alditóis confirmou a
presença de uma arabinose por coinjeção de padrão (Materiais e Métodos 4.8.2, pg. 119).
PPM (F2) 5.40 5.36 5.32 5.28 5.24 5.20 5.16 5.12 5.08 5.04 5.00 4.96 4.92 4.88 4.84
PPM (F1)
81.0
80.0
79.0
78.0
77.0
76.0
75.0
74.0
73.0
72.0
71.0
70.0
69.0
68.0
67.0
66.0
65.0
64.0
Figura 69: Mapa de correlação HMBC da saponina RP-08.s.1 (ampliação).
H1
A
- C5
A
95
Tabela 14: Deslocamentos químicos de hidrogênio e carbono-13 na arabinose.*
A
1
H
13
C
Ara 1
13
C
Ara 2
13
C
1
5,39 94,4
1
95,8
1
93,5
2
3,80 75,4
2
71,3
2
75,0
3
3,51 72,5
3
73,8
3
70,4
4
3,81 68,1
4
67,9
4
66,3
5
3,56 / 3,86 64,9
5
66,0
5
63,2
Arabinose
* Ara 1 refere-se a uma arabinose terminal esterificada na posição 28 de um triterpeno
oleanólico se e
Ara 2 refere-se a uma arabinose glicosilada em 2 esterificada na posição 28
de um triterpeno oleanólico (Tan e col., 1999).
Resíduo Ap’ – Pelos mapas de correlação COSY e TOCSY, a única correlação
visível com o sinal de hidrogênio referente ao carbono anomérico em 5,29 ppm foi com o
sinal 3,95 ppm (Tabela 15; Figura 70). Pelos altos valores dos deslocamentos químicos
tanto de RMN de
1
H e
13
C (5,29 / 112,2 ppm e 3,95 / 78,2 ppm), conclui-se que essa
unidade se trata de um anel furanosídico. Sabendo que nos espectros de HSQC e DEPT
foram contados 5 carbonos metilênicos e a atribuição dos outros quatro monossacarídeos
utilizou apenas 3 deles, conclui-se também que este último monossacarídeo deve conter 2
carbonos metilênicos. Foi observada também a presença de um sinal referente a um
carbono quaternário em 80,4 ppm (informação obtida pelo experimento DEPT).
A partir desses dados a proposta estrutural seria dada com a presença de duas
unidades de apiose ligadas nas posições 4 (resíduo Ap) e 3. Entretanto, comparando os
resultados das duas amostras (RP-08.s.1 e RP-08.s.2) na análise dos acetatos de alditóis
observou-se que os sinais referentes a apiose geram apenas uma unidade em cada amostra e
o sinal em 25,45 minutos (RP-08.s.1) não esta presente na análise da amostra RP-08.s.2.
Outras evidências para a presença de duas unidades de apiose foram verificadas a
partir de dados da análise dos acetatos de alditóis obtidos por hidrólise ácida de RP-o8.s.1
(ver item 3.4.2.1.2.b, pg. 100).
O
OH
OH
HO
HO
96
Tabela 15: Deslocamentos químicos de hidrogênio e carbono-13 na apiose Ap’.
Ap’
1
H
13
C
1
5,29 112,2
2
3,95 78,2
3
-- 80,4
4
3,77 / 4,05 75,2
5
3,56 65,5
Apiose
PPM (F2) 5.30 5.20 5.10 5.00 4.90 4.80 4.70 4.60 4.50 4.40 4.30 4.20 4.10 4.00 3.90 3.80
PPM (F1)
5.40
5.30
5.20
5.10
5.00
4.90
4.80
4.70
4.60
4.50
4.40
4.30
4.20
4.10
4.00
3.90
3.80
3.70
Figura 70: Mapa de correlação COSY da saponina RP-08.s.1 (ampliação).
Seqüenciamento
Da mesma forma que o seqüenciamento foi inicialmente proposto em RP-08.s.2, os
valores de deslocamento químico de
13
C foram comparados com valores obtidos na
literatura para formular uma proposta de encadeamento dos resíduos monossacarídicos. Foi
visto que os deslocamentos químicos de carbonos referentes às posições 2 (arabinose), 3 e 4
(ramnose) foram deslocados para valores mais altos (valores de deslocamentos químicos
maiores) e, novamente, foi observado um deslocamento para valores mais altos da posição
3 (72,2 a 91,1 ppm) e para valores mais baixos da posição 28 (178,4 a 176,1 ppm) da
aglicona.
Os diagramas de correlação HMBC e T-ROESY (Figura 71 e 72), novamente,
foram úteis para a confirmação do seqüenciamento proposto. Foi observado no experimento
HO
O
HO
HO
OH
H1
Ap’
- H2
Ap’
97
HMBC uma correlação entre os sinais 5,39 e 176,1 ppm, confirmando a posição
esterificada de C1 da arabinose em C28 da aglicona.
A correlação observada no HMBC entre os sinais 4,38 (H1-ácido glicurônico) e
91,2 ppm indica a presença deste resíduo eterificado na posição 3 da aglicona. Essa
informação foi confirmada com a observação da correlação existente no experimento T-
ROESY entre os sinais 4,38 (H1- ácido glicurônico) e 3,17 ppm (H3-aglicona). A
correlação observada no HMBC entre os sinais 5,12 (H1-ramnose) e 75,4 ppm indicou a
ligação da ramnose na posição C2 da arabinose. No experimento T-ROESY, uma
correlação dos sinais 5,12 (H1-ramnose) e 3,80 ppm confirmou essa indicação. Os sinais
em 112,2 (C1-apiose) e 112,5 ppm (C1-apiose Ap’) apresentam correlações (no espectro de
HMBC) com os sinais em 3,62 e 3,76 ppm indicando a ligação de ambos os
monossacarídeos nas posições 3 e 4 da ramnose, respectivamente.
PPM (F2) 5.2 4.8 4.4 4.0 3.6 3.2 2.8 2.4 2.0 1.6 1.2 0.8
PPM (F1)
170
160
150
140
130
120
110
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
Figura 71: Mapa de correlação HMBC da saponina RP-08.s.1 (ampliação).
C1
Ap’
- H3
R
C1
Ap
- H4
R
H1
R
- C2
A
H1
AG
- C3
Agl.
H1
A
- C28
Agl.
98
Figura 72: Mapa de correlação ROESY da saponina RP-08.s.1 (ampliação).
Configurações nos carbonos anoméricos
Os sinais referentes aos hidrogênios dos átomos de carbonos anoméricos
apresentaram constante de acoplamento de 7,3 Hz no dupleto em 4,38 ppm, 1,7 Hz nos
dupletos em 5,19 e 5,29 ppm e 4,3 Hz para o dupleto em 5,39 ppm. O sinal em 5,12 ppm é
um simpleto. Como já mencionado anteriormente, os valores observados para
1
J
CH
(pelo
experimento JCH resolvido) realizado com a amostra RP-08.s.1 foram 164,0 Hz para 94,4
ppm, 170,6 Hz para 101,4 ppm, 157,0 Hz para 107,0 ppm, 169,8 Hz para 112,2 ppm e
169,8 Hz para 112,5 ppm. Logo as configurações foram α para os sinais 94,4, 101,4, 112,2
e 112,5 ppm e β para o sinal 107,0 ppm. Assim a estrutura proposta para RP-08.s.1 foi 3-O-
β-D-glucopiranuronosil-hidroxiolean-12,15-dien-28-oato de 28-O-α-D-apiofuranosil(13)
-[α-D-arabinopiranosil(14)]-α-L-ramnopiranosil(12)-α-L-arabinopiranosila (Figura
73). Essa proposta está de acordo com a análise realizada com TOF-MSMS que gerou um
íon molecular em m/z 1195,5896 [M + Na]
+
.
H1
AG
- H3
Agl.
H1
R
- H2
A
99
O
HO
HO
OH
HOOC
O
O
OH
O
O
Me
O
HO
HO
OH
O
O
C
52
H
80
O
21
O
O
OH
HO
O
HO
OH
OH
Figura 73: Estrutura proposta para RP-08.s.1: 3-O-β-D-glucopiranuronosil-hidroxiolean-
12,15-dien-28-oato de 28-O-α-D-apiofuranosil(13)-[α-D-apiofuranosil (14)] -α-L-
ramnopiranosil(12)-α-L-arabinopiranosila.
Espectrometria de Massas
Esta proposta está de acordo com a análise realizada com TOF-MSMS que gerou
um íon quasimolecular em m/z 1195 [M + Na]
+
(132 unidades da massa a mais do que a
RP-08.s.2; Figura 74; Anexo 7). A observação dos fragmentos de m/z 931 ([M + Na
Api]
+
) e m/z 653 ([M + Na
– Api – Rha – Ara]
+
) confirmam o seqüenciamento e a estrutura
proposta. Novamente, o fragmento de m/z 437 se refere a aglicona quando essa perde todos
os monossacarídeos, confirmando a presença da mesma aglicona. A análise por
espectrometria de massa/massa dos fragmentos do íon precursor em m/z 1195 revelou um
fragmento de m/z 1019, relativo à perda do ácido glicurônico (terminal na posição 3 da
aglicona) e o sinal em m/z 565, que é referente ao trissacadeo da posição 28 da aglicona
(Anexo 7).
100
Figura 74: Proposta de fragmentação resultante de ionização branda para RP-08.s.1.
[M + Na]
+
: Obs: 1195,5896. Calc. para C
57
H
88
O
25
: 1195,55067.
437
653
433
1019
101
3.4.3.1.2.b – Análise dos Acetatos de Alditóis de RP-08.s.1 e RP-08.s.2
Devido à complexidade apresentada pelos espectros de RMN mesmo quando
utilizado um aparelho de 600 MHz, foram realizadas também reações de hidrólise para a
obtenção dos monossacarídeos livres a serem analisados como acetatos de alditol por CG-
EM. A exaustiva análise dos dados dos espectros de RMN em conjunto com informações
obtidas da análise de acetatos de alditóis, possibilitou proposições estruturais completas
para RP-08.s.1 e RP-08.s.2.
As reações de hidrólise ácida foram realizadas com a assistência de micro-ondas por
2 minutos. Em todas as publicações consultadas as reações de hidrólise ácida foram
realizadas em tempos de pelo menos 2 horas a 100 ºC; foi descrita a realização de uma
reação de hidrólise ácida com 2 % de HCl em metanol por 8 dias a 37 ºC (Kesselmeier e
Budzikiewicz, 1979; citado por Hostettmann e Marston, 1995). A elevação brusca da
temperatura e a elevada taxa de movimentação molecular dentro do tubo de reação foram
fatores determinantes para a rápida obtenção dos produtos. É proposto que a aceleração de
reações causada pelas radiações de micro-ondas pode ser resultante tanto do efeito térmico
devido a interações radiação-matéria gerando uma rápida e homogênea elevação da
temperatura, quanto por efeitos térmicos não específicos (Loupy e col., 2004; Sanseverino,
2002).
As análises dos monossacarídeos liberados pelas reações de hidrólise foram
realizadas, primeiramente, após a obtenção dos derivados trimetilsililados com N-
(trimetilsilil)imidazol. Essa derivação foi realizada simplesmente adicionando o reagente de
trimetilsililação à mistura de monossacarídeos liofilizadas obtida da reação de hidrólise. O
cromatograma obtido dos derivados trimetilsililados dos monossacarídeos liberados pelas
reações de hidrólise apresentou um perfil bastante complexo. Entretanto, um teste realizado
com uma mistura de padrões de monossacarídeos (Glc, Gal, Man, Rha, Fuc, Xyl, Rib e
Ara) resultou em um cromatograma simples (Anexo 5), com um sinal para cada unidade de
monossacarídeo. Vale lembrar que essa mistura de padrões não foi sujeita às condições de
hidrólise.
A observação dos cromatogramas complexos apresentados pela análise de derivados
trimetilsililados, após hidrólise, possibilitou concluir que as reações de hidrólise estivessem
102
causando a abertura parcial dos anéis (piranosídicos ou furanosídicos). Daí surgiu a idéia de
seguir com a análise dos acetatos de alditol,que nessa metodologia é feita uma prévia
redução dos monossacarídeos a seus respectivos alditóis (abertura dos anéis). O teste
realizado com os padrões de monossacarídeos sujeito às condições reacionais de hidrólise e
posteriores redução e acetilação produziram um cromatograma de massas simples e
passível de ser analisado. E os espectros de massas gerados em cada fragmento, juntamente
com a co-injeção de alguns dos padrões separadamente, confirmaram a identificação de
cada um dos monossacarídeos (Anexo 6).
Os espectros referentes aos 6-desoxiexoses apresentaram um fragmento de m/z 303
seguido de m/z 289 (-14) e o fragmento base de m/z 170. Os espectros das pentoses
apresentaram um fragmento de maior massa em m/z 289, a Ara e a Xyl, e m/z 217, a Rib, e
o fragmento base de m/z 115. Já os espectros das hexoses apresentaram um fragmento de
maior massa em m/z 361 seguido de um em m/z 289 e o fragmento base de m/z 115
(Esquema 10).
CH
2
OC(O)CH
3
CHO(O)CH
3
CHO(O)CH
3
CHO(O)CH
3
73
145 103
217 157 115
289 187 127
etc...
Esquema 10: Esquema de fragmentação de acetatos de alditol (Kitson e col., 1996).
Estando estabelecido que a técnica de análise de acetatos de alditóis funciona de
maneira mais eficiente produzindo resultados mais evidentes, seguiu-se com a análise dos
monossacarídeos liberados na hidrólise ácida. O cromatograma gerado pela análise dos
monossacarídeos liberados na hidrólise ácida da fração RP-08.s.1 apresentou 5 sinais, dos
quais dois foram identificados através de co-injeção com os padrões utilizados e também
por dedução, usando como base os espectros de massas e os tempos de retenção. Desse
modo foi possível identificar uma arabinose e uma ramnose, nos tempos de retenção 25,9 e
26,3 minutos (Materiais e Métodos 4.8.2, pg. 119). As áreas aos sinais no cromatograma
103
obtido indicam que, possivelmente, os sinais em 25,45, 26,89 e 32,03 minutos são relativos
a dois monossacarídeos idênticos, quando comparado com as áreas dos sinais referentes a
ramnose e a arabinose (Tabela 16). Sendo assim, a análise dos acetatos de alditóis da
amostra RP-08.s.1 revelou a presença de quatro unidades de monossacarídeos neutros.
Tabela 16: Dados de áreas relativas dos sinais do cromatograma dos acetatos de alditóis da
amostra RP-08.s.1.
Tempo de retenção (min) Area Correção da massa
25,45
3245269 16390,24747
25,90
2359142 7970,07432
26,36
3497959 12404,10993
26,89
1533468 5437,82978
32,03
532411 2218,37916
Segundo Harris (1992), a acetilação da apiose pode ocorrer de forma incompleta
levando à formação de pentaacetato e tetraacetato de apiitol, e os sinais correspondentes
aparecendo separados no cromatograma de massas. A análise dos acetatos de alditóis
obtidos de apiina (Figura 75), isolada de Petroselinum crispum (Apiaceae), um flavonóide
constituído de uma glicose e uma apiose (Chaves, 2006), resultou em um cromatograma
com três sinais, sendo o relativo à glicose bem mais intenso (Figura 76). O tempo de
retenção do primeiro sinal se assemelha ao primeiro sinal gerado pela análise dos acetatos
de alditóis da amostra RP-08.s.1 (Anexo 8), o que nos leva a crer que esse sinal pode ser
também advindo da apiose. Estes resultados sugeriram que nas condições utilizadas para a
acetilação está havendo a formação de três acetatos de apiitol, penta, tetra e triacetato, que
eluem nos tempos de retenção 25,45, 26,89 e 32,03 minutos.
104
O
OOH
Figura 75:Estrutura da apiina.
Figura 76: Cromatograma obtido no CG-EM dos monossacarídeos presentes na apiina
reduzidos e acetilados.
A presença do ácido glicurônico não pôde ser determinada pelo método de análise
de acetatos de aditóis. A análise de acetatos de alditóis é direcionada para a a análise de
monossacarídeos neutros (Chaplin e Kennedy, 1994). Um teste foi realizado um teste com
D-Apif-β-D-Glcp-O
105
uma amostra padrão de ácido glicurônico na mesma condição reacional utilizada para
obtenção dos acetatos de alditóis, e como resultado foi observado a degradação de todo o
padrão utilizado na etapa de acetilação.
O cromatograma dos acetatos de alditóis produzidos na hidrólise ácida, redução e
acetilação da fração RP-08.s.2 apresentou 4 sinais (Anexo 8). Foi possível identificar,
novamente, uma arabinose e uma ramnose, nos tempos de retenção 25,5 e 26,0 minutos
(Materiais e Métodos 4.8.2, pg. 119). Os sinais em 26,5 e 31,6 minutos foram relacionados
a formação dos pentaacetato e tetraacetato de apiitol. Conclusão essa sustentada também no
fato de que a soma de suas áreas indicarem a presença de um monossacarídeo, quando
comparado com as áreas dos sinais referentes à ramnose e à arabinose (Tabela 17).
Tabela 17: Dados de áreas relativas dos sinais do cromatograma dos acetatos de alditóis da
amostra RP-08.s.2.
Tempo de retenção (min) Area Correção da massa
25,5
27185852 91844,09459
26,0
29875534 105941,60990
26,5
15336848 54385,98581
31,6
4965957 20691,48750
106
4 – Materiais e Métodos
4.1 – Materiais.
4.1.1 – Fases Estacionárias utilizadas para Cromatografia
- gel de sílica 60 (230-400 mesh ASTM) MERCK
®
.
- gel de sílica 60 (70-230 mesh ASTM) MERCK
®
.
- gel de sílica 60 G (para CCD) MERCK
®
.
-
gel de sílica funcionalizada com grupos octadecilsilano ALDRICH CHEM.
COMPANY
®
.
- Dowex
®
50W-X8 MERCK
®
(resina trocadora de cátion).
4.1.2 – Cromatografia em Camada Delgada (CCD)
- placa (de alumínio) de gel de sílica AL 60 F
254
20 x 20 cm MERCK
®
.
- placa (de vidro) de gel de sílica RP18 F
254S
5 x 10 cm MERCK
®
.
4.1.3 – Solventes
- para cromatografia
Solventes em grau para análise (p.a.) nas cromatografias em camada delgada
e coluna e em grau espectroscópico para análise por cromatografia líquida de alta
eficiência (CLAE). As misturas de solventes foram feitas sempre volume a volume
(v/v).
- para RMN
Solventes deuterados (metanol, clorofórmio, piridina e água).
- para CG-EM
Solventes em grau para análise (p.a.).
4.1.4. – Reagentes
- para preparação dos meios reacionais foram utilizados reagentes em grau para
análise e para meio aquoso empregou-se água desmineralizada.
- para a análise das CCD foram utilizados os seguintes reagentes cromogênicos
(Jork, 1990; Randerath, 1968):
Sulfato cérico a 2% em ácido sulfúrico 2 N.
107
Anisaldeído sulfúrico – 0,5 mL de anisaldeído em 10 mL de ácido acético
glacial. Adicionar 85 mL de metanol e 5ml de ácido sulfúrico concentrado, aquecer
a 100
0
C/5 min.
Draggendorff – solução A: 16 g de iodeto de potássio dissolvido em 40ml de
água; solução B: 1,7 g de nitrato de bismuto e 20 g de ácido tartárico dissolvido em
80 mL de água. Misturar 1:1 das soluções A e B. Para o reagente em spray:
adicionar 5 mL da solução estoque a 10 g de ácido tartárico em 50 mL de água.
Orcinol Sulfúrico – 2 g do sal misturados a 100 mL de uma solução de
H
2
SO
4
a 20% em etanol.
Reagente de Lieberman-Bouchard – à uma alíquota da amostra seca
solubilizada em clorofórmio é adicionado um mililitro de anidrido acético e três
gotas de ácido sulfúrico concentrado.
NP (“natural products”) – dissolver 1 g de éster etílico do ácido 2-
aminodifenilbórico em 100 mL de metanol para borrifar sobre a placa de CCD.
- para as reações de derivação foram realizadas utilizando os reagentes:
Hidreto de Boro e Sódio (NaBH
4
), em grau para análise VETEC
®
.
Ácido acético glacial VETEC
®
.
Piridina VETEC
®
seca e destilada
Anidrido acético REAGEN
®
destilado.
N-(trimetilsilil)imidazol (C
6
H
12
N
2
Si), em grau para análise ACROS
ORGANICS
®
.
- preparação da solução de monossacarídeos padrão:
Uma mistura de 1 mg de cada um dos padrões de monossacarídeos (Glicose,
Galactose, Manose, Fucose, Ramnose, Ribose, Xilose e Arabinose) foi retirado uma
alíquota de 1 mg para a realização das análises.
108
4.2 – Equipamentos
4.2.1 – Cromatógrafos
- para CLAE modo analítico foi utilizado cromatógrafo com sistema injetor com
“loop” de 20 µl, uma bomba SHIMADZU
®
modelo LC-10AD, um detector de feixe de
diodos (D.A.D.) SHIMADZU
®
modelo SPD-M10A VP e um sistema de controle
SHIMADZU
®
modelo SCL-10A VP. O modo Spectrum Max Plot é um cromatograma
onde cada ponto é lanchado no seu valor máximo de absorbância. Este gera uma indicação
da aparência do cromatograma quando o comprimento de onda é otimizado para cada sinal
presente.
- para CLAE modo semipreperativo foi utilizado cromatógrafo com sistema injetor
com “loop” de 100 µl, duas bombas SHIMADZU
®
modelo LC-10AS , um detector ultra-
violeta SHIMADZU
®
modelo SPD-10A e um integrador Chromatopac SHIMADZU
®
modelo C-R6A.
- para cromatografia de permeação em gel (CPG) foi utilizado um cromatógrafo
dotado de uma bomba WATERS
®
modelo 510 e um detector de índice de refração
diferencial WATERS
®
modelo 410.
4.2.2 – Espectrômetros / Espectrofotômetros
- para infravermelho (IV) NICOLET MAGNA modelo I.R. 760 em disco de KBr
anidro (pastilha comprimida).
- para RMN foram utilizados os espectrômetros Varian Gemini 200, Bruker DRX
400 e Bruker DRX 600. Os deslocamentos químicos (δ) foram expressos em partes por
milhão (ppm) e as constantes de acoplamento em Hertz (Hz). As áreas relativas dos sinais
foram obtidas por integração eletrônica e a multiplicidade destes descrita como: simpleto
(s), dupleto (d), tripleto (t), multipleto (m) e dupleto duplo (dd). Os experimentos DEPT (1-
D), HSQCeditado, HMBC, COSY, TOCSY e T-ROESY foram realizados usando-se o
software de aquisição pertencentes aos sistemas utilizados. A calibração dos espectros foi
feita com o sinal do TMS (preferencialmente) ou com o sinal do solvente utilizado. A
Tabela 18 mostra as condições gerais utilizadas para a obtenção dos espectros de RMN. Os
processamentos dos espectros foram realizados utilizando-se os software SpinWorks 2.5.4
e MestReC.
109
Tabela 18: Condições gerais para obtenção dos experimentos de RMN.
Experimentos
Mixing Time
(ms)
Tempo de contato
(ms)
Const. de acoplamento
Hz
HSQCeditado
- - 145
HMBC
- - 7 e 2
TOCSY
- 70 e 140 -
T-ROESY
300 - -
- para CG-EM foi utilizado um cromatógrafo a gás acoplado a espectrômetro de
massas (CG-EM) SHIMADZU
®
modelo GCMS-QP5000 equipado com coluna
PHENOMENEX
®
ZEBRON
TM
ZB-5 ms (30 m, 25 mm DI, com filme de 0,25 µm de
espessura; 5% fenilmetilsilicone).
- para MSMS, foi utilizado um espectrômetro Micromass q-TOF, com ionização por
“eletrospray” no modo positivo. Nos experimentos MS/MS a seleção da massa a ser
analisada foi realizada no quadrupolo e o gás de colisão foi o hélio. A análise dos
fragmentos do íon precursor nestas condições foi realizada no TOF com resolução de 5000.
- para medidas no ultravioleta (UV) foi utilizado um espectrofotômetro
SHIMADZU
®
modelo
U.V.-1601 com cubetas de quartzo com caminho ótico de 1 cm QS
HELLMA
®
.
4.2.3 – Outros
- colunas utilizadas para cromatografias:
Colunas para cromatografia “flash” de 20 x 300 mm e 50 x 300 mm,
empacotadas com aproximadamente 10 g e 25 g da fase estacionária (gel de sílica
60 (230-400 mesh ASTM) – MERCK
®
), respectivamente como descrito por Still
em 1978.
Coluna aberta de 1 x 20 cm, com vidro sinterizado acima da torneira para
cromatografia líquida à vácuo (CLV) com cerca de 15 g de fase estacionária (gel de
sílica 60 G para CCD).
Coluna segundo Michel & Miller com aproximadamente 30 g da fase
estacionária (gel de sílica funcionalizada com grupos octadecil-silano – ALDRICH
CHEM. COMPANY
®
).
110
Coluna Symmetry Shield
TM
(RP-18, 5 µm), de 4,6 x 250 mm WATERS
®
para CLAE no modo analítico e coluna µ-Bondapak
TM
(RP-18), de 7,8 x 300 mm
WATERS
®
para CLAE no modo semipreparativo.
Coluna WATERS STYRAGEL
®
modelo HT 6E de 7,8 x 300 mm para CPG.
- bombas de vácuo e compressor utilizados nas cromatografias sob vácuo, “flash” e
média pressão:
Compressor (freqüência 50/80 Hz) INALAMAX
®
.
Compressor e Bomba de vácuo Millipore
®
.
Bomba peristáltica de média pressão BIO-RAD
®
modelo EP-1 Econo pump.
- aparelho gerador de ultra-som de baixa freqüência THORNTON
®
(T-14).
- coletor de fracionamento BIO-RAD
®
modelo nº 2110.
- liofilizador LABCONCO
®
.
- evaporador rotatório PEMEM
®
juntamente com uma bomba de vácuo COLE
PARMER INSTRUMENT COMPANY modelo 7049-50 e um banho FISATOM
®
modelo
550 (1200 W 230 V).
- microondas PANASONIC
®
modelo NN7809 BH (freqüência de microondas –
2450 MHz).
- tubo de reação sob pressão ACE GLASS CORPORATION (15 x 1 cm).
4.3 – Métodos e Técnicas
- a obtenção dos extratos brutos foi realizada com o auxílio do aparelho de ultra-
som e com o extrator de Soxhlet.
- as partições foram realizadas em funis de separação sendo utilizados volumes
iguais dos diferentes solventes em cada partição, sendo o método repetido três vezes para
cada solvente particionado.
- as reações de derivatização foram realizadas utilizando os reagentes:
Hidreto de Boro e Sódio (NaBH
4
)
Ácido acético glacial
Piridina seca e destilada
Anidrido acético destilado
N-(trimetilsilil)imidazol
111
4.3 – Obtenção do material botânico
As raízes de Chiococca alba L. Hitch foram coletadas no município de Nova
Friburgo, no Estado do Rio de Janeiro. A identificação botânica foi realizada pelo Dr.
Sebastião Neto do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. A exsicata encontra-se depositada no
Herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro sob o número de registro RB395399.
4.5 – Obtenção dos extratos brutos
As raízes secas de C. alba (410 g), foram trituradas em moinho de navalhas e
submetidas inicialmente à extração com hexano (E.H.b.) e, posteriormente, com
diclorometano (E.dCl.b.) e etanol (E.E.b.), com auxílio do aparelho de ultra-som à
temperatura ambiente (Esquema 11). Foram deixados em contato o material botânico e
cada um dos solventes durante três ciclos de quinze minutos cada. A filtração dos extratos
foi acompanhada por rápidas lavagens com os respectivos solventes de extração (200 mL).
Os extratos assim obtidos foram concentrados à secura sob pressão reduzida, sendo
anotados seus rendimentos (0,6 % para o E.H.b., 0,3 % para o E.dCl.b. e 6,0 % para o
E.E.b. em relação ao material botânico).
Por motivos de comparação, foram realizadas extrações consecutivas com o extrator
de Soxhlet. Foram utilizadas quantidades comparáveis de planta para cada extração. As
extrações com o extrator de Soxhlet foram realizadas apenas com etanol, para a obtenção
de um extrato bruto a ser posteriormente particionado a fim de se obter os extratos de
polaridades distintas. Já as extrações auxiliadas pelo ultra-som foram realizadas
diretamente com os solventes de polaridades distintas.
Cada um dos três extratos (E.H.b., E.dCl.b. e E.E.b.) foi fracionado de maneira
diferenciada e específica, de acordo com seus diferentes comportamentos, frente aos
variados reagentes cromogênicos em CCD, como orcinol sulfúrico, Draggendorff,
anisaldeído sulfúrico e sulfato cérico. O fracionamento foi devidamente monitorado por
cromatografia em camada delgada para avaliação da pureza e do perfil apresentado por
cada fração.
112
Esquema 11: Esquema mostrando o procedimento de extração realizado com auxílio do
ultra-som.
4.6 – Fracionamento dos extratos brutos
2,5 g do extrato bruto em hexano (E.H.b.) foram ressuspendidos em metanol (10
mL) dando origem a um precipitado branco-amarelado (Ppt. 1; 1,7 g), lavado em seguida
com acetona (3 x 10 mL). A análise desse precipitado foi realizada por RMN (
1
H e
13
C),
cromatografia de permeação em gel (CPG) e espectrofotometria no I.V. O mesmo
procedimento descrito acima foi realizado com o extrato bruto em diclorometano obtendo-
se o mesmo precipitado Ppt.1 (0,8 g).
Ppt1: aspecto amorfo branco-amarelado; RMN de
1
H (200 MHz, TMS δ = 0,
CDCl
3
) δ (ppm): 1,65 (s, CH
3
); 2,05 (sl, CH
2
); 5,10 (tl, CH); RMN de
13
C (50 MHz, TMS δ
= 0, CDCl
3
) δ (ppm): 23,31 (CH
3
); 26,28 (CH
2
); 32,0 (CH
2
); 124,9 (CH); 135,0 (Cq); I.V.
v
KBr
: número de onda (cm
-1
): 837 (m); 1376 (i); 1449 (i); 1664 (f); 2726 (f); 2853 (i); 2917
(i); 2961 (i); 3036 (f). Permeação em gel: peso molecular médio igual a 57509 unidades
(baseado na curva padrão realizada com poliestireno).
4.6.1 – Extrato hexânico
O extrato hexânico obtido após a exclusão do material precipitado (E.H.) foi
concentrado sob pressão reduzida fornecendo um resíduo pesando 800 mg (30% do extrato
original em hexano). Este material foi, em seguida, submetido à cromatografia em coluna
Material botânico
extra
ç
ão com hexano
Material botânico
Extrato hexânico ; E.H.b.
extra
ç
ão com diclorometano
Material botânico
Extrato diclorometânico ; E.dCl.b.
extra
ç
ão com etanol
Material botânico
Extrato etanólico ; E.E.b.
113
“flash”, tendo sido obtidas 41 frações de aproximadamente 30 mL cada. As frações 1 a 3
(E.H.1-3, 120 mg) foram reunidas de acordo com suas semelhanças cromatográficas (CCD)
e submetidas à cromatografia com fase gasosa com detecção de massas (por impacto de
elétrons-70 eV; Esquema 12). A partir do cromatograma e dos espectros obtidos foi
possível a caracterização de três substâncias principais nos tempos de retenção 18,91, 29,02
e 30,48 minutos (E.H.1-3.1; E.H.1-3.2; E.H.1-3.3).
Esquema 12: Fluxograma para o fracionamento do extrato hexânico.
E.H.1-3.1 (18,91 minutos): IE-EM m/z : 191; 161; 121; 95; 81; 69; 55.
E.H.1-3.2 (29,02 minutos): IE-EM m/z : 424; 409; 325; 311; 300; 271; 257; 245; 231; 205;
204; 189; 173; 149; 147; 133; 109; 95; 81; 69; 55.
E.H.1-3.3 (30,48 minutos): IE-EM m/z : 424; 409; 325; 311; 285; 271; 257; 245; 231; 201;
173; 147; 123; 109; 95; 81; 69; 55.
41 fra
ç
ões
E.H.1-3
CG-EM
Injetor: 270 ºC
Interface: 230 ºC
Temperatura da coluna: 60 ºC a
290 ºC (20 ºC/min.)
E.H.b.
precipitação com MeOH
Coluna com Gel de Sílica:
1300ml de hexano/acetato de etila, 85:15 (v/v); 200ml de
acetato de etila, 100%
E.H.; 800 mg
P
p
t. 1
E.H.1-3.1
E.H.1-3.2
E.H.1-3.3
114
4.6.2 – Extrato diclorometânico
O extrato em diclorometano obtido após a exclusão do material precipitado (E.dCl.;
1,2 g) foi concentrado e submetido à cromatografia “flash” tendo como fase estacionária
aproximadamente 10 g de gel de sílica impregnada com KOH. O gel de sílica foi
previamente tratado com uma solução saturada de KOH em álcool iso-propílico (50 g/l). A
eluição foi realizada pela adição de hexano a 100 % (gerando a fração E.dCl.H.) seguido
por diclorometano a 100 % (gerando a fração E.dCl.dCl.), metanol a 100% (gerando a
fração E.dCl.Me.) e metanol-ácido fórmico a 20% (gerando a fração E.dCl.Me/ac.).
Através de análises feitas com CCD, pôde-se determinar a presença das substâncias-alvo na
fração em metanol (E.dCl.Me.) que, após adição de água e posterior acidificação com
ácido clorídrico (10 N) a um pH equivalente a 1, foi particionada com diclorometano para a
obtenção das substâncias ácidas livres (440 mg).
Para a separação dos ácidos graxos presentes das substâncias de interesse,
prosseguiu-se com uma rápida coluna de cromatografia “flash” com aproximadamente 5 g
de gel de sílica funcionalizada com octadecilsilano (RP-18). Essa coluna foi eluída com
volumes iguais de metanol (E.dCl.Me.1) e diclorometano (E.dCl.Me.2), e gerou apenas
duas frações de 50 mL; 277 e 133 mg, respectivamente. Essas duas frações foram metiladas
com diazometano e analisadas por CG-EM (esquema 13). A partir da análise dos dados
obtidos dessa análise puderam ser identificados quatro triterpenos ácidos de classe dos
oleananos e ursanos, nos tempos de retenção 17,25, 18,28, 19,47 e 21,16 minutos
(E.dCl.Me.1.1; E.dCl.Me.1.2; E.dCl.Me.1.3; E.dCl.Me.1.4), da fração E.dCl.Me.1.
115
Esquema 13: Fluxograma para o fracionamento do extrato diclorometânico.
E.Cl.Me.1.1 (17,25 minutos): IE-EM m/z: 466; 407; 260; 245; 231; 213; 201; 187; 171;
157; 157; 145; 131; 119; 105; 95; 81; 69; 55.
E.Cl.Me.1.2 (18,28 minutos): IE-EM m/z: 468; 260; 245; 231; 207; 201; 187; 173; 157;
145; 131; 119; 105; 95; 81; 69; 55.
E.Cl.Me.1.3 (19,47 minutos): IE-EM m/z: 470; 411; 262; 263; 233; 207; 203; 189; 175;
161; 147; 133; 119; 105; 95; 81; 69; 55.
E.Cl.Me.1.4 (21,16 minutos): IE-EM m/z: 470; 410; 339; 314; 263; 262; 248; 233; 207;
203; 189; 173; 161; 147; 133; 119; 105; 95; 81; 69; 55.
E.dCl.b.
Ppt. 1
CC com Gel de Sílica - KOH
e eluida com: Hexano
CH
2
Cl
2
MeOH
MeOH / Ác
Fórmico
(8:2)
Adicionou-se H
2
O / HCl pH = 1;
Particionar com diclorometano
E.Cl.Me.
coluna “flash” com Gel de Sílica RP-18
F.M.: metanol 100% e diclorometano 100%
E.Cl.Me.2
E.dCl.H E.dCl.dCl E.dCl.Me E.dCl.Me/ac.
p
reci
p
ita
ç
ão com MeOH
E.Cl.Me.1
CG-EM
Injetor: 270ºC
Interface: 250 ºC
Temperatura da coluna: 60 ºC a
290 ºC (30 ºC/min.)
E.Cl.Me.1.1
E.Cl.Me.1.2
E.Cl.Me.1.3
E.Cl.Me.1.4
E.dCl.
116
4.6.3 – Extrato etanólico
Para os procedimentos realizados no fracionamento do extrato etanólico foi
necessário retornar à fase de obtenção dos extratos brutos a fim de obter uma quantidade
maior de material de partida. Já foi anteriormente citado que o peso molecular elevado, a
polaridade elevada e a possibilidade de misturas bastante complexas caracterizam uma
considerável dificuldade nos processos de purificação e elucidação estrutural de saponinas.
Desse modo, optou-se por repetir a obtenção dos extratos brutos com mais 200 g do
material botânico utilizado.
O E.E.b. foi concentrado à secura sob pressão reduzida (12,05 g) e então
ressuspendido em água destilada. Com essa solução foram realizadas partições com
diclorometano; e a fração aquosa resultante foi particionada com butanol. A fração
butanólica (E.E.Bu.; 4,00 g) assim obtida foi concentrado sob pressão reduzida e o resíduo
resultante foi ressuspendido em metanol. Após precipitação controlada por diferença de
solubilidade com excesso de éter etílico (30 mL) da solução concentrada de metanol o
precipitado (E.E.Bu.ppt.; 2,02 g) foi submetido à cromatografia líquida sob média pressão
(CLMP) em gel de sílica funcionalizada com octadecilsilano (RP-18), na qual foram
isoladas frações ricas em substâncias glicosiladas. Ensaios colorimétricos (principalmente
Liebermann-Bouchard e orcinol sulfúrico), espectros de ressonância magnética (
1
H e
13
C) e
a formação de espuma em abundância sugeriram a presença de substâncias da classe das
saponinas. A coluna de CLMP foi eluída com um gradiente de concentração crescente de
metanol em água (água 100%, água/metanol 90 %, água/metanol 80 %, água/metanol 70 %,
água/metanol 50 %, água/metanol 30 %, metanol 100 %). Foram obtidas 163 frações de
aproximadamente 7 mL cada, em um fluxo de eluição de 15 mL por minuto. A análise das
frações oriundas dessa primeira coluna no U.V. a 220 nm estabeleceu um cromatograma
passível de uma separação de dez grupos distintos (Esquema 14).
117
Fr. a
q
uosa ~200mlFiltrado retomado em
EtOH
(1)-particionado com CH
2
Cl
2
(2)-particionado com BuOH
E.E.Bu.
MeOH;
Et
2
O (30 mL)
E.E.Bu.ppt.; 500 mg
- não homogêneo;
- CCD (RP-18)
vanilina e orcinol sulfúrico
Fr. em éter etílico
sobrenadante
CC com Gel de Sílica RP-18:
F.M.: gradiente de H
2
O e
MeOH Æ 80 frações de 5 mL
100% MeOH Æ ~130 mL
Lieberman-Bouchard
U.V. em 220 nm – 10 grupos de fr.
RP-01
RP-02
RP-03
RP-04
RP-05
RP-06
RP-07
RP-08.s
RP-09.s
RP-10.s
E.E.b.
Esquema 14: Fluxograma para o fracionamento do extrato etanólico.
4.6.4 – Purificação das saponinas
As frações ricas em saponinas obtidas da coluna cromatográfica sob média pressão
(CLMP) foram posteriormente purificadas com a utilização da cromatografia líquida de alta
eficiência (CLAE) com fase estacionária inversa (RP-18) e fase móvel metanol-água-ácido
trifluoroacético (60:40:0,0125, v/v/v). O cromatograma foi obtido com detecção no U.V.
(D.A.D.) a 203 nm. Foram realizadas injeções analíticas com 10 µg em 20 µl da fase móvel
das frações RP-08.s, RP-09.s e RP-10.s.
Os procedimentos semipreparativos de CLAE foram realizados com injeções de 25
mg em 100 µl, sendo injetados um total de 400 mg da fração RP-08.s. O cromatograma foi
Ressuspendido em H
2
O
destilada e filtrado
118
obtido com detecção por U.V.. Foram, assim, obtidas duas saponinas purificadas (RP-
08.s.1 e RP-08.s.2), nos tempos de retenção de 49 e 66 minutos (78 mg e 48 mg).
RP-08.s.1 (49 minutos):
13
C (50 MHz, CD
3
OD), δ (ppm): 16,1 (CH
3
); 17,0 (CH
3
); 18,3
(CH
3
); 18,5 (CH
3
); 19,6 (CH
2
); 23,6 (CH
3
); 24,4 (CH
2
); 25,1 (CH
3
); 27,1 (CH
2
); 28,5
(CH
3
); 31,3 (C); 33,8 (CH
2
); 33,9 (CH
3
); 33,9 (C); 34,1 (CH
2
); 35,7 (CH
2
); 38,2 (C); 39,8
(CH
2
); 40,3 (C); 41,3 (C); 43,5 (CH); 44,6 (CH
2
); 45,6 (C); 48,7 (CH); 57,2 (CH); 64,9
(CH
2
); 65,3 (CH
2
); 65,5 (CH
2
); 68,1 (CH); 69,0 (CH); 72,3 (CH); 72,5 (CH); 73,3 (CH);
74,9 (CH
2
); 75,1 (CH
2
); 75,4 (CH); 77,7 (CH); 78,3 (CH); 78,8 (CH); 79,3 (CH); 80,4 (C);
80,7 (C); 80,8 (CH); 91,2 (CHOH); 94,5 (CH); 101,5 (CH); 107,0 (CH); 112,2 (CH); 112,5
(CH); 124,7 (CH); 128,6 (CH); 137,8 (CH); 141,5 (C); 176,1 (C=O).
1
H (600 MHz,
CD
3
OD), δ (ppm): 0,64; 0,86; 0,88; 0,88; 0,90; 0,93; 1,06; 1,17; 1,28; 2,92; 3,17; 4,38;
5,12; 5,19; 5,29; 5,39; 5,44; 5,54; 5,67. [M + Na]
+
Observado: m/z 1063,4811; Calculado
para C
52
H
80
O
21
: m/z 11063,50898.
RP-08.s.2 (66 minutos):
13
C (50 MHz, CD
3
OD), δ (ppm): 16,0 (CH
3
); 16,9 (CH
3
); 18,3
(CH
3
); 18,5 (CH
3
); 19,4(CH
2
); 23,5 (CH
3
); 24,3 (CH
2
); 25,0 (CH
3
); 27,1 (CH
2
); 28,4
(CH
3
); 31,3 (C); 33,6 (CH
2
); 33,6 (CH
3
); 33,6 (C); 33,8 (CH
2
); 35,6 (CH
2
); 38,2 (C); 39,7
(CH
2
); 40,2 (C); 41,2 (C); 43,4 (CH); 44,6 (CH
2
); 45,5 (C); 48,7 (CH); 57,0 (CH); 64,0
(CH
2
); 65,5 (CH
2
); 67,4 (CH); 68,9 (CH); 71,7 (CH); 72,5 (CH); 73,2 (CH); 74,4 (CH);
75,1 (CH
2
); 75,3 (CH); 77,7 (CH); 78,4 (CH); 79,9 (CH); 80,6 (C); 91,1 (CHOH); 94,1
(CH); 101,5 (CH); 107,0 (CH); 111,6 (CH); 124,6 (CH); 128,7 (CH); 137,5 (CH); 141,6
(C); 176,1 (C=O).
1
H (600 MHz, CD
3
OD), δ (ppm): 0,63; 0,85; 0,88; 0,90; 0,93; 1,06;
1,16; 1,27; 2,93; 3,17; 4,38; 5,06; 5,33; 5,46; 5,44; 5,55; 5,66. [M + Na]
+
Observado: m/z
1195,6062; Calculado para C
55
H
88
O
25
: m/z 1195,55124.
4.7 – Hidrólises
As hidrólises ácidas das saponinas (2,00 mg) foram realizadas com uma solução a
0,5 N de ácido trifluoroacético (TFA) em tubo de reação sob pressão, por 2 minutos em
aparelho de microondas doméstico sob potência máxima. Passados esses 2 minutos uma
partição com éter etílico (em água) permitiu a separação da porção aglicona da porção
119
sacarídica. As frações etéreas contendo a aglicona foram evaporadas em evaporador
rotatório, sob pressão reduzida e as frações aquosas foram liofilizadas.
Foi realizada também uma reação de hidrólise ácida com uma solução de 1 N de
ácido trifluoroacético (TFA) sob refluxo por 3 horas. Essa foi realizada com a finalidade de
comparação com as hidrólise sob microondas.
As hidrólises básicas de ambas as saponinas foram realizadas com uma solução de
0,5 M de KOH sob refluxo por 3 horas. Em seguida, a mistura reacional foi submetida a
uma coluna contendo cerca de 30 mL de resina Dowex 50W-X8, ativada com 150 mL de
ácido clorídrico a 1 N, a fim de se eliminar o potássio. A solução neutralizada foi liofilizada
e submetida a uma coluna contendo cerca de 10 mg de gel de sílica de fase inversa (RP-18).
Essa coluna foi eluida com 30 mL de água seguida de 30 mL de metanol para a separação
do oligossacarídeo da pró-saponina (C3).
4.8 – Obtenção dos produtos derivados
4.8.1 – Estér Metílico da Aglicona
A aglicona obtida da reação de hidrólise foi submetida à reação de metilação com
diazometano para posteriormente ser analisada por cromatografia com fase gasosa e
detecção de massas. A identificação da estrutura da aglicona foi confirmada por
comparação dos dados espectrométricos e espectroscópicos (RMN de
1
H e de
13
C) com
valores de referência da literatura. A cromatografia com fase gasosa e detecção de massas
foi realizada sob as seguintes condições:
Injetor: 270 ºC
Interface: 250 ºC
Temperatura da coluna: 60 a 290 ºC (30 ºC/min)
Coluna: 5% fenilmetilsilicone
Dimensões: 30 m x 0,25 mm
Fluxo: 1 ml/min
IE-EM m/z: 468; 260; 245; 231; 207; 201; 187; 173; 157; 145; 131; 119; 105; 95; 81; 69;
55.
120
4.8.2 – Acetatos de Alditóis
A identificação dos monossacarídeos obtidos das reações de hidrólise e de padrões
selecionados foi realizada através da análise dos acetatos de alditóis dos monossacarídeos.
A redução dos açúcares obtidos das frações aquosas liofilizadas da hidrólise foi realizada
com uma solução de boroidreto de sódio (NaBH
4
) em água desmineralizada (cerca de 3,0
mg de NaBH
4
em 1 mL de água). Após 2 horas, o excesso de boroidreto foi destruído com
ácido acético glacial (cerca de 100 µl). A solução foi, então, passada em uma coluna
montada com uma pipeta de Pasteur (200 x 5 mm) contendo cerca de 1 mL de resina
Dowex 50W-X8, ativada com 5 mL de ácido clorídrico a 1 N, a fim de se eliminar o sódio.
A solução eluída dessa coluna foi liofilizada tratada com metanol e evaporada visando a
eliminação do borato residual. As reações de acetilação dos resíduos de monossacarídeos
reduzidos foram realizadas com uma mistura de anidrido acético destilado e piridina seca
na proporção de 3:2 (2 mL). As reações foram realizadas por 1 hora a 60 ºC sob agitação e
ao abrigo da luz. Após esse tempo as reações foram cessadas com a adição de água e o
produto acetilado foi extraído com diclorometano (2 x 1:1). O solvente foi eliminado em
evaporador rotatório, sob pressão reduzida, e o solvente remanescente (piridina) foi
eliminado por evaporação a vácuo. Os acetatos de alditóis assim obtidos foram submetidos
à análise por cromatografia com fase gasosa e detecção de massas (CG-EM). A CG-EM foi
realizada sob as seguintes condições:
Injetor: 270 ºC
Interface: 250 ºC
Temperatura da coluna: 110 a 290 ºC (4 ºC/min)
Coluna: 5% fenilmetilsilicone
Dimensões: 30 m x 0,25 mm
Fluxo: 1 ml/min
Os tempos de retenção e os espectros de massas dos acetatos de alditóis obtidos
foram comparados com acetatos de alditóis de padrões de ramnose, arabinose, fucose,
xilose, ribose, manose, glicose e galactose. Para ambas as amostra RP-08.s.1 e RP-08.s.2
foi possível a identificação direta por co-injeção de ramnose e arabinose (Anexo 8).
121
4.8.3 – Derivados Trimetilsililados dos monossacarídeos
Foi realizada também a análise de derivados trimetilsililados dos monossacarídeos
obtidos das reações de hidrólise e de padrões selecionados. Para tal, foram adicionados 100
µl de N-(trimetilsilil)imidazol ao resíduo sacarídico seco obtido das hidrólises. As reações
de trimetilsililação foram feitas por 5 minutos sob agitação e as soluções foram submetidas
à análise por CG-EM. As condições de análise foram as seguintes:
Injetor: 270 ºC
Interface: 250 ºC
Temperatura da coluna: 110 a 250 ºC (4 ºC/min)
Coluna: 5% fenilmetilsilicone
Dimensões: 30 m x 0,25 mm
Fluxo: 1 ml/min
122
5 – Conclusões
Foi observado que a obtenção dos extratos de maneira diferencial com o auxílio de ultra-
som foi bastante eficiente em comparação com a obtenção por meio do aparelho de
Soxhlet. A economia de tempo e a manutenção da temperatura ambiente foram os fatores
considerados determinantes para a escolha do modelo desenvolvido para a extração com o
ultra-som.
A partir dos extratos em hexano e diclorometano foi isolado um poliisopreno caracterizado
por CPG e ressonância magnética nuclear de hidrogênio e carbono-13. Essa estrutura ainda
não havia sido descrita para a espécie C. alba.
A partir do extrato em hexano foram identificados os triterpenos pentacíclicos filic-7-en-3-
ona e fern-7-en-3-ona. Ambas as substâncias não possuem descrição na espécie C. alba,
sendo a filic-7-en-3-ona uma substância inédita.
Do extrato em diclorometano foram identificados o ácido ursólico, ácido oleanólico, ácido
3β-hidroxiolean-12,15-dien-28-óico e um derivado triênico do ácido 3β-hidroxioleanólico
por CG-EM após metilação com diazometano de uma fração isolada. O derivado triênico
do ácido 3β-hidroxioleanólico ainda não possui registros nem para a espécie C. alba, sendo
uma substância inédita.
Do extrato em etanol foram isolados e identificados duas saponinas triterpenoídicas. São
elas: 3-O-β-D-glucopiranuronosil-hidroxiolean-12,15-dien-28-oato de 28-O-α-D-
apiofuranosil(13)-[α-D-apiofuranosil(14)]-α-L-ramnopiranosil(12)-α-L-arabino
piranosila e a 3-O-β-D-glucopiranuronosil-hidroxiolean-12,15-dien-28-oato de 28-O-α-D-
apiofuranosil(13)-α-L-ramnopiranosil(12)-α-L-arabinopiranosila. Ambas as são
inéditas.
123
Foi observado que a intensa sobreposição de sinais nos espectros de ressonância magnética
nuclear, principalmente de hidrogênio, tornou a elucidação estrutural das saponinas em
questão um processo bastante complexo. A utilização apenas de dados dos espectros de
ressonância magnética nuclear obtidos não permitiram a completa identificação estrutural.
Para elucidação estrutural inequivoca, métodos químicos de análise tiveram de ser
utilizados.
Foi também observado que a técnica de análise dos acetatos de alditóis não deve ser tida
como uma técnica universal para a identificação de monossacarídeos. É sabido que essa é
uma técnica utilizada apenas para monossacarídeos neutros, não gerando resultado acerca
de ácidos urônicos, por exemplo. Adicionalmente, a acetilação da apiose deve ser otimizada
com a finalidade de se obter um derivado peracetilado.
124
6 – Anexos
Anexo 1
Relação das classes de substâncias caracterizadas em espécies da família Rubiaceae (de
1990 a 2005).*
Espécie Composto (s) Referência (s)
Triterpenos pentacíclicos glicosilados: der.
oleanólicos
Fan e col., 1997
Adina rubella
Triterpenos pentacíclicos glicosilados
He e col., 1996
Iridóides: iridolactonas
Alberta magna
Ciclopentenos dialdeídicos
Drewes e col., 1998
Triterpenos pentacíclicos: der. oleanólico e ursólico
Flavonóides: flavonas
Alibertia
myrciifolia
Cumarinas metoxiladas
Luciano e col., 2004
Anthocepalus
cadamba
Esteróides
Agusta e cols.,1998
A. chinensis
Iridóides e seco-iridóide glicosilado
Apiglicosídeos fenólicos
Alcalóides indólicos
Kitagawa e col., 1996
Antirhea acutata
Triterpeno-metilésteres: nor-seco-cicloartano
Lee e col., 2001
A. lucida
Alcalóides indólicos
Weniger e cols.,1995
A. portoricensis
Alcalóides indólicos
Weniger e col., 1994
Argostemma yappii
King.
Alcalóide pirrolidinoindólico
[a] Dachriyanus e col.,
2000
Borreria
verticillata
Alcalóide bis-indólico
[a]Balde e col., 1991
Burchellia bubalina
α- e β-Gardiol
Drenes e col., 1998
Calycophyllum
spruceanum
seco-Iridóides glicosilados
Zuleta e cols.,2003
Camptotheca
acuminata
Alcalóides: der. da camptotecina e camptotecina
Lorence e col., 2004
Iridóides glicosilados
Canthium
berberidifolium
Fenólicos diglicosilados
Kanchanapoom e col.,
2002
C. schimperianum
Glicosídeo cianogênico esterificados com iridóides
glicosilados
Schwarz e col., 1996
Catunaregam
nilotica
Triterpenos pentacíclicos glicosilados: der.
oleanólicos
Lemmich e col., 1995
Monoterpenos tetraidroisoquinolinico glicosilado
Itoh e col., 2002
Cephaelis
acuminata
Alcalóides eméticos
[a] Itoh e col., 1999
C. acuminata e
Alangium lamarckii
Alcalóides de Ipeca
[b] Itoh e col., 1999
Alcalóides indólicos
C. dichroa
Alcalóides indólicos glicosilados
Solis e col., 1993
125
Monoterpenos tetraisoquinolínicos glicosilados
Itoh e col., 1994
C. ipecacuanha
Alcalóides eméticos
Yoshimatsu e
cols.,1991
Iridóides
seco-Iridóide
Carbonezi e col., 1999.
Nor-seco-pimarano
Borges-Argáez e
cols.,2001
Triterpenos pentacíclicos: der. oleanólicos
Bhattacharyya e
cols.,1992
Cetoálcoois
Fenilcumarinas
Lignanas
El-Hafiz e col., 1991
C. alba
Alcalóides quinolínicos
El Abbadi e col., 1990
Chiococca
braquiata
Flavonóides
Triterpenos pentacíclicos: der. oleanólico e ursólico
Bolzani e col., 2004
Acetofenonas
Iridóides glicosilados
Chione venosa
Triterpenos tetracíclicos
Lendl e cols.,2005
Antraquinonas
Cinchona robusta
Der. de fenilpropanóides
Schripsema e
cols.,1999
Crossopteryx
febrifuga
Triterpenos pentacíclicos glicosilados: derivado
ursólico
Hoornaert e col., 1991
Crucianella
maritima L.
Antraquinonas
El-Lakany e cols.,2004
C. graeca;
Cruciata glabra;
C. laevipes; e
C. pedemontana
Cumarinas
Iridóides
Mitova e col., 1996
Iridóides
Cruckshanksia
pumila
Secologanina
Piovano e cols.,2003
Corynanthe
pachyceras
Alcalóides indólicos
Staerk e cols.,2000
Coussarea
brevicaulis
Triterpenos pentacíclicos: der. oleanólico e ursólico
Su e cols.,2003
C. hydrangeifolia
Der. glicosilados de fenilpropanóides
Hamerski e col., 2005
Alcalóide: cafeína
Begum e cols.,2003
C. bengalensis
Diterpeno (16-epicafestol)
Hasan e cols.,1994
Damnacanthus
indicus
Antraquinonas
Koyama e col., 1992
Deppea
blumenaviensis
Alcalóide β-carbolinico
Kan-Fan e col., 1995
Dunnia sinensis
Iridóides glicosilados
Wei e col., 2000
Duroia hirsuta
Iridóide lactona
Page e col., 1994
Enterospermum
pruinosum
Triterpenos pentacíclicos glicosilados: der.
oleanólicos
Multari e cols.,1995
E.
madagascariensis
Sesquiterpenos: der. cadinano e guaiano
Raharivelomanana e
col., 2005
nor-Diterpenos
Exostema
acuminatum
4-Fenilcumarinas
Ito e cols.,2000
Galianthe
brasiliensis
Iridóides glicosídeos
de Moura e col., 2005
Galium album; G.
Iridóides glicosilados: der. acetoxiloganina
Hijiena e col., 1996
126
lovcense
G. incurvum
Iridóides glicosilados
[a] Mitova e col., 1996
G. macedonicum
Iridóides: macedonina não glicosilada
[b] Mitova e col., 1996
Antraquinonas
G. sinaicum
Antraquinonas glicosiladas
El-Gamal e col., 1996
G. verum
Antraquinonas
Banthorpe e cols.,1995
Ácido ferrúlico
Moon e cols.,2002
Iridóides glicosilados
Lee e cols.,1998
Monoterpenos
Zhao e cols.,1994
G ardenia
jasminoides
Substâncias voláteis
Buchbauer e col., 1996
G. saxatilis
Triterpenos pentacíclicos: der. oleanólico e ursólico
Suksamrarn e col.,
2003
Sesquiterpeno
Flavonóides: flavonas
G. sootepensis
Der. do ácido benzóico
Rukachaisirikul e
cols.,1998
G. thailandica
Cicloartano
Tuchinda e cols.,2004
Genipa americana
Iridóides glicosilados
Ono e col., 2005
Guettarda
noumeana
Alcalóides quinolínicos
Montagnac e cols.,1997
Hamelia
magniflora
Alcalóides indólicos
Rumbero e col., 1991
Furanoantraquinonas
Ahmad e col., 2005
Alcalóides
Saponinas
Taninos
Antranóides
Lai e cols.,2001
Alcalóides ß-carbolínicos
Phuong e col., 1999
Hedyotis
capitellata
Alcalóides indólicos monoterpênicos
Phuong e col., 1998
Der. asperulosídeos e scandosídeos
Sudarsono, e col., 2004
H. corymbosa (L.)
Iridóides
Sudarsono, e col., 1999
H. chrysotricha
Alcalóides ß-carbolínico
Peng e cols.,1997
H. hedyotidea
Iridóides
Peng e col., 1998
H. herbacea
Flavonóides
Hamzah e col., 1996
H. nudicaulis
Saponinas triterpênicas: der. oleanólicos
Konishi e cols.,1998
Heinsia crinata
Triterpenos pentacíclicos glicosilados
Babady-Bila, e col.,
1994
Heterophyllaea
pustulata
Antraquinonas.
Montoya e col., 2005
Fenilcumarinas
Hintonia latiflora
Fenilestireno
Mata e col., 1992
Hymenodictyon
floribundum
Glicosídeos: der. da scopoletina e β-sitosterol
Mitaine-Offer e col.,
2003
Isertia haenkeana
Alcalóides indólicos
Bruix e col., 1995
Ixora coccinea
Triterpeno pentacíclico: der. ursólico
Latha e cols.,2001
Knoxia
valerianoides
Antraquinonas
Zhou e col., 1994
Lasianthus
gardneri
Triterpenos tetracíclicos: der. seco-lupanos
Dallavalle e cols.,2004
Megastigmane glucosideos
Iridóides glicosilados
Megastigmane glucosideos
L. fordii
Iridóides glicosilados
Takeda e col., 2004
127
Lerchea bracteata
Alcalóide corinantano quaternário
[a] Arbain e cols.,1992
hidroquinona diglicosídeo
Harouna e cols.,1995
Mitracarpus scaber
Substância voláteis: ácidos
Ekpendu e cols.,1993
M. villosus
Fitoesteróis
Triterpeno pentacíclico: der. ursólico
Ekpendu e cols.,2001
Mitragyna inermis
27-Nor-triterpenos glicosilados: der. oleanólico
Cheng e col., 2002
M. speciosa
Alcalóides indólicos
Takayama e col., 2004
Constituintes apolares: E-phitol; der. cicloartano,
stigmasterol e sitosterol; cetoesteróides
Saludes e col., 2002
Iridóides glicosilados
Sang e cols.,2002
Morinda citrifolia
Antraquinonas
Bassetti e col., 1995
Iridóides glicosilados
Fenólicos diglicosilados
seco-Iridóides
M. coreia
Antraquinonas glicosiladas
Kanchanapoom e col.,
2002
Abdullah e cols.,1998
M. elliptica
Antraquinonas
Ismail e col., 1997
M. longissima
Scopoletina
Pham e col., 2005
M. lucida
Antraquinonas
Rath e col., 1995
M. morindoides
Flavonóides O-glicosilados
Cimanga e col., 1995
M. umbellata
Antraquinonas
Chang e col., 1995
Mussaenda incana
Iridolactona e Iridóide glicosilado
Dinda e col., 2005
Triterpenos pentacíclicos: der. oleanólicos e der.
oleanólicos glicosilados
Zhao e cols.,1997
Lactonas monoterpenicas
[b] Zhao e cols.,1996
M. pubescens
Saponinas triterpenicas: der. oleanólicos
Zhao e cols.,1995
Saponinas triterpenicas: der. oleanólicos
Ollivier e cols.,1995
Nauclea diderrichii
Alcalóides gluco-indólicos
Lamidi e col., 2005
N. orientalis
Alcalóides monoterpenico tetraidro-β-carbolínicos
glicosilados
Triterpenos pentacíclicos: der. oleanólicos
Zhen-Dan He e col.,
2005
N. pobequinii
Nauclequiniina
Alcalóides indólico
Anam e col., 1997
seco-iridoides glicosilados
Alcalóides indólicos glicosilados
[a] Itoh e cols.,2003
Triterpenos pentacíclicos: der. oleanólicos
Kang e cols.,2003
Neonauclea
sessilifolia
Saponinas triterpênicas: der. oleanólicos
[b] Itoh e cols.,2003
Neolaugeria
resinosa
Alcalóides oxindólicos
Weniger e col., 1993
Oldenlandia
corymbosa
Iridóides glicosilados
Otsuka e cols.,1991
Triterpenos pentacíclicos: der. ursólicos
Kim e col., 1998
O. diffusa
Triterpenos pentacíclicos: der. ursólicos e oleanólicos
Lu e col., 1996
O. filistipula
Alcalóides normalindina
Arbain e cols.,1993
Ophiorrhiza
blumeana
Alcalóides indólicos
[a] Arbain e col., 1998
O. bracteata
Alcalóide glucoindólico quaternário
[a] Arbain e col., 1997
O. communis
Alcalóides indólicos
[b] Arbain e col., 1997
O. hayatana
Antraquinonas
Chan e col., 2005
O. liukiuensis
Monoterpenos glicosilados
Kitajima e col., 2005
O. pumila
Alcalóides: der. camptotecinas
Saito e col., 2001
128
Antraquinonas
Kitajima e cols.,1998
O. rosacea
Alcalóides indólicos
[b] Dachriyanus e col.,
2000
Iridóides
Suzuki e col., 2004
Paederia scandens
Iridóides glicosilados
Quang e cols.,2002
Monoterpenos ß-carbolínicos glicosilados
Palicourea adusta
Der. do ácido hidroxicinamico
Valverde e col., 1999
Proantocianidina
Flavonóides
Proantocianidina
Pavetta owariensis
Ésteres de der. do ácido ferrúlico
Balde e col., 1991
Pentas bussei
Naftoiidroquinonas pentacíclicas
Bukuru e cols.,2003
P. longiflora
Der. naftoquinóides
Hari e cols.,1991
Psychotria
carthagenensis
Ausência de Alcalóides
Leal e col., 1996
P.colorata
Alcalóides pirrolidinoindólicos
Verotta e col., 1998
Alcalóides indólicos
Der. C13-nor-isoprenóides
P. correae
Carotenóides
Achenbach e col., 1995
P. glomerulata
Alcalóides quinolínicos
Solís e col., 1997
P. ipecacuanha
Alcalóides eméticos
Garcia e col., 2005
P. leiocarpa
Alcalóide indólico monoterpenico
Henriques e col., 2004
P. oleoides e P.
lyciiflora
Alcalóides pirrolidinoindólicos
Jannic e col., 1999
P. suterella
Alcalóide indólico monoterpênico
De Santos e col., 2001
P. viridis
Alcalóide: dimetiltriptamina
Blackledge e col., 2003
Randia formosa
Saponinas triterpênicas der. ursólicos e oleanólicos
Sahpaz e cols.,2000
Randia spinosa
Iridóides glicosilados
Hamerski e col., 2003
R. siamensis
Triterpenos pentacíclicos glicosilados: der.
oleanólicos e ursólicos
Jansakul e cols.,1999
Remijia peruviana
Alcalóides da chinchona
Ruiz-Mesia e col.,
2005
Rothmannia
longiflora
4 oxonicotinamide 1 (1' beta dextro ribofuranoside)
Bringmann e col., 1999
R. urcelliformis
Iridóide alcaloidal
Bringmann e cols.,2001
Rubia akane
Antraquinona aldeído
Morimoto e col., 2002
Componentes do oleo essencial: mollugina,
furomollugina, e (E)-anetol
Mitsuo e col., 2006
Naftoquinonas
Antraquinonas
Koyama e col., 1992
Rubia cordifolia
Iridóides glicosilados: der. geniposídeos
Wu e cols.,1991
Digiferruginol glicosilado
R. schumanniana
Antraquinonas glicosiladas
Liu e cols.,1991
Antraquinonas
Marec e col., 2001
Antraquinonas: Hidroximetilantraquinonas
Antraquinonas glicosiladas
R. tinctorum
Iridóide: asperulosídeo
El-Emary e col., 1998
Sickingia species
Alcalóides glicoindólicos
Aquino e col., 1994
Simira glaziovii
Esteróides
Alcalóides: der. harmanos e opiorinicos
Monoterpenos β-carbolinicos tetraacetilglucosídeos
Bastos e col., 2002
Spermacoce
Ácidos graxos
Ekpendu e cols.,2001
129
verticillata
Monoterpenos
Timonius timon
Triterpenos pentacíclicos: der. oleanólicos
Khan e col., 1993
Tocoyena
brasiliensis
Triterpenos pentacíclicos glicosilados: der.
oleanólicos
Triterpenos pentacíclicos: der. oleanólicos
Hamerski e col., 2005
T. bullata
Iridóides glicosilados
Von Poser e col., 1998
T. formosa
Iridóides
Bolzani e col., 1997
Alcalóides
Terpenes
Flavonóides
Uncaria
Cumarinas
Heitzman e col., 2005
U. callophylla
Alcalóides indólicos diméricos
Kam e col., 1991
U. elliptica
Alcalóides pentacíclicos oxindólicos
Diyabalanage e
cols.,1997
U.glabrata
Glucoalcalóide indólico monoterpenico
[b] Arbain e cols.,1998
Alcalóides
Laus e cols.,2003
U. guianensis
Triterpenos pentacíclicos glicosilados: der. ursólicos
Yépez e cols.,1991
U. macrophylla
Alcalóides oxindólicos
Sakakibara e cols.,1998
Flavonóides
Hou e col., 2005
U. rhynchophylla
Alcalóides oxindólicos e indólicos
Laus e col., 1996
Alcalóides indólicos
Triterpenos pentacíclicos glicosilados: der. oleanólico
Montoro e col., 2004
Alcalóides indólicos glicosilados e β-carbolinicos
Triterpenos pentacíclicos: der. ursólico
Kitajima e col., 2001
Alcalóides oxindólicos
Iridóides glicosilados
Muhammad e col., 2001
Triterpenos pentacíclicos glicosilados: der. ursólicos
Aquino e cols.,1997
Alcalóides indólicos
Laus e col., 1997
U. tomentosa
Alcalóides oxindólicos
Laus e cols.,1994
Xylaria sp.
Derivado do ácido butanóico
Cafeu e col., 2005
* Essa busca foi realizada utilizando os portais www.sciencedirect.com e CASfinder.
130
Anexo 2
Dados utilizados como padrão para comparação e identificação da porção aglicona.*
* A pulcherrimasaponina é uma saponina bis-desmosídica com um ácido olean-12-en-28-
óico, com os oligossacarídeos ligados nas posições 3 e 28. O desacilbellidiosídeo B
4
é
também uma saponina bis-desmosídica com um ácido 2β, 3β, 16α, 23-tetraolean-12-em-
óico, com os oligossacarídeos ligados nas posições 3 e 28.
Aglicona
13
C
13
C
13
C
13
C
1
39,1 39,8 45,1 38,40
2
28,1 27,1 71,8 25,88
3
78,2 91,2 82,5 88,88
4
39,5 40,3 43,5 38,67
5
56,0 57,2 48,0 55,46
6
17,0 19,6 19,1 18,07
7
33,5 34,1 33,7 32,98
8
40,4 41,3 40,9 39,58
9
47,9 48,7 48,3 46,65
10
37,8 38,2 37,8 36,51
11
23,7 24,4 24,7 23,25
12
123,0 124,7 123,6 122,10
13
141,7 141,5 144,7 143,72
14
44,8 45,6 43,0 41,51
15
129,9 128,6 36,5 35,44
16
134,9 137,8 74,5 73,57
17
44,0 33,9 50,2 48,82
18
42,9 43,5 42,4 40,85
19
47,9 44,6 48,0 46,80
20
30,8 31,3 31,3 30,14
21
35,2 35,7 36,5 35,34
22
33,5 33,8 31,9 31,41
23
16,4 17,0 65,7 27,60
24
28,9 28,5 14,9 16,45
25
15,5 16,1 18,0 15,12
26
17,9 18,3 17,9 16,95
27
25,1 25,1 27,2 26,59
28
178,4 176,1 177,3 175,40
29
33,5 33,9 33,3 32,55
30
25,3 23,6 24,9 24,27
Solvente
Clorofórmio.d Metanol.d
4
Metanol.d
4
Piridina.d
5
Substância
ácido 3β-hidróxiolean-
12,15-dien-28-óico
Aglicona
RP-08.s.1
Desacilbellidio
sídeo B
4
Pucherrima
saponina
Ref.
Bhattacharyya e col.,
1992
--
Schöpke e col.,
1996
Da Silva e
col., 2005
131
Anexos 3
Espectro de RMN de
13
C (50 MHz) da saponina RP-08.s.2. Há um sinal em 48,7 ppm não
evidenciado. (Solvente: Metanol deuterado; Referência: TMS.)
132
PPM 5.2 4.8 4.4 4.0 3.6 3.2 2.8 2.4 2.0 1.6 1.2 0.8 0.4
0.999
1.899
1.715
0.830
0.801
1.257
10.21
5.355
1.153
0.994
1.181
0.993
5.566
9.290
7.346
3.267
5.227
14.65
2.637
Espectro de RMN de
1
H (600 MHz) da saponina RP-08.s.2. (Solvente: Metanol deuterado;
Referência: TMS.)
PPM (F2) 5.2 4.8 4.4 4.0 3.6 3.2 2.8 2.4 2.0 1.6 1.2 0.8 0.4
PPM (F1)
150
140
130
120
110
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Mapa de correlação HSQC editado da saponina RP-08.s.2. (Solvente: Metanol deuterado;
Referência: TMS.)
133
PPM (F2) 5.60 5.50 5.40 5.30 5.20 5.10 5.00 4.90 4.80 4.70 4.60 4.50 4.40 4.30
PPM (F1)
138
136
134
132
130
128
126
124
122
120
118
116
114
112
110
108
106
104
102
100
98
96
94
92
Mapa de correlação HSQC editado (ampliação) da saponina RP-08.s.2. (Solvente: Metanol
deuterado; Referência: TMS.)
PPM (F2) 4.00 3.90 3.80 3.70 3.60 3.50 3.40 3.30 3.20 3.10
PPM (F1)
94
92
90
88
86
84
82
80
78
76
74
72
70
68
66
64
62
60
58
56
Mapa de correlação HSQC editado (ampliação) da saponina RP-08.s.2. (Solvente: Metanol
deuterado; Referência: TMS.)
134
PPM (F2) 1.80 1.70 1.60 1.50 1.40 1.30 1.20 1.10 1.00 0.90 0.80 0.70 0.60
PPM (F1)
56
52
48
44
40
36
32
28
24
20
16
12
Mapa de correlação HSQC editado (ampliação) da saponina RP-08.s.2. (Solvente: Metanol
deuterado; Referência: TMS.)
PPM (F2) 5.2 4.8 4.4 4.0 3.6 3.2 2.8 2.4 2.0 1.6 1.2 0.8
PPM (F1)
5.6
5.2
4.8
4.4
4.0
3.6
3.2
2.8
2.4
2.0
1.6
1.2
0.8
Mapa de correlação COSY da saponina RP-08.s.2. (Solvente: Metanol deuterado;
Referência: TMS.)
135
Mapa de correlação TOCSY da saponina RP-08.s.2. (Solvente: Metanol deuterado;
Referência: TMS.)
PPM (F2) 5.2 4.8 4.4 4.0 3.6 3.2 2.8 2.4 2.0 1.6 1.2 0.8 0.4
PPM (F1)
170
160
150
140
130
120
110
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
Mapa de correlação HMBC da saponina RP-08.s.2. (Solvente: Metanol deuterado;
Referência: TMS.)
136
Anexos 4
Espectro de RMN de
13
C (50 MHz) da saponina RP-08.s.1. Há um sinal em 48,7 ppm não
evidenciado. (Solvente: Metanol deuterado; Referência: TMS.)
137
PPM 5.2 4.8 4.4 4.0 3.6 3.2 2.8 2.4 2.0 1.6 1.2 0.8 0.4
0.905
0.957
0.896
0.896
0.912
0.950
0.999
4.968
9.406
7.202
0.953
1.155
1.035
0.955
1.078
4.082
8.477
5.229
3.063
5.225
13.60
2.745
Espectro de RMN de
1
H (600 MHz) da saponina RP-08.s.1. (Solvente: Metanol deuterado;
Referência: TMS.)
Mapa de correlação HSQC editado da saponina RP-08.s.1. (Solvente: Metanol deuterado;
Referência: TMS.)
138
Mapa de correlação COSY da saponina RP-08.s.1. (Solvente: Metanol deuterado;
Referência: TMS.)
Mapa de correlação TOCSY da saponina RP-08.s.1. (Solvente: Metanol deuterado;
Referência: TMS.)
139
Mapa de correlação HMBC da saponina RP-08.s.1. (Solvente: Metanol deuterado;
Referência: TMS.)
Mapa de correlação HSQC-TOCSY da saponina RP-08.s.1. (Solvente: Metanol deuterado;
Referência: TMS.)
140
Mapa de correlação T-ROESY da saponina RP-08.s.1. (Solvente: Metanol deuterado;
Referência: TMS.)
ppm (f1)
50100150
-100
0
100
200
300
400
500
600
700
Espectro de RMN de
13
C (50 MHz) da saponina RP-08.s.1 metilada com diazometano.
(Solvente: Metanol deuterado; Referência: TMS.)
141
Anexos 5
Cromatograma de uma mistura de padrões de monossacarídeos trimetilsililados. A ordem
de eluição foi Rha, Rib, Ara, Xyl, Man, Gal e Glc. Informações sobre condições, ver
Materiais e Métodos 4.8.3, pg. 119.
142
Anexos 6
Cromatograma obtido no CG-EM de padrões de monossacarídeos reduzidos e acetilados. A
ordem de eluição foi Rha, Rib, Ara, Xyl, Man, Glc e Gal. Informações sobre condições, ver
Materiais e Métodos 4.8.2, pg. 119.
143
Espectros de massas dos sinais em 25,97, 26,14, 26,47, 32,04 minutos, respectivamente.
144
Anexo 7
Espectro de massas obtido no Micromass q-TOF, com ionização por “eletrospray” no modo
positivo da amostra RP-08.s.2.
145
Espectro de massas obtido no Micromass q-TOF, com ionização por “eletrospray” no modo
positivo da amostra RP-08.s.2. Seleção do íon a m/z 1063.
146
Espectro de massas obtido no Micromass q-TOF, com ionização por “eletrospray” no modo
positivo da amostra RP-08.s.1.
147
Espectro de massas obtido no Micromass q-TOF, com ionização por “eletrospray” no modo
positivo da amostra RP-08.s.1. Seleção do íon a m/z 1195.
148
Anexo 8
Cromatograma obtido no CG-EM dos monossacarídeos presentes na substância RP-08.s.2
reduzidos e acetilados. O sinal em 25,56 minutos se refere a uma ramnose, o sinal em 26,92
minutos a uma arabinose, e os sinais em 26,56 e 31,67 a uma apiose. Condições: ver item
3.4.2.1.2.b, pg. 104.
149
Cromatograma obtido no CG-EM dos monossacarídeos presentes na substância RP-08.s.1
reduzidos e acetilados. O sinal em 25,91 minutos se refere a uma ramnose, o sinal em 26,34
minutos a uma arabinose, e os sinais em 25,45, 26,89 e 32,03 a duas apiose. Condições: ver
item 3.4.2.1.2.b, pg. 101.
Espectros de massas (impacto de elétrons-70eV) dos sinais em 25,451 e 26,89 minutos,
respectivamente.
150
7 – Referências Bibliográficas
[a] Arbain, D.; Byrne, L.T.; Dachriyanus; Evrayoza, N.; Sargent, M.V. Bracteatine, A
Quaternary Glucoalkaloid From Ophiorrhiza bracteata. Australian Journal of
Chemistry, 50(11): 1111-1112, 1997.
[a] Arbain, D.; Dachriyanus, F.; Sargent, M.V.; Skelton, B.W.; White, A.H. Unusual
Indole Alkaloids From Ophiorrhiza blumeana Korth. Journal of the Chemical Society,
Perkin Transactions 1: Organic And Bio-Organic Chemistry, 16: 2537-2540, 1998.
[a] Arbain, D.; Lajis, N.H.; Putra, D.P.; Sargent, M.V.; Skelton, B.W.; White, A.H. New
Quaternary Corynanthe Alkaloid From Lerchea bracteata. Journal of the Chemical
Society, Perkin Transactions 1: Organic And Bio-Organic Chemistry (1972-1999), 22:
3039-3042, 1992.
[a] Baldé, A.M.; Pieters, L.A.A.; Gergely, V.; Wray, M. C.; A. J. Vlietinck
Spermacoceine, a bis-indole alkaloid from Borreria verticillata. Phytochemistry,
30(3): 997-1000, 1991.
[a] Dachriyanus, S.; Melvyn, V.; Wahyuni, F.S. (+)-Isochimonanthine, A
Pyrrolidinoindole Alkaloid From Argostemma yappii King. Australian Journal of
Chemistry, 53(2): 159-160, 2000.
[a] Itoh, A.; Ikuta, Y.; Baba, Y.; Tanahashi, T.; Nagakura, N. Ipecac Alkaloids From
Cephaelis acuminata. Phytochemistry, 52 (6): 1169-1176, 1999.
[a] Itoh, A.; Tanahashi, T.; Nagakura, T.; Nishi, T. Two Chromone-Secoiridoid
Glycosides and Three Indole Alkaloid Glycosides From Neonauclea sessilifolia.
Phytochemistry, 62 (3): 359-369, 2003.
[a] Mitova, M.I.; Handjieva, N.V.; Anchev, M.E.; Popov, S.S. Iridoid Glucosides From
Four Balkan Endemics of the Galium incurvum Group (Rubiaceae). Zeitschrift Fuer
Naturforschung, C: Biosciences 51(5/6): 286-290, 1996.
[b] Arbain, D.; Afrida, Ibrahim, Satria; Sargent, M.V.; Skelton, B.W.; White, A.H. The
Alkaloids of Uncaria Cf. glabrata. Australian Journal of Chemistry, 51(11): 961-964,
1998.
[b] Arbain, D.; Byrne, L.T.; Dachriyanus; Sargent, M.V. Isomalindine-16-Carboxylate,
A Zwitterionic Alkaloid From Ophiorrhiza Cf. Communis. Australian Journal of
Chemistry, 50(11): 1109-1110, 1997.
151
[b] Dachriyanus; Arbain, D.; Putra, D.P.; Sargent, M.V.; Susila, R.; Wahyuni, F.S. Indole
Alkaloids From Two Species of Ophiorrhiza. Australian Journal of Chemistry, 53(3):
221-224, 2000.
[b] Itoh, A.; Ikuta, Y.; Tanahashi, T.; Nagakura, N. Structures of New Alkaloids From
Cephaelis acuminata and Alangium lamarckii. Tennen Yuki Kagobutsu Toronkai Koen
Yoshishu (1999), 41st 367-372.
[b] Itoh, A.; Tanahashi, T.; Nagakura, N.; Nishi, T. Two Triterpenoid Saponins From
Neonauclea sessilifolia. Chemical and Pharmaceutical Bulletin, 51(11), 1335-1337,
2003.
[b] Mitova, M.; Hejieva, N.; Spassov, S.; Popov, S. Macedonine, a Non-Glycosidic
Iridoid From Galium macedonicum. Phytochemistry, 42 (4): 1227-1229, 1996.
Abdullah, M.A.; Ali, A.M.; Marziah, M.; Lajis, N.H.; Ariff, A.B. Establishment of Cell
Suspension Cultures of Morinda elliptica. For the Production of Anthraquinones.
Plant Cell, Tissue And Organ Culture, 54(3): 173-182, 1998.
Achenbach, H.; Lottes, M.; Waibel, R.; Karikas, G.A.; Correa, M.D.; Gupta, M.P.
Alkaloids and Other Compounds From Psychotria correae. Phytochemistry, 38 (6):
1537-1545, 1995.
Agrawal, P.K.; Pathak, A.K. Nuclear Magnetic Resonance Spectroscopic Approaches
for the Determination of Interglycosidic Linkage and Sequence in Oligosaccharides.
Phytochemical Analysis, 7: 113-130, 1996.
Agrawal, S.K.; Rastogi, R.P. Triterpenoid Saponins and Their Genins.
Phytochemistry, 13: 2623-2645, 1974.
Ahmad, R.; Shaari, K.; Lajis, N.H.; Hamzah, A.S.; Ismail, A.S.N.; Kitajima, M.
Anthraquinones From Hedyotis capitellata. Phytochemistry, 66: 1141-1147,2005.
Anam, E.M. Novel Nauclequiniine From the Root Extract of Nauclea pobequinii
(Pob. and Pellegr.) Petit (Rubiaceae). Journal of Chemistry, Section B: Organic
Chemistry Including Medicinal Chemistry, 36b(1): 54-56, 1997.
Andria, A.; Chairul, D.; Jamal, Y. Steroids of Stem Bark of Anthocepalus cadamba
(Rubiaceae). Majalah Farmasi Indonesia, 9(1), 24-34, 1998.
152
Anisimov, M.M.; Chirva, V.J. Die Biologische Bewertung Von Triterpenglykoside.
Pharazie, 35: 731-738, 1980.
Aquino, R.; De Tommasi, N.; De Simona, F.; Pizza, C. Triterpenes and Quinovic Acid
Glycosides From Uncaria tomentosa. Phytochemistry, 45 (5): 1035-1040, 1997.
Aquino, R.; Garofalo, L.; De Tommasi, N.; De Ugaz, O.L.; Pizza, C. Glucoindole
Alkaloids From Bark of Two Sickingia species. Phytochemistry, 37(5): 1471-1475,
1994.
Arbain, D.; Putra, D.P.; Sargent, M.V. The Alkaloids of Ophiorrhiza filistipula.
Australian Journal of Chemistry, 46(7): 977-985, 1993.
Argáez, R.B, Medina, L.B.; Pat, F.M.; Rodrigues, L.M.P. A New ent-Kaurano From the
Root Extract of Chiococca alba. Canadian Journal of Chemistry, 75 (6): 801-804, 1997.
Argáez, R.B, Medina, L.B.; Pat, F.M.; Rodrigues, L.M.P. Merilactone, an Unusual C19
Metabolite From the Root Extract of Chiocacca alba. Journal of Natural Products, 64:
228-231, 2001.
Babady-Bila; Wynants, C.; Toppet, S.; Kilonda, A.; Hoornaert, G. Two Triterpenoid
Saponins From Heinsia crinata. Phytochemistry, 36 (6): 1489-1492, 1994.
Baldé, A. M.; Pieters, L. A.; Gergely, A.; Kolodziej, H.; Claeys, M.; Vlietinck, A.J. A-
Type Proanthocyanidins From Stem-Bark of Pavetta owariensis. Phytochemistry, 30
(1): 337-342, 1991.
Ballini, R.; Bosica, G.; Rafaiani, G. Funcionalized Nitroalkanes in Organic Synthesis.
the First Concise Preparation of 4-Hydroxyheptadecan-7-One and 14-
Hydroxyoctadecan-8-One, Two New Hydroxy Ketones Isolated From Chiococca
alba. Helvetica Chimica Acta, 78: 879-882, 1995.
Banthorpe, D.V.; White, J.J.
Novel Anthraquinones From Undifferentiated Cell
Cultures of Galium verum. Phytochemistry, 38 (1): 107-111, 1995.
Barr, I.C.; Sjolander, A.; Cox, J.C. ISCOMs and Other Saponin Based Adjuvants
(Review). Advanced Drug Delivery Review, 32: 247-271, 1998.
153
Bassetti, L.; Hagenadoorn, M.; Tramper, J. Surfactante-inducet non-lethal release of
anthraquinones from suspension cultures of Morinda citrofolia. Journal of
Biotechnology, 39(2): 149-155, 1995.
Bastos, A.B.F.D'o.; Geraldo De Carvalho, M.; Velandia, J.R.; Braz-Filho, R. Chemical
Constituents From Simira glaziovii (K. Schum) Steyerm and 1H and 13C NMR
Assignments of Ophiorine and Its Derivatives. Quimica Nova, 25(2): 241-245, 2002.
Basu, N.; Rastogi, R.P. Triterpenoid Saponins and Sapogenins. Phytochemistry, 6:
1249-1270, 1967.
Begum, B.; Hasan, C.M.; Rashid, M.A. Caffeine From the Mature Leaves of Coffea
bengalensis. Biochemical Systematics and Ecology, 31 (10): 1219-1220, 2003.
Bhattacharyya, J.; Cunha, E.V.L. A Triterpenoid From the Root-Bark of Chiococca
alba. Phytochemistry, 31 (7): 2546 – 2547, 1992.
Bila, B.; Ngalamulume, T.; Kilonda, A.; Toppet, S.; Compernolle, F.; Hoornaert, G. An
Ursadienedioic Acid Glycoside from Crossopteryx febrífuga. Phytochemistry, 30(9):
3069-3072, 1991.
Blackledge, R.D.; Taylor, C.M. Psychotria viridis - A Botanical Source of
Dimethyltryptamine (DMT). Microgram Journal, 1(1-2): 18-22, 2003.
Bolzani, V.S.; Izumisawa, C.M.; Young, M.C.M.; Trevisan, L.M.V.; Kingston, D.G.I.;
Gunatilaka, A.L. Iridoids from Tocoyena formosa. Phytochemistry, 46(2): 305-308,
1997.
Bolzani, V.S.; Yong, M.C.M.; Furlan, M.; Cavalheiro, A.J.; Araújo, A.R.; Silva, D.H.S.;
Lopes, M.N. Secondary Metabolites From Brazilian Rubiaceae Plant Species:
Chemotaxonomical and Biological Significance. Recent Research Development in
Phytochemistry, 5: 19-31, 2001.
Bremer, B. Combined and Separate Analyses of Morphological and Molecular Data
in Plant Family Rubiaceae. Cladistics, 12: 21-40, 1996.
Bringmann, G.; Ochse, M.; Wolf, K.; Kraus, J.; Peters, K.; Peters, E.; Herderich, M.;
Assi, L.A.; Tayman, F.S.K. 4-oxonicotinamide-1-(1’-β-D-ribofuranoside) From
Rothmannia longiflora Salisb. Phytochemistry, 51(2): 271-276, 1999.
154
Bringmann, Gerhard, Hamm, Andreas, Kraus, Jurgen, Ochse, Michael, Noureldeen,
Amal, Jumbam, Dennis N. Gardenamide A From Rothmannia urcelliformis
(Rubiaceae) - Isolation, Absolute Stereostructure, and Biomimetic Synthesis From
Genipin. European Journal of Organic Chemistry, 10: 1983-1987, 2001.
Bruix, M.; Rumbero, A.; Vázquez, P. Apodihydrocinchonamine, an Indole Alkaloid
From Isertia haenkeana. Phytochemistry, 33 (5): 1257-1261, 1993.
Bucaretchi, F.; Baracat, E.C.E. Acute Toxic Exposure in Children:an Overview.
Jornal de Pediatria, 81 (5): S212-S222, 2005.
Buchbauer, G.; Jirovetz, L.; Nikiforov, A.; Kaul, V.K.; Winker, N. Volatiles of the
Absolute of Gardenia jasminoides Ellis (Rubiaceae). Journal of Essential Oil Research,
8(3), 241-245, 1996.
Budzikiewicz, H.; Wilson, J. M.; Djerassi, C. Mass Spectrometry in Structural and
Stereochemical Problems. XXXXIL. 1 Pentacyclic Triterpenes. Journal of the
American Chemical Society 85: 3988–3699, 1963.
Bukuru, J.; Nguyen Van, T.; Puyvelde, L.V.; He, W.; De Kimpe, N. New Pentacyclic
Cyclol-Type Naphthohydroquinone From the Roots of Pentas bussei. Tetrahedron, 59
(31): 5905-5908, 2003.
Cafeu, M.C.; Silva, G.H.; Teles, H.L.; Bolzani, V.S.; Araujo, A.R. Antifungal
Compounds of Xylaria Sp.; an Endophytic Fungus Isolated From Palicourea
marcgravii (Rubiaceae). Quimica Nova, 28(6): 991-995, 2005.
Carbonezi, C.A.; Hamerski, L.; Flausino Jr.; O.A.; Furlan, M.; Bolzani, V.S.; Young,
M.C.M. Determinação por RMN das configurações relativas e conformações de
alcalóides oxindólicos isolados de Uncaria guianensis. Química Nova, 27(6): 878-881,
2004.
Carbonezi, C.A.; Martins, D.; Young, M.C.M.; Lopes, M.N.; Furlan, M.; Bolzani, V.S.
Iridoid and Seco-Iridoid Glucosides From Chiococca alba (Rubiaceae).
Phytochemistry, 51: 781-785, 1999.
Chan, H.H; Li, C.Y.; Damu, A.G.; Wu, T.S. Anthraquinones from Ophiorrhiza
hayatana OHWI. Chemical Pharmaceutical Bulletin (Tokyo), 53(10):
1232-1235, 2005.
Chang, P.; Chen, C. Isolation and Characterization of Antitumor Anthraquinones
From Morinda umbellata. Chinese Pharmaceutical Journal (Taipei), 47(4): 347-53,
1995.
155
Chaplin, M.F.; Kennedy, J.F. The Practical Approach Series. Oxford University Press –
Irl Press, Second Edition, 1994.
Chaves, D.S.A. Estudo Químico e Avaliação do Potencial Antitrombótico de Extrato
e Frações de Petroselium crispum (Apiaceae). Tese de Mestrado – Núcleo de Pesquisas
de Produtos Naturais. Apresentada no dia 28 de novembro de 2006.
Cheng, Z.; Yu, B.; Yang, X. 27-Nor-Triterpenoid Glycosides From Mitragyna
Inermis. Phytochemistry, 61 (4): 379-382,2002.
Choi, S.; Jung, S.Y.; Kim, C.S.; Kim, H.S.; Rhim, H.; Kim, S.C.; Nah, S.Y. Effect of
Ginsenosídeos On Voltage-Dependent Ca2+ Channel Subtypes in Bovine
Chromaffin Cells. Journal of Ethnopharmacology, 74: 75-81, 2001.
Choudhury, M.H.; Lavaud, H.Q.; Connolly, C.; Haque, J.D.; Enamul, M. Bengalensol, A
New 16-Epicafestol Derivative From the Leaves of Coffea bengalensis. Natural
Product Letters 5(1): 55-60, 1994.
Cimanga, K.; De Bruyne, T.; Lasure, A.; Li, Q.; Pieters, L.; Claeys, M.; Berghe, D.V.;
Kambu, K.; Tona, L.; Vlietinck, A. Flavonoid O-Glycosides From the Leaves of
Morinda morindoides. Phytochemistry, 38 (5): 1301-1303, 1995.
Correa, M.P. Dicionário de Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas. Volume
2. Rio De Janeiro, Editora Imprensa Nacional, 1931
Cruz, J. Cainca. Estudo Botânico Farmacognóstico e Químico. Revista Da Flora
Medicinal, 2: 52 – 68, 1930.
Da Silva, B.P.; Soares, J.B.R.C.; Souza, E.P.; Palatnik, M.; Sousa, C.B.P.; Parente, J.P.
Pulcherrimasaponin, From the Leaves of Calliandra pulcherrima, as Adjuvant for
Immunization in the Murine Model of Visceral Lieshmaniasis. Vaccine, 23: 1061-
1071, 2005.
Dallavalle, S.; Jayasinghe, L.; Kumarihamy, B. M. M.; Merlini, L.; Musso, L.; Scaglioni,
L. A New 3,4-Seco-Lupane Derivative From Lasianthus Gardneri. Journal of Natural
Products, 67(5): 911-913, 2004.
de Moura, V.M.; Dos Santos, E.R.; Nurnberg, V.; De Souza, M.C.; Santin, S.M.O.
Iridoid Glycosides From Galianthe brasiliensis.
Biochemical Systematics and Ecology,
33 (Xxx): 451-453, 2005.
156
De Santos, L.V.; Fett-Neto, W.S.; Kerber, V.A.; Elisabetsky, E.; Quirion, J.; Henriques,
A.T. Indole Monoterpene Alkaloids From Leaves of Psychotria suterella Müll. Arg.
(Rubiaceae). Biochemical Systematics and Ecology, 29 (11): 1185-1187, 2001.
Dewick, P.M. Medicinal Natural Products: A Biosynthetic Approach. Ed John Wiley
and Sons, Ltd, 2002.
Dinda, B.; Debnath, S.; Majumder, S.; Arima, S.; Sato, N.; Harigaya, Y. Chemical
Constituents of Mussaenda incana. Indian Journal of Chemistry, Section B: Organic
Chemistry Including Medicinal Chemistry, 44b(11): 2362-2366, 2005.
Diyabalanage, T.K.K.; Kumarihamy, B.M.M.; Wannigama, G.P.; Jayasinghe, L.; Merlini,
L.; Scaglioni, L. Alkaloids of Uncaria Elliptica. Phytochemistry, 45 (8): 1731-1732,
1997.
Drewes, S.E.; Horn, M.M.; Connolly, J.D.; Bredenkamp,B. Enolic Iridolactone and
Other Iridoids From Alberta magna. Phytochemistry, 47 (6): 991-996, 1998.
Drewes, S.E.; Horn, M.M.; Munro, O.Q.; Ramesar, N.; Ochse, M.; Bringmann, G.;
Peters, K.; Peters, E. Stereostructure, Conformation and Reactivity of α- and β-
Gardiol From Burchellia bubalina. Phytochemistry, 50(3), 387-394, 1998.
Duus, J.O.; Gotfredsen, C.H.; Bock, K. Carbohydrate Structural Determination by
NMR Spectroscopy: Modern Methods and Limitations. Chemical Reviews, 100:
4589-4614, 2000.
Ekpendu, T.O.E.; Adesomoju, A.A.; Ekundayo, O.; Okogun, J.I.; Laakso, I. Constituents
of the Volatile Oil of Mitracarpus scaber Zucc. Flavour And Fragrance Journal, 8(5):
269-71, 1993.
Ekpendu, T.O.E.; Adesomoju, A.A.; Okogun, J.I. Chemical Studies of Mitracarpus
villosus (Sw.) Dc - A Medicinal Rubiaceous Weed. Journal of Chemical Society of
Nigeria, 26(1): 69-71, 2001.
Ekpendu, T.O.E.; Ekundayo, O.; Laakso, I. Constituents of the Volatile Oil of
Spermacoce ocymoides (Syn. Borreria Scrabra) (Rubiaceae).
Journal of Chemical
Society of Nigeria, 27(2): 147-149, 2002.
El-Abbadi, N.; Weniger, B.; Quiron, J.C.; Anton, N. New Alkaloids of Chiococca alba.
Phytochemistry, 31 (7): 603-604, 1989.
157
El-Emary, N.A.; Backheet, E.Y. Three Hydroxymethylanthraquinone Glycosides
From Rubia tinctorum. Phytochemistry, 49 (1): 277-279, 1998.
El-Gamal, A.A.; Takeya, K.; Itokawa, H.; Halim, A.F.; Amer, M.M.; H. Saad, E.A.;
Awad, S.A. Anthraquinones From the Polar Fractions of Galium sinaicum.
Phytochemistry, 42 (4): 1149-1155, 1996.
El-Hafiz, A.; Weniger, B.; Quiron, J.C.; Anton, N. Ketoalcohols, Lignans and
Coumarins From Chiococca alba. Phytochemistry, 30 (6): 2029-2031, 1991.
Elisabetsky, E.; Amador, T.A.; Albuquerque, R.R.; Nunes, D.S.; Carvalho, A.C.T.
Analgesic Activity of Psychotria colorata (Willd. Ex R. and S.) Muell. Arg. Alkaloids.
Journal of Ethnopharmacology, 48: 77-83, 1995.
El-Lakany, A.M.; Aboul-Ela, M.A.; Abdel-Kader, M.S.; Badr, J.M.; Sabri, N.N.; Goher,
Y. Anthraquinones With Antibacterial Activities From Crucianella maritima L.
Growing in Egypt. Natural Product Sciences, 10(2): 63-68, 2004.
Fan, G.; He, Z. Triterpenoid Glycosides From Adina rubella. Phytochemistry, 44 (6):
1139-1143, 1997.
Fan, K.; Zuanazzi, C.; Quirion, J.A.; Husson, J.C.; Philippe, H.; Amelia, H.
Deppeaninol, A New β-Carboline Alkaloid From Deppea blumenaviensis
(Rubiaceae). Natural Product Letters 7(4): 317-321, 1995.
Francis, G.; Herem, Z.; Makkar, H.P.S.; Becker, K. The Biological Action of Saponins
in Animal System: A Review. British Journal of Nutrition, 88: 587-605, 2002.
Fukuda, K.; Utsumi, H.; Shoji, J.; Hamada, A. Saponins Can Cause the Agglutination
of Phospholipids Vesicles. Biochimica Et Biophisica Acta, 820: 199-206, 1985.
Garcia, R.M.A.; De Oliveira, L.O.; Moreira, M.A.; Barros, W.S. Variation in Emetine
and Cephaeline Contents in Roots of Wild Ipecac (Psychotria ipecacuanha).
Biochemical Systematics and Ecology
, 33: 233-243, 2005.
Gazda, V.E.; Gomes-Carneiro, M.R.; Barbi, N.S.; Paumgartten, F.J.R. Toxicological
evaluation of an ethanolic extract from Chiococca alba roots. Journal of
Ethnopharmacology 105(1-2): 187-195, 2006.
158
Gerwig, G.J.; Kamerling, J.P.; Vliegenthart, F.G. Determination of the D and L
Configuration of Neutral Monosaccharides by High-Resolution Cappilary G.L.C.
Carbohydrate Research, 62: 349-357, 1978.
Glauert, A.M.; Dingle, J.T.; Lucy, J.A. Action of Saponin on Biological Membranes.
Nature, 196: 953-955, 1962.
Gusmão, E.D.; Souza, J.P.; Silva, I.M.S. Estudo Anátomo-Morfológico de
Dicotiledônias das Dunas de Salvador-Bahia. Borreria Cymosa Cham. Et P.;
Chiococca brachiatta R. Et P. ( Rubiaceae ). Acta Botânica Brasileira , 6 (1): 79-98,
1992.
Hamerski, L.; Bomm, M.D.; Silva, D.H.S.; Young, M.C.M.; Furlan, M.; Eberlin, M.N.;
Gamboa, I.C.; Cavalheiro, A.J.; Bolzani, V.S. Phenylpropanoid Glucosides From
Leaves of Coussarea hydrangeifolia (Rubiaceae). Phytochemistry, 66: 1927-1932,
2005.
Hamerski, L.; Carbonezi, C.A.; Cavalheiro, A.J.; Bolzani, V.S.; Young, M.C.M.
Triterpenoid saponins from Tocoyena brasiliensis Mart. (Rubiaceae). Química Nova,
28(4): 601-604, 2005.
Hamerski, L.; Furlan, M.; Silva, D.H.S.; Cavalheiro, A.J.; Eberlin, M.N.; Tomazela,
D.M.; Bolzani, V.S. Iridoid Glucosides From Reia spinosa (Rubiaceae).
Phytochemistry, 63 (4): 397-400, 2003.
Hamzah, A.S.; Aimi, N.; Lajis, N.H.J. Constituents of Hedyotis herbacea (Rubiaceae).
Biochemical Systematics and Ecology, 24 (3): 273, 1996.
Haralampidis, K.; Trojanowska, M.; Osbourn, A.E. Biosynthesis of Triterpenoid
Saponins in Plants. Advances in Biochemical Engineering/ Biotechnology, 75: 31-49,
2002.
Hari, L. ; De Buyck, L. F. ; De Pootert, H. L. Naphthoquinoid pigments from Pentas
longiflora. Phytochemistry, 30(5): 1726-1727, 1991.
Harouna, H.; Faure, R.; Elias, R.; Debrauwer, L.; Saadou, R.; Balansard, G.; Boudon, G.
Harounoside A Pentalongin Hydroquinone Diglycoside From Mitracarpus scaber
.
Phytochemistry, 39 (6): 1483-1484, 1995.
Harris, P.J. The Detection and Quantification of Apiose by Capillary Gas
Chromatography of its Alditol Acetates. Carbohydrate Research, 227: 365-370, 1992.
159
He, Z.; Fang, S.; Wang, P.; Gao, J. 27-Nor-Triterpenoid Glycosides From Adina
rubella. Phytochemistry, 42 (5): 1391-1393, 1996.
He, Z.; Ma, C.; Zhang, H.; Tan, G.T.; Tamez, P.; Sydara, K.; Bouamanivong, S.;
Southavong, B.; Soejarto, D.D.; Pezzuto, J.M.; Fong, H.H.S. Antimalarial Constituents
From Nauclea orientalis (L.) L. Chemistry and Biodiversity, 2(10): 1378-1386, 2005.
Heitzman, M.E.; Neto, C.C.; Winiarz, E.; Vaisberg, A.J.; Hammond, G.B. Ethnobotany,
Phytochemistry and Pharmacology of Uncaria (Rubiaceae). Phytochemistry, 66: 5-29,
2005.
Hejieva, N.; Mitova, M.; Ancev, M.; Popov, S. Iridoid Glucosides From Galium album
and G. lovcense. Phytochemistry, 43 (3): 625-628, 1996.
Hiroyuki, T.; Takeda, Y.; Hiroshi, N.; Kanomi, A.; Okuda, T.; Puff, C.
Chemotaxonomic Studies of Rubiaceous Plants Containing Iridoid Glycosides.
Phytochemistry, 27 (8): 2591-2598, 1988.
Hoehne, F. C. Plantas e substâncias vegetais tóxicas e medicinais. São Paulo, 1939.
Hostettmann, K.; Marston, A. Chemistry and Pharmacology of Natural Products:
Saponins. Cambridge University Press, 1995.
Hou, W.; Lin, R.; Chen, C.; Lee, M. Monoamine Oxidase B (Mao-B) Inhibition by
Active Principles From Uncaria rhynchophylla. Journal of Ethnopharmacology, 100:
216-220, 2005.
http://www.plantatlas.usf.edu/images.asp? plantID=948, acessado no dia 7 de agosto de
2006.
Ismail, N.H.; Ali, A.M.; Aimi, N.; Kitajima, M.; Takayama, H.; Lajis, N.H.
Anthraquinones From Morinda elliptica. Phytochemistry, 45 (8): 1723-1725, 1997.
Ito, A.; Chai, H.B.; Shin, Y.G.; Mejía, R.G.M.; Gao, Q.; Fairchild, C.R.; Lane, K.E.;
Menendez, A.T.; Farnsworth, N.R.; Cordell, G.A.; Pezzuto, J.M.; Kinghorn, A.D.
Cytotoxic Constituents of the Roots of Exostema acuminatum. Tetrahedron, 56(35):
6401-6405, 2000.
160
Itoh, A.; Baba, Y.; Tanahashi, T.; Nagakura, N. Tetrahydroisoquinoline-Monoterpene
Glycosides From Cephaelis acuminata. Phytochemistry, 59 (1): 91-97, 2002.
Jannic, V.; Gueritte, F.; Laprevote, O.; Serani, L.; Martin, M.; Sevenet, T.; Potier, P.
Pyrrolidinoindoline Alkaloids From Psychotria oleoides and Psychotria lyciiflora.
Journal of Natural Products, 62(6): 838-843, 1999.
Jansakul, C.; Intarit, K.; Itharat, A.; Phadungcharoen, T.; Ruangrungsi, N.; Merica, A.;
Lange, G.L. Biological Activity of Crude Extract and Saponin Pseudoginsenoside-
RT1 Derived from the Fruit of Randia siamensis. Pharmaceutical Biology, 37: 42-45,
1999.
Jork, H.; Funk, W.; Fischer, W.; Wimmer, H. Thin-Layer Chromatography: Reagents
and Detection Methods. Volume 1a, Ed. VCH Verlagsgesellschaft mbH. 1990.
Kam, T.; Lee, K.; Goh, S. Alkaloid distribution in Malaysian Uncaria. Phytochemistry,
31(6): 2031-2034, 1992.
Kam, T.; Lee, K.; Goh, S. Dimeric indole alkaloids from Uncaria callophylla.
Phytochemistry, 30(10): 3441-3444, 1991.
Kanchanapoom, T.; Kasai, R.; Yamasaki, K. Iridoid and Phenolic Diglycosides From
Canthium berberidifolium. Phytochemistry, 61 (4): 461-464, 2002.
Kanchanapoom, T.; Kasai, R.; Yamasaki, K. Iridoid and Phenolic Glycosides From
Morinda coreia. Phytochemistry, 59 (5): 551-556, 2002.
Kang, W.; Li, G.; Hao, X. Two New Triterpenes From Neonauclea sessilifolia.
Botanica Sinica, 45(8), 1003-1007, 2003.
Khan, I.A.; Sticher, O.; Rali T. New triterpenes from the leaves of Timonius timon.
Journal of Natural Products, 56: 2163, 1993.
Kim, S.H.; Ahn, B.; Ryu, S.Y. Antitumor Effects of Ursolic Acid Isolated From
Oldenlandia diffusa. Phytotherapy Research, 12(8): 553-556, 1998.
161
Kitajima, M.; Fischer, U.; Nakamura, M.; Ohsawa, M.; Ueno, M.; Takayama, H.; Unger,
M.; Stöckigt, J.; Aimi, N. Anthraquinones From Ophiorrhiza pumila Tissue and Cell
Cultures. Phytochemistry, 48 (1): 107-111, 1998.
Kitajima, M.; Fujii, N.; Yoshino, F.; Sudo, H.; Saito, K.; Aimi, N.; Takayama, H.
Camptothecins and Two New Monoterpene Glucosides From Ophiorrhiza
liukiuensis. Chemical and Pharmaceutical Bulletin, 53(10): 1355-1358, 2005.
Kitajima, M.; Yokoya, M.; Hashimoto, K.; Takayama, H.; Aimi, N. Studies on New
Alkaloid and Triterpenoids From Peruvian Una De Gato. Tennen Yuki Kagobutsu
Toronkai Koen Yoshishu, 43: 437-442, 2001.
Kitson, F.G., Larsen, B.S., McEwen, C.N. Gas Chromatography and Mass
Spectrometry: A Practical Guide. Academic Press.
Konishi, M.; Hano, Y.; Takayama, M.; Nomura, T.; Hamzah, A.S.; Ahmad, R.B.;
Jasmani, H. Triterpenoid Saponins From Hedyotis nudicaulis. Phytochemistry, 48 (3):
525-528, 1998.
Koyama, J.; Ogura, T.; Tagahara, K.; Konoshima, T.; Kozuka, M. Two
Naphthoquinones From Rubia cordifolia. Phytochemistry, 31 (8): 2907-2908, 1992.
Koyama, J.; Okatani, T.; Tagahara, K.; Kouno, I.; Íris, H. Anthraquinones of
Damnacanthus indicus. Phytochemistry, 31 (2): 709-710, 1992.
Lai, Q.L.; Pham, T.K; Vu, V.D.; Chu, P.K. Chemical Components of Roots of Hedyotis
capitellata Wall. Ex. G. Don Var. Mollis Pierre Ex Pit. Tap Chi Duoc Hoc, 9: 9-11,
2001.
Lamidi, M.; Ollivier, E.; Faure, R.; Debrauwer, L.; Nze-Ekekang, L.; Balansard, G.
Quinovic Acid Glycosides From Nauclea diderrichii. Phytochemistry, 38 (1): 209-212,
1995.
Lamidi, M.; Ollivier, E.; Mahiou, V.; Faure, R.; Debrauwer, L.; Ekekang, L. Nze;
Balansard, G. Gluco-Indole Alkaloids From the Bark of Nauclea diderrichii. 1H and
13C NMR Assignments of 3-5-Tetrahydrodeoxycordifoline Lactam and Cadambine
Acid. Magnetic Resonance in Chemistry
, 43(5): 427-429, 2005.
Latha, P. G.; Nayar, M. N. S.; Singh, O. V.; George, V.; Panikkar, K. R.; Pushpangadan,
P. Isolation of Antigenotoxic Ursolic Acid From Ixora coccinea Flowers.
Actualidades Biologicas (Medellin, Colombia), 23(74): 21-24, 2001.
162
Laus, G.; Brössner, D.; Keplinger, K. Alkaloids of Peruvian Uncaria tomentosa.
Phytochemistry, 45 (4): 855-860, 1997.
Laus, G.; Keplinger, K. Separation of Stereoisomeric Oxindole Alkaloids From
Uncaria tomentosa By High Performance Liquid Chromatography. Journal of
Chromatography A, 662 (2): 243-249, 1994.
Laus, G.; Teppner, H. the Alkaloids Ofan Uncaria rhynchophylla (Rubiaceae-
Coptosapelteae). Phyton (Horn, Austria), 36(2): 185-196, 1996.
Leal, M.B.; Elisabetsky, E. Absence of alkaloids in Psychotria carthagenensis Jacq.
(Rubiaceae). Journal of Ethnopharmacology, 54(1): 37-40, 1996.
Lee, D.; Cuendet, M.; Axelrod, F.; Chavez, P.I.; Fong, H.H.S.; Pezzuto, J.M.; Kinghorn,
A.D. Novel 29-Nor-3,4-Seco-Cycloartane Triterpene Methyl Esters From the Aerial
Parts of Antirhea acutata. Tetrahedron, 57 (33): 7107-7112, 2001.
Lee, D.U.; Park, C.H.; Kang, S.I.; Min, E.G.; Han, Y.H.; Lee, C.K. Isolation of the
Component Transformed Into Blue Pigments By Aerobic Bacteria in the Fruits of
Gardenia jasminoides. Saengyak Hakhoechi 29(3): 204-208, 1998.
Lemmich, E.; Cornett, C.; Jørstian, C.L.; Knudsen, A.D.; Furu, S.T.T.; Olsen, C.E.; Salih,
A. Molluscicidal Saponins From Catunaregam nilotica. Phytochemistry, 39 (1): 63-68,
1995.
Lendl, A.; Werner, I.; Glasl, S.; Kletter, C.; Mucaji, P.; Presser, A.; Reznicek, G.;
Jurenitsch, J.; Taylor, D.W. Phenolic and Terpenoid Compounds From Chione venosa
(Sw.) Urban Var. venosa (Bois Beé). Phytochemistry, 66: 2381-2387, 2005.
Liu, Y.; Chen, B.; Bai, Y.; Duddeck, H.; Hiegemann, M. Digiferriginol glycoside from
Rubia schumanniana. Phytochemistry, 30(3): 947-949, 1991.
Lopes, M.N.; de Oliveira, A.C.; Young, M.C.M.; Bolzani, V.S. Flavonoids From
Chiococca braquiata (Rubiaceae). Journal of the Brazilian Chemical Society, 15: 468–
471, 2004.
Lopes, S.; Von Poser, G.L.; Kerber, V.A.; Farias, F.M.; Konrath, E.L.; Moreno, P.;
Sobral, M.E.; Zuanazzi, J.A.S.; Henriques, A.T. Taxonomic Significance of Alkaloids
and Iridoid Glucosides in the Tribe Psychotrieae (Rubiaceae). Biochemical
Systematics and Ecology, 32 (12): 1187-1195, 2004.
163
Lorence, A.; Bolivar, F.M.; Nessler, C.L. Camptothecin and 10-Hydroxycamptothecin
From Camptotheca acuminata Hairy Roots. Plant Cell Reports, 22(6): 437-441, 2004.
Loupy, A., Maurel, F.; Sabatié-Gogová, A. Improvements in Diels–Alder
Cycloadditions With Some Acetylenic Compounds Under Solvent-free Microwave-
Assisted Conditions: Experimental Results and Theoretical Apgroaches. Tetrahedron
60: 1683–1691, 2004.
Lu, H.; He, J. A Study on Chemical Constituents of Oldenlandia diffusa Roxb.
Tianran Chanwu Yanjiu Yu Kaifa, 8(1): 34-37, 1996.
Luciano, J.H.S.; Lima, M.A.S.; De Souza, E.B.; Silveira, E.R. Chemical Constituents of
Alibertia myrciifolia Spruce Ex K. Schum. Biochemical Systematics and Ecology, 32
(12): 1227-1229, 2004.
Mabberley, D.J. The Plant Book. Cambridge University Press, Cambridge,
United Kingdom, 2nd Edition, 1997.
Marec, F.; Kollarova, I.; Jegorov, A. Mutagenicity of Natural Anthraquinones From
Rubia tinctorum in the Drosophila Wing Spot Test. Planta Medica, 67(2): 127-131,
2001.
Mata, R.; Camacho, M.R.C.; Mendoza, S.; Cruz, M.C. A Phenylstyrene From Hintonia
Latiflora. Phytochemistry, 31 (9): 3199-3201, 1992.
Mitaine-Offer, A.C.; Tapondjou, L.A.; Djoukeng, J.D.; Bouda, H.; Dubois, M.A.L.
Glycoside Derivatives of Scopoletin and Β-Sitosterol From Hymenodictyon
Floribundum. Biochemical Systematics and Ecology, 31 (2): 227-228, 2003.
Mitova, M.I.; Anchev, M.E.; Panev, S.G.; Handjieva, N.V.; Popov, S.S. Coumarins and
Iridoids From Crucianella graeca, Cruciata glabra, Cruciata laevipes and Cruciata
pedemontana (Rubiaceae). Zeitschrift Fuer Naturforschung, C: Biosciences (1996),
51(9/10), 631-634.
Miyazawa, M.; Kawata, J. Identification of the Key Aroma Compounds in Dried
Roots of Rubia cordifolia. Journal of Oleo Science. 55(1):
37-39, 2006.
Montagnac, A.; Litaudon, M.; País, M. Quinine- and Quinicine-Derived Alkaloids
From Guettarda noumeana. Phytochemistry, 46 (5): 973-975, 1997.
164
Montoro, P.; Carbone, V.; De Dioz Zuniga Quiroz, J.; De Simone, F.; Pizza, C.
Identification and Quantification of Components in Extracts of Uncaria tomentosa
By HPLC-ES/MS. Phytochemical Analysis, 15(1): 55-64, 2004.
Montoya, S.C.N.; Comini, L.R.; Sarmiento, M.; Becerra, C.; Albesa, I.; Argüello, G.A.;
Cabrera, J.L. Natural Anthraquinones Probed as Type I and Type II
Photosensitizers: Singlet Oxygen and Superoxide Anion Production. Journal of
Photochemistry and Photobiology B: Biology, 78(1): 77-83, 2005.
Moon, H.I.; Oh, J.S.; Kim, J.S.; Chen, P.C.; Zee, O.P. Phytochemical Compounds
From the Underground Parts of Gardenia jasminoides Var. Radicans Makino.
Saengyak Hakhoechi 33(1): 1-4, 2002.
Morimoto, M.; Tanimoto, K.; Sakatani, A.; Komai, K. Antifeedant Activity ofan
Anthraquinone Aldehyde in Galium Aparine L. Against Spodoptera litura F.
Phytochemistry, 60 (2): 163-166, 2002.
Muhammad, I.; ChuckDunbar, D.; Khan, R.A.; Ganzera, M.; Khan, I.A. Investigation of
Uña De Gato I. 7-Deoxyloganic acid and 15N NMR spectroscopic studies on
pentacyclic oxindole alkaloids from Uncaria tomentosa. Phytochemistry, 57: 781–785,
2001.
Muhammad, I.; Dunbar, D.C.; Khan, R.A.; Ganzera, M.; Khan, I.A. Investigation of
Una de Gato I. 7-Deoxyloganic acid and
15
N NMR spectroscopic studies on
pentacyclic oxindole alkaloids from Uncaria tomentosa. Phytochemistry, 57(5): 781-
785, 2001.
Multari, P.R.; Federici, E.; Galeffi, C. Triterpenoid Diglucoside of Enterospermum
pruinosum. Phytochemistry, 39 (1): 251-253, 1995.
Ohya, N.; Takizawa, J.; Kawahara, S.; Tanaka, Y. Molecular Weight Distribution of
Polyisoprene From Lactarius volemus. Phytochemistry, 48(5): 781-786, 1998.
Oleszek, W.A. Chromatographic Determination of Plant Saponins. Journal of
Chromatography, 967: 147-162, 2002.
Ono, M.; Ueno, M.; Masuoka, C.; Ikeda, T.; Nohara, T. Iridoid Glucosides From the
Fruit of Genipa americana. Chemical and Pharmaceutical Bulletin, 53(10): 1342-1344,
2005.
Otsuka, H.; Yoshimura, K.; Yamasaki, K.; Cantoria, M.C. Isolation of 10-Acyl Iridoid
Glucosides From a Philippine Medicinal Plant, Oldenlandia corymbosa L.
(Rubiaceae). Chemical and Pharmaceutical Bulletin, 39(8): 2049-2052, 1991.
165
Page, J.E.; Madrinan, S.; Towers, G.H.N. Identification of a Plant Growth Inhibiting
Iridoid Lactone From Duroia hirsuta, the Allelopathic Tree of the "Devil's Garden".
Experientia 50(9): 840-842, 1994.
Peng, J.; Feng, X.; Zheng, Q.; Liang, X. A Β-Carboline Alkaloid From Hedyotis
chrysotricha. Phytochemistry, 46 (6): 1119-1121, 1997.
Peng, J.; Feng, X.; Zheng, Q.; Liang, X. Iridoids From Hedyotis hedyotidea.
Phytochemistry, 47 (8): 1657-1659, 1998.
Pham, M.H.; Nguyen, D.T.; Do, T.D. Isolation and Identification of Scopoletin From
Roots of Nho Dong (Morinda longissima Y. Z. Ruan, Rubiaceae). Tap Chi Duoc Hoc,
45(2): 12-13, 2005.
Phuong, N.M.; Sung, T.V.; Porzel, E.; Schmidt, J.; Merzweiler, K.; Adam, G.
Β-Carboline Alkaloids From Hedyotis capitellata. Phytochemistry, 52 (8): 1725-1729,
1999.
Phuong, N.M.; Sung, T.V.; Schmidt, Juergen, Porzel, Andrea, Adam, Guenter.
Capitelline. A New Indole Alkaloid From Hedyotis capitellata. Natural Product
Letters, 11(2): 93-100, 1998.
Pinto, A.C.; Braga, W.F.; Rezende, C.M.; Garrido, F.M.S.; Viega, V.F.Jr.; Bergter, L.;
Patitucci, M.L.; Antunes, O.A.C. Separation of Acid Diterpenes of Copaifera cearensis
Huber ex Decke by Flash Chromatography Using Potassium Hydroxide
Impregnated Sílica Gel. Journal of the Brazilian Chemical Society, 11(4), 2000.
Piovano, M.; Chamy, M.C.; Garbarino, J.A.; Nicoletti, M. Iridoids From Cruckshanksia
pumila (Rubiaceae). Biochemical Systematics and Ecology, 31 (10): 1201-1203, 2003.
Plock, A.; Beyer, G.; Hiller, K.; Gründemann, E.; Krause, E.; Nimtz, M.; Wray, V.
Application of MS and NMR to the Structure Elucidation of Complex Sugar
Moieties of Natural Products: Exemplified by the Steroidal Saponin from Yucca
filamentosa L. Phytochemistry, 57: 489-496, 2001.
Quang, D.N.; Hashimoto, T.; Tanaka, M.; Dung, N.X.; Asakawa, Y. Iridoid Glucosides
From Roots of Vietnamese
Paederia sceens. Phytochemistry, 60 (5): 505-514, 2002.
Raharivelomanana, P.; Bianchini, J.P.; Ramanoelina, A.R.P.; Rasoharahona, J.R.E.;
Chatel, F.; Faure, R. Structures of Cadinane- and Guaiane-Type Sesquiterpenoids
From Enterospermum madagascariensis (Baill.) Homolle. Magnetic Resonance in
Chemistry 43(12): 1049-1052, 2005.
166
Randerath, K. Thin-Layer Chromatography. Verlag Chemie, Academic Press. Second
Edition, 1968.
Rasolonjanahary, R.; Sévenet, T.; Voegelein, F.G.; Kordon, C. Psycholeine, a natural
alkaloid extracted from Psychotria oleoides, act as a weak antagonist of
somatostatin. European Journal of Pharmacology 285: 19-23, 1995.
Rath, G.; Ndonzao, M.; Hostettmann, K. Antifungal Anthraquinones From Morinda
lucida Benth. (Rubiaceae). Colloques - Institut National De La Recherche Agronomique
69(Polyphenols 94): 413-14, 1995.
Ruiz-Mesia, L.; Ruiz-Mesia, W.; Reina, M.; Martinez-Diaz, R.; De Ines, C.; Guadano,
A.; Gonzalez-Coloma, A. Bioactive Cinchona Alkaloids From Remijia peruviana.
Journal of Agricultural and Food Chemistry, 53(6): 1921-1926, 2005.
Rukachaisirikul, V.; Naovanit, S.; Taylor, W.C.; Bubb, W.A.; Dampawan, P. A
Sesquiterpene From Gardenia sootepensis. Phytochemistry, 48 (1): 197-200, 1998.
Rumbero, A.; Vasquez, P. Structure and Stereochemistry of Magniflorine, A New
Indole Alkaloid From Hamelia magniflora Wernha. Tetrahedron Letters, 32 (38):
5153-5154, 1991.
Sahpaz, S.; Gupta, M.P.; Hostettmann, K. Triterpene Saponins From Reia formosa.
Phytochemistry, 54 (1): 77-84, 2000.
Sahu, N.P.; Achari, B. Advances in Structural Determination of Saponins and
Terpenoid Glycosides. Current Organic Chemistry, 5: 315-334, 2001.
Saito, K.; Sudo, H.; Yamazaki, M.; Koseki-Nakamura, M.; Kitajima, M.; Takayama, H.;
Aimi, N. Feasible Production of Camptothecin By Hairy Root Culture of
Ophiorrhiza pumila. Plant Cell Reports, 20(3): 267-271, 2001.
Sakakibara, I.; Takahashi, H.; Terabayashi, S.; Yuzurihara, M.; Kubo, M.; Ishige, A.;
Higuchi, M.; Komatsu, Y.; Okada, M.; Maruno, M.; Biqiang, C.; Jiang, H. X. Effect of
Oxindole Alkaloids From the Hooks of Uncaria macrophylla on Thiopental-Induced
Hypnosis. Phytomedicine, 5(2): 83-86, 1998.
Saludes, J.P.; Garson, M.J.; Franzblau, S.G.; Aguinaldo, A.M. Antitubercular
Constituents From the Hexane Fraction of Morinda citrifolia Linn. (Rubiaceae).
Phytotherapy Research, 16(7): 683-685, 2002.
167
Sampaio, E.V.S.B.; Mayo, S.J.; Barbosa, M.R.V. Checklist preliminar das
angiospermas. In E.V.S.B. Sampaio, S. Mayo; Barbosa, M.R.V. (eds.) Pesquisa
Botânica Nordestina: Progresso e Perspectivas. Sociedade de Botânica do Brasil, S. Reg.
Pernambuco, Editora Universitária, 1996.
Sang, S.; Wang, M.; He, K.; Liu, G.; Dong, Z.; Badmaev, V.; Zheng, Q.Y.; Ghai, G.;
Rosen, R.T.; Ho, C. Chemical Components in Noni Fruits and Leaves (Morinda
citrifolia L.). Acs Symposium Series 803(Quality Management of Nutraceuticals): 134-
150, 2003.
Sanseverino, A.M. Microondas em Síntese Orgânica. Química Nova, 25(4): 660-667,
2002.
Schapoval, E. E. S.; Schenkel, E. P.; Chaves, C. M. G.; Zanata, A. Ensaios Químicos e
Farmacológicos com a Chiococca alba (l.) Hitchc.. Anais do 2° Simpósio de Produtos
Naturais. João Pessoa, 1983.
Schöpke, T.; Wray, V.; Nimtz, M.; Hiller K. Triterpenoid Saponins From Bellium
bellidioides. Structures of the Minor Deacylsaponins. Phytochemistry, 41(5): 1399-
1403, 1996.
Schripsema, J.; Valdivia, A.R.; Verpoorte, R. Robustaquinones, Novel Anthraquinones
Froman Elicited Cinchona Robusta Suspension Culture. Phytochemistry, 51 (1): 55-
60, 1999.
Schwarz, B.; Wray, V.; Proksch, P. A Cyanogenic Glycoside From Canthium
schimperianum. Phytochemistry, 42 (3): 633-636, 1996.
Shiojima, K.; Arai, Y.; Masuda, K.; Takase, Y.; Ageta, T.; Ageta, H. Mass Spectra of
Pentacyclic Triterpenoids. Pharmaceutical Society of Japan 40: 1683–1690, 1992.
Silverstein, R.M.; Bassler, G.C.; Morrill, T.C. Identificação Espectrométrica de
Compostos Orgânicos. John Wiley & Sons, Inc. 3º Edição, 1979.
Simões, C.M.O.; Schenkel, E.P.; Gosmann, G.; Mello, J.C.P.; Mentz, L.A.; Petrovick,
P.R. Farmacognosia: Da Planta ao Medicamento. Ed. Da Universidade, 1999.
Solís, P.N.; Ravelo, A.G; Palenzuela, J.A.; Gupta, ,.P.; González, A.; Phillipson, J.D.
Quinoline Alkaloids From Psychotria glomerulata. Phytochemistry, 44 (5):
963-969,
1997.
168
Solis, P.N.; Wright, C.W.; Gupta, M.P.; Phillipson, J.D. Alkaloids From Cephaelis
dichroa. Phytochemistry, 33 (5): 1117-1119, 1993.
Southon, S.; Johnson, I.T.; Gee, J.M.; Price, K.R. The Effect of Gypsophylla Saponins
in the Diet On Mineral Status And Plasma Cholesterol Concentration in the Rat.
British Journal of Nutrition, 59: 1900-1905, 1988.
Sparg, S.G.; Light, M.E.; Van Staden, J. Biological Activities and Distribuition of
Plant Saponins. Journal of Ethnopharmacology, 94: 219-243, 2004.
Staerk, D.; Lemmich, E.; Christensen, J.; Kharazmi, A.; Olsen, C.E.; Jaroszewski, J.W.
Leishmanicidal, Antiplasmodial and Cytotoxic Activity of Indole Alkaloids From
Corynanthe pachyceras. Planta Medica 66(6): 531-536, 2000.
Su, B.N.; Kang, Y.H.; Pinos, R.E.; Santarsiero, B.D.; Mesecar, E.D.; Soejarto, D.D.;
Fong, H.H.S.; Pezzuto, J.M.; Kinghorn, A.D. Isolation and Absolute Stereochemistry
of Coussaric Acid, A New Bioactive Triterpenoid From the Stems of Coussarea
brevicaulis. Phytochemistry, 64 (1): 293-302, 2003.
Sudarsono. Asperuloside,an Iridoid Substance in Hedyotis corymbosa (L.)Lamk.
(Oldenlandia Corymbosa Linn.), Family Rubiaceae. Majalah Farmasi Indonesia,
10(3): 163-174, 1999.
Sudarsono. Distribution of Asperuloside, Scandoside Methyl Ester in Plant Organs
of Hedyotis corymbosa (L.) Lamk (Oldenlandia Corymbosa Linn) of Rubiaceae
Family. Majalah Farmasi Indonesia, 15(2): 62-67, 2004.
Suksamrarn, A.; Tanachatchairatana, T.; Kanokmedhakul, S. Antiplasmodial
Triterpenes From Twigs of Gardenia saxatilis. Journal of Ethnopharmacology, 88 (2-
3): 275-277, 2003.
Suzuki, S.; Endo, Y. Studies on the Constituents of the Fruits of Paederia scandens.
Structure of a New Iridoid, Paederia Lactone. Journal of Tohoku Pharmaceutical
University, 51: 17-21, 2004.
Takayama, H. Chemistry and Pharmacology of Analgesic Indole Alkaloids From the
Rubiaceous Plant, Mitragyna speciosa.
Chemical and Pharmaceutical Bulletin, 52(8):
916-928, 2004.
Takeda, Y.; Shimizu, Y.; Masuda, T.; Hirata, E.; Shinzato, T.; Beo, M.; Otsuka, H.
Lasianthionosides A–C, Megastigmane Glucosides From Leaves of Lasianthus
fordii. Phytochemistry, 65 (4): 485-489,2004.
169
Tan, N.; Zhou, J.; Zhao, S. Advances in Structural Elucidation of Glucuronide
Oleanane-Tipe Triterpene Carboxylic Acid 3,28-O-Bisdesmosides (1962-1997).
Phytochemistry, 52: 153-192, 1999.
Tanaka, Y.; Kawahara, S.; Aik-Hwee, E.; Shiba, K.; Ohya, N. Initiation of Biosynthesis
in cis-Ployisoprenes. Phytochemistry, 39(4): 779-784, 1995.
Tangpakdee, J; Tanaka, Y.; Shiba, K.; Kawahara, S.; Sakurai, K.; Suzuki, Y. Structure
and Biosynthesis of Trans-Polyisoprene From Eucommia ulmoides. Phytochemistry,
45(1): 75-80, 1997.
Timothy D.W. Claridge. High-Resolution Nmr Techniques in Organic Chemistry.
Pergamon, 1999.
Torssell, K.B.G. Natural Product Chemistry: A Mechanistic Biosynthetic and
Ecological Approach. Apotekarsocieteten: Swedish Pharmaceutical Society, 1997.
Tuchinda, P.; Saiai, A.; Pohmakotr, M.; Yoosook, C.; Kasisit, J.; Napaswat, C.; Santisuk,
T.; Reutrakul, V. Anti-Hiv-1 Cycloartanes From Leaves and Twigs of Gardenia
thailandica. Planta Medica, 70(4): 366-370, 2004.
Valverde, J.; Tamayo, G.; Hesse, M. Β-Carboline Monoterpenoid Glucosides From
Palicourea adusta. Phytochemistry, 52 (8): 1485-1489, 1999.
Verotta, L.; Orsini, F.; Sbacchi, M.; Scheildler, M.A.; Amador, T.A.; Elisabetsky, E.
Synthesis and Antinociceptive Activity of Chimonanthines and Pyrrolidinoindoline -
Type Alkaloids. Bioorganic & Medicinal Chemistry 10: 2133–2142, 2002.
Verotta, L.; Orsini, F.; Sbacchi, M.;Scheildler, M.A..; Amador, T.A.; Elisabetsky, E.
Synthesis and antinociceptive activity of chimonanthines and pyrrolidinoindoline-
Type alkaloids. Bioorganic & Medicinal Chemistry, 10(7): 2133-2142, 2002.
Verotta, L.; Pilati, T.; Tato, M.; Elisabetsky, E.; Amador, T.A.; Nunes, D.S.
Pyrrolidinoindoline Alkaloids from Psychotria colorata. Journal of Natural Products,
61: 392-396, 1998.
Vinatoru, M. An overview of the Ultrasonic Assisted Extraction os Bioative
Principles From Herbs. Ultrasonics Sonochemistry, 8: 303-313, 2001.
170
Von Poser, G.L.; Seibt, L.T. Gardenoside from Tocoyena bullata. Biochemical
Systematics and Ecology, 26(6): 669-670, 1998.
Wei, X.; Xie, H.; Ge, X.; Zhang, F. Iridoids From Dunnia sinensis. Phytochemistry, 53
(8): 837-840, 2000.
Weniger, B.; Anton, R.; Varea, T.; Quirion, J.C.; Bastida, J.; Garcia, R. Indole Alkaloids
From Antirhea portoricensis. Journal of Natural Products, 57(2), 287-90, 1994.
Weniger, B.; Jiang, Y.; Anton, R.; Bastida, J.; Varea,T.; Quirion, J. Oxindole Alkaloids
From Neolaugeria resinosa. Phytochemistry, 32 (6): 1587-1590, 1993.
Weniger, B.; Rafik, W.; Bastida, J.; Quirion, J.C.; Anton, R. Indole Alkaloids From
Antirhea lucida. Planta Medica, 61(6), 569-70, 1995
Wijinsma, R.; Verpoorte, R. Anthraquinones in the Rubiaceae. Programm Chemistry
Organization of Natural Products, 49: 79-149, 1986.
Woldemichael, G.M.; Wink, M. Identification And Biological Activities of
Triterpenoid Saponins From Chenopodium quinoa. Journal of Agricultural And Food
Chemistry, 49: 2327-2332, 2001.
Wu, L.; Wang, S.; Hua, H.; Li, X.; Zhu, T.; Miyase T.; Ueno, A. 6-Methoxygeniposidic
acid, an iridoid glycoside from Rubia cordifolia. Phytochemistry, 30(5): 1710-1711,
1991.
Xu, R.; Fazio, G.C.; Matsuda, S.P.T. Review On the Origins of Triterpenoid Skeletal
Diversity. Phytochemistry, 65: 261-291, 2004.
Yépez, A.M.P.; Ugaz, O.L.; Alvarez, C.M.P.; de Feo, V.; Aquino, R.; de Simone, F.;
Pizza, C. Quinovic acid glycosies from Uncaria guianensis. Phytochemistry, 30(5):
1635-1637, 1991.
Yoshimatsu, K.; Shimomura, K. Emetic Alkaloid Formation in Root Culture of
Cephaelis ipecacuanha. Phytochemistry, 30 (2): 505-507, 1991.
171
Yoshiyasu, K.; Shimizu, M.; Kubo, A. Synthesis of New Quinoline Alkaloids of
Chiococca alba. Heterocycles, 11: 2085-2090, 1990.
Young, M.C.M.; Braga, M.R.; Dietrich, S.M.C.; Bolzani, V.S.; Trevisan, L.M.V.;
Gottlieb, O.R. Chemosystematic Markers of Rubiaceae. Opera Botânica Bélgica, 7:
205-212, 1996.
Zhao, W.; Wolfender, J.; Hostettmann, K.; Cheng, K.; Xu, R.; Qin, G. Triterpenes and
Triterpenoid Saponins From Mussaenda pubescens. Phytochemistry, 45 (5): 1073-
1078, 1997.
Zhao, W.; Xu, J.; Qin, G.; Xu, R. Saponins From Mussaenda pubescens.
Phytochemistry, 39 (1): 191-193, 1995.
Zhao, W.; Xu, J.; Qin, G.; Xu, R. Two Monoterpenes From Fruits of Gardenia
Jasminoides. Phytochemistry, 37 (4): 1079-1081, 1994.
Zhao, W.; Yang, G.; Xu, R.; Qin, G. Three Monoterpenes From Mussaenda
pubescens. Phytochemistry, 41 (6): 1553-1555, 1996.
Zhou, Z.; Jiang, S.; Zhu, D.; Lin, L.; Cordell, G.A. Anthraquinones From Knoxia
valerianoides. Phytochemistry, 36 (3): 765-768, 1994.
Zuleta, L.M.C.; Cavalheiro, A.J.; Silva, D.H.S.; Furlan, M.; Young, M.C.M.;
Albuquerque, S.; Castro-Gamboa, I.; Bolzani, V.S. Seco-Iridoids From Calycophyllum
spruceanum (Rubiaceae). Phytochemistry, 64 (2): 549-553, 2003.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo