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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS
DEPÓSITOS SEDIMENTARES ASSOCIADOS À
DESEMBOCADURA DO ARROIO CHUÍ (PLANÍCIE
COSTEIRA DO RIO GRANDE DO SUL) E SUAS
RELAÇÕES COM AS VARIAÇÕES DO NÍVEL DO MAR
DURANTE O HOLOCENO
FELIPE CARON
ORIENTADOR – Luis José Tomazelli
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Sergio Rebello Dillenburg (IG-UFRGS)
Prof. Dr. Jorge Alberto Villwock (PUC-RS)
Prof. Dr. Eduardo Guimarães Barboza (IG-UFRGS)
Dissertação de Mestrado apresentada
como requisito parcial para a obtenção
do Título de Mestre em Geociências.
Porto Alegre – 2007
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Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
2
Caron, Felipe
Depósitos sedimentares associados a atual desembocadura do
Arroio Chuí (Planície Costeira do Rio Grande do Sul) e sua relação
com as variações do nível do mar durante o Holoceno. / Felipe
Caron. - Porto Alegre : IGEO/UFRGS, 2007.
[63 f.] il.
Dissertação (Mestrado). - Universidade Federal do Rio Grande
do Sul. Instituto de Geociências. Programa de Pós-Graduação em
Geociências. Porto Alegre, RS - BR, 2007.
1. Geologia Costeira. 2. Evolução Costeira. 3. Paleogeografia
Costeira. 4. Variações do Nível do Mar. I. Título.
_____________________________
Catalogação na Publicação
Biblioteca Geociências – UFRGS
Renata Cristina Grun CRB 10/1113
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3
Agradecimentos:
Primeiramente gostaria de dedicar este trabalho as pessoas que me fizeram
discernir a vida sem preocupações com o futuro e sim com a felicidade e o prazer de
aprender no dia a dia: Ventura e Lídia Caron; a Oswaldo Francisco e Hilda Maria
Canale e Julio e Leocadia Menezes: os avós sempre vão além dos pais.
A minha família que sempre me motivou: Julião, Beti, Dani e Pedro: para estes
não se sustentam comentários.
Aos meus tios André Luis Canale e Lucia Ortiz que me mostraram o caminho
da Geologia e suas vertentes.
João Vicente e Raiza pelos gestos naturais que relembram a maneira simples e
sincera de ser feliz.
Agradeço a Francisco Buchmann pelas críticas, sugestões, discussões, amigo
irmão e eterno orientador.
Agradeço o apoio incentivo, e constante aprendizado proporcionado pelo
amigo e orientador Luis José Tomazelli.
Agradeço a Sergio Dillenburg por todas as discussões e vivências
proporcionadas.
Agradeço a Svetlana Medianic pelo aprendizado, experiência de vida, e
identificação dos Palinomorfos.
Agradeço a Beatriz Dehnhardt pela paciência, pelo aprendizado, e na
identificação de Moluscos, Artrópodes e Protozoários.
Aos demais pesquisadores do CECO-UFRGS: Eduardo Barbosa, Nelson
Gruber, Luis Tabajara, Zé Nunes, Luis Emílio, Elírio Toldo, Iran Correa, Flávio Bachi
pelo convívio e discussões proporcionadas. Aos técnicos (Giba e Maribel) pelo esforço
laboratorial e aprendizado proporcionado.
A Lauro Júlio Calliari pelo incentivo, discussões, aprendizado e apoio logístico
de campo.
Aos Motoristas da FURG (Candinho Giba) conhecendo a praia como poucos.
A equipe oceanográfica OGROWS: Hugo, Bam, Thunder, Antiqueira, Pedro,
Scooby, Ahavs, Curiri, Almudi, André, Magaiver, Morrugão e Coelho. Sem estes seria
impossível a realização deste trabalho pela logística, profissionalismo e sangue dado em
campo. Só que conhece a Planície Costeira Sul sabe........
Aos colegas do Pós (Taís, Grazi, Lisi, Minele, Luana, Natalia, Rodrigo, Neto,
Zozi, Paulista, Aderson,) e amigos do curso de Geologia da UFRGS (Zé, Carol), pela
troca de experiências e aprendizado no dia a dia.
Aos amigos da baia da alegria (Alex ‘pai’), Chaluppe, Fred, Ale) por todo
universo arquitetural proporcionado......... e no auxílio das expressões gráficas........
A oportunidade de realizar este trabalho via Universidade Federal
Ao Cnpq. pela bolsa de estudos proporcionada.
Ao MAR.
Muito obrigado!
4
SUMÁRIO
RESUMO
ABSTRACT
ÍNDICE DE FIGURAS
INDICE DE ANEXOS
1. INTRODUÇÃO
1.1. O Tema de Estudo e Seus Objetivos........................................................................10
1.2. A Área de Estudo......................................................................................................10
1.3. Geologia Regional....................................................................................................13
1.3.1. O Sistema Laguna-Barreira III na Porção Sul da PCRS................................14
1.3.2. O Sistema Laguna-Barreira IV na Porção Sul da PCRS ...............................15
1.4. Aspectos Climáticos e Oceanográficos....................................................................17
1.4.1. Aspectos Climáticos.......................................................................................17
1.4.2. Aspectos Oceanográficos...............................................................................18
1.4.3. Sedimentologia, Morfodinâmica e Aspectos Erosivos das Praias.................20
2. MATERIAIS E MÉTODOS.......................................................................................22
2.1. Geologia de superfície.............................................................................................22
2.2. Geologia de sub-superfície......................................................................................30
2.3. Análises laboratoriais..............................................................................................30
2.3.1. Abertura e Descrição dos Testemunhos........................................................30
2.3.2. Análises granulométricas..............................................................................30
2.3.3. Análises paleontológicas...............................................................................31
2.3.4. Análises geocronológicas..............................................................................32
3. RESULTADOS........................................................................................................34
3.1. Geologia e Geomorfologia da Área de Estudo......................................................34
3.2. Análise Faciológica e Estratigráfica dos Depósitos Holocênicos..........................36
3.2.1. Perfil 1.........................................................................................................36
3.2.2. Perfil 2.........................................................................................................40
3.3.3. Perfil 3.........................................................................................................49
3.3.4. Perfil 4.........................................................................................................52
3.3.5. Perfil 5.........................................................................................................54
3.3.6. Afloramento 2.............................................................................................54
5
4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS........................................................................54
4.1. Modelo Evolutivo da região da desembocadura do Arroio Chuí durante o
Holoceno.......................................................................................................................59
5. CONCLUSÕES........................................................................................................61
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................62
ANEXOS
6
RESUMO
O presente trabalho descreve a ocorrência de depósitos sedimentares
associados à desembocadura do Arroio Chuí, no extremo sul do País, e suas relações
com as variações do nível do mar durante o Holoceno. Com o emprego de uma estação
total, bússola de geólogo e navegação com GPS, procedeu-se a um nivelamento
topográfico da área de estudo, incluindo a altimetria ao longo de 5 perfis topográficos
transversais e longitudinais ao arroio. Ao longo dos perfis transversais foram coletados
10 testemunhos a percussão e realizados 18 furos com trado manual. As análises
sedimentológicas, paleontológicas e geocronológicas dos testemunhos e dos
afloramentos nas barrancas do arroio, permitem registrar importantes aspectos sobre a
natureza e o significado paleogeográfico das fácies encontradas. Foram identificadas
facies sedimentares contendo uma rica assembléia de palinomorfos e de conchas fósseis
– especialmente moluscos gastrópodes e bivalves – indicadores de influência marinha
na sedimentação. Dentre as espécies de moluscos encontradas foram identificadas
Heliobia australis, Anachis isabellei, Crepidula protea, Carditamera plata, Corbula
caribaea, Corbula patagonica, Mactra isabelliana, Anomalocardia brasiliana, Ostrea
puelchana, Crassostrea e Tagelus plebeius. Em algumas fácies lamosas muitos
exemplares de fósseis se encontram bem preservados, mantendo-se ainda em posição de
vida. A altimetria e a natureza das fácies permitem concluir que, na região próximo à
atual desembocadura do Arroio Chuí, o nível do mar esteve pelo menos 2 a 3 m acima
do nível atual durante o máximo da Transgresão Pós-Glacial. O ambiente correspondia
a um estuário, cuja configuração foi controlada, em grande parte, pela morfologia dos
terrenos pleistocênicos adjacentes. As assembléias fossilíferas, típicas de ambiente
estuarino, situadas nos paleoniveis de 0,8 m abaixo do nível do mar atual, datando 6530
± 40 anos AP (Cal 7.150-6.930) e 1,9 m acima do nível do mar atual, datando 5750 ± 40
anos AP (Cal 6260-6080) evidenciam as fases de afogamento da região da
desembocadura do Arroio Chuí, relacionadas com o máximo da Transgressão Pós-
Glacial. Os resultados deste trabalho contribuem para a melhor compreensão sobre o
comportamento do nível do mar durante o Holoceno na região sul do Brasil.
7
ABSTRACT
The present work describes the occurrence of sedimentary deposits
associated to the mouth of Arroio Chui river in the south limit of Brazil, and its relation
with sea-level fluctuations during the Holocene. With a total station, a geologist
compass and a GPS device a topographic levelling of the study area was conducted,
including the altimetry of 5 profiles transversal and longitudinal to the river. Along the
transversal profiles, 10 percussion cores were collected and 18 holes were made with a
manual auger. The sedimentological, paleontological and geochronological analyses of
the cores and of the outcrops at the banks of the river, allowed to interpret important
aspects about the nature and paleogeographic significance of the facies. The
sedimentary facies show a rich assemblage of palynomorphs and fossil shells – mainly
gastropodes and bivalves mollusks – pointing to a deposition in an environment with
marine influence. The mollusk shells include the species Heliobia australis, Anachis
isabellei, Crepidula protea, Carditamera plata, Corbula caribaea, Corbula patagonica,
Mactra isabelliana, Anomalocardia brasiliana, Ostrea puelchana, Crassostrea and
Tagelus plebeius. In some muddy facies many of these mollusks were preserved in life
position. The nature and altimetry of the facies allow concluding that, in the area
surrounding the Arroio Chui’s current mouth, the sea level was at least 2 to 3 m above
de present level during the maximum of the Post Glacial Transgression. In that time the
environment was, probably, an estuary whose configuration was controlled, largely, by
de morphology of the adjacent pleistocenic terrains. The estuarine fossil assemblage,
located 0.8 m bellow the present sea-level, dating 6530 ± 40 years AP (Cal 7150-6930),
and 1.9 m above present sea-level, dating 5750 ± 40 years AP (Cal 6260-6080),
evidences the phases of drowning of the area during the maximum of the Post Glacial
Transgression. The results of this work contribute to the understanding of the Late
Holocene sea-level behavior in the south of Brazil.
8
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 – Mapa de localização da área de estudo..........................................................11
Figura 2 – Fotografia aérea oblíqua mostrando a região de desembocadura do Arroio
Chuí ..............................................................................................................12
Figura 3 – Fotografia aérea oblíqua mostrando a região estuarina do Arroio Chuí .......13
Figura 4 – Mapa geológico simplificado da Planície Costeira do Rio Grande do Sul....14
Figura 5 – Fotografia aérea vertical da área de estudo (Ano:1966 / Escala: 1:60.000)..24
Figura 6 – Imagem LandSat 7 da área de estudo (data: 31/12/2000) ............................25
Figura 7 – Mapa de localização dos perfis e pontos de amostragem..............................26
Figura 8 – Foto de campo. Levantamento do perfil topográfico P2...............................26
Figura 9 – Foto de campo. Levantamento do perfil topográfico P5...............................27
Figura 10 – Vista parcial do Afloramento 1, nas barrancas do Arroio Chuí..................28
Figura 11 – Vista parcial do Afloramento 2, nas barrancas do Arroio Chuí..................29
Figura 12 – Processo de testemunhagem a percussão (penetração de tubo de PVC).....32
Figura 13 – Processo de testemunhagem a percussão (retirada do testemunho)............33
Figura 14 – Mapa geológico-geomorfológico da área de estudo....................................35
Figura 15 – Prancha correspondente ao Perfil 1.............................................................39
Figura 16 – Prancha correspondente ao Perfil 2.............................................................45
Figura 17 – Prancha do Afloramento 1...........................................................................46
Figura 18 – Prancha 1 de palinomorfos..........................................................................47
Figura 19 – Prancha 2 de palinomorfos..........................................................................48
Figura 20 – Palinodiagrama da fácies lamosa basal do Afloramento 1..........................49
Figura 21 – Prancha correspondente ao Perfil 3.............................................................51
Figura 22 – Prancha correspondente ao Perfil 4.............................................................53
Figura 23 – Seção faciológica no perfil 2 com os testemunhos T4, T5, T6...................58
9
INDICE DE ANEXOS
Anexo 1 – Prancha contendo o testemunhos 1, sua descompactação e descrição
faciológica.
Anexo 2 – Prancha contendo o testemunhos 2, sua descompactação e descrição
faciológica.
Anexo 3 – Prancha contendo o testemunhos 3, sua descompactação e descrição
faciológica.
Anexo 4 – Prancha contendo o testemunhos 4, sua descompactação e descrição
faciológica.
Anexo 5 – Prancha contendo o testemunhos 5, sua descompactação e descrição
faciológica.
Anexo 6 – Prancha contendo o testemunhos 6, sua descompactação e descrição
faciológica.
Anexo 7 – Prancha contendo o testemunhos 7, sua descompactação e descrição
faciológica.
Anexo 8 – Prancha contendo o testemunhos 8, sua descompactação e descrição
faciológica.
Anexo 9 – Prancha contendo o testemunhos 9, sua descompactação e descrição
faciológica.
Anexo 10 – Prancha contendo o testemunho 10, sua descompactação e descrição
faciológica.
Anexo 11 – Tabela comparativa das espécies de moluscos encontradas na região da área
de estudo.
Anexo 12 – Composição taxonômica de palinomorfos e sua freqüência (exemplares) nas
amostras do Afloramento 1 no Arroio Chuí.
Anexo 13 – Prancha de fotos de Clorofitas.
Anexo 14 – Prancha de fotos de Diatomáceas.
Anexo 15 – Pranchas de fotos de Dinoflagelados.
Anexo 16 – Prancha de fotos de Pólen e Esporos.
Anexo 17 – Palinodiagrama dos grupos: Baccilariophyta, Dinophyta, Acritarca.
Anexo 18 – Palinodiagrama dos grupos: Magnoliophyta, Pteridóphyta, Bryophyta.
Anexo 19 – Palinodiagrama dos grupos: Microforaminífera, Fitolitos, Spongi, Fungi.
10
1. INTRODUÇÃO
1.1. O TEMA DE ESTUDO E SEUS OBJETIVOS
As flutuações do nível do mar durante o Holoceno têm sido importante
tema de pesquisa em nível local, regional e global de inúmeros estudiosos das regiões
costeiras no mundo inteiro. No Brasil, especialmente nas últimas décadas, muitos
pesquisadores têm se voltado a este tema em estudos realizados principalmente na costa
leste e sudeste do País (veja-se, por exemplo, as revisões recentes de Angulo et al
(2006) e Martin (2003), sobre o assunto). Na costa do Rio Grande do Sul, vários autores
também têm enfocado o tema, como pode ser encontrado nas revisões feitas por
Villwock (1984), Villwock & Tomazelli (1995) e Tomazelli & Villwock (2000).
Embora existam divergências pontuais entre os diversos autores, nascidas
de efeitos locais ou metodológicos, as curvas que sintetizam a variação do nível do mar
durante o Holoceno mostram, na sua maioria, que o nível atual foi ultrapassado em
torno de 7 ka e que, entre 5 e 6 ka foi atingido um nível máximo situado alguns metros
acima do nível atual. Este período de nível de mar mais alto do que o atual foi de grande
importância na elaboração da paisagem costeira, promovendo o afogamento de
desembocaduras fluviais e estabelecendo a formação de estuários e lagunas.
A Dissertação de Mestrado aqui apresentada tem como objetivo principal
investigar este fenômeno de afogamento de uma destas desembocaduras fluviais da
costa brasileira – a desembocadura do Arroio Chuí, no extremo sul do litoral brasileiro.
O fenômeno foi estudado através da análise dos registros sedimentares, paleontológicos
e geomorfológicos deixados pelo processo transgressivo. Com a determinação precisa
de dados altimétricos e cronológicos pretende-se que este trabalho contribua de modo
significativo para um melhor conhecimento da evolução geológica da região costeira
estudada.
1.2. A ÁREA DE ESTUDO
A área coberta por este estudo localiza-se no extremo sul da Planície
Costeira do Rio Grande do Sul (PCRS), a leste dos municípios de Santa Vitória do
Palmar e Chuí (Figs. 1, 2 e 3).
A área de drenagem do Arroio Chuí próxima a sua atual desembocadura
é dominada por terrenos mais elevados, de origem pleistocênica. O arroio se encontra
11
inciso nestes terrenos de barreira e retro-barreira, numa faixa restrita, marcada por
baixas declividades e que se estende, ao sul, para dentro do território uruguaio.
Fig. 1- Mapa de localização da área de estudo e detalhe de foto aérea de 1996.
12
Fig. 2 - Fotografia aérea obliqua (2001) mostrando a região da desembocadura do
Arroio Chuí. Fonte: Francisco Buchmann
13
Fig. 3 - Fotografia aérea obliqua (2001) mostrando o caráter meandrante do Arroio
Chuí, próximo à sua desembocadura. Fonte: Francisco Buchmann.
1.3. GEOLOGIA REGIONAL
Segundo Villwock et al. (1986) e Tomazelli & Vilwock (2000) a PCRS
desenvolveu-se a partir da justaposição lateral de quatro sistemas deposicionais do tipo
Laguna-Barreira, cuja formação foi controlada por quatro grandes eventos
transgressivos-regressivos do mar durante o Quaternário (Sistemas Laguna-Barreira I, II
III e IV) (Fig. 4). O Arroio Chuí, tema de nosso estudo, corre pela depressão
correspondente ao Sistema Lagunar III, limitada pelas Barreiras II e III, e atinge o mar
através de um canal que corta a Barreira III. Portanto, a área de estudo está
condicionada, principalmente, pelos sistemas Laguna-Barreira III e IV, os quais
passamos a descrever.
14
Fig. 4 – Mapa geológico simplificado da Planície Costeira do Rio Grande do Sul,
mostrando a distribuição dos principais sistemas deposicionais (extraído de Tomazelli &
Villwock, 2000).
1.3.1. O Sistema Laguna-Barreira III na Porção Sul da PCRS
De acordo com Villwock et al. (1986) o Sistema Laguna-Barreira III
formou-se associado a um terceiro evento transgressivo-regressivo que atingiu a PCRS
no final do Pleistoceno. A formação da Barreira III foi responsável pela implantação
final do Sistema Lagunar Patos-Mirim (Villwock & Tomazelli, 1995). Os sedimentos da
Barreira III são correlacionados ao último pico interglacial pleistocênico,
correspondendo ao subestágio isotópico de oxigênio 5e, o que lhes conferem uma idade
em torno de 120 ka. As características gerais dos sedimentos da Barreira III permitem
correlacioná-los aos depósitos arenosos marinhos descritos em outras partes do litoral
15
brasileiro e relacionados com a “Penúltima Transgressão” ou “Transgressão Cananéia”
de Suguio & Martin (1978) e Bittencourt et al. (1979).
Na região de estudo, os terrenos do Sistema Lagunar III estão
posicionados entre as Barreiras II e III, um espaço ocupado hoje em dia pelos banhados
formadores dos arroios Chuí e do Pastoreio, e onde corre o Arroio Chuí (Soliani Jr.,
1973). Fósseis de mamíferos pleistocênicos têm sido encontrados em vários locais
associados ao Sistema Lagunar III (Paula Couto, 1953; Soliani Jr.,1973). O Sistema
Lagunar III é representado, litologicamente, por areias finas, siltico-argilosas,
pobremente selecionadas, de coloração creme, com laminação plano-paralela e que,
freqüentemente, apresentam concreções carbonáticas e ferruginosas (Soliani Jr., 1973).
As observações de campo apresentadas por Buchmann et al. (2001) e
Lopes et al. (2001) levaram a uma revisão estratigráfica do trabalho de Soliani Jr.
(1973). Estes autores, com base em novos afloramentos, reinterpretaram a seção-tipo
nas barrancas do Arroio Chuí, definindo uma sucessão vertical de fácies que mostra, na
base, entre 3,5 e 4,5 m de profundidade, uma camada de areias finas inconsolidadas,
localmente oxidadas, com estratificação plano-paralela disposta em sets truncados em
baixo ângulo, contendo moldes de moluscos e a presença comum de galerias de
Ophiomorpha, provavelmente construídas pelo gênero Sergio (Callichirus) sp. Estes
sedimentos foram interpretados como tendo sido depositados em ambiente praial
associado ao sistema deposicional da Barreira III. As estruturas físicas e biogênicas
sugerem uma origem em ambiente de praia intermarés. As areias lamosas da camada
sobrejacente, portadoras de fósseis da megafauna pleistocênica, foram redefinidas como
correspondendo a sedimentos de origem lagunar, pertencentes ao sistema deposicional
Lagunar III.
1.3.1. O Sistema Laguna-Barreira IV na Porção Sul da PCRS
A Transgressão Pós-Glacial, iniciada em torno de 17 ka, foi promovida
por uma subida rápida do nível do mar pontuada por breves períodos de estabilização.
Corrêa (1990) reconheceu, ao longo da Plataforma Continental do Rio Grande do Sul,
paleoníveis marinhos nas profundidades atuais de 120-130 m, 60-70 m, 32-45 m e 20-
25 m que marcariam estes períodos de estabilização. Em torno de 5.1 ka foi atingido o
máximo avanço, com a linha de costa estendendo-se até os depósitos da Barreira III,
parcialmente erodindo-os e escavando uma falésia de abrasão. Após 5.1 ka uma fase
regressiva ampliou a Barreira IV e os depósitos do sistema Lagunar IV (Buchmann,
16
1997). O crescimento progressivo desta barreira isolou, entre o continente e o Oceano
Atlântico uma ampla faixa de terras baixas onde se estabeleceu um sistema
deposicional, formado por distintos ambientes de sedimentação em diferentes estágios
de segmentação, quase sempre controlado por um regime de ventos de alta energia
proveniente de NE. Conseqüentemente dunas livres, do tipo barcanóide, passaram a
migrar no sentido SW transgredindo terrenos mais antigos e avançando para dentro dos
corpos lagunares que ocupam um papel dominante nestes ambientes (Tomazelli, 1990,
1993).
A Barreira IV é constituída fundamentalmente pelas areias da faixa praial
atual e o campo eólico adjacente. Em determinadas regiões, sua progradação se
desenvolveu através da construção de cordões litorâneos regressivos cujas
características podem se observadas ao norte de Tramandaí e sul da cidade de Rio
Grande (Godolphim, 1976). As areias praiais de Barreira IV são quartzosas de
granulação fina a muito fina (Martins, 1967) e em certos locais, apresentam elevadas
concentrações de minerais pesados (Villwock et al.,1979).
O Sistema Lagunar IV é constituído por um conjunto complexo de
ambientes deposicionais que coexistiram lado a lado, ou então gradaram temporal e/ou
espacialmente uns nos outros (Villwock & Tomazelli, 1995). Na região de estudo, o
Sistema Lagunar IV está representado principalmente pela Lagoa Mangueira, um corpo
lacustre raso com cerca de 800 km
2
de superfície.
Outros trabalhos relevantes para a geologia do sul da PCRS incluem as
contribuições de Vassão (1951), que estudou a topografia e a batimetria da Lagoa
Mangueira, e o trabalho de Sobrinho (1961) que descreveu a geologia do Banhado do
Taim. Forti-Esteves (1974), estudou a bioestratigrafia e paleoecologia de moluscos
quaternários na planície costeira do RS e Godolphim (1976), fez uma à análise
paleogeográfica dos feixes de cordões litorâneos regressivos na praia do Cassino, ao sul
de Rio Grande. Destacam-se também os trabalhos de Pfadenhauer et al. (1979) que
descreveu a vegetação atual, observando também uma camada de turfa no Banhado do
Taim e o de Abreu et al. (1984), que realizou um estudo preliminar da geomorfologia e
paleontologia da Ponta dos Latinos na Lagoa Mirim. Ainda os trabalhos de Godolphim
et al. (1989) que estudara, abundante material paleontológico (moluscos, equinodermos,
foraminíferos, ostracodes, fragmentos de corais, briozoários e dentes de peixes), e a
geomorfologia da porção média da planície costeira, evidenciando a primeira fase
17
transgressiva do Holoceno para a área, reconhecendo dois ambientes distintos: um
marinho de águas rasas e um estuarino.
Diversos autores (Soliani, 1973; Soliani & Jost, 1974; Jost et al. 1974;
Villwock, 1984; Villwock & Tomazelli, 1995) propuseram que a região onde se situa
hoje o Banhado do Taim seria o canal de ligação entre a Lagoa Mirim e o Oceano
Atlântico durante o máximo transgressivo holocênico. Durante os sucessivos
movimentos da linha de costa, em resposta às variações relativas do nível do mar, ali
formaram-se depósitos fossilíferos contendo fauna marinha, estuarina e flora paludial
(Sobrinho, 1961, Buchmann et al. 1997).
Dillenburg (1994) analisou o potencial de preservação dos registros
sedimentares do sistema Laguna-Barreira IV determinando que, além da profundidade
de erosão da antepraia em processo de retração (basicamente dependente da energia das
ondas, resistência do substrato à erosão, variação de maré, suprimento sedimentar e da
taxa de elevação do nível do mar), outro fator importante na preservação dos depósitos é
a topografia pré-existente. No caso da área enfocada neste trabalho, esses fatores
influenciaram na preservação de seqüências sedimentares costeiras ressaltando a
topografia antecedente. Aplicando um modelo de evolução de barreiras (STM) na costa
do Rio Grande do Sul, Dillenburg et al (2000) diferenciaram a Barreira IV dividindo-a
em trechos denominados de reentrâncias e projeções costeiras, caracterizando sua
própria morfologia e sua relação com a evolução durante o Holoceno.
1.4. ASPECTOS CLIMÁTICOS E OCEANOGRÁFICOS
1.4.1. Aspectos Climáticos
Nobre et al. (1986) descrevem a região como sendo parte da fronteira
entre as latitudes subtropicais e latitudes médias temperadas da borda oeste do Atlântico
Sul. O regime de ventos e massas de ar estão vinculados ao anticiclone tropical semi-
fixo do Atlântico Sul (ATAS) e ao Anticiclone Polar Migratório (APM) (Fonzar, 1994).
A alternância de ação entre estes dois anticiclones, durante todo o ano, faz com que
ocorram ventos do quadrante NE com maior freqüência nos meses de setembro a
fevereiro e ventos de SW, de forte intensidade, durante os meses de abril a agosto
(Godolphim, 1976). A passagem dos anticiclones migratórios induz a uma variação na
direção do vento de NE para SW. Já o anticiclone semi-fixo do Atlântico Sul apresenta,
18
segundo Fonzar (1994), um movimento zonal, ora se afastando para o oceano, ora
invadindo o continente, determinando não somente a circulação de ventos e massas de
ar, mas também a sazonalidade no deslocamento dos sistemas frontais e linhas de
instabilidade.
Análises de dados de estações meteorológicas efetuadas por Tomazelli
(1990) caracterizam o vento da costa do Rio Grande do Sul como de alta energia e de
baixa variabilidade direcional. Este autor observou que ocorre uma dominância dos
ventos de NE na maior parte do ano, entretanto seriam os ventos de S-SW-W os de
maior velocidade. Estes estão associados à passagens de tempestades e juntamente com
os ventos S e SE podem causar empilhamento d’água na costa.
1.4.2. Aspectos Oceanográficos
Segundo a classificação proposta por Davies (1964) a costa do Rio
Grande do Sul pode ser enquadrada como submetida a um regime de micromarés, sendo
dominada por ondas. As tábuas de marés da Diretoria de Hidrografia e Navegação
(DHN) apresentam marés astronômicas médias anuais de 0,47m e máximas de 1,20m,
nos períodos de outono e inverno. A baixa influência de marés astronômicas faz com
que os ventos e a pressão atmosférica sejam os fatores condicionantes do nível d’água
na região. Tozzi (1995) e Calliari et al. (1998) observaram que em períodos de
tempestade os fortes ventos que sopram do mar em direção ao continente empurram
uma massa d’água considerável que, somada à migração dos centros de baixa pressão,
ocasionam sobre elevações do nível do mar, chamadas de marés meteorológicas.
Segundo Tozzi (1995) o poder de erosão das tempestades está
relacionado com a duração, intensidade, tamanho, distância e orientação da pista de
vento, enquanto que o dano costeiro relaciona-se com a exposição, orientação e as
características dos sistemas praiais. Barletta (2000) determinou a intensidade das
tempestades do Atlântico Sul ocorridas entre 1996 e 1999. Baseados na classificação de
Dolan & Davis (1992), que divide as tempestades em cinco classes de intensidade,
observou que 54,4% dos eventos registrados corresponderam à classe I (fraco), 23%
para classe II (moderado), 19,25% para classe III (significante), 2,75% para classe IV
(severa) e para a classe V (extrema), apenas uma tempestade registrada (0,6%).
Quanto ao regime de ondas, Motta (1967), estudando registros realizados
na região ao largo de Tramandai, verificou que as ondulações de SE e são os agentes
19
transportadores dominantes devido à sua maior energia e menor esbeltez. A direção de
incidência das ondas indica um transporte litorâneo considerável em ambos os sentidos
da costa, mas com predominância final para NE. O período significativo mais freqüente
é de 9 segundos podendo variar desde 5 até 17s m e a altura significativa mais freqüente
é de 1,5m e a de recorrência anual é cerca de 3,5m, sendo 7m a máxima provável para
um período de 30 anos.
Ao analisar as cartas denominadas “Sea and Swell Charts for the South
Atlantic Ocean”, do US Navy Hidrographic Office, para a região da desembocadura da
Laguna dos Patos, Motta (1969) confirma as mesmas características de ondulação,
chegando a uma conclusão que a costa está toda ela submetida a praticamente o mesmo
regime de ondas, e as diferenças encontradas nas praias se devem à morfologia local da
antepraia.
Com observações visuais diárias na praia do Cassino, entre 1991 a 1995,
Tozzi (1995) encontrou valores de período significativo médio de 10 segundos e altura
significativa média de 0,9-1,0 metro; em eventos de tempestades de maior energia, as
alturas e períodos significativos giram em torno de 1,5m podendo extraordinariamente
alcançar 2,5 a 3,0 metros e 11 a 14 segundos respectivamente.
Segundo Strauch (1998) que analisou dados de um ondógrafo direcional,
fundeado próximo à desembocadura da Laguna dos Patos, a direção de propagação das
ondas que chegam à costa do Rio Grande do Sul é de sudeste. Dois regimes se
destacam: o primeiro com direção sul-sudeste, com ondas de maior período,
caracterizando ondas longas do tipo swell e um segundo de ondas de geração local, de
menores períodos, propagando-se com direção predominante leste-sudeste. As maiores
alturas foram encontradas no outono, com valores máximos de 8,5m e outros acima de
7m. O período mais tranqüilo é a primavera, com as menores alturas e as menores
energias, sendo que a diferença dessa estação é o predomínio da direção leste-sudeste
das ondas.
Dillenburg et. al (2003) estudaram o gradiente de ondas na costa do RS
observando setores com menores alturas nas suaves reentrâncias com progressivo
crescimento nas projeções costeiras.
Quanto ao regime de correntes, medições efetuadas por Motta (1967)
dentro da antepraia em Tramandaí, demonstraram que as correntes apresentam-se
predominantemente paralelas à linha de costa em ambos os sentidos e com velocidades
variando entre 0,10 m/s e 0,20 m/s. Devido à predominância dos ventos de NE ocorre a
20
predominância das correntes litorâneas de direção NE-SW durante a maior parte do ano.
Os ventos de SW, S e SE geram correntes no sentido oposto e na área da
desembocadura da Laguna dos Patos, as correntes de sentido SW apresentam variações
de velocidade entre 14 e 62 cm/s. As correntes geradas por ventos apresentam um
transporte preferencial de finos em direção ao sul. Entretanto, as correntes litorâneas
geradas por incidência oblíqua de ondas são mais efetivas na remobilização de
sedimentos arenosos, apresentando um transporte preferencial para norte (Motta, 1969).
1.4.3. Sedimentologia, Morfodinâmica e Aspectos Erosivos das Praias
De acordo com Calliari & Klein (1993, 1995) a praia entre Hermenegildo
e a foz do Arroio Chuí apresenta características morfodinâmicas intermediárias, com
uma média zona de arrebentação e com uma ou múltiplas barras paralelas à linha de
praia. Predominam areias finas e a declividade é da ordem de 1:26.
Embora haja um predomínio de areias finas é muito comum, neste
segmento praial do sul da PCRS, a ocorrência de detritos maiores formados por
bioclastos de composição variada, fragmentos de coquinas e de ossos de mamíferos da
megafauna pleistocênica. Segundo Buchmann (2002) e Buchmann et al. (2001) o aporte
deste material até a praia atual está diretamente relacionado ao retrabalhamento, na
antepraia, de fácies fossilíferas acumuladas no decorrer de flutuações do nível do mar
no Quaternário através da ação hidrodinâmica atual (ondas e correntes) durante as
tempestades. Segundo Figueiredo (1975), Correa (1990) e Asp (1999) mencionam que a
antepraia do Rio Grande do Sul, pricipalmente no setor entre Rio Grande e Chuí, está
associada a depósitos relíquias (coquinas, beachrocks e bancos arenosos) que
representariam antigas linhas de praia.
Siegle (1996), estudando a distribuição de sedimentos litorâneos entre o
Farol da Conceição e o Arroio Chuí, encontrou alta correlação entre as regiões de
maiores concentrações de minerais pesados presentes no pós praia e locais com
evidências de erosão e retração da linha de costa, sendo que os maiores valores de
concentração foram encontrados próximos ao balneário Hermenegildo. Calliari et al.
(1998), estimaram uma taxa de retração das dunas frontais de cerca de 0,5/m por ano.
Tomazelli et al (1995) propõem que a continuidade lateral dos depósitos
de turfas e lamas orgânicas aflorantes nas imediações da praia do Hermenegildo
sugerem uma formação associada a corpos lagunares e paludiais de significativas
21
dimensões. As exposições junto à praia atual revelam que nestes locais a barreira que
protegia estes ambientes foi totalmente erodida.
Tomazelli et al. (1999) abordaram as possíveis causas do processo
erosivo que se desenvolve em alguns trechos da costa do Rio Grande do Sul e que
incluem o segmento sul do litoral, especialmente as praias entre Hermenegildo e a foz
do Arroio Chuí. Entre as prováveis causas os autores consideraram: (1) elevação atual
do nível relativo do mar (Tomazelli & Villwock, 1989; Tomazelli, 1990; Tomazelli et
al.,1998); (2) efeito das marés meteorológicas associadas à eventos de tempestades
(Calliari et al, 1996, 1998); (3) concentração de energia de ondas devido à refração em
feições morfológicas submersas (Calliari et al.,1998) e (4) concentração de energia de
ondas controlada por feições morfológicas de grande escala associadas à topografia
pleistocênica precedente à última grande transgressão (Dillenburg et al.,1998).
Segundo Tomazelli et al. (1999), as causas apontadas não são
excludentes sendo possível que o fenômeno erosivo resulte da superposição das
mesmas. Com exceção das causas 3 e 4, atribuídas à topografia submarina que
desempenham um papel “passivo” no fenômeno, os autores consideram que as duas
primeiras (1 e 2) podem estar sendo controladas por um mesmo fator que é a variação
climática que atinge o planeta nos dias de hoje e que está levando ao seu aquecimento.
Ou seja, o aumento da temperatura média global pode ser responsável tanto pela
elevação do nível do mar (por efeito glácio-eustático e variação térmica de volume)
como pelo aumento da freqüência e/ou magnitude das tempestades, ambos fatores
estimulando o processo erosivo.
22
2. MATERIAIS E MÉTODOS
A metodologia empregada no presente estudo envolveu duas etapas de
trabalhos de campo: (1) um levantamento geológico de superfície que incluiu o uso de
imagens orbitais, fotografias aéreas, nivelamento topográfico e descrição de
afloramentos, e (2) um estudo de sub-superfície, através de sondagens com trado e
testemunhador a percussão. As amostras coletadas em superfície e sub-superfície foram
submetidas à análises laboratoriais (análises granulométrica, paleontológicas e
geocronológicas).
2.1. GEOLOGIA DE SUPERFÍCIE
No mapeamento geológico foram consultados os mapas geológicos
anteriores que incluiam a área do presente estudo (Soliani Jr., 1973; Villwock &
Tomazelli, 1995). Também se fez o uso de fotos aéreas de grande formato cedidas
gentilmente pela UFPEL (Agencia da Lagoa Mirim, antiga SUDESUL), com
levantamentos realizados em 1947, 1966, 1996 pelo Exército Brasileiro nas escalas de
1:40000, 1:60000, 1:60000 respectivamente. A partir destes levantamentos foram
produzidos mosaicos com as fotos originais escaneadas em scanner de mesa. Para
regiões de mapeamento de detalhe, se fez uso de fotos originais e aplicação de
estereoscopia binocular em laboratório (Fig. 5).
Para visualização geral da área, foram utilizadas imagens orbitais
captadas pelo satélite Landsat 7 no sensor ETM+ nas bandas 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8, com
resolução de 30 m por pixel, fornecidas gratuitamente pela EMBRAPA (Empresa
Brasileira Pesquisas Agropecuárias) no endereço eletrônico (www.embrapa.br).
Utilisou-se, também, imagens orbitais Landsat 7 do sensor ETM+ nas bandas 1, 2, 3, 4,
5, 6, 7 e 8, com resolução de 15 m por pixel, registradas no dia 31/12/2000, com últimas
modificações em 21/12/2003. Estas imagens, georeferenciadas e ortoretificadas, foram
fornecidas gratuitamente pelo Global Land Cover Facility, Institute for Advanced
Computer Studies; University of Maryland, College Park, USA (GLCF) com acesso
livre. (Fig. 6).
Fez-se o uso de dados altimétricos de RADAR do tipo SRTM, com
resolução de 30 m por pixel, cedidos gratuitamente também pelo GLCF (endereço
23
acima) que auxiliaram na compreensão da altimetria geral da área de estudo. Com estes
dados foram realizados ensaios com programa GLOBALMAPPER que permite o
processamento e visualização de grids em 3 dimensões se tornando possível, em
aceitáveis resoluções, análises de meso escala (50-200 km) da morfologia do terreno.
Utilizou-se o programa ARQVIEW 9.0 (ambiente SIG) para tratar as
informações (imagens, fotos aéreas e altimetria) de maneira geoespacializada e
produção de mapas temáticos nas escalas de interesse.
Foram realizados 4 perfis altimétricos perperdiculares ao Arroio Chuí, a
fim de caracterizar a transição dos terrenos pleistocênicos para os holocênicos, e 1 perfil
foi realizado paralelo à desembocadura, com a finalidade de caracterizar a morfologia
da barreira pleistocênica e do sistema praia-duna holocênico. Em geral, os perfis
tiveram um alinhamento norte-sul e mantiveram-se paralelos uns aos outros,
proporcionando, assim, uma melhor visulização da altimetria e alinhamento dos
testemunhos (Fig.7).
Os levantamentos altimétricos foram realizados com o uso de uma
estação total modelo NIKON e mira a laser, com cota referenciada a uma estação
altimétrica (IBGE n° 93685), e ao nível do mar atual, tendo sido descontada a maré
diária do dia do levantamento. Com este de nível de referência associado ao nível do
mar atual, obteve-se uma altimetria bastante precisa dos estratos dos afloramentos, das
sondagens e dos perfis topográficos (Figs. 8 e 9). Utilizaram-se os programas da própria
estação total, EXEL 5.0 e SURFER 8.0 e GRAPHER 2.0 para tratamento dos dados.
Foram coletados pontos com GPS modelo GARMIM ETREX para
controle espacial dos dados referentes aos furos de trado, testemunhos, orientação dos
perfis e georeferenciamentos das fotos aéreas. Para visualização dos dados de GPS
utilizou-se o programa TRACKMACKER.
Os trabalhos de geologia de superfície incluíram a descrição de 2
afloramentos situados nas barrancas do Arroio Chuí (Figs. 10 e 11). O caráter
meandrante do arroio propicia a erosão de suas margens permitindo uma excelente
exposição de depósitos holocênicos e pleistocênicos. Os afloramentos foram
fotografados, medidos e descritos, observando-se aspectos como textura
(granulometria), estruturas sedimentares e natureza composicional das fácies.
24
Fig. 5 - Fotografia aérea vertical, do ano de 1966, escala 1:60.000, gerada pelo Exercito
Brasileiro. Anterior à construção dos molhes da barra do Chuí (1975), percebe-se
claramente o canal migrando no sentido NE, acompanhando o sentido dominante da
deriva litorânea. Adjacente ao canal atual são evidentes os limites altimétricos entre
terrenos mais baixos (escuros) holocênicos e terrenos mais elevados (claros)
representados pela barreira pleistocênica.
25
Fig. 6 - Imagem obtida no dia 31/12/2000 pelo sensor ETM+ banda 7 do satélite Land-
Sat 7, com resolução de 15 m por pixel, georeferenciada e ortoretificada. Observa-se a
desembocadura fixa por molhes.
26
Fig. 7 - Mapa de localização dos perfis e pontos de amostragem de sub-superfície.
Fig. 8 – Uso de estação total e mira a laser no levantamento do perfil topográfico P2. No
local, o Arroio Chuí erode depósitos holocênicos fossilíferos (Afloramento 1).
27
Fig. 9 – Realização do perfil topográfico P5. Em primeiro plano, terrenos retrabalhados
da Barreira III cobertos por vegetação e, ao fundo, o sistema praial e eólico atual e a
desembocadura do Arroio Chuí, fixada por molhes.
28
Fig. 10 – Vista parcial do Afloramento 1, nas barrancas do Arroio Chuí, integrado ao
perfil topográfico P2. Destaca-se no afloramento a presença de uma fácies enriquecida
em bioclastos, principalmente conchas fósseis de moluscos (gastrópodes e bivalves).
29
Fig. 11 – Vista parcial do Afloramento 2 nas barrancas do Arroio Chuí, distante 1,5 Km
à montante em relação ao Afloramento 1. Observa-se a presença de areias finas, síltico-
argilosas, de cor esverdeada e contendo pequenas concreções carbonáticas e
ferruginosas. A fácies foi interpretada como pertencente ao Sistema Lagunar III, de
idade pleistocênica.
30
2.2. GEOLOGIA DE SUB-SUPERFÍCIE
Os trabalhos de investigação de sub-superfície envolveram a realização
de 10 testemunhagens a percussão e de 18 perfurações efetuadas com o uso de trado
manual. Os pontos perfurados foram locados nos diversos perfis topográficos
perpendiculares ao Arroio Chuí (Figs. 7, 12 e 13).
Os testemunhos e as amostras coletadas foram devidamente etiquetados e
transportados para serem processados nos laboratórios do Centro de Estudos de
Geologia Costeira e Oceânica (CECO) do Instituto de Geociências da UFRGS.
2.3. ANÁLISES LABORATORIAIS
2.3.1. Abertura e Descrição dos Testemunhos
Nas dependências da litoteca do CECO-IG-UFRGS em bancada
apropriada, foram abertos 10 testemunhos com serra circular e cabo de aço inox e nas
calhas, foram obtidas fotografias com escala conhecida. A descompactação foi realizada
segundo a metodologia proposta por Dillemburg (1994). Na descrição das fácies o nome
foi dado segundo a classificação textural de Shepard e sua representação gráfica foi
dada pela média do tamanho de grão da amostra referente a fácies. Foram ainda
definidos elementos das estruturas como estratificações plano-paralela e cruzada e
características próprias de cada fácies, como: raízes, moluscos, arenito-de-praia, etc.
(Anexos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e10).
2.3.2. Análises Granulométricas
Foram coletadas 50 amostras das calhas dos testemunhos para análise
granulométrica. As amostras foram, secas, quarteadas, pesadas, e submetidas ao método
de peneiragem para separação das frações grosseiras e pipetagem para as frações finas
com intervalos de ½ phi. Este trabalho foi realizado nas dependências do laboratório de
sedimentologia do CECO-IG-UFRGS. Foi utilizado o método Folk & Ward, (1957)
para análise estatística, e o programa PANICON de Toldo & Medeiros (1986) para
processamento das amostras.
31
2.3.3. Análises Paleontológicas
No afloramento 1 foram coletadas 2 amostras na fácies biodetriticas e 5
amostras na fácies lamosa, e no testemunho T5 foram coletadas 6 amostras na fácies
lamosas para identificação do material biogênico fóssil. O material foi lavado, seco e
triado. A determinação taxonômica de Moluscos (Gastrópodes e Bivalves), Protozoários
(Foraminíferos) Artrópodes (Ostracodes) foi feita através de lupa binocular e consulta
em nos trabalhos de Rios (1975), Godophim et al. (1989), Forti-Esteves (1986).
Foi estabelecido o seguinte critério para quantificar espécies de moluscos
nas fácies biodetriticas: 1 muito raro (Mr); 2-3 raro (R); 4-10 escasso (E); 11-20
freqüente (F) 21-30 abundante dominante (Ad). Se propôs estudar a tafonomia das
fácies ricas em moluscos aplicando a metodologia proposta por Kindewel et al (1986)
que classificam as assembléias fossilíferas (biogênicas, sedimentológicas ou
diagenéticas) através da constituição taxonômica, biofábrica, estrutura interna e tipo de
fundo. As lâminas dos moluscos analisados estão preservadas no CECO IG-UFRGS.
Em anexo 11 uma tabela com as espécies de moluscos encontradas nas fácies
biodetriticas e comparações com a fauna encontrada por outros autores na mesma
região.
Para análise de palinomorfos obtiveram-se 10 amostras de 10 em 10 cm
no intevalo de 1,10 até 2,10m na fácies de características lamosas do afloramento 1. O
tratamento químico das amostras foi realizado acordo com Faegri e Iversen (1964) e
incluiu processamento com HCl (10%) e KOH (5%). Acido fluorídrico não foi aplicado
nas amostras durante o tratamento para preservar microfósseis compostos de sílica
(diatomáceas, fitólitos, microradiolárias e outros).
As lâminas dos palinomorfos e micrfofósseis analisados estão
preservadas no CECO IG-UFRGS. A lista completa de táxons identificados e suas
freqüências (exemplares) são apresentadas no Anexo 12. Foram produzidas pranchas
com fotografias de escala conhecida em Anexos 13, 14, 15, 16. Os resultados da analise
palinológica são apresentados em palinodiagramas construídos com uso do Programa
C2. Anexos 17, 18, 19.
32
2.3.4. Análises Geocronológicas (C
14
)
Foram selecionadas 2 amostras para datação através do método do C
14
e
enviadas para o laboratório Beta Analitics Radiocarbon Dating Laboratory em Miami,
Flórida, EUA.
*Amostra do Afloramento 1 (AFLORA#1) localizada acerca de 1,9 m
acima do nível do mar na superfície do depósito fossílífero biogênico. Oito bivalves da
espécie Tagelus plebeius.
*Amostra coletada no testemunho T05; (B5T-05) localizada acerca de
0,80 m abaixo do nível do mar atual. Um bivalve da espécie Ostrea sp.
Fig. 12 – Processo de Testemunhagem a Percussão com o uso de tubo de PVC (fase de
penetração do testemunho).
33
Fig. 13 – Processo de Testemunhagem a Percussão (fase de retirada do testemunho).
34
3. RESULTADOS
3.1. GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA DA ÁREA DE ESTUDO
A interpretação de imagens orbitais e fotos aéreas auxiliaram no
mapeamento geológico-geomorfológico das áreas de entorno do Arroio Chuí e na
definição dos próprios limites da área de estudo enfocando assim principalmente os
terrenos holocênicos adjacentes à desembocadura do arroio. Através da estereoscopia
binocular sobre as fotos aéreas foi possível definir com clareza os limites altimétricos
entre os terrenos pleistocênicos mais elevados (Sistema Laguna-Barreira III) dos
terrenos holocênicos representados por baixios, banhados e depósitos de borda de canal.
Nas proximidades da desembocadura ficam claros os desníveis topográficos dos
terrenos pleistocênicos (de 15 a 5 m) em relação aos holocênicos (de 4 a 2 m).
A análise de dados altimétricos do tipo STRM revelou a morfologia geral
dos sistemas laguna-barreira II, III e IV no extremo sul do Rio Grande do Sul. Em
experimentos traçando perfis altimétricos no sentido transversal (NW-SE) aos diversos
sistemas, foram interpretados através da morfologia, depósitos pertencentes à Barreira II
(entre 30 e 25 m), depósitos relacionados ao Sistema Lagunar III (entre 10 e 5m) e
depósitos da Barreira III, situados entre 20 e 15 m de altura em relação ao nível médio
do mar.
A bacia de drenagem do Arroio Chuí é limitada a NE pelos próprios
banhados formadores do arroio estendendo-se a SW, por um vale de declive suave,
tendo como divisores topográficos a Barreirea II a NW e a Barreira III, a SE. De
características meandrante, o Arroio Chuí corre no sentido NE-SW sobre terrenos
alagados e sistemas de banhados, marcados por pastagens de gado e culturas de arroz
que muitas vezes, devido aos períodos de safras e entre-safras alteram o padrão natural
das drenagens (canalização e drenagens) locais.
O limite inferior da bacia é marcado, próximos ao município do Chuí,
pela mudança de orientação do arroio que passa a correr no sentido NW-SE,
meandrando sobre terrenos do Sistema Lagunar III. Antes da fixação por molhes –
ocorrida no ano de 1975 – a desembocadura do arroio migrava no sentido NE, como
evidenciam as fotografias aéreas de 1947, e 1966 (Fig. 5). A geomorfologia dos terrenos
nas proximidades sugere que a desembocadura do Arroio Chuí está ocupando o mesmo
local em que, no Pleistoceno, ocorria uma desembocadura (inlet) do Sistema Lagunar
35
III. Tendo em vista que a Barreira III tem continuidade no território uruguaio, é
provável que esta feição costeira tenha se comportado como uma barreira segmentada
(barrier island) nesta região do extremo sul da PCRS.
Os depósitos holocênicos enfocados neste estudo estão confinados a uma
embocadura estreita e limitada que, quando afogada durante o máximo da Transgressão
Pós-Glacial, foi controlada pela morfologia dos terrenos (mais altos) pleistocênicos.
Com base nas imagens orbitais, fotos aéreas, altimetria (STRM) e análise
geomorfológica do terreno foi construído um mapa geológico-geomorfológico da área
de estudo (Fig. 14). O mapa mostra bem o caráter restrito dos depósitos flúvio-
estuarinos holocênicos enfocados neste trabalho, confinados e condicionados que foram
pela topografia pré-holocênica.
Fig. 14 – Mapa geológico-geomorfológico da área de estudo.
36
3.2. ANÁLISE FACIOLÓGICA E ESTRATIGRÁFICA DOS
DEPÓSITOS HOLOCÊNICOS
A descrição e interpretação das fácies sedimentares e seu significado
estratigráfico será feita através da análise dos diversos perfis (Fig. 7), com seus
testemunhos e afloramentos.
3.2.1. Perfil 1 (Fig. 15)
O Perfil 1, com 444 m de extensão, inicia na borda do Arroio Chuí, junto
ao ponto mais meridional do território brasileiro (Marco IBGE 9368). A morfologia dos
primeiros 50 m é marcada por pequenos canais tributários e terraços que representam
planos de inundação contendo vestígios de meandros abandonados que, por vezes,
parcialmente alagados, são cobertos por vegetação típica de marismas (Spartina
densiflora). O perfil continua com topografia suave marcada pela presença de banhados.
Segue-se uma mudança abrupta na topografia com a presença de um talude formado por
sedimentos arenosos provenientes do retrabalhamento dos depósitos da Barreira III. Por
fim, em suas cotas mais elevadas (em torno de 7 m), o perfil encerra nos depósitos
eólicos e marinhos da Barreira III, cobertos, no local por gramíneas e plantação de
Pinus sp.
O Perfil 1 contém 03 testemunhos (T1, T2 e T3) descritos a seguir.
Testemunho 1 (T1):
O testemunho T1 foi obtido próximo à margem do arroio. Tem seu topo a
1,75 m acima do nível do mar atual e mediu um total de 2,5 m, já descompactado.
Iniciando pela base até 2,20 m foi identificada uma fácies areno-lamosa com tamanho
médio de grão em silte, muito pobremente selecionada sem estruturas aparentes. De
2,20 a 1,90m observou-se uma fácies lamosa com tamanho médio de grão em silte,
muito pobremente selecionada, rica em matéria orgânica com moluscos preservados. De
1,90 a 1,60m encontra-se uma fácies areno-lamosa com tamanho médio de grão em
areia fina, pobremente selecionada e com moluscos preservados. De 1,60 a 1,15m, uma
fácies arenosa com tamanho médio de grão em areia fina, pobremente selecionada com
intercalações de lama e areia e com moluscos retrabalhados. Entre 1,15- 0,40 m aparece
uma fácies arenosa com tamanho médio de grão em areia fina, bem selecionada,
bioturbada por raízes e posterior preenchimento por lamas. De 0,40 até o topo foi
identificada uma fácies arenosa com tamanho médio de grão em silte, pobremente
37
selecionada, com bioturbações por raízes atuais, presentes principalmente próximo ao
topo da fácies.
Testemunho 2 (T2):
O testemunho T2, com o topo a 2,5 m acima do nível atual do mar,
mediu um total de 1,8 m, descompactado. Iniciando pela base até 0,80 m foi identificada
uma fácies arenosa com tamanho médio de grão em areia fina, bem selecionada, com
bioturbação por raízes. De 0,80 a 0,40 m indentificou-se uma fácies areno-lamosa com
tamanho médio de grão em areia fina, moderadamente selecionada, com bioturbação e
presença de raízes e intercalações de lamas. De 0,40 até o topo foi identificada uma
fácies areno-lamosa bioturbada por raízes atuais, presentes principalmente próximo ao
topo.
Testemunho 3 (T3):
O testemunho T3, com o topo a 3,7 m acima do nível atual do mar,
mediu no total 3,75 m, descompactado. Iniciando pela base até 2,9 m foi identificada
uma fácies arenosa com tamanho médio de grão em areia fina, muito pobremente
selecionada, sem estruturas aparentes. De 2,90 até 2,70 uma fácies areno-lamosa com
tamanho médio de grão em silte, muito pobremente selecionada, rica em matéria
orgânica. De 2,70 a 2,05m uma fácies arenosa com tamanho médio de grão em areia
fina bem selecionada, sem estruturas aparentes. De 2,05 a 1,85 m aparece uma fácies
areno-cascalhosa com média de grão em areia grossa, muito pobremente selecionada
constituída de bioclastos representados principalmente por moluscos, protozoários e
artrópodes retrabalhados e preservados e fragmentos de arenitos-de-praia com até 25
mm. De 1,85 a 1,80 m ocorre uma fácies arenosa e novamente de 1,80 até 1,20m uma
fácies areno-cascalhosa com média de grão em areia grossa, pobremente selecionada
constituída de bioclastos representados principalmente por moluscos (bivalves e
gastrópodes), protozoários (foraminíferos) e artrópodes (ostracodes) retrabalhados e
preservados e fragmentos de arenitos-de-praia com até 20 mm de diâmetro. De 1,20 a
1,15 m encontra-se uma fácies lamosa de coloração escura, rica em matéria orgânica.
De 1,15 a 1,05 m ocorre uma fácies areno-cascalhosa de coloração esverdeada contendo
moluscos bem retrabalhados. De 1,05 a 0,75 uma fácies arenosa com média de grão em
areia fina, moderadamente selecionada sem estruturas aparentes. De 0,75 a 0,45
encontra-se uma fácies lamosa com média de grão em silte, muito pobremente
selecionada com raízes aparentes, coloração escura característica de sedimentos
turfáceos. De 0,45 a 0,30 encontra-se uma fácies areno-lamosa com tamanho médio de
38
grão em silte, muito pobremente selecionada, coloração bege e a presença de raízes
atuais. De 0,30 até o topo foi identificada uma fácies arenosa com tamanho médio de
grão em areia muito fina pobremente selecionada com a presença de raízes atuais.
39
Fig. 15 - Prancha correspondente ao Perfil 1, com a localização do perfil e localização e
descrição faciológica dos testemunhos T1, T2 e T3.
40
3.2.2. Perfil 2 (Fig. 16)
O Perfil 2, com 276 m de extensão, inicia junto ao Arroio Chuí, no local
do Afloramento 1. As características da vegetação se assemelham muito às do Perfil 1.
As cotas mais elevadas do Perfil 2 (entre 3-4 m), próximos ao final, são alcançadas em
terrenos pleistocênicos da Barreira III. Além do Afloramento 1, o Perfil 2 contém os
testemunhos 4, 5 e 6, descritos a seguir.
Afloramento 1:
O Afloramento 1 corresponde a uma exposição natural nas barrancas do
Arroio Chuí, com 2,30 m de espessura (Figs. 10 e 17). O topo do afloramento está
situado a 2,60 m acima do nível do mar atual. A seção estratigráfica exposta inicia (de
2,30 m a 0,90 m) com um pacote de lama escura contendo moluscos dispersos, sem
sinais de retrabalhamento. O tamanho médio do sedimento é argila, muito pobremente
selecionada.
Amostras coletadas nesta fácies (no intervalo de 2,10 m a 1,10 m) foram
submetidas à análise palinológica. A assembléia de palinomórfos encontrada revelou a
presença de pólens e esporos de plantas vasculares (Fig.18), palinomorfos de clorófitas,
cistos de acritarcas e de dinoflagelados (Fig.19), zoósporos de fungos e
microforaminíferos. Foi registrada também a presença de fitólitos (células de opala que
pertencem a plantas monocotiledôneas, especialmente gramíneas).
As oscilações das freqüências relativas dos diferentes grupos de
palinomorfos e microfósseis ao longo da fácies são conectadas a mudanças ambientais
ocorridas durante a deposição dos sedimentos, e às próprias condições tafonômicas que
influenciaram na preservação do material.
A Figura 20 corresponde a um palinodiagrama construído com as
freqüências em percentagem de cada grupo de palinomorfos da fácie lamosa do
Afloramento 1. Foi possível identificar pelo menos cinco zonas no intervalo amostrado
(2,10 m a 1,10):
Zona I (intervalo 2,10-1,90 m): caracterizada pela notável freqüência de
Botryococcus, cistos de dinoflagelados e de diatomáceas (predomínio de Paralia
sulcata) e de microforaminíferos. Essas algas comumente se distribuem em ambientes
de água salobra que foram sujeitos à influência marinha. Os palinomorfos terrestres são
apresentados pelos polens de plantas herbáceas (gramíneas, asteráceas; quenopodiáceas)
e caracterizam vegetação das dunas e marismas. Esporos de pteridófitas são
41
extremamente raros, no entanto, os de briófitas são freqüentes. A deposição nessa zona
ocorreria em condições de clima relativamente seco sob influência marinha.
Zona II (intervalo 1,90-1,70 m): diminuem as freqüências de
Botryococcus, aumentam freqüências de microforaminíferos e acritarcas, sendo notável
freqüência de Paralia sulcata sugerindo influência marinha. O aumento de percentagens
de polens de plantas herbáceas e de pteridófitas pode indicar um aumento da
pluviosidade e prováveis influxos de água doce, que transportariam esses palinomorfos
através de correntes fluviais. Neste tempo a cobertura vegetal das dunas e de marismas
foi, provavelmente, mais densa.
Zona III (intervalo 1,70-1,40 m): caracterizada pela oscilação na
percentagem de Botryococcus, presença constante de cistos de dinoflagelados e
acritarcas. Aumentam a diversidade e freqüência de diatomáceas (Paralia sulcata
predomina), sendo as diatomáceas marinhas representadas por Auliscus, Melosira,
Actinocyclis, Actinoptychus e Triceratium. Provavelmente a influência marinha deste
tempo foi maior do que durante os períodos anteriores. Polens de plantas herbáceas e
esporos de pteridófitos relativamente raros sugerem um clima mais seco do que durante
o período anterior.
Zona IV (intervalo 1,40-1,20 m): diminuição de Botryococcus, e
aumento de diatomáceas marinhas (Triceratium e Coscinodiscus). A deposição de
sedimentos nesta zona provavelmente ocorreu em condições marinhas mais acentuadas.
Entre os polens herbáceos predominam gramíneas e quenopodiáceas que aumentam
sensivelmente a porcentagem de pteridófitas, indicando provavelmente um clima mais
úmido.
Zona V (intervalo 1,20-1,10 m): aumento na percentagem de
Botryococcus, diminuição marcante na freqüência e variedade de diatomáceas incluindo
as marinhas, e notável diminuição nas percentagens de cistos de dinoflagelados e
acritarcas. Deposição no sedimento em condições de água salobra, sob diminuição da
influência marinha. Encontram-se palinomorfos de Azolla filiculoides, pteridófito
aquático, indicando existência de ambientes aquáticos de baixa salinidade. Aumentam a
diversidade e freqüência de pteridófitos, que indicam ambientes úmidos sem salinidade.
A fácies lamosa basal do Afloramento 1 foi também submetida a outras
análises paleontológicas feitas em amostras retiradas em diferentes profundidades. A
1,75 cm do topo foram encontrados foraminíferos da espécie Elphidium discoidale e
ostracodes Cylichna sp. A 1,65 cm do topo também foram identificadas Elphidium
42
discoidale, Cyprideis sp. A 1,55 cm do topo identificou-se Elphidium discoidale,
Cyprideis sp. e moluscos da espécies Heleobia australis. A 1,45 cm não foi encontrado
material paleontológico. A 1,15 cm do topo foram encontradas os moluscos Anachis sp.,
Heleobia australis e Anomalocardia brasiliana.
Acima da fácies lamosa basal do Afloramento 1 (de 0,90 a 0,80 m)
encontra-se uma fácies arenosa com tamanho médio de grão em areia fina, pobremente
selecionada, com fragmentos de conchas bem retrabalhados. Esta fácies mostra a
transição da fácies lamosa inferio e de uma fácies areno-cascalhosa existente acima.
De 0,80 a 0,45 m ocorre uma fácies areno-cascalhosa constituída de
bioclastos representados por conchas fósseis de moluscos (gastrópodes e bivalves). A
taxonomia mostrou espécies autóctones, ou seja, residentes em um ambiente
tipicamente estuarino representadas por Heliobia australis (Ad), Tagelus plebeius (F), e
Crassostra (E). As espécies alóctones, residentes em ambiente marinho raso, são
representadas por Carditamera plata (A), Corbula caribaea (A), Anachis isabellei (F)
Crepidula protea (F), Corbula patagonica (F), Ostrea puelchana (E), Mactra
isabelliana (E), Anomalocardia brasiliana (E).
Nos sedimentos finos desta fácies foram identificados ainda Protozoários
(foraminíferos) das espécies (Miolinella subrotunda, Triloculina trigonula,
Quinquelucolina lamarkiana) e Artrópodes (ostracodes) dos gêneros (Cypriedeis sp.
Callistocythere sp.).
Grande parte do material amostrado corresponde a moluscos que
sofreram pelo menos um ciclo de retrabalhamento e redeposição. Foram identificados
principalmente sinais de fragmentação, arredondamento e, em algumas conchas, foram
identificadas perfurações, atribuídas à bioerosão. No entanto boa parte do material
apresenta bom estado de preservação, principalmente no topo do depósito onde se
encontram Tagelus plebeius e Heliobia australis em posição de vida. Os parâmetros
tafonômicos observados sugerem que a assembléia fóssil de moluscos se classifica
como sedimentológica segundo a classificação Kindwel (1986).
A datação radiométrica por
14
C de uma amostra constituída de 8
exemplares da espécie Tagelus plebleius em posição de vida, coletada a 1,9 m acima do
nível do mar atual, apresentou uma idade convencional de 5750 ± 40 anos AP (Idade
Calibrada de 6260-6080 anos AP).
43
A fácies subseqüente (0,45 a 0,40 m) é costituída de areias finas bastante
compactadas. De 0,40 m até o topo do afloramento ocorrem areias soltas, não
compactadas, com alguma lama, bioturbadas por raízes mortais e atuais (Fig. 17).
Ainda relacionado ao Perfil 2 e em locais adjacentes ao Afloramento 1
foram obtidos os testemunhos T4 e T5, descritos a seguir.
Testemunho 4 (T4):
O testemunho T4 possui o topo situado 2,6 m acima do nível do mar
atual e mediu um total 2,25 m, descompactado. Iniciando pela base até 1,55 m foi
identificada uma fácies lamosa de tamanho médio de grão em argila, muito pobremente
selecionada, contendo moluscos bem preservados, muitos em posição de vida. De 1,55 a
1,15 m encontra-se uma fácies lamosa com características similares a anterior, no
entanto, contendo manchas ferruginosas. De 1,15 a 1,00 m ocorre uma fácies arenosa
com tamanho médio de grão em areia fina, moderadamente selecionada, com
intercalações de lama. De 1,00 até 0,80 m encontra-se uma fácies areno-cascalhosa com
média de grão em areia média, composta por bioclastos, representados principalmente
por moluscos retrabalhados, e nódulos ferruginosos. De 0,80 a 0,70 m foi identificada
uma fácies arenosa com tamanho médio de grão em areia muito fina, muito pobremente
selecionada, com intercalações de lamas de coloração escura, rica em matéria orgânica.
De 0,70 a 0,35 m ocorre uma fácies arenosa com tamanho médio de grão em areia fina
bem selecionada. De 0,35 m até o topo do testemunho foi identificada uma fácies
arenosa com tamanho médio de grão em areias finas, moderadamente selecionadas, com
presença de raízes atuais.
Testemunho 5 (T5):
O testemunho T5 se encontra com o topo a 0,40 m acima do nível do mar
e mediu um total descompactado de 2,25 m. O testemunho 5 representa a continuidade,
em sub-superfície, da fácies lamosa observada no Afloramento 1, descrita
anteriormente. Da base até 1,80 m ele é constituído por uma fácies areno-lamosa com
tamanho médio de grão em areia fina, moderadamente selecionada, e intercalações de
lamas.
De 1,80 a 0,40 m foi observada uma fácies lamosa com tamanho médio
de grão em argila, pobremente selecionada, de cor acinzentada contendo muitos
moluscos em posição de vida. Na amostra B-6, retirada a 1,65 m do topo, foram
encontradas as espécies de moluscos Heleobia australis e fragmentos de Ostrea, além
44
de ostracodes das espécies Cyprideis sp., Perissocytheridium sp. e foraminíferos
Elphidium discoidale.
Nesta fácies foi datado um molusco bivalve da espécie Ostrea, com as
valvas fechadas, sem nenhum sinal de retrabalhamento, preservado em posição de vida.
Situado a 1,24 m do topo do testemunho (0,8 m abaixo do nível do mar atual) o molusco
apresentou uma idade convencional de 6530 ± 40 anos AP (Idade calibrada 7.150-6930
anos AP).
A amostra B-7, coletada a 1,20 m do topo, revelou a presença do
molusco (Heleobia australis), ostracodes (Perissocytheridium sp., Cyprideis sp.) e
foraminíferos (Elphidium discoidale). Na amostra B-9, a 1,10 m do topo, foram
encontrados moluscos (Heleobia australis, Erodona mactroides), ostracodes (Cyprideis
sp., Perissocytheridium sp.) e o foraminífero Elphidium discoidal. Na amostra B-3, a
1,00 m do topo, foram identificados moluscos (Erodona mactroides, Heleobia australis
e Crepidula sp.), ostracodes (Coquimba sp., Cytherella sp., Loxoconcha sp.,
Callystocythere sp., Ciprydeis sp. e Perissocytheridium sp.) e foraminíferos (Elphidium
discoidale). Na amostra B11, a 0,7 m do topo, foram identificados moluscos (Heleobia
australis, Erodona mactroides), ostracodes (Cyprideis sp.) e foraminíferos (Elphidium
sp.).
A fácies compreendida entre 0,40 m e o topo do testemunho T5 foi
classificada como lamosa, com tamanho médio de grão em argila, pobremente
selecionada, contendo manchas ferruginosas e sem a presença de componentes
fossilíferos.
Testemunho 6 (T6):
O testemunho 6, coletado próximo aos terrenos pleistocênicos, tem o
topo a 4,5 m acima do nível do mar atual e mediu no total 1,35 m descompactado. A
fácies compreendida entre a base e 0.70 m foi classificada como areno-lamosa com
bioturbação por raízes e conseqüente preenchimento por lamas. De 0.70 até 0,40 m
encontra-se uma fácies arenosa com a presença de raízes e algum material turfáceo. A
fácies entre 0,40 m e o topo do testemunho foi classificada como arenosa, com presença
de raízes e intercalações de lamas.
45
Fig. 16 - Prancha correspondente ao Perfil 2, com a localização do perfil e localização e
descrição faciológica simplificada dos testemunhos T4, T5 e T6.
46
Fig. 17 – Prancha do Afloramento 1 contendo uma foto do afloramento, um detalhe da
fácies areno-cascalhosa, a descrição faciológica simplificada, a assembléia de moluscos
presentes e um detalhe de moluscos (Tagelus plebeius) em posição de vida, submetidos
à datação.
47
Fig.18: Prancha1 de palinomorfos: (1) Asteraceae (2) Moraceae-Urticaceae; (3)
Poaceae (4) Anacardiarceae; (5) Verbenaceae (6) Chenopodiaceae, (7) Pteridophyta;
(8) Hyperzia;.
48
Fig. 19: Prancha 2 de palinomorfos: (1) Botryococcus, (2) Spyrogira, (3) Botryococcus,
(4) Triceratium, (5) Melosira, (6) Protoperidinium
49
1,10 -1,20
1,20-1,30
1,30-1,40
1,40-150
1,50-1,60
1,60-1,70
1,70-1,80
1,80-1,90
1,90-2,00
2,00-2,10
ZONA V
ZONA IV
ZONA III
ZONA II
ZONA I
0204060
C
H
L
O
ROPHYTA
0
D
I
NO
P
HY
T
A
0
A
C
RITARC
H
A
02040
B
AC
I
L
L
ARI
O
P
H
YTA
020
MAGNOLIOPHYTA
0
PT
ERIDOPH
YT
A
0
B
R
YOPHYTA
0
M
ICROFORAMI
N
IFERA
02040
F
I
T
OL
ITO
S
0
SPONGI
0
F
U
N
GI
120240360480600720
so
ma
t
ot
a
l
Fig. 20 – Palinodiagrama da fácies lamosa basal do Afloramento 1. À esquerda, na
vertical, as profundidades de cada amostra, à direita, na vertical, as zonas de
palinomorfos identificadas. Na horizontal, acima, os principais grupos de palinomorfos
e, abaixo, a freqüência relativa em percentagem referente a cada grupo.
3.2.3. Perfil 3 (Fig. 21)
O Perfil 3 possui uma extensão de 532 m. Revela um terreno com
pequenas alterações topográficas, exceto nos primeiros 100 m onde ocorre um relevo
mais acidentado, provavelmente devido a influência da variação de nível do arroio e
conseqüente retrabalhamento das margens. Próximo à borda do arroio verifica-se a
presença de vegetações de banhados e marismas e, na sua continuidade, vegetações
rasteiras típicas de campo marcado por pequenos desníveis. Esse perfil topográfico não
registra a presença de talude representado por terrenos pleistocênicos, apenas os baixios
holocênicos.
O Perfil 3 contém os testemunhos T7 e T10, descritos a seguir (Fig. 21).
Testemunho 7 (T7):
O testemunho 7 possui o topo situado 1,75 m acima do nível do mar atual
e mediu no total, descompactado, 4,20 m. Da base até 3,20 m ocorre uma fácies arenosa
com intercalações de lama. De 3,20 a 2,40 m identificou-se uma fácies areno-lamosa
50
rica em matéria orgânica. De 2,40 a 2,20 m ocorre uma fácies areno-lamosa com
intercalações de lamas e presença de moluscos retrabalhados e preservados. De 2,20 à
1,70 m foi identificada uma fácies arenosa com intercalações de lamas e bioturbação por
raízes também preenchidas por lamas. De 1,70 a 1,25 m foi identificada uma fácies
areno-lamosa também com bioturbações por raízes e intercalações de lamas na areia. De
1,25 a 1,10 ocorre uma fácie areno-lamosa, no entanto contendo mais lama que a
interior. A fácies seguinte, de 1,10 a 1,00 m foi classificada como arenosa sem
estruturas aparentes. De 1,00 a 0,90 m segue-se com uma fácies lamosa, de coloração
escura, sem estruturas aparentes. De 0,90 a 0,20 m a fácies volta a ser areno-lamosa,
com raízes aparentes e intercalações e preenchimento por lamas. De 0,20 até o topo a
fácies é arenosa com raízes aparentes.
Testemunho 10 (T10):
O testemunho 10 tem o topo a 2,85 m acima do nível do mar atual e seu
comprimento total, descompactado, foi de 3,15 m. Da base até 2,80 m encontra-se uma
fácies areno–lamosa com tamanho médio de grão em silte, muito pobremente
selecionada, de coloração esverdeada. De 2,80 até 2,45 m novamente uma fácies areno-
lamosa, com tamanho médio de grão em silte, muito pobremente selecionada com
coloração marrom e presença de matéria orgânica. De 2,45 até 2,35 m encontra-se uma
fácies arenosa com tamanho médio de grão em areia fina, bem selecionada, com matéria
orgânica e presença de raízes. De 2,35 até 0,60 m ocorre uma fácies arenosa, com média
de grão em areia fina, bem selecionada, com raízes aparentes em toda a fácies. De 0,60
até 0,50 m encontra-se uma fácies arenosa com tamanho médio de grão em areia fina,
pobremente selecionada, com moluscos retrabalhados preservados na areia. De 0,50 até
o topo ocorre uma fácies arenosa com tamanho médio de grão em areia fina, bem
selecionada, com presença de raízes atuais e um aumento progressivo de matéria
orgânica até o topo.
51
Fig.21 - Prancha correspondente ao Perfil 3, com a localização do perfil e localização e
descrição faciológica simplificada dos testemunhos T7 e T10.
52
3.2.4. Perfil 4 (Fig. 22)
O perfil 4 possui uma extensão de 623 m. Nos primeiros 50 m notam-se
maiores variações topográficas, provavelmente devido à influência das variações do
nível do arroio e o conseqüente retrabalhamento de suas margens. Na continuidade do
perfil observam-se terrenos baixos com pequenas variações topográficas. O perfil
termina em terrenos mais elevados (entre 6 e 3 m de cota), de forma similar aos perfis 2
e 3.
O Perfil 4 possui os testemunhos T8 e T9, descritos a seguir. (Fig. 22)
Testemunho 8 (T8):
O testemunho 8 tem o topo a 2,60 m acima do nível do mar e mediu,
descompatado, um total de 2,25 m. Da base até 2,10 m foi identificada uma fácies lamo-
arenosa, com tamanho médio de grão em silte, muito pobremente selecionada, com
coloração esverdeada e nódulos carbonáticos aparentes. A partir de 2,10 até 1,75 m foi
identificada uma fácies areno-lamosa de coloração escura, rica em matéria orgânica. De
1,75 a 1,20 m ocorre uma fácies arenosa, com tamanho médio de grão em areia fina
pobremente selecionada, de coloração escura, com intercalações de lama e moluscos
preservados. De 1,20 a 0,75 m foi identificada uma fácies arenosa com moluscos
completamente retrabalhados e manchas ferruginosas. De 0,75 a 0,40 m identificou-se
uma fácies arenosa, com tamanho médio de grão em areia fina, moderadamente
selecionada, com moluscos retrabalhados e em posição de vida, manchas ferruginosas e
traços de raízes preenchidos por lama. De 0,40 a 0,30 m identificou-se uma fácies
arenosa com tamanho médio de grão em areia fina, moderadamente selecionada, com
moluscos retrabalhados e intercalações com lama. De 0,30 até o topo ocorre uma fácies
arenosa sem estruturas aparentes.
Testemunho 9 (T9):
O testemunho 9 tem o topo a 2,70 m acima do nível do mar e mediu no
total, descompactado, 1,00 m de comprimento. Da base até 0,50 m aparece uma e a
presença de nódulos ferruginosos. De 0,50 a 0,40 m a fácies é areno-lamosa com a
presença de raízes. De 0,40 até o topo uma fácies arenosa com bioturbação por raízes.
53
Fig. 22 - Prancha correspondente ao Perfil 4, com a localização do perfil e localização e
descrição faciológica simplificada dos testemunhos T8 e T9.
54
3.2.5 – Perfil 5
O perfil 5 mediu 563 m de extensão. Ele foi realizado ao lado dos molhes
da barra do Chuí, no sentido NW-SE, perpendicular à linha de costa (Fig. 9). É
caracterizado, nos primeiros 350 m pela presença dos terrenos pleistocênicos elevados
da Barreira III (altitude em torno de 11 m), limitados por um íngreme talude. Acoplado
aos terrenos da Barreira III ocorre um campo eólico com cerca de 150 m de largura e
que apresenta dunas que alcançam até 5 m da altura. O perfil encerra na praia oceânica
que, no local, possui largura em torno de 50 m, sem feições proeminentes.
3.2.6 – Afloramento 2 (Fig. 11)
O Afloramento 2 não está relacionado com nenhum dos perfis
topográficos realizados. Ele situa-se à montante do Arroio Chuí, cerca de um 1,5 Km
distante do Afloramento 1. Sua descrição é aqui incluída por ser uma excelente
exposição das fácies típicas do Sistema Lagunar III e que serviram de substrato para os
depósitos holocênicos aqui estudados. De forma similar ao Afloramento 1, o
Afloramento 2 também é uma exposição natural nas barrancas do Arroio Chuí,
resultante da erosão de suas margens.
A seção exposta mede 1,3 m e o seu topo se encontra a cerca de 2,5 m
acima do nível do mar atual. Da base da seção exposta até 0,7 m é composta de um
pacote de areias finas, síltico-argilosas, de cor esverdeada contendo pequenas
concreções carbonáticas e ferruginosas. Esta fácies foi interpretada como pertencente ao
Sistema Lagunar III, de idade pleistocênica. De 0,7m até o topo é composta por
sedimentos arenosos de cor escura, ricos em matéria orgânica contendo bioturbação por
raízes. Esta fácies foi interpretada como pertencente ao sistema holocênico, resultado de
processos fluviais e eólicos que retrabalharam terrenos pré-holocênicos durante o
Holoceno.
4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A análise do mapa geológico-geomorfológico da área de trabalho (Fig.
14) mostra que a topografia pré-existente, representada pela configuração dos terrenos
pleistocênicos, teve uma importância muito grande na distribuição e preservação dos
depósitos holocênicos enfocados neste estudo. Os terrenos mais elevados, constituídos
55
pela Barreira II, Sistema Lagunar III e Barreira III condicionaram a distribuição espacial
dos depósitos holocênicos, além de atuarem como importantes fontes de sedimentos.
A presença de vales incisos, escavados pela paleodrenagem
pleistocênica, e a forma da paleoembocadura do Arroio Chuí possibilitaram a
preservação seletiva de depósitos holocênicos em determinados locais.
Durante o último interglacial, há cerca de 120 ka, o espaço atualmente
ocupado pela desembocadura do Arroio Chuí correspondia, provavelmente, a um canal
de ligação (inlet) que conectava o Sistema Lagunar III com o mar. Há evidências
morfológicas de que, nesta parte sul da PCRS e avançando pelo território uruguaio, a
Barreira III apresentava uma configuração de barreira segmentada (barrier island).
Com o posterior rebaixamento do nível do mar que se seguiu ao máximo
de 120 ka estabeleceu-se, nos terrenos de retro-barreira antes ocupados pelo Sistema
Lagunar III, uma planície fluvial. Vales incisos foram entalhados na paisagem, em
resposta ao nível de base baixo, e, entre eles, o vale precursor do atual Arroio Chuí.
O panorama acima descrito permaneceu, pelo menos, até cerca de 17 ka,
quando, durante o Último Máximo Glacial (LGM) o nível do mar situou-se em torno de
120 m abaixo do nível atual. Com o degelo das calotas glaciais iniciou-se a
Transgressão Pós-Glacial com um rápido deslocamento da linha de costa através da
plataforma continental, até atingir a região costeira atual.
Os dados apresentados neste trabalho mostram claramente que, na área
de estudo, o nível do mar subiu além do nível atual e, penetrando pela paleoembocadura
do Arroio Chuí, afogou parte dos terrenos de retro-barreira e estabeleceu no local um
ambiente estuarino. Assim, depósitos holocênicos com fósseis indicadores de influência
marinha (ambiente estuarino) se formaram e ficaram preservados seletivamente em
locais favoráveis, confinados entre os terrenos pleistocênicos (Fig.23).
As fácies lamosas, com moluscos em posição de vida, apontam para a
presença de um ambiente de características calmas, representando, provavelmente, um
fundo estuarino com razoável profundidade. Os baixios, representados pelas áreas
alagadas atuais, formaram, provavelmente, ambientes estuarinos mais rasos com um
nível energético maior.
A análise do conteúdo de palinomorfos na fácies lamosa do Afloramento
1 e o testemunho T5 sugere a constante influência marinha, com variações na umidade.
Algas do tipo Botryococus indicam a influência salobra, típica de ambientes estuarinos.
Segundo Medeanic (2001, 2006) colônias destas algas são comuns em sedimentos
56
lagunares correspondentes ao estágio trangressivo holocênico na PCRS. Diatomáceas
marinhas de ambiente raso sugerem forte influência marinha, por exemplo, na zona III.
Nos sedimentos basais desta fácies a 0,8 m abaixo do nível do mar atual foi datado um
molusco bivalve (Ostrea) que apresentou uma idade de 6.530 ± 40 anos A.P. (Cal 7150-
6930) marcando o início da fase de afogamento.
A associação de moluscos, ostracodes e foraminíferos encontrados na
mesma fácies confirma um ambiente tipicamente estuarino com influência marinha. A
assembléia fossilífera, classificada como biogênica, apresenta grande número de
espécimes sem sinais de retrabalhamento, muitos em posição de vida, sugerindo uma
população autóctone. Isso é reforçado por ostracodes observados em vários estágios de
desenvolvimento podendo caracterizar um ambiente de baixa energia.
A assembléia fóssil de moluscos da fácies areno cascalhosa do
Afloramento 1 e testemunhos T3 e T4 é classificada como do tipo sedimentológica,
apresentando moluscos preservados e retrabalhados de pelo menos dois ambientes: um
estuarino (autóctone) e um marinho raso (alóctone). Grande parte do material possui
pelo menos um ciclo de retrabalhamento (sinais de quebramento, arredondamento)
podendo-se sugerir um ambiente com energia suficiente (ondas e correntes) para
transportar e depositar este material na forma de leitos de bioclastos. Provavelmente a
formação dos depósitos biodetriticos se desenvolveu nas regiões mais rasas da
desembocadura do ambiente estuarino onde os processos costeiros provocaram uma
mistura de materiais de distintos ambientes de origem.
A presença de organismos bem preservados, sem sinais de
retrabalhamento, sobre a fácies areno cascalhosa sugere um ambiente no qual, através
de sucessões ecológicas, as espécies colonizaram um substrato antecedente mais rígido
e duro. Kidwell (1986) utiliza o termo “taphonomical feed-back” para a colonização do
substrato precedente, ou seja, quando se estabelecem condições favoráveis à ocupação,
permanência e desenvolvimento de espécies. Sugere-se que o substrato originado a
partir de condições hidrodinâmicas mais severas (banco bioclástico da fácies areno-
cascalhosa) foi re-colonizado em condições hidrodinâmicas mais amenas, sendo
representadas pelos exemplares em posição de vida. A datação destes exemplares
(Tagelus plebeius) com idade de 5.750 ± 40 anos A.P. (Cal 6.260-6.080) registra um
fundo estuarino situado 1,9 m acima do nível de mar atual, o que implica em um
paleonível marinho de, pelo menos, 2 a 3 m acima do nível atual.
57
Buchmann et al. (1998) realizaram datações em uma assembléia
sedimentológica de moluscos na região do Banhado do Taim e Balneário Hermenegildo,
próximos à área deste estudo, resultando em idades holocênicas (4.300 e 4.900 anos
A.P.) que foram associadas à última grande transgressão. Forti-Esteves (1974) datou
moluscos num afloramento de superfície nas margens do Arroio Chuí, a 4,5 km ao norte
do município do Chuí. Os moluscos, com espécies muito similares às encontradas na
fácies areno-cascalhosa deste trabalho, foram datados em 5.000 anos A.P. e também
foram relacionados à última grande transgressão.
Sugere-se que a assembléia fóssil de moluscos encontrada neste trabalho
esteja correlacionada ao mesmo evento trangressivo tratado pelos autores acima. No
entanto, a falta de informação mais detalhada dos níveis topográficos dos depósitos
estudados por estes autores e a não calibração das idades de radiocarbono destes
trabalhos impossibilita uma correlação mais precisa. As idades, relativamente próximas,
sugerem que os depósitos foram formados durante a ultima grande transgressão, no
entanto, se desenvolveram em distintas condições espaciais.
As fácies arenosas que se sobrepõem às fácies biodetriticas do
Afloramento 1 e testemunhos T3, T4, e que constituem grande parte das fácies
representadas por testemunhos à montante da desembocadura (T7, T8, T10), indicariam
a fase de assoreamento e preenchimento do vale por areias oriundas do próprio sistema
fluvial, somadas ao aporte eólico de sedimentos pré-holocênicos.
58
59
4.1. MODELO EVOLUTIVO DA REGIÃO DA DESEMBOCADURA
DO ARROIO CHUÍ DURANTE O HOLOCENO
A topografia antecedente possibilitou a preservação de diversas fácies
sedimentares holocênicas na área de estudo. Nestas fácies, a presença de palinomorfos,
moluscos e outros invertebrados de ambiente marinho raso e estuarino, auxiliaram na
interpretação genética dos depósitos e colaboraram para o desenvolvimento de um
modelo evolutivo paleogeográfico controlado pelas variações do nível do mar, e
sintetizado em quatro fases:
Fase I - Estágio de pré-afogamento do canal, marcado pelas fácies de
areias e/ou lamas basais nos testemunhos T3, T5, T6, T7, T8 e T10 que caracterizariam
um regime fluvial de canal meandrante raso, com influência eólica, alimentado por
sedimentos oriundos, principalmente, da Barreira III e do Sistema Lagunar III,
retrabalhados e re-depositados em condições de nível de mar mais baixo que o atual.
Fase II - Estágio do início do afogamento do canal durante o evento
transgressivo holocênico nos terrenos próximos à desembocadura. Engloba as fácies
lamosas expostas no Afloramento 1 e testemunhos T3, T4, e T5. Nestas fácies, um
molusco bivalve preservado em posição de vida, e situado cerca de 0,80 m abaixo do
nível do mar atual, revelou uma idade de 6.530 ± 40 anos A.P. (Cal 7.150-6.930),
sugerindo o início desta fase. A assembléia de palinomorfos desta fácies sugere
constante influência marinha com pequenas variações na umidade. Uma assembléia
biogênica autóctone composta por moluscos, foraminíferos e oscracodes fósseis, em
posição de vida confirma um ambiente de características estuarinas. No contexto
dinâmico, representaria as áreas mais profundas de um ambiente de baixa energia, com
considerável coluna de água, sem significativa ação de ondas e correntes.
Fase III - Estágio de máximo afogamento do canal e estabilização do
paleoestuário. É caracterizado topograficamente por taludes retrabalhados junto aos
terrenos pleistocênicos mais altos (15 a 5 m), pertencentes à Barreira III e ao Sistema
Lagunar III que representariam limites da bacia inundada. As fácies areno-cascalhosas
expostas no Afloramento 1 e nos testemunhos T3 e T4 são constituídas principalmente
de moluscos cuja assembléia, caracterizada como do tipo sedimentológica, apresenta
espécies alóctones e autóctones que representariam esta fase. No topo desta fácies, a
1,90 m acima do nível do mar atual, se encontram organismos em posição de vida cuja
60
datação revelou uma idade de 5.750 ± 40 anos A.P. (Cal 6.260-6.080), marcando o
máximo transgressivo para a região de estudo. Representariam as regiões mais rasas do
estuário onde as condições hidrodinâmicas mais severas favoreceriam a concentração de
leitos de bioclastos.
Fase IV – Esta fase se estende desde o máximo afogamento até os dias
atuais. É marcada, portanto, por níveis de mar mais baixos, pela perda progressiva das
condições estuarinas e pelo aumento do domínio fluvial no ambiente. Na estratigrafia, é
representada pelas fácies arenosas mais próximas ao topo dos testemunhos. Marcaria,
assim, a fase de assoreamento e preenchimento gradual do vale afogado por areias
oriundas do próprio sistema fluvial, somadas ao aporte constante de sedimentos pré-
holocênicos.
61
5. CONCLUSÕES
A região situada próximo à desembocadura do Arroio Chuí, no limite sul
do Brasil, apresenta um ótimo registro – sedimentológico, paleontológico e
geomorfológico – do comportamento do nível do mar durante o Holoceno. O estudo
deste registro permitiu chegar às seguintes conclusões principais:
1. A topografia precedente (pré-holocênica) exerceu um papel importante no
estabelecimento da bacia de drenagem do Arroio Chuí e, de modo especial, na
região de sua desembocadura. O local da desembocadura ocupa o mesmo espaço
ocupado por um canal de ligação (inlet) que, durante o Pleistoceno, conectava o
Sistema Lagunar III ao oceano. Os depósitos holocênicos aqui estudados ficaram
confinados entre os terrenos mais altos, de idade pleistocênica.
2. Os dados de palinologia e a assembléia fossilífera, representada, principalmente,
por moluscos, ostracodes e foraminíferos, revela que, inundada pela
Transgressão Pós-Glacial, a região da desembocadura do Arroio Chuí se
comportou como um estuário durante boa parte do Holoceno tardio.
3. As datações por radiocarbono e os dados altimétricos mostram que o início do
afogamento da região, durante a Transgressão Pós-Glacial, ocorreu em torno de
7 ka (Idade Cal 7.150-6.930) e que o afogamento máximo deu-se em torno de
6 ka (Idade Cal 6.260-6.080), quando o nível do mar alcançou, no mínimo, 2 a 3
m acima do nível atual.
4. Os dados obtidos no presente trabalho não permitem opinar se houve ou não
oscilações menores do nível do mar após o máximo transgressivo. Para isso seria
necessário um número maior de análises, especialmente análises palinológicas e
geocronológicas. Futuros estudos feitos com o material já coletado e
altimetricamente determinado poderão trazer informações sobre este tema.
5. O presente estudo contribui para um melhor conhecimento sobre as flutuações
holocênicas do nível do mar na região sul do Brasil.
62
6-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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VILLWOCK, J.A.; TOMAZELLI, L.J.; LOSS, E.L.; DEHNHARD, E.A,; HORN,
N.O.; BACHI, F.A. & DEHNHARDT, B.A. 1986 Geology of the Rio Grande do Sul
Coastal Province. Rabassa, J. (Ed.). Quaternary of the South America and
Antartic Peninsula. A.A. Balkema, Rotterdam. 4: 79-97
VILLWOCK, J. A.; TOMAZELLI, L. J. 1995. Geologia Costeira do Rio Grande do Sul.
Notas Técnicas, 8:1-45. CECO/IG/UFRGS. Porto Alegre, RS.
WENTWORTH, C. K., 1922. A Scale of Grade and Class Terms for Clastic Sediments.
Journal Sedimentology Petrology, 30: 377-39.
72
ANEXOS
73
Anexo 11: Tabela comparativa das espécies de moluscos encontradas na região da área
de estudo.
74
Profundidade(m)
1,10
-
1.20
-
1,30
-
1,40
-
1,50
-
1,60
-
1,70
-
1,80
-
1,90
-
2,00
-
Taxa 1,20 1,30 1,40 1,50 1,60 1,70 1,80 1,90 2,00 2,10
Amostras
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CHLOROPHYTA
Botryococcus 75 102 50 200 72 212 110 140 210 190
Spirogyra - - - - - 1 2 - - 6
DINOPHYTA
Ceratium 2 - - - - 2 2 - - 2
Cistos indet. - - 3 - 8 8 1 - 2 10
Gonyaulax - - - - - - - - 1 6
Gyrodinium - - - - - 3 - - 1 20
Protopteridinium - - - - - 4 4 - 1 15
ACRITARCHA
-
Micrhystridium - - - - 4 4 1 4 - 2
DIATOMÁCEAS
Diploneis - - - - - 4 - - - -
Paralia sulcata 8 20 14 18 60 50 39 32 10 221
Coscinodiscus - - - - - 4 - - 5 10
Actynoptychus - - - - - 4 - - - -
Auliscus - - 2 - - 12 - - - -
Melozira - - - 10 - 4 4 2 5 1
Actynocyslis - - 1 - - 4 - - - 1
Triceratium - 10 18 24 10 26 22 7 2 4
MAGNOLIOPHYTA
Anacardiaceae 1 - - - 2 - 1 - - 1
Apiaceae - - - - - - - - - 1
Asteraceae 10 - - - 2 1 - - - 10
Chenopodiaceae 2 25 20 10 20 10 35 30 - 52
Cyperaceae - - - 18 2 20 12 10 - 10
Euphorbiaceae - - - - - - 1 - - -
Moraceae-Urticaceae - - - - - 1 - - - 1
Onagraceae - - - - - 1 - - - -
Plantaginaceae - - - - - - 1 - - -
Poaceae 4 10 6 24 10 34 - 15 20 10
Triglochin - - - - - - 1 - - 2
Verbenaceae - - - - - - - 1 - 1
PTERIDOPHYTA
Azolla filiculoides 1 - - - - - - - - -
Diksonia - - - - - - 2 6 - -
Huperzia - - 3 - - - - - - 1
Ophioglossum - - - 4 - - - - - -
Osmunda 2 - - - - - - - - 1
Polypodiaceae - - - 4 - - - - - -
Selaginella 2 - - - - - - - - -
BRYOPHYTA
Anthoceros - - 3 - 4 - 10 - 2
Phaeoceros 6 - 3 10 - 10 19 8 10 42
MICROFORAMINIFERA
- - - - - 8 5 8 10 4
FITOLITOS
3 5 7 9 120 68 30 8 25 34
SPONGI (espículas) - 2 - - - 4 - - 4 4
FUNGI
- - - 3 4 18 5 2 2 6
Anexo 12: Composição taxonômica de palinomorfos, diatomáceas, fitólitos e espículas
de esponjas e microforaminífera e seu quantidade (exemplares) nas amostras do
Afloramento 1 no Arroio Chuí.
75
Anexo 13: prancha de fotos de Clorofitas: (1) Botryococcus; (2) Spirogyra (3)
Botryococcus; (4) Botryococcus; (5) Botryococcus; (6) Botryococcus; (7) Botryococcus;
(8) Botryococcus. (9) Botryococcus; (10) Botryococcus.
76
Anexo 14: Prancha de fotos de Diatomáceas: (1) Aliscus; (2) Melosira; (3) Triceratium;
(4) não identificada; (5) Actinocyclis; (6) Melosira; (7) Dioploneis.
77
Anexo 15: Pranchas de fotos de Dinoflagelados: (1) Protoperidinium; (2) Ceratium; (3)
Gonyaulax spinífera; (4) Gyrodinium cf. impudicum; (5) não identificado; (6) Cisto de
Dinoflagelado; (7) Protoperidinium (8) Gyrodinium cf. impudicum.
78
Anexo 16: Prancha de fotos de pólen e esporos: (1) Anacardiarceae; (2) Pteridophyta;
(3) Asteraceae; (4) Chenopodiaceae; (5) Cyperaceae; (6) Moraceae-Urticaceae; (7)
Poaceae; (8) Verbenaceae; (9) Dicksonia; (10) Cyperaceae; (11) Chenopodiaceae; (12)
Hyperzia; (13) Ludwiga.
79
1
,10 -1,20
1,20-1,30
1,30-1,40
1,40-150
1,50-1,60
1,60-1,70
1,70-1,80
1,80-1,90
1,90-2,00
2,00-2,10
ZONA V
ZONA IV
ZONA III
ZONA II
ZONA I
020406080
B
otryococcus
0
Spir
o
gyra
0
Cer
atiu
m
0
C
istos não indet
.
0
Go
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0
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0
P
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i
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0
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s
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Dip
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02040
P
aralia sulcat
a
0
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0
Actynoptychus
0
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i
s
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s
0
Me
losir
a
0
Actinocyclis
020
T
r
icer
at
ium
CLOROPHYTA DINOPHYTA ACRITARCHA BACILLARIOPHYTA
Anexo 17: Palinodiagrama dos grupos de |Clorophyta, Dinophyta, Acritarca, Baccilariophyta e seus respectivos gêneros.
80
1
,10 -1,20
1,20-1,30
1,30-1,40
1,40-150
1,50-1,60
1,60-1,70
1,70-1,80
1,80-1,90
1,90-2,00
2,00-2,10
ZONA V
ZONA IV
ZONA III
ZONA II
ZONA I
0 20406080100
M
A
G
NOLI
O
PHYTA
020
P
TER
I
D
O
PH
Y
TA
02040
B
RY
O
PH
Y
TA
Anexo 18: Palinodiagrama dos grupos de Magnoliophyta, Pteridóphyta, Bryophyta.
81
1
,10 -1,20
1,20-1,30
1,30-1,40
1,40-150
1,50-1,60
1,60-1,70
1,70-1,80
1,80-1,90
1,90-2,00
2,00-2,10
ZONA V
ZONA IV
ZONA III
ZONA II
ZONA I
02040
MICROF
ORAMI
NIFE
R
A
0 20406080100
F
IT
OL
IT
OS
020
SP
ONGI
0 5 10 15 20 25
F
UNGI
Anexo19: Palinodiagrama dos grupos de Microforaminífera, Fitolitos, Spongi, Fungi.
1
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