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I
Rachel Soares Bricio
Análise da reversibilidade das modificações nas
propriedades mecânicas musculares produzidas pelo
alongamento muscular e fortalecimento em posição
alongada: um estudo de follow-up
Belo Horizonte
Faculdade de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG
2006
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II
Rachel Soares Bricio
Análise da reversibilidade das modificações nas
propriedades mecânicas musculares produzidas pelo
alongamento muscular e fortalecimento em posição
alongada: um estudo de follow-up
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado
da Faculdade de Educação Física, Fisioterapia e
Terapia Ocupacional da Universidade Federal de
Minas Gerais como requisito parcial para a
obtenção do título de Mestre em Ciências da
Reabilitação .
Área de Concentração: Desempenho Motor
Orientador: Prof. Dr. Sérgio Teixeira da Fonseca
Universidade Federal de Minas Gerais
Belo Horizonte
Faculdade de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG
2006
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III
AGRADECIMENTOS
Primeiramente gostaria de agradecer ao professor Sérgio pela inspiração e
ensinamentos. O seu entusiasmo e a sua dedicação pela pesquisa científica me
fizeram chegar até aqui. Obrigada professor, pelas oportunidades e pela confiança.
Agradeço aos amigos que fiz durante este processo. Dani, que sempre me
ajudou, desde a iniciação científica, agradeço pela infinita disponibilidade e
interesse. Paula e Ju pelos exemplos de inteligência e companheirismo. Cecília, que
conduziu com perfeição o estudo que precedeu a este, o que permitiu a realização
deste trabalho. Aos bolsistas, Poliana, Tetê e Jucélio, pela fundamental ajuda nas
coletas de dados e pelo apoio. Lembrarei com saudades dos momentos que
passamos juntos.
Agradeço aos meus pais e à minha família pela paciência e amor. E
principalmente ao Gabriel que mostrou uma compreensão, acima da esperada, pelas
minhas ausências. E sempre me confortou com seu carinho e amor. Obrigada, meu
filho, por você existir.
IV
RESUMO
Neste estudo foi investigada a manutenção das mudanças nas propriedades
mecânicas musculares ocorridas em função do alongamento estático e do
fortalecimento em posição alongada dos isquiotibiais, durante um período de
destreinamento. Trinta e quatro indivíduos jovens que participaram, previamente, de
programas de alongamento e fortalecimento dos isquiotibiais foram reavaliados
quatro e oito semanas após o término das intervenções. Um dinamômetro isocinético
foi usado para estender passivamente a articulação do joelho até o ângulo onde os
indivíduos relatavam um desconforto pelo alongamento, e para medir o torque
máximo de resistência dos isquiotibiais nesta angulação. Estas duas medidas,
torque e ângulo, compuseram a variável tolerância ao alongamento. A energia
absorvida passivamente pelos isquiotibiais foi calculada como sendo a área abaixo
da curva torque-ângulo. Finalmente, o dinamômetro isocinético foi utilizado para
medir o ângulo de torque máximo produzido pelos isquiotibiais. Os resultados
mostraram que o destreinamento ocasionou uma perda significativa dos ganhos
obtidos com o treinamento na tolerância dos indivíduos ao alongamento e na
capacidade de absorção de energia pelos isquiotibiais, após oito semanas no grupo
alongamento e após quatro semanas no grupo fortalecimento. Não houve perda
significativa dos ganhos no ângulo de torque máximo, observados no grupo
fortalecimento, mesmo após oito semanas. Estes resultados sugerem que o
fortalecimento muscular em posição alongada é estímulo adequado para produzir
ganhos duradouros no comprimento muscular. Oito semanas de destreinamento
foram suficientes para que os ganhos de tolerância ao alongamento e energia
absorvida pelos isquiotibiais, obtidos através de programas de alongamento e
V
fortalecimento muscular em posição alongada, voltem aos seus valores pré-
intervenção.
Palavras-chave: Destreinamento, reversibilidade, follow-up, alongamento,
fortalecimento.
VI
Reversibility of the adaptations in the muscle mechanical properties produced
by stretch and strength training: a follow-up study.
ABSTRACT
This study investigated the maintenance of alterations in mechanical
properties observed after hamstring static stretching and after strengthening
exercises in stretched position, during a period of detraining. Thirty-four young
individuals who had previously participated in hamistrings stretching and strenghenig
programs were evaluated at the fourth and eighth weeks after the end of intervention.
An isokinetic dynamometer was used to passively extend the knee joint up to the
angle where the individual reported a stretching disconfort, as well as to measure the
maximum resistance torque offered by hamstrings. These two measures were used
to determine strech tolerance. The energy passively absorbed by the hamistrings
was calculated as the area beneath the angle-torque curve. Finally, the isokinectic
dynamometer was used to measure the angle at which hamstrings produced the
peak active torque. Results demonstrated that at the eighth week for the
strengthening group and at the fourth week for the stretching group, detraining
caused a significant decrease in stretch tolerance and hamstring energy absorption
gains observed after intervention. There were no significant decreases for the gains
observed in the strengthening group in peak active torque angle, even after eight
weeks. These results suggest that strengthening in stretched position is an adequate
stimulus to produce long lasting changes in muscle length. Eight weeks of detraining
were sufficient to cause a return to baseline values in the gains stretch tolerance and
passive energy absorbed by hamstrings after stretching and muscle strengthening in
streched position programs.
Key words: detraining, reversibility, follow-up, strech, strength
VII
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................1
2 HIPÓTESES DO ESTUDO...................................................................11
3 MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................12
3.1 AMOSTRA .......................................................................................................12
3.2 INSTRUMENTOS.............................................................................................13
3.3 PROCEDIMENTOS..........................................................................................15
3.4 REDUÇÃO DOS DADOS.................................................................................21
3.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA .................................................................................22
4 RESULTADOS .....................................................................................24
4.1 ÂNGULO DE PICO DE TORQUE....................................................................24
4.2 TOLERÂNCIA AO ALONGAMENTO ..............................................................25
4.3 ENERGIA ABSORVIDA PASSIVAMENTE PELOS ISQUIOTIBIAIS .............27
5 DISCUSSÃO.........................................................................................29
6 CONCLUSÃO.......................................................................................40
APÊNDICE...............................................................................................41
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ..................................41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................44
1
1 INTRODUÇÃO
Uma importante característica do tecido muscular é a sua natureza dinâmica.
O músculo é capaz de se adaptar às mudanças nas demandas funcionais que são
impostas sobre ele, alterando suas características funcionais e sua composição
estrutural
1
2
3
. O treinamento físico é um processo no qual um estresse fisiológico é
imposto sobre o tecido visando adaptações específicas para que o indivíduo se torne
mais tolerante ao mesmo tipo de estresse no futuro
4
. De certo modo, este processo
descreve o princípio da especificidade do treinamento
4
. Diversos estudos foram
conduzidos com o objetivo de investigar quais estímulos são capazes de promover
alterações adaptativas no comprimento, na rigidez e na capacidade de absorção de
energia dos músculos esqueléticos
5
6
7 8
9
10
11
12
13
14
15
. O entendimento da
natureza destes estímulos pode fornecer bases teóricas para o planejamento de
intervenções terapêuticas. Por outro lado, a interrupção ou a diminuição significativa
do treinamento leva a uma diminuição parcial ou completa das adaptações induzidas
pelo treinamento, o que descreve o princípio da reversibilidade do treinamento, ou
destreinamento
16
17
18
19
20
21
22
23
. Tão importante quanto entender o efeito das
diferentes intervenções sobre os mecanismos adaptativos do músculo é avaliar qual
é o tempo de duração desses efeitos, após o término do período de intervenção.
Intervenções com o objetivo de aumentar o comprimento muscular são
comuns tanto no ambiente de reabilitação quanto na prática esportiva
24
25
26 27
.
Porém, ainda não está bem estabelecido o tempo de duração dos efeitos do
treinamento nesta propriedade muscular, durante períodos de destreinamento. O
comprimento muscular in-vivo não pode ser mensurado diretamente. Dessa forma, a
propriedade de flexibilidade é freqüentemente utilizada para inferir sobre o
comprimento do músculo. A flexibilidade é definida como a capacidade do tecido
2
muscular alongar-se, permitindo que a articulação movimente-se através da
amplitude de movimento (ADM)
28
. Neste sentido, a flexibilidade pode ser
operacionalizada como a ADM atingida por uma articulação quando é aplicada uma
força capaz de promover o alongamento dos músculos que a atravessam
10
. Assim,
aumentos no comprimento do músculo permitem que uma maior ADM seja
alcançada quando um torque de mesma magnitude é aplicado sobre o tecido.
A intervenção normalmente utilizada para ganho de flexibilidade muscular é o
alongamento da unidade musculo-tendínea. A maioria dos estudos que investigou a
eficácia desta técnica mostrou que após uma única sessão de alongamento, ou após
períodos variados de treinamento envolvendo o alongamento muscular, os
voluntários apresentaram uma maior ADM articular
8
10
12
24
26
. Porém, estes ganhos
têm sido associados às características viscoelásticas do tecido
9
29
30
. Isto é, quando
o tecido muscular é exposto a uma força passiva de alongamento, ele se deforma de
acordo com suas propriedades mecânicas. Quando esta força é mantida por um
certo período de tempo, ocorre uma deformação adicional do tecido de maneira
tempo-dependente
29
. Depois de retirada a tensão o tecido retorna ao seu
comprimento original, também de maneira tempo-dependente
30
. Portanto, o ganho
de ADM observado logo após programas de alongamento pode ser explicado pelo
seu comportamento viscoelástico que promove aumento transitório do comprimento
muscular que é rapidamente recuperável, voltando ao valor pré-intervenção após um
curto período de tempo, de 40 min
10
30
a 24 horas
11
. No entanto, outros estudos
relatam ganhos de ADM ocasionados por programas de alongamento dias após a
interrupção do treinamento, os quais não podem ser explicados somente pelas
propriedades viscoelásticas do tecido
8
27
31
32
.
Os ganhos de flexibilidade resultantes de programas de alongamento tamm
3
têm sido relacionados a um aumento da tolerância dos indivíduos ao alongamento
8
9
24
31
. A medida da ADM de uma articulação depende do torque imposto sobre o
músculo, e o torque máximo aplicado pelo examinador depende da tolerância do
indivíduo ao alongamento. Existem evidências de que como conseqüência de
programas de alongamento os indivíduos passam a suportar um torque externo
maior durante o alongamento, conseguindo alcançar uma ADM maior, porém, sem
nenhuma alteração morfológica muscular
8
24
31
9
33
. Portanto, os aumentos de
flexibilidade, proporcionados pelo aumento da tolerância do indivíduo ao
alongamento, provavelmente, não são acompanhados por adaptações na estrutura
muscular e podem ser somente transitórios
10
31
30
. Apesar de vários autores terem
observado a presença de ganhos na tolencia após programas de alongamento,
pouco se sabe sobre a duração deste efeito durante o período de destreinamento.
Willy et al (2001)
32
verificaram que após quatro semanas do término de um
programa de alongamento houve uma perda significativa da tolerância dos
indivíduos ao alongamento. Sendo assim, apesar de haver evidências de que o
alongamento pode aumentar a flexibilidade muscular em curto prazo, o tempo de
duração desse efeito e os mecanismos que levariam a mudanças duradouras no
comprimento muscular precisam ser investigados.
Uma vez que o comprimento muscular in-vivo não pode ser mensurado
diretamente, a relação comprimento-tensão ativa do músculo também tem sido
utilizada para informar indiretamente sobre o comprimento muscular. Este
procedimento parece ser mais representativo de alterações do comprimento real do
músculo do que a análise da flexibilidade. A relação comprimento-tensão ativa
expressa a relação entre a capacidade de geração de tensão ativa e o comprimento
muscular
2
. A força ativa máxima é produzida em um comprimento ótimo dado pela
4
superposição ideal dos filamentos de actina e miosina, e diminui à medida que o
músculo é encurtado ou alongado
34
2
. Ganhos no comprimento real do músculo são
secundários a adição de sarcômeros em série (remodelação adaptativa)
35
6
.
Aumentos no número de sarcômeros em série (sarcomerogênese) alteram o ponto
ótimo em que o músculo gera tensão para um comprimento maior
5
7
36
37
. Assim, a
análise da relação comprimento-tensão pode ser utilizada para acompanhar as
mudanças no comprimento real do músculo que ocorrem durante os períodos de
treinamento e destreinamento, sem sofrer influência de alterações na tolerância ao
alongamento.
Estímulos capazes de induzir a sarcomerogênese têm sido estudados em
modelos animais e em seres humanos
5
6
7
36
38
. Modelos animais de imobilização
em posições específicas demonstraram remodelação adaptativa do número de
sarcômeros em série, alterando a relação comprimento x tensão
35
39
. Dessa forma,
a imobilização em posição encurtada desloca a curva comprimento-tensão para a
esquerda, indicando diminuição de sarcômeros em série, enquanto a imobilização
em posição alongada produz um aumento do número de sarcômeros em série,
deslocando a curva comprimento tensão para a direita
35
. Quando músculos de
cobaias foram imobilizados, em posições alongadas e encurtadas, e estimulados
eletricamente nestas posições, a magnitude das mudanças no número de
sarcômeros foi ainda maior
38
. Este fato demonstra que a atividade contrátil pode
potencializar os efeitos da manutenção do músculo em posições de extremos de
amplitude. As adaptações sempre acontecem no sentido de produzir sarcômeros
com comprimentos ótimos na posição de imobilização, o que permite concluir que o
comprimento no qual o músculo é solicitado a trabalhar é importante na regulação do
número de sarcômeros. Apesar de alguns estudos terem verificado a eficácia dos
5
modelos de imobilização na modificação da curva comprimento tensão do músculo,
alguns autores observaram que quando o membro previamente imobilizado foi
retirado da órtese de imobilização, o músculo retornou rapidamente a sua relação
comprimento x tensão e número de sarcômeros originais
35
40
.
Programas de treinamento que priorizam a fase excêntrica do movimento
tamm têm sido relacionados com alterações das propriedades mecânicas
relacionadas ao comprimento muscular, promovendo adição de sarcômeros em
série, e deslocamento da curva comprimento tensão para a direita
5
7
. Segundo
Proske e Morgan (2001, 2004)
41
42
, as adaptações no número de sarcômeros
permitem que estes se mantenham na região ascendente da sua curva
comprimento-tensão em todo o comprimento muscular utilizado no exercício,
evitando a região descendente da curva onde a capacidade do músculo de gerar
tensão diminui pela diminuição da sopreposição dos miofilamento nos sarcômeros,
desta forma os sarcômeros se tornam mais instáveis e susceptíveis a lesões.
Entretanto, existem evidências de que, mais do que o tipo de contração, o
comprimento muscular em que o músculo é solicitado a agir produz o estímulo
adequado para a sarcomerogênese
43
44
45
46
. Por exemplo, Mc Hugh e Posaikos
(2004)
43
observarm que a diminuição da susceptibilidade à lesão proporcionada
pelo exercício excêntrico é altamente dependente do comprimento no qual o
músculo é exercitado. Portanto, o fortalecimento do músculo em posições onde este
se encontra alongado parece ser estímulo adequado para ganhos no número de
sarcômeros em série de maior magnitude. Adicionalmente, a observação do efeito
protetor contra danos causados por uma segunda sessão de exercícios realizada
após longos períodos da primeira sugere que estas adaptações podem ser
duradouras
47
48
. Entretanto, são necessários estudos para determinar o tempo de
6
duração do efeito do fortalecimento em posição alongada nas alterações do
comprimento muscular.
A melhora na capacidade de absorção de energia pelo músculo também tem
sido um objetivo normalmente planejado pelos profissionais da área de reabilitação.
Durante o desempenho de atividades funcionais e esportivas grande quantidade de
forças mecânicas é aplicada sobre a unidade músculotendínea
49
. Quando estas
forças superam a força produzida pelo músculo, o músculo irá se alongar estando
ativo, absorvendo energia
15
. A energia absorvida pelo tecido é representada pela
área abaixo da curva força x deformação, a qual é influenciada primordialmente por
dois fatores, a rigidez do tecido muscular e o seu comprimento
15
29
. A rigidez é
determinada pela resistência oferecida pelo tecido à deformação e é representada
pela inclinação da curva força x deformação
10
. Estímulos capazes de aumentar a
rigidez ou o comprimento do músculo podem ter impacto na sua capacidade de
absorção de energia
15
29
10
. Magnusson et al (1996)
10
demonstraram que após uma
sessão de alongamento houve diminuição da rigidez, do torque máximo de
resistência e da energia absorvida pelo músculo. Entretanto, essas alterações
parecem ter sido decorrentes das propriedades viscoelásticas do tecido uma vez que
essas medidas retornaram aos seus valores basais uma hora após a intervenção
10
.
Por outro lado programas de exercícios envolvendo aumentos progressivos de carga
são capazes de aumentar o volume muscular, evidenciado pela área de secção
transversa do músculo
17
19
50
. Existem evidências de uma associação forte entre o
volume muscular e a rigidez passiva muscular
51
. Portanto, é esperado que
programas de fortalecimento ocasionem um aumento da rigidez muscular passiva
51
14
, e conseqüentemente um aumento da capacidade de absorção de energia
14
49
.
No entanto, as mudanças no trofismo muscular ocasionadas por programas de
7
fortalecimento parecem ser rapidamente reversíveis
17 19
.
Foram observados aumentos de e 7%
19
a 10%
17
na área de secção
transversa do músculo quadríceps femural após três meses de exercícios com
carga, indicando aumento do número de sarcômeros em paralelo. Porém, estes
valores voltaram ao seu nível pré-intervenção após o mesmo período sem
treinamento. O efeito inverso tamm foi demonstrado em estudo com modelo
animal, após dez dias de suspensão da pata de ratos foi observada uma diminuição
da massa muscular de 38%, sendo que a completa restauração da atrofia foi
observada após quinze dias de descarga de peso
13
. Adicionalmente, em um estudo
realizado em humanos, houve uma diminuição significativa na área de secção
transversa do quadríceps femural após duas semanas de imobilização em posição
encurtada. Tais perdas mostraram ser 95% recuperáveis após o mesmo período de
liberação do movimento normal
52
. Estes experimentos utilizaram amostras de
indivíduos sedentários recentemente treinados e a função normal isoladamente
promoveu o estimulo adequado para que a área de secção transversa do músculo
retornasse aos seus valores pré-intervenção
17
19
52
13
. Portanto, é possível que o
efeito do aumento da rigidez na capacidade de absorção de energia observado em
indivíduos recentemente treinados seja apenas transitório. Embora o efeito do
destreinamento sobre a área de secção transversa do músculo, a qual reflete o
número de sarcômeros em paralelo, tenha sido extensivamente estudado
16
20
17
21
19
, pouco se sabe sobre o comportamento dos sarcômeros em série após uma
intervenção. Estudos de acompanhamento longitudinal de indivíduos submetidos a
programas de fortalecimento muscular com objetivo de aumentar o número de
sarcômeros em série podem ajudar a verificar o período de retenção dos ganhos no
comprimento e na capacidade do músculo de absorver energia produzidos por esta
8
intervenção durante períodos de destreinamento.
Em suma, o aumento do comprimento do músculo e da capacidade de
absorção de energia são objetivos normalmente planejados por profissionais da área
de reabilitação. Alterações nestas propriedades foram observadas como
conseqüência de programas de alongamento e fortalecimento muscular. Apesar do
alongamento estático ser uma técnica amplamente utilizada na prática clínica com o
intuito de ganhar comprimento muscular e prevenir lesões, não existem evidências
suficientes da eficácia em longo prazo desta técnica na promoção de ganhos no
comprimento muscular
10 30 31
. Por outro lado o fortalecimento muscular em posição
alongada parece ser capaz de induzir remodelação adaptativa no número de
sarcômeros em série, promovendo ganhos duradouros no comprimento muscular
43
42
41
53
. Programas de treinamento com carga tamm promovem aumentos no
trofismo muscular que parecem ter impacto na rigidez passiva, conseqüentemente
aumentando a capacidade de absorver energia pelo músculo
14
. No entanto, mesmo
as alterações musculares que ocorrem em função da remodelação tecidual podem
não ser duradouras se não forem compatíveis com a demanda normalmente imposta
sobre o indivíduo, durante as suas atividades habituais
19
17
. Desta forma, a análise
da reversibilidade nas mudanças das propriedades musculares pode contribuir para
um melhor entendimento do efeito em longo prazo dos procedimentos clínicos
freqüentemente utilizados na área esportiva e na reabilitação para ganho de
comprimento muscular e aumento da capacidade de absorção de energia pelo
músculo. Este entendimento irá permitir a avaliação da manutenção dos ganhos
obtidos, depois que os indivíduos retornam ao seu nível de atividade usual.
A restauração de parâmetros específicos nas propriedades mecânicas
musculares, flexibilidade, e melhora da capacidade de absorção de energia são
9
comumente considerados como parâmetro de alta na área de reabilitação. Por trás
deste comportamento está o pressuposto de que os ganhos obtidos com o
treinamento serão permanentes. No entanto, existem evidências de que os efeitos
do treinamento são rapidamente reversíveis
19 23 32
. A perda destes efeitos pode
contribuir para a dificuldade em observar o impacto do treinamento nas metas
clínicas de longo prazo como mudanças posturais, diminuição da incidência de
lesões e melhora do desempenho esportivo e funcional
54
55
56
57
58
59
. Portanto a
determinação do grau de retenção das mudanças proporcionadas pelos diversos
tipos de treinamento pode contribuir para o entendimento do estímulo necessário
para que ocorram mudanças de longo prazo sobre o tecido.
Um estudo de intervenção, realizado previamente no laboratório de
performance humana da UFMG, avaliou a eficácia do fortalecimento dos isquiotibiais
em amplitudes iniciais do movimento de flexão do joelho, onde estes se encontram
alongados, na modificação das propriedades mecânicas musculares
60
. Além disso,
este estudo comparou os efeitos do programa de fortalecimento com os efeitos de
um programa de alongamento estático nestas propriedades. Neste estudo 45
voluntários saudáveis, de ambos os sexos, foram divididos aleatoriamente em três
grupos. O primeiro grupo se submeteu a um programa de fortalecimento dos
isquiotibiais em amplitudes iniciais de movimento e o segundo grupo passou por um
programa de alongamento estático dos isquiotibiais. Ambos os programas de
treinamento foram realizados três vezes por semana, em dias alternados por um
período de oito semanas. O terceiro grupo não foi submetido a programas de
treinamento e serviu como controle.
O estudo acima citado revelou que somente o fortalecimento dos isquiotibiais
em amplitudes iniciais de movimento foi capaz de promover uma mudança do ângulo
10
de pico de torque deste músculo, com o deslocamento da curva comprimento-tensão
para a direita, sugerindo a presença de um processo de remodelação tecidual. Um
aumento da capacidade de absorção de energia foi observado após os dois
programas de intervenção, mas o fortalecimento induziu um acréscimo de maior
magnitude quando comparado ao alongamento muscular. Não houve modificação
significativa da rigidez passiva em nenhum grupo. Ambos os programas de
intervenção produziram um aumento da tolerância dos indivíduos ao alongamento,
porém não apresentaram aumento da flexibilidade dos isquiotibiais, medida
utilizando-se o mesmo torque da avaliação realizada antes do início do programa de
intervenção (pré-teste). Essas mudanças foram observadas entre a avaliação do
pré-teste e a avaliação realizada uma semana após o término do período de
intervenção (pós-teste).
O objetivo do presente estudo foi verificar a manutenção das mudanças
ocorridas em função do alongamento estático e do fortalecimento em amplitudes
finais de movimento dos isquiotibiais, em indivíduos saudáveis, na tolerância ao
alongamento, no ângulo de torque máximo e na energia absorvida, quatro e oito
semanas após o término do período de intervenção. Além disso, o estudo objetivou
comparar a perda produzida pela interrupção do treinamento entre os grupos que
fizeram alongamento estático e fortalecimento muscular em posição alongada. Desta
forma, este estudo consistiu em um acompanhamento longitudinal, quatro e oito
semanas após o término do período de intervenção, de indivíduos que foram
submetidos a programas de fortalecimento dos isquiotibiais em posição alongada ou
de alongamento estático desse grupo muscular.
11
2 HIPÓTESES DO ESTUDO
H1- Em ambos os grupos os ganhos decorrentes do treinamento nas
variáveis dependentes tolerância ao alongamento e energia absorvida
passivamente pelos isquiotibiais serão menores após quatro semanas do
término do período de treinamento do que ao final da intervenção.
H2- Em ambos os grupos os ganhos decorrentes do treinamento nas
variáveis dependentes tolerância ao alongamento e energia absorvida
passivamente pelos isquiotibiais serão menores após oito semanas do
término do período de treinamento do que ao final da intervenção.
H3- Os ganhos no ângulo de torque máximo no grupo fortalecimento se
manterão inalterados após quatro e oito semanas do término do período de
intervenção.
12
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 AMOSTRA
Quarenta e cinco indivíduos, que participaram de um estudo de intervenção
desenvolvido previamente no Laboratório de Performance Humana da UFMG, foram
contatados pessoalmente e solicitados a retornar para duas reavaliações realizadas
quatro e oito semanas após a data da última avaliação da pesquisa inicial. Estes
indivíduos eram saudáveis, de ambos os sexos, com idade variando de 18 e 30
anos. No estudo de intervenção os voluntários foram agrupados por sexo e alocados
aleatoriamente em três grupos, cada um composto por 13 homens e duas mulheres.
Os indivíduos alocados no primeiro grupo foram submetidos a um protocolo de
fortalecimento dos isquiotibiais nas amplitudes iniciais do movimento de flexão do
joelho, onde esses músculos encontram-se em posição alongada. No segundo
grupo, os indivíduos foram submetidos a um programa de alongamento estático dos
isquiotibiais. Os participantes do terceiro grupo serviram como controle e não
realizaram exercícios de fortalecimento ou de alongamento muscular. Os dois
protocolos (fortalecimento e alongamento) foram realizados bilateralmente, três
vezes por semana em dias alternados durante oito semanas e sob supervisão de um
examinador treinado. As especificações destes protocolos seguiram as
recomendações do American College of Sports Medicine
61 62
.
Os critérios de exclusão deste estudo foram o não comparecimento ao
laboratório para uma das duas reavaliações ou a ocorrência de lesão
músculoesquelética dos membros inferiores no período entre o término do estudo de
intervenção e a reavaliação de oito semanas. Dos 45 voluntários previamente
avaliados, nove indivíduos foram excluídos por não comparecerem à primeira
13
reavaliação de quatro semanas e 2 por não retornarem para a segunda reavaliação
de oito semanas. Essas ausências foram favorecidas pelo fato das avaliações terem
ocorrido no período de férias escolares, já que a amostra era composta por
estudantes universitários. A maior ausência no grupo controle, seis indivíduos, pode
ter sido um reflexo do menor engajamento deste grupo no estudo anterior, uma vez
que estes participantes só compareceram ao laboratório duas vezes, em oposição
aos participantes dos grupos que sofreram intervenção que tiveram que comparecer
três vezes por semana durante oito semanas. Nenhum dos voluntários relatou a
ocorrência de lesão músculoesquelética no período do estudo. Os 34 indivíduos
restantes compuseram a amostra deste estudo. Destes indivíduos, 12 pertenciam ao
grupo que realizou fortalecimento em amplitudes iniciais de movimento (grupo
fortalecimento), 13 pertenciam ao grupo que realizou alongamento estático (grupo
alongamento) e 9 pertenciam ao grupo controle. As características referentes à
idade, massa corporal e altura de cada grupo estão apresentadas na TABELA 1.
Estes participantes não sofreram nenhuma restrição em relação ao nível ou tipo de
atividade no período entre avaliações e ficaram livres para voltar a sua rotina normal.
TABELA 1
Médias (desvios-padrão) das características referentes à idade, massa corporal e altura dos
participantes dos grupos fortalecimento, alongamento e controle.
Grupos
Controle Fortalecimento Alongamento
Características N = 9 N = 12 N = 13
Idade (anos)
22,20 (1,40) 21,25 (1,76) 22,54 (1,94)
Massa Corporal (kg)
54,03 (6,65) 53,60 (6,68) 57,93 (9,36)
Altura (m)
1,65 (0,07) 1,63 (0,05) 1,63 (0,05)
3.2 INSTRUMENTOS
Um dinamômetro isocinético (Biodex Medical System Inc., Shirley, NY) foi
14
utilizado no modo passivo de operação para avaliação da tolerância ao
alongamento, da energia absorvida durante o alongamento e do torque passivo dos
isquiotibiais. Um aferidor de nível foi utilizado para posicionar a alavanca do
dinamômetro na posição horizontal, como forma de determinar a posição zero grau
da alavanca. O dinamômetro tamm foi utilizado no modo ativo para avaliar o
desempenho muscular isocinético dos isquiotibiais. Esta última medida, juntamente
com o torque passivo dos isquiotibiais foi utilizada para determinação do ângulo
articular do joelho em que o torque máximo desse músculo era obtido (ângulo de
torque máximo).
Durante a realização dos testes da energia absorvida passivamente pelos
isquiotibiais, tolerância ao alongamento e registro do torque passivo dos isquiotibiais
foi utilizado um eletromiógrafo MP150WSW (Biopac System Inc., Goleta, CA) com
dois amplificadores ligados a um microcomputador para monitorar a atividade
eletromiográfica produzida pelos músculos vasto lateral (VL) e bíceps femoral (BF).
Esse equipamento tem capacidade para freqüência de coleta de até 200 kHz, com
impedância de entrada de 2 M e com capacidade de Rejeição do Modo Comum de
1000 db. Para a captação dos sinais eletromiográficos do VL e BF, foram utilizados
dois pares de eletrodos ativos de superfície, com diâmetro de 11,4 mm e distância
intereletrodos de 20 mm (TSD150A, Biopac System Inc., Goleta, CA). Um eletrodo
“terra” do tipo passivo (LEAD110A, Biopac System Inc. Goleta., CA) foi utilizado
sobre uma superfície óssea (acrômio).
A medida da massa corporal foi realizada com uma balança comercial. Esta
medida foi necessária para o cálculo posterior da energia absorvida passivamente
pelos isquiotibiais e tolerância ao alongamento.
15
3.3 PROCEDIMENTOS
Inicialmente, os participantes assinaram termo de consentimento livre
esclarecido (APÊNDICE A) concordando em submeter-se às avaliações dessa
pesquisa e tiveram seus direitos assegurados de acordo com o Comitê de Ética em
Pesquisa da UFMG. Os testes seguiram os mesmos protocolos utilizados no estudo
de intervenção realizado previamente. As avaliações foram realizadas no membro
inferior não dominante, que foi aquele submetido ao tratamento. O membro
considerado dominante foi aquele escolhido pelo participante para chutar uma bola.
Como forma de minimizar a variabilidade das medidas decorrente do ritmo
circadiano
63
, as avaliações após quatro e oito semanas foram coletados em horários
próximos, com uma diferença máxima aceitável de 1 hora, das realizadas no estudo
prévio. Os indivíduos foram recomendados a não realizar atividade física nas 24
horas que antecedessem a avaliação.
Avaliação da tolerância ao alongamento e da energia absorvida passivamente
pelos isquiotibiais
Com o intuito de garantir que os indivíduos estivessem totalmente relaxados
durante os testes passivos de tolerância ao alongamento e energia absorvida
passivamente pelos isquiotibiais, os dados eletromiográficos do VL e BF do membro
inferior não dominante foram registrados, o que permitiu monitorar a atividade
desses músculos. Pares de eletrodos ativos de superfície foram colocados sobre a
área de maior ventre muscular do VL e BF, seguindo a orientação das fibras. Um
eletrodo “terra” foi posicionado sobre o acrômio do ombro ipsilateral. Os sinais
eletromiográficos foram coletados a uma freqüência de 1000 Hz. Inicialmente, foi
registrada a atividade eletromiográfica de repouso (silêncio basal), com os
voluntários na posição de teste, solicitando que estes se mantivessem relaxados. A
16
atividade eletromiográfica durante cada teste foi comparada com o silêncio basal
através de um programa de computador desenvolvido no software Matlab
. Somente
foram aceitos para análise valores que não excedessem dois desvios padrão acima
da média dos valores encontrados no silêncio basal
63
. As comparações eram feitas
a cada intervalo de 50ms para capturar picos isolados de ativação, evitando que
estes fossem diluídos na media total do sinal durante todo o período do teste. Sendo
assim, em uma medida de energia com duração de 10 segundos, 200 comparações
de diferentes partes do sinal eletromiográfico com o valor médio do repouso foram
realizadas. O programa era aplicado logo após cada medida, durante o intervalo
entre as repetições, permitindo-se então descartar ou aceitar o teste. Quando o
programa detectava a presença de atividade muscular o teste era descartado e o
voluntário era solicitado a permanecer mais relaxado durante a realização de um
novo teste.
Para compor a variável tolerância ao alongamento foram feitas duas medidas
independentes, o ângulo de desconforto relatado pelo participante e o torque de
resistência passiva oferecido pela a articulação, medido neste ângulo. Para a
realização destas medidas, o indivíduo foi posicionado sentado no dinamômetro
isocinético, com a pélvis e a porção distal da coxa estabilizadas e o tronco
perpendicular ao assento (FIG 1). O posicionamento do aparelho foi exatamente
igual àquele registrado nas avaliações pré e pós-intervenção, com o objetivo de
permitir a reprodução exata do posicionamento do voluntário nas reavaliações de
quatro semanas e oito semanas. A coxa do membro inferior não dominante foi
apoiada em um suporte colocado na região proximal do joelho para que se
posicionasse a articulação do quadril a 110 graus de flexão. Esse posicionamento foi
utilizado previamente com o objetivo de evitar que os participantes conseguissem
17
alcançar a amplitude completa de extensão do joelho durante a avaliação da
tolerância ao alongamento e energia absorvida. Foi garantido o alinhamento do eixo
articular do joelho com o eixo de rotação do dinamômetro e o braço de alavanca
posicionado dois centímetros proximalmente ao maléolo lateral. Antes de cada
coleta de dados, foi determinada a posição zero grau, sendo esta correspondente ao
ângulo onde a alavanca estava posicionada na horizontal (paralelo ao solo), o que
foi verificado por um aferidor de nível. Posições acima da horizontal foram indicadas
com valores negativos dos ângulos articulares.
O ângulo de desconforto foi definido como a posição da articulação do joelho
na qual o indivíduo relatava uma sensação desconfortável pelo alongamento da
musculatura posterior da coxa
8
. Para a determinação do ângulo de desconforto o
membro inferior não dominante do participante foi deslocado passivamente pelo
examinador no sentido da extensão do joelho até que o individuo relatasse uma
sensação de desconforto similar a um alongamento da musculatura posterior da
coxa. O ângulo em que o indivíduo relatava o desconforto foi registrado e utilizado
Figura 1: Posicionamento dos voluntários para a realização das
medidas da tolerância ao alongamento e capacidade de absorve
r
energia passivamente pelos isquiotibiais.
18
para se determinar o torque máximo de resistência.
A medida do torque máximo de resistência foi realizada através do
deslocamento passivo da articulação do joelho, a uma velocidade de 5º/s, utilizando-
se o modo passivo do isocinético. A amplitude de movimento foi delimitada entre a
flexão máxima permitida pelo aparelho com o voluntário na posição de teste e o
ângulo de desconforto, medido no dia. Os participantes foram orientados a não
resistirem voluntariamente ao deslocamento da alavanca durante o teste. Foram
realizadas cinco medidas para a acomodação do tecido e para que o individuo
pudesse experimentar o movimento a ser realizado. Em seguida, foram realizadas
cinco repetições do teste para avaliação do torque máximo de resistência com
intervalo de um minuto entre elas, para que o programa de verificação da atividade
muscular durante o teste fosse aplicado. Foi utilizada para análise a média aparada
dos valores obtidos nessas medidas, descartando, assim, os valores máximo e
mínimo obtidos na avaliação. Durante a movimentação passiva, o software do
dinamômetro isocinético realizava o registro do torque de resistência da articulação,
sem corrigir pelos efeitos dos torques das massas da alavanca e dos segmentos
perna e pé sobre os valores obtidos. Ao final desta avaliação, foi realizada uma
repetição completa do movimento da alavanca do dinamômetro no sentido da
extensão, sem o membro inferior do participante estar apoiado, com o objetivo de
registrar o torque produzido pela massa da alavanca para posterior correção do
efeito deste torque sobre a medida da rigidez dos isquiotibiais.
A partir da avalião da tolerância ao alongamento, foram extraídas
informações relacionadas à rigidez do tecido e à variação do seu comprimento,
necessárias para a determinação da energia absorvida passivamente pelos
isquiotibiais até o ponto de tolerância máxima suportada pelo indivíduo
15
.
19
As medidas de ângulo de desconforto, torque máximo de resistência e
energia absorvida passivamente pelos isquiotibiais apresentaram valores de ICC de
0,934, 0,916 e 0,851, respectivamente, em um estudo piloto realizado antes do início
da intervenção.
Avaliação do ângulo de torque máximo
Para compor a variável ângulo de torque máximo foram feitas duas medidas
independentes, o desempenho muscular isocinético dos isquiotibiais e o torque
passivo oferecido por esse grupo muscular durante a flexão passiva do joelho,
ambos a uma velocidade de 60º/s. A curva torque x ângulo passiva representa a
força produzida apenas pelos elementos passivos da unidade musculotendínea.
Como a força ativa de um músculo, produzida pela interação das proteínas
contráteis actina e miosina dos sarcômeros, não pode ser diretamente medida ela é
calculada pela subtração das forças passivas da força total medida no isocinético
64
.
Para avaliação do ângulo de torque máximo foi retirado o suporte colocado na região
proximal do joelho, permitindo que ambos os quadris permanecessem a 70 graus de
flexão e os joelhos a 90 graus. O eixo articular do joelho foi alinhado com o eixo de
rotação do dinamômetro e o braço de alavanca posicionado dois centímetros
proximais ao maléolo lateral. A amplitude de movimento foi limitada de 0 a 90 graus
para todos os voluntários nas duas avaliações, reproduzindo o protocolo utilizado no
estudo de intervenção.
Para a medida do torque passivo, os dados eletromiográficos do VL e BF
foram registrados, para monitorar a atividade muscular e assegurar que o teste foi
realizado passivamente. Somente foi aceita para análise a medida na qual a
atividade de ambos os músculos não excedia a atividade média registrada no
repouso acrescida de dois desvios-padrão. O voluntário foi orientado a não resistir
20
voluntariamente ao deslocamento da alavanca, que iniciava a partir da flexão do
joelho até a extensão completa e, em seguida, era feito o retorno passivo à posição
de 90 graus de flexão. Durante este retorno, o software do dinamômetro isocinético
registrava o torque de resistência ao movimento, o qual foi utilizado para o cálculo
posterior do ângulo de pico de torque.
A avaliação do desempenho muscular isocinético dos isquiotibiais foi
realizada no modo concêntrico, a uma velocidade de 60º/s, com sete repetições do
movimento de flexão e extensão do joelho. Somente os dados referentes à flexão do
joelho, onde os isquiotibiais realizavam uma contração concêntrica, foram utilizados
para análise. Antes da coleta dos dados, os indivíduos tiveram a oportunidade de
praticar três repetições como treinamento. Durante a realização do teste, os
participantes foram estimulados verbalmente para obtenção do torque máximo. Após
a conclusão da avaliação, os dados fornecidos pelo software sobre o coeficiente de
variação da medida de torque dos flexores do joelho durante o teste e sobre o
ângulo de torque máximo desses músculos em cada uma das repetições foram
analisados. As repetições que apresentaram o maior e o menor valores do ângulo de
torque máximo foram descartadas, restando cinco valores para análise. Caso o teste
demonstrasse um coeficiente de variação dos dados de torque acima de 10% e os
cinco valores restantes do ângulo apresentassem uma variação de mais de 10
graus, a medida era descartada
65
. Este procedimento visava garantir uma avaliação
mais consistente dos dados. Os participantes que necessitaram repetir a medida
tiveram 10 minutos de descanso para realizarem a nova tentativa. A correção do
efeito dos torques produzidos pelas massas dos segmentos perna e pé não foi feita
nos testes passivo e ativo, uma vez que o seu efeito seria anulado durante a
redução dos dados. A medida do ângulo de pico de torque dos isquiotibiais
21
apresentou um ICC de 0,894, em um estudo piloto realizado antes do início do
estudo de intervenção.
3.4 REDUÇÃO DOS DADOS
Para a análise da tolerância ao alongamento foram utilizados o ângulo de
desconforto e o torque de resistência medido neste ângulo. A partir do gráfico,
fornecido pelo software do dinamômetro isocinético, foi possível determinar a
amplitude final do teste de tolerância, em graus, que corresponde ao ângulo de
desconforto, e o torque mensurado neste ângulo, em Nm, que se refere ao torque
máximo de resistência. Foi considerado um aumento da tolerância ao alongamento
quando um aumento do ângulo de desconforto foi acompanhado por um aumento do
torque máximo suportado neste ângulo.
O cálculo da energia absorvida passivamente pelos isquiotibiais foi realizado
a partir dos dados obtidos pelo software do dinamômetro isocinético coletados a uma
freqüência de 100 Hz durante o teste de tolerância ao alongamento. O ângulo
articular foi medido em graus e o torque de resistência foi medido em Newton-metros
(Nm), sem corrigir os efeitos da gravidade. Os valores de torque e ângulo registrados
pelo dinamômetro foram transferidos para um computador para análise dos dados.
Os dados foram filtrados com um filtro Butterworth de 4
a
ordem, com uma freqüência
de corte de 1.25Hz. O programa calculou os torques produzidos pelo peso da perna
e do pé e pelo peso do pé sobre a perna para toda a amplitude, a partir dos dados
sobre a massa corporal medidos nos dias dos testes e o comprimento dos
segmentos, de acordo com a tabela antropométrica de Dempster
66
. Os valores
destes torques e do torque produzido pelo peso da alavanca em toda a amplitude de
movimento foram subtraídos do torque passivo fornecido pelo dinamômetro, com os
torques resultantes sendo utilizados para o cálculo da energia absorvida. A medida
22
em graus do ângulo foi transformada em radianos (rad) e o torque passivo oferecido
pelos isquiotibiais foi plotado em função do deslocamento angular. A energia
absorvida passivamente pelos isquiotibiais foi determinada através de um algoritmo
que calculava a área abaixo da curva do torque resultante da correção do efeito da
gravidade sobre a perna, o pé e a alavanca (Nm) em função do ângulo articular
(rad), sendo expressa em Joules (J).
Para o cálculo do ângulo de torque máximo foram utilizados os valores de
torque e ângulo obtidos nas avaliações do torque passivo e do torque isocinético à
velocidade de 60º/s, coletados a uma freqüência de 100 Hz. As curvas de torque x
ângulo passivas do movimento de flexão do joelho e as cinco curvas de torque x
ângulo ativas mais consistentes foram extraídas do software do dinamômetro
isocinético e transferidas para um computador para serem analisadas. Um programa
foi desenvolvido no software Matlab para determinar o ângulo de pico de torque
ativo dos isquiotibiais. Os dados de torque foram filtrados com um filtro de
Butterworth de 4
a
ordem com uma freqüência de corte de 1.25Hz. A curva torque x
ângulo passiva foi subtraída das curvas torque x ângulo ativas obtidas do mesmo
voluntário. A curva restante representou apenas a capacidade de gerar força do
elemento contrátil do músculo. O programa, então, forneceu o valor do ângulo de
torque máximo dos isquiotibiais para cada uma das cinco repetições, com a média
dos valores, em graus, sendo analisada. A análise desse ângulo permitiu avaliar o
deslocamento da curva comprimento-tensão dos isquiotibiais durante o estudo.
3.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA
A magnitude das mudanças em relação aos valores pré-intervenção (ganho)
foi calculada no pós-teste, na reavaliação de quatro semanas e na reavaliação de
23
oito semanas. Análises de variância mista (ANOVA) com um fator de medidas
repetidas foram utilizadas para testar o efeito grupo (alongamento, fortalecimento e
controle) e o efeito tempo (uma, quatro e oito semanas após o término da
intervenção) e a interação grupo x tempo nos ganhos apresentados para as
variáveis dependentes ângulo de desconforto, torque de resistência máximo, ângulo
de torque máximo e energia absorvida passivamente pelos isquiotibiais. Quando
uma diferença estatisticamente significativa foi estabelecida, contrastes pré-
planejados foram utilizados para localizar os pares específicos entre os quais as
diferenças ocorreram, de acordo com as hipóteses formuladas. O nível de
significância estatística para todas as análises foi estabelecido em α=0.05.
24
4 RESULTADOS
4.1 ÂNGULO DE PICO DE TORQUE
A ANOVA demonstrou diferença significativa entre grupos na magnitude das
mudanças ângulo de torque máximo (F=5,238, p=0,011). Contrastes pré-planejados
revelaram que os ganhos no grupo fortalecimento foram significativamente maiores
do que os ganhos nos grupos controle e alongamento (F=4,561, p=0,040 e F=9,936,
p=0,003, respectivamente). Os grupos controle e alongamento não foram diferentes
entre si (F=0,545, p=0,466). Não houve diferença significativa entre os tempos
(F=2,659, p=0,78) ou na interação grupo x tempo (F=0,016, p=0,999). Os valores de
médias e desvios-padrão do ganho do ângulo de torque máximo em cada um dos
grupos nas três avaliações realizadas estão reportados no GRÁFICO 1.
Ganho do Ângulo de Pico de Torque
-2
0
2
4
6
8
10
12
14
16
alongamento controle fortalecimento
grupos
Ganho do Ângulo de pico de
Toruqe (graus)
pós
4 semanas
8 semanas
GRÁFICO 1: Ganho do ângulo de torque máximo apresentado pelos grupos Fortalecimento,
Alongamento e Controle no término do período de intervenção (pós), e após quatro e oito semanas
do término do período de intervenção.
25
4.2 TOLERÂNCIA AO ALONGAMENTO
Ângulo de desconforto
A ANOVA demonstrou diferença significativa entre os grupos (F=7,332;
p=0,002), entre os tempos (F=3,822; p=0,0270) e na interação tempo x grupo
(F=2,666; p=0,040) nos ganhos no ângulo de desconforto relatado pelo participante
durante a extensão passiva do joelho. Contrastes pré-planejados revelaram que no
grupo fortalecimento os ganhos no ângulo de desconforto foram significativamente
menores nas reavaliações de quatro e oito semanas em relação aos ganhos no pós-
teste (F=8,937; p=0,004 e F=8,378; p=0,005, respectivamente), porém não houve
diferença significativa entre as reavaliações (F=0,009; p=0,924). No grupo
alongamento, os ganhos no ângulo de desconforto na reavaliação de oito semanas
foram significativamente menores do que os ganhos no pós-teste (F=7,734;
p=0,007), e não foram encontradas diferenças entre os ganhos da reavaliação de
quatro semanas e o pós-teste ou entre as reavaliações de quatro e oito semanas
(F=1,630; p=0,206 e F=2,263; p=0,137, respectivamente). No grupo controle não
houve diferença nos ganhos do ângulo de desconforto entre as reavaliações de
quatro e oito semanas (F=0,011; p=0,9175) ou entre as reavaliações de quatro e oito
semanas e o pós-teste (F=0,692; p=0,408 e F=0,530; p=0,469, respectivamente). Os
valores de média e desvios-padrão dos ganhos no ângulo de desconforto em cada
um dos grupos nas três avaliações realizadas estão reportados no GRÁFICO 2.
26
Ganho do Ângulo de Desconforto
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
alongamento controle fortalecimento
grupos
Ganho do Ângulo de
desconforto (graus)
pós
4 semanas
8 semanas
GRÁFICO 2: Ganho do ângulo de desconforto apresentado pelos grupos Controle, Fortalecimento e
Alongamento, no término do período de intervenção (pós), e após quatro e oito semanas do término
do período de intervenção.
Torque máximo de resistência
A ANOVA demonstrou diferença significativa entre os grupos e entre os
tempos nos ganhos no torque máximo de resistência oferecido pela articulação do
joelho no ângulo de desconforto (F=7,100; p=0,002 e F=10,250; p=0,0001,
respectivamente). As análises de contrastes revelaram que, no grupo fortalecimento,
os ganhos no torque máximo de resistência foram significativamente menores do
que os ganhos no pós-teste nas reavaliações de quatro e oito semanas (F=12,686;
p=0,0007 e F=15,800; p=0,0002, respectivamente). Não houve diferenças nos
ganhos do torque máximo de resistência entre as reavaliações de quatro e oito
semanas, ou entre reavaliações de quatro e oito semanas e o pós-teste nos grupos
alongamento (F=0,050; p=0,823, F=3,099; p=0,083 e F=3,936; p=0,051,
respectivamente) e controle (F=2,838; p=0,0,96, F=0,008; p=0,9272 e F=3,155;
27
p=0,080, respectivamente). Os valores de média e desvios-padrão dos ganhos do
ângulo de desconforto em cada um dos grupos nas três avaliações realizadas estão
reportados no GRÁFICO 3.
Ganho de Torque de resistência
-4
-2
0
2
4
6
8
10
12
alongamento controle fortalecimento
Grupos
Ganho de torque de
resistência (Nm)
pós
4 semanas
8 semanas
Gráfico 3: Ganho do torque máximo de resistência apresentado pelos grupos Controle,
Fortalecimento e Alongamento, no término do período de intervenção (pós), e após quatro e oito
semanas do término do período de intervenção.
4.3 ENERGIA ABSORVIDA PASSIVAMENTE PELOS ISQUIOTIBIAIS
A ANOVA demonstrou diferenças significativas entre os tempos, entre os
grupos e na interação tempo x grupo na capacidade dos isquiotibiais em absorver
energia passivamente (F=10,108, p=0,0002; F=7,129, p=0,002 e F=3,401, p=0,014,
respectivamente). A análise dos contrastes mostrou que no grupo controle não foi
encontrada nenhuma diferença significativa entre os ganhos na reavaliação de
quatro semanas e no pós-teste, na reavaliação de oito semanas e no pós-teste ou
entre as duas reavaliações (F=0,070, p=0,792; F=0,308, p=0,580 e F=0,672,
p=0,415, respectivamente). No grupo fortalecimento, os ganhos energia absorvida
28
passivamente pelos isquiotibiais foram significativamente menores do que os ganhos
no pós-teste nas reavaliações de quatro e oito semanas (F=21,629, p=0,0001 e
F=23,816, p=0,0001, respectivamente) e não houve diferença nos ganhos entre as
duas reavaliações (F=0,053, p=0,819). No grupo alongamento, diferenças
significativas entre os ganhos na energia absorvida só foram encontradas entre a
reavaliação de oito semanas e o pós-teste (F=6,247, p=0,015), o mesmo não
ocorreu entre a reavaliação de quatro semanas e o pós-teste, ou entre as duas
reavaliações (F=1,386, p=0,243 e F=1,748, p=0,191, respectivamente). Os valores
de média e desvios-padrão dos ganhos da energia absorvida passivamente pelos
isquiotibiais em cada um dos grupos nas três avaliações realizadas estão reportados
no GRÁFICO 4.
Ganho de Energia
-1
0
1
2
3
4
5
6
7
alongamento controle fortalecimento
grupos
Ganho de enrgia (J)
pós
4 semanas
8 semanas
Gráfico 4: Ganho de energia absorvida passivamente pelos isquiotibiais apresentado pelos grupos
Controle, Fortalecimento e Alongamento, no término do período de intervenção (pós), e após quatro e
oito semanas do término do período de intervenção.
29
5 DISCUSSÃO
Este estudo investigou a manutenção das mudanças ocorridas nas
propriedades mecânicas dos músculos isquiotibiais em função de dois tipos de
treinamento, o fortalecimento em amplitudes finais do movimento de extensão do
joelho e o alongamento estático, após o término do período de treinamento. O
estudo de intervenção realizado previamente mostrou que ambos os programas
foram capazes de aumentar a capacidade de absorção de energia passiva pelo
músculo e a tolerância dos indivíduos ao alongamento. Somente o fortalecimento em
amplitudes nas quais o músculo encontrava-se alongado foi eficaz para deslocar o
ângulo de torque máximo dos isquiotibiais para uma região da ADM mais próxima da
extensão. Para avaliar o efeito da suspensão da intervenção nas propriedades
mecânicas musculares, este estudo consistiu em um acompanhamento longitudinal
dos indivíduos que se submeteram previamente aos treinamentos, sendo que os
voluntários foram reavaliados quatro e oito semanas após o término do período de
intervenção. O acompanhamento permitiu verificar as perdas ocorridas em função do
tempo dentro de cada grupo.
Este estudo mostrou que não houve diferença significativa entres os ganhos
no ângulo de torque máximo medidos na avaliação realizada uma semana após a
última sessão de treinamento (pós-teste) e nas reavaliações feitas após quatro e oito
semanas, em nenhum dos grupos. Ou seja, a magnitude dos ganhos nesta variável
se manteve inalterada mesmo oito semanas após o término do período de
intervenção. Estes resultados eram esperados no grupo alongamento, uma vez que
o programa de alongamento estático não foi capaz de induzir mudanças na curva
ângulo x torque neste grupo, era provável que durante o período de destreinamento
esta propriedade se mantivesse estável. Já no grupo fortalecimento, após a
30
intervenção, houve uma mudança significativa no ângulo de torque máximo em
função do treinamento, sendo que o maior torque passou a ser produzido em um
ângulo mais próximo da extensão, ou seja, em um comprimento muscular maior.
Neste grupo, o fato de não ter havido diferença significativa no ângulo de torque
máximo durante o presente estudo mostra que o fortalecimento muscular em
posição alongada foi estímulo adequado para ganhos duradouros no comprimento
muscular, os quais permaneceram inalterados por pelo menos oito semanas.
Apesar da maioria dos estudos terem observado indícios de adaptações no
número de sarcômeros após uma única sessão de exercícios excêntricos
5
45
37
44
67
,
o efeito protetor contra futuros danos, causados por este tipo de exercício, tamm
foi evidente após períodos de treinamento envolvendo exercícios moderados
semelhantes ao utilizado neste estudo
68
. Alguns autores observaram que
principalmente a amplitude em que o exercício é executado define a magnitude das
adaptações responsáveis pelo efeito protetor
45
44
43
42
. A adição de sarcômeros em
série ocorre no sentido de evitar que o músculo trabalhe na região descendente da
sua curva comprimento x tensão, nesta região ocorre uma progressiva diminuição da
sobreposição dos miofilamentos dentro dos sarcômeros tornado-os mais
susceptíveis a lesões
42
. Alguns estudos mostraram que menos sinais de danos
musculares foram observados após uma segunda sessão de exercícios realizada
duas semanas
69
37
44
46
, seis semanas
48
e até seis meses
47
após a primeira.
Segundo Morgan e Proske (2004)
42
, pelo menos parte deste efeito protetor pode ser
explicado pela remodelação adaptativa no número de sarcômeros em séries.
Portanto, a presença de um efeito protetor sobre o músculo mesmo após oito
semanas, como foi observado no presente estudo, indica que exercícios com carga,
31
realizados em posições nos quais os músculos se encontram alongados são
estímulos adequados para ganhos duradouros no comprimento muscular.
O número de sarcômeros em série parece ser continuamente modificado,
para melhorar a eficiência da contração e ao mesmo tempo evitar lesões durantes as
atividades usuais
5 6 42 67 70
. No entanto, é esperado que haja uma perda progressiva
dos ganhos no número de sarcômeros se o novo comprimento muscular não for
compatível com as demandas normalmente impostas sobre o tecido. No presente
estudo os participantes eram em sua maioria indivíduos sedentários, portanto, estes
resultados não podem ser diretamente extrapolados para indivíduos que participam
de atividades esportivas. Atletas podem apresentar encurtamento adaptativo do
músculo em função da demanda que é normalmente imposta sobre eles
70
. Da
mesma forma que existe um aumento no número de sarcômeros em série como
resposta do fortalecimento do músculo em posição alongada, o oposto ocorre
quando o músculo é constantemente solicitado a agir em posição encurtada
67 70
.
Portanto, em atletas que apresentam um encurtamento adaptativo do músculo
possivelmente as perdas das adaptações no número de sarcômeros decorrente de
um treinamento em posição alongada poderiam ser mais rápidas quando
comparadas às perdas nos indivíduos sedentários. No caso dos atletas, o retorno às
atividades esportivas seria um estímulo para a diminuição do número de sarcômeros
em série, potencializando os efeitos do destreinamento. Portanto, novos estudos
precisam ser conduzidos para verificar a duração do efeito do treinamento muscular
em posição alongada em atletas que apresentem encurtamento adaptativo do
comprimento muscular.
Foi observado, como resultado do presente estudo, que no grupo que realizou
alongamento estático, os ganhos no ângulo de desconforto foram significativamente
32
menores na reavaliação realizada oito semanas após o pós-teste. Não houve
diferença nestes ganhos entre a reavaliação de quatro semanas e o pós-teste ou
entre as reavaliações realizadas quatro e oito semanas após o fim do programa de
treinamento. Porém, os dados mostram que houve uma diminuição gradual dos
ganhos no ângulo de desconforto neste grupo. Este mesmo padrão foi encontrado
quando analisamos os resultados no torque máximo de resistência medido no
ângulo de desconforto. A diminuição do ângulo em que o indivíduo relatou
desconforto, associada a uma diminuição no torque máximo de resistência, indicou
que no grupo alongamento houve uma perda progressiva da tolerância ao
alongamento, porém esta perda só foi significativa após oito semanas de
destreinamento. No grupo alongamento, o ganho na tolerância ao alongamento
estaria associado ao aumento do limiar de excitabilidade das terminações
nociceptoras livres, presentes na articulação e no músculo, decorrentes do período
de treinamento
71
. Este aumento do limiar permitiu que os indivíduos alcançassem
uma maior ADM antes de relatar dor, por tolerarem um torque externo de maior
magnitude, mas sem mudanças estruturais no músculo.
A maioria dos estudos encontrados que verificaram o aumento na tolerância
ao alongamento após programas de alongamento não avaliou o efeito em longo
prazo sobre esta variável. Porém, Willy et al (2001)
32
observaram que após um
programa de alongamento dos isquiotibiais em humanos com duração de seis
semanas, houve um aumento da ADM medida no ponto onde o indivíduo relatava
uma sensação de dor provocada pelo alongamento. No entanto, a ADM retornou aos
seus valores pré-intervenção após quatro semanas de destreinamento
32
. Entretanto,
o presente estudo mostrou não haver perda significativa na tolerância ao
alongamento após quatro semanas do fim da intervenção. A diferença nestes
33
resultados pode ser parcialmente explicada pela diferença na forma de mensurar a
ADM entre os dois estudos, uma vez que Willy et al mediram a amplitude de
extensão ativa da articulação do joelho, enquanto no presente estudo mediu-se a
ADM passiva. Além disso, outra possível explicação para a diferença nestes
resultados é o desenho do estudo. Willy et al verificaram o efeito da suspensão
completa do estímulo utilizado no programa de intervenção, ou seja, os indivíduos
não poderiam realizar o alongamento durante o período de destreinamento. Por
outro lado, no presente estudo os indivíduos foram liberados para realizarem as suas
atividades físicas e recreacionais habituais, sem nenhuma restrição. Neste caso, é
possível que os voluntários do presente estudo tenham reproduzido em sua rotina
diária atividades semelhantes ao do programa de treinamento que foi realizado
durante o período de intervenção. Este fato pode ter ocasionado um maior período
de retenção dos ganhos na tolerância ao alongamento dos voluntários.
Foi observado que após um programa de alongamento com duração de trinta
dias, o mesmo tipo de alongamento realizado uma vez por semana foi o suficiente
para manter os ganhos de ADM alcançados com o programa
72
. Apesar de ter
havido uma manutenção dos ganhos de ADM mesmo após quatro semanas do
término do período de intervenção não houve alteração no ângulo de torque máximo
neste período, indicando ausência de remodelação tecidual. Isto indica que mesmo
os ganhos duradouros na ADM articular conseqüentes de programas de
alongamento, podem não estar associados a alterações na estrutura muscular, mas
sim a uma duração maior do efeito dos ganhos na tolerância ao alongamento. Além
disso, o fato de que mesmo estímulos esporádicos foram capazes de manter os
ganhos de tolerância produzidos pelo alongamento
72
, pode ser uma possível
34
explicação para a manutenção dos ganhos de flexibilidade dos indivíduos do
presente estudo, mesmo após quatro semanas de destreinamento.
Os resultados do presente estudo mostraram que no grupo fortalecimento os
ganhos no ângulo de desconforto foram significativamente menores após quatro
semanas e oito semanas do término do período de treinamento. A não diferença
entre os ganhos neste ângulo após quatro e oito semanas mostra que a maior parte
da diminuição dos ganhos observados após oito semanas de destreinamento
ocorreu nas primeiras quatro semanas. Este mesmo comportamento ocorreu com o
torque máximo de resistência apresentado pelos isquiotibiais. A diminuição dos
ganhos no ângulo de desconforto associada à diminuição do torque máximo de
resistência indica que houve diminuição da tolerância dos indivíduos ao
alongamento como fruto do destreinamento, tamm no grupo fortalecimento.
Apesar de ter havido uma diminuição de tolerância já nas quatro primeiras semanas
após o pós-teste no grupo fortalecimento, não houve mudança no ângulo de torque
máximo dos isquiotibiais neste grupo durante o mesmo período. Estes resultados
mostraram que entre as causas do aumento de ADM observados no grupo
fortalecimento, estava o aumento do limiar de dor dos indivíduos, assim como
ocorreu no grupo alongamento. Além disso, ficou evidente que a ADM medida no
ângulo onde o indivíduo relata um desconforto pelo alongamento muscular, uma
medida de flexibilidade amplamente utilizada na clínica
8 10 12 24
, não reflete
mudanças reais no comprimento muscular. Esta medida sofre grande influência de
flutuações no limiar de dor do indivíduo, que não são acompanhadas por mudanças
no comprimento muscular, medidas através do ângulo de torque máximo
24 30 31
.
As perdas dos ganhos na tolerância ao alongamento ocorreram mais
rapidamente no grupo fortalecimento em relação ao controle. No grupo
35
fortalecimento o treinamento foi realizado nas amplitudes finais de extensão do
joelho, até o ângulo máximo tolerado pelo indivíduo, e este ângulo aumentava a
cada sessão com o objetivo de acomodar ganhos no comprimento muscular.
Possivelmente este foi o estímulo para os ganhos na tolerância dos indivíduos ao
alongamento observadas no grupo fortalecimento. Após o término do período da
intervenção, este estímulo foi completamente suspenso, pela dificuldade de ser
replicado pelos indivíduos em sua rotina diária. Por outro lado os indivíduos do grupo
alongamento podem ter mantido por mais tempo o estímulo para os ganhos de
tolerância. Portanto, não se pode determinar ao certo, mas a diferença nas
demandas impostas sobre os indivíduos durante o período de destreinamento pode
ser uma justificativa para a diferença da duração da manutenção na tolerância ao
alongamento entre os grupos.
No grupo alongamento, houve uma perda significativa dos ganhos na
capacidade de absorção de energia após oito semanas de destreinamento, assim
como ocorreu com a perda na tolerância ao alongamento. A capacidade de absorver
energia passivamente pelos tecidos é influenciada pela rigidez do tecido e pelo seu
comprimento. Como não houve alterações significativas na rigidez do tecido após o
programa de alongamento, o aumento da energia absorvida observado após o
período de intervenção provavelmente estava relacionado com a maior ADM
alcançada durante as avaliações, devido ao aumento da tolerância dos indivíduos ao
alongamento. Desta forma, a perda da capacidade de absorver energia pelo
músculo refletiu a diminuição da tolerância dos indivíduos deste grupo ao
alongamento.
Os resultados mostraram que tamm houve uma perda significativa na
capacidade de absorção de energia no grupo fortalecimento, após quatro e oito
36
semanas do fim da intervenção. Não houve diferenças nos ganhos de energia entre
as reavaliações de quatro e oito semanas, portanto, a maior parte das perdas
observadas após oito semanas ocorreu nas primeiras quatro semanas de
destreinamento. A perda da energia absorvida no grupo fortalecimento
possivelmente refletiu não só a diminuição da tolerância ao alongamento, mas
tamm uma diminuição do trofismo muscular. A suspensão do treinamento com
carga resulta em perda progressiva das alterações na área de secção transversa
decorrentes do treinamento
16
, e estas perdas parecem ser mais rápidas em
indivíduos sedentários recentemente treinados
16
20
. Andersen et al (2005)
17
observaram aumentos de 10% na área de secção transversa (AST) do músculo
quadríceps femural após três meses de exercícios com carga, indicando aumento do
número de sarcômeros em paralelo, porém, estes valores voltaram ao seu nível pré-
intervenção após o mesmo período sem treinamento. Narici et al (1989)
73
tamm
observaram aumentos 8,5% na AST no quadríceps fermural após dois meses de
exercícios resistidos, com retorno completo do trofismo no mesmo período. Estes
autores não realizaram reavaliações em períodos mais curtos de destreinamento.
Portanto, não é possível determinar em quanto tempo ocorreu uma diminuição
significtiva do trofismo muscular. Porém, Hakkinen et al (2000)
19
observaram, após
um treinamento de três meses de duração com ganhos de 7% na área de secção
transversa, uma perda significativa deste ganhos após três semanas de suspensão
do treinamento. Estes estudos foram conduzidos em indivíduos que não participaram
de programas de fortalecimento muscular por pelo menos um ano antes do início do
estudo, assim como ocorreu no presente estudo. Parece que em indivíduos
recentemente treinados ocorre uma perda rápida da capacidade de absorver energia
passivamente pelo músculo após o término do período de intervenção, ocasionada
37
pela diminuição do trofismo muscular
73
17
19
16
. Esta observação implica que os
benefícios do treinamento serão perdidos se não forem tomadas medidas para
manutenção dos ganhos obtidos com a intervenção.
Os resultados deste estudo apontaram que houve um maior tempo de
retenção dos ganhos, na tolerância ao alongamento e na capacidade de absorver
energia passivamente pelos isquiotibiais, no grupo alongamento quando comparado
ao grupo fortalecimento. A capacidade do músculo de absorver energia enquanto é
alongado parece ser um mecanismo protetor contra lesões por estiramento. No
entanto, as lesões por estiramento ocorrem principalmente quando o músculo é
alongado enquanto está ativo, ou seja, durante uma contração excêntrica. Músculos
ativados podem absorver o dobro de energia do que músculos passivos
15
. Em
comprimentos onde a unidade músculo-tendínea encontra-se muito alongada, o
músculo é capaz de gerar menos tensão ativa ocasionada pela progressiva
diminuição da sobreposição dos miofilamentos, absorvendo menos energia e é
nesta região onde ocorrem as lesões
15
. A capacidade de absorção de energia, da
forma como foi medida neste estudo, sofre grande influência da tolerância do
indivíduo ao alongamento, que não é acompanhada por mudanças estruturais no
músculo
9
24
. Portanto, a manutenção dos ganhos na tolerância ao alongamento e
conseqüentemente na capacidade de absorver energia não significa uma menor
perda dar proteção contra lesões durante o período de destreinamento no grupo que
realizou alongamento. Segundo Shrier (1999)
74
, os ganhos na tolerância ao
alongamento seriam até prejudiciais em situações onde o indivíduo está em risco
para lesões por estiramento. O ganho de tolerância permite que o músculo alcance
grandes comprimentos musculares, e passe a trabalhar na região descendente da
curva comprimento x tensão, onde ele não é capaz de gerar tensão ativamente
74
.
38
O conjunto de resultados sugere que a perda do número de sarcômeros em
paralelo seja mais rápida do que a perda no número de sarcômeros em série em
indivíduos sedentários previamente treinados. Uma possível explicação para este
fenômeno é a diferença nas demandas impostas sobre o tecido durante o período de
destreinamento. Em indivíduos sedentários, após o término do período de
intervenção o estímulo para adição de sarcômeros em paralelo, ou seja, o aumento
da demanda para que o músculo gere maior tensão, é completamente suspenso.
Por outro lado, o estímulo para ganhos no comprimento muscular pode ser mantido
se o indivíduo passar a utilizar a ADM articular disponível durante as suas atividades
diárias. Por exemplo, o indivíduo que adquirir a capacidade de tocar o chão com os
joelhos esticados, pelo aumento do comprimento dos isquiotibiais, poderá
habitualmente passar a pegar objetos no chão sem dobrar os joelhos, mantendo os
ganhos no comprimento muscular. Este pressuposto é reforçado pela evidência de
que uma sessão de alongamento por semana é o suficiente para manter os ganhos
de ADM conseqüentes de um programa de alongamento
72
.
No presente estudo, as avaliações não foram conduzidas pelo mesmo
examinador do estudo anterior de intervenção. Além disso, não foi realizada
avaliação da confiabilidade inter-examinadores destas medidas. Apesar desta ser
uma limitação do estudo, os altos valores de ICC apresentados nos teste de
confiabilidade intra-examinador (teste-reteste) para as medidas de ângulo de
desconforto, torque máximo de resistência, energia, rigidez e ângulo de pico de
torque dos isquiotibiais (0,934, 0,916 e 0,851, 0,889 de 0,894,respectivamente)
demonstram a boa reproducibilidade das técnicas de mensuração utilizadas neste
estudo. Adicionalmente, após os indivíduos terem sido posicionados, estas medidas
dependem primariamente do equipamento e não do examinador. A consistência das
39
medidas tamm pode ser evidenciada pela ausência de mudanças significativas no
grupo controle em todas as variáveis deste estudo durante o período de
destreinamento.
Treinamentos que incluem alongamento e fortalecimento muscular são comuns
na prática de reabilitação. Apesar de muitos estudos terem sido conduzidos com o
objetivo de esclarecer quais são os efeitos imediatos destas intervenções nas
mudanças nas propriedades mecânicas musculares, pouco se sabe sobre a
retenção dos benefícios do treinamento após os indivíduos terem recebido alta.
Estudos de destreinamento permitem acompanhar a manutenção dos ganhos,
proporcionando o melhor entendimento do impacto dos diversos tipos de intervenção
em mudnaças em longo prazo sobre a estrutura muscular. Este estudo foi realizado
em indivíduos sedentários. Futuros estudos poderiam verificar a retenção dos
ganhos na ADM, no ângulo de torque máximo e na capacidade de absorção de
energia em indivíduos envolvidos em atividades esportivas, e verificar a relação
entre a retenção das mudanças nas propriedades musculares e a reincidência de
lesão muscular, alteração da postura dos seguimentos corporais e melhora do
desempenho esportivo.
40
6 CONCLUSÃO
Este estudo observou que após dois programas de treinamento que consistiram
de alongamento estático e fortalecimento dos isquiotibiais em posição onde estes
músculos encontravam-se alongados, oito semanas de destreinamento foram
suficientes para que os ganhos na tolerância ao alongamento e na capacidade de
absorver energia passivamente pelos isquiotibiais retornassem aos seus valores pré-
intervenção. Isto indica que os possíveis benefícios destes ganhos na amplitude de
movimento articular na prevenção de lesões e na melhora do desempenho esportivo
e funcional se perdem em poucas semanas. Porém, os ganhos no ângulo de pico de
torque, observados no grupo fortalecimento, se mantiveram estáveis mesmo após
oito semanas de destreinamento. Portanto, o fortalecimento em posições onde o
músculo encontra-se alongado parece ser estímulo adequado a ganhos duradouros
no comprimento real do músculo. Esses resultados foram observados em indivíduos
sedentários, recentemente treinados. Novos estudos são necessários para verificar o
impacto do término da intervenção nestas propriedades mecânicas musculares em
indivíduos envolvidos em atividades esportivas.
41
APÊNDICE
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Título do Estudo: Análise da reversibilidade das modificações nas propriedades
mecânicas musculares produzidas pelo alongamento muscular e fortalecimento em
posição alongada: um estudo de follow-up
Investigador Principal: Rachel Soares Brício
Orientador: Prof. Dr. Sérgio Teixeira da Fonseca
Você está sendo convidado a participar de um projeto de pesquisa que se
propõe a acompanhar durante oito semanas os voluntários que participaram do
estudo “Impacto do fortalecimento dos isquiotibiais em amplitudes iniciais de
movimento nas propriedades mecânicas musculares”.
O objetivo desse estudo é acompanhar o comportamento da mudanças
ocorridas no músculo em função de um programa de fortalecimento ou alongamento
dos isquiotibiais, depois do término do período de intervenção. Portanto, no presente
estudo você não irá sofrer nenhum tipo de tratamento, e estará livre para realizar as
suas atividades cotidianas, sem restrições. Este estudo vai fornecer dados para se
entender como as propriedades musculares se comportam depois que o indivíduo
que foi submetido ao treinamento retornar às suas atividades diárias.
Procedimento: O teste será realizado no Laboratório de Performance Humana
situado na Universidade Federal de Minas Gerais. Os procedimentos da reavaliação
serão exatamente os mesmos realizados nas duas avaliações do estudo anterior.
Inicialmente você será pesado. Logo após, serão colocados dois eletrodos de
superfície, na região anterior e posterior da coxa da perna não dominante, e outro na
proeminência óssea do ombro. Este procedimento é totalmente indolor. Depois desta
fase, você será posicionado na cadeira de um aparelho com as costas apoiadas e a
pelve estabilizada. Sua coxa será apoiada em um suporte e sua perna será fixada à
alavanca do aparelho, logo acima do tornozelo. A alavanca será movida
passivamente e você será solicitado a não resistir ao seu deslocamento. Serão
realizados cinco movimentos passivos da alavanca como treinamento e em seguida
42
serão realizadas as medidas. Para avaliação da força muscular, sua coxa será
posicionada no assento do aparelho e você irá realizar o movimento de dobrar e
esticar o joelho. Serão realizados sete repetições desse movimento na perna não
dominante. Você irá comparecer dois dias no laboratório para realização dos testes,
quatro semanas e oito semanas após a sua última avaliação no estudo de
intervenção. Os testes deverão durar em torno de 1 hora e meia.
Riscos e desconfortos: Os riscos associados com os teste podem incluir uma
possível irritação na pele devido a colocação e fixação dos eletrodos e um leve
desconforto na musculatura posterior da coxa após a realização da avaliação da
força muscular. Este desconforto deve desaparecer em 72 horas, caso ele persista
você deverá notificar o investigador principal deste estudo.
Benefícios: Você e outros indivíduos poderão se beneficiar com os resultados desse
estudo. À medida que se conhecer melhor as propriedades mecânicas do músculo,
estratégias terapêuticas mais apropriadas de tratamento poderão ser introduzidas,
além de direcionar a utilização de procedimentos preventivos.
Confidencialidade: Para garantir a confidencialidade da informação obtida, seu
nome não será utilizado em qualquer publicação ou material relacionado ao estudo.
Recusa ou desistência da participação: Sua participação é inteiramente voluntária
e você está livre para recusar participar ou desistir do estudo a qualquer hora que
desejar.
Você pode solicitar mais informações sobre o estudo a qualquer momento,
através do investigador principal do projeto, pelos telefones 3227-5012 ou 9792-
5012. Demais dúvidas podem ser esclarecidas pelo Comitê de Ética da UFMG
através do telefone 34994592.
Após a leitura completa deste documento, se você aceitar participar, você
deverá assinar o termo de consentimento abaixo.
43
TERMO DE CONSENTIMENTO
Eu li e entendi toda a informação acima. Todas as minhas dúvidas foram
satisfatoriamente respondidas. Eu concordo em participar do estudo e disponibilizar
minhas informações para serem utilizadas em eventos de natureza científica.
________________________________ _____/_____/_____
Assinatura do voluntário Data
44
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