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RESUMO
Amadurecimento do mamão ‘Golden’: ponto de colheita, bloqueio da ação do etileno e
armazenamento refrigerado
O presente trabalho objetivou estudar como o ponto de colheita, o bloqueio da ação do
etileno e o armazenamento refrigerado interferem no amadurecimento e na qualidade do mamão
‘Golden’. No primeiro experimento, foram colhidos mamões ‘Golden’ em 4 estádios de
maturação (Estádio 0: totalmente verde; Estádio 1: até 15% da casca amarela; Estádio 2: 16-25%
da casca amarela; Estádio 3: 26-50% da casca amarela) e analisados, durante o amadurecimento a
23ºC, quanto às características físicas e químicas (cor da casca, firmeza da polpa, sólidos
solúveis, acidez titulável e ácido ascórbico), fisiológicas (respiração e produção de etileno) e
sensoriais (sabor, odor, firmeza e aparência). A partir do 2º dia de armazenamento a 23ºC, os
frutos apresentaram respiração constante ao redor de 31 mL CO
2
kg
-1
h
-1
para os estádios 0, 1 e 2
e de 37 mL CO
2
kg
-1
h
-1
para o estádio 3. Não foi observado típico comportamento climatérico
para nenhum dos estádios. Somente frutos colhidos nos estádios 0 e 1 apresentaram pico na
produção de etileno de 2,1 µL C
2
H
4
kg
-1
h
-1
aos 7 dias e 1,3 µL C
2
H
4
kg
-1
h
-1
aos 6 dias de
armazenamento a 23ºC, respectivamente. Frutos colhidos nos estádios 2 e 3 tiveram notas
superiores na avaliação sensorial, principalmente quanto ao sabor e aparência. Frutos de todos os
estádios de maturação receberam notas iguais ou superiores a regular. A colheita em diferentes
estádios de maturação alterou a fisiologia pós-colheita dos frutos, sendo que quando efetuada em
estádios menos avançados, diminuiu a qualidade do fruto, mas não impossibilitou seu consumo.
No segundo experimento foram utilizados mamões colhidos no estádio 1 de maturação. Metade
dos frutos tratados e não tratados com 100 nL L
-1
de 1-metilciclopropeno (1-MCP) foi mantida a
23ºC, sendo que a outra metade permaneceu por 20 dias a 11ºC, antes da transferência para 23ºC.
Durante o amadurecimento, os frutos foram analisados quanto às mesmas características físicas,
químicas e fisiológicas realizadas no primeiro experimento, além da atividade da enzima
pectinametilesterase (PME). Frutos que receberam aplicação de 1-MCP e não foram refrigerados,
tiveram redução na respiração, produção de etileno, desenvolvimento da cor da casca e atividade
da PME, mantendo a firmeza alta durante o armazenamento a 23ºC. Mesmo com o aumento
gradual da produção do etileno a 23ºC, frutos tratados com 1-MCP mantiveram a firmeza alta,
mas, apresentaram perda da coloração verde. O armazenamento refrigerado prejudicou a
produção do etileno nos frutos não tratados e tratados com 1-MCP quando os mesmos foram
transferidos para 23ºC. Mesmo assim, a firmeza nesses frutos decresceu, sendo essa diminuição
sempre menor nos frutos tratados com 1-MCP. Esses resultados nos levam a considerar que o
amolecimento da polpa é mais dependente do etileno quando comparado ao desenvolvimento da
cor da casca, e que existem processos independentes do etileno responsáveis pela perda de
firmeza. A inibição prolongada do etileno, ou a inibição dos sítios receptores nos frutos colhidos
em estádio de maturação precoce, reflete em lenta capacidade de recuperação da ação e produção
do etileno, fazendo com que o uso de bloqueadores da ação do etileno nesses frutos deva ser feito
com cautela.
Palavras chave: Carica papaya, pós-colheita, 1-MCP, respiração, pectinametilesterase