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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
LABORATÓRIO DE HIPERTENSÃO – NUPEB
AVALIAÇÃO DA SENSIBILIDADE DO BARORREFLEXO EM MODELO
EXPERIMENTAL DE HIPERCOLESTEROLEMIA CO-EXISTENTE COM
HIPERTENSÃO RENAL
AUTORA: Giselle Menelli Spinassé
ORIENTADOR: Profª. Drª. Raquel do Pilar Machado
CO-ORIENTADORA: Profª. Drª. Andréia Carvalho Alzamora
Ouro Preto, novembro de 2006
Dissertação apresentada ao programa de Pós
-
Graduação do
Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas da
Universidade Federal de Ouro Preto, como parte integrante
dos requisitos para obtenção do título de Mestre, em
Ciências Biológicas, área de concentração: Bioquímica
Estrutural e Fisiológica.
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II
Catalogação: sisbin@sisbin.ufop.br
S757a Spinassé, Giselle Menelli.
Avaliação da sensibilidade do barorreflexo em modelo experimental de
hipercolesterolemia co-existente com hipertensão renal [manuscrito] . /
Giselle Menelli Spinassé. - 2006.
xxii, 104f.: il., color; graf.; tabs.; fots.
Orientadora: Profa Dra. Raquel do Pilar Machado.
Co-orientadora: Profa. Dra. Andréia Carvalho Alzamora.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Instituto de
Ciências Exatas e Biológicas. Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas.
Área de concentração: Bioquímica Estrutural e Fisiológica.
1. Hipercolesterolemia - Teses. 2. Hipertensão renal - Teses. 3. Taquicardia -
Teses. 4. Pressão arterial - Teses. I.Universidade Federal de Ouro Preto.
II. Título.
CDU:
616.12
-
008.31
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III
Este trabalho foi realizado no Laboratório de Hipertensão do
Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Ouro
Preto, com o auxílio da CAPES, FAPEMIG, PRONEX e CNPq.
IV
Deus não escolhe os capacitados e sim capacita os
escolhidos.
V
Dedicatória
À minha mãe e meu pai, por acreditarem sempre em mim,
mesmo quando nem eu mesma acreditava.
Ao meu noivo Weiller por me fortalecer com seu amor.
VI
Agradecimentos
A Deus por habitar em mim com Seu Espírito Santo, Seu Corpo e Seu Sangue, nunca
me deixando sem a força e a alegria do Seu amor de Pai.
A Maria Santíssima e Santa Teresinha do Menino Jesus por intercederem por mim
junto a Deus.
A Mamãe e Papai pelo amor, confiança e cuidados dedicados a mim e por terem me
dado o exemplo de buscar o crescimento e a aprendizagem com honestidade e
simplicidade.
Ao meu irmão Ricardo (in memorian) pelo carinho e por estar ao lado dos meus pais
enquanto eu precisava estar tão longe.
Ao meu noivo Weiller por tanto amor, dedicação, companheirismo, enfim, por ter feito
tudo o que poderia para me ajudar neste trabalho.
A minha orientadora Profª. Drª. Raquel do Pilar Machado pelos ensinamentos,
paciência, amizade e exemplo de vitória.
A minha co-orientadora Profª. Drª. Andréia Carvalho Alzamora pelos ensinamentos e
tantas contribuições.
Ao Prof. Dr. Marcelo Eustáquio Silva, pela ajuda, pela prontidão, pelo incentivo e
ensinamentos.
Aos meus irmãos do Grupo de Oração Universitário (GOU) por caminharem comigo
na fé em direção a Jesus.
Aos companheiros do Laboratório de Hipertensão Amanda, Analina, Carolina,
Edvaldo, Elton, Enyara, Everton, Gilberto, Janete, José Luiz, Karina, Luiza
VII
Michelli, Miriam, Sheyla, Uberdam, Vinícius (in memorian) - pela amizade,
incentivo, ensinamentos e diversão.
Pelas irmãzinhas da República Magnificat - Anelisa, Daiane, Fabiana, Mariana,
Patrícia, Valdinéia, Taïs, Miriam e Helaine - por dividirem comigo as
responsabilidades e alegrias de um lar cristão.
Ao Sr. João Gregório Cunha e Dona Maria por me acolherem em sua casa e
partilharem comigo o convívio familiar e a de seus corações. E a todos da família
Cunha que me acolheram maravilhosamente bem.
Ao Pe. César e a todos da Paróquia de Cristo Rei pela acolhida e carinho.
Ao colega Daniel por auxiliar indiretamente na realização dos experimentos.
Ao Hernani pela contribuição nas tarefas do laboratório.
Ao Jair e Cida pela dedicação e simpatia.
Aos colegas de mestrado, principalmente Arlete, Carlito, Eneida, Fabiana, Igor,
Valéria e Yara pela amizade, estudos e exemplos de dedicação.
Aos demais professores e colegas do NUPEB pelo convívio, ensinamentos e auxílio.
VIII
Resumo
Hipercolesterolemia (HC) e hipertensão arterial (HA) são os principais fatores
de risco para o desenvolvimento e progressão da doença cardíaca aterosclerótica, e sua
co-existência foi associada a uma alta incidência de eventos cardíacos em estudos
clínicos. A sensibilidade do barorreflexo tem importante valor prognóstico para diversas
condições patofisiológicas cardiovasculares. Assim, este trabalho teve como objetivo
avaliar a sensibilidade do barorreflexo em ratos apresentando simultaneamente HC e
HA. Foram utilizados ratos Wistar e Fisher. Os animais foram submetidos à dieta
hipercolesterolêmica (Hiper) (1% de colesterol, 25% de óleo de soja) ou controle (Cont)
30 dias antes e 30 dias após cirurgia 2R1C (2 rins, 1 clip) para produção da hipertensão
renal ou cirurgia fictícia (Sham). Com o objetivo de obter níveis maiores de colesterol
sérico, ratos sham (Fisher) foram submetidos à dieta Hiper com adição de 0,3% de
deoxicolato de sódio (DS). A sensibilidade do barorreflexo foi determinada através de
alterações de pressão arterial (PA) induzidas por injeções endovenosas, em bolus, de
doses crescentes de fenilefrina e nitroprussiato de sódio, para avaliação dos
componentes bradicárdicos e taquicárdicos, respectivamente. A dieta Hiper não elevou
os níveis séricos de colesterol nos ratos Wistar (45,9±18,5 mg/dL, ShamHiper e
74,6±mg/dL, 2R1CHiper) em relação ao controle (54,4±21,6 mg/dL, ShamCont e
50,6±17 mg/dL, 2R1CCont). No entanto, os ratos Fisher desenvolveram HC
(98,06±28,59 mg/dL, ShamHiper e 100,11±25,47 mg/dL, 2R1CHiper) em relação ao
controle (75,2±23,1 mg/dL, ShamCont e 62,7±12,7 mg/dL, 2R1CCont), além de
desenvolverem HA (142,2±9,7 mmHg, 2R1CCont e 143,8±12 mmHg, 2R1CHiper)
comparados aos animais sham (101,4±10,5 mmHg, ShamCont e 99,5±11,1 mmHg,
ShamHiper), adequando-se ao modelo proposto. A dieta Hiper com DS o elevou
significativamente os níveis séricos de colesterol dos ratos sham Fisher (99,3±8,2
mg/dL) em relação à dieta Hiper sem DS (98,1±10,8 mg/dL). Os ratos Fisher 2R1C
apresentaram freqüência cardíaca (FC) elevada (449,4±39 bpm, 2R1CCont e
464,0±29,8 bpm, 2R1CHiper) em relação aos animais sham (401,7±35,8 bpm,
ShamCont e 378,1±32,6 bpm, ShamHiper). Nos ratos Fisher a sensibilidade
bradicárdica foi reduzida em animais submetidos à hipertensão renovascular (HR),
associada ou não à HC, enquanto a sensibilidade taquicárdica não foi alterada
IX
significativamente em nenhum grupo avaliado. Nossos dados sugerem que, no modelo
proposto, o aumento da FC associado à diminuição da sensibilidade bradicárdica e à
manutenção da sensibilidade taquicárdica podem estar correlacionados a aumentos da
atividade simpática e principalmente à redução da atividade parassimpática, uma vez
que a alteração é mais evidente frente a aumentos do que a quedas da PA. Sugerem
também que a HC não afeta a sensibilidade barorreflexa, reduzida em decorrência da
HR, no organismo onde HC e HR co-existem.
X
Abstract
Hypercholesterolemia (HC) and arterial hypertension (AH) are both major risk
factors for the development and progression of atherosclerotic heart disease, and their
co-existence has been associated with an increased incidence of cardiac events in
clinical studies. The baroreflex sensitivity is a very important index in the prognosis of
various cardiovascular diseases. Thus, the aim of this study is evaluate the baroreflex
sensitivity in simultaneously hypercholesterolemic and hypertensive rats. Wistar and
Fisher rats were used. The animals were submitted to the hipercolesterolemic (Hyper)
(1% cholesterol, 25% soy oil) or control (Cont) diet 30 days before and 30 days after the
2K1C (2 kidney, 1 clip) para produção da hipertensão renal or fictitious surgery (Sham).
Com o objetivo de obter níveis maiores de colesterol sérico, sham rats (Fisher) were
submitted to the hyper diet supplemented with 0,3% of sodium deoxycholate (SD). The
baroreflex sensitivity was determined by alterations on arterial pressure induced by
intravenous bolus injections of increasing doses of phenylephrine and sodium
nitroprusside to evaluate bradycardic and tachycardic components, respectively. The
Hyper diet didn’t increased the serum cholesterol levels in Wistar (45,9±18,9 mg/dL,
2R1Chiper e 74,6±13,5 mg/dL, ShamHiper) when compared to control animals
(54,4±21,6 mg/dL, ShamCont e 50,6±17 mg/dL, 2R1CCont). Nevertheless, the Fisher
rats developed HC (98,06±28,59 mg/dL, ShamHiper e 100,11±25,47 mg/dL,
2R1CHiper) when compared to control animals (75,2±23,1 mg/dL, ShamCont e
62,7±12,7 mg/dL, 2R1CCont), beyond developed AH (142,2±9,7 mmHg, 2R1CCont e
143,8±12 mmHg, 2R1CHiper) in relation to the sham animals (101,4±10,5 mmHg,
ShamCont e 99,5±11,1 mmHg, ShamHiper), serving thus, as experimental model to this
work. The sham rats (Fisher) that received hyper diet supplemented with SD showed no
statistical differences the serum cholesterol levels when compared to sham rats that
received Hyper diet without SD. The 2K1C Fisher rats showed increased heart rate
(449,4±39 bpm, 2R1CCont e 464,0±29,8 bpm, 2R1CHiper) when compared to sham
rats (401,7±35,8 bpm, ShamCont e 378,1±32,6 bpm, ShamHiper). The bradycardic
sensitivity was reduced in Fisher rats submitted to renovascular hypertension,
associated or not to HC, while the tachycardic sensitivity didn’t change in any of the
groups. Our results suggest that the increasing in heart rate associated to the decreasing
in bradycardic sensitivity and the maintenance of tachycardic sensitivity are correlated
XI
to sympathetic hyperactivity and mainly to the reduction of the vagal efferent
component, once the alterations are more evident on the increasing than the decreasing
of arterial pressure. Our data also suggest that HC do not affect the baroreflex
sensitivity, decreased due to renovascular hypertension, in the organism where HC and
AH co-exist.
XII
Índice Analítico
1- Introdução....................................................................................................................1
1.1- Dislipidemia...........................................................................................................2
1.1.1-Hipercolesterolemia.............................................................................................3
1.2 - Hipertensão Arterial..............................................................................................7
2- Objetivos....................................................................................................................16
2.1- Objetivo Geral......................................................................................................16
2.2- Objetivos Específicos..........................................................................................16
3- Animais, Material e Métodos...................................................................................17
3.1- Animais................................................................................................................17
3.2- Protocolo Experimental .......................................................................................17
3.3- Produção da Hipercolesterolemia.........................................................................19
3.3.1- Dietas.........................................................................................................19
3.3.2- Dosagem do Colesterol Sérico..................................................................20
3.3.2.1 - Obtenção da amostra..........................................................................21
3.3.2.2 - Dosagem de Colesterol.......................................................................21
3.4 - Produção de Hipertensão Renovascular..............................................................22
3.4.1 – Cirurgia.....................................................................................................22
3.4.2- Medida Indireta da Pressão Arterial..........................................................23
3.5- Avaliação dos Parâmetros Cardiovasculares........................................................24
3.5.1- Drogas e Soluções utilizadas.....................................................................24
3.5.2- Confecção e implantação das Cânulas Vasculares.....................................25
3.5.3- Registros da Pressão Arterial e Freqüência Cardíaca................................26
3.5.4- Teste da Sensibilidade do Barorreflexo.....................................................26
3.5.5 - Coleta dos dados a partir dos registros obtidos........................................27
3.6- Avaliação do Peso Corporal e Peso dos Órgãos..................................................29
3.7 - Análise Estatística...............................................................................................29
4 - Resultados.................................................................................................................30
4.1 - Resultados do experimento I (Wistar)................................................................30
4.1.1 - Níveis séricos de colesterol em ratos Wistar submetidos à dieta controle
ou hipercolesterolêmica por 30 dias................................................................................30
XIII
4.1.2 - Níveis ricos de colesterol em ratos Wistar normotensos ou hipertensos
(2R1C) submetidos à dieta controle ou hipercolesterolêmica por 60 dias..........31
4.1.3 - Avaliação de parâmetros cardiovasculares ratos Wistar normotensos ou
hipertensos (2R1C), submetidos à dieta controle ou hipercolesterolêmica.........33
4.1.3.1 - Níveis basais de Pressão Arterial Média (PAM) e Freqüência Cardíaca
(FC)......................................................................................................................33
4.1.4 - Avaliação do peso corporal em ratos Wistar normotensos ou hipertensos
(2R1C), submetidos à dieta controle ou hipercolesterolêmica............................36
4.2 - Resultados do Experimento II (Fisher)...............................................................38
4.2.1 - Níveis séricos de colesterol em ratos Fisher submetidos à dieta controle
ou hipercolesterolêmica por 30 dias....................................................................38
4.2.2 - Níveis séricos de colesterol em ratos Fisher normotensos ou hipertensos
(2R1C), submetidos à dieta controle ou hipercolesterolêmica por 60
dias.......................................................................................................................39
4.2.3 - Avaliação da pressão arterial após a cirurgia para produção da
hipertensão renal tipo 2 rins 1 clip (2R1C) ou cirurgia fictícia (Sham)..............41
4.2.4 - Avaliação do peso seco do coração, rim esquerdo e rim direito em relação
ao peso corporal (g/ 100 g do peso corporal).......................................................44
4.2.5 - Avaliação dos Parâmetros Cardiovasculares em ratos Fisher normotensos
ou hipertensos (2R1C), submetidos à dieta controle ou hipercolesterolêmica....47
4.2.5.1 - Níveis basais de Pressão Arterial Média (PAM) e Freqüência
Cardíaca (FC).......................................................................................................47
4.2.5.2 - Avaliação da Bradicardia Reflexa......................................................50
4.2.5.3 - Avaliação da Taquicardia Reflexa.....................................................56
4.2.6 - Avaliação do peso corporal e peso do fígado em ratos Fisher
normotensos ou hipertensos (2R1C), submetidos à dieta controle ou
hipercolesterolêmica............................................................................................62
4.3 - Resultados do Experimento III (Fisher)...............................................................65
4.3.1 - Níveis séricos de colesterol em ratos Fisher submetidos à dieta controle,
hipercolesterolêmica ou hipercolesterolêmica com 0,3% de DS (deoxicolato de
sódio) por 30 dias................................................................................................65
XIV
4.3.2 - Níveis séricos de colesterol em ratos Fisher normotensos (Sham)
submetidos à dieta hipercolesterolêmica ou hipercolesterolêmica com 0,3% de
DS por 60 dias.....................................................................................................66
4.3.3 - Avaliação de Parâmetros Cardiovasculares em ratos Fisher normotensos
(Sham) submetidos à dieta hipercolesterolêmica ou hipercolesterolêmica com
DS........................................................................................................................67
4.3.3.1 - Níveis basais de Pressão Arterial Média (PAM) e Freqüência
Cardíaca (FC).......................................................................................................67
4.3.4.2 - Avaliação da Bradicardia Reflexa......................................................69
4.3.4.3 - Avaliação da Taquicardia Reflexa......................................................71
4.3.5 - Avaliação do peso corporal e peso do fígado em ratos Fisher submetidos
à cirurgia fictícia (Sham), alimentados com dieta hipercolesterolêmica ou
hipercolesterolêmica com DS..............................................................................73
5- Discussão....................................................................................................................75
6 – Sumário dos Resultados e Conclusão.....................................................................87
7 – Referências Bibliográficas......................................................................................89
XV
Índice de Figuras
Figura 1 – Representação esquemática do protocolo experimental...............................18
Figura 2 – Foto ilustrativa do sistema de pletismografia de cauda utilizado.................23
Figura 3 Bradicardia Reflexa. Exemplo de um registro durante um experimento com
uma infusão em bolus de fenilefrina. A pressão sanguínea e a freqüência cardíaca estão
representados. A linha contínua indica o início da resposta a fenilefrina e a tracejada o
fim da resposta. Os círculos indicam os pontos onde os dados foram coletados (retirada
de Soares et al., 2005).....................................................................................................27
Figura 4 - Taquicardia Reflexa. Exemplo de um registro durante um experimento com
uma infusão em bolus de nitroprussiato de sódio. A pressão sanguínea e a frequëncia
cardíaca estão representados. A linha contínua indica o início da resposta ao
nitroprussiato de sódio e a tracejada o fim da resposta. Os círculos indicam os pontos
onde os dados foram coletados (retirada de Soares et al., 2005).....................................28
Figura 5 Níveis séricos de colesterol (mg/dL) em ratos Wistar alimentados por 30
dias com dieta controle (n=12) ou hipercolesterolêmica (n=10). Valores expressos como
média ± EPM (erro padrão da média). Teste t de Student, p> 0,05................................30
Figura 6 veis séricos de colesterol (mg/dL) em ratos Wistar normotensos (Sham)
ou hipertensos (2R1C), alimentados por 60 dias com dieta controle (ShamCont; n=6 e
2R1CCont; n=5) ou hipercolesterolêmica (ShamHiper; n=5 e 2R1CHiper; n=4). Valores
expressos como média ± DPM. ANOVA two-way, ns = não significativo, p>0,05.......32
Figura 7 Pressão Arterial Média basal (mmHg) em ratos Wistar normotensos ou
hipertensos (2R1C), submetidos à dieta controle (ShamCont; n=6 e 2R1CCont; n=6) ou
hipercolesterolêmica (ShamHiper; n=5 e 2R1CHiper; n=5). Valores expressos como
média ± DPM. ANOVA two-way, ns = não significativo, p>0,05..................................34
Figura 8 Freqüência Cardíaca basal (FC) (bpm) em ratos Wistar normotensos ou
hipertensos (2R1C), submetidos à dieta controle (ShamCont; n=6 e 2R1CCont; n=6) ou
hipercolesterolêmica (ShamHiper; n=5 e 2R1CHiper; n=5). Valores expressos como
média ± DPM. ANOVA two-way, ns = não significativo, p>0,05................................. 35
XVI
Figura 9 Níveis séricos de colesterol (mg/dL) em ratos Fisher alimentados por 30
dias com dieta controle (n=12) ou hipercolesterolêmica (n=14). Valores expressos como
médias ± EPM. * p < 0,05 (teste t de Student)................................................................38
Figura 10 Níveis séricos de colesterol (mg/dL) em ratos Fisher normotensos (Sham)
ou hipertensos (2R1C), alimentados com dieta controle (ShamCont; n=5 e 2R1CCont;
n=7) ou hipercolesterolêmica (ShamHiper; n=7 e 2R1CHiper; n=7) por 60 dias. Valores
expressos como média ± DPM. ANOVA two-way, ns = não significativo, p>0,05.......40
Figura 11 Evolução da PAM (mmHg) em ratos Fisher submetidos à cirurgia para
produção de hipertensão renal (2R1C) ou cirurgia fictícia (Sham), alimentados com
dieta controle (ShamCont, n=7; 2R1CCont, n=7) ou hipercolesterolêmica (ShamHiper,
n=7; 2R1CHiper, n=7). Valores obtidos por pletismografia um dia antes da cirurgia e
10, 20 e 30 dias após. * p < 0,05 em relação à PAM antes da cirurgia 2R1C. ANOVA
one-way............................................................................................................................43
Figura 12 (A) Rim esquerdo (E) e rim direito (D) de um animal normotenso (Sham).
(B) Rim esquerdo (clipado - E) e rim direito (não clipado - D) de um animal com
hipertensão renovascular (2R1C)...................................................................................45
Figura 13 Peso seco relativo de rim esquerdo (E clipado) e rim direito (D o
clipado) de ratos Fisher normotensos (sham) e hipertensos (2R1C), submetidos à dieta
controle (ShamCont, n=7 e 2R1CCont, n=7) ou hipercolesterolêmica (ShamHiper, n=7
e 2R1CHiper, n=7). Valores expressos como média ± DPM. ANOVA two-way, ns =
não significativo, p> 0,05................................................................................................45
Figura 14 - Peso seco relativo do coração de ratos Fisher normotensos (sham) e
hipertensos (2R1C), submetidos à dieta controle (ShamCont, n=7 e 2R1CCont, n=7) ou
hipercolesterolêmica (ShamHiper, n=7 e 2R1CHiper, n=7). Valores expressos como
média ± DPM. ANOVA two-way, p>0,05......................................................................46
Figura 15 Pressão Arterial dia basal (mmHg) em ratos Fisher normotensos ou
hipertensos (2R1C), submetidos à dieta controle (ShamCont; n=7 e 2R1CCont; n=7) ou
hipercolesterolêmica (ShamHiper; n=7 e 2R1CHiper; n=7). Valores expressos como
média ± DPM. ANOVA two-way, ns = não significativo, p>0,05..................................48
Figura 16 –FC basal (bpm) de ratos Fisher normotensos ou hipertensos (2R1C),
submetidos à dieta controle (ShamCont; n=7 e 2R1CCont; n=7) ou hipercolesterolêmica
(ShamHiper; n=7 e 2R1CHiper; n=7). Valores expressos como média ± DPM. ANOVA
two-way, p > 0,05............................................................................................................49
XVII
Figura 17 Registro típico mostrando o efeito da infusão endovenosa de uma dose de
fenilefrina em rato normotenso (Sham) (A) e em rato com hipertensão renovascular
(2R1C) (B). PAP (pressão arterial pulsátil), FC (freqüência cardíaca) e PAM (pressão
arterial média)..................................................................................................................50
Figura 18 Alterações reflexas da Freqüência Cardíaca (FC) (bpm) produzidas por
alterações da Pressão Arterial Média (PAM) provocadas por doses crescentes de
fenilefrina em animais dos grupos ShamCont (n=7) e 2R1CCont (n=6). As linhas
representam a reta de melhor ajuste obtida por regressão linear; r
2
= coeficiente de
correlação (A). As barras (média ± EPM) representam o coeficiente de regressão
(slope) obtido pela análise da regressão linear (B). Teste t de Student, * p < 0,05.........51
Figura 19 Alterações reflexas da Freqüência Cardíaca (FC) (bpm) produzidas por
alterações da Pressão Arterial Média (PAM) provocadas por doses crescentes de
fenilefrina em animais dos grupos ShamHiper (n=6) e 2R1CHiper (n=6). As linhas
representam a reta de melhor ajuste obtida por regressão linear; r
2
= coeficiente de
correlação (A). As barras (média ± EPM) representam o coeficiente de regressão (slope)
obtido pela análise da regressão linear (B). Teste t de Student, * p < 0,05.....................52
Figura 20 Alterações reflexas da Freqüência Cardíaca (FC) (bpm) produzidas por
alterações da Pressão Arterial Média (PAM) provocadas por doses crescentes de
fenilefrina em animais dos grupos ShamCont (n=7) e ShamHiper (n=6). As linhas
representam a reta de melhor ajuste obtida por regressão linear; r
2
= coeficiente de
correlação (A). As barras (média ± EPM) representam o coeficiente de regressão (slope)
obtido pela análise da regressão linear (B). Teste t de Student, p> 0,05........................54
Figura 21 Alterações reflexas da Freqüência Cardíaca (FC) (bpm) produzidas por
alterações da Pressão Arterial Média (PAM) provocadas por doses crescentes de
fenilefrina em animais dos grupos 2R1CCont (n=6) e 2R1CHiper (n=6). As linhas
representam a reta de melhor ajuste obtida por regressão linear; r
2
= coeficiente de
correlação (A). As barras (média ± EPM) representam o coeficiente de regressão (slope)
obtido pela análise da regressão linear (B). Teste t de Student, p> 0,05.........................55
Figura 22 Registro típico mostrando o efeito da infusão endovenosa de uma dose de
nitroprussiato de sódio em rato normotenso (Sham) (A) e em rato com hipertensão
renovascular (2R1C) (B). PAP (pressão arterial pulsátil), FC (freqüência cardíaca) e
PAM (pressão arterial média)..........................................................................................56
XVIII
Figura 23 Alterações reflexas da Freqüência Cardíaca (FC) (bpm) produzidas por
alterações da Pressão Arterial Média (PAM) provocadas por doses crescentes de
nitroprussiato de sódio em animais dos grupos ShamCont (n=7) e 2R1CCont (n=6). As
linhas representam a reta de melhor ajuste obtida por regressão linear; r
2
= coeficiente
de correlação (A). As barras (média ± EPM) representam o coeficiente de regressão
(slope) obtido pela análise da regressão linear (B). Teste t de Student, p > 0,05............57
Figura 24 Alterações reflexas da Freqüência Cardíaca (FC) (bpm) produzidas por
alterações da Pressão Arterial Média (PAM) provocadas por doses crescentes de
nitroprussiato de sódio em animais dos grupos ShamHiper (n=6) e 2R1CHiper (n=6).
As linhas representam a reta de melhor ajuste obtida por regressão linear; r
2
=
coeficiente de correlação (A). As barras (média ± EPM) representam o coeficiente de
regressão (slope) obtido pela análise da regressão linear (B). Teste t de Student, p >
0,05..................................................................................................................................58
Figura 25 Alterações reflexas da Freqüência Cardíaca (FC) (bpm) produzidas por
alterações da Pressão Arterial Média (PAM) provocadas por doses crescentes de
nitroprussiato de sódio em animais dos grupos ShamCont (n=7) e ShamHiper (n=6). As
linhas representam a reta de melhor ajuste obtida por regressão linear; r
2
= coeficiente
de correlação (A). As barras (média ± EPM) representam o coeficiente de regressão
(slope) obtido pela análise da regressão linear (B). Teste t de Student, p> 0,05.............60
Figura 26 Alterações reflexas da Freqüência Cardíaca (FC) (bpm) produzidas por
alterações da Pressão Arterial Média (PAM) provocadas por doses crescentes de
nitroprussiato de sódio em animais dos grupos 2R1CCont (n=6) e 2R1CHiper (n=6). As
linhas representam a reta de melhor ajuste obtida por regressão linear; r
2
= coeficiente
de correlação (A). As barras (média ± EPM) representam o coeficiente de regressão
(slope) obtido pela análise da regressão linear (B). Teste t de Student, p > 0,05............61
Figura 27 Foto ilustrativa de (A) Fígado de animal alimentado com dieta controle;
(B) Fígado de animal alimentado com dieta hipercolesterolêmica.................................64
Figura 28 - Peso seco relativo de fígado de ratos Fisher normotensos (Sham) e
hipertensos (2R1C) submetidos à dieta controle (ShamCont, n=7 e 2R1CCont, n=7) ou
hipercolesterolêmica (ShamHiper, n=7 e 2R1CHiper, n=7). Valores expressos como
média ± DPM. ANOVA two-way, ns = não significativo, p>0,05................................64
Figura 29 Níveis ricos de colesterol (mg/dL) em ratos Fisher que receberam dieta
hipercolesterolêmica (n=7) ou hipercolesterolêmica com DS (deoxicolato de sódio)
XIX
(n=9) por 30 dias. Valores expressos como média ± EPM. Teste t de Student, p >
0,05..................................................................................................................................65
Figura 30 – Níveis séricos de colesterol (mg/dL) em ratos Fisher submetidos à cirurgia
fictícia (Sham), alimentados com dieta hipercolesterolêmica (ShamHiper, n=7) ou
hipercolesterolêmica com DS (ShamHiperDS, n=7) por 60 dias. Valores expressos
como média ± EPM. Teste t de Student, p > 0,05...........................................................66
Figura 31 Pressão Arterial Média (PAM) (mmHg) em ratos Fisher submetidos à
cirurgia fictícia (Sham), alimentados com dieta hipercolesterolêmica (ShamHiper, n=7)
ou hipercolesterolêmica com DS (ShamHiperDS, n=6) por 60 dias. Valores expressos
como média ± EPM. Teste t de Student, p > 0,05...........................................................67
Figura 32 Freqüência Cardíaca (FC) (bpm) em ratos Fisher submetidos à cirurgia
fictícia (Sham), alimentados com dieta hipercolesterolêmica (ShamHiper, n=7) ou
hipercolesterolêmica com DS (ShamHiperDS, n=6) por 60 dias. Valores expressos
como média ± EPM. Teste t de Student, p > 0,05...........................................................68
Figura 33 Alterações reflexas da Freqüência Cardíaca (FC) (bpm) produzidas por
alterações da Pressão Arterial Média (PAM) provocadas por doses crescentes de
fenilefrina em animais dos grupos ShamHiperDS (n=5) e ShamHiper (n=6). As linhas
representam a reta de melhor ajuste obtida por regressão linear; r
2
= coeficiente de
correlação (A). As barras (média ± EPM) representam o coeficiente de regressão
(slope) obtido pela análise da regressão linear (B). Teste t de Student, p > 0,05............70
Figura 34 Alterações reflexas da Freqüência Cardíaca (FC) (bpm) produzidas por
alterações da Pressão Arterial Média (PAM) provocadas por doses crescentes de
nitroprussiato de sódio em animais dos grupos ShamHiperDS (n=5) e ShamHiper (n=6).
As linhas representam a reta de melhor ajuste obtida por regressão linear; r
2
=
coeficiente de correlação (A). As barras (média ± EPM) representam o coeficiente de
regressão (slope) obtido pela análise da regressão linear (B). Teste t de Student, p >
0,05..................................................................................................................................72
Figura 35 - Peso seco relativo do gado em ratos Fisher normotensos (Sham) que
receberam dieta hipercolesterolêmica (ShamHiper, n=7) ou hipercolesterolêmica com
DS (ShamHiperDS, n=7). Valores expressos como média ± EPM. Teste t de Student,
*p< 0,05...........................................................................................................................74
XX
Índice de Tabelas
Tabela 1 Composição das dietas controle e hipercolesterolêmica em gramas para cada
1000 g de dieta.................................................................................................................20
Tabela 2 Peso corporal inicial, peso corporal final e ganho de peso de ratos Wistar
normotensos (Sham) e hipertensos renais (2R1C), submetidos à dieta controle (Cont) ou
hipercolesterolêmica (Hiper) por 60 dias........................................................................37
Tabela 3 Valores basais da PAM, obtidos por pletismografia, antes e após a cirurgia
para produção de hipertensão renal (2R1C) ou cirurgia fictícia (Sham) em ratos Fisher
submetidos à dieta controle (Cont) ou hipercolesterolêmica (Hiper) ao longo de 60
dias...................................................................................................................................42
Tabela 4 Peso corporal inicial, peso corporal final e ganho de peso de ratos Fisher
com hipertensão renal (2R1C) ou normotensos (Sham), alimentados com dieta controle
(ShamCont e 2R1CCont) ou hipercolesterolêmica (ShamHiper e 2R1CHiper).............64
Tabela 5 Peso corporal inicial, peso corporal final e ganho de peso de ratos Fisher
normotensos (Sham), alimentados com dieta hipercolesterolêmica (ShamHiper) ou
hipercolesterolêmica com DS (ShamHiperDS)...............................................................74
XXI
Lista de Abreviaturas
ShamCont - Grupo submetido à cirurgia fictícia e dieta controle
ShamHiper - Grupo submetido à cirurgia fictícia e dieta hipercolesterolêmica
2R1CCont - Grupo submetido à cirurgia 2R1C de Goldblatt e dieta controle
2R1CHiper - Grupo submetido à cirurgia 2R1C de Goldblatt e dieta
hipercolesterolêmica
LDL – Lipoproteína de baixa densidade
VLDL – Lipoproteína de muito baixa densidade
IDL – Lipoproteína de densidade intermediária
HDL – Lipoproteína de alta densidade
SNS – Sistema Nervoso Simpático
ACAT – Acil-CoA-colesterol-acil-transferase
Ang - angiotensina
Ang I - angiotensina I
Ang II - angiotensina II
Ang III - angiotensina III
Ang IV - angiotensina IV
Ang-(1-7) – angiotensina–(1-7)
ANOVA – análise de variância
AT
1
– receptores angiotensinérgicos do tipo 1
AT
2
– receptores angiotensinérgicos do tipo 2
ECA – enzima conversora de angiotensina
EPM – erro padrão da média
DPM – desvio padrão da média
EV – endovenoso
IV - intravascular
FC – freqüência cardíaca
PA – pressão arterial
PAP – pressão arterial pulsátil
PAM – pressão arterial média
SNA – sistema nervoso autônomo
XXII
SRA – sistema renina angiotensina
2R1C – hipertensão renal tipo dois-rins, um clip
mmHg – milímetros de mercúrio
bpm – batimentos por minuto
UI – unidades internacionais
mmHg – variação de pressão arterial em milímetros de mercúrio
bpm - variação de freqüência cardíaca em batimentos por minuto

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1
1 - Introdução
A doença cardiovascular (DCV) é a principal causa de mortalidade global,
perfazendo cerca de 29% do total de mortes (Beaglehole, 1999) e tornando-se uma
causa onipresente de morbidade e uma importante colaboradora da mortalidade na
maioria dos países (Reddy e Yusuf, 1998).
No entanto, a identificação dos principais fatores de risco (FR) da DCV, através
de estudos baseados na população e as estratégias de controle efetivas, combinando
educação comunitária e o direcionamento objetivo de indivíduos com FR, contribuíram
para a queda nas taxas de mortalidade da DCV (inclusive mortes por derrame e
coronárias) que foi observada em quase todos os países industrializados (Lopez, 1993).
Entretanto, dados de uma população urbana do Canadá mostraram que embora
tenha havido um declínio na mortalidade total por DCV de 1971 a 1991, o risco relativo
da mesma aumentou para homens e mulheres com status econômico mais baixo
comparado com aqueles de status econômico mais elevado (Terris, 1999).
Nos países em desenvolvimento, no entanto, as mudanças demográficas e o novo
estilo de vida estão resultando em uma “transição epidemiológica” de doenças
infecciosas e perinatais para doenças não-comunicáveis tais como DCV (Okrainec et
al., 2004). A experiência da China urbana, na qual a proporção de mortes por DCV
cresceu de 12,1% em 1957 para 35,8% em 1990, é ilustrativo deste fenômeno (Yao et
al., 1993).
Epidemiologistas e estudiosos em geral apontam uma associação entre diversos
acontecimentos como responsável por essa realidade atual. Na segunda metade do
século XX, a maioria dos países em desenvolvimento experimentou um aumento
repentino importante na expectativa de vida (Reddy e Yusuf, 1998). O crescimento da
longevidade fornece períodos maiores de exposição aos FR da DCV, resultando em uma
probabilidade maior de manifestar clinicamente a doença (Reddy, 1993). Ao mesmo
tempo, a mudança na dieta global de carboidratos complexos e fibras para proporções
mais altas de açúcares e gorduras vem caracterizando a chamada “transição nutricional”
(Drewnoski e Popkin, 1997). Ultimamente, a transição nutricional é percebida
frequentemente como sendo devida, em grande parte, à disponibilidade e utilização
elevadas de gorduras baratas como os óleos vegetais (Drewnoski e Popkin, 1997).

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2
Neste cenário de “transição nutricional” surge outra definição recente, a
chamada “síndrome metabólica”. Esta síndrome é caracterizada por hipertensão, níveis
elevados de triglicérides e colesterol, resistência à insulina, dislipidemia e obesidade
abdominal, trazendo junto destas condições a noção de que elas estão ligadas e
representam um grupo de fatores que são sinergísticos para DCV (Ginsberg e
Stalenhoef, 2003).
No início dos anos 60, no estudo Framingham Heart Study, hipercolesterolemia,
hipertensão e fumo foram identificados como os principais FR para DAC (Okrainec et
al., 2003). Com freqüência vemos esses fatores associados no mesmo indivíduo, de
modo que, aproximadamente 40% dos pacientes com hipertensão têm
hipercolesterolemia, que é fator central para a patogênese da aterosclerose e DCV
(Kannel, 2000).
Em 1995, a Sociedade Americana de Cardiologia estabeleceu que os FR para as
DCV são divididos em duas categorias amplas: os não-modificáveis (idade, sexo e
predisposição familiar) e os modificáveis (tabagismo, hipertensão arterial, níveis
elevados de colesterol sanguíneo, diabetes, obesidade, sedentarismo e estresse).
É importante o entendimento claro de cada um desses FR, assim como os
mecanismos fisiológicos e moleculares de interação entre eles, para a definição de
estratégias eficazes de prevenção e de controle terapêutico, que beneficiem a população
atingida.
1.1 - Dislipidemias
A dislipidemia é caracterizada pelos níveis sanguíneos elevados de lipídios e
lipoproteínas. É uma alteração metabólica frequentemente observada em indivíduos
com sobrepeso ou obesidade. As dislipidemias podem ser classificadas quanto ao perfil
lipídico e sua etiologia. De acordo com o perfil lipídico, a dislipidemia pode ser
classificada em quatro tipos: hipercolesterolemia isolada, hipertrigliceridemia isolada,
hipercolesterolemia com hipertrigliceridemia e HDL-colesterol baixo isolado ou em
associação com aumento de LDL-colesterol e/ou triglicérides. Quanto à etiologia, as

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3
dislipidemias podem ser primárias, de causa genética; ou secundárias, causadas por
doenças, medicamentos e hábitos de vida inadequados (SBC, 1998). A dislipidemia
mais extensamente estudada e associada à presença de DAC é a hipercolesterolemia,
particularmente do LDL colesterol, que está diretamente envolvido na etiologia da
aterosclerose.
A hipercolesterolemia é um dos principais problemas de saúde pública na
maioria dos países em desenvolvimento, onde prevalências maiores ou iguais a 10% são
comuns (critério WHO - World Health Organization) (Fuentes et al., 2003). Existem
três diferentes critérios frequentemente usados para definir hipercolesterolemia. O
critério EAS (European Atherosclerosis Society) tem o limite de corte para colesterol
total (CT) mais baixo, CT 5.2 mmol/l (cerca de 200 mg/dL). O NCEP (National
Cholesterol Education Program) descreve um CT 6.2 mmol/l (240 mg/dl) como
‘colesterol total de alto risco’ e relativamente próximo ao limite de corte da WHO, CT
6.5 mmol/l (250 mg/dL) (Fuentes et al., 2003).
1.1.1 - Hipercolesterolemia
O colesterol tem funções chaves importantes para a viabilidade celular e a
biologia esteróide. Embora o colesterol esteja distribuído ao longo de toda a membrana
plasmática das células, onde modula a fluidez, ele concentra-se em domínios
especializados ricos em esfingolipídios denominados rafts e caveolae (Anderson, 1998).
Estes contêm uma variedade de moléculas de sinalização que dependem da boa
manutenção do conteúdo de colesterol para a atividade normal. Além disso, o colesterol
é um substrato para a produção de hormônios esteróides e liga-se covalentemente a uma
proteína (hedgehog) envolvida no desenvolvimento do embrião (Lewis, 2001).
O excesso de colesterol circulante e nas células, entretanto, pode ter
conseqüências patológicas. Isto é particularmente verdade para as células da parede
arterial, onde o acúmulo de colesterol inicia a DCV aterosclerótica (Guyton e Klemp,
1996). Desde que a síntese endógena do colesterol é a principal colaboradora para o
colesterol que é requerido no metabolismo basal diário, o conhecimento dos
mecanismos que regulam este processo constitui um ponto chave para o entendimento
da homeostase do colesterol (Ness e Chambers, 2000).
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4
A reação limitante da taxa de biossíntese de colesterol é catalisada pela enzima
3-hidroxi-3-metilglutaril coenzima A redutase (HMG-CoA redutase). A expressão desta
enzima é regulada por vários fatores dietéticos e hormonais e particularmente pelo
produto final, o colesterol (Ness e Chambers, 2000). A regulação por retroalimentação
mediada por colesterol ocorre no fígado, principalmente ao nível de transcrição
(Chambers e Ness, 1998) e o nível relativo de expressão do gene da HMG-CoA
redutase pode, em parte, determinar o grau de suscetibilidade ao colesterol, servindo
para ajudar a contrabalancear o efeito do colesterol dietético sobre os níveis sanguíneos
e teciduais (Ness e Chambers, 2000). A atividade da HMG-CoA redutase pode ser
inibida por drogas da família da estatina, queo largamente utilizadas para diminuir os
níveis séricos de colesterol em pacientes hipercoleterolêmicos, alcançando reduções de
25 a 60% (Nawrocki et al., 1995, Champe, 2000).
Além da síntese endógena, o colesterol utilizado pelo organismo também é
fornecido pela dieta, a partir de alimentos de origem animal tais como, carnes, gorduras,
ovos, leite e derivados, sendo absorvido no intestino com auxílio de esterases de
colesterol e dos sais biliares (Ros, 2000).
O transporte do colesterol na corrente sanguínea é feito através das lipoproteínas
do plasma. Durante a absorção da gordura nas células intestinais, os quilomícrons
formados e secretados para os vasos linfáticos, entram no ducto torácico e então na
corrente sanguínea, onde eles são atacados pela LPL (lipoproteína lipase), que reduz seu
conteúdo de triglicerídeo em 75% e produz um quilomicrom remanescente que é
captado pelos receptores B-100-E nos hepatócitos. No fígado, o quilomicrom
remanescente é decomposto nos seus aminoácidos e componentes lipídicos. O colesterol
liberado dos lisossomas nos hepatócitos pode ser excretado na bile, convertido em
ácidos biliares, incorporado em VLDL para secreção no sangue através do complexo de
Golgi ou esterificado com ácidos graxos de cadeia longa e estocado no hepatócito. A
esterificação do colesterol é catalizada pela enzima acil-CoA: colesterol acil transferase
(ACAT) (Olson, 1998; Ros, 2000).
A VLDL, a principal lipoproteína secretada pelo fígado, contém colesterol,
fosfolipídio, triglicerídeo, apoproteína B-100 sintetizada e pequenas quantidades de
apopeptidases C e E. Parte dos triglicerídeos na VLDL é hidrolisada pela LPL para
formar a IDL, que pode ser considerada a VLDL remanescente que é captada pelo
fígado. Parte da fração de IDL é degradada pela lipase hepática para LDL, que contém
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5
somente B-100. A LDL é a lipoproteína mais proeminente no plasma humano
(Lehninger, 2000; Lichtenstein et al., 1996).
Em 1974, Michael Brown e Joseph Goldstein na Universidade do Texas
demonstraram que culturas de fibroblastos humanos normais ligavam-se a LDL
marcada com I
125
com alta afinidade e especificidade e inibiam a atividade da HMG-
CoA redutase. Subseqüentemente, em 1982, Scheneider et al. purificaram o receptor da
LDL por cromatografia de afinidade e o caracterizaram como uma glicoproteína de
superfície celular de 839 aminoácidos com diversos domínios, incluindo o domínio de
ligação para B-100 e apo-E.
O receptor LDL liga e internaliza LDL, que então ocupa um vacúolo na célula,
fundindo-se com um lisossomo. No lisossomo, a apoproteína e os lipídios da LDL são
degradados em monômeros e liberados no citoplasma. O colesterol livre liberado tem os
quatro efeitos seguintes: 1) incorporação nas membranas; 2) inibição da síntese de
novos receptores LDL; 3) inibição da síntese de colesterol reduzindo a síntese de HMG-
CoA redutase; e 4) promoção da atividade da ACAT, que sintetiza ésteres de colesterol.
Quando os níveis de colesterol aumentam, a expressão da HMG-CoA redutase e dos
receptores da LDL é inibida e a atividade da ACAT é acentuada (Olson, 1998).
A HDL (high-density lipoprotein), outra lipoproteína produzida pelo fígado,
consistindo de fosfolipídeos, colesterol, triglicérides, e três apolipoproteínas (apoAI,
apoAII, apoE), auxilia no “transporte reverso do colesterol”, isto é, dos tecidos extra-
hepáticos para o fígado, para metabolismo futuro (Oram e Yokoyama, 1996; Yancey,
2003).
Parte do colesterol que chega no fígado é destinada ao processo de produção de
ácidos biliares (Zhang e Mangelsdorf, 2002). A síntese de sais biliares fornece um meio
direto de converter o colesterol, que é hidrofílico e insolúvel, em uma molécula solúvel
em água e prontamente excretada, o ácido biliar (Russel, 2003). Os ácidos biliares
recém-sintetizados são secretados na bile e distribuídos no lúmen do intestino delgado
onde eles agem como emulsificantes dos lipídios dietéticos, do colesterol e de vitaminas
lipossolúveis (Russel, 2003). O ácido cólico e o ácido quenodesoxicólico são os
principais ácidos biliares primários. Os ácidos biliares secundários, como o ácido
desoxicólico e o ácido litocólico, são formados pela 7α dehidroxilação bacteriana
intestinal, dos seus respectivos sais biliares primários (Small et al., 1972).
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6
Aproximadamente 95% dos ácidos biliares são reabsorvidos no intestino durante
cada ciclo da circulação enterohepática. A produção de ácidos biliares (~500 mg/dia) é
responsável por aproximadamente 90% do colesterol que é metabolizado ativamente no
corpo, e a biossíntese de hormônios esteróides é responsável pelo restante. Em algumas
espécies, incluindo ratos e camundongos, a produção da via de biossíntese do ácido
biliar é elevada em resposta ao acúmulo do colesterol (Russel, 2003).
A síntese e a excreção de ácidos biliares compreende a principal via de
catabolismo do colesterol em mamíferos (Russel, 2003), sendo o “transporte reverso do
colesterol”, portanto, a via pela qual o colesterol celular periférico pode retornar ao
fígado para o catabolismo (Fielding & Fielding, 1995). Assim, a HDL, por uma via
mediada por apolipoproteínas participa da remoção do excesso de colesterol das células
da parede arterial e macrófagos, podendo assim exercer um importante papel na
proteção contra a DCV (Oram e Yokoyama, 1996). Também foi atribuído a HDL um
papel na redução das interações entre as células endoteliais e leucócitos, possivelmente
devido a supressão da expressão de VCAM-1 (vascular cell adhesion molecule 1)
induzida por citocina (Cockerill et al., 1995) e/ou por proteger lipoproteínas do plasma
da modificação oxidativa (Theilmeier et al., 2000).
As lipoproteínas do plasma são importantes agentes aterogênicos capazes de
lançar reações celulares específicas quando capturadas e modificadas pelos
componentes da matriz da íntima (Stary et al., 1994). Um amplo corpo de evidências na
literatura sustenta a LDL oxidada (ox-LDL) como a lipoproteína aterogênica clássica
(Steinberg e Lewis, 1997). A ox-LDL é reconhecida pelos receptores scavenger do
macrófago e induz formação de lula espumosa (Steinbrecher et al., 1984), produção
de citocina (Cushing et al., 1990), proliferação de CMLV (células do músculo liso
vascular) (Watanabe et al., 2001), e tem sido detectada nas lesões ateroscleróticas (Ylã-
Herttuala et al., 1994). Foi demonstrada também a presença de depósitos extracelulares
extensivos de diferentes formas de LDL degradada enzimaticamente em placas de
gordura humana, que aparecem antes da infiltração seletiva de monócitos ou linfócitos-
T (Torzemski et al., 1998).
Existem provavelmente muitos fatores que influenciam os eventos que resultam
em uma LDL modificada reconhecida pelos receptors scavenger. A ox-LDL não é uma
entidade única e homogênea, muitos produtos de oxidação que se formam da
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7
peroxidação e da fragmentação dos componentes lipídicos da LDL, e da modificação e
degradação oxidativa da apoproteína B (Witztum e Steinberg, 1991).
Além de todos esses prejuízos decorrentes do excesso de colesterol em pacientes
hipercolesterolêmicos, sabe-se que uma forte sinergia entre hipertensão e
hipercolesterolemia em termos de FR para o desenvolvimento de DCV (Sander e Giles,
2002). Hipertensão e hipercolesterolemia resultam em disfunção endotelial e
conseqüentemente contribuem para o desenvolvimento de aterosclerose (Nickenig,
2004).
1.2 - Hipertensão arterial
Estima-se que um bilhão de pessoas sejam hipertensas em todo mundo. Nos
EUA, esta doença acomete cerca de 50 milhões de indivíduos, isto é, 30% da população
(The JNC V Report, 1993). Estudos no Brasil mostram taxas de 16,1 a 35,1% de
prevalência dependendo dos grupos étnicos e sociais estudados e dos parâmetros
propostos para os limites definidos de hipertensão (Freitas, 2001).
A HAS (hipertensão arterial sistêmica) possui alto custo social sendo
responsável por 40% dos casos de aposentadoria precoce e de absenteísmo do trabalho
em nosso meio (Sabry et al., 2001). Além disso, segundo o Framingham Study, menos
de 20% dos casos de hipertensão ocorrem na ausência de um ou mais dos seguintes FR:
níveis de colesterol e triglicérides altos, níveis reduzidos de HDL colesterol,
intolerância a glicose, hiperinsulinemia, obesidade, e hipertrofia ventricular esquerda
(Kannel, 2000).
Atualmente, os valores de referência para a classificação da HAS foram
alterados; indivíduos que apresentam pressão sistólica de 120 a 139 mmHg e/ou pressão
diastólica de 80 a 89 mmHg o considerados como pré-hipertensos e já passam a
requerer modificações de estilo de vida para prevenir o surgimento das DCV (The JNC
VII Report, 2003). Porém, este tipo de classificação, por veis tensionais apenas, é
insuficiente para se definir a hipertensão e para se obter um diagnóstico confiável, sendo
necessária uma análise global do paciente.
A pressão sanguínea média, constatada pelo Framigham Study, na qual a
seqüela cardiovascular aparece, é 130/80 mmHg (Kannel, 2000). Sem dúvida, a HAS
é um importante FR independente para DCV. Ela é descrita como uma entidade clínica
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8
multifatorial e considerada uma síndrome caracterizada por níveis tensionais elevados,
associados a alterações metabólicas e hormonais, que a regulação da pressão
sanguínea é um processo altamente complexo, influenciado por diversos sistemas
fisiológicos (Neutel e Smith, 1999).
A manutenção da pressão arterial (PA) é essencial para assegurar uma boa
perfusão e o bom funcionamento dos órgãos e tecidos. Entre os vários mecanismos de
controle que atuam no sistema cardiovascular a fim de manter constante a pressão
arterial há os que atuam em longo prazo e os que atuam em curto prazo, envolvendo
vários sistemas fisiológicos: cardiovascular, renal, neural e endócrino (Shepherd, 1982;
Dampney, 1994).
O Sistema Renina Angiotensina (SRA) é um complexo sistema efetor endócrino,
classicamente caracterizado como circulante, que participa da regulação da PA. Neste
sistema, a produção e liberação da enzima renina ocorrem no aparelho justaglomerular
dos rins, constituído por células mioepiteliais diferenciadas localizadas na mácula
densa, região distal da arteríola aferente, próxima à porção inicial do túbulo distal
(Dzau, 1986).
A cascata enzimática do SRA inicia com a clivagem do angiotensinogênio pela
renina para formar um peptídeo inativo, a angiotensina I. A enzima conversora de
angiotensina (ECA), presente principalmente nas células endoteliais do território
vascular pulmonar, é responsável por converter a angiotensina I inativa no octapeptídeo
angiotensina II (Ang II) ativa, que através da sua ação sobre os receptores da Ang II,
exerce um papel crítico na manutenção da PA e na homeostase de eletrólitos e fluidos
(Nickenig e Harrison, 2002 – A e B).
Embora a Ang II ligue-se aos subtipos de receptor tipo I (AT
1
) e tipo II (AT
2
), é
o receptor AT
1
que media a maioria dos seus efeitos cardiovasculares, incluindo o
estresse oxidativo, a liberação de norepinefrina, a vasoconstrição, a secreção de
aldosterona, a reabsorção de sódio renal, a estimulação simpática, a liberação de
vasopressina, a hipertrofia celular vascular e cardíaca e a proliferação celular (Nickenig
e Harrison, 2002 – A e B).
O receptor AT
1
é expresso em células musculares lisas, miocárdio, pulmões,
cérebro, rins, fígado e glândulas adrenais. O receptor AT
2
é expresso em artérias em
desenvolvimento no período embrionário, enquanto em tecidos adultos sua expressão
está, predominantemente, no cérebro e adrenais. A estimulação do receptor AT
2
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9
promove vasodilatação e inibição do crescimento do músculo liso vascular (Giorgi,
2003, p. 238).
Na regulação da PA pelo SRA, diversos mecanismos controlam a liberação de
renina pelo rim, sendo três deles considerados mais importantes. O primeiro é o
mecanismo barorreceptor renal que é desencadeado quando ocorre modificação na
pressão da artéria renal. Uma redução na pressão de perfusão renal aumenta a liberação
de renina, enquanto um aumento na pressão de perfusão renal diminui a liberação de
renina. Acredita-se que o gradiente de pressão transmural é o mais importante
determinante da liberação de renina por este mecanismo. O segundo mecanismo é
desencadeado pelo sistema nervoso simpático renal que estimula a liberação de renina
quando ocorre diminuição da pressão arterial renal e sistêmica. Os nervos renais
parecem controlar a liberação de renina por ação direta sobre as células
justaglomerulares, mediada pelos receptores beta-adrenérgicos. O terceiro mecanismo
de controle da liberação da renina é o humoral onde várias substâncias estão envolvidas
incluindo vasopressina (inibição), prostaglandinas (estimulação), Ang II (inibição),
dentre outras (Kecton, 1980; Dzau, 1986).
Um aumento da Ang II plasmática pode levar à diminuição da liberação de
renina através da estimulação da liberação de aldosterona e vasopressina e do aumento
da pressão arterial sistêmica, mecanismo chamado de retroalimentação negativa. A
liberação de renina é dependente da concentração de sódio no plasma. Uma redução na
concentração intracelular de cloreto de sódio, ao nível da mácula densa, estimula a
liberação de renina na circulação sistêmica. Várias técnicas tem sido utilizadas na
tentativa de analisar o papel individual e a interação dos mecanismos envolvidos na
liberação de renina (Kecton, 1980; Dzau, 1986).
A existência de SRA teciduais tem sido evidenciada pela determinação de
atividade de renina e de seus substratos, e pela presença da ECA, angiotensinas e
receptores de angiotensinas em múltiplos tecidos, principalmente naqueles que estão
envolvidos com a homeostasia cardiorrenal e da pressão arterial, ou seja, rim, adrenal,
cérebro, coração e vasos sanguíneos. Além disso, as técnicas de biologia molecular têm
claramente demonstrado que tanto a renina quanto o angiotensinogênio estão presentes
em múltiplos órgãos (Campbell, 1987; Dzau, 1988; Allen et al., 1998). Dessa forma,
tem sido proposto que o rim contém um SRA intrarenal que regula a hemodinâmica
intrarenal, o balanço tubuloglomerular e a homeostasia de sal (Dzau, 1988).
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O SRA periférico e central parece estar envolvido no desenvolvimento e
manutenção de várias formas de hipertensão tais como: hipertensão essencial,
hipertensão renal, hipertensão neurogênica e hipertensão por mineralocorticóides e sal
(Ferrario, 1990; Brody et al., 1991). Os resultados obtidos com o uso de inibidores da
ECA no tratamento da hipertensão reforçam a contribuição do SRA na manutenção da
PA elevada (Frohlich, 1989). Resultados satisfatórios foram também obtidos em
pacientes hipertensos com saralasina, um peptídeo análogo da angiotensina II com
atividade inibidora inespecífica (Nicholls et al., 1994). O primeiro antagonista não-
peptídico dos receptores AT
1
descrito foi o losartan, sendo seguido por outros desta
classe (Leonardi et al., 2000). O bloqueio dos receptores AT
1
e AT
2
da Ang II e a
inibição da ECA têm permitido a realização de diversos estudos desvendando o papel
desses receptores e de outros componentes do SRA na patogênese hipertensão, bem
como a correlação entre Ang II e lipoproteínas no risco aterogênico (Singh e Mehta,
2001; Strehlow et al., 2000).
Li et al. (1999) observaram que a Ang II acentua a captação da ox-LDL nas
células endoteliais e que o bloqueio do receptor AT
1
com losartan preveniu a captação
elevada da ox-LDL. Em um estudo posterior foi examinada a expressão dos receptores
AT
1
em células endoteliais de artéria coronária humana e observou-se que a ox-LDL
aumenta a proteína e o mRNA para o receptor AT
1
, mas não para o AT
2
(Li et al.,
2000).
Nickenig et al. (1997) encontraram uma expressão elevada dos receptores AT
1
em CMLV (células do músculo liso vascular) da aorta de rato cultivadas na presença de
LDL, e demonstraram que esta superexpressão se mais pela estabilização do mRNA
deste receptor do que pela taxa de transcrição do gene alterada. Assim, é provável que
altas concentrações plasmáticas de LDL levem à expressão acentuada do receptor AT
1
in vivo.
Além disso, a Ang II mostrou acentuar a biossíntese do colesterol celular em
macrófagos (Keidar et al., 1999). Em tal estudo, o inibidor da ECA, fosinopril, e o
bloqueador do receptor AT
1
, losartan, foram capazes de diminuir a biossíntese de
colesterol nos macrófagos em resposta a Ang II injetada intraperitoneamente. Foi
observado que a Ang II acentuou a expressão do gene da HMG-CoA redutase através da
interação com o receptor AT
1
, que em macrófagos sem este receptor (macrófagos
RAW), a síntese de colesterol não foi elevada.

I N T R O D U Ç Ã O
11
Foi observado também que a Ang II aumenta a atividade da NADH/NADPH
oxidase [nicotinamida adenina dinucleotídeo (fosfato) hidroxi oxidase] em macrófagos
através da ativação do receptor AT
1
(Griendling et al., 1994).
A ativação do receptor AT
1
promove também a produção de espécies reativas de
oxigênio na parede dos vasos mediada, em parte, pela ativação da NADH/NADPH
oxidase, levando à inativação do óxido trico e como conseqüência a disfunção
endotelial (Giorgi, 2003, p.238). Essa produção excessiva de espécies reativas de
oxigênio tem sido referida como “estresse oxidativo” e está implicada em diversos
processos fisiopatológicos cardiovasculares, como tabagismo, diabetes,
hipercolesterolemia, hipertensão arterial e insuficiência cardíaca (Giorgi, 2003, p. 238).
Um grande número de trabalhos (Singh e Mehta, 2001; Strawn et al., 2000) tem
mostrado que o bloqueio do receptor AT
1
normaliza a atividade da NADH oxidase,
reduz a área da placa aterosclerótica e a infiltração de macrófagos e simultaneamente
melhora a superfície endotelial em animais alimentados com uma dieta com colesterol
elevado. Estes estudos e muitos outros sugerem o importante papel do SRA no controle
da PA, como também sua participação nos diversos processos fisiopatológicos do
sistema circulatório.
Além do SRA, outro sistema que possui um importante papel na regulação
homeostática da circulação é o sistema neural, que envolve a ativação de receptores
periféricos (barorreceptores, quimiorreceptores, receptores cardiopulmonares, dentre
outros), cujas aferências se projetam para o sistema nervoso central via nervos vago e
glossofaríngeo. O processamento destas informações aferentes no sistema nervoso
central produz uma conseqüente modulação das vias simpáticas e parassimpáticas,
havendo assim, o ajuste das variáveis cardiovasculares (freqüência cardíaca, volume
sistólico e resistência periférica), entre outros tais como a regulação de volume por
ajustes renais e peptídeo atrial natriurético.
O reflexo barorreceptor é um importante mecanismo neural no controle,
momento a momento, da pressão arterial. Os barorreceptores são receptores
cardiovasculares periféricos, sensíveis a mudanças de alterações mecânicas produzidas
nas paredes dos vasos, principalmente nos seios aórtico e carotídeo (Brederode et al.,
1990) e também nas câmaras cardíacas (Shepherd, 1986). São terminações nervosas
livres situadas na adventícia dos grandes vasos sistêmicos. Estes mecano-receptores
constituem um sistema eficaz na manutenção da pressão arterial dentro de faixas

I N T R O D U Ç Ã O
12
estreitas de variação tanto em indivíduos normotensos quanto nos hipertensos (Spyer,
1981; Krieger, 1986).
As fibras pressorreceptoras carotídeas e aórticas, sensíveis à distensão vascular
formam o nervo do seio carotídeo e o nervo depressor aórtico, que se unem
respectivamente ao glossofaríngeo e ao vago no tronco vago-simpático e se projetam ao
bulbo (Scher, 1977). Dessa forma, as alterações na atividade desses receptores
decorrentes de variações da PA convergem ao núcleo do trato solitário (nTS), onde é
realizada a primeira sinapse no SNC (Sistema Nervoso Central). As vias
simpatoinibitórias do barorreflexo envolvem projeções excitatórias do nTS para a
CVLM (caudal ventrollateral medulla), e projeções inibitórias da CVML para a RVLM
(rostral ventrollateral medulla - que possui neurônios simpatoexcitatórios). A CVLM,
portanto, participa na regulação da PA, atuando como um centro integrador das
aferências vindas principalmente do nTS e modulando a atividade da área pressora
RVLM (Granata et al., 1986). Portanto, a ativação desta via neuronal resulta em
inibição simpática e conseqüente queda da pressão arterial. Deste modo os
barorreceptores produzem ajustes autonômicos cardiovasculares que atuam na
manutenção da pressão arterial (Verberne & Guyenet, 1992).
Os barorreceptores se adaptam a um novo “set point” e exercem sua função em
níveis mantidos de PA alta ou baixa. McCubbin et al. (1956) foram pioneiros e a seguir
diversos trabalhos têm mostrado o processo de deslocamento ou adaptação da faixa de
funcionamento dos pressorreceptores para níveis mais elevados de pressão nos
hipertensos, em várias espécies e em diferentes formas de hipertensão. Entretanto, o
significa que os barorreceptores atuem do mesmo modo que na normotensão. Bristow et
al. (1969) mostraram uma diminuição na sensibilidade do barorreflexo em indivíduos
hipertensos.
A redução da sensibilidade barorreflexa pode produzir aumento da labilidade
(variabilidade da PA a curto-prazo) diante de diferentes atividades diárias interferindo
na função cardiovascular normal e podendo até mesmo comprometer o funcionamento
de diversos órgãos em situações especiais. Os achados de Eto et al. (2003) sugerem que
uma labilidade elevada da pressão sanguínea, independente do nível de pressão
sanguínea média, prejudica a função endotelial pela inibição da produção de óxido
nítrico, acentua a formação neoíntima após injúria de balão, e pode, portanto, contribuir
para a aterogênese. De fato, o prejuízo da função endotelial (“disfunção endotelial”) é o

I N T R O D U Ç Ã O
13
elo de ligação entre a hipertensão arterial, a resistência à insulina, a hiperlipemia e o
desenvolvimento da aterosclerose (Giorgi, 2003, p. 241).
Foi verificada uma redução significativa do ganho do barorreflexo em coelhos
com aterosclerose sendo sugerido que esta condição patológica está associada a uma
maior produção local de radicais livres, atuando sobre os barorreceptores e diminuindo
sua sensibilidade (Li et al., 1996).
Pliquett et al. (2003) mostraram que o tratamento com inibidor da HMG-CoA
redutase (sinvastatina), em coelhos com sensibilidade barorreflexa reduzida, levou a
uma normalização da regulação do barorreflexo sobre a hipotensão em 66%, sendo
sugerido que tal benefício seja devido a uma síntese elevada de óxido nítrico no
endotélio, e/ou por redução da injúria induzida pela Ang II e redução da expressão dos
receptores AT
1
e ET
A
(endotelina).
Em estudo feito com pacientes hipercolesterolêmicos para testar a hipótese de
que a redução do colesterol após tratamento com estatinas tem efeito benéfico sobre a
variabilidade da FC, encontrou-se que o tratamento com atorvastatina melhorou a
função autonômica, refletindo uma maior sensibilidade do barorreflexo (Pehlivanidis et
al., 2001).
A Ang II também modula o controle barorreflexo por atuar, através de seus
receptores, em áreas de integração e controle da barorreflexo e da PAM (nTS, CVLM,
RVLM, entre outras) (Dampney, 1994; Campagnole-Santos et al., 1988; Alzamora et
al., 2000; Ferrario et al., 1990 A; Santos et al., 2003). Considera-se que as ações do
SRA dependem não só da Ang II, como também de seus produtos ativos carboxi-
terminal, a angiotensina III (Ang III) e angiotensina IV (Ang IV) e amino-terminal, a
angiotensina-(1-7) [Ang-(1-7)] (Santos et al., 1988; Ferrario et al., 1990; Santos e
Campagnole-Santos, 1994). A menor sensibilidade do reflexo pressorreceptor foi
observada após administração de Ang II e contribui de forma significativa na
fisiopatologia da hipertensão em animais e humanos (Goldsmith & Hasking, 1995).
O desenvolvimento de modelos experimentais de hipertensão permitiu
desvendar e isolar vários fatores associados com a regulação da pressão sanguínea, a
herança de traços hipertensivos e respostas celulares à injúria (Lerman et al., 2005).
Além disso, tais modelos experimentais possibilitaram o desenvolvimento de
intervenções alvo, almejando diminuir não apenas a pressão sanguínea, mas também a
injúria de órgão alvo. A utilização contínua de modelos experimentais simulando a

I N T R O D U Ç Ã O
14
hipertensão humana, particularmente aquela que combina outras comorbidades
clinicamente relevantes como obesidade ou hipercolesterolemia, podem favorecer o
desenvolvimento de estratégias específicas para enfocar esta doença tão comum
(Lerman et al., 2005).
Sabe-se que a origem subjacente da hipertensão secundária é mais
frequentemente renovascular e menos frequentemente por desordens metabólicas e/ou
endócrinas. Na tentativa de se elucidar a importância do SRA na patogenia da
hipertensão arterial, vários modelos de hipertensão renal tem sido utilizados (Lerman et
al., 2005).
A hipertensão renal pode ser produzida experimentalmente através de estenose
da artéria renal, perinefrite, compressão renal ou coarctação da aorta em animais com
um ou dois rins. Nesses modelos de hipertensão, o aumento da PA é associado, ao
menos inicialmente, com um aumento nos níveis plasmáticos de renina e Ang II (Brody
et al., 1991). A estenose arterial renal é a principal causa da hipertensão renovascular e
pode levar a nefropatia isquêmica e a doença renal de estágio-terminal. O papel da
vasculatura renal em provocar hipertensão renovascular tem sido estabelecido desde
1934, quando Goldblatt et al. demonstraram que a obstrução parcial da artéria renal
aumentou a PAM (Goldblatt et al., 1934).
Para pesquisar a patogênese da hipertensão, os ratos são considerados a espécie
de primeira escolha. Os modelos de hipertensão de rato fornecem uma ampla
oportunidade não apenas para investigar os mecanismos envolvidos na patogênese da
hipertensão, mas também para aprender sobre o balanço crítico entre estresse e
mecanismos adaptativos (por ex., hipertrofia), o que eventualmente determina o
prognóstico da patologia (Pinto et al., 1998).
Os dados de Leenen et al., 1971, citados por Lerman et al., 2005 demonstram
que em ratos 2R1C ocorre um aumento gradual e crônico na pressão sanguínea, com
platôs após duas semanas, mas pode subseqüentemente diminuir em 10-20% dos
animais. Em geral, ratos desenvolvem hipertensão mais facilmente que coelhos, mas seu
padrão pode ser influenciado pelo tipo do clip, dieta, e idade do animal.
De modo importante, abordagens de hipertensão deste tipo m complementado
a investigação dos efeitos da hipertensão secundária sobre a injúria de órgão-alvo,
podendo ser associadas com comorbidades comuns na prática clínica, que acentuam o
desenvolvimento da hipertensão e/ou a injúria de órgão-alvo, fornecendo simulações

I N T R O D U Ç Ã O
15
mais próximas da doença humana (Lerman et al., 2005). Como vimos, a
hipercolesterolemia tem alta prevalência em pacientes hipertensos, agravando as
condições clínicas e o surgimento da DCV.
Entretanto, poucas são as evidências na literatura dos efeitos da coexistência de
hipertensão renal e hipercolesterolemia em relação aos mecanismos reflexos de controle
da PA. Como o prejuízo deste controle reflexo está associado com risco elevado de
morbidade e mortalidade cardiovascular, torna-se necessário estruturar modelos
experimentais que permitam a avaliação de tais parâmetros. Estudar tais modelos pode
contribuir para o conhecimento de alguns mecanismos centrais e periféricos de
regulação cardiovascular frente à hipertensão simultânea a hipercolesterolemia.
Nesse sentido, o presente trabalho teve como objetivo principal avaliar o
impacto da presença simultânea de hipercolesterolemia e hipertensão renal sobre a
sensibilidade do Barorreflexo, que esta tem importante valor prognóstico para
diversas condições patofisiológicas cardiovasculares.
O B J E T I V O S
16
2- Objetivos
2.1 – Objetivo Geral
Avaliar a sensibilidade do Barorreflexo em modelo experimental de
hipercolesterolemia co-existente com hipertensão renovascular.
2.2 – Objetivos Específicos
1- Estabelecer um modelo experimental de hipercolesterolemia co-existente com
hipertensão renovascular através de dieta e cirurgia 2R1C de Goldblatt.
2- Avaliar o desenvolvimento da hipertensão através de pletismografia de cauda
(medida indireta) em ratos submetidos à cirurgia para produção da hipertensão (2R1C).
3- Avaliar o desenvolvimento da hipercolesterolemia através de dosagens do colesterol
sérico aos 30 e 60 dias após o início do experimento.
4- Avaliar a pressão arterial média (PAM) e a freqüência cardíaca (FC) dos animais
através de medida direta na aorta abdominal.
5- Avaliar a sensibilidade da bradicardia e taquicardia reflexas nos animais
experimentais.
6- Avaliar as alterações no peso do fígado, coração e rins, que sejam decorrentes da
dieta hipercolesterolêmica e/ou da hipertensão renovascular.
M A T E R I A I S E M É T O D O S
17
3 – Materiais e Métodos
3.1- Animais
Foram utilizados ratos Fischer machos, pesando entre 80 e 150g, fornecidos pelo
Laboratório de Nutrição Experimental da Escola de Nutrição da Universidade Federal
de Ouro Preto-MG e ratos Wistar, machos, pesando entre 120 e 160 g, fornecidos pelo
Biotério da Universidade Federal de Ouro Preto. Os animais foram mantidos de acordo
com as normas descritas em Canadian Council on Animal Care (1984).
3.2 – Protocolo Experimental
Com o objetivo de padronizar um modelo animal, em rato, que apresentasse
hipertensão concomitante com hipercolesterolemia foram realizados três experimentos:
Experimento I: Foram utilizados ratos Wistar, machos, pesando entre 120 e 160g.
Experimento II: Foram utilizados ratos Fisher, machos, pesando entre 80 e 150g.
Experimento III: Foram utilizados ratos Fisher, machos, pesando entre 70 e 100g, que
receberam dieta hipercolesterolêmica acrescida de 0,3% de deoxicolato de sódio (DS) e
foram submetidos à cirurgia fictícia (sham).
Os Experimentos I e II seguiram o protocolo experimental representado na
Figura 1, no qual os animais foram divididos em dois grupos e submetidos, por 30 dias,
a dieta controle ou hipercolesterolêmica (item 3.3.1). Após esse período os animais de
cada grupo foram novamente divididos em dois grupos e submetidos à cirurgia para
produção da hipertensão renovascular (2R1C) ou cirurgia fictícia (sham) (item 3.4.1).
Os animais continuaram a ser submetidos às suas respectivas dietas por mais 30 dias.
M A T E R I A I S E M É T O D O S
18
Os grupos obtidos através do protocolo experimental são descritos abaixo:
- Grupo ShamCont: Animais recebendo dieta controle submetidos à cirurgia fictícia
(sham).
- Grupo 2R1CCont: Animais recebendo dieta controle submetidos à cirurgia para
produção da hipertensão renovascular (2R1C).
- Grupo ShamHiper: Animais recebendo dieta hipercolesterolêmica e submetidos à
cirurgia fictícia (Sham).
- Grupo 2R1CHiper: Animais recebendo dieta hipercolesterolêmica e submetidos à
cirurgia para produção da hipertensão renovascular (2R1C).
0
Cirurgia
: 2R1C
Dieta Hipercoles-
terolêmica
Grupo:
2R1CHiper
dias
Ratos machos
Dieta Controle
Dieta
Hipercolesterolêmica
Cirurgia
:
fictícia (sham)
Dieta Hipercoles-
terolêmica
Grupo:
ShamHiper
Cirurgia
:
fictícia (sham)
Dieta Controle
Grupo:
ShamCont
Cirurgia
:
2R1C
Dieta Controle
Grupo:
2R1CCont
Avaliação da Bradicardia e Taquicardia Reflexa
Retirada dos órgãos (rins, coração e fígado)
60
Figura 1
– Representação esquemática do protocolo experimental.
30
M A T E R I A I S E M É T O D O S
19
O Experimento III foi realizado para avaliar se a dieta hipercolesterolêmica
acrescida com Deoxicolato de Sódio (DS) provocaria um aumento maior nos veis
séricos de colesterol que a dieta hipercolesterolêmica sem DS. Um grupo de ratos
Fischer recebeu dieta hipercolesterolêmica acrescida de 0,3% de DS por 30 dias, sendo
estes animais submetidos à cirurgia fictícia (Sham) e submetidos à dieta por mais 30
dias. Ao completar 60 dias obteve-se o seguinte grupo experimental:
- ShamHiperDS: Animais recebendo dieta hipercolesterolêmica com 0,3% de
DS e submetidos à cirurgia fictícia (Sham).
Ao final de cada um dos Experimentos (I, II e III), os animais de cada grupo que
apresentaram as medidas de pressão arterial e colesterol sanguíneo adequados ao
modelo proposto foram selecionados para avaliação da sensibilidade do barorreflexo da
pressão arterial e retirada dos órgãos (rins, coração e fígado) para análise.
3.3 – Produção da Hipercolesterolemia
3.3.1 – Dietas
A composição das dietas controle e hipercolesterolêmica foram estabelecidas a
partir de pesquisa realizada no Laboratório de Nutrição Experimental da Escola de
Nutrição da UFOP e descrita por Mattos, 2000.
Os nutrientes da tabela 1 foram misturados em ordem crescente de quantidade,
com exceção do óleo de soja que foi o último componente adicionado. Depois de
misturados foram passados em peneira por três vezes para garantir a homogeneização da
dieta, que foi mantida sob refrigeração.
M A T E R I A I S E M É T O D O S
20
Tabela 1 Composição das dietas controle e hipercolesterolêmica em gramas para cada
1000 g de dieta.
Controle Hipercolesterolêmica
Caseína 150 150
Amido de milho 696 406
Óleo de soja 80 250
Colesterol -------------- 10
Cloreto de colina 4 4
Mistura de sais (a) 50 50
Mistura de vitaminas (b) 10 10
Celulose 10 120
Calorias totais (Kcal) 4104 4474
(a) Mistura de sais (g%): NaCl 10,31 / Kl 0,08 / MgSO
4
7H
2
O 5,73 / CaCO
3
38,14 / MgSO4 H
2
O – 4,01 / FeS O
4
7H
2
O – 2,7 / ZnSO
4
7H
2
O – 0,06 / CuSO
4
5H
2
O –
0,05 / CoCl
2
5H
2
O – 0,02 / KH
2
PO
4
– 38,90.
(b) Mistura de vitaminas (g/Kg de mistura): Acetato de retinol – 4,0 / Colecalciferrol
– o,60 / Menadiona – 0,5 / Ácido p-aminobenzóico – 10,00 / I-inositol10,00 / Niacina
4,00 / Pantotenato de cálcio 4,00 / Riboflavina – 0,80 / Tiamina HCL 0,5 /
Piridoxina HCL 0,50 / Ácido fólico 0,20 / Biotina 0,040 / Vitamina B12 0,003 /
Sacarose – 764,860.
3.3.2 - Dosagem do Colesterol Sérico
Para verificar os veis do colesterol sérico dos animais, foram realizadas
dosagens de acordo com os procedimentos a seguir.
M A T E R I A I S E M É T O D O S
21
3.3.2.1 - Obtenção da amostra
A dosagem do colesterol sanguíneo foi realizada após 30 e 60 dias do início do
experimento. Na primeira coleta de sangue, após aproximadamente 30 dias, o animal foi
anestesiado com éter etílico e o sangue foi retirado no plexo ocular com auxílio de uma
pipeta de Pasteur contendo heparina sódica (25000 UI/5mL) diluída 1:10. O sangue foi
centrifugado a 3000 RPM por 15 minutos para obtenção do soro, que foi separado com
uma pipeta automática.
A segunda coleta, após 60 dias, foi feita após a canulação da artéria femoral.
Eram coletados cerca de 0,5 ml de sangue em tubo de polietileno Eppendorf contendo
0,01 ml de heparina sódica e a seguir o sangue foi armazenado em refrigeração a cerca
de 5-10°C por até quatro dias, quando era feita a dosagem.
3.3.2.2 - Dosagem de Colesterol
Para as dosagens foram utilizados kits comerciais (Labtest, Cat 60-2/100, MS;
10009010002 Lagoa Santa, MG, Brasil).
Princípio da técnica:
O colesterol total é determinado de acordo com as seguintes reações, cujas
enzimas envolvidas são fornecidas pelo reagente de cor:
Colesterol Esterase
Ésteres de colesterol Colesterol + Ácidos graxos
Colesterol Oxidase
Colesterol + O
2
Colest-4-en-ona + H
2
O
2
Peroxidase
2H
2
O
2
+ Fenol + 4-Aminoantipirina Antipirilquinonimina + 4H
2
O
A antipirilquinonimina tem absortividade máxima a 500 nm. A intensidade da
cor vermelha formada na reação final é diretamente proporcional à concentração de
colesterol na amostra.
M A T E R I A I S E M É T O D O S
22
Execução da técnica:
Em um tubo de polietileno Eppendorf foram colocados 10 µl do soro ou do
padrão, que foram misturados a 1000 µl do reagente de cor (colesterol esterase,
colesterol e peroxidases), agitados com auxílio de um vórtex e levados a banho-maria à
37ºC por 10 minutos. A absorbância foi obtida em espectrofotômetro (Fento 600 Plus),
a um comprimento de onda (λ) de 500 nm.
O padrão de colesterol utilizado foi 200mg/dL Para cada amostra foram feitas
três dosagens e a média dos três valores foi utilizada para fazer o cálculo da
concentração:
Colesterol total (mg/dL) = dLmg
PadrãoaAbsorbânci
AmostradaaAbsorbânci
200×
3.4 - Produção de Hipertensão Renovascular
3.4.1 – Cirurgia
Para produção de hipertensão arterial foi utilizado o método descrito por
Goldblatt et al. (1934) denominado 2 rins, 1 clip (2R1C) de Goldblatt. Os animais
foram submetidos a jejum de 12 horas, com livre acesso à água. No dia da cirurgia, sob
anestesia pelo éter etílico (Canadian Council on Animal Care, 1984) os animais foram
colocados em decúbito dorsal em uma prancha cirúrgica, e submetidos à tricotomia e
assepsia da região abdominal com álcool iodado a 2%. A seguir foi realizada uma
laparotomia mediana para visualização e isolamento da artéria renal esquerda. Um clip
de prata com 8 mm de comprimento e 2 mm de largura, em forma de U, foi colocado ao
redor da artéria renal e apertado com auxílio de uma pinça de abertura regulável,
determinando a constrição desejada. O grau de constrição do clip foi de 0,20 mm para
os ratos que, no momento da operação, pesavam até 180 g e de 0,25 mm, para ratos com
mais de 180 g no momento da cirurgia. Esses valores foram determinados em
experimentos preliminares que mostraram que estes graus de constrição
proporcionavam um índice de obtenção de pressão arterial igual ou maior que 140
mmHg após um período médio de 30 dias. Os animais que apresentaram valores iguais
ou superiores a 140 mmHg foram considerados hipertensos.
M A T E R I A I S E M É T O D O S
23
Os animais utilizados como controle foram submetidos à cirurgia fictícia
(Sham), que consistiu na realização de todos os procedimentos cirúrgicos descritos
acima, exceto a colocação do clip de prata na artéria renal.
Em todos os animais o abdômen foi suturado com pontos contínuos envolvendo
a camada muscular e com pontos isolados envolvendo a pele. Ao final dos
procedimentos cirúrgicos, uma dose de antibiótico (Pentabiótico) foi administrada em
todos os animais (dose de 0,01 mL de Pentabiótico para cada 100 g do peso corporal do
animal).
3.4.2- Medida Indireta da Pressão Arterial
O desenvolvimento da hipertensão renovascular foi acompanhado através da
medida indireta da PAM usando o método da pletismografia de cauda. O sistema
utilizado foi proposto por William et al. (1939) e modificado por Magaldi (1944), e
consiste de um sistema fechado contendo quido, que sob pressão ajusta um manguito
de borracha que envolve toda a porção distal da cauda do animal. Outro manguito de
borracha de 3 cm de comprimento, conectado a uma coluna de mercúrio, envolve a
porção proximal da cauda, e é responsável pela oclusão da artéria caudal. A Figura 2
ilustra a foto de um pletismógrafo.
Figura 2 – Foto ilustrativa do sistema de pletismografia de cauda utilizado.
Coluna de mercúrio
Coluna de água
Manguito de borracha
que comprime a cauda
Sistema de seringas
para controle da
pressão de água
M A T E R I A I S E M É T O D O S
24
Para provocar dilatação das artérias periféricas e facilitar a medida da pressão
arterial, os animais foram previamente aquecidos em uma caixa de madeira com
lâmpada incandescente. A temperatura interna da caixa foi de aproximadamente 32ºC e
os animais permaneciam no seu interior por aproximadamente 3 minutos. A seguir, os
animais foram colocados em um sistema de contenção que mantinha somente a cauda
do animal exteriorizada, então se comprimia a cauda com o manguito de borracha e
insuflava-se o manguito da coluna de mercúrio. Em seguida, a pressão na coluna líquida
foi reduzida e o nível do líquido na coluna mantido a aproximadamente 15 cm de altura
da cauda do animal. Posteriormente, a pressão no manômetro de mercúrio foi reduzida
lentamente no momento em que se observava alteração no nível do líquido na coluna do
pletismógrafo, o que ocorria em função do aumento do volume de sangue na cauda.
Neste mesmo instante foi realizada a leitura da pressão na coluna de mercúrio que
correspondia à pressão arterial média (PAM) do animal.
3.5- Avaliação dos Parâmetros Cardiovasculares
Os animais selecionados foram avaliados quanto aos parâmetros
cardiovasculares ao completar o protocolo de produção do modelo experimental.
3.5.1- Drogas e Soluções utilizadas
Veículo: salina 0,9%
Anestésicos: uretana (1,2g/Kg) e éter etílico (para os procedimentos rápidos)
Agente hipertensor agonista adrenérgico: L-Fenilefrina (sal cloridrato): foram
preparadas soluções em sete concentrações (0,5 µg/ml; 1,0 µg/ml; 2,5 µg/ml; 5,0 µg/ml;
10 µg/ml, 20 µg/ml e 50 µg/ml) utilizando cloridrato de L-Fenilefrina (Sigma Chemical
Co., St. Louis, MO, USA). Estas soluções foram aliquotadas em tubos de polietileno
Eppendorf e permaneceram congeladas até o momento do uso.
Agente hipotensor doador de óxido nítrico: Nitroprussiato de Sódio: foram
preparadas soluções em sete concentrações (0,5 µg/ml; 1,0 µg/ml; 2,5 µg/ml; 5,0 µg/ml;
10 µg/ml, 20 µg/ml e 50 µg/ml) utilizando Nitroprussiato de Sódio Dihidratado (Sigma
M A T E R I A I S E M É T O D O S
25
Chemical Co., St. Louis, MO, USA). Estas soluções foram aliquotadas em tubos de
polietileno Eppendorf e permaneceram congeladas até o momento do uso.
3.5.2- Confecção e implantação das Cânulas Vasculares
Na confecção das cânulas foram utilizados tubos de polietileno PE 10 de 4 cm
para cânula arterial e de 2 cm para a nula de veia, soldados por aquecimento a tubos
de polietileno PE 50 de 15 cm. Antes do implante, o interior das cânulas foi lavado e
preenchido com salina e a extremidade PE-50 de cada cânula foi obstruída com pino de
metal.
Os animais, em jejum de 8 a 12 horas, foram colocados em decúbito dorsal em
uma prancha cirúrgica realizando-se uma pequena incisão na face ventral da pata
traseira direita, separando a musculatura para localização do feixe vásculo-nervoso
femural. A artéria e veia femorais foram dissecadas e expostas. A extremidade PE-10
das cânulas foram introduzidas na aorta abdominal, via artéria femural, para registro dos
parâmetros cardiovasculares, e na veia cava inferior, através da veia femural, para
administração da uretana e demais drogas. As cânulas foram amarradas junto ao feixe
com fio cirúrgico. A seguir foi feita a coleta de sangue já descrita anteriormente.
Imediatamente antes da conexão ao transdutor, foi injetada na cânula 0,7 ml de
salina heparinizada (heparina sódica 25.000 UI / 5mL) a fim de se evitar a formação de
coágulo durante o registro da PA.
Anestesia
Para iniciar a implantação das cânulas os animais foram anestesiados com éter
etílico por inalação e assim que a cânula venosa era implantada, os animais passaram a
ser anestesiados com uretana (1,2g/Kg) por via intra-venosa.
M A T E R I A I S E M É T O D O S
26
3.5.3- Registros da Pressão Arterial e Freqüência Cardíaca
A pressão arterial foi monitorada por um transdutor de pressão modelo Gould
conectado a um amplificador (PM-1000, CWE). O sinal de pressão arterial pulsátil é
derivado para um cardiotacômetro (PM-1000, CWE) para se obter a frequência cardíaca
e para um registrador (Gould). A pressão arterial pulsátil e a frequência cardíaca são
continuamente amostradas por um sistema de conversão analógico/ digital de 12 bits
(BIOPAQ) a uma frequência de 800 Hz e armazenados em disco rígido (PC).
Posteriormente, o sinal é processado por um software (Powerlab) para se obter a pressão
arterial média (PAM), as características temporais e as alterações máximas dos
parâmetros desejados.
3.5.4- Teste da Sensibilidade do Barorreflexo
A sensibilidade do reflexo pressorreceptor foi avaliada relacionando-se as
alterações reflexas de FC induzidas por alterações transitórias da PAM. Para produzir
alterações da PAM, os animais foram submetidos a injeções endovenosas (em bolus) de
doses (0,1ml) com concentrações crescentes (0,5 a 50,0µg/mL) de fenilefrina e de
nitroprussiato de sódio, de maneira a se obter respectivamente respostas pressoras e
depressoras. Iniciaram-se os ensaios alternadamente com uma das drogas a fim de evitar
um viece nos resultados. A escolha da droga a ser injetada primeiro era aleatória e feita
a cada experimento. Um intervalo mínimo de um minuto ou mais foi mantido entre as
injeções, para permitir que a PAM e a FC retornassem aos valores basais e entre as duas
drogas a nula foi lavada com salina até que não tivesse mais resposta da droga
anterior. O esquema abaixo sumaria este protocolo, sendo que as barras horizontais
representam o registro ao longo do tempo:
Basal
Tempo em minutos
Injeções endovenosas de L
-
fenilefrina/Nitroprussiato de
sódio
Injeções endovenosas de
Nitroprussiato de sódio/ L-fenilefrina
Lavagem da
cânula
0
40
-
60
M A T E R I A I S E M É T O D O S
27
3.5.5 - Coleta dos dados a partir dos registros obtidos
As variações máximas de PAM e FC, tanto para respostas depressoras como
pressoras, foram obtidas a partir do registro, onde o valor máximo da ação da droga
(fenilefrina ou nitroprussiato de sódio) foi subtraído da média dos dez segundos
anteriores a injeção da droga.
Os dados coletados dos registros estavam concordantes com Soares et al. (2005).
A Figura 3 ilustra o exemplo do registro de um animal onde foi aplicada uma
dose de fenilefrina (retirado de Soares et al., 2005) e a Figura 4 onde foi aplicada uma
dose de nitroprussiato de sódio (retirado de Soares et al., 2005). Nos registros estão
representados os pontos onde os dados foram coletados.
Figura 3 – Bradicardia Reflexa. Exemplo de um registro durante um experimento com uma infusão em
bolus de fenilefrina. A pressão sanguínea e a freqüência cardíaca estão representadas. A linha contínua
indica o início da resposta a fenilefrina e a tracejada o fim da resposta. Os círculos indicam os pontos
onde os dados foram coletados (retirada de Soares et al., 2005).
M A T E R I A I S E M É T O D O S
28
Figura 4 - Taquicardia Reflexa. Exemplo de um registro durante um experimento com uma infusão em
bolus de nitroprussiato de sódio. A pressão sanguínea e a freqüência cardíaca estão representadas. A linha
contínua indica o início da resposta ao nitroprussiato de sódio e a tracejada o fim da resposta. Os círculos
indicam os pontos onde os dados foram coletados (retirada de Soares et al., 2005).
Para determinação da sensibilidade do barorreflexo, pode-se utilizar o índice
médio de sensibilidade (FC/PAM) ou a inclinação da reta (slope) obtida por
regressão linear. De acordo com Farah et al. (1999), para injeções em bolus de
fenilefrina ou de nitroprussiato de sódio, não há diferença estatística entre os dois
métodos de análise. Dessa forma, nesse trabalho utilizamos apenas a análise dos dados
referentes à inclinação da reta após regressão linear.
M A T E R I A I S E M É T O D O S
29
3.6- Avaliação do Peso Corporal e Peso dos Órgãos
Os ratos, em jejum de 8 a 12 horas, foram pesados antes de serem submetidos ao
registro direto de PA e ao protocolo de avaliação do barorreflexo. Logo após esta
avaliação, os animais foram sacrificados, os rins direito e esquerdo, o coração e o fígado
foram retirados, pesados (peso úmido) em balança analítica (Kern 410) e a seguir
colocados na estufa. Após dois dias em estufa fez-se nova pesagem dos órgãos (peso
seco). O peso relativo de cada órgão foi então calculado
corporalpeso
órgãodoopeso sec
para
uma melhor comparação entre os grupos.
Os procedimentos deste item (3.6) foram realizados apenas no Experimento II e
no Experimento III.
3.7 - Análise Estatística
Para análise dos resultados referentes ao teste da sensibilidade do Barorreflexo
foi utilizado o teste de distribuição (teste t de Student) para avaliar a significância entre
as médias de dois grupos experimentais. Os resultados foram expressos como médias,
acompanhadas do respectivo erro padrão da média (EPM).
Para os demais parâmetros foi feita a análise de variância (ANOVA two-way).
Os resultados foram expressos como médias, acompanhadas do respectivo desvio
padrão da média (DPM).
O nível de significância foi fixado em 95%, p < 0,05.
R E S U L T A D O S
30
4 – Resultados
4.1 – Resultados do experimento I (Wistar)
4.1.1 - Níveis séricos de colesterol em ratos submetidos à dieta hipercolesterolêmica
por 30 dias
Os níveis ricos de colesterol (mg/dL) foram avaliados em ratos Wistar que
receberam dieta controle ou hipercolesterolêmica por 30 dias. Os animais submetidos à
dieta hipercolesterolêmica o apresentaram veis séricos de colesterol
significativamente maiores (88,7 ± 4,8 mg/dL; n=10) que aqueles submetidos à dieta
controle (99,3 ± 2,6 mg/dL; n=12) (Figura 5).
0
20
40
60
80
100
120
Dieta controle Dieta hipercolesterolêmica
colesterol (mg/dL)
Figura 5 – Níveis séricos de colesterol (mg/dL) em ratos Wistar alimentados por 30 dias com dieta
controle (n=12) ou hipercolesterolêmica (n=10). Valores expressos como média ± EPM (erro padrão da
média). Teste t de Student, p> 0,05.
R E S U L T A D O S
31
4.1.2 Níveis séricos de colesterol em ratos normotensos ou hipertensos (2R1C)
submetidos à dieta controle ou hipercolesterolêmica por 60 dias
Os níveis ricos de colesterol (mg/dL) foram avaliados em ratos Wistar que
completaram 60 dias em protocolo experimental (Figura 1). Após 30 dias recebendo
dieta controle ou hipercolesterolêmica, os animais foram submetidos à cirurgia fictícia
(sham) ou 2R1C de Goldblatt e continuaram a receber as respectivas dietas por mais 30
dias.
A Figura 6 apresenta os níveis séricos de colesterol em ratos normotensos
(Sham) ou hipertensos (2R1C). Os animais que receberam a dieta hipercolesterolêmica
apresentaram níveis séricos de colesterol (45,9 ± 18,5 mg/dL; n=5, ShamHiper e 74,6 ±
13,5 mg/dL; n=4, 2R1CHiper) estatisticamente semelhante aos animais que receberam
dieta controle (54,4 ± 21,6 mg/dL; n=6, ShamCont e 50,6 ± 17 mg/dL; n=6,
2R1CCont). Os animais com hipertensão renovascular (cirurgia 2R1C) não
apresentaram diferença significativa nos níveis de colesterol (50,6 ± 17,6 mg/dL; n=5,
2R1CCont e 74,6 ± 13,5mg/dL; n=4, 2R1CHiper) em comparação com os animais
normotensos (sham) (53,2 ± 21,6 mg/dL; n=6, ShamCont e 53,2 ± 21,6 mg/dL; n=5,
ShamHiper). Não houve interação estatística entre a dieta (controle +
hipercolesterolêmica) e a cirurgia (Sham + 2R1C).
R E S U L T A D O S
32
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
ShamCont 2R1CCont ShamHiper 2R1CHiper
colesterol (mg/dL)
Figura 6 – Níveis séricos de colesterol (mg/dL) em ratos Wistar normotensos (Sham) ou hipertensos
(2R1C), submetidos à dieta controle (ShamCont; n=6 e 2R1CCont; n=5) ou hipercolesterolêmica
(ShamHiper; n=5 e 2R1CHiper; n=4), por 60 dias. Valores expressos como média ± DPM. ANOVA two-
way, ns = não significativo, p> 0,05.
R E S U L T A D O S
33
4.1.3 Avaliação de parâmetros cardiovasculares em ratos Wistar normotensos ou
hipertensos (2R1C), submetidos à dieta controle ou hipercolesterolêmica
4.1.3.1 - Níveis basais de Pressão Arterial Média (PAM) e Freqüência Cardíaca
(FC)
Os níveis basais de PAM (mmHg) e FC (bpm) estão representados na Figura 7 e na
Figura 8, respectivamente. Como esperado, os animais submetidos à cirurgia 2R1C
apresentaram PAM basal maior (134,0 ± 7,5 mmHg; n=6, 2R1CCont e 135,4 ± 14,9
mmHg; n=5, 2R1CHiper) que os animais submetidos a cirurgia fictícia (102,8 ± 8,6
mmHg; n=6, ShamCont e 98,1 ± 7,6 mmHg; n=5, ShamHiper). A dieta não modificou a
PAM basal, assim, os animais que receberam dieta hipercolesterolêmica não
apresentaram PAM significativamente diferente (98,1 ± 7,6 mmHg; n=5, ShamHiper e
135,4 ± 14,9 mmHg; n=5, 2R1CHiper) da PAM dos animais que receberam dieta
controle (102,8 ± 8,6 mmHg; n=6, ShamCont e 134,0 ± 7,5 mmHg; n=6, 2R1CCont).
Em relação à FC, os animais hipertensos (2R1C) apresentaram FC basal maior (416,5 ±
27,6 bpm; n=6, 2R1CCont e 418,9 ± 34,7 bpm; n=5, 2R1CHiper) que os animais
normotensos (sham) (393,6 ± 35,9 bpm; n=6, ShamCont e 370,6 ± 48 bpm; n=5,
ShamHiper). A dieta não modificou significativamente a FC basal. Os animais que
receberam dieta hipercolesterolêmica apresentaram FC basal estatisticamente
semelhante (370,6 ± 48 bpm; n=5, ShamHiper e 418,9 ± 34,7 bpm; n=5, 2R1CHiper)
aos animais que receberam dieta controle (393,6 ± 35,9 bpm; n=6, ShamCont e 416,5 ±
27,6 bpm; n=6, 2R1CCont) e não houve interação estatística entre a dieta e a
hipertensão.
Uma vez que os ratos Wistar desenvolveram hipertensão renovascular, mas não
desenvolveram hipercolesterolemia, estes animais não foram adequados para o modelo
experimental proposto para este trabalho e por isso não foram avaliados quanto aos
demais parâmetros.
R E S U L T A D O S
34
0
20
40
60
80
100
120
140
160
ShamCont ShamHiper 2R1CCont 2R1CHiper
PAM (mmHg)
Figura 7 – Pressão Arterial Média basal (PAM) (mmHg) em ratos Wistar normotensos ou hipertensos
(2R1C), submetidos à dieta controle (ShamCont; n=6 e 2R1CCont; n=6) ou hipercolesterolêmica
(ShamHiper; n=5 e 2R1CHiper; n=5). Valores expressos como média ± DPM. ANOVA two-way, ns =
não significativo, p > 0,05.
R E S U L T A D O S
35
0
100
200
300
400
500
600
ShamCont ShamHiper 2R1CCont 2R1CHiper
FC (bpm)
Figura 8 – Freqüência Cardíaca basal (FC) (bpm) em ratos Wistar normotensos ou hipertensos (2R1C),
submetidos à dieta controle (ShamCont; n=6 e 2R1CCont; n=6) ou hipercolesterolêmica (ShamHiper;
n=5 e 2R1CHiper; n=5). Valores expressos como média ± DPM. ANOVA two-way, ns = não
significativo, p > 0,05.
R E S U L T A D O S
36
4.1.4 Avaliação do peso corporal em ratos Wistar normotensos ou hipertensos
(2R1C), submetidos à dieta controle ou hipercolesterolêmica
No início do experimento o foi observada diferença estatística entre os
diferentes grupos em relação ao peso corporal.
Como mostrado na Tabela 2, a dieta não modificou o peso corporal final, de
modo que, os animais que receberam dieta hipercolesterolêmica apresentaram peso
corporal final estatisticamente semelhante (251,2 ± 25,1 g; n=5, ShamHiper e 235 ±
32,5 g; n=5, 2R1CHiper) aos animais que receberam dieta controle (253,7 ± 46,7 g;
n=6, ShamCont e 234,8 ± 37,2 g; n=7, 2R1CCont). Não houve diferença significativa
no peso final dos animais com hipertensão renovascular quando comparado aos animais
normotensos. Além disso, não houve interação estatística entre a dieta e a hipertensão.
A dieta não modificou o ganho de peso, de modo que, os animais que receberam
dieta hipercolesterolêmica apresentaram ganho de peso estatisticamente semelhante
(105,6 ± 24,4 g; n=5, ShamHiper e 95,6 ± 25,9 g; n=5, 2R1CHiper) aos animais que
receberam dieta controle (117,2 ± 40,5 g; n=6, ShamCont e 110,2 ± 42,8 g; n=6,
2R1CCont). A hipertensão não modificou significativamente o ganho de peso, desse
modo, não houve diferença significativa no ganho de peso dos animais com hipertensão
renovascular quando comparado aos animais normotensos. Além disso, não houve
interação estatística entre a dieta e a hipertensão (2R1C).
R E S U L T A D O S
37
Tabela 2 Peso corporal inicial, peso corporal final e ganho de peso dos ratos Wistar
normotensos (Sham) e hipertensos renais (2R1C), submetidos à dieta controle (Cont) ou
hipercolesterolêmica (Hiper) por 60 dias.
Grupos / Ratos Fisher Peso inicial (g) Peso final (g) Ganho de peso (g)
ShamCont (n=6) 142,7 ± 4,3 253,7 ± 46,7 117,2 ± 40,5
ShamHiper (n=5) 145,6 ± 7,3 251,2 ± 25,1 105,6 ± 24,4
2R1CCont (n=6) 152,2 ± 8,9 234,8 ± 37,2 110,2 ± 42,8
2R1CHiper (n=5) 147,6 ± 7,7 235,0 ± 32,5 95,6 ± 25,9
Valor de P
Dieta (controle x hiper)
ns ns ns
Cirurgia (sham x 2R1C)
ns ns ns
Interação (dieta x cirurgia)
ns ns ns
Valores expressos como média ± DPM; ANOVA two-way, ns = não significativo, p > 0,05.
R E S U L T A D O S
38
4.2 – Resultados do experimento II (Fisher)
4.2.1 Níveis séricos de colesterol em ratos Fisher submetidos à dieta controle ou
hipercolesterolêmica por 30 dias
Para avaliar o efeito da dieta hipercolesterolêmica em ratos Fisher, os níveis
séricos de colesterol foram dosados. Os animais que receberam a dieta
hipercolesterolêmica apresentaram níveis séricos de colesterol (98,3 ± 7,7 mg/dL; n=14)
significativamente maiores que os animais que receberam dieta controle (76,5 ± 5,0
mg/dL; n=12) (Figura 9).
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
Dieta controle Dieta hipercolesterolêmica
colesterol (mg/dL)
*
Figura 9 – Níveis séricos de colesterol (mg/dL) em ratos Fisher alimentados por 30 dias com dieta
controle (n=12) ou hipercolesterolêmica (n=14). Valores expressos como médias ± EPM. * p < 0,05
(teste t de Student).
R E S U L T A D O S
39
4.2.2 Níveis séricos de colesterol em ratos Fisher normotensos ou hipertensos
(2R1C), submetidos à dieta controle ou hipercolesterolêmica por 60 dias
Os níveis ricos de colesterol (mg/dL) foram avaliados em ratos Fisher que
completaram 60 dias em protocolo experimental (Figura 1, item 3.2), no qual, após 30
dias recebendo dieta controle ou hipercolesterolêmica, os animais foram submetidos a
cirurgia fictícia ou 2R1C de Goldblatt e continuaram a receber as respectivas dietas por
mais 30 dias.
Os animais que receberam a dieta hipercolesterolêmica apresentaram níveis séricos de
colesterol significativamente maiores (98,06 ± 28,59 mg/dL; n=7, ShamHiper e 100,11
± 25,47 mg/dL; n=7, 2R1CHiper) que os animais que receberam dieta controle (75,2 ±
23,1 mg/dL; n=5, ShamCont e 62,7 ± 12,7 mg/dL; n=7, 2R1CCont). No entanto, a
hipertensão 2R1C não modificou os níveis séricos de colesterol. Os animais com
hipertensão renovascular não apresentaram diferença significativa nos níveis de
colesterol (235 ± 32,5 g; n=5, 2R1CCont e 234,8 ± 37,2 g; n=7, 2R1CHiper) em
comparação com os animais normotensos (253,7 ± 46,7 g; n=6, ShamCont e 251,2 ±
25,1 g; n=5, ShamHiper) Além disso, não houve interação estatística entre a dieta e a
hipertensão 2R1C. Estes resultados estão apresentados na Figura 10.
R E S U L T A D O S
40
0
20
40
60
80
100
120
140
160
ShamCont 2R1CCont ShamHiper 2R1CHiper
colesterol (mg/dL)
Figura 10 – Níveis séricos de colesterol (mg/dL) em ratos Fisher normotensos (Sham) ou hipertensos
(2R1C), alimentados com dieta controle (ShamCont; n=5 e 2R1CCont; n=7) ou hipercolesterolêmica
(ShamHiper; n=7 e 2R1CHiper; n=7) por 60 dias. Valores expressos como média ± DPM. ANOVA two-
way, ns = não significativo, p> 0,05.
R E S U L T A D O S
41
4.2.3 Avaliação da pressão arterial em ratos Fisher com hipertensão renal tipo 2
rins 1 clip (2R1C)
A medida indireta de PAM, obtida por plestimografia de cauda, foi utilizada
para avaliar o desenvolvimento da hipertensão renal (2R1C de Goldblatt).
Os valores de pressão arterial média (PAM), obtidos por pletismografia de
cauda, um dia antes da cirurgia para produção da hipertensão renal (2R1C) ou cirurgia
fictícia (Sham) e 10, 20 e 30 dias após, estão apresentados na Tabela 3 e Figura 11.
Antes da cirurgia, nenhum dos grupos apresentou diferença significativa em
relação a PAM. Como esperado, a cirurgia 2R1C modificou significativamente a PAM
(mmHg), de modo que, os animais submetidos à cirurgia 2R1C apresentaram
aumento significativo da PAM (116,4 ± 14,1 mmHg, n=7, 2R1CCont e 125,7 ± 35,5
mmHg, n=7, 2R1CHiper) em relação aos animais sham (99,3 ± 13,0 mmHg, n=7,
ShamCont e 100 ± 5,8 mmHg, n=7, ShamHiper) 10 dias após a cirurgia.
De maneira semelhante, após 20 dias, os animais submetidos à cirurgia 2R1C
apresentaram aumento significativo da PAM (137,9 ± 34,4 mmHg, n=7, 2R1CCont e
140 ± 29,4 mmHg, n=7, 2R1CHiper) em relação aos animais sham (100 ± 10,8 mmHg,
n=7, ShamCont e 101,4 ± 11,1 mmHg, n=7, ShamHiper). E finalmente, após 30 dias os
animais submetidos à cirurgia 2R1C apresentaram aumento significativo da PAM
(154,3 ±26,8 mmHg, n=7, 2R1CCont e 140,7 ± 49,2 mmHg, n=7, 2R1CHiper) em
relação aos animais sham (98,6 ± 12,1 mmHg, n=7, ShamCont e 98,6 ± 16,3 mmHg,
n=7, ShamHiper).
A dieta hipercolesterolêmica por si só, no entanto, não modificou
significativamente a PAM (mmHg) quando comparado à dieta controle em nenhuma
das três medidas (10, 20 e 30 dias após a cirurgia).
R E S U L T A D O S
42
Tabela 3 Valores basais da PAM, obtidos por pletismografia, antes e após a cirurgia
para produção de hipertensão renal (2R1C) ou cirurgia fictícia (Sham) em ratos Fisher
submetidos à dieta controle (Cont) ou hipercolesterolêmica (Hiper) ao longo de 60 dias.
Grupos / Ratos
Fisher
PAM (mmHg)
1 dia antes da
cirurgia
PAM (mmHg)
10 dias após
cirurgia 2R1C
PAM (mmHg)
20 dias após
cirurgia 2R1C
PAM(mmHg)
30 dias após
cirurgia 2R1C
ShamCont (n=7) 107,9 ± 5,7 99,3 ± 13,0 100,0 ± 10,8 98,6 ± 12,1
ShamHiper (n=7) 95,7 ± 10,9 100,0 ± 5,8 101,4 ± 11,1 98,6 ± 16,3
2R1CCont (n=7) 98,6 ± 9,4 116,4 ± 14,1 137,9 ± 34,4 140,7 ± 49,2
2R1CHiper (n=7) 92,9 ± 5,7 125,7 ± 35,5 140,0 ± 29,4 154,3 ±26,8
Valor de P
Dieta
(Cont x Hiper)
ns ns ns ns
Cirurgia
(Sham x 2R1C)
ns <0,05 <0,05 <0,05
Interação
(dieta x cirurgia)
ns ns ns ns
Valores expressos como média ± DPM; ANOVA two-way, ns = não significativo, p > 0,05.
A figura 11 apresenta a evolução da PAM em ratos submetidos à cirurgia para
produção de hipertensão renal (2R1C) ou à cirurgia fictícia (Sham), alimentados com
dieta controle (Cont) ou hipercolesterolêmica (Hiper). Os valores analisados no gráfico
são referentes à Tabela 3. Os animais sham que receberam dieta controle (ShamCont)
apresentaram a PAM antes da cirurgia (107,9 ± 5,7 mmHg; n=7) e após 10 (100 ± 10,8
mmHg; n=7), 20 (99,3 ± 13 mmHg; n=7) e 30 dias (98,6 ± 12,1 mmHg; n=7)
estatisticamente semelhantes. Da mesma forma, os animais sham que receberam dieta
hipercolesterolêmica (ShamHiper) apresentaram a PAM antes da cirurgia (95,7 ± 10,9
mmHg; n=7) e após 10 (100 ± 5,8 mmHg; n=7), 20 (101,4 ± 11,1 mmHg; n=7) e 30
dias (98,6 ± 16,3 mmHg; n=7) estatisticamente semelhantes. O animais desses grupos
foram considerados normotensos.
Os animais 2R1C que receberam dieta controle (2R1CCont) apresentaram PAM
aos 10 (116,4 ± 14,1 mmHg; n=7) e aos 20 (137,9 ± 34,4 mmHg; n=7) após a cirurgia
estatisticamente semelhantes a PAM antes da cirurgia (98,6 ± 9,4 mmHg; n=7) e apenas
a PAM 30 dias após a cirurgia (143,6 ± 45,5 mmHg; n=7) foi significativamente maior
que antes. Os animais 2R1C que receberam dieta hipercolesterolêmica (2R1CHiper)
R E S U L T A D O S
43
apresentaram a PAM após 20 (140 ± 29,4 mmHg; n=7) e 30 dias (154,3 ± 26,8 mmHg;
n=7) significativamente maiores que antes da cirurgia (92,9 ± 5,7 mmHg; n=7).
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
ShamCont ShamHiper 2R1CCont 2R1CHiper
PAM (mmHg)
antes 10 dias 20 dias 30 dias
*
*
*
Figura 11 - Evolução da pressão arterial média (PAM) em ratos Fisher submetidos à cirurgia para
produção de hipertensão renal (2R1C) ou cirurgia fictícia (Sham), alimentados com dieta controle
(ShamCont, n=7; 2R1CCont, n=7) ou hipercolesterolêmica (ShamHiper, n=7; 2R1CHiper, n=7). Valores
obtidos por pletismografia um dia antes da cirurgia e 10, 20 e 30 dias após. * p < 0,05 em relação à PAM
antes da cirurgia 2R1C. ANOVA one-way.
R E S U L T A D O S
44
4.2.4 Avaliação do peso seco do coração, rim esquerdo e rim direito em relação
ao peso corporal (g/ 100 g do peso corporal)
Em animais submetidos ao modelo de hipertensão renal (2R1C), a avaliação do
peso dos rins é uma forma de confirmar a estenose da artéria renal (rim clipado) e a
hiperfunção compensatória do rim contralateral (rim não-clipado).
A Figura 12 mostra uma foto do rim esquerdo e do rim direito de um animal
normotenso (Sham) (A) e uma foto do rim esquerdo (clipado) e rim direito (não
clipado) de um animal com hipertensão renovascular (2R1C) (B).
A cirurgia 2R1C modificou significativamente o peso relativo do rim esquerdo
(clipado). Os animais com hipertensão renovascular apresentaram rim esquerdo
(clipado) estatisticamente menor (0,058 ± 0,01; n=7, 2R1CCont e 0,056 ± 0,011; n=7,
2R1CHiper) que os animais submetidos à cirurgia fictícia (0,069 ± 0,007; n=7,
ShamCont e 0,07 ± 0,008; n=7, ShamHiper). A dieta não modificou o peso relativo do
rim esquerdo (clipado), portanto, os animais submetidos à dieta controle não
apresentaram diferença significativa no rim esquerdo em relação aos animais
submetidos à dieta hipercolesterolêmica. Não houve interação entre a dieta e a cirurgia
para o peso relativo do rim esquerdo (Figura 13).
O rim direito (não clipado) dos animais com hipertensão renovascular foi
estatisticamente maior (0,082 ± 0,013; n=7, 2R1CCont e 0,074 ± 0,01; n=7,
2R1CHiper) que o rim direito (não clipado) dos animais normotensos (0,069 ± 0,005;
n=7, ShamCont e 0,07 ± 0,004; n=7, ShamHiper). A dieta não alterou o peso relativo do
rim direito (não clipado). Não houve interação estatística entre a dieta e a hipertensão
(Figura 13).
Os animais com hipertensão 2R1C obtiveram valores maiores de peso relativo
do coração (0,082 ± 0,007; n=7, 2R1CCont e 0,078 ± 0,005; n=7, 2R1CHiper) que os
animais normotensos (0,063 ± 0,003; n=7, ShamCont e 0,064 ± 0,007; n=7,
ShamHiper). A dieta o modificou o peso relativo do coração. Não houve interação
estatística entre a dieta e a hipertensão 2R1C (Figura 14).
R E S U L T A D O S
45
Figura 12 (A) Rim esquerdo (E) e rim direito (D) de um animal normotenso (Sham). (B) Rim E
(clipado) e rim D (não clipado) de um animal com hipertensão renovascular (2R1C).
0,0000
0,0200
0,0400
0,0600
0,0800
0,1000
0,1200
ShamCont ShamHiper 2R1CCcont 2R1CHiper
peso relativo
RIM D
RIM E
Figura 13 – Peso seco relativo de rim esquerdo (E – clipado) e rim direito (D – não clipado) em ratos
Fisher normotensos (sham) ou hipertensos (2R1C), submetidos à dieta controle (ShamCont, n=7 e
2R1CCont, n=7) ou hipercolesterolêmica (ShamHiper, n=7 e 2R1CHiper, n=7). Valores expressos como
média ± DPM. ANOVA two-way, ns = não significativo, p> 0,05.
(A)
D
E
(B)
D
E
R E S U L T A D O S
46
0,000
0,010
0,020
0,030
0,040
0,050
0,060
0,070
0,080
0,090
0,100
ShamCont ShamHiper 2R1CCcont 2R1CHiper
peso relativo
Figura 14 - Peso seco relativo do coração de ratos Fisher normotensos (sham) e hipertensos (2R1C),
submetidos à dieta controle (ShamCont, n=7 e 2R1CCont, n=7) ou hipercolesterolêmica (ShamHiper, n=7
e 2R1CHiper, n=7). Valores expressos como média ± DPM. ANOVA two-way, ns = não significativo, p>
0,05.
R E S U L T A D O S
47
4.2.5 Avaliação dos Parâmetros Cardiovasculares em ratos Fisher normotensos
ou hipertensos (2R1C), submetidos à dieta hipercolesterolêmica
4.2.5.1 Níveis basais de Pressão Arterial Média (PAM) e Freqüência Cardíaca
(FC)
Os níveis basais de PAM (mmHg) e FC (bpm), obtidos por método direto, estão
representados na Figura 15 e na Figura 16, respectivamente. Como esperado, os animais
submetidos à cirurgia 2R1C apresentaram PAM basal maior (142,2 ± 9,7 mmHg; n=7,
2R1CCont e 143,8 ± 12 mmHg; n=7, 2R1CHiper) que os animais submetidos à cirurgia
fictícia (101,4 ± 10,5 mmHg; n=7, ShamCont e 99,5 ± 11,1 mmHg; n=7, ShamHiper).
Entretanto, os animais que receberam dieta hipercolesterolêmica não apresentaram
PAM significativamente diferente (99,5 ± 11,1 mmHg; n=7, ShamHiper e 143,8 ± 12
mmHg; n=7, 2R1CHiper) da PAM dos animais que receberam dieta controle (101,4 ±
10,5 mmHg; n=7, ShamCont e 142,2 ± 9,7 mmHg; n=7, 2R1CCont).
Diferente da pletismografia, esta é uma medida direta de PAM e é obtida em
ratos anestesiados com uretana. Porém, não houve diferença estatística (p > 0,05, test t
de Student pareado) entre a medida direta (transdutor) e indireta (pletismografia) em
nenhum dos grupos (ShamCont, ShamHiper, 2R1CCont e 2R1CHiper).
Em relação à FC basal, os grupos submetidos à cirurgia 2R1C apresentaram FC
basal maior (449,4 ± 39 bpm; n=7, 2R1CCont e 464,0 ± 29,8 bpm; n=7, 2R1CHiper)
que os grupos submetidos à cirurgia fictícia (401,7 ± 35,8 bpm; n=7, ShamCont e 378,1
± 32,6 bpm; n=7, ShamHiper). A dieta não modificou a FC basal significativamente. Os
animais que receberam dieta hipercolesterolêmica apresentaram FC basal
estatisticamente semelhante (378,1 ± 32,6 bpm; n=7, ShamHiper e 464,0 ± 29,8 bpm;
n=7, 2R1CHiper) aos animais que receberam dieta controle (401,7 ± 35,8 bpm; n=7,
ShamCont e 449,4 ± 39 bpm; n=7, 2R1CCont) e não houve interação estatística entre a
dieta e a hipertensão 2R1C.
R E S U L T A D O S
48
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
ShamCont ShamHiper 2R1CCont 2R1CHiper
PAM (mmHg)
Figura 15 – Pressão Arterial Média basal (mmHg) em ratos Fisher normotensos ou hipertensos (2R1C),
submetidos à dieta controle (ShamCont; n=7 e 2R1CCont; n=7) ou hipercolesterolêmica (ShamHiper;
n=7 e 2R1CHiper; n=7). Valores expressos como média ± DPM. ANOVA two-way, ns = não
significativo, p > 0,05.
R E S U L T A D O S
49
0
100
200
300
400
500
600
ShamCont ShamHiper 2R1CCont 2R1CHiper
FC (bpm)
Figura 16 – FC basal (bpm) de ratos Fisher normotensos ou hipertensos (2R1C), submetidos à dieta
controle (ShamCont; n=7 e 2R1CCont; n=7) ou hipercolesterolêmica (ShamHiper; n=7 e 2R1CHiper;
n=7). Valores expressos como médias ± DPM. ANOVA two-way, ns = não significativo, p > 0,05.
R E S U L T A D O S
50
4.2.5.2 – Avaliação da Bradicardia Reflexa
Para determinação da sensibilidade do Barorreflexo, os componentes
Bradicárdicos e Taquicárdicos foram avaliados por regressão linear. Na avaliação da
Bradicardia Reflexa, a reta de melhor ajuste obtida por regressão linear é apresentada no
quadro A das figuras 18, 19, 20 e 21. O quadro B das figuras mostra o slope (coeficiente
de regressão), que representa a sensibilidade do barorreflexo.
A figura 17 é parte de um registro gerado pelo software Chart for Windows
que reproduz as variações de PAM e FC utilizadas na análise.
Figura 17 – Registro típico mostrando o efeito da infusão endovenosa de uma dose de fenilefrina em rato
normotenso (Sham) (A) e em rato com hipertensão renovascular (2R1C) (B). PAP (pressão arterial
pulsátil), FC (freqüência cardíaca) e PAM (pressão arterial média).
Como esperado, os animais 2R1C submetidos à dieta controle apresentaram
coeficiente de regressão (slope) estatisticamente menor (-0,4811 ± 0,07362; n=6,
2R1CCont) que os animais sham submetidos à dieta controle (-0,9729 ± 0,1257; n=7,
ShamCont) (Figura 18 B). De maneira semelhante, os animais 2R1C que receberam
dieta hipercolesterolêmica apresentaram o coeficiente de regressão linear (slope)
significativamente menor (-0,5366 ± 0,09766; n=6, 2R1CHiper) que os animais sham
que receberam dieta hipercolesterolêmica (-1,318 ± 0,2173; n=6, ShamHiper) (Figura 19
B). Ou seja, os animais 2R1C apresentaram sensibilidade bradicárdica menor que os
animais sham.
(A)
PAP
FC
PAM
(B)
PAP
FC
PAM
R E S U L T A D O S
51
Bradicardia Reflexa
10 20 30 40
-50
-40
-30
-20
-10
0
ShamCont, r
2
= 0,9677
2R1CCont, r
2
= 0,9553
PAM (mmHg)
FC
(
bpm
)
A
B
Bradicardia Reflexa
10 20 30 40
-50
-40
-30
-20
-10
0
ShamCont, r
2
= 0,9677
2R1CCont, r
2
= 0,9553
PAM (mmHg)
FC
(
bpm
)
ShamCont 2R1CCont
-1.25
-1.00
-0.75
-0.50
-0.25
*
Slope
(
bpm/mmHg
)
ShamCont 2R1CCont
-1.25
-1.00
-0.75
-0.50
-0.25
*
Bradicardia Reflexa
10 20 30 40
-50
-40
-30
-20
-10
0
ShamCont, r
2
= 0,9677
2R1CCont, r
2
= 0,9553
PAM (mmHg)
FC
(
bpm
)
A
B
Bradicardia Reflexa
10 20 30 40
-50
-40
-30
-20
-10
0
ShamCont, r
2
= 0,9677
2R1CCont, r
2
= 0,9553
PAM (mmHg)
FC
(
bpm
)
ShamCont 2R1CCont
-1.25
-1.00
-0.75
-0.50
-0.25
*
Slope
(
bpm/mmHg
)
ShamCont 2R1CCont
-1.25
-1.00
-0.75
-0.50
-0.25
*
Figura 18 – Alterações reflexas da Freqüência Cardíaca (FC) (bpm) produzidas por alterações da Pressão
Arterial Média (PAM) provocadas por doses crescentes de fenilefrina em animais dos grupos ShamCont
(n=7) e 2R1CCont (n=6). As linhas representam a reta de melhor ajuste obtida por regressão linear; r
2
=
coeficiente de correlação (A). As barras (média ± EPM) representam o coeficiente de regressão (slope)
obtido pela análise da regressão linear (B). Teste t de Student, * p < 0,05.
R E S U L T A D O S
52
Bradicardia Reflexa
10 20 30 40 50
-
60
-
50
-
40
-
30
-
20
-
10
0
10
ShamHiper, r
2
=0,9485
2R1CHiper, r
2
= 0,9379
PAM (mmHg)
FC (bpm
)
A
10 20 30 40 50
-
60
-
50
-
40
-
30
-
20
-
10
0
10
ShamHiper, r
2
=0,9485
2R1CHiper, r
2
= 0,9379
FC (bpm
)
ShamHiper 2R1CHiper
-1.75
-1.50
-1.25
-1.00
-0.75
-0.50
-0.25
*
Slope
(bpm/mmHg)
ShamHiper 2R1CHiper
-1.75
-1.50
-1.25
-1.00
-0.75
-0.50
-0.25
*
bpm/mmHg)
B
Bradicardia Reflexa
Figura 19 – Alterações reflexas da Freqüência Cardíaca (FC) (bpm) produzidas por alterações da Pressão
Arterial Média (PAM) provocadas por doses crescentes de fenilefrina em animais dos grupos ShamHiper
(n=6) e 2R1CHiper (n=6). As linhas representam a reta de melhor ajuste obtida por regressão linear; r
2
=
coeficiente de correlação (A). As barras (média ± EPM) representam o coeficiente de regressão (slope)
obtido pela análise da regressão linear (B). Teste t de Student, * p < 0,05.
R E S U L T A D O S
53
O slope dos animais sham submetidos à dieta hipercolesterolêmica o
apresentou diferença estatística (-1,318 ± 0,273; n=6, ShamHiper) quando comparado ao
slope dos animais sham submetidos à dieta controle (-0,9729 ± 0,1257; n=7, ShamCont)
(Figura 20 B). Os animais 2R1C submetidos à dieta hipercolesterolêmica também não
apresentaram diferença significativa (-0,5366 ± 0,09766; n=6, 2R1CHiper) em relação
ao slope dos animais 2R1C submetidos à dieta controle (-0,4811 ± 0,07362; n=6,
2R1CCont) (Figura 21 B). Ou seja, os animais hipercolesterolêmicos não apresentaram
sensibilidade bradicárdica diferente dos animais normocolesterolêmicos.
R E S U L T A D O S
54
Bradicardia Reflexa
10 20 30 40
-75
-50
-25
0
ShamCont, r
2
= 0,9677
ShamHiper, r
2
= 0,9485
PAM (mmHg)
FC (
bpm
)
A
B
10 20 30 40
-75
-50
-25
0
ShamCont, r = 0,9677
ShamHiper, r
2
= 0,9485
Bradicardia Reflexa
10 20 30 40
-75
-50
-25
0
ShamCont, r
2
= 0,9677
ShamHiper, r
2
= 0,9485
PAM (mmHg)
FC (
bpm
)
A
B
10 20 30 40
-75
-50
-25
0
ShamCont, r = 0,9677
ShamHiper, r
2
= 0,9485
ShamCont ShamHiper
-2
-1
0
(
bpm/mmHg
)
ShamCont ShamHiper
-2
-1
0
Slope
ShamCont ShamHiper
-2
-1
0
(
)
ShamCont ShamHiper
-2
-1
0
Figura 20 – Alterações reflexas da Freqüência Cardíaca (FC) (bpm) produzidas por alterações da Pressão
Arterial Média (PAM) provocadas por doses crescentes de fenilefrina em animais dos grupos ShamCont
(n=7) e ShamHiper (n=6). As linhas representam a reta de melhor ajuste obtida por regressão linear; r
2
=
coeficiente de correlação (A). As barras (média ± EPM) representam o coeficiente de regressão (slope)
obtido pela análise da regressão linear (B). Teste t de Student, p> 0,05.
R E S U L T A D O S
55
10 20 30 40 50
-30
-20
-10
0
2R1CCont, r
2
= 0,9553
2R1CHiper, r
2
= 0,9379
Bradicardia Reflexa
PAM (mmHg)
FC (bpm)
B
10 20 30 40 50
-30
-20
-10
0
2R1CCont, r = 0,9553
2R1CHiper, r = 0,9379
FC (bpm)
A
10 20 30 40 50
-30
-20
-10
0
2R1CCont, r
2
= 0,9553
2R1CHiper, r
2
= 0,9379
Bradicardia Reflexa
PAM (mmHg)
FC (bpm)
10 20 30 40 50
-30
-20
-10
0
2R1CCont, r = 0,9553
2R1CHiper, r = 0,9379
FC (bpm)
A
2R1CCont 2R1CHiper
- 0.6
- 0.5
- 0.4
Slope
(
bpm/mmHg
)
2R1CCont 2R1CHiper
- 0.6
- 0.5
- 0.4
(
-- 0.7
2R1CCont 2R1CHiper
- 0.6
- 0.5
- 0.4
(
2R1CCont 2R1CHiper
- 0.6
- 0.5
- 0.4
-- 0.7
10 20 30 40 50
-30
-20
-10
0
2R1CCont, r
2
= 0,9553
2R1CHiper, r
2
= 0,9379
Bradicardia Reflexa
PAM (mmHg)
FC (bpm)
B
10 20 30 40 50
-30
-20
-10
0
2R1CCont, r = 0,9553
2R1CHiper, r = 0,9379
FC (bpm)
A
10 20 30 40 50
-30
-20
-10
0
2R1CCont, r
2
= 0,9553
2R1CHiper, r
2
= 0,9379
Bradicardia Reflexa
PAM (mmHg)
FC (bpm)
10 20 30 40 50
-30
-20
-10
0
2R1CCont, r = 0,9553
2R1CHiper, r = 0,9379
FC (bpm)
A
2R1CCont 2R1CHiper
- 0.6
- 0.5
- 0.4
Slope
(
bpm/mmHg
)
2R1CCont 2R1CHiper
- 0.6
- 0.5
- 0.4
(
-- 0.7
2R1CCont 2R1CHiper
- 0.6
- 0.5
- 0.4
(
2R1CCont 2R1CHiper
- 0.6
- 0.5
- 0.4
-- 0.7
Figura 21 – Alterações reflexas da Freqüência Cardíaca (FC) (bpm) produzidas por alterações da Pressão
Arterial Média (PAM) provocadas por doses crescentes de fenilefrina em animais dos grupos 2R1CCont
(n=6) e 2R1CHiper (n=6). As linhas representam a reta de melhor ajuste obtida por regressão linear; r
2
=
coeficiente de correlação (A). As barras (média ± EPM) representam o coeficiente de regressão (slope)
obtido pela análise da regressão linear (B). Teste t de Student, p> 0,05.
R E S U L T A D O S
56
4.2.5.3 – Avaliação da Taquicardia Reflexa
Na avaliação da Taquicardia Reflexa, a reta de melhor ajuste obtida por
regressão linear é apresentada no quadro A das figuras 23, 24, 25 e 26. O quadro B das
figuras mostra o slope, que representa a sensibilidade do barorreflexo.
A figura 22 é parte de um registro gerado pelo software Chart for Windows
que reproduz as variações de PAM e FC utilizadas na análise.
Figura 22 – Registro típico mostrando o efeito da infusão endovenosa de uma dose de nitroprussiato de
sódio em rato normotenso (Sham) (A) e em rato com hipertensão renovascular (2R1C) (B). PAP (pressão
arterial pulsátil), FC (freqüência cardíaca) e PAM (pressão arterial média).
O coeficiente de regressão (slope) dos animais 2R1C submetidos à dieta controle
não apresenta diferença significativa (-0,4175 ± 0,08182; n=6, 2R1CCont) em relação
aos animais sham submetidos à dieta controle (-0,4752 ± 0,0547; n=7, ShamCont)
(Figura 23 B). Da mesma forma, os animais 2R1C submetidos à dieta
hipercolesterolêmica apresentaram o slope estatisticamente semelhante (-0,5145 ±
0,0533; n=6, 2R1CHiper) aos animais sham submetidos à dieta hipercolesterolêmica
(-0,4987 ± 0,1654; n=6, ShamHiper) (Figura 24 B). Portanto, na avaliação da
Taquicardia Reflexa realizada neste experimento, não foram encontradas diferenças
significativas entre os animais com hipertensão renovascular e os animais normotensos.
(A)
PAP
FC
PAM
(B)
PAP
FC
PAM
R E S U L T A D O S
57
Taquicardia Reflexa
-50-40-30-20-100
0
5
10
15
20
25
30
35
ShamCont, r
2
= 0,9742
2R1CCont, r
2
= 0,9287
PAM (mmHg)
FC (
bpm
)
B
A
Taquicardia Reflexa
-50-40-30-20-100
0
5
10
15
20
25
30
35
ShamCont, r
2
= 0,9742
2R1CCont, r
2
= 0,9287
PAM (mmHg)
FC (
ShamCont 2R1CCont
-0.75
-0.50
-0.25
0.00
slope
(
bpm/mmHg
)
ShamCont 2R1CCont
-0.75
-0.50
-0.25
0.00
A
Taquicardia Reflexa
-50-40-30-20-100
0
5
10
15
20
25
30
35
ShamCont, r
2
= 0,9742
2R1CCont, r
2
= 0,9287
PAM (mmHg)
FC (
bpm
)
B
A
Taquicardia Reflexa
-50-40-30-20-100
0
5
10
15
20
25
30
35
ShamCont, r
2
= 0,9742
2R1CCont, r
2
= 0,9287
PAM (mmHg)
FC (
ShamCont 2R1CCont
-0.75
-0.50
-0.25
0.00
slope
(
bpm/mmHg
)
ShamCont 2R1CCont
-0.75
-0.50
-0.25
0.00
A
Figura 23 – Alterações reflexas da Freqüência Cardíaca (FC) (bpm) produzidas por alterações da Pressão
Arterial Média (PAM) provocadas por doses crescentes de nitroprussiato de sódio em animais dos grupos
ShamCont (n=7) e 2R1CCont (n=6). As linhas representam a reta de melhor ajuste obtida por regressão
linear; r
2
= coeficiente de correlação (A). As barras (média ± EPM) representam o coeficiente de
regressão (slope) obtido pela análise da regressão linear (B). Teste t de Student, p > 0,05.
R E S U L T A D O S
58
Taquicardia Reflexa
-40-30-20-100
0
5
10
15
20
25
30
35
ShamHiper, r
2
= 0,8196
2R1CHiper, r
2
= 0,970
PAM (mmHg)
FC (
A
B
Taquicardia Reflexa
-40-30-20-100
0
5
10
15
20
25
30
35
ShamHiper, r
2
= 0,8196
2R1CHiper, r
2
= 0,970
PAM (mmHg)
bpm
)
ShamHiper 2R1CHiper
-0.6
-0.5
-0.4
-0.3
slope (
bpm/mmHg
)
ShamHiper 2R1CHiper
-0.6
-0.5
-0.4
-0.3
slope (
bpm/mmHg
A
-0.7
Taquicardia Reflexa
-40-30-20-100
0
5
10
15
20
25
30
35
ShamHiper, r
2
= 0,8196
2R1CHiper, r
2
= 0,970
PAM (mmHg)
FC (
A
B
Taquicardia Reflexa
-40-30-20-100
0
5
10
15
20
25
30
35
ShamHiper, r
2
= 0,8196
2R1CHiper, r
2
= 0,970
PAM (mmHg)
bpm
)
ShamHiper 2R1CHiper
-0.6
-0.5
-0.4
-0.3
slope (
bpm/mmHg
)
ShamHiper 2R1CHiper
-0.6
-0.5
-0.4
-0.3
slope (
bpm/mmHg
A
-0.7
Figura 24 – Alterações reflexas da Freqüência Cardíaca (FC) (bpm) produzidas por alterações da Pressão
Arterial Média (PAM) provocadas por doses crescentes de nitroprussiato de sódio em animais dos grupos
ShamHiper (n=6) e 2R1CHiper (n=6). As linhas representam a reta de melhor ajuste obtida por regressão
linear; r
2
= coeficiente de correlação (A). As barras (média ± EPM) representam o coeficiente de
regressão (slope) obtido pela análise da regressão linear (B). Teste t de Student, p > 0,05.
R E S U L T A D O S
59
O coeficiente de regressão (slope) dos animais sham submetidos à dieta
hipercolesterolêmica não apresentou diferença estatística (-0,4987 ± 0,1654; n=6,
ShamHiper) quando comparado aos animais sham submetidos à dieta controle (-0,4752
± 0,0547; n=7, ShamCont) (Figura 25 B) . Os animais 2R1C submetidos à dieta
hipercolesterolêmica (-0,5145 ± 0,0533; n=6, 2R1CHiper) e os animais 2R1C
submetidos à dieta controle (-0,4175 ± 0,08182; n=6, 2R1CCont) também não
apresentaram diferença significativa em relação ao coeficiente de regressão (slope)
(Figura 26 B). Dessa forma, não foram encontradas diferenças significativas entre os
animais que receberam dieta controle e aqueles que receberam dieta
hipercolesterolêmica, quando avaliada a Taquicardia Reflexa no presente estudo.
R E S U L T A D O S
60
Taquicardia Reflexa
-50-40-30-20-100
0
5
10
15
20
25
30
35
ShamCont, r
2
= 0,9742
ShamHiper, r
2
= 0,8196
PAM (mmHg)
FC (
bpm)
A
B
Taquicardia Reflexa
-50-40-30-20-100
0
5
10
15
20
25
30
35
ShamCont, r
2
= 0,9742
ShamHiper, r
2
= 0,8196
PAM (mmHg)
FC (
bpm)
ShamCont ShamHiper
-0.75
-0.50
-0.25
0.00
slope
(
bpm/mmHg )
ShamCont ShamHiper
-0.75
-0.50
-0.25
0.00
A
Taquicardia Reflexa
-50-40-30-20-100
0
5
10
15
20
25
30
35
ShamCont, r
2
= 0,9742
ShamHiper, r
2
= 0,8196
PAM (mmHg)
FC (
bpm)
A
B
Taquicardia Reflexa
-50-40-30-20-100
0
5
10
15
20
25
30
35
ShamCont, r
2
= 0,9742
ShamHiper, r
2
= 0,8196
PAM (mmHg)
FC (
bpm)
ShamCont ShamHiper
-0.75
-0.50
-0.25
0.00
slope
(
bpm/mmHg )
ShamCont ShamHiper
-0.75
-0.50
-0.25
0.00
A
Figura 25 – Alterações reflexas da Freqüência Cardíaca (FC) (bpm) produzidas por alterações da Pressão
Arterial Média (PAM) provocadas por doses crescentes de nitroprussiato de sódio em animais dos grupos
ShamCont (n=7) e ShamHiper (n=6). As linhas representam a reta de melhor ajuste obtida por regressão
linear; r
2
= coeficiente de correlação (A). As barras (média ± EPM) representam o coeficiente de
regressão (slope) obtido pela análise da regressão linear (B). Teste t de Student, p> 0,05.
R E S U L T A D O S
61
2R1CCont 2R1CHiper
-0.6
-0.5
-0.4
-0.3
slope (
bpm/mmHg )
2R1CCont 2R1CHiper
-0.6
-0.5
-0.4
-0.3
slope (
bpm/mmHg )
Taquicardia Reflexa
-40-30-20-100
0
10
20
30
2R1CCont, r
2
= 0,9287
2R1CHiper, r
2
= 0,970
PAM (mmHg)
FC (
bpm
)
A
Taquicardia Reflexa
-40-30-20-100
0
10
20
30
2R1CCont, r
2
= 0,9287
2R1CHiper, r
2
= 0,970
PAM (mmHg)
FC (
bpm
)
A
B
2R1CCont 2R1CHiper
-0.6
-0.5
-0.4
-0.3
slope (
bpm/mmHg )
2R1CCont 2R1CHiper
-0.6
-0.5
-0.4
-0.3
slope (
bpm/mmHg )
Taquicardia Reflexa
-40-30-20-100
0
10
20
30
2R1CCont, r
2
= 0,9287
2R1CHiper, r
2
= 0,970
PAM (mmHg)
FC (
bpm
)
A
Taquicardia Reflexa
-40-30-20-100
0
10
20
30
2R1CCont, r
2
= 0,9287
2R1CHiper, r
2
= 0,970
PAM (mmHg)
FC (
bpm
)
A
B
Figura 26 – Alterações reflexas da Freqüência Cardíaca (FC) (bpm) produzidas por alterações da Pressão
Arteriais Média (PAM) provocadas por doses crescentes de nitroprussiato de sódio em animais dos
grupos 2R1CCont (n=6) e 2R1CHiper (n=6). As linhas representam a reta de melhor ajuste obtida por
regressão linear; r
2
= coeficiente de correlação (A). As barras (média ± EPM) representam o coeficiente
de regressão (slope) obtido pela análise da regressão linear (B). Teste t de Student, p > 0,05.
R E S U L T A D O S
62
4.2.6 Avaliação do peso corporal e peso do fígado em ratos Fisher normotensos e
hipertensos (2R1C), submetidos à dieta controle ou hipercolesterolêmica
No início do experimento, o peso dos animais dos diferentes grupos não
apresentou diferença significativa (Tabela 4).
A dieta não modificou o peso corporal final, de modo que, os animais que
receberam dieta hipercolesterolêmica apresentaram peso corporal final estatisticamente
semelhante (270,9 ± 70,3 g; n=7, ShamHiper e 265 ± 82,2 g; n=7, 2R1CHiper) aos
animais que receberam dieta controle (298 ± 42,4 g; n=7, ShamCont e 226,4 ± 54,5 g;
n=7, 2R1CCont). A hipertensão 2R1C não modificou significativamente o peso
corporal final, desse modo, não houve diferença significativa no peso final dos animais
com hipertensão renovascular (226,4 ± 54,5 g; n=7, 2R1CCont e 265 ± 82,2 g; n=7,
2R1CHiper) quando comparado aos animais normotensos (298 ± 42,4 g; n=7,
ShamCont e 270,9 ± 70,3 g; n=7, ShamHiper). Além disso, não houve interação
estatística entre a dieta e a hipertensão (Tabela 4).
A dieta não modificou o ganho de peso, de modo que, os animais que receberam
dieta hipercolesterolêmica apresentaram ganho de peso estatisticamente semelhante
(139,6 ± 43,6 g; n=7, ShamHiper e 139,7 ± 60,4 g; n=7, 2R1CHiper) aos animais que
receberam dieta controle (165,3 ± 23,9 g; n=7, ShamCont e 114,7 ± 36,4 g; n=7,
2R1CCont). Não houve diferença significativa no ganho de peso dos animais com
hipertensão renovascular (114,7 ± 36,4 g; n=7, 2R1CCont e 139,7 ± 60,4 g; n=7,
2R1CHiper) quando comparado aos animais normotensos (165,3 ± 23,9 g; n=7,
ShamCont e 139,6 ± 43,6 g; n=7, ShamHiper) e não houve interação estatística entre a
dieta e a hipertensão (Tabela 4).
R E S U L T A D O S
63
Tabela 4 Peso corporal inicial, peso corporal final e ganho de peso dos ratos Fisher
com hipertensão renal (2R1C) ou normotensos (Sham), alimentados com uma dieta
controle (ShamCont e 2R1CCont) ou hipercolesterolêmica (ShamHiper e 2R1CHiper).
Grupos / Ratos Fisher Peso inicial (g) Peso final (g) Ganho de peso
final (g)
ShamCont (n=7) 133,4 ± 26,5 298,0 ± 42,4 165,3 ± 23,9
ShamHiper (n=7) 128,3 ± 27,5 270,9 ± 70,3 139,6 ± 43,6
2R1CCont (n=7) 111,7 ± 26,5 226,4 ± 54,5 114,7 ± 36,4
2R1CHiper (n=7) 125,3 ± 24,7 265,0 ± 82,2 139,7 ± 60,4
Valor de P
Dieta (controle x hiper)
ns ns ns
Cirurgia (sham x 2R1C)
ns ns ns
Interação (dieta x cirurgia)
ns ns ns
Valores expressos como média ± DPM. ANOVA two-way, ns = não significativo, p > 0,05.
O peso do fígado foi avaliado em relação ao peso corporal (g/100g do peso
corporal) e o resultado foi apresentado na Figura 28. A dieta modificou o peso relativo
do gado, de modo que, os animais que receberam dieta hipercolesterolêmica
apresentaram um aumento no peso relativo do fígado (1,85 ± 0,17; n=7, ShamHiper e
1,94 ± 0,26; n=7, 2R1CHiper) quando comparado aos grupos que receberam dieta
controle (0,81 ± 0,08; n=7, ShamCont e 0,89 ± 0,11; n=7, 2R1CCont). Foi observada
também uma diferença na coloração do fígado dos animais que receberam dieta
hipercolesterolêmica, denotando um aspecto estetótico, como pode ser observado na
Figura 27. Não houve diferença significativa no peso relativo do fígado dos animais
com hipertensão renovascular (0,89 ± 0,11; n=7, 2R1CCont e 1,94 ± 0,26; n=7,
2R1CHiper) quando comparado aos animais normotensos (0,81 ± 0,08; n=7, ShamCont
e 1,85 ± 0,17; n=7, ShamHiper). Além disso, não houve interação estatística entre a
dieta e a hipertensão 2R1C.
R E S U L T A D O S
64
Figura 27 – Foto ilustrativa de (A) Fígado de animal alimentado com dieta controle; (B) Fígado de
animal alimentado com dieta hipercolesterolêmica.
0
0,25
0,5
0,75
1
1,25
1,5
1,75
2
2,25
2,5
2,75
3
ShamCont 2R1CCcont ShamHiper 2R1CHiper
peso relativo
Figura 28 - Peso seco relativo de fígado de ratos Fisher normotensos (Sham) e hipertensos (2R1C)
submetidos à dieta controle (ShamCont, n=7 e 2R1CCont, n=7) ou hipercolesterolêmica (ShamHiper, n=7
e 2R1CHiper, n=7). Valores expressos como média ± DPM. ANOVA two-way, ns = não significativo, p>
0,05.
A
B
R E S U L T A D O S
65
4.3 – Resultados do experimento III (Fisher)
4.3.1 Níveis séricos de colesterol em ratos Fisher submetidos à dieta controle,
hipercolesterolêmica ou hipercolesterolêmica com 0,3% de DS (deoxicolato de
sódio) por 30 dias
Para avaliar o efeito da dieta hipercolesterolêmica com DS em ratos Fisher, os
níveis séricos de colesterol foram dosados e comparados com os níveis obtidos em
animais submetidos à dieta hipercolesterolêmica sem DS. Os animais que receberam
dieta hipercolesterolêmica com 0,3% de DS apresentaram níveis séricos de colesterol
(138,1 ± 11,97 mg/dL, n=9) estatisticamente semelhantes aos animais que receberam
dieta hipercolesterolêmica sem DS (114,7 ± 10,79 mg/dL, n=7) (Figura 29).
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
Dieta Hipercolesterolêmica Dieta Hipercolesterolêmica com
DS
colesterol (mg/dL)
Figura 29 – Níveis séricos de colesterol (mg/dL) em ratos Fisher que receberam dieta
hipercolesterolêmica (n=7) ou hipercolesterolêmica com DS (deoxicolato de sódio) (n=9) por 30 dias.
Valores expressos como média ± EPM. Teste t de Student, p> 0,05.
R E S U L T A D O S
66
4.3.2 – Níveis séricos de colesterol em ratos Fisher normotensos (Sham) submetidos
à dieta hipercolesterolêmica ou hipercolesterolêmica com 0,3% de DS por 60 dias
Os níveis ricos de colesterol (mg/dL) foram avaliados em ratos Fisher que
completaram 60 dias em protocolo experimental, no qual, após 30 dias recebendo dieta
hipercolesterolêmica com DS ou hipercolesterolêmica, os animais foram submetidos a
cirurgia fictícia e continuaram a receber as respectivas dietas por mais 30 dias.
Os animais que receberam a dieta hipercolesterolêmica com DS (ShamHiperDS)
apresentaram níveis séricos de colesterol (99,3 ± 8,2 mg/dL, n=7) estatisticamente
semelhantes aos animais que receberam dieta hipercolesterolêmica sem DS
(ShamHiper) (98,1 ± 10,8 mg/dL, n=7). Esse resultado está apresentado na Figura 30.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
ShamHiper ShamHiperDS
colesterol (mg/dL)
Figura 30 – Níveis séricos de colesterol (mg/dL) em ratos Fisher submetidos à cirurgia fictícia (Sham),
alimentados com dieta hipercolesterolêmica (ShamHiper, n=7) ou hipercolesterolêmica com DS
(ShamHiperDS, n=7) por 60 dias. Valores expressos como média ± EPM. Teste t de Student, p > 0,05.
R E S U L T A D O S
67
4.3.3 Avaliação de Parâmetros Cardiovasculares em ratos Fisher normotensos
(Sham) submetidos à dieta hipercolesterolêmica ou hipercolesterolêmica com DS
4.3.3.1 Níveis basais de Pressão arterial média (PAM) e Freqüência Cardíaca
(FC)
Os níveis basais de PAM e FC estão representados na Figura 39 e na Figura 40
respectivamente. Os animais que receberam dieta hipercolesterolêmica com DS
apresentaram PAM basal estatisticamente semelhante (96,4 ± 3,1 mmHg; n=6,
ShamHiperDS) aos animais que receberam dieta hipercolesterolêmica sem DS (99,5 ±
4,2 mmHg; n=7, ShamHiper).
Em relação à FC basal, os animais que receberam dieta hipercolesterolêmica
com DS apresentaram FC basal estatisticamente semelhante (378,1 ± 12,3 bpm; n=6,
ShamHiperDS) aos animais que receberam dieta hipercolesterolêmica sem DS (415,4 ±
17,9 bpm; n=7, ShamHiper).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
ShamHiper ShamHiperDS
PAM (mmHg)
Figura 31 – Pressão Arterial Média (PAM) (mmHg) em ratos Fisher submetidos à cirurgia fictícia
(Sham), alimentados com dieta hipercolesterolêmica (ShamHiper, n=7) ou hipercolesterolêmica com DS
(ShamHiperDS, n=6) por 60 dias. Valores expressos como média ± EPM. Teste t de Student, p > 0,05.
R E S U L T A D O S
68
0
100
200
300
400
500
ShamHiper ShamHiperDS
FC (bpm)
Figura 32 – Freqüência Cardíaca (FC) (bpm) em ratos Fisher submetidos cirurgia à fictícia (Sham),
alimentados com dieta hipercolesterolêmica (ShamHiper, n=7) ou hipercolesterolêmica com DS
(ShamHiperDS, n=6) por 60 dias. Valores expressos como média ± EPM. Teste t de Student, p > 0,05.
R E S U L T A D O S
69
4.3.4.2 – Avaliação da Bradicardia Reflexa
Para determinação da sensibilidade do Barorreflexo, os componentes
Bradicárdicos e Taquicárdicos foram avaliados por regressão linear. Na avaliação da
Bradicardia Reflexa, a reta de melhor ajuste obtida por regressão linear é apresentada no
quadro A da Figura 33. O quadro B das figuras mostra o slope, que representa a
sensibilidade do barorreflexo.
O registro típico que mostra o efeito da infusão endovenosa de uma dose de
fenilefrina em rato normotenso (Sham) (A) é semelhante ao mostrado na Figura 17,
apresentada no item 4.2.5.2.
Os animais normotensos (sham) submetidos à dieta hipercolesterolêmica com
DS possuem coeficiente de regressão (slope) estatisticamente semelhante (-0,9165 ±
0,2066; n=5, ShamHiperDS) aos animais normotensos submetidos à dieta
hipercolestrolêmica (-1,318 ± 0,2173; n=6, ShamHiper) (Figura 33). Portanto, na
avaliação da Bradicardia Reflexa realizada neste experimento, não foram encontradas
diferenças significativas entre os animais que receberam dieta hipercolesterolêmica e
aqueles que receberam dieta hipercolesterolêmica com DS.
R E S U L T A D O S
70
Bradicardia Reflexa
10 20 30 40
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
ShamHiper, r
2
= 0,9485
ShamHiperDS, r
2
=0,9077
PAM (mmHg)
FC (bpm)
A
B
Bradicardia Reflexa
10 20 30 40
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
ShamHiper, r
2
= 0,9485
ShamHiperDS, r
2
=0,9077
PAM (mmHg)
FC (bpm)
ShamHiper ShamHiperDS
-2
-1
0
Slope
(bpm/mmHg )
ShamHiper ShamHiperDS
-2
-1
0
Slope
(bpm/mmHg
A
Bradicardia Reflexa
10 20 30 40
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
ShamHiper, r
2
= 0,9485
ShamHiperDS, r
2
=0,9077
PAM (mmHg)
FC (bpm)
A
B
Bradicardia Reflexa
10 20 30 40
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
ShamHiper, r
2
= 0,9485
ShamHiperDS, r
2
=0,9077
PAM (mmHg)
FC (bpm)
ShamHiper ShamHiperDS
-2
-1
0
Slope
(bpm/mmHg )
ShamHiper ShamHiperDS
-2
-1
0
Slope
(bpm/mmHg
A
Figura 33 – Alterações reflexas da Freqüência Cardíaca (FC) (bpm) produzidas por alterações da Pressão
Arterial Média (PAM) provocadas por doses crescentes de fenilefrina em animais dos grupos
ShamHiperDS (n=5) e ShamHiper (n=6). As linhas representam a reta de melhor ajuste obtida por
regressão linear; r
2
= coeficiente de correlação (A). As barras (média ± EPM) representam o coeficiente
de regressão (slope) obtido pela análise da regressão linear (B). Teste t de Student, p > 0,05.
R E S U L T A D O S
71
4.3.4.3 – Avaliação da Taquicardia Reflexa
Na avaliação da Taquicardia Reflexa, a reta de melhor ajuste obtida por
regressão linear é apresentada no quadro A da Figura 34. O quadro B das figuras mostra
o slope, que representa a sensibilidade do barorreflexo.
O registro típico que mostra o efeito da infusão endovenosa de uma dose de
nitroprussiato de sódio em rato normotenso (Sham) (A) é semelhante ao mostrado na
Figura 22, apresentada no item 4.2.5.3.
O coeficiente de regressão (slope) dos animais normotensos submetidos à dieta
hipercolesterolêmica com DS não apresenta diferença significativa (-0,6407 ± 0,08490;
n=5, ShamHiperDS) em relação aos animais sham submetidos à dieta
hipercolesterolêmica sem DS (-0,4987 ± 0,1654; n=6, ShamHiper) (Figura 34).
Portanto, na avaliação da Taquicardia Reflexa realizada neste experimento, não foram
encontradas diferenças significativas entre os animais que receberam dieta
hipercolesterolêmica e aqueles submetidos à dieta hipercolesterolêmica com DS.
R E S U L T A D O S
72
Taquicardia Reflexa
-50-40-30-20-100
0
5
10
15
20
25
30
35
ShamHiper, r
2
=0,8196
ShamHiperDS, r
2
= 0,9661
PAM (mmHg)
FC (bpm)
A
B
Taquicardia Reflexa
-50-40-30-20-100
0
5
10
15
20
25
30
35
ShamHiper, r
2
=0,8196
ShamHiperDS, r
2
= 0,9661
PAM (mmHg)
FC (bpm)
ShamHiper ShamHiperDS
-0.75
-0.50
-0.25
0.00
slope
(
bpm/mmHg
)
ShamHiper ShamHiperDS
-0.75
-0.50
-0.25
0.00
slope
(
bpm/mmHg
)
A
Taquicardia Reflexa
-50-40-30-20-100
0
5
10
15
20
25
30
35
ShamHiper, r
2
=0,8196
ShamHiperDS, r
2
= 0,9661
PAM (mmHg)
FC (bpm)
A
B
Taquicardia Reflexa
-50-40-30-20-100
0
5
10
15
20
25
30
35
ShamHiper, r
2
=0,8196
ShamHiperDS, r
2
= 0,9661
PAM (mmHg)
FC (bpm)
ShamHiper ShamHiperDS
-0.75
-0.50
-0.25
0.00
slope
(
bpm/mmHg
)
ShamHiper ShamHiperDS
-0.75
-0.50
-0.25
0.00
slope
(
bpm/mmHg
)
A
Figura 34 – Alterações reflexas da Freqüência Cardíaca (FC) (bpm) produzidas por alterações da Pressão
Arterial Média (PAM) provocadas por doses crescentes de nitroprussiato de sódio em animais dos grupos
ShamHiperDS (n=5) e ShamHiper (n=6). As linhas representam a reta de melhor ajuste obtida por
regressão linear; r
2
= coeficiente de correlação (A). As barras (média ± EPM) representam o coeficiente
de regressão (slope) obtido pela análise da regressão linear (B). Teste t de Student, p > 0,05.
R E S U L T A D O S
73
4.3.5 – Avaliação do peso corporal e peso do fígado em animais submetidos à
cirurgia fictícia (Sham), alimentados com dieta hipercolesterolêmica ou
hipercolesterolêmica com DS por 60 dias
Os animais que receberam dieta hipercolesterolêmica com DS iniciaram o
experimento sem diferença significativa (112,4 ± 1,3 g; n=8, ShamHiperDS) quando
comparados aos animais que receberam dieta hipercolesterolêmica (128,3 ± 10,4 g; n=7,
ShamHiper) (Tabela 5).
Os animais que receberam dieta hipercolesterolêmica com DS apresentaram
peso corporal final estatisticamente semelhante (250,4 ± 9,3 g; n=8, ShamHiperDS) aos
animais que receberam dieta hipercolesterolêmica (270,9 ± 26,6 g; n=7, ShamHiper).
De maneira semelhante, os animais que receberam dieta hipercolesterolêmica com DS
apresentaram ganho de peso estatisticamente semelhante (138,0 ± 9,2 g; n=8,
ShamHiperDS) aos animais que receberam dieta hipercolesterolêmica (139,6 ± 16,5 g;
n=7, ShamHiper) (Tabela 5).
Os animais que receberam dieta hipercolesterolêmica com DS apresentaram um
aumento no peso relativo do fígado (2,741 ± 0,133; n= 7, ShamHiperDS) quando
comparado aos animais que receberam dieta hipercolesterolêmica (1,850 ± 0,0636; n=7,
ShamHiper) (Figura 35).
Tabela 5 Peso corporal inicial, peso corporal final e ganho de peso de ratos Fisher
normotensos (Sham), alimentados com dieta hipercolesterolêmica (ShamHiper) ou
hipercolesterolêmica com DS (ShamHiperDS).
Grupos / Ratos Fisher
Peso inicial (g) Peso final (g) Ganho de peso (g)
ShamHiper (n=7) 128,3 ± 10,4 270,9 ± 26,6 139,6 ± 16,5
ShamHiperDS (n=8) 112,4 ± 1,3 250,4 ± 9,3 138,0 ± 9,2
Valores expressos como média ± EPM. Teste t de Student, p> 0,05.
R E S U L T A D O S
74
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
ShamHiper ShamHiperDS
peso relativo
*
Figura 35 - Peso seco relativo do fígado em ratos Fisher normotensos (Sham) que receberam dieta
hipercolesterolêmica (ShamHiper, n=7) ou hipercolesterolêmica com DS (ShamHiperDS, n=7). Valores
expressos como média ± EPM. Teste t de Student, * p < 0,05.
D I S C U S S Ã O
75
5 – Discussão
Os resultados obtidos no presente estudo, em síntese, mostraram que somente os
ratos Fisher desenvolveram hipercolesterolemia e hipertensão renovascular
concomitantes, servindo assim como modelo experimental para este trabalho. O menor
peso seco do rim clipado (esquerdo) e o maior peso seco do rim não-clipado (direito), o
aumento do peso seco do coração e a PAM elevada, mostraram que clipagem da artéria
renal esquerda foi eficiente para induzir a hipertensão renovascular. Em ratos Fisher
(sham) a adição de deoxicolato de sódio (DS) à dieta hipercolesterolêmica o
aumentou significativamente os níveis séricos de colesterol em comparação aos animais
submetidos à dieta hipercolesterolêmica sem DS. No modelo animal de
hipercolesterolemia e hipertensão renovascular, a sensibilidade bradicárdica foi
reduzida em animais submetidos à hipertensão, associada ou não a hipercolesterolemia,
enquanto a sensibilidade taquicárdica não se alterou significativamente em nenhum
grupo avaliado.
A hipercolesterolemia e a hipertensão arterial, como importantes fatores de risco
(FR) para a doença cardiovascular (DCV), precisam ser precisamente conhecidas para a
realização de medidas preventivas eficazes antes que se desenvolvam danos em órgãos-
alvo. Sabe-se que, quando esses dois FR estão presentes simultaneamente, a progressão
da doença vascular aterosclerótica é acelerada (Neutel et al., 1999).
De fato, a pesquisa científica apresenta interesse em novas abordagens no campo
da hipertensão e da aterosclerose, com um dos principais investimentos sendo, em
particular, para a prevenção da DCV. Apesar dos declínios registrados, a DCV é ainda
responsável por aproximadamente 50% das mortes prematuras nos países
industrializados do Ocidente, mais que câncer, AIDS e acidentes combinados (Leonardi
et al., 2000).
No rato como modelo experimental, a hipercolesterolemia pode ser alcançada
pela ingestão de dietas ricas em triglicerídios e suplementadas com colesterol. Neste
trabalho utilizamos uma dieta rica em óleo de soja (25%) contendo 1% de colesterol.
Uma grande quantidade de fibra foi adicionada à dieta para diluir seu valor calórico a
fim de evitar uma menor ingestão da mesma, o que poderia levar ao quadro de
D I S C U S S Ã O
76
desnutrição. A hipercolesterolemia foi verificada através da dosagem dos níveis séricos
de colesterol total (mg/dL).
Chambers e Ness (1997) verificaram que o colesterol ingerido na dieta exerce
regulação significativa por retroalimentação sobre a HMG-CoA redutase a vel de
tradução desta enzima. Dessa forma, a expressão de níveis basais mais altos da HMG-
CoA redutase permite um grau maior de “downregulation” desta enzima para
compensar a absorção elevada de colesterol na dieta (Ness e Chambers, 2000).
Em um estudo de Ness e Gertz (2004) realizado com nove cepas de rato, a
avaliação da expressão basal da HMG-CoA redutase hepática, da extensão da regulação
do colesterol por retroalimentação, além da expressão do receptor de LDL hepático em
resposta ao colesterol da dieta, mostrou que as cepas de ratos expressando os níveis
basais mais altos de HMG-CoA redutase hepática foram mais resistentes a elevação do
colesterol em resposta ao colesterol da dieta. os níveis do receptor LDL hepático não
foram significativamente diminuídos pelo colesterol da dieta em nenhum dos animais.
Assim, os ratos da cepa Wistar, que exibiram alta atividade da HMG-CoA redutase,
acima de 125 pmol/min
-1
/mg
-1
,
mostraram ser muito resistentes ao colesterol da dieta.
Em nossos resultados obtivemos baixos níveis séricos de colesterol em resposta
à dieta hipercolesterolêmica ofertada aos ratos Wistar durante o Experimento I,
corroborando com os resultados de Ness e Gertz (2004). De fato, os ratos Wistar não
apresentaram níveis séricos de colesterol significativamente maiores que os animais
submetidos à dieta controle. No entanto, no Experimento II, no qual foram utilizados
ratos Fisher, os animais que receberam dieta hipercolesterolêmica apresentaram níveis
séricos de colesterol significativamente maiores que aqueles que receberam dieta
controle. Esse resultado está de acordo com o estudo de Ness e Gertz (2004), no qual os
ratos da cepa Fisher apresentaram níveis basais intermediários de expressão da HMG-
CoA redutase e conseqüentemente exibiram elevações significativas nos níveis séricos
de colesterol.
O fígado está envolvido em múltiplos processos importantes na homeostase
geral do colesterol na saúde e na doença, como, por exemplo, a síntese “de novo” do
colesterol, o armazenamento e o transporte reverso do colesterol, a captação e a
produção de proteínas (Murphy et al., 2005).
Em nosso trabalho os animais que receberam dieta hipercolesterolêmica
apresentaram um aumento no peso relativo do fígado quando comparado aos grupos que
D I S C U S S Ã O
77
receberam dieta controle. Foi observada também uma diferença na coloração do fígado
dos animais que receberam a dieta hipercolesterolêmica, de modo a apresentarem
aspecto esteatótico. O aumento do peso do fígado confirma os resultados encontrados
por Rosa et al. (1998) e Turbino-Ribeiro et al. (2003). Como o fígado é o órgão
responsável pela homeostase de lipídios, é razoável pensar que nem toda a gordura da
dieta pode ser metabolizada e armazenada no tecido adiposo, causando acúmulo de
gordura nesse órgão (Murphy et al., 2005, Rosa et al., 1998).
Dados epidemiológicos e experimentais mostram uma clara correlação entre
níveis elevados de colesterol plasmático e aterosclerose. Níveis elevados de LDL o
considerados o principal fator causal (Kwiterovich, 2000). A LDL se torna parte do
processo aterosclerótico após modificação oxidativa (Steinberg et al., 1989). O
desenvolvimento da aterosclerose envolve depósito de lipídio no interior da parede das
artérias, com subseqüente inflamação e fibrose. Os depósitos de lipídio são compostos
principalmente de colesterol e ésteres de colesterol, que estão associados com células
espumosas e macrófagos sobre as paredes arteriais (Lichetentsein, 1996).
É conhecido que a aterosclerose é muito infreqüente na maioria das cepas de
ratos, mesmo quando eles m altos níveis sustentados de lipídios sanguíneos (Doggrell
& Brown, 1998). Ratos e camundongos, diferentes dos humanos e de outras espécies,
não têm proteínas de transferência de éster de colesterol (CETP) no plasma. Nesses
animais a maior parte do colesterol do soro está presente como parte da HDL
(Moghadasian, 2002).
Devido à dificuldade em obter, em ratos, grandes elevações nos níveis séricos de
colesterol, muitos trabalhos m utilizado sais biliares acrescentados à dieta rica em
colesterol e triglicérides, pois estes aumentam a absorção intestinal de colesterol
(Dolphin e Forsyth, 1983; Minhajuddin et al., 2005; Uchida et al., 1980).
Minhajuddin et al. (2005), utilizando dieta hipercolesterolêmica contendo 5% de
gordura hidrogenada, 0,5% de ácido cólico e 1% de colesterol por três semanas, em
ratos, obtiveram um aumento significativo nos níveis séricos de colesterol total (179.2 ±
15.2 mg/dL) em comparação aos animais recebendo dieta controle (73.7 ± 10.8 mg/dL).
Uchida et al. (1980) testaram os efeitos do deoxicolato de sódio (DS) sobre os
níveis de colesterol no fígado e soro de ratos Wistar machos, alimentados por uma
semana com dieta controle (com 2% de colesterol) ou dieta contendo 2% de colesterol
acrescida de 0,4% de DS. A dieta com DS aumentou significativamente os níveis de
D I S C U S S Ã O
78
colesterol do fígado (11,1 ± 1,09 mg/g) e do soro (126 ± 7,9 mg/100mL) em relação à
dieta controle (5,8 ± 0,23 mg/g no fígado e 89 ± 3,8 mg/100mL no soro).
Portanto, no presente trabalho, foi realizado o Experimento III, no qual ratos
Fisher receberam dieta hipercolesterolêmica complementada com 0,3% de DS, com a
finalidade de se obter níveis de colesterol maiores que aqueles obtidos com a dieta
hipercolesterolêmica no Experimento II. Todavia, a adição de DS o elevou os veis
séricos de colesterol quando comparados à dieta hipercolesterolêmica sem DS. É
possível que a quantidade de DS acrescentada (0,3%) à dieta contendo 1% de colesterol
não tenha sido suficiente para se obter um aumento significativo nos níveis séricos de
colesterol em relação à dieta hipercolesterolêmica sem o DS.
Assim como no trabalho de Minhajudin et al. (2005), em nosso trabalho a dieta
hipercolesterolêmica acrescida de um sal biliar elevou significativamente o colesterol
sérico em relação à dieta controle (dados não mostrados), porém, não elevou
significativamente em relação à dieta hipercolesterolêmica sem DS, por isso preferimos
ulitizar a dieta hipercolesterolêmica sem o sal biliar (DS).
Além disso, o gado dos animais que receberam dieta hipercolesterolêmica com
DS apresentou peso relativo significativamente maior que o dos animais que receberam
dieta hipercolesterolêmica sem DS. O trabalho de Murphy et al. (2005) nos faz
compreender parte das alterações metabólicas causadas pela dieta com DS. Esses
autores submeteram camundongos à dieta controle ou dieta controle suplementada com
ácido cólico (AC) (0.1% ou 0.5% p/p) por 6 a 7 dias. A dieta com AC aumentou a
absorção intestinal de colesterol em cerca de 23% e elevou o colesterol total no fígado
em mais de duas vezes. A concentração de ésters de colesterol no fígado dos
camundongos aumentou significativamente com a dieta contendo AC, sendo que esses
efeitos podem ser explicados parcialmente pela diminuição concomitante na atividade
da CYP7A1. A CYP7A1 é o componente único da 7 alpha-hidroxilase, enzima que
regula a síntese dos sais biliares e a diminuição de sua atividade leva a um menor
consumo do colesterol livre para a síntese de ácidos biliares.
De fato, o fígado é o principal exportador de lipoproteínas de colesterol e
utilizando a síntese “de novo” de colesterol, a regulação dos receptores da LDL, dos
receptores da HDL e de outros receptores, os níveis do colesterol são mantidos no
sangue enquanto os níveis de ésteres de colesterol estocados podem variar largamente
(Murphy et al., 2005).
D I S C U S S Ã O
79
Apesar dos animais que receberam dieta hipercolesterolêmica no Experimento II
apresentarem elevações significativas nos níveis séricos de colesterol, não tiveram
alterações na PAM e na FC basais em comparação aos animais que receberam dieta
controle. Chade et al. (2003) também encontraram que a PAM de porcos submetidos à
estenose arterial renal simultânea a dieta hipercolesterolêmica ou apenas à estenose
arterial renal foram estatisticamente semelhantes.
Sabemos, no entanto, que a dislipidemia pode contribuir para o aparecimento da
doença renal através da formação de placas de aterosclerose nas artérias aferentes do
rim, estreitando a luz destes vasos e provocando prejuízos na hemodinâmica renal com
consequente elevação da PA. Diversos experimentos mostraram que anormalidades
lipídicas podem iniciar injúria glomerular e/ou acentuar a progressão da doença
glomerular estabelecida (Gröne et al., 1989; Kasiske et al., 1990).
Embora a hipertensão seja frequentemente considerada como a causa da doença
renal e da falência renal crônica, é também reconhecido que a hipertensão pode ser uma
conseqüência dos defeitos na função de transporte tubular e/ou microcirculatório renal,
que comprometem a capacidade normal do rim em manter o balanço de sódio em
pressões arteriais normais. Mesmo quando não existe transtorno intrarenal primário, um
prejuízo na função renal secundário à estimulação neural ou humoral inapropriada para
o rim pode existir. Em essência, uma premissa amplamente aceita é que a hipertensão
não pode coexistir na presença de função renal normal (Cowley, 1992; Guyton, 1991).
A estenose da artéria renal é uma das principais causas da hipertensão
renovascular e pode levar a nefropatia isquêmica e a doença renal de estágio terminal
(Lerman et al., 2001). O papel da vasculatura renal em provocar hipertensão
renovascular tem sido estabelecido desde 1934, quando Goldblatt et al. demonstraram
que a obstrução parcial da artéria renal aumentava a PAM.
Em nosso estudo o desenvolvimento da hipertensão renovascular foi avaliado
por medidas periódicas (10 dias) de PAM através da pletismografia de cauda (medida
indireta). Verificou-se dessa forma que a cirurgia para produção da hipertensão renal
(2R1C de Goldblatt) modificou significativamente a PAM (mmHg) em relação aos
animais sham, aos 10, 20 e 30 dias após a cirurgia. Para validação desses resultados, a
medida de PAM foi realizada também um dia antes dos animais serem submetidos à
cirurgia e comprovamos, assim, que os diferentes grupos não apresentavam diferença
significativa em relação a PAM.
D I S C U S S Ã O
80
Somente 30 dias após a cirurgia 2R1C a PAM (obtida por pletismografia) foi
significativamente maior que antes da cirurgia nos animais 2R1C que receberam dieta
controle (2R1CCont). No entanto, 20 dias após a cirurgia os animais 2R1C que
receberam dieta hipercolesterolêmica (2R1CHiper) apresentaram a PAM
significativamente maior que antes da cirurgia. Esses dados podem sugerir que a dieta
hipercolesterolêmica torna os animais propensos a desenvolver hipertensão renovascular
(2R1C) mais precocemente, e que isto poderia ser devido a alterações funcionais renais,
como descrito por Chade et al. (2002 e 2003).
Em um modelo animal (porco) submetido simultaneamente à dieta
hipercolesterolêmica e estenose da artéria renal Chade et al. (2002) verificaram que a
disfunção glomerular e tubular estava elevada quando comparada com a dieta
hipercolesterolêmica e a estenose da artéria renal sozinhas. Estas alterações funcionais
foram acompanhadas por um aumento marcante no estresse oxidativo, inflamação, e
atrofia tubular, como também por fibrose tubulointersticial e perivascular em rins de
animais submetidos simultaneamente à estenose arterial renal e dieta
hipercolesterolêmica comparados com aqueles com estenose da artéria renal apenas.
Chade et al., em 2003, mostraram que a dieta hipercolesterolêmica (2% de
colesterol) somada a estenose arterial renal por 12 semanas acelerou o desenvolvimento
de fibrose no rim estenótico de porcos, amplificando mecanismos pró-fibróticos e
interrompendo o remodelamento do tecido. Segundo Wanner e Quaschning (2001)
diversos fatores pró-crescimento e pró-inflamatórios implicados no remodelamento do
tecido renal na estenose arterial renal podem ser ativados também na
hipercolesterolemia, uma substituta da fase inicial da aterosclerose e um fator de risco
independente para a progressão da doença renal. Em ambas condições, o prejuízo da
função renal é acompanhado pela ativação do SRA e a geração acentuada de espécies
reativas de oxigênio que podem modular a injúria do tecido renal (Lerman et al., 2001).
No presente trabalho a PAM dos animais também foi medida diretamente na
aorta abdominal, via artéria femoral, trinta dias após a clipagem e como esperado, os
animais submetidos à cirurgia 2R1C apresentaram PAM basal maior que os animais
submetidos à cirurgia fictícia, conforme o descrito na literatura (Levy et al., 2001;
Sharifi et al., 2003; Britto et al., 1997).
É postulado que esta elevação crônica na PAM dos animais 2R1C é
conseqüência da ativação patológica do SRA induzida pela estenose da artéria renal
D I S C U S S Ã O
81
(Sadjadi et al., 2002; Abdi et al., 1997). A cascata de eventos iniciada pela secreção
aumentada de renina do rim clipado leva a aumentos na Ang II circulante, que por sua
vez inibe a produção de renina pelo rim não-clipado (Mitchell e Navar, 1995; Ploth,
1983).
Navar et al. (1998) mostraram que os níveis plasmáticos de Ang II em ratos
2R1C estavam elevados em sete dias, mas voltaram a valores próximos ao controle três
semanas após a clipagem. No entanto, mesmo depois que a hipertensão está bem
estabelecida e a concentração de Ang II plasmática retorna a valores semelhantes aos do
controle, os rins não-clipados continuam a ter níveis intrarenais elevados de Ang II. O
conteúdo intrarenal elevado de Ang II foi associado com internalização mediada por
receptor (Navar et al., 1998), como também com atividade elevada da ECA, indicando
conversão mais eficiente de Ang I em Ang II (Guan et al., 1992).
Sharifi et al. (2003) demonstraram que existe uma correlação positiva entre o
aumento da pressão sanguínea e a atividade local da ECA em vários tecidos, assim
como no soro, destacando o papel importante e talvez etiológico da ECA no
desenvolvimento da hipertensão. Além disso, foi demonstrado que a atividade e a
expressão do gene da ECA dentro da aorta e rim dos animais 2R1C foi elevada
comparada aos controles (Holubbrash et al., 1993).
Os efeitos diretos e indiretos das concentrações circulantes elevadas de Ang II
junto com os aumentos resultantes na produção de aldosterona e das elevações na
atividade do sistema nervoso simpático contribuem para a capacidade excretória
prejudicada do rim não-clipado (Mitchell e Navar, 1995; Ploth, 1983). A Ang II
circulante, através dos seus efeitos vasculares diretos, aumenta agudamente a resistência
periférica total e eleva a pressão sanguínea, mas também tem ações sobre quase todo o
organismo (Mitchell e Navar, 1995).
Os níveis intra-renais elevados de Ang II no rim o-clipado são responsáveis
pela função hemodinâmica e reabsortiva tubular alterada (Navar et al., 1998). Elevações
intra-renais de Ang II estimulam diretamente a função reabsortiva tubular proximal,
acentuando a atividade do trocador Na
+
/H
+
na membrana luminal e do cotransportador
Na
+
-HCO
3
-
da membrana basolateral (Mitchell e Navar, 1995). Um aumento mediado
pela Ang II na taxa de reabsorção tubular proximal, por si só, poderia não provocar
diminuições sustentadas na distribuição do fluido no néfron distal e na excreção de
sódio por causa da ação compensatória do mecanismo de feedback tubuloglomerular
D I S C U S S Ã O
82
(FTG) em restaurar a distribuição de volume no néfron distal de volta aos níveis
controle (Navar et al., 1998). No entanto, a Ang II também exerce uma poderosa
influência modulatória sobre a sensibilidade geral do mecanismo de FTG (Mitchell e
Navar, 1995). A responsividade aumentada do FTG, combinada com a ação
estimulatória direta da Ang II sobre a taxa de reabsorção tubular proximal, fornece um
poderoso mecanismo sinergístico pelo qual os níveis elevados de Ang II prejudicam a
habilidade do rim não-clipado de manter taxas normais de excreção de sódio em
pressões normais (Navar et al., 1998).
Nossos resultados mostraram que os animais submetidos à cirurgia 2R1C, tanto
Wistar quanto Fisher, além de níveis elevados de PAM, apresentaram FC (bpm) basal
maior que os animais submetidos à cirurgia fictícia. Head e Burke (2001) mostraram
que a FC encontra-se significativamente elevada em animais (coelhos) 2R1C, três
semanas após a cirurgia, em comparação aos animais sham. No entanto, esse aumento
da FC não foi observado em medidas realizadas seis semanas após a cirurgia 2R1C. Em
nosso estudo, a medida direta da FC foi feita quatro semanas após a cirurgia, quando
possivelmente níveis elevados de FC ainda podem ser encontrados.
Existem também resultados diferentes dos nossos na literatura, como o de Duke
et al. (2005), que analisando ratos 2R1C três semanas após a clipagem não encontraram
diferença significativa na FC dos animais 2R1C (402±8 bpm) comparados aos animais
sham (375±11 bpm). Li e Widdop (1995) também não encontraram diferença
significativa na FC de animais 2R1C (390±13 bpm), três a quatro semanas após a
cirurgia, quando comparados a animais sham (366±11 bpm).
Em nosso trabalho avaliamos também o peso dos órgãos que possivelmente
teriam comprometimento. Os animais com hipertensão renovascular apresentaram rim
não-clipado (direito) estatisticamente maior que os animais submetidos à cirurgia
fictícia (sham). O rim clipado (esquerdo) dos animais hipertensos, no entanto,
apresentaram-se estatisticamente menor que nos animais normotensos. Esses resultados
estão de acordo com a literatura (Kobayashi et al., 1999; Kunico et al., 1991).
Segundo Kobayashi et al. (1999) e Kunico et al. (1991), as alterações de peso no
rim não-clipado são ainda acompanhadas de injúria tubulointersticial marcante,
esclerose glomerular e/ou hialinose, além de fibrose intersticial e atrofia tubular. Kunico
et al. (1991) propuseram que o recrutamento de lulas inflamatórias e citocinas, a
proliferação de fibroblastos e a deposição de matriz podem ser os eventos chave no
D I S C U S S Ã O
83
processo fibrótico do rim não-clipado. Com relação à expressão de renina, esta é
suprimida no rim não-clipado dos animais 2R1C em comparação aos animais sham, mas
é altamente elevada no rim clipado (Kobayashi et al., 1999). Embora o rim não-clipado
torne-se depletado em renina ele falha em evitar a hipertensão, pois, como descrito, o
aumento da Ang II intrarenal (internalizada por receptor) fornece um forte estímulo
hipertensinogênico (Navar et al., 1998).
Além das alterações renais descritas, nossos dados mostraram que os animais
com hipertensão obtiveram valores maiores de peso relativo do coração que os animais
normotensos. Esse resultado está de acordo com Brown et al. (1997); Wang et al.
(2001) e Kobayashi et al. (1999). A hipertrofia cardíaca tem sido associada com uma
expressão elevada de mRNA de AT
1
em ratos 2R1C (Suzuki et al., 1993). É bem
conhecido que a Ang II tem participação na hiperplasia e hipertrofia do tecido. Portanto,
no modelo de hipertensão 2R1C, a Ang II parece estar envolvida nos aumentos de peso
do rim não-clipado e do coração (Kobayashi et al., 1999).
O dano em órgão-alvo no modelo 2R1C depende do tamanho e do tempo da
clipagem e geralmente inclui disfunção endotelial, hipertrofia cardíaca (um aumento de
20-50% no tamanho cardíaco), e hipertrofia do rim contralateral exposto à hipertensão
(Pinto et al., 1998; Akabane et al., 1985). Como na maioria dos modelos de hipertensão,
muitos desses efeitos derivam de um aumento na pressão sistêmica, mudança no padrão
do fluxo sanguíneo (mecanismos do fluido não-laminar) e estresse por estiramento da
parede. A ativação de enzimas oxidativas tais como NAD(P)H oxidase, induzida por
dieta ou estiramento de parede, a disponibilidade do óxido nítrico alterada, e
conseqüentemente, a inflamação e o estresse oxidativo, podem todos contribuir para a
disfunção endotelial e remodelamento vascular como faz a ativação da Ang II sistêmica
ou tecidual nos modelos dependentes da angiotensina (Lerman et al., 2005).
Devido a todas as alterações descritas até aqui, concluímos que o Experimento II
nos forneceu o modelo experimental apropriado para reproduzir as situações clínicas
que frequentemente precedem a DCV, dessa forma, avaliamos nesses animais a
sensibilidade barorreflexa.
A resposta barroreflexa da FC foi avaliada diante das situações de aumento ou
diminuição da PAM provocadas através do uso de drogas vasoativas. As administrações
dessas drogas podem ser feitas por injeções na forma de bolus, método steady-state
(estado estacionário) ou “rampa de infusão” (Farah et al., 1999). É bem aceito que os
D I S C U S S Ã O
84
barorreceptores arteriais se adaptam (ressetting) em resposta à hipertensão, como
também em resposta à hipotensão: uma adaptação parcial ocorre dentro das primeiras 6h
e uma adaptação completa dentro dos primeiros dois dias (Krieger, 1989). Mais
recentemente, foi demonstrado que uma adaptação aguda ocorre dentro dos primeiros
poucos minutos após um aumento ou diminuição mantidos da pressão sanguínea
(Krieger, 1989, Xavier-Neto et al., 1996).
Desde que diferentes maneiras de alterar a pressão sanguínea podem alterar a
função barorreceptora aferente, as alterações de PAM obtidas durante curtos períodos de
tempo (dentro de 30s, ex: injeções em bolus) são mais apropriados para prevenir a
adaptação aguda (Farah et al., 1999). Dessa forma, o reflexo barorreceptor neste estudo
foi avaliado mediante injeções endovenosas em bolus.
O uso de doses crescentes das drogas vasopressoras e vasodepressoras
possibilitou a obtenção dos ganhos barorreflexos em locais relativamente dispersos
dentro de uma faixa selecionada de alterações pressóricas de 0 a 50 mmHg. Elevações
de pressão sanguínea maiores que 50 mmHg podem envolver a participação de outros
reflexos cardíacos (cardiopulmonar, quimiorreflexo, reflexos extrínsecos, etc) nas
respostas bradicárdicas (Head & McCarty, 1987). Portanto, neste estudo foram
descartadas as elevações maiores que 40 mmHg, permitindo uma margem de segurança
em relação ao valor descrito pela literatura.
A análise por regressão linear e por índice médio fornecem acesso de forma
diferenciada aos ganhos barorreflexos de respostas bradicárdicas e taquicárdicas. Isso
difere da análise por função logística, a qual fornece apenas um valor que caracteriza o
ganho médio do controle barorreflexo da FC (Farah et al., 1999).
As contribuições dos componentes simpático e parassimpático na promoção das
respostas cronotrópicas têm características peculiares distintas, diante de um aumento
ou diminuição da PA (Alzamora et al., 2006). Enquanto a taquicardia barorreflexa é
determinada por atuação de ambos os componentes autonômicos, retirada
parassimpática e principalmente maior ativação simpática, a bradicardia barorreceptora
é praticamente determinada por uma descarga vagal, uma vez que o simpático é muito
lento para responder a mudanças bruscas na PAM (Head & McCarty, 1987). Logo, a
determinação dissociada dos ganhos bradicárdicos e taquicárdicos parece expor melhor
as disfunções autonômicas do que as análises realizadas por meio de funções logísticas.
D I S C U S S Ã O
85
Neste trabalho, portanto, optamos pela análise por regressão linear e pela avaliação dos
dois componentes do barorreflexo: o Bradicárdico e o Taquicárdico.
Na avaliação da Bradicardia Reflexa, os animais hipertensos renais apresentaram
a sensibilidade bradicárdica reduzida em comparação aos animais normotensos. Como
demonstramos que os animais hipercolesterolêmicos não apresentaram a sensibilidade
da bradicardia reflexa diferente dos animais normocolesterolêmicos, sugerimos que as
alterações na sensibilidade do barorreflexo foram decorrentes apenas da hipertensão.
Estudos pioneiros como o de Bristow et al. (1969) assim como estudos posteriores
como o de Britto et al. (1997), Oliveira et al. (1996) e Wang et al. (2005) têm
demonstrado a redução da sensibilidade bradicárdica reflexa em vários modelos de
hipertensão.
Diversas pesquisas indicaram que a sensibilidade barorreflexa não é determinada
apenas pelo nível de pressão arterial e estiramento vascular, mas também é modulado
por várias substâncias neurohumorais e fatores parácrinos (Goldman et al., 1984; Kunze
et al., 1984; Chen et al., 1990; Xie et al., 1990; Li et al., 1992; Alzamora et al., 2006).
A importância do SRA neste deficiente controle pressorreceptor observado nos
hipertensos têm sido largamente estudada (Oliveira et al., 1996). Diversos estudos
mostraram os efeitos benéficos dos inibidores da ECA no tratamento da hipertensão
(Ferrario et al., 1990 - A; Linz et al., 1995). Por exemplo, o tratamento de ratos 2R1C
com enalapril (inibidor da ECA) produziu um aumento de 70% da bradicardia reflexa
induzida por aumentos da PAM produzidos pela injeção endovenosa de fenilefrina
(Britto et al., 1997).
Vários estudos têm sugerido que esta melhora na sensibilidade barorreflexa
esteja relacionada a alterações dos mecanismos neurais envolvidos na regulação da PA,
e em especial, nos locais onde o SRA modula a transmissão barorreflexa (Andresen &
Brown, 1980; Stryker-Boudier, 1982; Berecek et al., 1983; Kumagai et al., 1992;
Alzamora et al., 2006; Ferrario, 1991 B). Brooks (1995) mostrou que a diminuição na
sensibilidade barorreflexa produzida por infusão intravenosa crônica de Ang II é
parcialmente revertida após a interrupção da infusão, mesmo com a manutenção dos
níveis de hipertensão por outro vasoconstritor.
Moreira et al. (1988) observaram que na hipertensão renal renino-dependente o
barorreflexo está inibido independente da severidade da hipertensão. Outros estudos
sugerem que a inibição da bradicardia reflexa observada na hipertensão renal é
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86
provavelmente decorrente de uma deficiência na integração central do componente
vagal do barorreflexo (Campagnole-Santos et al., 1988; Moreira et al., 1988;
Campagnole-Santos et al., 1989; Chavez et al. 1995). Uma série de estudos na literatura
tem mostrado que o componente vagal do controle reflexo da FC é muito afetado pela
Ang II (Casto & Phillips, 1986; Michelini et al., 1990 e 1992; Alzamora et al., 2006).
está bem estabelecido que as alterações barorreflexas da FC, especialmente a
bradicardia reflexa provocada por estímulo pressor resulta principalmente de aumento
da atividade vagal com participação menor do tônus simpático para o coração
(Kirchheim, 1976; Alzamora et al., 2006). Em situações clínicas, como na hipertensão
essencial, a sensibilidade dos barorreceptores para o controle da FC se encontra
reduzida. Isso tem sido correlacionado à redução do componente eferente vagal, uma
vez que essa alteração é mais evidente frente a aumentos do que a quedas da PA
(Dall'Ago et al., 1999).
De fato, diferente da redução da sensibilidade bradicárdica encontrada nos
animais hipertensos deste experimento, na avaliação da Taquicardia Reflexa não foram
encontradas diferenças significativas entre os animais com hipertensão renovascular e
os animais normotensos. Além disso, relatamos aumento dos níveis da PA e FC nesses
animais, corroborando com dados da literatura que associam hipertensão, hiperatividade
simpática e disfunção barorreflexa, como os resultados do trabalho de Floras et al.
(1988).
Em estudos anteriores realizados em humanos e animais, diferenças
significativas no ganho entre respostas taquicárdicas e bradicárdicas foram observadas
durante estados normais e patofisiológicos quando os valores de FC foram analisados
por índice médio ou regressão linear (Pickering et al., 1972; Mancia et al., 1977;
Mancia, 1983; Irigoyen et al., 1991; Michelini & Bonagamba, 1990; Alzamora et al.,
2006).
A disfunção dos barorreceptores associa-se com aumentos da atividade
simpática e principalmente reduções da atividade parassimpática, aumentando a FC e
elevando a variabilidade da PA, o que tem conseqüências importantes no controle
cardiovascular (Dall'Ago et al., 1999). Apesar dessa afirmação ser coerente, esse tema
parece controverso mesmo diante da literatura e, assim, precisa de maiores
esclarecimentos.
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87
Em pesquisa recente da literatura (Cai et al., 2005) foi mostrado que a disfunção
barorreflexa arterial promove o desenvolvimento de aterosclerose em ratos, e que a
inflamação pode estar envolvida neste processo. Não está claro como a disfunção
barorreflexa inicia a inflamação. Uma possível explicação é que o balanço entre o
sistema nervoso simpático e parassimpático é quebrado durante a disfunção
barorreflexa. Uma atividade simpática elevada pode ser acompanhada por uma
atividade elevada do SRA. Por outro lado, uma atividade parassimpática diminuída
pode levar a uma função diminuída da subunidade α7 do receptor nicotínico da
acetilcolina, que inibe a liberação de TNFα e IL-1β (Libert, 2003; Borovikova et al.,
2000). Portanto, a ativação do SRA e a inibição da subunidade α7 do receptor
nicotínico da acetilcolina na disfunção barorreflexa poderia induzir inflamação. Assim,
Cai et al. (2005) demonstraram que a relação entre a função barorreflexa e o grau de
aterosclerose nos ratos significa que a disfunção barorreflexa é a causa, mas não a
conseqüência de uma aterosclerose mais severa.
Sasaki et al. (1994), também investigaram a influência do aumento da
variabilidade da pressão sanguínea sobre o desenvolvimento da aterosclerose aórtica em
cinco grupos de ratos Wistar: a) Controle, b) Dieta hipercolesterolêmica (DH), c) DH +
desnudação do endotélio (DN), d) DH + DN + 2R1C e e) DH + DN + desnervação sino-
aórtica (DAS). Esses autores demonstraram que a dieta hipercolesterolêmica sozinha
não foi capaz de induzir aterosclerose, enquanto a aorta de ratos submetidos à DH, DN e
2R1C demonstraram placa ateromatosa com proliferação celular proeminente, e ratos
submetidos a DSA também apresentaram placa ateromatosa leve a moderada.
Está claro que o prejuíjo do barorreflexo está envolvido na progressão da doença
cardiovascular e que a associação de comorbidades acentuam o desenvolvimento da
hipertensão e/ou os danos em órgãos-alvo. Neste trabalho nós avaliamos a sensibilidade
do barorreflexo na presença de dois importantes FR para a doença cardiovascular e
demonstramos que a hipertensão renovascular diminui a sensibilidade da bradicardia,
mas não da taquicardia reflexa e que a hipercolesterolemia não interferiu na
sensibilidade de nenhum dos dois componentes. No entanto, é possível que o tempo de
exposição à dieta hipercolesterolêmica ou à hipertensão renovascular ou até mesmo o
tempo de interação entre elas, no animal utilizado neste trabalho, tenha sido insuficiente
para produzir alterações significativas na sensibilidade barorreflexa.
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De forma importante, vale ressaltar que o tratamento da dislipidemia é a
abordagem aceita quase universalmente na prevenção das DCVs (Ceska et al., 2004).
Reduzir lipídios pode servir como um método adicional de corrigir a hipertensão em
alguns pacientes de alto risco e também exerce outros efeitos positivos sobre o risco
cardiovascular (Ceska et al., 2004). Sendo assim, não podemos deixar de considerar que
a hipercolesterolemia pode levar a alterações que não foram analisadas neste estudo,
comprometendo ainda mais o organismo já acometido pela hipertensão.
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6- Sumário dos Resultados e Conclusão
1 - Nossos resultados mostraram que os ratos Wistar submetidos à dieta
hipercolesterolêmica não apresentaram níveis séricos de colesterol significativamente
maiores que aqueles submetidos à dieta controle, não sendo, portanto, adequados ao
desenvolvimento do modelo proposto.
2 - Os ratos Fisher submetidos à dieta hipercolesterolêmica apresentaram níveis
séricos de colesterol significativamente maiores que aqueles submetidos à dieta
controle.
3 - A dieta hipercolesterolêmica com deoxicolato de sódio (DS) não elevou
significativamente o colesterol rico dos ratos Fisher em relação à dieta
hipercolesterolêmica sem DS, no entanto, alterou significativemente o peso relativo do
fígado em comparação à dieta hipercolesterolêmica sem DS. Além disso, não alterou
significativamente nenhum dos demais parâmentos avaliados (PAM, FC, bradicardia e
taquicardia reflexas).
4 Em ratos Fisher, além de altos níveis séricos de colesterol, foram obtidos
níveis elevados de PAM nos animais submetidos à cirurgia 2R1C em relação aos
animais Sham. Esses animais foram adequados ao desenvolvimento do modelo
proposto.
5 A sensibilidade da bradicardia reflexa foi reduzida em animais com
hipertensão renal, associada ou não a hipercolesterolemia, enquanto a sensibilidade
taquicárdica não se alterou significativamente em nenhum grupo avaliado.
Nossos dados sugerem que, a diminuição da sensibilidade bradicárdica e a
manutenção da sensibidade taquicárdica encontradas nos animais com hipertensão
renovascular podem estar correlacionadas principalmente à redução da atividade
parassimpática, uma vez que a alteração no controle barorreflexo foi mais evidente
frente a aumentos do que a quedas da pressão arterial. Os resultados sugerem também
que a hipercolesterolemia não afeta a sensibilidade barorreflexa, reduzida em
decorrência da hipertensão renovascular, no organismo onde hipercolesterolemia e
hipertensão co-existem.

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