8
Na terceira etapa da evolução humana, a civilização, iniciada em 3.500 anos a. C,
percebe-se uma aproximação maior com os elementos culturais. Na realidade, a cultura é
mantida por sociedades que não existem isoladamente. Desta forma, a interação entre as
diferentes culturas no meio social é percebida, também, em relação à alimentação. Desde os
tempos remotos a alimentação humana já apresentava seus gostos e preferências,
a partir do paleolítico, os desenvolvimentos técnicos e econômicos permitem
múltiplos e variados modos de conservação e de preparação dos alimentos. Desde
esse período também as escolhas alimentares se diversificam e orientam as
estratégias econômicas, mesmo tempo que são influenciadas por elas. Muitos são os
alimentos que permitem atender às necessidades dietéticas do homem, e é provável
que, desde essa época, as preferências culturais – gostos transmitidos de geração
para geração – tenham se manifestado (FLANDRIN; MONTANARI, 1998, p. 51)
Alguns povos deixaram importantes contribuições para a culinária:
De todas as plantas cultivadas a mais antiga é o trigo (Triticum vulgare), que
juntamente com a cevada, surgiu na Ásia Menor entre 6000 e 7000 a.C. Sua
expansão pelo delta do Nilo, a Mesopotâmia e os planaltos iranianos, além da Índia
e da China do norte (onde teria origem autônoma em torno de 3000 a.C.) tornou-o o
mais importante dos cereais. O comércio do trigo foi o mais importante, em grande
escala, de todos os comércios anteriores à era industrial, mas mesmo assim o
volume do seu comércio nesse período nunca ultrapassou 1% da sua produção total
(CARNEIRO, 2003, p. 55).
No Egito, os faraós possuíam refeições à base de carnes de caça, cereais, iogurte e
massas, entre outros pratos, “[...] o trigo e a cevada constituíam a base da alimentação e eram
usados para a fabricação do pão e da cerveja; o pão de espelta era destinado às classes mais
modestas” (FLANDRIN; MONTANARI, 1998, p. 71). A farinha de trigo era fabricada em
casa, e o pão possuía diversas formas: redondo, triangular, cônico, oval, semicirculares.
Para preparar o pão, os egípcios juntavam água e um pouco de sal a essa farinha,
depois amassavam a pasta obtida e a levavam a cozer, seja diretamente numa pedra
chata colocada sobre o fogo, seja horizontalmente, dentro do forno aberto, seja
verticalmente, colocada às paredes internas deste. À massa do pão era acrescentado
o levedo obtido por fermentação, o que não excluía – pelo menos a partir de 1.500
a.C. – o emprego de uma verdadeira levedura cujos saccharomyces, sob forma
líquida, provinham da fabricação de cerveja, geralmente associada à fabricação
(FLANDRIN; MONTANARI, 1998, p. 71).
Sabe-se também que os súditos não tinham o mesmo cardápio dos faraós ficando,
portanto, com uma alimentação menos adequada em relação às reposições orgânicas.