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Universidade de São Paulo
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
Adequação protéica em rações com pastagens ou com cana-de-
açúcar e efeito de diferentes intervalos entre desfolhas da pastagem
de capim Elefante sobre o desempenho lactacional de vacas leiteiras
Tadeu Vinhas Voltolini
Tese apresentada para obtenção do título de Doutor
em Agronomia. Área de concentração: Ciência Animal
e Pastagem
Piracicaba
2006
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Tadeu Vinhas Voltolini
Zootecnista
Adequação protéica em rações com pastagens ou com cana-de-açúcar e efeito de
diferentes intervalos entre desfolhas da pastagem de capim Elefante sobre o
desempenho lactacional de vacas leiteiras
Orientador:
Prof. Dr. FLÁVIO AUGUSTO PORTELA SANTOS
Tese apresentada para obtenção do título de Doutor
em Agronomia. Área de concentração: Ciência Animal
e Pastagem
Piracicaba
2006
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Dados
Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - ESALQ/USP
Voltolini, Tadeu Vinhas
Adequação protéica em rações com pastagens ou com cana-de-açúcar e
efeito de diferentes intervalos entre desfolhas da pastagem de capim Elefante
sobre o desempenho lactacional de vacas leiteiras / Tadeu Vinhas Voltolini. - -
Piracicaba, 2006.
167 p. : il.
Tese (Doutorado) - - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 2006.
Bibliografia.
1. Cana-de-açúcar 2. Capim elefante 3. Lactação animal 4. Suplemento
protéico para animal 5. Vaca I. Título
CDD 636.2085
“Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte – O autor”
3
Aos meus pais, Olívio Voltolini e,
Libertá Vinhas Voltolini.
À minha irmã, Mirele Vinhas Voltolini.
DEDICO
Aos meus avós paternos,
Antenor Voltolini (in memorian) e,
Ilídia Argentino Voltolini (in memorian).
Aos meus avós maternos,
Abrahão Vinhas (in memorian) e,
Conceição Alves Vinhas.
OFEREÇO
4
EPÍGRAFE
“Erros são, no final das contas, fundamentos da verdade”
Carl Gustav Jung, fundador da psicologia analítica, 1875 - 1961
5
AGRADECIMENTOS
A Deus, pelo dom da vida;
Ao Professor Dr. Flávio Augusto Portela Santos, pela orientação, ensinamentos e
amizade;
Ao Departamento de Zootecnia da USP/ESALQ pela oportunidade de realização
do curso de pós-graduação;
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela
bolsa de estudo concedida;
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pela
concessão de auxílio à pesquisa;
Aos Professores do Departamento de Zootecnia da USP/ESALQ, Dr. Luiz Gustavo
Nussio, Dr. Moacyr Corsi e Dr. Wilson Roberto Soares Mattos pelas valiosas
contribuições ao estudo;
Aos professores do Departamento de Zootecnia da USP/ESALQ, Dr. Carlos
Guilherme S. Pedreira e Dr. Sila Carneiro da Silva e suas equipes pelos auxílios e
empréstimo de equipamentos;
Aos demais professores do Departamento de Zootecnia, pela amizade e os
valiosos ensinamentos transmitidos que foram fundamentais para a discussão
desse trabalho;
Ao Professor Dr. Carlos Tadeu Santos Dias, do Departamento de Estatística da
USP/ESALQ, pela grande contribuição na realização das análises estatísticas;
Ao Dr. Marco Antonio Penati, do Departamento de Zootecnia da USP/ESALQ pelas
contribuições na elaboração e condução dos ensaios experimentais;
Aos colegas de pós-graduação Júnio sar Martinez, Hugo Imaizumi, Alexandre
Mendonça Pedroso (Bolo), Rafael Luiz Clarindo (Fiotão), Eduardo Menegueli
Pereira (Mac), Narson Lima, Carolina Almeida Carmo, Rafaela Carareto
(Sacudida), Paulo Sérgio Correia (Bigode), Térssio Roger Ramalho (Fiat) e Diogo
Fleury (K-bomba) por todo o auxílio prestado durante as fases de execução do
trabalho;
À médica veterinária, Cristina Simões Cortinhas pelo auxílio e dedicação na
condução da coleta de dados em campo e execução das análises laboratoriais;
6
A todos os estagiários, Paula A. F. de Oliveira (Smorfet), Marcos Vinícius Righeto
(Kermece), Elaine Araújo (No limite), Milena Serra (Metida), Ricardo Brandão
(Adúltero), Ricardo Williansom (Xaroleis), Luís Roberto Delagostinho Neto
(Conçolo), Paulo César Ferreira (Bicikreta), que auxiliaram na coleta de dados;
Ao colega de pós-graduação Daniel de Paula Sousa pela elaboração dos croquis;
Aos estagiários do Clube de Práticas Zootécnicas (CPZ) pelos grandes auxílios
prestados na condução do trabalho;
Aos funcionários do Centro de Treinamento de Recursos Humanos, Luís Rafael
Lorena, Valdeci da Silva (Tim) e José Wilson (Zé) pela grande ajuda concedida;
Ao funcionário do Departamento de Zootecnia da USP/ESALQ, Laureano Alves da
Silva, por toda ajuda prestada;
A secretária do Departamento de Zootecnia da USP/ESALQ, Creide Ely Martins;
Ao funcionário do Laboratório de Bromatologia do Departamento de Zootecnia,
Carlos César Alves pelos ensinamentos e colaboração nas determinações
laboratoriais;
Aos amigos da República Boi Babão;
A Eliana Maria Garcia e à Silvia Zinsly pelos auxílios na formatação e correção
das referências bibliográficas;
Em especial, à Adalgisa Thayne Munhoz Ramos (Vênus), que sempre esteve ao
meu lado;
A todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização
desse trabalho.
Muito Obrigado
7
SUMÁRIO
RESUMO.................................................................................................................
10
ABSTRACT.............................................................................................................
11
LISTA DE TABELAS...............................................................................................
12
LISTA DE FIGURAS................................................................................................
15
LISTA DE ABREVIATURAS E MEDIDAS...............................................................
16
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................
18
Referências.............................................................................................................
23
2 ADEQUAÇÃO DE PROTEÍNA METABOLIZÁVEL DE ACORDO COM O NRC
(2001), PARA VACAS EM LACTAÇÃO MANTIDAS EM PASTAGENS DE
CAPIM ELEFANTE..............................................................................................
27
Resumo...................................................................................................................
27
Abstract...................................................................................................................
28
2.1 Introdução..........................................................................................................
29
2.2 Desenvolvimento...............................................................................................
30
2.2.1 Revisão bibliográfica......................................................................................
30
2.2.1.1 Intensificação dos sistemas tropicais de produção de leite.........................
30
2.2.1.2 Produção de leite de vacas em lactação mantidas exclusivamente em
pastagens ou suplementadas com concentrado.......................................
34
2.2.1.3 Limitações nutricionais e adequação protéica dos concentrados para
vacas lactantes mantidas em pastagens...................................................
36
2.3 Material e métodos............................................................................................
41
2.3.1 Local, clima e instalações experimentais.......................................................
41
2.3.2 Período experimental.....................................................................................
42
2.3.3 Animais experimentais...................................................................................
45
2.3.4 Tratamentos experimentais ...........................................................................
45
2.3.5 Delineamento experimental e análises estatísticas........................................
46
2.3.6 Determinação da produção e composição do leite........................................
47
2.3.7 Coleta de sangue e determinação dos teores de nitrogênio uréico no
plasma..........................................................................................................
48
2.3.8 Determinação do escore de condição e da variação do peso vivo................
48
2.3.9 Determinação da concentração fecal de cromo.............................................
49
2.3.10 Determinação das características quantitativas do dossel forrageiro..........
50
2.3.11 Determinação das características qualitativas do dossel forrageiro............
50
2.3.12 Amostragem dos ingredientes concentrados...............................................
51
2.3.13 Determinação da composição bromatológica..............................................
51
2.3.14 Determinação do comportamento ingestivo.................................................
52
2.3.15 Determinação da temperatura retal e freqüência respiratória......................
52
2.4 Resultados e discussão.....................................................................................
53
2.4.1 Composição bromatológica dos ingredientes.................................................
53
2.4.2 Características qualitativas e quantitativas do capim Elefante.......................
53
2.4.3 Produção e composição do leite, nitrogênio uréico no plasma, no leite e
concentração fecal de cromo.........................................................................
58
2.4.4 Variação do peso vivo e escore de condição corporal...................................
62
8
2.4.5 Comportamento ingestivo...............................................................................
63
2.4.6 Freqüência respiratória e temperatura retal...................................................
64
2.5 Conclusão..........................................................................................................
66
Referências ............................................................................................................
66
3 INTERVALO FIXO VERSUS INTERVALO VARIÁVEL ENTRE DESFOLHAS
DE PASTAGENS DE CAPIM ELEFANTE PARA A VACAS EM LACTAÇÃO....
77
Resumo...................................................................................................................
77
Abstract...................................................................................................................
78
3.1 Introdução..........................................................................................................
79
3.2 Desenvolvimento...............................................................................................
80
3.2.1 Revisão bibliográfica......................................................................................
80
3.2.1.1 O manejo do pastejo do capim Elefante..................................................... 80
3.2.1.2 Novos enfoques para o manejo do pastejo de gramíneas forrageiras
tropicais.....................................................................................................
82
3.3 Material e métodos............................................................................................
87
3.3.1 Local, período experimental e tratamentos....................................................
87
3.3.2 Animais e concentrado experimental.............................................................
91
3.3.3 Determinação das características quantitativas do dossel forrageiro............
92
3.3.4 Determinação das características qualitativas do dossel forrageiro..............
92
3.3.5 Manejo dos animais........................................................................................
93
3.3.6 Determinação da produção individual, por área e da composição do leite.. 94
3.3.7 Coleta de sangue e determinação da concentração de nitrogênio uréico no
leite.................................................................................................................
94
3.3.8 Determinação da variação do peso vivo e do escore de condição corporal..
95
3.3.9 Determinação da concentração fecal de cromo.............................................
95
3.3.10 Determinação da composição bromatológica..............................................
96
3.3.11 Análises estatísticas.....................................................................................
97
3.4 Resultados e discussão.....................................................................................
99
3.4.1 Medidas qualitativas e quantitativas do dossel forrageiro..............................
99
3.4.2 Produção e composição do leite, nitrogênio uréico no plasma, no leite e
concentração fecal de cromo.........................................................................
112
3.4.3 Taxa de lotação e produção de leite por área................................................
115
3.4.4 Variação do peso vivo e escore de condição corporal...................................
116
3.5 Conclusão..........................................................................................................
117
Referências.............................................................................................................
117
4 ADEQUAÇÃO PROTÉICA EM RAÇÕES COM CANA-DE-AÇÚCAR PARA
VACAS EM LACTAÇÃO.....................................................................................
124
Resumo...................................................................................................................
124
Abstract...................................................................................................................
125
4.1 Introdução..........................................................................................................
126
4.2 Desenvolvimento...............................................................................................
129
4.2.1 Revisão bibliográfica......................................................................................
129
4.2.1.1 Cana-de-açúcar no sistema de produção...................................................
129
4.2.1.2 Considerações gerais sobre o uso de cana-de-açúcar ..............................
130
4.2.1.3 Características agronômicas e produção de matéria seca.........................
130
9
4.2.1.4 Qualidade da cana-de-açúcar destinada à alimentação animal..................
132
4.2.1.5 Limitações nutricionais de rações com base em cana-de-açúcar para
vacas em lactação......................................................................................
133
4.3 Material e métodos............................................................................................
140
4.3.1 Local, instalações e animais experimentais...................................................
140
4.3.2 Período experimental.....................................................................................
141
4.3.3 Tratamentos experimentais............................................................................
141
4.3.4 Delineamento experimental e análises estatísticas........................................
142
4.3.5 Determinação da produção e composição do leite.................................. 144
4.3.6 Coleta e determinação da concentração de nitrogênio uréico no
plasma..........................................................................................................
145
4.3.7 Determinação da variação do peso vivo e do escore de condição corporal..
145
4.3.8 Determinação do consumo de matéria seca e do consumo de fibra em
detergente neutro...........................................................................................
146
4.3.9 Determinação da composição bromatológica................................................
146
4.4 Resultados e discussão.....................................................................................
147
4.4.1 Composição bromatológica dos ingredientes, consumo de matéria seca e
consumo de fibra em detergente neutro........................................................
147
4.4.2 Produção e composição do leite, nitrogênio uréico no plasma e no leite.......
151
4.4.3 Variação do peso vivo e escore de condição corporal...................................
155
4.5 Conclusão..........................................................................................................
156
Referências ............................................................................................................
157
10
RESUMO
Adequação protéica em rações com pastagens ou com cana-de-açúcar e efeito de
diferentes intervalos entre desfolhas da pastagem de capim Elefante sobre o
desempenho lactacional de vacas leiteiras
No presente estudo foram efetuados três ensaios. No primeiro, foram
comparados os efeitos de teores crescentes de proteína metabolizável (PM), de acordo
com o NRC (2001) para vacas lactantes mantidas em pastagens de capim Elefante. Os
aumentos em PM foram obtidos com o aumento da proporção de farelo de soja na
ração. Foram utilizadas 12 vacas, delineadas em quadrado latino 3 x 3 com quatro
repetições, durante 60 dias de avaliação. Não foi observado efeito (P>0,05) sobre a
produção de leite e leite corrigido para 3,5% de gordura, teores e produção de gordura,
proteína e sólidos totais. Houve aumento linear (P<0,05) nos teores de nitrogênio uréico
no leite (11,17; 13,17; 15,63 mg dL
-1
) e no plasma (18,57; 19,93; 21,99 mg dL
-1
). No
segundo ensaio, foram avaliados os efeitos de dois diferentes intervalos entre desfolhas
(95% de interceptação de luz pelo dossel T1 e 27 dias fixos T2) das pastagens de
capim Elefante sobre o desempenho lactacional de vacas leiteiras. Foram utilizadas oito
vacas lactantes, delineadas em cross-over, durante 80 dias. Os dados das pastagens
foram analisados através de delineamento inteiramente casualizado com medidas
repetidas no tempo. Foi observado maior (P<0,05) altura do dossel em pré (1,03 e
1,21m) e pós-pastejo (0,62 e 0,71m), interceptação de luz pelo dossel (95,47 e
97,91%), teor de fibra em detergente ácido (35,88 e 37,05%) e fibra em detergente
neutro (65,08 e 66,99%). Não houve efeito dos tratamentos (P>0,05) sobre a massa de
forragem em pré (6.270 e 6.310 kg de MS ha
-1
) e pós-pastejo (3.580 e 3.850 kg de MS
ha
-1
). Houve tendência de maior produção de leite (16,72 e 14,09 kg dia
-1
), produção de
gordura (0,64 e 0,54 kg dia
-1
), lactose (0,72 e 0,58 kg dia
-1
) e de sólidos totais (2,04 e
1,70 kg dia
-1
) para o T1 em comparação com o T2. No terceiro estudo, foram avaliados
os efeitos de três estratégias de suplementação protéica nas rações (isoprotéicas) com
cana-de-açúcar para vacas em lactação, em dois níveis de produção, 18 kg dia
-1
(T1,
T2 e T3) e 10 kg dia
-1
(T4, T5 e T6). No T1 e T4, foi usado o teor de 1 kg de uréia para
cada 100 kg de cana-de-açúcar in natura, no T2 e T5 as rações foram formuladas com
teores ajustados de PM, enquanto no T3 e T6 havia teores excessivos de PM, conforme
o NRC (2001), através do aumento em farelo de soja e redução na uréia. Para a análise
dos dados foi utilizado o delineamento em quadrado latino 3 x 3 com três replicações.
Não houve efeito dos tratamentos (P>0,05) sobre o consumo de matéria seca,
produção de leite, teor de gordura, proteína e sólidos totais. Também não houve efeito
dos tratamentos (P>0,05) sobre os teores de nitrogênio uréico no leite (13,42; 13,26;
14,03 e 13,62; 13,48; 14,12 mg dL
-1
) e no plasma (19,03; 19,22; 20,02 e 19,23; 19,32 e
20,12 mg dL
-1
), para ambos os grupos avaliados.
Palavras-chave: Cana-de-açúcar; Capim Elefante; Vacas lactantes; Fontes protéicas
11
ABSTRACT
Protein adequacy of diets for lactating dairy cows grazing pasture or fed chopped
sugarcane and effect of interval between defoliation of Elephant grass pasture on
lactational performance of dairy cows
In the present study three trials were conducted. Trial 1: Three concentrates with
increasing metabolizable protein (MP) contents were fed to lactating dairy cows grazing
Elephant grass. Extra soybean meal was fed to increase MP in the diet beyond NRC
(2001) recommendation. Twelve cows were used in a 3 x 3 latin square design,
replicated four times, for 60 days. There were no effects (P>0.05) of treatments on milk
yield, 3,5% fat corrected milk, on fat, protein and total solids contents and yields. Milk
urea nitrogen and plasma urea nitrogen concentrations increased linearly (P<0.05)
(11.17; 13.17; 15.63 and 18.57; 19.93; 21.99 mg dL
-1
) with increasing concentrate crude
protein content. Trial 2: Two different intervals between defoliation (95% of light
interception T1 and 27 days fixed T2) of Elephant grass pasture were compared for
lactating dairy cows. Eight cows were used in a cross-over design during 80 days. The
pasture data were analyzed in a complete random design with time repeated
measurements. The sward heights pre-grazing (1.03 and 1.21m), and post-grazing (0.62
and 0.71m), light interception (95.47 and 97.91%), acid detergent fiber (35.88 and
37.05%) and neutral detergent fiber (65.08 and 66.99%) were higher for T2 compared to
T1. Forage mass pre-grazing (6270 and 6310 kg DM ha
-1
) and post-grazing (3580 and
3850 kg DM ha
-1
) were not affected by treatments (P>0.05). There were tendencies for
higher milk yield (16.72 and 14.09 kg day
-1
), fat yield (0.64 and 0.54 kg day
-1
), lactose
yield (0.72 and 0.58 kg day
-1
) and total solids yield (2.04 and 1.70 kg day
-1
) for T1 in
comparison with T2. Trial 3: Three strategies for protein adequacy in sugarcane based
diets were compared for lactating dairy cows producing 18 kg milk day
-1
(T1, T2 and T3),
or 10 kg of milk day
-1
(T4, T5 and T6). In treatment 1 (T1 and T4) urea was added to the
diets in the dose of 1% of sugarcane (as fed), as traditionally done in Brazil. In treatment
2 (T2 and T5), diets were formulated according to NRC (2001) to be adequate in MP. In
treatment 3 (T3 and T6), MP was fed in excess of NRC (2001) recommendation. All the
three diets were isonitrogenous. Increasing soybean meal and decreasing urea in the
diets was done to increase MP. Eighteen dairy cows, separated in two groups (10 and
18 kg milk
-1
day
-1
) with nine cows each, were used during sixty days, in a 3 x 3 latin
square design replicated three times. There were not effects of treatments (P>0.05) on
DMI, milk yield, fat contents and yields, protein contents and yields and total solids
contents and yields. There were not effects of treatments (P>0.05) on milk urea nitrogen
(13,42; 13,26; 14,03 e 13,62; 13,48; 14,12 mg dL
-1
) and plasma urea nitrogen (19.03;
19.22; 20.02 and 19.23; 19.32 e 20.02 mg dL
-1
).
Keywords: Elephant grass; Lactating dairy cows; Protein sources; Sugarcane
12
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Resultado da análise química de macronutrientes do solo dos
módulos da área experimental..............................................................
44
Tabela 2 - Resultado da análise química de micronutrientes do solo dos
módulos da área experimental..............................................................
44
Tabela 3 - Dados climáticos observados durante o ensaio experimental............. 44
Tabela 4 - Dados climáticos tomados nos dias das avaliações do
comportamento animal..........................................................................
44
Tabela 5 - Caracterização das vacas lactantes utilizadas no ensaio experimental
45
Tabela 6 - Proporção de ingredientes e composição química dos concentrados
experimentais........................................................................................
46
Tabela 7 - Causas de variação e graus de liberdade utilizados na análise de
variância de todas as variáveis avaliadas.............................................
47
Tabela 8 - Composição bromatológica do milho moído fino (MMF), polpa cítrica
peletizada (PCP) e do farelo de soja (FS) utilizados nos concentrados
experimentais........................................................................................
53
Tabela 9 - Massa de Forragem (MF), proporção de folhas, colmos e material
senescido em pré e pós-pastejo da pastagem de capim Elefante, em
três períodos de avaliação.....................................................................
54
Tabela 10 -
Altura do dossel forrageiro em pré e pós-pastejo e densidade
volumétrica do dossel forrageiro de capim Elefante pastejado por
vacas em lactação em três períodos de avaliação...............................
56
Tabela 11 -
Composição bromatológica de amostras de pastejo simulado de
pastagens de capim Elefante em três períodos de avaliação...............
57
Tabela 12 -
Produção e composição do leite, nitrogênio uréico no plasma (NUP),
no leite (NUL) e concentração fecal de cromo de vacas lactantes
suplementadas com teores crescentes de proteína bruta no
concentrado...........................................................................................
58
Tabela 13 -
Variação do peso vivo (VPV) e variação do escore de condição
corporal (VECC) por período de 20 dias, peso vivo inicial (PVi) e
escore de condição corporal inicial (ECCi) de vacas suplementadas
com teores crescentes de proteína bruta no concentrado....................
62
Tabela 14 -
Tempo em pastejo, ruminação e ócio de vacas em lactação mantidas
em pastagens de capim Elefante, submetidas a teores crescentes de
proteína bruta no concentrado...............................................................
63
Tabela 15 -
Temperatura retal (TR) e freqüência respiratória (FR) de vacas em
lactação mantidas em pastagens de capim Elefante submetidas a
três teores de proteína bruta no concentrado, durante o verão............
65
Tabela 16 -
Resultado da análise química de macronutrientes do solo da área
experimental..........................................................................................
89
Tabela 17 -
Resultado da análise química de micronutrientes do solo da área
experimental..........................................................................................
89
13
Tabela 18 -
Dados climáticos observados durante a condução do ensaio
experimental .........................................................................................
89
Tabela 19 -
Caracterização das vacas lactantes utilizadas no experimento............
91
Tabela 20 -
Proporção de ingredientes e composição química do concentrado
experimental .........................................................................................
92
Tabela 21 -
Causas de variação e graus de liberdade utilizados para as análises
estatísticas do desempenho animal......................................................
97
Tabela 22 -
Causas de variação e graus de liberdade utilizados para as análises
estatísticas das variáveis qualitativas e quantitativas do dossel
forrageiro...............................................................................................
98
Tabela 23 -
Intervalo entre desfolhas, altura em pe s-pastejo, interceptação
de luz, índice de área foliar, angulosidade e densidade volumétrica
de pastagens de capim Elefante submetidas a dois intervalos entre
desfolhas...............................................................................................
100
Tabela 24 -
Intervalo médio entre desfolhas, expresso em dias, de pastagens de
capim pastejado Elefante pastejado por vacas em lactação durante
quatro sub-períodos experimentais.......................................................
102
Tabela 25 -
Altura do dossel em pré-pastejo, em metros, de pastagens de capim
Elefante durante quatro sub-períodos experimentais............................
103
Tabela 26 -
Altura do resíduo pós-pastejo, em metros, de pastagens de capim
Elefante em quatro sub-períodos experimentais...................................
106
Tabela 27 -
Massa de forragem em p e pós-pastejo de pastagens de capim
Elefante submetidas a dois diferentes intervalos entre desfolhas.........
106
Tabela 28 -
Massa de Forragem (kg de MS ha
-1
) em pré-pastejo de pastagens de
capim Elefante submetidas a dois diferentes intervalos entre
desfolhas em quatro sub-períodos experimentais ...............................
108
Tabela 29 -
Massa de Forragem (kg de MS ha
-1
) em pós-pastejo de pastagens de
capim Elefante submetidas a dois diferentes intervalos entre
desfolhas durante quatro sub-períodos experimentais .........................
109
Tabela 30 -
Composição morfológica do dossel forrageiro de capim Elefante
submetido a dois diferentes intervalos entre desfolhas.........................
109
Tabela 31 -
Composição bromatológica de amostras de pastejo simulado das
pastagens de capim Elefante submetidas a dois diferentes intervalos
entre desfolhas......................................................................................
111
Tabela 32 -
Produção e composição do leite, nitrogênio uréico no plasma (NUP),
no leite (NUL) e concentração fecal de cromo de vacas lactantes
mantidas em pastagens de capim Elefante submetidas a dois
diferentes intervalos entre desfolhas.....................................................
113
Tabela 33 -
Taxa de lotação do pastejo de ponta e do pastejo repasse, produção
de leite por área de vacas lactantes mantidas em pastagens de
capim Elefante com dois diferentes intervalos entre desfolhas.............
115
14
Tabela 34 -
Variação do peso vivo (VPV) e variação do escore de condição
corporal (VECC) por período de 20 dias, peso vivo inicial (PVi) e
escore de condição corporal inicial (ECCi) de vacas em lactação
mantidas em pastagens de capim Elefante submetidos a duas
diferentes freqüências de desfolha........................................................
116
Tabela 35 -
Consumo de matéria seca (CMS), consumo de fibra em detergente
neutro (CFDN), produção de leite (PL), produção de leite corrigida
para 3,5% de gordura (PLC-3,5%), e composição do leite de vacas
alimentadas com rações contendo cana-de-açúcar.............................
138
Tabela 36 -
Caracterização das vacas lactantes do grupo de maior produção de
leite .......................................................................................................
140
Tabela 37 -
Caracterização das vacas lactantes do grupo de menor produção de
leite........................................................................................................
141
Tabela 38 -
Proporção de ingredientes e composição bromatológica das rações
experimentais........................................................................................
142
Tabela 39 -
Causas de variação e graus de liberdade utilizados para a análise
dos dados de consumo de matéria e consumo de fibra em detergente
neutro.....................................................................................................
143
Tabela 40 -
Causas de variação e graus de liberdade utilizados nas análises
estatísticas de desempenho animal......................................................
144
Tabela 41 -
Composição bromatológica dos ingredientes utilizados nas rações
experimentais........................................................................................
147
Tabela 42 -
Consumo de matéria seca (CMS) total e consumo de fibra em
detergente neutro (CFDN) das vacas lactantes em dois níveis de
produção de leite submetidas a três diferentes suplementações
protéicas................................................................................................
148
Tabela 43 -
Produção de leite (PL), produção de leite corrigida para 3,5% de
gordura (PLC-3,5%), composição de leite, nitrogênio uréico no leite
(NUL) e no plasma (NUP) das vacas do grupo de maior produção de
leite........................................................................................................
151
Tabela 44 -
Produção de leite, produção de leite corrigida para 3,5% de gordura
(PLC-3,5%), composição de leite, nitrogênio uréico no plasma (NUP)
e no leite (NUL) das vacas do grupo de menor produção de
leite........................................................................................................
152
Tabela 45 -
Variação do peso vivo (VPV) e variação do escore de condição
corporal (VECC) por período de 20 dias, peso vivo inicial (PVi) e
escore de condição corporal inicial (ECCi) de vacas lactantes de dois
grupos de produção suplementadas com três diferentes
suplementações protéicas.....................................................................
156
15
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Croqui da área utilizada para a condução do experimento...................
43
Figura 2 -
Distribuição das atividades em pastejo, ruminação e ócio, durante 24
horas, de vacas em lactação mantidas em pastagens de capim
Elefante durante o verão.......................................................................
64
Figura 3 -
Croqui da área utilizada para a condução do ensaio experimental ......
88
Figura 4 -
Condição do dossel forrageiro de capim Elefante em pré-pastejo com
27 dias de intervalo entre desfolhas......................................................
99
Figura 5 -
Condição do dossel forrageiro de capim Elefante em pré-pastejo com
95% de interceptação de luz.................................................................
99
Figura 6 -
Condição do dossel forrageiro de capim Elefante em pós-pastejo,
pastejado com 27 dias fixos ou com 95% de interceptação de luz.......
100
Figura 7 -
Valores médios da altura do dossel forrageiro de capim Elefante em
pré-pastejo, submetido a duas diferentes freqüências de desfolha (T1
= 95% de interceptação de luz pelo dossel e T2 = intervalo fixo de 27
dias), nos quatro sub-períodos experimentais.......................................
104
Figura 8 -
Valores médios da altura do dossel forrageiro de capim Elefante pré-
pastejo, por piquete, submetido a dois diferentes intervalos entre
desfolhas (T1 = 95% de interceptação de luz pelo dossel e T2 =
intervalo fixo de 27 dias), durante todo o período experimental............
104
Figura 9 -
Altura do dossel forrageiro de capim Elefante em pós-pastejo,
submetido a duas diferentes freqüências de desfolha (T1 = 95% de
interceptação de luz pelo dossel e T2 = intervalo fixo de 27 dias), em
quatro sub-períodos experimentais.......................................................
105
16
LISTA DE ABREVIATURAS E MEDIDAS
°C - grau centígrado
CFDN - consumo de fibra em detergente neutro
CMS - consumo de matéria seca
DIVMS - digestibilidade in vitro da matéria seca
dm
3
- decímetro cúbico
dL - decilitro
ECC - escore de condição corporal
ECCi - escore de condição corporal inicial
EE - extrato etéreo
FDA - fibra em detergente ácido
FDN - fibra em detergente neutro
FR - freqüência respiratória
g - grama
h - hora
ha - hectare
IAF - índice de área foliar
IED - intervalo entre desfolhas
IL - interceptação de luz
Kcal - quilocaloria
kg - quilograma
Mcal - megacaloria
MF - massa de forragem
17
m - metro
mg - miligrama
mL - mililitro
mm - milímetro
MM - matéria mineral
MN - matéria natural
MS - matéria seca
N - nitrogênio
NDT - nutrientes digestíveis totais
NUL - nitrogênio uréico no leite
NUP - nitrogênio uréico no plasma
PB - proteína bruta
PDR - proteína degradável no rúmen
PLC-3,5% - produção de leite corrigida para 3,5% de gordura
PM - proteína microbiana
PNDR - proteína não degradável no rúmen
PV - peso vivo
PVi - peso vivo inicial
TR - temperatura retal
UA - unidade animal
UI - unidades internacionais
VECC - variação do escore de condição corporal
VPV - variação do peso vivo
18
1 INTRODUÇÃO
O Brasil é o sexto maior produtor mundial de leite e tem hoje uma safra anual de
aproximadamente 22 bilhões de litros (FAO, 2005), apresentando uma taxa de
crescimento superior aos seus competidores. Em menos de 30 anos, o crescimento na
produção de leite foi superior a 160% (FNP, 2005).
Em parte, esse aumento esteve associado a uma grande expansão em área que
ocorreu principalmente nos Cerrados de Goiás, no Triângulo e na região do Alto
Paranaíba em Minas Gerais. Além isso, novas fronteiras concentradas nas regiões
Norte e Centro-oeste deverão continuar suportando o crescimento em área para a
produção de leite (MARTINS; GUILHOTO, 2001).
No entanto, esse crescimento em área ocupada não foi o único fator responsável
pelo aumento na produção de leite no Brasil. Os índices de produtividade revelam que,
a partir de 1975, intensificando-se na década de 90, houve um incremento na
produtividade das vacas leiteiras. A produtividade média, que era de aproximadamente
700 kg vaca
-1
ano
-1
, hoje é mais que o dobro. Em algumas bacias leiteiras mais
tradicionais, esse índice alcança valores médios de 3.000 a 4.000 kg de leite vaca
-1
ano
-
1
(FNP, 2005). Apesar do crescimento relativo da produtividade dia das vacas
leiteiras ter sido superior ao observado em muitos países desenvolvidos, o crescimento
absoluto foi medíocre. Alcançar patamares próximos a 1.600 kg vaca
-1
ano
-1
em 30
anos, significam aumentos anuais de apenas 30 kg vaca
-1
ano
-1
. Com a manutenção
dessa velocidade de crescimento seriam necessários mais 80 anos para que os
rebanhos brasileiros possam atingir produções médias de 4.000 kg de leite vaca
-1
ano
-1
.
A produção de leite tem grande importância econômica e social. De acordo com
Vilela (2004), o agronegócio brasileiro tem participação elevada no PIB (Produto Interno
Bruto), nas exportações e na geração de renda e empregos. A cadeia do leite constitui-
se em uma das cadeias produtivas mais importantes do agronegócio brasileiro. A cada
R$ 1,00 investido nessa cadeia produtiva pode haver um retorno de R$ 4,98 no PIB. Do
mesmo modo, a elevação da demanda final por produtos lácteos em um milhão de reais
pode gerar aproximadamente 200 empregos permanentes, suplantando atividades
19
importantes como a construção civil, a indústria siderúrgica e a indústria têxtil
(MARTINS; GUILHOTO, 2001).
A importância do setor lácteo para o país, associado às perspectivas do aumento
da produção e melhorias nos preços para o produto, assim como a expectativa no
aumento das exportações, deve ser suportada por bases tecnológicas lidas e
capazes de garantir maior produção, elevar os índices de produtividade e dar
competitividade para o leite brasileiro.
Os mercados cada vez mais competitivos e a abertura da economia de diversas
nações impõem à cadeia produtiva do leite brasileira inúmeros desafios. Podem ser
destacados, os padrões de concorrência, produção sustentável, uma exigência cada
vez maior nos processos administrativos e recursos humanos para a condução dos
empreendimentos, melhor capacidade de organização e a coordenação de diversos
elos dentro da cadeia. Estes são exemplos de fatores que permitem maior agilidade e
acerto nas decisões, principalmente aquelas relacionadas à alocação de recursos
sempre em sintonia com o mercado (VILELA, 2004).
Desta forma, os diversos setores da cadeia produtiva do leite, que buscam a
integração, deverão apresentar competências e vantagens competitivas no que se
refere aos custos e volume de produção e também na qualidade da matéria prima. Em
adição, pode-se dizer que o Brasil apresenta potencial, vocação e condições para se
consolidar como um dos grandes produtores e exportadores mundiais de leite
(SANTOS; JUCHEM, 2001). Para isso é de fundamental importância que algumas
ferramentas tecnológicas sejam colocadas em prática. Entre elas, destacam-se os
adequados manejos dos solos e do pastejo, assim como, a nutrição e o correto manejo
dos animais. Estas estratégias tecnicamente viáveis devem estar voltadas para a
produção de leite economicamente rentável e ecologicamente sustentável, adaptada
aos ambientes tropicais (VILELA, 2004; SANTOS et al., 2005).
A utilização de pastagens, visando a máxima exploração dos recursos
forrageiros durante a estação chuvosa do ano, é uma das alternativas mais
competitivas para a produção de leite em ambientes tropicais (DERESZ, 2003;
SANTOS et al., 2003).
20
Contudo, os aspectos qualitativos das plantas forrageiras tropicais são
freqüentemente mencionados como fatores que limitam o elevado desempenho
individual das vacas lactantes (COWAN; LOWE, 1998). Também, as características
estruturais das plantas tropicais podem limitar o consumo de forragem pelos animais
(STOBBS, 1975). Dessa forma, a adoção de estratégias de manejo do pastejo que
promovam melhorias nesses dois fatores terá impacto significativo na produtividade
animal e, conseqüentemente, na produtividade do sistema.
Uma das práticas adotadas para melhorar a qualidade da planta forrageira
tropical, principalmente quando manejada em lotação rotacionada, é a manipulação do
intervalo entre desfolha (IED) da pastagem. Trabalhos experimentais foram conduzidos
com o objetivo de estudar os efeitos do IED sobre a qualidade e produtividade de
pastagens de capim Elefante (DERESZ, 2001; WENDLING et al., 2004). Estes estudos
mostraram vantagens na redução do IED de 45 dias proposto mais de três décadas
por Corsi (1972). Intervalos entre desfolhas que podem chegar a menos de 20 dias,
dependendo das condições de fertilidade de solo, de disponibilidade hídrica, de
temperatura e radiação solar que possibilitem aumentar a produtividade dos sistemas
de produção em pastagens.
As vantagens de IED mais freqüentes podem ser várias, dentre elas, maior
consumo de forragem, melhor qualidade na forragem colhida e maior eficiência de
colheita da forragem produzida, pelos animais. Plantas pastejadas com menores IED
apresentam melhor valor nutritivo (BUENO, 2003) e menor altura do dossel, o que pode
reduzir as perdas de forragem durante o pastejo (HILLESHEIM, 1987). Além disso, o
menor IED pode levar a estruturas e composição morfológica da planta tropical que
favorecem o consumo de forragem pelos animais (Da SILVA, 2005).
Em adição, estudos recentes (BUENO, 2003; CARNEVALLI, 2003) têm sugerido
a utilização da planta forrageira com desfolhas intermitentes, mais precoces e, manejo
com base na ecofisiologia da planta, ao contrário da utilização de dias fixos para a
definição do IED. Essa estratégia faz com que a planta seja colhida no momento em
que a mesma atinge a máxima taxa de acúmulo de forragem, sem que haja colheita
precoce ou tardia. Isto contribui para melhorar a eficiência de colheita por não
21
comprometer o processo de crescimento e não permitir que haja senescência
exacerbada (SBRISSIA; Da SILVA, 2001).
No entanto, mesmo com a colheita eficiente de forragem de alta qualidade, vacas
de elevado mérito genético teriam suas produções de leite limitadas a patamares
inferiores a 20 kg dia
-1
, no pico da lactação. De acordo com o NRC (2001), vacas
leiteiras com 500 kg de peso vivo (PV), elevado potencial de consumo de matéria seca
(2,8% do PV), em início de lactação (60 dias pós-parto), alimentadas exclusivamente
com pastagens tropicais contendo 18% de proteína bruta (PB) e 65% de nutrientes
digestíveis totais (NDT), seriam capazes de produzir no ximo 19 kg de leite dia
-1
,
com 3,7% de gordura e 3,1% de proteína no leite, sem ganhos no escore de condição
corporal. Isto limitaria os sistemas tropicais de produção de leite a trabalharem com
produtividades máximas ao redor de 4.000 kg de leite vaca
-1
ano
-1
.
Dados de pesquisas e de sistemas comerciais apontam para índices de
produtividade em pastagens tropicais de até 7.000 kg de leite vaca
-1
ano
-1
quando os
animais são suplementados com concentrado (SANTOS et al, 2005). Em pastagens de
capim Elefante (Pennisetum purpureum), Tifton 68 (Cynodon dactylon) ou Quicuiu
(Pennisetum clandestinum), manejadas intensivamente durante os meses de novembro
a maio, Fontaneli (2005) obteve produção média de leite entre 20 a 25 kg vaca
-1
dia
-1
,
em dois anos consecutivos de avaliação. As vacas foram suplementadas com
concentrado (milho moído e suplemento mineral) na dose de 1 kg para cada 2 kg de
leite acima de 12 kg dia
-1
.
A alimentação é o principal componente dos custos de produção nas
propriedades leiteiras. Dentre os nutrientes provenientes da alimentação, a proteína é o
que mais pode onerar os custos de produção do leite (IMAIZUMI, 2005). Além disso, a
deficiência desse nutriente pode comprometer o desempenho produtivo das vacas
lactantes. Por outro lado, o excesso de proteína, aumenta a demanda energética do
animal para a excreção da amônia em excesso e também pode reduzir o desempenho
reprodutivo do animal. Como demanda mais recente, a preocupação com a
contaminação ambiental com amônia (MEYER, 2003).
22
Esse fato justifica as preocupações com a adequação dos teores de proteína nos
concentrados das vacas leiteiras alimentadas com pastagens ou com rações contendo
volumosos suplementares durante a estação seca do ano, uma vez que a produção de
forragem das pastagens é sazonal e os planos de alimentação das vacas lactantes
devem ser efetuados ao longo do ano. Nos últimos anos, a utilização da cana-de-açúcar
para este fim tem crescido de forma considerável (SANTOS et al., 2005).
Entretanto, a cana-de-açúcar apresenta sérias limitações nutricionais, o que
indica a necessidade de utilizar ingredientes concentrados, principalmente fontes ricas
em proteína, como o farelo de soja, o farelo de algodão e principalmente a uréia. A
adequação protéica em rações com cana-de-açúcar, assim como nos concentrados das
vacas mantidas em pastagem, deve ser efetuada a fim de garantir maior economia no
custo de produção, aumentar a rentabilidade da propriedade leiteira e garantir a
permanência dos produtores na atividade (STACCHINI, 1998; SUCUPIRA, 1998).
Diversos modelos voltados para a nutrição e validação de rações para
ruminantes, como o Cornell Net Carbohydrate and Protein System - CNCPS (RUSSELL
et al., 1992; SNIFFEN et al., 1992) e o National Research Council - NRC (NRC, 2001),
apresentam ferramentas com o objetivo de melhorar a eficiência de utilização da
proteína nas rações, reduzindo assim o excesso de nitrogênio (N) que seria eliminado
para o ambiente.
O NRC (2001) não mais apresenta as validações das rações com base nos
teores de PB. Nesse modelo, as adequações são efetuadas em dois níveis: 1)
adequação de proteína degradável no rúmen (PDR), para suprir as exigências de
crescimento dos microrganismos; 2) adequação do suprimento de proteína
metabolizável (PM), para o animal. A PM corresponde aos aminoácidos absorvidos no
intestino delgado, provenientes da digestão da proteína microbiana, da proteína não
degradável no rúmen (PNDR) e da proteína endógena. O sistema representa um
avanço no balanceamento de rações, por permitir ajustar de forma mais eficiente as
exigências tanto da população ruminal como do bovino, além de reduzir perdas de N
para o ambiente.
23
No caso das pastagens tropicais com teores elevados de PB, o ajuste correto
dos componentes da ração animal pode levar a reduções significativas nos teores de
PB do concentrado. Fontaneli (2005) forneceu apenas milho moído e mistura mineral
para vacas mantidas em pastagens tropicais com 19 a 21% de PB, conforme
recomendado pelo NRC (2001). As vacas produziram em média 20 e 25 kg dia
-1
de leite
durante dois verões consecutivos, respectivamente.
A adição de 1% da mistura de uréia com sulfato de amônia (9:1) na cana-de-
açúcar in natura picada vem sendo amplamente adotada pelos produtores de leite no
Brasil. De acordo com o NRC (2001) à medida que a produtividade das vacas leiteiras
aumenta de 10 para 20 kg dia
-1
de leite, com o aumento na exigência de PM. A adição
de uréia na ração total tem que ser reduzida a valores inferiores ao acima citado. Em
contrapartida, fontes de proteína verdadeira precisam ser adicionadas em quantidades
mais abundantes na ração. Na prática os produtores têm mantido a dose de 1% da
mistura uréia com sulfato de amônia na cana-de-açúcar in natura picada.
Os objetivos dos estudos a seguir foram: a) avaliar diferentes estratégias de
determinação do IED em pastagens de capim Elefante para vacas leiteiras e b) avaliar
estratégias de adequação protéica em rações com pastagens ou com cana-de-açúcar
para vacas em lactação.
Referências
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27
2 ADEQUAÇÃO DE PROTEÍNA METABOLIZÁVEL DE ACORDO COM O NRC
(2001), PARA VACAS EM LACTAÇÃO MANTIDAS EM PASTAGENS DE CAPIM
ELEFANTE
Resumo
O objetivo do trabalho foi avaliar os efeitos de teores crescentes de proteína
metabolizável (PM), de acordo com o NRC (2001), para vacas em lactação, mantidas
em pastagens de capim Elefante. O ensaio foi realizado no sistema de produção de
leite do Departamento de Zootecnia da USP/ESALQ. A área de pastagem consistiu em
40 piquetes de 0,2 ha cada (8,0 ha total), utilizados em lotação rotacionada. Foram
comparados três concentrados, fornecidos na dose de 6,3 kg MS animal
-1
dia
-1
. O
concentrado “controle” (T17) continha 17,3% de proteína bruta (PB) na matéria seca
(MS) e foi formulado para suprir as exigências de PM das vacas lactantes, de acordo
com o NRC (2001). Os outros dois concentrados foram formulados para conter teores
de PM acima do recomendado pelo NRC (2001) através da adição crescente de farelo
de soja, que resultou em teores de 21,2% (T21) e 25,0% (T25) de PB na MS. Foram
utilizadas 12 vacas com dia de 150 dias em lactação e 19,5 kg de leite no início do
experimento. O delineamento adotado foi o quadrado latino 3 x 3, com quatro
repetições. A pastagem utilizada apresentou massa de forragem pré-pastejo de 11.270
kg MS ha
-1
por ciclo de pastejo, com 34% de lâminas foliares e 12% de PB. Não houve
diferença (P>0,05) para a concentração fecal de cromo (1,90; 1,87; 1,85 mg kg
-1
). As
produções de leite (17,88; 18,37; 18,43 kg vaca
-1
dia
-1
), produções de leite corrigidas
para 3,5% de gordura (17,37; 17,58; 17,75 kg vaca
-1
dia
-1
), os teores e produções de
gordura (3,37; 3,27; 3,30% e 0,59; 0,59; 0,60 kg dia
-1
), teores e produções de proteína
(3,07; 3,12; 3,08% e 0,54; 0,56; 0,55 kg dia
-1
), teores e produções de lactose (4,39;
4,40; 4,41% e 0,79; 0,81; 0,81 kg dia
-1
) e os teores e produções de sólidos totais (11,73;
11,66; 11,70% e 2,08; 2,13; 2,14 kg dia
-1
) dos tratamentos T17, T21 e T25
respectivamente, não diferiram (P>0,05). As concentrações de nitrogênio uréico no leite
(11,17; 13,17; 15,63 mg dL
-1
) e no plasma sanguíneo (18,57; 19,93; 21,99 mg dL
-1
)
aumentaram linearmente (P<0,05) com o aumento dos teores de proteína no
concentrado. As variações de peso vivo (13,5; 8,60; 14,67 kg) e as variações no escore
de condição corporal (0,04; 0,14; 0,08 pontos) não diferiram (P>0,05) entre os
tratamentos T17, T21 e T25 respectivamente. O tempo em pastejo (7,24; 7,17 e 7,27
horas dia
-1
), tempo em ruminação (8,33; 7,80; 8,06 horas dia
-1
), tempo em ócio (3,25;
3,85; 3,49 horas dia
-1
), temperatura retal (39,29; 39,47; 39,16°C) e freqüência
respiratória (71,8; 72,1; 73,3 movimentos respiratórios por minuto) das vacas, não
diferiram (P>0,05) entre os tratamentos T17, T21 e T25, respectivamente. Em
conclusão, o concentrado T17 formulado para suprir as exigências de PM de acordo
com o NRC (2001), foi adequado para vacas mantidas em pastagens tropicais com 12%
de PB e com produções de leite ao redor de 18 kg dia
-1
.
Palavras-chave: Concentrado; Forragem; Produção de leite; Teores de proteína
28
ADEQUACY OF METABOLIZABLE PROTEIN SUPPLY ACCORDING TO NRC (2001)
FOR DAIRY COWS GRAZING ELEPHANT GRASS PASTURE
Abstract
The objectives of this trial were to evaluate the effects of increasing metabolizable
protein (MP) supply beyond NRC (2001) recommendations for lactating dairy cows
grazing Elephant grass pasture. The trial was conducted at the Animal Science
Department of ESALQ-University ofo Paulo. Forty paddocks with 0.2 ha each (8.0 ha
total area), were used in an intensive rotational grazing system. Three concentrates (6.3
kg DM
-1
cow
-1
day
-1
) were evaluated. The control concentrate (T17) was 17.3% crude
protein (CP) and adjusted in MP according to NRC (2001). The other two concentrates
were formulated to increase MP supply beyond NRC (2001) recommendations. This was
done by increasing soybean meal content in the concentrate, to result in concentrates
with 21.2% (T21) and 25.0% (T25) of CP. Twelve multiparous Holstein cows, averaging
150 days in milk and 19.5 kg of milk day
-1
, were used in a 3 x 3 latin square design,
replicated four times. Forage mass was 11270 kg DM ha
-1
with 34% of green leaves and
12% CP. There was no difference (P>0,05) on chromium concentration in feces (1.90;
1.87; 1.85 mg kg
-1
). Milk (17.88; 18.37; 18.43 kg day
-1
), 3.5% fat corrected milk yields
(17.37; 17.58; 17.75 kg day
-1
), milk fat (3.37; 3.27, 3.30% and 0.59; 0.59; 0.60 kg day
-1
),
protein (3.07; 3.12; 3.08% and 0.54; 0.56; 0.55 kg day
-1
), lactose (4.39; 4.40; 4.41% and
0.79; 0.81; 0.81 kg day
-1
) and total solids (11.73; 11.66; 11.70% and 2.08; 2.13; 2.14 kg
day
-1
) contents and yields were not affected by treatments (P>0.05). Milk urea nitrogen
and plasma urea nitrogen (11.17; 13.93, 15.63 and 18.57; 19.93; 21.99 mg dL
-1
,
respectively) increased linearly (P<0,05) as MP supply was increased. Treatments did
not affect (P>0.05) body weight gain (13.5; 8.60; 14.67 kg), body condition score (0.04;
0.14; 0.08 points), grazing time (7.24; 7.17; 7.27 hours day
-1
), ruminating time (8.33;
7.80; 8.06 hours day
-1
), resting time (3.25; 3.85; 3.49 hours day
-1
), rectal temperature
(39.29; 39.47; 39.16°C) and respiratory rate (71.8; 72.1; 73.3 movements minute
-1
). In
conclusion, formulating concentrate with 17.3% CP to supply MP according to NRC
(2001) recommendation was adequate for cows milking around 18 kg day
-1
when
grazing tropical pastures with 12% CP.
Keywords: Concentrate; Forage; Milk production; Protein levels
29
2.1 Introdução
No Brasil, a grande maioria do leite produzido é proveniente de sistemas de
produção que adotam a utilização de pastagens tropicais. Este fato deve-se
principalmente às condições edafoclimáticas favoráveis ao crescimento das gramíneas
forrageiras (SANTOS; JUCHEM, 2001). Esse sistema representa o método mais barato
para o fornecimento de alimentos volumosos aos ruminantes, pois pode diminuir os
custos de produção e ser decisivo para a viabilidade econômica da atividade leiteira
(LIMA, 2000).
Os sistemas tropicais de produção de leite apresentam como grande vantagem a
elevada produção de forragem. Entretanto, as plantas forrageiras tropicais são
freqüentemente caracterizadas como de baixa qualidade (valor nutritivo, digestibilidade,
consumo de forragem) o que pode limitar o desempenho individual dos animais,
principalmente aqueles de elevado mérito genético (BALSALOBRE, 1996).
A produção individual de leite das vacas alimentadas com pastagens tropicais é
baixa, comparada com a de vacas mantidas em pastagens de clima temperado. Os
sistemas de produção de leite em regiões tropicais podem compensar as limitações
qualitativas dessas plantas, com maiores taxas de lotação. O resultado pode ser
produções por área similares ou maiores que nas regiões temperadas, com custos
menores (SANTOS et al., 2003).
No entanto, sabe-se que as pastagens são insuficientes para garantir a nutrição
adequada de vacas de rito genético alto, com produções acima de 10 a 15 kg de
leite dia
-1
. Deste modo, uma ferramenta importante para o aumento do desempenho
das vacas em lactação mantidas em pastagens é a utilização da suplementação com
concentrado (SANTOS et al., 2003; SANTOS et al., 2005).
A alimentação é o componente que tem maior participação nos custos de
produção de leite. Os suplementos protéicos podem representar até 50% ou mais do
custo do concentrado, dependendo do teor de proteína utilizado (IMAIZUMI, 2005).
É sabido que a deficiência de proteína pode comprometer o desempenho de
vacas em lactação (MEYER, 2003). O excesso de proteína, por sua vez, além de
30
encarecer o custo de produção de leite, pode representar também diminuição no aporte
energético para o animal, uma vez que a excreção do N em excesso requer grande
quantidade de energia. Pode ainda causar problemas reprodutivos, desordens
metabólicas e demasiada excreção de N ao ambiente (VAN DER GRINTEN et al.,
1992). Desta forma, a otimização da nutrição protéica em sistemas de pastagens é
fundamental tanto nos aspectos produtivo e reprodutivo quanto no aspecto econômico.
O NRC (2001) permite formular rações adequadas em PDR e em PM para
otimizar a produção de vacas leiteiras. Para suprir as exigências de PDR e de PM
(NRC, 2001) de vacas produzindo entre 15 a 25 kg dia
-1
de leite em pastagens tropicais
com 12 a 14% de PB, os teores de PB no concentrado podem ser inferiores aos
tradicionalmente usados por muitos produtores brasileiros.
A redução no teor de PB do concentrado pode representar economia
considerável na propriedade ao longo do ano. Entretanto, a literatura nacional e
internacional é escassa em dados sobre nutrição protéica de vacas leiteiras em
pastagens tropicais.
2.2 Desenvolvimento
2.2.1 Revisão bibliográfica
2.2.1.1 Intensificação dos sistemas tropicais de produção de leite
A ocupação de pastagens nativas e cultivadas no Brasil é de aproximadamente
180 milhões de hectares (30% do território nacional) (IBGE, 1996), o que representa um
grande potencial para a produção de leite, tendo em vista que quase 80% desta área
está na faixa tropical, com possibilidades de elevada produção de forragens durante a
maior parte do ano (ASSIS, 1997).
No entanto, apesar de extensas e de apresentarem grande potencial de
produção, a utilização destas áreas é ineficiente, pois revelam reduzidas taxas de
lotação das pastagens e geram baixos índices zootécnicos de produtividade. Do leite
31
produzido no Brasil, grande parte é proveniente de vacas não especializadas, mantidas
em pastagens mal manejadas, sob severas restrições nutricionais (SANTOS; JUCHEM,
2001).
Sabe-se que é muito difícil estabelecer para o país como um todo um modelo
ideal, único e padronizado para a produção de leite, uma vez que a grande diversidade
das condições edafoclimáticas, sociais, culturais e econômicas, propiciam e justificam a
presença de diferentes sistemas de produção (SANTOS et al., 2003).
Entretanto, a vocação natural de grande parte das nossas bacias leiteiras, para a
produção em pastagens (CORSI, 1986), e as profundas transformações ocorridas no
sistema agroindustrial do leite a partir da década de 90 (JANK et al., 1999), têm
estimulado o uso de pastagens manejadas intensivamente para a produção de leite
(SANTOS et al., 2005). Produções altas de leite por área, investimentos menores em
instalações e custos competitivos de produção, têm sido fatores determinantes na
opção pela intensificação de sistemas em pastagens em relação aos sistemas em
confinamento (CAMARGO, 1996).
A intensificação de sistemas de produção de leite em pastagens exige fertilidade
do solo adequada e a aplicação de técnicas de manejo do pastejo para otimizar a sua
eficiência de utilização. Dessa forma, pode-se garantir elevadas taxas de lotação, pois
este fator é essencial para o sucesso da exploração leiteira em pastagens tropicais
(DERESZ et al., 1994).
Os modelos aplicados pelo Departamento de Zootecnia da USP/ESALQ, em
Piracicaba-SP e pela EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) em
Coronel Pacheco-MG e em São Carlos-SP são alternativas para a intensificação dos
sistemas de produção no Brasil e vêm sendo adotados em escala crescente nas mais
diversas regiões do país, com as devidas adaptações em função das condições
ambientais, culturais, sociais e econômicas de cada região ou de cada propriedade
(CAMARGO, 1996; SANTOS; JUCHEM, 2001; DERESZ, 2003).
Por outro lado, esses sistemas não devem restringir-se apenas aos aspectos
quantitativos, mas também aos componentes qualitativos da planta forrageira tropical a
fim de aumentar a produção individual dos animais. O valor alimentar ou a qualidade de
32
uma planta tropical pode ser considerado como o produto do valor nutritivo (composição
química, digestibilidade), consumo de forragem pelos animais e a eficiência de
conversão dos nutrientes consumidos em produto animal (HODGSON, 1990).
De acordo com Mott e Moore (1985) citados por Santos et al. (2003), a melhor
expressão da diferença de qualidade entre duas espécies forrageiras é a diferença
entre os desempenhos produtivos dos animais que as pastejam, desde que a
quantidade não seja fator limitante para o consumo voluntário e o potencial genético
dos animais não interfira na expressão do desempenho.
Plantas forrageiras de clima temperado, quando bem manejadas, apresentam
teores de NDT superiores a 65%, teores de PB entre 20 a 25% e de FDN entre 40 a
50% (HOFFMANN; MULLER, 1993; HOLDEN et al., 1994; HONGERHOLT; MULLER,
1998; KOLVER; MULLER, 1998; MULLER; FALLES, 1998), todos indicativos de uma
forragem de valor nutritivo alto. Em contrapartida, plantas tropicais apresentam teores
de PB entre 8 a 14% e 60 a 75% de FDN (NRC, 1989; COWAN; LOWE, 1998). Além
disso, a taxa de crescimento alta das plantas forrageiras tropicais, acelera a redução de
seu valor nutritivo, pois à medida que a idade fisiológica da planta avança ocorre a
lignificação da parede celular, reduzindo a proporção do conteúdo celular
(BALSALOBRE, 1996).
Adubação, IED e resíduo pós-pastejo, são alguns dos fatores de manejo que,
quando conduzidos de forma inadequada, concorrem para um menor valor nutritivo da
forragem tropical (CORSI; MARTHA JÚNIOR, 1997) e podem em parte explicar o
conceito generalizado de que a planta forrageira tropical é de pior qualidade.
Entretanto, com manejo adequado, têm sido relatados teores de PB superiores a 20%
e teores de FDN inferiores a 65% em trabalhos experimentais (DAVISON et al., 1990;
VILELA et al., 1996; ALVIM et al. 1997; COWAN; LOWE, 1998; FONTANELI, 2005;
SANTOS et al., 2005) e em amostras provenientes de propriedades comerciais
(SANTOS et al., 2005).
As limitações para um melhor desempenho animal podem em parte, estar
relacionadas ao consumo de forragem (COWAN; LOWE, 1998). Na maioria dos casos,
o CMS das plantas forrageiras tropicais pode justificar os desempenhos observados
33
pelas vacas leiteiras mantidas em pastagens. O consumo voluntário de MS por animais
em pastejo é influenciado por fatores ligados ao animal (idade, peso, estado
fisiológico), à pastagem (massa de forragem, valor nutritivo e estrutura da planta) e a
fatores relacionados ao manejo do pastejo (pressão de pastejo, oferta de forragem,
freqüência e intensidade de desfolha) (Da SILVA; PEDREIRA, 1996; WENDLING,
1997). As características do dossel como a altura, relação folha-colmo e densidade
volumétrica, também constituem importantes fatores determinantes do CMS (STOBBS,
1975).
Em pastagens de clima temperado, o CMS de forragem variou de 11,3 a 21 kg
MS vaca dia
-1
para ofertas variando de 25 a 65 kg MS vaca
-1
dia
-1
(PEYRAUD et al.,
1996; STOCKDALE, 2000; DALLEY et al., 2001; DELABY et al., 2001; WALES et al.,
2001; BARGO et al., 2003) para vacas lactantes com produções entre 23 a 46 kg de
leite vaca
-1
dia
-1
e oferta de forragem máxima 3 a 5 vezes superiores o CMS.
Por outro lado, em pastagens tropicais o consumo de forragem por vacas
leiteiras variou de 6,3 a 15,1 kg de MS vaca
-1
dia
-1
ou o equivalente a 2,0 a 2,9% do PV
(CARDOSO, 1977; MUINGA et al., 1995; AROEIRA et al., 1999; LIMA, 2002; MAIXNER
et al., 2004), os quais, são inferiores aos obtidos com animais mantidos em pastagens
de clima temperado e indicam potencial de incremento no CMS, com possíveis reflexos
positivos no desempenho animal.
A dificuldade de se determinar de forma precisa o consumo de MS dos animais
em pastejo, tem limitado o avanço nesta área de pesquisa. Além disso, é fundamental
que avaliações de consumo, relacionando aspectos químico-bromatológicos e
estruturais da planta tropical, sejam efetuadas para as diversas gramíneas utilizadas em
nosso meio. Trata-se de uma ferramenta importante para caracterização do alimento e
da resposta animal e fornece subsídios para uma suplementação eficiente.
Apesar dos fatores qualitativos das plantas forrageiras tropicais serem
apontados como os principais limitantes a uma elevada produção individual de leite,
enormes perspectivas quanto às possíveis melhorias que poderão ser obtidas a fim de
incrementar a qualidade das pastagens tropicais, principalmente no que diz respeito aos
novos enfoques do manejo do pastejo.
34
2.2.1.2 Produção de leite de vacas em lactação mantidas exclusivamente em
pastagens ou suplementadas com concentrado
O pastejo é o método mais barato de se fornecer alimentos volumosos aos
ruminantes, diminuindo os custos de produção, revelando-se ainda decisivo para a
viabilidade econômica da atividade leiteira (LIMA, 2000). As vantagens da produção de
leite em sistemas que fazem o uso de pastagens tropicais, não advém apenas do custo
de produção menor, mas também da redução da mão-de-obra, equipamentos e da
menor ocorrência de desordens metabólicas (SANTOS; JUCHEM, 2001). Entretanto, o
uso inadequado das pastagens tem gerado índices de produtividade baixos. Somente
com a introdução de técnicas adequadas de manejo é possível desenvolver sistemas
de produção em que as pastagens tropicais passem a ter o comportamento de planta
perene (Da SILVA; PEDREIRA, 1996).
Segundo Muller e Falles (1998), o potencial de produção de leite de vacas
mantidas exclusivamente em pastagens de clima temperado é de 25 a 30 kg de leite
vaca
-1
dia
-1
, enquanto que em pastagens tropicais os resultados obtidos têm sido bem
mais modestos, situando-se entre 8 a 15 kg de leite vaca
-1
dia
-1
, sem a utilização de
concentrado (SANTOS et al., 2003).
Essa produção de leite se deve aos inúmeros desafios que os sistemas tropicais
de produção de leite apresentam, pois um dos principais é o aprimoramento de técnicas
de manejo do pastejo e o manejo dos animais. O objetivo é maximizar o consumo de
forragem de alta qualidade, uma vez que taxas de lotação altas são uma realidade
em diversos sistemas implantados no Brasil (SANTOS; JUCHEM, 2001). Nesses
sistemas, a produtividade pode ser superior a 15.000 kg de leite ha
-1
ano
-1
(DERESZ;
MOZZER, 1990; SANTOS et al., 2005).
A produção de leite por área é o produto da taxa de lotação e da produção
individual dos animais. Sabe-se que, de maneira isolada, as pastagens tropicais não
atendem as exigências das vacas com produções superiores a 10 a 15 kg de leite
(SANTOS et al., 2005). Desta forma, a utilização da suplementação com concentrado
pode ser uma prática importante para aumentar a produtividade dos sistemas de
35
produção de leite em pastagens tropicais manejadas intensivamente (DAVISON et al.,
1990).
Davison e Elliott (1993) revisaram a literatura australiana e perceberam pouca
viabilidade econômica para a suplementação com concentrado de vacas mantidas em
pastagens. Entretanto, os produtores de leite daquele país quase dobraram a
utilização de suplementos concentrados para vacas lactantes em menos de cinco
anos (1986 a 1991) e observaram um aumento de 40% na produção de leite por
hectare. A explicação para o aumento no uso de suplementos concentrados por parte
dos produtores australianos foi encontrada com a condução de experimentos em
propriedades comerciais, os quais têm mostrado respostas de 1,1 a 1,6 kg de leite por
kg de concentrado fornecido para animais suplementados com até 2.500 kg ano
-1
, ou
seja, respostas superiores às obtidas em ensaios de curta duração.
Quando se avalia os benefícios da suplementação com concentrado, os
experimentos de curta duração ou mesmo aqueles que investigam apenas uma
lactação completa do animal, não são capazes de revelar os possíveis efeitos
positivos no desempenho produtivo e reprodutivo do animal nas lactações seguintes
(DAVISON; ELLIOTT, 1993).
Da mesma forma, Kerr e Chaseling (1992), citados por Davison e Elliott (1993)
observaram, em levantamento efetuado em 114 propriedades leiteiras na Austrália,
que apenas nas propriedades que fizeram o uso correto da suplementação com
concentrado não houve aumento nos custos com alimentação.
Na revisão efetuada por Santos et al. (2003), nos ensaios que as vacas foram
mantidas exclusivamente em pastagens tropicais sem concentrado, a produção média
de leite foi de 9,33 kg vaca
-1
dia
-1
. Nos experimentos com suplementação com
concentrado, a produção média de leite foi de 13,80 kg vaca
-1
dia
-1
com a dose de
4,47 kg de matéria natural (MN) de concentrado. Quando foram selecionados apenas
os experimentos com produções individuais de leite de 20 kg vaca
-1
dia
-1
ou mais, as
vacas consumiram 7,17 kg MN
-1
dia
-1
de concentrado e produziram em média 22,78
kg de leite dia
-1
. Esses dados mostram que existe um potencial grande de aumento da
produção individual das vacas em pastagens com o fornecimento de concentrado,
36
especialmente para vacas de bom mérito genético. A produção de leite por área pode
ser aumentada em duas a três vezes com o uso de concentrado para vacas de bom
mérito genético.
O critério adotado para determinar a quantidade de concentrado para as vacas
em lactação deve levar em conta o potencial genético dos animais, a qualidade e
quantidade de forragem, o preço do concentrado e o preço do leite (SANTOS et al.
2003). De modo geral, nos preços de leite e de concentrados praticados nas
principais bacias leiteiras do país (Sul, Sudeste e Centro-oeste), possibilidade de
aumento significativo na lucratividade dos sistemas de produção em pastagens
quando o concentrado é usado de forma correta.
2.2.1.3 Limitações nutricionais e adequação protéica dos concentrados para
vacas lactantes mantidas em pastagens
Segundo Muller e Falles (1998), vários estudos foram conduzidos para se
determinar os nutrientes que limitam a produção de leite de vacas lactantes mantidas
em pastagens. Tanto para animais alimentados com plantas forrageiras de clima
temperado (MULLER; FALLES, 1998), quanto para aqueles mantidos em pastagens
tropicais (DAVISON; ELLIOTT, 1993), a ingestão de energia metabolizável constitui-se
na maior limitação para vacas em lactação mantidas nessas pastagens.
As rações formuladas para animais com produções superiores a 30 kg de leite
dia
-1
, devem conter entre 30 a 45% de carboidratos não fibrosos (NRC, 1989), que se
constituem na principal fonte de energia. Entretanto, as plantas forrageiras temperadas
e tropicais apresentam valores inferiores aos requeridos, da ordem de 15 a 22% para as
temperadas (MULLER; FALLES, 1998) e valores similares ou inferiores para as
tropicais (MARTINEZ, 2004).
No entanto, é difícil verificar com precisão os resultados do aumento na
produção de leite quando se fornece fontes ricas em carboidratos o fibrosos. Ou
seja, se isso se deve exclusivamente a um aumento na energia metabolizável para o
animal ou se parte dessa resposta advém de um provável aumento no fluxo de PM
37
para o intestino delgado, devido a uma maior síntese de proteína microbiana no rúmen
(SANTOS; JUCHEM, 2001).
Fontes de energia ricas em carboidratos não fibrosos suprem energia
primeiramente para os microrganismos ruminais, podendo favorecer maior fermentação
ruminal, estimulando assim a síntese de proteína microbiana de animais mantidos em
pastagens (CARRUTHERS; NEIL, 1997). A eficiência de utilização do N amoniacal
proveniente da degradação ruminal da proteína contida na forragem também é
aumentada com um maior suprimento de carboidratos não fibrosos (VAN VUUREN et
al., 1986).
Em estudos que avaliaram o desempenho de vacas leiteiras mantidas em
pastagens, a suplementação protéica resultou em desempenhos melhores que a
suplementação energética (O’MARA et al., 1997), o que indica a necessidade de maior
atenção à suplementação protéica de animais mantidos em pastagens. Além do
aspecto nutricional, tem que se considerar também o fato dos suplementos protéicos
representarem parcela considerável do custo dos suplementos concentrados e
aumentarem a demanda energética para a excreção do N em excesso.
A eliminação da amônia pelos tecidos também é um processo energeticamente
caro. A conversão de duas moléculas de amônia em uma molécula de uréia consome
quatro moléculas de ATP (adenosina trifosfato), de forma que a excreção de um grama
de N pela urina custa 5,45 Kcal de energia líquida de lactação (BLAXTER, 1962) ou
13,3 Kcal de energia digestível (BRODERICK; CLAYTON, 1997). Se o consumo de 100
gramas de PB não utilizada pelo organismo representa a perda de 0,2 Mcal de energia
líquida (HARESIGN; COLE, 1988), o consumo de 1.000 gramas de PB em excesso
resultaria em uma perda de 2 Mcal de energia líquida por dia. Isso representa quase
30% de energia de manutenção de uma vaca leiteira ou energia suficiente para a
produção de, aproximadamente, 3 kg de leite (MEYER, 2003).
A suplementação protéica pode comprometer o desempenho reprodutivo dos
animais, seja por efeitos diretos como aumento nos teores de uréia e amônia ou pelo
desbalanço energético. Em adição, o excesso de excreção de N pelas fezes e urina
38
dos animais pode contaminar o ar através da volatilização da amônia e os rios e lençóis
freáticos pelo nitrato lixiviado (MEYER, 2003).
Uma das estratégias para adequar a suplementação protéica para vacas
leiteiras em pastagens é a definição da natureza da degradabilidade protéica a ser
utilizada. A alta degradabilidade ruminal da proteína das forragens tropicais e
temperadas sugere que uma limitação no fluxo de PM deve ocorrer principalmente para
animais de alta produção, suplementados ou não com concentrado (SANTOS et al.,
2003).
Esta limitação parece ser mais acentuada quanto maior o teor de PB da
forragem, ou seja, a proteína proveniente desta forragem participa em larga escala da
proteína total da ração do animal. Entretanto, a suplementação de animais em
pastagem com concentrado contendo fontes protéicas ricas em PNDR tem resultado
em dados inconsistentes e pouco promissores (SANTOS; JUCHEM, 2001).
A revisão de literatura efetuada por Santos et al. (1998) mostrou que para vacas
de alto mérito genético, mantidas em confinamento, com produção entre 30 a 46 kg de
leite
dia
-1
, que a suplementação com PNDR em substituição parcial ou total ao farelo de
soja convencional teve sucesso somente quando se utilizou fontes ricas e balanceadas
em lisina e metionina. A fonte mais promissora foi a farinha de peixe de alta qualidade
seguida do farelo de soja tratado a alta temperatura ou quimicamente. Os ganhos
médios foram de 1,2 kg de leite dia
-1
. Ganhos máximos de 2 kg de leite por dia foram
observados para vacas nos primeiros 40 dias de lactação.
A tentativa de se adequar e aumentar a eficiência de utilização da proteína das
rações através dos conceitos de degradabilidade da proteína, publicados pelo NRC
(1985) e posteriormente pelo NRC (1989) estimulou de forma expressiva o interesse por
fontes suplementares ricas em PNDR. O conceito difundido foi o de que rações
contendo farelo de soja como o principal suplemento protéico seriam deficientes em
PNDR, limitando assim o desempenho de vacas de alta produção. Um dos principais
aspectos que estimulou a suplementação com fontes ricas em PNDR, foi a hipótese da
obtenção de maior fluxo de aminoácidos essenciais para o intestino delgado.
Entretanto, o aumento da absorção de aminoácidos essenciais com o uso de fontes
39
protéicas ricas em PNDR não foi observado na maioria dos trabalhos com ensaios
metabólicos em vacas lactantes (SANTOS et al., 1998).
A utilização de fontes ricas em PNDR fornecidas para vacas lactantes em
pastagens de clima temperado não foi capaz de aumentar a produção de leite ou alterar
os parâmetros de composição do leite (BARGO; REARTE, 1997; HONGERHOLT;
MULLER, 1998; KOLVER et al., 1998; PIÑEIRO, 2000; REARTE; PIERONI, 2001).
Uma possível justificativa para esse fato é a utilização incorreta de fontes ricas
em PNDR que restringem a disponibilidade de PDR para os microrganismos do rúmen,
prejudicando a fermentação ruminal, digestão de fibra (LIMA, 2000) e a síntese
microbiana (SANTOS et al., 1998). Outra provável causa da ausência de respostas
positivas em produção de leite à suplementação com PNDR, pode ser o fato de que a
maioria destas fontes protéicas tem o perfil de aminoácidos inadequado (SLOAN et al.,
1998).
Kellaway e Porta (1993) citados por Santos et al. (2003) revisaram a literatura
australiana sobre suplementação protéica e concluíram que para vacas de baixa
produção, em pastagens de alta qualidade, a suplementação com fontes ricas em
PNDR é desnecessária. Delgado e Randel (1989), trabalharam com animais mantidos
em lotação rotacionada em pastagens de grama estrela (Cynodon dactylon) e não
observaram respostas positivas em produção de leite de vacas produzindo em média
17,3 kg de leite dia
-1
, ao aumento de PB do concentrado de 15 para 18% , assim como
ao aumento do teor de PNDR no concentrado. Davison et al. (1990) observaram
respostas positivas das vacas leiteiras com produção de leite entre 14 a 18 kg dia
-1
em
pastagens tropicais, com a adição de farinha de carne e ossos à ração. Entretanto, nos
dois experimentos não houve tratamento controle com uma fonte protéica rica em PDR,
como o farelo de soja.
Apesar dos dados de pesquisa indicarem ausência de benefícios à
suplementação com fontes ricas em PNDR para vacas mantidas em pastagens
temperadas ou tropicais, Davison e Elliott (1993) relataram respostas positivas em
produção de leite com a suplementação de fontes ricas em PNDR em observações
efetuadas em propriedades comerciais australianas. Entretanto, os autores não
40
esclarecem se estas respostas foram obtidas em comparação com fontes da alta
degradabilidade ruminal ou se referem à simples adição extra de uma fonte rica em
PNDR.
No Brasil, o farelo de soja é a fonte protéica mais utilizada (GUIDI, 1999), por ser
uma proteína de excelente qualidade, adequada em lisina, mas deficiente em metionina
(SCHWAB et al., 1976), caracterizando-se como uma fonte de PDR. A uréia é um
composto orgânico rico em nitrogênio não protéico, possuindo 45% de N e equivalente
protéico próximo a 281% de PB (NRC, 1989).
Devido ao alto custo das fontes protéicas e à capacidade dos ruminantes em
utilizar fontes de nitrogênio não protéico, tem-se justificado o interesse pela utilização
de uréia em substituição a fontes de proteína verdadeira. Entretanto, sua utilização
como um ingrediente na formulação de suplementos, deve seguir restrições de
fornecimento para não ocasionar distúrbios metabólicos (FERGUSSON et al., 1988).
Os suplementos concentrados comerciais com cerca de 18 a 20% de PB na MS
seriam suficientes quando usados nas quantidades especificadas, para as produções
de leite normalmente obtidas em pastagens tropicais (SANTOS; JUCHEM, 2001).
Contudo, Van der Grinten et al. (1992) afirmaram que é comum o uso de concentrados
com teores de PB superiores a esses citados anteriormente, o que pode resultar em
excesso de N nas rações das vacas lactantes.
A formulação de rações baseadas nas exigências em PB, não permite ajustes
finos que visem suprir tanto as exigências da população microbiana em PDR, quanto do
bovino, que requer aminoácidos absorvíveis no intestino delgado. O NRC (2001) calcula
as exigências tanto do rúmen (PDR) quanto do bovino (PM). A PM corresponde ao total
de aminoácidos absorvidos no intestino delgado, sendo estes provenientes da digestão
intestinal da proteína endógena, proteína microbiana e PNDR.
Para vacas com produções entre 15 a 25 kg de leite por dia, mantidas em
pastagens com 12 a 14% de PB, o NRC (2001) sugere a formulação de concentrados
com teores de PB inferiores aos tradicionalmente usados por muitos produtores e pela
indústria em geral, no Brasil. Vacas mantidas em pastagens tropicais com 18 a 21% de
PB foram capazes de manter produções médias de até 26 kg dia
-1
durante seis meses
41
de pastejo, suplementadas apenas com milho moído e suplemento mineral
(FONTANELI, 2005). A redução no teor de PB do concentrado pode representar uma
economia considerável na propriedade ao longo do ano. Entretanto, a literatura nacional
e internacional é escassa no assunto.
Assim, este trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar os efeitos de teores
crescentes de PM, de acordo com o recomendado pelo NRC (2001), para vacas em
lactação mantidas em pastagens de capim Elefante.
2.3 Material e métodos
2.3.1 Local, clima e instalações experimentais
O trabalho foi conduzido no sistema de produção de leite do Centro de
Treinamento de Recursos Humanos (CTRH) do Departamento de Zootecnia da
USP/ESALQ, em Piracicaba SP. As coordenadas geográficas do município de
Piracicaba SP são 22°43’ de latitude Sul, 47°25’ de longitude Oeste e 580 metros de
altitude.
O clima da região de Piracicaba é classificado como mesotérmico úmido,
subtropical de inverno seco, classificado como Cwa, com temperaturas médias
inferiores a 18°C nos meses mais frios e superiores a 22°C durante a estação mais
quente do ano (BRASIL, 1960).
Foram utilizados 40 piquetes com 0,2 ha em média (8,0 ha) de pastagem de
capim Elefante, cultivares Napier e Cameroon. Os piquetes dispunham de bebedouros,
saleiros e acesso para áreas de sombra natural (árvores) ou artificial (sombrite). A
pastagem foi manejada em lotação rotacionada, com três dias de ocupação e 37 dias
de descanso.
A entrada dos animais no piquete a ser pastejado foi realizada imediatamente
após a ordenha da manhã. As vacas em lactação realizaram o primeiro pastejo e,
posteriormente, a pastagem foi submetida a dois dias de pastejo de repasse efetuados
pelas vacas não lactantes e por bovinos de corte em crescimento. Os animais
42
experimentais efetuaram o primeiro pastejo em conjunto com as demais vacas lactantes
do rebanho, totalizando 32 animais em pastejo com peso médio de 430 kg, ou seja,
30,6 unidades animais (UA).
A adubação foi efetuada com o fornecimento de 80 kg de N por ha
-1
a cada ciclo
de pastejo. Os dados referentes às análises químicas de macro e micronutrientes do
solo estão apresentados nas Tabelas 1 e 2, respectivamente. Os dados climáticos
obtidos na estação meteorológica automática da USP/ESALQ são apresentados nas
Tabelas 3 e 4.
2.3.2 Período experimental
Foi adotado um período pré-experimental de 20 dias para a adaptação dos
animais às condições da pesquisa.
O período experimental estendeu-se de dezembro de 2001 a fevereiro de 2002
com duração de 60 dias, subdividido em três sub-períodos de 20 dias cada. Os 15
primeiros dias de cada sub-período foram de adaptação e os cinco dias subseqüentes
foram de coleta de dados. As respectivas datas para cada sub-período, foram: sub-
período 1 = 17 de dezembro a 6 de janeiro; sub-período 2 = 7 a 27 de janeiro e sub-
período 3 = 28 de janeiro a 16 de fevereiro.
43
Figura 1- Croqui da área utilizada para a condução do experimento
44
Tabela 1 - Resultado da análise química de macronutrientes do solo dos módulos da área experimental
Amostras pH MO P S K Ca Mg Al H+Al SB T V M
CaCl
2
(g dm
-3
)
-1
(mg dm
-3
)
-1
(Mmol dm
-3
)
-1
%
Módulo 1 5,1 44 32 25 3,7 60 29 1 38 92,7 130,7 71 1
Módulo 2 4,8 47 50 28 7,2 69 34 0 42 110,2 152,2 72 0
Módulo 3 5,7 42 47 18 11,1
71 23 0 22 116,1 138,1 84 0
pH = potencial hidrogeniônico, MO = Matéria orgânica, P = Fósforo, S = Enxofre, K = Potássio, Ca = Cálcio, Mg = Magnésio, Al = Alumínio, H =
Hidrogênio, SB = Soma de bases, T = Capacidade de troca catiônica, V = saturação por bases, M = saturação por alumínio.
Tabela 2 – Resultado da análise química de micronutrientes do solo dos módulos da área experimental
Amostras B Cu Fe Mn Zn
(mg dm
-3
)
-1
Módulo 1 0,36 12,6 94 81,4 6,6
Módulo 2 0,27 14,6 95 90,4 8,7
Módulo 3 0,42 9,4 69 74,4 9,6
B = Boro, Cu = Cobre, Fe = Ferro, Mn = Manganês, Zn = Zinco.
Tabela 3 - Dados climáticos observados durante o ensaio experimental
Meses Temperatura (ºC) Umidade Relativa (%) Precipitação (mm)
Radiação Solar (MJ m
2
)
-1
Média Mínima
Máxima
Média
Mínima
Máxima
Total Total
Dez/2001 23,1 19,2 29,2 91,0 64,6 99,8 275,1 555,2
Jan/2002 23,0 18,7 28,8 87,0 60,0 100,0 196,8 596,1
Fev/2002 22,7 18,8 28,5 90,0 57,0 100,0 167,8 495,3
Fonte: Estação meteorológica automática da USP/ESALQ.
Tabela 4 - Dados climáticos tomados nos dias das avaliações do comportamento animal
Datas Temperatura (ºC) Umidade Relativa (%) Precipitação (mm) Radiação Solar (MJ m
2
)
-1
Média Mínima
Máxima
Média
Mínima
Máxima Total Total
03/01/2002
25,3 19,5 31,6 76,9 42,0 100,0 0,0 23,1
23/01/2002
23,1 19,5 27,1 88,6 59,6 100,0 0,0 19,6
15/02/2002
23,1 17,6 29,8 90,0 60,0 100,0 0,0 20,7
Fonte: Estação meteorológica automática da USP/ESALQ.
45
2.3.3 Animais experimentais
Foram utilizadas 12 vacas em lactação, as quais são caracterizadas na Tabela 5,
a seguir.
Tabela 5 - Caracterização das vacas lactantes utilizadas no ensaio experimental
Componentes Média Desvio padrão
Mínimo Máximo
Produção de leite, kg dia
-1
19,5 3,30 14,6 23,8
Número de partos 4 1,2 2 6
Estágio de lactação, dias 150 110 40 250
Peso vivo, kg 511 86 370 620
Escore de condição corporal 2,54 0,31 1,75 3,00
2.3.4 Tratamentos experimentais
. Foram comparados três concentrados, com teores crescentes de PM, obtidos
através do aumento do teor de PB na ração. O concentrado “controle” (T17) continha
17,3% de PB e foi formulado para suprir as exigências de PM de vacas com produção
diária de 19,5 kg de leite, de acordo com o NRC (2001). Os outros dois concentrados
foram formulados para conterem balanços de PM acima do recomendado pelo NRC
(2001) através da adição crescente de farelo de soja, que resultou em teores de 21,2%
(T21) e 25,0% (T25) de PB.
Os balanços de PM, estimados pelo NRC (2001) para o T21 e T25, foram: 69 e
140g dia
-1
, respectivamente. O aumento em PM e PB também resultou em teores
crescentes de PDR, nas rações das vacas leiteiras.
A quantidade de concentrado fornecida foi de 7,0 kg de MN ou 6,3 kg de MS por
vaca ao dia, fracionada em duas vezes, em comedouros individuais, assumindo uma
produção média inicial de 19,5 kg de leite por vaca ao dia, ou seja, uma relação de 3:1
kg de MS de concentrado para cada kg de leite produzido. Os concentrados foram
misturados previamente em um misturador horizontal com capacidade para 260 kg. As
proporções dos ingredientes e a composição química dos concentrados experimentais
estão apresentadas na Tabela 6.
46
Tabela 6 Proporção de ingredientes e composição química dos concentrados
experimentais
Componentes Tratamentos (% de PB)
T17 T21 T25
Milho moído fino, % MS 39,41 34,55 29,80
Polpa cítrica peletizada, % MS 39,41 34,55 29,80
Uréia, % MS 1,27 1,27 1,27
Farelo de soja, % MS 15,08 24,80 34,30
Supl. min. e vit., % MS 4,83 4,83 4,83
Composição química
Fibra em detergente ácido, % MS 11,6 11,3 11,1
Fibra em detergente neutro, % MS 15,5 15,3 15,2
Energia metabolizável, Mcal kg
-1
3,06 3,10 3,14
Níveis de garantia do suplemento mineral e vitamínico por quilo do produto, fósforo (P) 55 g, cálcio (Ca) 220 g,
cloro (Cl) 105,50 g, sódio (Na) 70 g, magnésio (mg) 35 g, enxofre (S) 22 mg, manganês (Mn) 1500 mg, ferro (Fe)
500 mg, zinco (Zn) 1550 mg, cobre (Cu) 450 mg, cobalto (Co) 50 mg, iodo (I) 40 mg, selênio (Se) 20 mg, flúor (F)
máximo 550 mg, vitamina A 90.000 UI, vitamina D 75.000 UI, vitamina E 1.000 UI, solubilidade em ácido cítrico
(2%).
2.3.5 Delineamento experimental e análises estatísticas
O delineamento experimental utilizado foi o quadrado latino 3 x 3 (três
tratamentos e três períodos) com quatro repetições. As variáveis analisadas foram
submetidas ao PROC GLM (General linear models) dos recursos do pacote estatístico
SAS (1999), versão 8 para Windows, comparando-se as médias através do uso de
contrastes lineares, a fim de verificar os efeitos lineares e os desvios da linearidade
(efeito quadrático).
Foi utilizado o LSMEANS para a obtenção das médias dos tratamentos. As
causas de variação e os graus de liberdade utilizados na análise de variância estão
apresentados na Tabela 7.
47
Tabela 7 Causas de variação e graus de liberdade utilizados na análise de variância
de todas as variáveis avaliadas
Causas de variação Graus de liberdade
Animal 11
Sub-período 2
Tratamento 2
Repetição 3
Resíduo 17
Total 35
O modelo estatístico adotado para as variáveis experimentais foi:
Y
ijkl
= µ + A
i
+ S
j
+ T
k
+ R
l
+ e
ijkl
,
Onde,
Y
ijkl
= variáveis observadas;
µ = média geral;
A
i
= efeito do animal
i
, (sendo
i
= 1, 2... 12);
S
j
= efeito do sub-período
j
, (sendo
j
= 1, 2 e 3);
T
k
= efeito do tratamento
k
, (sendo
k
= 1, 2 e 3);
R
l
= efeito da repetição
l
, (sendo
l
= 1, 2, 3 e 4);
e
ijkl
= erros associados às observações Y
ijkl.
2.3.6 Determinação da produção e composição do leite
As pesagens e amostragens do leite foram efetuadas nos últimos cinco dias do
período de coleta, realizando-se diariamente duas ordenhas, às 7h00 e 16h00.
Para a determinação da composição do leite, foram tomadas amostras
proporcionais à produção individual do animal por ordenha. As amostras foram
preservadas em frascos plásticos contendo conservante (2-bromo-2-nitropropano-1-3-
diol) e encaminhadas à Clínica do leite do Departamento de Zootecnia da USP/ESALQ,
para a realização das análises de proteína, gordura, lactose, sólidos totais e nitrogênio
uréico no leite (NUL).
48
A produção de leite corrigida para 3,5% de gordura foi calculada a partir da
equação [0,4324*produção de leite (kg) + 16,216*gordura (kg)], proposta por Tyrrell e
Reid (1965).
2.3.7 Coleta de sangue e determinação do nitrogênio uréico no plasma
A coleta de sangue foi realizada no último dia de cada sub-período, sempre
quatro horas após o fornecimento matinal do concentrado, através de punção na veia
coccígea. As amostras de sangue foram armazenadas em tubos de ensaio a vácuo,
contendo 5 mg de fluoreto de sódio como anticoagulante.
Em seguida, os tubos de ensaio foram submetidos à centrifugação por 20
minutos a 3.000 rotações por minuto (RPM) emC, para a obtenção do plasma que foi
acondicionado em tubos de 1,5 mL do tipo ependorf e congelado a –10°C para
posteriores determinações dos teores de nitrogênio uréico no plasma (NUP). As
determinações dos teores de NUP foram realizadas utilizando o Kit N 535 (Sigma
Chemical Co.), em laboratório comercial.
2.3.8 Determinação do escore de condição e da variação do peso vivo
O escore de condição corporal (ECC) foi avaliado no primeiro e último dia de
cada sub-período, sempre pelo mesmo avaliador. A escala utilizada variou de 1 a 5
pontos, sendo que, 1 representava vacas muito magras e 5 vacas excessivamente
gordas, sendo classificadas a intervalos de 0,25 pontos, de acordo com Wildman et al.
(1982).
Da mesma forma, a pesagem dos animais foi efetuada durante dois dias
consecutivos no início e no final de cada sub-período, após a ordenha da tarde. Dentre
as duas pesagens consecutivas foi considerado o menor peso para a análise dos
dados.
49
2.3.9 Determinação da concentração fecal de cromo
Para a determinação da concentração fecal de cromo, este foi administrado na
forma de sesquióxido de cromo (Cr
2
O
3
), sendo fornecido 30g por dia do marcador,
fracionado em duas vezes, em cápsulas de papel, por via oral (AROEIRA et al., 1999).
O fornecimento do Cr
2
O
3
foi realizado durante doze dias, sendo recuperado nas
fezes nos últimos cinco dias. A coleta de fezes foi realizada diretamente do reto, duas
vezes ao dia, durante a ingestão de concentrado pelos animais, sendo retiradas
aproximadamente 100g dia
-1
por coleta. As amostras de fezes foram compostas por
animal e sub-período e armazenadas a –10 ºC.
As concentrações de cromo nas fezes foram determinadas pelo método de
irradiação atômica pelo Laboratório de Instrumentação Nuclear do Centro de Energia
Nuclear na Agricultura (CENA).
Para a leitura da concentração do marcador, as amostras foram secas durante
48 horas a 55
o
C, moídas a 1mm em peneiras tipo Willey. Em seguida 1g de cada
amostra foi colocada em recipiente apropriado para análise por fluorescência de raios X
(cubeta de plástico com fundo de Mylar de 6,3 micrometros de espessura), prensada a
2 (ton. cm
2
)
-1
e levada diretamente para análise, sem passar por nenhum tipo de pré-
tratamento químico.
A quantificação da concentração do elemento químico foi realizada através da
técnica analítica denominada fluorescência de raios X por dispersão de energia
(EDXRF, energy dispersive X-ray fluorescence). A excitação foi feita com raios X Mo-Kα
de 17,44 keV, provenientes de um tubo de raios X com alvo de Mo e filtro de Zr,
operado a 25 kV e 10 mA, possibilitando a detecção do elemento químico cromo pelo
seu raio X característico Kα. As amostras foram excitadas por 100 segundos, sendo o
raio X detectado por um espectrômetro multicanal, baseado em detector semicondutor
de Si(Li) e eletrônica nuclear convencional.
A concentração do elemento cromo foi estimada através da intensidade do raio
X característico, levando-se em conta o efeito matriz. A validação da metodologia foi
realizada analisando-se uma amostra de referência certificada (hay powder, V-10)
50
produzida pela Agência Internacional de Energia Atômica, Viena (NASCIMENTO
FILHO, 1999).
2.3.10 Determinação das características quantitativas do dossel forrageiro
Como características quantitativas foram determinadas as massas de forragem
(MF) em pré e pós-pastejo. As amostras colhidas em quatro pontos distintos do
piquete, selecionados por meio de uma linha secionada com marcações a cada dez
metros. A moldura utilizada apresentava dimensões de 1m
2
em formato quadrado, de
acordo com as recomendações de Penati et al. (2001), para amostragem de forragens
em áreas de até 2.000 m
2
.
As amostras de forragem foram tomadas durante os últimos oito dias de cada
sub-período experimental. Os cortes foram padronizados em aproximadamente 20 cm
da altura do solo.
2.3.11 Determinação das características qualitativas do dossel forrageiro
As características qualitativas do dossel forrageiro determinadas foram: a altura
do dossel em pré e pós-pastejo, a densidade volumétrica, a composição morfológica e
a composição bromatológica da planta forrageira. As medidas foram tomadas durante
os últimos oito dias de cada sub-período experimental.
A altura do dossel foi medida como o comprimento desde o nível do solo até a
curvatura de uma das folhas completamente expandida, ou seja, a altura comumente
chamada de visada. Para tal, foi utilizada uma régua de madeira de 2,50m de
comprimento, graduada em centímetros. Foram tomadas 20 medidas por piquete para o
pré e para o pós-pastejo. A densidade volumétrica foi calculada dividindo-se a MF pré-
pastejo pela altura, descontando-se os primeiros 20 cm em relação ao nível do solo,
sendo expressa em kg de MS cm
-1
ha
-1
.
Uma sub-amostra de aproximadamente 300g, originada da amostra coletada
para a determinação da MF, foi utilizada para a determinação da composição
51
morfológica da planta forrageira. A planta foi separada em folhas (lâminas foliares),
colmos (colmo + bainha) e material senescido, sendo considerado o material (folhas,
colmos) com aproximadamente 50% de sua constituição seca.
Para as análises de composição bromatológica da forragem, foram coletadas
amostras de pastejo simulado em 20 pontos de cada um dos oito piquetes amostrados
por sub-período experimental. Procurou-se simular o pastejo efetuado pelos animais
que efetuaram o pastejo de ponta durante o primeiro dia de ocupação do piquete.
2.3.12 Amostragem dos ingredientes dos concentrados
As amostras dos ingredientes dos concentrados foram tomadas durante o
período pré-experimental e submetidas às análises bromatológicas. Com base nessas
análises os concentrados foram formulados.
Durante o período experimental, as amostras dos ingredientes foram tomadas no
primeiro dia de cada período de coleta dos três sub-períodos experimentais.
2.3.13 Determinação da composição bromatológica
As análises bromatológicas foram efetuadas junto ao Laboratório de
Bromatologia do Departamento de Zootecnia da USP/ESALQ.
Os ingredientes dos concentrados, após descongelados, foram moídos em
moinhos tipo Willey em peneiras com malhas de 1mm e encaminhados para a secagem
definitiva. As amostras de forragem (pastejo simulado e frações da planta inteira) foram
levadas à estufa de circulação forçada de ar, mantidas a 55ºC por 48 horas e moídas
em moinhos tipo Willey em peneiras com malhas de 5 mm e posteriormente de 1 mm.
Após a pré-secagem, as frações (folha, colmo e material senescido), compostas
por sub-período, seguiram para a secagem definitiva (AOAC, 1975).
As amostras de pastejo simulado e dos ingredientes dos concentrados foram
compostas por sub-período e analisados para MS; MO e EE (AOAC, 1975). As análises
de FDN, FDA foram efetuadas no equipamento Ankon (Ankon 200 Fiber Analyser da
52
Ankon Technology Corporation), com a adição de sulfito de sódio (Na
2
SO
3
) (VAN
SOEST, 1994). A lignina foi determinada através da adição de ácido sulfúrico 72% no
resíduo insolúvel da FDA (GOERING; VAN SOEST, 1970).
As análises de PB foram efetuadas pelo analisador de N (LECO FP-2000
nitrogen analyzer, Leco Instruments, Inc. St. Joseph, MI), enquanto que as
determinações de digestibilidade in vitro da MS (DIVMS) foram realizadas no aparelho
DAISY ANKOM (ANKOM Technology Fairport, NY) de acordo com Goering e Van
Soest, 1970.
2.3.14 Determinação do comportamento ingestivo
As medidas do comportamento ingestivo das vacas em lactação foram realizadas
ao final de cada sub-período, registrando-se as atividades (ruminação, pastejo e ócio),
durante 24 horas, a cada 5 minutos. As atividades realizadas durante o tempo em
ordenha e durante a ingestão de concentrado não foram consideradas nas análises.
Foram acompanhadas as 12 vacas utilizadas no experimento. Para a
visualização dos animais durante o pastejo, foi utilizado um observatório a partir do qual
era possível avistar todos os animais. Para melhor visualização noturna, as vacas foram
identificadas com tinta fluorescente.
2.3.15 Determinação da temperatura retal e da freqüência respiratória
As medidas de temperatura retal e freqüência respiratória foram efetuadas no
mesmo dia das avaliações do comportamento ingestivo, no ato do fornecimento do
concentrado durante a manhã e à tarde.
Foram tomadas duas medidas: a primeira efetuada às 8h00, caracterizando um
estado basal da temperatura retal, e a segunda realizada às 15h00 para representar
possíveis situações de estresse térmico durante as horas mais quentes do dia. A
freqüência respiratória foi determinada pelo número de movimentos respiratórios por
minuto, observados no flanco direito do animal. A temperatura retal foi efetuada com a
53
utilização de termômetro clínico digital com escalas de 0,1°C, que permanecia em
contato com o animal até a estabilização da temperatura retal.
2.4 Resultados e discussão
2.4.1 Composição bromatológica dos ingredientes
Na Tabela 8, estão apresentadas as composições bromatológicas dos
ingredientes utilizados no ensaio experimental (milho moído fino, polpa cítrica
peletizada e farelo de soja).
Tabela 8 Composição bromatológica do milho moído fino (MMF), polpa cítrica
peletizada (PCP) e do farelo de soja (FS) utilizados nos concentrados
experimentais
Componentes Ingredientes
MMF PCP FS
Matéria seca, % no alimento 89,42 90,03 89,67
Matéria mineral, % da MS 1,57 6,93 6,80
Proteína bruta, % da MS 9,06 7,34 47,89
Fibra em detergente neutro, % da MS 9,46 21,08 17,12
Fibra em detergente ácido, % da MS 2,07 18,14 9,04
Extrato etéreo, % da MS 1,12 2,42 2,18
Nutrientes digestíveis totais
1
, % da MS 85,73 77,79 79,35
1
– Calculado através do NRC (2001).
2.4.2 Características qualitativas e quantitativas do capim Elefante
Os dados referentes às MF, proporção de folhas, colmos e material senescido
em pré e pós-pastejo estão apresentados na Tabela 9.
54
Tabela 9 Massa de Forragem (MF), proporção de folhas, colmos e material senescido
em pré e pós-pastejo da pastagem de capim Elefante, em três períodos de
avaliação
Componentes Sub-períodos avaliados Média DP
1
1 2 3
MF pré-pastejo, kg MS ha
-1
10.707 11.207 11.442 11.270 4.900
Folhas, % 34,71 32,25 34,83 33,93 6,58
Colmos, % 62,39 64,88 63,37 63,55 6,76
Material senescido, % 2,90 2,88 1,80 2,53 1,42
MF pós-pastejo, kg MS ha
-1
3.662 8.122 4.660 5.481 2.538
Folhas, % 12,70 19,28 15,80 15,93 4,92
Colmos, % 83,8 77,11 64,83 75,25 4,80
Material senescido, % 3,51 3,61 2,70 3,27 1,67
1
= Desvio padrão da média.
Pode-se observar que houve elevada produção de MS da pastagem durante a
estação chuvosa do ano. Em ensaios conduzidos na mesma área experimental por
Balsalobre (1996) e Martinez (2004), também foram observadas elevadas produções de
MS do capim Elefante, que variaram de 8 a 16.000 kg de MS ha
-1
por ciclo de pastejo.
Entretanto, 63,55% da MS produzida correspondeu aos colmos, material de
baixo valor nutritivo e pouco consumido pelos animais. De forma semelhante, Martinez
(2004) obteve 56% de colmos (% da MS), com ciclos de pastejo de 37 dias, nesta
mesma área experimental durante o outono do mesmo ano deste estudo.
Em trabalho conduzido na mesma área Voltolini (2006)
1
comunicação pessoal”,
com a pastagem de capim Elefante manejada com intervalo entre desfolhas médio de
19,4 dias (interceptação de 95% de luz) a porcentagem de colmos na MF pré-pastejo foi
de 41,90%. Apesar da quantidade de MF pré-pastejo ter sido menor (6.270 kg de MS
ha
-1
por ciclo
de pastejo), a quantidade de folha disponível para o pastejo foi muito
parecida (3.323 kg de MS ha
-1
por ciclo
de pastejo) com a do presente estudo (3.824 kg
de MS ha
-1
por ciclo
de pastejo). Estes números mostram de forma clara que o
incremento em MF com períodos longos entre desfolhas se deve principalmente ao
acúmulo de colmos na pastagem.
1
VOLTOLINI, T.V. (USP/ESALQ, Departamento de Zootecnia). Intervalo fixo versus intervalo variável
entre desfolhas em pastagens de capim Elefante para vacas em lactação, 2006.
55
A oferta de folhas (27,80 kg de MS de folhas por 100 kg de PV animal) para as
vacas em lactação (30,6 UA) que efetuaram o pastejo de ponta da área (dia 1), foi alta.
Provavelmente o CMS e a produção de leite não foram limitados pela quantidade de
forragem oferecida aos animais. Entretanto outros fatores podem ter limitado o CMS
das vacas, como a composição bromatológica da forragem, características estruturais
da pastagem, ou fatores relacionados ao conforto animal, como as elevadas
temperaturas e umidade relativa.
As proporções médias de material senescido tanto para o pré (2,53%) quanto
para o pós-pastejo (3,27%) foram baixas, devido principalmente o corte da forragem ter
sido efetuado a aproximadamente 20 cm do nível do solo o que acarretou em pequena
contribuição de material senescido. Em avaliações na mesma área com ciclo de pastejo
semelhante (37 dias) e o corte da forragem efetuado ao nível do solo, a contribuição de
material senescido foi maior (10% do total) tanto no pré quanto no pós-pastejo
(MARTINEZ, 2004).
Na Tabela 10, estão apresentados os valores de altura em pré e pós-pastejo e
densidade volumétrica do dossel.
A altura média do dossel forrageiro pré-pastejo foi de 1,72m. Esta altura do
dossel pode interferir negativamente no consumo e na eficiência de colheita da
forragem (HILLESHEIM, 1987). Normalmente, dosséis altos no pré-pastejo, apresentam
alturas elevadas do resíduo pós-pastejo.
A altura (1,19m) e a MF (5.481 kg de MS ha
-1
) médias do resíduo s-pastejo
foram elevadas. Estas características observadas na pastagem podem comprometer a
eficiência de colheita da forragem pelo animal (HILLESHEIM, 1987). Resíduos pós-
pastejo elevados normalmente obrigam o produtor a efetuar roçadas na área durante a
primavera seguinte. O controle do resíduo pós-pastejo em pastagens de capim Elefante
tem se constituído em uma das principais reclamações dos produtores.
Em trabalho conduzido na mesma área, Voltolini (2006)
2
“comunicação pessoal”,
com intervalo entre desfolhas médio de 19,4 dias (interceptação de 95% de luz), a
altura média do resíduo foi de 0,62m com 23% de folhas na MS. No presente estudo o
2
VOLTOLINI, T.V. (USP/ESALQ, Departamento de Zootecnia). Intervalo fixo versus intervalo variável
entre desfolhas em pastagens de capim Elefante para vacas em lactação, 2006.
56
resíduo pós-pastejo no final do verão foi de 1,25m. Mais uma vez, os dados mostram a
vantagem em utilizar IED mais freqüentes que os 37 dias do presente estudo.
A densidade volumétrica do dossel forrageiro foi de 74,00 kg MS ha
-1
cm
-1
. Este
valor está de acordo com os reportados por Balsalobre (1996) e Rosseto (2000), com
pastagens de capim Elefante (34,97 a 74,97 kg de MS ha
-1
cm
-1
). Por outro lado
Martinez (2004) observou valores que variaram de 88,0 a 106,6 kg de MS ha
-1
cm
-1
durante o outono do mesmo ano, na mesma área deste experimento.
Tabela 10 Altura do dossel forrageiro em pré e pós-pastejo e densidade volumétrica
do dossel forrageiro de capim Elefante pastejado por vacas em lactação
em três períodos de avaliação
Componentes Sub-períodos avaliados
Média
Desvio padrão
1 2 3
Altura pré-pastejo, metros 1,62 1,72 1,77 1,72 0,09
Altura pós-pastejo, metros 0,97 1,34 1,25 1,19 0,21
Densidade, kg MS ha
-1
.cm 75,40 73,70 72,90 74,00 19,5
As composições bromatológicas das amostras de forragem (pastejo simulado)
estão apresentadas na Tabela 11. A forragem apresentou em média 12% de PB,
64,98% de FDN, 2,67% de lignina e 77% de DIVMS. Estes valores apontam para
forragem de boa qualidade. O material amostrado através da simulação de pastejo era
composto quase que exclusivamente por folhas. Os teores de PB, FDN, FDA, lignina,
MM e EE estão de acordo com os valores de outros ensaios com capim Elefante
manejado com ciclos de pastejo próximos ao utilizado no presente estudo (DERESZ et
al., 2001; BALSALOBRE, 1996; MARTINEZ, 2004). Entretanto, teores de PB entre 14 a
22% foram relatados na revisão de Santos et al. (2005) para diversas espécies
forrageiras manejadas com IED entre 20 a 35 dias. Fontaneli (2005) obteve 20,5 % de -
PB para o capim Elefante pastejado a cada 21 a 27 dias e adubado com 500 kg ha
-1
de
N.
Os valores obtidos para a DIVMS são elevados, tratando-se de amostras de
capim Elefante com IED superior a 35 dias. Entretanto, Martinez (2004), que avaliou a
composição bromatológica do capim Elefante na mesma área experimental durante o
outono, encontrou valores de DIVMS próximos a 70%.
57
Chama a atenção os valores altos de MM da forragem, em média 15,7%. Estes
valores altos de MM têm efeito negativo marcante na estimativa de NDT (51,88% da
MS) quando se utiliza a equação proposta por Weiss et al. (1992), incorporada pelo
NRC (2001). A discrepância é muito grande entre esse valor de NDT e o valor
observado de DIVMS. O desconto de 7% na DIVMS referente à produção metabólica
fecal (WEISS et al., 1992) resulta em valor de digestiblidade de aproximadamente 70%
para essa forragem.
O valor de NDT obtido é sem dúvida é muito baixo e subestima o valor
energético da forragem tropical. Este valor de NDT (51,88%) não suportaria a produção
de leite de 9,33 kg vaca
-1
dia
-1
com o consumo de MS de 2,37% do PV relatados na
revisão de Santos et al. (2003). Por outro lado, o valor de 70% de digestibilidade
provavelmente superestima o valor energético da forragem.
De acordo com Balsalobre (1996), os elevados teores de MM observados,
podem ter uma elevada contribuição de sílica. Outra hipótese é que essa elevada
incorporação de elementos minerais na forragem seja fruto da fertilidade alta do solo da
área experimental.
Tabela 11 - Composição bromatológica de amostras de pastejo simulado de pastagens
de capim Elefante em três períodos de avaliação
Componentes Sub-períodos avaliados Média
DP
1
1 2 3
Matéria seca, % no alimento 14,27 17,06 14,56
15,30 1,53
Proteína bruta, % da MS 11,53 11,88 13,01
12,14 0,77
Fibra em detergente neutro, % da MS 64,75 65,00 65,20
64,98 0,23
Fibra em detergente ácido, % MS 36,92 37,00 37,20
37,04 0,14
Lignina, % MS 3,08 2,92 2,03 2,67 0,36
Extrato etéreo, % MS 2,66 2,71 2,07 2,48 0,35
Matéria mineral, % MS 17,78 15,05 14,27
15,70 1,84
DIVMS, % MS 75,43 77,30 78,14
76,96 8,00
1
= desvio padrão da média,
2
= digestibilidade in vitro da MS.
58
2.4.3 Produção e composição do leite, nitrogênio uréico no plasma, no leite e
concentração fecal de cromo
Na Tabela 12, estão apresentados os valores da produção de leite, produção de
leite corrigida para 3,5% de gordura (PLC-3,5%), teores e produção de gordura,
proteína, lactose, sólidos totais, nitrogênio uréico no leite (NUL), no plasma (NUP) e
concentração fecal de cromo.
Tabela 12 Produção e composição do leite, nitrogênio uréico no plasma (NUP), no
leite (NUL) e concentração fecal de cromo de vacas lactantes
suplementadas com teores crescentes de proteína bruta no concentrado
Componentes Tratamentos (% de PB)
EPM
4
P
1
T17 T21 T25 L
2
D
3
Leite, kg vaca
-1
dia
-1
17,88 18,37 18,43 0,23 0,09 0,46
PLC-3,5%, kg vaca
-1
dia
-1
17,37 17,58 17,75 0,31 0,38 0,92
Gordura, % 3,37 3,27 3,30 0,01 0,38 0,38
Gordura, kg vaca
-1
dia
-1
0,59 0,59 0,60 0,01 0,58 0,77
Proteína, % 3,07 3,12 3,08 0,03 0,72 0,29
Proteína, kg vaca
-1
dia
-1
0,54 0,56 0,55 0,01 0,13 0,26
Lactose, % 4,39 4,40 4,41 0,06 0,44 0,95
Lactose, kg vaca
-1
dia
-1
0,79 0,81 0,81 0,01 0,09 0,42
Sólidos totais, % 11,73 11,66 11,70 0,05 0,43 0,60
Sólidos totais, kg vaca
-1
dia
-1
2,08 2,13 2,14 0,03 0,18 0,65
NUL, mg dL
-1
11,17 13,93 15,63 0,38 0,01 0,28
NUP, mg dL
-1
18,57 19,93 21,99 1,58 0,004
0,64
Concentração de Cromo, mg kg
-1
1,90 1,87 1,85 0,05 0,26 0,60
1
- probabilidade,
2
- efeito linear,
3
- desvio da linearidade,
4
- erro padrão da média.
Os valores médios encontrados para a produção de leite, de 18,23 kg vaca
-1
dia
-1
foram próximos dos relatados por Martinez (2004), que utilizou a mesma dose de
concentrado e obteve relações próximas a 3,0 kg de leite por kg de MS de concentrado
consumido.
Em alguns trabalhos de pesquisa (VALLE et al., 1987; DERESZ et al., 1994;
ALVIM et al., 1996; VILELA et al., 1996) as respostas em produção de leite ao
concentrado m sido baixas, da ordem de 0,5 a 1,0 kg de leite por kg de concentrado
fornecido. Respostas semelhantes foram observadas em trabalhos australianos de
59
curta duração revisados por Davison e Elliott (1993). Entretanto, os autores australianos
observaram que as respostas eram bem maiores em condições de fazenda.
Santos et al. (2003), efetuaram uma revisão de literatura abordando como tema,
a suplementação com concentrado para vacas em lactação mantidas em pastagens
tropicais. Os autores relataram produções médias de leite de 9,33 kg dia
-1
para vacas
não suplementadas, 13,8 kg dia
-1
para vacas suplementadas com 3,5 kg de MS de
concentrado. Quando apenas os experimentos com vacas com produções médias de
20 kg dia
-1
ou mais foram compilados, a produção média foi de 22,78 kg dia
-1
com o
consumo de 6,3 kg de MS de concentrado. Assis et al. (2001) relatou valores entre 19 a
25 kg de leite vaca
-1
dia
-1
com a simulação do fornecimento de concentrado (4 a 6 kg de
MS dia
-1
) para vacas leiteiras em pastagens tropicais. De acordo com esses dados,
existe um potencial considerável de aumento da produção de leite por vaca com o uso
racional do concentrado.
No presente estudo, o suprimento de PM além do recomendado pelo NRC
(2001) (T17) através do fornecimento de concentrados com teores crescentes de PB
(T21 e T25) não afetou (P>0,05) as produções de leite (17,88; 18,37 e 18,43 de leite
vaca
-1
dia
-1
) e as de leite corrigidas para 3,5% de gordura ( 17,37; 17,58 e 17,75 kg de
leite vaca
-1
dia
-1
).
O fornecimento de concentrados com teores de PB superiores a 17% da MS
para vacas leiteiras em pastagens tropicais é uma prática comum no Brasil (SANTOS et
al., 2005). Isto se justifica quando as pastagens são de inferior qualidade, com
reduzidos teores de PB, ou para vacas no início da lactação, com produções diárias
superiores a 25 kg de leite. Entretanto, pastagens tropicais manejadas intensivamente,
com adubações nitrogenadas de 30 kg de N ha
-1
por pastejo ou mais, apresentam
teores de PB superiores a 12%. Santos et al. (2005) revisou diversos dados de
pesquisa e dados de fazendas comerciais, onde foram observados teores de PB entre
14 a 22% na forragem colhida na forma de pastejo simulado.
Fontaneli (2005) trabalhou com vacas em lactação, mantidas em pastagens de
Tifton 68 (Cynodon dactylon), capim Quicuiu (Pennisetum clandestinum) e capim
Elefante, (Pennisetum purpureum Schum.). As pastagens foram fertilizadas com 500 kg
60
ha
-1
de N e pastejadas a cada 15 a 21 dias para o Tifton 68 e o Quicuiu e 20 a 26 dias
para o capim Elefante. Os teores de PB da forragem (lâminas foliares) variaram de 20,6
a 22,1% na MS. As produções de leite foram de 21,5 kg de leite vaca
-1
dia
-1
no primeiro
ano e de 26,3 kg de leite vaca
-1
dia
-1
no segundo ano. As vacas foram suplementadas
apenas com milho moído e mistura mineral, na dose de 2 kg de concentrado para cada
kg de leite acima de 12 kg. A suplementação adotada está de acordo com o NRC
(2001).
Reeves et al. (1996) compararam dois diferentes concentrados para vacas
leiteiras mantidas em pastagens de capim Quicuiu (Pennisetum clandestinum) com
teores de PB entre 20 a 22% na MS. As vacas foram suplementadas com 5,4 kg de MS
de concentrado por dia. Os autores compararam um concentrado contendo apenas
grãos de cevada com 13% de PB na MS com um concentrado rico em PNDR contendo
grãos de cevada e farelo de canola tratado quimicamente, substituindo entre 0 a 60%
da MS do concentrado. As vacas produziram em média 22 kg de leite dia
-1
com ambos
os concentrados. Os resultados deste estudo também concordam com o NRC (2001)
que indica que vacas com produções de 22 kg de leite dia
-1
, mantidas em pastagens
com tais teores de PB, podem ser suplementadas com concentrados energéticos com
teores de PB inferiores a 13% na MS.
Os teores de gordura (3,37; 3,27 e 3,30%), de proteína (3,07; 3,12 e 3,08%) e de
lactose (4,39; 4,40 e 4,41%) não foram afetados pelo teor de PB dos concentrados
(P>0,05). O teor de proteína do leite é a variável mais sensível à quantidade e balanço
de aminoácidos essenciais que chegam ao duodeno. A quantidade e a qualidade da
PM têm efeito marcante na síntese de proteína pela glândula mamária (SANTOS et al.,
1998; NRC, 2001). No presente estudo, o aumento no suprimento de PM de boa
qualidade (farelo de soja) no T2 e T3 não afetaram a síntese de proteína pela glândula
mamária em comparação com o T1. Com base nestes resultados, fica mais evidente
ainda que para vacas com produções ao redor de 18,5 kg de leite dia
-1
, mantidas em
pastagens com 12% de PB, o concentrado não precisa conter mais que 17,3% de PB
na MS ou 15,5% de PB na MN.
61
Houve aumento linear (P<0,05) das concentrações de NUL (11,7; 13,9 e 15,63
mg dL
–1
) e de NUP (18,57; 19,93 e 21,99 mg dL
–1
) com o aumento dos teores de PB
nos concentrados.
Aumentos na concentração de NUL sem aumento em produção de leite ou de
proteína do leite podem indicar excesso de proteína na ração, com perdas significativas
destes nutrientes para o ambiente (NRC, 2001). Por outro lado, teores baixos de NUL
sugerem deficiência protéica (MEYER, 2003).
Schwab (1994) ajustou os teores de proteína na ração das vacas leiteiras do
rebanho da Universidade de New Hampshire em PM e em lisina e metionina. O
balanceamento permitiu reduzir o teor de PB da ração e ao mesmo tempo aumentar a
produção de leite, o teor e a produção de proteína do leite, e reduzir o teor de NUL. Os
valores de NUL ficaram entre 9,6 a 12,4 mg dL
-1
para vacas com produções médias
acima de 40 kg de leite dia
-1
. Os valores de NUL de 11,17 mg dL
-1
no T1 do presente
estudo, com vacas produzindo ao redor de 18 kg de leite dia
-1
, não indicam que houve
qualquer deficiência de proteína na ração das vacas.
Os valores de NUP (18,57; 19,93 e 21,99 mg dL
–1
) foram altos para todos os
tratamentos. Vale lembrar que estes valores não são valores médios das 24 horas, mas
valores obtidos quatro horas após o fornecimento do concentrado. Concentrações de
NUP entre 19 e 20 mg dL
-1
têm sido correlacionados com a diminuição na taxa de
concepção (FERGUSSON et al., 1988) e no desempenho reprodutivo (BUTLER et al.,
1995) de vacas confinadas de alta produção. Trabalhos que determinaram valores
críticos de NUP para vacas em pastagens com produções similares as deste estudo,
não foram encontrados na literatura.
Não houve efeito dos tratamentos sobre a concentração fecal de cromo (P>0,05),
o que sugere que o consumo de forragem foi similar entre os tratamentos. A ausência
de diferença na produção e composição do leite e no ganho de peso e de condição
corporal reforça esta possibilidade.
Os dados do presente estudo associados com os publicados por Reeves et al.
(1996) e os apresentados por Fontaneli (2005), sugerem que o NRC (2001) pode ser
uma ferramenta eficaz para ajustar os teores proteína no concentrado de vacas leiteiras
62
mantidas em pastagens tropicais, com produções médias entre 18 a 26 kg de leite vaca
-
1
dia
-1
.
2.4.4 Variação do peso vivo e escore de condição corporal
Na Tabela 13 são apresentados os dados de peso vivo inicial (PVi) e de escore
de condição corporal inicial (ECCi) e as variações nessas variáveis (VPV e VECC) por
período de 20 dias.
Tabela 13 Variação do peso vivo (VPV) e variação do escore de condição corporal
(VECC) por período de 20 dias, peso vivo inicial (PVi) e escore de
condição corporal inicial (ECCi) de vacas suplementadas com teores
crescentes de proteína bruta no concentrado
Componentes Tratamentos (% de PB)
EPM
4
P
1
T17 T21 T25 L
2
D
3
PVi, kg 511 502 521 - - -
VPV, kg 13,50 8,60 14,67 5,87 0,88 0,47
ECCi, pontos 2,56 2,69 2,38 - - -
ECC, pontos 0,04 0,14 0,08 0,06 0,65 0,38
1
- probabilidade,
2
- efeito linear,
3
- desvio da linearidade,
4
- erro padrão da média.
Não houve efeito dos tratamentos sobre a VPV e sobre a VECC (P>0,05). O
ganho de peso médio de 12,26 kg vaca
-1
, por período de 20 dias mostra que as vacas
apresentaram bom ganho de peso durante o período experimental, o que se refletiu em
ganho no escore de condição corporal (0,09 pontos em 20 dias) que também não diferiu
entre os tratamentos (P>0,05).
Na média as vacas iniciaram o período experimental com ECC de 2,54 aos 150
dias pós-parto. Ao final do período experimental de 60 dias, estavam com 210 dias pós-
parto, com 547,8 kg de PV e com ECC de 2,8. A manutenção desse ritmo de ganho no
escore de condição corporal permitiria que as vacas chegassem ao final da lactação
(305 dias pós-parto) com ECC próximo de 3,5; valor este recomendado por Fergusson
(1996).
De acordo com o NRC (2001) o concentrado T17 seria suficiente para
complementar a forragem em questão, com 12% de PB. Este concentrado seria capaz
63
de garantir suprimento adequado de PM para as vacas produzirem os 18,3 kg de leite
diários e recuperarem condição corporal adequadamente. Isto foi observado no
presente estudo.
2.4.5 Comportamento ingestivo
Os valores encontrados para o tempo em pastejo, tempo em ruminação e ócio,
estão apresentados na Tabela 14.
Tabela 14 Tempo em pastejo, ruminação e ócio de vacas em lactação mantidas em
pastagens de capim Elefante submetidas a teores crescentes de proteína
bruta no concentrado
Componentes Tratamentos (% de PB)
EPM
4
P
1
T17 T21 T25 L
2
D
3
Pastejo (horas dia
-1
) 7,24 7,17 7,27 0,32 0,95
0,84
Ruminação (horas dia
-1
) 8,33 7,80 8,06 0,27 0,47
0,26
Ócio (horas dia
-1
) 3,25 3,85 3,49 0,27 0,53
0,18
1
– probabilidade,
2
– efeito linear,
3
- desvio da linearidade,
4
- erro padrão da média.
Pode-se observar que os tempos em pastejo, ócio e ruminação não foram
afetados (P>0,05) pelos diferentes teores de PB no concentrado. A soma das três
atividades corresponde a aproximadamente 19 horas; no restante do tempo para
completar 24 horas, estão incluídos os tempos gastos em ordenha, consumo de
concentrado, deslocamento até os piquetes e ingestão de água.
A distribuição das atividades (tempo em pastejo, ócio e ruminação), durante 24
horas, está apresentada na Figura 2. Pode-se verificar que para o tempo em pastejo,
houve três picos para essa atividade, sendo o primeiro das 9h30 às 11h00 12h00, o
segundo das 18h30 às 21h00 e o terceiro entre as 2h00 e as 4h00 da madrugada.
64
Figura 2 Distribuição das atividades em pastejo, ruminação e ócio, durante 24 horas,
de vacas em lactação mantidas em pastagens de capim Elefante durante o
verão
Com base na Figura 2 fica evidente a preferência das vacas em realizar o
pastejo nas horas mais frescas do dia. O pastejo após a ordenha matinal foi prejudicado
no presente estudo, uma vez que os animais foram ordenhados tarde, às 7h00. O ideal
seria que as vacas pudessem voltar para a área de pastagem no máximo até as 7h30
para realizarem o pastejo matinal em horário mais fresco, no máximo até as 10h00. Isto
reduziria o estresse térmico dos animais e poderia favorecer o consumo de forragem e
a produção de leite.
2.4.6 Freqüência respiratória e temperatura retal
Os valores médios observados para a temperatura retal (TR) e freqüência
respiratória (FR), obtidos às 8h00 e às 15h00, estão apresentados na Tabela 15.
Os teores de PB dos concentrados não afetaram a freqüência respiratória e a
temperatura retal dos animais (P>0,05). A temperatura retal média foi de 37,56 ºC com
48,53 movimentos respiratórios por minuto às 8h00, enquanto que às 15h00 foram
encontrados valores de 39,31 ºC e 72,4 movimentos respiratórios por minuto.
0
2
4
6
8
1 0
1 2
1 4
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0
01:
0
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:0
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5:0
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1
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2
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0
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0
23:0
0
Número de animais
P a s t e j o R u m in a ç ã o Ó c i o
65
Tabela 15 - Temperatura retal (TR) e freqüência respiratória (FR) de vacas em lactação
mantidas em pastagens de capim Elefante submetidas a três teores de
proteína bruta no concentrado, durante o verão
Componentes Tratamentos (% de PB) EPM
4
P
1
T17 T21 T25 L
2
D
3
TR (ºC)
5
37,54 37,50 37,63 0,08 0,47
0,44
TR (ºC)
6
39,29 39,47 39,16 0,12 0,46
0,12
FR (resp. min
-1
)
5
49,0 50,4 46,2 2,3 0,38
0,34
FR (resp. min
-1
)
6
71,8 72,1 73,3 2,0 0,60
0,86
1
probabilidade,
2
efeito linear,
3
desvio da linearidade,
4
erro padrão da média,
5
medidas
tomadas às 8h00,
6
– medidas tomadas às 15h00.
De acordo com Araújo (2001), um dos índices de conforto térmico mais comum é
o índice de temperatura e umidade (ITU), o qual, é muito utilizado para avaliações das
condições ambientais para rebanhos leiteiros. Nesse índice, valores superiores a 72
pontos indicam estresse térmico e perdas na produção de leite.
No presente trabalho, entre as 11h00 e as 16h00, os valores de ITU variaram de
78 a 81 pontos (27,1 a 31,6°C e 61 a 81% de umidade relativa), nos dias das
avaliações do comportamento ingestivo animal. Esses valores indicam perdas
consideráveis na produção de leite.
Perissinoto (2003), indica valores de TR entre (38,0 a 39,0°C) e FR de até 60
movimentos respiratórios por minuto como condições normais para vacas leiteiras, o
que confirma que os animais foram expostos a condições de estresse térmico,
principalmente as 15h00.
Os horários de ordenha não foram os mais indicados com relação ao conforto
térmico dos animais. A ordenha matinal tarde forçou os animais a efetuarem o pastejo
entre 10h00 e 12h00. Neste horário os animais deveriam estar na área de sombra. Por
outro lado, a ordenha da tarde as 16h00, obrigou a retirar os animais da área de
sombra sob calor intenso as 15h00, para fornecimento dos concentrados. Apesar da
sala de espera, da sala de ordenha e do estábulo para fornecimento de concentrado
serem cobertos, entre as 15h00 e 17h00, tempo que os animais permaneceram nesses
locais, as condições ambientais foram desfavoráveis ao conforto térmico dos animais.
66
Resultados semelhantes foram reportados por Lima (2002) e Salimos (1980),
que trabalharam com vacas em lactação em pastagens tropicais, demonstrando que o
estresse térmico constitui-se em um problema sério para a pecuária leiteira nacional.
O fornecimento de sombra de boa qualidade aos animais das 10h00 as 17h00,
com ordenha matinal concluída até as 7h00 e ordenha da tarde iniciada as 17h00, são
indicados para minimizar o estresse térmico dos animais em sistemas em pastagens
tropicais.
2.5 Conclusão
O concentrado T17 formulado de acordo com o NRC (2001) para suprir as
exigências de PM foi adequado para vacas mantidas em pastagens tropicais com 12%
de PB e com produções de leite ao redor de 18,3 kg dia
-1
. O aumento do teor protéico
do concentrado acima dessa recomendação não melhorou o desempenho dos animais.
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77
3 INTERVALO FIXO VERSUS INTERVALO VARIÁVEL ENTRE DESFOLHAS EM
PASTAGENS DE CAPIM ELEFANTE PARA VACAS EM LACTAÇÃO
Resumo
No presente trabalho foram avaliados dois intervalos diferentes entre desfolhas
de pastagens capim Elefante para vacas leiteiras. O ensaio foi conduzido no sistema de
produção de leite do Departamento de Zootecnia da USP/ESALQ. Os tratamentos
avaliados foram: (T1) freqüência de desfolha variável, determinado pela entrada dos
animais na área a ser pastejada, quando o dossel atingisse 95% de interceptação de
luz (IL) e (T2) freqüência de desfolha fixada em 27 dias. Foram utilizadas oito vacas
com média de 124 dias em lactação e 17,5 kg de leite no início do experimento. O
delineamento experimental adotado para a análise dos dados de desempenho animal
foi o cross-over, enquanto que o delineamento inteiramente casualizado com medidas
repetidas no tempo foi utilizado para a análise dos dados da pastagem. A freqüência de
desfolha (19,4 e 27 dias), a altura do dossel no pré (1,03 e 1,21m) e pós-pastejo (0,62 e
0,71m), a IL pelo dossel (95,47 e 97,91%) e o índice de área foliar (3,80 e 4,73), foram
maiores (P<0,05) para o T2 que para o T1. A angulosidade do dossel (47,75 e 44,58°)
foi maior (P<0,05) para o T1 que para o T2. Não houve efeito (P>0,05) dos tratamentos
sobre a massa de forragem em pré (6.270 e 6.310 kg de MS ha
-1
) e pós-pastejo (3.580
e 3.850 kg de MS ha
-1
), e na massa de folhas no pré-pastejo (3.440 e 3.250 kg de MS
ha
-1
). Houve tendência (P=0,07) de menor massa de colmos no pré-pastejo no T1 que
no T2 (2.720 e 3.094 kg de MS ha
-1
), tendência (P=0,10) de maior massa de folhas
remanescentes (820 e 732 kg de MS ha
-1
) no resíduo pós-pastejo do T1 que no T2 e
tendência de maior massa de colmos (P=0,10) no resíduo pós-pastejo do T2 que no T1
(2.440 e 2.720 kg de MS ha
-1
). A quantidade de material senescido foi menor (P<0,05)
no T1 em comparação com o T2, tanto no pré (330 e 425 kg de MS ha
-1
) quanto no pós-
pastejo (300 e 360 kg de MS ha
-1
). Houve tendência (P=0,10) da densidade volumétrica
(63,39 e 53,30 kg de MS ha
-1
cm
-1
) ser maior no T1 que no T2. Os teores de fibra em
detergente neutro (65,08 e 66,99%) e fibra em detergente ácido (35,88 e 37,05%) foram
menores (P<0,05) para o T1 em comparação com o T2. Houve tendência de maior
produção de leite (16,72 e 14,09 kg vaca
-1
dia
-1
) (P=0,12), maior produção de leite
corrigida para 3,5% de gordura (17,65 e 14,55 kg vaca
-1
dia
-1
) (P=0,10), maior produção
de gordura (0,64 e 0,54 kg dia
-1
) (P=0,08), maior produção de lactose (0,72 e 0,58 kg
dia
-1
) (P=0,11) e de maior produção de sólidos totais (2,04 e 1,70 kg dia
-1
) (P=0,12)
para o T1 que para o T2. Foram observadas maiores taxas de lotação (7,18 e 5,05
vacas ha
-1
) e produção de leite por área (114 e 75 kg ha
-1
dia
-1
) para o T1 em
comparação com o T2 (P<0,05). Houve tendência (P=0,06) de ganho maior de escore
de condição corporal das vacas no T1 que no T2 (0,16 e 0,05 pontos). Em conclusão, a
adoção do intervalo variável entre desfolhas, resultou em intervalos menores entre
desfolhas que no intervalo fixo, com efeitos positivos sobre a produção de forragem,
estrutura do dossel, taxa de lotação e produção de leite individual e por área.
Palavras-chave: Produção de leite; Manejo do pastejo; Forragem; Vacas leiteiras
78
FIXED VERSUS VARIABLE INTERVAL BETWEEN DEFOLIATIONS ON ELEPHANT
GRASS PASTURE FOR LACTATING DAIRY COWS
Abstract
In the present study two intervals between defoliations for Elephant grass pasture
were evaluated. The trial was conducted at Milk production system of Animal Sciences
Department, USP/ESALQ. Treatments were: (T1) variable defoliation interval, with
animals moved to the paddocks when 95% of light interception was observed, and (T2)
fixed defoliation interval of 27 days. Eight lactating dairy cows averaging 124 days in
milk and 17.5 kg of milk daily at the beginning of the trial were used. Production data
were analyzed as a cross-over design, whereas pasture data were analyzed as a
complete random design with time repeated measurements. Interval between defoliation
(19.4 and 27 days), pre (1.03 and 1.21m) and post grazing sward heights (0.62 and
0.71m), sward light interception (95.47 and 97.91%) and leaf area index (3.80 and 4.73),
were higher (P<0.05) for T2 than for T1. Sward angulosity (47.75 and 44.58°) was
higher (P<0.05) for T1 than for T2. There was no effect (P>0.05) of treatments on forage
mass pre (6270 and 6310 kg DM ha
-1
) or post-grazing (3580 and 3850 kg DM ha
-1
), nor
on pre-grazing leaf mass (3440 and 3250 kg DM ha
-1
) between T1 and T2 respectively.
There was tendency (P=0.07) for lower pre-grazing stem mass for T1 than for T2 (2720
and 3094 kg DM ha
-1
), tendency (P=0,10) for higher leaf mass (820 and 732 kg DM ha
-1
)
on post-grazing stubble for T1 than for T2 and tendency for higher stem mass (P=0,10)
in post-grazing stubble for T2 than for T1 (2440 and 2720 kg DM ha
-1
). Dead material
mass was lower (P<0.05) for T1 relative to T2, pre (425 and 330 kg DM ha
-1
) and post-
grazing (300 and 360 kg DM ha
-1
). There was tendency (P=0,10) for higher sward
volumetric density (63.39 and 53.30 kg DM ha
-1
cm
-1
) for T1 than for T2. Neutral
detergent fiber (65.08 and 66.99%) and acid detergent fiber contents (35.88 e 37.05%)
were lower (P<0.05) for T1 than for T2. There was tendency for higher milk yield (16.72
and 14.09 kg cow
-1
day
-1
) (P=0.12), higher 3,5% fat corrected milk yield (17.65 and
14.55 kg cow
-1
day
-1
) (P=0.10), higher milk fat yield (0.64 and 0.54 kg day
-1
) (P=0.08),
higher milk lactose yield (0.72 and 0.58 kg day
-1
) (P=0,11) and higher total milk solids
yield (2.04 and 1.70 kg day
-1
) (P=0,12) for T1 than for T2. Stocking rate (7,18 and 5,05
cows ha
-1
) and milk production per hectare (114 and 75 kg ha
-1
day
-1
) were higher
(P<0.05) for T1 than for T2. There was tendency (P=0,06) for greater body condition
score gain for cows on T1 than on T2 (0.16 and 0.05 points). T1 resulted in variable and
shorter defoliation intervals compared to T2, with positive effects on forage production,
sward structure, stocking rate, milk production per cow and per hectare.
Keywords: Dairy cows; Forage; Grazing management; Milk production
79
3.1 Introdução
A interação entre a MF e o valor nutritivo das plantas forrageiras é uma das
principais ferramentas para a definição do ciclo de pastejo das pastagens. Dessa forma,
a melhor relação entre esses dois parâmetros define o momento adequado para o
pastejo. De modo geral, na maioria dos sistemas em lotação rotacionada no Brasil têm
sido adotados IED fixos ao longo de todo o período de utilização das pastagens.
Entretanto, o ciclo de vida da planta forrageira é determinado pelas condições
genéticas e ambientais, tais como as condições edafoclimáticas, fertilidade do solo e
outras características ambientais, que podem potencializar ou retardar o crescimento da
forragem. Desta forma, o estabelecimento do ciclo de pastejo em dias fixos pode
promover a desfolha precoce ou tardia do dossel forrageiro (BUENO, 2003;
CARNEVALLI, 2003). Isto pode representar prejuízos à produção, à qualidade e à
eficiência de colheita da forragem.
Esses prejuízos são decorrentes de menor produção de MS acarretado por
colheitas precoces da forragem, prejudicando o crescimento da planta forrageira ou
pelo dossel forrageiro apresentar exacerbado processo de senescência, em
conseqüência de desfolhas tardias em relação ao que indica a fisiologia da planta
forrageira tropical (Da SILVA, 2005).
Em países de clima temperado como a Inglaterra e a Nova Zelândia, a adoção
de estratégias de manejo do pastejo, baseadas na ecofisiologia da planta forrageira
ocorreu mais de 50 anos. Os resultados recentes das pesquisas relacionadas com a
ecofisiologia das plantas forrageiras tropicais, submetidas ao pastejo, têm apresentado
alto grau de similaridade com os resultados obtidos nos países de clima temperado
anteriormente citados, o que projeta enorme perspectiva de manejo e utilização das
plantas forrageiras tropicais para a alimentação de bovinos em ambientes tropicais
(LUPINACCI, 2002).
Segundo Bueno (2003) e Carnevalli (2003) a adoção de IED variáveis, baseados
na ecofisiologia da planta forrageira, é a estratégia mais eficiente para definir a
freqüência de desfolha das gramíneas forrageiras tropicais. Essa proposta baseia-se
nas fortes influências que as plantas forrageiras sofrem dos fatores ambientais, que
80
promovem alterações tanto na produção de MS quanto nos aspectos qualitativos da
forragem (valor nutritivo, digestibilidade da MS, etc...). Esses fatores irão determinar a
curva de crescimento da planta e, conseqüentemente, o momento do pastejo (Da
SILVA, 2005).
Apesar de serem informações de grande valia para os sistemas de produção de
leite em pastagens tropicais, a literatura nacional e internacional é escassa no assunto
e, deste modo, estudos com o intuito de estabelecer um adequado IED para as
gramíneas forrageiras tropicais, em especial para o capim Elefante são de extrema
importância e podem trazer enormes contribuições para os sistemas de produção de
leite no Brasil.
3.2 Desenvolvimento
3.2.1 Revisão bibliográfica
3.2.1.1 O manejo do pastejo do capim Elefante
A utilização do capim Elefante nos sistemas tropicais de produção de leite não é
recente. Na USP/ESALQ, os estudos com essa planta forrageira para a alimentação de
ruminantes foram iniciados a partir da década de 50 (PEIXOTO, 1994).
Posteriormente, o trabalho conduzido por Corsi (1972) teve o mérito de chamar a
atenção pela primeira vez, para uma das principais causas do insucesso na
manutenção das pastagens de capim Elefante, a eliminação freqüente de meristemas
apicais da planta, devido a desfolhas freqüentes e muito intensas. As gramíneas de
hábito de crescimento cespitoso, embora extremamente produtivas e resistentes ao
pastejo, não suportam o manejo com pastejos freqüentes e intensos ao mesmo tempo.
A lotação rotacionada é fundamental para garantir a perenidade das pastagens
compostas principalmente por plantas de hábito de crescimento cespitoso. Sistemas
rotacionados facilitam a obtenção de pastejos uniformes, maior eficiência de utilização
da forragem produzida e, elevadas taxas de lotação (CARO-COSTAS; VICENTE-
CHANDLER, 1974; CORSI, 1986; GOMIDE, 1993).
81
No início da década de 70, baseado no potencial de produção de forragem e nos
aspectos relacionados com a eliminação do meristema apical, foi proposto o manejo do
capim Elefante em lotação rotacionada com período fixo de descanso de 45 dias
(CORSI, 1972), amplamente difundido no Brasil, principalmente nos sistemas que
exploram a produção de leite.
Em centros de pesquisa, diversos sistemas de produção de leite que utilizam o
capim Elefante como recurso forrageiro, como os adotados pela EMBRAPA (Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária) em Coronel Pacheco - MG e em São Carlos - SP,
e pela USP/ESALQ, têm apresentado índices elevados de produção animal por unidade
de área (CAMARGO, 1996; DERESZ, 2001; SANTOS et al., 2003). No entanto, os
valores de produções individuais de leite e eficiência da colheita de forragem, ainda
podem ser melhorados, desde que os inúmeros desafios do manejo do pastejo e do
manejo com os animais sejam aprimorados (SANTOS; JUCHEM, 2001). Diversas
propostas de manejo do capim Elefante têm sido avaliadas, muitas delas voltadas para
a definição do ciclo de pastejo (CORSI, 1972; CORSI; MARTHA JÚNIOR, 1997;
FONSECA et al., 1998; DERESZ et al., 2001).
Com relação ao IED do capim Elefante, um dos componentes mais importantes
do manejo do pastejo, as propostas mais recentes têm indicado a utilização de períodos
mais curtos, com 30 dias ou menos, durante a estação das águas (WENDLING et al.,
2004). De modo semelhante, ao que foi verificado com as pastagens de capim
braquiária (Brachiaria brizantha), capins Mombaça e Tanzânia (Pannicum maximum),
que podem ser utilizadas com desfolhas mais freqüentes (MELLO, 2002; BUENO, 2003;
CARNEVALLI, 2003; Da SILVA, 2005).
Deste modo, alguns componentes como a altura do dossel, a interceptação de
luz (IL), o índice de área foliar (IAF), as reservas orgânicas e os aspectos estruturais e
morfológicos das plantas forrageiras, deixam de ser considerados como coadjuvantes
para serem considerados como fatores fundamentais no manejo do pastejo do capim
Elefante.
82
3.2.1.2 Novos enfoques para o manejo do pastejo de gramíneas forrageiras
tropicais
Os sistemas tropicais de produção animal, baseados em pastagens, não devem
estar atentos apenas à produção de forragem, mas também à eficiência de colheita da
planta forrageira e à conversão dos recursos forrageiros em produto animal. Assim
podem ser caracterizadas três fases nos sistemas de produção em pastagens: o
crescimento (acúmulo de forragem em quantidade e qualidade), a utilização (colheita
eficiente da forragem produzida pelos animais em pastejo) e a conversão
(transformação dos nutrientes ingeridos em produto animal) (SBRISSIA; Da SILVA,
2001).
O processo de utilização é determinante da produtividade em sistemas de
produção animal em pastagens e pode ser ajustado por meio das freqüências e
intensidades de desfolhas durante o pastejo. Esses dois fatores, por sua vez,
influenciam a forma com que a forragem é oferecida ao animal, sua maturidade, taxa de
lotação e, conseqüentemente, o desempenho animal. A manipulação dessas variáveis é
denominada de manejo do pastejo (HODGSON; Da SILVA, 2002).
O principal objetivo do manejo do pastejo é a otimização da eficiência de uso da
forragem produzida, visando o desempenho animal e a produção por unidade de área.
Além disso, a perenidade e a estabilidade da comunidade de plantas forrageiras são
dependentes das diversas práticas de manejo adotadas; a principal delas é a adoção de
uma pressão de pastejo compatível com a capacidade de suporte da pastagem
(CARNEVALLI, 2003).
Hodgson (1985) relatou que o manejo do pastejo baseado em taxas de lotação e
ciclos de pastejo fixos, não permite a compreensão de resultados integrados em termos
de desempenho tanto da planta forrageira quanto dos animais, pois não podem ser
considerados fatores determinantes dos processos de produção de forragem e do
desempenho animal.
O manejo do pastejo, embasado nas características fisiológicas das plantas e
nas condições ambientais, tem resultado em grande desenvolvimento do setor pecuário
83
em países de clima temperado. Centros de pesquisa desses países têm realizado
estudos dessa natureza há mais de 50 anos (LUPINACCI, 2002).
Bircham e Hodgson (1983), em trabalho clássico com azevém perene (Lolium
perenne L.) sob regime de lotação contínua e amplitude de condições de estrutura do
dossel forrageiro controladas através da altura do dossel, índice de área foliar ou massa
de forragem, estudaram a dinâmica do acúmulo de forragem, avaliando os processos
de crescimento e senescência, cujo balanço determina a produção de forragem. Os
resultados revelaram que as taxas de acúmulo de forragem permaneceram
relativamente constantes dentro de uma faixa ótima de condições de altura do dossel,
ou seja, a comunidade de plantas ajustou-se de forma distinta a um equilíbrio entre a
produção e morte dos tecidos, a fim de proporcionar o máximo acúmulo de forragem.
Para o azevém perene, essa amplitude de condições variou de 3 a 10 cm de altura do
dossel forrageiro ou 900 a 2.000 kg de MS ha
-1
(HODGSON; Da SILVA, 2002).
Contudo, dentro de uma faixa ótima de acúmulo de forragem pode haver
condições diferentes para o desempenho animal, uma vez que o dossel forrageiro pode
se apresentar de várias formas para o animal, e esta característica está intimamente
relacionada com a prática de manejo do pastejo adotada. Deste modo, a morfogênese e
a plasticidade fenotípica da planta forrageira exercem grandes influências sobre o
desempenho animal (Da SILVA, 2005) Para o azevém perene, o melhor desempenho
animal ocorreu quando o dossel apresentou-se entre 9 a 10 cm de altura (HODGSON;
Da SILVA, 2002).
No estudo de Brougham (1955) foi determinada a natureza da curva de
rebrotação do azevém perene (Lolium perenne L.), do trevo branco (Trifolium repens L.)
e do trevo vermelho (Trifolium pratense L.) em pastagens submetidas a desfolhas
sucessivas. A curva apresentou três fases distintas. Na primeira fase, a taxa de
acúmulo de forragem aumentou exponencialmente com o tempo. Esta fase é
fortemente influenciada pelas reservas orgânicas da planta forrageira e pela
disponibilidade de fatores de crescimento e área residual de folhas (BROUGHAM,
1957). A segunda fase apresentou taxa de acúmulo constante. Nessa fase, o processo
de competição adquire caráter mais relevante, principalmente quando se aproxima da
completa interceptação da luz incidente. Na terceira fase, inicia-se a queda da taxa de
84
acúmulo, causada pela redução na taxa de crescimento e pelo aumento na senescência
das folhas, provocado pelo sombreamento (HODGSON et al., 1981).
Brougham (1955) verificou a necessidade de se estudar o IED sobre as taxas
subseqüentes de acúmulo de forragem e IL, em campos de azevém perene
consorciados com trevo branco em regime de corte. O autor verificou que as taxas de
acúmulo de azevém estavam correlacionadas com a área foliar e com a porcentagem
de luz interceptada pelo dossel. O acúmulo atingia taxa máxima constante, mantida
enquanto existia área foliar suficiente para interceptar quase toda a luz. Além disso,
quanto mais severa a desfolha, maior o tempo de recuperação, pois a primeira fase de
rebrotação estendia-se por um período maior. Contudo, a produção xima atingida na
curva de crescimento era a mesma de áreas submetidas a cortes menos intensos.
Após a constatação da interação entre a intensidade e IED sobre o manejo das
plantas forrageiras, Brougham (1959) passou a estudar o efeito da combinação entre
esses dois fatores em áreas pastejadas. Nesse estudo, o autor confirmou a
necessidade de manejar áreas sob pastejo através da combinação entre intensidade e
freqüência de desfolha, ou seja, pastejos intensos necessitavam de um período de
rebrotação mais longo, enquanto pastejos lenientes necessitavam de períodos de
rebrotação mais curtos.
Wilson e McGuire (1961) e Donald (1961), citados por Marshall (1987),
quantificaram a luz que era interceptada pelo dossel forrageiro de azevém perene,
conforme mencionado por Brougham (1960). Os autores encontraram redução na
produção total de forragem, quando os mesmos foram submetidos a desfolhas, com
menos de 95% de IL.
Quando o dossel atinge 95% de IL, as folhas inferiores passam a ser
sombreadas. A redução ou a ausência de luz na folha induz à diminuição na sua
atividade fotossintética e essa passa de condição de fonte de fotoassimilados para a
condição de dreno. A partir desse ponto, as taxas de fotossíntese e respiração no
dossel tornam-se muito próximas. Esse é considerado o índice de área foliar ótimo
(máxima taxa de acúmulo). Aumentos subseqüentes no índice de área foliar reduzem a
taxa de acúmulo de forragem em função de aumentos na taxa de respiração,
resultantes de um aumento na quantidade de tecidos sem função fotossintética.
85
Quando isso ocorre, um declínio na proporção de folhas e o maior acúmulo passa a
ser proveniente de colmos.
A planta passa do estágio vegetativo para a maturidade e, ao mesmo tempo, os
teores dos componentes da parede celular aumentam (BLASER, 1988). Esse
comportamento foi validado por Korte et al. (1982) em estudos realizados com azevém
perene, onde foram avaliadas estratégias de manejo fundamentadas em combinações
entre intervalo e intensidade de desfolhações, baseadas no IAF residual. O autor
concluiu que a utilização da pastagem, quando o dossel atingiu 95% de IL, foi a
estratégia que permitiu melhor utilização da forragem.
Nos países de clima tropical, as pesquisas relacionadas com o manejo do
pastejo têm dedicado esforços para estudar a produção de forragem, taxas de lotação,
intensidade e freqüência de desfolhas, adotando o IED da pastagem em dias fixos. Esta
estratégia não respeita a ecofisiologia da planta forrageira, não permite bom controle
das características estruturais do dossel e não mantém o equilíbrio entre o crescimento,
utilização da forragem produzida e a conversão da forragem produzida em produto
animal (BUENO, 2003).
Como conseqüência, o desempenho das pastagens é muito variável e
inconsistente, resultando em elevado grau de insatisfação por parte dos técnicos e
produtores. A necessidade de intensificar a utilização das plantas forrageiras tropicais,
respeitando suas características fisiológicas e as influências ambientais, está
redirecionando as pesquisas com essas plantas. Diversos trabalhos recentes com
plantas tropicais começaram a dar enfoques, que já vêm sendo adotados nas pesquisas
em países de clima temperado desde a década de 50 (BROUGHAM, 1955). Resultados
recentes com gramíneas forrageiras tropicais têm evidenciado grau de similaridade
surpreendente em termos de respostas à desfolha entre essas plantas e as temperadas
(LUPINACCI, 2002).
Em estudos com pastagens tropicais, Bueno (2003), Carnevalli (2003) relataram
que, a partir de 95% de IL pelo dossel, ocorrem reduções na taxa média de acúmulo e
comprometimento da estrutura do dossel e do valor nutritivo da forragem produzida. Isto
se deve ao aumento na proporção de colmos e material senescido, indicando que
86
prorrogar o intervalo entre desfolhas para as gramíneas forrageiras tropicais não seria
uma prática interessante.
Além de menor taxa de acúmulo de forragem, Bueno (2003) encontrou menores
teores de proteína e digestibilidade, maior dificuldade no controle do florescimento das
plantas e maior IED para o capim Mombaça utilizando o tratamento com 100% de IL em
comparação com 95% de IL.
Em trabalho semelhante, Barboza (2004) citado por Da Silva (2005), que avaliou
o capim Tanzânia, em três condições de pré-pastejo (90; 95 e 100% de IL pelo dossel)
e com duas condições de pós-pastejo (25 e 50 cm de resíduo), verificou maior produção
de forragem obtida com 95% de IL e 25 cm de resíduo. Com 90% de IL, houve limitação
do processo de crescimento e menor produção de forragem, enquanto que, para o
tratamento com 100% de IL, a menor produção de forragem foi conseqüência do
elevado processo de senescência, além de proporcionar elevação na meta de resíduo.
O uso de IED variáveis, indicados pela IL (95%) do dossel, revela que o número
de dias em descanso pela pastagem diminui consideravelmente. Bueno (2003)
observou intervalos entre pastejos de 23/24 dias para o capim Mombaça com 95% de
IL, durante a estação de crescimento, enquanto que, para 100% de IL, os intervalos
corresponderam a 33/39 dias de descanso.
De forma semelhante, Mello (2002) avaliou as respostas morfofisiológicas do
capim Tanzânia irrigado com diferentes intensidades de desfolha em lotação
rotacionada. O autor indicou, com base nos valores de 95% de IL, que deve haver a
prática de IED menores (22 dias), pelo menos na estação das chuvas, em comparação
com períodos de descanso de aproximadamente 33 dias anteriormente utilizados.
Uma resposta importante nessa nova proposta do manejo do pastejo é a
consistência que as medidas da altura do dossel têm apresentado com os valores de
interceptação de luz. Deste modo, recomendações baseadas na altura do dossel
poderão ser compreendidas e aplicadas pelos produtores (Da SILVA, 2005).
Os resultados obtidos nos estudos acima citados, com plantas forrageiras
tropicais sob pastejo, indicam possíveis alterações positivas na estrutura da planta,
composição morfológica, valor nutritivo e eficiência de utilização da pastagem. Estas
alterações devem favorecer o desempenho dos animais mantidos nessas pastagens.
87
Assim, o objetivo deste ensaio foi comparar dois IED de pastagens de capim Elefante
sobre o desempenho lactacional de vacas leiteiras.
3.3 Material e métodos
3.3.1 Local, período experimental e tratamentos
O ensaio foi conduzido no sistema de produção de leite do Centro de Treinamento
de Recursos Humanos (CTRH), do Departamento de Zootecnia da USP/ESALQ, no
município de Piracicaba SP. As coordenadas geográficas do município de Piracicaba
são: 22°43’ de latitude Sul, 47°25’ de longitude Oeste e 580 metros de altitude.
O clima da região de Piracicaba é classificado como mesotérmico úmido,
subtropical de inverno seco, classificado como Cwa, com temperaturas médias
inferiores a 18°C nos meses mais frios e superiores a 22°C durante a estação mais
quente do ano (BRASIL, 1960).
Foram utilizados 2,8 hectares de pastagem de capim Elefante (Pennisetum
purpureum Schum.) cv. Cameroon, divididos em 56 piquetes de 0,05 ha cada. Para
cada tratamento testado foram disponibilizados 28 piquetes. A área experimental
apresentava uniformidade visual muito boa. Apesar dessa uniformidade, a área foi
dividida em três módulos para fins de amostragens de solo. Os resultados das análises
de macro e micronutrientes do solo estão apresentados nas Tabelas 16 e 17,
respectivamente, enquanto que os dados climáticos estão apresentados na Tabela 18.
Os dois tratamentos experimentais foram intercalados na área experimental conforme
mostrado na Figura 3.
88
Figura 3 – Croqui da área utilizada para a condução do ensaio experimental
89
Tabela 16 - Resultado da análise química de macronutrientes do solo da área experimental
Amostras pH MO P S K Ca Mg Al H+Al SB T V M
CaCl
2
(g dm
-3
)
-1
(mg dm
-3
)
-1
(Mmol dm
-3
)
-1
%
Módulo 1 5,5 38 38 - 7,6 45 26 0 22 79 101 78 0
Módulo 2 5,5 39 35 - 6,0 44 28 0 22 78 100 78 0
Módulo 3 5,8 34 18 - 7,6 52 30 0 16 90 106 85 0
pH = potencial hidrogeniônico, MO = matéria orgânica, P = fósforo, S = enxofre, K = potássio, Ca = cálcio, Mg = magnésio, Al = alumínio, H =
hidrogênio, SB = soma de bases, T = capacidade de troca catiônica, V = saturação de bases, M = saturação por alumínio.
Tabela 17 – Resultado da análise química de micronutrientes do solo da área experimental
Amostras B Cu Fe Mn Zn
(mg dm
-3
)
-1
Módulo 1 0,55 8,8 38 56,8 6,2
Módulo 2 0,61 6,8 42 64,4 6,6
B = boro, Cu = cobre, Fe = ferro, Mn = manganês, Zn = zinco.
Tabela 18 - Dados climáticos observados durante a condução do ensaio experimental
Meses Temperatura (ºC) Umidade relativa (%) Precipitação (mm) Radiação solar (MJ m
2
)
-1
Média Mínima
Máxima
Média
Mínima
Máxima
Total Total
Jan/2004 22,8 18,7 28,9 81,1 53,9 97,3 214,3 17,6
Fev/2004 22,8 18,2 29,2 80,2 52,1 97,8 193,7 18,9
Mar/2004 22,4 17,3 29,2 78,3 46,9 98,9 79,0 19,2
Abr/2004 22,0 16,9 28,6 80,9 50,8 99,6 87,7 15,8
Fonte: Estação meteorológica automática da USP/ESALQ.
90
Os piquetes foram roçados e começaram a ser pastejados em meados de
novembro de 2003. Desta forma haviam sido concluídos 1,5 ciclos de pastejo antes do
inicio do período experimental. Durante esse período todos os piquetes foram
manejados com intervalo fixo entre desfolhas de 27 dias.
O período experimental teve início em fevereiro de 2004, estendendo-se até abril
do mesmo ano, com duração de 80 dias, divididos em quatro sub-períodos de 20 dias
cada. Em cada sub-período, foram destinados 17 dias para a adaptação dos animais e
3 dias para a coleta de dados da pastagem e dos animais. As respectivas datas para
cada sub-período, foram: sub-período 1 = 3 a 23 de fevereiro, sub-período 2 = 24 de
fevereiro a 17 de março, sub-período 3 = 18 de março a 3 de abril e sub-período 4 = 4 a
27 de abril.
Os tratamentos corresponderam a dois intervalos entre desfolhas das pastagens
de capim Elefante: (T1) intervalo estabelecido pela entrada dos animais nos piquetes
quando estes apresentavam 95% de interceptação de luz (IL) pelo dossel; (T2) intervalo
entre desfolhas fixo de 27 dias. O período de ocupação dos piquetes foi de um dia
pelas vacas lactantes e um dia pelos animais de repasse, perfazendo no total, dois dias
de ocupação. O período de descanso das pastagens foi igual ao IED descontado um
dia.
A área de pastagem foi dividida em sete blocos, com oito piquetes cada. Os
tratamentos foram intercalados nos piquetes conforme apresenta o croqui da área
experimental. Para medir a IL, o IAF e a angulosidade do dossel foi utilizado
equipamento da marca LI-COR modelo LAI 2000 (LI-COR, Lincoln, Nebraska, EUA).
Durante o período de adaptação dos animais, a interceptação de luz foi medida
em aproximadamente 60% dos dias. Dessa maneira, nesse período, alguns dos
piquetes do T1, foram pastejados em função de avaliação visual.
Durante o período de coleta de leite, o monitoramento da interceptação foi
efetuado diariamente, No tratamento T2, apenas o piquete determinado para ser
pastejado foi monitorado antes da entrada dos animais. Nos piquetes do T1, os três
piquetes com a maior MF acumulada visualmente, foram avaliados, sendo utilizado o
que estivesse com valor mais próximo de 95% de IL. Em cada piquete foram realizadas
91
20 leituras de interceptação de luz, ao nível do solo. Os piquetes que apresentassem IL
superiores a 95% foram pastejados por animais não experimentais.
Com base na análise de solo, as áreas foram adubadas apenas com fonte
nitrogenada, no caso o nitrato de amônia. A dose aplicada desde a roçada até o final do
experimento foi de aproximadamente 2 kg de N ha
-1
por dia de intervalo entre
desfolhas.
3.3.2 Animais e concentrado experimental
Foram utilizadas oito vacas lactantes da raça Holandesa como animais testes e
número variável de vacas reguladoras, para o ajuste da taxa de lotação. Vacas não
lactantes e animais em crescimento foram utilizados para a realização do repasse pós-
pastejo quando necessário. Na Tabela 19, estão caracterizadas as vacas testes
utilizadas no ensaio experimental.
Tabela 19 – Caracterização das vacas lactantes utilizadas no experimento
Componentes Média Desvio padrão
Mínimo Máximo
Produção de leite, kg dia
-1
17,5 2,0 14,6 19,8
Número de partos 3,60 1,60 2 6
Estágio de lactação, dias 124 74 30 240
Peso vivo, kg 516 37 489 578
Escore de condição corporal 2,28 0,32 2,00 2,75
Os animais foram suplementados com 7 kg de MN dia
-
1
ou 6,3 kg de MS dia
-1
de
concentrado, parcelados em dois fornecimentos diários (Tabela 20).
92
Tabela 20 Proporção de ingredientes e composição química do concentrado
experimental
Ingredientes % da MS
Milho moído fino 38,50
Polpa cítrica peletizada 38,50
Uréia 1,27
Farelo de soja 17,0
Supl. Min. e Vit. 4,80
Composição química
Proteína bruta, % da MS 18,0
Fibra em detergente neutro, % da MS 14,7
Fibra em detergente ácido, % da MS 9,3
Energia metabolizável, Mcal kg
-1
2,66
Níveis de garantia do suplemento mineral e vitamínico por quilo do produto, fósforo (P) 55 g, lcio (Ca)
220 g, cloro (cl) 105,50 g, sódio (Na) 70 g, magnésio (mg) 35 g, enxofre (S) 22 mg, manganês (Mn) 1500
mg, ferro (Fe) 500 mg, zinco (Zn) 1550 mg, cobre (Cu) 450 mg, cobalto (Co) 50 mg, iodo (I) 40 mg,
selênio (Se) 20 mg, flúor (F) máximo 550 mg, vitamina A 90.000 UI, vitamina D 75.000 UI, vitamina E
1.000 UI, solubilidade em ácido cítrico (2%).
3.3.3 Determinação das características quantitativas do dossel forrageiro
As medidas quantitativas da pastagem foram: as massas de forragem (MF) em
pré e pós-pastejo. Para a coleta das amostras, foi utilizada moldura em formato
quadrado (1m
2
) para coletas das amostras. Foram coletadas duas amostras aleatórias
em pré e pós-pastejo de cada um dos três piquetes pastejados de cada tratamento,
durante os três dias do período de coleta em cada um dos quatro sub-períodos
experimentais. Dos 28 piquetes de cada tratamento, alguns foram amostrados mais de
uma vez enquanto outros não foram amostrados, em função das datas de coleta e
rotação dos piquetes.
A MF pré-pastejo foi obtida antes do pastejo do lote experimental, padronizando-
se o corte da forragem na altura do nível do solo. A MF pós-pastejo foi obtida após o
pastejo do lote de repasse, com o corte da forragem remanescente rente ao solo.
3.3.4 Determinação das características qualitativas do dossel forrageiro
93
As avaliações qualitativas foram: composição bromatológica do pastejo simulado,
altura do dossel e composição morfológica do pré e pós-pastejo, densidade da
forragem pré-pastejo, IL, IAF e angulosidade.
A composição bromatológica foi avaliada em amostras de pastejo simulado. O
pastejo simulado para os dois tratamentos, foi obtido através da colheita manual da
forragem na altura média do resíduo pós-pastejo, em 20 pontos de cada piquete
pastejado durante cada período de coleta.
A composição morfológica foi avaliada a partir de uma sub-fração
(aproximadamente 300g) das amostras de MF (corte rente ao solo) pré e pós-pastejo.
Foram separadas as folhas (apenas as lâminas foliares), colmos (bainha + colmo) e
material senescido (folhas ou colmos com mais de 50% da área seca). As amostras de
folhas, colmos e material senescido foram pesadas in natura e levadas à estufa de
circulação forçada de ar e mantidas por 48 horas a 55ºC para a quantificação de seu
peso seco.
Para a determinação da densidade volumétrica do dossel, foi determinada a
quantidade de forragem cortada acima do resíduo pós-pastejo e dividindo-se este valor
pela altura do dossel descontada a altura do resíduo pós-pastejo (BALSALOBRE,
1996).
Também foram avaliados, o IED do tratamento T1, a IL, o IAF, a angulosidade e
a altura do dossel forrageiro em pré e s pastejo dos tratamentos T1 e T2. A altura foi
medida como o comprimento, desde o vel do solo até a curvatura de uma das folhas
completamente expandida, ou seja, a altura comumente chamada de visada. Para as
medidas de altura, foi utilizada uma régua de madeira de 2,50 m de comprimento,
graduada em centímetros. Foram tomadas 20 medidas por piquete durante o período
de coleta para o pré e para o pós-pastejo.
3.3.5 Manejo dos animais
As vacas foram ordenhadas duas vezes ao dia, às 7h00 e às 16h00. O
concentrado foi fornecido após a ordenha da manhã e antes da ordenha da tarde. Os
animais tinham acesso à pastagem desde o término da ordenha da tarde até a ordenha
94
da manhã do dia seguinte e após a ordenha da manhã até as aproximadamente 11h00,
em função principalmente da temperatura ambiente. Com a elevação da temperatura,
as vacas voluntariamente se dirigiam para as áreas de sombra (bosque) providas de
bebedouros, onde permaneciam até a ordenha da tarde.
A taxa de lotação foi ajustada diariamente, na entrada de cada piquete. A oferta
de forragem foi estabelecida em 4 kg de MS para 100 kg de PV por animal ao dia,
considerando a quantidade de forragem acima do resíduo pós-pastejo.
3.3.6 Determinação da produção individual, por área e da composição do leite
A pesagem e a amostragem do leite foi realizada nos três últimos dias do período
de coleta, durante as duas ordenhas diárias. A produção individual das vacas foi
registrada diariamente e obteve-se o valor médio ao final de cada sub-período. Para a
determinação da composição do leite, foram tomadas amostras proporcionais à
produção individual do animal por ordenha. As amostras foram preservadas em frascos
plásticos contendo conservante (2-bromo-2-nitropropano-1-3-diol) e encaminhadas à
Clínica do leite do Departamento de Zootecnia da USP/ESALQ, para a realização das
análises de proteína, gordura, lactose, sólidos totais, e nitrogênio uréico no leite (NUL).
A produção de leite corrigida para 3,5% de gordura foi calculada a partir da
equação [0,4324*produção de leite (kg) + 16,216*gordura (kg)], proposta por Tyrrell e
Reid (1965).
As taxas de lotação foram calculadas separadamente para o lote de vacas em
lactação e para o lote de repasse. Os dados de produção de leite por área foram
calculados com base apenas na taxa de lotação do lote de vacas em lactação.
3.3.7 Coleta de sangue e determinação da concentração de nitrogênio uréico no
plasma
A coleta de sangue foi realizada no último dia de cada período de coleta, sempre
quatro horas após o fornecimento matinal do concentrado, através de punção na veia
95
coccígea. As amostras de sangue foram armazenadas em tubos de ensaio a vácuo,
contendo 5 mg de fluoreto de sódio como anticoagulante.
Em seguida, os tubos de ensaio foram submetidos a centrifugação por 20
minutos, a 3.000 rotações por minuto (RPM) a 4ºC, para a obtenção do plasma. Este foi
acondicionado em tubos de 1,5 mL do tipo ependorf e congelado a –10°C para a
determinação das concentrações de nitrogênio uréico no plasma (NUP). As
determinações dos teores de NUP foram efetuadas utilizando-se o Kit N 535 (Sigma
Chemical Co.), em laboratório comercial.
3.3.8 Determinação da variação de peso vivo e do escore de condição corporal
O escore de condição corporal (ECC) foi avaliado no primeiro e último dia de
cada sub-período, sempre pelo mesmo indivíduo. A escala utilizada variou de 1 a 5
pontos, sendo que, 1 representa vacas muito magras e 5 vacas excessivamente
gordas, classificadas a intervalos de 0,25 pontos, de acordo com Wildman et al. (1982).
Da mesma forma, a pesagem dos animais foi efetuada no primeiro e último dia
de cada sub-período após a ordenha da tarde. Dentre as duas pesagens, foi
considerado o menor peso para a análise dos dados.
3.3.9 Determinação da concentração fecal de cromo
A dosagem diária de sesquióxido de cromo (Cr
2
O
3
) foi de 12 g dia
-1
, fracionada
em duas vezes, administrado em cápsulas de papel toalha por via oral. O fornecimento
do marcador foi realizado durante doze dias, recuperado depois nas fezes nos últimos
cinco dias de cada sub-período experimental (AROEIRA et al., 1999). A coleta de fezes
foi realizada diretamente do reto, duas vezes ao dia, durante a ingestão de concentrado
pelas vacas, sendo retirado aproximadamente 100 g dia
-1
. As amostras de fezes foram
compostas por animal e sub-período e armazenadas a –10 ºC.
As concentrações de cromo nas fezes foram determinadas pelo método de
irradiação atômica pelo laboratório de instrumentação nuclear do Centro de Energia
Nuclear na Agricultura (CENA).
96
Para a leitura da concentração do marcador nas fezes, as amostras foram secas
durante 48 horas a 55
o
C, moídas a 1mm em peneiras tipo Willey; em seguida, 1g de
cada amostra foi colocada em recipiente apropriado para análise por fluorescência de
raios X (cubeta de plástico com fundo de Mylar de 6,3 micrometros de espessura),
prensada a 2 (ton. cm
2
)
-1
e levada diretamente para análise, sem passar por nenhum
tipo de pré-tratamento químico.
A quantificação da concentração do elemento químico foi realizada através da
técnica analítica, denominada fluorescência de raios X por dispersão de energia
(EDXRF, energy dispersive X-ray fluorescence). A excitação foi feita com raios X Mo-Kα
de 17,44 keV, provenientes de um tubo de raios X com alvo de Mo e filtro de Zr,
operado a 25 kV e 10 mA, possibilitando a detecção do elemento químico cromo pelo
seu raio X característico Kα. As amostras foram excitadas por 100 segundos e o raio X
detectado por um espectrômetro multicanal, baseado em detector semicondutor de
Si(Li) e eletrônica nuclear convencional.
A concentração do elemento cromo foi estimada através da intensidade do raio X
característico, levando-se em conta o efeito matriz. A validação da metodologia foi
realizada analisando-se uma amostra de referência certificada (hay powder, V-10)
produzida pela Agência Internacional de Energia Atômica, Viena (NASCIMENTO
FILHO, 1999).
3.3.10 Determinação da composição bromatológica
As amostras de forragem (pastejo simulado e frações da planta inteira) foram
levadas à estufa de circulação forçada de ar, mantidas a 55ºC por 48 horas e moídas
em moinhos tipo Willey em peneiras com malhas de 5 mm e posteriormente de 1 mm.
Após a pré-secagem, as frações (folha, colmo e material senescido), seguiram
para a secagem definitiva (AOAC, 1975).
As amostras de pastejo simulado foram analisadas para MS; MO, EE e PB
(AOAC, 1975). As análises de FDN, FDA e lignina foram efetuadas de acordo com
Goering e Van Soest (1970).
97
3.3.11 Análises estatísticas
Para as análises estatísticas das variáveis de desempenho animal o
delineamento experimental utilizado foi o cross-over. As oito vacas experimentais foram
sorteadas ao acaso nos dois tratamentos com inversão dos tratamentos a cada sub-
período. As variáveis de desempenho animal foram submetidas ao PROC GLM
(General linear models) do pacote estatístico SAS (1999), versão 8.2 para Windows.
Foi considerado como efeito significativo o nível de a 5% de probabilidade
(P<0,05). Todas as médias foram obtidas utilizando-se o método dos quadrados
mínimos (LSMEANS).
Nas Tabelas 21 e 22, estão apresentadas as causas de variação e os graus de
liberdade, utilizados para as análises estatísticas dos dados de desempenho animal e
da pastagem, respectivamente.
Tabela 21 – Causas de variação e graus de liberdade utilizados para as análises
estatísticas do desempenho animal
Causas de variação Graus de liberdade
Animal 7
Sub-período 3
Tratamento 1
Seqüência 1
Resíduo 19
Total 31
O modelo estatístico adotado para as variáveis experimentais foi:
98
Y
ijkl
= µ + A
i
+ SP
j
+ T
k
+ S
l
+e
ijkl
,
Sendo,
Y
ijkl
= variáveis observadas;
µ = média geral;
A
i
= efeito do animal
i
, (sendo
i
= 1, 2... 8);
SP
j
= efeito do sub-período
j
, (sendo
j
= 1, 2, 3 e 4);
T
k
= efeito do tratamento
k
, (sendo
k
= 1 e 2);
S
l
= efeito da seqüência
l
, (sendo
l
= 1 e 2);
e
ijkl
= erros associados às observações Y
ijkl.
Para as variáveis qualitativas e quantitativas da pastagem, foi utilizado o PROC
MIXED do pacote estatístico SAS (1999) versão 8.2 para Windows.
Tabela 22 – Causas de variação e graus de liberdade utilizados para as análises
estatísticas das variáveis qualitativas e quantitativas do dossel forrageiro
Causas de variação Graus de liberdade
Sub-período 3
Tratamento 1
Interação Sub-período x Tratamento 3
Resíduo 16
Total 23
O modelo estatístico adotado para as variáveis experimentais foi:
Y
ijkl
= µ + S
i
+ T
j
+ ST
k
+ e
ijk
,
Onde,
Y
ijkl
= variáveis observadas;
µ = média geral;
S
i
= efeito do sub-período
i
, (sendo
i
= 1, 2, 3 e 4);
T
j
= efeito do tratamento
j
, (sendo
j
= 1 e 2);
ST
k
= efeito da interação
k
;
e
ijk
= erros associados às observações Y
ijk.
99
3.4 Resultados e discussão
3.4.1 Medidas qualitativas e quantitativas do dossel forrageiro
Nas Figuras 4, 5 e 6 pode-se observar exemplos das condições pré e pós-
pastejo do dossel de capim Elefante durante o estudo.
Figura 4 Condição do dossel forrageiro de capim Elefante em pré-pastejo com
27 dias de intervalo entre desfolhas
Figura 5 Condição do dossel forrageiro de capim Elefante em pré-pastejo com
95% de interceptação de luz
100
Figura 6 Condição do dossel forrageiro de capim Elefante em pós-pastejo,
pastejado com 27 dias fixos ou com 95% de interceptação de luz
Os valores observados para o IED, altura do dossel em pré e pós-pastejo, IL,
IAF, angulosidade e densidade volumétrica do dossel estão apresentados na Tabela
23.
Tabela 23Intervalo entre desfolhas, altura em pré e pós-pastejo, interceptação de luz,
índice de área foliar, angulosidade e densidade volumétrica de pastagens
de capim Elefante submetidas a dois intervalos entre desfolhas
Componentes Tratamentos EPM
2
P
1
T1 T2
Interceptação de luz, % 95,47 97,91 0,17 0,0001
Intervalo entre desfolhas, dias 19,4 27,0 0,25 0,0001
Altura do dossel pré pastejo, metros 1,03 1,21 0,02 0,0001
Altura do dossel pós-pastejo, metros 0,62 0,71 0,02 0,01
Densidade volumétrica, kg de MS ha
-1
cm
-1
63,29 53,30 9,84 0,10
Índice de área foliar, pontos 3,80 4,73 0,08 0,0001
Angulosidade, graus 47,75 44,58 0,64 0,003
T1 = intervalo entre desfolhas determinado pela interceptação de luz de 95%, T2 = intervalo entre
desfolhas fixo de 27 dias,
1
= probabilidade,
2
= erro padrão da média.
A IL diferiu (P<0,05) entre os tratamentos. O valor médio de IL de 95,47% foi
muito próximo do objetivo de 95% estabelecido como o ponto para a entrada dos
animais na área de pastagem do T1. A adoção de intervalo fixo entre desfolhas de 27
dias (T2), resultou em valor médio de IL de 97,91%.
101
O IED, altura do dossel em pré e pós-pastejo, a angulosidade do dossel e o
índice de área foliar (IAF), foram afetados pelos tratamentos (P<0,05). Houve tendência
(P=0,10) de efeito dos tratamentos na densidade volumétrica do dossel forrageiro.
A estratégia de entrada no piquete quando este atingiu IL de 95% (T1) resultou
em intervalo médio entre desfolhas de 19,4 dias. Este valor foi significativamente
(P<0,05) menor que os 27 dias fixos do T2. Esse comportamento foi semelhante aos
reportados por Uebele (2002), Bueno (2003) e Carnevalli (2003), que observaram
intervalos entre desfolhas de 23 a 25 dias para o capim Mombaça, com 95% de IL e
dois resíduos pós pastejo (30 e 50 cm), durante a estação das águas.
Mello (2002) observou que, para o capim Tanzânia atingir 95% de IL, foram
necessários 22 dias de descanso. Em adição, Moreno (2004) observou valores de IL
entre 95,0 a 98,0%, durante o verão, para máximas taxas de acúmulo em cinco
gramíneas do gênero Panicum. Os intervalos entre cortes variaram de 28 a 35 dias.
Tanto Mello (2002) quanto Bueno (2003) apontam a redução no IED como
importante ferramenta para melhorar a composição morfológica e estrutural da planta
forrageira, o que sugere a utilização de freqüências de desfolhas menores às
tradicionais, que variam de 30 a 45 dias para o manejo do capim Elefante (CORSI,
1986; DERESZ, 2001).
Na Tabela 24 são apresentados os valores de intervalo médio entre desfolhas
nos quatro sub-períodos experimentais. Houve interação entre tratamentos e períodos
para intervalo entre desfolhas (P<0,05). O intervalo entre desfolhas no T1 variou entre
os sub-períodos. O intervalo mínimo médio entre desfolhas foi de 17,3 dias no sub-
período 1 e o intervalo máximo médio foi de 21 dias no sub-período 4. Os valores
observados para o T1 foram sempre inferiores (P<0,05) aos 27 dias fixos do T2.
Considerando a recomendação de entrada dos animais no piquete quando este
atinge IL de 95% (Da SILVA, 2005), em solos com alta fertilidade como os do presente
estudo, o capim Elefante precisa ser manejado com IED bastante freqüentes durante o
período de verão. Os IED para o tratamento com IL 95% (T1) do presente estudo, foram
menores que os 22 dias relatados por Mello (2002) com capim Tanzânia e os 23 a 25
dias relatados por Uebele (2002), Bueno (2003) e Carnevalli (2003), para o capim
102
Mombaça, com 95% de IL e dois resíduos pós pastejo (30 e 50 cm), durante a estação
das águas.
Tabela 24 Intervalo dio entre desfolhas, expresso em dias, de pastagens de capim
Elefante pastejado por vacas em lactação durante quatro sub-períodos
experimentais
Sub-períodos
Tratamentos EPM
2
P
1
T1 T2
1 17,3 27 0,66 0,001
2 20,7 27 0,66 0,001
3 19,3 27 0,66 0,001
4 21,0 27 0,66 0,001
Média 19,4 27 0,25 0,0001
T1 = intervalo entre desfolhas determinado pela interceptação de luz de 95%, T2 = intervalo entre
desfolhas fixo de 27 dias,
1
= probabilidade,
2
= erro padrão da média.
As alturas dos dosséis pré e pós-pastejo também foram reduzidas (P<0,05) com
a estratégia de entrada nos piquetes com IL 95% (1,03 e 0,62 m) (T1), em comparação
com a entrada fixa a cada 27 dias (1,21 e 0,71m) (T2).
Uebele (2002), Bueno (2003) e Carnevalli (2003), observaram o mesmo
comportamento com capim Mombaça. Os valores encontrados no presente ensaio são
inferiores aos utilizados freqüentemente no manejo do capim Elefante, da ordem de
1,50 a 2,00m no pré e 0,7 a 1,0m para o pós-pastejo (BALSALOBRE, 1996; DERESZ et
al., 2001; MARTINEZ, 2004).
As alterações promovidas na altura do dossel pré e pós-pastejo, podem levar a
mudanças na composição morfológica e estrutural da planta forrageira, que podem
contribuir para o aumento do CMS de forragem (Da SILVA, 2005). A redução na altura
do dossel pré e pós-pastejo é condição primordial para aumentar a eficiência de
utilização do capim Elefante, devido principalmente à redução nas perdas durante o
pastejo (HILLESHEIM, 1987).
Bueno (2003) afirmou que a redução no IED, principalmente com o pastejo
determinado pela condição de 95% de IL, é eficaz no controle de desenvolvimento dos
colmos na época de florescimento, um dos grandes desafios do manejo do capim
Elefante.
103
Na Tabela 25 são apresentados os valores de altura do dossel pré-pastejo nos
quatro sub-períodos experimentais. Não houve interação entre tratamentos e períodos
para a altura do dossel pré-pastejo (P>0,05).
Dentro do tratamento T1 não houve variação na altura do dossel (P>0,05)
quando a planta atingiu IL de 95% entre os quatros sub-períodos. O menor valor médio
foi de 1,00m no sub-período 3 e o maior valor médio foi de 1,05m no sub-período 2.
no tratamento T2 houve variação na altura do dossel (P<0,05). O menor valor médio foi
de 1,15m no sub-período 3 e o maior valor médio foi de 1,26m no sub-período 2.
Apesar disso, quando os dados de altura pré-pastejo dos sub-períodos 1, 2 e 4 do T2,
são comparados, pode-se notar a grande uniformidade entre esses valores.
Tabela 25 – Altura do dossel em pré-pastejo, em metros, de pastagens de capim
Elefante durante quatro sub-períodos experimentais
Sub-períodos
Tratamentos EPM
2
P
1
T1 T2
1 1,04 1,21 0,06 0,01
2 1,05 1,26 0,06 0,002
3 1,00 1,15 0,06 0,01
4 1,03 1,22 0,06 0,004
Média 1,03 1,21 0,03 0,0001
T1 = intervalo entre desfolhas determinado pela interceptação de luz de 95%, T2 = intervalo entre
desfolhas fixo de 27 dias,
1
= probabilidade,
2
= erro padrão da média.
Na Figura 7, são apresentados os valores médios de altura pré-pastejo por
tratamento e por período, na Figura 8, são apresentados os valores médios de altura
pré-pastejo, para cada piquete, ao longo do período experimental e na Figura 9, estão
apresentados os valores de altura do dossel em pós-pastejo, para os dois tratamentos,
nos quatro sub-períodos experimentais.
104
Figura 7 Valores médios da altura do dossel forrageiro de capim Elefante em pré-
pastejo, submetido a duas diferentes freqüências de desfolha (T1 = 95% de
interceptação de luz pelo dossel e T2 = intervalo fixo de 27 dias), nos
quatro sub-períodos experimentais
Figura 8 Valores médios da altura do dossel forrageiro de capim Elefante pré-pastejo,
por piquete, submetido a dois diferentes intervalos entre desfolhas (T1 =
95% de interceptação de luz pelo dossel e T2 = intervalo fixo de 27 dias),
durante todo o período experimental
1.04
1.05
0.99
1.03
1.21
1.25
1.14
1.22
0.00
0.20
0.40
0.60
0.80
1.00
1.20
1.40
P1 P2 P3 P4
Sub-peodos
Altura do dossel (m)
T1 T2
0.00
0.20
0.40
0.60
0.80
1.00
1.20
1.40
1.60
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Número de piquetes
Altura do dossel (m)
T1 T2
105
Figura 9 Altura do dossel forrageiro de capim Elefante em pós-pastejo, submetido a
duas diferentes freqüências de desfolha (T1 = 95% de interceptação de luz
pelo dossel e T2 = intervalo fixo de 27 dias), em quatro sub-períodos
experimentais
Na Tabela 26 são apresentados os valores de altura do dossel pós-pastejo nos
quatro sub-períodos experimentais. Houve interação entre tratamentos e períodos para
a altura do dossel pós-pastejo (P<0,05). No sub-período 1 não foi observada diferença
(P>0,05) entre os tratamentos, nos demais sub-períodos foram observados menores
valores (P<0,05) para o T1 em comparação com o T2.
O T1 com 95% de IL pelo dossel foi eficaz na manutenção da altura pós-pastejo,
durante os quatros sub-períodos avaliados, mesmo com fortes influências do manejo
pré-experimental com 27 dias fixos. No T2, com intervalo fixo de 27 dias entre desfolhas
a altura do resíduo pós-pastejo aumentou do sub-período 1 (0,66m) para o sub-período
4 (0,79m).
O controle da altura do resíduo pós-pastejo tem se constituído em uma das
maiores dificuldades do manejo de capim Elefante em diversas propriedades rurais. A
adoção do intervalo variável entre desfolhas, com base na IL de 95%, permitiu controle
mais eficiente do resíduo pós-pastejo, em comparação com o uso de período fixo de 27
dias entre desfolhas.
0.72
0.53
0.54
0.620.62
0.63
0.72
0.79
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
P1 P2 P3 P4
Sub-períodos
Altura do dossel (m)
T1 T2
106
Tabela 26 Altura do resíduo pós-pastejo, em metros, de pastagens de capim Elefante
em quatro sub-períodos experimentais
Sub-períodos
Tratamentos EPM
2
P
1
T1 T2
1 0,72 0,62 0,05 0,26
2 0,53 0,63 0,05 0,03
3 0,54 0,72 0,05 0,002
4 0,62 0,79 0,05 0,004
Média 0,62 0,71 0,02 0,001
T1 = intervalo entre desfolhas determinado pela interceptação de luz de 95%, T2 = intervalo entre
desfolhas fixo de 27 dias,
1
= probabilidade,
2
= erro padrão da média.
Uma das formas que a redução nas alturas dos dosséis pré e pós-pastejo
poderiam favorecer o CMS, seria através de mudanças na estrutura da planta que
resultassem dentre outros fatores, em maior densidade volumétrica do dossel pré-
pastejo (Da SILVA, 2005).
A maior densidade volumétrica do dossel pode favorecer o tamanho do bocado
do animal durante o pastejo, tendo efeito positivo sobre o CMS (STOBBS, 1975). No
presente estudo houve tendência (P<0,10) de maior densidade volumétrica do dossel
pré-pastejo no T1 (63,29 kg de MS ha
-1
cm
-1
) que no T2 (53,30 kg de MS ha
-1
cm
-1
).
Ambos os valores foram baixos e inferiores à variação de 65 a 98 kg de MS ha
-1
cm
-1
reportados por Balsalobre (1996), Voltolini et al. (2003) e Martinez (2004), também com
capim Elefante. No entanto, para o cálculo da densidade volumétrica no presente
estudo foi utilizada a forragem colhida acima do nível do resíduo pós-pastejo composta
em quase sua totalidade por folhas.
Na Tabela 27 são apresentados os dados de MF pré e pós-pastejo.
Tabela 27 – Massa de forragem (MF) em pré e pós-pastejo de pastagens de capim
Elefante submetidas a dois diferentes intervalos entre desfolhas
Componentes Tratamentos EPM
2
P
1
T1 T2
MF pré-pastejo, kg de MS ha
-1
6.270 6.310 490 0,96
MF pós-pastejo, kg de MS ha
-1
3.580 3.850 350 0,38
T1 = intervalo entre desfolhas determinado pela interceptação de luz de 95%, T2 = intervalo entre
desfolhas fixo de 27 dias,
1
= probabilidade,
2
= erro padrão da média.
Não houve efeito (P<0,05) dos tratamentos sobre a MF pré e pós-pastejo.
A redução no IED permite aumento no número de ciclos de pastejo, o que pode
contribuir para a produção total de MS durante toda a estação das águas. Nos 80 dias
107
de período experimental, o intervalo médio entre desfolhas de 19,4 dias no T1 permitiu
4,12 ciclos de pastejo, contra 2,96 ciclos com o intervalo fixo de 27 dias no T2. Segundo
Uebele (2002) e Carnevalli (2003), a definição do IED em 95% de IL permitiu oito ciclos
de pastejo, enquanto que, com 100% de IL pelo dossel, foram realizados
aproximadamente seis ciclos de pastejo durante todo o ano com o capim Mombaça.
Os valores observados para a MF pré-pastejo de 6.270 e 6.310 kg de MS ha
-1
são valores que denotam alta capacidade de acúmulo de forragem do capim Elefante
em sistemas intensivos de pastejo.
Aroeira et al. (2001) avaliaram a MF de pastagens de capim Elefante em
diferentes IED (30, 37,5 e 45 dias) e observaram maiores valores para o intervalo de 45
dias. Por outro lado, Deresz (2001) e Deresz et al. (2001) não observaram efeitos de
diferentes IED das pastagens de capim Elefante (30, 36, 45 dias e 30 e 45 dias,
respectivamente) sobre a MF pré-pastejo. Wendling et al. (2004), avaliaram as
respostas quantitativas e qualitativas de pastagens de capim Elefante em dois IED (24
e 30 dias) e também não observaram diferenças sobre a MF pré-pastejo entre os
tratamentos.
Os valores de MF pré-pastejo deste estudo, foram menores que os obtidos por
Balsalobre (1996), Voltolini et al. (2003) e Martinez (2004), na mesma área
experimental. Esses autores relataram valores entre 8 a 16.000 kg MS
-1
ha
-1
por ciclo
de pastejo. Entretanto, esses autores trabalharam com períodos de descanso de 38 a
40 dias. As MF dos resíduos pós-pastejo nesses trabalhos foram excessivamente altas,
variando de 6 a 10.700 kg de MS ha
-1
, compostos principalmente por colmos e material
senescido, contra 3.580 a 3.850 kg MS
-1
ha
-1
, no presente estudo.
Apesar das MF pré-pastejo observadas nos estudos de Balsalobre (1996),
Voltolini et al. (2003) e Martinez (2004), terem sido superiores à do presente estudo, a
massa de lâminas foliares foi semelhante entre os estudos. Isto indica alta participação
de colmos e material senescido com períodos de descanso entre 38 a 40 dias. Fica
claro que nas condições de fertilidade alta no solo que IED de 38 a 40 dias são
excessivos para capim Elefante durante o verão.
As taxas de acúmulo de forragem não foram calculadas porque os piquetes
amostrados não foram sempre os mesmos nos quatro sub-períodos, devido à rotação
108
dos piquetes não coincidir necessariamente com as datas fixas dos períodos de coleta.
As medidas de MF pré e pós-pastejo foram efetuadas apenas nos três piquetes
pastejados de cada tratamento, durante o período de coleta de cada sub-período
experimental. Dessa maneira, não se dispunha da MF pós-pastejo do ciclo anterior de
todos os piquetes amostrados nos períodos de coleta.
Apesar dos valores de taxa de acúmulo de forragem não terem sido calculados,
fica evidente que a produção de forragem foi maior no T1 que no T2, uma vez que a MF
pré-pastejo foi igual nos dois tratamentos, porém, com intervalo entre desfolhas de 19,4
dias para o T1 contra 27 dias para o T2.
A obtenção de maior taxa de acúmulo de forragem com menor IED, também foi
relatada por Bueno (2003) com capim mombaça, durante os meses de janeiro e
fevereiro. Este autor obteve taxa de acúmulo de forragem maior para o tratamento com
intervalo entre desfolhas determinado pelo IL de 95% que para IL de 100%.
Os valores de MF pré-pastejo nos quatro sub-períodos são apresentados na
Tabela 28.
Tabela 28 Massa de Forragem (kg de MS ha
-1
) em pré-pastejo de pastagens de
capim Elefante submetidas a dois diferentes intervalos entre desfolhas
em quatro sub-períodos experimentais
Sub-períodos Tratamentos EPM
2
P
1
T1 T2
1 6.731 6.920 800 0,94
2 6.353 5.608 800 0,94
3 6.393 6.540 800 0,94
4 5.603 6.133 800 0,94
Média 6.270 6.300 490 0,96
T1 = intervalo entre desfolhas determinado pela interceptação de luz de 95%, T2 = intervalo entre
desfolhas fixo de 27 dias,
1
= probabilidade,
2
= erro padrão da média.
Não houve interação entre tratamentos e períodos (P>0,05) para a MF pré-
pastejo. Em função da precipitação pluviométrica adequada nos meses de janeiro e
fevereiro, os valores de MF pré-pastejo foram altos e uniformes nos sub-períodos 1 a 4
nos dois tratamentos.
Os valores de MF s-pastejo nos quatro sub-períodos são apresentados na
Tabela 29.
109
Tabela 29 Massa de Forragem (kg de MS ha
-1
) em pós-pastejo de pastagens de
capim Elefante submetidas a dois diferentes intervalos entre desfolhas
durante quatro sub-períodos experimentais
Sub-períodos
Tratamentos EPM
2
P
1
T1 T2
1 3.894 3.918 450 0,98
2 3.412 3.614 450 0,98
3 3.556 3.746 450 0,98
4 3.459 4.122 450 0,98
Média 3.580 3.850 350 0,38
T1 = Intervalo entre desfolhas determinado pela interceptação de luz de 95%, T2 = Intervalo entre
desfolhas fixo de 27 dias,
1
= Probabilidade,
2
= Erro padrão da média.
Não houve interação entre tratamentos e períodos (P>0,05) para MF pós-pastejo.
As quantidades de MF pós-pastejo não variaram entre tratamentos e entre os períodos
dentro de cada tratamento. A diferença significativa em altura do resíduo pós-pastejo
entre os tratamentos, não se refletiu em diferença no peso.
Na Tabela 30 são apresentados os dados de composição morfológica das
pastagens.
Tabela 30 Composição morfológica do dossel forrageiro de capim Elefante submetido
a dois diferentes intervalos entre desfolhas
Componentes Tratamentos EPM
2
P
1
T1 T2
Folhas, kg de MS ha
-1
3.440 3.250 150 0,38
Colmos, kg de MS ha
-1
2.720 3.094 80 0,07
Material senescido, kg de MS ha
-1
330 425 20 0,008
Folhas, kg de MS ha
-1
820 732 40 0,10
Colmos, kg de MS ha
-1
2.440 2.720 120 0,10
Material senescido, kg de MS ha
-1
300 360 15 0,004
T1 = intervalo entre desfolhas determinado pela interceptação de luz de 95%, T2 = intervalo entre
desfolhas fixo de 27 dias,
1
= probabilidade,
2
= erro padrão da média.
Os tratamentos não afetaram (P>0,05) a massa de folhas no pré-pastejo. Houve
tendência (P=0,10) de maior massa de folhas remanescentes no resíduo pós-pastejo do
T1 em comparação com o T2 e tendências de maiores proporções de nas MF pré
(P=0,07) e pós-pastejo (P=0,10). Houve maior (P<0,05) massa de material senescido
para o T2 em comparação com o T1, tanto para o pquanto para o pós-pastejo. Não
houve interação (P>0,05) entre tratamentos e períodos.
110
No trabalho de Bueno (2003), também foi observada igual proporção de folhas
na pastagem de capim Mombaça manejada com IED determinado pela IL de 95% em
comparação com IL de 100%, durante o verão. No presente estudo, no tratamento com
intervalo fixo entre desfolhas de 27 dias (T2) a IL não atingiu 100%, o valor de IL foi de
97,9%.
Os resultados observados para a massa de material senescido pré-pastejo
contrastam com os obtidos por Bueno (2003) que não observou diferença na proporção
de material senescido em pastagens de capim Mombaça em rebrotação, manejadas
com IED determinados pela IL de 95% ou IL de 100%, no verão. Entretanto, Bueno
(2003) também observou maior proporção de material senescido no resíduo pós-
pastejo, o que está de acordo com os resultados obtidos no presente estudo.
Além da redução na altura do resíduo s-pastejo no tratamento com IL 95%
(T1) em comparação intervalo fixo (T2) entre desfolhas, a qualidade do resíduo também
foi melhor no T1 que no T2, com menores massas de material senescido, tendência de
maior massa de folhas e menos colmos.
Bueno (2003) observou maior proporção de folhas no resíduo pós-pastejo de
capim Mombaça pastejado com 95% de IL em comparação com o pastejo efetuado com
100% de IL, durante as quatro estações do ano. Quanto à proporção de colmos, esse
autor observou mais colmos no pe pós-pastejo para o tratamento com 100% de IL
comparado com 95% de IL, durante o verão e na média das quatro estações anuais
avaliadas.
Na Tabela 31 são apresentados os dados de composição bromatológica das
amostras de pastejo simulado das pastagens.
111
Tabela 31 - Composição bromatológica de amostras de pastejo simulado das
pastagens de capim Elefante submetidas a dois diferentes intervalos entre
desfolhas
Componentes Tratamentos EPM
2
P
1
T1 T2
Matéria seca, % no alimento 16,58 16,40 0,28 0,42
Proteína bruta, % da MS 14,24 14,58 0,33 0,53
Fibra em detergente neutro, % da MS 65,07 66,99 0,37 0,01
Fibra em detergente ácido, % da MS 35,88 37,05 0,30 0,04
Lignina, % da MS 6,50 6,13 0,23 0,34
Extrato etéreo, % da MS 2,70 3,17 0,07 0,003
Matéria mineral, % da MS 12,02 10,18 0,20 0,007
T1 = intervalo entre desfolhas determinado pela interceptação de luz de 95%, T2 = intervalo entre
desfolhas fixo de 27 dias,
1
= probabilidade,
2
= erro padrão da média.
Os diferentes IED afetaram (P<0,05) a composição bromatológica do capim
Elefante. Houve efeito nos teores de FDN, FDA, EE e MM. Não houve interação entre
tratamentos e períodos (P>0,05).
A redução no IED resultou em teores menores de FDN (65,07 e 66,99%) e FDA
(35,88 e 37,05) no T1 que no T2. Os teores de PB não diferiram entre os tratamentos
(P>0,05).
Wendling et al. (2004) trabalharam com pastagens de capim Elefante com dois
IED (24 e 30 dias) e não observaram efeitos dos diferentes intervalos sobre a
composição bromatológica da forragem, exceto uma tendência para maiores teores de
PB para a forragem com menor período de descanso. Deresz (2001) e Deresz et al.
(2001) também não observaram diferenças na composição bromatológica do capim
Elefante manejado com 30, 36 e 45 ou 30 e 45 dias de descanso da pastagem,
respectivamente.
Os teores menores de FDN e de FDA no T1 comparado ao T2 podem favorecer
o consumo de forragem. Entretanto, de modo geral, as variações na qualidade da
forragem foram pouco expressivas entre os tratamentos testados.
Os teores de PB na forragem observados neste estudo foram menores que os
relatados por Santos et al. (2005). Estes autores compilaram diversos dados de
composição bromatológica de gramíneas tropicais (pastejo simulado) manejadas
intensivamente, em áreas experimentais e em áreas comerciais. Os teores de PB
variaram de 13 a 22%, com grande incidência de valores superiores a 16% de PB.
112
Fontaneli (2005) observou valor médio de 20% de PB em capim Elefante (lâminas
foliares) durante o verão e outono. As pastagens foram manejadas com IED de 25 a 30
dias e adubadas com 500 kg de N ha
-1
.
No presente estudo, a dose de N utilizada foi de 2 kg ha
-1
dia
-1
, ou seja, a
aplicação total de N durante os 80 dias do período experimental foi a mesma nos dois
tratamentos. Em condições práticas, pastagens manejadas com IED menores, deverão
receber doses maiores de nutrientes na adubação. Isto deverá resultar no aumento dos
teores de N na forragem. Johnson et al. (2001) avaliaram o efeito de diferentes doses
de fertilização nitrogenada (39 a 157 kg ha
-1
) em Cynodon dactylon e Cynodon
nlenfuensis, a cada 28 dias e observaram que os teores de N total nas plantas
aumentaram de 1,55 para 2,82% da MS, com as respectivas adubações.
3.4.2 Produção e composição do leite, nitrogênio uréico no plasma, no leite e
concentração fecal de cromo
Os valores de produção de leite, PLC-3,5%, composição do leite (gordura,
proteína, lactose e sólidos totais), NUL, NUP e concentração fecal de cromo estão
apresentados na Tabela 32.
Houve tendência de maiores produções de leite (P=0,12), de PLC-3,5%
(P=0,10), de gordura (P=0,08), de lactose (P=0,11), de ST (P=0,12), para as vacas do
tratamento T1 em comparação com as vacas do T2.
113
Tabela 32 Produção e composição do leite, nitrogênio uréico no plasma (NUP), no
leite (NUL) e concentração fecal de cromo de vacas lactantes mantidas
em pastagens de capim Elefante submetidas a dois diferentes intervalos
entre desfolhas
Componentes Tratamentos EPM
2
P
1
T1 T2
Leite, kg dia
-1
16,72 14,09 0,90 0,12
PLC-3,5%, kg dia
-1
17,65 14,88 0,88 0,10
Gordura, % 3,98 3,75 0,10 0,21
Gordura, kg dia
-1
0,64 0,54 0,03 0,08
Proteína, % 3,23 3,08 0,15 0,60
Proteína, kg dia
-1
0,52 0,44 0,04 0,26
Lactose, % 4,40 4,06 0,09 0,22
Lactose, kg dia
-1
0,72 0,58 0,04 0,11
Sólidos totais, % 11,86 11,75 0,12 0,32
Sólidos totais, kg dia
-1
2,04 1,70 0,11 0,12
NUL, mg dL
-1
13,78 13,89 0,36 0,89
NUP, mg dL
-1
19,20 19,51 1,23 0,70
Concentração de cromo, mg kg
-1
0,81 0,87 0,02 0,17
PLC-3,5% = produção de leite corrigida para 3,5% de gordura, T1 = Intervalo entre desfolhas
determinado pela interceptação de luz de 95%, T2 = Intervalo entre desfolhas fixo de 27 dias,
1
=
Probabilidade,
2
= Erro padrão da média.
A diferença de produção de leite entre as vacas do T1 (16,72 kg dia
-1
) e do T2
(14,09 kg dia
-1
) foi de 2,63 kg dia
-1
(P=0,12). Esta tendência de aumento quase 19% na
produção individual das vacas, com a mesma quantidade de concentrado, teria efeito
altamente positivo na receita líquida do sistema de produção, mesmo que não tivesse
havido alteração na produção de forragem entre os tratamentos. As tendências de
produções maiores de gordura, proteína, lactose e sólidos totais no T1, foram
conseqüência direta da produção maior de leite no T1 que no T2. As concentrações
desses sólidos no leite não foram alteradas pelos tratamentos (P>0,05).
Com base nos dados de avaliação das pastagens, o fator que provavelmente
determinou a produção de leite maior no T1 que no T2 foi o consumo de forragem.
Apesar de hipotético, com base na concentração fecal de cromo menor no T1 que no
T2, o provável consumo de forragem maior no T1 poderia ser conseqüência de vários
fatores: a) características estruturais do dossel que podem favorecer o consumo como a
menor altura do dossel no pré e pós-pastejo, maior densidade de forragem maior e b)
114
características bromatológicas da forragem como os menores teores de FDN e de FDA
para o T1 que para o T2.
De modo geral a produção de leite das vacas foi abaixo do esperado, quando
consideramos o potencial genético dos animais e a dose fornecida de concentrado.
Dois fatores podem ter afetado negativamente o desempenho das vacas: A condição
corporal baixa das vacas, na média 2,25 com 129 dias pós-parto e condições de
conforto térmico não adequadas. O valor do ECC de 2,25 indica claramente falhas no
manejo dos animais no período que antecedeu o experimento. O ECC ao parto e o
manejo no período pós-parto foram inadequados e comprometeram o desempenho dos
animais.
Ao contrário do observado neste estudo, Wendling et al. (2004) não observaram
efeitos da redução no IED do capim Elefante de 30 para 24 dias, na produção de leite
das vacas.
Deresz et al. (2001) trabalharam com vacas lactantes em pastagens de capim
Elefante com dois IED (30 e 45 dias) e duas alturas de resíduo pós-pastejo (50 e 90
cm). Os autores observaram maior produção de leite para o menor IED, independente
da altura do resíduo pós-pastejo.
Deresz (2001) observou maior produção de leite de vacas mantidas em
pastagens de capim Elefante com 30 ou 36 dias de descanso quando comparado com
o intervalo entre desfolhas de 45 dias, indicando a utilização do período de descanso de
30 dias.
A recuperação do marcador foi muito baixa, o que impossibilitou o cálculo da
excreção fecal e do consumo de forragem. Houve tendência (P=0,17) de valor mais
baixo de concentração de cromo para o T1. Isto pode indicar tendência de consumo de
forragem maior no tratamento T1 que no T2.
Não houve efeito dos tratamentos sobre os teores de NUL e NUP (P>0,05). A
concentração de NUL observada é semelhante aos valores médios registrados por
Voltolini et al. (2003) e Martinez (2004) variando de 13,9 a 15,2 mg dL
-1
para vacas em
lactação, mantidas em pastagens de capim Elefante recebendo suplementação com
concentrado. Quanto aos valores de NUP (19,20 e 19,51 mg dL
-1
), Voltolini et al. (2003)
e Martinez (2004) encontraram valores que variaram de 18,6 a 22,0 mg dL
-1
e 16,4 a
115
17,6 mg dL
-1
, respectivamente, para vacas em lactação mantidas em pastagens de
capim Elefante recebendo suplementação com concentrado de 7,0 kg dia
-1
.
Tanto os valores de NUL como os de NUP são considerados altos para vacas
com produções médias entre 14 a 16 kg de leite dia
-1
. Os valores indicam excesso de
proteína na ração total das vacas (VALADARES et al., 1997). Estes valores sugerem
que o teor de 18% de PB do concentrado fornecido foi excessivo. Voltolini et al. (2003)
mostraram que em pastagens de capim Elefante com 12% de PB, vacas com
produções de leite ao redor de 18,5 kg dia
-1
, não responderam ao aumento de PB no
concentrado acima de 18% na MS. O NRC (2001) sugere para vacas com produção ao
redor de 16 kg de leite dia
-1
, mantidas em pastagens com 14% de PB, a suplementação
com concentrado com teor de PB inferior a 15%.
3.4.3 Taxa de lotação e produção de leite por área
Na Tabela 33 são apresentados os dados de produção de leite por área durante
o período experimental.
Tabela 33 Taxa de lotação do pastejo de ponta e do pastejo repasse, produção de
leite por área de vacas lactantes mantidas em pastagens de capim
Elefante com dois diferentes intervalos entre desfolhas
Componentes Tratamentos EPM
2
P
1
T1 T2
Taxa de lotação (vacas ha
-1
) 7,18 5,05 0,42 0,002
Taxa de lotação (UA ha
-1
) 8,27 5,85 0,46 0,02
Produção de leite (kg ha
-1
dia
-1
) 114 75 6,40 0,0004
Taxa de lotação repasse (UA ha
-1
) 2,83 3,00 0,16 0,45
T1 = intervalo entre desfolhas determinado pela interceptação de luz de 95%, T2 = intervalo entre
desfolhas fixo de 27 dias,
1
= probabilidade,
2
= erro padrão da média.
As taxas de lotação (UA ha
-1
e vacas ha
-1
) obtidas no pastejo de ponta do T1
foram aproximadamente 30% superiores as observadas no T2. A produção de leite por
área, por sua vez, foi 34% superior (P<0,05) no T1 (114 kg ha
-1
dia
-1
) que no T2 (75 kg
ha
-1
dia
-1
). A vantagem expressiva do T1 foi resultado da combinação da taxa de
lotação animal e principalmente da produção individual de leite maiores neste
tratamento em comparação com o T2.
116
A produção de leite por área do T1 no período total de utilização das pastagens,
poderia resultar em produções superires a 20.500 kg de leite ha
-1
, em 180 dias e acima
de 40.000 kg de leite
-1
ha
-1
ano
-1
, com uma alimentação suplementar adequada no
inverno, apesar da produção de leite por animal estar abaixo do esperado, o que
demonstra o elevado potencial de produção de leite dos sistemas tropicais, mesmo com
menores IED das pastagens e não permitindo que as vacas leiteiras consumam toda a
forragem produzida, sendo necessário o uso do pastejo repasse.
Não houve diferença (P>0,05) entre a taxa de lotação para o pastejo de repasse.
O aumento em produtividade, se confirmado em trabalhos posteriores, terá
impacto significativo na rentabilidade de sistemas comerciais de produção de leite.
3.4.4 Variação do peso vivo e escore de condição corporal
Os valores médios obtidos para a variação do peso vivo (VPV) e do escore de
condição corporal (ECC) estão apresentados na Tabela 34. Pode-se verificar que tanto
a VPV (517; 529 kg) quanto o ECC (2,40; 2,53 pontos) foram incrementados durante o
ensaio experimental. Entretanto, os valores observados para o ECC (0,16; 0,05 pontos)
e para a VPV (4,93; 4,68 kg) foram semelhantes aos reportados por Voltolini et al.
(2003), que encontraram valores de 0,06 pontos e 5,87 kg para a VECC e VPV,
respectivamente, para vacas em lactação, mantidas em pastagens de capim Elefante,
recebendo suplementação com concentrado.
Tabela 34 Variação do peso vivo (VPV) e variação do escore de condição corporal
(VECC) por período de 20 dias, peso vivo inicial (PVi) e escore de
condição corporal inicial (ECCi) de vacas em lactação mantidas em
pastagens de capim Elefante submetidos a duas diferentes freqüências de
desfolha
Componentes Tratamentos EPM
2
P
1
T1 T2
ECCi, pontos 2,40 2,53 - -
VECC, pontos 0,16 0,05 0,04 0,06
PVi, kg 517 529 - -
VPV, kg 4,93 4,68 3,40 0,96
T1 = intervalo entre desfolhas determinado pela interceptação de luz de 95%, T2 = intervalo entre
desfolhas fixo de 27 dias,
1
= probabilidade,
2
= erro padrão da média.
117
Do mesmo modo Martinez (2004), que também trabalhou com vacas em lactação
em pastagens de capim Elefante com um ciclo de pastejo próximo a 40 dias, recebendo
suplementação com concentrado, observou aumentos médios no ECC de 0,01 pontos e
de 4,36 kg de VPV, em períodos de avaliação de 20 dias.
De acordo com Alvim et al. (1997) e Deresz et al. (2001), a produção de leite em
pastagens tropicais é acompanhada por perdas ou oscilações em PV e ECC para a
manutenção da elevada produção de leite das vacas lactantes. No presente ensaio
experimental, a VPV e o ECC inicial das vacas em lactação foram 516 kg e 2,28 pontos,
respectivamente, enquanto que no final, os valores obtidos foram 536 kg e 2,75 pontos,
evidenciando ganhos de 20 kg de PV e aproximadamente 0,5 pontos no ECC, em um
período de 84 dias de avaliação.
Os resultados obtidos indicam que, apesar de moderado ganho de peso no
período, devido principalmente a dois animais experimentais que apresentaram
afecções de casco e reduziram o PV e o ECC, as vacas lactantes estão se recuperando
das fases iniciais da lactação. Apesar de baixo ECC observado no final do estudo (2,75
pontos), com a manutenção dos mesmos índices de aumento no ECC, os animais
poderão atingir o ECC necessário no final da lactação, que pode variar de 3,50 a 3,75
pontos.
3.5 Conclusão
O T1, resultou em intervalos variáveis e menores que no T2, com efeitos
positivos na produção de forragem, na estrutura da pastagem, na taxa de lotação da
pastagem e no desempenho animal individual e por área.
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124
4 ADEQUAÇÃO PROTÉICA EM RAÇÕES COM CANA-DE-ÚCAR PARA VACAS
EM LACTAÇÃO
Resumo
No presente trabalho estudou-se o efeito da inclusão de doses crescentes de
proteína metabolizável (PM) na ração de vacas lactantes alimentadas com cana-de-
açúcar. O ensaio foi conduzido no sistema de produção de leite do Departamento de
Zootecnia da USP/ESALQ. Foram utilizadas 18 vacas, sendo que nove delas
apresentavam 93 dias de lactação, 517 kg de peso vivo e 18,0 kg de leite enquanto as
outras nove vacas apresentavam 168 dias em lactação, 547 kg de peso vivo e 11,02 kg
de leite, no início do experimento. Os dados foram analisados separadamente para os
dois grupos de produção de leite. Os tratamentos T1, T2 e T3 foram aplicados para o
grupo de vacas de maior produção (18 kg dia
-1
) e os tratamentos T4, T5 e T6 para o
grupo de menor produção (10,0 kg dia
-1
). As rações foram isoprotéicas dentro de cada
grupo de produção. Nos tratamentos T1 e T4, foi adotada a recomendação tradicional
de adicionar 1kg da mistura uréia e sulfato de amônia para cada 100 kg de matéria
natural de cana-de-açúcar; De acordo com o NRC (2001), nessas rações houve
excesso de proteína degradável no men (PDR) e deficiência de PM. Nas rações dos
tratamentos T2 e T5, a dose de uréia foi reduzida e a do farelo de soja foi aumentada.
De acordo com o NRC (2001), essas rações apresentavam balanços positivos de PDR
e de PM. Nos tratamentos T3 e T6, as doses de uréia foram as mais baixas e as de
farelo de soja as mais altas, resultando em excesso de PM nas rações. O delineamento
estatístico adotado foi o quadrado latino 3 x 3 com três repetições para ambos os
grupos de menor e de maior produção de leite. Para o grupo de vacas de maior
produção de leite, os tratamentos não afetaram (P>0,05) os CMS (14,93; 14,10; 13,70
kg de MS dia
-1
), as produções de leite (18,07; 17,19; 17,42 kg vaca
-1
dia
-1
), os teores de
gordura do leite (3,59; 3,65; 3,54%), os teores de proteína do leite (3,22; 3,20; 3,18%),
as concentrações de nitrogênio uréico no leite (13,42; 13,26; 14,03 mg dL
-1
), no plasma
sanguíneo (19,03; 19,22; 20,02 mg dL
-1
), as variações do peso vivo (7,55; 8,55; 7,11 kg)
e de condição corporal (0,13; -0,08; 0,00 pontos) para os tratamentos T1, T2 e T3,
respectivamente. Para o grupo de vacas de menor produção de leite, os tratamentos
também não afetaram (P>0,05) os CMS (12,73; 11,93; 11,87 kg de MS dia
-1
), as
produções de leite (10,00; 10,24; 10,12 kg vaca
-1
dia
-1
), os teores de gordura do leite
(3,70; 3,75; 3,75%), os teores de proteína do leite (3,02; 3,15; 3,17%), as
concentrações de nitrogênio uréico no leite (13,62; 13,48; 14,12 mg dL
-1
) e no plasma
sanguíneo (19,23; 19,32; 20,12 mg dL
-1
) e as variações do peso vivo (8,48; 4,41; 13,44
kg) e de condição corporal (0,03; 0,07; 0,03 pontos) para os tratamentos T4, T5 e T6,
respectivamente. A recomendação de corrigir as rações com cana-de-açúcar com 1%
da mistura uréia-sulfato de amônia na matéria natural foi adequada tanto para vacas
produzindo 10,0 quanto 18,0 kg de leite dia
-1
. Não houve vantagem em aumentar o
suprimento de PM para essas vacas.
Palavras-chave: Alimentação suplementar; Fontes protéicas; Produção de leite
125
PROTEIN ADEQUACY IN SUGARCANE BASED DIETS FOR LACTATING DAIRY
COWS
Abstract
The objectives of this trial were to evaluate increasing metabolizable protein (MP)
supply for lactating dairy cows fed sugar cane based diets. The trial was conducted at
the Animal Sciences Department, USP/ESALQ. Eighteen lactating cows were used.
Nine cows were 93 days in milk, 517 kg live weight and were producing 18.0 kg milk
day
-1
and the other 9 cows were 168 days in milk, 547 kg live weight and were
producing 11.02 kg milk day
-1
, at the beginning of the trial. Data were analyzed within
each group of 9 cows. The treatments T1, T2 and T3 were applied to the cows
producing 18 kg of milk day
-1
. Treatments T4, T5 and T6 were applied to the cows
producing 11 kg of milk day
-1
. Rations were isonitrogenous within each group of 9 cows.
Soybean meal was increased and urea was decreased from T1 through T3 for the cows
milking 18,0 kg day
-1
. The same was done for treatments T4 through T6 for the cows
milking 10,0 kg day
-1
. According to NRC (2001), cows on T1 were under negative
metabolizable protein balance. Data were analyzed as 3 x 3 latin square design
replicated three times for both group of cows. For the group of higher milk yield the
treatments had no effects (P>0.05) on dry matter intake (14.93; 14.10; 13.70 kg of DM
day
-1
), on milk yield (18.07; 17.19; 17.42 kg cow
-1
day
-1
), on milk fat content (3.59; 3.65;
3.54%), on milk protein content (3.22; 3.20; 3.18%), on milk urea nitrogen (13.42; 13.26;
14.03 mg dL
-1
) on plasma urea nitrogen (19.03; 19.22; 20.02 mg dL
-1
) on body weight
variations (7.55; 8.55; 7.11 kg day
-1
) and on body condition score variation (0.13; -0.08;
0.00 points) for T1, T2 e T3 respectively. For the lower producing group treatments also
had no effects (P>0.05) on dry matter intake (12.73; 11.93; 11.87 kg of DM day
-1
), on
milk yield (10.00; 10.24; 10.12 kg cow
-1
day
-1
), on milk fat content (3.70; 3.75; 3.75%),
on milk protein content (3.02; 3.15; 3.17), on milk urea nitrogen (13.62; 13.48; 14.12 mg
dL
-1
), on plasma urea nitrogen (19.23; 19.32; 20.12 mg dL
-1
) on body weight variations
(8.48; 4.41; 13.44 kg day
-1
) and on body condition score variation (0.03; 0.07; 0.03
points) for the T4, T5 e T6 respectively. There were no advantages in feeding more MP
than the supplied in T1 for cows milking 18 kg day
-1
or in T4 for cows milking 10 kg day
-1
.
Keywords: Supplemental feeding; Protein sources; Milk production
126
4.1 Introdução
Um dos principais limitantes dos sistemas de produção de leite no Brasil é a
estacionalidade de produção das pastagens. As forrageiras tropicais se caracterizam
por apresentar elevada produção de MS durante a estação chuvosa e quente do ano.
Durante a estação fria e seca, a produção de forragem diminui drasticamente (ROLIM,
1980). Este fato limita a produção individual das vacas e a produção por unidade de
área dos sistemas de produção de leite (SANTOS; JUCHEM, 2001).
O planejamento da alimentação do rebanho deve ser elaborado visando a
produção de forragem para suprir as exigências tanto quantitativas quanto qualitativas
dos animais durante o ano todo. A intensificação do uso das pastagens tropicais
através da correção da fertilidade do solo e do manejo do pastejo, eleva a produção e
utilização dos recursos forrageiros e a taxa de lotação durante o período de utilização
das pastagens (SANTOS et al., 2003). Entretanto, essa estratégia pode comprometer o
sistema de produção no restante do ano, caso a propriedade não esteja preparada para
a alimentação do rebanho durante o inverno.
Neste sentido, o planejamento de produção e a utilização dos recursos
forrageiros destinados à alimentação dos animais durante a estação seca são
fundamentais para garantir níveis de produção de leite satisfatórios e capazes de
promover o retorno econômico para as propriedades leiteiras (SANTOS et al., 2005).
A cana-de-açúcar é um recurso forrageiro largamente empregado na
alimentação dos rebanhos leiteiros durante esse período. Estimativas publicadas por
Landell et al. (2002) indicam que no Brasil são cultivados acima de 500 mil hectares de
cana-de-açúcar para a alimentação animal.
As características que fazem a cana-de-açúcar ocupar esse lugar de destaque
no cenário nacional dizem respeito a sua elevada produção de MS, ao seu período de
utilização, que ocorre em coincidência com o período de escassez de produção de
forragens pelas pastagens e pelo aumento no coeficiente de digestibilidade da MS com
a maturidade da planta, ou seja, o oposto do que acontece com a maioria das demais
plantas forrageiras de origem tropical (FERNANDES et al., 2003).
127
Entretanto, esse volumoso apresenta rias limitações nutricionais, como o
reduzido CMS, teores baixos de energia, proteína, compostos nitrogenados e baixa
digestibilidade dos componentes da parede celular. Estas limitações inviabilizam o uso
da cana-de-açúcar para a alimentação de ruminantes como alimento exclusivo, sem as
devidas correções de suas carências nutricionais (SOUSA et al., 2003; MAGALHÃES et
al., 2004; MENDONÇA et al., 2004).
O balanceamento de rações com cana-de-açúcar exige a utilização de
suplementos minerais e vitamínicos específicos para esse volumoso, assim como, a
utilização de suplementos energéticos e protéicos para garantir desempenho animal
satisfatório (SANTOS et al., 2005).
Contudo, o grande parceiro da cana-de-açúcar, em rações para animais
ruminantes, é a uréia. É uma fonte de nitrogênio não protéico, que possui 45% de N e
apresenta equivalente protéico superior a 280% de PB. Dessa forma, consiste em fonte
menos onerosa de N para a alimentação dos ruminantes (PEREIRA, 1995). O sulfato
de amônia é utilizado em associação com a uréia, como fonte de enxofre (S), visando
maior aporte de aminoácidos sulfurados para o intestino delgado e também para
melhorar a retenção de N pelo rúmen (WALLI; MUDGAL, 1981).
Há uma recomendação clássica para a utilização da mistura de uréia e sulfato de
amônia em rações com cana-de-açúcar, para a alimentação de ruminantes, extraída de
uma série de ensaios experimentais desenvolvidos principalmente no México e
República Dominicana. Consiste na recomendação do uso de 1 kg da mistura
composta por uréia e sulfato de amônio (nove partes de uréia para cada parte de
sulfato de amônio) para cada 100 kg de MN da cana-de-açúcar in natura (ALVAREZ;
PRESTON, 1976). Essa receita foi bastante difundida nos sistemas de produção de
leite e corte em todo o Brasil, principalmente nas regiões que utilizam sistemas de
produção baseados em pastagens e cana-de-açúcar, durante o ano.
Entretanto, a utilização exclusiva de uréia nos suplementos protéicos promove
resultados inferiores aos obtidos com o uso associado de fontes de nitrogênio não
protéico como a uréia e fontes de proteína verdadeira, como o farelo de soja ou o farelo
de algodão (ALVAREZ; PRESTON, 1976).
128
Os sistemas de nutrição e formulação de rações para ruminantes evoluíram do
conceito de utilização da PB como referencial protéico para as adequações das rações
em PDR e em PM (RUSSELL et al., 1992; SNIFFEN et al., 1992; NRC, 2001). O uso
dessas ferramentas permite teoricamente, formular rações que supram as exigências
da população microbiana em compostos nitrogenados (PDR) e as exigências do animal,
em aminoácidos absorvíveis no intestino delgado (PM). Dessa maneira é possível
melhorar a eficiência de utilização da proteína e diminuir a sua excreção para o
ambiente.
Quando rações com cana-de-açúcar corrigidas com 1% de uréia ou da mistura
uréia e sulfato de amônia (9:1) são avaliadas através do programa do NRC (2001),
indicação de excesso de PDR e deficiência de PM para vacas com produções diárias
superiores de 10 kg de leite ou mais. Caso as predições do NRC (2001) estejam
corretas, a produção de leite será prejudicada, a demanda energética para a excreção
do excesso de amônia será elevada e poderá haver prejuízos de ordem reprodutiva.
Ademais, como demanda mais recente, o excesso de N liberado, poderá levar à
contaminação ambiental (MEYER, 2003).
Desse modo, os objetivo do presente trabalho foi comparar três rações para
vacas com produções de 10 e de 18 kg de leite dia
-1
, formuladas com a utilização do
NRC (2001). Uma ração foi formulada conforme a recomendação tradicional de se
adicionar 1kg da mistura (uréia e sulfato de amônia) para cada 100 kg de cana-de-
açúcar in natura. De acordo com o NRC (2001) esta ração conteria excesso de PDR e
deficiência de PM. Uma segunda ração foi formulada para suprir doses adequadas de
PDR e de PM de acordo com o NRC (2001). A terceira ração foi formulada para conter
balanço de PM acima do recomendado pelo NRC (2001). O aumento no teor de PM das
rações foi obtido pela redução dos teores de uréia e aumento do farelo de soja das
rações.
129
4.2 Desenvolvimento
4.2.1 Revisão bibliográfica
4.2.1.1 Cana-de-açúcar no sistema de produção de leite
Sistemas intensivos de produção de leite podem atingir produtividades
superiores a 30.000 kg de leite ha
-1
ano
-1
(CORSI, 1986; SANTOS et al., 2005).
Entretanto, no Brasil Central a produção das pastagens é sazonal, devido a
ocorrência de duas épocas distintas, a estação chuvosa e a estação seca do ano. Entre
70 a 90% da produção das forrageiras tropicais ocorre na estação quente e chuvosa do
ano (ROLIM, 1980), a intensificação do uso das pastagens no período quente e
chuvoso acentua ainda a necessidade de forragens suplementares destinadas à
alimentação animal durante a estação seca do ano (CORSI, 1986).
Diversas estratégias são utilizadas para suprir essa deficiência de ordem
quantitativa de recursos forrageiros, tais como: cultivo de pastagens de clima
temperado com irrigação, venda de animais, arrendamentos de áreas de pastagem e a
utilização de alimentação volumosa suplementar. Esta última pode ser efetuada de
várias formas, dentre elas, destacam-se as silagens de milho, sorgo e de plantas
forrageiras tropicais, o feno de gramíneas tropicais (NUSSIO et al., 2001) e a cana-de-
açúcar fornecida in natura ou na forma de silagem (SCHIMIDT et al., 2004).
A cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.) possui grande destaque para a
alimentação animal. Isto se deve ao seu potencial elevado de produção de MS, ao
custo baixo por unidade de MS produzida comparativamente com outros alimentos
volumosos, por atingir ponto ideal de colheita coincidente com o período de escassez
de forragens das pastagens, por manter seu valor nutritivo por períodos longos e por
apresentar taxa de risco menor que outras culturas. Dificilmente ocorrem perdas totais
da cultura, com exceção de queimadas e geadas (OLIVEIRA, 1999). Mesmo no caso de
queimadas ou geadas, o material pode ser ensilado, mantendo bom valor nutritivo com
o uso de aditivos específicos (NUSSIO et al., 2003).
130
4.2.1.2 Considerações gerais sobre o uso de cana-de-açúcar
As diferentes espécies de cana-de-açúcar, conhecidas em todo o mundo, são de
várias origens: as canas “nobres” (Saccharum officinarum L.) ou tropicais são
originárias da Oceania, particularmente da Nova Guiné, enquanto que as canas
“Indianas”, Japonesas e Chinesas, são originárias do continente Asiático (OLIVEIRA,
1999). No Brasil, a cana-de-açúcar foi introduzida no início do século XVI por Martin
Afonso de Souza, proveniente da Ilha da Madeira, em 1532. Tal fato deu-se na
Capitania de São Vicente, hoje Estado de São Paulo, e, posteriormente, disseminou-se
para todo o Brasil (PLANALSUCAR, 1986).
Estimativas a respeito do cultivo dessa cultura no Brasil indicam crescimento de
aproximadamente 5% ao ano em área colhida e em produção para os próximos dez
anos. Para o ano de 2010, estima-se uma produção de aproximadamente 500 milhões
de toneladas em 6,5 milhões de hectares. Desse modo, o Brasil, que é o atual maior
produtor de açúcar e álcool do mundo, deverá sustentar essa posição por mais alguns
anos (FNP, 2005).
Na alimentação animal não é diferente. Cada vez mais, a cana-de-açúcar se
consolida como alimento importante para os bovinos durante a estação seca do ano.
De acordo com Landell et al. (2002), aproximadamente 500 mil hectares de cana-de-
açúcar são destinados à alimentação animal, principalmente para rebanhos leiteiros,
sendo que, desde a década de 50, a cana-de-açúcar era utilizada como recurso
forrageiro para os rebanhos leiteiros em 50% das propriedades.
4.2.1.3 Características agronômicas e produção de matéria seca
Na alimentação animal, a cana-de-açúcar apresenta grande plasticidade,
podendo ser utilizada in natura, queimada, ou na forma de silagem. Além disso, a cana-
de-açúcar pode ser submetida a tratamentos químicos, físicos e microbiológicos.
Diversos sub-produtos são obtidos a partir de seu processamento industrial para a
obtenção do álcool e açúcar. Destes, pode-se destacar a levedura, o bagaço, a torta de
filtro, a vinhaça e o caldo de cana (De FARIA, 1993).
131
De acordo com Oliveira (1999), bons canaviais podem produzir 80 a 120
toneladas de MN ha
-1
ano
-1
, ou 20
a 36 toneladas de MS, considerando-se o teor de MS
da cana-de-açúcar em torno de 25 a 30%. Os canaviais podem se manter produtivos
por vários anos, porém, em geral, a tendência é de queda na produção com a
seqüência de cortes. A vida útil de canaviais bem manejados pode superar seis cortes.
Dados recentes de produção de cana-de-açúcar, provenientes de ensaios
experimentais que tiveram como objetivo a seleção desse recurso forrageiro, para a
alimentação animal, indicaram potencial de produção de MS de 150 a 210 toneladas de
MN ha
-1
ano
-1
, ou 40 a 60 toneladas de MS ha
-1
ano
-1
(TOWNSEND et al., 2003;
FRANÇA et al., 2004; SCHIMIDT et al., 2004).
As variedades destinadas à alimentação animal devem apresentar
características como: elevada produção de MS, bom perfilhamento, resistência a pragas
e doenças, resistência ao florescimento, teor alto de sacarose e bom valor nutritivo
(OLIVEIRA, 1999). A utilização para a alimentação animal deve estar apoiada, dentre
outros critérios, na relação FDN/açúcares solúveis, optando por variedades que
apresentem baixos valores nessa relação, com a finalidade de incrementar o consumo
de energia pelos animais (GOODING, 1982).
De acordo com Nussio e Schimidt (2005), a cana-de-açúcar pode reduzir
consideravelmente os custos de produção de leite, pois sua produção de MS é superior
a outros volumosos tradicionais, como a silagem de milho e a silagem de sorgo. Além
disso, a cana-de-açúcar destaca-se frente às silagens de capins tropicais, que
apresentam potencial de produção de MS semelhantes, pelo custo menor de produção.
No entanto, as rações com cana-de-açúcar apresentam como desvantagem, a
necessidade de suplementação com doses maiores de alimentos concentrados, em
comparação com a silagem de milho ou de sorgo, para a mesma produção dos animais
(NUSSIO et al., 2003). Mesmo assim, os custos de produção de leite com rações com
cana-de-açúcar têm se mostrados muito competitivos em comparação com outras
alternativas de forragem suplementar durante a seca (NUSSIO; SCHIMIDT, 2005).
Em simulações para auxiliar na tomada de decisão de alimentos volumosos
destinados à alimentação de vacas leiteiras durante a seca, as rações com cana-de-
açúcar podem representar economia de até 30% no custo de produção de leite, em
132
comparação com as silagens de milho, sorgo e gramíneas forrageiras tropicais
(CEPEA, 2004).
4.2.1.4 Qualidade da cana-de-açúcar destinada à alimentação animal
A qualidade da cana-de-açúcar não depende apenas de sua composição
química, mas de um conjunto de parâmetros qualitativos, como o consumo de MS pelos
animais, as características morfológicas da planta, a digestibilidade, a cinética de
degradação dos componentes, o comportamento ingestivo dos animais e vários outros
critérios qualitativos que auxiliam na escolha e seleção de variedades com qualidade
superior (SANTOS et al., 2005).
Em geral, a cana-de-açúcar apresenta teores dios de MS da ordem de 30%
no momento da colheita, baixos teores de MM (0,70 a 3,50%), EE (1,30 a 4,10%) e PB
(1,60 a 4,0%) e um elevado teor de carboidratos totais (95%), dos quais em torno de
35% são carboidratos não fibrosos (PEREIRA, 1995).
Além dos teores baixos em PB e minerais (PEREIRA, 1995) outras deficiências
da cana-de-açúcar estão relacionadas aos teores baixos de precursores
gliconeogênicos (FERREIRO et al., 1977), digestibilidade baixa da parede celular
(BOBADILLA; ROWE, 1979) e taxa de digestão baixa dos componentes da parede
celular (ORSKOV; HOVELL, 1978; RAVELO et al., 1978).
O comportamento da digestibilidade da MS da cana-de-açúcar difere das demais
plantas forrageiras tropicais. Trata-se do acúmulo de carboidratos não fibrosos,
principalmente sacarose, devido à maturidade da planta, o que eleva a diluição dos
demais componentes da planta, favorecendo o incremento do coeficiente de
digestibilidade da MS (MATSUOKA; HOFFMANN, 1993).
Uma medida dos teores de carboidratos não fibrosos da planta é o Brix que,
associado ao teor de fibra e potencial de produção, tornam-se características
fundamentais na avaliação e escolha da variedade de cana-de-açúcar a ser fornecida
para os animais. Entretanto, outras características como a composição morfológica da
planta e a relação FDN/Brix, também são importantes para auxiliar na seleção e
133
escolha das variedades de cana-de-açúcar. Os valores médios de Brix devem variar de
17 a 23 graus (OLIVEIRA, 1999).
Segundo Rodrigues et al. (1997), os critérios para escolha de variedades para a
alimentação de bovinos são a relação FDN/Brix, teor de FDN na planta, e a
porcentagem de colmos. Dessa forma, eles definem como critérios de seleção,
porcentagem de FDN abaixo de 52% na MS, relação FDN/Brix inferior ou igual a 2,7 e
proporção de colmos superior a 80% na MS da planta.
Matsuoka e Hoffmann (1993) efetuaram revisão bibliográfica referente às
características das variedades de cana-de-açúcar. Os autores concluíram que quanto
mais rica em açúcar for a variedade de cana-de-açúcar, melhor será sua qualidade
como recurso forrageiro para a alimentação dos ruminantes.
4.2.1.5 Limitações nutricionais da cana-de-açúcar para vacas em lactação
Desde as décadas de 40 e 50, estudos têm avaliado o potencial da cana-de-
açúcar como alimento volumoso para vacas em lactação. Nos trabalhos iniciais foi
observado que animais alimentados com cana-de-açúcar, apresentavam desempenhos
desfavoráveis quando comparados a outros alimentos volumosos (ATHANASSOF,
1940; JARDIM et al., 1951).
Posteriormente, em diversos trabalhos experimentais conduzidos com vacas
leiteiras (NAUFEL et al., 1969; PAIVA et al., 1991; VALVASORI et al., 1998; PIRES et
al., 1999; COSTA et al., 2004; MENDONÇA et al., 2004), que avaliaram a substituição
de até 100% do volumoso da ração (principalmente silagem de milho) por cana-de-
açúcar, foram observadas reduções diárias no consumo da ordem de 2,30 kg de MS.
No trabalho de Costa et al. (2004), foram observadas as maiores variações. Nesse
caso, a substituição do volumoso das rações, dependendo da proporção utilizada,
promoveu reduções no CMS entre 0,02 a 4,0 kg de MS.
A substituição gradativa de alimentos volumosos suplementares (silagem de
sorgo, silagem de milho) pela cana-de-açúcar, na maioria dos trabalhos, promoveu
queda no consumo e na produção de leite das vacas em lactação, independente dos
134
níveis de substituição utilizados. A redução no CMS foi da ordem de 0,40 a 1,90 kg de
MS dia
-1
(NOGUEIRA FILHO et al., 1977; VALVASORI et al., 1998).
Além da redução do CMS e da produção de leite, foi observada menor eficiência
alimentar (SOUSA et al., 2003; COSTA et al., 2004), coeficientes de digestibilidade da
parede celular e da PB menores (COSTA et al., 2004), balanços de N menores, síntese
microbiana no rúmen menor e maior concentração de NUL e NUP nos animais que
consumiram rações com cana-de-açúcar em comparação com rações com silagem de
milho (MENDONÇA et al., 2004).
Diante de inúmeras limitações nutricionais, a utilização da cana-de-açúcar como
alimento exclusivo, sem as devidas correções nutricionais não se constitui em alimento
adequado para a nutrição dos microrganismos ruminais e do hospedeiro e sequer
atende as exigências de manutenção das vacas em lactação (PEREIRA, 1999).
No entanto, apesar de diversos trabalhos indicarem menor potencial da cana-de-
açúcar em garantir produções altas de leite, em comparação com outros alimentos
volumosos, a sua utilização vem crescendo, principalmente para os rebanhos leiteiros
(LANDELL et al., 2002). As principais explicações para tal fato o a produção de MS
alta por unidade de área com custo baixo. No Brasil, os gastos com alimentação do
rebanho são os principais componentes do custo total de produção de leite, em torno de
46% (CEPEA, 2004).
Historicamente, vários estudos foram conduzidos a partir da década de 70 com o
objetivo de otimizar o desempenho de bovinos alimentados com cana-de-açúcar
(BANDA; VALDEZ, 1976; SILVESTRE et al., 1976; PRESTON, 1977; MONTPELLIER;
PRESTON, 1977; FERREIRO; PRESTON, 1977; FERREIRO et al., 1977; PRIEGO et
al., 1977; PRIEGO; LORA, 1977; ELLIOT et al., 1978; ORSKOV; ROVELL, 1978;
RAVELO et al., 1978; GOODING, 1982).
Um dos principais focos dos trabalhos iniciais foi a correção da deficiência
protéica da cana-de-açúcar. Estudos foram conduzidos na tentativa de se determinar
doses ótimas de uréia para essa correção. Alvarez e Preston (1976), avaliaram
concentrações crescentes de uréia (0; 0,375; 0,75; 1,125 e 1,5%) na MN da cana-de-
açúcar para novilhos de corte, alimentados com esse volumoso e suplementados com
melaço e 1,0 kg dia
-1
de farelo de polidura de arroz. O CMS, ganho de peso diário e
135
eficiência alimentar foram maiores com a dose de uréia de 1,5% na MN da cana. Esse
teor de uréia na ração foi equivalente a 40g de N por kg de MS digerida, superior ao
valor de 35g de N por kg de MS digerida, considerado ótimo por Satter e Slytter (1974).
Apesar dos teores de uréia entre 1,3 a 1,5% da MN da cana-de-açúcar serem os
que proporcionam os melhores resultados em desempenho animal, em revisões
subseqüentes (PRESTON, 1977), os autores relataram que o mais correto seria a
utilização de 30g por kg de MS muito próximo a 1kg de uréia para cada 100 kg de MN
de cana-de-açúcar.
Na época, Preston (1977) sugeriu os principais passos para a correção das
deficiências nutricionais das rações com cana-de-açúcar: uso de suplementos minerais
e vitamínicos adequados, o fornecimento de fontes protéicas ricas em PNDR, o uso de
3g de N fermentável para cada 100g de matéria orgânica fermentável e o fornecimento
de precursores gliconeogênicos para os compartimentos pós-ruminais. Além disso,
esse autor recomendou a utilização de enxofre (S), com mistura de 80% de uréia e 20%
de sulfato de amônia, gerando uma relação de 10 partes de N para cada parte de S.
A utilização da uréia em rações com cana-de-açúcar foi amplamente difundida
nos sistemas de produção de leite no Brasil e se tornou tradicional a recomendação do
fornecimento de 1 kg da mistura de uréia e sulfato de amônio para cada 100 kg de MN
de cana-de-açúcar.
Os suplementos protéicos podem representar boa parte do custo das rações com
cana-de-açúcar (SILVA et al., 2001). A uréia tem sido utilizada nessas rações com o
objetivo de corrigir a deficiência protéica da cana-de-açúcar com custos baixos. No
entanto, sua utilização deve obedecer alguns critérios de fornecimento, pois este
ingrediente pode desencadear intoxicações nos animais (LÓPEZ, 1984). Para evitar tais
problemas os animais devem ser adaptados gradativamente às rações com uréia
(HUBER, 1984).
No Brasil, o farelo de soja e o farelo de algodão são as fontes protéicas
tradicionalmente mais utilizadas na alimentação de vacas em lactação. A uréia é
normalmente utilizada em substituição parcial a essas fontes protéicas. Contudo, o uso
da uréia na ração de vacas lactantes é freqüentemente colocado em dúvida, em
comparação com as outras fontes protéicas, principalmente para vacas de alto mérito
136
genético. Entretanto, não restam dúvidas que sua utilização na alimentação dos
animais ruminantes pode promover consideráveis benefícios econômicos (MENDONÇA
et al., 2004).
Vários aspectos da utilização de fontes protéicas e teores de uréia na ração de
animais alimentados com cana-de-açúcar foram estudados por diversos autores:
desempenho animal (BENINTENDI et al., 1987; MENDONÇA et al., 2004), consumo de
MS total (STACCHINI, 1998), parâmetros ruminais (FERREIRO et al., 1977),
digestibilidade da MS do volumoso (STACCHINI, 1998), digestibilidade dos demais
nutrientes (MENDONÇA et al., 2004) e o comportamento ingestivo, cinética de digestão
ruminal e intestinal e balanço de N (STACCHINI, 1998).
Mendonça et al. (2004) compararam teores de uréia (0,35% e 1% na MN da
cana-de-açúcar) em combinação com proporções de volumoso na ração (50 e 60%).
Foram avaliadas três rações: 1) 60% de volumoso e 0,35% de uréia na MN da cana-de-
açúcar, com o objetivo de atingir teores de PB próximos da silagem de milho; 2) 60% de
volumoso e teor de uréia de 1% da MN da cana-de-açúcar; 3) 50% de volumoso e 1%
de uréia na MN da cana-de-açúcar. As rações utilizadas foram isoprotéicas Não houve
efeito dos teores de uréia sobre o desempenho e a composição do leite das vacas
lactantes, assim como para os coeficientes de digestibilidade da FDN.
Benintendi et al. (1987), avaliaram a produção de leite de vacas recebendo
rações com cana-de-açúcar suplementadas com uréia e/ou farelo de algodão. As vacas
receberam, além do alimento volumoso e da fonte protéica, ingredientes energéticos.
Não foram observadas diferenças entre as fontes protéicas para a produção de leite ou
para a produção de leite corrigida; entretanto, os animais alimentados com ração
contendo farelo de algodão, apresentaram maior ganho de peso comparativamente
com animais recebendo rações com uréia.
O CMS e a digestibilidade de rações com cana-de-açúcar foram estudados por
Stacchini (1998). O autor comparou o farelo de soja com teores crescentes de uréia na
ração (1,0; 1,5 e 2,0% de uréia na MN da cana-de-açúcar). O farelo de soja aumentou o
CMS das rações. O aumento nos teores de uréia levou a um aumento no teor de PB
das rações; mas não aumentou o CMS das rações. A digestibilidade da MS e FDA foi
maior com farelo de soja que com 1% de uréia. Quando se adicionou 1,5% de uréia na
137
MN da cana-de-açúcar os coeficientes de digestibilidade foram similares aos das rações
com farelo de soja.
Matos (1991) não observou diferenças na eficiência da síntese de proteína
microbiana com a utilização de diferentes teores de uréia (1,0 e 1,5% na MN da cana-
de-açúcar).
Com relação aos parâmetros de degradabilidade, Silveira et al. (2004) avaliaram
a influência da suplementação protéica nos parâmetros ruminais de bovinos
alimentados com cana-de-açúcar e destacaram a importância da suplementação
protéica para o aumento nos parâmetros relacionados com a digestibilidade e a
degradabilidade dos componentes das rações.
Figueira et al. (1993), estudaram a dinâmica ruminal e pós ruminal em rações
com cana-de-açúcar e caroço de algodão, com diferentes teores de uréia (1,0; 1,5 e
2,0% na MN da cana-de-açúcar) para vacas em lactação. Não foram observadas
diferenças nas taxas de passagem ruminal e pós ruminal e no tempo de trânsito das
rações. Entretanto, o tempo de retenção no rúmen foi menor para rações com 1,5% de
uréia. Os teores de uréia também o afetaram a taxa de degradação do caroço de
algodão.
Nos estudos de Aroeira et al. (1993) e Carmo et al. (2000), a suplementação com
1,0; 1,5 e 2,0% de uréia na MN da cana-de-açúcar assim como com farelo de soja,
farelo de glúten de milho e combinações, não afetaram os parâmetros de
degradabilidade das rações.
Na Tabela 35, são apresentados dados médios provenientes da revisão de
vários experimentos com rações contendo cana-de-açúcar para vacas em lactação.
138
Tabela 35 Consumo de matéria seca (CMS), consumo de fibra em detergente neutro
(CFDN), produção de leite, produção de leite corrigida para 3,5% de
gordura (PLC-3,5%), e composição do leite de vacas alimentadas com
rações contendo cana-de-açúcar
Componentes Média Menor valor Maior valor
Desvio padrão
CMS, kg de MS dia
-1
11,91 (38) 4,02 19,81 5,07
CMS, % do peso vivo 2,69 (21) 1,51 3,56 0,62
CFDN, % do peso vivo 0,93 (15) 0,69 1,32 0,20
Leite, kg dia
-1
14,81 (22) 8,0 22,10 5,06
PLC-3,5%, kg dia
-1
15,38 (17) 7,50 25,0 6,01
Gordura, % 3,59 (17) 2,90 4,20 0,37
Proteína, % 3,27 (6) 2,60 3,60 0,34
Lactose, % 4,16 (3) 4,12 4,22 0,05
Sólidos totais, % 12,64 (12) 11,63 13,36 0,54
Fontes: Naufel et al. (1969), Nogueira Filho et al. (1977), Biondi et al. (1978), Benitendi et al. (1987),
Paiva et al. (1991), Aroeira et al. (1995), Stacchini (1998), Sucupira (1998), Costa et al. (2003), Sousa et
al. (2003), Costa et al. (2004), Lima et al. (2004), Magalhães et al. (2004), Mendonça et al. (2004).
*Números entre parênteses correspondem ao número de observações analisadas.
Apesar da quase totalidade dos trabalhos com cana-de-açúcar terem sido
conduzidos com vacas com produções diárias inferiores a 22 kg de leite, e terem
mostrado menor produção em comparação à silagem de milho, dados recentes, como
os publicados por Corrêa et al. (2003) o animadores. Apesar da menor produção de
leite (34,3 x 31,9 kg dia
-1
) com cana-de-açúcar em comparação com a silagem de milho,
a produção de 31,9 kg dia
-1
com cana foi expressiva e inédita na literatura. A menor
produção se deveu basicamente ao menor consumo de MS na ração contendo cana-
de-açúcar (23,1 x 21,5 kg dia
-1
) em comparação com as rações contendo silagem de
milho. Entretanto, a eficiência alimentar não diferiu entre os volumosos. Estes dados
mostram que além de ser alternativa de volumoso de inverno para sistemas que
exploram pastagens durante o verão, com vacas com lactações entre 4.000 a 6.500 kg
de leite, a cana-de-açúcar pode ser utilizada para determinadas categorias de vacas em
lactação em sistemas de confinamento total.
O conhecimento na área de nutrição protéica de vacas leiteiras tem evoluído de
forma considerável nos últimos 30 anos. O objetivo final dos diversos sistemas
protéicos em desenvolvimento é a otimização do uso do N da ração para fins
produtivos, evitando deficiências e excessos na ração. Isto é fundamental, pois, se por
um lado a deficiência de proteína compromete drasticamente a produção de leite, por
139
outro lado o seu excesso, além de representar custo extra desnecessário, há aumento
na demanda energética do animal para a eliminação da amônia em excesso, efeitos
negativos na reprodução e contaminação ambiental (SANTOS et al., 1998; NRC, 2001).
Os sistemas protéicos atuais como o NRC (2001) e o CNCPS (RUSSELL et al.,
1992; SNIFFEN et al., 1992) não utilizam mais a PB como critério para ajustar as
exigências protéicas e validar rações para bovinos leiteiros. Esses sistemas utilizam a
PM, que corresponde ao total de aminoácidos absorvidos pelo intestino delgado. Os
aminoácidos são provenientes de três fontes: a primeira corresponde à proteína
microbiana formada a partir da PDR e de alta qualidade; a segunda fonte consiste nas
proteínas não degradáveis no rúmen que passam intactas para o abomaso, enquanto
que a terceira fonte refere-se às proteínas de origem endógena, como por exemplo, as
presentes na saliva ou provenientes da descamação do epitélio ruminal. Esses
sistemas permitem o balanceamento da ração para suprir as exigências da população
microbiana do rúmen (PDR) e do animal (PM).
O uso do NRC (2001) para validar rações com cana-de-açúcar e alimentos
concentrados, indica que a recomendação clássica de adicionar 1kg da mistura de uréia
e sulfato de amônia para cada 100 kg de cana-de-açúcar in natura pode resultar em
excesso de PDR e falta de PM para vacas em lactação. O ajuste da ração através deste
programa normalmente resulta em redução na dose de uréia e aumento na dose da
fonte de proteína verdadeira como farelo de soja ou de algodão, seja para vacas
produzindo 10 ou 30 kg de leite dia
-1
.
Desse modo, os objetivos do presente trabalho foram comparar três rações
isoprotéicas com cana de açúcar para vacas com produções de 10 e de 18 kg de leite
dia
-1
, sendo elas: 1) ração com a recomendação tradicional de adicionar 1kg da mistura
de uréia e sulfato de amônia para cada 100 kg de cana-de-açúcar in natura; 2) ração
balanceada em PM segundo o NRC (2001) e 3) ração formulada para suprir PM além
do recomendado pelo NRC (2001). De modo geral isto foi obtido através da redução
dos teores de uréia e concomitante aumento dos teores de farelo de soja nas rações.
140
4.3 Material e métodos
4.3.1 Local, instalações e animais experimentais
O trabalho foi conduzido no sistema de produção de leite do Centro de
Treinamento de Recursos Humanos do Departamento de Zootecnia da USP/ESALQ,
em Piracicaba SP. As coordenadas geográficas do município de Piracicaba – SP são:
22°43’ de latitude Sul, 47°25’ de longitude Oeste e 580 metros de altitude.
O clima da região de Piracicaba é classificado como mesotérmico úmido, subtropical de
inverno seco, classificado como Cwa, com temperaturas médias inferiores a 18°C nos
meses mais frios e superiores a 22°C durante a estação mais quente do ano (BRASIL,
1960).
Foram utilizadas 18 vacas da raça Holandesa, das quais nove apresentavam
produção de 10 kg de leite vaca
-1
dia
-1
e as outras nove apresentavam produção de 18
kg de leite vaca
-1
dia
-1
. Os animais foram mantidos confinados em seis piquetes de 500
m
2
cada, com três animais por piquete. Dos seis piquetes, três foram destinados aos
animais com produção maior (18 kg dia
-1
) e três destinados aos animais com produção
menor (10 kg dia
-1
).
Nas Tabelas 36 e 37, estão caracterizados os animais experimentais utilizados no
ensaio experimental.
Tabela 36 – Caracterização das vacas lactantes do grupo de maior produção de leite
Componentes Média Desvio padrão
Mínimo Máximo
Produção de leite, kg dia
-1
17,70 2,22 15,00 22,20
Número de partos 3,10 2,30 1,0 7,0
Estágio de lactação, dias 93 46 30 150
Peso vivo, kg 517 50 480 610
Escore de condição corporal 2,47 0,35 1,75 3,00
141
Tabela 37 – Caracterização das vacas lactantes do grupo de menor produção de leite
Componentes Média Desvio padrão
Mínimo Máximo
Produção de leite, kg dia
-1
11,02 2,0 8,0 13,5
Número de partos 1,90 1,10 1,0 4,0
Estágio de lactação, dias 180 70 80 300
Peso vivo, kg 537 66 480 650
Escore de condição corporal
2,65 0,30 2,25 3,25
4.3.2 Período experimental
O período experimental teve duração de 60 dias entre os meses de agosto a
outubro de 2003. O ensaio foi sub-dividido em três sub-períodos de 20 dias cada, com
15 dias de adaptação e cinco dias de coleta de dados. As respectivas datas para cada
sub-período foram: sub-período 1, 15 de agosto a 3 de setembro; sub-período 2, 4 a 23
de setembro e o sub-período 3, 24 de setembro a 13 de outubro.
4.3.3 Tratamentos experimentais
Foram comparadas três rações isoprotéicas para vacas produzindo 18 kg de leite
dia
-1
(T1, T2 e T3) e de forma independente foram comparadas outras três rações
isoprotéicas para vacas produzindo 10 kg de leite dia
-1
(T4, T5 e T6). As rações do T1 e
T4 foram formuladas com a recomendação tradicional de adicionar 1kg da mistura de
uréia e sulfato de amônia para cada 100 kg de cana-de-açúcar in natura. As rações do
T2 e T5 foram formuladas para suprirem doses adequadas de PDR e PM. As rações do
T3 e T6 foram formuladas para conterem excesso de PM, todas formuladas de acordo
com o NRC (2001). A proporção de ingredientes e a composição química das rações
são apresentadas na Tabela 38.
142
Tabela 38 Proporção de ingredientes e composição bromatológica das rações
experimentais
Produção de leite
Ingredientes
(% MS)
18 kg vaca
-1
dia
-1
10 kg vaca
-1
dia
-1
T1 T2 T3 T4 T5 T6
Cana-de-açúcar 63,93 63,92 63,92 77,53 77,53 77,53
Farelo de soja 10,16 18,52 23,89 3,62 7,39 13,82
Uréia 2,13 0,84 - 2,59 1,92 0,96
Polpa cítrica peletizada 10,99 7,47 5,20 7,39 5,84 3,10
Milho moído fino 10,99 7,47 5,20 7,39 5,84 3,10
Supl. min. e vit. 1,79 1,79 1,79 1,48 1,48 1,48
Composição química
FDN, % MS 42,00 41,80 41,70 47,90 47,80 47,60
FDN
forragem,
% MS* 37,10 37,10 37,10 45,00 45,80 45,00
FDA, % MS 23,00 22,90 22,90 25,50 25,50 25,40
EE, % MS 2,10 1,90 1,80 1,80 1,80 1,60
PB, % MS 14,50 14,50 14,50 12,20 12,00 12,10
Balanço de PDR*, g dia
-1
389 206 59 281 137 8
Balanço de PM*, g dia
-1
-70 99 210 70 145 277
Níveis de garantia do suplemento mineral e vitamínico por quilo do produto, fósforo (P) 55 g, lcio (Ca)
220 g, cloro (cl) 105,50 g, sódio (Na) 70 g, magnésio (mg) 35 g, enxofre (S) 22 mg, manganês (Mn) 1500
mg, ferro (Fe) 500 mg, zinco (Zn) 1550 mg, cobre (Cu) 450 mg, cobalto (Co) 50 mg, iodo (I) 40 mg,
selênio (Se) 20 mg, flúor (F) máximo 550 mg, vitamina A 90.000 UI, vitamina D 75.000 UI, vitamina E
1.000 UI, solubilidade em ácido cítrico (2%).
*Valores preditos pelo NRC (2001).
O fornecimento de concentrado foi efetuado juntamente com o volumoso na forma
de ração total em duas refeições diárias, após as ordenhas.
4.3.4 Delineamento experimental e análises estatísticas
Para ambos os grupos de nove vacas, o de 18 e o de 10 kg de leite dia
-1
, cada
grupo de três vacas compôs uma unidade experimental para a análise dos dados de
CMS e CFDN, o delineamento experimental adotado foi o quadrado latino 3 x 3 simples.
Para as variáveis, produção de leite, produção de leite corrigida para 3,5% de
gordura (PLC-3,5%), composição do leite, nitrogênio uréico no plasma (NUP), no leite
(NUL), variação do peso vivo (VPV) e escore de condição corporal (ECC), o
delineamento adotado foi o quadrado latino 3 x 3 com três repetições.
143
As variáveis analisadas foram submetidas ao PROC GLM (General Linear
Models) dos recursos do pacote estatístico SAS (1999), versão 8 para Windows.
Foram efetuadas análises independentes para os dois grupos distintos de vacas
por produção de leite, sendo: grupo de maior (18 kg dia
-1
) e menor produção (10 kg dia
-
1
) de leite. Foi considerado como significativo o nível de até 5% de probabilidade
(P<0,05). Todas as médias foram obtidas utilizando-se o método dos quadrados
mínimos.
Na Tabela 39, estão apresentados as causas de variação e os graus de
liberdade utilizados para a análise dos dados de CMS e CFDN.
Tabela 39 Causas de variação e graus de liberdade utilizados para a análise dos
dados de consumo de matéria seca e consumo de fibra em detergente
neutro
Causas de Variação Graus de liberdade
Sub-período 2
Tratamento 2
Repetição 2
Resíduo 2
Total 8
O modelo estatístico adotado para as variáveis experimentais foi:
Y
ijkl
= µ + S
i
+ T
j
+ R
k
+ e
ijkl
,
Sendo,
Y
ijkl
= variáveis observadas;
µ = média geral;
S
i
= efeito do sub-período
i
, (sendo
i
= 1, 2 e 3);
T
j
= efeito do tratamento
j
, (sendo
j
= 1, 2 e 3);
R
k
= efeito da repetição
k
, (sendo
k
= 1, 2 e 3);
e
ijkl
= erros associados às observações Y
ijkl.
144
Na Tabela 40, estão apresentadas as causas de variação e os graus de
liberdade, utilizados nas análises estatísticas do desempenho animal.
Tabela 40 Causas de variação e graus de liberdade utilizados nas análises
estatísticas do desempenho animal
Causas de Variação Graus de liberdade
Animal 8
Sub-período 2
Tratamento 2
Repetição 2
Resíduo 12
Total 26
O modelo estatístico adotado para as variáveis experimentais foi:
Y
ijkl
= µ + A
i
+ S
j
+ T
k
+ R
l
+ e
ijkl
,
Sendo,
Y
ijkl
= variáveis observadas;
µ = média geral;
A
i
= efeito do animal
i
, (sendo
i
= 1, 2... 9);
S
j
= efeito do sub-período
j
, (sendo
j
= 1, 2 e 3);
T
k
= efeito do tratamento
k,
(sendo
k
= 1, 2 e 3);
R
l
= efeito da repetição
l,
(sendo
l
= 1, 2 e 3);
e
ijkl
= erros associados às observações Y
ijkl.
4.3.5 Determinação da produção e composição do leite
A pesagem e a amostragem do leite foram realizadas nos últimos cinco dias do
período de coleta, realizando-se diariamente duas ordenhas, às 7h00 e 16h00. A
produção individual das vacas em lactação foi registrada diariamente, perfazendo uma
média no final de cada sub-período. Para a determinação da composição do leite, foram
tomadas amostras proporcionais à produção individual do animal por ordenha.
145
As amostras foram preservadas em frascos plásticos contendo conservante (2-
bromo-2-nitropropano-1-3-diol) e encaminhadas à Clínica do leite, do Departamento de
Zootecnia da USP/ESALQ, para a realização das análises de proteína, gordura, lactose,
sólidos totais e NUL. A produção de leite corrigida para 3,5% de gordura foi calculada a
partir da equação [0,4324*produção de leite (kg) + 16,216*gordura (kg)], proposta por
Tyrrell e Reid (1965).
4.3.6 Coleta e determinação da concentração de nitrogênio uréico no plasma
A coleta de sangue foi realizada no último dia de cada período de coleta, sempre
quatro horas após o fornecimento matinal do concentrado, através de punção na veia
coccígea. As amostras de sangue foram armazenadas em tubos de ensaio a vácuo
contendo 5 mg de fluoreto de sódio como anticoagulante.
Em seguida, os tubos de ensaio foram submetidos à centrifugação por 20
minutos a 3.000 rotações por minuto (RPM) em C, para a obtenção do plasma, que
foi acondicionado em tubos de 1,5 mL do tipo ependorf e congelado a –10°C, para a
determinação das concentrações de NUP. As determinações dos teores de NUP foram
realizadas em laboratório comercial, utilizando o Kit N 535 (Sigma Chemical Co.).
4.3.7 Determinação da variação do peso vivo e do escore de condição corporal
O escore de condição corporal (ECC) foi avaliado no primeiro e último dia de
cada período, sempre pelo mesmo indivíduo. A escala utilizada variou de 1 a 5 pontos,
na qual 1 representa vacas muito magras e 5 vacas excessivamente gordas,
classificadas a intervalos de 0,25 pontos, de acordo com Wildman et al. (1982).
Da mesma forma, a pesagem dos animais foi efetuada no primeiro e último dia
de cada sub-período após a ordenha da tarde.
146
4.3.8 Determinação do consumo de matéria seca e do consumo de fibra em
detergente neutro
As rações foram fornecidas para as vacas duas vezes ao dia, às 8h00 e 17h00,
utilizando-se vagão misturador de ração total. As sobras de alimento foram estimadas e
descartadas durante o período de adaptação dos animais, para ajustar o fornecimento
de alimento visando uma quantidade de sobra em torno de 5 a 10%. Durante o período
de coleta de dados, as sobras foram pesadas e sub-amostradas assim como o
volumoso e os concentrados fornecidos. As amostras foram congeladas a 10
o
C para
posteriores análises bromatológicas.
As amostras de cana-de-açúcar foram examinadas semanalmente e submetidas à
determinação dos teores de MS, para efetuar os ajustes de fornecimento das rações
aos animais. Para o cálculo de consumo de MS, foram pesadas quantidades de rações
oferecidas em cada refeição diária para cada grupo de três vacas, durante os últimos
cinco dias de cada sub-período, descontadas as sobras do trato anterior.
As amostras dos ingredientes dos concentrados foram tomadas durante o
período pré-experimental e submetidas às análises bromatológicas. Com base nessas
análises os concentrados foram formulados. Durante o período experimental, as
amostras dos ingredientes foram tomadas no primeiro dia de cada período de coleta
dos três sub-períodos experimentais.
4.3.9 Determinação da composição bromatológica
As análises bromatológicas foram feitas junto ao Laboratório de Bromatologia, do
Departamento de Zootecnia da USP/ESALQ.
As amostras de cana-de-açúcar foram descongeladas e levadas à estufa de
circulação forçada de ar, mantidas a 5 por 48 horas e moídos em moinhos tipo Willey,
em peneiras com malhas de 5mm e posteriormente de 1mm. Os ingredientes
concentrados (farelo de soja, milho moído fino e polpa cítrica peletizada), após
descongelados, foram encaminhados para a secagem definitiva.
147
Tanto as amostras de cana-de-açúcar quanto dos ingredientes concentrados
foram analisados para MS, MO, EE, (AOAC, 1975). As análises de FDN, FDA foram
efetuadas no equipamento Ankon (Ankon 200 Fiber analyser da Ankon Technology
Corporation) (VAN SOEST, 1994). A concentração de lignina foi determinada através da
adição de ácido sulfúrico 72% no resíduo insolúvel da FDA (GOERING; VAN SOEST,
1970). As análises de PB foram efetuadas no analisador de N (LECO FP-2000 nitrogen
analyser, Leco Instruments, Inc. St. Joseph, MI).
4.4 Resultados e discussão
4.4.1 Composição bromatológica dos ingredientes, consumo de matéria seca e
consumo de fibra em detergente neutro
Os resultados das análises bromatológicas dos ingredientes utilizados para a
confecção das rações experimentais estão apresentados na Tabela 41.
Tabela 41 Composição bromatológica dos ingredientes utilizados nas rações
experimentais
Ingredientes MS PB EE MM NDT*
FDN FDA Lig
% no alimento
% da MS
Cana-de-açúcar
29,50 3,42
1,14
3,48
61,16
60,86
38,67
5,2
Farelo de soja
89,00 49,2
1,00
6,50
79,40
- - -
Polpa cítrica peletizada
92,62 7,77
2,37
7,44
76,62
23,43
22,15
-
Milho moído fino
90,64 9,44
6,82
1,62
90,50
9,55 4,68 -
MS = matéria seca, PB = proteína bruta, EE = extrato etéreo, MM = matéria mineral, NDT = nutrientes
digestíveis totais, FDN = fibra em detergente neutro, FDA = fibra em detergente ácido, Lig = lignina.
* estimado pelo NRC (2001)
Os ingredientes concentrados utilizados nas rações apresentaram composição
bromatológica com variação mínima em relação aos valores de tabela relatados no
NRC (2001). A cana-de-açúcar apresentou composição bromatológica dentro da faixa
normal relatada por Santos et al. (2005). O teor de FDN de 60,86% não caracteriza a
cana-de-açúcar utilizada como de alta qualidade. Materiais de alta qualidade chegam a
conter apenas 40% de FDN (SANTOS et al., 2005). Entretanto, o valor de NDT da
148
cana-de-açúcar estimado pelo NRC (2001) foi de 61,16 % da MS. Este valor indica uma
forragem de bom valor energético.
Os resultados referentes ao consumo de matéria seca total e de FDN, são
apresentados na Tabela 42.
Não houve efeito dos tratamentos sobre o CMS total e CFDN (P>0,05), para
ambos os grupos de animais.
Tabela 42 Consumo de matéria seca (CMS) total e consumo de fibra em detergente
neutro (CFDN) das vacas lactantes em dois níveis de produção de leite
submetidas a três diferentes suplementações protéicas
Componentes Tratamentos
Grupo de maior produção de leite (18 kg dia
-1
)
T1 T2 T3 EPM
2
P
1
CMS total, kg de MS vaca
-1
dia
-1
14,93 14,10 13,70 0,32 0,54
CMS total, % do peso vivo 2,86 2,75 2,66 0,08 0,43
CFDN, kg de MS vaca
-1
dia
-1
6,27 5,92 5,75 0,16 0,34
CFDN, % do peso vivo 1,20 1,15 1,12 0,06 0,30
Grupo de menor produção de leite (10 kg dia
-1
)
T4 T5 T6 EPM
2
P
1
CMS total, kg de MS vaca
-1
dia
-1
12,73 11,93 11,87 0,26 0,23
CMS total, % do peso vivo 2,39 2,22 2,19 0,08 0,20
CFDN, kg de MS vaca
-1
dia
-1
5,98 5,61 5,79 0,13 0,22
CFDN, % do peso vivo 1,12 1,12 1,03 0,06 0,22
T1 e T4 = 1 kg da mistura uréia e sulfato de amônia (9:1) para cada 100 kg de cana-de-açúcar in natura;
T2 e T5 = balanços ajustados em proteína degradável no rúmen (PDR) e proteína metabolizável (PM); T3
e T6 = balanços com excesso de PM;
1
= probabilidade;
2
= erro padrão da média.
Os CMS observados tanto para o grupo de alta quanto para o grupo de baixa
produção foram inferiores aos valores preditos pelo NRC (2001). Numericamente os
valores de CMS decresceram à medida que os teores de farelo de soja aumentaram
nas rações em substituição parcial e total a uréia.
Um dos principais fatores que têm limitado o desempenho de animais
alimentados com cana-de-açúcar, é o baixo CMS. O teor alto de FDN de baixa
digestibilidade tem sido desafiador tanto para nutricionistas de ruminantes, quanto para
os melhoristas de cana-de-açúcar. A cana-de-açúcar utilizada neste estudo continha
60,86% de FDN. Este valor é alto. Materiais de digestibilidade alta têm apresentado
teores de FDN ao redor de 40 a 44% (SANTOS et al., 2005).
149
O grau de picagem da cana é um dos fatores que pode ter limitado o CMS no
presente estudo, pois, esteve abaixo do ideal. Picagem grosseira da cana-de-açúcar
retarda a passagem do material pelo rúmen e diminue o CMS (NUSSIO; SHIMIDT,
2005). Além disso, ocorre quantidade maior de sobras no comedouro, devido à seleção
dos animais que rejeitam a palhada e porções secas e lignificadas dos colmos. Apesar
de ter sido fornecido quantidades de ração visando sobras entre 5 a 10%, foi observado
visualmente que a qualidade das sobras foi muito diferente da qualidade das rações
originais. A grande quantidade de palha e partes secas dos colmos, presentes nas
sobras, podem ser indicativos de limitado CMS pelos animais.
Na Tabela 35, onde foi apresentada a compilação de diversos trabalhos com
cana-de-açúcar para vacas em lactação, pode ser observada grande variação no CMS,
entre 1,51 a 3,56% do PV. O valor médio foi de 2,69% do PV ou 11,91 kg de MS vaca
-1
dia
-1
para a produção média de leite de 14,81 kg vaca
-1
dia
-1
. Com base nesses dados
pode se concluir que existem boas possibilidades de se aprimorar as técnicas de
manejo da formulação, processamento e fornecimento de rações com esse volumoso, a
fim de que o CMS das rações ultrapassem 3% do PV.
Diversas formas de processamento da cana-de-açúcar (físico, químico e
microbiológico) vêm sendo estudadas e podem vir a se tornar importantes ferramentas
para aumentar a eficiência de utilização dos nutrientes presentes neste volumoso
(OLIVEIRA, 1999; EZEQUIEL et al., 2003). Da mesma forma, a substituição parcial do
volumoso ou a associação de ingredientes volumosos (VALVASORI et al., 1998; PIRES
et al., 1999), a redução na proporção da cana-de-açúcar (MENDONÇA et al., 2004) ou
a adição de doses elevadas de concentrado (LIMA et al., 2004), são estratégias que
resultaram em benefícios no CMS total e, conseqüentemente, no desempenho dos
animais.
Figueira et al. (1993), Aroeira et al. (1995) e Pereira et al. (2000) relataram que a
cana-de-açúcar pode apresentar teores menores de FDN que outros alimentos
volumosos, como a silagem de milho e, mesmo assim, apresentar CMS inferiores. A
proporção elevada de FDN indigestível na cana-de-açúcar resulta em tempo alto de
permanência dessa fração no trato digestivo, o que limita o CMS. Também, A
deterioração aeróbia que ocorre após a moagem e fornecimento do material no
150
comedouro pode ser fator importante para a redução do CMS das rações com cana-de-
açúcar (CONTATO et al., 2004).
Respostas positivas à inclusão do farelo de soja ou outra fonte de proteína
verdadeira, em substituição à uréia foram observadas por Albuquerque et al. (2002) e
Vilela et al. (2003) para vacas com produções de leite inferiores a 10 kg dia
-1
e
alimentadas com rações contendo palma forrageira e cana-de-açúcar, respectivamente.
Entretanto, nesses estudos, as rações com uréia, continham apenas esta fonte
suplementar de N, diferente do presente estudo, onde mesmo o T1 continha farelo de
soja.
De modo semelhante, com vacas de baixa produção, entre 5 a 10 kg de leite dia
-
1
, alimentadas com cana-de-açúcar não houve diferença de produção quando os
animais foram suplementados com uréia ou com farelo de algodão (BENINTENDI et al.,
1987).
Para vacas com produções de leite entre 18 a 20 kg dia
-1
, pouco superiores às
do grupo de maior produção do presente estudo, Mendonça et al. (2004), não
observaram respostas positivas sobre o consumo de MS quando aumentaram o teor de
farelo de soja das rações em substituição parcial a uréia.
Os teores de PB nas rações com cana-de-açúcar e compostos nitrogenados não
protéicos, parecem ser importantes reguladores do CMS pelos ruminantes (PEREIRA,
1999). Contudo, Stacchini (1998) avaliou o aumento dos teores de PB em rações para
vacas em lactação, utilizando a uréia como fonte de proteína, e não observou
benefícios no CMS total. Entretanto, quando no mesmo teor de PB a uréia foi
substituída por farelo de soja, o CMS foi superior, levando o autor a sugerir que a fonte
de proteína e não o teor de PB é fator mais importante na regulação do CMS.
Ludovico (1993), Stacchini (1998) e Sucupira (1998), indicam que o CMS de
energia em rações contendo farelo de soja, em comparação com uréia é superior, e
este fato pode ser responsável por melhores desempenhos dos animais submetidos a
esse ingrediente protéico. Esses autores observaram que os tratamentos contendo
uréia apresentaram balanço energético negativo. Apenas o tratamento contendo o
farelo de soja como ingrediente protéico apresentou balanço energético positivo.
151
Diferente ao observado no presente estudo, nos trabalhos publicados por
Stacchini, 1998 e Sucupira, 1998; a utilização do farelo de soja aumentou o CMS total.
Vários destes trabalhos utilizaram como tratamento controle, rações contendo apenas
uréia como suplemento protéico, o que não foi o caso deste estudo.
4.4.2 Produção e composição do leite, nitrogênio uréico no plasma e no leite
Os resultados referentes à produção, composição do leite, nitrogênio uréico no
leite (NUL) e no plasma (NUP) das vacas dos grupos de maior e de menor produção
são apresentados nas Tabelas 43 e 44, respectivamente.
Tabela 43 Produção de leite, produção de leite corrigida para 3,5% de gordura (PLC-
3,5%), composição de leite, nitrogênio uréico no plasma (NUP) e no leite
(NUL) das vacas do grupo de maior produção de leite
Componentes Tratamentos
T1 T2 T3 EPM
2
P
1
Leite, kg dia
-1
18,07 17,19 17,42 0,46 0,40
PLC-3,5%, kg dia
-1
18,33 17,61 17,53 0,40 0,30
Gordura, % 3,59 3,65 3,54 0,09 0,60
Gordura, kg dia
-1
0,65 0,63 0,62 0,07 0,50
Proteína, % 3,22 3,20 3,18 0,07 0,44
Proteína, kg dia
-1
0,58 0,55 0,55 0,06 0,38
Lactose, % 4,25 4,14 4,13 0,09 0,53
Lactose, kg dia
-1
0,77 0,71 0,72 0,05 0,42
Sólidos totais, % 12,3 12,0 12,0 0,09 0,24
Sólidos totais, kg dia
-1
2,22 2,06 2,09 0,11 0,35
NUL, mg kg
-1
13,42 13,26 14,03 0,34 0,60
NUP, mg kg
-1
19,03 19,22 20,02 1,32 0,54
T1 = 1 kg da mistura uréia e sulfato de amônia (9:1) para cada 100 kg de cana-de-açúcar in natura; T2 =
balanço ajustado em proteína degradável no rúmen (PDR) e proteína metabolizável (PM); T3 = balanço
com excesso de PM;
1
= probabilidade;
2
= erro padrão da média.
152
Tabela 44 - Produção de leite, produção de leite corrigida para 3,5% de gordura (PLC-
3,5%), composição de leite, nitrogênio uréico no plasma (NUP) e no leite
(NUL) das vacas do grupo de menor produção de leite
Componentes Tratamentos
T4 T5 T6 EPM
2
P
1
Leite, kg dia
-1
10,00 10,24 10,12 0,44 0,92
PLC-3,5%, kg dia
-1
10,32 10,65 10,53 0,44 0,90
Gordura, % 3,70 3,75 3,75 0,07 0,20
Gordura, kg dia
-1
0,37 0,38 0,38 0,05 0,18
Proteína, % 3,02 3,15 3,17 0,07 0,60
Proteína, kg dia
-1
0,30 0,30 0,32 0,04 0,43
Lactose, % 4,32 4,39 4,07 0,06 0,50
Lactose, kg dia
-1
0,43 0,45 0,41 0,04 0,40
Sólidos totais, % 11,56 12,29 11,81 0,08 0,67
Sólidos totais, kg dia
-1
1,16 1,26 1,20 0,10 0,52
NUL, mg kg
-1
13,62 13,48 14,12 0,28 0,51
NUP, mg kg
-1
19,23 19,32 20,12 1,26 0,48
T4 = 1 kg da mistura uréia e sulfato de amônia (9:1) para cada 100 kg de cana-de-açúcar in natura; T5 =
balanço ajustado em proteína degradável no rúmen (PDR) e proteína metabolizável (PM); T6 = balanço
com excesso de PM;
1
= probabilidade;
2
= erro padrão da média.
Não foram observadas diferenças significativas (P>0,05) para a produção e
composição do leite entre os três tratamentos testados, tanto para o grupo de maior
como para o de menor produção de leite.
Os valores médios de produção de leite deste estudo estão dentro da faixa de 8
a 22 kg de leite vaca
-1
dia
-1
, relatados nos trabalhos compilados na Tabela 35 com
cana-de-açúcar para vacas em lactação: (NAUFEL et al., 1969; NOGUEIRA FILHO et
al., 1977; BIONDI et al., 1978; BENINTENDI et al., 1987; PAIVA et al., 1991; AROEIRA
et al., 1995; STACCHINI, 1998; SUCUPIRA, 1998; COSTA et al., 2003; SOUSA et al.,
2003; COSTA et al. 2004; LIMA et al., 2004; MAGALHÃES et al., 2004; MENDONÇA et
al., 2004).
De acordo com o NRC (2001) a ração do T1 estaria deficiente em PM para
ambos os grupos de produção (de 10 e de 18 kg de leite vaca
-1
dia
-1
). Entretanto, o
aumento do suprimento de PM na ração segundo a recomendação do NRC (2001) (T2),
ou em excesso desta recomendação (T3), através da substituição parcial ou total de
uréia por farelo de soja, não melhorou o desempenho das vacas leiteiras (MENDONÇA
et al., 2004).
153
Na literatura revisada foi encontrado apenas um trabalho (MENDONÇA et al.,
2004) onde se aumentou o teor de farelo de soja na ração em substituição parcial a
uréia para vacas alimentadas com cana-de-açúcar. Assim como no presente estudo,
esses autores também não observaram aumento no desempenho de vacas produzindo
entre 18 a 20 kg de leite dia
-1
, quando a dose de farelo de soja foi aumentada na ração,
em substituição parcial a uréia.
Para vacas mantidas em pastagens com 12% de PB durante o verão, Voltolini et
al. (2003) o observaram aumento em produção de leite com o aumento do teor de
proteína bruta do concentrado acima do recomendado pelo NRC (2001) para suprir
quantidade adequada de PM para vacas com produções ao redor de 18,3 kg de leite
dia
-1
.
Com silagem de milho, Silva et al. (2001), compararam quatro teores crescentes
de uréia no concentrado de vacas lactantes, (0; 0,7; 1,4 e 2,1% na MS da ração).
Foram registradas reduções lineares na produção de leite e nos teores de gordura, com
a inclusão de teores crescentes de uréia no concentrado. Segundo os mesmos autores,
o teor ótimo de uréia para a máxima produção de leite seria de 0,7% na MS da ração.
Também com silagem de milho, Imaizumi (2005) avaliou a suplementação de PM
acima da recomendada pelo NRC (2001), através do fornecimento adicional de farelo
de soja e de algodão, para vacas com produção de leite ao redor de 30 kg dia
-1
. O teor
de PB da ração total do tratamento controle foi 16% contra 17,5% para o tratamento
acima do recomendado pelo NRC (2001). O suprimento de PM além do recomendado
pelo NRC (2001) aumentou a produção de leite das vacas.
O trabalho de Silva et al. (2001) com silagem de milho, apresentou resultados
opostos aos observados com cana-de-açúcar no presente estudo e aos obtidos por
Mendonça et al. (2004). Talvez o teor alto de açúcar da cana-de-açúcar, propicie uma
utilização mais eficiente da uréia em comparação com a silagem de milho. O aumento
na síntese microbiana poderia diminuir a necessidade de fontes de proteína verdadeira
como o farelo de soja em rações com cana-de-açúcar.
Os teores e as produções de gordura e proteína do leite o foram afetados
pelos tratamentos (P>0,05). Mendonça et al. (2004) também não observaram
alterações na composição do leite quando a dose de farelo de soja foi aumentada na
154
ração com cana, em substituição parcial a uréia. Entretanto, com silagem de milho Silva
et al. (2001) observaram redução linear nos teores de gordura do leite, com a inclusão
de teores crescentes de uréia e decrescentes de farelo de soja.
O pH ruminal é um fator que pode interferir com síntese de gordura do leite.
Uma das explicações é a maior produção de ácidos graxos de cadeia trans no rúmen
com pH baixo. A uréia tem ação alcalinizante, e pode ajudar a elevar o pH ruminal
quando doses moderadas a altas de concentrado são fornecidas. Isto poderia favorecer
a síntese de gordura do leite na glândula mamária. Entretanto no presente estudo e no
trabalho publicado por Mendonça et al. (2004) este efeito não foi observado. Por outro
lado, com silagem de milho, Silva et al. (2001) observaram redução linear nos teores de
gordura do leite, com a inclusão de teores crescentes de uréia, provavelmente efeito da
redução no CMS. Na revisão de Santos et al., (1998), para vacas de alta produção em
confinamento, a substituição parcial do farelo de soja por uréia não afetou a produção
nem a composição do leite.
O teor e produção de proteína do leite são afetados principalmente pelo
suprimento de PM e pelo perfil de aminoácidos essenciais desta proteína (SANTOS et
al., 1998). A ausência de respostas positivas em proteína do leite com o aumento no
teor de PM da ração conforme sugerido pelo NRC (2001) no tratamento T2, levanta
duas hipóteses: 1) O NRC (2001) superestimou a exigência de PM para vacas com
produções ao redor de 18 kg de leite dia
-1
; 2) O NRC subestimou a síntese de proteína
microbiana na ração com cana-de-açúcar com teor alto de uréia (T1).
Por outro lado, Santos et al. (1998) revisaram 23 comparações a partir de doze
ensaios experimentais que avaliaram o efeito da inclusão de uréia na ração de vacas
em lactação com alta produção de leite, em substituição parcial ou total a diversas
fontes protéicas. Esses autores observaram que a inclusão de 0,4 a 1,8% de uréia na
MS total das rações não afetou a produção de leite em 20 comparações, enquanto que
em três delas foram observadas reduções na produção de leite.
Não houve efeito dos tratamentos sobre os valores de NUL e de NUP (P>0,05).
Os teores de NUP são afetados principalmente pelos teores de PB da ração, e
principalmente pelos teores de PDR da ração (BRODERICK; CLAYTON, 1997). No
presente estudo, seria esperado que o T1 apresentasse valores maiores de NUP que
155
os demais tratamentos, o que não ocorreu. Os valores de NUP relatados foram
tomados quatro horas após a alimentação matinal, ou seja, são valores de pico de NUP
ao longo do dia. Estes valores não podem ser comparados com valores médios obtidos
ao longo das 24 horas do dia relatados em diversos estudos.
Os valores médios observados para os teores de NUL estão de acordo com os
relatados na literatura (BRODERICK; CLAYTON, 1997; FERGUSSON, 1997; JONKER
et al., 1999). Valores de NUL ao redor de 13 a 14 são um pouco altos para vacas com
produções de leite de 18 kg dia
-1
. Talvez no presente estudo, os teores de PB das
rações pudesse ter sido um pouco inferior, sem que isto comprometesse o desempenho
das vacas. Valores similares aos deste estudo foram relatados por Schwab (1994) para
vacas produzindo acima de 37 kg de leite dia
-1
. O balanceamento das rações em lisina
e metionina através do NRC (2001), permitiu aumentar a produção de leite e os teores
de proteína e de gordura do leite e ainda reduzir os teores de NUL.
As ausências de diferenças em produção de leite, de sólidos do leite, da
concentração de NUL e de ganho de peso vivo, sugerem que o N das três rações
experimentais foi usado com a mesma eficiência, seja ele proveniente de farelo de soja
ou de uréia.
4.4.3 Variação do peso vivo e escore de condição corporal
Os valores observados para o escore de condição corporal inicial (ECCi), peso
vivo inicial (PVi) e as variações nesses parâmetros (VECC; VPV) para cada período de
20 dias são apresentados na Tabela 45.
156
Tabela 45 Variação do peso vivo (VPV) e variação do escore de condição corporal
(VECC) por período de 20 dias, peso vivo inicial (PVi) e escore de
condição corporal inicial (ECCi) de vacas lactantes de dois grupos de
produção suplementadas com três diferentes suplementações protéicas
Componentes Tratamentos
Grupo de maior produção de leite
T1 T2 T3 EPM
2
P
1
ECCi, pontos 2,37 2,56 2,48 - -
VECC, pontos 0,13 -0,08 0,00 0,06 0,33
PVi, kg 522 513 516 - -
VPV, kg 7,55 8,55 7,11 2,13 0,89
Grupo de menor produção de leite
T4 T5 T6 EPM
2
P
1
ECCi, pontos 2,65 2,58 2,73 - -
VECC, pontos 0,03 0,07 0,03 0,04 0,76
PVi, kg 532 535 543 - -
VPV, kg 8,48 4,41 13,44 2,25 0,42
T1 e T4 = 1 kg da mistura uréia e sulfato de amônia (9:1) para cada 100 kg de cana-de-açúcar in natura;
T2 e T5 = balanços ajustados em proteína degradável no rúmen (PDR) e proteína metabolizável (PM); T3
e T6 = balanços com excesso de PM;
1
= probabilidade;
2
= erro padrão da média.
Não houve efeito dos tratamentos sobre as variações no ECC e no PV dos
animais (P>0,05).
De modo geral tanto as vacas de maior quanto as de menor produção ganharam
peso e condição corporal durante o período experimental nos três tratamentos.
4.5 Conclusão
Para vacas com produções entre 10 a 18 kg de leite dia
-1
, a recomendação
adotada na prática de adicionar 1% de uréia ou da mistura de nove partes de uréia com
uma parte de sulfato de amônia na cana-de-açúcar in natura é adequada.
Para vacas com produções entre 10 a 18 kg de leite dia
-1
, não vantagem em
aumentar o suprimento de PM através da adição extra de farelo de soja na ração
conforme preconizado pelo NRC (2001). Não ocorrerá melhora no desempenho animal,
mas sim elevação no custo da ração.
Para vacas alimentadas com cana-de-açúcar, com produções entre 10 a 18 kg
de leite dia
-1
, o NRC (2001) talvez superestime as exigências de PM ou talvez
subestime a síntese microbiana.
157
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