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JULIANA LAMBERT ORÉFICE
Orientador
Prof. Wesley Ribeiro Campos
Co-orientador
Prof. Dr. Rubens Belfort Mattos Junior
ESTUDO MORFOLÓGICO DAS ALTERAÇÕES
VITREORRETINIANAS EM PACIENTES COM
RETINOCOROIDITE ATIVA SUPOSTAMENTE CAUSADA
PELO TOXOPLASMA GONDII.
ESTUDO PROSPECTIVO PELA TOMOGRAFIA
DE COERÊNCIA ÓPTICA (OCT 3)
Universidade Federal de Minas Gerais
Belo Horizonte
2006
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JULIANA LAMBERT ORÉFICE
ESTUDO MORFOLÓGICO DAS ALTERAÇÕES
VITREORRETINIANAS EM PACIENTES COM
RETINOCOROIDITE ATIVA SUPOSTAMENTE CAUSADA
PELO TOXOPLASMA GONDII.
ESTUDO PROSPECTIVO PELA TOMOGRAFIA DE
COERÊNCIA ÓPTICA (OCT 3)
Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação em
Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais,
como parte dos requisitos para obtenção do título de
Doutor.
Orientador: Prof. Dr. Wesley Ribeiro Campos
Co-orientador: Prof. Dr. Rubens Belfort Mattos Junior
Belo Horizonte
Faculdade de Medicina da UFMG
2006
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O66e Oréfice, Juliana Lambert
Estudo morfológico das alterações vitreorretinianas em pacientes com re-
tinocoroidite ativa supostamente causada pelo Toxoplasma Gondii: estudo re-
trospectivo pela tomografia de coerência óptica (OCT 3). / Juliana Lambert
Oréfice. – 2006.
108 f.
Orientador: Wesley Ribeiro Campos.
Co-orientador: Rubens Belfort Mattos Junior.
Tese (doutorado) – Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de
Medicina.
1. Retina – patologia. 2. Doenças retinianas – diagnóstico. 3. Tomografia de
coerência óptica – métodos. 4. Toxoplasmose ocular – diagnóstico. 5. Coriorreti-
nite – diagnóstico. I. Campos, Wesley Ribeiro. II. Mattos Júnior, Rubens Bel-
fort. III. Título.
. NLM: WW 140
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
Magnífico Reitor
Prof. Ronaldo Tadêu Pena
Pró-Reitor de Pós-Graduão
Prof. Jaime Arturo Ramirez
Pró-Reitor de Pesquisa
Prof. Carlos Alberto Pereira Tavares
Diretor da Faculdade de Medicina
Prof. Francisco José Penna
Diretora do Hospital das Clínicas
Profª.nia Mara Assis Lima
Coordenador do Centro de Pós-Graduação da Faculdade de Medicina
Prof. Carlos Faria Santos Amaral
Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Oftalmologia
Prof. Joel Edmur Boteon
Chefe do Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Fonoaudiologia
Profª. Ana Rosa Pimentel de Figueiredo
Membros do Colegiado do Curso de Pós-Graduação em Oftalmologia
Prof. Joel Edmur Boteon
Prof. Márcio Bittar Nehemy
Prof. Marco Aurélio Lana Peixoto
Prof. Sebastião Cronemberger Sobrinho
Prof. Evaldo Nascimento
Prof. Fernando Oréfice
Prof. Henderson Celestino de Almeida
Prof. Homero Guso de Almeida
Representante discente: Leonardo Rodrigues Pereira
A Comissão Examinadora que assina abaixo__________________________ a
tese intitulada “Estudo morfológico das alterações vitreorretinianas em pacientes com
retinocoroidite ativa supostamente causadas pelo Toxoplasma gondii. Estudo
prospectivo pela tomografia de coencia óptica (OCT 3)”, apresentada e defendida
em sessão pública, por Juliana Lambert Oréfice, para a obtenção do grau de Doutor
em Medicina, pela curso de pós-graduação em Medicina, área de Oftalmologia,
Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais.
Prof. Wesley Ribeiro Campos
Prof. Rubens Belfort Mattos Junior
Dr. Décio da Costa Lima Junior
Prof. Henderson Celestino de Almeida
Prof. Rogério Alves Costa
Dr. Sidney Rocha Lemos
Suplentes:
Prof. Carlos Eduardo Hirata
Prof. Joel Edmur Boteon
Belo Horizonte, de 2006.
DEDICATÓRIA
Durante o percurso deste trabalho tive a sorte e o prazer de estar sempre
cercada por pessoas muito especiais e é a elas que eu dedico esta tese:
Ao meu pai Fernando, pela orientação e dedicão ilimitada durante toda a
vida, um modelo de ética e profissionalismo a ser seguido.
À minha mãe Neyde, pelo amor e apoio incondicional, um exemplo de foa e
caráter sempre cuidando de todos nós.
Ao meu irmão Rodrigo, pelos conselhos sempre carinhosos, precisos e
tranqüilizadores.
À minha avó Júlia e minha madrinha Nilze, sempre presentes na minha vida,
tornando-a mais leve e alegre.
Ao Paulo, meu grande encontro, pela ajuda, pacncia e carinho.
À Giovanna por me mostrar o lado doce da vida.
Ao Guilherme e Fernanda por fazerem valer a pena.
AGRADECIMENTO ESPECIAL
Ao Professor Dr. Rogério Alves Costa pela fundamental orientação na
execução deste trabalho, pela oportunidade de convivência e aprendizado com um
pesquisador brilhante e competente.
“Amigo a gente não faz, reconhece-se...”. Vinícius de Morais.
Ao Centro de Oftalmologia Avançada no nome do Professor Dr. Décio Costa
Lima Junior, pelo apoio e incentivo fundamentais a realização desta tese.
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Dr. Wesley Ribeiro Campos, que esteve ao meu lado em todos os
momentos, sempre com boas idéias e, principalmente sempre com uma palavra
amiga.
Ao Professor Dr. Fernando Oréfice, que, além de orientar, proporcionou todas
as condições para realizão desta tese, sempre seguro, preciso e determinado.
Ao Professor Dr. Rubens Belfort Mattos Junior por ter sido o mentor, criador do
embro desta tese, desde o nosso encontro em Campos do Jordão, e por seu apoio
constante.
Aos médicos do Serviço de Uveítes do Hospital o Geraldo, especialmente à
Dra. Célia Araújo e Dra. Alba Regina Stheling, pelo apoio e incentivo.
À Bernadete e Adriana, pela dedicação, amizade e profissionalismo.
À Hosana Lúcia de Assis Souza e Márcio Gabriel Teixeira de Miranda, pelo
auxílio prestado no desenvolvimento deste trabalho, pela excêlencia e
profissionalismo.
À Dra Leticia Menim Boratto pelo apoio e privilégio de sua amizade.
À Cristiane e Hilda, pelo profissionalismo e auxílio constante durante este
trabalho.
Ao Dr. Giambatistta Antonini Coscarelli de Dra. Jandira Mourão Coscarelli
pelos ensinamentos ético-profissionais durante a minha especialização, pela
oportunidade de convivência e ensinamentos constantes, pelo apoio, incentivo e
especialmente, pela grande amizade.
Ao Dr Rafael Andrade, pelo constante estímulo e valiosas sugestões durante
esta tese.
Aos pacientes, pela disponibilidade em ajudar na melhor compreensão da
toxoplasmose ocular, participando deste trabalho.
RESUMO
Oréfice, JL. Estudo morfológico das alterações vitreorretinianas em
pacientes com retinocoroidite ativa supostamente causada pelo
Toxoplasma gondii. Estudo prospectivo pela tomografia de coerência
óptica (OCT 3) 2006. Tese (Doutorado em Oftalmologia) – Faculdade de
Medicina, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
Introdução: A toxoplasmose ocular é uma das causas mais importantes
de uveíte em várias partes do mundo e principalmente no Brasil. A forma
clássica é caracterizada por uma retinocoroidite necrosante focal, com vitreíte,
acompanhada por cicatriz de retinocoroidite adjacente (padrão ouro). Outra
forma de apresentação é a punctata externa. O diagnóstico é clínico e baseado
nas características da lesão e da reação inflamatória. A tomografia de
coerência óptica de terceira geração (OCT 3) é uma técnica propedêutica não
invasiva e sem contato, que permite a realização de cortes transversais da
retina com resolução de 10µm, ajudando na localização do infiltrado
inflamatório e da camada retiniana acometida, além de identificar complicações
na interface vitreorretiniana.
Local do estudo: Serviço de Uveítes do Hospital São Geraldo, do
Hospital das Clínicas, da Universidade Federal de Minas Gerais associado ao
Centro de Oftalmologia Avançada, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.
Objetivos: Avaliar as alterações vitreorretinianas, por meio do exame
clínico, retinografia colorida e tomografia de coerência óptica, em pacientes
com retinocoroidite ativa supostamente causada pelo Toxoplasma gondii
(RCST), e acompanhar suas modificações durante o processo de cicatrização.
Metodologia: Foram estudados 15 olhos com RCST ativa, separados
em três formas de apresentação clínica: forma punctata externa, forma focal,
forma satélite. Após exame oftalmológico completo, os pacientes eram
submetidos a retinografia colorida e tomografia de coerência óptica (OCT 3),
usando o protocolo Radial lines. O acompanhamento foi realizado
quinzenalmente, seguindo a mesma rotina do primeiro exame. A retinografia
colorida e a OCT foram realizadas em 12 (±2) semanas e 24 (±2) semanas.
Trata-se de um estudo prospectivo observacional.
Resultados: As lesões foram classificadas, seguindo critérios clínicos,
em retinite punctata externa (n=6), focal(n=6), satélite(n=3). Na fase ativa, as
lesões tiveram como característica tomográfica em comum o aumento de
refletividade das camadas internas da retina com sombreamento óptico
posterior do complexo estrato pigmentoso da retina-coriocapilar/coróide (EPR-
cc/C) subjacente em todos os casos. Na forma punctata externa houve
diminuição da espessura retiniana no local da lesão ativa, e nas formas focal e
satélite houve aumento da espessura retiniana. A membrana hialóide posterior,
quando detectada, encontrava-se espessada, com descolamento localizado
sobre a lesão nos pacientes com forma punctata externa, e parcialmente
descolada ou aderida a lesão nos pacientes com formas focal e satélite.
Durante o acompanhamento, as alterações tomográficas, em comum,
encontradas no local da lesão caracterizavam-se por: diminuição da espessura
retiniana com aumento relativo da refletividade da coriocapilar-coróide (cc-C)
em todos os olhos. A OCT evidenciou alterações como edema macular difuso,
tração vitreofoveal e maculosquise, as quais não foram identificadas
clinicamente.
Conclusão: A OCT 3 mostrou-se eficiente na identificação de achados
característicos do processo inflamatório e de cicatrização nas RCST. Foi
possível evidenciar alterações morfológicas características de cada forma
(punctata externa, focal e satélite), e alterações maculares não identificadas
clinicamente.
ABSTRACT
Oréfice, JL. Morphological study of vitreoretinal alterations in
patients with active retinochoroiditis possibly caused by the Toxoplasma
gondii . Prospective study by the optical coherence tomography (OCT 3)
2006. Thesis (Doctorate in Ophthalmology) - Medical School, Federal University
of Minas Gerais, Belo Horizonte.
Introduction: The ocular toxoplasmosis is one of the most important
causes of uveitis in many parts of the world and mainly in Brazil. Classically,
toxoplasmic retinochoroiditis is observed as a focus retinitis adjacent to an old
chorioretinal scar and is accompanied by vitritis. Another clinical presentation
form is the outer punctate. The diagnosis is based on the clinical evaluation of
the characteristics of the lesion and the inflammatory reaction. The third
generation optical coherence tomography (OCT 3) is a non-invasive and non-
contact propedeutical technique. OCT is able to produce cross-sectional views
of the retina with a 10µm resolution that can help in determining the location of
the infiltrated inflammatory and damaged retinal layers, besides identifying
complications in the vitreoretinal interface.
Place of the study: Uveitis Service of São Geraldo Hospital, of Clinics
Hospital of the Federal University of Minas Gerais associated with the Center of
Advanced Ophthalmology, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil.
Objectives: To evaluate the vitreoretinal alterations, in patients with
active retinochoroiditis possibly caused by the Toxoplasma gondii , and to follow
their modifications during the cicatricial process.
Methodology: Fifteen eyes with active RCST were studied, divided in
three forms of clinical presentation: outer punctate form, focal form and satellite
form. After complete ophthalmologic exam, eyes were submitted to color fundus
photography and optical coherence tomography (OCT 3), using the Radial lines
protocol. The follow-up was done biweekly, following the same routine of the
first exam. Color fundus photography and OCT were done in 12 (±2) weeks and
24(±2) weeks. It is considered to be a prospective observational study.
Results: The lesions were classified in outer punctate (n=6), focal (n=6),
satellite (n=3). In the active phase, the lesions had, as tomographic
characteristics, increase of reflectivity of the internal layers of the retina with
posterior shadowing of the retinal pigment epithelium - choriocapillaris/choroidal
(RPE-cc/Ch) subjacent in all of the eyes. In the outer punctate, there was a
retinal thickness decrease at the active lesion. Otherwise, focal and satellite
forms showed increased retina. The posterior hyaloid membrane, when
detected, was thickened with focal detachment over the lesion in the patients
with punctate and partially detached or attached to the lesion in the patients
with focal and satellite forms. During the follow-up, the tomographic alterations
found at the local of the lesion were characterized by: retinal thickness
decrease with relative increase of the reflectivity of the choriocapillaris/choroidal
(cc/Ch) compound in all of the eyes. OCT demonstrate alterations like diffuse
macular edema, vitreomacular traction and maculoschisis that were not
clinically identified.
Conclusion: OCT 3 was efficiently capable in identifying distinctive
findings of the active retinochoroiditis possibly caused by the Toxoplasma
gondii inflammatory process and scar formation. Distinctive morphological
alterations of each form (outer punctate, focal and satellite), and macular
alterations not clinically identified.
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
A-scan - Eixo do scan
BCVA - Melhor acuidade visual corrigida
CARE - Camada de alta refletividade externa
CARI - Camada de alta refletividade interna
CCA - Células da câmara anterior
cc-C - Coriocapilar-coróide
CD - Disco compacto
cSLO - Oftalmoscópio confocal de
escaneamento a laser
CV - Células vítreas
DD - Diâmetro de disco = 1,5mm
Dp - Dioptria óptica
DPV - Descolamento posterior de vítreo
Dr - Degeneração retiniana
EG - Estrato ganglionar
ELE - Estrato limitante externo
ELI - Estrato limitante interno
EM - Edema macular
EN - Estrato das neurofibras
ENE - Estrato nuclear externo
ENI - Estrato nuclear interno
EPE - Estrato plexiforme externo
EPI - Estrato plexiforme interno
EPR - Estrato pigmentoso da retina
EPR-cc/C - Complexo estrato pigmentoso da
retina- coriocapilar/coróide
ETDRS - Estudo para tratamento precoce da retinopatia
diabética
EFE - Formação epirretiniana focal
EUA - Estados Unidos da América
F - Feminino
FCA - Flare na câmara anterior
Fig. - Figura
FTA/Abs - Em inglês fluorescent treponemal antibody
absorption
HC-UFMG - Hospital das Clínicas- Universidade Federal
de Minas Gerais
He-Ne - Laser de hélio-neon
HIH - Hemorragia intra-retiniana
IgG - Imunoglobulina G
IgM - Imunoglobulina M
M - Masculino
mg - Miligrama
kg - Kilograma
MHP - Membrana hialóide posterior
MIT - Instituto de Tecnologia de Massachussets
mm - Milímetro de comprimento onde 1mm = 10
-3
m
µm - Micron, unidade de comprimento onde
1 µm = 10
-6
m
OCT - Tomografia de coerência óptica
OCT 3 - Tomografia de coerência óptica
de terceira geração
OD - Olho direito
OE - Olho esquerdo
p - Nível de significância
PCR - Reação de polimerase em cadeia
PR-BR - Paraná – Brasil
PK - Precipitado cerático
RCST - Retinocoroidite supostamente causada
pelo Toxoplasma gondii
RN-BR - Rio Grande do Norte- Brasil
RTA - Analizador de espessura retiniana
sIgA - Imunoglobulina A secretora
SLD - Laser diodo superluminescente
SUN - Nomeclatura estandartizada de uveíte
T.gondii - Toxoplasma gondii
Ui - Unidade internacional
VDRL - Em inglês Veneral disease reserch laboratory
± - Mais ou menos
~ - Aproximadamente
% - Percentual
LISTA DAS FIGURAS
Figura 1. Feixe de luz da OCT refletido sobre a retina..........................26
Figura 2. Esquema clássico do sistema OCT.......................................28
Figura 3. Aparelho stratus OCT. ...........................................................29
Figura 4. Protocolo de aquisição radial lines.........................................32
Figura 5. Formas de apresentação clínica da RCST ativa. ..................42
Figura 6. Mapa de localização da lesão................................................43
Figura 7. Forma punctata externa na fase ativa.
Retinografia colorida no primeiro-exame e avaliações
da tomografia de coerência óptica (OCT)..............................................48
Figura 8..Forma focal na fase ativa. Retinografia
colorida e avaliações da tomografia de coerência óptica
(OCT) no primeiro exame e durante o acompanhamento......................52
Figura 9. Forma focal na fase ativa. Retinografia
colorida no primeiro exame e avaliações da tomografia
de coerência óptica (OCT) no primeiro exame. .....................................53
Figura 10. Forma satélite na fase ativa. Retinografia
colorida no primeiro exame e avaliações da tomografia de
coerência óptica (OCT) no primeiro exame e acompanhamento...........55
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Características clínicas no primeiro
exame e acompanhamento..............................................82
Tabela 2A: Achados em comum pela OCT 3 no
primeiro exame e durante o acompanhamento
- Forma punctata externa.................................................83
Tabela 2B: Achados tomográficos pela OCT 3
no primeiro exame e durante o acompanhamento
- Forma focal....................................................................85
Tabela 2C: Achados tomográficos pela OCT 3 no
primeiro exame e durante o acompanhamento
– Forma satélite................................................................87
Tabela 3: Resumo dos achados tomográficos
pela OCT 3 no primeiro exame e durante o
acompanhamento.............................................................88
SUMÁRIO
Resumo ................................................................................................ IV
Abstract.................................................................................................VII
Lista de abreviaturas, siglas e símbolos.................................................X
Lista de figuras.....................................................................................XIII
Lista de tabelas....................................................................................XIV
1.Introdução.............................................................................................1
2.Revisão bibliográfica.............................................................................6
2.1Histórico..............................................................................................6
2.2 Retinocoroidite supostamente
causada pelo Toxoplasma gondii(RCST) ................................................9
2.2.1 Epidemiologia .................................................................................9
2.2.2 Forma congênita e forma adquirida..............................................11
2.2.3 Apresentação clínica.....................................................................15
2.2.4 Formas atípicas ............................................................................16
2.3 Tomografia de coerência óptica.......................................................23
2.3.1 Histórico........................................................................................23
2.3.2 Princípios físicos...........................................................................24
2.3.3 Técnica de exame.........................................................................29
2.3.4 Processamento da imagem ..........................................................31
2.3.5 Protocolos de aquisição de imagem.............................................32
2.3.6 Interpretação da imagem tomográfica ..........................................33
2.3.7 OCT na RCST...............................................................................36
3.Objetivos.............................................................................................39
4.Material e método...............................................................................40
5. Resultados.........................................................................................45
5.1 Achados clínicos..............................................................................45
5.2 Achados morfológicos pela OCT3 ...................................................48
5.2.1 Forma punctata externa................................................................48
5.2.1 A Primeiro exame .........................................................................48
5.2.1.B Acompanhamento .....................................................................49
5.2.2 Forma focal...................................................................................50
5.2.2 A Primeiro exame .........................................................................50
5.2.2.B Acompanhamento .....................................................................54
5.2.3 Forma satélite...............................................................................54
5.2.3 A Primeiro exame .........................................................................54
5.2.3.B Acompanhamento .....................................................................56
5.3 Resumo dos achados
em comum a cada forma pela OCT3.....................................................56
5.3.1 Forma punctata externa................................................................56
5.3.2 Forma focal...................................................................................57
5.3.3 Forma satélite...............................................................................57
5.4 Resumo dos achados
em comum as três formas pela OCT3...................................................58
6. Discussão ..........................................................................................59
7. Conclusões........................................................................................66
8. Referências bibliográficas..................................................................68
9. Anexos...............................................................................................82
9.1 Anexo A – Tabelas ..........................................................................82
9.2 Anexo B – Termo de consentimento................................................90
9.3 Anexo C – Protocolo de retinocoroidite
supostamente causada pelo Toxoplasma gondii.................................102
9.4 Anexo D – Trabalho publicado.......................................................104
1- INTRODUÇÃO
A toxoplasmose ocular é uma das causas mais importante de uveíte em
várias partes do mundo. Nos Estados Unidos, considera-se que de 30 a 50%
dos pacientes com uveíte posterior correspondam a essa etiologia (FABER MD
e TESSLER HH, 1988). Na França, a toxoplasmose é a principal responsável
pelos casos de retinocoroidite, enquanto na Holanda as cifras o de 23%
(KIJSTRA A et al., 1986).
No Brasil, um estudo realizado em Belo Horizonte, Minas Gerais, no
período de 1970 a 1993, a toxoplasmose foi considerada a principal causa de
uveíte, correspondendo a 43,1% do total dos casos estudados. E, dentre as
uveítes posteriores, a retinocoroidite supostamente causada pelo Toxoplasma
gondii (RCST) foi a mais freqüente, com 72% dos casos examinados
(ORÉFICE F e BAHIA-OLIVEIRA, 2005).
Entre os sintomas da doença, o mais freqüente é a diminuição da
acuidade visual, que pode ir de leve a muito grave, como a percepção apenas
da luz. Consideram-se como causas mais comuns da baixa de visão: o
comprometimento direto da mácula ou do feixe papilo-macular; o descolamento
seroso macular (quando as lesões são paramaculares); o envolvimento do
nervo óptico, e as opacidades vítreas intensas (BELFORT R Jr et al., 1975).
A toxoplasmose ocular é dividida em congênita e adquirida. A forma
congênita, por sua vez, pode ser subdividida em dois tipos: forma neonatal,
quando a lesão está presente ao nascimento; e a forma de aparição tardia,
onde a lesão ocular ocorre em qualquer época da vida, com preferência pela
segunda e terceira década (ORÉFICE F e BAHIA-OLIVEIRA, 2005).
Na toxoplasmose congênita, a manifestação mais comum é a
retinocoroidite, que pode afetar 70 a 90% dos recém-nascidos. O
acometimento ocular como única manifestação da doença ocorre em 10% dos
casos (HOLLAND GN, 1996).
A relevância dessa doença é demonstrada em estudos prospectivos
realizados em recém-nascidos infectados como os de METS MBL et al (1996),
que acompanharam 94 recém-nascidos com toxoplasmose congênita, 76
deles tratados com sulfadiazina e pirimetamina no primeiro ano de vida, e 18
sem tratamento específico.
A cicatriz retinocoroidiana foi o achado mais comum em todos os
pacientes, sendo mais freqüente na periferia da retina em 58% dos tratados e
em 82% dos não tratados. A cicatriz macular ocorreu em 54% dos pacientes
tratados, sendo bilateral em 41%. Nos não tratados, a incidência de cicatriz
macular foi de 76%, sendo bilateral em 23%. Nesse estudo, a acuidade visual,
nos pacientes com cicatriz macular variou de 20/20 a 20/400.
A toxoplasmose adquirida apresenta-se, na maioria das vezes, com
características subclínicas, sendo responsável por 70% dos casos. Os
sintomas ocorrem em apenas 30% dos pacientes e são muito variados. As
principais formas são a ganglionar, pulmonar, doença neurológica e ocular
(ORÉFICE F e BAHIA-OLIVEIRA 2005).
A lesão de RCST é primariamente uma infecção dos tecidos retinianos
que envolve, geralmente, todas as camadas da retina, e, secundariamente,
também a coróide.
A forma clássica é caracterizada por uma retinite focal, branca e com
inflamação vítrea freqüentemente acompanhada por formação de uma cicatriz
de retinocoroidite adjacente (padrão ouro) (ORÉFICE F e BAHIA-OLIVEIRA,
2005).
Outras formas de apresentação são a punctata externa, a neuroretinite,
a neurite, a forma pseudomúltipla e outras (ORÉFICE F e BAHIA-OLIVEIRA,
2005).
Apesar de ser uma doença autolimitada, com certa freqüência evolui
para uma forma grave, mesmo com o emprego da terapêutica específica.
O diagnóstico preciso e o rápido ínicio do tratamento são fatores
essenciais para a preservação de uma boa acuidade visual final. Infelizmente
conta-se com poucos exames complementares para auxílio, como os
sorológicos, a retinografia fluorescente e a ultra-sonografia ocular. No entanto,
a mais importante ajuda no diagnóstico é a avaliação criteriosa, realizada por
um oftalmologista especializado, das características da lesão e da reação
inflamatória.
Foi a necessidade de se ter exames que apresentassem critérios
objetivos para o diagnóstico e acompanhamento de lesões ativas de RCST que
fez com que a optical coeherence tomography (OCT) começasse a ser usada
como um instrumento de propedêutica, representando um dos mais
importantes avanços no diagnóstico e tratamento de doenças oculares dos
últimos anos. Os primeiros testes clínicos foram conduzidos pelo grupo de
Carmen Puliafito no início dos anos 90 (COSTA RA et al., 2006) e usados,
inicialmente, como auxílio para o diagnóstico e acompanhamento de pacientes
com edema macular diabético, tendo sua utilização se estendido mais tarde
para outras doenças retinianas e também para o glaucoma.
A OCT de terceira geração (OCT 3) é uma técnica propedêutica não
invasiva e sem contato direto com o olho, permitindo a realização de cortes
transversais da retina com resolução axial de até 10 µm (microns), cujo
resultado se aproxima assim da resolução obtida na microscopia óptica, e se
compara a uma biópsia in vivo (MALERBI FK et al., 2006)
O sistema clássico da OCT emprega o Interferômetro de Michelson
(HUANG et al., 1991), que usa o princípio de comparação entre diferentes
feixes de luz, possibilitando medidas de alta resolução das estruturas
biológicas. Um dos feixes é refletido e o outro é transmitido ao olho, sendo que
a reflexão que ocorre nas estruturas oculares se faz a partir de distâncias axiais
variadas. O feixe de luz refletido, a partir do olho, consiste de múltiplos ecos
que carregam informações sobre a distância e a espessura das diferentes
estruturas intra-oculares. O segundo feixe é refletido a partir de um espelho de
referência, situado a uma distância conhecida. Quando os dois feixes de luz
coincidem, isto é, chegam ao mesmo tempo após a reflexão, eles produzem
um fenômeno chamado interferência, que é medido por um detector
fotossensível.
A luz que incide sobre um meio não transparente pode ser transmitida,
absorvida ou refletida. A quantidade de luz que é refletida por um tecido define
sua refletividade, sendo o sinal da OCT uma combinação entre refletividade do
tecido e as propriedades refletivas das camadas sobrejacentes (MALERB FK et
al, 2006).
A imagem final da OCT 3 representa a refletividade das camadas
retinianas e bidimensionalmente são demonstradas em tempo real utilizando
uma falsa escala de cores. As mais escuras (azul e preto) são regiões de baixa
refletividade óptica e as cores brilhantes (roxo, vermelho e branco)
representam regiões de alta refletividade óptica (MESQUITA JRS et al, 2006).
Nas uveítes (VILLATE N et al., 2004), hipoteticamente um aumento
na refletividade dos tecidos afetados em decorrência das lulas inflamatórias
que migram para esse local, aumentando a concentração de pontos com alta
refletividade. Além disso, um aumento de espessura do tecido, devido ao
acúmulo de líquido extracelular, podendo a OCT 3 localizar o infiltrado
inflamatório e especificar a camada retiniana acometida. Dessa forma, talvez
possa trazer novas informações sobre a fisiopatologia das uveítes posteriores.
Na retina, segundo ANDRADE RE et al. (2005), o aumento da
espessura pode ser difuso, focal ou caracterizado pela formação de espaços
cistóides intercelulares, podendo ser observado nas uveítes anteriores,
posteriores, difusas, retinites, coroidites, vitreítes e vasculites. A OCT 3 ajuda,
também, no diagnóstico e monitoramento de complicações como edema
macular cistóide, membranas epirretinianas e membrana neovascular
coroideana.
Apesar dessas constatações tomográficas, não há, até a presente data,
nenhum relato na literatura mundial de um estudo padronizado que utilize a
OCT 3 como instrumento de avaliação da RCST, sendo esse o principal
objetivo deste trabalho.
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1 HISTÓRICO
A toxoplasmose é a causa mais freqüente de retinocoroidite infecciosa
em humanos (HOLLAND GN, 1999). O agente etiológico é o Toxoplasma
gondii (T.gondii), um protozoário de distribuição geográfica mundial. O parasita
foi identificado pela primeira vez por SPLENDORE A (1908) em estudo
realizado em coelhos, na cidade de São Paulo, Brasil. Ao mesmo tempo, na
Tunísia, NICOLE C & MANCEAUX L (1908) observaram organismo
semelhante em células mononucleares do baço e fígado de um roedor norte-
africano, o Ctenodactylus gondii, sendo o parasita então denominado
Leishmania gondii. No ano seguinte foi definida a denominação Toxoplasma
gondii, onde “toxo” deriva do grego “toxon”, que quer dizer arco, devido a sua
forma em lua crescente, e “gondii” do nome do hospedeiro.
JANKU J (1923) descreveu, pela primeira vez, a forma ocular da doença
na retina de uma criança com microftalmo, que faleceu devido a complicações
pela toxoplasmose congênita. Segundo ORÉFICE F e OLIVEIRA-BAHIA
(2005), no Brasil, o primeiro caso de toxoplasmose foi descrito em 1926 por
Margarino Torres, e o primeiro registro fotográfico realizado por Belfort Mattos,
em 1933.
Mas foi somente em 1937 que a toxoplasmose se tornou uma doença de
impacto na medicina, através dos trabalhos de WOLF A e COWEN D et al.
(1937) nos Estados Unidos.
WOLF A e COWEN D et al. (1937; 1939) isolaram o Toxoplasma gondii
pós-mortem no cérebro e tecidos oculares de uma criança falecida devido a
complicações pela infecção congênita. Estudos subseqüentes revelaram a
presença do Toxoplasma gondii exclusivamente na retina, com grave
inflamação da coróide subjacente. Também SABIN A E OLITISK P (1937)
fizeram a identificação do agente no referido caso.
Em 1970 FRENKEL JK et al, nos EUA, e HUTCHISON W M et al (1971),
na Escócia, descobriram que o gato era o hospedeiro definitivo do Toxoplasma
gondii. Essa importante constatação trouxe um novo enfoque aos trabalhos
epidemiológicos, proporcionando a formulação de estratégias de prevenção,
principalmente em mulheres grávidas.
Outro grande avanço na compreensão da doença ocorreu no início da
década de 40 com a introdução por SABIN A e RUCKMAN I (1942) dos testes
sorológicos. Entretanto, somente a partir de 1948 os testes de Sabin-Feldman
se tornaram disponíveis para utilização em grande escala (SABIN A e
FELDMAN HA, 1948).
Desde então, vários pesquisadores têm tentado encontrar um marcador
sorológico que identifique a presença de toxoplasmose ocular em atividade.
Em recente publicação, LYNCH MI et al (2004) estudaramm a presença
da imunoglobulina A secretora (sIgA) na lágrima e a intensidade da reação.
Analisando amostras de sangue e lágrima, os autores compararam 25
pacientes com uveíte posterior ativa, presumivelmente causada por
Toxoplasma gondii, à 50 pacientes controles. Todos os pacientes com uveíte e
os controles tinham imunoglobulina G (IgG) positiva para toxoplasmose. A sIgA
foi encontrada em 84% dos 25 casos de uveíte e em 22% dos 50 pacientes
controles. Também a intensidade da reação foi maior nos casos com uveíte em
comparação com os controles (p= 0,007), havendo uma forte associação entre
a uveíte e a sIgA lacrimal (odds-ratio 18.61; p= 0,0001). A sensibilidade do
teste utilizado foi de 84% e a especificidade de 78%. O perfil dos portadores de
doença ocular ativa apresentou: IgA sérica positiva, níveis altos de IgG e
ausência de imunoglobulina M (IgM) detectável.
Assim, esses autores concluíram que os achados sugeriam que a sIgA
encontrada na lágrima poderia se tornar um promissor indicador no diagnóstico
da toxoplasmose ocular em atividade.
Em humanos, a transmissão ocorre por meio das 3 formas do parasita:
cistos teciduais, oocistos e taquizoítos. A mais freqüente se faz através dos
cistos teciduais, encontrados na carne mal cozida ou crua.
A presença de oocisto em frutas, verduras e principalmente na água
contaminada é um fator de risco muito importante. ORÉFICE F e BAHIA-
OLIVEIRA (2005) demonstraram a presença de oocisto na água utilizada pelos
habitantes de Campos dos Goytacazes, confirmando a hipótese de
transmissão hídrica.
Essa forma de transmissão foi sugerida pela primeira por BENENSON
MW et al.,1982, após um surto de toxoplasmose adquirida em um grupo de
soldados americanos, em treinamento no Panamá, onde o único fator em
comum entre todos os soldados doentes foi o fato de terem ingerido água de
um mesmo riacho.
BOWIE WR et al., 1997, relataram um surto de toxoplasmose em
Greater Victoria, British Columbia (Canadá), onde, através de mapeamento da
área de moradia dos pacientes acometidos e do sistema de distribuição de
água, concluíram que um reservatório de água era o fator responsável pela
contaminação.
A terceira forma de transmissão ocorre em mulheres contaminadas que
podem transmitir taquizoítos para o feto, com graves complicações sistêmicas
e oculares, principalmente no primeiro trimestre da gravidez, possivelmente
pelo aumento da vascularidade da placenta neste momento (HOLLAND GN et
al., 1996).
Outros veículos menos comuns de disseminação do T.gondii também
foram sugeridos, como moscas, formigas, baratas, minhocas, ovos de galinha
não cozidos, leite ou saliva contaminados, inalação de taquizoítos por
lambedura ou perdigotos, deposição de taquizoítos na mucosa vaginal junto
com esperma, acidente laboratorial e através de transplante de órgãos
(ORÉFICE F e BAHIA-OLIVEIRA, 2005).
Assim sendo, a toxoplasmose, apesar de ser reconhecida como uma
doença desde 1908, ainda apresenta muitos desafios.
2.2 RETINOCOROIDITE SUPOSTAMENTE CAUSADA PELO
TOXOPLASMA GONDII (RCST)
2.2.1 EPIDEMIOLOGIA
Reconhecida como uma das principais causas de uveíte em várias
partes do mundo, a toxoplasmose tem uma prevalência que varia de região
para região, influenciada pela idade, por fatores climáticos, fatores higiênicos e
hábitos alimentares.
Nos Estados Unidos considera-se que de 30 a 50% dos pacientes com
uveíte posterior tenham a toxoplasmose ocular como diagnóstico (HOLLAND
GN et al. (1996); e na França é a principal etiologia de retinocoroidite, com
CHAKROUN M (1990) demonstrando uma soropositividade em torno de 50 a
80% na população adulta, enquanto na Holanda as cifras são de 23%
KIJLSTRA A (1961).
No Brasil, GLASNER PD, SILVEIRA C et al. (1992) estudaram 1.042
indivíduos moradores da área rural de Erechim, região nordeste do Rio Grande
do Sul, encontrando 184 (17,7%) portadores de toxoplasmose ocular com
99,5% de sorologia positiva (IgG), contrastando com o grupo controle, onde
dos 181 indivíduos, somente 140 (77,4%) tinham a doença ocular. Nesse
mesmo estudo, a prevalência da toxoplasmose ocular foi de 21%, aumentando
proporcionalmente com a idade: 0,9% em pacientes com 1 a 8 anos; 4,3% com
9 a 12 anos; 14,3% com 13 a 16 anos e 21,3% em maiores de 13 anos.
SILVEIRA C et al. (2001) continuaram por 7 anos acompanhando os
pacientes do citado trabalho acima, e observaram que dos 109 soronegativos,
21 (19,3%) se tornaram soropositivos, e desses, 2 (9,5%) desenvolveram
toxoplasmose ocular. Essa soroconversão foi mais comum nos indivíduos
menores de 17 anos (34,8%).
Nos aspectos sorológicos, parasitários e epidemiológicos, GIRALDI N et
al. (2002) avaliando 434 estudantes moradores de Rolândia (PR-BR), 276 da
área urbana e 158 da área rural, notaram que não havia diferença estatística
de soropositividade entre os grupos. Os estudantes da área urbana tiveram
42% de soropositividade enquanto os da área rural 43%. A explicação do autor
para tal achado encontra justificativa na origem comum da população, apesar
de habitarem áreas distintas da cidade. Outros fatores como hábito alimentar,
contato com animais domésticos e uso de água filtrada não influenciaram os
aspectos sorológicos, mesmo resultado do trabalho de GARCIA CCA et al.
(2004).
Em outro estudo realizado em Campos dos Goitacazes, norte do estado
do Rio de Janeiro, BAHIA-OLIVEIRA LMG et al. (2003) demonstraram em
1.436 indivíduos submetidos a teste sorológico para toxoplasmose uma
prevalência de 84% na população de baixo nível socioeconômico, e de 62% e
23% na população de médio e alto nível socioeconômico, respectivamente.
GARCIA CCA et al. (2004), avaliando a prevalência da toxoplasmose
sistêmica e a ocular na cidade de Natal (RN-BR), demonstraram que em 1.024
indivíduos a soropositividade encontrada para IgG foi de 46%, e para a IgM, de
1,4%. Essa prevalência, apesar de alta, foi menor que a encontrada nas
regiões Sul e Sudeste do Brasil. Também notaram um aumento da incidência
com a idade: 36,5% em indivíduos de 5 a 10 anos e 48,4% em indivíduos
maiores de 21 anos. A presença de lesão ocular foi evidenciada em 1,5%,
sendo a maioria na população de baixa renda.
Os autores GARCIA CCA et al (2004) e BAHIA-OLIVEIRA LMG et al
(2003) concordam que a prevalência da doença está diretamente relacionada
com o nível socioeconômico da população, ou seja, quanto menor o nível
socioeconômico maior a prevalência. Além disso, BAHIA-OLIVEIRA LMG et al.
(2003), após análises multivariadas, comprovaram também que o hábito de
beber água não filtrada aumentava o risco de soropositividade.
Os estudos epidemiológicos são de grande importância para identificar a
prevalência, bem como para avaliar as populações em maior risco de
contaminação e os fatores de transmissão, para que assim se possa
desenvolver estratégias de prevenção e tratamento da toxoplasmose ocular.
2.2.2 FORMA CONGÊNITA E FORMA ADQUIRIDA
A toxoplasmose ocular se apresenta sob a forma congênita ou adquirida.
A congênita pode ser subdividida em dois tipos: neonatal, quando a lesão está
presente ao nascimento; e a de aparição tardia, que ocorre em qualquer época
da vida, com preferência pela segunda e terceira décadas.
A RCST é a mais comum manifestação da toxoplasmose ocular
congênita, ocorrendo em 70 a 90% de todos os recém-nascidos acometidos.
Além disso, acometimento ocular pode ser a única manifestação da doença
sistêmica em 10% dos casos (HOLLAND GN et al., 1996)
METS MBL et al (1996) acompanharam 76 recém-nascidos com
toxoplasmose congênita tratados com sulfadiazina e pirimetamina no primeiro
ano de vida e 18 crianças sem tratamento específico nessa faixa etária. A
cicatriz retinocoroidiana foi o achado mais comum em todos os pacientes,
sendo mais freqüente na periferia: 58% dos tratados e 82% dos não tratados. A
cicatriz macular foi encontrada em 54% dos pacientes tratados, e em 41% dos
casos afetava ambos os olhos. nos não tratados, a incidência de cicatriz
macular foi de 76% dos casos, sendo nestes 23% bilateral. Quanto à acuidade
visual nos pacientes com cicatriz macular, ela variou entre 20/20 e 20/400.
A baixa de visão foi atribuída, além da própria localização da lesão na
mácula à tração macular secundária à cicatriz periférica, ao descolamento de
retina, à atrofia óptica, catarata, ambliopia e atrofia do bulbo ocular. A
recorrência aconteceu em 13% dos pacientes tratados e 44% dos não tratados.
Os autores acreditam que estudos adicionais nesta área são necessários para
que se possa alcançar uma conclusão mais precisa (METS MBL et al, 1996).
No Hospital da Cruz Vermelha de Lion, França, WALLON M et al (2004)
monitoraram 327 crianças por mais de 14 anos, em estudo retrospectivo de
coorte, acompanhando a evolução clínica da lesão ocular, além acuidade visual
final.
A maioria das mães identificadas no pré-natal como portadoras de
toxoplasmose foi tratada com espiramicina, pirimetamina e sulfadiazina. No
entanto, 52 não o foram, porque o diagnóstico somente foi feito por ocasião do
parto, sendo que 38% das crianças receberam tratamento ainda intra-útero e
72% após o nascimento. Os recém-nascidos sob suspeita ou com confirmação
do diagnóstico de toxoplasmose congênita foram submetidos a tratamento por
3 semanas com pirimetamina associada a sulfadiazina e ácido fólico, com
controle hematólogico semanal. Espiramicina foi administrada aos recém-
nascidos até alcançarem 5kg de peso, quando então se utilizou por 12 meses o
Fansida, uma associação de pirimetamina e sulfadoxine, mantendo-se o
ácido folínico e o controle hematológico mensal.
Durante o acompanhamento médio de 6 anos, observou-se que 79%
das crianças desenvolveram lesão retiniana. Além disso, em 23 casos (29%) foi
possível diagnosticar uma nova lesão após 10 anos da detecção da primeira
lesão ativa assim distribuídas: reativação de lesão preexistente (1 caso); nova
lesão em local previamente saudável (19 casos); e ambas as manifestações (3
casos). Entre as 66 crianças em que havia dados referentes à acuidade visual,
64% delas não apresentaram qualquer défict de visão. Das restantes, 36%,
nenhuma apresentou baixa acuidade visual bilateralmente, apesar da lesão em
30% delas ser em ambos os olhos. Em apenas 9 casos (11%) que receberam
diagnóstico de retinocoroidite durante o primeiro mês de vida, o diagnóstico foi
feito após o primeiro ano de vida.
O tratamento do recém-nascido portador de toxoplasmose congênita,
com ou sem lesão retiniana, apesar de não fazer parte da rotina dos
ambulatórios pediátricos e oftalmológicos no nosso meio, já é reconhecido
(WALLON M et al., 2004), na literatura internacional, como uma forma de
diminuir a gravidade da infecção e o risco de aparecimento da lesão ocular.
PERKINS (1973) afirmou que a maioria dos casos de retinocoroidite por
toxoplasmose na Grã-Bretanha seria resultante de infecção congênita. Com o
passar de décadas e através das evidências clínicas e epidemiológicas, essa
afirmação foi revalidada e o papel da toxoplasmose adquirida na patogênese
da doença recebeu nova atenção.
A toxoplasmose adquirida pode ser subdividida em: concomitante,
quando ocorre junto com a doença sistêmica; tardia, quando um intervalo
variável de tempo entre a doença sistêmica e ocular (ORÉFICE F e BAHIA-
OLIVEIRA, 2005). Este hiato entre a infeão sistêmica e os sintomas oculares
faz com que o diagnóstico diferencial, clínico e laboratorial, entre toxoplasmose
congênita de aparecimento tardio e a toxoplasmose adquirida tardia torne-se
um desafio.
A toxoplasmose adquirida apresenta-se, na maioria das vezes, com
características subclínicas, sendo responsável por 70% dos casos. Os
sintomas ocorrem em apenas 30% dos pacientes e são muito variados. As
principais formas são a ganglionar, pulmonar, doença neurológica e ocular
(ORÉFICE F e BAHIA-OLIVEIRA 2005).
Em pacientes imunocompetentes a infecção por Toxoplasma gondii
pode causar uma linfoadenopatia, verdadeira ndrome autolimitada
caracterizada por linfoadenopatia cervical, febre, mal-estar geral e faringite. A
retinocoroidite nesses casos pode ocorrer em 1% a 21% dos pacientes
(HOLLAND GN et al., 1996; GLASNER PD e SILVEIRA C et al., 1992).
2.2.3 APRESENTAÇÃO CLÍNICA CLÁSSICA
A toxoplasmose é primariamente uma infeão dos tecidos retinianos. A
forma clássica é caracterizada por retinite focal branca com inflamação vítrea,
freqüentemente acompanhada por uma cicatriz de retinocoroidite próxima à
retinite em atividade (padrão ouro). Na maioria dos casos, essa forma clássica
envolve todas as camadas retinianas, podendo às vezes, no entanto, ficar
confinada somente às camadas internas ou externas da retina (HOVAKIMYAN
A e CUNNINGHAN ET Jr, 2002).
A coróide é envolvida secundariamente, não sendo a lesão primária, e a
inflamação vítrea pode ser leve, moderada ou grave.
Também a iridociclite, secundária, pode estar presente, granulomatosa
ou não granulomatosa, acompanhada de reação inflamatória de câmara
anterior com presença de lulas e “flare”, precipitados ceráticos tipo mutton-
fat, formação de rede de fibrina no endotélio corneano, nódulos de Koeppe e,
mais raramente, nódulos de Bussaca (ORÉFICE F e BAHIA-OLIVEIRA, 2005).
Na forma clássica, o processo cicatricial segue um curso benigno e
autolimitado, com a cicatrização ocorrendo de maneira centrípeta.
Progressivamente observa-se que as margens da lesão vão ficando mais
nítidas, com o exsudato e a vitreíte diminuindo, até que reste uma zona central
amorfa, elevada, de cor cinza ou marrom. Depois de um período variável de
tempo sobrevem a pigmentação da cicatriz, sobretudo nas margens da lesão.
O tempo de cicatrização é variável e depende da cepa do parasita, do estado
imunológico do hospedeiro, do tamanho da lesão e do tratamento instituído
(ORÉFICE F e BAHIA-OLIVEIRA, 2005).
A recorrência é comum, tanto na forma congênita como na adquirida, e
tipicamente começa nas margens de uma cicatriz de retinocoroidite, sendo
denominada lesão satélite. Em alguns pacientes, no entanto, ela também pode
se apresentar como lesão primária, desenvolvendo-se longe da cicatriz
preexistente ou sem a presença desta.
2.2.4 FORMAS ATÍPICAS
Apresentações clínicas atípicas da toxoplasmose ocular muitas vezes
dificultam o diagnóstico e, por conseqüência, o início do tratamento, apesar de
algumas estarem bem caracterizadas como a retinite punctata externa, a
neuroretinite, a neurite e forma pseudomúltipla (ORÉFICE F e BAHIA-
OLIVEIRA 2005).
Em 1968, GASS JDM (1968) descreveu um forma atípica de
toxoplasmose onde as camadas da retina externa haviam sido acometidas,
causando um descolamento seroso da mácula.
FRIEDMANN CT e KNOXs DL (1969) apresentaram vários casos da
doença caracterizados por múltiplas e pequenas lesões acinzentadas onde as
camadas da retina externa estavam primariamente acometidas, com leve
reação vítrea, denominada punctata externa.
ORÉFICE F e BAHIA-OLIVIERA (2005) acrescentaram que, além das
alterações retinianas, pode-se observar um acometimento grave do nervo
óptico, com palidez intensa, que algumas vezes seria o responsável pela baixa
de visão encontrada nesses pacientes.
DOFT BH e GASS JDM (1985) apresentaram três casos de punctata
externa onde todos pacientes obtiveram boa acuidade visual ao final do
tratamento. Destes, dois tinham lesões ativas que evoluíram para formar uma
cicatriz granular branca e lesão satélite típica. Os autores chamam atenção
para o fato de que como o tratamento se mostrou bastante efetivo, seria
importante assim que o diagnóstico fosse o mais precoce possível.
MATTHEWS JD e WEITWE JJ (1988) apresentaram cinco casos de
punctata externa, todos com sorologia positiva para toxoplasmose, onde, como
diagnóstico diferencial, foi aventado a coroidite multifocal, a epiteliopatia
pigmentar placóide multifocal aguda, a coroidopatia serpinginosa, a
neuroretinite subaguda unilateral difusa, a retinocoroidite de Birdshot e a
sarcoidose. Além disso, em pacientes imunossuprimidos, deve-se pensar ainda
em retinite por Candida albicans e em coroidose multifocal séptica.
Esses mesmos autores questionam se a punctata externa realmente
existe ou se ela é um estágio inicial da retinite recorrente aguda, que, por afetar
preferencialmente a região macular, causando baixa de visão, é diagnosticada
precocemente e, portanto, tratada antes de evoluir para a forma clássica. Por
outro lado eles acreditam que por não haver lesões múltiplas, isso falaria a
favor de uma real apresentação da toxoplasmose ocular.
Apesar desses questionamentos, MATTHEWS JD e WEITWE JJ (1988)
concordam com DOFT BH e GASS JDM (1985) que o excelente resultado
quanto à visão final mostra que o tratamento é realmente efetivo.
A neuroretinite é uma síndrome clínica que ocorre principalmente em
adultos jovens, tendo como características clínicas o edema do nervo óptico, o
descolamento seroso da mácula ou do feixe papilo-macular, e os exsudatos
duros na cula, estes distribuídos em forma de estrela. Outros achados
incluem história recente de doença viral, dor retrobulbar, defeito pupilar
aferente e células vítreas (GASS JDM, 1977).
Esta forma era antigamente conhecida como coroidite de Jensen e
atribuida à tuberculose. Característicamente consiste em lesões ativas
localizadas na região justadiscal, que levam ao comprometimento retiniano de
do nervo óptico de maneira agressiva causando um defeito de campo visual
que se estende da mancha cega para a periferia, em forma de crescente sendo
necessário iniciar tratamento o mais rápido possível. (ORÉFICE F e BAHIA-
OLIVEIRA 2005).
A doença da arranhadura do gato, também, tem como manifestação
mais comum a neuretinite sendo responsável por diminuição da acuidade
visual uni ou bilateral, variando de 20/25 a percepção luminosa, caracterizada
por edema do disco óptico, descolamento seroso da mácula e formação
estrelar macular. (CURI ALL et al., 2005).
ROACH ES et al. (1985) descreveram o caso de um paciente de 13
anos, que apresentou baixa acuidade visual súbita unilateral acompanhada de
febre, defeito pupilar aferente, edema do nervo óptico e mácula com presença
de estrela macular, e que por apresentar sorologia positiva para toxoplasmose
(IgG e IgM) foi diagnosticado como toxoplasmose adquirida.
FISHER RH et al. (1993) descreveram cinco casos de jovens (média de
idade de 22,4 anos) com quadro clínico de baixa acuidade visual unilateral e
evidência sorológica de exposição ao Toxoplasma gondii, que apresentavam
edema do nervo óptico, inflamação vítrea, estrela macular em formação sem
sinais de retinocoroidite em atividade. Outros achados foram: defeito pupilar
aferente em 80% dos pacientes, reação de câmara anterior em 60%, e cicatriz
de retinocoroidite periférica em 40%. Desses cinco pacientes, quatro
receberam tratamento com antibióticos e corticosteroide oral, e três evoluíram
para visão 20/25 e um para 20/60. O paciente que não foi tratado permaneceu
com a sua visão inicial, que era de 20/60. Esse trabalho demonstra a
necessidade de investigação rigorosa dos casos de neuroretinite, tendo sempre
em mente como diagnóstico diferencial a toxoplasmose ocular.
A neurite é outra forma atípica de toxoplasmose ocular. FOLK JC e
LOBES LA (1984) apresentaram seis casos de neurite por Toxoplasma gondii
com sorologia positiva, em que cinco tiveram diagnóstico incorreto no início do
quadro. Todos eram adultos jovens, saudáveis com queixa de floaters”, visão
borrada, e eventualmente dor retrobulbar. Quatro pacientes tiveram reação de
câmara anterior moderada e inflamação vítrea intensa. A neurite foi
caracterizada como uma massa inflamatória branca localizada no nervo óptico.
Foi encontrado ainda desde o inicio defeito no campo visual correspondendo
ao local da inflamação no nervo óptico. Com ou sem tratamento, gradualmente
a inflamação cedeu entre 4 a 8 semanas, deixando boa acuidade visual final,
mas palidez moderada do disco e defeito de campo visual.
ECKERT GU E MELAMED J et al. (2006), ao estudarem o nervo óptico
de 51 olhos com toxoplasmose ocular, encontraram como forma mais comum
de acometimento o edema de nervo óptico com presença de lesão ativa
distante (43,1%), seguido pelas lesões justadiscais (35,3%) com prognóstico
visual favorável.
A forma pseudomúltipla é caracterizada pela presença de várias lesões
retinianas que aparentemente estão em atividade mas onde, na verdade, uma
única lesão está ativa, sendo os outros focos apenas de edema retiniano. Após
instituído o tratamento, as pseudolesões desaparecem sem deixar cicatriz
(ORÉFICE F e BAHIA-OLIVEIRA, 2005).
Indivíduos com toxoplasmose adquirida podem desenvolver reações
inflamatórias intra-oculares sem a presença de retinocoroidite. Os primeiros
casos foram estudados em 1995, por ORÉFICE F e BAHIA-OLIVEIRA (2005),
em um paciente imunocompetente com toxoplasmose ganglionar adquirida,
que apresentava apenas uma iridociclite granulomatosa e em outro com
toxoplasmose adquirida com vitreíte e neurite, sem retinite.
HOLLAND GN et al (1999), revendo históricos médicos de pacientes
com toxoplasmose ocular, encontraram 10 pacientes com reação inflamatória
intra-ocular associada à toxoplasmose sistêmica adquirida, sem sinais de
retinocoroidite necrotizante no primeiro exame. Todos os pacientes tiveram
evidência sorológica (IgM) ou clínica de toxoplasmose adquirida. A idade variou
de 3 a 51 anos, sendo que a inflamação, que foi unilateral em 9 pacientes,
manifestou-se por células e “haze” treo (10 pacientes), células na câmara
anterior (7 pacientes) e vasculite retiniana (7 pacientes). Retinite focal e cicatriz
retinocoroideana foram vistas em 4 dos 10 pacientes durante o
acompanhamento oftalmológico, que foi realizado durante o intervalo de tempo
de 2 semanas a 2,5 anos. A maioria dos casos evoluiu satisfatoriamente, com
boa acuidade visual final (20/20).
Os autores supõem que o desenvolvimento de uma cicatriz
retinocoroidiana tardia é sugestivo de uma reação inflamatória inicial que pode
ser atribuída à presença do parasita intra-ocular que mesmo estando na retina
não consegue produzir uma lesão retiniana necrosante, devido provavelmente
ao bloqueio pelo sistema imunológico dos pacientes.
Ainda outras formas atípicas são descritas em pacientes idosos ou
imunossuprimidos, como descrito por JOHNSON MW et al. (1997). Esses
autores apresentaram sete pacientes com idade média de 74 anos com grave
retinocoroidite por toxoplasmose, em que três foram inicialmente
diagnosticados como síndrome de necrose retiniana aguda. O diagnóstico
correto só foi confirmado pela melhora clínica após o uso de terapia com
antiparasitários (sulfadiazina, pirimetamina, clindamicina), assim como também
pela sorologia positiva pelo PCR em material intra-ocular, e pela análise
histopatológica. No entanto, houve considerável perda da visão na maioria dos
olhos, que se situaram entre 20/50 até somente percepção luminosa. Além
disso, a terapia com antiparasitários teve que ser prolongada, pois a recidiva
ocorreu em mais de 50% dos casos, assim que a terapia foi descontinuada.
Pacientes idosos o sabidamente mais suceptíveis à toxoplasmose ocular
grave devido à diminuição da imunidade e sua associação com doenças
crônicas.
NICHOLSON DH e WOLCHOK EB (1976) descreveram caso de uma
paciente de 58 anos que apresentou toxoplasmose ocular após o uso de
corticoterapia prolongada (9 a 18 meses), e que desenvolveu extensa vasculite
retiniana associada à uveíte granulomatosa anterior sem retinite.
Primeiramente a doença apareceu no olho esquerdo, seguida logo depois pelo
olho direito, em um intervalo de 6 meses. Submetida a injeções de
corticosteroide subtenoniano (80mg), não obteve melhora do quadro, que
evoluiu para cegueira. Não foi detectada cicatriz retinocoroidiana em nenhum
momento do tratamento.
No estudo histopatológico desse caso foram encontradas lesões
necrosantes focais na retina interna localizada adjacente às artérias e veias. No
entanto, não havia células inflamatórias, e sim numerosos Toxoplasma gondii
viáveis e livres, presentes na interface entre a retina necrótica e a retina
saudável.
Essas formas realmente são raras, mas em pacientes com reação
inflamatória de segmento anterior ou posterior devemos estar alertas e ter
sempre em mente a possibilidade diagnóstica de uma forma atípica de
toxoplasmose ocular, onde o diagnóstico e o tratamento precoce fazem
diferença quanto ao resultado final da visão do nosso paciente.
2.3 TOMOGRAFIA DE COERÊNCIA ÓPTICA (OCT)
2.3.1 HISTÓRICO
A OCT foi desenvolvida por David Huang e seus colegas no laboratório
de James Fujimoto no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) (HUANG
et al, 1991). Na época, o laboratório de James Fujimoto se especializara em
lasers que emitem impulsos de dez femtosecond (milhões de bilionésimos de
segundos), usados para medir com grande precisão o tempo de reflexão da luz
nas estruturas dos tecidos. Por serem muito pesados e caros para uso clínico
de rotina, David Huang preferiu trabalhar com o sistema de interferometria,
usando uma fonte de luz de diodo, que era mais barata e compacta,
alcançando com esse método a mesma precisão do primeiro na medida do
tempo de reflexão da luz.
Ele acreditava que essa cnica, chamada de coerência óptica, poderia
ser a base de uma nova tecnologia de imagem, com um potencial sem
precedentes. Essa nova técnica foi denominada tomografia de coerência
óptica, por ser capaz de medir a luz refletida de tecidos biológicos e gerar
imagens em cortes seccionas, como os tomógrafos (COSTA RA et al.2006)
Os primeiros experimentos com OCT para avaliar a retina foram
realizados por David Huang e Joel Schuman. Eles levaram algumas horas para
conseguir obter uma única imagem. Foi então que James Fujimoto convidou
Eric Swanson, que trabalhava com comunicações ópticas no Laboratório
Lincoln no MIT, para melhorar a agilidade na aquisição da imagem. Com essa
assistência fundamental foi desenvolvido pela primeira vez um sistema de fibra
óptica OCT, que era rápido o bastante para testes clínicos (SWANSON EA et
al., 1993).
Os primeiros testes clínicos foram conduzidos pelo grupo de Carmen
Puliafito, que trabalhava na Massachusetts Eye and Ear Infirmary, Harvard
Medical School. Os resultados encorajadores levaram à comercialização da
tecnologia em meados dos anos 90 por Humphrey Instruments, Inc (COSTA
RA et al.2006).
O último sistema OCT Zeiss Stratus (OCT de terceira geração ou OCT
3), agora é usado por oftalmologistas em todo o mundo, para o
acompanhamento de doenças maculares e também do glaucoma.
2.3.2 PRINCÍPIOS FÍSICOS BÁSICOS
A lâmpada de fenda tem sido usada por vários anos como o principal
instrumento para avaliação estrutural da retina in vivo. Muitas outras técnicas
de imagem foram desenvolvidas para examinar a morfologia da retina, como
por exemplo o oftalmoscópio confocal de escaneamento a laser (confocal
scanning laser ophthalmoscope - cSLO), que forma imagens da retina através
da coleta seqüencial das reflexões de volumes retinianos bem definidos lateral
e longitudinalmente. Entretanto, a resolução longitudinal de um cSLO é limitada
a aproximadamente 300 microns (~300 µm), devido à abertura numérica
disponível através da pupila e das anomalias oculares (BARTSCH DU e
FREEMAN WR 1994). Medidas seccionais da retina também podem ser
alcançadas no cenário clínico pelo analisador de espessura retiniana (retinal
thickness analyzer - RTA). O RTA emprega o princípio da triangulação óptica
para fornecer uma medida direta da espessura retiniana, com precisão
estimada de 20-30 µm (ZEIMER R et al., 1989). O instrumento projeta uma
fenda estreita usando um laser de 543 nm He-Ne (laser de Hélio-Neon) sobre a
retina e calcula a distância entre as reflexões, que correspondem às interfaces
vitreorretinianas e coriorretinianas. Ainda que avanços recentes nessa
instrumentação tenham permitido gerar um mapa da espessura retiniana
(ZEIMER R et al., 1996), a informação é restrita à região macular de 2 x 2 mm
com análise qualitativa limitada.
A OCT também se baseia na imagem da luz refletida. Mas difere de uma
simples imagem de câmera, por analisar, além das dimensões transversas
(esquerda/direita, para cima/para baixo), a profundidade. A resolução de
profundidade da OCT é extremamente delicada, basicamente na ordem de
0.01mm ou 0.4 milésimos de polega. Isso fornece cortes seccionais das
estruturas internas de tecido, semelhante a um corte histológico. Por isso a
OCT foi descrita inicialmente como um método não invasivo de biópsia de
tecido.
Todos os sistemas OCT clínicos e comerciais disponíveis, até esta data,
empregam fontes de luz Laser Diodo Superluminescente (SLD). Os SLDs o
similares aos lasers de diodo do aparelho de CD comum (Compact Disc), mas
são feitos para emitir sobre um amplo alcance de comprimento de ondas. Os
SLDs são econômicos, compactos, de longa duração e emitem feixes de luz de
alta qualidade que se acoplam eficientemente à fibra óptica. A resolução clínica
do OCT é, basicamente, limitada pelo estado da tecnologia SLD. Sistemas
OCT retinianos primitivos, empregavam SLDs que proporcionavam uma
resolução de aproximadamente 15 m no ar e 11 m no tecido. O sistema OCT
Stratus ( OCT 3, Carl Zeiss Meditec, Inc., Dublin, CA, EUA) tem 9-10 m de
resolução em tecido.
Na OCT 3, um feixe de luz de comprimento de onda de 800-1400 nm,
próximo ao infravermelho é escaneado através da amostra de tecido. O
sistema OCT então coleta a luz refletida e mede o atraso do tempo de reflexão.
A luz refletida de camadas mais profundas tem atrasos de propagação mais
longos do que as refletidas de camadas mais superficiais (Fig. 1). A amplitude
da luz refletida pode ser representada graficamente para demonstrar a
refletividade do tecido. Isso é chamado de eixo do scan (A-scan). Enquanto o
feixe da sonda é escaneado sobre a amostra, muitos A-scans o adquiridos
para formar uma imagem. Uma escala cinza ou colorida é usada para
representar o sinal de amplitude (COSTA RA et al. 2006).
Fig. 1 Feixe de luz da OCT refletida sobre a retina (1). A luz refletida da camada mais superficial(2)
tem atraso de propagação mais curto do que as refletidas de camadas profundas(3).Cortesia
(COSTA RA et al., 2006)
O ultra-som, como a OCT, usa também o método de reflexão de
imagem, porém o comprimento da onda de luz (~0.001 mm) é menor do que a
do ultra-som (~0.1 mm), proporciona à OCT uma resolução mais alta. Outra
diferença é que a OCT não requer o contato da sonda ou com o tecido ou com
o fluído de imersão, já que a luz passa facilmente através da interface ar/tecido.
Como a luz se propaga muito rápido (3 x 10
8
m/s), o é possível medir
diretamente o atraso da luz em uma escala espacial pequena. A resolução em
escala micrométrica da OCT é alcançada comparando-se as reflexões das
amostras com uma referência em reflexão conhecida pelo interferômetro. O
sistema OCT clássico emprega o Interferômetro de Michelson, (HUANG D et al,
1991) que mede o efeito da combinação de duas ondas de luzes, usando uma
fibra óptica e um sistema com extensa gama de comprimentos de ondas.
O interferômetro (Fig. 2) é formado por: fonte, amostra, referência e
detectores, todos centrados e acoplados a uma fibra de 50/50. Da saída da
fonte de luz do SLD, o laser é lançado através da fibra óptica e dividido pelo
acoplador em dois feixes, um de medida, direcionado à amostra e, outro, de
referência. O de reflexão da amostra e o de referência são recombinados no
acoplador e produzem um sinal. Esse sinal interferométrico é convertido de luz
para corrente elétrica por um fotodetector, processado eletronicamente e
transferido para a memória do computador (COSTA RA et al. 2006).
Fig. 2 Esquema clássico do sistema OCT.
Cortesia (COSTA RA et al., 2006)
Quando o sistema OCT é usado para refletir uma amostra de tecido real,
existem muitas reflexões com profundidades diferentes. Enquanto o espelho de
referência é escaneado, cada reflexão de amostra origem a um pulso
notável combinado à reflexão da referência. O esquema do sinal
interferométrico decodificado é o A-scan, o qual representa amplitude de
reflexão versus profundidade (COSTA RA et al.).
As características microestruturais da retina são determinadas medindo-
se o tempo que a luz leva para refletir nas diversas estruturas, enquanto as
imagens em duas dimensões são criadas através de uma seqüência de
aproximadamente 400 (128-768) A-scans adquiridos em 2,5 segundos. Cada
A-scan consta de 1.024 pontos de dados, de maneira que o Stratus OCT
integra de 131.072 a 786.432 pontos de dados para construir uma imagem do
corte seccional (MESQUITA JRS et al., 2006).
2.3.3 TÉCNICA DE EXAME
O Stratus OCT é composto por duas partes (Fig 3):
Fig. 3 Aparelho Stratus OCT(1). Camadas retinianas da mácula. CFN = camada de fibras nervosas,
EPR = epitélio pigmentar da retina(2).Escala de cores usada pela OCT(3).Cortesia (ANDRADE RE et al.
2005)
Módulo: contém uma fonte de diodo superluminescente (820nm)
acoplada a um interferômetro de Michaelson gerando luz de baixa coerência
(175µW), que irá incidir sobre a retina. Teoricamente não é afetado por
aberrações ópticas ou pelo diâmetro limitado da pupila.
Computador: responsável pelo controle e aquisição dos dados. O
software do Stratus OCT apresenta uma variedade de tipos de protocolo, para
aquisição das imagens do tecido retiniano e do nervo óptico; fornecendo uma
visão em tempo real da varredura do fundo do olho (imagem em vídeo) e a
imagem tomográfica que está sendo gerada.
O exame com o Stratus OCT pode ser realizado sem dilatação da
pupila, contudo o alinhamento óptico será menos objetivo devido à variação da
abertura pupilar, e o campo de visão do examinador também estará reduzido.
Frente a essa dificuldade cnica, a maioria dos exames é realizada sob
midríase, com o paciente posicionado confortavelmente.
O módulo deve ser alinhado de forma que sua lente esteja posicionada
no eixo óptico do olho a ser examinado. O módulo é direcionado para o centro
da pupila até que a superfície da lente se encontre a aproximadamente 1 cm da
córnea. A posição dessa lente, ao longo do eixo óptico, deve ser ajustada para
otimizar o preenchimento da tela de vídeo e assegurar uma imagem bem
focada da retina.
O módulo possui um alvo de fixação interna, de cor verde e fixo no
centro, e outro menor, brilhante, não fixo e que acompanha a movimentação do
scan. O paciente deve ser orientado para manter o olhar no alvo central. A
tomografia é vista no lado esquerdo simultaneamente ao vídeo (imagem da
retina) que se encontra no lado direito da tela do computador, permitindo que o
examinador melhore sua nitidez e acompanhe a fixação do olhar do paciente
usando o ajuste do foco e do sistema óptico através do Z-Offset e Polarization.
Uma vez que o módulo do Stratus OCT é fixo, não permitindo
movimentos de lateralização, outras áreas da retina mais periféricas poderão
ser avaliadas através do deslocamento do ponto de fixação do paciente. Para
mudar o ponto de fixação central temos, como alternativa, usar a luz de fixação
externa direcionada para o olho contralateral, ou desvincular o alvo de fixação
central do scan. Com isso, conseguimos modificar a posição do olhar do
paciente e colocar o scan exatamente sobre a área da retina em estudo.
O Stratus OCT oferece 19 protocolos padronizados de aquisição da
imagem da retina e do nervo óptico; estes foram elaborados a fim de destacar
as variações anatômicas e fornecer dados qualitativos e quantitativos, além de
um banco de dados normativos. A maioria dos protocolos permite um ajuste no
número de scans para 128, 256 ou 512 A-scans, exceto os denominados
rápidos (fast). Cada um desses valores indica o número de scans tipo A
gravados para construir uma imagem bidimensional. Quanto menor o número
de scans mais rápida é a aquisição da imagem.
Após o posicionamento do paciente e a escolha do protocolo, devemos
avaliar a presença de opacidades de meios. Por utilizar uma fonte óptica, a
OCT tem necessidade de meios translúcidos para que não haja atenuação ou
impedimento na reflexão da luz. Pacientes com opacidades de meios como
catarata, opacidades corneanas ou na cavidade trea podem ter seu exame
dificultado ou impossibitado (CALUCCI D et al., 2006).
No final de uma sessão, é altamente recomendado ao examinador
realizar um rastreamento manual por toda a área estudada para minimizar a
chances de se perder detalhes morfológicos adjacentes, o tamanho do scan
também pode ser aumentado passando de 6 mm de comprimento para 8mm.
Não é raro, que neste momento, novos achados, tais como adesões
vitreorretinianas anormais, sejam evidenciadas (COSTA RA et al, 2006).
2.3.4 PROCESSAMENTO DA IMAGEM
Durante o exame, as imagens tomográficas que representam a
refletividade da retina são mostradas, bidimensionalmente, em tempo real e em
uma falsa escala de cores. As tomografias são processadas digitalmente, após
a aquisição, para compensar os artefatos decorrentes da movimentação
involuntária dos olhos e do fluxo sangüíneo (CALLUCI et al. 2006).
2.3.5 PROTOCOLOS DE AQUISIÇÃO DAS IMAGENS
1. Radial lines: é formado por 6 scans lineares de 6mm de
comprimento, orientados com 30 graus de intervalo centrados na região foveal.
Tem como objetivo medir a espessura retiniana e estudar a sua morfologia
(Fig. 4).
Fig. 4 Protocolo de aquisição Radial lines.Fonte: autora da tese.
O comprimento do scan pode ser alterado conforme o interesse do
examinador, aumentando de 6mm para 8 ou 10mm.
2. Repeat: permite a repetição de qualquer corte realizado
anteriormente, utilizando os mesmos parâmetros: tamanho, ângulo e posição
dos cortes, posição do ponto de fixação e do ponto de referência para
reprodutibilidade dos cortes. Este protocolo permite avaliar as mudanças e
monitorar as alterações retinianas, sendo indicado para seguimento evolucional
(GUIA T et al., 2006)
2.3.6 INTERPRETAÇÃO DA IMAGEM TOMOGRÁFICA
Histologicamente a retina pode ser dividida em 10 distintos estratos,
incluindo quatro estratos nucleares e dois estratos de conexão interneuronal.
Vário desses estratos podem ser identificadas pela OCT, e comprovadas
através de estudos comparativos entre as imagens da OCT e cortes
histológicos (TOTH CA et al., 1997; DREXTER W et al., 2003).
A retina neurossensorial, também denominada retina interna é composta
de nove estratos: a primeira em contato com o corpo vítreo é chamada de
estrato limitante interno (ELI) seguida pelo estrato das neurofibras (ENF),
estrato ganglionar (EG), estrato plexiforme interno (EPI), estrato nuclear interno
(ENI), estrato plexiforme externo (EPE), estrato nuclear externo (ENE), estrato
limitante externo (ELE), e junção do segmento interno/externo dos
fotorreceptores (ABIB F.C e ORÉFICE F, 2005).
O EFN é o que apresenta maior refletividade entre todas as camadas da
retina neurossensorial, aparecendo em vermelho na escala de cor da OCT 3.
Ele aumenta de espessura em direção ao nervo óptico.
As outras camadas que apresentam de alta à moderada refletividade
são os EPI e EPE. As três (EFN, EPI e EPE) apresentam em comum a
disposição horizontal dos seus elementos e a convergência para uma única
camada, também de alta refletividade, na fóvea (TOTH CA et al., 1997).
Em contraste, os estratos nucleares m baixa refletividade e aparecem
em azul-escuro. O estrato ganglionar também tem baixa refletividade,
apresentando um aumento de espessura na região parafoveal.
A posição oblíqua dos axônios dos fotorreceptores é, às vezes,
considerada uma camada separada da EPE, sendo denominada camada de
fibras de Henle.
O ELE pode, algumas vezes, ser identificado como uma fina camada
posterior à ENE e anterior à junção interna/externa dos fotorreceptores. Esse
estrato é formado por um alinhamento de estruturas entre os fotorreceptores e
as células de Muller (DREXLER W et al., 2003).
A camada externa da retina é formada pelo estrato pigmentoso da retina
(EPR) que, por conter melanina no seu interior, tem alta refletividade. A face
basal da célula do EPR é composta por uma membrana que corresponde à
camada interna da membrana de Bruch. Ela tem apenas de dois a cinco µm de
espessura não podendo ser identificada como uma estrutura independente,
exceto em pacientes com atrofia de EPR ou degeneração macular relacionada
à idade (RAMRATTAN RS et al., 1994).
A proximidade do EPR com a coriocapilar e a coróide forma uma
espessa camada hiper-refletiva. Essa camada foi material de estudo desde as
imagens iniciais obtidas pela OCT de primeira geração, sendo denominado
complexo EPR-coriocapilar/Coróide (EPR-cc/C) hiper-refletivo. Em 1998,
HUANG Y et al., baseados em um estudo da OCT em galinhas normais e com
degeneração retiniana (dr), com correlação histológica e patológica, sugeriram
que o complexo externo mais hiper-refletivo talvez correspondesse à junção
dos segmentos internos/externos dos fotorreceptores. Eles demonstraram que,
nas galinhas dr mais gravemente afetadas, nas quais faltava a camada de
fotorreceptorres, a espessura total do complexo externo hiper-refletivo foi
reduzida, sugerindo a falta da junção dos segmentos interno/externo dos
fotorreceptores. Dados de suporte à hipótese de Huang ocorreram tão logo a
terceira geração da OCT se tornou disponível para estudos clínicos (DREXLER
W et al., 2003; JORGE R et al., 2004; COSTA RA et al., 2004). A camada com
alta refletividade vista pelas primeiras gerações OCT foi então identificada
como duas camadas paralelas, altamente refletivas (vermelha/branca)
separadas uma da outra por uma fina camada de refletividade moderada
(verde/amarela) no limite posterior da retina. A mais interna, denominada
camada de alta refletividade interna (CARI), corresponde à junção entre os
segmentos internos/externos dos fotorreceptores, assumindo uma configuração
em forma de arco no centro da mácula, compatível com o conhecido aumento
no comprimento dos segmentos externos dos cones na fóvea. A segunda
camada é denominada camada de alta refletividade externa (CARE), a qual
parece ser aproximadamente duas vezes mais espessa do que a primeira, e foi
descrita como o equivalente ao complexo EPR-coriocapilar hiper-refletivo, visto
nas primeiras gerações OCT.
A estrutura vascular da coriocapilar e da coróide tem alta refletividade e
produz um efeito de sombreamento óptico posterior que limita a obtenção de
imagens pela OCT.
Os vasos sangüíneos retinianos podem ser identificados pelo aumento
da refletividade e pelo sombreamento óptico posterior.
2.3.7 OCT 3 NA RCST
A constatação de alterações morfológicas, pela OCT, em pacientes com
doenças inflamatórias retinocoroidiana, fez com que VILLATE N et al 2004
sugerissem que o aumento na refletividade dos tecidos retinianos afetados
decorresse da migração das células inflamatórias, aumentando a concentração
de pontos de alta refletividade nessa área. Outra característica observada foi o
aumento da espessura retiniana devido ao acúmulo de líquido extracelular.
Esse aumento de espessura associado a hiper-refletividade inflamatória,
diminui a refletividade das camadas mais profundas, levando a um
sombreamento óptico posterior. O autor acredita que a OCT é capaz de
localizar o infiltrado inflamatório, e especificar a camada retiniana acometida e
assim trazer novas informações sobre a fisiopatologia das uveítes posteriores.
LIEB DF et al. 2004 apresentaram um caso de retinite adquirida causada
por Toxoplasma gondii justa foveal, onde a OCT 3 demonstrou presença de
moderado espessamento da retina e do EPR com líquido sub-retiniano
adjacente. A fóvea espessada media 16m. O diagnóstico foi considerado
como maculopatia idiopática aguda, porém, os resultados laboratoriais
apresentaram IgM e IgG positiva para toxoplasmose, sendo, então, iniciado o
tratamento específico e, com isso, foi alcançado a resolução do quadro.
ORÉFICE F e BAHIA-OLIVEIRA (2005) afirmaram que além ter eficácia
comprovada no diagnóstido de lesões de RCST, a OCT 3 é útil na detecção e
no acompanhamento de complicações como membrana epirretiniana, tração
vitreorretiniana, edema macular cistóide e membrana neovascular coroideana.
ANDRADE RE et al. 2006 relatam que as lesões ativas da RCST, pela
OCT 3, apresentam uma intensa refletividade localizada, geralmente na porção
superficial da retina neurossensorial , devido à predileção do tecido neural pelo
Toxoplasma gondii. A região acometida é caracterizada por espessamento
tecidual, em razão do acúmulo de líquido extracelular, que pode gerar aumento
difuso, focal ou cistóide da espessura retiniana. nas lesões cicatrizadas de
RCST, observa-se afinamento e perda total da arquitetura da retina
neurosensorial, com aumento da refletividade no nível do complexo
EPR/coriocapilar correspondendo a hiperpigmentação epitelial. As lesões
crônicas podem progredir para atrofia e fibrose, aparencendo na OCT 3 como
altamente refletivas com sombreamento óptico posterior (fibrose), e áreas de
afinamento com maior penetração do feixe de luz (atrofia).
GUAGNINI AP et al. 2006 acompanharam uma paciente com quadro de
reativação de uma antiga cicatriz de RCST no quadrante superior nasal, que
apresentava acuidade visual de 20/50, com moderada inflamação no segmento
anterior. Foi instituído tratamento com sulfadiazina, pirimetamina e injeção de
betametazona subconjuntival. Entretanto, apesar da lesão ter iniciado o
processo de cicatrização, a acuidade visual piorou passando para 20/60, após
1 mês de tratamento. O exame fundoscópico, nesse momento, apresentava
múltiplos depósitos esverdeados de 100 µm a 150 µm sobre as veias e artérias
e na interface vitreorretiniana da mácula. Esses depósitos bloqueavam a
fluorescência da angiografia, sendo confirmados pela OCT 3. Foi, então,
iniciado o uso de metilprednisolona (0.5 mg/Kg/dia) com retirada lenta durante
2 meses. A paciente apresentou melhora do quadro, com acuidade visual final
20/20 e desaparecimento dos depósitos na mácula, confirmados pela OCT 3.
Os autores concordam que a OCT 3 foi de grande ajuda no acompanhamento
das lesões.
ORÉFICE JL et al. (2006) acompanharam, através de avaliação clínica e
pela OCT 3, quatro pacientes portadores de RCST, na forma punctada externa
ativa. No primeiro exame todos os pacientes apresentavam espessamento da
membrana hialóide posterior com descolamento sobre a lesão ativa e presença
de formações irregulares hiper-refletivas. Na lesão em atividade, três dos
quatros pacientes, apresentavam diminuição da espessura retiniana com
aumento de refletividade das camadas da retina interna, e sombreamento
óptico posterior subjacente. Dois olhos apresentavam maculopatia tracional.
Durante as 24 semanas de acompanhamento, todos os pacientes
apresentaram expansão do descolamento da hialóide posterior, formações
epirretiniana hiper-refletivas, aumento de refletividade da superfície da retina
interna e desorganização completa das camadas retinianas com aumento da
refletividade da cc/C. Nos dois olhos com maculopatia tracional, um evoluiu
com completa separação vitreofoveal e o outro apresentou melhora parcial do
quadro. Os autores afirmam que, apesar do pequeno número de casos, os
achados da OCT 3 sugerem que esse método propedêutico mostrou-se
eficiente na identificação de alterações morfológicas não evidenciadas
clinicamente, as quais podem ajudar no esclarecimento sobre a fisiopatologia
das RCST.
3.OBJETIVOS
1- Identificar alterações morfológicas vitreorretiniana, por meio da OCT
3, que caracterizem as lesões ativas de RCST na forma punctata externa.
2- Identificar alterações morfológicas vitreorretiniana, por meio da OCT
3, que caracterizem as lesões ativas de RCST na forma focal.
3- Identificar alterações morfológicas vitreorretiniana, por meio da OCT
3, que caracterizem as lesões ativas de RCST na forma satélite.
4- Identificar alterações morfológicas vitreorretinianas, por meio da OCT
3, em comum às lesões de RCST que caracterizem o processo inflamatório em
atividade.
5- Identificar alterações morfológicas vitreorretinianas pela OCT 3 em
comum às lesões de RCST que caracterizem a ausência de atividade
inflamatória da lesão.
6- Avaliar as alterações morfológicas vitreorretiniana, por meio da OCT
3, na região macular dos pacientes com lesões ativas de RCST.
4- MATERIAL E MÉTODO
Este é um estudo prospectivo observacional. Todos os pacientes do
Serviço de Uveítes do Hospital São Geraldo (HC-UFMG) portadores de RCST
em atividade no período de julho de 2004 a junho de 2006 foram convidados a
participar deste estudo.
Os pacientes que aceitaram o convite foram então submetidos no HSG a
anamnese, medida da acuidade visual pela tabela Early Treatment Diabetic
Retinopathy Study (ETDRS), biomicroscopia, tonometria de aplanação
(GOLDMANN), oftalmoscopia binocular indireta sob midríase, biomicroscopia
do segmento posterior com lente de 78 dp e retinografia colorida. Em seguida
eram encaminhados para o Centro de Oftalmologia Avançada e submetidos a
OCT 3 ( Stratus
®
Tomographer, Model 3000, Carl Zeiss Ophthalmic Systems
Inc., Humphrey Division, Dublin, CA).
O acompanhamento foi realizado quinzenalmente, seguindo a mesma
rotina do primeiro exame. A retinografia colorida e a OCT 3 foram realizadas
em 12 (±2) semanas e 24 (±2) semanas. Alguns pacientes foram
acompanhados com maior freqüência conforme julgamento do doutorando.
O diagnóstico da forma ocular da lesão baseou-se nos aspectos
biomicroscópicos do segmento anterior (presença de células e flare) e do
segmento posterior (lesão retiniana focal, necrosante, branca exsudativa com
margens imprecisas, com ou sem cicatriz retinocoroidiana adjacente). Outros
dados analisados foram os laboratoriais e a proposta clínico-terapêutica.
Foram realizados os seguintes exames laboratoriais: hemograma com
coagulograma (semanal), VDRL, FTA/BS, e imunofluorescência para
toxoplasmose (IgG e IgM).
Todos os pacientes foram tratados seguindo o protocolo para RCST do
Serviço de Uveítes do Hospital São Geraldo (HC-UFMG): prednisolona
40mg/dia com redução semanal, sulfadiazina 1g 4 vezes/dia, pirimetamina
25mg uma vez ao dia e ácido folínico 75mg 1 vez ao dia. O tratamento foi
mantido por aproximadamente 40 dias, porém sujeito a alterações conforme
avaliação clínica.
A OCT 3 foi realizada sob midríase, com o paciente bem acomodado,
usando a fixação interna. Em cada exame foram realizadas, pelo doutorando,
duas a três sessões com intervalos de cinco minutos sendo selecionados os
scans com melhor definição. O protocolo utilizado para aquisição de imagens
foi o Radial Lines centralizado inicialmente na fóvea e depois na lesão de
retinocoroidite. No acompanhamento utilizou-se o protocolo Repeat na intenção
de manter a mesma posição dos scans anteriormente realizados em outras
avaliações, para melhor comparação.
Os pacientes foram divididos em três grupos conforme a classificação
clínica (Fig 5):
Fig. 5 Formas de apresentação clínica da RCST ativa.(A e B) Forma punctata externa. (Ce D)
Forma satélite. (E e F) Forma satélite.
Fonte: autora da tese.
1. Forma punctata externa: presença de lesão retiniana necrosante,
acinzentada, exsudativa com margens imprecisas, e sem sinais de cicatriz
retinocoroidiana adjacente (Fig. 5 A e B).
2. Forma focal: presença de lesão retiniana necrosante, branca,
exsudativa, sem sinais de cicatriz retinocoroidiana adjacente.(Fig. 5 C e D).
3. Forma satélite: presença de lesão retiniana necrosante, branca,
exsudativa, com cicatriz retinocoroidiana adjacente. (Fig. 5 E e F).
As lesões foram classificadas em relação a sua localização seguindo os
critérios de Holland GN et al., 1989 (Fig. 6):
Fig. 6. Mapa de localizão da lesão retinocoroidiana.
Fonte: HOLLAND GN et al. (1989).
Zona 1: considerada a porção da retina correspondente a
àrea de 3000µm (2 diâmetros de disco óptico) da fóvea, aproximadamente a
área entre as arcadas vasculares ou 1500µm da margem do nervo óptico.
Zona 2: estende-se anteriormente a zona 1 até o equador
clínico do olho, identificado pelas margens anteriores das veias vorticosas.
Zona 3: estende-se anteriormente a zona 2 até a ora serrata.
Dos 15 pacientes 10 foram classificados como zona 1 (66.6%), e 5
(33,4%) como zona 2.
Os critérios para exclusão basearam-se em achados biomicroscópicos,
ou seja, opacidade de meios que dificultassem a aquisição de um exame
tomográfico com boa definição e lesões que estivessem na periferia da retina
(Zona 3) impossibilitando a realização da OCT 3.
A imagem tomográfica foi considerada de qualidade quando a força do
sinal (signal strength) fosse maior que 7, dado gerado pelo próprio aparelho.
Os pacientes que aceitaram participar deste projeto receberam o termo
de consentimento previamente aceito pelo Comitê de Ética da Universidade
Federal de Minas Gerais, e, após a leitura e esclarecimento de eventuais
dúvidas, todos os pacientes assinaram o referido termo.
5 RESULTADOS
5.1 ACHADOS CLÍNICOS ANEXO A (TABELA 1)
Durante o período de julho de 2004 a junho de 2006 foram identificados
61 pacientes , destes 18 se recusaram a participar do estudo, 28 possuíam
opacidades de meios que impossibilitava a aquisição de imagens pela OCT 3,
ou a lesão encontrava-se na periferia da retina o que também impossibilitava a
realização da OCT 3. Foram selecionados quinze pacientes (15 olhos).
Desses quinze pacientes, onze (73,3%) eram do sexo masculino
(pacientes 2, 3, 4, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 15) e quatro (26,7%) do sexo feminino
(pacientes 1, 5, 6, 14). A idade variou de 12 a 51 anos com média de 25.7 e
desvio padrão de ±11.3 anos e mediana de 23 anos.
A análise sorológica evidenciou presença de IgG positiva para
toxoplasmose em todos os pacientes e IgM positiva em 2 pacientes (pacientes
8 e 11).
Dos 15 olhos estudados, 46,6%, 7 eram olhos direitos (pacientes 1, 2, 6,
8, 9, 10, 15) e, 53,4%, 8 olhos esquerdos (pacientes 3, 4, 5, 7, 11, 12, 13, 14).
A lesão foi classificada como forma punctata externa em seis pacientes
(40%) (pacientes 1, 2, 3, 4, 5, 6), forma focal em outros seis (40%) (pacientes
7, 8, 10, 11, 12), e forma satélite em três (20%) (pacientes 13, 14, 15).
O tamanho da lesão foi igual ou menor que um diâmetro de disco em
66,6% dos casos (pacientes 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 11, 13, 15).
A melhor correção visual utilizando a tabela da ETDRS na primeira
avaliação variou de 20/32 (0.2) a 20/400 (1.3), média de 0.53, com desvio
padrão de ±0.29 e mediana de 20/50
-2
.
Na avaliação biomicroscópica a presença de células na câmara anterior
variou de 0,5+/4+ a 3+/4+, apresentando em 80% dos casos uma variação
entre 1+/4+ a 2+/4+ (12 olhos) (pacientes 1, 2, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 11, 12, 13, 14). A
presença de flare na câmara anterior variou de 0 a 2+/4+ tendo em 73,3% dos
casos de 1+/4+ (11 olhos) (pacientes 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 12, 14).
Precipitados ceráticos granulomatosos estiveram presentes em 2 pacientes
(13,3%, pacientes 11 e 13).
No segmento posterior, as células vítreas foram encontradas em todos
os casos. Foram observados vasculite venosa retiniana em 26,6% dos casos (4
olhos) (pacientes 2, 7, 8, 10) e um caso de vasculite retiniana generalizada
(paciente 15).
Cicatriz retinocoroidiana antiga foi encontrada em 7 olhos (46,6%)
(pacientes 3, 4, 5, 6, 13, 14, 15) e edema macular em dois outros (pacientes 9
e 13).
Outros achados foram: formação epirretiniana focal e rotura retiniana
periférica em um olho (paciente 3), descolamento posterior de vítreo incom-
pleto (paciente 9), hemorragia intra-retiniana (paciente 10).
A melhor acuidade visual, utilizando a tabela da ETDRS, no último
controle foi de 20/20 (0.0) a 20/63 (0.5), com média de 0.12, e desvio padrão
de ±0.17 e mediana de 20/25
+2
(0.06).
No último controle, após 24 semanas (±2), todas as lesões estavam
inativas, e destas, 7 (46,6%) havia se tornado hipopigmentadas: todos os
pacientes com forma punctatas externas (6 olhos) (pacientes 1, 2, 3, 4, 5, 6) e
uma focal (paciente 7); 8 (53,4%) tornaram-se hiperpigmentadas: cinco formas
focais (pacientes 8, 9, 10, 11, 12) e todas as formas satélites (pacientes 13,
14, 15). Foi encontrada formação epirretiniana em dois casos de punctata
externa (pacientes 2 e 3), e um paciente com lesão satélite permaneceu com
vasculite residual (paciente 15).
5.2 ACHADOS MORFOLÓGICOS PELA OCT 3
5.2.1 FORMA PUNCTATA EXTERNA (ANEXO A)(TABELA 2 A) (FIG. 7)
5.2.1.a Primeiro exame:
Fig. 7 Forma punctata externa na fase ativa. (A)Retinografia colorida no primeiro exame.
(Primeiro exame Y ) No primeiro exame, sombreamento óptico posterior do complexo EPR-cc/C foi
observado no local da lesão ativa (asterisco). Observa-se que a MHP encontra-se espessada e descolada
(pontas de flechas) sobre a lesão, contendo formações hiper-refletivas irregulares (flechas). (Primeiro
exame X ) Espessura retiniana diminuída no local da lesão ativa.(12ª semana X e Y ) Aumento na
extensão do descolamento da MHP. (24ª semana Y )Aumento relativo da refletividade da coriocapilar-
coróide(cc-C) no local da lesão antiga (asterisco) e um aumento na extensão do descolamento da MHP
(pontas de flechas).Nota-se a presença de uma estrutura hiper-refletiva persistente no nível da superfície
retiniana (pontas de flechas abertas) sugestiva de vitreosquise. Fonte: autora da tese.
A membrana hialóide posterior (MHP) encontrava-se espessada e
descolada sobre a lesão ativa em todos os seis pacientes (pacientes 1, 2, 3, 4,
5, 6), sendo que quatro (66,6%) (pacientes 1, 2, 3, 6) apresentavam também
formações irregulares hiper-refletivas na MHP.
Um paciente (paciente 5) apresentava pontos de hiper-refletividade
difusos sobre a membrana hialóide posterior, denominado, pelo doutorando,
como “hialóide cabeluda”.
No local da lesão ativa, todos os pacientes apresentavam aumento de
refletividade das camadas da retina interna com presença de sombreamento
óptico posterior na região do complexo EPR-coriocapilar/Coróide (EPR-cc/C)
subjacente.
Em quatro dos seis pacientes (66.6%) (pacientes 1, 3, 4, 6), a retina
neurosensorial no local da lesão encontrava-se diminuída em sua espessura e
com espessura normal nos dois restantes (33,3%) (pacientes 2, 5).
Na mácula foi encontrado aumento de refletividade na superfície da
retina interna com irregularidades de contorno em três pacientes (50%)
(pacientes 1, 3 e 4).
Dois pacientes apresentavam maculopatia tracional (33,3%) (pacientes 1
e 3), sendo um com tração vitreofoveal (paciente 3). O paciente 3 apresentava,
também, edema difuso intra-retiniano macular.
Máculas sem alterações morfológicas significativas foram encontradas
em dois pacientes (33,3%) (pacientes 2 e 5).
Houve presença de cicatriz retinocoroidiana macular (paciente 6) em um
paciente com desorganização da refletividade de todas as camadas retinianas
no local.
5.2.1.b Acompanhamento:
Em todos os pacientes houve aumento na extensão do descolamento da
MHP. Apenas em um paciente (paciente 4) ocorreram formações irregulares
hiper-refletivas na MHP não diagnosticadas no primeiro exame.
Próximo ao local original da lesão, foram encontradas formações
epirretinianas hiper-refletivas em cinco dos seis pacientes (83,3%) (pacientes 1,
2, 3, 5, 6).
Todos os pacientes apresentaram no local da lesão original uma
diminuição na espessura retiniana com desorganização completa das camadas
retinianas e aumento relativo da refletividade da cc-C.
Na cula um paciente apresentou aumento da refletividade na
superfície da retina interna que não havia sido identificado no primeiro exame
(paciente 2).
O edema intra-retiniano foi reabsorvido (paciente 3), e dos dois
pacientes com maculopatia tracional um manteve uma tração residual (paciente
1) e o outro teve a completa resolução do quadro com descolamento da MHP
(paciente 3).
Os pacientes que apresentaram na mácula aumento de refletividade na
superfície da retina interna com irregularidades de contorno (pacientes 1, 3 e
4), no primeiro exame mantiveram essa alteração durante o acompanhamento.
5.2.2 FORMA FOCAL (ANEXO A) (TABELA 2 B)
5.2.2.a Primeiro exame: (Fig. 8 e 9)
A MHP apresentava-se espessada em todos os pacientes (pacientes 7,
8, 9, 10, 11, 12), sendo que em quatro dos seis pacientes (66,6%) ela
encontrava-se aderida à lesão em atividade e descolada ao redor (pacientes 9,
10, 11, 12). Nos outros dois pacientes ela apresentava-se com descolamento
focal sobre a lesão (paciente 7) ou totalmente descolada (paciente 8).
Um paciente (paciente 8) (Fig 8) apresentava pontos difusos de hiper-
refetividade sobre a membrana hialóide posterior denominado como “hialóide
cabeluda
No local da lesão ativa, todos os pacientes apresentavam aumento de
refletividade das camadas da retina interna com presença de sombreamento
óptico posterior na região do complexo EPR-cc/C subjacente.
Figura 8. Forma focal. Retinografia colorida e as avaliações tomográficas pela OCT 3 no primeiro exame
e durante o acompanhamento. (Primeiro exame) Observa-se descolamento da membrana hialódie
posterior com presença de múltiplos pontos hiper-refletivos denominado “hialóide cabeluda”(seta). No
local da lesão ativa, aumento da refletividade das camadas retinianas internas com presea de
sombreamento óptico posterior na região do complexo EPR-cc/C (asterisco). ( 2ª , 6ª, 11ª semanas),
aumento progressivo da refletividade da coriocapilar-coide no local da lesão.
Fonte: autora da tese.
Fig. 9 Forma focal na fase ativa primeiro exame. (A) Retinografia colorida no primeiro exame
observa-se MHP espessada e parcialmente descolada (do disco óptico até a região temporal do pólo
posterior [pontas de flechas]).(X) Avaliação tomográfica apresentando separação vitreofoveal completa.
(Y) No local da lesão ativa, observa-se aumento da espessura retiniana com aumento da refletividade das
camadas internas da retina e sombreamento óptico posterior do complexo EPR-cc/C subjacente
(asterisco). MHP espessada e aderida à lesão ativa. Fonte: autora da tese.
No local da lesão ativa, houve aumento de refletividade das camadas
internas da retina em todos os pacientes, sendo que em cinco deles (83,3%)
(pacientes 8, 9, 10, 11 e 12) a espessura também estava aumentada, e em
apenas um (paciente 7) diminuída.
Na mácula, foi encontrado aumento de refletividade na superfície da
retina interna com irregularidades de contorno em quatro pacientes (66,6%)
(pacientes 8, 9, 10 e 12).
Três pacientes apresentavam edema intra-retiniano difuso macular
(50%) (pacientes 9, 10 e 12).
Máculas sem alterações morfológicas significativas foram encontradas
em dois pacientes (33,3%) (pacientes 7 e 11).
5.2.2.b Acompanhamento:
Em três pacientes houve aumento na extensão do descolamento da
MHP (50%) (pacientes 10, 11 e 12), um paciente apresentou formações
irregulares hiper-refletivas (paciente 7) não evidenciadas no primeiro exame.
Foram detectadas formações epirretinianas hiper-refletivas próximas ao
local original da lesão em cinco pacientes (83,3%) (pacientes 8, 9, 10, 11, 12).
Todos os pacientes apresentaram no local da lesão original uma
diminuição na espessura retiniana com desorganização completa das camadas
retinianas e aumento relativo da cc-C.
Dois pacientes apresentaram proliferação de tecido fibrótico sobre a
lesão cicatrizada (33,3%) (pacientes 12 e 8).
Na mácula, o edema intra-retiniano difuso desapareceu em todos os seis
casos, e apenas um paciente apresentou irregularidade de contorno na
superfície interna, a qual não havia sido identificada no primeiro exame
(paciente 11).
5.2.3 FORMA SATÉLITE (ANEXO A) (TABELA 2 C) (Fig. 10)
5.2.3 A Primeiro exame:
Em um paciente (paciente 15), a MHP encontrava-se espessada e
aderida apenas no local da lesão, sendo que nos outros dois pacientes não foi
possível detectá-la (pacientes 13 e 14).
No paciente 14, apesar de não se detectar a membrana hialóide
posterior no primeiro exame, foram evidenciados múltiplos pontos hiper-
refletivos próximos à superfície retiniana da lesão ativa, que eram sugestivos
da presença da “hialóide cabeluda”.
No local da lesão ativa, todos os pacientes apresentaram aumento de
refletividade das camadas da retina interna com presença de sombreamento
óptico posterior na região do complexo EPR-cc/C subjacente.
A espessura da retina neurosensorial no local da lesão encontrava-se
aumentada em 2 pacientes (66,6%) (pacientes 13 e 14) e aparentemente
normal no terceiro paciente (paciente 15).
Obsevou-se presença de líquido sub-retiniano adjacente à lesão ativa
em dois dos três pacientes (66,6%) (pacientes 13 e 14).
Dois pacientes apresentaram edema intra-retiniano difuso na mácula
(66,6%) (pacientes 13 e 14), um deles com maculosquise (paciente 13) (Fig
10). O paciente 15, apesar de não ter alterações maculares evidenciáveis,
apresentava uma tração vitreofoveal incompleta, sugestiva de uma maculopatia
tracional relativa.
Fig. 10 Forma satélite na fase ativa. Retinografia e OCT3 no primeiro exame, na 2ª semana e na
10ª semana de acompanhamento. (A 180° direita) Achados tomográficos primeiro exame: presença de
edema macular levando à separação das camadas retinianas denominada maculosquise. Não foram
evidenciados sinais tomográficos da presença da MHP. (A 210° esquerda) Aumento de refletividade
camadas retinianas internas com sombreamento óptico posterior do complexo EPR-cc/C subjacente
(asterisco) no local da lesão ativa, presença de múltiplos pontos hiper-refletivos compatível com “hialóide
cabeluda”’. (B e C esquerda e direita) Avaliações subseqüentes na 2ª e 10ª semanas demonstraram
presea de descolamento parcial MHP próximo à lesão (pontas das flechas), reabsorção do edema
macular, e aumento relativo da refletividade da coriocapilar-coróide no local da lesão cicatrizada
(asterisco). Fonte: autora da tese.
5.2.3.b Acompanhamento:
Em um paciente o descolamento da MHP aumentou, e ocorreu
diminuição da maculopatia tracional relativa inicial, com formações
epirretinianas hiper-refletivas próximas ao local original da lesão (paciente 15).
Nos outros dois pacientes, a MHP tornou-se espessada e aderida no
local da lesão, achado este não presente no primeiro exame (66,6%)
(pacientes 13 e 14).
Todos os 3 pacientes apresentaram diminuição da espessura retiniana
com desorganização completa de suas camadas e aumento relativo da cc-C no
local da lesão original.
Não mais foi identificado líquido sub-retiniano adjacente ao local da
lesão original.
Na mácula, o edema intra-retiniano difuso foi reabsorvido em todos os
casos.
5.3 RESUMO DOS ACHADOS EM COMUNS A CADA FORMA PELA
OCT 3 (ANEXO A) (TABELA 3)
5.3.1 FORMA PUNCTATA EXTERNA
No primeiro exame a MHP encontrava-se espessada e descolada sobre
a lesão ativa em todos os pacientes, tendo ocorrido um aumento em extensão
desse descolamento detectado até o último exame.
Quatro pacientes apresentavam formações irregulares hiper-refletivas
próximas ao local da lesão no primeiro exame e as mantiveram ao último
exame, e um paciente somente no último exame, correspondendo então um
total de 83,3% dos casos ou 5 pacientes.
A retina neurosensorial, no local da lesão ativa, encontrava-se diminuída
em sua espessura em quatro dos seis pacientes (66,6%).
5.3.2 FORMA FOCAL
A MHP apresentava-se espessada em todos os pacientes, sendo que
em quatro dos seis pacientes (66,6%) encontrava-se aderida à lesão em
atividade e descolada ao seu redor.
A retina neurosensorial, no local da lesão ativa, estava com espessura
aumentada em 5 dos 6 pacientes (83,3%).
Na mácula foi encontrado no primeiro exame um aumento de
refletividade na superfície da retina interna com irregularidades de contorno em
quatro dos seis pacientes (66,6%), e em mais um somente no último exame
(83,3% ou 5 pacientes) .
Três pacientes (50%) apresentaram edema intra-retiniano difuso na
mácula, que teve remissão completa no último exame.
Dois pacientes apresentaram proliferação de tecido fibrótico sobre a
lesão cicatrizada, este achado foi exclusivo da forma focal (33,3%).
5.3.3 FORMA SATÉLITE
A MHP tornou-se espessada e aderida ao local da lesão em dois
pacientes, justamente nos que não apresentaram este achado no primeiro
exame (66,6%).
A retina neurosensorial no local da lesão ativa encontrava-se com sua
espessura aumentada em 2 dos 3 pacientes (66,6%).
Evidenciada presença de líquido sub-retiniano adjacente à lesão ativa
em dois dos três pacientes (66,6%), que foi completamente reabsorvido até o
último exame. Esse achado foi exclusivo da forma satélite.
Na mácula, o edema intra-retiniano difuso, presente em dois dos três
pacientes, foi completamente resolvido (66,6%).
5.4 RESUMO DOS ACHADOS EM COMUM ÀS TRÊS FORMAS PELA
OCT 3 (ANEXO A) (TABELA 3)
Nas três formas, todas as lesões ativas apresentaram aumento de
refletividade das camadas da retina interna com presença de sombreamento
óptico posterior na região do complexo EPR-cc/C subjacente.
E no último exame todos os pacientes apresentaram no local da lesão
original uma diminuição da espessura retiniana com desorganização completa
de suas camadas e aumento relativo da refletividade da cc-C.
Na maioria dos casos (10 pacientes ou 66,6%) houve aumento na
extensão do descolamento da membrana hialóide posterior durante o
seguimento (forma punctata externa 6/6 pacientes, forma focal 3/6 pacientes,
forma satélite 1/3 pacientes).
Foi encontrada presença de formações epirretinianas próximas ao tio
da lesão, durante o acompanhamento em onze dos quinze pacientes (73,3%)
(forma punctata externa 5/6 pacientes, forma focal 5/6 pacientes, forma satélite
1/3 pacientes).
6 DISCUSSÃO
A toxoplasmose ocular é uma doença de relevante interesse em nosso
meio; sua alta prevalência (GARCIA CCA et al., 2004; ORÉFICE F e BAHIA-
OLIVEIRA, 2005) e o fato de acometer tanto recém-nascidos quanto adultos,
podendo causar grave baixa acuidade visual (BELFORT R Jr et al., 1975), faz
com que pesquisadores de várias áreas continuem interessados em seu
estudo.
Grandes avanços foram feitos desde a identificação do Toxoplasma
gondii em 1908 (SPENDORE A et al., 1908; NICOLE C e MANCEAUX L,
1908), porém o diagnóstico, a decisão sobre o tratamento e o
acompanhamento dos pacientes com lesões de RCST ainda são baseados na
avaliação clínica e no conhecimento e experiência médica pessoal. Isso leva a
variadas abordagens terapêuticas e de conduta entre os oftalmologistas em
geral e mesmo entre os especialistas em uveítes (HOLLAND GN et al., 2002).
A necessidade de critérios objetivos na avaliação da atividade
inflamatória é uma realidade diária diante de um paciente com lesão de
retinocoroidite, estimulando alguns pesquisadores a começarem a usar a OCT
3 como instrumento de propedêutica e acompanhamento desses pacientes.
Nas uveítes, VILLATE N et al. (2004) afirmam que hipoteticamente
um aumento na refletividade dos tecidos afetados em decorrência das células
inflamatórias, que migram para esse local aumentando a concentração de
ponto com alta refletividade. O processo inflamatório também caracteriza-se
pelo aumento da espessura retiniana, devido ao acúmulo de líquido
extracelular.
ANDRADE RE et al. (2006) relatam que a OCT 3 é capaz de localizar o
infiltrado e especificar a profundidade da lesão, sendo útil na avaliação da
extensão e gravidade da RCST. As lesões ativas apresentam uma intensa
refletividade localizada, geralmente na porção superficial da retina
neurossensorial , devido à predileção do tecido neural pelo Toxoplasma gondii.
O presente estudo corrobora os relatos de ANDRADE RE et al. (2006),
apresentando resultados que sugerem haver achados tomográficos em comum
às três formas avaliadas (forma punctata externa, focal e satélite), e que
caracterizariam a presença de atividade inflamatória.
O aumento de refletividade das camadas da retina interna, com
presença de sombreamento óptico posterior localizado na região do complexo
EPR-cc/C subjacente ao local da lesão ativa, foi um achado encontrado em
todos os pacientes, caracterizando o processo inflamatório retiniano.
As lesões foram consideradas sem processo inflamatório, através de
avaliação clínica durante o acompanhamento, e todas apresentaram as
mesmas alterações tomográficas: diminuão na espessura retiniana com
desorganização completa de suas camadas, e aumento relativo da refletividade
da coriocapilar-coróide, sugerindo que esses achados sejam, realmente, uma
característica de cicatrização das lesões.
Acredita-se, portanto, que essas modificações na estrutura morfológica
da retina podem ser utilizadas como um indicador de atividade inflamatória, que
irá auxiliar na correta indicação do tratamento e acompanhamento do paciente.
A classificação das retinocoroidites em forma punctata externa, focal e
satélite é baseada em avaliação clínica da retina. Na forma focal há,
teoricamente, um acometimento de todas as camadas retinianas, podendo, no
entanto, estar confinada apenas às camadas internas ou externa da retina
(HOVAKIMYAN A et al., 2002). O mesmo ocorre na forma satélite, que está
sempre adjacente a uma cicatriz retinocoroidiana. na forma punctata
externa, segundo GASS JDM (1968), o acometimento restringe-se à camada
retiniana externa.
Os achados morfológicos, pela OCT 3, mostraram que existem
características particulares em cada forma que as diferenciariam, o que
confirma observações clínicas anteriores.
Nas lesões do tipo punctata externa, os pacientes apresentaram, na fase
ativa, um espessamento da membrana hialóide posterior, com descolamento
sobre a lesão; e na maioria deles houve diminuição da espessura retiniana no
local, enquanto que, nos pacientes com forma focal e satélite, a membrana
hialóide posterior encontrava-se espessada e aderida sobre a lesão ativa, com
aumento da espessura retiniana no local.
Um paciente (paciente 7), apesar de ter sido classificado clinicamente
como forma focal, apresentou alterações morfológicas pela OCT 3, sugestivas
da forma punctata externa (ORÉFICE JL et al., 2006), o que nos leva a concluir
que todas essas apresentações estão dentro de um mesmo espectro da
doença e, provavelmente, o que as diferencie seja o local do envolvimento
retiniano inicial.
Nas punctatas externas, pelo processo inflamatório ter se iniciado na
retina externa, ou seja, mais profundamente, a interface vitreorretiniana seria
afetada secundariamente, levando a uma separação focal entre a retina e a
membrana hialóide posterior.
Nas formas focal e satélite, o processo inflamatório, por acometer maior
quantidade de camadas retinianas, a interface vitreorretiniana, seria afetada
diretamente, levando a adesão da membrana hialóide posterior à lesão original.
Apesar disso, os achados tomográficos mostram que a punctata externa
evolui, como em todas as outras formas, para uma desorganização de todas as
camadas da retina neurossensorial.
O envolvimento macular tem sido considerado pouco comum
(HOLLAND GN, 2004), e, na maioria das vezes, segundo SCHLAEGEL TFJ e
WEBER JC, 1984, que estudaram 60 olhos com RCST, não é grave.
Neste nosso estudo, as alterações maculares, como o edema macular,
foram evidenciadas clinicamente em dois dos 15 pacientes (13,3%). No
entanto, a OCT demonstrou que, na fase ativa, 9 dos 15 pacientes (60%)
apresentavam alguma forma de envolvimento macular, como o aumento de
refletividade das camadas superficiais, irregularidade de contorno na superfície
interna, edema intra-retiniano difuso e maculopatia tracional.
O paciente 13, por exemplo, apresentou no primeiro exame um edema
macular clinicamente evidente, que à OCT 3 constatou-se, na verdade, se
tratar de alteração muito mais grave, com separação das camadas retinianas
pelo líquido intra-retiniano com formação de “maculosquise”.
Além disso, 3 pacientes na fase ativa (2 na forma punctata externa e 1
na forma satélite) apresentaram tração vitreomacular não evidenciada
clinicamente e demonstrada apenas pela OCT 3.
Apesar do bom resultado final da acuidade visual em 10 dos 15
pacientes (66,6%), foram detectadas algumas alterações maculares ao final do
acompanhamento, como o aumento de refletividade com irregularidade de
contorno na superfície interna, sendo que em três deles (pacientes 2, 11 e 15)
essas alterações não haviam sido identificados no início do tratamento.
É sabido que as alterações na interface vitreorretinianas podem levar à
rotura retiniana distante da lesão, como demonstrado por BOSCH-DRIESSEN
LEH et al. (2000 e 2002). Esses autores mostraram a presença de
descolamento de retina em 6% dos pacientes e rotura retiniana em 5% dos 150
pacientes com toxoplasmose ocular. A ocorrência da rotura e do descolamento
de retina foram associados à intensidade da reação inflamatória e à realização
de vitrectomia diagnóstica.
No presente estudo demonstrou-se que, mesmo não apresentando
intensa reação inflamatória vítrea, as alterações vitreorretinianas, na forma de
punctata externa, provocaram uma rotura retiniana a distância (paciente 3),
evidenciando a potencialidade danosa do processo inflamatório.
Outro achado interessante, mostrado pela OCT 3, foram as alterações
na MHP, que aconteceram em todos os pacientes com lesão na forma punctata
externa. O marcante espessamento com formações hiper-refletivas irregulares
nessa forma é um achado muito peculiar, do ponto de vista tomográfico,
gerando dúvidas a respeito da real interpretação destes sinais no cenário
clínico. Considerando o quadro apresentado, duas possíveis explicações
igualmente válidas foram inicialmente propostas: 1) presença de separação
intra-retiniana ao nível das camadas mais internas (mais provavelmente no
estrato limitante interno); 2) presença de descolamento posterior focal da
membrana hialóide posterior. Observando as modificações nos achados
tomográficos durante o período de acompanhamento desses pacientes,
atribuímos o espessamento da membrana hialóide posterior ao processo
inflamatório associado à posterior delaminação, caracterizando assim um
processo de vitreosquise.
Essa hipótese suporte à teoria de LUCENA D et al. (2001), em que o
espessamento difuso da MHP pelo processo inflamatório proporcionaria o local
de ação da tração vitreorretiniana centrípeta, principalmente nas regiões onde
a adesão da MHP com a retina fosse mais forte, fato que ocorre nas lesões de
retinocoroidite. Dessa forma, a ação de duas forças contrárias sobre a MHP, de
um lado a contração vítrea (tracionando a MHP) e do outro a contenção
exercida pela ELI (mantendo a MHP aderida a ela) deflagraria a vitreosquise.
Isso explicaria não somente as formações hiper-refletivas irregulares iniciais,
como também as formações hiper-refletivas epirretinianas encontradas em
todas as formas de apresentação estudadas.
A OCT 3 demonstrou, portanto, ser capaz de ajudar na identificação do
processo inflamatório retiniano e nas alterações vitreorretinianas com suas
complicações vitreomaculares, auxiliando tanto no diagnóstico como no
acompanhamento dos pacientes.
Nas formas atípicas, como a punctata externa, os achados tomográficos,
tais como o espessamento da membrana hialóide posterior contendo
formações irregulares hiper-refletivas focalmente descoladas sobre a lesão
ativa, foram particularmente singulares, o que nos leva a afirmar, baseado na
ausência de achados similares na literatura internacional, que sejam exclusivos
desta entidade.
É importante ressaltar que o presente estudo tem limitações, incluindo,
principalmente, o tamanho da amostra, os critérios restritos de inclusão e o
tempo de acompanhamento, fatos que devem ser considerados para melhor
discernimento e compreensão dos resultados encontrados.
7. CONCLUSÕES
1- Os achados tomográficos encontrados nos pacientes portadores de
lesão ativa de RCST na forma punctata externa forma, espessamento e
descolamento da MHP contendo irregularidades hiper-refletivas sobre a retina
neurosensorial afinada.
2- Os achados tomográficos encontrados nos pacientes portadores de
lesão ativa de RCST na forma focal foram, o espessamento da membrana
hialóide posterior com adesão vitreorretiniana no local da lesão ativa e
espessamento da retina neurosensorial.
3- Os achados tomográficos encontrados nos pacientes portadores de
lesão ativa de RCST na forma satélite foram, espessamento da retina
neurosensorial no local da lesão com membrana hialóide posterior não
identificada.
4- As alterações morfológicas vitreorretiniana em comum às lesões
ativas de RCST foram, aumento de refletividade das camadas da retina interna
com presença de sombreamento óptico posterior na região do complexo EPR-
cc/C subjacente, confirmaram a presença de processo inflamatório ativo.
5- A OCT 3 foi efetiva na identificação de alterações morfológicas
vitreorretiniana em comum nas lesões cicatrizadas de RCST, diminuição da
espessura retiniana com desorganização completa de suas camadas, e
aumento relativo da refletividade da coriocapilar-coróide, ambas comprovando
a ausência de atividade inflamatória.
6- A OCT 3 foi considerada eficiente na avaliação e acompanhamento
morfológico da alterações vitreorretiniana da cula, evidenciando presença
de tração vitreofovea, edema macular e maculosquise, não identificadas no
exame clínico.
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Anexo A
Tabela 1. Características clínicas no primeiro exame e acompanhamento
LESÃO
Avaliação Primeiro exame
Avaliação Acompanhamento
Paciente
No., idade
(anos),
sexo,
Raça
Olho
estu-
dado
Serolo
gia
IgG/Ig
M†
Tipo
Localiza
ção
Tamnho
BCVA
(LogMAR)
Achados clinicos
BCVA
(LogMAR)
Achados clínicos
1,
20a, F, B
OD
+ / -
Punctata
Zona 1
<1 DD
20/63
(0.5)
CCA=2+; FCA=1+;
CV=presente
20/20
(0.0)
Inativo;
Cicatriz hipopigmentada
2,
33a, M, B
OD
+ / -
Punctata
Zona 1
<1 DD
20/40
(0.3)
CCA=1+; FCA=1+;
CV=presente;vasculite
localizada
20/20
(0.0)
Inativo; FEF;
Cicatriz hipopigmentada
3,
27a, M, B
OE
+ / -
Punctata
Zona 2
<1 DD
20/100
+1
(0.68)
CCA=0.5+; FCA=1+;
CV=presente; FEF; cicatriz
antiga; Rotura retiniana
20/40
-2
(0.34)
Inativo; FEF;
Cicatriz hipopigmentada
4,
51a, M, B
OE
+ / -
Punctata
Zona 1
<1 DD
20/32
(0.2)
CCA=1+; FCA=1+;
CV=presente; cicatriz antiga
20/25
+1
(0.08)
Inativo;
Cicatriz hipopigmentada
5,
16a, F, B
OE
+ / -
Punctata
Zona 2
<1 DD
20/40
(0.3)
CCA=2+; FCA=1+;
CV=presente; cicatriz antiga
20/20
(0.0)
Inativo;
Cicatriz hipopigmentada
6,
18a, F, B
OD
+ / -
Punctata
Zona 1
<1 DD
20/80
(0.6)
CCA=2+; FCA=1+;
CV=presente; cicatriz antiga
20/63
(0.5)
Inativo;
Cicatriz hipopigmento
7,
12a, M, B
OE
+ / -
Focal
Zona 1
<1 DD
20/200
-1
(1.02)
CCA=1+; FCA=1+;
CV=presente;vasculite
localizada
20/20
-2
(0.04)
Inativo;
Cicatriz hipopigmentada
8,
23a, M, B
OD
+ / +
Focal
Zona 2
1-2 DD
20/50
-2
(0.44)
CCA=2+; FCA=1+;
CV=presente; vasculite
localizada
20/20
(0.0)
Inativo;
Cicatriz
hiperpigmentada
9,
21a, M, B
OD
+ / -
Focal
Zona 1
1-2 DD
20/40
(0.3)
CCA=1+; FCA=1+;
CV=presente; EM;
PVD incompleto
20/25
(0.1)
Inativo;
Cicatriz
hiperpigmentada
10,
22a, M, B
OD
+ / -
Focal
Zona 1
1-2 DD
20/400
(1.3)
CCA=3+; FCA=2+;
CV=presente; HIR;
vasculite localizada
20/63
+2
(0.46)
Inativo;
Cicatriz
hiperpigmentada
11,
49a, M, B
OE
+ / +
Focal
Zona 1
<1 DD
20/80
(0.6)
CCA=1+; FCA=0;
CV=presente;
PK granulomatoso
20/25
+1
(0.08)
Inativo;
Cicatriz
hiperpigmentada
12,
14a, M, B
OE
+ / -
Focal
Zona 1
1-2 DD
20/50
-2
(0.44)
CCA=2+; FCA=1+;
CV=presente
20/20
-1
(0.02)
Inativo;
Cicatriz
hiperpigmentada
13,
26a, M, B
OE
+ / -
Satélite
Zona 1
<1 DD
20/80
(0.6)
CCA=1+;FCA=2+
CV=presente; KP
granulomatoso;
EM; cicatriz antiga
20/25
+1
(0.08)
Inativo;
Cicatriz
hiperpigmentada
14,
25a, F, B
OE
+ / -
Satélite
Zona 2
1-2 DD
20/50
-2
(0.44)
CCA=2+; FCA=1+;
CV=presente; cicatriz antiga
20/25
+2
(0.06)
Inativo;
Cicatriz
hiperpigmentada
15,
28a, M, B
OD
+ / -
Satélite
Zona 2
<1 DD
20/40
(0.3)
CCA=3+; FCA=2+;
CV=presente; cicatriz antiga;
vasculite generalizada
20/20
(0.0)
Inativo; Vasculite
residual; Cicatriz
hiperpigmentada
CCA = céls câmara anterior; FCA = flare câmara anterior; BCVA = best-corrected visual acuity; DD = diâmetro de disco (1.5 mm); EM =
edema macular; ETDRS = early treatment diabetic retinopathy study; F = feminino; FEF = formação epirretiniana focal; IgG = immunoglobulina
G;
IgM = immunoglobulina M; HIR = hemorragia intra-retiniana; UI = unidade internacional; PK = precipitados ceráticos; M = masculino; OD= olho
direito; OE = olho esquerdo; DPV = descolamento posterior de vítreo; CV = células vítreas
IgG (positivo >8 UI/ml); IgM (positivo >6.5 UI/ml)
De acordo com The SUN (Standardization of Uveitis Nomenclature) Working Group (JABS et al.2005)
Tabela 2A. Achados tomogficos pela OCT 3 no primeiro exame e mudanças durante o acompanhamento
Forma Punctata Externa.
Achados tomográficos OCT3
Paciente n.,
Tipo de
lesão
Região/
Estrutura
Primeiro exame
Acompanhamento
1, Punctata
externa
Membrana
Hialóide
Posterior
Espessada, descolamento focal (sobre a
lesão), presença de formações hiper-
refletivas
Expansão do descolamento, com formações
irregulares hiper-refletivas; formações epirretiniana
Lesão
Diminuição da espessura retiniana.
Diminuição da espessura retiniana
Aumento da refletividade das camadas da
retina interna
Desorganização das camadas da retina interna
Sombreamento óptico posterior do
complexo EPR-cc/C.
Aumento relativo da refletividade da cc-C subjacente
Mácula
Irregularidade de contorno da superfície
interna/
aumento de refletividade
Irregularidade de contorno da superfície interna/
Aumento de refletividade
Maculopatia tracional
Resolução parcial da maculopatia tracional
2, Punctata
externa
Membrana
Hialoide
Posterior
Espessada, descolamento focal (sobre a
lesão), presença de formações hiper-
refletivas
Expansão do descolamento, com formações
irregulares hiper-refletivas; formações epirretiniana.
Lesão
Espessura retiniana aparentemente normal
Diminuição da espessura retiniana
Aumento da refletividade das camadas da
retina interna
Desorganização das camadas da retina interna
Sombreamento óptico posterior do
complexo EPR-cc/C
Aumento relativo da refletividade da cc-C subjacente
Mácula
Normal
Aumento de refletividade na superfície.
3, Punctata
externa
Membrana
Hialóide
Posterior
Espessada, descolamento focal (sobre a
lesão), presença de formações hiper-
refletivas
Expansão do descolamento, com formações
irregulares hiper-refletivas; formações epirretiniana.
Lesão
Diminuição da espessura retiniana.
Diminuição da espessura retiniana
Aumento da refletividade das camadas da
retina interna
Desorganização das camadas da retina interna
Sombreamento óptico posterior do
complexo EPR-cc/C
Aumento relativo da refletividade da cc-C subjacente
Mácula
Irregularidade de contorno da superfície
interna/
aumento de refletividade
Irregularidade de contorno da superfície interna/
aumento de refletividade.
Maculopatia tracional (tração vítreofoveal )
Completa separação vítreo-foveal.
Edema intra-retiniano difuso
Resolução do edema retiniano.
4, Punctata
externa
Membrana
Hialóide
Posterior
Espessada, descolamento focal (sobre a
lesão)
Expansão do descolamento, formações irregulares
hiper-refletivas
Lesão
Diminuição da espessura retiniana
Diminuição da espessura retiniana
Aumento da refletividade das camadas da
retina interna
Desorganização das camadas da retina interna.
Sombreamento óptico posterior do
complexo EPR-cc/C
Aumento relativo da refletividade da cc-C subjacente
Mácula
Irregularidade de contorno da superfície
interna/
aumento de refletividade
Irregularidade de contorno da superfície interna/
aumento de refletividade
5, Punctata
externa
Membrana
Hialóide
Posterior
Espessada, descolamento focal (sobra a
lesão); “hialóide cabeluda”
Expansão do descolamento, com formações
irregulares hiper-refletivas; formações epirretiniana
Lesão
Espessura retiniana próxima do normal.
Diminuição da espessura retiniana
Aumento da refletividade das camadas da
retina interna
Desorganização das camadas da retina interna
Sombreamento óptico posterior do
complexo EPR-cc/C
Aumento relativo da refletividade da cc-C subjacente
Mácula
Normal
Normal
6, Punctata
externa
Membrana
Hialóide
Posterior
Espessada, descolamento focal (sobre a
lesão); presença de formações hiper-
refletivas.
Expansão do descolamento, com formações
irregulares hiper-refletivas; formações epirretiniana
Lesão
Espessura retiniana diminuida
Diminuição da espessura retiniana
Aumento da refletividade das camadas da
retina interna
Desorganização das camadas da retina interna
Sombreamento óptico posterior do
complexo EPR-cc/C
Aumento relativo da refletividade da cc-C subjacente
Mácula
Desorganização da refletividade das
camadas retiniana (cicatriz retinocoroidiana)
Desorganização da refletividade das camadas
retiniana (cicatriz retinocoroidiana)
Tabela 2B. Achados tomogficos pela OCT 3 no primeiro exame e mudanças durante o acompanhamento
Forma Focal.
Achados tomográficos OCT3
Paciente
n.,Tipo
Lesão
Região/
Estrutura
Primeiro exame
Acompanhamento
7, Focal
Membrana
Hialóide
Posterior
Espessada, descolamento focal (sobre a lesão)
Espessada,descolamento focal (sobre a
lesão); com formações irregulares hiper-
refletivas
Lesão
Diminuição da espessura retiniana
Diminuição da espessura retiniana
Aumento da refletividade das camadas da retina interna
Desorganização das camadas da retina
interna
Sombreamento óptico posterior do complexo EPR-cc/C
Aumento relativo da refletividade da cc-C
subjacente
Mácula
Sem alterações
Sem alterações
8, Focal
Membrana
Hialóide
Posterior
Espessada, descolamento total; “hialoide cabeluda”
Formações epirretinianas hiper-refletivas
Lesão
Aumento da espessura retiniana
Diminuição da espessura retiniana
Aumento da refletividade das camadas da retina interna
Desorganização das camadas da retina
interna
Sombreamento óptico posterior do complexo EPR-cc/C
Aumento relativo da refletividade da cc-C
subjacente
Formação fibrótica hiper-refletiva
Mácula
Irregularidade de contorno da superfície interna/
aumento de refletividade
Irregularidade de contorno da superfície
interna/
Aumento de refletividade
9, Focal
Membrana
Hialóide
Posterior
Espessada, aderida à lesão e descolada ao seu redor
Formações epirretinianas hiper-refletivas
Lesão
Aumento da espessura retiniana
Diminuição da espessura retiniana
Aumento da refletividade das camadas da retina interna
Desorganização das camadas da retina
interna
Sombremento óptico posterior do complexo EPR-cc/C
Aumento relativo da refletividade da cc-C
subjacente
Mácula
Irregularidade de contorno da superfície interna/
aumento de refletividade
Irregularidade de contorno da superfície
interna/
aumento de refletividade
Edema intra-retiniano difuso
Resolução do edema retiniano
10, Focal
Membrana
Hialóide
Posterior
Espessada, aderida à lesão e descolada ao seu redor
Expansão do descolamento, formações
epirretinianas hiper-refletivas
Lesão
Aumento da espessura retiniana
Diminuição da espessura retiniana
Aumento da refletividade das camadas da retina interna
Desorganização das camadas da retina
interna
Sombreamento óptico posterior do complexo EPR-cc/C
Aumento relativo da refletividade da cc-C
subjacente
Mácula
Irregularidade de contorno da superfície interna/
aumento de refletividade
Irregularidade de contorno da superfície
interna/
aumento de refletividade
Edema intra-retiniano difuso
Resolução do edema retiniano
11, Focal
Membrana
Hialóide
Posterior
Espessada, aderida a lesão e descolada ao seu redor
Expansão do descolamento,formações
epirretinianas hiper-refletivas
Lesão
Aumento da espessura retiniana
Diminuição da espessura retiniana
Aumento da refletividade das camadas da retina interna
Desorganização das camadas da retina
interna
Sombreamento óptico posterior do complexo EPR-cc/C
Aumento relativo da refletividade da cc-C
subjacente
Mácula
Sem alterações
Irregularidade de contorno da superfície
interna
12, Focal
Membrana
Hialóide
Posterior
Espessada, aderida a lesão e descolada em volta dela
Expansão do descolamento,formações
epirretinianas hiper-refletivas
Lesão
Aumento da espessura retiniana
Diminuição da espessura retiniana
Aumento da refletividade das camadas da retina interna
Desorganização das camadas da retina
interna
Sombreamento óptico posterior do complexo EPR-cc/C
Aumento relativo da refletividade da cc-C
subjacente
Formação fibrótica hiper-refletiva
Mácula
irregularidade de contorno da superfície interna/
aumento de refletividade
Irregularidade de contorno da superficie
interna/
aumento de refletividade
Edema intra-retiniano difuso
Resolução do edema retiniano
Tabela 2C. Achados tomogficos pela OCT 3 no primeiro exame e mudanças durante o acompanhamento
Forma Salite
Achados pela OCT 3
Paciente
n.,
Região/
Estrutura
Primeiro exame
Acompanhamento
13, Satélite
Membrana
Hialóide
Posterior
Não detectável, aparência de “Hialóide cabeluda”
Espessada, aderida à lesão e descolada
em volta dela
Lesão
Aumento da espessura retiniana
Diminuição da espessura retiniana
Aumento da refletividade das camadas da retina interna
Desorganização da refletividade das
camadas retinianas
Sombreamento óptico posterior EPR-cc/C
Aumento relativo da refletividade da cc-C
subjacente
Líquido sub retiniano adjacente a lesão
Resolução do líquido sub-retiniano
Mácula
Edema intra-retiniano difuso
Resolução do edema retiniano e da
maculosquise
Maculosquise
14, Satélite
Membrana
Hialóide
Posterior
Não detectável
Espessada, aderida a lesão e descolada
em volta dela
Lesão
Aumento da espessura retiniana
Diminuição da espessura retiniana
Aumento da refletividade das camadas da retina interna
Desorganização da refletividade das
camadas retinianas
Sombreamento óptico posterior EPR-cc/C
Aumento relativo da refletividade da cc-C
subjacente
Líquido sub-retiniano adjacente a lesão
Resolução do líquido sub-retiniano
Mácula
Edema intra-retiniano difuso
Resolução do edema retiniano
15, Satélite
Membrana
Hialóide
Posterior
Espessada, aderida à lesão e descolada ao seu redor;
separação vitreofoveal incompleta (relativa maculopatia
tracional)
Expansão do descolamento com
separação vitreofoveal completa; formação
epirretiniana hiper-refletiva
Lesão
Espessura retiniana normal
Diminuição da espessura retiniana
Aumento da refletividade das camadas da retina interna
Desorganização da refletividade das
camadas retinianas
Sombreamento óptico posterior EPR-cc/C
Aumento relativo da refletividade da cc-C
subjacente
Mácula
Sem alterações detectáveis
Irregularidade de contorno da superficie
interna/
aumento de refletividade
Tabela 3 Resumo dos achados pela OCT 3 no primeiro exame e durante o acompanhamento
TIPO DE LESÀO
ACHADOS PELA TOMOGRAFIA DE COERÊNCIA ÓPTICA
Punctata
(n = 6)
Focal
(n =
6)
Satélite
(n = 3)
TOTAL
(n =
15)
PRIMEIRO EXAME
Membrana hialóide posterior
Espessada, descolamento focal (sobre a lesão)
6
1
0
7
Espessada, descolamento total
-
1
-
1
Espessada, aderida ao local da lesão e descolada ao seu redor
-
4
1
5
Aparência “cabeluda
1
1
1
3
Contendo formações irregulares hiper-refletivas
4
-
-
4
Lesão
Aumento de refletividade das camadas internas da retina
6
6
3
15
Sombreamento óptico posterior do EPR-cc/C
6
6
3
15
Diminuição da espessura retiniana
4
1
-
5
Espessura retiniana aparentemente normal
2
-
1
3
Aumento da espessura retiniana
-
5
2
7
Líquido sub-retiniano adjacente ao local da lesão
-
-
2
2
Mácula
Sem alterações
2
2
-
4
Aumento de refletividade na superfície interna
3
4
-
7
Irregularidade de contorno na superfície interna
3
4
-
7
Edema intra-retiniano difuso
1
3
2
6
Maculopatia tracional
2
-
1
3
Desorganização retiniana na cicatriz antiga
1
-
-
1
ACOMPANHAMENTO
Membrana hialóide posterior
Expansão do descolamento
6
3
1
10
Espessada, aderida ao local da lesão e descolada ao seu redor**
-
-
2
2
Formações epirretinianas hiper-refletivas
5
5
1
11
Contendo formações irregulares hiper-refletivas **
1
1
-
2
Lesão
Diminuição da espessura retiniana
6
6
3
15
Relativa hiper-refletividade da cc-C subjacente
6
6
3
15
Desorganização da refletividade das camadas retinianas
6
6
3
15
Resolução do fluido sub-retiniano
-
-
2
2
Proliferação fibrótica
-
1
-
2
Mácula
Aumento da refletividade da superfície interna**
1
-
1
2
Irregularidade no contorno superfície interna**
-
1
1
2
Resolução do edema retiniano
1
3
2
6
Maculopatia tracional residual
1
-
-
1
Completa resolução da maculopatia tracional
1
-
1
2
* como ou sem tração vitreofoveal; **não identificado no primeiro exame
Anexo B
TERMO DE CONSENTIMENTO
Processo nº 075/03 .
Pesquisadora: Dra Juliana Lambert Oréfice
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Esperamos que estas informações resolvam a maioria de suas dúvidas.
Se você tiver mais perguntas ou se não entender as informações abaixo, sinta-
se livre para perguntar a seu médico.
1- Título do Estudo
Estudo morfológico das alterações morfológicas vitreorretinianas em
pacientes com retinocoroidite ativa supostamente causada pelo Toxoplasma
gondii. Estudo prospectivo pela tomografia de coerência óptica (OCT 3).
2- Convite
Você está sendo convidado para participar em um estudo de pesquisa
clínica. Antes de tomar qualquer decisão, é importante que você entenda
porque a pesquisa está sendo feita, e o que ela envolverá. Apresentamos aqui
algumas informações para ajudá-lo a tomar uma decisão sobre sua
participação. Dedique algum tempo para a leitura atenta das informações
seguintes e discuta-as com seus amigos, parentes e com seu clínico geral, se
assim o desejar.
3- Qual é o objetivo do estudo?
A toxoplasmose é uma doença de grande incidência no nosso meio
sendo responsável com 72% dos casos de uveíte (inflamação dos tecidos
oculares: retina, coróide, corpo ciliar e íris).
Entre os sintomas da doença o mais encontrado é a baixa da acuidade
visual, que pode ser imperceptível ou levar até a percepção só de luz.
Apesar de ser uma doença autolimitada, com certa freqüência sua
evolução torna-se grave, mesmo com o emprego da terapêutica específica. Por
isso o diagnóstico preciso e o ínicio rápido do tratamento são essenciais para o
êxito final.
O diagnóstico é feito através da avaliação clínica criteriosa por
especialista experiente, com ajuda de poucos exames complementares, como
a avaliação sorológica e a retinografia fluorescente.
No sentido de facilitar o diagnóstico a tomografia de coerência óptica
(OCT) está sendo utilizada para localizar e dimensionar as lesões por
toxoplasmose.
O exame é de simples realização, indolor, não invasivo e sem riscos
para sua saúde.
4- Por que você foi escolhido ?
Sua condição médica parece enquadrar-se aos critérios necessários
para este estudo e seu dico acredita que esta nova cnica de diagnóstico e
acompanhamento clínico possa trazer-lhe benefícios.
5- Tenho que participar do estudo?
A decisão de participar é totalmente sua. Se você decidir participar,
mesmo assim terá a liberdade de retirar-se a qualquer momento e sem dar
explicações; sem que isso afete o padrão de tratamento que você recebe. Se
decidir suspender sua participação, deverá avisar a seu médico imediatamente.
Para sua própria segurança, seu médico realizará um exame de encerramento
do estudo.
6- Se eu aceitar, como será minha participação nesse estudo?
Se vorealmente decidir participar e atender a todas as exigências,
recebeesta folha de informações para guardar e deverá assinar o formulário
de consentimento anexo. Você deverá informar a seu médico a respeito de
todas as suas doenças passadas e atuais, e todas as drogas e medicamentos
que está usando atualmente. Além disso, durante o estudo deverá contar a seu
médico tudo a respeito de quaisquer alterações nas medicações que está
tomando.
O estudo será realizado após a cicatrização da lesão de retinocoroidite
por toxoplamose.
Você será submetido aos seguintes exames:
exame de sangue (hemograma, plaquetas e sorologia para
toxoplasmose) no início e durante o tratamento caso seu médico ache
necessário.
exame do olho por lâmpada de fenda (avaliação de sua córnea, íris,
câmara anterior e cristalino com uma lâmpada);
• medição de sua pressão ocular;
avaliação da acuidade visual (leitura de distintas letras que aparecem
em um diagrama).
• exame de fundo de olho sob midríase (suas pupilas serão dilatadas).
na primeira e na última semana, ou conforme critério médico serão
realizados exames de retinografia colorida para avaliar e documentar a
cicatrização da lesão de toxoplasmose.
todos estes exames o realizados de rotina nos pacientes de
toxoplasmose do Departamento de Uveítes.
após a cicatrização da lesão você será submetido à tomografia de
coerência óptica, a se realizar no Centro de Oftalmolgia Avançada localizado
na Rua Grão Pará, 737 / andar mezanino, bairro Santa Efigênia, Belo
Horizonte/MG CEP 30150-341, sem nenhum custo adicional. Você não
receberá pagamento ou qualquer tipo de compensação financeira por participar
deste estudo.
7- O que eu tenho que fazer?
Você deverá usar os medicamentos prescritos, durante um período de 4
semanas. o nenhuma restrição alimentar. Você não deverá usar
nenhuma outra medicação sem antes consultar seu médico.
Você deverá comparecer aos exames ou avisar, em caso de
impossibilidade, para que eles sejam remarcados.
8- Quais são as alternativas de diagnóstico e tratamento?
Se você decidir não entrar no estudo, poucos medicamentos
diferentes disponíveis para o tratamento da toxoplasmose ocular e nenhum
com eficácia tão comprovada como o tratamento proposto. Aproveite a
oportunidade para discuti-los com seu médico.
Não existem alternativas comprovadas para o diagnóstico além das que
você será submetido.
9- Que tipo de efeitos colaterais podem ocorrer durante minha
participação no estudo?
Quanto à tomografia de coerência óptica (OCT) não existem efeitos
colaterais descritos. O tratamento clínico pode causar efeitos colaterais, por
isso você será acompanhado semanalmente. Como foi dito, esse é o
tratamento usado na maioria dos pacientes com essa doença, sendo o mais
seguro e conhecido.
10- Quais são as possíveis desvantagens e riscos se eu participar?
Não desvantagens, que o exame em questão não tem riscos para sua
saúde e você terá acompanhamento rigoroso com o seu médico em caso de
algum efeito colateral com a medicação prescrita.
11- Quais são os possíveis benefícios de participar?
O beneficio potencial desta pesquisa é a possibilidade de ser
diagnosticado e acompanhado o seu tratamento através da técnica mais
moderna disponível atualmente.
Ainda que você possa não receber nenhum beneficio direto por
participar do estudo, as informações obtidas podem contribuir para o melhor
entendimento de seu estado e podem ser úteis na seleção de tratamento e
diagnóstico para futuros pacientes. Se você concordar em participar do estudo,
todos os exames oculares e acompanhamentos serão grátis durante o estudo.
Se em algum momento os pesquisadores, o patrocinador ou o Comitê de Ética
considerarem que é melhor para você, eles o retirarão do estudo. Eles
explicarão as razões e tomarão providências para que seu tratamento continue.
12- O que acontecerá se surgirem novas informações durante meu
tratamento?
Se durante o curso do estudo surgirem novas informações, o médico do
estudo falará com voa esse respeito, e discutirá se votem vontade de
continuar no estudo ou não. Se você decidir sair do estudo, o médico tomará
providências para que seu tratamento continue.
13- O que acontecerá quando o estudo acabar?
Ao fim do estudo, seu médico manterá um controle clínico conforme a
sua necessidade.
14- O que acontecerá se surgir algum problema?
Caso você tenha algum efeito colateral com a medicação oral, esta será
suspensa ou substituída pelo seu médico e você continuará sendo
acompanhado por ele.
15- Confidencialidade - quem saberá que estou participando do estudo?
Seu oftalmologista e as pessoas que trabalham com ele (ou ela) saberão
que você está participando deste estudo. Seu médico manterá seus registros
(diagramas hospitalares e documentos relacionados a este estudo) em estrita
confidencialidade.
Qualquer informação sobre você que seja obtida em relação a este
estudo permanecerá confidencial. No entanto, os resultados do estudo poderão
ser publicados ou revelados para outras pessoas de maneira que não o
identifique. Autoridades Regulatórias, auditores, membros do Comitê de Ética
poderão inspecionar seus registros relacionados ao estudo em qualquer
momento.
Uma cópia dos dados também será mantida no hospital por um período
de 15 anos antes que seja destruída. Os resultados finais do estudo poderão
ser divulgados em publicações científicas, mas seus dados pessoais nunca
serão divulgados. Ao assinar este formulário de consentimento informado,
você está autorizando o acesso a seus dados.
16- Quem supervisionou o estudo?
Este estudo e este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, foram
aprovados por um Comitê de Ética apropriado.
O Comitê Independente de Ética é uma comissão independente de
indivíduos, em parte médicos, que tem a responsabilidade de garantir os
direitos, a segurança e o bem-estar dos participantes de estudos clínicos.
17- Quem eu deveria contatar para mais informações?
Se você tiver algum problema ou gostaria de saber mais, em qualquer
momento, sobre este estudo ou seus direitos, poderá contatar as pessoas
identificadas abaixo.
Médico do estudo:
Dra. Juliana Lambert Oréfice
Telefones: ambulatório (31) 3248-9767 • consultório (31) 3295-0499
Comitê Ético de Pesquisa (Hospital das Clínicas)
Telefone: (31) 3248-9364
Eu,
portador de retinocoroidite toxoplásmica, autorizo a equipe do Serviço de
Uveítes do Hospital São Geraldo a me incluir em trabalho científico para o
“Estudo das alterações morfológicas vitreorretinianas em pacientes com
retinocoroidite ativa supostamente causada pelo Toxoplasma gondii. Estudo
prospectivo pela tomografia de coerência óptica (OCT 3).”, visando torna mais
eficaz a forma de diagnóstico, acompanhamento e tratamento dessa doença.
Durante o estudo, serei submetido a uma série de exames, tais como:
determinação de acuidade visual, retinografia colorida, tonometria de
aplanação, biomiocroscopia, oftalmoscopia binocular indireta, tomografia de
coerência óptica e outros testes que se fizerem necessários. Serei informado
de todos os exames, bem como dos seus resultados. Alguns exames poderão
ser repetidos objetivando resultados mais fidedignos. Não deverei iniciar
qualquer outro tratamento durante esse trabalho, sem antes comunicar a
equipe responsável.
A participação no estudo é absolutamente voluntária. Mesmo que aceite
participar do trabalho, poderei sair quando quiser e, mesmo assim, poderei
continuar como paciente do Serviço de Uveítes.
Durante o estudo será preenchido um protocolo, além do prontuário
normal do hospital, documentos disponíveis para controle e fiscalização, caso
haja necessidade.
Qualquer dúvida será esclarecida pela equipe responsável pelo estudo.
ASSINATURAS
Eu pessoalmente expliquei ao paciente o propósito desse estudo
científico, bem como seus detalhes, os procedimentos a serem realizados, os
termos do consentimento e os tratamentos alternativos disponíveis no
momento.
––––––––––––––––––––––––––– Belo Horizonte, –––/–––/–––
Investigador responsável
Juliana Lambert Oréfice
Rua Uberaba, 415 • Barro Preto • Belo Horizonte • MG
Telefone: (31) 3295-0499
Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG (COEP)
Av. Alfredo Balena,110 - 1 andar
Bairro Santa Efigênia
Telefone: 239-7432
Eu confirmo que entendi o termo de consentimento, que assino abaixo e
do qual recebo uma cópia. Meu médico explicou-me todos os procedimentos
requeridos. Perguntei e fui esclarecido sobre todos os detalhes da Pesquisa.
Portanto, eu, voluntariamente, dou meu consentimento para minha inclusão
nesse estudo.
––––––––––––––––––––––––––– Belo Horizonte, –––/–––/–––
Assinatura do paciente
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