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Universidade de São Paulo
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
Associação de aditivos microbianos na ensilagem e o desempenho de
vacas em lactação recebendo silagem de cana-de-açúcar comparada
a volumosos tradicionais
Oscar Cézar Müller Queiroz
Dissertação apresentada para obtenção do título
de Mestre em Agronomia. Área de concentração:
Ciência Animal e Pastagens
Piracicaba
2006
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Oscar Cézar Müller Queiroz
Engenheiro Agrônomo
Associação de aditivos microbianos na ensilagem e o desempenho de vacas em
lactação recebendo silagem de cana-de-açúcar comparada a volumosos
tradicionais
Orientador:
Prof. Dr. LUIZ GUSTAVO NUSSIO
Dissertação apresentada para obtenção do título de
Mestre em Agronomia. Área de concentração:
Ciência Animal e Pastagens
Piracicaba
2006
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - ESALQ/USP
Queiroz, Oscar Cézar Müller
Associação de aditivos microbianos na ensilagem e o desempenho de vacas em
lactação recebendo silagem de cana-de-açúcar comparada a volumosos tradicionais /
Oscar Cézar Muller Queiroz. - - Piracicaba, 2006.
99 p.
Dissertação (Mestrado) - - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 2006.
1. Alimentos volumosos 2. Cana-de-açúcar 3. Ensilagem 4. Fermentação alcoólica
anaerobia 5. Lactação animal 6. Lactobacillus 7. Leite – Produção 8. Ração 9. Silagem
10. Uréia I. Título
CDD 636.08552
“Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte – O autor”
3
“É preferível ter a alma dolorida de tanto buscar do que te-lâ em paz
por haver renunciado a busca”
Oscar Wilde
A
meus pais, Marivaldo A. Queiroz e Ana M. Müller;
minhas irmãs Helena e Elisa;
meu cunhado Cris;
Dedico
À pessoa mais doce que conheci na minha vida,
minha avó.
Ofereço
4
AGRADECIMENTOS
À USP/ESALQ, por meio do Departamento de Zootecnia, pela oportunidade da
realização do mestrado.
À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo – Fapesp pela
concessão da bolsa de estudos.
Ao Prof. Dr. Luiz Gustavo Nussio pela orientação na realização desse trabalho, que
auxiliou no meu desenvolvimento profissional.
À empresa: Lallemand, pelo apoio financeiro.
Aos seniores Lucas José Mari, Patrick Schmidt, José Leonardo Ribeiro, Maity
Zoppolato, Solidete de Fátima e Daniele pelo exemplo de profissionalismo e
dedicação.
Aos amigos Mateus Castilho Santos e Sérgio Gil de Toledo Filho pelo
companheirismo e amizade.
A querida amiga Vanessa Pillon pelo apoio e conselhos.
Aos estagiários Lucas Vieira, Mateus Trivelin, Liege, Mattheus e Alexandre
Carvalho e alunos do CPZ pelo apoio e dedicação.
Ao professor kung Junior e ao amigo Renato Schmidt por todo apoio e ensinamentos.
Aos amigos de longa data engenheiros agrônomos José Vitor Salvi, André Beltrame,
Marcos Antônio Matos, pelo convívio e conselhos.
À Talita Sélios pelo carinho e compreensão.
Aos amigos da república K-labouço, minha primeira escola da vida. Que a corrente
jamais seja quebrada!
Aos funcionários do Departamento de Zootecnia: Carlos César e Tânia pelo apoio nas
atividades realizadas durante a pós-graduação.
A todos, que direta ou indiretamente, auxiliaram na realização desse trabalho.
5
SUMÁRIO
RESUMO..........................................................................................................................8
ABSTRACT....................................................................................................................10
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................11
2 ASSOCIAÇÃO DE ADITIVOS QUÍMICOS E MICROBIANOS NA DINÂMICA
FERMENTATIVA E ESTABILIDADE AERÓBIA DE SILAGENS DE CANA–DE-AÇÚCAR
(Saccharum officinarum L.) ............................................................................................13
Resumo..........................................................................................................................13
Abstract..........................................................................................................................14
2.1 Introdução ................................................................................................................15
2.2 Desenvolvimento......................................................................................................16
2.2.1 Revisão bibliográfica .............................................................................................16
2.2.1.1 Cana-de-açúcar..................................................................................................16
2.2.1.2 Silagem de cana-de-açúcar................................................................................17
2.2.1.3 Fermentação alcoólica e a qualidade da silagem...............................................19
2.2.1.4 Valor energético do etanol..................................................................................20
2.2.1.5 Bioquímica da fermentação................................................................................20
2.2.1.6 Aditivos...............................................................................................................22
2.2.1.6.1 Uréia................................................................................................................22
2.2.1.6.2 Lactobacillus buchneri.....................................................................................23
2.2.1.6.3 Lactobacillus diolivorans..................................................................................25
2.2.1.6.4 Associações de microrganismos.....................................................................26
2.2.1.6.5 1,2-propanodiol ...............................................................................................27
2.2.1.7 Ação antifúngica dos ácidos...............................................................................28
2.2.2 Material e métodos................................................................................................29
2.2.2.1 Local do experimento.........................................................................................29
2.2.2.2 Silos laboratoriais e confecção da silagem.........................................................29
2.2.2.3 Tratamentos .......................................................................................................30
2.2.2.4 Aplicação dos aditivos........................................................................................30
2.2.2.5 Enchimento dos silos..........................................................................................31
2.2.2.6 Avaliação de perdas...........................................................................................32
6
2.2.2.7 Equações para estimar perdas...........................................................................32
2.2.2.8 Ensaio de estabilidade aeróbia ..........................................................................33
2.2.2.9 Avaliação químico-bromatológica.......................................................................34
2.2.2.10 Análise estatística.............................................................................................36
2.2.3 Resultados e discussão.........................................................................................36
2.2.3.1 Avaliação da composição bromatológica ...........................................................36
2.2.3.2 Avaliação de perdas nos processos fermentativos ............................................47
2.2.3.2.1 Perda por gases..............................................................................................47
2.2.3.3 Análise da pós-abertura: estabilidade aeróbia ...................................................52
2.3 CONCLUSÃO...........................................................................................................56
Referências....................................................................................................................57
3 SILAGEM DE CANA-DE-AÇÚCAR (Saccharum officinarum L.) COMPARADA A
FONTES TRADICIONAIS DE VOLUMOSOS SUPLEMENTARES NO DESEMPENHO
DE VACAS DE ALTA PRODUÇÃO................................................................................64
Resumo..........................................................................................................................64
Abstract..........................................................................................................................65
3.1 Introdução ................................................................................................................66
3.2 Desenvolvimento......................................................................................................67
3.2.1 Revisão Bibliográfica.............................................................................................67
3.2.1.1 Desempenho animal com dietas a base de silagem de cana-de-açúcar ...........67
3.2.1.2 Desempenho animal com dietas a base de cana-de-açúcar in natura ou silagem
de milho..........................................................................................................................69
3.2.2 Material e métodos................................................................................................71
3.2.2.1 Local do experimento.........................................................................................71
3.2.2.2 Confecção das silagens e manejo da cana-de-açúcar in natura........................71
3.2.2.3 Tratamentos .......................................................................................................72
3.2.2.4 Animais e instalações.........................................................................................72
3.2.2.5 Rotina experimental............................................................................................73
3.2.2.6 Delineamento experimental................................................................................74
3.2.2.7 Avaliação químico-bromatológica.......................................................................74
3.2.2.8 Ensaio de estabilidade aeróbia ..........................................................................76
7
3.2.2.9 Avaliação do comportamento ingestivo das vacas.............................................76
3.2.2.10 Desempenho dos animais................................................................................77
3.2.2.11 Composição do leite.........................................................................................78
3.2.3 Resultados e discussão.........................................................................................78
3.2.3.1 Avaliação da estabilidade aeróbia dos volumosos e das dietas.........................78
3.2.3.2 Avaliação da composição bromatológica ...........................................................84
3.2.3.4 Avaliação do comportamento ingestivo dos animais..........................................91
3.3 Conclusão ................................................................................................................93
REFERÊNCIAS..............................................................................................................94
8
RESUMO
Associação de aditivos microbianos na ensilagem e o desempenho de vacas em
lactação recebendo silagem de cana de açúcar comparada a volumosos
tradicionais
O presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito de aditivos químicos,
microbianos e a associação destes sobre a dinâmica fermentativa e a estabilidade
aeróbia de silagens de cana-de-açúcar, além de avaliar o desempenho de vacas
leiteiras de alto potencial produtivo recebendo rações com diferentes fontes de
volumosos. No primeiro experimento silagens de cana-de-açúcar foram confeccionadas
em silos laboratoriais de 20L, contendo válvula para escape de gases e coleta de
efluente. O experimento seguiu o delineamento inteiramente ao acaso, em esquema
fatorial sendo constituído por dois períodos de abertura (80 e 140 dias) com 8
tratamentos e 4 repetições. Os tratamentos avaliados foram: uréia 1%MV, 1,2-
propanodiol 1%MS (1,2 p), L. buchneri 5x10
4
ufc/g (Lb), L. diolivorans em duas
concentrações 1x10
5
ufc/g (Ld 10
5
) e 1x10
6
ufc/g (Ld 10
6
), L. diolivorans 1x10
6
ufc/g + L.
buchneri 5x10
4
ufc/g (Ld+Lb) e 1,2-propanodiol 1%MS + L. diolivorans 1x 10
6
ufc/g (1,2
p+Ld 10
6
). Após abertos os silos foram realizadas avaliações de estabilidade aeróbia
em sala com ambiente controlado. Os tratamentos contendo L. diolivorans mais 1,2-
propanodiol ou L. diolivorans mais L. buchneri apresentaram os menores valores de
perda total de matéria seca 20,42% e 23,73%, respectivamente. Ambos tratamentos
também resultaram nos menores teores de etanol, 2,1% e 3,93% da MS, e de perdas
gasosas, 20,36% e 20,62%. Tanto para FDN quanto FDA, foram observados valores
menores para os tratamentos contendo uréia, 1,2-p + Ld 10
6
, Ld + Lb e Ld 10
5
. Quanto
à estabilidade aeróbia houve diferenças entre os períodos de abertura, sendo de 48,03h
aos 140 dias e de 31,35h aos 80 dias. O microrganismo L. diolivorans se constituiu em
uma alternativa capaz de trazer benefícios quanto às perdas fermentativas e
composição bromatológica em silagens de cana-de-açúcar. O segundo experimento
avaliou o desempenho de vacas recebendo rações contendo diferentes fontes de
volumosos: cana-de-açúcar in natura, silagem de cana-de-açúcar inoculada com L.
buchneri, silagem de milho e proporções equivalentes de silagem de milho e cana-de-
açúcar in natura (50:50). O experimento contou com 48 vacas Holandesas em estágio
intermediário de lactação, distribuídas em múltiplos quadrados latinos 4x4 com períodos
de 21 dias, sendo 14 dias de adaptação e 7 dias de coleta de amostras. Além da
avaliação de desempenho, foram realizadas análises de composição bromatológica dos
alimentos e do leite, e avaliações do comportamento ingestivo dos animais e da
estabilidade aeróbia dos volumosos e das rações. Os dados de desempenho
mostraram diferenças na ingestão de MS, com maiores valores observados para o
tratamento silagem de cana-de-açúcar (23,5 kg/dia) e a mistura cana-de-açúcar mais
silagem de milho (23,5 kg/dia). Todas as rações resultaram em produções elevadas de
leite (22,65 kg/dia) as quais não diferiram entre si. A composição do leite variou
somente para o teor de gordura, sendo maior para a silagem de milho (3,61%) e a
mistura com cana (3,48%). A silagem de cana-de-açúcar mostrou-se como alternativa
9
interessante frente à cana-de-açúcar in natura, e que ambas podem proporcionar
elevadas produções desde que as rações sejam corretamente balanceadas.
Palavras-chave: 1,2-propanodiol, uréia; L. buchneri; L.diolivorans; silagem de milho;
produção de leite
10
ABSTRACT
Microbial additives on ensiling and the performance of lactating cows fed with
sugarcane silage compared to traditional roughage sources
The current study aimed to evaluate the effect of chemical and microbial additives
and the combination over the fermentative dynamics and the aerobic stability in the
sugarcane silage as well to study the performance of high producing dairy cows fed with
different roughage sources. In the first trial, sugarcane silage was prepared in lab silos
of 20L, with a gas relief valve and a device for collecting effluent. The experiment was
randomly arranged, in a factorial design, with two openings 80 and 140 days, across 8
treatments and 4 replications. The treatments evaluated were: urea 1%, 1.2-propanediol
1%DM (1.2 p) L. buchneri 5x10
4
cfu/g (Lb), L. diolivorans in two concentrations 1x10
5
cfu/g (Ld 10
5
) and 1x10
6
cfu/g (Ld 10
6
), L. diolivorans 1x10
6
cfu/g plus L. buchneri 5x10
4
cfu/g (Ld+Lb) and 1.2- propanediol 1%DM plus L. diolivorans 1x 10
6
cfu/g (1,2 p+Ld
10
6
). After opening the silos, the aerobic stability assay was performed in an
environmental controlled room. The treatments containing Ld +1.2 p, or Ld 10
6
+ Lb
showed the lowest values of total DM loss, 20.42% and 23.73% respectively. Both
treatments also showed the lowest levels of ethanol 2.1% and 3.93% of DM, and gases
losses 20.36% and 20.62%. For both NDF and ADF, lower values were detected for the
following treatments: urea, 1.2 p + Ld 10
6
, Ld + Lb and Ld10
5
. As for the aerobic
stability, there were differences between the openings dates, 48.03h (140 days) and
31.35h (80 days). The microorganism L. diolivorans turn out to be promising alternative
able to show positive results on the fermentative losses and nutritive value in sugarcane
silage. The second experiment evaluated the performance of cows fed rations with
different sources of roughage: fresh sugarcane, sugarcane silage, corn silage and
mixture of corn silage and fresh sugarcane (50:50). Forty eight mid lactation Holstein
cows were assigned to multiple latin square design 4x4, with 21-d period (14-d
adaptation and 7-d the sample collection). As well the animal performance fed and milk
compositions were evaluated and also ingestivo behavior of cows and the aerobic
stability of forage and rations were analyzed. The performance data has shown
differences in the dry matter intake (DMI), with the highest values observed for the
sugarcane silage (23.5 kg/day) and the mixture (23.5 kg/day). All rations resulted in high
milk production (22.65 kg/day) which did not differ among treatments. The milk
composition varied only for the fat percentage, which was higher for the corn silage
treatment (3.61%) and the mix (3.48%). Sugarcane silage was exhibited as an
interesting forage alternative when compared to fresh sugarcane. Both options may
support high milk yields by the adequacy of rations balancing.
Keywords: 1,2-propanediol, urea, corn silage, milk production, L. buchneri; L.diolivorans
11
1 INTRODUÇÃO
A cultura da cana-de-açúcar é umas das mais importantes para o agronegócio
brasileiro. O Brasil se destaca como maior produtor mundial de cana-de-açúcar,
contando com a produção de 423 milhões de toneladas na última safra. Contudo, a
importância da planta não se restringe somente na área da indústria do açúcar e do
álcool, relatos de 1913 já mencionavam o uso da cana-de-açúcar como fonte de
volumoso suplementar aos animais.
Tradicionalmente a cana-de-açúcar é colhida diariamente sendo então picada e
fornecida aos animais. Entretanto, o uso da planta em sistemas de produção intensivo e
de grande escala tem aumentado, com isso também tem havido o aumento da
demanda por novas tecnologias.
Um dos principais fatores que norteiam a tomada de decisão pelo uso da cana-de-
açúcar é o problema logístico decorrente da colheita diária da forragem, tais problemas
são intensificados em propriedades com grandes rebanhos.
A possibilidade do uso da cana-de-açúcar na forma de silagem tem sido uma
alternativa para se resolver os problemas adivindos do corte diário, além é claro da
praticidade que o uso de silagens proporciona a todo o sistema de produção.
Por apresentar grande quantidade de carboidratos solúveis a cana-de-açúcar é
altamente susceptível ao ataque de leveduras. Dentro do ambiente anaeróbio do silo,
as leveduras são capazes de gerar perdas significativas em função da fermentação
alcoólica.
O acúmulo de etanol pode não somente representar perdas do material ensilado,
mas também perdas decorrentes da recusa dos animais.
Tendo em vista o cenário que envolve o uso da cana-de-açúcar ensilada, o meio
acadêmico vem pesquisando inúmeros aditivos capazes de controlar a população de
leveduras diminuindo assim as perdas decorrentes dos processos fermentativos.
Em alguns ensaios foi observada melhora na dinâmica fermentativa de silagens de
cana-de-açúcar inoculadas com L. buchneri, o que resultou em menores teores de
etanol e menores perdas totais.
12
Ao avaliar animais recebendo silagens de cana-de-açúcar com aditivos químicos e
bacterianos também se constatou que o tratamento de uréia 1% proporcionou
resultados satisfatórios e promissores.
O presente trabalho tem como objetivo avaliar o efeito de aditivos químicos,
bacterianos e a associação de aditivos na dinâmica fermentativa e na estabilidade
aeróbia de silagens de cana-de-açúcar, além de avaliar o desempenho de animais de
alta produção recebendo rações a base de cana-de-açúcar, in natura ou ensilada, como
fonte de volumoso suplementar alternativo.
13
2 ASSOCIAÇÃO DE ADITIVOS QUÍMICOS E MICROBIANOS NA DINÂMICA
FERMENTATIVA E ESTABILIDADE AERÓBIA DE SILAGENS DE CANA–DE-
AÇÚCAR (Saccharum officinarum L.)
Resumo
O experimento foi realizado com o objetivo de avaliar o efeito de aditivos químicos,
microbianos e suas associações sobre a dinâmica fermentativa, composição
bromatológica e estabilidade aeróbia de silagens de cana-de-úcar. No ensaio
conduzido durante 140 dias foram utilizados silos experimentais contendo sistema de
drenagem e válvulas para escape de gás permitindo assim a mensuração de perdas de
efluente e gases, além da perda total de matéria seca. O delineamento experimental
utilizado foi inteiramente ao acaso, com 8 tratamentos, 4 repetições por tratamento, com
duas épocas de abertura (80 e 140 dias). Os tratamentos impostos à forragem neste
ensaio foram: uréia 1%MV e 1,2-propanodiol 1%MS (1,2 p), L. buchneri 5x10
4
ufc/g de
MV (Lb), L. diolivorans em duas concentrações 1x10
5
ufc/g de MV (Ld 10
5
) e 1x10
6
ufc/g de MV(Ld 10
6
), L. diolivorans 1x10
6
ufc/g e L. buchneri 5x10
4
ufc/g (Ld+Lb). A
associação entre tratamentos químicos e microbianos foi constituída pela adição de 1,2-
propanodiol 1%MS ao L. diolivorans 1x 10
6
ufc/g (1,2 p+Ld 10
6
). Os parâmetros
avaliados foram: composição bromatológica das silagens, estabilidade aeróbia e perdas
fermentativas. Os tratamentos contendo 1,2p + Ld 10
6
, ou Ld + Lb apresentaram os
menores valores de perdas totais de MS (PMS) 20,42% e 23,73%, respectivamente.
Ambos os tratamentos também resultaram nos menores teores de etanol 2,1% e 3,93%
da MS e de perdas gasosas 20,36% e 20,62%. Houve efeito de tratamento sobre o teor
de MS das silagens, sendo que os tratamentos que apresentaram menores perdas de
MS (1,2 p + Ld 10
6
e Ld + Lb) foram também os que apresentaram maiores teores de
matéria seca (24,51% e 26,30 %). Os teores de FDN e FDA foram inferiores para os
tratamentos contendo uréia, 1,2 p + Ld 10
6
, Ld + Lb e Ld 10
5
. Os dados relacionados à
estabilidade aeróbia, mostraram haver diferenças entre as épocas de aberturas,
alcançando 48,03h para a segunda data de abertura (140 dias) e somente 31,35h para
a abertura ocorrida aos 80 dias. O acúmulo térmico ocorrido aos cinco ou dez dias de
avaliação, da diferença diária entre a temperatura das silagens expostas ao ar e a
temperatura ambiente, mostrou haver maior variação de temperatura para os silos
abertos aos 140 dias que aos 80 dias, tanto no ADITE-5 (30,43°C contra 14,91°C)
quanto no ADITE-10 (61,86°C contra 35,66°C). Os dados em conjunto sugerem que o
microrganismo L. diolivorans se constituí em uma alternativa interessante capaz de
trazer benefícios quantos as perdas fermentativas e composição bromatológica em
silagens de cana-de-açúcar.
Palavras-chave: 1,2-propanodiol, uréia, L .buchneri, L. diolivorans
14
COMBINATION OF CHEMICAL AND MICROBIAL ADDITIVES ON THE
FERMENTATIVE DYNAMICS AND AEROBIC STABILITY OF SUGARCANE
(Saccharum officinarum
L.) SILAGES
Abstract
The experiment aimed to evaluate the effect of chemical and microbial additives
and their combinations over the fermentative dynamics, nutritive value and aerobic
stability of sugarcane silages. In a 140-d trial experimental silos fitted with a drainage
system and gases relief valves were used allowing then, the measurement of effluent
gases losses, and the total loss of dry matter. The experiment was randomly arranged,
in a factorial design, with two openings (at 80 to 140 days) across 8 treatments and 4
replications. The treatments evaluated were: urea 1% (WB) and 1,2-propanediol 1% DM
(1,2 p), L. buchneri 5x10
4
cfu/g (Lb), L. diolivorans in two concentrations 1x10
5
cfu/g (Ld
10
5
) and 1x10
6
cfu/g (Ld 10
6
), L. diolivorans and L. buchneri 5x10
4
cfu/g (Ld+Lb), 1.2-
propanediol 1%DM and L. diolivorans 1x 10
6
cfu/g (1,2 p+Ld 10
6
). The parameters
studied were: nutritive value of silages, aerobic stability and fermentation losses. As for
the fermentative dynamics, the treatments containing 1,2 p + Ld 10
6
, or Ld +Lb showed
the lowest values for total DM loss 20.42% and 23.73% respectively. Both treatments
also presented the lowest levels of ethanol 2.1% and 3.93%, and gases losses 20.36%
and 20.62%. There was treatment effect over the DM content of silages, and those
which revealed the lowest DM losses (1,2 p + Ld 10
6
and Ld +Lb) were also the ones
that resulted in higher DM content (24.51% and 26.30 %). For both NDF and ADF, lower
values were detected for the following treatments: urea, 1,2 p+ Ld 10
6
, Ld +Lb and Ld
10
5
. As for the aerobic stability there were differences between the opening dates,
48.03h (140 days) and 31.35h (80 days). The accumulated temperature during five or
ten days, based on the daily difference between the temperature of silages exposed to
air and environmental temperature pattern showed increased variation for the silos
opened lately (140-d) than those opened earlier (80-d) with ADITE-5 (30.43°C vs
14.91°C) as wells as in ADITE-10 (61.86°C vs 35.66°C), respectively. The experimented
data suggests L. diolivorans as an promising alternative able to show positive results on
the fermentation losses and nutritive value in sugarcane silages.
Keywords: 1,2-propanediol, urea, L.buchneri; L.diolivorans
15
2.1 Introdução
A cultura de cana-de-açúcar é tradicionalmente utilizada na alimentação de
ruminantes na forma in natura, sendo picada diariamente e fornecida aos animais como
forragem suplementar.
A escolha pela cana-de-açúcar se dá principalmente por esta apresentar grande
produtividade, baixo custo por tonelada de matéria seca, elevada produção de NDT e
ponto de maturação na época de maior demanda, ou seja, quando há escassez de
forragem.
A dificuldade de fornecimento diário de cana-de-açúcar fresca e picada, associado
ao fato dos inconvenientes dos tratos culturais escalonados nas áreas cultivadas,
estimulou o interesse de produtores e da pesquisa em se utilizar a ensilagem de cana-
de-açúcar como estratégia de fornecimento de volumoso na época do inverno.
A cana-de-açúcar apresenta como desvantagem a alta susceptibilidade à
fermentação alcoólica, sendo que teores de etanol de 17,5% MS já foram reportados na
literatura. O aumento do teor de etanol leva ao aumento de perdas de matéria seca
devido à produção de CO
2
.
Pesquisas recentes estudam os efeitos de aditivos químicos e bacterianos sobre a
população de leveduras, visando dessa forma promover a diminuição da fermentação, e
conseqüentemente diminuir o teor de etanol e a perda de matéria seca na silagem de
cana-de-açúcar.
O efeito inibidor da amônia sobre a população de leveduras vem estimulando a
realização de trabalhos com o uso de uréia como aditivo químico. Em contato com a
forragem a uréia é transformada em amônia, que tem promovido aumento na
recuperação de carboidratos e de matéria seca das silagens tratadas.
O Lactobacilus buchneri é uma bactéria heterolática responsável pela síntese de
ácido acético, um agente antifúngico eficiente que promove diminuição na população de
leveduras e aumento significativo na estabilidade aeróbia da silagem quando exposta
ao ar. Pesquisas em vários países vêm demonstrando a eficácia deste aditivo.
Recentemente microrganismo Lactobacilus diolivorans foi classificado como uma
bactéria capaz de sintetizar ácido propiônico e 1-propanol a partir do 1,2-propanodiol
16
produzido pelo Lactobacilus buchneri. O ácido propiônico, assim como ácido acético é
forte agente antifúngico eficaz e foi muito utilizado na forma sintética, embora, seu
preço ainda seja proibitivo, daí o interesse por uma alternativa se síntese biológica.
O presente trabalho tem como objetivo estudar os efeitos de aditivos químicos,
microbianos e suas associações, sobre a dinâmica fermentativa, a composição
bromatológica e a estabilidade aeróbia de silagens de cana-de-açúcar.
2.2 Desenvolvimento
2.2.1 Revisão bibliográfica
2.2.1.1 Cana-de-açúcar
A tradição no cultivo da cana-de-açúcar é uma das características que a tornam
elegível para adoção nos sistemas de produção animal. Na década de 40 cerca de 37%
das propriedades rurais produtoras de leite utilizavam a cana-de-açúcar como fonte de
volumoso (JARDIM, 1949 apud MATTOS, 2003). Atualmente a cultura da cana-de-
açúcar está presente em uma área de 5,495 milhões de hectares, o que representa
uma produção de 423 milhões de toneladas.
Dentre os aspectos a serem considerados para o uso da planta, deve ser
destacada a alta produção por hectare. Schmidt et al. (2004) determinaram índices de
produção da variedade IAC 87-3184 em 183,5 t MV/ha, ou 59,3 t MS/ha.
Nussio e Schmidt (2005) ressaltam o baixo custo por tonelada de matéria seca
como ponto atrativo no uso da cana-de-açúcar na produção animal. Atualmente o custo
por tonelada de matéria seca é de aproximadamente R$ 200,00, considerando a planta
colhida com teor de 30% MS.
Segundo Silva (1993), a manutenção do valor nutritivo por grande período de
tempo e a época de maturação coincidindo com a época de escassez de forragem são
aspectos vantajosos à utilização da cana-de-açúcar.
17
Ainda que apresente inúmeras vantagens, a cana-de-açúcar tem limitações do
ponto de vista nutricional (SHIMIDT; NUSSIO, 2005) e quanto à operacionalização da
colheita diária (JUNQUEIRA, 2006).
A deficiência de proteína encontrada na cana-de-açúcar foi primeiramente
relatada por Nicolau Athanassof (1917 apud MATTOS, 2003) quando este observou
que o fornecimento exclusivo da planta ao animal como única fonte de alimento poderia
acarretar na morte do mesmo, por falta de substâncias azotadas. Boin e Tedeschi
(1993) reportaram que além da deficiência de proteína, baixos teores de minerais,
principalmente enxofre e fósforo, podem culminar em baixa utilização da energia
digerida.
Junqueira (2006) relata a importância da disciplina e os problemas advindos do
corte diário da plantação. A necessidade diária de máquinas e pessoal para atender as
demandas de confinamentos industriais e grandes rebanhos tornam a prática do corte
diário algo complexo e pouco prático. Além dos problemas operacionais envolvendo a
colheita diária, esta gera a necessidade de um plantio escalonado, caso contrário, seria
impossível utilizar todos os talhões quando a cana-de-açúcar apresentasse seu maior
acúmulo de nutrientes. Quando utilizada fora do período de safra, a cana-de-açúcar não
apresenta seu maior valor nutritivo, pois ainda contém um baixo teor de sacarose
(MATSUOCA; HOFFMANN, 1993). O plantio escalonado também leva a diferentes
épocas de tratos culturais nos talhões, e disso deriva uma série de novas demandas e
cuidados.
Tendo em vista os problemas relacionados ao corte escalonado e à colheita fora
de época, associado às possibilidades de queimas de canavial ou excedentes de
produção, a ensilagem de cana-de-açúcar e a demanda por informações tornam-se
cada vez mais freqüentes.
2.2.1.2 Silagem de cana-de-açúcar
A cana-de-açúcar vem sendo adotada nos sistemas de produção como uma
estratégia de alimentação no período de escassez de pasto. O interesse pela planta é
resultado de inúmeras vantagens associadas ao alto potencial de produção de matéria
18
seca, maior produção de NDT por hectare quando comparado às forragens tradicionais
como milho e sorgo, e baixo custo por tonelada de matéria seca.
A escolha pelo uso da planta ensilada e não in natura, como tradicionalmente é
feito, decorre das inúmeras vantagens operacionais e do aumento da flexibilidade do
sistema de produção. O uso da planta na forma ensilada permite o corte em curto
espaço de tempo, o aproveitamento da forragem quando esta atinge seu máximo valor
nutritivo, o manejo facilitado do canavial, além de permitir o uso da cana em caso de
incêndios acidentais ou excedentes de produção (PEDROSO, 2003).
Os elevados teores de etanol presentes em silagens de cana-de-açúcar sem
aditivos e as perdas decorrentes do processo de fermentação alcoólica são o foco de
inúmeras pesquisas (CASALI et al., 2004; FREITAS et al., 2004; SIQUEIRA et al 2004;
SCHMIDT et al., 2005; KUNG JR; STANLEY.,1982).
Pedroso et al. (2005) estudando a dinâmica da fermentação e da microflora
epifítica em silagem de cana-de-açúcar, caracterizaram esta silagem por apresentar
intensa atividade de leveduras, alto teor de álcool e grandes perdas de matéria seca.
Os autores constataram o desaparecimento de aproximadamente 71% dos carboidratos
solúveis, em contrapartida o teor de etanol atingiu valores de 6,4% na matéria seca.
Após 45 dias de ensilagem as perdas gasosas e de matéria seca estabilizaram em 16%
e 29% da matéria seca, respectivamente.
Alli e Baker (1982) estudando a fermentação em silagem de cana-de-açúcar em
silos experimentais verificaram a diminuição em 10% dos carboidratos solúveis, o
aumento do teor de etanol atingindo 9% na matéria seca e aumento em mais de 44%
de FDA.
Schmidt et al. (2004) trabalhando com ensilagem de cana-de-açúcar em silos
laboratoriais de 20 L, providos de válvula para escape de gases, quantificaram perdas
de matéria seca em silagens não aditivadas da ordem de 36,5% da matéria seca.
Junqueira (2006) estudando o efeito de aditivos químicos e bacteriano sobre as
perdas na conservação da silagem de cana-de-açúcar verificou o aumento de perdas
gasosas em silagens não aditivadas em comparação com silagens com 2% de uréia MV
e L. buchneri (22,19% MS vs 14,50% MS e 14,97% MS). A recuperação de matéria
seca da silagem controle foi de 77,26% enquanto os tratamentos com 2% de uréia e L.
19
buchneri apresentaram recuperação de 84,87% e 82,47%, respectivamente. Ambos os
tratamentos foram capazes de diminuir o teor de etanol na silagem em relação ao
tratamento controle (2,59% MS e 2,96% MS vs 5,75% MS).
A susceptibilidade da cana-de-açúcar à ação de leveduras e a conseqüente
fermentação alcoólica foram reportadas por Alli e Baker (1982). Os autores avaliaram o
aumento do teor de etanol em função dos dias de ensilagem do material e verificaram
que após 21 dias de ensilado a silagem controle apresentava teor de etanol de 11,6%
MS enquanto o material tratado com amônia apresentou teor de apenas 2,56%.
2.2.1.3 Fermentação alcoólica e a qualidade da silagem
Os açúcares de reserva, principalmente sacarose, e a fração fibrosa são os
principais carboidratos constituintes da cana-de-açúcar, sendo que os primeiros têm
alta digestibilidade e necessitam de uma fonte protéica de alta solubilidade para que
sejam aproveitados no rúmen. A fração fibrosa tem baixa digestibilidade (< 40%) e é o
principal agente limitante de consumo. O uso da cana-de-açúcar na forma de silagem
permite a colheita do material quando este atinge a maturidade fisiológica, ou seja,
quando existe maior concentração de conteúdo intracelular altamente digestível e
redução relativa da porção fibrosa menos digestível.
Alli et al. (1983) comprovaram o grande acúmulo de carboidratos solúveis
existentes na cana-de-açúcar, apresentando teores próximos de 34% no momento da
colheita. Os autores observaram que a mesma forragem, ao ser ensilada, apresentava
teores residuais de carboidratos solúveis de 1,27% da MS e teores de etanol da ordem
de 8,7% da MS. A redução dos teores de carboidrato foi acompanhada pelo aumento
da fração fibrosa, representada por um aumento em 24% no teor de FDA da silagem
após 55 dias de fermentação.
Avaliando o comportamento de animais recebendo silagem de cana-de-açúcar
Schmidt et al. (2004) concluíram haver rejeição do alimento, principalmente logo após o
fornecimento da forragem no cocho, justificando então o efeito negativo do etanol sobre
o consumo.
20
2.2.1.4 Valor energético do etanol
A fermentação alcoólica é um processo indesejável, tanto pelo aumento nas
perdas de matéria seca, quanto pela posterior rejeição do animal, contudo deve-se levar
em consideração que o etanol contido na silagem faz parte de seus constituintes
energéticos (NUSSIO; SCHMIDT, 2005).
Durix et al. (1991) avaliaram o efeito da infusão de etanol marcado com C
14
em um
simulador ruminal. Os autores observaram um aumento de 40% na produção de ácidos
graxos voláteis, contudo pequena parte realmente vinda do etanol. Avaliações na fase
gasosa mostraram que o CO
2
e o CH
4
não continham carbono marcado, isso confirma
que a maior parte do etanol é absorvida na parede ruminal.
2.2.1.5 Bioquímica da fermentação
Fermentação é um termo genérico para degradação anaeróbica de glicose ou
nutrientes orgânicos para obtenção de energia.
Leveduras e outros microrganismos fermentam preferencialmente glicose a CO
2
e
etanol, ao invés de fermentar outras substancias como lactato. A capacidade de
transformar piruvado vindo da glicólise em etanol e CO
2
ocorre em duas reações
principais: o piruvato é transformado em acetaldeído por uma descarboxilação simples
catalisada pela piruvato descarboxilase. Na segunda reação o acetaldeído é reduzido a
etanol pela ação da álcool desidrogenasse na presença de NADH+H
+
.
Algumas leveduras são conhecidas por utilizar pentoses (D-xylose, D-ribose),
polissacarídeos (amido) e ácidos orgânicos (lático, acético, cítrico). Leveduras capazes
de utilizar outras fontes que não somente glicose parecem estar mais aptas a
sobreviver em pH mais baixos, isso porque essas fontes constituem um aporte adicional
de energia (McDONALD, 1991).
Sob condições de aerobiose as leveduras podem apresentar a capacidade de
utilizar ácidos orgânicos como lactato, succinato, citrato dentre outros. Moon (1983)
avaliando a inibição do crescimento de bactérias ácido tolerantes pela ação do acetato,
lactato, propionato e suas combinações constatou que algumas linhagens de
21
Saccharomyces sp, Geotrichum sp, Endomycopsis sp e Hansenula sp podem utilizar
acetato e lactato para o seu desenvolvimento em condições aeróbicas.
A habilidade de degradar ácidos orgânicos, em aerobiose, reduz o agente
antifúngico no meio e promove um ambiente favorável a ação de bactérias e fungos
(MCDONALD, 1991). O consumo e deterioração do substrato remanescente pelos
microrganismos oportunistas durante a pós-abertura do silo é um processo conhecido
como quebra da estabilidade aeróbia. A estabilidade é mensurada pelo tempo
necessário para haver uma significativa variação da temperatura da massa em relação
a temperatura do ambiente.
Ranjit e Kung Jr (2000) trabalhando com silagem de milho aditivadas com duas
cepas de bactérias homofermentativas produtoras de ácido lático (L. plantarum 30114 e
L. platarum 30115) demonstraram haver um pequeno aumento da estabilidade aeróbia
da forragem (6,4h) em relação ao tratamento controle.
Pedroso (2003) avaliou o efeito de aditivos químicos, bacterianos e suas
associações sobre a estabilidade aeróbia de silagens de cana-de-açúcar. Os resultados
demonstraram existir uma diminuição de estabilidade de 65h da silagem não aditivada,
para somente 45h quando aditivada com L. plantarum, contudo o autor verificou que o
tratamento contendo L. plantarum mais uréia na concentração de 1% da MV obteve a
maior estabilidade aeróbia, representada por 79h sem variações de temperatura acima
de 2 ºC em relação a temperatura ambiente.
Muck e Kung Jr. (1997) avaliaram inúmeros trabalhos que utilizaram
preferencialmente bactérias ácido láticas homofermentativas e verificaram existir
inconsistência da ação do aditivo quanto à melhora de estabilidade aeróbia. Ribeiro et
al. (2005) ressaltam que os poucos avanços obtidos com a utilização de bactérias
exclusivamente produtoras de ácido lático decorrem do fato de que este ácido não se
mantém no meio quando ocorre contato da silagem com o oxigênio.
Segundo Ribeiro et al (2005) os problemas observados com a utilização de
bactérias homofermentativas estimularam o interesse pelo desenvolvimento de novos
aditivos.
22
2.2.1.6 Aditivos
2.2.1.6.1 Uréia
De acordo com Pedroso (2003) os trabalhos com aditivos químicos visando o
controle do desenvolvimento de leveduras em silagem foram baseados nos resultados
promissores na década de setenta com silagem de milho tratada com amônia (NH
3
).
Alli et al. (1983) obtiveram resultados importantes para confirmação dos benefícios
envolvendo o uso da amônia como aditivo para confecção de silagem de cana-de-
açúcar. Trabalhando com dose de 4,5kg NH
3
/t em silos laboratoriais os autores
verificaram a diminuição inicial de fungos e leveduras, redução de 47,9% na perda de
MS e de 46,4% na perda de carboidratos solúveis, ainda constataram uma diminuição
na porcentagem de FDA e aumento no teor de ácido lático na silagem.
A possibilidade de obtenção da amônia através da uréia impulsionou as pesquisas
com o uso desse aditivo. Segundo Nussio e Schmidt (2005) inúmeros trabalhos vêm
sendo realizados para avaliar o efeito da uréia como aditivo em silagem de cana-de-
açúcar (PEDROSO, 2003; SCHMIDT et al., 2004; SIQUEIRA et al., 2004). Os autores
verificaram resultados interessantes quando as doses de uréia estavam entre 0,5% e
1% da MV.
Sousa et al. (2005) avaliaram os parâmetros fermentativos de silagem de cana-de-
açúcar com aditivos químicos e bacterianos, incluindo uréia na concentração de 1%
MV. Os resultados mostraram que os aditivos alteraram a cinética das perdas durante
os tempos de estocagem, sendo que a silagem tratada com uréia apresentou em
relação ao controle menor perda por gases (28,01% contra 32,5%) e maior recuperação
de matéria seca (74,24 contra 64,71%).
Pedroso (2003) avaliou o efeito de aditivos químicos na estabilidade aeróbia de
silagens de cana-de-açúcar. Os aditivos utilizados continham diferentes concentrações
de hidróxido de sódio e uréia (0,5, 1,0 e 1,5%) da MV. Os resultados mostraram que a
menor concentração de uréia levou a uma redução na estabilidade aeróbia em 25%
quando comparada ao controle (48h vs 65h), a maior concentração resultou em
acréscimo de 22% na estabilidade (79h vs 65h). Segundo o autor esses dados
23
evidenciam o aumento do poder inibidor do desenvolvimento de leveduras, com o
aumento da dose de uréia.
Roth et al. (2005) trabalhando com diferentes concentrações de uréia (0,5; 1,0 e
2,0% na MV) constataram que o aumento de 1% de uréia representa uma elevação de
9,7 unidades percentuais no teor de proteína bruta. Utilizando equações matemáticas
os autores verificaram que a maior digestibilidade estava associada à adição de 1,37%
de uréia, e que o efeito do aditivo sobre a menor recuperação de hemicelulose, ocorreu
com a adição de 1,3% de uréia na MV.
Junqueira (2006) trabalhando com novilhas recebendo silagens de cana-de-açúcar
aditivadas com diferentes concentrações de uréia (1,0, 1,5 e 2,0% na MV) e L. buchneri,
não observou diferença entre os tratamentos quanto ao consumo de matéria seca
(kg/d), a conversão alimentar (kg MS/kg GPD) ou taxa de ganho diário de peso vivo. O
consumo de matéria seca variou de 7,73 kg no tratamento com uréia (1,5% MV) até
8,76 kg no tratamento com L. buchneri. A conversão alimentar variou de 8,15 para o
tratamento uréia 1,0% MV até 9,17 para o tratamento contendo L.buchneri. A taxa de
ganho de peso variou de 0,98 kg para o tratamento uréia 1,0% até 1,05 kg para o
tratamento contendo o L. buchneri.
2.2.1.6.2 Lactobacillus buchneri
Segundo Ribeiro et al. (2005) a inabilidade de bactérias ácido láticas
homofermentativas em promover estabilidade aeróbia despertou o interesse da
pesquisa pelo uso de bactérias heteroláticas capazes de produzir ácidos com efeito
antifúngico e ao mesmo tempo estáveis em meio aeróbio. O L. buchneri se tornou uma
opção como aditivo, pois além de produzir ácido acético, que é comprovadamente um
agente antifúngico (DANNER, 2002), não produz etanol, graças à ausência da enzima
acetaldeído desidrogenasse. A incapacidade de síntese de etanol pelo L. buchneri é
extremamente desejável, já que muitas bactérias heteroláticas produzem álcool quando
fermentam glicose e frutose até gliceraldeído 3 fosfato e acetilfosfato pela via 6-
fosfogluconato.
24
Oude Elferink et al. (2001) demonstraram a habilidade do L. buchneri em
transformar ácido lático em 1,2-propanodiol e ácido acético. Segundo Siqueira et al.
(2005) é importante lembrar que a redução de ácido lático representa uma diminuição
do substrato potencialmente fermentescível por determinadas cepas de leveduras.
Inúmeros trabalhos comprovaram os bons resultados obtidos com L. buchneri
antes dessa bactéria ser estudada como aditivo em silagens de cana-de-açúcar
(NISHIRO et al,. 2003, ADESOGAN et al,. 2003,. DRIEHUIS et al,. 1999, WEINBERG et
al,. 2002).
Ranjit e Kung Jr (2000) avaliaram os efeitos de inoculantes microbianos,
homoláticos e heteroláticos, e ácido propiônico sobre a fermentação e a estabilidade
aeróbia de silagens de milho. Os autores concluíram que a adição de 1x10
6
ufc/g de
forragem representou em aumento de estabilidade acima de 873,5 horas em relação ao
tratamento controle. O mesmo tratamento apresentou maior teor de carboidratos
residuais, maior concentração dos ácidos acético e lático, e pH similar ao do tratamento
com ácido propiônico depois de 3 dias de exposição da silagem ao ar.
Kung Jr et al. (2003) estudando o efeito do L. buchneri na produção de leite de
vacas alimentadas com silagem de alfafa observaram que os animais recebendo
silagem tratada com a bactéria produziram mais leite do que os animais que receberam
silagem sem aditivos, 40,7 kg/d e 39,9 kg/d respectivamente.
Segundo Siqueira et al. (2005) a retomada das pesquisas com silagem de cana-
de-açúcar nos anos 2000 baseia-se em uma maior preocupação com o manejo pós-
abertura do silo. Dentro deste contexto, aditivos como L. buchneri tomam papel
importante e cada vez mais freqüente nas pesquisas nacionais (NUSSIO; SCHMIDT,
2004).
O valor nutritivo de silagem de cana-de-açúcar inoculada com L. buchneri foi
avaliado por Siqueira et al. (2005). Os autores concluíram haver maior teor de
carboidratos não fibrosos e maior digestibilidade da matéria seca em silagens
aditivadas com L. buchneri em comparação as silagens tratadas com a associação de
bactérias (“P.acidipropionici” + “L.plantarum”), uréia ou benzoato de sódio.
Pedroso (2003) avaliando o efeito de aditivos bacterianos, como L. pantarum e L.
buchneri, e químicos, benzoato de sódio, sorbato de potássio e uréia, concluiu que o L.
25
buchneri é um dos mais promissores aditivos, pois diminuiu a produção de etanol na
silagem e aumentou a estabilidade aeróbia. A silagem aditivada com a bactéria
demorou 78 horas para perder a estabilidade, o que corresponde a um aumento de
63% em relação à silagem controle, não aditivada. O teor de etanol encontrado na
silagem com L. buchneri foi de 1,9% da MS enquanto na silagem controle esse teor
chegou a 4,05 % da MS.
Toledo Filho et al. (2004) concluíram que o uso de L. buchneri foi capaz de
aumentar a estabilidade aeróbia de rações, ainda que esse aumento não tenha sido
verificado na silagem exclusivamente. A ração contendo silagem de cana-de-açúcar
sem aditivo e concentrado, apresentou estabilidade aeróbia de 1 dia, enquanto a ração
contendo a silagem aditivada com a bactéria (5x10
4
ufc/g) apresentou estabilidade 4
vezes maior.
Pedroso (2003) avaliando o desempenho de novilhas recebendo silagem de cana-
de-açúcar queimada observou um aumento nos índices de desempenho dos animais
quando estes recebiam silagem tratada com L. buchneri. A melhor conversão alimentar
apresentada pelos animais recebendo a silagem aditivada (7,73 kg MS/kg GPD) em
comparação com os animais recebendo a silagem controle (9,37 kg MS/kg GPD) é
resultado de um consumo similar, associados a um ganho de peso diário 32% maior
para os animais comendo a silagem preservada com a bactéria.
2.2.1.6.3 Lactobacillus diolivorans
Tendo em vista a melhoria da estabilidade aeróbia em silagem de milho Driehuis
et al. (1999) realizaram 4 experimentos trabalhando com diferentes doses de L.
buchneri. Os resultados obtidos mostraram claramente que o aumento da concentração
do inoculante era acompanhado por um aumento de estabilidade muito aquém do
esperado. As análises químicas indicaram uma diminuição do ácido lático que era
convertido em ácido acético e teoricamente 1,2-propanodiol, contudo, esse se mostrou
em concentrações cada vez mais baixas em função do aumento nas doses de L.
buchneri. De alguma maneira, assim como mencionado por Driehuis, o aditivo ou outro
26
microrganismo estava convertendo o 1,2-propanodiol, sintetizado pelo L. buchneri, em
1-propanol mais ácido propiônico.
O ácido propiônico em combinação com o ácido acético apresenta um efeito
sinergístico capaz de explicar os valores elevados de estabilidade e conseqüente
longevidade da silagem (MOON, 1983). A obtenção de ácido propiônico há muito vem
sendo procurada pelos pesquisadores, contudo sem muito êxito. Kung Jr e Ranjit (2001)
trabalhando com Propionum bacterium (bactérias produtoras de ácido propiônico)
concluíram que essas bactérias não eram capazes de competir com a população
epifítica e se manter no meio, ou seja, não aumentavam a concentração do ácido de
maneira consistente.
Trabalhando nos dados obtidos por Driehuis et al (1999), Krooneman et al (2002)
repetiram as mesmas condições para confeccionar uma nova silagem. Utilizando-se de
avançadas técnicas de biotecnologia, aliadas a convencionais análises microbiológicas,
como meio de cultura contendo somente o substrato específico (neste caso o 1,2-
propanodiol), os pesquisadores isolaram, classificaram e descobriram uma nova cepa
de lactobacilos à qual deram o nome de L. diolivorans, capaz de produzir ácido
propiônico segundo a equação:
1,2-propanodiol 0.53 1-propanol
+ 0.45 ác. Propiônico
2.2.1.6.4 Associações de microrganismos
Ribeiro et al. (2005) reportaram a importância da associação entre inoculantes
para elaboração de aditivos. Segundo os autores o aumento no interesse envolvendo
grupos distintos de microorganismos pauta-se na melhoria dos processos
fermentativos, papel desempenhado pelas bactérias homofermentativas, e no aumento
da estabilidade aeróbia verificada pelo incremento de ácidos produzidos por bactérias
heterofermentativas.
Filya (2003) combinando L. buchneri com bactérias ácido láticas
homofermentativas constatou que houve um aumento significativo de ácido acético em
silagens contendo L. buchneri e L. buchneri associado com L. plantarum quando
comparadas às silagens controle, não aditivadas, e inoculadas exclusivamente com L.
27
plantarum. A combinação entre os diferentes tipos de bactérias propiciou a diminuição
do pH, do nitrogênio amoniacal e das perdas fermentativas.
Filya et al. (2004) observaram melhoras na estabilidade aeróbia e redução na
produção de CO
2
quando associaram bactérias homofermentativas (L. plantarum) com
bactérias heterofermentativas produtoras de ácido acético e propiônico (P.
acidipropionici).
As melhorias em estabilidade aeróbia e a diminuição da população de leveduras
observadas por Driehuis et al. (1999) são atribuídas ao aumento na concentração dos
ácidos propiônico e acético, que apresentam efeito antifúngico e sinergístico (MOON,
1983), além do 1-propanol (DANNER et al, 2002). O fato do L. buchneri não ser capaz
de transformar o 1,2-propanodiol, resultante de sua ação sobre o ácido lático, em ácido
propiônico e 1-propanol indica a coexistência de L. buchneri e outro microrganismo na
silagem de milho em questão. A confirmação da presença do segundo microrganismo
só foi possível quando Krooneman et al. (2002) isolou da silagem uma bactéria capaz
de utilizar 1,2-propanodiol como substrato, o então descoberto L. diolivorans.
2.2.1.6.5 1,2-propanodiol
As suspeitas de que o 1,2-propanodiol fosse uma substância co-participante no
aumento da estabilidade aeróbia de silagens aditivadas com L. buchneri foram
descartadas por Danner et al. (2002). Os autores não verificaram aumento na
estabilidade aeróbia de silagens de milho tratadas com 1,2-propanodiol sintético. A
média de estabilidade conferida a silagem com 1,2-propanodiol (36,33h) foi menor do
que as médias dos demais tratamento estudados, inclusive menor do que o tratamento
com 1-propanol (75,75h).
Nishiro et al. (2003) mencionam que o 1,2-propanodiol parece não apresentar
efeito sobre a estabilidade aeróbia na silagem, contudo a possibilidade de serem
obtidos ácido propiônico e 1-propanol apartir deste composto pode justificar seu uso.
A utilização de 1,2-propanodiol no tratamento de cetose é uma prática veterinária
já estabelecida (HAMADA et al., 1984). Quando consumido pelo ruminante, uma grande
porção é absorvida pela parede do rúmen e participa do metabolismo do carboidrato
28
(CLAPPERTON; CZERKAWSKI, 1972). Assim como é sugerido em silagens, no rúmen
a porção a ser degradada pelos microrganismos gera aumento de ácido propiônico e 1-
propanol (CZERKAWSKI; BRECKENRIDGE 1973).
2.2.1.7 Ação antifúngica dos ácidos
O início da utilização de ácidos fracos para promover a inibição de fungos e
leveduras é uma tradição secular. Mesmo tendo diferentes estruturas, os ácidos
dividem um modo de ação em comum, todos têm seu efeito antifúngico potencializado
em pH mais baixo. Em soluções aquosas, concentrações equimolares dos ácidos e
suas formas dissociadas estabelecem o ponto de equilíbrio, chamado de pKa. Um pH
abaixo do valor pKa significa um aumento nas concentrações das formas não
dissociadas dos ácidos.
A ação antifúgica dos ácidos está associada ao caráter lipofílico de suas
moléculas quando na forma não dissociada, o que confere a estes a capacidade de
atravessar a membrana plasmática. Dentro da célula, com pH citoplasmático perto da
neutralidade, ocorre a liberação de cátions e ânions promovido pela dissociação dos
ácidos. Íons carregados não podem atravessar a membrana plasmática o que provoca
a diminuição de pH e acúmulo de ânions. A acidificação do citoplasma pode reduzir o
crescimento celular pela inibição da glicólise, prevenção do transporte ativo e
interferência na transdução de sinais. A resposta da célula à acidificação do meio
intracelular vem com o acionamento do transporte ativo dos íons para o meio externo.
Tal situação é possível graças ao uso da H
+
-ATPase localizada na membrana
plasmática. A eficiência desse processo realizado pela célula é questionável, já que os
íons em meio extracelular com pH abaixo pKa podem retomar a forma de ácidos não
dissociados e assim ter acesso ao meio intracelular novamente (LAMBERT;
STRATFORD, 1999) (figura 1).
29
Figura 1 – Meio extracelular e equilíbrio citoplasmático entre ácidos fracos e ânions.
Somente moléculas não carregadas (HA) de ácidos fracos podem passar
livremente através da membrana plasmática. Ânions carregados (A
-
) e
prótons (H
+
) são retidos na célula, os prótons citoplasmáticos são expelidos
pela H
+
ATPase ligada à membrana. Adaptado de: Lambert e Stratford
(1999)
2.2.2 Material e métodos
2.2.2.1 Local do experimento
O experimento foi realizado no Departamento de Zootecnia da USP/ESALQ, em
Piracicaba-SP, com início em 15 de dezembro de 2005.
2.2.2.2 Silos laboratoriais e confecção da silagem
As silagens foram confeccionadas com cana-de-açúcar da variedade RB72-454,
colhida manualmente com 12 meses de crescimento. Uma picadora estacionária foi
regulada para corte de tamanho de partículas entre 0,5 e 1cm. Após a ensilagem os
silos laboratoriais foram mantidos em local coberto, sob temperatura ambiente.
Foram usados 64 baldes plásticos (silos laboratoriais) de 20 litros de capacidade,
contendo 2 kg de areia, sendo estes separados da forragem por uma tela de plástico e
um pano. A função da areia é absorver o efluente produzido. O enchimento dos silos foi
30
realizado de forma a se obter baldes com densidade de 550 kg/m
3
, garantindo dessa
forma, condições semelhantes aos diferentes tratamentos. Na tampa de cada balde foi
adaptada uma válvula, do tipo Bulsen, para permitir o escape dos gases formados
durante a fermentação. Esse sistema permite a quantificação da perda por gases,
enquanto o sistema de drenagem montado no interior do balde permite a mensuração
das perdas por efluente. Os 64 baldes foram abertos em dois períodos, sendo 32 deles
abertos aos 80 dias após a ensilagem e o restante após 140 dias.
2.2.2.3 Tratamentos
Os tratamentos adotados foram os seguintes:
1- Controle (água)
2- L. buchneri 5x 10
4
ufc/g
3- L. diolivorans 1x 10
5
ufc/g
4- L. diolivorans 1x 10
6
ufc/g
5- L. buchneri 5x 10
4
ufc/g + L. diolivorans 1x 10
6
ufc/g
6- Uréia 1% MV
7- 1,2- Propanodiol 1% MS
8- 1,2- Propanodiol (1% MS) + L. diolivorans 1x 10
6
ufc/g
2.2.2.4 Aplicação dos aditivos
Montes de 140 kg de cana-de-açúcar fresca picada receberam suas respectivas
doses de tratamento. Todos aditivos foram diluídos em água destilada, mesmo a
forragem referente ao tratamento controle recebeu o mesmo volume de água aplicado
aos demais tratamentos (4,2 L/t). Após aplicação dos aditivos com apoio de
pulverizadores manuais, o material foi revolvido inúmeras vezes para se atingir o
máximo de homogeneidade possível da massa de forragem.
Os tratamentos com o L. buchneri receberam a concentração de bactérias
recomendada pelo fabricante do produto (Lallemand). O produto utilizado foi o
Lalsilcana®, constituído pela cepa L. buchneri 40788. De acordo com as especificações
31
do produto, 2 g diluídos em água é o suficiente para garantir a inoculação de 5x10
4
ufc/g em uma tonelada de forragem.
Os tratamentos contendo L. diolivorans foram obtidos de fonte de inóculo não
comerciais (Lallemand, França). Para a confecção do tratamento L. diolivorans 1x10
5
ufc/g, foram necessários 3,65g desse inóculo. Todos os tratamentos contendo L.
diolivorans 1x10
6
ufc/g receberam 36,5g do produto.
Assim como os outros tratamentos a uréia também foi diluída antes da aplicação
para atingir a concentração de 1% com base na massa verde, resultando no uso de 1,4
kg para os 140 kg de cana-de-açúcar tratados.
O componente 1,2-propanodiol foi aplicado com base no teor de matéria seca da
forragem, visando atingir a concentração de 1%.
2.2.2.5 Enchimento dos silos
Para se manter as mesmas condições aos diferentes tratamentos é fundamental
que as densidades entre os baldes sejam as mais próximas possíveis. O cálculo para
estabelecer o peso total da forragem foi determinado tendo como objetivo atingir a
densidade de 550 kg/m
3
. Dentro deste contexto, camadas sucessivas com 10 cm de
espessura foram compactadas com os pés até o peso final do balde atingir
aproximadamente 12 kg de forragem.
Como prevenção a contaminação dos tratamentos com aditivos previamente
aplicados, algumas medidas foram adotadas, tais como: Uso de botas plásticas
descartáveis, desinfecção dos instrumentos com fogo e álcool 70% além da troca de
lonas plásticas e pulverizadores entre cada tratamento.
Durante o enchimento dos silos amostras foram retiradas para determinação do
teor de matéria seca da forragem e para elaboração de extrato aquoso (KUNG JR,
2000).
32
2.2.2.6 Avaliação de perdas
Os silos laboratoriais foram abertos aos 80 e 140 dias após a ensilagem. Os oito
tratamentos, contendo 4 baldes cada, foram avaliados quanto as perdas de matéria
seca total, perdas gasosas e perdas por efluente. O peso dos baldes e de seus
componentes individuais foram medidos previamente, desta forma possibilitando os
cálculos de perdas.
Na abertura foram anotados os pesos dos baldes com e sem a forragem. O
conjunto (silo laboratorial) sem a forragem é constituído pela tampa, o próprio balde e o
sistema de drenagem com o pano, a tela e areia. A diferença de peso entre o conjunto
vazio antes do enchimento, e a medida do mesmo conjunto vazio após a abertura,
permite estimar o calculo de perdas por efluente.
A perda gasosa pode ser quantificada pela diferença entre a quantidade de
matéria seca da forragem no fechamento do silo, e a quantidade de matéria seca
existente no balde na época da abertura.
As perdas totais de matéria seca resultam da diferença entre a quantidade de
matéria seca da forragem ensilada no fechamento do silo, e a quantidade de matéria
seca na forragem recuperada, descontando-se desta a perda por efluente. De uma
maneira simplificada, pode ser equacionar a perda total de MS como a soma das
perdas por gás e efluente.
2.2.2.7 Equações para estimar perdas
Perda gasosa (%MS), eq. (1).
(
)
100×
=
MSis
MSfsMSis
PG
(1)
em que:
PG= perda gasosa;
MSis= Matéria seca inicial descontada a tara seca= (Peso do balde após enchimento
peso do conjunto vazio (sem a forragem) antes do enchimento) x teor de MS da forragem
no fechamento;
33
MSfs= Matéria seca final descontada a tara seca= (Peso do balde cheio antes da abertura -
peso do conjunto vazio (sem a forragem) antes do enchimento) x teor de MS da forragem
na abertura.
Perda por efluente (kg/t), eq (2).
MVi
Pef
PE
1000
×
=
(2)
em que:
PE= perda por efluente;
Pef= peso de efluente= (Peso do conjunto vazio antes da abertura – peso do conjunto vazio
antes do enchimento);
MVi= quantidade de massa verde da forragem ensilada.
Perda total de matéria seca (%MS), eq. (3)
(
)
100×
=
MSis
MSfuMSis
PMS
(3)
em que:
PMS= perda total de matéria seca;
MSis=Matéria seca inicial descontada a tara seca= (Peso final do balde após enchimento –
peso do conjunto vazio (sem a forragem) antes do enchimento) x teor de MS da forragem
no fechamento;
MSfu= Matéria seca final descontada a tara úmida= (Peso do balde cheio antes da abertura
- peso do conjunto vazio (sem a forragem) na abertura) x teor de MS da forragem na
abertura.
2.2.2.8 Ensaio de estabilidade aeróbia
O ensaio de estabilidade aeróbia foi realizado em uma sala equipada com sistema
de controle de temperatura permitindo variação de meio grau em relação a temperatura
média de 24ºC.
34
Amostras de 4 kg de silagens, vindas dos silos laboratoriais, foram acomodadas
em baldes plásticos abertos, sem que houvesse compactação da massa. Um sensor de
temperatura “datalogger”, instalado no centro geométrico de cada balde, foi calibrado
para aferir a temperatura a cada duas horas. Com o auxílio de um programa
computacional (Dickson®, Addison, USA) os dados foram recuperados ao final da
avaliação.
Pesagens diárias e amostragem aos 5 e 10 dias de avaliação foram realizadas
com o intuito de se obter dados de perda de matéria seca decorrentes da exposição
da silagem em aerobiose.
A estabilidade foi avaliada quanto ao tempo necessário para se atingir a variação
de 2ºC das silagens em relação à temperatura ambiente (expressa em hora) (KUNG,
JR 2000). Ainda em relação a estabilidade, foi calculado o acúmulo aos 5 e 10 dias
(ADITE-5 e ADITE-10), da diferença média diária entre a temperatura das silagens
expostas ao ar e a temperatura ambiente (expressa em ºC).
2.2.2.9 Avaliação químico-bromatológica
As amostras de cana-de-açúcar in natura e silagens foram secas em estufa a 60ºC
por 72h (SILVA, 1981) e moídas contra peneira de malha de 1mm em moinho do tipo
Wiley. As amostras processadas serviram de material para as análises bromatológicas
convencionais realizadas no laboratório de bromatologia do departamento de zootecnia
da USP/ESALQ.
O teor proteína foi determinado por condutividade térmica, utilizando-se o
equipamento LECO
®
(Leco Corporation, Michigan, USA).
A porção fibrosa foi analisada quanto ao teor de fibra em detergente neutro (FDN)
e teor fibra em detergente ácido (FDA) (VAN SOEST et al., 1994).
A matéria seca laboratorial foi determinada em estufa a 105 ºC durante 24h
(AOAC, 1990). A desidratação mais intensa permite a retirada de água residual da
amostra pré-processada em estufa de 60ºC (AOAC, 1990).
A matéria mineral foi obtida após incineração de amostras em forno a 550 ºC
durante 3h (HARRIS, 1970).
35
As amostras úmidas coletadas durante a abertura e fechamento dos silos foram
utilizadas para elaboração de extrato aquoso segundo Kung Jr. (1996).
Resumidamente, 25g de amostra foram processados em 225ml de água durante
1minuto. O valor de pH do extrato de silagem foi medido em potenciômetro digital
(DIGMED
®
-DM20). Após filtragem em papel Whatman
®
54, o material recebeu 3 gotas
de ácido sulfúrico 50% e foi então centrifugado durante 15 minutos a 10.000 rpm. O
extrato que foi armazenado em tubos eppendorff de 1,5 ml, e mantido congelado a -20
ºC serviu como amostra nas análises de etanol, carboidratos solúveis e ácidos graxos.
O teor de etanol foi medido usando-se um analisador bioquímico YSI 2700 Select
®
(Biochemistry Analyser, Yellow,OH,EUA) provido de membrana com enzimas
imobilizadas, apropriada para essa determinação. Após calibrado com soluções
padronizadas de etanol (2 g/L), o aparelho forneceu leitura direta de concentração em
g/L.
O teor de carboidratos solúveis foi mensurado com base na adaptação do método
colorimétrico (490 nm) sugerido por Dubois, et al, (1956). A adaptação foi realizada em
relação a um aumento na diluição das amostras, já que silagens de cana-de-açúcar
normalmente apresentam teor carboidratos mais elevado.
O teor de ácido lático foi avaliado por meio de uma adaptação do método
espectrofotométrico (565 nm) de Pryce (1969). A adequação da curva padrão 10 vezes
maior do que a sugerida foi necessária, já que a alíquota de amostra a ser utilizada foi
muito reduzida.
A avaliação microbiológica das amostras foi realizada segundo Kung Jr (1996). A
mesma solução que deu origem ao extrato para as analises de colorimetria, foi usada
como fonte de inoculo em meio de cultura (Oxoid) específico para bactérias acido
láticas, leveduras e fungos. Os valores obtidos da contagem das placas de Petri
representam as unidades formadoras de colônias existentes na amostra após 48h em
incubadora com temperatura fixa de 32ºC.
36
Tabela 1 - Composição bromatológica da cana-de-açúcar in natura utilizada para confecção
das silagens
Variáveis % da MS
MS (%) 30,00
MM (% MS) 1,66
PB (% MS) 2,60
FDN (% MS) 52,97
Carboidrato solúvel (% MS) 22,71
2.2.2.10 Análise estatística
O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado com esquema fatorial 2x8,
com quatro repetições em esquema de parcelas subdivididas (split-plot) sendo os
fatores das parcelas os oito tratamentos utilizados e o fator atribuído a sub-parcela os
dois tempos de abertura. Os dados foram analisados pelo procedimento GLM do SAS
®
,
versão 8 (SAS,1999). O teste dos quadrados mínimos, LSMEANS, foi utilizado para
comparar as médias entre os tratamentos, sendo essas consideradas diferentes com
nível de significância de 5%.
O comando PROC CORR foi utilizado para estabelecer as correlações existentes
entre as variáveis consideradas.
2.2.3 Resultados e discussão
2.2.3.1 Avaliação da composição bromatológica
Resultados referentes ao teor de MS das silagens (Tabela 2) revelaram valores
comumente encontrados na literatura e diferentes entre si em função do tratamento
recebido. A média dos valores observados para o teor de matéria seca foi de 23,12%.
Pedroso (2003) trabalhando com o mesmo tipo forragem após 120 dias de ensilagem,
37
obteve teor de matéria seca de 26,6%, enquanto Freitas et al. (2004) observaram
valores bem inferiores 20,49% MS em silagens aditivadas com hidróxido de sódio.
A diferença entre os tratamentos pode ser explicada pelas altas correlações entre
o teor de MS e as perdas fermentativas (correlação negativa de 92% para perdas
gasosas), Tabela 3. Na tabela 4, nota-se que os tratamentos apresentando L.
diolivorans acompanhado por alguma fonte de 1,2-propanodiol (sintético ou sintetizada
pelo L.buchneri) apresentaram as menores perdas por gases e as menores perdas de
matéria seca, além de ambos apresentarem os maiores teores de MS, provavelmente
pela maior preservação dessa durante a fermentação.
Os teores de matéria mineral variando entre 2,37% a 3,7% MS (Tabela 2) estão
abaixo dos valores encontrados na literatura. Kung, Jr. e Stanley (1982) obtiveram
valores de 7,37% MS em silagens de cana-de-açúcar colhida com um ano de
crescimento vegetativo. Alcântara et al. (1989) obtiveram teores de matéria mineral em
silagens de cana-de-açúcar de 4,6% em silagens controle e de 7,03% quando tratadas
com NaOH. Pedroso et al. (2005), demonstraram existir um aumento no teor de matéria
mineral em função do tempo fermentação da silagem, sendo que este tende a se
estabilizar (4,01%) depois dos 15 primeiros dias de estocagem. Segundo os autores as
diferenças de concentração de matéria mineral estão mais relacionadas às perdas
gasosas resultantes de fermentações. Apesar de alguns valores (Tabela 4)
corroborarem com essa tendência, em geral, no presente estudo, não houve correlação
significativa. Não foi verificada diferença estatística entre as datas aberturas quanto ao
teor de matéria mineral provavelmente porque o material já estava estável aos 80 dias.
Os valores dos teores de proteína estão dispostos na Tabela 2. As diferenças
entre os tratamentos observados para os teores de proteína bruta, podem ser
justificados pelo aumento do teor de nitrogênio não protéico vindo da adição de uréia
em um dos tratamentos. A adição de 1% de uréia na MV elevou o teor de proteína bruta
para 15,21%, ou seja, 3,8 vezes maior do que o valor obtido pelo tratamento controle.
Os outros tratamentos apresentaram valores esperados (4,9% a 3,51% MS) tendo-se
como base os trabalhos já publicados no Brasil e exterior (PEDRSO 2003). Junqueira
(2006) obteve valores próximos aos encontrados na Tabela 1. A autora reporta valores
de 3,5%, 3,39% e 12,03% MS para os tratamentos controle, L. buchneri e uréia 1% MV
38
respectivamente. Naquele experimento notou-se que a adição de 1% de uréia na MV
ocasionou aumento médio no teor de proteína de 8,94%. Roth et al. (2005) trabalhando
com silagens de cana-de-açúcar tratadas com diferentes doses de uréia obtiveram
teores de proteína bruta de 10,1% MS. Os autores relatam aumentos de 7,55% no teor
de proteína para cada 1% de uréia adicionada à massa verde de forragem.
Resultados referentes ao teor de FDN são mostrados na Tabela 2 e são similares
aos dados encontrados na literatura (JUNQUEIRA, 2006). Os valores diferem em
função do tratamento adotado, sendo que todos os tratamentos contendo L. diolivorans
com exceção do tratamento L.diolivorans 10
6
ufc/g, apresentaram valores abaixo da
média (70,2% MS). As diferenças entre os teores de FDN dos tratamentos podem estar
relacionadas à síntese de 1-propanol realizada pelo L.diolivorans ao degradar 1,2-
propanodiol (Krooneman, 2002). O 1-propanol é um conhecido solvente industrial usado
para agir sobre as ligações ésteres da celulose. O menor teor de FDN apresentado pelo
tratamento com uréia decorre do fato desta ter a capacidade de solubilizar a
hemicelulose da fibra (PEDROSO,2003).
Junqueira (2006) observou um aumento progressivo do teor de FDN de silagens
de cana-de-açúcar à medida que o tempo de fermentação se prolongou, resultando na
diminuição do teor de carboidratos solúveis transformados em gases e água durante a
fermentação. Os tratamentos foram constituídos de diferentes doses de uréia, 1,0, 1,5 e
2,0%MV, sendo o maior teor de FDN (75%) apresentado pela menor dose (1,0% MV)..
O fato das maiores concentrações de uréia resultarem em menores valores de FDN vai
de acordo com a hipótese de solubilização de frações da fibra pela ação da uréia
(Junqueira, 2006).
Lucci et al. (2003) trabalhando com cana-de-açúcar in natura e na forma de
silagem com diferentes concentrações de uréia 0, 0,5 e 1% MV, observaram diminuição
do teor de FDN com a dose de 0,5% MV (71,71% MS) de uréia em relação ao
tratamento controle (75,73% MS), contudo tal efeito não foi observado com a dose de
1% MV (74,63% MS).
Aditivos podem alterar o teor de FDN pela manutenção do teor de carboidratos
solúveis preservados na massa ensilada já que ambos são representados em
porcentagem da MS. A não alteração no teor de FDN da silagem aditivada pode ser
39
justificada quando os carboidratos não representam uma fração significativa da planta,
ou quando não há eficácia do aditivo em preservar os carboidratos. No presente
experimento o aditivo contendo L. buchneri não modificou o teor de FDN em relação ao
tratamento controle (Tabela 2), sendo tal situação recorrente na literatura consultada
(KUNG, JR; RANJIT, 2001).
Taylor et al. (2002) investigando o efeito do L. buchneri sobre a estabilidade
aeróbia, fermentação e valor nutricional de silagens de cevada, constataram valores
similares de FDN nas silagens controle e tratadas com L. buchneri 5x10
6
ufc/g, 62,6%
e 65,8% da MS, respectivamente. Os teores de carboidratos solúveis nas silagens
controle e aditivada também foram similares, 2,59% da MS e 2,78% da MS.
Adesogan et al. (2003) não verificaram diferença no teor de FDN e de carboidratos
solúveis em silagem de grãos processados tratada com L. buchneri e não tratada,
sendo respectivamente 12,9% da MS e 11,19% da MS os valores de FDN, enquanto
7,18% da MS e 7,54% da MS os valores de carboidratos solúveis.
Como FDN e carboidratos solúveis fazem parte dos constituintes da planta, o
aumento de um implica na diminuição percentual do outro. Em silagens nas quais o teor
de carboidratos solúveis é muito alto, mesmo que exista uma baixa eficiência do
aditivo, isso pode se resultar em uma diminuição no teor de FDN em função de altas
recuperações de matéria seca.
Siqueira et al. (2005) constataram baixos valores de FDN em silagens de cana-de-
açúcar tratadas com L. buchneri em comparação aos valores obtidos na silagem
controle, 66,7% MS e 75,1% MS respectivamente. Esses valores podem ser explicados
pela maior recuperação (68%) dos carboidratos solúveis na silagem tratada, contra
somente 40,8% na silagem controle, sendo que os carboidratos representavam cerca
de 36,9% MS da planta ao ser ensilada.
A ação do L. diolivorans sobre a fração fibrosa pode ser constatada no trabalho de
Toledo Filho et al. (2005). No experimento com o uso de L. diolivorans os autores
verificaram diminuição no teor de FDN, atribuída primeiramente aos carboidratos
preservados pelo tratamento que também apresentou as menores perdas gasosas,
contudo diminuição constatada nos teores de hemicelulose e celulose podem ter
colaborado para redução das frões fibrosas nas silagens.
40
Os dados referentes aos teores de fibra em detergente ácido (FDA) estão
expostos na Tabela 2. A média dos valores obtidos nos tratamentos foi de 44,08% MS,
o que condiz com valores frequentemente encontrados na literatura (ALCÂNTARA,
1989), contudo houve grandes variações (48,85% MS a 39,62% MS) em função do
efeito dos diferentes aditivos utilizados.
Os tratamentos que apresentaram o menor teor de FDA também foram os que
apresentaram menor de FDN, concomitantemente foram os que apresentaram as
menores perdas gasosas e as menores perdas totais.
Alli et al. (1982) observaram aumento no teor de FDA em função do tempo de
fermentação do material. Assim como o teor de FDN, a porção menos digestível da
fibra, tem sua participação aumentada no percentual total da forragem em função da
diminuição do teor de carboidratos solúveis processados pelos microrganismos da
silagem. Os autores obtiveram valores de FDA na ordem de 42,3% para silagens de
cana-de-açúcar sem aditivos, e curiosamente o tratamento contendo NH
3
não resultou
em teores menores de FDA.
Ao avaliar a composição bromatológica de silagens de cana-de-açúcar após 94
dias de ensilagem, Pedroso (2003) verificou a diminuição dos teores de FDA na silagem
tratada com uréia, os baixos teores de carboidratos associados as perdas gasosas
levaram o autor a concluir que o efeito da uréia sobre os teores de fibra estavam
relacionadas as suas características hidrolíticas. Da mesma forma pode ser verificado
no presente experimento, o efeito reduzido deste tratamento sobre as perdas gasosas
totais (Tabela 4) o teor de carboidratos solúveis remanescentes na silagem (Tabela 2).
Os dados referentes ao teor de carboidratos solúveis presentes nas silagens estão
apresentados na Tabela 2. Houve grande diminuição no teor de carboidratos se
comparado as silagem em relação a planta in natura antes do momento de fechamento
dos silos (Tabela 1). Dos 22,71% MS de carboidratos solúveis restaram em média 4,2%
da MS, sendo que houve diferença para este parâmetro em função dos aditivos usados
e do tempo de abertura. A análise estatística revelou o teor de carboidratos após 80
dias de ensilagem de 4,76 % da MS, e após 140 dias de 3,64%.
Segundo Pedroso et al. (2005), esse decréscimo acentuado no teor de
carboidratos solúveis em função do tempo de ensilagem ocorre de maneira inversa ao
41
observado para perdas gasosas e produção de etanol. A síntese de etanol pelos
microrganismos indesejáveis, principalmente levedura, é feita com base na utilização
dos carboidratos, gerando com isso CO
2
responsável pelo aumento nas perdas
gasosas e consequentemente, pelo aumento em perdas totais de matéria seca. No
presente experimento houve alta correlação entre o teor de etanol e as perdas de MS
total e gasosa (61,2% e 63,5% respectivamente), conforma tabela 4.
Alli et al. (1983) observaram a diminuição dos teores de carboidratos solúveis de
silagens de cana-de-açúcar em função do tempo, sendo que a planta original continha o
teor de 34,2% MS, e após 55 dias essa porcentagem decresceu para 1,27%.
Os tratamentos contendo L. diolivorans suprido com alguma fonte de 1,2-
propanodiol (sintético ou produzido pelo L. buchneri) resultaram em maiores valores
residuais de carboidratos solúveis.
Pedroso et al. (2005) verificaram que o uso de L. buchneri reduziu o teor de
carboidratos, mesmo em relação à silagem controle, 5,69% da MS e 9,13%,
respectivamente. No presente estudo foi demonstrado (Tabela 2) que embora o L.
buchneri tenha apresentado rendimento pouco satisfatório, houve preservação de
carboidratos solúveis, quando comparado ao tratamento controle, 3,66% MS e 1,79%
MS, respectivamente.
A análise de tratamentos dentro dos períodos revelou diferenças na estratégia do
uso de carboidratos nas silagens aditivadas com L. diolivorans suprido por alguma fonte
de 1,2-propanodiol. O tratamento contendo a associação entre as duas bactérias
apresentou o teor de carboidratos reduzidos de 7,4% na primeira abertura (80 dias)
para 3,43%, concordando com a tendência comumente observada nos experimentos
que avaliam a dinâmica da fermentação em função do tempo (PEDROSO et al, 2005).
O tratamento contendo L. diolivorans mais 1,2-propanodiol não apresentou alterações
na concentração de carboidratos entre as aberturas, sendo que o teor observado na
primeira abertura 5,97% era semelhante ao teor observado aos 140 dias após a
ensilagem. Normalmente esse fenômeno ocorre quando um teor residual de
carboidratos solúveis se encontre baixo no início do processo de fermentação (silagem
controle após 80 dias apresentou teor de carboidrato residual de 1,82%), quando as
populações de microrganismos epífitas estão inibidas pela ação de um inoculante, ou
42
quando a dificuldade de acesso ao carboidrato residual força a utilização de outras
substancias como substrato. Ou seja, quando se estabelece uma situação de restrição
ao fornecimento do substrato preferencial, os carboidratos solúveis, o L. diolivorans
pode fazer uso de componentes disponíveis no meio, tais como o 1,2-propanodiol
(KROONEMAN et al, 2002).
Os teores de etanol das silagens de cana-de-açúcar estão apresentadas na
Tabela 2. Os dados são valores condizentes com o que é frequentemente observado na
literatura (JUNQUEIRA, 2006). Os resultados obtidos variaram em função dos
tratamentos, sendo que os teores mais baixos indicam menor fermentação alcoólica e,
conseqüente, menor perda na forma de gases produzidos neste processo (PEDROSO,
2003). Os tratamentos contendo L. diolivorans mais alguma fonte 1,2-propanodiol,
respectivamente L. buchneri mais L. diolivorans e 1,2-propanodiol mais L. diolivorans,
foram os que apresentaram menor teor de etanol, 3,93% e 2,1%, o que resultou em
menores perdas gasosas registradas durante a fermentação da silagem 20,62% e
20,36% (Tabela 4).
Ao contrário do obtido por Junqueira (2006) o tratamento com L. buchneri não foi
diferente do tratamento controle quanto ao teor de etanol no presente estudo. Com o L.
buchneri a autora obteve o menor teor de etanol (3,46%) em relação a todos os outros
tratamentos, sendo que a silagem controle apresentou um teor de 5,75%. A uréia
testada na concentração de 1% MV resultou no teor de 3,06% de etanol, sendo
significativamente diferente do controle. No atual experimento L. buchneri e uréia 1%
MV não apresentaram diferença em relação silagem controle (7,91%), sendo
respectivamente os valores de 6,45% e 9,04% para os teores de etanol.
Foi observado que o tratamento recebendo exclusivamente o microrganismo L.
diolivorans 10
5
ufc/g, resultou em teor de etanol menor do que da silagem controle,
inclusive menor do que o tratamento com L. diolivorans10
6
ufc/g, sugerindo a
possibilidade de controle da população de leveduras.
A participação do ácido lático nas silagens foi mensurada e está apresentada na
Tabela 2. Os valores variaram de 1,08% MS a 3,72% MS, sendo que a média dos
tratamentos foi de 2,21% MS. Houve redução no teor de ácido lático em função do
tempo de abertura, sendo que o teor aos 80 dias de fermentação foi igual a 2,85% e
43
após 140 dias de 1,57%. A queda no teor de ácido lático é provavelmente resultado da
utilização deste como substrato pelos aditivos bacterianos (DRIEHUIS, 1999), o que
causou aumento significativo no pH das silagens de 3,48 para 3,51. Os dados do
presente estudo estão de acordo com trabalhos publicados, contudo existe grande
variação quanto aos valores obtidos para essa variável nos diferentes trabalhos.
Alli et al. (1982) verificaram teores de ácido lático variando entre 1,66% MS e
1,93% MS. Alcântara obteve 1,52% MS em silagens de cana-de-açúcar sem aditivo e
2,91% MS em silagens tratadas com NaOH.
Kung Jr e Stanley (1982) trabalhando com a ensilagem de cana-de-açúcar colhida
em diferentes períodos de desenvolvimento vegetativo, observaram teores de ácido
lático variando entre 5,65 % MS a 2,82% MS, sendo que o menor valor foi
acompanhado pelo maior teor de etanol. O comportamento observado no atual
experimento não segue a tendência observada por Kung Jr e Stanley (1982) já que
baixos valores de ácido lático não foram necessariamente acompanhados de altos
valores de etanol (Tabela 2). A presença de outros ácidos produzidos pelos diferentes
aditivos, poderia justificar, ao menos em parte, a diminuição no teor de etanol pelo
controle da população de leveduras. Contudo, os dados referentes a avaliação
microbiológica não foram apresentados pois apresentaram baixa consistência
decorrentes de dificuldades ocorridas durante a incubação.
No primeiro experimento onde efeitos do L. diolivorans foram observados, Driehuis
et al. (1999) constataram que o aumento na atividade desta bactéria era acompanhado
de diminuição no teor de ácido lático.
Os autores exploraram o aumento gradativo de L. buchneri inoculados em
silagens de milho e foi verificado que a medida em que se aumentava as adições da
bactéria produtoras de 1,2-propanodiol (L. buchneri), o teor de ácido lático era reduzido
em até 7 vezes quando comparado com o resultado obtido na silagem controle. A
redução no teor de ácido lático ocorre devido ao uso deste, pelo L. buchneri como
substrato para síntese de outras substancias: 1,2-propanodiol e ácido acético. A
utilização do 1,2-propanodiol pelo L. diolivorans resulta em aumento na concentração
de 1-propanol e ácido propiônico, como constatado por Driehuis et al. (1999).
44
No atual experimento valores no teor do ácido lático de 1,26% MS e 1,86% MS
foram encontrados nos tratamentos onde L. diliovarans coexistiam com fontes de 1,2-
propanodiol, esses valores são similares aos obtidos por Driehuis (1999), contudo não
houve diferença estatística entre os valores obtidos pelos dois tratamentos e a silagem
controle.
Os valores de pH das silagens estão apresentados na Tabela 2. As silagens
tiveram pH variando entre 3,78 e 3,46, desta forma se encontram dentro dos limites
reportados na literatura, para silagens de cana-de-açúcar (PEDROSO 2003,
JUNQUEIRA 2006). McDolnald (1991) cita que valores entre 4,2 e 3,8 devem ser
esperados em silagens bem conservadas. No presente estudo, mesmo contando com
valores de pH abaixo de 3,8 em todos os tratamentos, esses não devem ser avaliados
de maneira isolada na caracterização de silagens, já que outros fatores, como a
velocidade de declínio da concentração de íons e a capacidade tamponante da
forragem interferem de maneira conjunta no efeito antifúngico dos ácidos.
Junqueira (2006) obteve valores de pH variando entre 3,46 e 3,85 em silagens de
cana-de-açúcar, sendo o menor valor resultante do efeito do L. buchneri. Assim como
no experimento relatado pela autora, pode se notar na Tabela 2 que os maiores valores
obtidos para o pH foram relativos às silagens tratadas com uréia (3,78), seguidas das
silagens controle (3,56) e, daquelas contendo L. buchneri (3,5). Segundo Vilela (1998)
silagens com qualquer fonte de NH
3
+
devem ter o abaixamento do pH dificultado pelo
fato do NH
3
+
se ligar aos íons H
+
do meio.
Tal fato foi constatado também por Roth et al.
(2005), onde o aumento nas concentrações de uréia levaram ao crescimento do pH da
silagem de cana-de-açúcar (4,1), em tratamento contendo 1% de uréia na MV, muito
acima do valor encontrado para o mesmo tratamento no presente estudo (3,78).
Os valores obtidos em todos os tratamentos contendo L. diolivorans foram mais
baixos que os valores de pH dos demais tratamentos.
Driehuis et al. (1999) verificaram
que o aumento da dose de inoculante de L. buchneri até 10
6
ufc/g geraram aumento
nos valores de pH, em função da diminuição na concentração de ácido lático usado
como substrato por esse microrganismo. Desta forma, mesmo havendo interferência da
presença desconhecida de L. diolivorans nas silagens confeccionadas por Driehuis et
al, (1999), e pouco provável que seja este o responsável pelo aumento do pH, mas sim
45
a presença de L. buchneri que afeta tradicionalmente a concentração de ácido lático.
Siqueira et al. (2004) trabalhando com silagem de cana-de-açúcar tratada com L.
buchneri 5x 10
4
ufc/g obtiveram valor de pH de 3,43, sendo este similar ao resultado
obtido pelo tratamento com L. buchneri no presente experimento (3,5).
47
2.2.3.2 Avaliação de perdas nos processos fermentativos
2.2.3.2.1 Perda por gases
Os dados de perdas gasosas são apresentados na Tabela 4, Constata-se que
os tratamentos contendo L. diolivorans com alguma fonte de 1,2-propanodiol,
sintético ou vindo do L. buchneri, apresentaram os menores valores, 20,36% MS e
20,62% MS respectivamente. Contudo, contrariando a expectativa, o tratamento
contendo 10
6
ufc/g foi responsável pela maior perda de gás, chegando a 32,51% MS.
Os outros tratamentos não diferiram do tratamento controle. Uma hipótese para
explicar o aumento de perdas gasosas no tratamento L. diolivorans 1x10
6
cfu/g MV
está no fato de esta bactéria ser heterolática, ou seja, capaz de sintetizar ácido lático
e outros ácidos causando indiretamente perdas de MS pela aumento na produção
de CO
2
.
Os resultados obtidos para esse parâmetro estão dentro do que se observa na
literatura, contudo dados muito divergentes são encontrados, isso porque inúmeras
variáveis podem alterar a perda gasosa, entre eles o tipo de fermentação, o teor de
MS, teor de carboidratos e até mesmo a presença e o tipo de aditivos bacterianos
inoculados na silagem.
Os dois tratamentos que apresentaram as menores perdas gasosas foram
também os tratamentos que apresentaram a menor fermentação alcoólica, visto o
teor de etanol apresentado na Tabela 2. A fermentação alcoólica gera grande
quantidade de CO
2
que é perdido na forma de gás, isso faz com que a alta
correlação existente entre o teor de etanol e as perdas gasosas sejam justificadas
(Tabela 3). Contudo, a baixa concentração de etanol não priva necessariamente, a
silagem de grandes perdas gasosas. Pedroso (2003) verificou diminuição
significativa no teor de etanol de silagens de cana-de-açúcar tratadas com uréia
0,5% MV em relação à silagem controle (2,48% e 4,05% respectivamente),
entretanto, as perdas gasosas não diferiram estatisticamente (6,14% MS para 5,47%
MS). Os valores obtidos por Pedroso (2003) são inferiores aos relatados neste
experimento, contudo, aquele autor encontrou perdas gasosas máximas de 15% em
silagens de cana-de-açúcar sem aditivo após 90 dias de ensilagem, bem inferior ao
observado no presente estudo, o que poderia justificar em parte as divergências.
48
Junqueira (2006) avaliando silagens de cana-de-açúcar com L. buchneri
observou perdas gasosas de 14,97%, enquanto silagens tratadas com uréia 1% MV
apresentaram perdas de 15,98%, e na silagem controle esse valor foi de 22,19%. No
experimento atual não houve diferença significativa na porcentagem de perdas
gasosas entre esses mesmos aditivos mencionados e a silagem controle.
Sousa et al. (2005) avaliando as perdas por gases em silagens de cana-de-
açúcar tratadas com aditivos químicos e bacterianos verificaram que nem a uréia 1%
MV e nem o L. buchneri 5x10
4
UFC/g diferiram do tratamento controle, relevando
valores de 28,01%, 33,48% e 32,5%, respectivamente. Esse relato se assemelha
aos dados obtidos nesse experimento, e da mesma forma, tais aditivos não se
mostraram eficientes para tal parâmetro. Contudo, Toledo Filho et al. (2005)
constataram haver diminuição de perdas gasosas em silagens tratadas com aditivos:
L. buchneri 5x10
4
ufc/g (26,75% MS) e L.diolivorans 10
6
ufc/g (19,6% MS). A
divergência aparente dos dados na literatura sugere que outros fatores estão
associados ao controle de perdas gasosas quando da utilização de aditivos.
Além da correlação significativa observada entre perda por gases e etanol
(Tabela 3), foram observados outros resultados interessantes com base na análise
de correlação entre as variáveis apresentada na Tabela 3. A alta correlação negativa
existente entre as perdas gasosas e o teor de matéria seca da silagem (Tabela 3) é
provavelmente resultado das equações usadas para os cálculos de perdas, como
pode ser observado no item 2.2.2 material e métodos. A provável explicação estaria
no fato de que nas silagens com elevada perda por gases há o desaparecimento de
matéria seca, em especial carboidratos solúveis, que resultaria em silagens com
menor teor de matéria seca final como pode ser observado na tabela 2.
A existência de correlações significativas e positivas entre as porções fibrosas
da planta e as perdas gasosas decorre, provavelmente, do fato dessas frações
apresentarem correlação negativa com o principal substrato para a geração de
gases, os carboidratos solúveis preservados durante a fermentação conforme tabela
3.
O pH foi correlacionado positivamente com o teor de etanol nas silagens
(Tabela 3). Altos valores para ambos os parâmetros são características de
fermentações indesejáveis. Contudo o pH, que é uma variável dependente da
produção de ácidos, foi negativamente correlacionado com os carboidratos solúveis
(Tabela 3). A partir dessas correlações é possível se entender que silagens com
49
maior teor de etanol apresentando elevados valores de pH e baixos teores de
carboidratos solúveis apresentaram fermentação preferencialmente alcoólica. Como
pode ser visto na Tabela 2, os tratamentos contendo L. diolivorans com alguma fonte
de 1,2-propanodiol, seguiram o comportamento inverso ao descrito, pois houve
redução nos valores de pH e nos teores de etanol das silagens, dessa forma, o uso
dos carboidratos possivelmente deve ter sido feito pelas bactérias na produção dos
ácidos e não pelas leveduras na produção de álcool.
A perda de matéria seca total foi intimamente correlacionada com as perdas
gasosas (Tabela 3), isso pode ser justificado pelo fato das perdas gasosas
representarem de 86,9% a 99,7% das perdas totais. Os valores observados para
perdas totais de MS na silagem similares são observados na literatura (SOUSA et, al
2005).
Tabela 3 - Coeficiente de correlação de parâmetros fermentativos das silagens de
cana-de-açúcar
Nota: * = (P<0,05), ** = (P<0,001) Perda de gases (%MS), Perda total de matéria seca (%), Etanol=
(%MS), Perda de MS efluente (% MS).
Sousa et al, (2005) observaram perdas totais de 35,25%, 31,49% e 36,7% em
silagens de cana-de-açúcar controle, tratadas com uréia 1% MV e L. buchneri 5x 10
4
ufc/g, e de forma análoga o presente estudo não constatou diferenças de perdas de
MS por gases para os tratamentos impostos sendo os valores observados de
31,45%, 31,58% e 31,88% respectivamente.
O mesmo comportamento observado para as perdas gasosas foi também
relatado para as perdas totais de MS. Os tratamentos L. diolivorans adicionados de
fontes de 1,2-propanodiol ou L. diolivorans mais L. buchneri os responsáveis pelas
menores perdas totais (Tabela 4).
Muitos dos benefícios envolvendo o uso do L. buchneri são resultantes dos
efeitos deste em diversos fatores envolvendo a fase pós-abertura do silo, ou seja,
Parâmetros Perda de gases Perda total de MS Etanol pH
Perda de gases - 0,84** - -
Perda de MS efluente 0,15 0,20 -0,02 -0,05
Etanol 0,63** 0,61** - 0,62**
Carboidratos solúveis -0,55** -0,41** -0,44** -0,39**
Matéria seca % -0,92** -0,81** -0,59** -0,35**
FDN 0,54** 0,42** 0,21 0,10
pH 0,48** 0,42** 0,62** -
50
em geral os resultados que normalmente justificam a utilização do L. buchneri não
são relacionados com a dinâmica fermentativa. Como observado por Driehuis et al,
(2001) aumentos gradativos na adição de L. buchneri em silagens de milho
resultaram em perdas de MS 2.8 vezes maiores do que o a silagem controle. Kung
Jr e Ranjit (2001) observaram recuperações de matéria seca em silagens de cevada
com 1x10
5
ufc/g e 5 x10
5
ufc/g (91,8% e 89,5%), abaixo da recuperação obtida na
silagem controle (92,9%). Contudo, os mesmos autores obtiveram recuperação igual
ao controle (92,6%) em silagens com 10
6
ufc/g. Driehuis et al. (1999) observaram as
mesmas tendências ao obter perdas de MS maiores em baixas doses de inoculação
de L. buchneri e maiores quando a adição era triplicada. Junqueira (2006) obteve
maior recuperação de MS em silagens cana-de-açúcar tratadas com L. buchneri
5x10
4
ufc/g (84,48%) em comparação ao observado na silagem controle (77,26%).
Os dados obtidos na literatura relativos à dinâmica fermentativa em silagens
aditivadas com L. buchneri ainda são erráticos, mas parece haver uma dose
considerada mínima para que durante a fermentação haja perspectiva positiva de
sua utilização. Também deve-se considerar que o desempenho desse aditivo pode
apresentar diferenças de acordo com as fontes de forragem estudada. No caso da
silagem de milho, os tratamento controle originalmente apresentou bom padrão de
fermentação com a presença de bactérias homoláticas, fato que não ocorre quando
se considera a conservação da cana-de-açúcar onde a fermentação alcoólica é
bastante indesejável.
Dados divergentes também são observados na literatura quanto ao efeito da
adição de uréia nos parâmetros fermentativos. Junqueira (2006) obteve maiores
recuperações de MS nas três doses de uréia utilizadas, contudo Pedroso (2003) não
observou diferença em relação à silagem controle, quando foi adicionado 0,5% MV
de uréia. Em outro experimento Schmidt et al. (2004) observaram diferentes
comportamentos para silagens de cana-de-açúcar confeccionadas por duas
variedades recebendo uréia 0,5% MV após 120 dias de ensilagem. Naquele caso, a
alteração varietal parece representar diferenças na disponibilidade de carboidratos
solúveis, sugerindo haver necessidade de adequação da dose de uréia à
composição da forragem a ser conservada.
52
2.2.3.3 Análise da pós-abertura: estabilidade aeróbia
Os dados referentes ao ensaio de estabilidade aeróbia estão apresentados na
Tabela 5. Os resultados de estabilidade aeróbia, ou seja, o tempo necessário para
observar elevação de 2 ºC da temperatura da silagem em relação ao ambiente,
analisados segundo a metodologia proposta por Kung Jr (2000), não apresentaram
diferenças entre tratamentos, sendo a média 39,03 h. Houve diferença significativa
entre as datas de abertura para essa variável, sendo que inicialmente apresentou
31,35h de estabilidade, enquanto que na segunda abertura esse valor foi de 48,03h.
O aumento de estabilidade está normalmente associado à diminuição no teor de
carboidratos entre os períodos de abertura (PEDROSO, 2005).
Toledo Filho et al. (2005) não observaram diferenças no número de horas para
se atingir a estabilidade aeróbia em silagens de cana-de-açúcar tratadas sem aditivo
(28,3h), com L. buchneri (29,5h) e com L. diolivorans (55,6h).
A obtenção de valores similares para o acúmulo de temperatura durante 5 ou
10 dias de avaliação (ADITE-5 e ADITE-10) (Tabela 5), contrasta com o que foi
sugerido pelos dados de Pedroso (2003), que sugeriu grande variação nas medidas
envolvendo a estabilidade de silagens de cana-de-açúcar tratadas com aditivos
químicos e bacterianos. O autor encontrou diminuição no ADITE-5 de silagens
tratadas com L. buchneri (8ºC) em comparação a silagem controle (41ºC), e um
aumento no período de estabilidade aeróbia de 63%.
De acordo com a Tabela 5 é possível constatar que houve efeito de abertura,
tanto para o ADITE-5 quanto para o ADITE-10, ambos tiveram maior aquecimento
na segunda abertura. O ADITE-5 apresentou 14,91ºC após 80 dias e 30,43 ºC após
180 dias de fermentação, enquanto que o ADITE-10 apresentou valores maiores,
mas como o mesmo comportamento, 35,66 ºC na primeira abertura e 61,86ºC na
última. Pedroso et al. (2005) observaram que as melhoras observadas em relação a
aplicação do L. buchneri no ADITE-5, não se mantiveram no ADITE-10, uma vez que
esse apresentou valores menores do que a silagem aditivada com uréia. Relatos
anteriores na literatura (SOUSA et al., 2005) apontam que silagens aditivadas com
L. buchneri não promoveram melhorias quanto à estabilidade aeróbia, e com ADITE-
5 até 30% menor em relação à silagem controle. Nesse caso a adição de uréia 1%
MV não foi suficientes para promover estabilidade ou reduzir o acúmulo de
temperatura (ADITE).
53
Os dados de temperatura máxima das silagens quando expostas ao ar e tempo
para se atingir tal temperatura estão apresentados na Tabela 5. A média da
temperatura máxima das silagens quando expostas ao ar foi de 40,01 ºC e o tempo
médio para se atingir essa temperatura foi de 83,97h. Os valores obtidos são
similares aos resultados obtidos por Neto et al. (2005), em silagens controle de
cana-de-açúcar nas quais após 3 dias a temperatura medida foi de 32,1 ºC.
Junqueira (2006) também não obteve diferença quanto aos valores de
temperatura máxima nos diferentes tratamentos químicos e bacterianos impostos às
silagens de cana-de-açúcar, sendo que em média a temperatura foi de 40,5 ºC.
Toledo Filho et al. (2005) não encontraram diferenças quanto ao tempo para se
atingir a temperatura máxima em silagens de cana-de-açúcar tratadas sem aditivos
(48,6h), com L.buchneri (53,08h) e L. diolivorans (84,37h).
O tempo em horas para início da elevação da temperatura das silagens
expostas em relação à temperatura ambiente foi mensurado e está apresentado na
Tabela 5. Não houve diferença significativa entre os tratamentos. A média de 21,97h
esteve bem abaixo da média encontrada por Junqueira (2006) (148,8h) ao tratar
silagens de cana-de-açúcar com uréia e L. buchneri. A explicação para isso está,
provavelmente, na precisão dos sensores de temperatura utilizados neste
experimento, capazes de detectar variações de temperatura de 0,1 ºC.
As perdas de MS em 10 dias de avaliação estão relatadas na tabela 5, e
mostram não haver diferença entre os tratamentos, contudo foram significativas
entre as datas de abertura. A primeira abertura sofreu perdas maiores, da ordem de
18,71% MS, enquanto a segunda abertura apresentou perdas de somente 8,51%
MS. Essas diferenças estão associadas à quantidade de ácidos totais,
principalmente aqueles capazes de preservar melhor a silagem em meio aeróbio,
outra hipótese seria a da não existência de quantidades significativas de substrato
para o crescimento microbiano no tempo zero, como normalmente é observado em
silagens controle com baixo teor de carboidrato residual, limitando a atividade
biológica no período pós-abertura do silo.
Toledo Filho et al. (2004) não observaram diferenças de perda de MS após 10
dias de exposição em silagens de cana-de-açúcar controle (19,82%) e tratadas com
L. buchneri 5x10
4
UFC/g (17,05%). Junqueira (2006) ao avaliar silagens de cana na
pós abertura, não obteve diminuição da perda de MS em silagens aditivadas com
uréia 1% MV (15,87% MS) em relação ao controle (13,85% MS). Segundo a autora,
54
a inoculação de L. buchneri 5x10
4
UFC/g levou ao aumento nas perdas de MS
(17,79% MS) naquele estudo.
56
Os resultados da avaliação dos coeficientes de correlações dos parâmetros de
estabilidade aeróbia estão apresentados na tabela 6.
Tabela 6 - Coeficiente de correlação de parâmetros de estabilidade aeróbia das
silagens de cana-de-açúcar
Nota: * = (P<0,05), ** = (P<0,001), EA = estabilidade aeróbia, TMáx = Temperatura máxima, ADITE-5
e ADITE-10 = acúmulo da diferença média diária entre a temperatura das silagens expostas ao
ar e a temperatura ambiente em 5 e 10 dias, PMS = perda de matéria seca durante 10 dias de
exposição
Os parâmetros de estabilidade aeróbia e temperatura máxima estão
correlacionados de maneira negativa (tabela 6). A rápida quebra da estabilidade
gera, segundo o coeficiente de correlação, maiores picos temperatura, o que
parcialmente está correlacionado a perda de gases.
De maneira geral os coeficientes de correlação obtidos são baixos, embora
algumas vezes, significativos. Os acréscimos de temperatura, seja pela intensidade
ou pela antecipação na elevação, estão correlacionados entre si e sugerem maiores
perdas de matéria seca. Contudo, as perdas totais de matéria seca não podem ser
explicadas exclusivamente com os dados referentes à elevação de temperatura.
2.3 CONCLUSÃO
O estudo da associação de aditivos na ensilagem de cana-de-açúcar oferece a
oportunidade para novos ganhos em relação às estratégias de manejo atualmente
recomendadas.
Tratamentos utilizando Lactobacillus diolivorans 10
6
ufc/g em associações com
Lactobacillus buchneri ou 1,2-propanodiol sintético, apresentaram características
desejáveis para a ensilagem de cana-de-açúcar. Para tal, novas pesquisas são
necessárias, como experimentos testando diferentes concentrações, avaliação de
estabilidade aeróbia e sobretudo, estudos de desempenho animal para definitiva
recomendação.
Parâmetros Tmáx EA Perda de MS
EA -0,61** - -
Ttmáx -0,30 0,27 0,07
ADITE-5 0,45** -0,28* -0,31*
ADITE-10 0,39** -0,21 -0,18
Perda de gases 0,32** -0,49** -
57
A inoculação de silagens de cana-de-açúcar com o microrganismo
Lactobacillus diolivorans adicionado exclusivamente promoveu respostas menos
favoráveis do que quando associado a uma fonte de 1,2-propanodiol e apontou a
contagem 10
5
ufc/g como mais promissora.
O aditivo Lactobacillus buchneri 5x10
4
ufc/g quando adicionado isoladamente
não apresentou boa eficácia em relação às variáveis estudadas de fermentação e
estabilidade aeróbia. As respostas discrepantes que têm sido relatadas com o uso
desse microrganismo sugerem a reavaliação das dosagens recomendadas para
silagem de cana-de-açúcar.
A adição exclusiva de 1,2-propanodiol, na ensilagem como esperado, não
apresentou melhoras nos parâmetros avaliados sugerindo a possibilidade de não
haver população de L. diolivorans epífita em contagem suficiente para gerar
resposta positiva.
Contrariamente a expectativa, a uréia 1%MV não foi efetiva em controlar a
produção de etanol e as perdas ocorridas na fermentação, embora tenha promovido
alterações positivas na composição química da silagem com a redução no teor de
FDN.
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3 SILAGEM DE CANA-DE-AÇÚCAR (Saccharum officinarum L.) COMPARADA A
FONTES TRADICIONAIS DE VOLUMOSOS SUPLEMENTARES NO
DESEMPENHO DE VACAS DE ALTA PRODUÇÃO
Resumo
O experimento foi realizado para avaliar o desempenho de vacas de alto
potencial de produção de leite recebendo rações contendo diferentes fontes de
volumosos. Foram utilizadas 48 vacas da raça Holandesa em estágio intermediário
de lactação. O experimento foi delineado em múltiplos quadrados latinos 4X4 e os
animais foram divididos em 4 baias coletivas em um sistema de confinamento tipo
free stall nas quais permaneceram os 84 dias de avaliação sendo alimentadas duas
vezes ao dia. Os períodos experimentais de 21 dias cada foram divididos em 14 dias
de adaptação e 7 dias de coleta de dados. Os tratamentos utilizados consistiram de
quatro fontes de volumosos: cana-de-açúcar in natura, silagem de cana-de-açúcar
inoculada com L. buchneri, silagem de milho e a mistura de silagem de milho e cana-
de-açúcar in natura (50:50). Na semana de coleta, amostras de ração total,
volumosos e sobras foram tomadas para determinação bromatológica e as amostras
de leite para determinação da sua composição. Observações de comportamento
ingestivo dos animais foram realizadas durante turnos de 24h em cada período
experimental. Um ensaio de estabilidade aeróbia foi realizado comparando rações
totais e volumosos exclusivos no último período de avaliação. Amostras de
volumosos e rações totais foram expostas ao ar em uma sala com temperatura
controlada. Os resultados de estabilidade aeróbia mostraram que a silagem de cana-
de-açúcar aditivada obteve o maior tempo sem aquecimento do material (13,25h). A
ração de silagem de milho apresentou uma baixa estabilidade aeróbia (3,0h),
justificando a menor ingestão desta ração em relação às demais. Os dados de
desempenho mostraram diferenças na ingestão matéria seca, sendo os maiores
valores observados para o tratamento silagem de cana-de-açúcar (23,5 kg/dia) e a
mistura cana-de-açúcar mais silagem de milho (23,5 kg/dia). Todas as rações
apresentaram elevadas produções de leite (22,65 kg/dia) que não diferiram entre si.
O teor de gordura, no leite foi maior nos tratamentos contendo silagem de milho
(3,61%) e silagem de milho mais cana-de-açúcar in natura (3,48%). Na avaliação do
comportamento dos animais a ingestão de FDN acompanhou a tendência de maior
consumo revelado nos tratamentos contendo silagem de cana-de-açúcar (10,18 kg
FDN/dia) e na mistura de volumosos (9,36 kg FDN/dia). Pode-se concluir que a
cana-de-açúcar in natura ou na forma ensilada foi capaz de suprir animais de grande
demanda, desde que às rações fossem adequadamente balanceadas. Além disso, a
cana-de-açúcar ensilada revelou-se como alternativa interessante em substituição a
fonte de cana-de-açúcar in natura nos aspectos de desempenho e de
economicidade.
Palavras-chave: aditivos, produção de leite, silagem de milho, comportamento
ingestivo
65
SUGARCANE SILAGE (Saccharum officinarum L.) COMPARED TO
TRADITIONAL ROUGHAGE SOURCES ON THE PERFORMANCE OF HIGH
PRODUCING DAIRY COWS
Abstract
The experiment was carried out to evaluate the performance of high producing
dairy cows fed with rations containing different sources of roughage. Forty eight mid
lactation Holstein cows were assigned to a multiple latin square 4x4 design and the
animals were allotted into 4 collective pens in the “free stall” barn, during 84-d
evaluation period. The experimental periods of 21 days were divided in 14 days to
adaptation and 7 days for data and sample collection. The treatments used were:
fresh sugarcane, sugarcane silage inoculated with L. buchneri, corn silage and the
mixture of corn silage and fresh sugarcane (50:50). During the collection period,
samples of roughage sources, total mixed rations and orts were taking for chemical
analyses, and the milk was sampled to determinate the compositions. The ingestive
behavior of animal was measured over a 24-h shift during the experimental period.
An aerobic stability assay was performed along with the performance trial comparing
roughage sources and exclusively or mixed with concentrate by the end of the trial.
Forages and the TMR were exposed to air in a temperature-controlled room. The
results from the aerobic stability trial showed that inoculated sugarcane silage took
longer time to start heating the material (13.25h). The corn silage rations presented
low aerobic stability (3.0h), which might explain the lower dry matter intake notice
when compared to the other source. The animal performance data has shown
significant differences for the DM intake highest values observed for the sugarcane
silage (23.5 kg/day) and the mixture of fresh sugarcane with corn silage (23.5
kg/day). All rations supported high milk yields (24.4-25.5 kg/day) which did not differ
each other. The milk fat content was higher for both, the corn silage treatment
(3.61%) and fresh sugarcane plus corn silage (3.48%). The ingestivo behavior data
suggested NDF intake following the same trend of higher DM intake across the
treatments containing sugarcane silage (10.18 kg NDF/d) or the mix of roughage
sources (9.36 kg NDF/d). It can be concluded that both, fresh sugarcane or
sugarcane silage were able to supply nutrients to high producing animals, as long as
the feeds are properly balanced. Furthermore, the sugar cane silage was exhibited
as an interesting forage alternative when compared to fresh sugarcane for both,
animal performance and economical profitability.
Keywords: additives, milk production, corn silage, ingestive behavior
66
3.1 Introdução
A cana-de-açúcar vem sendo utilizada durante décadas pelos produtores de
leite devido a vantagens, tais como: alta produção de MS/ha, sendo reportados
valores entre 80 a 150 t/ha, ponto de maturação fisiológica coincidindo com a época
de escassez de forragem, alta produção de NDT/ha (15 t/ha), quando comparado a
forragens tradicionais como milho (8 t/ha) (LIMA; MATOS, 1993).
Associando as vantagens da utilização da cana-de-açúcar como volumoso
suplementar, as dificuldades logísticas que envolvem o uso dessa forragem na
forma de capineira, torna-se compreensível o crescente interesse do uso desta
planta na forma de silagem, principalmente em confinamentos indústrias e grandes
fazendas.
A manutenção da cana-de-açúcar em ambientes anaeróbios, leva contudo, a
altas produções de álcool, resultantes da alta susceptibilidade da planta a ação de
leveduras, o que resulta em grandes perdas de MS devido à conversão de
carboidratos em gases e energia despendida na forma de calor. Perdas maiores
podem ainda ocorrer no cocho por uma possível recusa do animal, frente ao
excesso de álcool na forragem. Kung Jr e Stanley (1982) reportaram teores de
etanol em torno de 17,5% em relação à MS.
O uso de aditivos bacterianos é uma ferramenta a ser utilizada com o propósito
de controlar a população de leveduras e minimizar os efeitos indesejáveis do álcool
na forragem. O L. buchneri é uma bactéria heterolática responsável pela síntese de
ácido acético, um poderoso antifúngico capaz de controlar a população de
microrganismos, causando um déficit energético dentro da célula e a conseqüente
quebra da “homeostase” celular. Os benefícios deste aditivo bacteriano têm sido
demonstrados principalmente quanto à manutenção da estabilidade aeróbia após a
abertura do silo e exposição da silagem ao ar. Ranjit e Kung Jr (2000) obtiveram
estabilidade aeróbia acima de 900h para silagem de milho tratada com L. buchneri
10
6
ufc/g, enquanto a silagem não tratada apresentou estabilidade de somente
26,5h.
O processo de ensilagem visa à manutenção, e não a melhora dos aspectos
nutricionais dos alimentos. A possibilidade de se fazer uso de aditivos como o L.
buchneri, que propiciam uma melhor conservação da forragem, possibilitam também
67
a indagação sobre a melhoria e até a possível similaridade no desempenho de
animais recebendo cana-de-açúcar in natura ou na forma de silagem.
A silagem de milho é tradicionalmente utilizada pelos produtores de leite. É a
forragem mais utilizada para a ensilagem. Segundo Nussio et al. (2001) isso ocorre
devido à composição bromatológica apresentar os requisitos necessários à
confecção de uma boa silagem, como: teor de MS variando entre 30% a 35% e teor
mínimo de 3% de carboidratos solúveis, ambos os fatores associados ao baixo
poder tampão favorecem boa fermentação microbiana. Os autores reportaram
variações no teor de proteína bruta entre 6,6% a 8,2% e digestibilidade entre 64,7%
e 66,6%, características estas que comprovam elevada qualidade da forragem.
Constantemente são encontrados na literatura trabalhos avaliando o
desempenho de vacas de alta produção recebendo diferentes fontes de forragem,
em comparação à silagem de milho, tanto pelo fato de ser uma planta capaz de
suprir a demanda nutricional desses animais, como também pelo fato de ser uma
das forragens mais estudadas tanto no exterior como no Brasil. A discrepância
quanto aos aspectos nutricionais entre as forragens cana-de-açúcar e milho, traz um
desafio quanto ao balanceamento da dieta e a eficiência dos programas de
formulação.
O presente trabalho tem por objetivo comparar o desempenho de animais de
alta produção recebendo silagem de cana-de-açúcar ou fontes tradicionais de
volumosos, como a cana-de-açúcar in natura ou a silagem de milho. Dentro dos
interesses aqui trabalhados então ainda a avaliação dos efeitos das diferentes dietas
sobre a composição do leite e o comportamento dos animais.
3.2 Desenvolvimento
3.2.1 Revisão Bibliográfica
3.2.1.1 Desempenho animal com dietas a base de silagem de cana-de-açúcar
Como o processo de ensilagem é um procedimento que visa somente a
conservação das características da planta, não é de se esperar melhoras do ponto
de vista nutricional, frente às baixas porcentagens de proteína e desequilíbrio
mineral encontrados na própria cana-de-açúcar in natura (NUSSIO; SCHMIDT,
68
2005). Melhorias em relação à planta que deu origem a silagem só são verificadas
em silagens cujo aditivo tenha a propriedade de adicionar mais nutrientes à silagem,
exemplo do milheto, ou da polpa cítrica em silagens de capins ou até mesmo da
uréia nas silagens de cana-de-açúcar.
Além dos aspectos nutricionais que devem ser corrigidos para possibilitar um
alto desempenho animal, a cana-de-açúcar usada na forma de silagem apresenta
substâncias frequentemente apontadas como suspeitas por uma redução no
consumo pelo animal.
A confecção de silagens de cana-de-açúcar sem aditivos capazes de controlar
a população de leveduras, leva à produção de altos teores de etanol resultantes de
fermentação alcoólica. Nussio e Schmidt (2005) mencionam a possibilidade de o
álcool ser um agente promotor de recusa do alimento pelo animal. Alcântara et al.
(1989) verificaram diminuição de 34% no consumo de cordeiros alimentados com
silagem de cana-de-açúcar elaborada sem aditivos, apresentando esta o teor de
etanol 6,6 vezes maior do que silagens tratadas com aditivos.
A utilização de bactérias heteroláticas, com o intuito de se aumentar as
concentrações de determinados ácidos, como o ácido acético produzido pelo L.
buchneri vem da necessidade de se aumentar a estabilidade aeróbia da forragem.
Contudo em estudos anteriores houve indícios de que o aumento do ácido acético
estaria relacionado à redução no consumo de MS. Inúmeros trabalhos recentes vêm
demonstrando não existir a interferência do ácido sobre a ingestão voluntária em
grandes ruminantes. Schmidt et al. (2004) não observaram diferença de consumo
das silagens de cana-de-açúcar controle e tratadas com L. buchenri 3,6 x105 ufc/g,
sendo respectivamente 6,9 kg/d e 7,03 kg/d.
A fração fibrosa representa um aspecto intrínseco à planta e favorável a
restrição do consumo. O FDN, ao contrário dos carboidratos solúveis da cana-de-
açúcar, apresenta baixa digestibilidade (<40%), sendo desta forma, um constituinte
vegetal relacionado negativamente ao consumo (LANDELL et al, 2002). Tal fato
pode ser minimizado pelo uso de agentes com capacidade hidrolítica, como a uréia,
ou pelo uso de plantas geneticamente melhoradas.
Roth et al. (2005) observaram diminuição no teor de FDN em silagens de cana-
de-açúcar aditivada com doses crescentes de uréia. No trabalho os autores
obtiveram silagem controle, sem tratamento, com teor de FDN de 75% da MS
enquanto silagens tratadas com 1% de uréia apresentaram 64,9% da MS.
69
Em 2002 o Instituto Agronômico de Campinas apresentou a variedade IAC86-
2480, uma planta melhorada a partir de conceitos modernos de melhoramento de
forragens para a produção animal, ou seja, visando não só a elevada produção de
carboidratos solúveis, mas também a melhor digestibilidade da fibra. A nova
variedade apresenta teor de FDN de apenas 44,18% sendo desta forma à planta
com menor teor de FDN entre as variedades mais produzidas (LANDELL et al,
2002). A comparação de desempenho animal mostrou um melhora em 18% na
conversão alimentar de bovinos recebendo a IAC86-2480 em relação a RB72454,
uma das variedades mais produzidas no Estado de São Paulo.
3.2.1.2 Desempenho animal com dietas a base de cana-de-açúcar in natura ou
silagem de milho
Tanto a cana-de-açúcar in natura como a silagem de milho são fontes
tradicionais de volumosos suplementares.
A cana-de-açúcar apresenta limitações do ponto de vista nutricional,
relacionadas aos baixos teores de proteína e minerais, principalmente fósforo e
enxofre. A necessidade de correção frequentemente é atendida pelo uso de uréia,
como fonte barata de nitrogênio, e sulfato de amônio, garantindo assim a síntese de
aminoácidos sulfurosos essenciais. A proporção entre N:S deve estar próxima a
12:1, sendo que na prática essa proporção é obtida com o uso de uréia e sulfato de
amônio na proporção de 9:1 (NUSSIO; SCHMIDT, 2005).
Mesmo existindo a correção de cana-de-açúcar com uréia e minerais, tal
procedimento não supre as altas exigências de animais em crescimento e vacas em
lactação (LIMA; MATTOS, 1993). Vilela et al. (2003) compararam o desempenho de
vacas mestiças recebendo cana-de-açúcar com diferentes suplementos. Os autores
obtiveram baixos valores de produção de leite corrigido para 4% de gordura e de
seus constituintes, proteína e gordura, quando a forragem foi corrigida somente com
uréia. No mesmo trabalho os autores concluíram que o mesmo tratamento
adicionado de farelo de algodão ou farelo de trigo apresentava maiores consumos
diários e maiores produções de leite corrigido. De acordo com Lima e Mattos (1993)
o fornecimento de proteína não degradável no rúmen, ácidos graxos de cadeia longa
e amido de baixa degradabilidade ruminal podem levar a desempenhos melhores do
que a simples correção da cana-de-açúcar com uréia.
70
O efeito do FDN da cana-de-açúcar sobre o desempenho de vacas mestiças foi
estudado por Fernandes et al. (2001), que simularam o desempenho dos animais
em função da variação de carboidratos, FDN e lignina e de suas respectivas
digestibilidades em 15 diferentes variedades. Os autores concluíram que a cana-de-
açúcar utilizada como principal volumoso da dieta levou a uma diminuição na
ingestão de MS e energia, o que levou a baixa predição de produção de leite. A
energia metabolizável decresceu em 24% em função do aumento de 20% no de
FDN da ração.
A silagem de milho é tradicionalmente usada como fonte de volumoso
suplementar. A planta de milho apresenta teores de proteína variando na ordem de
6,6% a 8,2% e digestibilidade variando entre 64,7% e 66,6%. A alta qualidade do
milho se reflete em significativos ganhos de desempenho frequentemente reportados
na literatura.
Dias et al. (2001) observaram maiores produções de leite em animais
recebendo dietas com silagem de milho (15,23 kg/d) em comparação aos animais
que receberam dietas à base de silagem de sorgo em estádio de maturação de
grãos leitosos (12,55 kg/d).
O uso da silagem de milho implica em custos para o sistema de produção, já
que constitui um volumoso de alto custo por tonelada de MS (R$ 250,00). Muitos
trabalhos vêm sendo publicados visando a substituição da silagem de milho por
fontes de volumosos mais baratas.
Magalhães et al. (2004) avaliaram o desempenho e a viabilidade econômica da
substituição de silagens de milho por cana-de-açúcar in natura em dietas para vacas
em lactação. As substituições ocorreram na ordem de 0, 33, 66 e 100%, sendo que
na medida em que se aumentava a proporção de cana-de-açúcar, foi constatada
uma diminuição linear no consumo (177,9; 169,42; 165,69; e 156,8 g/kg
0,75
)
acompanhada da diminuição de produção (24,17; 23,28; 22,10 e 20,36 kg/dia) e da
receita (8,32; 7,60; 6,55 e 5;63 R$/dia). Apesar disto os autores concluíram que a
substituição em 33% ainda seria economicamente viável.
Mendonça et al. (2004) avaliaram o comportamento ingestivo de vacas
holandesas recebendo dietas à base de silagem de milho (com 60% de volumoso)
ou cana-de-açúcar in natura sendo que a última entrando em 60% ou 50% na dieta
total. Os autores verificaram que as dietas contendo cana-de-açúcar levaram os
animais a apresentar aumento no tempo despendido em ócio e uma redução no
71
consumo total de MS, sendo que esta foi maior quando a dieta apresentou 60% do
volumoso na ração total.
3.2.2 Material e métodos
3.2.2.1 Local do experimento
O experimento foi realizado no Departamento de Zootecnia ESALQ, em
Piracicaba-SP, tendo início em 3/7/2004.
3.2.2.2 Confecção das silagens e manejo da cana-de-açúcar in natura
Três diferentes tipos de forragens foram usadas como fonte de volumoso para
os animais, sendo estas: silagem de milho, silagem de cana-de-açúcar e cana-de-
açúcar in natura.
A silagem de milho foi confeccionada sem o uso de aditivos. A colheita foi
realizada com uma colhedora acoplada ao trator, o tamanho de partículas médio foi
de 1,0cm. O material foi acondicionado em silo de alvenaria do tipo trincheira. A
compactação ocorreu durante tempo equivalente ao período de colheita, sendo o
que o peso do trator estava dentro dos 40% do peso total de forragem trazida ao silo
por hora. A massa foi coberta com lona plástica dupla face de 200 micras. Sacos de
areia foram colocados sobre a lona e ao redor do silo para a vedação do processo.
A silagem de cana-de-açúcar foi confeccionada com o uso de inoculante
bacteriano Lalsilcana®, constituído pela cepa L. buchneri 40788. De acordo com as
especificações do produto, 2g foram diluídos em água para garantir a inoculação de
5x10
4
ufc/g em uma tonelada de forragem. A solução contendo o microrganismo foi
aspergida sobre a massa de forragem em solução contendo água destilada e
aplicada com auxílio de bomba de baixa pressão.
A cana-de-açúcar proeminente da variedade RB72-454 de um talhão de 3º
corte, foi colhida com uma colhedora acoplada ao trator e regulada para um corte de
tamanho de partícula médio de 1,0 cm. A compactação do material foi realizada com
os pés, o que não permitiu a deposição de camadas maiores do que 30 cm por
etapa de compactação. O silo utilizado foi do tipo poço, revestido de alvenaria, com
capacidade para 12 toneladas. Após o abaulamento da massa de forragem foi
72
realizada a vedação com lona plástica de dupla fase e lajotas de concreto
substituindo os tradicionais sacos de areia, para a melhor adesão do filme plástico à
massa de forragem.
A cana-de-açúcar fresca foi recebida de uma área externa cultivada com a
variedade RB72-454 trazidas em feixes para o Departamento de Zootecnia em dias
intercalados e somente foi picada no momento de fornecimento aos animais. A
planta era picada em picadora estacionária regulada para corte de tamanho de
partícula de 1,0 cm.
3.2.2.3 Tratamentos
Os tratamentos foram constituídos das diferentes rações fornecidas aos
animais. O balanceamento das rações foi realizado com base no NRC - Gado de
Leite (2001), visando permitir a produção potencial de 30 kg/dia. As rações eram
isoproteícas e isoenergéticas de forma a equilibrar o potencial de produção dos
diferentes tratamentos, constituindo como fonte de variação apenas o efeito causado
pela origem do volumoso. Os ingredientes concentrados usados na ração foram:
milho moído, polpa cítrica, caroço de algodão, farelo de algodão, farelo de soja,
bicarbonato de sódio e mistura mineral (Tabela 7).
Tabela 7 – Composição de ingredientes das rações experimentais oferecidas
Ingredientes, % MS Cana Sil.cana Sil.milho Cana + Sil.milho
Cana-de-açúcar in natura 40,0 - - -
Silagem de cana-de-açúcar - 40,0 - 22,51
Silagem de milho - - 50,0 22,51
Milho moído fino 7,99 7,99 - -
Polpa cítrica 12,9 12,9 14,8 17,52
Caroço de Algodão 10 10 10 10
Farelo de Algodão 12 12 10 10
Farelo de soja 14,0 14,0 12,1 14,39
Bicarbonato de sódio 0,70 0,70 0,70 0,70
Premix mineral-vitamínico 2,38 2,38 2,38 2,38
Nota: Cana = Cana-de-açúcar in natura, Sil. Cana = Silagem de cana-de-açúcar, Sil. Milho = Silagem
de Milho, Cana + Sil. Milho = Cana de açúcar in natura (50%) + Silagem de Milho (50%).
3.2.2.4 Animais e instalações
O ensaio de desempenho foi realizado com 48 vacas da raça Holandesa de
alto potencial de produção. Os animais apresentavam em média cerca de 220 dias
de lactação e receberam aplicações regulares de somatrotopina bovina injetável.
73
Os animais foram mantidos em sistema de confinamento do tipo “free stall”,
com 12 animais alojados por baia. Em cada baia havia bebedor coletivo, sistema de
arrefecimento (micro pulverizadores e ventiladores), cocho coletivo e camas
individuais com areia. A areia das camas era substituída constantemente e as baias
limpas a cada dois dias para manter a higiene das instalações dos animais.
A sala de ordenha era localizada exatamente ao lado do confinamento evitando
que os animais tivessem que se deslocar por longas distâncias. A sala de ordenha
dispunha de um sistema de ordenha mecânica provida de coletores de amostra de
leite e medidores de produção individual.
3.2.2.5 Rotina experimental
Antes do início do período experimental, os animais receberam rações
contendo silagem de milho durante 10 dias, independentemente dos tratamentos as
quais fossem submetidos.
O período experimental foi de 84 dias, sendo constituído por quatro períodos
de 21 dias, sendo 14 dias de adaptação e 7 dias de coleta.
A alimentação foi fornecida a vontade, duas vezes ao dia, sendo sempre
permitida uma sobra de 10%. A quantidade de alimento fornecido e as sobras eram
quantificadas todos os dias, sendo sempre necessários ajustes para que não
houvesse sobra em excesso. Semanalmente foram efetuados ajustes quanto ao teor
de MS dos alimentos, que eram repassados as planilhas de consumo, permitindo
aferir a ração oferecida no período subseqüente.
A distribuição da ração era realizada durante os períodos de ordenha (6:00h e
18:00h), com o uso de um vagão misturador provido de balança digital.
O manejo dos silos, tanto de cana-de-açúcar como o de milho visava à retirada
de material deteriorado com a utilização de no mínimo 15 cm de camada do silo por
dia e a retirada uniforme do material, reduzindo assim a superfície de contato do
painel com o ar.
A cana-de-açúcar fornecida na forma de capineira foi trazida em feixes em dias
intercalados, e foi picada diariamente antecedendo o momento do seu fornecimento.
Durante a semana de coleta, foram tomadas amostras diárias das rações
fornecidas, das sobras e dos volumosos, e essas foram agrupadas ao final do
período experimental. As amostras de leite eram coletadas 3 vezes durante a
74
semana, sendo que cada amostragem era feita parcialmente no período da manhã e
o restante ao final da tarde. Juntamente com as amostras de leite, eram monitoradas
as produções individuais dos animais.
Na mesma semana de coleta foram realizadas medidas para avaliação do
comportamento dos animais, ou seja, observação durante 24 horas realizadas a
cada dez minutos, em metade dos animais do experimento (24 vacas).
Durante o segundo período de avaliações amostras dos volumosos e das
rações foram coletadas para a confecção de um ensaio de estabilidade aeróbia
desses ingredientes e da mistura.
3.2.2.6 Delineamento experimental
O delineamento experimental utilizado foi o de múltiplos quadrados latinos 4x4,
sendo que os dados foram analisados segundo o procedimento GLM do programa
estatístico SAS (1999). As médias foram comparadas utilizando-se o procedimento
LSMEANS, com nível de significância de 5%. As vacas animais foram alocadas aos
lotes levando-se em consideração critérios como: número de parições, produção de
leite durante o período pré-experimental, e status fisiológico na lactação (dias em
lactação) desta forma tentando-se manter a homogeneidade dentro de cada
quadrado latino constituído.
3.2.2.7 Avaliação químico-bromatológica
As amostras das dietas, sobras e volumosos foram secas em estufa a 60ºC por
72h (SILVA, 1981) e moídas contra peneira de malha de 1mm em moinhos do tipo
Wiley. As amostras processadas serviram de material para as análises
bromatológicas convencionais realizadas no laboratório de bromatologia do
departamento de zootecnia da USP/ESALQ.
O teor proteína foi determinado por condutividade térmica, utilizando-se o
aparelho LECO
®
(Leco Corporation, Michigan, USA).
A porção fibrosa foi analisada quanto ao teor de fibra em detergente neutro
(FDN) e teor fibra em detergente ácido (FDA) (VAN SOEST et al., 1994).
75
A matéria seca laboratorial foi determinada em estufa a 105 ºC durante 24h
(AOAC, 1990), a desidratação mais intensa permite a retirada de água residual da
amostra pré-processada em estufa de 60ºC (AOAC,1990).
A matéria mineral foi obtida após incineração de amostras em forno a 550 ºC
durante 3h (HARRIS, 1970).
O extrato etéreo foi realizado pelo contato sucessivo de uma quantidade
conhecida da amostra com éter de petróleo, após esse processo o material é seco
em estufa a 60ºC e depois pesado em balança analítica. O peso de material
recuperado é remetido ao peso inicial da amostra.
As amostras úmidas coletadas durante os últimos sete dias de cada período
foram utilizadas para elaboração de um extrato segundo Kung Jr (1996).
Resumidamente, 25g de amostra foram processados em 225ml de água durante
1minuto. O valor do pH do extrato de silagem foi medido em potenciômetro digital
(DIGMED
®
-DM20). Após filtragem em papel Whatman
®
54, o material recebeu 3
gotas de ácido sulfúrico 50% e foi então centrifugado durante 15 minutos a
10.000rpm. O extrato que foi armazenado em tubos eppendorff de 1,5 ml, e mantido
congelado a -20ºC serviu como amostra nas análises de etanol, carboidratos
solúveis e ácidos graxos.
O teor de etanol foi medido usando-se um analisador bioquímico YSI 2700
Select
®
(Biochemistry Analyser, Yellow,OH, EUA) provido de membranas com
enzimas imobilizadas, apropriada para essa determinação. Após calibrados com
soluções padronizadas de etanol (2 g/L), o aparelho forneceu leitura direta de
concentração em g/L.
O teor de carboidratos solúveis foi mensurado através de uma adaptação do
método colorimétrico (490 nm) sugerido por Dubois, et al, (1956). A adaptação foi
feita em relação a um aumento na diluição das amostras, já que silagens de cana-
de-açúcar normalmente apresentam teor carboidrato muito elevado.
O teor de ácido lático foi avaliado por meio de uma adaptação do método
espectrofotométrico (565 nm) de Pryce (1969). A adequação da curva padrão 10
vezes maior do que a sugerida foi necessária, já que a alíquota de amostra a ser
utilizada foi muito pequena.
76
3.2.2.8 Ensaio de estabilidade aeróbia
Amostras de 4 kg das rações e dos volumosos exclusivos foram usadas para
confeccionar o ensaio de estabilidade aeróbia, contemplados com 3 repetições cada,
totalizando 24 unidades experimentais e 8 tratamentos.
O ensaio de estabilidade aeróbia foi realizado em uma sala equipada com
sistema de controle de temperatura permitindo variação de 0,5 ºC em relação à
temperatura média de 24ºC.
As amostras foram acomodadas em baldes plásticos abertos, sem que
houvesse compactação da massa. Um sensor de temperatura “datalogger”,
instalado no centro geométrico de cada balde, foi calibrado para aferir a temperatura
a cada duas horas. Com o auxílio de um software (Dickson
®
, Addison, USA) os
dados foram armazenados e recuperados ao final da avaliação.
A estabilidade foi avaliada quanto ao tempo necessário para se atingir a
elevação de 2ºC as silagens em relação à variação da temperatura ambiente
(expressa em horas) (KUNG JR, 2000). Ainda em relação à estabilidade, foi
calculado o acúmulo térmico de 5 e 10 dias (ADITE-5 e ADITE-10), da diferença
média diária entre a temperatura das silagens expostas ao ar e a temperatura
ambiente (expressa em ºC), o tempo para o início da elevação da temperatura
(expresso em h), a temperatura máxima (expressa em ºC) e o tempo para se atingir
a temperatura máxima (expresso em h).
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, sendo
que os dados foram analisados com o procedimento GLM do programa estatístico
SAS (1999). As médias foram comparadas utilizando-se o recurso LSMEANS, com
nível de significância de 5%. Os baldes foram alocados de maneira aleatória dentro
da sala de estabilidade.
3.2.2.9 Avaliação do comportamento ingestivo das vacas
A avaliação do comportamento animal teve por objetivo verificar diferenças no
comportamento ingestivo do animal em função da ração recebida.
Neste experimento foram avaliados seis dos doze animais contidos em cada
baia, o que determinou um total de 24 animais avaliados por período experimental.
77
Foram realizados quatro períodos de avaliação, dessa forma os animais foram
avaliados em todas as rações oferecidas.
Os 24 animais foram observados durante 24h, em intervalos de 10 minutos. Os
períodos de avaliação do comportamento ingestivo sempre ocorreram durante a
semana de coleta de dados para o experimento de desempenho.
Dentre as variáveis observadas estão os períodos de ócio com o animal em pé
ou deitado, período de ruminação com o animal em pé ou deitado, ingestão da ração
(alimentação) e consumo de água. Os parâmetros estabelecidos com base nessas
variáveis foram: tempo total de ingestão de água, de alimentação, em ócio (soma do
período de ócio com animal em pé ou deitado), ruminando (soma do período de
ruminação com animal em pé ou deitado), mastigando (soma do período
alimentação com o período gasto ruminando), consumo médio diário, taxa de
ingestão (tempo de alimentação/ consumo médio diário), taxa de ruminação (tempo
ruminando/ consumo médio diário), taxa de mastigação (tempo de mastigação/
consumo médio diário) taxa de ingestão de FDN (tempo de alimentação/ consumo
de FDN médio diário).
O delineamento experimental utilizado foi o quadrado latino 4x4, sendo que os
dados foram analisados segundo procedimento GLM do programa estatístico SAS
(1999). As médias foram comparadas utilizando-se o recurso LSMEANS, com nível
de significância de 5%.
3.2.2.10 Desempenho dos animais
O desempenho dos animais foi avaliado durante a semana de coleta de dados.
O consumo foi obtido pela subtração da quantidade de MS restante no cocho da
quantidade de matéria seca fornecida na ração. As medidas de fornecimento e sobra
foram realizadas todos os dias, bem como a amostragem para verificação do teor de
MS dos ingredientes, rações e sobras.
A produção de leite foi computada individualmente, com base nos medidores
de produção automáticos acoplados ao sistema de ordenha. As medições foram
realizadas três vezes na semana de coleta, em dias intercalados e nos dois horários
de ordenha.
Os parâmetros avaliados para o desempenho dos animais foram: ingestão
diária de MS (kg/d), produção diária de leite (kg/d), produção corrigida para 4% de
78
gordura (kg/d), eficiência alimentar levando-se em consideração a produção de leite
corrigida para 4% (kg leite corrigido/kg alimento ingerido).
3.2.2.11 Composição do leite
As amostras de leite coletadas durante a semana foram enviadas para o
Laboratório da clínica do Leite do Departamento de Zootecnia da USP/ESALQ para
avaliação de parâmetros de composição. Foram realizadas as seguintes análises:
Teor de proteína no leite, teor de gordura, teor de lactose, teor de sólidos e sólidos
não gordurosos.
3.2.3 Resultados e discussão
3.2.3.1 Avaliação da estabilidade aeróbia dos volumosos e das dietas
Os dados relacionados a determinação da estabilidade aeróbia estão
apresentados na Tabela 8.
Para a variável estabilidade aeróbia, que considera o tempo necessário para o
acréscimo de 2 ºC na temperatura da silagem exposta ao ar em relação à
temperatura ambiente, adotando-se o conceito proposto por Kung Jr (2000) pode ser
constatado que a silagem de cana-de-açúcar apresentou maior período de
estabilidade em relação aos demais volumosos, sendo que as 13,25h de
estabilidade obtidas diferem significativamente da média de estabilidade obtida pelos
outros volumosos (3,16h). De maneira geral, as rações apresentaram maior
estabilidade em relação aos volumosos avaliados exclusivamente, com exceção da
ração contendo silagem de milho que resultou em valores de estabilidade
semelhantes ao da silagem exclusiva.
Siqueira et al. (2004), verificaram aumento de estabilidade aeróbia em silagens
de cana-de-açúcar inoculadas com L. buchneri 5x10
4
ufc/g, (60h), o que representou
um aumento de 46% em relação à silagem controle sem aditivo.
Pedroso et al. (2005) também relataram o aumento de estabilidade aeróbia em
silagens de cana-de-açúcar tratadas com L. buchneri inoculadas em 5x10
4
ufc/g.
Houve aumento de estabilidade aeróbia de 11% em relação à silagem controle,
sendo que o tratamento com L. buchneri apresentou estabilidade de até 72h. Os
79
autores mencionaram que a estabilidade aeróbia esta sujeita a inúmeros fatores,
sendo desta forma comum observar diferentes intensidades no efeito dos aditivos.
Toledo Filho et al. (2004) obtiveram valores de estabilidade próximos ao obtido
no presente experimento, e observaram 14,4h de estabilidade aeróbia na silagem de
cana aditivada com L. buchneri 5x10
4
ufc/g. No mesmo trabalho foram também
avaliadas as estabilidades de silagens de cana-de-açúcar aditivadas e misturadas a
ingredientes concentrados frequentemente utilizados como constituintes de rações.
Os autores verificaram que de maneira geral os tratamentos contendo os
ingredientes concentrados apresentaram maior estabilidade aeróbia (55,8h) em
relação a avaliação dos volumosos exclusivos (19,2h). A adição dos ingredientes
concentrados ao tratamento contendo L. buchneri levou a estabilidade de 14,4h para
um total de 96h. De acordo com os autores os concentrados alteram o teor de MS
do meio, desta forma podendo interferir na pressão osmótica o que poderia
promover a inibição do desenvolvimento de microrganismos aeróbios e
consequentemente diminuindo os efeitos deletérios desses na silagem.
O tempo para elevação de temperatura foi baixo para todos os tratamentos
avaliados no presente estudo (Tabela 8). O tratamento que mais demorou para
iniciar o aquecimento foi o tratamento contendo a mistura de volumosos, cana in
natura mais silagem de milho, com apenas 2,41h foi detectada uma variação
progressiva de 0,1ºC.
Os valores encontrados para o tempo necessário para iniciar o aquecimento
diferem muito dos valores encontrados frequentemente na literatura, Junqueira
(2006) avaliando silagens de cana-de-açúcar com diferentes aditivos observou
aumento na temperatura das silagens inoculadas com L. buchneri 5x10
4
ufc/g
somente após 132h de exposição ao ar. Isso pode ser explicado ao menos em parte
nos diferentes experimentos. Os sensores digitais podem registrar variações de
temperatura da ordem de 0,1ºC. A avaliação com equipamentos mais precisos faz
também com que a constatação de início do aquecimento se diferencie das variáveis
relacionadas à temperatura máxima, ou tempo necessário para atingir a temperatura
máxima. Esse fato pode ser confirmado pela baixa correlação existente entre o
tempo necessário para o início da elevação e os valores observados para
temperatura máxima e tempo para temperatura máxima (Tabela 9).
Os valores relativos a temperatura máxima são apresentados na tabela 8. A
temperatura máxima ou as medidas que levam em consideração a variação de
80
temperatura em relação à temperatura ambiente (ADITE-5 E ADITE-10), consistem
em medidas indiretas para estimar a perda de energia imposta ao sistema pela ação
deletéria de microrganismos aeróbios. Pelos dados observados na tabela 8 a menor
temperatura máxima foi obtida com a silagem de cana-de-açúcar (42,15ºC) seguida
pela cana-de-açúcar in natura (44,43ºC), contudo tal comportamento não foi
observado quando esses volumosos foram avaliados em mistura com os
ingredientes concentrados. A maior temperatura registrada foi para a ração contendo
silagem de milho (50,93ºC), embora o tempo necessário para se atingir tal valor
tenha sido um dos maiores (133,33h), o que revela uma lenta ascensão da
temperatura ao pico. As rações contendo cana-de-açúcar e silagem de milho como
volumosos exclusivos também demonstraram uma lenta ascensão da temperatura
até o pico máximo, sendo 153,62h e 127,58h respectivamente.
Quanto ao tempo para se atingir a temperatura máxima é visto que os valores
apresentados para os volumosos exclusivamente (58,56h), na tabela 8, são menores
que os observados para as rações (109,65h), com exceção da silagem de milho
esse fato sugere que a mistura de ingredientes em ração completa pode funcionar
como estratégia para evitar o aquecimento dos volumosos quando ofertado no
cocho dos animais, como sugerido por O’Kiely et al. (2002).
Os valores para variável temperatura máxima são similares aos relatos de
Junqueira (2006) que obteve 41,75 ºC como sendo a temperatura máxima da
silagem de cana-de-açúcar inoculada com L. buchneri, contudo esse valor foi
atingido após 102h do início do ensaio. O maior tempo necessário para se atingir a
temperatura máxima associado a menor disponibilidade de carboidratos solúveis
para o uso das populações pioneiras de microrganismos aeróbios. A autora ainda
reportou existir cerca de 6,2% de carboidratos solúveis residuais na silagem após a
abertura do silo, o que representa um baixo teor se comparado aos valores obtidos
no atual experimento, de 16,10% (Tabela 10). Outro fator que poderia reduzir a
velocidade de utilização dos carboidratos seria o maior teor de ácido acético típico
das silagens inoculadas com L. buchneri, contudo esse dado é dificilmente relatado
na literatura disponível.
Toledo Filho et al. (2004) também observaram aumento do tempo (45,6%) para
se atingir a temperatura máxima quando compararam as variáveis avaliadas em
volumosos exclusivos ou misturados aos ingredientes concentrados. No presente
81
experimento essa expansão no tempo para atingir a máxima temperatura foi de
46,8%.
A silagem de milho exclusiva (127,58h) não apresentou diferença significativa
em relação a ração contendo da própria (133,33h) para a variável tempo necessário
para se atingir a temperatura máxima (Tabela 8). A ausência de benefício com a
adição de ingredientes concentrados a silagem de milho se deu pelo elevado tempo
observado para alcançar a temperatura máxima no volumoso exclusivo (127,30h). A
maior lentidão para atingir a temperatura máxima na silagem de milho é
possivelmente explicada pelo baixo teor de carboidratos solúveis residuais nessa
forragem (Tabela8). Com isso, o aquecimento da massa nesse volumoso depende
então de estágios mais avançados de deterioração, quando os microrganismos
começam a fazer uso de carboidratos mais complexos que os monossacarídeos e
dissacarídeos constituintes da fração solúvel.
A dependência de fontes de carboidratos menos solúveis ou um possível efeito
inibitório dos ingredientes concentrados sobre o desenvolvimento microbiano
poderia sugerir a ocorrência de valores de temperatura máxima mais tardios. Esse
fato pode ser constatado pela alta correlação existente entre as variáveis
temperatura máxima e tempo para se atingir a temperatura máxima e o ADITE-10
(tabela 9).
Os dados de ADITE-5 e ADITE-10 estão apresentados na Tabela 8. Nota-se
que os maiores valores de ADITE-10 estão justamente relacionados aos tratamentos
com valores mais tardios para a variável temperatura máxima. O acúmulo da
diferença média, entre a temperatura ambiente e a temperatura das silagens, nos 10
dias de avaliação, aconteceu mais intensamente quando houve o aumento tardioda
temperatura, caso contrário o aquecimento precoce deveria aumentar o valor de
ADITE-5. Os valores médios para ADITE-5 e ADITE-10 foram de 74,68ºC e
148,69ºC respectivamente. Ambos ADITES foram menores para a silagem de cana-
de-açúcar, tanto na forma exclusiva, como na ração com concentrados (60,37ºC e
115,42ºC, respectivamente).
Os dados obtidos condizem com os valores freqüentemente encontrados na
literatura. Junqueira (2006) obteve valores médios de ADITE-5 e ADITE-10 em torno
de 43,6ºC e 151,5ºC, sendo que para silagem de cana-de-açúcar tratada com L.
buchneri os valores foram de 83,50ºC e 201,25ºC.
82
Valores menores de ADITE-5 em silagens de cana-de-açúcar inoculadas com
L. buchneri são encontrados na literatura. Pedroso (2003) observou valores de 25ºC
enquanto Siqueira et al. (2004) observou valores de 14,2ºC.
A grande variação na magnitude de valores relatados para ADITE-5 e ADITE-
10 na literatura, provavelmente se deve a variabilidade nas condições ambientais
ocorridas durante a conclusão desses ensaios. Fatores como a precissào de
controle da temperatura do local da avaliação, época do ano da avaliação e
freqüência de tomada de dados são manda tórios para a grandeza dos valores de
ADITE gerados.
84
3.2.3.2 Avaliação da composição bromatológica
Tabela 10 - Avaliação bromatológica dos volumosos, rações oferecidas e sobras
observadas durante o período experimental
Os dados referentes a avaliação bromatológica dos volumosos, rações
oferecidas e sobras estão apresentados na Tabela 10.
Quanto as fontes de cana-de-açúcar utilizadas, constata-se que mesmo se
utilizando de culturas colhidas em diferentes épocas e de variedades diferentes, a
cana-de-açúcar in natura não apresentou grandes diferenças em relação a silagem
de cana-de-açúcar nos parâmetros avaliados, com exceção da matéria mineral que
foi maior para o volumoso na forma de silagem. As diferenças observadas quanto ao
teor de carboidratos das duas fontes de cana-de-açúcar são resultantes da utilização
de carboidratos solúveis pelos microrganismos contidos no material ensilado; o uso
de aditivos microbianos pode inclusive acentuar essa redução, como observado por
Driehuis et al. (2001). A composição média obtida para as fontes de cana-de-açúcar
estão de acordo com a literatura consultada (ALCÂNTARA et al, 1989; PEDROSO,
Tratamentos (Forragens oferecidas) Variáveis
Sil.cana Cana Cana+ Sil.milho Sil.milho DP Amplitude
MS (%) 31,65 32,19 28,72 29,93 1,59 3,47
MM (% MS) 3,15 1,68 2,91 4,17 1,02 1,47
PB (% MS) 3,25 2,79 5,41 8,15 2,45 5,36
FDN (% MS) 53,48 52,38 53,78 51,13 1,20 2,65
FDA (% MS) 30,52 30,31 32,35 29,91 1,08 2,44
E.E (%MS) 1,12 0,70 1,56 2,42 0,73 1,72
Etanol (% MS) 0,45 ND ND ND ND ND
Ác. Lático (% MS) 3,08 ND 2,57 4,21 0,84 1,64
pH 3,59 6,8 4,05 3,85 0,32 0,73
CHO Solúveis (% MS) 16,10 25,71 20,35 2,59 9,87 23,12
Tratamentos (Rações experimentais - Oferecidas)
Sil.cana Cana Cana+Sil.milho Sil.milho DP Amplitude
MS (%) 48,29 48,15 45,00 45,11 1,83 3,29
MM (% MS) 4,93 4,45 5,71 7,29 1,24 2,84
PB (% MS) 13,96 15,01 15,86 16,09 0,97 2,13
FDN (% MS) 41,81 38,63 39,89 39,63 1,33 3,18
FDA (% MS) 27,73 23,91 27,07 25,45 1,72 3,82
E.E (%MS) 3,80 3,37 3,60 4,38 0,43 1,01
pH 4,89 6,78 4,71 4,64 1,02 2,14
Tratamentos (Rações experimentais - Sobras)
Sil.cana Cana Cana+Sil.milho Sil.milho DP Amplitude
MS (%) 44,33 45,24 43,93 41,90 1,41 3,34
MM (% MS) 5,56 4,96 5,54 6,08 0,46 1,12
PB (% MS) 8,56 9,55 10,28 11,24 1,13 2,68
FDN (% MS) 49,51 50,27 50,98 47,29 1,60 3,69
FDA (% MS) 31,62 31,82 33,31 32,29 0,75 1,69
E.E (%MS) 4,29 4,40 3,82 2,24 1,00 2,16
pH 4,75 5,19 5,39 5,07 0,27 0,64
85
2003; KUNG; STANLEY, 1982). Alcântara et al. (1989) trabalhando com tratamentos
a base de cana-de-açúcar in natura e silagem de cana-de-açúcar controle, sem
aditivos, obtiveram valores similares para os teores de matéria seca, proteína bruta e
matéria mineral entre os tratamentos, sendo o último parâmetro numericamente
maior para o volumoso ensilado. As diferenças entre os teores de carboidrato
também são frequentemente reportadas na literatura. Pedroso (2003) obteve valores
de 15,1% de MS para carboidratos solúveis em silagens de cana-de-açúcar tratadas
com L. buchneri e ensiladas em silo do tipo poço, assim como ocorrido no presente
estudo. O autor reportou que a cana fresca que deu origem a silagem continha
26,4% de carboidratos. A concentração de 3,08% MS de ácido lático na silagem de
cana-de-açúcar está inserida dentro da amplitude de variação relatada por Kung Jr e
Stanley (1982). Contudo, os autores verificaram que silagens confeccionadas com
plantas com tempo de crescimento entre 12 e 15 meses apresentaram teores de
ácido lático variando entre 5,65% e 4,33%, e no presente experimento a menor
concentração reportada na Tabela 10 pode ser justificada pelo consumo de ácido
lático ocasionado pelo microrganismo L. buchneri inoculado a silagem. O teor de
etanol verificado para silagem de cana-de-açúcar esteve contido entre os valores
relatados por Pedroso (2003) (0,29%) e Junqueira (2006) (0,83%) em condições
experimentais similares.
A avaliação químico-bromatológica da silagem de milho apresentou-se
concordante com os valores frequentemente encontrados na literatura (ROSA et al
2004; ABREU et al 2004; ROTH et al 2004). É possível se observar na tabela 10 a
diferença qualitativa da silagem de milho, é importante ressaltar o maior percentual
de proteína em relação a silagem de cana-de-açúcar e cana-de-açúcar in natura.
Rosa et al (2004) avaliando silagens de diferentes híbridos de milho
observaram teores de FDN e FDA similares aos apresentados na tabela 10, sendo
55,76% e 28,92% respectivamente. Os autores também reportaram valores similares
para o teor de matéria seca (30,69%) e matéria mineral (3,61%). Valores para o teor
de proteína são encontrados na literatura variando entre 9,74% (ROSA, 2004) até
críticos 5,25% Oliveira et al. (2003). Os valores de ácido lático encontrados na
literatura internacional para silagens de milho são relativamente reduzidos, assim
como o observado na Tabela 10. Ranjit e Kung Jr (2000) obtiveram valor de acido
lático 7,78% MS em silagens de milho controle, enquanto Nishiro (2003) obteve
6,41% MS.
86
Os resultados observados para a mistura constituída de cana-de-açúcar in
natura e silagem de milho, conforme esperado, mantiveram-se intermediárias aos
valores observados para esses dois volumosos individualmente.
As variações nos parâmetros observados para as rações completas decorrem,
em grande parte, da contribuição dos ingredientes concentrados. O aumento
significativo no teor de matéria seca em todas as rações experimentais ganha
importância relativa, pois poderia justificar o lento aquecimento destas em relação
aos volumosos (TOLEDO FILHO et al. 2005). A baixa amplitude existente entre os
parâmetros, como teor proteína, colaboram para constatação do equilíbrio entre os
tratamentos de forma a oferecer potencial de produção de leite equivalente.
O material recusado (sobras) pelo animal foi caracterizado pelo maior teor de
FDN e FDA para todos os tratamentos verificados. As maiores partículas
encontradas nas silagens de milho e, constantemente recusadas pelos animais,
eram aquelas formadas pelo sabugo do milho, de acordo com Nussio et al. (2001)
essa fração pode representar cerca de 13,6% da planta inteira e apresenta cerca de
52,3% de digestibilidade. No caso de silagens de cana-de-açúcar, ou cana de
açúcar in natura o material recusado normalmente era constituído principalmente de
partículas de colmo de maior tamanho. Ao analisar a tabela 10 constata-se ter
ocorrido certo grau de seleção dos ingredientes concentrados, mesmo considerando
que as rações experimentais tenham sido misturadas mecanicamente pelo período
mínimo de 5 minutos da oferta aos animais. A seleção ocorreu com maior
intensidade na ração contendo cana-de-açúcar in natura e em menor intensidade
nas silagens tanto de milho como de cana-de-açúcar. A menor capacidade de
estratificação de ingredientes e seleção pelos animais tem sido observada em
rações a base de cana-de-açúcar (MENDES, 2006) constituído em benefício dessa
ração.
3.2.3.3 Avaliação do desempenho dos animais e composição do leite
A ingestão de MS pelos animais (Tabela 11) foi maior para os tratamentos
silagem de cana-de-açúcar e a associação cana-de-açúcar in natura mais silagem
de milho. O tratamento com base na cana-de-açúcar in natura apresentou consumo
intermediário, sendo o tratamento com silagem de milho o de menor ingestão
relativa. Mesmo existindo variação na ingestão entre os animais, esse valor esteve
87
acima da ingestão de 21,4 kg de MS predita pelo NRC - Gado de Leite (2001). Não
existem trabalhos disponíveis na literatura comparando os tratamentos silagem de
cana-de-açúcar e a forragem in natura. Os valores de ingestão foram maiores do
que a maioria dos trabalhos frequentemente encontrados na literatura (MENDONÇA
et al., 2003; VILELA et al., 2003); isso decorre do fato das rações a base de cana-
de-açúcar ou sua silagem, em geral, serem posicionadas para animais com
produção de leite potencialmente inferior.
Tabela 11 – Desempenho de animais e composão do leite de vacas alimentadas
com ração contendo diferentes fontes de volumosos
Nota:
Letras diferentes na mesma linha diferem estatisticamente (P<0,05)
As produções de leite apresentadas na tabela 11 demonstram não existir
diferenças entre os tratamentos, mesmo quando a produção foi corrigida para 4% de
gordura.
Mendonça et al. (2004) avaliaram o desempenho de vacas holandesas
recebendo rações com base em cana-de-açúcar in natura, e observaram que o
consumo de 15,8 kg de MS em uma ração com 50% do volumoso levou a produções
de leite de 20,1 kg diários. Vilela et al. (2003), trabalhando com rações com baixa
quantidade de concentrado (<20%) sendo oferecidas a animais de baixa produção
constataram o maior consumo, como sendo 7,85 kg de MS relativo a produções
médias de 7,35 kg de leite diários. Valvasori et al. (1998) mensuraram a ingestão de
MS das raças Holandesas e Pardo-suiça recebendo silagem de cana-de-açúcar não
aditivadas e constataram o consumo de MS de 14,05 kg/d correspondente a
produção de leite de apenas 11,78 kg/d.
Tratamentos
Variáveis Sil.cana Cana Cana + Sil. milho
(50:50)
Sil.milho
Ingestão de MS, kg/dia 23,5
a
22,3
b
23,5
a
21,3
C
Produção de leite, kg/dia 24,4 24,6 25,2 25,5
PCG 4%, kg/dia 22,1 22,10 23,0 24,0
Eficiência, kg/kg MS 0,95
b
0,99
b
0,99
b
1,13
a
Gordura, g/kg 33,8
b
33,4
b
34,8
ab
36,1
a
Proteína, g/kg 31,7 32,4 32,2 31,7
Sólidos totais, g/kg 116 116 118 118
Lactose, g/kg 42,6 42,7 42,6 42,4
Sólidos Não Gordurosos, g/kg 82,5 83,3 83,0 82,4
88
Os tratamentos que receberam silagem de milho, tanto o tratamento exclusivo,
como o adicionado com cana-de-açúcar in natura, apresentaram desempenho que
não está totalmente de acordo com os dados observados em outros trabalhos na
literatura. Alguns autores reportam existir aumento no consumo e na produção de
leite em função do aumento da quantidade de silagem de milho na ração,
principalmente quando comparado a dietas contendo cana-de-açúcar como fonte de
volumoso (MAGALHÃES et al., 2004; CORRÊA et al., 2003).
Magalhães et al. (2004) avaliaram o desempenho de vacas holandesas e
mestiças em função da substituição da silagem de milho por cana-de-açúcar in
natura na ração e os autores concluíram existir redução linear na produção dos
animais em função do aumento da participação da cana-de-açúcar. De acordo com
os relatos, a substituição em 0%, 33,33% e 100% por cana-de-açúcar gerou redução
na produção de leite (24,17, 23,28 e 20,36 kg/d) acompanhada de redução na
ingestão de matéria seca, (20,03, 19,07 e 17,26 kg/d) respectivamente.
Corrêa et al. (2003) compararam o desempenho de vacas holandesas
alimentadas com rações contendo silagem de milho de diferentes texturas ou cana-
de-açúcar in natura. Os autores observaram maiores ingestões e produção de leite
para os animais recebendo rações com silagem de milho, sendo a ingestão de MS
de 23,0 kg/d contra 21,5kg/d e produção de leite de 34,2 kg/d contra 31,9 kg/d para
os tratamentos contendo silagem de milho e cana-de-açúcar respectivamente.
Deve-se ressaltar que, embora a produção com base em cana-de-açúcar tenha
sido inferior aquela observada com silagem de milho, a diferença foi pouca
pronunciada e o patamar de produção de leite com base na cana-de-açúcar pode
ser considerado muito favorável. Esse trabalho demonstra o grande potencial de
exploração de rações a base de cana-de-açúcar mediante ao adequado
balanceamento das rações e, em geral, com vantagens econômicas.
Pires et al. (1999) trabalhando com vacas holandesas verificaram não existir
diferenças de produção de leite e ingestão de matéria seca pelo animal quando
foram feitas substituições de 50% da silagem de milho por cana-de-açúcar, embora
a substituição total da silagem de milho tenha promovido a redução de tais
parâmetros.
Costa et al. (2005) avaliando o desempenho produtivo de vacas leiteiras
alimentadas com diferentes proporções de cana-de-açúcar e concentrado, ou
silagem de milho, observaram existir redução na ingestão de MS pelos animais e na
89
produção de leite quando a participação percentual dos volumosos era a mesma na
ração. Contudo essas diferenças não foram observadas com um decréscimo de 20%
na participação de cana-de-açúcar em relação à silagem de milho. De acordo com
os dados, a ingestão de MS dos animais e a produção de leite para o tratamento
contendo 60% de silagem de milho foram de 19,32 kg/d e 20,81 kg/d
respectivamente, enquanto no tratamento contendo 40% de cana-de-açúcar in
natura os valores foram de 19,81kg/d e 19,78 kg/d. Os dados de Costa e
colaboradores se aproximam da situação apresentada no presente trabalho, já que
também não houve diferenças entre produção dos animais recebendo as silagens de
milho ou cana-de-açúcar in natura (Tabela 11). Como pode ser observado na tabela
7 houve alteração da participação de volumosos nas diferentes rações sendo que a
cana-de-açúcar in natura contribuiu com 40% do total de matéria seca enquanto a
silagem de milho participou em 50% do total de MS.
O teor e a produção de gordura no leite foram diferentes entre os tratamentos
avaliados (Tabela 11), mas a magnitude destas diferenças não chegou a alterar as
produções quando essas foram padronizadas em função do teor de gordura. Costa
et al. (2005) não observou diferenças na produção de leite corrigida entre rações
contendo 60% de silagem de milho e rações contendo 40% de cana-de-açúcar in
natura, contudo, tratamentos que se apresentavam inferiores quanto a produção de
leite sem correção se tornaram estatisticamente semelhantes quando padronizados
para 3,5% de gordura.
A síntese de gordura no leite pode ser alterada em função da concentração de
ácido acético advindo da fermentação de fibras. Os maiores teores de gordura
constatado nas rações contendo silagem de milho no presente trabalho (Tabela 11),
possivelmente, se fundamentam no fato da fibra de silagem de milho apresentar
maior digestibilidade quando em comparação com a fibra da cana-de-açúcar.
Antoniali et al. (2003) avaliando cultivares de milho para silagem reportaram valores
digestibilidade do FDN de 20 híbridos de milho, variando entre 57,36% e 60,65%.
Mizubuti et al. (2002) reportaram digestibilidade de 50,89% do FDN da silagem de
milho fornecida a ovinos.
No caso da cana-de-açúcar Nussio e Schmidt. (2005) reportaram a baixa
digestibilidade de porções fibrosas de cana-de-açúcar, sendo os valores de
digestibilidade do FDN menores do que 40%. Lucci et al. (2003) reportaram valores
90
de digestibilidade de FDN para cana-de-açúcar in natura e silagem de cana-de-
açúcar da ordem de 37,5% MS e 43,1% MS respectivamente.
Outros fatores interferem na fermentação da fibra e consequentemente na
síntese de gordura. Por exemplo, Pires et al. (1999) trabalhando com substituições
de silagem de milho por cana-de-açúcar in natura verificou menor teor de gordura e
menor eficiência quando o único volumoso fornecido aos animais foi silagem de
milho. Com a substituição de 50% da silagem de milho por cana-de-açúcar os
autores verificaram o aumento no pH ruminal, ao qual foi atribuída a melhoria do
ambiente ruminal, a melhor fermentação e aumentos de 8,6% na concentração de
ácido acético no rúmen.
O teor de proteína, sólidos totais, lactose e sólidos não gordurosos variaram
em pequena amplitude, resultando em similaridade entre os valores obtidos para os
diferentes tratamentos, estando compreendidos dentro da amplitude de teores
reportados para a composição de leite na literatura (PIRES et al., 1999; COSTA et
al., 2005).
Pires et al. (1999) trabalhando com rações contendo silagem de milho e cana-
de-açúcar in natura observaram teores de gordura de 2,98% e 3,59%
respectivamente, e teores de proteína de 2,94% e 3,06%. Costa et al. (2005)
observarm teores de 3,61% gordura no leite de animais recebendo rações a base de
silagens de milho e de 3,45% para aqueles alimentados com rações contendo cana-
de-açúcar. Os teores de proteína bruta foram de 3,65% e 3,63%, respectivamente,
para os mesmos tratamentos mencionados. Segundo Frandson et al. (2003) a
composição do leite pode ser alterada em função da ração. Teores de gordura no
leite são afetados pelo aumento de energia disponibilizada ao animal pela ração. A
concentração de proteína do leite pode ainda ser minimamente modificada pelo
aumento da concentração de proteína na ração ou pela maior eficiência energética
do metabolismo animal. Os autores ressaltaram que os outros componentes do leite
sofrem variação menos sensíveis em comparação ao teor de gordura ou proteína.
Os dados de eficiência alimentar estão apresentados na Tabela 11 e de acordo
com os resultados é possível constatar que os tratamentos contendo 50% ou 100%
de silagem de milho como fonte de volumoso apresentaram valores estatisticamente
maiores. A eficiência alimentar é resultado da relação entre produção de leite
corrigida e a ingestão de matéria seca. Desta forma os tratamentos contendo
silagens de milho, com maiores teores de gordura no leite e produções de leite
91
numericamente maiores apresentaram-se mais eficientes, embora as rações
formuladas com base em cana-de-açúcar tenham sido mais econômicas.
3.2.3.4 Avaliação do comportamento ingestivo dos animais
Os dados de comportamento ingestivo estão apresentados na Tabela 12.
Tabela 12 - Ingestão de matéria seca (IMS), ingestão de fibra em detergente neutro
(FDN), comportamento ingestivo e tempos relativos de ingestão,
ruminação e mastigação em vacas holandesas recebendo rações com
diferentes fontes de volumosos
Nota: Letras diferentes na mesma linha indicam diferença estatística (P<0,05).IMS- ingestão de
matéria seca; IFDN- ingestão de fibra em detergente neutro; TRIMS- tempo relativo de
ingestão de matéria seca; TRIFDN- tempo relativo de ingestão de fibra em detergente neutro;
TRRUM- tempo relativo de ruminação; TRMAST- tempo relativo de mastigação.
Os dados relativos a ingestão de matéria seca são resultantes das
observações ocorridas durante o período de avaliação comportamental, ou seja, um
dia por período experimental. Isso explica a diferença numérica existente entre os
valores de ingestão de matéria seca apresentadas na tabela 11, que correspondem
a média de todo o período experimental. Mesmo não havendo diferença estatística
os valores numericamente maiores foram obtidos com tratamento silagem de cana-
de-açúcar e a combinação de silagem de milho e cana-fresca, o que está de acordo
com o observado na avaliação de desempenho, conforme relatado na Tabela 11.
Mari et al. (2006) compararam o efeito de diferentes fontes de volumosos,
incluindo silagem de cana-de-açúcar aditivada com L. buchneri e cana-de-açúcar in
natura, sobre o comportamento ingestivo de bovinos de corte. Os autores também
Tratamentos
Variáveis Sil. Cana Cana Cana+sil. Milho Sil. milho EPM
IMS, kg MS/dia 24,35 22,59 23,46 21,29 0,785
IFDN, kg MS/dia 10,18
a
8,72
bc
9,36
ab
8,43
c
0,35
Ingestão água, min/dia 27,00 27,42 24,00 30,60 6,12
Ingestão ração, min/dia 322,20 334,28 318,00 315,00 29,70
Ruminação, min/dia 531,00 513,00 502,80 495,60 18,06
Mastigação, min/dia 853,20 848,40 820,80 810,00 14,78
Ócio, min/dia 560,40 564,60 595,80 625,20 46,68
TRIMS, min/kg MS 12,60 14,40 13,20 14,40 1,38
TRIFDN, min/kg MS 84,00 97,20 88,20 96,60 5,88
TRRUM, min/kg MS 21,60 22,80 21,00 23,40 1,08
TRMAST, min/kg MS 34,80 37,20 34,80 37,80 2,22
92
não constataram diferença significativa na ingestão de matéria seca entre os
tratamentos contendo a forma in natura.
Mendonça et al. (2004) observaram aumento na ingestão de matéria (2,9 kg
MS/dia) em vacas leiteiras sendo alimentadas com rações contendo silagem de
milho em relação a rações com a mesma proporção de cana-de-açúcar in natura.
A ingestão de MS referente ao tratamento contendo silagem de milho se
mostrou numericamente inferior em relação aos demais, assim como no experimento
de desempenho, no qual essa diferença chegou a ser significativa e estatisticamente
diferente. Como já observado essa redução no consumo se deve provavelmente a
menor estabilidade da ração contendo silagem de milho em relação às rações com
as outras fontes de volumosos (Tabela 8).
Junqueira (2006) mencionou que a ingestão de MS pode também ser
negativamente afetada em fuão da porção fibrosa dos alimentos e de sua
digestibilidade. Contudo o tratamento contendo silagem de cana-de-açúcar
apresentou o maior valor de ingestão de FDN/dia (Tabela 12), mesmo reconhecendo
que o FDN de cana-de-açúcar apresenta baixa digestibilidade potencial (item
3.2.3.3). Pode-se inferir dessa maneira, que a diferença quantitativa no consumo de
matéria não tenha na porção fibrosa dos volumosos uma explicação satisfatória.
Mendonça et al. (2004), ao contrário do observado na tabela 12 obteveram
maior consumo de FDN/dia quando os animais receberam como fonte de volumoso
a silagem de milho. Os autores verificaram aumento de 1,2 kg/dia no consumo de
FDN de animais alimentados com silagem de milho em relação aos animais
recebendo rações a base de cana-de-açúcar.
Segundo Albright e Arave (1997) os fatores que afetam a ingestão de água
são: a temperatura ambiente, qualidade da água, a disponibilidade desta e a
alimentação. Sendo que os três primeiros fatores foram controlados e mantidos de
forma homogênea entre os tratamentos, somente a alimentação poderia resultar em
diferenças para esse parâmetro. De acordo com os dados da Tabela 12, pode-se
observar que a alteração na fonte de volumosos na ração não interferiu de maneira
significativa no tempo de ingestão de água. Dados da literatura corroboram com os
dados obtidos (MARI et al., 2006; ALBRIGHT; ARAVE., 1997). Mari et al. (2006) não
constataram diferenças no consumo de água quando avaliados bovinos de corte
alimentados com silagem de cana-de-açúcar ou com a planta in natura. De acordo
com Albright e Arave (1997) as diferenças entre teores de matéria seca no alimento
93
ingerido pelos animais é um dos principais fatores pelos quais o alimento afeta a
ingestão de água. Levando-se em consideração os dados de teor de matéria seca
das rações (Tabela 10) é possível verificar que esses teores não diferiram a ponto
de justificar variações no tempo ou volume de consumo de água.
Assim como não houve diferença estatística para a quantidade de matéria seca
ingerida, não houve também variações quanto ao tempo despendido com a atividade
de ingestão das rações.
Corrêa et al. (2003) também não observaram diferenças no tempo gasto pelos
animais durante a ingestão de rações formuladas com cana-de-açúcar ou silagem
de milho como volumoso.
O tempo de mastigação foi igual para todos os diferentes tratamentos (Tabela
10). Tal fato decorre do tempo de mastigação ser a somatória do tempo de ingestão
de matéria seca e o tempo de ruminação, como nenhum desses dois parâmetros
variaram significativamente não é de se esperar haver variação significativa no
tempo de mastigação diferindo estatisticamente.
Mari et al. (2006) verificaram que os animais recebendo silagem de cana-de-
açúcar apresentaram maior tempo de mastigação (478,7 min/dia) que os animais
recebendo cana-de-açúcar in natura (386 min/dia).
Corrêa et al. (2003) atribuíram a não existência de variação quanto ao tempo
gasto pelos animais durante a mastigação à similaridade entre a efetividade do FDN
da fibra de silagens de milho e cana-de-açúcar picada. Com isso, a substituição do
FDN de uma pelo FDN da outra fonte deveria alterar os tempos de mastigação. No
presente estudo, entretanto, a ingestão de FDN foi maior para a silagem de cana-de-
açúcar, o que contraria essa expectativa e sem explicação aparente. Assim como
observado na tabela 12, os autores não obtiveram diferenças nos tempos relativos
calculados para as variáveis de comportamento ingestivo.
3.3 Conclusão
Quanto ao desempenho dos animais, as fontes contendo cana-de-açúcar se
mostraram como alternativas interessantes em substituição integral ou parcial à
silagem milho, realçando a importância do correto balanceamento das rações. A
silagem de cana-de-açúcar aditivada se mostrou como estratégia satisfatória e
94
interessante na substituão da cana-de-açúcar in natura e os desempenho dos
animais foram considerados similares com algumas vantagens para a versão
ensilada.
A composição do leite diferiu quanto ao teor de gordura, sendo que para esta
variável as rações contendo silagem de milho foram favorecidas.
A silagem de cana-de-açúcar aditivada com L. buchneri apresentou maior
estabilidade aeróbia que os demais volumosos. As rações de maneira geral
apresentaram maior estabilidade do que os volumosos, contudo a ração contendo
silagem de milho mostrou baixa estabilidade aeróbia, sendo provavelmente devido a
isso o menor consumo deste volumoso frete aos demais.
O comportamento ingestivo dos animais pouco foi alterado em função da
substituição da fonte de volumoso nas rações estudadas.
REFERÊNCIAS
ABREU, A.G.; EVANGELISTA, A.R.; AMARAL, P.N.C.; SALVADOR, F.M,
SANTAROSA, L.C.; PADOVANI, R.F. Avaliação do padrão de fermentação em
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