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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE BIOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOECOLOGIA AQUÁTICA
MESTRADO EM BIOECOLOGIA AQUÁTICA
ESTUDO DO CRESCIMENTO, EFICIÊNCIA DE
BIOFILTRAÇÃO E CINÉTICA DE ABSORÇÃO DE
NUTRIENTES (N-NH
4
+
, N-NO
3
-
e P-PO
4
3-
) DA MACROALGA
Gracilaria cervicornis (TURNER) J. AGARDH
MARCELLA ARAÚJO DO AMARAL CARNEIRO
Natal - RN
Março de 2007
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MARCELLA ARAÚJO DO AMARAL CARNEIRO
ESTUDO DO CRESCIMENTO, EFICIÊNCIA DE
BIOFILTRAÇÃO E CINÉTICA DE ABSORÇÃO DE
NUTRIENTES (N-NH
4
+
, N-NO
3
-
e P-PO
4
3-
) DA MACROALGA
Gracilaria cervicornis (TURNER) J. AGARDH
Orientadora: Profa. Dra. Eliane Marinho Soriano
Dissertação apresentada ao curso de
mestrado em Bioecologia Aquática do
Programa de Pós-Graduação em
Bioecologia Aquática do Departamento de
Oceanografia e Limnologia, Universidade
Federal do Rio Grande do Norte como
requisito parcial à obtenção do título de
Mestre em Bioecologia Aquática.
Natal - RN
Março de 2007
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Divisão de Serviços Técnicos
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede
Carneiro, Marcella Araújo do Amaral.
Estudo do crescimento, eficiência de biofiltração e cinética de
absorção de nutrientes (N-NH, N-NO e P-PO4³) da macroalga Gracilaria
cervicornis (Turner) J. Agardh / Marcella Araújo do Amaral Carneiro.
Natal [RN], 2007.
75 f.
Orientador: Eliane Marinho Soriano.
Dissertação (Mestrado) Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. Centro de Biociências. Programa de Pós-Graduação em
Bioecologia Aquática.
1. Algas (Gracilaria cervicornis) - Dissertação. 2. Cultivo integrado -
Dissertação. 3. Cinética de absorção - Dissertação. I. Soriano, Eliane
Marinho. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.
RN/UF/BCZM CDU 582.26(043.3)
AGRADECIMENTOS
Á Universidade Federal do Rio Grande do Norte pelo apoio logístico e
intelectual;
Á CAPES e ao CNPq pelo apoio financeiro;
Á minha família por todo o apoio e incentivo que sempre me forneceram;
Á André pelo amor, amizade, compreensão e força nos momentos de
desânimos;
Á minha orientadora, Prof
a
. Eliane Marinho, pela amizade e pela dedicação
durante todos esses anos de convivência;
Ao Prof. Fúlvio Freire pela ajuda indispensável nas análises estatísticas;
Aos amigos do laboratório de Macroalgas Marinhas, pela amizade e pelo
auxilio nos trabalhos desgastantes;
Aos meus colegas de turma do mestrado pelos momentos de companheirismo
durante as disciplinas;
Aos colegas do Laboratório de Biogeoquímica Ambiental, em especial a Sérgio,
pelos ensinamentos e ajuda na realização das análises químicas;
Á todos os funcionários do DOL, que, direta ou indiretamente, colaboraram
neste trabalho;
Aos membros da banca examinadora, pela importante avaliação e valiosas
sugestões;
Á todos aqueles que não citei, mas que de uma maneira ou de outra, me
ajudaram nesta importante etapa de minha vida.
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS ______________________________________________ i
L
ISTA DE FIGURAS _______________________________________________ ii
R
ESUMO ______________________________________________________ v
A
BSTRACT ____________________________________________________ vi
1. INTRODUÇÃO _________________________________________________ 1
2. MATERIAIS E MÉTODOS _________________________________________ 7
2.1. Características da espécie estudada ______________________________7
2.2. Local de coleta ________________________________________________8
2.3. Experimento de campo (crescimento) ____________________________10
2.3.1. Local de cultivo ___________________________________________ 10
2.3.2. Estrutura de cultivo ________________________________________ 12
2.3.3. Determinação da biomassa e taxa de crescimento________________13
2.3.4. Determinação das variáveis ambientais e qualidade da água _______13
2.4. Experimento em laboratório (cinética de absorção) _________________14
2.4.1. Pré-condições de cultivo ____________________________________14
2.4.2. Delineamento experimental__________________________________ 15
2.4.3. Cálculos das taxas de absorção e parâmetros cinéticos____________17
2.5. Análises estatísticas___________________________________________17
3. RESULTADOS _______________________________________________ 19
3.1. Experimento de campo (crescimento) ____________________________19
3.2. Eficiência de absorção de Gracilaria cervicornis ___________________34
3.3. Velocidade de absorção de G. cervicornis_________________________36
3.4. Parâmetros cinéticos V
max
e K
s
__________________________________38
4. DISCUSSÃO _________________________________________________ 41
4.1. Crescimento e variáveis ambientais______________________________41
4.2. Eficiência e cinética de absorção ________________________________43
5. REFERÊNCIAS _______________________________________________ 48
6. ANEXOS ___________________________________________________ 56
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1. Variáveis ambientais, biomassa e taxa de crescimento relativo (TCR)
obtidos durante os 75 dias de cultivo de Gracilaria cervicornis no viveiro
de camarão da fazenda TECNARÃO, Arês - RN______________________19
Tabela 2. Parâmetros da regressão e p-valor das variáveis abióticas que fizeram
parte do modelo de regressão linear múltipla utilizando a biomassa como
variável dependente ___________________________________________ 33
Tabela 3. Eficiência de absorção (%) de G. cervicornis para os nutrientes N-NH
4
+
,
N-NO
3
-
e P-PO
4
3-
nos tratamentos com concentrações iniciais de 5, 10,
20 e 30 µmol.L
-1
, obtidos no experimento de absorção cinética __________34
Tabela 4. Velocidades de absorção de G. cervicornis para os nutrientes N-NO
3
-
, N-
NH
4
+
e P-PO
4
3-
nas concentrações de 5, 10, 20 e 30 µmol.L
-1
calculados
a partir dos dados obtidos no experimento de absorção cinética _________36
Tabela 5. Parâmetros cinéticos (V
max
, K
s
e V
max
:K
s
) da equação de Michaelis-
Menten obtidos a partir das velocidades iniciais de absorção de G.
cervicornis para os nutrientes N-NO
3
-
, N-NH
4
+
e P-PO
4
3-
_______________38
i
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1. Espécie utilizada neste estudo - Gracilaria cervicornis _________________8
Figura 2. Local de coleta de Gracilaria cervicornis, Praia de Búzios-RN ___________9
Figura 3. Local do cultivo experimental, Fazenda de camarão TECNARÃO,
município de Arês, RN _________________________________________11
Figura 4. Experimento em campo, (a) desenho esquemático do sistema de cultivo
e (b) estrutura de cultivo colocada dentro do viveiro de camarão _________12
Figura 5. Desenho experimental utilizado no estudo em laboratório da cinética de
absorção de Gracilaria cervicornis_________________________________16
Figura 6. Valores de temperatura da água (
o
C) obtidos durante os 75 dias de
cultivo de Gracilaria cervicornis no viveiro de camarão da fazenda
TECNARÃO, Arês - RN _________________________________________20
Figura 7. Redução gradual da salinidade (‰) obtida durante os 75 dias de cultivo
de Gracilaria cervicornis no viveiro de camarão da fazenda TECNARÃO,
Arês - RN ____________________________________________________21
Figura 8. Valores de pH obtidos durante os 75 dias de cultivo de Gracilaria
cervicornis no viveiro de camarão da fazenda TECNARÃO, Arês - RN ____22
Figura 9. Variação do oxigênio dissolvido (mg.L
-1
) obtida durante os 75 dias de
cultivo de Gracilaria cervicornis no viveiro de camarão da fazenda
TECNARÃO, Arês - RN _________________________________________23
Figura 10. Valores de partículas sólidas em suspensão (mg.L
-1
) obtidos durante os
75 dias de cultivo de Gracilaria cervicornis no viveiro de camarão da
fazenda TECNARÃO, Arês - RN __________________________________24
ii
Figura 11. Variação da transparência (cm) obtida durante os 75 dias de cultivo de
Gracilaria cervicornis no viveiro de camarão da fazenda TECNARÃO,
Arês - RN ____________________________________________________25
Figura 12. Aumento gradual observado nos valores de precipitação pluviométrica
referente aos 75 dias de cultivo de Gracilaria cervicornis no viveiro de
camarão da fazenda TECNARÃO, Arês - RN ________________________26
Figura 13. Redução dos valores de insolação observada durante os 75 dias de
cultivo de Gracilaria cervicornis no viveiro de camarão da fazenda
TECNARÃO, Arês - RN _________________________________________27
Figura 14. Variação da concentração do íon amônio (N-NH
4
+
) obtida durante os 75
dias de cultivo de Gracilaria cervicornis no viveiro de camarão da fazenda
TECNARÃO, Arês - RN _________________________________________28
Figura 15. Flutuação na concentração do nitrato (N-NO
3
-
) obtida durante os 75 dias
de cultivo de Gracilaria cervicornis no viveiro de camarão da fazenda
TECNARÃO, Arês - RN _________________________________________29
Figura 16. Oscilações da concentração do ortofosfato (P-PO
4
3-
) obtidas durante os
75 dias de cultivo de Gracilaria cervicornis no viveiro de camarão da
fazenda TECNARÃO, Arês - RN __________________________________30
Figura 17. Valores de biomassa obtidos durante os 75 dias de cultivo de Gracilaria
cervicornis no viveiro de camarão da fazenda TECNARÃO, Arês - RN ____31
Figura 18. Valores de TCR obtidos durante os 75 dias de cultivo de Gracilaria
cervicornis no viveiro de camarão da fazenda TECNARÃO, Arês - RN ____32
Figura 19. Redução dos nutrientes N-NO
3
-
(a), N-NH
4
+
(b) e P-PO
4
3-
(c)
pela G.
cervicornis durante 5 horas de incubação nos tratamentos de 5, 10, 20 e
30 µmol.L
-1
no experimento de absorção cinética _____________________35
iii
Figura 20. Velocidades de absorção (V) de G. cervicornis calculadas a partir da
redução dos nutrientes N-NO
3
-
(a), N-NH
4
+
(b) e P-PO
4
3-
(c)
durante 5
horas de incubação nos tratamentos de 5, 10, 20 e 30 µmol.L
-1
__________37
Figura 21. Função não-linear do modelo de Michaelis-Menten. O valor de p<0,001
indica que as variáveis independente (C) e dependente (V) seguem essa
função. As linhas vermelhas abrangem a área do intervalo de predição
ao nível de 95% ______________________________________________40
iv
RESUMO
O objetivo deste estudo foi avaliar o crescimento da macroalga Gracilaria cervicornis em um
viveiro de camarão (Litopenaeus vannamei) e determinar a eficiência de absorção e os
parâmetros cinéticos (V
max
, K
s
e V
max
:K
s
)
desta espécie para os nutrientes N-NH
4
+
, N-NO
3
-
e P-
PO
4
-3
, visando a sua utilização como biorremediadora de ambientes eutrofizados. Para este
estudo, foram desenvolvidos dois experimentos (campo e laboratório). No estudo em campo, a
macroalga foi examinada em relação ao crescimento e a biomassa. No experimento em
laboratório, a eficiência de absorção de G. cervicornis foi medida através do monitoramento
das concentrações dos três nutrientes (N-NO
3
-
, N-NH
4
+
e P-PO
4
-3
) durante 5 horas e os
parâmetros cinéticos foram determinados através da fórmula de Michaelis-Menten. Os
resultados obtidos neste estudo demonstraram que G. cervicornis se beneficiou dos nutrientes
disponíveis no viveiro, aumentando 52,4% do valor de sua biomassa após 30 dias de cultivo.
Neste estudo foi constatado que a variabilidade da biomassa pôde ser explicada através da
salinidade, disponibilidade de luz (transparência e concentração de partículas sólidas em
suspensão) e concentrações do N-NO
3
-
no ambiente (r-Pearson= 0,76; p<0,05). Quanto ao
experimento em laboratório, foi observado que a eficiência de absorção da macroalga estudada
foi maior nos tratamentos com menor concentração (5 µmol.L
-1
), sendo constatada uma
redução de até 85,3%, 97,5% e 81,2% do N-NH
4
+
, N-NO
3
-
e P-PO
4
3-
, respectivamente. Quanto
aos parâmetros cinéticos, G. cervicornis apresentou uma maior habilidade em absorver o N-
NH
4
+
em altas concentrações (V
max
= 158,5 µmol g
-1
dry wt h
-1
) e o P-PO
4
3-
em baixas
concentrações (K
s
= 5 µmol.L
-1
e V
max
:K
s
= 10,3). Os resultados deste estudo mostram que G.
cervicornis pode ser cultivada em viveiros de camarão e que apresenta uma boa capacidade
de absorção dos nutrientes testados, podendo desta forma, ser uma candidata promissora
como biorremediadora de efluentes de camarão.
Palavras-chaves: Gracilaria cervicornis, cultivo integrado, cinética de absorção.
v
ABSTRACT
The objective of this study was to examine the growth of Gracilaria cervicornis cultured in a
shrimp (Litopenaeus vannamei) pond and to determine the absorption efficiency and the
kinetics parameters (V
max
, K
s
e V
max
:K
s
) of this macroalgae for the nutrients N-NO
3
-
, N-NH
4
+
and
P-PO
4
-3
, aiming at its use as bioremediatory of eutrophicated environments. For this study, two
experiments (field and laboratory) were developed. In the field study, the seaweed was
examined in relation to the growth and the biomass. In the laboratory experiment, the
absorption efficiency of G. cervicornis was measured through the monitoring of the
concentration of the three nutrients (N-NO
3
-
, N-NH
4
+
e P-PO
4
-3
) during 5 hours and the kinetic
parameters were determined through the formula of Michaelis-Menten. The results obtained in
this study demonstrated that G. cervicornis benefited from the available nutrients in the pond,
increasing 52.4% of its biomass value after 30 days of culture. It was evidenced that the
variability of the biomass could be explained through the salinity, availability of light
(transparency and solid particle in suspension) and concentration of N-NO
3
-
in the environment.
In the laboratory experiment, the highest absorption efficiency was found in the treatments with
low concentration (5 µmol.L
-1
), being evidenced a reduction of up to 85,3%, 97,5% and 81,2% of
N-NH
4
+
, N-NO
3
-
and P-PO
4
3-
, respectively. Regarding the kinetic parameters, G. cervicornis
presented better ability in absorbing N-NH
4
+
in high concentrations (V
max
= 158,5 µmol g
-1
dry wt
h
-1
) and P-PO
4
3-
in low concentrations (K
s
= 5 µmol.L
-1
e V
max
:K
s
= 10,3). The results of this
study show that G. cervicornis could be cultivated in shrimp ponds, presents a good capacity of
absorption for the tested nutrients and is a promising candidate for biorremediation in shrimp
pond effluent.
Key words: Gracilaria cervicornis, integrated culture, kinetics uptake
vi
I
I
N
N
T
T
R
R
O
O
D
D
U
U
Ç
Ç
Ã
Ã
O
O
Gracilaria cervicornis (Turner) J. Agardh
Introdu
ç
ão
1
1. INTRODUÇÃO
A aqüicultura intensiva tem apresentado um rápido crescimento nos últimos
anos e seus efluentes têm sido considerados como uma importante fonte de poluição
para os ecossistemas marinhos (Pruder, 1986; Folke et al., 1994; Buford et al., 2003).
A alta produção de matéria orgânica, incluindo compostos fosfatados e nitrogenados,
oriundos das atividades aqüícolas, pode determinar o aparecimento do processo de
eutrofização. Este fenômeno pode alterar a estrutura e função dos ecossistemas e
originar mudanças quantitativas e qualitativas nas cadeias tróficas (Naylor et al.,
2000).
Impactos ambientais causados pela descarga dos efluentes nos corpos d’água
têm aumentado significantemente nas ultimas décadas (Primavera, 1997) e isto tem
promovido a procura de métodos eficientes que possam melhorar a qualidade da água
antes de sua liberação no ambiente natural. Os métodos utilizados para o tratamento
de efluentes domésticos e industriais não são adequados para a água salgada e as
alternativas disponíveis para a remoção de nutrientes da água do mar são
consideravelmente escassas. Uma alternativa potencialmente viável é a utilização de
macroalgas para a remoção de nutrientes (Buschmann et al.,1996; Nelson et al., 2001;
Neori et al., 2004; Troell et al., 2003), a qual tem sido apontada como uma das
prováveis soluções ao combate dos processos de eutrofização provocados pelo
excesso de nutrientes dos cultivos dos animais aquáticos.
As macroalgas são particularmente eficientes na absorção rápida de nutrientes
e possuem mecanismos para estocarem grandes reservas de nutrientes (Lobban et
al., 1985). Estudos recentes têm demonstrado que as macroalgas podem reduzir de
maneira significativa o excesso de nutrientes produzidos pela aqüicultura (Matos et al,
2006; Chow et al., 2001; Troell et al., 1997). Estes organismos atuam como
verdadeiros filtros biológicos, retirando do ambiente aquático e acumulando em seus
Introdu
ç
ão
2
tecidos o nitrogênio e o fósforo (Marinho-Soriano, 2005). Estes nutrientes geralmente
são armazenados e utilizados posteriormente para o crescimento quando a
concentração no meio diminui (DeBoer, 1981). A habilidade que algumas espécies
possuem em absorver rapidamente nutrientes e estocar na forma de aminoácidos e
pigmentos as tornam candidatas ideais para serem usadas como filtros biológicos
(Qian et al., 1996).
As espécies de macroalgas mais testadas em estudos de biorremediação
pertencem ao gênero Ulva (Bartoli et al., 2005; Wang et al, 2007) e Gracilaria
(Buschmann et al.,1994; Anderson et al., 1999; Chow et al, 2001). Por exemplo,
Buschmann et al. (1996) encontraram que a alga vermelha Gracilaria chilensis era
capaz de remover 95% de amônio e 32% de ortofosfato em um sistema integrado
salmão/algas. Neori et al. (1998) registraram que Ulva lactuca removia cerca de 34%
de amônio. Mais recentemente, Hernández et al. (2002) e Martínez-Aragón et al.
(2002) mostraram que Gracilaria gracilis removia aproximadamente 93% e 62% de
amônio e ortofosfato respectivamente.
Estudos experimentais demonstram que de todos os nutrientes disponíveis na
água do mar, o nitrogênio e o fósforo são os elementos que geralmente limitam o
crescimento das macroalgas (Villares et al., 1999; Wheeler & Björnsater, 1992).
Apesar do gás nitrogênio (N
2
) ser a forma mais abundante de nitrogênio no mar, as
macroalgas não são capazes de absorvê-lo diretamente. De acordo com Lobban et al.
(1985), o íon amônio (N-NH
4
+
) e o nitrato (N-NO
3
-
) são considerados as principais
fontes de nitrogênio para as macroalgas. Em algumas espécies essas formas são
igualmente utilizadas enquanto outras preferem N-NH
4
+
ao invés de N-NO
3
-
e vice-
versa (DeBoer, 1981; Jones, 1993). Quanto ao fósforo, o ortofosfato (P-PO
4
3-
) é a
forma absorvida pelas macroalgas. Os processos que promovem a entrada desses
nutrientes nas regiões litorâneas incluem a ciclagem natural do nitrogênio e fósforo e
Introdu
ç
ão
os descartes provenientes das atividades antropogênicas, como aqüicultura, esgotos
domésticos e fertilizantes agrícolas (Lobban et al., 1985).
Os nutrientes são absorvidos pelas macroalgas através de três mecanismos:
difusão passiva, difusão facilitada ou transporte ativo. Quando o transporte ocorre
apenas por difusão passiva, a taxa de absorção é proporcional à concentração externa
do nutriente. Por outro lado, a difusão facilitada e o transporte ativo exibem uma
saturação nos transportadores de membrana à medida que a concentração externa
aumenta (Lobban et al., 1985; Phillips & Hurd, 2004). Neste caso, a relação entre a
taxa de absorção e a concentração externa do nutriente é descrita por uma hipérbole
retangular, semelhante à equação de Michaelis-Menten para cinética enzimática:
V = V
max
· S
K
s
+ S
onde V é a velocidade de absorção, V
max
é a velocidade máxima de absorção, S a
concentração do nutriente e K
s
a constante de meia-saturação, que representa o valor
de S quando V = V
max
/2 (Harrison et al., 1989).
Os parâmetros cinéticos podem ser estimados graficamente, mas geralmente a
equação de Michaelis-Menten é ajustada, sendo possível calcular os valores de V
max
e
K
s
através de uma regressão não-linear (Lobban et al., 1985). Desta maneira, os
parâmetros relacionados à cinética de absorção de nutrientes, V
max
e K
s
, podem
explicar as habilidades competitivas entre as espécies para obtenção de um
determinado nutriente. Vários estudos ressaltam que altos valores de V
max
podem
expressar uma vantagem competitiva para espécies presentes em altas concentrações
de nutriente, enquanto que valores baixos de K
s
são considerados favoráveis aos
indivíduos encontrados em baixas concentrações (Wallentinus, 1984). Devido ao V
max
ser obtido utilizando concentrações tipicamente maiores do que as encontradas no
3
Introdu
ç
ão
4
ambiente natural, este parâmetro pode ser útil para predizer a resposta de uma
determinada espécie a um episódio de altas descargas de nutrientes no ambiente. Um
outro parâmetro bastante utilizado nos estudos de cinética de absorção de nutrientes é
a proporção V
max
:K
s
. Este estimador, semelhante ao K
s
, representa de forma mais
objetiva a habilidade de absorção das macroalgas quando os nutrientes estão
disponíveis em baixas concentrações (Phillips & Hurd, 2004). Desta forma, quanto
maior o seu valor, maior a capacidade da espécie em absorver o nutriente em
concentrações baixas.
As taxas de absorção de nutrientes pelas algas são geralmente medidas em
laboratório através da redução na concentração de um determinado nutriente em meio
de cultura. Existem dois métodos principais que são utilizados para medir o
desaparecimento dos nutrientes. No primeiro, também conhecido como método de
perturbação, o nutriente de interesse é adicionado a um meio que será monitorado
durante várias horas até ser completamente consumido pela alga. Neste caso, a
composição nutricional da alga varia ao longo do experimento. O segundo método, a
técnica de múltiplos frascos, envolve o uso de vários espécimes algais com status
nutricional semelhante, que são incubados separadamente em frascos com diferentes
concentrações iniciais de nutrientes. Desta forma, a redução do nutriente é calculada a
partir da medida das concentrações do nutriente antes e depois de um período curto
de incubação (10-60 min) (Pedersen, 1994).
Os fatores que afetam as taxas de absorção dos nutrientes podem ser divididos
em três categorias principais: físicas, químicas e biológicas. A principal influência da
luz sobre a absorção dos nutrientes é a produção de energia gerada pela fotossíntese,
que por sua vez é utilizada no transporte ativo dos nutrientes. Outro aspecto
importante é o fotoperíodo, que afeta significativamente a absorção do nitrato devido à
periodicidade existente na enzima nitrato redutase. De acordo com Harlin & Craige
(1978), a temperatura também influencia na absorção de nutrientes.
Introdu
ç
ão
5
A assimilação dos nutrientes também depende da sua concentração na coluna
d’água e as formas químicas disponíveis no ambiente (Lobban et al., 1985). Estudos
têm revelado que o N-NH
4
+
é absorvido pelas macroalgas mais rapidamente do que o
N-NO
3
-
, uréia ou aminoácidos e em geral a sua presença inibi a assimilação desses
outros nutrientes pela alga (D’Elia & Deboer, 1978; Thomas & Harrison, 1987). No
entanto, em espécies de algas marrons é comum observar que elas apresentam
preferência pelo N-NO
3
-
ao invés do N-NH
4
+
, sendo capazes de assimilar o N-NO
3
-
mesmo na presença de N-NH
4
+
(Haines & Wheeler, 1978). As concentrações
intracelulares de íons também podem afetar as taxas de absorção. Duke et al. (1989)
estudando a capacidade de absorção de Ulva curvata observaram que a assimilação
de nitrogênio era inversamente proporcional a concentração deste nutriente nos
tecidos algais.
Os fatores biológicos mais comuns que afetam as taxas de absorção em
macroalgas são a idade da alga (Thomas et al., 1985), a morfologia (quantificada pela
razão entre a área:volume) e a estratégia de vida (Wallentinus, 1984). Estudos
demonstram que as taxas de absorção de nitrato por Fucus distichus recém-
germinados podem ser 20-40 vezes mais elevadas do que na sua fase adulta (Thomas
et al., 1985). Outros estudos indicam que com o aumento da classe etária em
Laminaria groenlandica, as taxas de absorção do nitrato diminuem (Harrison & Druehl,
1982). Analisando as taxas de absorção de diversas espécies de macroalgas Bálticas,
Wallentinus (1984) observou que espécies que possuíam um ciclo de vida longo eram
mais espessas e por isso com uma razão área:volume baixa (Fucus vesiculosus,
Furcellaria lumbricalis e Phyllophora truncata), possuíam uma taxa de absorção menor
do que as espécies de ciclo de vida curto e filamentosas, ou seja, com razão
área:volume elevada (Cladophora glomerata, Enteromorpha ahlneriana, Scytosiphon
lomentaria, Dictyosiphon foeniculaceus e Ceramium tenuicorne).
Introdu
ç
ão
6
O presente estudo foi realizado para examinar as variações do crescimento da
agarófita Gracilaria cervicornis cultivada em condições eutróficas em um viveiro de
camarão (Litopenaeus vannamei). Em laboratório, foi realizado um estudo sobre a
possibilidade do uso desta espécie como biofiltro. No experimento laboratorial, foram
avaliadas a eficiência e velocidade de absorção desta espécie para os nutrientes N-
NH
4
+
, N-NO
3
-
e P-PO
4
3-
, visando sua utilização como biorremediadora de ambientes
eutrofizados.
M
M
A
A
T
T
E
E
R
R
I
I
A
A
L
L
E
E
M
M
É
É
T
T
O
O
D
D
O
O
S
S
Gracilaria cervicornis (Turner) J. Agardh
Materiais e Métodos
7
2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1. Características da espécie estudada
Divisão: Rhodophyceae
Classe: Florideophyceae
Ordem: Gracilariales
Família: Gracilariaceae
Gênero: Gracilaria
Espécie: Gracilaria cervicornis (Turner) J. Agardh
A macroalga utilizada neste estudo foi a Rhodophyta Gracilaria cervicornis
(Turner) J. Agardh. Esta espécie pode ser freqüentemente encontrada no litoral do RN,
com relativa abundância na região de coleta (praia de Búzios). Esta alga pode ser
utilizada como matéria prima na extração de agar e recentemente tem sido estudada
por Marinho-Soriano et al. (2007) como um ingrediente alternativo na formulação de
dietas para camarão.
A espécie G. cervicornis possui uma consistência carnosa e pode atingir cerca
de 25 cm de altura. Quanto a sua morfologia externa, esta espécie possui muitas
ramificações, apresentando um eixo principal achatado, estreito na base e cilíndrico na
região distal com um apressório discóide e pequeno (Cordeiro-Marinho, 1977; Wynne,
1998) (Figura 1).
Materiais e Métodos
8
3,5 cm 1 cm
Figura 1. Espécie utilizada neste estudo - Gracilaria cervicornis
2.2. Local de coleta
As algas utilizadas no experimento foram obtidas dos bancos naturais situados
na praia de Búzios (06º00’43,3” S - 35º06’27,2” W) (Figura 2). Esta praia é
caracterizada por apresentar na região do mesolitoral, formações de poças-de-marés
sobre as faixas de recifes de corais e arenito-ferruginoso, substratos adequados para
a fixação de macroalgas (Marinho-Soriano, 1999). A algas foram coletadas durante a
maré baixa através de mergulho livre, tendo o cuidado na escolha de espécimes em
bom estado fisiológico e sem sinais de despigmentação ou em fase de reprodução.
Materiais e Métodos
9
Figura 2. Local de coleta de Gracilaria cervicornis, Praia de Búzios-RN.
Materiais e Métodos
10
2.3. Experimento de campo (crescimento)
2.3.1. Local de cultivo
O experimento de cultivo foi realizado durante o período de 20 de abril a 30
junho de 2004, num viveiro de camarão recém-povoado localizado na área da
empresa TECNARÃO, município de Arês, RN (06
o
11’40“ S e 35
o
09’37” W). Esta
fazenda está situada às margens da laguna de Guaraíras e apresenta uma área de
105 hectares de extensão, os quais são ocupados por 31 viveiros, cada um com cerca
de 3 hectares e uma profundidade média de 1m.
A laguna de Guaraíras pertence ao complexo lagunar Nísia Floresta-Papeba-
Guaraíra localizada nas áreas dos municípios de Nísia Floresta, Senador Georgino
Avelino, Tibau do Sul, Goianinha e Arês (Figura 3). Os principais contribuintes de água
doce são os rios Trairí e Araraí, que abastecem a laguna de Papari, a qual se
comunica com a de Papeba através de um canal artificial. Por sua vez, Papeba se une
a Guaraíra a qual se comunica com o mar através da Barra do Tibau, com
aproximadamente 500 m de largura (IDEMA, 2004).
Esta laguna é responsável pelo abastecimento dos viveiros de camarão, além
de ser também receptora dos efluentes das fazendas existentes na região. A água
proveniente do mar promove apenas uma diluição parcial das águas escoadas pelas
fazendas, provocando com isso uma pequena melhoria na qualidade da água utilizada
para o abastecimento dos viveiros.
Materiais e Métodos
11
Figura 3. Local do cultivo experimental, Fazenda de camarão TECNARÃO, município de Arês,
RN.
Materiais e Métodos
12
2.3.2. Estrutura de cultivo
Para a execução deste trabalho, foi utilizada uma gaiola (1,50m x 0,50m x
0,15m) confeccionada com malha plástica de 1cm de diâmetro. A gaiola era
subdividida em 3 três compartimentos menores de 0,50m x 0,50m x 0,15m, onde foi
colocada 1Kg de G. cervicornis, totalizando 3Kg. A estrutura apresentava uma
armação externa retangular formada por canos de PVC unidos nas extremidades. As
gaiolas eram fixadas dentro do viveiro através de estacas. A estrutura de cultivo foi
mantida a uma profundidade de 0,15m da superfície da água com auxílio de bóias em
cada extremidade (Figura 4).
(a)
(b)
Figura 4. Experimento em campo, (a) desenho esquemático do sistema de cultivo e (b)
estrutura de cultivo colocada dentro do viveiro de camarão.
Materiais e Métodos
13
2.3.3. Determinação da biomassa e taxa de crescimento
Para o registro da biomassa e taxa de crescimento foi realizada
quinzenalmente a remoção das algas, para a retirada das epífitas e sedimento e
posteriormente a pesagem da biomassa úmida. Em seguida, as algas eram
recolocadas nas gaiolas e a biomassa inicial reajustada (1Kg). A taxa de crescimento
relativo (TCR), ou seja, o aumento diário da biomassa (%.d
-1
), foi calculado a partir da
fórmula:
TCR = ln (Pf/Pi) · 100
(Tf-Ti)
onde Pi é igual ao peso inicial (g), Pf é igual ao peso final (g) e Tf -Ti é o intervalo de
tempo entre as duas medidas (De Casabianca et al. 1997).
2.3.4. Determinação das variáveis ambientais e qualidade da água
Durante todo o período de cultivo, os parâmetros ambientais foram
determinados quinzenalmente. A temperatura (
o
C), salinidade (‰), pH e oxigênio
dissolvido (mg/L) foram medidos através de um medidor multiparâmetros (HORIBA U-
10) e a transparência a partir de um disco de Secchi (triplicata). A análise da qualidade
da água também foi realizada quinzenalmente a partir da determinação das partículas
sólidas em suspensão e dos nutrientes dissolvidos: íon amônio (N-NH
4
+
), nitrato (N-
NO
3
-
) e ortofosfato (P-PO
4
-
).
A concentração de partículas sólidas em suspensão foi obtida a partir da
filtração de amostras de água em triplicatas com um volume conhecido de 100 ml (De
Casabianca et al., 1997). Para este procedimento, foram utilizados um sistema de
filtração ligado a uma bomba a vácuo e filtros de papel de fibra de vidro (0,45µm) com
Materiais e Métodos
14
peso seco pré-determinado (Strickland & Parson, 1972). Em seguida, os filtros foram
secados em estufa a 60
o
C durante 24h e pesados em balança analítica (precisão -
0,01g). A concentração final obtida (mg.L
-1
) foi calculada a partir da relação entre a
diferença dos pesos inicial e final dos filtros e o volume de água utilizado. O nitrato foi
analisado através da redução em nitrito a partir do contato direto entre a amostra e os
grânulos de cádmio ativados com sulfato de cobre, como descrito por Hernández-
López & Vargas-Albores (2003), utilizando modificações para amostras de 10mL. As
concentrações de N-NH
4
+
foram determinadas através do método de Azul de indofenol
e o P-PO
4
-3
pelo método do azul de molibdênio (Strickland & Parsons, 1972).
Os dados climatológicos referentes a precipitação pluviométrica e insolação,
foram obtidos junto à estação climatológica da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, sendo coletados os dados quinzenais correspondentes aos períodos de visita
ao cultivo.
2.4. Experimento em laboratório (cinética de absorção)
2.4.1. Pré-condições de cultivo
As algas utilizadas para este experimento foram coletadas na praia de Búzios e
em seguida transportadas para o Laboratório de Macroalgas-DOL/UFRN, onde foi
realizada a triagem para retirada de sedimento e epífitas. As algas foram transferidas
para um recipiente de vidro contendo água do mar filtrada proveniente do local de
coleta, sendo mantidas aeradas e iluminadas (250 µmol photon m
-2
.s
-1
) durante todo o
período de experimento. Amostras de G. cervicornis (5g) foram selecionadas, pesadas
e transferidas para um outro recipiente preenchido com 20L de água obtida em alto
mar. Esta água apresentava baixos teores de N-NH
4
+
(<1 µmol.L
-1
), N-NO
3
-
(<1 µmol.L
-
1
) e P-PO
4
3-
(indetectável) e valores médios de temperatura e salinidade de 28,6 ± 0,5
Materiais e Métodos
15
o
C e 37,8 ± 0,2 ‰, respectivamente. As algas eram mantidas aeradas e iluminadas
durante 24h antes do início do experimento.
2.4.2. Delineamento experimental
As taxas de absorção dos nutrientes N-NH
4
+
(íon amônio), N-NO
3
-
(nitrato) e P-
PO
4
-3
(ortofosfato) pela macroalga G. cervicornis foram medidas a partir do
monitoramento nas concentrações de cada nutriente em meios de culturas separados.
Para todos os nutrientes, foram escolhidos 4 concentrações diferentes: 5, 10, 20 e 30
µmol.L
-1
. Essas concentrações foram utilizadas por ter sido encontrado valores
semelhantes em viveiros de camarão. Em cada concentração analisada, foram
utilizados recipientes cilíndricos de plástico transparente em triplicata, contendo 5g de
G. cervicornis e preenchidos com 1L de água do mar filtrada e enriquecida. Foi
utilizado um recipiente contendo apenas água do mar enriquecida que serviu como
controle (Figura 5).
Para a obtenção das concentrações desejadas, foram adicionados à água do
mar soluções padrões de N-NH
4
+
, N-NO
3
-
e P-PO
4
3-
na concentração de 10.000
µmol.L
-1
, as quais foram previamente elaboradas com as substâncias NH
4
Cl, KNO
3
e
KH
2
PO
4
, respectivamente. Para que nenhum dos nutrientes, N e P, se tornassem
limitantes no desempenho de G. cervicornis, foi utilizado a razão molar de 10:1 (N:P)
(Friedlander & Dawes, 1985), com exceção para o experimento com P-PO
4
3-
, no qual
foi adicionado 5 µmol.L
-1
de N-NH
4
+
a todos os recipientes enriquecidos.
O experimento teve duração de 5 horas, sendo as amostragens realizadas em
15 minutos (t
1
), 30 minutos (t
2
), 1h (t
3
), 2h (t
4
), 3h (t
5
), 4h (t
6
) e 5h (t
7
) após o inicio do
experimento (t
0
). No ensaio com N-NO
3
-
, foram amostrados 30 mL de cada recipiente,
enquanto para a N-NH
4
+
e o P-PO
4
-3
utilizou-se apenas 10 mL. Essa diferença foi
devido às metodologias empregadas descritas anteriormente. Ao final do experimento,
Materiais e Métodos
16
as algas foram retiradas dos recipientes e em seguida congeladas, sendo
posteriormente secadas em estufa por 24h a uma temperatura de 60
o
C para obtenção
de peso constante (Thomas & Harrison, 1987).
A eficiência de absorção de G. Cervicornis foi calculada a partir da redução
observada nas concentrações dos nutrientes analisados para cada período amostral,
sendo expressa em forma de porcentagem.
Figura 5. Desenho experimental utilizado no estudo em laboratório da cinética de absorção de
Gracilaria cervicornis.
Materiais e Métodos
17
2.4.3. Cálculos das taxas de absorção e parâmetros cinéticos
A taxa de absorção (µmol g
-1
dry wt h
-1
) foi calculada através das mudanças
nas concentrações dos nutrientes para cada intervalo de amostragem, utilizando a
seguinte fórmula (Pedersen, 1994):
V = [(S
t
· Vol
t
) – (S
t+1
· Vol
t+1
)]
(B · t)
onde S representa a concentração do nutriente (µmol.L
-1
), V o volume da água (L), B
representa o valor de biomassa da alga utilizada neste experimento ( 0,5g de peso
seco) e t é o intervalo de tempo entre t e t+1.
Os parâmetros cinéticos (V
max
e K
s
), por sua vez, foram gerados a partir das
taxas de absorção referentes ao período inicial de incubação (0-15 min).
2.5. Análises estatísticas
As análises estatísticas consistiram de uma análise descritiva dos dados com o
cálculo da média e desvio padrão e de uma análise inferencial, com a utilização da
correlação de Spearman, análise de variância (ANOVA) e de regressão linear múltipla.
A correlação de Spearman foi utilizada para verificar a existência de relações
significativas entre as variáveis ambientais obtidas no experimento de cultivo. A
ANOVA teve como finalidade a constatação de variações estatisticamente
significativas de cada parâmetro registrado durante os períodos amostrais nos
experimentos de campo e laboratório e quando as diferenças eram confirmadas, as
comparações entre as médias eram obtidas utilizando o teste de Tukey.
Materiais e Métodos
18
As relações estatísticas entre a biomassa de G. cervicornis e as variáveis
ambientais foram quantificadas via análise de regressão linear múltipla (α<0,05). Para
a realização desta análise, foi calculado o valor de inflação da variância (VIV) para as
variáveis abióticas, através do programa estatístico SigmaStat versão 3.1. Este fator
indica o efeito das variáveis independentes (abióticas) sobre o erro padrão do
coeficiente de regressão. Valores altos de VIV indicam alto grau de colinearidade entre
essas variáveis (Hair et al., 1998), o que pode afetar nos resultados. Desta forma, as
variáveis independentes que apresentaram altos valores de VIV foram excluídas da
análise.
Para realização das análises estatísticas, foi verificado se os dados relativos às
variáveis estudadas se adequavam à distribuição normal, através do Teste de
Kolmogorov-Smirnnov e à homoscedasticidade, através do teste de Levene. Nos
casos onde os dados não se mostraram normais ou homogêneos, eles foram
transformados (log 10, ln e raiz quadrada) para se adequarem aos pré-requisitos da
análise. Para realização de todos os testes estatísticos, foi utilizado o nível de
significância de 95% (α=0,05).
Quanto aos parâmetros cinéticos (V
max
e K
s
) da equação de Michaelis-Menten,
eles foram obtidos a partir do método de análise dos somatórios dos mínimos
quadrados utilizando-se uma rotina com a ferramenta SOLVER inserido no programa
Microsoft
®
Excel, 2003. A referida função foi analisada significativamente a partir do
programa Table curve
®
2D 5.0, 2000. As análises estatísticas foram realizadas
utilizando o Software Statistica
®
5.0, Statsoft, 1998.
R
R
E
E
S
S
U
U
L
L
T
T
A
A
D
D
O
O
S
S
Gracilaria cervicornis (Turner) J. Agardh
Resultados
19
3. RESULTADOS
3.1. Experimento de campo (crescimento)
Os parâmetros ambientais, biomassa e TCR determinados durante o
experimento de campo, são mostrados na Tabela 1.
Tabela 1: Valores mínimos e máximos, Média ± Desvio padrão e Análise de variância (ANOVA)
dos parâmetros ambientais, biomassa e taxa de crescimento relativo (TCR) obtidos durante os
75 dias de cultivo de Gracilaria cervicornis no viveiro de camarão da fazenda TECNARÃO, Arês
- RN.
ANOVA
Variação
Média ± Desv.Pad.
F cal Prob.
Temperatura (
o
C)
26 – 29,5
28,1 ± 1,3
16,90 <0,001*
Salinidade (‰) 14,7 – 24,1
20,4 ± 3,5
17,54 <0,001**
pH 7,8 – 8,4
8,1 ± 0,2
258,41 <0,001**
Oxigênio (mg.L
-1
) 7,2 – 13,3
9,4 ± 2,1
14,78 <0,001**
Partículas sólidas (mg.L
-1
) 150,0 – 206,7
179,4 ± 24,0
5,97 <0,05*
Transparência (cm)
28 – 32,0
29,8 ± 1,6
34,88 <0,001**
Precipitação (mm) 83,2 – 332,9
152,6 ± 103,3
16,16 <0,001**
Insolação (hora) 51,4 - 127,9
166,1 ± 28,6
12,19 <0,05*
N-NH
4
+
(µmol.L
-1
)
0,52 – 3,04
1,21 ± 1,04
22,50 <0,001**
N-NO
3
-
(µmol.L
-1
)
0 – 1,11
0,24 ± 0,26
279,71 <0,001**
P-PO
4
3-
(µmol.L
-1
)
0,03 – 0,20
0,13 ± 0,05
71,74 <0,001**
Biomassa (g) 257,7 – 1523,7
929,5 ± 573,8
57,14 <0,001**
TCR (%.dia
-1
) 0,0 – 2,86
1,15 ± 1,53
38,76 <0,001**
(*) variações significativas (p<0,05) e (**) variações altamente significativas (p<0,001).
Resultados
Durante o período de estudo, a temperatura da água apresentou os valores
mínimo de 26,0 ± 1,0
o
C (15 dias) e máximo de 29,5 ± 0,1
o
C (30 dias), com uma
média de 28,1 ± 1,65
o
C (Figura 6). A temperatura registrada na primeira quinzena (15
dias) diferiu significativamente dos demais períodos, exceto para a última quinzena (75
dias) (Teste de Tukey; p<0,05).
0
8
16
24
32
40
0 dia 15 dias 30 dias 45 dias 60 dias 75 dias
Temperatura (
o
C)
b
a
a
a
ab
a
Figura 6. Valores de temperatura da água (
o
C) obtidos durante os 75 dias de cultivo de
Gracilaria cervicornis no viveiro de camarão da fazenda TECNARÃO, Arês - RN. As colunas
correspondem aos valores médios ± desvios padrões e as letras diferentes acima das colunas
indicam diferenças significativas entre as quinzenas (Teste de Tukey; p<0,05).
A salinidade apresentou uma redução significativa durante o cultivo (ANOVA;
G.L.=17; Fcal=17,54; p<0,001), com valores máximos de 24,1 ± 1,65
‰ no início e
mínimos de 14,7 ± 1,30 ‰ no final do experimento (Figura 7). O valor médio obtido
para este parâmetro foi de 20,4 ± 3,5‰. A redução da salinidade registrada neste
período esteve relacionada à diluição provocada pelo grande aporte de água doce
proveniente das chuvas durante o período de estudo. De acordo com o teste de
Tukey, o valor de salinidade registrado na última quinzena (75 dias) diferiu
20
Resultados
significativamente dos demais (p<0,05), com exceção à salinidade obtida na penúltima
quinzena do experimento. Uma correlação negativa foi registrada entre a salinidade e
a precipitação pluviométrica (Spearman; r=-0,68; p<0,05).
0
6
12
18
24
30
0 dia 15 dias 30 dias 45 dias 60 dias 75 dias
Salinidade (‰)
a
ab
ab
bc
c
a
Figura 7. Valores de salinidade (‰) obtidos durante os 75 dias de cultivo de Gracilaria
cervicornis no viveiro de camarão da fazenda TECNARÃO, Arês - RN. As colunas
correspondem aos valores médios ± desvios padrões e as letras diferentes acima das colunas
indicam diferenças significativas entre as quinzenas (Teste de Tukey; p<0,05).
Durante o experimento, os valores de pH variaram de 7,8 ± 0,03 (45 dias) a 8,4
± 0,03 (60 dias), sendo constatada diferenças significativas (ANOVA; G.L.=17; Fcal=
258,41; p<0,001). Os valores registrados no final do experimento (60 e 75 dias) foram
considerados semelhantes ao valor inicial (0 dia) (Teste de Tukey; p<0,05).
21
Resultados
22
0
2
4
6
8
10
0 dia 15 dias 30 dias 45 dias 60 dias 75 dias
pH
b
c
d
a
a
a
Figura 8. Valores de pH obtidos durante os 75 dias de cultivo de Gracilaria cervicornis no
viveiro de camarão da fazenda TECNARÃO, Arês - RN. As colunas correspondem aos valores
médios ± desvios padrões e as letras diferentes acima das colunas indicam diferenças
significativas entre as quinzenas (Teste de Tukey; p<0,05).
Ao longo do estudo, os valores de oxigênio dissolvido apresentaram uma
variação significativa (ANOVA; G.L.= 17; Fcal=14,78; p<0,001). O valor mínimo
registrado para esta variável foi de 7,2 ± 0,38 mg.L
-1
(0 dias) e o máximo de 13,3 ± 0,0
mg.L
-1
(15 dias) com média de 9,4 ± 2,1 mg.L
-1
(Figura 9). O valor que apresentou
maior diferença entre os demais registros, foi obtido na primeira quinzena de
experimento (15 dias) (Teste de Tukey; p<0,05).
Resultados
0
3
6
9
12
15
0 dia 15 dias 30 dias 45 dias 60 dias 75 dias
Oxinio dissolvido (mg/L)
b
ac
ac
ac
c
a
Figura 9. Valores de oxigênio dissolvido (mg.L
-1
) obtidos durante os 75 dias de cultivo de
Gracilaria cervicornis no viveiro de camarão da fazenda TECNARÃO, Arês - RN. As colunas
correspondem aos valores médios ± desvios padrões e as letras diferentes acima das colunas
indicam diferenças significativas entre as quinzenas (Teste de Tukey; p<0,05).
As partículas sólidas em suspensão também apresentaram uma variação
significativa ao longo do estudo (ANOVA; G.L.= 17; Fcal=5,97; p<0,05), com um valor
mínimo de 150,0 ± 10,0 mg.L
-1
no início e um máximo de 206,7 ± 15,3 mg.L
-1
após 30
dias de experimento. Após esse período, a concentração de partículas sólidas em
suspensão apresentou uma redução significativa (Teste de Tukey; p<0,05). O valor
médio registrado para esta variável foi de 179,4 ± 24,0 mg.L
-1
(Figura 10).
23
Resultados
0
50
100
150
200
250
300
0 dia 15 dias 30 dias 45 dias 60 dias 75 dias
Part. sólidas em suspensão (mg/L)
ab
bb
ab
a
a
Figura 10. Valores de partículas sólidas em suspensão (mg.L
-1
) obtidos durante os 75 dias de
cultivo de Gracilaria cervicornis no viveiro de camarão da fazenda TECNARÃO, Arês - RN. As
colunas correspondem aos valores médios ± desvios padrões e as letras diferentes acima das
colunas indicam diferenças significativas entre as quinzenas (Teste de Tukey; p<0,05).
A transparência da água esteve relacionada com a concentração de partículas
em suspensão, apresentando valores mais elevados no início e uma redução entre os
30 e 60 dias de cultivo. O valor máximo (32 ± 0,6 cm) foi registrado no início do
experimento e o mínimo (28,0 ± 0,0cm) após 30 dias (Figura 11). A influência das
partículas em suspensão sobre a transparência da água foi confirmada através da
correlação negativa registrada entre esses dois parâmetros (Spearman; r=-0,66;
p<0,05).
24
Resultados
0
10
20
30
40
50
0 dia 15 dias 30 dias 45 dias 60 dias 75 dias
Tranparência (cm)
b
c
c
c
bd
a
Figura 11. Valores de transparência (cm) obtidos durante os 75 dias de cultivo de Gracilaria
cervicornis no viveiro de camarão da fazenda TECNARÃO, Arês - RN. As colunas
correspondem aos valores médios ± desvios padrões e as letras diferentes acima das colunas
indicam diferenças significativas entre as quinzenas (Teste de Tukey; p<0,05).
Os valores de precipitação pluviométrica referentes ao período de experimento
apresentaram uma variação altamente significativa (ANOVA; G.L.= 17; Fcal=16,16;
p<0,001). Os valores mínimos foram registrados após 15 dias de experimento (83,2 ±
0,01
) e os máximos na última quinzena (332,9 ± 0,10). De acordo com o teste de
Tukey (p<0,05), os períodos que mais diferiram dos demais foram as duas últimas
quinzenas do experimento (60 e 75 dias) (Figura 12).
25
Resultados
0
50
100
150
200
250
300
350
0 dia 15 dias 30 dias 45 dias 60 dias 75 dias
Precipitação pluviométrica (mm)
a
a
a
b
c
a
Figura 12. Valores de precipitação pluviométrica obtidos durante os 75 dias de cultivo de
Gracilaria cervicornis no viveiro de camarão da fazenda TECNARÃO, Arês - RN. As colunas
correspondem aos valores médios ± desvios padrões e as letras diferentes acima das colunas
indicam diferenças significativas entre as quinzenas (Teste de Tukey; p<0,05).
Os valores de insolação registrados durante o período de estudo, por sua vez,
apresentaram um comportamento oposto aos da precipitação pluviométrica. O
aumento da precipitação pluviométrica foi acompanhado da redução da insolação,
sendo constatada uma correlação negativa entre essas duas variáveis (Spearman; r=-
0,84; p < 0,001). A insolação também apresentou correlações positivas com a
temperatura (Spearman; r=0,72; p < 0,001) e a salinidade (Spearman; r=0,56; p <
0,05). Os valores mínimos foram registrados ao final do experimento (51,4 ± 0,1) e os
máximos no início (127,9 ± 0,12) (Figura 13).
26
Resultados
0
20
40
60
80
100
120
140
0 dia 15 dias 30 dias 45 dias 60 dias 75 dias
Insolação (hora)
bb
c
c
d
a
Figura 13. Valores de insolação obtidos durante os 75 dias de cultivo de Gracilaria cervicornis
no viveiro de camarão da fazenda TECNARÃO, Arês - RN. As colunas correspondem aos
valores médios ± desvios padrões e as letras diferentes acima das colunas indicam diferenças
significativas entre as quinzenas (Teste de Tukey; p<0,05).
Os valores de concentração do N-NH
4
+
mostraram-se relativamente constantes
nas três primeiras semanas, com um aumento brusco aos 45 dias de estudo (3,04 ±
0,10 µmol.L
-1
) (Figura 14). Após esse período, a concentração do N-NH
4
+
voltou a
diminuir, alcançando valores mínimos de 0,52 ± 0,19 µmol.L
-1
(60 dias). De acordo
com o Teste de Tukey, o valor registrado na terceira quinzena (45 dias) diferiu
estatisticamente dos demais (p<0,05).
27
Resultados
0,0
0,8
1,6
2,4
3,2
4,0
0 dia 15 dias 30 dias 45 dias 60 dias 75 dias
N-NH
4
+
(µmol.L
-1
)
a
a
b
a
a
a
Figura 14. Variação da concentração do íon amônio (N-NH
4
+
) obtida durante os 75 dias de
cultivo de Gracilaria cervicornis no viveiro de camarão da fazenda TECNARÃO, Arês - RN. As
colunas correspondem aos valores médios ± desvios padrões e as letras diferentes acima das
colunas indicam diferenças significativas entre as quinzenas (Teste de Tukey; p<0,05).
Os valores de nitrato (N-NO
3
-
) apresentaram um aumento gradual até os 30
dias. Após esse período, a concentração deste nutriente apresentou valores nulos,
tendo novamente um aumento significativo aos 75 dias (0,60 ± 0,0 µmol.L
-1
). A
flutuação na concentração do nitrato obtida neste experimento foi considerada
altamente significativa (ANOVA; G.L.= 17; Fcal=279,71; p<0,001) com valores
diferentes a cada quinzena (Teste de Tukey; p<0,05). Durante o período de estudo a
concentração do nitrato variou de 0µmol/L (45 – 60 dias) a 1,11 ± 0,05 µmol/L (30
dias) (Figura 15).
28
Resultados
0,0
0,4
0,8
1,2
1,6
2,0
0 dia 15 dias 30 dias 45 dias 60 dias 75 dias
N-NO
3
-
mol.L
-1
)
b
c
d
d
e
a
Figura 15. Variação da concentração do nitrato (N-NO
3
-
) obtida durante os 75 dias de cultivo
de Gracilaria cervicornis no viveiro de camarão da fazenda TECNARÃO, Arês - RN. As colunas
correspondem aos valores médios ± desvios padrões e as letras diferentes acima das colunas
indicam diferenças significativas entre as quinzenas (Teste de Tukey; p<0,05).
O ortofosfato (P-PO
4
3-
) oscilou de 0,20 ± 0,01 µmol/L (0 dia) a 0,03 ± 0,01
µmol/L (30 dias) (Figura 16), com uma média de 0,13 ± 0,05 µmol/L. A variação
registrada para este nutriente também foi considerada significativa (ANOVA; G.L.= 17;
Fcal = 71,74; p<0,001). Os valores que diferiram estatisticamente dos demais foram
registrados no início do experimento (0 dias) e na segunda quinzena de cultivo (30
dias) (Teste de Tukey; p<0,05).
29
Resultados
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0 dia 15 dias 30 dias 45 dias 60 dias 75 dias
P-PO
4
-
(µmol.L
-1
)
b
c
b
d
d
a
Figura 16. Variação da concentração do ortofosfato (P-PO
4
3-
) obtidas durante os 75 dias de
cultivo de Gracilaria cervicornis no viveiro de camarão da fazenda TECNARÃO, Arês - RN. As
colunas correspondem aos valores médios ± desvios padrões e as letras diferentes acima das
colunas indicam diferenças significativas entre as quinzenas (Teste de Tukey; p<0,05).
A biomassa de G. cervicornis apresentou uma variação altamente significativa
(ANOVA; G.L.= 17; Fcal=57,14; p<0,001), com valor máximo de 1523,7 ± 57,0g (30
dias) e mínimo de 257,7 ± 42,5g (45 dias), sendo a média igual a 929,5 ± 573,8g. A
redução da biomassa coincidiu com a diminuição da salinidade registrada neste
mesmo período (Figura 17).
30
Resultados
0
400
800
1200
1600
2000
0 dia 15 dias 30 dias 45 dias 60 dias 75 dias
Biomassa (g)
b
b
c
a
c
a
Figura 17. Valores de biomassa obtidos durante os 75 dias de cultivo de Gracilaria cervicornis
no viveiro de camarão da fazenda TECNARÃO, Arês - RN. As colunas correspondem aos
valores médios ± desvios padrões e as letras diferentes acima das colunas indicam diferenças
significativas entre as quinzenas (Teste de Tukey; p<0,05).
A taxa de crescimento relativo (TCR) calculada durante o período de estudo
apresentou a mesma evolução da biomassa, com os maiores valores observados nos
primeiros dias de experimento (2,86 ± 0,31%.dia
-1
) (Figura 18). Após esse período,
houve uma diminuição significativa da taxa de crescimento (Teste de Tukey; p<0,05),
sendo registrados valores nulos aos 45 e 75 dias. Uma correlação negativa foi
encontrada entre a TCR e a salinidade (Spearman; r=0,59; p<0,05), indicando que
esta variável foi um fator preponderante para a perda da biomassa e
conseqüentemente da TCR.
31
Resultados
0,0
0,7
1,4
2,1
2,8
3,5
15 dias 30 dias 45 dias 60 dias 75 dias
TCR (%.dia
-1
)
a
b
b
b
a
Figura 18. Valores de Taxa de crescimento relativo (TCR) obtidos durante os 75 dias de cultivo
de Gracilaria cervicornis no viveiro de camarão da fazenda TECNARÃO, Arês - RN. As colunas
correspondem aos valores médios ± desvios padrões e as letras diferentes acima das colunas
indicam diferenças significativas entre as quinzenas (Teste de Tukey; p<0,05).
Baseando-se na regressão linear múltipla, foi possível observar que 76% da
variabilidade da biomassa pôde ser explicada através das variáveis independentes:
salinidade, transparência, partículas sólidas em suspensão e concentração de N-NO
3
-
(r-Pearson=0,76; p<0,05) (ANOVA; G.L.= 14; Fcal=5,623; p=0,013) (Tabela 2). As
outras variáveis abióticas foram excluídas da análise por elas terem apresentado altos
valores de VIV, ou seja, alto grau de multicolinearidade. A equação de regressão
múltipla obtida foi a seguinte:
Biomassa = 1818.2 + ( 103.3 * SAL) - ( 0.110 *PSS) + ( 30.3 * TRANS) + ( 395.0 *N-NO
3
-
).
32
Resultados
33
Tabela 2. Parâmetros da regressão e p-valor das variáveis abióticas que fizeram parte do
modelo de regressão linear múltipla utilizando a biomassa como variável dependente (G.L. =
14).
Parâmetros da regressão
p
Intercepto 1818,2 0,041
SAL 103,3 0,015
PSS 0,110 0,001
TRANS 30,3 0,005
N-NO
3
-
395,0 0,020
SAL = Salinidade; PSS = Partículas sólidas em suspensão; TRANS =
Transparência; N-NO
3
-
= Nitrato. (*) variações significativas (p<0,05) e
(**) variações altamente significativas (p<0,001).
Desta forma, podemos dizer que a diminuição gradual da salinidade, a
disponibilidade de luz, influenciada principalmente pela concentração de partículas
sólidas em suspensão e transparência, e as concentrações do N-NO
3
-
no ambiente,
em conjunto, influenciaram de forma significativa (R
2
=0,87; p<0,05) os valores de
biomassa de G. cervicornis.
Resultados
34
3.2. Eficiência de absorção de Gracilaria cervicornis
Os valores de eficiência de absorção (%) da macroalga G. cervicornis
registrados durante o experimento são apresentados na Tabela 3.
Tabela 3. Eficiência de absorção (%) de G. cervicornis para os nutrientes N-NH
4
+
, N-NO
3
-
e P-
PO
4
3-
nos tratamentos com concentrações iniciais de 5, 10, 20 e 30 µmol.L
-1
, obtidos no
experimento de absorção cinética.
N-NH
4
+
N-NO
3
-
P-PO
4
3-
Min. Máx. Min. Máx. Min. Máx.
5 µmol.L
-1
18,3
a
85,3
b
6,8
a
97,5
d
51,3
a
81,2
d
10 µmol.L
-1
24,4
a
68,0
c
38,7
a
84,6
d
50,0
a
76,2
d
20 µmol.L
-1
9,4
a
82,7
c
33,6
a
57,3
d
15,2
a
34,4
d
30 µmol.L
-1
28,6
a
58,3
c
32,7
a
52,6
d
16,1
a
30,0
d
a
,
b
,
c
e
d
referem-se aos valores de eficiência obtidos após os períodos de incubação de 15 min,
3h, 4h e 5h, respectivamente.
A absorção de G. cervicornis obtida após 5h de incubação foi significativa em
todos os tratamentos analisados
(ANOVA, p<0,05) (Anexo 1).
A macroalga estudada apresentou os valores mais baixos de absorção nos
primeiros 15 minutos de incubação, enquanto que os valores máximos foram
registrados no final do experimento (3-5h) (Tabela 3). A eficiência de absorção de G.
cervicornis foi superior nos tratamentos que possuíam a menor concentração inicial (5
µmol.L
-1
), sendo registrada uma maior redução do N-NO
3
-
(97,5%), seguido do N-NH
4
+
(85,3%) e por último o P-PO
4
3-
(81,2%) (Figura 19). Nos tratamentos com
concentrações iniciais de 20 e 30 µmol.L
-1
foi observado uma maior absorção para o
N-NH
4
+
, depois para o N-NO
3
-
e P-PO
4
3-
(Tabela 3).
Resultados
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
0 15 30 60 120 180 240 300
Tempo (min)
(a)
(b)
(c)
N-NO
3
-
(µmol.L
-1
)
N-NH
4
+
(µmol.L
-1
)
P-PO
4
3-
(µmol.L
-1
)
5 µmol.L
-1
10 µmol.L
-1
20 µmol.L
-1
30 µmol.L
-1
5 µmol.L
-1
10 µmol.L
-1
20 µmol.L
-1
30 µmol.L
-1
5 µmol.L
-1
10 µmol.L
-1
20 µmol.L
-1
30 µmol.L
-1
Figura 19. Redução dos nutrientes N-NH
4
+
(a), N-NO
3
-
(b) e P-PO
4
3-
(c)
pela G. cervicornis
durante 5 horas de incubação nos tratamentos de 5, 10, 20 e 30 µmol.L
-1
no experimento de
absorção cinética.
35
Resultados
36
3.3. Velocidade de absorção de G. cervicornis
As reduções observadas nas concentrações dos nutrientes ao longo do
experimento refletiram sobre as velocidades de absorção (V) aos quais apresentaram
uma diminuição significativa (ANOVA, p<0,05; Anexo 1) (Figura 20). Os valores
obtidos são mostrados na tabela 4.
Tabela 4. Velocidades de absorção de G. cervicornis para os nutrientes N-NH
4
+
, N-NO
3
-
e P-
PO
4
3-
nas concentrações de 5, 10, 20 e 30 µmol.L
-1
calculados a partir dos dados obtidos no
experimento de absorção cinética.
N-NH
4
+
N-NO
3
-
P-PO
4
3-
Min. Máx. Min. Máx. Min. Máx.
5 µmol.L
-1
1,5 ± 0,2
c
17,1 ± 3,7
a
2,1 ± 0,1
c
10,4 ± 1,6
b
1,8 ± 0,1
c
22,2 ± 1,4
a
10 µmol.L
-1
2,9 ± 0,2
c
33,2 ± 9,5
a
3,5 ± 0,6
c
27,7 ± 5,7
a
3,9 ± 0,4
c
48,3 ± 11,3
a
20 µmol.L
-1
5,3 ± 0,8
c
34,9 ± 19,2
a
4,3 ± 0,7
c
33,0 ± 11,7
a
3,9 ± 0,5
c
28,6 ± 8,4
a
30 µmol.L
-1
7,5 ± 0,9
c
76,3 ± 20,9
a
4,6 ± 1,0
c
38,4 ± 12,8
a
5,3 ± 0,8
c
44,6 ± 12,6
a
a
,
b
e
c
referem-se aos valores de velocidade calculados com base nas concentrações obtidas após os períodos de
incubação de 15 min, 30 min e 5h, respectivamente.
De acordo com esses valores, podemos observar que as velocidades máximas
de absorção foram obtidas no período inicial de incubação (15-30 min) (Figura 20). À
medida que o tempo de incubação aumentava, a velocidade de absorção era reduzida
e a taxa obtida após 5h, correspondeu na maioria dos casos, a menos de 15% da
velocidade obtida no início do experimento (Tabela 4).
Resultados
37
0,0
30,0
60,0
90,0
120,0
0,0
15,0
30,0
45,0
60,0
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
15 30 60 120 180 240 300
Tempo (min)
(a)
(b)
(c)
5 µmol.L
-1
10 µmol.L
-1
20 µmol.L
-1
30 µmol.L
-1
5 µmol.L
-1
10 µmol.L
-1
20 µmol.L
-1
30 µmol.L
-1
5 µmol.L
-1
10 µmol.L
-1
20 µmol.L
-1
30 µmol.L
-1
V (µ mol P-PO
4
3-
g
-1
dry wt h
-1
)
V (µ mol N-NO
3
-
g
-1
dry wt h
-1
)
V (µ mol N- NH
4
+
g
-1
dry wt h
-1
)
Figura 20. Velocidades de absorção (V) de G. cervicornis calculadas a partir da redução dos
nutrientes N-NH
4
+
(a), N-NO
3
-
(b) e P-PO
4
3-
(c)
durante 5 horas de incubação nos tratamentos
de 5, 10, 20 e 30 µmol.L
-1
.
Resultados
38
Nos experimentos utilizando os nutrientes nitrogenados (N-NH
4
+
e N-NO
3
-
), a
macroalga G. cervicornis apresentou um aumento na velocidade à medida que a
concentração externa aumentava. As velocidades máximas obtidas foram de 76,3 ±
20,9 µmol g
-1
dry wt h
-1
e 38,4 ± 12,8 µmol dry wt h
-1
para o N-NH
4
+
e N-NO
3
-
respectivamente, sendo esses valores registrados no tratamento com concentração
inicial de 30 µmol.L
-1
. Quanto ao P-PO
4
3-
, este padrão não foi o mesmo. A velocidade
obtida no tratamento utilizando 10 µmol.L
-1
(48,3 ± 11,3 µmol g
-1
dry wt h
-1
) foi maior do
que no tratamento com 20 µmol.L
-1
(28,6 ± 8,4 µmol g
-1
dry wt h
-1
) e 30 µmol.L
-1
(44,6 ±
12,6 µmol g
-1
dry wt h
-1
).
3.4. Parâmetros cinéticos V
max
e K
s
Os parâmetros cinéticos da equação de Michaelis-Menten calculados a partir
das velocidades obtidas no experimento de absorção de G.cervicornis podem ser
visualizados na Tabela 5.
Tabela 5. Parâmetros cinéticos (V
max
, K
s
e V
max
:K
s
) da equação de Michaelis-Menten obtidos a
partir das velocidades iniciais de absorção de G. cervicornis para os nutrientes N-NH
4
+
, N-NO
3
-
e P-PO
4
3-
.
V
max
(µ mol g
-1
dry wt h
-1
)
K
s
(µmol.L
-1
)
V
max
:K
s
N-NH
4
+
158,5 41,6 3,8
N-NO
3
-
67,9 19,6 3,5
P-PO
4
3-
51,5 5,0 10,3
Resultados
39
A macroalga G. cervicornis apresentou os valores mais elevados de V
max
e K
s
no experimento com o N-NH
4
+
(158,5 µmol g
-1
dry wt h
-1
e 41,6 µmol.L
-1
). Por sua vez,
o nutriente com os menores valores foi o P-PO
4
3-
sendo 51,5 µmol g
-1
dry wt h
-1
e 5
µmol
.L
-1
, respectivamente. A razão V
max
:K
s
foi superior para o nutriente P-PO
4
-
(10,3).
A partir da regressão não-linear e com o auxílio da fórmula de Michaelis-
Menten, foi possível obter as curvas hiperbólicas (Figura 21). As velocidades obtidas
nos experimentos de absorção seguiram a função, apresentando um valor de p<0,001.
Resultados
V = 158,5 · S/41,6 + S
Fcal=23,22; p<0,001
V = 67,9 · S/19,6 + S
Fcal = 19,68; p<0,001
V = 51,5 · S/5 + S
Fcal=19,22; p<0,001
Figura 21. Função não-linear do modelo de Michaelis-Menten. O valor de p<0,001 indica que
as variáveis independente (C) e dependente (V) seguem essa função. As linhas vermelhas
abrangem a área do intervalo de predição ao nível de 95%.
40
D
D
I
I
S
S
C
C
U
U
S
S
S
S
Ã
Ã
O
O
Gracilaria cervicornis (Turner) J. Agardh
Discussão
41
4. DISCUSSÃO
4.1. Crescimento e variáveis ambientais
Estudos anteriores indicam que o crescimento das macroalgas pode ser
influenciado por um grande número de fatores abióticos, incluindo luminosidade,
temperatura, salinidade, disponibilidade de nutrientes e movimento da água
(Santelices & Doty, 1989; Jones, 1993; Ask & Rhodora, 2002). Neste estudo, o
desenvolvimento de G. cervicornis esteve relacionado às variações observadas nos
parâmetros ambientais. A análise de regressão indicou que 76% da variabilidade de
sua biomassa esteve relacionado à salinidade, à disponibilidade de luz (transparência
e partículas sólidas em suspensão) e às concentrações do N-NO
3
-
no ambiente
(p<0,05).
Os baixos valores de biomassa e taxa de crescimento coincidiram com a
diminuição da salinidade. Em efeito, durante as três últimas quinzenas, os valores de
biomassa e TCR foram os mais baixos, assim como os de salinidade. Essa redução
acentuada da salinidade esteve relacionada ao grande aporte de água proveniente
das fortes chuvas que ocorreram durante o período experimental. A influência da
salinidade também foi observada por outros autores. Por exemplo, Guanzon Jr. et al.
(2004) mostraram que a espécie Gracilariopsis bailinae reduziu consideravelmente sua
taxa de crescimento em função da salinidade. Msuya & Neori (2002) observaram que
o crescimento de Ulva reticulata, Chaetomorpha crassa, Gracilaria crassa e Euchema
denticulatum cultivadas em efluentes de peixes era afetado pela alta diluição da água
durante a estação chuvosa. Em experimento de laboratório, Daugherty & Bird (1988)
demonstraram que a produtividade de Gracilaria verrucosa era afetada quando as
algas eram cultivadas em baixas salinidades.
Discussão
42
Outro fator que influenciou de forma significativa no crescimento de G.
cervicornis, foi a disponibilidade de luz do ambiente, que por sua vez esteve
relacionada à transparência da água e à quantidade de partículas sólidas em
suspensão. Alguns autores relatam que as macroalgas cultivadas em canais de
efluentes apresentam elevados conteúdos de nitrogênio e baixas taxas de
crescimento, devido à alta turbidez encontrada nesses locais (Nelson et al., 2001).
Além disso, o cultivo prolongado de macroalgas nesses ambientes se torna muitas
vezes inviável devido à deposição da matéria particulada na sua superfície, uma vez
que reduz a captação de luz e conseqüentemente, a realização da fotossíntese
(Nelson et al., 2001; Marinho-Soriano et al., 2002).
A concentração do N-NO
3
-
foi outra variável que possivelmente influenciou no
crescimento da macroalga estudada. Durante esse experimento, foi observado que a
redução da biomassa de G. cervicornis registrada após 45 dias de cultivo, foi
acompanhada pela diminuição significativa na concentração do N-NO
3
-
na coluna
d’água. Vários autores relatam a importância do nitrogênio para o desenvolvimento
das macroalgas, indicando que ele é o nutriente limitante em ambientes marinhos
(Lobban et al., 1985; DeBoer, 1981). Estudos realizados no Hawaii comprovam que o
crescimento de Gracilaria parvispora está intimamente relacionado à quantidade de
nitrogênio disponível na água e que o crescimento desta espécie é maior nas zonas
onde há descarga constante deste nutriente (Glenn et al., 1999).
Discussão
43
4.2. Eficiência e cinética de absorção
Eficiência de Absorção de G. cervicornis
Neste estudo foi constatada uma remoção significativa dos nutrientes (N-NH
4
+
,
N-NO
3
-
e P-PO
4
3-
) por G. cervicornis, sendo observada uma maior eficiência de
biofiltração para as formas nitrogenadas do que para o ortofosfato. Os valores
máximos de eficiência de absorção obtidos neste experimento (85,3% - N-NH
4
+
; 97,5%
- N-NO
3
-
e 81,2% - P-PO
4
3-
) foram semelhantes e algumas vezes superiores aos
dados encontrados na literatura. Jones et al. (2001) observaram que a espécie
Gracilaria edulis foi capaz de reduzir a concentração do N-NH
4
+
em 74% (2h), do N-
NO
3
-
em 97,7% (4h) e do P-PO
4
3-
em 95,1% (10h). Recentemente, Hernández et al.
(2006) registraram uma alta performance de Gracilariopsis longissima, sendo
constatada uma eficiência média de filtração de 93,2% para N-NH
4
+
e 62,2 % para o P-
PO
4
3-
após 7h de incubação. Os diferentes valores de eficiências observados nesses
estudos são muitas vezes devido às diferenças fisiológicas interespecíficas, ao tempo
de incubação utilizado e principalmente, aos valores das concentrações iniciais dos
nutrientes no meio de cultivo.
Em geral, foi observado que os valores de eficiência de absorção de G.
cervicornis reduziam à medida que se aumentava a concentração inicial do nutriente
no meio (Tabela 3). Entretanto, o valor do nutriente que foi removido pela alga se torna
bastante elevado com o aumento da concentração inicial utilizada (Anexo 2). Por
exemplo, no experimento utilizando o N-NH
4
+
, G. cervicornis reduziu 85,3% e 58,3%
nos ensaios utilizando as concentrações iniciais de 5 µmol.L
-1
e 30 µmol.L
-1
,
respectivamente. No entanto, quando observamos os valores brutos, podemos
constatar que a macroalga foi capaz de remover uma quantidade de nutriente superior
nos ensaios com 30 µmol.L
-1
, ou seja, 12,5 µmol.L
-1
, comparado com apenas 4,3
µmol.L
-1
removido pela alga no tratamento com 5 µmol.L
-1
. Desta forma, apenas com
Discussão
44
os dados de eficiência de absorção se torna difícil chegar a uma conclusão da
capacidade de G. cervicornis e confrontá-la às espécies já estudadas. Uma maneira
de facilitar essa comparação é através das velocidades de absorção e dos parâmetros
cinéticos calculados a partir do experimento de absorção, que serão discutidos a
seguir.
Velocidade de absorção de G. cervicornis
Os resultados obtidos mostraram que velocidade de absorção G. cervicornis foi
maior no período inicial de experimento. Esse desempenho também foi observado por
outros autores em várias espécies de macroalgas (Nishihara et al., 2005; Pedersen et
al, 2004; Dy & Yap, 2001).
De acordo com Pedersen (1994), a absorção pelas macroalgas pode ser
dividida em três fases: a absorção imediata (V
S
), a absorção controlada internamente
(V
I
) e a absorção controlada externamente (V
E
). A primeira fase ocorre nos primeiros
instantes em que a macroalga é exposta ao nutriente. Neste momento, a alga absorve
rapidamente os nutrientes e geralmente excede os requerimentos para o seu
crescimento. Em seguida, a absorção se torna controlada internamente (V
I
), havendo
uma diminuição da velocidade com taxas relativamente constantes. Esta fase é
sucedida pela redução do nutriente no meio, que conseqüentemente, promove a
diminuição da capacidade de absorção da macroalga (V
E
). Dy & Yap (2001) indicam
que a absorção imediata (V
S
) constitui uma importante estratégia para a sobrevivência
das macroalgas localizadas em áreas onde há descargas periódicas de nutrientes.
Neste estudo, podemos observar que G. cervicornis absorveu mais
rapidamente o nitrogênio nos ensaios com as concentrações iniciais de 20 µmol.L
-1
e
30 µmol.L
-1
e o fósforo nos ensaios de 5 µmol.L
-1
e 10 µmol.L
-1
(Tabela 4). No que diz
respeito ao nitrogênio, a velocidade de absorção de G. cervicornis pelo N-NH
4
+
foi
maior do que a absorção pelo N-NO
3
-
em todas as concentrações testadas. Este tipo
Discussão
45
de comportamento também foi observado em várias espécies de algas (D’Elia &
DeBoer, 1978; Wallentinus, 1984; Phillips & Hurd, 2004). De acordo com McGlathery
et al. (1996), o processo de absorção e assimilação do N-NO
3
-
apresenta um custo
maior para as macroalgas, uma vez que ele precisa antes ser reduzido em N-NH
4
+
pela nitrato redutase, para posteriormente ser assimilado na forma de compostos
orgânicos.
Outro aspecto importante observado neste trabalho, foi o brusco aumento na
velocidade de absorção do N-NH
4
+
no tratamento com a concentração mais elevada
(30 µmol.L
-1
). Lobban et al. (1985), ressaltam que a velocidade de absorção é na
maioria das vezes controlada pela forma com que os nutrientes estão sendo
absorvidos pela as algas. Em geral, a absorção do N-NH
4
+
em baixas concentrações
se torna mais lenta por ela ser realizada contra o gradiente de concentração e com
uso de energia, ou seja, via transporte ativo (Hanisak & Harlin, 1978), enquanto que
em ambientes com altas concentrações, o gradiente químico permite a entrada livre do
N-NH
4
+
, disponibilizando uma maneira mais rápida de absorção para a alga, a difusão
passiva (Haines & Wheeler, 1978).
Parâmetros cinéticos V
max
, K
s
e V
max
:K
s
Alguns autores demonstram que a habilidade das macroalgas em adquirir
nutrientes pode ser explicada através dos parâmetros cinéticos V
max
, K
s
e V
max
:K
s
(Vymazal, 1987; Harrison et al., 1989; Phillips & Hurd, 2004). Um alto valor de V
max
indica que a macroalga possui uma maior afinidade ao nutriente quando encontrado
em concentrações elevadas, enquanto que as espécies que possuem baixos valores
de K
s
demonstram uma maior afinidade ao nutriente em baixas concentrações
(Lobban et al., 1985). Neste estudo ficou evidenciado que G. cervicornis apresentou
uma maior habilidade em absorver o N-NH
4
+
em altas concentrações (V
max
= 158,5
µmol g
-1
dry wt h
-1
). Por sua vez, o valor da constate de meia-saturação (K
s
)
Discussão
46
demonstrou que G. cervicornis possuiu maior afinidade para o P-PO
4
3-
quando
disponibilizado em baixas concentrações. Isto também foi observado através da razão
V
max
:K
s
(10,3). De acordo com Harrison et al. (1989) esta razão indica de forma mais
objetiva a habilidade da macroalga em absorver um determinado nutriente em baixa
concentração, ou seja, quanto maior a razão, maior a afinidade da alga. Neste
experimento, a razão V
max
:K
s
foi maior para o nutriente P-PO
4
3-
(ver Tabela 5), sendo
verificadas as maiores velocidades de absorção nas concentrações de 5 e 10 µmol.L
-1
(ver Tabela 4).
A cinética de absorção de nutrientes pelas macroalgas é bastante discutida na
literatura (Fujita, 1985; Hernández et al., 2002; Kraemer et al., 2004; Gil et al, 2005).
Entretanto, a comparação dos dados absolutos referentes aos parâmetros cinéticos
obtidos em diferentes estudos deve ser realizada com cautela, uma vez que eles
geralmente variam quanto à metodologia empregada, níveis de enriquecimento
utilizados e as condições ambientais locais tais como salinidade, temperatura e
luminosidade (Phillips & Hurd, 2004). Neste estudo, Gracilaria cervicornis apresentou
um valor de V
max
para o N-NH
4
+
próximo ao registrado para a alga verde Ulva lactuca -
138 ± 78 µmol g
-1
dry wt h
-1
(Fujita, 1985), embora tenha sido menor do que o
encontrado pelo mesmo autor para a alga Gracilaria tikvahiae (216 ± 48 µmol g
-1
dry
wt h
-1
). Quanto ao nutriente N-NO
3
-
, a espécie estudada apresentou um valor de V
max
(67,9 µmol g
-1
dry wt h
-1
) bem mais elevado do que o encontrado por Thomas &
Harrison (1987) para a espécie Gracilaria pacifica (6 µmol g
-1
dry wt h
-1
) e por
Wallentinus (1984) para a espécie Ceramium tenuicorne (7,6 µmol g
-1
dry wt h
-1
). Com
relação ao P-PO
4
3-
, G.cervicornis apresentou um valor de V
max
(51,5 µmol g
-1
dry wt h
-
1
) superior aos registros encontrados na literatura, como por exemplo, para as
espécies Gracilaria gracilis (Martínez-Aragón et al., 2002) e Ceramium tenuicorne
(Wallentinus, 1984), que apresentaram valores de apenas 1,2 e 1,5 µmol g
-1
dry wt h
-1
,
respectivamente.
Discussão
47
A partir dos resultados obtidos neste experimento, podemos concluir que
durante o experimento de campo, vários fatores interferiram no crescimento de G.
cervicornis. Dentre as variáveis analisadas, a salinidade, a luminosidade e o N-NO
3
-
foram considerados as que mais influenciaram na evolução da biomassa. Com relação
ao experimento de absorção, foi possível observar que G. cervicornis absorveu mais
rapidamente o N-NH
4
+
, seguido do N-NO
3
-
e por último o P-PO
4
3-
. No que diz respeito
aos parâmetros cinéticos (V
max
, K
s
e V
max
/K
s
), foi possível determinar que G.
cervicornis apresentou uma maior habilidade em absorver o N-NH
4
+
em altas
concentrações e o P-PO
4
3-
em concentrações inferiores a 10 µmol
-1
.
R
R
E
E
F
F
E
E
R
R
Ê
Ê
N
N
C
C
I
I
A
A
S
S
Gracilaria cervicornis (Turner) J. Agardh
Referências
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A
A
N
N
E
E
X
X
O
O
S
S
Gracilaria cervicornis (Turner) J. Agardh
Anexos
6. ANEXOS
Anexo 1. Análise de variância (ANOVA) para a eficiência e velocidade de absorção, obtidas a
partir de 5 horas de experimento em laboratório utilizando os nutrientes N-NH
4
+
, N- NO
3
-
e P-
PO
4
3-
nas concentrações de 5, 10, 20 e 30 µmol.L
-1
.
Eficiência de
absorção x Tempo
Velocidade de
absorção x Tempo
F Prob F Prob
N-NH
4
+
5 µmol.L
-1
100,4 <0,001* 75,3 <0,001*
10 µmol.L
-1
35,9 <0,001* 24,4 <0,001*
20 µmol.L
-1
30,4 <0,001* 10,2 <0,001*
30 µmol.L
-1
14,4 <0,001* 46,0 <0,001*
N-NO
3
-
5 µmol.L
-1
113,7 <0,001* 15,4 <0,001*
10 µmol.L
-1
117,8 <0,001* 13,6 <0,001*
20 µmol.L
-1
133,1 <0,001* 6,6 <0,001*
30 µmol.L
-1
107,3 <0,001* 29,6 <0,001*
P-PO
4
3-
5 µmol.L
-1
1303,6 <0,001* 1015,1 <0,001*
10 µmol.L
-1
474,6 <0,001* 95,6 <0,001*
20 µmol.L
-1
222,2 <0,001* 38,7 <0,001*
30 µmol.L
-1
141,9 <0,001* 43,0 <0,001*
(*) variações significativas (p<0,05) e (**) variações altamente significativas (p<0,001).
56
Anexos
Anexo 2. Eficiência de absorção (%) e valores equivalentes à remoção dos nutrientes N-NH
4
+
,
N-NO
3
-
e P-PO
4
3-
pela G. cervicornis após 5 horas de experimento. C
i
e C
f
correspondem às
concentrações iniciais e finais, respectivamente, de cada nutriente testado, nos tratamentos
com as concentrações de 5, 10, 20 e 30µmol.L-
1
.
C
i
(µmol.L
-1
)
C
f
(µmol.L
-1
)
Eficiência de
Absorção (%)
Remoção em
µmol.L
-1
N-NH
4
+
5 µmol.L
-1
6,8 1,0 85,29 5,8
10 µmol.L
-1
11,7 3,7 68,00 8,0
20 µmol.L
-1
20,2 3,5 82,68 16,7
30 µmol.L
-1
29,5 12,3 58,34 17,2
N-NO
3
-
5 µmol.L
-1
5,4 0,1 97,48 5,3
10 µmol.L
-1
9,7 1,5 84,58 8,2
20 µmol.L
-1
19,7 8,4 57,34 11,3
30 µmol.L
-1
27,3 13,0 52,61 14,4
P-PO
4
3-
5 µmol.L
-1
5,3 1,0 81,59 4,3
10 µmol.L
-1
11,8 2,5 79,05 9,4
20 µmol.L
-1
21,2 13,2 37,46 7,9
30 µmol.L
-1
31,3 21,2 32,50 10,2
57
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