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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA
MESTRADO INTERDISCIPLINAR EM CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
TÂNIA MARIA SMANIOTTO SILVEIRA
A CONTRIBUIÇÃO DA GOVERNANÇA PARA A COMPETITIVIDADE
SISTÊMICA NO SEGMENTO DE FRANGO DE CORTE: UM ESTUDO NA
COOPERATIVA AGROINDUSTRIAL CONSOLATA - COPACOL
PONTA GROSSA
2006
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TÂNIA MARIA SMANIOTTO SILVEIRA
A CONTRIBUIÇÃO DA GOVERNANÇA PARA A COMPETITIVIDADE
SISTÊMICA NO SEGMENTO DE FRANGO DE CORTE: UM ESTUDO NA
COOPERATIVA AGROINDUSTRIAL CONSOLATA - COPACOL
Dissertação apresentada para obtenção do título de
mestre na Universidade Estadual de Ponta Grossa, no
Mestrado Interdisciplinar em Ciências Sociais
Aplicadas.
Orientador: Prof. Dr. Hermes Yukio Higachi
PONTA GROSSA
2006
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TÂNIA MARIA SMANIOTTO SILVEIRA
A CONTRIBUIÇÃO DA GOVERNANÇA PARA A COMPETITIVIDADE
SISTÊMICA NO SEGMENTO DE FRANGO DE CORTE: UM ESTUDO NA
COOPERATIVA AGROINDUSTRIAL CONSOLATA – COPACOL
Dissertação apresentada para obtenção do título de mestre na Universidade Estadual de Ponta
Grossa, no Mestrado Interdisciplinar em Ciências Sociais Aplicadas.
Ponta Grossa, 01 de junho de 2006.
Prof. Dr. Hermes Yukio Higachi – Orientador
Doutor em Economia
Universidade Estadual de Ponta Grossa (PR)
Prof. Dr. Luís Alberto Ferreira Garcia – Co-orientador
Doutor em Economia
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (PR)
Dr. Luiz Alexandre Gonçalves Cunha
Doutor em Geografia
Universidade Estadual de Ponta Grossa (PR)
Aos meus queridos filhos, Juliano e Rafael, verdadeira razão da minha existência,
por descobrir com eles o verdadeiro e mais puro amor. Ao meu querido esposo, Juliano, por
ser o meu amor.
Aos meus pais, Irene e Armando, por terem me amado por primeiro. Ao meu irmão e
irmãs, por saberem me amar.
Às minhas queridas sobrinhas, Alessandra, Luíze, Isabella e Camilla, que estão
caminhando na construção do saber.
AGRADECIMENTOS
A Deus Pai, Todo Poderoso, que fez o céu e a terra, por ter me proporcionado, em
todas as etapas deste Mestrado, a grande graça de cursá-lo em segurança e paz e por sempre
poder sentir a Sua presença constante.
Aos meus queridos filhos, Juliano e Rafael, porque, mesmo sem compreenderem as
razões, sofreram muitas de minhas ausências e, mesmo estando em casa, não tiveram a
atenção necessária no momento oportuno, em virtude da elaboração deste trabalho. Obrigada
meus meninos: Eu os amo muito!
Ao meu esposo Juliano, pela paciência e compreensão incomedidas neste período
que exigiu dele mais do que poderia fazer, e fez tudo com e por amor. Obrigada pelas viagens,
apoio, compreensão, leitura, elaboração das figuras, revisão dos percentuais, obrigada: Eu
sempre o amarei!
Aos meus pais queridos, Armando e Irene, que deixaram tudo, casa, trabalho,
passeios, lazer, para me auxiliarem com as crianças e os afazeres do dia a dia para que
pudesse escrever este trabalho. Pai, mãe: Eu amo vocês.
Aos meus irmãos que fizeram tudo o que podiam, ou não, para me auxiliarem com as
crianças, casa, compromissos! Obrigada, Telmo, Vera e Marines, Deus os colocou sabiamente
em minha vida.
A minha querida madrinha por duas vezes, Senhora Maria Tereza Diefenthaeler, por
sua inestimável dedicação e acompanhamento de todo o processo do Mestrado, desde a
inscrição, seleção, os créditos e conclusão com este trabalho. Obrigada, Deus ouviu nossas
preces.
Ao querido e genial professor Hermes Yukio Higachi, por sua grande e infinita
paciência para comigo! Obrigada pelas leituras, sugestões, orientações, explicações, aulas,
paciência, zelo, compreensão, exigência na qualidade do trabalho. Mas, acima de toda a sua
genialidade, professor Hermes, sua modéstia e humildade, o engrandecem ainda mais! Deus o
abençoe!
Ao professor Dr. Luís Alberto Ferreira Garcia, por suas importantes e preciosas
contribuições, fundamentais para o êxito deste trabalho.
Ao professor Dr. Luiz Alexandre Gonçalves Cunha, por sua contribuição na
avaliação deste trabalho.
Ao grande amigo professor Doutor Luiz Antônio Brandalize, que por primeiro
acreditou no projeto para a seleção do Mestrado. Obrigada por seu apoio irrestrito, sua
conduta, sua amizade, sua unidade.
À coordenadora do Mestrado, professora Lúcia Cortes por todo o incentivo e apoio,
muito obrigada! À Maria José, secretária do Mestrado, por todo o auxílio prestado durante
todo o processo! Agradeço à Carmem, secretária do Departamento do Curso de Economia da
UEPG, por seu inestimável auxílio, por suas palavras de ânimo! À Ângela do BICEN, que
através da busca do material bibliográfico ajudou desde as primeiras orientações, até à
correção final da apresentação do trabalho, muito obrigada! Seu auxílio Ângela foi
inestimável!
Aos meus colegas da Faculdade Assis Gurgacz, professores que de forma particular
ajudaram para que tudo fosse possível: professor Ivo Oss Emer, por sua contribuição
imprescindível, através de suas aulas de Filosofia para a preparação da seleção de Mestrado;
Professor Laércio, pelo empréstimo das obras necessárias para o estudo do tema para seleção;
Professora Doralice Diniz por todo o apoio e palavras de ânimo; Professora Rozane Destro,
por não medir esforços e tornar possível a aplicação do questionário na data estipulada;
Professora Ester de Souza de Oliveira, que, de forma incansável, auxiliou-me prontamente
com a análise e apresentação dos dados dos questionários, obrigada por todo o auxílio, por
toda a compreensão, por todo o carinho; Obrigada à professora Rosângela Assumpção, por se
colocar prontamente à disposição para revisar e corrigir todos os dados estatísticos.
Às queridas professoras e amigas: Sílvia Mariani Oliveira Jorge, mais do que ter
feito a correção ortográfica, você, Sílvia, sempre foi meu apoio de ânimo e compreensão,
suas doces palavras em Jesus, tornaram possíveis as passagens dos momentos mais difíceis! A
Marialice Silvério, responsável pelas normas da ABNT, que incansavelmente contribuiu para
que este trabalho ficasse perfeito: Obrigada amiga!
Aos funcionários da Cooperativa Agroindustrial Consolata - Copacol: senhora
Andréa, senhor Elias, senhor Milton Cestari, senhor Irineu: Agradeço pela atenção
dispensada, pelo apoio e por aceitarem prontamente a pesquisa.
Agradeço a Faculdade de Cafelândia - ÙNICA, à Diretora Geral, senhora Nair Maria
Jasper Kracieski, por ter permitido a aplicação dos questionários em sua Instituição de Ensino
Superior. Agradeço especialmente à senhora Jaqueline Motter, vice-diretora, por todo o
carinho dispensado no momento da aplicação dos questionários, sua solicitude não será jamais
esquecida, muito obrigada!
Ao senhor Luiz Motter, pela disponibilidade em auxiliar-me na aplicação dos
questionários e na devolução dos mesmos. Muito obrigada.
A todos os avicultores integrados da Cooperativa Agroindustrial Consolata - Copacol
que preencheram os questionários e devolveram, obrigada por sua valiosíssima contribuição
para que a pesquisa fosse realizada.
“Louvai o Senhor, porque ele é bom,
Porque eterna é a sua misericórdia.”
(Sl, 106)
RESUMO
O objetivo de estudo desse trabalho é analisar a contribuição da forma de governança adotada
no Complexo Integrado Avícola da Cooperativa Agroindustrial - Copacol para a manutenção
da competitividade sistêmica, no período entre 1990 a 2004. Utiliza-se como referencial teórico
os pressupostos da Economia Industrial, sob o enfoque da Economia dos Custos de Transação
ECT, originada em Coase (1937), e mais tarde enriquecida com as contribuições do
professor Oliver Williamson (1989). O referencial teórico apresenta a distinção entre
agribusiness e sistemas agroindustriais. Analisa a cadeia agroindustrial de frango de corte,
desdobrando-se na explicação do sistema de integração, que é utilizada na região Sul do país.
Apresenta a competitividade sistêmica nas abordagens estática, dinâmica e sistêmica. De
forma breve, analisa-se o padrão de concorrência nos grupos industriais. O referencial teórico
se encerra com as cooperativas, através de um breve histórico, de uma abordagem conceitual
e de seus princípios norteadores, bem como de características organizacionais. A hipótese
central do presente estudo considera que a competitividade do Complexo Integrado Avícola
da Cooperativa Agroindustrial Consolata - Copacol está baseada na capacidade de governança
mediante formas híbridas, através da contratualização entre os agentes econômicos, que neste
caso são considerados os agentes: agroindústria processadora e produtor integrado. Desta
forma, a governança utilizada contribui para o enfrentamento do mercado competitivo em que
se insere a Cooperativa, mantendo a competitividade sistêmica do Complexo Integrado
Avícola, sem comprometer os princípios norteadores cooperativistas. A forma contratual
híbrida utilizada é adotada em virtude da complexa e tecnificada estrutura em que os
processos produtivos do frango de corte estão envolvidos. Neste estudo, é relevante
compreender que a organização produtiva é uma cooperativa, e, portanto as características
organizacionais diferem de uma organização produtiva mercantil. O bem-estar dos associados
e a manutenção dos princípios cooperativos estão acima do objetivo de lucro, como ocorre em
uma sociedade mercantil capitalista. Capaz de competir no mercado, a Cooperativa permite o
aproveitamento dos recursos autóctones, o comportamento democrático e o interesse pela
coletividade. As cooperativas, inseridas em um mercado fortemente competitivo, apresentam
ao mesmo tempo a dimensão econômica e de resultados, e a social, sendo a eficiência
elemento essencial em seus empreendimentos. Através da pesquisa realizada, pode-se
concluir que a competitividade do Complexo Integrado Avícola da Cooperativa
Agroindustrial Consolata - Copacol está baseada na capacidade de governança mediante
formas híbridas de governança, através da contratualização entre os agentes avicultor
integrado e agroindústria integradora, e que isto contribui para o enfrentamento do mercado
competitivo em que se insere a Cooperativa, mantendo a competitividade sistêmica do
Complexo Integrado Avícola, sem comprometer os princípios norteadores cooperativistas.
Conclui-se que existe relação entre estruturas de governança e competitividade sistêmica, e
que a forma de governança utilizada contribui para a competitividade sistêmica da atividade
através da diminuição dos custos de transação.
Palavras-chave: Governança; Competitividade Sistêmica; Economia dos Custos de Transação;
Cooperativas.
ABSTRACT
The objective of this work is to analyze the contribution of the administration way adopted in the
Integrated Complex Avicola of the Agroindustrial Cooperative – Copacol to the systemic
competitiveness maintenance from 1990 to 2004. The Industrial Economy premises under the
focus of Economy of the Costs of Transaction ECT, originated in Coase (1937), and later
extended with the Teacher Oliver Williamson (1989) contributions are used. The theorist
referential presents the distinction between the agribusiness and agroindustrial systems. It
analyzes the agroindustrial chain of broiler chicken expanding itself in the integration system
explanation which is used in the South region of the country. It presents the systemic
competitiveness in the static, dynamical and systemic approaches. In a short way, the
competitiveness pattern in the industrial groups is analyzed. Through a short historic, a
conceptual approach and its orientating principles the theorist referential is ended with the
cooperatives as well as the organizational characteristics. The central hypothesis of this study
considers that the competitiveness of Avicola Integrated Complex of the Agroindustrial
Cooperative Consolata Copacol is based in the administration capacity by means of hybrid
ways through the contratualization of the agents: processing agroindustrial and integrated
product. In this way, the administration used contributes to the confrontation of the
competitive market in which one the Cooperative is inserted maintaining the systemic
competitiveness of the Avicola Integrated Complex without compromising the orientating
principles of the Cooperative. The contractual hybrid way used is adopted due to the complex
and technical structure in which the productive processes of broiler chicken are involved. In
this study is relevant to understand that the productive organization is a cooperative so the
organizational characteristics differ from a marketing productive organization. The welfare of
the associates and the maintenance of the cooperative principles are over the objective of the
profit as occurs in a capitalist marketing society. The cooperative, being able to compete in
the market, allows the autochthonous resources using, the democratic behavior and the
interest by the collectivity. The cooperatives inserted in a strongly competitive market present
in the same time the economical dimension and the results, and a social one being the
efficiency an essential element in its enterprises. Through this research can be concluded that
the competitiveness of the Integrated Complex Avicola of the Agro-industrial Cooperative
Consolata Copacol is based on the capacity of administration by means of hybrid forms of
administration, through the contratualization among the integrator aviculture agents and
agroindustrial integrator, and that this contributes for the confrontation of the competitive
market where the Cooperative is inserted, keeping the systemic competitiveness of the
Integrated Complex Avicola without compromising the orientating principles of the
Cooperative. It is concluded that there is relation between administration structures and
systemic competitiveness, and that the form of used administration contributes for the
systemic competitiveness of the activity through the reduction of the transaction costs.
Keywords: Administration; Systemic Competitiveness; Economy of the Costs of Transaction.
Cooperatives.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 - Diferentes estruturas de governança................................................................
46
FIGURA 2 - Visão tradicional do macro processo agroindustrial de abate de frango.........
51
FIGURA 3 - Dimensões das estratégias em cooperativas agropecuárias.............................
72
FIGURA 4 - Efetivo dos rebanhos de galos, frangos, frangas e pintos por município
em 1990: maiores estratos...............................................................................
99
FIGURA 5 - Efetivo dos rebanhos de galos, frangos, frangas e pintos por município
em 2001: maiores estratos...............................................................................
100
FIGURA 6 - O complexo Integrado Avícola da Cooperativa Agroindustrial
Copacol.........
125
QUADRO 1 - Fatores determinantes da competitividade sob perspectiva dinâmica.............
60
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Atributos distintivos das estruturas de governança ................................
47
TABELA 2 - Diferença entre uma empresa cooperativa e uma não cooperativa ........
67
TABELA 3 - Produção mundial de carne de frango (mil/toneladas - 1990/1994) ...... 89
TABELA 4 - Produção mundial de carne de frango (1999/2004) (mil/ton) ................
89
TABELA 5 - Exportação de carne de frango: principais países exportadores
(1990/2004) mil toneladas .....................................................................
90
TABELA 6 - Principais países importadores 1990/2004 mil toneladas....................... 91
TABELA 7 - Distribuição dos abatedouros de frango controlados pelo sistema de
inspeção federal (SIF), segundo os estados brasileiros - anterior e
durante a década de 1970 e durante a década de 1980 .........................
93
TABELA 8 - Brasil: produção, consumo interno, consumo per capita e exportação
(mil ton) 1990/2004 ...............................................................................
96
TABELA 9 - Exportação brasileira de carne de frango inteiro e em cortes (ton)
1990/2004 ..............................................................................................
98
TABELA 10 - Exportações de carne de frango por destino e por produto (inteiro e
em cortes no período 1999/2004) (kg líquido).......................................
98
TABELA 11 - Os maiores estados produtores (cabeças abatidas com SIF/milhões de
cabeças e participação nacional (2003/2004).........................................
100
TABELA 12 - Os maiores estados exportadores e participação percentual nas
exportações totais de carne de frango (ton) 2002/2004 ..................
101
TABELA 13 - Ranking das empresas associadas à ABEF – Cabeças abatidas/2000.... 102
TABELA 14 - Participação das cinco maiores empresas brasileiras no mercado
nacional e internacional (2000/2004) ....................................................
103
TABELA 15 - Unidades de abate de frango no Paraná com SIF .................................. 104
TABELA 16 - Demonstrativo da capacidade de conversão dos insumos em produtos
finais (2000/2004)..................................................................................
130
TABELA 17 - Desempenho no mercado nacional e internacional (market share)....... 131
TABELA 18 - Áreas atendidas pelo sistema apresentado e os resultados obtidos.........
135
TABELA 19 - Composição fundiária dos avicultores (2004)........................................ 136
TABELA 20 - Perfil do Quadro de colaboradores administrativos (2004).................... 137
TABELA 21 - Mercado Interno......................................................................................
138
TABELA 22 - Mercado Externo ....................................................................................
138
TABELA 23 - Programas de qualidade adotados pela empresa especificamente no
Complexo Integrado Avícola .................................................................
139
TABELA 24 - Clientes no mercado interno .................................................................. 140
TABELA 25 - Freqüência de venda da empresa para clientes nacionais ...................... 140
TABELA 26 - Grau de incertezas do ambiente econômico ...........................................
141
TABELA 27 - Grau de incerteza diante do ambiente econômico quanto à venda da
carne........................................................................................................
142
TABELA 28 - Entrega dos produtos ..............................................................................
142
TABELA 29 - Grau de incerteza diante da alta especificidade do ativo........................ 144
TABELA 30 - Controle e freqüência da Cooperativa nos aviários nas atividades ...... 144
TABELA 31 - Atributo do reconhecimento da marca ...................................................
146
TABELA 32 - Incertezas quanto à compra de matéria-prima ....................................... 147
TABELA 33 - Tempo de cooperado...............................................................................
149
TABELA 34 - Há quanto tempo trabalha com a atividade avícola................................ 149
TABELA 35 - Era integrado com outra empresa............................................................
149
TABELA 36 - Porte dos avicultores (2004)................................................................... 150
TABELA 37 - Realidade das propriedades dos avicultores integrados..........................
151
TABELA 38 - Princípios cooperativos...........................................................................
152
TABELA 39 - Contrato...................................................................................................
153
TABELA 40 - Mão de obra............................................................................................ 153
TABELA 41 - Pessoas contratadas foram capacitadas para trabalhar.......................... 154
TABELA 42 - Quem capacitou.......................................................................................
154
TABELA 43 - Participou dos cursos de manejo.............................................................
154
TABELA 44 - Treinamento pela Cooperativa ou outro..................................................
155
TABELA 45 - Tempo destinado ao treinamento (horas)................................................
155
TABELA 46 - Tempo destinado ao manejo................................................................... 156
TABELA 47 - Atendimento das necessidades da atividade avícola...............................
156
TABELA 48 - Custos (cobertura)...................................................................................
156
TABELA 49 - Controle sobre custos..............................................................................
157
TABELA 50 - Pagamentos adequados........................................................................... 157
TABELA 51 - Pagamentos extras...................................................................................
158
TABELA 52 - Incentivos................................................................................................
158
TABELA 53 - Frente ao ambiente econômico – incertezas........................................... 159
TABELA 54 - Sistema Integrado....................................................................................
160
SUMÁRIO
Capítulo 1 – Introdução ..............................................................................................
15
1.1 Definição do problema de pesquisa............................................................... 17
1.2 Justificativa......................................................................................................... 18
1.3 Objetivos........................................................................................................ 18
1.4 Hipótese......................................................................................................... 19
1.5 Procedimentos metodogicos............................................................................ 20
1.5.1 Classificão da pesquisa.................................................................................... 20
1.5.2 Seleção da amostra.............................................................................................. 22
1.5.3 Coleta de dados.................................................................................................... 22
1.5.4 Instrumento de pesquisa questiorios............................................................ 23
1.5.5 Análise e interpretação dos dados....................................................................... 24
1.6 Estrutura do trabalho........................................................................................... 24
Capítulo 2 - Referencial Teórico Governança e Competitividade Sistêmica..........
26
2.1 Governança e competitividade...................................................................... 26
2.2 Análise estrutural dos mercados sob a ótica da economia industrial.............
27
2.3 Economia dos custos de transação (ECT)......................................................
33
2.3.1 Natureza dos custos de transação...................................................................
35
2.3.2 Fatores determinantes dos custos de transação..............................................
35
2.3.3 Contratos........................................................................................................
39
2.3.3.1 Tipos de contratos..........................................................................................
40
2.3.4 Forma de governança das transações.............................................................
42
2.3.5 Estruturas alternativas de governança............................................................
44
2.4 Agribusiness e sistemas agroindustriais: uma distinção................................ 47
2.4.1 A competitividade dos sistemas agroindustriais............................................
49
2.4.2 A cadeia agroindustrial de frango de corte....................................................
51
2.4.2.1 Sistema de integração.................................................................................... 52
2.5 Competitividade sistêmica.............................................................................
55
2.5.1 Abordagem estática........................................................................................
56
2.5.2 Abordagem dinâmica.....................................................................................
57
2.6 Cooperativas: breve histórico........................................................................ 63
2.6.1 Cooperativas: abordagem conceitual e princípios norteadores......................
65
2.6.2 Cooperativa: características organizacionais.................................................
67
2.6.3 Cooperativa: competitividade do setor frente aos mercados e manutenção
de seus princípios norteadores.......................................................................
68
2.6.4 Cooperativas e a ECT.................................................................................... 73
2.6.4.1 Contratos........................................................................................................
74
2.6.5 Cooperativas no Brasil e no Paraná...............................................................
76
2.6.6 Cooperativas agropecuárias...........................................................................
77
2.7 Síntese conclusiva..........................................................................................
79
Capítulo 3 - Desempenho da Avicultura Industrial no Mundo e no Brasil
(1990/2004)...............................................................................................
85
3.1 Avicultura industrial...................................................................................... 85
3.2 Breve evolução histórica da avicultura industrial no mundo.........................
87
3.3 Desempenho mundial (1990/2004)................................................................
88
3.3.1 Produção, exportação e importação mundial.................................................
88
3.4 Desempenho brasileiro...................................................................................
91
3.4.1 Breve evolução histórica da avicultura industrial no Brasil (1860-1980)..... 91
3.4.2 Desempenho brasileiro na avicultura industrial no período 1990-2004........
95
3.4.3 Maiores estados produtores avícolas no Brasil no período 1990-2004......... 99
3.4.4 Participação das maiores empresas brasileiras...............................................
102
3.4.5 Fatores que favorecem a produção de frango de corte no Brasil...................
106
3.5 Síntese conclusiva..........................................................................................
107
Capítulo 4 - Caracterização do Complexo Integrado Avícola da Cooperativa
Agroindustrial Consolata – Copacol......................................................
111
4.1 Cooperativa – contextualização geral............................................................
111
4.2 Identificação...................................................................................................
112
4.3 Território, localização....................................................................................
114
4.4 Origem da Cooperativa Agroindustrial Consolata - Copacol e seu
desenvolvimento até 2004..............................................................................
115
4.5 O Complexo Integrado Avícola da Cooperativa Agroindustrial Consolata
– Copacol ......................................................................................................
122
4.5.1 Descrição do Complexo Integrado Avícola...................................................
123
4.5.2 Sistema de integração.................................................................................... 126
4.5.3 Produtos oferecidos para o mercado nacional e internacional.......................
127
4.6 Síntese conclusiva..........................................................................................
128
Capítulo 5 – Resultados e Discussão
129
5.1 Considerações iniciais....................................................................................
129
5.2 Números da produção do complexo integrado avícola .................................
129
5.2.1 Produção de ovos férteis, pintainhos, rações e concentrados e cabeças
abatidas........................................................................................................
129
5.2.3 Desempenho no mercado nacional e internacional (market share) ..............
131
5.2.4 Tecnologia de informação .............................................................................
131
5.3 Análise interpretativa da pesquisa realizada junto à Cooperativa e aos
avicultores integrados ...................................................................................
135
5.3.1 Aspectos Gerais ............................................................................................ 136
5.3.2 Aspectos institucionais e organizacionais .....................................................
138
5.3.3 Relacionamento com clientes e distribuidores ..............................................
139
5.3.3.1 Relação com o cliente nacional .....................................................................
140
5.3.3.2 Relação com o cliente internacional .............................................................
141
5.3.3.3 Relacionamento com o distribuidor ..............................................................
142
5.3.4 Características do contrato entre a Cooperativa e o avicultor........................
143
5.3.4.1 Quanto a responsabilidade das partes (cooperativa e avicultor) .................. 143
5.3.4.2 Controle e incentivo da Cooperativa em relação ao avicultor ......................
144
5.3.5 Informações sobre Abate, Processamento e Comercialização.......................
146
5.3.6 Manutenção dos princípios cooperativos norteadores ..................................
147
5.4 Análise dos dados do questionário proposto para os avicultores
integrados.......................................................................................................
148
5.4.1 Caracterização dos avicultores integrados: uma distinção entre pequenos,
médios e grandes produtores .........................................................................
150
5.4.2 Princípios cooperativos .................................................................................
152
5.4.3 Atividade avícola ..........................................................................................
153
5.4.4 Custos/Incentivos ..........................................................................................
156
5.4.5 Incerteza ........................................................................................................
158
5.4.6 Síntese do sistema integrado .........................................................................
160
5.5 Síntese conclusiva .........................................................................................
160
Capítulo 6 – Conclusão.................................................................................................
164
Referências ............................................................................................................... 174
OBRAS CONSULTADAS .......................................................................................... 180
Apêndice A - Questionário proposto p
ara a Cooperativa Agroindustrial
Consolata – Copacol - Agroindústria processadora.........................
181
Apêndice B - Questionário para os avicultores integrados da Cooperativa
Agroindustrial Consolata – Copacol..................................................
194
Anexo – Lei nº 5.764 de 16 de dezembro de 1971...................................................... 198
15
CAPÍTULO 1
Introdução
Atualmente, a avicultura industrial é considerada como a atividade econômica mais
dinâmica do setor de carnes. Tornou-se extremamente desenvolvida devido às novas difusões
em tecnologia, aos investimentos em pesquisa e ao desenvolvimento em nutrição e genética,
assim como aos novos processos em manejo e controle sanitário, que vêm impulsionando a
produção de frango de corte nos últimos 30 anos.
A avicultura é uma atividade industrial dependente de insumos, de tecnologia e de
processamento e é um produto diferenciado que oportuniza as estratégias empresariais em
termos de custos e de marcas, possibilitando a diminuição de custos de produção e acesso a
insumos específicos através do sistema de integração, favorecendo a P&D (Pesquisa e
Desenvolvimento) em novos processos, como também a diminuição de tempo e de custos
através de logística, desde o abastecimento até os canais de distribuição. A literatura atual
afirma que são necessárias amplas redes de comercialização e ainda formas estáveis de
integração para a continuidade do desenvolvimento do setor.
No mundo todo, o consumo de carne de frango apresentou grande crescimento no
período estudado, impulsionado por novos hábitos alimentares mais saudáveis, preço
acessível e aceitação mundial por diferentes culturas e religiões (FERRAZ, 1997).
O sistema de integração surgiu no Brasil, especificamente na Região Sul, na década
de 1960 e permanece até os dias de hoje. Este processo produtivo, baseado na integração,
ocorreu de duas formas: através da verticalização das empresas e do relacionamento com o
produtor agrícola integrado através do sistema da contratualização da produção. O abatedouro
fornece os pintainhos, a ração, a assistência técnica e a veterinária, além de se responsabilizar
pela busca, abate e comercialização. Os produtores rurais integrados investem na construção
16
dos aviários e nos cuidados com o lote de pintainhos (engorda e manejo) até o momento da
entrega para o abate. Este sistema proporciona o acesso à matéria-prima (ave viva) mais
barata. Compreende-se também que a integração vertical do setor no Brasil foi possível
devido à expansão da cultura da soja; à instalação da indústria oleaginosa; à produção de
milho; às políticas públicas de incentivos à implantação de indústrias. O país possui clima e
meio ambiente, competitividade e agressividade no setor comercial, o menor custo de
produção do mundo, o sistema integrado e a orientação das indústrias dada aos avicultores
segundo a Associação Brasileira dos Exportadores de Frango (ABEF, 2004).
Por apresentar necessidade de insumos específicos, isto é, a matéria-prima (frango
vivo) deve possuir características específicas como peso, qualidade, sanidade e idade. Neste
sentido, a teoria williamsoniana considera que as especificidades dos ativos são atributos dos
mais importantes a serem considerados quando da definição das estruturas de governança, que
é compreendida como a administração das relações contratuais, o incentivo e o
monitoramento do comportamento que se espera do agente (FARINA, 1999). Nesta
perspectiva, compreende-se que a governança pode contribuir para a competitividade
sistêmica, que é a capacidade de sobreviver e, de preferência, crescer em mercados correntes
ou novos mercados (FARINA; ZYLBERSZTAJN, 1998, p. 10).
Torna-se relevante compreender que, neste estudo, a organização produtiva é uma
cooperativa, e que, portanto, possui características organizacionais diferentes de uma
organização produtiva mercantil. O objetivo central de uma cooperativa é o bem-estar de seus
associados e a manutenção de seus princípios cooperativos, enquanto que em uma sociedade
mercantil capitalista o objetivo central é o lucro. A cooperativa é uma sociedade de pessoas de
natureza civil, é uma unidade produtiva capaz de competir no mercado e é o fator chave para
o desenvolvimento local através da formação de um tecido empresarial fortemente alicerçado,
agregados ao engajamento da população na implementação das diversas políticas necessárias.
17
O cooperativismo possibilita a organização da produção, a diversificação das atividades
agrárias e a agregação de valor às commodities agrícolas. Elas permitem o aproveitamento dos
recursos autóctones, o comportamento democrático e reforçam o interesse pela coletividade,
ao mesmo tempo em que inseridas em um mercado fortemente competitivo, pois, estão no
mesmo ambiente econômico que as sociedades mercantis. As cooperativas apresentam a
dimensão econômica e de resultados e a social (BIALOSKORSKI, 2002). Quando as duas
dimensões possuem coordenação eficiente, estabelecem “vantagem significativa da
governança efetuada pelas sociedades cooperativas com os seus associados, fornecedores e
consumidores, [...] constitui uma verdadeira vantagem das sociedades orientadas para o
produtor rural” (SYKUTA; COOK, 2001 apud BIALOSKORSKI 2002, p. 1). Para que as
cooperativas possam se estabelecer em ambientes competitivos, a eficiência é necessária em
seus empreendimentos.
Inserida nesta realidade, a Cooperativa Agroindustrial Consolata Copacol iniciou
no ano de 1981 o Complexo Integrado Avícola com o objetivo de diversificar e auxiliar a
renda familiar de seus cooperados. Com o passar do tempo, deixou de ser apenas um auxílio,
para tornar-se importante fonte de renda familiar e investindo no segmento, em alta tecnologia
e informação, mantendo-se competitivo e atuante no exigente mercado nacional e
internacional.
1.1 Definição do problema de pesquisa
Nesse contexto, formulou-se o seguinte problema de pesquisa: A partir da
identificação da forma de governança adotada no Complexo Integrado Avícola da
Cooperativa Agroindustrial Consolata - Copacol, pergunta-se: Como a forma de governança
adotada contribui para a manutenção da competitividade sistêmica do Complexo Integrado
Avícola?
18
Essa pesquisa visa desenvolver uma análise a partir dos pressupostos teóricos da
Economia Industrial, sob o enfoque da Economia dos Custos de Transação ETC. Pretende
avaliar se a estrutura de governança utilizada foi eficiente em função dos resultados obtidos
quanto à competitividade sistêmica.
1.2 Justificativa
O setor apresenta necessidade de ativos com alta especificidade e estrutura produtiva
altamente tecnificada para atender ao consumidor cada vez mais exigente. Assim,
compreender e analisar qual a melhor estrutura de governança que deverá ser adotada para a
coordenação das relações entre os agentes econômicos envolvidos, é de grande importância,
pois, com a estrutura de governança eficiente, pode-se afirmar que contribuição para a
competitividade sistêmica do processo.
E ainda, considerando que a organização produtiva desta pesquisa é uma cooperativa,
justifica-se o estudo, a fim de compreender as dimensões econômicas e sociais que estão
presentes nesta realidade produtiva, orientada para o bem comum, mas que está inserida em
um ambiente econômico competitivo. Desta maneira, propõem-se os objetivos descritos a
seguir:
1.3 Objetivos
O objetivo geral do estudo é analisar a contribuição da forma de governança adotada
no Complexo Integrado Avícola da Cooperativa Agroindustrial Copacol para a manutenção
da competitividade sistêmica, no período entre 1990 a 2004.
Para que o objetivo geral fosse alcaado, os seguintes objetivos específicos foram
desenvolvidos:
19
a) caracterizar a estrutura de mercado e o padrão de concorrência do setor, através
do levantamento da estrutura da oferta e padrão de concorrência no mundo e no
Brasil no período 1990 -2004;
b) caracterizar o Complexo Integrado Avícola da Cooperativa Agroindustrial
Consolata – Copacol;
c) identificar a estrutura de governança adotada pela Cooperativa Agroindustrial
Copacol entre o avicultor integrado e a agroindústria processadora em seu
Complexo Integrado Avícola;
d) analisar se a estrutura de governança utilizada favoreceu a competitividade
sistêmica do Complexo Integrado Avícola;
e) analisar se houve a manutenção dos princípios norteadores cooperativistas frente
à competição do mercado.
1.4 Hipótese
O presente estudo tem como hipótese que a competitividade do Complexo Integrado
Avícola da Cooperativa Agroindustrial Consolata - Copacol está baseada na capacidade de
governança mediante formas híbridas, através da contratualização entre os agentes avicultores
integradores e a agroindústria integradora e que contribui, desta forma, para o enfrentamento
do mercado competitivo em que se insere a Cooperativa, mantendo a competitividade
sistêmica do Complexo Integrado Avícola, sem comprometer os princípios norteadores
cooperativistas. Portanto, neste estudo, compreende-se que existe relação entre estruturas de
governança e competitividade sistêmica, em que a forma de governança utilizada contribui
para a competitividade sistêmica da atividade na diminuição dos custos de transação.
20
1.5 Procedimentos metodológicos
Buscando compreender o que é pesquisa científica, Demo (1996, p. 34) explica que a
pesquisa é um “questionamento sistemático crítico e criativo, mais a intervenção competente
na realidade, ou o diálogo crítico permanente com a realidade em sentido teórico e prático”.
Desta maneira, percebe-se que a ciência está em evolução contínua, pois, conforme a
realidade, os acontecimentos podem alterá-la, logo, que pesquisar e investigar suas novas
preposições. A pesquisa científica para Gil (1999, p.42) possui um caráter pragmático, então
ela é “processo formal e sistemático de desenvolvimento do método científico. O objetivo
fundamental da pesquisa é descobrir respostas para problemas mediante o emprego de
procedimentos científicos”. Observa-se, então, que a pesquisa científica é um conjunto de
procedimentos metodológicos que auxiliam na compreensão da resposta a um problema
específico.
Para Cervo e Bervian (1983), a pesquisa é uma atividade voltada para solução de
problemas, assim os processos científicos utilizados podem contribuir através de análises do
modelo utilizado para medir o desempenho das atividades geradas.
1.5.1 Classificação da pesquisa
As pesquisas científicas podem ser quantitativas e qualitativas. Respectivamente,
considera-se o que é quantificável, ou seja, traduzir em números as informações, a fim de
compreendê-las através de análise. A segunda, pretende captar a relação entre o mundo e o
sujeito, e, portanto, não possui quantificação matemática, sendo descritiva, interpretativa.
Nessa pesquisa, foram utilizadas as abordagens quantitativas e qualitativas. Os aspectos
quantitativos estabeleceram-se pelos levantamentos estatísticos quando da análise documental
e quando da utilização das diversas ferramentas como a matriz de decisão e tabulação dos
21
questionários. a abordagem qualitativa foi utilizada, principalmente, nas análises parciais e
finais dos dados no capítulo final, que se refere à análise e discussão dos resultados.
Quanto aos objetivos da pesquisa científica, Gil (1999) descreve a pesquisa
exploratória, na qual é necessário o levantamento bibliográfico, a entrevista e a análise,
assumindo a formatação de pesquisa bibliográfica e estudos de caso. Já na pesquisa descritiva,
são estabelecidas relações entre variáveis, utilizando-se para isto, técnicas padronizadas na
coleta de dados, questionários, tendo o caráter de levantamento.
Quanto aos procedimentos técnicos, Gil (1999) esclarece que podem ser: pesquisa
bibliográfica, que se refere à consulta de material bibliográfico disponível em publicação;
levantamento, quando questiona os atores que busca compreender; estudo de caso, quando se
pretende estudar um ou poucos objetos para compreendê-lo (s).
Desta maneira, os diversos procedimentos técnicos utilizados dependem dos métodos
científicos, sendo que o método dedutivo tem o objetivo de analisar do geral para o particular
para a compreensão de um problema e o método indutivo observa a realidade concreta, ou
seja, do particular para o geral.
De acordo com o proposto para este presente estudo, conforme Gil (1999), a pesquisa é
exploraria, pois compreende pesquisa bibliográfica, a qual se encontra no catulo 2; entrevista
semi-estruturada; questionário (Apêndice A e B); e estudo de caso, no capítulo 4, sobre a
Cooperativa Agroindustrial Consolata – Copacol, utilizando os procedimentos técnicos segundo
Gil (1999), para a realização da pesquisa. No capítulo 5, exploratório e empírico, descreve a
coleta de dados, com análise interpretativa.
Foram utilizados os dados fornecidos pela ABEF para a investigão acerca da estrutura
de mercado e padrão de concorrência no mundo e no Brasil, assim como também foram
utilizados dados estatísticos de outras fontes, como a de estudiosos no assunto da avicultura
industrial.
22
Para o levantamento dos dados espeficos da Cooperativa estudada, foram feitos
levantamentos através de fontes bibliográficas dispoveis e investigão junto à homepage da
Cooperativa, que apresenta dados atualizados e revisados, assim como questionário específico
para a agroinstria integradora (Cooperativa) e outro específico para os avicultores integrados.
(Andice A e B).
1.5.2 Seleção da amostra
A população é constituída por 779 avicultores integrados. Utilizando-se uma margem
de 10% de erro para a seleção da amostra, são necessários aproximadamente, 89
questionários. Desta forma, foram encaminhados 265 questionários e destes, retornaram
preenchidos 96, e todos estes foram tabulados. Com margem de erro de 10%, critério
fundamental para selecionar, com segurança, a população de avicultores integrados da
Cooperativa Agroindustrial Consolata - Copacol objetivou-se obter informação representativa
do universo dos avicultores. Assim, cada elemento da população possui probabilidade igual
de pertencer à amostra selecionada.
1.5.3 Coleta de dados
O período da aplicão dos questiorios foi de 01 de março de 2006 até a segunda
quinzena do mês de abril de 2006. Para a Cooperativa, o questiorio foi entregue na sede, sendo
que parte das respostas foi respondida em forma de entrevista e a outra parte, ficou à disposição
para posterior preenchimento. Quanto aos avicultores, foi utilizado o pré-teste com os mesmos
para análise da compreensão do questionário.
O instrumento de coleta de dados deve estar alinhado à finalidade do estudo,
permitindo o desenvolvimento de uma análise coerente à realidade pesquisada.
23
1.5.4 Instrumento de pesquisa – questionários
Segundo Marconi e Lakatos (1996), a entrevista deve seguir um roteiro pré-
estabelecido. Os questionários, instrumentos de pesquisa, foram elaborados contendo
perguntas abertas e fechadas, utilizadas para capturarem essencialmente os pressupostos de
freqüência, incerteza e oportunismo, assim como os mecanismos de controle e incentivo e da
manutenção dos princípios norteadores cooperativos, tanto no questionário para a
Cooperativa, quanto para os avicultores.
Sobre a agroindústria processadora, ou seja, a Cooperativa, a entrevista procedeu
com o responsável pelo Complexo Integrado Avícola na sede da Cooperativa, uma parte do
questionário ficou à disposição para preenchimento em espaço de tempo maior. Para a
avaliação dos mesmos aspectos, em relação aos avicultores, foi utilizado o pré-teste para
análise da compreensão do questionário. Dos 265 questionários, foram aplicados
pessoalmente 9 a avicultores integrados, sendo 3 de pequeno porte, 3 de médio porte e 3 de
grande porte. Para facilitar e agilizar o processo, o restante foi aplicado através da Faculdade
de Cafelândia – Única.
O questionário da Cooperativa (Apêndice A) apresentou a seguinte disposição: a
primeira parte das perguntas refere-se aos aspectos gerais da Cooperativa, com o objetivo de
pesquisar sobre os dados atualizados da composição fundiária dos associados, perfil dos
colaboradores e mercado interno e externo (market share) no período 1990/1999, pois de
2000 a 2004, foram levantados os dados através dos relatórios anuais da ABEF. A segunda
parte aborda as questões relacionadas com aspectos institucionais e organizacionais,
pretendendo-se pesquisar a participação da Cooperativa nos diferentes programas ligados à
avicultura. Pretende investigar também como a Cooperativa lida com a especificidade do
ativo e como são suas estratégias, em relação à coordenação, à governança e ao contrato. Na
terceira parte, pretende-se pesquisar o relacionamento da Cooperativa com os clientes e
24
distribuidores. Na quarta parte, pretende-se pesquisar as características do contrato entre a
Cooperativa e o avicultor. Na quinta parte, pretende-se pesquisar a responsabilidade de cada
parte (Cooperativa e avicultor). Na sexta parte, pretende-se investigar sobre as formas de
controle e incentivo da Cooperativa em relação ao avicultor. A sétima parte pretende
compreender os atributos pertencentes à Cooperativa. A oitava parte refere-se às informações
gerais dos avicultores. A nona parte trata das informações sobre abate, processamento e
comercialização e, a última parte pretende questionar sobre manutenção dos princípios
norteadores cooperativistas. Conforme explicado anteriormente, as perguntas formuladas
foram abertas e fechadas.
O questionário para os avicultores é composto de perguntas, abertas e fechadas,
organizadas de forma a simplificar a compreensão das perguntas, feitas de forma objetiva.
1.5.5 Análise e interpretação dos dados
Após a coleta dos dados, eles foram tabulados e dispostos em tabelas, possibilitando
maior facilidade na verificação das inter-relações existentes entre eles. É parte de um processo
técnico de análise estatística, permitindo a sistematização dos dados, assim como a
representação gráfica, que quando utilizada, favorece a compreensão e a interpretação.
1.6 Estrutura do trabalho
Este trabalho está dividido em seis capítulos, a saber: o primeiro que se refere a esta
introdução, expõe o problema de pesquisa, o objetivo, a hipótese em que se fundamenta o
estudo e os procedimentos metodológicos utilizados. O segundo capítulo fundamenta
teoricamente o estudo, realizado através de revisão bibliográfica, que inicia com o estudo das
estruturas de mercado a partir da Teoria da Economia Industrial, seguindo com a análise da
25
Economia dos Custos de Transação (ECT), originada em Coase, apresentando-se a natureza
dos contratos, a especificidade de ativos e as estruturas de governança. Faz-se uma distinção
entre agribusiness e sistemas agroindustriais. A cadeia agroindustrial de frango de corte é
apresentada, desdobrando-se na explicação do sistema de integração. Apresenta-se a
competitividade sistêmica nas abordagens estática, dinâmica e sistêmica. Na seqüência,
analisa-se brevemente o padrão de concorrência nos grupos industriais para alinhar a carne de
frango quanto ao tipo de produto industrial a que pertence. Encerrando esta primeira parte,
faz-se uma revisão bibliográfica sobre cooperativas, iniciando com um breve histórico,
seguido da abordagem conceitual, de princípios norteadores e de características
organizacionais. uma tentativa de análise entre cooperativas e ECT bem como da
importância das cooperativas no Brasil e no Paraná.
O terceiro capítulo refere-se ao estudo da estrutura da oferta e padrão de
concorrência no mundo e no Brasil no período de 1990 - 2004. O quarto capítulo caracteriza o
Complexo Integrado Avícola da Cooperativa Agroindustrial Consolata Copacol desde sua
fundação até o ano de 2004.
O quinto capítulo trata da análise e discussões dos resultados, são apresentados os
resultados da pesquisa realizada junto à Cooperativa e aos avicultores integrados, assim como
a análise dos dados pesquisados. Logo em seguida, dá-se a conclusão seguida das referências
bibliográficas utilizadas ao longo do estudo.
Capítulo 2
Referencial Teórico
Governança e Competitividade Sistêmica
2.1 Governança e competitividade
Este capítulo tem como objetivo o estudo do referencial teórico acerca do assunto a
que este trabalho se propõe, a análise da forma de governança utilizada e a sua influência para
a competitividade sistêmica dentro do Complexo Integrado Avícola da Cooperativa
Agroindustrial Consolata – Copacol.
A primeira parte inicia-se com o estudo das estruturas de mercado a partir da teoria
da Economia Industrial, seguindo com a análise da Economia dos Custos de Transação
(ECT), originada em Coase, apresentando a natureza dos contratos, a especificidade de ativos
e as estruturas de governança.
Na segunda parte, faz-se uma distinção entre agribusiness e sistemas agroindustriais.
A cadeia agroindustrial de frango de corte é apresentada, desdobrando-se na explicação do
sistema de integração.
Na terceira parte, apresenta-se a competitividade sistêmica nas abordagens estática,
dinâmica e sistêmica e, na seqüência, analisa-se, de forma breve, o padrão de concorrência
nos grupos industriais para alinhar a carne de frango quanto ao tipo de produto industrial a
que pertence.
Na quarta parte, faz-se uma revisão bibliográfica sobre cooperativas, iniciando com
um breve histórico, seguido da abordagem conceitual e de princípios norteadores, bem como
de características organizacionais. uma tentativa de análise entre cooperativas e ECT e
27
também uma análise da importância das cooperativas no Brasil e no Paraná. O presente
capítulo encerra-se com uma síntese conclusiva.
2.2 Análise estrutural dos mercados sob a ótica da economia industrial
Sentindo a falta de explicação para as dinâmicas do mercado quanto ao
comportamento das modernas corporações no mundo real, que a teoria microeconômica no
modelo de competição perfeita não tratava, surgem na década de 1930, na Universidade de
Harvard, os estudos da Economia Industrial
1
. Seus precursores foram Coase (1937) e Mason
(1939).
O arcabouço analítico da Economia Industrial estuda o mercado, suas falhas e
maneiras de superá-las, para ajustá-lo próximo de um ideal, tratando a empresa de forma
dinâmica, compreendendo as interações das organizações industriais
2
(KUPFER;
HASENCLEVER, 2002).
A Economia Industrial realiza, caracteriza e analisa a estrutura dos mercados em
quatro conceitos: concentração industrial, diferenciação de produtos, barreiras à entrada e
inovação industrial, utilizando, para isto, a quantificação do componente estrutural, em termos
de medidas sintéticas (BOFF; REZENDE, 2002):
a) A concentração industrial é conceituada por Farina (1983, apud GARCIA, 2004,
p. 26): “não se refere ao número de participantes, mas ao controle de uma
grande proporção de uma determinada atividade econômica por uma pequena
proporção dos participantes nesta atividade.”
1
Kupfer e Hasenclever (2002) explicam que o termo Economia Industrial origina-se da vertente língua francesa
e Organização Industrial origina-se da vertente da língua inglesa. No Brasil, são utilizados sem distinção para
denominar a matéria Economia Industrial.
2
Muitas são as vertentes teóricas da Economia Industrial, neste estudo, no entanto, restringe-se esta abrangência,
dadas as dimensões de sua análise.
28
As características da concentração de mercado são: a existência de economia de
escala, de escopo, tanto na produção quanto na distribuição, assim como barreiras à entrada.
Na análise da concentração industrial dos mercados utilizam-se as medidas de
concentração industrial
3
, como as medidas positivas e normativas. As medidas positivas de
maior utilização na teoria econômica são: índice de Hirschman-Herfindahl
4
(HH) e índice de
entropia de Theil (ET). Conforme explicam Boff e Resende (2002, p. 74):
Índices de concentração pretendem fornecer um indicador sintético da concorrência
existente em um determinado mercado. Quanto maior o valor da concentração,
menor é o grau de concorrência entre as empresas, e mais concentrado (em uma ou
poucas empresas) estará o poder de mercado virtual da indústria.
São utilizadas as medidas de concentração para que o indicador sintético encontrado
possa indicar a concorrência em um determinado mercado. Quanto maior o valor da
concentração, menor o grau de concorrência entre as empresas e mais concentrado (em uma
ou poucas empresas) estará o poder de mercado. Bain (1950 citado por PINHO;
VASCONCELLOS, 2003, p. 209) distingue a “concorrência efetiva (existente entre as firmas
estabelecidas no mercado) e a concorrência potencial (a derivada da ameaça da entrada de
outras firmas)”. Quanto às medidas normativas, conforme Boff e Resende (2002, p. 76):
“visam avaliar normativamente o desempenho industrial”.
Para captar o comportamento dominante em determinado mercado, as medidas de
concentração industrial pretendem indicar quais os setores que possuem “poder de mercado”.
Esta expressão é utilizada para explicar a capacidade de influenciar o preço de venda do
produto e também, se for o caso, mantê-lo maior do que o nível da concorrência, sem que se
retire do mercado. Para isto, a medida utilizada é a razão entre a oferta (ou venda) da firma e a
oferta total da indústria (ou venda totais), o denominado market share da empresa.
Neste aspecto, compreende-se que o padrão concorrencial é o resultado da conduta
dos produtores individuais e ocorre em função da escolha dos níveis de preço, das quantidades
3
Para aprofundar o assunto: Economia Industrial (KUPFER; HASENCLEVER, 2002, p. 76-90).
4
Sendo 1/n HH 1. Quando: HH = 1 refere-se ao monopólio; HH= 1/n a participação é igual; HH = 0 refere-
se à concorrência perfeita.
29
ofertadas dadas as características dos produtos, da preferência do consumidor e ainda das
condições de acesso, podendo ainda ser balizado por fatores de ordem institucional (fiscais).
Boff e Rezende (2002, p. 74, grifo dos autores) enfatizam:
O padrão concorrencial contribui para dar uma estrutura particular à indústria, como
conseqüência do desempenho das empresas e dos resultados obtidos, vale dizer:
dados os recursos empregados, como conseqüência da maior ou menor eficiência
produtiva alcançada (maiores ou menores custos) e da maior ou menor eficiência
gerencial obtida (maiores ou menores lucros). Os resultados obtidos pelas empresas
lhes conferem, pelo seu lado, um determinado “poder de mercado”, individual no
seio da indústria, que o índice de concentração tentará justamente capturar, de uma
forma sintética.
Considerando-se, portanto, que quanto maior a concentração industrial, maior a
desigualdade na repartição do mercado.
Quando existir facilidade de acesso ao mercado, ganhos de parcela através de custos
reduzidos ou qualidade superior e, não existir substitutos próximos para o produto, observa-
se, então, que a empresa não possui poder de mercado (BOFF; REZENDE, 2002);
b) Na análise da diferenciação dos produtos, a teoria da Economia Industrial,
considera que no mundo real, dificilmente os produtos são idênticos, devido a
fatores como: local da oferta, qualidade, marca, design, entre outros. Como não
substitutibilidade perfeita, a heterogeneidade abre espaço para que a empresa
possa fixar o preço acima do nível competitivo da concorrência e vender o
produto (LOSEKANN; GUTIERREZ, 2002). forte influência na estrutura de
mercado, pois, a empresa estabelecida controla preços. Quando em processo de
instalação a empresa entrante não poderá ter os mesmos custos que a
estabelecida, devendo, portanto, ter preços maiores para o seu produto. Mas, se a
empresa entrante mantiver o mesmo nível de preço da estabelecida, deverá ter
maiores custos em publicidade e propaganda para a divulgação do seu produto, o
que elevaria seus custos. Segundo Kupfer (1996, p. 123), “a diferenciação de
produto é a mais forte dentre as fontes de barreira à entrada na indústria.” Neste
ponto, há unanimidade entre os economistas (KUPFER, 1996);
30
c) Quanto às barreiras à entrada, a Economia Industrial explica em primeiro lugar, o
que compreende como entrada e saída. Conforme Bain (1950) citado por Pinho e
Vasconcellos (2003, p. 210): “entrada é definida como um novo investimento
feito por uma nova firma”, logo, percebe-se que a ampliação de uma nova firma,
assim como a compra de uma firma existente, isto é, que possua capacidade
instalada, não é uma entrada. Entrada é a instalação de uma nova empresa no
mercado. Saída é o encerramento das atividades de uma empresa no mercado
(KUPFER, 1996). As barreiras de acesso ao mercado são relevantes no arcabouço
da análise da Economia Industrial, partindo da explicação de Kupfer (1996) de
que é insuficiente analisar-se estruturalmente as indústrias baseando-se apenas no
grau de participação das empresas e nas curvas de custo, sem considerar as outras
indústrias de outros setores, de forma desarticulada. Para isto, considera Kupfer
(1996, p. 110):
O principal fator na determinação dos preços e da lucratividade em uma indústria
está relacionado à facilidade ou dificuldade que as empresas estabelecidas
encontram para impedir a entrada de novas empresas, isto é, a existência ou não de
barreiras à entrada na indústria.
Podem ser consideradas barreiras à entrada: economias de escala; de custo absoluto à
entrada; diferenciação de produto; controle sobre a oferta de insumos; capital e fatores
tecnológicos (GARCIA, 2004). Existem duas fontes de economias de escala: reais e
pecuniárias. As reais são explicadas através da redução na quantidade de fatores produtivos
utilizados quando há um aumento de produção. Embora a produção esteja crescendo, a
quantidade de insumos utilizados não cresce na mesma proporção, mas, sim, em uma
proporção inferior. as pecuniárias são explicadas através da redução no preço pago pelo
insumo. Neste caso, os custos da empresa se reduzem, mas não em resposta às mudanças reais
no método de produção. Enfatiza-se que a redução de preços do insumo e a obtenção de
ganhos de economias de escala pecuniárias por parte da empresa, refletem ganhos de
31
economias de escala reais por parte do fornecedor. As economias de escala pressupõem a
ampla extensão do mercado para que se tenha o devido aproveitamento de seu retorno.
Quando o mesmo ativo possui um grande número de demandantes, ganha em escala o
produtor, pois os custos seriam menores, caso o demandante produzisse para si ao invés de
adquirir.
Quanto à barreira de custo absoluto à entrada, compreende-se que empresas
estabelecidas possuem algumas vantagens de custos em relação às que irão se estabelecer em
qualquer nível de produção. As barreiras, neste caso, poderiam ser em relação ao acesso aos
fatores produtivos, como tecnologia, mão-de-obra, matérias-primas, pois as empresas que
estariam em funcionamento podem possuir patentes, aprendizado acumulado, acesso às
matérias-primas com custos menores ou ainda de maior qualidade, assim como acesso à mão-
de-obra qualificada, pois esta sendo escassa, já estaria contratada pelas empresas estabelecidas
(KUPFER, 1996).
O controle sobre a oferta de insumos também é considerado favorável para empresas
estabelecidas por “explorarem as reservas de melhor relação custo-qualidade, deixando para
as empresas entrantes fontes de matérias-primas com custos maiores de exploração ou
transporte ou ainda de menor qualidade” (KUPFER, 1996, p. 117).
O requerimento inicial de capital é tema de controvérsia entre os estudiosos no
assunto, mas compreende-se que quando há necessidade de grandes investimentos,
dificuldade em financiar grandes volumes de capital, o que é uma barreira à entrada de novas
empresas no mercado (KUPFER, 1996).
Por fim, a tecnologia é considerada como “uma das principais fontes de diferenciais
absolutas de custos” (KUPFER, 1996, p. 117). As empresas estabelecidas podem deter
patentes, aprendizado acumulado, dificultando o acesso à entrada de novas empresas. A obra
schumpeteriana, Teoria do Desenvolvimento Econômico, publicada em 1912, apresentou a
32
importância da introdução das inovações tecnológicas e organizacionais nas empresas tanto
para o acúmulo de riquezas, quanto para o enfrentamento da concorrência. A inovação é
concebida como o resultado de um processo em Pesquisa & Desenvolvimento. Também o
consideradas as atividades de aprendizado, que ocorrem no interior das empresas, além do
entorno institucional em que se insere a empresa, e que pode, de alguma forma, contribuir
para a inovação (KUPFER; HASENCLEVER, 2002).
Quanto à estrutura de mercado e inovação, compreendem os esforços e investimentos
da empresa em pesquisa e desenvolvimento (P&D). O resultado desta ação é denominado de
inovação, pois, incorporam-se novos produtos, processos e novas formas de compreender a
organização (KUPFER; HASENCLEVER, 2002).
Para Kupfer (1996), as análises da Economia Industrial possuem uma limitação
principal: seu caráter estático, ou seja, partem de suposto que a decisão de entrada depende de
lucros imediatos à implantação; que a demanda é dada e que deficiências nas análises das
barreiras à saída. Devido a estas limitações, explica que as barreiras à entrada, em parte, são
estruturais: “em parte é também endógeno, isto é, decorrente de estratégias competitivas das
empresas” (KUPFER, 2002, p. 127).
Portanto, percebe-se que na análise estrutural dos mercados na teoria da Economia
Industrial a utilização de novos conceitos e abordagens em relação à teoria
microeconômica. O referencial analítico, acerca das diferentes estruturas de mercado, através
da proposição das características apresentadas, demonstra a maior interação com o dinamismo
existente no mundo real, no qual as empresas se encontram inseridas.
A Economia Industrial entende que existe interação entre a estrutura de mercado, a
conduta das empresas e o desempenho com que exercem a atividade econômica. Sendo que as
características do mercado, afetam a conduta e o desempenho das empresas (GARCIA, 2004).
33
2.3 Economia dos Custos de Transação (ECT)
O artigo The Nature of the Firm (A Natureza da Firma), publicado em 1937 por
Ronald Coase, inicia os estudos da Economia dos Custos de Transação (ECT) que está
inserido nos pressupostos teóricos da Economia Industrial. A ECT expande-se “a visão
neoclássica dos custos de produção” (ZYLBERSZTAJN, 1995, p. 7), pois Coase estava
insatisfeito com o tratamento dado à firma, que era vista apenas sob a ótica dos custos de
produção, e, então, passa a considerar nas firmas, “não apenas o ato de produzir, mas também,
o ato de comprar e vender” (FIANI, 2002, p. 267), pois, estes apresentam custos,
denominados de Custos de Transação. A orientação da teoria coasiana é micro-analítica,
buscando nas empresas sua aplicação (ZYLBERSZTAJN, 1995). A firma na “teoria
neoclássica ocorre em um ambiente estéril, pois desconsidera os custos associados ao
funcionamento da economia” (ZYLBERSZTAJN, 1995, p. 14), o autor ainda considera que a
teoria neoclássica afastou-se da realidade empírica.
Quando Coase indagou sobre a existência das empresas, foi o pioneiro em buscar
compreender como as organizações dirigem o processo produtivo, quais seriam as relações
hierárquicas, o que poderia levar à integração vertical nas diferentes etapas do processo
produtivo. Compreendeu que as empresas organizam a produção e possuem diferentes etapas
no processo produtivo, pois, a produção não poderia ocorrer através de “uma série de agentes
individuais, formando uma cadeia” (FIANI, 2002, p. 268), em que cada um, individualmente,
poderia recorrer às diferentes etapas do processo produtivo para comprar e vender insumos ou
produtos, acarretando custos no produto final devido ao elevado custo das transações.
Conforme Coase (1991 citado por ZYLBERSZTAJN, 1995, p. 7) explicou: “o que eu fiz foi
mostrar a importância da estrutura institucional para o funcionamento do sistema econômico”.
Desta maneira, conforme Fiani (2002, p. 268) enfatiza:
34
Empresas, isto é, organizações que decidem hierarquicamente a alocação dos fatores
de produção no seu interior, substituindo o mecanismo de mercado, existem porque
os custos de transação, ou seja, os custos de recorrer ao mercado, são significativos
entre as etapas do seu processo de produção.
Logo, Coase identifica que as empresas substituem o mecanismo do mercado, para
alocar fatores de produção em seu processo produtivo, porque entre as etapas do processo os
custos encareceriam o produto final (FIANI, 2002).
O objeto de estudo da ECT pode ser compreendido como uma combinação entre a
análise e as conseqüências “das condições sob as quais os custos de transação deixam de ser
desprezíveis” (FIANI, 2002, p. 268) e passam a configurar com grande importância na
tomada de decisão dos agentes. Segundo Zylbersztajn (1995, p. 15), o objetivo central é
estudar o custo das transações que serve de “indutor dos modos alternativos de organização da
produção (governança), dentro de um arcabouço analítico institucional. Assim a unidade de
análise fundamental passa a ser a transação”. Observando desta maneira, compreende-se que
as empresas organizam a produção de forma a maximizar a alocação dos recursos e, quando
empregados de maneira correta, transformam a matéria-prima nas maiores quantidades
possíveis de produtos finais.
As contribuições do professor Oliver Williamson da Universidade da Califórnia-
Berkeley, incorporam aos estudos de Coase novas abordagens, que de forma consistente,
contribuem “para a solidificação da nova economia institucional” (ZYLBERSZTAJN, 1995,
p. 7). Podem ser citadas, algumas de suas importantes contribuições como: o aspecto
intertemporal da coordenação (PONDE, 1994), compreendendo neste aspecto que, as
empresas com o passar do tempo competem, isto é, investem para financiar as estratégias
competitivas que pretendem adotar. Compreende que a eficiência de uma firma está inserida
em um processo contínuo, integrado, inerente à própria história da empresa. Sendo assim,
pode se compreender que o processo adotado, ou seja, “o grau de eficiência de uma firma em
um dado momento está determinado pelas estratégias competitivas adotadas pela firma em um
35
tempo anterior” (KUPFER, 1996, p. 3-4); o alinhamento dos atributos das transações entre as
etapas do processo produtivo, com as estruturas de governança adotadas; a crítica ao
institucionalismo tradicional, que considera descritivo; os custos ex ante e ex post; unidade de
análise é a transação; especificidade de ativos (ZYLBERSZTAJN, 1995).
2.3.1 Natureza dos custos de transação
Quanto à natureza dos custos de transação, são os que, quando dentro do processo de
produção, a empresa tem de recorrer ao mercado, em suas diferentes etapas produtivas.
Formalmente, “custos de transação são os custos de negociar, redigir e garantir o
cumprimento de um contrato, assim como, mais tarde, quando for necessário garantir sua
execução” [...], a “unidade básica de análise” passa a ser o contrato (FIANI, 2002, p. 269).
Os contratos acarretam custos, pois a ECT considera que existe assimetria nas
informações
5
e elabora um conjunto de hipóteses que tornam os custos das transações mais
significativos: a racionalidade limitada, a complexidade e a incerteza, o oportunismo e a
especificidade de ativos. Essas hipóteses são os fatores determinantes da existência de custos
de transação.
2.3.2 Fatores determinantes dos custos de transação
A ECT possui como fatores determinantes de custos de transação, os seguintes
aspectos comportamentais (contractual man):
a) racionalidade limitada, complexidade e incerteza: a racionalidade limitada
(bounded rationatility), explica que os agentes têm intenção racional, pois agem
de forma limitada e possuem capacidade cognitiva limitada. Desta forma,
5
Significa que: tanto comprador como vendedor não conhecem todas as características relevantes do objeto da
troca.
36
compreende-se que “os indivíduos agem racionalmente, mas de forma limitada. A
obtenção de informações bem como a capacidade de processamento dessas
informações são limitadas, o que torna os contratos incompletos, levando-os a
incluir salvaguardas contratuais” (WILLIAMSON, 1989, citado por QUEIROZ;
SENJU, 2000, p. 7). As limitações não são previsíveis de acordo com os
comportamentos futuros do ser humano, o que leva às condições de incerteza
quanto às ações tomadas pelo agente econômico envolvido. Conforme Fiani
(2002, p. 270, grifo do autor):
a existência de incerteza, por outro lado, mesmo que seja no sentido convencional de
risco
6
, combinada com racionalidade limitada, dificulta definir e distinguir as
probabilidades associadas aos diferentes estados da natureza que podem afetar a
transação.
Isto leva às assimetrias de informação, ou seja, diferenças nas informações entre os
agentes envolvidos na transação. Pondé (1994, p. 3) explica que consenso entre diferentes
autores quanto à:
hipótese da ‘racionalidade’ dos agentes, entendida como a maximização de uma
função-objetivo conhecida de maneira plena e estocástica, constitui um suposto
irreal e incapaz de modelar sem distorções o comportamento econômico, na medida
em que os resultados das ações e decisões dependem de eventos futuros que não
podem ser antecipados de maneira probabilística.
Desta maneira, não se compreende “que condutas sejam irracionais, mas que, em um
contexto de incerteza, as respostas racionais aos desafios de um futuro desconhecido
envolvem ‘procedimentos coletivos, defensivos e/ou institucionais’” (POSSAS, 1990, p. 10,
citado por PONDE, 1994, p. 3). Tenta-se então, “formular explicações da dinâmica capitalista
que incorporem a atuação daquelas instituições concretas responsáveis pelos modos como os
diferentes agentes formam expectativas, percebem oportunidades, processam informações,
tomam decisões, aprendem e atuam no ambiente competitivo (FIANI, 2002, p.3)”.
6
Fiani (2002) considera incerteza e risco como sinônimos. Explica que para alguns autores eles são diferentes.
Quando se define incerteza da mesma forma que risco, a suposição de antecipar e identificar os prováveis
acontecimentos.
37
b) oportunismo e especificidade de ativos: Quando as transações envolvem os
agentes: I) produtores, que são capazes de ofertar os insumos e II) demandantes,
que têm interesse em adquiri-los; o envolvimento de ativos específicos. Neste
caso, nota-se que quando uma empresa adquire insumos de um produtor que os
produz seguindo as especificidades particulares determinadas por aquela
empresa, considera-se que tanto o fornecedor, quanto o produtor possuem
vínculo. A condição necessária para que ocorram os riscos associados às atitudes
oportunistas é a existência das especificidades de ativos. Considera-se, também, a
situação em que existam muitos ofertantes de insumos habilitados (large
numbers), e que pudesse se converter, com o passar do tempo em poucos
ofertantes de insumos habilitados (small numbers). Neste caso, a ECT
convencionou a chamar de transformação fundamental, em que as vantagens
estariam naquela “primeira empresa a se mover” (FIANI, 2002, p. 272).
O oportunismo para a ECT é considerado como o aproveitamento das assimetrias de
informação entre os agentes, visando lucro. Define-se, comumente, neste caso, como “a
habilidade por parte de um agente de identificar e explorar as possibilidades de ganho
oferecidas pelo ambiente
7
(FIANI, 2002, p. 270). Estabelece o auto-interesse como guia das
ações, compreende que os agentes possuem ações de acordo com suas intenções e interesses
particulares. Na busca do interesse próprio, podem ocorrer, o oportunismo ex ant: quando
antes de se efetivar a transação alguma parte possui uma atitude aética e, ex post: quando,
durante a vigência do contrato, alguma parte possui uma atitude aética (WILLIAMSON, 1989
citado por QUEIROZ; SENJU, 2000).
São consideradas como as principais fontes de especificidade de ativos segundo
Zylbersztajn e Mizumoto (2003):
7
A literatura sobre o assunto explica que são consideradas duas formas de oportunismo: ex-ante, antes da
transação ocorrer e, oportunismo ex-post, depois de realizada a transação (FIANI, 2002).
38
b.1) especificidade espacial: também denominada especificidade geográfica ou de
localização, explica a importância da proximidade territorial entre os estágios
sucessivos da transação;
b.2) especificidade dos ativos físicos: especificidade física, em que explica a
importância do design máquinas e moldes (sob encomenda);
b.3) especificidade dos ativos humanos: também conhecida como especificidade de
capital humano, obtida, especialmente, pelo aprender fazendo (learning by
doing);
b.4) especificidade da marca: também considerados de ativos de qualidade superior;
b.5) ativos dedicados : quando o ativo é produzido sob encomenda, em vista da
necessidade específica de um demandante, aumentam os problemas com a
negociação e a implementação do contrato, considerando que, conforme Fiani
(2002, p. 280):
passa a ser mais barato para o demandante produzir ele mesmo o ativo em questão
do que recorrer a uma transação via mercado em termos de custo final. Isto porque,
produzindo ele mesmo, não perda de escala significativa, uma vez que sendo o
insumo específico seu mercado é muito limitado.
b.6) especificidade temporal: relacionada ao tempo de processamento.
Assim, observa-se que a especificidade de ativos possui influência na decisão quanto
a sua aquisição, se a melhor decisão será via mercado, por hierarquia ou ainda à forma
híbrida.
Tanto o oportunismo quanto a racionalidade limitada estão relacionados à
característica de incompletude dos contratos, sendo esta condição necessária para a existência
de custos de transação.
c) freqüência de transações: Segundo Neves e Zylbersztjan (2000), quanto mais
freqüente for uma transação, mais uma estrutura especializada pode se manter. As
estruturas produtivas se organizam em função da freqüência das transações.
39
Considera-se também que, com o passar do tempo, redução de incertezas em
relação ao comportamento dos agentes envolvidos em virtude da aquisição de
conhecimento de ambas as partes.
2.3.3 Contratos
Os contratos efetuados entre as partes formalizam as ações e permitem o controle e
monitoramento do comportamento dos agentes envolvidos, “o propósito dos contratos é de
viabilizar a produção ao longo de sistemas produtivos” (ZYLBERSZTAJN, 1995, p. 49).
Se os contratos fossem completos, não necessitariam existir as teorias sobre contratos
que, pressupõem a existência de incompletude quanto à existência da racionalidade limitada.
As razões para tal comportamento/atitude advêm de vários motivos, mas de forma geral, são
as que estão relacionadas “às condições do ambiente que não podem ser antecipadas ex-ante”
(ZYLBERSZTAJN, 1995, p. 47). A incerteza diante dos acontecimentos futuros faz com que
os agentes levem “em conta as dificuldades derivadas da compatibilização das suas condutas
futuras dentro da continuidade da sua interação” (PONDÉ, 1994, p. 17). Podem ser citadas
também, as situações quando um aspecto é desconsiderado por ambas as partes, ou a
reconhecem, mas devido ao alto custo, a ignoram, ou a “existência de informação assimétrica
[...] verificabilidade e observabilidade de uma condição contratual” (ZYLBERSZTAJN, 1995,
p. 49).
Desta maneira, compreendem-se: “os custos ex ante de negociar e fixar as
contrapartidas e salvaguardas do contrato,
[...]
os custos ex post de monitoramento,
renegociação e adaptação dos termos contratuais às novas circunstâncias” (PONDÉ, 1994, p.
17, grifo do autor). Ainda em relação aos custos, Zylbersztajn (1995, p. 46) explica:
os contratos apresentam custos associados ao seu desenho, implementação,
monitoramento, e muito especialmente, custos associados à solução das disputas
emergentes do descumprimento das relações contratuais estabelecidas.
40
Quando a especificidade dos ativos é alta, a necessidade de que o contrato seja de
longo prazo. O controle dos contratos geralmente ocorre no interior das firmas, que criam
uma estrutura para isto, Zylbersztajn (1995, p. 51) argumenta:
se por um lado os contratos realizados internamente à firma representam um
abaixamento dos custos de transação, por outro, introduzem um efeito sobre os
incentivos dos agentes. Tal forma de organização contratual perde o forte poder de
incentivo proporcionado pelo mercado, tendo de ser substituído por outras formas de
incentivo e controle, com vistas a permitir a produção.
Entendendo-se desta maneira, que o incentivo e o controle são utilizados para
incentivarem e monitorarem o comportamento desejado (FARINA, 1999).
2.3.3.1 Tipos de contratos
Existem diferentes tipos de contratos, o que torna necessário analisar o tipo que
melhor se ajusta dentro de uma contratação de transação. A nomenclatura utilizada para tanto,
não está ligada à teoria econômica, mas são advindos da teoria do Direito. Sendo uma
classificação explorada por Williamson (1985, citado por ZYLBERSZTAJN, 1995, p. 55),
para estabelecer correlação teórica entre esta classificação e a teoria dos custos de transação
(ZYLBERSZTAJN, 1995). A classificação segundo Zylbersztajn (1995) é:
a) contratos clássicos: contrato completo, detalhado, sem relevância nas partes
intervenientes. Referem-se às transações que são isoladas, sem efeito em relação
ao período de tempo, ou seja, ocorrem independente das ações passadas ou
expectativas futuras, caracterizadas pela “contemporaneidade”. São transações
discretas, descontínuas. Correspondem ao mesmo estado teórico do modelo de
mercado de competição perfeita, tratada pela teoria neoclássica. Não
condições de planejamento em longo prazo, logo, os ajustes se dão através do
mercado. Para que possa ocorrer, a, condições necessárias são: I) a identidade dos
agentes é irrelevante; II) são definidas a natureza e as dimensões do contrato; III)
41
se o contrato não se realizar, não flexibilidade quanto à correção; IV) fica
claramente definido fazer ou não parte da transação. Disto decorre sua
incoerência com a realidade, passando a ser tratado, apenas, como uma referência
teórica.
b) contrato neoclássico: contrato para longo prazo, ocorre em transações em que a
incerteza é considerada como relevante. Williamson (1985, citado por
ZYLBERSZTAJN, 1995, p. 55) explica que este tipo de contrato “caracteriza-se
pelo manifesto desejo de manutenção da relação contratual. O problema
fundamental ocorre em conseqüência do fato de existirem ajustamentos
redistributivos em face das mudanças nas condições do ambiente.” Desta forma,
o oportunismo é relevante, compreendendo uma adição nos custos de
renegociação, existindo “uma característica fundamental do contrato neoclássico,
a manutenção do contrato original como a referência para negociação, o que o
distinguirá do chamado contrato relacional” (ZYLBERSZTAJN, 1995, p. 55)
8
.
c) contrato relacional: são os contratos utilizados em transações em que tanto a
duração quanto a complexidade são elevadas. Neste tipo de contrato, a hierarquia
da empresa é a forma utilizada. São contratos flexíveis e passíveis de
renegociação. O contrato original não servirá mais de “base para a negociação,
sendo considerado a cada negociação, todo o conjunto de fatores para a
reconstrução do contrato” (ZYLBERSZTAJN, 1995, p. 57). Trata-se de definir e
especificar as regras e normas especificamente para aquela relação contratual.
Não é a continuidade o que importa, mas, a revisão contratual se dará a cada
mudança de variável (ZYLBERSZTAJN, 1995).
8
Zylbersztajn (1995, p. 56) esclarece: “No caso dos custos de negociação serem muito elevados em face aos
retornos esperados, pode emergir uma solução de terminação contratual. Tal solução pode estar prevista no
contrato original, uma vez que pode demandar a alocação de perdas entre as partes, referentes a investimentos
em ativos não reutilizáveis.”
42
d) os contratos relacionam-se com a flexibilidade e os custos a ele associados,
conforme Klein (1992), citado por Zylbersztajn (1995, p. 57), explica:
os contratos são muito mais do que uma forma de alocar risco de acordo com as
preferências, sendo também arranjos que permitem que as partes se organizem em
esforços comuns de produção.
Assim, percebe-se que, conforme Pondé (1994, p. 16):
o sistema produtivo não pode ser concebido apenas como um conjunto de
procedimentos pelos quais o homem transforma a matéria bruta em objetos de
consumo, pois é composto também de um tecido de arranjos contratuais que regulam
as interações entre os agentes econômicos.
Os Custos de Transação (ECT) podem ser classificados de acordo com os contratos,
como os custos ex-ant e os ex-post. Ex ant, são os “custos de selecionar, negociar e
salvaguardar o acordo [...] nesta fase são definidos os preços, as quantidades e a duração do
contrato” Pondé (1994, p. 113). Ex post, refere-se quando se a implantação do contrato, e
seu monitoramento” (SIFFERT FILHO; FAVERET FILHO 1998). Trata das diferentes
dimensões das transações que devem ser alinhadas para identificar estruturas de governança
eficientes. Os custos dos contratos ex ant e ex post não são dependentes. Isto significa que são
difíceis de mensuração, mas são, conforme Siffert Filho e Faveret Filho (1998, p.114),
“passíveis de uma comparação institucional, na qual um modo de contrato é comparado com
outro.”
2.3.4 Forma de governança das transações
A governança
9
é compreendida como a administração das relações contratuais, ou
seja, a forma em que ocorrem as transações. É um termo utilizado nos estudos que se referem
aos processos de coordenação dos agentes de um determinado sistema produtivo, em suas
várias esferas de relacionamento. Por estrutura de governança, Fiani (2002, p. 277)
9
Zylbersztajn (1995) explica que o termo “governança” traduz o termo “governance” utilizado por Williamson
para designar a matriz institucional onde a transação é definida.
43
compreende: “o arcabouço institucional no qual a transação é realizada, isto é, o conjunto de
instituições e tipos de agentes diretamente envolvidos na realização da transação e na garantia
de sua execução”. Considera-se que as relações entre os agentes possuem influência nas
organizações e no seu desempenho.
Para Farina e Zylbersztajn (1998, p. 12), governar a transação significa incentivar o
comportamento desejado e, ao mesmo tempo, conseguir monitorá-lo.” Isto pode ser obtido
através:
a) do sistema de preços, através do mercado, em que existem vários produtores
ofertando o mesmo produto, apresentando baixa especificidade;
b) por meio de contratos, em que estão pré-definidos os instrumentos de incentivo
e controle.
Se existir baixa especificidade, e o produto for ofertado por vários produtores, o
sistema mais adequado é a governança pelo sistema de preços; no caso em que existir alta
especificidade do ativo, e maior dificuldade no fornecimento, a governança se dará por meio
de contratos.
Desta maneira, as “estratégias competitivas dependem de estruturas de governança
apropriadas para que possam ser bem sucedidas” (FARINA; ZYLBERSZTAJN 1998, p. 12).
Governar a transação vertical viabiliza a estratégia de concorrência horizontal (FARINA;
ZYLBERSZTAJN, 1998), isto significa que quando há alta especificidade do ativo, a empresa
deve produzi-la através da “integração vertical a montante”, quando o mercado fornecedor
não possui esta capacidade. O fluxo de informação deve ser sintonizado, pois em um
segmento da cadeia produtiva, um elo depende dos outros. Logo, a capacidade de
coordenação vertical “permite à empresa receber, processar, difundir e utilizar informações de
modo a definir e viabilizar estratégias competitivas, reagir a mudanças no meio ambiente ou
aproveitar oportunidades de lucro” (FARINA; ZYLBERSZTAJN, 1998, p. 12).
44
Portanto, observa-se que a governança se entre os agentes envolvidos para a
consecução das atividades econômicas. Os diferentes modos de coordenação referem-se aos
diferentes tipos de contratos que envolvem os procedimentos hierárquicos, desde o início do
processo produtivo até a distribuição de bens e serviços. Quanto ao uso de conhecimentos e
inovações, cabe às diversas formas de governança para que o processo seja mais ou menos
hierárquico.
Para Siffert Filho e Faveret Filho (1998, p. 4):
sistemas de governança nada mais são do que mecanismos de coordenação que
permitem lidar com uma dimensão fundamental do agribusiness, ou seja, a
dimensão temporal, associada à perecibilidade dos produtos e à sincronicidade da
produção, envolvendo vários agentes.
Ao longo dos segmentos da etapa produtiva, a coordenação mais eficiente é aquela
que viabiliza adequadamente a transmissão de informações, estímulos e controle. Fiani (2002)
explica que uma vez compreendidas as características das transações, deve-se observar como
implementá-las, para tanto se deve considerar as estruturas de governança.
Quando existir economia de escala, esta ficará condicionada à extensão do mercado,
isto é, um ativo que apresentar baixa especificidade, levará a um grande número de
transações, não envolvendo complexidade, incerteza e oportunismo. Assim sendo, o
empresário poderia comparar os custos em produzir ele mesmo o insumo (encarecendo-o), ou
adquiri-lo no mercado (o que poderia apresentar custos significativos entre as etapas).
2.3.5 Estruturas alternativas de governança
Zylbersztajn e Mizumoto (2003) explicam que a teoria williamsoniana define três
estruturas alternativas de governança para a coordenação vertical das transações entre as
firmas, que se alinham em função das características das transações e que apresentam
diferentes custos. São consideradas as seguintes estruturas de governança:
45
a) mercado: considerada a mais eficiente estrutura produtiva. Os ativos específicos
não estão presentes. Não há dependência entre os agentes. Os insumos e o
produto são transacionados diretamente no mercado. Segundo Zylbersztajn e
Mizumoto (2003, p. 5) “apresenta maiores incentivos e menores controles do que
a governança de hierarquia”. Existência de alto incentivo do produtor, mas, neste
caso, perda do controle. Podem ser encontrados oportunismo e racionalidade
limitada;
b) hierarquia (verticalizada): ativos altamente específicos. Compreende-se que
perda de eficiência quando a coordenação se pelo mercado e surge a
necessidade de um mecanismo de coordenação mais cooperativo, que contemple
um processo de negociação mais efetivo. Aqui, os contratos podem atenuar os
comportamentos oportunistas através dos mecanismos de controle e incentivos. A
firma se encarrega de toda a produção e/ou comercialização de seus produtos.
Existe autocontrole e não existem incentivos;
c) estruturas híbridas: intermediária entre mercado e hierarquia. Os contratos são
mais flexíveis e informais, as partes da transação mantêm autonomia, mas se
posicionam em situação de dependência bilateral em função de ativos específicos
acentuados (HIRATUKA, 1997, citado por QUEIROZ; SENJU, 2000, p. 9). A
firma adota contratos para se relacionar com outros agentes na transação.
Encontra-se incentivo e controle. A Figura 1 explica as diferentes estruturas de
governança:
46
Hierarquia Híbrida Mercado
Controle Incentivo e controle Incentivo
FIGURA 1 - Diferentes estruturas de governança
Fonte: A autora
Percebe-se, nesta figura, que a estrutura de governança através de hierarquia é o
extremo oposto da estrutura através do mercado. Isto significa que na hierarquia, a empresa
assume o controle de todo o processo produtivo, e que, desta forma, apresenta as
características de autocontrole sobre as etapas produtivas, mas não se encontram, neste caso,
incentivos. Desta forma, a especificidade de ativos é alta e exige que haja transações
freqüentes. Quanto ao oportunismo, (HIRATUKA, 1997, citado por QUEIROZ; SENJU,
2000, p. 9) explica que a estrutura de autoridade interna proporciona a resolução mais rápida
de conflitos contratuais de fora, estabelecendo uma conduta unificada entre os agentes
participantes, o que reduz oportunismos através de mecanismos de controle.
Já, ao contrário, na estrutura através do mercado, não forma de controle, mas
encontra-se auto-incentivo para o produtor. Assim, a especificidade de ativos não pode ser
alta, devido a esta estrutura de governança não permitir alguma forma de controle, apenas
incentivos. As transações não apresentam alta intensidade nas freqüências.
Assim, percebe-se a estrutura de governança híbrida, que está exatamente ao meio
termo da estrutura hierárquica e de mercado. Desta maneira, compreende-se a combinação
dos elementos anteriormente apresentados. Isto é, há forte incentivo e controle sobre as etapas
produtivas. A especificidade de ativos é alta, e por isto, existem contratos entre as partes para
evitar comportamentos oportunísticos, além da exigência de grande freqüência das transações.
Neste aspecto, a Tabela 1, apresenta os atributos distintivos das estruturas de
governança:
47
TABELA 1 - Atributos distintivos das estruturas de governança
Estrutura de Governança Atributos
Mercado Híbrida Hierarquia
Instrumentos
Intensidade dos incentivos ++ + 0
Controles administrativos 0 + ++
Fonte: A autora
2.4 Agribusiness e sistemas agroindustriais: uma distinção
Na análise teórica, histórica e evolutiva do agribusiness, os trabalhos de Davis
(1957) e Goldenberg (1968), professores de Harvard, citados por Zylbersztajn (2000), iniciam
os estudos acerca do assunto e influenciam de forma definitiva a trajetória de lideranças
mundiais tanto na área privada quanto na acadêmica.
Antes das abordagens conceituais, faz-se necessário esclarecer que os termos
agribusiness, sistemas, cadeias, filières e complexos são utilizados sem uma clara distinção na
literatura brasileira (NEVES, 1995). Desta maneira, utilizar-se-ão neste estudo, os conceitos
utilizados por Davis e Goldenberg
10
(1968), presentes nos estudos de Neves (2000) e
ZYLBERSZTAJN (2000). Portanto, o conceito de agribusiness, conforme Goldenberg (1968)
citado por Zylbersztajn, (2000, p. 5, grifo do autor) é:
um sistema de commodities engloba todos os atores envolvidos com a produção,
processamento e distribuição de um produto. Tal sistema inclui o mercado de
insumos agrícolas, a produção agrícola, operações de estocagem, processamento,
atacado, varejo, demarcando um fluxo que vai dos insumos até o consumidor final.
O conceito engloba todas as instituições que afetam a coordenação dos estágios
sucessivos do fluxo de produtos, tais como as instituições governamentais, mercados
futuros e associações de comércio
.
10
Zylbersztajn (1995) deixa claro que Davis e Goldenberg em 1957 definiam agribussiness de forma agregada.
em 1968, mudam o foco de análise para estudar de forma mais específica, definindo assim de forma diferente
o termo agribussiness em três aspectos citados: define o Sistema de Agribusiness de Commodities (Agribusiness
Commodity System), ainda a base das análises desenvolvidas em Harvard, utiliza os termos: complexo, sistema e
indústria de maneira indiscriminada. Assim, denomina complexo: trigo, sistema soja e indústria cítrica, uma
indefinição que ainda persiste nos anos 80 e 90 e, discute o conceito de coordenação do sistema de agribusiness.
Para fazê-lo, Goldberg estuda as relações contratuais, as instituições de coordenação e aquilo que ele definiu
como sendo integração vertical e contratual nos três sistemas estudados.
48
Compreendido desta maneira, o agribusiness
11
passa a ser visto de uma forma ampla,
em uma visão macroeconômica. Especificamente, os sistemas agroindustriais dentro do
agribusiness, possuem uma distinção, adequada para cada setor produtivo, conforme Siffert
Filho e Faveret Filho (1998, p. 4): “principais cadeias agroindustriais: grãos (milho, soja,
arroz etc.); carnes, compreendendo aves, suínos e bovinos; frutas, incluindo a subcadeia da
citricultura; fumo, que também adota o sistema de integração; produtos lácteos; açúcar; e
café”, envolvendo os processos iniciais em pesquisa, insumos, até o consumidor final
(NEVES, 1995).
Distingue-se, então, o conceito de sistemas agroindustriais a um conceito mais
restrito, mais específico Goldenberg (1968) citado por Zylbersztajn (2000, p. 9):
é uma seqüência de operações que conduzem à produção de bens. Sua articulação é
amplamente influenciada pela fronteira de possibilidades ditadas pela tecnologia e é
definida pelas estratégias dos agentes que buscam a maximização dos seus lucros.
As relações entre os agentes são de interdependência ou complementaridade e são
determinadas por forças hierárquicas. Em diferentes níveis de análise a cadeia é um
sistema, mais ou menos capaz de assegurar sua própria transformação.
Faz-se importante distinguir que se referem à três subsistemas que predominam no
conceito de sistemas agroindustriais: I) produção: estuda a indústria de insumos e produção
agropastoris; II) transferência: focaliza a transformação industrial, estocagem e transporte e
III) consumo: focaliza o estudo das forças de mercado, que, no sistema de commoditites é
considerado como força primordial no sistema de agribusiness.
Dentro dos sistemas agroindustriais, o segmento da indústria de processamento
exerce função estratégica, pois, induz às mudanças tecnológicas na agropecuária e, muitas
vezes, também na estrutura de distribuição; é responsável pela dinamização dos mercados
consumidores e, portanto, do alargamento das possibilidades de colocação do produto
primário. Os sistemas são formados por segmentos que podem exibir diferentes graus de
dependência mútuos, determinados pelos atributos das transações intersegmentos, em especial
11
Neves (1995) afirma que não há tradução adequada para o português e a massificação do termo no Brasil se
deu através do livro "Complexo Agroindustrial: O Agribusiness Brasileiro" dos autores Ney Bittencourt Araújo,
Ivan Wedekin e Luiz Antônio Pinazza (1990).
49
pela especificidade dos ativos envolvidos nas transações (FARINA; ZYLBERSZTAJN,
1998). Resultantes da divisão do trabalho e da interdependência dos agentes econômicos, as
cadeias produtivas que compõem os sistemas agroindustriais o consideradas “um conjunto
de etapas consecutivas pelas quais passam e vão sendo transformados e transferidos os
diversos insumos” (DANTAS; KERTSNETZKY; PROCHINIK, 2002, p. 37).
Segundo Dantas; Kertsnetzky e Prochinik (2002, p. 37), estas etapas produtivas
dentro das cadeias são criadas, de um lado, através do:
processo de desintegração vertical, especialização técnica e social. Por outro lado, as
pressões competitivas por maior integração e coordenação entre as atividades, [...]
ampliam a articulação entre os agentes.
Atribuindo grande importância para o grau de interação entre os agentes, toda a
cadeia produtiva deve ser coesa para que o processo, desde a produção até a entrega do
produto final ao mercado esteja conectada, isto é, as partes envolvidas no processo devem
possuir alto grau de interação para que o sucesso possa ser atingido.
Desta maneira, a idéia básica da visão sistêmica, segundo Neves (1995, p. 7-8),
é que o todo é maior que a soma das partes individualizadas. Não adianta ser
extremamente eficiente em sua atividade dentro do sistema se o sistema todo não
está sendo eficiente e está perdendo espaço para outros sistemas do mesmo produto
localizados em outras regiões ou para sistemas de outros produtos.
Para que haja eficiência no sistema agroindustrial, todas as partes deverão
igualmente ser eficientes, pois uma ineficiência em um elo comprometeria o todo. A
importância da visão sistêmica da atividade agropecuária está em permitir a melhor
compreensão do seu funcionamento (NEVES, 1995).
2.4.1 A competitividade dos sistemas agroindustriais
Farina e Zylbersztajn (1998) declaram que quando se aborda sobre a competitividade
dos sistemas agroindustriais, não se trata apenas da competitividade de uma firma individual,
mas do desempenho de um sistema.
50
Este tipo de estudo é possível devido à agregação do foco de análise de um sistema
agroindustrial específico ao reconhecimento da existência de elementos comuns às empresas
que formam um sistema (FARINA; ZYLBERSZTAJN, 1998).
Sendo assim, a competitividade dos sistemas agroindustriais não se encontra em cada
segmento de forma distinta, mas, é compreendida como a competitividade de todas as partes,
indistintamente, conforme citado anteriormente, dentro da visão sistêmica, para que haja
eficiência no sistema agroindustrial, todas as partes deverão igualmente ser eficientes, unindo-
se aos pressupostos de que a coordenação eficiente diminui os Custos de Transação, conforme
Williamson (1989 citado por FARINA; ZYLBERSZTAJN 1998, p. 26) aponta:
Quanto mais apropriada for a coordenação entre os componentes do sistema,
menores serão os custos de cada um deles, mais rápida será a adaptação às
modificações de ambiente e menos custosos serão os conflitos inerentes às relações
de cliente e fornecedor. A coordenação não é uma característica intrínseca dos
sistemas produtivos, mas sim resultado de uma construção dos agentes econômicos.
Com a finalidade de reduzir custos de transação, os agentes fazem uso de
mecanismos apropriados para regular uma determinada transação, denominados
estruturas de governança.
Compreendida desta maneira, a agroindústria, quando adota um sistema de
coordenação apropriado, viabiliza a diminuição dos custos de produção, para poder competir
adequadamente no mercado em que está inserido. Assim, os custos de transação são
compreendidos como os custos envolvidos no monitoramento do comportamento dos agentes
envolvidos no processo produtivo, percebendo que são as empresas agroindustriais que fazem
o papel de coordenadores da cadeia produtiva. Cada cadeia produtiva correspondente a um
produto específico, há, então, a necessidade de se reconhecer quais deverão ser os atributos
corretos das transações como o critério que baliza a escolha das estruturas de governança mais
adequadas. Para tanto devem ser considerados: I) o grau de especificidade dos ativos
requeridos; II) a freqüência das transações e III) o grau de incerteza, a fim de serem
examinadas as estruturas de governança apropriadas para coordenar eficientemente as
transações ao longo das cadeias de produção (SIFFERT FILHO; FAVERET FILHO, 1998).
51
2.4.2 A cadeia agroindustrial de frango de corte
Visão tradicional do macro processo agroindustrial de frango de corte, apresentada
na Figura 2:
Figura 2 – Visão tradicional do macro processo agroindustrial de abate de frango
Fonte: Sakamoto e Bornia (2005, p. 447)
O silo é o local onde são entregues o milho, a soja, o triticale e o sorgo, para
estocagem, que serão processados para a fabricação da ração na fábrica de rações. Ela seguirá
para os matrizeiros e os aviários dos produtores. Dos matrizeiros seguem os ovos para os
incubatórios onde serão selecionados e incubados no sistema conhecido como “chocadeiras
elétricas”. Logo depois, dos ovos férteis nascem os pintainhos. Os pintainhos são entregues
para os avicultores que ficam responsáveis pelos cuidados e engorda do animal, até a data da
entrega para o abate. A agroindústria, então, busca os frangos que são levados até o
abatedouro, processa o abate, a limpeza, os cortes, o congelamento e/ou resfriamento, embala
e distribui para a entrega até os consumidores nacional e internacional.
A agroindústria processadora de carne de frango depende da compra de
equipamentos, máquinas e agroquímicos, assim como da importação das aves avós, pois o
Brasil possui (ao menos por enquanto) dependência genética. Siffert Filho e Faveret Filho
(1998, p. 4) explicitam que “as grandes empresas presentes no agribusiness exercem, na
maioria dos casos, o papel de agentes coordenadoras da cadeia produtiva”, cabendo a elas a
Fábrica de
ração
Silos
Parceria
Granja de
matrizes
Incubatório
Abatedouro
Indústria
Cliente
Mercado
Interno
Cliente
Mercado
externo
52
escolha do quanto, como e para quem produzir, dentro de suas fronteiras de possibilidade de
produção.
A agroindústria é responsável pelo fornecimento dos pintainhos, ração, vacinas,
entrega e busca do animal para o abate, assim como toda a assistência técnica (manejo e
controle sanitário) e veterinária, abate, embalagem do produto e distribuição para o mercado
consumidor. Aos produtores ficam as responsabilidades de investir na construção dos
aviários, cuidados com a engorda do animal, manejo e controle sanitário até a entrega do lote
para o abate.
Cada elo da cadeia possui um dispêndio, ou seja, são os gastos relacionados em cada
operação para cada atividade. Os gastos vão desde a produção de ração, distribuição da ração,
incubar ovos, criar matrizes e frangos de corte, abater, armazenar, distribuir os produtos,
levando-se em consideração o transporte existente entre cada etapa. Os produtores rurais que
queiram fazer parte do sistema necessitam estar atentos ao mercado em relação às oscilações
de preços, devido aos gastos com a manutenção e investimentos com a construção dos
aviários.
2.4.2.1 Sistema de integração
O sistema de integração foi implantado no Brasil, no estado de Santa Catarina, na
década de 1960, posteriormente, espalhou-se para outros estados brasileiros.
Inicialmente, o sistema era efetuado por acordos informais entre os agentes
envolvidos, perdurando esta situação por alguns anos. Foi com o passar dos anos que os
mecanismos se desenvolveram através de contratos, de maneira formal, segundo a União
Brasileira de Avicultura (UBA, 2005).
53
Outras atividades econômicas trabalham no sistema de integração: suinocultura,
fumo, frutas, tomates, seda, sementes e material genético (reprodutores suínos), às vezes
também em laticínios (UBA, 2005).
A idéia central do Sistema de Integração está na complementação da produção rural,
com a atividade industrial, referindo-se quanto ao fornecimento de matéria-prima. Assim a
UBA (2005) esclarece:
em termos de avicultura, existe no Brasil praticamente um modelo único de ‘parceria
avícola’. As indústrias de forma geral possuem ou detêm a capacidade de produção
de pintinhos, por ser uma estrutura complexa e que requer elevada tecnificação e
controles técnicos, principalmente sanitários. Os pintinhos são transferidos à
propriedade do integrado, sem ônus para este, assim como toda a ração consumida
no processo, até a entrega para o abate à agroindústria.
A remuneração dos produtores integrados se em função de aspectos vinculados à
produtividade e eficiência, uma vez que o integrado é responsável pelo correto gerenciamento
dos recursos a ele disponibilizados.
Quanto ao fornecimento de insumos por parte da empresa, obedece a aspectos
qualitativos e tecnológicos, o que maximiza a rentabilidade do produtor.
Os produtores rurais integrados são livres para transferir-se de uma integração para
outra. ‘Desta maneira, Siffert Filho e Faveret Filho (1998, p. 4) expressam que:
o sistema de integração (forma contratual híbrida), os produtores rurais reduzem o
nível de incerteza, uma vez que deixam de ter nos preços oscilantes do mercado as
referências de produção/comercialização.
É o sistema de integração que permite aos produtores rurais a possibilidade de
diminuir os graus de incerteza que ocorrem no mercado. Assim como, para as agroindústrias
processadoras, o atendimento às aves no período de engorda, com os cuidados de manejo
adequados; os investimentos de alojamento ao encargo do avicultor, viabilizam suas
estratégias produtivas, diminuindo os custos na cadeia produtiva. Portanto, considera-se que
neste sistema de integração existem vantagens, conforme Siffert Filho e Faveret Filho (1998,
p. 4):
54
através da integração, foram estabelecidas as bases para a constituição de empresas
competitivas, uma vez que, além de se alcançarem níveis elevados de eficiência sob
o ponto de vista da técnica produtiva, assegurou-se a minimização dos custos de
transação.
Segundo a UBA (2005), “existe uma clara preferência dos produtores pela
integração, quando se compara com a produção independente.” Em algumas regiões
brasileiras, este sistema demonstra-se eficiente, já que perdura à quase 50 anos.
O produtor rural geralmente produz de forma diversificada: plantam grãos e/ou
cereais, produzem leite, frutas, entre outros. “A integração não é um sistema exclusivo de
outras atividades, ele é complementar” (UBA, 2005). A integração vertical, também
denominada de “quase-integração”, é o processo de internalização da firma, dada pela mesma
cadeia de produção ou serviço. Queiroz e Senju (2000, p.2) enfatizam:
pode ser interpretada como um instrumento de garantia da oferta de insumos e/ou da
demanda por produtos, na medida em que há redução do custo de produção interna e
dos custos de transação. Assim, esse sistema possibilita a redução da dependência no
que diz respeito à necessidade de requerer menor informação com o mercado
(uncertainly of environment).
Na integração vertical: “a empresa assume o controle sobre diferentes estágios (ou
etapas) associados à progressiva transformação de insumos em produtos finais” (BRITTO,
2002, p. 313).
Queiroz e Senju (2000) afirmam que “para entender a integração vertical pela ECT,
seria necessário primeiro conhecer as relações contratuais”. No caso da atividade avícola, as
indústrias integradoras possuem o domínio sobre os produtores integrados” (QUEIROZ;
SENJU, 2000, p .2). Willianson (1989) citado por Queiroz e Senju (2000) declara que
raramente se justifica a integração devido à tecnologia, mas, sim, por ser fonte de Economia
nos Custos de Transação. A integração vertical tenta atenuar as imperfeições do mercado e da
informação, uma vez que o processo possui descontinuidades e assimetrias. Com a integração,
a demanda por informações torna-se menor do que com o mercado, na medida em que há uma
gradativa substituição de relações externas pelas trocas internas. Compreende-se que a
55
integração vertical se relaciona com os aspectos físicos ou técnicos, mais do que com o
mercado (SIFFERT FILHO, 1995).
Consideram-se dois tipos de integração vertical, segundo Britto (2002, p. 312): i) a
integração para trás (upstream), que corresponde à entrada em estágios anteriores do processo
de produção, neste processo ocorre elevação do valor agregado do produto; ii) e a integração
para frente (downstream) que, ao contrário, envolve a entrada em estágios posteriores. Ela
pode envolver atividades de distribuição comercialização até o pós-venda, neste caso, tanto
o valor agregado como o preço e a receita obtidos são modificados. São identificados três
condicionantes que atuam no processo de integração vertical: i) ordem técnica; ii) eficiência
econômica; iii) processo competitivo nas indústrias em que a empresa atua. Nas estratégias
empresariais a integração vertical ocorre em um processo de longo prazo.
As economias de escala ficam condicionadas à extensão do mercado, isto é, uma
especificidade baixa do ativo leva a um grande número de transações, não envolvendo
complexidade, incerteza e oportunismo. Desta maneira, o empresário poderia comparar os
custos em:
a) Produzir ele mesmo o insumo e com isso integrar-se verticalmente (neste caso a
perda de escala, pode tornar o insumo mais caro);
b) Adquirir o insumo no mercado: apresentando custos significativos entre as
etapas.
2.5 Competitividade sistêmica
Ferraz; Haguenauer e Kupfer (1997) admitem a existência de duas famílias de
conceitos de competitividade: as características de desempenho ou da eficiência técnica e
alocativa, podendo ser consideradas de forma estática ou dinâmica, conforme será abordado a
seguir.
56
2.5.1 Abordagem estática
Quanto ao desempenho também conhecida como competitividade revelada, refere-
se à evolução da participação no mercado. Neste aspecto, Farina e Zylbersztajn (1998, p. 10)
explicam que “é um indicador de resultado que tem a vantagem de condensar múltiplos
fatores determinantes do desempenho.” Ferraz; Haguenauer e Kupfer (1997) declaram que
quando considerado de forma estática, o desempenho, é considerado uma variável ex post
12
,
pois é expressa no grau de participação no mercado (market-share) em certo momento, em
um determinado período de tempo. A demanda do mercado é que define o grau de posição das
firmas no ranking da competitividade das empresas.
Desta maneira, Farina e Zylbersztajn (1998) esclarecem que que se levar em
consideração a inovação em produto e processo, para que se possam atender adequadamente
as exigências do mercado consumidor. A participação das exportações da firma ou conjunto
de firmas (nação) no comércio internacional total da mercadoria é o seu maior indicador de
desempenho.
Quanto à eficiência também conhecida como competitividade potencial, eficiência
técnica e alocativa – é considerada como a segunda família. Ainda, de forma estática é
considerada uma variável ex ante
13
, definida como “a competitividade potencial” sendo a
capacidade de a empresa transformar insumos em produtos com o máximo de rendimento. A
indústria utiliza os insumos para transformá-los em bens e serviços finais. O grau de
capacitação detido pelas firmas, “o domínio de técnicas mais produtivas que, em última
instância habilita uma empresa a competir com sucesso” (FERRAZ; HAGUENAUER;
KUPFER, 1997, p. 2).
12
Sintetiza os fatores preço e não-preço estes últimos incluem qualidade de produtos e de fabricação e outros
similares, a habilidade de servir ao mercado e a capacidade de diferenciação de produtos, fatores esses parciais
ou totalmente subjetivos.
13
Segundo Ferraz; Haguenauer e Kupfer (1997, p. 2) a variável ex-ante, “reflete o grau de capacitação detido
pelas firmas, que se traduz nas técnicas por elas praticadas”. Tendo como conseqüência o desempenho obtido
nos mercados. Dominar as técnicas produtivas seria desta forma a causa efetiva da competitividade.
57
Estes conceitos, apesar de parecerem completos, são limitados por serem estáticos,
analisam apenas o comportamento passado dos indicadores, esquecem das relações causais
que mantêm com a evolução da competitividade; compreendendo-a como uma característica
intrínseca (FERRAZ; HAGUENAUER; KUPFER, 1997).
2.5.2 Abordagem dinâmica
Para Farina e Zylbersztajn (1998, p. 11):
a capacidade de ação estratégica e os investimentos em inovação de processo e de
produto, marketing e recursos humanos determinam a competitividade futura, uma
vez que estão associados à preservação, renovação e melhoria das vantagens
competitivas dinâmicas.
Nesta abordagem, Ferraz; Haguenauer e Kupfer (1997, p. 3) admitem que:
o desempenho no mercado e a eficiência produtiva decorrem da capacitação
acumulada pelas empresas que, por sua vez, reflete as estratégias competitivas
adotadas em função de suas percepções quanto ao processo concorrencial e ao meio
ambiente econômico onde estão inseridas.
Surge desta maneira, a competitividade como uma característica extrínseca,
relacionada ao padrão de concorrência vigente em cada mercado.” (FERRAZ;
HAGUENAUER; KUPFER, 1997, p. 4), ou seja, cada segmento de mercado possui
características próprias como preço, qualidade, diferenciação de produtos, marcas, entre
outros, em que a empresa investiria especificamente para concorrer no segmento de mercado
em que está inserida.
As estratégias utilizadas pelas empresas para concorrerem nos mercados são
definidas como o conjunto de gastos em gestão, recursos humanos, produção e inovação, ou
seja, estes fatores estão sob a esfera da decisão interna da empresa, visando à ampliação e à
renovação da capacitação das empresas nas dimensões exigidas pelos padrões de concorrência
nos mercados em que atuam. Assim, as estratégias estão condicionadas pelo ambiente
competitivo, em que são definidos os padrões de concorrência. A ação estratégica pode alterar
58
o ambiente competitivo, mas é previamente condicionada pelos padrões de concorrência,
logo, as estratégias estão condicionadas pelo ambiente competitivo em que são definidos os
padrões de concorrência. Um padrão de concorrência, por sua vez, pode ser entendido como
sendo os fatores que levam ao sucesso dentro de um segmento de mercado específico
(FERRAZ; HAGUENAUER; KUPFER 1997). Para cada segmento de mercado
características próprias que estão relacionadas ao padrão de concorrência do mercado
específico a que se refere. Os padrões de concorrência são influenciados (FERRAZ,
HAGUENAUER; KUPFER, 1997, p. 7): “Pelas características estruturais e comportamentais
do ambiente competitivo da empresa, sejam as referentes ao seu setor/mercado de atuação,
sejam as relacionadas ao próprio sistema econômico.”
Quando são influenciados pelo setor/mercado de atuação, encontram-se “as
complementaridades tecnológicas, as restrições ou estímulos associados ao fluxo de
mercadorias e de serviços entre outros fatores”. Quando são influenciados pelo próprio
sistema econômico, encontram-se (FERRAZ; HAGUENAUER; KUPFER, 1997, p. 7):
as disponibilidades de infra-estrutura e de recursos financeiros e humanos, as leis, o
sistema de planejamento e a política industrial, os instrumentos de fomento e demais
características associadas ao ambiente macroeconômico e ao arcabouço institucional
onde as empresas estão imersas.
São consideradas duas características na avaliação da competitividade de uma firma,
a partir dos padrões de concorrência Ferraz; Haguenauer e Kupfer (1997, p. 7-8):
a) são idiossincráticos de cada setor da estrutura produtiva: a natureza setor-
específica dos padrões de concorrência faz com que cada tipo de vantagem
competitiva apresente importância variável e diferentes graus de oportunidades
entendido como possibilidade de utilização em cada mercado. Essas
especificidades constituem os elementos básicos que norteiam as firmas na seleção
de suas estratégias competitivas; b) São mutáveis no tempo: ajustam-se às
transformações que ocorrem nas tecnologias e na organização industrial e, também,
no ambiente econômico de forma geral. Por essa razão, além das vantagens
competitivas de que as firmas dispõem no presente, importam também o modo e o
ritmo pelo qual se dá sua evolução.
A competitividade depende do padrão de concorrência vigente no mercado
específico considerado, “sendo o padrão de concorrência, portanto, a variável determinante e
59
a competitividade a variável determinada ou de resultado” (FERRAZ; HAGUENAUER;
KUPFER, 1997, p. 9).
As origens das vantagens competitivas podem ser construídas a partir de diversas
fontes que, de modo geral, estão vinculadas às especificações do produto, ao processo de
produção, às vendas, à gestão, às escalas produtivas, aos tamanhos dos mercados, às relações
com fornecedores e usuários, aos condicionantes da política econômica, ao financiamento da
empresa ou de sua clientela, às disponibilidades de infra-estrutura, a aspectos de natureza
legal, entre outras. Deve-se levar em consideração ainda, que para avaliar a “capacidade de
formular e implementar estratégias” e avaliar o potencial das firmas do país com relação a
eles, é fundamental identificar os fatores relevantes para o sucesso competitivo, que variam de
setor a setor, de acordo com o padrão de concorrência vigente, bem como verificar a sua
importância setorial no presente e a que se pode esperar no futuro próximo” (FERRAZ;
HAGUENAUER; KUPFER, 1997, p. 9). Desta forma, alcança-se uma abordagem dinâmica
do desempenho competitivo da empresa.
Na perspectiva de análise de Farina e Zylbersztajn (1998, p. 12), a concepção
apresentada carece “de uma abordagem da capacidade de coordenação da cadeia produtiva em
que as empresas desenvolvem suas estratégias.” Zylbersztajn (2000) discute a competitividade
sob o enfoque dos sistemas agroindustriais, que de forma ampla pode ser dividida em três
partes:
a) capacidade produtiva/tecnológica: vantagens de custos;
b) capacidade de inovação: investimentos públicos ou privados em ciência e
tecnologia e formação de capital humano;
c) capacidade de coordenação: capacidade de receber, processar, difundir e utilizar
informações de modo a definir e viabilizar estratégias competitivas.
60
Nas duas primeiras partes, as variáveis são quantificáveis e mensuráveis, na terceira
parte, são, em geral, qualitativas.
Na perspectiva dinâmica, os fatores empresariais (internos à empresa: gastos em
gestão, recursos humanos, produção e inovação) são controlados pela empresa, os estruturais
(relacionados à estrutura da indústria e do mercado) são quase-controláveis pela empresa e os
sistêmicos não são controlados pela empresa, ou seja, é o governo quem os determina.
Fatores Interno/externo à empresa Grau de controle pela empresa
Empresariais Interno ++
Estruturais Estrutura da indústria e do
mercado (setor)
+
Sistêmicos Macroeconômicos, político-
institucionais, legais-regulatórios,
infra-estruturais, sociais e
internacionais
0
QUADRO 1 - Fatores determinantes da competitividade sob perspectiva dinâmica
Fonte: A autora
São considerados como determinantes da competitividade, segundo Ferraz;
Haguenauer e Kupfer (1997, 18-31):
a) fatores empresariais: São os fatores internos à empresa, ou seja, estão sob a
decisão da esfera empresarial: I) Gestão: As estratégias devem alinhar-se ao
padrão de concorrência em que se encontra inserida a empresa, assim como se
torna necessário investir nos fatores críticos de sucesso (marketing, serviços, pós-
vendas, finanças, administração, planejamento); II) Inovação: as estratégias
devem estar voltadas para a inovação, considerada como a parte central do
comportamento de empresas competitivas; III) Produção: a necessidade de
atualização constante em equipamentos e técnicas de organização produtiva; IV)
Recursos Humanos: a produtividade, a qualidade e a flexibilidade da mão-de-
obra.
b) fatores estruturais: Os fatores estruturais incluem: I) mercado, II) configuração
da indústria e III) regime de incentivos e regulação da concorrência. Admite-se
que a empresa possui apenas influência parcial sob estes fatores, eles
61
caracterizam o ambiente competitivo em que a empresa está inserida. Conforme
os autores sintetizam, Ferraz; Haguenauer e Kupfer (1997, p. 18):
embora apresentem especificidades setoriais mais pronunciadas, as análises das
tendências internacionais da competitividade deixam patente a importância do
dinamismo do mercado e da elevação do grande exigência dos consumidores, da
existência de configurações industriais adequadas no que se refere tanto à
organização da produção intra-setorial quanto às relações entre fornecedores e
produtores nas cadeias produtivas e de um regime de incentivos e regulação da
concorrência que mantenha forte rivalidade entre as empresas como fatores
determinantes de validade geral para o desempenho competitivo da indústria.
Especificamente, conforme Ferraz; Haguenauer e Kupfer (1997, p. 18-20):
I) mercado (demanda): Refere-se ao mercado consumidor que é considerado como
um dos principais fatores indutores de competitividade, os mercados dinâmicos
estimulam investimentos, propiciam renovação dos métodos e dos equipamentos
envolvidos no processo produtivo. O crescimento quantitativo do mercado não
assegura a competitividade, mas a exigência dos consumidores eleva o grau
qualitativo deste mercado. O mercado internacional força a empresa a uma
atuação voltada para um consumidor que apresenta níveis de exigência
diferenciados, o mercado internacional representa um fator importante de estímulo
à competitividade, podendo fazer com que as exportações exerçam papel de
consolidação das posições competitivas no próprio mercado local. A exigência
específica do consumidor proporciona produtos diferenciados, adequados. O
sucesso competitivo se encontra na capacidade de promover a convergência entre
o mercado local e o internacional;
II) configuração da indústria (oferta): Neste aspecto, refere-se à organização da
indústria, de uma maneira geral, as mais variadas indústrias possuem preferência
em se especializar em linhas de produtos afins ao invés de inúmeros produtos que
exigiriam, por exemplo, uma base tecnológica mais diversificada, ou mesmo
maiores esforços de comercialização. Isto permite a concentração da capacitação
tecnológica e financeira. Considera-se também a importância na vantagem dos
62
custos de produção. Uma empresa que já está estabelecida pode “apresentar custos
mais baixos do que os que seriam incorridos pelas potenciais entrantes,
independentemente da escala de produção” (PINHO; VASCONCELLOS, 2003, p.
211). Os motivos para que uma empresa possa apresentar custos mais baixos: i)
acesso privilegiado à matéria-prima; ii) tecnologia instalada superior às das
empresas entrantes; iii) melhores condições de negociações através da rede de
relacionamento estabelecida com fornecedores e clientes (PINHO;
VASCONCELLOS, 2003);
III) regime de incentivos e regulação da concorrência: Empresas que estão
inseridas em ambientes com forte rivalidade preocupam-se continuamente com a
“melhoria da eficiência produtiva e de inovação dos produtos e métodos de
produção [...] a busca das vantagens do pioneirismo na introdução de novos
produtos e processos, etc” (FERRAZ; HAGUENAUER; KUPFER 1997, p. 23).
Os incentivos e a regulação em que estão submetidas as empresas, se forem
eficazes, podem fortalecer as estratégias competitivas das empresas (FERRAZ;
HAGUENAUER; KUPFER, 1997).
c) fatores sistêmicos: São os fatores que constituem externalidades para a empresa.
Neste aspecto, é possível situar a competitividade das indústrias no tempo e no
espaço econômico, pois condições de relacionar a evolução da
competitividade e as alterações do ambiente econômico em que se inserem
(FERRAZ, HAGUENAUER; KUPFER, 1997). Considera o contexto em que a
empresa atua e as possíveis alterações deste meio em que está inserida, no tempo.
Os fatores sistêmicos podem se dar de forma direta ou indireta. Eles podem
ocorrer do lado da oferta: afetando as condições de custos e qualidade dos
insumos; ou do lado da procura: definem em que medida e em que termos a
63
sociedade demanda o desempenho competitivo de suas empresas. São
denominados fatores sistêmicos os seguintes determinantes: i) macroeconômicos,
ii) político-institucionais, iii) legais-regulatórios, iv) infra-estruturais, v) sociais e
vi) internacionais. Assim, deve-se compreender que independem da empresa
(FERRAZ, HAGUENAUER; KUPFER, 1997).
2.6 Cooperativas: breve histórico
O capitalismo industrial surgiu na Grã-Bretanha em meados do século XVIII, através
da expansão comercial e do início da manufatura e possui efeito excludente. Novas teorias e
experiências na produção e associação econômicas através da propriedade solidária são
investigadas muito tempo, “o pensamento e a prática cooperativista modernos são tão
antigos quanto o capitalismo industrial” (SANTOS BOAVENTURA, 2002, p. 33).
O pensamento de Robert Owen, na Inglaterra, é o marco histórico da contribuição
fundadora para a tradição intelectual cooperativa. Ele criou em 1832, mais precisamente em
Londres, a denominada Labour Exchange (Bolsa de Trabalho) na qual os produtos possuíam
valor conforme o tempo de trabalho gasto em sua produção. As cooperativas de consumidores
de Rochdale, fundadas a partir de 1844, na Inglaterra, opunham-se à miséria e às condições
subumanas vividas pelos trabalhadores das fábricas. A prática pretendia procurar bens de
consumo de qualidade e com preços mais baixos, portanto denominada como cooperativa de
consumo.
Na França, Charles Fourier e Pierre Proudhon despertaram para a idéia do
estabelecimento das primeiras cooperativas de trabalhadores. Por volta de 1823, os
trabalhadores das indústrias estavam revoltados contra as condições desumanas de trabalho
que eram obrigados a enfrentar nas fábricas francesas. Decidiram fundar e administrar de
forma coletiva suas próprias fábricas para que pudessem trabalhar com dignidade e melhorar
64
suas condições de vida, pois se encontravam em estado de miséria. As cooperativas formavam
uma rede de trocas, através da produção, comercialização e consumo. No início do século
XX, as idéias associativas na Inglaterra continuaram, com a contribuição de Harold Laski, R.
Tawney e G. Cole (SANTOS BOAVENTURA, 2002).
Enquanto sistema econômico e forma de civilização, o sistema capitalista
institucionalizou-se. A luta contra-hegemônica quanto a esse modo de civilização e produção
têm-se consolidado através do tempo nos movimentos e organizações formados pela
sociedade civil. Ancorados no direito da cidadania, lutam e reivindicam contra os princípios
norteadores do capitalismo que possui efeito excludente e que promove o rompimento do
tecido social.
A Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB, 2005) explicita que em 1610,
com a fundação das primeiras reduções jesuíticas no Brasil, deu-se o início de um sistema
cooperativo no Brasil. Foi um modelo por mais de 150 anos, de sociedade solidária, em que
estava fundamentada no trabalho coletivo, colocando o interesse da família e o bem-estar do
indivíduo acima dos interesses econômicos.
Em 1847, inicia-se o movimento cooperativista no Brasil, através do médico Jean
Maurice Faivre que fundou nos sertões do Paraná, junto com um grupo de europeus, a colônia
Tereza Cristina, organizada em bases cooperativas formatada no modelo de Rochdale do
século XIX (OCB, 2005).
Quanto ao desenvolvimento histórico das cooperativas no Brasil, é necessário fazê-lo
individualmente, em cada um dos seus ramos, pois as histórias são particulares.
Especificamente, no ramo agropecuário, foi no estado de Minas Gerais que se deu o início,
através do programa do governo estadual que estabelecia como prioridade a constituição de
cooperativas. O reconhecimento da contribuição dos colonos europeus (alemães e italianos)
65
para o desenvolvimento do cooperativismo é incontestável, especialmente no Sul do Brasil
(PARANÁ, 2006).
2.6.1 Cooperativas: abordagem conceitual e princípios norteadores
A cooperativa é definida como a unidade produtiva capaz de competir no mercado e
está organizada e operando de acordo com princípios e estruturas não capitalistas. É
compreendida como um sistema que busca ser alternativo quanto ao modo de produção
capitalista. Segundo a OCB (2005): “é uma associação autônoma de pessoas que se unem,
voluntariamente, para satisfazer aspirações e necessidades econômicas, sociais e culturais
comuns, por meio de uma empresa de propriedade coletiva e democraticamente gerida.”
Segundo a OCB (2005), as cooperativas baseiam-se nos valores de: “ajuda mútua e
responsabilidade, democracia, igualdade, eqüidade e solidariedade. Na tradição dos seus
fundadores, os membros das cooperativas acreditam nos valores éticos da honestidade,
transparência, responsabilidade social e preocupação pelo seu semelhante.”
Os princípios norteadores cooperativos são elementos diferenciados das demais
estruturas empresariais, a diferença básica está na organização do capital. Empresas
capitalistas comuns possuem como objetivo central o lucro e o capital pertence a um
capitalista. O princípio cooperativo, no entanto, norteia as suas decisões dentro de um
princípio de gestão democrática por parte dos sócios. O ideal cooperativista propõe, desde
Rochdale (séc.XIX), sete princípios que norteiam o funcionamento das cooperativas do
mundo inteiro, ainda nos dias de hoje, conforme Birchall (1997 citado por SANTOS
BOAVENTURA, 2002, p. 34, grifo do autor):
o vínculo aberto e voluntário = as cooperativas estão sempre abertas a novos
membros; o controle democrático por parte dos membros = as decisões fundamentais
são tomadas pelos cooperados de acordo com o princípio “um membro, um voto”, ou
seja, independentemente das contribuições de capital feitas por cada membro ou a sua
função na cooperativa; a participação econômica dos membros = tanto como
proprietários solidários da cooperativa quanto como participantes eventuais nas decisões
sobre a distribuição de proveitos; a autonomia e a independência em relação ao
66
Estado e a outras organizações; o compromisso com a educação dos membros da
cooperativa = para lhes facultar uma participação efetiva; a cooperação entre
cooperativas através de organizações locais, nacionais e mundiais; e a contribuição
para o desenvolvimento da comunidade em está localizada a cooperativa.
Os princípios norteadores da prática associativista foram desenvolvidos como formas
alternativas ao individualismo liberal e ao socialismo centralizado. Birchall (1997 citado por
SANTOS BOAVENTURA, 2002) pondera que enquanto teoria social, é contra o sistema
capitalista de cooperação e mutualidade e defende uma nova formatação de organização
política pluralista. Enquanto prática econômica, baseia-se na autonomia, na democracia
participativa, na igualdade, na eqüidade e na solidariedade.
A cooperativa é regida por legislação específica, Lei 5.764, de 16 de dezembro de
1971 (BRASIL, 1971) (Anexo). Segundo Pires (1997, p. 80), “é a legislação, mais do que os
princípios que regem a prática em nível universal, que delimita as possíveis margens de
manobra do cooperativismo”. Martinez e Pires (2002) consideram a “dupla face da
cooperativa em responder aos imperativos do mercado e aos requisitos de uma prática
democrática”.
Segundo Santos Boaventura (2002, p. 36):
O cooperativismo considera que o mercado promove um dos seus valores centrais, a
autonomia das iniciativas coletivas e os objetivos de descentralização e eficiência
econômica que não são acolhidos pelos sistemas econômicos centralizados. Face à
comprovada inviabilidade e indesejabilidade das economias centralizadas, as
cooperativas surgem como alternativas de produção factíveis e plausíveis, a partir de
uma perspectiva progressista, porque estão organizadas de acordo com princípios e
estruturas não capitalistas e, ao mesmo tempo, operam em uma economia de
mercado.
Desta maneira, compreende-se que ajudam a diminuir as enormes disparidades
sociais e ampliam a democracia participativa. É considerado como fator chave para o
desenvolvimento local a formação de um tecido empresarial fortemente alicerçado, agregados
ao engajamento da população na implementação das diversas políticas necessárias ao setor.
Considera-se a cooperativa como um dos veículos mais apropriados para isto, pois possui
especificidades peculiares pertinentes à sua estrutura organizacional. Possibilitando a
organização da produção, a diversificação das atividades agrárias e à agregação de valor o
67
commodities agrícolas. Uma agricultura competitiva e diversificada viabiliza as comunidades
rurais. Com a agroindustrialização, a agregação de valor aos produtos, ligando o produtor
rural aos importantes mercados nacional e internacional.
2.6.2 Cooperativa: características organizacionais
As características organizacionais existentes em uma cooperativa são comparadas na
Tabela 2 com as características de uma empresa não cooperativa, conforme se observa abaixo:
TABELA 2 - Diferença entre uma empresa cooperativa e uma não cooperativa
Empresa cooperativa Empresa não cooperativa
É uma sociedade de pessoas; É uma sociedade de capital;
Objetivo principal é a prestão de serviços; Objetivo principal: lucro;
Número ilimitado de associados; Número limitado de acionistas;
Controle democtico - um homem, um voto; Cada ão um voto;
Assembia: quorum baseado no mero de associados; Assembia: quorum baseado no capital;
o é permitida a transferência das quotas-partes a terceiros,
estranhos à sociedade;
Transferências das ações a terceiros;
Retorno proporcional ao valor das operações. Dividendo proporcional ao valor das ações.
Fonte: SESCOOP (2006)
A cooperativa é uma organização de pessoas físicas que possuem interesses comuns,
com igualdade de direitos e deveres. Todas as cooperativas, independente de sua modalidade,
possuem como objetivo comum a prestação de serviços aos associados, o objetivando o
lucro. A origem e a fonte de recursos diferem das sociedades mercantis, pois a formação do
capital social da cooperativa se através da soma do valor que cada cooperado paga como
quota-parte, sendo que o mero mínimo de pessoas para a constituição de uma cooperativa,
não é inferior a 20. Quando o cooperado ingressa na cooperativa deve subscrever e
integralizar as quotas-partes de capital. De acordo com o princípio da adesão livre, a entrada e
a saída do cooperado estarão de acordo com a sua vontade, que é definida no estatuto social a
forma de subscrição e integralização do capital (SESCOOP, 2006).
68
Cada cooperado tem direito a apenas um voto: um homem, um voto. O poder na
cooperativa compete unicamente aos cooperados. Indistintamente, todos os associados
participam da administrão da cooperativa, atras dos órgãos de administrão, fiscalizão ou
do Comitê Educativo. Elegem seus representantes e participam das decisões em Assembia Geral.
Pela lei e pelo estatuto, a cooperativa é administrada pela Assembia Geral; Conselho de
Administrão (ou Diretoria); Conselho Fiscal; e todos os componentes deverão ser eleitos pela
assembléia. Caso a cooperativa crie outros órgãos auxiliares para a administrão poderá contratar
profissionais (SESCOOP, 2006).
Bialoskorski (2002) declara que os resultados da cooperativa dependem das
transações econômicas efetuadas e os direitos à decisão são igualitários. Quanto à incidência
das despesas, são cobertas pelos cooperados que rateiam, segundo o SESCOOP (2006) “na
propoão da utilizão dos servos prestados pela cooperativa, ou, em partes iguais, das despesas
gerais da sociedade entre todos os cooperados, quer tenham ou não usufruído os servos.
Descontados os fundos legais (Fundo de Reserva - 10% e Fundo de Assistênciacnica Social e
Educacional - 5 %), a assembia tem o poder de definir o destino das sobras, e esta será
proporcional às operações que cada associado teve com a cooperativa.
A cooperativa central é aquela que associa três cooperativas singulares, no mínimo,
organiza e desenvolve serviços para as cooperativas filiadas em maior escala e com economia de
custo (SESCOOP, 2006).
2.6.3 Cooperativa: competitividade do setor frente aos mercados e manutenção de seus
princípios norteadores
Conforme Bialoskorski (2002, p. 4), as cooperativas apresentam “duas dimensões
consideráveis, a econômica e de resultados e a social, com foco no produtor rural”, sendo “o
desempenho econômico e de mercado [...] condição aparentemente fundamental para o bom
69
desempenho social das cooperativas” (p. 5). Quando estas duas dimensões possuem
coordenação eficiente, segundo Sykuta e Cook (2001) citado por Bialoskorski (2002, p. 1):
são responsáveis por estabelecer uma vantagem significativa da governança efetuada
pelas sociedades cooperativas com os seus associados, fornecedores e consumidores,
o que proporciona não melhor coordenação, mas constitui uma verdadeira
vantagem das sociedades orientadas para o produtor rural, quando comparadas
simplesmente para o investidor.
Para cooperativas classificadas por ordem de seu desempenho social, são
consideradas as seguintes variáveis (BIALOSKORSKI; NAGANO; MORAIS, 2002 citado
por BIALOSKORSKI, 2002, p. 5):
ativo circulante, as margens operacionais e a participação no mercado de insumos,
porém acrescidos do capital social por associado, do crescimento de vendas e do
faturamento por associado. Assim, de outro modo, não foram as variáveis sociais,
como participação em assembléia ou em educação, as variáveis-chaves que
definiram o desempenho social, mas as variáveis econômico-financeiras.
Isto significa que “as variáveis significativas para classificação foram as econômicas,
e não as sociais [...] o foco econômico é o determinante do desempenho e da eficácia social da
cooperativa” (BIALOSKORSKI 2002, p. 5).
Disto se compreende que, de acordo com Bialoskorski (1999, p. 1), o
cooperativismo é uma forma de organização da produção, bem como, de coordenação de
sistemas agroindustriais.” Para que as cooperativas possam se estabelecer em ambientes
competitivos é necessário eficiência em seus empreendimentos.
Dentro de uma ótica empresarial, as cooperativas desempenham uma função-chave
nos entornos rurais, em função de sua configuração como organização socioeconômica de
natureza democrática, ajustando-se perfeitamente aos postulados do desenvolvimento rural
(BUENDÍA MARTINEZ et al., 1999 citado por MARTINEZ; PIRES, 2002, p. 103). Os
indivíduos quando organizados em sistemas de cooperação estão interagindo com os fatores
que possam de alguma maneira afetá-los, dessa forma interagem com a própria empresa
(ARZENI; PELLEGRINI, 1997 citado por MARTINEZ; PIRES, 2002), traduzindo-se num
sentimento de identidade, que se converte em um dos fatores de êxito na criação de novas
70
empresas, pautadas em atividades econômicas, muitas vezes inovadoras e que servem de
recursos autóctones
14
, repercutindo, assim, num processo de desenvolvimento (Organisation
for Economic Cooperation and Development, 1998 citado por MARTINEZ; PIRES, 2002).
Assim sendo, compreende-se que as cooperativas permitem o aproveitamento dos
recursos autóctones, ao mesmo tempo em que contribuem para o desenvolvimento de formas
de comportamentos democráticos e reforçam o interesse pela coletividade (PRÉVOST, 1996,
p. 42 citado por MARTINEZ; PIRES, 2002, p. 105).
Conforme Bel Duran (1997), a perspectiva que identifica o cooperativismo agrícola
como fator de organização econômica e gerador de riqueza, também o identifica como
importante instrumento de competitividade do setor agrário e de organização dos produtores
sob bases democráticas, entendendo que se faz importante via de escoamento da produção
para mercados cada vez mais seletivos e competitivos (PIRES, 1997). Mas, para que as
cooperativas possam operar em um mercado globalizado marcado pela volatilidade e
fragmentação é necessário flexibilidade para atender à demanda.
Entendendo o que as cooperativas possibilitam aos produtores rurais desde a entrega
do insumo, até a distribuição do produto final aos mercados nacional e internacional, é
enfatizada como “uma forma organizacional que possibilita uma eficiente coordenação de
sistemas agroindustriais” (BIALOSKORSKI, 2002, p. 6).
Neste aspecto, verifica-se que os sistemas agroindustriais das cooperativas articulam
preços com a alocação dos fatores produtivos, conforme explica (BIALOSKORSKI, 1999,
p. 3-4):
a eficiência nos sistemas agroindustriais é advinda de relações de preços e
produtividade dos fatores de produção, terra, capital e trabalho, da tecnologia, e de
fatores analisados tradicionalmente pela economia neoclássica, mas também, são
advindos da minimização dos custos de transação ao longo das cadeias e de um
eficiente sistema de coordenação, ou de governança.
14
Significa: recursos da própria região.
71
Isto devido à necessidade de enfrentamento de um modelo econômico cada vez mais
competitivo, que tem suscitado discussões no meio cooperativo, devido à preservação de
valores e princípios cooperativos sob pena de um comprometimento da identidade do
movimento.
Bialoskorski (2002, p. 5) cita que as cooperativas podem estar “maximizando os
resultados para seus associados e não os resultados da operação”, fazendo com que haja
afastamento da maximização de resultados e do ótimo econômico.
Mas, a questão da democracia é singular na cooperativa, pois não está se referindo
como gestão da empresa, mas como participação nos resultados financeiros, compreendendo o
princípio: um homem, um voto. O princípio da participação econômica dos sócios, cuja
participação na empresa se a partir do trabalho e não do capital, merecem um destaque
especial na visão dos estudiosos sobre o assunto (PIRES, 1999 citado por MARTINEZ;
PIRES, 2002, p. 109).
Para que os atores sociais não se excluam da participação das atividades produtivas,
o território passa a ser entendido como um agente de transformação. Através da utilização de
estruturas participativas, partnership
15
, que estariam voltados para um “interesse comum”, ou
também “concertação social, orquestração de interesses”. Compreendendo a idéia de que
agricultores, cooperativas, igreja, movimentos sociais, Estado, “se associam com os mesmos
propósitos de intervenção numa dada realidade
16
” (MARTINEZ; PIRES, 2002, p. 101).
Assim as estruturas associativas implicam, particularmente, no surgimento de um
mecanismo de coordenação da atividade econômica coerente com o novo entorno
(LEVESQUE, 2000 citado por MARTINEZ; PIRES, 2002, p. 110) que oferece uma dinâmica
econômica mais operativa (KLEIN, 1992 citado por MARTINEZ; PIRES, 2002, p. 110),
15
Parceria ou sociedade estabelecida entre partes comprometidas com um processo de interesse comum.
16
Conforme Martinez e Pires (2002, p. 101). Enfatizam-se as “novas” expressões utilizadas, como concertação
social, associacionismo, novos atores sociais, como um (re) surgimento e (re) formulação de uma série de
conceitos, em função das mudanças nos cenários políticos e econômicos próprios da globalização. Para ler mais
sobre o assunto ver: MARTINEZ; PIRES (2000).
72
fazendo com que as estruturas associativas (partnership) possam constituir-se como fonte de
diferentes iniciativas, especialmente de natureza empresarial (MARTINEZ; PIRES, 2002,
p. 110).
Deve-se levar em consideração o ambiente institucional que cerca o ambiente
cooperativo, pois o levam a adotar estratégias alinhadas com o mercado, ao mesmo tempo em
que lidam com o momento institucional (BIALOSKORSKI, 2002). Para esclarecer este
aspecto, a Figura 3, ilustra as dimensões das estratégias em cooperativas agropecuárias.
FIGURA 3 - Dimensões das estratégias em cooperativas agropecuárias
Fonte: Bialoskorski (2002, p. 2)
Ao mesmo tempo em que está inserido no mercado, pois está inserido no mesmo
ambiente econômico que as sociedades mercantis, deve-se observar o ambiente institucional
que cerca o empreendimento cooperativo, que possui distinção daquelas, pois possui o
cooperante, a ética e o quadro social que poderão influenciar nas decisões, em virtude de suas
necessidades, em detrimento das exigências do mercado (BIALOSKORSKI, 2002). Siffert
Filho e Faveret Filho (1998, p. 5) expõe que “fatores internos e externos à firma condicionam
Ambiente
Econômico
Ambiente
Institucional
B
Associado
Cooperado Mercado
Max
Resultados
Coop.
Ambiente Institucional A
Empresa A
Max Lucro
73
as estratégias empresariais, que, por sua vez, definem políticas de investimento, formas de
financiamento, gestão da produção e canais de comercialização e marketing.”
Bialoskorski (2002, p. 3) salienta que:
cooperativas que se formaram como uma importante coalizão de interesses em um
mesmo grupo étnico, solidário e voluntário, com um forte código de ética e com o
objetivo inicial de integração dos associados aos mercados, crescem
economicamente impulsionados pelos mercados e pela necessidade de geração de
renda e riquezas, e nesta trajetória internalizam necessariamente a lógica de
mercado.
fatores que dependem da cooperativa e fatores que independem. O ambiente
competitivo e o ambiente institucional, independem, já as estruturas de governança, financeira
e estrutura de comercialização dependem da cooperativa (BIALOSKORSKI, 2002).
De forma geral, as cooperativas brasileiras orientam-se para o associado, de maneira
a proporcionar agregação de renda ao produtor rural e o mercado é uma variável secundária
ao processo.
Portanto, conclui-se que em empresas mercantis ocorre a lógica do lucro, é uma
organização voltada para o investidor, enquanto que nas cooperativas, a lógica é a elevação do
bem-estar do cooperante, pois é uma organização voltada para o produtor, “assim a origem da
necessidade de estratégias é diferente, mas a estratégia de mercado poderá ser semelhante”
(BIALOSKORSKI, 2002, p. 11).
2.6.4 Cooperativas e a ECT
Esta análise pretenderá explicar a coordenação dos sistemas agroindustriais, sob o
enfoque da eficiência produtiva agregados à governança apropriada para diminuir os custos de
transação advindos da cadeia produtiva especificamente em uma cooperativa
(BIALOSKORSKI, 2002).
74
2.6.4.1 Contratos
Quando existem contratos formais entre a cooperativa (agroindústria processadora) e
os cooperados (produtor), considera-se que são efetuados devido aos problemas de assimetria
de informações, em que a cooperativa poderia não obter todas as informações a respeito do
cooperado, mesmo que este tivesse interesses particulares em detrimento do todo
(BIALOSKORSKI, 2002).
Os contratos apresentam os seguintes custos:
a) esforço do monitoramento da atitude do agente;
b) esforço de manutenção das relações contratuais;
c) custos devido às perdas residuais da redução do bem-estar do associado em
detrimento das decisões tomadas pelo todo (BIALOSKORSKI, 2002).
A explicação para estes custos está na elaboração contratual ex ante, somados ao fato
de que os contratos são incompletos por não considerarem o oportunismo dos agentes
econômicos envolvidos. Considerando-se também o risco moral como um oportunismo pós-
contratual que poderá ocorrer se as regras contratuais não forem claras (BIALOSKORSKI,
2002). Desta maneira Bialoskorski (2002, p. 9) explica:
a análise da situação contratual é elaborada de forma a propiciar a redução das
atitudes oportunísticas dos atores, que pode ser afetada diretamente por meio de
incentivos que venham a modificar o comportamento das partes, assim é necessário
analisar as relações entre associado e cooperativa.
Devem constar no contrato de forma clara, a determinação dos direitos aos resíduos
que é a diferença entre os pagamentos fixos e aqueles advindos da performance na
remuneração dos agentes. Existindo ainda o problema dos contratos incompletos, em que
poderá haver sobra de poder de decisão para uma das partes (BIALOSKORSKI, 2002).
Bialoskorski (2002, p. 11) esclarece: “o cooperado tem uma ação de oportunismo
contratual pelo fato de ser agente e principal da mesma relação contratual e, freqüentemente,
objetivar seu próprio bem-estar em detrimento da eficiência da cooperativa.”
75
Desta forma, deverá existir uma relação entre o cooperado e a cooperativa, em que
exista uma estrutura de incentivo nas relações contratuais, reduzindo-se assim, os custos e
prováveis oportunismos
17
. Incentivos contratuais são de grande importância para as relações
de contrato se manter estáveis.
Deixando clara a necessidade da manutenção da cooperação e a fidelidade: “quanto
maior a fidelidade maior será também a eficiência econômica do empreendimento coletivo”
(BIALOSKORSKI, 2002, p. 14), propondo que poderá ser incentivada através de incentivos
econômicos. Caso isto não exista, a agregação de outros valores econômicos se faz necessário
sendo que poderá ocorrer pela participação. Bialoskorski (2002, p. 15) considera que:
o processo de incentivo a fidelidade do cooperado por meio de bônus ou contratos é
algo interessante para as organizações cooperativas, uma vez que, incrementam os
benefícios econômicos gerados pelas cooperativas e incentivam a
participação.Também, modificam os custos de oportunidade de participação
facilitando as relações econômicas na cooperativa.
Conforme Bialoskorski (2002, p. 11-12): “quando analisamos que ganho de
eficiência na proporção dos incentivos dados aos associados e o valor da firma é maior para o
mercado quanto menor forem os benefícios e serviços que os associados têm em seu
empreendimento.”
Independente da participação ou fidelidade contratual de cada cooperado, a
cooperativa é uma organização que gera benefícios para todos os seus associados.
Alguns custos como os associados à participação, a gestão do empreendimento
coletivo e os decorrentes das possíveis perdas da fidelidade contratual e da ausência de
oportunismos dos agentes econômicos são encontrados.
Quando se trata de subsistemas agroindustriais estritamente coordenados, Zylberstajn
e Farina (1998 citado por BIALOSKORSKI, 1999, p. 6) declaram que: “são sistemas onde as
relações entre os agentes econômicos são realizadas totalmente coordenadas por um dos
17
O autor discorre através de uma modelagem matemática e da teoria de “Agency” (teoria de agente e principal,
que aborda as transações econômicas estudadas individualmente entre os atores) esta teoria de “Agency” não é
objeto deste estudo.
76
agentes e com uma estrutura de governança totalmente particular e independente do
mercado.”
Um sistema cooperativo poderá ter uma relação de fidelidade entre o cooperante e a
cooperativa quando, segundo Bialoskorski (1999, p. 6):
poderá ser entendido como um sub-sistema estritamente coordenado se houver condições em
que as transações ocorram independentes do mercado.[...] um sistema desse tipo oferece
condições de governança de híbrida até hierárquica que na dependência deveis elevados de
especificidades de ativos possibilitam menores custos de transação
.
Portanto, Bialoskorski (2002, p. 7-8) finaliza:
a cooperativa é uma organização que gera benefícios para todos os seus associados
independente da participação ou ainda da fidelidade contratual. De cada um deles
isoladamente, e de que a cooperativa é de um particular tipo de organização que
também apresenta alguns custos como aqueles associados à participação, à gestão do
empreendimento coletivo, e aqueles advindos das possíveis perdas decorrentes da
fidelidade contratual e da ausência de oportunismos dos agentes econômicos.
Compreende-se, portanto, que a cooperativa está voltada para o bem comum dos seus
cooperados, gerando riqueza e proporcionando bem-estar.
2.6.5 Cooperativas no Brasil e no Paraná
Segundo a OCB (2005), no Brasil existem 7.136 cooperativas que atuam em diversos
ramos. São 6.159.658 milhões de cooperados gerando de forma direta 195.100 mil empregos,
participando no PIB (Produto Interno Bruto) com cerca de 6% ao ano. No ramo de atividade
agropecuário no ano de 2004, totalizou 1.398 cooperativas, com 865.173 cooperados e
116.919 empregos diretos.
Especificamente no estado do Paraná, o clima, disponibilidade de matérias-primas,
capacidade de energia, infra-estrutura de bens públicos, proporcionam o crescimento das
cooperativas. Segundo dados da OCB (2005), o estado possui 209 cooperativas com cerca de
350.000 mil cooperados. São 64 cooperativas no ramo agropecuário com mais de 100.000 mil
cooperados. O cooperativismo agropecuário participa com cerca de 53% da economia
agrícola do estado, o que corresponde a 15% do PIB do estado.
77
São reconhecidas pela OCB como difusoras de tecnologias e responsáveis por
implementarem políticas de desenvolvimento, ligando o produtor rural ao governo. O crédito
rural, o processo de armazenagem, o manejo e a conservação de solos, entre outros,
impulsionaram o estado do Paraná “à liderança nacional de produção e produtividade
agrícola” (OCB, 2005).
Atualmente, em alguns municípios paranaenses as cooperativas atendem a cerca de
1/3 da população rural do estado, empregando e gerando riquezas. Cerca de 70% do total dos
cooperados são de pequenos e médios produtores (área até 50 ha). As cooperativas participam
da capacidade estática de armazenagem do estado com 54% do total (OCB, 2005).
Os totais em investimentos com indicadores sociais das cooperativas paranaenses em
2003 totalizaram R$ 1,95 bilhão, ou 13,6% da receita líquida, sendo: geração de mais de
4.226 empregos (aumento de 12,9%); aumento no número de cooperados em 25.680;
investimento em meio ambiente: R$ 11,9 milhões; tributos recolhidos: R$ 710,7 milhões
(OCB, 2005).
2.6.6 Cooperativas agropecuárias
As cooperativas agropecuárias são consideradas a “mola propulsora” para a
exportação de bens de consumo; fundamentais para implantação de novos projetos, pois
proporcionam a transformação de bens primários em bens de consumo.
As cooperativas agropecuárias apresentam especificidades organizacionais. Para
compreender a análise do processo contratual das cooperativas agropecuárias, faz-se
necessário observar:
a) o processo contratual nessas organizações;
b) as características dos contratos;
c) a fidelidade do cooperante (BIALOSKORSKI, 2002, p. 2).
78
Para que uma cooperativa agropecuária possa inserir-se de forma eficiente nos
mercados competitivos nacionais e transnacionais, discorre Bialoskorski (2002, p. 2):
necessita primar pela qualidade de seus serviços e produtos, focar a eficiência
econômica, e perseguir a eficácia social, para tanto a necessidade de se
estabelecer um processo claro de contratos transparentes, de relações claras de
direitos de propriedade e decisão.
De acordo com o autor, isto pode ocorrer através de remuneração da fidelidade,
através de cartões e bônus e estabelecimento de contratos entre as partes. É claro, porém, que
dependerá das características intrínsecas do produto; da especificidade de ativos; das relações
entre cooperativa e cooperado na arquitetura organizacional.
Admite-se, então, que um custo neste processo de cooperação. Este custo “será o
da perda de parte de sua determinação econômica individual em favor do igualitarismo e do
grupo de interesse de coalizão cooperativa” (BIALOSKORSKI, 2002, p. 4). Ainda outro
custo é explicitado: o agente econômico é obrigado a uma participação, sendo que esta poderá
ser custosa para ele. Considera-se que tanto a intensidade da participação quanto o
voluntarismo efetivamente ocorrem em proporção aos custos de oportunidade do tempo de
lazer do ator econômico. Quanto maiores estes custos, menor será a participação”
(BIALOSKORSKI, 2002, p. 4), explicando que, quando “há um custo de oportunidade do
fator de produção de trabalho significativo, em outras palavras, se o cooperado perde muito
por deixar sua lavoura por algum tempo, este não participará das estruturas de decisão, a
participação, por outro lado, poderá ocorrer se a importância econômica da decisão for maior
que a perda prevista pela sua ausência ao trabalho.” De igual forma, a perda com o lazer.
também em que se considerarem as decisões tomadas com base na igualdade de
direitos. Os pagamentos e/ou tratamentos são nivelados em uma média geral, não levando em
consideração as diferenças entre os que estão acima ou abaixo do nível médio.
As primeiras cooperativas agropecuárias brasileiras surgiram com os colonos
europeus no estado de Minas Gerais, a partir de 1907 e também no Sul do país. É considerado
79
o segmento mais forte do cooperativismo brasileiro. Ao longo das cadeias produtivas, insere-
se desde a compra de insumos até a venda e entrega do produto final, além de prestar serviços
de assistência técnica, armazenamento, industrialização, comercialização, assistência técnica e
educacional. (PARANÁ, 2006)
No Paraná, são 64 cooperativas agropecuárias com 110.000 agricultores com um
faturamento anual de US$ 7,9 bilhões, “são responsáveis por 67% da soja comercializada,
35% do milho, 85% do trigo, 57% do leite in natura, 90% do algodão, 24% do café, 15% dos
suínos, 27% das aves, 100% da cevada, 23% da cana de açúcar e 5% do feijão”. (PARANÁ,
2003, p. 14),
2.7 Síntese conclusiva
Conclui-se desta maneira que, sob a perspectiva analítica da Economia Industrial, a
estrutura dos mercados é vista de forma mais real e dinâmica que na análise microeconômica
neoclássica, utilizando quatro conceitos: concentração industrial, diferenciação de produtos,
barreiras à entrada e inovação industrial. Quanto à concentração, compreende o grau de
controle de uma atividade econômica em um determinado segmento de mercado, em que
sinais de “poder de mercado”, que porventura poderá existir. Praticar preços acima da
concorrência e, mesmo assim, conseguir a manutenção no mercado é considerado como um
indicativo deste poder. O percentual de participação da empresa no mercado nacional e
internacional (market share) é um indicador amplamente utilizado para este fim. Quanto à
diferenciação de produtos, é compreendida como uma forte barreira à entrada de uma nova
empresa ao mercado. As empresas procuram produzir os produtos para atenderem as
exigências dos consumidores. Assim, a facilidade de acesso à matéria-prima específica pode
favorecer a empresa com o objetivo de atender às especificidades de cada produto para
minimizar custos. São consideradas barreiras à entrada: a economia de escala real, em que
80
redução de fatores produtivos devido ao aumento da produção, ou seja, os insumos não
crescem na mesmo proporção; as economias de escala pecuniárias, que são explicadas pela
redução do preço pago pelo insumo; o acesso à tecnologia, que é considerada como uma das
principais fontes absolutas de custos. Quanto ao controle sobre a oferta de matéria-prima que
ajusta a facilidade de acesso e o custo menor de aquisição, assim como a capacidade de
capital e tecnologia, também podem ser consideradas como barreiras à entrada.
Especificamente, dentro do grupo industrial de bens tradicionais, quando a necessidade de
importação de tecnologia, considera-se esta situação como forte barreira à entrada. Quanto à
inovação, é compreendida como o resultado dos esforços de pesquisa e desenvolvimento
(P&D).
Conclui-se que o padrão de concorrência é a variável determinante e a
competitividade é a variável determinada ou de resultado (FERRAZ; HAGUENAUER;
KUPFER, 1997). O padrão de concorrência pode ser diferente para cada segmento de
mercado específico, em que, preço, qualidade, diferenciação de produtos entre outros, são
específicos de cada segmento. As empresas buscariam estratégias para concorrerem com o
padrão de concorrência setorial em que se inserem (KUPFER, 1996).
A teoria coasiana, em 1937, iniciou os estudos acerca da Economia dos Custos de
Transação, que trata a estrutura produtiva da instituição como elemento importante para o
funcionamento do sistema econômico e diminuição dos custos decorrentes das transações
entre os agentes. Nesta perspectiva da Economia Industrial, a ECT compreende a empresa
como um arranjo que está organizado institucionalmente, evitando recorrentes contratações no
mercado, nas diferentes etapas de produção. Assim, a ECT aborda as relações existentes no
processo produtivo, em que são levados em consideração os custos e a subordinação
hierárquica, e que, por isto, compreende a firma como um arranjo institucional mais barato do
que a recorrer ao mercado nas diferentes etapas do processo produtivo.
81
Posteriormente, Willianson contribuiu para solidificar a teoria proposta
originalmente por Coase, através da análise do caráter intertemporal da coordenação, na qual
explica que as estratégias de uma firma, em um dado momento, estão determinadas pelas
estratégias competitivas adotadas pela firma em um tempo anterior; através da observação de
que, os atributos das transações (controle e incentivo) devem alinhar-se às estruturas de
governança apropriadas, que são compreendidas como o processo de coordenação que se
entre os agentes econômicos envolvidos (mercado, hierarquia e formas híbridas),
compreendendo que as formas de governança são induzidas pelas características das
transações, do ambiente institucional e os pressupostos comportamentais. Existem, ainda,
fatores determinantes dos custos de transação que são os comportamentos de racionalidade
limitada, complexidade, incerteza e oportunismo, em que um agente poderia dirigir suas ações
para o proveito próprio aproveitando da assimetria de informações. Willianson atribui à
influência na aquisição da especificidade de ativos, se deverão ocorrer através do mercado, da
hierarquia ou ainda através das formas híbridas. Se a opção for a aquisição através do
mercado, a empresa não terá controle do agente fornecedor, apenas incentivo; através da
hierarquia, a empresa possuirá autocontrole do fornecedor devido à alta especificidade de
ativos, mas, neste caso, não ocorrerão incentivos; através das formas híbridas, haverá tanto
incentivo quanto controle e a assinatura de contratos entre os agentes envolvidos. Utilizando a
nomenclatura da ciência do direito (ZYLBERSZTAJN, 1995), são denominados os contratos
clássicos, que possuem o mesmo estado teórico do modelo de Concorrência Perfeita da teoria
neoclássica; os contratos neoclássicos, em que o desejo da manutenção por longo prazo, e
os contratos relacionais, em que tanto a duração quanto a complexidade são elevadas, sendo
mais flexíveis que os outros tipos de contrato.
Nesta perspectiva de análise, compreende-se que o Sistema de Integração é adotado
em virtude da complexa e tecnificada estrutura em que os processos produtivos estão
82
envolvidos. O Sistema de Integração é uma forma contratual híbrida, a minimização dos
custos de transação entre integrados e integradora, pois assim, eficiência sob o ponto de
vista da técnica produtiva. A competitividade sob o enfoque dos sistemas agroindustriais,
pode ser dividir na capacidade produtiva/tecnológica, obtendo vantagens de custos, na
capacidade de inovação, através de investimentos públicos ou privados em ciência e
tecnologia e formação de capital humano e, na capacidade de coordenação, que é a
capacidade de receber, processar, difundir e utilizar informações de modo a definir e
viabilizar estratégias competitivas. O termo agribusiness engloba todo o complexo de
instituições governamentais, mercados futuros e associações, sendo então uma conceituação
macroeconômica. os sistemas agroindustriais são mais específicos, isto é, para cada setor,
como o de grãos, carnes, frutas, produtos lácteos, entre outros. A competitividade dos
sistemas agroindustriais é compreendida indistintamente das partes, ou seja, todas as partes
envolvidas no processo produtivo deverão ser eficientes, pois um elo depende dos outros.
Especificamente, na avicultura industrial, o sistema por integração utilizado
considera o produtor integrado (avicultor) e a agroindústria integradora (indústria) como os
agentes econômicos envolvidos no processo produtivo. Este sistema permite a redução do
nível de incerteza por parte do avicultor integrado, frente às instabilidades de preços do
mercado.
O estudo da competitividade sistêmica explica a limitação da abordagem estática que
compreende a competitividade revelada, ex post , em que apresenta o market share, o grau de
participação no mercado; e a competitividade potencial, ex ante, que apresenta a capacidade
de transformação de insumos em produtos. Na abordagem dinâmica, o avanço em direção
ao processo concorrencial e ao meio ambiente econômico em que se inserem as empresas.
Relaciona a competição com o padrão de concorrência de cada mercado. São considerados os
fatores empresariais, como os gastos em gestão, recursos humanos, produção e inovação,
83
como controlados internamente pela empresa; os estruturais, como a estrutura da indústria e
do mercado (setor), que são quase-controláveis pela empresa, e os sistêmicos, como os
aspectos macroeconômicos, político-institucionais, legais-regulatórios, infra-estruturais,
sociais e internacionais, os quais a empresa não possui nenhum tipo de controle.
Quanto à competitividade das empresas, é determinada pela sua capacidade de
crescer frente aos melhores concorrentes internacionais. Envolvidas nesta questão estariam as
políticas públicas competitivas: monetárias, fiscais, cambiais, infra-estruturas, entre outras,
que formam o ambiente externo em que as empresas se encontram inseridas; a obtenção de
ganhos contínuos de eficiência por parte dos agentes: redução de custos, diferenciação dos
produtos, inovação tecnológica, entre outros. Mas, compreende-se também que a definição de
competitividade passa a se constituir de forma mais articulada, pois, se relaciona com a
capacidade sistêmica de organização e coordenação das cadeias produtivas, e com formas de
governança eficientes entre os diferentes agentes envolvidos.
Desta forma, para que uma empresa possa solidificar sua marca no mercado, deve
possuir competitividade, que pode ser compreendida como a capacidade tanto de criar, como
de sustentar riqueza com eficiência inserida em sistemas coordenados. O desempenho no
mercado deverá então ser superior aos dos seus concorrentes. Sendo a definição de
competitividade muito ampla, não se pode utilizar apenas uma como modelo para todos os
casos. Logo, neste trabalho, optou-se por compreendê-la através das teorias de concorrência
que a definem como a capacidade sustentável de sobreviver e, de preferência, crescer nos
mercados concorrentes ou em novos mercados. A competitividade é uma medida de
desempenho das firmas individuais, em que a evolução da participação no mercado é um
indicador de resultado; custos e produtividade são indicadores de eficiência que explicam
apenas em parte a competitividade. Sendo a competitividade passada a evolução da
participação no mercado, decorrente de vantagens competitivas adquiridas; a
84
competitividade futura é a capacidade de ação estratégica e dos investimentos em inovação de
processo e de produto, marketing e recursos humanos.
A cadeia de produção vertical refere-se à internalização da firma, dada pela mesma
cadeia de produção ou serviço, em que integração para frente (a montante) e para trás (a
jusante). A integração vertical se relaciona com aspectos físicos e técnicos mais que com o
mercado. Envolve atividades de distribuição, comercialização até o pós-venda.
A escolha de uma cooperativa para este estudo, leva a considerar os enfoques
teóricos pertinentes a este tipo de organização produtiva. Compreende-se que a cooperativa é
uma unidade que produz e que compete no mercado ao lado das sociedades mercantis
capitalistas, mas são organizações com objetivo distinto das empresas mercantis, que orientam
seu objetivo para o lucro. As cooperativas são unidades produtivas que não se inserem nas
estruturas capitalistas devido ao seu objetivo ser orientado para os cooperados. A democracia
é exercida através do princípio um homem, um voto, possuindo simultaneamente, a dimensão
econômica e de resultados e a social, em que o desempenho econômico é considerado como
fundamental para o desenvolvimento social. Ao mesmo tempo em que se insere no mercado
(ambiente econômico) igual ao das sociedades mercantis, está inserido em um ambiente
institucional que difere das sociedades mercantis, pois considera o bem-estar do cooperante
acima das exigências do mercado.
Capítulo 3
Desempenho da Avicultura Industrial
no Mundo e no Brasil (1990/2004)
3.1 Avicultura industrial
A avicultura industrial é uma atividade econômica dinâmica e extremamente
desenvolvida. As novas difusões em tecnologia, os investimentos em pesquisa e
desenvolvimento em nutrição e genética, assim como os novos processos, foram os
responsáveis pelo impulso da produção de frango de corte nos últimos 30 anos,
potencializando o setor na economia mundial.
A carne de frango tornou-se alimento fundamental na dieta mundial, em virtude do
preço, mais acessível que de outras carnes; hábitos alimentares mais saudáveis; praticidade
dos alimentos preparados à base de frango e aos cortes especiais, que atendem às necessidades
dos consumidores, mais exigentes e seletivos, e, maior aceitação mundial pelas diferentes
culturas e religiões, o que favoreceu o crescimento e o desenvolvimento da avicultura
industrial (COUTINHO; FERRAZ, 1993).
A produção mundial de frango de corte apresentou um crescimento de 157,26% no
período entre 1990 e 2004. Os maiores países produtores são, respectivamente, Estados
Unidos, China e Brasil, que apresentaram índices positivos de crescimento em todo o período,
sendo que a China e o Brasil obtiveram os maiores índices de crescimento.
As exportações mundiais cresceram 163,43% no período. O Brasil, em 2004,
assumiu a liderança das exportações no ranking mundial. Os Estados Unidos, a Tailândia e a
China ficaram em segundo, terceiro e quarto lugar, respectivamente.
86
A importação mundial cresceu 191% no período, passando de 2.182 mil toneladas no
ano de 1990, para 6.353 mil toneladas em 2001. Os maiores países importadores são,
respectivamente, China, Rússia, Japão e Arábia Saudita.
No Brasil, no período compreendido entre 1990 e 2004, a produção cresceu 374,6%;
o consumo per capita, 249%; nas exportações, ocorreu uma variação positiva de 825,38%.
Em 2004, o Brasil alcançou o primeiro lugar absoluto entre os exportadores mundiais tanto
em receita cambial, quanto em volume exportado, qualidade e sanidade. Obteve recordes
históricos em receita e volume, alcançou o segundo produto nas exportações do agronegócio,
conseguiu o sexto lugar na pauta brasileira de exportação, marcando presença em 134 países
sendo que a participação no mercado mundial chegou aos 43% (ABEF, 2005a).
Para compreender a estrutura do mercado e o padrão de concorrência do frango de
corte no mundo e no Brasil, no período compreendido entre 1990 e 2004, este capítulo está
dividido em duas grandes partes, a saber: a primeira inicia com a apresentação breve da
evolução histórica da avicultura industrial no mundo, em seguida, relata o desempenho
mundial do setor através da análise da produção mundial de frango nos principais produtores
mundiais, dos maiores países exportadores, encerrando com a análise dos principais países
importadores.
A segunda parte apresenta a análise do desempenho recente da avicultura brasileira
no mesmo período, iniciando com a evolução histórica da indústria do frango no Brasil (1860-
1980). Em seguida, faz-se a análise da produção, do consumo interno, do consumo per capita
e a da exportação brasileira. São estudados também os maiores estados produtores avícolas,
enfatizando o estado do Paraná e a participação das maiores empresas brasileiras do setor.
Encerrando com a síntese conclusiva do capítulo.
87
3.2 Breve evolução histórica da avicultura industrial no mundo
A avicultura era uma atividade artesanal no período anterior a Segunda Guerra
Mundial, foi durante o confronto que esta atividade ganhou impulso, devido à necessidade do
aumento da oferta de carnes alternativas, mais saudáveis, mais baratas, e as que em pequeno
espaço de tempo poderiam estar prontas para o consumo (LIMA; SIQUEIRA;
ARAÚJO,1995).
Conforme Coutinho e Ferraz (1993, p. 20), após a Segunda Guerra Mundial, “com a
retomada do crescimento econômico [...] o setor dinâmico do comércio mundial dentro do
segmento de carnes deslocou-se para o frango e, em menor grau, para o suíno,” explicando a
mudança dos hábitos de consumo preferencialmente para a carne de frango. Em decorrência
disto, os Estados Unidos começaram a desenvolver pesquisas especificamente para a
atividade avícola, com o objetivo de obter novas linhagens, rações e alimentos que
atendessem às necessidades nutricionais das aves e ainda medicamentos específicos para a
avicultura. Os países europeus também aderiram às novas práticas. Nestes países, houve a
substituição das carnes vermelhas pelas brancas, principalmente a carne de frango.
Concomitantemente, o sistema produtivo era tão eficiente que levou a forte queda de seu
preço relativo, levando ao maior consumo.
O setor industrial de abate de frango, na década de 1950, aderiu ao modelo de
produção fordista, que formatou a linha de produção em grande escala. Houve a introdução
de novos equipamentos e processos mecânicos automáticos, elevando a produção. Mas, foram
nas décadas subseqüentes, 1960 e 1970, que o aumento na capacidade de produção incorporou
inovações, tais como cortes e remoção de vísceras. O aproveitamento dos miúdos, que
proporcionaram aumento de qualidade do produto e maior agregação de valor, teve início na
década de 1980 (RIZZI, 1998).
Quanto ao aspecto da tecnologia, Coutinho e Ferraz (1993, p. 21) explicam que:
88
a avicultura se beneficiou da revolução genética representada na agricultura pelos
híbridos. A aplicação desta tecnologia às aves permitiu a criação de variedades
altamente eficientes na conversão de rações, baixando continuamente tanto o tempo
de maturação como a quantidade de rações utilizadas, que eram muito favoráveis
quando comparadas com a bovinocultura. Por outro lado, grande parte desta
tecnologia foi desenvolvida pelo sistema público de pesquisa, o que assegurou sua
rápida difusão. O sistema de criação intensiva provocou uma revolução na
organização da produção, permitindo pela primeira vez a consolidação de estruturas
produtivas em moldes industriais, o que levou a avanços contínuos nas economias
de escala. Como resultado, os preços relativos do frango diminuíram, tanto em
relação a outros tipos de carne como em relação aos índices gerais de preços.
As pesquisas que levaram aos novos processos tecnológicos, dentre os quais o
sistema de reprodução em incubatórios é considerado como um (BNDES, 1995, p. 29):
processo inovativo que se gera externamente e se difunde dentro da indústria
abatedoura de aves e que coloca, atualmente, esta indústria como a mais moderna
tecnologicamente no segmento e consolida uma estrutura industrial formada e
liderada por grandes empresas.
Contribuindo, para que a produção aumentasse significativamente, proporcionando
preços mais baixos do produto. Desta forma, tornou-se alimento fundamental na dieta
mundial, o consumo elevado levou a avicultura a transformar-se em uma atividade industrial
desenvolvida. As novas difusões em tecnologias, os investimentos em pesquisa e
desenvolvimento, os novos processos, foram os responsáveis pelo impulso da produção de
frango nos últimos 30 anos, potencializando o setor na economia mundial.
3.3 Desempenho mundial (1990/2004)
3.3.1 Produção, exportação e importação mundial
As Tabelas 3 e 4 demonstram a produção mundial de carne de frango dos principais
produtores, no período 1990-1998(1) e 1999-2004(2). Observa-se, que a produção mundial
cresceu 57,26,% no período, passando de 35.511 mil toneladas no ano de 1990, para 55.846
mil toneladas em 2004.
89
TABELA 3 - Produção mundial de carne de frango (mil/toneladas - 1990/1994)
Ano EUA CHINA BRASIL MÉXICO OUTROS MUNDO
1990 8.667 2.663 2.267 750 21.164 35.511
1991 9.194 3.170 2.521 857 21.528 37.270
1992 9.801 3.590 2.726 898 21.900 38.915
1993 10.219 4.571 3.142 1.040 22.409 41.381
1994 10.965 5.154 3.411 1.126 23.100 43.756
1995 11.486 6.056 4.050 1.283 23.763 46.638
1996 12.072 6.158 4.051 1.264 24.337 47.882
1997 12.497 7.243 4.460 1.441 25.265 50.906
1998 12.763 7.954 4.874 1.598 25.888 53.077
Fonte: Garcia (2004, p. 10)
TABELA 4 - Produção mundial de carne de frango (1999/2004) (mil/ton)
Ano EUA CHINA BRASIL MÉXICO OUTROS MUNDO
1999 13.367 8.550 5.526 1.784 18.327 47.554
2000 13.703 9.269 5.977 1.936 19.212 50.474
2001 14.033 9.278 6.736 2.067 20.045 52.159
2002 14.467 9.558 7.517 2.157 20.301 54.000
2003 14.696 9.898 7.843 2.290 19.340 54.067
2004 15.286 9.998 8.494 2.389 19.608 55.846
Fonte: ABEF (2005a)
Observa-se que a produção mundial de frangos no período 1990/2004 apresentou os
Estados Unidos como o maior produtor mundial, que obteve um crescimento de 76%. China,
segundo maior produtor mundial, obteve um crescimento de 275%, e o Brasil, terceiro maior
produtor mundial, obteve um crescimento de 274,68%. O México apresentou um crescimento
de 218,5%.
Nos Estados Unidos, maior produtor mundial, a cadeia produtiva está estruturada “a
partir da relação entre produtor e indústria de abate pela negociação e produção em grande
escala.” (IPARDES, 2002, p. 3). A China desacelerou a produção a partir do ano 2000, devido
à queda dos preços dos produtos, verificando-se que isto fez com que os produtores chineses
de menor porte abandonassem o setor (ABEF, 2005b). Mesmo sendo grande produtora de
frango de corte, sua produção se destina praticamente a atender o mercado interno
(IPARDES, 2002). O Brasil no período 1990/2004, apresentou um crescimento acelerado,
apresentando sempre uma variação positiva. Segundo o IPARDES (2002), a produção
mexicana é incentivada pelo mercado norte-americano.
90
A Tabela 5 apresenta a exportação mundial de carne de frango dos principais países,
no período, 1990-2004 em mil toneladas. Observa-se que a exportação mundial cresceu
163,43%, no período, passando de 2.201 mil toneladas no ano de 1990, para 5.798 mil
toneladas em 2004.
TABELA 5 - Exportação de carne de frango: principais países exportadores
(1990/2004) mil toneladas
Ano EUA CHINA BRASIL Tailândia Mundo
1990 529 111 296 138 2.201
1991 582 140 313 164 2.337
1992 698 185 368 174 2.688
1993 917 265 509 157 3.198
1994 1.347 374 480 153 3.785
1995 1.811 578 424 149 4.554
1996 2.005 351 569 137 2.925
1997 2.116 350 650 150 3.116
1998 2.120 345 612 213 3.077
1999 2.080 375 771 285 4.442
2000 2.231 464 907 333 4.889
2001 2.520 489 1.249 424 5.594
2002 2.180 438 1.600 465 5.747
2003 2.232 388 1.922 527 6.071
2004 1.976 250 2.425 255 5.798
Fonte: dados de 1996 a 2004 ABEF (2005a); dados de 1990 a 1995 Garcia (2004, p. 12)
O país que apresentou o maior crescimento nas exportações foi o Brasil com
719,26%, passando de 296 mil toneladas em 1990 para 2.425 mil toneladas em 2004. Os
Estados Unidos apresentaram um crescimento de 273,53%; a China 125,23% e a Tailândia
84,78%. De maior exportador mundial os Estados Unidos passaram para a segunda posição
em 2004. O Brasil, pela primeira vez, superou em volume e receita as exportações dos
Estados Unidos, conquistando a posição de maior exportador mundial de carne de frango
UBA (2005).
A Tabela 6 demonstra os principais países importadores de carne de frango, no
período 1990-2004. Observa-se, que a importação mundial cresceu 94% no período, passando
de 2.182 mil toneladas no ano de 1990, para 4.244 mil toneladas em 2004.
91
TABELA 6 - Principais países importadores 1990/2004 mil toneladas
Ano Rússia Japão China Arábia Saudita Mundo
1990 - 291 231 210 2.182
1991 - 347 294 244 2.326
1992 45 393 357 174 2.596
1993 73 390 441 168 2.766
1994 500 444 605 140 3.418
1995 825 535 905 262 4.226
1996 752 546 1.023 230 4.526
1997 759 496 982 209 4.668
1998 617 497 1.006 272 5.008
1999 131 551 1.839 362 5.546
2000 580 568 1.810 266 5.971
2001 1.219 523 1.540 290 6.353
2002 1.208 744 NI 391 4.091
2003 1.081 695 NI 452 4.381
2004 960 582 NI 429 4.244
Fonte: dados dos anos de 1990 até 2001, Garcia (2004); 2002 a 2004, ABEF (2005a)
Nota: NI= Não Informado
A Rússia que pertencia à extinta União Soviética até o ano de 1992, em que se
iniciam os registros de suas importações em 45 mil toneladas, em 2001 foram 1.219 mil
toneladas, obtendo um crescimento em suas importações de 2.609% no período. As
importações do Japão cresceram 8%, da China, maior país importador, 24%, e a Arábia
Saudita, 4,6%.
3.4 Desempenho brasileiro
3.4.1 Breve evolução histórica da avicultura industrial no Brasil (1860-1980)
No Brasil, a avicultura comercial iniciou no estado de Minas Gerais em meados de
1860, com características peculiares de uma atividade econômica artesanal. As aves eram
produzidas e vendidas para outras partes do país.
Com registro histórico na década de 1930, a avicultura inicia um novo processo, mais
moderno, com produção em escala, para atender um mercado consumidor em expansão. Foi a
partir da década de 1950 e início da década de 1960 que os avanços tecnológicos da avicultura
mundial chegaram ao Brasil através da importação de novas linhagens híbridas americanas de
92
frangos, que eram mais resistentes e produtivas que as produzidas em solo brasileiro e com os
avanços tecnológicos no campo da genética, da nutrição, da pesquisa e desenvolvimento de
vacinas específicas, além da introdução de novos equipamentos. Deu-se então, o impulso
inicial na formação da estrutura produtiva das grandes agroindústrias avícolas brasileiras na
década de 1960 (AVICULTURA INDUSTRIAL, 2005).
Na década de 1960, no estado de Santa Catarina, a produção ocorria através do
sistema de integração, em que, o pequeno produtor rural e o abatedouro, mantinham parceria.
Em São Paulo, o sistema era independente. O processo produtivo baseado na integração na
Região Sul ocorreu de duas formas: I) através da verticalização das empresas, consistindo na
total assistência aos produtores, da matéria-prima até a industrialização e a comercialização;
II) através do relacionamento com o produtor agrícola integrado no sistema de
contratualização da produção (RIZZI, 1998).
Conforme Rizzi (1998), nos anos de 1970, o setor produtivo da economia brasileira
passou por profundas transformações. A modernização da agricultura implicou na
aproximação das indústrias a montante e a jusante
18
. Promoveu-se a implantação da indústria
de bens de capital para a agricultura e indústrias processadoras de matérias-primas de origem
agrícola.
Inserida neste contexto, nos anos de 1970, a avicultura inicia o processo de
industrialização do setor, fazendo surgir a estruturação e a distribuição regional das empresas,
apresentando crescimento médio da atividade naquele período de 12% ao ano. O setor
industrial avícola baseou-se na importação de tecnologia para o melhoramento genético.
A Tabela 7 demonstra a distribuição dos abatedouros de frango controlados pelo
Sistema de Inspeção Federal (SIF), nos estados brasileiros, antes e durante a década de 1970 e
década de 1980. Observa-se que, antes de 1970, somente no estado de São Paulo e em Santa
18
Significa a produção para frente e para trás.
93
Catarina existiam abatedouros de frango com Sistema de Inspeção Federal (SIF). Foi na
década de 1970 que se deu o impulso da instalação de abatedouros nos dois estados citados,
avançando respectivamente de 3 abatedouros para 32 no estado de São Paulo e em Santa
Catarina de 1 para 9 abatedouros instalados com SIF, além da instalação de 4 abatedouros em
Minas Gerais, 8 no Paraná, 13 no Rio Grande do Sul e nos demais estados de 1 a 3
abatedouros.
TABELA 7 - Distribuição dos abatedouros de frango controlados pelo sistema de inspeção federal (SIF),
segundo os estados brasileiros - anterior e durante a década de 1970 e durante a década de 1980
ESTADO ANTES DE
1970
DÉCADA DE
1970
DÉCADA DE
1980
TOTAL DE
ESTABELECIMENTOS
São Paulo 3 32 13 48
Minas Gerais - 4 8 12
Paraná - 8 6 14
Santa Catarina 1 9 3 13
Rio Grande do Sul - 13 2 15
Pernambuco - 3 - 3
Espírito Santo - 3 - 3
Rio de Janeiro - 2 - 2
Distrito Federal - 1 - 1
Bahia - 1 - 1
Ceará - 1 - 1
Pará - 1 - 1
Maranhão - 1 - 1
Amazonas - 1 - 1
Total 4 80 32 116
Fonte: Rizzi (1998, p. 4)
Nota: Feitas adaptações quanto à classificação da capacidade em aves/hora.
Os anos da década de 1970 são considerados como um marco da industrialização do
setor. A implantação de empresas surge com grande dinamismo e intensidade, ampliando o
tamanho do mercado.
O grau de especialização das firmas em fase incipiente (RIZZI, 1998, p. 4):
São Paulo, assim como em Minas Gerais, todas as firmas que se estabeleceram
passaram a atuar exclusivamente no abate de frangos e o fornecimento da matéria-
prima (frango vivo) é feito em grande parte por produtores independentes;
diferentemente, na Região Sul nasce, junto com a indústria, a integração com
pequenos produtores; em Santa Catarina, todas as firmas que se estabeleceram nos
anos 70 atuavam no ramo de carnes, principalmente de suínos. Desse ponto de vista,
a atividade avícola constitui-se inicialmente em processo de diversificação, para
posteriormente assumir a liderança das atividades dessas empresas. No Rio Grande
do Sul e Paraná, ao contrário, as empresas instaladas nos anos 70, atuavam
exclusivamente no segmento carne de frango.
94
Desta forma, compreende-se o dinamismo e investimento das diferentes regiões do
país em sua inserção no processamento industrial avícola na década de 1970.
Na década de 1980, com a ampliação do crédito pelo governo e com o estímulo às
exportações, o setor reestruturou-se. As empresas líderes, localizadas no Estado de Santa
Catarina, dinamizaram o processo. Empresas que estavam atuando com outros tipos de carnes,
iniciaram também com a industrialização avícola, expandindo a produção, mantendo sempre o
sistema de integração. Algumas empresas do setor que atuavam no Estado do Rio Grande do
Sul foram compradas pelas líderes de Santa Catarina. No Paraná, as seis novas plantas
industriais eram compostas por duas cooperativas que atuavam com leite e carnes de suíno e
bovino, duas independentes com menor capacidade de produção e duas filiais de grupos de
Santa Catarina. Esses grupos catarinenses investiram nestas filiais e passaram a implantar
mais duas filiais, perfazendo um total de quatro filiais, representando quase 60% do total dos
abates no estado do Paraná. em São Paulo e Minas Gerais surgiram novas firmas sem
vínculos com as que estavam estabelecidas (RIZZI, 1998).
O crescimento destas empresas líderes da Região Sul apresentaram crescimento de
17% em 1980 e de 35% em 1985. O período de 1974 -1980 foi de extrema importância para o
impulso exportador da carne de frango (RIZZI, 1998).
A desconcentração regional ocorrida na produção em São Paulo levou a uma menor
participação relativa em relação à dos outros estados na produção nacional, proporcionando
desta maneira, maior participação para a Região Sul, sendo que o domínio da produção do
setor estava nas mãos de São Paulo e da Região Sul. Isto ocorreu devido à modernização
agrícola ocorrida na década de 1970 e porque o estado do Paraná possuía as características de
pólo de atração de capitais (RIZZI, 1998).
Os fatores que permitiram que se combinassem diversas atividades complementares
da cadeia produtiva, ou seja, a integração vertical do complexo carnes de frango de corte,
95
conforme Rizzi (1998) foram: a expansão da cultura da soja, a instalação da indústria
oleaginosa, a produção de milho, as políticas públicas de incentivos à implantação de
indústrias. Enfatiza-se a vinculação da indústria avícola à expansão das culturas de soja e
milho, pois elas permitem que a proteína vegetal se transforme em proteína animal. Conforme
Rizzi (1998, p. 5) explica:
de um lado, teve lugar um processo de modernização com base na cultura da soja,
permitindo a esses Estados, principalmente aos da Região Sul - com destaque para o
Paraná, que se constituiu em principal área de fronteira agrícola - tornarem-se
importantes produtores dessa oleaginosa. Isso não acarretou alteração na base
técnica da produção agrícola, com seus reflexos sobre a estrutura fundiária e
aceleração do processo migratório rural-urbano, como também possibilitou a
instalação de grandes empresas de capital nacional e estrangeiro no processamento
dessa matéria-prima expansão da soja, entre 1970 e 1980, se deu de forma rápida: na
Região Sul, ela aumentou mais de quatro vezes, em termos de área colhida, e em
aproximadamente seis vezes a quantidade produzida. Os anos 70 marcaram a
instalação de grandes empresas da indústria oleaginosa, cuja capacidade de
esmagamento se concentrou basicamente na Região Sul e em São Paulo. Em 1985,
os Estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo detinham,
juntos, cerca de 98% da capacidade de esmagamento.
Mas, a partir da década de 1980, não ocorreu o mesmo dinamismo do setor na
Região Sul, isto, devido às culturas de milho e soja estagnarem, e por ocorrer a saída dos
capitais da região para as novas regiões de fronteira agrícola, “a migração de capitais envolve
outras variáveis além da disponibilidade de matérias-primas.” (RIZZI, 1998, p. 6).
3.4.2 Desempenho brasileiro na avicultura industrial no período 1990-2004
Os dados da Tabela 8 demonstram a produção, o consumo interno, o consumo per
capita e a exportação brasileira no período 1999/2004. Observa-se que a produção cresceu
374,6% no período, passando de 2.267 toneladas em 1990 para 8.494 toneladas, em 2004. O
consumo interno cresceu 308,38%, sendo que em 1990 o consumo era de 1.968 toneladas,
passando para 6.069 toneladas em 2004. Observa-se também o consumo per capita, com
variação positiva de 249% no período. Garcia (2004) explica que tanto a produção quanto a
demanda apresentaram crescimento crescente e acelerado no período, devido à carne de
96
frango apresentar menor preço do que as outras carnes e aos hábitos dos consumidores
voltados para o consumo de carnes mais saudáveis.
TABELA 8 - Brasil: produção, consumo interno, consumo per capita e exportação (mil ton) 1990/2004
Ano Produção
(mil ton)
Consumo interno
(mil ton)
Consumo per
capita (Kg/ha)
Exportação
(mil ton)
1990 2.267 1.968 13,60 296,65
1991 2.522 2.200 14,96 313,74
1992 2.727 2.351 15,74 368,63
1993 3.143 2.710 17,87 509,44
1994 3.411 2.930 19,06 480,94
1995 4.050 3.617 23,21 424,20
1996 4.052 3.483 22,05 568,80
1997 4.461 3.812 23,83 649,35
1998 4.875 4.262 26,31 612,48
1999 5.526 4.755 29,14 770,58
2000 5.977 5.070 29,91 906,75
2001 6.736 5.486 31,82 1.249,29
2002 7.517 5.917 33,81 1.599,92
2003 7.843 5.921 33,34 1.922,00
2004 8.494 6.069 33,90 2.425,00
Fonte: ABEF (2005a)
Quanto às exportações, ocorreu uma variação positiva de 717,5% no período, sendo
que em 1990 foram destinadas ao comércio exterior 296,65 mil toneladas, e em 2004, um
total de 2.425,00 mil toneladas. No ano de 2000, conquista a posição de segundo maior
exportador mundial do setor; participando com cerca de 6% do saldo do PIB (Produto Interno
Bruto) do Brasil; elevando-se para sexto produto da pauta agrícola nacional de exportação;
movimentando a economia com um saldo superior a US$ 10,5 bilhões/ano (ABEF, 2005b).
Segundo o relatório anual da ABEF, em 2004, o Brasil alcançou o primeiro lugar
absoluto entre os exportadores mundiais, obteve recordes históricos em receita e volume,
97
alcançou o segundo produto nas exportações do agronegócio, conseguiu o sexto lugar na
pauta brasileira de exportação, marcando presença em 134 países sendo que a participação no
mercado mundial chegou aos 43%. A posição de primeiro lugar absoluto nas exportações se
deu tanto em receita cambial quanto em volume exportado, qualidade e sanidade.
Em 2004, o Brasil bateu um novo recorde na exportação de carnes. A receita
cambial chegou a US$ 6,153 bilhões, correspondendo a 6,4% do volume total das vendas
externas do país. Um aumento de US$ 2,06 bilhões em relação a 2003, apresentando um
crescimento de 50,4%, sendo que o crescimento total das exportações brasileiras situou-se em
32%. As vendas somaram divisas de US$ 2,6 bilhões, o que representa um expressivo
crescimento de 44% sobre o resultado de 2003. A ABEF (2005a) considerou a qualidade, a
sanidade e a agressividade comercial como os fatores que colaboraram no desempenho
apresentado, assim como considerou inestimável a colaboração do governo brasileiro para o
setor no período. O resultado dos investimentos efetuados no setor proporcionou avanço
tecnológico em equipamentos, expressivo melhoramento genético, processos de produção
integrada, controle sanitário, nutrição, manejo adequado, conseqüentemente, altíssima
qualidade da carne e dos ovos.
Os números da exportação brasileira em 2004 também favoreceram as mudanças nos
fluxos de comércio, motivadas por problemas sanitários como a “vaca louca”, no Canadá e
nos Estados Unidos, em 2003, e a “gripe do frango”, na Tailândia, Vietnã, China e em países
de outros continentes, como Estados Unidos e Canadá (ABEF, 2005a).
As Tabelas 9 e 10 demonstram o crescimento expressivo das exportações de frango
inteiro, 360,73% no período, sendo que de 211.522 toneladas de 1990 passaram para 974.565
toneladas em 2004. Os cortes também variaram positivamente e de forma acelerada no
período, apresentando um crescimento de 1.603,22%, em 1990 totalizaram 85.130 toneladas,
98
e em 2004, 1.449.954, demonstrando, assim, que o Brasil, através dos cortes específicos da
carne de frango, atendeu as exigências dos consumidores no período apresentado.
TABELA 9 - Exportação brasileira de carne de frango inteiro e em cortes (ton) 1990/2004
Anos Inteiro Cortes Total
1990 211.522 85.130 296.652
1991 207.193 106.547 313.740
1992 237.362 131.267 368.629
1993 353.483 155.952 509.435
1994 291.174 189.765 480.939
1995 222.423 201.777 424.199
1996 294.738 274.057 568.795
1997 373.772 275.575 649.347
1998 365.134 247.343 612.478
1999 422.340 348.241 770.582
2000 470.503 436.268 906.771
2001 580.223 669.065 1.249.288
2002 674.379 925.544 1.599.923
2003 798.044 1.123.997 1.922.041
2004 974.565 1.449.954 2.424.519
Fonte: ABEF (2005a)
A Tabela 10 apresenta as exportações de carne de frango por destino e por produto
(inteiro e em cortes) em 1999 e 2004. Demonstra-se que a carne de frango brasileira é
exportada para todos os continentes, tanto inteiro quanto em cortes. Observa-se que o Oriente
Médio apresentou-se como o maior comprador da carne de frango brasileira, seguido da Ásia.
TABELA 10 - Exportações de carne de frango por destino e por produto (inteiro e em cortes no período
1999/2004) (kg líquido) continua
1999 2004 Destino
Inteiro Cortes Total Inteiro Cortes Total
Mercosul 45.474.770 6.516.706 51.991.476 16,198 752,856 769,054
União
Européia
6.980.425
81.475.769
88.456.194
18.350,642
259.565.084
277.915.726
África 12.614.678 9.463.716 22.078.394 53.656,607 127.280,372 180.936,979
Ásia 19.232.151 217.974.862 237.207.013 24.743,371 603.591,465 628.334,836
Oriente
Médio
315.390.207 20.386.182 335.776.389 644.520,915 105.205.592 749.726,507
Outros* 22.648.120 12.394.200 35.042.320 233.277.736* 269.067.169 586.837.018
Total 422.340.351 348.211.435 770.551.786 974,565,469 1,449,954,651 2,424,520,120
Fonte: ABEF (2005a)
Nota: *Em 2004, considera-se a Rússia com os seguintes números: 77.870.633 (inteiro) e 113.660.066 (cortes),
total 155.407.103.
99
3.4.3 Maiores estados produtores avícolas no Brasil no período 1990-2004
A Figura 4 mostra o mapa do Brasil com o efetivo dos rebanhos de galos, frangos,
frangas e pintos por município em 1990: maiores estratos. Percebe-se maior concentração na
Região Sul e no Sudeste. A participação das demais regiões do país apresentou participação
discreta.
FIGURA 4 - Efetivo dos rebanhos de galos, frangos, frangas e pintos por município em 1990: maiores estratos
Fonte: Garcia (2004, p. 24)
Em 1990, o estado do Rio Grande do Sul estava em primeiro lugar no ranking da
produção nacional com 52.686,2 mil cabeças, mantendo-se na primeira posição ainda no ano
de 1995, apresentando aumento expressivo de 40% na produção: 73.718,2, perde posição para
os estados de São Paulo, Santa Catarina e Paraná em 2001, alcançando o quarto lugar no
ranking nacional em termos de rebanho (GARCIA, 2004).
Os estados de Santa Catarina e Paraná são os que assumiram a liderança desde o ano
de 2001 e configuram com destaque no aumento de sua produção em que apresentaram
respectivamente 25% entre 1995-2001 e 19% no mesmo período. Pode-se observar,
comparando-se as figuras 4 e 5, uma mudança significativa na localização dos principais
rebanhos no país: de 1990 para 2001, os estados do Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do
Sul, no Centro-Oeste brasileiro, passaram a ocupar posição importante pois apresentaram
100
aumentos expressivos em seus rebanhos em 2001, respectivamente (sexto), (sétimo) e
12º (décimo segundo) lugares.
A Figura 5 demonstra a localização nos estados brasileiros dos rebanhos de aves no
ano de 2001:
FIGURA 5 - Efetivo dos rebanhos de galos, frangos, frangas e pintos por município em 2001: maiores estratos
Fonte: Garcia (2004, p. 25)
A Tabela 11 mostra os maiores estados produtores avícolas no Brasil no período
2003/2004, que são, respectivamente: Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo,
em número de cabeças abatidas com Sistema de Inspeção Federal - SIF em milhões de
cabeças e a participação nacional (market share) no período.
TABELA 11 - Os maiores estados produtores (cabeças abatidas com SIF/milhões de cabeças e participação
nacional (2003/2004) continua
2003 2004
Estados Cabeças abatidas
c/SIF
(milhões de cabeças)
Participação
%
Cabeças abatidas
c/SIF
(milhões de cabeças)
Participação
%
Paraná 813.373.908
21,9
918.483.512
22.72
Santa Catarina 648.752.226
17,47
712.581.904
17.63
Rio Grande do Sul 602.214.275
16,22
607.278.961
15.02
101
TABELA 11 - Os maiores estados produtores (cabeças abatidas com SIF/milhões de cabeças e participação
nacional (2003/2004) conclusão
2003 2004
Estados Cabeças abatidas
c/SIF
(milhões de cabeças)
Participação
%
Cabeças abatidas
c/SIF
(milhões de cabeças)
Participação
%
São Paulo 467.215.143
12,58
539.134.821
13.34
Outros 263.533.486
18,36
289.476.306
7,16
Total 3.213.403.867
100
3.525.724.379
100.0
Fonte: ABEF (2005a)
A Tabela 12 mostra especificamente o desempenho dos maiores estados produtores
na exportação e a participação percentual (market share) nas exportações em relação ao total
exportado (mil/ton) no período 2002, 2003 e 2004.
TABELA 12 - Os maiores estados exportadores e participação percentual nas exportações totais de carne de
frango (ton) 2002/2004
2002 2003 2004
Exportação Participação Exportação Participação Exportação Participação Estados
ton. % ton. % ton. %
Paraná 387.431
24,2
496.746
25,8
681.597
27,6
Santa
Catarina
578.944
36,2
612.524
31,9
718.218
29,08
Rio Grande
do Sul
440.035
27,5
547.963
28,5
621.215
25,15
São Paulo 37.799
2,4
63.923
3,3
187.004
7,57
Outros 59.304
3,7
200.886
10,5
77.967
3,16
Total 96.410
6,02
1.922.042
100
2.469.696
100
Fonte: ABEF (2005a)
A Região Sul, como um todo, apresentou o melhor desempenho nas exportações no
período. No saldo de exportação o estado de Santa Catarina tem o melhor desempenho
apresentando 718,2 mil toneladas; em segundo lugar o estado do Paraná, apresentando 681,6
mil toneladas e o estado do Rio Grande do Sul com 621,2 mil toneladas.
Especificamente no Paraná, a cadeia produtiva avícola gera mais de 70.000 empregos
diretos e mais de 6.000 indiretos, com cerca de 7.000 avicultores integrados. Segundo a
102
SEAB (2003, p. 54), no estado do Paraná “as cooperativas e as agroindústrias privadas
desenvolvem a cadeia produtiva avícola no sistema de integração”. Através da
contratualização da produção se desenvolve o sistema de integração entre a agroindústria
processadora e o produtor integrado.
3.4.4 Participação das maiores empresas brasileiras
A Tabela 13 apresenta o ranking das empresas associadas à ABEF quanto ao total de
cabeças abatidas em 2004 e sua respectiva participação no mercado. Destaca-se que a
primeira colocada, Sadia, obteve expressivo total de 550.149.640 cabeças abatidas,
participando com 13,61% do mercado brasileiro. Em segundo lugar, está a Perdigão com
475.596.089 cabeças abatidas, apresentando uma participação de 11,77% do mercado.
Salienta-se que a Cooperativa Agroindustrial Consolata - Copacol está entre as dez
maiores empresas, conquistando o nono lugar geral. Apresentou 62.029.390 cabeças abatidas
e 1,53% de participação no mercado em 2004.
TABELA 13 - Ranking das empresas associadas à ABEF – Cabeças abatidas/2004
continua
Empresa Cabeças abatidas Participação
Sadia 550.149.640 13,61
Perdigão 475.596.089 11,77
Seara 263.320.384 6,51
Frangosul 231.503.059 5,73
Avipal 187.653.021 4,64
Da Granja 114.056.368 2,82
Aurora 86.227.916 2,13
Pena Branca 74.778.648 1,85
Copacol 62.029.390 1,53
Pif Paf 50.511.257 1,25
Sertanejo 47.193.539 1,17
Big Frango 43.766.241 1,08
Coop. Agrop. Lar 40.149.388 0,99
Penasul 39.841.177 0,99
Só Frango 34.677.153 0,86
Coopavel 30.490.758 0,75
Macedo Koerich 25.061.471 0,62
103
TABELA 13 - Ranking das empresas associadas à ABEF – Cabeças abatidas/2004
conclusão
Empresa Cabeças abatidas Participação
Agrovêneto 24.381.138 0,6
Nogueira Rivelli 15.866.008 0,39
Cossisa 12.717.121 0,31
Total Associados 223.184.214 59,6
Outros 1.632.387.012 40,4
Total Geral 1.855.571.226 100
Fonte: ABEF (2005a)
Observa-se a participação percentual (market share) das cinco maiores empresas
brasileiras no mercado nacional e internacional no período 2000/2004, apresentadas na Tabela
14.
TABELA 14 - Participação das cinco maiores empresas brasileiras no mercado nacional e internacional
(2000/2004)
2000 2001 2002 2003 2004
Empresa
%nac.
%
export. %nac.
%
export. %nac.
%
export. %nac.
%
export. %nac. % exp.
Sadia
11,8
NI
11,7
26,8
12,5
22,94
12,92
22,98
13,61
27,87
Perdigão 9
NI
10,1
18,6
10,5
19,72
11,51
21,2
11,77
18,72
Seara 5,5
NI
5,8
17,2
6,1
16,51
6,63
16,01
6,51
13,52
Avipal 4,2
NI
4,4
2,7
4,6
4,82
NI
NI
4,64
5,84
Frangosul
6,1
NI
6,5
17,2
6,9
16,59
6,4
14,38
5,73
11,2
Fonte: ABEF (2005a)
Nota: NI=Não informado
A empresa Sadia cresceu 1,81% na participação no mercado nacional no período
2000/2004. Quanto à participação no mercado internacional, os dados de 2000 não foram
disponibilizados, sendo a análise entre 2001 e 2004, em que obteve um crescimento de 1,07%.
A Perdigão obteve um crescimento expressivo de 2,77% no mercado nacional e no mercado
internacional de 0,12%. Segundo Garcia (2004, p. 28), “a Perdigão foi responsável pela
implantação de um dos maiores projetos avícolas implantados recentemente na região Centro-
Oeste, especificamente na cidade de Rio Verde, no estado de Goiás.” A Seara conquistou
1,01% a mais do mercado nacional e perdeu 3,68% do mercado internacional. A Avipal
conquistou 0,44% a mais do mercado nacional e 3,14 a mais do mercado internacional. A
Frangosul perdeu 0,37% do mercado nacional e 6% do mercado internacional. A liderança é
104
tecnológica, ou seja, as empresas mais capazes em desenvolver produtos e mercados são as
líderes do segmento de frangos de corte, tais como: a Sadia e a Perdigão.
Conforme salienta Rizzi (1998), as maiores empresas de abate do país são originárias
da região Sul, mas investem também em outros estados do país como o Centro-Oeste e a
Bahia, explicando a nova reestruturação da indústria brasileira, bem como a nova dinâmica
locacional das empresas, levando em consideração que o sistema de integração exige uma
estrutura de produção em parceria para atender a agroindústria processadora.
A Tabela 15 apresenta as unidades de abate de frango no Paraná com Sistema de
Inspeção Federal SIF. São empresas que estão habilitadas a abater e industrializar frangos
de corte, o que lhes possibilita a comercialização em qualquer parte do país, assim como a
exportação.
TABELA 15 - Unidades de abate de frango no Paraná com SIF
continua
Unidade de Abate Cidade
Sadia Dois Vizinhos
Sadia Francisco Beltrão
Sadia Toledo
Perdigão Carambeí
Seara Jacarezinho
Chapecó Cascavel
Dagranja Lapa
Anhambi Itapejara D'oeste
Diplomata Capanema
Coroaves Maringá
Avenorte Cianorte
Avícola Felipe Paranavai
Agro Industrial Parati Rondon
Frangos Pioneiros Joaquim Távora
Frango D M Arapongas
105
TABELA 15 - Unidades de abate de frango no Paraná com SIF
conclusão
Unidade de Abate Cidade
Avicola Core Etuba Curitiba
Agrícola Jandelle Ltda Rolândia
Comaves Londrina
Averama Umuarama
D'codorna Mandirituba
Avebom Jaguapitã
Jaguafrangos Jaguapitã
Goncalves & Tortola Maringá
Frigomax Arapongas
Coop. Agric. Consolata – Copacol Cafelândia
Coop. Agroindustrial – Lar Matelândia
Coop. Agric. Mista Vale do Piquiri Palotina
Coop. Agric. Cascavel – Coopavel Cascavel
Fonte: Garcia (2004, p. 31)
Compreende-se que as maiores empresas mantêm abatedouros também em outros
estados, como, por exemplo, a Sadia que além de manter três abatedouros no estado do
Paraná, possui também abatedouros nos estados de Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e
Mato Grosso. No Paraná, a Sadia concentra, em suas três unidades, 40% do abate de aves,
dentre o total de abatedores com inspeção SIF e SIP. Por sua vez, a empresa Perdigão,
mantém abatedouros no estado do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Goiás e a empresa
Frangosul, no Rio Grande do Sul e no Mato Grosso do Sul. A empresa Seara mantém seus
abatedouros nos estados de Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul (GARCIA,
2004).
No Paraná, produz-se frango inteiro, em cortes e processado. O sistema
agroindustrial é bem organizado em todas as etapas produtivas, capaz de competir em
diferentes dimensões de mercados.
106
3.4.5 Fatores que favorecem a produção de frango de corte no Brasil
Os fatores que favorecem a produção de frango de corte no Brasil começam com o
clima e o meio ambiente, ideais para a avicultura. O país produz milho e soja, matéria-prima
indispensável para a alimentação dos frangos. Aliados à competitividade e à agressividade no
setor comercial e o ao menor custo de produção do mundo, segundo a União Brasileira de
Avicultura (UBA, 2005).
Outros fatores cooperam para o desempenho apresentado, a saber:
a) sistema integrado: desenvolvido pelas agroindústrias, é considerado como o
responsável pela elevada produção. A eficiência produtiva dos pequenos
avicultores em sinergia com a alta produção dos processadores de carne resulta
em excelentes saldos de produtividade, garantindo, segundo a ABEF (2005a):
baixo custo de produção; tecnologia, qualidade e inovação no processo produtivo,
com rigoroso controle sanitário; empresas com certificação internacional;
capacidade de adaptação em relação à demanda por produtos especiais exigidos pelo
mercado comprador.
b) os avicultores recebem orientação das indústrias para: a construção e instalação
de aviários e equipamentos; o treinamento de manejo; a ração balanceada,
pronta, baseada em milho (66%) e soja (24%); acompanhamento veterinário;
entrega das aves para abate no prazo e peso necessários e ainda, escalas de abate
e tamanho das aves para diferentes mercados (ABEF, 2005a), sendo assim, o
processo integrado reduz os custos de produção, garante o controle sanitário,
tecnologia, qualidade e inovação no processo produtivo, as empresas têm
certificação nacional, e ainda a adaptação à demanda é facilitada.
Todo este processo garante o aspecto sanitário, conforme declara a ABEF (2005a, p.
33):
a garantia do equilíbrio do processo, tanto no campo da saúde pública como nos
aspectos de saúde animal, está na criação de instalações adequadas que respeitam as
107
normas de bem-estar animal em ambientes naturais controlados e na biossegurança,
sem macular o meio ambiente.
A normatização e a supervisão de inspeção e controle sanitário possuem legislação
federal e são exercidas pelos órgãos governamentais do Ministério da Agricultura (destaque
SIF - Serviço de Inspeção Federal). Ainda de acordo com a ABEF (2005a, p. 33):
o Brasil tem dois excelentes retratos da excelência da sanidade no setor avícola. Um
deles foi o anúncio feito ano passado, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, de que as principais regiões produtoras do país já poderiam ser
consideradas como livres da doença de Newcastle, em função da inexistência de
casos nos últimos seis anos. O outro é o fato de nunca ter sido verificado qualquer
foco da influenza aviária, que tanto afligiu outros países produtores e exportadores,
inclusive os Estados Unidos, no início de 2004.
A avançada tecnologia desenvolvida pela engenharia genética programa o
rendimento das partes nobres do frango (peito, coxas e sobrecoxas). As indústrias possuem
tecnologia de ponta, que permite, conforme a ABEF (2005a, p. 33):
O controle automático de temperatura, umidade, fornecimento de água e ração,
aprimorando o coeficiente alimentar do frango. Incubadores e nascedouros
equipados eletronicamente permitem o controle de todo o desenvolvimento da ave.
Os abatedouros são altamente industrializados e as condições de higiene estão em
perfeito acordo com as normas internacionais de qualidade e sanidade animal.
Quanto ao aspecto da sanidade avícola, a nutrição dos frangos é de origem vegetal.
Conforme assinalado neste tópico, anteriormente, a ração balanceada é baseada em milho
(66%) e soja (24%) sendo entregue pronta aos produtores. De acordo com o relatório da
ABEF (2005a, p. 33), a alimentação dos frangos brasileiros é “formada por componentes
protéicos, energéticos e vitamínicos de origem vegetal”, não sendo utilizados no Brasil alguns
ingredientes utilizados no restante do mundo, que possam de alguma forma prejudicar a saúde
das aves ou dos consumidores.
3.5 Síntese conclusiva
A avicultura industrial foi impulsionada pela necessidade do aumento da oferta de
carnes alternativas, mais baratas, mais saudáveis e com maior capacidade de produção em
escala, para atender ao consumidor, tornando-se uma atividade econômica importante e
108
desenvolvida. Desta maneira, desenvolveram-se pesquisas específicas para a atividade, para
obtenção de novas linhagens, rações, medicamentos e ração.
Na década de 1950, o modelo fordista formatou a linha de produção em grande
escala. Novos equipamentos e processos mecânicos automáticos elevaram a produção. O
sistema de reprodução em incubatórios formata a estrutura industrial formada e liderada por
grandes empresas. A grande produção proporcionou preços mais baixos do produto, tornando-
se alimento fundamental na dieta mundial.
No Brasil, a avicultura, em sua fase incipiente (1860), era apenas uma atividade
comercial inexpressiva. Passados setenta anos, em 1930, deu-se início a uma nova fase, com
produção em escala e maior dinamismo: a avicultura industrial.
As décadas de 1950 e 1960 trouxeram avanços tecnológicos, como importação das
“aves avós”, para o melhoramento genético, novas cnicas de manejo e nutrição e novos
equipamentos, assim como o sistema de integração, que iniciou na região Sul, dando o
impulso inicial na formação da estrutura produtiva das grandes agroindústrias brasileiras.
Na década de 1970, com a modernização da agricultura, houve a implantação da
indústria de bens de capital e indústrias processadoras de matérias-primas de origem agrícola.
Aliados a isto, outros fatores, como a expansão da cultura da soja, a instalação da indústria
oleaginosa, a produção de milho, as políticas públicas de incentivos à implantação de
indústrias, propiciaram a estruturação e distribuição regional das empresas abatedouras.
Portanto, conclui-se que a estruturação da avicultura industrial na década de 1970 esteve
fortemente vinculada à cadeia produtiva da soja e milho. Os estados brasileiros que investiram
em maiores plantas industriais, em 1970, com mais de 3.000 aves/hora, encontravam-se,
respectivamente, nos estados de Santa Catarina, com nove abatedouros, São Paulo, Paraná e
Rio Grande do Sul, com seis abatedouros cada estado. O estado do Paraná, além de investir
109
em abatedouros, possuía, também, a vantagem da grande produção de milho e soja, base da
alimentação avícola.
Na cada de 1980, com a expansão do crédito do governo e o estímulo às
exportações, as empresas ologopolizadoras elevaram o grau de integração vertical e o de
diversificação dos produtos. As empresas líderes, localizadas no Estado de Santa Catarina,
dinamizaram o processo. Outras empresas que estavam atuando com outros tipos de carnes
iniciaram também com a industrialização avícola, expandindo a produção, mantendo sempre o
sistema de integração. Algumas empresas do setor que atuavam no Estado do Rio Grande do
Sul foram compradas pelas líderes de Santa Catarina. No Paraná, as seis novas plantas
industriais eram compostas por duas cooperativas que atuavam com leite e carnes de suíno e
bovino, duas independentes com menor capacidade de produção e duas filiais de grupos de
Santa Catarina.
No período compreendido entre 1990 e 2004, a avicultura industrial cresceu de forma
acelerada conquistando novos e importantes mercados. No período, a produção cresceu
274,6%; o consumo interno cresceu 208,38%; o consumo per capita, 149,26%. Os fatores
responsáveis foram o menor preço da carne de frango, em relação aos preços das outras
carnes, e os novos hábitos dos consumidores, voltados para o consumo de carnes mais
saudáveis.
Devido aos números positivos do setor, o Brasil é considerado como o mais eficiente
produtor de frangos no mundo, segundo a International Finance Corporation (IFC) citado
pelo relatório da ABEF (2005a). Com o menor custo de produção do mundo, agressividade
comercial e competitividade, o Brasil assumiu em 2004 a posição de maior exportador de
frangos do planeta (ABEF, 2005a).
O mercado é altamente competitivo; a concorrência se estabelece as grandes
empresas que lideram o mercado. A concorrência se entre pequeno mero de grandes
110
grupos empresariais. As firmas da indústria de frangos competem entre as líderes pelo
mercado nacional e internacional e, no conjunto da indústria, pela sobrevivência de empresas
de menor porte que atendem a mercados regionais.
111
Capítulo 4
Caracterização do Complexo Integrado Avícola da Cooperativa Agroindustrial
Consolata – Copacol
4.1 Cooperativa – contextualização geral
Cooperativa é a unidade produtiva capaz de competir no mercado, ao mesmo tempo
em que está organizada e operando de acordo com princípios e estruturas não capitalistas.
Inserida em um contexto globalizado, participa das profundas mudanças de um mercado cada
vez mais dinâmico e seletivo, necessita, portanto, situar seu potencial a partir das atuais
demandas econômicas e sociais dentro de um modelo produtivo competitivo e dinâmico.
Desta maneira, através da coordenação das atividades econômicas dentro da
cooperativa, iniciativas que impulsionam a geração de riquezas e sua conseqüente
distribuição para os agentes econômicos envolvidos. De forma geral, as cooperativas
brasileiras orientam-se para o associado, de forma a proporcionar agregação de renda ao
produtor rural, o mercado é uma variável secundária ao processo. A lógica é a elevação do
bem-estar do cooperante, pois é uma organização voltada para o produtor, mesmo que adote
as estratégias de mercado de forma semelhante às das sociedades mercantis
(BIALOSKORSKI, 2002).
A Cooperativa Agroindustrial Consolata - COPACOL está inserida ao mesmo tempo
no mercado, devido ao ambiente econômico em que se encontra, e no ambiente institucional
cooperativo, distinguindo-se das sociedades mercantis. Pode-se compreender desta maneira,
que a cooperativa possui as duas dimensões: a econômica e de resultados, e a social,
enfatizando o produtor rural.
Neste contexto, este capítulo tem o objetivo de compreender a forma de governança
adotada no Complexo Integrado Avícola da COPACOL, entre a agroindústria integradora e o
112
avicultor integrado; compreender as dimensões econômicas e sociais existentes; assim como a
competitividade sistêmica que está envolvida neste processo.
Para tanto, o capítulo está dividido em seis partes, a saber: na primeira, refere-se à
caracterização, em que constam as informações a respeito das especificidades enquanto
cooperativa, buscou-se, para isto, identificar, a composição do capital, objetivo social e
econômico, a tomada de decisões, a regulamentação vigente no país, assim como a
caracterização de sua infra-estrutura e quadro social.
Na segunda parte, descreve-se sua localização territorial, enquanto espaço
geograficamente definido. Na terceira parte, como referência de destaque, fez-se o
levantamento histórico compreendendo desde a fundação da cooperativa até o ano de 2004.
Justifica-se a preocupação, por compreender que é a construção da identidade da cooperativa,
a gênese de toda a entidade. O envolvimento da igreja católica com os membros da sociedade
civil, enquanto luta para reivindicação de melhores condições de vida, culminando com a
implantação da cooperativa, é ponto de fundamental importância, assim como, a explicação
histórica acerca da implantação da avicultura com o objetivo de diversificação e auxílio na
renda dos associados. Na quarta parte, descreve-se o Complexo Integrado Avícola, para
identificar sua composição e identificar sua estrutura. Faz-se, também, a caracterização do
Sistema de Integração adotado desde sua implantação. Apresenta-se na seqüência, a relação
dos produtos ofertados ao mercado consumidor. O capítulo encerra com a síntese conclusiva
do capítulo.
4.2 Identificação
A COPACOL é uma sociedade de pessoas de natureza civil, tendo como objetivo
social a congregação dos seus sócios para o exercício de suas atividades econômicas, sem
113
objetivo de lucro. A entidade é regida pela Lei 5.764 de 16 de dezembro de 1971, que
regulamenta o sistema cooperativista do país (COPACOL, 2000).
Atua no recebimento, secagem, beneficiamento, armazenagem, industrialização e
comercialização da produção dos cooperados. Os principais produtos são soja, milho, trigo,
algodão, café e sementes. A Cooperativa trabalha ainda na produção integrada de produtos
pecuários, leite e suínos, na fabricação de rações, abate e processamento de frangos e na
comercialização de produtos agrícolas e avícolas para o mercado interno e externo.
assistência técnica para seus cooperados e desenvolve pesquisas agronômicas; comercializa
insumos agropecuários; atua também com uma rede própria de supermercados e prestação de
serviços (COPACOL, 2000).
Atualmente, a Cooperativa conta com um complexo de 10 unidades de recebimento
de grãos, 01 Abatedouro de Aves, 01 Fábrica de Ração, 03 Matrizeiros de aves, 01
Incubatório de ovos, 01 Usina de beneficiamento de Algodão, 01 Unidade de Beneficiamento
de Café, 02 Unidades de Produção de Leitão, 04 Unidade de Vendas, 05 lojas de
supermercado; 25 unidades de recebimento de grãos, pois possui atividades agrícolas em que
são produzidas cerca de 450 mil toneladas de grãos por ano, distribuídas pelos municípios de
Cafelândia, Nova Aurora, Jesuítas, Formosa do Oeste, Iracema do Oeste e Tupãssi, estado do
Paraná. Unidades próprias de venda de frango industrializado em Brasília (DF), Campo
Grande (MS), Tarabaí (SP) e Curitiba (PR). Com 4.263 associados e 3.973 colaboradores,
proporciona cerca de 5.000 empregos indiretos. Quanto ao capital social integralizado, está
representado pela participação de 4.263 associados
19
, cujo valor unitário de cada quota-parte é
de R$ 1,00 (um real)
20
(COPACOL, 2003).
Tratando-se de uma Cooperativa, os critérios utilizados para efeito de cálculo das
sobras relativas a associados e não associados são os seguintes, a saber, conforme COPACOL
19
Por exemplo: exercício de 2003: R$ 29.576.441,59, representado por 29.576.441 quotas-parte.
20
Nota Explicativa das Demonstrações Contábeis, nº 10.
114
(2003): “Produtos agrícolas, a proporcionalidade do recebimento de produtos de associados e
não associados; bens de fornecimento, a proporcionalidade das vendas efetuadas a associados
e não associados”.
As assembléias ordinárias e extraordinárias acontecem na sede da Cooperativa, em
que são tomadas as decisões sobre as necessidades da mesma, conforme o princípio
cooperativo: um homem - um voto.
4.3 Território, localização
A COPACOL está situada no município de Cafelândia do Oeste, pertence à
Mesorregião Oeste do estado do Paraná e à Microrregião Geográfica de Cascavel. A Região
Oeste está localizada entre os rios Piquiri, Iguaçu e Paraná, na grande bacia hidrográfica
denominada Bacia do Prata (IBGE, 2006), possuindo um relevo pouco acidentado, com plano
inclinado, em que as altitudes variam entre 900 metros no Município de Guaraniaçu e 180
metros no Município de Foz do Iguaçu, com clima temperado (FUNDETEC, 1995, p. 18,
citado por PIERUCCINI; BULHÕES, 2003, p. 99).
O município de Cafelândia possui os seguintes dados geográficos (área, altitude,
latitude, longitude) segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2004):
a) área: 271,72 Km²;
b) altitude: 550,00 m;
c) latitude: 24º 37’ 00’’ Sul;
d) longitude: 53º 20’ 00’ W- GR.
Cafelândia possui, segundo os dados do IBGE (2004), uma população estimada em
12.708 (doze mil setecentos e oito) habitantes.
A emancipação política administrativa da cidade de Cafelândia, que a desmembrou
do município vizinho de Cascavel, foi decretada através da lei 7292, datada de 28 de
115
dezembro de 1979. Emancipada, possuía cerca de 8,5 mil habitantes que em sua grande
maioria estavam vinculados direta ou indiretamente com a Cooperativa. O processo de
emancipação política deu-se graças à presença da Cooperativa (COPACOL, 2003).
Cafelândia do Oeste é também conhecida como cidade cooperativa, devido ao fato de
que praticamente quase toda a população economicamente ativa tem uma relação direta com a
cooperativa, seja na posição de cooperado ou de colaborador (COPACOL, 2003).
A economia do município tem a Cooperativa como a principal fonte de renda da
população. A arrecadação de impostos, os empregos, a geração de renda, o aumento dos
investimentos como por exemplo, em novas lojas, proporcionam o aumento da renda de todo
o município. É reconhecida como “pilar de sustentação do município”, devido sua
participação nas finanças públicas que é cerca de 80% do PIB (Produto Interno Bruto) total do
município. De acordo com o IBGE (2000), o município ocupa a sétima colocação no estado
do Paraná, em relação ao PIB per capita do Paraná (compreende-se a importância do valor do
PIB de um município, indicador econômico) do município, em 2000 totalizou R$ 151.266,00,
equivalendo por habitante um valor per capita de R$ 13.339,00. Em 2001 e 2002, os valores
resultaram, respectivamente: R$ 174.376,00, com um per capita de R$ 14.933,00 e, R$
242.898, com um per capita de R$ 20.211,00. Isto demonstra o crescimento positivo e
superior a muitas cidades em seu entorno (COPACOL, 2003).
4.4 Origem da Cooperativa Agroindustrial Consolata - COPACOL e seu desenvolvimento até
2004
As férteis terras de Cafelândia do Oeste, distrito da cidade de Cascavel, no Oeste do
Paraná na década de 1960, começaram a ser trabalhadas pelos colonos imigrantes vindos dos
estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. As culturas do feijão, milho, arroz sequeiro e
trigo, eram as mais exploradas juntamente com a suinocultura.
116
O Padre Luis Luíse, da Igreja Católica, fundador da Cooperativa Agroindustrial
Consolata Copacol, possuía experiência no cultivo agrícola e na criação de animais no
patronato São José, em Erechim (RS). O exercício da presidência da Associação
Agropecuária daquela cidade gaúcha, levaram-no à “convicção de que apenas a união poderia
livrar os agricultores das correntes da opressão” (COPACOL 2003, p. 13). Melhores
condições de vida poderiam ser almejadas e concretamente alcançadas, suprindo
sobremaneira as carências coletivas ali encontradas. No distrito de Cafelândia do Oeste, o
Padre observou que “os atravessadores”, pessoas que compravam os produtos dos colonos
para revenda, eram os que possuíam o maior poder de mercado, pois auferiam lucros sobre o
preço final de venda; a falta de energia elétrica e as dificuldades no transporte e
comercialização da produção agropecuária aumentavam as dificuldades dos residentes do
distrito. Havia carências coletivas, pois as famílias possuíam crianças que precisavam de
escola, posto de saúde, entre outras necessidades encontradas na década de 60 em um distrito
que ainda não era emancipado, portanto, sem muita, ou quase nenhuma, representatividade
política.
As dificuldades de transporte e comunicação naquela época não desmotivaram o
Padre, nem os 32 agricultores pioneiros. Fizeram uma assembléia e decidiram reivindicar
ajuda às esferas governamentais. Através desta união, lutaram por melhores condições de
vida.
Depois de se reunirem em uma assembléia, por uma ação pioneira, através do
deputado Lírio Bertoli, o Padre reivindicou ao então presidente da República João Goulart
que designasse o deputado citado, um coronel e mais dois representantes da Superintendência
da Reforma Agrária (SUPRA) para solucionar os problemas vividos pelos colonos imigrantes.
Tinham como objetivos a construção de uma Usina Hidrelétrica para a geração de energia
117
para o Distrito, a formação de uma associação ou cooperativa para juntos venderem seus
produtos agropecuários sem a presença dos “atravessadores”.
Atendidos pela esfera governamental, inicia-se uma nova caminhada na vida
daqueles imigrantes que também eram conhecidos como “desbravadores do Oeste
paranaense”. Aos vinte e três dias do mês de outubro do ano de 1963, é fundada a primeira
Cooperativa do Oeste do Paraná, a Cooperativa Agrícola Mista Consolata Ltda - Copacol. A
reunião da fundação aconteceu no palco de um antigo cinema daquela época, o “Cine Ideal”.
O Padre Luíse presidiu a reunião e juntamente com 32 pioneiros, colonos imigrantes,
reiterava-se a necessidade de “unir força e trabalho no desenvolvimento do, então, distrito de
Cafelândia”.
A primeira providência do Padre Luíse, agora presidente da Cooperativa, foi registrá-
la oficialmente, o que se efetivou em novembro do mesmo ano. Todos os trinta e dois colonos
imigrantes imediatamente começaram a trabalhar como cooperados.
Desta maneira, de forma voluntária, iniciaram as obras da usina hidrelétrica, que
possuía capacidade de 200 Kva (200.000 volts). Nos anos de 1965 a 1966, as atividades da
Cooperativa se restringiam ao fornecimento de energia elétrica, pois esta se fazia urgente. No
final do ano de 1966, a cultura do feijão que era uma atividade econômica forte, produziu 10
mil sacas. Foi possível iniciarem as negociações, visando a compra do primeiro terreno
próprio da Cooperativa. Em 1967, a Cooperativa recebeu e comercializou a sua primeira safra
de trigo, pôde adquirir o primeiro secador de cereais e iniciou parte da construção da frente do
armazém. Em 1968, desmembra-se a Usina que passou definitivamente para as mãos da
COPEL (Companhia de Energia Elétrica do Estado do Paraná). A Cooperativa continuaria a
operar especificamente na agricultura. Os anos iam se passando e muitas dificuldades
surgiram até fins da década de 60 e início de 70.
118
Na década de 70, o impulso da cultura do trigo, a crescente mecanização das novas
áreas, o crédito agrícola disponibilizado pelo Banco do Brasil e a entrada de novos sócios,
fizeram renascer a esperança do progresso.
O aumento da infra-estrutura passou a ser eminente. Novas instalações para
armazenagem, a aquisição de balança, armazém graneleiro para 300 mil sacas, armazém para
insumos e escritório foram incorporados à Cooperativa.
O desenvolvimento e a ampliação do atendimento da Cooperativa estenderam-se
para os municípios da região, criando entrepostos de recebimento e armazenagem de grãos,
colaborando com o desenvolvimento do próprio município e com os demais da região. Entre
outras conquistas, foram formados o Comitê Educativo e o departamento técnico da
Cooperativa.
Através da crescente cooperação, no final da década de 70, os pioneiros, colonos
imigrantes, desbravadores do Oeste, formavam uma Cooperativa forte e empreendedora,
orgulho para os cooperados e para todos os municípios da região. Registrava-se, no final
daquela década, 2.553 associados, 422 funcionários e entrepostos nas cidades vizinhas.
Crescer significava sempre cooperar mais. Unidos pensaram na diversificação das atividades
que, até então, centravam-se na agricultura. Assim, a resposta foi encontrada na avicultura. A
intenção da implantação da atividade na Cooperativa foi apresentada, pela primeira vez, ao
quadro social na Assembléia Geral Ordinária da Cooperativa, em março de 1979.
Compreenderam que com a avicultura, o produtor passaria a ter uma renda a mais a cada 60
dias, isto significava uma nova fonte de renda, além do aproveitamento da mão-de-obra
familiar disponível na propriedade, concomitantemente, haveria adubação da terra com o uso
do esterco de frango. Os cooperados tiveram grande aceitação da nova proposta e um estudo
de viabilidade econômica foi encomendado para a antiga ACARPA. Em 1981, iniciaram-se as
obras dos aviários, com a construção da fábrica de rações, matrizeiros, incubatório e
119
abatedouro, e, em 5 de maio de 1982, foi inaugurado o Complexo Integrado Avícola. No
decorrer dos dois anos seguintes, realizava-se o primeiro abate diário de 1.500 frangos por
hora. Empregos diretos e indiretos, a diversificação das propriedades rurais, a geração de
renda e o crescimento da área da Cooperativa foram os impactos causados através da
implantação do projeto. Em 1987, foi construída a Unidade de Venda de Frangos em Brasília
– DF.
No ano de 1993, concluiu-se a duplicação do Complexo Avícola, passando a abater
diariamente 120.000 aves/dia. O Programa de Qualidade Total “5S” foi implantado, em 1995,
com o envolvimento de todos os colaboradores. Naquele ano, objetivando melhorar o nível de
escolaridade de seus colaboradores, inicia o Programa “Volta às Aulas”. O Ministério da
Educação e Cultura, em reconhecimento do ensino supletivo, premiou a Cooperativa em 1998
com o prêmio "Educação para a Qualidade no Trabalho".
A Cooperativa inicia o ano de 2000 com um grande avanço tecnológico: a
implantação do Projeto Copacol, Gestão do Futuro” que compreende em um sistema
informatizado de gestão empresarial (ERP), com base na tecnologia SAP R/3. Este sistema
viabiliza os processos, as informações são atualizadas em tempo real. No mesmo ano, é
inaugurada a nova câmara fria do Abatedouro com capacidade para estocar 4 mil toneladas de
produtos e a Unidade de Venda de Frangos, no município de Tarabaí – SP.
Avançando para o ano de 2001, os investimentos foram canalizados para a
adequação do fluxo de recebimento e expedição de cereais em todas as unidades da
Cooperativa. No município, foi instalado o tombador, para agilizar a descarga de cereais. No
mesmo ano, foi construída uma subestação de energia elétrica, a qual possibilitou uma
redução na tarifa em média de 40%.
No mês de maio daquele ano, a Cooperativa iniciou o processo de implantação da
certificação da ISO 9001 e APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle) que
120
visa melhoria contínua e qualificação dos processos, instituindo a Política de Qualidade. No
mês de novembro, recebeu o Prêmio ACP (Associação Comercial do Paraná) de Comércio
Exterior, concedido pela Associação Comercial do Paraná, reconhecimento para a conquista
do mercado externo. Juntos receberam mais de R$ 360 mil provenientes de recursos do Fundo
de Assistência Técnica Educacional e Social (FATES) (Dados fornecidos pela Copacol). Foi
lançado ainda em 2001, o Concurso Integração Família Copacol, que trouxe a criação de um
novo slogan institucional, “Integrando valor à vida”. Pinturas e histórias contam os
personagens da Cooperativa.
Naquela ocasião, definiu-se a missão da Cooperativa, para orientar e facilitar as
ações futuras. No cuidado com a comunidade, durante aquele ano, 2001, a diretoria da
Copacol realizou dezenas de reuniões comunitárias em toda a área de ação da Cooperativa.
Abrangendo todas as comunidades, os diretores apresentaram dados e informações aos
associados, objetivando a participação coletiva. Foram formados, ainda, os Grupos Femininos
Comunitários da Copacol (GFCs), para a integração feminina ao sistema cooperativista. A
Cooperativa mantém um convênio para os alunos do Ensino de Segundo Grau com o Colégio
Estadual Alberto Santos Dumont, prestando Orientação Vocacional, proporciona também aos
colaboradores, associados e dependentes o auxílio Bolsa de Estudo, extensivo aos alunos da
graduação, pós-graduação e também para escolas técnicas agropecuárias, atingiu em 2003 um
total de 627 bolsistas.
Através do auxílio para a educação, a Cooperativa mantém os princípios que a
norteiam, pois, o acesso a ela é um dos seus princípios norteadores.
Proporciona, ainda, auxílio para mestrado em forma de empréstimo a ser pago após a
conclusão do mesmo. O total em investimentos em bolsas de estudos no ano de 2004, segundo
a Copacol (2003), foi de R$ 413 mil reais. Diversos meios de comunicação são utilizados para
o contato com as associados. A Cooperativa possui três jornais impressos, sendo 2 mensais
121
(Jornal do Associado e Jornal do Colaborador) e o Informativo Semanal de circulação interna,
além de um programa de rádio diário com duração de 10 minutos. Possui homepage na
internet e o Serviço de Atendimento ao Consumidor, através do sistema 0800.
Os números totais da Cooperativa, em 2004, demonstraram um faturamento total de
R$ 715 milhões de reais. O recebimento de cereais foi da ordem de 414 mil toneladas. O
faturamento em exportações foi de R$ 136 milhões de reais. Com o total de sobras para os
associados em R$ 4 milhões de reais (COPACOL, 2003).
No ano de 2004, torna-se a primeira Cooperativa em todo o país a assumir o
compromisso do Pacto Global, Programa da Organização das Nações Unidas (ONU). A
assinatura do compromisso com o Pacto Global deu-se no dia 26 de novembro durante a 10ª
edição da Festa do Frango. Conforme a proposta, o Pacto compreende: a) erradicar a extrema
pobreza e a fome; b) atingir o ensino básico universal; c) promover a igualdade entre os sexos
e a autonomia da mulher; d) reduzir a mortalidade infantil; e) melhorar a saúde materna; f)
combater o HIV/Aids, a malária e outras doenças; g) garantir a sustentabilidade ambiental e
estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento. Este Programa possui a “finalidade
do alinhamento das políticas e práticas empresariais com os valores e os objetivos aplicáveis
internacionalmente e universalmente, acordados junto a dirigentes de mais de 150 países
quando 2015 foi o ano definido como limite para a solução ou melhora de algumas questões
mundiais” (COPACOL, 2003). É desta maneira que a Cooperativa compreende sua
responsabilidade social.
Premiada por várias vezes, mantém, cinco anos, o primeiro/segundo lugar como
“a melhor Cooperativa da avicultura brasileira”. Segundo a Gessuli Agrobusiness de São
Paulo (associada com a Fundação Getúlio Vargas), recebeu, ainda, a certificação ISO 9001
(primeira no Brasil a receber essa certificação em toda a indústria de abate de frango) e a
certificação do Sistema Europeu de Inspeção de Segurança Alimentar (EFSIS) nível superior,
122
que certifica a qualidade no processo avícola em 38 itens exigidos para a certificação. Possui,
atualmente, a divisão de produção agrícola em que assessora tecnicamente seus produtores
associados e comercializa seus produtos e o Complexo Avícola.
O projeto de expansão da COPACOL será financiado no âmbito do Programa de
Desenvolvimento Cooperativo para Agregação de Valor à produção Agropecuária
(Prodecoop), cujo foco é aumentar a competitividade do complexo agroindustrial das
cooperativas brasileiras por meio da modernização dos sistemas produtivos e da
comercialização de seus produtos.
Com relação à área reflorestada no ano: 250 hectares, sendo a área total da
Cooperativa destinada a reflorestamento: 610 hectares.
Uma das preocupações com o meio ambiente está no Recolhimento de Embalagens
de Agrotóxicos: A Copacol foi uma das primeiras cooperativas do Estado a adequar-se à Lei
de Agrotóxicos que determina aos produtores entregarem as embalagens de defensivos
utilizados nas centrais de recebimento. A Cooperativa efetua a coleta e encaminha para uma
usina que procede a destinação final.
4.5 O Complexo Integrado Avícola da Cooperativa Agroindustrial Consolata – Copacol
A Cooperativa Agroindustrial Consolata Copacol, no ano de 1981, deu início ao
projeto denominado Complexo Integrado Avícola, que foi inaugurado em maio de 1982. No
decorrer dos dois anos seguintes, realizava-se o primeiro abate diário de 1.500 frangos por
hora. Empregos diretos e indiretos, a diversificação das propriedades rurais, a geração de
renda e o crescimento da área da Cooperativa foram os impactos causados através da
implantação do projeto, pois, conforme tratado anteriormente, a avicultura foi introduzida
como atividade complementar da renda dos associados.
123
4.5.1 Descrição do Complexo Integrado Avícola
Visto como uma “engrenagem”, o Complexo envolve cinco áreas: fábrica de rações e
concentrados, matrizeiro, incubatório, aviários, abatedouro de aves. O atual complexo avícola
é composto de:
a) fábrica de rações e concentrados: uma das primeiras obras do complexo
construída para atender a demanda de ração, que alimenta as aves de corte,
aves de reprodução dos matrizeiros e também para atender criadores de
suínos e bovinos. A ração produzida destinada às aves é transportada para os
matrizeiros e aviários dos avicultores. A fábrica conta com um total de 5.920
m²;
b) matrizeiros: construídos nos mesmos moldes dos aviários, o matrizeiros são
considerados a primeira peça do complexo avícola. Neles, são abrigadas as
matrizes para a produção de ovos, os quais são selecionados e encaminhados
para o incubatório. Todo o sucesso das demais operações depende da
produção dos matrizeiros. Os matrizeiros somam três unidades com um total
de 83.808 m²;
c) incubatório: local onde os ovos produzidos nos matrizeiros são separados em
compartimentos de acordo com o peso e a idade da mea e abrigados em
máquinas incubadoras, que mantêm os ovos em uma temperatura de 37,5
graus centígrados por um período de 18 dias. Em seguida, os ovos são
transferidos para os nascedouros, onde, após três dias, ocorre o nascimento
dos pintainhos, que após seleção, são separados por sexo, vacinados e
distribuídos aos avicultores integrados. Compreende uma unidade com 5.300
m²;
124
d) aviários: são construídos pelos avicultores integrados dentro dos padrões
recomendados pela cooperativa, abrigando os pintainhos nascidos no
incubatório que são transportados para a criação de aves de corte. As aves,
alojadas nos aviários, permanecem por um período de 48 a 50 dias (existem
lotes de 30/33/35 dias), são criadas de acordo com as orientações técnicas
necessárias para o bom desenvolvimento e qualidade das aves. Os aviários
totalizam 942 unidades com um total de 1.083.532 m². Possuem padronização
dos modelos dos aviários, que apenas mudam de tamanho em metros
quadrados, sendo as seguintes metragens: 540 m², 792 m², 1.084 m², 1.260
m², 1.560 e 1.840 m². O volume de aves confinadas por aviário/produtor
integrado é proporcional a 11 (onze) aves por metro quadrado;
e) abatedouro de aves: local onde ocorre o abate das aves e o processamento das
carnes, dando origem a diversos produtos: desde frango inteiro, rios tipos
de cortes, produtos temperados e industrializados, que visam atender o
mercado interno e externo. Todo o processo de produção e armazenamento
dos produtos passa por um rigoroso controle de qualidade e acompanhamento
permanente dos técnicos do Serviço de Inspeção Federal (SIF). O abatedouro
conta com 15.708.028 m².
O início do processo se no recebimento dos grãos, soja, milho, sorgo e triticale,
em que são os próprios cooperados que fazem a entrega na fábrica de rações e concentrados.
A fábrica de rações é a responsável em manter a alimentação das aves dentro de toda a
estrutura do complexo. A ração segue para os matrizeiros e aviários. Os núcleos matrizeiros,
produzem ovos férteis. Após seleção, são encaminhados para o incubatório, em que ocorre o
desenvolvimento em “chocadeiras elétricas”, nascem então os pintinhos de um dia. Seguem
para os aviários integrados onde permanecem em média 45 dias, denominado período de
125
engorda. Posteriormente, voltam para Cooperativa (agroindústria processadora) para o abate.
As aves abatidas são processadas na própria Cooperativa, no local em que se denomina
“abatedouro de aves”. Após, são embalados os produtos, seguindo a distribuição para o
mercado nacional e internacional.
A Figura 6 demonstra a interação do Complexo Avícola da Cooperativa
Agroindustrial Consolata Copacol, o qual evidencia sua organização e destino dos produtos
finais.
FIGURA 6 - O Complexo Integrado Avícola da Cooperativa Agroindustrial COPACOL
Fonte: Cooperativa Agroindustrial Consolata Ltda
A Cooperativa possui controle rigoroso nos procedimentos com todo o complexo.
Foi dado o primeiro passo para a implantação de todo o Complexo, através do Programa de
Limpeza e Organização dos Aviários. A qualidade da produção é decorrente do Programa de
análise de risco e controle de pontos críticos, e que assim foi implantado o Programa de
Qualidade para a Avicultura (COPACOL, 2003).
Nesta perspectiva de análise, esta visão do macro-processo dinâmico do Complexo
Integrado Avícola, encontra-se estruturalmente voltada para a proposta apresentada das
cadeias avícolas contemporâneas.
126
4.5.2 Sistema de integração
O Complexo Avícola é composto por pequenos, médios e grandes produtores, em
2004, totalizou 779 (setecentos e setenta e nove) produtores integrados avícolas. O tamanho
da construção dos aviários é que os diferencia. São construídos seguindo as especificações
técnicas da Cooperativa e apresentam as variações de tamanho de 540 m², 792 m², 1.084 ,
1.260 m², 1.560 e 1.840 m²; e na “pingadeiras”, que servem para os pintainhos tomarem
água.
O sistema de integração foi implantado no Complexo Integrado Avícola na
inauguração das atividades. Os contratos existiam desde os primeiros acertos entre a
Cooperativa e o avicultor, formalizando a contratualização da produção.
Dentro do sistema de integração, as responsabilidades são as seguintes:
a) cooperativa (agroindústria): assistência técnica e veterinária (manejo e controle
sanitário); entrega de todos os medicamentos veterinários; da ração; entrega do
lote de pintinhos de um dia para o produtor integrado (a entrega é feita no
aviário); e, a busca do lote pronto para o abate, assim como a industrialização e
comercialização até a embalagem do produto e distribuição para o mercado
consumidor. A cooperativa proporciona a armazenagem e industrialização da
matéria-prima e colocação dos produtos no mercado nacional e internacional; boa
parte do volume produzido é vendido na região da sede, faz a entrega dos
produtos nos supermercados, mercearias, restaurantes, açougues, entre outros
pontos. Quanto ao fornecimento de insumos por parte da empresa, obedece a
aspectos qualitativos e tecnológicos;
b) avicultores integrados: são os responsáveis pelo investimento na construção dos
aviários; cuidados diários com as aves durante o período de permanência nos
aviários, com a engorda do animal, manejo e controle sanitário até a entrega do
127
lote para o abate. Quando entregam o lote para o abate, iniciam os trabalhos com
a limpeza e desinfecção do local para posterior recebimento de um novo lote de
pintinhos de um dia, para isto, devem tomar os seguintes cuidados:
b.1) limpar todo o esterco (cama) deixado no aviário;
b.2) lavar e desinfetar o galpão e os equipamentos, e
b.3) deixar o “tempo de repouso” ou “tempo de vazio sanitário”, que especificamente
no caso da Copacol possui uma média de 12 a 15 dias.
Quanto à remuneração dos produtores integrados, esta se em função de aspectos
vinculados à produtividade e eficiência, uma vez que o integrado é responsável pelo correto
gerenciamento dos recursos a ele disponibilizados.
4.5.3 Produtos oferecidos para o mercado nacional e internacional
Os produtos do Complexo Avícola, que possuem como matéria-prima o frango vivo,
são:
a) pacotes resfriados: frango inteiro;
b) pacotes congelados: frango inteiro: frango inteiro, frango carcaça congelado,
frango desossado temperado, frango temperado, frango temperado Navidad.
c) partes: asas, coxas e sobrecoxas, peito, miúdos, industrializados, interfolhados,
produtos para indústrias, outros produtos;
d) frango inteiro, vários tipos de cortes, produtos temperados e industrializados
(espetinho, embutidos e carne moída).
128
4.6 Síntese conclusiva
A caracterização do Complexo Integrado Avícola demonstra que sua estrutura é
complexa e tecnificada, isto desde a construção dos aviários, que deverão estar dentro das
normas exigidas pela agroindústria processadora, até a entrega do produto final para o
mercado consumidor, que é altamente exigente.
Desta forma, compreende-se que o Sistema de Integração adotado organiza a
estrutura do sistema produtivo que é visto como uma “engrenagem”. Tanto a agroindústria
processadora, quanto o avicultor integrado possuem responsabilidades bem definidas, que
contribuem para o êxito da atividade.
Regida pela Lei 5.764 de 16 de dezembro de 1971 (anexo), que trata da Política
Nacional de Cooperativismo, compreende-se que a Cooperativa possui objetivos e princípios
norteadores voltados para o bem comum dos seus cooperados desde sua implantação.
Pode-se concluir através da caracterização apresentada, que a Cooperativa possui as
duas dimensões: a econômica e de resultados e a social, que possui como foco o produtor
rural. Assim, a organização do Complexo está voltada para o desempenho econômico e de
mercado, visando o desempenho social dos cooperados.
129
Capítulo 5
Resultados e Discussão
5.1 Considerações Iniciais
Neste capítulo, serão apresentados os resultados da pesquisa realizada junto à
Cooperativa e aos avicultores integrados, assim como a análise dos dados pesquisados,
seguindo especificamente o referencial teórico utilizado no capítulo 2.
Serão apresentados, inicialmente, os números da produção do Complexo Integrado
Avícola e a tecnologia de informação utilizada pela Cooperativa. Na seqüência, faz-se a
análise interpretativa da pesquisa de campo realizada junto à Cooperativa e aos avicultores
integrados. O capítulo termina com a síntese conclusiva.
5.2 Números da produção do complexo integrado avícola
5.2.1 Produção de ovos férteis, pintainhos, rações e concentrados e cabeças abatidas
A Tabela 16 apresenta a produção de ovos férteis, pintainhos, rações e concentrados
e cabeças abatidas entre os anos de 2000 e 2004. Na indústria de rações e concentrados, a
Cooperativa utiliza todo o milho adquirido dos associados e 50% da soja na fabricação de
rações. São utilizados o milho, a soja, o trigo e ainda, quando disponíveis, o triticale e o sorgo.
Quando faltam cereais para a produção, a Cooperativa compra milho e soja, que são a base
alimentar dos frangos produzidos. O recebimento dos cereais ao ano no período analisado
(2000/2004) apresentou uma média de 400 mil toneladas.
Observa-se o aumento expressivo de produção de ovos férteis ocorrida entre os anos
de 2003 e 2004, que apresentou uma variação percentual de 42%, o maior índice apresentado
130
no período. Isto ocorreu devido a forte investimento e incremento no setor por parte da
Cooperativa.
A produção de pintainhos apresentou uma variação positiva importante durante todo
o período estudado, a saber: 2000 2001: variação positiva de 9%; 2001-2002: variação
positiva de 6%; 2002-2003: variação positiva de 23% e, 2003-2004: variação positiva de
10,26%. Os números apresentados indicam que os maiores percentuais foram entre os anos de
2002 e 2003 e que a variação entre 2003 e 2004 apresentou queda percentual de
aproximadamente 12%.
Deste processo todo decorre a produção de cabeças abatidas que, no período
analisado cresceu 58,23%, passando de 39.200 milhões de cabeças para 62.029 milhões de
cabeças.
Estes números demonstram que houve crescimento positivo em todo o período
estudado, em todos os segmentos do Complexo Integrado Avícola, obedecendo a organização
da atividade para crescer em um mercado competitivo.
TABELA 16 - Demonstrativo da capacidade de conversão dos insumos em produtos Finais* (2000/2004)
Ano Ração Ovos Férteis Pintainhos Frango Abatido (milhões
de cabeça)
2000 222.817 50.674.931 39.281.000 39.200
2001 237.161 50.955.308 42.701.750 41.416
2002 259.229 50.496.987 45.293.600 43.750
2003 291.511 51.674.931 55.671.460 56.438
2004 318.862 73.173.783 61.384.563 62.029
Fonte: COPACOL (2005)
Notas: Dados elaborados pela autora.
* Existem índices técnicos utilizados internacionalmente para que se possa avaliar adequadamente a
performance da produção de frango de corte, para detalhamento, pesquisar em Meira, Wanderley e
Miranda (2005, p. 12) conversão alimentar = consumo de ração/peso da ave.
131
5.2.3 Desempenho no mercado nacional e internacional (market share)
Os produtos do Complexo Integrado Avícola são distribuídos para o mercado
nacional e internacional. No mercado nacional, os produtos são vendidos através das unidades
de venda da Cooperativa ou dos representantes comerciais.
No mercado externo, a Cooperativa exporta para 11 países: Argentina, Alemanha,
Holanda. Romênia, Irlanda, Espanha, Inglaterra, Cingapura, Japão, Hong-Kong e Rússia.
A Tabela 17 apresenta os números da produção e exportação, bem como as
respectivas participações no mercado nacional e internacional. A variação ocorrida na
participação do mercado interno entre 2000 e 2004, foi de 0,33% no período. Já em relação ao
mercado externo, observa-se um crescimento de 0,11% no período, passando de 9.815
toneladas no ano de 2000, para 29.963 toneladas em 2004. Os dados dos anos anteriores não
foram disponibilizados.
TABELA 17 - Desempenho no mercado nacional e internacional (market share)
Ano Produção
(cabeças abatidas)
Participação
(% mercado interno)
Exportação
(toneladas/líq.)
Participação
(% mercado externo)
2000 39.200 1,2 9.815 1,1
2001 41.416 1,2 11.796 0,9
2002 43.750 1,2 15.922 1,0
2003 56.438 1,52 21.968 1,14
2004 62.029 1,53 29.963 1,21
Fonte: Relatórios da ABEF, 2000,2001,2002,2003,2004 (2005a, 2005b, 2005c, 2005d, 2005e)
Nota: Dados trabalhados pela autora.
5.2.4 Tecnologia de informação
A Cooperativa esteve inserida nos processos de evolução tecnológica desde 1977.
Evoluiu para adequar-se ao volume de negócios e atender as exigências do mercado. Desta
maneira adotou os sistemas de gestão empresarial SAP R/3 (ERP Enterprise Resource
Planning ).
132
Em 07 de dezembro de 1999, inicia-se o projeto denominado “Copacol Gestão do
Futuro”, que nasceu exatamente com o objetivo de rever toda a cadeia de abastecimento
(suprimentos, estoque, comercialização e distribuição), criando uma gestão logística que
integrasse cada uma delas (INTEGRAÇÃO, 2004). O gerente administrativo da Cooperativa
explicou que a intenção era atender: “desde o planejamento de vendas, que por sua vez gera a
produção, e esta, conseqüentemente, as demandas por suprimentos, tínhamos como foco a
revisão dos processos para, no final, melhorar nossa eficiência e o desempenho no
mercado”(INTEGRAÇÃO, 2004, p. 8). A parametrização do sistema o formatou de acordo
com as características das necessidades da COPACOL. Os equipamentos utilizados para
manterem o sistema de gestão SAP R/3 da COPACOL são baseados na tecnologia SUN
Microsystems, com arquitetura 64-bits, sistema operacional Sun Solaris 8 e sistema
gerenciador de banco de dados Oracle 8i (my SAP ERP e SAP BW). Antes do projeto, a
Cooperativa possuía um sistema próprio, mas que não solucionava os problemas na gestão das
informações e na geração dos relatórios, em que havia alto custo de manutenção (THEBEST-
RUN BUSINESSES SAP 06/2005).
A Cooperativa, através deste projeto em 1999, buscou: informações mais rápidas e
precisas para a tomada de decisão, a integração de todos os segmentos de negócios para a
comercialização dos segmentos dos produtos e, visando à expansão no mercado de
agribusiness. Objetivos do projeto: implementar uma solução que atendesse todas as
necessidades da Cooperativa, fortalecer e integrar todos os segmentos de negócios.
Para isto, os principais desafios apontados foram, conforme as informações contidas
no The Best-Run Businesses Run Sap (06/2005, p.01):
melhorar a produtividade através da adequação dos processos; agilizar os
atendimentos e serviços prestados; disponibilizar informações pidas e confiáveis
para as tomadas de decisões; maior competitividade; melhorar o nível de
atendimento dos pedidos dos clientes; aumentar a margem de contribuição através
da comercialização do melhor mix de vendas; melhorar o desempenho da
cooperativa e conseqüentemente melhorar os resultados.
133
Esta solução foi escolhida por seu conhecimento e know-how técnico, por sua
integração e conectividade. São destacados os seguintes benefícios: i) redução dos estoques;
ii) administração mais eficiente; iii) redução dos custos da produção; iv) ampliação do volume
de informações de seus clientes; v) redução significativa de inadimplência; vi) elevação da
margem de ganho por região; vii) controle mais eficaz das informações; viii) maior eficiência
do controle orçamentário.
Por estar equipada com este sistema, a revista tecnologística Integração (edição de
novembro de 2004) considerou a cooperativa como um modelo de gestão do setor de
agronegócio (INTEGRAÇÃO, 2004).
Estando inserida em um mercado altamente competitivo, compreende que o avanço
tecnológico é um processo contínuo. Para tanto, a Cooperativa elaborou um projeto para
aumentar a eficiência em toda a cadeia avícola que, atualmente, representa 50% de suas
atividades. Denominado Complexo Integrado Avícola, o projeto logístico servirá toda a
cadeia de abastecimento do frango, desde os matrizeiros até o abatedouro. Desenvolvido em
parceria com a Partner Consulting do Brasil, o projeto cria uma estrutura logística nova, que
centraliza e coordena todas as operações de movimentação, estoque, armazenagem e
transporte do frango The Best-Run Businesses Run Sao (06/2005).
Em todo o Complexo Avícola, os custos representam: estoque e armazenagem =
7,5% e 4,5%, respectivamente; movimentação, 20%; e transportes, 68%, ou perto de R$ 23
milhões (R$ 9 milhões dos quais com exportação).
O sistema permite, que os produtores associados, tenham um atendimento eficaz
baseado em informações ágeis e seguras, assim, terão melhores oportunidades para
comercializarem seus produtos, obtendo melhor remuneração de sua produção através da
solução da SAP (THE BEST-RUN BUSINESSES RUN SAP, 2005, p. 2) Esta é a primeira
134
implementação da versão 4.6 do SAP R/3 no Brasil. As etapas em que o processo ocorreu
foram:
a primeira etapa teve início em 2000 com os módulos de Finanças (FI),
Controladoria (CO), Administração de Materiais (MM), Planejamento e Controle da
Produção (PP), Vendas e Distribuição (SD), Qualidade (QM) e Manutenção (PM). O
projeto inseria todas as 22 filiais da COPACOL. A estratégia de implementação
adotada foi o Big Bang, na qual todas as filiais entraram em operação na mesma
data. [...] Logo após o go live da solução SAP R/3, que aconteceu em Outubro de
2000, a COPACOL sentiu necessidade de migrar o contrato para o mySAP ERP. O
mySAP ERP é uma solução de planejamento de recursos empresariais que
impulsiona as funções de seu core business, incluindo recursos analíticos,
gerenciamento de capital humano, finanças, operações e serviços corporativos.
Oferece recursos específicos para cada indústria, integrando de ponta a ponta e de
forma homogênea os principais processos de negócio. Devido à sua alta
escalabilidade e adaptabilidade, o mySAP ERP possibilita a inclusão gradativa de
soluções de gerenciamento de relacionamento com o cliente, cadeia de suprimentos
ou ciclo de vida de produto ao longo da evolução de seus negócios [...] A solução
SAP BW (Business Information Warehouse) faz parte da plataforma SAP
NetWeaver que oferece um sólido conjunto de ferramentas de inteligência
empresarial que ajuda a criar e implementar relatórios e aplicações personalizadas e
interativas, dando suporte às decisões em qualquer nível. A última etapa desse
projeto ocorreu em 2004 em apenas 45 dias, com a migração da versão 4.6B para a o
R/3 Enterprise (4.7). [...] Durante a implementação, foi aplicada a metodologia de
gerenciamento de projetos da SAP.
A tendência para os próximos anos é que haja maximização dos recursos disponíveis,
em que já estão sendo implementados os “seguintes módulos disponíveis na solução mySAP
ERP: o WMS (Warehouse Management Solution), em algumas plantas e o MRP
(Manufacturing Resource Planning), que a empresa acaba de implementar para a cadeia de
abate de frango” (THE BEST-RUN BUSINESSES RUN SAP, 2005, p. 3). Desta maneira, a
Cooperativa pretende nos próximos anos, “disponibilizar aos gestores informações precisas,
levando em consideração o nível de criticidade e detalhamento que serão necessários para as
tomadas de decisões nos níveis táticos e estratégicos” (THE BEST-RUN BUSINESSES RUN
SAP, 2005, p. 3).
A Tabela 18 apresenta uma síntese acerca das áreas atendidas pelo sistema
apresentado e os resultados obtidos.
135
TABELA 18 - Áreas atendidas pelo sistema apresentado e os resultados obtidos
Áreas Resultados
Contabilidade de Custos Apuração dos custos de cada item produzido.
Orçamento de Despesas Maior eficiência no controle orçamentário.
Comercial Redução significativa de inadimplência.
Compras Redução do custo relativo a compras.
Controle de Qualidade
Certificação do ISSO 9001.
Serviços de Manutenção Redução dos custos e do número de horas paradas nas atividades produtivas
em função da necessidade de manutenção.
Fonte: THE BEST-RUN BUSINESSES RUN SAP (2005, p. 3).
A Tabela 18 apresenta como o sistema implantado na Cooperativa atua em cada área.
Com maiores avanços tecnológicos, pretende-se diminuir custos e racionalizar a produção.
Reestruturada a cadeia logística, houve ganhos significativos em todo o processo,
auxiliando na melhor profissionalização, melhores processos de cadeia de suprimentos,
administração de estoques, transporte, produção, planejamento de produção e
comercialização.
5.3 Análise interpretativa da pesquisa realizada junto à Cooperativa e aos avicultores
integrados
A fim de verificar alguns aspectos importantes da Cooperativa e dos avicultores
integrados, tais como: governança, freqüência, incerteza, oportunismo, incentivos,
especificidade de ativos, contratos, assim como os aspectos ligados à manutenção dos
princípios norteadores cooperativistas, foram aplicados dois questionários, um
especificamente para a Cooperativa (Apêndice A ) e outro para os avicultores (Apêndice B),
com perguntas abertas e fechadas. Generalizam-se algumas conclusões a respeito da amostra
observada, que podem ser consideradas para o universo dos avicultores integrados.
Para facilitar o estudo, esta análise não separou os questionários para pequenos,
médios e grandes produtores, pois, objetivou-se coletar os dados de forma a proporcionar-se
uma amostra geral e ampla do universo pesquisado.
136
A aplicação do questionário se deu através de uma visita à sede da Cooperativa. Na
entrevista foram obtidas as resposta de alguns aspectos gerais, enquanto para outras perguntas
mais específicas o questionário ficou à disposição da Cooperativa para o preenchimento.
5.3.1 Aspectos Gerais
A fim de verificar a realidade administrativa de maneira geral pertencente à
Cooperativa, considera-se nos aspectos gerais, a composição fundiária dos avicultores, o
perfil do quadro de colaboradores administrativos, abrangência do mercado nacional e
internacional.
A Tabela 19 demonstra a composição fundiária dos avicultores em 2004. Observa-se
que as maiores concentrações estão nas áreas de 0 a 10 hectares, e de 11 a 50 hectares,
correspondendo a 358 (46%) avicultores e, 335 (43%), avicultores, respectivamente. Porém, a
maior concentração de área está entre os avicultores de 11 a 50 hectares, correspondendo a
29% dos 24.755 hectares.
TABELA 19 - Composição fundiária dos avicultores (2004)
Área/ hectares N° avicultores % Área total %
000 a 10 ha 358 46% 1.402 há 6%
011 a 50 ha 335 43% 7.217 há 29%
051 a 100 ha 47 6% 3.160 há 13%
101 a 500 ha 31 4% 5.961 há 24%
+ de 500 ha 8 1% 7.015 há 28%
Total 779 100% 24.755- 100%
Fonte: A autora
A Tabela 20 demonstra o perfil do quadro de colaboradores administrativos no ano
de 2004, objetivando compreender o perfil do grau de escolaridade da administração da
cooperativa. Verificou-se que a maior concentração, que corresponde a 3.688 (92,8%) dos
funcionários, possui escolaridade entre o ensino fundamental, ensino médio incompleto e
137
completo, sendo o maior percentual (41%), no ensino fundamental. Observou-se que com o
ensino superior incompleto, completo, pós-graduação e mestrado, são 267 funcionários,
(6,7%) do total. Não alfabetizados são apenas 18 funcionários (0,5%) do total.
TABELA 20 - Perfil do quadro de colaboradores administrativos (2004)
Escolaridade Quantidade %
Não alfabetizados 18 0,5
Ensino fundamental 1626 41,0
Ensino médio incompleto 596 15,0
Ensino médio completo 1466 37,0
Superior incompleto 120 3,0
Superior completo 119 2,8
Pós – graduação 26 0,7
Mestrado 2 0,0
Doutorado 0 0,0
Total 3.973 100
Fonte: A autora
A Tabela 21 demonstra que do total dos estados nacionais atendidos pela
Cooperativa, o estado mais atendido é o Paraná (35%), seguido por São Paulo,(12%), Distrito
Federal (9%) e Mato Grosso do Sul (8%) e outros estados da Federação, distribuída a
participação de 36%. Considera-se a maior abrangência do estado do Paraná devido à
Cooperativa localizar-se no Oeste do estado.
É importante ressaltar que unidades próprias de venda de frango industrializado
nas cidades de Brasília (DF), Campo Grande (MS), Tarabaí (SP) e Curitiba (PR). O que
proporciona a comercialização apresentada nestes estados.
138
TABELA 21 - Mercado interno
Regiões ou Estados Atendidos Percentual do Total
Paraná 35%
São Paulo 12%
Mato Grosso do Sul 8%
Distrito Federal 9%
Outros 36%
Total 100%
Fonte: A autora
A Tabela 22 demonstra que o no ano de 1985, iniciaram-se as exportações para o
Japão, Depois, aparece a Europa que iniciou as exportações no ano de 1996 Na seqüência,
Hong Kong, que iniciou as exportações em 1990 e a África do Sul, que iniciou em 2001,
enquanto outros países ou regiões iniciaram as exportações a partir do ano de 2001.
TABELA 22 - Mercado externo
Cliente/Países Ano Inicial de Exportação para o País
Japão 1985
Europa 1996
Hong Kong 1990
África do Sul 2001
Outros 2001
Fonte: A autora
5.3.2 Aspectos institucionais e organizacionais
A fim de verificar alguns aspectos institucionais e organizacionais da Cooperativa,
este item demonstra quais os Programas de Qualidade adotados pela empresa especificamente
no Complexo Integrado Avícola, para que se possa compreender, de forma mais específica,
quais as exigências quanto ao tipo de matéria-prima (frango vivo para o abate), assim como a
análise da qualidade do produto final, a carne de frango. A Tabela 23 demonstra quais os
139
Programas de Qualidade adotados pela empresa especificamente no Complexo Integrado
Avícola assim como seu ano de implantação.
TABELA 23 - Programas de qualidade adotados pela empresa especificamente no complexo integrado avícola
Programa Ano de Implantação
1. Programa de Limpeza e Organização doa aviários 2000
2. Programa de Análise de Risco e Controle de Pontos Críticos
2002
3. Programa de Qualidade para a Avicultura 2002
4. Outros (especificar) -
Fonte: A autora
A Tabela 23 permite observar que no ano de 2000 foi implantado o Programa de
Limpeza e Organização dos Aviários; no ano de 2002, foram implantados os Programas de
Análise de Risco e Controle de Pontos Críticos e de Qualidade para a Avicultura.
Quanto às exigências da matéria-prima (frango vivo para o abate), a Cooperativa
exige que o peso do animal esteja dentro das especificações técnicas, que a sanidade do
animal esteja em perfeitas condições para o abate e posterior consumo, assim como a
qualidade da carne, que é analisada através do Controle de Qualidade da Cooperativa e
Inspeção Federal, seguindo, assim, o rigoroso controle de qualidade adotado pela
Cooperativa.
5.3.3 Relacionamento com clientes e distribuidores
Neste item, pretende-se compreender qual a participação dos diferentes clientes na
quantidade total vendida ao mercado consumidor. Desta maneira, apresentam-se a relação
com o cliente nacional e internacional, a freqüência das vendas e o grau de incerteza da
Cooperativa frente ao ambiente econômico em que estão inseridos estes clientes, assim como
se apresenta a relação com os distribuidores, quanto à entrega dos produtos.
140
5.3.3.1 Relação com o cliente nacional
A Tabela 24 demonstra que do total das vendas nacionais, os maiores clientes são os
hipermercados e os supermercados com participação de 84% do total; em segundo lugar, os
atacados com 8%; depois os açougues com 5% e as lojas próprias da Cooperativa com 3%.
Existem acordos comercias desde a década de 1990, entre a Cooperativa e os clientes
nacionais.
TABELA 24 - Clientes no mercado interno
Cliente Participação na Quantidade Vendida
Hipermercado / Supermercado 84%
Açougue 5%
Atacados 8%
Lojas próprias da cooperativa 3%
Outro: especificar -
Total 100%
Fonte: A autora
A Tabela 25 permite observar que os clientes nacionais, hipermercado/supermercado,
açougue e atacados são atendidos semanalmente, e as lojas da Cooperativa, diariamente,
evidenciando a alta freqüência encontrada no atendimento ao cliente. A Cooperativa também
afirmou que sempre vende para os mesmos clientes, com poucas variações, demonstrando a
alta fidelidade dos clientes.
TABELA 25 - Freqüência de venda da empresa para clientes nacionais
Freqüência Cliente
Diariamente Semanalmente Mensalmente Anualmente
Hipermercado/Supermercado X
Açougue X
Atacados X
Lojas próprias da cooperativa X
Outro:especificar
Fonte: A autora
141
Diante das incertezas do ambiente econômico quanto à venda da carne, a Tabela 26
demonstra que quanto à queda no preço da carne de frango no mercado, é alto o grau de
incerteza da Cooperativa. Contudo, quanto à concorrência com a carne bovina e suína, o grau
de incerteza é médio.
TABELA 26 - Grau de incertezas do ambiente econômico
Incerteza Grau de Incerteza
Queda no preço da carne de frango no mercado 2-3
Concorrência com a carne bovina e suína 2
Outra:
FONTE: A autora
NOTA: 1- Baixa, 2- Média e 3- Alta
Foi perquirido, também, quanto ao comportamento dos clientes nacionais e a
Cooperativa afirmou que sempre cumprem o combinado, demonstrando alta fidelidade.
5.3.3.2 Relação com o cliente internacional
Neste item, pretende-se compreender qual a participação dos diferentes clientes na
quantidade total vendida ao mercado consumidor, para isto, apresentam-se a relação com o
cliente internacional.
A Cooperativa afirmou que as principais medidas adotadas pela empresa para atender
as exigências de seus respectivos clientes são investir em pesquisa e tecnologia e implantar
programas de qualidade. Existem contratos firmados com os clientes internacionais e Acordos
Comerciais de parceria, que completaram uma década. Quanto à freqüência de venda ao
cliente internacional, esta é feita mensalmente.
A Tabela 27 demonstra que quanto à queda no preço da carne de frango no mercado,
o grau de incerteza da Cooperativa está entre médio e alto. Quanto à alteração na taxa de
câmbio, a incerteza é média. As barreiras sanitárias também possuem grau de médio a alto na
142
incerteza do ambiente econômico. Sempre cumprem o combinado. A Cooperativa possui
sistema de informações sobre câmbio e oferta de carne de frango em vários mercados.
TABELA 27 - Grau de incerteza diante do ambiente econômico quanto a venda da carne
Incerteza Grau de Incerteza
Queda do preço da carne de frango 2-3
Alteração na taxa de câmbio 2
Barreiras sanitárias 2-3
Outras: -
Fonte: A autora
Nota: 1- Baixa, 2 - Média e 3 - Alta
5.3.3.3 Relacionamento com o distribuidor
Verifica-se na Tabela 28, que a distribuição no mercado local e regional é efetuada
pela própria Cooperativa, com entregas semanais. No mercado internacional a distribuição
não é própria e a freqüência da entrega é mensal.
A Cooperativa afirmou também que há exclusividade da distribuição através da
Cooperativa: da ração para os aviários; da entrega dos lotes de pintainhos; na entrega de
medicamentos e na busca do lote para o abate.
Não exclusividade da distribuição através da Cooperativa, quanto à distribuição
do produto dentro do território nacional e para o mercado externo, até o embarque (porto ou
aeroporto).
TABELA 28 - Entrega dos produtos
Mercado Distribuição Quanto à Freqüência da Entrega
Local ( x ) própria ( ) terceiros ( ) diária ( x ) semanal ( ) mensal
Regional ( x ) própria ( ) terceiros ( ) diária ( x ) semanal ( ) mensal
Internacional ( ) traders ( ) diária ( ) semanal ( x ) mensal
Fonte: A autora
143
5.3.4 Características do contrato entre a Cooperativa e o avicultor
A fim de diagnosticar as características do contrato entre a Cooperativa e o avicultor,
a perguntas formuladas levaram em consideração, a coordenação da atividade avícola, para
compreender como se a governança; o tipo de contrato; prazo; exclusividade do produtor
integrado; se os contratos sempre existiram; se desde a inauguração do Complexo todos os
avicultores possuem contratos e se todos são iguais.
A coordenação da atividade avícola, entre Cooperativa e avicultor, se
formalmente com contrato do tipo formal por escrito, sendo que o prazo do contrato é por
tempo indeterminado. exclusividade do produtor integrado, que deverá atender somente a
cooperativa.
No início da década de 1980, existiam contratos entre o avicultor e a Cooperativa.
Todos os avicultores possuem contratos, todos os contratos são iguais.
5.3.4.1 Quanto à responsabilidade das partes (cooperativa e avicultor)
O que fica por conta do produtor em termos de custos de produção: o produtor recebe
de acordo com o desempenho do lote, indiferente dos custos de produção, que o
influenciam no ganho do avicultor. São gastos dos avicultores: lenha, energia elétrica, mão-
de-obra e a manutenção do galpão. A freqüência da assistência técnica/veterinária aos aviários
se dá conforme solicitação do produtor (no mínimo duas visitas por lote)
21
.
A Tabela 29 demonstra que diante da alta especificidade do ativo (matéria-prima), o
grau de incerteza, do atributo peso abaixo do especificado, é média; do atributo idade do
animal abaixo do especificado, não há incerteza, pois quem recolhe os lotes é a Cooperativa; e
21
Em relação a outros aspectos, tratou-se anteriormente no capítulo 4, item 4.5.2 Sistema de Integração.
144
do atributo, sanidade do animal é média, demonstrando que a especificidade do ativo é
atributo importante.
TABELA 29 - Grau de incerteza diante da alta especificidade do ativo
Incerteza Grau de Incerteza
Peso abaixo do especificado 2
Idade do animal abaixo do especificado -
Sanidade do animal 2
Outros: especificar -
Fonte: A autora
Nota: 1- Baixa, 2 - Media e 3 - Alta
5.3.4.2 Controle e incentivo da Cooperativa em relação ao avicultor
Neste aspecto, pretende-se observar se controle da Cooperativa sobre as ações do
avicultor. Sendo assim, conforme a Tabela 30, observa-se que na limpeza dos aviários um
médio controle da Cooperativa e a freqüência é média. Quanto aos equipamentos necessários,
o manejo e a nutrição, o controle da Cooperativa é alto, assim como a freqüência deste
controle.
TABELA 30 - Controle e a freqüência da cooperativa nos aviários nas atividades
Atividades Controle Freqüência
Limpeza dos aviários ( ) alto (x) médio ( ) baixo ( ) alta (x) média ( ) baixa
Equipamentos necessários (x) alto ( ) médio ( ) baixo (x) alto ( ) média ( ) baixa
Manejo (x) alto ( ) médio ( ) baixo (x) alto ( ) média ( ) baixa
Nutrição (x) alto ( ) médio ( ) baixo (x) alto ( ) média ( ) baixa
Outras: especificar ( ) alto ( ) médio ( ) baixo
Fonte: A autora
Foi questionado também sobre a freqüência do relacionamento com os avicultores
integrado e a Cooperativa afirmou que há sempre contato entre as partes, sendo que o
avicultor sempre comunica a mesma caso necessite.
145
a) Incentivo
Existem formas de incentivo da Cooperativa aos avicultores, através da melhor
remuneração para bons resultados (bonificações), premiações bimestrais e anuais, divulgação
através dos meios de comunicação da Cooperativa. A freqüência dos incentivos se dá através:
a) melhor remuneração: contínuo
b) premiação dos melhores lotes: bimestral e anual
c) divulgações: semanais, mensais.
O pagamento ao produtor, é efetuado 7 dias depois da entrega do lote. São
distribuídas sobras (lucros não reinvestidos) da Cooperativa.
b) Atributos da empresa
A Cooperativa lida com os aspectos referentes às especificações técnicas dos
produtos, visando atender o mercado interno e externo, adequando-se às exigências dos
respectivos mercados, implantação de ISO
22
, normatização de procedimentos, treinamento de
colaboradores e cooperados, critérios de seleção de fornecedores.
A Tabela 31 demonstra os atributos do reconhecimento da marca utilizados pela
Cooperativa no mercado local, regional e internacional. Observou-se que no mercado local e
regional os atributos utilizados para reconhecimento da marca são marketing, qualidade e
produto diferenciado. no mercado internacional, os atributos utilizados são: qualidade,
prazo de entrega e produto diferenciado.
A Cooperativa compreende a importância destes atributos para atender
adequadamente aos seus clientes de alto grau de exigência.
22
Sistema de certificação internacional.
146
TABELA 31 - Atributo do reconhecimento da marca
Mercado Quais Aspectos são Utilizados
(x) marketing ( ) preço (x) qualidade ( ) prazo de entrega Local
(x) produto diferenciado ( ) outros produtos
(x) marketing ( ) preço (x) qualidade ( ) prazo de entrega Regional
(x) produto diferenciado ( ) outros produtos
( ) marketing ( ) preço (x) qualidade (x) prazo de entrega Internacional
(x) produto diferenciado ( ) outros produtos
Fonte: A autora
5.3.5 Informações sobre Abate, Processamento, Comercialização
Informações sobre Abate, Processamento, Comercialização:
a) a Cooperativa adquire insumos para produção de ração para frangos como: soja,
milho, sorgo e triticale 100% do cooperado;
b) o há distinção do preço dos cereais quando a cooperativa compra dos
avicultores integrados;
c) nunca faltam cereais para a fabricação de ração;
d) alguns processos no de abate, cortes e industrialização são feitos através de
terceirização;
e) a Cooperativa não compra frango vivo (matéria-prima) eventualmente de produtor
independente.
Sobre a produção, as máquinas e equipamentos são importados. Nem todo o processo
(desde o início da esteira até o empacotamento) é automatizado. A etapa manual é a pendura,
cortes para mercado externo. treinamento para os funcionários que trabalham no abate.
Quanto ao cuidado na preparação dos diferentes tipos de produtos, pesquisa e
desenvolvimento que são produzidos a partir das exigências do consumidor. Frente à
concorrência, a Cooperativa tem oferecido produto diferenciado. O preço final de venda do
produto se dá em função do mercado. A Tabela 32 demonstra que quanto à compra de
147
matéria-prima, a Cooperativa possui grau baixo de incerteza quanto à queda no preço da carne
de frango no mercado e quanto à concorrência com a carne bovina e suína e a sanidade da
ave.
TABELA 32 - Incertezas quanto à compra de matéria-prima.
Incerteza Grau de Incerteza
Queda no preço da carne de frango no mercado 1
Concorrência com a carne bovina e suína 1
Sanidade 1
Outra: -
Fonte: A autora
Nota: 1- Baixa, 2 – Média e 3 - Alta
5.3.6 Manutenção dos princípios cooperativos norteadores
Neste item, pretende-se verificar se a manutenção dos princípios cooperativos
norteadores.
A Cooperativa afirmou que a entrada de novos cooperados é bem-vinda. As
tomadas de decisões acerca do Complexo Integrado Avícola se dão na administração da
Cooperativa. A composição dos votos na reunião com os avicultores segue o princípio um
homem, um voto. As reuniões entre a Cooperativa e os avicultores ocorrem semestralmente,
indicando boa freqüência.
As iniciativas da Cooperativa quanto ao compromisso com a educação dos membros
da Cooperativa, para lhes facultar uma participação efetiva se dão através de treinamento,
reuniões, assistência técnica periódica.
Os aspectos, em que cooperação da Cooperativa com organizações locais,
nacionais e mundiais são os aspectos sociais, culturais, econômicos e ambientais, objetivando
contribuir para o desenvolvimento sócio-econômico da região.
148
A Cooperativa classifica a dependência da compra da matéria-prima do produtor
integrado como importante, devido à alta especificidade do ativo. O motivo da compra dos
cereais (soja, milho, triticale e sorgo) através dos cooperados, se por filosofia
cooperativista: a Cooperativa produz a ração porque a produção na própria Cooperativa é
mais rentável, além da garantia da qualidade.
5.4 Análise dos dados do questionário proposto para os avicultores integrados
A população constituí-se por 779 avicultores integrados. Utilizando-se uma margem
de 10% de erro para a seleção da amostra, são necessários aproximadamente, 89
questionários. Desta forma, foram encaminhados 265 questionários e destes, retornaram
preenchidos 96, e todos estes foram tabulados. Com margem de erro de 10%, critério
fundamental para selecionar, com segurança, a população de avicultores integrados da
Cooperativa Agroindustrial Consolata Copacol, objetivou-se obter informação
representativa do universo dos avicultores. Assim, cada elemento da população possui
probabilidade igual de pertencer à amostra selecionada.
Foi utilizado o pré-teste com os avicultores para análise da compreensão do
questionário. Dos 265 questionários, foram aplicados pessoalmente a 9 avicultores integrados,
sendo 3 de pequeno porte, 3 de médio porte e 3 de grande porte. Para facilitar e agilizar o
processo, o restante foi aplicado através da Faculdade de Cafelândia Única, pois a grande
maioria dos acadêmicos da Instituição está ligada diretamente ou indiretamente com a
atividade.
A Tabela 33 identifica quanto tempo o avicultor é cooperado. Deve-se levar em
consideração que as condições básicas para que o avicultor seja aceito como integrado, são:
ser cooperado e manter fidelidade à Cooperativa enquanto cooperado.
149
Do total dos 96 avicultores que responderam ao questionário, 12 avicultores (12,5%)
são cooperados entre 3 meses a 10 anos, 40 avicultores (41,7%) são cooperados entre 11 e 20
anos e, 44 avicultores (45,8%) são cooperados entre 21 a 43 anos.
TABELA 33 - Tempo de cooperado
Tempo (anos) Avicultores %
de 3 meses a 10 anos 12 12,5
de 11 a 20 anos 40 41,7
de 21 a 43 anos 44 45,8
Total 96 100
Fonte: A autora
A Tabela 34 demonstra há quanto tempo os cooperados se dedicam à atividade
avícola. Do total dos 96 avicultores que responderam ao questionário, encontram-se os
avicultores que se dedicam à atividade, entre: 3 meses a 05 anos, apresentando um total de 26
avicultores, que corresponde a 27,1%; 5 a 10 anos, 11 avicultores, que corresponde a 11,55, e,
mais de 10 anos, um total de 59 avicultores, que corresponde a 61,5%.
TABELA 34 - Há quanto tempo trabalha com a atividade avícola
Tempo de trabalho (anos) Avicultores %
Entre 3 meses e 5 anos 26 27,1
Entre 5 anos e 10 anos 11 11,5
Mais de 10 anos 59 61,5
Total 96 100
Fonte: A autora
A Tabela 35 demonstra se o avicultor era integrado a outra empresa. Do total dos 96
avicultores que responderam ao questionário, ninguém era integrado com outra empresa, ou
seja, 100% dos avicultores sempre foram integrados com a Cooperativa Copacol.
TABELA 35 – Era integrado com outra empresa
Era Integrado Avicultores %
Sim 0 0
Não 96 100
Total 96 100
Fonte: A autora
150
5.4.1 Caracterização dos avicultores integrados: uma distinção entre pequenos, médios e
grandes produtores
A Cooperativa exige para aceitar um avicultor integrado: que ele seja um cooperado
e que tenha fidelidade à Cooperativa, assim, há a liberação para que o cooperado se torne
avicultor integrado, sendo pequenos, médios e grandes produtores, totalizando no ano de
2004, 779 (setecentos e setenta e nove) produtores integrados avícolas. Segundo a própria
Cooperativa, a capacidade de alojamento dos pintainhos é o que os diferencia em pequenos,
médios e grandes produtores. Desta forma, são considerados pequenos produtores os que
possuem em seus aviários capacidade de alojamento de 6.000 pintainhos por lote; médios
produtores com capacidade de alojamento de 15.000 pintainhos por lote, e grandes produtores
com capacidade de alojamento de 30.000 pintainhos por lote. Sendo 6 lotes por ano, para
alojamento, a capacidade anual dos pequenos produtores é de 36.000 aves por ano; médios
produtores de 90.000 aves por ano e, grandes produtores de 180.000 aves por ano, por aviário.
O porte da construção dos aviários erigidos, seguindo as especificações técnicas da
Cooperativa, são de 540 m², 792 m², 1.084 m², 1.260 m², 1.560 e 1.840 m². Apenas os
grandes produtores possuem nos aviários o sistema de “pingadeiras”, que servem para os
pintinhos tomarem água. A Tabela 37 demonstra a quantidade de avicultores por porte.
A Tabela 36 demonstra que em 2004, dos 779 avicultores integrados, 118 são de
grande porte, que representam 15,3%; 627 avicultores são de médio porte, que representam
80,4%, e 34 avicultores, que representam 4,3% de pequeno porte.
TABELA 36 - Porte dos avicultores (2004)
Porte Quantidade %
Grande 118 15,3
Médio 627 80,4
Pequeno 34 4,3
Total 779 100
Fonte: A autora
151
Nas unidades localizadas em Cafelândia, Nova Aurora, Formosa do Oeste, Jesuítas,
Jotaesse, Central Santa Cruz, Universo, Palmitópolis, Carajás e Iracema do Oeste, no estado
do Paraná, os produtores se integram na produção (menos no abate/embalagem) e na
comercialização dos produtos, devido à aproximação com o mercado.
A Tabela 37 demonstra a realidade das propriedades dos avicultores integrados. Do
total dos 96 avicultores que responderam ao questionário, 90 avicultores responderam que a
propriedade é própria, o que representa 93,8%, e, 6 avicultores possuem propriedades
arrendadas. Quanto ao tamanho das propriedades, 64 avicultores, que representa 66,7%,
responderam que suas propriedades possuem de 0 a 30 hectares; 13 avicultores, que
representa 13,5%, responderam que suas propriedades possuem de 31 a 60 hectares; 6
avicultores, que representa 6,3%, responderam que suas propriedades possuem de 61 a 90
hectares; 6 avicultores, que representa 6,3%, responderam que suas propriedades possuem
mais de 91 hectares e, 6 avicultores não responderam. Em relação à existência de rios, riachos
ou córregos, 90 avicultores, que representam 93,8% responderam afirmativamente enquanto
apenas 6 avicultores, que representam 6,3% responderam que não existem rios, riachos ou
córregos.
TABELA 37 - Realidade das propriedades dos avicultores integrados
Propriedade
Avicultores %
Própria 90 93,8
Arrendada 6 6,3
Total 96 100
Hectares
Avicultores %
0 a 30 64 66,7
31 a 60 13 13,5
61 a 90 6 6,3
> 91 6 6,3
Não respondeu 6 6,3
Total 96 100
Rios, riachos, córregos
Avicultores %
Sim 90 93,8
Não 6 6,3
Total 96 100
Fonte: A autora
152
5.4.2 Princípios cooperativos
Na Tabela 38, questionou-se sobre os princípios cooperativos, a fim de se verificar
sobre sua manutenção. Do total dos 96 avicultores que responderam ao questionário, 45
avicultores, que representam 46,9%, responderam que se sentem donos da Cooperativa,
enquanto, 51 avicultores, que representam 53,1%, responderam que não se sentem donos.
Quanto ao aspecto da tomada de decisão, 64 avicultores, que representam 66,7%,
responderam que participam da tomada de decisão e, 32 avicultores, que representam 33,3%,
responderam que não participam das tomadas de decisão. Em relação à distribuição de sobras,
os 96 avicultores, que representam 100%, responderam que a Cooperativa distribui sobras. E
quanto à participação dos lucros, 86 avicultores, que representam 89,6% responderam que
participam dos lucros da Cooperativa e 10 avicultores, que representam 10,4%, responderam
que não participam dos lucros. Esta análise permite observar que mesmo participando da
tomada de decisão, da distribuição das sobras e também dos lucros, a maioria não se sente
dono da Cooperativa (53,1%). Não foi possível detectar o motivo deste sentimento, ficando
como uma observação para uma pesquisa futura.
TABELA 38 - Princípios cooperativos
Sente-se dono da Cooperativa
Avicultores %
Sim 45 46,9
Não 51 53,1
Não respondeu 0 0
Total 96 100
Participa da Tomada de Decisão
Avicultores %
Sim 64 66,7
Não 32 33,3
Total 96 100
A Cooperativa Distribui Sobras
Avicultores %
Sim 96 100
Não 0 0
Total 96 100
Participa dos Lucros da Cooperativa
Avicultores %
Sim 86 89,6
Não 10 10,4
Total 96 100
Fonte: A autora
153
5.4.3 Atividade avícola
Do total dos 96 avicultores que responderam ao questionário, todos possuem contrato
formal com a Cooperativa, conforme apresentado na tabela 39.
TABELA 39 - Contrato
Possui contrato Avicultores %
Sim 96 100
Não 0 0
Total 96 100
Fonte: A autora
A Tabela 40 demonstra que do total dos 96 avicultores que responderam ao
questionário, 54 avicultores (56,3%), responderam que a mão de obra nos aviários é familiar;
35 avicultores, (36,5%), responderam que a mão de obra não é familiar, mas contratada, e, 7
avicultores, (6,3%) não responderam a esta pergunta do questionário.
Compreende-se que a maioria dos avicultores possui mão de obra familiar, indicando
que o envolvimento da família nas atividades avícolas, diminuindo assim os custos
referentes com a contratação.
TABELA 40 - Mão de obra
Mão de obra familiar
Avicultores %
Sim
54 56,3
Não
35 36,5
Não respondeu
7 6,3
Total
96 100
Fonte: A autora
A Tabela 41 demonstra que do total dos 96 avicultores que responderam ao
questionário, 32 avicultores, (33,3%), que contratam mão de obra, responderam que
contratam mão de obra capacitada para os cuidados do manejo dos aviários; 35 avicultores,
(36,5%), responderam que não contratam mão de obra capacitada e 29 avicultores, (30,2%)
não responderam a esta pergunta.
154
TABELA 41 - Pessoas contratadas foram capacitadas para trabalhar
Foram capacitadas Avicultores %
Sim 32 33,3
Não 35 36,5
Não responderam 29 30,2
Total 96 100
Fonte: A autora
A Tabela 42 demonstra que do total dos 96 avicultores que responderam ao
questionário, 35 avicultores, (36,5%), responderam que a Cooperativa capacitou a mão de
obra para o manejo; 19 avicultores, (19,8%), responderam que s próprios avicultores
capacitaram a mão de obra para o manejo e, 42 avicultores, (43,8%) não responderam.
TABELA 42 - Quem capacitou
Quem Capacitou Avicultores Percentual (%)
Cooperativa 35 36,5
Avicultores 19 19,8
Não responderam 42 43,8
Total 96 100
Fonte: A autora
A Tabela 43 e a Tabela 44 demonstraram resultados idênticos. Do total dos 96
avicultores que responderam ao questionário, 74 avicultores, (77,1%), responderam que
participaram ou participam de cursos de manejo, confirmando assim que o treinamento é dado
pela Cooperativa. Assim como 22 avicultores, (22,9%), responderam que não participaram ou
participam de cursos de manejo, afirmando que o treinamento é dado por outro órgão..
TABELA 43 - Participou dos cursos de manejo
Participa ou Participou de Cursos de Manejo Avicultores Percentual (%)
Sim 74 77,1
Não 22 22,9
Total 96 100
Fonte: A autora
155
TABELA 44 - Treinamento pela cooperativa ou outro
Treinamento pela Cooperativa ou Outro Avicultores %
Cooperativa 74 77,1
Outro 22 22,9
Total 96 100
Fonte: A autora
Observou-se na Tabela 45 quanto tempo foi destinado ao treinamento. Do total dos 96
avicultores que responderam ao questionário, 31 avicultores, (32,3%), responderam que o
tempo destinado ao treinamento é entre 2 e 8 horas; apresentando o maior percentual da
Tabela. 9 avicultores, (9,4%), responderam que o tempo de treinamento é de 10 a 20 horas e,
56 avicultores, (58,3%), não especificaram as horas de treinamento.
TABELA 45 - Tempo destinado ao treinamento (horas)
Horas Avicultores %
De 2 a 8 horas 31 32,3
De 10 a 20 horas 9 9,4
Outros 56 58,3
Total 96 100
Fonte: A autora
Quanto à média de tempo destinada ao manejo, observa-se na Tabela 46, que do total
dos 96 avicultores que responderam ao questionário, 3 avicultores, (3,1%), responderam que
destinam 4 horas por dia ao manejo; 29 avicultores, (30,2%), responderam que destinam 8
horas por dia ao manejo; 4 avicultores, (3,1%), responderam que destinam 10 horas por dia ao
manejo; 35 avicultores, (36,5%), responderam que destinam 12 horas por dia ao manejo; 22
avicultores, (22,9%), responderam que destinam 24 horas por dia ao manejo e, 3 avicultores,
(3,1%), não responderam. Esclarece-se que os avicultores que responderam que destinam 24
horas para o manejo, pretendem dizer que passam grande parte de seu tempo à disposição da
atividade, e que isto significa tempo integral à disposição, ou seja, quanto tempo for
necessário, sem um intervalo ou horário pré-definido, não querendo indicar portanto, um dia
inteiro corrido.
156
TABELA 46 - Tempo destinado ao manejo
Média de tempo destinado ao
manejo
Avicultores %
4h/dia 3 3,1
8h/dia 29 30,2
10h/dia 4 3,1
12h/dia 35 36,5
24h/dia 22 22,9
Não resp. 3 3,1
Total 96 100
Fonte: A autora
5.4.4 Custos/ Incentivos
A Tabela 47 demonstra que do total dos 96 avicultores que responderam ao
questionário, 96 avicultores (100%) afirmaram que a Cooperativa atende as necessidades de
ração, assistência técnica e veterinária adequadamente.
TABELA 47 - Atendimento das necessidades da atividade avícola
Atendimento das necessidades Avicultores %
Sim 96 100
Não 0 0
Total 96 100
Fonte: A autora
A Tabela 48 demonstra que do total dos 96 avicultores que responderam ao
questionário, 90 avicultores, (93,8%), responderam que a remuneração cobre os custos de
produção e, 6 avicultores, (6,3%), responderam que a remuneração não cobre os custos de
produção.
TABELA 48 - Custos (cobertura)
A remuneração Cobre Custos Avicultores %
Sim 90 93,8
Não 6 6,3
Total 96 100
Fonte: A autora
157
A Tabela 49 demonstra que do total dos 96 avicultores que responderam ao
questionário, 83 avicultores, (86,5%), responderam que possuem controle sobre os custos, e
13 avicultores, (13,5%), responderam que não tem controle sobre os custos de produção.
Quanto ao controle ser separado dos custos da fazenda, do total dos 96 avicultores que
responderam ao questionário, 74 avicultores, (77,1%), responderam que o controle dos custos
de produção são separados e, 22 avicultores, (22,9%), responderam que o controle não é
separado dos custos da fazenda.
TABELA 49 - Controle sobre custos
Possui Controle Sobre Custos
Avicultores %
Sim 83 86,5
Não 13 13,5
Total 96 100
O Controle é Separado dos Custos da
Fazenda
Avicultores %
Sim 74 77,1
Não 22 22,9
Total 96 100
Fonte: A autora
A Tabela 50 demonstra que do total dos 96 avicultores que responderam ao
questionário, 70 avicultores (72,9%) responderam que os pagamentos efetuados pela
Cooperativa são adequados e, 26 avicultores, (27,1%), responderam que os pagamentos
efetuados não são adequados. Quanto ao tempo que a Cooperativa leva para fazer os
pagamentos, do total dos 96 avicultores que responderam ao questionário, os 96 (100%)
responderam que a Cooperativa efetua os pagamentos 7 dias depois de apanhar o lote no
aviário.
TABELA 50 - Pagamentos adequados
Pagamentos são Adequados Avicultores Percentual %
Sim 70 72,9
Não 26 27,1
Total 96 100,0
Fonte: A autora
158
Do total dos 96 avicultores que responderam ao questionário, 80 avicultores,
(83,3%), responderam que existem pagamentos extras, que estão além do estipulado e, 16
avicultores (16,7%) responderam que não são efetuados pagamentos extras. Quanto ao
aspecto se os pagamentos além do estipulado atendem à expectativa, do total dos 96
avicultores que responderam ao questionário, 77 (80,2%) afirmaram que os pagamentos além
do estipulado atendem às expectativas e, 19 avicultores (19,8%) responderam que o
atendem à expectativa.
TABELA 51 - Pagamentos extras
Pagamentos Extra, além da
Remuneração pelo Lote
Avicultores %
Sim 80 83,3
Não 16 16,7
Total 96 100
Os pagamentos além do estipulado,
atendem a sua expectativa
Avicultores %
Sim 77 80,2
Não 19 19,8
Total 96 100
Fonte: A autora
Quanto aos incentivos da Cooperativa para o manejo adequado, limpeza e
organização, a Tabela 52, demonstra que do total dos 96 avicultores que responderam ao
questionário, 74 avicultores (77,1%) responderam que existem incentivos e, 22 avicultores
(22,9%) responderam que não existem incentivos por parte da Cooperativa.
TABELA 52 - Incentivos
Existem incentivos pelo manejo adequado, limpeza, organização Avicultores %
Sim 74 77,1
Não 22 22,9
Total 96 100
Fonte: A autora
5.4.5 Incerteza
A Tabela 53 demonstra que do total dos 96 avicultores que responderam ao
questionário, 16 avicultores (16,7%) responderam que é alta a incerteza quanto à remuneração
159
pelo lote; 70 avicultores (72,9%) responderam que é média a incerteza quanto à remuneração
pelo lote e, 10 avicultores (10,4%) responderam que é baixa a incerteza quanto à remuneração
pelo lote.
Quanto ao aspecto da entrega do frango no prazo, do total dos 96 avicultores que
responderam ao questionário, 16 avicultores (16,7%) responderam que é alta a incerteza; 54
avicultores (56,3%) responderam que é média a incerteza, e, 26 avicultores (27,1%)
responderam que é baixa a incerteza.
Com relação à programação da retirada do lote, do total dos 96 avicultores que
responderam ao questionário, 10 avicultores (10,4%) responderam que é alta a incerteza; 74
avicultores (77,1%) responderam que é média a incerteza e, 13 avicultores (13,5%)
responderam que é baixa a incerteza quanto a programação da retirada do lote. Quanto ao
aspecto da sanidade do animal, 19 avicultores (19,8%) responderam que é alta a incerteza; 61
avicultores (63,5%) responderam que é média a incerteza e 16 avicultores (16,7%)
responderam que é baixa a incerteza.
TABELA 53 - Frente ao ambiente econômico – incertezas
À remuneração do lote Avicultores. %
Alta 16 16,7
Média 70 72,9
Baixa 10 10,4
Total 96 100
À entrega do frango no prazo Avicultores %
Alta 16 16,7
Média 54 56,3
Baixa 26 27,1
Total 96 100
À programação da retirada do
lote Avicultores %
Alta 10 10,4
Média 74 77,1
Baixa 13 13,5
Total 96 100
À Sanidade do animal Avicultores %
Alta 19 19,8
Média 61 63,5
Baixa 16 16,7
Total 96 100
Fonte: A autora
160
5.4.6 Síntese do sistema integrado
A Tabela 54 é uma tentativa de síntese acerca do sistema integrado da Cooperativa.
Compreende-se que o material genético (aves avós) é importado; os matrizeiros possuem
forma de governança através da integração vertical; os incubatórios possuem forma de
integração vertical e também são terceirizados; a ração é fabricada por integração vertical, a
aquisição de soja e milho é 100% dos cooperados; a Criação dos pintainhos (matéria-prima)
se através do produtor agrícola integrado; o abatedouro/cortes e industrialização se
através da Integração vertical; a distribuição se dá através da integração vertical e terceiros e o
mercado é interno e externo.
TABELA 54 - Sistema integrado
Atividades Formas de Governança
Material genético (avós) Importação (adquirido fora da integração)
Aviários com matrizeiros Integração vertical
Incubatórios (produção pintainhos de um dia) Integração vertical e terceiros
Ração Integração vertical: aquisição de soja e milho
Criação dos pintainhos (matéria-prima) Híbrida
Abatedouro/Cortes e Industrialização Integração vertical
Distribuição Integração vertical e terceiros
Fonte: A autora
5.5 Síntese conclusiva
Conclui-se desta maneira, sob a perspectiva analítica dos levantamentos dos
resultados da pesquisa realizada junto à Cooperativa e aos avicultores integrados, que os
números da produção do Complexo Integrado Avícola, quanto à produção de ovos férteis,
pintainhos, rações e concentrados e cabeças abatidas, apresentaram no período estudado
sempre variações positivas, demonstrando crescente capacidade de produção.
A Cooperativa implantou tecnologia de informação em todas as áreas para agilizar e
aperfeiçoar os processos.
161
O questionário aplicado para a Cooperativa identificou que a maior concentração de
área está entre os avicultores que possuem de 11 a 50 hectares (29% da área total), isto
significa que a composição fundiária apresenta grande participação de avicultores de pequeno
porte na atividade avícola.
Em relação ao perfil do quadro dos 3.973 colaboradores, a maior concentração, que
corresponde a 3.688 (92,8%) dos funcionários, possui escolaridade entre o ensino
fundamental, ensino médio incompleto e completo, sendo o maior percentual (41%), no
ensino fundamental. Identificando assim o perfil do setor que organiza a administração da
Cooperativa e também do Complexo Integrado Avícola. Compreende-se que grande
mobilidade no grau de escolaridade, pois, programas específicos de incentivo por parte da
Cooperativa.
Os produtos do Complexo Integrado Avícola são distribuídos para o mercado
nacional e internacional, sendo que para o mercado nacional, o estado com maior participação
é o Paraná. Quanto ao mercado externo, as exportações atendem 11 países distribuídos nos
diferentes continentes. O desempenho nestes mercados (market share) apresentou variação
crescente e positiva durante todo o período em que foi possível o levantamento dos dados,
indicando a ampla aceitação do produto nestes mercados. Os atributos utilizados para a
Cooperativa para o reconhecimento da marca no mercado local e regional são marketing,
qualidade e produto diferenciado, assim como no mercado internacional, são qualidade, prazo
de entrega e produto diferenciado.
Os vários Programas implantados desde o ano 2000, destinam-se a padronizar e
melhorar os serviços ligados à atividade, objetivando sempre um melhor resultado na
produção dos produtos finais a fim de atender adequadamente as exigências do mercado
consumidor.
162
O ambiente econômico em que está inserida a Cooperativa traz alto grau de incerteza
quanto à queda no preço da carne de frango no mercado e também quanto às barreiras
sanitárias que envolvem o setor avícola. Demonstrando a preocupação por parte da
Cooperativa, pois se compreende que estes fatores, que envolvem todas as empresas do setor
independem de sua tomada de decisão.
Existe contrato formal entre a Cooperativa e o avicultor integrado, as decisões são
tomadas pela administração da Cooperativa, evidenciando que a forma de governança
utilizada é a forma híbrida, com incentivos e controle por parte da cooperativa em relação aos
avicultores integrados.
Quanto à freqüência das transações, em vários questionamentos foi possível
diagnosticar que é alta, tanto entre a Cooperativa e o avicultor, quanto entre a Cooperativa e o
mercado consumidor e distribuidores.
quanto ao oportunismo, foi possível verificar que não são encontradas atitudes
oportunistas por parte dos avicultores integrados. Ao contrário, são fiéis e estão integrados
com a realidade da estrutura. Em virtude do espaço de tempo desde sua implantação até o ano
de 2004, o relacionamento entre as partes se solidifica e diminuem-se, desta maneira, atitudes
oportunísticas.
A alta especificidade dos ativos envolvidos exige que a Cooperativa adquira a
matéria prima dos avicultores integrados, pois assim, monitoramento e controle da
aquisição para o abate e processamento, garantindo a qualidade final dos produtos. Observou-
se também que intenso controle e incentivo por parte da Cooperativa em relação aos
avicultores.
Quanto ao questionário para os avicultores integrados, a maior participação no seu
preenchimento foi dos avicultores que estão há mais de 20 anos inseridos na atividade.
Observou-se que a maioria, 41,7% são cooperados entre 11 e 20 anos e, 45,8% são
163
cooperados entre 21 a 43 anos. Pode-se concluir que interesse por parte dos cooperados e
da Cooperativa na manutenção da cooperação existente entre eles, pois se observa são muitos
anos de cooperação e fidelidade. Todos os cooperados possuem contratos iguais.
A Cooperativa possui incentivos claros e definidos, os avicultores são informados
quanto a eles. Oferece treinamento para o manejo adequado, além de atender as necessidades
dos avicultores integrados. Dos questionários respondidos, 100% afirmaram que a
Cooperativa atende as necessidades pertinentes à atividade avícola. cobertura dos custos
de produção, existem pagamentos extras além do estipulado. Assim como existem incentivos
e controle sobre custos.
Quanto aos atributos de incerteza, a maioria dos avicultores respondeu que, possuem
incertezas de grau médio quanto aos aspectos questionados.
Concluindo observou-se que manutenção dos princípios norteadores
cooperativistas, não comprometendo assim suas características próprias, mas, na análise dos
dados nota-se que mesmo participando da tomada de decisão, da distribuição das sobras e
também dos lucros, a maioria dos avicultores (53,1%) não se sente dono da Cooperativa, o
que poderia ser pesquisado futuramente.
164
Capítulo 6
Conclusão
A fim de analisar a contribuição da forma de governança adotada no Complexo
Integrado Avícola da Cooperativa Agroindustrial - COPACOL para a competitividade
sistêmica do Complexo Integrado Avícola, no período entre 1990 a 2004, foram utilizados
neste trabalho, como referencial teórico, os pressupostos analíticos da Economia Industrial
conforme exposto no capítulo 2.
Neste sentido, caracterizou-se a estrutura de mercado e o padrão de concorrência do
setor, através do levantamento da estrutura da oferta e padrão de concorrência no mundo e no
Brasil no período pretendido, sob a perspectiva de análise teórica da Economia Industrial que
compreende o mercado de forma real e dinâmica. Assim, pressupõe a compreensão da
estrutura de mercado através da análise da concentração e “poder de mercado” das empresas
que compõem o segmento. Fez-se então, o levantamento do desempenho da avicultura
industrial no Mundo e no Brasil no período compreendido entre 1990 e 2004. Desta maneira,
constatou-se que a produção mundial de carne de frango cresceu 57,26,%, no período. Os
Estados Unidos configuraram-se com o maior produtor mundial, seguido respectivamente por
China e Brasil. Especificamente, o Brasil apresentou crescimento acelerado na produção em
todo o período, 974,6%, alcançando em 2004, o primeiro lugar absoluto entre os exportadores
mundiais, com participação no mercado mundial em 41,8%. Esta posição se deu tanto em
receita cambial quanto em volume exportado, qualidade e sanidade. Em termos regionais, o
Sul apresentou a maior participação brasileira com 55,37% do total de aves abatidas com SIF
em 2004, e a explicação fundamental para este desempenho, está na adoção do Sistema por
Integração. Observaram-se as outras regiões brasileiras, que ficaram com a participação em
44,63%, em 2004. Foram pesquisadas as participações das quatro maiores empresas com SIF
165
no mercado brasileiro em 2004. Analisando as empresas brasileiras que atuam no segmento,
observou-se que a concentração industrial é forte desde a implantação industrial da atividade,
que ocorreu a partir da década de 1970. Com o passar dos anos, houve a manutenção da
concentração industrial. A participação das oito maiores empresas no mesmo ano apresentou
um índice de 49,06% e as vinte maiores empresas apresentaram uma participação no mercado
de 59,6%. Conclui-se que o setor apresenta forte concentração de mercado, com coexistência
de empresas de médio e pequeno porte. Compreendendo o caráter intertemporal da
coordenação, observou-se que as estratégias de uma firma em um dado momento estão
determinadas pelas estratégias competitivas adotadas pela firma em um tempo anterior.
Compreende-se que as maiores empresas brasileiras, implantaram suas empresas abatedoras
ainda na década de 1970, e que com o passar dos anos, trabalharam para solidificar suas
marcas no mercado, e que até o período estudado, 2004, incorporaram empresas menores,
investiram em novas plantas industriais, em máquinas, equipamentos e processos, explicando,
assim, a forte participação no mercado das empresas líderes. Quanto à diferenciação dos
produtos e inovação, as empresas são dinâmicas, investem em P&D, e esforçam-se em
atender as crescentes exigências do mercado consumidor, com novos cortes especiais,
industrializados, novas formas de congelamento, pratos semi-prontos, embutidos, entre outros
produtos. A carne de frango é um bem de consumo final que pertence ao grupo industrial de
bens tradicionais, sendo, portanto, um produto que apresenta alto grau de heterogeneidade.
Para isto, investem em máquinas e equipamentos importados, mas que são acessíveis a todos
os tamanhos de planta industrial. Considera-se que quando há a necessidade de importação de
tecnologia, neste grupo, esta situação é vista teoricamente como forte barreira à entrada, neste
segmento, na prática, o acesso à tecnologia não é inacessível, ao contrário, as empresas
estrangeiras detentoras, facilitam o acesso para as diferentes plantas industriais. O que se
considera como barreira à entrada, é o acesso à matéria-prima, o frango vivo, que devido à
166
alta especificidade do ativo, deve atender as exigências como peso adequado, qualidade e
sanidade, para que possa ser processada. Conclui-se a partir desta análise que, o padrão de
concorrência é a variável determinante, pois as empresas, em função do padrão de
concorrência existente, buscam adequar-se em preço competitivo, consolidação da marca,
qualidade dos produtos, prazo de entrega, marketing, de forma a serem competitivas, que é a
variável determinada ou de resultado. Pode-se concluir, desta forma, que as empresas buscam
estratégias para concorrer com o padrão de concorrência setorial em que se inserem.
Assim, a avicultura industrial é compreendida como uma atividade que oportuniza a
aprendizagem de novos processos, abrindo possibilidades para se adquirir novos
conhecimentos e novas capacidades.
Quando se pressupõe que a empresa é um arranjo institucional em busca da
diminuição dos custos de transação decorrentes do processo produtivo, compreende-se que,
evitando recorrentes contratações no mercado nas diferentes etapas de produção, redução
dos custos de transação. Neste trabalho, compreendeu-se como as empresas, de forma geral,
articulam a produção do frango de corte, tanto a montante, quanto a jusante, ou seja, como
organizam o processo produtivo de forma a diminuir os custos que estão envolvidos nas
transações. Pode-se concluir, então, dentro desta perspectiva de análise, que os atributos das
transações (controle e incentivo) devem estar alinhados às estruturas de governança
apropriadas (mercado, hierarquia e formas híbridas). Desta forma, o processo de coordenação
entre os agentes econômicos envolvidos pode colaborar de duas formas: através da
diminuição dos custos de transação e facilitando acesso a ativos que, neste caso, apresentam
alto grau de especificidade. Levando-se em consideração que, com o passar do tempo, o grau
de especificidade do ativo aumenta muito, face às novas e crescentes exigências do mercado,
sendo então de extrema importância o acesso à matéria-prima dentro das especificidades, é
necessária coordenação eficiente do processo produtivo. As formas de governança são
167
induzidas pelas características das transações, do ambiente institucional e dos pressupostos
comportamentais. Constatou-se, neste trabalho que, através das formas híbridas, haverá tanto
incentivo quanto controle, assim como assinatura de contratos entre os agentes envolvidos.
Conclui-se, especificamente, que na avicultura industrial, quando utilizado o sistema
por integração, consideram-se o produtor integrado (avicultor) e a agroindústria integradora
(indústria) como os agentes econômicos envolvidos no processo produtivo. Este sistema
permite a redução do vel de incerteza por parte do avicultor integrado, frente às
instabilidades de preços do mercado. Nesta perspectiva de análise, compreende-se que o
Sistema de Integração é uma forma contratual híbrida, adotada pela Cooperativa COPACOL
em virtude da complexa e tecnificada estrutura em que os processos produtivos do frango de
corte estão envolvidos. a minimização dos custos de transação entre integrados e
integradora, através da facilitação dos processos envolvidos, desde a entrega dos lotes para
engorda até a busca para o abate. Há controle da forma de produção dos ativos específicos, ao
mesmo tempo em que existe estímulo aos avicultores integrados em continuar na produção de
frango de corte, pois a Cooperativa presta toda a assistência, desde a entrega dos lotes para
engorda, até a comercialização e distribuição dos produtos no mercado. Os produtos
participam do mercado com a marca e qualidade da Cooperativa, conhecidas desde 1981, no
segmento de carne de frango.
Caracterizando-se o Complexo Integrado Avícola da Cooperativa Agroindustrial
Consolata COPACOL, compreendeu-se que a competitividade das empresas é determinada
pela sua capacidade de crescer frente aos melhores concorrentes. A abordagem teórica acerca
da competitividade sistêmica entende a limitação da abordagem estática, tanto na explicação
da competitividade revelada, quanto no potencial. A competitividade revelada é o market
share, o grau de participação no mercado. No caso específico do objeto de estudo deste
trabalho, a Cooperativa COPACOL apresentou índices crescentes de participação no
168
mercado, sempre superiores em relação ao ano anterior, a média de participação no mercado
nacional no período estudado foi de 1,33% ; no mercado internacional foi de 1,07%. Quanto à
competitividade potencial, reflete a capacidade de converter insumos em produtos finais, os
índices da produção de ovos férteis, pintainhos, rações e concentrados e cabeças abatidas
sempre foi positiva e crescente. Dentro das teorias de concorrência, a competitividade é
definida como a capacidade sustentável de sobreviver e, de preferência, crescer nos mercados
concorrentes ou em novos mercados, foi possível demonstrar numericamente o desempenho
da Cooperativa no decorrer da pesquisa.
A noção de competitividade passou, então, a ser compreendida de forma mais
articulada, pois se conclui que se relaciona com a capacidade sistêmica de organização e
coordenação das cadeias produtivas, e com formas de governança eficientes entre os
diferentes agentes envolvidos. Assim, na abordagem dinâmica, o avanço em direção ao
processo concorrencial e ao meio ambiente econômico em que se inserem as empresas.
Relaciona a competição com o padrão de concorrência de cada mercado. Os fatores
empresariais, como os gastos em gestão, recursos humanos, produção e inovação, são
controlados internamente pela empresa; os estruturais, como a estrutura da indústria e do
mercado (setor), são quase-controláveis pela empresa, e os sistêmicos, como os aspectos
macroeconômicos, político-institucionais, legais-regulatórios, infra-estruturais, sociais e
internacionais, os quais a empresa nem sempre possui controle, ou seja, dependem da política
governamental. Assim, conclui-se neste estudo que, em relação à competição com o padrão de
concorrência, a Cooperativa busca estrategicamente ser competitiva com a diminuição dos
custos de transação, através da contratualização com o avicultor integrado; da consolidação da
marca. Verifica-se que para que uma empresa solidifique sua marca no mercado, deve possuir
competitividade, que pode ser compreendida como a capacidade tanto de criar, como de
169
sustentar riqueza com eficiência inserida em sistemas coordenados; da heterogeneidade dos
produtos; do preço do produto no mercado; marketing; prazo de entrega.
Quanto aos fatores sistêmicos, dependem da política governamental e independem,
portanto da Cooperativa, que está inserida em um ambiente macroeconômico.
A escolha de uma Cooperativa para este estudo, leva a considerar os enfoques
teóricos pertinentes a este tipo de organização produtiva. A análise da manutenção dos
princípios norteadores cooperativistas permite compreender que a Cooperativa é uma unidade
que produz e que compete no mercado ao lado das sociedades mercantis capitalistas. Mas são
organizações com objetivo distinto das empresas mercantis, que orientam seu objetivo para o
lucro. As cooperativas são unidades produtivas que não se inserem nas estruturas capitalistas
devido ao seu objetivo ser orientado para os cooperados. A democracia é exercida através do
princípio um homem, um voto, possuindo, simultaneamente, a dimensão econômica e de
resultados e a social, em que o desempenho econômico é considerado como fundamental para
o desenvolvimento social. Ao mesmo tempo em que se insere no mercado (ambiente
econômico) igual ao das sociedades mercantis, está inserida em um ambiente institucional que
difere das sociedades mercantis, pois considera o bem-estar do cooperante acima das
exigências do mercado. Neste estudo, observou-se quea dimensão econômica, assim como
a de resultados, através da pesquisa apresentada no capítulo 4, caracterizando da Cooperativa
assim como no capítulo 5 nos resultados e análises.
A identificação da estrutura de governança adotada entre a Cooperativa e os
avicultores integrados no Complexo Integrado Avícola é a estrutura de governança de forma
híbrida. O tipo de contrato entre as partes é formal e escrito. Compreendida como a
administração das relações contratuais, ou seja, a forma em que ocorrem as transações,
governança é um termo utilizado nos estudos que se referem aos processos de coordenação
dos agentes de um determinado sistema produtivo. Os contratos pré-definem mecanismos de
170
incentivo e controle. No caso específico deste estudo, a forma de governança utilizada entre
os agentes envolvidos, agroindústria e avicultor integrado, é a mais adequada devido à alta
especificidade do ativo e a maior dificuldade no fornecimento dentro dos padrões exigidos.
Quando se analisa se a estrutura de governança utilizada favoreceu a competitividade
sistêmica do Complexo Integrado Avícola, conclui-se que a resposta é afirmativa, pois, todos
os números pesquisados demonstram que forte competitividade sistêmica da atividade. A
contratualização da produção diminui custos de produção, atitudes oportunísticas e incertezas,
favorecendo ao mesmo tempo a aquisição de ativos com alta especificidade, além do contrato
favorecer incentivos e controle por parte de cooperativa, o que monitora as atitudes dos
avicultores integrados. Desde a implantação da atividade avícola pela cooperativa, em 1981,
até o ano de 2004, os avicultores possuem contratos, através do sistema por integração e
demonstraram-se fiéis à Cooperativa, o que faz diminuir, ou mesmo inexistir atitudes
oportunísticas. Assim, verificou-se a veracidade da hipótese inicial, em que a competitividade
do Complexo Integrado Avícola da Cooperativa Agroindustrial Consolata - COPACOL está
baseada na capacidade de governança mediante formas híbridas de governança, através da
contratualização entre os agentes avicultores integradores e a agroindústria integradora, e que
isto contribui para o enfrentamento do mercado competitivo em que se insere a Cooperativa,
mantendo a competitividade sistêmica do Complexo Integrado Avícola, sem comprometer os
princípios norteadores cooperativistas. Assim, conclui-se que existe relação entre estruturas
de governança e competitividade sistêmica, em que a forma de governança utilizada contribui
para a competitividade sistêmica da atividade na diminuição dos custos de transação.
Foi realizada pesquisa de campo, um para a Cooperativa (Apêndice A) e outro para
os avicultores integrados (Apêndice B). Foram aplicados 265 questionários dos 779
avicultores integrados em 2004, o que permite a análise a seguir: O Complexo Avícola da
COPACOL apresenta a seguinte caracterização: i) alto nível de automação dos aviários: os
171
equipamentos são padronizados pela Cooperativa, que diferem apenas quanto aos bebedouros;
ii) o volume de aves confinadas por aviário/produtor integrado é proporcional a 11 (onze)
aves por metro quadrado; iii) o porte dos avicultores varia entre as categorias de pequeno,
médio e grande; iv) os produtores fazem reuniões periódicas, em que oportunidade de
maior integração, troca de experiências e informações sobre o mercado; v) a mão-de-obra nos
aviários é familiar (a família do produtor integrado é quem trabalha diretamente)
apresentando variações discretas quanto à mão de obra contratada; vi) oferta de milho e soja,
trigo, triticale e sorgo (quando disponível) é 100% dos próprios cooperados.
O pagamento é efetuado 7 dias depois da entrega do lote para o abate. Depois da
apuração dos lucros, a diretoria da Cooperativa pode promover o pagamento além do
estipulado no contrato, calculado para cada integrado através do número de cabeças de aves
que são entregues para o abate que ocorreu em uma média de três vezes durante o mesmo
ano. A Cooperativa depende da compra de equipamentos, máquinas e agroquímicos, assim
como da importação das aves avós.
Os produtores integrados investem na construção dos aviários e compra dos
equipamentos, o que torna o investimento alto, e necessitando de retorno, não arriscaria em
romper o contrato estipulado, considerando-se assim, baixo o risco de oportunismo, o tempo
de cooperado, em que a maioria esta desde a fundação também favorece a fidelidade. A
Cooperativa afirmou que até o momento desta pesquisa, nunca se verificaram atitudes
oportunísticas dos avicultores.
O Complexo Avícola da COPACOL através do sistema de integração, agregado à
utilização de novas tecnologias, estabilizou a oferta de matéria-prima: o frango vivo. Isto
levou à percepção de que possibilidade de reduzir os custos de produção e transação, ao
mesmo tempo em que aumento de produção e produtividade, além do atendimento da alta
especificidade do ativo necessária. Desta maneira, compreende-se a análise da ECT na
172
avicultura industrial, pois, passou a ser uma atividade que inseriu em seu processo de
produção mudanças estruturais em função das necessidades encontradas em virtude do
enfrentamento do mercado.
Conclui-se que o padrão de produção utilizado amplia a possibilidade de redução dos
custos de transação decorrentes na atividade. Através da padronização dos modelos de planta
dos aviários, que apenas mudam de tamanho em metros quadrados, mantendo o mesmo
padrão técnico para os mais diferentes produtores integrados. O monitoramento técnico
oferecido pela Cooperativa padroniza as ações dos produtores integrados, facilitando o acesso
a informações e utilização racional de equipamentos, favorecendo a mesma base técnica para
todos, ao mesmo tempo em que redução no custo desta assistência técnica, o que reduz o
custo das transações.
Assim, conclui-se que a Cooperativa demonstra desde sua fundação, uma cultura
muito particular, articulada, coesa com seus cooperados; inovação e implementação aqui,
especificamente, a Cooperativa demonstrou dentro do Complexo Integrado Avícola que
sempre esteve inserida em todos os processos de inovação, desde a implantação do projeto,
que repousava no pressuposto da inovação, até a limpeza, nutrição, manejo, abate, entrega do
produto final. Opera com planta industrial de grande porte, com agilidade na produção e
entrega dos produtos. Produz bem de consumo final e incorpora para este fim, os bens de
capital (equipamentos e as instalações). Desta maneira conclui-se que estes fatores de forma
conjunta levam à competitividade sistêmica de todo o Complexo Integrado Avícola
demonstrada através dos resultados apresentados nesta pesquisa, e que nesse conjunto, a
forma de governança adotada através da contratualização da produção contribui para o êxito
de todo o Complexo através da diminuição dos custos de transação.
O Padre Luis Luíse, fundador da Cooperativa Agroindustrial Consolata -
COPACOL, faleceu em 1987, deixando um marco histórico para a cidade de Cafelândia: “a
173
união e o trabalho”. Desde os idos anos de 1960, esse lema está presente no cotidiano dos
“colonos imigrantes”, que aprenderam, através da participação a unirem esforços para a
conquista do bem comum.
174
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181
Apêndice A
Questionário proposto para a Cooperativa Agroindustrial Consolata – COPACOL –
Agroindústria Processadora
182
Questionário proposto para a Cooperativa Agroindustrial Consolata – Copacol –
Agroindústria Processadora –
Estas perguntas referem-se exclusivamente para análise do Complexo Integrado
Avícola: setor de frango de corte.
1- Aspectos Gerais
a) Composição fundiária dos avicultores (2004)
Área n° avicultores % área total ha %
000 a 10 ha
011 a 50 ha.
051 a 100 ha
101 a 500 ha
+ de 500 ha
Total
b) Perfil do Quadro de colaboradores administrativos (2004)
Escolaridade Quantidade
Não Alfabetizados
Ensino Fundamental
Ensino Médio Incompleto
Ensino Médio Completo
Superior Incompleto
Superior Completo
Pós-graduação
Mestrado
Doutorado
c) Mercado: abrangência e participação
d.1) Mercado Interno
Regiões ou estados atendidos Percentual do total
Favor especificar qual o maior estado/região maior compradora
d.2) Mercado Externo
183
Clientes internacionais
Cliente/países Ano inicial de exportação
para o país
Favor especificar qual (ais) maior (es) clientes
d) Qual o desempenho nacional e internacional (market share):
Anos Desempenho Nacional % Desempenho Internacional
%
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2 – Aspectos Institucionais e Organizacionais
a) Programas de qualidade adotados pela empresa especificamente no Complexo
Integrado Avícola
Programa Ano de Implantação
1. Programa de Limpeza e Organização
doa aviários
2. Programa de Análise de Risco e
Controle de Pontos Críticos
3. Programa de Qualidade para a
Avicultura
4. Outros (especificar)
b) Quais as exigências quanto ao tipo de matéria-prima (frango vivo para o abate)?
( ) Peso do animal
( ) Sanidade
( ) Qualidade da carne
( ) Outro(s) especificar:___________________________________________________
184
c) É feita análise da carne de frango quanto aos aspectos citados anteriormente? Como é
feita esta análise? A própria cooperativa executa a análise ou é feita por terceiros?
________________________________________________________________________
__________________________________________________________________
3 – Relacionamento com clientes e distribuidores
3.1 Relação com o cliente nacional
a) Quais são os clientes no mercado interno?
Cliente Participação na quantidade vendida
Hipermercado / Supermercado
Açougue
Atacados
Lojas próprias da cooperativa
Outro: especificar
b) Há contratos entre a cooperativa e os clientes? Que tipo ? Desde quando?
________________________________________________________________________
c) Qual a freqüência de venda da empresa?
Freqüência Varejo
Diariamente Semanalmente
Mensalmente
Anualmente
Hipermercado/Supermercado
Açougue
Atacados
Lojas próprias da
cooperativa
Outro:especificar
d) A cooperativa sempre vende para os mesmos clientes, ou há grande variação?
________________________________________________________________________
e) Diante das incertezas do ambiente econômico quanto à venda da carne, relacione um
grau de incerteza para cada um:
1- Baixa 2- Média 3- Alta
Incerteza Grau de incerteza
Queda no preço da carne de frango no
mercado
Concorrência com a carne bovina e suína
Outra:
185
f) Quanto ao comportamento dos clientes no varejo, cumprem o combinado?
( ) sempre ( ) às vezes ( ) nunca
g) Quais os tipos de produto/corte são mais vendidos no mercado nacional?
_______________________________________________________________________
3.2 Relação com o cliente internacional
a) Qual a freqüência de venda da empresa? A empresa exporta diariamente ou utiliza
traders?
( ) utiliza traders ( ) exporta diariamente ( ) ambas
b) Qual (ais) as exigências quanto ao produto para cada país ou região?
País ou Região Tipo de produto (corte, etc)
c) Quais as principais medidas adotadas pela empresa para atender as exigências de
seus respectivos clientes?
Medidas adotadas
Investir em pesquisa e tecnologia ( )
Implantação de Programas de Qualidade ( )
Outras medidas: especificar ( ) _____________________
d) Existem contratos firmados com os clientes internacionais? Que tipo? Desde quando?
_______________________________________________________________________
e) Qual a freqüência de venda ao cliente internacional?
( ) diariamente ( ) semanalmente
( ) mensalmente ( ) anualmente
f) Diante das incertezas do ambiente econômico quanto à venda da carne, relacione um
grau de incerteza para cada um:
1- Baixa 2- Média 3- Alta
Incerteza Grau de incerteza
Queda do preço da carne de frango
Alteração na taxa de câmbio
Barreiras sanitárias
Outras:
186
g) Quanto ao comportamento dos clientes internacionais, cumprem o combinado?
( ) sempre ( ) às vezes ( ) nunca
h) A cooperativa possui algum sistema de informações sobre câmbio e oferta de carne
de frango em vários mercados?
( ) sim ( ) não
i) Quais os tipos de produto/corte são mais vendidos no mercado internacional?
País Tipo de Produto
3.3 Relacionamento com o distribuidor
a) Quanto à entrega dos produtos:
Mercado Distribuição Quanto à freqüência da entrega
Local ( ) própria ( ) terceiros ( ) diária ( ) semanal ( ) mensal
Regional ( ) própria ( ) terceiros ( ) diária ( ) semanal ( ) mensal
Internacional ( ) traders ( ) diária ( ) semanal ( ) mensal
b) Se a entrega dos produtos é feita por terceiros, existem contratos? De que tipo?
_______________________________________________________________________
c) Há exclusividade da distribuição através da cooperativa:
c.1) da ração para os aviários
( ) sim ( ) não
c.2) a entrega dos lotes de pintainhos
( ) sim ( ) não
c.3) a entrega de medicamentos
( ) sim ( ) não
c.4) da busca do lote para o abate (Pega ou apanha)
( ) sim ( ) não
c.5) da distribuição do produto dentro do território nacional
( ) sim ( ) não
187
c.6) Para o mercado externo, até o embarque (porto ou aeroporto)
( ) sim ( ) não
4 – Características do contrato entre a cooperativa e o avicultor
a) Como se dá a coordenação da atividade avícola, entre cooperativa e avicultor?
( ) com contrato ( ) sem contrato
b) Se for por contrato, quanto ao tipo:
( ) contrato informal ( ) contrato escrito
c) Quanto ao prazo do contrato:
( ) por tempo indeterminado ( ) por operação/tarefa ( ) Anual
d) Qual é a exclusividade do produtor integrado?
( ) atende apenas a cooperativa ( ) atende outras empresas do setor
e) No início da década de 1980, existiam contratos entre o avicultor e a cooperativa?
( ) sim ( ) não
f) Hoje todos os avicultores possuem contratos?
( ) sim ( ) não
g) Todos os contratos são iguais?
( ) sim ( ) não
5- Quanto à responsabilidade das partes (cooperativa e avicultor)
a) A freqüência da assistência técnica/veterinária aos aviários é:
( ) diária ( ) semanal
( ) mensal ( ) outra periodicidade (especificar): ______________
b) Quanto ao comportamento dos avicultores, cumprem o combinado?
( ) sempre ( ) às vezes ( ) nunca
188
c) Diante da alta especificidade do ativo, (matéria-prima), indique o grau de
incerteza, dos atributos abaixo, quando o avicultor entrega o lote para o abate,
relacione um grau de incerteza para cada um:
Se não existir incerteza, não responder.
1- Baixa 2- Média 3- Alta
Incerteza Grau de incerteza
Peso abaixo do especificado
Idade do animal abaixo do especificado
Sanidade do animal
Outros: especificar
6- Manutenção dos princípios norteadores
a) A entrada de novos cooperados é bem-vinda?
( ) sim ( ) não
b) Como são tomadas as decisões acerca do Complexo Integrado Avícola?
( ) reuniões com a presença dos avicultores
( ) a administração da cooperativa toma as decisões
c) Como é a composição dos votos na reunião com os avicultores?
( ) um homem, um voto
( ) há diferença no peso dos votos, dependendo do tamanho dos aviários dos avicultores
d) Quais as iniciativas da cooperativa quanto ao compromisso com a educação dos
membros da cooperativa, para lhes facultar uma participação efetiva:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
e) Em que aspectos, cooperação da cooperativa com organizações locais, nacionais e
mundiais?
________________________________________________________________________
f) Qual a contribuição para o desenvolvimento da comunidade?
________________________________________________________________________
g) Qual a freqüência das reuniões entre a cooperativa e os avicultores? Ocorre em que
espaço de tempo?
( ) mensal ( ) bimestral ( ) semestral
( ) anual ( ) outra: especificar:_________________________
189
h) Como a cooperativa classifica a dependência da compra da matéria-prima do produtor
integrado:
( ) importante
( ) necessária devido aos atributos do ativo
( ) indiferente
i) Motivo da compra dos cereais ( soja, milho, triticale e sorgo) através dos cooperados
é:
Preço dos cereais
Proximidade territorial
Outros: especificar
j) Por que a cooperativa produz a ração?
________________________________________________________________________
7- Controle e incentivo da cooperativa em relação ao avicultor
7.1 Controle
a) A cooperativa oferece algum tipo de treinamento, para o avicultor sobre o manejo?
( ) sim ( ) não
b) Qual o controle e a freqüência da cooperativa nos aviários nas atividades abaixo:
Atividades Controle Freqüência
Limpeza dos aviários ( ) alto ( ) médio ( ) baixo ( ) alta ( ) média ( ) baixa
Equipamentos necessários ( ) alto ( ) médio ( ) baixo ( ) alta ( ) média ( ) baixa
Manejo ( ) alto ( ) médio ( ) baixo ( ) alta ( ) média ( ) baixa
Nutrição ( ) alto ( ) médio ( ) baixo ( ) alta ( ) média ( ) baixa
Outras: especificar
c) Qual a freqüência do relacionamento com os avicultores integrados?
( ) curto prazo ( ) médio prazo ( ) longo prazo
d) Quando existem dúvidas do avicultor sobre algum aspecto, para quem ele recorre?
________________________________________________________________________
e) Quanto ao comportamento do avicultor, ele toma decisões aleatoriamente quando
acontece algum problema?
( ) sempre ( ) às vezes ( ) nunca
190
f) O avicultor comunica a cooperativa, caso necessite?
( ) sempre ( ) às vezes ( ) nunca
g) A estratégia do atual sistema (por integração) se dá em virtude de:
g.1) menores preços do insumo
( ) sim ( ) não
g.2) prazo de entrega do lote para abate dentro das expectativas
( ) sim ( ) não
g.3) maior facilidade em dar assistência técnica
( ) sim ( ) não
g.4) maior conformidade às especificações técnicas da matéria-prima
( ) sim ( ) não
7.2 Incentivo
a) Existem formas de incentivo da cooperativa aos avicultores?
( ) sim ( ) não
b) Se a resposta for positiva, quais são os incentivos?
________________________________________________________________________
c) Qual a freqüência dos incentivos?
________________________________________________________________________
d) Quanto ao pagamento ao produtor, quanto tempo após a entrega do lote?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
e) São distribuídas sobras (lucros não reinvestidos) da cooperativa?
_______________________________________________________________________
8- Atributos da empresa
191
a) Quanto ao atributo do reconhecimento da marca:
Mercado Quais aspectos são utilizados
( ) marketing ( ) preço ( ) qualidade ( ) prazo de entrega Local
( ) produto diferenciado ( ) outros, especificar
( ) marketing ( ) preço ( ) qualidade ( ) prazo de entrega Regional
( ) produto diferenciado ( ) outros, especificar
( ) marketing ( ) preço ( ) qualidade ( ) prazo de entrega Internacional
( ) produto diferenciado ( ) outros, especificar
b) Como a cooperativa lida com os aspectos referentes às especificações técnicas dos
produtos, visando atender o mercado interno e externo (adequando-se as exigências)
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________
9- Informações Gerais dos Avicultores
a) Qual a característica que diferencia o porte dos avicultores em pequeno, médio ou
grande?
________________________________________________________________________
b) Porte dos avicultores:
Porte Quantidade
Grande
Médio
Pequeno
Total
10 – Informações sobre Abate, Processamento, Comercialização
a) A cooperativa adquire insumos para produção de ração para frangos como: soja,
milho, sorgo e triticale do:
%
Mercado interno (excluindo os produtores cooperados)
Mercado externo
Através de contratos com fornecedores
b) Há distinção do preço dos cereais quando a cooperativa compra dos avicultores
integrados?
( ) sim ( ) não
192
c) Se a resposta anterior for positiva, como é efetuado o pagamento dos cereais aos
avicultores?
( ) no ato da compra pela cooperativa
( ) desconta-se nos lotes entregues para o abate
d) Faltam cereais para a fabricação de ração?
( ) nunca ( ) às vezes ( ) sempre
e) O material genético (aves avós) é importado?
( ) nunca ( ) às vezes ( ) sempre
f) O processo de abate, cortes e industrialização é feito:
( ) integralmente pela cooperativa
( ) alguns processos são terceirizados
g) A cooperativa compra frango vivo (matéria-prima) eventualmente de produtor
independente?
( ) sim ( ) não
h) Sobre a produção:
h.1) As máquinas e equipamentos são importados?
( ) sim ( ) não
h.2) Todo o processo (desde o início da esteira até o empacotamento) é automatizado?
( ) sim ( ) não
h.3) Se a resposta for negativa, qual(ais) etapa (s) é manual?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
_______________________________________________________________
h.4) Há treinamento para os funcionários que trabalham no abate?
( ) sim ( ) não
h.5) Quanto ao cuidado na preparação dos diferentes tipos de produtos:
h.5.1) há pesquisa e desenvolvimento
( ) sim ( ) não
193
h.5.2) é produzido a partir das exigências do consumidor
( ) sim ( ) não
i) Frente à concorrência o que a cooperativa tem feito?
( ) oferecido produto diferenciado
( ) reduzido o preço
( ) oferecido melhores condições de pagamento
( ) outra estratégia. Citar:___________________________
j) O preço final de venda do produto se em função do mercado, dos custos ou dos
dois?
( ) mercado ( ) custos ( ) dos dois
k) Diante das incertezas do ambiente econômico, relacione um grau de incerteza em
relação a compra da matéria-prima (frango vivo):
1- Baixa 2- Média 3- Alta
Incerteza Grau de incerteza
Queda no preço da carne de frango no
mercado
Concorrência com a carne bovina e suína
Sanidade
Outra:
194
Apêndice B
Questionário proposto para os Avicultores Integrados da Cooperativa Agroindustrial
Consolata - COPACOL
195
Questionário proposto para os Avicultores Integrados Avícolas da Cooperativa
Agroindustrial Consolata - Copacol
1) É cooperado há quanto tempo?
________________________________________________________________________
2) Há quanto tempo trabalha com a atividade avícola?
________________________________________________________________________
3) Antes de ser cooperado, era integrado com outra empresa avícola?
( ) sim ( ) não
Se a resposta for sim, qual empresa?_______________________________
Caso tenha sido integrado, com outra empresam o tratamento da empresa
com o produtor integrado era melhor que com a cooperativa?
( ) sim ( ) não
4) Quanto à propriedade:
a) Quantos hectares:____________________________________________________
b) É ( ) própria ( ) arrendada
c) Há rios ou córregos ou lagoas dentro da propriedade?
( ) sim ( ) não
5) Você se sente dono da empresa em que é cooperado?
( ) sim ( ) não
6) Participa das decisões tomadas em reuniões na cooperativa?
( ) sim ( ) não
7) Participa dos lucros da cooperativa?
( ) sim ( ) não
8) A cooperativa distribui, ao final do ano, suas sobras, proveniente de lucro anual
positivo?
( ) sim ( ) não
9)Possui contrato com a empresa em que é cooperado?
( ) sim ( ) não
196
10) A mão de obra é familiar?
( ) sim ( ) não
11) As pessoas contratadas foram capacitadas para trabalhar no manejo do frango?
( ) sim ( ) não
12)Quem capacitou?
( ) a cooperativa ( ) os próprios avicultores
13) O produtor participa ou participou de cursos de manejo do frango, ou outros tipos
de treinamento?
( ) sim ( ) não
14) O treinamento foi oferecido pela cooperativa ou outro órgão?
( ) Pela cooperativa ( ) Outro
15) Quanto tempo de treinamento?
___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
16) Qual a média de tempo destinada ao manejo das aves?
( ) 8 h/dia ( ) 10 h/dia ( ) 12 h/dia ( ) quanto: ______
17) A cooperativa atende as necessidades de ração, assistência técnica e veterinária
adequadamente?
( ) sim ( ) não
18) A remuneração da cooperativa, cobre seus custos de produção?
( ) sim ( ) não
19) O avicultor possui algum controle sobre os custos de produção de frango?
( ) sim ( ) não
20) Este controle é separado do custo de produção da fazenda?
( ) sim ( ) não
21) Os pagamentos feitos pela cooperativa são adequados?
( ) sim ( ) não
22) Quanto tempo após a retirada do lote a cooperativa realiza os pagamentos?
197
________________________________________________________________________
23) Existem formas de pagamento extra, além da remuneração pelo lote?
( ) sim ( ) não
24) Os pagamentos efetuados além do estipulado atendem a sua expectativa?
( ) sim ( ) não
25) Existem incentivos pelo manejo adequado, limpeza de instalações, organização da
propriedade, etc?
( ) sim ( ) não
26) Frente ao ambiente econômico, existe incerteza quanto:
A remuneração do lote ( ) alta ( ) média ( ) baixa
A entrega do frango no prazo (engorda e
abate)
( ) alta ( ) média ( ) baixa
A programação de retirada do lote ( ) alta ( ) média ( ) baixa
Sanidade do animal ( ) alta ( ) média ( ) baixa
Outro (especificar)
198
ANEXO
LEI Nº 5.764, DE 16 DE DEZEMBRO DE 1971
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