que os vereadores estavam votando uma coisa que eles não tinham conhecimento,
nem técnico e nem político. Foi um crime dos vereadores, liderado pelo presidente
da Câmara Emir Aguiar e que não só fez uma luta contra a Região do Eixo Forte,
mas foi um crime eleitoral e uma falta de responsabilidade da classe política que
estava na Câmara até o ano passado e, infelizmente alguns continuaram
(ASSEMBLÉIA DE IRURAMA, 2005, p. 29).
As citações acima demonstram que um processo que começou de forma diferenciada,
teve um fim não tão diferente das demais criações de UC’s no Brasil. Ou seja, uma criação de
cima para baixo, que não respeitou a vontade da comunidade e, por outro lado, acabou se
tornando mais um decreto que só ficou no papel por não ter sido efetivado pelo órgão
responsável. Isso ocasionou um desgaste grande para as lideranças locais que apostaram na
APA. Essas lideranças, que já eram reduzidas, se viram sozinhas e sem forças para continuar
buscando envolver outros grupos nesse processo. Até por que, de ambos os lados (lideranças
comunitárias e técnicos da prefeitura responsáveis pelo processo), houve quem colocasse em
suas entrevistas que não eram favoráveis a uma APA municipal devido à fragilidade desta,
principalmente a vulnerabilidade política. O único ponto positivo que alguns viam, no
momento da criação, era o fato de que com a APA municipal o órgão responsável estaria mais
próximo sendo mais fácil o processo de cobrança de ações em prol da APA.
Eu achava que a APA, em minha opinião, ela deveria ser estadual ou
intermunicipal, como acabou havendo a prevalência. O grande problema é que ela
sendo intermunicipal a dificuldade de conseguir recursos, como nós já
esperávamos, esta dificuldade se concretizou. E, na verdade a APA não saiu do
papel.
Hoje, a minha posição é que ela pode ser municipal, mas acima de tudo é preciso
que ela saia do papel e se faça desenvolver as ações. Se ela for estadual e tiver
recursos, não vejo nenhuma dificuldade. O importante que exista recursos para que
seja efetuado o plano de manejo desta área, iniciando já pelo zoneamento ecológico
econômico da área da APA. Isso é urgente (ENTREVISTA 04, 10/06/05).
A gente pensou mais na APA federal. Eu não fui favorável a APA municipal, eu
coloco por que, nós pensamos na questão da APA federal por que a gente
acreditava que os deputados federais e senadores não iam brigar por muita mudança
e nem resistência de criar uma APA federal por que nós temos um pouco mais de
dois mil eleitores dentro da área da APA e, isso não elege nem um deputado
federal, nem um senador e nem um governador. Sendo municipal, há interesses
políticos menores que seriam os vereadores e dois mil votos elege um vereador em
Santarém. Então, era uma questão muito política e também técnica de, por exemplo,
era mais seguro o IBAMA gerenciar uma APA por que ele ia ter pouca influência
do mandatário que seria o Ministério do Meio Ambiente, o presidente da república
de que gerenciado pelo município que o prefeito, que o secretário do meio ambiente
está ali em cima e, dependendo do compadre, que tem um compadre lá dentro da
APA, todo mundo se conhece, vereador conhece outro fazendeiro, um criador de
frango, sei lá, de porco. Então, eu vejo assim que era um risco muito grande de criar
a APA e, na hora de fazer zoneamento cada um puxar para defender seus interesses.
Então, ia sobrar pouco para a comunidade, a gente achava que ia ter pouca
mudança.
Então, até com a questão estadual a gente achou que... A APA municipal para mim
é a mais frágil. Hoje, a gente aprova a APA municipal por uma questão de que já
tem uma APA municipal que é pequena e, segundo a questão, a assessoria jurídica
da prefeitura, a hora que a Prefeita e os Vereadores ampliarem a área,