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se de uma noção ampla, pois inclui em um único conceito uma grande variedade de
agricultores.
Cabe, porém ressaltar, assim como fizeram outros autores, sobre a complexidade da
diferenciação ocorrida na agricultura pela intensificação da exploração capitalista. A
expansão das formas capitalista, de produção, na agricultura não levou, porém, à extinção
de unidades de produção familiares (pequenas ou médias) nem à transformação em uma
única forma de produção. Ocorre aqui um processo de adaptação, onde surgem novas
formas de combinação dos mecanismos já existentes visando à manutenção da exploração
agrícola, do patrimônio familiar, ou seja, a reprodução do grupo doméstico. Por isso não se
deve privilegiar uma ou outra tendência, mas dar conta da diversidade de possibilidades.
Nesse sentido a agricultura familiar é entendida como sendo um segmento social que
apresenta uma forma de organização da produção e do trabalho baseada na família. A
família é o menor núcleo de agrupamento dos indivíduos e as estratégias organizadas a
partir da produção, do trabalho e do consumo visam à reprodução do grupo. A família
rural, de acordo com Schneider é entendida como sendo:
um grupo social que compartilha o mesmo espaço (não necessariamente
uma habitação comum) e possui em comum a propriedade de um pedaço
de terra. Este coletivo está ligado por laços de parentesco e
consangüinidade (filiação) entre si, podendo a ele pertencer,
eventualmente, outros membros não consangüíneos (adoção). É no
âmbito da família que se discute e se organiza a inserção produtiva,
laboral e moral dos seus diferentes membros integrantes e é em função
deste referencial que se estabelecem as estratégias individuais e coletivas
(2000:8).
A diversidade de denominações em torno desse grupo social, na maioria das vezes,
existe pelo fato desta categoria, no Brasil, estar associada às lutas políticas em diversos
períodos da nossa história. Após o golpe militar, por exemplo, são criadas somente duas
categorias de enquadramento sindical no campo, sendo uma constituída pelos sindicatos de
trabalhadores rurais, englobando assalariados, parceiros, arrendatários, pequenos
proprietários, etc., e outra composta pelos sindicatos rurais, voltados para o setor patronal.
Não cabe aqui realizar uma revisão das diversas denominações utilizadas, visto que esta
discussão já existe na bibliografia sobre o tema, o que interessa é delimitar um referencial
teórico que seja útil ao objeto aqui proposto.
Para alguns autores somente a partir da década de 1990 o termo agricultura familiar
passa a ser correntemente utilizado, tanto no cenário acadêmico, quanto político (questão