27
Jesus tinha autoridade, ensinava com autoridade e dava autoridade a seus discípulos
66
. A
veracidade de um ensinamento com autoridade parte da “experiência pessoal e o senso comum do
ouvinte”
67
que é levado ao encontro das necessidades e da recuperação da pessoa humana. A
experiência cotidiana para Jesus constituía-se fonte de sabedoria e de orientação. Ele ensinava
seus discípulos a “consultar a própria experiência para serem sábios e tomarem as atitudes
corretas”
68
. As parábolas oferecem indicações para um correto agir do homem em relação à
íntima união com Deus e com os outros, seja individual ou comunitariamente. As parábolas e as
experiências do cotidiano da vida do povo exemplificam claramente e esclarecem melhor a ação
pedagógica e magisterial do Mestre e Sábio Jesus
69
.
Jesus de Nazaré pregava, proclamava e ensinava
70
, extasiava as multidões, até mesmo as
autoridades e os opositores
71
, encantava os discípulos e apóstolos, reconhecido como quem falava
66
Cf. Mt 7,29; 9,6; 10,1; 21,23-27; 28,18-20; Mc 1,22; 2,10; 3,13-15; 6,7; 11,28-33; 13,36; Lc 4,32; 5,24; 9,1-2;
10,17-20; 19,11-27; 20,1-8; 22,24-27; Jo 5,25-26; 10,18; 17,2.
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CERESKO, A. R. A Sabedoria no Antigo Testamento: espiritualidade libertadora. São Paulo: Paulus, 2004, p. 8.
68
CERESKO, A. R. A Sabedoria no Antigo Testamento: espiritualidade libertadora. São Paulo: Paulus, 2004, p. 8;
Lc 10: episódio do samaritano solidário.
69
Cf. a: experiência da tentação no deserto demonstra Jesus amando Deus perfeitamente – Mt 4,1-11; b: a parábola
do Samaritano solidário – Lc 10, 29-37; c: o olho é lâmpada do corpo – Mt 6,22-23; d: os dois caminhos – Mt 7,13-
14; e: Jesus é mestre com o fardo leve – Mt 11,28-30; f: parábola do semeador – Mt 13,3-9; g: parábola do Joio – Mt
13,24-30; h: parábola do grão de mostarda e do fermento – Mt 13,31-33; i: parábolas do tesouro, da pérola e da rede
– Mt 13,44-51; j: parábola dos trabalhadores enviados à vinha – Mt 20,1-16; l: a figueira estéril e seca – Mt 21,18-
22; m: parábola dos dois filhos, dos vinhateiros homicidas e do banquete nupcial – Mt 21,28-46–22,1-14; n: sal da
terra e luz do mundo – Mt 5,13-16.
70
Cf. “Jesus percorria toda a Galiléia, ensinando em suas sinagogas [...]” (Mt 4, 23); “Disse-lhes: ‘Vamos a outros
lugares, [...] a fim de pregar também ali, pois foi para isso que eu vim’. E foi por toda a Galiléia, pregando em suas
sinagogas e [...]” (Mc 1, 38-39); “Jesus percorria todas as cidades e povoados ensinando em suas sinagogas e
pregando o Evangelho do Reino [...]” (Mt 9, 35); “E este Evangelho do Reino será proclamado no mundo inteiro,
como testemunho para todas as nações. Então verá o fim.” (Mt 24, 14); Cf. também: Mt 4, 17; 13, 54; 26,13.55; Mc
1, 21-22; 6, 2; 4, 49; 14, 9; Lc 4, 15; 8, 1; 19, 47; SESBOÜÈ, B. O Magistério em questão: autoridade, verdade e
liberdade na Igreja. Petrópolis: Vozes, 2004, p. 20-21: Dois vocábulos do Novo Testamento são igualmente
empregados a Jesus e aos discípulos, “proclamar ou anunciar” (Keruso), “ensinar” (didasko, didaskalia, didackè).
“Mais tarde, na Vulgata, Jerônimo irá sistematicamente traduzir didaskalos por magister”.
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Cf. “Vendo ele as multidões, subiu à montanha. Ao sentar-se, aproximaram-se dele os seus discípulos. E pôs-se a
falar e os ensinava [...]” (Mt 5, 1-2); “Aconteceu que ao terminar Jesus essas palavras, as multidões ficavam
extasiadas com o seu ensinamento, porque as ensinava com autoridade e não como os seus escribas” (Mt 7, 28-29);
Cf. também: Mc 1,23; 4, 1-2; Lc 4,32; “Enviaram-lhe, então, alguns dos fariseus e dos herodianos para enredá-lo
com alguma palavra. Vindo eles disseram-lhe: ‘Mestre, [...], mas ensinas, de fato, o caminho de Deus” (Mc 12, 13-
14a.); Lc 20, 21; Jo 7, 14; 8,28.