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FABRÍCIA MENDES E SILVA NARCISO
ESTUDO COMPARATIVO DOS ÍNDICES PLASMÁTICOS DE INTERLEUCINA-6,
FORÇA MUSCULAR DE PREENSÃO MANUAL E QUALIDADE DE VIDA EM
MULHERES IDOSAS DA COMUNIDADE E INSTITUCIONALIZADAS
Belo Horizonte
Universidade Federal de Minas Gerais
2006
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1
FABRÍCIA MENDES E SILVA NARCISO
ESTUDO COMPARATIVO DOS ÍNDICES PLASMÁTICOS DE INTERLEUCINA-6,
FORÇA MUSCULAR DE PREENSÃO MANUAL E QUALIDADE DE VIDA EM
MULHERES IDOSAS DA COMUNIDADE E INSTITUCIONALIZADAS
Belo Horizonte
Universidade Federal de Minas Gerais
2006
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação
em Ciências da
Reabilitação, da Escola de Educação
Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional
da Universidade Federal de Minas Gerais,
como requisito parcial à obtenção do título
de Mestre em Ciências da Reabilitação.
Área de Concentração
: Desempenho
Funcional Humano.
Orientadora: Profa. Dra. Leani Souza
Máximo Pereira
Co-orientadora: Profa. Dra. Rosângela
Correa Dias
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2
Essa dissertação é dedicada a todas as idosas brasileiras
que conseguiram atingir os 80 anos de idade.
3
Agradecimentos
Agradeço a Deus por permitir a vida nas suas mais diversas formas e ao
sopro da inteligência humana que nos permite questionar a natureza.
Aos meus pais obrigada por terem incentivado e se alegrado com cada
conquista e terem compreendido cada dificuldade.
Ao meu irmão, agradeço pelo afeto e pelo estímulo. Obrigada por ser
incrivelmente contraditório: racional e lúdico.
Ao Robson por ser (in)voluntário participante da pesquisa, motorista,
técnico em informática, psicólogo, amigo legal, amigo atrapalhado, namorado,
marido. Obrigada por sua presença, em cada situação diferente, é fundamental.
Aos familiares e amigos que se alegraram e participaram de mais uma
fase da minha vida.
Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação pela
oportunidade de desenvolver esse trabalho e reciclar conhecimentos.
À Professora Leani Souza Máximo Pereira pela orientação, amizade e
estímulo. Desde 1996 como professora, orientadora de iniciação científica, estágio,
monografia e mestrado. Pelo exemplo profissional atuando junto ao paciente idoso.
À professora Rosângela Corrêa Dias pela co-orientação. Obrigada por me
fazer perceber que o mais simples é o mais importante.
À professora Janetti Nogueira de Francischi por permitir que eu iniciasse a
minha curiosidade científica.
À Daniela Matos Garcia Oliveira pela parceria constante nas coletas de
dados, estudos, disciplinas, idéias e aflições.
4
À Daniele Sirineu Pereira pela ajuda e pela companhia meiga durante a
coleta de dados nos asilos.
À Mary Lucy Avelar Di Sabatino Santos pela ajuda na coleta de dados,
mas principalmente pelo exemplo de determinação, disponibilidade e flexibilidade.
Ao Prof. Dr. Mauro Martins Teixeira pela gentileza de ceder seu
laboratório para a realização do teste de ELISA.
À Fernanda Coelho pela ajuda dentro do ICB.
À Danielle Souza por realizar a medida da interleucina-6.
Aos professores do Departamento de Fisioterapia pela ajuda e orientação.
Aos colegas e amigos de disciplinas por cada momento compartilhado.
Aos colegas da clínica Ethos Aline, André, Cristiana, Ana Cristina,
Natália, Patrícia, Valéria por compreender a ausência, apoiar o empreendimento e
torcer pelo retorno.
Em especial aos coordenadores de asilos por trabalharem de maneira
heróica pelo bem estar dos idosos e ainda permitirem o desenvolvimento desse
trabalho dentro da instituição sob sua responsabilidade.
Obrigada a todos os funcionários dos asilos que nos ajudaram, permitindo
interrupções nas suas rotinas de trabalho. Muito obrigada mesmo!
A todas as idosas residentes em asilos por cada exemplo de vida, feliz ou
sofrida, mas única e insubstituível. Obrigada por aquelas que consentiram em
participar com seu relato. Obrigada pela compreensão, paciência, coragem. E
obrigada por aquelas que não consentiram em participar, mantendo sua
individualidade e opinião dentro do coletivo.
5
Às idosas da comunidade pela invejável alegria, lucidez, disponibilidade.
Obrigada por permitir que gerações futuras desfrutem dos conhecimentos que agora
engatinham.
A todos os profissionais que me inspiraram e inspiram para o melhor
atendimento ao idoso. A todos que de alguma forma participaram da minha trajetória
de vida permitindo que eu chegasse aqui.
6
LUZ POR DENTRO
“Mas há uma beleza interior, de dentro para fora, a transluzir de certas avozinhas
trêmulas, de certos velhos nodosos e graves como troncos. De que será ela feita,
que nem notamos como a erosão dos anos os terá deformado? Deviam ser
caricaturas mas não fazem rir, uns aleijões mas não causam pena. O mesmo não
nos acontece ante o penoso espetáculo do animal velho. Eu gostaria de acreditar
que essa inexplicável beleza dos velhos talvez fosse uma prova da existência da
alma.”
Mário Quintana
7
RESUMO
Índices elevados de interleucina-6 (IL-6) em idosos correlacionam-se a
redução na mobilidade e na capacidade funcional. As causas para essa deterioração
do estado funcional apontam para a sarcopenia provocada pelo aumento crônico de
mediadores inflamatórios como a IL-6. O objetivo desse estudo foi comparar os
índices plasmáticos de IL-6, força muscular de preensão manual e qualidade de vida
em idosas da comunidade e institucionalizadas. E ainda, verificar a existência de
correlação entre os índices plasmáticos de interleucina-6 e a força muscular de
preensão manual e a qualidade de vida nos dois grupos. Participaram 57 idosas
residentes em instituições de longa permanência e 63 idosas da comunidade com
média de idade de 77,40 ± 9,46 e 71,17 ± 7,44 respectivamente. A IL-6 foi dosada
pelo método ELISA, a força muscular de preensão manual foi medida pelo
Dinamômetro Jamar e a qualidade de vida relacionada à saúde foi avaliada pelo
Medical Outcomes Study 36 Item Short-Form Health Survey (SF-36). Foram
utilizados os testes Mann Whitney e Qui-quadrado para comparação dos grupos e os
testes de Pearson e Spearman para análise das correlações. O nível de significânica
foi = 0,05. Os índices de IL-6 (6,33 ± 6,23 e 2,56 ± 3,44 pg/mL; P<0,000) foram
maiores para as idosas institucionalizadas comparadas as da comunidade. A força
muscular de preensão manual (15,43 ± 6,25 e 22,86 ± 4,62 Kgf; P<0,000) e os
escores médios do componente físico (56,77 ± 27,63 e 77,70 ± 17,06; P<0,000) e do
componente mental do SF-36 (73,28 ± 21,14 e 84,10 ± 17,52; P=0,001) foram
significativamente menores para idosas institucionalizadas em relação às idosas da
comunidade. Houve correlação inversa entre IL-6 e força muscular de preensão
manual em idosas da comunidade (r = -0,2680, p = 0,0337) mas não em idosas
8
residentes em instituição de longa permanência (r = 0,1125; p = 0,4049). Não foi
observada correlação entre os escores do SF-36 e os índices de IL-6. O presente
estudo verificou não índices plasmáticos elevados de IL-6 como também redução
da força muscular e da qualidade de vida em idosas institucionalizadas
possivelmente devido a associação de fatores socioeconômicos, da saúde e dos
hábitos de vida. Particular atenção deve ser dada ao idoso institucionalizado. Mais
pesquisas são necessárias para verificar se uma abordagem interdisciplinar pode
melhorar os níveis das citocinas, a força muscular e a qualidade de vida dessas
idosas frágeis.
9
ABSTRACT
Increased plasma interleukin-6 (IL-6) levels have been identified as important
correlates of disability and mobility limitation. It has been suggested that chronically
elevated levels of markers of inflammation, such as IL-6, cause an acceleration of
muscle catabolism, leading to sarcopenia, and subsequent disability. The purpose of
this study was to verify differences between plasma IL-6 level, muscular handgrip
strength and quality of life of elderly women of community and asylum. And verify
correlations between plasma IL-6 level and muscular handgrip strength and quality of
life. Participants were 57 elderly women from asylum and 63 from community. The
mean age was 77.40 ± 9.46 for the asylum group and 71.17 ± 7.44 for the
community group. Plasma IL-6 level was measured by enzyme-linked
immunosorbent assay (ELISA), the muscular handgrip strength was assessed at
Jamar dynamometer and the quality of life by Medical Outcomes Study 36 Item
Short-Form Health Survey (SF-36). Mann Whitney and Chi-square tests were used to
compare two groups. Pearson and Spearman correlation coefficient was used for
assessing the association between plasma IL-6 and muscular handgrip strength and
quality of life. The asylum group had higher plasma IL-6 level than the community
group (6.33 ± 6.23 vs. 2.56 ± 3.44 pg/mL, P<0.000). The asylum group had
significantly lower muscular handgrip strength (15.43 ± 6.25 vs. 22.86 ± 4.62 Kgf,
P<0.000) and significantly lower mean score of the Physical Component (56.77 ±
27.63 vs. 77.70 ± 17.06; P<0.000) and Mental Component (73.28 ± 21.14 vs. 84.10 ±
17.52; P=0.001) of the SF-36. There was an inverse correlation between plasma IL-6
level and muscular handgrip strength in the community group (r = -0.2680, P =
0.0337) but not in the asylum group (r = 0.1125, P = 0.4049). There was no
10
correlation between mean scores from dimension of the SF-36 and plasma IL-6 level.
This study shows high plasma IL-6 level and reduced muscular handgrip strength
and quality of life at asylum group. Socioeconomic, health and lifestyle factors may
have influenced our findings. Special attention must be drawn to elderly from asylum.
Further research is warranted to understand if we are able to improve cytokines
levels, sarcopenia and quality of life in this frail population with interdisciplinary
management.
11
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ADN
AMPc
APC
AVD
CK
CMV
COEP
DM II
ELISA
HPA
IBGE
ICB
IFN
IFN-
Ig
IGF-1
IL-1
IL-1ra
IL-2
IL-4
IL-6
IL-8
- Ácido Desoxirribonucléico
- Adenosina Monofosfato Cíclico
- lulas Apresentadoras de Antígenos
- Atividade de Vida Diária
- Creatina Quinase
- Citomegalovírus
- Comitê de Ética em Pesquisa
- Diabetes Melitus Tipo 2
- Enzyme-linked immunosorbent assay
- Hipotálamo-Hipófise-Adrenal
- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
- Instituto de Ciências Biológicas
- Interferon
- Interferon gama
- Imunoglobulina
- Fator de crescimento semelhante à insulina
- Interleucina-1
- Receptor antagonista de interleucina-1
- Interleucina-2
- Interleucina-4
- Interleucina-6
- Interleucina-8
12
IL-10
IL-13
IMC
KDa
Kgf
LPS
nm
NO
OMS
PBM
PCR
pg/mL
PNAD
rpm
SF-36
SNC
SPSS
sIL-2R
sTNF-R
TNF ou TNF-α
UFMG
WHO
- Interleucina-10
- Interleucina-13
- Índice de Massa Corporal
- QuiloDalton
- Quilograma-força
- Lipopolissacarídio
- Nanômetro
- Óxido Nítrico
- Organização Mundial da Saúde
- Proteína Básica Maior
- Proteína C Reativa
- Picograma por mililitro
- Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
- Rotações por minuto
- Medical Outcomes Study 36 – Item Short-Form Health
Survey
- Sistema Nervoso Central
- Statistical Package for the Social Sciences
- Receptor solúvel de Interleucina-2
- Receptor Solúvel de Fator de Necrose Tumoral
- Fator de Necrose Tumoral
- Universidade Federal de Minas Gerais
World Health Organization
13
SUMÁRIO
Capítulo 1 – INTRODUÇÃO.......................................................................
15
1.1- Idosos da comunidade e institucionalizados...............................
16
1.2- Feminização da velhice..............................................................
18
1.3- Sistema imunológico...................................................................
20
1.4- Imunosenescência......................................................................
27
1.5- Mediadores inflamatórios e envelhecimento...............................
29
1.6- Interleucina-6..............................................................................
33
1.7- Sarcopenia..................................................................................
38
1.8- Força muscular de preensão manual.........................................
40
1.9- Qualidade de vida...................................................................... 42
1.10- Objetivos.....................................................................................
41
1.10.1- Objetivo Geral............................................................................. 44
1.10.2- Objetivos Específicos..................................................................
44
Capítulo 2 - MATERIAIS E MÉTODOS......................................................
45
2.1- Delineamento do estudo............................................................ 45
2.2- Amostra.......................................................................................
45
2.3- Instrumentos...............................................................................
47
2.3.1- Questionário de caracterização socioeconômica, saúde e
hábitos de vida............................................................................
47
2.3.2- Dinamômetro manual..................................................................
48
2.3.3- Medical Outcomes Study 36 – Item Short-Form Health Survey
(SF-36)………………………………………………………………..
48
2.4- Procedimentos............................................................................
50
14
2.4.1- Aplicação do questionário de caracterização socioeconômica,
saúde e hábitos de vida..............................................................
50
2.4.2- Dosagem da Interleucina-6.........................................................
50
2.4.3- Medida da força muscular de preensão manual.........................
51
2.4.4- Aplicação do Medical Outcomes Study 36 – Item Short-Form
Health Survey (SF-36)……………………………………………..
52
2.5- Análise estatística.......................................................................
53
Capítulo 3- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................
54
Capítulo 4- “Estudo Comparativo dos Índices Plasmáticos de
Interleucina-6, Força Muscular Manual e Qualidade de Vida em
Idosas da Comunidade e Institucionalizadas”.......................................
62
Capítulo 5- CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................
84
ANEXOS.....................................................................................................
87
15
Capítulo 1 – INTRODUÇÃO
O crescimento da população de idosos é um fenômeno mundial e está
ocorrendo em nível nunca visto anteriormente. O Brasil tinha, em 1991, uma
população de idosos que correspondia a 7,3% da população enquanto no último
censo demográfico, de 2000, já havia chegado a 8,6% da população total. As
estimativas para os próximos 20 anos indicam que a população idosa brasileira
poderá exceder 30 milhões de pessoas, chegando a representar quase 13% da
população, sendo que o segmento que mais cresceu na população idosa brasileira
foi aquele das pessoas com 75 anos ou mais (IBGE, 2002).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define que idoso é aquele que
tem acima de 60 anos de idade para países em desenvolvimento, enquanto para os
países desenvolvidos esse marco cronológico ocorre aos 65 anos de idade, (WHO,
1984). O envelhecimento pode ser fisiológico (senescência), caracterizado pela
perda fisiológica mínima, com preservação das funções físicas e mentais em idade
avançada. Entretanto, as doenças podem induzir modificações que, com freqüência,
assumem maior intensidade trazendo morbidade e perda da independência
precocemente (senilidade) (FILHO, 2002).
Associado ao fenômeno de envelhecimento populacional, tem ocorrido
um aumento do mero de pesquisas que tentam entender e contribuir com
abordagens e intervenções para um final de vida com independência e autonomia. O
interesse em relação ao processo de envelhecimento levou a um aumento de 6,4%
no total de artigos publicados entre 1991 e 1997 na área de gerontologia. Muitas
dessas publicações dedicam-se ao entendimento dos mecanismos celulares e
moleculares do processo de envelhecimento (SOLANA, 2003).
16
O envelhecimento constitui um processo biológico de declínio das
capacidades físicas, psicológicas e comportamentais de maneira irreversível,
individual e universal. Envelhecer é tornar-se mais vulnerável às agressões do meio
interno e externo e, portanto, caracteriza-se por uma maior susceptibilidade tanto
celular, tecidual, orgânica e nos aparelhos e sistemas (FILHO, 2002).
1.1- Idosos da comunidade e institucionalizados
Embora no plano biológico a ciência se preocupe com o prolongamento
da vida humana (SOLANA, 2003), a sociedade brasileira ainda é carente de
programas de promoção, prevenção e recuperação da saúde do idoso.
Conseqüentemente, o envelhecimento populacional brasileiro caracteriza-se pelo
acúmulo de incapacidades e comorbidades. Diante desse contexto, estamos longe
de atingirmos o envelhecimento bem sucedido (GARCEZ-LEME; LEME; ESPINO,
2005). Lima-Costa et al. (2003) relatam uma prevalência de 69% de pelo menos uma
doença crônica e 15% de dificuldade ou incapacidade para atividades de vida diária
na população de idosos brasileiros. Esses autores argumentam que estes dados são
muito semelhantes aos observados na população de países desenvolvidos. a
prevalência de doenças psiquiátricas apresenta-se em um terço dos idosos, sendo a
depressão e a demência as mais freqüentes (GARRIDO; MENEZES, 2002).
Contudo, o grande contingente de idosos brasileiros são idosos jovens, ou seja,
estão dentro da faixa etária menor que 75 anos. Portanto, tais idosos estão
desenvolvendo incapacidade funcional mais precocemente que aqueles idosos de
países desenvolvidos (RAMOS, 2003). Quanto à mortalidade dos idosos brasileiros,
17
ela foi estimada em 28,8%, no período de 1991 a 2000, entre as mulheres, e de
27,3% entre os homens, respectivamente (CAMPOS, 2004).
Quando se fala de idosos da comunidade refere-se àqueles que tem o
processo de envelhecimento caracterizado pela perda fisiológica mínima, com
preservação da qualidade das funções físicas e mentais. Os idosos com
envelhecimento usual apresentam prejuízos inerentes ao envelhecimento, mas não
são considerados doentes. Na velhice usual podem existir doenças somáticas
crônicas, que podem ser controladas de modo a não causarem impacto negativo
sobre a qualidade de vida objetiva e nem impedimentos à funcionalidade física,
mental, psicológica e social (RAMOS, 2003).
Em contrapartida, os idosos institucionalizados freqüentemente
apresentam mais doenças associadas, perda da independência e da autonomia.
Estes idosos estão ainda submetidos a uma rotina e intervenções peculiares à
instituição onde vivem. Além disso, vivem em grupo, sem o contato familiar e social
multigeracional. Todos esses fatores (físicos e psicossociais) associados podem
levar a uma situação de fragilidade iminente ou instalada (DAVIM et al., 2004). No
entanto, Vieira (2003) considera que a mudança do perfil populacional traz novas
necessidades sociais, transformando as instituições geriátricas num local social
necessário para dar conta da longevidade e de suas conseqüências nas relações
sócio familiares. A autora chama a atenção para a possibilidade real da instituição
geriátrica ser um local de inclusão, convívio e afeto.
Indivíduos institucionalizados não participam de estudos de base
populacional, mas alguns estudos têm utilizado uma amostra representativa para
caracterizar essa população diferenciada de idosos. Faria et al. (2001) revelaram
que 90% das idosas institucionalizadas recebem a 1 salário mínimo. a
18
prevalência de doenças psiquiátricas foi mostrada por Cunha et al. (1986) que 74%
apresentam demência e por Faria et al. (2001) que 62% apresentam depressão em
amostras representativas dos idosos residentes em asilos da região metropolitana
de Belo Horizonte.
Existe também grande prevalência de perda de mobilidade (42%) e
incapacidade para executar tarefas diárias (54%) e ainda uma prevalência de
dependência para pelo menos uma AVD em 54% e dependência total em 17% dos
idosos institucionalizados em Belo Horizonte (Faria et al., 2001). Cruz et al. (2001)
mostraram que 90% das instituições de Belo Horizonte têm profissional médico em
seu corpo clínico. Entretanto, Faria et al. (2001) mostrou uma taxa de mortalidade de
22% em 24 meses.
As instituições destinadas a prestar assistência aos idosos se tornam
cada vez mais necessárias devido ao aumento da expectativa de vida populacional.
Além disso, fatores como: perda de autonomia causada por incapacidades físicas e
mentais; casos de ausência de grupos familiares para prestar-lhes assistência;
insuficiência de suporte financeiro do idoso e/ou do seu grupo familiar fazem com
que as instituições de longa permanência voltadas para a assistência aos idosos
sejam cada vez mais solicitadas (CHAIMOWICZ; GRECO, 1999; VIEIRA, 2003).
1.2- Feminização da velhice
Tanto na comunidade quanto no asilo vê-se uma predominância do sexo
feminino na população idosa. O contingente feminino aumenta de maneira mais
expressiva que o masculino, pois as mulheres vivem, em média, oito anos a mais
que os homens (IBGE, 2002).
19
Essas mulheres são em grande parte viúvas, vivem sós, não têm
experiência de trabalho no mercado formal e m menor escolaridade. As mulheres
jovens e adultas têm status social inferior, trabalho com menor remuneração o que
pode contribuir para um aumento da pobreza e aumento de problemas de saúde
quando ficam mais velhas. Por outro lado, homens jovens e adultos estão mais
sujeitos a lesões incapacitantes ou morte, devido à violência, aos riscos
ocupacionais e ao suicídio. Também assumem comportamentos de maior risco,
como fumar, consumir bebidas alcoólicas e drogas e se expor desnecessariamente
ao risco de lesões (OMS, 2005).
Barreto et al. (2006) estudaram uma amostra representativa de homens e
mulheres de 60 anos e mais participantes da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (PNAD, 1998). Os idosos com grande dificuldade ou incapazes de
realizar uma ou mais atividades da vida diária e/ou andar mais de 100m foram
classificados como incapacitados, e aqueles que interromperam atividades nos
últimos 15 dias por problemas de saúde, como temporariamente incapacitados, e
demais, como saudáveis. A prevalência de incapacitados foi 6% para homens e 11%
para mulheres e temporariamente incapacitados foi 7,9% para homens e 10,1% para
mulheres. Pior condição de saúde está associada ao maior uso de serviços de
saúde, mas o padrão de utilização é significativamente diferente entre os sexos,
independente da idade, condição de saúde ou nível de renda. As mulheres realizam
mais consultas médicas e a freqüência de internação dos homens é maior. Foram
identificados diferenciais de gênero no padrão de utilização de serviços de saúde
que não são explicados pela idade, condição de saúde ou situação socioeconômica.
Nas instituições asilares, a porcentagem de mulheres é muito maior que a
de homens, o que pode ser explicado por diversos fatores maior longevidade da
20
mulher, menor índice de casamentos após a viuvez e uma tendência maior em se
tornarem dependentes com uma renda insuficiente para se sustentarem no domicílio
(CHAIMOWICZ; GRECO, 1999).
Portanto, devido à feminização da população, principalmente em relação
às instituições de longa permanência e às diferenças entre homens e mulheres em
relação às práticas de saúde, optamos por trabalhar com uma amostra apenas de
mulheres para evitar o viés do sexo sobre o estado de saúde dos indivíduos da
nossa amostra.
1.3- Sistema Imunológico
O termo imunidade é derivado da palavra latina immunitas, que se refere
à proteção contra processos legais que os senadores romanos tinham durante o seu
mandato. A resposta imunológica do indivíduo é formada pelas células e moléculas
que respondem coletiva e coordenadamente à introdução de substâncias estranhas
e microorganismos (ABBAS; LICHTMAN, 2005).
A resposta imunológica é classificada em natural ou inata e adquirida ou
adaptativa (ABBAS; LICHTMAN, 2005). Os principais componentes do sistema
imunológico natural são as barreiras físicas e químicas, tais como epitélio e as
substâncias antibacterianas nas superfícies epiteliais; as células fagocitárias
(macrófagos e neutfilos e células Natural Killer); as proteínas do sangue
denominadas de sistema do complemento; e as proteínas denominadas de citocinas
(RANG; DALE; RITTER, 2001). As reações inflamatórias inatas são acompanhadas
de eventos vasculares e celulares. Os eventos vasculares o caracterizados por
dilatação inicial das pequenas arteríolas resultando em aumento do fluxo sangüíneo.
21
Em seguida, ocorre redução do fluxo, estase do sangue e aumento da
permeabilidade das vênulas pós-capilares resultando em exsudação de líquido e
células juntamente com mediadores inflamatórios. Os eventos celulares ocorrem na
resposta inata e são caracterizados por atividade celular proveniente dos vasos
sangüíneos e do próprio tecido (RANG; DALE; RITTER, 2001).
A resposta imunológica adaptativa tem especificidade para distinguir
diferentes moléculas, sendo elas microbianas ou não. Os componentes da
imunidade adquirida incluem os linfócitos e seus produtos. Além disso, existem dois
tipos de respostas imunológicas adquiridas, a imunidade humoral (mediada por
moléculas ou anticorpos produzidos pelos linfócitos B) e a imunidade celular
(mediada pelos linfócitos T) (ABBAS; LICHTMAN, 2005). Ambos os tipos de
imunidade adquirida são induzidas por antígenos. Cada toxina ou microorganismo
contém em sua constituição um ou mais compostos químicos específicos, em geral
proteínas ou polissacarídeos, que iniciam a imunidade adquirida. (GUYTON; HALL,
1998).
As células do sistema imunológico são dependentes uma das outras, pois
se comunicam através de citocinas que modulam a sua resposta. Essa células são:
a) plaquetas - estão envolvidas na coagulação e nos fenômenos trombóticos; b)
leucócitos polimorfonucleares que se dividem em neutrófilos, eosinófilos e
basófilos; c) leucócitos mononucleares que são os linfócitos B e T e macrófagos
(RANG; DALE; RITTER, 2001).
Os neutrófilos são os primeiros leucócitos sangüíneos a alcançar a área
da reação inflamatória. Aderem às células endoteliais vasculares, migram através da
parede do vaso atraídos por quimiotaxinas. Os neutrófilos têm receptores de
membrana para os produtos do sistema do complemento que atuam como opsonina
22
fazendo com que o neutrófilo reconheça a partícula ou microorganismo a ser
englobado e digerindo-o (RANG; DALE; RITTER, 2001).
Os eosinófilos têm como principal função a exocitose da PBM (proteína
básica maior). Esta proteína é tóxica para parasitas de humanos e causam a sua
morte. Os eosinófilos também estão muito presentes em reações alérgicas do
organismo (ABBAS; LICHTMAN, 2005).
Os basófilos possuem mediadores nos seus lisossomas que participam de
reações alérgicas da mesma forma que os mastócitos. A diferença básica entre os
basófilos e os mastócitos está no fato de os basófilos serem encontrados no sangue
e na estrutura morfogica (RANG; DALE; RITTER, 2001).
Os macrófagos chegam várias horas na área da inflamação após os
neutrófilos. Nos tecidos, monócitos são transformados em macrófagos. Nas reações
inatas, os macrófagos ligam-se ao lipopolissacarídio (LPS) da membrana das
bactérias que estimula a produção e liberação de citocinas. Estas atuam sobre as
células endoteliais vasculares, aumentando a permeabilidade vascular e atraindo
outros leucócitos para a área. Os macrófagos são células de altíssimo poder
fagocitário destruindo as bactérias por liberação de radicais derivados do
oxigênio. Fagocitam também restos celulares, células mortas, proteínas estranhas,
calo ósseo que se formou numa fratura, tecido de cicatrização exuberante etc. Após
esta limpeza, os fibroblastos ativos (no caso de uma necrose) vão ao local e
preenchem o espaço com colágeno. Além da função fagocítica os macrófagos são
apresentadores de antígenos pois fagocitam o antígeno e os seus epítopos
(moléculas específicas dos antígeno capazes de criar uma população de células
específica para combatê-lo) são levados até a superfície da célula e apresentado ao
linfócito T ou ao linfócito B (RANG; DALE; RITTER, 2001).
23
Os dois tipos de linfócitos que promovem, respectivamente, a resposta
mediada por células e a resposta humoral são os linfócitos T e B. Ambos os tipos de
linfócitos originam-se no embrião, a partir de células-tronco hematopoéticas
pluripotenciais, que diferenciam-se e dão origem aos linfócitos (ABBAS; LICHTMAN,
2005).
Os linfócitos destinados à formação de linfócitos T ativados migram
inicialmente para o timo e são pré-processados, razão pela qual são denominados
linfócitos T. Nessa glândula, eles se multiplicam com rapidez e, ao mesmo tempo,
desenvolvem uma grande diversidade que lhes permite reagir com diferentes
antígenos específicos. O timo também assegura que os linfócitos T que ele produz
não reagirão contra proteínas ou outros antígenos presentes nos próprios tecidos do
corpo; de outro modo, os linfócitos T seriam letais para o corpo em poucos dias
(ABBAS; LICHTMAN, 2005).
As moléculas antigênicas alcançam os linfonodos locais por meio dos
vasos linfáticos. O antígeno é então apresentado aos linfócitos por grandes células
dendríticas, denominadas células apresentadoras de antígenos (APC). As APC
ingerem e processam o antígeno e apresentam a linfócitos T auxiliares CD4+ não
comprometidos (ou virgens) (ABBAS; LICHTMAN, 2005).
A seguir, essas células T virgens desenvolvem receptores de interleucina-
2 (IL-2) e também produzem IL-2 que estimula a própria proliferação. Essa ação
autócrina induz a formação de um clone de células T ativadas (algumas vezes
denominadas células Th0), que por sua vez dá origem a dois subgrupos diferentes
de células auxiliares: as células Th1 e as células Th2 . A via Th1 controla as
respostas mediadas por células. A via Th2 está envolvida nas respostas mediadas
por anticorpos (ABBAS; LICHTMAN, 2005).
24
Os linfócitos B são pré-processados no fígado, nos meados da vida fetal;
e na medula óssea, no fim da vida fetal e depois do nascimento Cada clone de
linfócitos responde a apenas um tipo de antígeno ou antígenos semelhantes. No
caso dos linfócitos B, cada um deles tem na sua superfície cerca de 100.000
moléculas de anticorpo, que reage de modo altamente específico com apenas
aquele tipo específico de antígeno, que se fixa à membrana celular, levando ao
processo de ativação (GUYTON; HALL, 1998).
Com a chegada de um antígeno estranho, os macrófagos do tecido
linfóide fagocitam o antígeno e o apresentam, então aos linfócitos B adjacentes. Os
linfócitos B específicos para o antígeno aumentam imediatamente de tamanho e
assumem a aparência de um linfoblasto. Estes dão origem a plasmócitos que
apresentam uma proliferação do retículo endoplasmático rugoso. O plasmócito
maduro produz os anticorpos. Alguns dos linfoblastos formados pela ativação de um
clone de linfócitos B dão origem a células de memória que permanecem quiescentes
até serem ativadas por uma nova quantidade do mesmo antígeno (ABBAS;
LICHTMAN, 2005).
Os anticorpos são gamaglobulinas denominadas imunoglobulinas (Ig)
compostas de combinações de cadeias polipeptídicas leves e pesadas. Em sua
maioria, elas são uma combinação de duas cadeias leves e duas cadeias pesadas.
O anticorpo é uma molécula de proteína em forma de Y, em que os braços do Y (as
porções Fab) constituem os sítios de reconhecimento de antígenos, enquanto a
haste do Y (a porção Fc) ativa os mecanismos de defesa do hospedeiro. Cada
anticorpo é específico para um antígeno particular; isto é causado pela peculiar
organização estrutural dos aminoácidos na parte variável das duas cadeias, leve e
pesada. Os anticorpos agem principalmente de duas maneiras diferentes para
25
proteger o corpo contra agentes invasores: por ataque direto sobre o invasor e pela
ativação do sistema do complemento (ABBAS; LICHTMAN, 2005).
A ação direta pode ocorrer de diversas maneiras: 1) aglutinação - que
consiste em aglutinar bactérias ou as hemácias em grandes aglomerados; 2)
precipitação - onde o complexo molecular formado por um antígeno solúvel e um
anticorpo fica tão grande que se torna insolúvel e se precipita; 3) neutralização - na
qual os anticorpos cobrem os locais tóxicos do agente antigênico; 4) lise - onde os
anticorpos são capazes de atacar diretamente as membranas dos agentes celulares
(ABBAS; LICHTMAN, 2005).
Os anticorpos quando reagem com um patógeno são capazes de ativar o
sistema do complemento provocando assim a opsonização, quimiotaxia, lise,
aglutinação e neutralização de vírus. Os anticorpos podem ligar-se aos componentes
antigênicos particulares na superfície dos microoganismos que foram reconhecidos
pelas suas porções Fab enquanto a sua porção Fc é reconhecida por fagócitos
permitindo a ingestão do microorganismo. Os anticorpos podem se ligar a parasitas
permitindo o seu reconhecimento pelos eosinófilos que vão provocar a lise do
mesmo. E, podem ainda, ligar-se aos basófilos e mastócitos permitindo que estes
liberem mediadores ao se ligar com o antígeno (GUYTON; HALL,1998; RANG;
DALE; RITTER, 2001).
Dentre as células caracteristicamente presentes nos tecidos, temos:
mastócitos, células endoteliais vasculares e neurônios.
Os mastóciotos têm como principal função armazenar potentes
mediadores químicos da inflamação. As Células endoteliais vasculares têm função
ativa na inflamação, ao secretar Óxido Nítrico (NO) que causa relaxamento do
músculo liso vascular, provoca vasodilatação e aumento do fluxo de plasma e de
26
células para o interstício. Os neurônios sensoriais, além de transmitirem impulsos
para o sistema nervoso central, liberam neuropeptídios inflamatórios quando
apropriadamente estimulados (fibras C e A) (RANG; DALE; RITTER, 2001).
As citocinas são peptídeos secretados pelas células da resposta
imunológica inata e adaptativa e são as mediadoras de muitas funções dessas
células. As citocinas são liberadas em resposta a microrganismos e outros
antígenos, e atuam nas respostas envolvidas na inflamação e na imunidade do
indivíduo (RANG; DALE; RITTER, 2001).
Essas substâncias são produzidas, em grande parte, por macrófagos e
linfócitos, como também por células endoteliais e fibroblastos. A maioria não é
produzida de modo constitutivo e sim após ativação celular, e sua síntese é iniciada
por novas transcrições de genes. Na imunidade inata, as citocinas, produzidas por
macrófagos e células Natural Killer, regulam as reações inflamatórias iniciais a
microrganismos, promovendo a eliminação destes. Na imunidade adaptativa, as
citocinas estimulam a proliferação e a diferenciação de linfócitos estimulados por
antígenos e ativam células efetoras especializadas, tais como macrófagos (ABBAS;
LICHTMAN, 2005).
A ação das citocinas é comparada a uma complexa linguagem
sinalizadora, possuindo várias propriedades comuns a todas elas. Elas podem atuar
por mecanismos autócrinos (na mesma célula onde é produzida) e parácrinos (em
outras lulas). Uma única citocina pode agir em diferentes tipos de células
estimulando ou antagonizando seu efeito. Além disso, elas podem ter efeitos locais e
sistêmicos. Sua ação ocorre através da ligação a receptores de membrana
específicos nas células-alvo, que leva a uma alteração na expressão gênica
resultando em novas funções celulares (ABBAS; LICHTMAN, 2005).
27
As citocinas podem ser pró e antiinflamatórias sendo que o desfecho final
de um processo inflamatório dependerá do balanço entre citocinas pró e
antiinflamatórias. As citocinas pró-inflamatórias são: interleucina-1 (IL-1),
interleucina-6 (IL-6), fator de necrose tumoral (TNF ou TNF-), interferons (IFN),
interleucina-2 (IL-2) e quimiocinas. As citocinas antiinflamatórias são a interleucina-4
(IL-4), interleucina-10 (IL-10), interleucina-13 (IL-13) que atenuam a inflamação pela
restrição da produção de citocinas inflamatórias e aumentam a expressão dos
receptores solúveis. Por sua vez o receptor antagonista de IL-1 (IL-1ra), o receptor
solúvel de IL-2 (sIL-2R) e o receptor solúvel de TNF (sTNF-R) restringem a ligação
das citocinas aos receptores ativos nas células e inibem a inflamação
(MOLDOVEANU; SHEPARD; SHEK, 2001).
1.4- Imunosenescência
O termo imunosenescência refere-se a uma possível disfunção do
sistema imunológico durante o processo de envelhecimento. Vários autores têm
estudado os aspectos biológicos, clínicos e implicações da imunosenescência no
processo do envelhecimento.
Franceschi et al. (2003) têm estudado a longevidade especialmente
relacionada à genética e à imunosenescência. Os principais achados podem ser
sumarizados em três tópicos: 1) a imunosenescência é um mecanismo complexo no
qual as células perdem sua capacidade de produzir clones e sua função de defesa
encontra-se alterada; 2) a contínua exposição a antígenos causa um estresse
antigênico crônico com involução do timo e acúmulo de células T de
memória/efetoras e exaustão das células T virgens; 3) o envelhecimento é
28
caracterizado por um processo inflamatório crônico peculiar, que parece ser
geneticamente controlado e provoca um acúmulo de lesões moleculares e celulares.
Esse processo inflamatório crônico, denominado pelo autor como Inflamaging, tem
sido considerado o mais importante determinante das doenças relacionadas ao
envelhecimento, tais como as doenças neurodegenerativas, a aterosclerose, a
diabetes e a sarcopenia, entre outras.
Romanyukha e Yashin (2003) criaram um modelo para entender a
imunosenescência. Esses autores relataram que as alterações mais significativas
ocorrem nas células T. A involução do timo começa na puberdade, com uma
redução de 4 a 5 vezes até os 35-40 anos. Além disso, ocorre redução de tecido
linfóide periférico e declínio absoluto e relativo das concentrações de células T
virgens no sangue. Estudos mostram que o aumento do tempo médio de vida das
células T de memória leva a uma maior resistência a agentes infecciosos em
indivíduos de meia idade, mas este fato se torna irrelevante em indivíduos idosos.
Existe, ainda, uma redução do comprimento dos telômeros nessas células, também
a partir dos 18-20 anos. De modo geral, essas alterações no sistema imunológico
explicam a morbi-mortalidade por agentes infecciosos que acometem o indivíduo
idoso e a conseqüente redução da sua qualidade de vida.
Solana (2003) relatou que as alterações ocorridas no sistema imunológico
podem ter origem em duas teorias: teoria dos radicais livres, onde o estresse
oxidativo provoca mutação no ácido desoxirribonucléico (ADN) mitocondrial; e teoria
genética, onde o encurtamento dos telômeros (porção final do ADN) e alteração da
função da telomerase estão envolvidos na redução da capacidade de replicação de
células in vitro. E ainda, Tarazona et al. (2002) acrescentam que existe
encurtamento dos telômeros em lulas T e células B com o processo do
29
envelhecimento. Esses autores verificaram ainda que alguns genes estão
relacionados à imunidade e a senescência.
Por fim, Walston et al. (2005) criaram um modelo explicativo da
fragilidade, envolvendo a descrição de trajetórias de variáveis moleculares,
fisiológicas e clínicas. A trajetória de mudanças moleculares incluiria variações
gênicas expressas em estresse oxidativo, perdas mitocondriais, encurtamento de
telômeros, danos ao ADN e envelhecimento celular, em interação recíproca com
doenças inflamatórias. Esse conjunto de condições de base genética daria origem a
inflamações e a alteração neuro-endócrina, que, em interação recíproca,
funcionariam como antecedentes para anorexia, sarcopenia, osteopenia, declínio da
função imunológica, déficits cognitivos, problemas hematológicos e problemas no
metabolismo da glicose.
1.5- Mediadores inflamatórios e envelhecimento
As citocinas são polipeptídeos que facilitam o influxo de linfócitos,
neutrófilos, monócitos e outras lulas no local da inflamação e também têm efeitos
sistêmicos como estimular a produção de proteínas de fase aguda. A cascata das
citocinas compreende TNF, IL-1, IL-6, receptor antagonista de IL-1 (IL-1ra) e
receptor solúvel de TNF (sTNF-R). Posteriormente, o IL-1ra inibe o sinal de
transdução para a IL-1 e o sTNF-R inibe a produção de TNF. Em resposta a uma
infecção aguda, as citocinas e os inibidores de citocinas podem aumentar várias
vezes e depois retornam aos seus níveis normais. A inflamação sistêmica crônica de
baixa intensidade é um termo que tem sido introduzido para condições onde existem
aumento de 2 a 4 vezes nos índices de TNF-
, IL-1, IL-6, IL-1ra, sTNF-R e Proteína
30
C reativa (PCR). Nesse caso, o estímulo para a produção de citocinas não é
conhecido (PETERSEN; PEDERSEN, 2005).
O envelhecimento apresenta aumento de 2 a 4 vezes nos índices
plasmáticos/séricos dos mediadores inflamatórios como as citocinas e as proteínas
de fase aguda. Uma ampla rede de fatores parece contribuir para a persistência da
inflamação crônica como: o aumento do tecido adiposo, a redução da produção dos
hormônios sexuais, tabagismo, infecções subclínicas (como a bacteriúria
assintomática) e doenças crônicas como doenças cardiovasculares e doença de
Alzheimer. Além disso, há alguma evidência de que, durante o envelhecimento,
ocorre uma alteração da resposta das citocinas a uma estimulação onde os índices
das mesmas permanecem elevados por um tempo mais prolongado. Assim é
possível que os mediadores inflamatórios constituam uma ligação entre o estilo de
vida e alterações fisiológicas do envelhecimento, como também, sejam mediadores
entre os fatores de risco e as doenças que acometem o idoso (KRABE; PEDERSEN;
BRUUNSGAARD, 2004).
foi demonstrado o aumento de TNF-, IL-6, IL-1ra, e
sTNF-R e PCR durante o envelhecimento. O TNF- tem correlação com IL-6 e o
sTNF-R, e PCR em centenários. Entretanto, altos índices de TNF-, mas não de IL-
6, foram correlacionados a demência e aterosclerose. Tanto TNF- quanto IL-6 são
encontrados em obesos, fumantes e diabéticos tipo II. A IL-6 foi relacionada a
todas as causas de mortalidade inclusive com a doença cardiovascular. A IL-6 e o
TNF- podem ainda predizer infarto do miocárdio (PETERNSEN; PEDERSEN,
2005).
Os glicocorticódes são hormônios produzidos pela glândula adrenal e têm
grande influência sobre os processos imunológicos. A comunicação entre o sistema
imunológico e o sistema neuro-endócrino é bidirecional. Atualmente, vários estudos
31
têm revelado as comunicações bidirecionais entre os sistemas neuroendócrino,
neurológico e o sistema imunológico. Muitos estudos também têm demonstrado que
uma variedade de estressores físicos e psicossociais podem alterar a resposta
imune através dessas conexões. O eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA) e o
sistema simpático adrenomedular são os componentes neuroendócrinos e neuronais
primários da resposta ao estresse. A liberação do cortisol a partir do córtex adrenal,
das catecolaminas a partir da medula adrenal e da norepinefrina a partir dos
terminais nervosos prepara o indivíduo para lidar com as demandas dos estressores
metabólicos, físicos e/ou psicológicos e servem como mensageiros cerebrais para a
regulação do sistema imunológico. Por outro lado, o sistema imunológico produz
mensageiros químicos (citocinas) que desempenham um papel crucial em mediar as
respostas inflamatórias e imunes e também servem como mediadores entre os
sistemas imunológico e neuroendócrino. As citocinas pró-inflamatórias, liberadas na
periferia, estimulam o Sistema Nervoso Central (SNC) ativando o eixo HPA,
conseqüentemente levando à produção de corticosteróide por parte da glândula
adrenal. Dessa forma, a resposta ao estresse regula o sistema imunológico quando
uma resposta imune não mais é necessária. As interrupções nessa alça regulatória
desempenham um papel importante na susceptibilidade e resistência às doenças
auto-imunes, inflamatórias, infecciosas e alérgicas (TURNBULL; RIVIER, 1999;
MARQUES-DEACK; STENBERG, 2004).
Entretanto, o envelhecimento é capaz de alterar esta comunicação
através das implicações diretas da imunosenescência sobre o sistema
neuroendócrino. A maioria dessas alterações no sistema imunológico do idoso pode
ser observada durante o estresse psicológico. O estresse psicológico tem sido
considerado um risco para as alterações do sistema imunológico (LUZ et al. 2003).
32
Diversos autores têm mostrado que depressão, estresse crônico, desesperança,
hostilidade entre outros são fatores psicológicos associados a alterações nos índices
das citocinas em adultos e idosos (GLASSER et al., 2003; KIECOT-GLASSER et al.,
2003; MILLER et al. 2003; SJOGREN et al., 2006). É provável que a resposta ao
estresse seja mediada, em parte, pela ativação simpática adrenal. O tecido linfóide
responde ao sistema nervoso simpático provocando uma migração de linfócitos para
a circulação e conseqüentemente uma elevação nos índices das citocinas (OWEN;
STEPTOE, 2003).
Outra linha de pesquisa tem mostrado associação entre marcadores
inflamatórios e atividade física (FEBRAIO; PEDERSEN, 2002; PETERSEN;
PEDERSEN, 2005). A IL-6 é a citocina que tem o aumento mais pronunciado
durante a atividade física. Esse aumento é seguido pelo aparecimento de citocinas
antiinflamatórias como a IL1ra, sTNF-R, IL-10 e IL-8. A origem desse tipo de IL-6
não são as células do sistema imunológico e sim o próprio tecido muscular que inicia
uma cascata através do estímulo inicial do Ca
2+
(FEBRAIO; PEDERSEN, 2002).
Entretanto, apesar da IL-6 e outras citocinas serem produzidas durante a
atividade física, tem sido demonstrado que a prática regular de atividade física por
idosos está associada a índices reduzidos desses marcadores inflamatórios
(COLBERT et al., 2004; REUBEN et al. 2003). Kohut et al. (2006) verificaram que
exercícios aeróbicos provocaram uma redução dos índices de PCR, IL-6, IL-18 e
TNF- em idosos. Estes autores conseguiram demonstrar que a redução destes
mediadores inflamatórios não está relacionada a melhora dos fatores psicossociais,
mas sim aos efeitos dos exercícios.
33
1.6- A Interleucina-6
A interleucina-6 é uma citocina que atua na imunidade inata e na
adaptativa. Ela é sintetizada por fagócitos mononucleares, células do endotélio
vascular, fibroblastos e outras células, em resposta aos microoganismos e a outras
citocinas, especialmente IL-1 e TNF. A forma funcional da IL-6 é um homodímero,
com cada subunidade formando um domínio globular com quatro -hélices (ABBAS;
LICHTMAN, 2005).
A IL-6 possui diversas ações. Na imunidade inata, ela estimula a síntese
de proteínas de fase aguda pelos hepatócitos e, assim, contribui para os efeitos
sistêmicos da inflamação, bem como estimula a produção de neutrófilos por
progenitores da medula óssea. Na imunidade adaptativa, a IL-6 estimula o
crescimento de linfócitos B que se diferenciaram em produtores de anticorpos
(ABBAS; LICHTMAN, 2005).
A IL-6 é uma molécula constituída por 212 aminoácidos e com peso
molecular de 26 KDa. É uma citocina pró-inflamatória multifuncional que é produzida
em situações onde existe trauma, estresse ou infecção. Nessas situações ela
provoca várias reações de defesa do organismo como leucocitose, trombocitose,
ativação de linfócitos e síntese de proteínas de fase aguda (ESHLER; KELLER,
2000). Vários papéis são atribuídos à IL-6, dentre eles a literatura destaca: a
produção de várias proteínas hepáticas denominadas proteínas de fase aguda; a
diferenciação de linfócitos B e a proliferação de linfócitos T; a ativação das células
Natural-killer; a indução da osteoclastogênese aumentando a reabsorção óssea; a
vascularização do endométrio durante o ciclo menstrual; a espermatogênese e a
proliferação e diferenciação neural (ESHLER; KELLER, 2000). O Gene da IL-6
34
localiza-se no cromossomo 7p21 e sua regulação se através da proteína quinase
C que deflagra uma transdução de sinal através do Adenosina Monofosfato Cíclico
(AMPc) provocando a expressão do gene da IL-6. Entretanto, existem mecanismos
reguladores diferentes em diferentes tecidos no organismo (ESHLER; KELLER,
2000).
A IL-6 tem sido considerada a citocina dos gerontologistas. Essa citocina
tem sido associada a comorbidades que ocorrem predominantemente na velhice. A
expressão plasmática e sérica da IL-6 é regulada pelos glicocorticóides, cuja
presença inibe a expressão da IL-6 que, por sua vez, através da inibição do fator de
liberação de corticotrofina no hipotálamo, também inibe a produção de corticóide, ou
seja, apresentam um mecanismo bidirecional de regulação. Os hormônios sexuais
também têm papel na regulação sobre a IL-6, tanto o estrogênio quanto o
androgênio são capazes de inibir a expressão desta citocina. A IL-6 apresenta
índices elevados nos indivíduos idosos quando comparados com os jovens.
Contudo, os mecanismos fisiológicos pelos quais isso ocorre ainda não estão
totalmente elucidados (ESHLER; KELLER, 2000).
Vários estudos mostram que o aumento dos índices plasmáticos de IL-6
está associado a risco de desenvolver alterações na mobilidade e na capacidade de
realizar atividades de vida diária (CAPOLA et al., 2003; FERRUCCI et al., 1999;
PENNINX et al., 2004). Ferrucci et al. (1999) demonstraram em um estudo
longitudinal com acompanhamento de 4 anos que idosos com nenhuma limitação
funcional, que possuíam índices de IL-6 superiores a 2.5 pg/mL apresentaram maior
risco de desenvolver alterações na mobilidade e no desempenho das Atividades de
Vida Diária (AVD). Penninx et al. (2004) concluíram em seu estudo que a
inflamação crônica caracterizada por índices elevados de IL-6, TNF-
e PCR
35
plasmáticos em idosos pode predizer perda de mobilidade, independente de doença
cardiovascular ou outra doença grave associada. Capola et al. (2003) verificaram
que a
combinação de baixos índices de Fator de Crescimento semelhante à Insulina
(IGF-I) e altos índices de IL-6 constituem risco para incapacidade e morte em
mulheres idosas, sugerindo que existe uma interação entre o sistema endócrino e o
sistema imunológico.
Outros autores estudaram a correlação entre a IL-6 e mortalidade. Cohen
et al. (2003) realizaram um estudo longitudinal com 1723 idosos com idade maior
que 71 anos a fim de verificar se existe correlação entre os índices de D-dímero e IL-
6 com mortalidade e capacidade funcional. Esses autores verificaram que o grupo de
idosos que apresentavam índices plasmáticos elevados de D-dímero ou IL-6 tiveram
maior mortalidade. O grupo de idosos que apresentava índices plasmáticos elevados
dos dois marcadores simultaneamente (D-dímero e IL-6), apresentou perda
significativa nas funções de vida diária e mobilidade. Roubenoff et al. (2003)
verificaram em um estudo longitudinal com 525 idosos da comunidade uma
mortalidade de 23% durante 4 anos de acompanhamento. Os indivíduos com maior
produção celular de TNF- e índices séricos elevados de IL-6 apresentaram maior
mortalidade.
Entretanto, Brunsgaard et al. (2003) pesquisaram os efeitos de várias
citocinas (IL-6, IL-8, PCR e TNF-) na mortalidade de indivíduos centenários.
Participaram desse estudo 126 idosos acompanhados por 5 anos. Ao final, apenas 9
indivíduos estavam vivos e apenas o TNF-, foi capaz de predizer mortalidade
nesses centenários, sugerindo que esse marcador tem efeitos específicos em idosos
muito velhos.
36
Outros estudos têm mostrado uma relação entre as citocinas e a
síndrome de fragilidade em idosos. Leng et al. (2002), num estudo transversal, com
11 idosos frágeis e 19 o-frágeis, verificaram que o grupo frágil apresentou índices
séricos mais altos de IL-6 quando comparado ao grupo o-frágil. Esses autores
concluíram, ainda, que existe uma correlação inversa entre os índices de IL-6 e
hemoglobina nesses pacientes. Schmaltz et al. (2005) levantaram hipóteses de que
infecções subclínicas podem ter relação com a síndrome de fragilidade em idosos.
Dessa maneira, verificaram que idosos com infecção não sintomática por
citomegalovírus (CMV) m maior prevalência de fragilidade. Segundo os autores, a
presença de índices elevados de IL-6 aumenta a associação entre infecção por CMV
e fragilidade em idosos.
A anemia é uma das características da fragilidade – definida como índices
de hemoglobina menores que 13 g/dL para homens e menor que 12 g/dL para
mulheres, pela Organização Mundial de Saúde. Eshler (2003) relata que a anemia
está também associada a índices elevados de IL-6. Enquanto Yeh (1999) afirma que
a caquexia (perda de peso não intencional), outra característica da fragilidade, é
mais um sintoma que apresenta relação com índices elevados de vários mediadores
inflamatórios dentre eles o TNF-, IL-1, IL-6, e interferon- (IFN-).
Entretanto, a IL-6 tem sido classificada também como citocina
antiinflamatória. Ela é capaz de provocar febre, mas não choque e não regula óxido
nítrico (NO) ou proteinases como a IL-1 e o TNF-. A IL-6 induz proteínas de fase
aguda e ainda inibe a expressão de TNF- e IL-1, e induz a produção de IL-1ra. As
principais células que produzem a IL-6 o monócitos/macrófagos, lulas
endoteliais e fibroblastos. Nos últimos tempos tem sido demonstrado que a IL-6 é
produzida pelo tecido adiposo em repouso (10-35%). A IL-1 e o TNF-
e endotoxinas
37
são os principais estímulos para a produção de IL-6. A IL-6 induz a diferenciação das
células B e T e participa do metabolismo ósseo (PEDERSEN et al, 2001).
Após o exercício concêntrico, os índices de IL-6 aumentam imediatamente
e proporcionalmente à duração do exercício. Após o término do exercício eles
retornam a seus valores normais. Entretanto, no exercício excêntrico o aumento é
modesto durante o exercício, mas seus índices aumentam várias horas após o
exercício e ficam aumentados por vários dias. A produção de IL-6 não ocorre por
causa da lesão tecidual, pois não está relacionada a liberação de creatina quinase
(CK) e sim relacionada a contração muscular. A IL-6 relacionada à lesão ocorre
tardiamente e é de pequena amplitude. foi demonstrado que o aumento de IL-6
depende da intensidade do exercício e da freqüência cardíaca (PEDERSEN et al,
2001).
Tem sido demonstrado que a liberação de IL-6 durante o exercício é
proveniente do tecido muscular que está sendo contraído e não das células
inflamatórias ou em decorrência de lesão tecidual. A liberação ocorre localmente no
músculo que se contrai. A IL-6 aumenta rapidamente quando o indivíduo exercita
num estado com depleção de glicogênio e é capaz de provocar um aumento da
liberação de glicose no fígado. Além disso, ocorre também uma liberação de ácidos
graxos e triglicerídeos. Os efeitos no tecido muscular que têm sido descritos são:
proliferação e diferenciação dos mioblastos. A IL-6 estimula ainda a produção de
fatores de crescimento endotelial, o que por sua vez, estimula a proliferação
vascular. É possível que seja o TNF- e não a IL-6 que induz uma resistência à
insulina, iniciando assim a diabetes e a aterosclerose (PEDERSEN et al, 2001).
38
1.7- Sarcopenia
O processo de envelhecimento fisiológico está associado com a
sarcopenia e um aumento na prevalência de incapacidade física. Sarcopenia é
definida como a perda de massa e de força muscular relacionada à idade, cujas
alterações ocorrem independentemente da presença de doenças, embora possam
ser aceleradas em decorrência destas (SVERZUT, 2003).
O envelhecimento está associado ao declínio de uma variedade de
estímulos tróficos do sistema nervoso, hormonal e do meio ambiente ao tecido
muscular. A causa endógena mais importante pode ser a perda de unidades
motoras no sistema nervoso. Tem sido demonstrado que existe uma relação entre a
perda de unidades motoras e o aumento dos índices plasmáticos/séricos de
citocinas pró-inflamatórias bem como a redução nos índices de substâncias
anabólicas, como o fator de crescimento semelhante à insulina (IGF-I).
Externamente, a maior causa de sarcopenia é a falta de atividade física
(ROUBENOFF, 2003).
A redução da massa muscular varia entre os indivíduos e é influenciada
por fatores que modulam os processos catabólicos e anabólicos. A sarcopenia
ocorre independente de doenças e provavelmente devido à redução da capacidade
de sintetizar novas proteínas e ao aumento da quebra dessas proteínas. Essa
redução da massa muscular leva a uma redução da força muscular (ROUBENOFF,
2003).
Tem sido sugerido que índices plasmáticos elevados das citocinas pró-
inflamatórias, que são encontrados usualmente nos indivíduos idosos, são capazes
de exercer efeitos deletérios na massa muscular (FERRUCCI, 2003). A literatura
39
relata que a interleucina-6 tem sido associada à sarcopenia. Entretanto, é provável
que exista uma associação entre o aumento de IL-6 e a redução da IGF-1, um
hormônio que estimula a síntese proteica no músculo (GROUNDS, 2002;
ROUBENOFF, 2003; FERRUCCI, 2003; HADAD et al., 2005). Também tem sido
relatado que o TNF- é capaz de reduzir a ação do IGF-1, em situações patológicas,
e provocar o desgaste muscular ou caquexia (GROUNDS, 2002). Schaap et al.
(2006) verificaram que índices elevados de IL-6 e PCR são capazes de predizer a
perda de força muscular em idosos (SCHAAP et al., 2006).
Inatividade física e obesidade abdominal influenciam a relação entre
sarcopenia e citocinas, aumentando a resistência à insulina. Pedersen et al. (2003)
pesquisaram a influência da distribuição de gordura corporal nos índices de IL-6,
TNF- e massa muscular num grupo de idosos hígidos e num grupo de idosos com
Diabetes Mellitus tipo II (DM II). Esses autores conseguiram demonstrar, num estudo
transversal, que os idosos (hígidos e com DM II) com maior distribuição de gordura
no tronco têm índices plasmáticos maiores de IL-6 e TNF-. E ainda demonstraram
que os idosos com índices elevados de TNF- apresentaram menor massa magra.
Esses resultados podem significar que a IL-6 e o TNF- o parcialmente derivados
do tecido adiposo, particularmente da região abdominal, e que o TNF- tem ação
catabólica sobre o tecido muscular.
O declínio progressivo da massa muscular e o aumento do tecido adiposo
são geralmente considerados conseqüências do processo de envelhecimento.
Entretanto, o reflexo mais importante da sarcopenia é a diminuição da capacidade
funcional levando à deterioração das relações sociais e, conseqüentemente, a uma
redução da qualidade de vida. De acordo com vários estudos, a redução da força
muscular em pessoas idosas aumenta o risco de quedas (NEVITT, 1997), de
40
limitação funcional (LAURENTANI et al., 2003) e mesmo de mortalidade
(RANTANEN et al., 2003). O estudo de Ferrucci et al. (2002) corrobora com os
estudos anteriores, pois acompanhando 627 mulheres idosas num estudo
longitudinal, foi verificado que as idosas com índices mais altos de IL-6
apresentaram maior redução da capacidade de realizar tarefas do dia-a-dia e perda
da mobilidade quando comparadas às idosas que tinham índice de IL-6 mais baixo.
Além disso, as idosas com índices elevados de IL-6 também apresentaram redução
na força muscular dos extensores de joelhos. Esses autores discutem que a perda
da mobilidade e da funcionalidade pode ser explicada parcialmente pela perda de
força muscular.
1.8- Força muscular de preensão manual
A medida de força muscular de preensão manual é usualmente utilizada
em trabalhos científicos, pois é capaz de nos dar uma aproximação da força de
todos os grupos musculares do corpo. Vários estudos têm mostrado que a força
muscular de preensão manual é capaz de prever redução da capacidade funcional e
mobilidade (LAURENTANI et al., 2003), aumento de quedas (NEVITT, 1997),
mortalidade (RANTANEN et al., 2003) e qualidade de vida em idosos (SAYER et al.,
2006).
Em estudo transversal, Laurentani et al. (2003) estudando uma amostra
representativa de idosos da comunidade, verificaram que a força muscular de
preensão manual foi capaz de correlacionar-se com perda da mobilidade definida
como velocidade de marcha igual ou menor que 0,8 m/s ou incapacidade de andar
por pelo menos 1 Km sem dificuldade ou sem sintomas de fadiga.
41
Rantanen et al. (2003) verificaram num estudo longitudinal com 919
idosos com incapacidade de moderada a severa que, após 5 anos de
acompanhamento, os idosos com menos força muscular de preensão manual
tiveram risco maior de morte por causas cardiovasculares, respiratórias e outras
doenças.
Sayer et al. (2006) num estudo com amostra representativa da população
de idosos residentes na comunidade, verificaram uma relação entre força muscular e
qualidade de vida, avaliados com dinamômetro Jamar e SF-36 respectivamente. Os
autores discutem que essa relação entre força e qualidade de vida pode refletir a
relação entre sarcopenia e fragilidade em idosos.
tem sido verificada, também, a relação entre perda de força muscular
de preensão manual e aumento de mediadores inflamatórios. Schaap et al. (2006)
realizaram um estudo longitudinal com 986 idosos, medindo a força muscular de
preensão manual e a massa muscular dos membros superiores e inferiores, bem
como os índices de IL-6 e PCR. Esses autores mostraram que índices elevados de
IL-6 e PCR foram associados a risco de 2 a 3 vezes maior de perda de 40% da força
muscular de preensão manual.
Num estudo transversal com amostra representativa da população de São
Paulo, Barbosa et al. (2005) verificaram que a força de preensão manual declina nos
grupos etários mais avançados e é estatisticamente menor em mulheres quando
comparadas aos homens.
A força muscular torna-se um desfecho interessante para essa
investigação, na medida em que as citocinas, em particular a IL-6 correlaciona-se a
sarcopenia e a força muscular é um dos principais componentes para a melhora
42
funcional de pacientes idosos em tratamento fisioterápico (FERRUCCI et al., 2002;
HADAD et al., 2005 ).
1.9- Qualidade de Vida
A qualidade de vida se refere à percepção das pessoas quanto à sua
posição na vida, no contexto de cultura e sistema de valores em que elas vivem e
em relação às suas metas, expectativas e padrões sociais (WHO, 1995). A questão
sobre qualidade de vida vem assumindo importância nos últimos anos,
particularmente no que diz respeito a sua avaliação ou mensuração, seja individual
ou coletivamente (FLECK, 2000).
No caso dos idosos, essa questão torna-se particularmente importante,
pois se encontram inseridos num contexto onde as doenças, as perdas de papéis
ocupacionais e sociais e as perdas afetivas estão presentes (LAURENTI, 2003).
Avaliar a qualidade de vida do idoso implica a adoção de múltiplos critérios de
natureza biológica, psicológica e social (SANTOS, 2002). Vários fatores podem
determinar o bem estar na velhice, tais como saúde biológica, saúde mental, status
social, renda e continuidade de papéis familiares, ocupacionais e das relações
informais com amigos (NERI, 1999).
A avaliação da qualidade de vida relacionada à saúde é um desfecho
importante para a presente investigação, pois os estudos mostram uma relação
entre marcadores inflamatórios e doenças peculiares ao processo do
envelhecimento (ESHLER; KELLER, 2000), assim como a relação entre esses
mediadores e problemas psicossociais (GLASSER et al., 2003; KIECOT-GLASSER
et al., 2003). Dessa forma, a investigação da qualidade de vida vem cobrir tanto os
43
aspectos físicos, quanto mentais e sociais da saúde do idoso, no intuito de verificar
se é possível mostrar associação entre a percepção da saúde física e mental com os
índices plasmáticos de IL-6.
44
1.10- Objetivos
1.10.1 Objetivo geral
Comparar os grupos de idosas da comunidade e institucionalizadas em
relação aos índices plasmáticos de interleucina-6, à força muscular de preensão
manual e os escores de qualidade de vida.
1.10.2 Objetivos específicos
Comparar os aspectos socioeconômicos, de saúde e hábitos de vida nos
grupos de idosas da comunidade e institucionalizadas.
Verificar a existência de correlação entre índices plasmáticos de
interleucina-6 e força muscular de preensão manual e qualidade de vida de
mulheres idosas da comunidade e institucionalizadas.
45
Capítulo 2 – MATERIAIS E MÉTODOS
2.1- Delineamento do estudo
Trata-se de um estudo observacional de corte transversal de uma amostra
de idosas que vivem na comunidade e em instituições de longa permanência da
região metropolitana de Belo Horizonte. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética
em Pesquisa da UFMG parecer n° 188/05 (Anexo 1).
2.2- Amostra
O número amostral foi calculado com base no estudo de Penninx et al.
(2004), levando-se em consideração o desvio padrão da IL-6 encontrado no
trabalho. Foi considerado o desvio padrão das medidas de IL-6 estimado de 0,3475
pg/mL para as idosas residentes em comunidade (sem alterações na mobilidade) e
0,4700 para as idosas residentes em instituições (com alterações na mobilidade).
Usamos ainda uma aproximação pela distribuição Normal, grau de confiança de 95%
(z=1,96) e erro amostral de 0,12 (acima ou abaixo da média estimada).
Fórmula básica:
2
2
.).*(
e
pdz
n=
Para o grupo de idosas da comunidade:
32
12,0
)3475,0*96,1(
2
2
==n
46
Para o grupo de idosos residentes em instituição, utilizamos o mesmo cálculo:
59
12,0
)47,0*96,1(
2
2
==n
Para se encontrar diferenças estatisticamente significantes, seriam
necessárias 91 idosas. Porém, levando-se em conta que havia disponibilidade de
três kits de IL-6, o que permitiria medir os índices plasmáticos de IL-6 de até 120
pessoas, o tamanho amostral foi ampliado. Foram, então, selecionadas por
conveniência 120 mulheres idosas, sendo 63 idosas residentes na comunidade,
recrutadas em grupos de terceira idade e por indicação de outras pessoas; e 57
idosas residentes em instituições de longa permanência da cidade de Belo
Horizonte. Pela dificuldade de selecionar idosas institucionalizadas, em virtude da
grande prevalência de demência, doenças em fase aguda, uso de medicamentos
com ação sobre o sistema imunológico e recusa de algumas instituições em
participar, o nosso número amostral em instituições de longa permanência ficou em
57 idosas. A grande facilidade e disponibilidade das idosas da comunidade nos
deram a oportunidade de recrutar um número maior destas, alcançando um número
amostral de 63 idosas.
Foram incluídas idosas com idade igual ou superior a 60 anos, residentes
na comunidade ou em instituição de longa permanência, e que consentiram em
participar do estudo assinando o termo de consentimento livre e esclarecido
(Anexo 2). Foram excluídas idosas que apresentavam algum tipo de doença
inflamatória na fase aguda ou neoplasia em atividade nos cinco anos anteriores; que
usavam medicamento com ação ampla sobre o sistema imunológico; que
apresentaram alterações cognitivas detectáveis pelo Mini-Exame do Estado Mental -
47
MEEM (BERTOLUCCI; BRUCKI, CAMPACCI, 1994) (Anexo 3) que impedisse a
participante de responder ao questionário de qualidade de vida; e a presença de
afasia ou hipoacusia grave.
2.3- Instrumentos
2.3.1- Questionário de caracterização socioeconômica, saúde e hábitos de vida
Um questionário que englobava três categorias de informações sobre o
idoso participante: dados socioeconômicos e demográficos, aspectos da saúde e
hábitos de vida, foi elaborado pelos pesquisadores e aplicado por pesquisador
previamente treinado (Anexo 4).
Os seguintes aspectos socioeconômicos e demográficos foram
pesquisados: idade, cor, estado civil, escolaridade e renda pessoal.
Quanto aos aspectos da saúde foram investigados: capacidade de
deambulação, índice de massa corporal (IMC), queixa em relação a saúde, presença
de dor, número e tipos de doenças crônicas, número e tipos de medicamentos
utilizados e ocorrência de quedas no último ano.
Em relação aos hábitos de vida, foi questionado sobre: tabagismo,
etilismo, freqüência e tipo de atividade física, número e tipo de especialidades
médicas consultadas por ano, tratamentos de reabilitação prévios, mero e tipo de
atividades de lazer realizadas.
48
2.3.2- Dinamômetro manual
Para a mensuração da força muscular de preensão manual, foi utilizado o
dinamômetro manual JAMAR, modelo PC5030JI, que é um instrumento válido,
confiável e de fácil aplicação para detectar a força de preensão máxima.
(MATHIOWETZ et al., 1984).
Mathiowetz et al, testaram a confiabilidade inter-examinadores do teste de
força de preensão utilizando o dinamômetro Jamar e encontraram alto coeficiente de
correlação (r 0,97). A confiabilidade teste-reteste foi avaliada com um intervalo de
uma semana entre as mensurações, sendo encontrado coeficiente de correlação
alto (r 0,80) (MATHIOWETZ et al., 1984).
O dinamômetro JAMAR tem valores de referência para a população
brasileira, em várias faixas etárias, determinado em estudo de base populacional
(CAPORRINO et al., 1998).
2.3.3- Medical Outcomes Study 36 – Item Short-Form Health Survey (SF-36)
As participantes do estudo responderam a um questionário genérico de
qualidade de vida relacionada à saúde, o Medical Outcomes Study 36 Item Short-
Form Health Survey , SF-36 (Anexo 5).
O SF-36 é um instrumento genérico de avaliação de qualidade de vida
relacionada à saúde, de fácil administração e compreensão, porém não tão extenso
como outros questionários. É um questionário multidimensional, formado por 36
itens, englobados em 8 escalas ou componentes: capacidade funcional, aspectos
físicos, dor, estado geral da saúde, vitalidade, aspectos sociais, aspectos
49
emocionais e saúde mental. Essas 8 escalas englobam dois componentes da saúde:
componente físico (capacidade funcional, aspectos físicos, dor, estado geral de
saúde) e componente mental (vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais e
saúde mental). O SF-36 apresenta um escore final de 0 a 100, no qual zero
corresponde ao pior estado geral de saúde e 100 ao melhor estado de saúde
(CICONELLI et al., 1999).
O questionário SF-36 foi o instrumento escolhido para avaliação das
idosas por ser um instrumento genérico que teve sua utilidade comprovada na
literatura internacional (MCHORNEY, 1996; HAYES et al., 1995) inclusive para
pacientes idosos frágeis (STADNYK; CALDER; ROCKWOOD, 1998) como também
foi adaptado e validado para a população brasileira em pacientes com artrite
reumatóide. A tradução e adaptação do SF-36 foi realizada por Ciconelli et al. (1999)
para pacientes com artrite reumatóide. O questionário foi traduzido e adaptado
culturalmente para a população brasileira por metodologia internacionalmente aceita.
A reprodutibilidade intra-observador (0,4426 < r < 0,8468) e inter-observador (0,5542
< r < 0,8101) para cada componente do SF-36 foi considerada significante e
altamente satisfatória. Somente o componente aspecto emocional apresentou baixa
correlação (0,4426), mas estatisticamente significante para reprodutibilidade intra-
observador. Para fins de validação, a autora comparou o SF-36 ao HAQ e ao
Nottingham Health Profile (NHP). Foi observado que para dimensões semelhantes,
houve correlação entre o SF-36 e o HAQ e o NHP.
O SF-36 foi utilizado no Brasil para verificar a efetividade do tratamento
fisioterápico em pacientes idosos com osteoartrite de joelhos (DIAS; DIAS; RAMOS,
2003) e para analisar a qualidade de vida de pacientes com insuficiência renal
crônica em hemodiálise em diversas faixas etárias (CASTRO et al., 2003 ). Savonitti
50
(2000) utilizou, ainda, o SF-36 numa amostra de idosos institucionalizados para
verificar quais fatores sócio-demográficos e clínicos o capazes de interferir na
qualidade de vida desses idosos residentes em instituições de longa permanência.
2.4- Procedimentos
2.4.1- Aplicação do questionário de caracterização socioeconômica, de saúde
e hábitos de vida
Em virtude da grande quantidade de profissionais que trabalham dentro
das instituições de longa permanência e da dificuldade cognitiva das idosas
institucionalizadas, optamos por realizar o questionário antes da coleta de sangue,
para que as idosas se familiarizassem com a presença dos pesquisadores na
instituição. Dessa maneira, tentamos garantir um menor estresse emocional durante
a coleta de sangue.
a aplicação desse questionário nas idosas comunitárias foi realizada
no domicílio da participante ou em lugar escolhido pela mesma, em intervalo de até
um mês antes da coleta de sangue.
2.4.2- Dosagem da Interleucina-6
Foram colhidos 5 ml de sangue da veia ulnar das participantes em tubos a
vácuo com citrato por profissional qualificado, seguindo as normas de utilização de
materiais pérfuro-cortantes. A coleta de sangue das idosas da comunidade foi
realizada no laboratório de Dor e Inflamação em Reabilitação da Universidade
51
Federal de Minas Gerais, enquanto a coleta de sangue das idosas
institucionalizadas foi realizada na própria instituição, conforme solicitado pelos
coordenadores. Após esse procedimento, os tubos contendo sangue foram
centrifugados, o plasma retirado em ambiente estéril e armazenado no freezer a
30º C.
A análise das concentrações plasmáticas de IL-6 foi realizada através do
método de ELISA, (Enzyme-Linked Immunosorbent Assay). Os índices de citocinas
presentes nas amostras são dados em picograma por mL (pc/mL). Utilizamos o kit
de alta sensibilidade (QuantikineHS, R&D Systems Mineapolis), as leituras foram
feitas por um leitor de microplacas ajustado para 490nm e correção do comprimento
de onda a 650nm. A leitura da IL-6 foi realizada no Laboratório de
Imunofarmacologia do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, gentilmente cedido
pelo Prof. Dr. Mauro Martins Teixeira.
2.4.3- Medida da força muscular de preensão manual
A medida da força muscular de preensão manual foi realizada por
avaliadores previamente treinados a utilizar o instrumento.
As participantes foram posicionadas assentadas, em cadeira sem braços,
mantiveram-se com os pés totalmente apoiados no chão, quadris e joelhos
flexionados a 90 graus, os ombros aduzidos e em posição neutra para rotação, o
cotovelo em 90º de flexão, antebraço e punho em posição neutra (GUTIERREZ;
SHECHTMAN, 2003).
Foi solicitado aos indivíduos que realizassem três manobras de preensão
máxima, sempre com um minuto de descanso entre uma preensão e outra. Os
52
resultados são apresentados em quilograma-força (kgf), obtidos pela média das três
medidas ± desvio-padrão (HAIDAR et al., 2004). O dinamômetro foi ajustado no
ou espaço conforme o mais confortável para a participante, pois a preensão
máxima ocorre quase sempre nessas posições (TREDGRETT; PIMBLE; DAVIS,
1999; WESTBROOK; TREDGETT; DAVIS, 2002).
2.4.4- Aplicação do Medical Outcomes Study 36 – Item Short-Form Health
Survey (SF-36)
A administração do teste se deu por entrevista pela mesma entrevistadora
em toda a amostra, que recebeu extenso treinamento prévio. O local de
administração do SF-36 nos asilos se deu no próprio quarto da participante ou em
lugar especificado pela administração do asilo. Quanto às idosas da comunidade, a
maioria das entrevistas ocorreu no domicílio das mesmas, mas algumas preferiram
ser entrevistadas no centro de convivência onde realizam suas atividades.
Houve algumas peculiaridades relacionadas à aplicação do questionário
de qualidade de vida nas idosas dos asilos, pois as mesmas apresentavam baixa
escolaridade, muitas vezes a nota limítrofe obtida no teste do MEEM e a presença
de problema psiquiátrico interferiram na forma de administração. Portanto, a
entrevista para a administração do questionário teve que ser adaptada, fazendo-se a
pergunta de maneira mais aproximada da linguagem coloquial das idosas para que
elas entendessem o sentido e as respostas eram apresentadas em passos, até que,
sem introduzir a interpretação da entrevistadora, uma resposta possível era
identificada e satisfazia a idosa.
53
2.5- Análise estatística
Análise estatística descritiva, utilizando medidas de tendência central e de
dispersão (média, desvio padrão) para as variáveis quantitativas e de freqüência
para as variáveis categóricas, foi utilizada para caracterizar a amostra em relação às
variáveis socioeconômicas, de saúde e hábitos de vida.
A hipótese normalidade da distribuição dos dados gerados pelos
instrumentos utilizados foi avaliada de forma descritiva e pelo teste Shapiro-Wilk.
Como não foi observada distribuição normal para as variáveis desfecho, estas foram
estudadas por testes estatísticos não-paramétricos.
Para comparação das variáveis quantitativas, foi utilizado o teste de
Mann-Whitney. Para comparação da distribuição das variáveis categóricas nos dois
grupos, utilizou-se o teste Qui-quadrado. Os resultados significativos para
comparação entre os dois grupos foram considerados como aqueles com um nível
de significância menor que 0,05. Para avaliar a correlação entre a IL-6 e a força
muscular de preensão manual, o valor da IL-6 foi transformado em logarítmico e
utilizou-se o Coeficiente de Pearson. Para avaliar a correlação entre a IL-6 e a
pontuação nas dimensões do SF-36, utilizou-se o coeficiente de correlação de
Spearman. Foi considerado significativo α=0.05. O programa estatístico usado foi o
(Statistical Package for the Social Sciences) SPSS versão 13 instalado em ambiente
Windows.
54
Capítulo 3 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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62
CAPÍTULO 4 - Estudo Comparativo dos Índices Plasmáticos de Interleucina-6,
Força Muscular Manual e Qualidade de Vida em Idosas da Comunidade e
Institucionalizadas
Resumo
O objetivo desse estudo transversal foi comparar os índices de interleucina-6 (IL-6), força
muscular manual (FMM) e qualidade de vida (QV) entre idosas da comunidade e
institucionalizadas. Participaram 63 idosas da comunidade (71,17±7,44 anos) e 57
institucionalizadas (77,40±9,46 anos). IL-6 foi medida pelo método ELISA, FMM pelo
Dinamômetro Jamar e QV pelo SF-36. Foram utilizados testes de Mann Whitney, Pearson e
Spearman para análises estatísticas. Índices de IL-6 (6,33±6,23; 2,56±3,44 pg/mL; P<0,000),
FMM (15,43±6,25; 22,86±4,62; Kgf, P<0,000) e escores médios do SF-36 do componente
físico (56,77±27,63; 77,70±17,06; P<0,000) e componente mental (73,28±21,14;
84,10±17,52; P=0,001) foram significativamente diferentes para idosas institucionalizadas e
da comunidade respectivamente. Foi verificada correlação inversa entre IL-6 e FMM nas
idosas da comunidade; nenhuma correlação para idosas institucionalizadas e nem entre SF-36
e IL-6. Marcadores biológicos podem predizer incapacidade no envelhecimento
possivelmente pela sarcopenia. Estudos sobre intervenções fisioterápicas para reduzir IL-6 e
sarcopenia devem ser estimulados.
Descritores: interleucina-6, idosas, força muscular manual, qualidade de vida
1
Fabrícia Mendes e Silva Narciso, Daniela Matos Garcia Oliveira, Rosângela Corrêa Dias, Leani Souza Máximo
Pereira. Artigo a ser enviado para Physical Therapy .http:// www.ptjournal.org/misc/ifora.dtl. A ser traduzido
para o inglês.
63
Introdução
A interleucina-6 (IL-6) é uma citocina pró-inflamatória multifuncional, que é produzida em
situações de trauma, estresse e infecção. Durante o envelhecimento fisiológico, seus índices
plasmáticos encontram-se elevados em relação aos jovens. A indução natural de citocinas
durante a inflamação é provavelmente benéfica, entretanto a superprodução e manutenção de
um estado inflamatório por um período mais longo, como o observado em idosos é deletério
ao organismo.
1,2
Vários autores têm mostrado a associação entre citocinas pró-inflamatórias, particularmente a
IL-6, e proteínas de fase aguda com a redução da mobilidade, da capacidade de realizar
atividades de vida diária, sarcopenia, desenvolvimento da ndrome de fragilidade e aumento
na mortalidade.
1-7
A redução da capacidade de realizar as atividades funcionais diárias em
idosos com altos índices de IL-6 ocorre, em parte, por causa da perda de força muscular
relacionada à idade.
8
Essa perda de força ou sarcopenia ocorre independente da presença de
doenças, mas pode ser acelerada por processos patológicos.
9
No envelhecimento, a sarcopenia é influenciada pela redução dos estímulos tróficos
provenientes da inervação e das funções hormonais e, ainda, pelo aumento dos efeitos
catabólicos dos mediadores inflamatórios.
9
Tem sido proposto que a sarcopenia seja
considerada um problema de saúde pública para mulheres, uma vez que essas vivem mais e
apresentam maiores taxas de incapacidade.
10
Além das causas endógenas, as causas exógenas
para essa perda de força muscular incluem a redução da ingestão calórica e protéica e a
redução da atividade física.
9
Entretanto, vários estudos têm mostrado que a atividade física
pode reduzir os níveis dos mediadores inflamatórios, inclusive da IL-6.
11-13
64
A medida de força muscular manual é capaz de fornecer uma estimativa aproximada da força
de todos os grupos musculares
14
e, conforme estudos têm mostrado, é capaz de predizer
redução da capacidade funcional e mobilidade
15
, quedas
16
e mortalidade em idosos.
14
Além
disso, já tem sido demonstrado que as citocinas, em particular a IL-6, exerce um efeito
deletério sobre o tecido muscular.
17
Entretanto, o reflexo mais importante da sarcopenia é a diminuição da capacidade funcional
levando à deterioração das relações sociais e conseqüente redução da qualidade de vida.
8
Diante deste contexto o objetivo do estudo foi comparar os índices plasmáticos de
interleucina-6, a força muscular de preensão manual e a qualidade de vida em mulheres idosas
da comunidade e institucionalizadas. E ainda, verificar a existência de correlação entre os
índices plasmáticos de interleucina-6 e a força muscular de preensão manual e a qualidade de
vida nos dois grupos.
MATERIAIS E MÉTODOS
Delineamento do estudo
Trata-se de um estudo observacional de corte transversal de uma amostra de idosas que vivem
na comunidade e em instituições de longa permanência de Belo Horizonte, Brasil. O projeto
foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG parecer n° 188/05.
65
Amostra
Foram selecionadas 120 mulheres idosas por conveniência, sendo 63 residentes na
comunidade e 57 residentes em instituições de longa permanência, com base em cálculo
amostral. Foram incluídas no estudo mulheres com idade igual ou superior a 60 anos,
residentes na comunidade ou institucionalizadas e com as funções cognitivas preservadas. Os
critérios de exclusão foram: doença inflamatória na fase aguda ou neoplasia em atividade nos
cinco anos anteriores; uso de medicamento com ação ampla sobre o sistema imunológico;
deformidade nas mãos que as impedissem de realizar o teste de força de preensão manual e
alterações cognitivas detectáveis pelo Mini-Exame do Estado Mental.
18
Questionário para Caracterização das Amostras
Foi administrado pelos pesquisadores, após treinamento prévio, um questionário para
caracterização da amostra quanto aos dados socioeconômicos, aspectos da saúde e hábitos de
vida.
Medidas de IL-6
Foram colhidos 5 ml de sangue da veia ulnar das participantes em Vacutainers com citrato,
por profissional qualificado, seguindo as normas de utilização de materiais perfuro cortantes
em ambiente asséptico. Após esse procedimento, o sangue foi centrifugado e o plasma
retirado em ambiente estéril de Capela de Fluxo Laminar e armazenado em ependorfs em
freezer a –30º C.
66
A análise das concentrações plasmáticas de IL-6 foi realizada através do método de ELISA,
(enzyme-linked immunosorbent assay), usando kits de alta sensibilidade (Quantikine
HS,
R&D Systems Mineapolis, USA). Os resultados dos índices plasmáticos de IL-6 presentes nas
amostras são apresentados em picograma por mililitro (pg/mL). As leituras foram feitas por
um leitor de microplacas ajustado para 490nm e correção do comprimento de onda a 650nm
realizadas no Laboratório de Imunofarmacologia do Instituto de Ciências Biológicas da
UFMG.
Medida da Força Muscular Manual
Para a mensuração da força muscular manual, foi utilizado o dinamômetro de JAMAR,
modelo PC5030JI, que é um instrumento válido, confiável e de fácil aplicação para detectar a
força de preensão máxima.
19
As participantes foram posicionadas assentadas, sem apoiar os braços, com os pés apoiados
no chão e os quadris e joelhos flexionados a 90 graus. Os ombros foram posicionados
aduzidos e em posição neutra para rotação, o cotovelo em 90º de flexão, antebraço e punho
em posição neutra.
20
Foi solicitado que realizassem três manobras de preensão máxima, sempre com um minuto de
descanso entre uma preensão e outra. Os resultados são apresentados em quilograma-força
(Kgf) como as médias das três medidas ± desvio-padrão.
21
O dinamômetro foi ajustado no
ou espaço conforme o mais confortável para a participante, pois a preensão máxima ocorre
quase sempre nessas posições.
22
67
Medical Outcomes Study 36 – Item Short-Form Health Survey , SF-36
O Medical Outcomes Study Short-Form 36 (SF-36) é um instrumento genérico, que avalia a
qualidade de vida relacionada a saúde. Sua utilidade foi comprovada pela literatura
internacional
23
inclusive para pacientes idosos frágeis
24
e institucionalizados
25
e foi adaptado
e validado para a população brasileira.
26
A aplicação do questionário foi por entrevista pela
mesma pesquisadora previamente treinada. O SF-36 é um questionário multidimensional
formado por 36 itens, distribuídos em 8 dimensões: Capacidade Funcional, Aspectos Físicos,
Dor, Estado Geral da Saúde, Vitalidade, Aspectos Sociais, Aspectos Emocionais e Saúde
Mental. Essas 8 dimensões englobam dois componentes da saúde: componente físico
(capacidade funcional, aspectos físicos, dor, saúde geral) e componente mental (vitalidade,
aspectos sociais, aspectos emocionais e saúde mental). O SF-36 apresenta um escore final de
0 a 100, no qual zero corresponde ao pior e 100 ao melhor estado de saúde.
26
Análise Estatística
Análise estatística descritiva, utilizando medidas de tendência central e de dispersão (média,
desvio padrão) para as variáveis quantitativas e de freqüência para as variáveis categóricas,
foi utilizada para caracterizar a amostra em relação às variáveis socioeconômicas, de saúde e
hábitos de vida.
A hipótese normalidade da distribuição dos dados gerados pelos instrumentos utilizados foi
avaliada de forma descritiva e pelo teste Shapiro-Wilk. Como não foi observada distribuição
normal para as variáveis desfecho, elas foram estudadas por testes estatísticos não-
paramétricos.
68
Para comparação das variáveis quantitativas, foi utilizado o teste de Mann-Whitney. Para
comparação da distribuição das variáveis categóricas nos dois grupos, utilizou-se o teste Qui-
quadrado. Os resultados significativos para comparação entre os dois grupos foram
considerados como aqueles com um nível de significância menor que 0,05.
Para avaliar a correlação entre a IL-6 e a força muscular de preensão manual, o valor da IL-6
foi transformado em logarítmico e utilizou-se o Coeficiente de Pearson. Para avaliar a
correlação entre a IL-6 e a pontuação nas dimensões do SF-36, utilizou-se o coeficiente de
correlação de Spearman. Foi considerado significativo α=0.05. O programa estatístico usado
foi o (Statistical Package for the Social Sciences)
SPSS versão 13 instalado em ambiente
Windows.
RESULTADOS
Participaram do estudo 120 idosas que preencheram os critérios de inclusão, sendo 63
(52,5%) residentes na comunidade e 57 (47,5%) em instituições. A média das idades das
idosas institucionalizadas foi de 77,40 ± 9,46 (60-101 anos) e das idosas da comunidade foi de
71,17 ± 7,44 (60-88 anos).
Características Socioeconômicas, Saúde e Hábitos de Vida
Verificou-se diferença estatisticamente significativa entre os grupos de idosas
institucionalizadas e da comunidade para idade, estado civil, escolaridade e renda.
Em relação à saúde, foi encontrada diferença significativa entre os grupos para número e tipo
de doenças crônicas, mero de medicamentos em uso, capacidade de deambulação e queixa
69
em relação a saúde. Quanto ao índice de massa corporal (IMC), relato de dor e episódio de
queda no ano anterior não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos.
Os hábitos de vida tabagismo e etilismo não foram considerados para análise, pois a maioria
das idosas negou esses hábitos. O número de especialidades médicas consultadas no último
ano foi estatisticamente menor para o grupo de idosas institucionalizadas. Foram encontradas
diferenças significativas entre os grupos de idosas institucionalizadas e da comunidade quanto
à prática e tipo de atividade física. As idosas da comunidade realizavam atividades de
condicionamento cardiovascular, fortalecimento muscular ou ambas, enquanto que a maioria
das institucionalizadas relatou apenas atividade de condicionamento cardiovascular
(caminhada no ambiente da instituição). A ocorrência de tratamento de reabilitação foi mais
prevalente entre as idosas institucionalizadas. O relato de participação em atividades de lazer
foi muito mais freqüente entre as idosas da comunidade, sendo o lazer associativo e turístico
mais prevalente entre estas. Esses dados são apresentados na Tabela 1.
IL-6 Plasmática, Força Muscular Manual e Qualidade de Vida
As idosas institucionalizadas tiveram índices plasmáticos de IL-6 significativamente mais
elevados do que as idosas da comunidade (6,33 ± 6,23 vs. 2,56 ± 3,44 pg/mL, p < 0,000). A
força muscular de preensão manual foi significativamente menor nas idosas
institucionalizadas quando comparadas às da comunidade (15,43 ± 6,25 vs. 22,86 ± 4,62 Kgf,
p < 0,000). Os escores obtidos nas dimensões do SF-36 foram significativamente menores
para as idosas institucionalizadas para as seguintes dimensões: Capacidade Funcional,
Aspectos Físicos, Saúde Geral, Vitalidade, Aspectos Sociais, Saúde Mental. As dimensões
Dor e Aspectos Emocionais não foram significativamente diferentes entre os dois grupos. A
média das dimensões que correspondem ao componente físico e ao componente mental
70
também foram estatisticamente diferentes entre os dois grupos. Esses dados são apresentados
na Tabela 2.
Correlação entre Índices Plasmáticos de IL-6 e Força Muscular Manual e Dimensões do
SF-36
Foi observada uma correlação inversa entre os índices de IL-6 e força muscular manual (r = -
0,2673; p = 0,0373) para as idosas da comunidade. Entretanto, não houve correlação entre os
índices de IL-6 e força muscular manual para as idosas institucionalizadas (r = 0,1682; p =
0,2109). A Figura 1 demonstra essa correlação.
Não houve correlação entre os índices plasmáticos de IL-6 e as dimensões do SF-36 em
nenhum dos dois grupos.
DISCUSSÃO
Nesse estudo, verificamos que as idosas institucionalizadas apresentaram índices plasmáticos
aumentados de IL-6, quando comparadas às da comunidade. Apesar de estudos anteriores
terem demonstrado que índices elevados de IL-6 têm uma relação com síndrome de
fragilidade, incapacidade e mortalidade
3-7
; nenhum estudo havia realizado uma comparação
entre índices de IL-6 em idosas institucionalizadas e da comunidade.
As idosas da comunidade participantes do estudo eram aquelas caracterizadas pela perda
fisiológica mínima, com preservação da qualidade das funções físicas e mentais. A presença
de doenças somáticas crônicas controladas não causavam impacto negativo sobre a qualidade
de vida e nem impedimentos à funcionalidade física, mental, psicológica e social. As idosas
71
institucionalizadas apresentaram outra realidade, com mais comorbidades físicas e mentais,
dependência funcional e perda de autonomia. Apresentavam também fatores psicossociais
desfavoráveis, pois viviam em ambiente comunitário, fora do contato familiar e
multigeracional, com perda dos papéis sociais e submetidos a normas e procedimentos
peculiares à instituição, conforme relatado pela literatura
27
.
Existe uma feminização da população idosa, principalmente nas instituições geriátricas. As
mulheres apresentam maior prevalência de doenças crônicas e incapacidade, e ainda têm
hábitos de saúde distintos dos homens
28
. Neste estudo foram incluídas apenas mulheres para
evitar o viés do gênero sobre o estado de saúde da amostra.
A fragilidade tem sido definida como redução da força muscular, fadiga, perda de peso não
intencional, baixo nível de atividade física e baixa velocidade de marcha em idosos.
29
A
síndrome de fragilidade reflete um desequilíbrio metabólico entre as citocinas que têm ação
catabólica e estímulos anabólicos. A fragilidade pode se instalar como resultado do processo
normal de envelhecimento, mas também pode ser desencadeada pelas doenças crônicas ou
estados de liberação crônica de mediadores inflamatórios.
1
No estudo de Leng et al. (2002),
os autores encontraram um valor médio de IL-6 plasmática para idosos frágeis de 4,4 pg/mL e
para os idosos não frágeis de 2,8 pg/mL.
5
No presente estudo, os índices plasmáticos de IL-6
de 6,33 pg/mL encontrado para as idosas institucionalizadas e de 2,56 pg/mL para as idosas
da comunidade reforçam a literatura pesquisada no que se refere aos altos valores de IL-6
para idosos frágeis, corroborando com a hipótese que as idosas institucionalizadas da amostra
pesquisada apresentavam-se em situação de fragilidade.
Apesar da diferença estatisticamente significativa na média das idades entre as idosas
institucionalizadas e as idosas da comunidade, análises de correlação entre idade e IL-6 não
mostraram significância estatística nem na amostra de comunidade (r = -0,0161; p = 0,9001)
72
nem da instituição (r = 0,0900; p = 0,5056). Portanto, parece que a diferença de idade não
influenciou os achados em relação aos níveis de IL-6.
Variáveis que podem estar relacionadas aos índices elevados de IL-6 são as doenças e
incapacidades na amostra estudada. Várias doenças prevalentes no processo de
envelhecimento
1,2
e ainda a perda da mobilidade e da capacidade funcional
3-7
são relacionadas
à índices elevados de IL-6. As idosas institucionalizadas apresentaram um maior número e
prevalência de doenças crônicas, maior uso de medicamentos e maiores alterações na
mobilidade. Dessa forma, os achados deste estudo corroboram com os dados da literatura
pesquisada, na qual doenças crônicas e perda da mobilidade têm forte relação com altos
índices de IL-6 em idosos.
Tem sido demonstrado que a prática regular de atividade física está associada a níveis
reduzidos dos marcadores inflamatórios.
11,12
Kohut et al (2006) verificaram que exercícios
aeróbicos provocaram uma redução dos índices de proteína C reativa (PCR), IL-6, IL-18 e
TNF-
13
. Foi verificado que a proporção de idosas da comunidade que realizam atividades
físicas foi maior que a das idosas que praticavam atividades físicas nas instituições. O melhor
estado funcional e mobilidade das idosas da comunidade e sua maior participação em
atividades de lazer podem ter contribuído para que esse grupo fosse muito mais ativo que o
grupo institucionalizado e assim obtivessem índices menores de IL-6.
Diversos estudos têm mostrado a relação entre problemas psicossociais e índices aumentados
de citocinas pró-inflamatórias.
30-33
Faria et al (2001), estudando uma amostra representativa e
aleatória das instituições de Belo Horizonte, relatou que 42% dos idosos institucionalizados
preenchem critérios de depressão (de acordo Escala de Depressão em Geriatria - GDS)
34
.
Nossos dados revelaram que as idosas institucionalizadas fazem maior uso de antidepressivos
(p = 0,003), ansiolíticos ou sedativos (p = 0,000), antipsicóticos (p = 0,000), o que denota uma
73
pior saúde mental. Esses dados podem estar implicados no aumento dos índices de IL-6 neste
grupo.
Muitos autores têm demonstrado também que baixos indicadores socioeconômicos levam a
uma redução no estado de saúde
35-37
, sendo que essa relação poderia ser mediada por
marcadores biológicos, tais como as citocinas.
38-40
As idosas institucionalizadas participantes
do estudo apresentaram uma renda pessoal e uma escolaridade mais baixa quando comparadas
às idosas da comunidade. Esses achados, segundo a literatura, poderiam justificar a elevação
dos índices plasmáticos de IL-6
38-40
.
Foi verificado também que as idosas institucionalizadas apresentaram diminuição na força
muscular manual estatisticamente significativa quando comparadas às idosas da comunidade.
Considerando-se que a força muscular tem associação com a idade do indivíduo
41
e as idosas
institucionalizadas apresentaram uma faixa etária mais elevada que as idosas da comunidade
(p = 0,0002), a faixa etária mais alta e as alterações de mobilidade das idosas
institucionalizadas podem ter influenciado na redução de força muscular.
Como a força muscular de preensão manual é um indicativo da força muscular geral do
indivíduo
14
e sua diminuição tem sido relacionada à redução na mobilidade
15
, podemos inferir
que a redução da capacidade de deambulação das idosas institucionalizadas pode ser atribuída
a um quadro motor caracterizado por perda de força muscular global. Além disso, a redução
da capacidade de marcha reduz as oportunidades de participação do indivíduo em atividades
físicas funcionais necessárias à realização de atividades de auto-cuidado, instrumentais e
laborais, levando a maior perda de força muscular e desencadeando um ciclo vicioso entre
inatividade e fraqueza.
É importante ressaltar que, no ambiente das instituições, as atividades instrumentais e laborais
ficam cerceadas. Arrumar a casa, cuidar do jardim ou quintal, fazer compras, usar transporte
74
coletivo, entre outras, são atividades difíceis de serem desenvolvidas pelos residentes. Por
mais que a instituição ofereça atividades dicas, fisioterapia, terapia ocupacional, a
dificuldade de participação em atividades instrumentais ou laborais pode levar a uma perda de
força muscular pela depressão, sedentarismo e imobilidade.
A redução da força muscular pode estar ainda relacionada ao uso de medicamentos
psicotrópicos. O uso desses medicamentos foi muito mais comum na amostra de idosas
institucionalizadas [anticonvulsivantes (p = 0,006), ansiolíticos ou sedativos (p = 0,000),
antipsicóticos (p = 0,000), antidepressivos (p = 0,003)], sabe-se que muitos medicamentos
com ação sobre o Sistema Nervoso Central (SNC) apresentam efeitos indesejáveis como a
sedação com conseqüente hipomobilidade, particularmente os anticonvulsivantes,
antipsicóticos, antidepressivos tricíclicos e os sedativos
42
.
A correlação inversa entre índices plasmáticos de IL-6 e força muscular manual nas idosas da
comunidade suporta a evidência de que a IL-6 é uma citocina que apresenta efeito catabólico
sobre os músculos.
9
As idosas institucionalizadas apresentaram índices elevados de IL-6 e
baixa forca muscular, entretanto, não foi encontrada na amostra pesquisada uma correlação
inversa entre a IL-6 e a força muscular manual. As instituições onde as idosas estudadas
residiam abrigam pessoas com perfil de saúde muito heterogêneo, variando entre aquelas
totalmente independentes até aquelas confinadas ao leito. Essa diversidade quanto ao estado
de saúde e funcionalidade pode ter interferido nesta correlação.
A qualidade de vida relacionada à saúde das participantes foi avaliada pelo SF-36 e pela
comparação das médias dos escores em cada dimensão do questionário. As idosas
institucionalizadas apresentaram pior desempenho nas dimensões capacidade funcional,
aspectos físicos, estado geral de saúde, vitalidade, aspectos sociais e saúde mental comparadas
75
as idosas da comunidade. As dimensões dor e aspectos emocionais não foram
significativamente diferentes entre os dois grupos.
Esse achados são condizentes com a literatura, pois Lima-Costa (2003) verificou que a pior
percepção da saúde está relacionada a insatisfação com os relacionamentos pessoais, menor
freqüência a clubes e associações, mais sintomas depressivos e insônia e maior número de
medicamentos e consultas
43
. Na amostra da comunidade, diversas idosas participavam de
grupos de convivência, relataram maior participação em atividades de lazer associativas, raras
utilizavam antidepressivos e utilizavam menos medicamentos que as institucionalizadas.
Esses fatores, entre outros, podem ter contribuído para os altos escores nas dimensões do SF-
36 que denotam saúde física e mental.
Sabe-se que fatores como situação conjugal, nível de dependência, número de afecções e
dependência para deambulação influenciam a qualidade de vida de idosos institucionalizados
avaliados pelo SF-36
25
. Na amostra de idosas institucionalizadas, havia uma grande
proporção de viúvas e solteiras, presença de maior número de afecções e pior capacidade de
deambulação que as das idosas da comunidade. Portanto, pode-se justificar a diferença entre
as duas amostras nos escores do SF-36 com base no perfil demográfico, clínico e funcional
das participantes do estudo.
Não houve diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos para a dimensão
Aspecto Emocional do SF-36. É possível que essa dimensão não tenha sido suficientemente
responsiva para verificar o real estado emocional destas idosas. Quando se questionou se a
idosa deixou de fazer alguma atividade por problemas emocionais, é bastante provável que
elas tenham considerado que os problemas na capacidade de deambulação sejam empecilho à
realização das atividades do dia-a-dia. Além disso, as características da própria rotina
institucional podem dificultar a realização das atividades desejadas.
76
Embora as dimensões do SF-36 não tenham tido correlação com a IL-6, alguns autores já
utilizaram escalas de medidas de fatores psicossociais para correlacionar a mediadores
inflamatórios.
30-33
O uso de um questionário genérico de qualidade de vida é importante, pois
ele denota não apenas os aspectos físicos, mentais e sociais da saúde objetiva, mas também a
percepção da própria saúde. Essa percepção não está diretamente relacionada ao nível de
saúde do indivíduo, pois as estratégias de enfrentamento diante de um problema também são
capazes de interferir na sensação de bem-estar.
CONCLUSÃO
O presente estudo verificou índices plasmáticos elevados de IL-6 e uma redução
da força muscular manual e da qualidade de vida em idosas institucionalizadas quando
comparadas às idosas da comunidade. Além disso, observamos também uma correlação
negativa entre índices plasmáticos de IL-6 e força muscular manual nas idosas da
comunidade, mas não nas institucionalizadas. Esse trabalho contribuiu para mostrar
aos fisioterapeutas a importância das causas endógenas na diminuição da forca muscular, tais
como a liberação crônica de mediadores inflamatórios como a IL-6. Futuros estudos devem
ser estimulados para se verificar o efeito dos exercícios físicos na redução dos índices desses
marcadores biológicos, e melhora da força muscular.
77
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81
Tabela 1. Caracterização dos Grupos de Idosas Institucionalizadas e da Comunidade
Instituição (n=57) Comunidade (n=63)
Aspectos Características Média ± desvio padrão ou freqüência (%) Valor P**
Socioeconômicos Idade (anos) 77,40 ± 9,46 71,17 ± 7,44 0,0002
Cor (branca) 39 (68,4) 40 (63,5) 0,397
Estado Civil (solteira)
36 (63,2) 6 (9,5) 0,000
Escolaridade (anos) 4,04 ± 4,17 6,60 ± 4,53 0,0003
Renda (SM) 1,10 ± 0,45 3,59 ± 4,13 0,0000
Saúde IMC 25,44 ± 5,47 27,36 ± 4,37 0,0852
N
o
doenças crônicas 3,56 ± 2,17 2,57 ± 1,63 0,0100
N
o
Medicamentos 3,39 ± 2,18 1,98 ± 1,54 0,0002
Mobilidade* 24 (32) 3 (4,8) 0,0000
Queixa da saúde (sim)
39 (68,4) 21 (33,3)
0,0000
Dor (sim)
31 (54,4) 34 (54)
1,0000
Queda (sim)
19 (33,3) 16 (25,4)
0,4220
Hábitos N
o
.visitas ao médico/ano 1,39 ± 0,77 2,11 ± 1,18 0,0002
de vida Atividade Física (sim)
18 (31,6) 41 (65,1)
0,0000
Reabilitação (sim)
35 (61,4) 3 (4,8)
0,0000
Lazer
32 (56,1) 53 (84,1)
0,0010
*Pior mobilidade = incapaz de deambular, auxílio humano, uso de órtese, SM = Salário
mínimo; IMC = Índice de massa corpórea.
** Significância quando p<0,005
82
Tabela 2. Índice Plasmático de IL-6, Força Muscular Manual e Qualidade de Vida de
Idosas Institucionalizadas e da Comunidade
Instituição (n=57) Comunidade (n=63)
Variáveis Média ± desvio padrão Valor P**
Interleucina-6 (pg/mL) 6,33 ± 6,23 2,56 ± 3,44 0,0000
Força de Preensão Manual (Kgf) 15,43 ± 6,25 22,86 ± 4,62 0,0000
SF-36: Capacidade Funcional 45,09 ± 34,87 82,71± 14,84
0,0000
SF-36: Aspectos Físicos 54,82 ± 42,90 76,75 ± 31,08
0,0052
SF-36: Dor 64,53 ± 29,78 70,17 ± 23,72
0,3625
SF-36: Saúde Geral 62,65 ± 23,99 81,16 ± 15,54
0,0000
SF-36: Saúde Física (Média) 56,77 ± 27,63 77,70 ± 17,06
0,0000
SF-36: Vitalidade 70,18 ± 22,20 80,00 ± 17,83
0,0113
SF-36: Aspectos Sociais 77,85 ± 26,41 92,66 ± 15,33
0,0004
SF-36: Aspectos Emocionais 73,09 ± 41,04 80,42 ± 35,23
0,4090
SF-36: Saúde Mental 71,98 ± 22,31 83,33 ± 13,78
0,0085
SF-36: Saúde Mental (Média) 73,28 ± 21,14 84,10 ± 17,52
0,0012
** Significância quando p<0,005
83
GRÁFICO 1. Correlação entre índices plasmáticos de Interleucina-6 (IL-6) e força muscular
de preensão manual em idosas residentes em instituição de longa permanência
(n = 57) e residentes na comunidade (n = 63), utilizando a transformação
logarítmica dos valores de IL-6. A análise de correlação de Pearson mostra
uma correlação inversa entre IL-6 e força muscular de preensão manual em
idosas da comunidade (r = - 0,2673 e p = 0,0373) mas não em idosas
residentes em instituição de longa permanência (r = 0,0920 e p = 0,4963).
84
Capítulo 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste estudo, o nível de IL-6 plasmática, dosada pelo método ELISA, em
idosas residentes na comunidade e em instituições de longa permanência, mostrou-
se estatisticamente maior para as idosas institucionalizadas. A força muscular de
preensão manual foi medida pelo dinamômetro Jamar e foi verificado que a força
das idosas institucionalizadas foi estatisticamente menor quando comparadas às da
comunidade. A qualidade de vida relacionada à saúde foi avaliada pelo Medical
Outcomes Study 36 Item Short-Form Health Survey (SF-36) e os escores de seus
domínios também foram estatisticamente menores para as idosas institucionalizadas
comparado às idosas residentes na comunidade.
Houve correlação inversa entre a força muscular de preensão manual e o
nível plasmático de IL-6 para as idosas da comunidade. Entretanto, não houve
correlação entre a força muscular de preensão manual e o nível plasmático de IL-6
para as idosas residentes em instituições. Não houve correlação entre os índices
plasmáticos de IL-6 e os escores médios das dimensões do SF-36.
A diferença dos índices plasmáticos de IL-6 entre os grupos pode ser
explicada por diversos fatores, tais como: socioeconômicos, relacionados à saúde e
aos hábitos de vida. Em relação aos fatores socioeconômicos, as idosas
institucionalizadas eram mais velhas, não tinham cônjuge, tinham menor
escolaridade e menor renda pessoal. Os estudos mostram que a IL-6 aumenta com
a idade; têm relação ainda com nível socioeconômico e escolaridade. Em relação
aos fatores da saúde, as idosas institucionalizadas apresentavam maior número de
doenças crônicas, maior uso de medicamentos, mais alterações na mobilidade e
mais queixas em relação à saúde. Diversos estudos mostram que a IL-6 tem relação
85
com várias doenças crônicas prevalentes no processo de envelhecimento; está
associada a doenças mentais como a demência e depressão e é capaz de prever
perda de mobilidade e capacidade funcional. Em relação aos hábitos de vida, as
idosas institucionalizadas realizavam consultas com menor número de especialistas
por ano, praticavam menos atividades físicas e tinham menos atividades de lazer.
De acordo com a literatura o aumento nos índices plasmáticos de IL-6 pode ser
explicado pela maior inatividade física, pois vários estudos demonstraram que a
prática de atividade física reduz os índices destes marcadores biológicos.
Foi verificado também que as idosas institucionalizadas apresentaram
uma diminuição na força muscular manual estatisticamente significativa, quando
comparadas às idosas da comunidade. Essa redução da força muscular das idosas
residentes em instituições asilares pode ser explicada pela maior faixa etária dessas
idosas, pior estado funcional, menor mobilidade, maior utilização de medicamentos
psicotrópicos e menor participação em atividades instrumentais e laborais.
A correlação inversa entre índices plasmáticos de IL-6 e força muscular
de preensão manual nas idosas da comunidade suportam a evidência de que a IL-6
tem correlação com sarcopenia. As idosas institucionalizadas apresentaram índices
elevados de IL-6 e baixa força muscular. Entretanto, não foi encontrado na amostra
pesquisada uma correlação inversa entre a IL-6 e a força muscular de preensão. As
instituições nas quais foi feita esta pesquisa abrigavam idosas com um perfil de
saúde muito heterogêneo variando de idosas totalmente independentes até aquelas
confinadas ao leito. Essa diversidade de estado de saúde e funcional pode ter
interferido nesta correlação.
Verificamos, neste estudo, uma redução da qualidade de vida relacionada
à saúde nas idosas residentes nas instituições de longa permanência. Por meio da
86
comparação da dia dos escores das dimensões do SF-36, observamos diferença
estatística nas dimensões capacidade funcional, aspectos físicos, saúde geral,
vitalidade, aspectos sociais, saúde mental enquanto as dimensões dor e aspectos
emocionais não foram significativamente diferentes entre os dois grupos. O perfil das
idosas, tanto comunitárias quanto institucionalizadas, justifica essa discrepância
entre as duas amostras nos escores do SF-36.
O presente estudo verificou índices plasmáticos elevados de IL-6 e uma
redução da força muscular manual e da qualidade de vida em idosas
institucionalizadas quando comparadas às idosas da comunidade. Além disso,
observamos também uma correlação negativa entre índices plasmáticos de IL-6 e
força muscular manual nas idosas da comunidade, mas não nas institucionalizadas.
Esse trabalho contribuiu para mostrar aos fisioterapeutas a importância das causas
endógenas na diminuição da forca muscular, tais como a liberação crônica de
mediadores inflamatórios como a IL-6. Futuros estudos devem ser estimulados para
se verificar o efeito dos exercícios físicos na redução dos índices desses marcadores
biológicos, e melhora da força muscular. Entretanto, particular atenção deve ser
dada às idosas institucionalizadas, pois mostraram piores condições de vida e
saúde. Essa população, provavelmente terá maiores benefícios com uma
abordagem multiprofissional, de tal forma que aspectos funcionais, psicossociais,
nutricionais, dentre outros devem ser avaliados e acompanhados por uma equipe
interdisciplinar.
87
ANEXOS
ANEXO 1
88
ANEXO 2
CARTA DE INFORMAÇÃO AOS PARTICIPANTES DA PESQUISA
Título da pesquisa: Correlação entre os índices plasmáticos de
interleucina-6, força muscular de preensão manual e qualidade de vida
de mulheres idosas da comunidade e institucionalizadas
Pesquisadores: Fabrícia Mendes e Silva Narciso, Profa. Dra. Leani
Souza Máximo Pereira, Profa. Dra. Rosângela Correia Dias
Instituição: Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia
Ocupacional da UFMG
JUSTIFICATIVA:
Segundo dados do IBGE, a população brasileira de idosos poderá exceder
30 milhões de pessoas, chegando a representar quase 13% da população
total. O segmento idoso que mais cresce é aquele de 75 anos ou mais.
Esse aumento do contingente de idosos provoca uma mudança no perfil
da prevalência de doenças, passando a prevalecer as doenças crônico-
degenerativas. Desta forma, o Sistema Público de Saúde deve estar
preparado para acolher essa população, que consome grande parte dos
gastos em saúde. Esperamos, com esse trabalho, começar a fazer o que
tem sido feito em países desenvolvidos, que é caracterizar a população
do ponto de vista imunológico, detectando mediadores inflamatórios que
estão relacionados a declínio funcional, fragilidade e incapacidade em
idosos.
89
OBJETIVOS DO ESTUDO
Verificar se existe diferença estatística nos índices de um
mediador inflamatório denominado interleucina 6 (IL-6) entre
uma amostra de mulheres idosas que vive na comunidade e outra
amostra que vive em instituição asilar.
Comparar esse mediador inflamatório com o desempenho das
idosas em um questionário que avalia a qualidade de vida e num
teste que avalia a força muscular de preensão de mão.
INFORMAÇÕES SOBRE A COLETA DO SANGUE, QUESTIONÁRIOS
E TESTES A SEREM REALIZADOS:
Serei submetida a um teste de avaliação cognitiva Mini Exame do
Estado Mental, antes assinar qualquer documento. Se o meu
desempenho no teste for abaixo dos pontos de corte previstos por
Bertolucci em 1994, serei excluída dos procedimentos do estudo.
Fui informada que serei submetida a uma coleta de 5 ml de sangue
periférico, que será retirado da veia mediana ulnar do braço direito por
em profissional qualificado observando todas as normas de proteção e
segurança com material corto-perfurante (agulhas e seringas
descartáveis, em ambiente estéril). Todo esse procedimento será
realizado no Laboratório de Imunofarmacologia do Instituto de Ciências
Biológicas da UFMG, no caso das idosas residentes na comunidade. O
pesquisador responsável arcará com as despesas do transporte para
esse local, bem como do lanche após a coleta do sangue. Quanto às
idosas residentes em instituição asilar, o técnico irá até a instituição
procedendo a coleta no local.
90
Fui esclarecida de que a coleta do volume de sangue (5ml) não
acarretará nenhum risco para a minha saúde. Pode ficar dolorido no
local onde é retirado o sangue, mas a dor desaparece rapidamente.
Responderei a um questionário com dados sócio-demográficos, estado
de saúde e hábitos de vida. Serei submetida ao teste de avaliação de
qualidade de vida, o SF-36 — Medical Outcomes Study Short-form 36
que engloba questões sobre capacidade funcional, aspectos físicos, dor,
saúde geral, vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais, saúde
mental.
Serei submetida a uma avaliação da força muscular de preensão de
mão com o dinamômetro manual Jamar modelo PC5030JI, quando
realizarei três contrações voluntárias máximas com intervalo de
descanso de 1 minuto entre uma contração e outra.
Fui informada de que responder aos questionários não oferece nenhum
tipo de risco à minha saúde física, psicológica ou mental. Se me sentir
cansada, posso solicitar a interrupção da avaliação e dar continuidade
num outro dia.
Fui informada de que poderei fazer perguntas ou solicitar informações
atualizadas sobre o estudo em qualquer momento do mesmo.
Caso não deseje participar do estudo, terei a liberdade de me retirar em
qualquer momento do mesmo.
91
Se houver algum prejuízo para a minha saúde, comprovadamente
causadas pelos procedimentos descritos acima, terei a meu dispor
tratamento médico e indenização financeira por parte da Instituição.
Caso venha a desenvolver alguma reação adversa relacionada ao
estudo ou tenha dúvidas sobre o referido estudo, por favor ligue para
Fabrícia Mendes e Silva Narciso nos telefones (31) 3463-0366, (31)
9163-7153 ou para Dra. Leani Souza Máximo Pereira, (31) 9952-2878;
(31) 3499-4783. Em caso de perguntas com relação a seus direitos
como participante do estudo, o Comitê de Ética e Pesquisa da UFMG
também poderá ser contactado pelo telefone (031) 3284-9364.
Compreendo as informações acima e as entendo completamente. Estou
participando dessa pesquisa e fui informada de que os resultados
individuais da mesma são confidenciais e não serão divulgados.
Concordo com a divulgação dos resultados finais, caracterizando o
grupo de indivíduos, após o devido tratamento estatístico.
____/_____/_____ ______________________________________
Data Assinatura do participante
92
TERMO DE CONSENTMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu___________________________________________________,
conforme assinatura abaixo, concordo em participar, de livre e
espontânea vontade, da pesquisa intitulada: Correlação entre os
índices plasmáticos de interleucina-6, força muscular de preensão
manual e qualidade de vida de mulheres idosas da comunidade e
institucionalizadas.
Tenho conhecimento dos objetivos e da metodologia a ser empregada e
de todos os procedimentos, através da carta aos participantes do
estudo, em anexo.
Fui informada de que serei submetida a uma coleta de 5 ml de sangue
periférico, que será retirado da veia mediana ulnar do braço direito e
ainda responderei a um questionário sócio-demográfico e clínico, a um
questionário de qualidade de vida e realizarei um teste de força
muscular de preensão de mão. Nenhum dos procedimentos oferece
risco para a minha saúde.
Quando julgar necessário e sem qualquer prejuízo para minha parte,
poderei cancelar o presente termo de consentimento.
____/____/____ _______________________________________
Data Assinatura do participante
93
ANEXO 3
MINI-EXAME DO ESTADO MENTAL
ORIENTAÇÃO
Dia da semana................................................................................................
Dia do mês .....................................................................................................
Mês..................................................................................................................
Ano..................................................................................................................
Hora aproximada.............................................................................................
Local específico (aposento ou setor)..............................................................
Instituição (hospital, residência, clínica)..........................................................
Bairro ou rua próxima......................................................................................
Cidade.............................................................................................................
Estado.............................................................................................................
MEMÓRIA IMEDIATA
Vaso, carro, tijolo............................................................................................
ATENÇÃO E CÁLCULO
100-7 sucessivos............................................................................................
EVOCAÇÃO
Recordar as três palavras...............................................................................
LINGUAGEM
Nomear um relógio e uma caneta...................................................................
Repetir: Nem aqui. Nem ali, nem lá”...............................................................
Comando: “Pegue este papel com sua mão direita, dobre-o ao meio e
coloque-o no chão”.........................................................................................
Ler e obedecer: “Feche os olhos”...................................................................
Escrever uma frase.........................................................................................
Copiar um desenho........................................................................................
ESCORE 30....................................................................................................
SOLETRAR
Soletrar a palavra “mundo” de trás para frente...............................................
Escore 30
PONTOS
1 _______
1 _______
1_______
1_______
1_______
1_______
1_______
1_______
1_______
1_______
3_______
5_______
3_______
2_______
1_______
3_______
1_______
1_______
1_______
________
5 _______
________
FECHE OS OLHOS
94
ANEXO 4
QUESTIONÁRIO DO PARTICIPANTE DATA:____/_____/____
1. DADOS SÓCIODEMOGRÁFICOS
1.1. Nome: ______________________________________________________
1.2. Tempo de institucionalização (só para paciente institucionalizado): _______
1.3. Idade:____________________
1.4. Apresentação ( ) Acamado
( ) Não acamado
( ) Deambulando sem auxílio
( ) Deambulando com auxílio
Qual auxílio _____________________________________________________
1.5. Cor: ( ) branca
( ) negra
( ) parda
( ) amarela
( ) índio
1.6. IMC _____________________ Peso: ______________
Altura:____________
1.7. Estado civil: ( ) Solteiro
( ) Casado
( ) Viúvo
( ) Separado
( ) Unido
1.8. Escolaridade: __________________________
1.9. Profissão: ___________________________________________________
1.10. Renda: ( ) sim Tipo: _______________________________
( ) não Valor: ______________________________
1.11. Endereço: _________________________________________________
_______________________________________________________________Telef
one: _______________________________________________________
95
2. ASPECTOS CLÍNICOS
2.1. Tem alguma queixa em relação à sua saúde?
2.2. Encontra-se em tratamento devido algum quadro de doença aguda?
( ) sim Qual: ___________________________________________________
( ) não
2.3. Apresenta alguma dor?
( ) sim ( ) Aguda ( ) não
( ) Crônica
Localização da dor: _______________________________________________
2.4. Tem alguma doença crônica?
( ) Osteoartrite
( ) Artrite reumatóide
( ) Fratura de fêmur
( ) Doença renal
( ) Incontinência urinária
( ) Hipertensão
( ) Bronquite
( ) Tuberculose
( )Doença do coração
( ) Câncer
( ) Diabetes
( ) Cirrose
( ) Ulcera
( ) Depressão
( ) Mental
( ) Epilepsia
( ) AVC
( ) Outra _______________________________________________________
2.5. Teve alguma queda no último ano?
( ) sim ( ) Acidental ( )não
( ) Não acidental
2.6. Faz uso de medicamento? ( ) sim
( )não
Qual (is):
_____________________________________________________________
96
3. HÁBITOS DE VIDA
3.1. Fuma? ( ) sim, atuante Tempo: ____________________
( ) não, mas já fumou
( ) não, nunca fumou
3.2. Bebe ou já bebeu? ( ) sim
( ) não
3.3. Consultou algum médico no último ano? ( ) sim
( ) não
( ) clínico Outros ____________________________________
( )ginecologista
( ) oftalmologista
3.4. Realiza algum tipo de tratamento de reabilitação? ( ) sim
( )não
Quantas sessões por semana? __________________________
Qual o tipo de tratamento realizado? __________________________________
3.5. Realiza exercícios físicos? ( ) sim
( ) não
Quantas vezes por semana? _____________
Quanto tempo dura cada sessão de exercícios? _________________________
3.6. Tem alguma atividade de lazer? ( ) sim Qual? __________________
( ) não
3.7. Recebe visitas? ( ) sim De quem? _________________
( ) não Frequência _________________
4.OBSERVAÇÕES:______________________________________________
_______________________________________________________________
97
ANEXO 5
SF – 36 PESQUISA EM SAÚDE ESCORE _____
INSTRUÇÕES: Esta pesquisa questiona você sobre sua saúde. Estas informações
nos manterão informados de como você se sente e quão bem você é capaz de fazer
atividades de vida diária. Responda cada questão marcando a resposta como
indicado. Caso esteja inseguro em como responder, por favor, tente responder o
melhor que puder.
1. Em geral, você diria que sua saúde é:
(circule uma)
Excelente............................................................................................................. 1
Muito boa............................................................................................................. 2
Boa...................................................................................................................... 3
Ruim.................................................................................................................... 4
Muito ruim............................................................................................................ 5
2. Comparada a um ano atrás, como você classificaria sua saúde em
geral, agora?
(circule uma)
Muito melhor agora do que há um ano .............................................................. 1
Um pouco melhor agora do que há um ano ....................................................... 2
Quase a mesma coisa do que há um ano .......................................................... 3
Um pouco pior agora do que há um ano ............................................................
4
Muito pior agora do que há um ano .....................................................................
5
98
3. Os seguintes itens são sobre atividades que você poderia fazer
atualmente durante um dia comum. Devido à sua saúde, você tem
dificuldade para fazer essas atividades? Neste caso quanto?
(circule um número em cada linha)
Atividades Sim.
Dificulta
muito
Sim.
Dificulta
pouco
Não. Não
dificulta de
modo algum
A) Atividades vigorosas, que exigem muito
esforço, tais como correr, levantar objetos pesados,
participar de esportes árduos
1
2 3
B) Atividades moderadas, tais como mover uma
mesa, passar aspirador de pó, jogar bola, varrer
casa
1 2 3
C) Levantar ou carregar mantimentos 1 2 3
D) Subir vários lances de escada 1 2 3
E) Subir um lance de escadas 1 2 3
F) Curvar-se, ajoelhar-se ou dobrar-se 1 2 3
G) Andar mais de 1 Km 1 2 3
H) Andar vários quarteirões 1 2 3
I) Andar um quarteirão 1 2 3
J) Tomar banho ou vestir-se 1 2 3
99
4. Durante as últimas 4 semanas, você teve algum dos seguintes
problemas com o seu trabalho ou com alguma atividade diária regular,
como conseqüência de sua saúde física?
(circule um número em cada linha)
Sim Não
A) Você diminuiu a quantidade de tempo
que
dedicava ao seu trabalho ou a outras atividades?
1 2
B) Realizou menos tarefas do que gostaria? 1 2
C) Esteve limitado no seu tipo de trabalho ou em
outras atividades?
1 2
D) Teve dificuldade para fazer seu trabalho ou outras
atividades (p. ex.: necessitou de um esforço extra)?
1 2
5. Durante as últimas 4 semanas, você teve algum dos seguintes
problemas com seu trabalho ou com outra atividade regular diária,
como conseqüência de algum problema emocional (como sentir-se
deprimido ou ansioso)?
(circule um número em cada linha)
Sim Não
A) Você diminuiu a quantidade de tempo
que se
dedicava ao seu trabalho ou a outras atividades?
1 2
B) Realizou menos tarefas do que gostaria? 1 2
C) Não trabalhou ou o fez qualquer das atividades
com tanto cuidado como geralmente faz?
1 2
100
6. Durante as últimas 4 semanas, de que maneira sua saúde física ou
problemas emocionais interferem nas suas atividades sociais normais,
em relação à família, vizinhos, amigos ou em grupo?
(circule uma)
De forma nenhuma ............................................................................................ 1
Ligeiramente........................................................................................................ 2
Moderadamente ................................................................................................. 3
Bastante .............................................................................................................. 4
Extremamente .................................................................................................... 5
7. Quanta dor no corpo você teve durante as últimas 4 semanas?
(circule uma)
Nenhuma............................................................................................................. 1
Muito leve ........................................................................................................... 2
Leve .................................................................................................................... 3
Moderada ............................................................................................................ 4
Grave .................................................................................................................. 5
Muito grave ......................................................................................................... 6
8. Durante as últimas 4 semanas, quanto a dor interferiu com o seu
trabalho normal (incluindo tanto trabalho fora ou dentro de casa)?
(circule uma)
De maneira alguma............................................................................................. 1
Um pouco ........................................................................................................... 2
Moderadamente................................................................................................... 3
Bastante............................................................................................................... 4
Extremamente..................................................................................................... 5
101
9. Estas questões são sobre como você se sente e como tudo tem
acontecido com você durante as últimas 4 semanas. Para cada
questão, por favor dê uma resposta que mais se aproxime da maneira
como você se sente.
(circule um número para cada linha)
Todo o
tempo
A maior
parte do
tempo
Uma
boa
parte do
tempo
Alguma
parte do
tempo
Uma
pequena
parte do
tempo
Nunca
A) Quanto tempo você tem se
sentido cheio de vigor, cheio de
vontade, cheio de força?
1 2 3 4 5 6
B) Quanto tempo você tem se
sentido uma pessoa muito
nervosa?
1 2 3 4 5 6
C) Quanto tempo vo tem se
sentido tão deprimido que nada
pode animá-lo?
1 2 3 4 5 6
D) Quanto tempo vo tem se
sentido calmo ou tranqüilo?
1 2 3 4 5 6
E) Quanto tempo você tem se
sentido com muita energia?
1 2 3 4 5 6
F) Quanto tempo você tem se
sentido desanimado e abatido?
1 2 3 4 5 6
G) Quanto tempo você tem se
sentido esgotado?
1 2 3 4 5 6
H) Quanto tempo vo tem se
sentido uma pessoa feliz?
1 2 3 4 5 6
I) Quanto tempo você tem se
sentido cansado?
1 2 3 4 5 6
102
10. Durante as últimas 4 semanas, quanto do seu tempo a sua saúde
física ou problemas emocionais interferiram em suas atividades sociais
(como visitar amigos, parentes, etc?...)
(circule uma)
Todo o tempo....................................................................................................... 1
A maior parte do tempo....................................................................................... 2
Alguma parte do tempo....................................................................................... 3
Uma pequena parte do tempo............................................................................. 4
Nenhuma parte do tempo.................................................................................... 5
11. O quanto verdadeiro ou falso é cada uma das afirmações para você?
Definitivam
ente
verdadeiro
A maioria
da vezes
verdadeiro
Não
sei
A maioria
das vezes
falsa
Definitiva
mente
falsa
A)Eu costumo adoecer um
pouco mais facilmente que
as outras pessoas
1 2 3 4 5
B) Eu sou tão saudável
quanto qualquer pessoa
que eu conheço
1 2 3 4 5
C) Eu acho que a minha
saúde vai piorar
1 2 3 4 5
D) Minha saúde é
excelente
1 2 3 4 5
103
ORIENTAÇÕES PARA PONTUAÇÃO DO SF – 36
Questão
Pontuação
01 1 => 5.0 2 => 4.4 3 => 3.4 4 => 2.0 5 => 1.0
03 Soma Normal
04 Soma Normal
05 Soma Normal
06
1 => 5 2 => 4 3 => 3 4 => 2 5 => 1
07 1=> 6.0 2 => 5.4 3 => 4.2 4 => 3.1 5 => 2.2 6 => 1.0
08
Se 8 => 1 e 7 => 1 6 1 =>6.0
Se a questão 7 não for respondida
Se 8 => 1 e 7 => 2 a 6 5 2 => 4.75
Se 8 => 2 e 7 => 2 a 6 4 3 =>3.75
Se 8 => 3 e 7 => 2 a 6 3 4 => 2.25
Se 8=>4 e 7 => 2 a 6 2 5 => 1.0
Se 8 => 5 e 7 =>2 a 6 1
09 A, D, E, H, = VALORES CONTRÁRIOS (1=6, 2=5, 3=4, 4=3, 5=2, 6=1)
Vitalidade = A + E + G + T
Saúde mental = B + C + D + F + H
10 Soma Normal
11 Soma de:
A + C (valores normais)
B + D (valores contrários: 1=5, 2=4, 3=3, 4=2, 5=1)
Item Questão Limites Escore Range
(variação)
Capacidade funcional 3 10, 30 20
Aspecto Físico 4 4, 8 4
Dor 7 + 8 2, 12 10
Estado geral de saúde 1 + 11 5, 25 20
Vitalidade 9A, E, G, I 4, 24 20
Aspectos Sociais 6 + 10 2, 10 8
Aspectos emocionais 5 3, 6 3
Saúde Mental 9 B, C, D, F, H,
5, 30 25
Row Scale:
Ex: Item = (valor obtido – valor mais baixo) x 100
Variação
Ex: Capacidade Funcional = 21
Valor mais baixo = 10
Variação = 20
21 – 10 x 100 = 55
20
Dados perdidos:
Se responder a mais de 50% = substituir pela média
0 = pior escore
100 = melhor escore
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
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Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
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Baixar livros de Teologia
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