Download PDF
ads:
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA
PROPAGAÇÃO SEXUADA E ASSEXUADA DE SÃO-JOÃO-CAÁ Unxia camphorata (L.F.)
KÁTIA MARIA SENA DOS SANTOS
BELÉM
2006
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA
PROPAGAÇÃO SEXUADA E ASSEXUADA DE SÃO-JOÃO-CAÁ Unxia canphora (L.F.)
KÁTIA MARIA SENA DOS SANTOS
Dissertação apresentada à Universidade Federal
Rural da Amazônia, como parte das exigências do
Curso de Mestrado em Agronomia, área de
concentração em Biologia Vegetal Tropical, para
obtenção do título de Mestre.
Orientador:
Eng. Agrônomo Prof. Dr. Milton Guilherme da Costa Mota
Co-orientador:
Eng. Agrônomo Prof. Dr. Eurico da Cruz Moraes
BELÉM
2006
ads:
SANTOS, Kátia Maria Sena dos
Propagação sexuada e assexuada de São-joão-caá (Unxiacanphorata, L.F.) /Kátia
Maria Sena dos Santos.- Belém, 2006.
67f.:il
Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Universidade Fedeeral Rural da Amazônia,
2006.
1. Germinação 2. Dormência 3.Ácido indolbutírico 4.Substratos 5. Enraizamento
6.Regulador de crescimento. I. Título
CDD-581.334
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA
PROPAGAÇÃO SEXUADA E ASSEXUADA DE SÃO JOÃO CAÁ (Unxia canphorata, L.F.)
KÁTIA MARIA SENA DOS SANTOS
Dissertação apresentada à Universidade Federal
Rural da Amazônia, como parte das exigências do
Curso de mestrado em Agronomia, área de
concentração em Biologia Vegetal Tropical, para
obtenção do título de Mestre.
BANCA EXAMINADORA:
_______________________________________________
Prof. Dr. Milton Guilherme da Costa Mota
Orientador
Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA
_______________________________________________
Dr. Maria do Socorro Padilha de Oliveira
Embrapa Amazônia Oriental
_______________________________________________
Prof. Dr. Benedito Gomes dos Santos Filho
Universidade Federal rural da Amazônia – UFRA
_______________________________________________
Prof. Dr. Sérgio Antônio Lopes de Gusmão
Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA
_______________________________________________
Prof. Dr. Paulo Roberto de Andrade Lopes
Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA
A DEUS, pela vida
Aos meus pais, JOÃO e ANA.
A meu esposo RIVALDO.
Aos meus filhos JOÃO GILBERTO e
ANA CAROLINA,
Que incentivaram para a conquista deste curso
DEDICO
AGRADECIMENTOS
A DEUS pela vida e por me conceder mais uma oportunidade de conquista no âmbito
profissional.
A minha família, pela formação, apoio e dedicação.
Ao orientador Prof. Dr. Milton Guilherme da C. Mota pelo apoio, confiança e orientação, em
todas as fases deste trabalho.
Ao Prof. Dr Eurico da Cruz Moraes, pela co-orientação e contribuição ao desenvolvimento
deste trabalho.
Ao Prof. Dr. Sergio Gusmão pela atenção e apoio.
As Engª Agrª Carmem Célia Costa Conceição e Vera Lúcia Ferreira Rodrigues, pela
contribuição e incentivo ao desenvolvimento deste trabalho.
Ao Prof. Benedito Gomes dos Santos Filho pelo apoio e contribuição ao desenvolvimento
desta pesquisa.
Aos funcionários de campo Amarildo Muniz e Edicarlos Silva, pelas várias contribuições,
apoio, assistência e atenção no desenvolvimento deste trabalho.
A amiga Alda Cristina do Carmo pela sua estimável contribuição para a realização deste
trabalho.
Aos colegas do curso de mestrado em Agronomia pelo companheirismo e solidariedade,
Antonia Eleonora, Merivalda, Daril Hidaka, Gleicilene Brasil, Joel, Leila Maria, Sabino
Mesquita, Luciana pela estimável contribuição na montagem do experimento.
A todos os professores e funcionários do Mestrado em Agronomia- BVT.
A Sra. Regina Santos por todo o auxilio e dedicação.
A empresa Socôco pela disponibilidade de material para suporte do experimento.
Ao Prof Manoel Tavares de Paula pela contribuição, solidariedade para a conclusão deste
trabalho.
E a todos aqueles que contribuíram de uma forma direta ou indiretamente para a realização e
conclusão deste curso.
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1: PROPAGAÇÃO SEXUADA E ASSEXUADA DE SÃO-JOÃO-
CAÁ (Unxia Camphorata L. F)....................................................................................... 09
1.1. RESUMO GERAL.................................................................................................. 09
1.2. ABSTRACT............................................................................................................. 10
1.3. INTRODUÇÃO GERAL........................................................................................ 11
1.4. REVISÃO DE LITERATURA.............................................................................. 13
1.4.1. Aspectos gerais sobre São-joão-caá....................................................................... 13
1.4.1.1 Classificação botânica e aspectos morfológicos.................................................. 13
1.4.1.2. Morfologia da semente........................................................................................ 15
1.4.1.3. Fitoquímica......................................................................................................... 15
1.4.2. Desenvolvimento das sementes.............................................................................. 15
1.4.2.1. Fases do desenvolvimento da semente................................................................ 16
1.4.2.2. Germinação......................................................................................................... 16
1.4.3. Fatores que afetam a germinação........................................................................... 16
1.4.4. Macropropagação assexuada.................................................................................. 18
1.5. POTENCIALIDADES DE ÓLEOS ESSENCIAIS E IMPORTÂNCIA
ECONÔMICA DA ESPÉCIE....................................................................................... 19
1.6. PLANTAS PIONEIRAS......................................................................................... 21
1.7. AÇÃO DOS FITOREGULADORES.................................................................... 22
1.8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................
25
CAPÍTULO 2: QUEBRA DE DORMÊNCIA E VIABILIDADE DE SEMENTES
DE SÃO-JOÃO-CAÁ (Unxia camphorata L. F.) EM DIFERENTES PERÍODOS
DE ARMAZENAMENTO.............................................................................................
33
2.1. RESUMO................................................................................................................. 33
2.2. ABSTRACT............................................................................................................. 34
2.3. INTRODUÇÃO....................................................................................................... 35
2.4. MATERIAL E MÉTODO...................................................................................... 37
2.5. RESULTADOS E DISCUSSÂO............................................................................
40
2.6. CONCLUSÃO.........................................................................................................
45
2.7. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICA.................................................................... 46
CAPITULO 3: ENRAIZAMENTO DE ESTACAS DE SÃO-JOÃO-CAÁ (Unxia
camphorata L. F.) EM DIFERENTES SUBSTRATOS E CONCENTRAÇÕES
DE ÁCIDO INDOLBUTÍRICO.................................................................................... 49
3.1. RESUMO................................................................................................................. 49
3.2. ABSTRACT............................................................................................................. 50
3.3. INTRODUÇÃO....................................................................................................... 51
3.4. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................... 53
3.5. RESULTADOS E DISCUSSÕES.......................................................................... 55
3.6. CONCLUSÕES....................................................................................................... 64
3.7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................
65
9
CAPÍTULO 1: PROPAGAÇÃO SEXUADA E ASSEXUADA DE SÃO- JOÃO- CAÁ
(Unxia Camphorata L. F)
1.1. RESUMO GERAL
O presente trabalho se propôs a desenvolver métodos viáveis à propagação da espécie Unxia
camphorata, L.F., vulgarmente conhecida como São-joão-caá. Foram avaliados aspectos
físicos e fisiológicos da germinação das sementes após período de armazenamento e a
propagação de estacas em diferentes substratos e concentrações de Ácido Indolbutírico (AIB).
Para tanto, as pesquisas foram direcionadas para a quebra de dormência feita através da
escarificação química com ácido sulfúrico e aplicação de ácido giberélico, para o estudo de
viabilidade das sementes após períodos de armazenamento foi determinado o grau de
umidade, a curva de embebição e a germinação em diferentes substratos, através dos
resultados obtidos concluiu-se: que a maior parte das sementes de São-joão-caá apresentou
dormência não superada pelo tratamento aplicado, que esta dormência não é devido à
impermeabilidade do tegumento, que as sementes se mantêm viáveis por um período de até
cinco meses, e que os melhores resultados de germinação foram nos substrato de areia e fibra
de coco. Outro direcionamento da pesquisa foi o para o estudo do processo de propagação
assexuada para a espécie, através da avaliação do efeito do ácido indolbutírico e diferentes
substratos no enraizamento de estacas herbáceas, com este estudo concluímos ser possível
propagar a espécie via enraizamento de estacas herbáceas, pois entre os substratos utilizados,
o que apresentou melhores resultados foi o de areia + casca de arroz carbonizada + terriço
com ou sem aplicação de AIB.
Palavras-chave: Germinação Dormência; Ácido indolbutírico; Substrato.
10
1.2. ABSTRACT
SEXUAL AND UNSEXUAL PROPAGATION OF SÃO - JOÃO - CAÁ (Unxia
camphorata L. F)
The present work proposed to development viable methods the propagation species Unxia
camphorata L.F., known vulgarly as São-joão-caá. Aspects physical and physiologic were
evaluated of the seeds germination after the storage periods and the propagation stakes in
different substratum and concentrations of indolbutiric acid (AIB). For much, the researches
were directed for break dormancy made through of chemical scarification with sulfuric acid
and use of giberelic acid, for the study of viability of seeds after the storage period was
determinated the humidity degree, the imbibition curve and germination in differents
substrata, through the result obtained concluded: that the majority of seeds of São-joão-caá,
presented dormancy didn’t overcome for the treatment applied, that this dormancy not is
because the impermeability of the tegument, that the seeds were maintained viable for one
period of five months, and that best results of germination were in the sand and coconut fiber
subtrata. Other directly of the research was for the study of the process of unisexual
propagation for this specie, through of evaluating of the acid indolbutiric effect and different
subtrata in the rooting of herbs stakes, with these studies concluded to be possible propagate
the specie via rooting of herbs stakes, for among the used substrata, that was presented best
results was the sand + rice straw carbonized + soil with or without apply of AIB.
Key-words: germination dormancy, indolbutiric acid, substratum
11
1.3. INTRODUÇÃO GERAL
A floresta tropical úmida da Amazônia é uma das áreas mais ricas em biodiversidade,
abrigando milhares de espécies de plantas e animais, que são utilizados para diferentes fins.
Dentre as plantas, destacam-se as medicinais e aromáticas, cujo conhecimento e utilização
sempre foram imprescindíveis para a vida dos povos autóctones e populações locais. Com o
processo de colonização outras espécies foram introduzidas e novos conhecimentos foram
incorporados a fitoterapia amazônica. Atualmente encontram-se descritos, na Amazônia
Oriental, cerca de 2.000 espécies medicinais e 1000 (ALBUQUERQUE; 1989 VIEIRA,
1991). A maioria dessas espécies sendo indicada para utilização de chás, umectantes etc. de
diferentes partes da planta, porém sem conhecimento científico comprovado. Apesar do
grande número de espécies, a produção regional de fitoterápicos ainda é feita com base em
pouquíssimas delas, especialmente no óleo de copaíba (Copaifera spp.), andiroba (Carapa
guianensis ) e compostos a base de mel e extratos vegetais (CORRÊA, 1984; PESCE,1941;
DUCKE,1946; BERG, 1984) em virtude da escassez de pesquisa. Existe uma demanda de
mercado para os produtos amazônicos, porém, existem problemas devido à irregularidade no
fornecimento (SUDAM, 1999).
No que diz respeito ao aproveitamento da flora aromática da região, com exceção do
óleo essencial de pau rosa (Aniba duckei e A. rosaeodora, Lauraceae), hoje pouco explorado,
do óleo-resina de copaíba (Copaifera sp, Leguminosae), das sementes de cumaru (Dipteryx
odorata, Leguminosae) e de algumas espécies usadas artesanalmente na preparação de
sacheis, vendidos como aromatizantes de roupas, para banhos aromáticos, ou em fragrâncias
regionais, nada mais se conhece sobre a participação efetiva na pauta comercial da região
amazônica. Por outro lado, catinga de mulata, salva do Marajó, macacaporanga, pataqueira,
pripioca, enviaria, São-joão-caá, etc. são alguns dos nomes pelos quais se conhecem centenas
de plantas com acentuado aroma, cujo valor econômico é inteiramente desconhecido. Um
grande número dessas espécies está intimamente ligado a procedimentos religiosos, onde os
banhos de cheiro, as defumações e os umacís são elementos de um ritual mágico e místico
(BERG,1988). São-joão-caá é uma erva que ocorre naturalmente em campos naturais e
savana, no Norte do Brasil e Guiana, é uma planta anual adaptada a várias condições
climáticas, possui forte aroma de cânfora. Segundo Maia et al. (1998) a composição química
do óleo essencial dessa espécie contém 26 componentes em que se destacam: α felandreno
(20,5%), cânfora (15,0%).
12
Segundo Popingis (1986), sementes de muitas espécies germinam tão logo sejam
colocadas em condições favoráveis, porém outras como é o caso da espécie em estudo, nas
mesmas condições não germinam,.
O conhecimento da biologia de propagação de espécies aromáticas silvestres é de
fundamental importância porque são potencialmente utilizadas na medicina popular. Estudos
sobre a propagação dessas espécies são, portanto, essencial para atender as necessidades
econômicas, sociais e ambientais. Neste contexto é que este trabalho pretende desenvolver
estudos visando estabelecer métodos de propagação de “São joão caá”, que possam conduzir a
domesticação da espécie.
13
1.4. REVISÃO DE LITERATURA
1.4.1. Aspectos gerais sobre São-joão-caá.
1.4.1.1 Classificação botânica e aspectos morfológicos
Segundo a classificação pelo sistema de Cronquist, (1984.) a Unxia camphorata
(L.F.) possui a seguinte classificação:
Divisão: Magnoliopsida
Subclasse: Asterideae
Ordem: Asterales
Família: Asteraceae
Subfamília Asteroideae
Tribo: Heliantheae
Subtribo: Melampodiinae
Gênero: Unxia
Espécie:Unxia camphorata L.F.
Ribeiro et al (1999), mencionam 1600 gêneros, com aproximadamente 25.000
espécies, distribuídas nas regiões Tropicais, Subtropicais e Temperadas, sendo mais
abundantes em áreas áridas do que em florestas úmidas. Esta família e representada por
espécies herbáceas, anuais ou perenes, subarbustivas ou arbustivas e, raramente, por espécies
arbóreas. Tais espécies apresentam o aparelho excretor engloba canais esquizógenos, que
incluem óleos, resinas e que se derivam, fundamentalmente, de células endodérmicas e células
laticíferas, isoladas ou anastomosadas, encontradas no periciclo próximo do floema primário,
ou no meio do parênquima do floema secundário (BARROSO e LIMA, 1978, BREMER,
1994). O sistema radicular pode estar constituído por uma raiz fusiforme, alongada, ou por um
feixe de longas raízes fibrosas, fasciculadas, as raízes secundárias podem ter gemas
adventícias pelas quais as plantas são capazes de multiplicarem-se vegetativamente, as folhas,
na grande maioria, são alternas ou radicais; opostas em alguns gêneros e espécies,
principalmente nas tribos e Heliantheae e Eupatorieae; o tegumento é constituído de tricomas
simples uni a plurisseriados, ramificados ou glandulares; a inflorescência é a principal
característica desta família sendo do tipo capítulo, porém no conjunto se assemelha a uma
única flor, cuja unidade morfológica é mantida pelas brácteas involucrais (RIBEIRO et al.
14
1999). Esses autores mencionam que, na inflorescência estão dispostas flores do mesmo tipo
ou diferentes quanto à morfologia e sexualidade. Os frutos presentes nas infrutescências são
do tipo, indeiscentes, denominada cipsela, sendo originadas a partir de ovário ínfero contendo
apenas um óvulo. A dispersão dos frutos é feita por meio do “pappus”pelo vento, água,
animais. Em espécies com o “pappus”reduzido ou ausente, os frutos caem no chão ou são
arastados pela chuva.. Unxia camphorata, erva ereta e ramificada. com 16 a 38 cm de altura;
possuindo folhas opostas, sésseis a peciolada; ocorre em áreas alteradas das Asteraceae do
tipo capítulo .
Cronquist (1984) cita que a composição química das Asteraceae é uma evidência do
alto grau de evolução da família, pois suas espécies em geral, apresentam substâncias
resultantes do metabolismo secundário, que tem como principal função garantir a
sobrevivência do vegetal diante de situações de risco, como por exemplo: ataque de insetos
herbívoros; As principais substâncias que elas produzem são poliacetilenos e lactonas
sesquiterpenicas, sendo que, na tribo Heliantheae, ocorrem monoterpenos e outros terpenos
voláteis.
Alguns constituintes químicos das plantas aromáticas da família podem apresentar
ação alelopática envolvendo substâncias químicas secretadas pelas mesmas, que podem inibir
ou acelerar a germinação de outras espécies (WHITAKER e FEENY, 1971). Os principais
agentes alelopáticos são compostos alifáticos, lactonas insaturadas, ácidos graxos e lipídios,
glicogênios cianogênicos, terpenóides e compostos aromáticos (MANDAVA, 1984).
A erva de “São-joão-caá” como é popularmente conhecida, é encontrada nos campos
do norte do Brasil e nas Guianas, estendendo-se até o Panamá, (CORRÊA,1984) é uma planta
que possui caule herbáceo, com folhas simples membranáceas, verdes oblongo ou agudo-
lanceoladas, pilosas opostas, inteiras, de 25-35mm de comprimento por 12-18mm de largura e
odor aromático acentuado. Sob o aspecto anatômico as folhas do mesófilo dorsiventral
mostram ductos secretores relacionados com os feixes vasculares. Os estômatos são
aromáticos. Os tricomas são secretores e grandulares. A cutícula é estriada. O caule apresenta
estrutura eustélica e ductos secretores relacionados aos feixes vasculares colaterais. A
endoderme mostra estria de Caspary perceptíveis. Inflorescência em capítulos, flores amarelas
hermafroditas unissexuais e estéries, pentâmeras, actinomorfa, corola tubulosa, com androceu
sinantero. Ovário ínfero, unilocular, fruto aquênio, uniovular. (NAKANO, et al,. 2000).
15
1.4.1.2. Morfologia da semente
A semente localiza-se em um aquênio subcodiforme, com formação piramidal na
extremidade distal e comprimido lateralmente. O peso de 100 sementes é de cerca de 0,041g
sendo que cada semente mede cerca de 2-3 mm de comprimento, 1,5 – 2 mm de largura com
0,51mm de espessura, testa castanho escuro, com lista embraquiçadas, levementes rugosas,
sedosas e brilhantes, hilo oblongo, situado no topo da formação piramidal oposta a radícula
delgada, orientada para parte basal. Os cotilédones lineares envolvem a plúmula incosnspícua.
A germinação é epígea e criptocotilar, iniciando aos cinco dias de plantio, com o
aparecimento da radícula. O hipocótilo, aos nove dias, levanta verticalmente os cotilédones,
ainda encobertos pelo tegumento, que se encontram abertos horizontalmente, apresentando
uma minúscula plúmula em desenvolvimento. As duas primeiras folhas opostas aparecem aos
dezoito dias. (ALBUQUERQUE, 1993). Cita Pimentel (1994) que o melhor processo de
propagação da espécie é por semente que é produzido em abundância pela planta, com bom
poder germinativo e desenvolvimento inicial vigoroso pela plântula.
1.4.1.3. Fitoquímica
Segundo Maia et al. (1998) a composição química do óleo essencial dessa espécie
contém 26 componentes distribuídos nas seguintes porcentagens: α pineno (1,9%), canfeno
(6,6%), β pineno (1,6%), mirceno (0,5%), α felandreno (20,5%),α terpineno (0,2%), ρ
cimeno (3,0%), limoneno (1,3%), γ-terpineno (0,1%), cânfora (15,0%), borneol (6,0%),
terpinen-4-ol (0,3%) δ-elemeno (0,2%), α-cubebeno (0,2%), α-copaeno (0,4%), β-cubebeno
(0,2%), β-cariofileno (8,9%), trans-α-bergamoteno (1,5%), (Z)-β-santaleno (1,0%), α
humuleno (0,6%). Sesq.hidr. (204) (11,9%), (Z)-β farneseno (0,2%), β-bisaboleno (0,4%), δ-
cadineno (2,1%), sesq.oxig. (222) (1,3%).
1.4.2. Desenvolvimento das sementes
O ciclo de vida de plantas superiores compreende o desenvolvimento de uma semente
seguido por sua germinação e o desenvolvimento pós-germinativo. Estes estádios são
marcados por eventos fisiológicos característicos relacionados às mudanças nos pesos seco e
fresco e no conteúdo de água além de padrões relacionados à presença de mRNAs específicos.
16
A água possui um papel primordial em todos esses processos, na medida em que a semente
muda de um estado metabolicamente ativo para um estado inativo após a maturação, por
efeito da dessecação, retornando posteriormente ao estado metabolicamente ativo. (BEWLEY
e BLACK, 1994: KERMMOD, 1995; DE CASTRO e HILHORST, 2000).
1.4.2.1. Fases do desenvolvimento da semente
Na maioria das sementes, o desenvolvimento compreende três fases: a primeira fase é
caracterizada pelo crescimento inicial devido à divisão celular e a um aumento rápido no peso
fresco da semente inteira e no conteúdo de água. Nesta fase, a água representa a maior parte
do peso das sementes. Ocorrem sucessivas divisões mitóticas e as células resultantes se
diferenciam para formar o embrião (YADEGARI e GOLDBERG, 1997). Simultaneamente
ocorre a formação do endosperma triplóide nas angiospermas (BEWLEY e BLACK, 1994).
Na segunda fase a semente aumenta de tamanho devido principalmente, a expansão das
células e a deposição de reservas (proteínas lipídios e carboidratos); na terceira fase ocorre a
pré-programada secagem de maturação ou dessecação. Sementes que apresentam
características relatadas acima são denominadas ortodoxas porque se submete a algum tipo de
secagem característico em função de um declínio rápido de conteúdo de água e da diminuição
do peso fresco. Isso ocasiona uma redução gradual no metabolismo da semente, e o embrião
passa para o estado de metabolismo mínimo ou estado de quiescente (BEWLEY e BLACK,
1994).
1.4.2.2. Germinação
Defini-se como sendo o processo que sob condições apropriadas, o eixo embrionário
da continuidade ao seu desenvolvimento, que tinha sido interrompido por ocasião da
maturidade fisiológica. A germinação é um processo que como outros fenômenos biológicos
envolve o consumo de energia, esta energia é proveniente da degradação de substâncias de
reservas da própria semente utilizando o oxigênio para degradar esses produto (CARVALHO
et al. 1988).
1.4.3. Fatores que afetam a germinação.
Para que uma semente germine é necessário que ela esteja viva. O período de
longevidade das sementes é difícil determinar porque nem sempre se têm condições de
17
armazenamento apropriado para determinada espécie. Sabe-se, portanto que sob condições
ambientais qualquer semente de diferentes espécies apresenta longevidade por período de
tempos diferentes. O período que uma semente efetivamente vive dentro de seu período de
longevidade varia em função dos fatores a seguir: características genéticas da planta
progenitora; vigor das plantas progenitoras; condição climática predominante durante a
maturação da semente; grau de injúria mecânica; condições de armazenamento. Os fatores
ambientais que influenciam sobre o processo germinativo são: água, temperatura, e oxigênio.
A água, pois durante o processo de absorção ocorre a reidratação dos tecidos e a
intensificação da respiração e de todas as outra atividades metabólicas, que vão fornecer
energia e nutrientes necessários para o crescimento do eixo embrionário. A temperatura em
que ocorre a germinação é um fator importante tanto quanto considerado a germinação
propriamente dita como a velocidade de germinação, e por afetar as reações bioquímicas, que
determinam todo o processo. De maneira semelhante a uma reação química a germinação será
mais rápida quanto maior a temperatura e o processo mais eficiente, quanto maior for a
temperatura, até certo limite, que varia com cada espécie. Isso porque, aquecendo a água,
aumenta-se à energia desta, resultando um aumento da pressão de difusão de água.
(POPINGIS, 1977). O processo germinativo requer suprimentos de energia que é fornecido
por reações oxidativa, há presença ou ausência de oxigênio A degradação das substâncias de
reserva de semente para o fornecimento de nutriente e energia para o desenvolvimento do
eixo embrionário, e ambos os casos há eliminação de gás carbônico no caso da respiração
aeróbica, também há absorção de oxigênio. A dormência das sementes é um outro fator a ser
considerado. Uma semente dispersa da planta mãe, representa um organismo autônomo,
sendo que a continuidade do desenvolvimento do embrião dependerá de fatores como o meio
ambiente e fatores internos da própria semente, ou seja, para que uma semente quiescente
germine em um período relativamente curto é necessário que a mesma possua condições
favoráveis; Entretanto algumas sementes não germinam mesmo quando colocadas em
ambiente aparentemente favorável, tais semente são denominadas dormentes, ou seja,
apresenta algum tipo de restrição interna ou sistêmica a germinação. (CARVALHO et al,
1988).
Assim, a dormência é um bloqueio situado na própria semente ou unidade de
dispersão, ao contrário da quiescência, que é provocada pela ausência ou ineficiência de uma
ou mais fatores externos necessários à germinação.
A dormência pode ser classificada de acordo com sua origem ou com os prováveis
mecanismos envolvidos. Quanto à origem segundo a classificação de (HARPER, 1977): são
18
conhecidos dois tipos de dormência: primária (equivalente à dormência inata) e secundária
(ou induzida).
A presença da hereditariedade na dormência primária tem sido mostrada em inúmeras
espécies, sendo quase todos os casos referentes à dormência física e fisiológica. Estudos
genéticos mostram que em cruzamentos de variedades ou linhagens dormentes e não
dormentes, mostram que o número de genes envolvidos na dormência pode variar de acordo
com a espécie (FERREIRA e BORGHETTI, 2004).
A dormência secundária corresponde aquela que ocorre durante ou após a dispersão da
semente.
Essa condição pode ser induzida quando uma semente não dormente encontra
condições desfavoráveis para a germinação, ou por influencia de substâncias iniciadoras da
germinação presente no meio, como fenóis e outros metabólicos secundários (HILHORT,
1988).
1.4.4. Macropropagação assexuada
È o método de propagação assexuada que consiste em forçar enraizamento de um
broto, folha ou raiz, colocando-os em meio adequado para que se forme uma nova planta
completa com todas as características da original. Pode ser realizada através de duas formas
básicas: estaquia e mergulhia, que diferem pela fase em que a parte que irá formar a nova
planta é destacada da planta mãe. Na estaquia destaca-se uma secção de uma planta, ou seja,
parte de um ramo, folha e raiz, para a indução do desenvolvimento das raízes. Na mergulhia a
parte que irá constituir a nova planta é destacada após o enraizamento.
Estaquia é a técnica de reprodução vegetativa de maior utilização na produção de
plantas em larga escala. Na reprodução por estaquia há quatro fases distintas, iniciando-se
com a produção de brotos, seguido da preparação da estaca e do meio de crescimento, o
terceiro o enraizamento, e por fim a aclimatação das mudas. As fases mais importantes são o
enraizamento e a produção de brotos porque limitam a possibilidade ou não de quantidade de
mudas a produzir. (PAIVA e GOMES, 2001)
Apresenta maior viabilidade econômica para o estabelecimento de plantios clonais,
pois permite, a um custo menor, a multiplicação de genótipos selecionados, em curto período
de tempo. Além disso, a estaquia tem a vantagem de não apresentar o problema de
incompatibilidade que pode ocorrer na enxertia. Dentre os tipos de estaquuia utilizadas
podemos citar a macro e a miniestaquia.
19
A macroestaquia consiste em retirar estacas de 15 a 20 cm de jardins clonais, onde se
coletam as brotações de modo seletivo. A seleção evita presença de patógenos e também evita
que se retire todos os brotos causando um estresse na planta geradora de macro estacas,
preservando as características da planta progenitora (clonagem). A macro estaca é posta para
enraizar em recipientes com substrato e fertilizantes necessários para o seu crescimento
inicial. O local é controlado artificialmente com irrigação e umidade monitoradas em casa de
vegetação.
As mini estacas são provenientes de um jardim mini clonal. As minicepas passam por
um processo de rejuvenescimento e depois assumem o papel de formadoras de mini estacas.
Estas mini estacas possuem tamanho entre 3 e 5 cm, tem em média de um a três pares de
folhas. As coletas de mini estacas variam entre 10 a 25 dias. Em relação aos pares de folhas,
estas são recortadas ao meio para evitar perda de água pelo excesso de área foliar e também
para facilitar a chegada de água ao substrato. Recomenda-se que as coletas devam ser de
forma seletiva, acondicionando as mini estacas em recipientes de isopor com água e sem a
presença de luz, pois evita a oxidação da base da mini estaca recém coletada. O período entre
a confecção das mini estacas e o seu estaqueamento no substrato dentro da casa de vegetação,
devem ser o mais reduzido possível, não excedendo 15 minutos os demais processos são
iguais a macroestaquia.
1.5. POTENCIALIDADES DE ÓLEOS ESSENCIAIS E IMPORTÂNCIA
ECONÔMICA DA ESPÉCIE.
A agricultura sustentável ou alternativa pode ser definida como aquela que utiliza
recursos naturais racionalmente, visando suprir as necessidades das gerações presentes e
futuras, abrange a utilização de compostos químicos presentes nas plantas e que são
resultantes do metabolismo primário e secundário. O primeiro grupo comporta as substâncias
indispensáveis à planta e que se formam graças ao processo fotossintético. O segundo grupo
oriundo do metabolismo secundário, aparentemente sem atividade na planta, possui efeitos
terapêuticos notáveis. Tais substâncias denominadas princípios ativos ou compostos
secundários, são os óleos essenciais ou essências naturais, resinas, alcalóides, flavonóides.
Do ponto de vista químico um óleo essencial é uma mistura heterogênea e complexa,
possuindo de 50 a 300 constituintes voláteis distribuídos entre terpenóides (mono e
sesquiterpenos), lignóides (alil e propenil derivados), hidrocarbonetos, fenóis, ésteres,
aldeídos, cetonas, álcoois e ácidos (MAIA et al, 978 ; MATOS e FERNANDES).
20
As plantas possuem estruturas especiais de segregação, como estruturas celulares
(organelas ou células especializadas), cavidades e canais esquizógenos ou lisígenos e pêlos
glandulares (tricomas e glândulas) Estas estruturas secretoras produzem terpenos e outros
compostos afins, como os taninos. (ESAU, 1972). Segundo o mesmo autor o característico do
odor é produzido por substâncias voláteis principalmente óleos essenciais, distribuídos pela
epiderme do perianto ou em glândulas especiais (osmóforos). Entretanto, muitos produtos
vegetais são igualmente odoríferos (flores) ou geram substâncias odoríferas após fermentação
(glicosídeos cianogênicos e proteínas), sem serem incluídos entre os óleos
essenciais.(GOTTLEB e SALATINO, 1987).
Óleos essenciais são misturas de substâncias orgânicas voláteis, de consistência
semelhante ao óleo, definíveis por um conjunto de propriedades, entre as quais se destacam:
cheiro e sabor. Desde a pré-história, nossos antepassados utilizavam essas substâncias com
finalidades diversas, assim, os óleos essenciais não são novidade, nem se tratando também de
um modismo; trata-se de uma colheita antiga e permanente da natureza generosa aliada à
aspiração humana de uma vida mais saudável (WORWOOD, 1995). Os óleos essenciais são
insolúveis em água e solúveis em solventes orgânicos e obtidos por hidrodestilação das
plantas, que em sua maioria são encontradas em várias partes da planta, incluindo folhas,
flores e raízes. A maioria destes óleos possui aroma agradável e se destinam a indústria de
perfumes, cosméticos e medicina natural (SUDAM 2000).
Os óleos essenciais são utilizados na indústria de alimentos e farmacêutica e em
indústria de perfumes. A sua utilização na indústria vai depender da disponibilidade de
substância sintética, sendo que a aplicação em maior escala se faz na indústria de perfumes e
cosméticos e na medicina natural onde se destaca a aromaterapia, que é a terapia através da
essência das plantas, utilizada atualmente pela medicina alternativa e na automedicação. Os
óleos essenciais são ativos e eficazes principalmente para a pele, cabelos, digestão, stress, dor
e revitalização do organismo. Essas substâncias se encontram nas plantas sob a forma de
complexos, cujos componentes se completam e reforçam a sua ação sobre o organismo.
Mesmo quando a planta medicinal possui somente um princípio ativo, este apresenta um
efeito benéfico superior ao produzido pela mesma substância obtida por síntese química.
Davis, (1996) e Worwood, (1995), citam várias propriedades medicinais atribuídas aos óleos
essenciais, sendo as principais: adstringente, analgésico, antidepressivo, antipirético, antiviral,
bactericida, desodorante, estimulante, fungicida, imunoestimulante. Entretanto a avaliação
desses compostos com finalidades diversas, como, por exemplo, no controle de
21
microrganismos patogênicos de plantas cultivadas ou ainda como herbicida natural, é recente
visto que são poucos os trabalhos nesse campo.
A função dessas substâncias nas plantas tem sido amplamente debatida, havendo
alguma concordância em que se trata de substâncias de defesa da planta. (CARNEIRO, e
FERNANDEZ, 1996).
Os óleos voláteis podem ser usados terapeuticamente como antiparasitário,
antimicrobiano, diurético e hipotensor (LUZ et al, 1984; MENDONÇA et al., 1991;
BEZERRA, 1994; SOUSA et al., 1998), antimalárico (KLAYMAN, 1985), anti-
hemorroidário (PRUDENTE et al., 1993), anti-sifilíco (MENDONÇA et al, 1991)
miorrelaxante, antiespasmódicos, antidiarréicos (ITOKAWA et al, 1981; NASCIMENTO et
al, 1999), antiflamatórios (MENEZES et al, 1990, BIGHETT et al, 1999), analgésicos
(SOUSA et al, 1998), antioxidantes (ABDON, 2001), repelentes (SAITON 1999) e
gastroprotetores (PAIVA et al,1996)
1.6. PLANTAS PIONEIRAS
São plantas que possuem características peculiares para facilitar a sua sobrevivência e
dispersão dentre as quais se destaca o rápido crescimento, alta capacidade de florescimento,
alta produção de sementes e germinação assincrônica, o que interferem na estratégia de seu
manejo. Em geral todas germinam e desenvolvem melhor em condições mais amenas, porém
certas espécies são capazes de se desenvolver onde outras não seriam. Exemplo: tiririca
(Cyperus, spp) que é classificada como uma espécie de ambiente indiferente cresce melhor
em ambiente favorável, porém o ambiente não é tão limitante como seria para outras espécies,
principalmente as plantas cultivadas.
A alta capacidade de florescimento - esta característica expressa a necessidade e
capacidade das espécies de se multiplicarem. Quaisquer que sejam as condições, a maioria das
espécies daninhas floresce e produz sementes em abundância.
A alta produção de sementes - esta característica, juntamente com a dormência, confere às
espécies daninhas a capacidade de perpetuação da espécie e capacidade competitiva.
Uma característica bastante curiosa das espécies daninhas é capacidade de germinação
escalonada, tanto em termos anuais como dentro de uma mesma estação no ano.
Uma espécie que produz alto número de sementes e estas sementes apresenta baixo
poder germinativo anual, tende a permanecer na área e competir por longo período, mesmo
que se usa estratégia de manejo efetiva para a espécie.
22
1.7. AÇÃO DOS FITOREGULADORES
Enquanto nos seres unicelulares o crescimento e a reprodução são diretamente
regulados pela disponibilidade de nutrientes do meio, organismos pluricelulares utilizam
diferentes estratégias para garantir o crescimento integrado e harmonioso de suas diversas
partes. Tanto nos vegetais como nos animais, um dos mecanismos selecionados ao longo do
processo evolutivo foi tornar o crescimento dependente de substancias mensageiras: os
hormônios. Nos vegetais a exigência de um sinal hormonal para o crescimento pode evitar
que tecidos próximo das fontes de nutrientes tenham um crescimento mais pronunciado que
aqueles mais distantes. Um crescimento desproporcional de alguns tecidos prejudicaria
seriamente as plantas já que seus diferentes órgãos possuem funções complementares para sua
sobrevivência. (TRWAVAS, 1981).
Hormônio vegetal é um composto orgânico, não nutritivo e de ocorrência natural,
produzido pela planta, que em baixas concentrações promove, inibe ou modifica processos
morfológicos e fisiológicos do vegetal
Reguladores vegetais são substâncias sintéticas que, aplicadas exogenamente possui
ação similar aos do grupo de hormônios vegetais conhecidos (auxinas, giberelinas,
citocininas, retardadores, inibidores e etileno).
Os hormônios vegetais são um grupo de substâncias orgânicas natural capazes de
influenciar diversos processos fisiológicos, mesmo estando presente em baixas concentrações
(DAVIS, 1996). Entre os diversos processos fisiológicos influenciados pelos hormônios
vegetais, um dos mais fundamentais é a própria expansão celular, cuja somatória resulta no
crescimento de cada tecido e órgão vegetal. A principal classe hormonal associada ao controle
de expansão celular é a auxina.
O mecanismo que envolve o controle de expansão celular pelas auxinas é chamado
hipótese do crescimento ácido. Segundo esta hipótese, o efeito primário das auxinas na
promoção de expansão celular resulta do abaixamento do pH da parede celular, o qual é
medido pela atividade da ATPase de H.. Nas auxinas tanto a indução da transcrição do gene
que codifica as H+-ATPases preexistentes, como o abaixamento do pH estimula a atividade
enzimática que degradariam a parede celular, desencadearia então as seguintes seqüências de
eventos: diminuição do ψp (potencial de pressão), diminuição do ψH (potencial hídrico),
entrada de água na célula e finalmente o aumento do turgor e expansão celular
(CLELAND,1995).
23
As auxinas e as demais classes hormonais (citocininas, giberelinas, acido abcísico,
etileno e bassinoesteróides) são sinalizadores celulares e, como tal, a magnitude de seu efeito
depende fundamentalmente de dois fatores: sua concentração no tecido, célula alvo e a
sensibilidade da célula ao sinal hormonal. A concentração disponível de uma determinada
classe hormonal é regulada por diversos mecanismos como: capacidade de biosíntese,
inativação (degradação oxidativa, conjugação e, transporte). Quanto à sensibilidade, essa é
regulada pela disponibilidade de receptores e moléculas necessárias a transducão do sinal
hormonal. Esses dois mecanismos (sensibilidade e regulação da concentração) são os
principais responsáveis pelas diferenças encontradas entre as repostas de cada tipo de órgão
ou mesmo grupo vegetal a uma determinada classe hormonal. No caso específico das auxinas
é bem conhecido que sua aplicação é mais efetiva na promoção do crescimento dos órgãos
isolados do que em plantas intactas (MAJEROWICZ et al. 2003). Segundo os mesmos
autores, os principais sítios de síntese de auxina são os tecidos meristematicos de diferentes
órgãos, tais como: gemas em brotamento, folhas jovens, extremidade da raiz e flores ou
inflorescência de ramos florais em crescimento. em nível celular promove a expansão, pois
fazem parte na incorporação de materiais na parede celular, promovendo o aumento da
plasticidade.
Foram encontrados apenas três tipos de auxinas de ocorrência natural: ácido indol
acético (IAA) ácido indol butírico (AIB) e o ácido indolacetonitrilo, todos sintetizados a partir
do L-triptofano.
Primeiramente a auxina age causando redução na resistência da parede celular ao
alongamento, que ocorre devido à quebra enzimática das ligações não covalentes entre
hemicelulose e celulose na parede celular, aumentando assim a sua plasticidade. Esse
aumento provoca o influxo de água, o que provoca uma pressão sobre a parede celular,
resultando em alongação.
Aplicação exógena de auxinas pode promover iniciação radicular e desenvolvimento
radicular precoce. Entretanto, dependendo da concentração pode inibir o posterior
crescimento das raízes.
As giberelinas são outra classe de hormônios que nas plantas determinam importantes
alterações fisiológicas, como a floração, paternocarpia, expressão sexual, senescência,
abscisão, germinação e quebra de dormência. As giberelinas possuem uma estrutura
complexa, sendo quimicamente isopropenóides. Atuam estimulando a enzima α amilase e
outras enzimas hidrolíticas, (protease, hidrolases, N-redutase) promovendo hidrólise de
reservas armazenadas na semente. Considera-se que a giberelina promove o crescimento pelo
24
aumento da plasticidade da parede celular, seguido pela hidrólise do amido em açúcar. A
dependência de luz e baixas temperaturas em sementes não domesticadas podem ser
substituídas pela aplicação exógena de giberelinas. As quais não estão diretamente associadas
ao controle de dormência e, sim na promoção da germinação (GUERRA, 2004; CASTRO, et
al. 2005 KLUGE, e PERS, 2005).
Taiz e Zeiger (2004) destacam a possível influência da presença de giberelinas nas
etapas de ativação do crescimento vegetativo do embrião, o enfraquecimento da camada do
endosperma que envolve o embrião e restringe seu crescimento, assim como a mobilização
das reservas energéticas do endosperma, também enfatizado por Maferouwicz et al (2003).
25
1.8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBUQUERQUE, J. M. Plantas medicinais de uso popular. ABEAS-MEC. Brasília, 1989,
96 p.
____________________.Identificação e germinaçção de sementes Amazônicas. Belém
Faculdade de Ciências Agrárias do Pará – FCAP – Serviço de documentação e informação
1993,132p
ALVARENGA, L. R. de; CARVALHO, V. D. de. Uso de substâncias promotoras de
enraizamento em estacas frutíferas. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.9, n.111,
p.47-55, 1983.
ASSIS, T. F. Melhoramento genético do eucalipto. Informe Agropecuário, Belo Horizonte,
v. 12, n. 141, p. 36-46, 1986.
AWAD, M.; CASTRO, P. Introdução à fisiologia vegetal. São Paulo: Nobel, 1989. 177p.
BARROSO, G. M; LIMA, H.C. Sistemática de Angiospermas do Brasil. Rio deJaneiro
LTC 1978. V2
BIASI, L. A.; DE BONA, C. M. Propagação de carqueja (Bacccharis trimera (Less.) A P.
de Candolle) por meio de estaquia. Revista Brasileira de plantas medicinais. Botucatu, v.1,
n.2, p.37-43, 2000.
BERG, M.E.V. e SILVA, M.H.L Plantas Medicinais da Amazônia. In: Simpósio do
Trópico Úmido, I, Belém, EMBRAPA-CPATU, 1984.Anais Belém, EMPREPA-CPATU.
196a, p 127-133 (EMBRAPA-CPATU-Documentos, 36).
_____________________________. Plantas aromáticas da Amazônia. In: Simpósio do
Trópico Úmido, I, Belém, EMBRAPA-CPATU, 1986b, p.96-108. (EMPREPA-CPATU.
Documentos, 36).
26
BEZERRA, M.A.C. Alpinia Sppeciosa Shum: estudos das frações fixas e do óleo essencial.
Fortaleza, 1994. Dissertação (Mestrado em farmacologia) – Curso de Pós-Graduação em
Farmacologia, Universidade federal do Ceará, 1994.
BEWLEY, J.D., BLACK, M. Seeds: Physiology of development and germination. New
York: Plenum, 1994. pág. 445.
BIGHETT, I.E.J.; HIRUMA-LIMA,C.A., GRACIOSO. J.S.; BRITO, A.R. Antiinflamatory
and antinociceptive effects in: Rodents of the essential oil Croton cajuçara Benth. J Pharm
pharmacol, 51 (12): 1447-53, 1999.
BLAZICH. F. A. Chemicals and formulations used to promote adventitious rooting. In:
DAVIES, T. D.: HAISSIG, B. E.; SANKHLA, N. (Eds.) Adventitious root formation in
cuttings. Portland: Dioscorides Pres, 1987. p.132-149. (Advances in Plant Sciences Series, 2).
BREMER, K. Asteraceae-Cladistics and Classification.Portfland, Oregon: Timber Press.
1994.752p.
CARNEIRO, M.A.A. e FERNANDES, G.W. Sexo, drogas herbivoria. As relações
conflituosas entre plantas e insetos, Ciência Hoje, v, 20, n, 118, p. 32-35,1996.
CARVALHO, J.E.U; NASCIMENTO, W.M.O; MULLER CH. Características físicas e de
geminação de sementes de espécies frutíferas nativas da Amazônia. Belém, EMBRAPA-
CPATU. 1998, 18P (EMBRAPA-CPATU. Boletim de pesquisa, 2003)
CASTRO, O.J P.R.C; KLUGE, R.A; PERES, L.E.P. Germinação de sementes: In
Germinação, dormência apical e tropismo. Manual de Fisiologia Vegetal Teoria e Pratica.
p.39-71, 2005
CHUNG, D. Y.; LEE, K. J. Effects of clone, ortet age, crown position, and rooting
ubstance upon the rooting of cuttings of Japanese larch (Larix leptolepis S. et Z.
Gordon). Forestry Genetics Research Institute, v.83, n.2, p.205-210, 1994. (CD-ROM.
Abstract).
27
CORRÊA, M. P. Dicionário as plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de
Janeiro. Ministério da Agricultura, Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal.1984.
4:117-118.
CRONQUIST, A. Na integrated system of classification of flowering plants. New York:
Columbia University Press. 1984. p. 310-313 e 446-448.
DAVIS, P. Arometerapia. São Paulo: Ed. Martins Fontes. 1996. 507 p.
DE CASTRO, R.D; HILHORT,H.W.M. Dormancy, germination and the call cycle in:
Developing and imbibing tomato seeds. Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal, V. 12, p.
105-136, 2000.
DUCKE, A. Plantas de Cultura Precolombiana na Amazônia Braseleira. Notas sobre as
espécies ou formas espontâneas que supostamente lhes teriam dado origem. Boletim Técnico
do Instituto Agronômico do Norte, Belém, Pará, n.8. 1946.
DUNN, D. E.; COLE, J. C.; SMITH, M. W. Position of cut, bud retention and auxins
influence rooting of 252 Revista Ciência Agronômica, Vol. 35, Número Especial, out., 2004:
248 – 252 J. M. M. da Silva et al. Pistacia chinensis. Scientia Horticulturae, Amsterdam, v.67,
n.1/2, p.105-110, nov. 1996.
DUTRA, L. F.; TONIETTO, A.; KERSTEN, E. Efeito da aplicação de ethefon em
ameixeira (Prunus salicina Lindl) e do IBA no enraizamento de suas estacas. Scientia
Agricola, Piracicaba, v.55, n.2, p.296-304, maio/ago.1998.
ESAU, K. Anatomia vegetal. Barcelona: Ômega, S. A. 1972. 779 p.
FACHINELLO, J. C.; HOFFMANN, A.; NACHTIGAL, J. C.; KERSTEN, E.; FORTES, G.
R. de L. Propagação de plantas frutíferas de clima temperado. 2.ed. Pelotas: UFPEL,
1995. 178p.
FACHINELLO, J. C.; KESTER, E. Efeito do ácido indolbutírico na percentagem de
estacas semilenhosas enraizadas de pessegueiro (Prunus domestical L. Batsch), cv.
28
Diamante, em condições de nebulização. Revista Brasileira de Fruticultura, Cruz das
Almas, v.3, p.49-50, 1981.
FERNANDEZ, O. Las malezas y su evolucion. Ciencia y Investigation 35: 49-59, 1979.
GALSTON, A. W.; DAVIES, P. J. Mecanismo de controle no desenvolvimento vegetal. 2
ed. São Paulo, Universidade de São Paulo, 1972. 171p.
GUERRA, M.P., Giberelina in: KEBAUY,G.B. Fisiologia Vegetal, ed. Guanabara Koogan
S.A., 2004
GOMES, J. M.; PAIVA, N. H. Propagação de espécies florestais. Apostila, n° 322, UFV.
GOTTLIEB, O. R. e SALATINO, A. Função e evolução de óleos essenciais e de suas
estruturas secretoras. Ciência e Cultura. 1987. 39 (8):707-716.
GRIME, J.P. Plant Strategies and Vegetation Process. New York, John Wiley & Sons,
1979. 209 p.
HARPER, J. L. Population biology of pants. Academic Press. London, 1977.
HARTMANN, H. T.; KESTER, D. E. Propagación de plantas- principios y prácticas.
México, D. C.: Continental, 1990. 760p.
HOFFMANN, A.; CHALFUN, N. N. J.; ANTUNES, L. E. C.; RAMOS, J. D.; PASQUAL,
M.; SILVA, C. R. de R. e. Fruticultura comercial: propagação de plantas frutíferas.
Lavras: UFLA/Faepe, 1996. 319 p.
ITOKAWA, H,WATANABLE, K., MIHASHIS, S., IITAKA, Y. Isolation of
agarofurantypes sesquiterpenes fron Alpinia japonica (Thunb)Miq. Chem. Pharm. Bull.,
v.28, n.2, p. 681-682, 1981.
JOLY, A B. Botânica introdução à taxonomia vegetal. Companhia. Editora Nacional. São
Paulo, 1998. 777 p.
29
KANLESH, K.; SWAMY, S. L. Effects of auxins and carbendazim on rooting juvenile
and mature stem cuttings of Grewia optiva. Journal of Forestry, New Delhi, v.18, n.1,
p.61-65, 1995.
KLAYMAN, D. L. Quighoosu (artemisinin) an antimalarial drug from China. Science.
V. 228, P. 1049-1055, 1985.
KRAMER, P. J.; KOZLOWSKI, T. T. Propagação. In: KRAMER, P. J.; KOZLOWSKI, T.
T. Fisiologia das árvores. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, cap.13, p.439-475. 1960.
LUZ, A. I.R., ZOGHBI, M. G. B., RAMOS, LS.,MAIA , J.G.S.,V SILVA, M.L. Essential
Oil of some Amazonian Zingiberaceae, 3 Genera Alpinia e Renealmia. J. Nat. Prod., 47
(5):907-908, 1984.
MAHLSTEDE, J. P.; HABER, E. S. Asexual propagation of higher plants. In: Plant
propagation. New York: J. Willey. Parte 3, p.191-238. 1975.
MAIA, J G., ZOGHBI, M.G. B., ANDRADE, E. H. A. Óleos essenciais da
Amazônia:inventário da flora aromática. In: Tópicos especiais em tecnologia de produtos
naturais. Belém: UFPA, NUMA, POEMA. 1998. 127-137.
MAJEROWIEZ,N., FRANÇA, M.E.P.; PERES, L.E.P.; MEDICI, L.O.; e FIGUEIREDO,
S.A. Fisiologia Vegetal. Curso Prático. Rio de Janeiro, 138pag. 2003.
MANDAVA, N. B. The chemistry of allelopathy biochemical interactions amongb plants.
Washington: Edited by Alonzo Thomson. ACS symposium series. 1984. p. 33-54.
MATOS, M.J.A., FERNANDES, A. Relatório de Excursões do Programa de Estudo
Químico de Óleos Essenciais de Plantas Nativas e Cultivadas no Nordeste. Convênio
BNB-CNPq/UFC, 1975-1978, mimeografados.
MENDONÇA, V.L.M., OLIVEIRA, C.L.A.,CRAVEIRO, A.A, RAO, V.S., FONTELES,
M.C. Pharmacological and toxicological evaluation of Alpinia speciosa. Mem. Inst.
Oswaldo Cruz. V. 86, P. 93-97, 1991.
30
MENEZES, A.M.S.; ALMEIDA, F.R.C.; RAO, V.S. MATOS, M.E. O. Antiinflamatory
activity of the essential oil of Vanillosperma arbórea. Fitoterabia LXI (3): 252-254, 1990.
NAKANO, R. K.; KATO, E. T. M e SAITO, S. M. Estudo farmacognóstico de erva de são-
joão caá, Melampodium camphoratum (L. F) Baker. In: Simpósio Internacional de
Iniciação Científica da Universidade de São Paulo. Ribeirão Preto. 2000.
NASCIMENTO, N.R.F., RORIZ-FILHO,J.S., CUNHA, K.M.A. e CARDOSO, J.H.,
FONTELES, M.C., Terpinen 4 – ol - induced relaxation in: Rabbit Duodenum. Submited to
publication on phythorapy re search, 1999
ONO, E. O.; RODRIGUES, J. D. Aspectos da fisiologia do enraizamento de estacas
caulinares. Botucatu: Unesp/Funep,1996. 83p.
OTTONI, N.C. Aspectos gerais da cultura de tecidos. Viçosa, MG: UFV, 1984. 22p.
(seminário).
PAIVA, H. N. de; GOMES, J. M.; COUTO, L. C.; SILVA A. R. Propagação vegetativa de
Eucalyptus por estaquia. Informativo Agropecuário, Belo Horizonte, v.18, n.185, p.23-27,
1996.
PAIVA, L.F.A, RAO, V. S.,GRAMOSA, N.V., SILVEIRA, E.R. Gastroprotective effect of
Copaifera langsdorff óleo-resin on experimentalgastric ulcer inrats. Journal of
Ethnofharmacology, 62: 73-78, 1998.
PESCE, C. Oleaginosas da Amazônia. Revista da Veterinária. Belém, PA. p. 128, 1941.
PIMENTEL, A.A.P. Cultivo de Plantas Medicinais na Amazônia. Belém: Faculdade de
Ciências Agrárias do Pará. 1994.114p.
PINTO, E. B. P.; LAMEIRA, O. A. SANTIAGO, E. J. de. SILVA, F. G. Cultivo de plantas
medicinais aromáticas e codimentares. Brasil, 1. ed. Lavras- MG: FAEPE. 2001. 185p.
31
PITELLI, R.A. Interferência das plantas daninhas em culturas agrícolas. Informe
Agropecuário 11(129): 16-27, 1985.
_______________. Ecologia de plantas invasoras em pastagens. In: Simpósio sobre
Ecossistema de Pastagens, 1º, Jaboticabal, 1990. Anais, p. 69-86.
PRUDENT, D.M, PIIRINEAU, F., BESSIERE, J.M., MICHE, G., BRAVO, R.
Chemicalanalysis, bacteriostatic andfungistatic properties of the essential
oilvoftheatoumau from Martinique (Alpinia speciosa K. Schum). J. Essent. Oil. Res.,
5:255-264, 1993.
REIS, M. S.; MARIOT, A. Diversidade natural e aspectos agronômicos de plantas
medicinais. In: SIMÕES, C. M. O; SCENZEL, E. P.; GOSMAM G. Farmacognosia: da
planta ao medicamento. 2. ed., Porto Alegre/ Florianópolis: Ed. Universidade/UFRGS/Ed.
Da UFSC, 2000. p.11-24.
SAITO, S. M.; BERNUSSO , L. C.; BARROS, N. M.; SAITO, M,L. e KATO, E. T. M.
Atividade antioxidante do extrato etanólico de Melampodium camphoratum (L. F) Baker.
Ver. Bras. Ciênc. Farm. 1999.35 (1): 76.
SCALON, S. P. Q.; RAMOS, M. B. M; VIEIRA, M.do C. Auxinas e boro no comprimento
da maior raiz e número de estacas enraizadas de guaco (Mikania glomerata Sprengel),
alecrim (Rosmarinus officinalis L.) e carqueja (Baccharis trimera Less A P.D.C.) em duas
épocas de plantio. Revista Brasileira de Plantas Medicinais. Botucatu, v.5, n.2, p.71-76,
2003.
SOUSA, M. F.; SANTOS, F.A.; RAO, V.S.; SIDRIM J.J.C.; MATOS, F.J.ª; MACHADO,
M.I.L.; SILVEIRA, E.R. Antinociceptive, anticonvulsivant and antibacterial effects of
the essential oil from the flower heads of egletes viscosa L. Phytoterapy Research. 12: 28-
31, 1998.
SUDAM, Estudo do potencial de mercado de fármacos (medicamentos e cosméticos)
fitomedicamentos, banco de extratos e compostos e serviços de patenteamento e
certificação: relatório. Genamaz Belém, 1999.
32
SUDAM, Estudo de Mercado de Matéria Prima; corantes naturais (cosméticos,
indústria de alimentos),conservantes e aromatizantes, bio-inseticidas e óleos vegetais e
essenciais (cosméticos e oleoquímica), relatório final. Genamaz. Belém, 2000.
TAIZ, L: ZEIGER,E. Fisiologia Vegetal, capítulo 20, p.485 – 516, Trad. Eliane Romanato.
Santarém.. [et al]. 3ª ed, Porto Alegre: Armed, 2007. 719p.
TONIETTO, A.; DUTRA, L. F.; KERSTEN, E. Influência do ácido indolbutírico e
ethephon no enraizamento de estacas de pessegueiro (Prunus persica (L.) Batsch).
Ciência Rural, Santa Maria, v. 27, n. 4, p.567-569, out./nov. 1997.
VIEIRA, L. S. Manual de medicina popular: a fitoterapia da Amazônia. Belém:
Faculdade de Ciências Agrárias do Pará. 1991. 248p.
WHITTAKER,R H. e FEENY, P. P Allelocchemics: chemical interactions between species
science. 1971. 171(3973):757-770.
WILSON, P. J. The concept of a limiting rooting morphogen in woody stem cuttings.
Journal of Horticutural Science, New York, v.9, n.4, p.391-400, 1994.
WORWOOD, S. Arometerapia. Um Guia de A a Z para o uso terapêutico dos óleos
essenciais.São Paulo: Editora Best Seller. 1995. 251p.
XAVIER, A ; WENDLING, I. Miniestaquia na clonagem de Eucalyptus. Informe técnico
SIF, n° 11/ 1998.
XAVIER, A.; SANTOS, G. A. dos; OLIVEIRA, M. L. de. Enraizamento de miniestacas
caulinar e foliar na propagação vegetativa de cedro-rosa (Cedrela fissilis Vell.). Revista
Árvore, Viçosa-MG, v.27, n.3, p.351-356, 2003.
33
CAPÍTULO 2: QUEBRA DE DORMÊNCIA E VIABILIDADE DE SEMENTES DE
SÃO-JOÃO-CAÁ (Unxia camphorata L. F.) EM DIFERENTES PERÍODOS DE
ARMAZENAMENTO.
2.1. RESUMO
O São-joão-caá (Unxia camphorata L.F Asteraceae) é uma erva de ocorrência natural
na Amazônia com potencial medicinal e aromático, no entanto, poucas pesquisas foram
realizadas no sentido de obter-se um maior conhecimento a respeito desta erva. Neste sentido,
o objetivo deste trabalho é avaliar a germinação das sementes de São-joão-caá sob o ponto de
vista físico e fisiológico. Para tanto foram realizados os seguintes estudos: o 1º estudo foi
direcionado para promover a quebra de dormência, submetendo as sementes a uma
escarificação química com ácido sulfúrico (H
2
SO
4
) em períodos de 5, 10, e 15 minutos e a
seguir foram submetidas a duas concentrações de Ácido Giberélico(Ag
3
) (200mg
-1
e 500mg
-1
)
sob duas formas de aplicação, tal estudo foi realizado num esquema fatorial 3x2x2 através de
delineamento de blocos ao acaso com quatro repetições de 25 sementes por parcela. No 2ª
estudo foram conduzidos ensaios para determinação da umidade, curva de embebição e
germinação das sementes em diferentes substratos de areia, fibra de coco, vermiculita e
terriço. Ao final de tais estudos verificou-se que para a quebra de dormência não houve
resultados significativos, poucas sementes germinaram com vinte e nove dias, sendo que a
maioria apresentou dormência que retardou a germinação; no estudo seguinte comprovou-se
que a dormência das sementes não foi superada e devido à impermeabilidade do tegumento,
pois a absorção de água foi maior em semente que tiveram período de armazenamento mais
prolongado, e ainda, que as sementes demonstraram tolerar períodos de armazenamento de
cinco meses mantendo-se viáveis, germinando com baixo teor de umidade nos substratos:
areia e fibra de coco.
Palavras-chave: Germinação; Viabilidade.
34
2.2. ABSTRACT
CHAPTER 2: DORMANCY BREAK AND VIABILITY OF São-joão-caá SEEDS (Unxia
camphorata L. F.) IN DIFERENTS STORE PERIODS
ABSTRACT
The São-joão-caá (Unxia camphorata L.F Asteraceae) is one herb of natural
occurrence in the Amazon with medicinal and aromatic potential, however, little research
were carried out in the sense of obtain a larger knowledge for the respect of this herb. In this
sense, the purpose of this work is to evaluate the seeds germination of São-joão-caá under the
physic and physiologic point of view. As much were carried out the next studies: the 1
o
study
was directed for to promote the dormancy break, submitted the seeds the chemical
scarification with sulfuric acid (H
2
SO
4
) in periods of 5, 10 and 15 minutes and to follow were
submitted for two concentrations of giberelic acid (Ag
3
) (200mg
-1
and 500mg
-1
) under two
forms of use, such study was carried out in factorial scheme 3x2x2 through a split plot
experimental design with four repetitions of 25 seed for parcel. In the 2o study were
conducted essays for humidity determination, imbibition curve and seeds germination in
different substrata of sand, coconut fiber, vermiculita and terriço. In the final of such studies
were verified that for the dormancy break didn’t have significant results, little seeds
germinated with twenty nine days, being that the majority presented dormancy that delayed
the germination; in the next study confirmed that the dormancy of seed didn’t have overcame
and because the impermeability of tegument, for the water absorption was more large in seed
that had store period more prolongate, and yet, that the seed presented to tolerate store periods
of five months were maintained viable, germinated with low content of humidity in the
substrata: sand and coconut fiber.
Palavras-chave Key-words: germination, viability.
35
2.3. INTRODUÇÃO
A espécie Unxia camphorata L. F., família Asteraceae, conhecida popularmente como
São-joão-caá é uma invasora com elevado aroma de cânfora, utilizada na medicina popular
para distúrbios hepáticos. Segundo Maia et al. (1998) a composição química do óleo essencial
dessa espécie contém 26 componentes, tendo como componentes principais α felandreno
(20,5%) e cânfora (15,0%), este último com larga aplicação na indústria farmacêutica de
perfumaria e cosmético. Devido à baixa produção de cânfora o Brasil importa esta matéria
primos de vários países, destacando-se entre eles o Japão e Formosa considerados os maiores
exportadores. Diante do exposto, urge a necessidade do desenvolvimento de mais pesquisas
cientificas direcionadas para o estudo desta espécie, pois poucos estudos existem a respeito
destacando-se Albuquerque (1983) que relata a germinação de semente de São-joão-caá,
como epígea e criptocotilar iniciando o aparecimento radicular aos cinco dias após a
semeadura, continuando aos nove dias com a formação do hipocótilo, aos treze com a
abertura horizontal dos cotilédones acompanhado no décimo oitavo dia pelas folhas opostas,
porém nenhuma informação quanto a viabilidade, dormência, longevidade e comportamento
fisiológico das sementes se recalcitrantes ou ortodoxas, com isto a morfologia e fisiologia de
outras espécies já estudadas subsidiam as pesquisas para esta espécie.
A germinação e a dormência podem ser reguladas por substâncias inibidoras e
promotoras, presentes normalmente no tegumento e no embrião, cuja dormência limita a
propagação das espécies nativas e retarda o processo germinativo (SANTOS et al., 2003).
Porém, Cardoso (2004), alerta para ocorrência de estádios de dormência e quiescência durante
determinado período para a germinação de certas espécies.
Embora a dormência ocorra mais freqüentemente em sementes tolerantes a dessecação
(ortodoxas), há registros de ocorrência também em sementes que precisam manter elevado
conteúdo de água, ou seja, as recalcitrantes (ZAIDAN E BARBEDO, 2004)
A dormência mecânica pode ser superada por uma combinação de baixas e altas
temperaturas, escarificação e aplicação de giberelinas (AG
3
). (STACCIARINI-SERAPHIN,
2004). Maia et al., (1998) constataram em sementes da erva de pasto amazônico denominada
de jurubeba, a superação da dormência pela escarificação com ácido sulfúrico concentrado
durante 5, 10, 15 e 20 minutos e de embebição em ácido giberélico com germinação máxima
na concentração de 6.000 mg
-1
. A combinação desses tratamentos promoveu maior
germinação (86%), de acordo com Santos et al. (2003). O efeito positivo na quebra de
36
dormência das sementes de braquiaria “marandu” pela aplicação de ácido sulfúrico após
dezoito meses de armazenamento foram obtidos por Lago et al. (1999).
A falta de sincronismo na floração provoca uma heterogeneidade nas sementes
colhidas com diferentes graus de maturação interferindo no processo de germinação
(SCHEFF-BASSOL, 1997). Castro et al., (2004) ressalva que muitas sementes concluem seu
desenvolvimento com uma etapa chamada “secagem ou dessecação de maturação”, sendo
uma característica das sementes ortodoxas, as quais quando dispersa da planta mãe,
apresentam baixos conteúdos de água em torno de 5 a 10% de seu peso fresco, não sendo
detectado em sementes recalcitrantes, que mantém o conteúdo de água relativamente elevado,
em torno de 60 a 70% de seu peso fresco, onde sob baixos conteúdos de água, a atividade
metabólica é reduzidíssima, sendo evidente que a água deve ser reabsorvida antes que a
atividade metabólica possa recomeçar.
O substrato também é fator limitante no desenvolvimento da plântula, ou seja, deve ser
adequado, fornecer nutrientes, apresentar porosidade para permitir a entrada de oxigênio e
saída de gás carbônico e proporcionar alguma retenção de água além servirem de suporte para
as plantas (SOUZA, 1983: KAMPF, 1999; SOUZA, 2000).
Os objetivos do presente trabalho foram promover a quebra de dormência e determinar
a viabilidade de sementes de São-joão-caá sob diferentes períodos de armazenamento com
vista a desenvolver métodos e técnicas que possibilitem a formação de plantas sincronizadas
desde o início da germinação até o estádio de plântula.
37
2.4. MATERIAL E MÉTODO
Para o desenvolvimento deste trabalho de pesquisa foram coletadas 70 plantas nativas
de São-joão-caá da área de experimento de açaizais da EMBRAPA/ AMAZÔNIA
ORIENTAL Belém-Pa em início de floração, e transplantadas para vasos de polietileno
contendo como substrato uma mistura de: areia e terriço nas proporções de 30% e 70%,
respectivamente. Após o transplanto as plantas foram acondicionados em casa de vegetação
localizada no campus da UFRA, no Departamento do Instituto de Ciências Agrárias (ICA).
Para facilitar a coleta das sementes, a parte superior dos vasos foi forrada com sacos de
polipropileno, evitando que as mesmas fossem lançadas ao chão (Figura 01 e 02). A coleta de
sementes foi realizada em dias alternados. Após a coleta foi efetuada uma seleção e,
posteriormente, acondicionadas em sacos de papel em sala refrigerada.
Para realização da quebra de dormência foi instalado um experimento fatorial de
3x2x2 inteiramente ao acaso, com quatro repetições, com doze tratamentos formados pelos
seguintes fatores: fator 1, três níveis - três tempo de escarificação com ácido sulfúrico a 98%
(5, 10 e 15 minutos); fator 2, dois níveis - duas concentrações de ácido giberélico (200 mg
-1
e
500 mg
–1
) e fator 3, dois níveis - duas formas de aplicação de ácido giberélico (embebição
inicial das sementes por duas horas, com umedecimento diário com água, e aplicação diária
de AG
3
) com parcelas de 25 sementes. Foi realizada assepsia com hipoclorídrico a 98% por 5
minutos e os gerbox foram previamente lavados e colocados em solução diluída de
hipoclorítrico por 24h. O substrato utilizado foi papel germiteste, previamente autoclavados e
Fig 02: São-joão-caá cultivados em vasos na casa
de vegetação ICA/UFRA Belém 2006.
Fig 01: São-joão-caá nativos nos campos
da EMBRAPA/AMAZÔNIA ORIENTAL
Belém 2006.
38
secos em estufa a 105º C por um período de 24 h e colocados em duas camadas para que
mantivesse a umidade.
Este ensaio foi conduzido em dois ambientes: câmara de germinação, com temperatura
controlada (28ºC) e foto período de 12 horas, e câmara de crescimento de cultura de tecido,
com temperatura média de 25ºC e fotoperíodo de 16 horas.
Os resultados foram submetidos à análise de variância pelo teste (F) e as médias
comparadas pelo teste de Tukey.
Para determinar a viabilidade das sementes após período de armazenamento foram
realizadas pesquisas de determinação da umidade, curva de embebição das sementes,
condutividade elétrica e germinação em diferentes substratos.
As sementes coletadas foram acondicionadas em saco de papel e conservadas em sala
fria do Laboratório de Analise de Sementes (LASD)/ICA, nas condições de temperatura
média de 26 ºC e UR de 86% por 150 e 390 dias. Tomaram-se, também, sementes coletadas
no mesmo dia de instalação dos ensaios (recém-colhidas).
Para a determinação do grau de umidade das sementes armazenadas nos períodos de 0,
150 e 390 dias, procedeu-se da seguinte forma: fez-se uma amostragem de quatro lotes de
sementes desse material, onde foi medido o teor de umidade, baseando-se na secagem da
amostra de sementes de peso conhecido e no cálculo da quantidade de água através do peso da
mesma, conduzida em estufa regulada a temperatura de 105ºC, admitindo uma variação de
mais ou menos 3ºC, as sementes permaneceram por 24h na estufa (BRASIL, 1992). A
seguinte fórmula foi utilizada:
U=
U 100 (P-pU) ,
p-t
Onde: P = Peso inicial representa o peso do recipiente mais tampa e mais o peso das sementes
úmidas.
p = Peso final, representa o peso do recipiente mais sua tampa e mais o peso das
sementes secas.
t = Tara representa o peso do recipiente
A curva de embebição e condutividade elétrica foram estabelecidas através um ensaio
instalado em blocos inteiramente casualizado, com quatro repetições e parcelas de 25
sementes. Processaram-se as observações das relações entre as quantidades das sementes
consideradas viáveis e o processo de embebição. Antes da imersão das 25 sementes em cada
recipiente contendo 60 ml de água destilada, elas foram pesadas (P = Peso Inicial)
seqüenciando-se 1, 2, 3, 6, 9, 12, 24 e 48 horas. Após cada período de hora individualmente as
39
sementes foram retiradas dos recipientes e enxugadas com papel toalha para eliminação do
excesso de umidade da superfície. A cada retirada seguia-se uma pesagem e retorno da
semente para embebição em água renovada.
Os resultados obtidos foram subtraídos do peso inicial e transformados em
porcentagem. As medições da condutividade elétrica prosseguiram-se nos mesmos períodos
da curva de embebição.
Para avaliar a germinação das sementes armazenadas em vários substratos foi
instalado um ensaio num esquema fatorial 3x4 em blocos ao acaso, com quatro repetições, e
parcelas de 25 sementes, onde os fatores foram: fator 1 - três períodos de armazenamento (0,
150 e 390 dias) e fator 2 - quatro substratos (areia fina, fibra de coco, terriço e vermiculita).
A assepsia das sementes foi feita com hipoclorito de sódio A 2,5% em imersão por três
minutos e os substratos esterilizados para evitar contaminação com patógenos.
A semeadura foi realizada em bandejas de polietileno Figura 04 com uma semente por
célula, mantidas em casa de vegetação com temperatura média em torno de 29ºC.
Os resultados foram submetidos à análise de variância ao nível de 5% pelo teste F as
médias pelo teste de Tukey.
40
2.5. RESULTADOS E DISCUSSÂO
O resumo da análise de variância de quebra de dormência, instalados em dois
ambientes, pode ser visto na Tabela 1. Os resultados obtidos em temperaturas com
fotoperíodos distintos mostram que não houve diferença significativa, entre os tratamentos
para quebra de dormência, incluindo a testemunha, apresentando índices de germinação
baixíssimos aos 60 dias e a característica do assincrônismo. . Os resultados deste ensaio estão
indicando que possivelmente as sementes de São-joão-caá apresentam dormência primária e
secundária.
Tabela 1: Dados da análise de variância para percentagem sementes germinadas de Unxia
camphorata, L. F transformados para arco seno x+α , após 60 dias de observação,
referentes ao ensaio de quebra de dormência em diferentes ambientes. Belém-PA,
2006.
Câmara de
germinação
Câmara de
crescimento
Causas de Variação
GL QM GL QM
Tempo de imersão de Ácido Sulfúrico (A) 2 0.0291 ns 2 0.0125 ns
Concentração de Ácido Giberélico (B) 1 0.0130 ns 1 0.0714 ns
Aplicação de Ácido Giberélico (C) 1 0.0046 ns 1 0.0075 ns
Interação AxB 2 0.0006 ns 2 0.0050 ns
Interação AxC 2 0.0110 ns 2 0.0301 ns
Interação BxC 2 0.0130 ns 2 0.0000 ns
Interação AxBxC 2 0.0194 ns 2 0.0101 ns
Tratamento (t – 1) 11 0.1370 ns 11 0.1770 ns
Resíduo 36 0.0135 ns 36 0.0195 ns
Total 47 0,1505 47 0.1965
Cardoso (2004) citando outros autores relacionou dormência com a capacidade da
semente germinar em resposta a temperatura. Assim em sementes de Licopersicon esculentum
com dormência primária mantida no escuro não exibem qualquer atividade de ciclo celular
(seqüência de eventos necessários para expansão e a divisão celular) e nem respondem a
tratamentos com luz e giberelina, mas sim, ao tratamento por resfriamento, pré-requisito para
início do ciclo celular. A diferença entre dormências primária e secundária é de natureza
41
quantitativa, estando relacionada com o estádio do ciclo celular antes da indução de sementes,
ou seja, a primária é induzida durante o desenvolvimento, quando a síntese de DNA, está
aparentemente interrompida e a secundária após o início desse processo.
No estudo da viabilidade de sementes de São-joão-caá, em vários períodos de
armazenamento, determinou-se à umidade das sementes e sua capacidade de absorção.
Quanto à determinação da umidade das sementes os resultados mostraram que as
sementes não armazenadas foram as que apresentaram maior porcentagem de umidade de
16,98 %, seguidos pelas armazenadas aos 150 dias com umidade de 2,21 % e as de 390 dias
de armazenamento apresentaram-se secas (0 %). Esse fato é explicado pelo período que é
inversamente proporcional ao tempo de armazenamento, ou seja, mais tempo de
armazenamento menor percentagem de umidade.
Na Figura 3 pode-se observar a curva de embebição obtida para sementes de São-joão-
caá. De acordo com os dados, a taxa de embebição em água cresceu em valores percentuais de
embebição na amplitude de 0 – 1 hora, tendo oscilações no tratamento T3, com 90 dias de
armazenamento, que decresceu, enquanto que T1, sem armazenamento, e T2, com 150 dias de
armazenamento, cresceram simultaneamente até às 3hs subseqüentes. Posteriormente, esses
tratamentos tiveram pequenas diferenças em que T2 manteve-se estável até às 12hs e T1 até
às 24hs. Em síntese, as sementes mostraram um indicativo da tendência de aumentar a
embebição a partir das 24h, sendo esta tendência menor para tratamento T1, como era
esperado, não havendo efeito significativo entre o comportamento das sementes dos diferentes
períodos de armazenamento. Marques et al (2002) encontraram uma tendência de
estabilização próxima às trinta e seis horas de embebição em sementes de Jacarandá da Bahia.
Os dados indicam que a dormência das sementes de São-joão-caá não é devida a
impermeabilidade do tegumento.
0
10
20
30
40
012369122448
Tempo (horas)
% de embebição
T1 S/armazenamento T2 C/150 dias de armazenamento T3 C/ 390dias de armazenamento
42
Figura 3: Curva de embebição de sementes de Unxia camphorata L. F de três períodos de
armazenamento 0, 150 e 390 dias. Belém –PA, 2006.
As sementes ortodoxas quando dispersadas da planta mães apresentam baixo conteúdo
de água, em torno de 5 a 10% de seu peso fresco. Enquanto que nas sementes recalcitrantes,
fica entorno de 60 a 70% por não sofrer dessecagem, ocorrida na ortodoxa no final de seu
desenvolvimento e dispersão sob baixo conteúdo de água, a atividade metabólica é reduzida,
assim sendo, torna-se evidente que a água deve ser reabsorvida antes que a atividade
metabólica para que possa recomeçar (CASTRO; BRADFORD; HILHORST, 2004).
As informações referentes ao ensaio de germinação de sementes armazenadas de São-
joão-caá em diferentes substratos estão nas Tabelas 2 e 3. Uma visão geral do ensaio pode ser
encontrada nas Figuras 4 e 5.
Tabela 2: Resumo da análise de variância para percentagem de germinação de sementes de
Unxia camphorata, L. F, tranformados para arco seno x+α, referentes ao ensaio
de germinação com diferentes substratos e períodos de armazenamento, obtidos
aos 90 dias. Belém 2006.
Fonte de Variação GL QM
Blocos 3 0.0042
Tratamentos 11 0.0227
Fator
A - substrato 3 0.0368*
B – armazenagem 2 0.0347*
A x B 6 0.0116 ns
Resíduo 33 0.0088
* diferença estatística significativa ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de F.
Tabela 3: Médias de percentagem de sementes germinadas de Unxia camphotata L. F,
tranformados para arco seno x+α, referentes ao ensaio de germinação com
diferentes substratos e períodos de armazenamento, obtidos aos 90 dias. Belém
2006.
Substrato
Período armazenamento
Areia Fibra de coco Terriço Vermiculita Média*
T1 - S/ armazenamento 4.0548 4.2127 4.2127 4.0946 4.1437 A
T2 - C / 150 dias 4.0548 4.2484 4.1345 4.0548 4.1231 AB
T3 - C / 390 dias 4.0548 4.0548 4.0548 4.0548 4.0548 B
Média 4.0548 B 4.1720 A 4.1340 AB 4.0681 B 4.1072
* médias com as mesmas letras não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tuckey.
43
Neste trabalho aos 29 (vinte e nove) dias pós-semeadura os cotilédones estavam
abertos horizontalmente, enquanto que Albuquerque (1993) encontrou um período de treze
(cinco) dias.
Pela análise da variância houve diferença estatística significativa para germinação
entre os substratos e períodos de armazenamento, porém, não houve diferença estatística
significativa para a interação dos fatores. Pelas médias da Tabela 3 verificou-se que a
percentagem de sementes germinadas reduzia-se significativamente com aumento dos dias de
armazenamento, indicando que o armazenamento reduz a germinação de sementes de São-
joão-caá, o que está de acordo com os dados obtidos de embebição e condutividade elétrica
das sementes, onde as sementes não armazenadas tendem a atingir a estabilidade de
embebição de forma mais rápida que as armazenadas, com menores valores de condutividade.
A germinação só não mostrou correlação com a condutividade elétrica, quando compara –se o
tratamento T3 e T2, onde T3 apresentou maior liberação de soluto em relação ao T2, porém,
até aos 90 dias de observação o referido tratamento ainda não havia apresentado sementes
germinadas.
Quanto aos substratos, os mesmos afetaram a germinação de São-João-Caá,
apresentando-se a fibra de coco e terriço como os melhores (Tabela 3) em relação a areia e
vermiculita. Uma vez dispersa da planta mãe, a semente representa um organismo autônomo,
sendo que a continuidade do desenvolvimento do embrião dependerá de uma série de fatores,
seja da própria semente, seja do ambiente. Para que o crescimento do embrião possa ser
Figura 4. Ensaio de germinação de
São-joão-caá em diferentes substratos.
UFRA. Belém/Pa. 2006.
Figura 5. Plântula de São-joão-caá em
substrato de fibra de coco. UFRA Belém-
PA. 2006.
44
retomado, ou seja, ocorra à germinação, primeiramente é preciso que as condições dos
ambientes químico e físico sejam favoráveis a esse processo. Assim, é necessário que a
disponibilidade de água, temperatura e concentração de oxigênio no meio não limitem o
metabolismo germinativo (CARDOSO, 2004). Possivelmente estes fatores são mais
favoráveis nos substratos: fibra de coco e terriço. Deve-se considerar que o terriço é a
condição natural de germinação das sementes desta espécie.
Mesmo que as sementes sejam colhidas prematuramente, depois de secas e
reidratadas, iniciam a germinação em vez de continuar a expressar o processo de maturação,
pois o último componente da qualidade da semente a ser desenvolvido é a habilidade de
sobreviver prolongando no estádio seco, ou longevidade no armazenamento (SANHEWE e
ELLIS, 1996).
Estudos realizados principalmente em espécies invasoras de culturas de regiões
temperadas mostram que a indução e atenuação da dormência secundária podem se suceder
com as estações do ano. Essa variação sazonal da dormência secundária é conhecida como
dormência cíclica. Em geral, a dormência é quebrada durante a estação desfavorável a
germinação e, se por ventura a germinação não ocorre por insuficiência de um fator promotor,
a dormência é induzida na estação de crescimento (verão, para as anuais de verão, ou outono,
para as anuais de inverno), fazendo com que a semente não germine mesmo em condições
favoráveis. Hielhorst (1998) apud CARDOSO (2004) que evidencia o fato de no Brasil, não
existir estudos sobre a ocorrência de dormência cíclica em sementes.
45
2.6. CONCLUSÃO
1- Sementes de São-joão-caá apresentam dormência, porém não ocasionadas pela
impermeabilidade do tegumento.
2- As sementes não toleram longo período de armazenamento.
3- As sementes demonstraram tolerar períodos de armazenamento de cinco meses
mantendo-se viáveis, germinando mesmo com baixo teor de umidade.
46
2.7. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICA
AQUILA, M. E, A. Tipos de diásporos e suas origens. Cap. 4, p. 68-92. In: FERREIRA, A.
G.; BORGHETTI, F. Germinação: do básico ao aplicado. Porto Alegre: Armed, 2004. 323p.
ALBUQUERQUE, J. M. Identificação e germinação de sementes amazônicas. Belém.
Faculdade de Ciências Agrárias do Pará – FCAP. Serviço de documentação e informação.
1993. 132 p.
BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de
sementes.SND/DNDV/CLAV. Brasília, 1992.365p
BUCKERIDGE, M. S.; AIDA, M. P. M.; SANTOS, H. P. Dos acúmulos de reservas. Cap.
2; p. 30-67, 2004. In: FERREIRA, A. G.; BORGHETTI, F. Germinação: do básico ao
aplicado. Porto Alegre: Armed, 2004. 323p.
CARDOSO, V. J. M. Germinação. Capítulo 17. p. 386-408. In: KERBAUY, G. B.
Fisiologoa Vegetal. Ed. Guanabara Koogan S. A. 2004.
CARDOSO, V. J., M. Dormência: estabelecimento do processo. Cap. 5. p 95-123, 2004. In:
FERREIRA, A. G.; BORGHETTI, F. Germinação: do básico ao aplicado. Porto Alegre:
Armed, 2004. 323p.
CASTRO, P. R. C.; KLUGE, R. A.; PERES, L. E. P. Germinação, Dominância Apical e
Tropismo. Manual de Fisiologia Vegetal. Teoria e Prática. Cap. 01, p. 39-71, 2005.
U___________________________________________U Fotomorfogênese. Manual de
Fisiologia Vegetal. Teoria e Prática. Cap. 10. p. 367-388, 2005.
CASTRO, R. D. de; BRADFORD, K. J.; HILHORST, H. W, M. Desenvolvimento de
sementes e conteúdo de água. Cap. 3, p. 51-67, 2004. In: FERREIRA, A. G.; BORGHETTI,
F. Germinação: do básico ao aplicado. Porto Alegre: Armed, 2004. 323p.
47
CASTRO, R. D. de; BRADFORD, K. J.; HILHORST, H. W. M. Embebição e reativação do
metabolismo. Cap. 9, p. 149-162. 2004. In: FERREIRA, A. G.; BORGHETTI, F.
Germinação: do básico ao aplicado. Porto Alegre: Armed, 2004. 323p.
GARCIA, J.; CÍCERO, S.M. Superação de dormência de Brachiaria brizantha cv.
Marandu. Sci. Agricul. (Piracicaba, Braz.) v. 49, nº spe. Piracicaba, 8p. 1992.
GUERRA, M. P. Giberelina. Capítulo 10. p. 297-392. In: KERBAUY, G. B. Fisiologoa
Vegetal. Ed. Guanabara Koogan S. A. 2004.
KAMPF, A. N. Seleção de materiais para uso como substrato. In: KAMPF, A.N.,
FIRMINO, M.H. Substratos para plantas: a base da produção vegetal em recipientes.
Porto Alegre: Gênesis, 1999, p.139-146.
LAGO, A. A. do; MARTINS, L.; GROTH, D. Qualidade das sementes de Brachiara
“Marandu”. Boletim Técnico Informativo do Instituo Agronômico 51 (1). Instituto
Agronômico, Centro de Produção de Material Propagativo, 1999.
MAIA, J. G. S. ZOGHBI, M. G. B.; ANDRADE, E. H. A. Óleos essenciais da Amazônia:
inventário da flora aromática. In: Trópicos especiais em tecnologia de produtos naturais.
Belém: UFPA, NUMA, POEMA. 1998. p. 127-137.
MAJEROWIEZ, N.; FRANÇA, M. E. P.; PERES, L. E. P.; MEDICI, L. O. e FIGUEIREDO,
S. A. Fisiologia Vegetal – Curso Prático. Rio de Janeiro, 138p. 2003.
MARQUES, M. A.; PAULA, R. C.; RODRIGUES, T. J. D. Adequação do teste de
condutividade elétrica para determinar a qualidade fisiológica de sementes de
Jacarandá-da-Bahia (Dalbergia nifra VELL.) (Fr. All. Ex Benth). Revista Brasileira de
Sementes, v. 24, n. 1, p. 271-278, 2002.
SCHEFFER-BASSO, S. M. & VENDRUSCULO, M. C. Germinação de sementes das
leguminosas forrageiras nativas Adesmis araujoi Burk. E Desmodium incanum D. C.
Revista Brasileira de agrociência, v. 3, nº 2, 65 – 68, Mai – Ago, 1997.
48
STACCIARINI-SERAPHIN, E. Ácido abscísico. Capítulo 11, p. 293-307. In: KERBAUY,
G. B. Fisiologoa Vegetal. Ed. Guanabara Koogan S. A. 2004.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia Vegetal. Capítulo 20, p. 495-516. Trad. Eliane Romanat.
Santarém… [et al] 3ª ed., Porto Alegre: Armed, 2004, 719p.
49
CAPITULO 3: ENRAIZAMENTO DE ESTACAS DE SÃO-JOÃO-CAÁ (Unxia
camphorata L. F.) EM DIFERENTES SUBSTRATOS E CONCENTRAÇÕES DE
ÁCIDO INDOLBUTÍRICO
3.1. RESUMO
São-joão-caá (Unxia camphorata L.F Asteraceae), é uma erva que ocorre naturalmente na
região dos campos do norte do Brasil e nas Guianas, estendendo-se até o Panamá. Esta
espécie é muito usada por populações tradicionais da região, devido suas propriedades
digestivas entre outras, tem potencial para produção de óleo essencial. O objetivo desse
trabalho foi desenvolver um processo de propagação assexuada para a espécie, avaliando o
efeito do ácido indolbutírico (AIB) e diferentes substratos no enraizamento de estacas
herbáceas. Para tanto foram instalados dois experimentos: No 1º foram avaliados dez
substratos em duas concentrações de AIB e no 2º foram avaliadas quatro concentrações de
AIB em dois substratos. Os experimentos foram instalados num esquema fatorial em
delineamento de blocos ao acaso com quatro repetições e parcelas de quatro estacas. As
estacas foram enraizadas em tubetes e casa de vegetação com nebulização intermitente, onde
permaneceram por 60 dias, sendo avaliadas quanto a porcentagem de enraizamento,
comprimento da maior raiz, pesos secos de raiz, número de brotações e folhas por estaca.
Concluiu-se ser possível propagar a espécie via enraizamento de estaca herbácea e encontrou-
se efeitos significativos para substratos e concentrações de AIB, recomendando-se a utilização
de areia + casca de arroz carbonizada ou areia + casca de arroz carbonizada + terriço, com ou
sem aplicação de 2000 mg P
–1
P
de AIB.
Palavras chave: Enraizamento, Estacas herbáceas, Regulador do crescimento, Medicinal;
Aromática.
Palavras chave: Propagação, Estacas herbáceas, Regulador do crescimento, Medicinal;
Aromática.
50
3.2. ABSTRACT
STEM CUTTING OF SÃO-JOÃO-CAÁ (Unxia camphorata L. F.) IN SUBSTRATES
AND AIB CONCENTRATIONS
São-João-Caá (Unxia camphorata L.F Asteraceae), is a herb of natural occurrence in the
region of fields in the north of Brazil and in the Guianas, prolongateed until the Panamá. This
specie is much used for the traditional populations of the region, because its effects digestive
proprieties among others, has potential to essential oil production. The objective of the work
was developed a vegetative propagation system and to evaluate the IBA and different
substrata in the rooting of stem herbs. For this were installed two experiment: in the 1P
o
P
were
evaluate ten substrata in two concentrations of AIB and in the 2P
o
P
were evaluated four
concentrations of AIB in two subtstrata. The experiments were installed in the delineate
factorial in split plot with four replications and parcels of four stems. The stems were rooting
in tubets and greenhouse with intermittent nebulization, by sixty days, and were evaluated as
the percentages rooting, length of the longest root, weight of root dry matter, buds and leafs
numbers by stems. It was concluded to be possible to propagate the concentrations of AIB,
the use of sand + sand + rice straw carbonized + soil , with and without applied of 2000 mg P
–1
P
of AIB it was recommended.
Keywords: Propagation; Growth regulator; Medicinal; Aromatic.
51
3.3. INTRODUÇÃO
São-joão-caá (Unxia camphorata L.F., família Asteraceae) é uma espécie aromática e
medicinal de porte herbáceo e crescimento rápido, com ocorrência natural na Amazônia
(CORRÊA; 1984 e ALBUQUERQUE, 1993), utilizada popularmente em distúrbios
digestivos, males do fígado e hepatite (ALBUQUERQUE; 1993). A exploração de plantas de
uso medicinal da flora nativa, por meio da extração direta nos ecossistemas tropicais, tem
levado a reduções drásticas das suas populações naturais seja pelo processo predatório ou pelo
desconhecimento dos seus mecanismos de perpetuação (REIS e MARIOT, 1999). Assim a
domesticação e o cultivo são opções para obtenção da matéria prima de interesse e redução do
extrativismo predatório.
O São-joão-caá, como uma espécie selvagem, desenvolveu várias estratégias para sua
adaptação as condições naturais, entre elas, a dormência de sementes, como visto no Capítulo
2. Normalmente, o início do processo de domesticação de uma a espécie se dá com o
estabelecimento de formas de propagação que permitam o seu cultivo. A reprodução sexuada
é a forma natural de propagação de São-joão-caá (ALBUQUERQUE, 1993), não havendo
registros na literatura de reprodução assexuada.
Entre as diversas técnicas de propagação assexuada existente, pode-se destacar a
propagação por estacas, a qual tem sido reconhecida como um método de maior viabilidade
econômica para o estabelecimento de plantios clonais (PAIVA et al., 1996). Os tipos de
propágulos geralmente utilizados na estaquia são estacas do tipo caulinar, foliar ou radicular
(XAVIER et al., 2003). A propagação por estaca caulinar foi escolhida para aplicação neste
trabalho porque, geralmente, requer apenas que um novo sistema radicular adventício seja
formado, dado o potencial de regeneração de gemas pré-formadas já existentes. A estaca
caulinar é constituída por segmento de um ramo com gemas apicais, ou, laterais podendo ser
lenhosa ou herbácea (XAVIER et al., 2003).
O enraizamento envolve a participação de fatores relacionados à própria planta e ao
meio ambiente, daí a importância da busca de técnicas auxiliares como o uso de reguladores
de crescimento (BIASI e De BONA, 2000) e de substratos mais apropriados. Aplicações
exógenas de auxinas proporcionam maior porcentagem, velocidade, qualidade e uniformidade
de enraizamento e dentre as auxinas mais conhecidas e utilizadas no enraizamento de estacas
têm-se o ácido indolacético (AIA), o ácido-indolbultírico (AIB), o ácido naftaleno acético e o
2-4-diclofenoacético (2,4-D), (AWAD e CASTRO, 1989). Suas formas de aplicação podem
ser via líquida ou talco (BLAZICH, 1987). O ácido indolbutírico (AIB) é um dos mais
52
empregados e mais eficientes (DUNN et al., 1996; TONIETTO et al.,1997; DUTRA et al.,
1998), por ser fotoestável e ser imune à ação biológica (HOFFMANN et al., 1996; ONO e
RODRIGUES, 1996). As concentrações de regulador de crescimento a serem aplicadas
variam em função da espécie (WILSON, 1994), do clone (CHUNG e LEE, 1994), do estado
de maturação (KANLESH et al., 1995), além disso, à presença de folhas nas estacas e
tratamentos auxínicos exercem forte influência estimuladora sobre o enraizamento de estacas
(KRAMER e KOZLOWSKI,1960). O uso de altas concentrações pode matar a base da estaca,
causando excessiva proliferação de células, intensa calosidade ou inibindo o crescimento de
raízes e parte aérea (MAHLSTEDE e HABER, 1975).
Para o processo de propagação de plantas, os substratos a serem utilizados devem ser
adequados, ou seja, além de servirem de suporte para as plantas, devem exercer as funções
básicas, tais como, fornecer nutrientes, apresentar porosidade para permitir a entrada de
oxigênio e saída de gás carbônico e etileno oriundos da respiração das raízes, e proporcionar
alguma retenção de água. O desenvolvimento do sistema radicular vai depender da espécie a
ser cultivada e das características físicas e químicas do substrato, devendo o mesmo ser livre
de patógenos e pragas (SOUZA; 1983; KAMPF; 1999; SOUZA, 2000).
Este trabalho teve como objetivo verificar a possibilidade de propagar
assexuadamente, via estacas herbáceas caulinares, verificar a influência do ácido indolbutírico
e de substratos no enraizamento, de estacas São-joão-caá, para facilitar o cultivo da espécie,
promovendo, como conseqüência, a sua domesticação.
53
3.4. MATERIAL E MÉTODOS
Para desenvolvimento deste trabalho foram realizados dois experimentos, conduzidos
em casa de vegetação com nebulização intermitente, no Instituto de Ciências Agrárias (ICA)
da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), localizada em Belém -PA, no período
de fevereiro a junho de 2006.
As condições climáticas é quente e úmido com temperatura média anual de 26 ºC,
amplitude média de 22 ºC de temperatura mínima e 31 ºC de máxima, umidade relativa do ar
de aproximadamente 90%, pluviosidade média anual de 2761 mm, com período chuvoso de
janeiro a maio (média mensal de 225 mm) e os restantes dos meses com precipitação superior
a 60 mm, conferindo-lhe o tipo Afi na classificação de Köppen.
Foram utilizadas estacas herbáceas coletadas de plantas nativas da espécie. Após a
coleta, os ramos foram padronizados em tamanhos de aproximadamente 15 cm de
comprimento, deixando-se três internódios por estaca e dois pares de folhas cortadas pela
metade, as quais foram submetidas previamente ao tratamento com fungicida por 15 minutos
e a mistura de ácido indolbutírico (AIB) mais talco e, posteriormente, colocadas para enraizar
em tubetes de polietileno, enterradas até 1/3 do seu comprimento (Figura 1).
As estacas foram mantidas em casa de vegetação com irrigação intermitente por
nebulização, com intervalos de 2 horas no período de 12 h, suspendendo-se a irrigação no
período da noite a temperatura média dentro da casa de vegetação permaneceu em torno de
29º C a 30º C.
Os parâmetros utilizados na avaliação do experimento foram: Porcentagem de
sobreviventes (IS), comprimento da maior raiz (CR), peso seco da raiz (PSR), número de
brotações (NB), número de folhas (NF). Os resultados foram submetidos à análise de
variância pelo teste (F) e as médias comparadas pelo teste de Tukey.
O experimento 1 constou de um ensaio, onde foi testado a presença e ausência de AIB
(AIB) (0 mg P
-1
P
e 3000 mg P
–1
P
) e os seguintes substratos: Areia fina, fibra de coco, casca de
arroz carbonizada, terriço, areia fina + fibra de coco, areia fina + casca de arroz carbonizada,
areia fina + terriço, areia fina + fibra de coco + casca de arroz carbonizada, areia fina + fibra
de coco + terriço e areia fina + casca de arroz carbonizada + terriço, misturados em
proporções iguais, com esterilização dos substratos que continham areia, terriço e casca de
arroz carbonizada. O delineamento experimental foi blocos ao acaso,um fatorial de 10 x 2,
repetições, com 4 estacas por tratamento.
54
No experimento 2 avaliou-se quatro concentrações de AIB (0 mg P
-1
P
, 2000 mg P
-1
P
, 3000
mg P
-1
P
e 4000 mg P
-1
P
) e dois substratos (areia fina + casca de arroz carbonizada, areia fina +
casca de arroz carbonizada + terriço), misturados em proporções iguais.P
P
O delineamento
experimental foi de blocos ao acaso um fatorial e 4x2 em, com 8 tratamentos e 7 repetições,
sendo utilizado 4 estacas por unidade experimental. P
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo