33
Todas com seus desejos, segredos, ilusões, fantasias, histórias
encantadas, contos de fadas, danças, filmes, ópera, teatro de revista,
ballet, bailarina, astronomia, carrinhos, bola amarela, animais:
papagaio, periquito, artigos, aspirais, frases, jornais, cavaleiros, números,
amarelo, azul, coliseus, anúncios, frascos, borboletas, correntes, cavalos,
crianças, moedas, corações, sêlos, fotos, ninho, céu, cosmos, caixinhas,
estrelas, anjo em mármore, flor, matemática, taças, gavetas, livros,
engrenagens, coruja, desenhos, colares, tule, cristais, purpurina, gotas,
ópera, boneca, mapas... em suas caixas encantadas, seu pequeno
tesouro, seu mundo desejado, colecionado, sua esperança em
aconchego.
A esperança estava, antes de tudo, na Caixa de Pandora e foi o
que restou nela. Só a esperança entravava nas Caixas de Cornell, não
preexistia ali nenhum vestígio de mal. Nas caixas do artista, podem-se
imaginar pequenas histórias, elaborar narrativas que interligam as
imagens aos objetos e a busca daquilo que queremos, um território em
que nos reconhecemos, lugar dos nossos afins, afetos.