Download PDF
ads:
Roberto Martins Gonçalves
Avaliação do perfil de quimiocinas e sua correlação
com a intensidade do processo inflamatório nas
retinocoroidites supostamente toxoplásmicas.
Belo Horizonte
Faculdade de Medicina da UFMG
2006
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Roberto Martins Gonçalves
Avaliação do perfil de quimiocinas e sua correlação
com a intensidade do processo inflamatório nas
retinocoroidites supostamente toxoplásmicas.
Tese apresentada ao Curso de Doutorado da
Faculdade de Medicina da Universidade
Federal de Minas Gerais, como requisito
parcial à obtenção do título de Doutor em
Medicina.
Área de concentração: Oftalmologia.
Orientador: Prof. Dr. Fernando Oréfice.
Co-orientador: Prof. Dr. Antônio Lúcio Teixeira.
Universidade Federal de Minas Gerais.
Faculdade de Medicina da UFMG
Belo Horizonte – Minas Gerais – Brasil
2006
Universidade Federal de Minas Gerais
ads:
Gonçalves, Roberto Martins
G635a Avaliação do perfil de quimiocinas e sua correlação com a
intensidade do processo inflamatório nas retinocoroidites
supostamente toxoplásmicas/Roberto Martins Gonçalves. Belo
Horizonte, 2006.
122f., il.
Tese.(doutorado) – Universidade Federal de Minas Gerais.
Faculdade de Medicina.
Área de concentração: Oftalmologia
Orientador: Fernando Oréfice
Co-orientador: Antônio Lúcio Teixeira
1.Toxoplasmose ocular/complicações 2.Uveíte posterior/etiologia
3.Coriorretinite/etiologia 4.Quimiocinas CXC/sangue 5.Retina/
imunologia I.Título
NLM: WW 140
CDU: 617.721.6
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
Magnífico Reitor
Prof. Ronaldo Tadêu Pena
Pró-Reitor de Pós-Graduação
Prof. Jaime Arturo Ramirez
Pró-Reitor de Pesquisa
Prof. Carlos Alberto Pereira Tavares
Diretor da Faculdade de Medicina
Prof. Francisco José Penna
Diretora do Hospital das Clínicas
Prof
a
. Tânia Mara Assis Lima
Coordenador do Centro de Pós-Graduação da Faculdade de Medicina
Prof. Carlos Faria Santos Amaral
Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Oftalmologia
Prof. Joel Edmur Boteon
Chefe do Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e
Fonoaudiologia
Prof
a
. Ana Rosa Pimentel de Figueiredo
Membros do Colegiado do Curso de Pós-Graduação em Oftalmologia
Prof. Joel Edmur Boteon
Prof. Márcio Bittar Nehemy
Prof. Marco Aurélio Lana Peixoto
Prof. Sebastião Cronemberger Sobrinho
Prof. Evaldo Nascimento
Prof. Fernando Oréfice
Prof. Henderson Celestino de Almeida
Prof. Homero Gusmão de Almeida
Representante discente: Leonardo Rodrigues Pereira
A Comissão Examinadora que assina abaixo ______________________ a tese
intitulada “AVALIAÇÃO DO PERFIL DE QUIMIOCINAS E SUA CORRELAÇÃO
COM A INTENSIDADE DO PROCESSO INFLAMATÓRIO NAS
RETINOCOROIDITES SUPOSTAMENTE TOXOPLÁSMICAS”, apresentada e
defendida, em sessão pública, por ROBERTO MARTINS GONÇALVES, para a
obtenção do Grau de Doutor em Medicina, pelo programa de Pós-Graduação
em Oftalmologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas
Gerais.
___________________________________
Prof. Fernando Oréfice
Orientador
Universidade Federal de Minas Gerais
___________________________________
Prof. Antônio Lúcio Teixeira
Co-orientador
Universidade Federal de Minas Gerais
___________________________________
Prof. Wesley Ribeiro Campos
Universidade Federal de Minas Gerais
___________________________________
Dr. Décio Costa Lima Júnior
___________________________________
Prof. André Luiz Land Curi
FIOCRUZ
___________________________________
Prof. Francisco Max Damico
Universidade de São Paulo
Suplentes:
___________________________________
Prof. Joel Edmur Boteon
Universidade Federal de Minas Gerais
___________________________________
Prof. Carlos Eduardo Hirata
Universidade de São Paulo
Belo Horizonte, 15 de dezembro de 2006.
Aos meus queridos pais:
exemplos de amor, dedicação,
humildade, perseverança e
cumplicidade com os filhos. Nos
quais procuro me espelhar em
todos os momentos da minha
vida.
À minha esposa Alinne,
companheira que me motiva
sempre e que compreendeu bem
os esforços exigidos para a
concretização deste sonho.
A Rodrigo, Rogério e Rachel,
pelo estímulo e companheirismo.
A Deus, por ter colocado as
pessoas certas na minha vida e
por dar sentido a tudo.
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Dr. Fernando Oréfice, Titular do Departamento de Oftalmologia
da Faculdade de Medicina de Minas Gerais, pela disponibilidade e dedicação
dispensadas à orientação deste trabalho; pelo carinho e orientação
indispensáveis à minha formação médica. Exemplo de profissional dedicado ao
estudo das Uveítes e ao ensino da Oftalmologia.
Ao Professor Dr. Antônio Lúcio Teixeira Júnior, co-orientador deste trabalho,
pela valiosa ajuda e orientação na difícil área da Imunologia. Tornei-me um
admirador da sua imensa capacidade científica e sabedoria na área médica.
Ao Professor Dr. Wesley Ribeiro Campos, Chefe do Serviço de Uveítes do
Hospital São Geraldo, pelos ensinamentos muitas vezes despretensiosos, mas
sempre profundos, que é peculiar ao seu jeito de transmitir conhecimento.
Exemplo de sabedoria abrangente em Oftalmologia.
Ao Professor Dr. Mauro Martins Teixeira, Chefe do Laboratório de
Imunofarmacologia, Departamento de Bioquímica e Imunologia, Instituto de
Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais, pela
disponibilização de toda infra-estrutura necessária para a realização da parte
laboratorial deste trabalho.
À Bernadete e Adriana, funcionárias do Serviço de Uveítes do Hospital São
Geraldo, pela intensa colaboração no acompanhamento dos pacientes
envolvidos no estudo e na coleta de sangue para análise das quimiocinas.
Ao Antônio Lúcio França, Rosélia Maria, Inayana Barbosa, Eluzia Castro,
funcionários do Laboratório Imunolab, que me receberam com o maior carinho
nos seus ambientes de trabalho, orientando-me na preparação do soro para
análise das quimiocinas e colocando toda a estrutura do laboratório à minha
disposição.
Aos colegas, residentes e estagiários do Serviço de Uveítes do Hospital São
Geraldo, pela ajuda na seleção, avaliação e acompanhamento dos pacientes
participantes do estudo.
RESUMO
Introdução: As quimiocinas representam um grupo específico de citocinas que
exercem um papel fundamental na modulação da angiogênese e na migração
de leucócitos para os tecidos oculares durante os quadros de inflamação intra-
ocular.
Objetivo: Avaliar as concentrações séricas das quimiocinas CCL2, CCL11,
CXCL8, CXCL9 e CXCL10 nos pacientes com retinocoroidite de etiologia
supostamente toxoplásmica (RCST) comparado-as ao grupo de pacientes sem
história de uveíte e correlacionando-as aos achados oftalmológicos.
Metodologia: Cinqüenta e cinco pacientes com RCST (Grupo Uveíte) e 40
pacientes sem uveíte (Grupo Controle) foram incluídos neste estudo. Avaliação
oftalmológica foi realizada em todos os indivíduos, incluindo: medida da
acuidade visual (LogMAR), biomicroscopia do segmento anterior, oftalmoscopia
binocular indireta ou direta e medida da pressão ocular. Coleta de sangue foi
realizada após o exame oftalmológico. Os pacientes do Grupo Uveíte
receberam tratamento específico e, após a resolução do processo inflamatório,
nova coleta de sangue foi realizada em 18 sujeitos. Para a análise das
concentrações séricas das quimiocinas, foi utilizado o ensaio imunoenzimático
ELISA.
Resultados: A concentração sérica da quimiocina CXCL8 foi maior no Grupo
Uveíte quando comparado ao Grupo Controle. Vasculite retiniana ocorreu em
43,6% dos pacientes do Grupo Uveíte e esteve relacionada a uma maior
concentração sérica da CXCL8. Não houve correlação entre a intensidade das
opacidades vítreas e as concentrações séricas das quimiocinas estudadas. Os
pacientes com lesões agudas de retinocoroidite maiores do que 2 diâmetros de
disco óptico apresentaram níveis mais elevados de CXCL8. Houve também
correlação positiva entre o tamanho da lesão e os níveis de CXCL9. Houve
uma queda estatisticamente significativa dos níveis de CXCL8 após o
tratamento específico e a cicatrização da lesão de retinocoroidite.
Conclusões: Os níveis séricos da quimiocina CXCL8 estão aumentados nos
pacientes com RCST ativa, correlacionando-se com a presença de vasculite
retiniana e lesões de maiores dimensões. Os níveis de CXCL8 diminuem com o
tratamento específico, podendo ser úteis para o seguimento dos pacientes.
ABSTRACT
Introduction: chemokines are a specific group of cytokines that has an
important role in the angiogenesis and in leucocyte migration into the eye during
intraocular inflammation.
Purpose: to evaluate serum levels of the chemokines CCL2, CCL11, CXCL8,
CXCL9 and CXCL10 in patients with presumed acute toxoplasmic
retinochoroiditis, compare them to the patients without history of uveitis and to
correlate them to ophthalmic findings.
Methods: 55 patients with presumed toxoplasmic retinochoroiditis (Uveitis
Group) and 40 patients without history of uveitis (Control Group) were selected
to this study. Ophthalmic evaluation was made in all patients and included:
visual acuity measure (LogMAR), anterior segment biomicroscopy, direct or
indirect binocular opthalmoscopy and ocular pressure measure. Blood sample
was collected in all patients after the ophthalmic evaluation. The patients of
Uveitis Group received specific treatment and after resolution of the
inflammatory process, new blood sample was collected in 18 subjects. To
evaluate serum concentrations of the chemokines was used ELISA
immunoassay.
Results: the serum concentration of the CXCL8 chemokine was higher in the
Uveitis Group when compared to the Control Group. The presence of retinal
vasculitis was one finding in 43.6% to patients of the Uveitis Group and was
correlated with a higher serum concentration of CXCL8. There was not
correlation between intensity of vitreous opacities and serum concentrations of
the chemokines studied. The patients with acute lesions of retinochoroiditis
bigger than 2 diameters of optic disc had statistically higher levels of CXCL8.
There was one positive correlation between the size of lesion and the levels of
CXCL9. There was statistically decrease in the serum levels of CXCL8 after
treatment and healing of active retinochoroiditis.
Conclusions: levels of CXCL8 are increased in serum of patients with
presumed acute toxoplasmic retinochoroiditis and correlates with the presence
of retinal vasculitis and major ocular lesions. Levels of CXCL8 decrease with
treatment and may be useful for patient follow up.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 Retinografia de paciente do Grupo Uveíte evidenciando lesão de
retinocoroidite em atividade e opacidade vítrea classificada como
1+/4+ .......................................................................................... 63
Figura 2 Retinografia de paciente do Grupo Uveíte evidenciando lesão de
retinocoroidite em atividade e opacidade vítrea classificada como
2+/4+........................................................................................... 64
Figura 3 Retinografia de paciente do Grupo Uveíte evidenciando lesão de
retinocoroidite em atividade e opacidade vítrea classificada como
3+/4+........................................................................................... 64
Figura 4 Retinografia de paciente do Grupo Uveíte evidenciando lesão de
retinocoroidite em atividade e opacidade vítrea classificada como
4+/4+........................................................................................... 65
Figura 5 – Retinografia de paciente do Grupo Uveíte evidenciando presença
de vasculite retiniana................................................................... 65
Gráfico 1 – Representação em box-plot dos níveis séricos (pg/ml) de todas as
quimiocinas estudadas, tanto no Grupo Uveíte quanto no Grupo
Controle....................................................................................... 74
Gráfico 2 – Níveis séricos de CXCL8 (pg/ml) nos pacientes do Grupo
Controle e nos pacientes que apresentavam ou não vasculite
retiniana no Grupo Uveíte........................................................... 77
Gráfico 3 – Representação em box-plot dos níveis séricos (pg/ml) de CXCL8
de acordo com o tamanho da lesão de RCST em atividade....... 80
Gráfico 4 – Representação em box-plot dos níveis séricos (pg/ml) de CXCL9
de acordo com o tamanho da lesão de RCST em atividade....... 80
Gráfico 5 – Níveis séricos da quimiocina CXCL8 de 18 pacientes com RCST
(Grupo Uveíte) antes e após o tratamento.................................. 82
LISTA DE TABELAS
Tabela1 – Quimiocinas humanas identificadas............................................ 44
Tabela 2 – Características quanto à idade, gênero e acuidade visual dos
pacientes envolvidos no estudo.................................................. 71
Tabela 3 – Características do primeiro exame oftalmológico nos pacientes
com RCST aguda (Grupo Uveíte)............................................... 72
Tabela 4 Níveis séricos (pg/ml) das quimiocinas estudadas nos dois
grupos.......................................................................................... 73
Tabela 5 Coeficiente de correlação de Pearson para avaliar a influência da
idade nas concentrações séricas das quimiocinas estudadas.... 75
Tabela 6 Coeficiente de correlação de Pearson para avaliar a influência do
sexo dos pacientes nas concentrações séricas das quimiocinas
estudadas.................................................................................... 75
Tabela 7 Níveis séricos (pg/ml) das quimiocinas divididas de acordo com o
intervalo de tempo entre os primeiros sintomas relatados pelos
pacientes do Grupo Uveíte e a primeira coleta de sangue......... 76
Tabela 8 Níveis séricos (pg/ml) das quimiocinas nos pacientes que
apresentavam ou não vasculite retiniana associada ao quadro de
RCST ativa (Grupo Uveíte) e no Grupo Controle........................ 78
Tabela 9 Níveis séricos (pg/ml) das quimiocinas de acordo com a
intensidade das opacidades vítreas no Grupo Uveíte................. 79
Tabela 10 – Níveis séricos (pg/ml) das quimiocinas divididos de acordo com a
localização da lesão de RCST em atividade............................... 81
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
APC Antigen-presenting cell – célula apresentadora de antígenos
CC família de quimiocinas com resíduo de cisteína adjacente
CCR,
CXCR,
CX
3
CR,
XCR receptores de quimiocinas
COEP Comitê de Ética em Pesquisa
CTL Células T CD8+ efetoras citotóxicas ou citolíticas
CX
3
C família de quimiocina com resíduos de quimiocinas separadas por
três aminoácidos
CXC família de quimiocinas com resíduos de quimiocinas separadas
por um aminoácido
DD diâmetro do disco óptico
ELISA Enzyme-Linked Immunoabsorbent Assay – Ensaio Enzimático de
Imunoabsorção
EPR estrato pigmentoso da retina
G-CSF granulocyte-colony-stimulating factor – fator estimulador de
colônia de granulócitos
GM-CSF granulocyte-monocyte-colony-stimulating factor – fator estimulador
de colônia de granulócitos-macrófagos
HLA Human leucocyte antigens – antígenos leucocitários humanos
ICB Instituto de Ciências Biológicas
Ig imunoglobulina
IL interleucina
INF-γ interferon-gama
iNOS enzima óxido nítrico sintetase
kDa quilodaltons
Kg quilograma
LogMAR logarítmo do mínimo ângulo de resolução
M molar
M-CSF macrophage-colony-stimulating factor – fator estimulador de
colônia de monócitos-macrófagos
mg miligrama
ml mililitros
NK natural-killer cells – células natural killers
o
C grau centígrado
RCST retinocoroidite supostamente toxoplásmica
RNAm ácido ribonucléico mensageiro
RPM rotações por minuto
TCR T Cell Receptor – Receptor de células T
Th Linfócitos T auxiliares (helper), ou padrão de resposta imunológica
TNF-α Tumor Necrosis Factor-α – fator de necrose tumoral alfa
UEA uveíte experimental auto-imune
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais
VEGF vascular-endothelial growth factor – fator de crescimento do
endotélio vascular
XCL família de quimiocina com apenas um resíduo de cisteína
µm micrômetro
Observação: Neste trabalho, os termos utilizados estão de acordo com a 1ª
.
edição brasileira da Nômina Anatômica (afiliada à Federative Committee on
Anatomical Terminology). Referência nacional: Abib e Oréfice, 2005.
SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA..................................................................... 18
2 – REVISÃO DA LITERATURA............................................................................... 21
2.1 – Agente etiológico da toxoplasmose e histórico .................................... 22
2.2 – Manifestações oculares da toxoplasmose ........................................... 24
2.2.1 – Prevalência e manifestações ........................................................ 24
2.2.2 – Patogênese ................................................................................... 29
2.2.3 – Toxoplasmose ocular congênita ou adquirida ............................... 30
2.3 – Resposta imune ao Toxoplasma gondii............................................... 31
2.3.1 – Imunidade inespecífica.................................................................. 31
2.3.2 – Imunidade específica ao T. gondii................................................. 33
2.3.3 – Rede de citocinas na infecção por T. gondii.................................. 38
2.4 – Quimiocinas ......................................................................................... 42
2.4.1 – Estrutura e função......................................................................... 42
2.4.2 – O papel das quimiocinas nas doenças oculares ........................... 48
2.5 – O papel das quimiocinas nas uveítes .................................................. 50
2.5.1 – Estudos experimentais .................................................................. 50
2.5.2 – Estudos em humanos.................................................................... 51
3 – OBJETIVOS........................................................................................................... 57
4 – MATERIAL E MÉTODO....................................................................................... 59
4.1 – Seleção dos pacientes......................................................................... 60
17
4.2 – Avaliação dos pacientes participantes ................................................. 61
4.3 – Processamento do soro para a análise das quimiocinas ..................... 66
4.4 – Escolha das quimiocinas a serem avaliadas ....................................... 66
4.5 – Análise estatística................................................................................ 68
5 – RESULTADOS ...................................................................................................... 70
6 – DISCUSSÃO.......................................................................................................... 83
7 – CONCLUSÕES ..................................................................................................... 96
8 – REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS..................................................................... 98
9 – ANEXOS............................................................................................................... 116
9.1 – Parecer do COEP referente ao Projeto.............................................. 117
9.2 – Tabelas com os dados dos pacientes envolvidos no estudo. ............ 118
1 – INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
______________________________________________________________________
19
As quimiocinas pertencem a um restrito grupo de citocinas de 8 a 12
kDa, que foram inicialmente identificadas devido à sua habilidade em atrair
leucócitos. Essas moléculas protéicas induzem migração celular contra
gradientes de concentração, exercendo papel fundamental no acúmulo de
leucócitos nos tecidos inflamados e na interação com as células residentes do
tecido envolvido (WALLACE et al., 2004).
As quimiocinas e seus receptores têm sido amplamente estudados nas
doenças oculares. Observou-se que estas substâncias possuem um papel na
homeostase do tecido ocular, não estando envolvidos apenas em processos
inflamatórios (FOXMAN et al., 2002). Estudos em modelos animais e em
humanos têm identificado várias quimiocinas em diferentes formas de uveítes,
sendo produzidas tanto por células residentes quanto por células inflamatórias,
o que sugere um papel importante dessas proteínas e seus receptores na
patogênese das mesmas. Além disso, a compreensão das vias envolvidas na
atuação das quimiocinas e seus receptores nas doenças oculares pode criar
uma nova possibilidade terapêutica, atuando de forma específica nestes
mecanismos que envolvem a migração, ativação e retenção de células
inflamatórias nos tecidos oculares.
Estudos mostram que algumas quimiocinas são expressas
abundantemente nos tecidos oculares durante o pico do processo inflamatório
da uveíte experimental auto-imune (UEA) (CRANE et al., 2001) e que a
neutralização de determinadas quimiocinas através de anticorpos específicos
poderia exacerbar o processo inflamatório (SONODA et al., 2003). Em outro
20
trabalho, a administração destes anticorpos foi capaz de suprimir o
desenvolvimento da uveíte anterior recorrente (MANCZAK et al., 2002).
Nas uveítes em humanos, vários estudos têm realçado a importância
das quimiocinas nas uveítes de etiologia não-infecciosa (WALLACE et al.,
2004). Por outro lado, o perfil dessas proteínas e dos seus receptores nas
uveítes infecciosas é pouco estudado. O perfil das quimiocinas na infecção
pelo Toxoplasma gondii é relatado na doença sistêmica ou em estudos
experimentais (DENNEY et al., 1999), mas sem abordar as características do
perfil dessas proteínas na retinocoroidite supostamente toxoplásmica (RCST).
Como a coleta do humor aquoso não é um procedimento realizado de
rotina na avaliação dos pacientes com uveíte, este estudo foi realizado com os
objetivos de avaliar se há alteração no perfil das quimiocinas séricas na RCST.
Avaliou-se, também, se houve correlação entre os níveis séricos das
quimiocinas com as características do quadro de uveíte nos pacientes
acometidos, entre elas a presença de vasculite retiniana, tamanho da lesão de
retinocoroidite em atividade e a intensidade das opacidades vítreas. As
quimiocinas avaliadas neste trabalho foram: CCL2, CCL11, CXCL8, CXCL9 e
CXCL10. Esse é o primeiro trabalho a investigar o perfil sérico das quimiocinas
na RCST aguda.
2 – REVISÃO DA LITERATURA
______________________________________________________________________
22
2.1 – Agente etiológico da toxoplasmose e histórico
Reino: protista; Subreino: Protozoa; Filo: Apicomplexa; Classe:
Sporozoea (Sporozoa); Subclasse: Coccidia; Ordem: Eucoccidiida;
Subordem: Eimeriidae; Família: Sarcocystidae: Gênero: Toxoplasma;
Espécie: Toxoplasma gondii.
Os organismos hoje pertencentes ao gênero Toxoplasma foram
descritos independentemente, em 1908, por SPLENDORE (Brasil), em coelhos
e por NICOLLE E MANCUEAX, no “gondi” (Ctenodactylus gondi), roedor norte-
africano. No ano seguinte, NICOLLE E MANCUEAX (1909), criaram o novo
gênero Toxoplasma, com a espécie Toxoplasma gondii.
A primeira descrição de toxoplasmose em humanos foi feita pelo
oftalmologista Janku, em 1923, na cidade de Praga, e tratava-se de um caso
de toxoplasmose congênita. Ao realizar a necrópsia de uma criança de 11
meses de idade que foi ao óbito em decorrência de uma doença disseminada e
grave (hidrocefalia, microftalmia e coloboma na região macular), notou que o
organismo que estava presente no bulbo ocular constituindo um cisto
parasitário era, possivelmente, o Toxoplasma gondii (JANKU, 1923). No Brasil,
o primeiro caso de toxoplasmose foi diagnosticado em 1926 por Margarino
Torres, em um recém-nascido (ORÉFICE & BAHIA-OLIVEIRA, 2005).
Porém, somente após 1937, com os estudos de WOLF & COWEN
(1939), a toxoplasmose passou a ser reconhecida por sua importância médica.
Esses autores descreveram nos Estados Unidos da América, um caso fatal de
encefalite granulomatosa infantil. A forma adquirida desta parasitose foi
inicialmente descrita por PINKERTON & WEINMAN (1940) em um adulto jovem
23
com doença generalizada e fatal. Em 1941, PINKERTON & HENDERSON
descreveram dois casos fatais de uma doença exantemática febril em adultos
e, no mesmo ano, Sabin relatou casos de encefalite pelo Toxoplasma gondii
em crianças (SABIN, 1941).
A introdução do teste do corante (Reação de Sabin e Feldman ou “dye-
test”), em 1948, facilitou o diagnóstico e possibilitou a realização de
investigações epidemiológicas (SABIN & FELDMAN, 1948).
O gênero Toxoplasma gondii é membro da família Sarcocystidae, que
tem com hospedeiro definitivo membros da família Felidae, sendo o gato
doméstico (Felis catus) o de maior importância epidemiológica (KAWAZOE,
1995). Tem como hospedeiros intermediários animais homeotérmicos incluindo
o homem. Por ser um parasita obrigatoriamente intracelular, o T. gondii pode
ser encontrado em vários tecidos, células (exceto hemácias) e líquidos
orgânicos, tais como a saliva, o leite, o esperma e o líquido peritoneal
(FRENKEL, 1971) Apresenta morfologias múltiplas dependendo do habitat e do
estado evolutivo. As principais formas que pode apresentar durante o seu ciclo
evolutivo são:
Taquizoíto (endozoíto): foi a primeira forma descrita e o seu aspecto
morfológico, ou seja, em forma de arco (toxon = arco), deu o nome ao gênero.
Quando corado pelo Giemsa, apresenta-se com o citoplasma azulado e o
núcleo vermelho. É um estágio de rápida multiplicação do parasita, com
capacidade para invadir ativamente uma célula e se multiplicar em vacúolos
citoplasmáticos, denominados vacúolos parasitófagos. A proliferação
exacerbada conduz ao rompimento da célula hospedeira liberando os múltiplos
24
taquizoítos que, livres, penetram em células contíguas ou caem na circulação.
É a principal forma encontrada na fase aguda da doença.
Bradizoítos (cistozoítos): forma parasitária com multiplicação lenta
encontrada no interior das células do hospedeiro e que resulta na formação dos
cistos teciduais. É a principal forma encontrada na fase crônica da doença.
Esporozoítos: forma do T. gondii presente nos oocistos maduros, os
quais são produzidos no intestino de felinos e eliminados em suas fezes. Os
oocistos apresentam no seu interior dois esporocistos, cada qual formado por
quatro esporozoítos. Em contato com o ambiente, os oocistos passam a ser
infectantes.
2.2 – Manifestações oculares da toxoplasmose
2.2.1 Prevalência e manifestações
Estima-se que o parasita T. gondii infecte aproximadamente 13% a 50%
da população mundial (JONES et al., 2001). Em 1972, estimava-se que
aproximadamente 500 milhões de pessoas no mundo estariam infectadas pelo
T.gondii, representando cerca de 1/8 da população mundial (HOLLAND, 2003).
A prevalência da sorologia positiva para a toxoplasmose varia amplamente no
mundo e depende de fatores como hábitos alimentares, higiene e clima
(ROTHOVA, 2003). O estudo mais confiável sobre a prevalência da sorologia
positiva nos Estados Unidos foi derivado do terceiro National Health and
Nutrition Examination Survey, que foi realizado entre 1988-1994, no qual a
25
dosagem de IgG anti-toxoplasma foi positiva em 23% das amostras séricas de
17.658 pacientes (ROTHOVA, 2003). Em algumas áreas da região sul do Brasil
a prevalência da sorologia positiva para toxoplasmose entre crianças de 10-15
anos é muito alta, chegando a atingir 98% dessa população estudada
(SILVEIRA et al., 1988)
Em relação ao envolvimento ocular, sabe-se que a RCST é a
causa mais comum de uveíte posterior em várias partes do mundo, incluindo a
América do Norte, América do Sul e regiões da Europa (HOLLAND, 2003). A
prevalência da doença ocular em pacientes infectados pelo T. gondii é ainda
incerta; sendo que, o envolvimento é mais comum e mais grave nos pacientes
com sistema imune deficiente ou comprometido, ou seja, neonatos ou adultos
imunocomprometidos (BOSCH-DRIESSEN et al., 2002; SMITH &
CUNNINGHAM, 2002; HOVAKIMYAN & CUNNINGHAM, 2002). O
envolvimento ocular na toxoplasmose congênita pode alcançar até 80% dos
pacientes com acompanhamento superior a 20 anos. Por outro lado, a
prevalência do envolvimento ocular na toxoplasmose adquirida ainda não é
bem estabelecida (WILSON et al., 1980; KOPPE & ROTHOVA, 1989). Dois
estudos de prevalência da toxoplasmose ocular realizados nos Estados Unidos
da América encontraram resultados semelhantes (0,6%) (SMITH & GANLEY,
1972; MAETZ et al., 1987). Baseado na prevalência sorológica da época
desses estudos, a proporção de pacientes infectados pelo T. gondii com
envolvimento ocular seria aproximadamente de 2% (HOLLAND, 2003). Estudo
realizado no Brasil avaliou um total de 1042 pessoas, observando a presença
de lesões de RCST em 17,7% dos indivíduos examinados (GLASNER et al.,
1992).
26
Poucos estudos abordam a incidência da toxoplasmose ocular. A
estimativa de incidência de retinocoroidite aguda sintomática para todas as
pessoas nascidas no Reino Unido era de 0,4/100.000/ano, e para negros
nascidos no oeste da África foi de 57/100.000/ano (GILBERT et al., 1995).
A RCST ocorre em 70-90% dos casos de infecção congênita. O
acometimento ocular é mais freqüente em associação apenas à doença
neurológica (95%) do que à doença disseminada (66%). Como única
manifestação da toxoplasmose congênita, o acometimento ocular ocorre em
10% dos casos. A RCST em pacientes com infecção adquirida pelo T. gondii
apresenta índices variando de 2% a 30% (GILBERT & STANFORDT, 2000).
Estudo nacional observou que de um total de 7.680 casos de uveítes
avaliados, 43,1% foram diagnosticados como RCST, e de um total de 1.955
uveítes posteriores, 72,9% foram diagnosticadas como RCST (FERNANDES &
ORÉFICE, 1996). Esse estudo confirmou a toxoplasmose como a principal
causa de uveíte posterior no nosso meio.
A manifestação ocular típica da toxoplasmose consiste em uma
retinocoroidite focal necrosante acompanhada de reação vítrea,
freqüentemente associada com uma lesão cicatrizada satélite indicativa de
ataque recorrente. Em uma série de 154 pacientes, as lesões satélites
ocorreram em 80% dos pacientes comparada com 20% de lesões únicas
(BOSCH-DRIESSEN et al., 2002).
Gravidade da toxoplasmose ocular parece ser influenciada por uma
combinação de diversos fatores; muitas vezes, sem nenhuma correlação entre
eles. Isto tem dificultado retirar conclusões a respeito desses fatores na
literatura médica existente devido ao fato de muitos estudos serem realizados
27
de forma não-controlada e a gravidade da doença não ser definida de forma
consistente e de maneira quantitativa (HOLLAND, 2004). A avaliação da
gravidade da doença é feita de forma heterogênea pelos diversos trabalhos,
sendo que, alguns autores a avaliam pela presença de complicações, outros
pela piora da acuidade visual, tamanho da lesão em atividade ou cicatrizada,
intensidade da reação inflamatória na câmara anterior ou no corpo vítreo,
envolvimento da retina macular ou periférica, número de recorrências
(HOLLAND, 2003, 2004; VALLOCHI et al., 2005).
O tamanho da lesão varia de 1/10 de diâmetro de disco óptico (DD) até
dois quadrantes da retina. ASSIS et al. (1997) obervaram que, em 52 pacientes
avaliados, as lesões eram menores ou iguais a 1 DD em 69% dos casos na
fase inicial e em 80% dos casos na fase final, e maiores que 1 DD em 31% na
fase inicial e 20% na fase final. Alguns estudos observaram uma relação
positiva entre o tamanho da lesão, o risco aumentado de complicações e um
maior tempo de duração da doença ativa (HOLLAND, 2004).
O acometimento do corpo vítreo é constante na toxoplasmose ocular e
responsável por seqüelas importantes da doença. Ocorrem opacidades difusas
ou localizadas, hemorragias, pigmentos e zonas de rarefação. A opacificação
vítrea tem resolução lenta, podendo, nos casos graves, demorar, às vezes,
mais de um ano após total cicatrização da lesão. Pode haver contração e
descolamento do corpo vítreo posterior (ORÉFICE & BAHIA-OLIVEIRA, 2005).
Manifestações atípicas compreendem lesões largas, eventualmente
múltiplas e/ou bilaterais; forma punctata externa; neurorretinite; neurite; forma
pseudomúltipla; esclerite; reação vítrea intensa sem lesão focal em atividade
(ORÉFICE & BAHIA-OLIVEIRA, 2005; BOSCH-DRIESSEN et al., 2002; SMITH
28
& CUNNINGHAM, 2002; HOVAKIMYAN & CUNNINGHAM, 2002; FARDUEA et
al., 2002; LABALLETTE et al., 2002). Complicações como irite granulomatosa,
pressão intra-ocular elevada, vasculite retiniana, oclusões vasculares,
descolamento de retina seroso ou regmatogênico, entre outras, podem
dificultar o diagnóstico correto da toxoplasmose ocular (FARDUEA et al., 2002;
ROTHOVA, 2003).
A vasculite retiniana é comum em pacientes com toxoplasmose ocular e
pode ocorrer na vizinhança ou distante do foco ativo de retinocoroidite
(THEODOSSIADIS et al., 1995). Esse achado usualmente se apresenta como
um embainhamento perivascular difuso ou segmentar. Em alguns casos, a
oclusão de ramos arteriais ou venosos pode ocorrer, resultando em infartos
retinianos com conseqüente perda de campo visual. A neovascularização
retiniana ou sub-retiniana já foram relatadas como uma complicação possível
da toxoplasmose ocular (SMITH & CUNNINGHAM, 2002).
A redução da acuidade visual na RCST ativa pode resultar da turvação
ou opacificação dos meios e do acometimento foveal diretamente causado pela
lesão ou conseqüente ao edema retiniano secundário às lesões retinianas
distantes da região macular (ORÉFICE & BAHIA-OLIVEIRA, 2005).
O processo evolutivo da RCST revela que a cicatrização da lesão ocorre
da periferia para o centro, ou seja, de maneira centrípeta. Nesses casos,
observa-se que, progressivamente, as margens da lesão vão ficando mais
nítidas, o exsudato e a vitreíte diminuem, até que resta uma zona central
amorfa, elevada, de cor cinza ou marrom. Depois de um período variável de
tempo, ocorre a pigmentação, sobretudo nas margens da lesão (ORÉFICE &
BAHIA-OLIVEIRA, 2005). A intensidade da pigmentação dentro ou ao redor da
29
lesão pode refletir a extensão do dano ao estrato pigmentoso da retina (EPR)
durante a forma ativa da doença (HOLLAND, 2004). Lesões cicatriciais com
pouca pigmentação podem estar associadas a lesões com pouca reação
inflamatória na fase ativa (MATTHEWS & WEITHER, 1988).
2.2.2 – Patogênese
A aquisição da infecção em humanos ocorre principalmente por três
vias: (1) ingestão de oocistos liberados juntamente com as fezes dos felídeos;
(2) ingestão de cistos teciduais presentes em carne crua ou mal cozidas; (3)
infecção transplacentária.
A transmissão dos oocistos pela água tem sido evidenciada, mostrando
ser esta uma importante forma de transmissão da doença (BAHIA-OLIVEIRA et
al., 2003). Outras vias de infecção foram descritas, como, através de leite ou
saliva contaminada, perdigotos ou lambedura, acidentes de laboratório, pós-
transplante de órgãos (ORÉFICE & BAHIA-OLIVEIRA, 2005).
Durante o estágio agudo da doença, o parasita atravessa a parede
intestinal e cai na circulação sanguínea levando a uma parasitemia. O T. gondii
atinge o olho através do sangue como parasitas livres ou dentro de leucócitos
circulantes. Os ataques recorrentes são decorrentes de uma multiplicação dos
parasitas e sua liberação dos cistos retinianos (ROBERTS et al., 2001).
A RCST é uma doença de caráter recidivante. Alguns pesquisadores
observaram que o risco de recorrência foi maior no primeiro ano após o
episódio de atividade do que nos anos subseqüentes (HOLLAND, 2003).
Recente estudo observou que 79% dos pacientes com um acompanhamento
30
superior a cinco anos tiveram recorrência da doença, e tal recorrência ocorreu
predominantemente no olho acometido previamente (BOSCH-DRIESSEN et
al., 2002). Vários fatores relacionados tanto com o hospedeiro, quanto com o
parasita já foram propostos para explicar as causas de recorrência da
retinocoroidite toxoplásmica, mas nenhum tem sido amplamente aceito
(ROTHOVA, 2003). Reinfecções com outras cepas do parasita podem ocorrer,
mas a importância clínica desse fato ainda não foi bem estabelecida
(ASPINALL et al., 2003), apesar de alguns autores sugerirem que a
variabilidade das manifestações clínicas pode estar relacionada à cepa do
parasita que causa a infecção (BOOTHROYD & GRIGG, 2002).
2.2.3 – Toxoplasmose ocular congênita ou adquirida
A RCST pode ser dividida em congênita ou adquirida. A exata
contribuição de cada uma dessas formas na prevalência da doença não é bem
estabelecida. BURNETT et al. (1998) relataram a primeira série de casos de
RCST ocorrida durante uma epidemia de infecção no Canadá. Outro estudo
envolvendo uma série de casos consecutivos de RCST observou que 8% dos
casos foram de toxoplasmose congênita e 11% de toxoplasmose adquirida;
para a maioria dos casos (81%) o exato momento da infecção não foi possível
ser determinado (BOSCH-DRIESSEN et al., 2002). Muitos estudos recentes
têm discutido que a infecção adquirida pode ser uma importante causa de
RCST (BAHIA-OLIVEIRA et al., 2003; BOWIE et al., 1997; ROSS et al., 2001;
SILVEIRA et al., 2001; BURNETT et al., 1998). Diferenças na apresentação da
31
RCST nas formas congênita ou adquirida não são bem definidas. Em estudo já
citado, a lesão macular e desenvolvimento de cegueira foram mais freqüentes
nas formas congênitas da doença (BOSCH-DRIESSEN et al., 2002). Na
infecção adquirida, uma inflamação intra-ocular transitória sem sinais de retinite
na fase aguda foi relatada e pode representar a infestação intra-ocular inicial do
parasita, que pode ser acompanhada posteriormente de acometimento
retiniano (HOLLAND et al., 1999). As taxas de recorrência da RCST congênita
ou adquirida parecem ser similares (BOSCH-DRIESSEN et al., 2002; BOSCH-
DRIESSEN & ROTHOVA, 1999)
2.3 – Resposta imune ao Toxoplasma gondii
2.3.1 – Imunidade inespecífica
As respostas imunes de um hospedeiro ao T. gondii são complexas e
envolvem precocemente a ativação de mecanismos da imunidade inespecífica.
Estudos em camundongos sugerem que o controle da infecção aguda causada
pelo Toxoplasma, deflagra inicialmente uma resposta inata, seguida por uma
resposta adquirida antígeno-específica, que é particularmente crítica para a
resolução da infecção por taquizoítos (JOHNSON & SAYLES, 1997;
ALEXANDER & HUNTER, 1998).
As células dendríticas, derivadas de células da medula óssea, são as
mais eficientes células apresentadoras de antígenos (APC: “Antigen-presenting
cell”), etapa fundamental para a ativação da imunidade específica (HART,
32
1997). Para tal, expressam moléculas dos antígenos leucocitários humanos
(HLA: “Human leucocyte antigens”) tanto de classe I, quanto de classe II. As
células dendríticas se encontram nos epitélios superficiais e, uma vez captado
o antígeno, se movem em direção aos órgãos linfóides regionais de forma a
entrar em contato com células capazes de reconhecerem o antígeno que
transportam (HART, 1997).
Os macrófagos humanos, por sua vez, são fagócitos com função, não só
de apresentação de antígenos, através do HLA classe II, mas também de
secretar mediadores pró-inflamatórios como o interferon-gama (INF-γ), o fator
de necrose tumoral alfa (TNF-α, “Tumor Necrosis Factor-α”), o fator estimulador
de colônia de granulócitos-macrófagos (GM-CSF “granulocyte-monocyte-
colony-stimulating factor”), a interleucina-12 (IL-12) e a interleucina-15 (IL-15).
Já as células “natural-killer” (NK) representam um subconjunto de
células derivadas da linhagem linfocitária com função citotóxica que secretam
citocinas, principalmente o INF-γ, sendo de grande importância na defesa
contra vírus e outros patógenos intracelulares. A ativação inicial das células NK
e dos macrófagos pelo T. gondii é importante para o estabelecimento da
resistência inespecífica que atuará rapidamente no sentido de reduzir o número
de taquizoítos, mesmo antes do desenvolvimento da resposta imune
específica. Ao mesmo tempo, a ativação das células NK une a atividade dos
mecanismos imunes inatos com os mecanismos anígeno-específicos (BLISS et
al., 1999), pelo estabelecimento de uma rede de citocinas necessárias para
responder à infecção pelo T. gondii associada à ação de apresentação de
33
antígenos, a ser realizada pelas células dendríticas, macrófagos e células
hospedeiras infectadas (LEWIS & WILSON, 2001).
2.3.2 – Imunidade específica ao T. gondii
Tem sido demonstrado que os mecanismos específicos imunes
mediados por células desempenham um papel de destaque na resistência à
infecção pelo T. gondii (REYES & FRENKEL, 1987). Assim, a transferência de
soro de camundongos cronicamente infectados pelo T. gondii não protege
outros camundongos não infectados de uma infecção primária, enquanto que,
camundongos com supressão na produção de linfócitos B responsáveis pela
imunidade humoral conseguem controlar a infecção primária pelo T. gondii
(REYES & FRENKEL, 1987). Por outro lado, camundongos atímicos são muito
susceptíveis à infecção pelo T. gondii (LINDBERG & FRENKEL, 1977). Essas
observações têm sugerido que, na imunidade específica, a imunidade celular
tem um papel preponderante no controle da infecção pelo T. gondii
(GAZZINELLI et al., 1993a).
Sob ação da imunidade celular, os T. gondii, que na fase aguda da
toxoplasmose se encontram principalmente na forma de taquizoítos, são
destruídos, enquanto outros, na forma de bradizoítos, formam os cistos
teciduais. Nesses cistos localizados dentro das células hospedeiras ficam
protegidos da ação do sistema imune durante a fase crônica da doença
(LEWIS & WILSON, 2001). Quando deixam esses locais, os parasitas são
34
prontamente eliminados pela imunidade do hospedeiro (GAZZINELLI et al.,
1993a). A elucidação dos mecanismos pelos quais os hospedeiros
imunocompetentes resolvem uma infecção aguda causada pelo Toxoplasma
gondii e controlam a infecção crônica é fundamental para o entendimento da
patogenia da toxoplasmose.
2.3.2.1 – Imunidade celular
A imunidade mediada por células ou imunidade específica é
desenvolvida pelos linfócitos T originados no timo, responsáveis principalmente
pela defesa contra patógenos intracelulares obrigatórios, com função de
promover a sua destruição ou a lise das células infectadas (HAYNES &
HEINLY, 1995). Essas ações são exercidas tanto por ação direta, quanto
indiretamente através da secreção de citocinas. Para tal, os linfócitos T
reconhecem antígenos peptídeos restritos às moléculas de HLA, através de
seu complexo TCR (T Cell Receptor – Receptor de células T). Pela natureza
das cadeias protéicas da molécula de TCR, os linfócitos T se subdividem em
linfócito T alfa-beta (Tαβ – cadeia α associada à cadeia β) e linfócitos T gama-
delta (Tγδ – cadeia γ associada à cadeia δ) (ROBEY & FOWLKES, 1998).
Os linfócitos Tαβ são os mais numerosos, representando cerca de 95%
do total de linfócitos e seus receptores estão envolvidos no reconhecimento
dos antígenos (TANCHOT et al., 1997). Para a sua ativação, outros sinais são
requeridos, envolvendo as moléculas acessórias que facilitam as interações
com as APCs ou com as células alvo. Duas dessas moléculas se associam
intrinsecamente à função do TCR e por isso são denominadas de co-
35
receptoras, sendo elas o CD4 e o CD8, que subdividem, respectivamente, os
linfócitos T em dois conjuntos: as células T CD4+ que representam 65% dos
linfócitos Tαβ; e as células T CD8+, que representam 35% dos linfócitos Tαβ
(TANCHOT et al., 1997).
Ambos os linfócitos Tαβ CD4+ e Tαβ CD8+ participam de forma
associativa e complementar na imunidade celular específica contra os
patógenos intracelulares incluindo o T. gondii e outros (DE PAOLI et al., 1992).
Células T CD8+ efetoras citotóxicas (CTL) são capazes de lisar células alvo
infectadas, mas, para a geração destas células T CD8+ efetoras é requerida a
participação da sub-população de células T CD4+ h (auxiliares ou “helper”)
(GAZZINELLI et al., 1991). Dessa reação específica, formam-se células de
memórias, tanto para células T CD4+, quanto para as células T CD8+.
De acordo com o ambiente propiciado por citocinas produzidas logo
após o contato com o antígeno, os linfócitos T CD4+ ainda não estimulados
são influenciados pelas citocinas, diferenciando-se em células Th1 (T “helper”-
1) ou em células Th2 (T “helper”-2), com cada subconjunto passando a produzir
um perfil diferente de citocinas (MOSMANN et al., 1986). A IL-12 estimula a
diferenciação de linfócitos T CD4+ em linfócitos T CD4+ Th1 (TRINCHIERI,
1993). Além disso, foi observado que o IFN-γ é um potente inibidor da
diferenciação de linfócitos T CD4+ em linfócitos T CD4+ Th2 (GAJEWSKI &
FITCH, 1988). Dessa forma, os patógenos, como o T. gondii, que estimulam os
macrófagos e células NK a produzirem IFN-γ induzem respostas dominadas
pelos linfócitos T CD4+ Th1 tendendo, portanto, para uma imunidade
predominantemente do tipo celular. Ao contrário, as citocinas IL-4 e IL-10
36
estimulam a diferenciação em direção aos linfócitos T CD4+ Th2 e, portanto,
para a imunidade predominantemente do tipo humoral (MOSMANN, 1991).
Cada subconjunto de linfócitos T CD4+ Th1 ou T CD4+ Th2, através da
produção de citocinas é capaz de inibir reciprocamente a diferenciação e o
crescimento das células e da produção de citocinas específicas do outro
subconjunto. Essa regulação cruzada provê a base para o entendimento das
inter-relações entre resposta imune celular e resposta imune humoral
(GAZZINELLI et al., 1993a; TRINCHIERI, 1993).
Os linfócitos T CD4+ Th1 induzem a imunidade celular protetora contra
patógenos intracelulares e produzem principalmente as citocinas IL-12 e IFN-γ,
importantes para a diferenciação e proliferação de macrófagos e células NK,
mas também para estimular o aumento da produção das imunoglobulinas
IgG2a/IgG em camundongos. Os linfócitos T CD4+ Th2 são mais eficientes em
induzir a imunidade humoral (MOSMANN, 1991) e produzem principalmente as
citocinas IL-4, IL-5, IL-6 e IL-10, que irão coordenar funções como a regulação
da produção de Ig E, da eosinofilia e da mastocitose (TOELLNER et al., 1998;
LEWIS & WILSON, 2001).
Os 5% restantes do total de linfócitos T no organismo são representados
pelos linfócitos Tγδ que são encontrados em maior concentração em algumas
regiões específicas, como a mucosa intestinal e placenta (SCALISE et al.,
1992). Uma hipótese bem fundamentada para a ação dos linfócitos Tγδ propõe
que eles poderiam reconhecer os antígenos encontrados nos limites epiteliais,
entre o hospedeiro e o ambiente externo. Nesse caso, eles iniciariam uma
primeira linha de defesa contra alguns patógenos invasores, antes mesmo do
37
recrutamento dos linfócitos Tαβ mais específicos. A resposta das células Tγδ,
observadas em certas infecções, inclusive as desenvolvidas contra patógenos
intracelulares, como o T. gondii, em humanos e em camundongos poderiam
acontecer independentemente do reconhecimento dos patógenos (LEWIS &
WILSON, 2001).
2.3.2.2 – Imunidade humoral
Para as células B serem ativadas para a produção de anticorpos contra
antígenos protéicos é necessária a participação das células T CD4+ Th2
através da produção de citocinas tais como IL-4. São necessários ainda, sinais
acessórios de moléculas de superfície, como o ligante CD40 expresso nas
células T, o qual se liga ao CD40 constitutivamente expresso pelas células B.
Este caminho também é importante na sinalização da troca isotípica para a
produção de anticorpos (revisado por LEWIS & WILSON, 2001).
Células B humanas produzem cinco isotipos de anticorpos: IgM, IgD,
IgG, IgA e IgE. O IgG e o IgA podem ser subdivididos em subclassses: IgG1,
IgG2, IgG3 e IgG4, IgA1 e IgA2. Todas as classes, com exceção de IgG4,
podem ativar a via clássica do complemento.
Os anticorpos são a primeira linha de defesa contra o T. gondii. Eles
atuam nos taquizoítos extracelulares que são liberados após a lise de uma
célula infectada. Eles limitam a multiplicação dos toxoplasmas através da lise
do parasita após a ativação da via do complemento. Atuam também via
38
opsonização dos parasitas ou aumentando a ação fagocitária dos macrófagos
(FILISETTI & CANDOLFI, 2004).
2.3.3 – Rede de citocinas na infecção por T. gondii
Na fase inicial da toxoplasmose aguda sitêmica são necessários uma
resposta imune inata e o início do estabelecimento de uma rede de citocinas
com a função de fazer a ligação com a imunidade específica que é importante
para o controle da toxoplasmose aguda e crônica (JOHNSON E SAYLES,
1997; ALEXANDER & HUNTER, 1998).
Na fase inicial da infecção, com a entrada do T. gondii, os parasitas
ainda livres, seus antígenos e seus produtos de secreção induzem as células
dendríticas e macrófagos a produzirem citocinas, tais como a IL-1, IL-12, o
TNF-α (GAZZINELLI et al., 1993b, 1994; PELOUX et al., 1996) e,
possivelmente, IL-15 (KHAN & KASPER, 1996). Essas citocinas e os produtos
derivados dos T. gondii ativam diretamente as células NK que passam a
destruir as células infectadas com o T.gondii (ALEXANDER & HUNTER, 1998).
Ao mesmo tempo, passam a produzir grande quantidade de INF-γ para
intensificar a ativação dos macrófagos infectados (GAZZINELLI et al., 1993a,
1996). Essa ativação estimulada pelo INF-γ aumenta o metabolismo oxidativo
do macrófago, com conseqüente produção da enzima induzível óxido nítrico
sintetase (iNOS – “inducible Nitric Oxide Sintetase”) e do peróxido de
hidrogênio, em níveis quatro vezes maiores do que em macrófagos infectados
39
mas não estimulados (MURRAY & COHN, 1979). Isso inibe a replicação e
causa a destruição dos taquizoítos fagocitados, reafirmando o efeito
parasiticida do peróxido de hidrogênio produzido por macrófagos (MURRAY et
al., 1985).
A ligação da imunidade inespecífica com a resposta imune específica é
feita pelo IFN-γ e IL-12 que passam a favorecer a diferenciação das células Tαβ
CD4+ não estimuladas, em uma população efetora do tipo T CD4+ Th1 que,
por sua vez, passa a produzir altos níveis de IFN-γ (ALEXANDER & HUNTER,
1998). Essa é a fonte de IFN-γ capaz de conter o parasita durante a fase inicial
da infecção aguda e que ajuda a limitar a disseminação da infecção para
tecidos onde poderiam formar cistos reativos de taquizoítos.
Uma grande variedade de citocinas participa dessa rede de ativação e é
produzida em conseqüência da resposta imune específica do hospedeiro
contra o T. gondii. Assim, a IL-12 produzida pelas células T CD4+ Th1 ativadas
age como um potente fator de crescimento autócrino para o aumento da
ativação das células T CD4+ Th1 e como um ativador parácrino, ativando e
aumentando a função tanto de células NK, como de células T CD8+ efetoras
em seus efeitos citotóxicos (CARSON et al., 1994). Em contraste, a citocina IL-
5 é predominantemente produzida por células T CD4+ Th2 ativadas e tem
alguns efeitos sobre linfócitos B, tais como aumentar a expressão de
receptores de IL-2 e promover a proliferação e diferenciação destas células.
Por outro lado, a IL-6, uma citocina produzida por macrófagos, parece
participar do equilíbrio na resposta pró-inflamatória estimulada por IFN-γ
(CHAO et al., 1994).
40
A regulação da resposta imune é um processo complexo e necessário
para que a resposta inflamatória seja restrita à área de infecção. Para tal se
desenvolve um mecanismo de controle, positivo e negativo, envolvendo,
respectivamente, o estímulo ou a inibição da produção das citocinas. Por
exemplo, TNF-α e IL-1 induzem diretamente a produção pelos macrófagos e
células endoteliais de mais TNF-α e IL-1, mas também de IL-6, GM-CSF,
M-CSF e G-CSF. Para a modulação, outros macrófagos passam a produzir
citocinas que atenuam a produção das citocinas pró-inflamatórias e do tipo
Th1. Essas citocinas moduladoras, denominadas antiinflamatórias, incluem a
IL-10 (MOSMANN, 1994), TGF-β (LETTERIO & ROBERTS, 1998) e
antagonista do receptor de IL-1 (IL-1ra) (DINARELLO, 1994). A IL-6, IL-10 e a
IL-1ra são expressas poucas horas após o TNF-α e a IL-1 serem produzidos,
inibindo a produção do TNF-α e IL-1 (DINARELLO, 1991). Por sua vez,
citocinas produzidas por células Th1, principalmente IFN-γ, atenuam a
produção de IL-10 (CHOMARAT et al., 1993). A produção dessas citocinas
antiinflamatórias é também incrementada pela exposição dos macrófagos a
citocinas produzidas por células Th2 incluindo IL-4, IL-10, IL-13 e TGF-β
(CHOMARAT et al., 1993).
A IL-10 é outra importante citocina moduladora deste sistema de
regulação, pois além de inibir a produção de IL-1 β, IL-12 e TNF-α por
macrófagos, bloqueia ainda a produção de IFN-γ por células NK (FIORENTINO
et al., 1991a, b). A IL-10 também diminui a expressão de antígenos do MHC de
classe II e de moléculas B7, ambos na superfície dos macrófagos, impedindo a
apresentação de antígenos e o desenvolvimento das funções co-estimulatórias
dessas células. Ainda mais, no contexto da infecção, a IL-10 inibe a produção
41
de óxido nítrico nos macrófagos, incapacitando-os de destruir os organismos
intracelulares como o T. gondii (NEYER et al., 1997). Uma função fundamental
da IL-10 na infecção pelo T. gondii é diminuir a produção de citocinas pelas
células NK, linfócitos e macrófagos, especialmente a IL-12, por este último
(FIORENTINO et al., 1991b). A produção da IL-10 pelos macrófagos, ao menos
em helmintos, favorece o estabelecimento da fase crônica no hospedeiro
(SHER et al., 1991).
O IFN-γ produzido pelas células NK na presença das frações antigênicas
do T.gondii (GAZZINELLI et al., 1998) aumenta a síntese de IL-12 pelos
macrófagos. Além disso, foram demonstrados os efeitos do TNF-α, IL-1 e IL-15
sobre a IL-12 potencializando sua ação indutora da produção de IFN-γ pelas
células NK (SHER et al., 1993). Assim também ocorre com o efeito inibidor da
IL-10 e do óxido nítrico sobre a síntese de IFN-γ pelas células T CD4+. Ao
mesmo tempo em que os macrófagos induzem a imunidade mediada por
células, regulam também a resposta imune pela produção da IL-10 e do óxido
nítrico (GAZZINELLI et al., 1996).
Estudo realizado em pacientes com RCST observou que aqueles que
possuíam altos níveis séricos de IL-13 e IFN-γ possuíam lesões de
retinocoroidite com um menor grau de destruição tecidual. Esse dado sugere
que essas citocinas possam estar atuando em conjunto na eliminação dos
parasitas e, ao mesmo tempo, na diminuição da resposta inflamatória na retina
(AZEVEDO-SILVA, 2001)
42
2.4 – Quimiocinas
2.4.1 – Estrutura e função
As quimiocinas constituem uma grande família de citocinas
estruturalmente homólogas responsáveis pela movimentação dos leucócitos,
incluindo sua migração para locais de inflamação tecidual a partir do sangue.
As quimiocinas são pequenos polipeptídeos de 8 a 12 kDa que contêm
duas alças dissulfeto internas. Cerca de 50 quimiocinas diferentes já foram
identificadas, sendo classificadas em famílias com base no número e na
localização dos resíduos de cisteína N-terminais (ROLLINS, 1997). As duas
principais famílias são a das quimiocinas CC, nas quais resíduos de cisteína
são adjacentes, e a família CXC, na qual esses resíduos são separados por um
aminoácido. Uma terceira família tem como única representante a fractalkina
(CX
3
CL1), em que a característica estrutural é a presença de duas cisteínas
separadas por três aminoácidos (CX
3
C). Finalmente, a quarta família, que
também possui apenas um representante, a linfotactina (XCL1), possui uma
única cisteína (família C). A nomenclatura das quimiocinas e seus receptores
foi recentemente revisada com o objetivo de uniformizar o modo como eram
citadas (IUIS/WHO, 2003) (Tabela 1).
Essas proteínas, as quimiocinas, podem ainda ser separadas em duas
categorias dependendo da forma como são expressas: 1) constitutivas ou, 2)
induzidas. As quimiocinas constitutivas são produzidas normalmente em vários
tecidos e recrutam leucócitos, principalmente linfócitos, para esses tecidos na
43
ausência de inflamação. As quimiocinas induzidas (ou inflamatórias) são
produzidas por várias células em resposta a estímulos inflamatórios e recrutam
leucócitos para locais de inflamação (MOSER & LOETSCHER, 2001).
Quimiocinas atuam através de receptores trans-membranas de alta
afinidade expostas na superfície de células circulantes. Onze receptores
diferentes para quimiocinas CC (chamadas CCR1 a CCR11) e seis para
quimiocinas CXC (chamadas CXCR1 a CXCR6) já foram identificados
(MURPHY ET AL., 2000; MURPHY, 2002). Os receptores de quimiocinas
possuem sítios de ligação que podem ser específicos (CCR9, CXCR6), mas,
comumente, o mesmo receptor pode ser alvo de ligação de várias quimiocinas
do mesmo grupo (Tabela 1). Os receptores de quimiocinas são expressos em
leucócitos, com o maior número de receptores diferentes vistos em linfócitos T.
A expressão dos receptores de quimiocinas pode definir subtipos de linfócitos
T. Além disso, linfócitos T periféricos maduros expressam diferentes receptores
de quimiocinas dependendo do seu fenótipo funcional. Por exemplo, células T
helper 1 (Th1), que sintetizam IL-2 e IFN-γ, e mediam a ativação de fagócitos,
expressam CXCR3, CCR2 e CCR5. Linfócitos T helper 2 (Th2), que produzem
IL-4, IL-5 e são mediadores da produção de anticorpos pelos linfócitos B,
expressam CCR3, CCR4 e CCR2 Estas diferenças determinam, em parte, o
tipo de resposta imune que irá se desenvolver em um sítio de inflamação
(SALLUSTO et al., 1998; WALLACE et al., 2004).
.
44
Tabela1 – Quimiocinas humanas identificadas.
Família Quimiocina Nome original Receptores Localização
do gene
CXCL1 GROα/MIP-2 CXCR2 24q21
CXCL2 GROβ CXCR2 4q21
CXCL3 GROγ CXCR2 4q21
CXCL4 PF-4 ? 4q21
CXCL5 ENA-78 CXCR2 4q21
CXCL6 GCP-2 CXCR2 24q21
CXCL7 NAP-2 CXCR2 4q21
CXCL8 IL-8 CXCR2, CXCR1 24q21
CXCL9 MIG CXCR3 4q21
CXCL10 IP-10 CXCR3 4q21
CXCL11 I-TAC CXCR3 4q21
CXCL12 SDF-1 CXCR4 10q11.21
CXCL13 BCA-1 CXCR5 4q21
CXCL14 BRAK ? 5q31.1
CXCL15 Lungkine ? ?
CXCL16 CXCL16 CXCR6 17p13
CXC
CCL1 I-309 CCR8 17q11
CCL2 MCP-1 CCR2 17q12
CCL3 MIP-1α CCR1, CCR5 17q12
CCL4 MIP-1β CCR5 17q12
CCL5 RANTES CCR5 ?
CCL6 C10 ? ?
CCL7 MCP-3 CCR1, CCR2, CCR3 17q11
CCL8 MCP-2 CCR3, CCR5 17q11
CCL9 MIP-1γ ? ?
CCL10 CCL10 ? ?
CCL11 Eotaxin CCR3 17q11
CCL12 MCP-5 CCR2 ?
CCL13 MCP-4 CCR2, CCR3 17q11
CCL14 HCC-1 CCR1, CCR5 17q12
CCL15 HCC-2/MIP-
1δ/Leukotactin-1
CCR1, CCR3 17q12
CCL16 HCC-4/LEC CCR1, CCR2 17q12
CCL17 TARC CCR4 16q13
CCL18 PARC/DC-CK1 ? 17q12
CCL19 MIP-3β/ELC CCR7 9p13.3
CCL20 LARC/MIP-3α CCR6 2q36.3
CCL21 SLC/6Ckine CCR7 9p13.3
CCL22 MDC CCR4 16q13
CCL23 MPIF-1 CCR1 17q12
CCL24 Eotaxin-2/MPIF-2 CCR3, CCR5 7q11
CCL25 TECK CCR9 19q13.3
CCL26 Eotaxin-3 CCR3 7q11
CCL27 ESkine/MCC/Ctack CCR10 9p13.3
CCL28 MEC CCR3, CCR10 5p12
CC
XCL1 Lymphotactin α XCR1 1q24
XCL2 Lymphotactin β XCR1 1q24
XC
CX
3
C
CX
3
CL1 Fractalkine CX
3
CR1 16q13
45
Originalmente as quimiocinas foram estudadas devido ao seu importante
papel nos processos inflamatórios; mas atualmente, sabe-se do papel crucial
exercida por essas moléculas na estimulação do movimento das células
mononucleares pelo corpo e na migração destas do sangue periférico para os
tecidos, contribuindo na resposta imune adaptativa e/ou na patogênese de
várias doenças (CHARO & RANSOHOFF, 2006).
Além das funções como agente quimiotático de linfócitos, os estudos
com as quimiocinas e seus receptores estão revelando outros importantes
papéis para essas moléculas. Alguns receptores de quimiocinas, entre eles o
CCR5, são os principais co-receptores para certas cepas do vírus da
imunodeficiência humana (HIV) (CHOE et al., 1996; DRAGIC et al., 1996).
Estudos recentes têm identificado polimorfismos em genes que codificam as
quimiocinas, o que poderia interferir na sua função. Os estudos mais
aprofundados abordam a deleção do CCR532 e a infecção pelo HIV.
Pacientes com essa mutação são protegidos da infecção pelo vírus (O’BRIEN
& MOORE, 2000).
Algumas quimiocinas estão envolvidas na angiogênese por exercerem
efeito quimiotático em células endoteliais (por exemplo, CXCL8, CXCL5,
CXCL6, CXCL1, CXCL2, CXCL3), enquanto outras podem exercer um efeito
antiangiogênico (CXCL4, CXCL10 e CXCL9) (ROLLINS, 1997). Outro efeito
atribuído às quimiocinas é a sua interferência, tanto estimulando quanto
inibindo, a hematopoiese. Esses efeitos na hematopoiese vão depender da
maturidade das células progenitoras envolvidas (ROLLINS, 1997).
Quimiocinas têm sido relacionadas a metástases tumorais e,
contraditoriamente, a inibição do crescimento de células tumorais; infecções e
46
doenças auto-imunes, como a artrite reumatóide e a esclerose múltipla (WANG
et al., 1996; RANSOHOFF, 2002; VICARI & CAUX, 2002; DONG et al., 2003;
LOETSCHER & MOSER, 2002). Níveis elevados de CCL2, CCL3, CCL4, CCL5
e CXCL10 têm sido encontrados no sistema nervoso central de pacientes com
esclerose múltipla e em modelos experimentais dessa doença (BAGGIOLINI et
al., 1997; SORENSON et al., 1999). Em um trabalho recente, pacientes com
esclerose múltipla ativa apresentaram níveis elevados de CXCL10 no líquor,
enquanto que os níveis de CCL2 foram significativamente menores quando
comparados a controles assintomáticos (MOREIRA et al., 2006). Em pacientes
com a forma aguda da coréia de Sydenham, observou-se elevação dos níveis
séricos de CXCL9 e CXCL10 (TEIXEIRA-JR et al., 2004). Níveis elevados de
CXCL8 têm sido relatados em várias doenças inflamatórias sistêmicas como na
sarcoidose e na sepse (HACK et al., 1992; YOKOYAMA et al., 1995). Níveis
teciduais aumentados de CXCL8 e anticorpos séricos contra essa quimiocina
parecem estar elevados na colite ulcerativa em atividade (MAHIDA et al.,
1992).
Vários estudos realçam a importância das quimiocinas na patogênese
das doenças pulmonares obstrutivas crônicas e o papel dos antagonistas dos
receptores de quimiocinas como uma possibilidade terapêutica possível
(TRAVES et al., 2002). No diabetes mellitus, estudos revelaram que as
quimiocinas podem interferir no acúmulo de células adiposas, aumentado
assim a resistência periférica à insulina (GERHARDT et al., 2001). Estudo
experimental mostrou que animais geneticamente modificados, que não
expressam a quimiocina CCL2 e o receptor CCR2, possuem a gravidade
atenuada da aterosclerose induzida por dieta (GU et al., 1998). Trabalhos
47
revelaram que a produção de quimiocinas pelas células do tecido renal estaria
envolvida tanto na homeostase do órgão, quanto na gênese de doenças
inflamatórias glomerulares ou túbulo-intersticiais (SCHLONDORFF et al., 1997;
SEGERER et al., 2000). Portanto, as quimiocinas estão envolvidas em vários
processos fisiológicos e patológicos do organismo.
As citocinas e quimiocinas são expressas no olho não apenas durante
os períodos de inflamação. Olhos não inflamados expressam quimocinas e
citocinas que exercem funções regulatórias e constitutivas. O fator de
transformação e crescimento β (TGFβ) está envolvido na regulação da resposta
imune e na reparação tecidual. O humor aquoso de olhos normais contém altos
níveis de TGFβ2 na forma ativa, sendo que esta citocina está envolvida na
manutenção de um micro-ambiente de imunossupressão dentro do olho,
prevenindo quadros de inflamação indesejáveis (CURNOW & MURRAY, 2006).
Poucos estudos têm sido feitos para avaliar a expressão constitutiva das
quimiocinas dentro do olho. CCL2 está presente em níveis significativos e pode
ser responsável pelo recrutamento de monócitos para os tecidos oculares para
formar a população residente de células apresentadoras de antígenos
(CURNOW & MURRAY, 2006). Parece haver uma alta expressão de CX
3
CL1
nos tecidos oculares, embora a significância desse achado necessite ainda ser
compreendida (FANG et al., 2005; SILVERMAN et al., 2003).
Células do EPR humano têm mostrado, in vitro, uma produção de várias
quimiocinas, incluindo CXCL8, CCL2 e CCL5 em resposta à citocinas pró-
inflamatórias, como o TNF e o IFN-γ (CRANE et al., 1998). A produção in vitro
de CXCL8 e CCL2 pelas células do EPR humano tem sido inibida pela
dexametasona e ciclosporina, que são drogas comumente utilizadas no
48
tratamento das uveítes (KURTZ et al., 1997). Além disso, a CCL2 tem se
mostrado capaz de induzir migração de células do EPR, um mecanismo que é
inibido pela dexametasona (HAN et al., 2001). Ácido ribonucléico mensageiro
(RNAm) da quimiocina CXCL12 tem sido expressa de forma constitutiva pelas
células do EPR humano (WALLACE et al,, 2004). Estes dados realçam o
importante papel das quimiocinas não apenas nos quadros inflamatórios, mas
também na manutenção da homeostase dos tecidos oculares.
2.4.2 – O papel das quimiocinas nas doenças oculares
As quimiocinas estão envolvidas em várias doenças oculares, tanto
inflamatórias, quanto proliferativas e degenerativas. Embora essas categorias
de doenças oculares sejam diferentes, muitos dos mecanismos e das
quimiocinas envolvidas são semelhantes (WALLACE et al., 2004).
Na síndrome do olho seco, recente trabalho observou, através da
citometria de fluxo de células coletadas em amostras conjuntivais, um aumento
de expressão de receptores CCR5 tanto nos casos de olho seco evaporativo
quanto nas formas hipossecretoras (GULATI et al., 2006).
Em biópsias conjuntivais de pacientes com ceratoconjuntivite vernal,
CCL5 e CCL11 foram fortemente expressas no epitélio e endotélio, e ocorreu
um aumento do número de células positivas para CCL2, CCL5, CCL7 e CCL11.
A maioria destas células eram macrófagos (EL-ASRAR et al., 2000). Além
disso, essas células expressaram CCL1, CCL18 e CCL22, que são potentes
agentes quimiotáticos para células T, o que poderia explicar a grande
quantidade de linfócitos na ceratoconjuntivite vernal (EL-ASRAR et al., 2002). A
49
análise dos receptores de quimiocinas na conjuntivite alérgica mostrou que o
CXCR3 foi expresso numa maior quantidade nos linfócitos T da conjuntiva
quando comparado com tecidos normais (EL-ASRAR et al., 2001). Além dos
linfócitos e dos macrófagos, os eosinófilos têm sido implicados na patogênese
das doenças alérgicas oculares. Altos níveis de CCL11 e CCL24, ambos
potentes agentes quimiotáticos para eosinófilos, foram encontrados no muco e
nas lágrimas dos pacientes com ceratoconjuntivite vernal e ceratocojuntivite
atópica (LEONARDI et al., 2003).
Como as quimiocinas possuem um importante papel na angiogênese em
diversos órgãos, alguns estudos verificaram o seu papel na retinopatia
diabética. CXCL8 e CXCL10 foram encontrados em níveis elevados no corpo
vítreo de pacientes com retinopatia diabética quando comparado a indivíduos
com buraco macular (ELNER et al., 1995). Interessantemente, os níveis de
CXCL8 foram maiores nos pacientes com a forma ativa da doença, enquanto
os níveis de CXCL10 foram maiores nos pacientes com a forma controlada da
doença (ELNER et al., 1998; YUUKI et al., 2001). Na vasculite retiniana de
causa idiopática foi observada correlação entre atividade da doença e os níveis
de CCL4 e CCL2 no soro (WALLACE et al., 2003).
A principal causa de cegueira em pacientes com degeneração macular
relacionada à idade é a formação de membrana neovascular sub-retiniana. As
células do EPR têm mostrado serem capazes de produzir quimiocinas, in vitro,
incluindo CXCL8, CCL2 e CCL5 em resposta ao estímulo de citocinas pró-
inflamatórias como o TNF-α e o IFN-γ (CRANE et al., 1998; ELNER et al.,
1997). Recente estudo demonstrou que células do EPR presentes nas
membranas neovasculares coroidianas expressam CCL2, podendo essa
50
quimiocina estar envolvida na formação das membranas juntamente com
outros fatores, como o VEGF (vascular endothelial growth factor) e o fator
tecidual derivado de macrófagos (GROSSNIKLAUS et al., 2002).
2.5 – O papel das quimiocinas nas uveítes
2.5.1 – Estudos experimentais
A uveíte experimental auto-imune (UEA) é considerada um modelo
representativo de diversas doenças inflamatórias oculares humanas de
presumível origem auto-imune, sendo útil, portanto, para o estudo
histopatológico e imunológico dessas entidades (FAURE, 1980; GERY et al.,
1986).
Estudo em UEA mostrou que CCL2, CCL3 e CCL5, detectados através
do ensaio enzimático de imunoabsorção (ELISA), foram expressos
abundantemente nos tecidos retinianos durante o pico do processo
inflamatório. CCL3 foi produzido por células do tecido retiniano, sendo
detectado em células da coróide antes do início da doença, sugerindo que a
sua presença está muito relacionada com o desenvolvimento da UEA (CRANE
et al., 2001). Interessantemente, a neutralização da quimiocina CCL5 através
de anticorpo específico faz com que ocorra uma exacerbação da UEA,
mediada por um aumento na infiltração de linfócitos CD4
+
. Portanto, CCL5
poderia suprimir UEA através da alteração na migração de subtipos de
linfócitos para o olho durante o processo inflamatório (SONODA et al., 2003).
51
Outro estudo experimental evidenciou a expressão de RNAm das
quimiocinas CCL5, CXCL10 e CCL2 no extrato de partes do segmento
posterior de olhos com UEA após 14 dias da imunização. Os receptores CCR2,
CCR5 e CXCR3 também foram expressos nestes olhos. Os dados desse
trabalho sugerem que essas quimiocinas podem contribuir para o recrutamento
de linfócitos Th1 na UEA (KEINO et al., 2003).
CCL2 mostrou-se importante na uveíte anterior recorrente que se
desenvolveu após a injeção de proteína básica de mielina em ratos Lewis. A
expressão de RNAm de CCL2 estava aumentada na íris e no corpo ciliar de
ratos na fase pré-clínica da recorrência da uveíte anterior. O RNAm das CCL4
e CCL5 também foram detectados durante o curso da uveíte anterior
recorrente. O pico da CCL4 ocorreu na fase pré-clínica, enquanto a CCL5 era
mais alta durante a fase clínica da doença. RNAm da CCL3 foi observado no
início da doença e seus níveis foram decrescendo durante o pico da doença. O
emprego de imunoglobulinas anti-CCL4, anti-CCL5 e, particulamente, anti-
CCL3 foi capaz de suprimir o desenvolvimento da uveíte anterior recorrente
(MANCZAK et al., 2002). Portanto, os estudos experimentais envolvendo
quimiocinas têm mostrado o relevante papel dessas proteínas nos processos
inflamatórios intra-oculares.
2.5.2 – Estudos em humanos
2.5.2.1 – Uveítes não-infecciosas
Diversos trabalhos estudam o papel das quimiocinas nos processos
inflamatórios que ocorrem nas uveítes de etiologia auto-imune em humanos.
52
Uma das nosologias oculares mais estudadas em relação ao papel das
quimiocinas e seus receptores é a doença de Behçet. Nesses pacientes a
hiper-reatividade dos neutrófilos têm sido documentada de forma consistente
(EKSIOGLU-DEMIRALP et al., 2001; SAHIN et al., 1996). A quimiocina CXCL8,
que é capaz de induzir a migração e ativação dos neutrófilos e a sua interação
com as células endoteliais vasculares, tem sido encontrada em níveis elevados
no soro de pacientes com doença de Behçet (WANG et al., 1997; MANTAS et
al., 2000). Essa alteração nas células endoteliais vasculares tem sido sugerida
como o primeiro sinal patológico na doença de Behçet (SAHIN et al., 1996;
RIZZI et al., 1997). Níveis séricos de CXCL8 encontravam-se aumentados em
pacientes com a forma ativa da doença, especialmente, aqueles com
manifestações orais e neurológicas (ZOUBOULIS et al., 2000). Outro estudo
mostrou aumento dos níveis de CXCL8 nos pacientes com a forma ativa da
doença de Behçet, apesar de não citar especificamente o envolvimento ocular
(KATSANTONIS et al., 2000). Nesse mesmo estudo, postulou-se que a
quimiocina CXCL8 poderia ser usada como um marcador da atividade da
doença de forma mais confiável do que a proteína C reativa e a velocidade de
hemossedimentação. De nota, níveis ainda mais elevados de CXCL8 foram
detectados nos pacientes que tiveram uma forma grave da doença, como
envolvimento do sistema nervoso central e trombose da veia cava (FREIRE et
al., 2004). Em relação aos receptores de quimiocinas, estudo recente levantou
a hipótese de que o principal receptor de quimiocina inflamatória envolvido na
doença de Behçet seria o CXCR
3
, especialmente durante os quadros com
manifestações pulmonares e do sistema nervoso central (HOUMAN et al.,
2004).
53
CURNOW et al. (2005) avaliaram o humor aquoso de pacientes com
uveítes de diversas etiologias, entre elas, idiopática, ciclite heterocrômica de
Fuchs, por herpes vírus e doença de Behçet. Nos pacientes com uveíte
idiopática foram detectados altos níveis de CXCL8 e CCL2, além de IFN-γ e
IL-6. Em relação aos níveis de CXCL8 havia uma correlação proporcional entre
o número de neutrófilos presentes. Os níveis de CXCL12 estavam diminuídos
no grupo com uveíte idiopática quando comparado ao grupo controle.
A fonte celular das quimiocinas e citocinas envolvidas nas uveítes ainda
necessita ser compreendida. Células residentes do estroma e macrófagos
podem ser uma importante fonte destas proteínas (TAKASE et al., 2006), além
dos linfócitos T (HILL et al., 2005). DAMICO et al. (2005) observaram que o
infiltrado de células T pode ser estimulado por peptídeos derivados de
melanócitos e induzir uma resposta inflamatória do tipo Th1 em pacientes com
a síndrome de Vogt-Koyanagi-Harada, através da produção de citocinas. O
reconhecimento e estímulo dos linfócitos foi maior em indivíduos com HLA-
DRB1*0405 positivo.
Em estudo envolvendo pacientes com uveíte anterior idiopática, os
pesquisadores coletaram humor aquoso e encontraram níveis elevados de
CXCL8 em 50% das amostras de pacientes com uveíte em atividade, enquanto
que em pacientes na forma quiescente da doença não foram encontradas
alterações dessa quimiocina (VERMA et al., 1997). Os níveis de CXCL10 foram
significativamente maiores nos pacientes com uveíte em atividade quando
comparados com os pacientes com a forma inativa, enquanto que os níveis de
CCL2 eram indetectáveis nos pacientes na forma inativa. Entretanto, as
quimiocinas CCL4 e CCL5 foram encontradas em níveis baixos, mas
54
estatisticamente maiores do que no grupo controle. Em outro estudo, níveis
elevados de CXCL8 foram encontrados no sangue de pacientes com uveíte
anterior (HLA-B27+), quando comparados com pacientes sem uveíte (KLOK et
al., 1998).
Estudo recente, no qual foi realizada a dosagem de quimiocinas pelo
método ELISA no humor aquoso de pacientes com uveíte em atividade,
mostrou níveis elevados de CXCL10 em todos os pacientes quando comparado
com o grupo controle (EL-ASRAR et al., 2004). Os níveis dessa quimiocina
foram maiores no humor aquoso do que no sangre circulante. Houve diferença
estatisticamente significante nos níveis de CXCL10 nos pacientes com doença
de Behçet, quando comparado com os pacientes com a síndrome de Vogt-
Koyanagi-Harada. Já os níveis de CXCL8 foram maiores no sangue periférico
do que no humor aquoso.
Portanto, algumas quimiocinas mostraram-se frequentemente elevadas
em pacientes com uveíte, destacando-se a CXCL8 e a CXCL10, sendo que,
em alguns casos, correlacionavam-se com gravidade do quadro inflamatório.
Estabelece-se, assim, uma perspectiva para novos marcadores da atividade
inflamatória da doença ou até mesmo, de prognóstico, já que o prognóstico
visual das uveítes está essencialmente relacionado ao número de recorrências
do processo inflamatório.
A uveíte intermediária é caracterizada por um curso variável, variando de
processos auto-limitados à doença crônica com períodos de remissão e
exacerbação da doença. A etiologia da uveíte intermediária ainda é
desconhecida, apesar de alguns pacientes possuírem uma doença sistêmica
associada, como acontece na sarcoidose e na esclerose múltipla (ZIERHUT &
55
FOSTER, 1992). O papel das quimiocinas na uveíte intermediária tem sido
objeto de alguns estudos. Níveis elevados de CXCL8 foram detectados no
sangue de pacientes com uveíte intermediária quando comparado com
pacientes sem história de uveíte (KLOK et al., 1998). Investigando a relação
entre atividade da doença e os níveis de CXCL8, observou-se que exsudatos
vítreos e periflebite eram mais frequentemente observados nos pacientes com
níveis detectáveis de CXCL8 (KLOK et al., 1998).
2.5.2.2 – Uveítes infecciosas
Nas uveítes de etiologia infecciosa, vários trabalhos estudaram o papel
das citocinas no processo inflamatório ocular em humanos (VALLOCHI et al.,
2002 e 2005), mas nenhum abordou as quimiocinas de forma especifica.
Alguns estudos mostram o papel das quimiocinas na toxoplasmose
sistêmica, sem, contudo, enfatizar a RCST. Em modelos experimentais, o T.
gondii é um potente indutor da expressão das quimiocinas CXCL9 e CXCL10
(BRENIER-PINCHART et al., 2001). A neutralização da ação da CXCL10 em
camundongos infectados com T. gondii inibe o fluxo de células T para os
tecidos e modifica a função destas células nos sítios de inflamação
predominantemente do tipo Th1 (KHAN et al., 2000). Estes trabalhos realçam
que a liberação de quimiocinas pode contribuir na formação do infiltrado
inflamatório que acompanha o quadro de toxoplasmose. CXCL8 e CXCL1
acumulam-se nos sítios de infecção aguda pelo T. gondii (NAVIA et al., 1986).
A secreção da quimiocina CXCL8 é dependente da invasão de taquizóitos e da
subseqüente lise celular das células infectadas (DENNEY et al., 1999). Esses
56
estudos, além de serem todos experimentais, não abordam o comportamento
das quimiocinas na uveíte de etiologia toxoplásmica.
Os estudos em humanos corroboraram os principais achados dos
estudos experimentais no que diz respeito à possibilidade da utilização das
quimiocinas como marcadores da atividade inflamatória em determinadas
uveítes; utilização como um novo dado que poderia ser incluído no raciocínio
clínico; possibilidade de abordagem terapêutica diferenciada, atuando de
maneira específica nas quimiocinas ou seus receptores envolvidos. Trabalhos
sobre quimiocinas nas uveítes infecciosas em humanos são escassos,
necessitando, portanto, de estudos adicionais para que possamos criar ou
rejeitar novas hipóteses no raciocínio diagnóstico, clínico e terapêutico destas
nosologias.
3 – OBJETIVOS
______________________________________________________________________
58
1 – Avaliar e comparar os níveis séricos das quimiocinas CCL2, CCL11,
CXCL8, CXCL9 e CXCL10, nos pacientes com RCST ativa e no Grupo
Controle;
2 – Avaliar os níveis séricos das quimiocinas CCL2, CCL11, CXCL8, CXCL9 e
CXCL10, antes e após o tratamento nos pacientes com RCST ativa;
3 – Avaliar se há correlação entre os níveis séricos das quimiocinas CCL2,
CCL11, CXCL8, CXCL9 e CXCL10 com os achados oftalmológicos observados
nos pacientes com RCST ativa, entre eles:
a) presença de vasculite retiniana;
b) intensidade das opacidades vítreas;
c) tamanho da lesão de retinocoroidite em atividade.
4 – MATERIAL E MÉTODO
______________________________________________________________________
60
4.1 – Seleção dos pacientes
Os pacientes que participaram do estudo foram selecionados no
ambulatório do Serviço de Uveíte do Hospital São Geraldo, Hospital das
Clínicas, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). 95 (noventa e cinco)
pacientes participaram do estudo, sendo que 55 (cinqüenta e cinco)
pertenceram ao Grupo Uveíte e 40 (quarenta) pertenceram ao Grupo Controle.
Consentimento informado foi fornecido e assinado por todos os pacientes
envolvidos na pesquisa.
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG –
COEP, sob o parecer n
o
ETIC 0117/06 (Anexo I).
Os seguintes critérios foram estabelecidos para a seleção dos pacientes:
Critérios de inclusão:
1) maior de 18 anos;
2) lesão aguda característica de RCST (retinocoroidite focal necrosante,
com lesão de retinocoroidite cicatrizada em um dos olhos e sorologia
positiva para toxoplasmose – IgG);
3) não ter iniciado tratamento sistêmico para toxoplasmose no momento da
primeira consulta;
4) pacientes sem história prévia de uveíte de qualquer etiologia foram
selecionados para o Grupo Controle.
61
Critérios de exclusão:
1) história de qualquer doença sistêmica ou infecciosa em atividade;
2) paciente com sorologia IgM+ para toxoplasmose, ou com sinais de
toxoplasmose sistêmica;
3) paciente em uso de qualquer medicação de forma regular;
4) detecção de qualquer outra doença pelos exames clínicos e laboratoriais
realizados durante a avaliação inicial do paciente.
Pacientes com RCST aguda receberam prescrição médica específica
para tratamento da infecção. As drogas utilizadas foram: 1) sulfadiazina, 1 g de
6/6 horas; 2) pirimetamina, 75 mg (dose de ataque) seguido de 25 mg/dia; 3)
ácido folínico, 7,5 mg/dia; 4) prednisona, aproximadamente 1 mg/kg/dia com
redução gradual e; 5) tratamento tópico com midriático e corticóide. O
tratamento era prescrito por 35 dias, mas era prorrogado, se necessário, até a
resolução do quadro inflamatório intra-ocular. Acompanhamentos periódicos
regulares foram realizados até a cicatrização da lesão de retinocoroidite.
4.2 – Avaliação dos pacientes participantes
Os pacientes com RCST aguda (Grupo Uveíte) e do Grupo Controle
foram submetidos à avaliação oftalmológica que incluiu: medida da acuidade
visual em LogMAR (logarítmo do mínimo ângulo de resolução); medida da
pressão ocular; biomicroscopia do segmento anterior; biomicroscopia do
segmento posterior; oftalmoscopia binocular indireta.
62
Durante a avaliação biomicroscópica a intensidade do processo
inflamatório era avaliada através da intensidade das opacidades vítreas,
tamanho da lesão de RCST ativa e presença de vasculite retiniana secundária.
A intensidade das opacidades do corpo vítreo foi classificada da
seguinte forma (KIMURA, THYGESON & HOGAN, 1959):
0 = nenhuma opacidade;
+ = poucas opacidades; nítida visualização do fundo ocular (Figura 1);
++ = poucas opacidades; leve borramento visual dos detalhes do fundo
ocular (Figura 2);
+++ = muitas opacidades; marcada dificuldade de visualização dos detalhes
do fundo ocular, mas ainda permitindo distinção das estruturas oculares (Figura
3);
++++ = opacidades densas que impedem a visualização do fundo ocular
(Figura 4).
A detecção de vasculite retiniana (Figura 5) associada ao processo
inflamatório foi avaliada de forma clínica, apenas pela biomicroscopia ou
oftalmolscopia binocular indireta; não sendo utilizada a angiografia
fluoresceínica (HUGUES & DICK, 2003). O tamanho da lesão era avaliado e
comparado ao diâmetro do disco óptico (DD). A localização da lesão era
definida da seguinte forma (HOLLAND et al., 1989):
Zona 1: correspondente a uma área de aproximadamente 3000 µm (2 DD) a
partir da fóvea (corresponde aproximadamente à área compreendida entre as
grandes arcadas vasculares temporais) ou 1500 µm das margens do disco
óptico;
63
Zona 2: anterior à zona 1 até o equador do globo ocular, que é identificado pela
borda anterior das ampolas das veias vorticosas;
Zona 3: estendendo-se anterior à zona 2 até a ora serrata.
Após avaliação oftalmológica inicial dos pacientes, tanto do Grupo
Uveíte quanto do Grupo Controle, foram coletados 10 ml de sangue através de
punção venosa na fossa antecubital.
Quando a lesão de RCST estava cicatrizada a medicação específica era
suspensa. A presença ou não da atividade do processo inflamatório era
determinada pela avaliação do autor responsável por este trabalho e pelo seu
orientador. Após a suspensão do tratamento, era solicitado ao participante do
estudo que retornasse dentro de 7 dias para nova coleta de sangue.
O sangue coletado era centrifugado para retirada do soro, que foi
estocado a -70
o
C até a data da análise do material.
Figura 1 – Retinografia de paciente do Grupo Uveíte evidenciando lesão de
retinocoroidite em atividade e opacidade vítrea classificada como 1+/4+.
64
Figura 2 – Retinografia de paciente do Grupo Uveíte evidenciando lesão de
retinocoroidite em atividade e opacidade vítrea classificada como 2+/4+.
Figura 3 – Retinografia de paciente do Grupo Uveíte evidenciando lesão de
retinocoroidite em atividade e opacidade vítrea classificada como 3+/4+.
65
Figura 4 – Retinografia de paciente do Grupo Uveíte evidenciando lesão de
retinocoroidite em atividade e opacidade vítrea classificada como 4+/4+.
Figura 5 – Retinografia de paciente do Grupo Uveíte evidenciando presença de
vasculite retiniana.
66
4.3Processamento do soro para a análise das quimiocinas
Todo o processo de preparação e análise do soro dos pacientes
participantes do estudo foi realizado no Laboratório de Imunofarmacologia do
Instituto de Ciências Biológicas (ICB) – UFMG. Para a análise, o soro foi
descongelado e o excesso de proteínas foi removido através do processo de
precipitação ácido/sal que é realizado de rotina neste laboratório (FALCÃO et
al., 2002; MOREIRA et al., 2006; SOUSA-PEREIRA et al., 2006). Volume igual
de 1,2% de ácido tricloroacético 1,35 M (molar) foi misturado ao soro e deixado
em temperatura ambiente por 10 minutos. Posteriormente, as amostras foram
centrifugadas por 5 minutos a 10.000 rpm. Então, o sobrenadante foi ajustado
para o conteúdo de sais adequados (0,14 M de cloreto de sódio e 0,01 M de
fosfato de sódio) e para o pH (7,4) para posterior determinação das
concentrações das quimiocinas.
A concentração das quimiocinas no soro dos pacientes e do grupo
controle foram medidas através da técnica de ELISA sandwich com pares
combinados de anticorpos para as quimiocinas CCL2, CCL11, CXCL8, CXCL9
e CXCL10 (R&D Systems).
Os limites de detecção para essas proteínas foram de 3 pg/ml para
todas as quimiocinas estudadas (CCL2, CCL11, CXCL8, CXCL9 e CXCL10).
4.4 – Escolha das quimiocinas a serem avaliadas
As quimiocinas escolhidas para avaliação no presente estudo
foram as seguintes: CCL2, CCL11, CXCL8, CXCL9 e CXCL10. Algumas
67
características dessas proteínas influenciaram na sua escolha para o presente
estudo:
- CCL2: essa proteína recruta monócitos para os sítios de infecção,
trauma e isquemia (CHARO & RANSOHOFF, 2006). Estudos experimentais
com camundongos têm mostrado que ratos com deficiência de receptores
dessa quimiocina, possuem um defeito na produção de IFN-γ, que é uma
citocina que exerce um importante papel nas infecções pelo T. gondii. CCL2
mostrou-se importante em diversos estudos envolvendo inflamações intra-
oculares (CRANE et al., 2001; SONODA et al., 2003; KEINO et al., 2003);
- CCL11: essa quimiocina está envolvida no recrutamento dos
eosinófilos. Muito relacionada aos processos alérgicos pulmonares. Os
eosinófilos estão pouco envolvidos na toxoplasmose. Nenhum trabalho
relaciona a uveíte com a CCL11. Na oftalmologia, apresenta níveis elevados
nos processos alérgicos oculares, como na ceratoconjuntivite vernal (EL-
ASRAR et al., 2002).
- CXCL8: é considerada o protótipo da família das quimiocinas CXC.
Essa quimiocina é capaz de induzir a migração e ativação dos neutrófilos. Têm
sido amplamente estudada nas uveítes, principalmente de etiologia não-
infecciosa, sendo até mesmo sugerida a sua utilização como marcador de
atividade da doença de Behçet (KATSANTONIS et al., 2000).
- CXCL9: esse tipo de quimiocina atrai linfócitos e monócitos, mas
possuem pouca habilidade quimiotáxica para neutrófilos (LAING &
SECOMBES, 2004). Relatos têm sido feitos a respeito do importante papel
dessa quimiocina nas doenças inflamatórias ou auto-imunes onde ocorre a
indução e o recrutamento de células do tipo Th1 (GERARD & ROLLINS, 2001).
68
Estudo recente demonstrou que níveis elevados desta proteína foram
detectados em pacientes com sarcoidose ocular (TAKEUCHI et al., 2006).
- CXCL10: bastante similar à CXCL9 tanto estruturalmente quanto
funcionalmente, estando envolvida no recrutamento seletivo de linfócitos. Os
receptores dessa quimiocina estão expressos predominantemente em células T
ativadas ou de memória, especialmente do tipo Th1 (GERARD & ROLLINS,
2001). Vários estudos mostram a importância desta quimiocina no estudo das
uveítes (KEINO et al., 2003; TAKEUCHI et al., 2006).
4.5 – Análise estatística
Na análise descritiva dos dados, foram construídas tabelas de
freqüências para as variáveis qualitativas: grupo, sexo, tempo de início dos
sintomas, opacidade no corpo vítreo, localização da lesão (zona), tamanho da
lesão em atividade e vasculite retiniana associada para o Grupo Uveíte.
Foram calculadas também medidas de tendência central e dispersão
(média, mediana, erro-padrão, desvio-padrão e quartis) para as variáveis
quantitativas (idade, visão em LogMAR e dosagens das quimiocinas CCL2,
CCL11, CXCL8, CXCL9 e CXCL10).
Antes da realização dos testes de comparação de grupos, foram
realizados testes para verificação de normalidade das variáveis. Os resultados
indicaram que apenas a variável idade segue uma distribuição Normal.
Portanto, para a comparação das variáveis contínuas foram realizados testes
não-paramétricos para comparação dos grupos. Para a comparação de dois
69
grupos independentes, foi realizado o teste de Mann-Whitney. Para
comparação de mais de dois grupos independentes, foi realizado o teste de
Kruskall-Wallis. Para a comparação das medidas iniciais e finais de 18
pacientes foi utilizado o teste de postos com sinais de Wilcoxon. Para avaliar a
existência de correlação entre as dosagens das quimiocinas, a idade e o sexo
do paciente, foi utilizado o coeficiente de correlação de Pearson, que tem o
símbolo r, e fornece uma medida da força de relacionamento linear entre duas
variáveis contínuas e varia de –1 a +1 passando pelo zero. Para todos os
testes, foi utilizado um nível de significância de 5%. Todas as análises foram
realizadas usando o software estatístico SPSS 12.0 (Statistical Package for the
Social Sciences).
5 – RESULTADOS
______________________________________________________________________
71
Durante o período de estudo, 95 (noventa e cinco) pacientes
participaram do projeto, sendo que 40 (quarenta) pertenceram ao Grupo
Controle e 55 (cinqüenta e cinco) ao Grupo Uveíte. Os dados dos pacientes
envolvidos no estudo estão sumarizados no Anexo II.
Do total de pacientes participantes, 46 (48,4%) eram do sexo masculino
e 49 (51,6%) do sexo feminino, sendo que, no Grupo Controle, o sexo
masculino representou 45% dos casos; no Grupo Uveíte, 50,9% dos pacientes
eram do sexo masculino. A média de idade do Grupo Uveíte foi de 27,1 ± 8,3
anos e a do Grupo Controle foi de 28,8 ± 7,7 anos. Não houve diferença
estatisticamente significativa entre o sexo (p=0,72) e a idade (p=0,21) entre os
dois grupos. A acuidade visual inicial era estatisticamente pior no pacientes do
Grupo Uveíte quando comparado ao Grupo Controle (p<0,001) (Tabela 2).
Tabela 2 – Características quanto à idade, gênero e acuidade visual dos
pacientes envolvidos no estudo.
Grupo
Uveíte Controle p
n % n %
Gênero
Masculino
28 50,9 18 45,0 0,72
Feminino
27 49,1 22 55,0
Média ± DP
*
Média ± DP
*
Idade (anos)
27,1 ± 8,3 28,8 ± 7,7 0,21
Acuidade visual
(LogMAR)
*
1,07 ± 0,92 0,42 ± 0,78 <0,001
*DP= desvio-padrão; LogMAR = logarítmo do mínimo ângulo de resolução.
O valor de p refere-se ao teste χ
2
com correção de Yates na análise das
variáveis categóricas e ao teste de Mann-Whitney para as variáveis contínuas.
72
As principais características observadas no exame inicial dos pacientes
do Grupo Uveíte estão sumarizadas na Tabela 3. Todos os pacientes do Grupo
Uveíte apresentaram quadro de RCST com apenas uma lesão em atividade no
momento da avaliação. Nesta série de pacientes não foi observada a presença
de lesões múltiplas, bilaterais ou da forma punctata externa.
Tabela 3 – Características do primeiro exame oftalmológico nos pacientes com
RCST aguda (Grupo Uveíte).
n %
Tempo de apresentação dos sintomas
7 dias 24 43,6
> 7 dias 31 56,4
Opacidade vítrea*
0 7 12,7
1+ 23 41,8
2+ 15 27,3
3+ 7 12,7
4+ 3 5,5
Tamanho da lesão em atividade
< 1 DD** 19 34,5
1-2 DD 21 38,2
> 2 DD 15 27,3
Localização da lesão em atividade
Zona 1 19 34,5
Zona 2 28 51,0
Zona 3 8 14,5
Olho inflamado
Direito 29 52,7
Esquerdo 26 47,3
Bilateral 0 0
Vasculite retiniana***
Sim 24 43,6
Não 28 50,9
*Classificação de opacidade vítrea de acordo com KIMURA et al (1959);
**DD = diâmetro de disco óptico.
*** Foram desconsiderados os pacientes (n=3) que possuíam 4+/4+ de opacidades
vítreas, pela impossibilidade de determinar a presença de vasculite retiniana.
73
Os níveis séricos das quimiocinas estudadas no Grupo Uveíte foram
semelhantes aos níveis do Grupo Controle, com exceção da CXCL8 que
apresentou uma elevação estatisticamente significativa no grupo de pacientes
com uveíte em atividade (p=0,017) (Tabela 4) (Gráfico 1).
Tabela 4 – Níveis séricos (pg/ml) das quimiocinas estudadas nos dois grupos,
antes do tratamento.
Uveíte Controle
Média ± EP
*
Mediana
(25-75%)
Média ± EP
*
Mediana
(25-75%)
p
*
CCL2
236,3 ± 8,2
218,2
(190,1-270,2)
234,2 ± 13,9
223,9
(179,5-266,8)
0,48
CCL11
126,4 ± 13,3
96,1
(57,8-175,5)
111,9 ± 15,7
89,7
(49,2-143,4)
0,51
CXCL9
1890,6 ± 357,8
1273,0
(434,0-2169,9)
2212,0 ± 1139,7
915,0
(22,1-1800,4)
0,11
CXCL10
281,4 ± 23,1
262,8
(178,3-334,5)
274,1 ± 29,7
263,1
(167,8-303,6)
0,83
CXCL8
29,1 ± 3,4
22,5
(18,3-38,3)
16,0 ± 2,3
19,5
(0,0-27,2)
0,017
*
EP= erro padrão; 25-75%= quartis 25 e 75.
*O valor de p refere-se ao teste de Mann-Whitney.
Na Tabela 5 observa-se que não houve correlação entre a idade e os
níveis séricos das quimiocinas nos pacientes do Grupo Uveíte, isto é, a idade
não interferiu na concentração sérica das quimiocinas nos pacientes com
RCST ativa. Também não houve diferença entre os níveis séricos das
quimiocinas estudadas de acordo com o sexo dos pacientes avaliados (Tabela
6)
74
Gráfico 1 – Representação em box-plot dos níveis séricos (pg/ml) de todas as
quimiocinas estudadas, tanto no Grupo Uveíte quanto no Grupo Controle.
Os valores de p estão descritos nos gráficos (teste de Mann-Whitney).
Obs: a linha horizontal dentro da caixa representa o percentil 50 (mediana); a
linha inferior da caixa representa o percentil 25 e a linha superior o percentil 75.
As linhas finas inferiores representam o percentil 10 e as superiores o percentil
90.
Uveíte Controle
0
100
200
300
CCL11 (pg/ml)
p=0,51
Uveíte Controle
0
100
200
300
400
CCL2 (pg/ml)
p=0,48
Uveíte Controle
0
1000
2000
3000
4000
CXCL9 (pg/ml)
p=0,11
Uveíte Controle
0
100
200
300
400
500
600
CXCL10 (pg/ml)
p=0,83
Uveíte Controle
0
20
40
60
CXCL8 (pg/ml)
p=0,017
75
Tabela 5 – Coeficiente de correlação de Pearson para avaliar a influência da
idade nas concentrações séricas das quimiocinas estudadas.
Quimiocina r Valor-p
CCL2
0,125 0,361
CCL11
0,219 0,108
CXCL9
0,125 0,361
CXCL10
-0,018 0,898
CXCL8
0,175 0,201
Tabela 6 – Coeficiente de correlação de Pearson para avaliar a influência do
sexo dos pacientes nas concentrações séricas das quimiocinas estudadas.
Quimiocina r Valor-p
CCL2
0,091 0,510
CCL11
0,153 0,265
CXCL9
-0,041 0,764
CXCL10
0,117 0,396
CXCL8
-0,066 0,634
Quando se comparou a dosagem sérica das quimiocinas em relação ao
tempo de evolução da RCST em atividade, observou-se que os níveis de
CCL11 foram significativamente maiores naqueles pacientes que
apresentavam um tempo de evolução da uveíte maior do que 7 dias (p=0,038).
Em relação às outras quimiocinas estudadas, o tempo decorrido do início dos
sintomas relatados pelo paciente e a primeira dosagem das quimiocinas não
interferiu de forma significativa nas concentrações séricas dessas proteínas
(Tabela 7).
76
Tabela 7 – Níveis séricos (pg/ml) das quimiocinas divididas de acordo com o
intervalo de tempo entre os primeiros sintomas relatados pelos pacientes do
Grupo Uveíte e a primeira coleta de sangue.
7 dias > 7 dias
Média ± EP
*
Mediana
(25-75%)
Média ± EP
*
Mediana
(25-75%)
p
*
CCL2
223,6 ± 10,7
206,8
(184,7-260,1)
246,1 ± 11,8
228,8
(193,6-280,3)
0,18
CCL11
98,7 ± 16,1
75,7
(53,2-124,1)
147,8 ± 19,5
109,3
(65,4-215,3)
0,038
CXCL9
1151,4 ± 206,5
840,6
(355,7-1829,1)
2462,9 ± 598,8
1418,8
(615,2-2294,1)
0,10
CXCL10
268,2 ± 22,4
269,1
(184,8-335,7)
291,6 ± 37,3
241,1
(171,8-334,5)
0,62
CXCL8
28,1 ± 4,1
22,5
(17,4-45,3)
29,8 ± 5,2
22,9
(18,3-32,3)
0,97
*
EP= erro padrão; 25-75%= quartis 25 e 75.
*
O valor de p refere-se ao teste de Mann-Whitney.
A vasculite retiniana esteve presente em 43,6% dos pacientes do Grupo
Uveíte. Três pacientes apresentaram 4+/4+ de opacidades vítreas, o que
impossibilitou a determinação da presença de vasculite retiniana. Por isso,
esses pacientes foram excluídos da análise estatística quando a variável
vasculite retiniana era avaliada. A presença de vasculite retiniana nos
pacientes do Grupo Uveíte correlacionou-se com maiores níveis de CXCL8
(Gráfico 2), enquanto que, nas outras quimiocinas estudadas, não interferiu de
forma significativa nos níveis séricos dessas proteínas (Tabela 8).
77
Gráfico 2 – Níveis séricos de CXCL8 (pg/ml) nos pacientes do Grupo Controle
e nos pacientes que apresentavam ou não vasculite retiniana no Grupo Uveíte.
* Os valores de p na comparação entre dois grupos estão indicados no gráfico
(teste de Mann-Whitney).
Grupo Controle Vasculite Sem vasculite
0
20
40
60
80
100
120
CXCL8 (pg/ml) - 1a. coleta
p=0,23
p=0,01
p=0,10
____________________
Grupo Uveíte
78
Tabela 8 – Níveis séricos (pg/ml) das quimiocinas nos pacientes que
apresentavam ou não vasculite retiniana associada ao quadro de RCST ativa
(Grupo Uveíte) e no Grupo Controle.
Controle Com Vasculite
Sem Vasculite
Média ± EP
*
Mediana
(25-75%)
Média ± EP
*
Mediana
(25-75%)
Média ± EP
*
Mediana
(25-75%)
p
*
CCL2
234,2 ± 13,9
223,9
(179,5-266,8)
223,7 ± 13,4
207,7
(184,7-248,5)
246,0 ± 10,0
256,7
(200,6-274,8)
0,15
CCL11
111,9 ± 15,7
89,7
(49,2-143,4)
107,2 ± 21,6
87,3
(41,3-122,4)
141,2 ± 16,6
109,3
(63,2-215,4)
0,15
CXCL9
2212,0 ±
1139,7
915,0
(22,1-1800,4)
2197,9 ±
689,5
1355,7
(386,4-
2288,8)
1652,7 ±
349,9
1231,7
(533,5-
2021,4)
0,28
CXCL10
274,1 ± 29,7
263,1
(167,8-303,6)
289,5 ± 31,3
280,3
(214,8-302,5)
275,1 ± 33,4
211,9
(146,0-344,3)
0,62
CXCL8
16,0 ± 2,3
19,5
(0,0-27,2)
35,1 ± 6,5
23,6
(19,1-51,9)
24,4 ± 3,2
22,5
(16,8-31,3)
0,03
*
EP= erro padrão; 25-75%= quartis 25 e 75.
*
O valor de p refere-se ao teste de Kruskall-Wallis
A atividade inflamatória intra-ocular nos pacientes do Grupo Uveíte foi
classificada de acordo com a intensidade das opacidades vítreas. Após
classificação inicial, apenas 3 pacientes apresentaram 4+ de opacidades
vítreas. Estes pacientes foram agrupados juntamente com aqueles que
apresentavam 3+. Desta forma, foi realizada a análise estatística, que não
evidenciou nenhuma relação estatisticamente significativa entre a intensidade
das opacidades vítreas e os níveis séricos das quimiocinas estudadas (Tabela
9).
79
Tabela 9 – Níveis séricos (pg/ml) das quimiocinas de acordo com a intensidade
das opacidades vítreas no Grupo Uveíte.
Opacidade
vítrea
0 1+ 2+ 3+ e 4+
Média ± EP
*
(mediana)
Média ± EP
*
(mediana)
Média ± EP
*
(mediana)
Média ± EP
*
(mediana)
p
CCL2
224,1 ± 28,8
(199,6)
246,9 ± 14,7
(234,1)
224,3 ± 11,9
(211,3)
238,5 ± 14,5
(239,9)
0,69
CCL11
100,5 ± 30,6
(97,1)
134,4 ± 23,2
(95,3)
128,2 ± 25,3
(96,1)
123,3 ± 29,0
(92,8)
0,89
CXCL9
980,7 ± 291,9
(1343,9)
2266,4 ± 516,9
(1397,1)
2384,2 ± 1007,3
(1542,3)
922,9 ± 265,1
(758,7)
0,30
CXCL10
252,9 ± 31,5
(290,1)
333,6 ± 47,1
(275,4)
275,2 ± 30,9
(265,6)
190,6 ± 26,7
(173,5)
0,13
CXCL8
28,5 ± 6,3
(22,9)
27,1 ± 4,8
(20,6)
32,4 ± 9,7
(21,7)
29,0 ± 3,8
(23,8)
0,56
*
EP= erro padrão;
Valor de p referente ao teste de Kruskall-Wallis.
O tamanho da maior lesão em atividade foi medida em áreas
correspondentes ao diâmetro do disco óptico. Os níveis de CXCL8 foram
significativamente maiores nas lesões >2 DD quando comparadas às lesões
menores que 1 DD (p=0,012) (Gráfico 3). Os níveis de CXCL9 também foram
maiores nos pacientes com lesões entre 1-2 DD quando comparados aos
pacientes com lesões menores do que 1DD (p<0,01) (Gráfico 4). Os níveis das
outras quimiocinas estudadas não se correlacionaram com o tamanho das
lesões de retinocoroidite em atividade (CCL2, p=0,23; CCL11, p=0,16;
CXCL10, p=0,11) valor de p referente ao teste de Kruskall-Wallis].
80
Gráfico 3 – Representação em box-plot dos níveis séricos (pg/ml) de CXCL8 de
acordo com o tamanho da lesão de RCST em atividade.
O valor de p=0,04 para o gráfico (teste de Kruskal-Wallis). Na análise entre dois
grupos foi realizado o teste de Mann-Whitney e o valor de p está descrito no gráfico.
Gráfico 4 – Representação em box-plot dos níveis séricos (pg/ml) de CXCL9 de
acordo com o tamanho da lesão de RCST em atividade.
O valor de p=0,02 para o gráfico (teste de Kruskal-Wallis). Na análise entre dois
grupos foi realizado o teste de Mann-Whitney e o valor de p está descrito no gráfico.
<1 DD 1-2 DD >2 DD
Tamanho da lesão em atividade
0
20
40
60
80
100
120
CXCL8 (pg/ml)
p
=0
,
012
p
=0
,
328
p
=0
,
113
<1 DD 1-2 DD > 2 DD
Tamanho da lesão em atividade
0
2500
5000
7500
10000
CXCL9 (pg/ml)
p=0,55
p=0,20
p<0,01
81
51% das lesões de RCST foram localizadas na Zona 2; 34,5% na Zona1
e o restante (14,5%) na Zona3. Não houve relação entre a localização da lesão
de RCST ativa e os níveis séricos de todas as quimiocinas estudadas (Tabela
10).
Tabela 10 – Média dos níveis séricos (pg/ml) das quimiocinas divididos de
acordo com a localização da lesão de RCST em atividade.
Local
(zona)
1 2 3
Média ± EP
*
Mediana
(25-75%)
Média ± EP
*
Mediana
(25-75%)
Média ± EP
*
Mediana
(25-75%)
p
CCL2
233,2 ± 16,4
204,2
(183,1-289,0)
238,1 ± 11,1
222,4
(202,9-264,0)
237,3 ± 15,8
255,1
(189,6-268,9)
0,71
CCL11
115,1 ± 24,2
77,5
(33,0-140,1)
139,7 ± 19,6
104,9
(67,5-205,4)
106,5 ± 21,6
91,4
(56,2-166,7)
0,33
CXCL9
1747,8 ± 455,6
1343,9
(329,6-2272,8)
2188,8 ± 625,3
1293,7
(564,1-2143,3)
1185,9 ±
349,7
916,2
(431,7-2029,6)
0,82
CXCL10
316,9 ± 34,0
295,0
(197,7-344,4)
266,6 ± 38,0
224,3
(133,9-285,8)
248,5 ± 31,8
254,4
(177,5-328,3)
0,09
CXCL8
25,3 ± 4,3
22,5
(8,5-39,3)
31,1 ± 5,6
22,5
(19,5-36,8)
30,7 ± 8,3
23,4
(20,6-50,7)
0,73
*
EP= erro padrão; 25-75%= quartis 25 e 75.
Valor de p referente ao teste de Kruskall-Wallis.
Após a resolução do processo inflamatório intra-ocular, nova coleta de
sangue para análise das quimiocinas foi realizada em 18 (32,7%) pacientes. As
causas para a não realização do procedimento foram várias, entre elas: não
comparecimento do paciente na data marcada; paciente não gostaria mais de
colaborar com o estudo; acreditava que não teria mais benefícios com o
estudo. A quimiocina CXCL8, que apresentou níveis elevados antes do
tratamento quando comparada ao Grupo Controle, sofreu uma redução
82
estatisticamente significativa após o tratamento (p=0,02) (Gráfico 5). Esta
diferença não sofreu influência pela presença ou não de vasculite retiniana
(p=0,55).
Gráfico 5 – Níveis séricos da quimiocina CXCL8 de 18 pacientes com RCST
(Grupo Uveíte) antes e após o tratamento.
* p=0,002; teste de Wilcoxon.
Após o término do tratamento, quando a lesão de RCST era considerada
cicatrizada, a média da acuidade visual mensurada foi de 0,78 ± 0,76 LogMAR,
o que representou uma melhora estatisticamente significativa quando
comparada à acuidade visual mensurada no pré-tratamento (1,07 ± 0,92
LogMAR) (p<0,001).
Antes do tratamento Após o tratamento
0
20
40
60
80
CXCL8 (pg/ml)
p
=0
,
002
6 – DISCUSSÃO
______________________________________________________________________
84
De acordo com a revisão da literatura científica, este foi o primeiro
estudo a correlacionar os níveis séricos das quimiocinas CCL2, CCL11,
CXCL8, CXCL9 e CXCL10 com os achados oftalmológicos em pacientes com
RCST.
As manifestações da toxoplasmose ocular podem variar amplamente
entre os indivíduos, sendo que o diagnóstico de certeza só poderia ser
realizado pelo isolamento do T. gondii nos tecidos oculares ou através da
técnica de PCR para identificação de antígenos do parasita. Portanto, o
diagnóstico de toxoplasmose ocular é presumível (LYNCH et al., 2004, ASSIS
et al., 1997).
Com exceção da reação inflamatória transitória que pode ocorrer na
ocasião da infecção pelo T. gondii (HOLLAND et al., 1999), a inflamação intra-
ocular não ocorre sem a presença de lesão ocular. O tipo de lesão ocular
descrita como típica da toxoplasmose é aquela que consiste de uma
retinocoroidite focal necrosante com lesão antiga cicatrizada (HOLLAND,
2004). Esse tipo de lesão característica associada à sorologia positiva para
toxoplasmose e ausência de outras doenças detectadas ao exame clínico ou
laboratorial, foi o critério utilizado no diagnóstico de toxoplasmose ocular no
presente estudo, denominando os casos como retinocoroidite supostamente
toxoplásmica (RCST), para que pudéssemos minimizar a possibilidade de erro
diagnóstico.
A análise da população envolvida no estudo mostra que não houve
diferença estatística entre o percentual de pacientes do sexo masculino e
feminino. Esse dado é importante para que possamos afastar qualquer
85
interferência possível na concentração sérica das quimiocinas estudadas, já
que esse dado é controverso na literatura científica. Alguns estudos
encontraram uma influência do sexo e da idade nos níveis séricos das
quimiocinas estudadas (TARGOWSKY et al., 2005), enquanto outros não
observaram esta correlação (ARAKELYAN et al., 2005). Além de os pacientes
terem sido semelhantes quanto à distribuição de gêneros, a utilização de teste
de correlação nos nossos dados evidenciou que a idade e o sexo não
interferiram na concentração sérica das quimiocinas estudadas.
Alguns estudos observaram a importância da idade no curso clínico da
RCST. São pacientes entre a segunda e quarta décadas de vida que
constituem a grande parte dos episódios de RCST (HOLLAND, 2004). Estudo
de FRIEDMANN & KNOX (1969) relata que os episódios iniciais de RCST eram
observados nos pacientes com idade média de 25,3 anos (mediana no grupo
entre 20 e 24 anos; moda no grupo entre 10 e 14 anos). GILBERT et al. (1999)
encontraram uma média de idade de 26,5 anos no primeiro episódio de RCST
sintomática entre uma série de pacientes estudada na Inglaterra. Em um
estudo mais recente, observou-se que a média de idade dos pacientes no
primeiro episódio de RCST foi de 29,5 anos (mediana de 26 anos, com
variação entre 5-89 anos) (BOSCH-DRIESSEN et al., 2002). Diferenças na
metodologia dos trabalhos dificultam uma comparação direta entre esses
resultados, mas os dados sugerem que há uma relação entre os episódios de
doença ativa ocular e uma idade mais jovem dos pacientes. Alguns estudos
também observaram que a idade estava relacionada a uma maior gravidade da
RCST, sugerindo que, nos pacientes mais idosos, a doença seria mais grave
(FRIEDMANN & KNOX, 1969; JOHNSON et al., 1997; LABALETTE et al.,
86
2002). No presente estudo, esse tipo de correlação fica difícil de ser
estabelecida devido ao fato que pacientes abaixo de 18 anos não foram
incluídos nos grupos investigados.
Para as medidas das quimiocinas foi utilizado o ensaio imunoenzimático
ELISA. Esse método é considerado a técnica padrão-ouro para esse tipo de
análise (CURNOW & MURRAY, 2006). A técnica de ELISA necessita cerca de
50-100 µl de fluido tecidual para cada molécula estudada. Esta é uma limitação
da técnica, principalmente quando se quer avaliar grande número de proteínas
e a quantidade de amostras é restrita. Esse foi um dos motivos para
estudarmos as quimiocinas no soro dos pacientes, além de o humor aquoso
não ser analisado de forma rotineira nos pacientes com uveítes.
Vários estudos avaliaram os níveis das quimiocinas e seus receptores
nas doenças oculares, incluindo as uveítes (revisado por WALLACE et al.,
2004). No nosso estudo, observamos um aumento dos níveis de CXCL8 nos
pacientes do Grupo Uveíte quando comparados ao Grupo Controle. Algumas
quimiocinas da família CXC, da qual a CXCL8 é considerada o protótipo,
atraem leucócitos polimorfonucleares para os sítios de inflamação aguda.
CXCL8 também ativa monócitos e pode direcionar o recrutamento destas
células para os locais de lesão tecidual (CHARO & RANSOHOFF, 2006).
Mediadores da inflamação, entre eles, a IL-1 e o TNF-α, que estão elevados na
fase inicial da infecção pelo T. gondii (GAZZINELLI et al., 1993b, 1994;
PELOUX et al., 1996), são estímulos para a produção de CXCL8 (CHARO &
RANSOHOFF, 2006).
Níveis elevados de CXCL8 foram encontrados no soro de pacientes com
manifestações sistêmicas da doença de Behçet (WANG et al., 1997; MANTAS
87
et al., 2000), especialmente naqueles com manifestações orais e neurológicas
(ZOUBOULIS et al., 2000). Os estudos na doença de Behçet não abordam de
forma específica a presença de uveíte e a sua relação com os níveis das
quimiocinas estudadas. Na uveíte anterior idiopática, níveis elevados de
CXCL8 foram observados tanto no humor aquoso de pacientes com uveíte em
atividade (VERMA et al., 1997), quanto no soro (KLOK et al., 1998). Um estudo
envolvendo pacientes com uveítes de diversas etiologias observou que os
níveis de CXCL8 no humor aquoso foram mais elevados nos pacientes com
doença de Behçet, do que naqueles com diagnóstico de síndrome de Vogt-
Koyanagi-Harada, apesar de a diferença não ser estatisticamente significativa
(EL-ASRAR et al., 2004). Na uveíte intermediária, também foi observada uma
correlação positiva entre níveis elevados de CXCL8 e a presença de exsudatos
vítreos e periflebite (KLOK et al., 1998).
Recente estudo de CURNOW et al. (2005) avaliou o perfil das
quimiocinas e citocinas no humor aquoso de 37 pacientes com uveítes de
diversas etiologias, incluindo as herpéticas, doença de Behçet e de origem
idiopáticas. Eles utilizaram o ensaio imunoenzimático de múltiplos pontos (ou o
multiplex-bead-based imunoassay), que permite a identificação de uma grande
quantidade de peptídeos ou proteínas em pequenos volumes de amostras.
Nesse estudo, foram observados altos níveis de CXCL8 e CCL2 no pacientes
com uveíte, quando comparado aos indivíduos assintomáticos. Os níveis
dessas quimiocinas correlacionaram-se entre elas e com os níveis das
citocinas IL-6 e IFN-γ. Além disso, as concentrações de CXCL8 foram
proporcionais ao número de neutrófilos presentes no humor aquoso. Esse
achado é concordante com o papel da CXCL8 como uma quimiocina envolvida
88
no recrutamento de neutrófilos para os sítios de inflamação aguda. A
observação de níveis elevados de CXCL8 nas uveítes, que também foram
detectados no soro dos pacientes com RCST aguda do nosso estudo, abre um
amplo campo de pesquisa para a determinação do papel dessas quimiocinas
nas uveítes. Trabalhos em uveíte experimental auto-imune (UEA) mostraram
que, em camundongos tratados com anticorpos anti-CXCL8 ou deficientes
(knock-out) nos receptores para essa quimiocina, o número de células que
infiltram os tecidos oculares é significativamente reduzido. Portanto, o bloqueio
da ação da CXCL8 pode prevenir a entrada de células inflamatórias nos tecidos
oculares através das barreiras hemato-oculares (BECKER et al., 2000; VERMA
et al., 1999).
Em relação à toxoplasmose, estudos experimentais mostram que
CXCL8 acumula-se nos sítios de infecção pelo parasita (NAVIA et al., 1986).
Trabalho de DENNEY et al. (1999) observou ainda que a secreção de CXCL8 é
dependente da invasão de taquizóitos e da subseqüente lise celular das células
infectadas.
Alguns trabalhos realçam a importância, nas doenças oculares, das
outras quimiocinas avaliadas (CCL2, CCL11, CXCL9 e CXCL10) e que não
apresentaram diferenças quando comparadas ao Grupo Controle. Por exemplo,
estudos em UEA mostram elevação dos níveis de CCL2 e CXCL10 nos tecidos
retinianos durante o pico do processo inflamatório (CRANE et al., 2001, KEINO
et al., 2003). Estudos em humanos também observaram níveis
significativamente elevados de CXCL10 nos pacientes com uveíte ativa,
quando comparados com os pacientes com uveíte inativa (VERMA et al.,
1997). Essa quimiocina está envolvida no recrutamento de células do tipo Th1
89
(TAKEUSHI et al., 2006) e, consequentemente, na etiopatogênese de doenças
auto-imunes Th1 dependentes (MURDOCH & FINN, 2000). CXCL9, que é uma
quimiocina estrutural e funcionalmente homóloga à CXCL10, está envolvida no
recrutamento de linfócitos Th1 (TAKEUSHI et al., 2006). Importante papel na
etiopatogênese de doenças inflamatórias auto-imunes também tem sido
atribuído à CXCL9 (MURDOCH & FINN, 2000; TEIXEIRA et al., 2004). Nesse
sentido, altas concentrações de CXCL9 foram encontradas em pacientes com
sarcoidose ocular e os níveis tiveram correlação com a atividade da doença
(TAKEUSCHI et al., 2006).
O trabalho de FEROM et al. (2003) mostrou que a maioria das células
inflamatórias nos tecidos oculares durante a toxoplasmose ocular produz um
perfil de citocinas do tipo Th2. Dessa forma, não deveríamos esperar altos
níveis de CXCL9 e CXCL10 nos pacientes com RCST ativa, o que está em
concordância com os achados do nosso estudo.
Uma correlação entre a atividade da doença e os níveis séricos de CCL2
tem sido demonstrada em pacientes com diagnóstico de vasculite retiniana
idiopática (WALLACE et al., 2003). Altos níveis de CCL2 foram observados no
humor aquoso de pacientes com uveítes de diversas etiologias (CURNOW et
al., 2005). No nosso estudo, não foram detectadas diferenças nas
concentrações séricas dessa quimiocina entre os grupos estudados. A síntese
da quimiocina CCL2 é amplamente influenciada por polimorfismos dos genes
que a codificam (WEGSCHEIDER et al., 2005). Pacientes homozigotos ou
heterozigotos para o alelo 2518G apresentaram uma maior produção celular de
CCL2 do que indivíduos que apresentaram o genótipo 2518A (ROVIN et al.,
1999). Uma diferença entre esses genótipos tem sido implicada como um fator
90
de gravidade em várias doenças, como a doença de Crohn, vasculite cutânea e
lúpus eritematoso sistêmico (HERFARTH et al., 2003; AGUILAR et al., 2001;
YE et al., 2005). Essa variação genotípica poderia explicar as diferenças
encontradas entre nosso estudo, envolvendo pacientes com RCST, e os da
literatura.
CCL11 tem sido implicada na etiopatogênese de doenças crônicas
oculares, como na ceratoconjuntivite vernal e atópica (LEONARDI et al., 2003).
Altos níveis de CCL11 são encontrados em infecções parasitárias por
helmintos, mediando uma resposta predominantemente do tipo Th2 (FALCÃO
et al., 2002). Na mieolopatia associada ao vírus linfotrófico T humano tipo 1
(HTLV-1), que é uma doença com resposta imune predominantemente do tipo
Th1, observou-se até uma redução significativa dos níveis de CCL11
(GUERREIRO et al., 2006). Nenhum estudo prévio avaliou os níveis séricos da
CCL11 nas uveítes. Como a principal função dessa quimiocina é o
recrutamento de eosinófilos, uma célula que não exerce um importante papel
na resposta imune face à infecção pelo T. gondii, a observação de que não
houve alteração dos níveis séricos dessa quimiocina nos nossos pacientes com
RCST aguda poderia ser esperada.
A gravidade da RCST parece ser influenciada por uma combinação de
diversos fatores; muitas vezes, sem nenhuma correlação entre eles. Isso tem
dificultado retirar conclusões a respeito na literatura médica devido ao fato de
muitos estudos serem realizados de forma não-controlada e a gravidade da
doença não ser definida de forma consistente e de maneira quantitativa
(HOLLAND, 2004). A avaliação da gravidade da doença é feita de forma
heterogênea pelos diversos trabalhos, sendo que, alguns autores a avaliam
91
pela presença de complicações, outros pela piora da acuidade visual, pelo
tamanho da lesão em atividade ou cicatrizada, pela intensidade da reação
inflamatória na câmara anterior ou no corpo vítreo, pelo envolvimento da retina
macular ou periférica, pelo número de recorrências (HOLLAND, 2003, 2004;
VALLOCHI et al., 2005). No nosso trabalho avaliamos a intensidade do
processo inflamatório pela presença de vasculite retiniana secundária, pela
intensidade das opacidades vítreas e pelo tamanho da lesão de retinocoroidite
em atividade.
A vasculite retiniana foi uma característica freqüentemente observada
nos pacientes do Grupo Uveíte (43,6%). Embora o diagnóstico de vasculite
retiniana possa ocorrer de forma isolada, o diagnóstico é geralmente associado
a outras doenças sistêmicas ou infecciosas, entre elas a toxoplasmose
(HUGUES & DICK, 2003). A observação da retina através da oftalmoscopia é
suficiente para o diagnóstico de vasculite retiniana (WALLACE et al. 2003;
HUGUES & DICK, 2003), apesar de, a angiografia fluoresceínica ser um
excelente método diagnóstico para os casos mais sutis.
No nosso estudo, a presença de vasculite retiniana mostrou correlação
com os níveis elevados da CXCL8 nos pacientes com RCST ativa.
Interessantemente, níveis séricos elevados de CXCL8 têm sido observados em
várias doenças sistêmicas em que a vasculite é o principal mecanismo
etiopatogênico, como na doença de Behçet, poliarterite nodosa e colite
ulcerativa (HACK et al., 1992; YOKOYAMA et al., 1995; MAHIDA et al., 1992,
FREIRE et al., 2004).
CXCL8 é considerada como um fator angiogênico e possui uma
expressividade elevada nas células endoteliais vasculares durante os
92
processos inflamatórios (WALLACE et al., 2004). Este fato poderia explicar a
elevação dos níveis de CXCL8 observada nos nossos pacientes e a sua
correlação com a presença de vasculite retiniana. Na retinopatia diabética
proliferativa, que é uma doença caracterizada pela perda dos pericitos da
microvasculatura retiniana e de células endoteliais, observam-se níveis
elevados de CXCL8 no corpo vítreo, quando comparado a indivíduos com
buraco macular idiopático ou em olhos de cadáver (ELNER et al., 1995;
AKSUNGER et al., 1999). Um estudo sobre quimiocinas nas vasculites
retinianas idiopáticas observou correlação entre as concentrações séricas de
CCL2 e a atividade da doença, apesar de não ter ocorrido diferença
estatisticamente significativa entre os níveis dessa quimiocina quando
comparada ao grupo controle (WALLACE et al., 2003). Nossos dados também
não detectaram concentrações séricas estatisticamente diferentes de CCL2
quando comparado o Grupo Uveíte com o Grupo Controle, além da falta de
correlação entre a presença de vasculite retiniana e níveis elevados de CCL2.
A intensidade das opacidades vítreas não teve correlação com os níveis
séricos das diversas quimiocinas estudadas. Nenhum trabalho na literatura
realizara essa correlação previamente, o que nos impede de compararmos os
resultados obtidos. Entretanto, na análise entre o tamanho das lesões de RCST
em atividade, observamos que as lesões maiores que 2 DD apresentaram
níveis elevados de CXCL8 quando comparadas às lesões < 1DD. Da mesma
forma, os níveis de CXCL9 foram maiores nas lesões entre 1-2 DD. Com o
aumento das lesões, maior quantidade de EPR é envolvida no quadro
inflamatório ocular. As células do EPR têm mostrado, in vitro, uma produção de
várias quimiocinas, incluindo CXCL8, CCL2 e CCL5, em resposta a algumas
93
citocinas pró-inflamatórias como o TNF-α e o IFN-γ (CRANE et al., 1998;
WALLACE et al., 2004). Um possível papel para as quimiocinas produzidas
pelo EPR foi sugerido por recente estudo envolvendo cultura de células
humanas do EPR. Como 80% da secreção de CXCL8 e CCL2 foi direcionada
para a superfície basal ao invés da apical dessas células, isto é, em direção
aos vasos sanguíneos da coróide, é possível que as quimiocinas produzidas
pelo EPR atuem retendo os leucócitos na coriocapilar (HOLTKAMP et al.,
1999). Portanto, as quimiocinas poderiam exercer um mecanismo protetor, que
iria inibir a entrada de células inflamatórias no tecido retiniano e,
conseqüentemente, atenuando ou impedindo o dano tecidual ocular
(WALLACE et al., 2004).
Alguns trabalhos relacionam o tamanho das lesões de RCST com uma
maior chance de complicações. FRIEDMANN & KNOX (1969) mostraram que
lesões agudas maiores que 1 DD persistem por um período maior e possuem
um risco maior de complicações (como descolamento de retina, catarata,
edema macular cistóide e glaucoma) e uma maior perda de acuidade visual do
que lesões menores. ROTHOVA et al. (1993) também relataram uma relação
positiva significativa entre o tamanho da lesão retiniana e a duração da doença
ocular ativa.
No nosso trabalho, a localização da lesão de retinocoroidite em atividade
não interferiu nas concentrações das quimiocinas séricas estudadas.
Avaliações semelhantes não são encontradas na literatura para que
pudéssemos comparar os resultados. Há na literatura alguns dados que
sugerem que a localização das lesões na retina não ocorre ao acaso (METS et
al., 1996; BOSCH-DRIESSEN et al., 2002; HOGAN et al., 1964; FRIEDMANN
94
& KNOX, 1969). METS et al. (1996) mostraram que 52 (58%) crianças recém-
nascidas com toxoplasmose ocular congênita apresentavam lesão macular; um
número que foi substancialmente maior do que poderia se esperar se as lesões
fossem distribuídas aleatoriamente, considerando o fato que a mácula
anatômica compreende apenas cerca de 5% de toda a retina.
Após a resolução do processo inflamatório agudo intra-ocular, novas
coletas de sangue foram propostas para comparação dos níveis das
quimiocinas séricas. Apenas 18 pacientes concordaram e/ou compareceram
para essa nova coleta. Mesmo considerando a diminuição do número de
pacientes, pôde-se observar uma redução dos níveis séricos da CXCL8 após o
tratamento, quando comparado aos níveis séricos da primeira coleta.
Interessantemente, a produção de CXCL8 pelas células do EPR humano é
inibida, in vitro, pela dexametasona (KURTZ et al., 1997). Tanto a resolução do
processo inflamatório, como o uso de corticosteróide e antibiótico poderia
explicar essa queda dos níveis séricos da CXCL8 observada na segunda
coleta. Consistentemente com nossa observação, vários trabalhos na literatura
evidenciaram normalização dos níveis de quimiocinas com o tratamento
específico de doenças de natureza inflamatória. Por exemplo, ALESSANDRI et
al. (2006) relataram que os níveis séricos elevados de CXCL8 e CXCL9 que
foram observados nos pacientes com tuberculose pulmonar retornaram aos
níveis normais após o tratamento específico da doença.
O nosso trabalho evidenciou uma melhora significativa da acuidade
visual logo após o término do tratamento. Esse dado foi observado sem
considerar o tamanho e a localização da lesão, muito menos a intensidade das
opacidades vítreas. Não foi o objetivo deste trabalho avaliar as complicações
95
da RCST, já que grande parte delas ocorre tardiamente. Ressalta-se que várias
complicações têm sido descritas, incluindo descolamento de retina
regmatogênico (BOSCH-DRIESSEN et al., 2000), neovascularização sub-
retiniana, oclusões vasculares retinianas (GENTILE et al., 1997), membrana
epirretiniana, edema macular (SCHLAEGEL & WEBER, 1984), catarata e
outros (HOLLAND, 2004). Descolamento de retina regmatogênico tem sido
relacionado à gravidade do quadro inflamatório (BOSCH-DRIESSEN et al.,
2000).
Os achados desse estudo reforçam o papel da CXCL8 nas uveítes e,
pela primeira vez, nas de origem toxoplásmica. Como essa quimiocina declina
após o tratamento efetivo da infecção, poderia eventualmente ser usada como
um marcador de atividade da doença, apesar de não ser específica para a
toxoplasmose ocular. Além disso, abrem-se novas perspectivas no tratamento
das uveítes através do bloqueio da ação das quimiocinas ou dos seus
receptores.
7 – CONCLUSÕES
______________________________________________________________________
97
1 – Os níveis séricos de CXCL8 estavam estatisticamente aumentados nos
pacientes do Grupo Uveíte em comparação ao Grupo Controle. Os níveis
séricos das quimiocinas CCL2, CCL11, CXCL9 e CXCL10 não foram diferentes
entre os dois Grupos.
2 – Após a cicatrização da lesão de retinocoroidite e o término do tratamento,
houve uma redução estatística dos níveis séricos de CXCL8 quando
comparado ao período pré-tratamento.
3a – A presença de vasculite retiniana correlacionou-se estatisticamente com
altos níveis séricos de CXCL8.
3b – Não houve correlação estatisticamente significativa entre a intensidade
das opacidades vítreas e os níveis séricos das quimiocinas CCL2, CCL11,
CXCL8, CXCL9, CXCL10.
3c – Os pacientes com lesões de RCST maiores do que 2 DD apresentaram
altos níveis séricos de CXCL8 quando comparados aos pacientes com lesões
menores do que 1 DD. Houve, também, uma correlação positiva entre o
tamanho da lesão de RCST em atividade e os níveis séricos de CXCL9.
8 – REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS
______________________________________________________________________
99
ABIB F.C., ORÉFICE F. Terminologia anatômica utilizada em oftalmologia. Arq.
Bras. Oftalmol., v.68, p.273-6, 2005.
AGUILAR F., GONZALEZ-ESCRIBANO M.F., SANCHEZ-ROMAN J., NUNEZ-
ROLDAN A. MCP-1 promoter polymorphism in Spanish patients with systemic
lupus erythematosus. Tissue Antigens, v.58, p.335-8, 2001.
AKSUNGER, A., OR, M., OKUR, H., HASANREISOGLU, B., AKBATUR, H.
Role of IL-8 in the pathogenesis of vitreoretinopathy. Ophthalmologica, v.211,
p.223–225, 1999.
ALESSANDRI A.L., SOUZA A.L., OLIVEIRA S.C., MACEDO G.C., TEIXEIRA
M.M., TEIXEIRA A.L. Concentrations of CXCL8, CXCL9 and sTNFR1 in plasma
patients with pulmonary tuberculosis undergoing treatment. Inflamm. Res., v.13,
p.1-6, 2006.
ALEXANDER, J., HUNTER, C.A. Immunoregulation during toxoplasmosis.
Chem. Immunol., v.70, p.81-102, 1998.
ARAKELYAN A., PETRKOVA J., HERMANOVA Z., BOYAJYAN A., LUKL J.,
PETREK M. Serum Levels of the MCP-1 Chemokine in Patients With Ischemic
Stroke and Myocardial Infarction. Mediators Inflamm., v.3, p.175-179, 2005.
ASPINALL T.V., GUY E.C., ROBERTS K.E., JOYNSON D.H., HYDE J.E., SIMS
P.F. Molecular evidence for multiple Toxoplasma gondii infections in individual
patients in England and Wales: public health implications. Int. J. Parasitol., v.33,
p.97–103, 2003.
ASSIS JR. R., ARÁUJO C., CAMPOS W.R., FREITAS N.A, AGOSTINI NETTO
J., ORÉFICE F. Estudo de 52 casos com lesões ativas supostamente
toxoplásmicas. Rev. Bras. Oftalmol., v.56, p.569-85, 1997.
AZEVEDO-SILVA J. Avaliação da resposta imunológica contra antígenos de
Toxoplasma gondii e Ascaris lumbricoides em pacientes residentes em áreas
co-endêmicas para ambos os parasitas em Campos dos Goytacazes/RJ.
Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual do Norte Fluminense Darci
Ribeiro, 2001.
BAGGIOLINI M., DEWALD B., MOSER B. Human chemokines: an update. Ann
Rev. Immunol., v.15, p.675–705, 1997.
BAHIA-OLIVEIRA L.M., JONES J.L., AZEVEDO-SILVA J., ALVES C.C.,
ORÉFICE F., ADDISS D.J. Highly endemic, waterborne toxoplasmosis in north
Rio de Janeiro state, Brazil. Emerg. Infect. Dis., v.9, p.55–62, 2003.
BECKER M.D., O’ROURKE L.M., BLACKMAN W.S., PLANCK S.R.,
ROSENBAUM J.T. Reduced leukocyte migration, but normal rolling and arrest,
100
in the interleukin-8 receptor homologue knockout mice. Invest. Ophthalmol. Vis.
Sci., v.41, p.1812–1817, 2000.
BLISS, S.K., MARSHAL, A.J., ZHANG, Y., DENKERS, E.Y. Human
polymorphonuclear leukocytes produce IL-12, TNF-alpha, and the chemokines
macrophage-inflammatory protein-1 alpha and -1 beta in response to
Toxoplasma gondii antigens. J. Immunol., v.162, p.7369-75, 1999.
BOOTHROYD J.C., GRIGG M.E. Population biology of Toxoplasma gondii and
its relevance to human infection: do different strains cause different disease?
Curr Opin Microbiol., v.5, p.438–442, 2002.
BOSCH-DRIESSEN E.H., ROTHOVA A. Recurrent ocular disease in
postnatally acquired toxoplasmosis. Am. J. Ophthalmol., v.128, p.421-425,
1999.
BOSCH-DRIESSEN L.E., BERENDSCHOT T.T., ONGKOSUWITO J.V.,
ROTHOVA A. Ocular toxoplasmosis: clinical features and prognosis of 154
patients. Ophthalmology, v.109, p.869-78, 2002.
BOSCH-DRIESSEN L.H., KARIMI S., STILMA J.S., ROTHOVA A. Retinal
detachment in ocular toxoplasmosis. Ophthalmology, v.107, p.36–40, 2000.
BOWIE W.R., KING A.S., WERKER D.H., ISAAC-RENTON J.L., BELL A., ENG
S.B., et al. Outbreak of toxoplasmosis associated with municipal drinking water.
Lancet, v.350, p.173–177, 1997.
BRENIER-PINCHART M.P., PELLOUX H., DEROUICH-GUERGOUR D.,
AMBROISE-THOMAS P. Chemokines in host-protozoan-parasite interactions.
Trends Parasitol., v.117, p.292-6, 2001.
BURNETT A.J., SHORTT S.G., ISAAC-RENTON J., KING A., WERKER D.,
BOWIE W.R. Multiple cases of acquired toxoplasmosis retinitis presenting in an
outbreak. Ophthalmology, v.105, p.1032-7, 1998.
CAMPBELL E.M., CHARO I.F., KUNKEL S.L., STRIETER R.M., BORING L.,
GOSLING J., LUKACS N.W. Monocyte chemoattractant protein-1 mediates
cockroach allergen-induced bronchial hyperreactivity in normal but not
CCR2/ mice: the role of mast cells. J. Immunol., v.163, p.2160–2167, 1999.
CARSON, W.E., GIRI, J.G., LINDEMANN, M.J., LINETT, M.L., AHDIEH, M.,
PAXTON, R., et al. Interleuhin (IL) 15 is a novel cytokine that activates human
natural killer cells via components of the IL-2 receptor. J. Exp. Med., v.180,
p.1395-403, 1994.
CHAO, C.C., HU, S., KRAVITZ, F.H., TSANG, M., ANDERSON, W.R.,
PETERSON, P.K. Transforming growth factor-beta protects human neurons
against beta-amyloid induced injury. Mol. Chem. Neuropathol., v.23, p.159-78,
1994.
101
CHARO I.F., RANSOHOFF R.M. The many roles of chemokines and
chemokines receptors in inflammation. N. Engl. J. Med., v.354, p.610-621,
2006.
CHOE H., FARZAN M., SUN Y., SULLIVAN N., ROLLINS B., PONATH P.D., et
al. The beta-chemokine receptors CCR3 and CCR5 facilitate infection by
primary HIV-1 isolates. Cell., v.85, p.1135-48, 1996.
CHOMARAT, P., RISSOAN M.C., BANCHERUEA, J., MIOSSEC, P. Interferon
gmma inhibits interleukin 10 production by monocytes. J. Exp. Med., v.177,
p.523-7, 1993.
COSTA M.I.C. Aspectos clínicos e epidemiológicos da toxoplasmose ocular
presumida em zona rural do estado de Minas Gerais. Dissertação de Mestrado.
Santa Casa de Misericórdia. Belo Horizonte, 2003.
CRANE I.J., KUPPNER M.C., MCKILLOP-SMITH S., KNOTT R.M.,
FORRESTER J.V. Cytokine regulation of RANTES production by human retinal
pigment epithelial cells. Cell Immunol. v.184, p.37–44, 1998.
CRANE I.J., MCKILLOP-SMITH S., WALLACE C.A., LAMONT G.R.,
FORRESTER J.V. Expression of the chemokine MIP-1α, MCP-1, and RANTES
in experimental autoimmune uveitis. Invest. Ophthalmol. Vis. Sci., v.42, p.1547–
1552, 2001.
CURNOW S.J., FALCIANI F., DURRANI O.M., CHEUNG C.M., ROSS E.J.,
WLOKA K., et al. Multiplex bead immunoassay analysis of aqueous humor
reveals distinct cytokine profiles in uveitis. Invest. Ophthalmol. Vis. Sci., v.46,
p.4251–4259, 2005.
CURNOW S.J., MURRAY P.I. Inflammatory mediators of uveitis: cytokines and
chemokines. Curr. Opin. Ophthalmol., v.17, p.532-537, 2006.
DAMICO F.M., CUNHA-NETO E., GOLDBERG A.C. IWAI L.K., MARIN M.L.,
HAMMER J., KALIL J., YAMAMOTO J.H. T-cell recognition and cytokine profile
induced by melanocyte epitopes in patients with HLA-DRB1_0405- positive and
-negative Vogt-Koyanagi-Harada uveitis. Invest. Ophthalmol. Vis. Sci., v.46,
p.2465–2471, 2005.
DENNEY C.F., ECKMANN L., REED S. Chemokine secretion of human cells in
response to Toxoplasma gondii infection. Infect. Immun., v.67, p.1547-52, 1999.
DE PAOLI P., BASAGLIA G., GENNARI D., CROVATTO M., MODOLO M.L.,
SANTINI G. Phenotypic profile and functional characteristics of human gamma
and delta T cells during acute toxoplasmosis. J. Clin. Microbiol., v.30, p.729-
731, 1992.
DINARELLO, C.A. Inflammatory cytokines: interleukin-1 and tumor necrosis
factor as effector molecules in autoimmune diseases. Curr. Opin. Immunol., v.3,
p.941-8, 1991.
102
DINARELLO, C.A. The biological properties of interleukin-1. Eur. Cytokine
Netw., v.5, p.517-31, 1994.
DONG V.M., MCDERMOTT D.H., ABDI R. Chemokines and diseases. Eur. J.
Dermatol., v.3, p.224–230, 2003.
DRAGIC T., LITWIN V., ALLAWAY G.P., MARTIN S.R., HUANG Y.,
NAGASHIMA K.A., et al. HIV-1 entry into CD4/ cells is mediated by the
chemokine receptor CC-CKR-5. Nature, v.381, p.667-73, 1996.
EKSIOGLU-DEMIRALP E., DIRESKENELI H., KIBAROGLU A., YAVUZ S.,
ERGUN T., AKOGLU T. Neutrophil activation in Behcet’s disease. Clin. Exp.
Rheumatol., v.19S, p.19–24, 2001.
EL-ASRAR A.M.A., STRUYF S., AL-KHARASHI S.A., MISSOTTEN L., VAN
DAMME J., GEBOES K. Chemokines in the limbal form of vernal
keratoconjunctivitis. Br. J. Ophthalmol., v.84, p.1360–1366, 2000.
EL-ASRAR A.M.A., STRYF S., AL-MOSALLAM A.A., MISSOTTEN L., VAN
DAMME J., GEBOES K. Expression of chemokine receptors in vernal
keratoconjunctivitis. Br. J. Ophthalmol., v.85, p.1357–1361, 2001.
EL-ASRAR A.M.A., STRUYF S., AL-KHARASHI S.A., MISSOTTEN L., VAN
DAMME J., GEBOES K. Expression of T lymphocyte chemoattractants and
activation markers in vernal keratoconjunctivitis. Br. J. Ophthalmol., v.86,
p.1175–1180, 2002.
EL-ASRAR A.M.A., STRUYF S., DESCAMPS F.J., AL-OBEIDAN S.A.,
PROOST P., VAN DAMME J., et al. Chemokines and gelatinases in the
aqueous humor of patients with active uveitis. Am. J. Ophthalmol., v.138, p.401-
411, 2004.
ELNER S.G., ELNER V.M., JAFFE G.J., STUART A., KUNKEL S.L.,
STREITER R.M. Cytokines in proliferative diabetic retinopathy and proliferative
retinopathy. Curr. Eye Res., v.11, p.1045–1053, 1995.
ELNER S.G., ELNER V.M., BIAN Z.M., LUKACS N.W., KURTZ R.M.,
STREITER R.M., KUNKEL S.L. Human retinal pigment epithelial cell
interleukin-8 and monocyte chemoattractant protein-1 moduclation by T
lymphocyte products. Invest. Ophthalmol. Vis. Sci., v.38, p.446–455, 1997.
ELNER S.G., STREITER R.M., BIAN Z.M., KUNKEL S.L., MOKHTARZADEN
L., JOHNSON M., et al. Interferoninduced protein-10 and interleukin-8; CXC
chemokines present in proliferative diabetic retinopathy. Arch. Ophthamol.,
v.116, p.1597–1601, 1998.
FALCÃO P.L., CORRÊA-OLIVEIRA R., FRAGA L.A.O., TALVANI A.,
PROUDFOOT A.E.I., WELLS T.N.C., et al. Plasma concentrations and role of
macrophage inflammatory protein-1α during chronic Schistosoma mansoni
infection in humans. J. Infect. Dis., v.186, p.1696-1700, 2002.
103
FANG I.M., LIN C.P., YANG C.M., CEHN M.S., YANG C.H. Expression of
CX3C chemokine, fractalkine, and its receptor CX3CR1 in experimental
autoimmune anterior uveitis. Mol Vis., v.11, p.443–451, 2005.
FARDUEA C., ROMAND S., RAO N.A., CASSOUX N., BETTEMBOURG O.,
THULLIEZ P., et al. Diagnosis of toxoplasmic retinochoroiditis with atypical
clinical features. Am. J. Ophthalmol., v.134, p.196–203, 2002.
FAURE J.P. Autoimmunity and the retina. Curr. Top. Eye Res., v.2, p.215-302,
1980.
FERNANDES L.C., ORÉFICE F. Aspectos clínicos e epidemiológicos das
uveítes, em serviço de referência em Belo Horizonte 1970-1993, parte I. Rev.
Bras. Oftalmol., v.55, p.569-78, 1996.
FERNANDES L.C, ORÉFICE F.. Aspectos clínicos e epidemiológicos das
uveítes, em serviço de referência em Belo Horizonte 1970-1993, parte II. Rev.
Bras. Oftalmol., v.55, p.579-92, 1996.
FEROM E.J., KLAREN V.N., WTERENGA E.A., VERJANS G.M., KIJLSTRA A.
Characterization of Toxoplasma gondii-specific T cells recovered from vitreous
fluid of patients with ocular toxoplasmosis. Invest. Ophthalmol. Vis. Sci., v.42,
p.3228-3232, 2001.
FILISETTI D., CANDOLFI E. Imunne response to Toxoplasma gondii. Ann. Ist.
Super Sanità., v.40, p.71-80, 2004.
FIORENTINO, D.F., ZLOTNICK, T., MOSMANN, T., HOWARD, M., O’GARRA,
A. IL-10 inhibits cytokine production by activated macrophages. J. Immunol.,
v.147, p.3815-22, 1991a.
FIORENTINO, D.F., ZLOTNIK, T., VIEIRA, P., MOSMANN, T.R., HOWARD,
M., MOORE, K.W., O’GARRA, A. IL-10 acts on the antigen-presenting cell to
inhibit cytokine production by Th1 cells. J. Immunol., v.146, p.3444-51, 1991b.
FREIRE A.L., BERTOLO M.B., PINHO JR. A.J., SÂMARA A.M., FERNANDES
S.R.M. Increased serum levels of interleukin-8 in polyarteritis nodosa and
Behçet’s disease. Clin. Rheumatol., v.23, p.203-205, 2004.
FRENKEL, J.K. Toxoplasmosis: mechanisms of infection, laboratory diagnosis
and management. Curt. Top. Pathol., v.54, p.27-75, 1971.
FRIEDMANN C.T., KNOX D.L. Variations in recurrent active toxoplasmic
retinochoroiditis. Arch. Ophthalmol., v.81, p.481-493, 1969.
GAJEWSKL, T.F., FITCH, F.W. Antiproliferative effect of INF in immuno
regulation. INF- inhibits the proliferation of Th2 but not Th1 murine helper T
lymphocyte clones. J. Immunol., v.140, p.4245-4231, 1988.
104
GAO P., ZHOU X.Y., YASHIRO-OHTANI Y., YANG Y.F., SUGIMOTO N., ONO
S., et al. The unique target specificity of a nonpeptide chemokine receptor
antagonist: selective blokade of two Th1 chemokine receptors CCR5 and
CXCR3. J. Leuk. Biol., v.73, p.273–280, 2003.
GARCIA C.A.A. Estudo epidemiológico de parasitoses oculares na população
de escolares da cidade de Natal-RN, Brasil. Tese de Doutorado. Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2004.
GAZZINELLI, R.T., HAKIM, F.T., HIENY, S., SHEARER, G.M., SHER, A.
Synergistic role of CD4+ and CD8+ T lymphocytes in IFN-gamma production
and protective immunity induced by an attenuated Toxoplasma gondii vaccine.
J. Immunol., v.146, p.286-92, 1991.
GAZZINELLI, R.T., DENKERS, E.Y., SHER, A. Host resistance to Toxoplasma
gondii: model for studying the selective induction of cell-mediated immunity by
intracellular parasites. Infect. Agents Dis., v.2, p.139-149, 1993a.
GAZZINELLI, R.T., HIENRY, S., WYNN, T., WOLF, S., SHER, A. IL-12 is
required for the T-cell independent induction of IFN-γ by in intracellular parasite
and induces resistance in T-deficient hosts. Proc. Natl. Acad. Sci., v.90, p.6115-
9, 1993b.
GAZZINELLI, R.T., BREZIN, A., LI, Q., NUSSENBLATT, R.B., CHAN, C.C.
Toxoplasma gondii: acquired ocular toxoplasmosis in the murine model,
protective role of TNF-alpha and IFN-gamma. Exp. Parasitol., v.78, p.217-29,
1994.
GAZZINELLI, R.T., AMICHAY, D., SCHARTON-KERSTEN, T., GRUNVALD, F.,
FARBER, J.M., SHER, A. Role of macrophage-derived cytokines in the
induction and regulation of cell mediated immunity to Toxoplasma gondii. Curr.
Top. Microbiol. Immunol., v.219,p.127-140, 1996.
GAZZINELLI, R.T., TALVANI, A., CAMARGO, MM, SANTIAGO, H.C.,
OLIVEIRA, M.A., VIEIRA, L.Q., et al. Induction of cell mediated imunity during
early stages of infection with intracellular protozoa. Braz. J. Med. Biol. Res.,
v.31, p.89-104, 1998.
GERARD C., ROLLINS B.J. Chemokines and disease. Nat. Immunol., v.2,
p.108-115, 2001.
GERHARDT C.C., ROMERO I.A., CANCELLO R., CAMOIN L., STROSBERG
A.D. Chemokines control fat accumulation and leptin secretion by cultured
human adipocytes. Mol. Cell Endocrinol., v.175, p.81-92, 2001.
GERY I., MOCHIZUKI M., NUSSENBLATT R.B. Retinal specific antigens and
immunopathogenic processes they provoke. Prog. Retinal Res., v.5, p.75, 1986.
105
GILBERT R.E., STANFORD M.R., JACKSON H., HOLLIMAN R.E., SANDERS
M.D. Incidence of acute symptomatic toxoplasma retinochoroiditis in south
London according to country of birth. BMJ, v.310, p.1037–1040, 1995.
GILBERT R.E., DUNN D.T., LIGHTMAN S., MURRAY P.I., PAVESIO C.E.,
GORMLEY P.D., et al. Incidence of symptomatic Toxoplasma eye disease:
aetiology and public health implications. Epidemiol. Infect., v.123, p.283–289,
1999.
GILBERT R.E., STANFORD M.R. Is ocular toxoplasmosis caused by prenatal
or postnatal infection? Br. J. Ophthalmol., v.84, p.224-6, 2000.
GLASNER P.D., SILVEIRA C., KRUSZON-MORAN D., MARTINS M.C.,
BURNIER JUNIOR M., SILVEIRA S., et al. An unusually high prevalence of
ocular toxoplasmosis in southern Brazil. Am. J. Ophthalmol., v.114, p.136-144,
1992.
GONZALO J.A., LLOYD C.M., KREMER L., FINGER E., MARTINEZ A.C.,
SIEGELMAN M.H., CYBULSKY M., GUTIERREZ-RAMOS J.C. Eosinophil
recruitment to the lung in a murine model of allergic inflammation. The role of T
cells, chemokines, and adhesion receptors. J. Clin. Invest., v.98, p.2332–2345,
1996.
GROSSNIKLAUS H.E., LING J.X., WALLACE T.M., DITHMAR S., LAWSON
D.H., COHEN C., ELNER V.M., ELNER S.G., STERNBERG JR. P.
Macrophage and retinal pigment epithelium expression of angiogenic cytokines
in choroidal neovascularisation. Mol. Vis., v.8, p.119–126, 2002.
GU L., OKADA Y., CLINTON S.K., GERARD C., SUKHOVA G.K., LIBBY P.,
ROLLINS B.J.. Absence of monocyte chemoattractant protein-1 reduces
atherosclerosis in low density lipoprotein receptor–deficient mice. Mol. Cell, v.2,
p.275-81, 1998.
GUERREIRO J.B., SANTOS S.B., MORGAN D.J., PORTO A.F., MUNIZ A.L.,
HO J.L. TEIXEIRA A.L., TEIXEIRA M.M., CARVALHO E.M. Levels of serum
chemokines discriminate clinical myelopathy associated with human T
lymphotropic virus type 1 (HTLV-1)/tropical spastic paraparesis (HAM/TSP)
disease from HTLV-1 carrier state. Clin. Exp. Immunol., v.145, p.296-301, 2006.
GULATI A., SACCHETTI M., BONINI S., DANA R. Chemokine receptor CCR5
expression in conjunctival epithelium of patients with dry eye syndrome. Arch
Ophthalmol., v.124, p.710-716, 2006.
HACK C.E., HART M., VAN SCHIJNDEL R.J., FERENBERG A.J., NUIJENS
J.H., THIJS L.G., AARDEN L.A. Interleukin-8 in sepsis: relation to shock and
inflammatory mediators. Infect. Immun., v.60, p.2835–42, 1992.
HAN Q.H., HUI Y.N., DU H.J., ZHANG W.J., MA J.X., WANG S.Y. Migration of
retinal pigment epithelial cells in vitro modulated by monocyte chemotactic
106
protein-1: enhancement and inhibition. Graefes Arch. Clin. Exp. Ophthalmol.,
v.239, p.531–538, 2001.
HARINGMAN J.J., KRAAN M.C., SMEETS T.J., ZWINDERMAN K.H., TAK P.P.
Chemokine blockade and chronic inflammatory disease: proof of concept in
patients with rheumatoid arthritis. Ann. Rheum. Dis., v.62, p.715–721, 2003.
HART D.N. Dendritic cells: unique leukocyte populations which control the
primary immune response. Blood, v.90, p.3245-87, 1997.
HAYNES B.F., HEINLY C.S. Early human T cell development: analysis of the
human thymus at the time o initial entry of hematopoietic stem cells into the
fetal thymic microenvironment. J. Exp. Med., v.181, p.1445-58, 1995.
HERFARTH H., GOKE M., HELLERBRAND C., MUHLBAUER M., VOGL D.,
SCHOLMERICH J., ROGLER G. Polymorphism of monocyte chemoattractant
protein 1 in Crohn’s disease. Int. J. Colorectal. Dis., v.18, p.401-5, 2003.
HILL T., GALATOWICZ G., AKERELE T., LAU C.H., CALDER V., LIGHTMAN
S. Intracellular T lymphocyte cytokine profiles in the aqueous humour of
patients with uveitis and correlation with clinical phenotype. Clin. Exp. Immunol.,
v.139, p.132–137, 2005.
HOLLAND G.N., BUHLES W.C., MASTRE B., KAPLAN H.J. A controlled
retrospective study of ganciclovir treatment for cytomegalovirus retinopathy.
Arch. Ophthalmol., v.107, p.1759-1766, 1989.
HOLLAND G.N., MUCCIOLI C., SILVEIRA C., WEISZ J.M., BELFORT R. JR.,
O’CONNOR G.R. Intraocular inflammatory reactions without focal necrotizing
retinochoroiditis in patients with acquired systemic toxoplasmosis. Am. J.
Ophthalmol., v.128, p.413–420, 1999.
HOLLAND G.N. Ocular toxoplasmosis: a global reassessment. Part I:
epidemiology and course of disease. Am. J. Ophthalmol., v.136, p.973-88,
2003.
HOLLAND G.N. Ocular toxoplasmosis: a global reassessment. Part II: disease
manifestations and management. Am. J. Ophthalmol., v.137, p.1-17, 2004.
HOLTKAMP G.M., DE VOS A.F., PEEK R., KIJLSTRA A. Analysis of the
secretion pattern of monocyte chemotactic protein-1 (MCP-1) and transforming
growth factor-beta 2 (TGF-beta2) by human retinal pigment epithelial cells. Clin.
Exp. Immunol., v.118, p.35-40, 1999.
HOUMAN H., HAMZAOUI A., GHORDAL I.B., KHANFIR M., FEKI M.,
HAMZAOUI K. Abnormal expression of chemokines receptors em Behçet`s
disease: relationship to intracellular Th1/Th2 cytokines and to clinical
manifestations. J. Autoimmun., v.23, p.267-273, 2004.
107
HOVAKIMYAN A., CUNNINGHAM E.T. JR. Ocular toxoplasmosis. Ophthalmol.
Clin North. Am., v.15, p.327–332, 2002.
HUGES E.H., DICK A.D. The pathology and pathogenesis of retinal vasculitis.
Neuropathol. Appl. Neurobiol., v.29, p.325-40, 2003.
IUIS/WHO SUBCOMMITTEE ON CHEMOKINE NOMENCLATURE.
Chemokine/chemokine receptor nomenclature. Cytokine, v.21, p.48-49, 2003.
JANKU, J. Pathogenesis and pathologic anatomy of coloboma of macula lútea
in eye of normal dimensions and in microphthalmic eye, with parasites in retina.
Cas. Lek. Cesk., v.62, p.1021-1027, 1054-1059, 1111-1115, 1138-1143, 1923.
JOHNSON, L.L., SAYLES P.C. Interleukin-12, dendritic cells, and the initiation
of host-protective mechanisms against Toxoplasma gondii. J. Exp. Med., v.186
p.1799-802, 1997.
JOHNSON M.W., GREVEN G.M., JAFFE G.J., et al. Atypical, severe
toxoplasmic retinochoroiditis in elderly patients. Ophthalmology, v.104, p.48–57,
1997.
JONES J.L., KRUSZON-MORAN D., WILSON M., MCQUILLAN G., NAVIN T.,
MCAULEY J.B. Toxoplasma gondii infection in the United States:
seroprevalence and risk factors. Am. J. Epidemiol., v.154, p.357–365, 2001.
KATSANTONIS J., ADLER Y., ORFANOS C.E., ZOUBOULIS C.C.
Adamantiades–Behcet’s disease: serum IL-8 is a more reliable marker for
disease activity than C-reactive protein and erythrocyte sedimentation rate.
Dermatology, v.201, p.37–39, 2000.
KAWAZOE, U. In: Neves, DP. Parasitologia humana, 9
a
edição, São Paulo.
Atheneu. p.174-187, 1995.
KEINO H., TAKEUCHI M., KEZUKA T., YAMAKAWA N., TSUKAHARA R.,
USUI M. Chemokine and chemokine receptor expression during experimental
autoimmune uveoretinitis in mice. Graefe’s Arch. Clin. Exp. Ophthalmol., v.241,
p.111–115, 2003.
KHAN, I.A., KASPER, L.H. IL-15 augments CD8+ T cell-mediated immunity
against Toxoplasma gondii infection in mice. J. Immunol., v.157, p.2103-2108,
1996.
KHAN I.A., MACLEAN J.A., LEE F.S., CASCIOTTI L., DEHAAN E.,
SCHWARTZMAN J.D., et al. IP-10 is critical for effector T cell trafficking and
host survival in Toxoplasma gondii infection. Immunity, v.12, p.483-94, 2000.
KIMURA S.J., THYGESON P., HOGAN J. Signs and symptoms of uveitis. II.
Classification of the posterior manifestations of uveitis. Am. J. Ophthalmol.,
v.47, p.171-6, 1959.
108
KLOK A.M., LUYENDIJK L., ZAAL M.J.W., ROTHOVA A., HACK C.E.,
KIJLSTRA A. Elevated serum IL-8 are associated with disease activity in
idiopathic intermediate uveitis. Br. J. Ophthalmol., v.82, p.871-874, 1998.
KOPPE J.G., ROTHOVA A. Congenital toxoplasmosis. A long-term follow-up of
20 years. Int. Ophthalmol., v.13, p.387–390, 1989.
KURTZ R.M., ELNER V.M., BIAN Z.M., STREITER R.M., KUNKEL S.L.,
ELNER S.G. Dexamethasone and cyclosporin A modulation of human retinal
pigment epithelial cell monocyte chemotactic protein-1 and interlukin-8. Invest.
Ophthalmol. Vis. Sci., v.38, p.436–445, 1997.
LABALETTE P., DELHAES L., MARGARON F., FORTIER B., ROULAND J.F..
Ocular toxoplasmosis after the fifth decade. Am. J. Ophthalmol., v.133, p.506–
515, 2002.
LAING K.J., SECOMBES C.J. Chemokines. Dev. Comp. Immunol., v.28, p.443-
460, 2004.
LEONARDI A., JOSE P.J., ZHAN H., CALDER V.L. Tear and mucus eotaxin-1
and eotaxin-2 in allergic keratoconjunctivitis. Ophthalmology, v.110, p.487–492,
2003.
LETTERIO, J.J., ROBERTS, A.B. Regulation of immune responses by TGF-
beta. Annu. Rev. Immunol., v.16, p.137-61, 1998.
LINDBERG, R.E., FRENKEL, J.K. Toxoplasmosis in nude mice. J. Parasitol.,
v.63, p.219-20, 1977.
LOETSCHER P., MOSER B. Homing chemokines in rheumatoid arthritis.
Arthritis Rheum., v.4, p.233–236, 2002.
LYNCH M.I., CORDEIRO F., FERREIRA S., XIMENES R., ORÉFICE F.,
MALAGUEÑO E. Lacrimal Secretory IgA in Active Posterior Uveitis Induced by
Toxoplasma gondii. Mem. Inst. Oswaldo Cruz, v.99, p.861-864, 2004.
MAETZ H.M., KLEINSTEIN R.N., FEDERICO D., WAYNE J. Estimated
prevalence of ocular toxoplasmosis and toxocariasis in Alabama. J. Infect. Dis.,
v.156, p.414, 1987.
MAHIDA Y.R., CESKA M., EFFENBERG F., KURLAK L., LINDLEY I., HAWKEY
C.J. Enhanced synthesis of neutrophil-activating peptide-1/interleukin-8 in
active ulcerative colitis. Clin. Sci., v.82, p.273–5, 1992.
MANCZAK M., JIANG S., ORZECHOWSKA B., ADAMUS G. Crucial role of
CCL3/MIP-1a in the recurrence of autoimmune anterior uveitis induced with
myelin basic protein in Lewis rats. J. Autoimmun., v.18, p.259–270, 2002.
109
MANTAS C., DIRESKENELI H., OZ D., YAVUZ S., AKOGLU T. IL-8 producing
cells in patients with Behcet’s disease. Clin. Exp. Rheumatol., v.18, p.249–251,
2000.
MATTHEWS J.D., WEITER J.J. Outer retinal toxoplasmosis. Ophthalmology,
v.95, p.941-6, 1988.
METS M.B., HOLFELS E., BOYER K.M., SWISHER C.N., ROIZEN N., STEIN
L., et al. Eye manifestations of congenital toxoplasmosis. Am. J. Ophthalmol.,
v.122, p.309-324, 1996.
MINEO J.R., MCLEOD R., MACK D., SMITH J., KHAN I.A., ELY K.H., KASPER
L.H. Antibodies to Toxoplasma gondii major surface protein (SAG-1, P30) inhibit
infection of host cells and are produced in murine intestine after peroral
infection. J. Immunol., v.150, p.3951-64, 1993.
MIYAZAWA I., ABE T., NARIKAWA K., FENG J., MISU T., NAKASHIMA I., et
al. Chemokine profile in the cerebrospinal fluid and serum of Vogt-Koyanagi-
Harada disease. J. Neuroimmunol., v.158, p.240-4, 2005.
MOREIRA M.A., TILBERY C.P., MONTEIRO L.P., TEIXEIRA M.M., TEIXEIRA
A.L. Effect of the treatment with methylprednisolone on the cerebrospinal fluid
and serum levels of CCL2 and CXCL10 chemokines in patients with active
multiple sclerosis. Acta Neurol. Scand., v.114, p.109-13, 2006.
MOREIRA M.A., SOUSA A.L., LANA-PEIXOTO M.A., TEIXEIRA M.M.,
TEIXEIRA A.L. Chemokines in the cerebrospinal fluid of patients with active and
stable relapsing-remitting multiple sclerosis. Braz. J. Med. Biol. Res., v.39,
p.441-5, 2006.
MOSER B., LOETSCHER P. Lymphocyte traffic control by chemokines. Nat.
Immunol., v.2, p.123–128, 2001.
MOSMANN T.R., CHERWINSKI H., BOND M., GIEDLIN M., COFFMAN R. Two
types or murine helper T cell clone I. Definitions according to profiles of
lymphokine activities and secreted proteins. J. Immunol., v.136, p.2348-57,
1986.
MOSMANN, T.R. Cytokines: is there biological meaning? Curr. Opin. Immunol.,
v., p.311-4, 1991.
MOSSMANN T.R. Properties and functions of interleukin-10. Adv. Immunol.,
v.56, p.1-26, 1994.
MURDOCH C., FINN A. Chemokine receptors and their role in inflammation
and infectious diseases. Blood, v.95, p.3032–3043, 2000.
MURPHY P.M., BAGGIOLINI M., CHARO I.F., HEBERT C.A., HORUK R.,
MATSUSHIMA K., et al. International Union of Pharmacology. XXII.
110
Nomenclature for chemokine receptors. Pharmacol. Rev., v.52, p.145–176,
2000.
MURPHY P.M. INTERNATIONAL UNION OF PHARMACOLOGY. XXX. Update
on chemokine receptor nomenclature. Pharmacol. Rev., v.54, p.227–229, 2002.
MURRAY H.W., COHN Z.A. Macrophage oxygen-dependent antimicrobial
activity. I. Susceptibility of Toxoplasma gondii to oxygen intermediates. J. Exp.
Med., v.150, p.938-49, 1979.
MURRAY H.W., RUBIN B.Y., CARRIERO S.M., HARRIS A.M., JAFFEE E.A.
Human mononuclear phagocyte antiprotozoal mechanisms: oxygen-dependent
vs oxygen-independent activity against intracellular toxoplasma gondii. J.
Immunol., v.134, p.1982-8, 1985.
NAVIA B.A., PETITO C.K., GOLD J.W., CHO E.S., JORDAN B.D., PRICE R.W.
Cerebral toxoplasmosis complicating the acquired immune deficiency
syndrome: clinical and neuropathological findings in 27 patients. Ann. Neurol.,
v.19, p.224–238, 1986.
NEYER L.E., GRUNING G., FORT M., REMINGTON J.S., RENNICK D.,
HUNTER C.A. Role of interleukin-10 in regulation of T-cell-dependent and T-
cell-independent mechanisms of resistance to Toxoplasma gondii. Infect.
Immun., v.65, p.1675-82, 1997.
NICOLLE C., MANCUEAX L. Sur une infection à corps de Leishman (ou
organismes voisins) du gondii. C. R. Hebdomadaire Séances Acad. Sci., v.146,
p.207-209, 1908.
NICOLLE C., MANCUEAX L. Sur um protozoaire nouvUEA de gondi,
Toxoplasma. Arch. Inst. Pasteur., v.2, p.97-103, 1909.
O’BRIEN S.J., MOORE J.P. The effect of genetic variation in chemokines and
their receptors on HIV transmission and progression to AIDS. Immunol. Rev.,
v.177, p.99–111, 2000.
ORÉFICE, F., BAHIA-OLIVEIRA, L.M.G. Toxoplasmose. In: Uveíte Clínica e
Cirúrgica. Vol. 2. 2
a
edição. p.699-804. Cultura Médica. Rio de Janeiro. 2005.
PELLOUX H., PERNOD G., POLACK B., COURSANGE E., RICARD J.,
VERNA J.M., AMBROISE-THOMAS P. Influence of cytokines on Toxoplasma
gondii growth in human astrocytoma-derived cells. Parasitol. Res., v.82, p.598-
603, 1996.
PINKERTON H., WEINMAN D. Toxoplasma infection in man. Acta Pathol.,
v.30, p.374-392, 1940.
PINKERTON H., HENDERSON R.G. Adult toxoplasmosis. JAMA, v.116, p.807-
814, 1941.
111
RANSOHOFF R.M. The chemokine system in neuroinflammation: an update. J.
Infect. Dis., v186, p.S152–S156, 2002.
REYES L., FRENKEL J.K. Specific and nonspecific mediation of protective
immunity to Toxoplasma gondii. Infect. Immun., v.55, p.856-63, 1987.
RIZZI B., BRUNO S., DAMMACCO R. Behçet’s disease: an immune-mediated
vasculitis involving vessels of all sizes. Int. J. Clin. Lab. Res., v.27, p.225-232,
1997.
ROBERTS F., METS M.B., FERGUSON D.J., O’GRADY R., O’GRADY C.,
THULLIEZ P., et al. Histopathological features of ocular toxoplasmosis in the
fetus and infant. Arch. Ophthalmol., v.119, p.51–58, 2001.
ROBEY E., FOWLKES B.J. The alpha beta versus gamma delta T-cell lineage
choice. Curr. Opin. Immunol., v.10, p.181-7, 1998.
ROLLINS B.L. Chemokines. Blood, v.90, p.909-928, 1997.
RONDAY M.J., ONGKOSUWITO J.V., ROTHOVA A., KIJLSTRA A. Intraocular
anti-Toxoplasma gondii IgA antibody production in patients with ocular
toxoplasmosis. Am. J. Ophthalmol., v.127, p.294–300, 1999.
ROSS R.D., STEC L.A., WERNER J.C., BLUMENKRANZ M.S., GLAZER L.,
WILLIAMS G.A. Presumed acquired ocular toxoplasmosis in deer hunters.
Retina, v.21, p.226–229, 2001.
ROTHOVA A., BUITENHUIS H.J., MEENKEN C., BAARSMA G.S., BOEN-TAN
T.N., DE-JONG P.T. et al. Therapy for ocular toxoplasmosis. Am. J.
Ophthalmol., v.115, p.517-23, 1993.
ROTHOVA A. Ocular manifestations of toxoplasmosis. Curr. Opin. Ophthalmol.,
v.14, p.384-388, 2003.
SABIN A.B. Toxoplasmic encephalitis in children. JAMA, v.116, p.801-807,
1941.
SABIN A.B., FELDMAN H.A. Dyes as microchemical indicators of a new
immunity phenomenon affecting a protozoan parasite (Toxoplasma). Science,
v.108, p.660-663, 1948.
SABROE I., PECK M.J., VAN KEULEN B.J., JORRITSMA A., SIMMONS G.,
CLAPHAM P.R., WILLIAMS T.J., PEASE J.E. A small molecule antagonist of
chemokine receptors CCR1 and CCR3. Potent inhibition of eosinophil function
and CCR3-mediated HIV-1 entry. J. Biol. Chem., v.275, p.25985–25992, 2000.
SAHIN S., AKOGLU T., DIRESKENELI H., SEN L.S., LAWRENCE R.
Neutrophil adhesion to endothelial cells and factors affecting adhesion in
patients with Behcet’s disease. Ann. Rheum. Dis., v.55, p.128–133, 1996.
112
SALLUSTO F., LENIG D., MACKAY C.R., LANZAVECCHIA A. Flexible
programs of chemokines receptor expression on Th1 and Th2 lymphocytes. J.
Exp. Med., v.187, p.875-883, 1998.
SCALISE F., GERLI R., CASTELLUCCI G., SPINOZI F., FABIETTI G.M.,
CRUPI S., et al. Lymphocytes bearing the γδ T-cell receptor in acute
toxoplasmosis. Immunology, v.76, p.668-70, 1992.
SCHLAEGEL T.F.J., WEBER J.C. The macula in ocular toxoplasmosis. Arch.
Ophthalmol., v.102, p.697-698, 1984.
SCHLONDORFF D., NELSON P.J., LUCKOW B., BANAS B. Chemokines and
renal disease. Kidney Int., v.51, p.610–621, 1997.
SEGERER S., NELSON P.J., SCHLÖNDORFF D. Chemokines, chemokine
receptors, and renal disease: from basic science to pathophysiologic and
therapeutic studies. J. Am. Soc. Nephrol., v.11, p.152–176, 2000.
SHER A., FIORENTINO D., CASPAR P., PEARCE E., MOSMANN T.
Production of IL-10 by CD4+ T lymphocytes correlates with down-regulation of
Th1 cytokine synthesis in helminth infection. J. Immunol., v.147, p.2713-6,
1991.
SHER A., OSWALD P., HIENY S., GAZZINELLI P. Toxoplasma gondii induces
a T-independent IFN-γ response in natural killer cells that requires both
adherent accessory cells and tumor necrosis factor-a. J. Immunol., v.1, p.3982-
89,1993.
SILVEIRA C., BELFORT R.J., BURNIER M.J., NUSSENBLATT R. Acquired
toxoplasmic infection as the cause of toxoplasmic retinochoroiditis in families.
Am. J. Ophthalmol., v.106, p.362-364, 1988.
SILVEIRA C., BELFORT R. JR., MUCCIOLI C., ABREU M.T., MARTINS M.C.,
VICTORA C., et al. A follow-up study of Toxoplasma gondii infection in southern
Brazil. Am. J. Ophthalmol., v.13, p.351–354, 2001.
SILVERMAN M.D., ZAMORA D.O., PAN Y., TEXEIRA P.V., BAEK S.H.,
PLANCK S.R., ROSENBAUM J.T. Constitutive and inflammatory mediator-
regulated fractalkine expression in human ocular tissues and cultured cells.
Invest. Ophthalmol. Vis. Sci., v.44, p.1608–1615, 2003.
SMITH J.R., CUNNINGHAM JR. E.T. Atypical presentations of ocular
toxoplasmosis. Curr. Opin. Ophthalmol., v.13, p.387–392, 2002.
SMITH R.E., GANLEY J.P. Ophthalmic survey of a community. 1. Abnormalities
of the ocular fundus. Am. J. Ophthalmol.,v.74, p.1126–1130, 1972.
SONODA K.H., SASA Y., QIAO H., TSUTUMI C., HISATOMI T., KOMIYAMA
S., KUBOTA T., SAKAMOTO T., KAWANO Y.I., ISHISBASHI T.
113
Immunoregulatory role of ocular macrophages produce RANTES to suppress
experimental autoimmune uveitis. J. Immunol., v.171, p.2652–2659, 2003.
SORENSON T.L., TANI M., JENSEN V., PIERCE V., CLAUDIA L., FOLCIK
V.A., et al. Expression of specific chemokines and chemokine receptors in the
central nervous systems of multiple sclerosis patients. J. Clin. Invest., v.103,
p.807–815, 1999.
SOUSA-PEREIRA S.R., TEIXEIRA A.L., SILVA L.C., SOUZA A.L., ANTUNES
C.M., TEIXEIRA M.M., LAMBERTUCCI J.R. Serum and cerebral spinal fluid
levels of chemokines and Th2 cytokines in Schistosoma mansoni
myeloradiculopathy. Parasite Immunol., v.28, p.473-8, 2006.
SPLENDORE A. Um nuovo protozoa parasita dei conigli: incontrato nrll lesione
anatomichr d’une malattia che ricorda in molti punti il kala-azar dell’uomo. Rev.
Soc. Sci. São Paulo, v.3, p.109-112, 1908.
TAKASE H., SUGITA S., TAGUCHI C., IMAY Y., MOCHISUKI M. Capacity of
ocular infiltrating T helper type 1 cells of patients with noninfectious uveitis to
produce chemokines. Br. J. Ophthalmol., v.90, p.765–768, 2006.
TAKEUCHI M., OH-I K., SUZUKI J., HATTORI T., TAKEUCHI A., OKUNUKI Y.,
et al. Elevated serum levels of CXCL9/monokine induced by interferon-γ and
CXCL10/Interferon-γ-inducible protein-10 in ocular sarcoidosis. Invest.
Ophthalmol. Vis. Sci., v.47, p.1063-1068, 2006.
TANCHOT C., LEMONNIER F.A., PERARNAU B., FREITAS A.A., ROCHA B.
Differential requirements for survival and proliferation of CD8 naive or memory
T cells. Science, v.27, p.2057-62, 1997.
TARGOWSKI T., JAHNZ-RÓZYK K., PLUSA T., GLODZINSKA-
WYSZOGRODZKA E. Influence of age and gender on serum eotaxin
concentration in healthy and allergic people. J. Investig. Allergol. Clin. Immunol.,
v.15, p.277-82, 2005
TEIXEIRA-JR. A.L., CARDOSO F., SOUZA A.L.S., TEIXEIRA M.M. Increased
serum concentrations of monokine induced by interferon-γ/CXCL9 and
interferon-γ-inducible protein 10/CXCL10 in Sydenham`s chorea patients. J.
Neuroimmunol., v.150, p.157-162, 2004.
THEODOSSIADIS P., KOKOLAKIS S., LADAS I., KOLLIA A.C., CHATZOULIS
D., THEODOSSIADIS G. Retinal vascular involvement in acute toxoplasmic
retinochoroiditis. Int. Ophthalmol., v.19, p.19-24, 1995.
TOELLNER K.M., LUTHER S.A., SZE D.M., CHOY R.K., TAYLOR D.R.,
MACLENNAN I.C., et al. T helper 1 (Th1) and Th2 characteristics start to
develop during T cell priming and are associated with an immediate ability to
induce. J. Exp. Med., v.187, p.1193-204, 1998.
114
TRAVES S.L., CULPITT S.V., RUSSELL R.E., BARNES P.J., DONNELLY L.E.
Increased levels of the chemokines GROalpha and MCP-1 in sputum samples
from patients with COPD. Thorax, v.57, p.590–595, 2002.
TRINCHIERI G. Interleukin-12 and its role in the generation of Th1 cells.
Immunol. Today, v.14, p.335-8, 1993.
VALLOCHI A.L., NAKAMURA M.V., SCHLESINGER D., MARTINS M.C.,
SILVEIRA C., BELFORT JR. R., RIZZO L.V. Ocular toxoplasmosis: more than
just what meets the eye. Scand. J. Immunol., v.55, p.324-328, 2002.
VALLOCHI A.L., RIOS L.S., NAKAMURA M.V., SILVEIRA C., MUCCIOLI C.,
MARTINS M.C., BELFORT R., RIZZO L.V. The involvement of autoimmunity
against retinal antigens in determining disease severity in toxoplasmosis.
Journal of Autoimmunity, v.24, p.25-32, 2005.
VERMA M.J., LLOYD A., RAGER H., STREITER R., KUNKEL S., TAUB D.,
WAKEFIELD D. Chemokines in acute anterior uveitis. Curr. Eye Res., v.16,
p.1202–1208, 1997.
VERMA M.J., MUKAIDA N., VOLLMER-CONNA U., MATSUSHIMA K., LLOYD
A., WAKEFIELD D. Endotoxin-induced uveitis is partially inhibited by anti-IL-8
antibody treatment. Invest. Ophthamol. Vis. Sci., v.40, p.2465–2470,1999.
VICARI A.P., CAUX C. Chemokines in cancer. Cytokine Growth Factor Rev.,
v.13, p.143–154, 2002.
WALLACE G.R., FARMER I., CHURCH A., GRAHAM E.M., STANFORD M.R.
Serum levels of chemokines correlate with disease activity in patients with
retinal vasculitis. Immunology Letters, v.90, p.59–64, 2003.
WALLACE G.R., CURNOW S.J., WLOKA K., SALMON M., MURRAY P.I. The
role of chemokines and their receptors in ocular disease. Prog. Ret. Eye Res.,
v.23, p.435-448, 2004.
WANG J., HUANG M., LEE P., KOMANDURI K., SHARMA S., CHEN G.,
DUBINETT S.M. Interleukin-8 inhibits non-small cell lung cancer proliferation: a
possible role for regulation of tumor growth by autocrine and paracrine
pathways. J. Interferon Cytokine Res., v.16, p.53-60, 1996.
WANG L.M., KITTERINGHAM N., MINESHITA S., WANG J.Z., NOMURA Y.,
KOIKE Y., MIYASHITA E. The demonstration of serum interleukin-8 and
superoxide dismutase in Adamantiades–Behcet’s disease. Arch. Dermatol.
Res., v.298, p.444–447, 1997.
WEGSCHEIDER B.J., WEGER M., RENNER W., POSCH U., ULRICH S.,
HERMANN J., et al. Role of the CCL2/MCP-1 -2518A>G gene polymorphism in
HLA-B27 associated uveitis. Molecular Vision, v.11, p.896-900, 2005.
WHITE J.R., LEE J.M., DEDE K., IMBURGIA C.S., JUREWICZ A.J., CHAN G.,
et al. Identification of potent, selective non-peptide CC chemokine receptor-3
115
antagonist that inhibits eotaxin-, eotaxin-2-, and monocyte chemotactic protein-
4-induced eosinophil migration. J. Biol. Chem., v.275, p.36626–36631, 2000.
WILSON C.B., REMINGTON J.S., STAGNO S., REYNOLDS D.W.
Development of adverse sequelae in children born with subclinical congenital
Toxoplasma infection. Pediatrics, v.66, p.767–774, 1980.
WOLF A., COWEN D., PAIGE B.H. Toxoplasmic encephalomyelitis due to a
protozoon. Am. J. Pathol., v.15, p.657-694, 1939.
YAMAGATA T., ICHINOSE M. Agents against cytokine synthesis or receptors.
Eur. J. Pharmacol., v.533, p.289-301, 2006.
YE D.Q., HU Y.S., LI X.P., YANG S.G., HAO J.H., HUANG F., ZHANG X.J. The
correlation between monocyte chemoattractant protein-1 and the arthritis of
systemic lupus erythematosus among Chinese. Arch. Dermatol. Res., v.296,
p.366-71, 2005.
YOKOYAMA T., KANDA T., KOBAYASHI I., SUZUKI T. Serum levels of
interleukin-8 as a marker of disease activity in patients with chronic sarcoidosis.
J. Med., v.26, p.209–19, 1995.
YUUKI T., KANDA T., KIMURA Y., KOTAJIMA N., TAMURA J., KOBAYASHI
I., KISHI S. Inflammatory cytokines in vitreous fluid and serum of patients with
diabetic retinopathy. J. Diabetes Complications, v.15, p.257–259, 2001.
ZIERHUT M., FOSTER C.S. Multiple sclerosis, sarcoidosis and other diseases
in patients with pars planitis. Dev. Ophthalmol., v.23, p.41-7, 1992.
ZOUBOULIS C.C., KATSANTONIS J., KETTELER R., TREUDLER R.,
KAKLAMANI E., HORNEMANN S., KAKLAMANIS P., ORFANOS C.E.
Adamantiades– Behcet’s disease: interleukin-8 is increased in serum of patients
with active oral and neurological manifestations and is secreted by small vessel
endothelial cells. Arch. Dermatol., v.292, p.279–284, 2000.
9 – ANEXOS
______________________________________________________________________
117
9.1 – Parecer do COEP referente ao Projeto.
118
9.2 – Tabelas com os dados dos pacientes envolvidos no
estudo.
GRUPO CONTROLE
N
0.
Sexo Idade
Ac.
Visual
CCL2 CCL11 CXCL9 CXCL10 CXCL8
1 F 21 0 253,6 70,36 3111 324,6 22,41
2 F 48 0,3 197,1 106,1 10 290,1 0
3 F 34 0,8 151,5 27,66 10 275,4 0
4 M 32 0,3 243 38,31 195,4 299,9 0
5 F 32 2 328,2 109,7 2268 319,7 19,1
6 M 32 1 179,6 84,63 2564 304,9 13,3
7 M 31 0 334,6 195,4 451,9 165,4 0
8 M 32 0 179,6 24,11 1633 275,4 20
9 F 27 2 321 152,7 1005 535,2 27,3
10 M 26 1 250,1 84,63 1584 339,4 11,18
11 F 33 0,8 200,7 63,23 3161 285,2 13,98
12 F 28 0 198,9 36,54 10 246 0
13 F 32 0 163,8 8,144 220 255,8 0
14 F 33 0,1 174,3 41,87 10 270,5 9,1
15 F 42 0,1 280,3 21,69 1129 217,2 0
16 M 28 3 179,6 48,98 10 299,9 32,29
17 F 36 0 163,8 8,144 601,6 241,2 25,22
18 M 31 0 266,8 107,1 1856 210,7 36
19 M 23 0 192,9 63,23 431,6 139,6 27,3
20 F 20 0 270,2 50,1 861,6 188,1 30,2
21 M 32 0 568,1 580,9 5472 1011 58,6
22 F 37 0 221,4 149 46085 279,3 0
23 F 37 0 255 315,7 1295 494,4 28,4
24 M 31 0 192,9 30,43 10 162,2 23,1
25 M 18 0 157,1 139,8 10 5 0
26 M 21 0 270,2 65,43 2483 371,2 26,7
27 M 45 0,3 226,5 78,58 1088 175,1 29,6
28 M 20 0 80,82 175 10 5 0
29 F 19 0 118,9 210,2 10 5 0
30 F 28 3 246,6 82,97 946,3 162,2 26,9
31 M 25 0,3 194,6 138 883,8 181,6 27,3
32 M 27 1 266,8 177,7 1399 249,8 40,9
33 M 18 0 253,2 179,8 22,1 5 0
34 F 18 0 237,2 129,8 380,1 621,9 0
35 F 40 0,1 233,2 107,1 1942 165,4 22,1
36 F 20 0 187,9 82,97 2107 197,8 21
37 M 19 0 488 129,8 852,8 682,7 0
38 F 27 0,7 206,3 144,6 1026 275,9 24,6
39 F 29 0 271,9 120,3 1316 146,1 22,5
40 F 18 0 160,3 94,82 22,1 283 0
M= Masculino; F= Feminino;
Ac. Visual = acuidade visual em LogMar;
Concentrações das quimiocinas em pg/ml.
119
GRUPO UVEÍTE – DADOS DO 1
0
EXAME
N
0.
Sexo Idade Tempo Olho
Ac.
Visual
(Inicial)
Opac.
Vítreo
Tamanho
(DD)
Local
(Zona)
Vasc. CCL2 CCL11 CXCL9 CXCL10 CXCL8
1 M 33 >7 dias OD 1 2+ 1-2 2 Sim 221,8 86,42 2051 287,7 146,3
2 F 34 7 dias OD 0,8 1+ 1-2 2 Não 169 24,11 3111 280,3 0
3 F 38 7 dias OE 0,5 1+ 1-2 2 Sim 264,2 95,35 2170 275,4 64,7
4 F 28 >7 dias OD 2 2+ 1-2 2 Não 193,6 57,88 1542 202,2 0
5 M 22 >7 dias OD 0,1 1+ 1-2 2 Sim 234,2 122,2 2294 275,4 5
6 M 28 >7 dias OD 2 0 1-2 1 Sim 190,1 97,15 1419 290,2 8,5
7 M 26 >7 dias OD 0,2 1+ < 1 3 Sim 177,8 75,71 1053 285,2 0
8 M 25 >7 dias OD 0,48 2+ > 2 2 Sim 207,7 223,1 16008 265,6 40,7
9 M 42 >7 dias OE 2 1+ > 2 2 Sim 228,9 88,21 10 211,9 53,4
10 M 27 >7 dias OD 3 4+ 1-2 3 Não 296,1 210,4 1487 334,5 59,08
11 F 18 7 dias OD 2 2+ < 1 1 Sim 155 27,66 10 586,3 5
12 F 33 >7 dias OE 2 2+ < 1 2 Não 190,1 138,4 101 241,1 0
13 F 18 7 dias OE 0,1 1+ < 1 1 Não 200,7 77,49 1053 260,7 0
14 F 23 7 dias OE 0 2+ < 1 2 Não 218,3 73,92 10 211,9 50,6
15 F 62 >7 dias OD 0,6 3+ > 2 1 Sim 310,4 312,3 2912 334,5 39,3
16 M 25 7 dias OD 0,5 0 1-2 1 Não 204,2 127,6 1876 344,4 16,8
17 M 23 7 dias OD 0,8 0 < 1 1 Sim 146,2 24,11 195,4 304,9 54,8
18 F 22 >7 dias OD 0,48 1+ 1-2 2 Não 274,9 131,2 9437 494,7 32,3
19 M 25 >7 dias OE 0,1 1+ < 1 2 Não 162 63,25 361,2 954 8,4
20 F 19 7 dias OE 0 2+ < 1 1 Não 205,9 56,1 647 384,1 4,3
21 F 22 >7 dias OD 2 2+ > 2 1 Sim 169 6,372 3161 339,4 8,4
22 F 33 >7 dias OE 2 1+ > 2 1 Não 289 297,7 6527 747,2 63,8
23 F 19 7 dias OE 0,3 1+ > 2 1 Sim 207,7 32,98 434 295 56,38
24 M 24 7 dias OD 0 2+ > 2 3 Não 250,1 56,1 2961 309,8 73,3
25 F 19 7 dias OE 3 0 1-2 1 Sim 183,1 24,11 53,81 295 47,7
26 M 32 7 dias OD 1 2+ 1-2 2 Não 270,2 175,5 2021 367,9 38,3
27 F 25 7 dias OE 0,1 0 < 1 1 Sim 199,6 61,04 1688 262,8 27,5
28 F 28 >7 dias OE 0,3 3+ > 2 2 Não 260,1 215,4 1273 171,9 32,1
29 F 31 >7 dias OE 0,5 0 < 1 1 Não 375,4 109,3 288,9 146,1 22,9
30 M 47 >7 dias OE 2 1+ 1-2 1 Sim 189,6 47,91 6944 334,9 23,2
31 M 35 >7 dias OE 2 2+ < 1 2 Sim 211,3 122,5 678,4 101,1 21,7
32 M 18 7 dias OD 0 1+ < 1 2 Não 204,6 85,16 3397 130 20,2
33 F 33 >7 dias OD 2 4+ > 2 2 Não 196,3 109,3 902,2 123,5 19,6
34 M 21 >7 dias OD 0,7 1+ > 2 2 Não 280,3 217,6 1626 113,9 20
35 F 18 7 dias OD 0,7 1+ 1-2 1 Não 378,8 335,9 1439 407,6 16,8
36 M 29 >7 dias OD 2 3+ > 2 3 Sim 265,2 107,1 370,6 175,1 25,7
37 F 27 7 dias OE 0,4 1+ 1-2 2 Não 300,6 224,3
533,5
188 22,5
Continua na
próxima página.
120
N
0.
Sexo Idade Tempo Olho
Ac.
Visual
(Inicial)
Opac.
Vítreo
Tamanho
(DD)
Local
(Zona)
Vasc. CCL2 CCL11 CXCL9 CXCL10 CXCL8
38 M 34 >7 dias OE 2 3+ > 2 2 Sim 211,3 39,16 65,71 117,1 21,5
39 M 25 >7 dias OE 2 2+ > 2 3 Não 270,2 184,3 2210 107,5 20,6
40 M 37 >7 dias OD 2 2+ < 1 2 Não 334,5 242,1 2063 295,5 18,3
41 F 19 7 dias OE 2 0 1-2 1 Não 270,2 260,1 1344 126,7 21,3
42 F 24 7 dias OE 2 3+ < 1 2 Não 223,1 52,29 902,2 146,1 22,5
43 M 23 >7 dias OD 0,5 1+ 1-2 1 Sim 321 140,2 2273 197,8 19,1
44 M 24 >7 dias OE 2 2+ < 1 2 Não 263,5 96,14 1067 236,7 27,8
45 F 18 7 dias OD 2 1+ < 1 1 Não 260,1 69,81 329,6 178,3 22,5
46 M 21 >7 dias OD 0,2 3+ > 2 3 Sim 189,6 47,91 615,3 223,7 24
47 F 25 >7 dias OE 0,18 1+ 1-2 2 Sim 454,1 489,5 4978 849,3 89
48 F 22 7 dias OE 0 1+ < 1 2 Sim 176,2 100,5 656,2 107,5 19,4
49 M 22 7 dias OD 0,18 1+ < 1 3 Não 260,1 113,7 779,1 184,8 20,6
50 F 23 >7 dias OD 0,4 1+ < 1 2 Sim 203 65,42 1314 295,5 19,8
51 F 32 >7 dias OE 0,7 2+ 1-2 2 Não 203 376,3 1232 191,3 31,3
52 M 20 >7 dias OD 3 4+ > 2 2 Não 256,7 61,04 85,83 94,64 23,6
53 M 30 7 dias OE 2 3+ 1-2 1 Não 176,2 78,58 615,3 184,8 23,2
54 M 39 7 dias OE 0,3 1+ 1-2 2 Sim 253,4 135,7 1397 236,7 22,5
55 M 18 7 dias OD 0,2 1+ 1-2 3 Não 189,6 56,66 10 367,9 22,9
M= Masculino; F= Feminino;
Tempo = tempo de início dos sintomas até a primeira avaliação oftalmológica;
Ac. Visual (Inicial): acuidade visual inicial em LogMAR;
DD = diâmetro de disco óptico;
Local (Zona) = localização da lesão de RCST em atividade;
Vasc. = vasculite retiniana;
Concentrações das quimiocinas em pg/ml.
121
GRUPO UVEÍTE – DADOS DO 2
O
EXAME (FINAL)
N
o
.
Ac. Visual
(final)
CCL2 CCL11 CXCL9 CXCL10 CXCL8
1 0,8 . . . . .
2 0,5 211,2 48,98 479,8 290,1 0
3 0,2 289 145,5 957,2 290,1 19,5
4 1 . . . . .
5 0 . . . . .
6 1 . . . . .
7 0,2 . . . . .
8 0,48 . . . . .
9 2 285,5 167,1 479,8 202,2 5
10 2 . . . . .
11 1 204,2 77,49 10 429,1 0
12 2 221,8 109,7 10 349,3 0
13 0 313,9 239,4 101 374,2 0
14 0 207,7 81,06 1487 295 13,9
15 0,6 278,4 214,1 10 329,5 8,4
16 0,5 183,1 106,1 10 334,5 8,4
17 0,6 . . . . .
18 0,6 . . . . .
19 0,1 . . . . .
20 0 . . . . .
21 2 123,5 0 2614 299,9 0
22 1 250,1 235,8 7667 643 41,8
23 0,3 . . . . 39,3
24 0 296,1 91,78 2367 414,1 36,5
25 2 179,6 13,46 195,4 324,6 .
26 0,8 . . . . .
27 0 . . . . .
28 0,3 . . . . .
29 0,48 378,8 175,5 1356 139,6 21,3
30 2 209,7 43,54 615,3 210,7 21,3
31 2 . . . . .
32 0 . . . . .
33 2 . . . . .
34 0,3 . . . . .
35 0,1 389 318 1439 348,1 10,5
36 1 . . . . .
37 0,3 . . . . .
38 2 . . . .
.
Continua na
próxima página.
122
N
o
.
Ac. Visual
(final)
CCL2 CCL11 CXCL9 CXCL10 CXCL8
39 2 . . . . .
40 0,5 331,1 215,4 779,1 171,9 24,4
41 1 . . . . .
42 2 . . . . .
43 0,5 . . . . .
44 0,7 229,8 100,5 288,9 165,4 24,4
45 0,7 . . . . .
46 0,2 . . . . .
47 0,18 . . . . .
48 0 . . . . .
49 0,1 . . . . .
50 0,2 . . . . .
51 0,3 . . . . .
52 3 . . . . .
53 1 . . . . .
54 0,3 . . . . .
55 0,2 . . . . .
Ac. Visual (final): acuidade visual final em LogMAR;
Concentrações das quimiocinas em pg/ml.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo