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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
DEPARTAMENTO DE CLÍNICA VETERINÁRIA
ESTUDO CLÍNICO-CITOLÓGICO EM OVINOS SADIOS E
PORTADORES DE AFECÇÕES PULMONARES DE
OCORRÊNCIA NATURAL, UTILIZANDO-SE O LAVADO
TRAQUEOBRÔNQUICO COMO AUXÍLIO DIAGNÓSTICO
JULIO SIMÕES MARCONDES
BOTUCATU - SP
FEVEREIRO / 2007
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JULIO SIMÕES MARCONDES
ESTUDO CLÍNICO-CITOLÓGICO EM OVINOS SADIOS E
PORTADORES DE AFECÇÕES PULMONARES DE
OCORRÊNCIA NATURAL, UTILIZANDO-SE O LAVADO
TRAQUEOBRÔNQUICO COMO AUXÍLIO DIAGNÓSTICO
Dissertação apresentada à Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia, da
Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho”, Campus de Botucatu, para
obtenção do título de Mestre em Medicina
Veterinária.
Orientador: Prof. Ass. Dr. Roberto Calderon Gonçalves
BOTUCATU
2007
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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA DE AQUISIÇÃO E TRATAMENTO
DA INFORMAÇÃO
DIVIO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CAMPUS DE BOTUCATU - UNESP
BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: Selma Maria de Jesus
Marcondes, Julio Simões.
Estudo clínico-citológico em ovinos sadios e portadores de afecções
pulmonares de ocorrência natural, utilizando-se o lavado traqueobrônquico
como auxílio diagnóstico / Julio Simões Marcondes. – Botucatu : [s.n.], 2007
Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia, Botucatu, 2007.
Orientador: Roberto Calderon Gonçalves
Assunto CAPES: 50501062
1. Ovino - Doenças - Diagnóstico
CDD 636.30896
Palavras-chave: Afecções respiratórias; Citologia; Ovinos; Lavado
traqueobrônquico
JULIO SIMÕES MARCONDES
ESTUDO CLÍNICO E CITOLÓGICO EM OVINOS SADIOS E
PORTADORES DE AFECÇÕES PULMONARES DE
OCORRÊNCIA NATURAL, UTILIZANDO-SE O LAVADO
TRAQUEOBRÔNQUICO COMO AUXÍLIO DIAGNÓSTICO
Dissertação apresentada à Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia, da
Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho”, Campus de Botucatu, para
obtenção do título de Mestre em Medicina
Veterinária.
Orientador: Prof. Ass. Dr. Roberto Calderon Gonçalves
BOTUCATU
2007
ii
JULIO SIMÕES MARCONDES
ESTUDO CLÍNICO-CITOLÓGICO EM OVINOS PORTADORES DE
AFECÇÕES PULMONARES DE OCORRÊNCIA NATURAL E
SADIOS, UTILIZANDO-SE O LAVADO TRAQUEOBRÔNQUICO
COMO AUXÍLIO DIAGNÓSTICO
Banca Examinadora:
Roberto Calderon Gonçalves
Alice Maria Melville Paiva Della Libera
Simone Biagio Chiacchio
Botucatu, 22 de fevereiro de 2007
iii
Aos meus pais
Plínio Antônio de Salles Marcondes e Edna Maria Simões Marcondes,
pelo amor, exemplo de vida, ensinamentos, pela honestidade e coragem,
apoio, carinho, confiança e pelo investimento que sempre me dedicaram sem
nenhuma cobrança;
Aos meus irmãos
Aline Simões Marcondes e Felipe Simões Marcondes, pela
maravilhosa convivência, vida de harmonia, amizade, carinho, compreensão,
paz e muito amor que temos e, apesar de todas as dificuldades encontradas,
souberam, de alguma forma, retribuir todo o carinho.
Ao meu orientador
Roberto Calderon Gonçalves, pelos ensinamentos, oportunidades,
confiança, companheirismo e amizade que conquistamos ao longo deste
trabalho.
DEDICO ESSE TRABALHO
iv
Agradecimentos
À DEUS,
pela vida, saúde, pelos amigos que colocou em meu caminho,
oportunidades que me oferece todos os dias e pela família maravilhosa que
tenho.
Ao Prof. Dr. Roberto Calderon Gonçalves pelo convívio durante os dois
anos de residência e dois de mestrado, pelos ensinamentos passados,
orientações, pelas nossas conversas e conselhos. Por ter me recebido em sua
equipe de trabalho, pelos auxílios e oportunidades que me proporcionou
nesses anos de convívio, e principalmente por realizar um sonho. Serei sempre
grato.
À minha madrinha Adélia Morelli, pelo carinho, incentivo, confiança,
auxílios e pelos maravilhosos momentos que passamos em família.
À amiga e “irmã” Marcela Marcondes Pinto Rodrigues, pelas primeiras
orientações na parte laboratorial deste trabalho, que teve disposição, vontade,
e paciência nas orientações e apoio durante o desenvolvimento. Pelo carinho,
incentivo, companheirismo e pelos momentos que passamos em Botucatu.
À minha namorada Marlene Luchini pelo amor, companheirismo,
incentivo, força, confiança e pelo apoio imprescindível na finalização deste
trabalho, e momentos que passamos e passaremos juntos.
Ao Prof. Ass. Dr.Alexandre Secorum Borges por ter me recebido na
clínica de grandes animais durante a residência, pela orientação durante esse
período, ensinamentos, convivência e amizade.
v
Aos Prof. Ass. Dr.Simone Biagio Chiacchio e Prof. Ass. Dr. Rogério
Martins Amorim, pelos ensinamentos durante a residência, conselhos e
sugestões na realização desse trabalho.
Aos professores Wilson Machado de Souza, Mary Marcondes Feitosa
e Francisco Leydson Feitosa, por me iniciarem na vida acadêmica,
orientação, confiança e convívio durante a graduação. E a todos os outros
professores que fizeram parte da minha formação.
À professora do Departamento de Clínica Veterinária da
FMVZ/UNESP/Botucatu-SP Prof. Ass. Drª. Noeme Souza Rocha, pelo apoio
que me foi dado, cedendo o laboratório de Citopatologia para que as amostras
fossem processadas.
À Profª. Ass. Drª. Reneé Laufer Amorim pela atenção e colaboração
cedendo o equipamento para documentação fotográfica das lâminas.
Agradeço a todos os amigos que me ajudaram na realização deste
trabalho. Em especial aos amigos Alfredo Lima, José Maria Russo Júnior
(JR), José Charl Noujaim, Caio Burini, Prof. João Ferreira, Sílvia e
Giovanna pelo convívio, carinho e amizade que solidificamos nesses tempos.
E todos os outros que me apoiaram nessa trajetória.
Aos colegas de residência e trabalho José Paes de Oliveira Filho, Éric
Pivari Rosa e Letícia Yonezawa pela convivência e auxílio durante a
realização deste trabalho.
Aos residentes Priscila Fantini e Danilo Ferreira pelos momentos juntos
e cooperações cedidas, e à Raffaela Teixeira pelas traduções e auxílios
durante a execução deste trabalho.
vi
Ao Prof. Tit. Dr. Márcio Rubens Graff Kuchembuck e esposa Profª
Lígia Boretti, pelos ensinamentos, conselhos, conversas e campanha
antitabagista.
Aos funcionários da Clínica de Grandes Animais Marcos Gouveia
(Marcão) e Marcos (Marquinho), pela convivência e amizade.
Aos residentes do Serviço de Patologia Veterinária e Ornitopatologia pelo
apoio.
À Cabanha Guarantã e ao seu excelente funcionário Everaldo que nos
permitiu visitas e disponibilizou tempo e animais para a execução deste estudo
e que sempre nos recebeu muito bem.
Aos demais proprietários que confiaram e permitiram a utilização de seus
ovinos na realização deste experimento.
Agradeço a todos funcionários da FMVZ Botucatu, pelos momentos de
convivência, brincadeiras e momentos agradáveis em que nos encontramos,
em especial ao Sr. Irineu Figueira, Mauri Raul, Baio, Negão e Vado pela
amizade e companheirismo durante a residência e pós-graduação.
Ao amigo Paulo Goiozo pelo auxílio na análise estatística.
Aos colegas Hélio Rubens de Carvalho Nunes e Adriano Dias pela
atenção, e realização da análise estatística, que não mediram esforços para a
colaboração nesta etapa.
Ao CNPq pela bolsa concedida durante a realização desse trabalho.
À seção de Pós Graduação de Medicina Veterinária e Zootecnia UNESP
Campus de Botucatu, nas pessoas dos funcionários Denise A. Fioravante
Garcia; Maria Regina T. Forlin, Maria A. Manuel e José Roberto, por serem
sempre atenciosos e prestativos.
vii
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 Critérios clínicos para a diferenciação dos animais sadios
(GS) e dos acometidos de afecção respiratória (GD).
30
TABELA 2
Média (m), mediana (md) e desvios-padrão (s) de
parâmetros vitais: temperatura (T°), freqüência respiratória
(FR) e freqüência cardíaca (FC) dos animais do grupo de
animais sadios (GS) e animais com enfermidade
respiratória (GD).
43
TABELA 3 Número (n) e porcentagem (%) dos achados clínicos
presentes nos animais sadios (GS, n=19) e animais com
afecções respiratórias, caracterizando-os em grupo doente
(GD, n=23).
44
TABELA 4 Número total de lulas nucleadas (CN) e hemácias (He)
do lavado traqueobrônquico: média (m), desvios-padrão (s)
e mediana (md) em ovinos clinicamente sadios (GS) e
portadores de afecções respiratórias (GD).
48
TABELA 5
Média (m), desvios-padrão (s) e mediana (md) da
porcentagem de macrófagos (M), células epiteliais
cilíndricas (CE), neutrófilos (N), linfócitos (L) e eosinófilos
(E) do lavado traqueobrônquico de ovinos clinicamente
sadios (GS) e portadores de afecções respiratórias (GD).
50
TABELA 6.
Mediana (md) e Intervalo interquartílico (IIq) e p valores da
comparação entre os grupos sadio e doente com relação
às características observadas.
52
TABELA 7 Valores individuais dos parâmetros vitais dos animais do
grupo sadio (GS – n= 19).
102
TABELA 8 Valores individuais dos parâmetros vitais dos animais do
grupo com afecções respiratórias (GD – n= 23).
103
viii
TABELA 9. Contagem total de células nucleadas e hemácias do lavado
traqueobrônquico de ovinos sadios (GS – n=19)
104
TABELA 10
Contagem total de células nucleadas e hemácias do lavado
traqueobrônquico de ovinos portadores de afecções
respiratórias (GD – n=23).
105
TABELA 11
Contagem diferencial de células provenientes de lavado
traqueobrônquico de ovinos clinicamente sadios
(GS – n=19).
106
TABELA 12
Contagem diferencial de células provenientes de lavado
traqueobrônquico de ovinos portadores de afecções
respiratórias (GD – n=23).
107
ix
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1. Delineamento da constituição dos grupos experimentais 32
FIGURA 2 Material utilizado para realização do lavado
traqueobrônquico por via nasotraqueal em ovinos.
38
FIGURA 3 Contenção e passagem do tubo guia por via nasotraqueal. 38
FIGURA 4 Passagem da sonda de polietileno através da sonda guia
siliconizada. Observar a fixação da extremidade da sonda
guia e contenção da cabeça do animal.
39
FIGURA 5 Momento da realização da infusão e aspiração da solução
injetada para obtenção da amostra.
39
FIGURA 6 Número total de células nucleadas (CN) e hemácias (He)
do lavado traqueobrônquico de ovinos dos grupos sadio
(GS) e com enfermidade do sistema respiratório (GD).
49
FIGURA 7 Contagem diferencial em porcentagem das células do
lavado traqueobrônquico em ovinos clinicamente sadios
(GS) e portadores de afecções respiratórias (GD),
apresentada por células.
51
FIGURA 8 Visão panorâmica de células do lavado traqueobrônquico
de ovinos sadios, com predomínio de macrófagos (A) -
Shorr (500x), e de portadores de afeccçoes respiratórias,
com predomínio de neutrófilos (B) – Giemsa (500x).
54
FIGURA 9 Apresentação das lulas epiteliais cilíndricas ciliadas em
ovinos sadios (A) - Giemsa (500x), e nos portadores de
afecçoes respiratórias, com predomínio destas células
desprovidas de cíliios (B) – Shorr (500x).
55
FIGURA 10 Aglomerados de células epiteliais cilíndricas ciliadas (A) e
presença de células epiteliais cilíndricas ciliadas isoladas
ou aos pares (B) – Giemsa (200x).
56
x
FIGURA 11. Neutrófilos íntegros em animal sadio (A) - Giemsa (400x) e
neutrófilos com aspecto degenerado, entremeados em
matriz eosinofílica (muco) em amostra de animal com
broncopneumonia - Giemsa (400x).
57
FIGURA 12 Predomínio de macrófagos com citoplasma abundante e
vacuolizados, nota-se presença de linfócitos () Shorr
(400x).
58
FIGURA 13 Presença de macrófagos binucleados em ovino com
broncopneumonia, notar presença de muco e fagocitose
de leucócito no centro- Giemsa (400x).
58
FIGURA 14 Presença de macrófagos com citoplasma vacuolizados e
ao centro macrófago fagocitando bactérias, presentes em
amostra de ovinos com broncopneumonia Giemsa
(500x).
59
FIGURA 15 Presença de célula epitelial escamosa com presença de
bactérias em sua superfície, demonstrando contaminação
desta amostra – Giemsa (640x).
59
FIGURA 16.
Presença de eosinófilos em animal com enfermidade
respiratória – Shorr (540x).
60
xi
LISTA DE ABREVIATURAS
To
Tosse
CN
Corrimento nasal
DE
Dispnéia expiratória
FTr
Frêmito traqueal
FTo
Frêmito torácico
RTosse
Reflexo de tosse
RLTr
Ruído laringotraqueal aumentado
RTB
Ruído traqueobrônquico
RBBr
Ruído broncobronquiolar rude
AS
Área de silêncio
IE
Inspiração entrecortada
CG
Crepitação grossa
CF
Crepitação fina
RS
Roncos e sibilos
RP
Roce pleural
OPE
Odor expiratório pútrido
Temperatura aumentada
FR
Freqüência respiratória aumentada
FC
Freqüência cardíaca aumentada
CEC
Célula epitelial cilíndrica
mpm
Movimentos por minuto
bpm
Batimentos por minuto
BAL
Lavado broncoalveolar
LTB
Lavado traqueobrônquico
GS
Grupo Sadio
GD
Grupo de animais com afecção respiratória
IBGE
Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística
ORVA
Obstrução Recorrente de Vias Aéreas
xii
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS................................................................................
vii
LISTA DE FIGURAS................................................................................
ix
LISTA DE ABREVIATURAS....................................................................
xi
RESUMO........................................................................................................................
xiv
ABSTRACT.....................................................................................................................
xv
1. INTRODUÇÃO.....................................................................................
2
2. REVISÃO DE LITERATURA................................................................
7
2.1 Exame Clínico................................................................................
8
2.2
Lavado Traqueobrônquico.............................................................
15
2.3
Células de defesa pulmonar.......................................................... 19
2.4 Estudo Citológico do lavado...........................................................
22
3. OBJETIVOS.........................................................................................
27
4. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................... 29
4.1 Animais e amostras........................................................................
29
4.2 Grupos experimentais....................................................................
29
4.3 Colheita do lavado traqueobrônquico............................................
33
4.3.1 Sondagem nasotraqueal........................................................
33
4.4 Processamento da amostra...........................................................
35
4.4.1 Citocentrifugação...................................................................
35
4.4.2 Fixação e coloração do material nas lâminas........................
35
4.5 Estudo citológico............................................................................
36
4.5.1 Contagem total de células.....................................................
36
4.5.2 Contagem diferencial das células..........................................
36
4.5.3 Análise descritiva...................................................................
36
4.6 Documentação fotográfica.............................................................
37
xiii
4.7 Estudo estatístico...........................................................................
37
5. RESULTADOS.....................................................................................
41
5.1 Estudo clínico dos animais. ...........................................................
42
5.2
Estudo
estatístico descritivo dos sinais clínicos.............................
45
5.3 Estudo citológico do lavado traqueobrônquico..............................
48
6. DISCUSSÃO........................................................................................
62
6.1 da Metodologia...............................................................................
62
6.2 dos Resultados..............................................................................
65
7. CONLUSÕES......................................................................................
77
8. BIBLIOGRAFIA....................................................................................
80
APÊNDICE...............................................................................................
101
TRABALHO CIENTÍFICO........................................................................
108
xiv
MARCONDES J. S. Estudo clínico-citológico em ovinos sadios e
portadores de afecções respiratórias de ocorrência natural, utilizando-se
o lavado traqueobrônquico como auxílio diagnóstico. Botucatu, 2007.
107p., Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia, campus Botucatu, Universidade Estadual Paulista.
RESUMO
Os estudos das secreções traqueobrônquicas são amplamente utilizados nas
pesquisas de condições patológicas pulmonares nas diversas espécies
animais, inclusive no homem. Os objetivos desta pesquisa foram a viabilização
da técnica de colheita de lavado traqueobrônquico na espécie ovina e o estudo
da relação clínico-citológica do lavado de ovinos portadores de afecções
respiratórias e clinicamente sadios. Foram utilizados neste estudo 19 ovinos
sem sintomatologia respiratória e 23 portadores de enfermidade respiratória
com sinais clínicos e envolvimento de vias aéreas, divididos nos respectivos
grupos. Após o exame físico foi realizado o lavado traqueobrônquico por via
nasotraqueal. A colheita do lavado foi feita com a inoculação e aspiração de
solução fisiológica estéril. As amostras foram processadas citologicamente
através de citocentrifugação e coradas pelos métodos Giemsa, Shorr e Gram.
Nos animais sadios notou-se predomínio de macrófagos, seguido por células
epiteliais cilíndricas, neutrófilos e linfócitos. No grupo de animais doentes
notou-se redução no número de macrófagos e aumento da freqüência
cardíaca. Embora não tenha ocorrido diferença estatística significativa entre os
grupos avaliados, notou-se tendência ao aumento de neutrófilos nos animais
doentes. A técnica estudada mostrou-se eficaz na obtenção de fluidos
traqueobrônquicos, por ser de fácil realização por médicos veterinários no
campo, pouco dispendiosa, e obter material representativo da região
traqueobrônquica.
Palavras chave: ovinos, afecções respiratórias, lavado traqueobrônquico,
citologia.
xv
MARCONDES J. S. Clinical and cytological study in healthy and ovine with
natural lung disease, by using the tracheobronchial lavage as support
diagnoses. Botucatu, 2007. 107p., Masters Dissertation - Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia, campus Botucatu, Universidade Estadual
Paulista.
ABSTRACT
The studies of the tracheobrochial secretions are very useful in the research of
the lung pathological conditions in different animal’s species and in humans.
The purposes of this research are to enable the collection technique of the
tracheobronchial lavage in ovine and the study of the clinical cytology
relationship of the lavage in ovines with respiratory disease and clinically
healthy. In this study there were used 19 ovines without respiratory symptoms
and 23 with respiratory disease with symptoms and airway involvement,
separated in respective groups. After physical examination the tracheobronchial
lavage was performed by nasotracheal via. The tracheobronchial lavage was
performed by injection and aspiration of sterile saline. Cytology of the samples
was proceeding by centrifugation and collored by Giemsa, Shorr and Gram
methods. In the healthy animals was noted prevalence of macrophages,
followed by cylindric epithelial cells, neutrophils and lymphocytes. In the ill
animals group there was reduction in the macrophages and higher heart rate.
Despite there was no considerable statistic difference between the analyzed
groups, a tendency in the increase of the neutrophils number in the ill group
was noted. The evaluated technical showed itself to be efficient to obtain
tracheobronchial fluid, considering its easy proceeding by veterinarians in the
field, no expensive and obtaining representative volume of the samples from the
tracheobronchial region.
Key words: ovine, respiratory disease, tracheobronchial lavage and cytology.
INTRODUÇÃO
Julio Simões Marcondes Introdução
2
1. INTRODUÇÃO
A ovinocultura brasileira registra expressivo crescimento. Atualmente
cerca de 15 milhões de ovinos em todo o país, sendo que no estado de São
Paulo estão cerca de 300 mil ovinos, segundo dados do IBGE (2006) e da
Associação Paulista dos Criadores de Ovinos (ASPACO), com grande
concentração na região de Botucatu e São Manuel.
Dessa forma, as atividades vêm crescendo nos últimos anos no Estado
de São Paulo, tanto pelo aumento efetivo dos rebanhos quanto pelo incremento
do número de propriedades rurais destinadas à atividade. O rebanho de
caprinos e ovinos em 1996 era de 64,9 mil e 257,4 mil cabeças,
respectivamente. Em 2005, passou a 82,1 mil cabeças de caprinos (aumento
de 26,5%) e 324,7 mil cabeças de ovinos (aumento de 26,1%). Este fato
também pode ser confirmado pelo investimento em reprodutores e matrizes de
comprovado mérito genético (OJIMA et al., 2006).
Nos últimos anos, a ovinocultura no estado de São Paulo abandonou a
condição periférica para constituir-se na principal exploração econômica de
muitas propriedades rurais, e desponta como atividade agropecuária
importante no contexto econômico do Estado.
Julio Simões Marcondes Introdução
3
Junto com o crescimento populacional e a intensificação na produtividade,
surgiram diversas doenças, principalmente naqueles animais mantidos em
sistemas de confinamento. Nestes tipos de criação, o estresse ambiental
relacionado à alta taxa de lotação predispõe ao aparecimento de doenças
respiratórias. Essas alterações estão entre as principais causas de mortalidade
nessa espécie, variando de 10 a 40% nos animais adultos (VIEIRA et al., 1993)
e 17% nos jovens (ROOK et al., 1990).
Atualmente, as doenças respiratórias são consideradas sério problema de
sanidade apresentando altos índices de morbidade e mortalidade, além das
perdas econômicas representadas pela menor conversão alimentar, retardo no
ganho de peso e gastos com diagnóstico e tratamento (AL-SULTAN et al. 1988;
KIMBERLING, 1988; RAO et al., 1993; DIMRI et al., 1994; MARTIN, 1996).
Segundo Martin (1996), a pasteurelose é a enfermidade respiratória que
ocasiona maiores prejuízos à indústria ovina.
Dentre as enfermidades respiratórias mais comuns na espécie ovina,
relata as de origem bacteriana como Pasteurella haemolytica, a pneumonia
enzoótica causada pelo Mycoplasma ovipneumoniae e as viroses respiratórias,
que tem como agentes o vírus da Parainfluenza tipo 3, Adenovírus, Vírus
Sincicial Respiratório, Herpes vírus ovino e caprino e a Pneumonia Progressiva
Ovina (PPO) causada por um lentivírus o oncogênico da família retroviridae,
também, conhecido como maedi (PUGH, 2005).
Tendo em vista a importância desses problemas, faz-se necessário a
obtenção de um grande número de informações semiológicas para melhor
acurácia diagnóstica, especificamente visando a gravidade do processo para
que medidas terapêuticas e profiláticas sejam instituídas prontamente. Com
essa finalidade, as secreções traqueobrônquicas estão sendo cada vez mais
pesquisadas e associadas ao exame clínico para auxílio diagnóstico, tanto
citológico quanto microbiológico das vias aéreas.
Hunninghake et al. (1979), aludem que o lavado broncoalveolar pode ser
usado no estudo dos mecanismos inflamatórios e imunes das estruturas
alveolares do homem, pois células do sistema imune, células inflamatórias e
proteínas relacionadas estão presentes em toda estrutura alveolar e
representam o pulmão como um todo.
Julio Simões Marcondes Introdução
4
Nos animais, o estudo das secreções do trato respiratório inferior é
utilizado décadas, tanto na pesquisa, como rin et al. (1979) avaliando a
concentração de classes de imunoglobulinas em compartimentos pulmonares
de ovinos, entre outros Corstvet et al., 1982; Saltini et al., 1984; Baughman, et
al. 1986; McGorun et al., 1993; Collie et al., 1999; Mori et al., 2001, quanto na
prática clínica para o auxílio diagnóstico (DERKSEN et al., 1985; FORGATY &
BUCKLEY, 1991; PADRID et al., 1991; VAIL et al.1995; MANSMANN & KING,
1998; SWEEWNEY & BEECH, 1991; GONÇALVES et al. 2004).
Através da técnica de quantificação e análise dos tipos celulares
recuperados em amostras do trato respiratório inferior é possível avaliar o grau
da lesão das vias aéreas inferiores. Tais informações o usadas no
estabelecimento do diagnóstico (GONÇALVES et al., 1990; BARROS et al.,
1994; GONÇALVES, 1997), avaliação da intensidade de alveolites e avaliar a
efetividade do tratamento (COUËTIL et al., 2001).
Além do diagnóstico pelo exame clínico, o estudo citológico é importante
para a determinação etiológica das doenças respiratórias em diversas espécies
animais (WHITWELL & GREET, 1984; DERKSEN et al., 1989; GONÇALVES,
1997; GONÇALVES et al., 2004). O aspirado traqueal é freqüentemente usado
para auxílio no diagnóstico das alterações do trato respiratório de eqüinos
(FORGARTY, 1990), e de bovinos (BARROS et al., 1994; GONÇALVES,
1987).
A lavagem broncoalveolar foi adaptada para uso em eqüinos por Viel
(1983), demonstrando boa correlação entre a citologia e a histologia pulmonar
nesses animais, sendo um dos métodos mais utilizados (WHITWELL &
GREET, 1984; DERKSEN et al., 1989). Atualmente o seu amplo uso é
justificado por oferecer diagnóstico rápido e resultados confiáveis. Além deste
método de colheita, a sondagem nasotraqueal também é utilizada, com custo
menor que a endoscopia e se presta ao estudo citológico do lavado
traqueobrônquico em animais de produção (GONÇALVES, 1997).
Nos ovinos, a literatura é escassa (ROLA- LESZCZYNSKI et al., 1981) e
não se tem conhecimento de citações nacionais quanto à citologia do aparelho
respiratório, com o intuito da caracterização do processo ou como auxílio
diagnóstico.
Julio Simões Marcondes Introdução
5
Estudos têm reportado que a citologia do sistema respiratório é
extremamente importante na diferenciação entre processos infecciosos,
alérgicos, parasitários e neoplásicos além de contribuir significativamente na
escolha da terapia (BEECH, 1981).
A utilização da técnica de colheita do lavado traqueobrônquico em ovinos
ainda não é explorada. No entanto, como nas outras espécies (GONÇALVES,
1997; FERNANDES et al., 2000; GONÇALVES et al., 2004), deve ser útil para
o diagnóstico e prognóstico de enfermidades do trato respiratório.
Devido à alta ocorrência dos problemas respiratórios nesses animais, faz-
se necessário o estudo de um método auxiliar que complemente o diagnóstico
clínico, como a citologia, que é, sobretudo um método de baixo custo, fácil
aplicação e pouco traumática. A lavagem traqueobrônquica colhida por via
nasotraqueal enquadra-se nesse perfil para a espécie ovina.
Considerando-se a importância dos prejuízos causados pelas doenças
respiratórias em ovinos e a limitação de informações sobre a citologia de vias
aéreas desta espécie no Brasil, o presente estudo procurou estabelecer uma
metodologia adequada à espécie e correlacionar a sintomatologia clínica e os
achados citológicos, através do lavado traqueobrônquico por via nasotraqueal,
em animais sadios e portadores de afecções respiratórias naturalmente
acometidos.
REVISÃO DE LITERATURA
Julio Simões Marcondes Revisão de Literatura
7
2. REVISÃO DE LITERATURA
As doenças respiratórias são um dos mais graves problemas de sanidade
enfrentados na ovinocultura, tendo como etiologia bactérias, vírus, metazoários
e neoplasias (AL-SULTAN et al., 1988; KIMBERLING, 1988; DUNBAR et al.,
1990).
As enfermidades respiratórias causadas pela Mannheimia (Pasteurella)
haemolytica e Pasteurella multocida são consideradas as mais importantes
doenças respiratórias de origem bacteriana dos ruminantes domésticos,
comuns em todas as partes do mundo. Os surtos freqüentemente levam a
grandes perdas econômicas, decorrentes de alta mortalidade, taxa de
crescimento reduzida, condenação das carcaças nos abatedouros, além dos
custos com medicação e mão-de-obra associadas ao tratamento (GILMOUR et
al., 1991a; VIANA, 2003).
Atualmente esta doença está ocupando lugar de destaque entre as
doenças consideradas emergentes e com grande importância na exploração da
pecuária mundial (FIGUEIREDO, 1997). Para uma avaliação paramétrica, a
pasteurelose causada por M. haemolytica é responsável por 30% das mortes
Julio Simões Marcondes Revisão de Literatura
8
de bovinos no mundo, com perdas econômicas acima de um bilhão de dólares,
somente na América do Norte (GRIFFIN, 1997). Por outro lado, não estão
disponíveis as estimativas mundiais sobre as perdas econômicas em ovinos
(BROGDEN et al., 1998a), uma vez que muitos surtos não são relatados
(MARTIN & AITKEN, 1991), especialmente no Brasil.
Outros agentes, como os vírus Parainfluenza-3 (PI-3) e adenovirus, são
considerados os maiores causadores de doenças respiratórias virais em
ovinos, sendo mais freqüentemente isolado o PI-3 (MARTIN, 1996) que é
considerado o agente mais importante para predisposição de pneumonia por
Pasteurela (PUGH, 2005).
Nas pneumonias verminóticas, o Dictyocaulus filaria sabidamente provoca
bronquite em ovinos e caprinos, sendo considerado o agente mais patogênico
(KIMBERLING, 1988; MANSFIELD et al., 1993; BELKNAP 2005). Belknap
(2005), refere o Muellerius capillaris como o mais comum e o menos
patogênico e Prostostrongylus rufescens com patogenicidade intermediária
(MANSFIELD et al., 1993; BOULJIHAD et al., 1995).
Nos últimos anos, os estudos das doenças do trato respiratório de
pequenos ruminantes progrediram consideravelmente. Sua etiologia está
sendo intensivamente estudada, apesar de que no mundo todo, as publicações
sobre ovinos sejam escassas (BROGDEN et al., 1998a).
Para que se possa diagnosticar o processo respiratório com mais
acurácia é necessária a obtenção do maior número de dados semiológicos, e a
utilização de alguns exames complementares.
2.1
E
XAME
C
LÍNICO
O diagnóstico e o controle das doenças dos animais de produção são
dependentes dos resultados do exame clínico dos animais na fazenda e do
exame cuidadoso do ambiente e das técnicas de manejo. Isso significa que o
médico veterinário deve obter uma história precisa e valiosa na primeira
visita a um animal ou grupo de animais, e conduzir o exame clínico de maneira
a fazer um diagnóstico acertivo, de forma que o tratamento e as medidas de
controle possam ser instituídos o mais rápido possível (RADOSTITS et al.,
2002).
Julio Simões Marcondes Revisão de Literatura
9
O primeiro passo e o mais importante na abordagem diagnóstica é o
exame clínico, sendo que a anamnese é realizada ao longo desse processo,
por meio do questionamento do proprietário ou do acompanhante do animal
(GONÇALVES, 2004). Uma anamnese bem feita representa 50% do
diagnóstico, (GONÇALVES, 2004). Deve ser associada à inspeção, palpação,
percussão, auscultação e olfação, métodos semiológicos de diagnóstico que,
quando realizados de maneira correta, tornam-se insubstituíveis por quaisquer
exames complementares, chegando, o exame clínico, a ser encarado como
arte por alguns autores (WILSON, 1992; REBHUN et al., 2000).
Uma anamnese adequadamente obtida deve revelar a ocorrência de
problemas respiratórios e diferenciar o caso isolado dos coletivos e, nestas
condições, estabelecer os índices de morbidade e de letalidade, e o nível de
comprometimento do rebanho (RADOSTITS et al., 2002). Outros pontos
importantes são as informações sobre o início do processo, o tempo de
evolução e os fatores predisponentes (GARCIA et al., 1996; ANDREWS,
1992a; RIBBLE et al., 1995; RADOSTITS et al., 2002), entre eles, o tipo de
habitação (BREEZE, 1985b) e de manejo do rebanho (BEECH, 1991a;
PRINGLE, 1992; WILSON & LOFSTEDT, 2006). Informações relacionadas ao
início do processo, o tipo e o tempo de evolução auxiliam a verificação da
gravidade do caso (GONÇALVES & BARIONI, 2000).
A anamnese do sistema respiratório deve incluir questionamentos quanto
à presença de corrimento nasal anormal, tosse, ambiente e tratamento, assim
como, espirros, dispnéia e outros sinais respiratórios (GARCIA et al., 1996;
GONÇALVES, 2004; WILSON & LOFSTEDT, 2006).
Devem ser levantados fatores estressantes recentes como transporte,
cirurgia, manejo extenuante, desmama, participação em exposições (GARCIA
et al., 1996; GONÇALVES & BARIONI, 2000; DIFFAY et al., 2005; WILSON &
LOFSTEDT, 2006), vacinação, castração, descorna e medicação líquida por via
oral são da mesma forma importantes (DIFFAY et al., 2005). Garcia et al.,
(1996), informam que deve ser pesquisado o estado geral do rebanho,
verificando-se as condições de confinamento (lotação, umidade, mistura de
animais de idades diferentes). Wilson & Lofstedt (2006), referem que deve-se
avaliar o tipo de alojamento ou pastejo, particularmente com respeito ao
Julio Simões Marcondes Revisão de Literatura
10
espaço aéreo do ambiente, ventilação, sanidade, densidade de ocupação,
poeira, sombra e abrigos.
O exame semiológico direcionado deve completar o diagnóstico,
confirmando a localização do processo (GONÇAVES & BARIONI, 2000). Em
particular, no caso das broncopneumonias, os sinais clínicos devem estar
relacionados às vias aéreas baixas ou posteriores (BREEZE, 1985a) e ao
parênquima pulmonar.
na inspeção do rebanho, a presença de um animal isolado pode ser
indício de anormalidade, tendo em vista que os ovinos apresentam instinto
gregário muito forte (DIFFAY et al., 2005). A avaliação do animal à distância é
fundamental para avaliar o sistema respiratório como parte do exame físico
(GONÇALVES, 2004).
Segundo Feitosa (2004), a observação do animal permite ao clínico a
obtenção de inúmeras informações úteis ao diagnóstico. As características
respiratórias, como atividade respiratória (eupnéia ou dispnéia), ritmo
respiratório, tipo respiratório (costoabdominal, predominantemente abdominal
ou respiração do tipo costal), a freqüência respiratória e a inspeção nasal
devem ser avaliadas neste momento (GONÇALVES, 2004). O aumento da
freqüência respiratória, afastadas as possibilidades de excitação física ou
psíquica (STÖBER, 1993), e aumento do esforço respiratório à medida que o
animal se movimenta é forte indício de que enfermidade respiratória com
comprometimento das trocas gasosas (RADOSTITS et al., 2002).
A freqüência respiratória normal em ovinos em geral varia de 12 a 20
movimentos por minuto (mpm) (RADOSTITS et al., 2002; WILSON &
LOFSTEDT, 2006), podendo, segundo Gonçalves (2004), apresentar pequena
variação entre ovinos adultos (20 a 30 mpm) e cordeiros (36 a 48 mpm). A
temperatura varia de 39 a 40°C para ovinos jovens e 38,5 a 40°C para adultos
e a freqüência cardíaca para adultos é na faixa de 90 115 batimentos por
minuto, (FEITOSA, 2004).
São indicativos de alterações do aparelho respiratório a observação de
tosse e a resposta positiva ao reflexo de tosse (através do beliscamento ou
atrito manual nos primeiros anéis traqueais, ou obliterando temporariamente o
ar inalado), traduzindo a presença de irritação da laringe e traquéia
(GONÇALVES, 2004), podendo ser uma das manifestações iniciais da doença
Julio Simões Marcondes Revisão de Literatura
11
(PRINGLE, 1992). Wilson & Lofstedt (2006), definem a tosse como a expulsão
súbita, forçada e ruidosa de ar pela glote para a eliminação de muco, partículas
e outros materiais da árvore traqueobrônquica.
Segundo Gonçalves (2004), a tosse seca e constante indica alteração
inflamatória nas vias aéreas anteriores como nas faringites, laringites e também
nas traqueítes, a tosse úmida ou produtiva está relacionada ao aumento de
exsudato broncopulmonar, como nas broncopneumonias, devido à
movimentação do líquido pelas vias aéreas através da respiração. O corrimento
nasal se relaciona tanto à inflamação local da mucosa (BRYSON et al., 1979;
BRYSON, 1985; BELKNAP, 1993; CRANDELL, 1993), quanto à secreção de
origem brônquica e pulmonar (STÖBER, 1993; RADOSTITS et al., 2002;
WILSON & LOFSTEDT, 2006).
O trato respiratório posterior avaliado através da auscultação e
percussão, na espécie ovina, deve ser realizada ao longo dos espaços
intercostais, delimitados, segundo Garcia et al., (1996), por bordos costais,
sendo que o bordo caudal da projeção topográfica do pulmão é delimitado por
uma linha que vai da parte dorsal do 11° espaço intercostal até a parte ventral
do espaço intercostal, correspondendo grosseiramente à parte torácica
indicada pelo olécrano do membro. Desta forma, apenas um terço do gradil
costal corresponde à área pulmonar.
Nesta espécie os ruídos respiratórios normais (laringotraqueal,
traqueobrônquico, e broncobronquiolar) são mais audíveis em suas respectivas
localizações anatômicas, pela proximidade da traquéia com a pele e pouca
espessura da parede torácica, no caso dos ruídos traqueobrônquicos e
broncobroncquiolares, diferentemente dos bovinos. As enfermidades de vias
aéreas anteriores quase sempre resultam em aumento do som laringotraqueal.
Os ruídos respiratórios normais são mais intensos durante a fase inspiratória,
pois nessa fase a respiração é ativa comparada com a expiração que é
passiva. Ainda que as alterações auscultatórias sejam discretas, permitem a
detecção precoce da doença, facilitando a escolha de outros métodos
diagnósticos ou de terapia, em momento oportuno (WILKINS et al., 2006).
Julio Simões Marcondes Revisão de Literatura
12
O aumento na produção de líquido intersticial inflamatório, decorrente dos
processos pneumônicos, conduz melhor o som produzido na respiração ao
ouvido do clínico e explica a auscultação de área aumentada do ruído
traqueobrônquico e do ruído broncobronquiolar rude nos pulmões (BRAZ,
1981; PRINGLE, 1992; STÖBER, 1993; GONÇALVES, 2004; WILSON &
LOFSTELD, 2006). Os ruídos traqueobrônquicos são auscultados sobre o local
de produção e acúmulo de efusões: traquéia torácica, área hilar e
entroncamento dos brônquios (WILKINS et al., 2006). A área de silêncio indica
prejuízo funcional do órgão por obstrução de brônquios, bronquíolos e alvéolos,
repletos de exsudato relacionado à inflamação ou a compressões por tumores
ou grandes abscessos, que não permitem a passagem do ar naquela área
afetada (BRAZ, 1981; PRINGLE, 1992; STÖBER, 1993; GONÇALVES, 2004).
Para ser notada, necessidade de proximidade desta área com a parede
torácica (KOTLIKOFF & GILLESPIE, 1984; STÖBER, 1993). Wilkins et al.,
(2006) associam a ausência de ruídos pulmonares na região ventral à área de
efusão pleural, e a ausência de ruídos em regiões dorsais ao pneumotórax.
Segundo Savage (1997) e Wilkins et al. (2006), recentemente foi adotada
uma terminologia uniforme e simplificada para ruídos pulmonares anormais,
melhorando significativamente a comunicação entre os clínicos de medicina
humana e veterinária. Os ruídos anormais foram divididos em ruídos
descontínuos (intensamente explosivo), chamado de crepitações; e ruídos
contínuos (muitas vezes musical) chamados de sibilos, relacionados a
estreitamentos das vias aéreas. Esses termos substituem os mais antigos
estertores e roncos, respectivamente, embora o último seja aceito como
equivalente a sibilos de baixo timbre (LEHRER, 1990).
A inflamação dos brônquios pode levar à formação de líquido que,
dependendo da quantidade e da localização na árvore brônquica, produz sons
diferentes à auscultação. Quando a quantidade de líquido, inflamatório ou não,
é intensa nos brônquios de maior calibre, manifesta-se a crepitação grossa
(GONÇALVES, 2004); a obstrução seqüencial de brônquios de menor calibre
leva à inspiração interrompida ou entrecortada (KOTLIKOFF & GILLESPIE,
1984; GONÇALVES, 2004) e, a deposição de líquido em bronquíolos induz à
crepitação fina (STÖBER, 1993). Gonçalves (2004) refere-se à crepitação fina
Julio Simões Marcondes Revisão de Literatura
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inspiratória como o descolamento das paredes das pequenas vias aéreas
preenchidas por líquido ou muco em excesso.
Quando a quantidade de líquido for muito importante e localizada em área
próxima à parede torácica, observa-se frêmito torácico à palpação. O acúmulo
deste conteúdo líquido na região da traquéia origina o frêmito traqueal (BRAZ,
1981; PRINGLE, 1992; STÖBER, 1993).
A deposição de secreções nas vias aéreas determina modificação no
fluxo de ar, provocando vibrações de tons mais graves, denominados roncos
(KOTTLIKOFF & GILLESPIE, 1983 e 1984) ou mais agudos, os sibilos (BRAZ,
1981; KOTLIKOFF & GILLESPIE, 1983 e 1984; LEHRER, 1990; PRINGLE,
1992; STÖBER, 1993), que indicam modificações no calibre das vias aéreas,
como no caso das bronquites ou bronquiolites (HINCHCLIFF & BYRNE, 1991;
STÖBER, 1993; RADOSTITS et al., 2002; GONÇALVES, 2004; WILSON &
LOFSTEDT, 2006).
Inflamações broncopulmonares mais graves podem se acompanhar de
pleurite (RADOSTITS et al., 2002) e o atrito dos folhetos pleurais inflamados
determinam o roce pleural à auscultação (ROUDEBUSH, 1982; KOTLIKOFF &
GILLESPIE, 1984; CURTIS et al., 1986; LEHRER, 1990; HINCHCLIFF &
BYRNE, 1991; STÖBER, 1993). Em processos necrosantes, como nas
pneumonias gangrenosas, pode ser notado o odor expiratório pútrido
(ANDREWS, 1992a; GONÇALVES & BARIONI, 2000; REBHUN et al., 2000;
RADOSTITS et al., 2002; WILSON & LOFSTEDT, 2006).
O diagnóstico clínico das afecções respiratórias baseia-se na presença de
determinados sinais clínicos que, isolados e, principalmente, em associação,
demonstram acometimento broncopulmonar e sua gravidade (GONÇALVES, et
al., 2001; RADOSTITS et al., 2002; PUGH, 2005; WILSON & LOFSTEDT,
2006). A associação de sinais respiratórios como corrimento nasal, tosse, a
resposta positiva ao reflexo de tosse, presença de dispnéia, e ruídos
respiratórios anormais à auscultação são indicativos de manifestação clínica de
doença respiratória, merecendo atenção a ambos os segmentos, tanto das vias
aéreas anteriores quanto das posteriores.
O corrimento nasal, segundo Diffay et al., (2005), apresenta-se de forma
bilateral aquoso e claro sendo relativamente comum em ovinos estabulados em
ambientes pouco ventilados, e em regiões onde considerável oscilação de
Julio Simões Marcondes Revisão de Literatura
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temperatura durante o dia. Menos freqüentemente, pode apresentar-se de
forma unilateral nos casos de Oestrus ovis, tumores nasais ou corpos
estranhos. uma secreção nasal bilateral purulenta pode indicar infecção do
trato respiratório anterior ou posterior.
Ovinos com pneumonia manifestam tosse intermitente, aumento da
freqüência respiratória, e podem apresentar dispnéia. Ressalta-se ainda que as
pneumonias são mais comuns em animais jovens do que em animais mais
velhos (DIFFAY et al, 2005). O predomínio de sinais clínicos como secreção
nasal seromucosa a mucopurulenta, estridor, fluxo de ar reduzido, espirros,
sacudidelas de cabeça, tumefação de seios, se relacionam principalmente a
problemas com as vias aéreas anteriores; anorexia, tosse, taquipnéia, dispnéia,
auscultação com aumento dos ruídos bronquiais e crepitações, são indícios
clínicos de envolvimento pulmonar (BELKNAP, 2005).
Belknap (2005), descreve como afecções principais de vias aéreas
anteriores o tumor nasal enzoótico, infestações por Oestrus ovis, sinusites de
diversas etiologias, faringites ocasionadas por traumatismos com infecção
bacteriana secundária, abscessos retrofaríngeos e laringite necrótica por
Fusobacterium necrophorum. Relacionada às vias reas posteriores estão as
pneumonias típicas, as atípicas por helmintos e por aspiração; as viroses
respiratórias como Parainfluenza tipo 3, Adenovírus e Vírus Sincicial
Respiratório Ovino, as pneumonias causadas por Micoplasmas, a
adenomatose pulmonar ovina ou carcinoma pulmonar ovino e a pneumonia
progressiva ovina ocasionada pelo Maedi-Visna Vírus (MARTIN, 1996;
ARAÚJO et al., 2004).
Terra (2006), afirma que o exame clínico de forma completa deve ser
realizado sempre, mesmo que a queixa principal seja facilmente identificável.
Alguns casos clínicos necessitam de exames complementares para seu
esclarecimento diagnóstico (GONÇALVES & BARIONI, 2000).
Julio Simões Marcondes Revisão de Literatura
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2.2 L
AVADO
T
RAQUEOBRÔNQUICO
Os métodos que permitem a colheita de amostras de secreções de vias
aéreas posteriores vêm merecendo destaque na prática clínica, pois permitem
estudo dos constituintes microbiológicos, citológicos, imunológicos e
bioquímicos destas amostras.
Dentre os exames, salienta-se o estudo das secreções brônquicas, que
obtidas de diferentes formas, possibilita a obtenção de amostras de secreção
das vias aéreas inferiores do homem (PECORA, 1959), cães e gatos
(HAWKINS & DENICOLA, 1989; PADRID et al, 1991; LOTTI & NIEBAUER,
1992), ovinos (ROLA-PLESZCZYNSKI et al., 1981), bovinos (CORSTVET et
al., 1982; GONÇALVES et al., 1990; BARROS et al., 1994; GONÇALVES,
1997) e em eqüinos (MANSMANN & KNIGHT, 1972;
SEALS, 1980; BEECH,
1981; WHITWELL & GREET, 1984; DERKSEN et al., 1989; CRANE et al.,
1989; SWEENEY et al., 1993; FREEMAN & ROSZEL, 1997; FERNANDES et
al., 2000).
Historicamente, a literatura mostra o empenho de vários autores no intuito
de viabilizarem a colheita de amostras do trato respiratório inferior.
Inicialmente, foi utilizada no homem por Pecora (1959), que utilizou a aspiração
traqueal, por via transtraqueal, para colheita de material de vias aéreas
inferiores, para cultivo bacteriano. Mansmann & Knight (1972), adaptaram a
técnica para uso em eqüinos, e Beech (1975) sugeriu que a citologia do
material obtido por aspirado traqueal poderia ser utilizada na avaliação de
eqüinos com doenças pulmonares. Desde então vem sendo utilizada
rotineiramente na avaliação de cavalos com doenças respiratórias crônicas
(WHITWELL & GREET, 1984; BURSH & JENSEN, 1987; COUËTIL et al.,
2001).
Várias adaptações da técnica inicial foram desenvolvidas em bovinos,
entre elas, a lavagem traqueobrônquica por traqueocentese, com a variante de
que o líquido de colheita é injetado a partir da bifurcação traqueal
(GONÇALVES, 1987; GONÇALVES et al., 1990; BARROS et al., 1994); a
lavagem orotraqueal, com introdução do tubo de colheita por via oral e
deposição do líquido na altura da bifurcação traqueal (LE JAN et al., 1980;
CORSTVET et al., 1982); a lavagem broncoalveolar às cegas, com introdução
Julio Simões Marcondes Revisão de Literatura
16
de tubo siliconizado no brônquio para inoculação do líquido (FOGARTY et al.,
1983; KIMMAN et al., 1986; LAY et al., 1986; DYER et al., 1989; TAYLOR et
al., 1989; SWEENEY & BEECH, 1991; MORI, 2000), e a lavagem
broncoalveolar por endoscopia, com o endoscópio alojado no segmento
bronquial, sendo o líquido de lavagem depositado (HUNNINGHAKE et al.,
1979; MARKHAN & WILKIE, 1980; WILKIE & MARKHAN, 1981; FORMAN et
al., 1982;
PRINGLE et al., 1988; ALLEN et al., 1992 a e b).
O lavado broncoalveolar (BAL) por endoscopia é utilizado como
procedimento diagnóstico, pela análise das amostras de secreções brônquicas,
acesso à resposta celular nas vias aéreas baixas e às alterações morfológicas
(KASTELLO et al., 1979; WILLCOX et al. 1988; SWEENEY & BEECH 1991;
CLARK et al. 1995), sendo possível caracterizar e diferenciar o tipo de resposta
inflamatória nas doenças pulmonares e na instituição de terapia apropriada
(VIEL, 1997).
O BAL é considerado, por alguns autores, como um método seguro e uma
ferramenta simples para obtenção de células das vias aéreas inferiores
(LAVIOLETTE et al., 1988), por permitir estudos dos elementos bioquímicos,
imunológicos e investigações microbiológicas e citopatológicas (FALK et al.,
1972; REYNOLDS & NEWBALL, 1974; GÓRIN et al., 1979; HUNNINGHAKE
1979; WHITWELL & GREET, 1984; BURRELS & WILLIAMS, 1987; FORGATY
1990; SWEENWY & BEECH, 1991; PADRID et al, 1991; HOFFMAN et al.,
1993; FERNANDES et al 2000). Segundo Sweeney & Beech (1991), pode ser
realizados por duas cnicas, a depender da finalidade da amostra,
equipamento disponível, e a necessidade de se conhecer exatamente o local
da coleta. Os dois métodos básicos são: através de endoscópio flexível ou às
cegas, com sonda siliconizada (BAL Cathether, Bivona, Inc., Gary, Indiana.)
sem a visualização das estruturas.
A endoscopia permite a visualização dos brônquios principais, obtenção
de biopsias da mucosa brônquica ou tecido transbronquial e aspiração de
secreções e lavagem de segmentos do trato respiratório posterior, facilitando a
colheita de amostras de porções terminais das vias aéreas mais distais e
espaços alveolares (MARKHAN & WILKIE, 1980; WILKIE & MARKHAN, 1981;
FORMAN et al., 1982; DERKSEN et al., 1985; REYNOLDS, 1987; PRINGLE et
Julio Simões Marcondes Revisão de Literatura
17
al., 1988; PADRID et al., 1991; SWEENEY & BEECH 1991; ALLEN et al., 1992
a e b; CLARK et al., 1995; HEWSON & VIEL 2002).
É um método dispendioso, pois necessita de equipamentos
especializados, nem sempre disponíveis na rotina clínica dos médicos
veterinários que trabalham no campo (Gonçalves, 2004).
Em eqüinos, a intubação nasotraqueal às cegas foi empregada no estudo
citológico do pulmão, utilizando-se tubo de PVC flexível como guia. No interior
deste, introduziu-se um tubo de polipropileno adaptado a uma seringa, pelo
qual foram injetadas e aspiradas seis alíquotas de 50 ml de solução fisiológica
para colheita do lavado broncoalveolar. Estas amostras, obtidas de bronquíolos
e de espaços reos terminais, refletem a população celular do epitélio das
vias aéreas e do revestimento alveolar (CRISMAN et al., 1992; HOFFMAN &
VIEL, 1997; FERNANDES et al., 2000; MORI et al., 2001).
Nos bovinos a intubação nasotraqueal foi utilizada por Gonçalves (1997),
que introduziu um tubo guia siliconizado pela narina e o direcionou até a porção
mais baixa da traquéia. Por dentro deste tubo guia foi introduzida uma sonda
de polietileno onde se fez a infusão de solução fisiológica e aspiração do
conteúdo. Esta técnica foi utilizada em bezerros para a realização de estudos
citológicos, tendo em vista a possibilidade de contaminação microbiológica do
material com secreções do trato respiratório anterior (GONÇALVES et al.,
2004).
Nos ovinos, a colheita de material de vias aéreas inferiores tem sido
pouco explorada no que diz respeito ao diagnóstico de problemas respiratórios.
A principal utilização dessa espécie animal no estudo das secreções
broncoalveolares visa o estudo das doenças respiratórias no homem (GÓRIN
et al., 1979; ROLA-PLESCZYNSKI et al., 1981; GIN et al., 1983; BOSSÉ et
al., 1987; BURRELS & WILLIAMS 1987; MORNEX et al., 1994; BROGDEN et
al., 1998b). A maior parte das colheitas foram realizadas em animais de
abatedouros ou eutanasiados (MORNEX et al., 1994; BROGDEN et al., 1998b),
embora alguns realizaram o experimento com endoscopia (BÉGIN, 1983,) ou
por intubação endotraqueal (GÓRIN et al., 1979; BOSSÉ et al, 1987;
BURRELS & WILLIAMS 1987).
Julio Simões Marcondes Revisão de Literatura
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Como a pneumonia progressiva dos ovinos se assemelha às pneumonias
intersticiais por lentivírus no homem, é a doença mais estudada na espécie
ovina (CORDÏER et al, 1992; LUJÁN et al., 1993; BURRELLS & SUTHERLAND
1994; MORNEX et al., 1994; LEGASTELOIS et al., 1997).
Para o estudo dos processos respiratórios é necessário, às vezes,
colheita repetida. Isto poderia influenciar a celularidade do lavado (CLARK et
al., 1995). Para esta hipótese, Coliie et al. (1999), estudaram, em ovinos, os
efeitos de múltiplos lavados broncoalveolares, em lobo apical direito e lobos
selecionados aleatoriamente. Não detectaram alterações celulares
significativas ao longo do estudo, exceto na porcentagem de neutrófilos que
nas amostras do lobo que se repetiu a amostragem (apical direito), foi mais
variável ao longo da pesquisa e maior, quando comparado com a porcentagem
dessas células em lobos escolhidos aleatoriamente. Houve uma diminuição de
linfócitos no segundo dia do estudo, no entanto, sem alterações
estatisticamente significativas.
O estudo das secreções broncoalveolares nesses animais é realizado
visando a utilização desta espécie como modelo experimental humano, desde
Górin et al., (1979) que estudaram a concentração de classes de
imunoglobulinas em subcompartimentos do pulmão de ovinos, Rola-
Plesczynski et al., (1981) e Bégin et al., (1983) que estudaram a patogênese
das alveolites ou Bossé et al., (1987) que avaliaram as características celulares
e bioquímicas do lavado broncoalveolar de ovinos desafiados com alérgenos e
em fase crônica. Ainda, o lavado nesta espécie, foi utilizado para avaliação
celular e imunológica comparada entre as técnicas de lavado broncoalveolar,
lavado com tubo endotraqueal e lavado total de pulmões de ovinos mortos
(BURRELS & WILLIAMS, 1987).
Outras aplicações desta técnica permitiram estudos biomoleculares, para
avaliação de marcadores de inflamação nas vias aéreas de ovinos desafiados
com alérgenos (ABRAHAM et al., 1988), pesquisas na detecção de peptídeos
aniônicos de antimicrobianos no fluido broncoalveolar e epitélio respiratório
(BROGDEN et al., 1998b).
A utilização da técnica de colheita do lavado traqueobrônquico em ovinos,
como auxílio diagnóstico, ainda não é explorada e padronizada. No entanto,
como nas outras espécies (PADRID et al., 1991; VAIL et al., 1995;
Julio Simões Marcondes Revisão de Literatura
19
GONÇALVES, 1997; FERNANDES et al., 2000; GONÇALVES et al., 2004),
deve ser útil para o diagnóstico e prognóstico de enfermidades do trato
respiratório.
Independente da técnica utilizada e das controvérsias assinaladas, a
citologia do lavado traqueobrônquico vem encontrando bastante aceitação no
auxílio diagnóstico, não pela confirmação etiológica e diferenciação
prognóstica das broncopneumonias, como também pela relação com achados
histopatológicos (LARSON & BUSCH, 1985). A grande vantagem do todo é
revelar as alterações nas populações celulares envolvidas com os mecanismos
pulmonares de defesa, ativadas nos processos inflamatórios (GONÇALVES,
1997).
2.3
C
ÉLULAS DE DEFESA PULMONAR
Os agentes causadores da broncopneumonia, ao penetrarem no sistema
respiratório, quebram as barreiras de defesa do pulmão e desenvolvem a
doença. A própria divisão das vias reas é fator de proteção, pois além de
provocar impacto das partículas agressoras na mucosa brônquica, pela
disposição anatômica das vias condutoras de ar (BREEZE, 1985a; WEEKLEY
& VEIT, 1995), propicia diminuição da velocidade do ar inalado, facilitando a
deposição de tais partículas sobre o muco que recobre as células ciliadas
(DIESEL et al., 1991). Estimula-se, então, o mecanismo de limpeza mucociliar
e as partículas são eliminadas pelo movimento dos cílios, que direcionam o
muco à faringe para que seja deglutido (BREEZE, 1985a; DIXON, 1992).
Conforme a agressão dos agentes patogênicos primários, ou mesmo das
infecções bacterianas secundárias, o sistema mucociliar vai sofrendo
alterações, culminando com a diminuição do número de células ciliadas
(DROMMER et al., 1986).
Nas porções mais distais das vias aéreas e nos alvéolos, as células
ciliadas diminuem em número ou estão ausentes, de tal maneira que na junção
broncoalveolar e alvéolos, a defesa local é desenvolvida, principalmente, pelos
macrófagos alveolares (LEID & POTTER, 1985; LIGGITT, 1985; LOPEZ et al.,
1986; DYER et al., 1989; WEEKLEY & VEIT, 1995). São derivados dos
monócitos circulantes (COTRAN et al., 1994; WEEKLEY & VEIT, 1995), apesar
Julio Simões Marcondes Revisão de Literatura
20
de se acreditar que cerca de 70% mantenham-se nos alvéolos por divisão
celular (MCGUIRE & BABIUK, 1982; LIGGITT, 1985). Nos lavados pulmonares,
os macrófagos alveolares podem se apresentar com apenas um cleo ou até
multinucleados (WHITWELL & GREET, 1984; FREEMAN et al., 1985;
SWEENEY et al., 1992a; GONÇALVES 1997; ZINKL, 2002; GONÇALVES et
al., 2004), e em resposta à agressão, estas células de defesa podem se juntar,
formando células multinucleadas que englobam o agente patogênico (COTRAN
et al., 1994). Gonçalves et al., (2004) encontrou em lavado traqueobrônquico
de bezerros sadios 61,7% de macrófagos binucleados, cerca de 15,8% de
trinucleados e 22,5% de células gigantes.
Se o microrganismo conseguir ultrapassar essas defesas do pulmão,
ocorre um processo inflamatório, que provoca algumas modificações no
ambiente pulmonar. A inflamação, por si, estimula a descamação celular do
epitélio traqueobrônquico (SWEENEY & BEECH, 1991), assim como a
presença de histamina em pacientes com asma ocasionando perda de células
ciliadas e encurtamento dos cílios (LAITINEN et al., 1985), culminando com a
formação do exsudato inflamatório (LIGGITT, 1985; LEID & POTTER, 1985).
São liberados fatores quimiotáxicos, gerados por macrófagos alveolares,
por complemento (LEID & POTTER, 1985; LIGGITT, 1985) ou por produtos do
ácido araquidônico (LEDWOZYW et al., 1992), oriundos dos tecidos lesados ou
do plasma (COTRAN et al., 1994). Estes fatores provocam alteração na
permeabilidade dos vasos sanguíneos e atraem células sanguíneas, que irão
participar da defesa do órgão. Os neutrófilos são as células que rapidamente
respondem aos agentes quimiotáxicos, saindo da microcirculação e penetrando
no pulmão (COHEN & ROSSI, 1983; REYNOLDS, 1983; WALKER et al., 1985;
LEID & POTTER, 1985). Devido ao rápido e volumoso afluxo destas células ao
pulmão e a liberação de mediadores inflamatórios, o acúmulo e ativação dos
neutrófilos são fatores capazes de induzir graves lesões ao pulmão
(SLOCOMBE et al., 1985; BREIDER et al., 1988; SLOCOMBE et al., 1990;
LAPOINTE et al., 1993), pela liberação de produtos tóxicos no ambiente
pulmonar (LEDWOZYW & STOLARCZYK, 1991a e b).
Os fatores debilitantes que interferem com o mecanismo normal de
limpeza respiratória têm recebido atenção considerável em animais de
laboratório e no homem (RADOSTITS et al., 2002). Alguns estudos em grandes
Julio Simões Marcondes Revisão de Literatura
21
animais mostram que microrganismos como o vírus Parainfluenza-3 (BRYSON
et al., 1983; SLAUSON et al., 1987; BROWN & ANANABA, 1988), o vírus da
rinotraqueíte infecciosa bovina (FORMAN et al., 1982; BROWN & ANANABA,
1988), o vírus sincicial respiratório bovino e ovino (CASTLEMAN et al., 1985), o
vírus da influenza e da rinopneumonite eqüinas (WILLOUGHBY et al., 1992) e
a Mannheimia (Pasteurella) haemolytica (RICHARDS & RENSHAW, 1989;
SLOCOMBE et al., 1990), podem reduzir os mecanismos de proteção
pulmonar. São descritas destruição dos cílios das células epiteliais cilíndricas
ciliadas, com alteração do mecanismo de limpeza mucociliar (BRYSON et al.,
1983; CASTLEMAN et al., 1985; WILLOUGHBY et al., 1992; SCOTT, 1994), e
redução no número (SLAUSON et al., 1987) e na função de macrófagos
(BROWN & ANANABA, 1988) e neutrófilos (MARKHAN & WILKIE, 1980;
WALKER et al., 1985; RICHARDS & RENSHAW, 1989; SLOCOMBE et al.,
1990).
A redução do número de macrófagos, células primárias da defesa
pulmonar, é proporcional à intensidade do processo de agressão ao órgão
(ROSZEL et al., 1986; DERKSEN et al., 1989). Bossé et al., (1987) não
relataram essa diminuição, no entanto, relataram aumento na celularidade,
principalmente no número de neutrófilos e eosinófilos em ovinos desafiados
cronicamente com alérgenos oriundos de Ascaris suum.
A exposição à fibra de asbestos em ovinos desafiados com altas doses,
demonstrou, na biopsia pulmonar, um aumento moderado na celularidade, com
presença de alterações patológicas e o infiltrado inflamatório foi
predominantemente de macrófagos alveolares, de forma focal e desigualmente
distribuídos na amostra. A interface entre o tecido normal e patológico
geralmente não era muito bem demarcado. Na citologia do lavado
broncoalveolar não foram encontradas diferenças significativas entre os
grupos, no entanto, foram notadas alterações nessas amostras anteriormente à
instalação de alterações funcionais e morfológicas na histopatologia (Bégin et
al., 1983).
Julio Simões Marcondes Revisão de Literatura
22
2.4 E
STUDO
C
ITOLÓGICO DO LAVADO
A análise citológica do líquido obtido pelo lavado traqueobrônquico é
extremamente valiosa na diferenciação dos processos infecciosos, alérgicos,
parasitários e neoplásicos. O diagnóstico citológico é realizado pela contagem
global e pelos tipos celulares (BEECH, 1981; WHITWELL & GREET, 1984;
STÖBER, 1993).
A traquéia e os brônquios são revestidos por células epiteliais pseudo-
estratificadas ciliadas, comumente observadas no fluido da traquéia mas não
em amostras de fluido broncoalveolar (FERNANDES et al., 2000; BURKHARD
et al., 2003). São células alongadas, com núcleo arredondado proeminente e
citoplasma basofílico, com cílios na superfície apical, já o epitélio cubóide
encontra-se revestindo bronquíolos (BURKHARD et al., 2003).
Segundo Sweeney & Smith (1993) existe variação muito grande do
número total de células do lavado traqueobrônquico ou broncoalveolar em
eqüinos, de tal modo que este dado seria de pouco valor para interpretação do
caso clínico. Em contrapartida, Sweeney & Beech (1991) relataram aumento de
500 a 5000 células por mililitro no lavado traqueobrônquico de cavalos com
doenças respiratórias. Este aumento foi atribuído ao fato de que os animais
com problemas em vias aéreas teriam intensa descamação das células que
revestem o epitélio e maior afluxo das células de defesa. Apesar disto, os
resultados apresentados na literatura mostram grandes variações, talvez
porque as técnicas de colheita sejam diferentes (SWEENEY et al., 1992b).
Em cavalos sadios, a lavagem traqueal por via transtraqueal é
caracterizada, principalmente, por células epiteliais cilíndricas, ciliadas e não-
ciliadas, e macrófagos alveolares. Neutrófilos e linfócitos também podem ser
encontrados em pequena quantidade (MANSMANN & KNIGHT, 1972). Na
lavagem broncoalveolar a constituição celular difere de modo significativo da
transtraqueal, pois os macrófagos representam a maioria das células
(BURKHARD ET AL., 2003) e, relativamente, são observadas poucas lulas
epiteliais cilíndricas ciliadas (MAIR et al., 1987; DERKSEN et al., 1989).
Gonçalves (1997) e Gonçalves et al., (2004), observaram através do lavado
traqueobrônquico por via nasotraqueal em bezerros clinicamente sadios,
Julio Simões Marcondes Revisão de Literatura
23
predomínio de macrófagos 77,2%, seguido por 14,9% de células epiteliais,
6,0% de neutrófilos, 1,8% de linfócitos e ausência de eosinófilos.
Os tipos de células predominantes no lavado traqueobrônquico em
eqüinos clinicamente sadios são os: macrófagos alveolares (81,52%), seguidos
por neutrófilos (8,92%), linfócitos (2,91%), eosinófilos (0,76%), mastócitos
(0,15%) e lulas produtoras de muco e epiteliais cilíndricas 0,23% e 5,51%
respectivamente (FERNANDES et al. 2000). A proporção de cada uma delas
varia de acordo com a região do trato respiratório analisado, da presença ou
não de uma alteração pulmonar, bem como do agente etiológico (BEECH,
1975; CRANE et al., 1989; STÖBER, 1993, SWEENEY & SMITH, 1993;
SWEENEY et al., 1993). Fernandes et al., (2000), realizou estudo comparativo
dos exames citológicos a partir de amostras de lavado traqueobrônquico (LTB)
e broncoalveolar (LBA) com tubo siliconizado e concluíram que não houve
diferença nas características morfológicas dos tipos celulares entre as técnicas
utilizadas, entretanto concluíram que nas amostras de lavado broncoalveolar,
às cegas, o número de macrófagos foi menor e observaram aumento de
linfócitos, comparando com o lavado traqueobrônquico por via transtraqueal.
Em eqüinos portadores de Obstrução Recorrente de Vias reas (ORVA)
ocorre um aumento dos neutrófilos, mas sem alteração da sua morfologia, pela
constante liberação dos mediadores inflamatórios (WHITWELL & GREET,
1984; MAIR et al., 1987; GRANDGUILLOT et al., 1991; DIXON, 1995). nas
pneumonias verminóticas ocorre um grande aumento na porcentagem de
eosinófilos (WHITWELL & GREET, 1984; MAIR et al., 1987).
Os resultados são ainda mais controversos quando, além da técnica
empregada na colheita das amostras, são comparados animais sadios e
portadores de doenças respiratórias de etiologias variadas. Na ORVA em
eqüinos, o lavado broncoalveolar colhido por endoscopia se caracteriza,
principalmente, por diminuição da população de macrófagos e linfócitos e
aumento significativo da porcentagem de neutrófilos (DERKSEN et al., 1985;
NAYLOR et al., 1992; LAPOINTE et al., 1993). Em bovinos portadores de
problemas respiratórios em geral, o lavado por endoscopia evidencia
diminuição significativa de macrófagos com elevação importante de neutrófilos
(FORMAN et al., 1982; ALLEN et al., 1992a e b) e, na mesma espécie,
utilizando o lavado traqueobrônquico por via nasotraqueal, Gonçalves et al.
Julio Simões Marcondes Revisão de Literatura
24
(2001), evidenciaram diminuição do número de macrófagos e células epiteliais
e aumento de neutrófilos e linfócitos em bovinos com broncopneumonia
moderada.
Em ovinos, Burrels & Williams (1987), detectaram predomínio de
macrófagos, seguido por linfócitos e eosinófilos em lavados broncoalveolares
por endoscopia e em lavado total de pulmão de ovinos mortos, sem alterações
significativas entre as cnicas na contagem diferencial. No entanto, notaram
aumento significativo no número total de células nas amostras obtidas por
lavado total. A contagem diferencial não foi realizada nas amostras obtidas por
entubação endotraqueal.
Da mesma forma, outros autores (ABRAHAM et al., 1988) realizaram
lavado broncoalveolar por endoscopia em animais desafiados com alérgenos
de Ascaris suum. Encontraram predomínio de macrófagos, linfócitos, células
epiteliais, neutrófilos, e eosinófilos anteriormente ao desafio com o alérgeno.
Notaram aumento significativo de eosinófilos em animais que apresentaram
respostas como broncoconstrição aguda e obstrução bronquial tardia quando
comparado com o grupo que apresentou somente broncoconstrição imediata,
após oito horas de inoculados. Não notaram diferença nas contagens totais de
células por mililitro e na porcentagem de neutrófilos entre esses grupos,
atribuindo a eosinofilia à respostas alérgicas pulmonares nessa espécie.
Collie et al. (1999), não encontraram diferenças significativas no número
de células totais e na contagem diferencial quando o lavado broncoalveolar foi
realizado em colheitas de um mesmo lobo pulmonar ou em colheitas realizadas
em lobos pulmonares selecionados aleatoriamente. No entanto, notaram
número maior e mais variável, ao longo do estudo, de neutrófilos, em amostras
obtidas repetidamente em lobo apical direito quando comparado com os lobos
amostrados aleatoriamente.
Durante a análise citológica devem ser observadas, além das contagens
totais e diferenciais, as alterações morfológicas celulares, a presença de
vacuolizações citoplasmáticas, de bactérias, fungos e muco. O aumento
significativo de um tipo celular ou a presença de determinadas alterações
morfológicas pode ser indicativo do agente causador da doença respiratória
(WHITWEEL & GREET, 1984), e a contagem diferencial apresenta maior valor
diagnóstico do que a contagem total de células (ZINKL, 2002).
Julio Simões Marcondes Revisão de Literatura
25
Os macrófagos estão presentes nas estruturas alveolares e tornam-se
reativos juntamente com a presença de outras lulas inflamatórias como
neutrófilos, eosinófilos e linfócitos em cavalos com doenças em vias aéreas
posteriores. As hemácias usualmente estão presentes, porém freqüentemente
estão associadas a traumatismos mínimos devido a técnica utilizada (ZINKL,
2002).
Em relação à coloração para a confecção das lâminas, Fernandes et al.
(2000) utilizaram a coloração preconizada por Rosenfeld (1947), que permitiu a
caracterização e diferenciação dos diversos tipos celulares e estruturas
presentes nos lavados. Gonçalves (1997), utilizou Shorr e Giemsa para
identificar as células e ver suas caractesticas morfológicas, e coloração
especial como o Gram para definir a etiologia bacteriana em lavados
traqueobrônquicos de bezerros. A coloração de Shorr acentua detalhes
nucleares, sendo valiosa na detecção de alterações morfológicas (MEYER,
2003). E tem sido bastante utilizada nas preparações de material do trato
respiratório inferior de eqüinos (ZINKL, 2002).
O método de colheita por sondagem nasotraqueal, com tubo auxiliar
introduzido próximo à bifurcação da traquéia, além da vantagem de poder ser
usado no campo, tem se mostrado eficiente na amostragem celular do lavado
traqueobrônquico de bezerros (GONÇALVES et al., 2004).
Destacada a importância da citologia através da sondagem nasotraqueal,
por ser um método eficiente e aplicável na rotina para coleta de amostras de
vias aéreas inferiores em bezerros por Gonçalves et al. (2004), e a
possibilidade do direcionamento etiológico das enfermidades respiratórias
através destes achados, é importante o conhecimento citológico das vias
aéreas na espécie ovina.
OBJETIVOS
Julio Simões Marcondes Objetivos 27
3. OBJETIVOS
Considerando-se a importância das doenças respiratórias nos ovinos e a
necessidade de um método diagnóstico complementar de baixo custo e de
aplicabilidade prática, são objetivos deste trabalho:
1. Avaliar clinicamente o sistema respiratório de ovinos;
2. Viabilizar a técnica de lavado traqueobrônquico por via nasotraqueal
para colheita de secreções de vias aéreas posteriores;
3. Determinar a proporção celular do lavado traqueobrônquico de ovinos
sadios e com enfermidades respiratórias, comparando-os entre si;
4. Correlacionar os achados clínicos com os achados citológicos entre
animais sadios e portadores de afecções respiratórias;
5. Avaliar comparativamente, de forma descritiva, as metodologias de
coloração Shorr, Wright-Giemsa e Gram na citologia dos ovinos sadios e
doentes;
MATERIAL E MÉTODOS
Julio Simões Marcondes Material e Métodos 29
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1 ANIMAIS E AMOSTRAS
Foram incluídos neste estudo 42 ovinos, independentemente de raça,
sexo e estação do ano, com idade entre um e quatro anos, selecionados
aleatoriamente em fazendas da região de Botucatu-SP e de animais
encaminhados ao serviço de Clínica de Grandes Animais da Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia da Unesp de Botucatu.
Através do lavado traqueobrônquico colheu-se amostras de vias aéreas
posteriores para exame citológico de animais clinicamente sadios e portadores
de afecções do sistema respiratório. As amostras foram processadas no
Laboratório de Citopatologia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
– UNESP - campus de Botucatu – SP.
4.2 GRUPOS EXPERIMENTAIS
Os animais foram submetidos a exame clínico geral e físico do aparelho
respiratório através da inspeção, palpação, e auscultação para detectar sinais
clínicos que caracterizassem afecções respiratórias (Gonçalves, 2004). A
presença ou ausência dos critérios apresentados (Tabela 1), na maioria das
vezes em associação, estabeleceu ou não o diagnóstico de doença respiratória
e diferenciou os animais sadios dos doentes (RADOSTITS et al., 2002;
GONÇALVES, 2004; WILSON & LOFSTEDT, 2006) Os dados clínicos obtidos
no exame foram anotados em fichas individuais (Apêndice - Quadro A).
As variáveis quantitativas como a freqüência cardíaca (FC) e respiratória
(FR) e a temperatura corporal (T°C) foram avaliados respectivamente em
batimentos por minuto (bpm), movimentos respiratórios por minuto (mpm) e
graus centígrados (ºC). Definiram-se como valores normais para temperatura
corporal entre 38,5 a 40°C, para freqüência cardíaca de 90 a 115 bpm e para a
freqüência respiratória de 20 a 30 mpm (FEITOSA, 2004).
Julio Simões Marcondes Material e Métodos 30
TABELA 1. Critérios clínicos para a diferenciação dos animais sadios (GS) e
dos acometidos de afecção respiratória (GD).
(-) ausente (+) presente (não todos necessariamente)
Sinais Clínicos
Sadios
GS
Doentes
GD
Tosse - +
Corrimento nasal - +
Dispnéia - +
Frêmito traqueal - +
Frêmito torácico - +
Reflexo de tosse - +
Ruído laringotraqueal aumentado - +
Ruído traqueobrônquico - +
Ruído broncobronquiolar rude - +
Área de silêncio - +
Inspiração entrecortada - +
Crepitação grossa - +
Crepitação fina - +
Roncos e sibilos - +
Roce pleural - +
Odor expiratório pútrido - +
Temperatura aumentada - +
Freqüência respiratória aumentada - +
Freqüência cardíaca aumentada - +
Julio Simões Marcondes Material e Métodos 31
Desta maneira, os animais foram arranjados em dois grupos experimentais:
GS: ovinos clinicamente sadios (n=19).
GD: ovinos com alterações no sistema respiratório (n=23).
Para isso, avaliaram-se os critérios clínicos descritos na forma de
esquema (Figura 1).
Julio Simões Marcondes Material e Métodos 32
FIGURA 1. Delineamento da constituição dos grupos experimentais
.
EXAME CLÍNICO DOS OVINOS
N = 42
Sadios
GD
n = 23
C
RITÉRIOS CLÍNICOS
GS
n = 19
Corrimento nasal
Tosse
Reflexo de tosse
• S
om laringotraqueal
Som traqueobrônquico
Dispnéia
Inspiração entrecortada
Crepitação grossa
Ausentes
Doentes
Julio Simões Marcondes Material e Métodos 33
Definidos os grupos experimentais, foram realizados os estudos
estatísticos do exame citológico do lavado traqueobrônquico dos ovinos
clinicamente sadios (GS) e portadores de afecções respiratórias (GD).
Foi realizada análise estatística entre os grupos GS e GD, onde se
comparou os parâmetros: parâmetros vitais, contagem total de células
nucleadas e hemácias, contagem diferencial e descrição das características
morfológicas celulares dos respectivos grupos.
4.3 COLHEITA DO LAVADO TRAQUEOBRÔNQUICO
4.3.1 S
ONDAGEM NASOTRAQUEAL
Para o procedimento de lavagem traqueobrônquica em ovinos por via
nasotraqueal, utilizou-se sonda siliconizada e sonda de polietileno acoplada à
agulha hipodérmica sem bisel, solução fisiológica estéril e seringa de plástico
com capacidade de 60ml (Figura 2).
Os animais foram submetidos à contenção física em estação, com a
cabeça e pescoço estendido e alinhado com a coluna vertebral (Figura 3).
Antes da sondagem de cada animal, realizou-se assepsia da área externa das
narinas com álcool iodado a 2%.
Após a contenção e assepsia, foi introduzida, por via nasotraqueal, uma
sonda guia siliconizada de 65cm de comprimento e 0,5cm de diâmetro
previamente esterilizada e embalada individualmente. Na extremidade desta
sonda foi passada lidocaína gel com intuito de lubrificação e redução do
desconforto. Após adentrar o vestíbulo nasal, a passagem pelo meato nasal
médio e a constatação de que a sonda estava na orofaringe, foi feito um
movimento de rotação (180°) com a sonda para direcionar a sua extremidade
dorsalmente. Com isso ocorreu o toque da sonda na epiglote e seu
direcionamento para a laringe e traquéia. O desconforto, meneios de cabeça,
saída de ar pela extremidade da sonda guia, seguida ou não de tosse, foram os
sinais indicativos da localização na via aérea. Aguardou-se, a seguir, o
momento da inspiração para que a sonda fosse empurrada, sem resistência
pela traquéia até a região da carina.
Julio Simões Marcondes Material e Métodos 34
Com a sonda instalada e fixada manualmente (Figura 4), um auxiliar
introduziu pela sonda guia uma sonda de polietileno com 85cm de comprimento
e 0,3cm de diâmetro, adaptada à uma agulha calibre 30 sem bisel. Foi
introduzida até a saída de sua ponta, aproximadamente cinco centímetros,
além da extremidade final da sonda guia, produzindo tosse no animal. As
sondas eram marcadas individualmente, de tal maneira a saber o quanto fora
introduzido.
O conjunto sonda guia siliconizada e sonda de polietileno acoplada à
agulha foi previamente esterilizado em óxido de etileno
1
. Imediatamente antes
da introdução, este conjunto foi lavado com 20 ml de solução salina isotônica
estéril comercial, para auxiliar o deslizamento da sonda de polietileno.
Após a sondagem nasotraqueal, as amostras foram colhidas por todo
de lavagem traqueobrônquica (GONÇALVES et al., 2000). Por meio de uma
seringa estéril com capacidade de 60ml, adaptada ao conjunto, foram injetados
e imediatamente aspirados de 30 a 50ml de solução salina isotônica comercial
estéril e apirogênica, de acordo com o tamanho do animal. Aspirações
sucessivas foram realizadas à medida que a sonda foi progressivamente
retirada. Após a obtenção de uma amostra, aparentemente, adequada em
volume ou aspecto (turvação), o conjunto de sondas foi completamente
removido.
O líquido do lavado traqueobrônquico obtido foi acondicionado em tubo de
ensaio de polietileno, armazenado em caixa isotérmica com gelo e enviado ao
Laboratório de Citopatologia do Serviço de Patologia da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia de Botucatu - UNESP, no tempo máximo de duas
horas, para processamento e realização de estudos citológicos.
1
Oximed Tecnologia em Esterilização Ltda. São José do Rio Preto – SP.
Julio Simões Marcondes Material e Métodos 35
4.4 PROCESSAMENTO DA AMOSTRA
O líquido do lavado traqueobrônquico obtido dos animais clinicamente
sadios e portadores de afecção respiratória foi incluído nas seguintes etapas de
processamento:
4.4.1 C
ITOCENTRIFUGAÇÃO
A impressão celular de 6 mm de diâmetro em lâminas histológicas de
vidro com extremidade fosca, foi obtida por meio de citocentrifugação
2
de 200
microlitros do lavado traqueobrônquico a 89g por seis minutos.
4.4.2 F
IXAÇÃO E COLORAÇÃO DO MATERIAL NAS LÂMINAS
Para coloração pelo método de Shorr (OLIVEIRA et al., 2000), as células
foram fixadas com solução de álcool etílico a 95%, imediatamente após a
citocentrifugação. Para a coloração por Giemsa as lâminas foram secas ao ar
ambiente e fixadas com metanol e para o Gram foram secas em estufa a 60°C
por 10 minutos (KOSS, 1992).
Depois de fixadas, as lâminas foram coradas pelos métodos propostos e
padronizados pelo Laboratório de Citopatologia do Serviço de Patologia
Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Botucatu -
UNESP. As colorações de Giemsa e Shorr foram utilizadas para identificar as
células, avaliar suas características morfológicas e realizar as contagens
diferenciais. As lâminas foram montadas com lamínulas e resina para melhor
conservação do material e análises futuras. A técnica de Gram foi empregada
na tentativa de se definir a etiologia bacteriana do processo pulmonar.
2
Revan Centrífuga Ciclo Cito
Julio Simões Marcondes Material e Métodos 36
4.5 ESTUDO CITOLÓGICO
4.5.1 C
ONTAGEM
T
OTAL DE
C
ÉLULAS
Para a contagem total de células, o lavado traqueobrônquico foi
acondicionado em tubo de ensaio de polietileno, e homogeneizado em agitador
de tubos
1
, por 10 segundos. A contagem do número total celular foi realizado
em câmara de Neubauer, sem a utilização de corantes. Foram utilizados os
nove quadrados da câmara, em analogia com a técnica descrita para contagem
de leucócitos. O número total de células encontrado foi multiplicado por 1,1
(fator de correção), fornecendo o número total de células por microlitro de
lavado, segundo Coles (1984). Multipilicou-se o valor encontrado por 10
3
para
obtenção do valor em células/ml.
4.5.2
C
ONTAGEM DIFERENCIAL DAS CÉLULAS
Analisaram-se, para cada animal, número e porcentagem de células
epiteliais cilíndricas (CEC), macrófagos (M), neutrófilos (N), linfócitos (L) e
eosinófilos (E). Foram contadas, na medida do possível, 400 células em
microscópio óptico comum, em aumento de 400 vezes. Nas minas que
apresentaram muitos aglomerados celulares, a contagem diferencial foi feita,
preferencialmente, na periferia.
4.5.3
ANÁLISE DESCRITIVA
Foram anotadas alterações como presença de muco, de partículas
estranhas, de neutrófilos degenerados, fagocitose de partículas e ou bactérias,
eritro e leucofagocitose, vacuolização dos macrófagos, macrófagos bi e tri-
nucleados e número de aglomerados celulares nas amostras.
1
PHOENIX - Mod. AT 56
Julio Simões Marcondes Material e Métodos 37
4.6
D
OCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA
Foram documentadas, por ilustrações fotográficas, a realização da técnica
do lavado traqueobrônquico na espécie ovina e as principais características do
estudo citológico do lavado traqueobrônquico de ovinos clinicamente sadios e
dos portadores de afecções respiratórias. As lâminas foram fotografadas com
uma câmera digital Leica DFC acoplada a um microscópio Leica DMLD e
procedeu-se a digitalização dos campos e avaliação pelo programa de análises
de imagem (Qwin v3.0 Leica).
4.7
E
STUDO ESTATÍSTICO
Para a análise dos resultados citológicos e de parâmetros vitais, utilizou-
se o teste não-paramétrico de Mann-Whitney (ZAR, 1984) com o cálculo da
estatística e seus respectivos p value. As análises foram realizadas com auxílio
do programa SPSS v.12. Nos casos em que p<0,05, a diferença foi
considerada significativa e foram efetuados contrastes entre as medianas dos
grupos comparados GS e GD.
Julio Simões Marcondes Material e Métodos 38
FIGURA 2. Material utilizado para realização do lavado traqueobrônquico
por via nasotraqueal em ovinos.
FIGURA 3.
Contenção e passagem do tubo guia por via nasotraqueal.
Julio Simões Marcondes Material e Métodos 39
FIGURA 4. Passagem da sonda de polietileno através da sonda guia
siliconizada. Observar a fixação da extremidade da sonda guia e contenção
da cabeça do animal.
FIGURA 5. Momento da realização da infusão e aspiração da solução
injetada para obtenção da amostra.
RESULTADOS
Julio Simões Marcondes Resultados
41
5. RESULTADOS
Os resultados estão apresentados nos quadros numerados de 2 e 3, nas
tabelas de 2 a 5 e nas figuras de 6 a 16.
O estudo clínico das freqüências dos sinais clínicos dos ovinos sadios e
portadores de afecções respiratórias, apresentados na forma de escores para
os respectivos sinais, estão nos quadros 2 e 3 e o estudo citológico,
representado nas Tabelas 4 e 5 e nas Figuras 6 e 7.
Na tabela 6 estão apresentados os resultados estatísticos, com base no
teste da mediana e teste não paramétrico de Mann-Whitney, para as variáveis
estudadas.
Nas figuras 8 a 16 estão ilustrados os achados citológicos e alterações na
celularidade das amostras de ambos os grupos, GS e GD.
Julio Simões Marcondes Resultados
42
5.1 ESTUDO CLÍNICO DOS ANIMAIS
No grupo sadio (GS), adia da temperatura (°C), freqüência respiratória
(mpm) e freqüência cardíaca (bpm) foram respectivamente de 39,0 ± 1, 33,37
± 5 e 88,74 ± 11 (Tabela 2), apresentando-se os valores da temperatura e
freqüência cardíaca, dentro da faixa de normalidade, com discreto aumento da
freqüência respiratória em três movimentos por minuto acima dos valores
considerados normais. A variação do valor da freqüência respiratória foi de dois
a 16 mpm acima do valor considerado normal (20-30 mpm), apresentado por
52,6% dos animais (10/19). Apesar da média da freqüência cardíaca
apresentar-se dentro dos padrões normais (90-115 bpm), três animais (15,8%)
apresentaram cinco, oito e 28 bpm acima do normal, ou seja, uma média de
13,7 bpm, acima da faixa de normalidade (Tabela 3).
No grupo doente (GD), os valores médios de temperatura (°C), freqüência
respiratória (mpm) e freqüência cardíaca (bpm) foram de 38,8 ± 0,70, 36,4 ±
7,43 e 96,96 ± 16,24, respectivamente (Tabela 2). A variação da freqüência
respiratória, acima do normal, foi de dois a 22 mpm, apresentada por 15/22
(68,2%) animais deste grupo. A freqüência cardíaca aumentada esteve
presente em um animal dos 22 deste grupo (Tabela 3), estando em 5bpm
acima da normalidade.
Os sinais clínicos, com suas respectivas freqüências e porcentagens
encontradas nos ovinos sadios (GS n=19) e portadores de afecções
respiratórias (GD n=23) estão apresentados na Tabela 3. Nos animais sadios
não foram encontrados sinais clínicos característicos de doença respiratória.
No entanto, neste grupo foi constatado aumento de freqüência respiratória em
10 dos 19 animais (52,6%) e aumento da freqüência cardíaca em 15,8%.
A porcentagem dos sinais clínicos presentes nos animais doentes (Tabela
3), caracterizou e os diferenciou em grupo de animais com afecções do sistema
respiratório (GD). Corrimento nasal e freqüência respiratória aumentada foram
os sinais clínicos mais observados, presentes em 65,2% dos animais doentes,
segue o ruído traqueobrônquico aumentado e crepitação grossa em 56,5% dos
animais, ruído laringotraqueal aumentado em 47,8% e reflexo de tosse em
39,1%. Em proporção intermediária notou-se inspiração entrecortada e tosse
Julio Simões Marcondes Resultados
43
em 26,1% dos animais. Os sinais menos freqüentes, presentes em 4,3%, foram
dispnéia mista, aumento da freqüência cardíaca e temperatura.
TABELA 2 Média (m), mediana (md) e desvios-padrão (s) de parâmetros vitais:
temperatura (T°), freqüência respiratória (FR) e freqüência cardíaca
(FC) dos animais do grupo de animais sadios (GS) e animais com
enfermidade respiratória (GD).
FR FC
m md s M md s m md s
39,00 39 1 33,37 32 5 88,74 88 11
GS
38,79 38,8 0,70 36,43 36,00 7,43 96,96 100,00
16,24
GD
Julio Simões Marcondes Resultados
44
TABELA 3. Número (n) e porcentagem (%) dos achados clínicos presentes nos
animais sadios (GS, n=19) e animais com afecções respiratórias,
caracterizando-os em grupo doente (GD, n=23).
GS GD
Sinais Clínicos
n % n %
Tosse 0 0 6 26,1
Corrimento nasal 0 0 15 65,2
Dispnéia mista 0 0 1 4,3
Frêmito traqueal 0 0 0 0
Frêmito torácico 0 0 0 0
Reflexo de tosse 0 0 9 39,1
Ruído laringotraqueal aumentado 0 0 11 47,8
Ruído traqueobrônquico aumentado 0 0 13 56,5
Ruído broncobronquiolar rude 0 0 0 0
Área de silêncio 0 0 0 0
Inspiração entrecortada 0 0 6 26,1
Crepitação grossa 0 0 13 56,5
Crepitação fina 0 0 0 0
Roncos e sibilos 0 0 0 0
Roce pleural 0 0 0 0
Odor expiratório pútrido 0 0 0 0
Temperatura aumentada 0 0 1 4,5
Freqüência respiratória aumentada 10 52,6
15 65,2
Freqüência cardíaca aumentada 3 15,8
1 4,5
Total de animais 19 23
Julio Simões Marcondes Resultados
45
5.2. E
STUDO
E
STATÍSTICO
D
ESCRITIVO DOS
S
INAIS
C
LÍNICOS
Nos Quadros 2 e 3, estão discriminados os escores pontuados em cada
animal, a partir dos respectivos sinais clínicos, ausentes (0) e presentes (1), em
ovinos clinicamente sadios (GS) e portadores de afecções respiratórias (GD).
O grupo sadio (Quadro 2) apresentou escore total de 13, devido à
presença de 10/13 animais com aumento de freqüência respiratória e 3/13 com
aumento da freqüência cardíaca.
O grupo com problema em vias aéreas (GD) apresentou escore total de
91 (Quadro 4) sendo que as maiores pontuações foram alcançadas pelo
corrimento nasal e aumento da freqüência respiratória (15), seguidos pelo
aumento de ruído traqueobrônquico e crepitação grossa (13), ruído
laringotraqueal aumentado (11), reflexo de tosse positivo (9), presença de
tosse e inspiração entrecortada (6) e com menor freqüência foram notadas a
dispnéia mista, aumento de temperatura e freqüência cardíaca com um ponto
cada (Quadro 3).
Os sinais referentes a frêmito traqueal, frêmito torácico, ruído
broncobronquiolar aumentado, área de silêncio, crepitação fina, roncos e
sibilos, roce pleural e odor expiratório pútrido, não foram encontrados nos
animais acometidos por afecções do sistema respiratório.
Dos 23 animais avaliados, um apresentou escore oito, dois com escore
sete, um com escore seis, dois com cinco e quatro animais com pontuação
quatro. Nesses animais a associação como: CG, RTB, IE, RLTr , associados
entre si ou não, em um mesmo animal, evidenciaram envolvimento pulmonar
nesses animais. Houve dois animais com escore cinco e um com escore
quatro, no entanto os sinais encontrados eram relacionados à vias aéreas
anteriores (Quadro 3). Os demais animais apresentaram escore entre um e
dois.
Julio Simões Marcondes Resultados
46
Julio Simões Marcondes Resultados
47
Julio Simões Marcondes Resultados
48
5.3 E
STUDO
C
ITOLÓGICO DO
L
AVADO
T
RAQUEOBRÔNQUICO
Na Tabela 4 e na Figura 6 está a contagem do número total de células
nucleadas e hemácias do lavado traqueobrônquico de ovinos clinicamente
sadios (GS) e portadores de afecções respiratórias (GD). O número médio total
de células nucleadas encontradas nos grupos GS e GD foi de 64.650 ±
49.674,3 e 184.215,2 ± 476.122,8 em células por mililitro, respectivamente. O
grupo sadio apresentou média de 24.657,9 ± 49.167,2 hemácias e o GD
47.437,0 ± 153.963,4 hemácias por mililitro de lavado.
Verificou-se, no grupo GD, aumento tanto do número de lulas
nucleadas quanto no número de hemácias em relação ao grupo GS.
TABELA 4. Número total de células nucleadas (CN) e hemácias (He) do lavado
traqueobrônquico: média (m), desvios-padrão (s), e mediana (md) em
ovinos clinicamente sadios (GS) e portadores de afecções
respiratórias (GD).
Grupo
de
animais
Tipo
celular
m s md
CN 64.650,00 49.674,3 57.750,0
GS
He 24.657,9 49.167,2 3.850,0
CN 184.215,2 47.6122,8 71.500,00
GD
He 47.437,0 153.963,4 3.300,00
Julio Simões Marcondes Resultados
49
FIGURA 6. Número total de células nucleadas (CN) e hemácias (He) do lavado
traqueobrônquico de ovinos dos grupos sadio (GS) e com
enfermidade do sistema respiratório (GD).
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
140000
160000
180000
200000
CN He CN He
GS GD
Seqüência1 Seqüência2
Média
Mediana
Julio Simões Marcondes Resultados
50
Na Tabela 5, apresenta-se o percentual das células do lavado
traqueobrônquico nos dois grupos estudados. A porcentagem de macrófagos
foi a predominante, seguida por neutrófilos e células epiteliais cilíndricas em
ambos os grupos. Em menores proporções vêm os linfócitos e eosinófilos. No
grupo doente houve uma diminuição estatisticamente significativa na
porcentagem de macrófagos, diminuindo de 62,74% no sadio (GS) para
34,26% no grupo de animais doentes (GD). Porém, na porcentagem de
neutrófilos, observa-se uma tendência visual ao aumento dessas células,
sendo maior no GD (34,26%) contra os 20,04% desta célula no grupo sadio,
sem alteração estatística significativa (Tabela 6). As porcentagens de linfócitos
e eosinófilos foram maiores no GD do que no grupo de animais sadios, com
valores de 1,67 e 1,58 e 1,44 e 0,77 respectivamente (Figura 7).
TABELA 5. Média (m), desvios-padrão (s) e mediana (md) da porcentagem de
macrófagos (M), células epiteliais cilíndricas (CE), neutrófilos (N),
linfócitos (L) e eosinófilos (E) do lavado traqueobrônquico de ovinos
clinicamente sadios (GS) e portadores de afecções respiratórias
(GD).
Grupo de
animais
M (%) CEC (%)
N (%) L (%) E (%)
m
62,74 15,01 20,04 1,44 0,77
s
20,04 9,88 20,26 1,27 1,80
GS
md
67,564
a
12,06
a
12,75
a
1,00
a
0
a
m
43,57 18,93 34,26 1,67 1,58
s
27,07 20,81 31,10 1,95 3,85
GD
md
41,90
b
8,78
a
20,20
a
1,22
a
0,73
a
Teste de Mann-Whitney. Correção de Yates ao nível de significância α= 0,05
Medianas seguidas de letras iguais não diferem pelo teste de Mann-Whitney.
Julio Simões Marcondes Resultados
51
FIGURA 7. Contagem diferencial em porcentagem das células do lavado
traqueobrônquico em ovinos clinicamente sadios (GS) e portadores
de afecções respiratórias (GD), apresentada por células.
0
5
10
15
20
GS GD
Média Mediana
CEC
0
5
10
15
20
25
GS GD
Média Mediana
Neutrófilos
0,00
0,30
0,60
0,90
1,20
1,50
1,80
GS GD
Média Mediana
Eosinófilos
0
10
20
30
40
50
60
70
GS GD
Média Mediana
Macrófagos
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
GS GD
Média Mediana
Linfócitos
%
%
%
%
%
Julio Simões Marcondes Resultados
52
TABELA 6. Mediana (md) e Intervalo interquartílico (IIq) e p valores da
comparação entre os grupos sadio e doente com relação às
características observadas.
Variáveis Sadio Doente
p
(1)
p
(2)
md
IIq
md
IIq
Macrófagos 67,53 (25,04) 41,89 (50,26) 0,215 0,031
CEC 12,06 (12,00) 8,78 (37,92) 0,215 0,503
Neutrófilos 12,75 (12,95) 20,19 (58,55) 0,535 0,300
Linfócitos 1,00 (2,05) 1,21 (2,25) 1,000 0,939
Eosinófilos 0,00 (1,00) 0,73 (2,00) 0,535 0,180
Células
nucleadas
57750 (62700) 71500 (117150)
0,535 0,202
Hemácias 3850 (27500) 3300 (7150) 1,000 0,909
FC 88,00 (20,00) 100,00 (18,00) 0,054 0,032
FR 32,00 (8,00) 36,00 (8,0) 0,186 0,081
T 39,00 (0,8) 38,80 (1,3) 0,535 0,368
(1)
teste da mediana. Correção de continuidade de Yates ao nível de significância α= 0,05
(2)
teste de Mann-Whitney. Correção de Yates ao nível de significância α= 0,05
Com os testes efetuados pela mediana, notou-se significativa diminuição
dos macrófagos e aumento na freqüência cardíaca, no grupo de animais com
enfermidade respiratória. Analisando os valores do intervalo interquartílico,
verifica-se que as variáveis do grupo doente apresentam maior variabilidade
entre animais.
Julio Simões Marcondes Resultados
53
As principais alterações celulares observadass nos animais doentes
foram presença de muco, neutrófilos degenerados, macrófagos binucleados,
aglomerados de células cilíndricas, presença de bactérias livres e fagocitadas e
fagocitose de partículas estranhas.
As Figuras de 8 a 16 ilustram as principais características citológicas e os
achados citológicos encontrados no lavado traqueobrônquico de ovinos
clinicamente sadios e portadores de afecções respiratórias.
Na Figura 8A mostra uma visão panorâmica das lulas do lavado
traqueobrônquico de ovino clinicamente sadio. O predomínio de macrófagos é
evidente, podendo-se observar também algumas células epiteliais cilíndricas,
ciliadas em sua grande maioria. Na Figura 8B, observa-se o predomínio de
neutrófilos no lavado traqueobrônquico de ovino com envolvimento de via
aérea posterior, com menor número de macrófagos e ausência de células
epiteliais cilíndricas.
A Figura 9A destaca células epiteliais cilíndricas ciliadas, em detalhe. Na
Figura 9B observam-se algumas destas células que perderam seus cílios e
presença de linfócitos.
Na figura 10A estão apresentados aglomerados de células epiteliais
cilíndricas ciliadas, que podem apresentar-se de forma isolada ou aos pares,
Figura 10B.
A Figura 11A, ilustra neutrófilos íntegros de animais sadios e; na figura
11B estão ilustrados neutrófilos degenerados, presença de muco (matriz
eosinofílica), encontrado em animal com enfermidade respiratória.
A Figura 12 ilustra macrófagos com citoplasma abundante e vacuolizado,
notar presença de linfócitos.
Na figura 13 estão ilustrados macrófagos binucleados, e na Figura14
estão apresentados macrófagos com citoplasma vacuolizados e presença de
fagocitose de bactérias.
A figura 15 demonstra a presença de células epitelial escamosa de
bactérias comensais em sua superfície, demonstrando contaminação desta
amostra com células de vias aéreas anteriores.
A figura 16 refere-se a presença de eosinófilos em animal com
enfermidade respiratória.
Julio Simões Marcondes Resultados
54
A
FIGURA 8. Visão panorâmica de células do lavado
traqueobrônquico de ovinos sadios, com predomínio de
macrófagos (A) - Shorr (500x), e de portadores de afecções
respiratórias, com predomínio de neutrófilos (B) – Giemsa
(500x).
B
Julio Simões Marcondes Resultados
55
FIGURA 9. Apresentação das células epiteliais cilíndricas ciliadas
em ovinos sadios (A) - Giemsa (500x), e nos portadores de
afecçoes respiratórias, com predomínio destas lulas desprovidas
de cíliios ( ) (B) – Shorr (500x).
A
Julio Simões Marcondes Resultados
56
FIGURA 10. Aglomerados de células epiteliais cilíndricas
ciliadas (A) e presença de células epiteliais cilíndricas ciliadas
isoladas ou aos pares (B) – Giemsa (200x).
A
B
Julio Simões Marcondes Resultados
57
FIGURA 11. Neutrófilos íntegros em animal sadio (A) - Giemsa
(400x) e neutrófilos com aspecto degenerado, entremeados em
matriz eosinofílica (muco) em amostra de animal com
broncopneumonia (B) - Giemsa (400x).
A
B
Julio Simões Marcondes Resultados
58
FIGURA 12. Predomínio de macrófagos com citoplasma
abundante e vacuolizados, nota-se presença de linfócitos
( ) – Shorr (400x).
FIGURA 13. Presença de macrófagos binucleados em ovino
com broncopneumonia, notar presença de muco e fagocitose
de leucócito ( )- Giemsa (500x).
Julio Simões Marcondes Resultados
59
FIGURA 14. Presença de macrófagos com citoplasma
vacuolizados ( ) e ao centro macrófago fagocitando
bactérias ( ), presentes em amostra de ovinos com
broncopneumonia – Giemsa (500x).
FIGURA 15. Presença de célula epitelial escamosa com
presença de bactérias em sua superfície, demonstrando
contaminação desta amostra – Giemsa (640x).
Julio Simões Marcondes Resultados
60
FIGURA 16. Presença de eosinófilos em animal com
enfermidade respiratória – Shorr (540x).
DISCUSSÃO
Julio Simões Marcondes Discussão
62
6. DISCUSSÃO
6.1 da Metodologia
No Brasil, a literatura em relação a métodos diagnósticos de processos
respiratórios em ovinos é escassa. Pesquisas têm dado ênfase para agentes
específicos como o Vírus da Maedi-Visna que, devido sua estreita relação na
patogenia das pneumonias intersticiais humanas, causada pelo vírus da
imunodeficiência adquirida (AIDS), são mais estudados (CORDÏER et al,, 1992;
LUJÁN et al., 1993; BURRELLS & SUTHERLAND, 1994; MORNEX et al.,
1994; BROGDEN et al., 1998b;). Viana (2003) realizou estudos para a
determinação da distribuição da Mannheimia haemolytica e da Pasteurella
multocida na nasofaringe e orofaringe de ovinos sadios da região de Botucatu,
detectando que a M. haemolytica foi a bactéria mais prevalente (47%), seguida
pela associação de M. haemolytica e de P. multocida (27%) e pela P. multocida
(11%), demonstrando a presença desses agentes oportunistas em animais
sadios, predispondo-os a infecções bacterianas secundárias.
Julio Simões Marcondes Discussão
63
Os dados citológicos foram analisados a partir da orientação de literatura
que relacionaram a histopatologia à citologia do lavado traqueobrônquico
(LARSON & BUSCH, 1985) e o caracterizaram como método adequado para a
representação da lesão pulmonar (BURRELS & WILLIAMS, 1987;
GONÇALVES et al., 2004; ROSZEL et al., 1986; DERKSEN et al., 1989).
Os sinais clínicos para o diagnóstico das doenças respiratórias foram
avaliados segundo os critérios de Stöber (1993) e Gonçalves (1997). A análise
dos escores encontrados permitiu a associação dos sinais clínicos para a
diferenciação dos grupos de ovinos clinicamente sadios e portadores de
afecções respiratórias e a verificação de animais com predomínio de sinais de
vias aéreas anteriores.
Com este método de colheita, adaptado de Gonçalves (1997), obteve-se,
em estudo piloto com sete animais, lavados ricos em macrófagos alveolares,
sem contaminação e prejuízos aos animais. Uma amostra de lavado,
representativa das regiões pulmonares mais profundas, é aquela constituída
por grande quantidade de macrófagos alveolares e pouca contaminação por
células do trato respiratório anterior (ZINKL, 1992). O tubo guia foi utilizado
neste trabalho para evitar a contaminação por células da orofaringe e da
traquéia, o que pode ocorrer nos lavados bucotraqueais e nasotraqueais (LE
JAN et al., 1980; CORSTVET et al., 1982; GONÇALVES 1997; GONÇALVES
et al 2004).
Como a necessidade de que o lavado represente o máximo possível
do pulmão como um todo, o líquido foi depositado na bifurcação traqueal,
evitando-se a limitação provocada pela lavagem broncoalveolar às cegas,
realizada com a introdução do tubo guia no brônquio (FOGARTY et al., 1983;
KIMMAN et al., 1986; LAY et al., 1986; DYER et al., 1989; TAYLOR et al.,
1989; SWEENEY & BEECH 1991; MORI, 2000) ou por endoscopia (MARKHAN
& WILKIE, 1980; WILKIE & MARKHAN, 1981; FORMAN et al., 1982; PRINGLE
et al., 1988; ALLEN et al., 1992 a e b). A introdução deste tubo contribuiu,
também, para desencadear o reflexo de tosse, favorecendo a colheita de
células das regiões mais profundas (ROSZEL et al., 1986; GONÇALVES,
1997). A endoscopia, apesar de facilitar a colheita do lavado e a observação
das vias reas e permitir uma colheita direcionada, ainda é um método caro e
de difícil manuseio, o que dificulta sua aplicação a campo.
Julio Simões Marcondes Discussão
64
Outros métodos propostos, nos quais se faz a punção traqueal para a
introdução do tubo coletor (MANSMANN & KNIGHT, 1972; BEECH, 1975 e
1981; SEALS, 1980; FREEMAN et al., 1985; LARSON & BUSCH, 1985;
GONÇALVES, 1987; GONÇALVES et al., 1990; SWEENEY et al., 1992a;
BARROS et al., 1994), não foram utilizados, pois são métodos invasivos,
podendo provocar complicações como celulite local, condrite e
pneumomediastino (WHITWELL & GREET, 1984; HOFFMAN et al., 1993),
hemorragia e hemoptise (WHITWELL & GREET, 1984; HOFFMAN et al.,
1993), contaminando o líquido de lavagem com células sanguíneas (ROSZEL
et al., 1986). Além disto, estes métodos, usados principalmente para cultura
microbiológica (GONÇALVES et al., 1990; ESPINASSE et al., 1991; BARROS
et al., 1994), causam repulsa nos criadores pelo manuseio dos ovinos
clinicamente sadios, apesar de não provocar problemas mais graves nos
animais.
Nos ovinos a literatura citada, em relação aos estudos das secreções
pulmonares, é relacionada à pesquisas biomoleculares, avaliações fenotípicas
de células linfocíticas, marcadores moleculares, citocinas e interleucinas
inflamatórias nas pneumonias intersticiais por Maedi-Visna rus (ABRAHAM et
al., 1988; CORDÏER et al., 1992; LUJÁN et al., 1993; BURRELLS &
SUTHERLAND 1994; LUJÁN et al., 1995; LEGASTELOIS et al., 1997;
BROGDEN et al., 1998b) e os estudos citológicos visam esta espécie como
modelo experimental humano (GÓRIN et al., 1979; BOSSÉ et al., 1987;
BURRELS, 1985; BURRELS & WILLIAMS 1987; CORDÏER et al, 1992;
COLLIE et al., 1999), visando amostras broncoalveolares. Esse estudo teve a
finalidade de avaliar características citológicas encontradas em lavados
traqueobrônquicos de animais sadios e com envolvimento de vias aéreas
detectados em prévio exame clínico.
As considerações relacionadas à técnica bem como a falta de
informações nesta espécie, qualificam a lavagem traqueobrônquica por
sondagem nasotraqueal, com tubo guia até a bifurcação traqueal, como
método opcional de colheita para estudo citológico de problemas respiratórios
em ovinos. Principalmente por ter a vantagem do uso pelos profissionais a
campo, por ser mais acessível economicamente que a endoscopia, e menos
invasiva, de tal maneira a não causar repulsa aos proprietários de ovinos.
Julio Simões Marcondes Discussão
65
6.2 dos Resultados
Os animais clinicamente sadios não apresentaram sinais clínicos
compatíveis com doença respiratória (STÖBER, 1993; RADOSTITS et al.,
2002; GONÇALVES 2004; WILSON & LOFSTEDT, 2006). A freqüência
cardíaca aumentada, observada em três ovinos deste grupo (Quadro 2),
poderia indicar alterações cardiocirculatórias ou excitação psíquica (STÖBER,
1993). O fato deste sinal aparecer isolado em um animal e nos outros dois
associados apenas ao aumento de freqüência respiratória, sem qualquer outro
sinal clínico, reforça a hipótese de excitação psíquica e confirma a higidez do
grupo de animais clinicamente sadios. Os ovinos sadios tornam-se agitados e
excitados quando separados do grupo, o que leva a aumento fisiológico das
freqüências aferidas.
O grupo de ovinos com afecções respiratórias caracterizou-se pela maior
ocorrência de sinais clínicos que, principalmente em associação,
demonstravam comprometimento broncopulmonar (Quadro 3) - (STÖBER,
1993; RADOSTITS et al., 2002; GONÇALVES 2004 ; WILSON & LOFSTEDT,
2006), com 91 associações de sinais clínicos.
A broncopneumonia pode se apresentar com intensidade variável no
ovino (BELKNAP, 2005; WILSON & LOFSTEDT, 2006) e vários critérios são
utilizados para a diferenciação do processo, entre eles a sintomatologia clínica
(GONÇALVES, 1997) utilizada na espécie bovina. Neste trabalho, optou-se
pela análise da freqüência dos sinais clínicos no momento do exame para
determinar o envolvimento de vias aéreas ou não (Quadro 2 e 3), e para a
diferenciação dos grupos em sadio (GS) e doente (GD).
Os sinais clínicos como corrimento nasal e freqüência respiratória
aumentada (15/23), aumento de ruído traqueobrônquico e crepitação grossa
(13/23), aumento de ruído laringotraqueal (11/23), reflexo de tosse positivo
(9/23) e presença de tosse e inspiração entrecortada (6/23) (Quadro 3) foram
determinantes para a diferenciação do grupo de animais com envolvimento de
vias aéreas (GD), corroborando com dados de Stöber (1993) e Gonçalves
(1997) para o diagnóstico de afecções pulmonares.
Em relação ao corrimento nasal (BRYSON et al., 1979; BRYSON, 1985;
BELKNAP, 1993; CRANDELL, 1993; DIFFAY et al., 2005 WILSON &
Julio Simões Marcondes Discussão
66
LOFSTEDT, 2006), presente em 65,2% dos animais do grupo GD, uni ou
bilateral e com aspecto seroso a mucoso. Houve evidência de conteúdo nasal
purulento e bilateral em dois animais mais gravemente acometidos, o que
reforça a hipótese de provável origem brônquica nesses animais (Quadro 3),
(STÖBER, 1993; RADOSTITS et al., 2002; GONÇALVES 2004; DIFFAY et al.,
2005; WILSON & LOFSTEDT, 2006). No entanto, vale ressaltar que o hábito de
pastejo dos ovinos e a alimentação pulverulenta que recebem predispõem ao
insulto da mucosa respiratória anterior podendo ocasionar rinite, faringite e
laringotraqueíte, conforme encontrados em 4/23 animais, sem outra
sintomatologia de vias aéreas posteriores. Esses animais eram mantidos em
sistema de confinamento, recebendo ração pulverulenta.
A temperatura aumentada, observada em um animal com envolvimento
de vias aéreas posteriores (Quadro 3), foi de apenas 0,2°C acima do valor
normal (Tabela 8 - Apêndice), e o apresentava associação com o aumento
da freqüência cardíaca nem respiratória, portanto, não relacionado com a
“síndrome febre” (RADOSTITS et al., 2002). Este sinal clínico, possivelmente,
deve-se à variação nictameral (FEITOSA, 2004) devido ao horário que foi
realizado o exame clínico e a ausência de outros sinais que caracterizam a
febre, como prostração, taquipnéia, taquicardia (STÖBER, 1993; RADOSTITS
et al., 2002). Nossos achados revelaram que tanto o GS quanto o GD
apresentaram temperatura corpórea dentro da faixa de normalidade para a
espécie, com média de 39,0 ± 0,54 e 38,79 ± 0,7°C respectivamente.
A freqüência respiratória aumentada é um dos mecanismos fisiológicos de
compensação pulmonar na tentativa de manutenção das trocas gasosas
(RADOSTITS et al., 2002; WILSON & LOFSTEDT, 2006). Foi notada em 10/19
animais do grupo sadio e em 15/23 do grupo doente. Devido à utilização de
animais de propriedade, teoricamente todos sadios, este aumento da
freqüência respiratória em animais do grupo sadio está relacionada a
alterações psíquicas (STÖBER, 1993) e estresse da contenção no momento do
exame físico, uma vez que, mesmo separados dos demais animais do lote para
aferição da freqüência respiratória à distância (GONÇALVES, 2004), esses
animais permaneciam agitados. Os quimioreceptores pulmonares que
influenciam o ciclo respiratório incluem os receptores irritativos nas vias
respiratórias, que são estimulados por poeira e histamina (WILSON &
Julio Simões Marcondes Discussão
67
LOFSTEDT, 2006), fato observado no manejo dos animais em relação à
alimentação e cama pulverulentas presente nas instalações. Houve significativo
aumento da freqüência cardíaca em animais do grupo doente, devido à
taquicardia apresentada por animais com enfermidade respiratória (STÖBER,
1993).
Quanto mais grave o processo, menor a eficiência das trocas gasosas e
maior a necessidade de utilização dos mecanismos de compensação pulmonar
(BEECH, 1991a; HINCHCLIFF & BYRNE, 1991; ANDREWS, 1992a; PRINGLE,
1992; WILSON, 1992; RADOSTITS et al., 2002). O número de animais doentes
com freqüência respiratória aumentada foi maior no grupo de animais com
afecções respiratórias (68,2%) contra os 52,6% dos animais sadios, mostrando
que é um sinal importante no diagnóstico de afecções respiratórias (STÖBER,
1993, GARCIA et al., 1996; GONÇALVES, 2004). No entanto, deve ser
avaliada com critérios na espécie ovina, devido sua cil alteração pela simples
contenção manual e manejo dos animais.
A dispnéia mista foi detectada em apenas um animal (Quadro 3), e
associada à inspiração entrecortada que denota presença de líquido com
obstrução seqüencial de brônquios, e o aumento de som laringotraqueal e
ruído traqueobrônquico com área de auscultação aumentada, é característica
de broncopneumonia grave (GONÇALVES et al., 2001) e demonstrou a
gravidade do caso neste animal, relacionada à presença de exsudato nos
brônquios e bronquíolos determinando a dificuldade de entrada e saída do ar
alveolar (STÖBER, 1993; GONÇALVES 2004).
O ruído traqueobrônquico aumentado, tanto em região ventral como
dorsal, relaciona-se com a quantidade de líquido inflamatório no interstício
pulmonar (BRAZ, 1981; PRINGLE, 1992; STÖBER, 1993) e com a gravidade
do processo. Observou-se que no grupo com enfermidade respiratória houve
associação desse sinal com crepitação grossa em 10 animais. Dois animais
apresentaram a crepitação grossa associada com a inspiração entrecortada,
sem aumento de ruído traqueobrônquico. Um animal não apresentou
crepitação grossa, nem os demais sinais de envolvimento de vias posteriores,
no entanto, apresentava aumento da área auscultada (Quadro 3). A crepitação
grossa é outro sinal que está relacionado ao aumento de líquido inflamatório
em vias aéreas (BRAZ, 1981; PRINGLE, 1992; STÖBER, 1993; SAVAGE,
Julio Simões Marcondes Discussão
68
1997; GONÇALVES 2004) e a sua presença foi determinante para confecção
do grupo GD, mostrando a importância da associação dos sinais clínicos para
distinguir a gravidade e a localização do processo respiratório (GONÇALVES,
2001).
A inspiração entrecortada (IE) foi diagnosticada em 6/23 animais do grupo
com envolvimento pulmonar, apresentando-se associada a outros sinais de
vias reas posteriores, principalmente com a crepitação grossa em cinco dos
seis animais com IE. Segundo Pringle, (1992); Stöber, (1993) e Gonçalves
(2004) denotam presença de líquido, com obstrução seqüencial de brônquios,
evidenciando comprometimento bronquial. As reações inflamatórias levam à
saída de líquido de dentro do parênquima para o lúmen brônquico ou à
alteração das secreções brônquicas para a defesa do órgão (LEID & POTTER,
1985; LIGGITT, 1985; SWEENEY & BEECH, 1991), mesmo em processos
iniciais, o que explica a presença da inspiração entrecortada apenas no grupo
de animais doentes.
Corroborando com dados de Gonçalves (1997), a crepitação grossa foi o
sinal presente em 56,5% dos animais do grupo com envolvimento pulmonar
(GD) (Quadro 3) Indicando grande quantidade de quido nos brônquios
(LEHRER, 1990; HINCHCLIFF & BYRNE, 1991; STÖBER, 1993). Portanto,
este ruído respiratório anormal reflete bronquite e sua intensidade, associa-se
com a gravidade do quadro clínico e a localização do processo (GONÇALVES
& BARIONI, 2000), sendo fundamental no diagnóstico diferencial dos
processos respiratórios anteriores e posteriores (STÖBER, 1993; GARCIA et
al.,1996; SAVAGE, 1997; GONÇALVES, 2004).
Casos mais graves de broncopneumonia foram encontrados em apenas
dois animais, pois a maioria dos animais utilizados eram provenientes de
fazendas da região de Botucatu, e os problemas foram detectados no momento
do exame do rebanho, identificando na inspeção animais com tosse, corrimento
nasal e espirros. Esses animais foram separados e submetidos a exame clínico
para constatação de alterações respiratórias. Um desses dois animais,
apresentou sete associações dos critérios clínicos utilizados (Quadro 3), sendo
que o ruído traqueobrônquico aumentado, com área de auscultação aumentada
e a crepitação grossa nesse animal eram intensas, denotando grande
quantidade de secreção em brônquios. Isso, culminou com a alta celularidade
Julio Simões Marcondes Discussão
69
na contagem total e grande desvio na contagem diferencial predominando os
neutrófilos neste animal, conforme literatura de animais com comprometimento
pulmonar em bovinos (GONÇALVES, 1997), e em eqüinos (DERKSEN et
al.,1985).
Os animais do grupo com enfermidade broncopulmonar, apresentando
sinais como ruído traqueobrônquico aumentado, inspiração entrecortada e
crepitação grossa, associados ou não entre si, apresentaram predomínio de
neutrófilos seguido por macrófagos, concordando com a literatura de bovinos
com broncopneumonia (Gonçalves, 1997).
Alguns sinais clínicos, também sensíveis no diagnóstico de processos
parenquimatosos e bronquiais, não foram observados nos animais doentes
(Quadro 3). Frêmitos traqueal e torácico, que são sinais palpatórios, não foram
diagnosticados nos ovinos doentes, embora dependam da proximidade da área
acometida com a parede torácica, da extensão do processo e da quantidade de
líquido presente (BRAZ, 1981; PRINGLE, 1992; STÖBER, 1993). Crepitação
fina, auscultada em edema pulmonar e durante as fases iniciais ou de
resolução das pneumonias (STÖBER, 1993), não foi evidenciada no grupo de
animais doentes (Quadro 3). Este fato pode ser atribuído à fase inicial ou
intermediária da evolução do processo em que os animais foram examinados
ou, segundo Gonçalves, (1997), à dificuldade de auscultação quando este sinal
está associado a outros de maior intensidade.
Desta maneira, sinais como frêmito traqueal, frêmito torácico, ruído
broncobronquiolar aumentado, área de silêncio, crepitação fina, roncos e
sibilos, roce pleural e odor expiratório pútrido não foram observados nos
animais utilizados neste estudo. A percussão torácica não foi utilizada como
método diagnóstico devido à dificuldade de sua realização em vista do
comportamento irrequieto dos animais.
A análise descritiva das médias, mostra um valor maior para o número
total de células e número de hemácias do lavado traqueobrônquico entre os
ovinos clinicamente sadios e os portadores de afecções pulmonares. Os
animais sadios apresentaram 64.650,0 células nucleadas por mililitro e os
animais com afecções respiratórias (GD) apresentaram 184.215,2 células por
mililitro, perfazendo um total de 119.565,2 células a mais neste grupo. Isso
mostra tendência visual ao aumento das células nucleadas em animais com
Julio Simões Marcondes Discussão
70
inflamação de vias reas, quando comparados ao grupo de animais sadios.
Isso foi demonstrado por Gonçalves (1997), confirmando a descamação celular
do epitélio traqueobrônquico e migração celular, decorrente do processo
inflamatório (SWEENEY & BEECH, 1991).
Houve aumento no número de hemácias no grupo doente em relação ao
grupo de animais sadios. A média encontrada foi de 24.657,9 no grupo GS e
47.437,0 no GD; embora este aumento não tenha sido estatisticamente
diferente, pode-se atribuir este fato à fragilidade capilar em vias aéreas
inflamadas.
A observação individual da celularidade do lavado traqueobrônquico
revelou, nos animais clinicamente sadios, grande variação no número total de
células, atingindo um máximo de 165.000 células por mililitro (Tabela 9 –
Apêndice). No grupo de animais doentes, portadores de afecções respiratórias,
esta variação foi ainda mais intensa, variando de 6x10
3
a 2.350x10
3
e dentre os
animais com afecção respiratória, aproximadamente 50% dos casos exibiram
número total de células abaixo dos valores do grupo sadio (Tabela 9 e 10 -
Apêndice). Isto talvez se deva ao fato de que, embora a descamação seja
proporcional à presença de doença broncopulmonar, existem variações
individuais, relacionadas à agressão dos diferentes agentes infecciosos sobre
as células e à evolução do processo inflamatório, que determinam migração
das células de defesa para o local da infecção.
É preciso cautela para usar este número como índice absoluto no
diagnóstico e diferenciação dos processos inflamatórios pulmonares, tendo em
vista que, no grupo de animais doentes foram encontrados animais com valor
tão baixo quanto 6.000 cel/ml e outro com 2.350x 10
3
cel/ml (Tabela 10 -
Apêndice). Este animal foi marcante no exame físico por apresentar tosse,
corrimento nasal, reflexo de tosse positivo, ruído laringotraqueal aumentado,
crepitação grossa intensa em região traqueobrônquica dorsal e ventral,
bilateral, e área de ruído traqueobrônquico aumentado totalizando sete
associações de sinais clínicos.
Em relação à contagem diferencial, houve diferença estatística na
porcentagem de macrófagos, que reduziu em animais com problemas
broncopulmonares.
Julio Simões Marcondes Discussão
71
A contagem diferencial que deveria contornar as dificuldades de se utilizar
o número total de células do lavado traqueobrônquico em animais sadios e
portadores de afecções respiratórias, não mostrou diferença estatisticamente
significativa entre as células estudadas: células epiteliais cilíndricas, neutrófilos,
linfócitos e eosinófilos. No entanto, o lavado traqueobrônquico de ovinos
clinicamente sadios caracterizou-se por predomínio de macrófagos, acima de
60% do total de células, seguindo-se por cerca de 15% de células epiteliais
cilíndricas, 20% de neutrófilos, 1,4% de linfócitos e 0,77% de eosinófilos
(Tabela 5), de acordo com o predomínio da população celular descrita na
literatura (GONÇALVES et al., 2004), diferindo apenas na população de
eosinófilos, pois tais autores não encontraram essas células em bezerros
sadios. No entanto, coincide com o predomínio da população de lulas
encontradas em ovinos (BOSSÉ et al., 1987).
Corroborando com os dados da literatura, a porcentagem de macrófagos
reduziu-se nos animais do grupo doente quando comparada aos animais do
grupo sadio; a tendência dessa diminuição no grupo de animais doentes foi
estatisticamente significativa, e houve aumento visível no número de neutrófilos
nesse grupo (GONÇALVES, 1997). Esta diferença pode estar associada ao
fato do número de neutrófilos aumentar no lavado em casos de inflamação
brônquica (VIEL, 1997; COUËTIL et al., 2001) ou dependendo da região
pulmonar amostrada (SWEENEY et al., 1992b). A diminuição do número de
macrófagos traduz agressão ao pulmão, proporcional à intensidade do
processo (ROSZEL et al., 1986; DERKSEN et al., 1989).
Em animais clinicamente sadios os macrófagos alveolares caracterizam o
lavado traqueobrônquico, nos animais doentes, ocorre substituição destas
células por outras, envolvidas com mecanismos secundários de defesa
pulmonar (COHEN & ROSSI, 1983; REYNOLDS, 1983; WALKER et al., 1985;
LEID & POTTER, 1985). Toda agressão leva à liberação de substâncias
quimiotáxicas, que provocam migração de lulas inflamatórias no local da
lesão (LIGGITT, 1985; LEID & POTTER, 1985; COTRAN et al., 1994;
LEDWOZYW et al., 1992). Este processo ocorre também no pulmão, havendo
migração principalmente de neutrófilos, que atuam na destruição de partículas
contaminantes (COHEN & ROSSI, 1983; REYNOLDS, 1983; WALKER et al.,
1985; LEID & POTTER, 1985), desenvolvendo sua ação fagocitária e lítica
Julio Simões Marcondes Discussão
72
(COTRAN et al., 1994). o as primeiras células da inflamação aguda (ZINKL,
1992) e representam a celularidade característica do lavado traqueobrônquico
nos processos inflamatórios.
Considerando-se que, nos casos patológicos, os agentes infecciosos
podem diminuir o número de macrófagos no lavado (SLAUSON et al., 1987), e
que a reação inflamatória local no pulmão estimula a migração quimiotáxica de
neutrófilos (HAKICH & LATIMER 1989), pode-se inferir que nos ovinos deste
estudo, que apresentaram problemas respiratórios mais sérios, houve
predomínio da população de neutrófilos, com considerável queda de
macrófagos.
A resposta à inflamação local do pulmão, caracterizada pela migração de
neutrófilos, foi também evidenciada pela formação de aglomerados destes tipos
celulares (BEECH, 1975), encontrados em animais mais gravemente
acometidos e ausentes em animais sadios.
A contagem diferencial de linfócitos no lavado traqueobrônquico de
eqüinos é controversa, na dependência da técnica de colheita utilizada. Por via
endoscópica, em animais clinicamente sadios, representaram cerca de 30 a
50% da população total de células do lavado (NAYLOR et al., 1992; SWEENEY
et al., 1992a e b; McGORUM et al., 1993), e em ovinos sadios cerca de 20,9%
(BURRELLS & WILLIAMS 1987). Collie et al., (1999) encontraram
proporções mais baixas de linfócitos em BAL de ovinos, cerca de 3%. Na
lavagem traqueobrônquica por traqueocentese (LARSON & BUSCH, 1985;
SWEENEY et al., 1992a e b) e em outras cnicas, endoscópicas ou às cegas
(DERKSEN et al., 1989; SWEENEY et al., 1989; ROSSIER et al., 1991), a
quantidade de linfócitos diminuiu exageradamente, tanto na presença como na
ausência de doença respiratória.
Em bezerros, a situação não é muito diferente. Wilkie & Markhan (1981),
em amostra colhida por via endoscópica, observaram 28% de linfócitos no
lavado traqueobrônquico de animais clinicamente sadios. Outros autores,
utilizando a via endoscópica ou obtendo amostra por lavagem às cegas,
encontraram número bastante reduzido de linfócitos, independente do
diagnóstico de problemas respiratórios (KIMMAN et al., 1986; LAY et al., 1986;
PRINGLE et al., 1988; ALLEN et al., 1992a). Gonçalves (1997) estudando a
população das células em lavado traqueobrônquico de bezerros sadios e
Julio Simões Marcondes Discussão
73
portadores de broncopneumonia encontrou cerca de 1,83% de linfócitos em
animais sadios e 3,98% em animais com broncopneumonia grave. No presente
trabalho, não houve diferença significativa estatisticamente entre os grupos,
porém, nossos dados concordam com a literatura descrita onde foram
encontrados cerca de 1,44 e 1,58% em animais sadios e portadores de
afecções respiratórias, respectivamente, mostrando menor freqüência destas
células, e sem alterações significativas entre os grupos.
Em relação aos eosinófilos, a maioria dos trabalhos confirma sua
ausência ou pequena proporção no lavado traqueobrônquico de eqüinos e
bovinos, clinicamente sadios ou portadores de doenças respiratórias (LAY et
al., 1986; DERKSEN et al., 1989; NAYLOR et al., 1992; LAPOINTE et al., 1993;
MCGORUM et al., 1993 a e b). Em geral, o encontro destas células se
relaciona à etiologia do processo, ou seja, reações a vermes e fungos
(DEEGEN et al., 1982; WHITWELL & GREET, 1984; LESTER, 1993). O
encontro destas células nos animais estudados pode estar relacionado à
verminose, devido a suscetibilidade desta espécie às helmintoses. A média
encontrada em animais sadios maior do que em doentes, está relacionada a
um animal com aumento marcante de eosinófilos no lavado (Tabela 11 –
Apêndice). Embora o exame do sistema respiratório não tenha evidenciado
alterações broncopulmonares nesses animais, talvez se realizado, o exame
coproparasitológico poderia evidenciar verminose, que esta espécie é
altamente susceptível aos endoparasitas.
Os animais doentes do grupo estudado estavam em fases variadas de
inflamação, apresentando-se em diferentes tempos de evolução do processo
clínico, bem como localização, tendo em vista que alguns animais
apresentavam apenas sinais de vias aéreas anteriores (4/23). Este fato sugere
a necessidade de estudos quanto à função das células de defesa pulmonar na
espécie ovina. Tendo em vista que, no exame geral do rebanho, houve um
número acentuado de animais com sinais das vias reas anteriores, no
entanto, apresentavam-se clinicamente sadios e não foram incluídos neste
estudo.
Outras alterações encontradas em três animais mais gravemente
acometidos, provavelmente de etiologia bacteriana, condizem com a literatura
(RAKICH & LATIMER 1989), no que diz respeito ao aumento de neutrófilos,
Julio Simões Marcondes Discussão
74
poucos macrófagos, presença de muco, e bactérias. Também foram
encontrados, nos lavados desses animais, macrófagos fagocitando bactérias,
neutrófilos degenerados, bactérias livres na lâmina (cocos Gram negativos), e
presença de partículas estranhas, provavelmente pólen, fagocitadas ou não.
A tentativa de estabelecimento do diagnóstico etiológico neste trabalho,
por meio da coloração de Gram não teve sucesso, visto que foram encontradas
bactérias coradas tanto em animais sadios quanto em doentes, principalmente
na forma de cocos e menos freqüentemente, de estreptococos.
Em relação às colorações utilizadas, o método de Shorr foi mais
elucidativo na diferenciação celular e visualização de núcleos, apresentando
lâminas mais limpas, sem muitos artefatos e sem excesso de corante,
permitindo boa visualização e diferenciação das células. Nesta coloração foram
mais facilmente distinguíveis os linfócitos e eosinófilos. O Giemsa, também
utilizado na diferenciação celular, em alguns casos apresentava as células
muito escuras dificultando a diferenciação, no entanto, permitiu a visualização
de bactérias livres e fagocitadas, do aspecto dos neutrófilos e muco, que não
eram notados na outra coloração de um mesmo animal.
É interessante que se investigue tendência ao aumento das proporções
celulares em ovinos portadores de broncopneumonia. O quadro clínico tem
evolução contínua, o é estanque e está diretamente relacionado à
intensidade do processo inflamatório, no momento da colheita do lavado
traqueobrônquico, explicando a variação individual das avaliações citológicas
dos animais doentes. necessidade do aprimoramento de técnicas
diagnósticas nessa espécie, tendo em vista sua importância no contexto
pecuário nacional, o grande número de animais criados, a taxa de sobrevida
aumentada de matrizes e reprodutores e o valor econômico desses animais
com genética melhorada.
Com relação à metodologia utilizada para obtenção das amostras de via
aéreas posteriores, o lavado traqueobrônquico por via nasotraqueal mostrou-se
eficiente na obtenção de amostras de vias distais, com representatividade
celular da região broncopulmonar. É de fácil realização, podendo utilizar
material de baixo custo e fácil manuseio. No entanto, requer treinamento e
habilidade para passagem da sonda em menor tempo possível sem muito
desconforto ao animal.
Julio Simões Marcondes Discussão
75
O resultado do estudo clínico e citológico deste trabalho, contribui com a
atividade clínica, no sentido de reforçar a importância do diagnóstico das
afecções respiratórias na espécie ovina, ressaltando a importância da
avaliação clínica complementada com dados de exames auxiliares específicos
para as vias aéreas, devendo-se tomar atenção às variações individuais e
metodologia de colheita das amostras. A interpretação desses dados na rotina
clínica pode direcionar o clínico quanto ao diagnóstico e terapia adequada.
CONCLUSÕES
Julio Simões Marcondes Conclusões
77
7. CONCLUSÕES
Nas condições deste estudo, pôde-se concluir que:
1. A presença ou a associação de sinais clínicos confirmou o diagnóstico
e caracterizou a localização do processo respiratório.
2. Os sinais clínicos mais freqüentes em animais com processos
respiratórios foram corrimento nasal, ruído traqueobrônquico aumentado,
crepitação grossa, ruído laringotraqueal e reflexo de tosse.
3. O ruído traqueobrônquico aumentado e a presença de crepitação
grossa estiveram presentes e associados em animais com broncopneumonia.
4. A freqüência respiratória aumentada é um dado importante no exame
físico de ovinos com problemas respiratórios, no entanto, deve ser dada
atenção ao conjunto de dados obtidos devido a cil alteração deste parâmetro
nesta espécie.
5. O resultado clínico baseado na pontuação para a presença de sinais foi
maior em animais com enfermidades respiratórias, sendo progressivo o
aumento dos escores para esses animais.
6. A técnica de lavado traqueobrônquico presta-se como metodologia
para obtenção de amostras broncopulmonares para avaliação citológica na
espécie ovina, sendo acessível e de fácil realização.
7. grande variação na contagem total de células nucleadas em
animais com enfermidade respiratória, embora não seja um dado confiável para
confirmação diagnóstica, quando avaliado individualmente.
8. Houve diminuição significativa na porcentagem de macrófagos e
aumento da freqüência cardíaca nos animais com enfermidades respiratórias.
Julio Simões Marcondes Conclusões
78
9. Animais com sinais de ruído traqueobrônquico aumentado, inspiração
entrecortada e crepitação grossa, caracterizando envolvimento
broncopulmonar, tiveram predomínio de neutrófilos e diminuição na população
de macrófagos.
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APÊNDICE
Julio Simões Marcondes Apêndice
101
APÊNDICE
QUADRO 01. Plano de exame clínico.
EXAME CLÍNICO
Identificação:
Espécie: raça: sexo: idade: Estado Nutricional:
Proprietário:
Endereço: Telefone:
Parâmetros vitais: FC: bpm FR: mpm MR: / 5’ Temp: ºC
Atitude: Mucosas:
Inspeção:
Muflo:
normal ressecado
Secreção
NDN
ausente presente cor
aspecto
odor
unilateral
bilateral
Narinas:
Ar expirado normal
unilateral
diminuído
bilateral
ausente
Traquéia:
NDN
Reflexo da Tosse:
crepitação
negativo
positivo
som laringotraqueal aumentado
tosse seca
tosse produtiva
Pulmão:
Tipo respiratório: eupnéia dispnéia inspiratória
expiratória
mista
Postura: normal ortopneica
Auscultação: Crepitação fina ausente
presente
lado direito
lado esquerdo
porção:
Crepitação grossa
ausente
presente
lado direito
lado esquerdo
porção:
Ronco ausente presente
Sibilo ausente
presente
lado direito
lado esquerdo
porção:
Som
traqueobrônquico
NDN
aumentado
lado direito
lado esquerdo
porção:
Som
bronquiobronquiolar
NDN
aumentado
lado direito
lado esquerdo porção:
Propagação cardíaca NDN
aumentado
lado direito
lado esquerdo porção:
Percussão: claro maciço
Área de silêncio:
Roce Pleural:
Linfonodos
Observações:
Julio Simões Marcondes Apêndice
102
TABELA 7. Valores individuais dos parâmetros vitais dos animais do grupo
sadio (GS – n= 19).
Animais
FC
bpm
FR
mpm
T
°C
11
100 36 38,5
13
104 36 39,5
20
80 40 39,3
21
100 32 39,3
22
96 36 39
23
100 36 40,4
24
96 32 39,5
25
88 32 38,7
29
100 40 39,5
30
78 36 39
35
74 28 38,9
36
88 28 38,2
37
80 42 38,4
39
70 24 38,2
49
76 32 39,2
50
80 28 39,1
51
84 28 39
52
96 36 38,8
53
96 32 38,5
Média 88,7 33 39,00
Mediana 88,0 32 39,00
Desvio-padrão 10,7 5 0,54
Julio Simões Marcondes Apêndice
103
TABELA 8. Valores individuais dos parâmetros vitais dos animais do grupo
com afecções respiratórias (GD – n= 23).
Animais
FC
bpm
FR
mpm
T
°C
8
112 40 39,5
9
92 36 39
10
100 32 39,2
12
104 36 38,8
14
104 36 38,8
15
88 48 39,1
16
116 52 38,5
17
88 32 39,6
18
100 40 39,5
27
104 44 39,6
31
70 24 40,2
32
106 24 38,4
34
90 30 38,1
38
100 44 39,6
40
88 36 38,5
41
104 36 38,7
43
60 36 38,2
44
120 36 37,8
45
76 40 37,5
46
72 20 38
47
120 40 38,3
48
116 40 38
54
100 36 39,2
Média 96,96 36,43 38,79
Mediana 100,00 36,00 38,8
Desvio-padrão
16,24 7,43 0,70
Julio Simões Marcondes Apêndice
104
TABELA 9. Contagem total de células nucleadas e hemácias do lavado
traqueobrônquico de ovinos sadios (GS – n=19).
Animais
Células nucleadas
/ ml
Hemácias
/ ml
11
19800 1100
13
25850 1100
20
165000 202400
21
88550 9900
22
149050 28600
23
58500 5500
24
33000 3850
25
152350 41250
29
51700 1100
30
57750 9350
35
45650 2200
36
9900 1100
37
27500 0
39
4400 0
49
81400 81950
50
58850 11000
51
74250 1000
52
10450 0
53
114400 67100
Média 64650,0 24657,9
Mediana 57750,00 3850,00
Desvio-padrão 49674,3 49167,2
Julio Simões Marcondes Apêndice
105
TABELA 10. Contagem total de células nucleadas e hemácias do lavado
traqueobrônquico de ovinos portadores de afecções respiratórias
(GD – n=23).
Animais
Células nucleadas
/ ml
Hemácias
/ ml
8
82900 6750
9
39600 709500
10
86900 44500
12
41250 1100
14
130350 2750
15
32450 9350
16
52250 8250
17
12100 2750
18
39500 3850
27
64300 8250
31
156650 3300
32
128600 6600
34
163350 2200
38
177100 0
40
13750 0
41
49500 1100
43
34650 1100
44
166000 1100
45
71500 7700
46
232650 259600
47
105600 3300
48
2350000 8000
54
6000 0
Média 184215,2 47437,0
Mediana 71500,0 3300,0
Desvio-padrão
476122,8 153963,4
Julio Simões Marcondes Apêndice
106
TABELA 11. Contagem diferencial de lulas provenientes de lavado
traqueobrônquico de ovinos clinicamente sadios (GS – n=19).
Animais
Macrófagos
%
CEC
%
Neutrófilos
%
Linfócitos
%
Eosinófilos
%
11
35,26 1,32 63,16 0,26 0,00
13
85,00 9,50 5,00 0,00 0,50
20
77,50 7,75 12,75 1,50 0,50
21
75,58 13,25 6,49 3,90 0,78
22
80,56 3,94 13,19 1,39 0,93
23
77,00 10,56 11,50 0,94 0,00
24
67,54 13,51 18,25 0,71 0,00
25
68,21 12,06 17,40 2,32 0,00
29
39,50 16,50 33,75 2,75 7,50
30
84,75 9,50 3,50 2,00 0,25
35
61,35 8,48 26,93 3,24 0,00
36
52,46 21,31 22,95 0,00 3,28
37
75,00 13,35 11,17 0,00 0,49
39
87,37 11,58 1,05 0,00 0,00
49
53,25 20,75 22,25 3,75 0,00
50
55,70 33,33 10,13 0,84 0,00
51
54,88 33,17 10,00 1,95 0,00
52
9,75 8,75 80,75 0,75 0,00
53
51,50 36,50 10,50 1,00 0,50
Média 62,74 15,01 20,04 1,44 0,77
Mediana 67,54 12,06 12,75 1,00 0,00
Desvio-padrão 20,04 9,88 20,26 1,27 1,80
Julio Simões Marcondes Apêndice
107
TABELA 12. Contagem diferencial de lulas provenientes de lavado
traqueobrônquico de ovinos portadores de afecções respiratórias
(GD – n=23).
Animais
Macrófagos
%
CEC
%
Neutrófilos
%
Linfócitos
%
Eosinófilos
%
8
19,00 26,50 52,00 1,50 1,00
9
55,19 41,85 2,59 0,37 0,00
10
83,10 5,24 9,29 0,48 1,90
12
69,51 23,90 4,15 1,71 0,73
14
82,97 5,60 9,00 1,22 1,22
15
69,27 8,78 18,54 3,17 0,24
16
65,84 9,98 20,20 1,75 2,24
17
27,14 70,95 1,43 0,00 0,48
18
35,14 50,45 13,06 0,45 0,90
27
66,13 6,73 25,06 0,23 1,86
31
81,00 9,74 9,03 0,24 0,00
32
46,26 44,49 8,37 0,88 0,00
34
22,62 2,14 75,24 0,00 0,00
38
14,00 3,75 80,75 1,50 0,00
40
57,43 41,58 0,99 0,00 0,00
41
9,03 52,26 28,27 7,60 2,85
43
79,14 2,16 17,03 0,00 1,68
44
25,61 4,15 67,56 1,71 0,98
45
13,46 2,24 81,73 2,56 0,00
46
20,98 1,22 74,15 3,66 0,00
47
13,66 3,66 57,80 6,10 18,78
48
3,75 1,00 94,50 0,75 0,00
54
41,90 16,96 37,16 2,49 1,50
Média 43,57 18,93 34,26 1,67 1,58
Mediana 41,90 8,78 20,20 1,22 0,73
Desvio-padrão 27,07 20,81 31,10 1,95 3,85
Quadro 2. Sinais clínicos ausentes (0) e presentes (1) em ovinos clinicamente sadios (n=19).
Sinais Número do Animal Total
Clínicos *
11 13 20 21 22 23 24 25 29 30 35 36 37 39 49 50 51 52 53
To
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
CN
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
DM
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
FTr
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Fto
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
RTosse
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
RLTr
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
RTB
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
RBBr
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
AS
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
IE
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
CG
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
CF
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
RS
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
RP
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
OPE
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
FR
1 0 1 1 1 1 1 0 1 1 0 0 0 0 1 1 0 0 0 10
FC
0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3
Total
1 0 1 1 1 1 1 1 2 2 0 0 0 0 1 1 0 0 0 13
* Ver lista de abreviaturas
Quadro 3. Sinais clínicos ausentes (0) e presentes (1) em ovinos portadores afecções respiratórias (n=23).
Sinais Número do Animal Total
Clínicos *
08
09
10
12
14
15
16
17
18
27
31
32 34 38 40 41 43 44 45 46 47 48 54
To
0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 1 1 6
CN
0 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 0 0 1 1 1 0 0 0 1 1 15
DM
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
FTr
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Fto
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
RTosse
0 0 1 0 0 0 0 1 0 1 1 1 0 1 0 1 0 0 0 0 0 1 1 9
RLTr
1 0 1 0 0 0 1 0 0 1 1 0 0 1 0 1 0 0 1 1 0 1 1 11
RTB
1 1 1 0 0 0 1 1 0 0 0 1 1 1 1 0 1 0 0 0 1 1 1 13
RBBr
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
AS
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
IE
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 1 1 1 1 0 0 6
CG
1 1 0 0 0 0 1 1 0 0 1 1 0 1 1 0 0 1 0 1 1 1 1 13
CF
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
RS
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
RP
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
OPE
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
FR
1 1 0 0 1 1 1 1 1 1 0 0 0 1 1 1 1 0 0 0 1 1 1 15
FC
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1
Total
4 3 4 1 2 2 5 5 2 5 8 4 2 6 3 5 3 4 2 3 4 7 7 91
* Ver lista de abreviaturas
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9) conclusões
10) agradecimentos (se necessário)
11) referências bibliográficas
1
Trabalho científico enviado para publicação na Revista Ciência Animal
Brasileira
METODOLOGIA DE COLHEITA DE CÉLULAS DO TRATO
RESPIRATÓRIO EM OVINOS SADIOS ATRAVÉS DA TÉCNICA DE
LAVAGEM TRAQUEOBRÔNQUICA POR VIA NASOTRAQUEAL.
Julio Simões Marcondes
2
; Roberto Calderon Gonçalves
1
1. Prof° Ass. Dr. da área de Clínica de Grandes Animais da Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia – FMVZ, Botucatu – Universidade Estadual Paulista.
Departamento de Clínica Veterinária. Cep: 18618-000 – Botucatu, SP. Brasil. email:
2. Pós graduando da Área de Clínica de Grandes Animais da Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia – FMVZ, Botucatu – Universidade Estadual Paulista.
Departamento de Clínica Veterinária. Cep: 18618-000 – Botucatu, SP. Brasil. email:
Resumo
Avaliou-se a técnica de colheita de células do trato respiratório em ovinos, por
sondagem nasotraqueal e caracterizou-se a população celular em 19 ovinos clinicamente
sadios. Os animais foram contidos em estação, com cabeça e pescoço estendidos e
alinhados com a coluna vertebral. Após a contenção foi introduzida uma sonda guia
siliconizada até a bifurcação da traquéia, por dentro desta passou uma sonda de menor
calibre para realização do lavado traqueobrônquico. A média da contagem de células
nucleadas foi de 64.650 ± 49.674. A análise citológica das amostras evidenciou, pelas
2
médias das porcentagens obtidas, 62,74% de macrófagos, 15,01% de células epiteliais
cilíndricas, 20,04% de neutrófilos, 1,44% de linfócitos e 0,77% de eosinófilos.
Concluiu-se que o método de colheita por sondagem nasotraqueal foi eficiente na
obtenção de amostras de regiões traqueobrônquicas para caracterização citológica e
diferenciação celular nas amostras obtidas, sendo bem suportado pelos ovinos.
Palavras chave: Lavado traqueobrônquico, ovinos, citologia, citocentrífuga
3
OBTENTION METHODS OF RESPIRATORY TRACT CELSS IN
HEALTHY SHEEP BY THE TRACHEOBRONCHEAL LAVAGE TECHNIQUE
BY NASOTRACHEAL VIA
ABSTRACT
The technique of pulmonary cells obtention by nasotracheal intubation was
evaluated and the cellular population of 19 healthy sheep was characterized. The
animals were hold standing still with head and neck strait; aligned with the vertebral
spine and a silicone tube guide till the carina, to introduce a lower caliber tube for
precede the tracheobronchial lavage. The average counting of nucleated cells was
64.650 ± 49.674. The cytological analyses of the samples slowed by the average of
obtained percentages: 62,74% of macrophages, 15,01% cylindrical epithelial cells,
20,04% of neutrophills, 1,44 of lymphocytes and 0,77% of eosinophills. It was
concluded that this methods of sample obtention by nasotracheal intubation to reach the
tracheobronchial region was efficient to cytological characterization and cellular
differentiation in the obtained samples, being well supported by the animals.
Key words: tracheobronchial lavage, sheep, cytology, citocentrifugation
4
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, a ovinocultura no estado de São Paulo abandonou a condição
periférica para constituir-se na principal exploração econômica de muitas propriedades
rurais, e desponta como atividade agropecuária importante no contexto econômico do
Estado.
Junto com o crescimento populacional e a intensificação na produtividade,
surgiram diversas doenças, principalmente naqueles animais mantidos em sistemas de
confinamento. Nestes tipos de criação, o estresse ambiental relacionado à alta taxa de
lotação predispõe ao aparecimento de doenças respiratórias. Estas doenças estão entre as
principais causas de mortalidade nesta espécie, variando de 10 a 40% nos animais
adultos (VIEIRA et al., 1993) e 17% nos jovens (ROOK et al., 1990).
Atualmente, as doenças respiratórias são consideradas sério problema de sanidade
apresentando altos índices de morbidade e mortalidade, além das perdas econômicas
representadas pela menor conversão alimentar, retardo no ganho de peso e gastos com
diagnóstico e tratamento (KIMBERLING, 1988; RAO et al., 1993; MARTIN, 1996).
Tendo em vista a importância desses problemas, faz-se necessário à obtenção de
um grande número de informações semiológicas para melhor acurácia diagnóstica,
especificamente visando a gravidade do processo para que medidas terapêuticas e
profiláticas sejam instituídas prontamente. Com essa finalidade, as secreções
traqueobrônquicas estão sendo cada vez mais pesquisadas e associadas ao exame clínico
para auxílio diagnóstico, tanto citológico quanto microbiológico das vias aéreas.
Através da técnica de quantificação e análise dos tipos celulares recuperados em
amostras do trato respiratório inferior é possível avaliar o grau da lesão das vias aéreas
inferiores. Tais informações são usadas no estabelecimento do diagnóstico
5
(GONÇALVES, 1997), avaliação da intensidade dos processos respiratórios e da
efetividade do tratamento (COUËTIL et al., 2001).
Além do diagnóstico pelo exame clínico, o estudo citológico é importante para a
determinação etiológica das doenças respiratórias em diversas espécies animais
(WHITWELL & GREET, 1984; DERKSEN et al., 1989; GONÇALVES et al., 2004). O
lavado traqueal é freqüentemente usado para auxílio no diagnóstico das alterações do
trato respiratório de eqüinos (FORGARTY, 1990), e de bovinos (GONÇALVES, 1997;
BARROS et al., 1994;).
A lavagem broncoalveolar foi adaptada para uso em eqüinos por Viel (1983),
demonstrando boa correlação entre a citologia do lavado traqueobrônquico e a
histologia pulmonar nesses animais, sendo um dos métodos mais utilizados
(WHITWELL & GREET, 1984; DERKSEN et al., 1989). Atualmente o seu amplo uso
é justificado por oferecer diagnóstico rápido e resultados confiáveis. Além deste método
de colheita, a sondagem nasotraqueal também é utilizada, com custo menor que a
endoscopia e se presta ao estudo citológico do lavado traqueobrônquico em animais de
produção (GONÇALVES, 1997).
Nos ovinos, a literatura é escassa (ROLA- PLESZCZYNSKI et al., 1981) e não se
tem conhecimento de citações nacionais quanto à citologia do aparelho respiratório,
com o intuito da caracterização do processo ou como auxílio diagnóstico.
Estudos têm reportado que a citologia do sistema respiratório é extremamente
importante na diferenciação entre processos infecciosos, alérgicos, parasitários e
neoplásicos além de contribuir significativamente na escolha da terapia (BEECH, 1981).
A utilização da técnica de colheita do lavado traqueobrônquico em ovinos ainda
não é explorada. No entanto, como nas outras espécies (GONÇALVES, 1997;
6
FERNANDES et al., 2000; GONÇALVES et al., 2004), deve ser útil para o diagnóstico
e prognóstico de enfermidades do trato respiratório.
Historicamente, a literatura mostra o empenho de vários autores no intuito de
viabilizarem a colheita de amostras do trato respiratório posterior. Inicialmente, foi
utilizada no homem por Pecora (1959), que utilizou a aspiração traqueal, por via
transtraqueal, para colheita de material de vias aéreas inferiores, para cultivo bacteriano.
Mansmann & Knight (1972), adaptaram a técnica do aspirado traqueal para uso em
eqüinos, e Beech (1975) sugeriu que a citologia do material assim obtido poderia ser
utilizada na avaliação de eqüinos com doenças pulmonares. Desde então é de utilização
rotineira em cavalos com doenças respiratórias crônicas (WHITWELL & GREET,
1984; COUËTIL et al., 2001).
Várias adaptações da técnica inicial foram desenvolvidas em bovinos, entre elas, a
lavagem traqueobrônquica por traqueocentese, com a variante de que o líquido de
colheita é injetado a partir da bifurcação traqueal (GONÇALVES, 1987; GONÇALVES
et al., 1990; BARROS et al., 1994); a lavagem orotraqueal, com introdução do tubo de
colheita por via oral e deposição do líquido na altura da bifurcação traqueal
(CORSTVET et al., 1982); a lavagem broncoalveolar às cegas, com introdução de tubo
siliconizado no brônquio para inoculação do líquido (SWEENEY & BEECH, 1991;
MORI, 2000), e a lavagem broncoalveolar por endoscopia, com o endoscópio alojado
no segmento bronquial, sendo o líquido de lavagem depositado (FORMAN et al.,
1982; PRINGLE et al., 1988; ALLEN et al., 1992).
Nos bovinos a intubação nasotraqueal foi utilizada por Gonçalves (1997) que
introduziu um tubo guia siliconizado através da narina e o direcionou até a porção mais
baixa da traquéia. Por dentro deste tubo guia introduziu uma sonda de polietileno onde
fez a infusão de 60ml de solução fisiológica e aspirou o conteúdo. Esta técnica foi
7
utilizada em bezerros para a realização de estudos citológicos, pela possibilidade de
contaminação do material com secreções do trato respiratório anterior (GONÇALVES
et al., 2004), mostrando-se porém eficiente, na amostragem celular do lavado.
Nos ovinos, a colheita de material de vias aéreas inferiores tem sido pouco
explorada no que diz respeito ao diagnóstico de problemas respiratórios. A principal
utilização dessa espécie animal no estudo das secreções broncoalveolares visa o estudo
das doenças respiratórias no homem (GÓRIN et al., 1979; ROLA-PLESCZYNSKI et
al., 1981; BÉGIN et al., 1983; BOSSÉ et al., 1987; BURRELS & WILLIAMS 1987;
MORNEX et al., 1994; BROGDEN et al., 1998). A maior parte das colheitas foram
realizadas em animais mortos (MORNEX et al., 1994; BROGDEN et al., 1998), embora
alguns autores realizaram o experimento com endoscopia (BÉGIN, 1983,) ou por
intubação endotraqueal (GÓRIN et al., 1979; BOSSÉ et al, 1987; BURRELS &
WILLIAMS 1987) em animais submetidos à anestesia geral.
Considerando-se a importância dos prejuízos causados pelas doenças respiratórias
em ovinos e a limitação de informações sobre a citologia de vias aéreas desta espécie no
Brasil, o presente estudo procurou estabelecer uma metodologia adequada, de baixo
custo e pouco traumática, para obtenção de fluido traqueobrônquico para análise
citológica.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram incluídos neste estudo 19 ovinos, independentemente de raça e sexo, com
idade entre um e quatro anos. Os animais foram submetidos à contenção física em
estação, com a cabeça e pescoço estendido e alinhado com a coluna vertebral.
Após a contenção e assepsia do vestíbulo nasal, foi introduzida, por via
nasotraqueal, uma sonda guia siliconizada, de 65cm de comprimento e 0,5cm de
diâmetro, previamente esterilizada e embalada individualmente. Na extremidade desta
8
sonda foi passada lidocaína gel com intuito de lubrificação e redução do desconforto.
Após adentrar o vestíbulo nasal, a passagem pelo meato nasal médio e a constatação de
que a sonda estava na orofaringe, foi feito um movimento de rotação de 180° para
direcionar sua extremidade dorsalmente. Com isso ocorreu o toque da sonda na epiglote
e seu direcionamento para a laringe e traquéia. O desconforto, meneios de cabeça, saída
de ar pela extremidade da sonda guia, seguida ou não de tosse, foram os sinais
indicativos de sua localização na via aérea. Aguardou-se a seguir, o momento da
inspiração, para que a sonda fosse empurrada sem resistência pela traquéia, até a região
da carina. Com a sonda instalada e fixada manualmente, foi introduzido uma tubo de
polietileno com 85cm de comprimento e 0,3cm de diâmetro, adaptado à uma agulha
calibre 30, sem bisel. Este tubo foi introduzido até a saída de sua ponta,
aproximadamente cinco centímetros além da extremidade final da sonda guia,
produzindo tosse no animal. As sondas eram marcadas individualmente, de tal maneira
a saber o quanto fora introduzido.
Após a sondagem nasotraqueal, as amostras foram colhidas por método de
lavagem traqueobrônquica (GONÇALVES et al., 2004). Por meio de uma seringa
estéril com capacidade de 60ml, adaptada ao conjunto, foram injetados e imediatamente
aspirados de 30 a 50ml de solução salina isotônica comercial estéril e apirogênica, de
acordo com o tamanho do animal. Aspirações sucessivas foram realizadas à medida que
a sonda foi progressivamente retirada. Após a obtenção de amostra aparentemente
adequada, em volume e aspecto (turvação), o conjunto de sondas foi completamente
removido. O líquido do lavado traqueobrônquico obtido foi acondicionado em tubo de
ensaio de polietileno, armazenado em caixa isotérmica com gelo e enviado ao
Laboratório de Citopatologia do Serviço de Patologia da Faculdade de Medicina
9
Veterinária e Zootecnia de Botucatu - UNESP, no tempo máximo de duas horas, para
processamento e realização de estudos citológicos.
Para a contagem total de células, o líquido do lavado traqueobrônquico foi
homogeneizado em agitador de tubos (PHOENIX Mod. AT 56), por 10 segundos, e a
contagem do número total de células foi realizada em câmara de Neubauer, sem a
utilização de corantes. Foram utilizados os nove quadrados da câmara, em analogia com
a técnica descrita para contagem de leucócitos. O número total de células encontrado foi
multiplicado por 1,1 (fator de correção), fornecendo o número total de células por
microlitro de lavado, segundo Coles (1984). Multipilicou-se o valor encontrado por 10
3
para obtenção do valor em células/ml. A impressão celular em lâminas histológicas de
vidro com extremidade fosca, foi obtida por meio de citocentrifugação (Revan
Centrífuga Cilco Cito) de 200 microlitros do lavado traqueobrônquico a 800rpm por
seis minutos. As lâminas foram coradas pelos métodos de Giemsa e Shorr, para
identificar as células, avaliar suas características morfológicas e realizar as contagens
diferenciais. Para coloração de Shorr, as lâminas foram fixadas com solução de álcool
etílico a 95%, imediatamente após a citocentrifugação. Para a coloração por Giemsa as
lâminas foram secas ao ar ambiente e fixadas com metanol (KOSS, 1992).
Analisaram-se, para cada animal, número e porcentagem de células epiteliais
cilíndricas (CEC), macrófagos (M), neutrófilos (N), linfócitos (L) e eosinófilos (E).
Foram contadas em 400 células em microscópio óptico comum, com aumento de 400x.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A técnica foi bem suportada pelos ovinos submetidos ao método de colheita, não
houve necessidade de sedação e forneceu material adequado para realização de estudos
citológicos. Foi segura, prática, pouco traumática e atingiu o objetivo de obtenção de
amostra representativa da região traqueobrônquica, constituída por grande quantidade
10
de macrófagos alveolares e pouca contaminação por células do trato respiratório
anterior (ZINKL, 1992). O tubo guia foi utilizado neste trabalho para evitar a
contaminação por células da orofaringe e da traquéia, o que pode ocorrer nos lavados
bucotraqueais e nasotraqueais (CORSTVET et al., 1982; GONÇALVES 1997;
GONÇALVES et al., 2004). Como há a necessidade de que o lavado represente o
pulmão como um todo para o estudo dos processos inflamatórios, o líquido foi
depositado na bifurcação traqueal, evitando-se a limitação provocada pela lavagem
broncoalveolar às cegas, realizada com a introdução do tubo guia no brônquio
(SWEENEY & BEECH 1991; MORI, 2000) ou por endoscopia (PRINGLE et al., 1988;
ALLEN et al., 1992). A introdução deste tubo contribuiu, também, para desencadear o
reflexo de tosse, favorecendo a colheita de células das regiões mais profundas
(GONÇALVES, 1997).
Segundo Gonçalves et al., (2004), os resultados citológicos da literatura de
lavados broncopulmonares são variados devido à falta de padronização de técnicas de
colheita, principalmente no que diz respeito à comparação de animais sadios e doentes.
Por isso, é necessário o reconhecimento das limitações metodológicas que podem
interferir nos resultados.
O número total de células nucleadas no lavado traqueobrônquico apresentou
média de 64.650 ± 49.674 células por mililitro, com pouca variação, atingindo um
máximo de 165.000 células. A contagem total e diferencial obtida neste trabalho está
apresentada na Tabela 1.
As amostras do lavado traqueobrônquico de ovinos clinicamente sadios
caracterizaram-se por predomínio de macrófagos, acima de 60% do total de células,
seguindo-se por 15% de células epiteliais cilíndricas, 20% de neutrófilos, 1,4% de
linfócitos e 0,77% de eosinófilos, em acordo com os achados de Gonçalves et al.,
11
(2004), à exceção dos eosinófilos que não foram identificados por esse autor, em
bezerros sadios.
O predomínio de macrófagos nas amostras obtidas neste estudo (Figura 1), indica
que o quido obtido foi representativo das vias aéreas distais (ZINKL, 2002). Segundo
a literatura, variação na população de células, na dependência do local de colheita.
Ocorre predomínio de células epiteliais cilíndricas na amostras traqueais, nos lavados
traqueobrônquicos ou broncoalveolares a célula predominante é o macrófago,
caracterizando amostragem das vias mais profundas do pulmão (DERKSEN, et al,
1989; GONÇALVES et al., 2004).
A literatura demonstra porcentagens baixas de neutrófilos em animais sadios
variando de 6,0 % a 8,9% em bovinos e eqüinos, respectivamente(FERNANDES et al.,
2000; GONÇALVES et al., 2004). Nossos dados revelaram média de 20,04%, valor
superior ao encontrado na literatura citada. Esse fato pode estar relacionado ao hábito de
pastejo e tipo de manejo dos ovinos, que recebem ração pulverulenta e são mantidos em
ambientes fechados e com cama, facilitando a inalação e instalação de agentes
patogênicos e alérgenos ambientais, o que aumenta o aporte de células de defesa, como
os neutrófilos, para o lúmem traqueobrônquico. Sabe-se que os neutrófilos são as
células de defesa mais mobilizadas na inflamação (LEID & POTTER, 1985).
Em relação às células epiteliais cilíndricas, nossos dados concordam com os de
Gonçalves et al., (2004) que encontraram 14,9% destas células nas amostras estudadas.
Neste trabalho encontrou-se 15,01% de células epiteliais cilíndricas, a maioria ciliadas
(Figura 2), refletindo a integridade do epitélio de revestimento broncopulmonar, nos
ovinos sadios.
A contagem diferencial de linfócitos no lavado traqueobrônquico de eqüinos é
controversa, na dependência da técnica de colheita utilizada. Por via endoscópica, em
12
animais clinicamente sadios, o número de linfócitos varia de 30 a 50% da população
total de células do lavado (NAYLOR et al., 1992; SWEENEY et al., 1992a e b;
McGORUM et al., 1993), Em ovinos sadios, utilizando a endoscopia, Burrells &
Williams (1987) encontraram 21,9% de linfócitos. Collie et al., (1999) encontraram
3% desta célula em BAL de ovinos. A porcentagem de linfócitos no lavado
traqueobrônquico, obtida neste trabalho foi ainda mais baixa (Tabela 1), no entanto
concorda com os dados de Gonçalves et al., (2004) que estudaram a celularidade do
lavado traqueobrônquico de bezerros.
A presença de eosinófilos nesta espécie, discorda da literatura (GONÇALVES et
al., 2004), no entanto é equiparada à porcentagem encontrada em lavados
traqueobrônquicos de eqüinos (LARSON & BUSCH, 1985; DERKSEN, 1989;
SWEENEY & BEECH, 1991; FERNADES et al., 2000), provavelmente, nos ovinos,
relaciona-se à presença de verminose, já que são altamente susceptíveis a endoparasitas.
CONCLUSÕES
Com relação à metodologia utilizada para obtenção das amostras de via aéreas
posteriores, o lavado traqueobrônquico por via nasotraqueal mostrou-se eficiente na
obtenção de amostras de vias aéreas distais, com representatividade celular da região
broncopulmonar. É de fácil realização, utiliza material de baixo custo, no entanto,
requer treinamento e habilidade para passagem da sonda em menor tempo possível, sem
muito desconforto ao animal, o que evita contaminação por células do trato respiratório
anterior. O seu uso é recomendado como adjuvante no estudo do sistema respiratório de
ovinos. Desta maneira, o uso desta técnica deve ser estimulado no estudo do sistema
respiratório de ovinos e recomendado como método auxiliar no diagnóstico das doenças
respiratórias.
13
AGRADECIMENTOS
Ao Laboratório de Citopatologia Veterinária do Departamento de Clínica
Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – Unesp Botucatu
Ao Cnpq pela bolsa concedida durante a realização deste estudo.
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18
Figura 1. Visão panorâmica de células do lavado
traqueobrônquico de ovinos sadios, com
predomínio de macrófagos ( ), nota-se algumas
células epiteliais cilíndricas ( ) – Shorr (400x).
FIGURA 2. Células epiteliais cilíndricas e ciliadas
– Giemsa (500x).
19
Tabela 1. Contagem total de células nucleadas e contagem diferencial das células do
lavado traqueobrônquico de ovinos sadios, média (m), mediana (md) e desvios-padrão
(s).
m md s
Células nucleadas (/ml) 64.650 57750,0 49,674,3
Macrófagos (%) 62,74 67,54 20,04
Células epiteliais cilíndricas (%) 15,01 12,06 9,8
Neutrófilos (%) 20,04 12,75 20,26
Linfócitos (%) 1,44 1,0 1,27
Eosinófilos (%) 0,77 0 1,8
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